14
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ECONOMIA SINDICATO DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS CONTÁBEIS DO RS Convênio FACE/PUCRS e SESCON-RS Relatório 18 O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) Gustavo Inácio de Moraes Milton Andre Stella Pedro Tonon Zuanazzi Pedro Henrique Cabral Setembro de 2015

O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RS

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ECONOMIA

SINDICATO DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS CONTÁBEIS DO RS

Convênio FACE/PUCRS e SESCON-RS

Relatório 18

O Regime Geral da Previdência Social (RGPS)

Gustavo Inácio de Moraes

Milton Andre Stella

Pedro Tonon Zuanazzi

Pedro Henrique Cabral

Setembro de 2015

Page 2: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

2

Introdução

Atualmente, o sistema previdenciário brasileiro conta com três categorias: Regime Geral de

Previdência Social, Regimes Próprios de Previdência Social e a Previdência Complementar. Além disso, há a

assistência social, muitas vezes tratada como previdência mas que, oficialmente, não possui característica

previdenciária uma vez que não há contribuições.

O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) possui caráter contributivo e de filiação obrigatória,

incluindo todos os indivíduos que contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): Dentre os

contribuintes, encontram-se os empregadores, empregados assalariados, domésticos, autônomos, contribuintes

individuais e trabalhadores rurais.

O RGPS tem suas políticas elaboradas pelo Ministério da Previdência Social (MPS) e executadas pelo

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal a ele vinculada. Seu funcionamento é em regime

de repartição simples, onde os trabalhadores em atividade financiam os inativos na expectativa de que, no

futuro, outra geração de trabalhadores sustentará a sua inatividade.

Todo trabalhador com carteira assinada é automaticamente filiado à Previdência Social. Quem trabalha

por conta própria precisa se inscrever e contribuir mensalmente para ter acesso aos benefícios previdenciários,

assim como pessoas sem renda própria, como donas de casa e estudantes.

Os principais benefícios do RGPS são: Aposentadoria por idade, Aposentadoria por invalidez,

Aposentadoria por tempo de contribuição, Aposentadoria especial, Auxílio-doença, Auxílio acidente, Auxílio

reclusão, Pensão por morte, Salário-maternidade, Salário-família e Assistência Social. O seguro-desemprego

não faz parte dessa lista, uma vez que está vinculado ao Ministério do Trabalho e do Emprego que disponibiliza

o seguro com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Da lista acima, destaca-se os quatro tipos de aposentadoria. A aposentadoria por idade, por exemplo,

é concedida aos homens com 65 anos de idade e às mulheres com 60 anos, sendo atualmente necessárias 180

contribuições. Já entre os trabalhadores rurais, os homens se aposentam por idade aos 60 anos e as mulheres,

aos 55 (sem a necessidade de contribuições).

No caso da aposentadoria por tempo de contribuição, são necessários 35 anos de contribuição para o

trabalhador do sexo masculino e 30 anos para as mulheres. Algumas categorias, como a dos professores, têm

um tempo de contribuição diferenciado (30 anos para os homens e 25 para as mulheres).

A aposentadoria por invalidez é concedida quando a perícia médica do INSS considera a pessoa

totalmente incapaz para o trabalho, seja por motivo de doença ou acidente. Existe ainda a aposentadoria

especial, destinada aos trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde, sejam físicos, químicos ou

biológicos.

A Demografia importa

Uma vez que o RGPS abrange a maior parte da população e funciona como um Regime de repartição

simples, questões demográficas como a taxa de crescimento da população e o seu envelhecimento influenciam

diretamente no Regime. A Tabela 1 apresenta a média anual de crescimento populacional para o Brasil por

década, estimada e projetada, para o período 1960-2060. Como é possível verificar, as taxas de crescimento

populacional estão se reduzindo e deverão se tornar negativas a partir da década de 1940.

