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Anais do XXIV Seminário Nacional UNIVERSITAS/BR ISSN 2446-6123 Universidade Estadual de Maringá – 18 a 20 de Maio de 2016 385 O QUE REVELAM (OU NÃO) 20 ANOS DE ESTATÍSTICAS DO INEP SOBRE O PROCESSO DE EXPANSÃO E DIVERSIFICAÇÃO/DIFERENCIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL E ACADÊMICA DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR Stella Cecilia Duarte Segenreich – UCP [email protected] Maurício Castanheira – CEFET/RJ [email protected] Eixo 2: Organização institucional e acadêmica na expansão da educação superior Resumo: Neste texto é feita uma análise parcial dos resultados dos censos de educação superior realizados pelo INEP de 1995 a 2014 e publicados nas suas sinopses e resumos técnicos com o objetivo de detectar em que medida estas estatísticas retratam as mudanças, em termos de diversificação da organização institucional e acadêmica, desencadeadas pelo processo de expansão do sistema de educação superior das duas últimas décadas. Constatações sobre a crescente privatização do sistema, sua diversificação institucional com a criação dos centros universitários em 1997 e dos institutos federais em 2008 assim como a utilização da educação a distância como estratégia de expansão estão presentes na produção da comunidade acadêmica e são aqui retomadas. Questões sobre a ausência, nas sinopses, de dados importantes para entender a evolução dos dados estatísticos sobre alguns tipos de instituição tais como institutos superiores de Educação, faculdades integradas, faculdades tecnológicas são discutidas. Finalmente, outras questões relacionadas à forma de trabalhar alguns dados tais como, número de matrículas por instituição com limite máximo de 10 000 alunos, ou uso do padrão do ensino presencial para descrever a distribuição geográfica das matrículas de EaD, são levantadas. Palavras–chave: ensino superior – expansão - organização institucional e acadêmica -diversificação/diferenciação Introdução O Projeto OBEDUC 2012-2016, que reúne todos os pesquisadores presentes nesse XXIV Seminário do Universitas/BR, previu quatro etapas, com seus respectivos procedimentos metodológicos, em sua proposta de pesquisa (MANCEBO, 2012). As duas primeiras etapas – consolidação da fundamentação teórica mediante pesquisa bibliográfica e levantamento e análise de fontes documentais (dispositivos legais /marcos regulatórios) - já foram praticamente cumpridas pelos diferentes subprojetos, passando a constar do Banco de Dados do OBEDUC. As duas últimas etapas – captação e análise de dados estatísticos e desenvolvimento de estudos de caso - vem sendo desenvolvidas pelos pesquisadores do subprojeto 2 na medida em que apresentam estatísticas que contextualizam suas investigações específicas ou

O QUE REVELAM (OU NÃO) 20 ANOS DE ESTATÍSTICAS DO … · Fonte: Sinopses estatísticas do INEP 1995 - 2014 No Quadro 2 constatamos que a Universidade é a única organização acadêmica

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Universidade Estadual de Maringá – 18 a 20 de Maio de 2016 385

O QUE REVELAM (OU NÃO) 20 ANOS DE ESTATÍSTICAS DO INEP SOBRE O PROCESSO DE EXPANSÃO E

DIVERSIFICAÇÃO/DIFERENCIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL E ACADÊMICA DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO

SUPERIOR

Stella Cecilia Duarte Segenreich – UCP [email protected]

Maurício Castanheira – CEFET/RJ [email protected]

Eixo 2: Organização institucional e acadêmica na expansão da educação superior

Resumo: Neste texto é feita uma análise parcial dos resultados dos censos de educação superior realizados pelo INEP de 1995 a 2014 e publicados nas suas sinopses e resumos técnicos com o objetivo de detectar em que medida estas estatísticas retratam as mudanças, em termos de diversificação da organização institucional e acadêmica, desencadeadas pelo processo de expansão do sistema de educação superior das duas últimas décadas. Constatações sobre a crescente privatização do sistema, sua diversificação institucional com a criação dos centros universitários em 1997 e dos institutos federais em 2008 assim como a utilização da educação a distância como estratégia de expansão estão presentes na produção da comunidade acadêmica e são aqui retomadas. Questões sobre a ausência, nas sinopses, de dados importantes para entender a evolução dos dados estatísticos sobre alguns tipos de instituição tais como institutos superiores de Educação, faculdades integradas, faculdades tecnológicas são discutidas. Finalmente, outras questões relacionadas à forma de trabalhar alguns dados tais como, número de matrículas por instituição com limite máximo de 10 000 alunos, ou uso do padrão do ensino presencial para descrever a distribuição geográfica das matrículas de EaD, são levantadas. Palavras–chave: ensino superior – expansão - organização institucional e acadêmica -diversificação/diferenciação

Introdução O Projeto OBEDUC 2012-2016, que reúne todos os pesquisadores presentes nesse

XXIV Seminário do Universitas/BR, previu quatro etapas, com seus respectivos

procedimentos metodológicos, em sua proposta de pesquisa (MANCEBO, 2012). As duas

primeiras etapas – consolidação da fundamentação teórica mediante pesquisa bibliográfica e

levantamento e análise de fontes documentais (dispositivos legais /marcos regulatórios) - já

foram praticamente cumpridas pelos diferentes subprojetos, passando a constar do Banco de

Dados do OBEDUC.

As duas últimas etapas – captação e análise de dados estatísticos e desenvolvimento de

estudos de caso - vem sendo desenvolvidas pelos pesquisadores do subprojeto 2 na medida

em que apresentam estatísticas que contextualizam suas investigações específicas ou

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enriquecem seus resultados com estudos de caso que retratam realidades locais, mediante

adoção de uma abordagem qualitativa de investigação, na maioria dos casos.

