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Ocupação Feminina e Flexibilização das Relações de Trabalho na RMSP – 1989-2001 Ocupação Feminina e Flexibilização das Relações de Trabalho na RMSP – 1989-2001 Ocupação feminina cresce mais que a masculina Flexibilização atinge mulheres e homens Diminui a desigualdade de rendimentos entre os sexos São Paulo junho de 2002 n o 8 Publicação trimestral editada pela Fundação SEADE

Ocupação Feminina e Flexibilização das Relações de ... · Neide Saraceni Hahn Ruben Cesar Keinert Conselho Fiscal Eunice Barboza Machado Ironice da Rocha Silva Maria de Fátima

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Ocupação Feminina eFlexibilização dasRelações de Trabalho naRMSP – 1989-2001

Ocupação Feminina eFlexibilização dasRelações de Trabalho naRMSP – 1989-2001

� Ocupação feminina cresce

mais que a masculina

� Flexibilização atinge

mulheres e homens

� Diminui a desigualdade de

rendimentos entre os sexos

São Paulo junho de 2002 no 8

Publicação trimestral editada pela Fundação SEADE

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SEADEFundação Sistema Estadual de Análise de Dados

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULOSecretaria de Economia e Planejamento

FUNDO PARA IGUALDADE DE GÊNERO,

AGÊNCIA CANADENSE PARA O DESENVOLVIMENTO

INTERNACIONAL – CIDA/ACDI

Entidades participantes

Departamento

Intersindical de

Estatísticas e

Estudos

Sócio-Econômicos

Secretaria do Emprego eRelações do Trabalho do

Estado de São Paulo – Sert

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3

OCUPAÇÃO E ASSALARIAMENTO SEGUNDO GÊNERO 4

ASSALARIAMENTO DO SETOR PRIVADO 8

ASSALARIAMENTO NO SETOR PÚBLICO 14

AUTOGERAÇÃO DE TRABALHO 17

O EMPREGO DOMÉSTICO 21

CONSIDERAÇÕES FINAIS 23

ANEXOS 24

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Governador do Estado

Geraldo Alckmin

Secretário de Economia e Planejamento

Jacques Marcovitch

SEADEFundação Sistema Estadual de Análise de Dados

Diretor Executivo

Flavio Fava de Moraes

Diretor Adjunto Administrativo e Financeiro

Amaro Angrisano

Diretora Adjunta de Análise Socioeconômica

Felícia Reicher Madeira

Diretor Adjunto de Produção de Dados

Luiz Henrique Proença Soares

Chefia de Gabinete

José Max Reis Alves

Conselho de Curadores

Adroaldo Moura da Silva (Presidente)

Ana Maria Afonso Ferreira Bianchi

Carlos Antonio Luque

Hélio Nogueira da Cruz

Luiz Antonio Vane

Luís Carlos Guedes Pinto

Maria Coleta Ferreira Albino de Oliveira

Maria Fátima Pacheco Jordão

Neide Saraceni Hahn

Ruben Cesar Keinert

Conselho Fiscal

Eunice Barboza Machado

Ironice da Rocha Silva

Maria de Fátima Falcão

Diretoria Adjunta de Análise Socioeconômica

Gerência de Análise Socioeconômica

e Estudos Especiais

Paula Montagner (gerente)

Margareth Izumi Watanabe (chefe de divisão)

Ana Clara Demarchi Bellan, Elias Prestes, Guiomar de

Haro Aquilini, Jussara Moraes (equipe técnica)

Gerência de Métodos Quantitativos

Nádia Dini (gerente)

Susana Maria F. Pereira,

Antonio Etevaldo Teixeira Junior (equipe técnica)

Diretoria Executiva

Coordenação de Relações Institucionais

Maria Cecília Comegno

Assessoria de Editoração e Arte

J. B. de Souza Freitas

(MTE 10.477)

Programação Visual

Cristiane de Rosa Meira, Eliane Rios Antonio

Preparação de Texto

Vania Regina Fontanesi, Solange Guerra Martins

Revisão de Texto

Maria Aparecida Andrade, Rita Del Mônaco

Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE

Avenida Cásper Líbero 478 CEP 01033-000

São Paulo SP Fone (11) 3224.1600 Fax (11) 3224.1700

www.seade.gov.br

[email protected] [email protected]

Fundação Sistema Estadual

de Análise de Dados – SEADE

Flavio Fava de Moraes

(Diretor Executivo)

Departamento Intersindical

de Estatística e Estudos

Sócio-Econômicos – Dieese

Sérgio Arbulu Mendonça

(Diretor Técnico)

Conselho Estadual da

Condição Feminina – CECF

Maria Aparecida de Laia

(Presidente)

Secretaria do Emprego e

Relações do Trabalho – Sert

Fernando Leça

(Secretário Adjunto)

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INTRODUÇÃO

O objetivo primordial deste estudo é contribuir para contextualizar o aumento

da inserção feminina na ocupação na Região Metropolitana de São Paulo1 no pe-

ríodo de 1989 a 2001, no qual o mercado de trabalho passou por grandes transfor-

mações, em razão do processo de mudança do padrão tecnológico e das formas de

gestão do trabalho. Entre os efeitos destas mudanças no mercado de trabalho, tem-

se o aumento da taxa de desemprego das mulheres e dos homens, que quase dobrou

em ambos os sexos, devido à insuficiência de postos para a absorção da oferta de

mão-de-obra. No caso das mulheres, verificou-se, adicionalmente, a intensificação

do movimento de entrada na força de trabalho, expressa pelo aumento de 16,7% da

taxa de participação, enquanto para os homens a taxa reduziu-se em 5,7%.2 Na

ocupação, estas transformações tiveram como impacto a flexibilização nas formas

de contratação da mão-de-obra, traduzida pela redução de 62,1% para 47,6% na

participação dos empregados com vínculos formalizados3 no total de ocupados – e

também a alteração da estrutura setorial, com a diminuição da participação da In-

dústria na geração de postos de trabalho.4

Como o tema do desemprego já foi abordado anteriormente, buscou-se, me-

diante análise das formas de inserção ocupacional segundo tipo de vínculo, identi-

ficar como se deu o aumento da ocupação feminina neste contexto de flexibiliza-

ção das relações de trabalho e de mudança da estrutura ocupacional e, ainda, se

compara a situação das mulheres em relação à dos homens na RMSP.

Esse texto está estruturado na seguinte forma: inicialmente, trata-se da evolu-

ção da ocupação na RMSP, por gênero; em seguida, analisa-se o assalariamento e a

subcontratação no setor privado, o assalariamento no setor público, a autogeração

de trabalho (autônomas e empregadoras) e o emprego doméstico.

1. Uma vez que nesta região, por suas dimensões e por seu caráter dinâmico na economia nacional, evidenciam-se os impactos dasmudanças econômicas e sociais ocorridas na década de 90, especialmente as relacionadas ao mercado de trabalho.

2. A taxa de participação feminina cresceu 16,7%, passando de 46,1%, em 1989, para 53,8%, em 2001, enquanto a taxa de ocupaçãodiminuiu 11,4% (de 89,4% para 79,2%). A taxa de participação masculina reduziu-se 5,7%, passando de 77,3% para 72,9%, enquanto ade ocupação caiu 8,0% (de 92,5% para 85,1%).

3. Compreende assalariados com carteira de trabalho assinada dos setores privado e público e estatutários do setor público.

4. A questão da mudança da estrutura setorial, com redução da ocupação na Indústria e aumento nos Serviços e no Comércio, para amudança do perfil de inserção de mulheres e homens no mercado de trabalho, embora considerada no estudo, não será objeto principalde análise.

