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SUN HSIEN MING
OPORTUNIDADES DE CONFLITO DE TRÁFEGO
MODELOS DE PREVISÃO
SÃO PAULO 2008
SUN HSIEN MING
OPORTUNIDADES DE CONFLITO DE TRÁFEGO
MODELOS DE PREVISÃO
Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Engenharia
SÃO PAULO 2008
Data da Defesa: ___/___/___
Banca Examinadora
Prof. Dr. __________________________________________________
Julgamento:_________________________ Assinatura: ________________
Prof. Dr. __________________________________________________
Julgamento:_________________________ Assinatura: ________________
Prof. Dr. __________________________________________________
Julgamento:_________________________ Assinatura: ________________
SUN HSIEN MING
OPORTUNIDADES DE CONFLITO DE TRÁFEGO
MODELOS DE PREVISÃO
Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Engenharia
Área de Concentração Engenharia de Transportes Orientador Prof. Dr. Hugo Pietrantonio
SÃO PAULO 2008
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador. São Paulo, de outubro de 2008. Assinatura do autor ____________________________ Assinatura do orientador _______________________
FICHA CATALOGRÁFICA
Ming, Sun Hsien
Oportunidades de conflito de tráfego : modelos de previsão / S.H. Ming. -- ed.rev. -- São Paulo, 2008. 293 p.
Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo. Departamento de Engenharia de Transportes.
1.Engenharia de tráfego 2.Segurança de tráfego 3.Modelos (Previsão) 4.Circulação de pedestres I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Transportes II.t.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Hugo Pietrantonio, pela competência e dedicação na orientação desta
dissertação e pela amizade e companheirismo durante esta longa jornada.
Aos colegas e amigos da CET/SP, Suely da Conceição Costa Gaiasso, Paulo Seiti Ueta,
Altanir Augusto Bernardes, Luis de Carvalho Montans, Max Ernani Borges de Paula,
Flávio Murilo Bueno Torres e Valter Casseb pelo apoio, pelas informações e dados
fornecidos, bem como pela cessão de material e equipamentos de pesquisa. Em especial, à
colega Rosemeire Giraldi Murad que forneceu preciosas informações sobre o diagnóstico e
análise de segurança das interseções que foram objeto de validação de campo.
Ao colega da GDT/CET, Rafael Cosentino, que me ajudou na elaboração do sumário e na
formatação digital do arquivo da dissertação.
Ao Vaudevir Ferreira Valadão e Maurício Demarchi da empresa Data Traffic que
realizaram a pesquisa de velocidade, com equipamento radar estático, nas interseções que
foram objeto de validação de campo.
Aos meus queridos amigos Luis Molist Vilanova, João Cucci Neto e Pedro Cury que
sempre me incentivaram e me proporcionaram a coragem necessária para essa árdua e
longa tarefa.
Aos meus filhos, que, além de terem sempre me dado apoio e incentivo, procuraram e
localizaram artigos técnicos referentes ao assunto da dissertação em universidades
americanas onde eles estudaram.
Finalmente, à minha esposa que, comigo compartilhou alegrias e tristezas, momentos de
realização e frustração e que, sem o seu carinho (bem como paciência e perseverança), eu
jamais teria conseguido trilhar esse difícil e espinhoso caminho e chegar ao fim da jornada.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento e proposição de modelos matemáticos que
possam estimar, com a precisão necessária para efeitos de aplicação prática, o grau ou o
nível de segurança de interseções, semaforizadas ou não, usando-se o conceito de
oportunidades de conflito de tráfego.
O conceito de oportunidade de conflito de tráfego tem sido proposto para obter medidas
analíticas de segurança, sendo uma medida correlata de segurança que pode substituir com
vantagem as medidas usuais como histórico de acidentes e conflitos de tráfego. Os modelos
que usam o conceito de oportunidades de conflito de tráfego necessitam apenas de dados
operacionais das interseções, o que torna este parâmetro uma medida potencialmente útil
para aplicações práticas na determinação do nível de segurança de um determinado local ou
fazer projeções sobre a efetividade de projetos de segurança.
São apresentados e discutidos trabalhos de outros autores sobre o assunto, baseados nos
quais foram desenvolvidas alternativas às propostas por eles formuladas. Foram analisados
pontos não tratados como a aplicação do conceito de oportunidade de conflito de tráfego no
período de entreverdes, bem como o estudo de pedestres nas diferentes situações de
travessia (nos estudos revisados, somente foi encontrada a análise de travessia de pedestres
diante do movimento de conversão à esquerda com fluxo oposto).
Foi realizado um estudo piloto numa interseção real com o objetivo de testar metodologias
de trabalho de campo, o que permitiu estruturar um trabalho de validação de campo por
meio de diagnósticos qualitativos.
ABSTRACT
The purpose of this work is, through the use of mathematic models, to estimate the level of
risk using the concept of traffic conflict opportunity at signalized and unsignalized
intersections.
The concept of traffic conflict opportunity has been proposed to measure the level of risk,
and it is considered as an alternative measure of traffic safety, potentially more useful than
the traditional safety measures like traffic accident data or traffic conflict technique. The
traffic conflict opportunity models do not require complex field data, only the operational
data of the intersection as traffic counts and control parameters are needed.
This work presents and analyses other authors’ studies about this subject, based on which
were proposed alternative methods for their formulations. Points such as the safety analysis
of the intergreen period using traffic conflict opportunity, not found in those studies, were
treated in this work, as well as the pedestrian crossing risk in various situations (in the
revised studies, only the analysis of pedestrian crossing risk due to a left turn movement
facing an opposing flow was found).
In order to test methodologies and to collect field data, it was performed a pilot study at a
real intersection. The pilot study allowed to define the goals and the means needed to carry
out a field validation by qualitative diagnostic analysis.
F-1
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 – Número de mortos em acidentes de trânsito na cidade de São Paulo ... 3
Figura 1.2 – Evolução da porcentagem de pedestres mortos em acidentes de
trânsito ..................................................................................................
3
Figura 1.3 – Comparação entre histórico de acidentes anuais estimados em
interseções semaforizadas .....................................................................
9
Figura 1.4 – Comparação entre regressões de total de acidentes anuais e totais de
acidentes anuais estimados em interseções não semaforizadas ............
9
Figura 2.1a – Manobra de travessia ............................................................................ 14
Figura 2.1b – Manobra de aproximação ..................................................................... 15
Figura 2.2a – Oportunidades de conflito angulares .................................................... 16
Figura 2.2b – Oportunidade de conflito traseira ......................................................... 17
Figura 2.2c – Oportunidades de conflito com pedestres ............................................. 17
Figura 2.3 – Oportunidades de conflito teóricas típicas ............................................ 19
Figura 2.4 – Oportunidades de conflito típicas ......................................................... 19
Figura 2.5 – Pontos e linhas de oportunidades de conflito ....................................... 21
Figura 2.6 – Chegada de veículo do movimento k na faixa l, conflitante com o
movimento i na faixa j ..........................................................................
23
Figura 2.7 – Exemplo numérico hipotético ............................................................... 33
Figura 2.8 – Indicação dos movimentos e fluxos ...................................................... 34
Figura 2.9 – Tempo de parada do veículo da via principal ....................................... 36
Figura 2.10 – Oportunidades de conflito traseiras ...................................................... 39
Figura 2.11 – Divisão do conflito R2 em dois tipos de conflito ................................. 40
Figura 2.12 – Tempo de exposição da via principal igual à brecha crítica da via
secundária .............................................................................................
46
Figura 2.13 – Oportunidade de conflito traseira na via principal pelo TRAF-Safe .... 49
Figura 2.14 – Oportunidades de conflito traseiras na via principal ............................ 49
Figura 2.15 – Falta de visibilidade devido à curva ..................................................... 52
Figura 2.16 – Trajetória do movimento de conversão à esquerda .............................. 55
Figura 2.17 – Conversão à esquerda, fluxo oposto e pedestres .................................. 59
Figura 2.18 – Determinação de Gq ............................................................................. 61
Figura 2.19 – Desenho ilustrativo dos movimentos .................................................... 62
Figura 2.20 – Conflito potencial entre veículos de conversão à esquerda com
veículos do fluxo oposto e com pedestres ............................................
63
Figura 2.21 – Conflito entre conversão à esquerda e pedestres .................................. 65
Figura 2.22 – Formatos da distribuição de Weibull .................................................... 83
Figura 2.23a – Probabilidade de parar .......................................................................... 87
Figura 2.23b – Probabilidade de decisões conflitantes ................................................. 87
Figura 2.24 – Duas funções de probabilidade de parar com variâncias distintas ....... 89
Figura 2.25a – Distância de parada XS .......................................................................... 89
Figura 2.25b – Distância de limpeza XC ....................................................................... 89
Figura 2.26a – Zona de dilema XS > XC ........................................................................ 91
Figura 2.26b – Zona de opção XS < XC ......................................................................... 92
Figura 2.27 – Número de veículos na zona de dilema para semáforos a tempo
fixo e atuados ......................................................................................
98
F-2
Figura 2.28 – Comparação entre a curva Normal e a Logit ........................................... 100
Figura 2.29 – Ilustração de PET ..................................................................................... 102
Figura 2.30 – Laboratório móvel de Purdue University ................................................. 103
Figura 3.1 – Elementos geométricos da interseção ...................................................... 115
Figura 3.2 – Interseção com conversão à esquerda e com fluxo oposto ...................... 133
Figura 3.3a – Saída da interseção no entreverdes Z≥W.................................................. 139
Figura 3.3b – Saída da interseção no entreverdes Z<W.................................................. 140
Figura 3.4 – Desenho ilustrativo mostrando a distância Ze que o veículo que inicia a
operação deve percorrer até chegar à região de conflito ..........................
146
Figura 3.5a – Zonas de conflito de pedestre .................................................................. 155
Figura 3.5b – Zonas de conflito de pedestre por faixa de tráfego .................................. 156
Figura 3.6a – Interseção sem estágio de pedestres ......................................................... 162
Figura 3.6b – Interseção com estágio de pedestres ........................................................ 164
Figura 4.1a – Croquis da interseção Ministro Ferreira Alves x Raul Pompéia (sem
escala) ......................................................................................................
235
Figura 4.1b – Foto da interseção Ministro Ferreira Alves x Raul Pompéia .................. 236
Figura 4.2a – Croquis da interseção Cerro Corá x Pio XI ............................................. 239
Figura 4.2b – Foto da interseção Cerro Corá x Pio XI ................................................... 239
Figura 4.3a – Locação da câmera na interseção Ministro Ferreira Alves x Raul
Pompéia ....................................................................................................
242
Figura 4.3b – Locação da câmera na interseção Cerro Crá x Pio XI ............................. 242
Figura 4.4 – Imagem do equipamento (radar) utilizado na pesquisa de velocidade .... 243
Figura 4.5a – Nomenclatura dos movimentos veiculares e de pedestres da interseção
com sinalização de prioridade: Ministro Ferreira Alves x Raul Pompéia
245
Figura 4.5b – Diagrama com a indicação dos pontos de conflito da interseção com
sinalização de prioridade: Ministro Ferreira Alves x Raul Pompéia .......
245
Figura 4.6 – Resumo com os resultados obtidos para a interseção com sinalização de
prioridade: Ministro Ferreira Alves x Raul Pompéia ...............................
258
Figura 4.7a – Nomenclatura dos movimentos veiculares e de pedestres da interseção
com sinalização de prioridade: Cerro Corá x Pio XI ...............................
262
Figura 4.7b – Diagrama mostrando os pontos de conflito da interseção com
sinalização semafórica: Cerro Corá x Pio XI ...........................................
262
Figura 4.8 – Resultados obtidos com a aplicação dos modelos ................................... 278
T-1
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 – Total de pedestres e ocupantes mortos em acidentes de trânsito .......... 2 Tabela 2.1 – Oportunidades de conflito angulares .................................................... 38 Tabela 2.2 – COs traseiras ......................................................................................... 42 Tabela 2.3 – Quadro comparativo entre fluxos conflitantes agregados e não
agregados ..............................................................................................
47 Tabela 2.4 – Quadro comparativo de oportunidades de conflito traseiras com fluxo
conflitante agregado e não agregado (R2a + R2b) ...............................
50 Tabela 2.5 – Porcentagem de intervalos em duas interseções ................................... 76 Tabela 3.1 – Nomenclatura básica utilizada na apresentação dos modelos a estudar 108 Tabela 3.2 – Resumo das expressões da Seção 3.1 ................................................... 188 Tabela 3.3 – Oportunidades de conflito em interseções com sinalização de
prioridade ..............................................................................................
190 Tabela 3.4 – Relação de métodos propostos para COs angulares de movimentos
prioritários em interseções com sinalização de prioridade ...................
194 Tabela 3.5 – Relação de métodos propostos para COs traseiras de movimentos
prioritários em interseções com sinalização de prioridade ...................
196 Tabela 3.6 – Relação de métodos propostos para COs angulares de movimentos
secundários em interseções com sinalização de prioridade ..................
197 Tabela 3.7 – Relação de métodos propostos para COs traseiras de movimentos
secundários em interseções com sinalização de prioridade ..................
199 Tabela 3.8 – Oportunidades de conflito em interseções com semáforos .................. 201 Tabela 3.9 – Relação de métodos propostos para COs traseiras de movimentos
protegidos em interseções com semáforo nos períodos de vermelho e dissipação de fila ..................................................................................
205 Tabela 3.10 – Método proposto para COs traseiras de movimentos protegidos em
interseções com semáforo no período de restante de verde Gu ............
206 Tabela 3.11 – Métodos propostos para COs angulares de movimentos de conversão
à esquerda permitida .............................................................................
207 Tabela 3.12 – Método proposto para COs angulares do movimento de fluxo oposto
diante do movimento de conversão à esquerda permitida ....................
208 Tabela 3.13 – Métodos propostos para COs traseiras do movimento de conversão à
esquerda permitida ................................................................................
209 Tabela 3.14 – Método proposto para COs traseiras do movimento do fluxo oposto
diante do movimento de conversão à esquerda permitida ....................
210 Tabela 3.15 – Método proposto para COs angulares no entreverdes .......................... 211 Tabela 3.16 – Método proposto para COs traseiras no entreverdes ............................ 212 Tabela 3.17 – Oportunidades de conflito com pedestres em interseções com
sinalização de prioridade ......................................................................
212 Tabela 3.18 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com
sinalização de prioridade ......................................................................
215 Tabela 3.19 – Oportunidades de conflito com pedestres em interseções semáforos ... 216 Tabela 3.20 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com
sinalização semafórica – movimentos concorrentes, conversões com fluxo oposto ..........................................................................................
219 Tabela 3.21 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com
T-2
sinalização semafórica – movimentos concorrentes, conversões sem fluxo oposto ..........................................................................................
221
Tabela 3.22 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com sinalização semafórica – movimentos veiculares em frente .................
222
Tabela 3.23 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com sinalização semafórica – período de entreverdes, final de verde, com foco de pedestre ....................................................................................
223 Tabela 3.24 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com
sinalização semafórica – período de entreverdes, final de verde, sem foco de pedestre ....................................................................................
224 Tabela 4.1 – Valores adotados na aplicação dos modelos ......................................... 244 Tabela 4.2 – Dados de fluxos da interseção com sinalização de proridade: Ministro
Ferreira Alves x Raul Pompéia no periodo das 07:00 äs 08:00 horas ..
246 Tabela 4.3 – Dados de velocidade (em fluxo livre) da interseção com sinalização
de prioridade: Ministro Ferreira Alves x Raul Pompéia .......................
246 Tabela 4.4a – Dados físicos da interseção ................................................................... 246 Tabela 4.4b – Dados do programa HCS+ .................................................................... 246 Tabela 4.5a – Método 0a para CO angular – movimentos prioritários ....................... 247 Tabela 4.5b – Método 0b para CO angular – movimentos prioritários ....................... 248 Tabela 4.5c – Método 1a para CO angular – movimentos prioritários ....................... 248 Tabela 4.5d – Método 1b para CO angular – movimentos prioritários ....................... 248 Tabela 4.5e – Método 2 para CO angular – movimentos prioritár ios ......................... 249 Tabela 4.6a – Método 1 (CO primária) para CO traseira – movimentos prioritáros .. 249 Tabela 4.6b – Método 1 – CO traseira para CO traseira – movmentos prioritáris ...... 250 Tabela 4.6c – Método 2 para CO traseira – movimentos prioritários ......................... 250 Tabela 4.6d – Método 3 para CO traseira – movimentos prioritáros .......................... 250 Tabela 4.7a – Método 0 para CO angular – movimentos secundários ........................ 251 Tabela 4.7b – Método 1 para CO angular – movimentos secundários ........................ 251 Tabela 4.7c – Método 2 para CO angular – movimentos secundários ........................ 251 Tabela 4.8a – Método 0a para CO traseira – movimentos secundários ...................... 252 Tabela 4.8b – Método 0b para CO traseira – movimentos secundários ...................... 252 Tabela 4.8c – Método 1 para CO traseira – movimentos secundários ........................ 253 Tabela 4.8d – Método 2 para CO traseira – movimentos secundários ........................ 253 Tabela 4.8e – Método 3a para CO traseira – movimentos secundários ...................... 253 Tabela 4.8f – Método 3b para CO traseira – movimentos secundários ...................... 254 Tabela 4.8g – Método 3c para CO traseira – movimentos secundários ...................... 254 Tabela 4.9a – Método 1a para CO com pedestres – travessia integral ........................ 255 Tabela 4.9b – Método 1b para CO com pedestres – exposição por zona de conflito . 255 Tabela 4.9c – Método 1c para CO com pedestres – exposição por zona de conflito e
por movimento veicular conflitante.......................................................
256 Tabela 4.9d – Método 2 para CO com pedestres – ocupância da travessia ................. 256 Tabela 4.9e – Método 3a para CO com pedestres – travessia integral e chegadas
livres ..................................................................................................... 257
Tabela 4.9f – Método 3b para CO com pedestres – ocupância da travessia com chegadas livres ......................................................................................
257
Tabela 4.9g – Método 4 para CO com pedestres – travessia integral e brechas de risco ......................................................................................................
257
Tabela 4.10 – Resultado da aplicação dos modelos na interseção com sinalização de proridade: Ministro Ferreira Alves x Raul Pompéia ............................
259
T-3
Tabela 4.11 – Síntese do diagnóstico dos especalistas da CET/SP na interseção com sinalização de prioridade: Ministro Ferreira Alves x Raul Pompéia ....
260
Tabela 4.12 – Relação entre o diagnóstico e o resultado obtido pelos modelos de COs na interseção com sinalização de prioridade: Ministro Ferrera Alves x Raul Pompéia ..........................................................................
261 Tabela 4.13 – Dados de fluxos da interseção com sinalização semafórica: Cerro
Corá x Pio XI no periodo das 18:30 äs 19:30 horas .............................
263 Tabela 4.14 – Dados de velocidade (em fluxo livre) da interseção com sinalização
semafórica Cerro Corá x Pio XI ...........................................................
263 Tabela 4.15a – Dados físicos da interseção .................................................................. 264 Tabela 4.15b – Tempos semafóricos ............................................................................. 264 Tabela 4.15c – Dados obtidos do programa HCS+ ....................................................... 264 Tabela 4.16a – Método 1 para CO traseira – movimentos protegidos em R e Gq ........ 266 Tabela 4.16b – Método 2a para CO traseira – movimentos protegidos em R e Gq ...... 266 Tabela 4.16c – Método 2b para CO traseira – movimentos protegidos em R e Gq ...... 267 Tabela 4.16d – Método 2c para CO traseira – movimentos protegidos em R e Gq ...... 267 Tabela 4.16e – Método 3a para CO traseira – movimentos protegidos em R e Gq ...... 268 Tabela 4.16f – Método 3b para CO traseira – movimentos protegidos em R e Gq ...... 268 Tabela 4.16g – Método 4a para CO traseira – movimentos protegidos em R e Gq ...... 269 Tabela 4.16h – Método 4b para CO traseira – movimentos protegidos em R e Gq ...... 269 Tabela 4.16i – Método 4c para CO traseira – movimentos protegidos em R e Gq ...... 270 Tabela 4.17 – Método 1 para CO traseira – movimentos protegidos em Gu .............. 270 Tabela 4.18a – Método 1a para CO angular – movimentos permitidos em Gu ............ 271 Tabela 4.18b – Método 1b para CO angular – movimentos permitidos em Gu ............ 271 Tabela 4.19 – Método 1a para CO angular – movimentos opostos em Gu, não
considerando P[F] .................................................................................
272 Tabela 4.20a – Método 1a para CO traseira – movimentos permitidos ........................ 272 Tabela 4.20b – Método 1b para CO traseira – movimentos permitidos, considerando
o risco de colisão traseira devido à desaceleração até a parada do veículo que quer fazer a conversão à esquerda .....................................
272 Tabela 4.21 – Método para CO traseira – movimentos opostos .................................. 273 Tabela 4.22 – Método para CO angular – entreverdes ................................................ 273 Tabela 4.23 – Método para CO traseira – entreverdes ................................................ 274 Tabela 4.24a – Método para CO de pedestres – conversões com fluxo oposto –
Método de Zhang e Prevedouros ..........................................................
274 Tabela 4.24b – Método para CO de pedestres – conversões à esquerda com fluxo
oposto ....................................................................................................
275 Tabela 4.25a – Método 1a para CO de pedestres – conversões sem fluxo oposto por
pedestre .................................................................................................
275 Tabela 4.25b – Método 1b para CO de pedestres – conversões sem fluxo oposto por
conversão ..............................................................................................
275 Tabela 4.26 – Método para CO angular – entreverdes , com foco de pedestres .......... 276 Tabela 4.27 – Método para CO angular – entreverdes , sem foco de pedestres ........... 277 Tabela 4.28a – Cerro Corá B-C (movimentos M1A/M2A/M3A) ................................. 279 Tabela 4.28b – Cerro Corá C-B (movimentos protegidos M1B/M2B) ......................... 279 Tabela 4.28c – Cerro Corá C-B (movimentos permitidos M4B) .................................. 279 Tabela 4.28d – Cerro Corá B-C (movimentos M1A/M2A ) .......................................... 279 Tabela 4.28e – Pio XI (movimentos M5b/M6b/M7b/M8b?M9b) ................................ 280 Tabela 4.29 – Síntese do diagnóstico dos especalistas da CET/Sp na interseção com
sinalização semafórica: Cerro Corá x Pio XI .......................................
281
T-4
Tabela 4.30 – Relação entre o diagnóstico e o resultado obtido pelos modelos de COs na interseção com sinalização semafórica: Cerro Corá x Pio XI .
282
S-1
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 1 1.1 Aspectos gerais ............................................................................................... 1 1.2 Objetivo da Dissertação .................................................................................. 4 1.3 Justificativas de Interesse de Trabalho ............................................................ 5 1.4 Estrutura do trabalho ....................................................................................... 10 2. ANÁLISE DE SEGURANÇA VIÁRIA COM MODELOS DE
OPORTUNIDADES DE CONFLITO DE TRÁFEGO ..................................
11 2.1 Análise geral do problema .............................................................................. 12 2.2 Descrição da formulação utilizada pelo Software TRAF-Safe........................ 18 2.2.1 Características gerais da formulação do TRAF-Safe....................................... 19 2.2.1.1 Características gerais de oportunidades de conflito angulares no TRAF-Safe 21 2.2.1.2 Características gerais de oportunidades de conflito traseiras no TRAF-Safe . 22 2.2.1.3 Outros tipos de oportunidades de conflito no TRAF-Safe .............................. 22 2.2.2 Previsão de oportunidades de conflito angulares e traseiras no TRAF-Safe... 23 2.2.2.1 Previsão de oportunidades de conflito angulares............................................. 26 2.2.2.2 Previsão de oportunidades de conflito traseiras............................................... 26 2.2.3 Oportunidades de conflito anuais .................................................................... 28 2.2.4 Modelo de previsão de acidentes anuais ......................................................... 29 2.2.5 Modelo para previsão de acidentes com vítima e com vítima grave/fatal....... 31 2.2.6 Exemplo numérico do algoritmo do TRAF-Safe ............................................ 32 2.2.6.1 Estimativa de oportunidades de conflito angulares ......................................... 34 2.2.6.2 Estimativa de oportunidades de conflito traseiras ........................................... 38 2.2.6.3 Estimativa de acidentes ................................................................................... 42 2.2.7 Análise crítica do algoritmo TRAFE-Safe ...................................................... 43 2.2.7.1 Análise do método para oportunidades de conflito angulares ........................ 43 2.2.7.2 Análise do método para oportunidades de conflito traseiras .......................... 48 2.2.7.3 Análise do método para oportunidades de conflito – outros aspectos ............ 51 2.3 Análise de formulações de outros estudos ...................................................... 53 2.3.1 As Formulações de HA e BERG (1995) para veículos em interseções
semaforizadas ..................................................................................................
53 2.3.1.1 Modelo de oportunidades de conflito angulares (conversão à esquerda
permitida) .......................................................................................................
54
S-2
2.3.1.2 Modelo para oportunidades de conflito traseiras ........................................... 57 2.3.2 As formulações de ZHANG e PREVEDOUROS (2003) para veículos e
pedestres contra conversões à esquerda permitidas .......................................
59 2.3.2.1 Oportunidades de conflito veiculares (entre a conversão à esquerda e o
fluxo oposto) ..................................................................................................
60 2.3.2.2 Oportunidades de conflito com pedestres (veículos de conversão à
esquerda contra pedestres)..............................................................................
65 2.3.3 Análise crítica das contribuições dos outros estudos...................................... 69 2.4 Aspectos complementares ............................................................................. 78 2.4.1 Trabalhos relacionados com modelos de previsão de colisões ...................... 79 2.4.1.1 Modelo de previsão de colisões em WANG et alli (1999) ............................ 80 2.4.1.2 Modelo de previsão de colisões em WANG et alli (2002) ............................ 80 2.4.1.3 Modelo de previsão de colisões em WANG e NIHAN (2003) ..................... 84 2.4.1.4 Análise dos modelos de previsão de colisões revisados ................................ 85 2.4.2 Trabalhos relacionados com a segurança no entreverdes .............................. 86 2.4.2.1 Segurança no entreverdes em MAHALEL e PRASHKER (1987) ............... 87 2.4.2.2 Segurança no entreverdes em EASA (1993) ................................................. 89 2.4.2.3 Segurança no entreverdes em ZIMMERMAN e BONNESON (2004) ......... 96 2.4.2.4 Segurança no entreverdes em TARKO et alli (2006) .................................... 98 2.4.2.5 Análise da segurança no entreverdes nos trabalhos revisados ...................... 100 2.4.3 Trabalho de SONGCHITRUKSA, TARKO (2006) ...................................... 101 2.5 Análise e avaliação geral ............................................................................... 103 3. DESCRIÇÃO DE MÉTODOS PARA ESTIMAR OPORTUNIDADES DE
CONFLITO ANGULARES E TRASEIRAS EM INTERSEÇÕES .............
106 3.1 Aspectos gerais para os modelos de oportunidades de conflito de tráfego ... 107 3.1.1 Área de influência da interseção .................................................................... 109 3.1.2 Distribuição de intervalos e de chegada de veículos e de interferências ....... 109 3.1.3 Forma básica e forma inversa para estimativa de oportunidades de conflito 110 3.1.4 Tempo de exposição ...................................................................................... 111 3.1.4.1 Oportunidades de conflito angulares ............................................................. 112 3.1.4.2 Oportunidades de conflito traseiras ............................................................... 116 3.1.5 Restrições de visibilidade e da distância de parada: tratamento empírico .... 124 3.1.6 Restrições de visibilidade e da distância de parada: tratamento teórico ........ 125 3.1.7 Formulações gerais com efeitos aleatórios: visibilidade e tempo de reação . 127 3.1.8 Formulações gerais com efeitos aleatórios: frenagem e interferências ......... 129 3.2 Aspectos específicos para modelos de oportunidades de conflito de
diferentes tipos ou em diferentes contextos ...................................................
131 3.2.1 Análise da operação semafórica para movimentos veiculares ...................... 132 3.2.1.1 Períodos de operação para movimentos veiculares em semáforos ................ 134 3.2.1.2 Período de entreverdes veicular ..................................................................... 135 3.2.1.2.1 Zona de dilema .............................................................................................. 137 3.2.1.2.2 Oportunidades de conflito e zona de dilema ................................................. 142 3.2.2 Análise de interferências dos movimentos de conversão em fluxo ............... 149 3.2.3 Formulações gerais para oportunidades de conflito secundárias ................... 150 3.2.4 Análise dos movimentos de pedestres, com ou sem semáforos .................... 152 3.2.4.1 Análise de travessias de pedestres em interseções não semaforizadas .......... 154 3.2.4.2 Análise de travessias de pedestres em interseções semaforizadas ................ 161 3.3 Proposição de modelos de oportunidades de conflito ................................... 187
S-3
3.3.1 Movimento veicular em interseções com sinalização de prioridade ............. 189 3.3.1.1 Movimentos principais em interseções com sinalização de prioridade ......... 190 3.3.1.2 Movimentos secundários em interseções com sinalização de prioridade ...... 196 3.3.2 Movimento veicular em interseções semaforizadas ...................................... 200 3.3.2.1 Movimentos veiculares protegidos ................................................................ 202 3.3.2.2 Movimentos veiculares permitidos ................................................................ 206 3.3.2.3 Entreverdes .................................................................................................... 210 3.3.3 Movimento de pedestres em interseções com sinalização de prioridade ...... 212 3.3.4 Movimento de pedestres em interseções semaforizadas ............................... 215 3.3.4.1 Movimento de pedestres protegido, sem fluxo conflitante simultâneo ......... 217 3.3.4.2 Movimento de pedestres com fluxos veiculares concorrentes ...................... 218 3.3.4.3 Entreverdes .................................................................................................... 222 4. APLICAÇÃO DE CAMPO – METODOLOGIA E RESULTADOS ........ 225 4.1 Métodos de validação em trabalhos anteriores.... .......................................... 226 4.1.1 A validação do TRAF-Safe ........................................................................... 226 4.1.2 Outros estudos ............................................................................................... 227 4.1.3 Comparação de opções para validação .......................................................... 229 4.2. Descricão da aplicação prática .... ................................................................. 232 4.2.1 Interseções selecionadas para aplicação prática ............................................ 234 4.2.1.1 Interseção com sinalização de prioridade: Ministro Ferreira Alves x Raul
Pompéia .........................................................................................................
235 4.2.1.2 Interseção com sinalização semafórica: Cerro Corá x Pio XI ....................... 238 4.2.2 Obtenção de dados de campo ........................................................................ 241 4.2.3 Aplicação dos modelos propostos ................................................................. 244 4.2.3.1 Interseção cm sinalização de prioridade: Ministro Ferreira Alves x Raul
Pompéia .........................................................................................................
245 4.2.3.2 Interseção cm sinalização semafórica: Cerro Corá x Po XI .......................... 262 4.3 Avaliação e conclusões sobre validação ........................................................ 283 5. CONCLUSÕES ............................................................................................. 287
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Aspectos Gerais
O crescente aumento do índice de motorização e o correspondente aumento da frota de
veículos acarretam, inevitavelmente, o agravamento da exposição a riscos de acidentes de
trânsito, com um crescimento preocupante no número de vítimas e prejuízos materiais. A
insegurança no trânsito é um problema de tal ordem que é considerado como um dos maiores
problemas de saúde pública, com custos estimados em 3,8 bilhões de reais por ano no Brasil.
Segundo WANG et alli (1999), os acidentes de trânsito continuam aumentando no Japão,
apesar de terem sido empregadas várias medidas para reduzi-los. Lá, as fatalidades estão em
torno de 10 mil por ano, mas o número de vítimas de acidentes de trânsito continua crescendo
desde 1990.
Nos Estados Unidos da América, ocorreram em 2005 mais de 39 mil casos fatais, conforme
NHTSA – National Highway Traffic Safety Administration – USA (2005). Para se ter uma
idéia da amplitude do problema de segurança de trânsito, no ataque terrorista de 11 de
setembro de 2001, o qual chocou o mundo inteiro e mudou a história geopolítica do planeta,
morreram cerca de 3 mil pessoas, enquanto que, naquele mesmo ano, morreram 40 mil
pessoas, vítimas de acidentes de trânsito.
No Brasil, segundo o Anuário Estatístico do DENATRAN (2005), houve 26.400 vítimas
fatais de acidentes de trânsito em 2005. Entretanto, essa estatística não computa todos os
casos, conforme pode-se ver nas observações do próprio Anuário.
a) Em alguns Estados, não há dados do interior. b) No DF, não estão computados os acidentes em rodovias. c) No RJ, estão computados somente os acidentes em rodovias federais e estaduais. d) Em SC, os dados vão até setembro de 2005 e não estão computados os dados da Capital. e) Em SP, não constam os dados das rodovias federais.
2
Na cidade de São Paulo, houve 1505 mortes por acidentes de trânsito, o que equivale a mais
de 4 mortos por dia, segundo CET-SP (2005).
Estima-se que morrem por acidentes de trânsito cerca de 1,26 milhões de pessoas por ano no
mundo todo (Folha-Uol, 2003).
Historicamente, os estudos relacionados com segurança de tráfego tratam basicamente de
movimentos veiculares, reservando pouca atenção à segurança de pedestres. Isso é
particularmente verdadeiro para o caso de estudos de técnicas de análise de conflitos de
tráfego e oportunidades de conflito.
Entretanto, a preocupação com a segurança de pedestres deveria ter prioridade. É bem sabido
que, de todos os atores envolvidos no trânsito, o pedestre constitui a parte mais fraca e
vulnerável. Na cidade de São Paulo, segundo o IML (Instituto Médico Legal), no ano de 2004
morreram 549 pedestres atropelados, representando 41% de todas as mortes ocorridas em
acidentes de trânsito naquele ano, sendo que esse percentual cresce para quase 50% em 2005.
Pode-se observar pela Tabela 1-1 que, enquanto o número de ocupantes mortos esteve estável
de 2004 para 2005, o número de pedestres mortos em acidentes de trânsito cresceu 36% no
mesmo período, o que dá uma média de 2 pedestres mortos em atropelamento por dia1. Esses
dados mais do que justificam a necessidade de priorizar os estudos sobre a segurança do
pedestre, principalmente em cidades como São Paulo, onde não é dada a devida preferência
ao pedestre pelos condutores dos veículos, em franco desrespeito ao Código de Trânsito
Brasileiro.
Tabela 1-1 – Total de pedestres e ocupantes mortos em acidentes de trânsito
Ano 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Pedestre 1432 1339 1109 862 862 692 632 559 458 549 748
Ocupante (*) 846 906 933 696 821 825 894 811 810 776 757
Total 2278 2245 2042 1558 1683 1517 1526 1370 1268 1325 1505
% Ped/Total 62,9 59,6 54,3 55,3 51,2 45,6 41,4 40,8 36,1 41,4 49,7
(*) Ocupante = condutor + passageiro; baseado em CET (2005)
A Figura 1.1 apresenta a evolução do número de mortes em trânsito na cidade de São Paulo.
1 Esses dados são conservadores, pois não estão computadas as mortes ocorridas após o atendimento hospitalar.
3
0
500
1000
1500
2000
2500
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
No
. d
e m
orto
s
Pedestre Ocupante Total
Figura 1.1 – Número de mortes em acidentes de trânsito na cidade de São Paulo
A Figura 1.2 mostra a evolução da porcentagem de pedestres mortos em acidentes de trânsito
em relação ao total de mortos em acidentes de trânsito na cidade de São Paulo.
0
10
20
30
40
50
60
70
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
% d
e P
ed
/To
tal
Figura 1.2 – Evolução da porcentagem de pedestres mortos em acidentes de trânsito
Apenas mais recentemente estudos têm sido desenvolvidos voltados especificamente ao
pedestre.
Os estudos de PIETRANTONIO e TOURINHO (2005 e 2006) utilizaram a técnica de
conflitos de tráfego na análise de segurança de pedestres.
VASCONCELOS (2004) fez uma análise exploratória dos conceitos de oportunidades de
conflito aplicada a pedestres em uma interseção semaforizada da cidade de São Paulo.
4
Pode-se citar, ainda, os trabalhos de LORD (1996) e de ZHANG e PREVEDOUROS (2003)
que tratam do problema de conflitos potenciais entre veículos de conversão à esquerda com
pedestres em interseções semaforizadas.
Dessa forma, a segurança de tráfego tem sido objeto constante de investigação e estudo por
parte de órgãos de trânsito, de engenheiros e de pesquisadores no mundo todo, resultando na
criação de medidas de graus e/ou níveis de segurança viária.
1.2. Objetivo da Dissertação
Diversas técnicas de análise de segurança vêm sendo desenvolvidas e novos conceitos têm
sido estabelecidos visando fornecer ferramentas que ajudem a detectar e diagnosticar
problemas de segurança no sistema viário. Um problema correlato é o de caracterizar e
classificar o nível/grau de segurança de um cruzamento ou de uma seção de via, de uma forma
que possibilite uma hierarquização entre diversos locais ou a seleção de tratamentos em um
determinado local.
Uma medida objetiva que possa refletir o nível de segurança, de forma análoga aos critérios
que caracterizam os níveis de serviço em termos de fluidez, permitiria a priorização de
projetos e de investimentos. Assim como ocorre com as medidas de níveis de serviço em
relação à capacidade, essa medida complementar poderia gerar uma escala de “níveis de
serviço de segurança”. Como exemplo, pode-se citar um trecho do estudo sobre interseção
semaforizada com conversão à esquerda de ZHANG e PREVEDOUROS (2003): “num
contexto comparativo, o uso do atraso como a única medida de nível de serviço penaliza as
interseções que apresentam conversão à esquerda protegida” (em relação às interseções
análogas, mas com conversão à esquerda permitida). Em geral, as interseções com conversão
à esquerda protegida apresentam maior atraso, mas possuem maior nível de segurança para
quem executa a conversão, enquanto que a conversão permitida propicia menor atraso mas
envolve maior risco para a manobra. Assim, uma comparação mais justa entre os dois tipos de
interseção seria considerar também o grau/nível de risco.
Esse trecho do texto representa muito bem a dualidade e o dilema que todo o engenheiro de
tráfego enfrenta: priorizar a fluidez do tráfego ou a segurança. Na maior parte das situações,
fluidez e segurança são antagônicas. Fluidez significa movimento. Entretanto, os veículos, ao
5
se movimentarem, precisam dividir, entre si e com pedestres, o tempo e o espaço disponíveis.
Onde existe movimento, existe perigo, conflito, risco de colisão. Por outro lado, com o
aumento do número de veículos, as vias ficam mais saturadas. Daí, os dois grandes desafios
para o controle de tráfego: garantir, simultaneamente, o máximo de segurança e fluidez.
