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OPINIÕES DOS LEITORES - bufalo.com.br · sorte de armadilhas e os rios, almoxarifado de redes de pesca. Em um lugar de riquíssima fauna, hoje não se encontra um tatu, uma paca,

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OPINIÕES DOS LEITORES

AABCB e a equipe do Boletim doBúfalo externam sua satisfação emveícular está segunda edição do

Boletim do Bufalo, que se tornou possívelpelo apoio de seus anunciantes e colabora-dores. Desejamos ainda agradecer as mani-festações recebidas dos seguintes leitores:Getulio Marcantonio - RS; Helcio Bueno Pe-reira da Cunha – SP; Roberto BotelhoCangussu – BA; Edgar Gerber – PR; Kátia L.Gonzalez S. Chamon – RJ; Pedro Silva deOliveira – SP; Paulo Lobato de Mattos – PA;Paulo Bittencourt Hourneaux de Moura –SP; Fabrício Rodrigues Amaral – MG; RuyAntonio Romagna – PR; José Atanásio Le-mos Neto – MS; Edson de Souza Balieiro –SP; João Carlos Cavalcanti de Petribú Vilaça– PE; Deolino Pedro Bruschi – RS; WilsonSanta Catarina – SC; Lindolfo Felinto deAlmeida Filho – RO; Adilson Mario PintoKruel – RS; Marcello Borsato – RS; RivaldoBorba Monteiro – PE; Carla Campanha – SP;Orlando Gonçalves de Souza – MG; Esme-ralda Theotoky de Feraldy – SP; CláudioCésar Figueiredo Soares – BA; Pedro PauloAssef Delgado – SP; Ruy Jenisch da Fon-seca – RS; Rinaldo Fernandes – GO; GersonWalter Kraemer – SC; Arlei Bichels – PR;Renato Ract Rocha – SP; Luiz Cláudio SurugiGuimarães – PR; Pedro Paulo Pamplona –PR; José Fernando Simplicio de Oliveira –SP; Vinicius Miranda das Dores – SP; PauloCleve do Bomfim – PR; Rodrigo BaraúnaPinheiro – AM; Tomaz Teixeira Malta – MG;Alfonso Siqueira D’ Império – TO; CelestinoGoulart Filho – RS; Antonio Migliorini – MSe Rafael Vargas – PE.

Os leitores Renato José Araújo – RO;Sergio Antonio Baludeto Parizzi – SP;Roberto Nascimento Oliveira – MS;Frederico Dias Batista – SP e WaldemarBlicheriene – SP, reclamaram contra os fri-goríficos que impõe preços inferiores nacompra de búfalos destinados ao abate.

( Nesta edição o Boletim do Búfalo, emmatéria específica, procura abordar comprofundidade esse importante tema ).

Flavio Bolonhesi – SP, propõe que a di-fusão da bubalinocultura seja feita com sa-bedoria, dando ênfase às parcerias, tão es-senciais ao agronegocio. Antonio José daFonseca Pires – SP, sugere que sejam maisdivulgadas receitas culinárias com deriva-dos de búfalos, visando despertar maior in-teresse e valor aos mesmos.

Maria Beatriz Braga Del Rey – RS, afir-ma existir pouca divulgação na mídia sobrebúfalos, e que não há incentivo à criaçãonem aporte aos criadores. Pergunta o queestá faltando, e quem é o omisso ?

Antonio Migliorini – MS, baseando-seno fato de que uma imagem vale mais doque mil palavras, sugere que o Boletim doBúfalo seja enriquecido com gráficos e fo-tos que despertem interesse e atenção dosleitores.

Sebastião Marcondes de Melo Lemos– MS, confessa ser grande admirador dosbúfalos pela sua precocidade e marcanteconversão alimentar.

Ney Geraldo Lemos – MG, afirma ter de-cidido pela criação de búfalos, movido pelobaixo custo de manejo que a espécie exige.

Alguns leitores também manifestaramum certo desagrado com a criação e com-posição da capa do Boletim do Búfalo nº 1,inclusive com relação ao logotipo que foicriado visando sintetizar as 4 raçasbubalinas existentes no Brasil.

Paulo Ponce de Leon Filho – PE, sugereque a ABCB passe a dar preferência ao ter-mo “associado”, ao invés de “sócio”, umavez que o termo “sócio”, é mais corretopara integrantes de empresas formadas comfinalidade de auferir lucros.

Paulo Cleve do Bomfim – PR, relata asenormes dificuldades que vem enfrentandona sua fazenda localizada no município deGuaraqueçaba, “uma das últimas reservasde Mata Atlântica intocada do Paraná”:

“De uma hora para outra, sem motivoespecífico, começaram a chegar pessoasoriundas de favelas próximas a GrandeCuritiba, se intitulando “sem terras”, ini-ciando um acampamento na estrada deacesso à nossa propriedade e da área denosso vizinho, Dr. Pedro Paulo Pamplona,que também é criador de búfalos.

Logo começaram pequenos furtos e de-litos. Um leitão desaparecido, um capãode palmito cortado na calada da noite,uma rede com malha criminosa no rio. Ra-pidamente evoluiu para roubo de búfalos,fechamento de estradas, proibição do tra-fego da linha regular de ônibus, de carrose de pessoas, furto de fios e cabos elétricose até ameaças de morte.

Depois veio a invasão ( 05/06/2004 ).

Roubaram a fazenda. Destruíram ca-sas e currais. Desmancharam as cercas.Não ficou nada inteiro.

As matas viraram depósitos de todasorte de armadilhas e os rios, almoxarifadode redes de pesca.

Em um lugar de riquíssima fauna, hojenão se encontra um tatu, uma paca, umtucano.

Nosso rio, um esteio de biodiversidade,onde gerações e mais gerações de nossosantepassados lutaram pela sua preserva-ção, hoje não passa de um cemitério. Tudomorto.

Dezenas e mais dezenas de caçadorese pescadores “sem terra“, se revezam cri-minosamente para dar cabo de tudo...Diuturnamente, uma barbárie !

Começamos a “via sacra“, a qual acre-ditamos, todo produtor rural esbulhadose obriga a fazer : Delegacia de PoliciaCivil, Polícia Militar, Polícia Florestal,Ibama, Instituto Ambiental do Paraná,Juiz e Promotora da Comarca, Secretariade Segurança Pública, Incra, GabineteCivil, Gabinete Militar, Procuradoria doEstado, Procuradoria do meio Ambiente eGoverno do Estado.

Pouco tempo depois veio o mandadode reintegração de posse, emitido pelojuízo da comarca de Antonina.

O Conselho Deliberativo da APA, porunanimidade, deliberou que a referidaárea não é propicia para assentamentoshumanos.

Foi pedido reforço policial para darsegurança aos Oficiais de Justiça que iri-am cumprir a ordem judicial.

O Secretário de Segurança Pública doEstado do Paraná vem se negando a cum-prir a ordem judicial, e não envia forçapolicial requisitada judicialmente.

Que fazer ?”

* Esta seção sempre estará aberta a to-dos leitores que queiram se manifestar,externando suas opiniões, suas idéias, suasreivindicações. Afinal o Boletim é do búfa-lo, e ele é o objeto de nosso trabalho, e denossa mesma torcida!

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Écomum que medidas “heróicas”adotadas diante de certos extremis-mos acabem ocasionando posições

extremas e apenas após muito tempo se im-ponha um equilíbrio menos apaixonado emais racional garantindo uma convivênciamais harmônica entre tais extremos.

Assim ocorreu, por exemplo, nas rela-ções de trabalho, passando-se de uma re-lação quase de escravagismo, para umcontrole total sobre quaisquer aspectosdesta relação pela “Lei”, ou mesmo nasrelações de consumo em que um dos la-dos é na atualidade legalmente um “vilão”até prova em contrário. Mais recentemen-te, quando a preocupação sobre a conser-vação ambiental se amplia, nota-se umatendência muito grande na radicalizaçãode idéias, criando-se por vezes conflitosartificiais entre produção e conservação(antes, preservação), nos confusos e in-completos regulamentos sobre a interven-ção do homem no meio ambiente, com acriação de conceitos ainda pouco claros euniversais tais como a tão propalada“sustentabilidade” que parece ter um semnúmero de definições. É crescente a idéia,em grupos muito bem organizados e influ-entes, apesar de nem sempre assim tão re-presentativos, de que qualquer interven-ção humana sobre o ambiente é deletéria eque sistemas de produção em escala sãototalmente incompatíveis com a vida e sus-tentação da humanidade, e assim, todaação deveria ser feita na direção de res-taurar o ambiente a seu estado primitivo,com as chamadas espécies nativas, e pre-ferencialmente, dali retirando o homem.

Nesta época de “acomodações de idéi-as”, creio ser de importância que se bus-quem pontos da mesma forma que oscontrapontos, sem o que, sairemos do cam-po da discussão para o campo unicamenteda fé, o que certamente pouco contribuipara a evolução.

Acompanhamos a ocorrência da autori-zação do IBAMA para a “caça” de búfalos

Búfalos SustentáveisOtavio Bernardes - SP

abandonados pelo governo no Vale doGuaporé muitos anos atrás e que, por suamelhor adaptação ao ambiente e falta deexploração econômica, passaram a se mul-tiplicar e a competir com espécies nativasna busca de alimentos, em detrimento des-tas últimas. Tivemos a oferta de criadoresdo Pará de tentar a domesticação e transfe-rência de parte destes animais para outrasregiões onde poderiam ser base de susten-tação de atividades economicamente rele-vantes. Confesso que não sei bem qual foio desfecho (a não ser a criação de um gru-po de estudo regiamente financiado peloMMA). Uma coisa, porém é certa, o “estra-go” na imagem da espécie que apareceucomo uma “predadora” e inimiga do meioambiente foi feito, e com grande publicida-de. As contestações têm pouco apelo demídia, e seu eco foi pouco difundido.

Outro, é o caso da atuação da ONGdenominada SPVS que, financiada por em-presas petrolífera, automobilística e deenergia americanas, entre outras, tem li-teralmente “comprado” fazendas no lito-ral do Paraná, algumas com criação de bú-falos, uma atividade que vinha sendo in-centivada pelo governo daquele Estadoque entendia ser aquela uma opção parao desenvolvimento econômico e social daregião, e que, após a aquisição, tem sidodesativadas e os animais sacrificados su-mariamente (a despeito de que poderiamser transferidos para outras regiões, hajavisto haver demanda para tanto), e buscaa ONG regenerar a mata a seu estado na-tural. Há alguns programas paralelos vi-sando “readaptar” a população local paraque viva de maneira “sustentável” (aomenos para a natureza original, não sei separa a população que sempre ali viveuem condições precárias) através de umaatividade dita extrativista florestal, massem depredá-la como antes se fazia como palmito e a lenha. A contrapartida dosfinanciadores será logicamente os tais“créditos de carbono” gerados, o quelhes permitirá continuar poluindo o pla-

neta e sendo indiretamente proprietáriosde florestas brasileiras com direito atémesmo a prêmios internacionais de bene-méritos do meio ambiente.

Situações análogas têm sido vistas noAmapá, no Maranhão e no Amazonas, que,direta ou indiretamente vem arranhando aimagem da bubalinocultura enquanto ati-vidade sustentável ambientalmente. Quea espécie é exótica no país, não se discu-te. Aliás, o maior mamífero “nativo” é aanta, o que significa que bovinos, mua-res, eqüinos etc. são todos exóticos. Damesma forma o café, a soja, centenas devariedades de frutas e culturas também osão, o que absolutamente não significa quesão incompatíveis com a natureza. Sua for-ma de exploração, esta sim, é que irá defi-ni-la. Diante de um quadro como este, meparece bastante oportuno apresentar umaexperiência realizada em Israel (disponívelno site: http://www.migal.org.il/lifeabs.html) sobre o projeto denominadoPROJECT Nº: LIFE TCY/97/1L/O38 -Restoration and Conservation of Faunaand Flora in the Re-Flooded HulaWetland in Northern Israel.

Naquele país havia uma várzea (HulaValley) que foi drenada para uso em agricul-tura e erradicação da malária. Apesar de bas-tante fértil, seu uso intensivo acabou porpromover uma deterioração do solo e com-prometimento das águas do lago Kinneret,principal fonte de abastecimento de água deIsrael, o que resultou, em 1994 naimplementação de um projeto de recupera-ção da várzea a sua antiga condição. Dentreoutras ações, foram re-introduzidos na áreacervos, aves, espécies vegetais (algumas nãonativas). Chama a atenção a observação deque, para controle de plantas invasoras, fo-ram introduzidos búfalos na área (0,22 a 0,33por hectare) que acabaram por induzir umvigoroso “stand” de pastagens, e estabili-dade da vegetação, mostrando-se assim, navisão dos autores, bastante úteis na conser-vação ambiental daquelas várzeas.

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ACOOPERBÚFALO, CooperativaSul-Riograndense de Bubali-nocultores, Industrial e Comercial

Ltda., completa 7 anos de existência no anode 2005, processando aproximadamente130.000 litros de leite por ano ecomercializando de 19 a 20.000 Kg de queijo100% de búfalo no mesmo período. Foi fun-dada em Porto Alegre, RS, no ano de 1998,

COOPERBÚFALOCOMPLETA 7 ANOS:

por 24 amigos e criadores de búfalos, atual-mente conta com 37 membros . Hoje na partedo leite são 6 cooperativados, que trabalhamentregando seus produtos, duas vezes porsemana, em um laticínio terceirizado que fa-brica os queijos, sendo estes colocados di-retamente á venda em redes de supermerca-dos, pizzarias, casas especializadas, etc. Opróximo desafio é a colocação do queijo duro

tipo Parmesão no comércio que deverá serlançado nos próximos meses. Todos os as-sociados possuem ordenha mecânica e tan-que de resfriamento, e fazem basicamenteuma ordenha diária.

Anais do 1º Simpósio Paulista deBubalinocultura

Bubalinos: Sanidade, reprodução e produção.Editores: Valquíria Hyppólito Barnabe, Humberto Tonhati,Pietro Sampaio Baruselli.Jaboticabal: FUNEP, 1999- 202 pgR$ 20,00 (sem postagem)

Bufalando SérioAssumpção, Jonas Camargo deEd. Guaíba- Agropecuária, 1996. 131 pg.R$ 20,00 ( sem postagem)

Manual de Inseminação Artificialem Búfalos

Autor: Prof. Dr. Pietro Sampaio BaruselliProf. Associado Depto Reprodução Animal FMVZ USP – Ed. ABCB- São Paulo, 2002 - 33 pg. R$ 20,00 (sem postagem)

O Búfalo no BrasilEditores: Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira, Ana MariaLima de Almeida e Urbano Antonio S. Filho -SimpósioBrasileiro de Bubalinocultura (1996: Cruz das Almas -UFBA, Escola de Agronomia, 1997 . 236 pg.R$ 27,00 (sem postagem)

O BúfaloTítulo Original: The water buffalo (em português) Autor :condensado de W. Cockrill, Health and Husbandry of WaterBuffalo. Tradutor: ABCB. Ed. Ed. FAO (Roma, Itália). OBúfalo. Brasília: MARA/ São Paulo: ABCB - 1991 - 320 pg.R$ 20,00 (sem postagem)

Base de Dados BubalinosBrasília: FAO/MAPA/ ABCB, 1991. 184pg.R$ 5,00 (sem postagem)

Livraria ABCB O Búfalo e Sua RentabilidadeFEDERACITE - ASCRIBU - Guaíba: Agropecuária, 1994; 91pgR$ 10,00 (sem postagem)

O Búfalo na Mesa - ReceitasMunaretti, NoemeaEd. Guaíba: Agropecuária, 1995. 92 pgR$ 14,00 (sem postagem)

O Manejo do BúfaloAssociação Sulina de Criadores de Búfalos – ASCRIBU –1987; 43pg – Ed. Lema: Búfalo + em tudoR$ 10,00 (sem postagem)

Criação de Búfalos – Coleção CriarCoordenador: José Ribamar Felipe Marques – Zootecnista,MS.,Ph.D - Brasília: EMBRAPA-SPI; Belém: EMBRAPA-CPATU, 1998 - 141pgR$ 4,00 (Sem Postagem)

Doenças em Búfalos no BrasilDiagnóstico, epidemiologia e controleAutor: Hugo Didonet Láu -Brasília: EMBRAPA – SPI; Belém:EMBRAPA – CPATU 1999 – 202 pgR$ 26,00 (Sem Postagem)

Búfalos – Coleção 500 Perguntas –500 Respostas - O produtor pergun-

ta a EMBRAPA respondeEditor Técnico: José Ribamar Felipe Marques EMBRAPAAmazônia Oriental (Belém – PA) – Brasília: EMBRAPA,2000 – 176 pg.R$ 15,00

EMBRAPA– CPATU RECOMENDAÇÕESBÁSICAS

Bubalinos – Manejo – 1988 – 4pgBubalinos – Inseminação Artificial – 1992 – 4pgMineralização de Bovinos e Bubalinos -1989 – 4pgBubalinos – Manejo Sanitário – 1988 – 4pgBubalinos – Produção de Carne – 1988 – 2pg

Bubalinos – Produção de Leite – 1987– 4pgControle de Plantas Invasoras em Pastagens-1988 – 4pgCapineiras de Capim Elefante – 1988 – 4pgR$ 5,00 (Sem Postagem)

EMBRAPA CPATU – BOLETINS DEPESQUISA -SÉRIE LEITE

Estudo Comparativo da Composição Química do Leite deZebuínos e Bubalinos - 1982 – 15pgAvaliação Microbiológica do Leite de Búfalas Sob Diferen-tes Práticas Higiênicas -1994 – 38pgCaracterísticas Peculiaridades e Tecnologia do Leite deBúfala – 1991 – 51pgR$ 10,00 (Sem Postagem)

EMBRAPA CPATU – BOLETINS DEPESQUISA SÉRIE PATOLOGIA

Eficácia do Ivermectin no Controle do Piolho(Haematopinus tuberculatus) em Búfalos-1985 – 12pgUso do Timbó Urucu (Derris urucu) no Controle do PiolhoHaematopinus tuberculatus) em Bubalinos – 1986 – 16pgPerfil Hemático de Bezerros Búfalos Lactentes NaturalmenteParasitados pelo Neoascaris – 1985 – 10pgOcorrência de Parafilaríase e Oncocercíase Cutânea emBúfalos (Bubalus bubalis) – 1987 – 14pgSintomas e Tratamento da Tripanossomíase (T. vivax) emBúfalos - 1988 – 13pgR$ 10,00 (Sem Postagem)

EMBRAPA CPATU – BOLETINS DEPESQUISA SÉRIE NUTRIÇÃO

Variabilidade na Determinação da Qualidade da Dieta deBubalinos em Pastagem de Brachiaria Humidicola 1992 – 19pgAspectos Sobre a Desnutrição Mineral em Búfalos e Méto-do de Tratamento- 1988 – 14pgR$ 5,00 (Sem Postagem)

EMBRAPA CPATU – BOLETINS DEPESQUISA SÉRIE CARNE

Composição Corporal de Búfalos R$ 7,00 (Sem Postagem)

Como adquirí-las:

Faça seu pedido através de e-mail [email protected] oufone/ fax (11) 3673.4455, informando o endereço completo parapostagem, em seguida iremos respondê-lo informando valor totaldas literaturas solicitadas já incluindo o valor da postagem.

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Depósito Bancário Banco do BrasilAssociação Brasileira de Criadores de BúfalosAgência 1199-1 Conta Corrente 22021-3ou através de Boleto Bancário acrescido de R$ 3,00

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Reminiscências45 anos da ABCB *

Nossa ABCB está completando 45 anosde existência. Foi fundada em 21 de abril de1960, por iniciativa do Dr. Paulo JoaquimMonteiro da Silva e do conhecido e respei-tado zootecnista Alberto Alves Santiago,ambos com longa historia de serviços pres-tados à bubalinocultura nacional.

Inicialmente denominava-se Associa-ção dos Criadores de Búfalos do Brasil -ACBB, vindo depois a se transformar emAssociação Brasileira dos Criadores deBúfalos – ABCB.

A assembléia de sua fundação foi reali-zada no Salão Nobre do Parque da ÁguaBranca, durante a realização da IV Exposi-ção de Gado Indiano, aproveitando a pre-sença no evento, de inúmeros e expressi-vos bubalinocultores de São Paulo, Minase Paraná, destacando-se dentre eles os se-nhores Severo Gomes, Aldo Beretta, JoséJacintho da Silva, Continentino Jacintho daSilva, Breno Lima Palma, Francisco Malzoni,Antonio M. Alves de Lima, Paulo NogueiraNeto, Nheco Gomes da Silva e Ian Sula .Também estavam presentes Dr. JoãoBarrisson Villares e diversos outros técni-cos do Departamento de Produção Animal,além dos organizadores do certame.

A primeira diretoria da Associação dosCriadores de Búfalos do Brasil, foi assimconstituída:

Presidente: Aldo Beretta

Vice-Presidente: Paulo Joaquim M. da Silva

Diretores:Severo Gomes, Francisco Malzonie Paulo Nogueira Neto

Diretor Técnico: Alberto Alves Santiago

* Fonte: Trabalho Histórico de Autoria doDr. Alberto Alves Santiago.

Importação de 1962

A última importação brasileira de búfalosindianos aconteceu em 1962, e revestiu-se damaior importância no desenvolvimento denossa bubalinocultura. As participações doDr. Alberto Alves Santiago (autor da narrati-va abaixo) e da ABCB, inicialmente ACBB fo-ram fundamentais para sua viabilização.

“Em 1960 o selecionador CelsoGarcia Cid, de Londrina – PR, conseguiu,a duras penas trazer da Índia, um lote demais de uma centena de reprodutores ematrizes das raças zebuínas, contrarian-do e vencendo tenaz resistência dos buro-cratas do Ministério da Agricultura, que

desde 1921 proibiam terminantemente aimportação de gado indiano. Esse fatoanimou criadores paulistas e mineiros apleitearem junto ao Ministério da Agricul-tura, licença para uma nova importação.

A solicitação feita pelos criadores Tor-res Homem Rodrigues da Cunha, Rubensde Andrade Carvalho (Rubico de Carva-lho), Veríssimo da Costa Junior (Nenê Costa), José Cesário de Castilho e mais uma vez,Celso Garcia Cid, encontrou grande opo-sição no Ministério da Agricultura. Por fim,pressionado politicamente, o Ministro no-meou uma comissão constituída de técni-cos de expressão que representavam os Es-tados de Minas Gerais, Bahia, Rio de Ja-neiro e Pernambuco, além de diretores etécnicos da Associação dos Criadores deZebu. Coube-nos representar a Secretariada Agricultura de São Paulo, na dupla con-dição de Diretor do Departamento de Pro-dução Animal e Diretor Técnico da Associ-ação de Criadores de Búfalos, tendo bata-lhado bastante para que a licença fosseconcedida, porquanto considerávamos in-dispensável o “refrescamento” de sanguede nossos rebanhos zebuínos e principal-mente bubalinos.

Mais uma vez, junto com os zebuínos,vieram duas dezenas de búfalos, desta vezpuros e bem selecionados, pertencentes àsraças Jafarabadi e principalmente Murrah.

Para que essa importação se efetivas-se, foi exigido parecer técnico da Associa-ção de Criadores de Búfalos, já em fase dereconhecimento pelo Ministério da Agri-cultura. Assinaram esse parecer, o presi-dente Paulo Joaquim Monteiro da Silva enós, na qualidade de Diretor Técnico daAssociação.

A chegada desses animais trouxe gran-de estímulo para os criadores eselecionadores brasileiros, por constituí-rem a fonte de reprodutores de raças pu-ras, indispensáveis ao melhoramento ge-nético do rebanho bubalino nacional,quase todo muito consangüíneo, devidoaos poucos casais indianos importados em1918 e 1920, animais esses de regiões di-ferentes da Índia, e sem comprovação demaior ou menor de pureza racial.”

Admiráveis Colocações

É comum assistirmos o desenrolar defatos que desmentem hoje, aquilo que on-tem, muitos homens, garantiram ser ver-dadeiro. No nosso mundo atual, o cenáriocientífico, econômico e político é constan-temente transformado, em ritmo e veloci-dade alucinante, fazendo derrubar teoriase crenças na mesma velocidade com que

foram concebidas...

Por essa razão, são bastante admiráveisas colocações, a seguir transcritas, feitashá exatos 50 anos atrás, pelo eminente Prof.Octávio Domingues*, extraídas de uma sé-rie de artigos de sua autoria, publicadospelo DIÁRIO DE SÃO PAULO, em 1955,idéias estas, que certamente continuamválidas e atuais para a grande maioria dosque vivem a bubalinocultura brasileira.

