O Yoga da Autoperfeição

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  • 7/29/2019 O Yoga da Autoperfeio

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    A SNTESE DO YOGA

    Nota Bibliogrfica

    A Sntese do Yoga surgiu inicialmente em uma srie de artigos na revista mensal Arya,

    desde seu primeiro nmero. Setenta e dois captulos, precedidos por cinco captulosintrodutrios, haviam sido publicados at janeiro de 1921, quando a revista encerrou suapublicao deixando a srie incompleta.

    Em 1948, os primeiros onze captulos do texto publicado originalmente na revista,extensivamente revisado, ampliado e expandido em doze captulos, foi publicado como ASntese do Yoga Parte I, O Yoga dos Trabalhos Divinos, por Sri Aurobindo Library,Madras. Este mesmo texto foi reeditado pelo Sri Aurobindo Ashram, em uma segunda edioem 1953. O mesmo texto foi tambm publicado separadamente em 1950 por Sri AurobindoLibrary, New York, como A Sntese do Yoga Livro I. Essa edio americana incluiu umndice e um glossrio.

    Em 1955, o Sri Aurobindo International University Centre, Pondicherry, publicou a primeiraedio combinada da Sntese do Yoga como o Volume IV de sua coleo dos trabalhos de SriAurobindo sob o ttulo On Yoga I: The Synthesis of Yoga. Todos os captulos do livro,revisados ou no revisados, foram includos nessa edio, cujo texto foi utilizado em todas asedies subseqentes. Os cinco captulos introdutrios foram reimpressos a partir do texto darevista Arya. Os captulos I a XII foram tomados da edio de 1948 e foi acrescentado ocaptulo XIII, incompleto, a partir dos manuscritos originais do autor, formando a Parte I, OYoga dos Trabalhos Divinos. A Parte II: O Yoga do Conhecimento Integral so oscaptulos XIII a XL do texto original da revista Arya (estes captulos foram superficialmenterevisados por Sri Aurobindo). As partes III e IV receberam o ttulo O Yoga do AmorDivino e O Yoga da Auto-Perfeio respectivamente, compreendendo os captulosrestantes da srie publicada na revista Arya.

    Deve ser notado que embora esse texto seja completo na medida em que inclui todo o materialdisponvel, A Sntese do Yoga, como um todo, nunca foi completada. O Yoga da Auto-Perfeio no apenas foi deixado inacabado, mas uma seo adicional proposta nunca foiiniciada. Deve tambm ser lembrado que apenas a primeira parte, O Yoga dos TrabalhosDivinos, foi editada durante a vida de Sri Aurobindo em uma forma inteiramente revisada. Asegunda e mais especialmente a terceira e quarta partes devem ser consideradas comopertencendo a um perodo anterior.

    A segunda impresso da primeira edio combinada foi editada pelo Sri AurobindoInternational University Centre em 1957. Em 1965 o Sri Aurobindo International Centre ofEducation, Pondicherry, realizou uma segunda edio. A terceira e quarta edies (1970),entituladas simplesmente A Sntese do Yoga, compreendem os Volumes 20 e 21 do SriAurobindo Birth Centenary Library, edies de luxo e populares, respectivamente. A ediopopular era uma reproduo facsimile da edio de luxo. A quinta edio foi similarmentereproduzida, mas em um formato de tamanho reduzido. Existem duas impresses dessa edio 1971 e 1973. Ambas foram editadas pelo Sri Aurobindo Ashram Trust, Pondicherry.

    O Texto da sexta edio o mesmo daquele da quinta edio, com algumas correes de

    menor importncia, na maioria erros tipogrficos. A adio de um ndice a constituiu umanova edio.

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    Extratos de duas cartas de Sri Aurobindo abordando A Sntese do Yoga

    A Sntese do Yoga no pretendia de dar um mtodo para todos seguirem. Cada aspecto doYoga foi abordado separadamente com todas as suas possibilidades, e uma indicao sobre

    como eles poderiam se encontrar, de modo que uma pessoa, iniciando pelo Conhecimento,pudesse realizar Karma e Bhakti tambm e, da mesma maneira, com os outros caminhos. Erainteno, quando A Auto-Perfeio (Parte IV) foi terminada, sugerir um modo no qual tudopudesse ser combinado, mas isto nunca foi escrito.18-5-1936

    Quando os ltimos captulos de A Sntese do Yoga foram escritos na revista Arya, o termosobremente ainda no havia sido encontrado, de modo que no h meno a ele. O que descrito naqueles captulos a ao da supramente quando ela desce para dentro do plano dasobremente e toma os trabalhos da sobremente e os transforma. A supramente mais alta ougnose Divina existente em si prpria, algo que repousa alm, calma e quieta acima. Era

    inteno nos ltimos captulos, mostrar o quo difcil mesmo isto era e quantos muitos nveisexistem entre a mente humana e a supramente e como mesmo a supramente descendo poderiase tornar misturada com a ao mais baixa e transformada em algo que era menos que averdadeira Verdade. Mas esses ltimos captulos no foram escritos.13-4-1932

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    A SNTESE DO YOGA

    Parte IV

    YOGA INTEGRAL - O YOGA DA AUTO-PERFEIO

    NDICE

    1- O Princpio do Yoga Integral ............................................................................................... 1

    2- A Perfeio Integral ............................................................................................................. 5

    3- A Psicologia da Auto-Perfeio ........................................................................................... 9

    4- A Perfeio do Ser Mental ................................................................................................. 145- Os Instrumentos do Esprito ............................................................................................... 20

    6- Purificao - A Mentalidade Inferior ................................................................................. 26

    7- Purificao - Inteligncia e Vontade .................................................................................. 30

    8- A Libertao do Esprito .................................................................................................... 36

    9- A Libertao da Natureza ................................................................................................... 40

    10- Os Elementos da Perfeio .............................................................................................. 45

    11- A Perfeio da Igualdade ................................................................................................. 48

    12- Os Modos da Igualdade .................................................................................................... 5313- A Ao da Igualdade ........................................................................................................ 58

    14- O Poder dos Instrumentos ................................................................................................ 62

    15- Fora-de-Alma e a Personalidade Qudrupla .................................................................. 68

    16- A Shakti Divina ................................................................................................................ 74

    17- A Ao da Shakti Divina ................................................................................................. 79

    18- F e Shakti ........................................................................................................................ 84

    19- A Natureza da Supramente .............................................................................................. 90

    20- A Mente Intuitiva ............................................................................................................. 98

    21- As Gradaes da Supramente ........................................................................................ 104

    22- O Pensamento e Conhecimento Supramentais ............................................................... 111

    23- Os Instrumentos Supramentais ....................................................................................... 119

    24- Os Sentidos Supramentais .............................................................................................. 130

    25- Em Direo Viso Supramental do Tempo ................................................................. 141

    Sri Aurobindo Ashram Trust - 1965

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    A Sntese do Yoga, Introduo: V - Sntese

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    Introduo: V Sntese

    A sntese que ns propomos no pode ser atingida por combinao em massa ou prtica

    sucessiva. Uma indiscriminada combinao em bloco no seria uma sntese, mas uma confuso.Deve portanto ser efetuada pelo negar as formas e exterioridades das disciplinas yguicas e

    apoiar-se, ao invs, em algum princpio central comum a todas, que incluir e utilizar no lugar e

    proporo corretos seus princpios particulares, e em alguma fora dinmica central que o

    segredo comum de seus mtodos divergentes, e capaz de organizar uma seleo e combinao

    naturais de suas variadas energias e diferentes utilidades.

    O todo da vida o Yoga da Natureza. O Yoga que ns buscamos deve tambm ser uma ao

    integral da Natureza, e portanto a inteira diferena entre o Yogin e o homem natural ser esta:

    que o Yogin busca substituir nele a ao integral da Natureza mais baixa atuando dentro e o ego

    e diviso, pela ao da Natureza mais alta e pelo Divino e unidade.

    Por qu um yoga sinttico? Se a meta apenas escapar do mundo para o Divino, ento a questo

    encontrar o caminho mais curto. Se a meta elevar o todo da existncia, uma transformao de

    nosso ser integral em termos de uma existncia divina, ento a sntese necessria.

    O mtodo que ns temos que procurar colocar nosso inteiro ser consciente em relao e contato

    com o Divino e cham-Lo para dentro de ns para transformar nosso inteiro ser Nele, de modo

    que, em certo sentido, o Divino, ele prprio, a Pessoa real em ns, torna-se tanto o sadhaka da

    sadhana quanto o Mestre do Yoga, pelo qual a personalidade mais baixa usada como um centro

    de uma transfigurao divina e o instrumento de sua prpria perfeio.

    Em fato psicolgico esse mtodo traduz-se em uma progressiva entrega do ego com seu inteiro

    campo e todos seus aparatos ao Alm-ego com suas vastas e incalculveis, mas sempre

    inevitveis efetuaes.

    Trs estgios da sadhana:

    1- A tentativa do ego em entrar em contato com o divino;

    2- A ampla, plena e portanto laboriosa preparao de toda a Natureza inferior pela ao divina

    para receber e se tornar a Natureza mais alta;

    3- A eventual transformao.

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    CASA Sri Aurobindo Plano de Formao em Educao Integral

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    Trs aspectos da ao do mais alto quanto trabalha integralmente na natureza mais baixa:

    1- No age de acordo com um sistema e sucesso fixos como nos mtodos especializados de

    Yoga, mas com uma espcie de livre, dispersa e ainda gradualmente intensiva e

    proposital atuao determinada pelo temperamento do indivduo no qual ela opera. Nesse

    sentido, cada pessoa nesse caminho tem seu prprio mtodo de Yoga. Mas existem certaslinhas gerais de trabalho comuns a todos ns que nos capacita a construir no na verdade

    um sistema de rotinas, mas alguma espcie de Shastra ou mtodo cientfico de um Yoga

    sinttico.

    2- O processo, sendo integral, aceita nossa natureza tal como ela est organizada por nossa

    evoluo passada e, sem rejeitar nada essencial, compele e sofre uma transformao

    divina. Tudo em ns avaliado pelas mos de um poderoso Artfice e transformado em

    uma clara imagem daquilo que agora busca confusamente se manifestar.

    3- O Poder divino em ns usa toda a vida como os meios desse Yoga integral. Cada

    experincia e contato exterior com nosso ambiente e mundo, seja insignificante, sejadesastroso, utilizada para o trabalho, e cada experincia interior, mesmo o mais

    repelente sofrimento ou a mais humilhante queda, torna-se um passo no caminho para a

    perfeio.

    A vida toda um Yoga da Natureza buscando manifestar Deus em si prpria. O Yoga um

    reunir e concentrao dos movimentos dispersos e pobremente combinados da evoluo mais

    baixa.

