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OAC - Objeto de Aprendizagem Colaborativa IDENTIFICAÇÃO Autor: José Arnaldo Vieira Estabelecimento: Instituto de Educação César Prieto Martinez Ensino: Fundamental, Médio e Formação de Docentes Disciplina: História Conteúdo Estruturante: Trabalho Pedagógico Conteúdo Básico: Organização do Trabalho Pedagógico Conteúdo específico: Processo de Avaliação PROBLEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO Dislexia: as representações mentais desta dificuldade de aprendizagem a partir de uma abordagem histórica. As constantes medições do ensino no Brasil, realizadas por órgãos oficiais como o MEC exemplo, tem demonstrado baixos índices de aprendizagem, graves índices de repetência, violência e abandono da escola pública. Os dados aferidos pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), revelaram uma média nacional de 4,2 em 2007, contra 3,8 em 2005, embora avançando, nossa média ainda é baixa se comparadas com outros países do porte do Brasil. Salvo algumas exceções e pontuais divergências acadêmicas quando aos métodos utilizados nas pesquisas, o quadro educacional nacional de maneira geral precisa melhorar. Entre as causas gerais desta realidade certamente estão aquelas ligadas aos aspectos físicos e cognitivos dos estudantes, muitas vezes responsáveis pelas incompreensões presentes no percurso estudantil de cada um. Entre essas incompreensões está a dislexia, uma complexa funcionabilidade cerebral, que além de afetar dramaticamente o desempenho escolar de seus portadores, ainda atira sobre os mesmos uma carga simbólica e imagética que torna a vida estudantil e social do disléxico uma espinhosa caminhada. Sendo muitas vezes mal interpretada pelos educadores, dado à ausência do debate acerca de, e do desconhecimento desta realidade, o disléxico é visto como "preguiçoso", "desatento", "desinteressado", "de baixa inteligência", o que acaba por influir em toda a

OAC - Objeto de Aprendizagem Colaborativa IDENTIFICAÇÃO ... · DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300-1800, uma cidade sitiada. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras,

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OAC - Objeto de Aprendizagem Colaborativa

IDENTIFICAÇÃO

Autor: José Arnaldo Vieira Estabelecimento: Instituto de Educação César Prieto Martinez Ensino: Fundamental, Médio e Formação de Docentes Disciplina: História Conteúdo Estruturante: Trabalho Pedagógico Conteúdo Básico: Organização do Trabalho Pedagógico Conteúdo específico: Processo de Avaliação

PROBLEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO

Dislexia: as representações mentais desta dificuldade de aprendizagem a

partir de uma abordagem histórica.

As constantes medições do ensino no Brasil, realizadas por órgãos oficiais

como o MEC exemplo, tem demonstrado baixos índices de aprendizagem,

graves índices de repetência, violência e abandono da escola pública. Os

dados aferidos pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica),

revelaram uma média nacional de 4,2 em 2007, contra 3,8 em 2005, embora

avançando, nossa média ainda é baixa se comparadas com outros países do

porte do Brasil. Salvo algumas exceções e pontuais divergências acadêmicas

quando aos métodos utilizados nas pesquisas, o quadro educacional nacional

de maneira geral precisa melhorar. Entre as causas gerais desta realidade

certamente estão aquelas ligadas aos aspectos físicos e cognitivos dos

estudantes, muitas vezes responsáveis pelas incompreensões presentes no

percurso estudantil de cada um. Entre essas incompreensões está a dislexia,

uma complexa funcionabilidade cerebral, que além de afetar dramaticamente o

desempenho escolar de seus portadores, ainda atira sobre os mesmos uma

carga simbólica e imagética que torna a vida estudantil e social do disléxico

uma espinhosa caminhada. Sendo muitas vezes mal interpretada pelos

educadores, dado à ausência do debate acerca de, e do desconhecimento

desta realidade, o disléxico é visto como "preguiçoso", "desatento",

"desinteressado", "de baixa inteligência", o que acaba por influir em toda a

vivência estudantil do portador, até mesmo na reprovação injusta ou a

aprovação por " piedade", o que certamente não é uma forma adequada de

tratar a questão. Chamar a atenção e trazer esse debate para a pauta é dever

da escola e direito da sociedade que espera ter seus alunos o melhor

compreendido possível pelos mecanismos pedagógicos, garantindo aos

mesmos, iguais possibilidades de satisfação na carreira estudantil e na sua

vida de cidadâo.

O que norteia está proposta é a oportunidade de através da História das

doenças e do estudo de suas imbricações, promover no Instituto de

Educação César Prieto Martinez e na internet, um debate e um

conhecer sobre o tema da dislexia, a partir de suas representações

historicamente construídas. Embora não seja encarada como doença, a

dislexia é carregada de uma tal simbologia, dentro do ambiente escolar, que dá

a ela uma verossimilhança às doenças antigas e atuais como Hanseníase, aqui

pensada como lepra, peste negra, sífilis, AIDS, entre outras, cujos portadores

eram e são vítimas de exclusão social e uma serie de esteriótipos que os

qualificavam como anormais, desajustados e até mesmo culpados por sua

condição. Refletir sobre essa problemática é fundamental se levarmos em

consideração o movimento mundial de inclusão social e escolar, do qual as

escolas do Paraná fazem parte. Olhar para essa situação, além de ser um

gesto humanitário, também vem de encontro à política educacional vigente de

enfrentar a repetência, o abandono escolar, a exclusão, o bulling, o

analfabetismo funcional, entre tantos outros condicionantes que influenciam no

desempenho escolar dos estudantes vítimados por essas

especialidades, presentes no cotidiano da escola brasileira e mundial.

REFERÊNCIAS:

BAUER, J. J. Dislexia: ultrapassando as barreiras do preconceito. 1. ed.

São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.

BURKE, P. (Org). A escrita da História, novas perspectivas. 1. ed. São

Paulo: Ed. UNESP, 1992.

CARDOSO, C. F.; VAINFAS, R. Domínios da História : Ensaios de Teoria e

Metodologia. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1997.

CARVALHO, J.M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não

foi. 3. ed. São Paulo: Cia. das letras, 1987.

DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300-1800, uma cidade

sitiada. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

DUBY, G. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos. 1. ed. São Paulo:

Fundação Editora da UNESP, 1998.

FOUCAULT, M.. História da loucura na idade clássica. 8. ed. São Paulo: Ed.

Perspectiva, 1978.