“Cada vez que me ponho em diretocontato com a criação de búfalos no Bra-sil, mais cresce aquela minha convicção,nascida em 1937, de que o búfalo devemerecer nossa particular atenção. Aten-ção do poder público, atenção dos técni-cos, atenção dos criadores realmente em-penhados em criar riquezas com as ativi-dades pecuárias.

Volto de uma viagem de observação nosmunicípios de Franca e Cássia, , cheio deotimismo ao verificar que no Brasil, é pos-sível abrigarmos um rebanho dos maioresdo mundo,formado por uma espécie queaté aqui, tem sido considerada apenasobjeto de curiosidade” (... ).

“É minha convicção que o búfalo podee deve ser uma de nossas melhores fontesde leite, carne e couro”. (... ).

“Os búfalos que acabo de ver em cos-teio, em diversas fazendas do vale do RioGrande, me convenceram de que só porincapacidade, ou vontade em contrário,esta espécie de gado não se integrará de-finitivamente em nossa paisagem campes-tre. Em 7(sete) fazendas visitadas, foi pos-sível observar como vivem e produzem 507cabeças de búfalos, em estado de mansi-dão, fornecendo leite e carne, sob o maiseconômico dos regimes. Regime de cam-po, e em campos inferiores de baixada,onde não se põe o zebu fino” .(... )

“Quando de minha visita à Franca, opreço do boi para abate, era de 250 cru-zeiros por arroba. Pois bem, o marchantecom quem palestrei, oferece mais 10 cru-zeiros por arroba quando tratar-se de bú-falo para corte. Perguntando-lhe qual arazão de assim proceder, explicou-me quequando corta a carne de búfalo, a fregue-sia não reclama o peso”. (... )

“O êxito dessa criação está no costeio.Essa é a primeira noção que o criador debúfalo deve meter em sua cabeça”. (... )

“Criar búfalo ao Deus dará é uma re-comendação que não faço ! ” (... )

* O Prof. Octávio Domingues nasceu no Acre em1897 tendo se diplomado em Agronomia em 1917na Esalq-USP onde ocupou a cátedra de Zootecnia

Geral de 1931 a 1966. Foi fundador e presidente daSBZ de 1951 a 1968.

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Pode-se considerar que a história doBÚFALO DOURADO começou a serescrita em 1975, quando a senhora

Wilma Penteado Ferreira, herdou de seuspais, a Fazenda Santa Eliza, no municípiode Dourado, SP, com 30 búfalas e um touro,descendentes de alguns “exemplares exó-ticos”, introduzidos por lá, em 1960.

Logo depois, em 1977, na cidade de Tietê– SP era realizada a primeira exposição na-cional de búfalos, e pretendendo se fixar naexploração de carne, Da. Wilma acaba le-vando para a Santa Elisa, o Campeão TouroJovem Jafarabadi, batizado de Mussum,comprado do plantel da Sabaúna, de JoséLauro de Arruda Camargo.

No entanto, em sua fazenda, incentiva-da e ajudada por um amigo italiano, meio debrincadeira, começa a produzir “mozzarella”,exclusivamente para consumo de sua famí-lia, e foi tomando gosto pela coisa...

Em 1978, um tratamento de saúde im-põe-lhe a obrigação de viajar para São Pau-lo, todas as quartas feiras. Era apenas maisuma vez em que o bom destino começava aser traçado por linhas tortuosas, pois foiem uma dessas penosas quartas feiras, du-rante um bate-papo com uma senhora itali-ana, no consultório médico, que acabou porcontar que criava búfalos e ainda por cima,fazia “mozzarella” ! Por insistência dessasenhora, concretiza a primeira venda de uma“trançada de mozzarella” de puro leite debúfala, despertando em si, seu nato instin-to para o comercio, bem como sua enormecapacidade empresarial. Sem maiores ceri-mônias, imediatamente passa a considerare tratar a sala de espera do consultório mé-dico, como sendo seu primeiro ponto devenda, espaço onde anotava pedidos, ecomercializava seus produtos à amigos,parentes e colegas pacientes.

Os elogios recebidos, fizeram aumentarsua crença no potencial dos seus produ-tos, e imbuída da coragem, que nunca lhefaltou, procura a Casa Santa Luzia, famosamercearia freqüentada pelos consumidoresmais exigentes da capital paulista, para demaneira altiva e orgulhosa oferecer-lhes a“primeira mozzarella brasileira, exclusiva-mente fabricada com leite de búfala”. Umavez testado e aprovado o produto, recebeucomo contrapartida a exigência da conti-nuidade no fornecimento. Acuada, mas

MULHER DE FIBRAJonas Camargo Assumpção - SP

acostumada a desafios, não teve outra saí-da senão topar a parada e sair por aí, a catade búfalas....

Comprava o que lhe ofereciam, e semmuita possibilidade de escolha, o índice dedescarte era elevado. Uma vez, conseguiuaproveitar apenas 6 búfalas, de um lote de16 compradas.

Toda caminhada do Búfalo Dourado foipercorrida com tenacidade e garra, por aque-la “senhora do destino”, que sempre sou-be claramente onde queria chegar.

Da. Wilma ainda guarda bem nítidas, nassuas lembranças, as inúmeras vezes em quecapitaneava até altas horas da noite, umantigo fogão à lenha, buscando o pontocorreto de filar a massa. Ao invés de se es-quecer, relembra com orgulho, aquele anode 1985, onde em plena safra de lactação desuas búfalas, acabou perdendo o casal defuncionários responsáveis pela queijaria.Não pestanejou : simplesmente arregaçouas mangas, abriu mão de muitas coisas, in-clusive das “obrigatórias e legais” folgassemanais, e durante 6 meses seguidos, as-sumiu pessoalmente essa tarefa.

O tempo foi passando, e em 1990, seuestabelecimento consegue aprovação peloSistema de Inspeção Federal – SIF.

Em 1991 sua micro-empresa dá lugar àuma empresa jurídica, e mais adiante, em2004 inaugura seu novo laticínio, com 600metros quadrados, apto a processar 10.000litros de leite/dia.

Hoje, Da. Wilma considera já ter con-seguido razoável desestacionalização daestação de parição de suas búfalas, o quegarante matéria prima ao seu laticínio du-rante todo ano, dando lhe tranqüilidadepara seguir cumprindo aquela promessafeita à Casa Santa Luzia, há mais de 25 anosatrás!

Seu rebanho amochado, atualmentecomposto por cerca de 600 cabeças, é con-trolado e registrado no projeto do BúfaloBrasileiro voltado para produção de leite, eé responsável por cerca da metade da pro-dução processada pelo seu laticínio, queiniciou pequeno, trabalhando com 100 li-tros/dia, e hoje na safra, já atingiu 4.000 li-tros/ dia.

Da. Wilma e suas búfalas, são respon-sáveis por mais uma inimaginável proeza:ter conseguido expulsar a cana de suasterras, quando na enorme maioria das ve-zes, a historia sempre foi contada na dire-ção inversa.

Será que esta mulher de fibra, de “esto-pim meio curto”, de origem tradicional,educada nos moldes franceses, no Colé-gio Sacre Coeur de Marie de São Paulo, eque elegeu o trabalho como meta de suavida, está realizada e totalmente satisfeita ?

Não! Já elegeu sua próxima meta: Ex-portar!

E pelo andar com que comanda a car-ruagem, não vai demorar a chegar lá...

Sede da Fazenda Santa Eliza.

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DIRETORIA DA ABCB(2004 - 2007)

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Manjedoura CincerroDr. Getulio Marcantonio, um dos mais

atuantes e tradicionais bubalinocultoresgaúchos, sempre procurou conceber eincrementar no manejo de sua criação, algonovo que lhe propiciasse elevar os níveisde produtividade e lucratividade do seunegócio.

Em sua criação de búfalos, seu pressu-posto inicial é não ordenhar suas búfalas,utilizando todo diferenciado leite por elasproduzido, como insumo e alimento básicoimprescindível para produção de um ani-mal precoce, que lhe permitiria antecipar oabate e o entouramento de seu gado. Ex-plorar ao máximo o potencial de crescimen-to dos terneiros bubalinos é seu objetivo, eo leite produzido pelas matrizes búfalas,destinado integralmente aos seus produ-tos, deixavam Dr. Getulio tranqüilo quantoa sua meta, pelo menos até os 3 ou 4 mesesde vida dos terneiros. Infelizmente, essaexteriorização máxima do potencial de cres-cimento das crias, bem como a tranqüilida-de do Dr. Getulio, cessavam a partir dessaidade dos animais, pois a “ partir daí, boaparte dos nutrientes necessários devemprovir de outra fonte”.

Dr. Getulio escreveu, tentando condu-zir seu próprio pensamento :

“Março concentra os nascimentosbubalinos no RS, o que leva aamamentação para os meses frios do in-verno e a conseqüente paralização do cres-cimento das pastagens naturais. A buscado animal precoce exigia uma providên-cia de ordem alimentar. O custo alto afas-tava a possibilidade desse procedimentoser feito junto às mães. A preocupaçãoconvergiu para o terneiro. “ ( .... )

Muitas idéias, projetos e soluções pas-saram pela cabeça do Dr. Getulio, até que

uma veio atender suas expectativas. Bati-zou-a com o nome de Manjedoura Cincerro,em homenagem à sua “Pastoril Cincerro”.

A Manjedoura Cincerro é a adaptaçãopara búfalos, do “Creep Feeding”, sistemausado para suplementar bezerros lactantes,criado nos EUA, e hoje muito difundido nomundo todo, e particularmente, em inúme-ras regiões brasileiras. É o próprio Dr. Getu-lio quem refere-se também à manjedoura desua criação, usando o nome de “CreepFeeding Crioulo”.

Consiste em um cercado de “paus a pi-que”, de formato redondo, formado por re-sistentes mourões previamente tratados,firmemente cravados no solo, distantes 40centímetros entre si. Recomenda-se que notopo superior desses mourões, sejam pas-sados 1 ou 2 fios de arame farpado, paragarantir rigidez a todo conjunto e também amanutenção dos espaçamentos entremourões. Na parte interna desse cercadoficam os cochos onde os terneiros se ali-mentam, pois tem livre passagem pelos vãosdo cercado, ao contrário das mães, cujapassagem é impedida pelos 40 centímetros( figura e foto abaixo).

Dr. Getulio Marcantonio relaciona asprincipais vantagens da suplementação dosterneiros em aleitamento :

1 - Aumenta o desenvolvimento dos ani-mais.

2 - Antecipa o funcionamento ruminal.

3 - Reduz os efeitos negativos doestresse, à desmama.

4 - Condiciona os animais para o ingressono regime intensivo.

5 - Diminui a pressão dos terneiros sobreas búfalas.

6 - Contribui para a homogeneidade doslotes.

7 - Aumenta até 10% o desempenho pro-dutivo das matrizes.

Quanto ao suplemento alimentar a serdisponibilizado no “creep”, aos bezerros,Dr. Getulio vem adotando ração granuladacom teor protéico da ordem de 20 a 22%, emquantidades diárias variando entre 500 a1.000 gramas/dia, com excelentes respos-tas em termo de ganhos de peso e desen-volvimento de seus terneiros.

Uma das maiores dificuldades naimplementação desse processo desuplementação de terneiros lactantes cria-dos a pasto, segundo Dr. Getulio, reside noindispensável ensinamento dos bezerros ase alimentarem em cochos, o que ele con-segue, deixando previamente os bezerrospresos, durante 48 horas, afastados de suasmães, em uma mangueira, com água e ra-ção. Considera normal e passageira a resis-tência inicial dos terneiros em entrar no“creep”, e sugere algumas outras medidasque podem abreviar esse tempo:

1 - Usar ração bastante palatável para osbezerros.

2 - No inicio colocar de maneira visível,dentro do “creep”, algumas pequenasporções de pasto verde.

3 - Reunir uma vez por dia, a vacada emtorno do “creep”.

Nota: Na Fazenda Boa Vista, o hábito dosbezerros se suplementarem em “creep”, sófoi alcançado quando a instalação do“creep”, obedeceu exatamente o local ado-tado e escolhido pelos próprios animais, comfinalidade de descanso, normalmente conhe-cido como malhador, ou batedor.

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Seletividade

Lendo o excelente livro Pastoreio Voisin,de autoria do Prof. Humberto Sório, cha-mou-nos a atenção a comparação que elefaz entre búfalos e bovinos, no que se refe-re a habilidade que cada uma dessas espé-cies possue, na digestão da celulose ehemicelulose, o que determina diferentesgraus de seletividade nos hábitos e atitu-des de pastoreio, dessas duas espécies. Dr.Sório interpreta essa inegável supremaciadigestiva dos búfalos, como bastante coe-rente com a maior largura de suas mandíbu-las, medidas essas que superam às dosbovinos em 25 ou em até mais de 50%!

Esse parece ser mais um dosincontáveis exemplos comprobatórios deque na natureza nada acontece por acaso,explicando o motivo da tamanha “frescu-ra” e irritante seletividade com que nossoscarneirinhos pastam, justificando de que-bra, a perfeita maneira usada pelo Prof. Sóriona definição dos cabritos: “verdadeiroscaçadores de rebrote”....

Mães Diferenciadas

Há mais de 20 anos atrás, ao buscar as-sessoria para um projeto de confinamentode terminação de bovinos e bubalinos, co-nheci o zootecnista Carlos Benedini, Ribei-rão Preto, SP, de quem me tornei admirador eamigo. Quando ele soube que éramos cria-dores de búfalos, me disse que nutria gran-de respeito e admiração por essa espécie,em razão da búfala ter um comportamentodiferente de todas outras espécies que ha-via estudado, quanto ao “estabelecimento”de seus períodos ou épocas de parições:

“Enquanto todas outras espécies cos-tumam parir em meses que são mais favo-ráveis, ou menos desgastantes às mães, asbúfalas, ao contrário, preferem se sacrifi-car, concentrando suas parições nos me-ses que beneficiam mais seus bezerros.

Veja você: A vaca bovina concentra seuscios férteis em dezembro e janeiro, paraparir em setembro e outubro. Começa ali-mentar seu filhotes quando as pastagensda primavera iniciam suas brotações. Con-tinuam a amamentação durante a farturado verão, mas quando vai se aproximandoa boca do inverno, desmamam seus filho-tes deixando-os na pior.

A búfala, ao contrário, em uma atitu-de de desprendimento, atravessa todo pe-ríodo de escassez, sustentando seus pro-

CURIOSIDADES: dutos com seu rico leite, aguardando achegada dos pastos de primavera, paradesmama-los.

Pra mim, esse ato de heroísmo, nutre orespeito que dedico à essa espécie!”

DICAS DE

BUBALINOCULTORES

Mochamento de AnimaisAdultos

No nosso Boletim nº 1, o criativo enge-nheiro bubalinocultor alagoano AlbertoCouto, descreveu todo processo que utilizapara mochamento de seus bezerros. Agora,neste Boletim nº 2, nos relata o sistema queadota para mochamento de animais adultos:

“Para mochar animais adultos, nósusamos tiras de borracha de câmara de arde caminhão, das mais elásticas possíveis,cortadas com cerca de 1 centímetro de lar-gura, nos mesmos moldes que a molecadacorta para fazer “petecas”. Com essas ti-ras, damos 3 ou 4 voltas, bem apertadas,em torno da base dos chifres dos animais,amarrando as pontas fortemente. A voltasdevem ser dadas quanto mais na base, ouinserção dos cornos, sem que precisemosnos preocupar em recuar a pele, etc.

Com os elásticos apertando a base deseus cornos, os animais ficarão um tantoquanto estressados, separando-se dos de-mais, permanecendo mais tempo nos bre-jos ou aguadas, alem de procurarem seesfregar em árvores, mas nada que noscause preocupação.

Antes que os cornos, naturalmente cai-am, o que deve acontecer dentro de 15 ou20 dias, apenas deveremos estar atentos emverificar se a câmara de ar não “pocou”.

Quando os chifres, naturalmente caí-rem, praticamente a cicatrização já esta-rá completada, restando apenas o miolocentral, que deverá ser tratado comcicatrizantes e repelentes, comumente en-contrados no mercado.

Quanto a melhor época do ano paraprocedermos ao mochamento de animaisadultos, recomendo o momento da seca-gem do leite ou desmama, fase em que abúfala não está comprometida com a pro-dução de leite, ou em momento avançadode gestação.”

Glossário de termos alagoanos:Peteca: estilinguePocou: rustiu, rompeu, arrebentou.

Evitando RejeiçõesJonas Camargo Assumpção – SP

Via de regra, os criadores de búfalos quenão ordenham suas búfalas, destinando atotalidade do leite para alimentação dosbezerros, conduzem suas criações de ma-neira mais extensiva, totalmente a campo,sem muito “costeio”.

(Na nossa fazenda, nossos búfalos per-manecem todo ano em pastagens mais afas-tadas da sede, sendo vistoriados pelo va-queiro apenas por alguns minutos, duas ve-zes por semana, indo ao curral exclusivamen-te para receber vacinas, vermífugos ou afins).

Essa maneira de criar, faz aumentar o ris-co de rejeição dos bezerros pelas novilhas,em seu primeiro parto, por serem animaismenos acostumados com a presença dohomem, mais ariscos.

Não devemos nos esquecer que a expe-riência nova, vivenciada por um animal emseu primeiro parto, exige um ambiente cal-mo, de bem estar, propício ao desabrochardo maravilhoso instinto maternal. Nessemomento, a eventual falta de sensibilidadedo bubalinocultor ou do vaqueiro, podeprovocar estresse em novilhas menos tran-qüilas, e trazer como conseqüência, even-tuais rejeições de bezerros.

Para evitar tais problemas, recomenda-mos as seguintes atitudes, quando se tra-tar de primíparas criadas de maneira maisextensiva:

- Nunca deixa-las na maternidade sozi-nhas, mas sim acompanhadas de ou-tras companheiras.

- Logo que parirem, não apartar-lhesos bezerros, para pesagens dos re-cém nascidos, etc.

- O próprio curativo do umbigo do re-cém nascido, que a rigor, deveria serfeito em seguida ao parto, a nosso versó deve ser feito no momento em queficou claramente demonstrada aafetividade da mãe pelo seu rebento.

- Por fim, nos parece importante tam-bém a postura e a maneira com que ovaqueiro deve vistoriar as matrizesmojando e recém paridas que se en-contram na maternidade : Sua chegadaao local onde estão agrupados os ani-mais, nunca deverá ser abrupta, demaneira a assusta-los pois muitas ve-zes eles estão deitados, distraídos, co-chilando. Logo que adentra o pastomaternidade, antes mesmo de avistaros animais, o vaqueiro deve emitir seuhabitual som de aboio, avisando que

Jonas Camargo Assumpção - SP

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chegou, e ao mesmo tempo acalmandoos animais. Deve seguir se aproximan-do vagarosamente, permitindo-se serobservado, sem causar qualquer sen-sação de encurralamento aos animais.Procurar não se interpor entre mães efilhos, dar tempo às mães e aos filhosque se aproximem, são apenas algumasoutras posturas recomendáveis. As de-mais certamente serão ditadas pelo“bom senso” de cada um.

Cinto de Ferramentas

O bubalinocultor gaúcho ErizoleiBelmiro Oliveira da Silva, nos relata uma“dica” que acabou resolvendo as constan-tes e crônicas perdas de ferramentas usa-das na manutenção das cercas eletrificadasde sua propriedade.

Esse problema torna-se maior para aque-les que aplicam o PRV ( Pastoreio RacionalVoisin ), em razão da grande quantidade decercas eletrificadas que o sistema exige.Erizolei encontrou a solução, adotando umsimples e prático cinto concebido para por-tar as ferramentas usadas para esse servi-ço, conforme mostra a foto.

Além de evitar as perdas, o uso do cin-to permite que o funcionário proceda osreparos no momento em que os defeitosforem observados, o que além de poupartempo, evita as conhecidas conseqüênci-as da costumeira atitude de “deixar pra de-pois”, por falta de ferramentas...

Estudo comparativo datoxidez de Palicoureajuruana (Erva de Rato)para búfalos e bovinos.

Carlos Magno C. de Oliveira, JoséDiomedes Barbosa, Raquel S. Cavaleiro deMacedo, Marilene de Farias Brito, PauloVargas Peixoto e Carlos Hubinger Tokarnia

O estudo foi realizado com os objetivosde estabelecer a sensibilidade dos búfalos aPalicourea juruana (Erva de Rato) e agre-gar novos dados sobre a toxidez dessa plan-ta para bovinos.

Embora os quadros clínico-patológicostenham sido semelhantes, a comparação dasdoses letais para búfalos (entre 1 e 2 g/kg) epara bovinos (0,25 g/kg) estabelece o búfalocomo pelo menos quatro vezes mais resis-tente. Em experimentos realizados 10 anosantes - com amostras de P. juruana coletadasna mesma fazenda no Pará, em julho de 1993,início da época de seca, portanto apenas 2meses mais tarde do que os agora realizadosem maio de 2003 - a dose letal para bovinosfoi de 2 g/kg. Não encontramos explicaçãopara a toxicidade extremamente elevada daplanta verificada nesse estudo.

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Participantes do 2º Encontro Nacional de Bubalinocultores em Salvador-BA, por ocasião da visita à propriedadede Maria José Barreto Sampaio.

2º Encontro Nacional de BubalinocultoresSalvador - 2004Eduardo Daher Santos - PA

Criadores de búfalos de todo o Brasilparticiparam nos dias 2 a 4 de de-zembro de 2004, em Salvador-Bahia,

do 2º Encontro Nacional de Criadores de Bú-falos. A abertura do evento, realizado no au-ditório da Secretaria da Agricultura (Seagri),contou com a presença do secretário da Agri-cultura, Pedro Barbosa, e do presidente deAssociação Brasileira de Criadores de Búfa-los (ABCB), Otavio Bernardes.

Na abertura do encontro, Pedro Barbo-sa afirmou: “Acho que o Brasil tem despre-zado um negócio de grande potencial, queé a produção de leite e carne debubalinos. Temos o desafio de continuarconvencendo a sociedade da qualidadedesses animais e seus produtos”. Desta-cou ainda que na Bahia há áreas com gran-de vocação para a atividade como o LitoralNorte, no Recôncavo e o Extremo Sul. “Pre-cisamos incentivar a importação de mate-rial genético de qualidade e investir nomarketing dos produtos”, explicou, pro-pondo a realização de um ciclo de seminári-os e visitas técnicas às regiões produtorasdo estado, destacando a importância da re-alização deste Encontro. Afirmou ainda oSecretário que cometemos grandes erros,primeiro tentando forçar a criação de gadoeuropeu em desprezo aos zebuínos a aobúfalo, e que José Maria Couto Sampaioteve a lucidez de apoiar o guzerá e o búfalo,dois animais excelentes para a região. Con-vocou os criadores e governo para não de-sistir desses projetos que são importantesdemais para não serem apoiados. Ampliar oesforço de marketing, efetuar visitas técni-cas, para levar criadores potenciais a se en-contrar com criadores tradicionais.

Dr. Ricardo Ferreira Rodrigues, presi-dente da Associação dos Bubalinocultoresdo Estado de Pernambuco (ASBUPE) e pre-sidente da Associação Nordestina de Cria-dores , afirmou: “ousar é quase sempre re-alizar”.

Fisco Benjamim – Diretor da SEAGRI,colocou a Secretaria à disposição dos cri-adores.

Luciano Figueiredo da ADAB – Agên-cia de Defesa da Agropecuária da Bahia –parabenizou a equipe organizadora na pes-soa de Maria Couto Sampaio, relembrando

seu pai, José Maria como um marco nabubalinocultura da Bahia, destacando agrande importância que a bubalinoculturatem prestado à Bahia. Convocou osbubalinocultores para a campanha daerradicação da aftosa no Estado.

José Joaquim Santana – Presidente daEBDA – referenciou José Maria e mencio-nou a importância dada ao búfalo na Bahiacom a criação da Estação experimental JoséMaria Couto Sampaio.

Otávio destacou o trabalho do NúcleoBaiano na organização do Evento e doapoio da Seagri em sua concretização, lem-brando o papel pioneiro do Estado na in-trodução e melhoramento dos exemplaresda raça Murrah e da importância dos cria-dores na ampliação do conhecimento e de-senvolvimento da espécie bubalina.