Tradicionalmente, os estudos e pesquisas se concentravam em teorias sobre a fluidez
(problemas de otimização de capacidade e redução de filas, por exemplo). Apenas mais
recentemente, a atenção voltou-se para a segurança.
O objetivo da dissertação é o desenvolvimento e proposição de modelos matemáticos que
possam estimar, com a precisão necessária para efeitos de aplicação prática, o grau ou o nível
de segurança de interseções. Para tanto, será feita a avaliação e a comparação das diversas
ferramentas de análise de segurança disponíveis, análise dos procedimentos, princípios e
conceitos utilizados no software TRAF-Safe, desenvolvido por KAUB (2005), bem como de
trabalhos de outros autores, visando a obtenção de projeções ou estimativas das condições de
segurança viária. Onde for possível, o presente trabalho procurará dar ênfase especial à
segurança de pedestres.
1.3. Justificativas de Interesse do Trabalho
A segurança é mais difícil de ser tratada que a fluidez. Medidas de fluidez e níveis de serviço
já são consagrados na literatura. Contudo, medidas de segurança ainda apresentam problemas
de aplicação.
A medida mais natural para medir o grau de segurança de um local seriam os dados ou
estatísticas de acidentes de trânsito. Entretanto, os dados ou as estatísticas de acidentes
revelam-se um instrumento inadequado para efeitos de análise, diagnóstico e projeto de
segurança, pois:
a) levam um longo tempo para serem acumulados, durante o qual podem ter mudadas as condições locais que afetam o volume e o padrão de tráfego, como mudança de uso de solo, colocação/retirada de pontos de ônibus, feiras livres, escolas, mudança de circulação, estacionamento, etc., além de mudanças de condições macro-econômicas do País, tais como crescimento da economia, preço da gasolina, aumento da frota circulante, etc.;
6
b) não permitem comparações do tipo “antes-depois” em virtude de possíveis alterações durante o período de avaliação, conforme o item “a” acima;
c) podem conter vieses decorrentes dos critérios de escolha dos locais, tais como a regressão para a média2;
d) não são passíveis de observação direta (no máximo, podem ser objeto de um estudo de reconstituição do acidente), dificultando as inferências sobre a relação entre os fatores intervenientes;
e) não permitem medidas preventivas, uma vez que a insegurança somente será detectada após a ocorrência dos acidentes;
f) precariedade do registro dos acidentes, pois nem todos os acidentes são registrados com a precisão necessária, em termos de localização, diagrama de colisão, etc.
A evolução dos conceitos ou parâmetros que medem a segurança de um local a partir de
medidas mais operacionais, em complementação ou substituição (conforme a disponibilidade)
aos dados de acidentes de trânsito, pode ser resumida no desenvolvimento dos conceitos e
técnicas de análise de medidas correlatas de segurança: técnicas de análise de conflitos de
tráfego e de estimativas de medidas de oportunidades de conflito de tráfego.
Um conflito de tráfego é um evento envolvendo a interação de um ou mais usuários do
sistema viário (condutores e/ou pedestres), onde pelo menos um dos usuários envolvidos toma
uma ação evasiva como frear, desviar ou acelerar para evitar uma colisão. Um conflito de
tráfego representa uma situação potencial de acidente. Se a manobra evasiva adotada não for
suficiente para evitar a colisão, ter-se-á um acidente de trânsito. Assim, pode-se considerar
que todo acidente é precedido por um conflito de tráfego, onde a manobra evasiva, ou não
existiu, ou não foi suficiente para evitar a colisão.
Conforme citado por VASCONCELOS (2004), o ICTCT – International Comitee on Traffic
Conflict Technique define conflito de tráfego como sendo “um evento caracterizado pela
evidência do risco de colisão entre dois ou mais usuários ou um usuário e um elemento
externo, que se identifica pela presença de uma ação evasiva”.
Podem ser enumeradas várias vantagens da técnica de análise de conflitos de tráfego em
relação ao tradicional uso do índice de acidentes:
2 Regressão para a média, em estatística, é o fenômeno onde, em uma observação, foram selecionados membros de uma população com valores extremos e que, por razões puramente estatísticas, provavelmente resultarão em valores extremos opostos em outras observações.
7
a) ao contrário dos dados de acidentes, que não são diretamente observáveis, os conflitos de tráfego são eventos observáveis no momento da sua ocorrência;
b) enquanto que os dados de acidentes levam um longo tempo para serem acumulados, os conflitos de tráfego podem ser medidos diretamente numa pesquisa de campo;
c) o estudo dos conflitos de tráfego é um estudo de segurança que possui caráter preventivo, cujo diagnóstico permite a adoção de medidas de forma a evitar que os acidentes ocorram.
A técnica de conflitos de tráfego supre as deficiências características dos dados de acidentes
apontadas. Entretanto, a sua pesquisa em campo exige um esforço adicional e está sujeita a
algum grau de subjetividade do pesquisador na interpretação dos eventos, o que pode explicar
porque essa técnica ainda não é aplicada em larga escala, apesar de estar sendo investigada
desde 1968, com os estudos iniciais de PERKINS e HARRIS (1968) e de GLAUZ e
MIGLETZ (1984), conforme referências apresentadas por LORD (1996). A formulação da
técnica de análise de conflitos por PERKINS e HARRIS (1968) do GMRL – General Motors
Research Laboratory também é analisada no documento elaborado pela Seção de Engenharia
de Tráfego e Transporte de Passageiros do IPT (1991).
Contudo, acredita-se que o fator preponderante de a técnica de análise de conflitos de tráfego
não ter sido aplicada em larga escala é a dificuldade de encontrar uma forma de associar os
conflitos de tráfego a variáveis operacionais de tráfego. O uso de relações entre contagens
anormais de conflitos de tráfego ou taxa de acidentes/conflito com variáveis físicas e de
tráfego dos locais tem-se revelado difícil. Modelos estatísticos usuais, por não estarem
apoiados em uma relação intrínseca entre as variáveis envolvidas, são suspeitos de não ter
resultados transferíveis de um local para outro.
Em face da dificuldade de coletar dados suficientes sobre acidentes, da importância de ter um
método preventivo (aplicável tanto às fases iniciais da operação quanto às etapas de projeto) e
da necessidade de considerar as especificidades das formas alternativas de tratamento em um
determinado local, seria desejável que houvesse uma medida que pudesse ser estimada em
função de dados de tráfego fáceis de coletar, como volumes de tráfego e de pedestres, dados
físicos dos locais e decisões de tratamento, como geometria, estágios/tempos semafóricos, etc.
Para suprir a dificuldade de obtenção direta de dados de acidentes e conflitos de tráfego, seria
necessário um método que pudesse estimá-los de forma indireta por meio de um modelo
8
matemático usando dados mais fáceis de serem obtidos e que pudesse ser deduzido
diretamente de variáveis físicas e de tráfego dos locais, de forma a contornar a principal
desvantagem em usar os dados de acidentes ou mesmo de conflitos de tráfego (como medida
operacional para determinar o grau de segurança).
Para este fim, o conceito de oportunidade de conflito de tráfego tem sido proposto para obter
medidas analíticas de segurança. Essa abordagem permite o desenvolvimento de métodos para
fazer estimativas de oportunidades de conflito de tráfego, o que torna este parâmetro uma
medida potencialmente adequada para determinar o nível de segurança de um determinado
local ou fazer projeções sobre a efetividade de projetos de segurança.
A estimativa de oportunidades de conflito de tráfego não é uma estimativa da probabilidade
do acidente. Portanto, entre as condições que definem uma oportunidade de conflito de
tráfego podem faltar aspectos essenciais para a ocorrência do acidente. A oportunidade de
conflito de tráfego é uma estimativa mais simples e, por isso, mais facilmente de
operacionalizar. Assim, é possível propor modelos de oportunidades de conflito de tráfego
mais complexos ou mais simples. A questão é saber quanto o grau de simplificação torna a
medida inadequada.
KAUB (2005) propôs um modelo (analisado com detalhes no Capítulo 2) que, conforme alega
o autor, obteve um ótimo resultado, por meio de validação com o histórico de acidentes, em
termos de previsão de acidentes (a partir de estimativas de oportunidades de conflito de
tráfego). A validação do modelo foi feita comparando-se a média de 3 anos de histórico de
acidentes de 100 locais semaforizados, escolhidos aleatoriamente entre 1000 interseções
semaforizadas. A Figura 1.33 apresenta um gráfico que mostra a relação entre o número
previsto de acidentes pelo modelo desenvolvido por KAUB (2005) com a média de 3 anos de
acidentes dos 100 locais escolhidos.
3 O autor apresenta o resultado da validação do modelo para interseções semaforizadas, mas a sua documentação não menciona nenhum detalhe da aplicação do modelo para as interseções semaforizadas.
9
Figura 1.3 – Comparação entre histórico de acidentes anuais estimados em interseções semaforizadas e total de
acidentes (média de 3 anos)
Com relação a interseções não semaforizadas, o autor não apresenta um gráfico semelhante à
Figura 1.3, mas apresenta um gráfico que mostra as regressões dos acidentes previstos e dos
acidentes ocorridos em função do volume diário médio (Figura 1.4). A validação foi feita em
65 interseções do tipo TWSC (“Two-Way Stop Control”) na região de Florida.
Figura 1.4 – Regressões de total de acidentes anuais e totais de acidentes anuais estimados em interseções não
semaforizadas
Total de acidentes anuais (média de 3 anos)
Tot
al d
e ac
iden
tes
anua
is e
stim
ados
Volume de veículos (x 1000)
Aci
dent
es/a
no
10
1.4. Estrutura do Trabalho
O trabalho está estruturado em 5 Capítulos.
O Capítulo 2 faz uma análise geral do problema sobre oportunidades de conflito e uma
descrição detalhada do algoritmo do software TRAF-Safe, desenvolvido por KAUB (2005),
além de apresentar outros modelos existentes na literatura. Em particular, faz uma descrição
da metodologia de HA e BERG (1995) e ZHANG e PREVEDOUROS (2003), além de
aspectos complementares.
O Capítulo 3 analisa e propõe várias alternativas de modelos em interseções semaforizadas e
não semaforizadas.
O Capítulo 4 trata da realização de uma aplicação prática dos diversos modelos propostos em
duas interseções reais, comparando-se os resultados obtidos com diagnósticos qualitativos,
bem como do planejamento e da metodologia utilizada para a coleta de dados e a análise dos
resultados, identificando as vantagens e desvantagens de cada modelo, a relação com as
variáveis de operação específicas de cada local, bem como uma análise da sua confiabilidade
como medida de segurança de uma interseção.
O Capítulo 5 contém as conclusões obtidas e a identificação de aspectos não tratados.
11
2. ANÁLISE DE SEGURANÇA VIÁRIA COM MODELOS DE OPORTUNIDADES DE CONFLITO DE TRÁFEGO
O objetivo deste Capítulo é revisar os principais trabalhos sobre análise de segurança de
tráfego baseados em modelos de oportunidades de conflito de tráfego. Serão também
analisados trabalhos que trataram de aspectos considerados relevantes para desenvolver os
modelos de oportunidades de conflito de tráfego.
Inicialmente, o problema geral de análise de segurança de tráfego baseada em medidas de
oportunidades de conflito de tráfego é caracterizado, especialmente através da conceituação
de oportunidades de conflito de tráfego e sua relação com os conceitos de conflito de tráfego.
Esta conceituação é relacionada com as medidas tradicionais de exposição ao risco de
acidentes de trânsito, mais usuais.
Em seguida, descreve-se com maior detalhe a formulação operacional incorporada ao
software TRAF-Safe, desenvolvido por KAUB (2005) e comercializado por sua empresa. Em
princípio, por esta linha de pesquisa o autor pretendeu a obtenção de um produto aplicável a
situações reais (o autor menciona ter obtido, inclusive, uma patente referente à tecnologia
baseada em uma formulação para medidas de oportunidades de conflito de tráfego).
Outras formulações são então examinadas, anteriores e posteriores, de forma a complementar
as diversas lacunas existentes na exposição sobre o TRAF-Safe e identificar eventuais
alternativas operacionais. Este esforço é especialmente relevante em vista de ter-se observado
que as lacunas são muitas e relevantes.
Em seqüência, são examinados trabalhos não diretamente relacionados com a análise de
segurança de tráfego baseada em medidas de oportunidades de conflito de tráfego, mas
relacionados com formulação ou resolução de modelos teóricos que incorporam aspectos não
considerados nos trabalhos anteriormente revisados, pelo menos no nível de detalhe desejado.
12
Por fim, faz-se uma análise global das formulações existentes e das necessidades de
desenvolvimento ou complementação exigidos para atingir uma forma plenamente
operacional, que será buscada no capítulo seguinte, para viabilizar uma aplicação prática em
campo.
2.1 ANÁLISE GERAL DO PROBLEMA
De início, é importante distinguir claramente os conceitos de conflito de tráfego e de
oportunidade de conflito de tráfego.
Segundo PARKER e ZEGEER (1989a), apud PIETRANTONIO (1998), o conflito de tráfego
é um evento “envolvendo dois ou mais usuários da via, em que a ação de um usuário faz com
que o outro usuário realize uma manobra evasiva para evitar a colisão” e “para um conflito de
tráfego ocorrer, os usuários da via têm de estar em um curso de colisão.”
Assim, o conflito de tráfego é um evento observável em que existe um curso de colisão e um
dos usuários executa uma manobra evasiva (usualmente frenagem, eventualmente desvio,
aceleração, ...) para evitar o acidente de tráfego. Na forma usual, o conflito de tráfego é
pesquisado e observado diretamente no local do estudo, sendo analisado nos aspectos
qualitativos e quantitativos.
Existem diversas técnicas operacionais para análise de conflitos de tráfego, que variam em
alguns aspectos relevantes. Uma descrição comparativa, especialmente direcionada para
conflitos de tráfego envolvendo pedestres, pode ser encontrada em PIETRANTONIO e
TOURINHO (2005), onde é recomendado o uso da técnica norte-americana do U.S.FHWA, a
mesma recomendada pela CET-SP (2001). A técnica norte-americana, apresentada
originalmente em PARKER e ZEGEER (1989 a, b), detalha os aspectos operacionais da
observação empírica dos conflitos de tráfego e distingue-se por ir além dos aspectos
qualitativos. A sua quantidade é que indica o grau de segurança do local.
Entretanto, existe a dificuldade de interpretar um evento como conflito de tráfego, em função
da intensidade da ação de frenagem ou desvio de rota, distinção entre frenagem evasiva ou
uma manobra normal (como, por exemplo, a frenagem antes de fazer uma conversão), bem
13
como da dificuldade de identificar a proximidade entre os usuários envolvidos no evento
(quanto menor é a distância entre os usuários envolvidos, maior é a gravidade do conflito de
tráfego). A vantagem da técnica de conflitos de tráfego é que, como o evento é observável,
pode-se determinar a natureza ou o tipo do conflito.
Assim, na forma usual de aplicação, o número de conflitos de tráfego, por tipo e por
gravidade, é um dado empírico, obtido por contagem no local do estudo, assim como se conta
o fluxo de veículos.
As medidas de oportunidades de conflito de tráfego, na forma usual, não são dados empíricos
e nem são obtidas por contagens. São estimativas de freqüência esperada de eventos
relacionados com conflitos de tráfego, obtidas a partir de modelos matemáticos, baseadas na
previsão da existência de pré-condições que podem propiciar a ocorrência de conflitos de
tráfego, como, por exemplo, a presença simultânea de dois usuários conflitantes a uma certa
distância. Embora não usuais, pesquisas para obtenção de medidas empíricas da freqüência de
oportunidades de conflito de tráfego também são possíveis, como em VASCONCELOS
(2004), assim como também seriam possíveis modelos matemáticos para estimar a freqüência
de conflitos de tráfego (potencialmente mais complexos que os de oportunidades de conflito
de tráfego).
Como freqüência estimada ou observada, medidas de oportunidades de conflito de tráfego
têm relação com a exposição ao risco. CHANG (1982) introduz algumas propostas de
medidas de exposição ao risco. Como exemplo, o autor cita a medida de “milhas viajadas”
(VMT – Vehicle Miles of Travel) como medida da freqüência de eventos que geram risco,
atribuindo a idéia a CARROL et alli (1971), mencionando também que HAIGHT (1971)
melhora o conceito de medida de exposição relacionando-o com o porte e a potência dos
veículos, a idade e a experiência dos condutores, condições de tempo, período do dia e classes
de acidentes. Em interseções, o autor cita as fórmulas tradicionais de produto entre os fluxos
conflitantes, atribuídas a HOLLAND (1967), entre outros.
Medidas de exposição ao risco desta natureza são ainda bastante utilizadas. Por exemplo,
LORD (1996) fez uma verificação empírica da validade de um modelo de previsão de
acidentes desta natureza, proposto por QUAYE et alli (1993).
14
O caminho entre os conceitos de medidas de exposição e de oportunidades de conflito de
tráfego vem sendo percorrido e desenvolvido pelo menos desde estes esforços iniciais.
Após o trabalho de CHANG (1982), um estudo de COUNCIL (1983) liderou a formulação de
diversas medidas de exposição baseadas no conceito de oportunidade de colisão (“crash
opportunity”). Suas concepções não foram testadas empiricamente, mas deram luz a diversos
desenvolvimentos posteriores. Uma avaliação restrita, comparando hierarquização baseada
em taxas de acidentes convencionais e taxas de oportunidades de conflito de tráfego, foi feita
por PLASS e BERG (1987). A partir deste trabalho, Berg orientou diversos outros estudos
direcionados a obter medidas de nível de serviço relativas à segurança, em interseções ou
segmentos de vias, citando-se os trabalhos com Kaub em 1988, Ha em 1995 e Lee em 1998,
sendo que Kaub tornou-se o responsável pelo desenvolvimento do TRAF-Safe.
A expressão “Oportunidade de Conflito de Tráfego” consolidou-se a partir dos trabalhos
orientados por Berg, em particular, pelo seu uso nos trabalhos de Kaub.
Um conceito mais específico de oportunidade de conflito de tráfego é relacionado à manobra.
Entende-se por manobra a forma de se aproximar ou de cruzar um trecho de via ou interseção,
isto é, a ação de aproximar-se ou de entrar e sair da área de conflito de um trecho de via ou de
uma interseção. Usualmente, as manobras distinguem-se pela origem e destino do veículo no
trecho ou na interseção (no caso de uma interseção, a manobra pode ser uma conversão à
direita ou à esquerda, um retorno ou movimento de prosseguir em frente).
A Figura 2.1, (a) e (b), ilustra dois tipos de manobra.
Figura 2.1 (a) – Manobra de travessia
Veículo em manobra de cruzamento ou travessia
Veículo conflitante
15
Figura 2.1 (b) – Manobra de aproximação
As pré-condições para a ocorrência de um conflito são a simultaneidade da manobra de risco
de um veículo e chegada de um veículo conflitante, onde o tempo de exposição ao risco é a
duração da manobra. Assim, colocando-se os eventos em um contexto probabilístico, a
oportunidade de conflito de tráfego decorreria da probabilidade de ocorrência simultânea dos
dois eventos: a manobra de risco e a chegada de um veículo conflitante.
Desta forma, pode-se caracterizar a oportunidade de conflito de tráfego por 3 elementos:
a) um veículo em manobra, b) um tempo de exposição ao risco do veículo em manobra, c) a chegada de um veículo conflitante.
Em um modelo de previsão de oportunidades de conflito de tráfego, pode-se obter a sua
freqüência estimada no número de veículos nas manobras de risco e na chegada de veículos
conflitantes. Esta é uma peculiaridade importante: em geral, a estimativa de oportunidades de
conflito de tráfego é baseada em modelos teóricos que, preferencialmente, devem ser
sensíveis às variáveis de operação específicas de cada local.
Naturalmente, para que o modelo teórico possa ser utilizado é necessário que ele represente,
com a maior fidelidade possível, as condições reais do local. Para garantir essa fidelidade, é
necessário que o modelo teórico seja validado comparando-se as estimativas obtidas com
dados reais levantados em campo.
Veículo parado aguardando brecha ou verde no semáforo
Manobra de aproximação de veículo chegando à área de conflito do cruzamento
16
Como será discutido no Capítulo 4, existem diversas opções de validação, que podem
envolver medidas empíricas de oportunidades de conflito de tráfego ou outras medidas
relacionadas com segurança de tráfego (como acidentes ou conflitos de tráfego).
Há vários tipos de oportunidades de conflito de tráfego, os quais correspondem à mesma
tipologia de conflitos de tráfego (por sua vez também é similar à tipologia dos acidentes), tais
como oportunidades de conflito4 angulares, traseiras, frontais, laterais por mudança de faixa,
oportunidades de conflito com objeto fixo e oportunidades de conflito com pedestres.
Devido à amplitude do tema, o escopo do presente trabalho será restrito às oportunidades de
conflito angulares e traseiras e as oportunidades de conflito com pedestres.
A Figura 2.2 mostra: (a) oportunidades de conflito angulares, (b) oportunidade de conflito
traseira e (c) oportunidades de conflito com pedestres.
Figura 2.2 (a) – Oportunidades de conflito angulares
4 No presente trabalho, a expressão “oportunidade de conflito” será considerada como se fosse uma palavra única. Daí a concordância: oportunidades de conflito traseiras, angulares, etc. As oportunidades de conflito é que são traseiras, angulares, etc. Uma outra possibilidade é fazer a concordância com a palavra “conflito”: oportunidades de conflito traseiro, angular, etc. Neste caso, o conflito é que é traseiro, angular, etc. No nosso entender, as duas formas são corretas, porém preferiu-se a primeira forma porque quis se dar ênfase ao conceito de “oportunidade de conflito”.
17
Figura 2.2 (b) – Oportunidade de conflito traseira
Figura 2.2 (c) – Oportunidades de conflito com pedestre
Além disso, no presente trabalho, serão analisadas oportunidades de conflito de tráfego
envolvendo apenas dois veículos. Portanto, além de ignorar eventos que envolvem apenas um
usuário e elementos da via ou seu entorno, não serão consideradas as oportunidades de
conflito de tráfego múltiplas ou em cadeia. Apenas oportunidades de conflito de tráfego entre
dois usuários serão consideradas.
18
2.2 DESCRIÇÃO DA FORMULAÇÃO UTILIZADA PELO SOFTWARE TRAF-Safe
Os estudos de KAUB (2005) introduzem o conceito de Oportunidade de Conflito Provável
(PCO – Probable Conflict Opportunity)5, a partir do qual é desenvolvido um software
denominado TRAF-Safe. O software TRAF-Safe utiliza o conceito de oportunidade de
conflito para fazer estimativas do nível de segurança viária, complementadas por projeções
relativas aos acidentes de tráfego, bem como a severidade dos mesmos.
Pela utilidade dos resultados alegados, mas ainda não claramente comprovados, no Brasil e
mesmo no exterior, coloca-se o interesse do presente trabalho em estudar o procedimento do
TRAF-Safe.
Na verdade, a análise da metodologia empregada por TRAF-Safe foi a motivação original
deste trabalho e, por este motivo, é o ponto de partida da apresentação feita a seguir.
Esta tarefa exigiu uma cuidadosa revisão da literatura existente sobre o TRAF-Safe e sobre
outros procedimentos para análise de segurança baseados em conceitos de oportunidade de
conflito de tráfego, dado que muitos conceitos e modelos não estão claramente descritos e
documentados nas referências básicas. Por exemplo, na documentação do TRAF-Safe não foi
encontrada nenhuma menção detalhada relativa à formulação dos procedimentos para a
análise de interseção semaforizada (apenas são apresentados os resultados da sua validação).
A mesma carência de detalhes ocorre para oportunidades de conflito com pedestres.
As seções seguintes (2.2.1 a 2.2.6) descrevem a formulação geral e teórica do TRAF-Safe,
enquanto a última seção (2.2.7) deste item faz a análise e a crítica da metodologia apresentada
para oportunidades de conflito angulares e traseiras por meio da discussão de um exemplo
numérico (hipotético), apresentado pelo próprio autor do TRAF-Safe. Adiante são revisados
outros estudos.
5 A partir deste ponto, a “oportunidade de conflito provável” ou “oportunidade de conflito de tráfego” poderá ser designada como simplesmente oportunidade de conflito – CO (“Conflict Opportunity”).
19
2.2.1 Características Gerais da Formulação do TRAF-Safe
Segundo KAUB (2005), as “oportunidades de conflito” podem ser classificadas em: “lateral,
em evento convergente” (sideswipe, merge event), “angular, em evento de cruzamento”
(angle, crossing event), “traseiro, em evento divergente” (rear-end, diverge event) e “lateral,
em entrelaçamento ou mudança de faixa” (sideswipe, weave event).
As Figuras 2.3 e 2.4 mostram os tipos de oportunidade de conflito predominantes em
interseções, como apresentados em KAUB (2005).
Figura 2.3 – Oportunidades de conflito teóricas típicas
Figura 2.4 – Oportunidades de conflito típicas (8 divergentes, 8 convergentes, 4 entrelaçamentos ou por
mudança de faixa, 16 cruzamentos; total de 36 pontos de oportunidade de conflito6
Embora o TRAF-Safe mencione os 4 tipos de oportunidade de conflito ilustrados na Figura
2.3, para interseções semaforizadas ou não, e as oportunidades de conflito típicas envolvendo
pedestres ou em rotatórias, a documentação oferecida apresenta apenas detalhes sumários para
6 Embora o texto fale em um total de 36 pontos de oportunidade de conflito, na Figura apresentada, como reproduzida aqui, estão indicados apenas 34.
Conflito traseiro - Evento divergente
Conflito angular - Evento de cruzamento
Conflito lateral - Evento “de entrelaçamento”
Conflito lateral - Evento convergente
20
pedestres, além de não apresentar nenhum detalhe sobre o procedimento adotado para
interseções semaforizadas ou para rotatórias. Por este motivo, apenas as oportunidades de
conflito angulares e traseiras em interseções não semaforizadas, como apresentadas na
documentação do TRAF-Safe, serão discutidas a seguir7. Alguns métodos para interseções
semaforizadas e para pedestres apresentados por outros autores serão analisados adiante.
Segundo KAUB (2005), adotando a distinção de GHAFFARI (1990) apud GETTMAN e
HEAD (2003), as oportunidades de conflito podem ser classificadas em dois grandes tipos: as
relacionadas com pontos de conflito e as relacionadas com linhas de conflito.
Admitindo uma interseção típica, existem eventos para os quais há um ponto de conflito que
representa uma posição fixa no espaço onde os fluxos se interceptam. Segundo KAUB
(2005), os fluxos podem se interceptar em várias regiões dentro da trajetória dos veículos
mas, por simplicidade, é admitido que os pontos onde os fluxos se interceptam são fixos. Por
exemplo, assume-se que os veículos de conversão sempre entram na mesma faixa da via
transversal, de forma que o ponto onde os veículos se conflitam não mude.
Pontos de conflito definem as situações onde um veículo em movimento interrompe a
progressão de um outro veículo, mas os veículos somente interagem em um ponto específico
do espaço. É o caso típico de oportunidade de conflito angular.
Complementarmente, dada uma interseção típica, existem eventos nos quais há uma linha de
conflito, que representa a região do espaço onde um veículo conflita com o veículo seguindo
na mesma faixa. Isso pode se dar, segundo o autor, em 3 situações:
a) veículo entrando na faixa na frente de um veículo que segue direto; b) veículos andando na mesma direção quando o da frente decide repentinamente
virar à esquerda ou à direita; c) veículos mudando de faixa na frente de outro veículo, obrigando o veículo de trás
a brecar.
Linhas de conflito descrevem as situações onde dois veículos interagem na mesma faixa por
um período de tempo. É o caso típico de oportunidade de conflito traseira.
7 Na documentação do TRAF-Safe consta um procedimento detalhado para estimar as oportunidades de conflito decorrentes de mudanças de faixa, as quais, contudo, não serão discutidas no presente trabalho.
21
2.2.1.1 Características Gerais de Oportunidades de Conflito Angulares no TRAF-Safe
Os conflitos angulares são um dos casos associados aos pontos de conflito. O autor considera
que, no esquema mostrado na Figura 2.58, para uma interseção de duplo sentido de direção de
tráfego, onde a via na horizontal (Leste-Oeste) é a via principal e a via vertical (Norte-Sul) é a
via secundária, os pontos de conflito angular 1, 2, 7 e 89 ocorrem:
a) na conversão à esquerda do movimento a leste da via principal para a via secundária conflitando com o fluxo do movimento a oeste (ponto de conflito 1)
b) na conversão à esquerda da via secundária para o sentido oeste da via principal conflitando com o fluxo da via principal no sentido leste (ponto de conflito 2)
c) nos movimentos em frente da via secundária conflitando com o tráfego nos dois sentidos da via principal (pontos de conflito 7 e 8)
Figura 2.5 – Pontos e Linhas de oportunidades de conflito
O autor sublinha que os pontos de conflito acima modelam o risco de colisões angulares
devido à aceitação de brechas muito pequenas. Menciona também que os eventos de conflito
correspondentes aos movimentos de outras direções não estão mostrados, mas também são
possíveis. Observa-se que as conversões à esquerda poderiam ser também associadas a
conflitos frontais (e efetivamente podem gerar colisões frontais) mas o TRAF-Safe opta por
relacioná-las apenas com os conflitos angulares10. Os conflitos frontais11 seriam relacionados
à ocorrência em ultrapassagens ou invasões do sentido oposto, por exemplo.
8 A Figura 2.5 é um desenho simplificado da figura apresentada pelo autor. 9 Foi mantida a numeração dada pelo autor na sua documentação. 10 O autor, na página 10 da sua documentação (KAUB, 2005), cita, sobre o exemplo dado (pontos de conflito 1, 2, 7 e 8) que “os pontos de conflito modelam o risco potencial de colisões angulares e frontais”. Contudo, no exemplo numérico na página 20 e nas seguintes, são detalhados apenas os cálculos de oportunidades de conflito angulares, incluindo as relacionadas com movimentos envolvendo conversões à esquerda (que no caso de conflito com fluxos opostos poderia também ser classificada como frontal). 11 As oportunidades de conflito frontais não serão investigadas no presente trabalho. Conforme o escopo definido, serão estudadas apenas as oportunidades de conflito angulares e traseiras.
1 2
8
3
4
7 5
6
22
Uma questão importante para analisar as oportunidades de conflito angulares é a de selecionar
uma medida para o tempo de exposição ao risco. No TRAF-Safe, o tempo de exposição ao
risco é associado com a duração das brechas críticas aceitas pelos usuários da via secundária
na operação sem semáforos. KAUB (2005) aponta explicitamente (ver pp.10) a utilização dos
valores para brechas críticas obtidos do U.S. HCM (por exemplo, TRB, 2000) em interseções
com sinalização de Parada Obrigatória (“Two-Way Stop Control”, TWSC) ou com a
sinalização de Parada em Todas as Direções, usual nos EUA (“All-Way Stop Control”,
AWSC).
2.2.1.2 Características Gerais de Oportunidades de Conflito Traseiras no TRAF-Safe
Os conflitos traseiros são associados às linhas de conflito. O autor considera que linhas de
conflito denotam eventos de risco quando o veículo da frente faz uma conversão à direita ou à
esquerda. Em ambos os casos, o veículo da conversão seria mais lento, causando ao veículo
de trás uma desaceleração para evitar a colisão ou para gerar um conflito e acidente se a
manobra de frenagem não for bem sucedida. Ainda segundo o autor, deve-se também incluir
conflitos traseiros entre o veículo da frente em espera e o veículo de trás na aproximação com
controle “PARE” ou aproximação semaforizada12.
Na Figura 2.5 estão mostradas linhas de conflito de divergência na via principal (5) e na via
secundária (6) e linhas de conflito de convergência (3 e 4). KAUB (2005) exemplifica
também linhas de conflito relacionadas com mudanças de faixa. Pode-se ver que a discussão
do autor não busca ser exaustiva. O próprio autor menciona que linhas de conflito adicionais
são possíveis para trajetórias em outras direções, mas não são mostradas na Figura 2.5. Pode-
se ver também que a mesma manobra pode gerar distintas situações (como 2 e 4).
2.2.1.3 Outros tipos de Oportunidades de Conflito no TRAF-Safe
Deve-se mencionar que o TRAF-Safe avalia outros tipos de oportunidades de conflito não
considerados neste trabalho, incluindo oportunidades de conflito laterais geradas por
manobras de mudança de faixas. Para alguns tipos de oportunidades de conflito, são geradas
12 Contudo, na aplicação prática discutida pelo autor mais adiante é considerada apenas a situação de conflito traseiro com veículos em espera.
23
estimativas empíricas, como para oportunidades de conflito com apenas um veículo
(oportunidade de conflito singular). Além disso, as estimativas são particularizadas para
certos contextos, como rotatórias, onde os procedimentos gerais também seriam aplicáveis.
Outros casos, como pedestres, são considerados somente com estimativa direta dos acidentes.
Detalhes dos pontos não revisados aqui podem ser encontrados em KAUB (2005).
2.2.2 Previsão de Oportunidades de Conflito Angulares e Traseiras no TRAF-Safe
A expressão geral para a equação adotada pelo TRAF-Safe para previsão da freqüência
estimada de oportunidades de conflito relacionada com um dado tipo de evento, seguindo o
esquema da Figura 2.6, é:
Figura 2.6 – Chegada de veículo do movimento k na faixa l, conflitante com o movimento i na faixa j
PCO(t) = E[nº de oportunidades de manobras]ij × P[chegada de movimento conflitante]kl onde: PCO(t) = número de oportunidades de conflito do tipo t E[nº de oportunidades de manobra]ij = número esperado de veículos por unidade de tempo na manobra de um movimento específico i na aproximação ou faixa j, sendo: E[nº de oportunidades de manobra]ij = P[oportunidade de manobra por movimento] × (número de veículos do movimento i por unidade de tempo na aproximação ou faixa j) P[chegada de movimento conflitante]kl = probabilidade de chegada de um ou mais veículos durante um período de tempo específico de exposição a um tipo particular de movimento kl
(2.1)
chegada de veículo do movimento k na faixa l, conflitante com o
movimento i na faixa j
Faixa j, movimento i
24
(ou a probabilidade de conflito durante o tempo de exposição pela chegada de um veículo do movimento conflitante k na aproximação l), em um segmento particular da via ou interseção.
Segundo o autor, a probabilidade de oportunidade de manobra por movimento pode ser 1,
quando o conflito pode ocorrer para todos os veículos do movimento (por exemplo, para
manobra de cruzamento de uma interseção), ou menor que 1 (por exemplo, quando decorre da
probabilidade de que o veículo faça uma ultrapassagem em manobras de mudança de faixa).
Dada a identificação de uma manobra que fica sujeita a um risco potencial de conflito,
determina-se cada fluxo conflitante e o tempo de exposição ao risco de conflito.
O risco efetivo é então relacionado com a probabilidade de chegada do fluxo conflitante
durante o tempo de exposição, dada uma hipótese para os modelos de chegada ou intervalos
entre veículos.
O modelo adotado pelo autor para a distribuição de chegada dos veículos é a distribuição de
Poissson:
( )!
..][
.
x
etxXP
tx λλ −
==
onde: x = número de veículos que chegam no intervalo de tempo t λ = q = fluxo em v/s P[X = x] = probabilidade de chegarem x veículos no intervalo de tempo t
A probabilidade de não chegar nenhum veículo no tempo t é [ ] teXP .0 λ−== e a
probabilidade de chegar pelo menos um veículo é [ ] [ ] teXPXP .1011 λ−−==−=≥ . Como é
sabido, se a chegada de veículos for Poisson, então a distribuição de intervalos entre veículos
tem distribuição exponencial negativa, cuja função de distribuição acumulada é:
tetHPtF .1][][ λ−−=≤= onde: H = intervalo entre veículos
(2.2)
(2.3)
25
λ = q = fluxo em v/s FH[t] = probabilidade de ter um intervalo menor que ou igual a uma duração de tempo t
Uma hipótese implícita na suposição do autor é que os fluxos não apresentam pelotões (por
exemplo, que não há nenhuma interseção semaforizada próxima à interseção em estudo) e não
há separação mínima entre veículos (por exemplo, o fluxo de veículos ocorre em múltiplas
faixas), dada a hipótese de que a chegada de veículos segue uma distribuição de Poisson.
Admitindo uma distribuição de Poisson, a probabilidade de chegada de veículos do
movimento conflitante tem a seguinte forma:
[ ] [ ] mm
eme
XPXP−
−
−=−==−=≥ 1!0
.1011
0
sendo, para oportunidade de conflito angular ou traseira:
3600
.tQm =
Q = fluxo médio do movimento conflitante por faixa de aproximação (em v/h) t = tempo de exposição ao risco na travessia (em s).
Considerando que a distribuição correspondente de intervalos é a distribuição exponencial, a
mesma expressão pode ser associada com a probabilidade de um intervalo maior que o tempo
de exposição.
Esta expressão usual é particularizada para cada tipo de elemento viário e situação específica.
A seguir, apenas são consideradas as interseções sem semáforo, como apresentadas pelo autor
(os comentários sobre a formulação do autor serão feitos adiante).
(2.4)
(2.5)
26
2.2.2.1 Previsão de Oportunidades de Conflito Angulares
Para oportunidades de conflito angulares em interseções sem semáforo, KAUB (2005)
distingue duas situações específicas: movimentos preferenciais e movimentos secundários.
Para movimentos secundários, o autor recomenda que, para efeitos práticos, o tempo de
exposição do conflito angular t seja baseado nos valores de brecha crítica do HCM (Highway
Capacity Manual)13 para interseções não semaforizadas (t = α, onde α é a brecha crítica), sob
a hipótese de que esses tempos estimam adequadamente a exposição dos veículos, apesar de
admitir que novas pesquisas continuam a melhorar as medidas de exposição.
O autor nota ainda que, teoricamente, a probabilidade de exposição também pode ser avaliada
usando expressões da forma:
[ ]LitHP ≥ e [ ]UitHP ≤
onde: tLi = limite inferior (“lower bound”) do tempo de exposição do movimento i tUi = limite superior (“upper bound”) do tempo de exposição do movimento i
considerando que as manobras de risco ocorreriam somente para brechas no intervalo definido
pelos limites mencionados. As expressões correspondentes não são empregadas no exemplo
examinado adiante mas sua utilização é discutida nos trabalhos seguintes.
Para movimentos preferenciais, os tempos de exposição são calculados usando distâncias de
parada segura (t = dp) para veículos expostos a conflitos com veículos da via transversal.
