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O Que Há em Seu Armário de Remédios?
Garantindo a Segurança e Eficácia de Medicamentos
Prescritos, Produtos Biológicos e Dispositivos Médicos
nos Estados Unidos
Um Documento da
Colaboração para Integridade e Transparência em Pesquisa de Yale (Yale Collaboration for Research Integrity and Transparency)
Terceira Edição, Fevereiro de 2018
Este documento foi desenvolvido e escrito por professores e funcionários da Colaboração para Integridade e Transparência em Pesquisa (CRIT) da Universidade de Yale. Foi editado por Margaret E. McCarthy (Diretora Executiva, CRIT) e Gregg Gonsalves (Professor Assistente da Escola de Saúde Pública de Yale). Foi traduzido por Camila Gripp.
Sobre o Programa CRIT
A Colaboração para Integridade e Transparência em Pesquisa (CRIT) é uma iniciativa interdisciplinar lançada em 2016 em Yale, para melhorar a qualidade e a transparência de pesquisas de produtos médicos. Através de pesquisa, advocacia e litígio, a CRIT busca garantir que evidências clínicas que dão embasamento e informam nossa compreensão sobre a segurança e eficácia de produtos farmacêuticos, dispositivos médicos e outros produtos médicos sejam precisas, abrangentes, acessíveis e confiáveis.
Financiamento CRIT é financiada por uma doação de três anos da Fundação Laura e John Arnold .CRIT também recebe apoio de auxílio para start-up do Fundo Oscar M. Ruebhausen da
Escola de Direito de Yale.
Colaboração para Integridade e Transparência em Pesquisa Collaboration for Research Integrity & TransparencyYale Law SchoolP.O. Box 208215New Haven, CT 06520https://law.yale.edu/[email protected]@Yale_CRIT(203) 436-8420
© 2017, 2018 by the Collaboration for Research Integrity & Transparency. What’s in Your Medicine Cabinet? Ensuring the Safety and Efficacy of Prescription Drugs, Biologics and Medical Devices in the United States, 3rd Edition, is made available under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License. The photograph, “Medicine, Capsule, Blue, White 2207622” by Ranys Tuunainen is licensed under CC0 Public Domain.
Índice
Sumário Executivo 4
Introdução 11
1. Fortalecer a Regulação Pré-Vendas de Novos Produtos Médicos 15
2. Garantir Acompanhamento Pós-Vendas Adequado para Produtos
Médicos 20
3. Ampliar o Acesso a Terapias Experimentais através de Programas
de Expansão de Acesso 25
4. Evitar o Uso de Evidências do Mundo-Real, de Baixa Qualidade 30
5. Resistir Esforços para Enfraquecer a Regulação de Marketing
Extra-Oficial 33
6. Fortalecer a Regulação de Dispositivos Médicos 38
7. Melhorar o Acesso às Informações de Testes Clínicos, Incluindo Dados
de Pacientes, Dados Resumidos e Meta-Dados 41
Conclusão 46
Referências 47
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Sumário Executivo
Com o início de uma nova administração presidencial em 2017, o novo diretor da
Food and Drug Administration (FDA), Dr. Scott Gottlieb, foi nomeado, substituindo o
Dr. Robert Califf que ocupara este posto desde 2015. O mandato do Dr. Gottlieb começou
logo após a promulgação de uma importante lei que afeta a agência — a Lei das Curas
do Século XXI — e às vésperas da aprovação de uma outra lei importante, o Ato de
Reautorização da Food and Drug Administration (FDA) de 2017. Em meio a tais
mudanças, temos um momento oportuno para refletirmos sobre o mandato histórico da
FDA de garantir que produtos médicos usados por todos os americanos sejam seguros e
eficazes, e de oferecer recomendações ao novo Diretor, à nova Administração e ao
Congresso, para o fortalecimento desta importante instituição de saúde pública.
Neste documento, a Colaboração para Integridade e Transparência em
Pesquisa, um programa conjunto das Escolas de Direito, Medicina e Escola de
Saúde Pública da Universidade de Yale, oferece uma análise dos desafios que a
FDA atualmente enfrenta em sete áreas:
1. Regulamentação pré-vendas de novos produtos médicos;
2. Acompanhamento pós-vendas de produtos médicos;
3. Acesso pré-aprovado a terapias experimentais;
4. Uso de evidências do mundo real;
5. Marketing extra-oficial;
6. Regulação de dispositivos médicos, e;
7. Melhoria do acesso a dados de testes clínicos,
inclusive dados de pacientes, dados resumidos e meta-dados.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �4
Abaixo são apresentadas recomendações para cada uma dessas áreas, e o
relatório completo fornece o quadro analítico, a partir do qual essas
recomendações foram elaboradas. O objetivo dessas recomendações e deste
relatório é promover a saúde através de maior integridade e transparência em
pesquisas biomédicas e clínicas, e melhores evidências que comprovem a
eficácia e segurança de produtos médicos regulados pela FDA.
SUMÁRIO DAS RECOMENDAÇÕES
1. Fortalecer a Regulação Pré-vendas de Novos Produtos Médicos
• Antes de implementar o uso amplo de parâmetros substitutos como critério
de valoração desfechos primários para testes clínicos, que apoiem a
aprovação de produtos médicos, a FDA deve convocar um comitê para
examinar as atuais vias rápidas para aprovação de produtos médicos, e
examinar o uso apropriado de parâmetros substitutos.
• A FDA deve convocar um painel de especialistas para realizar uma revisão
de todos os medicamentos e produtos biológicos disponibilizados nos EUA,
autorizados através de vias rápidas de aprovação, incluindo aqueles
aprovados com base em desfechos de parâmetros substitutos, para
determinar se estes são seguros e eficazes.
• Se medicamentos e produtos biológicos aprovados através de vias rápidas
não forem considerados seguros e eficazes por um painel de especialistas, a
FDA deverá recomendar que fabricantes retirem esses agentes do mercado,
seja porque evidências sugerem falta de segurança ou eficácia para o uso
indicado, ou para o produto como um todo.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �5
• Se as indicações de uso ou os próprios produtos forem proibidos no
mercado, a FDA deve se comunicar com médicos, grupos de pacientes,
organizações que estabelecem padrões de conformidade e planos de saúde
para melhor informá-los sobre os motivos da proibição.
2. Garantir Adequado Acompanhamento Pós-vendas de Produtos Médicos
• O Congresso deve fornecer fundos adequados e pessoal para a FDA, a fim
de monitorar conformidade com requisitos estabelecidos para estudos pós-
vendas, uma vez que estas iniciativas não são adequadamente apoiadas pelo
Prescription Drug Users Fee Act.
• A FDA deve convocar um painel de especialistas para examinar o uso de
multas e outras penalidades existentes para não-conclusão de estudos pós-
vendas; para examinar sua eficiência em promover incentivos para que
empresas busquem conformidade; e para sugerir mecanismos adicionais que
assegurem o cumprimento dos requisitos pós-vendas em tempo hábil.
• O Congresso deve promulgar nova legislação que exija que fabricantes
inscrevam subgrupos de pacientes tradicionalmente sub-representados na
pesquisas médicas pós-vendas, incluindo pessoas idosas, mulheres e
minorias raciais e étnicas, em proporções semelhantes à prevalência da
doença, para o fortalecimento de resultados generalizáveis que possam
incluir maiores grupos populacionais, indo além das restritas populações
usadas em estudos pré-vendas.
• O Congresso deve promulgar legislação que confira autoridade à FDA, para
exigir o recolhimento de medicamentos, semelhante à sua presente
autoridade para recolher alimentos, dispositivos médicos e produtos
biológicos.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �6
3. Ampliar o Acesso a Terapias Experimentais através de Programas de Expansão de Acesso
• O Congresso deve promulgar legislação que exija o estudo das barreiras
atuais para expansão do acesso a tratamentos experimentais, assim como
relatórios sobre recomendações de mudanças necessárias.
• O Congresso não deve promulgar legislação que restrinja o controle da FDA
sobre o acesso ampliado a tratamentos experimentais, ou que ceda
autoridade aos estados para regular o acesso a tratamentos experimentais.
4. Evitar Evidências do Mundo Real de Baixa Qualidade
• A FDA deve definir o termo "evidências do mundo real" clara e
concretamente, em todos os contextos, para exclusão de dados resultantes de
testes de braço único, testes que utilizam controles históricos, pesquisas de
pacientes não representativas, relatos de casos e depoimentos de pacientes.
A FDA deve incluir dados de intervenções planejadas prospectivamente,
intervenções que coletam dados de desfechos clínicos e testes pragmáticos
na sua definição de “evidências do mundo real”.
