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O URBANISMO MODERNO UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE URBANISMO - ENGENHARIA CIVIL Prof. Ms. Raquel von Randow Portes

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O URBANISMO MODERNO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE URBANISMO - ENGENHARIA CIVIL

Prof. Ms. Raquel von Randow Portes

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SÉCULO XIX – CIDADE INDUSTRIAL/LIBERAL

A FORMA DA CIDADE – vincula-se exclusivamente ao lucro, ou seja, cada empreendimento é desenvolvido considerando a maior possibilidade de lucro, sem considerar traçados reguladores ou outros instrumentos de controle urbanístico que viessem a colaborar com a circulação, com a infra-estrutura, ou com a estética das cidades. - Esses empreendimentos são totalmente baseados na repetição, e na densificação, criando ambientes monótonos e com tendência a criação de condições desfavoráveis em termos de salubridade. - A partir de um certo momento, a qualidade de vida de todas as classes fica comprometida, fazendo com que tanto representantes das classes abastadas como do proletariado, passassem a discutir novas formas de intervenção pública. - Neste momento, surgem propostas utópicas e outras formas de experimentação urbanística que tentam resolver o problema das cidades. - Gradativamente a Cidade Liberal tem fim, dando espaço para grandes intervenções coordenadas pelo estado e para a regulamentação urbanística, ou seja, para leis que regulam o crescimento e as modificações na cidade.

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RETRATO DA VIDA NAS VILAS OPERÁRIAS DO SÉCULO XIX

SÉCULO XIX – CIDADE INDUSTRIAL/LIBERAL

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RETRATO DA VIDA NAS VILAS OPERÁRIAS DO SÉCULO XIX

SÉCULO XIX – CIDADE INDUSTRIAL/LIBERAL

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A PARTIR DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: GRANDES MUDANÇAS ESTRUTURAIS DAS CIDADES

MODELO CULTURALISTA / HUMANISTA Ruskin (A poesia da arquitetura) Morris (Notícias de lugar nenhum) Geddes (Cidades em evolução) Mumford (A cidade na história - A condição do homem) Sitte (A construção das cidades segundo seus princípios artísticos) Howard (Cidades jardins do amanhã) MODELO PROGRESSISTA Robert Owen (Nova vista da sociedade e outros ensaios) Fourrier (Falanstério) Godin (Familistério) Le Corbusier (Por uma arquitetura) Gropius (fundador da Bauhaus)

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URBANISMO MODERNO

A CIDADE MODERNA: RUPTURA RADICAL NA ESTRUTURA, NA FORMA, NA ORGANIZAÇÃO DISTRIBUTIVA E NOS CONTEÚDOS E PROPÓSITOS DA URBANISTICA E DA CIDADE.

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URBANISMO MODERNO

2 MOMENTOS: 1) PERÍODO ENTRE GUERRAS: - período heróico; de formação de teorias e experimentações - oposição à urbanística formal - avanço na tecnologia, nas ciências, máquinas, movimentos sociais - a urbanística existente (tradicional) não fornecia respostas eficazes aos problemas do século XX - destruição e abandono do quarteirão, da rua, da praça - TIPOLOGIA DE BLOCOS, torres; - zoneamento rígido elimina a “mistura funcional” da cidade tradicional

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URBANISMO MODERNO

2 MOMENTOS: 2) PERÍODO PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL ATÉ OS ANOS 1970: - reconstrução das cidades e as grandes necessidades habitacionais necessidade de habitação, bairros e cidades novas e reconstrução dos centros - grandes conjuntos habitacionais – monótonos - higiene e salubridade – grandes espaços verdes entre os blocos - preponderância do sistema viário

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URBANISMO MODERNO

Le Corbusier e Jeanneret, Ville Contemporaine, 1922, blocos celulares perimetrais formados por unidades immeuble-villa.

O tecido da cidade moderna para substituir o da cidade tradicional: projeto de Le Corbusier para uma zona insalubre a ser saneada em Paris.

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URBANISMO MODERNO

Vários tipos de edifício espaçados no verde, que formam a cidade moderna; a paisagem da nova cidade, dominada pelo curso do sol.

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URBANISMO MODERNO

O raciocínio de Le Corbusier para justificar a conveniência da unidade de habitação.