FILHO, C.B. História da saúde pública no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Ed. Ática,

1998.

LE GOFF, J. (Org.). As doenças tem história. Lisboa. 2. ed. Lisboa Terramar,

1997.

GONÇALVES, M.S. A morte anunciada. Revista de História da Biblioteca

Nacional, Rio de Janeiro, nº 27, Dezembro/2007.

LUCZYNSKI, B. Z. Dislexia: você sabe o que é? 1. ed. Curitiba: Ed. Da

autora, 2002.

NASCIMENTO, D. R.; CARVALHO, D. M. (Orgs.). Uma história brasileira das

doenças. 1. ed. Brasília: Paralelo 15. 2004.

SEVCENKO, N. A Revolta da Vacina – mentes insanas em corpos

rebeldes. 1. ed. São Paulo: Ed. scipione, 1984.

SONTAG, S. AIDS e suas metáforas. 1. ed. São Paulo: Companhia das letras,

1989. .

WITTER, N.A. Salve - se quem puder. Revista de História da Biblioteca

Nacional, Rio de Janeiro, nº 32, Maio/2008.

INVESTIGAÇÃO DISCIPLINAR

Histórias, escritos e dislexia: por tratar-se de um tema bastante

ausente no ofício pedagógico cotidiano, os alunos portadores de dislexia e de

outras especialidades físicas, sociais e cognitivas, vivem situações dramáticas

de incompreensão de um falso juízo sobre a sua condição, conforme

demonstram relatos de seus portadores e histórias vivenciadas no mundo do

ensino e aprendizagem, além de alguns estudos científicos ainda

incipientes.

Dentro e fora do Brasil algumas publicações narram histórias vividas por

disléxicos anônimos e famosos, que buscaram na literatura uma forma de dar

voz aos seus sentimentos e angústias. A seguir apresentamos algumas

reflexões acadêmicas sobre a dislexia e duas histórias de vida, que ilustram

bem essa situação e nos revelam um pouco mais sobre, nos ajudando a

compreender e aprofundar essa discussão.

Inicialmente trataremos de qualificar mais claramente, o que é a dislexia

do ponto de vista psicopedagógico/clínico. Para Elizabeth Ap. Marreiros da

Silva, colaboradora do 1º Caderno de Projetos de Pesquisa em

Psicopedagogia das Faculdades Integradas Campos Sales (FICS), dislexia "é

uma dificuldade de aprendizagem na linguagem receptiva e expressiva, oral ou

escrita". Borel-Maissony, citado em (SILVA C.M..2008), o fenômeno da dislexia

é explicado como:

"uma dificuldade particular para identificar compreender e reproduzir os símbolos escritos, que

apresenta como consequência uma alteração profunda da aprendizagem da leitura entre os 5 e

os 8 anos, na ortografia, na compreensão de textos e, portanto, nas aquisições escolares".

(BOREL-MAISSONY, 2008)

Segundo CNDEMARIAM, 1989, outras dificuldades de apropriação do

conhecimento podem fazer parte do universo dos disléxicos, entre elas figuram:

alterações da memória de séries e sequencias, dificuldade de orientação direita

esquerda, linguagem escrita, dificuldades em matemática, confusão com

relação às tarefas escolares, pobreza de vocabulário, carência de

conhecimentos prévios (memória de longo prazo), compreensão de textos, letra

irregular, fácil dispersão, falta de interesse por livros.

Percebe-se que o problema não é comportamental, psicológico, de

motivação ou social. É uma condição hereditária neurológica. Dislexia não é

uma doença é um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da

linguagem. Pessoas disléxicas são únicas; cada uma com suas características,

habilidades e inbalidades próprias (LARUCCIA, 2003).

Estudos realizados pela universidade de Helsinque, Finlândia, e do

Instituto Karolinska, na Suécia, dão conta de que entre três e dez por cento da

população mundial é afetada por esta perturbação na aprendizagem, cujo gene

DYXC1, pode ser um dos principais causadores. Coordenados por Juha Kere

e publicados na "Proceedings of the National Academy of Sciences", a

pesquisa conclui que “a dislexia é um problema genético complexo". No Brasil

a ABD (Associação Brasileira de Dislexia), diz que a porcentagem de

portadores pode ser ainda maior, chegando a 17% por cento da população do

planeta, uma vez que muitos dos casos passam despercebidos por aqueles

que estão em contato com os disléxicos, notadamente pais e escola. Afirma

ainda, que a dislexia é o transtorno de aprendizagem de maior incidência na

sala de aula. De acordo com a ABD, a dislexia pode ser associada ao

chamado analfabetismo funcional, pois a dificuldade de leitura e escrita é um

dos principais sintomas desta condição especial de alguns alunos.

O curitibano Fábio Luczynski viveu todos os dramas ligados à sua

condição de disléxico, sendo acusado de "manipulador" foi expulso de sua

escola. Sua família só conseguiu nos EUA a resposta que buscava para

entender as dificuldades de aprendizado do menino. Sua história está

contada no livro, "Dislexia: você sabe o que é?", escrito por ele e sua mãe.

Também em livro está a história autobiográfica de James J. Bauer, portador de

dislexia nos EUA, teve toda a sua infância e adolescência borbardeada pelas

incompreensôes ligadas a esse fenômeno, segundo ele, após tratamento

conseguiu aos 20 e poucos anos um nível de leitura de 8ª série, não sem antes

pensar várias vezes em suicídio, que só não ocorreu, graças às músicas de

Bob Dylan, especialmente "The times they are a changin" (Os tempos, eles

estão mudando), revela James. Tal e qual a música de Dylan que mudou a vida

deste jovem, assim está a educação e a história, mudando.

Diante desta breve escrita, nota-se que estamos perante

uma situação bastante complexa e ainda pouco pensada por nós educadores,

no entanto, não podemos nos furtar da necessidade de desenvolvermos

conhecimentos sobre a dislexia objetivando conhecer seus portadores,

melhorar os índices educacionais do estado e do país e ainda nossa relação

humana com aqueles que nos cercam.

O campo da história viu-se alargado nos últimos anos graças às

propostas de análises oferecidas pela "Escola dos Annales", fundada na

França em 1929, por Marc Bloch e Lucien Febvre, tendo como uma de suas

vertentes o aparecimento de historiadores que trabalham com a idéia de

representação histórica voltada ao estudo das doenças, como é o caso de

Jacques Le Goff. Portanto estabelecer uma ponte entre história e dislexia pelo

viés representacional é factível e pode conduzir um debate articulado entre a

ciência histórica e o trabalho pedagógico, com possibilidades de avanço para

ambos.