• Mesmo que a Lei das Curas do Século XXI exclua estudos randomizados da
categoria "evidências do mundo real", a FDA deve deixar claro que testes
clínicos prospectivos, randomizados e controlados, não podem ser
substituídos em estudos pré-vendas, ou substituídos por dados de menor
qualidade. Embora as evidências do mundo real possam complementar as
informações obtidas através destes testes, estas não podem substituí-los de
forma confiável.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �7
5. Resistir Esforços para Diminuir as Restrições de Marketing Extra-Oficial
• A FDA não deve revisar suas atuais regras ou diretrizes a fim de permitir
que as empresas farmacêuticas divulguem indicações de uso extra-oficiais de
seus medicamentos. Os documentos de orientação da FDA, divulgados no
início de 2017, devem ser adotados como documentos finais de orientação.
• A FDA e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) devem
continuar disputando judicialmente casos de indicações de uso extra-oficiais,
e devem se comprometer a litigar casos que evocam a Primeira Emenda.
• A FDA e o DOJ devem ser transparentes em relação à abordagem utilizada
para instituir restrições ao marketing de indicações de uso extra-oficiais, e
divulgar informação sobre como tais casos são disputados legalmente, e
como são feitos acordos e negociações com empresas farmacêuticas.
6. Fortalecer a Regulação de Dispositivos Médicos
• A FDA deve convocar um painel de especialistas para recomendar
mudanças legislativas a fim de atualizar a estrutura regulatória de
dispositivos da Classe II, de forma a garantir a segurança e eficácia ao longo
do ciclo de vida destes dispositivos, conforme recomendação do Instituto de
Medicina.
• A FDA deve fortalecer seus requisitos regulatórios atuais para dados de
testes clínicos em avaliações pré-vendas de aplicativos para dispositivos da
Classe III. Além disso, a FDA deve avaliar a conformidade da indústria com
os requisitos pós-vendas, inclusive o estabelecimento de sistemas de
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �8
rastreamento, relatórios de falhas de dispositivos, ocorrência de ferimentos
graves ou óbitos, estudos de vigilância pós-vendas e estudos pós-aprovação
demandados no momento em que é dada aprovação pré-vendas (PMA).
• A FDA deve impor o requisito de que todos os dispositivos médicos sejam
rotulados com um identificador único, e que todos os planos de saúde ou
planos federais, incluindo os Centros de Serviços do Medicare e Medicaid,
modifiquem seu documento padrão usado para cobranças administrativas, a
fim de incluir dados do identificador único de dispositivos.
7. Melhorar o Acesso a Dados de Testes Clínicos, Incluindo Dados de Pacientes, Dados Resumidos e Meta-Dados.
• O Congresso deve promulgar legislação que exija divulgação para
pesquisadores de ciências, saúde pública e clínica, todos os dados de testes
clínicos fornecidos à FDA como parte de pedidos de aprovação. As
informações divulgadas devem incluir dados resumidos, meta-dados e
dados de pacientes não-identificados, inclusive estudos de casos.
• O DOJ deve implementar uma política que exija o compartilhamento de
dados históricos e futuros de todos os testes clínicos realizados por empresas
farmacêuticas, incluindo dados resumidos, meta-dados e dados de pacientes
não-identificados, como condição para acordos estabelecidos durante
processos judiciais contra empresas farmacêuticas.
• A FDA deve manter os requisitos atualmente existentes para registro e
reportagem da conclusão de testes clínicos através do Instituto Nacional de
Saúde, e registro público destes testes junto ao, ClinicalTrials.gov.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �9
• O Congresso deve promulgar legislação que exija que dados de testes
clínicos de estudos pós-vendas fornecidos à FDA, inclusive dados
resumidos, meta-dados e dados de pacientes não-identificados, sejam
disponibilizados de forma fácil e acessível aos pesquisadores.
• A FDA deve adotar todas as recomendações de seu Grupo de Trabalho para
Transparência.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �10
Introdução
A Food and Drug Administration (FDA) de hoje é resultado de uma série de
tragédias americanas: contaminação de vacinas na virada do século XX, substâncias
perigosas encontradas em medicamentos vendidos comumente na década de 1900,
mortes de mais de 100 crianças e adultos em 1937causadas por um fármaco sulfa
dissolvido em dietilenoglicol (anticongelante), extensos defeitos congênitos causados
pela talidomida no início da década de 1960; e infertilidade e óbitos causados pelo
dispositivo intra-uterino de Dalkon Shield, na década de 1970.1 A preocupação com o
risco de produtos médicos inseguros levou à promulgação da Lei de Alimentos,
Medicamentos e Cosméticos em 1938, exigindo que fabricantes apresentassem
informações sobre a segurança de novos medicamentos à FDA, e aguardassem um
período de revisão de dois meses, antes que os produtos pudessem ser vendidos. Mas a
lei de 1938 ainda permitia que produtos inseguros chegassem ao mercado, e não havia
controle a respeito de sua eficácia. Outras preocupações em relação a produtos médicos
inseguros e ineficazes levaram à aprovação das Emendas de Kefauver Harris de 1962 e
as Alterações à Lei de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos sobre Dispositivos
Médicos em 1976. Essas leis estabeleceram, entre muitas outras responsabilidades
regulatórias, o requisito de que fabricantes conduzam estudos adequados e bem
controlados, demonstrando segurança e eficácia, antes que medicamentos e produtos
biológicos sejam aprovados para uso, e estabeleceram o controle governamental sobre
dispositivos médicos, juntamente com muitos outros produtos relacionados.
Apesar dessas tragédias, alguns se opuseram às mudanças consagradas nas
emendas de Kefauver-Harris, alegando que os novos requisitos regulatórios para a
aprovação de produtos médicos prejudicariam o desenvolvimento de novos
medicamentos liderado pela indústria farmacêutica.2 Pressão de grupos de pacientes,
particularmente ativistas contra HIV/AIDS , levou à criação de novos mecanismos para
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �11
garantia de amplo acesso a novos tratamentos, antes de sua aprovação.3 Os atrasos na
aprovação de medicamentos documentados nas décadas de 1970 e 1980, em parte
devido à falta de pessoal, levaram a mudanças na FDA, incluindo a promulgação da Lei
de Taxa de Usuário para Medicamentos Prescritos em 1992, que forneceu um novo
mecanismo de financiamento para recursos humanos na agência, dedicados à revisão de
pedidos de aprovação de novos produtos médicos. Essas mudanças aceleraram o acesso
a produtos médicos, tornando a agência um dos reguladores de medicamentos mais
rápidos do mundo, capaz de revisar novos pedidos de licenciamento de medicamentos
ou produtos biológicos mais rapidamente do que reguladores da União Européia e do
Canadá.4,5 Hoje, a FDA é consistentemente a agência reguladora número um no mundo
em relação à aprovação do uso de novas terapias.4,5 Dados recentes da FDA indicam que
são aprovadas noventa e cinco por cento das novas entidades moleculares submetidas
através da Inscrição de Novo Medicamento ou Inscrição de Licença Biológica.6,7 Os
atuais requisitos regulatórios da FDA, exigindo estudos adequados e bem controlados,
que demonstrem segurança e eficácia antes da aprovação de medicamentos e produtos
biológicos, reduzem o risco de que produtos inseguros ou ineficazes cheguem ao
mercado, ao mesmo tempo em que respeitam a necessidade de aprovação e o acesso de
pacientes a novos produtos e terapias medicamentosas em tempo hábil.8
A transição para uma nova administração e a recente passagem da Lei das Curas
do Século XXI, torna o atual momento oportuno para darmos um passo atrás e
refletirmos sobre as obrigações da FDA e seus interesses concorrentes. A FDA é
encarregada não só de proteger a saúde pública e garantir a segurança de pacientes,
mas também de realizar uma rápida avaliação de novos produtos médicos, para que
pacientes possam receber novos tratamentos seguros e eficazes em tempo hábil. A Lei
das Curas do Século XXI contém disposições que podem ser interpretadas de forma a
levar à diminuição ainda maior do papel da agência, dependendo da natureza da
implementação de regulamentos e documentos de orientação. Há pressão sobre a
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �12
agência para avançar nesta direção, seja por conta própria ou através de ações
legislativas ou judiciais, a fim de acelerar processos de aprovação ou reduzir os
requisitos de evidência.9,10 Essa ação pode pôr a saúde pública em risco.11 Ainda que
exista atualmente uma lacuna de inovação na pesquisa e desenvolvimento de
farmacêuticos, não há evidências que sugiram que as demandas regulatórias sejam a
causa desse suposto déficit. 12,13 A busca equivocada pela diminuição ainda maior do
aparente poder regulatório imposto pela agência, coloca em risco não apenas o papel da
FDA na proteção da saúde pública, mas também a credibilidade de seu processo de
revisão de produtos médicos. 14,15
Acreditamos que seja preciso atenção coordenada para preservar e até mesmo
fortalecer a capacidade da FDA de garantir que medicamentos, produtos biológicos e
dispositivos médicos sejam seguros e eficazes. Nós nos opomos a propostas que
busquem reduzir os requisitos de evidência para aprovação e comercialização de novos
medicamentos e produtos biológicos, e acompanhamento pós-venda de dispositivos
médicos. Também nos opomos à permissão para que empresas ampliem indicações de
uso para produtos que já estão no mercado, na ausência de aprovação pela FDA destes
usos extra-oficiais. 11 Isso levaria a uma erosão das atuais salvaguardas criadas para
proteção de pacientes contra produtos médicos inseguros e ineficazes, e ao risco de
deterioração da reputação da agência e das indústrias de produtos farmacêuticos que,
por sua vez, dependem da supervisão crível e rigorosa da FDA.