2.2.2.2 Previsão de Oportunidades de Conflito Traseiras
Para oportunidades de conflito traseiras em interseções sem semáforo, KAUB (2005)
distingue as mesmas duas situações específicas: movimentos preferenciais e movimentos
secundários. 13 O autor menciona inicialmente que as brechas críticas adotadas são obtidas do U.S. HCM (Highway Capacity
Manual) da versão 2000 (TRB, 2000, doravante referenciado como HCM/2000) e adiante cita a versão 1985 (TRB, 1985, doravante referenciado como HCM/85). Embora relevante em termos práticos (valores), a diferença não é conceitual e não é relevante neste ponto. A discussão será ampliada adiante.
(2.6)
27
Para movimentos preferenciais, o autor considera que não há oportunidades de conflito
traseiras, uma vez que, teoricamente, são movimentos que não param e que, portanto, não
gerariam riscos de oportunidades de conflito traseiras.
Para vias não preferenciais, o autor recomenda que, para efeitos práticos, o tempo de
exposição a conflitos traseiros numa aproximação com controle “PARE” é a duração do
tempo em que o veículo fica parado (t = te, onde te é o tempo de parada na aproximação
considerada). No entanto, o autor calcula esse tempo de parada por meio da fórmula de
Adams, que fornece o tempo de parada no topo da fila apenas.
Na formulação apresentada:
t = Duração de parada = E(tempo de espera no sistema) – E(tempo de serviço) = (número em espera no sistema / fluxo médio de chegada) – Brecha crítica
sendo que o número em espera no sistema é calculado por:
[ ][ ]
( ) mm
m
m
eee
e
XP
XP.1
1
0
01 −
−
−
−=−
==
=−
tendo-se, então, para a duração de parada:
αα
α
−−
=−
−
.
.
.
1q
q
eq
et
onde: q = fluxo de chegada dos veículos que param em v/h α = brecha crítica em s
(que é a expressão usual para o atraso de Adams, obtido para a espera do veículo no topo da
fila quando admitida a hipótese de a distribuição de chegadas ser poissoniana).
O autor comenta, ainda, que, com semáforo, a duração de parada pode ser o atraso de parada
da fórmula de WEBSTER (1958). Este último comentário significaria que quaisquer das
(2.7)
(2.8)
(2.9)
28
fórmulas atualmente utilizadas para estimar atraso, com controle semaforizado ou não, seriam
formas alternativas.
Para vias não preferenciais sem semáforo, o autor comenta, ainda, que a probabilidade de
parar é 1. No entanto, em interseções com semáforos, esta não é uma suposição usual.
2.2.3 Oportunidades de Conflito Anuais
Com essa formulação de eventos prováveis para cada tipo de conflito e sua expansão para
todas as faixas de uma aproximação e para todas as aproximações de uma interseção, um
modelo para um valor anual esperado de oportunidades de conflito prováveis pode ser
desenvolvido, representando a soma de todos os tipos individuais de conflitos.
No exemplo que será discutido adiante, o autor estima a freqüência de oportunidades de
conflitos prováveis anuais a partir de procedimentos mais simples. Considerando que as
estimativas tenham sido obtidas com dados referentes à hora-pico de um dia útil típico, o
autor acaba por utilizar fatores de conversão F para obter o valor referente ao dia todo
(tipicamente um fator divisor F = 0,10 para COs baseadas em dados da hora-pico) e, deste
total diário, para todo o ano (tendo sido usado um fator multiplicador D = 365 dias/ano).
Portanto, (admitindo a expansão com fatores uniformes para todos os tipos de oportunidade
de conflito), o exemplo adota uma forma simplificada com:
F
DCOACO tt =
onde:
ACOt = número de COs anuais do tipo t COt = número de COs do tipo t por hora pico
Fatores de expansão deste tipo são usualmente empregados para estimar os volumes de
tráfego anuais (ou volumes de tráfego médios diários) a partir de volumes de hora-pico e, pelo
menos inicialmente, poderiam ser assumidos para oportunidades de conflito (apesar das
(2.10)
29
relações não-lineares envolvidas), uma vez que fatores semelhantes não estão usualmente
disponíveis para oportunidades de conflito.
Embora este procedimento possa ser considerado simplista14, não há dificuldade conceitual
em torná-lo mais detalhado (a obtenção de fatores de conversão para diferentes períodos do
dia, eventualmente por tipo de dia, assim como a obtenção de uma composição do ano típica
para tipos de dia selecionados, seria uma dificuldade prática, sendo relevante apenas o
problema de definir o método com melhor compromisso entre praticidade e validade em
termos de tipos de períodos, tipos de dia, ....).
Observe-se, entretanto, que a expansão das estimativas para totais anuais não é estritamente
necessária para um diagnóstico de segurança viária, sendo utilizada no TRAF-Safe como
passo intermediário para obter estimativas dos totais de acidentes e da sua gravidade.
2.2.4 Modelo de Previsão de Acidentes Anuais
O autor também considera que a previsão de oportunidades de conflito anuais pode ser usada
para estimar a freqüência provável de acidentes anuais, a partir de coeficientes que refletem
taxas de oportunidades de conflito por acidente calibradas através de modelos validados, que
obtenham relações estáveis entre as oportunidades de conflito (em princípio, somando todos
os tipos) e os acidentes anuais, específicos para cada tipo de controle de tráfego, para
volumes, velocidades e geometria típicos, bem como para motoristas e veículos típicos. O
mesmo procedimento poderia ser estendido para estimar a freqüência de acidentes com vítima
(ou de vítimas), de acidentes com vítimas graves (ou de vítimas graves) e de acidentes fatais
(ou de fatalidades) decorrentes.
Naturalmente, pode-se conjeturar que as taxas e sua aplicação possam considerar os tipos de
oportunidades de conflito, ponderando graus de periculosidade distintos para cada tipo de
evento previsto (entendida como a propensão de uma oportunidade de conflito gerar um
acidente), como é feito para conflitos de tráfego.
14 A expansão para COs anuais parte do número de COs na hora pico. Contudo, é justamente na hora pico que a hipótese do modelo de chegadas poissonianas geralmente não é atendida.
30
A exposição do autor é ambígua sobre esse aspecto e o seu exemplo efetivamente utiliza taxas
de oportunidades de conflito por acidente distintas.
Segundo o autor, considerando todas as horas de um dia e todos os dias de um ano, o processo
de projeção anual de acidentes numa interseção pode ser expressa como:
Número de acidentes anuais = ∑=
n
h 1
[COth / M]
onde:
n = número de horas do ano
th = tipo de CO t na hora h
M = modelo de COs/acidente = relação calibrada entre todos os tipos de oportunidades de
conflito e a taxa anual de acidentes para cada tipo de controle de tráfego, para volumes,
velocidades e geometria típicos, bem como para motoristas e veículos típicos.
Como foi visto na Seção 2.2.3, a expansão das COs por hora para COs anuais não é feita de
acordo com a expressão (2.11), mas, sim, utilizando-se dos fatores F e D.
O autor não detalha a forma de obtenção da taxa de COs por acidente. Pelos exemplos
numéricos apresentados, é utilizada a taxa de COs por acidente de 1.291.700 COs/acidente
para CO angular e CO traseira, mas com uma correção específica para CO traseira, além de
uma correção genérica para ambas (em função do tamanho da área urbana considerada).15
O fator de correção específico para CO traseira é dado por V(mph)/8 e a taxa específica para
CO traseira é minorada para 1.291.700/(V(mph)/8). O autor não explica porque para CO
angular não há influência da velocidade e, tampouco, como foi calibrado o fator 8, que
modifica a taxa correspondente para CO traseira.
15 Na página 26, o autor cita também a taxa de 1.193.756 COs angulares por acidente (7,58% menor que a utilizada). Para COs laterais (por mudança de faixa), o autor utiliza uma taxa básica de 1.216.855 COs laterais por acidente e um fator de correção específico para uma taxa específica M/(V(mph)/300). Para interseções com PARE Múltiplo (AWSC), o autor cita taxas de 0,80/MEV para acidentes totais. Para rotatórias, o autor cita taxas de 0,48/MEV para acidentes totais. Os fatores correspondentes para acidentes com vítima não são claramente apresentados (MEV = Million Entry Vehicles).
(2.11)
31
O fator de correção genérico é função do tamanho da área (medido pela sua população). O
exemplo numérico usa um fator de correção igual a 0,89 (-11%) para uma área urbana de
225.000 habitantes. Este valor não corresponde exatamente aos modelos de correção
apresentados pelo autor: 0,4+0,00005*Pop/1000 para interseções com PARE e
0,6+0,00005*Pop/1000 para interseções semaforizadas, para os acidentes totais.
No entanto, além dos aspectos mencionados, a exposição do autor faz diversas alusões (sem
explicitar seu conteúdo) a procedimentos de “calibração local” (que implicaria a algum tipo
de ajustes aos totais de acidentes observados em uma dada cidade ou região) e exclusão de
“acidentes atípicos” (por exemplo, pela exclusão de acidentes claramente relacionados a
fatores peculiares, como o uso de álcool ou drogas).
A calibração local poderia justificar a utilização de fatores de correção distintos, tendo-se:
[ ] loctPoptttt ffVfMACOAA ***/=
sendo:
AAt = acidentes anuais do tipo t
f[V]t = fator de correção específico (função de velocidade)
fpopt = fator de correção genérico (função da população da área)
floct = fator de calibração local obtido dos dados de acidentes da área
(2.12)
32
2.2.5 Modelo para Previsão de Acidentes com Vítima e com Vítima Grave/Fatal
Para acidentes com vítimas, o autor propõe também uma correção específica e uma correção
genérica. Além disso, o autor propõe uma correção específica para acidentes com vítimas
graves/fatais (níveis 5 e 6 na escala abreviada de severidade adotada pelo U.S.FHWA, MAIS
– Maximum Abbreviated Injury Scale). Em ambos os casos, a base de previsão é o total de
pessoas envolvidas em acidentes, obtida multiplicando o total de acidente pela ocupação
média dos veículos.
Para acidentes com vítima, o autor propõe um fator de correção específico dado pela
expressão simplificada V(mph)/100 e um fator de correção genérico em função do tamanho
da área urbana (novamente medida pela população): 0,98+0,00014*Pop/1000 para interseções
com PARE e 1,06-0,00008*Pop/1000 para interseções semaforizadas.
Para acidentes com vítima grave/fatal, o autor propõe um fator de correção específico, dado
por 0,005*e0,04.V(mph), para a proporção de acidentes com vítima que resultam graves/fatais. A
correção é igual para todos os tipos de acidente e, segundo o autor, deve utilizar a maior
velocidade entre as aproximações da interseção.
Os fatores de correção específicos mencionados acima são apresentados apenas no exemplo
numérico. No mesmo exemplo, o fator de correção utilizado (1,18 para a área urbana com
225.000 habitantes) novamente não corresponde ao modelo apresentado.
Novamente, a calibração local poderia justificar a utilização de fatores de correção distintos:
[ ] loctPoptttt ggVgAAAV ***=
sendo:
AVt = acidentes com vítima ou vítima grave/fataf do tipo t
g[V]t = fator de correção específico (função de velocidade)
gpopt = fator de correção genérico (função da população da área)
gloct = fator de calibração local obtido dos dados de acidentes da área
(2.13)
33
2.2.6 Exemplo Numérico do Algoritmo do TRAF-Safe
Para ilustrar a aplicação do procedimento utilizado pelo TRAF-Safe, o autor utiliza um
exemplo hipotético, simplificado, conforme mostrado na Figura 2.716.
Figura 2.7 – Exemplo numérico hipotético apresentado por KAUB (2005)
A Figura 2.7 mostra uma interseção com prioridade definida por sinais “PARE” em uma
pequena área urbana (menos que 225.00017 habitantes). Com o propósito de simplificar a
análise do cruzamento, são adotadas pelo autor as seguintes hipóteses simplificadoras:
a) as aproximações 3 e 4 não apresentam fluxo; b) a aproximação 1 apresenta duas faixas de tráfego, com movimentos em frente e à
esquerda (não existe conversão à direita); c) a aproximação 2 também apresenta duas faixas de tráfego, com movimento de
conversão à esquerda (não existe movimento em frente e tampouco conversão à direita);
d) a aproximação 1 é da via preferencial, segundo a sinalização de prioridade; e) a aproximação 2 é da via secundária, recebendo o sinal “PARE”.
16 O autor não apresenta um exemplo numérico para interseção semaforizada. Na documentação apresentada do TRAF-Safe não consta nenhuma informação de como é o método adotado para interseções semaforizadas. 17 A informação é inicialmente utilizada para obter o valor das brechas críticas para os movimentos secundários. O HCM/85 menciona áreas urbanas maiores ou menores que 250.000 habitantes (e não 225.000 como menciona o autor). O HCM/2000 abandonou a diferenciação dos valores recomendados para as brechas pelo porte da área urbana em que se encontra a interseção. A informação também será considerada para a previsão dos acidentes, um aspecto complementar incluído no TRAF-Safe.
34
Supõe-se, ainda, que:
a) em nenhuma aproximação há baia protegida para conversão à esquerda; b) todas as aproximações apresentam largura de 7,3 m (24 ft) e duas faixas; c) a velocidade fixada em todas as aproximações é de 96,6 km/h (60 mph); d) a brecha crítica para a conversão à esquerda da via secundária é de 7,0 s e a brecha
crítica para a conversão à esquerda na via principal é de 6,65 s 18; e) o fluxo na via secundária (aproximação 2) é de 100 v/h (conversão à esquerda); f) os fluxos na via principal (aproximação 1) são 360 v/h para o movimento em frente
e 100 v/h para a conversão à esquerda; g) todos os fluxos têm uma distribuição de chegada poissoniana.
Os movimentos e os fluxos da Figura 2.7 podem ser ilustrados no esquema apresentado na
Figura 2.8, abaixo.
Figura 2.8 – Indicação dos movimentos e fluxos no exemplo de KAUB (2005)
Como o escopo do presente trabalho é a análise e proposição de modelos que forneçam
estimativas de oportunidades de conflito angulares e traseiras, a seguir será apresentado
apenas o conteúdo correspondente ao método de TRAF-Safe para estes tipos de oportunidades
de conflito (angulares e traseiras). Não serão analisadas as oportunidades de conflito por
mudança de faixa, tratadas de forma similar pelo autor, nem as demais oportunidades de
conflito, como as de rotatórias, com objeto fixo e com pedestres, tratadas de forma mais
empírica.
18 Algumas observações podem ser feitas sobre os valores do HCM adotados por KAUB (2005): - Apesar de o autor citar o HCM/2000, pg. 17-7, tal página fornece brechas críticas de 7,5 e 4,1 s para a conversão à esquerda da via secundária e conversão à esquerda da via principal, respectivamente. O HCM/2000 não vincula os valores das brechas críticas à velocidade e ao tamanho da área urbana. - O HCM/85 atrela os valores das brechas críticas à velocidade (30 e 55 mph) e ao tamanho da área urbana. Para a velocidade de 55 mph e área urbana menor que 250.000 habitantes, as brechas críticas são 8,5 e 6,0 s para a conversão à esquerda da via secundária e para conversão à esquerda da via principal, respectivamente (para áreas maiores, as brechas seriam 0,5 s menores) - Portanto, os valores de 7,0 e 6,65 s adotados pelo autor não correspondem aos recomendados pelo HCM/85 ou pelo HCM/2000 (apesar deste último ser citado nominalmente).
360
100 A
B
C
100
35
2.2.6.1 Estimativa de Oportunidades de Conflito Angulares
Existem 4 pontos de conflito angular, marcados na Figura 2.7:
a) A1 – Conversão à esquerda da via principal x conversão à esquerda da via secundária (100 v/h de B × 100 v/h de C)
b) A2 – Movimento em frente da via principal x conversão à esquerda da via secundária (360 v/h de A × 100 v/h de C)
c) A3 – Conversão à esquerda da via secundária x conversão à esquerda da via principal (100 v/h de C ×100 v/h de B)
d) A4 – Conversão à esquerda da via secundária x movimento em frente da via principal (100 v/h de C × 360 v/h de A)
Deve-se observar que o exemplo mostra que a metodologia de TRAF-Safe considera as COs
do ponto de vista do usuário que faz a manobra inicial e, em cada situação de potencial
conflito, a exposição de ambas as manobras é considerada separadamente.
Por exemplo, o ponto de conflito A1 é tomado sob o ponto de vista dos veículos da via
principal que fazem a manobra de conversão à esquerda e que se expõem a risco (provável
conflito) devido aos veículos da via secundária que fazem a conversão à esquerda para a via
principal, enquanto que o ponto de conflito A3 é tomado do ponto de vista dos usuários que
estão na via secundária efetuando a manobra de conversão à esquerda e que se expõem a
prováveis conflitos com os veículos da via principal que fazem a conversão à esquerda para a
via secundária. Não há dupla contagem se o usuário exposto é distinto em cada caso.
Cálculo de COs em A1 (B × C – manobra de B)
CO(A1)/h = QB * P[exposição de B] * P[chegada do fluxo oposto C durante o tempo de exposição t]
P[chegada do fluxo oposto C durante o tempo de exposição t] = 1 – te λ− QB = 100 v/h λ = qC= 100/3600 = 0,027778 v/s P[exposição de B por movimento de conversão] = 1 t = tempo de exposição de B = brecha crítica de B = 6,65 s
100
100
C
B
36
CO(A1)/h = 100 * 1 * (1 – 0,831335) = 16,87 COs/h
Note que o autor considera como tempo de exposição ao risco de um movimento não
preferencial o valor correspondente à brecha crítica da manobra realizada. No caso, embora o
movimento B seja da via principal e preferencial em relação a C, o mesmo é tratado como
movimento secundário (a brecha correspondente refere-se ao cruzamento do fluxo oposto de
B, no outro sentido da via principal, que foi admitido nulo). Portanto, embora entenda-se o
princípio, sua aplicação pelo autor seria equivocada, como discutido adiante.
Cálculo de COs em A2 (A × C – manobra de A)
CO(A2)/h = QA * P[exposição de A] * P[chegada do fluxo oposto C durante o tempo de exposição t]
P[chegada do fluxo oposto C durante o tempo de exposição t] = 1 – te λ− QA = 360 v/h λ = qC = 100/3600 = 0,027778 v/s P[exposição de A por movimento direto] = 1 t = tempo de exposição de A = tempo de parada de A = 8,9 s CO(A2)/h = 360 * 1 * (1 – 0,780967) = 78,85 COs/h
Portanto, o autor considera que o tempo de exposição ao risco do fluxo preferencial como
sendo o tempo necessário para parar de forma segura (por exemplo, se houver um veículo
interferente da via secundária na área de conflito ou outro evento que exija parada). Esse
tempo é uma função da velocidade da aproximação e, segundo o autor, varia de 6,8 s (20
mph) a 9,0 s (60 mph). Contudo, embora o autor tenha admitido uma velocidade de 60 mph
no exemplo da Figura 2.4, ele adota o valor de 8,919 s (em vez de 9,0 s).
19
O autor não justifica o valor utilizado de 8,9 s.
A
360
100 C
37
A Figura 2.9 ilustra o conceito utilizado por TRAF-Safe.
Figura 2.9 – Tempo de parada do veículo da via principal
Em princípio, esta avaliação corresponderia à passagem pela interseção dos veículos vindos
de A (da via principal) e adotar o tempo de parada como tempo de exposição é o aspecto
peculiar. No entanto, não fica claro se o autor foge do conceito utilizado de que a CO é
calculada para quem faz a manobra. No caso, a CO é calculada para o veículo da via
principal, mas quem faz a manobra buscando brechas é o veículo da via secundária. Este caso
está avaliado adiante (A4) e, neste caso, haveria uma potencial dupla contagem.
Esta visão corresponde a admitir que está sendo considerada a potencial colisão de C contra A
(e não de A contra C) e, normalmente, o tempo de exposição teria de ser limitado ao tempo de
percorrer a área de conflito da interseção ou de cada faixa (quando uma invasão do fluxo
vindo de C poderia causar a colisão mencionada).
Cálculo de COs em A3 (C × B – manobra de C)
CO(A3)/h = QC * P[exposição de C] * P[chegada do fluxo oposto B durante o tempo de exposição t]
P[chegada do fluxo oposto B durante o tempo de exposição t] = 1 – te λ− QC = 100 v/h λ = qB = 100/3600 = 0,027778 v/s P[exposição de C por movimento de conversão] = 1 t = tempo de exposição de C = brecha crítica de C = 7,0 s
8,9 s
100
100
C
B
38
CO(A3)/h = 100 * 1 * (1 – 0,823292) = 17,67 COs/h
Esta situação corresponde ao caso padrão de cruzamento na via secundária e chegada
conflitante na via principal. No entanto, como será comentado adiante, pode-se considerar que
não faz sentido separar as chegadas conflitantes dos fluxos A ou B (ambos usam as mesmas
faixas e não são distinguíveis na chegada).
Cálculo de COs em A4 (C × A – manobra de C)
CO(A4)/h = QC * P[exposição de C] * P[chegada do fluxo oposto A durante o tempo de exposição t]
P[chegada do fluxo oposto A durante o tempo de exposição t] = 1 – te λ− QC = 100 v/h λ = qA= 360/3600 = 0,1 v/s P[exposição de C por movimento de conversão] = 1 t = tempo de exposição de C = brecha crítica de C = 7,0 s CO(A4)/h = 100 * 1 * (1 – 0,496585) = 50,34 COs/h
Esta situação também corresponde ao caso padrão de cruzamento na via secundária e chegada
conflitante na via principal, havendo a mesma crítica com relação a separar as chegadas
conflitantes dos fluxos A ou B, que será apresentada adiante.
Total de COs angulares por hora:
Tabela 2.1- Oportunidades de conflito angulares
TRAF-Safe A1 B × C 16,87 A2 A × C 78,85 A3 C × B 17,67 A4 C × A 50,34
Total 163,73
A
360
100 C
39
2.2.6.2 Estimativa de Oportunidades de Conflito Traseiras
Considere a Figura 2.10 para aplicação do algoritmo.
Figura 2.10 – Oportunidades de conflito traseiras
Embora qualquer manobra de redução de velocidade possa ocasionar colisões traseiras ou o
evento possa resultar mesmo de diferenciais de velocidade normais na corrente de tráfego, no
TRAF-Safe somente são consideradas oportunidades de conflito traseiras contra veículos
parados. Esta é a hipótese inicial da discussão feita a seguir.
A Figura 2.10 mostra os dois pontos de conflito traseiro, R1 e R2. a) R1 é o ponto de conflito traseiro na via principal. b) R2 é o ponto de conflito traseiro na via secundária.
Cálculo de COs em R1
A metodologia de TRAF-Safe considera que, como o fluxo principal nunca pára, as
oportunidades de conflito traseiras são nulas.
Portanto: CO(R1)/h = 0
O movimento da via principal é constituído de dois movimentos: A e B. O movimento A é,
evidentemente, o movimento prioritário. Contudo, de forma inconsistente, o movimento B foi
tratado pelo TRAF-Safe nas COs angulares como movimento secundário (o que seria
inadequado) e, aqui, como movimento prioritário (agora adequadamente).
R1
R2
40
Cálculo de CO em R2
Como esquematizado na Figura 2.11, o método de TRAF-Safe subdivide o conflito R2 em dois casos:
a) R2a = conflito traseiro de um veículo de trás com um veículo da frente parado, aguardando uma brecha do movimento A
b) R2b = conflito traseiro de um veículo de trás com um veículo da frente parado, aguardando uma brecha do movimento B
Figura 2.11 – Divisão do conflito R2 em 2 tipos de conflito
Assim, tem-se: R2a = C × A R2b = C × B
O método de TRAF-Safe considera o tempo de exposição de risco do veículo da frente como
sendo o tempo em que ele está parado aguardando uma brecha dentro do movimento A (R2a)
ou uma brecha dentro do movimento B (R2b). Se nesse tempo de exposição, vier um veículo
de trás, haveria CO. Portanto:
O tempo parado para aguardar a brecha é calculado segundo a expressão de Adams (2.9),
anteriormente apresentada, simplificada para
αα
−−
=q
ete
q 1.
tet =
A
C C
B
R2a R2b
41
onde: te = atraso em s q = fluxo de veículos do movimento oposto em v/s α = brecha crítica do movimento secundário em s
Cálculo de CO em R2a
q = fluxo oposto q(A) = 360/3600 = 0,1 v/s α = brecha crítica de C = 7,0 s
CO(R2a)/h = QC * P[exposição em C] * P[chegada de outro veículo de C atrás durante o tempo de exposição te]
P[chegada de outro veículo de C atrás durante o tempo de exposição te] = 1 – tee λ− QC = 100 v/h λ = qC= 100/3600 = 0,027778 v/s P[exposição em C por movimento secundário] = 1 te = tempo de exposição de C = tempo de espera de C = 3,1375 s CO(R2a)/h = 100 * 1 * (1 – 0,916537) = 8,35 COs/h
Cálculo de CO em R2b
q = fluxo oposto q(B) = 100/3600 = 0,027778 v/s α = brecha crítica de C = 7,0 s
CO(R2b)/h = QC * P[exposição em C] * P[chegada de outro veículo de C atrás durante o tempo de exposição te]
P[chegada de outro veículo de C atrás durante o tempo de exposição te] = 1 – tee λ− QC = 100 v/h λ = qC= 100/3600 = 0,027778 v/s
s 1375,3)(
).1( ).(
=−−
=−
αα
Aq
ete
Aq
s 7269,0)(
)1( ).(
=−−
= αα
Bq
ete
Bq
42
P[exposição em C por movimento secundário] = 1 te = tempo de exposição de C = tempo de espera de C = 0,7269 s CO(R2b)/h = 100 * 1 * (1 – 0,980011) = 1,99 COs/h
Total de COs traseiras por hora:
Tabela 2.2 – COs traseiras
COs/h
R1 0 R2a 8,35 R2b 1,99 Total 10,34
2.2.6.3 Estimativa de Acidentes
Utilizando os valores do exemplo numérico, a estimativa dos acidentes totais seria obtida por:
Total de COs angulares por ano: 163,73*365/0,10=597,614,50 COs/ano
Total de COs traseiros por ano: 10,34*365/0,10= 37.741 COs/ano
Total de acidentes angulares por ano: 597,614,50/1.291.700*0,89=0,4123 acc/ano
Total de acidentes traseiros por ano: 37.741/1.291.700*(60/8)*0,89=0,1950 acc/ano
(assumindo o fator por população de 0,89).
Total de acidentes angulares com vítima por ano: 0,4123*1,0*60/100*1,18=0,32 acv/ano
Total de acidentes traseiros com vítima por ano: 0,1950*1,0*60/100*1,18=0,16 acv/ano
(assumindo 1,0 passageiros por veículo acidentado e o fator por população de 1,18).
Total de acidentes angulares com vítima grave/fatal por ano: 0,32*0,005*e0,04.60=0,0161/ano
Total de acidentes traseiros com vítima grave/fatal por ano: 0,16*0,005*e0,04.60=0,0076/ano
Note-se que os valores apresentados acima correspondem aos relatados em KAUB (2005),
com exceção dos acidentes com vítima grave/fatal (que não são apresentados por tipo, como
feito acima). A maior parte deles concorda com os cálculos mostrados.
No caso dos acidentes com vítima, os valores obtidos tem uma divergência pequena mas
relevante (seriam 0,29 e 0,14, ao invés de 0,32 e 0,16).
43
No entanto, uma divergência maior ocorre no caso dos acidentes com vítimas graves/fatais.
Em KAUB (2005) é relatado apenas o total de 0,023/ano, incluindo os decorrentes de
acidentes laterais e singulares (cerca de 1/4 dos acidentes no exemplo numérico apresentado),
mas somente as parcelas apresentadas, calculadas com o total de acidentes com vítima de 0,29
e 0,14, chegam a 0,0237/ano (relativas a acidentes angulares e traseiros apenas).
2.2.7 Análise Crítica do Algoritmo do TRAF-Safe
A descrição teórica e o exemplo numérico do procedimento utilizado em KAUB (2005)
permitem formar uma visão mais concreta do procedimento de aplicação e avançar uma série
de críticas ou alternativas possíveis para aplicação do método. Mesmo antes de revisar os
demais trabalhos sobre o tema, vale a pena resumir algumas críticas principais.
A seguir, estas críticas serão apresentadas para cada tipo de oportunidade de conflito
analisada (angular e traseira) e utilizará o mesmo exemplo numérico para ilustração.
2.2.7.1 Análise do Método para Oportunidades de Conflito Angulares
Desenvolvendo alguns dos pontos comentados anteriormente, pode-se sugerir alguns
aprimoramentos ao método proposto para estimar oportunidades de conflito angulares do
TRAF-Safe. Em alguns pontos, o próprio autor menciona opções não adotadas e detalhadas,
que serão também examinadas a seguir.
Tempo de exposição ao risco de movimentos secundários
Para as manobras secundárias, o autor adota a brecha crítica da manobra como tempo de
exposição ao risco, utilizando valores recomendados pelo HCM. Com essa hipótese, o tempo
de exposição ao risco depende de levantamentos difíceis. Nas recomendações do HCM, as
brechas independem de muitas características geométricas da interseção, sendo apenas função
do tipo de manobra e dados gerais como o número de faixas na via principal e alguns poucos
detalhes físicos da manobra.
44
No lugar de brechas críticas, o autor menciona a possibilidade do uso de um “lower bound” e
de um “upper bound”. Nesse sentido, poderia ser usada uma faixa de valores: (t – τ, t + τ),
onde τ = tolerância e t = brecha crítica ou tempo da manobra. Tempos menores que t – τ, não
haveria COs pois as brechas seriam tão pequenas que os condutores não se arriscariam a fazer
a manobra e brechas maiores que t + τ também não haveria COs pois as brechas seriam tão
grandes que não haveria risco na manobra. Só haveria COs para travessias com intervalos de
(t – τ, t + τ). Como será discutido adiante, outros autores (anteriores e posteriores), sugerem
critérios similares (por exemplo, no intervalo t – 2 s a t + 2 s) em relação ao valor da brecha
crítica ou do tempo de manobra.
Como exemplo, ZHANG e PREVEDOUROS (2003), conforme descrito na seção
correspondente, usa t + 2 s e t – 2 s no seu estudo de oportunidades de conflito entre veículos
de conversão à esquerda e o fluxo do movimento oposto, onde t é o tempo da manobra.
Porém, essa metodologia pode levar a distorções, conforme mostrado na mesma seção.
Uma hipótese mais simples parece ser aquela que considera que o tempo de exposição ao
risco é o tempo em que o veículo permanece na área de conflito, isto é, o tempo que o veículo
leva para fazer a manobra. Com essa hipótese, o tempo de exposição ao risco torna-se
dependente da largura da interseção e pode ser obtido de simples modelos cinemáticos da
manobra. Quanto mais larga a interseção, maior é o tempo em que o veículo fica exposto ao
risco. As características de aceleração e as dimensões físicas dos veículos também poderiam
ser consideradas (e diferenciariam veículos leves e pesados, por exemplo).
Este conceito mais simples (por sua vez, relacionado com variáveis que também afetam a
brecha crítica) corresponde mais diretamente à idéia de exposição ao risco.
Tempo de exposição ao risco do movimento principal
O autor considera que os veículos do movimento principal estão sujeitos a um tempo de risco
igual ao tempo necessário para parar de forma segura caso haja um veículo da transversal na
área de conflito. E, depois, calcula a probabilidade de chegar um veículo da via transversal
durante esse tempo. Esse raciocínio pode não ser considerado consistente, pois a parada é uma
ação evasiva em si mesmo, portanto é uma reação a algum conflito concreto.
45
Pode ser julgado mais coerente considerar que esse tempo (de parada) é o tempo de exposição
ao risco de um eventual veículo da via secundária que está executando a manobra. Isto é,
haveria uma CO para o veículo da via secundária que esteja fazendo a travessia se houver a
presença de um veículo da via principal a menos de 8,9 s de distância. Mas, neste caso, o risco
é do veículo da via transversal e não o da via principal. Se a parada na via principal decorreria
da presença do veículo secundário, haveria dupla contagem. O cálculo pela ótica da via
principal seria uma alternativa que deveria produzir, sob hipóteses consistentes, resultados
iguais (ou similares, ao menos).
No conceito inicialmente suposto, quem faz a manobra inicial deveria ser o veículo da via
principal e não o veículo da via secundária (no método de TRAF-Safe, o veículo da via
principal executa a ação de parar e não a manobra de cruzar a interseção).
Adotando a interpretação inicial de que quem faz a manobra é A, o tempo de exposição seria
ainda mais reduzido e corresponderia ao tempo de passagem pela área de conflito, isto é,
v
LWt
+=
onde:
W = largura da via secundária na interseção em m L = largura do veículo em m v = velocidade do veículo de A em m/s. Note que uma chegada livre dependeria também de não haver fila de espera na aproximação
secundária. As pré-condições poderiam, então, ser estabelecidas como uma chegada livre
durante a passagem do veículo do fluxo principal pela interseção, adicionando a avaliação da
probabilidade de ausência de fila no instante da chegada no fluxo secundário.
Mesmo dentro do raciocínio desenvolvido pelo autor, que julgamos equivocado, a idéia
poderia ser melhorada. Sendo a brecha crítica do movimento da via secundária 7,0 s, estando
o veículo a 8,9 s da interseção, quando este último chegar na área de conflito, o veículo da via
transversal já terá completado a travessia, saindo da área de conflito da interseção.20 A mesma
20 Uma velocidade de 60 mph corresponde a 26,822 m/s = 96,6 km/h. Para t = 8,9 s, a desaceleração b e a distância percorrida antes de parar xp, são, respectivamente (supondo um tempo de percepção e reação tr = 2 s): tb = 8,9 – 2,0 = 6,9 s b = 26,822/6,9 = 3,89 m/s2
xp= 26,822*2,0 + 26,822*6,9 – 3,89*6,9**2/2 = 146 m
(2.14)
46
crítica poderia ser desenvolvida a partir do conceito alternativo de tempo de exposição ao
conflito angular correspondente ao tempo de manobra para cruzar a interseção.
Para caracterizar melhor a possibilidade de conflito, a possível zona de exposição poderia
estar situada a 7,0 s, que é a brecha crítica de C (em vez de 8,9 s), conforme mostra a Figura
2.12. Assim, se, no exato instante em que o veículo de A chega a uma distância da interseção
equivalente a 7,0 s, chegasse na área da interseção um veículo da via transversal, poderia estar
criada uma condição que pode gerar um conflito.
Figura 2.12 – Tempo de exposição da via principal igual à brecha crítica da via secundária
Note que o tempo de exposição passaria, então, a ser a brecha crítica (ou o tempo para cruzar
a interseção), aproximando a estimativa do cálculo feito para o fluxo secundário.
COs com cada fluxo conflitante ou simultânea
Como foi assinalado anteriormente, quando o fluxo oposto da manobra secundária tem mais
de um movimento, como A e B no exemplo para a manobra secundária C, em vez de proceder
ao cálculo movimento a movimento: C × A e depois C × B por exemplo, poderia ser feito C ×
(A + B). Afinal, o movimento C, para avaliar a brecha, tem que avaliar o movimento A e o
movimento B de forma simultânea, e não por etapas (primeiro o A e depois o B).
Em termos práticos, em vez de considerar:
Com t = 8,9 s, o veículo percorreu 146 m (mais de um quarteirão) antes de parar, ou seja, o veículo deve iniciar a desaceleração 146 m antes da interseção! Muito provavelmente, até o veículo parar, o veículo da via transversal já saiu da interseção, uma vez que a sua brecha crítica é de 7,0 s (< 8,9 s).
Zona de exposição
t = 7,0 s
47
( )CAtq
C eQAC−−→× 1.
( )CBtq
C eQBC−−→× 1.
e obter o total
( ) ( )CBCA tq
C
tq
C eQeQBCAC−− −+−→×+× 1.1.
deveria ser considerado:
( ) ( )( )CBA tqq
C eQBAC+−−→+× 1.
A seguir, é apresentado um quadro comparativo (Tabela 2.2) entre os resultados numéricos,
que são distintos, obtidos dos dois métodos.
Tabela 2.3 – Quadro comparativo entre fluxos conflitantes agregados e não agregados
C × A + C × B C × (A + B) % 68,0 59,1 – 13,1
A definição sobre o método correto decorre de observar que o método de TRAF-Safe está
baseada na hipótese de que os eventos C × A e C × B são eventos mutuamente exclusivos, o
que não é verdade, pois C pode “enfrentar” os veículos de A e de B de forma simultânea.
A hipótese de agregar os fluxos dos movimentos conflitantes é suportada por duas
argumentações:
a) O modelo de HAGRING (1998), para distribuição de Cowan (M3) em múltiplas faixas, quando simplificado para a distribuição exponencial (M1), onde as faixas múltiplas podem ser consideradas como faixas oriundas de diferentes direções, mostra a agregação dos fluxos21.
21 ( )
τ
θλλΛ
λ
θΛ τΛ
.q
q.,qQ,,e
q
Q]h[F
i
iiiii
n)h(
i
iiH
−===
−−= ∑∑∏ −−
1
11
1
onde: n = número de faixas
Se considerarmos que a distribuição M1 é um caso particular de M3, fazendo τ = 0, θ i = 0, λ i = q i, a expressão
de Hagring então resume-se a: ( )hqqqn
hq
Hni eehF
+++−− −=−= ∏ ...
1
2111][ , como esperado.
48
b) Se houver dois movimentos conflitantes A e B, o procedimento de TRAF-Safe estaria correto se A e B estivessem na mesma faixa (ou vem veículo de A, ou vem veículo de B, nunca simultaneamente). Neste caso, A e B seriam mutuamente exclusivos e P(A ∩ B) = 0. Entretanto, no exemplo da Figura 2.7 há duas faixas, portanto o cálculo do autor está equivocado quando não agrega os fluxos conflitantes.
Portanto, para mais de uma faixa, deve-se agregar os movimentos considerando a
probabilidade de chegadas em ambas as faixas, conforme exposto abaixo:
(obtendo-se a expressão correspondente à análise simultânea com o fluxo total)
Além disso, no caso de uma faixa, dever-se-ia considerar a probabilidade de o veículo que se
aproxima ser do movimento A ou do B. No entanto, na chegada, os veículos de cada fluxo são
indistinguíveis (apenas adiante da interseção define-se a trajetória de A ou de B).
A separação dos COs por fluxo conflitante somente seria justificada, portanto, se os eventos
ocorressem em locais independentes da interseção (como o cruzamento, pela manobra
considerada, de duas pistas distintas, separadas por um canteiro suficientemente largo).
2.2.7.2 Análise do Método para Oportunidades de Conflito Traseiras
Da mesma forma que para oportunidades de conflito angulares, pode-se sugerir alguns
aprimoramentos ao método proposto para estimar oportunidades de conflito traseiras do
TRAF-Safe, desenvolvendo alguns dos pontos comentados anteriormente.
