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Opinião D. Manuel Linda | Bento Oliveira | Sónia Neves ... · O longo e detalhado processo de canonização da Irmã Lúcia pode ajudar a compreender melhor a dinâmica que levou

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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião D. Manuel Linda22 - Semana de... Sónia Neves24 - Dossier Irmã Lúcia, memória de Fátima26 - Entrevista Irmã Ana Sofia

70 - Multimédia72 - App Pastoral74 - Estante76 - Concílio Vaticano II78 - Agenda80 - Por estes dias82 - Programação Religiosa83 - Minuto Positivo84 - Liturgia86 - Fátima 201790 - Fundação AIS92 - LusoFonias

Foto de capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Alentejo aoencontro deSevilha[ver+]

Mesagem do Papapara a Quaresma[ver+]

Lúcia e a memóriade Fátima[ver+] D. Manuel Linda | Bento Oliveira |Sónia Neves|Octávio Carmo |Manuel Barbosa | Paulo Aido | TonyNeves

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Verdade e preconceito

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

A aproximação do centenário das Aparições deFátima e, mais recentemente, o anúncio do fimda fase diocesana do processo de canonizaçãoda Irmã Lúcia, concentraram os holofotes daopinião pública sobre os acontecimentos de1917, na Cova da Iria. Um momento que mudou afisionomia da Igreja Católica em Portugal, comimplicações mundiais, e que ainda é lido pormuitos como se nada tivesse mudado nesteséculo.Há obviamente várias intenções por trás deinvestigações e novas publicações, das maissérias e profissionais às mais sensacionalistas einteresseiras. Ao público compete não cair dacilada de quem vende o velho como novidadenem de quem se copia ao que já foi feito.Será difícil acreditar em alguém que diz vir agorarevelar “toda a verdade” sobre Fátima quando sesabe que há milhares de documentos porestudar. A construção e reconstrução de tesesantigas não faz jus à inteligência nem àsensibilidade com que um tema tão delicadomerece ser tratado.Tem já um século esta desconfiança recíproca -por vezes fundada - entre quem acredita nasAparições, reconhecidas pela IgrejaCatólica (e este é um caso encerrado)e quem, mais do que não crer, asprocura desacreditar. O fosso atual

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entre a verdade e o preconceito emnada ajuda à reflexão necessáriasobre o impacto deste fenómenoreligioso, espiritual, humano, social,turístico e tudo o mais que ainda épreciso descobrir sobre Fátima. O longo e detalhado processo decanonização da Irmã Lúcia podeajudar a compreender melhor adinâmica que levou à consolidaçãoe transmissão da memória dosacontecimentos de 1917, com acerteza de que muitos são aquelesque o protagonizaram, de formamais ou menos anónima, dando-lheum corpo e uma história queultrapassa em muito o queconseguimos compreender. Paraisso, também são precisasperguntas incómodas que façamnascer respostas adequadas e, semdúvida, a superação definitiva deum olhar que tende a “menorizar”Fátima, mesmo no seio da IgrejaCatólica.

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Memória do ulmeiro que enquadrava a Fundação Gulbenkian e quemorreu vítima de grafiose do ulmeiro (Foto: www.gulbenkian.pt)

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"Em relação a essa questão tão sensível[eutanásia], foi um debate que ainda agoracomeçou e deve continuar, envolvendo asociedade portuguesa. O pior que poderiaacontecer seria cristalizar posições. Nãopode ser um confronto entre ateus ereligiosos, médicos e juristas, diria até entreesquerda e direita" (Jerónimo de Sousa, líderdo PCP) “… Há ateus-carrapato, consideravelmentediferentes das pessoas ateias normaisminding their own businesses. Caracterizam-se, grosso modo, pelo ódio de morte àreligião católica e pela irracionalidadeabsoluta e agressiva de cada vez que umcatólico se expressa publicamente – ondeestão as purgas nos jornais e nas televisõesquando precisamos delas?!” (Maria JoãoMarques, Observador) "Medidas cegas, não fundamentadas numainteligência sólida, tendem a ser ineficazespois correm o risco de serem ultrapassadaspelos atuais sofisticados movimentosterroristas globais" (António Guterres,secretário-geral da ONU, sobre a ordem deDonald Trump que suspende a chegada aopaís de refugiados por 120 dias)

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Terras sem Sombra 2017,do Alentejo à Andaluzia

O Festival ‘Terras sem Sombra’(FTSS) proporcionou este sábadouma noite diferente em Sevilha, como concerto ‘Imenso Sul’ onde juntoudois grupos de Cante Alentejano aoFlamenco, no Consulado-Geral dePortugal. À Agência ECCLESIA, odiretor artístico do FTSS disse queo Cante Alentejano causou “umagrande sensação” pelo “poder dasvozes baixas” e pela

“capacidade de comunicação” quetêm os seus cantadores.“Tudo se uniu a uma cantadoramítica como Esperanza Fernández. O público, e eu em primeiro,levamos as mãos aos olhos porqueestávamos a chorar de emoção”,destacou Juan Angel del Camposobre “uma noite mágica, distinta detudo”.O concerto “único” juntou o

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Património Imaterial da HumanidadeCante Alentejano – do Rancho dosCantadores de Aldeia Nova de S.Bento, acompanhados por PedroMestre, e o dos Cantadores doDesassossego – e o Flamenco dasevilhana Esperanza Fernández, etambém o intérprete de violada gamba Fahmi Alqhai.Para o mestre Francisco Torrão,dos Cantadores do Desassossego,foi “extremamente importante” estaapresentação, que “aproxima mais”o Alentejo e a Andaluzia. “Foi muitogratificante verificar que não temhavido um processo de aculturação.Foi relevante escutar uma andaluzaa cantar modas alentejanas. Defacto, a música é universal eaproxima os povos”, acrescentou.Esperanza Fernández recordou queteve a “sorte” de ter tido umaexperiência com um coro alentejano,em 2005, que “foi fantástica”; nofinal do concerto deste sábado,sentia-se “orgulhosa e como emcasa outra vez”.José António Falcão, diretor-geraldo FTSS, comentou que “existe umimenso Sul” que também invade a

música e iluminou quem esteve noConsulado-Geral de Portugal, emSevilha. “O concerto traduziu-se porelevado nível artístico, não era fácil.Existe aqui uma herança comum, háum fundo lírico e também umconjunto de manifestações que a eleestão associadas que convergiramcom uma grande facilidade”,desenvolveu.Espanha é este ano o paísconvidado do evento e uma“embaixada cultural” apresentou ocertame em Sevilha. José AntónioFalcão fez um balanço positivo dopériplo, considerando que “portasque estavam fechadas abriram-se”porque os municípios - Almodôvar,Sines, Santiago do Cacém, Ferreirado Alentejo, Odemira, Serpa, CastroVerde e Beja – avançaram “comoperspetiva de região e não apenasum ou dois pontos do vastoterritório”.‘Do espiritual na arte – Identidades epráticas musicais na Europa dosséculos XVI-XX’ é o lema do FTSSque se realiza entre 11 de fevereiroe 1 de julho, iniciativa promovidapelo Departamento do PatrimónioHistórico e Artístico da Diocese deBeja.

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Parceria permite juntar apoioespirituala cuidados de saúdeUm protocolo assinado entre aUnidade Pastoral de Santo Antónioe a Unidade Local de Saúde doNordeste, na Diocese de Bragança-Miranda vai permitir levar aosdoentes não só cuidados de saúdemas também apoio espiritual. Opadre Manuel Ribeiro, responsávelpela Unidade Pastoral de SantoAntónio, situada na região deMacedo de Cavaleiros, destacou àAgência ECCLESIA a importância deum projeto “sem paralelo emPortugal”, que vai sobretudobeneficiar as populações maisisoladas e idosas do territóriotransmontano.“Tudo começou com uma visita quefiz quando entrei para esta unidadepastoral, em que me apercebi doisolamento e da solidão em quemuitas pessoas viviam.Particularmente nas localidadesmais pequenas“, explicou osacerdote.Durante a sua passagem pelasaldeias da freguesia de SantoAntónio, o responsável católicodeparou-se com situações deidosos que pouco contacto tinhamcom os filhos ou outros familiares, eoutros mais doentes que nem aocentro de saúde conseguiam ir,porque não tinham preparados parao efeito.

qualquer tipo de ajuda. “O mal dosoutros, que estão ao nosso lado,tem que ser também o mal de toda acomunidade, temos todos de olharuns pelos outros, e é isso que vaiacontecer na nossa unidadepastoral, para que a comunidade setorne cada vez mais atenta aosproblemas de cada um”, salientou opadre Manuel Ribeiro.O acordo assinado com a UnidadeLocal de Saúde do Nordeste prevê apromoção do apoio espiritual a pardos cuidados de saúde, sempre queisso seja solicitado pelascomunidades ou pelas pessoas.A ajuda será dada de forma diária egratuita às 18 comunidades queintegram a Unidade Pastoral deSanto António, graças aoenvolvimento de agentes pastoraisdevidamente

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Tráfico humano é realidadepresente em PortugalA presidente da Comissão de Apoioàs Vítimas de Tráfico de Pessoas,dos Institutos Religiosos emPortugal, disse à Agência ECCLESIAque o tráfico humano ainda é vistono país como algo “distante” ou que“não existe”, quando “não éverdade”.A respeito da jornada anual deoração e reflexão contra o tráfico depessoas (8 de fevereiro) a irmãMaria Manoel realça que há ainda“um longo trabalho de sensibilizaçãoe motivação a fazer nesta questão”,que tem de envolver todos ossetores sociedade.“É preciso humanizar a sociedade atodos os níveis e este é um deles,para que se perceba que estamos afalar de pessoas, seres humanosiguais a cada um de nós, não sãomercadoria a ser traficada ecomercializada. E portanto não nospodemos dar ao luxo que istoaconteça em pleno século XXI”, frisaaquela responsável.A presidente da Comissão de Apoioàs Vítimas de Tráfico de Pessoasrecorda que “ainda no início desteano foi desmantelada uma rede detráfico humano no Alentejo”, noâmbito da operação ‘CampoSeguro’, da Guarda NacionalRepublicana.

Neste caso, dezenas de pessoasprovenientes de países como oNepal, o Senegal e o Paquistãoestavam a ser vítimas de exploraçãolaboral e utilizadas na prática defurto de produtos agrícolas.Segundo a irmã Maria Manoel, aexploração laboral é mesmo “o rostomais visível” do tráfico humano emPortugal. Os últimos dadosdivulgados pelo Observatório doTráfico de Seres Humanos, doMinistério da Administração Interna,referentes a 2015, referem 193casos sinalizados um pouco portodo o país, mas no entanto apenasforam confirmadas 30 vítimas.A presidente da Comissão de Apoioàs Vítimas de Tráfico de Pessoasnota que é muito difícil detetar eresponsabilizar as redes que estãopor trás deste género de crimeorganizado e que são poucas ascondenações em tribunal.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Programa de Quaresma e Páscoa da Diocese do Porto tem visita do Papano horizonte

Reitora da Católica quer colocar as várias unidades de investigação com a«classificação máxima»

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Quaresma em defesa da vida

O Papa Francisco apela na suamensagem para a Quaresma de2017, divulgada pelo Vaticano, àdefesa da vida “frágil” e alerta paraas consequências negativas de umavida centrada no “dinheiro”. “Cadavida que vem ao nosso encontro éum dom e merece acolhimento,respeito, amor. A Palavra de Deusajuda-nos a abrir os olhos paraacolher a vida e amá-la, sobretudoquando é frágil”, escreve, num textointitulado ‘A Palavra é um dom. Ooutro é um dom’.

Francisco questiona em particular autilização do dinheiro, contestando a“lógica egoísta” que não deixaespaço para o amor e dificulta apaz. “Em vez de ser um instrumentoao nosso dispor para fazer o bem eexercer a solidariedade com osoutros, o dinheiro pode subjugar-nos, a nós e ao mundo inteiro, numalógica egoísta”, alerta.Segundo o Papa, o “homemcorrompido pelo amor das riquezas”não vê nada além de si próprio.

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“Assim, o fruto do apego ao dinheiroé uma espécie de cegueira: o riconão vê o pobre esfomeado,chagado e prostrado na suahumilhação”, precisa.A mensagem parte de umapassagem do Evangelho, sobre umhomem rico e um pobre, chamadoLázaro, que lhe pede ajuda mas éignorado. “Lázaro ensina-nos que ooutro é um dom. A justa relação comas pessoas consiste em reconhecercom gratidão o seu valor. O própriopobre à porta do rico não é umempecilho importuno, mas um apeloa converter-se e a mudar de vida”,assinala Francisco.O Papa deixa votos de que aQuaresma represente “um novocomeço” e recomenda as práticastradicionalmente ligadas a estetempo de preparação para aPáscoa, “o jejum, a oração e aesmola”, como forma de combater a“corrupção do pecado”.A mensagem assinala a importânciada “Palavra de Deus” como força de“suscitar a conversão” no coraçãode todos. “Fechar o coração ao domde Deus que fala tem comoconsequência fechar o coração aodom do irmão”,

observa Francisco.O Papa pede que as comunidadescatólicas promovam a sua“renovação espiritual”, participandotambém nas Campanhas deQuaresma que muitos organismoseclesiais promovem. “A Quaresma éum tempo propício para abrir a portaa cada necessitado e nelereconhecer o rosto de Cristo. Cadaum de nós encontra-o no própriocaminho”, recorda.A Quaresma, que começa com acelebração de Quarta-feira deCinzas (1 de março, em 2017), é umperíodo de 40 dias marcado porapelos ao jejum, partilha epenitência, que serve depreparação para a Páscoa, aprincipal festa do calendário cristão.