Segundo o presidente da ABCB, a reali-zação destes encontros demonstra o inte-resse dos criadores não só em ampliar seusconhecimentos sobre a espécie como tam-bém, representam uma busca de organiza-ção da cadeia produtiva do setor. Ele disseque é crescente a inclusão de pequenos cri-adores na atividade: “É uma atividade queantes somente era viável com produção emescala, mas que hoje, com uma maior orga-nização de mercados, formação de núcleose certa agregação de produtores, vem sen-do importante fator de inserção social emdiversas regiões, com sua adoção cada vezmaior por pequenos criadores, agregandovalor a suas explorações.”

Lembrou ainda que a necessidade deaprofundamento do conhecimento sobre omelhor manejo da espécie visando otimizarsua exploração foi outro fator que motivoua realização do Encontro buscando a trocade experiências entre criadores de diversasregiões brasileiras com participação depalestrantes nacionais e internacionais.

Outro foco do Encontro foi a avaliaçãodas cadeias produtivas ligadas aoagronegócio bubalino, em particular a car-ne e os derivados lácteos, para o que, ospalestrantes trouxeram depoimentos deoperações bem sucedidas em suas regiõesa fim de serem debatidas e eventualmentemultiplicadas.

Previamente ao Encontro foi realizado umCurso de Capacitação de Técnicos de Re-gistro e Formação de Jurados de Raçasbubalinas, ministrado pelo Dr. Renato Amaral,Superintendente de Registro da ABCB.

Realizou-se ainda, nas dependências doLaticínio de Maria José Barreto Sampaio umCurso de Derivados de Leite Bubalino, mi-nistrado pelo Dr. Neverton BeneditoPicciani, da empresa Fermentech, envolven-do técnicas de fabricação de derivados al-ternativos à tradicional mozzarella.

O Encontro, ocorreu simultaneamente àrealização da tradicional FENAGRO ondese encontravam expostos excelentes exem-plares de búfalos da Bahia que foram julga-dos pelo Dr. Pietro Baruselli, vice-presidentede Ciência e Tecnologia da ABCB.

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O programa dos ciclos de palestras edebates foi o seguinte:

Nutrição da Búfala Leiteira – Prof. Dr.Giuseppe Campanille – Univ. FedericoII –Nápoles – Itália

Utilização intensiva de gramíneas tro-picais para a produção de leite. Prof.Edgar Fraga Santos Faria. Depto deProdução Animal da EMEV-UFBA.

Importância das leguminosas nasustentabilidade de sistemas de pro-dução a pasto. Dr. José Marques Perei-ra – Cepec-Ceplac.

Fundamentos do agronegócio. Prof.Massilon Araújo – FTC-Salvador.

Mesa redonda: Agronegócio da Carnede Búfalo. Evaldo Canalli – Presidenteda Cooperbufalo – RS . CelestinoGoulart – Presidente da Ascribu – RS

Mesa redonda: Agronegócio do Leitede Búfalas - Urbano Antonio de SouzaFilho – Laticínio Natal – Bahia.NelsonB. Prado – Laticínio Laguna - Ceará

O encerramento do evento se deu comum dia de visitas a fazendas de búfalo na

região do Recôncavo, iniciando-se pela fa-zenda São Miguel de Dna Marilena CoutoSampaio e sua filha Maria José onde apósconhecer o rebanho iniciado pelo grandefomentador do búfalo na Bahia, José Maria,pode-se degustar as delicias dos produtosbubalinos e a hospitalidade dos anfitriões.

Fazenda Natal, de Urbano Souza Filho por ocasião do 2º Encontro

Em seguida os participantes puderam conhe-cer as instalações do Laticínio e da FazendaNatal de propriedade do Dr. Urbano Anto-nio de Souza Filho, onde são industrializa-dos 1.500 litros de leite de búfalas diaria-mente cujas instalações, rebanho e os pro-dutos, foram muito elogiados.

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Alguns proprietários de búfalos ale-gam dificuldades na contenção dosmesmos e crêem que a espécie

bubalina nasceu com a vocação de vararcercas. Outros sugerem que cercas paracontê-los, devam ser super reforçadas, comcaracterísticas bem diferentes daquelas uti-lizadas para bovinos.

Na Boa Vista nunca tivemos esse tipode problema, apesar de nossa crônica faltade capricho na conservação de nossas cer-cas. Por esse motivo acreditamos que o pro-blema, via de regra, não tem origem nas cer-cas, mas sim em erros de manejo.

Nossa vivência nessa área nos faz acharindispensável que todo criador de búfalosacredite e saiba :

1 - Que toda cerca que serve para bovi-nos, serve também para búfalos bemmanejados. A única diferença útil quese propõe é que sejam ligeiramentemais baixas, ( + ou - 1,10 metros de al-tura ), com o primeiro fio mais próximodo solo ( 0,20 a 0,25 metros ). Quatrofios de arame lisos são mais que sufici-entes.

2 - Que rios e lagos não são barreirasintransponíveis para búfalos.

3 - Que o criador deve estar sempre aten-to ao temperamento “machista” dostouros e as conseqüências de manejodeterminadas por esse fato.

4 - Que ele também não pode se esquecerde que uma das características da es-pécie é seu hábito gregário. Assim, setiver de apartar, reapartar, ou sub-divi-dir um lote já coeso de búfalos, deverámanter por alguns dias os novos lotesem pastagens não contíguas, para queos indivíduos de um lote percam aque-la coesão que possuíam com os indiví-duos do outro lote.

5 - Que búfalos podem ser atacados porpiolhos, que os levam a procurar ár-vores, barrancos de terra, cupinzeirose moirões de cerca, para se coçarem.Por sua vez, moirões de cerca em bre-jos, se utilizados como coçadores,podem se deitar, inutilizando a cerca.Tais áreas atoladiças, são muito fre-qüentadas pelos búfalos, e muito pou-co visitadas pelos vaqueiros. A con-seqüência de falha na manutenção é

Ainda Sobre Contenção de BúfalosJonas Camargo Assumpção – SP

cerca no chão, búfalos no outro lado,e a conclusão errada de que os búfa-los romperam a cerca.

6 - Que a última coisa que se deve fazerquando algum animal “rompe” uma cer-ca, é mandar conserta-la. Antes dissodeveremos procurar o motivo queacasionou o fato. Na grande maioriadas vezes o culpado não foi o búfalo.Se a falha tiver sido do criador, o errodeverá ser reparado imediatamente.Como é o próprio criador que funcio-nará como juiz, é necessário que tenhamodéstia e humildade para reconhecersua eventual falha.

7 - Que búfalos não tem qualquer voca-ção para romper cercas, mas como são“inteligentes“, aprendem com rapidezmuito maior que os bovinos, tanto osbons, como os maus hábitos. Assimsendo, romper cercas pode vir a tor-nar-se um mau hábito de um determi-nado animal. Antes que ele ensine aosdemais colegas essa transgressão,deve ser sumariamente eliminado do re-banho, abatido sem clemência. Ne-nhum álibi ou argumento poderá livrá-lo do “gancho”, mesmo que seja “ca-beceira” do plantel. Para que a execu-ção seja justa, é preciso que a identifi-cação do infrator seja precisa. Um oudois dias de espreita no rebanho, podetrazer a confirmação.

(Ninguém precisa se assustar, imagi-nando que vai precisar viver executan-do seus animais. São casos muito es-porádicos, se não houver falhas gra-ves de manejo. Em 36 anos de criação,não passou de meia dúzia, o númerode infratores que tivemos de abater).

8 - Que não devemos perder tempo ten-tando reeducar búfalos que adquirirammaus hábitos. Eles são muito teimosos,e dificilmente teríamos sucesso.

9 - Que alguns búfalos, em razão do for-mato de seus chifres, podem seenganchar em cipós, galhos, inclusivearames. Se o arame não se romper, oanimal pode ficar preso a ele, sem con-seguir se soltar. Se o arame romper,pode ser que esse simples acidente setransforme em hábito. As sugestõesabaixo, podem evitar tais problemas :

- Manter rebaixada, por roçada, uma fai-xa de 1,00 metro de largura, do pastovizinho, principalmente quando o dosbúfalos estiver debilitado e o contíguocom bastante oferta de capim. Isso evi-ta que o animal fique introduzindo suacabeça pelos vãos dos arames, e aca-be se enganchando.

Utilizar arames resistentes e aumentarvigilância, inclusive para diminuir orisco de perda de animais enroscados.

- Mochar seus animais, preferivelmen-te nos primeiros dias de vida, terminan-do gradativamente com os animais dechifre do rebanho. Os machos nemprecisariam ser mochados, pois antesque seus chifres se transformem emproblemas, já terão sido abatidos.

10 - O bubalinocultor deve também saberque existem animais que não se adap-tam a um determinado grupo, sendoconstantemente perseguido por vári-os componentes do lote. É normal eaceitável que o grupo rejeite, logo deinicio, a introdução de um novo com-ponente. No entanto, se essa reaçãonão se amenizar dentro de algum tem-po, o animal rejeitado deverá ser retira-do daquele convívio.

(As vezes é um animal líder, com hábi-tos de agredir novos componentes dogrupo, que deverá ser retirado doplantel).

11 - Que devemos ficar sempre atentos.Os búfalos não falam, mas podem secomunicar conosco através de algu-mas atitudes. Basta que estejamosdispostos a entendê-los. Vejamos umexemplo:

Aquele nosso lote de búfalos, confi-nado a uma pastagem “rapada”, ao cairda tarde, poderá postar-se ao lado deuma cerca. Com essa atitude, esse gru-po de animais está querendo nos di-zer que assim como está, não dá pracontinuar. Deveremos sabercompreendê-los, tomando as devidasprovidências...

(Nunca vivenciamos experiências comuso de cercas eletrificadas no manejode búfalos).

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PARÁ

APCB promove discussãosobre bubalinocultura naAssembléia Legislativa doEstado do Pará

A APCB participou em 25/11/2004 desessão na Assembléia Legislativa do Paráque tratou do desenvolvimento dabubalinocultura paraense com a presençado secretário executivo de Agricultura,Francisco Victer.

O Estado do Pará possui o maior reba-nho de búfalos das Américas, com 1,5 mi-lhão de cabeças. No Brasil são 3,5 milhõesde cabeças. A produtividade destes animaisé de 4 a 5 litros de leite/dia, que representa50% a mais que a produtividade do leitebovino.

Durante a sessão, também foram apon-tadas as qualidades da carne de búfalo quetem 40% menos colesterol, 55% menos ca-lorias, 11% mais proteínas e 12 vezes me-nos gordura.

O trabalho de fomento a bubalinoculturano Estado teve início em 1997, com a cria-ção da Associação Paraense de Criadoresde Búfalo (APCB). Desde então, este gru-po vem batalhando para melhorar a quali-dade genética dos animais, o preço e a di-vulgação do búfalo.

De acordo com Francisco Victer, o Go-verno do Estado vê a bubalinocultura comouma atividade viável, por isso tem apoiadoo setor. Entre as propostas apresentadasaos deputados pela APCB estão o incenti-vo à agroindústria para beneficiamento dacarne e agroindústria de laticínios, incenti-vo à pesquisa e inovação tecnológica e aquestão da tributação e incentivos fiscais.

Fonte: Sagri - Secretaria Executiva de Agricultura doPará - Notícias - Novembro 2004

http://www.sagri.pa.gov.br/noticias_novembro2004.htm

3ª Prova de Ganho dePeso de Búfalos.

Melhorar o padrão produtivo dos bú-falos no Brasil é o objetivo de mais umcontrato de cooperação técnica entre aEmbrapa Amazônia Oriental e a Associa-ção Paraense de Criadores de Búfalos. Ocontrato, que foi assinado pelo chefe ge-

MOSAICO DE NOTÍCIASral da instituição, Jorge Yared, e pelo dire-tor da APCB, Rolf Ericksen, vai viabilizar arealização da “3ª Prova de Ganho de Pesode Búfalos Murrah em sistemasilvipastorial e pastejo rotacionado inten-sivo com suplementação alimentar”. Tra-ta-se de uma competição entre os melho-res animais de criadores da região e daEmbrapa, onde serão destacados um dotipo elite e quatro do tipo superiores.

Durante a assinatura do convênio, Jor-ge Yared ressaltou que a parceria da insti-tuição com a APCB é histórica na região eque a pesquisa é feita para quem vai se uti-lizar dela. O chefe geral falou ainda que apesquisa em bubalinocultura voltará a ocu-par o devido espaço dentro da empresa,para isso já está sendo viabilizada acontratação de mais profissionais dessaárea, bem como estabelecimento de novase fortalecimento de antigas parcerias.

Um dos diretores da Associação, o pro-dutor Rolf Ericksen, colocou a APCB à dis-posição da Embrapa Amazônia Oriental edisse que esse convênio é importante poisestabelece com a prova de ganho de peso,uma oportunidade de mostrar apotencialidade do búfalo e disponibilizaranimais testados para a comunidade.

Durante período da prova, vinte e seisbúfalos serão acompanhados e avaliadospelo desempenho de itens como altura, lar-gura da garupa, produção de sêmen e ou-tras características raciais. Eles serão ob-servados em sistemas silvipastoris depastejo rotacionado intensivo, comsuplementação alimentar.

De acordo com o pesquisador José deBrito Lourenço Júnior, da Embrapa, que écoordenador técnico da prova, após os 10meses, os melhores animais terão o sêmencoletado pela Central de Biotecnologia deReprodução Animal, da Universidade Fe-deral do Pará, para posteriorcomercialização em outros estados brasi-leiros e até mesmo em outros países daAmérica Latina, como Venezuela, Colômbia,Argentina e Peru, para que se melhore opadrão genético dos animais.

A “3ª Prova de Ganho de Peso de Búfa-los Murrah em sistema silvipastorial epastejo rotacionado intensivo comsuplementação alimentar” faz parte do pro-jeto “Biotecnias na Produção de Búfalos

Melhoradores para Carne e Leite”, coorde-nado pela Embrapa Amazônia Oriental.

Genômica de Búfalos

O projeto genômica de búfalos temcomo interesse realizar investigaçõoes acer-ca da estrutura e funções do genoma dobúfalo de rio. O projeto conta com diversasparcerias nacionais e internacionais ondedestacam-se colaborações com o Campusde São José do Rio Preto da UniversidadeEstadual Paulista, o Departamento de Pa-tologia Veterinária da Texas A & MUniversity da College Station dos EstadosUnidos e o Instituto de Medicina Veteriná-ria da Georg August Universitat emGottingen, Alemanha.

O projeto, com o título “O genoma fun-cional do búfalo: a biotecnologia aplicadaà localização e expressão de genes de inte-resse econômico” é liderado pela pesqui-sadora Maria Paula Cruz Schneider da Uni-versidade Federal do Pará e conta comaporte de R$ 239.900,00 do CNPq

Fonte: site CNPq - Pronex

Programa de Incentivo

Foi aprovado no Conselho Estadual deDesenvolvimento Rural Sustentável o“PROGRAMA DE INCENTIVO A CRIA-ÇÃO DE BÚFALOS POR PEQUENOS PRO-DUTORES”, para criação de 20 búfalas, umreprodutor e 17 crias, em área de pastagemde 10 ha, em regime de pastejo rotacionadointensivo e cercas eletrificadas, em sistemasilvipastoril. O Programa será financiadocom recursos do PRONAF - Programa Na-cional de Agricultura Familiar, através deInstituições de Crédito da Rede Pública, taiscomo o Banco da Amazônia S.A - Basa,Banco do Brasil S.A - BB, no valor de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais). A taxa dejuros efetivos será de 4% ao ano e bônusde adimplência de 25%, para os mutuáriosque pagarem integralmente, até a data dorespectivo vencimento. Serão necessáriosdois avais idôneos, sendo um da Coopera-tiva/Associação e outro do(a)cooperado(a)/associado(a)/beneficiário(a).Estarão aptos a obter o financiamento, pe-quenos produtores do Estado do Pará, quetenham a posse ou propriedade de um loteagrícola mínimo de 25 ha, preferencialmen-te, com pelo menos 10 ha de pasto, possu-am experiência no manejo de gado e este-

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jam localizados em regiões onde existamusinas de beneficiamento de leite. Outrapossibilidade é a aquisição e implantaçãode mini usinas de beneficiamento, atravésde Associações de Produtores, as quais,também, poderão ser financiadas pelo Pro-grama.

Maiores informações Associação Paraense de Criadoresde Búfalos - APCB - Avenida Almirante Barroso, 5386 -

Parque de Exposições - Entroncamento.Fone: (0xx91) 243.3373

AMAZONAS

Laticinio Vô Batista

O laticínio Vô Batista, passou a proces-sar em média 700 lts de leite dia, segundo oDr. José Rogério a fazenda Porangaba pro-duz em torno de 250 lts e o restante é adqui-rido na bacia leiteira de Itacoatiara.A fabricação de minas frecal e mozzarella,são os principais produtos da empresa, queatende diversos segmentos de mercado emManaus.

Fonte: José Rogério

Demanda aquecida

Segundo o bubalinocultor FranciscoOliveira, é notório o crescimento da procu-ra de matrizes bubalinas e por sub produ-tos desta espécie. No município deAutazes, sede da fazenda União, a ofertanão atende a demanda, sendo necessárioadquirir gado no baixo Amazonas ou noestado do Pará.

Fonte : Francisco Oliveira

Inseminação Artificial

Na fazenda Carabao, aconteceu maisuma visita técnica do pesquisador PietroBaruselli, que conferiu o resultado do 3oano do programa de I.A. Segundo o Dr.Pietro, a Carabal vem obtendo resultadossemelhantes aos das melhores fazendasde SP, o que mostra que esta técnica éviável na Amazônia. Nesta oportunidadehouve a participação de profissionais daSEPROR, de alunos e criadores. Foi co-municado aos participantes a chegada dosêmen dos touros Mallandrino III, Jafar eCapovila, elevando para 14 o número de

touros disponíveis.

Houve também a inauguração do novolaticínio da marca Di Bufalla, contando commodernos equipamentos da SULINOX ecom treinamento do mestre queijeiro PaoloMortero, de Cagliari-Itália e do técnico doIDAM, Sr. Nailson Vizolli.

Fonte: Rodrigo B. Pinheiro

PERNAMBUCO

Ricardo Rodrigues assu-me a Secretaria de Pro-dução Rural dePernambuco

O presidente da Associação deBubalinocultores de Pernambuco,(ASBUPE), diretor para o Nordeste daABCB e presidente e da Sociedade Nor-destina dos Criadores (SNC), RicardoRodrigues, foi nomeado pelo GovernadorJarbas Vasconcelos para assumir o cargode Secretário de Produção Rural dePernambuco.

Em função de suas novas atribuições, aorganização do 3º Encontro Nacional deBubalinocultores, previsto para o períodode 15 a 17 de Outubro de 2.005 em Recife-PE passa à responsabilidade do Zootecnistae Técnico da ABCB Rafael Vargas, junta-mente com UFPE.

MINAS GERAIS

O búfalo marca presençana 1ª SuperAgro

Buscando marcar o início de uma novafase no calendário de eventos de agricultu-ra e pecuária em Minas Gerais, contandocom apoio do governo mineiro e diversasentidades representativas da iniciativa pri-vada foi programada a 1ª Superagro, para operíodo de 02 a 05 de junho de 2.005 nocomplexo da Gameleira em Belo Horizonteem que concomitantemente à 45ª Exposi-ção Agropecuária, estão sendo programa-dos diversos eventos paralelos tais como aExpocachaça, além de cursos, palestras,workshops e ainda uma mostra dos princi-

pais produtores de bens de consumo durá-veis e outros segmentos industriais.

Num evento que espera atrair um públi-co de mais de 100 mil pessoas, os búfalosmais uma vez deverão marcar sua presençanum Estado em que a bubalinocultura vemapresentando uma das mais expressivas ta-xas de crescimento do país, sendo sua par-ticipação coordenada pelo criador Mauri-cio Lapertosa, da Fazenda e LaticínioBelcon. Durante a mostra está programadoum leilão de bubalinos oferecendo novilhase reprodutores de aptidão leiteira no últimodia da mostra.

Associação Mineira pro-move mais um EncontroRegional

A AMB, dentro de seu programa de di-fusão da bubalinocultura no Estado, e comapoio do Núcleo de Bubalinocultura daEscola de Veterinária da UFMG, realizou noúltimo dia 30/04/05 mais um Encontro deCriadores, desta vez na FazendaCachoeirinha localizada em Cachoeira daPrata - MG, de propriedade do Sr DomicioMaciel e contou com a participação de 80pessoas, sendo 30 estudantes e 50 criado-res de várias regiões do Estado, tais comoBrumadinho, Araxá, Montes Claros e daRegião Metropolitana de Belo Horizonte.

No Encontro, além da visita à proprieda-de foram realizadas as seguintes palestras:

Situação atual da bubalinocultura mi-neira (Profa Dra Simone KoprowskiGarcia - EV-UFMG)

Convênio AMB / EV-UFMG (Profa Dra

Denise A. A. de Oliveira - EV-UFMG)

Nutrição da búfala em lactação comparâmetros italianos (Dr. EduardoBastianetto - Médico Veterinário, AMB)

O convênio de cooperação técnico ci-entífica da AMB com a EV-UFMG deveráser assinado nas próximas semanas. Já es-tão sendo realizadas algumas pesquisasnas áreas de genética, sanidade animal ecaracterização dos produtores nas propri-edades de alguns dos associados.

Fonte: Eduardo Bastianetto Diretor de Informatização,Comunicação e Eventos da AMB

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Uma das primeiras preocupações doCIGS (Centro de Instrução de Guer-ra da Selva) era resolver a questão

do transporte de armas, munição, água, ra-ções e outros equipamentos por frações detropas empenhadas em guerra de selva.

Na busca de um meio de transporte efi-ciente e de baixo custo para o ressuprimentonas operações na selva, tentou-se a utiliza-ção de animais de carga ou que pudessemser adestrados para esse fim. Uma das pri-meiras tentativas foi com a utilização de umaanta, criada desde cedo no zoológico doCentro com este fim, colocando-se cangalhae administrando-se pequenos pesos emcestos que eram fixados em seu lombo. Con-forme relatos obtidos com o Sr João, mateirodo CIGS, esta idéia não foi concretizadaporque o animal reagia e saía pinoteandodentro do seu recinto no zoológico.

Outra tentativa, também frustrada, masque começou a demonstrar a validade doconceito da utilização de animais, foi exe-cutada a partir de 1983 com a utilização demuares carregados com cerca de 60 Kg desuprimentos, montados sobre cangalhasconfeccionadas com palha. O “Seu João”participou do trabalho e, segundo ele, omuar não passou do primeiro socavão de-vido à existência de um acentuadochavascal a cerca de 800 metros da base.Neste lugar, o animal empacou e não quissair do local. O projeto foi abandonado pelainaptidão do animal para o ambiente de sel-va, tendo apresentado também sérios pro-blemas com o apodrecimento de cascos edoenças de natureza epidérmica.

Mais recentemente, no ano de 2000, aDivisão de Doutrina e Pesquisa desenvol-veu outro Projeto, empregando-se a bici-cleta para o transporte de carga. Esta idéiasurgiu a partir do estudo de técnicas espe-ciais de ressuprimento utilizadas pelosvietnamitas na guerra contra os EUA, nofinal da década de 60 e início da de 70 ondea fisiografia da selva possibilitava a aber-tura de trilhas e o largo emprego da mão deobra farta e barata, daquele país.

Devido ao grande esforço físicodispendido pelo homem para empurrar a bi-cicleta, ela não foi aprovada como sendo umaopção para a logística no interior da selva.

Em 2000, teve início com o ProjetoLogístico 2–Técnicas especiais deRessuprimento nas Operações na Selva oemprego do búfalo, a partir de um trabalho

Projeto Búfalo

de pesquisa que visava minorar as dificul-dades de transporte de cargas no interiorda floresta.

A idéia de se empregar o búfalo partiude um cartão postal. Neste cartão se retra-tava a utilização do animal para fins depatrulhamento pela 5ª Companhia Indepen-dente da Polícia Militar na cidade de Soure,na ilha do Marajó- PA.

Já criado com sucesso na Amazônia empelo menos quatro raças, o búfalo é rústicoe possui diversas características que foramao encontro das necessidades militares parao emprego de animais.

Recursos MateriaisEmpregados

No início do Projeto, o objetivo primor-dial era domesticar os animais, passandopara eles condições que viessem a facilitaro cumprimento das metas estabelecidas naProposta de trabalho apresentada ao CMA.