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Conjunto Habitacional Siemens/ Siemens Housing Estate O conjunto habitacional na área metropolitana antecipa o conceito moderno de uma atmosfera urbana de lazer pelas áreas ajardinadas de seu entorno de forma mais forte do que o conjunto anterior, que foi construído ao mesmo tempo, e aponta para os rumos que a construção alemã tomaria após a 2ª Guerra.

Localização: Distrito de Charlottenburg-Wilmersdorf e Spandau, Número de apartamentos: 1.370 Período de construção: 1929 a 1934 Urbanismo: Hans Scharoun Arquitetos: Hans Scharoun, Walter Gropius, Otto Bartning, Fred Forbat, Hugo Häring, Paul R. Henning

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URBANISMO MODERNO

PÓS GUERRA E A ADOÇÃO DO URBANISMO MODERNO - até 2ª GM coexistiam na Europa: urbanismo formal com experiências modernas - a partir dos anos 1950: necessidade de reconstrução rápida, a menores custos e máxima quantidade de alojamentos, dando novas condições de vida à população - a possibilidade de projetar e construir a cidade por sistemas independentes (vias, infra-estrutura, prédios, equipamentos) revela-se de grande eficácia – trabalhar com rapidez - as vias serviam de circulação; os prédios implantavam-se livremente no terreno; os terrenos que sobravam ligavam as entradas dos edifícios às vias de acesso

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URBANISMO MODERNO

Cinzentos conjuntos habitacionais arranham o céu de Nova Belgrado, um bairro da capital surgido após a Segunda Guerra Mundial para abrigar a crescente população urbana.

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URBANISMO MODERNO

Unidade de Habitação, Marselha, França – Unité d’Habitation, Marseille, France Photo Fundacion Le Corbusier

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PRUITT IGOE Construido em 1950, em St. Louis/Missouri By the late 1960s, only one of the buildings had any residents in it at all. Estimates vary on maximum occupancy, but they range from 33% to 60% full at its fullest. The first of the buildings was imploded in 1972, and the last imploded in 1976.

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URBANISMO MODERNO

“ As novas formas urbanas rompiam, em termos ambientais e ideológicos, com os antigos sistemas urbanos, permitindo o ar, o sol e o verde – indispensáveis à higiene e salubridade e favoráveis à cura do traumatismo psicológico da Guerra.” LAMAS, 2004

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FUNCIONALISMO E ZONEAMENTO Crítica à cidade oitocentistas e novecentista – mistura funcional -“boa arrumação” e distribuição dos usos do solo - CARTA DE ATENAS: isolar, separar e arrumar as principais funções na cidade: HABITAR, TRABALHAR, RECREAR-SE E CIRCULAR - delocamentos: prioridade ao automóvel - cidades e bairros “dormitórios” – grandes conjuntos habitacionais -É mais fácil projetar edifícios com programas repetitivos em todos os pisos do que a sobreposição de funções -É mais fácil organizar um bairro só habitacional do que com misturas de usos

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URBANISMO MODERNO

Le Corbusier’s Plan Voison for Paris (which would have required the destruction of large swaths of Paris to implement, if it had ever been built).

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URBANISMO MODERNO

Le Corbusier’s Plan Voison for Paris (which would have required the destruction of large swaths of Paris to implement, if it had ever been built).

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URBANISMO MODERNO

RUPTURA COM A HISTÓRIA -Romper com as formas tradicionais de construção de edifícios e cidades - Não apenas estabelecer diferenças nos processos construtivos e materiais ou estilos, mas construir uma arquitetura diferente, liberta e oposta a qualquer continuidade histórica NOVOS MATERIAIS E TECNOLOGIAS -ferro, aço, concreto armado, vidro, industrialização da construção - ruptura com as formas e escalas - a cidade era “construída” pela arquitetura -CARTA DE ATENAS (1941): -“Edifícios altos, que conquistam a vista, a luz, o ar, espaçados entre si, tornam-se as únicas formas corretas de construção moderna”.