Elaboramos essas conclusões com base em nossa análise do mandato da FDA e
sua estrutura regulatória, e pesquisas acadêmicas que examinaram a performance da
FDA neste contexto, bem como diversas propostas para alterar o quadro regulatório
para avaliação de produtos médicos nos EUA. Nós identificamos sete áreas principais
onde novas políticas, financiamento ou legislação são urgentemente necessários para
garantir que produtos médicos usados por pacientes nos EUA continuem sendo seguros
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �13
e eficazes. Particularmente, oferecemos soluções para abordar as preocupações
relacionadas a:
1. regulamentação pré-vendas de novos produtos médicos; 2. acompanhamento pós-vendas de produtos médicos;
3. acesso pré-aprovado a terapias experimentais;
4. uso de evidências do mundo real;
5. marketing de usos extra-oficiais;
6. regulação de dispositivos médicos;7. melhoria do acesso a dados de testes clínicos, inclusive dados de
pacientes, dados resumidos e meta-dados.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �14
1. Fortalecer a Regulação Pré-Venda de Novos Produtos Médicos
A FDA oferece várias vias rápidas para aprovação de medicamentos e produtos
biológicos voltados para condições graves e de ameaça à vida. O número de
medicamentos aprovados através dessas vias cresce a cada ano.16 Regulamentos para as
vias rápidas de aprovação foram estabelecidos em 1988 para medicamentos contra o
HIV / AIDS, e foram saudados por muitos como um passo importante para enfrentar a
falta de tratamentos aprovados e reduzir as milhares de mortes causadas pelo HIV /
AIDS. Desde 1988, as categorias de aprovação rápida se expandiram. Atualmente,
medicamentos podem se qualificar para aprovação rápida, designação inovadora, “fast
tracks”, e revisões com prioridade — algumas possibilidades que permitem que a FDA
avalie a aprovação de medicamentos para necessidades médicas graves mais
rapidamente. No que diz respeito aos dispositivos, a FDA tem um programa de
aprovação por via rápida, bem como uma designação de terapia inovadora.
Os atuais processos acelerados podem resultar em aprovação prematura de
medicamentos e produtos biológicos cujo uso foi inadequadamente comprovado. A
utilização de vias rápidas para aprovação e da designação de terapia inovadora significa
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �15
ProblemaAtuais vias de rápidas para aprovação da FDA podem resultar na aprovação de produtos médicos antes que benefícios e riscos sejam adequadamente estudados.
Solução
O processo de aprovação pré-venda da FDA deve ser fortalecido para que haja aumento da base de evidências sobre segurança e eficácia de medicamentos, produtos biológicos e dispositivos de alto-risco, aprovados pelas vias rápidas.
que dados pré-vendas sobre a eficácia e segurança de medicamentos e produtos
biológicos para condições graves são coletados em processos bem variáveis — e, por
vezes, menos rigorosos. 17 Quase todos os medicamentos aprovados por via rápida são
aprovados com base em um parâmetro substituto (um “stand-in” para um desfecho
clínico, como nível de colesterol no sangue para doença cardíaca ou um desfecho clínico
diferente da taxa de mortalidade ou morbidade irreversível).17
Embora o uso de parâmetros de substituição para desfechos de testes clínicos
tenha sido aclamado inicialmente como uma mudança para os requisitos de avaliação
capaz de salvar vidas através da autorização de testes clínicos mais breves e menores,
um número crescente de evidências indica que os parâmetros de substituição podem
não prever com precisão os desfechos de saúde almejados.17,18 Uma recente revisão
sistematizada examinou estudos publicados com base em evidências limitadas, que
utilizam dados pós-vendas de medicamentos aprovados pela FDA entre 2005 e 2012.
Esta revisão revelou que, no caso de medicamentos aprovados com base em parâmetros
substitutos, menos de um décimo desses medicamentos contava com um estudo pós-
venda publicado em um periódico com “peer-review”, estabelecendo a eficácia da
droga com base em evidências clínicas. Achados similares foram encontrados em
revisões de publicações de estudos pós-venda de medicamentos aprovados com base
em desfechos substitutos, publicados em periódicos com “peer-review” nas áreas de
cardiologia e oncologia.20,21
Além disso, medicamentos aprovados através de via rápida de aprovação obtêm
aprovação condicional, com a exigência de que evidência sobre eficácia clínica seja
confirmada após essa aprovação inicial. Isso permite que a FDA revogue a aprovação
condicional caso estudos pós-vendas não comprovem eficácia. Isso raramente acontece.
Existe um exemplo notável. Em 2008, o Avastin (bevacizumab) recebeu aprovação
rápida para tratamento do câncer de mama metastático negativo HER-2, e a aprovação
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �16
foi condicionada à demonstração de eficácia através de estudos pós-vendas. 23 Em 2011,
a FDA revogou a aprovação para o Avastin para tratamento de câncer de mama, uma
vez que estudos pós-vendas não comprovaram eficácia. No entanto, o Avastin
permaneceu no mercado para outros usos aprovados, e 60% dos provedores de serviços
médicos na área de oncologia, quando questionados após o anúncio da revogação da
aprovação do uso do Avastin para tratamento de câncer de mama, em dezembro de
2010, indicaram que continuariam prescrevendo Avastin para tratamento de pacientes
com câncer de mama.24 Portanto, mesmo que a FDA revogue uma aprovação, controlar
o uso de um medicamento uma vez que ele está no mercado é difícil, mesmo que não
exista evidência sobre sua eficácia. Estudos rigorosos de novos produtos no período
pré-vendas são essenciais — é neste momento do ciclo de vida de um medicamento,
que os incentivos para obtenção de evidências sobre segurança e eficácia são mais
fortes.
Evidências de dois estudos recentes com pacientes e médicos sugerem que
os pacientes e os prestadores de serviços de saúde não compreendem que produtos
médicos, que passam por via de aprovação rápida, podem ser comercializados antes
que seus potenciais benefícios ou danos tenham sido adequadamente estudados, e que
sua aprovação possa ser apenas condicional. A designação “terapia inovadora”, por
exemplo, é uma forma de aprovação rápida. Um medicamento ou produto biológico é
elegível para esta designação caso seja usado para o tratamento de “doença ou condição
séria ou potencialmente fatal, e evidências clínicas preliminares indiquem que tal
medicamento pode demonstrar melhorias substanciais em relação a terapias existentes
em um ou mais desfechos clinicamente significativos, com substanciais efeitos do
tratamento observados no início do desenvolvimento clínico.”25 Uma pesquisa recente
com internistas certificados por associações e médicos especialistas descobriu que a
maioria deles interpretou a palavra “inovadora” incorretamente, com mais de noventa
por cento indicando que escolheriam uma terapia medicamentosa hipotética com a
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designação inovadora, em detrimento de um tratamento existente. 26 Uma pesquisa com
pacientes revelou um mal-entendido semelhante, com pacientes significativamente mais
propensos a avaliar um novo tratamento descrito como promissor ou inovador como
“muito eficaz” ou “completamente eficaz”, quando comparado a um novo tratamento
que não foi descrito nesses termos. 27,28 Resultados desses estudos sugerem que
pacientes evitam usar medicamentos mais estudados se seus médicos — cujo
conhecimento sobre medicamentos é limitado pelo escopo da literatura que estes teriam
que avaliar para manterem-se atualizados em seu campo29 — desconhecem o fato de
que novos medicamentos possam ter recebido apenas aprovação condicional.
A Lei das Curas do Século XXI inclui uma disposição que exige que a Secretaria
de Saúde e Serviços Humanos qualifique ferramentas de desenvolvimento de
medicamentos, tais como os parâmetros de substituição, que possam ser usados para
obtenção de aprovação de medicamentos ou produtos biológicos. Esta disposição traz
uma oportunidade para a reavaliação da utilidade relativa dos parâmetros de
substituição, do estabelecimento de vias para validar esses parâmetros em termos de
sua capacidade de prever benefícios clínicos, e do fortalecimento da capacidade da
agência de garantir que aprovações de medicamentos baseadas em parâmetros
substitutos sejam validadas por desfechos clínicos no ambiente pós-vendas.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �18
Recomendações
Antes de implementar o uso mais amplo de parâmetros de substituição, a FDA deve convocar um comitê consultivo para examinar as atuais vias rápidas para aprovação de produtos médicos, e examinar o uso apropriado de parâmetros de substituição na valoração de desfechos primários em testes clínicos, a fim de garantir a aprovação de produtos médicos.
A FDA deve convocar um painel de especialistas para realizar uma revisão de todos os medicamentos e produtos biológicos existentes, aprovados para uso e disponibilizados nos EUA após aprovação por via rápida, assim como a base de evidências para os parâmetros substitutos de desfechos utilizados nestes processos de aprovação, a fim de determinar se estes são seguros e eficazes.
