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1 Congregação Bom Pastor D’angers: história da administração das prisões femininas no Brasil Débora Soares Karpowicz 1 1. Introdução A história do encarceramento feminino no Brasil estruturou-se no final da década de 1930 a partir de debates teóricos. Tais discussões trouxeram à baila a situação dos cárceres no Brasil e a necessidade da separação de gênero dentro do espaço prisional. Ao se falar sobre a história das prisões femininas no Brasil, uma instituição deve ser lembrada, a Congregação Bom Pastor d’Angers que, desde 1891, atuou no Brasil com a missão de auxílio e proteção às mulheres em situação de miséria, exclusão social e material. A atuação das Irmãs do Bom Pastor, juntamente com as deliberações do Estado, teve função crucial na reestruturação do cárcere, com a separação de homens e mulheres em um contexto em que a lei penal não previa tal distinção. Este trabalho pretende remontar a história desta Congregação e seu papel na administração dos primeiros e principais cárceres femininos durante as décadas de 1930 a 1940 no Brasil, procurando mostrar os primórdios do atual sistema prisional feminino. A presente pesquisa parte da análise de documentos primários disponibilizados nos arquivos particulares da Congregação Bom Pastor d’Angers em São Paulo (BR) e Angers (FR), tais como atas manuscritas pela Congregação Bom Pastor durante a administração destes cárceres. Trarei o exemplo das três primeiras instituições prisionais do Brasil, a Escola de Reforma, inaugurada em 1936 em Porto Alegre (RS); o Presídio de Mulheres de São Paulo e a Penitenciária de Mulheres de Bangu, no município do Rio de Janeiro, ambas, inaugurados em 1942. 2. Maria Eufrásia Pelletier: fundadora da Congregação Bom Pastor d’Angers 1 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (bolsista CNPq). Orientadora Professora Dra. Ruth Maria Chittó Gauer. E-mail: [email protected]

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Congregação Bom Pastor D’angers: história da administração das prisões femininas no Brasil

Débora Soares Karpowicz1

1. Introdução

A história do encarceramento feminino no Brasil estruturou-se no final da década de

1930 a partir de debates teóricos. Tais discussões trouxeram à baila a situação dos cárceres

no Brasil e a necessidade da separação de gênero dentro do espaço prisional. Ao se falar

sobre a história das prisões femininas no Brasil, uma instituição deve ser lembrada, a

Congregação Bom Pastor d’Angers que, desde 1891, atuou no Brasil com a missão de auxílio

e proteção às mulheres em situação de miséria, exclusão social e material. A atuação das

Irmãs do Bom Pastor, juntamente com as deliberações do Estado, teve função crucial na

reestruturação do cárcere, com a separação de homens e mulheres em um contexto em

que a lei penal não previa tal distinção. Este trabalho pretende remontar a história desta

Congregação e seu papel na administração dos primeiros e principais cárceres femininos

durante as décadas de 1930 a 1940 no Brasil, procurando mostrar os primórdios do atual

sistema prisional feminino.

A presente pesquisa parte da análise de documentos primários disponibilizados nos

arquivos particulares da Congregação Bom Pastor d’Angers em São Paulo (BR) e Angers (FR),

tais como atas manuscritas pela Congregação Bom Pastor durante a administração destes

cárceres. Trarei o exemplo das três primeiras instituições prisionais do Brasil, a Escola de

Reforma, inaugurada em 1936 em Porto Alegre (RS); o Presídio de Mulheres de São Paulo e

a Penitenciária de Mulheres de Bangu, no município do Rio de Janeiro, ambas, inaugurados

em 1942.

2. Maria Eufrásia Pelletier: fundadora da Congregação Bom Pastor d’Angers

1 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (bolsista CNPq). Orientadora Professora Dra. Ruth Maria Chittó Gauer. E-mail: [email protected]

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Rosa Virgínia Pelletier, nome de batismo de Maria Eufrásia Pelletier, nasceu em 31

de julho de 1796 na ilha de Noirmoutier na França, filha do médico Julien-Louis Pelletier e

de Anne Aimée Mourain, (Généalogie des Pelletier, S/D), foi a oitava filha do casal (ABREU,

1998, p.13). Por nascer no dia da festa de Santo Inácio de Loyola, recebeu este nome em

homenagem à primeira Santa da América Latina (Santa Rosa de Lima) (ABREU, 1998, p.6-

13).

A importância histórica desta personagem, Santa Maria Eufrásia Pelletier –

reconhecida como Santa pelo Vaticano no início do século XX, no entanto desconhecida

para a grande maioria católica –, inicia no final do século XVIII. Sua infância foi tecida em

meio à Revolução Francesa, marcada por rupturas e continuidades, pela consolidação de

novos pensamentos e filosofias, por reformulações no Estado e na Igreja. De família com

base católica, presenciou não somente as reformulações no seio da igreja, como a

destruição física de abadias, mosteiros e conventos. Esse contexto revolucionário e as

mudanças na estrutura social e política da época foram para Pelletier motivos propulsores

de um novo pensar.