    A perfeio inclui a perfeio da mente e corpo, de modo que os resultados mais altos do Raja

    Yoga e do Hatha Yoga devem ser contidos nessa frmula mais ampla da sntese. Ns devemos

    incluir no escopo de nosso ser libertado e modos aperfeioados de atividades a vida material,

    nossa base, e a vida mental, nosso instrumento intermedirio.

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    A SNTESE DO YOGA O PRINCPIO DO YOGA INTEGRAL

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    Captulo 1

    O PRINCPIO DO YOGA INTEGRAL

    O princpio do Yoga o tornar um ou todos os poderes de nossa existncia humana em ummeio de alcanar o Ser divino. Em um Yoga ordinrio, um poder principal do ser, ou umgrupo de seus poderes, tornado o meio, veculo, caminho. Em um Yoga sinttico todos ospoderes iro ser combinados e includos na instrumentao transmutadora.

    No Hatha Yoga o instrumento o corpo e vida. Todo o poder do corpo aquietado, reunido,purificado, elevado, concentrado a seus extremos limites, ou alm de qualquer limite, porAsana e outros processos fsicos; o poder da vida tambm similarmente purificado, elevado,concentrado por Asana e Pranayama. Essa concentrao de poderes ento dirigida paraaquele centro fsico no qual a conscincia divina assenta-se oculta no corpo humano. O poderda Vida, poder-Natureza, enrolado com todas suas foras secretas adormecidas no plexo

    nervoso mais baixo do ser-da-terra

    pois apenas escapa em aes conscientes em nossasoperaes normais o suficiente para os usos limitados da vida humana , eleva-se despertaatravs de centro aps centro e desperta tambm, em sua ascenso e passagem, as foras decada ndus sucessivo de nosso ser, a vida nervosa, o corao de emoo e mentalidadeordinria, a fala, viso, vontade, o conhecimento superior, at que atravs e acima do crebroela se encontra e torna-se um com a conscincia divina.

    No Raja Yoga o instrumento escolhido a mente. Nossa mentalidade ordinria primeiramente disciplinada, purificada e dirigida ao Ser divino, ento por um processosumrio de Asana e Pranayama a fora fsica de nosso ser aquietada e concentrada, a fora-vida libertada em um movimento rtmico capaz de suspenso e concentrada em um mais altopoder de sua ao em direo ao alto, a mente suportada e fortalecida por essa maior ao econcentrao do corpo e vida sobre as quais repousa, ela prpria purificada de toda suainquietude e emoo e de suas habituais ondas-pensamento, libertada de distrao e disperso,levada a sua mais alta fora de concentrao, reunida em um transe de absoro. Doisobjetivos, um temporal e outro eterno, so obtidos por essa disciplina. O poder-mentaldesenvolve-se em outra ao concentrada capacidades anormais de conhecimento, vontadeefetiva, luz profunda de recepo, luz poderosa de irradiao-de-pensamento que esto todasalm da estreita regio de nossa mentalidade normal; ele chega aos poderes yguicos ouocultos em torno dos quais tem sido criado tanto dispensvel mas talvez ainda saudvelmistrio. Mas o nico fim ltimo e o nico ganho todo-importante que a mente, aquietada elanada em um concentrado transe, pode perder a si prpria na conscincia divina e a almatornada livre para unir-se ao Ser divino.

    O caminho triplo toma como seus instrumentos escolhidos os trs principais poderes da alma-

    vida mental do ser humano. O conhecimento seleciona a razo e a viso mental e faz deles,por purificao, concentrao e uma certa disciplina de uma busca dirigida-a-Deus, seusmeios para o conhecimento maior e a viso maior do todo, conhecimento-de-Deus e viso-de-Deus. Sua meta ver, conhecer e ser o Divino. O trabalho, ao, seleciona para seuinstrumento a vontade do executor dos trabalhos; faz da vida uma oferenda de sacrifcio para aDivindade e por purificao, concentrao e uma certa disciplina de submisso Vontadedivina, um meio de contato e unidade crescente da alma do homem com o Mestre divino douniverso. A devoo seleciona os poderes emocionais e estticos da alma e pelo dirigi-lostodos a Deus em uma perfeita pureza, intensidade, infinita paixo de busca, faz deles um meiode posse-de-Deus em uma ou muitas relaes de unidade com o Ser Divino. Todas almejam aseu prprio modo uma unio ou unidade da alma humana com o Esprito supremo.

    Cada Yoga em seu processo tem o carter do instrumento que ele usa; assim o processoHathayguico psicofsico, o Rajayguico, mental e psquico, o caminho do conhecimento

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    espiritual e cognitivo, o caminho da devoo espiritual, emocional e esttico, o caminho dostrabalhos espiritual e dinmico pela ao. Cada um conduzido nos modos de seu prpriopoder caracterstico. Mas todo poder no final um, todo poder em realidade poder-de-alma.No processo ordinrio de vida, corpo e mente esta verdade obscurecida pela dispersa,divisora e distributiva ao da natureza, que a condio normal de todas nossas operaes,embora mesmo isso seja evidente no final; pois toda energia material contm oculta a energia

    vital, mental psquica e espiritual e no final ela deve libertar essas formas da Shakti una, aenergia vital encobre e liberta em ao todas as outras formas, a mental suportando a siprpria na vida e corpo e seus poderes e faculdades contm no desenvolvido ou apenasparcialmente desenvolvido o poder psquico e espiritual do ser. Mas quando pelo Yogaqualquer desses poderes retirado da ao dispersa e distributiva, elevado a seu mais altograu, concentrado, ele torna-se poder-de-alma manifesto e revela a unidade essencial. Portantoo processo Hathayguico tem tambm seu resultado psquico e espiritual puro, o Rajayguicochega por meios psquicos a uma consumao espiritual. O caminho triplo pode parecerconcomitantemente mental e espiritual no seu modo de buscar e em seus objetivos, mas podeser acompanhado por resultados mais caractersticos dos outros caminhos, que oferecem a siprprios em um espontneo e involuntrio florecimento, e pela mesma razo, porque poder-de-alma todo-poder e onde ele atinge seus cumes em uma direo suas outras possibilidades

    tambm comeam a mostrar a si prprias em fato ou em potencialidade incipiente. Essaunidade imediatamente sugere a possibilidade de um Yoga sinttico.

    A disciplina Tntrica em sua natureza uma sntese. Ela tomou a ampla verdade universal deque existem dois plos do ser cuja unidade essencial o segredo da existncia, Brahman eShakti, Esprito e Natureza, e que Natureza um poder do esprito, ou mais ainda espritocomo poder. Elevar a natureza no homem em poder manifesto do esprito seu mtodo e anatureza toda que ela toma para a converso espiritual. Ela inclui em seu sistema deinstrumentao os poderosos processos do Hatha Yoga e especialmente a abertura dos centrosnervosos e a passagem atravs deles da Shakti desperta em seu caminho para sua unio comBrahman, o esforo mais sutil da purificao meditao e concentrao Rajayguicos, aalavanca da fora-de-vontade, o poder motivo da emoo, a chave do conhecimento. Mas elano se resume a um efetivo reunir de diferentes poderes desses Yogas especficos. Em duasdirees ela amplia por sua abordagem sinttica a provncia do mtodo yguico.Primeiramente, ela coloca suas mos firmemente em muitas das principais molas daqualidade, desejo, ao humanas e as submete a uma disciplina intensiva com o domnio deseus motivos pela alma como a primeira meta e sua elevao a um nvel espiritual divinocomo sua utilidade final. Novamente, ela inclui em seus objetivos yguicos no apenas alibertao (mukti), que a nica preocupao de todo domnio dos sistemas especficos, masum deleite csmico (bhukti) do poder do Esprito, que os outros podem tomar incidentalmenteno caminho, em parte, casualmente, mas evitando fazer disso um motivo ou objetivo. Ela um mais audaz e mais amplo sistema.

    No mtodo de sntese que temos buscado, tem sido seguido um outro grupo de princpios que derivado de outra viso das possibilidades do Yoga. Este parte do mtodo do Vedanta parachegar meta do Tantra. No mtodo Tntrico a Shakti todo-importante, torna-se a chavepara a descoberta do esprito; nesta sntese o esprito, a alma todo-importante, e torna-se osegredo do domnio da Shakti. O mtodo Tntrico parte de baixo e gradualmente sobe aescada de ascenses at o cume; portando seu esforo inicial sobre a ao da Shakti despertano sistema nervoso do corpo e seus centros; a abertura dos seis ltus a revelao dasextenses do poder do Esprito. Nossa sntese toma o homem como muito mais um esprito namente que um esprito no corpo e supe nele a capacidade de iniciar nesse nvel, deespiritualizar seu ser pelo poder da alma na mente abrindo a si prpria diretamente a um ser efora espirituais superiores e de aperfeioar-se por essa fora superior assim possuda ecolocar em ao o todo de sua natureza. Por essa razo nosso esforo inicial voltou-se para autilizao dos poderes da alma na mente e o girar da chave trplice de conhecimento, trabalhose amor nas fechaduras do esprito; os mtodos Hathayguicos podem ser dispensados

    embora no haja objeo a seu uso parcial , os Rajayguicos iro entrar apenas como umelemento informal. Chegar pelo caminho mais curto ao mais vasto desenvolvimento do ser e

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    poder espirituais e divinizar por estes uma natureza libertada em toda extenso da vidahumana nosso motivo inspirador.

    O princpio em vista uma auto-entrega, uma renncia do ser humano ao ser, conscincia,poder, deleite do Divino, uma unio ou comunho em todos os pontos de encontro na almahumana, o ser mental, pelo qual o prprio Divino, diretamente e sem vu domina e possui oinstrumento, ir pela luz de sua presena e guiana aperfeioar o ser humano em todas asforas da Natureza para uma vida divina. Aqui ns chegamos a uma maior ampliao dosobjetivos do Yoga. O propsito inicial comum de todos os Yogas a libertao da alma dohomem de sua presente limitao e ignorncia naturais, sua libertao no ser espiritual, suaunio com o si superior e Divindade. Mas ordinariamente isso tornado no apenas o inicialmas o final e global objetivo: o deleite do ser espiritual existe, mas ou em uma dissoluo dohumano e individual no silncio do ser-si ou em um plano mais alto em outra existncia. Osistema Tntrico faz da libertao a final, mas no a nica meta; ele toma a seu modo umaplena perfeio e deleite do poder, luz e alegria espirituais na existncia humana, e ele temainda um vislumbre de uma suprema experincia na qual libertao e a ao e deleitecsmicos so unificados em uma superao final de todas as oposies e dissonncias. dessaviso mais ampla que ns iniciamos, mas acrescentamos outro esforo que introduz um

    significado mais completo. Ns consideramos o esprito no homem no apenas um serindividual caminhando para uma unidade transcendente com o Divino, mas como um seruniversal capaz de unidade com o Divino em todas as almas e em toda Natureza e ns damosa essa viso estendida sua inteira conseqncia prtica. A libertao individual e o desfrutarda unio da alma humana com o Divino em ser, conscincia e deleite espirituais devemsempre ser o primeiro objetivo do Yoga; seu livre desfrutar da unidade csmica do Divinotorna-se o segundo objetivo; mas do primeiro um terceiro surge, a efetuao do significado daunidade Divina com todos os seres por uma simpatia e participao do propsito espiritual doDivino na humanidade. O Yoga individual ento volta-se de sua separatividade e torna-se umaparte do Yoga coletivo da Natureza divina na raa humana. O ser individual libertado, unidocom o Divino no si e esprito, torna-se em seu ser natural um auto-aperfeioador instrumentopara o perfeito florescer do Divino na humanidade.