Se medicamentos e produtos biológicos aprovados através de vias rápidas não forem considerados seguros e eficazes pelo painel de especialistas, a FDA deverá recomendar que o fabricante recolha esses agentes, seja porque evidências sugerem falta de segurança ou eficácia para o uso indicado, ou por questões relativas ao produto como um todo.
Caso indicações de uso ou produtos sejam revogados, a FDA deve comunicar aos médicos, grupos de pacientes, organizações que estabelecem padrões de conformidade e planos de saúde, as razões para tal revogação.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �19
2. Garantir Acompanhamento Pós-Vendas Adequado para Produtos Médicos
Quando medicamentos e produtos biológicos são aprovados, as evidências que
apóiam tal aprovação são limitadas pelo curto período de estudos e, a pequena
população exposta à nova droga ou produto biológico em testes clínicos. A pré-
aprovação de testes clínicos para doenças crônicas raramente mede os efeitos de longo
prazo, sendo apenas 9% dos medicamentos aprovados para o tratamento de doenças
crônicas baseados em pelo menos um teste clínico de duração de um ano, o que torna os
estudos pós-vendas ainda mais cruciais. 17 Estudos pré-vendas geralmente envolvem
uma população de pacientes menor do que o mercado para o produto médico
aprovado. Testes clínicos possuem critérios de exclusão que limitam a elegibilidade de
participantes. Estes critérios geralmente incluem idade, progressão da doença, co-
morbididades, e gravidez ou amamentação. Historicamente, os testes clínicos nos EUA
não incluíram números adequados de mulheres, não-brancos, idosos e muitas
populações vulneráveis ou marginalizadas. Apesar da exigência do Ato de
Problema
Vigilância e dados de estudos pós-vendas podem fornecer informações importantes sobre a segurança e eficácia de produtos médicos. No entanto, muitos estudos pós-vendas de novos produtos médicos são atrasados ou não concluídos, apenas oferecendo a pacientes, prestadores de serviços de saúde e planos de saúde, informações parciais sobre sua segurança e eficácia.
Solução
O Secretário do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) deve usar todos os mecanismos a sua disposição para exigir o cumprimento de rigorosos estudos pós-vendas de novos produtos médicos.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �20
Revitalização dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) de 1993 de inclusão de mulheres
e minorias raciais e étnicas em testes financiados pelo NIH, essa sub-representação
persiste. 30-32 Algumas populações não incluídas nas aprovações iniciais são incluídas
em estudos subsequentes. Embora o Ato de Equidade em Pesquisa Pediátrica exija que
muitos produtos médicos sejam testados em crianças, estes testes são frequentemente
realizados após a aprovação, como parte dos requisitos pós-vendas. Os estudos pós-
vendas, bem como os relatórios de eventos adversos submetidos à FDA através do
Sistema para Reportagem de Eventos Adversos ou o projeto mini-Sentinela, podem
revelar importantes efeitos positivos ou negativos de produtos médicos não
evidenciados pelos estudos iniciais que levaram à aprovação condicional.
Problemas de segurança envolvendo medicamentos e produtos biológicos
recentemente aprovados são comuns. Um estudo recente sobre novas drogas e produtos
biológicos aprovados pela FDA entre 2001 e 2010 descobriu que 32% dos produtos
demonstraram questões de segurança no período pós-vendas (questões como
recolhimentos por razões de segurança, emissão de avisos em caixas ou comunicação de
segurança emitida pela FDA). O tempo médio entre aprovação e a primeira questão de
segurança pós-vendas foi de 4,2 anos, o que indica que a vigilância adequada no
período pós-vendas é fundamental para identificação de questões de segurança, após a
aprovação inicial.33 A FDA precisa de recursos financeiros adicionais para rastrear
adequadamente e responder a questões de segurança no contexto de mercado. Embora
5.000 cargos de pessoal na FDA sejam atualmente financiados por taxas cobradas de
fabricantes, segundo a lei de tarifas de usuários, esses funcionários avaliam os pedidos
de aprovação e as notificações pré-vendas de novos produtos médicos, e são
responsáveis pela exigência de segurança pós-vendas, mas não requisitos de eficácia.35
Atualmente a FDA não possui recursos disponíveis adequados para fazer
cumprir os requisitos pós-vendas, apesar de muitos estudos pós-vendas requeridos não
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �21
serem concluídos dentro dos prazos estabelecidos. Uma pesquisa sobre testes pós-
vendas de dispositivos médicos de alto risco (classe III) descobriu que apenas 19% dos
testes requeridos pela FDA foram concluídos entre três e cinco anos após a aprovação.36
Outras evidências sugerem que estudos pós-vendas obrigatórios para medicamentos e
produtos biológicos, da mesma forma, não são concluídos em tempo hábil.37 Falhas na
conclusão de estudos pós-vendas indicam que produtos médicos com informações
pendentes sobre segurança ou eficácia nunca são totalmente avaliados, o que gera
incerteza sobre sua segurança e eficácia no mundo real.
A exigência de requerimentos pós-vendas é particularmente importante no
contexto de produtos médicos que recebem aprovação condicional como parte de uma
aprovação rápida. Um estudo recente do Government Accountability Office (GAO),
focado em drogas aprovadas através de vias rápidas, descobriu que a “FDA não possui
dados confiáveis e facilmente acessíveis sobre questões de segurança e estudos pós-
vendas necessários para atender a determinados requisitos de relatórios de segurança
pós-vendas para que haja supervisão sistematizada.”34 Um exemplo de atraso no
cumprimento de exigências pós-vendas em um caso de aprovação por via rápida é o
ProAmatine (cloridrato de midodrina). A FDA aprovou a midodrina originalmente em
1996, através de via rápida, para o tratamento da hipotensão ortostática sintomática. A
aprovação condicional exigiu a apresentação de estudos que comprovassem a eficácia
da midodrina para o uso aprovado. Os estudos pós-vendas não foram concluídos em
conformidade com requerimentos. Após a expiração da patente e aprovação de vários
genéricos para o mercado nos EUA, finalmente, em 2010 (quatorze anos após a
aprovação da droga), a FDA iniciou processos para sua retirada do mercado.
Notoriamente, essa foi a primeira retirada deste tipo.39 O fabricante concordou em
realizar os estudos exigidos até 2014 e foi concedida uma prorrogação até 2015.40 Os
estudos foram concluídos, 41 e o primeiro artigo em periódico com “peer-review” sobre
teste pós-vendas do medicamento foi publicado em 2016 — vinte anos após sua
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aprovação original. 42 Isso representa um período de incerteza inaceitavelmente longo
quanto à eficácia do medicamento para seu uso indicado.
A FDA também necessita de mais poder para exigir que medicamentos inseguros
ou ineficazes sejam retirados do mercado. No que diz respeito a alimentos, dispositivos
médicos e produtos biológicos, a FDA tem poder de exigir recolhimento. Esse poder
raramente é usado. No entanto, em relação a medicamentos, a FDA atualmente carece
de poder para exigir recolhimento, e só pode solicitar que um fabricante realize o
recolhimento de um medicamento inseguro. A FDA não tem poder de exigir o
recolhimento de um medicamento inseguro caso haja objeção do fabricante. Uma lei
pendente, H.R. 1108, Lei de Recolhimento de Medicamentos Inseguros de 2017,
corrigiria esse problema e providenciaria provisões para recolhimento emergencial de
um medicamento que traga ameaça iminente de graves consequências adversas para a
saúde ou morte. Por fim, a FDA atualmente tem o poder de penalizar civilmente
empresas por falta de conformidade com os requisitos pós-vendas, com multas
monetárias de até US $ 250.000 por violação, e pode cobrar multas adicionais se as
empresas não cumprirem suas obrigações legais e, como último recurso, pode
considerar um produto falsamente propagandeado. Não está claro que esses
mecanismos para exigir conformidade sejam suficientes, devido a falta de estudos pós-
vendas de medicamentos, produtos biológicos e dispositivos médicos concluídos em
tempo adequado, como discutido acima.
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Recomendações
O Congresso deve fornecer fundos adequados e pessoal para a FDA, a fim de monitorar conformidade com requisitos para estudos pós-vendas, uma vez que estas iniciativas não são adequadamente apoiadas pelo Prescription Drug Users Fee Act.
A FDA deve convocar um painel de especialistas para examinar o uso de multas e outras penalidades existentes para não-conclusão de estudos pós-vendas, para examinar sua eficiência em promover incentivos para que empresas busquem conformidade, e para sugerir mecanismos adicionais que assegurem o cumprimento dos requisitos pós-vendas em tempo hábil.
O Congresso deve promulgar uma nova legislação que exija que fabricantes inscrevam subgrupos de pacientes tradicionalmente sub-representados na pesquisa médica pós-vendas, incluindo pessoas idosas, mulheres e minorias raciais e étnicas, em proporções semelhantes à prevalência da doença, para que haja fortalecimento de resultados generalizáveis, a fim de ampliar o escopo populacional de estudos pré-vendas.