Neste texto o foco está centrado na captação e análise de alguns dados estatísticos

referentes ao âmbito de estudo do subprojeto 2 Organização Institucional e Acadêmica na

Expansão da Educação Superior. Estes dados têm sido explorados pelos seus pesquisadores

atendendo a um conjunto de categorias de análise propostas em trabalho apresentado por

Franco, Morosini e Zanetinni-Ribeiro (2014) no XXII Seminário Universitas/BR realizado

em 2014 e adotadas formalmente pelo grupo em reunião realizada em dezembro deste mesmo

ano. Duas dessas categorias são mais exploradas neste estudo preliminar: Expansão via

numérica e Expansão via alternativas (Brasil).

O objetivo desta comunicação é fazer uma análise de alguns resultados dos censos de

educação superior realizados pelo INEP de 1995 a 2014 e publicados nas suas sinopses e

resumos técnicos com o objetivo de detectar em que medida estas estatísticas retratam as

mudanças, em termos de organização institucional e acadêmica, desencadeadas pelo processo

de expansão do sistema desse sistema nas duas últimas décadas. Acreditamos estar atendendo

um dos objetivos do OBEDUC, em relação ao levantamento de dados estatísticos, que é o de

considerá-los “ não apenas na direção da verificação quantitativa de determinada realidade da

educação superior, mas, também, como indicativos das lacunas a serem suprimidas ou

enfrentadas pelas políticas de educação superior no Brasil” (MANCEBO, 2012, p.4).

O texto parte de uma visão geral das múltiplas alternativas de instituições, cursos e

modalidades de educação introduzidas a partir da LDB/96 para em seguida relacioná-las com

o processo de expansão e a questão da privatização do sistema de educação superior, dando

exemplos ilustrativos de como as estatísticas retratam (ou não) essas novas realidades.

1. Diversificação do sistema de educação superior

Três dimensões dessa diversificação – estrutura organizacional, cursos e modalidades

serão aqui apresentadas.

Diversificação de estruturas organizacionais

No que se refere à diversificação das estruturas organizacionais e funções, o texto final

da LDBEN/96 (BRASIL, 1996) é altamente flexível na medida em que prescreve que a

educação superior seria ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas,

com variados graus de abrangência ou especialização (art. 45). Entretanto, em alguns dos

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projetos que tramitaram no Congresso, já constavam estruturas alternativas à Universidade

como os Centros de Ensino Superior, por exemplo. No Quadro 1, a seguir, duas dessas

propostas são sintetizadas por Segenreich (2000), em comparação com decretos que têm

regulamentado a organização Sistema Federal de Ensino Superior a partir da Lei 9394/96. Quadro 1 : Formas de organização acadêmica da educação superior presentes em projetos da LDB/96 e decretos posteriores

Fontes: SEGENREICH, 2000, p.133 (adaptado e ampliado); Decretos 3860/2001, 5773/3006. P1 – 1o Esboço de um Anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional P2 – Substitutivo da Comissão de Educação, de autoria de Cid Saboia de Carvalho ( 1995) P3 – Substitutivo anexo ao Parecer 691/95 da Comissão Diretora do Senado O primeiro esboço de projeto da LDB (P1)1 retrata as formas tradicionais de estrutura

existentes. No substitutivo de Cid Saboia de Carvalho ( P2) já aparece a figura do Centro de

Ensino Superior, que será consolidado com a denominação de Centro Universitário somente

no Decreto 2.306/97; neste caso, o adjetivo “universitário” eleva mais o status deste tipo de

estrutura do que a simples denominação de Centro de Ensino. As faculdades integradas são

mantidas mas desaparecem as federações de escolas. Quanto às tradicionais alternativas de

instituições isoladas, apontadas pelo primeiro esboço de projeto (P1), o substitutivo (P2) nada

define optando pela expressão “outras formas de organização”. O terceiro projeto (P3)

somente apresenta como novidade o destaque dos institutos como uma estrutura específica.

Nos decretos, que se referem à regulamentação logo após a LDB, aparecem duas

novas formas de instituição: os centros universitários e os institutos superiores ou escolas

superiores. A presença dos institutos superiores parece estar mais claramente ligada aos

Institutos Superiores de Educação, previstos no artigo 62 da LDB.

1 Este documento tem este título, timbre do Senado Federal mas não é datado.

Tipo de estrutura

P1

P2

P3

DEC. 2207/ 1997

DEC. 2306/ 1997

DEC. 3860/ 2001

DEC. 5773/ 2006

Universidades Institutos Federais Centros Universitários Centro de Ensino Superior Faculdades integradas Faculdades ou escolas integradas Federações de faculdades/escolas/ institutos Faculdades Institutos Institutos superiores ou escolas superiores Faculdades, escolas ou institutos isolados Faculdades integradas/ faculdades/ institutos/ escolas superiores

Outras formas de organização

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Passamos em seguida a mostrar, no Quadro 2, como as sinopses do INEP publicadas

entre 1995 e 2014, retratam a organização acadêmica das IES.

