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Noções Gerais de Direito

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Noções Gerais deNoções Gerais de Direito Direito

IESDE Brasil S.A.Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1482. CEP: 80730-200Batel - Curitiba - PR. 0800 708 88 88 www.iesde.com.br

Fundação Biblioteca NacionalISBN 978-85-7638-750-3

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Eduardo Ganymedes Costa

1.ª edição

Noções Gerais deDireito

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© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

C837 Costa, Eduardo Ganymedes.

Noções Gerais de Direito/Eduardo Ganymedes Costa – Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2007.

260 p.

ISBN: 978-85-7638-750-3

1. Direito 2. Direito - Introdução 3. Direito - Ciência I. Título

CDD 341

IESDE Brasil S.A Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Todos os direitos reservados.

3.ª reimpressão

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Eduardo Ganymedes Costa

Especialista em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela Universidade São Judas Tadeu. Cursando especialização em Docên-cia no Ensino Superior pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID). Graduado em Direito pelo Centro Universitário das Faculdades Metro-politanas Unidas. Professor emérito da UNICID. Diretor do curso de Direito da UNICID. Professor especialista do Centro Universitário das Faculda-des Metropolitanas Unidas e Advogado.

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ário Introdução ao estudo do Direito

11

11 | Objetivo

11 | Definição

11 | Ordenamento jurídico

14 | Direito objetivo, subjetivo, elementos e relação de Direito

18 | Direito e moral

18 | Ramos do Direito

20 | Fontes do Direito

22 | Formas de integração do Direito

23 | A lei e sua formação

Da personalidade e capacidade jurídica, 31

do domicílio e bens

31 | Objetivo

31 | Personalidade da pessoa natural

31 | Personalidade da pessoa jurídica de Direito Privado

32 | Capacidade da pessoa natural

35 | Domicílio

36 | Diferentes classes de bens

Fato jurídico, ato jurídico e negócio jurídico 47

47 | Objetivo

47 | Fato e ato jurídico

48 | Negócio jurídico

48 | Defeitos do negócio jurídico

53 | Invalidação do negócio jurídico

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Contrato 63

63 | Objetivo

63 | Conceito e requisitos de validade

68 | Formação do contrato

70 | Interpretação do contrato

71 | Efeitos do contrato

71 | Extinção da relação contratual

78 | Espécies de contrato

Responsabilidade civil, prescrição 87

e decadência 87 | Objetivo

87 | Parêntese inicial

88 | Conceito de responsabilidade civil

89 | Função da responsabilidade civil

90 | Espécies de responsabilidade

90 | Responsabilidade contratual e extracontratual

90 | Responsabilidade subjetiva e objetiva

90 | Pressupostos da responsabilidade civil subjetiva

92 | Responsabilidade civil objetiva da Administração Pública

96 | Teoria da imprevisão

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ário 97 | Prescrição e decadência: noções gerais e causas

de extinção do Direito

98 | Conceito de prescrição

99 | Renúncia à prescrição

99 | Efeitos da prescrição

101 | Suspensão, interrupção e impedimento da prescrição

103 | Prazos prescricionais

104 | Imprescritibilidade

105 | Conceito de decadência e diferenças entre prescrição

105 | Decadência legal e convencional

105 | Prazos e situações de decadência

Noções de Direito Administrativo 119

e seus princípios 119 | Objetivo

119 | Introdução

122 | Conceito

126 | Relação com outros ramos do Direito

126 | Fontes do Direito Administrativo

126 | Interpretação do Direito Administrativo

130 | Sistema administrativo brasileiro

130 | Princípios de Direito Administrativo

Administração Pública 143

143 | Objetivo

143 | Introdução

147 | Estrutura administrativa

150 | Órgãos e agentes públicos

152 | Atividade administrativa

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153 | Poderes e deveres do administrador público

153 | Desvio e abuso de poder

Poderes administrativos e atos administrativos 161

161 | Objetivo

161 | Poderes administrativos: introdução

161 | Poder vinculado e poder discricionário

163 | Poder hierárquico e poder disciplinar

165 | Poder regulamentar

166 | Poder de polícia

170 | Atos administrativos: introdução

171 | Conceito

171 | Requisitos

174 | Atributos

175 | Motivação

176 | Invalidação

177 | Classificação

Licitação 187

187 | Objetivo

187 | Introdução

189 | Competência legislativa

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ário 190 | Princípios

193 | Objeto no procedimento licitatório

195 | Obrigatoriedade, dispensa e inexigibilidade

196 | Licitação dispensada

197 | Licitação dispensável

200 | Licitação inexigível

201 | Fases do procedimento licitatório

211 | Anulação e revogação

214 | Modalidades de licitação

Contratos administrativos 229

229 | Objetivo

229 | Noções preliminares

231 | Conceito

231 | Especificidades

237 | Controle do contrato

238 | Aplicação de penalidades

240 | Exceção do contrato não cumprido

241 | Interpretação

242 | Formação

245 | Definições

246 | Execução

246 | Inexecução

248| Revisão e rescisão

Referências 259

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IntroduçãoInstituições de D

ireitoO presente livro tem por finalidade transmi-

tir conhecimentos específicos e apropriados de Direito voltados para o curso de Administração.

A seleção dos ramos do Direito e seus con-teúdos programáticos estão atrelados às ne-cessidades do cotidiano na arte de administrar as organizações, no âmbito privado e público, levando-se ao discente o conhecimento neces-sário para tal desiderato.

Assim, houve a escolha do objeto na sedi-mentação de conhecimento na área do Direito Civil, de modo mais profundo, e parte específica, de maior interesse, no Direito Administrativo.

Nesse passo, busca-se a inserção do discente na ciência do Direito, com abordagem prelimi-nar no Direito objetivo, subjetivo, elementos e relação jurídica, engatando-se no fato jurídico e negócio jurídico, como base para a esfera con-tratual, em tema posterior, largamente vivido no cotidiano, embora sem percepção de seus elementos e alcance nas relações dos indivíduos, fechando-se com a extinção do Direito, com ênfase no instituto da prescrição e decadência.

Por fim, pela importância, a abordagem do Direito administrativo, com noções prelimina-res, administração pública, licitação pública e contratos administrativos, de alto interesse para o administrador, em um Estado Democrático neoliberal.

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Licitação

Objetivo

Transmitir para conhecimento e percepção uma matéria de grande inte-resse da atividade administrativa pertinente a licitação pública e, em tópico posterior o contrato administrativo originário da licitação, em regra, haja vista o interesse da atividade privada em contar com a Administração Pú-blica para o fornecimento de bens e prestação de serviços, emergindo daí a necessidade da apropriação do procedimento licitatório e os contornos específicos do contrato administrativo.

Introdução

A licitação é um procedimento vinculado que antecede o contrato admi-nistrativo, sendo um imperativo constitucional.

Art. 37, XXI, da CF: “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”

O procedimento aqui deve ser entendido como uma sucessão ordenada de atos administrativos, em fato de extrema importância para a compreen-são da anulação em caso de ilegalidade, pela própria Administração Pública (autoridade competente) ou pelo Poder Judiciário.

Na Administração Pública, observados os seus princípios, tudo deve advir de expressa previsão legal, na medida em que esta gere os interesses coleti-vos. Na qualidade de gestora possui deveres à semelhança de um gestor da atividade privada, como a atuação diligente, a busca da efetividade negocial, a eficiência e a eficácia, em prol da organização e seu objeto de atividade.

O procedimento licitatório ex lege, formado por fases estanques, com a finalidade de alçar a proposta mais vantajosa para o interesse da Adminis-tração Pública, não difere em muito dos procedimentos realizados pela Administração Privada, embora tenha esta liberdade de ação de contratar com quem bem queira e nas condições que entender satisfatória.