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Entre 1989 e 2001, estima-se quetenham sido geradas 1.158.000 novasocupações na Região Metropolitana deSão Paulo, das quais 70% foram ocupa-das por mulheres. Isto significa a am-pliação do nível de ocupação das mu-lheres em 32,9%, enquanto entre os ho-mens a ampliação foi de 8,7% no mes-mo período. Com isso, a participação de

mulheres no conjunto dos ocupados pas-sou de 38,4% para 43,2%.

Por posição na ocupação, verificou-se que a reestruturação do mercado detrabalho implicou, sobretudo, na reduçãode postos de trabalho assalariados comcarteira no setor privado (315 mil) e nocrescimento expressivo do contingente deautônomos (598 mil), assalariados sem

Ocupação feminina cresce com mais

intensidade que a masculina e desigualdade

de rendimentos diminui

OCUPAÇÃO E ASSALARIAMENTO SEGUNDO GÊNERO

Tabela 1

Estimativas de Ocupados, por Sexo, segundo Posição na Ocupação

Região Metropolitana de São Paulo

1989-2001

Em mil pessoas

1989 2001 Variações 1989/2001Posição na Ocupação

Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens

Ocupados 6.438 2.471 3.967 7.596 3.285 4.311 1.158 814 344

Assalariados (1) 4.644 1.616 3.027 4.786 1.909 2.877 142 293 -150

Setor Privado 3.999 1.292 2.706 4.174 1.550 2.624 175 258 -82

Com Carteira 3.413 1.103 2.310 3.098 1.146 1.952 -315 43 -358

Sem Carteira 586 189 396 1.076 404 672 490 215 276

Setor Público 629 318 311 609 357 252 -20 39 -59

Autônomos 1.007 370 637 1.605 562 1.043 598 192 406

Outras Posições (2) 787 485 303 1.205 814 391 418 329 88

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

(1) Inclui os assalariados que não sabiam explicitar o vínculo.(2) Inclui empregadores, profissionais autônomos de nível universitário, trabalhadores familiares sem remuneração e empregados domésticos.

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carteira no setor privado (490 mil) e deoutras formas de inserção (418 mil).

A análise desses movimentos porsexo permite observar que, entre as no-vas ocupações criadas, os homens ocu-param 67,9% das de autônomos e 56,2%das de assalariados sem carteira assina-da no setor privado, enquanto as mulhe-res participaram majoritariamente doaumento das Outras Posições, ocupan-do 78,7% delas, entre as quais predo-minam as Empregadas Domésticas.

A eliminação dos 315 mil postoscom carteira assinada no setor priva-do decorreu de movimentos opostosentre os sexos: foram demitidos 358mil trabalhadores assalariados do sexomasculino e contratadas 43 mil do sexofeminino.

Também no setor público, a rees-truturação pela redução do nível de em-prego (3,2%) atingiu apenas os homens(-59 mil) uma vez que foram contrata-das 39 mil mulheres no período.

Nas atividades empresariais, hou-ve aumento de 102,9% para as mulhe-res e de 21,1% para os homens. Apesardesse diferencial, em contingente, osacréscimos foram similares.

Estes movimentos diferenciadosocasionaram mudanças na estrutura ocu-pacional da Região e de cada sexo, des-tacando-se a redução da taxa de assa-lariamento total que caiu de 72,1% para63,0%.

Entre as mulheres, não houve redu-ção da ocupação nos totais das grandescategorias analisadas, mas crescimentos

Gráfico 1

Variação da Ocupação, por Posição na Ocupação, segundo Sexo

Região Metropolitana de São Paulo

2001/1989

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

OCUPAÇÃO E ASSALARIAMENTO SEGUNDO GÊNERO

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OCUPAÇÃO E ASSALARIAMENTO SEGUNDO GÊNERO

Gráfico 2

Distribuição das Mulheres Ocupadas, por Posição na Ocupação

Região Metropolitana de São Paulo

1989-2001

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Gráfico 3

Distribuição dos Homens Ocupados, por Posição na Ocupação

Região Metropolitana de São Paulo

1989-2001

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

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5. Considerada mais apropriada na análise de gênero, pois elimina a distorção das jornadas de trabalho diferentes de mulheres ehomens (39 e 46 horas semanais, respectivamente).

6. Excluindo-se do total de ocupados os empregados domésticos, por se tratar de uma atividade predominantemente feminina, orendimento médio por hora das mulheres equivalia a 71,4% do masculino, em 1989, passando a corresponder a 83,2%, em 2001.

OCUPAÇÃO E ASSALARIAMENTO SEGUNDO GÊNERO

em intensidades diferentes: a expansãomais intensa das empregadas domésticas(cuja participação passou de 15,1% para18,6%), trabalhadoras autônomas (de15,0% para 17,1%) e empregadoras (de1,9% para 2,9%) levou ao decréscimode 65,4% para 58,1% da proporção deassalariadas entre as mulheres.

Já entre os homens, foi a reduçãodo contingente de assalariados e o au-mento do trabalho autônomo (cuja par-ticipação no total de ocupados passoude 16,1% para 24,2%) que resultaramna diminuição da proporção de assala-riados (de 76,3% para 66,7%) no totalde ocupados do sexo masculino.

A evolução da ocupação entre 1989 e2001, além de mostrar a expressiva flexi-bilização das relações de trabalho ocorri-da na RMSP, indica que homens e mulhe-res foram atingidos de forma diferente poresse processo, com influência importantesobre as médias de rendimento do traba-lho para a Região e para as principais ca-racterísticas dos ocupados.

Entre as mulheres registrou-se redu-ção de 19,5% do rendimento médio, me-nor, portanto, que a diminuição de 31,5%do rendimento médio masculino. No en-tanto, em valores monetários, persiste adiferença de patamar de rendimentos en-tre eles, correspondendo o rendimentomédio das mulheres a R$ 677 e o doshomens a R$ 1.058, em 2001, menos de-sigual que em 1989.

Mesmo na comparação do rendi-mento médio por hora,5 ou seja, elimi-nando-se o diferencial de jornada entrehomens e mulheres, observou-se umadiminuição da desigualdade de rendi-mentos entre os sexos. Em 1989, as mu-lheres ocupadas recebiam, por hora, oequivalente a 64,0% do que ganhavamos homens, proporção que aumentoupara 75,5%, em 2001,6 resultado alcan-çado pela maior deterioração do rendi-mento masculino, que do feminino. En-tre os assalariados também se verificouessa tendência pela mesma razão. O ren-dimento médio por hora dessas mulhe-res diminuiu (14,7%) menos que o doshomens (29,2%), e, aquela relação, pas-sou de 74,0% para 89,2%.

Confirma esta avaliação o aumentoda parcela de renda apropriada pelas mu-lheres na massa de rendimentos do tra-balho, que passou de 25,3% em 1989para 32,7% em 2001. Vale destacar quecomo as mulheres representavam em2001 43,2% dos ocupados, elas perma-necem sub-representadas na apropriaçãoda massa de rendimentos.

O aumento da parcela de renda apro-priada pelas mulheres decorreu da am-pliação de 8,2% no total da massa deseus rendimentos e da queda de 24,6%da massa de rendimentos dos homens –comportamentos determinados, em am-bos os segmentos, pela ampliação daocupação e retração dos rendimentos.