Quadro 2: Instituições de educação superior por organização acadêmica nas sinopses do INEP – 1995 – 2014 Ano Organização Acadêmica

1995 Universidades Fed. Escolas e Fac. Integ Estabelec. isolados 1996 Universidades Fed. Escolas e Fac. Integ Estabelec. isolados 1997 Universidades Fac. Integ. e

Centros Universitários Estabelec. isolados

1998 Universidades Fac. Integ. e Centros Universitários

Estabelec. isolados

1999 Universidades Centros Univ. Fac. Integradas Faculdades Centros Educ. Tecnológica (CET)

2000 Universidades Centros Univ. Fac. Integradas Faculdades, Escolas e Institutos

Centros Educ. Tecnológica

2001 Universidades Centros Univ. Fac. Integradas Faculdades, Escolas e Institutos

Centros Educ. Tecnológica

2002 Universidades Centros Univ. Fac. Integradas Faculdades, Escolas e Institutos

Centros Educ. Tecnológica

2003 Universidades Centros Univ. Fac. Integradas Faculdades, Escolas e Institutos

Centros Educ. Tecnológica

2004 Universidades Centros Univ. Fac. Integradas Faculdades, Escolas e Institutos

CET/Faculdades de Tecnologia (FAT)

2005 Universidades Centros Univ. Fac. Integradas Faculdades, Escolas e Institutos

CET/FAT

2006 Universidades Centros Univ. Fac. Integradas Faculdades, Escolas e Institutos

CET/FAT

2007 Universidades Centros Univ. Fac. Integradas Faculdades, Escolas e Institutos

CET/FAT

2008 Universidades Centros Univ. Faculdades Centros Fed. de Educ. Tecnol.( CEFET)/ Inst. Fed. Educ.Tecnol. IFET

2009 Universidades Centros Univ. Faculdades Institutos Federais/ CEFET

2010 Universidades Centros Univ. Faculdades IF/CEFET 2011 Universidades Centros Univ. Faculdades IF/CEFET 2012 Universidades Centros Univ. Faculdades IF/CEFET 2013 Universidades Centros Univ. Faculdades IF/CEFET 2014 Universidades Centros Univ. Faculdades IF/CEFET Fonte: Sinopses estatísticas do INEP 1995 - 2014

No Quadro 2 constatamos que a Universidade é a única organização acadêmica

constante em todas as sinopses. Os Centros Universitários, inicialmente agregados às

faculdades integradas, assumem também uma posição definida a partir de 1999. O mesmo

pode ser dito em relação aos Institutos Federais (IFs) que, criados por lei em 2008, passam a

constar das sinopses a partir de 2009. O mesmo não aconteceu com os Centros Federais de

Educação Tecnológica (CEFETs), que tendo sido elevados à condição de instituições que

poderiam oferecer cursos superiores em dezembro de 1994, somente passaram a ser

registrados como tal a partir de 2008, no mesmo ano em que os IFs foram instituídos.

Entretanto algumas formas institucionais como os Institutos Superiores de Educação

nunca apareceram nas sinopses, apesar de serem uma nova organização acadêmica

explicitamente prevista na LDB/96. Segundo Otranto (2015, p. 241): “A referida Lei

(9.934/96) apresentou uma nova institucionalidade para a formação de professores: os

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Institutos Superiores de Educação”, que deveriam manter, de acordo com o art. 63 (BRASIL,

1996), diferentes tipos de curso voltados para professores e/ou futuros professores da

educação básica. Segundo esta autora, a comunidade acadêmica foi contra a proposta e

trabalhou contra este tipo de instituição. Ela conclui que “poucos ISEs foram criados no país,

a partir, principalmente, de escolas Normais que passaram a assumir o status de instituições

de ensino superior” (p.243). Logo, nós também concluímos que estas instituições existem

legalmente sem que, em nenhum momento, elas tenham sido identificadas nas sinopses.

Finalmente, algumas formas institucionais aparecem e desaparecem das sinopses. É o

caso das Faculdades Integradas que têm uma presença constante de 1995 a 2007 e

desaparecem em 2008, certamente lançadas na categoria de Faculdade, apesar de terem sido

registradas 126 Faculdades Integradas em 2007. O mesmo acontece com as Faculdades de

Tecnologia (FAT) registradas nas sinopses, juntamente com os Centros de Educação

Tecnológica, somente por um curto período de tempo (2004 a 2007).

Esta questão de aglutinação de tipos de organização acadêmica é mais acentuada

ainda em alguns Resumos Técnicos. Na Tabela 1 está registrada, como exemplo ilustrativo, a

nomenclatura utilizada para descrever a evolução das IES no Resumo Técnico de 2007.

Tabela 1 – Instituições de educação superior por organização acadêmica

no Resumo Técnico de 2007 do INEP Ano Total Universidades Centros

Universitários Faculdades

2002 1.637 162 77 1.398 2003 1.859 163 81 1.615 2004 2.013 169 107 1737 2005 2.165 176 114 1.875 2006 2.270 178 119 1.973 2007 2.281 183 120 1.978* * Incluem as faculdades integradas, faculdades, institutos, escolas e IF/CEFET

Fonte: Tabela do Resumo Técnico de 2007, p. 7 (adaptada pelos autores)

É importante registrar que as sinopses, em todo este período, mostram uma

organização acadêmica mais diversificada, que serviu de base para a montagem do Quadro 2.

Os dados de 2007, por exemplo, discriminavam os dados sobre as faculdades integradas

(126), faculdades/escolas/institutos (1648), CET/FAT (204 dos quais 138 na área privada).

Desapareceram no vasto “buraco negro das faculdades”, os dados sobre as faculdades

integradas, os centros tecnológicos (CET) e as faculdades de tecnologia (FAT).

Finalmente, não são apresentados dados sobre novas arquiteturas acadêmicas que vem

surgindo como, por exemplo, a Universidade Aberta do Brasil (UAB), instituída em 2006

para atender a necessidade de certificar os professores da educação básica. É esta questão que

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Sousa (2012, p.123) levanta em artigo publicado sobre a UAB como política de formação de

professores: “Qual a abrangência da UAB, como nova arquitetura acadêmica, para a formação

de professores?”. Em seus estudos sobre o tema a pesquisadora recorre aos dados da CAPES,

na falta de dados disponíveis nas sinopses e resumos técnicos do INEP.