Cálculo de COs traseiros na via principal (R1)
A hipótese de que os movimentos A e B não estão sujeitos a COs traseiros, por serem
prioritários e não sofrerem atraso, naturalmente não se transfere aos acidentes.
O algoritmo do TRAF-Safe corresponderia à simplificação ilustrada na Figura 2.13.
( )
( ) ( ) ( )( ) ( )tqqtqtqtqtq BABABA eeeee
BAPPPBAP
+−−−−− −=−−−−+−=
=)∩(−)Β(+)Α(=∪
11.111
B C
B C
49
Figura 2.13 – Oportunidade de conflito traseira na via principal pelo TRAF-Safe
Justamente, por serem movimentos que não param, qualquer parada será súbita, inesperada e
repentina, gerando um conflito sério. É de se esperar que os conflitos traseiros na via principal
sejam mais sérios que os conflitos traseiros na via secundária, devido à maior velocidade de
aproximação. Na análise de conflitos de tráfego seguindo o método do U.S.FHWA, por
exemplo, são pesquisados apenas os eventos em que o veículo principal realiza a manobra
evasiva (em geral uma frenagem diante da manobra inicial dos veículos secundários).
O risco de colisão traseira decorreria de outra chegada no fluxo principal durante a manobra
evasiva do primeiro veículo que reagiu à interferência inicial. Nos termos da análise de
conflito de tráfego, seria um conflito secundário (o evento inicial seria o conflito primário). A
Figura 2.14 ilustra a situação discutida.
Figura 2.14 – Oportunidades de conflito traseiras na via principal
Este aspecto não invalida a formulação apresentada, desde que seja aceito que a relação entre
tipos de acidentes e de oportunidades de conflito não é simples e direta, podendo haver
colisões traseiras geradas por oportunidades de conflito angulares.
Se for desejado manter a relação simples e direta, parece forçoso alterar a hipótese do autor
pois o potencial de colisão traseira efetivamente existe para os veículos da via principal
Este veículo pode
sofrer um conflito e ter que parar
repentinamente.
Há chance de chegar um veículo de trás e
provocar uma colisão traseira.
Este veículo pode
sofrer um conflito e ter que parar
repentinamente.
Há chance de chegar um veículo de trás e
provocar uma colisão traseira.
A Via principal Via principal
Simplificação: estes movimentos não sofrem atraso (desprezou-se o conflito entre os movimentos B e C).
Não há chance de colisão traseira pois o veículo da frente nunca pára.
50
(embora seja realmente mais presente em interseções semaforizadas). Neste caso, o algoritmo
deveria adicionar as COs secundárias geradas pelas interferências adiante.
Além disso, dos casos usuais, esta ponderação pode ser importante em casos específicos. A
faixa da esquerda pode ter uma propensão maior de ocorrência de conflitos traseiros devido à
desaceleração do veículo que quer fazer a conversão à esquerda. Como será visto adiante,
outros trabalhos consideram este potencial de colisão traseira, conforme HA e BERG, (1995).
Cálculo de COs traseiras na via secundária (R2)
Considere o tempo de exposição com o atraso de Adams. Novamente, uma vez que a travessia
não é feita por etapas, em vez de calcular as COs movimento por movimento, (C × A) + (C ×
B), deveria ser feito C × (A + B). O veículo de C, que está parado, aguarda uma brecha no
conjunto dos fluxos de A e B e não de uma forma separada. O correto seria agregar os fluxos
de A e B. O tempo de espera para aguardar uma brecha no fluxo agregado (A + B) é maior do
que a soma dos tempos de espera devido a A e a B, de forma individual.
A seguir, é apresentado um quadro comparativo entre os resultados dos dois métodos.
Tabela 2.4 – Quadro comparativo de oportunidades de conflito traseiras com fluxo conflitante agregado e não
agregado (R2a + R2b)
C × A + C × B C × (A + B) %
10,3 11,3 + 9,7
Parece desnecessário argumentar pela correção de adotar a análise simultânea, pelo menos
quando a manobra não é realizada em etapas.
No entanto, a discussão adiante trará uma crítica mais importante ao critério adotado. Além
do atraso de Adams não ser a expressão adequada para estimar o tempo de espera para as
manobras secundárias, o tempo de espera não é a variável a ser considerada na estimativa do
tempo de exposição para uma CO traseira. Admitindo apenas a exposição primária, o veículo
fica exposto apenas durante o tempo em que é o último da fila (e não durante todo seu tempo
de espera pela oportunidade de manobra). Uma melhor avaliação seria, portanto, justificada.
51
Como dito, para o autor, o tempo de exposição ao risco é o tempo de espera do veículo da
frente (enquanto ele fica parado à espera de uma brecha). Esse tempo é calculado pela
fórmula de atraso dada pela expressão de Adams.
Segundo COWAN (1984), Adams desenvolveu a fórmula da expressão (2.9) para estimar o
atraso sofrido pelo pedestre antes de atravessar uma via. Como os pedestres atravessam em
grupo (e não em fila), o atraso de Adams, para o caso veicular, corresponde à espera do
veículo no topo da fila, e não o atraso total em fila. Naturalmente, qualquer outra expressão
poderia ser usada em substituição. A expressão de Adams estima o atraso no topo da fila (não
inclui o atraso em fila).
No entanto, somente o último veículo da fila fica exposto a uma colisão traseira e uma
variável alternativa seria o tempo médio de espera como último veículo na fila. Se houver fila,
o tempo de exposição é menor que o atraso de Adams, uma vez que cada chegada faz o
veículo deixar de ser o último da fila. Portanto, outros critérios poderiam ser adotados
também para o tempo de exposição.
2.2.7.3 Análise do Método para Oportunidades de Conflito – Outros Aspectos
Embora permita incorporar diversas características das interseções e do fluxo de tráfego, a
análise apresentada parece omitir aspectos importantes para a segurança viária.
Por exemplo, as condições de visibilidade podem não ser boas em todas as aproximações de
uma interseção. Ora, dificilmente, em condições de boa visibilidade à distância, um veículo
da via secundária que se aproxima da interseção, ao ver um veículo parado à frente, vai
provocar uma colisão traseira. Com exceção de causas anômalas como alcoolismo, drogas ou
sonolência durante a direção, a probabilidade de ocorrer colisão traseira é bastante menor que
no caso de um conflito angular ou de um conflito traseiro com visibilidade restrita. Portanto,
parece necessário diferenciar a propensão a gerar acidentes e/ou aperfeiçoar a estimativa de
freqüência de oportunidades de conflito traseiras.
O critério adotado pelo TRAF-Safe se justificaria se nunca houvesse boas condições de
visibilidade. Neste caso, o veículo de trás não vê o veículo da frente a uma distância
52
adequada. Então, o tempo em que o veículo da frente ficar parado é o tempo de exposição ao
risco, por exemplo, após uma curva, conforme ilustrado na Figura 2.15.
Figura 2.15 – Falta de visibilidade devido à curva
No entanto, outros casos poderiam ocorrer, como veículos chegando com curto intervalo e
freando simultaneamente após um diferencial de tempo de decisão ou atuação. A obstrução de
visibilidade poderia ocorrer em qualquer ponto em que a fila de espera ou as manobras de
frenagem mencionadas estivessem presentes.
O mesmo comentário aplica-se também às COs angulares (apenas são distintos os fatores que
geram obstrução de visibilidade). Ponderando a possibilidade de conflitos secundários, os
fatores anteriormente mencionados novamente estariam presentes.
Salvo restrições desta natureza, o potencial de acidentes teria de decorrer de fatores que
justificassem erros de percepção, avaliação, decisão ou manobra por parte dos condutores.
A importância destes aspectos é bastante grande. Portanto, seu efeito teria de ser incorporado
de uma ou outra maneira para que os resultados da análise fossem válidos.
A crítica não deve, necessariamente, ser dirigida aos modelos de estimativas das COs. Em
qualquer formulação, deve-se esperar que uma série de fatores residuais possa ter um efeito
importante em um ou outro contexto específico. Um método prático teria de ter critérios
complementares que permitissem ajustá-lo com facilidade a problemas práticos diversos, em
geral através de fatores de correção empíricos. Por exemplo, os modelos de COs/acidentes
podem ser ajustados a variáveis específicas (a visibilidade, assim como a velocidade).
C
B
C
BA
53
2.3 ANÁLISE DE FORMULAÇÕES DE OUTROS ESTUDOS
Esta seção tem como objetivo apresentar e analisar estudos e formulações de outros autores,
bem como aspectos complementares não tratados pelo TRAF-Safe, no que diz respeito aos
modelos de estimativa da freqüência de oportunidades de conflito angulares e traseiras,
inclusive envolvendo pedestres, em interseções semaforizadas.
Os trabalhos analisados são:
a) Seção 2.3.1 – HA e BERG (1995) “Development of Safety-Based Level-of-Service
Criteria for Isolated Signalized Intersections” b) Seção 2.3.2 – ZHANG e PREVEDOUROS (2003) “Signalized Intersection Level of
Service Incorporating Safety Risk”
Esses trabalhos estão analisados a seguir, no que se refere às oportunidades de conflito
angulares e traseiras em interseções, que são o objeto do presente estudo. A seção final deste
item faz uma análise crítica da contribuição destes novos estudos.
2.3.1 As Formulações de HA e BERG (1995) Para Veículos em Interseções Semaforizadas
O estudo de HA e BERG (1995) trata das oportunidades de conflito angulares e traseiras em
interseções semaforizadas. As oportunidades de conflito angulares consideradas são geradas
por movimentos de conversão à esquerda contra um movimento oposto, cujo modelo inspirou
o trabalho de ZHANG e PREVEDOUROS (2003) (ver adiante). Assim como ZHANG e
PREVEDOUROS (2003), o estudo também não trata do período de entreverdes e não detalha
a análise de movimentos protegidos no semáforo (isto é, aqueles que operam sem fluxo
oposto conflitante ou com prioridade em relação aos fluxos conflitantes simultâneos).
2.3.1.1 Modelo de Oportunidades de Conflito Angulares (Conversão à Esquerda Permitida)
As oportunidades de conflito envolvendo veículos virando à esquerda são o resultado da
exposição ao risco devido à chegada de veículos do movimento oposto durante a manobra da
conversão. Segundo os autores, há dois possíveis cenários para a chegada de veículos da
conversão à esquerda:
54
1 – O veículo da conversão à esquerda, quando chega, já encontra um lag adequado e consegue completar a manobra sem precisar parar totalmente o veículo. 2 – O veículo da conversão à esquerda quando chega, não encontra um lag adequado e precisa desacelerar e, eventualmente, parar na interseção.
No primeiro caso, não há oportunidades de conflito.
No segundo caso, para que haja oportunidades de conflito é necessário que estejam presentes
duas condições:
a) chegar veículo de conversão à esquerda b) não haver brechas adequadas no fluxo do movimento oposto
Para os autores, brechas muito pequenas são rejeitadas pelos condutores, não apresentando
risco e brechas muitos grandes não representam perigo para a manobra. O problema seria
identificar uma faixa de brechas que podem produzir oportunidades de conflito.
Pesquisas sobre aceitação de brechas, referidas pelos autores, indicam que uma brecha típica
aceita pelos condutores para a manobra de conversão à esquerda tem uma média de 4 a 5
segundos e um desvio padrão de aproximadamente dois segundos. Assim, assume-se que a
faixa de brechas que podem criar oportunidades de conflito seria o tempo de travessia ± 2
segundos, para refletir o desvio padrão das brechas aceitas. O tempo de cruzamento depende
da largura da via destinado ao movimento oposto, da aceleração e do comprimento dos
veículos. Portanto, apenas alguns poucos parâmetros precisam ser definidos e estimados para
o desenvolvimento de um modelo de oportunidades de conflito.
O primeiro parâmetro é o tempo de cruzamento. A Figura 2.16 mostra a trajetória típica de
uma conversão à esquerda, bem como as várias características geométricas da interseção.
55
Figura 2.16 – Trajetória do movimento de conversão à esquerda
Com hipótese de aceleração constante, os autores indicam que o tempo de cruzamento para
um veículo de comprimento L (valor típico de 6,7 m) pode ser calculado como:
( )a
Ldt i
i
+=
.2
onde, admitindo trajeto circular e cruzamento em ângulo reto, a distância a ser vencida seria
++=
i
i
MiKiN
WWWd
.2.
2
π
sendo que a = aceleração em m/s2
WK = largura total da aproximação K em m WMi = largura do canteiro central da aproximação i em m Wi = largura total da aproximação i em m Ni = número de faixas da aproximação i.
Dependendo da situação ou do momento em que o veículo da conversão à esquerda chega, ele
pode fazer a manobra a partir de uma posição estacionária ou não. No modelo, é admitido que
todos os veículos fazem a manobra a partir do repouso. Também é suposto que a aceleração a
(2.15)
(2.16)
56
é 1,3 m/s2 (ou 4,64 km/h/seg), consistente com os valores usados no cálculo de distâncias de
visibilidade de parada. A expressão para distância a ser vencida parece assumir um raio de
curva dado por
++
i
i
MiKN
WWW
.2, o que não decorre da situação apresentada. Sua
expressão foi aprimorada pelo estudo posterior de ZHANG e PREVEDOUROS (2003).
Os autores ainda adicionam o tempo de percepção e reação. Se o tempo de travessia é ti, o
tempo total da manobra é de ti + 2 (assumindo um tempo de percepção e reação de dois
segundos). Então, qualquer veículo do movimento oposto que chega com intervalo entre [(ti +
2) – 2] e [(ti + 2) + 2] será contado como uma oportunidade de conflito. Qualquer intervalo
menor que ti e maior que ti + 4 não será considerado no cálculo de oportunidades de conflito.
A adição do tempo de reação é, naturalmente, discutível e, aparentemente, arbitrária.
O modelo utiliza, então, a distribuição exponencial negativa para estimar a probabilidade de
um intervalo entre ti e ti + 4.
[ ] ( )44 +−− −=+≤≤ iKiK tNtN
ii eethtPλλ
onde:
K
k
N
q
3600=λ
sendo que:
qK = fluxo total do movimento oposto da aproximação K em v/s NK = número de faixas do movimento oposto.
O número total de oportunidades de conflito será:
onde P é dada pela expressão (2.17) e QLT é o volume de veículos da conversão à esquerda.
(2.17)
(2.18)
(2.19) PQhangularCO LTLT ./)( =
57
O trabalho de HA e BERG (1995) não é explícito quanto a analisar as variações no fluxo das
aproximações ao longo do ciclo, embora apresente um esquema com a usual divisão do verde
em dissipação da fila oposta e verde útil para as conversões permitidas. Para os fluxos
veiculares, considerando que as oportunidades de conflito ocorrem apenas durante o verde útil
para as conversões permitidas, as variações seriam realmente irrelevantes (pois as condições
do fluxo oposto retornam aos valores médios de chegada).
Outros tipos de oportunidades de conflito angulares não são mencionados e seriam os tipos
normalmente eliminados ou minorados com a implantação de semáforos. Um julgamento
extremo, mas plausível, seria supor que os autores consideram que sua freqüência seria nula.
2.3.1.2 Modelo para Oportunidades de Conflito Traseiras
O modelo assume chegadas uniformes. O ciclo é dividido em 3 períodos:
1 – durante o período de vermelho 2 – durante a dissipação de fila 3 – durante o resto do verde
Cada um destes períodos é distinguido explicitamente pelos autores e será apresentado a
seguir.
Durante o período de vermelho
Durante o período de vermelho, todos os veículos são forçados a parar. A desaceleração dos
veículos que param podem gerar conflitos com os veículos de trás. Portanto, numa faixa, com
exceção do primeiro, todos os veículos que chegam durante a formação de fila sofre
exposição a risco de conflito traseiro. A estimativa de freqüência por hora é:
q = fluxo em v/s R = tempo de vermelho em s Tc = ciclo em s
( )1.3600
/)( −= RqT
htraseiraCOc
(2.20)
58
A parcela “– 1” corresponderia a retirar o primeiro veículo da fila. Neste caso, estaria sendo
adotada a visão do veículo que chega (e não daquele que espera). Na visão do veículo que
espera, até o último veículo que pára tem o risco de uma colisão traseira.
Durante o período de dissipação de fila
Enquanto a fila se dissipa com o fluxo de saturação s, os novos veículos que chegam ao final
da fila são forçados a desacelerar até que a fila tenha se escoado por completo. Esses veículos
irão se juntar ao final da fila existente. Cada um desses veículos está exposto ao risco de
conflito traseiro. A estimativa de freqüência por hora é:
s = fluxo de saturação em v/s R = tempo de vermelho em s Gq = tempo de dissipação de fila em s
A expressão (2.21) não é deduzida pelos autores. A estimativa mais simples e imediata seria
q × Gq por ciclo mas, como o fluxo escoado s × Gq é igual à fila inicial q × R mais as
chegadas durante a dissipação da fila q × Gq, tem-se que q × R + q × Gq = s × Gq ou s × Gq –
q × R (a forma usada acima). Note que, somando (2.20) e (2.21), obtém-se ( )1..3600
−q
c
GsT
,
onde Gq é o tempo de dissipação da fila, calculado pela expressão simplificada qs
RqGq
−=
.,
que admite fluxo de chegadas uniforme ao longo do ciclo. Um modelo de chegadas mais geral
e as expressões correspondentes poderiam ser obtidas no HCM/2000, por exemplo.
Durante o resto do verde
Os veículos que chegam durante este período somente estarão expostos a conflito traseiro se o
veículo da frente desacelerar para fazer manobras de conversão (à esquerda ou à direita).
( )RqGsT
htraseiraCO q
c
..3600
/)( −=
( )RTLT
c
u PPT
GQhtraseiraCO += ../)(
(2.21)
(2.22)
59
q = fluxo da faixa em v/s Gu = G – Gq
PLT e PRT = porcentagens de conversão à esquerda e à direita, respectivamente.
Note que a expressão não pondera o diferencial de velocidade entre os veículos que seguem
direto e os que realizam as conversões (que reduziriam a velocidade e gerariam o risco de
colisões traseiras) e a probabilidade da chegada de veículos conflitantes (diretos). Este aspecto
será retomado na análise adiante.
O total de oportunidades de conflito traseiras corresponde, naturalmente, à soma dos 3 termos.
Note que os dois primeiros termos poderiam ser usados de forma geral em aproximações
semaforizadas, pois nenhuma particularidade se refere às conversões à esquerda permitidas. O
terceiro termo, inclui conversões á direita e também não se limita às conversões à esquerda
permitidas. Com as correções devidas, seria novamente aplicável de forma mais geral.
2.3.2 As Formulações de ZHANG e PREVEDOUROS (2003) para Veículos e Pedestres contra Conversões à Esquerda Permitidas
O estudo de ZHANG e PREVEDOUROS (2003) trata de estimativa de oportunidades de
conflito em interseções semaforizadas, aplicadas a conversões à esquerda permitidas (não
protegidas) entre os veículos da conversão à esquerda e os veículos do fluxo oposto, bem
como daqueles com pedestres, conforme ilustra a Figura 2.17.
Figura 2.17 – Conversão à esquerda, fluxo oposto e pedestres
O estudo não analisa as oportunidades de conflito traseiras. Esta análise não poderia ser
negligenciada, mesmo sem introduzir considerações peculiares, porque a alteração dos tempos
de ciclo e a decorrente mudança nas filas e atrasos trazem impactos nas oportunidades de
Zona de Conflito com o
fluxo oposto
Zona de conflito com pedestre:
parte da travessia exposta !
Fluxo oposto
Zona de Conflito com o
fluxo oposto
Zona de conflito com pedestre:
parte da travessia exposta !
60
conflito traseiras. A justificativa eventual seria ponderar que as oportunidades de conflito
angulares são mais graves, em termos gerais, tanto na propensão a gerar acidentes quanto na
gravidade usual dos acidentes gerados. Não há, no entanto, qualquer consideração a respeito.
2.3.2.1 Oportunidades de Conflito Veiculares (Entre a Conversão à Esquerda e o Fluxo Oposto)
A idéia básica é, novamente, dividir o ciclo semafórico em períodos característicos e estimar
as oportunidades de conflito para cada um desses períodos.
Sob o ponto de vista do usuário da conversão à esquerda, o ciclo semafórico foi dividido
pelos autores nos seguintes períodos:
• R = tempo de vermelho – não há conflitos neste período pois os veículos estão parados.
• Gf = tempo entre o início do verde e a chegada do primeiro veículo que deseja fazer a conversão à esquerda – também não há conflitos pois não há veículos fazendo a conversão
• Gqo = tempo de dissipação da fila do fluxo oposto – também não há conflitos pois não há brechas para a manobra de conversão
• Guo = tempo de verde restante após a dissipação da fila do fluxo oposto – pode haver conflitos
O período Guo é dado pela expressão
onde G é o tempo de verde da conversão à esquerda.
Os autores não demonstram o cálculo de Gqo, Gf e Guo. Existem fórmulas usuais para estas
variáveis em diversas fontes.
O termo Gqo é o tempo de dissipação de fila do fluxo oposto. Pode ser calculado, de forma
determinística, por meio da Figura 2.18 como
<−
≥−=
foqf
foqq
ou GGGG
GGGGG
se
se o (2.23)
oo
o
qoqS
RqG
−=
.(2.24)
61
onde: qo = volume do fluxo oposto So = fluxo de saturação do fluxo oposto.
Figura 2.18 – Determinação de Gqo
O termo Gf é o tempo até chegar o primeiro veículo da conversão à esquerda. A estimativa
usual, na situação esquematizada pela Figura 2.19, pode ser obtida como
( ) ( )( )m
a
f qqS
qG −−
−= 11.
.
1
onde m = Sa × G
sendo
G = tempo de verde de B Gf = tempo médio medido do início de verde de A até chegar um veículo que quer fazer a conversão à esquerda Sa = fluxo de saturação do movimento A q = proporção de fluxo de conversão p = 1 – q = proporção do fluxo que segue em frente m = número máximo de veículos que seguem em frente (A)
(2.25)
veículos
tempo
Gqo
Guo
G
tempo
Gf
62
Figura 2.19 – Desenho ilustrativo dos movimentos
Na espera da brecha, o veículo que quer fazer a conversão à esquerda (C) pode bloquear um
veículo que quer seguir em frente (A), ao esperar uma brecha no fluxo oposto (B).
As estimativas de Gqo (tempo de dissipação de fila do fluxo oposto) e de Gf (tempo até o
primeiro veículo de conversão à esquerda) também podem ser obtidas pelas fórmulas do
HCM/2000 (entre outras ...).
No período Guo, admite-se que a distribuição de chegada de veículos do fluxo oposto seja uma
distribuição de Poisson, com a diferença de que ZHANG e PREVEDOUROS (2003) utilizam
o tempo de cruzamento T (em vez de brecha crítica) e intervalos entre T – 2 s e T + 2 s. A
idéia é, novamente, que para intervalos de tempo menores que T – 2 s não há conflitos pois as
brechas são tão pequenas que as mesmas são rejeitadas pelos condutores. Por outro lado,
brechas maiores que T + 2 s são suficientemente grandes para que a manobra não ofereça
risco. Assim, somente haveria conflito potencial para intervalos T – 2 s < H < T + 2 s22 com
[ ] ( ) ( )2222 +−−− −=+≤≤− TqoTqo eeTHTP
onde:
sendo: t = tempo de travessia δ = tempo de percepção e reação.
22 Zhang & Prevedouros não especificam o critério de ter adotado a faixa ± 2. Ha & Berg também adotam a faixa ± 2 s, especificando, entretanto, que 2 s é o desvio padrão da brecha aceita obtida por outros pesquisadores.
δ+= tT
(2.26)
(2.27)
A
C
B
63
O tempo de cruzamento t é expresso por onde
i
imoin
N.2
WWWW ++= e
ot
otmtitout
N.2
WWWW ++=
sendo
d = distância a ser percorrida em m t = tempo gasto para percorrer (tempo de travessia) em s L = comprimento do veículo em m a = aceleração (a partir do repouso – posição estacionária) = 1,341 m/s2
A Figura 2.20 mostra os elementos necessários para o cálculo de t, tais como os raios de
entrada e de saída Win e Wout. Note a diferença em relação a HA e BERG (1995).
Figura 2.20 – Conflito potencial entre veículos de conversão à esquerda com veículos do fluxo oposto e com
pedestres
a
Ldt
)(2 +=
22
22outin WW
d+
=π
(2.28)
(2.29)
Veículo de conversão à esquerda
Zona de conflito entre pedestre e conversão à esquerda
(2.30)
Wit Wot Wmt
Wi
Wo
Wm
64
Como HA e BERG (1995), os autores também consideram o movimento a partir do repouso –
posição estacionária – e adotam aceleração a = 1,341 m/s2 (ou 4,83 km/h/seg).
As oportunidades de conflito entre veículos da conversão à esquerda (LT) e os veículos do
fluxo oposto (OT) (e vice-versa), segundo os autores, são calculadas pela expressão:
onde:
QLT = fluxo de conversão à esquerda em v/h QOT_Gu = fluxo oposto no período Gu em v/h P = probabilidade de haver intervalos entre (T – 2) e (T + 2), dada pela expressão (2.26).
Os autores parecem sugerir que esta comparação seja feita em número de veículos (não em
fluxo). No entanto, em uma ou outra forma, apenas a primeira fórmula faria sentido (por
descrever chegadas conflitantes durante conversões à esquerda).
Os autores podem ter preocupações com estimativas que superem o número de veículos do
fluxo oposto no mesmo período, o que poderia parecer um contra-senso (a menos que se
admita que um mesmo veículo do fluxo oposto conflite com mais de um veículo da conversão
à esquerda), mas a justificativa para esta forma de correção não é exposta (se o fluxo oposto é
baixo, a probabilidade P deveria garantir um número de oportunidades de conflito baixo).
O total de oportunidades se conflito veiculares é, na suposição dos autores, dado por:
onde:
COv = total esperado de veículos afetados por conflitos potenciais COLT = número de veículos da conversão à esquerda afetados por conflitos potenciais COOT = número de veículos do fluxo oposto afetado por conflitos potenciais
>×
≤×==
GuOTLTGuOT
GuOTLTLT
OTLT QQPQ
QQPQCOCO
__
_
se
se (2.31)
OTLTv COCOCO += (2.32)
65
Uma outra forma de interpretar as expressões (2.31) e (2.32) é que o conceito adotado pelos
autores parece ser que cada oportunidade de conflito é um evento envolvendo um par de
veículos (um veículo da conversão à esquerda e um veículo do fluxo oposto), sendo que os
veículos excedentes não enfrentariam conflitos (por “falta de veículos conflitantes”),
entendendo-se como “veículos excedentes” a diferença GuOTLT QQ _− . Não há, no entanto,
nenhuma justificativa ou elaboração desta visão alternativa. Outro aspecto polêmico da
formulação apresentada, que corresponde a considerar a oportunidade de conflito como
recíproca (LT e OT, que são supostas iguais), seria decorrente. Mas, então, a suposição de que
a freqüência recíproca é igual duplica a estimativa.
A discussão aponta, de qualquer forma, para uma potencial deficiência do método do TRAF-
Safe: o enfoque probabilístico não garante que a estimativa seja menor que o total de veículos
conflitantes (apesar de ser menor que o total de manobras expostas ao risco, dado que a
probabilidade de uma chegada conflitante é sempre menor que 1). Do ponto de vista prático,
incorporar esta restrição é provavelmente desnecessário porque será normalmente satisfeita
(não foi violada em nenhum dos casos analisados por KAUB, 2005, por exemplo).
2.3.2.2 Oportunidades de Conflito com Pedestres (Veículos da Conversão à Esquerda Contra Pedestres)
A Figura 2.21 mostra um desenho esquemático do conflito entre veículos da conversão à
esquerda com pedestres.
Figura 2.21 – Conflito entre conversão à esquerda e pedestres
É importante observar que o estudo menciona tempo de verde de pedestres (portanto, a
travessia de pedestres dispõe de focos de pedestres), embora travessias com fluxos veiculares
conflitantes simultâneos possam não receber focos de pedestres.23
23 Em São Paulo, as travessias não protegidas não possuem focos de pedestres. Contudo, pode-se pensar num tempo de verde de pedestres equivalente no estágio veicular paralelo à travessia. Esta questão é, no entanto,
Zona de conflito com pedestre
66
Uma outra observação é que o estudo trata exclusivamente do conflito entre os veículos da
conversão à esquerda com pedestres, ignorando o conflito da conversão à direita com os
mesmos pedestres. Este aspecto provavelmente decorre do interesse específico dos autores na
análise do tratamento semafórico das conversões à esquerda, sem eliminar a possibilidade de
aplicar formulações similares em outros casos.
O ciclo semafórico é dividido nos seguintes períodos:
• R = vermelho para a conversão à esquerda – não há conflitos entre veículos da conversão à esquerda com pedestres
• Gq = dissipação da fila do fluxo oposto – também não há conflitos entre veículos da conversão à esquerda com pedestres, pois não há brechas para os veículos fazerem a manobra de conversão (o fluxo oposto serve como uma barreira de proteção ao pedestre).
• Gu = restante do verde, após a dissipação da fila do fluxo oposto, pode haver conflitos entre veículos da conversão à esquerda com pedestres
A dificuldade específica da avaliação da exposição dos pedestres decorre do fato de que as
travessias de pedestres normalmente ocorrem em grupos e se superpõem (isto é, ocorrem lado
a lado). Em função disto, os autores recorrem ao modelo “volume-ocupância” de Milazzo
(obtido de dados empíricos e utilizado também no HCM/2000).
Ocupância: Modelo de Milazzo
O modelo de ocupância de MILAZZO (1998) foi elaborado para estimar a interferência que
os pedestres causam na capacidade da interseção. Aqui, está sendo usado para estimar as
oportunidades de conflito entre veículos e pedestres.
Em interseções semaforizadas, a expressão calibrada empiricamente por Milazzo é
onde
relevante apenas quando os estágios protegidos tem a hipótese de oportunidades de conflito nulas. Caso contrário, a mesma formulação seria aplicada aos demais estágios, com fluxos conflitantes distintos.
>+
≤=
1000 se 4,010000/
1000 se 2000/
pedgpedg
pedgpedg
pedgQQ
QQOCC (2.33)
67
OCCpedg = “ocupância de pedestre” média na zona de conflito durante o verde do pedestre Qpedg = volume de pedestre (p/h) durante o verde de pedestre sendo Qped = fluxo de pedestre conflitante em ped/h (Qpedg ≤ 5000) Gp = verde de pedestres (que converte o fluxo médio de pedestres para o observado no tempo de verde, admitindo que
os pedestres que chegam durante o vermelho aguardam para realizar a travessia no verde).
Ocupância após o período de dissipação de fila do fluxo oposto (verde útil)
Como as conversões à esquerda ocorrem no verde útil (e não em todo o verde), a ocupância
após o período de dissipação de fila do fluxo oposto, segundo Milazzo, é:
se Gq < Gp sendo OCCpedu = ocupância média de pedestre da zona de conflito após a dissipação da fila do fluxo oposto Gq = porção do tempo de verde de pedestre durante o tempo de dissipação de fila do fluxo oposto Gp = tempo de verde do pedestre
onde o fator 0,5 da expressão é um fator calibrado empiricamente e a condição Gq < Gp
identifica a situação em que há verde útil (caso contrário, todos os pedestres atravessariam
protegidos pelo fluxo oposto da conversão, que ocorreria somente no entreverdes).
Ocupância dos Pedestres com Conflito Provável
Esta ocupância da travessia de pedestres no período com conversões permitidas seria a
medida de probabilidade da oportunidade de conflito (o Conflito Provável) na condição de ser
possível a conversão à esquerda permitida, tendo-se:
p
pedpedgG
CQQ .=
−=
p
q
pedgpeduG
GOCCOCC 5,01
rpedur POCCOCC ×=
(2.34)
(2.35)
(2.36)
68
onde
OCCr = ocupância média de pedestre da zona de conflito (na terminologia usada pelos autores), no período sem a proteção do fluxo oposto, e com a conversão permitida possível Pr = probabilidade de haver uma brecha para conversão contra o fluxo oposto (maior que t0 – 2 s) sendo
t0 = brecha crítica na conversão à esquerda q0 = volume do fluxo oposto
Esta expressão, proposta por MILAZZO et alli (1998) e adotada por ZHANG e
PREVEDOUROS (2003), não representa uma ocupância propriamente dita. A probabilidade
da brecha não é suficiente para que haja conversão (deve haver o veículo também).
Conflitos Prováveis para Pedestres
Segundo os autores, a freqüência de oportunidades de conflito (Conflitos Prováveis) para
pedestres é:
onde COped = número de pedestres afetados por conflitos potenciais devido aos veículos da conversão à esquerda Qped = fluxo de pedestres conflitantes em v/h.
Nos conflitos de pedestres, os autores consideram apenas os conflitos do ponto de vista do
pedestre e são calculadas apenas as COs decorrentes da manobra de conversão à esquerda,
que estariam ameaçando transgredir a preferência do pedestre, a menos de existir um
semáforo de pedestre e estes estarem atravessando no seu período de vermelho. Como não há
menção ao comportamento transgressor de veículos ou de pedestres, admite-se que os autores
estejam assumindo o comportamento regular no verde do pedestre com conversão à esquerda
permitida.
rpedped OCCQCO ×=
)2.( 00 −−= tq
r eP (2.37)
(2.38)
69
Mesmo admitindo a lógica apresentada, os autores parecem assumir que as conversões estarão
sempre presentes quando houver uma brecha aceitável, ao invés de estimar uma probabilidade
de chegada conflitante. Havendo fila de espera para conversão, o que torna imprópria uma
hipótese de chegadas aleatórias, a probabilidade poderia ser suposta como igual a 1 mas seria
necessário verificar a existência de demanda simultânea de conversões (isto é, de fila).
O tratamento não é totalmente consistente. A fórmula final (2.38) sugere a análise
convencional baseada na exposição de cada pedestre. Deixa de distinguir os períodos de
travessia e usa o fluxo total e não apenas o que ocorre no verde útil das conversões à esquerda
(como decorre da análise baseada no modelo de MILLAZO et alli, 1998). A presença do
pedestre é medida na zona de conflito pela ocupância e combinada com a probabilidade de
também a manobra de conversão ser possível. Entendendo a ocupância como a probabilidade
de ter um pedestre na travessia durante o período considerado, esta seria a probabilidade de
ter este evento e simultaneamente a brecha para conversões à esquerda, se forem
independentes. No entanto, no esquema baseado na exposição do pedestre, a probabilidade
relevante seria apenas a de ter uma chegada conflitante de conversão à esquerda
(eventualmente no verde útil). A ocupância seria a medida relevante de probabilidade se a CO
fosse estimada invertendo a lógica tradicional, estimando a probabilidade de uma
interferência de pedestres diante de uma manobra de conversão à esquerda (durante o verde
útil ou no entreverdes). Além disso, a expressão (2.38) parece ser contra-intuitiva pois
independe do fluxo veicular conflitante ao pedestre, no caso, o fluxo de conversão à esquerda
permitida.
Analisando mais detidamente, vê-se que a presença dos pedestres está representada na
ocupância e não precisaria ser repetida no número de manobras. A exposição dos autores pode
ser mais adequadamente entendida, portanto, como uma análise do ponto de vista da
conversão à esquerda e o número de manobras relevante na fórmula (2.38) seria o de
conversões permitidas, sendo a probabilidade de interferência dada por OCCpedu (sem incluir
o termo relacionado com a existência de uma brecha aceitável). A utilização da probabilidade
de não haver veículo no fluxo oposto seria desnecessária porque a realização da manobra
pressupõe esta circunstância.
Tem-se, então, um exemplo de análise do ponto de vista do veículo que chega diante de uma
interferência (aliás, a análise de MILAZZO (1998) teve exatamente este ponto de vista).
70
2.3.3 Análise Crítica das Contribuições dos Outros Estudos
Embora aparentemente similares, existem diversos pontos em que os estudos adicionados
nestes itens diferem do procedimento adotado no TRAF-Safe. Em alguns pontos, as
diferenças representam aprimoramentos importantes.
Em outros pontos, mesmo quando adotam uma opção interessante, existem deficiências que
ainda é importante notar e superar. Estes são os pontos a serem registrados na discussão feita
a seguir.
Análise Distinguindo os Períodos de Operação no Semáforo
A análise para estimativa de oportunidades de conflito a partir da diferenciação dos períodos
de operação semafórica é um ponto importante da análise de HA e BERG (1995). A mesma
estratégia foi mantida por ZHANG e PREVEDOUROS (2003).
A única crítica que se pode fazer a esta opção em HA e BERG (1995) é que, pelo método
proposto, não há nenhuma relevância em distinguir o período de vermelho do período de
dissipação da fila na estimativa das oportunidades de conflito traseiras, podendo se agregar os
dois períodos (uma vez que o tratamento é idêntico). O tratamento em separado dos dois
períodos pode gerar valores negativos para o número de COs traseiras durante o período de
vermelho em situações de baixo fluxo devido à parcela “– 1” da expressão (2.20). Agregando-
se os dois períodos, o número de COs traseiras por ciclo nesses dois períodos é simplesmente
o número total de veículos que param (exceto o primeiro), isto é: s × Gq – 1. Em geral, a
parcela “– 1” pode ser dispensada, considerando que está sendo avaliado o risco do ponto de
vista de quem pára.
Da mesma forma, deve-se entender que a análise de ZHANG e PREVEDOUROS (2003) para
as oportunidades de conflito com pedestres deveria ser aplicada apenas às travessias
realizadas durante o verde útil (que é uma fração do fluxo de pedestres totais). Em relação a
esta análise, no entanto, existem outros comentários relevantes, feitos adiante.