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Tráfico de pessoas: Papa pededeterminação para combater crime«intolerável»O Papa Francisco associou-se noVaticano à jornada de oração ereflexão contra o tráfico de pessoas,que a Igreja Católica celebraanualmente a 8 de fevereiro,recordando em especial as criançase adolescentes vítimas deste crime.“Desejo que todos quantos têmresponsabilidade de governocombatam com decisão esta praga,dando voz aos nossos irmãos maispequenos, humilhados na suadignidade. É preciso fazer todos osesforços para debelar este crimevergonhoso e intolerável”, disse, naaudiência pública semanal quedecorreu na sala Paulo VI.O lema escolhido para a jornadapelas vítimas do tráfico humano de2017 é ‘Elas são apenas crianças,não são escravas’. “Encorajo todosos que, de várias formas, ajudam osmenores escravizados e abusados alibertar-se de tal opressão”, referiuo Papa.Francisco recordou que estajornada se celebra no dia da festalitúrgica de Santa Josefina Bakhita,religiosa nascida no Sudão em1869, vítima de tráfico humano aos9 anos de idade. “Esta mulherescravizada em

África explorada, humilhada, nãoperdeu a esperança e avançou nafé, acabando por chegar à Europa,como migrante. Aqui, sentiu ochamamento do Senhor e tornou-seirmã”, explicou.O Papa convidou os presentes arezar a Santa Josefina Bakhita “portodos os migrantes, refugiados,explorados, que sofrem tanto”.O Vaticano, em conjunto comorganizações da Cáritas de todo omundo e representantes das váriasreligiões, vai promover um semináriosobre o tráfico de menores, estasexta-feira em Roma.Para o presidente da CaritasInternationalis, cardeal Luis Tagle, éessencial difundir uma mensagemde apoio a todas as pessoasafetadas por esta prática, e sãomilhões de homens, mulheres ecrianças em todo o mundo.

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Por uma Igreja sem corrupçãoO Papa Francisco rejeita, ementrevista divulgada esta quinta-feira na Itália, a corrupção nagestão financeira do Vaticano ouinvestimentos pouco éticos comdinheiro da Igreja, como na indústriade armamentos. “É importanteverificar como é que os bancosinvestem o dinheiro. Nunca deveacontecer que haja investimento emarmas, por exemplo. Nunca”, pediu,durante uma conversa com mais de140 responsáveis mundiais deInstitutos Religiosos católicos.O encontro decorreu em novembrode 2016, à porta fechada, e oconteúdo da intervenção do Papa,que respondeu a várias perguntasdos presentes, é divulgado hojepela revista italiana dos jesuítas, ‘LaCiviltà Cattolica’.“Os problemas chegam quando semexe nos bolsos! Penso na questãoda alienação dos bens: com os benstemos de ser muito delicados”,assinalou Francisco. “O Senhorquer muito que os religiosos sejampobres”, acrescentou.O primeiro Papa jesuíta da históriaconsidera que a pobreza é“medular” na vida da Igreja Católica,tendo sempre “consequênciasfortes” segundo a forma como éobservada ou não.

Francisco recorda que nas reuniõesde cardeais antes da sua eleição,em 2013, se falava da necessidadede “reformas” e que todos asqueriam. “Há corrupção no Vaticano,mas eu estou em paz”, referiu oPapa, que tem levado a cabo umconjunto de reformas nas áreasfinanceiras e administrativas daSanta Sé e do Estado da Cidade doVaticano, internacionalizando a suagestão e supervisão.O encontro com a 88ª assembleiageral dos superiores gerais dasordens e congregações religiosasmasculinas evocou a surpresasentida pelo atual Papa, aquandoda sua eleição como sucessor deBento XVI, e a forma como temvivido desde então, numa “pazprofunda”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Francisco recorda drama dos «rohingya»

Papa rejeita aborto e eutanásia, em defesa da «cultura da vida»

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Vergonha!

D. Manuel Linda Bispos das Forças Armadas e Forças de Segurança

Todos os anos, no quarto sábado de Novembro,os ucranianos que vivem dentro do país e os dadiáspora rezam pelos mortos da tragédia doholodomor. Sabe o que isso é?Entre 1930 e 1933, o tirano Stalin ordenou oscélebres “fuzilamentos de escarmenta” aoscamponeses que guardassem ou escondessempara si cereais e comida que eles mesmosproduziam, por mais insignificante que fosse aquantidade. Acossados pela fome, estes pobresaldeões dirigiam-se às cidades, à procura doalimento que faltava nos campos. É então que, amando do ditador, o “soviete” da Ucrânia faz umdecreto proibindo os agricultores de entraremnas cidades. E apresenta razões: “Porque oscamponeses invadem os mercados, procurandocomprar ou mendigar algum alimento, o queimpede seriamente o abastecimento regular dascidades”.

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Repare-se nesta terrível hipocrisia:privam-se os agricultores decomida, na sua terra, e proíbem-sede a ir procurar à cidade.Resultado: milhões e milhões devítimas à fome, num genocídioprogramado para arrasar gruposétnicos que não davam o seu aval àterrível ditadura da então UniãoSoviética. E criou-se a palavra«holodomor» que, em ucraniano,significa literalmente “matar pelafome”.Vieram-me à memória estes tristesacontecimentos da história recenteao antever o vergonhosoespectáculo de um muro, jáordenado por um perigosopopulista, de seu nome RonaldTrump, a impedir ostensivamente oslatino-americanos de entrarem nosEstados Unidos. Entre 1930 –pontode chegada de um regimeimplantado em 1917, isto é, do qualestamos a comemorar o centenário-e 2017, parece verificar-se umaparalelismo quase perfeito:esbulham-se os donos dos produtose não se lhes permite, sequer, ir embusca de pão!

Estou a exagerar? Não creio. Vejam-se estes dados reais, a título deexemplo: em 1970, os USAinvestiram na América Latina 900milhões de dólares, mas, desseinvestimento, levaram para casa2.900 milhões, de lucro; em 1930,investiram 30 milhões nas minas decobre chileno, mas, ao longo dos 42anos de exploração, obtiveram umlucro de 4.000 milhões de dólares…Na América Latina ficaram migalhas? Certamente. Mas não creio que a mesa tenhasido montada para a presentearcom o banquete do festim …Humanamente falando, um país quese mura vota-se ao isolamento.Espero, pois, que a Europa e omundo saibam estabelecerespeciais laços comerciais e decolaboração com a América Latina,para vantagem das duas partes. Eespero, também, que o bom sensopermaneça na América, pois, comomuitos americanos estão areconhecer, um país cercado é umaterra sem futuro. Ou, com maisprecisão, como sabiamente alerta oPapa Francisco, “não conhece aesperança quem se fecha nopróprio bem-estar”.

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… vida feliz!

Sonia Neves Agência ECCLESIA foto: Miguel Cupido

Iniciei a minha semana em visitas aos maisidosos da família. A doença vai debilitando osoctogenários e os olhos ficam embaciados nanossa presença. As forças já não são as deoutrora e a frustração toma o lugar do ânimo.Mergulha-se no Passado: o que se fazia parasustentar a família, a força dos braços, osantepassados, os sorrisos e os episódios felizes.“Recordar é viver” já dizia a canção… para quemficou limitado na mobilidade ou mesmo nopensamento, recordar (até mesmo sem seaperceber) empurra para seguir a cada dia, ou acada hora; são momentos felizes que se trazem àvista do Presente.Assim foi com uma avó de 87 anos que,recostada num sofá, me contava que, na festa,onde esteve, todos cantavam mas, “eu fiz umbrilharete e levei muitas palmas!” E riu-se. Aqueleriso sumido, que lembrava uma meninaenvergonhada, fez transparecer um momentofeliz em que partilhou com outros uma cançãosobre a faina do sal, aprendida na sua meninice.Os olhos verdes, brilhantes acompanhavam aentoação e as mãos batiam ao ritmo da músicaali novamente interpretada para nós. Umepisódio sentido e que me apontou que estesmomentos felizes poderão ser as boasrecordações no futuro.A par disso olho para a minha semana detrabalho e as entrevistas desfiaram-se com paresde

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namorados. “Um amor é feliz aonascer”, só assim está lançado omote e como qualquerpormenor, sorriso, afeto ou palavra,faz um namorado sentir-se ‘o maisespecial do Mundo’. Olho para ostestemunhos recolhidos (quepassam no programa de rádio dapróxima semana) e dou comigo apensar que a vocação para oMatrimónio é mesmo um caminhofeliz…Também na próxima segunda-feira,dia 13 de fevereiro, é um diaespecial, assinala-se o Dia Mundialda Rádio. A Ecclesia quisreconhecer esta data como feliz elançou o desafio de ter ‘histórias devida feliz’ nesse tempo de emissãona Antena 1 da rádio pública.Chegaram histórias, momentos,episódios e vidas felizes contadasatravés do endereço de email. Asnovas tecnologias a mediar apartilha da felicidade, a facilitar oimprevisível e a dar a ler ou aescutar pérolas de vida.Os avós, os namorados, a partilhana rádio… unem-se neste texto pelavida feliz, numa manta deaconchego que toma com cuidado omelhor que a vida tem: o doce, omel, (o ovo-mole) ou, simplesmente,a “cereja em cima do bolo”.

E como vale a pena continuar afazer diferente, a desejar “uma vidafeliz” a cada noite, a cada hora. Nosdiferentes momentos oucircunstâncias, na cidade ou naaldeia, na velhice ou na juventude, aVida há-de ter sempre momentosfelizes que serão as recordações nofuturo.

E como vale a pena continuar a fazer diferente, a desejar “uma vida feliz” a cada noite, acada hora. Nos diferentes momentos ou circunstâncias, na cidade ou na aldeia, na

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cada hora. Nos diferentes momentos ou circunstâncias, na cidade ou na aldeia, navelhice ou na juventude, a Vida há-de ter sempre momentos felizes que serão asrecordações no futuro.

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A Diocese de Coimbra e a vice-postulação da Causa deCanonização da Irmã Lúcia (1907-2005) vão promover a 13 de

fevereiro a sessão de clausura do inquérito diocesano, queexigiu a análise de milhares de cartas e escritos. Esta fase do

processo de canonização da vidente de Fátima reúne todosos escritos da Irmã Lúcia, os depoimentos das testemunhas

ouvidas acerca da sua fama de santidade e das suas virtudesheroicas, passando agora para a competência direta da Santa

Sé e do Papa. Após a sessão de clausura, todo o materialrecolhido é entregue na Congregação das Causas dos

Santos (Santa Sé), de acordo com as normas estabelecidaspela Igreja Católica.

O encerramento da fase diocesana do processo decanonização está em destaque nesta edição do Semanário

ECCLESIA, com entrevistas à irmã Ana Sofia, do Carmelo deSanta Teresa, ao bispo de Coimbra e à vice-postuladora da

causa, entre outros depoimentos.

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Os meus dias com a IrmãLúcia A Irmã Ana Sofia, natural de Santarém, tem 38 anos e é desde 1996 umadas religiosas residentes no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra. Umlocal onde chegou pela mão da irmã Lúcia, com quem conviveu durante osúltimos nove anos de vida da vidente de Fátima.A religiosa de clausura integrou a equipa que redigiu a obra ‘Um caminhosob o olhar de Maria’, a biografia completa da Irmã Lúcia.

Entrevista conduzida por Henrique Matos Agência ECCLESIA (AE) – O querecorda do convívio de uma pessoatão especial como a irmã Lúcia?Irmã Ana Sofia (AS) – Tive a graça ea felicidade de conhecer a irmãLúcia quase nove anos. Foi umagraça muito grande porque jáconhecia a vida dos pastorinhos deFátima e como se calhar milharesde pessoas desejava falar com airmã Lúcia, é um desejo que muitagente deve acalentar no coração eque também tinha e depois tive agraça e a felicidade de o realizar.Conhecer a irmã Lúcia foi fora donormal porque não é normalconhecer uma pessoa como ela eprivar de perto mas foi muito bomporque deixou um testemunho muitobonito e de uma boa religiosa. Jánão a conheci como pastorinha,logicamente, mas viver ao lado delae recolher o testemunho desimplicidade, de humildade, defidelidade na vida do dia-a-dia em

que era uma irmã Carmelita comoqualquer outra, fazia tudo. Ela ia àoração, recreio, às refeições,trabalhava como qualquer irmã e oesforço era mesmo esse para quefosse considerada uma Carmelitacomo as outras. Não queria nada deespecial, não queria nada departicularidades. E, portanto, eramuito humilde, o testemunho delanesse sentido era muito importantepara mim porque podia ter tudohumanamente falando, até mesmode atenções e ela fazia o mais quepodia para passar despercebida.Ao longo destes nove anos fuirecolhendo muitas coisas bonitas,muitos exemplos, as histórias quecontava, muitas estão escritas noslivros dela, as ‘Memórias da IrmãLúcia’, mas contados por ela tinhamoutro significado, tinham outrosabor. É algo que recordo muito evai ficar sempre muito marcado.

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AE – As irmãs insistiam muito comela para recordar história…AS – Sim, principalmente nós asmais novas, fazíamos-lhe muitasperguntas e respondia sempre commuita simplicidade e alegria. Nãofazíamos propriamente perguntassobre as Aparições mas sobre afamília, a relação que tinha com aJacinta e o Francisco. Sobre comoeram as coisas naquele tempo, etambém sobre quando esteve nasDoroteias - como era a vida lá - emuitos episódios que tinha e querecordava com uma memóriaexcelente, porque se lembrava detudo ao pormenor.

Quando começava a falar da família,por exemplo, lembrava a casa ondenasceu e sabia o que é que estavana gaveta da mesa da cozinha, oque é que estava no quarto. Tinhauma memória fantástica e contavaas coisas com muita vida, com muitaalegria. De facto, era muitointeressante ouvi-la falar, cativava,prendia mesmo a atenção. AE – Era uma irmã como outraqualquer na comunidade mas nãohavia a tentação de a mimar deforma especial?AS – Da nossa parte havia um

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bocadinho. Nós não podíamosdeixar de a ver como uma pessoaespecial mas da parte dela haviacerta manha, digamos assim, parapassar despercebida, não quereressas atenções. E muitas vezespude ver isso. Sempre que podia aatenção dela era para as outrasirmãs. Inclusive, quando vínhamosao locutório com alguma família danossa relação mais próxima ou comalgum sacerdote, que sejustificasse. Ela não vinha aolocutório, como é natural comqualquer pessoa, mas quando acomunidade vinha, ela vinha ou atémesmo quando vinham os cardeais,era uma situação que aconteciamuitas vezes vinham a Fátimacelebrar no 13 de maio e deoutubro,

e depois vinham ao Carmelo visitá-la. Nestes momentos em que estavaa comunidade toda e as atençõescentravam-se sobre ela, sabia dar avolta ao assunto e começar a falarda comunidade ou qualquer outroassunto que puxasse a atenção edesviasse a atenção dela para outrolado.Ela não deixava ser muito mimada,tinha de aceitar certas atençõescomo esta dos cardeais virem aoCarmelo de Coimbra de propósitopara a ver, não vinham ver maisninguém mas ela queria estarsempre acompanhada dacomunidade. Tinha este sentido defazer parte da Igreja e de umacomunidade concreta.