Referências:

BAUER, J. James. Dislexia: ultrapassando as barreiras do preconceito. 1ª

ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.

LUCZYNSKI, Bittencourt Zeneida. Dislexia: você sabe o que é? 1ª ed.

Curitiba; Ed. da autora, 2002.

LARUCCIA, M. Mauro (org). 1º Caderno de Projetos de Pesquisa em

psicopedagia. Faculdades Integradas Campos Sales, São Paulo, 2003.

CONDEMARIM, Mabel e Blomquist, Marilis. Dislexia: manual de leitura

corretiva. Porto Alegre: Artes médicas, 1989.

REUTERS, Público. PT - ciências. Gene DYXC1 associado à perturbação de

aprendizagem. Investigadores identificam características genéticas da

dislexia. Disponível em: www.associaçãobrasileiradedislexia. Acesso em:

10.05.2008.

SILVA. C.M. Evolução histórica do conceito de dislexia. Disponível em:

www.prof2000.pt/users/cmsilva/história.htm. Acesso em 30.04.2008.

PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

A história e a dislexia num contexto transdisciplinar: a idéia central deste

projeto é discutir na escola o tema da dislexia abordada à luz da história, no

campo historiográfico da Nova História, através das representações

socialmente construídas a cerca das doenças, objeto já clássíco no meio. Muito

embora o distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e

soletração chamada dislexia, não seja uma doença ela acaba se emoldurando

com uma série de esteriótipos que lembra a exclusão social e a incompreensão

de que eram vítimas pacientes da antiga lepra, da sífilis, da peste negra e mais

recentemente da AIDS. Nos últimos anos a história tem estabelecido um

frutuoso diálogo com outros saberes como a antropologia, a arte, a literatura, o

direito, a ecologia etc. Essa nova perspectiva permite realizar na escola um

trabalho transdisciplinar tanto do ponto de vista da sala de aula, quanto dos

outros fazeres pedagógicos e administrativos. A união disciplinar entre

história e dislexia, por si só, é um canal de interdisciplinariedade, no entanto é

possível ir além dessa correlação simplista, afinal como preconizam as

diretrizes curriculares do ensino médio,

"o princípio pedagógico da interdisciplinariedade é aqui entendido especificamente como a

prática docente que visa ao desenvolvimento de competências e habilidades, à necessária e

efetiva associação entre ensino e pesquisa, ao trabalho com diferentes fontes e diferentes

linguagens, à suposição de que são possíveis diferentes interpretações sobre temas/assunto.

Em última análise, o que está em jogo é a formação do cidadão por meio do complexo jogo dos

exercícios de conhecimento e não apenas a transmissão-aquisição de informações e

conquistas de cada uma das disciplinas consideradas isoladamente". (ORIENTAÇÕES

CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO, 2006, p. 68).

Como os portadores de dislexia podem ter seu desempenho escolar afetado

em disciplinas humanísticas e técnicas, o conhecimento sobre isso

deve necessariamente passar por todas as relações e mecanismos escolares,

já que espera-se que uma vez detectada pela escola casos desta perturbação

na aprendizagem, é preciso moblizar todas as instancias inseridas no

processo, pois alguns casos, dado sua profundidade, podem vir associado a

outras necessidades.

Portanto o viés interdisciplinar obtém-se a partir de uma prática docente

comum, na qual diferentes disciplinas e ofícios pedagógicos podem mobilizar-

se, ainda que com diferentes ênfases e abrangências, de maneira que cada um

dê sua contribuição para o enfrentamento da questão com vistas a ajudar

o "paciente", à compreender-se e desenvolver-se de acordo com suas

possibilidades e sua autonomia intelectual. Além das questões da

transdisciplinariedade, também o projeto político pedagógico (PPP), tem o

poder estratégico de unir o conjunto de profissionais da escola e a comunidade

para que se insiram no necessário processo de inclusão, conhecimento e

percepção de que a dislexia e outras dificuldades de aprendizagem devem ser

reconhecidas como condicionantes na formação dos alunos, e que portanto, a

idéia de que todos são iguais não é cabível, cada estudante é um todo

particular. Obviamente que diante da estrutura hoje posta na educação

brasileira e paranaense, essa tarefa é hercúlea, mas quando pensamos na

formação integral dos educandos e no nosso compromisso profissional, ela se

põe diante de nós como mais um desafio na busca por uma escola

verdadeiramente democrática, humanística e inclusiva. Para que isso ocorra a

interdisciplinariedade como conceito e prática é condição essencial.

REFERÊNCIAS:

BLOCH, Marc. A apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

LE GOFF, Jacques. As doenças tem história. 2ª ed. Lisboa: Terramar, 1997.

LE GOFF, Jacques e NORA Pierre (orgs.). História: novas abordagens. Rio

de Janeiro: Francisco Alves, 1979.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Orientações curriculares para o

ensino médio. Ciências humanas e sua tecnologias. Brasília: SECRETARIA

EXECUTIVA, 2006.

PARANÁ. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes

curriculares para o ensino médio. Curitiba: SEED, 2006.

CONTEXTUALIZAÇÃO

História, educação e reinvenção: os anos 80 e 90 foram marcados na

América Latina pela invasão das políticas neoliberais capitaneadas por

Margareth Tatcher da Inglaterra e Ronald Reagan dos EUA, que preconizava a

idéia de que o mercado teria condições de aparar diferenças sociais e

econômicas e ainda se auto-gestar, cabendo ao "estado mínimo" apenas um

papel administrativo, da "mão invisível do mercado", no dizer de Adam Smith,

quando em 1776 publica "A riqueza das nações", mais profunda obra do

liberalismo clássico, (HUNT & SHERMAN, 1977, p. 60). Essa ideologia

mercadológica acabou chegando em diferentes setores sociais, e a educação

não escapou disso. Daí assistirmos pelo continente uma onda de privatizações

dos serviços públicos e a ascensão dos intelectuais defensores dos preceitos

do neoliberalismo na educação. Idéias como "aprender a aprender",

"competências e habilidades", formação para o mercado e a pouca relevância

da figura do professor, marcavam as políticas educacionais, que encontrou em

Newton Duarte, um rigoroso crítico em textos como "As pedagogias do

aprender a aprender e algumas ilusões da assim chamada sociedade

do conhecimento" e "Pela superação do esfacelamento do currículo realizado

pelas pedagogias relativistas". Esse quadro sombrio passa a mudar no início

do século XXI com a chegada ao poder de políticos brotados do meio popular e

sindical. Por sua vez, a educação também acompanha tais mudanças.