Diversificação de Cursos por tipo de formação e grau acadêmico

A LDB/96 estabelece que a educação superior abrangerá, além dos já existentes cursos

de graduação, pós graduação stricto e lato sensu e extensão, um novo tipo de curso: os cursos

sequenciais. Eles são caracterizados genericamente na LDB/96, em seu artigo 44, como

cursos “por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que

atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino”. Sua definição foi discutida

em três paraceres do CNE, ficando estabelecida, ao final, a denominação de curso sequencial

de formação específica deixando a possibilidade de oferecer outros tipos de curso sequencial,

como o de complementação pedagógica, com a obtenção de certificado. No Quadro 3, a

seguir, podemos ver como estes cursos estão representados nas sinopses estatísticas, ao lado

dos cursos de graduação já existentes

Quadro 3 : Tipos cursos, por grau acadêmico, nas sinopses do INEP – 1995 – 2014 ANOS

CURSOS

1995 a 1999

Graduação

2000 a 2008

Sequencial formação específica

Sequencial de Complementação pedagógica

Graduação

2009 e 2010

Sequencial formação específica

Graduação

2011 a 2014

Sequencial formação específica

Graduação* Bacharelado

Graduação* Licenciatura

Graduação* Tecnólogo

Não* aplicável

* Os dados sobre estes tipos de curso somente são apresentados agregados aos cursos presenciais Fonte: Sinopses estatísticas do INEP 1995 – 2014 Constata-se, nesse quadro, que é dada bastante visibilidade aos cursos sequenciais

enquanto a organização dos cursos de graduação por grau acadêmico a ser obtido somente

consta das sinopses estatísticas e resumos técnicos a partir de 2011. Desde a primeira

publicação das sinopses, em 1995, foi dada prioridade somente à distribuição dos cursos por

área de conhecimento, deixando de lado os dados referentes à distribuição de cursos por grau

acadêmico, importantes para análise das políticas públicas de expansão. Voltando aos cursos

sequenciais, os cursos sequenciais de complementação pedagógica deixam de constar das

sinopses estatísticas a partir de 2009, apesar de ter registrado 182 cursos em 2008.

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Constatamos, finalmente, que surge um novo tipo de “classificação” de curso – Não

aplicável – que precisa ser melhor definido porque pode se tratar de uma nova arquitetura

acadêmica. Novos cursos (novas arquiteturas curriculares), como os bacharelados

interdisciplinares, implantados no bojo do Programa REUNI, têm sido criados sem registro

específico nas sinopses, dificultando seu acompanhamento. De acordo com Medeiros (2015,

p.223), o REUNI colocou, entre seus objetivos, o “de criar a modalidade de curso denominada

de Bacharelado Interdisciplinar (BI), com estrutura curricular capacitada a evitar a

profissionalização precoce e especializada”. Segundo a autora, “as diretrizes do REUNI

apontam eixos orientadores da mudança na arquitetura acadêmica dos cursos de graduação:

flexibilização, diversificação e interdisciplinaridade, para formar profissionais mais

concatenados com as exigências do mercado” (idem, p.237).

Diversificação por modalidade

A institucionalização da educação a distância, por meio do artigo 80 da LDB/96,

gerou um processo de diversificação institucional e acadêmica que tem sido pouco retratada

nas sinopses estatísticas. Ela é uma modalidade educacional presente nos diferentes tipos de

curso como pode ser visualizado no Quadro 4.

Quadro 4. Tipos de curso na modalidade a distância, nas sinopses do INEP – 2000 – 2014 ANOS CURSOS 2000 Sequencial formação

específica Sequencial de Complem. Pedag.

Graduação

2001 a 2007

Sequencial formação específica

Graduação

2008 Sequencial formação específica

Sequencial de Complem.Pedag. a distância

Graduação

2009 e 2010

Sequencial formação específica

Graduação

2011 a 2014

Sequencial formação específica

Graduação *Graduação Bacharelado

*Graduação Licenciatura

*Graduação Tecnólogo

*Não aplicável

* Os dados sobre estes tipos de curso somente são apresentados agregados aos cursos presenciais Fonte: Sinopses estatísticas do INEP 1995 – 2014 Os cursos a distância somente começaram a ser computados nas sinopses a partir do

ano 2000, mesmo tendo instituições credenciadas e cursos autorizados desde 1998. Neste

caso se encontra a Universidade Federal do Pará que foi credenciada para EaD em 1º de

outubro de 1998, com a proposta do Programa de Ensino de Matemática a Distância. Apesar

da maioria dos trabalhos acadêmicos se voltarem para os cursos de graduação a distância, esta

modalidade também foi oferecida em cursos sequenciais com uma adesão muito baixa e

restrita aos cursos sequenciais de formação específica.

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2. Expansão do ensino superior: institucional, por cursos e modalidades

Expansão institucional

Na Tabela 2 damos uma visão geral da expansão do sistema mantendo as diferentes

classificações das instituições no período 1995 – 2004, já descritas no Quadro 2. Tabela 2: Evolução das Universidades, Centros Universitários, Faculdades, IFs. e outras designações no

período 1995 – 2014 de acordo com seu registro nas sinopses

Ano Total Universidades

Centros Universi

tários

Faculdades

Integra das (de 1999 a 2008)

Faculdades

Integra das e

Centros Univ.