    Esse florescer tem seus dois termos; primeiro, vem a transio do ego separativo humano paraa unidade do esprito, ento a posse da natureza divina em suas prprias e mais altas formas eno mais nas formas inferiores do ser mental que so uma traduo mutilada e no o textoautntico do script original da Natureza divina no indivduo csmico. Em outras palavras,uma perfeio deve ser almejada a qual resulta na elevao do mental para a naturezaespiritual e supramental plenas. Portanto esse Yoga integral de conhecimento, amor etrabalhos deve ser estendido em um Yoga de auto-perfeio gnstica e espiritual. Como oconhecimento gnstico, a vontade e ananda so uma instrumentao direta do esprito epodem apenas ser conquistadas crescendo-se em esprito, em ser divino, este crescimento temque ser a primeira meta de nosso Yoga. O ser mental deve ampliar a si prprio na unidade doDivino antes que a vontade Divina complete na alma do indivduo seu florescimentognstico. Essa a razo pela qual o caminho triplo de conhecimento, trabalhos e amor torna-se a nota-chave de todo o Yoga, pois esse o meio direto para a alma na mente elevar-se asuas mais altas intensidades onde ela passa acima para a unidade divina. Essa tambm arazo do Yoga ter que ser integral. Pois se a imerso no infinito ou alguma unio ntima com oDivino fosse toda nossa meta, um Yoga integral seria suprfluo, exceto para uma maiorsatisfao do ser do homem como poderamos obter por um auto-elevar-se do todo de si emdireo sua Fonte. Mas isso no seria necessrio para a meta essencial, desde que porqualquer um dos poderes da alma-natureza ns podemos encontrar o Divino; cada um em seuscumes eleva-se ao infinito e absoluto, cada um portanto oferece um modo suficiente dechegada, pois todas as centenas de caminhos separados se encontram no Eterno. Mas o sergnstico um completo deleite e posse da natureza divina e espiritual toda; e um completoelevar-se de toda natureza do homem em seus poderes de uma existncia divina e espiritual.Integralidade torna-se ento uma condio essencial desse Yoga.

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    Ao mesmo tempo ns vimos que cada um dos trs caminhos em seu cume, se seguido comcerta amplitude, pode tomar para si os poderes dos outros e conduzir sua plenitude. portanto suficiente iniciar por um deles e encontrar o ponto no qual ele encontra os outros,inicialmente em linhas paralelas de avano, e se funde neles por suas prprias ampliaes. Aomesmo tempo um processo mais difcil, complexo e inteiramente poderoso poderia seriniciado, como se em trs linhas conjuntamente, em uma mola trplice de poder-de-alma. Mas

    a considerao dessa possibilidade deve ser adiada at que tenhamos visto quais so ascondies e meios do Yoga da auto-perfeio. Pois ns veremos que tambm isso no precisaser adiado inteiramente, mas uma certa preparao parte de, e uma certa iniciao ocorrepelo crescimento dos trabalhos, amor e conhecimento divinos.

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    Captulo 2

    A PERFEIO INTEGRAL

    Uma perfeio Divina do ser humano nossa meta. Ns precisamos saber ento,primeiramente, quais so os elementos essenciais que constituem a perfeio total do homem;em segundo lugar, o que queremos dizer por uma perfeio divina em relao perfeiohumana de nosso ser. Que o homem como um ser capaz de auto-desenvolvimento e dealguma aproximao a pelo menos um padro ideal de perfeio que sua mente capaz deconceber, fixar ante si e perseguir, base comum a toda humanidade pensante, embora possaser apenas a minoria que se interessa por essa possibilidade como a fonte da nica metaimportante da vida. Mas por alguns o ideal concebido como uma transformao mundana,por outros como uma converso religiosa.

    A perfeio mundana algumas vezes concebida como algo externo, social, uma coisa de

    ao, um proceder mais racional com nossos semelhantes e nosso ambiente, uma melhor emais eficiente cidadania e desempenhar de deveres, um melhor, mais rico, mais bondoso efeliz modo de vida, com um mais justo e mais harmonioso associado desfrutar dasoportunidades da existncia. Por outros novamente um ideal mais interior e subjetivo cultivado, uma clarificao e elevao da inteligncia, vontade e razo, um crescimento eordenao do poder e capacidade na natureza, uma tica mais nobre, uma esttica mais rica,um emocional mais refinado, um ser vital e fsico muito mais sadio e melhor governado.Algumas vezes um elemento enfatizado, quase excluso do restante; algumas vezes, emmentes mais amplas e melhor balanceadas, a harmonia total almejada como uma perfeiototal. Uma mudana de instituies educacionais e sociais o meio externo adotado ou umauto-treinamento e desenvolvimento interior preferido como a verdadeira instrumentao.Ou as duas metas podem ser claramente unidas, a perfeio do indivduo interior, a perfeioda vida exterior.

    Mas a meta mundana toma para seu campo a vida presente e suas oportunidades; a metareligiosa, ao contrrio, fixa ante si a auto-preparao para uma outra existncia aps a morte,seu ideal comum alguma espcie de santidade, seu meio uma converso do imperfeito oupecador ser humano pela graa divina ou por intermdio de obedincia lei estabelecida poruma escritura ou ainda dada por um fundador religioso. A meta da religio pode incluir umatransformao social, mas esta ento uma transformao alcanada pela aceitao de umideal religioso comum e um modo de vida consagrado, uma irmandade de santos, umateocracia ou reino de Deus refletindo na terra o reino dos cus.

    O objetivo de nosso Yoga sinttico deve, a esse respeito tambm como em suas outras partes,ser mais integral e compreensivo, abraar todos esses elementos ou essas tendncias de um

    mais largo impulso de auto-perfeio e harmoniz-los ou ainda unific-los, e de modo a fazerisso com sucesso ele deve basear-se em uma verdade que mais vasta que a religiosaordinria e mais alta que o princpio mundano. Toda vida um Yoga secreto, um obscurocrescimento da Natureza rumo ao descobrimento e plenitude do princpio divino oculto nela,que torna-se progressivamente menos obscuro, mais auto-consciente e luminoso, mais auto-possudo no ser humano pelo abrir de todos os seus instrumentos de conhecimento, vontade,ao, vida ao Esprito dentro dele e no mundo. Mente, vida, corpo, todas as formas de nossanatureza so os meios desse crescimento, mas eles encontram sua ltima perfeio somentepelo abrir-se a algo alm deles, primeiro, porque eles no so tudo que o homem , segundo,porque aquele outro algo que ele , a chave de sua totalidade e traz uma luz que revela a elea total elevada e ampla realidade de seu ser.

    A mente preenchida por um maior conhecimento do qual ela apenas uma semi-luz, a vidadescobre seu significado em um maior poder e vontade dos quais ela a externa e ainda

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    A SNTESE DO YOGA A PERFEIO INTEGRAL

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    obscura funo, o corpo encontra seu uso ltimo como um instrumento de um poder de ser doqual ele um suporte fsico e ponto de partida material. Todos eles tm primeiramente que serdesenvolvidos e descobrir suas possibilidades ordinrias; toda nossa vida normal umatentativa dessas possibilidades e uma oportunidade para esse preparatrio e tentativo auto-treinamento. Mas a vida no pode encontrar seu perfeito auto-preenchimento at que ela seabra quela realidade maior de ser da qual, por esse desenvolvimento de um mais rico poder e

    um mais sensitivo uso e capacidade, ela se torna um bem preparado campo de trabalho.

    Treinamento e aperfeioamento intelectual, volitivo, tico, emocional, esttico e fsico sotodos de muito valor, mas so apenas no final um movimento constante em um crculo semnenhuma meta libertadora e iluminadora final, a menos que eles cheguem em um ponto ondepossam abrir a si prprios ao poder e presena do Esprito e admitir suas operaes diretas.Essa atuao direta efetua uma converso de todo o ser a qual a indispensvel condio denossa real perfeio. Crescer em verdade e poder do Esprito e, pela ao direta daquele poder,ser tornado um canal apropriado para sua auto-expresso, um viver do homem no Divino eum divino viver do Esprito na humanidade ser portanto o princpio e todo o objetivo de

    um Yoga integral de auto-perfeio.No processo dessa transformao deve haver, pela verdadeira necessidade do esforo, doisestgios de sua efetuao. Primeiro, existir o esforo pessoal do ser humano, to logo ele setorne consciente por intermdio de sua alma, mente e corao dessa possibilidade divina evolte-se para ela como o verdadeiro objetivo da vida, para preparar a si prprio para ela elivrar-se de tudo em si que pertence a processos inferiores, de tudo que se coloca no caminhode sua abertura verdade espiritual e seu poder, de modo a possuir por esta libertao seu serespiritual e tornar todos seus movimentos naturais em meios livres de sua auto-expresso. por este voltar-se que o auto-consciente Yoga consciente de suas meta comea: h um novodespertar e uma mudana em direo ao alto do motivo da vida. Enquanto existe apenas umauto-treinamento intelectual, tico e outros para os atualmente normais propsitos da vida queno vo alm do crculo ordinrio das operaes da mente, vida e corpo, ns estamos aindasomente no obscuro e ainda no iluminado Yoga preparatrio da Natureza; ns estamos aindaem perseguio de apenas uma ordinria perfeio humana. Um desejo espiritual do Divino eda perfeio divina, de uma unidade com Ele em todo nosso ser, e uma perfeio espiritual emtoda nossa natureza, o sinal efetivo dessa transformao, o poder precursor de uma grandeconverso integral de nosso ser e viver.

