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WINNICOTT, D. Explorações Psicanalíticas. Rio de Janeiro> imago, 1994. O valor da consulta terapêutica. (1965) A primeira entrevista de uma análise pode conter material que se apresentará para análise durante meses e até mesmo anos. Os estudantes são aconselhados a tomarem notas cuidadosas das primeiras entrevistas. O psicoterapeuta neste estágio da primeira entrevista é um objeto subjetivo, o paciente traz para a situação uma certa medida de crença ou de capacidade de acreditar em uma pessoa compreensiva ou que o ajude. Existe uma diferença entre esta técnica e a da psicanálise, na última a neurose transferencial se desdobra gradualmente e é usada para interpretar; na entrevista psicoterapêutica há um papel já pré-ordenado para o terapeuta, baseado no padrão de expectativa do paciente. Na primeira entrevista o paciente está frequentemente disposto e em verdade ávido por informar o terapeuta, fornecendo tudo que é necessário para a interpretação profunda e significante. É axiomático que se um setting profissional correto é fornecido, o paciente, isto é, a criança (ou adulto) que se acha em sofrimento, trata aflição para a entrevista sob uma forma ou outra. O princípio básico é o fornecimento de um setting humano e, embora o terapeuta fique livre para ser ele próprio, que ele não distorça o curso dos acontecimentos por fazer ou não fazer coisas por causa de sua própria ansiedade ou culpa, ou sua própria necessidade de alcançar sucesso. É necessário efetuar este trabalho em um setting mais amplo em que haja oportunidade para que um caso deslize para outro tipo de categoria de psiquiatria infantil. Um uso muito intenso da primeira entrevista tende a tornar difíceis os estágios iniciais de uma análise clássica, especialmente se esta tiver de ser feita por outra pessoa que não seja terapeuta inicial, que foi fundo e rápido na primeira entrevista, ao tentar efetuar um diagnóstico. A entrevista diagnóstica deve ser uma entrevista terapêutica, realizada dentro de um setting humano, onde se apresente a

O valor da consulta terapêutica

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Page 1: O valor da consulta terapêutica

WINNICOTT, D. Explorações Psicanalíticas. Rio de Janeiro> imago, 1994.

O valor da consulta terapêutica. (1965)

A primeira entrevista de uma análise pode conter material que se apresentará para análise durante meses e até mesmo anos. Os estudantes são aconselhados a tomarem notas cuidadosas das primeiras entrevistas.

O psicoterapeuta neste estágio da primeira entrevista é um objeto subjetivo, o paciente traz para a situação uma certa medida de crença ou de capacidade de acreditar em uma pessoa compreensiva ou que o ajude.

Existe uma diferença entre esta técnica e a da psicanálise, na última a neurose transferencial se desdobra gradualmente e é usada para interpretar; na entrevista psicoterapêutica há um papel já pré-ordenado para o terapeuta, baseado no padrão de expectativa do paciente.

Na primeira entrevista o paciente está frequentemente disposto e em verdade ávido por informar o terapeuta, fornecendo tudo que é necessário para a interpretação profunda e significante.

É axiomático que se um setting profissional correto é fornecido, o paciente, isto é, a criança (ou adulto) que se acha em sofrimento, trata aflição para a entrevista sob uma forma ou outra.

O princípio básico é o fornecimento de um setting humano e, embora o terapeuta fique livre para ser ele próprio, que ele não distorça o curso dos acontecimentos por fazer ou não fazer coisas por causa de sua própria ansiedade ou culpa, ou sua própria necessidade de alcançar sucesso.

É necessário efetuar este trabalho em um setting mais amplo em que haja oportunidade para que um caso deslize para outro tipo de categoria de psiquiatria infantil.

Um uso muito intenso da primeira entrevista tende a tornar difíceis os estágios iniciais de uma análise clássica, especialmente se esta tiver de ser feita por outra pessoa que não seja terapeuta inicial, que foi fundo e rápido na primeira entrevista, ao tentar efetuar um diagnóstico.

A entrevista diagnóstica deve ser uma entrevista terapêutica, realizada dentro de um setting humano, onde se apresente a tensão e o estresse do paciente. O psiquiatra é um objeto subjetivo.

O fato de o paciente haver produzido o material especificamente para interpretação concede ao terapeuta a confiança de que a interpretação é necessária e que é mais perigoso não interpretar do que interpretar.