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ASSALARIAMENTO DO SETOR PRIVADO

Flexibilização das relações de trabalho atinge

mão-de-obra feminina e masculina, mas só as

mulheres têm crescimento com carteira assinada

Entre os assalariados do setor pri-vado, o crescimento de 20,0% no con-tingente da mão-de-obra feminina, com-binado à redução de 3,0% da masculina,resultou na elevação de 4,4% do total dosetor. Os movimentos opostos entre ossexos elevaram a proporção de mulhe-res entre os assalariados do setor priva-do (de 32,3% em 1989 para 37,1% em2001). O crescimento desta proporçãoocorreu tanto no segmento com carteiraassinada como no sem carteira.

Por tipo de vínculo, observou-seaumento expressivo de assalariados semcarteira (83,7%), associado à reduçãode 9,2% dos com carteira.

A ampliação dos assalariados semcarteira decorreu do aumento de 113,5%para as mulheres e de 69,5% para oshomens, acompanhados de pequena am-pliação no rendimento/hora médio (8,3%para o segmento feminino e 6,6%, parao masculino).

A redução do assalariamento comcarteira derivou de movimentos contrá-rios: pequena ampliação do empregopara as mulheres (3,9%) e decréscimode 15,5% entre os homens.

Quanto aos rendimentos médios porhora, houve decréscimo para ambos, em-

bora com maior intensidade para os ho-mens (30,0%) do que para as mulheres(7,4%). Um aspecto importante para en-tender o resultado da evolução do ren-dimento masculino foi a eliminação depostos de trabalho para a mão-de-obramasculina no setor industrial, que apre-senta os maiores salários médios entreos grandes setores, e teve ainda perdasexpressivas de seus salários.

Por setor de atividade, o assalaria-mento no setor privado diminuiu na In-dústria (33,8%), em razão de reduçõesequivalentes para homens (34,0%) e mu-lheres (33,2%). Segundo tipo de vínculodecorreu da demissão de 42,1% de assa-lariados com carteira, uma vez que hou-ve ampliação de 57,6% no contingente dosque não possuíam carteira assinada. Essefenômeno ocorreu, praticamente, na mes-ma intensidade para mulheres e homens.

Nos Serviços, a ampliação de 55,4%no total do assalariamento privado foideterminada pelas expressivas ampliaçõesdo segmento feminino (67,4%) e mascu-lino (47,8%). O assalariamento sem car-teira apresentou aumento de 125,0%, bas-tante superior ao do com carteira (39,2%),situação que se reproduziu para os doissexos: 165,4% e 47,5%, para as mulhe-

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ASSALARIAMENTO DO SETOR PRIVADO

Gráfico 4

Taxas de Variação da Ocupação e do Rendimento Médio por Hora dos Assalariados

do Setor Privado, por Sexo

Região Metropolitana de São Paulo

2001/1989

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

res sem e com carteira, e 103,6% e 33,7%,para os homens.

O crescimento do assalariamento dosetor privado no Comércio (25,8%) foibastante diferenciado entre mulheres(49,9%) e homens (12,4%). A diferen-ça é que houve demissão de homens as-salariados com carteira (2,5%), enquan-to registrou ampliação de 39,4% paraas mulheres, aumentando o total dessesempregos em 12,8%. O assalariamentosem carteira expandiu 72,5%, devido aocrescimento, tanto para as mulheres(91,8%) como para os homens (63,0%).

Não obstante aquelas transforma-ções, observou-se que o tempo médiode permanência no atual trabalho assa-lariado do setor privado ampliou-se maisintensamente para mulheres (de 33 para42 meses) que para homens (de 47 para

50 meses), mas não suficiente para igua-lar as condições entre os sexos. O com-portamento favorável para as mulheresderivou da expansão do tempo de per-manência das que têm carteira de traba-lho assinada (de 37 para 50 meses) e dassem carteira (de 11 para 19 meses). Paraos homens, estas médias passaram de 52para 59, entre os assalariados com car-teira, e de 15 para 24 meses para os quenão a possuem.

O prolongamento do tempo de per-manência do trabalho sem carteira assi-nada pode estar indicando que não setrata de um tipo de emprego temporá-rio, mas de uma nova forma de inserçãona ocupação, tanto para homens comopara mulheres.

Um outro aspecto que contribui paraa qualificação da inserção é a jornada

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ASSALARIAMENTO DO SETOR PRIVADO

média de trabalho. No total de assala-riados do setor privado, a média caiu de45 para 44 horas, devido à redução dajornada média das mulheres com carteiraassinada, que passou de 42 para 41 ho-ras semanais, uma vez que a jornadamédia das mulheres sem carteira não sealterou no período e a masculina per-maneceu estável em 46 horas nos doissegmentos.

Entre as assalariadas sem carteira,apesar de a jornada média ter se manti-do em 40 horas semanais no período,houve deslocamentos na distribuição porclasses de horas trabalhadas: a parcelade 31 a 40 horas semanais aumentou de22,0% para 32,0%, em detrimento, so-bretudo, da parcela que fazia mais de44 horas (de 52,0% para 45,2%). Já aparcela que trabalhava até 30 horas se-manais passou de 26,2% para 22,7%, ouseja, apesar de o aumento do assalaria-mento sem carteira, não se pode associá-lo ao trabalho de meio período.

Para o total de assalariadas do setor,houve, de fato, um crescimento da par-cela que fazia jornadas de 31 a 40 horas,embora 36,6% das assalariadas com car-teira e 39,8% das sem carteira trabalhemmais que a jornada legal, em 2001.

Além da qualificação da forma deinserção das mulheres neste segmento,é necessário avaliar os impactos dasmudanças anteriormente mencionadasna evolução de seus rendimentos, com-parando-a à masculina, a fim de identi-ficar se diminuiu a desigualdade sala-rial entre os sexos.

O salário médio do setor privadoque era de R$ 1.204, em 1989, decres-ceu 27,6%, correspondendo a R$ 872,em 2001, como resultado da redução de30,8% do salário médio dos homens (deR$ 1.387 para R$ 960), e da diminui-ção de 13,3% do feminino (de R$ 840para R$ 728).

Entre os trabalhadores com carteiraassinada no setor privado, o salário mé-dio reduziu 26,0% (de R$ 1.302 paraR$ 963), enquanto o dos trabalhadoressem carteira aumentou 5,3% (de R$ 571para R$ 601).

A redução dos salários das mulhe-res assalariadas do setor privado foi de-terminada, exclusivamente, pela redu-ção do salário médio no segmento comcarteira assinada, que passou de R$ 903em 1989 para R$ 816 em 2001, pois odas sem carteira assinada aumentou deR$ 434 em 1989 para R$ 470 em 2001.

O mesmo processo ocorreu com ossalários dos homens desse segmento. Osque trabalhavam com carteira assinadativeram seus salários reduzidos deR$ 1.501 para R$ 1.051. Já o valor mé-dio pago aos sem carteira assinada au-mentou de R$ 640 em 1989 para R$ 682em 2001.

Como a jornada das mulheres é di-ferente da dos homens, a análise do ren-dimento por hora trabalhada oferece umretrato mais fiel das diferenças salariaispor sexo.

O rendimento médio por hora dasmulheres assalariadas do setor privadoteve decréscimo de 11,2%, passando de

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ASSALARIAMENTO DO SETOR PRIVADO

R$ 4,65 para R$ 4,13, entre 1989 e 2001,devido, exclusivamente, à redução de7,4% no salário-hora das assalariadascom carteira assinada (de R$ 5,00 paraR$ 4,63), uma vez que o das assalaria-das sem carteira assinada aumentou8,3% (de R$ 2,52 para R$ 2,73). Essesmovimentos reduziram o diferencial desalários entre estes segmentos: em 2001,as sem carteira recebiam 59,0% do va-lor pago àquelas com carteira, propor-ção superior à observada em 1989(50,4%).