O Congresso deve promulgar uma legislação que confira autoridade à FDA para exigir o recolhimento de medicamentos, semelhante à sua presente autoridade para recolher alimentos, dispositivos médicos e produtos biológicos.
3. Ampliar o Acesso a Terapias Experimentais através de Programas de Expansão de Acesso
Ainda que drogas e produtos biológicos experimentais sejam testados
clinicamente em seres humanos, apenas algumas pessoas são elegíveis para participar
destes testes. Cada teste possui critérios de inclusão e exclusão que especificam quem é
elegível para participação. Quão doente alguém é, se existem co-morbididades, se
podem se deslocar aos locais de teste, ou se fazem uso de outros medicamentos
prescritos, são alguns dos fatores que afetam a elegibilidade.
A FDA possui mecanismos de acesso expandido bem estabelecidos, disponíveis
para que pacientes, em condições graves ou em risco de vida, possam ter acesso a
drogas, produtos biológicos e dispositivos antes de sua aprovação, e fora do sistema de
testes clínicos, inclusive em situações de emergência. 44-48 Fabricantes são autorizados a
cobrar dos pacientes os custos de fabricação do agente experimental. 47 Um paciente que
busca acesso expandido, deve primeiro obter aprovação do fabricante e somente então,
com a ajuda de um médico, pode candidatar-se a FDA.
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Problema
Pacientes com doenças sérias que ameaçam à vida, devem ter acesso a terapias experimentais garantido pela autoridade da FDA de expandir acesso a esses agentes. Mas, ainda que a FDA aprove a grande maioria dos pedidos de acesso, empresas recusam a provisão de terapias experimentais aos pacientes.
Solução
O Congresso deveria promulgar legislação que requeira avaliação das presentes barreiras ao acesso expandido às terapias experimentais, e requeira relatórios com recomendações para as mudanças necessárias.
A FDA é muitas vezes incorretamente responsabilizada pela resistência das
empresas em proporcionar acesso expandido às suas terapias experimentais. No
período de dez anos, entre 2005 e 2014, a FDA aprovou 99,7% dos pedidos de pacientes
para acesso expandido que tinham aprovação do fabricante. 49-51As empresas
farmacêuticas muitas vezes rejeitam pedidos para acesso a drogas experimentais de
pacientes em condições graves ou em risco de vida. Um sistema de acesso expandido,
que depende dos critérios escolhidos pelas empresas que desenvolvem os novos
produtos não é “justo, correto, includente ou eficiente. “52 A resistência das empresas em
expandir acesso requer novas políticas que assegurem acesso de pacientes a terapias
experimentais, mas que também levem em consideração as preocupações das empresas
sobre a recuperação de custos, e o impacto nos prazos de aprovação e avaliação exigidos
pela FDA.53
Uma disposição da Lei das Curas do Século XXI, que exige que as empresas
farmacêuticas publiquem informações sobre suas políticas e procedimentos de acesso
expandido, acaba de ser efetivada. A lei exige que fabricantes publiquem informações
em seus sites, incluindo informações de contato, procedimentos e critérios para solicitar
acesso individual e o prazo para decisões de solicitação.54 Este é um primeiro passo
importante para maior transparência nas políticas de acesso expandido, mas não é
suficiente.
Um projeto de lei recentemente introduzido no Senado, S. 1048, o Ato de Design
Aprimorado de Testes Clínicos de 2017, trata de algumas deficiências na legislação atual
sobre o acesso a tratamentos experimentais. O projeto de lei inclui disposições que
exigem que a FDA realize uma audiência pública sobre os mecanismos atuais de acesso
a tratamentos experimentais, incluindo: barreiras geográficas e socioeconômicas à
participação, o efeito de critérios de exclusão sobre bebês e crianças, gestantes e
lactantes, idosos, aqueles em risco de vida ou com doenças avançadas; como aumentar
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a participação de diversas populações; e, como mudanças nos critérios de inclusão e
exclusão em testes podem afetar a duração e a complexidade dos mesmos. Disposições
adicionais exigem que sejam feitos relatórios sobre a necessidade de regulamentos
para acesso expandido, e recomendações para racionalizar processos de aprovação de
pedidos de acesso a terapias experimentais submetidos a conselhos de revisão
institucional, e que estes sejam enviados ao Congresso.
Alguns consultores de ética sugeriram que um conselho nacional de revisão de
acesso expandido fosse estabelecido, para garantir que todos os pedidos sejam tratados
de forma justa, pesando os riscos e benefícios para o paciente, bem como a
disponibilidade do agente experimental.52 Uma organização transparente e
independente poderia tomar essas decisões, eliminando as percepções de influência
comercial sobre o processo de decisão, e oferecendo um processo mais eficiente para a
consideração de solicitações.
A discussão sobre acesso a medicamentos experimentais antes de sua aprovação
é complicada por esforços recentes para promulgação de leis federais e estaduais sobre
o “direito de tentar”. Essas leis dão falsas esperanças aos pacientes. Atualmente, 37
estados possuem tais leis em vigor. Essas leis estaduais são esvaziadas pela lei federal,
portanto não têm efeito. Nenhum paciente recebeu terapia experimental com base em
leis estaduais.
A FDA deve continuar supervisionando o acesso de pacientes a terapias
experimentais. Propostas de lei, tais como o Direito de Tentar de 2017 (H.R.878), e o
Direito de Tentar de Trickett Wendler de 2017 (S.204) têm disposições problemáticas.
Primeiro, elas restringem a autoridade da FDA de proibir o uso e prescrição de drogas,
produtos biológicos e dispositivos experimentais. Em segundo lugar, elas proíbem a
FDA de usar evidências de resultados de tratamento experimental realizados de acordo
com a lei, para decidir se um produto deve ou não ser aprovado para comercialização.
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Finalmente, elas adotam definições estaduais de "doença terminal", reduzindo ainda
mais o papel da FDA, e permitindo desigualdade de acesso a tratamentos
experimentais, segundo o estado de residência do paciente. Se aprovadas, essas leis
permitiriam acesso a medicamentos não aprovados, produtos biológicos e dispositivos
médicos de alto risco, após a conclusão de testes preliminares de segurança (estudos de
Fase I) e antes da realização de estudos para estabelecer e determinar segurança e
eficácia. Isso arriscaria a saúde e a segurança de pacientes, colocando o uso de produtos
médicos experimentais fora do rigoroso escrutínio realizado por oficiais de saúde. 55
Além disso, a aprovação do “direito de tentar” em nível federal não resolveria a
potencial recusa de fabricantes em fornecer acesso a produtos experimentais, já que não
existe nenhum requisito para que os fabricantes dêem acesso a drogas ou produtos
biológicos experimentais.56 Permitir que fabricantes cobrem por medicamentos
fornecidos através do “direito de tentar” poderia colocar pacientes em risco financeiro,
uma vez que os planos de saúde privados e os financiados pelo governo, normalmente
não cobrem tratamentos experimentais. Além disso, essas propostas de lei federal
removem outras salvaguardas importantes: elas isentam empresas de qualquer
responsabilidade, mesmo quando há comportamento negligente e, sem dúvida,
poderiam permitir que empresas lucrassem com a venda de drogas experimentais.
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Recomendações
O Congresso deve promulgar legislação que exija o estudo das barreiras atuais para expansão do acesso a tratamentos experimentais, assim como relatórios sobre as recomendações de mudanças necessárias.
O Congresso não deve promulgar legislação que restrinja o controle da FDA sobre o acesso ampliado a tratamentos experimentais, ou que ceda autoridade aos estados para regular o acesso a tratamentos experimentais.
4. Evitar o Uso de Evidências do Mundo Real, de Baixa Qualidade
Tradicionalmente, a pesquisa clínica ocorre em ambientes altamente controlados,
onde os locais de estudo e participantes são cuidadosamente selecionados, de acordo
com critérios rigorosos. Consequentemente, muitos testes não fornecem evidências que
refletem as realidades cotidianas de atendimento típico aos pacientes. Ao mesmo
tempo, grandes quantidades de informação, inclusive ricos dados de pacientes são
gerados. Exemplos incluem o programa mini-Sentinela da FDA e o PCORnet (PCORI)
do Instituto de Pesquisa com Resultados Centrados no Paciente, recebedores de
financiamento federal, que tentam alavancar dados rotineiramente coletados por
grandes sistemas de saúde para avaliação pós-vendas sobre a segurança e eficácia de
produtos médicos, (embora este trabalho seja predominantemente focado em terapias
farmacológicas e biológicas). Em resposta a isso, houve um movimento para o uso de
“evidências do mundo real” — isto é, evidências derivadas de dados coletados em
experiências reais do paciente, em toda a sua diversidade. De muitas formas, esse
movimento representa um passo importante para uma melhor compreensão dos
estados de saúde e doença.
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Problema
O uso de evidências do mundo real, particularmente dados de baixa qualidade, nas decisões de aprovação pré-vendas de novos produtos médicos, pode comprometer o processo de aprovação.