Forçados pelas organizações populares e profissionais, os novos dirigentes

colocam em prática programas que buscam resgatar o valor da educação e da

escola pública, ainda que esta continue servindo ao mercado. Os discursos

ficaram repletos de pautas, como, "escola pública de qualidade e gratuita",

"inclusão", "escola democrática", discursos esses que aos poucos vem

tornando-se realidade, muito embora estejamos ainda no início do percurso,

afinal décadas de descaso precisam de outras décadas para se chegar aos

avanços desejáveis pela comunidade.

No Brasil, os índices oficiais que medem a educação mostram que temos

problemas no ensino, na aprendizagem, na qualificação dos professores, nas

questões salariais e estruturais, entre outros. De acordo com o IDEB (Índice de

desenvolvimento da educação básica), a média nacional saltou de 3,8 em

2005, para 4,2 em 2007, isso revela nossa carência, mas ao mesmo tempo

estampa o compromisso do estado e dos profissionais da educação em lutar

para que o preceito constitucional de educação de qualidade para todos seja

atingido. Neste sentido precisamos atentar para importância de conhecer

cientificamente o espaço escolar e todas as suas vicissitudes, enfrentar

questões como a evasão, a repetência, o bulling, a violência a que é submetida

os prédios escolares e seus ocupantes, o financiamento da educação, a saúde

cognitiva dos nossos alunos, são temas presentes e urgentes. Entre tantos

condicionantes que possibilitem avanços no nosso quadro educacional, abrir

um diálogo a cerca da dislexia e suas implicações no desempenho escolar de

seus portadores, vem de encontro ao momento presente, em que o tema

educação sai do discurso e passa a fazer parte do "chão da escola" mais

solidamente. Paulo FREIRE (2000), fala da necessidade de aperfeiçoarmos o

processo de humanização nas relações escolares, e não o contrário, que

constitui uma distorção e que se transforma num processo de desumanização.

Atentar para a saúde física e intelectual dos nossos alunos é praticar o que

ensina este clássico pensador das questões da educação e da vida. Á medida

em que nos tornamos mais atentos às múltiplas realidades presentes na

espaço da sala de aula, até mesmo o processo de avaliação pode tornar-se

mais justo e coerente, fazendo o ofício pedagógico realizar-se na sua plenitude,

escapando de uma postura ainda muito centrada no senso comum, na

"piedade", ou num rigor muitas vezes incompreendido.

O século XXl está a pedir um novo ser humano, cujos compromissos

estejam centrados num comportamento de responsabilidade existencial, para

mantermos a vida no planeta. Neste contexto a escola exerce um papel

fundamental, pois é o centro da resistência e da crítica á sociedade capitalista

egoísta e concorrencial, e para que o trabalho de superação deste estado

possa ter algum tipo de êxito, conhecer integralmente nossos alunos e todas as

nuances presentes na dialética do ensino e aprendizagem faz-se urgente e

necessário. Para muito além do repasse de conhecimentos socialmente

construídos a instituição escolar carece de perceber seus integrantes como

seres humanos únicos e complexos, portadores de múltiplas inteligências e

carências e que esperam ser compreendidos pelos mecanismos

pedagógicos hoje disponíveis no ambiente escolar e por possíveis outros que

possamos inventar.

Referências:

DUARTE, N. Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilusões?

Campinas: Autores Associados, 2003.

FREIRE, P. Política e Educação: ensaios. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2000.

HADDAD, F. Petróleo e qualidade da educação. Folha de São Paulo, São

Paulo, 31 de Ago.2008. Disponível em http://www.folha.com.br Acesso em 31

Ago. 2008.

HUNT, E. K. & SHERMAN, H. J. História do pensamento econômico. 8ª Ed.

Petrópolis: Vozes, 1990.

SUGESTÕES DE LEITURA

Uma abordagem histórica das representações sociais de saúde e doença Gil Sevalho

Gil Sevalho, médico, professor e pesquisador, publica este texto no "Cadernos de saúde pública" do Rio de Janeiro, apresentando o tema ancorado nas propostas teóricas da "Escola dos Annales" e numa sólida bibliografia. Simbolismo e imagens que dão vida à realidade e movimentam os corpos e as ambiquidades humanas, são apontadas pelo autor como caminhos para se entender as representações sociais e mentais socialmente construídas em torno das doenças. Como tem acontecido no movimento recente da história, ela dialóga com outros saberes e passa a ser parte deles também, numa via de

mão dupla. Sevalho nos garante isso com o rigor acadêmico e o olhar da longa duração presente nas duas ciências.

Disponível em: http://www.scielo.org.br

Referência: SEVALHO, G. Uma abordagem histórica das representações sociais de saúde e doença. Disponível em: <http://www.scielo.org.br>. mai. 2008.

Uma história brasileira das doenças Dilene Raimundo & Diana Mual Nascimento & Carvalho

Composto por uma série de textos que abordam o tema da história e doença sob vários aspectos, que circulam a história, a medicina, a imprensa e a historiografia. Com texto claro e prático, trata-se de uma excelente iniciação para aqueles que pretendem ter como objeto de estudos as doenças. Outro rico aspecto da obra são suas referências bibliográficas tanto nacionais quanto internacionais, que dão ao interessado inúmeras possibilidades de leituras e análises.

Referência: NASCIMENTO & CARVALHO, D. R. &. D. M. Uma história brasileira das doenças. 1. ed. Brasília: Paralelo 15, 2004.

A morte anunciada Monique de Siqueira Gonçalves

A revista de história da biblioteca nacional é uma ótima referência à professores e alunos, pois trata-se de uma produção científica, cujo conselho editorial é formado por influentes e renomados historiadores que selecionam artigos de temas variados a cerca da história, inclusive com um espaço para educação. Trata-se de uma ferramenta muito adequada para que o professor de história se mantenha ao par das mais recentes discussões do campo historiográfico. O artigo de Monique De Siqueira Gonçalves analisa a epidemia de febre amarela que assolou o povo carioca em 1850, e que gerou distúrbios e todo o tipo de imcompreensões e representações caricatas.

Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br

Referência: GONÇALVES, M. de S. A morte anunciada. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, v.27, n.3, p.38 - 41, dez. 2007.