Fed. Escolas

e Faculda

des integrad

as

Faculda des,

Escolas e Institutos (de 2000 a

2008)

Estabelecimentos Isolados

Faculdades

CET (de

1999 a

2007)

CET /Fat (de 2004 a 2008)

CEFET/IF (apenas

em 2008)

IF e CEFET

(de 2009 a 2014)

1995 894 135 111

648

1996 922 136 143

643

1997 900 150 91

659

1998 973 153 93

727

1999 1097 155 39 74

813 16

2000 1180 156 50 90

865 19

2001 1391 156 66 99

1036 34

2002 1.637 162 77 105

1240 53

2003 1.859 163 81 119

1403 93

2004 2.013 169 107 119

1474 144

2005 2.165 176 114 117

1574 184

2006 2.270 178 119 116

1649 208

2007 2.281 183 120 126

1648 204

2008 2252 183 124

1911 34

2009 2314 186 127

1966 35

2010 2378 190 126

2025 37

2011 2365 190 131

2004 40

2012 2416 193 139

2044 40

2013 2391 195 140

2016 40

2014 2368 195 147

1986 40 Fonte: MEC/Inep/Deed

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A diversificação do sistema de educação superior e sua relação com a proposta de

expansão acelerada é o foco central do subprojeto 2 do OBEDUC.

Constatamos na Tabela 2, inicialmente, a altíssima variabilidade das classificações por

tipo de organização acadêmica, o que dificulta a elaboração de séries históricas. Por esta razão

tornou-se inviável a elaboração de um gráfico que retratasse a evolução das IES, com todas

as suas denominações, em um período longo como 1995 – 2014.

No Gráfico 1 apresentamos um exemplo de representação comparativa da evolução

das organizações acadêmicas no período 1995 – 2014, tornado possível mediante o

agrupamento de tipos de organização acadêmica. O gráfico segue o mesmo padrão da Tabela

1 que retrata estes dados, no período 2002-2007 tal como aparecem no Resumo Técnico do

INEP de 2007.

─── Faculdades Integradas e Centros Univ / Faculdades Integradas (de 1999 a 2008) / Fed. Escolas e Faculdades integradas / Faculdades, Escolas e Institutos (de 2000 a 2008) / Estabelecimentos Isolados / Faculdades / CET (de 1999 a 2007) / CET /Fat (de 2004 a 2008) / CEFET/IF (apenas em 2008) / IF e CEFET (de 2009 a 2014) - - - - Universidades ........ Centros Universitários /Faculdades Integradas (1997 e 1998) e Centros Universitários (1999 em diante) Fonte: Fonte: MEC/Inep/Deed Pela leitura da Tabela 2 e do Gráfico 1, verificamos que permanecem constantes as

universidades e os centros universitários, registrados independentemente a partir de 1999. Os

centros universitários se consolidam chegando perto do número de universidades em 2014.

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A dificuldade de registro neste gráfico foi em relação à alocação dos centros

universitários/faculdades integradas nos anos de 1997 e 1998. A opção de colocar estes dados

agregados na linha dos centros universitários, sem uma nota de rodapé explicativa, pode

provocar uma visão distorcida do crescimento desses centros. Parece que existiam 93 centros

universitários e que eles caíram para 39 em 1999. Optando por colocar estes totais agregados

entre os estabelecimentos isolados, eles ficam perdidos na multidão.

Finalmente, a retirada abrupta das Faculdades Integradas dos registros das sinopses

assim como das Faculdades de Tecnologia (FAT) causam significativa perda de dados para

quem está pesquisando sobre a dinâmica de desenvolvimento das instituições de educação

superior, principalmente no que se refere ao processo de privatização do sistema, que será

mais aprofundado no próximo item.

Expansão de cursos: os cursos de formação de professores

A expansão dos cursos de formação de professores é um dado bastante pertinente para

o subprojeto 2 tendo em vista a ênfase dada à formação de professores no projeto OBEDUC

2012-2016. Entretanto, somente foi possível localizar dados sobre a expansão desses cursos,

por um período mais longo, seguindo sua classificação por áreas de conhecimento.

Entretanto verificou-se ser também inviável um único gráfico para representar todo o

período 1995-2014 porque houve também uma mudança, no ano de 2000. A Tabela 3 mostra

a classificação das áreas de conhecimento vigente entre 1995 e 2000, quando ocorreu a

mudança. Nesta tabela é importante registrar a presença de um curso Normal Superior

em1999.

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Tabela 3- Distribuição dos cursos da Área da Educação/Ciências Humanas entre1995 e 2000

Fonte: MEC/Inep/Deed

O Gráfico 2 foi, em seguida, montado com os dados relativos ao total de cursos da

área de Educação no período 2000 – 2014, após a mudança de nomenclaturas.

Fonte: MEC/Inep/Deaes

Constata-se no Gráfico 2 que a área de Educação evoluiu mais lentamente que o

conjunto de cursos de graduação presenciais, constatação já feita em diferentes trabalhos do

subprojeto 2 do OBEDUC como o de MAUÉS et al (2015), mais focado nas organizações

acadêmicas. No Gráfico 3, tem-se uma visão de como suas diferentes subáreas se

desenvolveram neste mesmo período.