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AE – Uma vez veio um ator decinema…AS – Sim, tivemos a visita do MelGibson, que foi de facto umanovidade muito grande. Ela nãotinha a noção de quem era o MelGibson, como qualquer um de nóstem porque o conhece do cinema,mas viu o filme porque o Mel Gibsonteve essa atenção de mandar umapessoa que colaborou muito deperto com ele e antes do filme sairnos cinemas pudemos ver o filme noCarmelo. Toda a comunidade e airmã Lúcia estava presente,naturalmente.Depois, o Mel Gibson quis virpessoalmente passado algumtempo.Quis estar com a irmã Lúcia, falarcom a comunidade e foi muitointeressante

porque também ai vemos umapessoa, que é tão conhecida,estava quase que emocionado afalar com a irmã Lúcia que estevecom a sua naturalidade comosempre se comportava.Tanto faz ser um cardeal, umapessoa conhecida como umapessoa muito simples, para a irmãLúcia o tratamento que tinha eraigual. Ela tanto dava atenção a umapessoa muito humilde, Por exemplo,quando ia votar tinha sempre muitagente à volta dela ou quando foi aFátima no ano 2000 tanto podiaouvir uma pessoa que não sabiaquem era, completamente anónimacomo depois podia ouvir umapessoa importante e que se dirigissea ela. A atenção com aqueles quese dirigiam a ela era

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completamente igual.As cartas que recebia não faziadistinção se era uma pessoahumilde que mal sabia escrever ouse era um rei ou qualquer outrapessoa porque recebia cartas degovernantes, ministros de cardeais,bispos, de todo o mundo e não faziadiferença. Aqueles que precisavamdela recorriam a ela, pediam aoração e isso era o mais importante.Ela estava lá a dar a palavra e oconselho que pudesse e soubessea quem mais precisava. AE – Talvez nesse dia a irmã Lúciativesse ficado muito espantada como interesse das suas irmãs viremtodas ao locutório?AS – Pois foi, exatamente, atéporque

ela não vinha com muitanaturalidade e nós dissemos: “Vaiirmã Lúcia, vai” e ela “mas porquê?”Acho que foi muito importante maisdo que para nós que foi mais umavisita. Eu pessoalmente, e nós asmais novas nunca esperávamos vero Mel Gibson e a esposa que naaltura veio com ele. Para a irmãLúcia foi só mais uma visita.Para ele é que ficámos muitoadmiradas como foi importante,notava-se perfeitamente que eleestava emocionado. Aliás, segundoo que soubemos ele veio a Portugalde propósito para vir ao Carmelo deCoimbra e foi embora num aviãoparticular. Veio da América aPortugal para ver a irmã Lúcia o quesignifica muito.

AE – Talvez nesse dia a irmã Lúcia tivesse ficado muito espantada com o interesse das

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AE – Talvez nesse dia a irmã Lúcia tivesse ficado muito espantada com o interesse dassuas irmãs virem todas ao locutório?AS – Pois foi, exatamente, até porque ela não vinha com muita naturalidade e nósdissemos: “Vai irmã Lúcia, vai” e ela “mas porquê?”Acho que foi muito importante mais do que para nós que foi mais uma visita. Eupessoalmente, e nós as mais novas nunca esperávamos ver o Mel Gibson e a esposaque na altura veio com ele. Para a irmã Lúcia foi só mais uma visita.Para ele é que ficámos muito admiradas como foi importante, notava-se perfeitamenteque ele estava emocionado. Aliás, segundo o que soubemos ele veio a Portugal depropósito para vir ao Carmelo de Coimbra e foi embora num avião particular. Veio daAmérica a Portugal para ver a irmã Lúcia o que significa muito.

AE – Ajudou-a no seu percursovocacional e depois um dia cruzou-se aqui com a irmã Lúcia?AS – A irmã Lúcia foi um dos váriosinstrumentos que Deus se serviupara mostrar que o meu caminhoera o Carmelo, era a vidacontemplativa. Eu pensava mais navida missionária, ir para África oupara outro país era mais o meusonho. Entretanto, vim a Coimbrafazer um retiro vocacional em quenos falaram das várias vocações emque nós não percebíamos o que eraa vida contemplativa. Era a únicavocação que ninguém compreendia.Decidimos vir ao Carmelo falar comuma irmã e disse-nos entre váriascoisas que a irmã Lúcia estava aqui.Foi quando fiquei a saber ondeestava a vidente de Fátima e queela recebia muitas cartas mas quenão podia responder a todasporque a idade e as limitações nãopermitiam. Além disso era muita aquantidade de correspondência.Fui para casa e pensei “oh, vouescrever à irmã Lúcia”. Era aqueledesejo que tinha desde pequeninade falar com a irmã Lúcia.Entretanto, pensei vou escrevermas não vou ficar à espera deresposta porque não vem. Paraminha surpresa na semana

a seguir tinha uma carta escrita àmáquina, como já escrevia, eassinada.Foi importante não só por ser dairmã Lúcia mas pelas palavras queela escrevia, falava um bocadinhoda vida no Carmelo e dizia que sequisesse podia passar um tempocom as irmãs e ver como era estavida. Uma coisa é contar como éoutra é viver. Eu aceitei o desafio evim nas férias do verão porqueestava a estudar, só tinha 17 anos.O primeiro grande impacto foiconhecer a irmã Lúcia, aquelagrande emoção e além disso toda acomunidade. Depois foi ouvir ecomeçar a viver esta vida lado alado com a irmã Lúcia mas tambémcom uma comunidade que vivia umavida Carmelita de silêncio e oração.Gostei muito, foi muito importantepelo que decidi passado um ano,quando fiz 18 anos, vir. A irmã Lúciaacompanhou-me quer pelas cartas,quer pessoalmente. Ela passava pormim, é uma imagem que hei derecordar sempre, no corredor ou emalgum sítio e perguntava: “Estáfeliz?”Era um perguntar interessado,porque se preocupava. Notava quea atenção dela, o carinho eraespecífico, era especial. Issotambém guardo com muito carinho edepois as conversas

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que tínhamos porque por ordemmédica tinha todos os dias que darum passeio para que as pernas nãodeixassem de trabalhar. Com aidade ia tendo muitas dores naspernas e nós íamos todos os dias láfora, ao jardim, temos uma rua muitogrande até uma imagem muitobonita do Coração Imaculado deMaria e a irmã Lúcia todos os dias iae vinha fazer esse passeio.

Cada dia ia uma irmã com ela enesses passeios ia-se abrindoconnosco de uma forma diferente,confidencializando certas passagensda vida dela, conselhos e sãomomentos que cada uma de nósrecordará os seus com muitocarinho e ficará sempre muitomarcado e foi essa mensagem quenos foi deixando para além da suavida toda.

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AE – Depois recebeu uma tarefadifícil…AS – Exaustiva, digamos assim…(risos) AE – …exatamente, como é que foieste trabalho?AS – Deus faz tudo muito bem feito.Primeiro precisou de mostrar querealmente a irmã Lúcia era umapessoa dentro daquilo que nóspodemos dizer que viveu asantidade. Uma pessoa que viveusegundo a vontade de Deus, comfidelidade, e quase que vi isso comos meus olhos, toquei com asminhas mãos, vi com

os meus olhos. Isso ajudou muito,depois, quando me confiaram essetrabalho do processo debeatificação da irmã Lúcia na parteque competia ao Carmelo de SantaTeresa, que foi onde ela viveu,ajudou-me muito a não desanimar ea sentir-me às vezes com vontadede deixa lá, isto não interessaporque nós já temos o nossotrabalho. Temos o nosso horáriobastante apertado e o trabalho dacausa da beatificação foi muitosobrecarregante. E, nós queríamosfazer tudo depressa mascomeçamos a perceber que nãopodia ser tão

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depressa como queríamos.Compilar todas as cartas, nóstínhamos as malas decorrespondência que a irmã Lúciafoi recolhendo por ordem dossuperiores, sobretudo depois dosanos 80. Ela começou a guardar acorrespondência que lhe eradirigida porque era um testemunhode fé das pessoas em NossaSenhora de Fátima e na oração dairmã Lúcia porque estas cartasessencialmente são pedidos deoração.Entretanto essas cartas foramsendo guardadas em malas, pertode 70 malas, que tivemos de abrir.Cada mala tem milhares de cartasque tivemos de passar uma por umae ver as que interessavam e nãointeressavam. Nalgumas a irmãLúcia deixou a cópia da respostaque tivemos de recolher paratranscrever, arquivar, foi umtrabalho muito complexo eexaustivo. AE – Também estavam lá as suas?AS – Também estavam lá asminhas, exatamente. Foiemocionante encontra-las lá.Todo este trabalho e, claro, não seentende que tratar o processo debeatificação de uma pessoa queviveu quase cem anos não podiaser tão rápido como o processo debeatificação de uma pessoa quemorreu jovem. E, depois, a irmãLúcia

teve muitos contactos, muitosacontecimentos na vida dela. Nósíamos explicando às pessoas.Havia muitas pessoas que diziamque estava a demorar muito tempo equeriam mais depressa porque nãotinham dúvida que a irmã Lúcia ésanta e dizíamos que também nãotemos dúvidas. Nunca houvenenhum problema nesta fase doprocesso diocesano, recolha dosescritos, nunca houve nada quedissesse que o que a irmã Lúciadeixou escrito é um problema. Não,nunca houve nada.Houve, simplesmente, umapreocupação muito grande da nossaparte, de todos que trabalharampara que as coisas fossem bem-feitas. As pessoas devem entenderque foi demorado tanto quanto,porque há processos muito maisdemorados, todos – Carmelo deCoimbra, comissão histórica,postuladores, Santuário de Fátima –trabalhamos muito para quechegássemos a esta altura e poderdizer: “O trabalho está muito bemfeito. A irmã Lúcia foi realmentebem-apresentada, vai bemtestemunhada e vai para Roma comtudo o que devia ir e como devia ir.”Nós temos a certeza que o processovai chegar a Roma e vai ter um bomacolhimento, vai ter meio caminhoandado porque vai bem-feito.

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AE – Nessas cartas também estãomuitas graças obtidas porintermédio da irmã Lúcia?AS – Sim, as graças começaram avir depois da morte da irmã Lúcia.Exatamente no dia em que morreu,pessoas que vieram aqui rezardiante da irmã Lúcia e começaramlogo a pedir graças. Não fizemosnada para isso. As pessoas por suainiciativa é que começaram aescrever a dizer que rezaram à irmãLúcia e receberam esta ou aquelagraça e nós começamos a arquivaras cartas. São mais de mil e não sóde Portugal mas de todo o mundo,temos recebido de todos oscontinentes comunicações de graça,por mail, através do site da irmãLúcia onde algumas pessoas têmdeixado

a comunicação das suas graças edepois por carta que é a maiorparte. AE – Alguma dessas graças têmpotencial para chegarmos àbeatificação?AS – Temos tido tanto trabalho queainda não tivemos tempo para nospreocuparmos com isso. Esta faseaté agora, de terminar o processodiocesano foi muito exaustiva e omais importante era mesmo recolheros escritos, trata-los, prepará-los,tudo.Depois a parte do milagre virá aseguir quando for tratada asvirtudes heroicas mas, sem dúvida,que muitos desses casos podem vira ser considerados como milagres.Há pessoas que afirmam que

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tiveram um milagre da irmã Lúcia,nós não duvidamos que seja ummilagre, a dificuldade vai ser provarque foi um milagre. Isso será umtrabalho que faremos depois nofuturo porque até agora ainda nãose põe essa questão. AE – As muitas cartas eramessencialmente cartas para a irmãLúcia. As respostas não as tinham etiveram de as pedir?AS – Sim, também tivemos decontactar as pessoas queprovavelmente teriam resposta.Havia sobretudo famílias de maisintimidade com a irmã Lúcia comque se relacionava, e vinham cápessoalmente, e tivemos de pedir aessas famílias, pessoas, a fotocópiapara termos acesso sendo que

nenhum conteúdo seria divulgado.Não é isso que interessa, para já é acompilação do espólio da irmãLúcia, das cartas. Foi precisocontactar imensas pessoas, ir amuitos sítios, inclusive à Torre doTombo, onde havia cartas da irmãLúcia para o Salazar e temos cá asdo Salazar para a irmã Lúcia. Aliás,no memorial está exposta uma. E aoutra personalidade com quem airmã Lúcia teve contacto. AE – O Salazar pediu conselhos?AS – Não, o Salazar não. O assuntofoi a restauração do Carmelo deCoimbra porque quando a irmãLúcio veio o Carmelo estava a serrestaurado e ele era o presidente.Naturalmente, a irmã Lúcia foiencarregue de contactar e pedirlicença para construir os

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muros, restaurar o convento queestava muito degradado depois dasaída dos soldados. E obteve essalicença, foi esse o contacto que tevecom ele. AE – Depois deste trabalho, agoraque o processo vai para Roma, a

comunidade ficou mais rica epassou a conhecer melhor a irmãLúcia?AS – Sem dúvida, que foi conhecerainda melhor a irmã Lúcia. Acho queainda há muita coisa a conhecer e éimportante que haja mais pessoas aestudar a vida, a mensagem, a obraporque, no fundo, Nossa Senhora

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confiou-lhe uma missão muitoimportante de divulgar a mensagemde Fátima.A Jacinta e o Francisco foramtestemunhas, a irmã Lúcia foi amensageira. Era a que deu aconhecer ao mundo o que NossaSenhora disse, foi o trabalho deuma vida inteira. É curioso ver quefoi sobretudo aqui no Carmelo“fechada” que mais trabalhou peladivulgação da mensagem e Fátima.Foi aqui que conseguiu levar amensagem de Nossa Senhora maislonge, fazer mais.Inclusive, a primeira imagem doCoração Imaculado de Maria, quefoi um dos grandes desejos queteve desde o início, só conseguiuser realizada depois da irmã Lúciaestar aqui no Carmelo. Antes,quando esteve em Tui (Espanha), játinha tentado mas nunca tinha sidopossível.E, depois, todo o trabalho dela decorrespondência foi muito embenefício da mensagem e Fátima.Dar a conhecer o que NossaSenhora pediu, o que é essencialda mensagem foi o trabalho de umavida que desenvolveu a partir dosilêncio e do escondimento daclausura, aparentemente nãofazendo nada mas fazendo muito. AE – Esta comunidade tocou-a com17 anos. Hoje continua porventuraa

tocar outras jovens. Há potencialpara atrair vocacionalmente outrasjovens no mundo atual digital,virtual. Continua a fascinar?AS – Em cada tempo Deus tem asua maneira de chamar e de tocaras pessoas. Neste momento, temosduas jovens na formação, umacomunidade de 19 irmãs que é boa,bem constituída. Temos irmãs maisnovas, mais velhas, é preciso tudocomo numa família.Essencialmente, quem toca osjovens é Deus, faz o chamamento.Podemos apresentar umacomunidade muito bonita mas seDeus não toca, se não dá a vocaçãoisso não importa. O importante éque cada um sinta se está ou nãovocacionado para esta missão.Apesar de tudo, das dificuldadesque há na nossa sociedade, osjovens continuam a ser generosos econtinuam a ouvir o chamamento deDeus. Não podemos dizer que éuma quantidade muito grande mas oque importa é a qualidade. Ospoucos que vão respondendo quesejam generosos e venham com ocoração inteiro para se entregaremé o mais importante.A quantidade não é tão importanteembora vá sendo necessária. Omais importante é que Deus vaicontinuando a chamar e os jovensvão continuando a ouvir.