Em meio ao caos, sentiu na pele o impacto das transformações, com 11 anos de idade2

ainda não havia frequentado a escola, por não haver nenhuma instituição de ensino em sua

cidade, devido às perseguições políticas dos revolucionários. Somente aos 12 anos foi

possibilitado seu ingresso3, logo após o falecimento de seu pai, Rosa Virgínia foi internada

no colégio administrado pelas Irmãs Ursulinas de Chavagne (Heroínas da Cristandade,

2011). Permaneceu no colégio por apenas 2 anos, quando por necessidade de mudança

teve que novamente se afastar dos estudos. Um episódio marcante em sua infância e que

influenciou suas decisões futuras, foi a visita ao convento vizinho à sua escola. Pela primeira

vez teve contato com as Irmãs de “hábito branco”, cuja missão de oração e zelo era feita de

2 Neste mesmo ano, Rosa Virgínia sofre a perda de duas Irmãs: Vitória Emília e Ana Josefina. Manuscrito. Acervo Bom Pastor. Armário A, caixa 2. Santa Maria Eufrásia Pelletier e sua obra. Porto Alegre, 20 de dezembro de 1976. p. 1. 3 A exata idade do ingresso de Rosa Virgínia à Escola das Irmãs Ursulinas não fica claro nas fontes primárias, nem mesmo na bibliografia existente. Alguns documentos afirmam que seu ingresso à escola foi aos 10 anos, outros aos 12 anos.

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forma reclusa. No entanto, para Rosa Virgínia o ímpeto pelo trabalho só tinha sentido se

fosse de modo efetivo e prático, na salvação de almas, sobretudo da “mocidade”. Sentia-se

atraída pela vida contemplativa, mas a vida prática lhe fazia mais sentido (Manuscrito, 1976,

p. 1-2). Somente em 1811 completou seus estudos, desta vez longe da família, na cidade de

Tours, em um instituto fundado pelas Irmãs da associação cristã.4 Rosa Virgínia, aos 18 anos,

sem o apoio inicial da família, fugiu do colégio interno para ingressar no Mosteiro do

Refúgio de Tours.5

Em 1815 recebeu seu hábito religioso e em 1817 pronunciou seus votos de pobreza,

castidade, obediência e zelo6, passando a chamar-se, contra sua vontade7, Maria de Santa

Eufrásia Pelletier (ABREU, 1998, p.14-6). O modelo monástico de seu convento era de

clausura e Pelletier, no ímpeto de ser uma freira ativa, cavou um túnel com a ajuda de

outras Irmãs e, à noite, fugia para dar assistência às prostitutas e às mulheres desvalidas.

Esse túnel, ainda existe na cidade de Angers.8

4 Neste contexto, Rosa Virgínia muda-se com sua família para a cidade de Soullans (França). In: Manuscrito. Acervo Bom Pastor. Armário A, caixa 2. Santa Maria Eufrásia Pelletier e sua obra. Porto Alegre, 20 de dezembro de 1976. p. 1-2. 5 A ordem Nossa Senhora da Caridade do Refúgio foi fundada em 1641 por São João Eudes e era destinada a recolher jovens e mulheres afastadas da moral cristã, incluindo prostitutas e todas aquelas que pedissem abrigo e proteção, a fim de reeducá-las nos moldes da Igreja Católica. LEITE, Maynar Patricia Vorga. NO LIMITE: a Invenção de si no espaço prescrito e proscrito na prisão. Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional – Instituto de Psicologia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012, p. 102. 6 Ainda no refúgio de Tours as Irmãs vão fortificar o quarto voto. Cada religiosa empenha, dentro do voto de zelo, toda sua vida na salvação das pessoas. In: Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor de Angers. Jornal Santuário de Aparecida. Caderno Vida Religiosa. 11 de novembro de 1979. 7 Rosa Virginia era admiradora de Santa Teresa de Ávila e ao fazer os votos religiosos pede a superiora que sua insigne seja em sua homenagem, no entanto lhe é negado, dizendo que tal Santa é grandiosa, devendo ela procurar um nome mais humilde. Eis que toma conhecimento de Santa Eufrásia, parente do Imperador Teodósio que, possuidora de dons milagrosos, morre ainda jovem, aos 30 anos, ficando por muito tempo esquecida pela Igreja Católica. Sua festa litúrgica é comemorada dia 13 de março. ABREU, op. Cit., p. 16. 8 A história do túnel foi contada pelas Irmãs da Congregação do Bom Pastor nos diversos diálogos que tivemos. Em 2015, durante o período de pesquisa do Doutorado Sanduíche, tive oportunidade de participar da vida ativa do Convento de Angers. Nesta oportunidade convivi com as Irmãs da Congregação conhecendo profundamente a obra e o legado de Maria Eufrásia Pelletier. O túnel mencionado nos relatos e nos documentos ainda existe, e posso destacar que são dois. Um feito antes do Generalato e outro, ainda maior, feito a partir de esforços comunitários, sob o comando e administração de Maria Eufrásia, que é utilizado até os dias de hoje. O túnel tem um significado espiritual e simbólico muito forte e é utilizado em encontros e momentos de reflexão espirirual. No trabalho de Maynar Patricia Vorga também este fato é mencionado, no entanto sem referenciar a fonte. In: LEITE, 2012. p. 92.