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Noções Gerais de Direito

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Na Administração Privada, o setor de compras possui procedimentos que antecedem a efetivação da aquisição de um determinado insumo. Em muitas, é necessária a cotação mínima de três fornecedores, com base em seu pedido (com a indicação das mercadorias, prazo de pagamento, data do fornecimento etc.), seguindo-se, do recebimento das cotações, a análise das propostas recebidas e a escolha da mais favorável no momento (nem sempre a de menor preço), passando-se para a etapa da verificação da exis-tência de recursos pelo financeiro e sua reserva interna, para somente após realizar-se a contratação.

Veremos, no decorrer deste ponto, que a escolha da proposta mais van-tajosa para a administração, embora em procedimento vinculado, nada mais é do que uma sucessão ordenada de atos administrativos, à semelhança do realizado pela administração privada.

O procedimento vincula tanto a Administração como os licitantes, não sendo isto característica própria do procedimento licitatório, na medida em que na esfera privada, realizada a proposta e aceitação (em suas condições e termos), de igual forma, o comprometimento de ambas as partes se apresenta, na forma do artigo 427 e seguintes do Código Civil e outras disposições pertinentes.

O que caracteriza o procedimento licitatório é a busca da proposta mais vantajosa para o interesse da Administração Pública, nas condições por ela proposta para alçar um determinado interesse público. Esta é quem, de modo unilateral, determina as condições exatas do fornecimento ou da execução de um determinado serviço, cabendo ao interessado licitante ofertar o preço do serviço ou do fornecimento com base nas exigências da Administração, não existindo aqui uma negociação pura como acontece no setor privado.

Assim, a finalidade central da licitação é a escolha da proposta mais vanta-josa para os interesses da administração (dentro das especificações necessá-rias para se atingir o interesse público almejado), através de um procedimento vinculante – tanto para a Administração Pública quanto para os licitantes. O licitante, mesmo sendo declarado vencedor (com a devida adjudicação do objeto da licitação – obra, serviço ou fornecimento) não possui direito ao contrato, exceto na hipótese de sua realização.

O procedimento licitatório se aplica a todos os Poderes e níveis de governo, em suas administrações direta ou indireta, na forma do artigo 1.º, da Lei 8.666/93.

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Licitação

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Art. 1.º - Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único – Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

O conceito e finalidade da licitação, segundo Hely Lopes Meirelles (2004, p. 266), “é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse”.

Segue o citado autor: “Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos.”

Marçal Justen Filho (2001, p. 309) define licitação como sendo: “um pro-cedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato administrativo prévio, que determina critérios objetivos de seleção da proposta de contra-tação mais vantajosa, com observância do princípio da isonomia, conduzido por um órgão de competência específica.”

Diógenes Gasparin (2006, p. 471) conceitua a licitação como “o procedi-mento administrativo através do qual a pessoa a isso juridicamente obrigada seleciona, em razão de critérios objetivos previamente estabelecidos, de in-teressados que tenham atendido à sua convocação, a proposta mais vanta-josa para o contrato ou ato de seu interesse.”

Por convergente entre diversos autores, a finalidade da licitação é dúplice: a proposta mais vantajosa e o resguardo dos interesses dos licitantes.

Competência legislativa

A competência para legislar em matéria de licitação e contratos adminis-trativos no que tange às normas gerais é da União, na forma do artigo 22, XXVII, da Constituição Federal.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

[...]

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1.º, III.

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Noções Gerais de Direito

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Aos Estados, Distrito Federal e Municípios, através de suas Câmaras Legisla-tivas, ficam reservadas a competência de fixar as normas particulares de seus respectivos interesses, observados os princípios gerais da norma federal.

Princípios

Pela importância e proficiência, abandonando posições da existência de dois princípios – o da igualdade entre os licitantes e o da livre concorrência, abarca-se os princípios ditados por Hely Lopes Meirelles (2004), como segue.

Igualdade entre os licitantes

Princípio informativo da impossibilidade de estabelecimento de condi-ções que impliquem em preferência em favor de determinado licitante em detrimento de outro, caracterizando desvio de poder.

O princípio da igualdade se mostra cristalino nos incisos do parágrafo 1.º do artigo 3.º da Lei 8.666/93:

Artigo 3.º [...]

§ 1.º - É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato;

II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de agências internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3.º da Lei n.º 8.248, de 23 de outubro de 1991.

Em virtude de interesse público, a Lei das Licitações (Lei 8.666/93) em seu artigo 3.º, parágrafo 2.º, prevê preferência em casos de igualdade de condições, como critério de desempate sucessivo em face de bens e serviços: (i) produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional; (ii) produzidos no País; (iii) produzidos ou prestados por empresas brasileiras e (iv) produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.

Cumpre, ainda, verificar a vedação legal de licitação de objeto que inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações

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Licitação

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exclusivas, salvo quando houver imperiosidade em virtude da técnica ou quando for na modalidade de regime de administração contratada, na forma do artigo 7.º, parágrafo 5.º, da Lei 8.666/93.

O princípio da igualdade deve ser examinado em face da finalidade do procedimento da licitação – a proposta mais vantajosa para o objeto de interesse público, a demandar o cuidado da eleição de capaz (tecnicamente e economicamente) para a sua realização. Desse modo critérios quanto ao capital social, de comprovação de técnica necessária para a execução do objeto da licitação, máquinas e equipamentos (de ativo fixo ou previamente contratadas) não fere o princípio em comento. Não seria crível permitir a participação de uma empresa de construção civil do mobiliário, sem experiência e técnica, para a realização da construção de uma hidroelétrica.

Legalidade

Que se sedimenta na prescrição de um procedimento vinculado, orde-nando aos administradores públicos a estrita obediência à lei posta em todas as suas fases e atos.

Impessoalidade e isonomia

Tratamento igualitário a todos os licitantes, observadas as condições es-tabelecidas para o pleito licitatório através de seu edital de convocação e lei respectiva, com observância de critérios objetivos.

Moralidade e probidade administrativa

Determinante de um comportamento lícito e moral, observadas as regras de boa administração e os princípios de justiça e de equidade.

Publicidade

A publicidade dos atos administrativos é corolário da Administração Pública, dando conhecimento dos atos praticados, devendo este ser espe-que no procedimento licitatório para o conhecimento dos atos praticados a todos os interessados, embora estes possuam o direito de fiscalização do procedimento em curso.

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Lei 8.666/93, art. 3.º, § 3.º - A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

Lei 8.666/93, art. 4.º - Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1.º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.

Vinculação ao instrumento convocatório

A vinculação ao instrumento convocatório está ínsito no procedimento licitatório em seus termos e condições, com obrigação imperial de cumpri-mento dos termos e condições nele indicados, sendo que qualquer modifi-cação no edital induz a reabertura da fase procedimental, exceto quando, de forma inquestionável, não alterar a formulação da proposta.

Segundo Hely Lopes Meirelles (2004), o edital é a lei interna da licitação, valendo transcrever aqui o artigo 41 da Lei das Licitações.

Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada.

Julgamento objetivo

Julgamento estritamente na forma dos critérios estabelecidos no edital de convocação, que é a lei interna da licitação, entendo-se que, na ausência da indicação, o julgamento deve ser feito pelo critério do menor preço.

O princípio resta patenteado na Lei das Licitações:

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

O julgamento objetivo vincula-se a critérios de julgamento definidos de acordo com o tipo ou modalidade de licitação, definidos no artigo 45 da Lei das Licitações, a saber: menor preço; melhor técnica; técnica e preço e de maior lance ou oferta (nos casos de alienação de bens ou concessão de di-reito real de uso).

Adjudicação compulsória

A palavra adjudicação tem o sentido de trazer para si o objeto da licitação, significando que a Administração Pública deve entregar ao real vencedor do

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Licitação

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pleito licitatório o objeto da licitação, na medida em que este preencheu todos os requisitos do pleito, salvo na desistência expressa ou não cumpri-mento do prazo para a assinatura do contrato (art. 64 da Lei das Licitações), devendo-se salientar que este princípio não gera direito ao contrato, emer-gindo este direito se o contrato for realizado.

Ampla defesa

A ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes em sede de apli-cação de penalidades e de desfazimento da licitação, conforme previsão legal (Lei 8.666/93, artigos 87 e 49, § 3.º).