1995 1996 1997 1998 1999** 2000 Áreas Gerais, Áreas Detalhadas Total Total Total Total Total Total

Total Brasil 6252 6644 6132 6950 8878 10805 Educação 3410 Ciências Humanas 1332 1369 1312 1436 1709 Ciências da educação 1 1 841

Formação de professor da educação básica 110

Formação de professor de disciplinas profissionais 361

Formação de professor de educação infantil 3

Formação de professor de matérias específicas 2095

Formação de professor e ciências da educação (cursos gerais)

Form. Prof. p/ Discip. Esp. 2º grau/Esq. I e II 18 17 13 24 25 Pedagogia 490 513 482 520 688 Prof. Parte Form. Espec. Currículo 2º grau 7 13 11 Normal Superior *** 1 Outras Licenciaturas*** 1

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Fonte: MEC/Inep/Deaes No Gráfico 3 estão descritas as trajetórias de quatro subáreas em todo o período. È

significativo o crescimento dos cursos da subárea de Ciências da Educação, onde está

localizado o curso de Pedagogia. Entretanto duas subáreas aparecem como descontinuadas a

partir de 2010: Formação de professor de educação infantil e Formação de professor e

ciências da educação (cursos gerais). É importante saber para onde foram alocados os 63

cursos de formação de professor de educação infantil (58 presenciais e cinco a distância)

registrados nesta subárea na sinopse de 2009. Quanto aos cursos gerais a hipótese mais viável

é terem sido transferidos para a subárea Ciências da Educação pela afinidade de perfil e/ou

por serem em pequeno número.

Por modalidades

Segundo Segenreich e Castanheira (2015, p. 118) “desde sua inserção formal no

sistema de educação superior, em 1996, a educação a distância tem cumprido uma trajetória

meteórica de expansão”. Entretanto, tratando-se de uma modalidade que atravessa tipos de

instituições e cursos, fomos buscar a análise de sua expansão no número de matrículas nos

seus cursos de graduação.

Não foram utilizadas as estatísticas por curso nesta parte do texto porque, pelo menos

nas sinopses iniciais, houve confusão entre polo e curso nos registros, como mostra a Tabela

4, discutida em um minicurso apresentado na ANPED, em 2008.

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Tabela 4 - Número de cursos e matrículas nos cursos de graduação a distância no período 2000 - 2006

Ano Cursos* Cursos** Matrículas 2000 10 7 1682 2001 16 10 5359 2002 46 29 40714 2003 52 38 49911 2004 107 60 56611 2005 189 132 114642 2006 349 231 207206

∆ 2005/2006 84,7 75 80,8 *Transcrição direta da fonte **Levantamento reinterpretado da fonte Fonte: MEC/Inep/Deaes

A Tabela 4 revela que os 10 cursos computados na sinopse estatística são, na

realidade, são sete porque os outros três são repetições de um mesmo curso em mais de um

polo. Os dados que se mostraram mais fidedignos foram os relativos ao número de matrículas,

razão pela qual eles foram adotados para retratar o processo de expansão e privatização da

educação a distância.

Outra distorção que merece atenção se refere às constatações sobre a desigualdade de

distribuição geográfica das matrículas dos cursos a distância, com significativa predominância

das regiões sul e sudeste. Não negamos estas constatações. Entretanto, em estudo anterior

(SEGENREICH e NEVES, 2015), já chamávamos a atenção para o fato de que as matrículas

das IES são registradas nas suas sedes mesmo que tenham matrículas em pólos localizados em

diferentes estados ou mesmo regiões.

O Gráfico 4 dá uma visão da expansão das matrículas em cursos de EaD em

comparação com os cursos presenciais.

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Fonte: MEC/Inep/Deed

O crescimento acelerado dessa modalidade educacional é incontestável. De acordo

ainda com Segenreich e Neves (2015), de 1.682 estudantes matriculados em cursos de

graduação a distância, registrados no primeiro Censo da Educação Superior (2000) a incluir

dados sobre EaD, esse total chegou a 1.113.850 no Censo de 2013. De uma presença de

0,06% no total de matrículas nos cursos de graduação em 2000, este percentual subiu para

15,8% em 2013. Em 2014, este percentual atinge 20,7%.

No Gráfico 5, a seguir, esta constatação fica ainda mais evidente quando se retrata a

variação percentual2 de crescimento de matrículas.

Fonte: MEC/Inep/Deed

2 Apesar de já terem sido elaborados vários gráficos retratando os dados em termos de crescimento percentual, somente apresentamos alguns desses gráficos, pela limitação de espaço do texto.

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Verifica-se no período 2000 – 2002 e 2003-2008 altos índices de crescimento da EaD

e uma estabilização nos últimos anos. Mesmo assim a EaD está ocupando um espaço cada vez

maior nos cursos de graduação sem contar que muitas IES oferecem disciplinas a distância em

cursos de graduação presenciais, amparadas pela Portaria 4.059/2004.

Enquanto os cursos de graduação a distância tiveram uma expansão significativa o

mesmo não aconteceu com os cursos seqüenciais. A Tabela 5, apresentada em um minicurso

realizado na reunião ANPED de 2009, comprova isto para o período 2000 – 2006. De acordo

com a última sinopse do INEP, em 2014 eram oferecidos somente 3 cursos: um curso pela

PUC/Campinas e dois pela Universidade de Caxias do Sul.

Tabela 5 Cursos de formação específica a distância - 2000 a 2006

IES 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

PUC/CAMP 2 2 2 2 1 1 1 Univ. Reg. NO Est. RGS 1 1 Unisul 1 1 Univ. Est. Ponta Grossa 1 1 1 Univ. da Amazônia 4 4 4 Univ. Tocantins 1 1 Fac. Adm. Brasília 1 1 Univ. Anhembi Morumbi 4 5 Univ. Caxias do Sul 1 N. total de cursos 2 3 3 4 7 12 13

Fonte: MEC/Inep/Deaes

Finalizando esta análise, verificamos que os resumos técnicos do INEP, ao tentar

descrever o porte das IES, estabelecem faixas de matrículas com o teto máximo de 10 mil

matrículas, como mostra a Tabela 6.