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Com apenas 29 anos de idade foi eleita superiora9 do Refúgio de Tours no qual teve

grande aprendizado e inspiração para a fundação de sua própria instituição (ABREU, 1998,

p.17). Antes de fundar a Congregação do Bom Pastor, Maria Eufrásia criou a Instituição das

Madalenas, cuja função era a formação de novas religiosas as quais seriam assistidas pelas

Irmãs do Refúgio. Chegou-se a dizer que a instituição das Madalenas foi o coração do Bom

Pastor (MANUSCRITO, 1976, p. 4). A ordem das Madalenas, cuja ala dentro do mosteiro era

separada das demais religiosas, contrariava o ideário Cristão, pois admitiu, pela primeira

vez, que mulheres não castas se tornassem religiosas e ia além, permitiu que vestissem o

hábito religioso. Desta forma, Pelletier contrariou norma importante da igreja católica, qual

seja, a exigência de castidade das freiras, permitindo que moças “desviadas” que

desejassem voltar para o “caminho correto” pudessem aderir à vida religiosa, nos moldes

das carmelitas, desde que seguissem os regulamentos da casa.

Para a Igreja Católica, a castidade está ligada a um estado de integridade da carne,

isto é, pela abstinência de todo ato venéreo consumado. Essa virtude não consiste em uma

disposição somente do corpo, mas, sobretudo da alma. Para a igreja desse contexto, a

virgindade reserva àquelas que a souberam preservar uma coroa de glória no outro lado,

estas mulheres passam a ser a imagem e semelhança da Virgem Maria (CORBIN, 2008, p.

68-9).

Esta veneração pela imagem de Maria, chamada por Alain Corbin de mariofania10

está em consonância com a crescente das ordens e congregações religiosas ocorridas no

século XIX, bem como com um catolicismo exacerbado. O recrutamento de jovens religiosas

até 1860 teve uma curva ascendente, não foram menos de 200.000 meninas, na França, que

decidiram consagrar suas vidas a Deus (CORBIN, op. Cit., p. 58). Também a esse período é

possível destacar o estudo desenvolvido por Peter Gay que diz ser o século XIX o século

burguês. Este período, segundo o autor, sobressaiu-se pela caça sem trégua aos hipócritas,

9 Maria Eufrásia Pelletier foi superiora do Refúgio de Tours de 26 de maio de 1825 a 14 de maio de 1831. In: Manuscrito. Acervo Bom Pastor. Armário A, caixa 2. Santa Maria Eufrásia Pelletier e sua obra. Porto Alegre, 20 de dezembro de 1976. p. 4. 10 O autor ao descrever a mariofania, que significa as aparições da Virgem Maria, destaca três aparições ocorridas ao longo do século XIX que terão papel fundamental para este ufanismo à imagem de Maria. CORBIN, op. Cit., p. 59; 64-68.

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a falsidade beata que escondeu as ações mais vis por trás das palavras mais nobres que

usavam expressões amenas para ocultar os desejos mais grosseiros.11

Maria Eufrásia Pelletier faleceu em 24 de abril de 1868 (MANUSCRITO, 1976, p.

8), acometida de uma grave doença. Sua obra deixou o legado, que até hoje vem sendo

desempenhado pelas Irmãs do Bom Pastor. Seu processo de canonização iniciou-se no ano

de 1886, no entanto, somente em 1933 recebeu a beatificação, sendo canonizada sete anos

mais tarde (ESTATUTOS, S/D, p.6-7).

3. Congregação Bom Pastor d’Angers: breve histórico

A história da Congregação Nossa Senhora do Bom Pastor d’Angers insere-se neste

contexto. A casa do Bom Pastor existiu na cidade de Angers de 1692 até a Revolução

Francesa, quando foi destruída pelos ideais revolucionários da época. Foi dirigida por uma

comunidade sem clausuras e destinada a moças que, saídas do refúgio, desejassem

aperfeiçoar a sua reabilitação. Depois de permanecer 40 anos desativada, foi reconstruída

graças à iniciativa da Condessa Maria Inocência Joana de Lentivy. No entanto, após sua

morte em 1827, seu filho, Conde de Agostinho de Neuville, impossibilitado de dar

continuidade à obra, pediu ajuda ao Bispo d’Angers para retomar o fruto deixado pela mãe

(MANUSCRITO, 1976, p. 4).

