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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Tecnologia e Geociências Curso de Especialização em Automação Industrial Operação sincronizada do tipo mestre/escravo de motores de indução Pedro Cintra Siqueira dos Santos Guerra Orientador: Prof. Maurício Marques da Trindade, MSc. Monografia apresentada ao Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos para obtenção do Certificado de Especialista em Automação Industrial Recife, 2016

Operação sincronizada do tipo mestre/escravo de …§ão e uso de inversores de frequência, além da implementação de um controle em malha fechada. Também foi realizada e exibida

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências

Curso de Especialização em Automação Industrial

Operação sincronizada do tipo mestre/escravo de motores de

indução

Pedro Cintra Siqueira dos Santos Guerra

Orientador: Prof. Maurício Marques da Trindade, MSc.

Monografia apresentada ao Centro de

Tecnologia e Geociências da Universidade

Federal de Pernambuco como parte dos

requisitos para obtenção do Certificado de

Especialista em Automação Industrial

Recife, 2016

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Resumo

Operação sincronizada do tipo mestre/escravo de motores de

indução

Pedro Cintra Siqueira dos Santos Guerra

Março/2016

Orientador: Prof. Maurício Marques da Trindade, MSc.

Área de concentração: Automação Industrial

Palavras-chaves: Automação, Motor de indução, Controlador lógico programável.

Este trabalho propôs a realização do automatismo de motores elétricos em plantas industriais

de uma forma que eles operem sincronizados, com a mesma velocidade angular, numa operação do

tipo mestre/escravo, em que os motores escravos irão operar em sincronismo com o motor mestre.

As aplicações possíveis são diversas, como a operação de pontes rolantes ou esteiras

transportadoras de mercadorias. O motor elétrico é sem dúvida o atuador mais utilizado em plantas

industriais, devido a sua facilidade de fabricação, manutenção e uso, além de sua versatilidade e

robustez. Com isso, são diversos seus tipos, características funcionais e aplicações. Foram utilizadas

no projeto as habilidades em programação de controladores de lógica programável (CLP), utilização

de sensores ópticos rotativos (encoder), utilização da ferramenta de contagem rápida de pulsos,

parametrização e uso de inversores de frequência, além da implementação de um controle em malha

fechada. Também foi realizada e exibida uma montagem teste, com a utilização de dois motores

para demonstração, sendo um metre e o outro escravo, e exibido os resultados. Foi obtida uma

operação segura, controlada por uma lógica PID de controle, com monitoramento de velocidades e

de possíveis desvios.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Pirâmide de automação. 1.................................................................................................. 2

Figura 1.2: Ponte rolante. 2 .................................................................................................................. 3

Figura 1.3: Funcionamento do CLP. 3 ................................................................................................. 5

Figura 1.4: CLP entradas e saídas. 4 .................................................................................................... 5

Figura 1.5: Ciclo de processamento de um CLP. 5 .............................................................................. 6

Figura 1.6: Linguagem Ladder. 6 ........................................................................................................ 7

Figura 1.7: Linguagem FDB. 7 ............................................................................................................ 7

Figura 1.8: Linguagem STL. 8 ............................................................................................................. 7

Figura 1.9: Diagrama de blocos. 9 ....................................................................................................... 9

Figura 1.10: Resposta da variável de processo a um estímulo de entrada. 10 ................................... 10

Figura 1.11: Controle liga/desliga. 11 ................................................................................................ 12

Figura 1.12: Resposta a um controle Liga/Desliga. 12 ...................................................................... 13

Figura 1.13: Ação proporcional: Kp=1(contínuo), 2(tracejado), 4(pontilhado). 13 .......................... 14

Figura 2.1: Diagrama do projeto. 14 .................................................................................................. 18

Figura 2.2: Princípio de funcionamento do ENCODER. 15 .............................................................. 22

Figura 2.3: Pulsos de luz. 16 .............................................................................................................. 22

Figura 2.4: Pulsos A e B com defasagem de 90º. 17 ......................................................................... 23

Figura 2.5/a: Disco de código binário. 18 Figura 2.5/b: Disco em código Gray. .......................... 24

Figura 2.6: Motor de indução. 19 ....................................................................................................... 25

Figura 2.7: Motor de indução utilizado no trabalho. 20 ..................................................................... 26

Figura 2.8: Ponte de diodos. 21.......................................................................................................... 27

Figura 2.9: Transistores IGBT. 22 ..................................................................................................... 27

Figura 2.10: Etapas do inversor de frequência. 23 ............................................................................. 28

Figura 3.1: Fluxograma de controle. 24 ............................................................................................. 30

Figura 3.2: Exemplo de aplicação do SMB34. 25 ............................................................................. 31

Figura 3.3: Exemplo de programação de um contador rápido com interrupção. 26 .......................... 34

Figura 3.4: Diagrama de blocos. 27 ................................................................................................... 38

Figura 3.5: Módulo analógico EM235. 28 ......................................................................................... 39

Figura 3.6: Conversor USB/RS-232. 29 ............................................................................................ 40

Figura 3.7: Circuito de chaveamento com transistor bipolar. 30 ....................................................... 40

Figura 3.8: Circuito de adequação dos Encoders. 31 ......................................................................... 42

Figura 4.1: Erro estacionário = 0.13%; Tempo de estabilização = 2s; Overshoot = 14,3%. 32 ........ 44

Figura 4.2: Erro estacionário = 0.26%; Tempo de estabilização = 2s; Overshoot = 11%. 33 ........... 44

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Figura 4.3: Erro estacionário = 0.26%; Tempo de estabilização = 2s; Overshoot = 13,5%. 34 ........ 44

Figura 4.4: Erro estacionário = 0.78%; Tempo de estabilização = 2s; Overshoot = Nulo. 35 .......... 45

Figura 4.5: Transição lenta 0 a 1800 RPM. 36 .................................................................................. 45

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 1

1.2 METODOLOGIA...................................................................................................................... 2

1.3 APLICAÇÕES.......................................................................................................................... 2

1.4 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL (CLP) ..................................................................... 3

1.4.1 Histórico do CLP ............................................................................................................. 4

1.4.2 Funcionamento do CLP ................................................................................................... 5

1.4.3 Linguagens de programação ............................................................................................ 6

1.5 CONTROLE DE PROCESSOS AUTOMÁTICOS ............................................................................ 8

1.5.1 Ações de controle ........................................................................................................... 11

1.5.2 Ação liga-desliga............................................................................................................ 12

1.5.3 Ação Proporcional.......................................................................................................... 13

1.5.4 Ação Integral .................................................................................................................. 14

1.5.5 Ação Derivativa ............................................................................................................. 15

1.5.6 Controle PID .................................................................................................................. 15

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................................................ 16

CAPÍTULO 2 TECNOLOGIAS DISPONÍVEIS ................................................................... 17

2.1 RESTRIÇÕES DO PROJETO .................................................................................................... 17

2.2 ESPECIFICAÇÃO DO PROJETO ............................................................................................... 18

2.3 CLP SIEMENS S7-200 ......................................................................................................... 19

2.4 SOFTWARE DE PROGRAMAÇÃO STEP 7--MICRO/WIN ........................................................ 20

2.5 ENCODER............................................................................................................................. 21

2.6 MOTOR ELÉTRICO DE INDUÇÃO ........................................................................................... 24

2.7 INVERSORES DE FREQUÊNCIA .............................................................................................. 26

2.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 28

CAPÍTULO 3 SOLUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO ........................................................... 29

3.1 TIMER DE AMOSTRAGEM...................................................................................................... 31

3.2 CONTADORES RÁPIDOS DE PULSOS ...................................................................................... 31

3.3 CÁLCULO DA VELOCIDADE .................................................................................................. 35

3.4 MALHA DE CONTROLE PID ................................................................................................. 36

3.5 MONTAGEM ........................................................................................................................ 38

3.5.1 Comunicação entre o CLP e o PC .................................................................................. 39

3.5.1 Circuito de adequação do encoder ................................................................................. 40

3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 42

CAPÍTULO 4 RESULTADOS .............................................................................................. 43

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4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 45

CAPÍTULO 5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 46

4.1 MELHORIAS E TRABALHOS FUTUROS ................................................................................... 46

APÊNDICE A – ALGORITMO STL............................................................................................. 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 50

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Capítulo 1

Introdução

Com o crescente aumento de tecnologias disponíveis no ramo da automação industrial, são

frequentes os sistemas e cadeias de processos ficarem cada vez mais automatizados, garantindo uma

maior precisão, eficiência e confiabilidade, a partir de uma menor interferência do operador

humano. Em paralelo a isso, também segue a busca constante da redução de custos tanto no projeto,

como na implementação e operação dos sistemas automatizados. Em meio a crescentes e inúmeros

processos automatizados, entre processos químicos, de transporte, de montagem, ou manufatura, no

coração deles está o atuador mais utilizado no campo industrial que é o motor elétrico. Ele está

presente em bombas, válvulas, compressores, braços robóticos, esteiras de transporte, etc. Nos

diversos campos industriais, o motor elétrico é uma peça fundamental e o domínio de seu controle

se torna de grande importância.