71
Alternativas para Estimar Oportunidades de Conflito Traseiras
Fazendo-se uma comparação entre o método de TRAF-Safe (transposta para a situação com
semáforo) e o método de HA e BERG (1995) para a previsão das oportunidades de conflito
traseiras, pode-se tecer as seguintes considerações iniciais:
a) O método de TRAF-Safe não considera que conversões normais possam gerar COs
traseiras (apenas as paradas seriam consideradas).
b) Na transposição para semáforo, o método de TRAF-Safe poderia ser aplicado
avaliando a probabilidade de uma chegada conflitante durante o atraso médio no
semáforo, ao invés de calcular as chegadas para o período de vermelho e dissipação de
fila como sendo diretamente o total de oportunidades de conflito traseiras.
c) No método de TRAF-Safe, pode-se exprimir o número de COs traseiras como sendo o
produto do fluxo q pela probabilidade p de chegar um veículo durante o tempo de
espera médio com uma distribuição de Poisson, enquanto que o método de HA e
BERG (1995) pode-se estimar o número de COs traseiras como sendo o produto do
fluxo q pela probabilidade p de um veículo parar (que é a proporção de veículos que
pára, considerando-se apenas os períodos de vermelho e de dissipação de fila).
d) Para fluxos altos, o valor de ambas as probabilidades p (distintas) é praticamente igual
a 1 em ambos os casos, fazendo com que o número de COs traseiras seja igual ao
fluxo total de veículos q, o que conduz a valores similares.
e) Para fluxos médios e baixos, os valores resultantes da estimativa pelos dois métodos
vão depender da relação entre o valor das distintas probabilidades p (a probabilidade
de uma chegada conflitante durante o atraso médio e a proporção dos veículos que
param em relação ao fluxo total).
f) Alternativamente, o método de HA e BERG (1995) pode ser entendido como aplicado
ao período da operação semafórica em que os veículos param (o vermelho mais a
dissipação da fila em cada ciclo) e afeta apenas as chegadas que ocorrem nesta parte
do ciclo semafórico. A probabilidade de chegada conflitante seria 1, exceto para o
último veículo da fila (retirado pela parcela “– 1”), de forma condizente com o uso das
expressões determinísticas para estimar o tempo de dissipação da fila.
g) Aplicando o método do TRAF-Safe neste período em que os veículos param, o tempo
de exposição relevante seria o atraso médio dos veículos que param. Se o atraso médio
72
é d e apenas uma proporção p dos veículos pára, o atraso médio dos veículos que
param é dp=d/p (dado que os demais veículos não param e têm atraso nulo).
Por um lado, parece que o método adotado por HA e BERG (1995) não considera o tempo de
exposição ao risco. Este julgamento é, entretanto, equivocado. Considerando que o tempo de
exposição é o tempo em que o veículo é o último da fila, seu valor médio seria o valor do
intervalo médio (headway) entre veículos (1/q) e a probabilidade de uma chegada conflitante
seria 1 (caso contrário, o veículo não deixaria de ser o último da fila). Portanto, basta avaliar a
proporção de veículos que pára e considerar a probabilidade de chegada conflitante igual a 1
(qualquer que seja o tempo exposto como último da fila, ao redor do valor médio).
Por outro lado, parece que o TRAF-Safe usa uma probabilidade de parar igual a 1, por avaliar
a probabilidade de chegadas conflitantes para todos os veículos (e não apenas para os que
param). Este julgamento também não corresponde à realidade (nem na situação com sinal
“PARE”, nem na situação com semáforo). O atraso médio é usualmente calculado por veículo
e não por veículo que pára. O cálculo poderia ser, portanto, aprimorado considerando apenas
os veículos que param mas então utilizando o atraso médio por veículo que pára.
A proporção de veículos que pára pode ser considerada, simplificadamente, fazendo-se esta
correção no fluxo de tráfego usando o fator (R + Gq)/Tc (onde R é o tempo de vermelho, Gq é
o tempo de dissipação de fila e Tc é o ciclo). Esta proporção seria a probabilidade de parar,
avaliada com um modelo determinístico, na ausência de sobre-demanda. Como as
probabilidades de chegadas conflitantes são sempre menores que 1 (mesmo usando o atraso
médio por veículo que pára como tempo de exposição), resulta que os valores obtidos pelo
método de TRAF-Safe corrigido seriam menores que aqueles obtidos pelo método de HA e
BERG (1995). Para situações de alto fluxo, os valores obtidos pelos dois métodos seriam
praticamente equivalentes. Esses resultados são explicados pelo fato de que, para situações de
baixo fluxo, o número de COs traseiras pelo método de HA e BERG (1995) é o número de
veículos que param, enquanto que no método de Traf-Safe, o número de COs traseiras seria o
número de veículos que param multiplicados pela probabilidade de chegar um veículo durante
o atraso médio por veículo que pára. Para situações de alto fluxo, os resultados são
equivalentes pois a probabilidade de chegar um veículo conflitante é praticamente igual a 1.
73
Considere uma interseção de duas vias de mão única, com uma faixa por aproximação. A
simulação foi feita para duas situações, baixo e alto fluxo, com os seguintes dados:
Baixo fluxo Alto fluxo Tc 45 180 q1
240v/h 0,066667v/s
1200v/h 0,333333v/s
q2
120v/h 0,033333v/s
500v/h 0,138889v/s
S1
1800v/h 0,5v/s
1800v/h 0,5v/s
S2
1800v/h 0,5v/s
1800v/h 0,5v/s
onde: Tc = ciclo em s q1 e q2 são os fluxos das aproximações 1 e 2 S1 e S2 são os fluxos de saturação das duas aproximações (o atraso médio foi calculado como sendo (d1 + d2), atraso uniforme mais incremental, com as
expressões 16-11 e 16-12 do HCM/2000). Os resultados obtidos foram:
Baixo fluxo Alto fluxo
p 0,290466 1 3600*S*Gq/Tc 79,99966 1023,529
S*Gq/q 0,33333 0,852941 HB1 – 0,00034 1003,529 HB2 79,99966 1023,529 TS1 69,71221 1200 TS2 23,23719 1023,529
sendo: p = probabilidade de chegar veículo de trás no modelo poissoniano 3600*S*Gq/Tc = número de veículos que param em uma hora S*gq/q = proporção dos veículos que param HB1 = número de COs traseiras calculado pelo método de HA e BERG (1995) em uma hora HB2 = número de COs traseiras calculado pelo método de HA e BERG (1995), sem a parcela “– 1” em uma hora TS1 = número de COs traseiras calculado pelo método de TRAF-Safe em uma hora TS2 = número de COs traseiras calculado pelo método de TRAF-Safe, corrigido pela probabilidade de parar em uma hora
É difícil dizer se o procedimento do TRAF-Safe é incorreto ao sugerir que o atraso médio seja
usado como tempo de exposição, embora a idéia de que o tempo de exposição seja o atraso
como último da fila seja claramente válida. A hipótese do TRAF-Safe corresponderia ao caso
74
limite de não haver chegada durante todo o tempo de espera. No entanto, o não
reconhecimento de que apenas parte dos veículos pára é uma clara incorreção.
A idéia de que a ponderação de que o tempo de exposição é o tempo em que o veículo é o
último da fila está implícita na estimativa adotada por HA e BERG (1995) e vale para uma
formulação determinística mas não parece claramente transferível para uma formulação mais
geral (que teria de combinar a probabilidade de estar na fila, ser o último e ter uma chegada
conflitante antes de realizar a manobra).
No caso de utilizar modelos estocásticos, as expressões necessárias são razoavelmente
complexas, isto quando são conhecidas. No entanto, existem expressões pelo menos
aproximadas para boa parte dos casos relevantes. Veja-se, por exemplo, os trabalhos de WU
(1994) e WU (1998), que serviram de base para os procedimentos de estimativa utilizados no
HCM/2000 e em diversos softwares de análise de interseções (como o SIDRA).
Oportunidades de Conflito Traseiras nas Manobras de Conversão
Para as oportunidades de conflito traseiras dos movimentos de conversão, durante a condição
de fluxo livre, a situação é distinta. Uma chegada conflitante pode ou não ocorrer durante o
período em que o veículo em conversão passa pela interseção em velocidade reduzida. Neste
caso, seria necessário ponderar o tempo de exposição e a probabilidade de uma chegada
conflitante, adotando a formulação básica do TRAF-Safe. O tempo de exposição poderia ser
estimado pelo tempo de frenagem e conclusão da conversão e o fluxo conflitante seria
correspondente aos movimentos diretos na faixa que abriga o fluxo de conversão.
Oportunidades de Conflito Angulares em Semáforos
Para oportunidades de conflito angulares, HA e BERG (1995) mantém a suposição extrema
de que não há risco para movimentos protegidos no semáforo e apenas as manobras
permitidas (não protegidas) geram oportunidades de conflito angulares.
Além disso, não há nenhuma análise com relação ao período de entreverdes, bem como não
há nenhuma consideração sobre o efeito da visibilidade em relação ao final da fila.
75
Esta é uma suposição discutível e não é possível saber se a formulação do TRAF-Safe adota
esta visão ou alguma alternativa.
Possibilidade de Distorções no Uso da Brecha e Tolerância
Uma outra observação a ser feita é considerar apenas intervalos entre (T – 2) e (T + 2) como
passíveis de gerar oportunidades de conflito. O uso dessa abordagem pode levar a distorções,
como comentado anteriormente.
De fato, dadas duas interseções A e B, ambas com uma conversão à esquerda permitida diante
de um fluxo oposto, sendo:
���� TA e qA o tempo de manobra da conversão à esquerda e o volume do fluxo oposto,
respectivamente, da interseção A ���� TB e qB o tempo de manobra da conversão à esquerda e o volume do fluxo oposto,
respectivamente, da interseção B Se o fluxo de conversão à esquerda fosse igual nas duas interseções (QLTA = QLTB) e se:
TA > TB e qA > qB, seria de se esperar que COLTA > COLTB ou COvA > COvB (segundo as
hipóteses de ZHANG e PREVEDOUROS, 2003, COv = COLT + COOT com COOT = COLT).
Entretanto, no exemplo seguinte, ocorre o inverso.
Por exemplo, considere-se os intervalos compreendidos entre [(TA – τ), (TA + τ)] e os
intervalos compreendidos entre [(TB – τ), (TB + τ)]:
onde
QLTA = QLTB = 0,1 v/s (360 v/h) e τ = 2 s para ambas as interseções A e B TA = 6,24 s TB = 5,31 s qA = 0,3166 v/s (1140 v/h) qB = 0,1319 v/s (475 v/h)
( ) ( ) 1876,022 =−= +−−− AAAA qTqT
A eeP ( ) ( ) 2649,022 =−= +−−− BBBB qTqT
B eeP
COLTA = COOTa = 0,1 × PA = 0,01876 COLTB = COOTB = 0,1 × PB = 0,02649
COvA = 0,03752 (135,1 COs/h) COvB = 0,05298 (190,7 COs/h)
Portanto, COvA < COvB, ao contrário do que se poderia esperar.
76
No primeiro caso, hA =1/0,3166 = 3,1586 s e no segundo caso hB = 1/0,1319 = 7,5815 s para o
fluxo oposto. A curva do primeiro caso tem o intervalo de 6,24 s na cauda baixa (adiante da
média) e a do segundo caso tem o intervalo de 5,31 s na cauda alta (antes da média). Os
intervalos de 4,24 a 8,24 são pouco freqüentes no primeiro caso. Os intervalos de 3,31 a 7,31
s são mais freqüentes no segundo caso.
No segundo caso, os intervalos de risco são mais freqüentes, mas o veículo da transversal vai
estar fazendo a travessia com maior probabilidade nos intervalos maiores (maiores que T + 2).
A Tabela 2.5 mostra as porcentagens de intervalos nos dois casos. Se a freqüência de COs for
calculada com base apenas na freqüência de intervalos críticos (entre T – 2 e T + 2), o caso B
seria mais crítico, contrariando o bom senso. De fato, a situação mais perigosa é o caso A pois
apresenta poucos intervalos “bons” (maiores que T + 2) e muitos intervalos pequenos
(menores que T – 2), o que representa a maior dificuldade de travessia por parte dos veículos
da conversão à esquerda.
Uma alternativa para corrigir essa distorção seria estimar a probabilidade de cruzar em um
intervalo na faixa (T ± τ), dado que o intervalo é maior que (T − τ ). Com a distribuição
exponencial (admitindo τ = tolerância), isso daria
[ ] ( ) ( )( ) ττττττ .211| qTTq eeTHTHTP −−−+− −=−=−≥+≤≤−
pois [ ] [ ][ ] ( )
( )( )τλ
τλ
λ
λλ
ττ −−−
−−
−
==−≤−
==−≥= Tt
T
t
ee
e
THF
tHfTHtHf .
.
1|
.
.
é uma exponencial
deslocada de (T – τ). Na Tabela 2.5 pode-se verificar o efeito de correção da probabilidade de
usar uma brecha de risco (+/-2seg), com base na forma alternativa.
Tabela 2.5 – Correção da Probabilidade de Brecha de Risco (Exemplo: +/-2seg)
h Caso A (%) Caso B (%) h < T – 2 73,88 35,41
T – 2 < h < T + 2 18,76 26,50 h > T + 2 7,36 38,09
Total 100 100
T – 2 < h < T + 2 | H > 2 71,82 41,03 h > T + 2 | H > 2 28,18 58,97
Total 100 100
(2.39)
77
Agora a expressão volta a ser crescente com q mas passa a ser independente de T, a menos
que τ seja uma função de T: Por exemplo, seria razoável supor τ = αT (α a ser calibrado) e
então Tqep ..2.1 α−−= (com α = 25%, tem-se τ = 0,25 T e Tqep .5,0.1 −−= ) e a expressão volta a
ser sensível a ambas as variáveis (a freqüência estimada de oportunidades de conflito, no
entanto, seria menor naturalmente).
Avaliação pela Manobra Inicial ou pela Manobra Final
A análise de ZHANG e PREVEDOUROS (2003) sobre as oportunidades de conflito com
pedestres para os fluxos de conversão à esquerda permitidos mostra a possibilidade de utilizar
formulações inversas, em relação à forma básica sugerida no TRAF-Safe, mas também
demonstra a importância de ter uma visão clara sobre a forma selecionada.
A oportunidade de conflito poderia ser avaliada, para um dado período, pelo número de
usuários que realizam uma manobra inicial que os expõe a um risco de conflito, ponderando a
probabilidade de ocorrência do conflito (como a probabilidade de chegadas conflitantes, na
ausência de veículos em fila). Esta seria a forma básica do TRAF-Safe e, como seu exemplo
numérico mostra, pode ponderar o risco de manobras principais ou secundárias (assumindo
tempos de exposição representativos de cada tipo de manobra).
A mesma oportunidade de conflito poderia ser avaliada, para o mesmo período, pelo número
de usuários que realizam uma manobra final que pode expor outros usuários a um risco de
conflito, ponderando a probabilidade da presença destes outros usuários em posição
interferente com a manobra final durante a sua realização (como probabilidade de presença
dos usuários interferentes na área de conflito percorrida durante a realização da manobra
final). Esta seria a forma inversa em relação à proposta pelo TRAF-Safe, que também poderia
ser aplicada para manobras principais ou secundárias, de forma correspondentes.
Nas oportunidades de conflito envolvendo pedestres, naturalmente importam apenas as
situações em que o pedestre fica em risco (que correspondem aos atropelamentos de pedestres
por veículos). A preferência pode ser dos veículos ou dos pedestres, em cada período.
78
Na análise de ZHANG e PREVEDOUROS (2003), com relação às oportunidades de conflito
com pedestres geradas por conversões à esquerda permitidas, a exposição ocorreria somente
para os pedestres que atravessam durante o verde útil, tendo a preferência, e deveriam
ponderar a probabilidade de ocorrer uma conversão à esquerda no período (ou seja, a
probabilidade de haver fila de espera e de surgir uma brecha adequada para conversão)
durante seu tempo de travessia. Esta seria a forma básica. A alternativa seria considerar a
realização das conversões à esquerda (durante o verde útil ou, eventualmente, durante o
entreverdes ou outro período relevante), sendo permitido diante da preferência dos pedestres
(ou protegido, se o tratamento semafórico fosse distinto, exibindo vermelho para os pedestres
envolvidos) e deveriam ponderar a probabilidade de presença dos pedestres na área de
conflito com as conversões na travessia considerada (ou seja, a ocupância da área de conflito
durante o verde útil, para conversões permitidas, ou uma estimativa corrigida pela ponderação
do comportamento transgressor dos pedestres, para conversões protegidas). Esta seria a forma
inversa. Com hipóteses correspondentes, as estimativas deveriam ser iguais.
Note que uma ou outra forma envolve aspectos distintos a modelar. Na forma básica, seria
necessário saber a proporção de pedestres que atravessam no verde útil. Na forma alternativa,
pode-se utilizar a ocupância de pedestres no verde útil (avaliado pelo estudo de MILLAZO et
alli, 1998). Na forma básica, deve-se avaliar a probabilidade de ter um veículo em fila e surgir
uma brecha aceitável durante o verde útil. Na forma alternativa, deve-se avaliar a proporção
de conversões à esquerda que ocorrem no verde útil (que pode ser admitida como sendo
correspondente ao fluxo menor entre a demanda de conversões e a capacidade no verde útil,
que pode ser avaliada pelas fórmulas usuais de capacidade com aceitação de brechas no fluxo
oposto veicular). Para o caso das oportunidades de conflito com pedestres analisadas por
ZHANG e PREVEDOUROS (2003), a forma alternativa parece realmente mais viável.
No entanto, com a visão discutida acima, a fórmula obtida seria peduLT OCCQ . (ou
peduLTp OCCC . , se a capacidade de conversões permitidas fosse restritiva, tendo-se
LTpLT CQ < ), avaliada pela perspectiva das conversões permitidas (não dos pedestres).
79
2.4 ASPECTOS COMPLEMENTARES
Apesar de não usar explicitamente a expressão “oportunidade de conflito”, vários estudos
abordaram procedimentos para estimar uma medida de segurança em interseções
semaforizadas. Dos diversos trabalhos existentes sobre esse tema geral, foram selecionados
alguns estudos considerados mais relevantes para o tema da dissertação, por tratarem de
aspectos não totalmente desenvolvidos nos trabalhos anteriormente revisados.
WANG et alli (1999), WANG et alli (2002) e de WANG e NIHAN (2003) foram
selecionados pelo tratamento de estimativas de risco de colisões angulares e traseiras, usando
modelos compreensivos (entendidos como modelos que expressam o processo de ocorrência
dos acidentes, ao menos parcialmente). Esta é a linha de investigação sobre previsão de
acidentes considerada mais próxima da formulação e utilização dos modelos baseados em
oportunidades de conflito de tráfego.
MAHALEL e PRASHKER (1987), EASA (1993), ZIMMERMAN e BONNESON (2004) e
TARKO et alli (2006) foram selecionados pelo tratamento do problema de segurança no
entreverdes, um aspecto considerado importante para a segurança em semáforos mas
negligenciado nos modelos de oportunidade de conflito revisados. Como aspecto importante,
esta linha proporciona métodos aplicáveis para incorporar a aleatoriedade dos diversos fatores
contribuintes na análise da segurança viária, como será visto adiante.
SONGCHITRUKSA, TARKO (2006) foi selecionado por usar um parâmetro potencialmente
útil para avaliar o risco de colisões angulares: o tempo até a colisão (PET – “post
encroachment time”), parâmetro este que pode ser pesquisado em campo por meio de recursos
tecnológicos modernos. Este fato abre uma perspectiva de, no futuro, permitir extensos
trabalhos de pesquisa de campo para validar modelos que se destinam a estimar o nível de
segurança em termos de risco de colisão angular.
A seguir, é feita uma breve descrição desses estudos, com o objetivo de coletar dados e
métodos para aprimorar os modelos de estimativa da freqüência de oportunidades de conflito
anteriormente discutidos.
80
2.4.1 Trabalhos Relacionados com Modelos de Previsão de Colisões
Inicialmente serão discutidos os trabalhos referentes às colisões traseiras, mas boa parte das
conclusões aplicam-se às colisões angulares, que são discutidos em seguida.
2.4.1.1 Modelo de Previsão de Colisões em WANG et alli (1999)
Em WANG et alli (1999), as colisões traseiras são analisadas e o risco de acidente é medido
pelo número de acidentes por veículo-ano, risco esse que indica a probabilidade de um
condutor envolver-se num acidente numa dada interseção.
Na formulação apresentada, um acidente traseiro é causado por frenagem do veículo da frente
e uma resposta “inadequada” do veículo de trás. A probabilidade de ocorrer um acidente
traseiro é função da probabilidade de encontrar um veículo à frente (obstáculo móvel), aqui
denominada de Po, e a probabilidade de o veículo de trás falhar na manobra para evitar a
colisão, aqui denotada por Pf. Como normalmente Po e Pf são independentes, o risco de
colisão traseira (PRE) pode ser expresso como seu produto:
PRE = Po × Pf
Como não se conhece, segundo os autores, a forma exata de Po e Pf, pode-se adotar funções
logarítmicas empíricas, conforme segue:
ln(Pd) = βd Xd e ln(Pf) = βb Xb
onde Xd e Xb são vetores das variáveis explicativas para Po e Pf, respectivamente e βd e βb
são os vetores dos parâmetros correspondentes que devem ser estimados.
Então, o risco de colisão traseira pode ser expresso como:
ln(PRE) = βd Xd + βb Xb
Os parâmetros são estimados usando-se o método estatístico de máxima verossimilhança.
(2.40)
(2.42)
(2.41)
81
2.4.1.2 Modelo de Previsão de Colisões em WANG et alli (2002)
No artigo seguinte, de WANG et alli (2002), a abordagem inicial é semelhante ao artigo
acima, onde a probabilidade de uma colisão traseira é dada pelo produto PRE = Po × Pf mas, a
seguir, o artigo propõe métodos para estimar cada um dos fatores.
Formulação de Po
Um veículo torna-se um obstáculo para o veículo de trás quando, por algum motivo, reduz a
sua velocidade. Esta redução pode ser causada por uma variedade de ocorrência de distúrbios.
Para efeitos do modelo, admite-se que a freqüência dessas ocorrências segue um processo de
Poisson. Isso resulta que os intervalos de tempo entre as ocorrências são exponencialmente
distribuídos. Se um distúrbio j tiver uma média de ocorrência no tempo t de ηj, então:
t
jjetf
ηη
−=)( , t > 0
Na distribuição exponencial, a probabilidade de uma nova ocorrência de um distúrbio é
independente do tempo em que ocorreu a última vez (a distribuição exponencial é uma
distribuição “sem memória”). Outra propriedade conveniente da formulação poissoniana é a
possibilidade de somar diversos tipos de distúrbio e manter o mesmo tipo de distribuição com
uma média igual à soma da freqüência média dos distúrbios individuais.
Como os acidentes são eventos raros e isolados, a hipótese da exponencial parece ser
razoável. Entretanto, em eventos em cadeia, como colisões traseiras múltiplas, esta hipótese
pode ser questionada porque a ocorrência de um distúrbio pode estar associado à ocorrência
do próximo. Para contornar este problema, o estudo inclui os acidentes onde se envolve
apenas um par de veículos.
Então, a probabilidade de um veículo encontrar um distúrbio j no tempo t é:
t
jjeP
η−−= 1
Como qualquer distúrbio pode levar um veículo a desacelerar, a probabilidade de um veículo
de trás encontrar um veículo da frente como obstáculo é igual à probabilidade de que pelo
(2.43)
(2.44)
82
menos ocorra um distúrbio dentro de um tempo especificado. Então, a formulação de Po pode
ser derivada da seguinte forma:
( )∏ −−=
j jo PP 11
Combinando as equações (2.44) e (2.45):
∑−−
−j j t
o eP.
1η
Na expressão (2.46), o termo
∑j
∑ j jtη é sempre positivo e é função de fatores externos
(características da interseção, fluxos de tráfego e outros fatores que podem influenciar a
ocorrência de distúrbios). O problema se resume, então, em selecionar uma função que
considere todos esses fatores externos. Para efeitos do modelo, os autores assumem que:
X
j j et.βη =∑
Então, a expressão (2.46) fica:
Xe
o eP.
1β−
−=
onde β e X são vetores de coeficientes estimados e variáveis explicativas da freqüência de
distúrbios, respectivamente. Esta é uma expressão que corresponde às formas usuais para
distribuições extremas (no caso, a distribuição de Gumbel, tipo I).
Formulação de Pf
Segundo os autores, dirigir um veículo é um processo de perceber mudanças na situação de
tráfego e ajustar o comportamento do veículo adaptando-se às condições de mudança. O
tempo necessário para os condutores detectarem a mudança e a qualidade da sua resposta
determinam a probabilidade de se evitar uma colisão. Um dos principais fatores que
determinam se um acidente pode ser evitado é o tempo de percepção e reação do motorista
(PRT – Perception and Reaction Time). O PRT varia em função da complexidade do
problema, da complexidade da solução e a percepção de perigo pelo motorista.
Para incorporar o PRT no modelo, consideram-se os seguintes parâmetros (i) “tempo de
percepção e reação disponível” (APRT – Available Perception and Reaction Time) e (ii)
“tempo de percepção e reação necessário” (NPRT – Needed Perception and Reation Time). O
(2.45)
(2.46)
(2.47)
(2.48)
83
APRT é função da condição de tráfego do momento e o NPRT varia de pessoa para pessoa.
Ocorrerá uma colisão se, em um evento, NPRT > APRT. Assim, a probabilidade de um
veículo se envolver num acidente de colisão traseira é a probabilidade de NPRT ser maior que
APRT. Se APRT e NPRT forem considerados como variáveis aleatórias, com alguma
distribuição suposta conhecida, Pf pode ser determinado.
Em termos de uma distribuição apropriada para NPRT, a distribuição normal é uma escolha
óbvia. A distribuição normal é computacionalmente ineficiente, segundo os autores. Assim,
foi adotada a distribuição de Weibull por causa da sua flexibilidade empírica e da sua
aproximação com a distribuição normal. A função de densidade da distribuição de Weibull é:
[ ]αλαλαλα tettf .1...,, −−=
onde α e λ são os parâmetros da forma e escala da distribuição, respectivamente.24 Um valor
de 3,25 para α é um valor que dá uma boa aproximação para a distribuição normal (KAO,
1960, e PLAIT, 1962, apud WANG et alli, 2002). Para visualizar o comportamento da
distribuição de Weibull, a Figura 2-22 mostra as diversas curvas para vários valores de λ
(com α = 3,25 fixo).
Figura 2.22 – Formatos da Distribuição de Weibull
24 Mais claramente, pode-se expressar esta distrubuição usando o parâmetro de escala
λκ 1= como
[ ] ( ) ( )ακα
κκαλα
t
ettf−−
= ..,,1
, onde aparece a variável t explicitamente normalizada pelo parâmetro κ .
(2.49)
84
Segundo os autores, uma das tarefas mais importantes para o engenheiro de tráfego é manter
um valor aceitável para APRT por meio de projeto geométrico e regulamentação de tráfego.
Infelizmente, variações na habilidade dos motoristas e nas condições de tráfego e/ou de clima
podem dificultar a estimativa de APRT, conduzindo os projetos viários a adotarem um valor
conservador de APRT (tradicionalmente 2,5 s). Contudo, a variação de APRT é
potencialmente um elemento crítico para a ocorrência de acidentes. Levando em conta essa
variação, APRT é considerada uma variável aleatória com uma distribuição conhecida.
Novamente, é adotada a distribuição de Weibull. Sendo ta o APRT:
[ ]α
γαγαγα at
aa ettf.1
...,, −−=
Baseado nessas hipóteses, Pf pode ser expresso como (assumindo-se que α é igual para
APRT e NPRT):
[ ] [ ]γλ
αγγαλααα γαλ
/1
1,,,,
0
1
0 +=== ∫∫ ∫
∞−−−
∞ ∞
a
t
a
t
at
af dtetedtdttftfP aa
a
Assim, Pf é determinado apenas pela razão entre λ e γ. Como esses parâmetros são positivos,
λ/γ pode ser associado a variáveis explicativas usando a função exponencial:
Ze Φ−=γ
λ
Então:
Zfe
P.1
1Φ−+
=
onde Φ e Z são vetores de coeficientes estimados e de variáveis explicativas que afetam Pf,
respectivamente. Esta expressão corresponde à forma usual da distribuição logística.
Combinando ambas as especificações, novamente é possível estimar os parâmetros do modelo
de previsão utilizando o método estatístico de máxima verossimilhança.
(2.50)
(2.51)
(2.52)
(2.53)
85
2.4.1.3 Modelo de Previsão de Colisões em WANG e NIHAN (2003)
Finalmente, o escopo do trabalho de WANG e NIHAN (2003) é a análise do risco de
acidentes angulares entre veículos de conversão à esquerda contra um fluxo oposto
(identificado pelos autores por AG). O método é muito semelhante ao método proposto no
artigo de WANG et alli (2002) para colisões traseiras, apresentado com maior detalhe acima.
A linha mestra é novamente estimar a probabilidade de colisão angular como:
PAG = Po × Pf.
onde
Po = probabilidade de encontrar um veículo como obstáculo
Pf = probabilidade de o condutor falhar para evitar a colisão
A estimativa de Po e Pf segue a mesma linha, melhor descrita em WANG et alli (2002),
utilizando-se a distribuição de Weibull. Mais uma vez, os parâmetros do modelo são
estimados com o método estatístico de máxima verissimilhança.
2.4.1.4 Análise dos Modelos de Previsão de Colisões Revisados
O ponto relevante é perceber que a abordagem de estimativa de modelos baseados no
mecanismo dos acidentes pode ser aplicado para prever a probabilidade de sua ocorrência,
para ambos os tipos de colisão. Potencialmente, uma abordagem semelhante poderia ser usada
para prever oportunidades de conflito. As similaridades e diferenças são citadas adiante.
Nas formulações apresentadas, ao invés de buscar um modelo físico, os parâmetros são
estimados usando-se o método estatístico de máxima verossimilhança. Na especificação
proposta, Po corresponde genericamente à estimativa da probabilidade de uma oportunidade
de conflito (teria de ser ponderado por uma frequência de manobras para transformar-se em
uma estimativa da frequência de oportunidades de conflito, o que pode ser feito
implicitamente na especificação do seu modelo de estimativa) e Pf corresponde genericamente
à probabilidade de um evento de risco transformar-se em acidente (que pode ser vista como
uma tradução da taxa de acidentes por oportunidade de conflito).
86
A estimativa de parâmetro pelo método estatístico da máxima verossimilhança não tem sido
utilizada nos estudos revisados sobre oportunidades de conflito. Embora sua abordagem
prefira modelos analíticos baseados em relações técnicas, o método estatístico poderia obter
valores recomendados para variáveis difíceis de estabelecer (como as margens de tolerância
nos tempos de travessia), se não para substituírem todos os modelos físicos. A incorporação
de variáveis suplementares na taxa de acidentes por oportunidade de conflito (por exemplo, o
efeito da visibilidade disponível) seria outro aspecto que poderia ser tratado.
Pelo conhecimento que incorporam, o abandono dos modelos técnicos é considerado
inadequado, mas o uso suplementar de métodos estatísticos deve ser avaliado.
Um aspecto onde há grande similaridade está na visão da insegurança como resultante de uma
interferência e uma falha na manobra evasiva. No entanto, os modelos de previsão de
acidentes revisados mostram que a forma inversa é interessante. Nestas formulações, é o
segundo usuário que deve reagir ao risco de acidente em tempo hábil.
Os estudos mostram, portanto, que a perspectiva inversa à usualmente adotada nos modelos
de oportunidade de conflito estudados, representando os distúrbios que afetam um veículo em
aproximação, pode ser interessante e igualmente viável. No caso de colisões traseiras, estes
distúrbios poderiam ser veículos da via transversal, cuja presença forçaria uma frenagem na
via principal de um veículo que ficaria em risco. Portanto, os autores consideram que
conflitos secundários seriam importantes, neste contexto, um aspecto negligenciado nos
modelos de oportunidade de conflito revisados.
2.4.2 Trabalhos Relacionados com a Segurança no Entreverdes Os estudos de segurança em interseções semaforizadas normalmente destacam o
dimensionamento do entreverdes como um aspecto importante. No entanto, a revisão anterior
revelou a ausência de trabalhos capazes de incorporar a análise deste aspecto nos modelos de
oportunidades de conflito de tráfego.
O entreverde é usualmente composto de um intervalo de amarelo e um intervalo de vermelho
de segurança. O sinal amarelo tem a função de alertar os condutores de que o sinal vai mudar
87
para vermelho. O período de vermelho de segurança tem o objetivo de garantir que o veículo
ultrapasse a interseção antes de o sinal mudar para verde para a aproximação conflitante.
Em TARKO et alli (2006), os autores mencionam que duas situações de dilema associadas ao
término do verde foram identificadas por FHWA, em 1977. A primeira situação, denominada
Zona de Dilema Tipo I, foi descrita por GAZIS et alli, 1960. Esse tipo de zona de dilema é
uma área onde os motoristas não conseguem mais parar na linha de retenção sem frenagens
bruscas ou não conseguem mais prosseguir sem violar o sinal vermelho. O segundo dilema,
ou o problema de indecisão, denominado Zona de Dilema Tipo II, é uma área onde motoristas
podem tomar decisões conflitantes entre parar ou prosseguir. Este segundo critério define uma
zona de dilema onde 10 a 90% dos motoristas decidem parar na interseção. Ambos os
aspectos são tratados nos trabalhos identificados, analisados a seguir.
2.4.2.1 Segurança no Entreverdes em MAHALEL e PRASHKER (1987)
Em MAHALEL e PRASHKER (1987), as colisões traseiras em interseções semaforizadas
ocorrem quando dois veículos que se aproximam da interseção tomam decisões conflitantes
quando o sinal muda para amarelo. Portanto, os autores identificam o problema de
segurança no entreverdes, negligenciado nos modelos de oportunidade de conflito vistos,
associado às Zonas de Dilema Tipo II, na nomenclatura descrita acima.
Haverá um alto risco de colisão traseira se o primeiro veículo decide parar enquanto o
segundo decide prosseguir na travessia da interseção. Quando a colisão realmente ocorre,
segundo os autores, é razoável supor que o segundo veículo não antecipou a decisão de parar
e, assim, não conseguiu reagir em tempo para prevenir o acidente. Quanto maior a
probabilidade de dois veículos sucessivos tomarem decisões conflitantes com relação a parar
ou prosseguir na mudança de sinal, tanto maior a probabilidade de colisão traseira.
Os autores consideram que a probabilidade de decisões conflitantes é uma função da distância
ou do tempo que separa os dois veículos da linha de retenção quando o sinal muda para
amarelo. Essa probabilidade de decisões conflitantes pode ser estimada da função de
probabilidade de parar, que os autores exprimem como função da distância até a linha de
retenção. Seja P[x] a probabilidade de parar quando um veículo está a uma distância x da linha
de retenção quando o sinal muda para amarelo. A probabilidade de prosseguir será 1 – P[x].
88
Observa-se que essa função (Figura 2.23a) representa a realização de experimentos de
Bernoulli com base em várias distâncias da linha de retenção.
Figura 2.23 a e b – Probabilidade de parar e probabilidade de decisões conflitantes
A probabilidade de dois condutores tomarem decisões conflitantes será máxima quando a
expressão P[x] × (1 – P[x]) for máxima. Isso ocorre quando P[x] = 0,5. Esta consideração
pode ser admitida quando não há informação clara sobre o comportamento descrito (como
será feito para incorporar o efeito das Zonas de Dilema Tipo II no próximo capítulo).
Uma condição necessária para a ocorrência de uma colisão traseira é a presença de veículos
na aproximação quando o sinal muda para amarelo. A probabilidade de uma colisão traseira
aumenta quando aumenta o número de veículos na zona de indecisão.
A Figura 2.24 mostra duas funções de probabilidade de parada que diferem na sua variância.
É fácil de ver que, quanto maior a variância, maior será a zona de indecisão.
89
Figura 2.24 – Duas funções de probabilidade de parar com variâncias distintas
Os autores apresentam uma metodologia para estimar a probabilidade de indecisão, baseada
na hipótese de que as variáveis chave são o tempo disponível para decidir parar e o tempo
crítico que leva a parar (ambos associados a distribuições normais), que poderia ser aplicada
para obter a probabilidade de ocorrência de acidentes.
2.4.2.2 Segurança no Entreverdes em EASA (1993)
Em EASA (1993), o conceito de entreverdes adotado não considera explicitamente o intervalo
de amarelo e o período de vermelho geral (mas apenas a duração total). O trabalho busca
definir a duração dos intervalos com base na eliminação (ou minimização) da Zona de Dilema
Tipo I.
Para isso, o autor utiliza um método aproximado para combinar as distribuições de diversas
variáveis intervenientes. Os métodos existentes para determinar a duração do entreverdes são
basicamente determinísticos. Esses métodos se baseiam em valores fixos da velocidade de
aproximação, tempo de percepção e reação, desaceleração e comprimento do veículo. Com o
método proposto, o autor busca formular um método probabilístico factível que também será
reiteradamente adotado nas formulações do próximo capítulo.
90
Método determinístico
Um motorista, ao se aproximar de uma interseção e deparar-se com o sinal amarelo, pode
tanto decidir parar ou prosseguir. A distância de parada é a distância necessária para os
veículos pararem na linha de retenção (ver Figura 2.25-a). A distância de limpeza é a distância
na qual o veículo pode decidir prosseguir e passar antes do fim do período de entreverdes (ver
Figura 2.25-b).
Figura 2.25 a – Distância de parada (XS)
Figura 2.25 b – Distância de limpeza (XC)
Então:
( )gib
vvX s ..2.
2
++= δ
onde XS = distância de parada em m δ = tempo de percepção e reação em s v = velocidade de aproximação em m/s b = desaceleração em m/s2
g = aceleração da gravidade em m/s2
i = greide da aproximação
(2.54)
91
Durante o período de entreverdes, o veículo percorre uma distância igual à distância de
limpeza, mais a largura da interseção e o comprimento do veículo, antes de evitar uma
situação de conflito. Assim:
XC = I.v – (W + L) onde XC = distância de limpeza em m I = período de entreverdes (amarelo + vermelho geral) em s W = largura da interseção em m L = comprimento do veículo em m Entende-se que a largura da interseção W deve conter a largura da faixa de pedestres (se
houver) na esquina posterior (na realidade, W deveria ser a distância desde a linha de
retenção, uma vez que também pode haver faixa de pedestres na esquina anterior, junto à
linha de retenção, até o ponto de conflito potencial).
Se XS > XC haverá uma zona de dilema, na qual, o motorista, quando o sinal muda para
amarelo, não conseguirá parar e nem cruzar a interseção com segurança (Figura 2.26 a).
Se XS < XC, haverá uma zona de opção, na qual o motorista poderá optar tanto em parar como
em prosseguir (Figura 2.26 b).
Para XS = XC, a zona de dilema e a zona de opção são eliminadas.
(2.55)
92
Figura 2.26 a – Zona de dilema (XS > XC)
Figura 2.26 b – Zona de opção (XS < XC)
A prática usual para dimensionar o entreverdes é baseada no desejo de eliminar a zona de
dilema. Igualando a distância de parada com a distância de limpeza, o entreverdes pode ser
obtido como:
( ) v
LW
gib
vI
++
++=
..2δ
Normalmente, as duas primeiras parcelas corresponderiam ao intervalo de amarelo e a última
parcela corresponderia ao intervalo de vermelho de segurança (ou de limpeza).
Método probabilístico
O método probabilístico é a contribuição específica de EASA (1993), que propõe um método
baseado em aproximações para estimar os dois primeiros momentos (a média e a variância) de
uma variável aleatória que é uma função geral (não linear) de outras variáveis aleatórias.