Page 3: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

3

Tabela 1 - Taxa de crescimento populacional - Média anual por década 1960-2060

1960-1970 2,9% 1970-1980 2,5% 1980-1990 1,8% 1990-2000 1,6% 2000-2010 1,2% 2010-2020 1,1% 2020-2030 0,5% 2030-2040 0,2% 2040-2050 -0,1% 2050-2060 -0,4%

Fonte: IBGE - Projeção Populacional - Revisão 2013

Não obstante, a estrutura etária do país vem sofrendo um processo de transformação. Com a redução

da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida, o contingente de idosos na população vem

aumentando significativamente, enquanto que a população jovem vem diminuindo (Gráfico 1).

Gráfico 1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

11000000 6000000 1000000 4000000 9000000

Pirâmide etária do Brasil, 2000, 2015 e 2030

2000 2015 2030

Homens Mulheres

Fonte dos dados brutos: Projeções Populacionais IBGE - Revisão 2013.

Idade

80 +

65-69

60-64

55-59

50-54

45-49

40-44

35-39

30-34

25-29

20-24

15-19

10-14

5-9

75-79

70-74

0-4

O aumento da expectativa de vida tem contribuído fortemente para o crescimento da proporção de

idosos. A Tabela 2 apresenta a evolução da expectativa de sobrevida no país entre 2002 e 2012, sendo

possível notar um aumento considerável. Enquanto que uma mulher com 55 anos vivia, em média, mais 25,9

anos em 2002, em 2012 ela vivia em média mais 27,4 anos, o que representa 1,5 anos de aumento de

sobrevida no período.

Tabela 2 - Expectativa de Sobrevida por idade, 2002 e 2012

Idade 2002 2012

Homem Mulher Homem Mulher

50 26,1 30,0 27,3 31,7 55 22,4 25,9 23,4 27,4 60 19,0 21,9 19,8 23,3 65 15,8 18,3 16,3 19,4 70 13,0 15,0 13,2 15,7

Fonte: IBGE (Tábuas de Mortalidade)

Page 4: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

4

Esse contexto demográfico acaba por impactar na quantidade de benefícios emitidos para o RGPS

(estoque). O Gráfico 2 apresenta a quantidade de benefícios emitidos pela previdência social entre 2004 e 2014.

Nesse período, o número de beneficiários aumentou de 20,5 milhões para 27,8 milhões (um crescimento de

36%).

Gráfico 2 - Evolução da Quantidade de Benefícios Emitidos de aposentadorias pelo RGPS, Em milhões - 2004 a 2014 (dezembro)

13,6 14,0 14,3 14,6 15,0 15,5 16,2 16,7 17,3 18,1 18,7

6,9 7,1

7,3 7,5 7,7

8,0 8,2

8,5 8,7

9,0 9,2

2,6 2,8 2,9 3,1 3,3 3,5 3,7 3,9 4,0 4,2 4,3

,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

22,00

24,00

26,00

28,00

30,00

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Urbano Rural Assistencial

25,2

20,521,2

21,6

27,0

22,122,8

23,524,4

27,8

26,0

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)

Concomitantemente, houve um crescimento de 15,4% do salário médio real dos aposentados entre

2007 e 2014 (Gráfico 3), passando de R$ 927,40 para R$ 1.069,92 (corrigido pelo INPC a preços de Dezembro

de 2014). De fato, 69,1% dos beneficiários do RGPS ganhavam, em 2014, até 1 salário mínimo, e apena 2,9%

ganhavam mais de 4 salários (Gráfico 4).

Gráfico 3 - Valor Médio Real dos Benefícios Pagos pelo RGPS (2007 a 2014) – Média de Janeiro a Dezembro de cada ano – Em R$ de Dez/2014 (INPC)

927,40

931,56

976,85

1.010,86

1.009,68

1.048,23

1.064,12 1.069,92

900,00

950,00

1.000,00

1.050,00

1.100,00

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

R$

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)

Nota: Inclui apenas os benefícios previdenciários e acidentários

Page 5: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

5

Gráfico 4 - Distribuição de Benefícios Emitidos, segundo faixas de Valores Em Pisos Previdenciários (Posição em Dezembro/2014)