Tabela 6: Número de Instituições de Educação Superior, por Organização Acadêmica, segundo as Faixas do Número de Matrículas – Brasil – 2013

Fonte: Resumo Técnico 2013 p. 16

Total Organização Acadêmica Faixas de Matrículas

Universidade Centro Universitário

Faculdade IF e CEFET

Total 2.391 195 140 2016 40 Até 1.000 1.358 3 5 1.345 5

De 1.001 a 2.000 394 5 15 368 6 De 2.001 a 3.000 177 6 20 141 10 De 3.001 a 5.000 174 15 34 110 15 De 5.001 a 7.000 74 15 21 36 2

De 7.001 a 10.000 59 33 6 9 1 Mais de 10.000 155 118 29 7 1

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Verificamos na Tabela 6 que existem 155 IES com mais de 10.000 matrículas. É um

número pequeno perto do total de 2.391 IES do Brasil como um todo. Entretanto, ao pesquisar

a EaD, levantamos as 10 instituições que oferecem o maior número de matrículas em cursos

de graduação a distância, obtendo o Quadro 5, que reproduzimos a seguir.

Quadro 5: Relação da 10 maiores IES por ordem decrescente de matrículas em cursos de graduação a distância – 2013

Instituições que oferecem cursos de graduação a distância Presencial EaD

1. Universidade Norte do Paraná 12.912 254.893

2. Universidade Anhanguera – UNIDERP 14.248 107.909

3. Centro Universitário Internacional 4.408 98.727

4. Universidade Paulista 203.965 87.803

5. Centro Universitário Leonardo Da Vinci – Uniasselvi 3.493 81.717

6. Universidade Estácio de Sá 105.363 45.732

7. Centro Universitário UNISEB 2.007 35.750

8. Centro Universitário de Maringá 9.611 31.377

9. Universidade Metropolitana de Santos 1.794 26.905

10. Universidade de Uberaba 11.924 19.877

Fonte: MEC/INEP/DEED apud Segenreich e Neves, p.124

Constatamos a presença de seis universidades privadas e quatro centros universitários,

todos privados. O total de matrículas pode crescer ainda mais se considerarmos que algumas

instituições fazem parte de um Grupo Educacional com IES não relacionadas no Quadro 5.

Considerando somente o referido quadro, a Kroton Educacional, por exemplo, reúne a

UNOPAR, a Anhanguera e a Uniasselvi.

Dados mais aprofundados podem detectar o surgimento destes grupos educacionais.

Quanto à expansão da EaD no interior das IES, verifica-se que algumas delas estão se

tornando universidades ou centros universitários a distância, uma nova arquitetura acadêmica

a ser investigada. A Uniasselvi e a UNISEB apresentam um elevado número de matrículas em

cursos a distância e um número reduzidíssimo de matrículas em cursos presenciais. Resta

pesquisar se esta é uma tendência derivada de sua trajetória institucional ou de filiação a

grandes grupos educacionais, ou de ambas. Estes dados têm relação com a questão da

privatização a ser tratada no próximo item.

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3. Privatização: uma questão em destaque no OBEDUC 2012-2016

Apesar da expansão e privatização estarem intimamente entrelaçadas, optou-se neste

trabalho em mostrar separadamente algumas questões sobre como é tratada a questão da

privatização nos documentos do INEP. São elas: diferenciação do setor privado; formação de

professores; educação a distância. Foram utilizados dados relativos a instituições, cursos e/ou

matrículas a critério dos autores.

Diferenciação do setor privado

Inicialmente, apresentamos no Quadro 6 de que forma foram feitos os registros sobre

categoria administrativa das instituições de ensino superior nas sinopses.

Quadro 6 : Categorias administrativas das IES adotadas nas sinopses do INEP de 1995 a 2014 Fonte: Sinopses estatísticas do INEP 1995 - 2014

A área pública apresenta um quadro estável por todo o período dividida nas esferas

federal, estadual e municipal. Entretanto, o setor não público começa a ser registrado pelo

INEP com a denominação de particular e sem diferenciação no período 1995-1998; em 1999

adquire uma diferenciação com a mudança da nomenclatura geral de particular para privada e

a introdução das categorias comunitária/confessional/filantrópica para caracterizar as

instituições sem fim lucrativo. Esta diferenciação desaparece nas sinopses a partir de 2010

apesar do E-MEC registrar as instituições por privadas como com fim lucrativo e sem fim

lucrativo. Há um retrocesso ao voltar à simplista classificação de “privada”.

Na realidade a classificação do E-MEC por categoria administrativa é bem mais

diferenciada. Na rede pública é mantida a clássica diferenciação entre federal, estadual e

municipal. Quanto à rede privada, é importante destacar que são registradas três categorias: as

já mencionadas privadas sem fins lucrativos e as privadas com fins lucrativos. Entretanto uma

Período Categoria Administrativa 1995/1998 Pública Particular Federal Estadual Municipal 1999/2009 Pública Privada Federal Estadual Municipal Particular Comunitária,

Confessional Filantrópica

2010/2014 Pública Privada Federal Estadual Municipal

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terceira categoria é mencionada – privada beneficente. Existe cadastrada somente um

hospital, o Sírio Libanês , nessa categoria mas somente oferecendo cursos de pós-graduação.

Finamente, existe um terceiro grupo foras das categorias público/privado. São 33 instituições

de ensino superior que aguardam este enquadramento ainda objeto de análise pelo

CONJUR/MEC.

Entretanto, não é possível montar um quadro da evolução dos cursos no período 1995-2014

diferenciando pelo menos duas categorias da rede privada mais conhecidas. Inicialmente foram

montados gráficos tal como são apresentados nos resumos técnicos do INEP. É o caso do Gráfico 6, a

seguir.