Seja Y uma função não linear de várias variáveis aleatórias:
(2.56)
93
Y = f [X1, X2, ..., Xn] Então Y pode ser expandido numa série de Taylor em torno dos valores médios das variáveis
Xn (µ1 até µn). Considerando os termos lineares de primeira ordem:
[ ] ( ) εµµµ +
∂
∂−+= ∑
=
n
i i
xiinX
fXfY
11 ,...
onde as derivadas parciais são resolvidas em µ1, ... µn e ε são os termos de ordem superior.
Este é o método de aproximação de primeira ordem (First Order Method – FOM). O valor
esperado de Y, E[Y], e a variância de Y, var[Y], são:
[ ] [ ]nfYE µµ ,...1=
[ ] ( )ji
n
ji
n
ji ji
n
i
Xi
i
XXX
f
X
f
X
fY ,covvar
1
2
2
∑∑∑≠ ≠=
∂
∂
∂
∂+
∂
∂= σ
sendo
cov(Xi, Xj) = covariancia de Xi com Xj, onde [ ] XjXiXjXiji XX σσρ ..,cov ,= e σXi2 = var[Xi]
ρXi,Xj = coeficiente de correlação entre Xi e Xj.
Da mesma forma, uma aproximação da covariância entre duas variáveis Y e Z que são
funções de variáveis aleatórias pode ser obtida. Se
Y = f [X1, X2, ..., Xn] e Z = g [X1, X2, ..., Xn] ,
então:
[ ] ( )ji
n
ji
n
ji ji
XXX
g
X
fZY ,cov,cov ∑∑
≠ ≠
∂
∂
∂
∂=
(2.57)
(2.58)
(2.59)
(2.60)
(2.61)
94
Além disso, a expressão anterior para a média de Y pode ser melhorada incluindo o termo de
segunda ordem da expansão de Taylor, gerando o método de aproximação de primeira ordem
e segundo momento (First Order, Second Moment – FOSM):
[ ] [ ] ( )ji
n
ji
n
ji ji
n XXXX
ffYE ,cov
..
2
1,...
2
1 ∑∑≠ ≠ ∂∂
∂+= µµ
Nestas expressões, as derivadas são avaliadas no ponto que corresponde às médias (µ1, µ 2, ...,
µn). Em trabalhos posteriores, Easa empregou métodos mais sofisticados que buscam o
melhor ponto para previsão da falha da condição de projeto (o chamado Ponto de Falha Mais
Provável – PFMP), que configura os métodos avançados (como o Advanced First Order,
Second Moment – AFOSM), comumente utilizados para determinar fatores de segurança para
projeto em Engenharia de Estruturas (como a distância entre o PFMP e a média).
Qualquer dos conjuntos de expressões comentados anteriormente permite obter a média e a
variância da extensão da zona de dilema, variável utilizada por EASA (1993) para
dimensionar o período de entreverdes. Para simplificar a exposição, será exemplificada a
análise ao redor da média, com velocidade, aceleração, extensão e tempo de reação aleatórios,
admitindo que apenas ρt,v e ρa,v são coeficientes de correlação (entre t e v e a e v,
respectivamente) não nulos.
A extensão da zona de dilema pode ser definida por CS XXD −= , tendo-se então
[ ] [ ] [ ]CS XEXEDE −= e [ ] [ ] [ ] [ ]CSCS XXCovXVarXVarDVar ,.2−+= .
Aplicando o FOM para a distância de parada, o valor esperado e a variância de XS são:
[ ]( )ig
XEb
v
vS+
+≅µ
µµµ δ 2
2
e
[ ]
),cov(2),cov(2
var 2222
vbv
X
b
Xv
v
XX
b
X
v
XXX
SSSS
b
S
v
SS
S
∂
∂
∂
∂+
∂
∂
∂
∂+
+
∂
∂+
∂
∂+
∂
∂=
δδ
σσσδ
δ
(2.63)
(2.62)
95
tendo-se
[ ]( ) ( )
( ) ( ) ( ) vbvb
b
v
b
v
vv
b
v
v
b
b
v
v
b
v
vS
igigig
igigX
,2
2
,
2
2
2
22
2
22
2
2var
ρσσµ
µµ
µ
µρσσ
µ
µµµ
σµ
µσ
µ
µµσµ
δδδδ
δδ
++
+−
+++
+
+−+
+++=
Com o FOSM, a expressão aproximada para a média de SX seria
[ ]( ) ( )igig
XEb
v
b
v
vS+
++
+≅µ
σ
µ
µµµ δ 22
22
Aplicando o FOM para a distância de limpeza, o valor esperado e a variância de XC são:
[ ] ( )LvC W.IXE µ+−µ=
e
[ ] 2
L
2
C2
v
2
CC .
L
X.
v
XXVar σ
∂
∂+σ
∂
∂=
tendo-se
[ ] 2
L
2
v2
C .IXVar σ+σ=
Com FOSM, a expressão aproximada para a média de CX seria a mesma (dado que as
derivadas de segunda ordem de CX são todas nulas).
Como as variáveis são correlacionadas (por exemplo, ambas dependem da velocidade), uma
aproximação da covariância entre as SX e CX pode ser obtida por:
[ ]( )
( )( )
+−+
++= vbvb
b
v
vvvv
b
v
CSigig
IXX ,2
2
,2 .
.2..,cov ρσσ
µ
µρσσµσ
µ
µµ δδδ
(2.64)
(2.66)
(2.67)
(2.65)
(2.68)
96
Estas expressões permitem obter a média e a variância da extensão da zona de dilema,
variável utilizada por EASA (1993) para dimensionar o período de entreverdes. Estes são os
momentos a avaliar para obter o projeto sujeito a uma restrição de margem de segurança
mínima ( [ ][ ]DVar
DE=β ) ou probabilidade de falha mínima ( [ ]β= DF hp ). O método
probabilístico pode, então, selecionar um dimensionamento do entreverdes com base em uma
probabilidade limite de ter XS > XC (gerando um conflito potencial).
O método determinístico usa valores típicos, que procuram retratar a média das variáveis
envolvidas no período de entreverdes, como a velocidade, o tempo de percepção e reação, a
desaceleração, comprimento do veículo, etc. Com exceção da velocidade, são normalmente
usados os mesmos valores para os diversos parâmetros envolvidos (por exemplo, o mesmo
tempo de percepção e reação e a mesma desaceleração e o mesmo comprimento médio do
veículo, independentemente do local). Eventualmente, a aceleração e o comprimento do
veículo podem variar, em alguns locais onde a composição de tráfego é muito diferenciada.
O método probabilístico permite dimensionar o entreverdes de forma individualizada para
cada local, desde que se saiba os valores dos diversos parâmetros estatísticos envolvidos,
como médias, variâncias e coeficientes de correlação. Entretanto, novamente com exceção
para as velocidades, eventualmente, esses valores são difíceis de se obter em cada local (na
prática, seria usada uma distribuição genérica).
Para os objetivos deste trabalho, embora o método seja probabilístico e seja bastante geral,
note que o método de EASA (1993) não fornece a probabilidade de um veículo encontrar-se
na zona de dilema quando o sinal muda para o amarelo. Também é criticável o fato de não
serem analisados os aspectos especificamente relacionados com o intervalo de amarelo e com
o intervalo de vermelho de segurança.
2.4.2.3 Segurança no Entreverdes em ZIMMERMAN e BONNESON (2004)
Em ZIMMERMAN e BONNESON (2004), a proteção da zona de dilema é considerada para
minimizar o risco de colisões nos semáforos atuados. Segundo os autores, existem dois tipos
de proteção: a proteção convencional e a proteção dinâmica.
97
A proteção convencional é feita usando-se um detector recuado (advance detector) colocado a
montante da interseção (comum nas vias principais, no contexto norte-americano, mas não
usado no Brasil). O estágio somente terminará quando não houver mais detecção de veículos
(se o intervalo for maior que um valor pré-determinado), a menos de atingir-se a duração
máxima especificada para o estágio.
A proteção dinâmica, a proposta em avaliação no estudo, mede a velocidade de cada veículo a
cerca de 800 a 1000 ft (244 a 305 m) a montante da interseção. Baseado na velocidade
individual de cada veículo, é calculado o tempo de percurso até o início e o fim da zona de
dilema. O final do estágio é determinado de modo a minimizar o número de veículos dentro
da zona de dilema, a menos de atingir-se a duração máxima especificada para o estágio.
O interesse no artigo decorre de que os autores propõem como medida de segurança, no
sistema de proteção convencional, a utilização do número esperado de veículos na zona de
dilema quando termina o verde do estágio, estimado como:
E[K] = q × t × P[max-out]
onde
E[K] = número esperado de veículos na zona de dilema no fim do verde (por ciclo)
q = fluxo em v/s
t = duração da zona de dilema em s
P[max-out] = probabilidade de terminar o verde (devido a intervalos maiores que o valor pré-
determinado).
Um semáforo atuado encerra o estágio ao detectar um intervalo maior que o especificado
como intervalo de corte (gap-out) ou ao atingir a duração máxima especificada (max-out). O
número de veículos na zona de dilema é proporcional à probabilidade de terminar o estágio
pela condição de tempo máximo (max-out), dado que a condição alternativa (gap-out)
corresponde a identificar a ausência de veículos na aproximação do semáforo.
Em um semáforo a tempos fixos, os autores mencionam que a mesma expressão poderia ser
aplicada com P[max-out] = 1 (todos estágios terminam por tempo fixo, dado que não existe
detecção para atuação pelo tráfego).
(2.69)
98
A Figura 2.27 mostra o número de veículos na zona de dilema para tempos pré-fixados (reta
na diagonal) e curvas com diferentes intervalos máximos entre veículos (MAH – Maximum
Allowable Headway), parâmetro que determina o intervalo de corte. Segundo os autores,
quanto menor for o número de veículos na zona de dilema, menor será o risco de colisões,
tanto angulares como traseiras.
Figura 2.27 – Número de veículos na zona de dilema para semáforos a tempo fixo e atuados
O interesse dos autores é justificar a eficiência da proteção dinâmica. No entanto, para este
trabalho, destaca-se a proposição da medida de segurança similar a oportunidades de conflito,
que será utilizada no próximo capítulo.
2.4.2.4 Segurança no Entreverdes em TARKO et alli (2006)
O objetivo do trabalho de TARKO et alli (2006) é propor um método para calcular a
probabilidade de um motorista encontrar-se numa Zona de Dilema do Tipo I. Esse método
pode ser usado para determinar, em tempo real, a extensão de verde em um semáforo atuado,
recurso esse que pode ser implementado nos controladores modernos.
Neste estudo, x é a distância do veículo até a linha de retenção quando o sinal muda para
amarelo, Y é a duração do período de amarelo, b é a desaceleração, δ é o tempo de percepção
99
e reação e a velocidade de aproximação é v. A análise é similar à de EASA (1993),
particularizada para considerar apenas o intervalo de amarelo.
Condições de ocorrência de dilema
Se a velocidade v é assumida como constante e considera-se que o veículo não pode
prosseguir uma vez iniciado o amarelo, então
x > x0 = Y.v
onde x0 é a distância que o veículo percorre durante o período de amarelo.
O motorista não poderá parar na linha de retenção se
b
vvxx C .2.
2
+=< δ
onde xC é a distância de parada e δ é o símbolo utilizado para o tempo de reação. Quando x0 < x < xC, uma Zona de Dilema do Tipo I ocorre, implicando que
b
vY
2+< δ
Para eliminar a Zona de Dilema do Tipo I para um veículo com v, b e δ, o período de amarelo
mínimo deve ser igual a:
b
vY
2min += δ
Função de probabilidade de dilema
Seja
b
vd
2+= δ
(2.70)
(2.71)
(2.72)
(2.73)
(2.74)
100
onde d é uma variável aleatória (que é função de outras variáveis aleatórias). Os autores
assumem que sua distribuição é Normal:
d ~ N(µ, σ2)
onde µ e σ são parâmetros a serem estimados. Como a função de distribuição Normal não tem uma forma fechada, a função Logit é
recomendada como uma aproximação da Normal.
Então, a função de distribuição acumulada FD[d] é, com a função Logit, aproximada por:
[ ]
−−+
≈
σ
µddFD
7,1exp1
1
onde o valor – 1,7 é um parâmetro ajustado. A Figura 2.28 mostra uma comparação entre a distribuição normal e a Logit.
Figura 2.28 – Comparação entre a curva Normal e a Logit
A similaridade e a especificidade com a análise de EASA (1993) deixam claro que o critério
da zona de dilema pode ser diferenciado para tratar apenas do intervalo de amarelo e tratado
de forma aproximada com a utilização da função de distribuição logística. Da análise
usualmente relacionada com o dimensionamento do entreverdes, a análise sobre o intervalo de
vermelho de segurança poderia ser adicionada de forma complementar.
Logit
Normal
(2.75)
(2.76)
101
2.4.2.5 Análise da Segurança no Entreverdes nos Trabalhos Revisados
O aspecto relevante, para o presente trabalho, é a utilização de uma medida de segurança
relativamente simples: o número de veículos que chegam na zona de dilema. Esta seria uma
variável potencialmente interessante para modelos de oportunidades de conflito no
entreverdes (aplicando formulações determinísticas ou probabilísticas).
Os trabalhos revisados desenvolveram a análise da segurança no entreverdes a partir do
conceito de zona de dilema (tipo I e tipo II), permitindo adicionar a avaliação da contribuição
do intervalo de amarelo e de vermelho de segurança para as oportunidades de conflito.
Em formulações determinísticas, esta contribuição poderia ser relacionada com o número de
veículos que chegam ao cruzamento na situação de dilema, medindo sua duração em tempo
(ao invés de medir sua extensão, que é a forma mais usual). Esta proposta de ZIMMERMAN
e BONNESON (2004) tem similaridade com o conceito de oportunidade de conflito.
No entanto, os trabalhos revisados também coletaram técnicas relevantes para representar a
contribuição dos componentes aleatórios (os métodos utilizados por EASA, 1993) e de obter
aproximações simples de seu impacto (os métodos de EASA, 1993, e TARKO et alli, 2006).
2.4.3 Trabalho de SONGCHITRUKSA, TARKO (2006)
SONGCHITRUKSA, TARKO (2006) desenvolveram um método que pode ser usado como
uma ferramenta de suporte para avaliar o risco de colisões angulares em interseções
semaforizadas. Foram consideradas as manobras que podem resultar em um acidente angular.
Cada manobra é associada a diferentes graus de risco de colisão angular. Para medir o grau do
risco, foram considerados dois parâmetros: tempo até a colisão (TTC – “time to collision”) e o
o tempo após a ameaça (PET – “post-encroachment time”). O PET25 foi escolhido como uma
medida do grau de risco de colisão angular da interseção.
25 Segundo LORD, D. (1996), PET é a única medida de análise de conflitos de tráfego que não está baseada em manobras evasivas.
102
PET é a diferença de tempo entre o momento em que um veículo “agressor” (veículo invasor
no fim do seu direito de passagem) sai da área de conflito e o momento de chegada na área de
conflito pelo segundo veículo (com direito de passagem).
Esse tempo é medido do para-choque traseiro do primeiro veículo ao para-choque traseiro do
segundo veículo. Na Figura 2.29, PET = t3 – t2.
Portanto, para medir PET, é necessário conhecer apenas dois instantes no tempo: (i) quando o
primeiro veículo (veículo transgressor) deixa a área de conflito e (ii) quando o segundo
veículo entra na área de conflito já no seu direito de passagem.
Figura 2.29 – Ilustração de PET
Segundo os autores, o PET foi escolhido como uma medida do grau de risco de colisão
angular da interseção. Para medir PET, é necessário conhecer apenas dois instantes no tempo:
(i) quando o primeiro veículo (veículo transgressor) deixa a área de conflito e (ii) quando o
segundo veículo entra na área de conflito já no seu direito de passagem.
A técnica proposta é mais fácil de se medir em campo do que a tradicional técnica de análise
de conflitos. Primeiro, a técnica de análise de conflitos requer a observação de uma área
extensa, incluindo as aproximações da interseção, enquanto que a medida do PET se
concentra na área de conflito da interseção. Segundo, a técnica de conflitos requer que seja
estimado o TTC, o qual é difícil de ser medido e o uso de observadores humanos permite
apenas aproximações grosseiras. Medir PETs por observadores humanos é muito mais fácil e
mais preciso.
103
Fluxos e PETs foram coletados por meio de filmagens em vídeo. O laboratório móvel da
Universidade de Purdue foi usado para gravar o tráfego em vídeo digital. O laboratório móvel
é equipado com mastro pneumático de 42 ft (12,8 m) de altura onde estão fixadas duas
câmeras (Figura 2.30).
Figura 2.30 – Laboratório móvel de Purdue University
Foram pesquisadas 16 interseções semaforizadas em Lafayette, Indiana. Cada interseção foi
filmada por 8 horas. Os PETs foram coletados analisando-se o filme, quadro a quadro. A área
de conflito da interseção foi divida em 4 zonas de conflito pontuais (spot conflict zones), que
são o ponto de conflito onde se interceptam as trajetórias de dois veículos conflitantes (todos
em movimento em frente). Cada zona de conflito pontual foi marcada na imagem do vídeo
por um laço virtual do sistema Autoscope. A observação mostrou-se viável e, com base em
dados de acidentes da polícia de Indiana, foram obtidos modelos que estimam o grau de risco
de colisões angulares.
O interesse no trabalho decorre de considerar-se que as medidas usuais de oportunidade de
conflitos angulares são similares ao TTC (uma chegada conflitante durante a exposição, na
ausência de manobra evasiva). O desenvolvimento de modelos alternativos ou a mensuração
de oportunidades de conflito em campo podem preferir usar o PET. Além disso, o artigo
mostra a viabilidade de pesquisa de campo por meio de filmagens para a obtenção de dados
de conflitos, bem como dos demais dados necessários para a validação de modelos de tráfego.
104
2.5 ANÁLISE E AVALIAÇÃO GERAL
A principal inspiração para o presente trabalho foram as metodologias propostas por KAUB
(2005), HA e BERG (1995) e ZHANG e PREVEDOUROS (2003), objetos de análise do
presente capítulo, por terem usado e desenvolvido modelos de oportunidade de conflito,
entendida como a probabilidade de ocorrência de situações que podem gerar conflitos de
tráfego (ou mesmo acidentes). Este conceito é uma ferramenta potencialmente útil como
medida de segurança e, com validações adequadas, poderá servir como base para o
desenvolvimento de métodos de projeção de acidentes. A grande vantagem de se usar
modelos de oportunidade de conflito (em vez do histórico de acidentes e os conflitos de
tráfego propriamente ditos) como medida de segurança é que o modelo é construído a partir
de relações intrínsecas das interações entre veículos e pedestres, permitindo uma compreensão
dos fenômenos ocorridos. Os modelos de oportunidades de conflito também diferem dos
modelos tradicionais que se valem de regressões baseadas em dados empíricos de uma
amostra de locais, cujos resultados, por não guardarem relação direta com os fenômenos e
variáveis particulares de cada local, não são transferíveis para locais com características
diferenciadas.
A análise do trabalho desses autores pôde propiciar a comparação dos modelos apresentados,
verificar as suas semelhanças e diferenças, além de eventuais deficiências e distorções.
Como exemplos de críticas que podem ser feitas aos modelos propostos, pode-se citar, entre
outras:
���� O conceito de exposição ao risco durante a manobra da travessia é um conceito
fundamental, pois o conflito só poderá ocorrer se, durante esse tempo de exposição, houver um veículo conflitante. Embora esse conceito seja usado pelos autores estudados, verifica-se, em situações específicas, que eles fogem desse conceito, como, por exemplo, com KAUB (2005) para oportunidades de conflito angulares na via principal.
���� Foi mostrado que o procedimento de KAUB (2005) de considerar os movimentos
conflitantes de forma separada não reflete a realidade dos fatos, uma vez que a possibilidade de manobra não é avaliada pelos condutores por etapas, uma etapa para cada movimento conflitante, concluindo-se que é necessário agregar os movimentos conflitantes.
105
���� Uma outra deficiência, verificada tanto em HA e BERG (1995) como em ZHANG e PREVEDOUROS (2003), é o fato de considerar que brechas muito pequenas ou muito grandes não geram oportunidades de conflito. Foi mostrado, por meio de um exemplo numérico, que podem existir casos em que essa metodologia não reflete a dificuldade de travessia.
���� Foi possível fazer uma análise conceitual entre semelhanças e diferenças entre a
metodologia de HA e BERG (1995) e a do KAUB (2005) (esta última transposta para a situação com semáforo) para oportunidades de conflito traseiras nos períodos de vermelho e dissipação de fila.
���� Foi feita uma análise crítica sobre a aplicação do modelo de volume-ocupância de
MILLAZO et alli (1998) por ZHANG e PREVEDOUROS (2003) para a estimativa de oportunidades de conflito com pedestres.
���� Nenhum dos três estudos analisados leva em consideração a visibilidade como fator
potencial de oportunidades de conflito traseiras. Aspectos não contemplados pelos três trabalhos estudados, tais como oportunidades de
conflito de movimentos protegidos e em períodos de entreverdes, foram complementados com
o estudo de outros autores, cujos trabalhos, embora não tratassem explicitamente (em termos
de terminologia) de “oportunidades de conflito”, trataram da probabilidade de risco, tanto
angular como traseiro. Com base nos trabalhos mencionados, pode-se ampliar o escopo dos
métodos de previsão revisados e incorporar novos aspectos ou contextos relevantes.
A análise e a crítica de todos esses trabalhos permitiu que se propusesse no Capítulo 3
modelos alternativos de oportunidades de conflito, tendo como objetivo final uma validação
empírica dos modelos apresentados. Destaque deve ser dado à revisão do trabalho de EASA
(1993), cuja metodologia dos momentos foi aplicada reiteradas vezes na proposição de
modelos para estimar a freqüência de oportunidades de conflito feita no Capítulo 3.
Finalmente, o trabalho de SONGCHITRUKSA, TARKO (2006) servirá de base, no Capítulo
4, para uma especulação acerca de possibilidades de validação de campo usando meios
tecnológicos mais modernos, explorando o parâmetro empírico PET (“postencroachment
time”) para estimar níveis de risco de colisões angulares.
106
3. DESCRIÇÃO DE MÉTODOS PARA ESTIMAR
OPORTUNIDADES DE CONFLITO ANGULARES E
TRASEIRAS EM INTERSEÇÕES
O objetivo deste capítulo é, com base na descrição e análise feita no Capítulo 2, selecionar os
métodos mais adequados para a aplicação piloto (ver Capítulo 4) e propor métodos
aprimorados, onde possível, dos modelos para estimar as oportunidades de conflito angulares
e traseiras. Os desenvolvimentos, quando propostos, são feitos usando-se as metodologias
adotadas nos estudos complementares, também revisados no Capítulo 2, quando forem
julgadas adequadas e produzirem alterações consideradas potencialmente justificadas.
Neste sentido, o primeiro passo será resumir algumas conclusões e opções gerais decorrentes
da revisão bibliográfica realizada e que serão utilizadas em todos os modelos apresentados ou
propostos. A seguir, são discutidos dois aspectos específicos previamente comentados (os
períodos da operação semafórica e a estimativa de ocupância para pedestres) e seis aspectos
principais não tratados de forma adequada (as oportunidades de conflito traseiras secundárias,
a operação no entreverdes veicular, as travessias de pedestres em interseções com sinalização
de prioridade e com semáforos, o modelo de ocupância sem semáforos e o de entreverdes para
pedestres).
Então, os modelos para cada um dos contextos analisados são apresentados:
a) Movimento veícular em interseções com sinalização de prioridade; b) Movimento veicular em interseções semaforizadas, incluindo:
i. movimentos veiculares protegidos; ii. movimentos veiculares permitidos;
iii. entreverdes.
c) Movimento de pedestres em interseções com sinalização de prioridade; d) Movimento de pedestres em interseções semaforizadas, incluindo:
107
i. movimentos de pedestres protegidos; ii. movimentos de pedestres permitidos;
iii. entreverdes.
Para cada um dos contextos acima, são apresentados, para oportunidades de conflito angulares
e traseiras, os modelos de previsão selecionados e os desenvolvimentos propostos. Os
modelos selecionados com base na literatura estudada consideram modelos de oportunidades
de conflito angulares e traseiras em interseções com sinalização de prioridade e oportunidades
de conflito traseiras, angulares e com pedestres para conversões à esquerda permitidas em
interseções semaforizadas.
Os modelos propostos apresentam algumas novas formas para os casos anteriores e adicionam
métodos abrangendo oportunidades de conflito com pedestres em interseções com sinalização
de prioridade e em interseções semaforizadas para outros casos (isto é, exceto conversões à
esquerda permitidas), além de oportunidades de conflito nos entreverdes.
Espera-se, com isso, chegar a um conjunto relevante de formulações a serem testadas e
avaliadas na aplicação prática, descrita no Capítulo 4.
Nas Seções 3.1 e 3.2 são apresentados os aspectos gerais e específicos que serão utilizados
para o desenvolvimento das expressões finais dos modelos propostos, os quais serão
apresentados na Seção 3.3.
3.1 ASPECTOS GERAIS PARA OS MODELOS DE OPORTUNIDADES DE
CONFLITO DE TRÁFEGO
Para apresentação dos modelos a serem estudados, neste capítulo será adotada a nomenclatura
padronizada apresentada na Tabela 3.1 para as principais variáveis ou parâmetros que serão
utilizados ao longo da exposição. Algumas variáveis específicas serão ainda introduzidas na
discussão de contextos particulares (sendo apresentadas posteriormente).
108
Tabela 3.1 – Nomenclatura Básica Utilizada na Apresentação dos Modelos a Estudar
VARIÀVEL DESCRIÇÃO UNIDADE CO = oportunidade de conflito CO
CO(angular) = número de oportunidades de conflito angular CO CO(angular)/h = número de oportunidades de conflito angular por hora CO/h CO(traseira) = número de oportunidades de conflito traseira CO
CO(angular)/h = número de oportunidades de conflito traseira por hora CO/h h = intervalo entre veículos s W = largura da pista m
Wped = largura da travessia de pedestres m Rc = raio de manobra (entrada) da curva m α = brecha crítica em manobras secundárias s
β = intervalo de seguimento em manobras secundárias s G = tempo de verde para um grupo semafórico s R = tempo de vermelho para um grupo semafórico s Tc = tempo de ciclo semafórico s Ia = duração do período de amarelo s Iv = duração do período de vermelho de limpeza s
I = duração do entreverdes s Iint = período de vermelho intermitente de pedestre s Ge = tempo de verde efetivo para um grupo semafórico s Re = tempo de vermelho efetivo para um grupo semafórico s Dv = distância de visibilidade existente m Dp = distância de visibilidade de parada m b = frenagem segura m/s2 δ = tempo de percepção e reação s a = aceleração a partir do repouso m/s2 g = aceleração da gravidade m/s2 i = greide da aproximação (%i em porcentagem, i=%i/100) - µ = coeficiente de atrito entre o pneu e o pavimento - µ c = limite em curva do coeficiente de atrito pneu-pavimento - µ f = limite em frenagem do coeficiente de atrito pneu-pavimento - L = comprimento do veículo m vi = velocidade da aproximação i m/s vci = velocidade de conversão na aproximação i m/s vped = velocidade de pedestres m/s Qi = fluxo do movimento i em veículos por hora v/h qi = fluxo do movimento i em veículos por segundo v/s ti = tempo de manobra do movimento i s Ti = tempo de exposição do movimento i s Tpi = tempo de parada do movimento i s Cj = capacidade de tráfego da aproximação j v/h Sj = fluxo de saturação da aproximação j v/h
Qpedk = volume de pedestres do movimento k por hora v/h qpedk = volume de pedestres do movimento k por segundo v/s tdIa = deficiência de intervalo de amarelo s tdIv = deficiência de intervalo de vermelho de segurança s tdI = deficiência de intervalo de entreverdes total s tdIp = deficiência de intervalo de entreverdes de pedestres s tdIc = deficiência de entreverdes do estágio anterior para pedestres m Z = distância ao ponto crítico de conflito no entreverdes m
Wzc = largura de uma zona de conflito com travessia de pedestres m Zped = distância ao ponto de conflito na travessia de pedestres m d = extensão da trajetória do veículo no movimento de conversão m
109
Quando necessário representar a distribuição de uma variável aleatória, deverão ser
especificados o modelo de distribuição (normal, exponencial, empírica, ...) e seus parâmetros
ou, mais comumente, seu momentos centrais em unidades consistentes (por exemplo, para a
velocidade, µv = média da velocidade v em m/s e σv = desvio padrão da velocidade v em m/s).
Quando considerado necessário, a exposição recorrerá a exemplos numéricos aplicados a
casos esquemáticos para ilustrar tópicos específicos.
3.1.1 Área de influência da interseção A área de influência da interseção (isto é, a área onde a interação entre veículos que pode
gerar conflitos é devida à existência da interseção) compreende a área de conflito da
interseção e mais uma zona a montante das aproximações onde, devido à existência de fila de
veículos (ou um veículo parado) e necessidade de frear ou desviar, os veículos que se
aproximam podem sofrer interferência da interseção. Assim, a área de influência não é fixa,
variando de interseção para interseção, inclusive, podendo variar, na mesma interseção, de
momento a momento, dependendo da existência e do comprimento de fila de veículos nas
aproximações e da frequência e tipo de manobras interferentes em um período.
Neste trabalho, seguindo KAUB (2005), a oportunidade de conflito será entendida como a
exposição ao risco que um veículo que está fazendo a manobra na área de influência da
interseção sofre devido à chegada de um veículo conflitante, mas não será definida uma
extensão fixa para a área da influência.
3.1.2 Distribuição de Intervalos e de Chegada de Veículos e de Interferências
Um dos elementos essenciais para a formulação de modelos de oportunidades de conflito é a
distribuição de intervalos. No presente trabalho, será admitido que a distribuição de intervalos
é uma distribuição exponencial negativa e, por conseguinte, a chegada de veículos segue a
distribuição de Poisson. A distribuição exponencial não considera a separação mínima entre
veículos e a chegada de veículos em pelotão. Outras hipóteses de distribuições mais realistas
(como a M3 de Cowan) poderiam ser utilizadas.
110
No entanto, a principal deficiência do modelo de chegadas poissonianas e chegadas
exponenciais é contornada pela estratégia, que será adotada, de distinguir diferentes períodos
de operação. Por exemplo, será explicitamente distinguido o período de tempo com fluxo em
pelotão do período de tempo com chegadas livres (poissonianas). Desta forma, os períodos de
operação com pelotões compactos são tratados distintamente. Na proposição atual, esta
estratégia será aplicada somente para interseções semaforizadas mas poderia ser igualmente
aplicada em outros casos (o HCM/2000 recomenda uma análise deste tipo para interseções
com sinalização de prioridade).
Estendendo a formulação de WANG et alli (2002) para previsão das oportunidades de
conflito, a hipótese poissoniana poderia ser também aplicada às interferências que podem
gerar conflito com um fluxo passando pela interseção. No caso de uma oportunidade de
conflito, a interferência pode ser associada a uma simples passagem de veículo conflitante
adiante do veículo considerado e diferentes períodos de operação podem ser distinguidos.
3.1.3 Forma Básica e Forma Inversa para Estimativa de Oportunidades de Conflito
Na forma básica, a estimativa de oportunidades de conflito é dada por:
( ) ( )( ) jikRiKikiijk pppQtipoCO ...= 26
e na forma inversa é dada por
( ) ( )( ) ijkRjKjkjijk pppQtipoCO ...= 26
(que correspondem à perspectiva do veículo inicial e do veículo final, conflitante), onde:
• i = manobra inicial27 que fica exposta ao risco • j = manobra final28 que gera conflito • k = período de operação (vermelho, dissipação de fila, etc)
26 Os parêntesis foram usados apenas para sugerir a ordem de cálculo: define-se o período, identifica-se o fluxo do período, determina-se a proporção que entra em risco e, então, a probabilidade de chegada ou de interferência. 27 A manobra inicial é a manobra propriamente dita (veículo cruzando a interseção, por exemplo). 28 A “manobra final” não é propriamente uma manobra, mas é a chegada de um veículo conflitante e pode não incluir o destino final do veículo (por exemplo, pode ser a chegada na via principal, sem distinguir qual a manobra o veículo vai fazer depois).
(3.1b)
(3.1a)
111
• kp é a proporção da demanda no período de operação k (para i ou para j)
• Rikp é a parcela da demanda de i que se expõe ao risco no período de operação k
• Rjkp é a parcela da demanda de j que se expõe ao risco no período de operação k
•
−=
− ijjk Tq
jik e1p..γ
é a probabilidade de uma chegada conflitante de j no tempo de
exposição iT
• ( )jiik Tq
ijk e1p..η−
−= é a probabilidade de uma interferência gerada por i durante o
tempo de exposição29 jT de uma chegada na manobra j
• os parâmetros ikjk ηγ , transformam os fluxos conflitantes ou interferentes para a
freqüência de eventos relevantes durante o tempo de exposição.
No caso da forma inversa, a transformação requerida ( ikjk ηγ , ) refere-se à freqüência de
interferências geradas, como em WANG et alli (2002). No caso da forma básica30, a
transformação requerida refere-se, em geral, apenas ao fluxo de tráfego em j, específico no
período k (embora possa também se referir a interferências geradas). A hipótese de
distribuição exponencial pode, naturalmente, ser substituída por outra mais adequada.
3.1.4 Tempo de Exposição
Na forma geral sugerida por KAUB (2005), que será seguida aqui, o tempo de exposição ao
risco em uma dada manobra inicial é uma variável básica de interesse para a previsão da
freqüência de oportunidades de conflito. Em princípio, parece possível fazer uma discussão
genérica sobre o conceito a ser adotado para o tempo de exposição nas diferentes manobras ou
tipos de oportunidade de conflito de tráfego e adotar um entendimento uniforme.
Este entendimento uniforme, distinguindo cada tipo de interseção e/ou aproximação e
considerando cada oportunidade de conflito, é proposto a seguir (partindo da estratégia
29 No caso da forma inversa, o tempo de exposição não é o tempo da manobra do veículo que chega, mas o tempo no qual uma manobra interferente traz risco. Por exemplo, o tempo em que um veículo da via transversal fica na área de conflito da interseção na chegada de um veículo na via principal. 30 A forma adotada por Kaub é a forma básica, com γjk = 1.
112
adotada por KAUB (2005), de avaliar a freqüência das oportunidades de conflito prováveis
gerados por uma manobra inicial que se expõe ao risco diante de chegadas conflitantes).
3.1.4.1 Oportunidades de Conflito Angulares
Para oportunidades de conflito angulares, existem proposições de usar o tempo de cruzamento
(da manobra, com ou sem o tempo de reação) e a brecha crítica como medidas de exposição.
Entre estas variáveis, é plausível supor que os tempos de manobra e as brechas críticas são
relacionados (embora a relação funcional ainda não tenha sido exaustivamente pesquisada).
Os tempos de manobra podem ser avaliados por modelos cinemáticos simples e podem ser
diretamente relacionados com variáveis de projeto. Já as brechas críticas são comportamentais
e dependem de levantamentos de campo específicos.
Por ser mais simples e previsível será considerado o tempo de execução da manobra de
cruzamento ou conversão (para veículo) ou de travessia (para pedestre) como tempo de
exposição, tanto para aproximações de interseções com sinalização de prioridade (principais
ou secundárias) quanto de interseções semaforizadas.
Para os movimentos principais, será adotado o tempo de manobra sem o tempo de reação,
enquanto que, para os movimentos secundários, o tempo de manobra será acrescido do tempo
de percepção e reação, isto é:
a) para movimentos principais:
ii tT =
b) para movimentos secundários:
ii tT += δ
Não será considerada diretamente a brecha crítica, nem incluído o desvio padrão de 2 s das
brechas aceitas, conforme adotado por HA e BERG (1995), no tempo de exposição. No
entanto, estes conceitos são bastante próximos e relacionados com o tempo de manobra. A
opção de incluir ou não o tempo de reação no tempo de exposição parece um tanto arbitrária e
(3.2b)
(3.2a)
113
a decisão acima expressa o fato de que o fluxo principal segue um curso normal e é o fluxo
secundário que deve decidir se tem condições ou não de realizar a manobra sem preferência.
A opção da utilização do tempo de manobra como base para o tempo de exposição, em vez do
uso de brechas críticas como se faz no TRAF-Safe, além da simplicidade, deve-se ao fato de
que o tempo de manobra é mais sensível às características geométricas da interseção, ao passo
que as brechas críticas são valores médios típicos que, apesar dos ajustes previstos (por
exemplo, no HCM/85), podem não representar com fidelidade a realidade de cada local
específico. Além disso, o uso de brechas críticas como tempo de exposição não poderia ser
aplicado a movimentos prioritários em interseções não semaforizadas.
Nos diversos casos considerados (para os movimentos principais de uma interseção não
semaforizada ou para movimentos protegidos em semáforos, e para os movimentos
secundários, incluindo os permitidos em semáforos), o tempo de manobra ti pode ser medido
diretamente em campo ou estimado pelas expressões seguintes:
a) Movimento principal em frente:
i
iv
LWt
+=
b) Movimento principal de conversão
c
iv
Ldt
+=
onde vc é a velocidade de conversão, que é limitada pela velocidade crítica de
conversão (acima da qual o veículo não consegue fazer a curva), dada pela expressão:
cmáxc R.g.v µ=
(3.3a)
(3.3b)
(3.3c)
114
c) Movimento secundário em frente
a
LWt i
)(2 +=
d) Movimento secundário de conversão
a
Ldt i
)(2 +=
onde os movimentos de conversão assumem um raio de manobra Rc, tendo-se:
cRd .2
π= (conversão próxima, à direita ou à esquerda),
com edc RRR ou =
ou xRd c += .2
π (conversão afastada, à direita ou à esquerda)
com { }outinc RRmínR ,=
e outin RRx −=
Moo
in
in
in WWN
WR ++=
2 e
out
out
MiioutN
WWWR
2++=
sendo:
Rc = raio de curva em m Rd = raio geométrico (definido pelo meio-fio) à direita em m Re = raio geométrico (definido pelo meio-fio) à esquerda em m Rin = raio de entrada em m Rout = raio de saída em m Win = largura da via no sentido de entrada em m Nin = n° de faixas na entrada Wo = largura da via no sentido oposto à entrada em m WMo = largura do canteiro com sentido oposto de entrada em m
(3.3f)
(3.3d)
(3.3e)
(3.3g)
(3.3h)
(3.3j)
(3.3i)
115
Wout = largura da via no sentido de saída em m Nout = n° de faixas na saída Wi = largura da via no sentido oposto à saída em m WMi = largura do canteiro com sentido oposto de saída em m x = percurso reto complementar na manobra em m
Figura 3.1 – Elementos geométricos da interseção
Para os movimentos principais em conversão, um valor crítico típico para µ é 0,60 para
pavimento seco e velocidade de 60km/h (WIDMER, 2002). No entanto, tradicionalmente, o
projeto geométrico em curvas utiliza valores confortáveis para a aderência lateral solicitada,
como os estabelecidos no manual da AASHTO (2004), que ficam entre 0,20 e 0,30 e
normalmente proporcionam valores seguros mesmo em pavimento molhado (a super-elevação
da curva é também relevante para a segurança das conversões).