Envolta nos ensinamentos de João Eudes12 e na fortificação do quarto voto, Maria

Eufrásia, recebeu o convite de Dom Montault des Isles para que fundasse, no seu bispado,

na cidade de Angers, um novo refúgio (CAMPOS, 1981, p. 6). Em 1829 as primeiras Irmãs

chegaram a Angers (RESENDE, p. 65), no entanto, a administração ficou ao encargo da

Madre Bodin. Foi somente em 1831 que Maria Eufrásia se tornou superiora da Casa do Bom

Pastor, trazendo ao local inúmeras reformas, dentre as quais o aumento significativo do

11 O autor destaca a visão pedagógica frente aos “modos” femininos, bem como a importância da família e da “mulher do lar” durante o séc. XIX. In: GAY, Peter. A experiência burguesa da Rainha Vitória a Freud: A educação dos sentidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 293. 12 Fundador da Ordem Nossa Senhora do Refúgio, em 1640, cujo desafio era dar apoio a jovens mulheres com

problemas morais e sócio familiares. Jornal Lar Católico, Juiz de Fora. 09 de março de 1980. Acervo Bom Pastor. Armário A, caixa 2 (Artigos de jornal sobre a missão das Irmãs do Bom Pastor). 2.16 – Estrela das Missões: Irmãs do Bom Pastor (Angers).

6

número de noviças13, bem como o número de mulheres assistidas, incluindo as órfãs

(MANUSCRITO, 1976, p. 5).

Pelletier fez propostas inovadoras e com isso enfrentou muitas oposições, ficando

sem, até mesmo, o apoio das Irmãs de convento. Dentre as mudanças aludidas, sugeriu às

Irmãs e Coordenadoras que os Mosteiros até então autônomos, funcionassem em Rede ou

Parceria, partilhando recursos humanos e financeiros, pois desejava que o mundo inteiro se

beneficiasse da obra iniciada por S. João Eudes (IRMÂS DO BOM PASTOR, 2014). O seu

desejo não foi aceito e Maria Eufrásia rompeu definitivamente com o mosteiro de Tours e

“do tronco de N. Senhora da Caridade do Refúgio, destacou-se novo ramo, a Congregação

de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor d’Angers.” (CAMPOS, 1981, p. 7). Como fruto

das suas obras, foi expedido pelo Papa Gregório XVI em 16 de janeiro de 1835 o Decreto do

Generalato o qual conferiu à Casa do Bom Pastor o título de Casa Mãe. Desta forma,

originou-se a Congregação do Bom Pastor, sendo Superiora a Irmã Maria de Santa Eufrásia

Pelletier (ESTATUTOS, S/D, p.6-7), e tendo como data de fundação o dia 31 de julho de 1835

(CAMPOS, 1981, p. 6).

A assistência às mulheres presas iniciou quando Maria Eufrásia, em 1846, por

motivos de saúde, adquiriu uma chácara próxima à cidade de Angers. Devido ao espaço e às

condições materiais que o lugar proporcionava, este local tornou-se uma colônia agrícola,

recebendo prisioneiras com o objetivo de ensiná-las o trabalho de campo e dar-lhes uma

educação moral e religiosa, chamando-se Casa de Nazaré. Posteriormente (1852) tornou-se

um convento (MANUSCRITO, 1976, p. 8). Sob a administração de Maria Eufrásia, o

manuscrito feito pelas Irmãs do Bom Pastor em 20 de dezembro de 1976 afirma:

Em dez anos a Congregação do Bom Pastor, sob a administração de Maria Eufrásia, já contava com vinte conventos na França, três nos Estados da Sardenha, dois em Roma, dois na Bélgica, um na Baviera, um na Inglaterra,

13 Noviça é a designação dada à pessoa que se prepara para a vida religiosa, sob a orientação de uma mestra. Esse processo de preparação e estudo ocorre antes da emissão dos votos, quando a candidata a Irmã toma o hábito (escapulário, túnica, cordão e véu). Em geral as congregações femininas seguem as mesmas regras vindas de Roma. In: BILÉ, ANA. Libertação da Clausura: Retrato da Vida no Mosteiro Puríssima Conceição. Questões Sociais Contemporâneas. Actas das VIII Jornadas do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e Centro de Investigação em Sociologia e Antropologia “Augusto da Silva”. Abril de 2007. p. 65.

7

um nos Estados Unidos e um na Argélia. Incluindo a casa mãe eram trinta e duas casas. (MANUSCRITO, 1976, p. 6).

A Congregação Nossa Senhora do Bom Pastor se espalhou pelo mundo rapidamente,

e em 1855 já existiam, somente na França, 29 novas casas e 27 em outros países (ABREU,

1998, p. 21). Maria Eufrásia Pelletier, quando da fundação da Congregação, teve como base

o evangelho de Jesus e sendo ela admiradora e conhecedora do significado das parábolas

do Bom Pastor, “batizou” com o mesmo nome a nova casa inaugurada.

Os exemplos deixados por Pelletier foram seguidos pelas Irmãs do Bom Pastor que

proliferaram sua obra por cinco continentes. No ano de 1990 tinha-se o número de 7.180

Irmãs e 667 casas no total de 84 províncias (JORNAL SANTUÁRIO DE APARECIDA, 1979) As

frentes de trabalho despontadas pelas religiosas visavam à reabilitação de mulheres em

situação de marginalidade, tais como: detentas, menores abandonadas, mães solteiras e

prostitutas, pois se interessavam principalmente no auxílio daqueles que moravam em

bairros de periferia ou frequentavam áreas de risco, além disso, possuíam outras obras

sociais e missões (JORNAL LAR CATÓLICO, 1980, p. 2). Abaixo imagem que retrata a obra

desta Congregação, cada tronco da árvore representa uma província e cada folha uma casa.