    Por esforo pessoal uma transformao precursora, uma converso preliminar pode serefetuada; isto resulta em uma maior ou menor espiritualizao de nossos motivos mentais,nosso carter e temperamento, e um domnio, aquietamento ou ao transformada da vidavital e fsica. Essa subjetividade convertida pode ser tornada a base de alguma comunho ouunidade da alma na mente com o Divino e algum reflexo da natureza divina na mentalidadedo ser humano. Isso o mais longe que o homem pode ir por seu esforo no auxiliado ou

    indiretamente auxiliado, porque este um esforo da mente e a mente no pode subir acimade si prpria permanentemente: no mximo ela se eleva a uma mentalidade espiritualizada eidealizada. Se ela se lana para alm desse limite, ela perde controle de si prpria, perdecontrole da vida, e chega ou em um transe de absoro ou em uma passividade. Uma maiorperfeio pode apenas ser alcanada por um poder mais alto entrando em e elevando toda aao do ser. O segundo estgio deste Yoga ser portanto um persistente entregar de toda aoda natureza nas mos desse Poder maior, uma substituio, de sua influncia, posse eoperaes, em lugar do esforo pessoal, at que o Divino ao qual aspiramos torne-se o mestredireto do Yoga e efetue a inteira converso espiritual e ideal do ser.

    Este carter duplo de nosso Yoga o eleva alm do ideal mundano de perfeio, enquanto aomesmo tempo ele vai tambm alm da mais elevada, mais intensa, mas muito mais estreita

    frmula religiosa. O ideal mundano considera o homem sempre como um ser mental, vital efsico e almeja uma perfeio humana bem dentro desses limites, uma perfeio de mente,

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    vida e corpo, uma expanso e refinamento do intelecto e conhecimento, da vontade e poder,do carter tico, metas e conduta, de sensibilidade e criatividade estticas, de equilbrio edeleite emocional balanceado, de sade fsica e vital, ao regulada e eficincia justa. Esta uma ampla e plena meta, mas ainda no suficientemente ampla e plena, porque ignora aqueleoutro maior elemento de nosso ser que a mente concebe vagamente como o elementoespiritual e o deixa no desenvolvido ou insuficientemente satisfeito, como meramente

    alguma alta experincia ocasional ou derivada, o resultado da ao da mente em seus aspectosexcepcionais, ou dependente da mente para sua presena e persistncia. Ela pode tornar-seuma meta mais alta quando procura desenvolver os mais elevados e amplos alcances de nossamentalidade, mas ainda no suficientemente alta, porque ela no aspira alm da mente quilodo qual nossa razo mais pura, nossa mais brilhante intuio mental, nossa mais profundasensao e sentimento mentais, a mais forte vontade e poder mentais ou meta e propsitosideais so apenas radiaes plidas. Sua meta limitada perfeio terrestre da vida humananormal.

    Um Yoga de perfeio integral considera o homem como um ser espiritual divino involudona mente, vida e corpo; ele almeja portanto a libertao e perfeio dessa natureza divina. Eleprocura fazer de uma vida interior no ser espiritual perfeitamente desenvolvido seu intrnseco

    viver, e da ao espiritualizada da mente, vida e corpo apenas sua expresso humana exterior.Para que esse ser espiritual no seja algo vago e indefinido ou ento imperfeitamente realizadoe dependente do suporte mental e das limitaes mentais, ele procura ir alm da mente aosupramental conhecimento, vontade, sentido, intuio, iniciao dinmica da ao vital efsica, tudo o que faz o atuar nativo do ser espiritual. Ele aceita a vida humana, mas leva emconsiderao a ampla ao supraterrestre por detrs da vida material terrestre, e une a siprprio ao Ser divino, de quem a suprema originao de todos esses estados parciais einferiores procedem, de modo que o todo da vida possa tornar-se consciente de sua fontedivina e sentir em cada ao de conhecimento, de vontade, de sentimento, de sentido e corpo oimpulso originador divino. Ele no rejeita nada que essencial na meta mundana, mas aamplia, encontra e vive em seus maiores e seus mais verdadeiros significados agora ocultosdela, a transfigura de uma coisa limitada, terrestre e mortal para uma figura de valoresinteriores, divinos e imortais.

    O Yoga integral encontra o ideal religioso em vrios pontos, mas vai alm dele no sentido deuma maior amplitude. O ideal religioso visa no apenas alm dessa terra, mas para fora dela aum cu ou mesmo alm de todos os cus a alguma espcie de Nirvana. Seu ideal de perfeio limitado a qualquer que seja a espcie de mutao interior ou exterior que eventualmente irservir ao voltar-se da alma da vida humana para o alm. Sua idia ordinria de perfeio uma transformao tico-religiosa, uma purificao drstica do ser ativo e emocional,freqentemente com anulao e rejeio dos impulsos vitais como sua mais completaconquista de excelncia, e em nenhum caso um motivo supraterrestre e recompensa ouresultado de uma vida de piedade e conduta correta. Mesmo que este admita umatransformao do conhecimento, vontade, faculdade esttica, esta no sentido de volt-las aoutro objeto alm das metas da vida humana, e eventualmente traz uma rejeio a todos osobjetivos terrenos de esttica, vontade e conhecimento. O mtodo, ponha ele sua nfase noesforo pessoal ou na influncia divina, nos trabalhos ou conhecimento ou na graa, no como o desenvolvimento mundano, mas muito mais uma converso; mas no final a meta no uma converso de nossa natureza mental ou fsica, mas a ativao de uma natureza e serespirituais puros, e desde que isto no possvel aqui sobre a terra, ele busca sua consumaopor uma transferncia para outro mundo ou um desembaraar-se de toda existncia csmica.

    Mas o Yoga integral fundamenta-se em uma concepo do ser espiritual como uma presenaonipresente, a plenitude que vem no essencialmente por uma transferncia para outrosmundos ou uma auto-extino csmica, mas por um desenvolver daquilo que ns somosfenomenalmente em uma conscincia da realidade onipresente que ns sempre somos naessncia de nosso ser. Ele substitui a forma de piedade religiosa por sua mais completa busca

    espiritual de uma unio divina. Ele procede por um esforo pessoal para uma converso porintermdio de uma interveno e posse divinas; mas essa graa divina, se assim pudermos

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    cham-la, no simplesmente um fluxo misterioso ou toque vindo de cima, mas o todo-permeante ato de uma presena divina que ns viemos a conhecer dentro como o poder doMestre e Si mais alto de nosso ser entrando na alma e de tal maneira a possuindo que ns noapenas a sentimos prxima de ns e pressionando sobre nossa natureza mortal, mas vivemosem sua lei, conhecemos essa lei, a possumos como o inteiro poder de nossa naturezaespiritualizada. A converso que sua ao ir efetuar uma converso integral de nosso ser

    tico na Verdade e Correo da natureza divina, de nosso intelecto na iluminao doconhecimento divino, de nosso emocional no amor e unidade divinos, de nosso dinamismo evolio em uma ao do poder divino, de nosso senso esttico em uma recepo plena edesfrute criativo da beleza divina, no excluindo no final mesmo uma divina converso do servital e fsico. Ele considera toda vida prvia como um involuntrio e inconsciente ou semi-consciente crescimento preparatrio em direo a essa transformao, e o Yoga como ovoluntrio e consciente esforo e realizao da transformao, pela qual toda meta daexistncia humana em todas suas partes preenchida, mesmo enquanto ela transfigurada.Admitindo a verdade e vida supracsmica em mundos alm, ela admite tambm a terrestrecomo o termo continuado da existncia una e uma transformao da vida individual ecomunitria na terra como uma expresso de seu significado divino.

    Abrir-se ao Divino supracsmico uma condio essencial dessa perfeio integral; unir-se aoDivino universal outra condio essencial. Aqui o Yoga da auto-perfeio coincide com osYogas do conhecimento, trabalhos e devoo; pois impossvel transformar a naturezahumana na divina ou faz-la um instrumento do conhecimento, vontade e deleite da existnciadivinos, a menos que haja uma unio com o Ser, Conscincia e Deleite supremos e umaunidade com seu Si universal em todas as coisas e seres. Uma totalmente separativa possessoda natureza divina pelo indivduo humano, como distinto de uma auto-recolhida absoronele, no possvel. Mas essa unidade no ser uma unidade espiritual ntima qualificada,assim que a vida humana termine, por uma existncia separativa em mente, vida e corpo; aperfeio plena uma posse, por intermdio dessa unidade espiritual, de unidade tambm coma Mente universal, a Vida universal, a Forma universal que so os outros termos constantes doser csmico. Mais ainda, desde que a vida humana ainda aceita como uma auto-expresso doDivino realizado no homem, deve haver uma ao da inteira natureza divina em nossa vida; eisso introduz a necessidade da converso supramental que substitui pela ao nativa do serespiritual a imperfeita ao da natureza superficial e espiritualiza e transfigura suas partesmentais, vitais e fsicas pela idealidade espiritual. Esses trs elementos, uma unio com oDivino supremo, unio com o Si universal, e uma ao de vida supramental dessa origemtranscendente e atravs dessa universalidade, mas ainda com o indivduo como o canal-de-alma e instrumento natural, constituem a essncia da perfeio divina integral do ser humano.

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    Captulo 3

    A PSICOLOGIA DA AUTO-PERFEIO

    Essencialmente, ento, essa auto-perfeio divina uma converso do humano em umasimilitude e uma unidade fundamental com a natureza divina, um rpido moldar da imagemde Deus no homem e um preencher de um esboo de seus ideais. Isto o que ordinariamente denominado sadrsya-mukti, uma libertao, na semelhana divina, do cativeiro da aparnciahumana, ou, empregando a expresso do Gita, sadharmya-gati, um vir-a-ser uno na lei do sercom o Divino interior, universal e supremo. Para perceber e ter uma viso correta de nossocaminho para tal transformao ns precisamos formar alguma idia ativa suficiente da coisacomplexa que essa natureza humana presentemente na confusa mistura de seus vriosprincpios, de maneira que possamos ver a natureza precisa da converso que cada uma desuas partes deve sofrer e os meios mais efetivos para a converso. Como libertar desse n dematria mortal pensante o Imortal que ela contm, desse homem animal vital mentalizado aplenitude feliz de seus submersos vislumbres de Divindade o real problema de um ser eviver humanos. A vida desenvolve muitos primeiros vislumbres da divindade sem libert-loscompletamente; o Yoga o desembaraar do n da dificuldade da Vida.