Procedimento formal

Imperativo de obediência em face de todas as fases e atos do procedi-mento licitatório, não devendo ser entendido como formalismo nos atos a serem praticados, mas sim à perseguição das regras constantes do edital, nos regulamentos, nos cadernos de encargos e na lei.

Sigilo na apresentação das propostas

Decorre do princípio da igualdade, na medida em que as propostas devem ser mantidas sigilosas até o ato de sua abertura, propiciando assim a livre concorrência na busca da proposta mais vantajosa para o interesse da Administração Pública, sendo caracterizado, na sua quebra, em ilícito penal (Lei 8.666/93, art. 94).

Objeto no procedimento licitatório

O objeto em direito é onde incide a manifestação da vontade. O bem, a coisa, material ou imaterial.

Assim, o objeto da licitação é a obra, o serviço, a compra, a alienação etc.

Tratando-se de procedimento vinculado, onde a finalidade é a obtenção da proposta mais vantajosa e resguardo dos direitos dos licitantes, o objeto deve ser bem definido, sob pena de nulidade, confundindo-se com o objeto do futuro contrato, valendo para maior facilidade transcrever as definições postas na Lei 8.666/93.

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Noções Gerais de Direito

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Art. 6.º Para os fins desta Lei, considera-se:

I - Obra – toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta;

II - Serviço – toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;

III - Compra – toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente;

IV - Alienação – toda transferência de domínio de bens a terceiros;

V - Obras, serviços e compras de grande vulto – aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 desta Lei;

VI - Seguro-Garantia – o seguro que garante o fiel cumprimento das obrigações assumidas por empresas em licitações e contratos;

VII - Execução direta – a que é feita pelos órgãos e entidades da Administração, pelos próprios meios;

VIII - Execução indireta – a que o órgão ou entidade contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

a) empreitada por preço global – quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo e total;

b) empreitada por preço unitário – quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades determinadas;

c) (VETADO).

d) tarefa – quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais;

e) empreitada integral – quando se contrata um empreendimento em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas às finalidades para que foi contratada;

IX - Projeto Básico – conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos:

a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;

b soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem;

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Licitação

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c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorpo-rar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;

d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;

e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso;

f ) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados;

X - Projeto Executivo – o conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT;

XI - Administração Pública – a administração direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, abrangendo inclusive as entidades com personalidade jurídica de direito privado sob controle do poder público e das fundações por ele instituídas ou mantidas;

XII - Administração – órgão, entidade ou unidade administrativa pela qual a Administração Pública opera e atua concretamente;

XIII - Imprensa Oficial – veículo oficial de divulgação da Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for definido nas respectivas leis; (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994);

XIV - Contratante – é o órgão ou entidade signatária do instrumento contratual;

XV - Contratado – a pessoa física ou jurídica signatária de contrato com a Administração Pública;

XVI - Comissão – comissão, permanente ou especial, criada pela Administração com a função de receber, examinar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes.

Obrigatoriedade, dispensa e inexigibilidade

A obrigatoriedade da realização do procedimento licitatório é regra, exigência constitucional (art. 37, XXI), e, como visto, para todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), todos níveis de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios), abrangendo a administração direta e indireta (Autarquias, Fundações, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e outras entidades controladas pelo Poder Público).

Segundo ensina Hely Lopes Meirelles (2004, p. 271), o termo obrigatorie-dade tem duplo sentido: o da realização do procedimento e submissão à mo-dalidade prevista na lei, observado os princípios da moralidade e eficiência.

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Noções Gerais de Direito

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Entretanto, observada a utilidade do procedimento, por óbvio, considerados os princípios de administração pública, são previstos casos de dispensa, inexigibilidade e de vedação, como a seguir se expõe.

Grife-se aqui para a percepção ideal o termo utilidade para bem se enten-der as exceções da regra geral da obrigatoriedade.

Licitação dispensada

A dispensa se revela na absoluta desnecessidade do procedimento, estando as hipóteses no artigo 17, I e II, da Lei das Licitações e dos Contratos Administrativos.

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:

I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:

a) dação em pagamento;

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo;

c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;

d) investidura;

e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo; (Incluída pela Lei n.º 8.883, de 1994)

f ) alienação, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de interesse social, por órgãos ou entidades da administração pública especificamente criados para esse fim; (Incluída pela Lei n.º 8.883, de 1994)

II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:

a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;

b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública;

c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;

d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;

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Licitação

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e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;

f ) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.

§ 1.º Os imóveis doados com base na alínea “b” do inciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário.

§ 2.º A Administração também poderá conceder título de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação, quando o uso destinar-se: (Redação dada pela Lei n.º 11.196, de 2005)

I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer que seja a localização do imóvel; (Incluído pela Lei n.º 11.196, de 2005)

II - a pessoa física que, nos termos de lei, regulamento ou ato normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos mínimos de cultura e moradia sobre área rural situada na região da Amazônia Legal, definida no art. 2.º da Lei n.º 5.173, de 27 de outubro de 1966, superior à legalmente passível de legitimação de posse referida na alínea g do inciso I do caput deste artigo, atendidos os limites de área definidos por ato normativo do Poder Executivo. (Incluído pela Lei n.º 11.196, de 2005) (Regulamento)

[...]

§ 3.º Entende-se por investidura, para os fins desta lei: (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do valor cons-tante da alínea “a” do inciso II do art. 23 desta lei; (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelé-tricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

§ 4.º A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente justificado; (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 5.º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do doador. (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 6.º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea “b” desta lei, a Administração poderá permitir o leilão. (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

Licitação dispensável

A licitação tem a sua caracterização de licitação dispensável na faculdade da realização ou não da licitação, observado o interesse público almejado e

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Noções Gerais de Direito

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a utilidade do procedimento, previstas as hipóteses no artigo 24, I a X, da Lei das Licitações e dos Contratos Administrativos.

Art. 24. É dispensável a licitação:

I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;

IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;

VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;

VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;

VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;

X – para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;

XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

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Licitação

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XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos; (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público; (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade;

XVI – para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico; (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exigüidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta Lei; (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto; (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

XXI - Para a aquisição de bens destinados exclusivamente a pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico; (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão; (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

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XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica – ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida; (Incluído pela Lei n.º 10.973, de 2004)

XXVI - na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação. (Incluído pela Lei n.º 11.107, de 2005)

[...]

Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. (Redação dada pela Lei n.º 11.107, de 2005)

Licitação inexigível

A licitação inexigível se estriba na inexistência de competição entre os contratantes ou pelos objetivos pretendidos pela Administração Pública, es-tando as hipóteses elencadas no artigo 25 da Lei das Licitações e dos Contra-tos Administrativos.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

§ 1.º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

§ 2.º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

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Licitação

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Fases do procedimento licitatório

Como já visto, a licitação é um procedimento formal vinculado, realizada em uma sucessão ordenada de atos administrativos, sendo dividida em fases, para a consecução de sua finalidade na obtenção da proposta mais vantajosa para o interesse da Administração Pública, em um objeto perfeita-mente descrito.

O procedimento, assim, nada mais é do que uma sucessão ordenada de atos administrativos vinculantes, devendo-se repetir que este ponto é de suma importância para o entendimento do desfazimento da licitação por nu-lidade, atacando o ato nulo sem prejuízo dos legitimamente concretizados.

De início, o procedimento licitatório se divide em duas fases: a interna e a externa.

A fase interna está prevista no artigo 38 da Lei das Licitações e dos Contratos Administrativos, nascendo através de um determinado interesse da Admi-nistração Pública para a execução de sua finalidade prima, o bem comum.

Essa fase compreende aquelas diversas medidas de ordem administrativa necessárias ao regular desenvolvimento do processo de aquisição (do mate-rial, da obra, do serviço, enfim, daquilo que efetivamente está se objetivando), tais como a identificação, quantificação e delimitação do objeto, verificação e constatação de existência de previsão orçamentária etc., seguindo-se nas repartições públicas com uma cotação prévia para a apuração do desembolso a ser realizado, para daí verificar-se a existência de dotação orçamentária.