1.1 Objetivos

Tendo como base esse contexto industrial, este trabalho propõe obter uma solução para o

automatismo de motores elétricos em plantas industriais. O objetivo é fazer uma operação

sincronizada entre motores de indução trifásica, do tipo mestre/escravo, de uma forma que os

motores escravos operem em total sincronismo com o motor mestre, em termos de sentido de

rotação e velocidade angular. Também faz parte do objetivo realizar a montagem de um protótipo e

apresenta-lo.

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1.2 Metodologia

Primeiramente realizar um estudo e uma análise das tecnologias disponíveis, verificando a

viabilidade de uso de cada uma. A seguir, a escolha e obtenção dos componentes para a realização

da montagem. Montagem esta que se torna o item mais valioso do trabalho, pois com ela é possível

solidificar os conhecimentos adquiridos, desenvolver a capacidade de resolver possíveis problemas

que possam surgir e que não foram pensados na fase de projeto, além de tornar possível realizar

testes e monitorar os resultados.

O trabalho está contido nos níveis 1 e 2 que constituem a base da pirâmide da automação

(Figura 1.1). O nível 1 correspondente aos dispositivos de campo, atuadores, sensores e rede de

dados, e o nível 2 correspondente ao nível de controle, relacionado aos inversores de frequência e

controlador de lógica programável (CLP).

Figura 1.1: Pirâmide de automação. 1

1.3 Aplicações

Este projeto pode ser aplicado no transporte de mercadorias em galpões ou estaleiros por

meio de pontes rolantes (Figura 1.2). Ponte rolante é uma espécie de máquina usada na elevação e

movimentação de cargas, para levantar e baixar objetos pesados e movê-los dentro de uma

determinada área. Pontes rolantes consistem, em geral, em ao menos três mecanismos (podendo

chagar a quatro): mecanismo de elevação, mecanismo de movimento transversal e mecanismo de

movimento longitudinal (e às vezes também mecanismo giratório). No movimento longitudinal,

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frequentemente se encontra um motor em cada extremidade da ponte, e os dois precisam mover-se

em operação conjunta para que não aconteçam danos físicos à ponte.

Figura 1.2: Ponte rolante. 2

Outra aplicação viável seria em esteiras transportadoras de mercadorias. Em uma mesma

esteira, com um motor em cada seção da esteira ou em percursos formados por várias esteiras e

vários motores diferentes. Em ambas as aplicações se torna imprescindível que os motores não

percam o sincronismo na operação, o que poderia acarretar em danificação física da ponte rolante,

da esteira transportadora, o eventual acúmulo ou “engarrafamento” de material nas esteiras, perda

de contagem e até acidentes. Com isso, as velocidades precisam ser continuamente monitoradas e

controladas com o intuito de manter o sincronismo.

1.4 Controlador lógico programável (CLP)

A unidade de controle do projeto está baseada no uso de um controlador lógico programável

(CLP). Pode-se definir o CLP como sendo “um equipamento de controle industrial

microprocessado, criado inicialmente para substituir os relés de um circuito lógico sequencial ou

combinacional para controle industrial, e hoje utilizado para praticamente todos os tipos de

controle” [1]. O CLP funciona sequencialmente, olhando o estado dos dispositivos ligados às suas

entradas, operando a lógica de seu programa interno e determinando o estado dos dispositivos

ligados às suas saídas. O usuário carrega o programa via software, que produz os resultados

desejados. Toda a lógica do trabalho está contida em um CLP.

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1.4.1 Histórico do CLP

Durante a década de 50 a indústria, principalmente a automotiva, utilizava em larga escala

dispositivos eletromecânicos para efetuar controles lógicos e intertravamento nas linhas de

produção e em máquinas isoladas. Estes dispositivos compostos principalmente de relés, eram

dispostos em painéis e cabines de controle com centenas de relés e um número ainda maior de

interconexões entre eles. Tais sistemas, apesar de serem funcionais, apresentavam diversos

problemas de ordem prática. O grande número de componentes e de interconexões gerava também

uma grande probabilidade de falha, e um longo tempo de correção de falha. Podendo acarretar horas

ou dias de trabalho e de parada de produção para pesquisa e correção de uma falha pontual. O

tamanho físico dos componentes exigia uma grande área para instalação dos mesmos, com proteção

contra umidade, poeira, gases inflamáveis, oxidação e tudo o mais que pudesse vir a afetar a

integridade física dos elementos. Outro ponto negativo em relação às instalações de controle

baseadas em relés era o fato de que, como toda a programação era feita a partir de conexões

elétricas com lógica fixa, era sempre dificultoso a reprogramação da lógica.

A partir das décadas de 60 e 70 a indústria da microeletrônica foi se desenvolvendo,

tornando maior a escala de integração de microcomponentes e tornando popular o uso de

dispositivos transistorizados em substituição às válvulas eletrônicas e aos relés. Diante desta

realidade, a primeira experiência de um controle lógico que permitisse a reprogramação via

software, foi realizada em 1968 na divisão de hidramáticos da General Motors Co, com o nome de

MOdular DIgital CONtroller, de onde se derivou o nome MODICON, de seu primeiro fabricante.

Sua “invenção” é atribuída a Richard (Dick) Morley [1]. A função original do primeiro CLP era

substituir os grandes painés de lógica baseada em relé por algo menor, robusto, confiável e flexível

em relação à alteração do programa.

Desde sua primeira geração, nas décadas seguintes o CLP obteve muitas melhorias com a

evolução da indústria microeletrônica. Pode-se citar o uso de microcontroladores que lhe davam

menor tamanho e maior flexibilidade de aplicação, melhoria na interface com o operador, maior

capacidade de memória, controle sobre entradas e saídas remotas, controle sobre variáveis

analógicas e de posicionamento, recursos de comunicação de rede, dentre outras evoluções que são

possíveis encontrar nos CLPs disponíveis hoje no mercado.

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1.4.2 Funcionamento do CLP

O funcionamento do CLP corresponde a três etapas distintas, são elas: entradas, processamento e

saídas. (Figura 1.3).

Figura 1.3: Funcionamento do CLP. 3

As entradas podem ser sensores instalados na planta, botoeiras, chaves fim de curso,

encoders, dentre outros. Estas entradas podem ser tanto sinais discretos como analógicos. Os sinais

discretos apenas podem assumir dois valores, nível lógico alto (1) ou nível lógico baixo (0). Os

sinais analógicos apresentam uma faixa de valores dentro dos limites aceitáveis pelo equipamento.

Os sinais das entradas são lidos e processados na UCP (Unidade Central de Processamento), de acordo

com a lógica previamente programada e armazenada na memória do CLP. Após o processamento,

são atualizadas as saídas, que podem ser atuadores diversos, motores, luzes de indicação, chaves,

alarmes, contadores, etc. (Figura 1.4).

.

Figura 1.4: CLP entradas e saídas. 4

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Operacionalmente, a CPU lê os dados de entradas dos dispositivos de campo através dos

módulos de entrada, e então executa, ou realiza os controles de programa que tinham sido

armazenados na memória. Os programas são colocados na memória da CPU em forma de operações

lógicas e aritméticas. Baseado nesses programas o CLP escreve ou atualiza o estado das saídas

atuando nos dispositivos de campo (cargas). Este processo, conhecido como ciclo de operação ou

ciclo de scan, executa a sequência repetidamente. A Figura 1.5 ilustra o ciclo de operação de um

CLP

Figura 1.5: Ciclo de processamento de um CLP. 5

O principal fator para determinar a performance de um CLP é o seu scan time, ou seja, o

tempo em que a CPU leva para realizar todo o ciclo de processamento. Aplicações de tempo real

complexas requerem um scan time reduzido, pois quanto mais rápida for sua varredura, mais rápido

ele responderá a uma demanda do processo. Os fabricantes em geral informam este tempo a partir

do tempo de realização de cada instrução.

1.4.3 Linguagens de programação

A seguir serão descritas as três linguagens de programação do CLP Siemens S7-200

utilizado no trabalho: Ladder Logic (LAD), Function Block Diagram (FBD) e Statement List

(STL).

A linguagem Ladder é uma linguagem gráfica na qual as funções lógicas são representadas

através de contatos e bobinas, semelhante aos diagramas elétricos baseado em relés. Um programa

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ladder faz a representação de um fluxo de corrente elétrica, que flui a partir de uma fonte de

alimentação presente à esquerda, percorre o circuito lógico e ao final habilita ou desabilita as saídas.

Por sua facilidade de entendimento, é a linguagem mais utilizada entre os CLP, por programadores

iniciantes e para programas de baixa complexidade (Figura 1.6).