Desde a fase inicial, foi buscado o de-senvolvimento de um colete que pudes-se acondicionar o material que iria ser car-regado ou seja, no primeiro momento erafundamental que o animal se acostumas-

se com algo sobre o seu lombo. Para tan-to, foi desenvolvido um tipo de coletedenominado pela equipe como “coletetático transportador”.

Com o andamento dos trabalhos, hou-ve a necessidade de aprimoramento destesmateriais. A cada nova investida na selva,uma nova idéia surgia e era aplicada de ime-diato. A última versão do colete tático trans-portador foi aplicada na Operação BúfalaAérea, com resultados bastantesatisfatórios. Este material foi uma impor-tante alteração realizada porque passou afacilitar a montagem e desmontagem dosbolsos nos coletes. Vários tipos foram tes-tados, permitindo se chegar a um modeloideal para os trabalhos.

O búfalo tem demonstrado ser uma dassoluções para as necessidades das tropas deselva brasileiras, devido à resistência do ani-mal, sua adaptação ao ambiente e, principal-mente, à sua capacidade de transportar 400kg ou mais de carga no lombo, ou até trêsvezes isso quando tracionando carroças.

Por ser um animal que não exige pastode qualidade pode ser criado em pequenosrebanhos, comendo aquilo que a selva ofe-rece. Em operação com a participação daMarinha, Exército e Força Aérea foram tes-tadas todas as possibilidades de utilizaçãodos búfalos: integrados às atividades mili-tares, realizaram travessia de cursos d’água,infiltração através da selva e transporte depeças de artilharia.

A utilização desses animais ainda podeproporcionar, em situações de crise, um“estoque” de carne fresca para as tropasempregadas na selva, da mesma maneiracomo era utilizado o gado nas antigas ex-pedições de nossos Bandeirantes.

Um búfalo da raça Mediterrâneo equipado com o colete especialmente desenvolvido pelo CIGS para otransporte de suprimentos diversos. O animal, equipado com este colete, suporta o seu próprio peso em carga, ou

cerca de 400 kg (Foto: CIGS).

Major Júlio César e Revista Segurança e Defesa

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CONSANGUINIDADEOtavio Bernardes - SP (Baseado em monografia de William Koury Filho - Zootecnista - [email protected])

Cada animal possui no núcleo de suascélulas diversos cromossomosagrupados em pares, formados por

estruturas denominadas DNA. As “unida-des básicas” do DNA, responsáveis pelaexpressão das características do indivíduosão denominadas genes, que,simplificadamente seriam “um pedacinho doDNA”, cuja localização é denominada locus.Certas características dos indivíduos sãodependentes de um único par de genes (cordos olhos, por exemplo) localizadas do mes-mo locus dos pares de cromossomos, jáoutras, dependem de uma combinação dediversos genes (produção leiteira por exem-plo). Na reprodução, cada animal recebe50% de seus genes do pai (espermatozóide),e 50% dos genes da mãe (óvulo).

Num acasalamento de dois indivídu-os, quanto mais aparentados forem eles,maiores as chances de que seus descen-dentes possuam um percentual maior degenes idênticos (homozigose), que seriamcópias do gene presente no ancestral emcomum e que se transmitem aos filhos,ocorrendo o inverso, quanto menos foremaparentados os ancestrais em comum(heterozigose). Lembremos que todos osanimais dentro de uma população têm al-guma relação entre si posto que descen-deram em algum lugar e em algum momen-to de algum ancestral em comum.

A fim de avaliar o “grau de parentesco”ou probabilidade de existência de genes emcomum com seus ancestrais foi definido umcoeficiente de consangüinidade ou deendogamia que é a metade do grau de pa-rentesco entre os pais do indivíduo, expres-so em porcentagem e é medida pelos an-cestrais em comum que o mesmo possui deforma que quanto mais aparentados foremos ancestrais, maior a endogamia no seuacasalamento e portanto, maiores aschances de possuir genes idênticos ao dosancestrais comuns.

Exemplo de alguns acasalamentosendogâmicos e seus respectivos coeficien-tes de endogamia:

Teoricamente uma maior freqüência degenes idênticos responsáveis por caracte-rísticas positivas (produtivas, por exemplo)num indivíduo é um dos objetivos do pro-cesso de melhoramento dos rebanhos, as-sim, pareceria lógico que se acasalássemosindivíduos de alta produtividade aparenta-dos entre si teríamos maiores chances deobtermos uma progênie igualmente maisprodutiva.

RAZOOK (1977), em um amplo trabalhode revisão, relata a utilização da endogamiaaté mesmo para formação de raças de cortee leite de valor indiscutível, como Hereford,Shorthorn, Holstein-Friesian e outras, ter-minando por dizer que a mesmaconsangüinidade deve ter tido um papelbastante significante na formação das ra-ças zebuínas.

Ocorre porém, que, com a maiorconsangüinidade, também os genes “ne-gativos” presentes nos ancestrais se apre-sentariam com maior freqüência nos des-cendentes. Ou seja,a endogamia em si, nãoproduz genes deletérios ou que causemanomalias congênitas, mas, se presentesnos pais, podem levar a um aumento de suafreqüência nos descendentes emhomozigose (genes idênticos no mesmolocus dos pares de cromossomos) e, algu-mas doenças somente se manifestam quan-do em homozigose, como a acondroplasia,a agnatia,; cabeça Bulldogue ouprognatismo; hérnia cerebral, espasmos le-tais congênitos; catarata congênita; mem-bros curvos; epilepsia; lábio leporino;alopecia, hidrocefalia, hipoplasia de ovárioou testículo, espinha curta; hérnia umbili-cal, cauda torcida, entre outras, sendo al-gumas delas letais.

Problemas que surgem com a utilizaçãoda endogamia que são letais ou semiletaissão facilmente identificados, mas pequenos“problemas” que na verdade são combina-ções gênicas desfavoráveis, não são facil-mente identificados, e estas combinaçõesindesejadas ocorrendo no indivíduo, levaao que se conhece por depressãoendogâmica, pela qual, a partir de um certograu de consangüinidade ao invés de ob-servarmos uma melhora das característicaspresentes nos pais, observa-se uma redu-ção nas mesmas.

Vários são os estudos em que se de-

monstram perdas por depressãoendogâmica, como o de SMITH et al. (1998),que trabalharam com vacas holandesas, ecalcularam que para cada 1% de aumentono coeficiente de endogamia, houve perdaaproximada de 37 kg de leite, 1,2 kg de gor-dura, 1,2 kg de proteína por lactação, alémda idade ao primeiro parto ter aumentadoem 0,4 dias, o intervalo entre partos em 0,3e a vida produtiva diminuído em 13,1 dias.SCHENKEL et al. (2002), trabalhando comarquivos da ABCZ, estimaram que, na mé-dia das raças zebuínas, para cada 10% deaumento na endogamia individual, o ganhomédio diário ajustado para 205 dias e o para550 dias foram reduzidos em 1,7% e 2,1%em relação a média da população estudada.Baseado na literatura, pode-se dizer gros-seiramente que a cada incremento em 10%no coeficiente de endogamia, há depressãode 2% a 7% nas características de vigor,produtivas e reprodutivas. JOHANSSON &RENDEL (1968), mencionam trabalhos nor-te americanos a respeito da influência daconsangüinidade que apontam para perdasem características reprodutivas e de vigor,e que relatam a ocorrência de uma mortali-dade embrionária 15% mais alta, no caso devaca consangüínea, e ainda maiores, quan-do a vaca consangüínea foi acasalada comtouro aparentado com ela própria. Outroresultado bastante expressivo, foi o de 36%de prenhes diagnosticada de touros con-sangüíneos acasalados com vacas consan-güíneas, contra 65,7% entre acasalamentosde animais não aparentados e não-consan-güíneos.

Por outro lado, certas característicasprodutivas melhoram em indivíduos combaixos níveis de consangüinidade(heterose ou “vigor híbrido”) em decorrên-cia das combinações gênicas favoráveis,conseqüência do aumento de genes emheterozigose. Esse aumento em desempe-nho é somente, parcialmente transmitido àsfuturas gerações, e é conseguido principal-mente com um acasalamento bem sucedido

A natureza é sábia, e com este tipo demecanismo permite uma maior sobrevivên-cia de indivíduos não consangüíneos, man-tendo assim uma maior variabilidade gené-tica nas espécies, dificultando que as mes-mas possam vir a se extinguir devido à faltade adaptação a alguma adversidade do am-biente.

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A despeito de ser possível a utilizaçãoda endogamia no processo de melhoramen-to JOHANSSON & RENDEL (1968), cita-dos por RAZOOK (1977), trabalhando comrebanhos consangüíneos e posteriormentecruzando as diferentes linhagens em gadoHolandês concluem que: “A imprevisi-bilidade da consangüinidade em rebanhosde diferentes origens, a tendência a umaredução da eficiência produtiva e a falta deuniformidade na “performance” de indiví-duos consangüíneos desencorajam o de-senvolvimento de linhagens consangüíne-as como meio geral para melhoramento dogado leiteiro. O desenvolvimento e a ma-nutenção de linhagens consangüíneas serámuito oneroso e o cruzamento de tais li-nhagens pode não favorecer indivíduos cla-ramente superiores a indivíduos proveni-entes de cruzamento com outros rebanhosexteriores não consangüíneos.”

O fato é que a endogamia acarreta emperdas produtivas e reprodutivas, porémtrabalhar linhagens em moderados níveisde parentesco de um ancestral provado,pode ser uma boa opção para imprimir ca-racterísticas desejadas de uma determina-da família.

Em função disso, a recomendação geralnos processos de melhoramento dos reba-nhos tem sido a de se buscar acasalar ani-mais de alto potencial produtivo, porém,com o menor coeficiente de endogamia pos-sível, visando aumentar nos descendentesa presença de genes responsáveis pelascaracterísticas que se busca (raciais, pro-dutivas, de conformação, etc.) ao mesmotempo em que se evita a referida “depres-são endogâmica” e paralelamente se con-segue obter algum grau de heterose.

Modernos métodos de avaliação gené-tica e aplicáveis a grandes contingentespopulacionais (como o BLUP-modelo ani-mal), têm permitido a identificação dos in-divíduos de melhor potencial genético parauma determinada característica ou grupo decaracterísticas almejadas, e são expressosem índices como BV (Breeding Value), PTA(habilidade de transmissão), DEP (desen-volvimento esperado na progênie) de ex-pressão quantitativa e que permitem “clas-sificar” os animais em função das caracte-

rísticas avaliadas e costumam ser divulga-dos nos tradicionais “rankings” e “sumári-os”. As modernas biotecnologias de repro-dução (inseminação artificial, transferênciade embriões, e quem sabe até mesmo aclonagem no futuro) e sua popularização,têm permitido a rápida multiplicação de umdeterminado indivíduo o que vem ocorren-do em nosso meio por exemplo em zebuínosonde se busca multiplicar os animais me-lhores classificados nos sumários.

Uma das conseqüências são resultadospreocupantes como os publicados por FA-RIA et al. (2001), que observou que, noperíodo de 1994 a 1998, apenas 10 tourosforam pais de 19,3% dos animais da raçaNelore nascidos no Brasil e, ainda que oaumento de consangüinidade por geraçãona raça tem sido da mesma magnitude daque se observaria em uma pequena popu-lação, constituída de 34 machos e 34 fême-as acasalando-se ao acaso e deixando umcasal de filhos cada.

A bubalinocultura brasileira, ainda quepor motivos diversos tais como: baixo vo-lume de importações, pequena quantidadede rebanhos sob controle zootécnico, bai-xo intercâmbio comercial inter-regional, etcpotencialmente tem os mesmos problemasdescritos para os zebuínos. Numa fase ini-cial, principalmente a partir das décadas de70-80, despertou-se enorme interesse entreos criadores na busca de animais com pa-drões raciais bem definidos, o que mais fa-cilmente era obtido com a utilização de ani-mais descendentes dos importados origi-nais e suas progênies, a quem se denomi-nam “POI”, que quantitativamente, eram emreduzidíssimo número, resultando que re-banhos que buscavam se fechar em tais li-nhagens, certamente possuem alto grau deendogamia.

As raras importações de material ge-nético principalmente a partir da décadade 60 ( sêmen da Bulgária e da Itália, ealguns poucos exemplares italianos), adespeito de terem sido muito pouco utili-zadas em nosso meio, também provinhamde rebanhos com elevado grau deconsangüinidade (na Itália, por exemplo,há séculos não existe a introdução de ani-mais de outros países e os dois animais

com sêmen búlgaro introduzido no paíseram filhos da mesma mãe).

A dificuldade de utilização de animais“puros” porém acabou favorecendo osacasalamentos visando formações raciaispor “absorção”, passíveis de registro emLivro Aberto (LA) e após algumas gerações,reconhecidos como puros o que, se por umlado acaba gerando animais com menorrepetibilidade de características em suasprogênies para perfeito enquadramento nospadrões raciais admitidos, por outro lado,carregam menor dose de consangüinidade,o que evita seus efeitos depressivos nascaracterísticas de interesse econômico.

Em trabalho apresentado no Congres-so das Filipinas em 2004, Ramos et al. aferi-ram os efeitos de depressão endogâmicana produção leiteira de búfalos no Brasil,concluindo que a mesma ocorre quando ocoeficiente de endogamia ultrapassa 6-7%,conclusão de certa forma concordante comtrabalho de Vasconcelos que em rebanhocom coeficiente médio de consangüinidadede 6%, não havia observado depressão daprodução leiteira atribuível a tais níveis deconsangüinidade,

Infelizmente no Brasil são ainda poucocomuns propriedades que submetam seusrebanhos a controle zootécnico egenealógico resultando daí que, na elabo-ração de avaliações de potencial genéticoprodutivo, somente uma pequena parcelado rebanho tem sido avaliada utilizando-seas técnicas hoje disponíveis o que, se per-sistindo, acabará por identificar poucosanimais de mérito superior e conseqüente-mente, uma superutilização dos mesmos ecom conseqüente aumento daconsangüinidade de nossos rebanhos, ten-dência já constatada no trabalho de Ramose que, a exemplo dos zebuínos, poderá setransformar num problema.

Acreditamos que a diversidade de nos-so “rebanho de base”, formado principal-mente por animais mestiços e LA, caso des-pertem os criadores para a necessidade docontrole zootécnico e genealógico de seusrebanhos, permitiria que identificássemos emmaior quantidade indivíduos de mérito pro-dutivo superior e não consangüíneos, redu-zindo tal problema em potencial.

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Carne de Búfalo: Cadê Você ?

Existe uma situação verdadeiramenteconstrangedora, que deixa todo equalquer bubalinocultor de “saia

justa”. É quando freqüentemente lhes soli-citam informações a respeito dos pontosde venda onde a carne de búfalo pode serencontrada. Esse mal estar decorre do fatode que na esmagadora maioria das vezes,nem ele nem ninguém sabe responder essapergunta, por um motivo tão simples quan-to inadmissível. É que o búfalo, quandoembarca da fazenda rumo ao frigorífico, ime-diatamente se transforma em boi!

Não interessa entrarmos em divagaçõespara sabermos se o consumidor está com-prando gato por lebre, ou lebre por gato.Pouco importa se o produto que o mercadoestá lhe impingindo é de melhor ou piorqualidade. Basta darmos conta de que essaprática vem desrespeitando um dos maisbásicos direitos do consumidor, que é pos-suir verdadeiro conhecimento daquilo queestá adquirindo.

Esta prática transformista, também tráscomo conseqüência, a desvalorização dosbúfalos perante a opinião pública, e o ine-vitável desmerecimento dos seus criadores,na medida em que é interpretada de imedia-to e pejorativamente, como maquiagem uti-lizada para comercializar um produto dequalidade inferior.

Sobram aos bubalinocultores, além doconstrangimento a que já nos referimos, anotória posição de inferioridade, presentena hora da comercialização dos seus ani-mais, sem identificação, anônimos,apócrifos!

Se vender búfalo por boi é um desres-peito ao consumidor, e prejudica financei-ramente o bubalinocultor, então porqueisso é feito?

Podemos facilmente ressaltar 2 fortes edeterminantes motivos:

1 - Com “perdão da palavra” e não que-rendo faltar com o devido respeito, nãopodemos nos furtar a colocar a primei-ra culpa, no colo de Deus ! (Será queDeus tem colo ?) Explicamos melhor:Se nosso pai todo poderoso, ao criar obúfalo, tivesse tido a simples idéia defazê-lo com gosto de búfalo, bem dife-rente do gosto do boi, nada disto esta-ria acontecendo. Da mesma forma queninguém pensa vender porco por car-neiro, nem peixe por galinha, ninguémousaria tentar vender búfalo por boi

ou boi por búfalo....

2 - A segunda culpacabe à uma das maisinexoráveis leis domercado, qual seja aexigência da tãofamigerada quantoimportantíssima esca-la de produção!

O “tamanho” da esca-la varia com o tempo, comos processos e sistemasprodutivos, logísticos,etc. Algumas rápidas lem-branças práticas e corri-queiras, da evolução so-frida nos últimos 40 ou 50anos, pela pecuária de cor-te paulista, nos ajudam noentendimento dessa ques-tão: Naquele tempo, todo gado era trans-portado “tocado por terra”, por peões à ca-valo ou burro. Soa engraçado, mas era as-sim que se falava : “tocado por terra” – comose também pudesse ser “tocado por ar”....Os bois tinham vida longa, viviam pelomenos o dobro do que hoje. Também pude-ra ! Sem qualquer “genética”, muito menosmanejo, nasciam nos cerrados de Goiás ouMato Grosso, antes do advento dasbrachiarias, e viviam na estrada, viajando...Na desmama eram levados “por terra”, mui-tos e muitos pousos adiante, para seremrecriados. Após recria, algumas aftosascontraídas e vários outros pousos adiante,eram engordados, para fazerem sua últimaviagem, também “por terra”, até o frigorífi-co. Se passassem de 15 @ no gancho, seusinvernistas contavam a façanha a seus ami-gos, com os peitos inflados de orgulho. Suascarcaças serviam aos varejistas dos gran-des centros urbanos enquanto os açou-gueiros das pequenas cidades interioranas,tinham de abastecer seus estabelecimen-tos com vacas velhas ou bois de “frieiras”adquiridos dos fazendeiros locais. Se osbichos fossem razoavelmente mansos esaudáveis, seguiam “por terra”, até os ma-tadouros municipais, se eram fracos oumuito ariscos, eram mortos no local de ori-gem, debaixo de uma árvore “ajeitada” paraessa finalidade.

Tais açougueiros conseguiam sobrevi-ver abatendo, picando e vendendo, apenas2 ou 3 cabeças por semana, e por total au-sência de escala, eram desprezados os cou-ros, miudezas, etc.

Hoje o panorama visto da ponte é ou-tro: Os pequenos varejistas fecharam suasportas, por falta de escala.

Os matadouros municipais estão se tor-nando obsoletos, sem utilização, por faltade escala. Aqueles açougueiros medianos,que comercializam 10 ou 12 cabeças porsemana, e que ainda não cerraram suas por-tas, preferem adquirir suas carcaças direta-mente dos frigoríficos, por serem mais ba-ratas e de qualidade superior. Motivo: Sim-plesmente porque os frigoríficos trabalhamcom escala de produção, e isso lhes pro-piciam agregar valor a todos sub produtosdos animais, como couros, vísceras, etc.Essa agregação de valor aos sub produtos,chegou a tal ponto, que frigoríficos pres-tam serviços de abate, totalmente “gratui-tos”, pagando-se exclusivamente com eles.Mais que isso : alguns frigoríficos aindaoferecem, por conta dos sub produtos, otransporte para o gado que será abatido,desde que dentro de um raio de até 100 km.

Tudo isso é simples “milagre” da talescala de produção!

Após estas rápidas reminiscências econstatações, fica claro que o búfalo, noterreno das “escalas” exigidas pelos gran-des frigoríficos, sempre levará desvantagemcom o boi. A falta de escala atrapalha até nahora do abate, pois o magarefe tem que im-provisar o ato, se utilizando de um instru-mento projetado e concebido para bovinos,de diferente anatomia. Se na hora em queas carcaças são comercializadas, desgraça-damente vira tudo farinha do mesmo saco,com o couro não dá pra agir assim, e a falta

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de escala também acaba complicando. A ve-locidade com que cresce a exigência de es-cala no mercado, sempre será maior que avelocidade de crescimento do rebanhobubalino.

Resta ao búfalo encontrar e construirsua própria cadeia de carne no mercado, aqual a nosso ver, deve ser distante, isoladae apartada dos grandes frigoríficos. Méri-tos não lhe faltam, pelo contrário, sobram-lhe, testemunhados por seus fantásticosíndices produtivos, e pela saudável rique-za de sua carne.

É nessa humilde e persistente luta, quemuitos bubalinocultores estão se empenhan-do em diversas regiões brasileiras, a cons-truir cadeias de carne bubalina, capazes dedriblar a famigerada falta de escala. Todos,indistintamente, merecem nosso aplauso,nosso apoio, extensivos àqueles, que moti-vados por circunstâncias diversas, já encer-raram suas atividades, por eles terem igual-mente contribuído e participado de maneiraimportante, na evolução e formatação dascadeias viáveis da carne bubalina.

Vejamos algumas dessas iniciativas:Comecemos por narrar as experiênciasvivenciadas por João Ghaspar de Almeida eManoel Osório L. de Almeida,bubalinocultores em Uruguaiana – RS, nasegunda metade dos anos 90. Durante cercade 5 anos eles mantiveram uma parceria co-mercial com a empresa Wessel, de São Pau-lo, atuante na área de carnes nobres especi-ais. Após várias experiências iniciais, con-cluíram que os búfalos super jovens gera-vam produtos de maior aceitação aos clien-tes daquele tipo de comercio de carne, e as-sim sendo a parceria baseou-se nesses ani-mais. Os mesmos eram abatidos, quase sem-pre na desmama, em frigoríficos próximosao criatório, e suas carcaças eram enviadasquinzenalmente para São Paulo. Os preçoseram pré-estabelecidos, e válidos por lon-gos períodos. Para poder manter a regulari-

dade nos forneci-mentos, os produ-tores, tinham quecongelar parte dascargas na safra,para entregá-las naentressafra. Essaparceria só foi in-terrompida, quan-do foram criadasbarreiras sanitáriasque impediram oenvio de carne ga-úcha para outrosestados, em razãodo surgimento de

focos de aftosa na região.

Desse trabalho intensamente vivenciado,sobraram algumas firmes conclusões queJoão Ghaspar faz questão de citar:

1 - O produtor de búfalos para carne, énormalmente um apaixonado poraquilo que faz, e pelo animal que cria,e acaba não obedecendo a mais ele-mentar das regras de comercio: Quemmanda e determina é o consumidor fi-nal, que compra a carne de nossosbúfalos, cozinha, come, aprecia e de-cide se tornará a comprá-la.

2 - Nosso cliente de restaurante não acei-ta que o cardápio ofereça carne debúfalo e o garçom diga que está emfalta, que não é época, etc.

3 - Se nosso produto é diferenciado, sem-pre tem de agradar ao consumidor, porisso todo cuidado é pouco ! Se o filéde bovino não agradá-lo, poderá tersido por qualquer motivo, mas se des-contentar com o filé de búfalo com-prado, sua única conclusão é de quecarne de búfalo não presta.

4 - Não gaste seus recursos em promoçãose não tiver consistência de produção,com desvio mínimo de qualidade e efi-ciência de logística.

5 - Nosso produto tem um tremendo po-tencial de diferenciação no mercado,porém uma grande dificuldade é cri-ar alternativas para os cortes menosnobres, pois a culinária brasileira écruel com anatomia animal, por eladestinar a cada animal, apenas e tãosomente duas picanhas...

Foi também no RS que em 1998, surgiu aCooperbúfalo, aglutinando em torno dela24 amigos e criadores de búfalos. Hoje, pas-sados 7 anos de sua fundação, fazem partedessa instituição, 37 cooperados compro-metidos com a agenda anual que garanteregularidade de oferta para abate, de ani-mais de até 30 meses de idade, bem acaba-dos, com peso mínimo de 390 k.