O dos homens declinou de R$ 7,01para R$ 4,85, equivalendo à redução de30,8%, também devido, exclusivamen-te, à diminuição de 30,0% dos saláriosdos empregados com carteira assinada,uma vez que os salários dos que não ti-nham carteira assinada teve um aumen-to de 6,6%. Ainda assim, os sem cartei-ra recebiam, em 2001, 65,0% do valor-hora pago aos com carteira, proporçãosuperior à de 1989 (42,7%).

O declínio dos salários médios dosetor privado pagos a homens e mulhe-res refletiu-se numa perda de 25,9% nosalário-hora do total dos assalariados dosetor que caiu de R$ 6,22 para R$ 4,61.

Devido ao declínio menos acentua-do do rendimento médio hora das assa-lariadas no setor privado que o dos ho-mens, elas passaram a receber, em mé-dia, 85,2% do valor recebido pelos as-salariados, proporção superior aos 66,3%registrados em 1989.

No assalariamento com carteira, asmulheres recebiam, em 2001, 87,2% do

rendimento hora dos homens, diminuin-do a diferença em relação a 1989, quan-do recebiam 65,9%. Entre os sem car-teira, essa proporção pouco se alterou,passando de 77,8% para 79,1%, entre1989 e 2001.

Aumento da subcontratação foi

mais acentuado entre os homens

Além de registrar as mudanças noemprego assalariado no setor privado se-gundo tipo de vínculo, os dados da PEDvêm apontando o surgimento de um novaforma de contratação de assalariados nomercado de trabalho da Região Metro-politana de São Paulo – a subcontrata-ção. Nesta parte do estudo, será anali-sada, em particular, a subcontratação deassalariados no setor privado.

Este modo de inserção do assala-riado no mercado de trabalho vem cres-cendo em todos os países e pode serdescrito como um trabalho que é con-tratado por uma empresa e executadoem outra que terceirizou a execução dotrabalho.

Para não interferir na análise dossegmentos tradicionais do assalariamen-to, isolou-se esta categoria para analisá-la à parte, sabendo-se, entretanto, queagrega trabalhadores com ou sem car-teira assinada. No entanto, o que se querregistrar é a evolução desse tipo de ocu-pação e descrever algumas de suas ca-racterísticas.

Entre 1989 e 2001 o total de assala-riados subcontratados cresceu 123,1%

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ASSALARIAMENTO DO SETOR PRIVADO

na Grande São Paulo, mas ainda perma-nece um segmento pequeno no total deocupados (de 1,8% para 3,3%). Entreas ocupadas, a participação das subcon-tratadas passou de 2,2% em 1989 para3,2% em 2001. Entre os homens, era de1,5% em 1989 e passou para 3,4%.Como se vê, o peso relativo deste tipode trabalhador vem crescendo mais naestrutura do emprego masculino que nado feminino.

No total de subcontratados, a pro-porção de mulheres diminuiu de 48,6%em 1989 para 41,7% em 2001, eviden-ciando que o segmento masculino con-tinua majoritário. Isto porque o nível desubcontratação das mulheres cresceu91,6% no período, enquanto o dos ho-mens cresceu 152,9%.

Com relação à jornada de trabalho,observou-se que o número de horas se-manais trabalhadas desse segmento detrabalhadores (47, em 1989, e 45, em2001) era superior à média dos ocupa-dos (que passou de 44 para 43) e damaioria das demais formas de trabalhoda Região, nos dois períodos analisados.A proporção desses ocupados que tra-balhavam mais que a jornada legal (44horas) diminuiu no período analisado (de53,9%, em 1989 para 49,1%, em 2001).

A jornada média semanal das mu-lheres que trabalhavam como subcon-tratadas (43 e 41 horas), assim comotodas as demais posições na ocupação,era menor que a dos homens (51 e 48horas), nessa mesma função. Assimcomo a proporção das que trabalhavam

mais de 44 horas (42,6%, em 1989 e36,8%, em 2001) é inferior à dos ho-mens, para os quais também registrou-se diminuição (64,4%, em 1989 para57,7%, em 2001).

Um aspecto desse tipo de relaçãode trabalho é a inexistência de víncu-los entre os trabalhadores subcontrata-dos e a empresa onde executam o tra-balho, o que pode implicar a desregu-lamentação das relações de trabalho,uma vez que as empresas que contra-tam terceiros não se responsabilizampelo cumprimento dos direitos traba-lhistas dos subcontratados.

O tempo médio de permanência dasmulheres neste tipo de emprego, em2001, era de 2 anos e 2 meses, com au-mento de 3 meses comparado a 1989.Neste caso a permanência das mulheresno emprego é um pouco maior que a doshomens (2 anos), que também aumen-tou (2 meses), neste período. Tanto parahomens como para mulheres, porém, otempo de permanência deste tipo de in-serção é bem inferior ao dos que sãocontratados diretamente pela empresaem que trabalham (3 anos e meio paramulheres e 4 anos e 3 meses para os ho-mens, em 2001).

Entre 1989 e 2001, o salário realmédio por hora das mulheres subcontra-tadas aumentou 6,1%, passando deR$ 2,33 para R$ 2,47. Já o dos homensregistrou uma redução de 16,8%, no pe-ríodo, passando de R$ 3,66 para R$ 3,05.Mesmo com essa retração, o salário-horados homens subcontratados continuou

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ASSALARIAMENTO DO SETOR PRIVADO

maior que o delas, diminuindo, no en-tanto, a desigualdade salarial entre am-bos: em 1989, elas recebiam o corres-pondente a 63,7% do salário dos ho-mens, e, em 2001, essa proporção au-mentou para 81,0%.

Por outro lado, as mulheres subcon-tratadas, mesmo com os aumentos assi-nalados, sempre ganharam menos porhora que as contratadas diretamente pelaempresa em que trabalham, seja com ousem carteira de trabalho assinada, mas,evidentemente, a diferença é maior emrelação às que possuíam carteira assi-nada. Em 1989 as subcontratadas ganha-vam por hora R$ 2,33, as assalariadassem carteira, R$ 2,52 e as com carteira,R$ 5,00. Em 2001, elas passaram a ga-nhar, respectivamente, R$ 2,47, R$ 2,73e R$ 4,63, por hora.

Por sua vez, os homens subcontra-tados, em 1989, ganhavam mais, porhora (R$ 3,66), que os assalariados semcarteira assinada (R$ 3,24) e menos queos com carteira assinada (R$ 7,59). Em2001 passaram a ganhar R$ 3,05, o queequivale a 88,4% dos sem carteira e a57,4% dos com carteira no setor pri-vado.

Estes dados indicam que os salários-hora do setor privado diminuem à me-dida que o vínculo contratual fica maisflexível. Isto ocorre tanto para as mu-lheres como para os homens. Todavia,

em todas as formas de contratação per-manecem as diferenças entre os sexos.

Concluindo, o setor privado realizouuma grande reestruturação em suas rela-ções de trabalho, com redução do empre-go concentrada no núcleo de assalaria-dos com contrato protegido pela legisla-ção trabalhista em favor de vínculos maisflexíveis.

Este processo foi realizado mediantedemissão da mão-de-obra do sexo mas-culino com carteira assinada (15,5%) econtratação de mão-de-obra feminina(113,5%) e masculina (69,5%) sem car-teira assinada, além de um contingenterelativamente pequeno de mão-de-obrafeminina com carteira assinada (3,9%).

Entretanto, a contratação de mulhe-res pelo setor privado alterou pouco acomposição por sexo do setor: a propor-ção de mulheres passou de 32% para37% dos assalariados do setor privado.