Solução
A FDA deve continuar contando com testes controlados, prospectivos e randomizados nas avaliações pré-vendas, e deve utilizar também evidência do mundo real de alta qualidade obtidas em contextos pós-vendas.
Em termos gerais, a categoria “evidências do mundo real” inclui não apenas
dados ricos e de alta qualidade, mas também dados de baixa qualidade, como relatos de
casos individuais, estudos baseados em controles históricos, ensaios de braço único
(sem grupo de controle), pesquisas com paciente não representativas, e testemunhos de
pacientes.
A Lei das Curas do Século XXI exige que a FDA considere o uso de evidências do
mundo real em pedidos para ampliação de indicações o uso de drogas e produtos
biológicos já aprovados, para satisfazer requisitos de estudos pós-vendas para
medicamentos e produtos biológicos e para regulamentar dispositivos médicos.
Evidência do mundo real é definida como “dados sobre o uso, ou os potenciais
benefícios ou riscos de um medicamento, derivados de fontes diferentes de testes
clínicos randomizados.“57 A exclusão de evidências aleatórias de testes da “evidência do
mundo real” na lei é preocupante, porque a randomização é uma ferramenta chave para
evitar o viés na pesquisa, e as duas categorias não são mutualmente exclusivas.58
Recomendamos que qualquer uso de evidências do mundo real pela FDA seja
restrito a dados de alta qualidade, e dê preferência a dados de intervenções
prospectivamente planejadas, intervenções que coletem dados de desfechos clínicos e
testes pragmáticos.58
O uso de evidências do mundo real para a tomada de decisão pré-vendas em
relação à avaliação de produtos médicos é inapropriado, sujeito a dúvidas não-medidas,
e inconclusivo, pelo fato de que produtos não aprovados não estão em uso rotineiro no
“mundo real”, o que proíbe seu estudo a partir de dados do “mundo real”. Os dados de
testes randomizados, controlados e duplamente cegos devem continuar sendo o padrão
ideal utilizado para aprovação.
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No contexto pós-vendas, evidências confiáveis e de alta qualidade podem ser
usadas para avaliar a segurança e eficácia de produtos médicos a partir de grupos de
pacientes mais generalizáveis, que melhor representem a realidade do dia-a-dia do
cuidado de pacientes.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �32
Recomendações
A FDA deve definir o termo "evidências do mundo real" clara e concretamente, em todos os contextos, para exclusão de dados resultantes de testes de braço único, testes que utilizam controles históricos, pesquisas de pacientes não representativas, relatos de casos e depoimentos de pacientes. A FDA deve incluir dados de intervenções planejadas prospectivamente, assim como intervenções que coletem dados de desfechos clínicos e testes pragmáticos na sua definição de “evidências do mundo real”.
Mesmo que a Lei das Curas do Século XXI exclua estudos randomizados da categoria "evidências do mundo real", a FDA deve deixar claro que testes clínicos prospectivos, randomizados e controlados, não podem ser substituídos em estudos pré-vendas, ou substituídos por dados de menor qualidade. Embora as evidências do mundo real possam complementar as informações obtidas através destes testes, estas não podem substituí-los de forma confiável.
5. Resistir Esforços para Enfraquecer a Regulação de Marketing Extra-Oficial
Desde 1962, a FDA tem exigido que as empresas farmacêuticas demonstrem a
segurança e eficácia de todo medicamento para cada uso indicado, e proibiu as
empresas de divulgar usos não aprovados ou extra-oficiais. Isso faz com que empresas
farmacêuticas realizem testes clínicos rigorosos para novos usos de medicamentos, e
gerem evidências precisas que possam informar decisões médicas, protegendo assim a
saúde dos pacientes.
Essa abordagem para a produção de evidências, existente há décadas, tem sido
ameaçada por uma onda de litígios. Ao longo dos últimos anos, as empresas
farmacêuticas procuraram tirar proveito das recentes decisões da Suprema Corte que
expandiram os direitos de discurso comercial. Com base nessas decisões, a indústria
farmacêutica argumentou que o marketing de uso extra-oficial é protegido pela
Primeira Emenda, desde que não seja falso ou enganador. Em 2012, a decisão do
Segundo Circuito no caso Estados Unidos v. Caronia mencionou os direitos garantidos
pela Primeira Emenda, citando a forma como o governo havia processado um
ProblemaHouve uma pressão recente da indústria sobre a FDA para abrandar restrições à divulgação de produtos médicos para usos não aprovados ou extra-oficiais.
Solução
A FDA não deve permitir que empresas farmacêuticas divulguem usos extra-oficiais de produtos médicos, e a agência deve continuar exigindo estudos adequados e bem controlados, assim como aprovação de indicações adicionais de uso antes que essas indicações sejam divulgadas.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �33
representante de vendas de produtos farmacêuticos, por fazer divulgação de uso extra-
oficial. 59 Em 2015, uma corte distrital no Distrito Sul de Nova York usou essa decisão
como precedente em Amarin v. Food and Drug Administration, e concluiu que as empresas
farmacêuticas têm o direito, garantido Primeira Emenda, de propagandear qualquer uso
extra-oficial para médicos, desde que as declarações sejam “verdadeiras e não
fraudulentas”. 60 Após esses casos houve enorme pressão sobre a FDA para alterar
restrições de longa data da agência sobre o marketing de usos extra-oficiais. 61-63
Permitir que as empresas farmacêuticas divulguem usos não aprovados de
medicamentos, cria incentivos para que estas busquem aprovação da FDA apenas para
determinado uso clínico restrito e, em seguida, comercializem a droga amplamente para
qualquer novo uso, com base em evidências mínimas. Embora as empresas precisem de
certas evidências que sustentem esse marketing de acordo com a abordagem preferida
da indústria, essas evidências podem ser muito fracas e insuficientes para justificar uma
nova indicação de uso. Indícios preliminares de que uma droga é segura e eficaz para
um uso específico, geralmente não são validados em testes mais robustos. E as drogas
seguras e eficazes para uma indicação podem ter resultados muito diferentes para outra
indicação, o que torna imperativo que dados sejam produzidos e submetidos aos
reguladores, para cada novo uso indicado. Por exemplo, Gabitril (tiagabina), aprovado
para reduzir o risco de convulsões em pessoas com epilepsia, foi promovido extra-
oficialmente para pacientes sem epilepsia.64,65 O uso do medicamento resultou em efeito
paradoxal, às vezes causando convulsões em pacientes sem epilepsia. Como a tiagabina
foi aprovada para a epilepsia, esse risco não foi inicialmente reconhecido, e alguns
médicos aumentaram a dosagem após aparecimento de novas crises.66
O marketing de usos extra-oficiais irrestrito pode prejudicar a capacidade da
FDA de equilibrar riscos e benefícios na aprovação de um medicamento para indicações
específicas. Por exemplo, no caso dos opióides, existe risco de dependência presente em
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �34
cada receita médica. Existe também risco de morte por depressão respiratória em doses
elevadas. Alguns opióides fortes, como OxyContin (oxicodona), foram aprovados
apenas para dor moderada a severa, e para aqueles que precisam de alívio da dor de
forma contínua. OxyContin não é aprovado para alívio da dor ocasional, ou para dor
leve. A FDA considerou os riscos, para aqueles com dor intensa e contínua, maiores do
que o benefício de alívio da dor. A decisão de Amarin permitiria que as empresas ainda
comercializassem OxyContin para dor leve, desde que elas fizessem apenas declarações
verdadeiras.67A divulgação de OxyContin como eficaz para dor leve seria uma
afirmação verdadeira, mas poderia colocar em risco pacientes para os quais o benefício
do uso não supera os riscos, segundo a FDA.