Nesse contexto, o processo interno é colocado à apreciação da autoridade competente que deve determinar a abertura do certame licitatório, indicar a modalidade da licitação na forma da lei, indicar o seu objeto e determinar o empenho.

Em regra, o seu desenvolvimento é conduzido por uma comissão de licitação, sendo o primeiro ato a elaboração do edital ou da carta convite, com a divulgação necessária para conhecimento público, através de publica-ção no Diário Oficial, jornais de grande circulação (em algumas modalidades) ou no átrio da Repartição Pública.

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Noções Gerais de Direito

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Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:

I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;

II - comprovante das publicações do edital resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;

III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite;

IV - original das propostas e dos documentos que as instruírem;

V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora;

VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigi-bilidade;

VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homologação;

VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e respectivas manifestações e decisões;

IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente;

X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso;

XI - outros comprovantes de publicações;

XII - demais documentos relativos à licitação.

Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

A fase externa se inicia com a divulgação do edital (modalidade concor-rência, tomada de preço, concurso, leilão) ou postagem na modalidade carta convite, seguindo-se a habilitação, o julgamento das propostas, a adjudica-ção e homologação pela autoridade competente.

O edital é o meio que a Administração Pública leva ao conhecimento geral a abertura do certame da licitação, ali fixando as condições de participação, e assim convocando os interessados a participarem do procedimento.

A publicação do edital pode ser resumida, devendo esta ser publicada no Diário Oficial e imprensa particular.

Segundo as lições de Hely Lopes Meirelles (2004, p. 281), “O edital, à se-melhança da lei, tem preâmbulo, texto e fecho. O preâmbulo é a parte in-trodutória, destinada a apresentar a licitação e identificar o órgão que a promove, devendo conter o nome da repartição interessada; o número do

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Licitação

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edital; a finalidade da licitação; o processo em que foi autorizada; a indicação da legislação que a rege; o local, dia e hora para recebimento das propos-tas e abertura dos envelopes com a documentação. O texto é o corpo e a parte fundamental do edital, por definir o objeto da licitação e estabelecer as condições de participação, o critério para o julgamento das propostas e os requisitos para a formulação do contrato. O fecho é o encerramento do edital, com as determinações finais sobre sua divulgação, data e assinatura da autoridade responsável pela licitação.”

O edital, por ser um ato administrativo, pode ser impugnado na forma do artigo 41 da Lei das Licitações e dos Contratos Administrativos, na existência de ilegalidade e afronta a qualquer princípio da licitação ou princípio geral de direito.

Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada.

§ 1.º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a Administração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no § 1.º do art. 113.

§ 2.º Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante a administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos envelopes com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá efeito de recurso. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 3.º A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o impedirá de participar do processo licitatório até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.

[...]

Do edital, em data marcada, ocorre a entrega do envelope da documen-tação e envelope da proposta.

A fase da habilitação se dá com o recebimento da documentação.

Essa fase tem caráter vinculado, na medida em que a lei estipula a docu-mentação a ser apresentada pelo participante objetivando verificar a perso-nalidade jurídica, a capacidade técnica, a idoneidade financeira e a regulari-dade fiscal, resultando na habilitação ou inabilitação.

O envelope da documentação (devidamente lacrado) deve ser apresen-tado de modo distinto do envelope da proposta (devidamente lacrado), haja vista que a abertura dos mesmos se dá em momentos distintos.

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Noções Gerais de Direito

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A documentação está prevista nos artigos 27 a 32 da Lei das Licitações e dos Contratos Administrativos.

Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a:

I - habilitação jurídica;

II - qualificação técnica;

III - qualificação econômico-financeira;

IV - regularidade fiscal.

V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7.º da Constituição Federal. (Incluído pela Lei n.º 9.854, de 1999)

Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá em:

I - cédula de identidade;

II - registro comercial, no caso de empresa individual;

III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus administradores;

IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;

V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir.

Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal, conforme o caso, consistirá em:

I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);

II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual;

III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei;

IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:

I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;

II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;

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Licitação

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III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;

IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso.

§ 1.º A comprovação de aptidão referida no inciso II do “caput” deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissio-nais competentes, limitadas as exigências a: (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

I – capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos; (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

II - (VETADO).

a) (VETADO).

b) (VETADO).

§ 2.º As parcelas de maior relevância técnica e de valor significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão definidas no instrumento convocatório. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 3.º Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.

§ 4.º Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação de aptidão, quando for o caso, será feita através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito público ou privado.

§ 5.º É vedada a exigência de comprovação de atividade ou de aptidão com limitações de tempo ou de época ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação.

§ 6.º As exigências mínimas relativas a instalações de canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico especializado, considerados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresentação de relação explícita e da declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de localização prévia.

§ 7.º (VETADO).

I (VETADO);

II (VETADO).

§ 8.º No caso de obras, serviços e compras de grande vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administração exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamente por critérios objetivos.

§ 9.º Entende-se por licitação de alta complexidade técnica aquela que envolva alta especialização, como fator de extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser contratado, ou que possa comprometer a continuidade da prestação de serviços públicos essenciais.

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Noções Gerais de Direito

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§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de comprovação da capacitação técnico-profissional de que trata o inciso I do § 1.º deste artigo deverão participar da obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se a substituição por profissionais de experiência equivalente ou superior, desde que aprovada pela administração. (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:

I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta;

II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;

III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no “caput” e § 1.º do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.

§ 1.º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 2.º A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1.º do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.

§ 3.º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a atualização para esta data através de índices oficiais.

§ 4.º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos assumidos pelo licitante que importem diminuição da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de rotação.

§ 5.º A comprovação de boa situação financeira da empresa será feita de forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo administrativo da licitação que tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e valores não usualmente adotados para correta avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes da licitação. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 6.º (VETADO). (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor da administração ou publicação em órgão da imprensa oficial. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 1.º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão.

§ 2.º O certificado de registro cadastral a que se refere o § 1.º do art. 36, substitui os documentos enumerados nos arts. 28 a 31, quanto às informações disponibilizadas em

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Licitação

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sistema informatizado de consulta direta indicado no edital, obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a superveniência de fato impeditivo da habilitação. (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

§ 3.º A documentação referida neste artigo poderá ser substituída por registro cadastral emitido por órgão ou entidade pública, desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em obediência ao disposto nesta Lei.

§ 4.º As empresas estrangeiras que não funcionem no País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações internacionais, às exigências dos parágrafos anteriores mediante documentos equivalentes, autenticados pelos respectivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado, devendo ter representação legal no Brasil com poderes expressos para receber citação e responder administrativa ou judicialmente.

§ 5.º Não se exigirá, para a habilitação de que trata este artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado, com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação fornecida.

§ 6.º O disposto no § 4.º deste artigo, no § 1.º do art. 33 e no § 2.º do art. 55, não se aplica às licitações internacionais para a aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja feito com o produto de financiamento concedido por organismo financeiro internacional de que o Brasil faça parte, ou por agência estrangeira de cooperação, nem nos casos de contratação com empresa estrangeira, para a compra de equipamentos fabricados e entregues no exterior, desde que para este caso tenha havido prévia autorização do Chefe do Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de bens e serviços realizada por unidades administrativas com sede no exterior.

A participação de empresas em consórcio exige:Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:

I - comprovação do compromisso público ou particular de constituição de consórcio, subs-crito pelos consorciados;

II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que deverá atender às condições de liderança, obrigatoriamente fixadas no edital;

III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua respectiva participação, podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos para licitante individual, inexigível este acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas assim definidas em lei;

IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na mesma licitação, através de mais de um consórcio ou isoladamente;

V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de execução do contrato.

§ 1.º No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, observado o disposto no inciso II deste artigo.

§ 2.º O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a constituição e o registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo.