Isto é relevante para a análise daevolução dos rendimentos. A redução dorendimento médio do setor privado re-sultou de um conjunto de fatores: a saí-da dos homens desse setor, cujos salá-rios médios são mais elevados que o dasmulheres; o crescimento do assalaria-mento sem carteira assinada, tanto mas-culino como feminino; e também, emmenor medida, a entrada de mulherescujos salários são em média mais bai-xos que o dos homens.

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ASSALARIAMENTO DO SETOR PÚBLICO

Diminui a participação das assalariadas

do setor no total de ocupadas

Sob o ponto de vista do mercadode trabalho, o ajuste que o setor públi-co realizou, sobretudo na segunda me-tade da década de 90, diante de novasexigências estabelecidas pelas reformasadministrativas e fiscal,7 tiveram comoprincipal conseqüência a redução de3,2% no estoque total de empregos pú-blico na Região Metropolitana de SãoPaulo, entre 1989 e 2001, concomitanteà queda dos salários.

Tal desempenho resultou da demis-são de 19,1% da mão-de-obra masculi-na, uma vez que houve contratações demulheres (12,3%). Segundo o tipo devínculo empregatício, deve-se mencio-nar que as reformas mencionadas afe-taram, negativamente, apenas os traba-lhadores celetistas com carteira assina-da, visto que cresceu tanto o empregoestatutário feminino (35,2%) como omasculino (23,1%), assim como a mão-de-obra feminina (123,5%) e masculi-na (62,6%) sem carteira assinada.

Nesse sentido, o setor público tam-bém contribuiu para o aumento total daocupação feminina, embora em menorintensidade que o setor privado. Entre

os novos postos de trabalho ofertadospara as mulheres, na última década,aproximadamente 5% foram desse se-tor da economia, contra os cerca de 30%do setor privado.

Esses resultados exacerbaram o pro-cesso de feminização do setor, uma vez queas mulheres passaram a ocupar, em 2001,58,6% do emprego público da RMSP, dian-te dos 50,5% registrados em 1989.

No entanto, quando se verifica a par-ticipação dessa modalidade de empre-go nos respectivos totais de ocupados,observa-se que, mesmo com movimen-tos distintos, a participação dos assala-riados do setor público diminuiu: tantoas mulheres quanto os homens reduzi-ram aquelas proporções em favor deoutras – de 12,9% para 10,9% entre asmulheres; e de 7,8% para 5,8% entre oshomens; entre 1989 e 2001. Conseqüen-temente, o total diminuiu de 9,8% para8,0%, no mesmo período.

Por razões já mencionadas, a exclu-são do emprego doméstico do total de ocu-pados altera aquela participação das mu-lheres ocupadas nesse setor para 15,2%,em 1989, e 13,4%, em 2001.

7. Tais reformas consistiam, sobretudo, a limitar o custo com pessoal a certo percentual da arrecadação.

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Assim como a das assalariadas dosetor privado, a jornada média semanaldas mulheres que trabalham no setorpúblico diminuiu em 1 hora, na últimadécada (de 36 para 35 horas), sendo, em2001, a menor média dentre os grandesgrupos ocupacionais analisados, carac-terísticas que se repetem com os homens,que trabalham em média 4 horas sema-nais a mais que as mulheres, ou seja, 39horas. Com exceção dos homens comvínculo empregatício não estatutário,houve redução na jornada, tanto entreos estatutários como entre os celetistas,dos dois sexos.

Por outro lado, quando se observa aevolução da composição desse segmen-to, segundo as classes de horas semanaistrabalhadas, constatou-se um aumento na

proporção de assalariadas apenas entreaquelas que trabalhavam entre 21 a 30 ho-ras (de 20,0% para 26,7%), podendo-sededuzir que o crescimento do empregopúblico feminino na Região ocorreu pro-porcionalmente mais nos postos com jor-nada média semanal inferior a 30 horas.

A redução no total dos assalariadosacima de 41 horas semanais decorreu,principalmente, dos não estatutários,pois a parcela de estatutários que traba-lha mais de 44 horas semanais aumen-tou de 17,2%, para 19,7%, nesse caso,registrado tanto entre as mulheres comoentre os homens.

Outra forma de qualificar o empre-go público feminino é medindo seu tem-po de permanência no posto de traba-lho. Quase 3 vezes maior que o setor

ASSALARIAMENTO DO SETOR PÚBLICO

Gráfico 5

Taxas de Variação da Ocupação e do Rendimento Médio por Hora dos Assalariados

do Setor Público, por Sexo

Região Metropolitana de São Paulo

2001/1989

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

(1) A amostra não comporta a desagregação para as categorias dos rendimentos.

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privado, e apenas 5 meses menos queos homens, as mulheres ficavam empre-gadas, 10 anos, em média, em 2001. Em1989, esse tempo era de 7 anos e 5 me-ses para elas e 9 anos para eles.

O aumento no tempo de permanên-cia no trabalho no total do emprego pú-blico foi determinado pelo aumento maissignificativo assinalado entre os estatu-tários (2 anos e 6 meses), sendo mais tem-po entre as mulheres (3 anos e 5 meses)do que dos homens (1 ano e 2 meses).

Além do encolhimento do total doemprego público na Região, houve sig-nificativa retração nos salários dos quepermaneceram ocupados, que perderamquase 28% do poder de compra, fatoque, entre outros, pode estar associadoà grande saída de homens que poderiamestar em postos com maiores remune-rações, assim como ao crescimento naproporção dos que trabalham menoshoras e por conseguinte recebiam me-nos, rebaixando a média geral. O salá-rio médio do setor passou de R$ 1.707para R$ 1.233, entre 1989 e 2001. Odas mulheres era R$ 1.427 e R$ 1.088,e o dos homens R$ 2.007 e R$ 1.443,no mesmo período.

O resultado desfavorável dos salá-rios no setor público decorreu, especial-mente, da perda do valor do salário dosnão estatutários (35,6% e 40,5%, paramulheres e homens, respectivamente) e,

em menor medida, dos estatutários(15,4% e 16,1%, para mulheres e ho-mens).

Segundo quartil de renda, verificou-se, a diminuição da proporção de assa-lariadas do setor público entre as mu-lheres de maiores salários (de 30,0%, em1989, para 25,2%, em 2001).

O salário médio por hora das mulhe-res no setor público passou de R$ 9,22para R$ 7,23, entre 1989 e 2001, e conti-nua inferior ao dos homens, que passoude R$ 11,38 para R$ 8,60. Valores redu-zidos em 21,6% e 24,4%, respectivamen-te. E ao contrário do que poderia se su-por, o setor público não é o que apresen-ta a maior igualdade de remuneração,entre mulheres e homens, essa relaçãosaltou de 81,0% para 84,1%, e é poucoinferior à alcançada no total do setor pri-vado (85,2%), em 2001.

A análise da evolução do salário porhora do setor público, segundo tipo devínculo, confirmou a mesma tendênciado total do setor público, com os nãoestatutários apresentando reduções(35,4%) maiores que os estatutários(13,7%), verificando movimentos seme-lhantes para mulheres e homens.

Com isso o salário por hora do totaldos trabalhadores do setor público de-cresceu 23,9%, de R$ 10,18 paraR$ 7,75, perda ligeiramente menor quea do setor privado (25,9%).

ASSALARIAMENTO DO SETOR PÚBLICO

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AUTOGERAÇÃO DE TRABALHO

Nesta parte, será analisado o com-portamento do trabalho autônomo e dosempregadores, bem como de seus rendi-mentos, por se tratarem de autogeraçãode trabalho, forma de inserção que vemse ampliando no período recente. O ob-jetivo é investigar se a ampliação foiequivalente para os segmentos femininoe masculino e que efeitos tiveram sobreseus rendimentos.

