OPEC IV - LUCILA PESCE - Globalização e autonomia Globalização e autonomia: desafios, compromissos e incongruências MORGADO, José Carlos & FERREIRA, José

OPEC IV - LUCILA PESCE - Globalização e autonomia

Globalização e autonomia: desafios, compromissos e

incongruências

MORGADO, José Carlos & FERREIRA, José Brites. Globalização e autonomia: desafios, compromissos e incongruências. In: MOREIRA, A. F. & PACHECO, J. A. (orgs.). Globalização e educação: desafios para políticas e práticas. Porto, Portugal: Editora Porto, 2006. p. 61-86.


Introdução

O texto fala das atuais políticas educativas em Portugal.

Com o advento da globalização tem-se assistido a uma crescente perda de protagonismo do Estado nacional como entidade reguladora das relações econômicas e sociais de um determinado país.


Globalização e mudança

Aspectos que se evidenciam no quadro globalizante:

- Advento da Sociedade da Informação e do Conhecimento – tipo de sociedade em que o poder deixou de se traduzir exclusivamente em capital financeiro e passou a depender, em larga escala, da produção de conhecimento e das TIC.



Aspectos que se evidenciam no quadro globalizante:

- Alteração da posição do Estado, em resultado da progressiva perda de capacidade para exercer, com eficácia, as funções de governo e de regulação.



Para responder à crise, os governos têm adotado a lógica de mercado.

Reforma e descentralização como questões de primeira ordem nos discursos políticos.

- Transladar responsabilidades dos governos centrais para os contextos locais.

- Mobilizar o poder local e as comunidades para participarem nas decisões e na procura de respostas aos desafios que lhes se apresentam.



Na educação: tendência em reforçar a autonomia das escolas, a fim de resolver a crise de governabilidade dos respectivos sistemas educativos.

Territorialização das políticas educativas: mediante a tríade democratização, diversificação e eficácia.

Delegar poderes na periferia e conceder mais autonomia às escolas e aos agentes locais.



Nova relação entre Estado e sociedade civil – periférico e local assumindo um novo protagonismo.

Mudança da natureza do controle – do controle baseado na conformidade com regras e diretivas impostas pela hierarquia, para o controle baseado nos objetivos e finalidades da ação (lógica de mercado).



Escola e professores como elementos estratégicos de decisão curricular.

Globalização e políticas descentralizadoras: mecanismos integradores ou obstáculo à autonomia das escolas?


Descentralização e autonomia

Descentralização e autonomia como principais instrumentos das políticas educativas.

Transferências de poderes e de competências de instâncias e/ou atores centrais para instâncias e/ou atores locais.



Descentralização:- De tarefas e funções (mas não de autoridade)- De autoridade (a depender da vontade de

quem delega)- Desregulação (ausência de tomada de

decisões em nível central)- Privatização (transferência de

responsabilidades e de recurso do setor público para o privado).



Argumentos para a descentralização:

- Aumento da eficácia- Adequação do sistema aos alunos- Maior democracia e participação



Autonomia, um conceito poliédrico:- Perspectiva da governance – maior

proximidade de decisão e gestão produz melhores resultados.

- Perspectiva curricular – adequação do processo educativo aos estudantes.

- Perspectiva da cidadania – democracia e participação dos atores diretamente envolvidos no processo.



Sedução da idéia de autonomia: estratégia para perpetuar o poder do Estado e garantir a adesão dos professores.

Movimento descentralizador: pode, ou não, gerar efeitos benéficos (em termos de planificação e gestão do sistema educativo).


Descentralização e autonomia“Porém, o que a prática se encarregou de ir

demonstrando foi que, a coberto deste discurso descentralizador e da publicação de normativos que aludiam à construção da autonomia das escolas, a administração central foi reforçando os seus poderes de decisão, numa lógica (re)centralizadora, não situando a escola na posição central que lhe havia sido consignada na definição das políticas educativas e curriculares”. (MORGADO e FERREIRA, 2006, p. 76)



Autonomia operacional, técnica e implementativa - escola restringe-se à execução periférica das decisões definidas em nível central.

Estado - discurso retórico da autonomia para introduzir mudanças de gestão que permitam racionalizar recursos, aumentar a eficácia, aliviar a burocracia estatal, sem, contudo, perder o controle do sistema, em nível dos fins e resultados.


Autonomia e currículo

De um paradigma curricular de âmbito nacional (lógica centralista), para o paradigma curricular consonante com a universalização da educação, o aumento da complexidade do tecido social e a massificação do ensino (lógica descentralizada).



Dois aspectos:- Flexibilização: currículo como projeto.- Integração curricular: positiva se não evitar

questionar o currículo como processo de decisão coletiva, como locus de deliberação e se problematizar o conhecimento veiculado nas aulas.


Autonomia e currículoAlertasO Estado continua a assumir uma posição

centralista, nos aspectos mais substantivos do currículo (ex: parâmetros e referenciais curriculares).

As tendências individualistas e a ausência de colaboração perpetuam o papel do professor como transmissor e executor de decisões externas à escola.



Da lógica pedagógica para a lógica do mercado.

No discurso – descentralização e autonomia como formas de transferência dos poderes de decisão curricular.

Na prática – para justificar a busca de eficácia, qualidade, excelência dos resultados e prestação de contas.


Considerações finais

É preciso que os discursos e decisões políticas educativas centrem-se na idéia da educação como uma oportunidade para ajudar a atenuar as desigualdades sociais, para estimular o desenvolvimento dos cidadãos e para aprofundar o sentido democrático das comunidades educativas.


Questões para discussão

1) Quais as críticas da atual política de descentralização, no âmbito das políticas educativas portuguesas?

2) Que relações se pode estabelecer entre as políticas de descentralização e o atual modus operandi da EaD?

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