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Noções Gerais de Direito

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Note que a formação do consórcio depende de uma série de requisitos para a sua validade e eficácia. O consórcio é a união de várias empresas, sendo uma responsável, para a consecução de um objeto de interesse público perfeitamente definido, com personalidade jurídica própria, distinta da dos consorciados. Como exemplo, pode-se citar a terceirização da admi nistração da malha rodoviária de um determinado Estado da Federação, através de consórcio de empresas, normalmente empreiteiras, com o objeto da exploração da administração de uma rodovia ou de parte dela, com uma série de obrigações a serem cumpridas, tais como a ampliação, atendimento ao usuário, assistência de remoção de veículos, atendimento médico etc.

Realizada a decisão da fase de habilitação, nasce o direito de recurso, com efeito suspensivo, na forma do artigo 109, parágrafo 2.º, da Leis das Licita-ções e dos Contratos Administrativos.

Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:

I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:

a) habilitação ou inabilitação do licitante;

[...]

§ 2.º O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade competente, motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva aos demais recursos.

A proposta é, em suma, a oferta feita pelo proponente com base estrita no interesse da Administração Pública veiculada no edital da Licitação.

A proposta vincula o proponente a partir da fase de habilitação, sem possibilidade de modificação, podendo este, entretanto, retirá-la antes da abertura do envelope da proposta com justo motivo e decorrente de fato superveniente.

Lei 8.666/93, Art. 43 [...]

§ 6.º Após a fase de habilitação, não cabe desistência de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão.

Na hipótese de ser desistente o licitante vencedor, a desistência implicará em sanções administrativas, sem prejuízo de perdas e danos, com liberação dos demais licitantes a partir da homologação, salvo se outro prazo não for estipulado para substituição eventual de licitante desistente.

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Licitação

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No julgamento ocorre a análise das ofertas realizadas, emergindo daí a classificação das mesmas, com a escolha do vencedor, observado o critério objetivo estabelecido no edital e, por via de conseqüência, o seu direito subjetivo à adjudicação.

O ato da abertura dos envelopes das propostas, à semelhança do da aber-tura da documentação, é publico, podendo o julgamento ser feito em reser-vado, com a devida publicação do resultado através do Diário Oficial.

Não obstante a abertura das propostas, com a análise de cada uma delas, pode o certame ser desclassificado na ocorrência de propostas inexeqüíveis, na análise objetiva de preços baixos ou altos, prazos de entrega inviáveis e outros, não se atendendo, assim, o cume da licitação que é a contratação de licitante idôneo e capaz de atender ao objeto licitado, conforme disciplinado na Lei das Licitações e dos Contratos Administrativos.

Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos por esta Lei.

[...]

§ 3.º Não se admitirá proposta que apresente preços globais ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salários de mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato convocatório da licitação não tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e instalações de propriedade do próprio licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

[...]

Art. 48. Serão desclassificadas:

I - as propostas que não atendam às exigências do ato convocatório da licitação;

II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou com preços manifestamente inexeqüíveis, assim considerados aqueles que não venham a ter demonstrada sua viabilidade através de documentação que comprove que os custos dos insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a execução do objeto do contrato, condições estas necessariamente especificadas no ato convocatório da licitação. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 1.º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso de licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores: (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela administração ou; (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

b) valor orçado pela administração. (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

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Os critérios objetivos da licitação estão previstos no artigo 45, a saber:Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os crité-rios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusiva-mente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

§ 1.º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso: (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

I - a de menor preço – quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;

II - a de melhor técnica;

III - a de técnica e preço;

IV - a de maior lance ou oferta – nos casos de alienção de bens ou concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

[...]

Declarado o licitante vencedor, cabe recurso com efeito suspensivo, na forma do artigo 109

Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:

I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:

[...]

b) julgamento das propostas;

[...]

§ 2.º O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade competente, motivadamente e com presentes razões de interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva aos demais recursos.

§ 3.º Interposto, o recurso será comunicado aos demais licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cinco) dias úteis.

§ 4.º O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente informado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade.

[...]

§ 6.º Em se tratando de licitações efetuadas na modalidade de “carta convite” os prazos estabelecidos nos incisos I e II e no parágrafo 3.º deste artigo serão de dois dias úteis. (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

Resolvido eventual recurso, dá-se a adjudicação em favor do licitante ven-cedor, consistente em termo ou instrumento interno, com a devida convocação para tanto, resumindo-se este em ato de recebimento do objeto licitado.

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Licitação

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Após a adjudicação, o processo é encaminhado para a autoridade com-petente que determinou a abertura do certame para, revendo-o em todos os seus aspectos, observado o dever de revisão dos atos praticados no âmbito da Administração Pública, formalizar a homologação, encerrando-se assim o procedimento licitatório.

Anulação e revogação

Como visto, a licitação é uma sucessão ordenada de atos administrativos e assim passível de anulação ou revogação.

Os dois institutos se diferem entre si, na medida em que na revogação o desfazimento do ato administrativo, no caso a licitação, ocorre por con-veniência ou oportunidade pública, em ato privativo, enquanto a anulação ocorre por ilegalidade praticada no procedimento, a cargo da própria admi-nistração ou pelo Poder Judiciário.

A anulação é o desfazimento da licitação ou de um de seus atos na ocor-rência de ilegalidade.

Acima já verificamos a possibilidade de impugnação do edital, recurso em fase da habilitação e do julgamento da proposta.

Em qualquer um desses atos administrativos, na ocorrência de ilegalidade, o interessado ou qualquer um do povo pode pleitear a nulidade do ato admi-nistrativo praticado por quebra da norma posta ou dos princípios de direito administrativo ou princípios gerais de direito.

Ressalta-se que, na anulação, a competência é da autoridade superior, no seu dever de revisão dos atos praticados pelos subalternos, ou pelo Poder Judiciário, devidamente provocado a se manifestar e proceder ao ato priva-tivo da jurisdição.

Quanto aos efeitos, por tratar-se de ilegalidade (não observância dos pre-ceitos legais), a decisão da anulação ou regras postas no edital, em qualquer fase do processo, antes da assinatura do contrato, de forma total ou parcial, retroagirá ao ato anulado ou aniquilará o procedimento.

Acolhida a impugnação ao edital por vício, por exemplo, este será anu-lado, devendo outro ser editado, sem máculas, prosseguindo-se o feito administrativo, em seus ulteriores atos. O mesmo na revisão da inabilitação de qualquer licitante; acolhida a impugnação, o ato da habilitação é revisto,

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incluindo-se o antes inabilitado, com o prosseguimento do certame em seus ulteriores atos. Bis in idem no julgamento das propostas.

A revogação, por outro lado, é ato privativo da Administração, a quem cabe escolher a conveniência e oportunidade da revogação da licitação. Assim, a licitação é sempre total aniquilando o procedimento licitatório por conveniência ou oportunidade, por lógico, devidamente demonstrada, mesmo se tratando de ato discricionário, nos Estados de Direito, sendo no nosso advindo de previsão legal.

Entretanto, a revogação do ato administrativo da licitação somente pode ocorrer no surgimento de fatos novos (fatos supervenientes à edição do ato convocatório dos interessados – edital), determinadores de nova conveniência e oportunidade.

Acompanhe e reflita sobre esta hipótese: aberto um procedimento lici-tatório, na modalidade carta-convite, em virtude do dispêndio a ser realizado, para a aquisição de peças e mão-de-obra para a reforma da limusine da Presidência da República, durante o procedimento, o bem vem a sofrer perda total, em virtude de um acidente de veículos, o interesse público na reforma deixa de existir. Daí a devida reapreciação do interesse público com decisão fundamentada do proceder a revogação.

Como veremos em ponto próprio, o contrato administrativo, conseqüência lógica da licitação, em regra, pode ser revogado no surgimento de novo interesse público.