    Antes de tudo temos que conhecer o segredo central da complexidade psicolgica que cria oproblema e todas as suas dificuldades. Mas uma psicologia ordinria que apenas toma a mentee seus fenmenos em seus valores superficiais no ser de nenhum auxlio para ns; ela nonos dar a menor orientao nessa linha de auto-explorao e auto-converso. Ainda menospoderemos encontrar um guia em uma psicologia cientfica com uma base materialista quepresume que o corpo e os fatores biolgicos e fisiolgicos de nossa natureza so no apenas oponto de partida mas toda real fundao, e considera a mente humana como apenas umdesenvolvimento sutil da vida e do corpo. Esta pode ser a verdade atual do lado animal danatureza humana e da mente humana na medida em que ela limitada e condicionada pela

    parte fsica de nosso ser. Mas a inteira diferena entre o homem e o animal que a menteanimal, como a conhecemos, no pode nem momentaneamente apartar-se de suas origens, nopode romper a casca, a crislida fechada que a vida corporal teceu em torno da alma, e tornar-se algo maior que seu presente si, um mais livre, magnificente e nobre ser; mas no homem amente revela a si prpria como uma maior energia escapando das restries da frmula fsica evital do ser. Mas mesmo isto no tudo o que o homem ou pode vir a ser: ele tem em si opoder para evoluir e libertar uma ainda maior energia ideal que por sua vez escapa para almdas restries da frmula mental de sua natureza e manifesta a forma supramental, o poderideal de um ser espiritual. No Yoga ns temos que peregrinar alm da natureza fsica e dohomem superficial e descobrir as operaes da inteira natureza do homem real. Em outraspalavras, ns temos que chegar a e utilizar um conhecimento psico-fsico com uma baseespiritual.

    O homem em sua real natureza, embora essa verdade possa ser obscura agora para nossapresente compreenso e auto-conscincia, ns precisamos para os propsitos do Yoga ter fnela, e ento descobriremos que nossa f justificada por uma crescente experincia e maiorauto-conhecimento , um esprito utilizando a mente, vida e corpo para uma experincia eauto-manifestao individual e comunitria no universo. Esse esprito uma existnciainfinita limitando a si prpria em ser aparente para uma experincia individual. umaconscincia infinita que limita a si prpria em formas finitas de conscincia para a alegria deconhecimento variado e variado poder de ser. um deleite infinito de ser expandindo econtraindo a si prprio e seus poderes, encerrando e descobrindo, formulando muitos termosde seu desfrutar da existncia, mesmo um aparente obscurecimento e negao de sua prprianatureza. Em si prprio ele eterna Sachchidananda, mas essa complexidade, esse enredar-se

    e desenredar-se do infinito no finito o aspecto que ns o vemos assumir na naturezauniversal e na individual. Descobrir a Sachchidananda eterna, este si essencial de nosso serdentro de ns, e viver nele a base estvel, tornar sua verdadeira natureza evidente e criativa

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    de um modo de vida divino em nossos instrumentos, supramente, mente, vida e corpo, oprincpio ativo de uma perfeio espiritual.

    Supramente, mente, vida e corpo so os quatro instrumentos que o esprito utiliza para suamanifestao nas operaes da Natureza. A supramente conscincia espiritual atuando comoum auto-luminoso conhecimento, vontade, sentido, senso esttico, energia, auto-criativo erevelador poder de seu prprio ser e deleite. A mente a ao dos mesmos poderes, maslimitada e apenas muito indiretamente e parcialmente iluminada. A supramente vive emunidade embora atue com diversidade; a mente vive em uma ao separativa de diversidade,embora ela possa abrir-se unidade. A mente no apenas capaz de ignorncia, mas, por queela age sempre parcialmente e por limitao, ela trabalha caracteristicamente como um poderda ignorncia: ela pode e mesmo esquece a si prpria em completa inconscincia, ounescincia, desperta disso para a ignorncia de um conhecimento parcial e move-se daignorncia em direo a um completo conhecimento, que sua ao natural no ser humano, mas ela nunca pode por si prpria ter um conhecimento completo. A supramente incapazde ignorncia real; mesmo se pe o conhecimento pleno atrs de si na limitao de umaoperao particular, ainda todos seus trabalhos referem-se quilo que ela colocou por detrs etudo instinto com auto-iluminao; mesmo se ela involui a si prpria na nescincia material,

    ela ainda faz l acuradamente os trabalhos de um perfeito conhecimento e vontade. Asupramente empresta a si prpria ao dos instrumentos inferiores; ela na verdade estsempre l no centro como um suporte secreto de suas operaes. Na matria ela uma ao eefetuao automtica da idia oculta nas coisas; na vida sua mais aprecivel forma oinstinto, um instintivo, subconsciente ou parcialmente subconsciente conhecimento eoperao; na mente ela revela a si prpria como intuio, uma veloz, direta e auto-efetivailuminao da inteligncia, vontade, sentido e senso esttico. Mas esses so meramenteirradiaes da supramente que as acomoda ao funcionamento limitado dos obscurosinstrumentos: sua prpria natureza caracterstica uma gnose superconsciente mente, vida ecorpo. A supramente ou gnose a ao caracterstica, iluminada e significativa do esprito emsua prpria realidade nativa.

    A vida uma energia do esprito subordinada ao da mente e corpo, que preenche a siprpria por intermdio de mentalidade e fisicalidade e atua como uma ligao entre eles. Elatem sua prpria operao caracterstica, mas em nenhum lugar opera independentemente damente e corpo. Toda energia de esprito em ao opera nos dois termos de existncia econscincia, para a auto-formao da existncia e o jogo e auto-realizao da conscincia,para o deleite da existncia e deleite da conscincia. Nessa formulao inferior de ser na qualns presentemente vivemos, a energia de vida do esprito opera entre os dois termos de mentee matria, suportando e efetuando as formulaes da substncia da matria e atuando comouma energia material, suportando as formulaes da conscincia da mente e as operaes daenergia mental, suportando a interao de mente e corpo e atuando como uma energiasensorial e nervosa. O que ns chamamos vitalidade , para o propsito de nossa existnciahumana normal, poder de ser consciente emergindo na matria, libertando dela e nela a mentee os poderes mais altos e suportando sua ao limitada na vida fsica, assim como aquilo quechamamos mentalidade o poder de ser consciente despertando para a luz de sua prpriaconscincia e para a conscincia de todo o restante do ser imediatamente em torno de si eoperando inicialmente na ao limitada colocada para ele pela vida e corpo, mas em certospontos e em certas alturas escapando dela para uma ao parcial alm deste crculo. Mas esseno o poder total seja da vida ou mentalidade; eles tm planos de existncia consciente desua prpria espcie alm deste nvel material, onde eles so mais livres em sua aocaracterstica. A matria ou o prprio corpo so uma forma limitante de substncia de espritona qual vida e mente e esprito esto involudos, auto-escondidos, auto-esquecidos pelaabsoro em sua prpria ao externalizadora, mas destinados a emergir dela por uma auto-compelidora evoluo. Mas a matria tambm capaz de refinamento em formas mais sutisde substncia na qual ela torna-se mais aparentemente uma densidade formal de vida, demente, de esprito. O prprio homem tem, ao lado desse corpo material grosseiro, uma

    envoltria vital, um corpo mental, um corpo de deleite e gnose. Mas toda matria, todo corpocontm dentro de si os poderes secretos desses princpios mais altos; a matria uma

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    formao da vida que no tem existncia real separada do esprito universal sem forma que da ela sua energia e substncia.

    Essa a natureza do esprito e seus instrumentos. Mas para compreender suas operaes echegar a um conhecimento que nos dar um poder de alavanca em retir-los do crculo viciosono qual nossa vida gira, temos que perceber que o Esprito tem baseado todas as suasefetuaes sobre dois aspectos gmeos de seu ser: Alma e Natureza, Purusha e Prakriti. Temosque trat-los como diferentes e diversos em poder, pois na prtica de conscincia essadiferena vlida , embora eles sejam apenas dois lados da mesma realidade, plo e plo doser consciente uno. Purusha ou alma o esprito conhecedor das operaes de sua natureza,suportando-as por seu ser, desfrutando ou rejeitando o desfrutar delas em seu deleite de ser.Natureza poder do esprito, e ela tambm operao e processo de seu poder formulandonome e forma de ser, desenvolvendo ao de conscincia e conhecimento, lanando-se emvontade e impulso, fora e energia, preenchendo a si prpria em desfrute. Natureza Prakriti,Maya, Shakti. Se a olharmos em seu lado mais externo onde ela parece o oposto do Purusha,ela Prakriti, uma operao auto-dirigida inerte e mecnica, inconsciente ou conscienteapenas pela luz do Purusha, elevada por vrios graus, vital, mental, supramental, de suailuminao-de-alma de seus trabalhos. Se a olharmos em seu outro lado interno onde ela se

    movimenta mais prxima da unidade com o Purusha, ela Maya, vontade de ser e vir-a-ser oude cessao de ser e vir-a-ser com todos os seus resultados, aparente conscincia, deinvoluo e evoluo, existente e no-existente, auto-encerrar-se do esprito e auto-descobertado esprito. Ambos so lados de uma e mesma coisa, Shakti, poder de ser do esprito queopera, seja superconscientemente ou conscientemente ou subconscientemente em umaaparente inconscincia, de fato, todos esses movimentos coexistem ao mesmo tempo e namesma alma , como o poder de conhecimento do esprito, poder de vontade, poder deprocesso e ao, jnana-sakti, iccha-sakti, kriya-sakti. Por esse poder o esprito cria todas ascoisas em si prprio, oculta e descobre si prprio todo na forma e atrs do vu de suamanifestao.

    O Purusha capaz, por esse poder de sua natureza, de tomar qualquer equilbrio que possa

    desejar e seguir a lei e forma de ser prpria a qualquer auto-formulao. Ele alma e espritoeterno em seu prprio poder de auto-existncia superior a e governando suas manifestaes;ele alma e esprito universal desenvolvido em poder de vir-a-ser de sua existncia, infinitono finito; ele alma e esprito individual absorvido no desenvolvimento de algum cursoparticular de seu vir-a-ser, em aparncia o finito mutvel no infinito. Todas essas coisas elepode ser ao mesmo tempo, esprito eterno universalizado no cosmos, individualizado em seusseres; ele pode tambm encontrar a conscincia rejeitando, governando ou respondendo aoda Natureza em qualquer uma delas, pr as outras atrs dele ou para alm dele, conhecer a siprprio como eternidade pura, universalidade auto-suportante ou individualidade exclusiva.Qualquer que seja a formulao de sua natureza, a alma parece tornar-se aquilo e ver a siprpria como aquilo apenas na parte frontal ativa de sua conscincia; mas ela nunca apenasaquilo que ela parece ser; ela tambm o tudo mais que ela pode ser; secretamente ela otodo de si prpria que est ainda oculto. Ela no irrevogavelmente limitada por nenhumaauto-formulao particular no Tempo, mas pode romper e ir alm disto, quebrar oudesenvolver isto, selecionar, rejeitar, criar novamente, revelar para fora de si prpria umamaior auto-formulao. Aquilo que ela acredita ela prpria ser pela inteira vontade ativa desua conscincia em seus instrumentos, isto ela ou tende a se tornar, yo yacchraddah sa evasah: o que ela acredita que pode ser e tem f plena em tornar-se, naquilo ela se transforma emnatureza, evolui ou descobre.