Permitir a propaganda ou comercialização de medicamentos com base em
resultados limitados de testes preliminares também pode resultar no uso de
medicamentos que são ineficazes ou não comprovados para certa condição, em
substituição a tratamentos existentes e comprovados.67 Um estudo recente descobriu
que 80% das prescrições de uso extra-oficial não possuem evidências que as sustentem,
e que pacientes que receberam prescrições para uso extra-oficial sem evidências
suficientes, são 54% mais propensos a experimentar um efeito adverso do que aqueles
que receberam um medicamento para um uso aprovado. 68
O marketing extra-oficial pode ser extremamente eficaz na mudança de padrões
de prescrição, apesar da falta de evidência que justifique tais mudanças. Por exemplo,
as táticas de promoção da Pfizer para o Neurontin (gabapentina) foram tão agressivas
que durante a primeira década do medicamento no mercado, 83% das receitas foram
para uso extra-oficial. 69,70 No entanto, a maior parte destes usos alternativos
apresentava pouca evidência para apoiá-los, e oferecia resultado inferior aos de outros
medicamentos já aprovados para o mesmo. 71 Por fim, o Departamento de Justiça (DOJ)
indiciou criminalmente a Pfizer por seu marketing extra-oficial, e a Pfizer assinou um
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �35
acordo em que se declarou culpada por dois crimes graves, e pagou US $ 430 milhões
em multas. 72
O fim da proibição histórica da FDA em relação ao marketing para usos extra-
oficiais distorceria a base de evidências necessárias para o uso de medicamentos,
expondo pacientes a maiores riscos, e aumentando os gastos farmacêuticos com o uso
de medicamentos cuja eficácia e segurança não foram comprovadas. Felizmente, os
recentes casos que evocam a Primeira Emenda não exigem que a FDA dê um passo
atrás. Amarin, como mera opinião de uma corte distrital, não cria precedentes para
outras instâncias. O caso da Caronia criou precedentes para cortes em vários estados
(mas não em nível nacional), e deixou abertos argumentos-chave que a FDA pode
utilizar para defender sua abordagem em futuros processos judiciais, mesmo no
Segundo Circuito. (Os tribunais, como regra, apenas abordam os argumentos que lhes
são apresentados. Portanto, é possível ganhar usando uma teoria diferente em um
momento posterior, mesmo depois de perda judicial prévia). Por exemplo, o caso não
determinou diretamente que a FDA não possa considerar o marketing extra-oficial
como evidência de um ato criminoso, ao invés de um crime em si — uma justificativa
que protegeu a abordagem da FDA a respeito do marketing extra-oficial em outras
jurisdições.73 Além disso, mesmo que a abordagem da FDA seja entendida como forma
de regular diretamente o discurso comercial, sob o teste de Central Hudson, o discurso
comercial pode ser regulado para garantir que o público seja adequadamente
informado. Bem entendida, a abordagem histórica da FDA tem esse propósito, porque
foi adequada a uma necessidade substancial a produção de evidência de alta qualidade,
que possa ser avaliada por reguladores especializados.
Estamos entusiasmados com os recentes documentos de orientação e
memorandos da FDA, indicando sua posição sobre marketing extra-oficial. 74-76 A FDA
e o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) devem defender agressivamente a
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �36
capacidade da FDA de restringir a divulgação de usos extra-oficiais. O DOJ, em
colaboração com as agências federais de saúde, deve defender as restrições de
comercialização extra-oficiais como essenciais para a criação de mais evidências
necessárias para avaliar a eficácia e a segurança de medicamentos e, deve continuar
processando judicialmente casos de marketing extra-oficial com base no Ato de
Declarações Falsas.
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Recomendações
A FDA não deve revisar suas atuais regras ou diretrizes a fim de permitir que as empresas farmacêuticas divulguem indicações de uso extra-oficial de medicamentos. Os documentos de orientação da FDA, divulgados no início de 2017, devem ser adotados como documentos finais de orientação.
A FDA e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) devem continuar disputando judicialmente casos de indicações de uso extra-oficial, e devem se comprometer a litigar casos que evocam a Primeira Emenda.
A FDA e o DOJ devem ser transparentes em relação à abordagem utilizada para instituir restrições ao marketing de indicações de uso extra-oficial, e divulgar informação sobre como tais casos são disputados legalmente, e como são feitos acordos e negociações com empresas farmacêuticas.
6. Fortalecer a Regulação de Dispositivos Médicos
O processo de aprovação para dispositivos médicos difere do processo usado
para medicamentos e produtos biológicos. A aprovação de dispositivos médicos é
baseada em seus riscos subjacentes. Os dispositivos da Classe I (de menor risco), como
depressores linguais, não requerem aprovação pré-vendas. Isto é adequado.
Os dispositivos da Classe II (risco moderado) requerem notificação pré-vendas à
FDA, e são liberados para comercialização com base na certificação oferecida pelo
fabricante de que o dispositivo é substancialmente equivalente a um outro dispositivo
previamente comercializado, o que é chamado de submissão 510 (k). Enquanto alguns
fabricantes devem apresentar dados clínicos como parte da aprovação pré-vendas de
dispositivos da Classe II, dados clínicos não são rotineiramente necessários para
depuração ou vigilância pós-vendas. Apoiamos as recomendações de 2011 do Instituto
de Medicina, de que o processo de submissão 510 (k) para dispositivos da Classe II seja
substituído por um quadro regulatório que avalie mais racionalmente a segurança e a
Problema
Tanto a avaliação pré-vendas como avaliação e vigilância pós-vendas para dispositivos médicos são mais fracas do que para medicamentos e produtos biológicos.
Solução
A FDA deveria aumentar os padrões regulatórios para dispositivos de risco moderado e alto. Os dispositivos de risco moderado devem ser avaliados mais rigorosamente antes de sua introdução no mercado. Novos dispositivos de alto risco, que requerem aprovação pré-vendas, devem ser aprovados apenas quando existem evidências coletadas através de testes randomizados e controlados.
COLLABORATION FOR RESEARCH INTEGRITY & TRANSPARENCY AT YALE �38
eficácia de dispositivos, tanto no contexto pré quanto pós-vendas.77 Isso requer nova
legislação.
Dispositivos de Classe III (de alto risco) requerem aprovação pré-vendas da FDA,
baseada em estudos clínicos e, freqüentemente, requerem compromissos de estudos
pós-vendas. A FDA deve fortalecer seus requisitos regulatórios atuais para dados de
testes clínicos no contexto da avaliação de pedidos de aprovação pré-vendas para
dispositivos da Classe III. Pesquisas recentes sugerem que esses requisitos resultam, em
média, em um teste de viabilidade em 50 pacientes, e um teste central com 250 pacientes
conduzido para fornecer evidências sobre a segurança e eficácia dos dispositivos de
maior risco, com apenas metade destes testes sendo randomizados e controlados.36
Esses requisitos regulatórios devem ser mantidos em pedidos de aprovação para
indicações de uso ampliado em dispositivos da Classe III já aprovados através de
suplementos de aprovação pré-vendas (PMA).
Os dispositivos da Classe III devem ser aprovados com base em testes
randomizados e controlados, utilizando resultados clínicos como desfecho de testes,
com teste cego quando apropriado, e acompanhamento adequado. Nós nos opomos às
aprovações de dispositivos médicos da Classe III com base em dados observacionais e
testes sem grupo de controle, uma vez que estes não fornecem provas suficientes para
garantir segurança e eficácia. Quando os dispositivos da Classe III foram liberados para
comercialização com base em critérios menos rigorosos de 510 (k), pacientes foram
expostos a riscos desnecessários e, recolhimentos foram necessários. 77-80 No passado,
requisitos de evidência mais baixos resultaram em aprovação prematura de
dispositivos, e subsequentes evidências de alta qualidade demonstram que os
dispositivos aprovados não traziam benefícios.81
Para melhorar avaliações pós-vendas, a FDA deve impor o requisito, atualmente
em fase introdutória, de que todos os dispositivos médicos devem ser rotulados com
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um identificador exclusivo, incluindo dispositivos das Classes I, II e III, até 2020. Além
disso, a FDA deve recomendar que aqueles que vendem registros eletrônicos de saúde e
planos de saúde, incluindo os planos federais, modifiquem seus registros médicos e
formulários para pedidos administrativos, a fim de incluir tal identificador exclusivo de
dispositivos como parte rotineira do faturamento de atendimentos a pacientes,
permitindo avaliações pós-vendas sobre segurança e eficácia de dispositivos médicos a
partir de dados coletados rotineiramente.
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Recomendações
A FDA deve convocar um painel de especialistas para recomendar mudanças legislativas a fim de atualizar a estrutura regulatória de dispositivos da Classe II, de forma a garantir a segurança e eficácia ao longo do ciclo de vida destes dispositivos, conforme recomendação do Instituto de Medicina.
A FDA deve fortalecer seus requisitos regulatórios atuais para dados de testes clínicos em avaliações pré-vendas de aplicativos para dispositivos da Classe III. Além disso, a FDA deve avaliar a conformidade da indústria com os requisitos pós-vendas, inclusive o estabelecimento de sistemas de rastreamento, relatórios de falhas de dispositivos, ocorrência de ferimentos graves ou óbitos, estudos de vigilância pós-vendas e estudos pós-aprovação demandados no momento em que é dada aprovação pré-vendas (PMA).
A FDA deve impor o requisito de que todos os dispositivos médicos sejam rotulados com um identificador único, e que todos os planos de saúde ou planos federais, incluindo os Centros de Serviços do Medicare e Medicaid, modifiquem o documento padrão usado para cobranças administrativas, a fim de incluir dados do identificador único de dispositivos.
7. Melhorar o Acesso a Dados de Testes Clínicos, Incluindo Dados de Pacientes, Dados Resumidos e Meta-Dados
O acesso aberto a dados clínicos por parte de pesquisadores independentes é
importante, pois alguns medicamentos são aprovados e apenas posteriormente ficam
determinados, com base em análises secundárias, eficácia inferior ou efeitos colaterais
graves, desconhecidos no momento da aprovação inicial. Por exemplo, após o Vioxx
(rofecoxib) ter sido retirado do mercado devido ao aumento do risco cardiovascular,
pesquisadores independentes que testemunharam como consultores experientes
durante litígios, utilizando dados disponibilizados durante tais litígios, realizaram uma
análise cumulativa agregada de todos os estudos controlados por placebos da droga.