Evaldo Canali, seu atual presidente fazum rápido retrospecto da historia dessacooperativa:

A primeira providência, como não po-dia deixar de ser, foi estabelecermos umcronograma de fornecimento regular deanimais jovens e bem acabados, de formaa garantir o abastecimento daCooperbúfalo durante o primeiro ano. Aseguir a cooperativa tomou para si as res-ponsabilidades inerentes a todas fases doprocesso. Era ela quem comprava os ani-

mais dos associados, terceirizava o abate,assumia a comercialização, a entrega, etudo o mais. As vendas eram realizadasem diminuta escala, com os varejistas com-prando meio ou um animal de cada vez, epara complicar ainda mais, todos queri-am receber seus pedidos na sexta feira.

Isso gerava um acúmulo de entregas emum único dia, tornando impossíveis de se-rem feitas com utilização de um só veículo.Logo constatamos que as ditas carnes no-bres dos búfalos, para churrascos, erammuito bem aceitas, mas os dianteiros come-çaram a sobrar na câmara fria, obrigando-nos a comercializá-los por preços inferio-res, para não perdê-los. Os couros eramsalgados com o intuito de fazermos estoqueou escala, para obtermos melhores preços.Não deu certo, começaram a desapareceros couros por conta dos amigos do alheio...Alguns problemas de inadimplência tam-bém começaram a surgir.

A partir do segundo semestre de 2002,percebemos que nossa pequena estruturanão nos permitia continuar abraçando to-dos elos da cadeia produtiva.

Mudamos nossa maneira de atuar. ACooperbúfalo continuou coordenando aagenda de abate, controlando a qualida-de dos animais, inclusive comprando-osdos cooperados, mas os revendíamos vi-vos a um frigorífico/parceiro, o qual faziao abate, a comercialização, e todo o resto.Hoje, reduzimos a participação daCooperbúfalo em todo processo, concen-trando nossas ações exclusivamente na-quilo que consideramos essencial. Apenascontrolamos a agenda e a qualidade dosprodutos que nossos cooperadoscomercializam diretamente junto ao frigo-rífico. Também intermediamos vendas debúfalos vivos para uma rede de supermer-cados, que se incumbe diretamente do aba-te e das demais operações.

O faturamento da nossa cooperativa,dessa maneira, tem sido suficiente paracumprir com sua obrigação de pagar osfretes boiadeiros, e manter-se em opera-ção, procurando estimular a produção ea oferta de animais de qualidade para o

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abate. Aos nossos cooperados procuramosgarantir o escoamento de seus produtos,a preços justos de mercado, e sobretudo aconfiabilidade que nos faz permanecerunidos.

Mais no interior do RS, na cidade deCaçapava do Sul, com pouco mais de 20 milhabitantes, o bubalinocultor CelestinoGoulart Filho, conhecido por Tininho, cha-mou exclusivamente para si a responsabili-dade de fazer com que a carne de seus bú-falos, chegasse à mesa de seus consumi-dores, como carne de búfalo.

Firmou parceria com um supermercadolocal, assumindo o compromisso de lhesfornecer semanalmente, machos ou fême-as bubalinas, de até 30 meses de idade, bemacabados para o abate. Ambos, igualmentese responsabilizariam pelas açõespromocionais, porém o supermercado, te-ria de vender toda carne fielmenteidentificada como de búfalo. O preço decomercialização do kg vivo dos animais, fi-cou estabelecido que seria 10% inferior aodo vigente para bovinos, em razão do me-nor rendimento de carcaça dos búfalos, e osupermercado, por sua conta, terceirizariao abate.

Distribuiram panfletos pela cidade di-vulgando os aspectos nutricionais da car-ne de búfalo, outros tantos divulgando re-ceitas, foram visitadas academias de gi-násticas, geraram noticias no jornal local,mandaram construir uns poucos cartazes eo resultado veio em 18 meses: Criou-se nacidade de Caçapava do Sul – RS, a culturado consumo da carne de búfalo. Tininhoafirma que todas essas despesas com pro-moções, visando conscientizar a populaçãode uma pequena cidade do interior, são pe-quenas e tendem a quase se anularem como tempo.

Hoje são abatidos de 2 a 6 búfalos porsemana, sendo que o consumidor paga poressa carne, por enquanto, o mesmo quepagaria se a mesma fosse bovina. “Por en-quanto”, porque Tininho afirma que “maisadiante será mais caro”....

Outra afirmação do Tininho :

“Até 1998 criava Angus da melhor qua-lidade, com todas tecnologias possíveis, enunca ganhei dinheiro, sempre puxandorecursos do bolso para sustentar a ativida-de. Com o búfalo, há alguns anos, empatoos custos, pois estou em fase de ampliaçãodo rebanho, e tenho a previsão de começara ganhar dinheiro dentro de 2 anos.”

No Estado de Santa Catarina, iniciati-vas recentes, da Acribúfalo, e de seus nú-

cleos regionais, (ver noticias neste bole-tim), estão prometendo boas perspectivaspara o mercado da carne de búfalos, namedida que essas diversificadas e inteligen-tes ações promocionais da carne de búfalo,tem despertado o interesse nos consumi-dores, como também nos demais segmen-tos da cadeia produtiva. Assim, vem se tor-nando cada vez mais comum a carne debúfalo ser oferecida em churrascarias, res-taurantes e em alguns estabelecimentosvarejistas, como é o caso do SupermercadoSupri Mais, o qual inclusive figura comopatrocinador de vários eventos bufaleiros.

Com algumas reflexões, somos levadosa concluir que o processo de formação dascadeias de carne de búfalo que vem se for-mando em Santa Catarina, difere da grandemaioria de cadeias do restante do país, ondeconstatamos que a iniciativa de montagemdas mesmas, sempre partem ou partiram dospróprios bubalinocultores. Ao contráriodessa tendência quase uníssona que severifica no Brasil como um todo, em SantaCatarina, parece que os “encabeçadores”dessas cadeias, ao invés debubalinocultores, são varejistas,abatedouros ou mesmo churrascarias quetiveram seus interesses despertados para acarne de búfalo, a partir de eficientes açõesde divulgação, empreendidas pelos criado-res de búfalos. Uma dessas felizes ações,nasceu de uma discussão surgida entre ogerente de uma churrascaria e obubalinocultor Arno Phillipi. Ao ouvir dogerente que o consumidor não tinha inte-resse pela carne de búfalo, Arno o desafioua promover uma “noite do búfalo”, ondesomente seriam servidas carnes de búfalo.No evento de “casa cheia” foram servidasalém das carnes de churrasco, dianteirosna panela, lingüiça e até torresmo de courode búfalo. O sucesso foi tão marcante quea “noite do búfalo” vem se repetindo men-salmente naquela churrascaria. De outrafeita, no almoço comemorativo do “Dia doMédico” aquela meia dúzia de laboriosos

bubalinocultores catarinenses, lideradospelo Arno, conseguiu que os organizadoresdeixassem por sua conta o fornecimento dacarne que seria servida. Dessa forma, aca-baram vendendo seu “peixe”, ou melhor, suacarne de búfalo, para os verdadeiros for-madores da opinião pública catarinense. Pa-rece estar se configurando em SantaCatarina uma nova postura que vem dandocerto. Os criadores de búfalos, com seusbem sucedidos eventos promocionais, atra-em a atenção e o interesse dos formadoresde opiniões bem como dos empresários quequeiram investir no setor, garantindo-lheso suporte necessário. Fato que ilustra bemessa tendência diferente que ocorre em San-ta Catarina, é o recente interesse partido daprefeitura do município de São José, em in-cluir carne de búfalo na merenda escolar desua cidade.

No Estado do Paraná, algumas iniciati-vas foram feitas no sentido de formação dacadeia de carne de búfalo, amparando-sena expressiva população bubalina existen-te no litoral paranaense, bem próximo aCuritiba, o que garantia boas vantagenslogísticas. Alô Guimarães Netto e UmbertoNatalli, foram os precursores nessas inicia-tivas, e precederam Paulo Cleve do Bomfim,ex presidente da ABCB, que atuou no ramode 1995 a 1998.

Paulo comprava os animais diretamentedos produtores, abatendo-os no Frigorífi-co Argus, em São José dos Pinhais, pertode Curitiba. Os dianteiros eramcomercializados no atacado, como carnebovina e os traseiros, diretamente em seuestabelecimento varejista. Servia tambéminúmeros restaurantes da capitalparanaense. Para as entregas contava comum caminhão tipo baú, além de uma Kombie 8 motos de entrega. Por semana abatiacerca de 60 búfalos. Encerrou suas ativida-des em 1998, e aponta as principais razõesque o levaram a essa contingência :

1 - A pequena escala com que trabalhá-vamos originava custos maiores, osquais não conseguíamos repassar aosconsumidores por se recusarem termi-nantemente a pagar mais caro pelacarne de búfalo.

2 - Com honrosas exceções, os criadoresde búfalos de nossa região, falhavamconstantemente com suas previsões determinação de seus animais, além depretenderem preços incompatíveiscom seus produtos, inclusive buscan-do “empurrar” vacas velhas e magrasna carga. Era um calvário comprarbúfalos na idade e peso necessários.

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3 - Diferentemente do queijo de búfalo,que “pegou carona“ no marketing eculinária italianos, a carne de búfa-lo era e em parte continua sendo,muito desconhecida.

No Estado de São Paulo, mais precisa-mente na região de Marilia, Cláudio Ribeirovem tentando formar uma cadeia de carnebubalina. Cadastrou os produtores da re-gião, chegando à conclusão que somados,dariam conta de produzir 2 mil garrotes porano, o que corresponderia a cerca de 40cabeças por semana. Além dos produtores,contatou frigoríficos, supermercados e de-finiu o tipo de animal que imaginou ideal.Teria de ser jovem, entre 18 e 24 meses, es-tar terminado e pesando cerca de 400 k.Registrou a marca “Búfalo Precoce”, e aoiniciar as primeiras negociações com ossegmentos “parceiros”, constatou as pri-meiras dificuldades: “Querem tudo paraeles, e nada para nós...”

Assim, a pretensão inicial de Cláudio,de vender carne de búfalo, por preços su-periores aqueles praticados para carne devaca, não foi satisfeita. Afirma que outrasrazões estão impedindo esse objetivo, taiscomo a grande oferta de carne vigente hojeno mercado, além do antigo e conhecidoproblema com a venda do couro de búfalo,determinado pela pequena escala e ofertairregular.

Cláudio chegou à conclusão de que “nomomento, nosso mercado interno, não temcondições de absorver a carne de búfalopor preços superiores aos que atualmentesão praticados”. Apesar das dificuldades,vem procurando manter coesos os produ-tores de sua região, e sugere uma saída : Abusca por mercados diferenciados, no ex-terior.

No momento, o bubalinocultor paulista,Sergio Seixas, com propriedades emAdamantina e Analândia, com capacidadede produzir cerca de 380 animais jovens paraabate, por ano, vem tentando costurar al-gumas parcerias visando à colocação decarne de búfalo no mercado.

No Estado da Bahia, Getulio Soarescriou em 2003, uma pequena cadeiamercadológica para colocação da carne debúfalos “Búfalo Baby”, no mercado. Com-pra animais recém desmamados, e os recriae engorda em sua fazenda localizada em SãoSebastião do Passe, a apenas 60 km de Sal-vador. No inicio, Getulio bancava todo oprocesso, desde o abate, desossa, embala-gem a vácuo, e congelamento. Assumiatambém a comercialização junto a uma redede delicatessen, promovendo degustação

entre clientes, distribuindo folhetos, etc.Esse processo inicial, durou um ano e a partirde 2004 foi alterado:

“Passamos a vender nossos animaisdiretamente a empresa Tecnocarne, porpreços iguais aos vigentes para o boi, aqual faz o abate e nos revende os cortesnobres, já embalados com o selo da Búfa-lo Baby, com os quais servimos restau-rantes da região, também aos mesmos pre-ços de carne bovina. A exemplo das car-nes nobres, compramos da Tecnocarne oscouros de nossos animais, os quais man-damos curtir em curtume distante 200 kmde Salvador, comercializando a sola paracabrestos, selas, arreios, loros, etc. Por en-quanto, nosso abate de búfalos resume-seem 15 animais a cada 2 meses.

No Estado de Alagoas, outro que orga-nizou a seu modo a venda de carne de bú-falos, foi o bubalinocultor Alberto Couto.Sua atividade principal é a produção de lei-te, toda utilizada na fabricação de diversasqualidades de queijos. Tem um ponto devenda, denominado Búfalo Bill, bem próxi-mo à sua fazenda, nas margens da rodoviaBR101, em São Luiz do Quitunde, ondecomercializa além de seus queijos, a carnede búfalos, e gama variada de embutidosde sua fabricação, maximizando com um mixvariado, a agregação de valor à sua produ-ção. Seu ponto de venda já se tornou tra-dicional em sua região, muito devendo seusucesso, ao rígido controle de qualidadeque Alberto impõe a seus produtos. Ele vemadotando a estratégia de vender seus ani-mais, logo na desmama a um de seus vizi-nhos, com a garantia de recompra quandoestiverem prontos para serem abatidos. Nãoexercendo a atividade de engorda, aliviasuas pastagens, melhorando assim a pro-dutividade de leite em sua fazenda.

No Estado do Rio Grande do Norte,Francisco Veloso empreendeu por algumtempo a tentativa de colocar diretamente acarne de búfalo, no mercado :

“Nosso projeto com búfalos iniciou naFazenda Tapuio em 2002, substituindo arecria e engorda que fazíamos à pasto. Nofinal deste mesmo ano, começamos a pro-dução artesanal de queijos bubalinos, pas-

sando a colocá-los nas lojas onde tínha-mos relacionamento comercial, decorrenteda venda de ovos, ainda hoje, nossa princi-pal atividade. Com a chegada dos queijosnas gôndolas dos supermercados, passa-mos a ser cobrados também pela oferta decarne, o que não fazia parte de nossos obje-tivos iniciais. Nosso primeiro cliente foi oCarrefour – Natal, onde eramcomercializados cerca de 5 a 7 búfalos, porsemana, sempre vendidos de forma casada,ao preço CEPEA – ESALQ mais 5% paracarcaça fria. Fizemos tudo que estava anosso alcance para divulgação da carnede búfalo: Baner’s, folder’s, abordagens, edegustação de carnes todas às sextas e sá-bados. Havia clientes fiéis, que procura-vam regularmente a carne de búfalo, masos custos elevados ocasionados pela pe-quena escala, destacando-se os fretes se-manais de animais vivos para o frigorífico,e das carcaças ao supermercado, bem comoa dificuldade de auferirmos preços justospara os couros, acabaram por inviabilizaro processo. Na mesma ocasião houve tam-bém grande interesse manifestado pela redeBompreço, na compra exclusiva dos cortesconsiderados nobres, mas as dificuldadescom a venda dos dianteiros, agravariamainda mais o processo.Quem sabe, em umfuturo próximo......”

No Pará, a criação do projeto do BabyBúfalo, encabeçado e conduzido por MarioMartins Filho, vem conseguindodesmistificar o preconceito contrario queexistia, contra a carne de búfalo. Esse proje-to teve inicio em 1999, quando a APCB, atra-vés do Próbúfalo, incentivoububalinocultores de Marajó, a trazerem seusbezerros desmamados para o continente,onde se conseguiria um melhor crescimentoe acabamento. Uma parceria foi firmada coma rede dos Supermercados Nazaré, garantin-do-lhe a exclusividade na comercialização doBaby Búfalo. O projeto foi alavancado atra-vés de uma campanha publicitária junto aosmeios de comunicação, e para satisfazer ademanda de carne por outros supermerca-dos, posteriormente foi criada a marca Novi-lho Búfalo, que hoje é comercializada em to-

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dos grandes supermercados de Belém.

Para resolver o problema decomercialização dos dianteiros, foram fei-tos testes e pesquisas visando a produçãode embutidos como salames e lingüiças,com ênfase nos produtos light como lin-güiça e mortadela sem gordura. Para iniciara produção o maquinário já se encontraadquirido, apenas estando se aguardandoa liberação da Inspeção Estadual.

O abate semanal vem totalizando cercade 120 animais, incluindo os Baby Búfalos(18 a 24 meses) e os Novilhos Búfalos (24 a36 meses).

Para atendimento aos criadores, a em-presa empreendedora dos projetos tambémvem abatendo algumas búfalas de descar-te, cuja carne é vendida a preços inferiores,juntamente com a maioria dos dianteiros ecostelas dos Baby Búfalos, como carnesde bovinos, em 2 açougues na feira deIcoaraci, que é a maior feira fixa do Brasil.

Os produtores estão sendo remunera-dos pelos seus animais com pequenodeságio de 5% em relação ao preço pratica-do para os bovinos, mas pode se conside-rar que houve expressivo avanço nessaárea, uma vez que esse deságio antigamen-te era bem maior. O consumidor, por sua

vez, está pagando nos supermercados, pe-los cortes dos traseiros, cerca de 10% a maisdo que os iguais cortes bovinos, sendo quepara os cortes de dianteiros, os preços sãoequivalentes aos dos bovinos.

Os empreendedores do projeto afirmamque no momento, entre as maiores dificulda-des encontradas está o imprescindível in-cremento na produção do Baby Búfalo, vi-sando redução dos custos de produção bemcomo atender a crescente demanda pelo pro-duto. Segundo o diretor industrial, CarlosFrancisco Gouveia Neto, a maior dificuldadeenfrentada para o aumento da produção,reside nas adversidades de algumas regiõesdo Pará, que restringem a terminação doBaby Búfalo, a apenas algumas épocas doano. Fora o problema dos dianteiros que seespera esteja em via de ser solucionado coma industrialização já mencionada, Neto afir-ma persistir o do couro, uma vez que o insu-ficiente volume vem determinando baixospreços de venda ( R$ 0,70/kg ), enquanto osdos bovinos alcançam ( R$ 1,70/kg ), sendoque no mercado internacional os courosbubalinos são cotados a U$ 0,80/kg ).

Está também nos planos da empresa, acriação em local nobre, de uma butique devenda de todos sub-produtos do búfalo, ondea carne se faria presente, embalada em peque-

nas porções, satisfazendo clientes exigentese enobrecendo ainda mais o produto.

Finalizando, podemos concluir que acarne de búfalo vem tentando chegar aosmercados consumidores de muitos estadosbrasileiros, por meio de vários caminhos, enós, criadores ou simples admiradores des-sa espécie, devemos respeitar e render nos-sas homenagens a todos aqueles que seenvolveram nesse trabalho.

Vitoriosos ou não, eles fazem parte da pró-pria história da bubalinocultura brasileira.

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TRAPALHADAS DA VIDA...Jonas Camargo Assumpção - SP

Ofato desta segunda edição doBoletim do Búfalo estar publicandouma ampla matéria sobre várias ini-

ciativas de comercialização da carnebubalina, faz com que eu aproveite essa opor-tunidade para contar aos amigos leitoresminhas desastradas “incursões” nessa área.

Há cerca de 15 anos atrás, pensando emabrir uma refinada butique de carne de bú-falo em Campinas, de imediato concluí queela não poderia ser viabilizada ofertandoapenas as carnes nobres de churrasco.Assim sendo, contratei uma empresa deassessoria, que trabalharia em conjunto como ITAL ( Instituto de Tecnologia de Ali-mentos ), visando desenvolver formulaçõese processos de fabricação de inúmeros em-butidos, inclusive determinandopercentuais de rendimento, apropriandocustos, etc. Todo esse trabalho levaria aoestabelecimento do “mix” ideal de produ-tos a serem oferecidos a consumidores exi-gentes, e de alto poder aquisitivo.

Estabelecidos os objetivos, faço che-gar ao ITAL, 2 carcaças completas de ani-mais jovens de primeira qualidade, e fico naesperançosa expectativa de que tudo de-veria correr a contento.

Aos poucos, as noticias começam achegar:

“A doutora fulana saiu de férias masseu caso foi passado para beltrana...”

“Estamos em falta com o condimento Xpara processarmos Y...”

“Seria aconselhável produzirmos Z,mas o equipamento disponível não estáfuncionando adequadamente...”

E assim por diante...

Naquela época, meu filho André, queestudava veterinária na UFMG – BH, veiopassar um fim de semana conosco, em Cam-pinas. No sábado, convidado por um co-nhecido de alguém que era cunhado do pri-mo de um colega dele, acabou indo a umafesta em uma “seleta” e bem freqüentada“república” de universitários não menosseletos....

No dia seguinte, ainda curtindo ressa-ca, André me conta que o churrasco da fes-

ta foi feito com carne de nossos búfalos,surrupiada do ITAL por um dos seletosuniversitários festeiros que fazia estágionaquele instituto... Pra meu consolo, Andrécompleta: “A carne estava ótima. Fez omaior sucesso... “

Não bastasse isso, alguns dias mais tar-de, minha mulher liga para meu escritório, ecom voz desesperada dispara a falar :

“Seus competentes assessores acaba-ram de deixar aqui em casa um kit de pro-dutos feitos com a carne de nossos búfa-los, e me disseram que estavam com o car-ro cheio deles, para imediatamente distri-bui-los para degustação, em residênciaspré-selecionadas. Contaram-me tambémque cada kit seria acompanhado por umquestionário de avaliação, que seriam re-colhidos após 2 dias.”

Respondo-lhe: “Bom, e daí?”

Minha mulher: “E daí, que eu acabo deabrir o tal kit que nos deixaram, e nempude acreditar no que vi. Ninguém podecomer isto. É bolor por todo lado!”

Arrisco dialogar: “Você tem certeza deque isso que você está vendo, é realmentebolor?”

A resposta veio seca: “Deixe de perdertempo fazendo-me perguntas e trate ur-gentemente de correr para impedir a de-gustação!”

Graças ao advento do “celular”, conse-gui impedir a entrega dos produtos quecomporiam o mix de nossa butique, a qualfoi sepultada antes mesmo de nascer....

Alguns anos se passaram e a poeira foibaixando...

Acabei convencendo 2 estabelecimen-tos varejistas de Campinas a fazerem expe-riências de venda com carne de nossosqueridos búfalos. Propositalmente optei porvarejos bem distintos, pois assim eu teriauma visão mais ampla a respeito da aceita-ção da carne de búfalo. O primeiro era umsupermercado tradicional, cuja clientela erade classe média. O segundo, uma sofistica-da casa de carnes que atendia clientes nãomenos sofisticados. Pedi ao Renato, atualDiretor de Registro da ABCB que me aju-

dasse na empreitada. Imprimimos panfletos,rótulos, contratamos churrasqueiroparamentado com bombachas gaúchas,para “pilotar” churrasqueira com finsdegustativos....

Tudo organizado, entrego simultanea-mente aos 2 estabelecimentos, carcaças debúfalos escolhidos no capricho.

Na véspera, ligo aos amigos, pedindo-lhes apoio à minha causa. Deveriam ir a qual-quer um dos pontos de varejo, provar acarne, elogia-la em voz alta, e ao compra-ladeveriam indagar se na próxima semanavoltariam a encontrá-la nos balcões. Esta-va tranqüilo, pois tudo corria as mil maravi-lhas, até que....

Um desses “bons amigos”, liga ao su-permercado, perguntando se já estavamvendendo carne de búfalo, e qual o preçode uma determinada peça. Recebe a res-posta, mas ao sair de seu consultório, re-solve comprá-la na casa mais sofisticada.Já no interior da butique, ao saber que atal peça estava sendo vendida por quaseo dobro daquele praticado pelo supermer-cado, imediatamente arma o maior “barra-co” no meio de toda requintada freguesiapresente na butique. Diz que aquilo eraroubo à mão armada, que no supermerca-do X a mesma carne estava sendo vendidapor Y, e que tinha certeza que o produtoera o mesmo, pois era amigo do dono dosbúfalos, etc e tal.

Sem saber de nada, chego na minha casatranqüilo, feliz com o andamento do experi-mento, quando recebo um telefonema doRenato:

“Jonas, o dono da butique acabou deme ligar, puto da vida com o papelão queum amigo seu acabou de aprontar lá, e tam-bém com você pois não tinha sido informa-do que iríamos entregar carne de búfalotambém no supermercado X. O homem estásuper nervoso, dizendo que nunca mais navida quer ouvir falar de búfalo.”

Desta vez a poeira ainda não baixou porcompleto, mas nem por isso deixo de rirao relembrar essas trapalhadas da vida.Acho que sem elas a vida não teria a mes-ma graça...

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Na década de 30 chegaram a SantaCatarina os primeiros exemplares debúfalos. A criação desses animais

rústicos e esquisitos iniciou com João deAraújo Vieira, em 1930, no município Lages,no Planalto Serrano catarinense. Outro en-tusiasta de búfalo em Santa Catarina foiAbelardo S. da Silva, criador por mais de 35anos. Dono do frigorífico Santos, seuAbelardo conhece como ninguém todo oprocesso da cadeia produtiva deste animal,do pasto à venda final ao consumidor.