    Esse poder da alma sobre sua natureza de importncia extrema no Yoga da auto-perfeio;se ele no existisse ns nunca poderamos por empenho e aspirao conscientes sair do crculovicioso de nosso presente ser humano imperfeito; se qualquer maior perfeio fossepretendida ns teramos que esperar pela Natureza para efetu-la em seu prprio lento ouveloz processo de evoluo. Nas formas inferiores de ser, a alma aceita essa sujeio completa

    Natureza, mas conforme ela se eleva mais alto na escala ela desperta para um sentido dealgo em si prpria que pode comandar a Natureza; mas apenas quando ela chega ao auto-

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    conhecimento que essa vontade e controle livres torna-se uma completa realidade. Atransformao efetua a si prpria por intermdio de processos da natureza, no portanto porqualquer mgica caprichosa, mas um desenvolvimento ordenado e processo inteligvel.Quando o domnio completo conquistado, ento o processo, por sua auto-efetiva rapidez,pode parecer um milagre para a inteligncia, mas ele ainda procede pela lei da verdade doEsprito, quando o Divino dentro de ns, por ntima unio de nosso ser e vontade com ele,

    toma o Yoga e age como o onipotente mestre da natureza. Pois o Divino nosso mais alto Si eo si de toda a Natureza, o eterno e universal Purusha.

    O Purusha pode estabelecer a si prprio em qualquer plano do ser, tomar qualquer princpiodo ser como a orientao imediata de seu poder e viver no labor de seu prprio modo de aoconsciente. A alma pode estabelecer-se no princpio da unidade infinita da auto-existncia eser consciente de toda conscincia, energia, deleite, conhecimento, vontade e atividade comoforma consciente dessa verdade essencial, Sat ou Satya. Ela pode estabelecer-se no princpiode energia infinita consciente, Tapas, e ser consciente disso desenvolvendo da auto-existnciaas obras do conhecimento, vontade e ao-da-alma dinmica para o desfrutar de um infinitodeleite de ser. Ela pode estabelecer-se no princpio de um infinito auto-existente deleite e serconsciente da Ananda divina criando a partir de sua auto-existncia e por sua energia qualquer

    harmonia de ser. Nesses trs modos de equilbrio a conscincia da unidade domina; a almavive em sua conscincia da eternidade, universalidade, unidade e qualquer diversidade quehaja no separativa mas apenas um aspecto mltiplo da unidade. Ela pode estabelecer-setambm no princpio da supramente, em um luminoso auto-determinante conhecimento,vontade e ao que desenvolvem alguma coordenao de perfeito deleite de ser consciente. Nagnose mais alta a unidade a base, mas ela tem seu deleite na diversidade; na ao inferior dasupramente a diversidade a base, mas esta refere-se sempre a uma unidade consciente e temseu deleite na unidade. Essas extenses de conscincia esto alm de nosso presente nvel;elas so superconscientes nossa mentalidade normal. Esta pertence a um hemisfrio inferiordo ser.

    Este ser mais baixo comea onde um vu cai entre alma e natureza, entre esprito na

    supramente e esprito na mente, vida e corpo. Onde este vu no caiu, esses poderesinstrumentais no so o que eles so em ns, mas uma parte iluminada da ao unificada dasupramente e esprito. A mente chega a uma idia independente de sua prpria ao quandoela esquece de referir-se de volta luz da qual ela deriva e torna-se absorvida naspossibilidades de seu prprio processo e desfrutar separativo. A alma, quando reside noprincpio da mente, no ainda sujeita a, mas aquela que utiliza a vida e corpo, conhece a siprpria como um ser mental efetuando sua vida e foras e imagens mentais, corpos dasubstncia mental, conforme seu conhecimento, vontade e dinmica individuais modificadaspor sua relao com outros seres e poderes similares na mente universal. Quando ela reside noprincpio da vida, ela conhece a si prpria como um ser da vida universal efetuando ao econscincia por seus desejos sob condies similares prprias alma-vida universal cuja ao atravs de muitos seres-vida individuais. Quando ela reside no princpio da matria elaconhece a si prpria como uma conscincia da matria agindo sob uma lei similar da energiado ser material. Na proporo em que se inclina para o lado do conhecimento, ela conscientede si prpria mais ou menos claramente como uma alma da mente, uma alma da vida, umaalma do corpo vendo e agindo em ou agindo sobre por sua natureza; mas onde ela se inclinapara o lado da ignorncia, ela conhece a si prpria como um ego identificado com a naturezada mente, da vida ou do corpo, uma criao da Natureza. Mas a tendncia nativa do sermaterial conduz em direo a uma absoro da energia da alma no ato de formao emovimento material e um conseqente auto-esquecimento do ser consciente. O universomaterial principia de uma aparente inconscincia.

    O Purusha universal reside em todos esses planos em uma certa simultaneidade e constri emcada um desses princpios um mundo ou sries de mundos com seus seres que vivem nanatureza desse princpio. O homem, o microcosmos, tem todos esses planos em seu prprio

    ser, dispostos desde sua existncia subconsciente superconsciente. Por um poder emdesenvolvimento do Yoga ele pode tornar-se consciente desses mundos encerrados em si,

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    ocultos de sua mente fsica materializada e dos sentidos que conhecem apenas o mundomaterial, ento ele se torna consciente de que essa existncia material no uma coisa partee auto-existente, como o universo material no qual ele vive tambm no uma coisa parte eauto-existente, mas est em constante relao com os planos superiores e sofre ao de seuspoderes e seres. Ele pode abrir e aumentar a ao desses planos mais altos em si prprio edesfrutar alguma espcie de participao na vida dos outros mundos, -- que, para o restante,

    so ou podem ser seu lugar de morada, por assim dizer, o estado de sua conscincia, dhama,aps a morte ou entre a morte e a reencarnao em um corpo material. Mas sua maisimportante capacidade aquela dos poderes em desenvolvimento dos princpios superiores emsi prprio, um maior poder de vida, uma mais pura luz de mente, a iluminao da supramente,o ser, conscincia e deleite infinitos do esprito. Por um movimento ascendente ele podedesenvolver sua imperfeio humana em direo quela maior perfeio.

    Mas qualquer que seja sua meta, o quanto exaltada sua aspirao, ele tem que comear da leide sua presente imperfeio, levar isso em total considerao e ver como isto pode serconvertido lei de uma possvel perfeio. Essa presente lei de seu ser comea dainconscincia do universo material, uma involuo da alma em forma e submisso naturezamaterial; e, embora nessa matria a vida e mente tenham desenvolvido suas prprias energias,

    elas ainda so limitadas e presas na ao do material mais baixo, que para a ignorncia desua conscincia de superfcie prtica seu princpio original. A mente nele, embora ele seja umser mental encarnado, tem que manter o controle do corpo e da vida fsica e, apenas por algumesforo de energia mais ou menos considervel, pode controlar conscientemente a vida e ocorpo. apenas aumentando esse controle que ele pode mover-se em direo perfeio, e apenas pelo poder-de-alma em desenvolvimento que ele pode alcanar isto. O poder-da-natureza nele tem que se tornar mais e mais completamente um ato de alma consciente, umaexpresso consciente de toda a vontade e conhecimento do esprito. A Prakriti tem que revelara si prpria como a Shakti do Purusha.

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    Captulo 4

    A PERFEIO DO SER MENTAL

    A idia fundamental de um Yoga de auto-perfeio deve ser, sob essas condies, umareverso das presentes relaes da alma do homem para com sua natureza mental, vital efsica. O homem presentemente uma alma parcialmente auto-consciente sujeita a e limitadapela mente, vida e corpo, e que tem que tornar-se uma alma inteiramente auto-consciente emestre de sua mente, vida e corpo. No limitada por seus clamores e demandas, uma almaperfeita auto-consciente poderia ser superior a e uma livre possuidora de seus instrumentos.Esse esforo do homem para ser o mestre de seu prprio ser tem sido o sentido de uma grandeparte de seus esforos espirituais, intelectuais e morais passados.

    Para ser o possuidor de seu ser com qualquer realidade completa de liberdade e domnio, ohomem deve encontrar seu mais alto si, o homem real ou o mais alto Purusha nele, que livre

    e mestre de seu prprio e inalienvel poder. Ele deve cessar de ser o ego mental, vital e fsico;pois esses so sempre a criao, instrumento, submissos Natureza mental, vital e fsica. Esseego no seu si real, mas uma instrumentao da Natureza pela qual ela desenvolveu umsentido de ser individual limitado e separado em mente, vida e corpo. Por essa instrumentaoele age como se fosse uma existncia separada no universo material. A Natureza desenvolveucertas condies limitantes habituais sob as quais aquela ao ocorre; auto-identificao daalma com o ego o meio pelo qual ela induz a alma a consentir essa ao e aceitar essascondies limitantes habituais. Enquanto a identificao perdura, existe um auto-aprisionamento nessa ao habitual circular e estreita, e, at que seja transcendida, no podehaver nenhum uso livre pela alma de sua vida individual, muito menos um real auto-exceder-se. Por essa razo um movimento essencial do Yoga retirar-se do sentido de ego exteriorpelo qual ns somos identificados com a ao da mente, vida e corpo e viver interiormente naalma. A libertao de um sentido de ego externalizado o primeiro passo em direo

    libertao e domnio da alma.

    Quando ento nos retiramos para dentro da alma, descobrimos que no somos a mente, masum ser mental que se mantm por detrs da ao da mente encarnada, no uma personalidademental e vital, personalidade uma composio da Natureza , mas uma Pessoa mental,manomaya purusha. Ns nos tornamos conscientes de um ser dentro que toma seu domniosobre a mente para auto-conhecimento e conhecimento-de-mundo e considera a si prpriocomo um indivduo para auto-experincia e experincia-de-mundo, para uma ao interior euma ao exterior, mas ainda diferente de mente, vida e corpo. Esse sentido de ser distintode aes vitais e do ser fsico muito marcante; pois embora o Purusha sinta ser sua menteenvolvida em vida e corpo, ele ainda consciente de que mesmo se a vida fsica e o corpocessarem ou forem dissolvidos, ele poderia ainda prosseguir existindo em seu ser mental. Mas

    o sentido de ser diferente da mente mais difcil e menos firmemente distinto. Mas ele aindaest l; ele caracterizado por qualquer uma ou todas as trs intuies nas quais esse Purushamental vive e se torna por meio delas consciente de sua prpria existncia maior.