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000

< 1

= 1

1 -| 2

2 -| 3

3 -| 4

4 -| 5

5 -| 6

6 -| 7

7 -| 8

mais de 8

Milhares de benefícios

Va

lore

s, em

Salá

rio

s M

ínim

os

< 1 = 1 1 -| 2 2 -| 3 3 -| 4 4 -| 5 5 -| 6 6 -| 7 7 -| 8 mais de 8

Urbanos 676,7 8.111,9 4.778,6 2.518,1 1.643,2 746,2 178,4 13,1 2,6 5,4

Rurais 71,2 9.038,8 48,3 6,8 1,9 0,6 0,1 0,0 0,0 -

Assistenciais 8,2 4.302,2 0,0 - - - - - - -

37,81% 42,13% 20,05%

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)

Nota: Valores menores que 1 SM são relacionados a pessoas que contribuiram com carga horária reduzida)

Uma análise das receitas e das despesas do RGPS

Apesar do envelhecimento populacional e do aumento do número de benefícios, até 2014 o RGPS

Urbano vem sendo superavitário, sendo que de 2010 a 2012 as receitas cresceram mais do que as despesas

(Gráfico 5 - valores corrigidos pelo INPC). Em 2014, com uma despesa de R$ 312,7 bilhões e uma receita de

R$ 338,6 bilhões, o RGPS obteve um superávit de R$ 25,9 bilhões.

Gráfico 5 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado Previdenciário – RGPS URBANO

Acumulado de Janeiro a Dezembro (2010 a 2014) – Em R$ Bilhões de Dez/14 (INPC)

268,5

292,6

311,5

326,6

338,6

258,0267,9

283,4

300,4

312,7

10,5

24,8 28,1 26,2 25,9

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

2010 2011 2012 2013 2014

Arrecadação Líquida Urbana Benefícios Previdenciários Urbano Resultado Previdenciário Urbano (Superávit)

4,8%

3,8%

5,8%

6,0%

9,0%

6,4%

135,1%13,4% (6,9%)

3,7%

4,1%

(1,0%)

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)

Page 6: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

6

Se compararmos as receitas e despesas em relação ao PIB, podemos verificar que em 2014 as

despesas do RGPS urbano representaram 5,9% do PIB, enquanto que as receitas foram equivalentes a 6,4%, o

que gerou um superávit de 0,5% do PIB.

Gráfico 6 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado Previdenciário em relação ao PIB (Em %) – RGPS URBANO

5,5

5,8

6,1 6,26,4

5,3 5,3

5,65,7

5,9

0,2

0,5 0,6 0,5 0,5

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

2010 2011 2012 2013 2014

Arrecadação Líquida Urbana / PIB Benefícios Previdenciários Urbano / PIB Resultado Previdenciário Urbano (Superávit) / PIB

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)

Entretanto, salienta-se que o Brasil está encerrando, atualmente, um período de quase pleno emprego,

tendo havido um elevado aumento da população com carteira assinada nos últimos anos. O Gráfico 7 apresenta

a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e

2013). Como é possível verificar, o aumento significativo desde 2004 tem contribuído para o aumento da

arrecadação do RGPS. Em contrapartida, em 2015 temos observado um aumento do desemprego, o que nos

indica que o superávit da previdência urbana deverá diminuir em breve.

Gráfico 7 - Evolução da Proteção Previdenciária da População Ocupada (16 a 59 anos) – 1992 a 2013

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (Elaborado com base nas PNADs)

Page 7: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

7

Aliado a isso, se analisarmos a situação da previdência rural encontramos um cenário bem distinto.

Uma vez que não são exigidas contribuições dos trabalhadores do meio rural, a arrecadação da previdência

social é mínima, originando um déficit bastante elevado. Em 2014 a necessidade de financiamento foi de R$ 84

bilhões de reais (Gráfico 8), o que representou 1,6% do PIB (Gráfico 9). No entanto, muitos autores defendem

que a Previdência Rural deveria ser contabilizada como assistência social, pois por não ser necessárias

contribuições, não teria características de previdência.