Figura 1.6: Linguagem Ladder. 6

A linguagem FDB é outra linguagem gráfica que faz uso de blocos para representar funções

lógicas, com as entradas do sistema ao lado esquerdo e as saídas ao lado direito. A lógica do

programa é feita a partir da junção de diversos blocos lógicos (Figura 1.7).

Figura 1.7: Linguagem FDB. 7

A linguagem STL funciona baseada em mnemônicos textuais, semelhante à linguagem de

máquina de microprocessadores. Esta é a linguagem nativa do S7-200, o que permite criar

programas mais complexos, que não são possíveis nas linguagens de representação gráfica. Sendo

assim, esta linguagem é mais apropriada para programadores experientes (Figura 1.8).

Figura 1.8: Linguagem STL. 8

Um mesmo programa pode ser editado e visualizado nas três diferentes linguagens, com

exceção de algumas funções criadas na STL que não possuem equivalentes gráficos. Neste

momento pode ser observada a flexibilidade e a facilidade dos CLPs para realizar alterações

lógicas, sem que sejam necessárias alterações do hardware ou inclusão de componentes. Esta é a

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principal característica dos sistemas de automação flexíveis e o que faz dos CLPs ferramentas de

grande aplicação nas estruturas de automação.

1.5 Controle de Processos Automáticos

A operação sincronizada do trabalho se baseia na aplicação de um controle automático de

malha fechada e de um algoritmo Proporcional – Integral – Derivativo (PID). Segundo os

professores Fernando Mariano Bayer e Olinto César Bassi de Araújo, “Automatizar e controlar um

processo significa atuar sobre ele ou sobre as condições as quais o processo está sujeito, de modo a

manter variáveis e quantidades estáveis com o passar do tempo, mesmo que interferências externas

tentem desviá-lo desta condição” [2].

Há algumas décadas, os processos industriais eram mais simples e com isso cabia

geralmente ao operador a função de realizar o controle do processo. Era o elemento humano quem

fazia a ponte entre os elementos sensores, como termômetros e manômetros, e os atuadores

industriais, como válvulas e motores. Com o aumento da complexidade dos processos, o operador

foi ficando incapaz de realizar o controle, passado a surgir mecanismos capazes de automatizar

completamente os processos industriais. Elementos sensores adquiriram transmissores e interação

com redes de dados, surgiram importantes algoritmos e tecnologias de controle.

Atualmente, os sistemas de controle mais utilizado nos processos industriais são aqueles

baseados em um sistema de malha fechada, o que permite um monitoramento contínuo da saída do

processo e um tratamento desta informação por um algoritmo de controle. A partir deste tratamento,

sinais são enviados ao atuador do processo para que ele se comporte da maneira desejada. O

objetivo básico de um controle é tornar e manter a variável de processo igual ao setpoint, ou seja,

com erro zero, apesar das condições do processo e das interferências externas. Um exemplo de um

sistema de malha fechada simples pode ser visto a partir do diagrama de blocos da Figura 1.9. Um

diagrama de blocos é uma representação do fluxo de sinais de um sistema complexo, utilizando

blocos para abstrair a complexidade de cada componente e facilitar o entendimento. As setas

identificam a direção da informação, e o bloco representa a operação a ser aplicada à entrada que

proporciona a saída. A partir deste diagrama é possível estudar as relações de dependência entre as

variáveis que interessam à cadeia de controle.

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Figura 1.9: Diagrama de blocos. 9

Aqui, torna-se necessário esclarecer cada parte integrante do diagrama:

Valor desejado (setpoint): Sinal de entrada que estabelece o valor desejado da variável de

processo. O setpoint e a variável de processo são expressos nas mesmas unidades.

Variável manipulada (MV): É a variável onde o controlador atua para controlar o

processo.

Variável de processo (PV): Variável que é controlada no processo, no sentido de manter

um determinado comportamento desejável no processo.

Comparador (Representado pelo círculo aritmético): compara o setpoint com a variável de

processo medida na saída e gera um sinal de erro que indica o quanto o sinal de saída está

longe do setpoint.

Controlador: Algoritmo responsável pelo tratamento do erro e geração da variável

manipulada.

Processo: É o sistema no qual a variável de processo está sendo controlada.

Em sistemas de malha fechada torna-se importante entender o conceito de estabilidade do

sistema. Considerando o conceito BIBO (bounded input-bounded output), um sistema é estável “se

para todo sinal com amplitude aplicado na entrada, o sinal de saída também é limitado. Do

contrário, se o sistema é instável, um sinal de amplitude limitada na entrada gera uma saída que

divergirá com o passar do tempo, ou seja, a amplitude do sinal de saída tenderá a crescer

indefinidamente”.

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Antes de alcançar a estabilidade, porém, a resposta de uma variável de processo a um

estímulo de entrada possui outras características importantes. Uma curva típica desta resposta pode

ser vista na Figura 1.10:

Figura 1.10: Resposta da variável de processo a um estímulo de entrada. 10

Inicialmente a curva de resposta pode ser dividida em dois estágios principais, o regime

transitório e o regime permanente. O regime transitório é o período no qual, a partir de uma

variação inicial, a variável de processo apresenta alterações. O regime permanente é o período a

partir do qual a variável controlada converge para um valor ou comportamento aproximadamente

constante, nessa fase o objetivo é reduzir o erro. O desempenho do sistema é medido pelo valor das

seguintes grandezas:

Mo – pico da resposta ou overshoot: É o valor que a variável controlada ultrapassa o setpoint

por ocasião da primeira oscilação, ou seja, o valor de pico máximo atingido pela resposta. Se

a saída não ultrapassa o valor da entrada o sobrepasso máximo é, por definição igual a zero.

O sobrepasso máximo é em geral dado em porcentagem. O máximo sobrepasso é um

indicativo da estabilidade relativa do sistema. Quanto maior seu valor menor a estabilidade

relativa, isto é mais próximo o sistema estará de apresentar um comportamento instável. Em

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muitas aplicações, como em controle de posição, por exemplo, sobrepassos são

extremamente indesejáveis.

ts – tempo de subida: É definido como o tempo transcorrido para a resposta ir

de 10% a 90% do seu valor final. O tempo de subida é um indicativo de quão rápido reaje o

sistema a aplicação de um salto em sua entrada. Muitas vezes a redução excessiva do tempo

de subida de um sistema a partir da sintonia dos parâmetros de um controlador pode

provocar o aparecimento de um alto sobrepasso. Isto se explica intuitivamente pelo fato que

o sistema é "acelerado" de tal maneira que é difícil de "freiá-lo" o que leva a saída a

ultrapassar de maneira significante o valor da entrada.

te – tempo de estabilização ou acomodação: É o tempo necessário para que a resposta

entre e permaneça dentro de uma faixa percentual (2% ou 5%)em torno do valor de regime

permanente.

L – Atraso ou tempo morto: É o tempo decorrente para que uma variação no sinal de

referência ou de controle seja efetivamente "sentida" na variável de processo. Assim, se

aplicarmos, por exemplo, uma entrada do tipo degrau em um processo com atraso de

transporte, a saída do processo permanecerá "fixa" durante um intervalo de tempo . Este

tempo é o atraso de transporte. Entre as causas de ocorrência do atraso de transporte

podemos citar: atraso na medida da variável de processo, ou seja, o tempo que o sensor leva

para sentir que houve efetivamente uma variação, atraso na operação do atuador e atraso na

ação do próprio controlador. Em geral quanto maior o atraso de transporte, mais difícil é o

controle do processo.

1.5.1 Ações de controle

Em relação ao algoritmo de controle do controlador, existe uma enorme gama de

controladores comerciais no mercado, cada uma com suas vantagens e desvantagens em relação a

sua função. Dentre eles, existem quatro tipos de ações básicas de controle que podem ser utilizados

isoladamente ou associados, e que são importantes para entender o conceito do controlador

utilizado:

• Ação liga-desliga (on-off)

• Ação proporcional (P)

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• Ação integral (I)

• Ação derivativa (D)

1.5.2 Ação liga-desliga

No tipo de controle liga-desliga, apenas uma chave é acionada/desligada para efetuar o

controle. Nesse tipo de ação, o controlador compara o sinal de entrada com a realimentação e, se a

saída superar a entrada, desliga o atuador; se a realimentação for menor, liga o atuador. O sinal de

erro assume apenas dois valores, positivo ou negativo, e geralmente o controlador é modelado por

um relé, conforme pode ser observado na Figura 1.11 a seguir.

Figura 1.11: Controle liga/desliga. 11

No regime permanente de uma malha de controle liga/desliga o sinal de saída oscila em

torno do setpoint, como pode ser visto na Figura 1.12 a seguir, onde pode ser visto a resposta em

malha fechada com o respectivo sinal de controle para a ação liga/desliga. Esta oscilação varia em

amplitude e frequência dependendo da variação de carga e do intervalo entre o chaveamento. Com

isso, o valor final da variável de processo será sempre diferente do valor de setpoint, gerando um

desvio residual chamado off-set. Este tipo de controlador é muito utilizado em sistemas de

refrigeração e aquecimento, onde um valor de off-set é tolerado e uma resposta rápida não é exigida.