Dislexia: você sabe o que é ? Zeneida Luczynsk

O livro narra a história de Fábio Luczynski um aluno portador de dislexia e que sofreu durante sua vida escolar uma série de incompreensões e preconceitos por sua condição, só vindo a ter um diagnóstico de sua necessidade nos EUA. Está história é reveladora no que tange tanto a incidência de casos de dislexia na escola, tanto quanto a carência dos profissionais e do sistema da educação em lidar com está questão. Fábio relata que chegou a ser expulso da escola em que estudava, acusado de ser "manipulador". Esta obra é uma boa iniciação para quem pretende conhecer e entender um pouco o que seja a dislexia.

Referência: LUCZYNSKI, Z. Dislexia: você sabe o que é?. 1. ed. Curitiba: da autora, 2002.

As doenças tem história Jacques Le Gof

Trata-se de uma coletânea de escritos sobre doenças realizadas por historiadores e médicos franceses, ainda inédita no Brasil. Alojada no campo da história cultural, o livro apresenta o tema das doenças no seu contexto histórico, pelo viés representacional ou mental, tendo como personagem as massas anônimas e suas maneiras de pensar, sentir, amar, trabalhar e agir. Também relata o nascimento da medicina, através das práticas da magia, das lições dos gregos até o surgimento de uma medicina científica com Pasteur.

Referência: LE GOFF, J. As doenças tem história. 2. ed. Lisboa: Terramar, 1997.

Apologia da História ou o ofício do historiador March Bloch

Obra fundamental para discussões a cerca da teoria da história, escrita por um dos fundadores da Escola dos Annales, que foi fuzilado pelos nazistas em 1944. O leitor descobrirá o trabalho de um historiador que afirma o interesse e a legitimidade de estudos no campo da ciência social histórica a partir de reflexões conceituais, bem como uma abordagem ética do ofício profissional. Obra inacabada, devido sua execução, que tal e qual a história, possibilita imaginação e reivenção permanentes.

Referência: BLOCH, M. Apologia da História ou o ofício do historiador. 1. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

Livro: João, preste atenção!

Este livro que fala da dislexia numa linguagem infantil, está disponível tanto para leitura on-line, quanto para fazer download, no seguinte endereço: www.dislexia.org.br ou [email protected]

Disponível em: http://www.dislexia.org.br

Referência: Livro: João, preste atenção!. Disponível em: <http://www.dislexia.org.br>. nov. 2008.

PROPOSTA DE ATIVIDADE

Conhecimento e pesquisa

Introdução: de caráter teórico prático, esta atividade tem por objetivo discutir

com os alunos as representações sociais criadas em torno de algumas

doenças, suas implicações e como entender isso numa perspectiva humanista.

Desenvolvimento: dividir a turma em 5 grupos livres e a seguir distribuir

textos em que esteja presente o tema da representação social acerca da AIDS,

lepra (hoje hanseníase), sífilis, peste negra e dislexia. Os textos poderão ser

literários, médicos, acadêmicos, jornalísticos, relatos e histórias vividas.

Distribuir os textos (sorteio ou opção do professor ou dos alunos), com um

tema para cada grupo e um texto idêntico para cada membro. A seguir explicar

a atividade, que consistir-se-á numa leitura, inicialmente no grupo, e

depois uma apresentação aos demais grupos. Depois da apresentação de

cada grupo o professor deverá fazer as observações que julgar necessário e

estabelecer um diálogo com todos. O desenvolvimento ocupará de duas a três

hora-aula.

Avaliação: ao final das apresentações o professor proporá uma atividade de

pesquisa notativa. Como uma das mais antigas representações das doenças

está ligada à magia, pede-se que cada grupo pesquise junto aos seus amigos,

vizinhos, familiares, parentes e na internet receitas de simpatias, orações,

promessas, mezinhas, que visam curar usando os aspectos mágicos

imemoriáveis da convivência humana.

DESTAQUES

Neste espaço apresentamos uma sugestão de diagnóstico da dislexia que

pode ser usado pelos pais e pela escola, como forma de observar o

desempenho escolar e as atitudes do aluno (a) e perceber possíveis sinais da

presença desta condição especial. Este teste foi elaborado pelo professor de

língua portuguesa e linguística da Universidade do Vale do Acaraú, Vicente

Martins, com base na psicopedagogia. Acompanha também uma série de

indicações de leituras sobre o tema.

PARA UM DIAGNÓSTICO INFORMAL DA DISLEXIA

Vicente Martins [email protected]

FICHA INDIVIDUAL DE OBSERVAÇÃO DE ALUNOS COM DIFICULDADES DE LEITURA.

Nome da escola: Idade: Nível de ensino: Modalidade escolar: Observações: Assinale nos quadrinhos abaixo, as observações verificadas na escola pelos professores ou em casa pelos pais, quanto ao desempenho escolar e atitudes do aluno (a).

(S)para SIM (N) para Não.

Assinale um X no quadrinho [?] no caso de dúvida

I - SINTOMATOLOGIA ESSENCIAL:

[ ] [ ? ] Tem oito anos ou mais.

[ ] [ ? ] Tem atraso na leitura de dois ou mais anos com relação às crianças da mesma idade

[ ] [ ? ] Sua velocidade na leitura é inferior a 50/60 palavras por minuto. [ ] [ ? ] Comete erros freqüentes na leitura (omissões, substituições, inversões

de fonemas - vogais e consoantes sonoras) [ ] [ ? ] Sua compreensão de texto é muito pobre.

[ ] [ ? ] Seu quociente de inteligência (Q.I) é normal ou superior. [ ] [ ? ] Não apresenta perturbação sensorial.

II - SINTOMATOLOGIA ASSOCIADA:

[ ] [ ? ] Apresenta um baixo rendimento na área de ortografia. [ ] [ ? ] Tem um rendimento baixo no cálculo matemático, especialmente a

multiplicação. [ ] [ ? ] Apresenta movimentos involuntários associados, especialmente

quando lê e escreve) [ ] [ ? ] Não gosta de ir à escola (Fracassa nas avaliações parciais, não gosta

do meio escolar, falta de motivação para aprendizagem) [ ] [ ? ] Apresenta ansiedade e medo na hora de ler em voz alta.