Quem pode o mais pode o menos, em tese, o que faz emergir, de forma cristalina, que a revogação do procedimento licitatório, em virtude de fatos novos pode ser concretizada, com a devida justificação, a qualquer tempo. Em reforço, a adjudicação acomete ao licitante vencedor o direito subjetivo ao contrato pertinente e não o direito à sua execução, cabendo-lhe, somente, o direito ao contrato se o objeto deste for empreendido pela Administração Pública.

Os efeitos da revogação ocorrem a partir do ato revogatório, haja vista que até o momento, os atos praticados eram válidos e eficazes (legítimos e legais), podendo resultar na obrigação de indenizar os danos causados ao adjudicatário.

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Licitação

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Por importante, frisa-se que o ato da revogação deve ser motivado, apesar de ser discricionário, para se patentear os motivos determinantes do ato administrativo, evitando-se o puro arbítrio administrativo, sem sede em nosso ordenamento jurídico, incompatível com o Estado de Direito, podendo assim o licitante vencedor exigir a fundamentação (sem a possibilidade de se voltar contra o ato), sendo que, na negativa, pode socorrer-se do Poder Judiciário, em virtude do descumprimento legal da motivação.

Segundo ensinamentos de Hely Lopes Meirelles (2004), por fim, anula-se o que é ilegítimo e revoga-se o inoportuno e inconveniente à Administração, através de decisão justificada com a demonstração cabal da ocorrência do motivo e da lisura do Poder Público, sem o que o ato anulatório ou revoga-tório será inoperante.

A previsão legal do quanto posto está no artigo 49 da Lei das Licitações e dos Contratos Administrativos.

Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.

§ 1.º A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.

§ 2.º A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.

§ 3.º No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.

§ 4.º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação.

Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos.

Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.

Por fim, neste tópico, em resumo, permite-se, absorvendo as lições de Hely Lopes Meirelles (2004), realizar-se o seguinte quadro comparativo da revogação e anulação da licitação.

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Anulação Revogação

É a invalidação da licitação ou do julgamento por motivo de ilegalidade.

É a invalidação da licitação por interesse público.

Competência: autoridade superior que autori-zou ou determinou a licitação, mas, tratando-se de ilegalidade no julgamento, a Comissão de Licitação que o proferiu poderá anulá-lo no recurso próprio, ao reexaminar a sua decisão, bem como o Poder Judiciário.

Competência: privativa da Administração, as-sentada em motivos de oportunidade e conve-niência administrativa.

Efeitos: ex tunc – retroage às origens do ato anulado.

Efeitos: ex nunc – a partir da decisão revogató-ria, porque até então o ato ou o procedimento era eficaz e válido, resultando na obrigação de indenizar o adjudicatário prejudicado. É sempre total, nunca parcial.

Baseia-se: na ilegalidade (não observância dos preceitos legais ou condições estabelecidas no edital ou convite) do procedimento, podendo ser feita em qualquer fase e a qualquer tempo, antes da assinatura do contrato.

Baseia-se: na conveniência do serviço público (interesse público) que comanda a revogação e constituem a justa causa da decisão revogató-ria que, por isso mesmo, precisa ser motivada (fundamentada), baixo a pena de se converter em ato arbitrário (incompatível com o direito).

Modalidades de licitação

O Estatuto das Licitações e Contratos Administrativos prevê modalidade de licitação, com critérios objetivos e vinculados de sua realização, objetivando a celeridade, moralidade e segurança do procedimento administrativo.

Passada a caracterização da licitação dispensável, cujo cerne é a utilidade do procedimento, em critério primo por faixas de comprometimento de dispêndio pela administração, no sentido de não gerar custo operacional maior que o custo do próprio objeto ou a realização de ato compatível com o interesse público, a lei, assim, prevê por modalidades procedimentos diferenciados.

Concorrência

A concorrência se realiza através de um procedimento e participação ampla de interessados, com habilitação preliminar, com qualificação mínima exigida no edital do certame, possuindo a seguinte definição legal:

Lei 8.666/93, art. 22 [...]

§ 1.º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

[...]

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Conforme permissivo legal, a modalidade é utilizada, em caráter obriga-tório, sob pena de ilegalidade e responsabilidade funcional, como segue:

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia: (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

c) concorrência – acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

c) concorrência – acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais). (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

§ 5.º É vedada a utilização da modalidade “convite” ou “tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

[...]

§ 8.º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número. (Incluído pela Lei n.º 11.107, de 2005)

É utilizada para contratos de grande valor ou, independente de valor, na forma do artigo 23, parágrafo 3.º, da Lei 8.666/93, nas hipóteses de compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no artigo 19, como nas concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de forne-cedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no País. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994).

O procedimento externo se inicia com a divulgação do edital de convo-cação, com as normas contidas no artigo 21 da Lei das Licitações e dos Con-tratos Administrativos, com a faculdade de objeção (impugnação) no prazo ditado pelo artigo 41 do mesmo diploma legal.

Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez: (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

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Noções Gerais de Direito

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I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por instituições federais; (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a área de competição. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 1.º O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas as informações sobre a licitação.

§ 2.º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento será:

I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

[...]

b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”; (Incluída pela Lei n.º 8.883, de 1994)

II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

a) concorrência, nos casos não especificados na alínea b do inciso anterior; (Incluída pela Lei n.º 8.883, de 1994)

[...]

§ 3.º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão contados a partir da última publicação do edital resumido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais tarde. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 4.º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.

Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada.

§ 1.º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a Administração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no § 1.º do art. 113.

§ 2.º Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante a administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos envelopes com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá efeito de recurso. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 3.º A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o impedirá de participar do processo licitatório até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.

[...]

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Licitação

217

Após a divulgação do ato licitatório por meio do edital, nesta modalidade, dar-se-á o evento previamente designado para a recepção dos envelopes da documentação e das propostas (distintos e devidamente lacrados), com a lavratura de ata e rubrica de todos os presentes nos envelopes entregues.

Em data, hora e local previamente designado no edital, proceder-se-á a abertura dos envelopes de habilitação, com a decisão pertinente de habili-tação ou não, podendo este ser realizado a posteriori, com divulgação do resultado.

Ultrapassada a fase de impugnação de eventual inabilitação de partici-pante, observado o efeito suspensivo, em data, hora e local previamente designado, proceder-se-á o julgamento objetivo das propostas, com decisão imediata ou posterior, com a devida divulgação.

Passado a decisão de eventual impugnação da decisão na fase de julgamento, observado o seu efeito suspensivo, seguir-se-á a convocação do licitante vencedor para firmar a adjudicação, seguindo-se o envio do pro-cessado para a homologação da autoridade competente que determinou a abertura do certame.

Tomada de preço

A tomada de preço se caracteriza pela habilitação prévia, através de regis-tros cadastrais que antecede o próprio ato convocatório, em ato de celeri-dade procedimental, para contratos de médio valor, permitindo-se a partici-pação de qualquer interessado, com a devida habilitação, até o terceiro dia que anteceder a entrega dos envelopes de julgamento, sendo assim definida legalmente.

Art. 22. São modalidades de licitação:

[...]

§ 2.º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

[...]

A tomada de preço se realiza observado o quanto posto na legislação pertinente, como segue:

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

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Noções Gerais de Direito

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I - para obras e serviços de engenharia: (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

b) tomada de preços – até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

II – para compras e serviços não referidos no inciso anterior: (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

b) tomada de preços – até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais); (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

§ 5.º É vedada a utilização da modalidade “convite” ou “tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

[...]

§ 8.º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número. (Incluído pela Lei n.º 11.107, de 2005)

Carta-convite

A modalidade carta-convite é a mais singela de todas, para contratos de pequeno valor, realizada entre interessados do ramo, no mínimo 3, cadas-trados ou não, mediante o envio de convite para a devida participação, com possibilidade de participação de cadastrados na correspondente especiali-dade, com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas, estando definida legalmente, como segue:

Art. 22. São modalidades de licitação:

[...]

§ 3.º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

[...]

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Licitação

219

A sua utilização segue as seguintes regras legais:Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia: (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

a) convite – até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais); (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

a) convite – até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação dada pela Lei n.º 9.648, de 1998)

[...]