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AE - A Irmã Lúcia, nas cartas queescrevia, também se familiarizoucom as novas tecnologias?AS - Uma das necessidades que aIrmã Lúcia sentiu, para conseguirresponder a mais pessoas, foi criarum método mais eficaz. Escrever àmão não era nem prático nemviável, para certas pessoas, porqueela tinha de se privar um pouco.Uma das coisas a que ela recorreudesde muito cedo foi uma máquinade escrever, muito

rudimentar, a primeira, que estáexposta no memorial. Maistarde, ofereceram-lhe uma máquinamelhor, a que ela chamava umamáquina de escrevercomputorizada, porque de factotinha um ecrã, era ligada àeletricidade, tinha memória, e já lhepermitia apagar, quando seenganava. Ela achou que isso lhefacilitou muito o trabalho e foi muitobom.Mais tarde ainda, quando eu já cá

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estava e já tínhamos computador,como nós falávamos muito docomputador, ela um dia pediu àmadre se podia saber como é que ocomputador trabalhada. E disse: se isto me ajudar na correspondência,eu ainda aprendo. Eramuito interessante ver na Irmã Lúciaesta abertura de mente, até aos 90anos, esta abertura de espírito.Nada a travava quando se tratavade ajudar os outros.

AE - Não chegou a responder pormail?AS - Não chegou a responder pormail, não (risos). Mas eu chegue amostrar-lhe o computador, expliqueicomo é que funcionava, sobretudo aparte do word. Ela ouviu tudo commuita atenção e no fim disse: “istoaté é bom, mas praticamente faz omesmo que faz a minha máquina.Como eu já sei trabalhar com amáquina, deixa-me ficar…”. Eramuito prática, tinha um sentido muitoprático da vida.

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Lúcia, a memória de FátimaA Irmã Lúcia foi testemunha viva dasaparições que fizeram de Fátima o“Altar do Mundo”. Os relatos queescreveu das aparições de NossaSenhora, os “segredos” reveladospela “Virgem vestida de branco” e avida em clausura daquela que vira edialogara com Nossa Senhora emmuito contribuíram para transformara Cova da Iria num local deexpressão de fé, num espaço desintonia com o transcendente, numdestino de diferenciadasperegrinações e de todo o mundo.Lúcia de Jesus dos Santos nasceu a22 de março de 1907, no lugar deAljustrel, próximo de Fátima. Aos 10anos foi uma dos três Pastorinhos ater visto, pela primeira vez, NossaSenhora na Cova da Iria. Estavacom dois primos, Jacinta eFrancisco Marto, que morrerampouco tempo após o ano dasaparições: no próximo dia 20assinala-se o 85.º aniversário damorte de Jacinta, e Franciscofaleceu a 4 de abril de 1914.Ambos já foram beatificados peloPapa e corre para o fim o processode Canonização. Nossa Senhoradisse, numa das aparições, que amais velha dos videntes ficarianeste mundo "mais algum tempo".

Em 17 de junho de 1921, a IrmãLúcia entrou, como aluna, nocolégio das Irmãs Doroteias emVilar, Porto. Decidida a ser religiosadoroteia iniciou o postulantado, emPontevedra (Espanha), em 1925. Nodia 2 de outubro de 1926 deu inícioao noviciado em Tuy. Professou nodia 3 de outubro de 1928 em Tuy eali permanece uns anos.Em 1934 voltou para a comunidadede Pontevedra. Em 1937 voltou denovo para a comunidade de Tuy. Em1946 regressou a Portugal para serintegrada na Casa do Sardão, emVila Nova de Gaia.Por ordem do bispo de Leiria, D.José Alves Correia da Silva, Lúciaescreveu as suas “Memórias”:Primeira Memória, em dezembro de1935 (sobre a Jacinta); SegundaMemória, em 21 de novembro de1937 (Aparições do Anjo-Imaculado.Coração de Maria); TerceiraMemória, em 31 de agosto de 1941(as 2 partes do segredo: visão doInferno e devoção ao ImaculadoCoração de Maria); Quarta Memória,em 8 de dezembro de 1941 (sobre oFrancisco e descriçãopormenorizada das Aparições doAnjo e de Nossa Senhora).

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A pedido do reitor do Santuário,Mons. Luciano Guerra, a Irmã Lúciaescreve outras duas memórias(sobre o pai e sobre a mãe). Atravésdestas memórias ficamos a saberque foi ela a interlocutora com aVirgem, tendo assumido comomissão divulgar a sua mensagem.Nossa Senhora voltou a aparecer-lhe, pedindo que concretizasse osseus pedidos, em 26 de agosto de1923, no Asilo de Vilar, no Porto; a10 de dezembro de 1925, emPontevedra,

Espanha (revelação dos primeirossábados); a 13 de junho de 1929,em Tuy, Espanha, (Nossa Senhorapede a consagração da Rússia); emfins de dezembro de 1927, a IrmãLúcia escreve a descrição daAparição do Menino Jesus que tevelugar em Pontevedra, no dia 15 defevereiro de 1926. Em 25 de março de 1948 entroupara o Carmelo de Santa Teresa emCoimbra. Em 13 de maio de 1948tomou o

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hábito de Carmelita e professou em31 de maio de 1949. Voltou aFátima a 13 de maio de 1967 noCinquentenário das Aparições, apedido do Papa Paulo VI, e nas trêsperegrinações do Papa João PauloII (1982, 1991, 2000).A Irmã Lúcia morreu no dia 13 defevereiro de 2005 e foi sepultada noCarmelo de Coimbra; o seu corpofoi trasladado para a Basílica doRosário

de Fátima no dia 19 de fevereiro de2006, onde foi tumulado ao lado dasua prima, a vidente Beata JacintaMarto.A 13 de fevereiro de 2008, o cardealSaraiva Martins anunciou emCoimbra que o agora Papa eméritoBento XVI tinha decidido antecipar oinício do processo de beatificaçãoda Irmã Lúcia, após aceitar o pedidode dispensa do período de esperade cinco anos

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após a morte, determinado peloDireito Canónico.Uma situação semelhante apenasacontecera, em anos recentes, comos processos de Madre Teresa deCalcutá e do Papa João Paulo II.Concluída a fase diocesana doprocesso de beatificação, éelaborada a ‘positio’, um compêndiodos relatos e estudos realizadospela comissão jurídica, por umrelator nomeado pela Congregaçãopara a Causa dos Santos (SantaSé).Aos bispos diocesanos compete odireito de investigar acerca da vida,virtudes e fama de santidade,milagres aduzidos, e ainda, se for ocaso, do culto antigo do fiel, cujacanonização se pede.Este levantamento de informações éenviado à Santa Sé: se o exame dosdocumentos é positivo, o “servo deDeus” é proclamado “venerável”.A segunda etapa do processoconsiste no exame dos milagresatribuídos à intercessão do“venerável”; se um destes milagresé considerado autêntico, o“venerável” é considerado “beato”.Quando após a beatificação severifica um outro milagredevidamente

reconhecido, o beato é proclamado“santo”.A canonização, ato reservado aoPapa, é a confirmação por parte daIgreja de que um fiel católico é dignode culto público universal (no casodos beatos, o culto é diocesano) ede ser dado aos fiéis comointercessor e modelo de santidade.

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Irmã Lúcia de Jesus mais perto dabeatificaçãoA fase diocesana do processo decanonização da Irmã Lúcia de Jesus(1907-2005), uma das três videntesde Fátima, chegou ao fim, passandoagora para a competência direta daSanta Sé e do Papa.A sessão solene de clausura dafase do Inquérito Diocesano doProcesso de Beatificação eCanonização da Serva de DeusLúcia de Jesus vai ter lugar a 13 defevereiro, no Carmelo de SantaTeresa de Coimbra.Cada processo de canonização écomposto por uma fase diocesana eoutra romana. A que agora terminafoi constituída pela recolha e estudoteológico dos inúmeros documentosescritos pela Irmã Lúcia: os livrospublicados, o seu diário a que deu otítulo ‘O meu Caminho’, a vastadocumentação epistolar e outrosdocumentos inéditos.Simultaneamente, foram ouvidasvárias pessoas que com elaconviveram e cujo testemunho nosforneceu dados fundamentais paratraçar o perfil da vida e das virtudesda religiosa carmelita que foi, umdia, vidente de Fátima.

Todo este material, juntamente comos documentos relativos à sua famade santidade, seguirá agora para aCongregação para as Causas dosSantos, no Vaticano, onde seiniciará a fase romana desteprocesso, em que se estudará avida e as virtudes da Irmã Lúcia.Se, em conclusão desse estudo,

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se reconhecer na Irmã Lúcia o perfilde quem viveu a configuração comCristo, o processo será apresentadoao Santo Padre que assinará oDecreto da Heroicidade dasVirtudes, proclamando-a venerável.Se assim acontecer, ficará depois afaltar a aprovação de um milagrepara a Beatificação e de um outropara a Canonização, terminandoassim este processo.A irmã Lúcia de Jesus (1907-2005)viveu 57 anos de vida carmelita eencontra-se sepultada na Basílica

de Nossa Senhora do Rosário, noSantuário de Fátima, desde 2006.A Sessão de Clausura é aberta àparticipação dos fiéis, e estámarcada para o próximo dia 13 defevereiro no Carmelo de SantaTeresa, em Coimbra.Com início às 17h00 com a sessãode clausura, segue-se uma missa deação de graças. À noite, pelas21h30, terá lugar o concerto “O meucaminho”, com o Coro SinfónicoLisboa Cantata, o Coro Infantil doConservatório Regional de Coimbrae a Orquestra Clássica do Centro,na Sé Nova de Coimbra.

A parte inicial da causa de canonização da Irmã Lúcia começou em2008, três anos após a sua morte, depois de o agora Papa eméritoBento XVI ter concedido uma dispensa em relação ao período de esperaestipulado pelo Direito Canónico (cinco anos).Nesta fase diocesana trabalharam a tempo inteiro cerca de três dezenasde pessoas, 18 delas teólogos e 8 elementos na Comissão histórica.

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Irmã Lúcia, uma clausura«absolutamente atenta» à Igreja eao mundoO bispo da Diocese de Coimbradestacou que a irmã Lúcia apesarde pertencer a uma ordem religiosade clausura era uma mulher“absolutamente atenta” ao que sepassa na Igreja e no mundo.“Destacaria uma fé integrada, umafé inserida, uma fé contextualizadana vida do Carmelo, da Igreja e narealidade do mundo”, disse àAgência ECCLESIA.D. Virgílio Antunes considera “muitointeressante” a ligação da videntede Fátima e o seu coração “apalpitar com o coração da Igreja”porque uma Carmelita, “uma mulherencerrada dentro dos muros de umconvento” podia viver umaespiritualidade mais pessoal,intimista, “alheia à realidade daIgreja ou até à realidade do mundo”.No caso da irmã Lúcia acontece ocontrário e a religiosa esteve atentaao que se passa na Igreja econhece a realidade das nações,“as alegrias e as tristezas, osproblemas e as grandezas”. Oprelado explica que tem a sua“própria perspetiva” que procura lera partir “da fé, da Sagrada

Escritura”, da dimensão espiritual dasua vida.“É uma mulher que está plenamenteinserida dentro das circunstânciaspróprias naturalmente em que sepassa a sua vida”, refere.Para o bispo de Coimbra a“humildade” é outra característica adestacar, uma vez que, “não é fácil”,nem simples, uma pessoa que estáno mundo com a “marca tão forte”de ter sido a vidente de Fátima, umdos três pastorinhos, saber situar-seem todos os momentos no seu lugarcom “o grau de humildade que seespera”.D. Virgílio Antunes espera que omundo continue a descobrir a partirdos textos já publicados e de outrosque poderão vir a ser publicadooutros aspetos e facetas da primade Francisco e Jacinta Marto, comoa “capacidade de se sentir alegre”,porque era uma mulher feliz edentro das paredes do conventotinha um “sentido de humor” que foirealçado pelas testemunhas.“Tinha a capacidade de ver ascoisas não só com aquele ar sério eaustero de quem vê problemas mastambém

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vê alegrias. De quem é capaz desorrir de si próprio. É umapersonalidade muito rica, muitocompleta com múltiplas facetas”,assegurou. Guardiã da revelaçãoA irmã Lúcia, a última vidente dasaparições de Fátima viva, era umaguardiã da revelação de NossaSenhora na Cova da Iria em 1917 e“voltava muitas vezes aoacontecimento original”. D. VirgílioAntunes refere que à interrogaçãosobre o que seria a sua vida sem asaparições e “sem aquelaexperiência forte” considera quepoderia ser, “naturalmente, umamulher a viver da fé, da sua relaçãocom a Igreja e com o mundo, seriadiferente mas com umaprofundidade algo semelhante”.“O seu próprio modo, especifico, deencarnar e viver a fé foi tendo emconta aquele acontecimento da sua

infância e ficou como marca para asua vida”, acrescentou.Sobre o encerramento do processode canonização do inquéritodiocesano sobre a vidente deFátima em pleno Centenário dasAparições é “coincidência” porquepensaram que era possível terconcluído já em 2016.O prelado afirma que a fase dereclusão do processo da irmã Lúciade Jesus na diocese portuguesa“não tem nenhum significado paraalém disto”, do seu encerramento,porque “tudo o resto” vai dependerdas instâncias da Santa Sé que vãoreceber e assumir “a condução dofuturo”.“Felizmente estamos a chegar ao fime é sempre o tempo oportuno”,observou, acrescentando que ficam “felizes enquanto diocese” e oCarmelo também enquanto“comunidade que pediu a aberturadesta causa”.