O crescimento do trabalho

autônomo feminino foi inferior

ao masculino

O trabalho autônomo cresceu 59,3%na RMSP, entre 1989 e 2001, acompa-nhando a tendência das demais posiçõesvulneráveis no mercado de trabalho –assalariados sem carteira nos setores pú-blico e privado e assalariados subcon-tratados – e é de 51,7% e 63,7%, res-pectivamente, o aumento de mulheres ehomens autônomos.

Entre as mulheres esse acréscimo de-correu tanto do aumento das que traba-lham para empresa (57,1%), como das quetrabalham para o público (48,5%). Paraos homens o aumento foi muito mais in-tenso entre os que trabalham para empre-sa (90,5%), do que para o público (49,6%).

Dessa forma, entre os ocupadosneste tipo de inserção ocupacional, asmulheres perderam participação: dototal de autônomos, em 1989, 36,8%eram mulheres, em 2001, este percen-tual diminui para 35,0%. Isto ocorreuporque as mulheres ocuparam apenascerca de um terço do acréscimo de au-tônomos no período. Considerando-seapenas os autônomos que trabalhampara empresa, a redução da participa-ção feminina foi ainda mais acentuada,passando de 38,1% para 33,6%, entre1989 e 2001.

No total de mulheres ocupadas, asautônomas representavam 15,0% em1989, ampliando sua participação para17,1%. A ampliação mais expressiva ve-rificada entre os homens autônomos ele-vou a participação deste tipo de inser-ção no total de ocupados de 16,1% para24,2%. Considerando-se o total de ocu-pados, excluindo o emprego domésti-co, a participação do trabalho autôno-mo para as mulheres passou de 17,6%,em 1989, para 21,0%, em 2001. Comoeste tipo de inserção é bastante reduzi-do entre os homens, praticamente nãose alteram os percentuais em relação aototal de ocupados (16,1%, em 1989,para 24,3%, em 2001).

Aumenta a participação das autônomas

e empregadoras no total de ocupadas

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AUTOGERAÇÃO DE TRABALHO

A jornada de trabalho semanal dosautônomos permaneceu estável em 44horas; entretanto, para o segmento femi-nino, ampliou-se de 34 para 37 horas,enquanto para o masculino, reduziu-sede 50 para 47 horas. Entre as mulheres,o percentual que trabalha mais de 44horas expandiu-se 30,7% para 36,7%,especialmente devido ao aumento da pro-porção de autônomas para o público quetrabalham mais de 44 horas. Entre oshomens, destaca-se a redução do percen-tual que trabalha mais de 44 horas, quepassou de 62,1% para 55,4%, devido,sobretudo, à diminuição do percentualque realiza jornada superior à legal paraos autônomos para empresas.

Entre os impactos destas mudanças,observou-se que o rendimento médiomensal das autônomas teve redução de

32,8%, passando de R$ 650 para R$ 437,entre 1989 e 2001. Entre os homens, adiminuição do rendimento foi mais in-tensa (45,6%), pois reduziu-se deR$ 1.506, em 1989, para R$ 819, em2001, o que resultou na retração de41,8% no rendimento médio do total dosautônomos na RMSP, a maior quedaentre todos os grandes grupos de inser-ção ocupacional.

Devido às diferenças de jornada rea-lizada por homens e mulheres, analisa-se mais detalhadamente o rendimento-hora. No total de autônomos, o rendi-mento-hora passou de R$ 6,16 paraR$ 3,59, no período analisado. O rendi-mento médio por hora dos autônomospara empresa correspondia, em 1989, aR$ 7,50, valor correspondente a 148,3%ao dos assalariados sem carteira no se-

Gráfico 6

Taxas de Variação da Ocupação e do Rendimento Médio por Hora dos Autônomos, por Sexo

Região Metropolitana de São Paulo

2001/1989

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

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AUTOGERAÇÃO DE TRABALHO

tor privado. Em 2001, o rendimentomédio dos autônomos para empresaspassou a R$ 4,33, 36,2% superior ao dosassalariados sem carteira.

Para as mulheres autônomas, o ren-dimento-hora teve retração de 38,2%,devido à redução do valor-hora recebi-do pelas autônomas que trabalham paraempresas (29,0%) e para o público(41,8%), resultando que as autônomaspara empresas ganhavam, em 1989, umvalor médio por hora 6,1% superior aodas autônomas para público, passandoa ganhar, em 2001, 29,2% a mais.

Para os homens, o valor-hora passoude R$ 7,00 para R$ 4,05, entre 1989 e2001, apresentando diminuição de 42,1%,em decorrência, especialmente, da retra-ção de 46,8% no valor-hora recebido pe-los autônomos para empresas, que pas-sou de R$ 9,21 para R$ 4,90, no períodoanalisado. A redução mais intensa do va-lor médio recebido pelos autônomos emrelação às autônomas fez com o valor-hora do rendimento das mulheres pas-sasse a representar 67,9% do valor-horamasculino, em 2001, pouco superior aopercentual observado em 1989 (63,6%).Contudo, foi entre os que trabalham paraempresa que se observou maior aproxi-mação do rendimento-hora entre homense mulheres: em 1989, as mulheres rece-biam menos da metade (49,4%) do va-lor-hora pago aos homens, passando a re-ceber, em 2001, valor correspondente a65,9%. Já a relação entre rendimento-hora das autônomas para o público emrelação ao correspondente masculino di-

minuiu de 72,6%, em 1989, para 71,0%,em 2001.

Por quartis de renda, observou-seque a participação dos autônomos no pri-meiro quartil era de 22,1%, em 1989,passando para 35,4%, em 2001. Para asmulheres, a proporção de autônomas noprimeiro quartil equivalia a 28,8%, pas-sando para 36,3%, em 2001. Isso revelauma sobre-representação das mulheresautônomas no quartil mais pobre, vistoque este tipo de inserção absorvia ape-nas 17,1% das ocupadas, em 2001.

O rebaixamento do rendimento mé-dio dos autônomos em relação às demaisposições na ocupação foi mais evidenteentre os homens, uma vez que a partici-pação dos autônomos no primeiro quartilpassou de 17,8% para 35,4%, no perío-do, mas a sobre-representação, no casomasculino, é menos acentuada – em2001, os autônomos correspondiam a24,2% dos ocupados.

Cresce participação feminina na

atividade empresarial

O índice da ocupação das mulherescomo empregadoras no mercado de tra-balho da Região Metropolitana de SãoPaulo aumentou (102,9%) mais que odos homens (21,1%), e contribuiu maispara o crescimento de 35,5% da ativi-dade empresarial da Região.

Apesar desse aumento importante,as mulheres empregadoras respondiam,em 2001, por apenas 2,9% da ocupa-ção feminina, percentual maior que

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AUTOGERAÇÃO DE TRABALHO

aquele registrado em 1989 (1,9%), mas,ainda, em proporções inferiores à doshomens, no mesmo período (passou de5,5% para 6,1%). Assim, a proporçãode empregadores aumentou em relaçãoao total de ocupados na Região (de4,1% em 1989 para 4,7% em 2001).

Aquele comportamento fez que aproporção de mulheres entre os empre-gadores aumentasse (de 17,6% em1989 para 26,3% em 2001), permane-cendo, no entanto, bem menor que ados homens.