Suas vantagens são a simplicidade e baixo custo, enquanto sua desvantagem reside na contínua

oscilação da saída entre os limites do controlador, conhecida como histerese. A oscilação não

garante precisão e pode desgastar o controlador e o atuador pelo excesso de partidas.

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13

Figura 1.12: Resposta a um controle Liga/Desliga. 12

1.5.3 Ação Proporcional

A ação proporcional surgiu como uma evolução do sistema liga/desliga. Aqui, o sinal de

controle aplicado na planta é proporcional à amplitude do valor de erro, sendo Kp a constante de

proporcionalidade.

( ) ( ( ))

Pode-se observar na Figura 1.13 que quanto maior o ganho Kp, menor também é o erro em

regime permanente. O erro é tanto menor quanto maior for o ganho, porém o erro nunca é nulo em

um controle puramente proporcional. Por outro lado, quanto maior o ganho, mais oscilatório tende a

ficar o comportamento transitório do sistema em malha fechada. Conclui-se que um aumento

excessivo do ganho proporcional leva a uma instabilidade do sistema na maioria dos processos

físicos.

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14

Figura 1.13: Ação proporcional: Kp=1(contínuo), 2(tracejado), 4(pontilhado). 13

1.5.4 Ação Integral

A ação integral vem para eliminar o grande problema da ação proporcional pura, que é o

erro de off-set. Ela atua na variável manipulada ( ) ao longo do tempo enquanto durar a diferença

entre o valor desejado (setpoint) e o valor mensurado ( ). O sinal de correção age de forma lenta

até eliminar por completo o off-set, quanto mais tempo o erro perdurar, maior será a saída do

controlador.

( )

∫ ( )

A ação integral tem assim uma função "armazenadora de energia". É notável que, se a partir

de um determinado tempo t o erro é igual à zero, ( ) , o sinal da variável manipulada ( )

será mantido em um valor constante proporcional à "energia armazenada" até o instante . Este fato

permitirá, no sistema em malha fechada, obter-se o seguimento de uma referência com erro nulo em

regime permanente, pois a ação integral garantirá a aplicação ao processo de um sinal de controle

constante de forma a ter-se ( ) ( ), ( )

O intervalo regular de tempo o qual a ação integral atua é chamado tempo integral, que pode

também ser expresso por seu inverso, chamado ganho integral ou taxa integral.

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15

A adoção de um tempo integral excessivamente longo pode levar o processo à instabilidade.

Por sua vez, a adoção de um tempo integral curto retarda em demasia a estabilização. Quanto maior

o desvio, maior será velocidade de correção. No entanto, como também depende do tempo, a

resposta é lenta e, por isso, desvios grandes em curtos espaços de tempo não são devidamente

corrigidos. Dá-se, portanto a necessidade de associar esta ação a ação proporcional.

1.5.5 Ação Derivativa

A ação derivativa não é, assim como a integral, isoladamente uma técnica de controle, não

devendo ser aplicada separadamente de uma ação proporcional. A ação derivativa atua na variável

manipulada proporcionalmente à velocidade de variação do desvio, tendo como uma de suas

principais funções, melhorar o desempenho do processo durante o regime transitório, ou seja,

sempre que ocorrerem partida da planta ou outros tipos de perturbações.

( ) ( )

A derivada de uma função esta relacionada intuitivamente com a tendência de variação desta

função em um determinado instante de tempo. Assim, aplicar como controle um sinal proporcional

à derivada do sinal de erro é equivalente a aplicar uma ação baseada na tendência de evolução do

erro. A ação derivativa é então dita antecipatória ou preditiva e tende a fazer com que o sistema

reaja mais rapidamente. Este fato faz com que a ação derivativa seja utilizada para a obtenção de

respostas transitórias mais rápidas, ou seja, para a melhora do comportamento dinâmico do sistema

em malha fechada. Pode-se observar que no caso em que, em regime permanente, o sinal de erro é

constante a ação derivativa será igual à zero, ou seja, esta ação atua apenas durante a resposta

transitória.

1.5.6 Controle PID

O controlador proporcional-integral-derivativo combina as vantagens das três ações vistas

anteriormente. A ação integral está diretamente ligada à precisão do sistema sendo responsável

pelo erro nulo em regime permanente. O efeito desestabilizador do controlador PI é

contrabalançado pela ação derivativa que tende a aumentar a estabilidade relativa do sistema ao

mesmo tempo em que torna a resposta do sistema mais rápida devido ao seu efeito antecipatório.

Em outras palavras, pode-se dizer que o controlador considera o presente (proporcional), o passado

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(integrador) e o futuro (derivativo) do erro. Os controladores PID são largamente utilizados nas

indústrias por sua versatilidade, uma vez que são capazes de solucionar a grande maioria dos

problemas de controle industriais.

1.6 Organização do trabalho

O trabalho textual está organizado da seguinte forma:

Capítulo 1: Está apresentado o cenário atual, os objetivos do trabalho a serem alcançados, a

metodologia utilizada, possíveis aplicações, conceitos introdutórios sobre controladores de

lógica programável, sobre controle de processos automáticos, além da descrição de como foi

organizado o trabalho;

Capítulo 2: Contém as restrições do projeto, as especificações, o esquema físico proposto,

além de uma explanação das tecnologias disponíveis e utilizado no trabalho. O CLP

utilizado, inversores de frequência, motores de indução e encoder;

Capítulo 3: O Terceiro capítulo consta a solução proposta. Aqui irá conter o fluxograma do

algoritmo, detalhes da programação, o método de controle utilizado e a execução da

montagem;

Capítulo 4: São mostradas as condições em que foi simulado o projeto, apresentando seus

resultados a partir de gráficos grados pelo simulador;

Capítulo 5: É mostrada a conclusão do trabalho e possíveis melhorias futuras;

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17

Capítulo 2

Tecnologias disponíveis

2.1 Restrições do projeto

A principal restrição do projeto é a necessidade dos motores operarem em total sincronia,

isto é, ter o erro nulo ou desprezível em toda a faixa de velocidade de operação. O erro é a diferença

entre as velocidades dos motores. Para garantir este objetivo, foram utilizados sensores encoders de

precisão, com tratamento de sinal realizado pelo CLP, com monitoramento e registro em tempo real

das medições. O algoritmo PID bem sintonizado garante a correta transição de velocidade do motor

mestre para os escravos.

Como restrições secundárias estão as compatibilidades entre os componentes utilizados. A

comunicação entre o CLP e os inversores de frequência é feita a partir de valores comerciais de

corrente (4 a 20 mA) ou tensão (0 a 10 Vdc). Para a comunicação entre os encoders e o CLP, foi

preciso implementar um circuito elevador de tensão com uso de transistores no modo chave

eletrônica. Quanto à ligação mecânica entre o encoder e o eixo do motor, no protótipo foi realizada

uma ligação simples utilizando uma mangueira emborrachada. Porém no campo industrial essa

ligação necessita ser feita com metais e parafusos bem fixos para evitar a desacoplagem ao longo da

rotação e vibração normais de uso.

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2.2 Especificação do projeto

A Figura 2.1 mostra um diagrama da disposição física do projeto. Cada motor será

alimentado por um inversor de frequência. O motor mestre será comandado diretamente pelo seu

inversor de forma independente, a partir da interface homem-máquina presente no inversor. Cada

motor irá dispor de um sensor encoder acoplado em seu eixo, responsável pelo monitoramento de

suas velocidades. A informação dos encoders irá para o CLP, responsável por executar o algoritmo

de controle que irá ler as duas velocidades, processar o algoritmo e emitir o sinal de saída para o

inversor do motor escravo por meio de sinal de controle remoto.

Figura 2.1: Diagrama do projeto. 14

A Tabela 2.1 a seguir mostra os parâmetros em relação ao sinal e a frequência de

comunicação de cada componente. Estes parâmetros foram tomados como critério de viabilidade de

integração entre os componentes e serão melhor descritos nos próximos subcapítulos referentes a

cada componente isoladamente.

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Tabela 2.1: Parâmetros de cada componente.

2.3 CLP Siemens S7-200

O CLP adotado para a realização do trabalho foi o Siemens S7-200, escolhido dentre outros

fatores por ter sido o adotado para as aulas das disciplinas de CLP e laboratório, por ser de fácil

obtenção no mercado e por ser bem versátil. Um fator de escolha também importante foi ele possuir

contadores rápidos de pulso (HSC) com frequência de operação de até 20kHz. Como será exposto

posteriormente no texto, o motor utilizado possui velocidade de 1800rpm na frequência máxima de

60Hz, e o encoder gera 128 pulsos por rotação. Isso gera 3840 pulsos por segundo na velocidade

máxima, o que está dentro da margem de 20kHz.