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O prelado observa que a vida dairmã Lúcia foi “muito longa” e teve aoportunidade de “viver muitosepisódios” e escrever também, oque “alongou em muito” esta fasedo processo “sobretudo tendo emconta as expetativas o processo seruma coisa muito acelerada”. História e testemunhosA religiosa que escreveu muito,onde se destacam os diários, teveinclusivamente oportunidade decontactar com muitas pessoas numaextensa troca de correspondênciacom “todo o tipo de pessoas” dentroda sociedade e da Igreja dentro doslimites que a sua condição defreira

“de clausura lhe impunha”.Segundo o bispo de Coimbrapensaram que seria possívelconcluir o processo já no anopassado e havia essadisponibilidade desde que “se fizesse um trabalho com todo origor, com o profissionalismo queexige” quando se trata dedocumentos históricos que tiveramde ser transcritos e analisados.“Houve a grande série de trabalhosrelacionado com o diário quetiveram de passar pelos sensoresteólogos. Todos os textos passaram pelasmãos de dois sensores queindependentes, sem conhecer osoutros, deram o seu parecer sobre aquestão da fé, dos

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costumes, se nada nos escritos ouna vida da irmã Lúcia ia contra aDoutrina da Igreja”, desenvolve.D. Virgílio Antunes adianta aindaque houve um longo trabalho dotribunal que ouviu dezenas detestemunhas, “porventura, mais atédo que seriam necessárias”,segundo o desenvolvimento habitualdeste tipo de processos. Nesteâmbito, refere que o trabalho vai serenviado para Roma “bemorganizado” afinal o processo “foibem conduzido nesta fase”.O prelado quando chegou àDiocese de Coimbra, em 2011,informou-se sobre o andamento doinquérito, que o agora Papa eméritoBento XVI tinha dispensado de seesperar cinco anos após a morte davidente, e tinham sido feitasalgumas diligências, nomeada acomissão histórica.“O trabalho foi ganhando corpo, aspessoas começaram a disponibilizar

tempo, era necessário muito tempopara agarrar este processo emmãos, e, portanto, houve umametodologia, um esquema e umprograma de trabalho”, explica.D. Virgílio Antunes conta ainda quesempre procurou acompanhar estetema desde que era presbítero naDiocese de Leiria-Fátima e maistarde como reitor do Santuáriomariano da Cova da Iria mas foi emCoimbra que entrou “em maiorprofundidade”.Com outra responsabilidade nesteprocesso, teve oportunidade de lertextos públicos e privados, asmemórias, os apelos da mensagemde Fátima, “a questão sobre asétima aparição”. O bispo diocesanoconheceu com “maior profundidade”a vida da irmã Lúcia: “Os seussentimentos interiores, as virtudes,as relações com Deus, com osoutros, com a sociedade, essegrande pacote que é a relação coma Igreja, concretamente com osPapas.”

Para o andamento e conclusão da fase diocesano do inquérito, que seencerra esta segunda-feira, dia 13, existiu o recurso a muitas pessoas,“a muitas boas vontades”, porque o prelado “nunca” encontrou “umahesitação, nem um não”. “Quando se trata da irmã Lúcia as pessoasestão disponíveis para dar o seu contributo porque sabeminclusivamente que tanto no nosso país como fora de Portugal é umnome muitíssimo conhecido”, sublinhou.O bispo de Coimbra destacou que o nome da vidente de Fátima, “mesmono estrangeiro”, é “muitíssimo conhecido”, uma das “figuras grandes dereferência”.

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Se fosse pelo povo Lúcia já erasantaA vice-postuladora da causa decanonização da Irmã Lúcia falou àAgência ECCLESIA sobre o trabalhodesenvolvido, numa altura em queestá concluído o processodiocesano relacionado com avidente de Fátima e adocumentação vai ser enviada paraRoma.O processo diocesano da Irmã Lúciade Jesus (1907 – 2005) teve comoobjetivo “recolher as provasnecessárias para mostrar que, aolongo da sua vida, a vidente deFátima praticou as virtudes heroicasque se esperam de um santocanonizado, de alguém que podeser modelo para os outros irmãosna fé”.Como salientou a irmã ÂngelaCoelho, vice-postuladora destacausa de canonização, nesta fasenão houve a preocupação emidentificar um milagre, até porqueneste âmbito “é a Santa Sé que sepronuncia”.No entanto, isto não quer dizer quenão tenham sido encontradas, aolongo da investigação, “graçasimportantes em termos de conteúdo,que poderão eventualmente darmilagres”, salientou a religiosa.O foco esteve em mostrar emprimeiro lugar que esta mulherchamada

Lúcia de Jesus, ao longo da suavida, deixou no meio das pessoas,do povo de Deus, uma “fama desantidade”.Outro conceito essencial nesta faseé a “fama dos sinais”, ou seja,provar que através da intercessãoda vidente de Fátima “muitas graçasforam alcançadas”.E de acordo com a irmã ÂngelaCoelho, as evidências encontradasforam “muitas” e até “mais do que asnecessárias” para comprovar asvirtudes da Irmã Lúcia.“Aliás muita gente não entendeporque se tem de fazer esteprocesso, porque para o povo Lúciajá é santa”, frisou a vice-postuladora.A fase diocesana da causa decanonização da Irmã Lúcia de Jesusenvolveu a análise de dezenas demilhares de cartas que a videntetrocou com pessoas que aquestionaram acerca da mensagemde Fátima, nas décadas posterioresàs Aparições de Nossa Senhora em1917 e quando já estava noCarmelo de Coimbra.Esta troca de correspondênciacomeçou entre 1930 ou 1940 e atéà sua morte, a 13 de fevereiro de2005, a Irmã Lúcia “recebeu mais de70 mil

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cartas e respondeu praticamente atodas”, destaca a irmã ÂngelaCoelho.Segundo a religiosa do InstitutoAliança de Santa Maria, tratavam-sesobretudo de “pessoas que dela seaproximavam e às quais elarespondia”.“Ela tinha autorização pararesponder às cartas que chegavam,aliás era aconselhada, davam-lheaté esta indicação, de conservar ascartas que vai recebendo, que faz apartir dos

anos 70”, explica aquelaresponsável.Antes disso, muitas cartas recebidasforam destruídas, “também por umaquestão de proteção deconfidencialidade do autor da carta”.Os dados analisados nesta fasedisseram não só respeito à“documentação epistolar da IrmãLúcia“ mas também ao conteúdo doseu “diário” pessoal.“Depois ela recebeu a visita demuita gente”, revela a irmã ÂngelaCoelho,

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frisando que foram “pelo menos 48cardeais, muitos bispos, sacerdotes,religiosos e leigos”.Muitos obtinham autorização atravésdo núncio apostólico (representanteda Santa Sé) em Portugal, daSecretaria de Estado do Vaticano oumesmo do Papa, e a nível maisdiocesano através do bispo deCoimbra.Além de toda esta documentação, airmã Ângela Coelho recorda que “já

está à disposição a edição críticadas memórias da Irmã Lúcia, algoprecioso para aprofundar o mistériode Fátima e o seu impacto na vidasocial em Portugal e no mundo”. «A difusão que a IrmãLúcia faz da Mensagemde Fátima éextraordinária»Nascida em Aljustrel a 18 de marçode 1907, Lúcia dos Santos, maistarde

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Lúcia de Jesus quando entrou paraa Ordem das Carmelitas Descalças,viveu as Aparições de NossaSenhora em Fátima com 10 anos.Um conjunto de acontecimentos quetestemunhou em conjunto com doisprimos mais novos, os outrosvidentes conhecidos de Fátima,Francisco e Jacinta Marto.Até à sua morte, a pouco mais deum mês de fazer 98 anos, a IrmãLúcia dedicou a sua vida à transmitiràs pessoas o que experimentou noencontro com Nossa Senhora e namensagem que recebeu, mesmodepois de ter entrado para a vidaconsagrada e de clausura, comoreligiosa carmelita, em 1949.“Uma aparente contradição é que,embora fosse uma religiosacarmelita na clausura, e tendo aprotegê-la ainda algumas disciplinaspor parte da Igreja que a tentaramproteger ao longo destes últimosanos, Lúcia é uma mulher quecomunica com muita gente”, recordaa irmã Ângela Coelho.“A irmã Lúcia nunca esteve distantedo mundo, das nossaspreocupações, daquilo que é onosso quotidiano, sempre estevepróxima e qualquer pessoa que lheescrevesse a relatar umadificuldade familiar, pessoal,

de trabalho, de saúde, a irmã Lúciarespondia preocupando-seconcretamente com essas coisas”,acrescenta.Segundo a vice-postuladora, “adifusão que a vidente faz daMensagem de Fátima”, ao longo dasua vida, “sobretudo por carta, porescrita, mas também no contactopessoal é extraordinária”.As temáticas são do mais variadopossível, desde a mensagem deFátima à vida concreta das pessoas,na resposta aos pedidos que faziam.Nos primeiros anos, “sobretudoquando Lúcia ainda escrevia muitolivremente”, a prioridade era“difundir o que Nossa Senhora lhetinha pedido”.“Era o que ela sabia que, deixe-meexpressar assim, agradava ao céu,que Deus gostava, que o deixavafeliz, o que dava glória à SantíssimaTrindade, portanto estapreocupação com o transcendente,com o sagrado”, recorda a irmãÂngela Coelho.Uma das grandes “linhas de força”na comunicação da Irmã Lúcia eraportanto esta consciência de queela era “portadora desta mensagempara o mundo, e sozinha uma vezque os primos tinham morrido”.

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De acordo com a irmã ÂngelaCoelho, outra prioridade presentenas suas cartas e memórias era a“preocupação sincera peloquotidiano das pessoas, com assuas dores, com os seussofrimentos, também com as suasalegrias do quotidiano”.“Nós temos a Lúcia a alegrar-secom as alegrias das famílias, dostrabalhadores, de profissionais etemos a Lúcia a sofrer e apreocupar-se com problemas desaúde, com aflições e angústias detodo o tipo que lhe chegavam”,conta a religiosa, que realçatambém a preocupação e a atençãoda pastorinha de Fátima aospormenores.“Quando alguém lhe conta umproblema, a irmã Lúcia reza, dapróxima vez é a irmã Lúcia quepergunta sobre essa situação. Vê-se que ela fixa, que guarda e quereza”, complementa. As qualidades que abremo caminho da santidadeSobre as caraterísticas da IrmãLúcia, as qualidades pessoais queforam detetadas também ao longodeste processo diocesano, comoforma de atestar as suas “virtudesheroicas”,

a vice-postuladora diz que “elaapontou em primeiro lugar ocaminho da fidelidade à vocação e àmissão”.“Tal como com os seus primos, asantidade de Lúcia não estádependente das aparições deFátima, mas da fidelidade com querespondeu ao dom que o Senhor lhedeu”, aponta a irmã Ângela Coelho,recordando as palavras que o PapaJoão Paulo II proferiu durante acerimónia de beatificação deFrancisco e Jacinta Marto, a 13 demaio de 2000, no Santuário deFátima.Na opinião da religiosa do InstitutoAliança de Santa Maria, esta“fidelidade à vocação, à missão, aodom de Deus”, é mesmo “o primeirosinal de que a Irmã Lúcia irá sermodelo” para os outros, na fé.Um exemplo de vida que, para amesma responsável, também podeser modelo para todos quantosabraçam hoje a vida consagrada. “Não apenas porque foi fiel masporque foi fiel durante muito tempo eeste ser fiel no tempo, em 97 anos,é um sinal de esperança e deencorajamento para aqueles de nósque também formos vivendo assim”,defende a irmã Ângela Coelho.Outras três qualidades importantes

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em Lúcia, para a vice-postuladora,são a sua capacidade deobediência, a sua humildade e asua alegria.“Sabemos que teve as suasdificuldades, teve os seusmomentos onde não foi fácil, mas aLúcia escolheu sempre o caminhoda obediência, de obediência àIgreja, uma caraterística também detodos os santos”, acentuou.No que toca à humildade, airmã Ângela Coelho nota que Lúciateve “o dom extraordinário” deperceber, no meio da “quantidadede pessoas que a

procuravam”, que não era ela ocentro das atenções mas sim “NossaSenhora”.Ou seja, ela conseguiu sempre“referir toda a ação, todo o bem aDeus e não a ela”, apresentou-se“sempre” como “instrumento e nãoprotagonista da história dasalvação”.“Isto é uma caraterística cada vezmais importante. Numa época ondetanto se deseja o protagonismo, airmã Lúcia aponta-nos a humildade,e que diante de Deus somos todosinstrumentos, e que na medida emque formos dóceis instrumentos aação de Deus se realiza”, assinala avice-postuladora.