IMAGEM I

Fundações Bom Pastor – Acervo da autora (Foto retirada em Angers)

A vinda para a América ocorreu no ano de 1848 com a fundação da Casa de

Kentuchy, na América do Norte. A primeira casa do Bom Pastor na América Latina foi na

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cidade de San Felipe de Aconcágua14, no Chile, em 1855. A casa iniciou seus trabalhos como

uma escola de meninas externas e um pensionato. Somente em 1856 teve início a obra de

“reeducação” junto a mulheres presas, mas ainda de forma autônoma, sem o apoio do

Estado. Em nove anos de trabalho já existiam quatro casas no Chile. O início dos trabalhos

de evangelização das prisioneiras do Estado15, ocorreu também no Chile, nas cidades de

Talca e Santiago em 1863 (CAMPOS, 1981, p. 11-18). A missão das Irmãs do Bom Pastor

seguiu pela América do Sul, quando, em 1876, chegou à Região do Prata, no Uruguai, na

cidade de Montevidéo e em 1892, na Argentina, as atividades iniciaram-se com uma escola

de meninas internas16 e um pensionato. Neste contexto de chegada da Congregação do

Bom Pastor à América Latina, Carlos Aguirre destaca a importância que o Estado deu a estas

instituições:

As irmãs do Bom Pastor, Congregação que havia sido muito ativa na administração de prisões de mulheres em países como o Canadá e a França, começaram a administrar tais casas de correção [na América Latina]. Nisto receberam o apoio entusiasta dos respectivos governos, ávidos por reduzir algumas das tensões que existiam dentro das prisões e por livrar-se da responsabilidade de construir e administrar instituições de confinamento só para mulheres (AGUIRRE, 2009, p. 50-1).

Ao longo de quase dois séculos de história, a Congregação administrou diversos

tipos de instituições voltadas sempre para meninas e mulheres em situação de risco ou

abandono. Dirigiu desde escolas primárias e secundárias, orfanatos, reformatórios, até

instituições carcerárias, sendo a última o foco central do trabalho das Irmãs durante boa

parte do século XX no Brasil.

14 “A escolha de San Felipe para a fundação da primeira casa do Bom Pastor na América do Sul está ligada a história de um antigo Beatério (é uma associação de mulheres sem os votos de religião que procuram levar a vida comunitária sob certo regime espiritual). As beatas existem antes do surgimento das ordens religiosas.” In: CAMPOS, op. Cit., p. 14. 15 O termo prisioneiras do Estado é utilizado na maioria dos manuscritos das Irmãs do Bom Pastor para denominar as mulheres que foram condenadas ou estão em processo de julgamento. São diferentes das meninas órfãs e das meninas “indisciplinadas”, também sob os cuidados das Irmãs e localizadas no mesmo endereço, apenas com espaços distintos. 16 Por internas, compreende-se meninas entre 10 a 18 anos postas pelo juizado de menores ou por tutores e/ou familiares que desejavam a reeducação destas aos moldes católicos. No caso específico da instituição estudada, Penitenciária Feminina Madre Pelletier, dentre os usos desse espaço coexistiu, a partir de 1952, um internato para meninas órfãos e reeducandas (meninas postas na instituição pelos familiares ou tutores para reeducação).

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A Congregação Bom Pastor d’Angers atuou na administração de cárceres

femininos desde o início do século XIX até final do século XX nos quatro continentes. Foi

possível constatar a importância desta Congregação ao pesquisar em arquivos particulares

nas cidades de São Paulo (Brasil); Lisboa (Portugal) e Angers (França).

4. Congregação Bom Pastor d’Angers inaugura a administração dos cárceres femininos no

Brasil

As tratativas com o governo brasileiro começaram em novembro de 1889, quando

duas Irmãs oriundas da província do Chile vieram negociar com o Império a fundação de

uma instituição do Bom Pastor. Segundo documentação existente, foram recebidas pela

Família Real, ocasião em que Dom Pedro II ressaltou a importância que uma obra como esta

teria para o Brasil, pois já a conhecia da Europa e do restante da América, salientou o valor

de tal feito, não só para igualar o Brasil aos países desenvolvidos, mas também como forma

de estreitamento de laços entre Brasil e Chile.17 No entanto, devido às turbulências políticas

ocorridas no ano de 1889 a fundação tardou, todavia, deu-se início às campanhas para