Também foram pioneiros na criação debúfalos no estado, as famílias Martins,Amboni, Becker e Koerich. Eles não sótransferiram a responsabilidade para seusdescendentes de manter viva a tradição nalida com búfalos, como também desperta-ram nas gerações futuras o prazer de con-viver com estes animais rústicos e “feios”.

De avô para neto, de neto para filho, orebanho catarinense de búfalos foi crescen-do gradativamente e hoje conta com maisde 60 mil cabeças. O maior rebanho do lito-ral catarinense está nas mãos da famíliaMartins, cuja criação iniciou com Ciniro LuizMartins Ribeiro (ex-presidente daAcribúfalo/SC). Junto com Orlando Beckere Orlando Koerich, seu Ciniro foi insistentee levou em frente sua paixão pelo animal.

Fundação da ACRIBÚFALO foi ummarco histórico na agropecuáriacatarinense

Fundada em 1979 com o principal obje-tivo de incentivar a bubalinoculturacatarinense, a ACRIBÚFALO/SC modificouo contexto agropecuário catarinense queaté então não (re) conhecia este segmentono estado. Com muita persistência e objeti-vos definidos a Associação se consolidoue hoje conta com oito Núcleos Regionais.Mas a trajetória não foi fácil. Durante todoeste período a Associação buscou organi-zar os criadores, defendendo os interessesdos criadores de búfalos e promovendo aunião dos associados. A tarefa de conven-cer os produtores de búfalos de que esta-vam fazendo um bom investimento no cam-po foi uma das mais difíceis. Muitos nãoacreditaram e até desistiram do empreendi-mento. Outros, porém, com mais visão nofuturo, preferiram apostar mesmo com todoo preconceito que existia em torno destesanimais. Hoje, aqueles que apostaram nobúfalo, não se arrependem, pois o búfalo

O búfalo já conquistouseu espaço em Santa Catarina

está cada vez mais sendo reconhecido erespeitado no setor agropecuáriocatarinense.

Para consolidar o búfalo no mercado eexigir respeito dos demais criadores do cam-po foi preciso realizar diversas atividadesem busca do aprimoramento técnico-cien-tífico da espécie e o incremento do merca-do. Até vender carne de búfalo como sefosse de boi era considerado normal atépouco tempo para alguns criadores. Masesta fase parece que está chegando ao fim.Graças à “teimosia” de alguns criadores, acarne de búfalo vem sendo cada vez maisaceita no mercado e apreciada por consu-midores mais exigentes. Até porque o valornutritivo da carne de búfalo está sendobastante divulgado e adotado por aquelesque preferem menos gordura e colesterol emais proteína.

Trabalho de marketing contribuiupara divulgação do búfalo noEstado

Após muitos anos de resistência e in-sistência, os criadores de búfalos de San-ta Catarina decidiram partir para ummarketing mais agressivo no mercado. Porvolta de 1995 a Associação iniciou um tra-balho de divulgação dos benefícios dobúfalo, ainda que tímido. A partir de 2000 apublicação de boletins informativos pas-sou a ter uma periodicidade regular. A dis-tribuição dos materiais gráficos atingia osvariados eventos agropecuários e estabe-lecimentos comerciais.

Na avaliação dos criadores havia che-gado a hora de assumir de fato a condiçãode criador, sem temer a concorrência. O re-sultado do marketing direto, mesmo em pe-quena escala devido à limitação financeirada Associação, mudou a realidade dos cri-adores. A partir de então a mídia passou adivulgar com mais freqüência os eventosespecíficos do búfalo. As festas passaram

a ser notícias de jornais de grande circula-ção. O búfalo agora já não estava mais noanonimato, nem seus criadores.

Parcerias e agradecimentosespeciais

A parceria com empresários, criadores eórgãos públicos foi essencial para manterviva a tradição. Com a Secretaria Estadualda Agricultura foi acertada a inclusão, nopróximo censo rural catarinense, das pro-priedades de criadores de búfalos, a locali-zação e o rebanho. Tudo isso será cadas-trado. O Icepa, um instituto vinculado aSecretaria da Agricultura, também passoua divulgar diariamente o preço da arroba dobúfalo em seu relatório, disponibilizando viainternet.

O atual presidente da Acribúfalo/SC,Carlos Marin, afirma que sem a obstinaçãode alguns criadores e parceiros a Associa-ção não teria se consolidado e o búfalo te-ria sido coisa do passado. “Peço desculpase esqueci algum nome, mas estas pessoasabaixo relacionadas merecem toda nossaadmiração e eterno agradecimento pelo quefizeram ou ainda estão fazendo pelabubalinocultura catarinense”, enfatizouMarin.

Ele lembrou ainda que um dosdivulgadores da carne de búfalo é o donoda churrascaria Meu Cantinho, de São José,Fabrício Barbi, que há muito tempo mantémregularmente em seu cardápio esta exóticae deliciosa carne.

“Merecem todo nosso agradecimentoas seguintes pessoas que tanto fizeram eainda continuam fazendo em prol dabubalinocultura”: Odair Knoblanc, AlfredoZeferino, Antônio César Martins, AdemirJoão Vieira, Luiz Inocentti, José Negreiros,Arno Manoel Philippi, Túlio R. Martins (inmemorian), Leonardo Martins, Rui O.Koerich, Luiz Salvador, Wilson Santa

Texto: Fabíola de Souza - Jornalista Mtb/SC 00197JP (Fonte: Site ABCB e ACRIBÚFALO - SC)

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Catarina, Luiz Alberto Rodrigues e MarcoTadeu (Tadeuzinho) de Lages. Agradece-mos também Júlio César Terra (Cow Boy),que atualmente é patrocinado pela Associ-ação para participar em competições emrodeios, Mário Coelho que foi o responsá-vel pela organização da 1ª. Festa do Búfalo,hoje na sua 6ª. edição. Outro parceiro daAcribúfalo/SC é Leonardo Martins, respon-sável pela coleta de sêmen de búfalo, cujotrabalho tem agradado muito os criadores.

ACRIBÚFALO/SC aposta nainseminação artificial

Para organizar o processo reprodutivodo rebanho de búfalo em Santa Catarina, aACRIBÚFALO/SC firmou uma parceria comum inseminador artificial (IA), OscarNazareno de Sousa. O principal objetivo éviabilizar uma boa genética do rebanho econsequentemente assegurar retorno finan-ceiro aos criadores. “A inseminação artifi-cial evita problemas de consangüinidadedos animais evitando anomalias”, explicaSouza. O técnico irá prestar serviço coleti-vo a grupos de criadores formados pelaAssociação.

Preocupação com o meio ambiente

A Acribúfalo/SC mantém uma constan-te preocupação com a preservação do meioambiente. O exemplo mais recente é aintegração com alguns proprietários de ter-ra da região de Urubici em defesa de umverdadeiro santuário da natureza, o Campodos Padres. Localizada a 1.800 metros aci-ma do nível do mar, esta área está sendoalvo de cruel degradação ambiental.

De maneira irresponsável alguns pro-prietários de terra estão plantandoindiscriminadamente pinus sobre o solorochoso, ameaçando inclusive uma das nas-centes do rio Canoas, o principal afluenteda bacia do Uruguai. O pior disso tudo éque não existe nem mesmo uma licençaambiental para agir desta forma. Por estarsituado dentro do que deveria ser o ParqueNacional de São Joaquim, o Campo dosPadres é um nicho da natureza desprovidode fiscalização. A Acribúfalo/SC se juntaaos defensores e acompanha na Justiça atramitação de ações populares, embargos eoutros recursos jurídicos para barrar o avan-ço destrutivo da monocultura do pinus nes-ta região.

Baby Búfalo da Neve Orgânico temmenos gordura e mais proteína

O Baby Búfalo da Neve Orgânico é re-sultado de uma experiência com animaiscriados em ambiente de baixa temperatura.Apesar do frio intenso, o Búfalo da Nevevem conseguindo uma maior velocidade decrescimento e volume de produção com

menor custo por ser orgânico. O resultadopode ser comprovado na carne através damaciez e sabor, além dos valores nutritivosagregado.

O pioneiro nesta experiência é ArnoManoel Philippi (ex-presidente daAcribúfalo/SC) que ini-ciou a criação de búfalosem Santa Catarina há maisde 12 anos, com 10 fême-as e um touro reprodutor.Segundo explica Arno, osanimais são submetidos àtemperatura que podechegar a 14 graus abaixode zero. O local onde criaos búfalos, da raçaMurrah, fica no pontomais alto do Sul do Brasil,entre os municípios deUrubici e Bom Retiro, a1800 metros acima do ní-vel do mar.

Segundo o criador, aprodutividade do rebanho se deve ao me-lhoramento genético aplicado nos últimos10 anos, além da pastagem utilizada que éextensiva (pasto nativo). “Todos estes pro-cedimentos têm garantido mais resistênciae rusticidade aos animais, mesmo sendouma alimentação de baixo valor nutritivo”,explica Arno.

Em sua opinião, pode estar surgindouma raça brasileira de búfalos altamenteresistente ao frio, cuja média de pariçãochega a 80%. O animal fica pronto para oabate entre 12 a 14 meses com um peso deaproximadamente 350 quilos, acrescentaArno.

Búfalo inserido em projetoambiental

Em Garopaba, no litoral sul de SantaCatarina, a 70 km de Florianópolis, o búfaloestá inserido num projeto ambiental – GaiaVillage - que atua em diversas linhas cujafinalidade é descobrir alternativas susten-táveis. Numa área de aproximadamente 12hectares são adotadas diversas medidasecologicamente corretas que têm proporci-onado ao búfalo uma pastagem de qualida-de e consequentemente animais com maisqualidade. “A diversidade das espéciesgramíneas melhora a saúde do rebanho”,explica o administrador da fazenda, DolizeteZilli. Segundo ele, o projeto tem apresenta-do resultados bastante positivos e o búfa-lo, por ser um animal rústico e menos exi-gente, é um bom excelente do que se poderealizar dentro da produção orgânica de ummodo geral. A pastagem pastoreio voisin éum processo natural que vem dando bonsresultados no campo junto aos animais. “E

o grande responsável por isso é o Enge-nheiro Agrônomo Abdon Schmitt”, ressal-ta Zilli. Ele observa ainda que no conjuntode medidas a homeopatia aplicada aos ani-mais também tem seu destaque. “Não usa-mos nenhum tipo de produto químico. Aquitudo é natural”, finaliza.

Milhares de catarinenses aprova-ram a carne de búfalo em eventosorganizados pela Associação

Várias pessoas experimentaram pela pri-meira vez a carne de búfalo nos eventosorganizados pela ACIBÚFALO/SC. Forammais de 10 eventos realizados no estado noano passado, onde o búfalo foi a principalestrela.

Já constam no calendário dos criadoresa festa chamada Noite do Búfalo. Outroevento que fez grande sucesso foi a Festado Baby Búfalo, na Associação Catarinensede Medicina (ACM).

O mais tradicional encontro dos criado-res e admiradores de búfalos é a Festa doBúfalo, realizada todos os anos emFlorianópolis, que costuma reunir mais demil pessoas. Além de participarem das ati-vidades organizadas pela Acribúfalo/SC, oscriadores marcaram presença também emoutras festas agropecuárias catarinenses.“O crescimento da participação dos cria-dores em feiras agropecuárias e eventosafins é um sinal da aceitação do búfalo nomercado e na sociedade”, acredita AdemirMartins (ex-presidente da Acribúfalo/SC).Segundo ele, até pouco tempo o búfalo eradiscriminado na pecuária local. Agora, se-gundo avalia, não existe mais a ameaça daconcorrência com outros animais.

Laticínio Natura é o pioneiro emSanta Catarina na fabricação dequeijo mussarela

O Laticínio Natura, localizado emBiguaçu, é o principal processador delacticínios derivados de leite de búfala da

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Grande Florianópolis. O proprietário, Wil-son Santa Catarina (também ex-presidenteda Acribúfalo/SC s), garante uma fabrica-ção diária chega a 100 kg de queijo e 300litros de leite bovino, tipo C. Para produziros queijos, ele compra o leite de fornecedo-res da região, pois não cria os animais emsua propriedade. Além do queijo de búfala,Santa Catarina também processa o leite decabra e de bovino, com uma produção mé-dia de 500 a 1000 litros de leite por dia.

Todos os produtos produzidos em seulacticínio são distribuídos nos supermer-cados e estabelecimentos gastronômicos deFlorianópolis e região. Segundo SantaCatarina, são produzidos mussarela, minasfrescal de búfala e bovino, minas frescal decabra, provolone de búfala e queijo prato.“Toda a produção do meu lacticínio temmercado garantido, mesmo assim estamospretendendo expandir a produção porquea demanda existe”, afirma.

Fornecedores querem mais estabi-lidade no mercado

Apesar da carne de búfalo ter bastanteaceitação entre os consumidores, os forne-cedores ainda reclamam da inconstância nadistribuição dos produtos. A falta da carneem alguma época do ano tem causado umainsegurança para os atacadistas e donosde restaurantes da grande Florianópolis. Odono do Supermercado Suprimas, Luiz An-tônio Salvador é um dos poucos comerci-antes da grande Florianópolis que insisteem vender a carne de búfalo, apesar da difi-culdade na distribuição.

Admirador da carne de búfalo, Salva-dor afirma que está faltando mais organiza-ção e regularidade no fornecimento. Mui-tas vezes ele fica sem a carne para ofereceraos seus clientes, o que cria um mal estar. Omesmo não acontece com outros tipos decarne, a exemplo da de boi, por exemplo.Isso tem causado frustração quando o cli-ente pede a carne de búfalo e não tem nosupermercado para vender. Para amenizareste problema, muitas vezes Salvador com-pra carne do Rio Grande do Sul.

O dono do restaurante Meu Cantinho,Fabrício Barbi, que é um grande admiradorda carne de búfalo, reclama também da re-gularidade na distribuição da carne de bú-falo em sua churrascaria. Localizado numbairro próximo a capital catarinense, seuestabelecimento é conhecido como local decarnes exóticas. Segundo ele, já existe umaclientela que pede carne de búfalo, mas nem

sempre pode disponibilizar por causa dafalta do produto. Em função disso, ele jápensou inclusive em retirar do cardápio acarne de búfalo para evitar constrangimen-to com seu cliente.

Cooperativa será a grande alterna-tiva para cadeia produtiva debúfalos

Diante das dificuldades na distribuiçãoregular da carne de búfalo em SantaCatarina, os criadores já discutem alternati-vas para amenizar este problema. A maisviável no momento, e que já está tomandoforma, é a criação de uma cooperativa.

Antes, porém, de se organizarem emcooperativa, os criadores de búfalos tive-ram que quebrar uma barreira que eles mes-mos criaram. Assumir de fato a condição decriadores de búfalos e vender a carne nãomais camuflada de boi. A questão era atécultural, mas já houve avanço.

Outro benefício para consolidar a dis-tribuição da carne foi a inclusão do preçodiário da arroba do búfalo nas publicaçõesda Secretaria Estadual da Agricultura, atra-vés de uma de suas empresas, o Icepa. Apartir deste procedimento houve umrealimento dos preços no estado econsequentemente um aumento na deman-da. Até porque os criadores passaram a terum referencial de preço a exemplo do queacontece para outros animais.

Cooperativa será criada em parce-ria pública privada

A criação da cooperativa será possívelcom a parceria da Prefeitura Municipal deSão José, município vizinho deFlorianópolis. As negociações em torno deincentivos já estão em discussão. Uma dasalternativas oferecidas pela secretaria mu-nicipal da agricultura seria disponibilizar umespaço físico, neste caso o Ceasa, paraescoação dos produtos, seja a carne ou oleite e seus derivados.

Na avaliação do ex-presidente, AdemirMartins (Tito) esta parceria irá proporcio-nar um salto na organização dos criadores.O primeiro benefício será a elevação do pre-ço da carne que chegará ao patamar justono mercado. “Até agora a carne de búfaloera vendida mais barata, mesmo sendo maisnobre em relação a outras”. “E só por estemotivo deveria ser mais cara e valorizadano mercado”, explica Tito.

Segundo ele, a criação da cooperativade criadores de búfalos, com apoio do po-

der público, é uma alternativa inédita noBrasil. “Não sabemos de nenhuma coope-rativa de criadores de búfalos que surgiucom este tipo de parceria”, ressalta Tito.Na sua avaliação, todos, criadores e socie-dade, ganharão com mais este produtodisponibilizado no mercado.

“O consumo já aumentou muito em San-ta Catarina e as perspectivas são positivasquanto ao crescimento da demanda no es-tado”, aposta o ex-presidente daACRIBÚFSALO/SC.

Búfalo na merenda escolar

As negociações com a Prefeitura Muni-cipal de São José vão além da criação dacooperativa. Criadores e Secretaria Muni-cipal da Agricultura discutem a inclusão dacarne de búfalo e do leite de búfala na me-renda escolar. “Diferentes de outras carnesou leites, os produtos derivados do búfalodisparam quando o quesito é valor nutriti-vo”. As vantagens começam quando a car-ne de búfalo apresenta 40% menoscolesterol que a carne de boi e 12 vezesmenos gordura. “Isso sem contar que é tem55% menos caloria e 11% a mais de proteí-nas e 10% a mais de sais minerais”,exemplifica Tito.

Quanto ao leite de búfala em relação aoda vaca, tem mais proteína, mais lipídio, maislactose, menos água e menos colesterol. Ouseja, o leite de búfala é mais nutritivo e sau-dável para as crianças. “Não é a toa que 7%de todo o leite consumido no mundo é debúfalas”, acrescenta Tito.

Segundo Tito, programas semelhantesjá são adotados em outros estados, onde apreocupação com a saúde das crianças sen-sibilizou os órgãos públicos.

Programa de novilho precocepoderá ser estendido ao búfalo

A Secretaria Estadual da Agricultura deSanta Catarina poderá incluir os búfalos noPrograma de Apoio à Criação de Gado paraAbate Precoce. Para isso é preciso que oMinistério da Agricultura inclua os búfalosna portaria do novilho precoce que já exis-te. Neste caso os criadores de búfalos pas-sariam a ter o mesmo tratamento dos cria-dores de bovinos.

Várias reuniões já foram realizadas en-tre os criadores de búfalos de SantaCatarina e órgãos do governo para viabilizareste procedimento. “É só uma questão detempo”, acredita Ademir Martins, ex-presi-dente da ACRIBÚFALO/SC.

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Os Búfalos e a ExpointerAntonio Carlos Trierweiler - Vice-Presidente da ASCRIBU

Entre os dias 28 de agosto a 5 de se-tembro de 2004, aconteceu a 27ªEXPOINTER, no Parque de Exposi-

ções Assis Brasil, em Esteio/RS, que maisuma vez cumpriu a tradição da mostra, de acada ano, superar a edição anterior. Duranteos nove dias da mostra, mais de 720 mil pes-soas visitaram a EXPOINTER, e mais umavez, os búfalos foram bem representados,tanto na quantidade como na qualidade dosanimais. Foi uma semana repleta de ativida-des e eventos voltados à bubalinocultura:na segunda-feira(30/08), aconteceu o julga-mento de classificação das raças bubalinasMediterrâneo, Murrah e Jafarabadi e tevecomo jurado o Prof. Dr. Alcides de AmorimRamos; na terça-feira (31/08), ocorreu a pa-

lestra “Como iniciar sua criação de búfalos”e “O Búfalo e sua tríplice aptidão: carne, lei-te e trabalho” ministrada pelo Médico Vete-rinário Antonio Carlos Trierweiler no espa-ço SENAR-RS. Já na quarta-feira(1º/09) ocor-reu a Mesa Redonda entre Técnicos e Cria-dores com Discussão sobre Mochamento eVermifugação em Búfalos, que teve comomoderadores os Médicos Veterinários Mar-co Antônio Mayer Rosa e Antonio CarlosTrierweiler, na sede da ASCRIBU.Na quinta-feira(2/09), no auditório da FEDERACITE, às16:00h ocorreu a Palestra do Prof. AndréMendes Jorge da Universidade EstadualPaulista-UNESP, sobre Produção de CarneBubalina. No mesmo local, ocorreram os “De-poimentos de Produtores sobre

Comercialização da Carne Bubalina no Inte-rior do Estado”, ocasião em que o Presiden-te da ASCRIBU o Sr. Celestino Goulart Filhorelatou a sua experiência exitosa emCaçapava do Sul.Em seguida, já na sede daASCRIBU, houve a Inauguração da Galeriade Fotos das Cabanhas Expositoras e o lan-çamento dos livros “Resumo de Pesquisas”e “Palestras” de autoria do Prof.Alcides deAmorim Ramos-UNESP-Botucatu SP, comsessão de autógrafos.

Às 20:30 horas iniciou o “Leilão Show”,com uma magnífica apresentação de DançaFlamenca. A comercialização dos animaisocorreu dentro do esperado, considerandoa atual conjuntura da pecuária gaúcha. Nasexta-feira(3/09), pela tarde, aconteceu aMesa Redonda entre Técnicos e Criadorescom Discussão sobre a Viabilidade Econô-mica de laticínio de Leite de Búfalas e aComercialização da Carne Diretamente aoConsumidor, e teve como Moderador o sr.Alberto Couto, de Alagoas, que acabou dan-do uma verdadeira aula sobre a arte de ven-der. E todas estas atividades foramabrilhantadas com presenças ilustres comoa do Presidente da ABCB Dr. OtávioBernardes e a delegação de criadores doestado da Bahia.

Esperamos que esta 27a EXPOINTERseja superada pela 28a, mantendo a tradi-ção da mostra...

Bubalinocultura das Meso-regiões do TrianguloMineiro/ Alto Paranaíba e Noroeste de Minas.Machado, Théa Mírian Medieros, Martins, René Galvão Rezende

Para diagnóstico da bubalinoculturaprocurou-se conhecer aspectos refe-rentes ao produtor, ao estabelecimen-

to, ao rebanho e ao mercado, através de en-trevistas ao produtor. O número médio decabeças bubalinas/rebanho foi de 92. Foramencontrados animais das raças: Murrah, Me-diterrânea e seus mestiços. A maior parte dosbubalinocultores visava a produção de leitede búfala, com uma ordenha/dia. As fazen-das medem, em média, 461 hectares (ha), comos búfalos ocupando 78% da área. Os pas-tos são mais freqüentemente de Brachiarãoe de Brachiarias. As capineiras estão pre-sentes em 64% e a cana-de-açúcar em 53%das fazendas, com cerca de 7 ha de cada uma

destas culturas/fazenda. As cercas e as ins-talações são, na maior parte, inadequadaspara bubalinos. A identificação dos animaisestá presente na maior parte (71 %) das fa-zendas, mas a escrituração zootecnia emapenas 12% delas. As parições estão con-centradas no primeiro semestre do ano. Osbubalinocultores realizam controle dasendo/ectoparasitoses. As vacinações sãorealizadas em menor escala que o preconi-zado pelos órgãos responsáveis pela saú-de animal. O bubalinocultor tem em média49 anos de idade e está, em média, há 14anos na atividade. Ele tem um grau de ins-trução superior à média dos ruralistas bra-sileiros. Comercializam búfalos para abate

76% deles, ¼ destes pelo preço pago pelaarroba de vaca, os demais recebem o preçopago pela arroba de boi. Transformam, oleite na propriedade, 30% dos produtores.Daqueles que entregam o leite bubalino aoslaticínios, 60% são mais bem remuneradosque o valor usualmente pago pelo leite bo-vino. Apesar da pequena expressão numé-rica das mesorregiões estudadas, abubalinocultura representa ora a principalfonte de renda, ora fonte de renda comple-mentar, ora agrega valor à produção atra-vés da venda de produtos derivados ouainda quando o produtor coloca seu pro-duto diretamente para o consumidor (açou-gues e mercados).

Confraternização durante 27ª EXPOINTER.

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Utilizando 98 búfalas adultas e lactantes,da raça Murrah, foram colhidas 1.176 amostrasde leite (de glândulas mamárias que não apre-sentavam sinais de processo inflamatório ou ti-vessem sido submetidas a tratamentointramamário).