    Primeiramente, ele tem a intuio dele prprio como algum observando a ao da mente; algo que est acontecendo nele e todavia diante dele como um objeto de seu conhecimentoconsiderador. Essa auto-conscincia o sentido intuitivo do Purusha testemunha, saksi.Purusha testemunha uma conscincia pura que observa a Natureza e a v como uma aorefletida sobre a conscincia e iluminada por aquela conscincia, mas em si prpria diferentedela. Para o Purusha mental, a Natureza apenas uma ao, uma complexa ao depensamento discriminativo e combinador, de vontade, de sentidos, de emoes, detemperamento e carter, de sentimento de ego, que atua sobre uma base de impulsos vitais,necessidades e anseios nas condies impostas pelo corpo fsico. Mas no limitado por eles,desde que pode no apenas dar a eles novas direes e mais variaes, refinamentos eextenses, mas capaz de agir em pensamento e imaginao e um mundo mental de criaes

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    muito mais sutis e flexveis. Mas tambm h uma intuio no Purusha mental de algo maisamplo e maior que essa presente ao na qual ele vive, uma extenso de experincia da qualesta apenas um esquema frontal ou uma seleo estreita e superficial. Por essa intuio emque ele se estabelece, o limiar de um si subliminal com uma mais extendida possibilidade doque essa mentalidade superficial abre-se para seu auto-conhecimento. Uma ltima e maiorintuio uma conscincia interior de algo que ele mais essencialmente , algo to acima da

    mente quanto a mente acima da vida e corpo fsicos. Essa conscincia interior sua intuiode seu ser espiritual e supramental.

    O Purusha mental pode a qualquer momento envolver a si prprio novamente na aosuperficial da qual ele se recolheu, viver por um momento inteiramente identificado com omecanismo da mente, vida e corpo e absorvidamente repetir sua ao recorrente normal. Masuma vez que aquele movimento separativo tenha sido feito e vivenciado por algum tempo,esta nunca poder ser para ele mesmo exatamente o que ela era antes. O envolver-se na aoexterior torna-se agora apenas um auto-esquecimento recorrente do qual existe uma tendncianele de retirar-se novamente para si prprio e para a auto-experincia pura. Pode ser notadotambm que o Purusha, pelo retirar-se da ao normal dessa conscincia voltada para oexterior que criou para ele sua presente forma natural de auto-experincia, capaz de chegar a

    dois outros modos de equilbrio. Ele pode ter uma intuio de si prprio como uma alma nocorpo, que emana vida como sua atividade e mente como a luz dessa atividade. Essa alma nocorpo o ser fsico consciente, annamaya purusa, que usa vida e mente caracteristicamentepara experincia fsica, no olha alm da vida do corpo e, se sentir algo alm de suaindividualidade fsica, consciente apenas do universo fsico e no mximo sua unidade com aalma da Natureza fsica. Mas ele pode ter tambm uma intuio de si prprio como uma almade vida, auto-identificada com um grande movimento de vir-a-ser no Tempo, que produzcorpo como uma forma ou uma imagem-sensorial bsica e mente como uma atividadeconsciente de experincia de vida. Essa alma na vida o ser vital consciente, pranamaya

    purusa, que capaz de olhar alm da durao e limites do corpo fsico, de sentir umaeternidade de vida atrs e frente, uma identidade com o ser-Vida universal, mas no olhaalm de um constante vir-a-ser vital no Tempo. Esses trs Purushas so formas-de-alma doEsprito pelas quais ele identifica sua existncia consciente com, e encontra sua ao sobrequalquer desses trs planos ou princpios de seu ser universal.

    Mas o homem caracteristicamente um ser mental. Alm disso, mentalidade seu presentemais alto estado no qual ele est mais prximo de seu si real, mais facilmente e amplamenteconsciente de seu esprito. Seu caminho para a perfeio no envolver a si prprio naexistncia exterior ou superficial, nem colocar a si prprio na alma da vida ou na alma docorpo, mas insistir nas trs intuies mentais pelas quais ele pode elevar a si prprioeventualmente acima do nvel fsico, vital e mental. A insistncia pode tomar duas formasinteiramente diferentes, cada uma com seu prprio objetivo e modo de proceder. totalmentepossvel para ele acentu-la em uma direo para fora da existncia na Natureza, umdesapego, um retirar-se da mente, vida e corpo. Ele pode tentar viver mais e mais como oPurusha testemunha, respeitando a ao da Natureza, sem interesse nela, sem confirm-la,desapegado, rejeitando toda a ao, retirando-se para dentro da existncia consciente pura.Essa a libertao do Sankhya. Ele pode interiorizar-se naquela existncia mais ampla da qualele tem a intuio e ir alm da mentalidade superficial para um estado-de-sonho ou estado-de-sono que o admite em mais amplas e mais altas extenses de conscincia. Pelo transportar-separa essas regies ele pode afastar-se do ser terrestre. H mesmo, supunha-se nos temposantigos, uma transio para mundos supramentais dos quais um retorno para a conscinciaterrestre era ou no possvel ou no obrigatria. Mas o definitivo e seguro final dessa espciede libertao depende da elevao do ser mental para aquele si espiritual do qual ele se tornaconsciente quando ele olha alm e acima de toda mentalidade. Isto dado como a chave paraa completa cessao da existncia terrestre seja por imerso em puro ser ou uma participaono ser supracsmico.

    Mas se nossa meta ser no apenas livre pelo auto-desapego da Natureza, mas perfeito nodomnio, esse tipo de insistncia no pode mais ser o bastante. Ns temos que dar ateno

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    nossa ao mental, vital e fsica da Natureza, descobrir os ns de seu cativeiro e os pontosperdidos da libertao, descobrir as chaves de sua imperfeio e deitar nossas mos na chaveda perfeio. Quando a alma considerada, o Purusha testemunha retira-se de sua ao danatureza e a observa, ele v que ela procede de seu prprio impulso pelo poder de seumecanismo, por fora de continuidade de movimento, continuidade de mentalidade,continuidade de impulso de vida, continuidade de um mecanismo fsico involuntrio. A

    princpio a coisa toda parece ser a ao recorrente de um mecanismo automtico, embora asoma daquela ao resulte constantemente em uma criao, desenvolvimento, evoluo. Eleest como que preso nessa roda, atado a ela pelo seu sentido de ego, envolvido no giro domecanismo. Um completo determinismo mecnico ou uma corrente de determinaes daNatureza para a qual ele empresta a luz de sua conscincia, o aspecto natural de suapersonalidade mental, vital e fsica uma vez que ela seja considerada desse ponto de vistaestvel e desapegado e no mais por uma alma presa no movimento e imaginando a si prpriacomo sendo uma parte da ao.

    Mas em uma viso mais adiantada ns encontramos que esse determinismo no tocompleto como parecia; a ao da natureza continua e o que por causa da sano doPurusha. O Purusha considerado v que ele suporta e de alguma maneira preenche e pervade a

    ao com seu ser consciente. Ele descobre que sem ele ela no poderia continuar e que ondeele persistentemente recolhe sua aprovao, a ao habitual torna-se gradualmente debilitada,afrouxa-se e cessa. Sua inteira mentalidade ativa pode ser ento levada a uma completaquietude. Existe ainda uma mentalidade passiva que mecanicamente continua, mas isso podetambm ser aquietado por esse recolhimento em si mesmo para fora da ao. Ainda assim aao de vida em suas partes mais mecnicas continua; mas estas tambm podem seraquietadas e cessar. Pode parecer ento que ele no apenas o Purusha sustentador, bhartr,mas de algum modo o mestre de sua natureza, Ishwara. Era a conscincia desse controlesancionador, essa necessidade de seu consentimento, que o fez no sentido de ego conceber a siprprio como uma alma ou ser mental com uma vontade livre determinando todos seusprprios vir-a-ser. Ainda a livre-vontade parece ser imperfeita, quase ilusria, desde que aprpria vontade atual um mecanismo da Natureza e cada vontade separada, determinada pelacorrente de aes passadas e a soma das condies que ela criou, embora, por ser o resultadoda corrente, da soma, a cada momento um novo desenvolvimento, uma nova determinao,ela pode parecer ser uma vontade auto-nascida, virginalmente criativa a cada momento. O queele contribuiu a todo momento foi um consentimento por detrs, uma aprovao ao que aNatureza estava fazendo. Ele no parecia ser capaz de control-la inteiramente, mas apenasescolher entre possibilidades bem definidas: existe nela um poder de resistncia nascido deseu mpeto passado e um ainda maior poder de resistncia nascido da soma de condies fixasque ela criou, que ela apresenta a ele como um conjunto de leis permanentes a seremobedecidas. Ele no pode alterar radicalmente seu modo de proceder, no pode livrementeefetuar sua vontade de dentro do presente movimento dela, nem, enquanto permanecer namentalidade, sair dela ou elevar-se acima dela de modo a exercer um controle realmente livre.Existe uma dualidade de dependncia, a dependncia dela de seu consentimento, adependncia dele da lei e modos e limites de ao dela, determinao negada por um sentido

    de livre vontade, livre vontade tornada nula pela atualidade da determinao natural. Ele estseguro de que ela seu poder, mas ainda parece estar sujeito a ela. Ele o sancionador(anumantr) Purusha, mas no parece ser o senhor absoluto, Ishwara.

    Contudo, existe em algum lugar um controle absoluto, um Ishwara real. Ele consciente dissoe sabe que se ele puder encontrar isso, ele ir tomar o controle, tornar-se no apenas atestemunha passiva sancionadora e a sustentadora alma de sua vontade, mas o livre e poderosoutilizador e determinador de seus movimentos. Mas esse controle parece pertencer a outroequilbrio que o da mentalidade. Algumas vezes ele encontra a si prprio usando isso, mascomo um canal ou instrumento; isso vem a ele de cima. Torna-se claro ento que isso supramental, um poder do Esprito maior que o ser mental que ele j sabe ser ele prprio nopice e no secreto corao de seu ser consciente. Entrar em identidade com aquele Esprito

    deve ento ser seu caminho para o controle e senhorio. Ele pode fazer isso passivamente poruma espcie de refletir e receber em sua conscincia mental, mas ento ele apenas um

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    molde, canal ou instrumento, no um possuidor ou participante no poder. Ele pode chegar identidade por uma absoro dessa mentalidade no ser espiritual interior, mas ento a aoconsciente cessa em um transe de identidade. Para ser o mestre ativo da natureza ele deveevidentemente elevar-se a algum equilbrio supramental superior onde possvel no apenasuma passiva, mas uma ativa identidade com o esprito controlador. Encontrar o modo deelevar-se a esse maior equilbrio e ser o auto-regulador, Swarat, a condio de sua perfeio.