Fonte: MEC/INEP/DAES

Constata-se visualmente o processo de crescente privatização do ensino superior, já

apontado em vários estudos da comunidade acadêmica. Vários levantamentos também têm

sido realizados estudando este processo em instituições e cursos específicos, que não cabe

aqui aprofundar. Um ponto que despertou nosso interesse foi aprofundar o que sinopses e

resumos técnicos do INEP nos informam sobre a diferenciação interna do setor privado.

Diferenciação interna do setor privado

Foi feito um gráfico do período 1998 – 2010, para situar com destaque o período 1999

– 2009 em que o setor privado se apresentava diferenciado, tal como apresentado no Quadro

6. O resultado está apresentado no Gráfico 7.

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Fonte: MEC/INEP/DAES

Neste Gráfico 7, a principal constatação é a de que, no setor privado, as IES privadas

particulares ganham cada vez mais espaço no setor privado assim como no sistema em geral.

O problema é quem a partir de 2011, não podemos mais acompanhar nas sinopses a evolução

(ou involução) das IES comunitárias, confessionais e filantrópicas. Em algumas instituições,

por exemplo, aparece a denominação IES particular sem fins lucrativos no E-MEC.

Privatização: Formação de professores

Esta questão tem provocado acaloradas discussões por causa dos financiamentos que

vem sendo concedidos ao setor privado por programas governamentais como o ProUni e o

PARFOR. No Gráfico 8 são apresentados dados da Área de Educação por categoria

administrativa, no período 2001 – 2014.

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A oscilação no percentual de ofertas de cursos na grande área de Educação mostra um

interesse predominante do setor público nesse conjunto de cursos, com exceção de um

período que caracteriza uma inversão desse interesse entre 2001 a 2006. Algumas explicações

ajudam a construir uma pista para novos estudos: a mudança da denominação de ciências

Humanas para Educação na grande área; o surgimento com força do curso de Ciências da

Educação e o novo formato para os cursos de Formação de Professores.

Privatização na modalidade a distância

Esta questão foi trabalhada pelos autores na fonte já mencionada (SEGENREICH e

NEVES, 2015), cabendo reproduzir alguns dados já atualizados com os resultados do Censo

de 2014. Do ponto de vista geral o Gráfico 9 apresenta a distribuição de matrículas dos cursos

a distância, por categoria administrativa, desde que a EaD foi inserida nas sinopses do INEP.

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Os seguintes comentários foram feitos em relação a este gráfico e que não se alteram

com a introdução dos dados de 2014: No que se refere à presença da iniciativa privada na EaD, o Gráfico

2 permite visualizar sua presença de forma tímida no período 2001 – 2003. Sabemos que entre 2000 e 2003 a predominância das matrículas de EaD na rede pública se explica, em parte, pelas iniciativas de alguns governos estaduais no sentido de certificar os professores da educação básica (SEGENREICH, 2014). Em 2004 a iniciativa privada já se faz significativamente presente, ultrapassando a rede pública logo no ano seguinte, com 52,4% das matrículas. (SEGENREICH e NEVES, 2015, p.121)

Em 2014 este percentual de participação alcançou 89,6% apesar da rede pública

começar a se fazer mais presente a partir de 2007 em função do Sistema Universidade Aberta

do Brasil (UAB).

Considerações preliminares e perspectivas de continuidade Neste texto foi apresentada uma análise parcial dos resultados dos censos de educação

superior realizados pelo INEP de 1995 a 2014 e publicados nas suas sinopses e resumos

técnicos. Acreditamos estar caminhando para atender o objetivo de detectar em que medida

estas estatísticas retratam as mudanças, em termos de organização institucional e acadêmica,

desencadeadas pelo processo de expansão do sistema de educação superior das duas últimas

décadas.

O mapeamento de como se diversificou o sistema de educação superior, como estas

diferentes formas de organização se expandiram e como é retratada a questão do processo de

privatização do sistema se concentrou nos dados mais accessíveis à consulta da comunidade

acadêmica, disponibilizados pelo INEP. Não entramos, propositalmente, nos microdados que

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vem sendo recentemente disponibilizados por se tratarem, de certa forma, de uma forma de

acesso mais restrito a grupos de pesquisa, Eles serão mapeados no devido momento.

Na apresentação dos dados optou-se, também por apresentar dados qualitativos

(quadros) e dados estatísticos mais básicos (totais e percentuais) apesar de já dispormos de

gráficos de crescimento percentual ano a ano de expansão e privatização, como demonstram

os exemplos ilustrativos, acoplados aos gráficos por totais.

Em termos de conteúdo não foi possível, neste texto, abordar dados que fundamentam

estudos mais específicos que vem sendo desenvolvidos por pesquisadores do sub 2 tais como:

relações candidato/vaga e vagas ociosas; criação das novas universidades federais voltadas

para internacionalização da educação superior; formação profissional nas múltiplas

instituições registradas nas sinopses ao longo destes 20 anos.

Acreditamos que a extensão destes levantamentos a estes e outros temas, que

certamente aparecerão, nos levará a inclusão de novas fontes de dados que já vem sendo

utilizadas por estes pesquisadores, além dos já citados microdados. Estas são as perspectivas

deste trabalho que se iniciou em dezembro de 2015, em resposta a um dos compromissos

assumidos pelo sub2 de “dar uma visão dos dados estatísticos mais recentes sobre a

organização institucional e acadêmica do sistema” (SEGENREICH e CAMARGO, 2015).

Coube aos autores deste texto coordenar este processo, sendo este seu primeiro documento de

trabalho.

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