Gráfico 8 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado Previdenciário – RGPS RURAL

Acumulado de Janeiro a Dezembro (2010 a 2014) – Em R$ Bilhões de Dez/14 (INPC)

6,2 6,5 6,7 6,7 6,8

72,874,8

82,2

87,3

90,8

66,668,3

75,5

80,6

84,0

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

2010 2011 2012 2013 2014

Arrecadação Líquida Rural Benefícios Previdenciários Rural Necessidade de Financiamento Rural

6,2%

4,2%2,7%

9,8%

0,4% 2,2%4,4% 2,1%

6,7%

4,0%

2,6%

10,6%

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)

Gráfico 9 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Resultado Previdenciário em relação ao PIB

(Em %) – RGPS RURAL

0,1 0,1 0,1 0,1 0,1

1,5 1,5

1,61,7

1,7

1,4 1,4

1,51,5

1,6

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2010 2011 2012 2013 2014

Arrecadação Líquida Rural / PIB Benefícios Previdenciários Rural / PIB Necessidade de Financiamento Rural / PIB

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)

Page 8: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

8

Dessa forma, quando somamos os resultados urbano e rural, temos que o RGPS apresentou em 2014

uma despesa de R$ 403,5 bilhões (7,6% do PIB) e uma receita de R$ 345,4 bilhões (6,5% do PIB), o que

impactou em uma necessidade de financiamento de R$ 58,1 bilhões, ou seja, 1,1% do PIB (Gráficos 10 e 11).

Gráfico 10 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Necessidade de Financiamento

Acumulado de Janeiro a Dezembro (2010 a 2014) – RGPS – Em R$ Bilhões de Dez/14 (INPC)

274,8

299,2

318,2

333,3345,4

330,8342,7

365,6

387,7

403,5

56,043,5 47,4

54,5 58,1

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

450,0

2010 2011 2012 2013 2014

Arrecadação Líquida Benefícios Previdenciários Necessidade de Financiamento

6,1%

4,1%

3,6%

6,7%

4,8%3,6%

8,9%

6,4%

6,7%(22,3%) 9,0% 14,8%

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)

Gráfico 11 - Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios e Necessidade de Financiamento – RGPS – em relação ao PIB (Em %)

5,6

5,9

6,3 6,36,5

6,8 6,8

7,27,4

7,6

1,1

0,9 0,91,0 1,1

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

2010 2011 2012 2013 2014

Arrecadação Líquida / PIB Benefícios Previdenciários / PIB Necessidade de Financiamento / PIB

Fonte: Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS)

Projeções para o RGPS

Para projetar os parâmetros do RGPS é preciso realizar um amplo conjunto de suposições, desde as

tendências demográficas até o crescimento econômico, a inflação e o comportamento do mercado de trabalho.

Page 9: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

9

Os resultados abaixo, realizados pela Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS) fazem uma análise

conservadora das regras de aposentadoria, considerando que as regras atuais não serão alteradas (que não

haverão postergações de idade, por exemplo).

A Tabela 3 apresenta as suposições adotadas pela SPPS/MPS e pela SPE/MF para a realização das

projeções de longo prazo. Essas hipóteses foram elaboradas em 02/04/2015, tendo o cenário econômico

piorado desde então. Empregou-se, por exemplo, a hipótese de que o PIB apresentaria crescimento real já em

2016, ou seja, de que teríamos uma recuperação rápida da crise atual, o que mais recentemente vem sendo

refutado. Além disso, aplicou-se a taxa de inflação de 3,5% para a partir de 2019 aliado a um aumento de 6,09%

do salário mínimo após esse período, suposições que não necessariamente ocorrerão. Projeções demográficas

de envelhecimento da população estão embutidas nessas hipóteses.

Tabela 3 - Evolução das principais variáveis para projeção de longo prazo - 2014/2060

Exercício Massa Salarial Crescimento Vegetativo

Taxa de Inflação Anual

(INPC Acumulado)