Para amostras dos primeiros jatos da orde-nha os valores encontrados, segundo as fases delactação (inicial, intermediária e final) foram res-pectivamente: para o pH - 6,89; 6,85 e 6,9;para a eletrocondutividade - 3,82; 4,02 e 4,49mS/cm; para os teores de cloreto - 18,21; 20,13e 26,49 mg/dl; para os teores de gordura - 4,25;3,70 e 3,56 g/dl; para os teores de proteína -3,97; 4,03 e 4,5 g/dl; para os teores de lactose- 5,11; 5,08 e 4,81 g/dl; para os teores desólidos totais - 14,55; 13,88 e 13,93 g/dl e parao número de células somáticas - 29.000; 29.000e 16.000 cel/ml.

Os escores do CMT (negativo, traços, 1+ e2+), aumentavam, gradativamente, com o evo-luir da fase da lactação e, a eletrocondutividade,o teor de cloreto e o número de células somáticasaumentaram de forma diretamente proporcio-nal ao aumento do escore do CMT; porém, aocontrário, o teor de lactose diminuía. A variação

Constituição físico-química, celular e microbiológica do leite debúfalas (Bubalus bubalis) criadas no Estado de São PauloBASTOS, P. A. S. Tese Doutorado em Clínica Veterinária) – FMVZ-USP 2004

do escore do CMT não foi acompanhada demodificações significativas dos teores lácteosde gordura, proteína e de sólidos totais.

Amostras colhidas ao início da ordenha (pri-meiros jatos) e ao final da ordenha (últimos ja-tos), apresentaram os seguintes resultados: gor-dura: 3,90 e 8,9 g/dl; proteínas: 4,12 e 3,67 g/dl; lactose: 5,02 e 4,64 g/dl; sólidos totais:14,18 e 18,31 g/dl e; contagem de célulassomáticas: 29.000 e 56.000 cel/ml.

Quanto ao tipo de ordenha (manual ou me-cânica), observou-se respectivamente, para:eletrocondutividade - 3,89 e 4,14 mS/cm; nú-mero de células somáticas - 22.000 e 32.000CS/ml;

Ao se considerar a idade das búfalas verifi-cou-se que, com o progredir da idade aeletrocondutividade e os teores de cloreto au-mentavam, mas, em contra posição os teores delactose diminuíram; não se observou alteraçãosignificativa nos valores de gordura, sólidos to-tais, proteína e pH lácteos.

As bactérias isoladas com maior freqüênciaforam as dos gêneros: Corynebacterium sp(28,5%); Staphylococcus sp (24,7%);

Streptococcus sp (15,8%) e; Actinomyces sp(11,4%). O número de isolamentos bacterianosaumentou, significativamente, com o evoluir dalactação. Entretanto, o momento da ordenha nãoinfluiu no número de isolamentos e evidenciou-se maior freqüência de isolamentos nas glându-las posteriores do úbere.

No antibiograma das cepas de bactérias iso-ladas foram utilizados os seguintes antibióticose quimioterápicos: cefalotina; cefoperazone;cloranfenicol; cotrimoxa-zol; enrofloxacina;estreptomicina; genta-micina; neomicina;nitrofurantoína; oxa-cilina; penicilina etetraciclina. Entre os Corynebacterium sp, 47cepas (61,03%) foram resistentes ànitrofurantoína; 10 (12,9%) à oxacilina; 8(10,38%) à estreptomicina e; 7 (9,09%) àtetraciclina; sendo sensíveis aos demaisantimicrobianos testados. Os Staphylococcus spdemonstraram, em 12 (26,66%) dos casos, re-sistência a nitrofurantoína; em 2 (4,44%) àtetraciclina e; foram sensíveis aos demaisantimicrobianos; os Streptococcus sp, com ex-ceção de 7 (25%), resistentes à ação danitrofurantoína, foram sensíveis aos demaisantimicrobianos utilizados.

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Desempenho Ponderal de Búfalos da Raça Murrahem Sistema Silvipastoril com Pastejo RotacionadoIntensivo e Suplementação AlimentarSantos, Núbia de Fátima Alves Santos; José de Brito Lourenço Jr.; Hugo Didonet Láu; José Ferreira Teixeira Neto

Os trabalhos foram conduzidos numaárea experimental na Unidade dePesquisa Animal “Senador Álvaro

Adolfo”, pertencente à Embrapa AmazôniaOriental, Belém, Pará, composta de 5,4 hec-tares divididos em seis piquetes de gramaestrela (Cynodon nlemfuensis), adubadascom 300 kg/ha de fosfato natural reativo(Arad) na implantação e manejada com cin-co dias de ocupação, 25 dias de descanso,divididas com cerca elétrica, ao longo dasquais foram plantadas mudas de mogno afri-cano (Khaya ivorensis) e nim indiano(Azadirachta indica), intercaladas quatrometros, as quais são fertilizadas com adu-bos químicos e orgânicos, visando promo-ver a ambiência animal e agregar valor à pro-priedade, com uma área contendo bebedou-ro e cocho coberto para suplementação ali-mentar e mineralização dos animais.

Foram selecionados 25 machos desma-mados inteiros da raça Murrah, com idademédia de 258 dias (entre 213 e 303 dias),provenientes de seis plantéis debubalinocultores do Estado, selecionadoscom base em características raciais, escorecorporal, idade, controle genealógico e sa-nidade, sendo mantidos em regime alimen-tar semelhante, durante 294 dias, sendo 70dias de adaptação e 224 dias de prova, ten-do sido submetidos a vermifugação prévia,vacinação periódica contra febre aftosa e,eventualmente, tratados contra ataque deendo e ectoparasitos. Os animais forampesados no início e final do período de adap-tação e a cada 56 dias. Após o término daprova, foram calculados o peso ajustadoaos 550 dias e o ganho de peso, durante os224 dias, os quais foram transformados emíndices (60% para peso aos 550 dias e 40%para ganho de peso durante a prova, paraindicação dos melhores animais. A forra-gem disponível foi estimada duas vezes noperíodo mais chuvoso e duas no menoschuvoso para a determinação da matériaseca (MS), coeficientes de digestibilidade“in vitro” da matéria orgânica (DIVMO) comlíquido ruminal de búfalo.

A disponibilidade de forragem foi, emmédia, de 3.607 kg/ha na entrada dos ani-

mais e de 2.828 kg/ha na saída, suprindo asnecessidades mínimas exigidas pelos ani-mais, que é de 1.200 a 1.600 kg de MS.ha-1,segundo Mott (1980) e os animais recebe-ram ração suplementar, com 14% de proteí-na bruta – PB, em cocho coberto, mais águae mistura mineral à vontade.

O desenvolvimento dos animais foi oapresentado no gráfico ao lado e indicam

um ganho de peso médio diário de 0,790 (±0,081) kg/animal, durante os 224 dias deprova, tendo variado em média de 302 kgao início da prova para 479 kg ao final. Osmelhores animais foram enviados para co-leta de sêmen na Cebran.

Os cinco animais que mais se destaca-ram apresentaram média de ganho diário de0,906 kg/animal.

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Utilização do leite de búfala na elaboração deiogurtes e leites fermentadosOtaviano Carneiro Cunha Neto – FZEA-USP

Aprodução de iogurte se constituiuma excelente alternativa para oaproveitamento do leite de búfala,

embora possam ocorrer problemas na acei-tação do produto devido ao elevado teorde gordura no leite original. O leite bubalinoe seus derivados apresentam teores maiselevados de seus constituintes nutricionais,conferem um maior rendimento, e podemconstituir uma fonte nutricional alternativae adequada na dieta humana para a popula-ção Brasileira.

O elevado teor de gordura e proteína tor-na o leite de búfala valioso para a produçãode produtos lácteos, tais como; queijos, lei-tes fermentados e iogurte, entre outros. Es-tes componentes conferem um rendimentoindustrial superior aos derivados lácteos deleite de bubalino, quando comparado comos de outras espécies de mamíferos.

A palavra yogurt é derivada de jugurt, ter-mo originário da Turquia que se consagrouuniversalmente para denominar o produtoobtido a partir da fermentação do leite pelosmicrorganismos Lactobacillus delbrueckiisubesp. bulgaricus e Streptococcus salivariussubesp. Thermophilus.

O iogurte é o principal produto fermen-tado a partir do leite in natura, sendo queexistem diversos tipos de leites fermentadoselaborados com leite de búfala, usualmenteprodutos regionais, cujas características sãoajustadas de acordo com as preferênciaslocais.Na Bulgária, utiliza-se o leite bubalinomisturado ao bovino para a produção de umtipo especial de leite ácido, denominadokúselo mleko, elaborado com L. bulgaricus,similarmente ao iogurte de leite de búfalaproduzido na Itália. O natural yoch, bogurardohi, ou susu madu klenceng, são deriva-dos lácteos produzidos em Bangladesh, IlhasFiji, e Indonésia. Na Índia, é elaborado umproduto com características semelhantes aoiogurte, conhecido por dahi, podendo serutilizado como matéria-prima o leite de vaca,de búfala ou o produto da mistura dos dois.A elaboração de produtos fermentados comleite bubalino é particularmente elevada naÍndia, o qual destina cerca de 7% do leitebubalino à produção de um tipo de leite fer-mentado denominado khoa, cujas caracte-rísticas de textura decorrem do alto teor degordura (7-8%) no produto, elaborado comleite integral.

O iogurte pode ser classificado quantoao seu teor de gordura em: iogurte com cre-me (mínimo de 6,0%), iogurte integral (míni-mo de 3,0%), iogurte parcialmente desnata-do (entre 0,5% e 2,9%), e iogurte desnata-do (máximo de 0,5%). Todavia, tanto noBrasil, como no Mundo, a utilização do lei-te bubalino para a produção industrial deiogurtes tem sido pouco relatada na litera-tura. Sabe-se que a utilização do leitebubalino, incorporado ao leite bovino, paraa produção de iogurte, incrementa o sabore a consistência do produto do produto fi-nal. Sugere-se que seja empregada a padro-nização do teor de gordura do leite bubalinopara uma melhor assimilação de seus nutri-entes, havendo relatos de que o iogurte deleite bubalino apresenta melhor aspectoquando padronizado o ESD e a gordura, a10% e 3%,respectivamente.

Pesquisas têm demonstrado que o io-gurte de leite de búfala, principalmente oproduto contendo 3,0% de gordura, apre-senta boa estabilidade ao longo do perío-do de armazenamento de 30 dias, não ne-cessitando na sua elaboração, do fortaleci-mento adicional do ESD, o que representaa obtenção de um derivado do leite bubalinorentável do ponto de vista econômico. Ou-tra característica importante e peculiar aoiogurte bubalino, é que o produto final apre-senta um corpo e uma textura mais firmequando comparado com o iogurte elabora-do totalmente com leite bovino .

Outra característica importante no con-sumo do iogurte de leite integral de búfalaé que este pode ser adicionado a frutas re-gionais, dessa forma substituindo uma re-feição de crianças em idade escolar, porapresentar um sabor agradável e com quan-tidade suficiente de calorias necessárias aalimentação das crianças.

Os níveis de proteína, gordura, e cálciodo iogurte elaborado com leite bubalino sãomaiores do que os níveis encontrados noiogurte proveniente do leite bovino, res-pectivamente, 4,5% e 3,8%, 7,1% e 3,8%,1,44% e 1,29%. A população microbiana deStreptococcus salivarius ssp. thermophiluse Lactobacillus delbruekii ssp. bulgaricus,e a quantidade de acetaldeído, principalsubstância que confere o sabor ao iogurtetradicional não são alteradas com a adiçãode leite de búfala ao leite bovino na elabo-ração do iogurte.

O rendimento é uma característica im-portante nos derivados produzidos comleite bubalino, havendo em relação ao io-gurte, uma economia considerável quandoda sua utilização na elaboração do iogurtetradicional. O produto não necessita de lei-te em pó desnatado, ou mesmo de substân-cias de ação espessantes, rotinascomumente usadas na elaboração de iogur-te com leite bovino com a finalidade de pro-mover uma maior viscosidade e textura.

No Brasil, o consumo interno de iogur-te aumentou, principalmente no período de1994 a 1997, quando variou de 1,4 para 3,0kg/habitante/ano, não havendo estatísticasde produção e consumo de iogurtes exclu-sivamente de leite de búfala.

Fluxograma de Fabricação de iogurte.Condensado de “Utilização Artesanal deLeite de Búfala” - Manual Técnico nº 3 –

ITAL – Izildinha Moreno

1 - Adicionar ou não leite em pó até 25%visando obtenção de coágulo maisfirme.

2 - Aquecer entre 85-95 C por 15 minutos,tempo suficiente para desnaturar 80%das proteínas do soro, favorecendoaumento de retenção de água no soroe destruir substâncias inibidoras decrescimento bacteriano presentes noleite cru (como as aglutininas).

3 - Resfriar em água corrente até 45 C

4 - Adicionar fermento lático rapidamentee de forma a evitar contaminações, nasbase de 1 a 3% (maiores quantidadesreduzem o tempo de coagulação), agi-tando até homogeneizar a cultura.

5 - Incubar à temperatura de 42-45 C atécoagular

6 - Resfriar logo após e manter a tempera-tura abaixo de 10 C, evitando que o pro-duto se torne excessivamente ácido eque haja crescimento microbiano. (O de-senvolvimento de acidez no leite debúfalas é menor que o de leite bovino, oque permite uma maior conservação emtemperatura ambiente. Em temperaturasmenores (3-7 C) o produto pode ser con-servado sem perda de qualidade.

O fermento lático: usualmente com-posto em mistura de Streptococcusthermophilus e Lactobacilus bulgaricus(que devem ser usados sempre na mesmaproporção).

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Recomendações para Nutrição da Búfala Leiteira

Em sua palestra por ocasião do 2º En-contro Nacional de Bubalinocultoresem Salvador - 2004, o Prof. Giuseppe

Campanille afirmou que a produtividade dabúfala italiana se deu tanto por ganho ge-nético obtido através de processo seletivocom base em controle produtivo, ampla-mente disseminado naquele país, inclusivecom forte subsídio do governo e com a prá-tica de reposição média de 15% no rebanhocom filhas das melhores produtoras e, prin-cipalmente, por uma melhora na alimenta-ção animal que permitiu, não só um aumen-to quantitativo na produção leiteira, comotambém na produção de sólidos, particu-larmente gorduras e proteínas, fundamen-tais para um maior rendimento na fabrica-ção de mozzarella.

Destacou ainda, a grande influência dosfatores ambientais, nutrição, clima e técni-cas de manejo na produção leiteira dasbúfalas. Quanto aos alimentos, ressaltou oefeito negativo do excesso de fibras na di-eta, que limita a ingestão e digestão dosalimentos. Discutiu as variações na deman-da energética com a fase de lactação e con-clui que as proteínas da dieta são o princi-pal limitante da produção no Brasil, em quea alimentação se baseia principalmente noconsumo de pastagens, ressaltando queneste caso, é imprescindível o concurso desuplementação de concentrados tanto paraa expressão do potencial produtivo dosanimais, quanto para manutenção de suafertilidade lembrando porém, que seu usodeverá ser avaliado à luz da sua relaçãocusto x benefício, já que o leite no Brasilnão é tão valorizado como na Itália.

Em função do interesse manifestado,solicitou que traduzíssemos parte do tra-balho publicado em “Modelo diRegolamento per la gestione igienica edalimentare dell’allevamento bufalino inrelazione alla produzione della mozzarelladi bufala campana DOP”, editado peloConsorzio per la Tutela Del FormaggioMozzarella di Bufala Campana” - 2002 - Di-versos autores, contendo as bases geraisutilizadas para nutrição das búfalas leitei-

ras italianas, que fazemos a seguir.

É necessário ter em mente que nos pri-meiros 100 dias de lactação, pela menoringestão de matéria seca (fase catabólica dalactação), é necessário fornecer alimentos demaior densidade energética a fim de se obteruma maior produção de leite e teores maiselevados de proteínas e gorduras no leite,sendo que dietas muito fibrosas (mais que45% de FDN-Fibra em detergente neutro),reduzem a produção de leite, aconselhando-se assim que nesta fase se forneça uma ra-ção com níveis de FDN entre 30 e 40%, decarbohidratos não estruturais (CNE) entre27 e 32% e carbohidratos de rápida fermen-tação (amidos e açucares solúveis) empercentual não superior a 23%.

Necessidades de Manutenção(recomendações do INRA-Paris-1988)

Energia:NDT (kg) = [0, 46875 x (Peso Vivo/100)] +1,09375Proteínas:PB (g) = 0,85 x Peso Vivo , ou,PD (g) = 0,60 x Peso VivoCálcio:Ca(g) = 6,5 g x (Peso Vivo/100)Fósforo:P (g) = 5,0 g x (Peso Vivo/100)

Obs. Aumentar em 10% a energia no caso deestabulação livre, para atender a o maior dispêndioenergético e, para animais a pasto, aumentar de 20 a60% conforme a declividade do terreno.

Necessidades de Produção NT

Os cálculos de necessidade de energiasão efetuados com base na produçãocorrigida para energia (ECM), calculadoconforme a fórmula de Di Palo:

Leite ECM ={{[(gordura (g) - 40) + (proteinas (g) -31)] x 0,01155} +1} x produção

De forma prática, podemos estimar queo leite médio brasileiro corresponda a cercade 1,47 litros de leite ECM. (Dados deTonhati em São Paulo, com leite com 6,96%de gorduras e 4,2% de proteínas)

Energia para produção:NDT (kg) = Leite ECM x 0,3375Proteínas para produção:PB (g) = 2,84 x (g) PB em 1 litro de leiteCálcio para produção:Ca (g) = 6,7 g/kg leite produzidoFósforo para produção:P (g) = 2,3 g/kg de leite produzidoMagnésio para produção:Mg(g) = 0,9 g/kg de leite produzido

Necessidades para Crescimento

Estimando a necessidade de ganho de100 kg no ano ( 300 g/dia) para as primíparas

atingirem o peso adulto, recomenda-seacrescentar na ração diária:

NDT (kg) = 0,82PB (g) = 140Ca (g) = 9,5P (g) = 3,8

NT. No Brasil, onde a dieta é represen-tada principalmente por pastagens, tal re-comendação é de difícil execução posto quenossas gramíneas possuem teores de FDNbastante elevados, usualmente acima de75% e que aumentam com o avançar da ida-de da planta. Os concentrados usualmenteutilizados tais como caroço de algodão eresíduo de cervejaria, possuem teores deNDF em torno de 50%. Assim, somente comuso de grãos (NDF em torno de 8-10%),utilizados à razão de 50% da dieta total (basena matéria seca) permitiria atingir os níveisrecomendados de fibras, resultando, porém,numa maior quantidade de carbohidratosdo que aquela indicada. Deixamos esta dis-cussão para outra oportunidade

Exemplo de cálculo: Considerando um,rebanho com peso médio de 650 kg, manti-do a pasto com topografia plana, com pro-dução média anual de 1.533 kg, ou seja, umamédia diária de 5,8 kg de leite com cerca de6,96% de gorduras e 4,2% de proteínas (da-dos de Tonhati-2001). As recomendaçõesseriam as seguintes.

Produção de leite padronizado (ECM)1 litro leite = {[(69,6 - 40) + (42 - 31)] x 0,1155}+ 1 = 1,47Produção diária de leite ECM1,47 x 5,8 = 8,53Energia:-Manutenção: [0, 46875 x (650/100)] +1,09375 = 4,14 kg de NDT-Acréscimo por estar no pasto; 20% = 0,83 kgde NDT-Produção: 8,53 kg de leite ECM x 0,3375 = 2,88kg de NDTTotal diário de energia: 7,85 kg de NDTProteínas:-Manutenção: 0,85 x 650 = 552,5 g-Produção: 2,85 x 42 (g/l leite) x 5,8 lits/dia =694,3 gTotal diário de proteínas: 1.246,4 g/diaCálcio:-Manutenção: 6,5 x (650/100) = 42 g-Produção: 6,7 x 5,8 lits/dia = 39 gTotal diário de cálcio: 81 g/diaFósforo:-Manutenção: 5,0 x (650/100) = 32,5 g-Produção: 2,3 x 5,8 lits/dia = 13,3 gTotal diário de fósforo: 46 g/dia

Obs. para conversão de UFL (Unidadeforrageira para produção de Leite), unida-de de medida de energia comumente utili-zada na Itália, utilizamos o fator de conver-são de 1 kg de NDT= 1,28 UFL.

Traduzido e adaptado por Otavio Bernardes

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Na atualidade existe tecnologia para a inseminaçãoartificial das búfalas durante todo o anoNelcio Antonio Tonizza de Carvalho e Pietro Sampaio Baruselli

Éde conhecimento dos bubalinocul-tores e dos profissionais que trabalham com a espécie bubalina, que os

búfalos possuem estacionalidadereprodutiva, de forma similar ao que ocorrecom as espécies ovina e caprina, sendo osbúfalos poliéstricos estacionais de diascurtos. Devido a esta característica, no cen-tro-sul do Brasil, onde existe variação anu-al mais marcada na duração de horas de luzconforme a estação do ano, é observadauma maior concentração das manifestaçõesde cio nas estações de outono e inverno,com conseqüente concentração dasparições no primeiro semestre.

Para criações voltadas à produção deleite e para laticínios especializados em fa-bricação de queijos especiais com leite debúfala, a concentração das parições é umfator indesejável. No final do ano, após adesmama da maioria dos bezerros, ocorreuma diminuição da produção de leite e umaqueda na entrega do produto no mercado,comprometendo sua comercialização.

Devido a essa característica reprodutivae produtiva da espécie bubalina, o Depar-tamento de Reprodução Animal da Facul-dade de Medicina Veterinária e Zootecniada Universidade de São Paulo (VRA-FMVZ-USP) junto à Unidade de Pesquisa e De-senvolvimento do Polo Regional de Desen-volvimento Sustentável dos Agronegóciosdo Vale do Ribeira(UPD-APTA) vem desen-volvendo estudos para possibilitar a utili-zação da inseminação artificial durante todoo ano e, dessa forma, viabilizar a introdu-ção de material genético superior, distribuiros partos e proporcionar uma produção deleite mais uniforme.

Para tanto, foram desenvolvidos proje-tos de pesquisa em propriedades nos Esta-

dos de São Paulo, Paraná e Mato Grosso doSul. Os resultados dos primeiros trabalhos(1997/1998) indicaram que os búfalos apre-sentam eficiente resposta à sincronização daovulação para a inseminação artificial emtempo fixo (IATF) durante a estaçãoreprodutiva favorável (outono e inverno). Noentanto, estes animais quando sincroniza-dos durante a estação reprodutiva desfavo-rável (primavera e verão) apresentaram bai-xa taxa de concepção à inseminação.

Somente em 2001, quando se utilizou oprotocolo à base de P4, BE, PGF

2a, eCG e

hCG, foi possível obter satifatória taxa deconcepção em búfalas sincronizadas einseminadas em tempo fixo durante a esta-ção reprodutiva desfavorável.

No entanto, os tratamentos para IATFque apresentaram êxito fora da estaçãoreprodutiva favorável, são mais caros doque os tratamentos utilizados no outono einverno. Nesse sentido, novos estudos fo-ram e estão sendo desenvolvidos visandominimizar os custos dos tratamentos, tor-nando-os mais acessíveis aos produtores,sem comprometimento da eficiência.

Atualmente, os protocolos preconiza-dos para a IATF durante as estaçõesreprodutivas favorável e desfavorável es-tão descritos nos esquemas abaixo.

O protocolo descrito para IATF na es-tação reprodutiva favorável é conhecidotecnicamente como “Ovsynch”. O primeirofármaco deste protocolo pode ser aplicadoem dia aleatório, desde que as fêmeas nãoestejam gestantes, apresentem bom estadode condição corporal e tenham parido amais de quarenta dias. Todas as injeçõesdevem ser realizadas com agulha 40x12 (viaintramuscular profunda) e com seringa degraduação não superior a 5 ml (para aumen-

tar a precisão da dose). Os fármacos deve-rão ser aplicados à tarde e a inseminaçãodeverá ser realizada pela manhã, 10 diasapós o início do protocolo (D10).

Para a desestacionalização, é utilizadoo protocolo que consiste na inserçãointravaginal de um dispositivo deprogesterona associado à injeçãointramuscular de benzoato de estradiol.Nove dias mais tarde, aplica-seprostaglandina e eCG, seguida pela aplica-ção de hCG no D11. Com 16 horas do últi-mo tratamento, realiza-se a IATF. Para a uti-lização desse protocolo, deverão ser segui-das as mesmas recomendações do trata-mento descrito anteriormente.

De posse desses conhecimentos, osprodutores possuem ferramentas paraincrementar o emprego da inseminação ar-tificial durante todo o ano, com vistas àmelhoria genética e à desestacionalizaçãodos partos e da produção de leite dos reba-nhos bubalinos.