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Quanto à terceira qualidade, daalegria, a irmã Ângela Coelhoreleva o “sentido de humor” davidente de Fátima, um traço da suapersonalidade que sobressaiamesmo em “momentos muitodifíceis” e independentemente docontexto, quer estivesse a falar“sobre si, das circunstâncias ousobre o agir de Deus”. Trabalhar «noite dentro»para que nada falheDepois de concluída a fase deinvestigação a nível diocesano, airmã

Ângela Coelho está agora acoordenar a construção formal doprocesso, de modo a que ele possaser enviado depois para a Santa Sé,para ser analisado pelaCongregação para as Causas dosSantos.A vice-postuladora destaca aimportância de cumprir “com todasas formalidades jurídicas” e todas as“exigências” definidas pela IgrejaCatólica.Para Roma vai seguir um processocomposto por mais de 15 milpáginas, que têm de estar todascarimbadas e numeradas.

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“Temos de fazer duas fotocópias,um será o chamado ‘transunto’ e aoutra será uma cópia pública, estasim enviada para Roma. Tem queestar tudo controlado, saber quenão falha nem um número nem uma fotocópianem um carimbo, porque em Romaa primeira análise que irão fazer nãoserá tanto ao conteúdo dosdocumentos mas à forma como oprocesso está apresentado”, frisa airmã Ângela Coelho.O trabalho de compilação domaterial está a envolver váriascopistas e irmãs da Aliança deSanta Maria que se voluntariarampara esta missão.De acordo com a irmã ÂngelaCoelho, todos os elementos têm“trabalhado pela noite dentro paraque tudo se apresente de acordocom as indicações da Congregaçãodas Causas dos Santos”.A burocracia é substancial, naelaboração de um processo destanatureza, mas para a vice-postuladora era não é só“necessária” mas também “umaquestão de justiça, para com a irmãLúcia” e “para com a verdade que aIgreja tem de defender”.Por um lado, está em causa a vidada irmã Lúcia, “batizada, cristã,consagrada”, e por outro “umpronunciamento da Igreja, com

certeza, acerca da santidade de umdos seus membros”, e “esta verdadetem que ser investigada”, aponta amesma responsável.Apesar de considerar“extemporâneo” abordar a hipótesede o processo seguir para abeatificação, a irmã Ângela acreditaque o processo contém provas que“no futuro poderão ser submetidas auma investigação mais profunda” echegar a esse “desejado” desfecho.No entanto, “primeiro” tem que vir deRoma “uma primeira manifestaçãojurídica de que o processo foi feitovalidamente”, de acordo com as taisregras definidas”.“Só depois é que vai ser construídaa positio (nr. avaliação dadocumentação), é que haverá odecreto de validade, o decreto deheroicidade das virtudes e só depoisdo decreto de heroicidade dasvirtudes é que pode entrar o milagreou o estudo de um presumível milagre. Estamos a falar de umtempo muito dilatado”, frisa a vice-postuladora. «Vida dos pastorinhos éum excelente instrumentode evangelização» A par deste empenho naconcretização do processo de

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beatificação de Lúcia, e doprocesso de canonização dosBeatos Francisco e Jacinta, a irmãÂngela Coelho destaca aimportância de “potenciar” a vida eo exemplo dos pastorinhos deFátima enquanto recurso pastoralda Igreja Católica, a começar narelação com as crianças.Para aquela responsável, “ainda sepode fazer muito mais” nessesentido, “junto dos mais novos e dosagentes da pastoral, responsáveis,sacerdotes, catequistas”.“Desde a receção dos sacramentos,a forma como os pastorinhosreceberam a comunhão da parte doAnjo, como viviam toda a questãoda adoração eucarística, é umpotencial evangelizador muitogrande. E temos recebido convitespara falar com crianças que sepreparam para a primeira comunhãoe é um impacto tremendo, porquebasta dizer a idade dos pastorinhosque eles logo se identificam”, contaa religiosa. A vice-postuladora acredita quetambém na pastoral ligada a NossaSenhora, “a Maria como mãe daIgreja, como mãe de cada um navida espiritual, na própria oração,da dimensão quotidiana de vida da

oração”, o exemplo dos trêsvidentes de Fátima pode ser umagrande mais-valia junto dos maisnovos.E também esta dimensão dapertença à Igreja, uma pertençaresponsável, que se for trabalhadadesde a infância creio que até podede alguma forma evitar aquilo quenós constatamos que é, após ocrisma, abandona-se a vida daIgreja”, sustenta a irmã ÂngelaCoelho.A dimensão familiar é outro aspetoque pode ser trabalhado através davida de Francisco e Jacinta Marto eda Irmã Lúcia, na opinião destaconsagrada, que lembra que “elessão o que são pela família quetiveram”, foi na família queaprenderam “os primeiros eprincipais valores humanos ecristãos, por exemplo o amor àverdade”.A religiosa das Irmãs da Aliança deSanta Maria recorda o exemplo“extraordinário do pai de Francisco”,que “acredita que as Apariçõesocorreram porque vai perguntar aofilho se é verdade” e sabe que simporque “o seu Francisco não mente”.“O amor à verdade, sabemos quehoje pode ser trabalhado nasfamílias, a questão da união familiar,por exemplo em termos de oraçãoem comum,

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foi nas famílias que os pastorinhosaprenderam a rezar e a famíliarezava junta”, diz a irmã ÂngelaCoelho, para quem é fundamentalque as famílias “não se demitam doseu papel” de educar, deevangelizar, de transmitir a fé aosseus filhos. “Depois vem a paróquia,os catequistas, os movimentos, enão há ninguém como o pai e a mãepara transmitirem, pelo exemplo, oque é a vida cristã. Por isso há todaesta pastoral familiar, que aofalarmos dos pastorinhos comofalamos das famílias, pode sertrabalhado, é um excelenteinstrumento de evangelização”,acrescenta.E como cativar os mais novos paraa espiritualidade, neste caso para aMensagem de Fátima, numa épocamarcada pelas tecnologias, pelostabletes e pelas playstations quetanto atraem os mais novos?Para a irmã Ângela Coelho, este “éum desafio que se apresenta a todaa Igreja, a qualquer nível, aos maisnovos, aos mais velhos, aosadultos”.Mas “é possível, porque estes meiospodem ajudar a veicular a fé”. Noentanto, tudo “depende” dacapacidade dos agentes pastoraisem utilizarem estas “plataformas decomunicação”.

“Acredito que há muita gente àprocura, porque se percebe queestas tecnologias não saciam aalma”, defende aquela responsável,que salienta ainda a necessidade daIgreja Católica ter a capacidade deapresentar às pessoas alternativasde vida diferentes. O “ritmo que vivemos não facilita ocontacto com Deus, não facilita ocontacto e as relações entre aspessoas, não facilita a relação dasfamílias, em profundidade, nãofacilita a relação entre amigos, entrepessoas, colegas de trabalho. Nãotem porquê ser sempre assim,podemos tentar ir contra a correntee perceber que queremos um ritmode vida diferente para nós. O quetemos que fazer é aproveitar estesmeios tecnológicos para irsugerindo”, acrescenta a irmãÂngela Coelho, que recorda quemesmo no meio do atual contextosocial existem “exemplos desantidade a acontecer”.

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Sete anos com a Irmã LúciaO atual bispo de Angra foi capelãodo Carmelo de Coimbra durante 10anos, após ter sido ordenadosacerdote na Diocese de Coimbra,sete dos quais acompanhando aIrmã Lúcia espiritualmente, entre1998 e até ao ano 2005, quandomorreu.“Tinha a sua forma de estar dentroda comunidade, em tudo igual àsoutras, com a particularidade de teralguma salvaguarda, uma vez quetinha muita correspondência pararesponder”, lembra D. JoãoLavrador.Natural da Diocese de Coimbra, oentão sacerdote e capelão doCarmelo da Santa Teresa, nacidade, recorda a “vida normal” davidente de Fátima, também na vidasacramental, de direção espiritual ede formação.“Era igual a todas as outras”,sublinha D. João Lavrador,acrescentando que se sentia o“privilégio” de “sentir” que orelacionamento era com alguém quetinha “presenciado o diálogo comNossa Senhora” e ser “protagonistada Mensagem de Fátima”:“Nunca a questionei sobre seja oque for”, disse o atual bispo deAngra.D. João Lavrador sublinhou a fé daIrmã Lúcia, a sua “serenidade sobrequalquer acontecimento”, mesmo

“confrontos com a Igreja emPortugal”, como “alguém que tinha alição do céu para reconhecer quetudo isto é passageiro”.O antigo capelão da Irmã Lúcialembra também a sua “inteligênciaperspicaz que se aliava ao seusentido de humor”.“Ela era uma mulher que tiravahumor de todas as coisas, naralação com as

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pessoas, mesmo com o capelão,criticando a sua forma de falar.Dizia-me: ‘pensa que por falar altoque vai converter alguém?’”,recordou.D. João Lavrador lembra também a“possibilidade de ter estado com elanos últimos meses da sua vida” e,na hora da sua morte, ter-lhesegredado “algumasrecomendações que levasse paraNossa Senhora e para junto deDeus”.

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Memórias do primeiro retiro à IrmãLúcia

O padre Joaquim Teixeira, daOrdem dos Carmelitas Descalçopregou o seu primeiro retiro a umacomunidade de carmelitas emCoimbra, meses após a ordenaçãosacerdotal, onde estava também aIrmã Lúcia.O atual superior provincial daOrdem dos Carmelitas Descalços(OCD) recorda o “carinho” da IrmãLúcia e a “preocupação” quemanifestou ao jovem sacerdotediante do “nervosismo” quemanifestava por ter de lhe pregar oretiro.“O primeiro retiro que orientei a um

Carmelo foi o de Coimbra, tinhameses de ordenado, e entre aspessoas que estavam em retiro,estava também a Irmã Lúcia. Podemimaginar um sacerdote recém-ordenado, ainda a tremer, a orientarum retiro a um Carmelo, ondeestava a irmã Lúcia que é alguémmuito especial”, recordou o padreJoaquim Teixeira.“Ela percebeu naturalmente asminhas tensões, o meu nervosismoe, mesmo estando em retiro, fezquestão de vir falar comigo e dizer‘tenha calma, estou a gostar muitodas suas

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partilhas, dos seus temas’”, lembrouo padre Joaquim Teixeira.O superior provincial da OCD referiutambém que a irmã Lúcia sempre“gostava de convidar os carmelitaspara o seu aniversário”, ocasião em

que privavam com ela “mais emfamília”.“Recordo com muito carinho asatenções que tinha comigo”, disse opadre Joaquim Teixeira.

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Conferência dos Institutos Religiososde Portugal Onlinehttp://www.cirp.pt/ No passado dia 2 de fevereirocelebrou-se o vigésimo primeiro diamundial do Consagrado, sendotambém o culminar da semana daVida Consagrada. Assim, estasemana, proponho uma visita aosítio da Conferência dos InstitutosReligiosos de Portugal (CIRP). ACIRP “é um Organismo de direitopontifício, com personalidadejurídica canónica e civil, sem finslucrativos. Foi instituída por decretoda Sé Apostólica a 16 de Abril de2005. Resulta da fusão daConferência Nacional dosSuperiores Maiores dos InstitutosReligiosos (CNIR) e da FederaçãoNacional das Superioras Maioresdos Institutos Religiosos (FNIRF).Tem como objetivo principal realizarum trabalho de coordenação eauxílio mútuo entre os diversosInstitutos”.Ao digitarmos o endereçowww.cirp.pt entramos num espaçoeminentemente informativo e comuma apresentação gráfica que tornaa navegação bastante facilitada. Napágina principal além das váriasopções encontra-se em destaque

a semana da Vida Consagrada2017 que este ano teve como tema“Consagrados ao Serviço da Vida”.Em “quem somos” descobrimos quea missão da CIRP passa por“intensificar a visibilidade” proféticada Vida Religiosa em Portugal”.Ficamos também a conhecer quaissão as comissões a compõem.Nomeadamente somos informadosacerca dos diferentes grupos detrabalho que, entre outras coisas,promovem “o estudo, a reflexão, aconsulta, a prospeção de problemase propostas de solução, bem comooutras atividades e iniciativasconcretas que entrem no âmbito dosrespetivos sectores”.Um espaço bastante interessanteencontra-se em “institutosreligiosos”. Aí pode ficar a conhecertodas as instituições que compõema CIRP. Dividido em duas grandesáreas (masculinos e femininos) épossível, clicando em cada instituto,obter um resumo com informaçõesrelevantes de cada um (fundador(a),carisma, endereços, data dafundação, etc.).Por último em “ano da vidaconsagrada”, apesar de já terem

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encerrado as iniciativas eclesiais noâmbito desse ano, o convite feitopelo papa Francisco a toda a Igrejacontinua bem presente. É assimnesse espaço que podemosrevisitar essa vivência, seja atravésdos vários vídeos testemunhos oumesmo consultando os diversosdocumentos.Fica então lançado o repto deconhecerem melhor a CIRP. Porque,“no silêncio dos mosteiros, orando,ou na agitação das ruas, ajudandoos mais necessitados, os religiosossão,

seguramente, o rosto mais visível daIgreja, oferecendodesinteressadamente os outros, osmais fragilizados, os mais pobresdos pobres, sejam eles crianças ouidosos, órfãos, doentes ou atémoribundos, traumatizados, pessoasque desistiram da vida ou que aindabuscam um sentido para os seusdias”.

Fernando Cassola [email protected]

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10 bancos de imagens gratuitoA imagem adquiriu uma grandeimportância na vida quotidiana. Umaimagem tem a capacidade detransmitir a mensagem de formarápida, objetiva e direta. Uma boaimagem perdura na nossa memória.A imagem tem um poderinstantâneo: muitas vezes, o uso deimagem para transmitir informação émais eficaz do que um texto escrito. A minha prática diz-me que um bomtexto acompanhado por umaexcelente imagem ganha maisdestaque, é mais lido, é maispartilhado.Nas imagens há dois critérios quesão fundamentais nos projetos quecoordeno no momento de seleção: aqualidade e os direitos das mesmas.A generalidade das imagens queuso respeitam este critério. Por isso, hoje um conjunto de 10sites com imagens gratuitas degrande qualidade, sem qualquerordem de preferência. 1. FREE STOCK PHOTOS BANKO site não necessita de registo parabaixar as imagens. As imagensestão organizadas por temas: bastaselecionar em Quick navigation !