§ 4.º Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

§ 5.º É vedada a utilização da modalidade “convite” ou “tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 6.º As organizações industriais da Administração Federal direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo também para suas compras e serviços em geral, desde que para a aquisição de materiais aplicados exclusivamente na manutenção, reparo ou fabricação de meios operacionais bélicos pertencentes à União. (Incluído pela Lei n.º 8.883, de 1994)

§ 7.º Na compra de bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a economia de escala. (Incluído pela Lei n.º 9.648, de 1998)

§ 8.º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número. (Incluído pela Lei n.º 11.107, de 2005)

Concurso

A modalidade concurso se realiza entre quaisquer interessados para a escolha de trabalho científico, técnico ou artístico, com oferta de prêmio ou remuneração, conforme critérios definidos no edital de convocação, sendo esta a sua definição legal:

Art. 22. São modalidades de licitação:

[...]

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Noções Gerais de Direito

220

§ 4.º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

[...]

Leilão

A modalidade leilão se presta para a transmissão da propriedade de bens móveis, semoventes e, em determinados casos, imóveis (artigo 19), ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, pelo maior lanço, igual ou superior à avaliação, insersíveis para a administração, sendo a sua defini-ção legal:

Art. 22. São modalidades de licitação:

[...]

§ 5.º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994).

Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:

I - avaliação dos bens alienáveis;

II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;

III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão. (Redação dada pela Lei n.º 8.883, de 1994)

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Licitação

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No presente ponto, para facilidade no estudo das modalidades de licita-ção, permite-se, com as lições de Hely Lopes Meirelles (2004), fixar os seguin-tes quadros:

Concorrência Tomada de preço Convite (carta)

É a modalidade de licitação própria para contratos de gran-de valor, em que se admite a participação de qualquer in-teressado, cadastrado ou não, que satisfaçam as condições do edital, convocados com an-tecedência de 30 dias (45 dias para os critérios de melhor téc-nica ou técnica e preço e regi-me de Empreita Integral), com ampla publicidade pelo órgão oficial e pela imprensa particu-lar, por três dias consecutivos.

É a licitação entre interessados previamente cadastrados ou que atenderem a todas as con-dições exigidas para cadastra-mento até o terceiro dia ante-rior à data do recebimento das propostas, observada a neces-sária qualificação, convocados com antecedência mínima de 15 dias (30 dias para os critérios de melhor técnica ou técnica e preço), por edital afixado na repartição interessada e pelo órgão oficial.

É a modalidade de licitação mais simples, destinada às contratações de pequeno va-lor, consistido na solicitação escrita a pelo menos três in-teressados do ramo e instru-mento convocatório afixado na repartição (publicidade no Diário Oficial), cadastrados ou não, com antecedência míni-ma de cinco dias úteis, estendi-do aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem interesse com antecedência de 24 horas da apresentação da proposta.

Obrigatória para:

obras e serviços de engenha-ria acima de 1.500.000,00

outros serviços e compras acima de 650.000,00

compras ou alienações de bens imóveis

licitação internacional

concessão

Obrigatória para:

obras e serviços de enge-nharia até 1.500.000,00

outros serviços e compras a 650.000,00

Obrigatória para:

obras e serviços de enge-nharia até 150.000,00

para outros serviços e com-pras até 80.000,00

Requisitos:

universalidade;

ampla publicidade;

habilitação preliminar;

comissão de julgamento.

Características:Habilitação prévia através de registros cadastrais, entenden-do-se este como assentamen-tos que se fazem nas reparti-ções para fins de qualificação dos interessados em contratar com a Administração nos ra-mos de suas atividades/espe-cialidades.

Observações:a) dispensa a apresentação de

documentos, mas se exigido deve ser em envelope distin-to do das propostas;

b) julgamento pelo responsá-vel pelo convite, não impe-dindo a atribuição a uma comissão;

c) julgada, adjudica-se o ob-jeto e se formaliza a avenca por simples ordem de servi-ço, nota de empenho etc.

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Noções Gerais de Direito

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Concurso Leilão

É a modalidade de licitação destinada à esco-lha de trabalho técnico, artístico, predominan-temente de criação intelectual, observada a publicação do edital, com prazo de 45 dias.

É a modalidade de licitação entre quaisquer inte-ressados para a venda de bens insersíveis para a Administração ou de produto legalmente apre-endido ou penhorado, a quem oferecer o maior lanço, igual ou superior ao da avaliação.

Observações:a) normalmente não oferta preço, mas sim a

atribuição de prêmio aos classificados;b) é modalidade especial, sujeita ao princípio

da publicidade, objetivando a escolha do melhor trabalho, com dispensa das forma-lidades especiais da concorrência;

c) é admitida para elaboração de projetos;d) condições expressas no regulamento do

concurso;e) edital com prazo mínimo de 45 dias;f ) exaure-se com a classificação e o pagamen-

to do prêmio, não conferindo qualquer di-reito a contrato com a Administração Públi-ca.

Observações:a) tipos: comum, privativo de leiloeiro oficial e o

administrativo, propriamente dito;b) sendo ato negocial instantâneo não precisa

de qualificação dos participantes – o bem é apregoado, os lanços são verbais, a venda é feita à vista ou a curto prazo e a entrega se processa com o pagamento;

c) precedida de ampla publicidade.

Por fim, imperativo abordar-se as noções do pregão eletrônico, em nova modalidade de licitação, criado pela Medida Provisória 2.182/01, transformada na Lei 10.502/2002 (norma geral), para todos os níveis da administração pública (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), com necessidade destas últi-mas de elaboração de regulamentos específicos para utilização dos serviços técnicos de apoio operacional das Bolsas de Mercadorias, com a utilização de recursos de tecnologia da informação.

O pregão eletrônico, como meio de celeridade, moralidade e segurança, destina-se à aquisição de bens e serviços comuns, devendo-se entender por comuns aqueles que podem ser caracterizados, em competição, pelo desempenho e qualidade, com descrição objetiva no edital de modo usual de mercado fornecedor.

A fase interna é idêntica às demais modalidades, como já comentado em item próprio no presente trabalho, com acréscimo da designação de pregoeiro.

A fase externa, de igual modo, inicia-se com a convocação dos interes-sados pelo Diário Oficial, com a faculdade de ser pela internet e jornais de grande circulação, com indicação do objeto, local para obtenção da íntegra do edital, critérios da habilitação, e recebimento das propostas em prazo não inferior a oito dias, em critério de julgamento de menor preço.

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Licitação

223

A habilitação é peculiar neste tipo de procedimento, na medida em que se realiza após a análise das propostas, em sistema sucessivo diante da inabi-litação do apresentante da melhor proposta, com análise da habilitação do segundo classificado e assim por diante.

Em curso normal, escolhida a proposta mais vantajosa (sempre a de menor preço), segue-se a análise da habilitação deste e, em ato posterior, a adjudi-cação do objeto, com remessa do expediente para a homologação pela au-toridade competente, seguindo-se a elaboração do contrato administrativo.

Ampliando seus conhecimentos

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 7.816 – DF (2001⁄0096268-3)

RELATOR: MINISTRO FRANCISCO FALCÃO

IMPETRANTE: SISTEMA RGL DE COMUNICAÇÃO LTDA

ADVOGADO: NAUDÉ PEDRO PRATES

IMPETRADO: MINISTRO DE ESTADO DAS COMUNICAÇÕES

LITIS.PAS: RÁDIO FM COSTA OESTE LTDA

ADVOGADO: CASSIUS CLEY BARBOSA DA SILVA

EMENTA

ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO PÚBLICA. EXPLORAÇÃO DE SERVIÇOS DE RADIODIFU-

SÃO SONORA. HABILITAÇÃO. DOCUMENTAÇÃO SUFICIENTE PARA A COMPROVAÇÃO

SOLICITADA NO EDITAL. MANDADO DE SEGURANÇA DENEGADO.