A atividade empresarial das mulhe-res aumentou no setor de Serviços(153,9%) e no Comércio (117,6%). NaIndústria a atividade empresarial dasmulheres é tão pequena que não per-mite a desagregação na amostra daPED. Já a dos homens permite, e pode-se observar uma diminuição (de 3,1%)na categoria de empregadores da In-dústria entre 1989 e 2001. Por outrolado, seu crescimento ocorreu nos Ser-viços (42,2%) e no Comércio (18,6%),nos quais foi muito menor que o dasmulheres.

A jornada de trabalho das mulhe-res empresárias aumentou de 48 para 50horas. Sua extensão, que era compará-vel à das empregadas domésticas men-salistas em 1989, passou a ser a maiselevada de todas as formas de inserçãodas mulheres no mercado de trabalho.Mas era, e continuou sendo, menor quea jornada dos homens empresários (56horas semanais) e não modificou a jor-nada média semanal de trabalho do to-tal de empregadores (54 horas).

Devido ao tamanho reduzido dessesegmento, os dados não permitem desa-gregar os rendimentos das mulheres em-presárias nos dois anos em estudo e co-nhecer sua evolução. No entanto, os da-dos permitem constatar que o rendimen-to médio real dos homens empregadoresdiminuiu cerca de 20% (de R$ 3.251 em1989 para R$ 2.581 em 2001).

Como estes rendimentos são maio-res que a média do total dos emprega-dores (R$ 3.127 em 1989 e R$ 2.369em 2001), pode-se inferir que os rendi-mentos das mulheres empresárias erammenores que o dos homens.

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Emprego doméstico responde

por aproximadamente 30% do crescimento

da ocupação feminina

O EMPREGO DOMÉSTICO

Atividade considerada exclusiva-mente feminina,8 e propensa a expandirem contexto de crise econômica, quan-do a geração de postos de trabalho emgeral não acompanha no mesmo com-passo o crescimento da população, oemprego doméstico cresceu em uma ve-locidade mais acelerada (64,5%) queoutros grupos de ocupação que anali-samos nesse estudo, exceto as que atua-vam como empregadoras. Como vimos,o assalariamento feminino total aumen-tou 18,1%, as autônomas 51,7%, asempregadoras 102,9% e o agregado de-mais posições 62,5%.

O aumento mais expressivo das do-mésticas mensalistas (90,1%) foi deter-minante na evolução, embora o total dasdiaristas também tenha se expandido(9,8%). As domésticas mensalistas cor-respondiam a mais de ¾ do total dasempregadas domésticas, e destas ape-nas 39,2% possuíam carteira assinada,em 2001, e 34,6%, em 1989, apesar deter tido maior crescimento (113,4%) queas sem carteira (77,6%).

Em época de flexibilização do mer-cado de trabalho e aumento do desem-prego, essas trabalhadoras acabam ten-do um papel estratégico, pois seu cres-cimento respondeu por aproximadamen-te 30% do crescimento da ocupação fe-minina, enquanto a ampliação do traba-lho assalariado, entre 1989 e 2001, naRMSP – em que o trabalho feminino émais valorizado, pois sua remuneraçãopor hora era 125% maior que o das do-mésticas, em 2001 –, respondeu por 36%.

Com aquele crescimento, o empre-go doméstico passou a ser a ocupaçãoque absorve o segundo maior volume demulheres ocupadas na Região, depois doemprego assalariado, entre os tipos deinserção analisados, pois, em 1989 e2001, 18,6% e 15,1% do total das ocu-padas estavam inseridas nesse tipo deocupação.

O crescimento do total de empre-gadas domésticas na Região foi acom-panhado da diminuição de 5 horas (de42 para 37 horas) em sua jornada mé-dia semanal de trabalho, ou seja, pare-

8. Devido à freqüência da mulher ser predominante (95,9%, em 2001) nessa atividade, aqui não se coloca a análise da questão degênero.

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O EMPREGO DOMÉSTICO

ce ter havido uma “repartição do traba-lho” via redução de seu tempo. Entreos tipos estudados esse movimento foigeneralizado.

Entre as mensalistas, essa média di-minuiu para 41 horas, e é mais extensaentre as com carteira assinada (45 horas),do que as sem carteira (39 horas), e 7horas a menos das jornadas registradasem 1989, para as duas categorias.

Essa estratégia pode ser confirma-da quando se observa a distribuição des-sas trabalhadoras segundo classes dehoras semanais. A proporção das que tra-balhavam mais de 44 horas diminuiu de43,5% para 33,3%, e no outro extremo,as que trabalhavam até 20 horas sema-nais, passaram para 19,9%, quando em1989, era 15,1%.

Com um aumento de 11,6%, o rendi-mento médio das empregadas domésticaspassou a equivaler a R$ 328. Mesmo as-sim, esse valor correspondia a menos dametade (45,1%) do que recebiam as as-salariadas do setor privado, em 2001. Em1989, essa proporção era de 35%.

Tanto em 1989, como em 2001, asempregadas mensalistas com carteira

assinada ganhavam mais (R$ 379 eR$ 434), do que as sem carteira (R$239 e R$ 271), cujos rendimentos au-mentaram 14,5% e 13,4%, respectiva-mente. Vale destacar que os rendimen-tos das mensalistas sem carteira – sãoos mais baixos entre todas as formasde inserção das mulheres ocupadas naRMSP.

Por outro lado, a análise por extra-tos de renda indica uma melhoria, umavez que houve deslocamento da partici-pação das domésticas que ganham me-nos (Grupo 1), para os extratos seguin-tes (2, 3 e 4).

No primeiro quartil, que correspon-de a 25% de mulheres ocupadas commenores rendimentos, em 1989, 38,4%eram domésticas, diminuindo para34,4%, em 2001, ainda que dividamcom as autônomas (36,3%), em 2001,as maiores participações.

Em contrapartida, aumentaram suaproporção, de 18,4% para 26,3%, noGrupo 2, de 5,2% para 17,8%, no Gru-po 3, e no Grupo 4, das que recebem osmaiores rendimentos, passaram a corres-ponder a 3,2% do total.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

9. A análise do desemprego feminino encontra-se no Boletim Mulher e Trabalho, número 6.

10. Em 1989, eram 38,4% dos ocupados na Região.

A análise da inserção feminina en-tre 1989 e 2001 mostrou a intensifica-ção da entrada da mulher na força detrabalho, acompanhada da ampliação desua participação no desemprego,9 mastambém da conquista ocupacional, pas-sando a corresponder a 43,2%10 dos ocu-pados da RMSP. Como essa incorpora-ção feminina ocorreu simultaneamenteao processo de precarização das rela-ções de trabalho, observou-se a expan-são das formas não regulamentadas deinserção – assalariamento sem carteirade trabalho e trabalho autônomo – paraas mulheres. Todavia, não se podedissociar esse movimento do compor-tamento do conjunto de ocupados, poistambém entre o segmento masculino asformas de inserção que tiveram amplia-ção neste período caracterizam-se pelaprecariedade.

O aspecto diferenciador para a par-cela feminina no mercado de trabalhofoi a geração de oportunidades qualifi-

cadas, como o assalariamento no setorpúblico e o com carteira assinada nosetor privado, ainda que em proporçõesinferiores aos observados nas formasmais frágeis. É preciso apenas mencio-nar que tal fenômeno poderia ser inter-pretado de maneira mais favorável senão fosse acompanhado de diminuiçãodestes tipos de inserção para os homens.

O aspecto mais positivo da inser-ção feminina em relação à masculinatambém se expressou no comportamen-to do rendimento médio. Ainda que asituação desfavorável do mercado detrabalho tenha resultado na diminuiçãoda renda no período, o rendimento dasmulheres apresentou redução inferiorà dos homens, o que resultou na maioraproximação entre seus rendimentos.Mais uma vez, seria mais positivo so-cialmente se tal redução da desigual-dade resultasse do aumento mais inten-so do valor pago às mulheres em rela-ção aos homens.