Esta avaliação mostrou que o aumento do risco cardiovascular tornou-se mais evidente
Problema
O acesso limitado de pesquisadores independentes a dados de pacientes não-identificados, dados resumidos e meta-dados de testes clínicos, pode ofuscar sérios problemas de segurança e eficácia em produtos médicos novos ou já existentes. A falta de informações sobre o embasamento de ações regulatórias da FDA e sua tomada de decisões pode prejudicar a tomada de decisões médicas.
Solução
A FDA deve fornecer aos pesquisadores acesso a dados de testes clínicos não-identificados, enviados por fabricantes de medicamentos e dispositivos, como evidência em pedidos de aprovação e requisitos pós-comercialização. A FDA deve impor registro de testes e requerimento de relatórios, e impor sanções por não-cumprimento. A FDA deve adotar as recomendações de seu Grupo de Trabalho de Transparência que resultarão em maior transparência de suas ações reguladoras e tomada de decisões.
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ao longo do tempo, uma vez que outros estudos foram concluídos pelo fabricante,
embora esses estudos não tenham sido publicados consistentemente nem tenham tido
seus resultados sobre segurança disponibilizados para a comunidade científica.83
Embora esses dados tenham sido disponibilizados exclusivamente através do litígio, o
qual permitiu tal pesquisa, a maioria dos acordos legais ou ordens finais não permitem
acesso externo a dados de testes clínicos sobre a eficácia e segurança dos produtos
envolvidos.
A inexistência de benefícios de terapias aprovadas também pode ser
demonstrada por pesquisas independentes. Uma meta-análise de testes relatados e
relatórios completos de estudos clínicos para o Tamiflu (oseltamavir) mostrou que,
apesar do estoque governamental do fármaco para tratamento da gripe, este
proporciona pouco benefício, mas expõe pacientes a toxicidade. 84 O Instituto de
Medicina identificou a importância de nova análise por parte de pesquisadores
independentes, citando pesquisas que identificam risco de suicídio aumentado para
adolescentes usando inibidores seletivos de recaptação de serotonina, pesquisa que
avalia o risco de ataque cardíaco para pacientes fazendo uso de Avandia (rosiglitazona),
e os resultados publicados de forma seletiva para uso extra-oficial do Neurontin
(gabapentina). 85
Pesquisadores independentes, geralmente, conseguem identificar questões de
segurança nos dados originais não analisadas pelos revisores originais. 86,87 Acesso ao
universo completo de dados assegurará que pesquisadores independentes possam
examinar dados existentes a fim de verificar sua precisão, realizar estudos meta-
analíticos e estudos de acompanhamento para validar o resultado de estudos anteriores
e, oferecer uma compreensão mais ampla dos possíveis riscos e benefícios de uma
determinada droga ou dispositivo, informando médicos, pacientes e financiadores de
serviços de saúde públicos e privados. Estes dados podem ser liberados com segurança
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para pesquisadores independentes, uma vez que pacientes não estejam identificados,
protegendo sua privacidade. Existem padrões reconhecidos na indústria para remover
a-identificação de dados, de forma a garantir que um pesquisador secundário não possa
identificar participantes de um teste clínico a partir destes dados. 85,88
No entanto, grande parte dos resultados de testes nunca é relatada, nem no site
de registro de ensaios federais, ClinicalTrials.gov, nem em periódicos com “peer-
review.” A incapacidade de disseminar resultados de pesquisa e compartilhar tais dados
com pesquisadores independentes tem consequências negativas significativas para a
saúde e serviços de saúde. Dados incompletos sobre a segurança e a eficácia dos
produtos médicos indicam que prestadores de cuidados de saúde estão tomando
decisões clínicas sobre o cuidado de seus pacientes a partir de informações limitadas, e
que os seguros públicos e privados estão tomando decisões sobre cobertura e reembolso
desses produtos com base em informações parciais. Sob a autoridade concedida pela Lei
de Alterações da Administração de Alimentos e Drogas de 2007, a FDA é encarregada
de exigir que pesquisadores registrem testes e seus resultados em ClinicalTrials.gov. No
entanto, a maioria dos testes clínicos concluídos entre 2008 e 2012, sujeitos a esses
requisitos de registro, não tiveram resultados relatados em ClinicalTrials.gov.89
Segundo acordos internacionais, as empresas farmacêuticas enviam pedidos de
aprovação às agências reguladoras de medicamentos de forma semelhante em todo o
mundo. A Agência Européia de Medicamentos exige, prospectivamente, a liberação de
dados resumidos e meta-dados e, em breve, exigirá a liberação pública de dados de
pacientes não-identificados. A agência de Saúde do Canadá também propôs a
promulgação de novos regulamentos para permitir a divulgação prospectiva de
resumos de testes clínicos, relatórios e dados de apoio de testes clínicos concluídos.
Atualmente, a FDA fornece o pacote de informações para aprovação de novos
medicamentos e produtos biológicos em seu site, que contém análises científicas e
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estatísticas detalhadas, preparadas pela agência. No entanto, informações adicionais só
são disponibilizadas se um pesquisador faz uma solicitação com base na Lei de
Liberdade de Informação, e esta solicitação é aprovada. Apoiamos as leis existentes que
exigem o registro de testes clínicos, juntamente com o relatório de seus resultados, e
também acreditamos que, corriqueiramente a FDA e pesquisadores devam divulgar
prospectivamente informações tão ricas como as divulgadas pela Agência Européia de
Medicamentos.
A FDA lançou uma Iniciativa de Transparência em 2009, e recomendou melhorias
na comunicação da agência com o público e a indústria, através da elaboração de guias
simples para entendimento do público, divulgação de mais informações em seu site
sobre produtos e regulamentos médicos, e divulgação de informações sobre a tomada
de decisões da agência. A FDA implementou muitas, mas não todas as propostas
recomendadas pela Força Tarefa Para Transparência. Por exemplo, uma proposta não
implementada, foi a de compartilhar conjuntos de dados de paciente não-identificados
usados pela FDA, para análise de riscos e benefícios em testes de diferentes fabricantes.
Um relatório recente do Grupo de Trabalho de Transparência da FDA, um grupo
de pesquisadores independentes, fornece um plano abrangente para mudanças nos
requisitos de transparência, a fim de promover o desenvolvimento de produtos médicos
seguros e eficazes.90,91 Nós apoiamos essas recomendações integralmente, inclusive
recomendações para que a FDA divulgue: mais informações sobre os principais marcos
no processo de pedido de aprovação; mais informação sobre suas próprias análises e
tomadas de decisão; mais informações sobre o processo de pedido de aprovação e
revisão de medicamentos genéricos e produtos biológicos derivados; informações que
corrijam informações enganosas divulgadas pelo mercado; e dados de estudos
científicos que permitam maior conhecimento sobre produtos médicos.90,91
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Recomendações
O Congresso deve promulgar legislação que exija divulgação para pesquisadores de ciências, saúde pública e clínica, todos os dados de testes clínicos fornecidos à FDA como parte de pedidos de aprovação. As informações divulgadas devem incluir dados resumidos, meta-dados e dados de pacientes não-identificados, inclusive estudos de casos.
O DOJ deve implementar uma política que exija o compartilhamento de dados históricos e futuros de testes clínicos realizados por empresas farmacêuticas, incluindo dados resumidos, meta-dados e dados de pacientes não-identificados, como condição para acordos estabelecidos durante processos judiciais contra empresas farmacêuticas.
A FDA deve exigir o cumprimento dos requisitos de relatórios atualmente existentes para registro e reportagem de resultados de testes clínicos concluídos, através dos Institutos Nacionais de Saúde e seu registro público de testes clínicos, ClinicalTrials.gov.
O Congresso deve promulgar legislação que exija que dados de testes clínicos de estudos pós-vendas fornecidos à FDA, inclusive dados resumidos, meta-dados e dados de pacientes não-identificados, sejam disponibilizados de forma facilmente acessível aos pesquisadores.
A FDA deve adotar todas as recomendações de seu Grupo de Trabalho para Transparência.
Conclusão
Garantir a segurança e eficácia de produtos médicos utilizados por milhões de
americanos é um dever sagrado da FDA. A aprovação de novos medicamentos,
dispositivos e produtos biológicos de forma eficiente e célere não precisa estar em
contradição com a necessidade de gerar evidências rigorosas e de alta qualidade sobre
esses produtos, antes de sua comercialização. Neste documento, oferecemos
recomendações que conciliam essas duas importantes funções da FDA. No entanto, o
fortalecimento da agência requer medidas pró-ativas da administração de Trump, da
FDA e seu diretor Dr. Scott Gottlieb, e do Congresso dos EUA. Uma renovação coletiva
do nosso compromisso com o mandato da FDA e investimentos em recursos para a
agência pode assegurar a manutenção da saúde de pacientes, enquanto gastos com
medicamentos, produtos biológicos e dispositivos são dedicados a produtos que
realmente trazem benefícios a longo prazo.
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