17 As relações internacionais entre Brasil e Chile no final do século XIX estavam abaladas pela Guerra do

Pacífico (1879-1883), que mobilizou as relações internacionais entre os países da América Latina, sobretudo Chile, Bolívia e Peru. Para o Império Brasileiro, que acabara de sair falido da Guerra do Paraguai (1864-1870), manter-se neutro neste conflito foi a saída diplomática utilizada. No entanto, mesmo procurando posicionar-se de forma imparcial, o Chile divulgou a ideia de aliança com o Império Brasileiro, que não se posicionou contrário, pois essa aliança trazia vantagens frente às negociações com a Argentina, sua potencial inimiga. Esse posicionamento diplomático entre Brasil e Chile manteve-se até a Primeira Conferência Internacional Americana realizada em Washington, nos Estados Unidos, de 2 de outubro de 1889 até 19 de abril de 1890. Conferência esta que reuniu todos os Estados Americanos (com exceção da República Dominicana). O Brasil aliou-se ao Chile por temer um isolamento diplomático no encontro, pois era a única monarquia do continente, e o Chile aliou-se ao Brasil por temer a perda dos territórios conquistados na Guerra do Pacífico. No entanto, com a queda do Império durante a realização da Conferência (novembro de 1889), o Brasil, de então, com outros diplomatas à frente das negociações, reverteu o posicionamento frente ao Chile, com quem pouco antes havia se aliado oficialmente. Essa abrupta mudança diplomática causou novamente desgastes entre estes países. Tal revés político transformou o “novo” Brasil, agora Republicano, em uma das principais lideranças políticas e diplomáticas do Continente Americano no decorrer do século XX. Sobre as relações diplomáticas entre Brasil Império e os Países da América Latina ver: SANTOS, Luís Cláudio Villafañe G. O império e as repúblicas do Pacífico: as relações do Brasil com Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia (1822-1889) Curitiba: Editora UFPR, 2002 e CERVO, Amado Luiz & BUENO, Clodoaldo. História da política exterior do Brasil. São Paulo: Ática, 1992. In: CANAVEZE, Rafael. O Brasil e a Guerra do Pacífico: as relações do governo brasileiro com Chile, Bolívia e Peru (1879-1890). Disponível em: <http://www.anpuhsp.org.br/sp/downloads/CD%20XIX/PDF/Autores%20e%20Artigos/Rafael%20Canaveze.pdf> Acesso em 02 de novembro de 2014. p. 1-8.

10

construção do Bom Pastor cujo slogan foi: “Pro Asilo Bom Pastor” (CAMPOS, 1981, p. 16-

23).

Sendo assim, no Estado do Rio de Janeiro, a primeira casa foi fundada em 21 de

novembro de 1891, data de comemoração da chegada do Bom Pastor no Brasil, pelo

Decreto nº 173 de 10 de setembro de 1893 no qual foi lavrado em cartório o Contrato de

fundação da Congregação Nossa Senhora do Bom Pastor com o governo do Estado do Rio

de Janeiro (PÚBLICA FORMA, 1902, p. 37). A partir desta primeira instituição, muitas outras

foram fundadas, neste Estado e no restante do Brasil. Ao que se refere o Rio de Janeiro,

conforme aponta documentação temos as casas do Meier, Tijuca e em detaque a

Penitenciária Feminina de Bangu, inaugurada no ano de 1942, pela Congregação do Bom

Pastor, conforme aponta documento: “Chegado o tempo (...) para fundar e estabelecer esta

Correcional de mulheres em Bangu, casa do Instituto de Nossa Senhora de Caridade do

Bom Pastor de Angers no Rio de Janeiro.” (FUNDADORES E BENFEITORES RJ, 1942, p. 1).

No Rio Grande do Sul a obra da Congregação do Bom Pastor iniciou-se na cidade

de Pelotas, interior do Estado. Por intermédio da Associação das Damas de Caridade, que já

conheciam a obra das Irmãs no Rio de Janeiro, correspondências foram trocadas entre as

Irmãs e a dama da sociedade até o ano de 1928, quando a irmã Maria de São Francisco

Xavier Novoa fez a primeira visita à cidade a fim de verificar as condições para a fundação

da Instituição. No final do mesmo ano, a provincial do Rio de Janeiro, enviou seis Irmãs18

para Pelotas com a incumbência de fundar o Bom Pastor. Em 14 de janeiro de 1929 foi

inaugurada a Casa provisória, pertencente às Damas de Caridade. O lugar tornou-se

pequeno para a obra almejada, motivando o início da campanha de construção do Asilo.

Mesmo com a ajuda da comunidade, da provincial e da diocese, somente no ano de 1945

iniciou-se a construção da nova casa, que foi oficialmente inaugurada em 1948 (CAMPOS,

1981, p.135-141).

18 As Irmãs destinadas à fundação da nova casa em Pelotas foram: Me. Maria de Sta. Eufrásia Chaves (superiora); Ir. Maria de Sta. Família Lemos Lessa (Assistente); Ir. Maria de São João Eudes Lourenço de Moraes; Ir. Maria do Trânsito Oliveira; Ir. Maria Rosa Virginia Paranhos; Ir. Maria Rosa Ávila de Oliveira. In: CAMPOS, op. Cit., p. 138.