Variação Real do PIB

Reajuste do Salário Mínimo

Reajuste dos Demais

Benefícios

2014 9,94% 4,00% 6,23% 0,15% 6,78% 5,56%

2015 7,46% 3,53% 8,22% -0,92% 8,84% 6,23%

2016 8,53% 3,50% 5,40% 1,30% 8,38% 8,22%

2017 8,69% 3,46% 5,40% 1,90% 5,40% 5,40%

2018 9,77% 3,42% 5,15% 2,40% 6,77% 5,40%

2019 7,53% 3,40% 3,50% 3,89% 6,09% 3,50%

2020 7,49% 3,37% 3,50% 3,86% 6,09% 3,50%

2021 7,32% 3,33% 3,50% 3,69% 6,09% 3,50%

2022 7,33% 3,25% 3,50% 3,70% 6,09% 3,50%

2023 7,24% 3,20% 3,50% 3,61% 6,09% 3,50%

2024 7,70% 3,12% 3,50% 4,06% 6,09% 3,50%

2025 7,12% 3,06% 3,50% 3,49% 6,09% 3,50%

2026 7,06% 2,96% 3,50% 3,44% 6,09% 3,50%

2027 6,82% 2,89% 3,50% 3,21% 6,09% 3,50%

2028 6,75% 2,84% 3,50% 3,14% 6,09% 3,50%

2029 6,57% 2,77% 3,50% 2,97% 6,09% 3,50%

2030 6,43% 2,74% 3,50% 2,83% 6,09% 3,50%

2031 6,39% 2,70% 3,50% 2,80% 6,09% 3,50%

2032 6,19% 2,66% 3,50% 2,60% 6,09% 3,50%

2033 6,15% 2,62% 3,50% 2,56% 6,09% 3,50%

2034 5,95% 2,59% 3,50% 2,37% 6,09% 3,50%

2035 5,90% 2,57% 3,50% 2,32% 6,09% 3,50%

2036 5,81% 2,55% 3,50% 2,23% 6,09% 3,50%

2037 5,71% 2,53% 3,50% 2,14% 6,09% 3,50%

2038 5,61% 2,50% 3,50% 2,04% 6,09% 3,50%

2039 5,59% 2,48% 3,50% 2,01% 6,09% 3,50%

2040 5,62% 2,45% 3,50% 2,05% 6,09% 3,50%

2041 5,54% 2,42% 3,50% 1,97% 6,09% 3,50%

2042 5,45% 2,40% 3,50% 1,89% 6,09% 3,50%

Page 10: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

10

2043 5,41% 2,38% 3,50% 1,84% 6,09% 3,50%

2044 5,29% 2,36% 3,50% 1,73% 6,09% 3,50%

2045 5,21% 2,34% 3,50% 1,65% 6,09% 3,50%

2046 5,18% 2,31% 3,50% 1,62% 6,09% 3,50%

2047 5,10% 2,28% 3,50% 1,55% 6,09% 3,50%

2048 5,05% 2,24% 3,50% 1,50% 6,09% 3,50%

2049 5,01% 2,20% 3,50% 1,46% 6,09% 3,50%

2050 5,00% 2,16% 3,50% 1,44% 6,09% 3,50%

2051 4,92% 2,11% 3,50% 1,37% 6,09% 3,50%

2052 4,85% 2,06% 3,50% 1,31% 6,09% 3,50%

2053 4,77% 2,01% 3,50% 1,23% 6,09% 3,50%

2054 4,75% 1,95% 3,50% 1,21% 6,09% 3,50%

2055 4,71% 1,88% 3,50% 1,17% 6,09% 3,50%

2056 4,69% 1,82% 3,50% 1,15% 6,09% 3,50%

2057 4,67% 1,76% 3,50% 1,13% 6,09% 3,50%

2058 4,65% 1,69% 3,50% 1,11% 6,09% 3,50%

2059 4,61% 1,61% 3,50% 1,08% 6,09% 3,50%

2060 4,61% 1,54% 3,50% 1,07% 6,09% 3,50%

Fonte: SPPS/MPS e SPE/MF (Parâmetros elaborados pela SPE/MF em 02/04/2015)

Por fim, a Tabela 4 apresenta os resultados projetados para até 2060. Enquanto que a necessidade de

financiamento em 2014 foi de 1,03% do PIB brasileiro, a projeção é de que em 2060 ela seja de 9,24%, sendo que a

receita representaria 15,91%. Essa aumento projetado para as despesas do RGPS são um forte indício de que

teremos muitas mudanças de regras nas próximas décadas.