    A dificuldade da ascenso devida ignorncia natural. Ele o Purusha, testemunha daNatureza fsica e mental, saksi, mas no um completo conhecedor do si e da Natureza,jnatr.O conhecimento na mentalidade iluminado por sua conscincia; ele o conhecedor mental;mas ele descobre que esse no um conhecimento real, mas apenas uma busca parcial e umadescoberta parcial, uma incerta e derivativa reflexo e estreita utilizao para ao de umamaior luz alm que o conhecimento real. Essa luz a auto-conscincia e todo-conscinciado Esprito. A auto-conscincia essencial ele pode alcanar, pelo menos no plano mental doser, por reflexo na alma da mente ou por sua absoro no esprito, como tambm pode chegarpor outra espcie de reflexo ou absoro na alma da vida e alma do corpo. Mas paraparticipao em uma efetiva todo-conscincia com essa auto-conscincia essencial como aalma de sua ao ele deve elevar-se supramente. Para ser o senhor de seu ser, ele deve ser o

    conhecedor do si e Natureza,jnata iswara. Parcialmente isso pode ser feito em um nvel maisalto da mente onde ela responde diretamente supramente, mas realmente e completamenteessa perfeio pertence no ao ser mental, mas alma de conhecimento ou ideal, vijnanamaya

    purusa. Elevar o mental ao ser de conhecimento maior e da ao Si-de-Bem-Aventurana doesprito, anandamaya purusa, o extremo modo dessa perfeio.

    Mas nenhuma perfeio, muito menos essa perfeio, pode ser atingida sem uma manipulaomuito radical da presente natureza e a abolio de muito daquilo que parece ser a lei fixa deseu complexo nexus de ser mental, vital e fsico. A lei desse nexus foi criada para um definidoe limitado fim, a temporria manuteno, preservao, possesso, engrandecimento, desfrute,experincia, necessidade e ao do ego mental no corpo vivente. Outros usos resultantes sode utilidade, mas esse o objeto e utilidade imediatos e fundamentalmente determinantes. O

    chegar a uma mais alta utilidade e mais livre instrumentao desse nexus deve serparcialmente quebrado, excedido, transformado em uma mais ampla harmonia de ao. OPurusha v que a lei criada aquela de uma parcialmente estvel, parcialmente instveldeterminao seletiva de habituais experincias ainda em desenvolvimento para fora de umaconscincia inicialmente confusa do si e no si, ser subjetivo e universo externo. Essadeterminao administrada pela mente, vida e corpo agindo um sobre o outro, em harmoniae correspondncia, mas tambm em discrdia e divergncia, interferncia mtua e limitao.Existe uma similar harmonia e discrdia misturadas entre vrias atividades da mente em siprpria, como tambm entre atividades da vida em si prpria e do ser fsico. O todo umaespcie de ordem desordenada, uma ordem evoluda e formada a partir de uma confusoconstantemente presente e invasora.

    Esta a primeira dificuldade que o Purusha tem que enfrentar, uma mista e confusa ao daNatureza, uma ao sem claro auto-conhecimento, motivo distinto, firme instrumentao,apenas uma tentativa nessas coisas e um sucesso relativo geral de efetuao , umsurpreendente efeito de adaptao em algumas direes, mas tambm muita pobreza deinadequao. Aquela mista e confusa ao deve ser corrigida; purificao um meio essencialem direo auto-perfeio. Todas essas impurezas e inadequaes resultam em vriasespcies de limitao e servido: mas existem dois ou trs ns primrios de cativeiro, ego o principal n , do qual derivam os outros. Essas amarras devem ser eliminadas; apurificao no completa at que ela alcance libertao. Alm disso, aps a efetuao deuma certa purificao e libertao, h ainda a converso dos instrumentos purificados lei deum mais alto objetivo e utilidade, uma ampla, real e perfeita ordem de ao. Pela converso ohomem pode chegar a uma certa perfeio de plenitude de ser, calma, poder e conhecimento,mesmo de uma ao vital maior e uma existncia fsica mais perfeita. Um resultado dessa

    perfeio um amplo e aperfeioado deleite de ser, Ananda. Ento, purificao, libertao,

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    perfeio, deleite de ser so quatro elementos constituintes do Yoga, suddhi, mukti, siddhi,bhukti.

    Mas essa perfeio no pode ser atingida ou no pode ser segura e inteira em sua amplitude seo Purusha afirmar-se na individualidade. Abandonar a identificao com o ego fsico, vital emental no suficiente; ele deve chegar em alma tambm a uma verdadeira, universalizada,no separativa individualidade. Na natureza inferior o homem um ego fazendo uma claraseparao em concepo entre ele prprio e todas as outras existncias; o ego para ele o si,mas todo o resto no-si, externo a seu ser. Toda sua ao comea e fundamentada sobre essaauto-concepo e concepo-de-mundo. Mas a concepo de fato um erro. Emborasutilmente ele individualize a si prprio em idia mental e ao mental ou outra, ele inseparvel do ser universal, seu corpo da fora e matria universal, sua vida da vidauniversal, sua mente da mente universal, sua alma e esprito da alma e esprito universais. Ouniversal age sobre ele, invade-o, conquista-o, molda a si prprio nele a cada momento; eleem sua reao age sobre o universal, invade, tenta impor a si prprio sobre ele, molda-o,vence seu ataque, regula e usa sua instrumentao.

    Esse conflito uma restituio da unidade subjacente, que toma o aspecto de batalha pela

    necessidade da separao original; os dois pedaos em que a mente seccionou a unidadelanam-se um sobre o outro para restaurar a unidade, e cada um tenta apoderar-se e tomar parasi prprio a poro separada. O universo parece estar sempre tentando engolir o homem, oinfinito reassumindo esse finito que permanece em sua auto-defesa e mesmo responde comagresso. Mas em fato real o ser universal por intermdio dessa aparente batalha estdesenvolvendo seu propsito no homem, embora a chave e verdade do propsito e trabalhoesteja perdida para essa mente consciente superficial, apenas apoiando-se obscuramente emum subconsciente subliminar e apenas conhecendo luminosamente em uma superconscienteunidade dominante. O homem tambm impelido em direo unidade por um constanteimpulso de extenso de seu ego, que identifica a si prprio o melhor que pode com outrosegos e com pores do universo que ele pode fisicamente, vitalmente, mentalmente tomarpara seu uso e posse. Assim como o homem almeja ao conhecimento e domnio de seu

    prprio ser, assim tambm ele almeja ao conhecimento e domnio do mundo ambiental danatureza, seus objetos, suas instrumentaes, seus seres. Primeiramente ele tenta efetuar essameta por possesso egostica, mas, na medida em que ele se desenvolve, o elemento desimpatia nascido da unidade secreta cresce nele e ele chega idia de uma crescentecooperao e unidade com outros seres, uma harmonia com a Natureza universal e seruniversal.

    O Purusha testemunha na mente observa que a inadequao de seu esforo, de fato todainadequao da vida e natureza do homem, surge da separao e da conseqente batalha,desejo de conhecimento, desejo de harmonia, desejo de unidade. essencial para ele emergirda individualidade separativa, universalizar a si prprio, tornar a si prprio um com ouniverso. Essa unificao pode ser feita apenas por intermdio da alma pelo tornar nossa almade mente una com a Mente universal, nossa alma de vida una com a alma de Vida universal,nossa alma de corpo una com a alma universal da Natureza fsica. Quando isso puder ser feito,em proporo ao poder, intensidade, profundidade, totalidade, permanncia com a qual issopode ser feito, grandes efeitos so produzidos sobre a ao natural. Especialmente cresce umaimediata e profunda no misturada simpatia de mente com mente, vida com vida, um diminuirda insistncia do corpo em relao separatividade, um poder de direta comunicao mental eoutras e uma efetiva ao mtua que auxilia agora a inadequada comunicao e ao indiretasque at agora eram a maior parte dos meios conscientes utilizados pela alma encarnada. Masainda o Purusha v que na natureza mental, vital e fsica, tomadas por si prprias, existesempre um defeito, inadequao, ao confusa, devido mecanicamente inadequada interaodos trs modos ou gunas da Natureza. Para transcender isso ele tem que, na universalidadetambm, elevar-se ao supramental e espiritual, ser um com a alma supramental do cosmos, oesprito universal. Ele chega mais ampla luz e ordem de um princpio mais alto em si

    prprio e no universo que a ao caracterstica da divina Sachchidananda. Ento ele capazde impor a influncia daquela luz e ordem, no apenas em seu prprio ser natural, mas dentro

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    do raio e do alcance da ao do esprito nele, no mundo que ele vive, naquilo que est emvolta dele. Ele swarat, auto-conhecedor, auto-regulador, mas ele comea a ser tambm, porintermdio dessa unidade espiritual e transcendncia, samrat, um conhecedor e mestre de seumundo ambiental do ser.

    Nesse auto-desenvolvimento, a alma descobre que ela concluiu nessa linha o objetivo de todoo Yoga integral, a unio com o Supremo em seu si e em sua individualidade universalizada.Enquanto ela permanecer na existncia do mundo, essa perfeio deve irradiar-se dela, poisisso a necessidade de sua unidade com o universo e seus seres , em uma influncia e aoque auxilia todos em volta que so capazes disso a elevar-se ou a avanar em direo mesmaperfeio, e para o restante uma influncia e ao que auxilia, como apenas o homem auto-regulado e mestre pode auxiliar, no conduzir a raa humana para frente espiritualmente emdireo a essa consumao e em direo a alguma imagem de uma maior verdade divina emsua existncia pessoal e comunitria. Ele se torna a luz e poder da Verdade qual ele alcanoue um meio para a ascenso de outros.

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    A SNTESE DO YOGA OS INSTRUMENTOS DO ESPRITO

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    Captulo 5

    OS INSTRUMENTOS DO ESPRITO

    Se deve existir uma perfeio ativa de nosso ser, a primeira necessidade uma purificao doatuar dos instrumentos, que ele atualmente utiliza para uma msica de discrdias. O ser em siprprio, a Realidade divina no homem, no tem necessidade de purificao; ele eternamentepuro, no afetado pelas falhas de sua instrumentao ou pelos tropeos da mente e corao ecorpo em seu atuar, como o sol, diz o Upanishad, no tocado ou manchado pelas falhas doolho da viso. A mente, o corao, a alma de desejo vital, a vida no corpo, so os assentos daimpureza; so eles que devem ser corrigidos se o atuar do esprito deve ser um perfeito atuar,e no marcado por suas presentes maiores ou menores concesses aos prazeres desviados danatureza inferior. O que ordinariamente chamado pureza do ser , ou uma brancura negativa,uma libertao do pecado obtida por uma constante inibio de qualquer ao, sentimento,idia ou vontade que ns pensamos ser errada, ou ainda, a mais alta pureza negativa oupassiva, o inteiro contentamento Divino, inao, o completo acalmar da me