[ ] [ ? ] Apresenta erros freqüentes na escrita (omissões, substituições, adições e inversões de letras)

III - FATORES DE PRÉ-DISPOSIÇÃO PARA DISLEXIA:

[ ] [ ? ] Apresenta problemas de lateralidade: esquerdo-direita, acima - abaixo [ ] [ ? ] A Escola em que estuda não tem métodos eficientes e professores

habilidades. Diversas formas de dispedagogias ( Método ruim, professor desqualificado)

[ ] [ ? ] Os professores têm detectado mais ou menos rápidos as dificuldades de leitura do (a) aluno(a)

[ ] [ ? ] Não há uma orientação pedagógica ou Psicopedagógico adequada, na escola, para a reeducação lingüística do(a) aluno(a)

[ ] [ ? ] Sua aprendizagem de leitura e escrita foi precoce, isto é, a verificou-se no período da educação infantil..

[ ] [ ? ] O(a) aluno(a) tem apresentado alterações na fala (articulação de fonemas e palavras), baixo nível de vocabulário, pobreza de expressão

oral e se comunica mais com gestos. [ ] [ ? ] O meio familiar é desfavorável à aprendizagem da leitura. [ ] [ ? ] Verificam-se dificuldades semelhantes em familiares. [ ] [ ? ] Seu esquema corporal não é adequado à sua idade.

[ ] [ ? ] Apresenta dificuldades de concentração ou atenção durante as atividades escolares, na escola e em casa.

[ ] [ ? ] Apresenta problemas de conduta escolar (indisciplinado, troca de escolas, escolaridade insuficiente, distorção série/idade e internações)

IV - DIFERENCIAIS IMPORTANTES

[ ] [ ? ] Não existe diagnóstico nem evidência médica de retardo mental [ ] [ ? ] Não existe diagnóstico nem evidência médica de transtorno

neurológico [ ] [ ? ] Não existe diagnóstico nem evidência fonoaudiológica de problemas

de audição. [ ] [ ? ] Não existe diagnóstico nem evidência médica de defeitos de visão

V - CRITÉRIOS PARA UM DIAGNOSTICO INFORMAL

(Psicopedagógico).

[ ] [ ? ] Apresenta dificuldade importante de leitura para captar sentido a partir da leitura de textos escolares.

[ ] [ ? ] O rendimento na leitura é surpreendente menos do que o esperado,

dada sua escolarização e o rendimento geral em outras áreas lingüísticas e escolares.

APRESENTAR OUTRAS INFORMAÇÕES QUE SÃO CONSIDERADAS RELEVANTES

A quantidade de resposta "SIM" determina o grau de dislexia encontrado.

LEIA TAMBÉM Letramento: onde, como e por que foi criado este termo? Letramento versus Alfabetização Para Um Diagnóstico Informal da Dislexia Dislexia e Maus-Tratos Infantil Como descobrir uma criança disléxica Dislexia: Uma Doença da Classe Média

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Vicente Martins Professor Assistente de Língua Portuguesa e Lingüística dos Cursos de Letras e Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Graduado e pós-graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) com mestrado em Educação e área de concentração em política educacional, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Coordena, desde 1995, o Núcleo de Estudos Lingüísticos e Sociais (NELSO/UVA).

SÍTIOS

Psicopedagogia

http://www.psicopedagogiabrasil.com.br

Este site de caráter acadêmico, apresenta sugestões de textos e livros tratando

de todos os temas correlatos à psicopedagogia, ciência que busca conhecer e

tratar os distúrbios de aprendizagem , entre eles a dislexia. Também é possível

acessar trabalhos acadêmicos como, dissertações e teses.

Acessado em: Mai/2008

Pedagogo Brasil

http://www.pedagogobrasil.com.br

O site possibilita acessar inúmeras informações a cerca do campo pedagógico,

tanto em discussões sobre o ensino, quanto sobre a aprendizagem. Nele é

possível visualizar vários textos cuja temática é a dislexia.

Acessado em: Mai/2008

Eduque: http://www.eduquenet.net

Este site é composto por variados temas, todos ligados à educação, desde

informações sobre vestibulares, textos, compras de produtos e ainda uma

proposta informal de detecção da dislexia, além de escritos sobre o tema.

Acessado em: Nov/2008

Associação Brasileira de Dislexia

http://www.dislexia.org.br

Trata-se do site oficial da associação em que é possível acessar textos,

entrevistas, livros, depoimentos e outros sites tratando do tema, bem como

adquirir obras literárias e participar de cursos sobre a dislexia.

Acessado em: Nov/2008

Dislexia

http://www.dislexia.com.br:

Este site também trás variadas informações e dicas de livros que tratam da

questão da dislexia, suas implicações e possibilidades de detectá-la, tanto na

escola como na família.

Acessado em: Mai/2008

PARANÁ

Um caso de dislexia em Curitiba

Fábio Luczynski, estudante e portador de dislexia foi vítima da ausência

do debate e do desconhecimento a cerca deste transtorno de

aprendizagem que ocorre em nossas escolas, a ponto de ser expulso da que

estudava em Curitiba. Sua trajetória deu origem ao livro "Dislexia: você sabe o

que é?", escrito por sua mãe Zeneida Luczynski, que só descobriu o que

ocorria com seu filho após procurar ajuda nos EUA. Esta é uma prova

inequívoca de que a dislexia esta muito presente no cotidiano da escola, porém

ausente e incompreendida na cultura escolar do Paraná e do Brasil. Importar-

se com ela é mais um desafio que nos é legado.

Fonte: WWW.dislexia.com.br. Acessado em: Nov. 2008.

NOTÍCIAS

1 - Esta matéria mostra alguns estudos sobre a dislexia feitos na Universidade

de Helsinque, na Finlândia e no Instituto Karolinska, na Suécia. Fazendo

experiências comparativas os pesquisadores concluem que a dislexia "é um

problema genético complexo".