O Siemens S7-200 é um equipamento de baixo custo, desenvolvido preferencialmente para

aplicações de pequeno e médio porte, compacto, robusto, rápido, com um bom comportamento em

tempo real. Este equipamento combina um microprocessador, uma fonte de alimentação 24Vdc e os

circuitos de entrada e saída DC. Possui capacidade para módulos de expansão de entradas e saídas.

A linha S7-200 é formada por cinco modelos de CPU, adequados para as aplicações mais

simples até aplicações que exigem um grau maior de complexidade. Os modelos diferem quanto ao

dimensional, capacidade da memória, quantidade de entradas e saídas integradas, capacidade de

expansão, contadores rápidos, saídas de pulso e relógio de tempo real. A Tabela 2.1 retirada do

manual do dispositivo apresenta as especificações técnicas dos controladores S7-200. Dimensões

físicas, capacidade de memória, quantidade de entradas e saídas, número de módulos de expansão,

tempo de execução de uma instrução, dentre outros dados. O modelo utilizado no trabalho foi a

CPU 224.

Componente Sinal de Comunicação Frequência

CLP 24 Vdc (Digital) / 0 - 10 Vdc (Analógico) HSC de até 20 KHz (Digital)

ENCODER 5 Vdc 128 pulsos/rotação

Motor - 1800 rpm (eixo)

Inversor 0 - 10 Vdc -

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Tabela 2.2: Especificações técnicas da série S7-200.

2.4 Software de programação STEP 7--Micro/WIN

O software do fabricante SIEMENS utilizado para realizar a programação do CLP é o STEP

7-Micro/WIN. O software apresenta um amigável ambiente para desenvolvimento, edição e

monitoramento da lógica necessária para controle da aplicação [3]. Ele possui três editores nas

linguagens já explanadas, de acordo com a conveniência do programador e com a aplicação

desejada. Além de editar e compilar o programa, o software é capaz de fazer o download do

programa para o dispositivo, fazer o upload do programa contido no dispositivo para o software,

mudar o status de operação do dispositivo entre operação parada (STOP) e operando (RUN). Uma

das funcionalidades bastante útil é a monitoração dos parâmetros ao mesmo tempo em que o CLP

está operando (estado RUN). Com isso é possível monitorar valores de variáveis temporárias,

temporizadores, acumuladores, contadores, verificar status de entradas e saídas, e assim detectar

erros de programa ou falhas no equipamento e as instalações, caso o valor de uma saída no software

não corresponda ao mesmo valor no circuito elétrico, por exemplo.

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O compilador permite a adição de comentários ao programa para facilitar a organização e

compreensão. Ao fazer o download do programa os comentários não vão para a memória do

dispositivo, indo apenas o programa. O código executável é composto de um programa principal,

chamado de main, e blocos de sub-rotinas e interrupções. O programa principal é executado de

forma sequencial e repetitiva a cada ciclo de scan. As sub-rotinas consistem em uma porção de

código responsável por uma função específica dentro do programa como um todo. É um artifício de

programação muito útil para o enxugamento do código principal, seu uso diminui linhas de código

repetitivas, pois uma mesma sub-rotina pode ser executada várias vezes no decorrer do ciclo de

scan.

Assim como as sub-rotinas, as interrupções também são linhas de código com uma

determinada função específica que é executada a parte do programa principal. As sub-rotinas são

chamadas a partir de comandos presentes no programa principal, em outras sub-rotinas ou

chamadas por uma interrupção. Interrupções são geradas a partir de eventos externos, como sinais

de entrada, ou internos ao programa, como estouro de temporizadores ou contadores. Após

execução da rotina de interrupção, o programa volta para a linha de comando de onde parou ao ser

interrompido.

2.5 Encoder

O elemento sensor utilizado no motor mestre para monitoramento de sua rotação foi o

Encoder. Trata-se de um dispositivo eletromecânico capaz de prover informações sobre movimento,

direção ou posição em um eixo rotativo ou de um movimento linear [4].

O princípio de funcionamento do Encoder pode ser visto na Figura 2.2 e Figura 2.3 [4]. Um

disco montado no eixo giratório ou fita linear possui perfurações regulares que são repetidas

continuamente formando segmentos opacos e transparentes codificados no disco. De um lado há um

diodo emissor de luz (LED) e do outro um foto receptor óptico. À medida que o disco gira, os

segmentos opacos bloqueiam a luz e as janelas transparentes permitem a passagem da luz. Isto gera

pulsos de onda quadrada que podem ser interpretados então em informação de movimento ou

posição.

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Figura 2.2: Princípio de funcionamento do ENCODER. 15

Figura 2.3: Pulsos de luz. 16

O Encoder pode se apresentar em duas configurações possíveis: Incremental ou Absoluto. O

incremental constitui a forma mais simples, ele gera certo número de impulsos por revolução. O

número de um impulso representa a medida da distância básica movida (angular ou linear), um

circuito eletrônico deverá somar o número de pulsos para determinar a distância total percorrida e a

partir da taxa de pulsação, determina também sua velocidade.

Para se identificar o sentido de rotação, é adicionado um segundo sensor B ao lado do A ou

abaixo, com uma segunda fita de marcação, que gere um pulso quadrado com defasagem de ¼ de

período ou 90º em relação à sequência gerada por A (Figura 2.4).

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Figura 2.4: Pulsos A e B com defasagem de 90º. 17

Para determinar a resolução basta dividir o número de pulsos por 360º, por exemplo, um

encoder fornecendo 1024 pulsos/ revolução, geraria um pulso elétrico a cada 0,35º mecânicos.

A precisão do encoder incremental depende de fatores mecânicos, elétricos e ambientais, que são:

erros na escala das janelas do disco, excentricidade do disco, excentricidade das janelas, erro

introduzido na leitura eletrônica dos sinais, temperatura de operação e nos próprios componentes

transmissores e receptores de luz.

O princípio de funcionamento de um encoder absoluto e de um encoder incremental é

bastante similar, isto é, ambos utilizam o princípio das janelas transparentes e opacas, com estas

interrompendo um feixe de luz e transformando pulsos luminosos em pulsos elétricos. A diferença é

que o absoluto possui mais de uma camada de código, cada uma com seu sensor óptico, em que

cada posição angular está devidamente atribuída a um valor de posição definido, tendo-se assim um

código único para cada posição do seu curso. Sua principal vantagem em relação ao incremental é

não perder a real posição no caso de uma eventual queda da tensão de alimentação (até mesmo se

deslocados), esta posição absoluta esta disponível imediatamente após o sistema ser energizado,

assim, procedimentos de referenciamento não são necessários. Como outra vantagem, neste modelo

não é necessário contador para processamento do sinal.

O código de saída é utilizado para definir a posição absoluta do encoder. O código mais

simples empregado é o binário (Figura 2.5/a), pois este é facilmente manipulado por um circuito

relativamente simples e, com isso, não se faz necessário nenhum tipo de conversão para se obter a

posição real do encoder. O código é extraído diretamente do disco (que está em rotação). Porém, o

sincronismo e a aquisição da posição, no momento da variação entre dois códigos, tornam-se muito

difíceis, tornando recorrentes erros de leitura. Para evitar este problema, em muitos casos é

empregado discos codificados em código Gray (Figura 2.5/b), onde a passagem de um valor

numérico para outro sempre se faz com a mudança de valor de um único bit.

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Figura 2.5/a: Disco de código binário. 18 Figura 2.5/b: Disco em código Gray.

O encoder utilizado na simulação do trabalho foi um encoder incremental de quadratura

com duas fases, A e B, defasadas de 90º para distinção do sentido de rotação. Ref. Grayhill 63K128

[5], 128 pulsos por rotação, tensão de operação de 5 ± 0.25Vdc.

2.6 Motor elétrico de indução

Como o objetivo deste trabalho é fazer o controle de operação sincronizada entre motores de

indução, com isso, se faz necessário uma explanação a respeito deste equipamento.

O motor elétrico é uma máquina capaz de transformar energia elétrica em energia mecânica.

Existem motores elétricos alimentados por corrente elétrica contínua e por corrente alternada. O

motor de indução por corrente alternada se tornou o tipo de motor mais usado na indústria devido à

maioria dos sistemas de distribuição de energia elétrica ser de corrente alternada. Outras vantagens

dos motores de indução é a sua alta eficiência e simplicidade de confecção, que se traduz em baixo

custo e manutenção mínima [6].

Os motores CA são encontrados em duas formas principais. O motor síncrono funciona com

velocidade fixa proporcional à frequência da rede, sem interferência de escorregamento. É

geralmente utilizado para grandes potências, devido ao seu alto custo em tamanhos menores. Já o

motor de indução funciona normalmente com uma velocidade constante, que varia ligeiramente

com a carga mecânica aplicada ao eixo. O controle de velocidade do motor de indução atualmente

se dá com o uso de inversores de frequência.