Tabela 4 - Evolução da receita, despesa e necessidade de financiamento do RGPS em R$ milhões e como proporção do PIB - 2014/2060

Exercício Receita Receita /

PIB Despesa

Despesa / PIB

Necessidade de Financiamento

Necessidade de

Financiamento / PIB

PIB

2014 337.503 6,11% 394.201 7,14% 56.698 1,03% 5.521.256

2015 365.494 6,26% 432.228 7,40% 66.734 1,14% 5.842.095

2016 400.444 6,32% 481.509 7,60% 81.065 1,28% 6.336.567

2017 438.996 6,42% 525.504 7,68% 86.508 1,26% 6.839.288

2018 488.013 6,67% 575.966 7,87% 87.953 1,20% 7.315.770

2019 524.753 6,67% 623.300 7,92% 98.547 1,25% 7.866.544

2020 564.069 6,67% 674.442 7,98% 110.373 1,31% 8.455.931

2021 605.333 6,67% 729.599 8,04% 124.267 1,37% 9.074.510

2022 649.710 6,67% 788.818 8,10% 139.108 1,43% 9.739.774

2023 696.752 6,67% 852.521 8,16% 155.769 1,49% 10.444.967

2024 750.433 6,67% 920.868 8,19% 170.435 1,52% 11.249.694

2025 803.837 6,67% 994.192 8,25% 190.354 1,58% 12.050.282

2026 860.619 6,67% 1.072.539 8,31% 211.919 1,64% 12.901.497

2027 919.335 6,67% 1.156.412 8,39% 237.076 1,72% 13.781.702

2028 981.408 6,67% 1.246.463 8,47% 265.055 1,80% 14.712.234

2029 1.045.879 6,67% 1.342.809 8,56% 296.930 1,89% 15.678.720

Page 11: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

11

2030 1.113.130 6,67% 1.446.424 8,67% 333.294 2,00% 16.686.868

2031 1.184.310 6,67% 1.557.595 8,77% 373.285 2,10% 17.753.924

2032 1.257.652 6,67% 1.676.897 8,89% 419.245 2,22% 18.853.396

2033 1.335.022 6,67% 1.804.932 9,02% 469.910 2,35% 20.013.239

2034 1.414.426 6,67% 1.942.457 9,16% 528.031 2,49% 21.203.585

2035 1.497.865 6,67% 2.090.314 9,31% 592.449 2,64% 22.454.419

2036 1.584.910 6,67% 2.249.321 9,47% 664.411 2,80% 23.759.304

2037 1.675.487 6,67% 2.420.325 9,64% 744.838 2,97% 25.117.137

2038 1.769.430 6,67% 2.604.130 9,82% 834.700 3,15% 26.525.426

2039 1.868.255 6,67% 2.801.646 10,00% 933.391 3,33% 28.006.917

2040 1.973.211 6,67% 3.013.809 10,19% 1.040.598 3,52% 29.580.303

2041 2.082.572 6,67% 3.241.630 10,38% 1.159.058 3,71% 31.219.723

2042 2.196.146 6,67% 3.486.429 10,59% 1.290.284 3,92% 32.922.299

2043 2.314.872 6,67% 3.749.505 10,80% 1.434.633 4,13% 34.702.125

2044 2.437.360 6,67% 4.032.249 11,04% 1.594.889 4,36% 36.538.331

2045 2.564.284 6,67% 4.335.955 11,28% 1.771.671 4,61% 38.441.044

2046 2.697.071 6,67% 4.661.945 11,53% 1.964.873 4,86% 40.431.652

2047 2.834.685 6,67% 5.011.591 11,79% 2.176.906 5,12% 42.494.612

2048 2.977.880 6,67% 5.386.277 12,07% 2.408.397 5,40% 44.641.232

2049 3.127.176 6,67% 5.787.490 12,35% 2.660.313 5,67% 46.879.332

2050 3.283.389 6,67% 6.216.789 12,63% 2.933.401 5,96% 49.221.101

2051 3.445.029 6,67% 6.675.840 12,93% 3.230.811 6,26% 51.644.246

2052 3.612.154 6,67% 7.166.393 13,23% 3.554.238 6,56% 54.149.611

2053 3.784.631 6,67% 7.689.990 13,55% 3.905.359 6,88% 56.735.194

2054 3.964.332 6,67% 8.248.043 13,88% 4.283.711 7,21% 59.429.089

2055 4.150.975 6,67% 8.842.149 14,21% 4.691.174 7,54% 62.227.048

2056 4.345.670 6,67% 9.474.576 14,54% 5.128.906 7,87% 65.145.700

2057 4.548.539 6,67% 10.147.291 14,88% 5.598.753 8,21% 68.186.898

2058 4.760.149 6,67% 10.861.690 15,22% 6.101.541 8,55% 71.359.143

2059 4.979.815 6,67% 11.619.382 15,56% 6.639.568 8,89% 74.652.130

2060 5.209.266 6,67% 12.422.266 15,91% 7.213.000 9,24% 78.091.819