11

A casa do Bom Pastor de Pelotas serviu como base de apoio – ao longo de todo

período de administração das Irmãs –, à casa de Porto Alegre. Em análise às Atas do Livro de

Capítulos observou-se uma transitoriedade constante entre as duas instituições. Há

remanejos seguidos entre as Irmãs, ora vindo de Pelotas, ora indo à Pelotas, por diversos

motivos: para ajudar na casa, para retiro espiritual, para tratamento de saúde, dentre

outras finalidades. Constatou-se também que as visitas regulares, geralmente de dois em

dois anos, feitas pela Superiora Provincial, seguiam uma sequência, primeiro Pelotas, depois

Porto Alegre e a partir da década de 1960, quando a casa de Caxias do Sul foi fundada, a

Superiora segue também para esta cidade para efetuar visita regular. As casas do Sul se

auto apoiavam com trocas constantes e também apoiavam as novas casas que surgiram no

restante do país. Conforme visto, três casas são fundadas no Rio Grande do Sul, em Pelotas

(1929), Porto Alegre (1936) e Caxias do Sul (1960).

A administração das Irmãs do Bom Pastor em Porto Alegre passou por diversas

fases. A primeira foi em 1936, com a Escola de Reforma, responsável por abrigar as

mulheres “criminosas” antes recolhidas à Casa de Correção de Porto Alegre. A segunda fase

- Reformatório de mulheres criminosas (1940) – com o mesmo propósito, no entanto com

uma ampliação do número de mulheres albergadas. A terceira fase – Instituto Feminino de

Readaptação Social (1950) – foi um período de extrema complexidade, abrigou mulheres

condenadas ou em processo de julgamento, meninas órfãs encaminhadas pelo juizado de

menores de todo Estado do Rio Grande do Sul, escola de reforma para “meninas

indisciplinadas” encaminhadas por familiares, e ainda, atuou como escola interna e externa,

recebendo público diversificado, além de convento de formação de freiras e asilo para

senhoras. Na quarta e última fase de administração das Irmãs do Bom Pastor - Penitenciária

Feminina Madre Pelletier (1970) – tal instituição passou a atuar apenas como prisão

feminina, recebendo mulheres condenadas ou em processo de julgamento de todo o

Estado, inclusive durante a ditadura militar, atuou como prisão política, sendo o espaço

amplamente utilizado pelo DOPS (livro do Capitulo, 1936-1977).

Em São Paulo, o número de casas administrado pela Congregação Bom Pastor é

enorme. Não somente prisões são administradas por elas, mas orfanatos, colégios,

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trabalhos de pastoral, em geral locais de ressocialização voltados às mulheres em situação

de vulnerabilidade. Neste Estado, temos a Congregação Bom Pastor presente nos seguintes

locais, conforme documento:

Santos, Campinas, São Sebastião, Lins, Cubatão, Guaianases (Jardim Centenário), Belém (1983), Brás, Santo Antônio dos Campos. Centro Comunitário Maria – plano de trabalho com as mulheres prostitutas e pessoal ligados a elas (Brás); Carandiru (correspondências, avaliação da presença das Irmãs, discurso das internas, inventário, regimento interno e regulamentos, procurações, prontuários , plantas arquitetônicas, documentos sobre a fundação do presídio); Ipiranga (casa de menores); Tremembé (Penitenciária) (MANUSCRITO, 2004).19

O registro de fundação do Presídio de Mulheres de São Paulo encontra-se no

manuscrito do livro de Anais número 42, registrado pelas Irmãs fundadoras, neste

documento, conta:

No ano de 1942 (...) foi decidida a fundação deste novo redil do Bom Pastor (...) onde nossa Santa Congregação era chamada (...) para acolher (...) e conduzir ao caminho do céu, estas pobres sentenciadas que o governo deste Estado desejava confiar aos nossos cuidados, e que seriam recebidas por nós como ovelhinhas muito amadas (ANAIS SÃO PAULO, 1942, p. 1 ).

A administração dos cárceres femininos do Brasil durante boa parte do século

XX ficou a carga da Congregação Bom Pastor d’Angers. Com esta pequena amostragem, na

qual exemplifico as fundações a partir das Atas manuscritas das respectivas casas, é possível

constatar a importância desta Congregação para os estudos sobre prisões femininas no

Brasil. Também se constata a importância desta instituição religiosa no que tange a busca

de enquadramento das mulheres aos ditamos da sociedade da época, digo século XX até

década de 1980. Esta Congregação cumpriu o papel a ela destinado, dentro de uma

sociedade segregada, machista, na qual a mulher não possuía voz e tão pouco podia

expressar-se fora dos padrões preestabelecidos por elas.

5. Considerações Finais

19 Estas referências são parciais, não dão conta de todo o acervo, faço aqui uma amostragem do material existente.

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Estas instituições prisionais administradas pela Congregação Bom Pastor

d’Angers ao longo do século XX buscaram a docilidades dos corpos destas mulheres através

de uma rígida disciplina, imposta por regulamentos com horários e tarefas bem definidas.

Este poder disciplinar, segundo Foucault buscou a constante vigilância e o controle dos

corpos de forma a fazerem-se corpos dóceis a partir de múltiplas facetas, técnicas e

procedimentos específicos de poder (FOUCAULT, 2010).