Gene DYXC1 associado à perturbação de aprendizagem Investigadores identificam características genéticas da Dislexia

O gene DYXC1 pode ser um dos principais causadores da dislexia, uma perturbação da aprendizagem que afecta entre três e dez por cento da população mundial, concluíram investigadores da Universidade de Helsinque, Finlândia, e do Instituto Karolinska, na Suécia, que associam os problemas no funcionamento deste gene ao surgimento da perturbação. A principal conclusão dos cientistas é que "a dislexia é um problema genético complexo". A dislexia é a mais comum das perturbações da aprendizagem nas crianças e no meio escolar é um problema que se manifesta frequentemente, obrigando ao acompanhamento especial dos alunos em causa. Caracteriza-se pela dificuldade em reconhecer e ler palavras, mas em nada está relacionada com a inteligência do paciente, sabendo-se que os disléxicos utilizam uma área diferente do cérebro para processar a informação. A perturbação é sobretudo um problema do sexo masculino. Estudos de prevalência da dislexia evidenciam que entre 70 e 80 por cento dos disléxicos são homens, apesar de dados mais recentes apontarem para uma equiparação entre os dois sexos. Até aqui sabia-se que a dislexia teria um caracter genético, porque é própria de determinadas famílias, mas a investigação dos cientistas suecos e finlandeses lançou nova luz sobre esta perturbação da aprendizagem. O objetivo era encontrar as diferenças genéticas que estão na origem da dislexia para chegar às suas causas e, a partir daí, ajudar os disléxicos a ultrapassarem o problema com mais facilidade. A equipa liderada por Juha Kere centrou-se numa família cujo pai teve"profundas dificuldades em ler e escrever na escola" mas que hoje é um adulto empregado e cujos três filhos sofrem do mesmo problema. Depois, 20 famílias finlandesas sem qualquer relação entre si foram comparadas, tendo no seu seio 58 pessoas disléxicas e 61 sem qualquer problema de aprendizagem. A família número 1 foi alvo de testes e detectou-se que o gene DYXC1 estava fendido e noutra família identificou-se um "sinal stop", como descrevem os investigadores, no mesmo gene. A anomalia faz com que as células cerebrais produzam uma versão mais limitada da proteína do gene, única do género. Assim,"concluímos que o DYXC1 deve ser visto como um gene candidato (na origem) da dislexia de desenvolvimento", escrevem os cientistas na "Proceedings of the National Academy of Sciences", onde o estudo foi publicado. Contudo, frisam, o gene não explicará, ao que tudo indica, todos os casos de dislexia, pois esta é uma deficiência complexa cujas características genéticas só agora começaram a ser estudadas. Mas se "mesmo um aumento modesto no risco" da perturbação vir a surgir é classificado como" interessante" pelos peritos. Do gene sabe-se ainda que pode estar envolvido no controle do "stress" por parte das células, mas o DYXC1 tem ainda de ser alvo de estudos aprofundados para se apurar, concretamente, qual a sua função.

Fonte: Reuters, Publico.PT - Ciências 26-08-2003

Disponível em: http://www.dislexia.org.br

Referência: Gene DYXC1 associado à perturbação de aprendizagem. Reuters, São Paulo, p.21 - 22, mar. 2003.

2 - Publicada no caderno B do jornal, voltado para a escola, está matéria tem

um texto bastante coerente sobre o que hoje se sabe sobre a dislexia, a

ausência da palavra doença é um indicativo disso. Apresenta alguns índices da

incidência dela na escola, com a sua respectiva fonte. Também algumas

possibilidades de como o professor (a) pode percebê-la em sala de aula, no

entanto o diagnóstico de dislexia deve ser dado por uma equipe

multidisciplinar, e não somente pelo pedagogo (a), como aparece no texto. A

chamada da matéria é ao mesmo tempo, um convite e um alerta.

Professor: A dislexia pode ser percebida em sala de aula

A dislexia é um dos distúrbios ou transtornos de aprendizagem mais frequentes em sala de aula. Alunos com dificuldades de aprendizagem em relação à leitura, soletração e escrita exigem maior atenção de pais e professores porque podem se tratar de crianças disléxicas e que precisam ser avaliadas por uma equipe específica e multidisciplinar.

Longe de ser um distúrbio relacionado à má alfabetização, desmotivação, baixa inteligência, ou às más condições socioeconômicas, a dislexia é muito mais comum do que se imagina. Estimativas da Associação Brasileira de Dislexia (ABD) ilustram que entre 5% e 17% da população mundial é disléxica.

O mais correto ao perceber que a criança ou pré-adoslescente apresenta algumas das dificuldades citadas abaixo é procurar por uma pedagoga para avaliar a forma de tratar o aluno com dislexia. Vale destacar que a dislexia é fruto de condições genéticas e hereditárias.

COMO PERCEBER A DISLEXIA EM IDADE ESCOLAR?

Os profissionais da ABD alertam para os seguintes sintomas:

- O aluno tem letra feia;

- Dificuldade para decorar seqüência, percebida principalmente em relação ao aprendizado da matemática;

- Memória de curto prazo ruim e desorganização;

- Não consegue seguir a indicação de caminhos;

- Não compreende bem textos escritos e não consegue aprender outras línguas;

- Desatenção e dispersão durante as aulas;

- A criança enfrenta dificuldade para copiar o que está escrito no quadro;

- Podem ser percebidos problemas em atividades como desenhar, pintar e dançar;

- Vocabulário pobre;

- Dificuldade em nomear objetos.

Fonte: Jornal PáginaUm, de Castro - Pr, Caderno B (Jornal na Escola). 24/04/2008, p.01.

Referência: RIOS, A. Professor: A dislexia pode ser percebida em sala de aula. Página Um, abr. 2008. p.1, coluna 6.

3 - Esta notícia chama a atenção por duas razões principais: uma dela é de

que a matéria da conta de que 30% dos estudantes paranaenses são

portadores de dislexia. Embora esse número não venha acompanhado de uma

fonte, pode-se por meio dele observar a incidência marcante desta condição no

meio estudantil do Paraná. Um segundo aspecto é a referência à dislexia como

doença. Sabe-se hoje que ela não é encarada como doença pelos médicos e

psicopedagogos que tratam do tema, e sim uma condição cerebral específica,

ou um transtorno de aprendizagem, no entanto, esta representação está

presente no imaginário coletivo o que torna o problema e a vida do disléxico

ainda mais complicado. Mostra também que o nível de informação e

conhecimento sobre a dislexia ainda é muito pequeno no meio social, logo

também refletindo na escola. Notícias como está são reveladoras, no que tange

à incipiente discussão nas instâncias educacionais sobre a dislexia e ao

mesmo tempo é um convite à reflexão e à ação.

tudoparana.globo.com/gazetadopovo/controle/impressao.phtml?id=119003&local=n

SAÚDE | Doença afeta cerca de 30% dos alunos paranaenses, mas não existem registros sobre eles Dislexia, uma doença ainda desconhecida Livro inédito no país é lançado em Curitiba e conta a história de Fábio, um portador

Jorge Javorski Cerca de 30% dos alunos paranaenses são portadores de dislexia, doença hereditária que interfere no registro, processamento da informação ou na elaboração da resposta. Não se sabe, porém, onde estão esses pacientes, pela completa desinformação. O disléxico curitibano Fábio Luczynski, chegou a ser expulso de uma escola por não ser compreendido. Sua mãe, a dona de casa Zeneida Luczynski, de 67 anos, transformou a história do filho em uma bandeira. E redigiu o primeiro livro brasileiro destinado inclusive a especialistas sobre a dislexia. O histórico escolar do aluno disléxico é muito semelhante. Como 80% deles têm sérias dificuldades para ler, são constantemente repreendidos pelos professores. Não conseguem entender como alguém que esteja acima da média em matemática, tenha sérias dificuldades de alfabetização, escrevendo palavras ininteligíveis ou não conseguindo ler uma linha sequer. Por causa disto, o disléxico é acusado de ser desorganizado e esquecido. Professores o definem como preguiçoso e o repreendem por isto.