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URBANISMO MODERNO

CIDADE FUNCIONALISTA -4 funções principais (chaves do urbanismo moderno): Habitar, trabalhar, recrear-se e circular - a cada função a sua área de solo exclusiva - A área residencial ocupa lugar principal no urbanismo, enquanto a circulação deverá organizar a cidade existente - O grande objetivo será circular bem, em vias hierarquizadas que privilegiem o deslocamento e separem os percursos entre o pedestre e o automóvel “FUNÇÕES BEM ARRUMADAS EM LUGARES PRÓPRIOS , SEM SOBREPOSIÇÕES”

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URBANISMO MODERNO Conjunto JK, Oscar Niemeyer Belo Horizonte, 1952 “Tem diversos atributos que o aproximam mais de uma cidade do que de um simples edifício. A integração entre apartamentos de conformações variadas e de diversos tamanhos, comércio, serviços, hotel, cinema e instituições públicas como museu de arte e rodoviária tinha por objetivo reunir em um único complexo edificado todas as comodidades da cidade moderna. Reeditou no Brasil, em escala ampliada, a utopia moderna do pós-guerra proposta por Le Corbusier na Unidade de Habitação de Marselha. Ao contrário de todos os outros edifícios de moradia da cidade, que abrigam grupos estratificados social e economicamente, o JK, por seu gigantismo e pela grande variedade espacial e de tipologias que apresenta, é uma cidade dentro da cidade. Sua virtude é uma questão de escala e diversidade.”

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URBANISMO MODERNO

CIDADE FUNCIONALISTA -áreas centrais vazias à noite e cidades “dormitórios” - necessidade de circular rapidamente: destruição de bairros e tecidos sociais, lançando vias e nós desnivelados, alargando ruas, destruindo edifícios - hoje: necessidade de “domesticação” do automóvel

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Plano de Le Corbusier para o Rio de Janeiro e Chandigard - Índia

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URBANISMO MODERNO

O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, é projetado para abrigar funcionários públicos do então Distrito Federal. Localizado no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro, o Pedregulho compõe a face social da arquitetura de Reidy, ao lado da Unidade Residencial da Gávea (1952) e do Teatro Armando Gonzaga (1950), em Marechal Hermes.

Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, Affonso Eduardo Reidy, 1947

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URBANISMO MODERNO

CRÍTICA AO QUARTEIRÃO, À RUA E À MORFOLOGIA DA CIDADE TRADICIONAL Gropius – estudos de distância entre edifícios, a sua altura e os ganhos de solo público -A organização das edificações não se “encaixava” com a divisão tradicional de quarteirões e ruas - higiene, salubridade e funcionamento - inconvenientes de trânsito (ruídos, poeiras, gases) - necessidade de insolação TUDO ISSO CONDENAVA O ALINHAMENTO DOS EDIFÍCIOS AO LONGO DAS VIAS

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URBANISMO MODERNO

ZONEAMENTO FUNCIONAL – local de morar, de trabalhar, comércio, bancos, hotéis... EDIFÍCIOS COMO UNIDADES AUTÔNOMAS INSERIDOS EM UM ESPAÇO ABERTO COM OBJETIVOS HIGIÊNICOS – inversão do esquema de figura-fundo da cidade tradicional – ao invés dos espaços verdes estarem restritos às praças e aos pátios das casas, propõe-se a ocupação do espaço de forma mais densificada, ou seja em grandes edifícios em altura, permitindo a liberação do solo. DESCONSIDERAÇÃO DOS PRECEDENTES EM TERMOS DE FORMA URBANA E EM TERMOS DE CARACTERÍSTICAS FUNDIÁRIAS – super-quadras.

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URBANISMO MODERNO

A ESCALA DOS PERCURSOS VOLTA-SE AO AUTOMÓVEL – praticamente ignora o pedestre – ruas a cada 400m e em alguns casos ruas complementares nos 200m intermediários; número de ruas deveria ser diminuído em 2/3, o que diminuiria o número de cruzamentos e tornaria mais ágil a circulação; eliminar cruzamentos. PROPOSIÇÃO DE UM SISTEMA VIÁRIO HIERARQUIZADO DE FORMA A PROPICIAR MAIOR VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO – vias rápidas e vicinais, vias locais, vias coletoras CONSIDERAÇÃO DA ORIENTAÇÃO SOLAR COMO UMA DAS PRIORIDADES DE PRODUÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO – higienização e salubridade.

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URBANISMO MODERNO

Viatudos, Elevados e Pontes - Tóquio, Guarulhos e Cuiabá