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5. PIXABAYÉ necessário fazer registo parabaixar as imagens. É o site que maisuso. É possível encontrar imagens,imagens vetoriais, ilustrações evídeos gratuitos. Dispõe deaplicação para iOS e Android. 6. RGBSTOCKÉ necessário fazer registo parabaixar as imagens. As imagenspodem ser pesquisadas porpalavra-chave e por categorias. 7. FLICKRO Flickr é uma comunidade defotógrafos. Muitos deles partilhamgratuitamente as fotos. Bas fazeruma pesquisa por fotos, pessoas ougrupos para encontrar milhares defotografias. Para encontrar asfotografias com licença CreativeCommons. 8. DREAMSTIMEÉ necessário fazer registo parabaixar as imagens. A grande maioriadas imagens são gratuitas. Épossível pesquisar imagens porcategoria ou por “pesquisar”

9. UNSPLASHO site revela dez novas fotografias acada dez dias. Permite subscriçãovia e-mail. 10. PEXELSO site não necessita de registo parabaixar as imagens. As imagensestão organizadas por temas.Permite a pesquisa por tema. Bom trabalho ilustrado com boasimagens.

Bento Oliveira

@iMissiohttp://www.imissio.net

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Cartas a LúciaQuando era seminarista, o padreJoão Luís Gonçalves sentiu oimpulso de escrever algumas cartasà Irmã Lúcia de Jesus, uma dasvidentes de Fátima. Com o título«Cartas que a oração escreveu»,este padre natural de Chaves,agora na Arquidiocese de Évora,resolveu publicar aquelas palavrasescritas nascidas durante o tempode formação académica e depreparação para o sacerdócio.Com a chancela da Paulus Editora,o autor recordou à AgênciaECCLESIA que tudo começou noJubileu do Ano 2000, quando oPapa João Paulo II veio a Fátimapara beatificar Francisco e Jacinta.Depois de ler “muita bibliografiasobre Fátima” e também as«Memórias da Irmã Lúcia», oseminarista escreveu, no mês dejunho, uma carta à mão que nãoguarda a cópia à vidente de Fátima.A carta tinha três motivos:“agradecer o testemunho deixadonas memórias”, “dar os parabénspela beatificação do Francisco e daJacinta” e “para lhe pedir um terço”.Quando já estava a estudar naUniversidade Católica Portuguesa,em Lisboa, João Luís escreveu pelasegunda vez à Irmã Lúcia. Nessa

missiva pediu-lhe que rezasse peloseu percurso vocacional.Durante os estudos, o autor da obraque tem 72 páginas fez quase umcompromisso pessoal. “Partilhar comela as reflexões teológicas”. Até2005, ano do falecimento da IrmãLúcia, o padre de Évora escreveu-lhe cartas, “quase como um segredoque gostava de partilhar com ela”.

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O padre João Luís Silva nuncaobteve respostas da Irmã Lúciaporque ela “tinha 93 anos e já nãoescrevia”, mas pela madre prioresado Carmelo de Coimbra, IrmãCelina, o sacerdote sabe que ela as“leu todas e que rezava por estaintenção”, disse à AgênciaECCLESIA.Apesar de “não ter conhecidopessoalmente” a vidente de Fátima,o padre João Luis sabia que “aoração os unia um ao outro”.A oração da Irmã Lúcia –considerou o autor – foi uma âncorano seu percurso vocacional porqueela

ajudou-o “a conhecer e a amarFátima”. Fátima é “um abraço daternura de Deus no século XX”.A obra vai ser lançada no dia 13 defevereiro, no Memorial da IrmãLúcia, Coimbra, às 15:00, comapresentação a cargo da atriz MariaJosé Pascoal.Com o título «Cartas que a OraçãoEscreveu», o autor “dá-nos aconhecer as cartas que, durante otempo de formação académica e depreparação para o sacerdócio,escreveu à Irmã Lúcia”, refere D.José Alves, Arcebispo de Évora, naapresentação da obra.

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II Concílio do Vaticano: Abolição dosíndices dos livros proibidos I

Embora o II Concílio do Vaticano tenha encerrado nomês de dezembro de 1965, só no ano seguinte (14 dejunho), se abria para muitos católicos uma nova épocacom a abolição do índice dos livros proibidos. Comesta medida, o Vaticano cumpria as palavrasproféticas de João XXIII proferidas na abertura desteacontecimento magno da Igreja Católica. Para o Papaque o convocou, a Igreja devia ir ao encontro dasnecessidades dos tempos actuais, propondo-se antesde mais demonstrar a validade da sua doutrina e nãoenveredando pelo caminho das condenações.Num artigo publicado no jornal «Correio de Coimbra»(22-08-96), Manuel Augusto Rodrigues realça que,actualmente, “já pouco se fala dos índices de livrosproibidos, tema que durante quatro séculos tantoagitou a Igreja e o mundo culto em geral”. Para trás dareferida decisão de 1966 ficava uma “longa história decensuras e proibições” da leitura de livros de autorescélebres, como a «Madame Bovary» e «Salammbô»(escritos por Gustave Flaubert).«Les Misérables» de Victor Hugo (novelista, poeta,dramaturgo, ensaísta e ativista pelos direitos humanosfrancês do século XIX) e Emanuel Kant (filósofoalemão do século XVIII) com a sua «Critica da RazãoPura» também tinha o seu nome na lista dos livroscensurados. Estes não foram os únicospensadores/filósofos que sofreram com a redeapertada, antes do II Concílio do Vaticano, que incluíatambém Pascal, Descartes, David Hume, Espinoza eVoltaire. Filósofos marcantes da cultura europeia que“viram os seus nomes registados

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no rol dos livros defesos” (In: Jornal«Correio de Coimbra» [22-08-96]).A censura eclesiástica tambémactuou em relação aos teólogos e,neste caso, são de recordar os“livros dos reformadores” e de“grande número de católicos” quedurante o pontificado de Pio X se“tornaram suspeitos demodernismo”, entre os quais secontam Alfred Loisy (teólogo efilósofo francês nascido em 1857 efalecido em 1940 e grandeconhecedor das SagradasEscrituras, que ensinou no InstitutCatholique de Paris) e HermannSchell (teólogo e filósofo alemãonascido em 1850

e falecido em 1906).Aconteceu também ser incluída norol de livros proibidos a obracompleta de determinado autor, oque tinha como consequência serproibida a leitura de toda e qualquerparte da mesma, “embora setratasse de assuntos que nadatinham a ver com a fé e oscostumes. Incluem-se nestes casosBalzac, Giordano Bruno, AlexandreDumas (pai e filho), André Gide,Anatole France, George Sand, JeanPaul-Sartre e Emile Zola. Depois doII Concílio do Vaticano estes autoresganharam nova vida literária…

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fevereiro 201711 de fevereiro. Portalegre - Encontro diocesanode doentes . Leiria - Seminário de Leiria - Açãode formação «O património de quesomos herdeiros» para os membrosdos conselhos económicos daDiocese de Leiria. . Celebração do Dia Mundial doDoente . Lisboa - Lumiar (MonjasDominicanas) - Conferência sobre«Em Deus, "os lugares doimpossível se deslocam" - Umaleitura de José Augusto Mourão»por Luísa Ribeiro Ferreira . Fátima - Assembleia geral daFamília Andaluz (Servas de NossaSenhora de Fátima) . Beja - Início do «Festival TerrasSem Sombra» . Fátima - Centro Pastoral Paulo VI -O Renovamento CarismáticoCatólico está a celebrar os seus 50anos e a Comunidade Emanuelorganiza um fórum, dias 11 e 12 defevereiro,

em Fátima, sobre «Re-encontrarDeus». A iniciativa que decorre noCentro Pastoral Paulo VI tem comooradora principal, a co-fundadora daComunidade Emanuel, MartineCatta. . Porto - A Associação dos MédicosCatólicos Portugueses (AMCP)promove a sua reunião nacionalsubordinada ao tema «Médico –curador ferido?» Este encontro, arealizar no Centro de Congressosda Secção Regional do Norte daOrdem dos Médicos (Porto), temcomo conferencistas os professoresJosé Manuel da Silva e Rui MotaCardoso e o padre José Frazão. . Évora - Quinta de Valbom-Encontro de namorados sobre«Fazer ou Construir Amor?»orientado pelo padre jesuítaFernando Ribeiro . Braga - Santuário do Sameiro - OCentro Apostólico do Sameiro vaiacolher um encontro de namoradospromovido pelo DepartamentoArquidiocesano da Pastoral Familiar.A questão «Quero-te à minhamedida ou aceito-te como és?» é oponto de partida para a reflexão,das 09:30 às 18:30, que vaidebruçar-se sobre a «Alegria doEncontro».

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. Braga - Igreja de Sequeira, 16h00- Lançamento do livro «Via-Sacra:Orai Assim» da autoria do padreMarcelino Paulo Ferreira com achancela das Edições Salesianas. 12 de fevereiro. Fátima - Conferência sobre «SantaMaria, Mãe de Deus» por LaurindaAlves . Albufeira - Igreja de São José dasFerreiras - A Diocese do Algarve vaipromover as suas jornadas daPastoral da Deficiência com o lema‘Com Maria, somos testemunhas doamor e da alegria’, na igreja de SãoJosé das Ferreiras, em Albufeira. . Braga - Igreja de São Lázaro,11h30 - O Movimento «Shalom»comemora 50 anos com celebraçãopresidida por D. Jorge Ortiga,arcebispo de Braga. 13 de fevereiro. Vaticano - Reunião do Conselhodos Cardeais do Papa Francisco –até 15 de fevereiro . Fátima - A peregrinação jubilar dosoperadores do Turismo aoSantuário de Fátima vai serpresidida por D. Jorge Ortiga,presidente da Comissão Episcopalda Pastoral Social e

Mobilidade Humana. Depois dacelebração, às 11:00, na Basílica daSantíssima Trindade, realiza-se, às14:30, o encontro com osoperadores de turismo onde o padreCarlos Cabecinhas, reitor doSantuário de Fátima, falará sobre«A Mensagem de Fátima». . Bragança - Capela da SagradaFamília da Fundação Betânia,12h00 - Festa comemorativa dos 40anos de ordenação episcopal de D.António Rafael, bispo emérito daDiocese de Bragança-Miranda. . Coimbra - Memorial da irmã Lúcia(Carmelo de Santa Teresa), 15h00 - Apresentação do livro «Cartas quea oração escreveu» da autoria dopadre João Luís Silva pela atrizMaria José Paschoal com achancela da Paulus Editora. . Coimbra - Carmelo de SantaTeresa, 17h00 - A sessão declausura do inquérito diocesano doprocesso de beatificação ecanonização da Irmã Lúcia vairealizar-se no Carmelo de SantaTeresa de Coimbra. A cerimóniacomeça às 17:00 e uma hora depoiscelebra-se uma missa de ação degraças. . Lisboa - Capela do Rato - Sessão do curso «grandes correntes daética ocidental» na Capela do Rato.

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11 de fevereiro25.º Dia Mundial do Doente, na comemoração deNossa Senhora de Lourdes.Não deixe de ler a mensagem do Papa Francisco ‘OSenhor fez por mim maravilhas’ BejaComeça a 13.ª edição do Festival ‘Terras semSombra’: Aos sábados à tarde visitas temáticas e ànoite concerto, aos domingo de manhã ações debiodiversidade, até 1 de julho. 12 de fevereiroDiocese do Algarve promove jornadas da Pastoral daDeficiência com o lema ‘Com Maria, somostestemunhas do amor e da alegria’, a partir das 10h15,na igreja de São José das Ferreiras, em Albufeira. 13 de fevereiroCarmelo de Santa Teresa de Coimbra recebe asessão de clausura do inquérito diocesano doprocesso de beatificação e canonização da Irmã Lúciaàs 17:00 e uma hora depois celebra-se uma missa deação de graças 17 de fevereiroPresidente da República vai abrir o 3.º ciclo deconferências «Nova Ágora» da Arquidiocese de Braga,às 10h00, no Auditório Vita. Marcelo Rebelo de Sousavai falar sobre ‘Cristãos e Democracia: umtestemunho’ na sessão introdutória do ciclo deconferências.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia;23h30 - Entrevista deAura Miguel Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 12 de fevereiro,13h30 - Irmã Lúcia: daclausura para o Mundointeiro Segunda-feira, dia 13, 15h00 - Entrevista ao padre João LuísGonçalves e ao jornalistaPaulo Aido sobre a Irmã Lúcia Terça-feira, dia 14, 15h00 - Informação e entrevista à irmãPaula Carneiro, sobre os cuidados continuados emdoença mental Quarta-feira, dia 15, 15h00 - Informação e entrevista a Henrique Joaquim sobre a petição "Pela DignidadeHumana das Pessoas Sem Abrigo" Quinta-feira, dia 16, 15h00 - Informação e entrevistaà irmã Maria Manoel, sobre o trafico humano Sexta-feira, dia 17, 15h00 - Análise à liturgia dedomingo com os padres Robson Cruz e VitorGonçalves. Antena 1Domingo, dia 12 de fevereiro - 06h00 - 13ª ediçãodo Festival Terras Sem Sombra Segunda a sexta-feira, dias 13 a 17 de fevereiro - 22h45 - Dia Mundial da Rádio e "histórias de vidafeliz"; Dia dos Namorados: namorar depois de casar,com Miguel Panão; os namorados Carolina e Miguel;João e Ana e o casal Bruno e Sofia de Jesus

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Ano A – 6.º Domingo do TempoComum Lei comocaminho deencontro comDeus

Escutemos a Palavra de Deus neste 6.º Domingo doTempo Comum. Que compromisso assumimos aorecebê-la?Na segunda leitura, Paulo apresenta o projeto deDeus, que chama sabedoria de Deus ou o mistérioque preparou desde sempre para aqueles que oamam, que esteve oculto aos olhos dos homens, masque Jesus Cristo revelou com a sua pessoa, as suaspalavras, os seus gestos e, sobretudo, com a suamorte na cruz. Como acolhemos este projeto do amorde Deus?A primeira leitura recorda-nos que somos livres deescolher entre a proposta de Deus, que conduz à vidae à felicidade, e a nossa própria autossuficiência, queconduz quase sempre à morte e à desgraça. Paraajudar a pessoa que escolhe a vida, Deus propõemandamentos: são os sinais com que Ele delimita ocaminho que conduz à salvação. Que sentido damosàs leis?O Evangelho completa a reflexão, propondo a atitudede base com que a pessoa deve abordar essecaminho balizado pelos mandamentos: não se trataapenas de cumprir regras externas, no respeito estritopela letra da lei, mas de assumir uma verdadeiraatitude interior de adesão a Deus e às suas propostas,que tenha correspondência em todos os passos davida.As interpelações dos vários exemplos apresentadospor Jesus comprometem as nossas vidas com aPalavra de Deus. Somos convidados a viver nadinâmica do Reino, a acolher com alegria, entusiasmoe total adesão o projeto de vida plena que Deus nosquer oferecer.Os nossos comportamentos externos têm de resultar,não do medo ou do calculismo, mas de umaverdadeira

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atitude interior de adesão a Deus eàs suas propostas. Osmandamentos não são princípiossagrados que temos de cumprirmecanicamente, sob pena dereceber castigos, o maior dos quaisserá o inferno, mas são indicaçõesque nos ajudam a potenciar a nossarelação com Deus e a não nosdesviarmos do caminho que conduzà vida. O cumprimento das leis, deDeus ou da Igreja, não é umaobrigação que resulta do medo, maso resultado lógico da nossa opçãopor Deus e pelo Reino.Não podemos deixar nunca que asleis, mesmo que sejam leis muitosagradas, se transformem numabsoluto ou que contribuam paraescravizar a pessoa.