A preços atuais, o custo de utilizaçãodos protocolos descritos no artigo são:

- estação reprodutiva favorável (outo-no e inverno): R$ 12,00 por búfala.

- estação reprodutiva desfavorável (pri-mavera e verão): R$ 28,69 por búfala.

Esses valores são referentes apenas aosfármacos necessários para a sincronizaçãoda ovulação devendo ser acrescidos dovalor do sêmem que se situa entre R$ 13,00à R$ 25,00 (valores em 02/2005).

Como a taxa de prenhez esperada emcada um dos protocolos é de 50% por IATF,isto é, de cada 100 búfalas inseminadas 50se tornam prênhes, o valor total por pre-nhez deve ser multiplicado por dois.

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Influência do tipo de preparo de Carne Bovinae Bubalina no teor de gorduras totais.ALVES, A.C.O.1; ALVES, R.C.B.1; SANTOS, R.N.; NEVES, E.C.A.

Com o objetivo verificar a influência dotipo de preparo de carne bovina e no teorde gorduras totais, foram cortadas amos-tras de contra-filé, com e sem gordura (reti-rando toda a gordura aparente), em 3 peda-ços (início, meio e fim), e mais um segundocorte foi feito, resultando em 4 partes decada pedaço para cada preparo respectiva-mente assado, grelhado, cozido e frito.

Os processamentos para cada tipo decarne foram:

- CARNE ASSADA: A carne foi cozidaem calor seco (forno) à 163o C, colo-cando-se a carne diretamente na assa-deira, sem ser untada e ou água acres-centada. Para avaliar o ponto final dacarne assada, a peça de carne foi per-furada com um garfo até não visualizara liberação de líquido.

- CARNE GRELHADA: processo se-melhante ao da carne assada realizadano forno (163oC), sendo carne deposi-tada sobre grelha na assadeira, não per-mitindo contato direto com o líquidoque escorria durante a cocção.

- CARNE COZIDA EM LÍQUIDO: Acarne foi colocada em água à tempera-tura de ebulição e cozida lentamenteem recipiente tampado.

- CARNE FRITA: A carne foi cortadaem cubos, sendo o processo de coc-ção realizado por fritura por imersão emóleo quente.

Entre as carnes bovinas e bubalinas ob-servou-se (Tabela 1) uma ligeira diferençaem relação aos teores de gordura nos dife-rentes tipos de preparo da carne, contradi-zendo o que foi afirmado por Damé (2002).

Porém pode ser verificado que a carnebubalina apresenta vantagens, em relaçãoà carne bovina, principalmente, nos teoresde gordura e a quantidade no consumo.

É possível observar que quanto maisbem passada a carne, menor teor de gordu-ra ela terá, bem como existe diferença entreas carnes bovina e bubalina em relação àpresença ou não da gordura superficial dacarne, pois a gordura, durante o preparo,penetra na carne.

A carne frita, devido ao tipo de preparo(adição de óleo), como já esperado, apre-sentou maior teor de gordura em relação aosoutros tipos. As carnes assadas são o se-gundo tipo a apresentar maior teor de gor-dura total, ou seja, o contato direto da carnecom a água que escoa desta faz com que aperda de gordura seja menor; diferentemen-te do que ocorre na carne grelhada, sendo a

grelha furada, evita-se a reabsorção pela car-ne da gordura liberada ao ser aquecida, ocor-rendo uma maior perda de gordura, ficandoeste tipo em terceiro lugar.

A carne cozida, tanto bovina quantobubalina, apresentou menor teor de gorduradentre todos os tipos, pois esta carne foitotalmente submersa pela água adicionada,ocorrendo dessa maneira maior perda denutrientes (gordura, proteínas, minerais, etc).

Tabela 1. Teores de gordura das carnesbovinas e bubalinas

Conclui-se pois que entre carnes bovi-nas e bubalinas observou-se uma ligeira di-ferença em relação aos teores de gordura nosdiferentes tipos de preparo, sendo sempremenor na bubalina, com diferença mais acen-tuada na carne sem gordura. A carne quan-do cozida, tanto bovina quanto bubalina,apresentou menor teor de gordura dentretodos os tipos de preparo, sendo a carnefrita a que apresentou maior teor.

Fabricação de mozzarella com leite de búfalas.Alberto Gusmão Couto - Fazenda Castanha Grande - São Luiz do Quitunde - Alagoas - Brasil - Tel. (82) 254 1115/ 9976 3800

1. Adicionar ao leite, água potável na pro-porção de 10% do volume final(90%leite +10% água). 2. De agora pordiante, trataremos por leite a mistura(leite+água), exceto quando formoscalcular o rendimento, o que é obvio.

2. Pasteurizar o leite.

3. Adicionar 40ml de cloreto de cálciopara cada 100 litros de leite.

4. Adicionar ao leite: 3 % de soro fermen-to estando à 40ºD (Dornic) ou 2 % es-tando a 60ºD ou 1% estando a 120ºD.

5. Deixar o leite fermentar por 20 a 30 min.O ideal é que a acidez do leite após afermentação esteja com 21oD na horade colocar o coalho.

6. Temperatura do leite na hora de colo-car o coalho: 38o C.

7. Dissolver o coalho em um copo d‘água,e em seguida misturar essa solução emum recipiente de aproximadamente 2 li-tros d’água.

8. Aos poucos vai-se colocando ao leiteo coalho diluído em água e agitando-se o leite à cada pequena porção colo-cada. Essa operação deverá ser rápi-

da, no máximo de 1 a 2 min. Parar a tur-bulência e deixar o leite em repouso.

9. O coalho deverá coalhar o leite em 30 a45 min, fora desse tempo afetará a qua-lidade do produto. Se menos de 30min,poderá dar gosto amargo no queijodevido ao excesso de coalho, além de45min diminuirá o rendimento do quei-jo.

10. Estando a coalhada no ponto, quebra-se a mesma com a lira horizontal, nosentido longitudinal, depois com a liravertical, no mesmo sentido, em segui-da com a lira vertical no sentido trans-versal até se obter o tamanho do grãodesejado. Alguns queijeiros fazem umpré-corte da coalhada.

11. Para que se tenha um produto tenro,deve-se deixar os grãos de tamanhos

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médios a grandes, em torno de 1,5 a2cm.de aresta.

12. Após a quebra da coalhada, esta de-verá repousar por 3 min, tempo neces-sário para formar uma película nas pa-redes dos grãos da coalhada. Essa pe-lícula filtrará o soro do interior dosgrãos, quando feita a primeira mexedurae impedirá a saída de finos (pequenaspartículas da coalhada), aumentandodesta forma o rendimento do queijo.

13. Primeira mexedura: iniciar muito lenta-mente e gradativamente aumentar a agi-tação. Duração: 20min.

14. Ao término desse tempo, deixar a coa-lhada assentar no fundo do tanque.

15. A Segunda mexedura poderá ser pro-cessada de duas maneiras:

a. Com aquecimento na camisa do tan-que de fabricação: Aquecer lentamen-te por todo o processo, a coalhada comtodo o soro. Mexer a coalhada inicial-mente lentamente e gradativamente au-mentar a agitação, mantendo as pelotassoltas, sem formação de bolos. Ao atin-gir a temperatura de 38ºC a massa de-verá estar numa consistência ideal.

b. Com adição de água quente: a esseprocesso dar-se o nome dedelactosagem, pois retira parte da

lactose de dentro dos grãos. Retirarparte do soro até o aparecimento dosprimeiros grãos.

Adicionar à massa mais soro, muito len-tamente, com um aguador fino, água a100ºC. Evitar que a água quente entreem contato direto com à massa, poispoderá emborrachar a mesma. A medidaque se vai colocando a água quente,vai-se fazendo a mexedura na massa,inicialmente devagar e gradativamentee concomitantemente com o aumentode temperatura, vai-se aumentando aagitação, evitando desta forma que amassa forme bolos. Em torno de 38ºC, amassa deverá estar no ponto, o que serádetectado pelo queijeiro.

16. Deixar a massa repousando (no própriosoro, caso a temperatura ambiente estejabaixa e retirar todo soro se a temperaturaambiente estiver alta) até a mesma atin-gir o ponto de filagem, o que ocorreráentre 4 à 5 horas, dependendo das con-dições acima especificadas e acidez damassa. Quanto maior for o tempo paradar o ponto de filagem, maior será o tem-po que o queijeiro terá para filar e viceversa, por isso aconselho que o queijeirocalcule para que a massa dê o ponto defilagem com mais de 4 horas.

17. Ao fazer o teste de filagem, a massa

deve esticar em mais de um metro, quan-do estará no ponto.

18. FILAGEM: Filar a massa com água en-tre 85 / 90ºC, e quantidade de 1.5 a 2vezes o peso da massa a ser filada.Quanto maior a temperatura mais moleficará a massa e vice versa.

19. SALGA: MOZZARELLA EM BARRA,PARA FATIAR: usar de 2 a 2.5 % desal na água de filagem(dependendo daclientela). Trabalhar na massa, fechara bola e enformar. Colocar o queijo emágua gelada, dentro da forma, por apro-ximadamente uma hora.Retirar da for-ma e colocar em câmara fria para o quei-jo enxugar.

MOZZARELLA EM BOLINHAS: Re-tirar da água gelada. Colocar em umasalmoura à 20% por um período de 5 a10min (dependendo do tamanho dabola). Colocar as bolinhas em salmou-ra de conserva definitiva. Esta salmou-ra deverá ter a mesma acidez da massa,para evitar que fique leitosa.

20. EMBALAR: Caso seja Mozzarella embarra, embalar a vácuo; caso seja embolinhas, colocar em um recipiente comuma quantidade de salmoura de con-serva suficiente para deixar as boli-nhas imersas.

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Eduardo Bastianetto, Sidney Correa Escrivão - Apoio: Núcleo de Bubalinocultura da EV-UFMG e Associação Mineira de Bubalinocultores

Influência das características reprodutivas da búfalana produção, composição e qualidade do leite

Introdução

Os animais selvagens apresentamuma atividade reprodutivaestacional, condicionada pela ne-

cessidade de coincidir o parto e a desmamacom uma estação climática que satisfaça asexigências de temperatura e alimento da pro-le. Esta característica que se perde duranteo processo de domesticação ainda encon-tra-se presente em algumas espécies ani-mais. A tendência à estacionalidadereprodutiva de algumas espécies foi parci-almente influenciada pelo processo dedomesticação e sua mudança para novasáreas de criação.

Índia

A espécie selvagem que originou osbúfalos desenvolveu-se em uma zona tro-pical Indiana localizada entre os paralelos31° N e 2° S da linha do Equador. O partoprimaveril garantiu para a prole, durante oprocesso de seleção natural dos animais, apresença de forragem em áreas tropicais aonorte do Equador. As espécies que possu-em período de gestaçao de cinco meses(Caprinos e Ovinos) e de 11 –12 meses(Eqüinos e Asininos) apresentam um au-mento acentuado na fertilidade respectiva-mente no Outono e na Primavera. A varia-ção na quantidade diária de luz sinaliza aepoca do ano para sistema neuro-endócrinodos animais e reativa o sistema reprodutivono período favorável a reprodução, divi-dindo-os em espécies fotoperiodo negati-vo (aumento da fertilidade no Outono e In-verno) e fotoperiodo positivo (aumento dafertilidade na Primavera e Verão). Os indiví-duos que nasciam nas épocas mais favorá-veis sobreviviam e prevaleceram numerica-mente, transmitindo para as gerações su-cessivas as características reprodutivas(Zicarelli, L. 1997).

Brasil

A disponibilidade de forragem nas áre-as tropicais ao sul da linha equatorial ocor-re no período em que as horas de luz do diaaumentam (primavera e verão), ao contrá-rio do que ocorre no ambiente que os búfa-los foram selecionados. Uma búfala que

inicia uma gestação no principio do inver-no irá entrar em trabalho de parto no outo-no do ano seguinte (período médio de ges-tação de 315 dias), época caracterizada pelabaixa quantidade e qualidade das forragens.

Os búfalos apresentam estacionalidadereprodutiva mesmo quando estão em locaiscom boa disponibilidade de alimento du-rante todo o ano. Os animais pertencentesaos rebanhos localizados próximos à linhaequatorial apresentam uma estacionalidadereprodutiva influenciada por fatoresnutricionais. A manifestação daestacionalidade reprodutiva nos búfalos éinfluenciada pelo aumento da distância dalinha do Equador (Zicarelli, L. 1997).

Comportamento reprodutivo dasbúfalas

A espécie bubalina é poliéstricaestacional de dia curto. A variação na con-centração sangüínea de melatonina nasbúfalas sinaliza a estação do ano para osistema reprodutivo. O aumento na concen-tração plasmática de melatonina após o pordo sol é menor em indivíduos menos sensí-veis ao fotoperiodo.

A necessidade de alterar o calendárionatural de partos das búfalas para satisfazera maior demanda comercial de Mozzarella naprimavera e no verão causam perdas na fer-tilidade do rebanho, que são menores (apro-ximadamente 15%) nas propriedades que uti-lizam programas de desestacionalização parabúfalas há mais tempo. As búfalas destesrebanhos manifestam um comportamentoreprodutivo estacional menos característico(Zicarelli, L. 1997).

Variação na composição do leite dabúfala durante o ano

Os percentuais de gordura, proteína,CCS e acidez titulável do leite apresentamuma variação conhecida e esperada duran-te a lactação. A intensidade e tipo destasvariações ocorrem devido ao manejo alimen-tar, sanitário e genético imposto pelos cria-dores, e podem favorecer ou prejudicar aqualidade e o rendimento dos produtosderivados do leite da búfala.

O leite das búfalas recém paridas não é

adequado para a fabricação de queijo tipoMozzarella. O leite utilizado para a fabrica-ção desse queijo deve conter uma relaçãode gordura e proteína de 2:1, com um teormínimo de gordura de 7,2% (Del Prato, S.O., 1998) e baixa acidez titulável. A acideztitulável do leite da búfala Mediterrânea Ita-liana varia durante a lactação de 12.0 a 9.0SH°(unidade de Soux – Henkel em 100 mlde leite) nos primeiros 25 dias apos o par-to.. O leite apresenta 12.0° SH no início dalactação, 10.0° SH após duas semanas epara 9.0° SH aos 25 dias.

A conversão dos valores de acidez ex-pressa em °SH e °Dornic (°D) podem serfeitas através das formulas:

• Acidez do leite em °D = (4,5x acidezdo leite °SH) /2

• Acidez do leite em °SH = (2 x acidezdo leite em °D) /4,5 (Adaptado de DelPrato, S. O., 1998).

A acidez titulável do leite da búfala apre-senta valores ligeiramente superiores à aci-dez titulável do leite da vaca, isto provavel-mente ocorre em função da maior quantida-de, diâmetro e número das micelas decaseína do leite da búfala se comparado aoleite da vaca. (Macedo et, 2001). SegundoDel Prato (1998) a acidez normal do leite dabúfala Mediterrânea Italiana para a fabrica-ção de Mozzarella varia entre 7.0 e 7.8°SH.

Fatores ambientais que causam o au-mento da acidez titulável do leite da búfala:

a. Presença de bactérias saprófitas pro-dutoras de acido lático através da fer-mentação da lactose.

b. Conservação do leite em refrigeradorsujo e resfriamento lento.

c. Transporte do leite em latas sujas e tem-peratura inadequada.

d. Percursos longos e demorados.

e. Ordenha com pouca ou nenhuma hi-giene.

Fatores alimentares que aumentam aacidez titulável do leite:

1. Excesso de forragem grosseira sem aobservação das característicasnutricionais.

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2. Fornecimento de alimentosinapropriados: silagem de baixa quali-dade, alimentos mofados, mistura mi-neral inapropriada.

A estacionalidade reprodutiva concen-tra a produção de grande volume de leite(até 60% da produção total de leite) nosmeses de Fevereiro a Maio de búfalas re-cém paridas. O baixo percentual de caseínano leite, a alta acidez titulável e a alta CCSem algumas fases da lactação causam pro-blemas na coagulação do leite e na filagemda massa. A mozarela produzida com o leitede uma búfala recém parida apresenta baixaqualidade organoléptica e reduzido tempopara comercialização.

Para diminuir a concentração de partosem poucos meses do ano deve-se fazer umo planejamento reprodutivo. Baruselli (1993)descreveu as seguintes técnicas de mane-jo que auxiliam a distribuição de partos aolongo do ano:

• Colocar as novilhas em reproduçãona Primavera, pois as novilhas não

apresentam um comportamentoestacional reprodutivo acentuado.

• Retirar o touro do lote de búfalas pa-ridas no inverno (Junho, Julho e Agos-to) e recolocar na primavera.

Alimentar bem as búfalas, condição in-dispensável para a concepção na primavera.

O rendimento da mozarela e dos demaisderivados está diretamente relacionadoscom a composição do leite, em especial coma quantidade de proteína. O rendimento doleite da búfala para a fabricação de Mozarelapode ser calculado com a formula: [((3,5 x%P no leite) + (1,25 x %G no leite)) – 0,088].

A búfala apresenta uma maior capaci-dade de alterar a composição (percentualde gordura e proteína) do leite em relaçãoao volume. Existe uma diferença nopercentual de gordura no leite das búfalassubmetidas a uma ou duas ordenhas pordia nos rebanhos que fornecem ração nococho durante ou após a ordenha. Nos re-banhos em que as búfalas são ordenha-das duas vezes elas recebem uma quan-

tidade maior de ração, isto diminui a rela-ção forragem: concentrado da alimentaçãototal ingerida e favorece a produção deleite com maior percentual de gordura emrelação as búfalas que são ordenhadas so-mente uma vez.

Quando as búfalas em lactação não in-gerem alimentos de maneira que satisfaçamsuas exigências nutricionais para amantença, gestação, e produção de leiteocorre uma acentuada diminuição no volu-me de leite produzido com uma pequenaalteração na sua composição.

Conclusões

As características reprodutivas da es-pécie bubalina influenciam na composição,qualidade e volume do leite produzido du-rante o ano. Deve-se fazer um planejamen-to dos acasalamentos das búfalas, respei-tando as características da espécie, paradiminuir a concentração da produção deleite com características indesejáveis paraa produção de mozzarella em poucos me-ses do ano.

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RECEITAS CULINÁRIAS

Filé Recheado:

Rendimento: 4 a 6 pessoas

- 1 Kg de filé de búfalo

- Sal e pimenta a gosto

- 2 dentes de alho

- 2 cebolas grandes

- 125 g de bacon

- 3 cenouras

- ½ maço de temperos verdes picados

- 200 g de mozzarella de búfala em fatias

Modo de preparar:

Recheio: Passe no processador o alho,a cebola, a cenoura e o bacon, ou cortetudo bem picadinho. Tempere a gosto erefogue por 10 a 15 minutos, mexendo atéevaporar todo o liquido. Desligue e acres-cente o tempero verde e reserve. Com umafaca de cozinha bem afiada, vá abrindo apeça inteira do filé como forma de uma man-ta, quanto mais fino melhor, tempere comsal e pimenta.

Coloque o recheio: espalhe as fatias demozzarella e depois o refogado de baconcom cebola e cenoura.

Enrole como um rocambole, amarre como auxilio de um barbante e embrulhe em pa-pel alumínio, fechando bem.Leve para assarpor cerca de 20 minutos em forno médio pré-aquecido. Após esse tempo, abra o papelalumínio delicadamente e pincele com man-teiga de búfala. Volte ao forno e deixe douraraproximadamente 20 minutos. Pode ser ser-vido com arroz, salada verde e farofa.

Quiche de Mozzarella deBúfala

Rendimento: 8 porções

Massa:

- 250 g de farinha de trigo

- 125 g de manteiga

- 1 colher de chá de sal

- 1 ovo

- 2 colheres de água

Modo de fazer:

Misture a farinha e o sal e incorpore amanteiga com a ponta dos dedos até for-mar uma farofa. Acrescente os ovos e aágua e forme a massa sem trabalhar muitonela. Cubra com filme plástico e leve à gela-deira para descansar por 30 minutos. Apóseste tempo, abra a massa e coloque em umaforma de fundo falso. Cubra com papel alu-mínio, encha de feijões crus e leve para as-sar em forno médio por 15 minutos aproxi-madamente.

Recheio:

- 300 g de mozzarella de búfala picadaem quadrados grandes

- 300 ml de creme de leite fresco (nata)

- 1 xic. de leite

- 1 cebola picadinha

- 4 ovos

- 1 colher de chá de sal

- pimenta do reino

- 6 azeitonas pretas fatiadas para decorar

Frite a cebola na manteiga. Bata noliquidificador os ovos com o creme de leite,o sal e a pimenta. Depois de batido, junte amozzarella de búfala e a cebola. Coloque orecheio no fundo da torta que foi pré-assa-da. Salpique por cima as azeitonascortadinhas e leve ao forno médio por apro-ximadamente 30 minutos.

Pão de Queijo comMozzarella de Búfala

- 1 colher rasa de sal

- 6 xic. polvilho doce ou fécula

- 1 xic. medida de azeite

- 1 xic. medida de leite

- 400 g mozzarella búfala

- 4 ovos

Modo de fazer:

Misturar o sal com o polvilho, misturar oleite junto com o óleo fervendo, despejar nopolvilho misturando bem.

Deixar esfriar por 20 minutos, acrescen-tar os ovos e por último o queijo ralado,fazer bolinhas e assar no forno pré aqueci-do a 200º.

Para congelar:

Fazer bolinhas, colocar na forma, levarao freezer e depois embalar. Retirar o ar paraque dure mais.

Pizza de Mozzarella deBúfala com Rúcula

- ½ xícara de chá de leite

- 2 colheres de chá de margarina

- 1 colher de chá de sal

- 1 colher de sopa de fermento em pó

Cobertura:

- 3 tomates sem pele e semente picados

- 1 colher de sobremesa de orégano

- 200 g de mozzarella de búfalo

- folhas de rúcula

Modo de fazer:

Junte os ingredientes da massa, amas-sando-os com as mãos até obter uma mas-sa homogênea. Abra com rolo formandoquatro discos de pizza. Leve a massa aoforno por 12 minutos.

Tempere os tomates com sal e oréganoe espalhe sobre os discos já assados. Dis-tribua a mozzarella ralada e leve novamenteao forno por mais 8 minutos. Coloque asfolhas de rúcula e serva a seguir.

Receitas da Criadora

Magda Elizabete Nebel da Silva

Guaíba - RS

Encaminhe à ABCB

suas sugestões de receitas para serem publicadas

no próximo Boletim do Búfalo

Leite de Búfala x Leite de Vaca

Composições químicas comparativas:Carne de Búfalo x Carne Bovina

Fonte: Verruma (1994) Fonte: USDA Agriculture Handbook.Por 100 g de carne.

Parâmetros Búfala Vaca

Umidade (%) 83,00 88,00

Gordura (%) 8,16 3,68

Proteína (%) 4,50 3,70

Cinzas (%) 0,70 0,70

Extr. Seco (%) 17,00 12,00

Vit. A (UI) 204,27 185,49

Calorias / 100 ml 104,29 62,83

Cálcio (%) 1,88 1,30

Ferro (ppm) 61 37

Parâmetros Búfalos Bovinos

Calorias (Kcal) 131,00 289,00

Proteína (%) 26,83 24,07

Lipídios (g) 1,80 20,89

AG Saturados (g) 0,60 (33%) 8,13 (39%)

AG Monoinsaturados (g) 0,53 9,06

AG Poliinsaturados (g) 0,36 0,77

Colesterol (mg) 61,00 90,00

Minerais (mg) 641,80 583,70

Vitaminas (mg) 20,85 18,52

AGENDA

3º ENCONTRO NACIONAL DECRIADORES DE BÚFALOS

RECIFE - PE

O 3º Encontro Nacional de Criadores de Búfalos,acontecerá entre os dias 15 e 19 de Setembro

de 2005 e está sendo organizado pela Associaçãode Bubalinocultores de Pernambuco (ASBUPE)

juntamente com a Universidade Rural dePernambuco (UFRPE) e ABCB.

Previamente ao encontro, estão programados doiscursos, sendo um de produção de derivados de leite

de búfalas e outro de Inseminação Artificial.

1º SIMPÓSIO ITALO-AMERICANODE BÚFALOS

Programado para ser realizado

entre os dias 15 e 18 de Outubro de 2005 em

Paestum-Salerno, na Itália.O simpósio deverá ainda ter um curso prévio que

abordará a qualidade do leite e suatransformação em derivados.