Assim, na prática, os motoristas devem fazer a conversão com uma velocidade abaixo da
velocidade crítica, fazendo com que o tempo de exposição real seja maior do que o calculado
com a velocidade crítica. Em geral, admite-se que é possível avaliar a velocidade de
conversão com a mesma fórmula, utilizando os coeficientes de atrito usuais, e que se deve
adotar uma velocidade de conversão menor que a velocidade normal de aproximação. Onde a
operação aproxima-se do limite de segurança (como pode ser evidenciado pela ocorrência de
acidentes decorrentes), pode-se usar a velocidade crítica de conversão. Ao trabalhar com
116
tempos de exposição menores, estamos sendo mais conservadores na estimativa das COs.
Essa é uma razão para que o tempo seja medido diretamente em campo (em vez de ser
estimado por cálculos), o que refletiria uma maior precisão na estimativa das COs.
Para os movimentos secundários, supõe-se que os veículos partem do repouso, com uma
aceleração a constante. Para uma aproximação em nível, pode-se adotar os valores de
aceleração de 5km/h/s (1,389m/s2) para autos (para veículos pesados, em especial dependendo
da situação de carga, pode-se adotar valores menores).
Note que foi admitido que o condutor busca uma dada taxa de aceleração a, compensando
pelas condições locais da via ao decidir sua ação de aceleração (mais propulsão em aclive e
menos propulsão em declive). Caso contrário, deve-se subtrair ou somar a parcela
gravitacional dada por i.g (g=9,78m/s2=35,2km/h/s ao nível do mar ou em altitudes usuais,
normalmente inferiores a 1000m), onde %i é a porcentagem de aclive ou declive na
aproximação, respectivamente, e a fração correspondente é calculada como i=%i/100, para
aproximações em aclive ou declive. Este caso pode ser mais adequado em rampas íngremes
(onde a capacidade de aceleração do veículo é um fator limitante).
3.1.4.2 Oportunidades de Conflito Traseiras
O risco de colisões traseiras é devido à existência de um “veículo interferente”, que pode estar
parado (aguardando brecha ou a luz verde do semáforo) como pode estar desacelerando. No
primeiro caso, o veículo interferente fica estático e o tempo de exposição ao risco de um
veículo que se aproxima pode ser definido como o tempo em que o veículo-interferente fica
parado no final da fila. No segundo caso, o veículo interferente é móvel e o tempo de
exposição é o tempo que o veículo interferente leva para desacelerar. A rigor, na forma
básica, como a exposição está relacionada com a frenagem do veículo interferente móvel, a
mesma perduraria somente até ser protegido por outro veículo lento seguidor mas, em vista do
efeito cumulativo da exposição de sucessivos veículos lentos e do curto tempo de exposição
usualmente envolvido, este aspecto parece irrelevante e será desprezado.
Existem, pelo menos, duas situações em que um veículo pode se tornar um veículo
interferente móvel. A primeira situação é aquela em que o veículo interferente desacelera para
efetuar uma conversão, de uma velocidade v (velocidade de aproximação) para vc (velocidade
117
de conversão). A segunda situação é aquela em que a frenagem efetuada pelo veículo
interferente deve-se a outras interferências. Estas outras interferências podem ser outras
oportunidades de conflito, como as geradas por cruzamentos ou travessias de movimentos
secundários e o evento analisado corresponderia a uma oportunidade de conflito secundária
(no sentido de que é uma oportunidade de conflito gerada por outra oportunidade de conflito,
que é primária).
Os modelos de previsão de colisões traseiras, como nos estudos de WANG et alli (2002)
revisados no capítulo anterior, adotam a perspectiva da segunda situação, sem distinguir a
natureza das outras interferências (isto é, não se limitam a oportunidades de conflito
secundárias). Esse tipo de situação é, normalmente, a que pode causar conflitos traseiros mais
sérios pelo fato de a desaceleração do veículo interferente ser brusca, inesperada e repentina.
Por este motivo, será também considerada.
As oportunidades de conflito traseiras com veículo interferente móvel podem ocorrer na via
principal de uma interseção com controle PARE ou no período de verde de um movimento
protegido de uma aproximação semaforizada. No presente trabalho, admite-se que não há
oportunidades de conflito traseiras com veículo interferente móvel na via secundária de uma
interseção com controle PARE (somente ocorrerão com veículo-interferente parado).
A desaceleração pode variar de valores confortáveis até frenagens emergenciais (quando a
aderência seria um fator normalmente limitante, especialmente com pavimento molhado). O
valor adotado para frenagens confortáveis seria da ordem de 3km/h/s (0,833m/s2). O valor
limite para coeficientes de aderência em pavimento molhado seria algo ao redor de 3m/s2
(10,8km/h/s) ou 10km/h/s (2,778m/s2), ambos correspondentes a uma aderência de 0,30 ou
cerca de 30%. No presente trabalho, é admitida uma frenagem normal e segura com o valor
limite igual a 10km/h/s (2,778m/s2).
O tempo de percepção e reação δ varia de forma mais notável. Para situações esperadas, como
paradas em semáforos (também poderia ser usado para paradas onde a fila é visível à
distância), são adotados tempos de reação da ordem de 1s, enquanto que, para situações
inesperadas, como obstáculos na pista (conversões inesperadas, como também poderia ser
usado para interferências geradas por cruzamentos e travessias), são adotados valores maiores,
entre 2 e 2,5s, em geral. Valores muito superiores são exigidos em situações complexas
118
(quando a decisão é complexa) mas este poderia ser o caso mais freqüente para o veículo que
sofre outra interferência, não um veículo seguidor (o veículo atrás reage à frenagem do
primeiro veículo e tem uma situação mais simples diante de si).
As oportunidades de conflito traseiras com veículo da fila em espera podem ocorrer na via
secundária de uma interseção com controle PARE ou durante o período de vermelho e de
dissipação de fila de uma aproximação semaforizada. No primeiro caso, o veículo em fila de
espera está parado aguardando uma brecha adequada para realizar a manobra de travessia da
interseção. No segundo caso, o veículo em fila de espera está parado aguardando o
escoamento da fila à sua frente. A parada, em ambos os contextos, naturalmente envolve
frenagem anterior mas normalmente o tempo em espera é bastante maior e a frenagem
anterior será, neste caso, desprezada.
Na via secundária de interseção com controle PARE, a oportunidade conflito traseira é
caracterizada pela existência de pelo menos um veículo parado e pela chegada de um veículo
de trás na mesma faixa. Como a chance de ocorrer um conflito traseiro na via secundária
depende da aproximação do veículo de trás, quando ainda não é caracterizado o seu
movimento de manobra (se é movimento em frente ou se é movimento de conversão), o
cálculo de oportunidades de conflito traseiras na via secundária não é feito movimento a
movimento, mas do conjunto de todos os seus movimentos. Além disso, é considerado o
comportamento esperado dos condutores que trafegam numa via secundária, ou seja,
presume-se que os condutores sabem que a preferência é da outra via e que, portanto, tem que
esperar brechas adequadas no tráfego para passar. Por causa deste fato, em geral, a velocidade
de aproximação na via secundária é mais baixa do que na via principal. Dessa forma, a chance
de colisão traseira deve ser baixa, em condições de boa visibilidade do final da fila, à
distância, sendo este um fator preponderante para a ocorrência de colisões traseiras.
O método proposto, embora adote o mesmo procedimento básico utilizado pelo TRAF-Safe,
busca incorporar a agregação dos fluxos conflitantes e o efeito da visibilidade existente.
O tempo de exposição é o tempo em que o veículo da frente (veículo em fila de espera) ficar
parado, aguardando brecha no tráfego da via principal para passar. Diversas expressões
podem ser utilizadas para estimar esse tempo de espera. Por simplicidade, o cálculo do tempo
de espera será feito pela mesma expressão utilizada pelo HCM/2000. Para fins de
119
comparação, será também utilizada a expressão de Adams31, adotada pelo TRAF-Safe, que
fornece o atraso no topo da fila (do primeiro da fila apenas) e a expressão de HA e BERG
(1995) que usa implicitamente o tempo em que o veículo é o último da fila (ao avaliar as
oportunidades de conflito diretamente pelo número de veículos que param).
Portanto, tem-se:
a) Veículo interferente móvel
fi tT =
onde ft é o tempo necessário de frenagem para reduzir a velocidade.
b) Veículo em fila de espera
epi tT =
onde ept é o tempo médio parado (em fila de espera) para os veículos que param.
O tempo necessário de frenagem para reduzir a velocidade de v∆ é
gib
vv
gib
vt c
f .. +
−=
+
∆= ou
gib
vv
gib
vt r
f .. +
−+=
+
∆+= δδ
onde cvvv −=∆ é a redução de velocidade em relação à velocidade de aproximação v para a
velocidade de curva vc, no caso de conversões, ou outro valor considerado vr, mesmo até a
parada vr = 0, conforme o caso específico (decorrente da interferência). Por simplificação,
será admitido que, no caso de COs geradas por interferências (COs traseiras consideradas
31 Originalmente, a expressão de Adams foi desenvolvida para estimar o atraso de pedestres (que atravessam lado a lado, portanto, sem o efeito da fila). Para veículos que esperam em fila, seria necessário acrescentar o tempo de espera em fila até tornar-se o primeiro veículo da fila para ter a estimativa correspondente do tempo em espera.
(3.4a)
(3.4b)
(3.5a)
(3.5b)
120
como COs secundárias), a desaceleração do veículo interferente será considerada até a parada
total (vr = 0).
gib
vtt pf .+
+== δ
Neste caso, como o veículo interferente está em movimento, pode-se obter a probabilidade de
uma chegada conflitante com o fluxo aparente
−=
vv
qq r1.~ , relativo ao observador em
movimento.
Note que é admitido que o condutor decide o esforço de frenagem e que a taxa de
desaceleração obtida é ajustada para as condições da via (mais desaceleração em aclive e
menos desaceleração em declive). O critério é, portanto, distinto do adotado para a aceleração,
por considerar-se que o esforço físico e o desconforto na frenagem são normalmente mais
pronunciados que o correspondente aos níveis usuais de aceleração. Neste caso, a taxa de
desaceleração b corresponde ao esforço de frenagem e à solicitação de aderência, podendo ser
diretamente comparada aos limites de aderência da interação pneu-pavimento, mas não
corresponde à taxa de desaceleração efetiva (que é dada por g.ib + ).
Para o veículo parado em fila de espera, segundo a discussão do capítulo anterior, o tempo de
espera deve ser calculado como tempo médio por veículo que pára e aplicado apenas à
proporção de veículos que pára. No entanto, as expressões usuais usam o atraso médio por
veículo, tendo-se assim
p
tt e
ep =
onde p é a proporção de veículos que pára em uma dada aproximação.
Em uma interseção com sinalização de prioridade, a proporção de veículos que pára pode ser
aproximada por:
(3.6)
(3.5c)
121
[ ]α≥−= = LP.p1p 0n
com ( )X1p 0n −== e [ ] αα .qoeLP−=≥ ou
α.).1(1 oqeXp
−−−=
sendo que 0np = é a probabilidade de não ter fila, com X = Q / C, onde Q é a demanda e C é a
capacidade da manobra secundária considerada, e [ ]α≥LP é a probabilidade de ter uma
brecha residual (lag) maior que a brecha crítica α ao chegar sem fila, considerando a brecha
crítica α e o fluxo oposto oq da manobra secundária (TROUTBECK, 1993). Note que na
ótica de HA e BERG (1995), apenas a proporção de veículos que chega com fila seria
necessária (que poderia ser simplesmente estimada com Xp 0n => ).
Seguindo o HCM/2000, a capacidade é estimada pela fórmula poissoniana 17-3 (dados os
valores de brecha crítica α e intervalo de seguimento β adotados, tem-se 0.
.
.1
Qe
eC
o
o
q
q
β
α
−
−
−= ,
aos quais aplicam-se correções por efeitos de impedância. Quando existem diferentes
movimentos compartilhando a via secundária, obtém-se Xi = Qi/Ci, para cada manobra, e
então obtém-se X e Q somando as manobras (a capacidade será C=Q/X).
A expressão ( )X1p 0n −== é uma aproximação (baseada em processos estocásticos de filas
M/M/1) para a proporção do tempo em que há filas de espera (isto é, há pelo menos um
veículo em fila)32. Admitindo chegadas uniformes, em situação estacionária, a probabilidade
de parar exclui a probabilidade de chegar sem fila (obtida da proporção do tempo com fila) e
ter um lag adequado para a manobra secundária. A generalização para o contexto dinâmico
(com sobre-demanda) poderia usar os procedimentos propostos por WU (1994).
32 Quando parte da fila é abrigada (até n veículos abrigados), então interessa a proporção do tempo com mais de
n veículos na fila. Para k veículos na fila, a expressão correspondente é ( )X1.Xpk
k −= . É fácil ver que 1n
nK X1p+
≤ −= e, portanto, 1n
nKnK Xp1p+
≤> =−= . Por exemplo, esta seria a probalididade para o
caso da exposição traseira quando há uma baia de conversão para até n veículos.
(3.7a)
(3.7b)
122
Com intervalos entre veículos exponenciais, [ ] [ ] ααα .qoeHPLP−=≥=≥ é a probabilidade
de ter um lag adequado para a manobra secundária na chegada. A expressão para a
distribuição de Cowan pode ser encontrada em TROUTBECK (1993).
Para o atraso médio por veículo, a expressão 17-38 do HCM/2000 é:
+−+−+=
p
peCT
XXXT
Ct
8)1()1(900
3600 2
onde PT é a duração do pico de demanda, em horas (em geral, recomenda-se usar 0,25h, ou
seja, 15 minutos), além de um termo fixo ( s 5+ ) correspondente ao atraso de
desaceleração/aceleração e, comparativamente, a expressão de Adams é:
αα
−−
=c
qc
eq
et
1
onde: qc = fluxo conflitante (principal) em v/s α = brecha crítica do veículo parado em s
Na aplicação do HCM/2000, os valores de brecha crítica e de intervalo de seguimento
recomendados serão utilizados. Na aplicação da expressão de Adams, os valores de brecha
crítica serão substituídos pelo tempo de cruzamento Ti (tempo de manobra mais o tempo de
percepção e reação). Neste caso, como Ti depende do tipo de manobra que o veículo parado
pretende executar (movimento em frente, conversão à esquerda ou à direita) e não se aplica a
fórmula de composição do HCM/2000, propõe-se usar α como uma média ponderada pela
proporção de veículos dos tempos de manobra de cada um dos tipos de manobra:
∑
∑
=
=≅n
i
i
n
i
ii
q
qt
1
1α
(3.8b)
(3.9)
(3.8a)
123
sendo: i = tipo de manobra (movimento em frente, conversão à esquerda ou à direita)
Em uma interseção semaforizada, a proporção de veículos que pára pode ser aproximada pela
razão de tempo com filas
c
q
T
GRp
+=
onde R é o tempo de vermelho, Gq é o tempo de dissipação de fila e Tc é o tempo de ciclo do
semáforo. O tempo de dissipação da fila é obtido em função do modelo de tráfego adotado.
Para semáforos de tempos fixos com chegadas determinísticas e uniformes, pode-se usar a
fórmula tradicional Gq = Q.R / (S–Q), sendo dado o fluxo de saturação S (a capacidade de
dissipação de filas) da aproximação. As expressões alternativas do HCM/2000 para Gq são
uma combinação de modelos teóricos e ajustes empíricos (no Apêndice C do seu Capítulo
16). Exceto pela vantagem de usar a representação de chegadas em pelotão, com seu modelo
peculiar, seria discutível a conveniência de adotar a formulação do HCM/2000. Por exemplo,
não fica claro se as estimativas Gq são consistentes com os modelos de atraso e filas adotados
no próprio HCM/2000 (que incluem componentes aleatórios e de sobre-demanda).
Por simplicidade, então, no caso de aproximações semaforizadas, o tempo de espera pode ser
calculado apenas com o termo de atraso uniforme, dado pela expressão 16-11, do HCM/2000.
( )
−
−
=
c
e
c
e
c
T
GX
T
GT
d
,1min1
1..5,02
1
onde: d1 = atraso uniforme médio por veículo em s Tc = ciclo em s Ge = verde efetivo em s X = grau de saturação sendo X = Q/C, com C=Ge/Tc.S (dado o fluxo de saturação S da aproximação).
(3.11a)
(3.10)
124
O atraso pode ser também estimado com a fórmula usual (de dois termos), adicionando o
sobre-atraso, dado pela expressão 16-12 do HCM/2000, como
+−+−=
p
pCT
kXXXTd
8)1()1(900 2
2
utilizando 5,0=κ (que corresponde a semáforo isolado de tempos fixos), onde novamente
PT é a duração do pico de demanda, em horas (em geral, recomenda-se usar 0,25h, ou seja, 15
minutos). O HCM/2000 recomenda um terceiro termo de atraso (inicial ou transiente) que é
relevante apenas para situações de sobre-demanda pronunciada ou na análise com múltiplos
subperíodos (no Apêndice F do seu Capítulo 16) e que será aqui desprezado.
Poderiam ser utilizadas outras expressões para estimar o tempo de espera como, por exemplo,
a fórmula completa do HCM/2000 ou a fórmula de Webster. A escolha da fórmula para o
tempo de espera não altera a essência dos argumentos e será deixada como uma questão
empírica, a ser analisada e testada em trabalhos de validação. Para níveis usuais de solicitação
da capacidade em uma aproximação semafórica, estes são os termos predominantes.
3.1.5 Restrições de Visibilidade e da Distância de Parada: Tratamento Empírico
Nos estudos revisados, o efeito de restrições de visibilidade não foi considerado na distância
de parada. As proposições feitas a seguir, relativas à estimativa de oportunidades de conflito,
consideram duas estratégias de tratamento para o efeito da visibilidade: um termo de correção
empírico/heurístico e um termo de correção teórico/probabilístico.
A estratégia heurística de consideração do efeito da condição de visibilidade pode ser
incorporada por um termo de correção empírico como, por exemplo,
−
= 0;D
DDmáxP
p
vp
sv
(3.11b)
(3.12)
125
para avaliar a probabilidade svP de não ter visibilidade suficiente, onde pD é a distância de
visibilidade de parada requerida (dada pela expressão 3.13a) e vD é a distância de
visibilidade efetivamente existente (a estimativa aumenta quando a deficiência de visibilidade
é maior, como aponta a intuição). No entanto, com base nos estudos revisados, é possível
formular um modelo probabilístico para o efeito da restrição de visibilidade na frenagem.
3.1.6 Restrições de Visibilidade e da Distância de Parada: Tratamento Teórico
Na estratégia teórica, os métodos de aproximação adotados por EASA (1993) podem ser
utilizados para obter a média e a variância de PD , em função dos momentos das distribuições
das variáveis envolvidas. A formulação relevante para oportunidades de conflito traseiras é
distinta para aproximações retas ou em curva, assim como são distintas as formulações
relevantes para oportunidades de conflito angulares em cruzamentos retos ou oblíquos, em
função da condição imposta pela restrição de visibilidade. A seguir, será apresentado o caso
usual para oportunidades de conflito traseiras, onde a condição de visibilidade é Pv DD ≥ ,
considerando apenas a velocidade como variável aleatória ou a velocidade e tempos de reação
como variáveis aleatórias.
Tomando a fórmula usual para a distância de visibilidade de parada:
( )gib
vvD p ..2.
2
++= δ
e considerando apenas a velocidade como variável aleatória, tem-se:
a) para a média, com o método de primeira ordem (FOM):
[ ]( )gib
DE v
vp ..2.
2
++=
µµδ
b) para a média, com o método de primeira ordem e segundo momento (FOSM):
(3.13b)
(3.13a)
126
[ ]( ) ( )gibgib
DE vv
vp ..2..2.
22
++
++=
σµµδ
c) para a variância, com ambos os métodos (FOM e FOSM):
[ ] 2
2
. v
v
pgib
DVar σµ
δ
++=
EASA (1993) fornece as expressões correspondentes considerando velocidade, tempo de
percepção e reação e frenagem como variáveis aleatórias, conforme mostrado no Capítulo 2.
O efeito da restrição de visibilidade na ocorrência de oportunidades de conflito pode ser
avaliado através do cálculo de P[Dp > Dv].
[ ]( )
>
++=>= Dv
gib2
vvPDDPP
2
vpsv ...δ
que pode ser avaliada com uma aproximação normal ou, admitindo uma distribuição logística
para Dp, obtendo uma expressão analítica para P[Dp > Dv].33 Embora a hipótese de
distribuição normal tenha sido adotada por EASA (1993), foi observado anteriormente que a
distribuição logística é uma aproximação razoável, que possui a vantagem de ter uma
distribuição acumulada com expressão analítica.
Novamente, o argumento desenvolvido não se altera, em essência, alterando apenas o método
de aproximação adotado para a obtenção dos momentos e a hipótese adotada para a
distribuição, preferindo-se a forma mais simples na exposição adiante (FOM com velocidade
aleatória e hipótese de distribuição logística). Aliás, os trabalhos subseqüentes de Easa usaram
métodos mais sofisticados (Advanced First Order-Second Moments – AFOSM) que, em
princípio, também poderiam ser aplicados.
Neste método há simplificações implícitas. Por exemplo, sempre se supõe que o veículo da
frente está parado (a possibilidade de conflito traseiro é gerada pelo tempo em que ele fica
33 Tem-se: [ ] ( ) amDvvp
eDDP
/1
11
−−+−=> , onde: [ ]pDEm = e [ ]pDVara
π
3= .
(3.13d)
(3.14)
(3.13c)
127
parado). No entanto, existem veículos que não param, pois ao chegarem, já encontram um lag
adequado para atravessar. Assim, a rigor, a expressão que estima as oportunidades de conflito
traseiras deveria considerar a chance de haver um veículo parado. A extensão da fila também
não está sendo levada em consideração na avaliação de visibilidade (a visibilidade relevante
deve ser a do final da fila, o que faria ter de revisar continuamente a distância de visibilidade
disponível para cada posição do final da fila).
3.1.7 Formulações Gerais com Efeitos Aleatórios: Visibilidade e Tempo de Reação
A metodologia baseada em EASA (1993) será utilizada diversas vezes ao longo do trabalho.
Em alguns casos, especialmente nas formulações sobre o entreverdes, a formulação inspirada
em WANG et alli (2002), que compara a distribuição dos tempos de reação disponível e
necessário pode ser considerada como uma melhor alternativa e mais geral.
De forma semelhante ao proposto por WANG et alli (2002), o método probabilístico pode
também ser formulado em função do tempo de percepção e reação. O tempo de percepção e
reação disponível para parada, dada uma distância de visibilidade disponível vD , decorrente
da fórmula usual para a distância de visibilidade de parada, seria:
( )gib
v
v
Dv
A ..2 +−=δ
e os momentos da distribuição derivada, considerando apenas a velocidade como variável
aleatória, seriam:
a) para a média, com o método de primeira ordem (FOM):
[ ]( )gib
DE v
v
v
A ..2 +−=
µ
µδ
b) para a média, com o método de primeira ordem e segundo momento (FOSM):
[ ]( ) ( )3
2.
..2v
vvv
v
v
A
D
gib
DE
µ
σµ
µδ +
+−=
(3.15a)
(3.15b)
(3.15c)
128
c) para a variância, com ambos os métodos (FOM e FOSM):
[ ]( )
2
2
2 ..2
1v
v
Agib
DvVar σ
µδ
++=
permitindo avaliar a probabilidade de tempo de percepção e reação insuficiente, face à
restrição de visibilidade, por
[ ]ARsv PP δδ >=
admitindo-se uma aproximação normal ou uma aproximação logística (que permite uma
forma analítica conveniente), para a hipótese de tempos de percepção e reação δR fixos
(determinísticos), adequado a cada ambiente e tipo de decisão.
No entanto, os parâmetros da distribuição de tempos de percepção e reação requeridos (ou
valores típicos como média, mediana, percentil 85 ou 95) são resultados usuais dos estudos
psicométricos, variando de um contexto a outro, como comentado anteriormente.
O mesmo método pode ser diretamente generalizado após incorporar as características
aleatórias do tempo de percepção e reação requerido Rδ (no exemplo discutido, seriam sua
média e variância e sua correlação com a velocidade praticada). Neste caso, para a diferença
entre o tempo de reação necessário e disponível, tem-se:
a) para a média, com o método de primeira ordem (FOM):
[ ]( ) δµ
µ
µδδ −
+−=−
gib
DE v
v
v
RA ..2
b) para a média, com o método de primeira ordem e segundo momento (FOSM):
[ ]( ) ( ) δµ
µ
σµ
µδδ −+
+−=−
3
2.
..2v
vvv
v
v
RA
D
gib
DE
(3.15d)
(3.17a)
(3.17b)
(3.16)
129
c) para a variância, com ambos os métodos (FOM e FOSM):
[ ]( ) δδδ σσρσσ
µδδ ...2
..2
1,
22
2
2 vvv
v
RAgib
DvVar −+
++=−
permitindo avaliar
[ ] [ ]0PPP RAARsv <−=>= δδδδ
que pode ser obtida com uma aproximação normal ou logística, que permite obter uma forma
analítica conveniente.34
Note-se que outras formas também são possíveis, como exprimir a condição de segurança em
função das taxas de frenagem requerida e praticada. No entanto, o trabalho estará utilizando a
forma baseada na distribuição de distância de parada e/ou na distribuição de tempo de
percepção e reação, mas poderia ser usada qualquer reformulação alternativa.
Neste trabalho, para efeitos de aplicação prática, admite-se sempre que a velocidade é
considerada a única variável aleatória (permanecendo os demais parâmetros constantes). Mas
a incorporação da aleatoriedade em mais variáveis, desde que haja informação adequada sobre
a distribuição ou seus momentos (incluindo a correlação entre as variáveis aleatórias), é
também imediata no procedimento adotado.
3.1.8 Formulações Gerais com Efeitos Aleatórios: Frenagem e Interferências
Um aspecto de especial interesse é o menos adequadamente tratado nas discussões sobre as
características aleatórias do tráfego: a interdependência entre intervalos e velocidades. Não foi
identificada nenhuma formulação operacional para esta interdependência. Uma alternativa
seria aplicar ao espaçamento entre veículos as hipóteses usualmente utilizadas para intervalos
e assumir uma distribuição de velocidades qualquer, independente ou dicotômica (o que não
foi investigado). A seguir, propõe-se um procedimento mais simples.
34 Tem-se [ ]amRA
eP
/1
10
+=<− δδ , onde: [ ]RAEm δδ −= e [ ]RAVara δδ
π−=
3.
(3.17c)
(3.17d)
130
Em diversas situações, seria conveniente compor ambos os aspectos. O caso mais claro é o
referente às oportunidades de conflito durante frenagens para conversões ou outras
interferências.
Embora esta lacuna não tenha sido eliminada, um passo intermediário em estabelecer as
relações envolvidas pode ser dado com base nas formulações inspiradas em EASA (1993).
Se Tf é o tempo de frenagem necessário para reduzir a velocidade de v para vc e H é o
intervalo entre os veículos, então pode-se dizer que haverá oportunidades de conflito se Tf >
H. Fazendo X = Tf – H, tem-se:
Hgib
vvX c −
+
−+=
.δ
e, pelo método utilizado em EASA (1993), tem-se:
a) para a média, com o método de primeira ordem e segundo momento (FOSM):
[ ]( ) ( )
q
1
g.ib
v
g.ib
vXE cv
h
cv −+
−+=−
+
−+=
µδµ
µδ
b) para a variância, com ambos os métodos (FOM e FOSM)
[ ] vhhv
2
h
2
v
2
..g.ib
1.2.
g.ib
1XVar ρσσσσ
+−+
+=
onde ρvh é o coeficiente de correlação entre v e h (que será admitido nulo). Considerando o intervalo como variável aleatória, a probabilidade de Tf ser maior que H é:
[ ] [ ] [ ]00 >=>−=>= XPHTPHTPP ffcf
(3.18a)
(3.18b)
(3.18c)
(3.18d)
131
que pode ser avaliada admitindo-se que X também tenha uma distribuição normal ou possa ser
aproximada por uma distribuição logística, para ter uma forma analítica conveniente.35
Alternativamente, pode-se novamente associar a oportunidade de conflito ao tempo de reação
disponível insuficiente [ ]ARcf PP δδ >= , onde gib
vvh r
A .+
−−=δ permitindo avaliar
[ ] [ ]0PPP RAARcf <−=>= δδδδ
reproduzindo a mesma formulação apresentada acima, mas permitindo incorporar a
variabilidade do tempo de reação requerido (isto é, considerando [ ] δδ =RE e [ ] 2δσδ =RVar ) e
sua eventual correlação com outras variáveis (por exemplo, [ ] δδ ρσσδ v
22
v ..,vcov = e/ou
[ ] δδ ρσσδ h
22
h ..,hcov = ), quando possível obter estas informações de estudos empíricos ou
considerações teóricas quaisquer.
3.2 ASPECTOS ESPECÍFICOS PARA MODELOS DE OPORTUNIDADES DE
CONFLITO DE DIFERENTES TIPOS OU EM DIFERENTES CONTEXTOS
A seguir, são discutidos aspectos referentes a cada contexto e tipo de oportunidade de conflito
específico, com o objetivo de obter modelos de previsão capazes de incorporá-los.
O primeiro aspecto importante desta seção descreve um dos aspectos relacionados a
movimentos veiculares em semáforos: os seus períodos de operação. Como resultou da
revisão bibliográfica, esta caracterização foi considerada o elemento chave para estender as
formulações de KAUB (2005) para analisar a operação com semáforos.
O segundo aspecto importante refere-se, por sua vez, à análise dos entreverdes. Considerando
o julgamento técnico predominante sobre a relevância deste aspecto para a segurança da
operação semafórica, busca-se preencher uma lacuna percebida. Os entreverdes são
35 Tem-se [ ]am
eXP
/1
110
+−=> onde m = E[X] e
π
][3 XVara =
132
analisados, a seguir, como um dos períodos da operação semafórica, nos itens
correspondentes aos movimentos veiculares (Seção 3.2.1) e de pedestres (Seção 3.2.2).
O terceiro aspecto importante trata dos movimentos de pedestres, tanto em interseções não
semaforizadas como em semáforos (considerando movimentos protegidos ou permitidos e
seus períodos de operação). Esta análise amplia o tratamento sumário identificado na
literatura revisada (basicamente a formulação de ZHANG e PREVEDOUROS, 2003).
A discussão desenvolve, desta forma, os elementos a serem utilizados na especificação dos
diferentes modelos de estimativa de oportunidades de conflito a serem estudados neste
trabalho, detalhados em seqüência (na Seção 3.3).
3.2.1 Análise da Operação Semafórica para Movimentos Veiculares
Os movimentos veiculares e de pedestres em semáforos são classificados em dois tipos:
a) movimentos protegidos b) movimentos permitidos
Os movimentos protegidos são aqueles em que, durante o período do seu direito de passagem,
não encontram nenhum movimento conflitante ou são prioritários em relação aos movimentos
que lhe são conflitantes e que são autorizadas no mesmo período.
Os movimentos permitidos são aqueles que, mesmo durante o período do seu direito de
passagem, precisam dar preferência a movimentos que lhe são conflitantes e que possuem o
direito de passagem preferencial no mesmo período.
O principal exemplo de movimento veicular permitido numa via de dupla mão de direção de
tráfego é o movimento de conversão à esquerda com um fluxo oposto simultâneo. Outro
exemplo usual é o movimento de conversão à direita simultâneo às travessias paralelas de
pedestres (que, legalmente, são preferenciais).
133
Os exemplos sugerem que a regra legal de preferência deve ser conhecida mas o
comportamento real deve ser também ponderado para ter uma análise adequada (aspecto que
será desenvolvido adiante).
Neste item, importa diferenciar os períodos e a duração correspondente, para os movimentos
veiculares. Para um dado movimento, podem suceder-se períodos com caracteríticas distintas
(incluindo o período de vermelho), que devem ser tratados de forma condizente. A análise
correspondente para pedestres é realizada no item seguinte.
A Figura 3.2 mostra uma interseção onde a conversão à esquerda conflita com o seu
movimento veicular oposto.
Figura 3.2 – Interseção com conversão à esquerda e com fluxo oposto
O movimento permitido (no caso, a conversão à esquerda) tem características semelhantes aos
movimentos de via secundária numa interseção não semaforizada. O movimento de conversão
à esquerda recebe o verde simultaneamente com o movimento oposto. O veículo que deseja
fazer a conversão à esquerda, durante o seu tempo de verde, precisa posicionar-se de forma
adequada e aguardar uma brecha no tráfego do movimento oposto para executar a manobra de
conversão à esquerda, uma vez que o movimento oposto tem preferência de passagem.
Em casos de volumes de conversão muito fortes ou onde a manobra de conversão for muito
perigosa, pode ser configurado um estágio específico para esse movimento. Neste último
caso, o movimento de conversão torna-se um movimento protegido, não havendo conflito
com o movimento oposto, pois os dois movimentos vão ter o direito de passagem em estágios
distintos. Pode também haver operação em estágios protegidos e permitidos, no mesmo ciclo.
Movimento oposto
134
3.2.1.1 Períodos de Operação para Movimentos Veiculares em Semáforos
A divisão do ciclo semafórico em períodos característicos permite identificar situações em
que as condições de operação variam, mesmo nos dados médios, sendo especialmente
relevante para analisar a operação de movimentos permitidos (que operam nas brechas de
fluxos opostos).
O ciclo semafórico é dividido nos seguintes períodos:
a) período R – período de vermelho (incluindo o entreverdes anterior Ic); b) período Gq – período de tempo em que há dissipação de fila do movimento no fluxo
considerado ou no fluxo oposto; c) período Gu – período do restante de verde do estágio (após o período de dissipação de
fila); d) período I – período de entreverdes do final do estágio.
Quando existem faixas com movimentos que tem tratamentos semafóricos distintos em faixas
compartilhadas (isto é, movimentos que andam em estágios semafóricos distintos, incluindo
proteção ou permissão) em faixas compartilhadas, existe também a possibilidade de bloqueio
dos movimentos autorizados por parte dos veículos dos movimentos parados, em espera por
uma brecha (caso dos movimentos permitidos) ou pelo seu verde (caso de movimentos
autorizados em outros estágios).
Neste caso, o período de verde é também dividido em duas partes a partir da identificação do
período anterior ao bloqueio (em que o movimento autorizado opera normalmente). O tempo
de verde é então dividido nos seguintes períodos:
a) período Gf – período de tempo em que o movimento autorizado é livre (não bloqueado) do movimento no fluxo considerado como bloqueador;
b) período Gu – período do restante de verde do estágio (após o período de movimento livre) em que há bloqueio na faixa compartilhada (contínuo, até o final do verde, ou intermitente, entre brechas adequadas para um movimento bloqueador permitido).
As fórmulas usuais mencionadas no capítulo anterior são adotadas a seguir mas podem ser
utilizadas outras fórmulas (como as propostas pelo HCM/2000, supostamente a opção
implícita no trabalho de ZHANG e PREVEDOUROS, 2003). Portanto, tem-se:
135
QS
RQG e
q−
=.
( ) ( )( )acac m
bc
bcac
bccm
ac
acac
acc
f P.P.s
)P.(NP.
)P.(s
P.NG −−
−=−
−= 11
11
1
eacac G.sm =
onde eG e eR são os tempos de verde e vermelho efetivo (em primeira aproximação, pode-se
admitir GGe = e GTRR ce −== ); acs e acm são o fluxo de saturação (em v/s) e o número
máximo de veículos escoados durante o verde para o movimento autorizado, usando apenas as
faixas compartilhadas; acP e bcP é a proporção de movimentos autorizados e não autorizados,
usando apenas as faixas compartilhadas, sendo que cN é o número de faixas compartilhadas.
As expressões do HCM/2000 estão discutidas no Apêndice C do seu Capítulo 16 (C16-5 e
C16-6 para aproximações de múltiplas faixas, ou C16-10 e C16-11, para aproximações com
uma única faixa). São expressões empíricas, sem qualquer estudo de validação no Brasil,
razão pela qual são preferidas as expressões teóricas usuais.
3.2.1.2 Período de Entreverdes Veicular
O período de entreverdes, que é o único período do ciclo semafórico veicular não tratado
pelos estudos de HA e BERG (1995) e de ZHANG e PREVEDOUROS (2003), será
especificamente analisado a seguir.
Apesar de nenhum dos estudos mencionados acima (cujas metodologias estão detalhadas no
capítulo anterior) considerarem o período de entreverdes como um período que pode gerar
oportunidades de conflito (tanto angulares como traseiras), vários autores analisaram o
problema do risco de colisão nesse período, entre os quais estão os estudos de EASA (1993),
MAHALEL e PRASHKER (1987), ZIMMERMAN e BONNESON (2004) e TARKO et alli
(2006), também analisados no capítulo anterior.
(3.19)
(3.20a)
(3.20b)
136
O período de entreverdes, por ser um período de transição de direitos de passagem, é, pela sua
natureza, bastante crítico em termos de possibilidades de ocorrências de conflitos, tanto
angulares como traseiros. No final do estágio, há motoristas que querem passar para evitar
aguardar o próximo ciclo. Ora, o final de um estágio corresponde, necessariamente, ao início
de outro estágio. No início do estágio, há aqueles que podem querer antecipar-se ao verde e
que podem expor-se aos transgressores do estágio que termina. Daí, o período de entreverdes
ser caracterizado como um período crítico em interseções semaforizadas.
O Anexo II do CTB dá a seguinte definição para as cores do semáforo para os veículos:
“Vermelha: indica obrigatoriedade de parar.”
“Amarela: indica “atenção”, devendo o condutor parar o veículo,
salvo se isto resultar em situação de perigo.”
“Verde: indica permissão de prosseguir na marcha, podendo o
condutor realizar as operações indicadas pelo sinal luminoso,
respeitas as normas gerais de circulação e conduta.”
Em relação ao sinal amarelo, isto significa que o condutor tanto pode parar o veículo (se ele
julgar que pode parar de uma forma segura), como pode prosseguir e realizar a travessia da
interseção (se ele julgar que a ação de parar pode criar uma situação de perigo). A “situação
de perigo” significa frenagens bruscas, que podem propiciar a ocorrência de colisões traseiras.