O motor utilizado no trabalho é do tipo “gaiola de esquilo”, cujo rotor é constituído de um

conjunto de barras não isoladas e interligadas por anéis de curto-circuito. O que caracteriza o motor

de indução é que só o estator é ligado à rede de alimentação. O rotor não é alimentado externamente

e as correntes que circulam nele são induzidas eletromagneticamente pelo estator, de onde provém o

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seu nome: motor de indução. Na Figura 2.6 pode-se observar a constituição física de um motor de

indução, o qual é composto de duas partes principais descritas a seguir [6]:

Figura 2.6: Motor de indução. 19

Estator

- Carcaça (1) - e a estrutura suporte do conjunto de construção robusta em ferro fundido, aço

ou alumínio injetado, resistente à corrosão e normalmente com aletas.

- Núcleo de chapas (2) - as chapas são de aço magnético.

- Enrolamento trifásico (8) - três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase, formando

um sistema trifásico equilibrado ligado a rede trifásica de alimentação.

Rotor

- Eixo (7) - Transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor.

- Núcleo de chapas (3) – As chapas possuem as mesmas características das chapas do Estator.

- Barras e anéis de curto-circuito (12) – São de alumínio injetado sob pressão numa única

peça.

Outras partes do motor de indução trifásico:

- Tampa (4)

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- Ventilador (5)

- Tampa defletora (6)

- Caixa de ligação (9)

- Terminais (10)

- Rolamentos (11)

O motor utilizado no trabalho (Figura 2.7) foi do tipo gaiola de esquilo, com 4 polos,

potência de 1/4 de cv e rotação de 1800 rpm.

Figura 2.7: Motor de indução utilizado no trabalho. 20

2.7 Inversores de frequência

Inversores de frequência com tensão imposta PWM são atualmente os equipamentos mais

empregados para a alimentação de motores de baixa tensão nas aplicações industriais que requerem

variação de velocidade. Eles operam como uma interface entre a fonte de energia (rede) e o motor

de indução [7].

O processo de obtenção da tensão e frequência desejadas por meio de tais equipamentos

passa por três estágios:

Ponte de diodos: Retificação do sinal alternado, de tensão e frequência constantes,

proveniente da rede de alimentação. A configuração mais comum é a de uma ponte de

diodos em onda completa, conforme Figura 2.8 [8]:

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Figura 2.8: Ponte de diodos. 21

Filtro ou Link DC: Alisamento/regulação da tensão retificada com armazenamento de

energia por meio de um banco de capacitores;

Transistores IGBT: Inversão da tensão contínua proveniente do link DC num sinal

alternado, com tensão e frequência variáveis. Conforme mostra o circuito simplificado da

Figura 2.9, são usados transistores (IGBTs) que chaveiam a tensão, gerando uma tensão

modulada em PWM (Modulação por Largura de Pulso).

Figura 2.9: Transistores IGBT. 22

Os sinais gerados são trens de pulsos com largura variável, que ao serem aplicados numa

carga indutiva como um motor, o resultado é uma forma de onda aproximadamente senoidal. As

características do próprio enrolamento do motor se encarregam de fazer uma suavização da forma

de onda que se torna quase que senoidal. O controle gera os pulsos que atuam sobre os transistores

de chaveamento. As formas de onda e frequência do sinal gerado por este circuito vão determinar a

velocidade e potência aplicada ao motor [8]. A Figura 2.10 a seguir ilustra estas três etapas básicas

do inversor de frequência:

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Figura 2.10: Etapas do inversor de frequência. 23

2.8 Considerações finais

Foi apresentado neste capítulo primeiramente as restrições e especificações do projeto, além

das tecnologias e equipamentos utilizados. Foi realizada uma explanação a respeito do CLP,

elemento central do trabalho, apresentado o modelo utilizado e o software de programação. Outros

equipamentos também foram apresentados, como o motor elétrico de indução, o encoder e o

inversor de frequência.

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Capítulo 3

Solução e Implementação

O fluxograma do algoritmo desenvolvido no CLP pode ser visto na Figura 3.1 a seguir:

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Figura 3.1: Fluxograma de controle. 24

No programa principal (main) inicialmente são configurados os parâmetros da rotina PID

como o tempo de amostragem, a constante proporcional (kp), o tempo integral e tempo derivativo.

Os critérios de obtenção desses parâmetros estão descritos neste capítulo. No programa principal

também são chamadas duas sub-rotinas para que sejam carregadas as configurações dos contadores

rápidos que irão contar os pulsos oriundos dos encoders, “SUB_ENCODER1” e

“SUB_ENCODER2”. Ainda no programa principal, também é chamada uma sub-rotina para

configuração de um timer que foi utilizado para produzir um tempo de amostragem, para que seja

possível calcular a velocidade dos motores e realizar a rotina PID. Enquanto roda o programa, os

contadores vão acumulando os pulsos oriundos da rotação dos motores. A cada interrupção pelo

timer, as velocidades dos motores são calculadas e é acionada a rotina PID. Esta rotina irá receber

as informações das velocidades e calcular a saída que irá controlar a velocidade do motor escravo.

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Os contadores continuam acumulando os pulsos e a rotina vai se repetindo a cada interrupção do

timer.

3.1 Timer de amostragem

Existem no CLP dois registradores especiais com a finalidade exclusiva de gerar uma

interrupção a partir de um tempo definido. São os SMB34 e SMB35. Eles podem ser programados

para um timer de 0 a 255ms A sub-rotina geradora do timer foi denominada

“SUB_AMOSTRAGEM”. Nela foi utilizada a SMB34 programado para 100ms. A interrupção

gerada foi denominada “INT_AMOSTRAGEM”. Nesta rotina de interrupção estão sendo realizados

os cálculos das velocidades e a execução da rotina PID. Na Figura 3.2 abaixo é possível ver um

exemplo contido no manual de aplicação do registrador SMB34 programado para 100ms e gerando

uma interrupção utilizada para ler o valor de uma entrada analógica.

Figura 3.2: Exemplo de aplicação do SMB34. 25

3.2 Contadores rápidos de pulsos

O CLP S7-200 possui contadores especiais chamados “HSC - High-Speed Counters” ou

“contadores de alta velocidade”. Eles são capazes de contabilizar eventos externos de alta

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velocidade, como por exemplo, pulsos oriundos de um encoder, independentes do ciclo de scan da

CPU. A CPU 224 possui seis contadores rápidos (HSC 0 ao 5), somente leitura e possuem tamanho

de palavra de 32 bits, que traduz numa capacidade de contagem de + 2.147.483.647 a –

2.147.483.648. Cada contador tem dedicadas entradas para clock, controle de sentido, reset e start, onde

essas funções são suportadas [3].

Os contadores podem ser configurados em um dentre doze diferentes modos de operação,

conforme Tabela 3.1:

Tabela 3.1: Modos de operação dos contadores.

Os 12 modos são divididos em 4 tipos básicos de contadores:

Modos de 0 a 2: São para contadores de uma única fase com controle de direção interna.

Modos de 3 a 5: Contadores única fase com controle de direção externo.

Modos de 6 a 8: Contadores de duas fases com duas entradas de clock.

Modos de 9 a 11: Contadores de quadratura fases A/B.

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Para utilizar um contador rápido, é necessário escolher um tipo e um modo a partir da

instrução “HDEF (High-Speed Counter Definition)”. Esta instrução deve ser carregada no primeiro

scan do programa e apenas uma vez. Para isso, é aconselhável utilizar o bit de memória especial

SM0.1 para chamar uma sub-rotina que contenha a instrução HDEF. O bit SM0.1 apenas é ativado

no primeiro scan da máquina, ou seja, quando o CLP é iniciado, e desligado logo em seguida.

Já na sub-rotina de inicialização, é necessário primeiramente configurar o byte de controle.

Cada contador rápido possui um byte de controle específico que permite configurar o estado ativo

das entradas de reset e start e escolher os modos de contagem 1x ou 4x (mais veloz). Para o

contador rápido HSC1, seu byte de controle é o SMB47, como se pode verificar na Tabela 3.2 a

seguir. Valores padrões para carregamento no byte de controle são 16#FC para modo de contagem

1x e 16#F8 para modo de contagem 4x.

Tabela 3.2: Bytes de configuração dos contadores.

Após a configuração do byte de controle, se executa a instrução “HDEF” constando o

número do contador (0 a 5) e o correspondente modo (0 a 12). Por exemplo, para o contador HSC1

no modo 9, a instrução fica: “HDEF 1, 9”. Em seguida, é opcional a determinação de valores para

current value (CV) e preset value(PV) do contador e habilitação de interrupções. Há interrupções

para quando CV=PV, para mudança de sentido de rotação ou para evento de reset externo. Caso

alguma interrupção seja utilizada, é preciso executar a instrução de habilitação global de interrupção

(ENI) para habilitá-las. Por fim, é executada a instrução “HSC” seguida do número do contador

para sua habilitação. Na Figura 3.3 a seguir é possível ver um exemplo de carregamento do

contador HSC1, no modo 11, gerando uma interrupção quando CV = PV = 50.