– Mandado de segurança impetrado com o objetivo de reverter a decisão que

negou provimento aos recursos administrativos interpostos contra a habilitação de

empresa concorrente, sob o argumento de haver irregularidades nos documentos

por ela apresentados.

– A documentação apresentada pela empresa impugnada foi suficiente para aten-

der à finalidade editalícia, não havendo lacunas, o que se comprova com a apresenta-

ção posterior de documentação na formatação exigida pela impetrante.

– Segurança denegada.

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 7.816 – DF (2001⁄0096268-3)

VOTOO EXMO. SR. MINISTRO FRANCISCO FALCÃO (RELATOR):

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Noções Gerais de Direito

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O impetrante pugna pela inabilitação da empresa Rádio FM Costa Oeste LTA, do procedimento licitatório n.º 092⁄2000 – SSR⁄MC, que visa à outorga de permissão para a exploração do Serviço de Radiodifusão Sonora em Freqüência modulada em Região do Estado do Paraná.

Alega que alguns documentos apresentados pela empresa referida não estão em conformidade com o edital.

Na relação que apresenta consta:a) que os documentos de fls. 13, 16 e 17, do processo licitatório, (fls. 74⁄76),

não fazem alusão aos cinco últimos anos, em desconformidade com o edital, além de não serem dos cartórios distribuidores;

b) que o documento relativo ao balanço patrimonial também não é adequado ao edital (fls. 77⁄78);

c) a prova no CNPJ está vencida (fls. 79); ed) não há prova de inscrição no Cadastro de Contribuintes Municipal.O Listiconsorte passivo, às fls. 207⁄215, apresenta todos os documentos acima cita-

dos, atualizados com data posterior à abertura do processo licitatório, o que satisfa-ria a exigência contida no edital e asseguraria a regularidade da empresa perante os órgãos públicos consultados.

Por outro lado, no envelope aberto pela comissão licitatória, encontram-se docu-mentos que por si só suprem a formalização contida na letra do edital, pelo que faço remissão às explicações do litisconsorte contidas às fls. 194⁄198.

Sobre o assunto destaco trecho do parecer do Parquet Federal, verbis:Com efeito, o ato inquinado não violou direito líquido e certo, eis que os documen-

tos a que se refere a Impetrante se traduzem nas certidões apresentadas e no balanço patrimonial do litisconsorte passivo, os quais foram apresentadas atendendo os dis-positivos nos subitens 5.2.5 e 5.3.1 ao Edital.

Ademais, quanto ao vencimento do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, não pros-pera em face de que existem outros documentos nos autos do processo específico da litisconsorte passiva que atendeu os requisitos 5.4.1 5.4.2, 5.4.3 e 5.4.4, do Edital.

Por outro lado, a inscrição municipal, que a impetrante sustenta ser provisória, caiu por terra, pois existe o Alvará de Licença n.º 2055, que supre a exigência da inscrição municipal.

Assim, resta claro, que o litisconsorte passivo atendeu as exigências expressamente requeridas no respectivo edital, levando em consideração o princípio da estreita vin-culação ao instrumento licitatório.

Observe-se, por oportuno, que inexiste qualquer configuração de ilegalidade e de lesão ao Estado que possibilite a declaração de nulidade do certame.

Nesse panorama, tenho que a finalidade da lei foi perfeitamente cumprida, com a garantia de que a empresa habilitada está dentro dos padrões técnicos, fiscais e morais para o cumprimento do contrato.

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Licitação

225

Indemonstrado o direito líquido e certo do impetrante, porquanto, in casu, não houve falta de documentação para a comprovação da solicitação editalícia, mas a comprovação por meio de documentos outros que serviram ao mesmo fim propug-nado pela administração pública.

Tais as razões expendidas, DENEGO A SEGURANÇA.É O VOTO.ACÓRDÃOVistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Primeira

Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, denegar a segurança, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Os Srs. Ministros FRANCIULLI NETTO, LAURITA VAZ, GARCIA VIEIRA, FRANCISCO PEÇANHA MARTINS e HUMBERTO GOMES DE BARROS vo-taram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros PAULO MEDINA, LUIZ FUX e JOSÉ DELGADO. Custas, como de lei.

Brasília(DF), 09 de maio de 2002 (data do julgamento).MINISTRA ELIANA CALMONPresidentaMINISTRO FRANCISCO FALCÃO Relator

Recurso Administrativo (DI PIETRO, 1998, p. 293-295)

Recurso administrativo, em sentido amplo, é expressão que designa todos os meios postos à disposição dos administrados para provocar o reexame dos atos da Administração.

O artigo 109 da Lei 8.666 prevê os recursos administrativos cabíveis dos atos decor-rentes da licitação e do contrato: recurso, representação e pedido de reconsideração.

O recurso (em sentido estrito) deve ser interposto no prazo de 5 dias úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:

1. habilitação ou inabilitação;2. julgamento das propostas;3. anulação ou revogação da licitação;4. indeferimento do pedido de inscrição em registro-cadastral, sua alteração ou

cancelamento;5. rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do artigo 79;6. aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de multa.O recurso contra a habilitação tem necessariamente efeito suspensivo; aos demais

recursos a autoridade competente pode, motivadamente e presentes razões de inte-

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Noções Gerais de Direito

226

resse público, atribuir eficácia suspensiva (art. 109, § 2.º).O processo obedece às normas dos parágrafos 3.º e 4.º do mesmo dispositivo; deve

ser dado o prazo de cinco dias úteis aos demais licitantes para impugnar o recurso; este deve ser dirigido à autoridade superior, por intermédio da mesma autoridade que praticou o ato impugnado, a qual poderá, também no prazo de cinco dias úteis, reconsiderar a sua decisão ou fazê-lo subir, devidamente informado, à autoridade superior, que terá o prazo de cinco dias úteis, a contar do recebimento, para proferir a sua decisão, sob pena de responsabilidade. No caso de convite, os prazos para recorrer se reduzem a dois dias úteis (§ 6.º).

Nos casos em que não cabe recurso, o interessado poderá interpor representação no prazo de cinco dias úteis a contar da intimação do ato.

O pedido de reconsideração é cabível com relação a ato de Ministro de Estado ou Secretário estadual ou municipal, no caso de aplicação da pena de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração; o prazo para pedir recon-sideração é de 10 dias úteis da intimação do ato, também reduzido a dois dias úteis no caso de convite (§ 6º).

Note-se que o artigo 113, parágrafo 1.º, da Lei 8.666 permite que qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica represente ao Tribunal de Contas contra irre-gularidade na aplicação de suas normas. O preceito amolda-se ao artigo 74, parágrafo 2.º, da Constituição de 1988, segundo o qual “qualquer cidadão, partido político, as-sociação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades perante o Tribunal de Contas da União.

Atividades de aplicação

1. O princípio da igualdade entre os licitantes no procedimento licitató-rio, informa:

a) princípio impeditivo da impossibilidade de fixação de qualquer requisito mínimo de participação que possa discriminar qualquer interessado.

b) princípio impeditivo da discriminação entre participantes que, atra-vés de cláusulas do edital ou convite, favoreça uns em detrimento a outros ou que mediante julgamento faccioso que desiguale os iguais ou que iguale os desiguais.

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Licitação

227

c) princípio básico de toda licitação que vincula todo participante as regras que regem o certame.

d) n.d.a.

2. A finalidade central da licitação é a escolha da proposta mais vantajo-sa para os interesses da Administração (dentro das especificações ne-cessárias para se atingir o interesse público almejado), com resguardo dos interesses dos licitantes, em procedimento vinculado, tanto para a Administração quanto para os licitantes. A afirmativa é:

a) correta.

b) incorreta.

3. Na ocorrência de incêndio em favela, com destruição de vários barra-cos, com muitos desabrigados, em constatando-se a insuficiência dos insumos para atendimento da demanda dos desabrigados, a Prefei-tura adquire o material necessário licitação. Nessa hipótese, estamos diante da licitação:

a) dispensada.

b) dispensável.

c) Inexigível.

d) n.d.a.

Gabarito

1. B

2. A

3. B