Nos arquivos desta instituição é possível construir a história das principais

prisões femininas do mundo, grande parte, se não todas, passaram pela administração das

freiras. Infelizmente, o acesso a estes arquivos é restrito, tantos documentos, tantas

possibilidades de pesquisa encontram-se enclausuradas, sob a administração desta

importante Congregação que muito contribuiu para administração dos cárceres femininos

no Brasil e no mundo.

Ao que consta, até agora no arquivo de São Paulo e Portugal, somente eu tive

acesso a esta documentação. Ao passo que temos tamanha restrição de acesso, se

pensarmos em termos de conservação de documentação, comparando estes arquivos com

os existentes sobre prisões no Rio Grande do Sul, temos que agradecer a esta Congregação

que manteve esta história guardada. Neste sentido não me esquivo de afirmar que é

preferível que estes documentos fiquem sob a administração das freiras, na torre do

claustro, onde pesquisadores realmente interessados precisam passar por verdadeiras

provas de resistência para acessá-los, do que sob a égide do governo do Estado20.

6. Referências Bibliográficas

ABREU, Martins de. Nos passos do Bom Pastor. Aparecida: Gráfica Santa Teresinha, 1998. AGUIRRE, Carlos. Cárcere e Sociedade na América Latina (1800-1940). In: MAIA, Clarissa Nunes [et al.] (organização). História das prisões no Brasil. Volume I. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

20 Neste caso, destaco o Estado do Rio Grande do Sul. Aqui trago minha experiência particular de pesquisa, que em contato com as secretarias, arquivos e órgãos responsáveis por manter essa documentação guardada, nada foi encontrado e o pouco que restou estava em péssimas condições de conservação.

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CANAVEZE, Rafael. O Brasil e a Guerra do Pacífico: as relações do governo brasileiro com Chile, Bolívia e Peru (1879-1890). Disponível em: <http://www.anpuhsp.org.br/sp/downloads/CD%20XIX/PDF/Autores%20e%20Artigos/Rafael%20Canaveze.pdf> Acesso em 02 de novembro de 2014. p. 1-8. CORBIN, Alain. A influência da Religião. In: História do Corpo: Da Revolução à Grande Guerra. Petrópolis: Vozes, 2008. CAMPOS, Margarida de Moraes. Ir. A Congregação do Bom Pastor na Província Sul do Brasil: Pinceladas Históricas. São Paulo: Editora da Congregação, 1981. Irmãs do Bom Pastor – Quem Somos. Disponível em: <http://bom-pastor.org/home.php> Acesso em: 26 de out. de 2014. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.

GAY, Peter. A experiência burguesa da Rainha Vitória a Freud: A educação dos sentidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. LEITE, Maynar Patricia Vorga. NO LIMITE A Invenção de si no espaço prescrito e proscrito na prisão. Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional – Instituto de Psicologia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012. RESENDE. Maria Geralda. Angel o Demonio? Folheto. Caracas, Venezuela, 1992.

Fontes Primárias

BILÉ, ANA. Libertação da Clausura: Retrato da Vida no Mosteiro Puríssima Conceição. Questões Sociais Contemporâneas. Actas das VIII Jornadas do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora e Centro de Investigação em Sociologia e Antropologia “Augusto da Silva”. Abril de 2007. Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor de Angers. Jornal Santuário de Aparecida. Caderno Vida Religiosa. 11 de novembro de 1979. Estatutos das secções dirigidas pelas religiosas de Nossa Senhora de Caridade do Bom Pastor D’Angers no Rio de Janeiro. Acervo Bom Pastor. Armário D. 110. Tijuca – RJ. 110.15 – Estatutos. Jornal Lar Católico, Juiz de Fora. 09 de março de 1980. Acervo Bom Pastor. Armário A, caixa 2 (Artigos de jornal sobre a missão das Irmãs do Bom Pastor). 2.16 – Estrela das Missões: Irmãs do Bom Pastor (Angers).

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Généalogie des Pelletier. Acervo Bom Pastor. Armário A, caixa 2 (Beatificação e Canonização de Santa Maria Eufrásia Pelletier e Maria Droste). 2.15 – Genealogia da Família Pelletier. Livro do Capítulo. Acervo Bom Pastor. Armário F. 43 - Livro do Capítulo. Porto Alegre – RS. Livro Fundadores Benfeitores – Bangú - RJ. Acervo Bom Pastor. Armário F. 30. Fundadores e Benfeitores. Rio de Janeiro – RJ. Anais – Presídio Feminino capital – São Paulo- SP. Acervo Bom Pastor. Armário F. 42. Anais Presídio Feminino Capital. Rio de Janeiro – RJ. Manuscrito. Acervo Bom Pastor. Armário A, caixa 2. Santa Maria Eufrásia Pelletier e sua obra. Porto Alegre, 20 de dezembro de 1976. Pública Forma. Aladino Neves Tabelião. 10º. Ofício de Notas. Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1902. Ordem nº. 72 página 37. Acervo Bom Pastor.