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Figura 3.3: Exemplo de programação de um contador rápido com interrupção. 26

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3.3 Cálculo da velocidade

Os contadores usados no trabalho foram o HSC1 e o HSC4, ambos no modo 9 de operação,

duas fases em quadratura sem pinos externos de reset ou start. Também não foi feito o uso de

interrupções. Cada encoder acumula uma contagem referente a seu motor como uma distância, mas

foi preciso transformar essa distância em velocidade, pois é a unidade de trabalho. Para o cálculo da

velocidade, foi utilizado o timer de amostragem inserido no programa de 100ms. A cada interrupção

por amostragem, o valor atual do contador é subtraído do valor anterior, obtendo assim uma

contagem, uma unidade de “distância” referente aos 100ms, ou seja, uma velocidade.

A velocidade máxima de um motor de indução é definida pela velocidade do campo girante,

a qual depende do número de polos do motor e da frequência da rede, em Hertz, seguindo a seguinte

fórmula:

Para uma frequência de 60hz e um motor de 4 polos usado no trabalho, temos:

O motor gira, livre de cargas e em máxima frequência, 1800 revoluções por minuto. Para o

tempo de amostragem de 100ms, o motor vai girar:

O encoder usado gera 128 pulsos por rotação. Logo,

E assim foi calculada a velocidade do motor. Uma velocidade que vai de 0 a 384 pulsos a

cada 100ms.

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3.4 Malha de controle PID

O Step7-200 possui uma instrução de PID que executa o cálculo baseado nas informações

contidas em uma tabela (TBL). Para chamar a função, o topo da pilha deve estar setado em nível

lógico 1 para habilitar o cálculo PID. A instrução possui dois operandos, o endereço da tabela de

dados e um número de 0 a 7 que enumera a função PID. O CLP é capaz de executar até oito

instruções PID em um mesmo programa. A tabela contém nove parâmetros usados para controlar e

monitorar a operação e inclui os valores atual e anterior da variável de processo, o setpoint, a saída

da variável manipulada, ganho, tempo de amostragem, tempo integral, tempo derivativo e soma

integral (Tabela 3.3). A instrução de PID precisa ser executada dentro de uma rotina de interrupção

por timer, para que seja amostrado o sinal da variável de processo e seja executada a rotina PID a

cada amostragem. Por esta razão, a rotina foi executada dentro da mesma sub-rotina de interrupção

utilizada para o cálculo das velocidades “INT_AMOSTRAGEM (INT0)” com o timer de 100ms.

Em relação à sintonia do PID, que consiste na obtenção dos valores do Kc, Ti e Td, foi

utilizado neste trabalho o método de sintonia das aproximações sucessivas, ou tentativa e erro. O

método consiste em modificar os parâmetros de controle (Kc, Ti e Td) e observar os efeitos na

variável de processo. A modificação das ações continua até a obtenção de uma resposta satisfatória.

Em função da sua simplicidade é um dos métodos mais utilizados na indústria, porém seu uso fica

impraticável em alguns processos específicos. A partir do conhecimento da ação resultante do

aumento ou diminuição de cada um dos parâmetros de controle, chegou-se ao resultado.

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Tabela 3.3: Tabela de dados da instrução PID.

O espaço de memória utilizado para o topo da tabela foi a partir do VD100. Os três

primeiros valores da tabela são respectivamente:

VD100: Variável de processo (PV);

VD104: Setpoint (SP);

VD108: Variável manipulada (MV);

O diagrama de blocos de controle fica então, assim representado (Figura 3.4):

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Figura 3.4: Diagrama de blocos. 27

Importante salientar que estas variáveis são reais e normalizadas, isto é, operam numa faixa

de valores entre 0 e 1. Portanto, as variáveis de velocidade calculadas (SP e PV) dos encoders que

podem assumir um valor máximo de 384 pulsos a cada 100ms, precisam ser divididas por 384 para

que o operando fique dentro da faixa exigida. A variável manipulada (MV) precisa ser multiplicada

por 32000 que é o máximo valor do conversor digital-analógico equivalente à saída de 10Vdc da

saída analógica.

3.5 Montagem

Para a montagem foi utilizado os seguintes equipamentos:

- 1 CLP Siemens S7-200 CPU224

- Módulo analógico EM 235

- 1 Cabo PPI de programação do CLP

- 2 Motores de indução trifásicos, 1/4cv

- 2 Inversores de frequência

- 2 Encoders

- 1 Fonte 24V do próprio CLP

- 1 Fonte 5Vdc externa para o encoder

- Circuito de adequação do encoder

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O S7-200 possui alguns módulos de expansão analógicos, cada um com específicos números

de entradas e saídas analógicas para aplicações diversas. Foi utilizado no trabalho o módulo EM

235 (Figura 3.5), que possui quatro entradas e uma saída. Foi utilizada apenas sua saída analógica

para o sinal de controle de 0 a 10V que foi conectado à entrada analógica do inversor de frequência

do motor escravo, com a finalidade de efetuar o controle do motor. Sendo 0V = motor parado e 10V

= máxima velocidade.

Figura 3.5: Módulo analógico EM235. 28

A entrada I0.0 foi utilizada para simular um degrau no setpoint e verificar a resposta do

motor escravo. I0.3 e I0.4 são as entradas do HSC4, encoder mestre. I0.6 e I0.7 são as entradas do

HSC1, encoder escravo. A saída Q0.0 foi utilizada para ativar a entrada STF (Sentido direto) do

inversor escravo.

3.5.1 Comunicação entre o CLP e o PC

Para realizar a comunicação entre o computador e o CLP, é utilizado o cabo RS-232/PPI

Multi-Master Cable do próprio fabricante SIEMENS. O cabo necessita de uma porta serial RS-232

do PC, porém estas portas são difíceis de encontrar nos computadores modernos. Como foi utilizado

um netbook para a programação, a solução encontrada foi adquirir no mercado um cabo conversor

USB/RS-232 como o da Figura 3.6.

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Figura 3.6: Conversor USB/RS-232. 29

O cabo vem com um drive próprio para instalação que simula uma porta serial qualquer. Foi

utilizada a porta COM1. Para que o compilador Micro/WIN reconheça o CLP, é preciso entrar nas

configurações de comunicação, localizado no menu ao lado esquerdo, botão “communications”. É

escolhida a interface, PC/PPI cable, e sua porta de comunicação serial com o PC, que no caso foi

escolhida a COM1. A taxa de transmissão do protocolo RS 485 foi escolhido 9.6kbps. Esta taxa

também é definida no cabo PPI, através de um switch localizado no mesmo.

3.5.1 Circuito de adequação do encoder

O encoder gera pulsos com amplitude de 5Vdc e a entrada do CLP reconhece sinais de

amplitude 24Vdc. Foi necessária a montagem de um circuito que amplificasse a tensão gerada pelo

encoder. O circuito utilizado foi o circuito de chaveamento com transistor bipolar (Figura 3.7), com

sinal de entrada Vi = 5V oriundo do encoder e o Vcc = 24V, onde é gerado também Vc = 24V para

a entrada do CLP.

Figura 3.7: Circuito de chaveamento com transistor bipolar. 30

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O transistor é um dispositivo eletrônico semicondutor construído com três regiões dopadas:

emissor, base e coletor. Eles podem ser do tipo NPN ou PNP e suas operações básicas são como

chave ou como amplificadores de sinal. Os transistores operam na região ativa quando são usados

como amplificadores, nos chamados circuitos lineares, em que o sinal de saída varia

proporcionalmente à variação do sinal de entrada. Já os circuitos de chaveamento são aqueles em

que o transistor opera nas regiões de saturação e corte, ou seja, só há duas possíveis saídas: nível

baixo e alto.

No projeto foi usado o transistor bipolar modelo BC548B, um transistor de uso geral, que

atende bem a esta necessidade. De acordo com o fabricante [11] ele tem as seguintes especificações:

- Corrente de coletor Ic máxima = 500mA.

- Tensão coletor emissor Vce máxima = 30V.

- Ganho de corrente 200 ≤hfe ≤ 450.

Segundo [3] a corrente mínima de acionamento das entradas é 2,5mA e a típica é 4mA. Foi

usado um resistor de coletor Rc = 5,6KΏ. Segundo [10] é encontrado a corrente de coletor de

saturação:

O que está dentro da capacidade de corrente do transistor e suficiente para acionar a entrada do

CLP. Também segundo [10], para o transistor para ser saturado é exigido que:

Para assegurar uma saturação forte do transistor, considera-se como regra um hfe = 10, ou seja, a

corrente de base Ib seja 1/10 da corrente de coletor Ic. Para isso, foi utilizada uma resistência de

base Rb = 10KΏ. Daí obtém-se:

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A Imagem 3.8 a seguir mostra o arranjo físico do circuito:

Figura 3.8: Circuito de adequação dos Encoders. 31

3.6 Considerações finais

Neste capítulo foi apresentado a solução proposta e detalhes de como foi implementada.