Fonte: SPPS/MPS, SOF/MP e SPE/MF (Parâmetros elaborados pela SPE/MF em 02/04/2015)

Nota: Os valores de 2014 são realizados Nota2: os valores estão em R$ correntes

O Gráfico 12 torna mais clara a análise das projeções apresentadas na Tabela anterior. Enquanto que as

receitas deverão permanecer estáveis mantidas as regras atuais, as despesas deverão crescer fortemente,

elevando o déficit.

Page 12: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

12

Gráfico 12 - Receita, despesa e Necessidade de Financiamento em relação ao PIB, projetadas para 2060

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

18,00%

2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 2055 2060

Receita / PIB Despesa / PIB Necessidade de Financiamento / PIB

Fonte: SPPS/MPS, SOF/MP e SPE/MF (Parâmetros elaborados pela SPE/MF em 02/04/2015)

A previdência e o combate à pobreza

É importante destacar que, apesar das projeções de elevado déficit, a previdência é um instrumento

importantíssimo no combate à pobreza. Como pode ser verificado no Gráfico 13, o percentual de pessoas com

menos de ½ salário mínimo domiciliar per capita seria significativamente maior entre os idosos se não houvesse

a previdência (nessa análise estão incluídos o RGPS, os RPPS e a assistência social). No entanto, cabe

destacar que o Gráfico abaixo, elaborado pela SPPS com base na PNAD, simplesmente retira a renda

previdenciária, não levando em consideração o aumento da produtividade econômica que seria gerado com a

redução da carga tributária.

Page 13: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

13

Gráfico 13 - Percentual de pessoas com menos de ½ salário mínimo de renda domiciliar per capita no Brasil por idade, considerando e não considerando a renda

previdenciária – 2013

Fonte: PNAD 2013 (Elaborado pela SPPS/MPS)

De fato, entre as pessoas de 60 anos ou mais no Brasil, 86,1% estão protegidas pela proteção

previdenciária (Tabela 5), sendo o RGPS o principal responsável por essa elevada taxa de cobertura dos

idosos. Assim, embora o envelhecimento populacional crie um grande desafio para as contas públicas, seu

impacto nas famílias não é tão elevado devido à alta taxa de cobertura dos idosos.

Tabela 5 - Proteção Previdenciária entre os idosos com 60 anos ou mais, segundo sexo – 2013

Fonte: PNAD 2013 (Elaborado pela SPPS/MPS)

Assim, é importante frisar que o déficit do RGPS possui uma função redistributiva na sociedade,

diminuindo a pobreza e beneficiando a grande maioria dos idosos, sem despender um grande gasto per capita

para isso. Em 2013, por exemplo, a necessidade de financiamento do RGPS média, por beneficiário, foi de R$

1.846. Diferentemente, o RPPS (que não foi abordado no presente relatório) possui um caráter concentrador de

Page 14: O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) · a evolução do percentual da população ocupada de 16 a 59 que possui proteção previdenciária (entre 1992 e 2013). Como é possível

14

renda: em 2013 a União preciso cobrir, em média por beneficiário R$ 64.494, e seu déficit foi apenas um pouco

menor do que o do RGPS para atingir menos de 1 milhão de pessoas.

Tabela 6 - Déficit, Beneficiários e Déficit per capita, do RGPS e do RPPS da União

Fonte: Câmara dos Deputados (http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil/Raul_Velloso.pdf)