Fábio Luczynski, 29 anos, passou por todos estes dramas. Por isto, pode servir como personagem para qualquer disléxico, pois sua história assemelha-se à de muitos portadores. Com uma diferença: quando ele ainda era garoto, sua família só conseguiu nos Estados Unidos as respostas que buscava para entender as dificuldades de aprendizado do menino. Fábio tem uma memória privilegiada, não esquece de importantes fatos de sua infância e até hoje se emociona ao se lembrar do dia em que uma junta médica diagnosticou que ele era disléxico. O exame passou a ser sua "arma". A partir dos traumas que viveu, incluindo a expulsão de uma escola que o considerava "manipulador", decidiu ajudar a mãe a escrever o livro "Dislexia, você sabe o que é?" Sua história o transformou num "coadjuvante da dislexia". E o "bode expiatório" para impedir que outros pacientes vivam o drama do qual ele foi vítima. Para escrever o livro, sua mãe viajou sete vezes aos Estados Unidos e aprendeu a pesquisar com os principais autores, mesmo não sabendo falar inglês. As referências do livro incluem os nomes de mais de 60 pesquisadores. Muitas obras foram todas traduzidas por Fábio, que tem leitura dinâmica e lê fluentemente o inglês. Dividida em duas partes, a obra começa relatando a vida de Fábio, com depoimentos ricos em detalhes. Depois, explica o que é a dislexia, aspectos do sentido da visão, problemas de integração visual e motora, dislexia e escola, dislexia e outras especialidades. E termina lançando o desafio para que seja criada na cidade uma associação de portadores. Para Zeneida, a associação representaria a palavra de esperança para fazer a doença ser conhecida e garantir a seus portadores o direito de cidadania.

© 2002 Rede Paranaense de Comunicação. Todos os direitos reservados.

Disponível em: http://www.dislexia.com.br

Referência: JAVORSKI, J. Dislexia, uma doença ainda desconhecida. Gazeta do Povo, mai. 2002. p.7, coluna 2.

4 - A matéria da conta que no estado de São Paulo, a Assembléia Legislativa

aprovou uma lei que obriga o governo estadual, a criar um programa nas

escolas públicas com vista a identificar e tratar os alunos portadores de

dislexia, desde 2007.

São Paulo, 02 de janeiro de 2007 Lei obriga Estado a criar programa em escolas para identificação e tratamento da Dislexia A nova lei tem como proposta detectar precocemente o distúrbio e viabilizar tratamento para os estudantes disléxicos. Foi promulgado pela Assembléia Legislativa dia 2 de janeiro, a lei 12.524/07, que obriga o Estado a criar o Programa de Identificação e Tratamento da dislexia nas escolas estaduais. De autoria da deputada Maria Lúcia Prandi (PT), a lei tem como proposta detectar precocemente o distúrbio e viabilizar tratamento para os estudantes disléxicos. A dinâmica de atendimento se dará por intermédio da parceria entre as secretarias estaduais da Educação e da Saúde criando equipes multidisciplinares com profissionais das áreas de psicologia, fonoaudiologia e psicopedagogia. A Associação Brasileira de Dislexia - ABD, que respaldou a criação do projeto de lei, acredita ser de suma importância a aprovação do mesmo, já que a maioria das escolas não estão aptas para identificar os sinais da dislexia, além de propor um atendimento multidisciplinar, fator de grande relevância para a identificação e tratamento de maneira correta.

Para mais informações: Marcio Zonta – Departamento de Relações Públicas www.dislexia.org.br / [email protected] Tel 11 3258-7568 / 11 3237-0809

Disponível em: http://www.dislexia.org.br

SONS E VÍDEOS

The times they are a changin Intérprete: Bob Dylan Compositor: Bob Dylan

Esta música ajudou o disléxico James J. Bauer a fugir do suicídio, segundo ele

relata em seu livro: "Dislexia: ultrapassando as barreiras do preconceito". É

possível ouvi-la na rádio uol. Abaixo segue tradução da canção de Bob Dylan.

Disponível em: http://www.uol.com.br/radio

OS TEMPOS, ELES ESTÃO MUDANDO: Venha se reunir povo por onde quer que andem E admitam que as águas que nos cerca se elevaram Aceitando isto Logo estaremos ensopados até os ossos Se o tempo para você vale salvar Então é melhor começar a nadar Ou você afundará como uma pedra Pois os tempos, eles estão mudando Venham escritores e críticos Que profetizam com suas canetas E mantenham os olhos abertos Que a chance não se repita E não fale cedo demais pois a roda continua girando E não há como saber quem será nomeado Pois o perdedor de agora Estará mais tarde a ganhar Pois os tempos, eles estão mudando Venham senadores, congressistas, respondam ao chamado Não aglomere na porta, não congestione o corredor Pois aquele que se machuca será aquele que atravanca Existe uma batalha lá fora urrando Logo ela estará sacudindo suas janelas E tremendo suas paredes Pois os tempos, eles estão mudando Venham mães e pais por toda a terra E não critiquem o que não consegues compreender Seus filhos e filhas Estão além de seu comando Sua velha estrada está rapidamente deteriorando Por favor saia da nova Se você não pode contribuir Pois os tempos, eles estão mudando A linha foi traçada, a maldição foi praguejada

O lento agora mais tarde será veloz E o presente agora mais tarde será passado A ordem rapidamente se desbota E o primeiro agora Mais tarde será o último Pois os tempos, eles estão mudando

Referência: Bob Dylan. Bob Dylan. Rio de Janeiro: Sony & BMG, 1993. 2-460907.