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ANEXOS

Tabela 1

Distribuição dos Ocupados, por Sexo, segundo Posição na Ocupação

Região Metropolitana de São Paulo

1989-2001

Em porcentagem

Posição na OcupaçãoTotal Mulheres Homens

1989 2001 1989 2001 1989 2001

Total de Ocupados 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Assalariados Total (1) 72,1 63,0 65,4 58,1 76,3 66,7

Assalariados do Setor Privado 62,1 55,0 52,3 47,2 68,2 60,9

Com Carteira de Trabalho Assinada 53,0 40,8 44,6 34,9 58,2 45,3

Sem Carteira de Trabalho Assinada 9,1 14,2 7,7 12,3 10,0 15,6

Subcontratados 1,8 3,3 2,2 3,2 1,5 3,4

Assalariados do Setor Público 9,8 8,0 12,9 10,9 7,8 5,8

Estatutários 4,2 4,6 6,4 6,5 2,8 3,2

Não Estatutários 5,6 3,4 6,5 4,4 5,0 2,7

Com Carteira de Trabalho Assinada 4,9 2,2 5,4 2,5 4,6 1,9

Sem Carteira de Trabalho Assinada 0,7 1,2 1,1 1,9 0,5 0,7

Autônomos 15,6 21,1 15,0 17,1 16,1 24,2

Trabalham para Empresa 5,5 8,3 5,5 6,5 5,6 9,7

Trabalham para o Público 10,1 12,8 9,5 10,6 10,5 14,5

Empregadores 4,1 4,7 1,9 2,9 5,5 6,1

Empregados Domésticos 6,1 8,4 15,1 18,6 0,5 0,6

Mensalistas 4,2 6,7 10,3 14,7 0,5 0,6

Com Carteira de Trabalho Assinada 1,5 2,7 3,6 5,7 - (2) - (2)

Sem Carteira de Trabalho Assinada 2,7 4,0 6,7 8,9 - (2) - (2)

Diaristas 1,8 1,7 4,8 4,0 - (2) - (2)

Demais Posições 2,0 2,7 2,7 3,2 1,6 2,3

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.(1) Inclusive os assalariados que não sabem o tipo de empresa em que trabalham.

(2) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

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ANEXOS

Tabela 2

Distribuição dos Ocupados, por Sexo, segundo Posição na Ocupação

Região Metropolitana de São Paulo

1989-2001

Em porcentagem

Posição na Ocupação1989 2001

Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens

Total de Ocupados 100,0 38,4 61,6 100,0 43,2 56,8

Assalariados Total (1) 100,0 34,8 65,2 100,0 39,9 60,1

Assalariados do Setor Privado 100,0 32,3 67,7 100,0 37,1 62,9

Com Carteira de Trabalho Assinada 100,0 32,3 67,7 100,0 37,0 63,0

Sem Carteira de Trabalho Assinada 100,0 32,3 67,7 100,0 37,6 62,4

Subcontratados 100,0 48,6 51,4 100,0 41,7 58,3

Assalariados do Setor Público 100,0 50,5 49,5 100,0 58,6 41,4

Estatutários 100,0 58,4 41,6 100,0 60,7 39,3

Não Estatutários 100,0 44,6 55,4 100,0 55,8 44,2

Com Carteira de Trabalho Assinada 100,0 42,4 57,6 100,0 49,7 50,3

Sem Carteira de Trabalho Assinada 100,0 59,5 40,5 100,0 66,8 33,2

Autônomos 100,0 36,8 63,2 100,0 35,0 65,0

Trabalham para Empresa 100,0 38,1 61,9 100,0 33,6 66,4

Trabalham para o Público 100,0 36,1 63,9 100,0 35,9 64,1

Empregadores 100,0 17,6 82,4 100,0 26,3 73,7

Empregados Domésticos 100,0 95,0 5,0 100,0 95,9 4,1

Mensalistas 100,0 93,1 6,9 100,0 94,9 5,1

Com Carteira de Trabalho Assinada 100,0 90,4 - (2) 100,0 93,5 - (2)

Sem Carteira de Trabalho Assinada 100,0 94,6 - (2) 100,0 95,9 - (2)

Diaristas 100,0 99,5 - (2) 100,0 99,5 - (2)

Demais Posições 100,0 50,6 49,4 100,0 51,6 48,4

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.(1) Inclusive os assalariados que não sabem o tipo de empresa em que trabalham.

(2) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

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ANEXOS

Tabela 3

Rendimento Médio Real por Hora dos Ocupados, por Sexo, segundo Posição na Ocupação

Região Metropolitana de São Paulo

1989-2001

Valores em reais de janeiro de 2002

Posição na OcupaçãoTotal Mulheres Homens Mulheres/Homens

1989 2001 1989 2001 1989 2001 1989 2001

Total de Ocupados 6,68 4,80 4,89 4,04 7,64 5,35 64,0 75,5

Assalariados Total (1) 6,73 4,98 5,43 4,63 7,34 5,19 74,0 89,1

Assalariados do Setor Privado 6,22 4,61 4,65 4,13 7,01 4,85 66,3 85,1

Com Carteira de Trabalho Assinada 6,73 5,09 5,00 4,63 7,59 5,31 65,9 87,1

Sem Carteira de Trabalho Assinada 3,02 3,18 2,52 2,73 3,24 3,45 78,0 79,3

Subcontratados 3,07 2,83 2,33 2,47 3,66 3,05 63,7 81,2

Assalariados do Setor Público 10,18 7,75 9,22 7,23 11,38 8,60 81,0 84,0

Estatutários 9,94 8,58 9,13 7,95 11,00 9,23 83,0 86,1

Não Estatutário 10,55 6,82 9,32 6,35 11,33 7,45 82,2 85,2

Com Carteira de Trabalho

Assinada 10,98 7,69 9,74 7,19 11,92 7,96 81,7 90,3

Sem Carteira de Trabalho

Assinada - (2) 5,57 - (2) - (2) - (2) - (2) -(2) -(2)

Autônomos 6,16 3,59 4,45 2,75 7,00 4,05 63,5 67,8

Trabalham para Empresa 7,50 4,33 4,55 3,23 9,21 4,90 49,4 65,9

Trabalham para o Público 5,32 3,20 4,29 2,50 5,91 3,52 72,6 70,9

Empregadores 13,47 10,20 - (2) - (2) 13,50 10,72 - (2) - (2)

Empregados Domésticos 1,67 2,06 1,63 2,06 - (2) - (2) - (2) - (2)

Mensalistas 1,45 1,92 1,41 1,91 - (2) - (2) - (2) - (2)

Com Carteira de Trabalho Assinada 1,75 2,33 1,69 2,24 - (2) - (2) - (2) - (2)

Sem Carteira de Trabalho Assinada 1,24 1,61 1,21 1,62 - (2) - (2) - (2) - (2)

Diaristas 2,52 3,31 2,51 3,32 - (2) - (2) - (2) - (2)

Demais Posições - (2) - (2) - (2) - (2) - (2) - (2) - (2) - (2)

Fonte: SEP. Convênio SEADE – DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.(1) Inclusive os assalariados que não sabem o tipo de empresa em que trabalham.(2) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Nota: Exclusive os assalariados e os empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares semremuneração salarial e os trabalhadores que ganharam exclusivamente em espécie ou benefício. Inflator utilizado: ICV do Dieese.Exclusive os ocupados que não trabalharam na semana.