Começando com um fluxograma indicando o comportamento do programa, seguido de detalhes da

programação, como o temporizador criado para realizar a amostragem e cálculo da velocidade dos

motores, como foi realizado esse cálculo, e como foi programado o algoritmo PID. É encontrado

também neste capítulo detalhes da montagem e dos circuitos de adequação que foram necessários

ser feito.

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Capítulo 4

RESULTADOS

Com a montagem prática, foi possível fazer algumas simulações e obter alguns resultados.

Foram utilizados dois motores de indução trifásica sem carga mecânica, com velocidade máxima de

1800 RPM a 60Hz. O Micro/WIN possui uma ferramenta gráfica para visualização de variáveis em

uma linha de tempo. Os gráficos mostrados a seguir, apresentam quatro variáveis diferentes. A

primeira corresponde ao Setpoint do sistema, que é a velocidade monitorada do motor mestre. A

segunda corresponde à variável manipulada, que consiste na saída do controlador PID. A terceira é

a variável de processo, ou seja, a velocidade monitorada do motor escravo. Todas essas três

variáveis descritas estão em valores normalizados, ou seja, com valores entre 0 e 1. A quarta e

ultima variável foi criada para monitoramento do erro, consiste na subtração do Setpoint pela

variável de processo, ou seja, a diferença entre as duas velocidades. A variável está em porcentagem

da velocidade, podendo variar entre 0% e 100%.

Utilizando esta ferramenta gráfica, foram feitas três simulações de partida em degrau

unitário, com o setpoint indo instantaneamente de 0 a 0.5 no valor normalizado, o que equivale a

50% da velocidade máxima (900 RPM). Em cada uma das variáveis, o gráfico mostra os valores

máximos (Maximum), mínimo (Minimum) e o atual (Current). Os resultados podem ser vistos a

seguir (Figuras 4.1, 4.2 e 4.3).

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Figura 4.1: Erro estacionário = 0.13%; Tempo de estabilização = 2s; Overshoot = 14,3%. 32

Figura 4.2: Erro estacionário = 0.26%; Tempo de estabilização = 2s; Overshoot = 11%. 33

Figura 4.3: Erro estacionário = 0.26%; Tempo de estabilização = 2s; Overshoot = 13,5%. 34

Para um degrau unitário do setpoint de 0 a 1 (velocidade máxima = 1800 RPM), obtêm-se

um overshoot nulo (Figura 4.4):

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Figura 4.4: Erro estacionário = 0.78%; Tempo de estabilização = 2s; Overshoot = Nulo. 35

Na próxima imagem é possível observar uma transição mais lenta, de 0 à 1 (Velocidade

máxima = 1800 RPM), com cerca de 3s de tempo de subida e 3s de tempo de descida (Figura 4.5).

Figura 4.5: Transição lenta 0 a 1800 RPM. 36

4.1 Considerações finais

Neste capítulo foram apresentadas as condições e os resultados das simulações, exibindo os

dados e os gráficos gerados pelo simulador Micro/WIN.

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Capítulo 5

CONCLUSÃO

A partir dos testes realizados com uma partida em degrau unitário, foi possível observar um

overshoot médio de 13% e um tempo de amortização de 2s. Resultados a primeira vista indesejáveis

para as aplicações industriais do projeto. Porém, na prática industrial os motores em sua grande

maioria partem com uma rampa de aceleração mais lenta, diferente da partida instantânea do teste.

Além disso, na prática industrial os motores estão acoplados a cargas mecânicas, o que lhes

proporcionam uma considerável inércia. As aplicações reais se assemelham mais ao ultimo teste de

transição lenta, onde se apresentou uma ótima simetria entre as velocidades, tempo de acomodação

e overshoot desprezível e erro estacionário = zero, o que dar um resultado ótimo para as aplicações.

4.1 Melhorias e trabalhos futuros

Pensando em melhorias para trabalhos futuros, um incremento seria a adição da rotação

reversa, com o controle funcionando nos dois sentidos de rotação. O trabalho atual foi feito para

rotação em um único sentido. Uma segunda melhoria seria testar o modelo com carga mecânica

acoplada aos motores e considerar seu escorregamento. Talvez com a carga acoplada se tornasse

necessário efetuar uma nova sintonia do controlador PID. Um terceiro incremento seria testar outros

algoritmos de controle. Do jeito que foi projetado, o setpoint seria a velocidade do motor mestre.

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Isso gera algumas dezenas de milissegundos de atraso de reação do motor escravo. Poderia ser

pensado um setpoint gerado por outra fonte, que atuasse ao mesmo tempo para os dois motores.

Desta maneira, ambos iriam receber o comando para girar ao mesmo tempo, diminuindo este atraso

de reação. O motor escravo teria como referência tanto o setpoint, comum aos dois, quanto a

velocidade do mestre.

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APÊNDICE A – Algoritmo STL

MAIN (OB1)

Network 1

LD SM0.1

MOVR 1.0, VD112 //Kp

MOVR 0.1, VD116 //Tempo amostragem em s, 100ms

MOVR 0.005, VD120 //Tempo integral em min

MOVR 0.0003, VD124 //Tempo derivativo em min

S Q0.0, 1

CALL SUB_ENCODER2:SBR1

CALL SUB_ENCODER1:SBR2

CALL SUB_AMOSTRAGEM:SBR0

Network 2 I0.0 Para formar um degrau unitário no Setpoint

LD SM0.0

A I0.0

MOVR 1.0, VD104

SUB_AMOSTRAGEM (SBR0)

Network 1 Definir tempo da interrupção de amostragem de velocidade

MOVB 100, SMB34 // 1 A 255ms

ATCH INT_AMOSTRAGEM:INT0, 10

ENI

SUB_ENCODER2 (SBR1)

Network 1

LD SM0.0

MOVB 16#FC, SMB47 //Set control bits: count UP; rate 1X; enabled;

HDEF 1, 9

HSC 1

SUB_ENCODER1 (SBR2)

Network 1

LD SM0.0

MOVB 16#FC, SMB147 //Set control bits: count UP; rate 1X; enabled;

HDEF 4, 9

HSC 4

INT_AMOSTRAGEM (INT0)

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Network 1 Leitura do Encoder 1 Motor principal (Setpoint) em VD104

LD SM0.0

MOVD HC4, AC0

-D MD0, AC0 // MD0 é o valor anterior de HC4

MOVD HC4, MD0

DTR AC0, AC0

/R 384.0, AC0

AN I0.0

MOVR AC0, VD104

Network 2 Valor Real do motor escravo em VD100

LD SM0.0

MOVD HC1, AC1

-D MD4, AC1

MOVD HC1, MD4 // MD4 = Valor anterior de HC1

DTR AC1, AC1

/R 384.0, AC1

MOVR AC1, VD100

PID VB100, 0

Network 3 Atualiza Saída

LD SM0.0

MOVR VD108, AC2

*R 32000.0, AC2

ROUND AC2, AC2

DTI AC2, AC2

MOVW AC2, AQW0

Network 4 Cálculo do Erro

LD SM0.0

MOVR VD104, MD8 // Armazena SetPoint em MD8

-R VD100, MD8 // SetPoint - Valor Real

*R 100.0, MD8 // 0% a 100%

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BEGA, E.A. Instrumentação Industrial. 3ª ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011;

[2] BAYER, Fernando M.; ARAÚJO, Olinto C. B. Controle automático de processos. UFSM,

Santa Maria – RS. 2011;

[3] SIEMENS. SIMATIC S7-200 Programmable Controller System Manual;

[4] BRAGA, Newton C. – Artigo “Como funciona os Encoders”, acessado em

http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/como-funciona/5454-mec128, em jan/2016;

[5] Grayhill. Datasheet: Optical Encoders SERIES 63K;

[6] WEG, Motores Elétricos – Guia de especificação, acessado em www.weg.net;

[7] WEG, Motores de indução alimentados por inversores de frequência PWM – Guia técnico,

acessado em www.weg.net;

[8] BRAGA, Newton C. – Artigo “Os inversores de frequência”, acessado em

http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/automacao-industrial/5443-mec125, em jan/2016;

[9] SILVA, João Manuel Gomes. Ajuste de controladores PID. Curso de extensão, UFRGS, 2000.

Acessado em http://www.ece.ufrgs.br/~jmgomes/, em mar/2016;

[10] BOYLESTAD, Robert L.; NASHELSKY, Louis. Dispositivos Eletrônicos e teoria de

circuitos. 8ª Ed. São Paulo: Pretice Hall, 2007;

[11] Fairchild. Datasheet: BC548B NPN General Purpose Amplifier;