As leis ou os mandamentos devemser apenas sinais indicadores dessecaminho que conduz à vida plena.O que é verdadeiramenteimportante é que caminhemos nahistória, com as nossas alegrias eesperanças, tristezas e angústias,em direção à felicidade e à vidadefinitiva, que só acontece noencontro com Deus. Deste modopoderemos rezar como o Salmista:«Ditoso o que anda na lei doSenhor. Felizes os que seguem ocaminho perfeito e andam na lei doSenhor. Felizes os que observam assuas ordens e O procuram de todoo coração».

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Santuário promove primeirasJornadasde Comunicação Social

O Santuário de Fátima vai promovera 22 de março as suas primeirasJornadas de Comunicação Social,no contexto do Centenário dasAparições e da visita do PapaFrancisco, em maio deste ano. Obispo de Leiria-Fátima, D. AntónioMarto, e o reitor do Santuário deFátima, padre Carlos Cabecinhas,vão falar sobre “os eixos teológicosda mensagem de Fátima”, numprimeiro painel da formação,destinado a

todos os profissionais decomunicação.A Sala de Imprensa do santuáriomariano da Cova da Iria informa queas suas primeiras Jornadas deComunicação Social pretendemenquadrar os jornalistas nos“aspetos essenciais do fenómeno eda mensagem de Fátima”,aproveitando as comemorações doAno Jubilar.O segundo painel da manhã é umaconferência sobre “as fontes de

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Fátima”, com o diretor do Serviço deEstudos e Difusão do Santuário,Marco Daniel Duarte.Segundo o programa, o CentroPastoral de Paulo VI vai recebermais dois painéis na tarde de 22 demarço, que começam sobre “comocomunicar Fátima”, com asintervenções do chefe de redaçãoda Agência ECCLESIA, o jornalistavaticanista Octávio Carmo, e PauloAgostinho, editor de Lusofonia eInternacional da Agência Lusa.As primeiras Jornadas deComunicação Social do Santuáriode Fátima terminam com asconferências do porta-voz do OpusDei em Portugal, Pedro Gil, e CarmoRodeia, diretora de comunicaçãodo

santuário, que vão abordar “aspetosmais específicos” da visita do PapaFrancisco, nos dias 12 e 13 demaio.A diretora de Comunicação doSantuário de Fátima explica que aIgreja Católica “sempre procurou”estabelecer um diálogo com omundo que hoje faz-se, sobretudo,através da comunicação, “seja nosmedia tradicionais generalistas sejanas redes sociais”.As jornadas de comunicação doSantuário de Fátima destinam-seaos jornalistas, assessores,repórteres e comunicadores emgeral e as inscrições devem serfeitas online e têm um custo de 10euros.

A postuladora da causa de canonização dos Beatos Francisco e JacintaMarto disse à Agência ECCLESIA que gostaria de ver os doispastorinhos canonizados em 2017, no Centenário das Aparições deFátima. “Eu desejo que sim, espero que sim, estamos a trabalhar paraisso”, assinalou a irmã Ângela Coelho.A responsável disse ainda não ser possível projetar uma data para o fimdo processo, atualmente nas mãos do Vaticano, precisando que aanálise do eventual milagre "ainda não está concluída".A canonização de Francisco (1908-1919) e Jacinta Marto (1910-1920),beatificados a 13 de maio de 2000 pelo Papa João Paulo II, em Fátima,depende do reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão,após esta data.

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Figuras de Fátima: Luis Kondor

Nascido a 22 de junho de 1928 naHungria, Luis Kondor entrou aos 18anos para a Congregação do VerboDivino. Fugiu da ocupação russapara a Áustria e, depois, para aAlemanha, onde foi ordenado em1953, e veio para a casa dacongregação na diocese de Leiriaem 1954. Aqui se tornou umverdadeiro “apóstolo de Fátima”pelo mundo.

Editava um boletim regular em setelínguas sobre os pastorinhosFrancisco e Jacinta, para cuja causade beatificação foi nomeado vice-postulador em 1960 e quedesempenhou até à morte, em2009.Em 2006 foi agraciado com ainsígnia de Comendador da Ordemde Mérito, atribuída pelo presidenteda República, Jorge Sampaio.

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O Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja vai promover a11 de março, em parceria com o Museu do Santuário de Fátima, asegunda de uma série de Jornadas de Conservação e Restauro. Ainiciativa, com o tema ‘Património Recuperado - Boas Práticas noSantuário de Fátima’, tem por base o trabalho de requalificação econservação levado a cabo na Basílica de Nossa Senhora do Rosário deFátima.Os trabalhos vão ser abertos pelo padre Carlos Cabecinhas, reitor doSantuário de Fátima, por Sandra Costa Saldanha, diretora doSecretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, e por MarcoDaniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima.

Após a sua morte foi lançado o livro– uma edição do Secretariado dosPastorinhos - «Quereis oferecer-vosa Deus? O Apelo à Reparação naMensagem de Fátima».O bispo de Leiria-Fátima, D. AntónioMarto assina o prefácio, ondedescreveu o padre Luís Kondor:“Para ele, o núcleo da Mensagemde Fátima é a exigência dareparação: ‘Tanto o Anjo como,posteriormente, Nossa Senhora,ainda com mais insistência,apelaram à reparação dos pecadoscometidos contra Deus, contraJesus e contra o próprio Coração deMaria”.Em 2015, o Papa associou-se às

celebrações promovidas pela Embaixada da Hungria e aAssociação Portugal Hungria para aCooperação, para assinalar os 50anos da inauguração do ‘CalvárioHúngaro’.Numa mensagem enviada ao bispode Leiria-Fátima, lida durante aMissa a que D. António Martopresidiu, Francisco evocou o padreLuís Kondor, que residiu mais de 50anos em Fátima. O Papa convidou“quantos o conheceram e amaram aseguir o rasto por ele deixado noseu multiforme, jubiloso e incansávelserviço à difusão da mensagem deFátima”.

(CAIXA)O Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja vai promover a 11 de março,

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O Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja vai promover a 11 de março,em parceria com o Museu do Santuário de Fátima, a segunda de uma série de Jornadasde Conservação e Restauro. A iniciativa, com o tema ‘Património Recuperado - BoasPráticas no Santuário de Fátima’, tem por base o trabalho de requalificação econservação levado a cabo na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.Os trabalhos vão ser abertos pelo padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário deFátima, por Sandra Costa Saldanha, diretora do Secretariado Nacional para os BensCulturais da Igreja, e por Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima.

Iraque: Reconquista não significa regresso imediatodos cristãos

A sombra do medoIgrejas esventradas, imagensdecepadas, paredes queimadas,livros sagrados espalhados pelochão. Aos poucos, com alibertação de vilas e aldeias noIraque, em especial na chamadaPlanície de Nínive, percebe-seque os jihadistas se alimentamde ódio puro contra os cristãos.Nada foi poupado. Agora, mesmosem terroristas por ali, a sombrado medo prevalece. O regressoa casa é uma incógnita Nos últimos meses, o exércitoiraquiano tem vindo a libertargrandes áreas de territórioconquistado pelos jihadistas noIraque. Muitas dessas aldeias e vilasagora libertadas eram o lar decomunidades cristãs desde háséculos. Agora estão vazias. Osjihadistas foram expulsos mas a suamemória ameaçadora continuapresente em todos os lugares poronde andaram. Especialmente emtodas as igrejas. Parece que umvendaval de terror passou por ali.Em Tal Keppe, por exemplo, a Igrejado Santíssimo Sacramento foi usadacomo centro de treino militar para

crianças e adolescentes. O diáconoBasim al Wakil foi um dos milharesde cristãos que teve de fugir decasa. Vivia em Bartella e não tevealternativa senão juntar numamochila umas calças, duas camisase um pouco de comida. Deixou tudoo resto para trás. Nem a Bíblialevou. “Apenas o terço.” Fugiu paraErbil que se transformou, de um diapara o outro, num gigantesco campode lágrimas. Regressou hásemanas, depois de a cidade tersido libertada, para saber se já seriapossível voltar definitivamente acasa. Quando viu o grau dedestruição em Bartella, quandovoltou a franquear a porta da igreja,as lágrimas continuaram a correr-lhepelo rosto. Padre SharbilQaraqosh. Igreja de São Jorge. Talcomo o diácono Basim, também opadre Sharbil Eeso deitou as mãosà cabeça quando voltou a entrar nasua igreja, ocupada durante mesespelos jihadistas, que atransformaram numa fábrica debombas. A reconquista da cidadeobrigou à fuga dos

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terroristas que deixaram para trás,alinhadas, a um canto, centenas debombas e granadas prontas aderramar sangue. As marcas dapassagem dos terroristas, estão emtodo o lado. O seminário está numcaos, as imagens foram todasdestruídas, até o forro do tecto foiarrancado…Se o padre Sharbil não escondeu odesalento pela destruição na suaigreja, Louis Petrus ficou quase sempalavras quando voltou a casa.“Tinha ouvido histórias e visto fotosda destruição. Agora que estouaqui, a ver a cidade com meuspróprios olhos, não sei o que sentir.Os jihadistas destruíram as minhascoisas, mas eu ainda estou, apesarde tudo, melhor do que muitos dosmeus vizinhos cujas casas foramqueimadas ou completamentedestruídas.” O padre Sharbil, odiácono Basim ou Louis Petrussentem-se órfãos no próprio

país, na própria terra onde sempreviveram. Tal como eles jácompreenderam, para milhares defamílias cristãs que se encontramrefugiadas em Erbil, o regresso acasa poderá ainda demorar muitotempo. Sem segurança, nada serápossível. Por isso, é necessáriocontinuar a ajudar estes cristãos emmais um Inverno rigoroso.Alojamento, medicamentos, roupa,aquecimento e comida fazem parteda ajuda – essencial – que temsido providenciada pela FundaçãoAIS. Aos poucos, com a libertaçãoda Planície de Nínive, percebe-seque os jihadistas se alimentaram deódio puro contra os cristãos. Porisso, também, além da nossasolidariedade, é tão importante,para estes cristãos, a certeza dasnossas orações. Haverá melhorantídoto ao ódio?

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Jornalismo com ética

Tony Neves Espiritano

Isso de anunciar ‘boas notícias’ tem muito que selhe diga. Mas a missão de um jornalista é essamesma. Há que dizer o que se passa, o que sevive, o que se sente. Fazer uma reportagem,uma entrevista, uma notícia, um comentário, umeditorial, uma crónica… pode mostrar um génerojornalístico diferente, mas o objetivo tem de ser omesmo: a aproximação á verdade. Sim, há quedizê-lo com humildade: da verdade apenas nospodemos aproximar e ela será sempre mais doque aquilo que nós possamos pensar, elaborarou escrever.Ainda vivemos num tempo em que parece que osangue e a tragédia vendem mais. Mas não nospodemos resignar a esta quase fatalidade.Temos de ousar dizer boas notícias e convencero mundo de que elas valem mais que todas asdesgraças.Há que investir muito na defesa dos jornalistasque trabalham em situações de risco.Condenemos todos os atentados ao direito àinformação, à liberdade de expressão e deimprensa e gritemos contra quem quer, a todo opreço (até com ameaças de morte) ‘açaimar’ osdireitos dos jornalistas. Também sãoinadmissíveis as relações de promiscuidadeentre o jornalismo e a política, bem como aspressões do mundo dos negócios, das finanças edo desporto sobre o trabalho dos profissionaisda comunicação social.Os códigos deontológicos nasceram danecessidade de se orientar o exercício dojornalismo. Dão linhas de orientação ética aosprofissionais da comunicação social, mastambém mostram

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quais são os seus direitos que todosdevem reconhecer. Há que investirna formação séria e competente dosjornalistas para que o seu trabalhoseja isento (o mais possível), nabusca de uma objetividade quenunca se alcança, mas que sepretende como horizonte.O Papa Francisco convida osjornalistas a anunciar a ‘Alegria doEvangelho’, a ‘Alegria do Amor’, aecologia integral, as boas notíciasque traduzem optimismo e geramjustiça, abrem caminhos de paz… É,reconhece-o, um grande programade vida para quantos acreditam naforça dos media e das tecnologiasda comunicação que fazem domundo uma aldeia e formam(formatando) a mentalidade e acultura dos tempos que correm.Merecem ainda reflexão os alertasque o Papa lança sobre os

novos media: ‘Também emails, SMS,redes sociais, chat podem serformas de comunicação plenamentehumanas(…) As redes sociais sãocapazes de favorecer as relações ede promover o bem da sociedade,mas podem também levar a umamaior polarização e divisão entre aspessoas e os grupos. O ambientedigital é uma praça, um lugar deencontro, onde é possível acariciarou ferir, realizar uma discussãoproveitosa ou um linchamento moral’.Com ética e competênciaprofissional, o jornalismo ajudará aconstruir um mundo com menosmuros e mais pontes.

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