Por outro lado, para o condutor que decidiu prosseguir (principalmente no final do amarelo),
deve-se garantir que ele saia da área de conflito da interseção antes que o estágio concorrente
ganhe o direito de passagem por meio da luz verde do semáforo. Do caso contrário, pode
ocorrer uma colisão angular. Essa garantia pode ser dada por um período de “vermelho de
segurança” (também conhecido como vermelho de limpeza), fazendo com que o estágio
concorrente permaneça em vermelho enquanto os veículos que passaram no final do amarelo
não tenham saído da interseção.
Assim, o período de entreverdes pode ser composto por dois períodos:
va III += (3.21)
137
onde
Ia = período de amarelo
Iv = período de vermelho de segurança (também conhecido como vermelho de limpeza ou
vermelho total)
Em todas as outras situações, exceto no período de entreverdes, o intervalo entre veículos é
considerado como uma variável relevante pois a chegada de veículos conflitantes durante as
brechas aceitas (conflitos angulares) ou durante o tempo em que o veículo fica parado ou
desacelerando (conflitos traseiros) está intimamente ligada à dinâmica do conflito.
No período de entreverdes, as variáveis com aleatoriedade relevante seriam pelo menos a
velocidade e o tempo de percepção e reação. Com relação à frenagem, embora a mesma varie
de veículo para veículo, considerou-se tal variável como uma constante com o valor b,
entendendo-se tal valor como o valor de uma frenagem segura, acima da qual será
considerada como uma frenagem de risco.
No entanto, na metodologia proposta a seguir para o período de entreverdes, por
simplificação, apenas a velocidade será considerada como variável aleatória. A generalização,
se considerado necessária, pode seguir os mesmos passos da metodologia utilizada por EASA
(1993).
3.2.1.2.1 Zona de Dilema
Conforme reportado por Tarko et alli (2006), cujo trabalho está sumarizado no Capítulo 2,
existem dois tipos de zona de dilema: Tipo I e o Tipo II. A Zona de Dilema Tipo I é aquela
em que o condutor não consegue mais parar de forma segura e nem prosseguir sem invadir o
sinal vermelho. A Zona de Dilema Tipo II é uma zona onde tanto as ações de prosseguir como
as de parar podem ser executadas de forma segura.
138
No presente trabalho, será tratada apenas a Zona de Dilema do Tipo I, dividindo os veículos
que ficam na zona de dilema em veículos que param e que seguem e incorporando o efeito da
aleatoriedade na obtenção da proporção de usuários em dilema.36
Conforme visto no Capítulo 2, a distância crítica para parar Dp é dada por
)..(2.
2
gib
vvD p
++= δ , enquanto que a distância crítica para prosseguinto Ds é dada pela
expressão as IvD .= .
A zona em que Dp > x > Ds denomina-se zona de dilema. Veículos que se encontram na zona
de dilema terão comportamentos divergentes: alguns irão parar e outros irão prosseguir.
O critério usual de dimensionamento do tempo de amarelo objetiva “eliminar” a zona de
dilema fazendo Dp = Ds, usando valores típicos de v, δ e b. Se todos os veículos estiverem
trafegando na velocidade v e se todos os condutores tiverem tempo de percepção e reação δ e
adotarem uma frenagem igual a b, então não existiria a zona de dilema. O critério usual tem
de assumir uma situação de projeto, que incorpora um grau de segurança aceitável. São
assumidos valores conservativos para o tempo de reação e para a frenagem praticada e
admitida uma velocidade operacional correspondente ao percentil 85 ou ao limite de
velocidade regulamentado.
Contudo, esses parâmetros são variáveis de veículo para veículo, de condutor para condutor,
de forma que não existe um tempo de amarelo que possa eliminar por completo a zona de
dilema. Uma ação para melhorar a segurança seria, por meio de programação de controladores
atuados, reduzir ao mínimo possível, o número de veículos que ficam na zona de dilema
através de esquemas denominados de “proteção da zona de dilema”.
Fazendo Dp = Ds, tem-se aIvgib
vv .
)..(2.
2
=+
+δ ou )..(2 gib
vI a
++= δ .
Portanto, pode-se definir a deficiência de amarelo tdIa como sendo:
36 A partir deste ponto, a Zona de Dilema Tipo I será simplesmente denominada “zona de dilema”.
139
( ) aIad Igib
vt −
++=
..2δ
A existência de uma deficiência de amarelo positiva faria com que fossem geradas
oportunidades de conflito no entreverdes, sendo que o número de veículos que ficam na zona
de dilema é usado como uma medida de segurança (ver a descrição do trabalho de
ZIMMERMAN e BONNESON, 2004, no capítulo anterior).
Numa formulação determinística, a deficiência é considerada igual para todos os veículos.
Numa formulação estocástica, a deficiência será variável de veículo para veículo, podendo
haver deficiência positiva mesmo quando ela for negativa em termos médios.
De forma semelhante à deficiência de amarelo, pode-se chegar a uma medida relativa ao
vermelho de segurança. O critério usual de dimensionamento do vermelho de segurança visa
garantir que os veículos que deixam de operar no estágio anterior possam “limpar” a
interseção antes da entrada dos veículos que iniciam a operação no estágio seguinte.
O veículo que deixa de operar deve percorrer toda a interseção (uma distância zWZ += ) e
passar totalmente (um comprimento L) antes de o veículo que entra em operação chegue à
região de conflito. O tempo para percorrer a distância Z+L com velocidade v é v
LZ +.
O valor de z depende do recuo da linha de retenção, conforme ilustrado na Figura 3.3a.
Figura 3.3a – Saída da interseção no entreverdes: Z ≥ W
(3.22)
W
Z = W + z Estágio que termina
Estágio que inicia
140
Em um caso intermediário, o veículo que sai de operação percorre uma distância Z menor que
a extensão de toda a interseção W antes que o veículo que entra em operação chegue à região
de conflito, conforme ilustrado na Figura 3.3b.
Figura 3.3b – Saída da interseção no entreverdes: Z<W
Com o critério usual de dimensionamento do intervalo de vermelho de segurança:
v
LZI v
+=
Portanto, pode-se definir a deficiência de vermelho de segurança tdIv como:
vIvd Iv
LZt −
+=
Os veículos que decidem frenar com deficiência de amarelo podem gerar oportunidades de
conflito traseiras. Os veículos que decidem passar com deficiência de vermelho de segurança
podem gerar oportunidades de conflito angulares. Conforme o trabalho de MAHALEL e
PRASHKER (1987), descrito no capítulo anterior, na pior situação cerca de 50% dos veículos
que estão na zona de dilema prosseguem e os outros 50% param. Estas ações divergentes
propiciam conflitos, principalmente conflitos traseiros mas também conflitos angulares. Para
os veículos que decidem passar, as deficiências de amarelo e vermelho de segurança somam-
se (como deficiência de entreverdes total) na determinação dos conflitos angulares.
(3.23)
W
Z
Estágio que termina
141
O entrevedes total é:
( ) v
LZ
gib
vIII va
++
++=+=
..2δ
O critério formulado, considerando o intervalo de entreverdes total (amarelo mais vermelho
de segurança), define a deficiência de entreverdes tdI como:
( ) vaId Iv
LZI
gib
vt −
++−
++=
..2δ .
(que será a formulação preferida para as oportunidades de conflito angulares).
A escolha entre as expressões (3.23) e (3.24) não é simples. Na verdade, uma discussão mais
detalhada pode revelar que ambas (e também a expressão 3.22) não representam
adequadamente a progressão dos veículos no entreverdes, isto é, o instante t37 em que o
veículo decide passar ou parar. Este instante é o que define o risco de conflitos, considerando
a chegada dos veículos conflitantes. Portanto, a análise própria teria de considerar as decisões
de ambos os veículos em conjunto e as expressões recomendadas devem ser tomadas como
uma formulação preliminar, ainda a ser aprimorada.
Um último aspecto considerado diz respeito à suposição de que os veículos do estágio que se
inicia chegam em fluxo livre (o que está representado pela hipótese de que ele pode chegar à
região de conflito imediatamente). Nos períodos de pico, pelo menos, esta suposição pode ser
inadequada e a necessidade de acelerar de uma posição estacionária pode ser traduzida em um
tempo ∆ a ser deduzido da necessidade de vermelho de segurança (decorrente do tempo a ser
vencido acelerando até a região de conflito). Este termo pode também representar o mesmo
efeito em casos em que o ponto de conflito está distante da linha de retenção dos veículos do
estágio que inicia o movimento no entreverdes considerado (como uma travessia de pedestres
afastada da linha de retenção).
37 Esse instante t pode ser o instante em que o condutor recebe o sinal de amarelo (ou algum instante posterior). Todos os condutores recebem o amarelo ao mesmo tempo mas, em função da posição na via nesse instante, cada um vai estar numa posição diferente em relação à linha de retenção: os que estiverem na zona de indecisão (zona de dilema) podem decidir parar ou prosseguir.
(3.24)
142
3.2.1.2.2 Oportunidades de Conflito e Zona de Dilema
O estudo de ZIMMERMAN e BONNESON (2004) considera o número de veículos na zona
de dilema como uma medida para estimar a segurança da interseção. Entretanto, os autores
não analisam uma possível relação entre a extensão da zona de dilema e o comprimento do
período de amarelo. Como se supõe que deve haver uma relação direta entre o período de
amarelo e do entreverdes e a possibilidade de conflitos, a análise das oportunidades de
conflito seguirá uma abordagem diferente.
Um veículo que está na zona de dilema que decidiu parar na linha de retenção poderá
provocar colisões traseiras.
Os condutores que prosseguiram durante o período de entreverdes poderão estar expostos a
conflitos angulares, relacionados com a deficiência de entreverdes ou vermelho de segurança.
Na forma determinística, a visão de ZIMMERMAN e BONNESON (2004) pode ser traduzida
em oportunidades de conflito traseiras e angulares como:
{ }0,max./)( Iai
c
iIi td
T
QhtraseiraCO =
{ }0,max./)( Ivi
c
iIi td
T
QhangularCO =
(que não serão nulas somente se houver deficiência na temporização dos entreverdes).
Alternativamente, uma estimativa com base na hipótese conservativa mencionada por
MAHALEL e PRASHKER (1987) pode ser considerada como c
ai
iIiT
IQhtraseiraCO
.5,0/)( =
e c
ai
iIiT
I.,Qh/)angular(CO
50= ou
( )c
viai
iIiT
IIQhangularCO
+=
.5,0/)( .
(3.25)
(3.26)
143
No entanto, as propriedades obtidas com estas formulações são contra-intuitivas (por
exemplo, o número de COs aumenta com o aumento dos intervalos de amarelo ou de
vermelho de segurança) e justificam a necessidade de formas estocásticas.
Na forma estocástica, considera-se que a deficiência de amarelo e de entreverdes ou vermelho
de segurança é função da velocidade do veículo (supondo os outros parâmetros envolvidos
constantes).38 O aumento do entreverdes coloca mais veículos diante da indecisão mas reduz a
probabilidade de oportunidade de conflito.
Para o cálculo de P[tdIa > 0] tem-se:
a) Para a média, com o método de primeira ordem (FOM) e método de primeira
ordem e segundo momento (FOSM):
[ ]( ) a
v
Iad Igib
tE −+
+=..2
µδ
b) para a variância, com ambos os métodos (FOM e FOSM):
[ ]( )
2
2
..2
1vIad
gibtVar σ
+=
permitindo avaliar
[ ]0>=IadsIa tPP
que pode ser obtida com uma aproximação normal ou, admitindo a distribuição logística,
como uma forma analítica conveniente39,40, sendo as oportunidades de conflito estimadas por
38 A rigor, o tempo de percepção e reação também poderia ser considerado como uma variável aleatória. Entretanto, devido a dificuldades de levantar em campo possíveis correlações entre a velocidade e o tempo de percepção e reação, preferiu-se a simplificação, considerando apenas a velocidade como única variável aleatória.
39 Tem-se: [ ]amIad
etP
/1
110
+−=> onde [ ]
IadtEm = e [ ]
π
IatdVara
.3= .
(3.27a)
(3.27b)
(3.27c)
144
[ ]0..5,0
./)( >=Iad
c
ai
iIi tPT
IQhtraseiraCO
(com base em EASA (1993) e na hipótese de MAHALEL e PRASHKER, 1987).
Para o cálculo de P[tdI > ∆], onde ∆ é o tempo que o veículo que vai entrar em operação leva
para chegar à região de conflito, tem-se:
a) para a média, com o método de primeira ordem (FOM):
[ ]( ) va
v
v
Id IILZ
gibtE −−
++
++=
µ
µδ
..2
b) Para a média, com o método de primeira ordem e segundo momento (FOSM):
[ ]( )
23..2 v
v
va
v
v
Id
LZII
LZ
gibtE σ
µµ
µδ
++−−
++
++=
c) para a variância, com ambos os métodos (FOM e FOSM):
[ ]( )
( ) 2
2
2
.2
..2
1v
v
Id
LZ
gibtVar σ
µ
+−
+=
permitindo avaliar
[ ]∆>=IdsI tPP
40 Em vez do uso da distribuição logística, a expressão poderia também ser formulada com a distribuição normal
para velocidade [ ] ( )( )[ ]( )( )
−+−>=+−>=>
v
va
aIad
gibIZPgibIvPtP
σ
µδδ
...2...20 . Portanto, a hipótese de
distribuição logística, como em todos os demais casos, é apenas uma conveniência analitica.
(3.29a)
(3.29c)
(3.29d)
(3.29b)
(3.28)
145
que pode ser obtida com uma aproximação normal ou, admitindo a distribuição logística,
como uma forma analítica conveniente41.
As oportunidades de conflito angulares seriam então estimadas por:
[ ]∆>=Id
c
ai
iIi tPT
IQhangularCO .
.5,0./)(
ou
( ) [ ]∆>+
=Id
c
viai
iIi tPT
IIQhangularCO .
.5,0./)(
(com base na hipótese de MAHALEL e PRASHKER, 1987). Uma opção que representa de
forma grosseira o instante em que os veículos cruzam a linha de retenção seria obtida fazendo
[ ] [ ]∆>+∆>=Ivd
c
vi
iId
c
ai
iIi tPT
IQtP
T
IQhangularCO .
.25,0..
.5,0./)( (que representa a
progressão do veículo na aproximação, sem considerar o efeito sobre a decisão de prosseguir
ou não) e estaria admitindo que parte dos veículos (25%) transgride o vermelho de segurança.
O tempo ∆ que o veículo que vai iniciar a operação leva para chegar à região de conflito pode
ser igual a ∆1 ou ∆2, conforme se o veículo chega em fluxo livre ou se chega a partir do
repouso:
e
e
v
Z=∆1
e
a
Z e22 +=∆ δ
Ze é a distância que o veículo que inicia a operação deve percorrer até chegar à região de
conflito e ve a sua velocidade de aproximação (no caso de chegada em fluxo livre), conforme
ilustrado na Figura 3.4.
41 Se ∆ for constante, tem-se: [ ] ( ) amIde
tP/1
11
−∆−+−=∆> onde [ ]
IdtEm = e [ ]
πItdVar
a.3
=
(3.31a)
(3.31b)
(3.30a)
(3.30b)
146
Figura 3.4 – Desenho ilustrativo mostrando a distância Ze que o veículo que inicia a operação deve percorrer
até chegar à região de conflito
No caso de chegada em fluxo livre, ∆ = ∆1 é uma função da velocidade ve. No caso de
chegada a partir de uma posição estacionária, ∆ = ∆2 é uma constante.
Para chegada em fluxo livre:
Seja 1∆−=IdtX
sendo:
[ ] [ ]1][ ∆−= EtEXEId
e
[ ] [ ] [ ]11 ,2][ ∆−∆+=IdId tCovVartVarXVar
Supondo que dIt e 1∆ não sejam correlacionados: [ ] 0, 1 =∆IdtCov , então:
[ ] [ ]1][ ∆+= VartVarXVarId
Sendo [ ]ve
eZE
µ∆ =1 ou [ ]
2
2
1ve
vee
ve
e ZZE
µ
σ
µ∆ += e [ ] 2
2
21 ve
ve
eZVar σ
µ
=∆ , tem-se que:
Estágio que termina Velocidade = v
Estágio que inicia Velocidade = ve
Região de conflito
Ze
Z Estágio que termina Velocidade = v Estágio que inicia
Velocidade = ve
Região de conflito Z
Ze
147
[ ]( ) 2
22
3..2ve
vee
ve
e
v
v
va
v
v ZZLZII
LZ
gibXE
µ
σ
µσ
µµ
µδ −−
++−−
++
++=
[ ]( )
( ) 2
2
2
2
2
2
.2
..2
1ve
ve
e
v
v
ZLZ
gibXVar σ
µσ
µ
+
+−
+=
permitindo avaliar [ ] [ ]01 >=∆> XPtP dI .
Para a chegada a partir de uma posição estacionária: [ ]2∆>
IdtP
A probabilidade de ter chegadas em fluxo livre pode ser relacionada com a demanda de
tráfego existente.
Supondo o ponto de conflito entre os fluxos A (pára) e B (inicia), admitindo chegada de
veículos com distribuição de Poisson e desprezando a fila no início do vermelho, a
probabilidade de haver faixas vazias na aproximação B é a probabilidade de haver menos
chegadas de veículos que o número de faixas de tráfego durante o vermelho precedente:
( ) ( )
−++++=
−
−
)!1(...
21][
12
N
RqRqRqeFP
N
BBBBBB
Rq BB
em que: qB = fluxo da aproximação B em v/s RB = tempo de vermelho da aproximação B N = número de faixas da aproximação B.
Com esta distinção, o início do verde pode-se dar em duas situações:
a) veículo em movimento aproveitando-se da existência de faixa vazia; b) veículo parado em todas as faixas (não há faixa vazia).
O primeiro caso corresponde à situação em que ∆ = ∆1, a ser ponderada pela probabilidade
calculada acima ( [ ]FP ), dando-se ao segundo caso (∆ = ∆2) a ponderação complementar
( [ ]FP−1 ) ou desprezando-se esta parcela complementar por considerá-la de risco reduzido.
(3.33)
(3.32a)
(3.32b)
148
O mesmo tratamento poderia ser aplicado a outros contextos como, por exemplo, os conflitos
gerados pela passagem de veículos na via principal de uma interseção com sinalização de
prioridade.
Assim, mais genericamente, tem-se:
[ ] [ ] [ ]( ) [ ]( )21 .1...5,0
./)( ∆>−+∆>=IdId
c
aiiIi tPFPtPFP
T
IQhangularCO
ou
( ) [ ] [ ] [ ]( ) [ ]( )21 .1...5,0
./)( ∆>−+∆>+
=IdId
c
viaiiIi tPFPtPFP
T
IIQhangularCO
(distinguindo a probabilidade de chegada livre [ ]FP ). Pode-se considerar que a situação sem
chegadas livres seria menos grave e, eventualmente, poderia ser desprezada.
O veículo que está na zona de dilema tem situação que equivale a sofrer uma deficiência de
amarelo. A deficiência de amarelo e de entreverdes é função da velocidade de cada veículo
(sempre supondo os demais parâmetros constantes). Assim, com o tempo de amarelo e
entreverdes fixos, alguns veículos sofrerão deficiência de amarelo e/ou de entreverdes e
outros não, dependendo da velocidade individual de cada um. Por este motivo, escolheu-se a
formulação com a deficiência de entreverdes total (sem deixar de notar o comentário anterior
sobre a falta de representação da progressão do veículo dentro do entreverdes).
Por fim, vale comentar que existe também a possibilidade do veículo que termina a operação
na mudança de estágio vir a ameaçar um veículo do estágio que se inicia, especialmente em
uma situação em que o tempo para que este último atinja o ponto de conflito seja pequeno e o
tempo para o primeiro veículo limpar a interseção seja grande. Para um certo movimento, esta
oportunidade de conflito ocorreria no início de seu estágio (não ao final). Para veículos, esta
situação complementar, que pode ser analisada e formulada com procedimentos similares aos
apresentados acima, será desprezada (será comentada adiante no tratamento dos pedestres).
(3.34a)
(3.34b)
149
3.2.2 Análise de Interferências dos Movimentos de Conversão em Fluxo
Admite-se, de forma geral, que os movimentos de conversão devem ser realizados em
velocidade reduzida e acarretam a necessidade de uma frenagem antes da manobra. Estas
frenagens são interferências que podem acarretar oportunidades de conflito traseiras.
Duas formulações foram identificadas para a estimativa das oportunidades de conflito
geradas: a determinação de chegadas conflitantes durante a frenagem ou a verificação de
intervalos entre veículos menores que o tempo de frenagem.
No primeiro caso, o total de oportunidades de conflito, considerando que as frenagens são
ocasionadas por manobras de conversão, seria dado por
−==
− fTc T.q~
ccfccf e1.QP.QCO
onde o tempo de exposição é o tempo requerido para frenagem ( )gib
vvt c
f .+
−+= δ e o fluxo
conflitante, correspondente ao fluxo da faixa com conversão que não reduz a velocidade, é
relativo, como observado pelo veículo em movimento para conversão.
−=
vv
qq cTcTc 1.~
No segundo caso, o total de oportunidades de conflito, considerando que as frenagens são
ocasionadas por manobras de conversão, seria dado por
[ ]HTPQPQCO fccfccf >== ..
onde [ ] [ ]0>−==> HTXPHTP ff é a probabilidade de um tempo de frenagem maior que
o intervalo em relação ao veículo de trás, obtida seguindo o método de EASA (1993) com
(3.35)
(3.36)
150
[ ]( ) ( )
q
1
g.ib
v
g.ib
vXE cv
h
cv −+
−+=−
+
−+=
µδµ
µδ
e
[ ] vhhv
2
h
2
v
2
..g.ib
1.2.
g.ib
1XVar ρσσσσ
+−+
+=
avaliada admitindo uma distribuição normal para X ou usando uma fórmula analítica derivada
da hipótese de distribuição logística para X (eventualmente como aproximação da normal).
Em ambos os casos, a velocidade de conversão pode ser obtida em campo ou avaliada,
aproximadamente, como R.g.vc µ= , assumindo um coeficiente de atrito lateral confortável
( L30,0 µµ ≤≅ ) e o tempo de reação pode ser adotado como sendo da ordem de 1 segundo.
Note que a distância percorrida durante a frenagem é ( )gib
vvvx c
f .2.
22
+
−+= δ , menor que a
distância percorrida com velocidade constante durante o tempo de frenagem de um valor
fff xtvx −=∆ . ou ( )
)g.ib(
vvx c
f+
−=
2
2
∆ . Portanto, a oportunidade de conflito seria mais
propriamente decorrente de ter um veículo seguidor aproximando-se de uma distância
correspondente. Admitindo que o veículo seguidor tem a mesma velocidade, o intervalo
crítico seria v
xh
f
xf
∆=∆ ou
( )( )vgib
vvh c
xf ..2
2
+
−=∆ (não
gib
vvt c
f .+
−+= δ ). No entanto, a alteração
do valor limite não modifica o argumento de forma essencial.
No segundo caso, como a análise relativa dos intervalos entre veículos e dos tempos
requeridos de frenagem envolve a distribuição de diversas variáveis aleatórias, incluindo a
correlação entre elas, sua estimativa foi deixada de lado nas aplicações práticas do presente
trabalho.
3.2.3 Formulações Gerais para Oportunidades de Conflito Secundárias
Por fim, existe um caso especial a ser discutido: as oportunidades de conflito traseiras na via
principal na operação sem semáforos. Como discutido no capítulo anterior, os trabalhos
(3.37a)
(3.37b)
151
revisados desprezam estas oportunidades de conflito (supostas nulas) apesar da evidência que
os conflitos gerados nesta situação são relevantes e muitas vezes acarretam acidentes. Como
regra, existirá um conflito primário envolvido (no cruzamento ou travessia da via principal
por um movimento transversal ou em outras manobras interferentes, como estacionamento)
que motivará a oportunidade de conflito traseira e o risco de colisão decorrente.
Pode-se admitir que outras oportunidades de conflito gerem colisões traseiras ou deve-se
incorporar estas oportunidades de conflito traseiras secundárias para representar o risco
considerado. A segunda opção é, a seguir, discutida.
Trata-se novamente de um caso que corresponde a oportunidades de conflito geradas por
interferências, discutido acima, e as mesmas duas formas alternativas são aplicáveis.
A primeira expressão que estimaria as COs traseiras dos movimentos da via principal é:
( )Tsq
j
jsceCOhtraseiraCO.1/)( −−×
= ∑
O primeiro fator corresponde à probabilidade de um veículo (da frente) sofrer um conflito
com os veículos ou pedestres da via secundária (ou outras interferências), obrigando-o a
realizar uma frenagem. O segundo fator refere-se à probabilidade de chegar outro veículo
principal (de trás) no tempo de exposição Ts = tf (tempo de frenagem). Como simplificação,
pode-se admitir, conservativamente, que a frenagem é feita até a parada total do veículo, caso
em que o tempo de exposição é Ts = tp (o tempo necessário para parada) e qq =~
(pois 0=fv
no final da frenagem até parar).
A segunda expressão que estimaria as COs traseiras dos movimentos principais é:
[ ]HTPCOhtraseiraCO i
j
js >
= ∑ ./)(
(3.38)
(3.39)
152
onde Ti é a duração da interferência acarretada pela oportunidade de conflito primária. Se,
novamente, é admitido que, por simplicidade, o tempo de interferência pode ser caracterizado
pelo tempo de parada total (Ti =tp), tem-se
++−=−=
g.ib
vHTHX i δ e pode-se aplicar
o mesmo procedimento descrito anteriormente (novamente com 0=fv ).
Note que as expressões apresentadas podem ser facilmente generalizadas para o caso em que
as distintas oportunidades de conflito primárias geram interferências diferentes (por exemplo,
com durações diferentes). Neste caso, tem-se ( )
−×= ∑ −
j
Tsjjq
js eCOhtraseiraCO.~
1/)( ou
[ ]
>= ∑ HTPr.COh/)traseira(CO ij
j
js, conforme a formulação utilizada.
3.2.4 Análise dos Movimentos de Pedestres, com ou sem Semáforos
O presente trabalho incorpora dois conceitos para a expressão “travessia de pedestre”, que
deverá ser entendido, conforme o contexto, em uma das seguintes definições42:
a) travessia de pedestre é a ação ou efeito de atravessar uma via ou pista;
b) travessia de pedestre é o caminho percorrido pelo pedestre para atravessar uma via ou
pista.
Quando o caminho percorrido pelo pedestre é demarcado e regulamentado, a travessia de
pedestre passa a ser denominada de “faixa de travessia de pedestre”43.
42 O dicionário Houaiss apresenta, entre outros, os seguintes significados para o vocábulo “travessia”:
a) ação ou efeito de atravessar uma região, um continente, um mar, etc; b) caminho percorrido pela embarcação em seu deslocamento entre dois pontos da superfície da terra.
43 O Anexo II do CTB diz: “As faixas de travessia de pedestres regulamentam o local de travessia de pedestres.” A NBR 9050/2004 dá a seguinte definição para “faixa de travessia de pedestre”: “Sinalização transversal às pistas de rolamento de veículos, destinada a ordenar e indicar os deslocamentos dos pedestres para travessia da via.”
153
As travessias de pedestres podem ser:
a) travessias em interseções não semaforizadas b) travessias em interseções semaforizadas
Estas classes de travessias serão caracterizadas a seguir, do ponto de vista de coletar aspectos
relevantes para formular modelos de oportunidades de conflito envolvendo pedestres.
Quanto à preferência do uso da via, a aplicação das regras de trânsito é menos clara na relação
entre pedestres e veículos. Pelo CTB, na ausência de semáforo com focos de pedestres, o
pedestre teria preferência sobre movimentos veiculares de conversão. Com sinalização de
prioridade, pode-se entender que os movimentos de pedestres tem preferência diante de todos
os fluxos veiculares da via secundária, incluindo os fluxos diretos (embora isto não esteja
posto no CTB). Com sinalização semafórica mas sem focos específicos de pedestres, pode-se
entender que os pedestres devem seguir as indicações dos focos correspondentes aos
movimentos veiculares paralelos à sua travessia, sendo preferenciais em relações às
conversões (embora, novamente, isto não esteja claramente posto no CTB). Com focos
específicos de pedestres, as travessias no vermelho seriam irregulares mas não existe clareza
sobre a possibilidade de ter verde para movimentos de pedestres permitidos (não protegidos)
que seriam autorizados mas secundários diante de fluxos veiculares conflitantes (como ocorre
para conversões à esquerda permitidas). Sem focos específicos de pedestres, a travessia diante
dos fluxos diretos pode ser considerada permitida (sendo secundária) ou proibida (sendo
irregular), sem contrariar o que está posto no CTB. O significado preciso da existência de
faixa de pedestre, salvo na existência de semáforo com foco específico de pedestre ou na
limitação dos locais de travessia, é também ambíguo no CTB no efeito sobre a preferência dos
pedestres.
Como hipótese de trabalho, a interpretação adotada é a seguinte:
− regra geral de circulação: pedestre preferencial diante de conversões e secundário
diante de fluxos diretos (preferência relativa);
− com sinalização de prioridade, os fluxos diretos da via secundária passam a também
ser secundários diante de fluxos de pedestres paralelos à via principal; não se altera a
situação da travessia da via principal;
154
− com sinalização semafórica mas sem focos de pedestres, não se altera a regra de
preferência para pedestres: as travessias de pedestres são protegidas diante das
conversões e apenas permitidas diante de fluxos diretos; a recomendação seria
realizar as travessias diante das conversões;
− com sinalização semafórica e focos de pedestres, as travessias de pedestres são
irregulares no período de vermelho de pedestres e o início da travessia é irregular no
período de indicação intermitente; a travessia de pedestres é sempre protegida no
verde de pedestres (se houver movimento veicular secundário, ele deve ser
secundário em relação aos pedestres).
O comportamento efetivo dos usuários da via é também menos conforme com a
regulamentação, quando se trata da relação entre pedestres e veículos, mesmo onde seu
significado é claro. No exemplo da preferência dos pedestres diante de veículos em
conversão, sem semáforos ou em semáforos sem focos de pedestres, teoricamente, as
oportunidades de conflito com pedestre deveriam ser tratadas distintamente (considerando a
sua preferência legal) de situações em que o pedestre não tem preferência (no caso a travessia
diante dos fluxos diretos). Porém, sabe-se que, na prática (pelo menos na cidade de São
Paulo), não existe obediência a essa regra de preferência. Devido a este fato, pode também ser
considerada a opção de tratar da mesma forma todos os movimentos veiculares conflitantes,
independentemente da preferência de passagem legal a que o pedestre teria direito, sem
distinguir se são prioritários ou secundários. Esta opção evita a interpretação do CTB onde ele
é dúbio. Evita também admitir uma regra não correspondente ao comportamento efetivo. No
entanto, sua aplicação depende do nível local de fiscalização da regulamentação (e de
alterações de comportamento decorrente da fiscalização oueducação dos usuários da via), que
podem alterar a atenção às regras legais de preferência e devem, então, ser monitoradas.
3.2.4.1 Análise de Travessias de Pedestres em Interseções não Semaforizadas
Nenhum dos autores estudados no capítulo anterior trata de oportunidades de conflito com
pedestres em interseções não semaforizadas. Por este motivo, a seguir, propõe-se uma análise
que possa permitir a obtenção de um procedimento para estimar as oportunidades de conflito
com pedestres em interseções não semaforizadas, com baixo volume de pedestres, isto é, onde
pode-se admitir que não há acumulação de pedestres (os pedestres não atravessam em grupo).
155
Define-se “Zona de Conflito de Pedestre” ou simplesmente “Zona de Conflito – ZC” como
sendo a área de travessia de pedestres para onde convergem as trajetórias dos movimentos
veiculares conflitantes. Normalmente, uma travessia de pedestres pode ser dividida em uma
ou mais zonas de conflito contíguas, dependendo do número de faixas. Em geral, existe uma
zona de conflito para cada faixa de tráfego, mas a análise simplificada pode distinguir apenas
as zonas de conflito dos sentidos ou pistas distintas.
Seja a interseção não semaforizada, de mão dupla com mão dupla, com uma faixa por sentido,
mostrada na Figura 3.5a, com a indicação da travessia de pedestres em estudo, com as suas
duas zonas de conflito. Na ZC1, há apenas o movimento veicular M1 cuja trajetória intercepta
a área da respectiva zona de conflito. Na ZC2, três trajetórias (movimentos veiculares, M2,
M3 e M4) interceptam a referida zona de conflito.
Figura 3.5a – Zonas de Conflito de Pedestre
Na ausência de semáforo com focos específicos, o pedestre tem preferência sobre movimentos
veiculares de conversão (no caso, os movimentos M3 e M4). Assim, teoricamente, não
haveria oportunidades de conflito com pedestres devido aos movimentos M3 e M4 ou estes
deveriam ser tratados distintamente (considerando a sua preferência legal).
Em princípio, os cálculos poderiam ser realizados considerando a exposição do pedestre por
faixa de tráfego. Considere o exemplo de travessias em uma via de mão única com mão única,
com 3 faixas de tráfego, com três zonas de conflito em cada travessia, como na Figura 3.5b.
ZC 1
ZC 2
M1
M2
M3
M4
156
Figura 3.5b – Zonas de Conflito de Pedestre por faixa de tráfego
O procedimento para estimar as oportunidades de conflito nas duas travessias é igual ao que
foi apresentado para interseção da Figura 3.5a, de dupla mão com dupla mão e uma faixa de
tráfego por sentido, bastando, novamente, considerar a nova configuração dos movimentos
conflitantes de cada zona de conflito. Logo, no caso de a interseção da Figura 3.5a apresentar
mais de uma faixa, o procedimento discutido a seguir é análogo ao da Figura 3.5b.
Entretanto, para avaliar as oportunidades de conflito faixa a faixa, seria necessário ter a
distribuição dos fluxos veiculares nas faixas. No caso da conversão à esquerda na Figura 3.5b,
este requisito aplica-se aos fluxos da aproximação na travessia E e aos fluxos de saída e de
conversão na travessia S. Deve-se aplicar um modelo ou levantar em campo a proporção do
fluxo que converge para cada uma das 3 faixas das travessias, a fim de determinar os fluxos
conflitantes de cada zona de conflito (além dos fluxos do movimento em frente).
Para a aplicação do modelo, a eventual dificuldade de estimar os fluxos de conversão por
faixa pode levar a adotar hipóteses simplificadoras. Por exemplo, pode-se utilizar o fluxo
médio por faixa em todas as faixas, fazer o cálculo para toda a aproximação, com a ocupância
média por faixa, adotar a suposição de que todas as conversões usam a faixa adjacente.
Estimadas as oportunidades de conflito em cada faixa, obtém-se o total somando as faixas da
aproximação. Se a probabilidade de uma oportunidade de conflito para os veículos é igual em
todas as faixas, o resultado seria equivalente a utilizá-la com o fluxo total veicular da
aproximação mas, ainda assim, seria diferente da estimativa com o tempo de exposição total
(ao invés da exposição por faixa). Se a probabilidade de uma chegada conflitante em cada
S E
157
faixa for igual, durante a travessia dos pedestres, a mesma diferença ocorre e também surge a
diferença entre considerar ou não a chegada de cada faixa como uma oportunidade de conflito
distinta (o cálculo com o fluxo total, evita a dupla contagem de eventos múltiplos).
A hipótese adotada para o desenvolvimento do modelo é que não há acúmulo de pedestres (os
pedestres chegam e atravessam um a um). Sem distinguir as faixas, o tempo de exposição de
cada pedestre é seu tempo de travessia na zona de conflito e a probabilidade de uma chegada
conflitante define uma oportunidade de conflito com pedestres correspondente. Como
previamente discutido, pode-se agregar os diferentes fluxos que convergem para uma zona de
conflito (o que considera a ocorrência de chegadas simultâneas).
Tem-se, portanto, que
( )pedcc Tq
pedcc e1QhpedestreCO.
./)(−
−=
onde
zcpedc tT =
sendo
ped
zczc v
Wt = = tempo de travessia da zona de conflito
cq = fluxo conflitante veicular na travessia da zona de conflito
(a estimativa é feita, portanto, por zona de conflito).
Um aspecto importante a ser notado é que, na discussão acima, não foi considerada a regra de
preferência entre veículos e pedestres, definida pelas regras gerais de circulação. No entanto,
mesmo sem semáforos, em princípio, esta regra poderia ser alterada pela sinalização de
prioridade (embora isso não esteja claro no CTB, estaria sendo admitido que os veículos que
recebem sinal de PARE ou DÊ PREFERÊNCIA devem também ceder preferência aos
pedestres na travessia paralela à via principal, pelo menos). Esta seria uma interpretação
(3.40a)
(3.40b)
158
compatível com a legislação de trânsito de certos países (ver, por exemplo, a discussão em
BRILON e WU, 2001, referente à Alemanha) e tornaria a questão mais relevante.
Uma opção para travessias secundárias (eventualmente irregulares) seria considerar limites
inferiores e superiores para os intervalos que configurariam as oportunidades de conflito,
como citado por KAUB (2005), incorporando-se a correção discutida no capítulo anterior.
Tem-se, então, para movimentos de pedestres preferenciais
( )∑−
−=c
T.q
pedccpedcce.Qh/)pedestre(CO 1
onde
zcpedc tT =
e para movimentos de pedestres secundários
( )( )∑ +−−=c
.q
pedccuuce.Qh/)pedestre(CO
ττ1
ou
( )
∑−=
+−c
ulqc
pedcc eQhpedestreCOττ.
1./)(
onde
pedil T.,250=τ (margem inferior), pediu T.,250=τ (margem superior) e ipedi tT =
sendo
(3.40c)
(3.40d)
(3.40e)
(3.40g)
(3.40f)
159
ped
zczc v
Wt = é o tempo de travessia da zona de conflito e cq = é o fluxo conflitante veicular
na travessia da zona de conflito (a estimativa é feita, portanto, por zona de conflito) e
ped
zi v
Wt = é o tempo de travessia integral (como aproximação da brecha requerida).
No caso de preferência dos pedestres, pode-se também considerar apenas as chegadas livres
no fluxo veicular (incluindo [ ]FP , a probabilidade de chegadas sem fila, nas expressões
apresentadas acima (admitindo-se [ ] ( )XFP −= 1 , onde C
QX = , com a capacidade
calculada para a manobra secundária também considerando fluxos de pedestres preferenciais
como parte do fluxo oposto dos movimentos veiculares conflitantes).
A visão implícita nesta hipótese seria que os movimentos de pedestres secundários tem menos
oportunidades de conflito, embora tivessem também maior atraso. Naturalmente, o grau de
risco pode ser distinto em cada tipo de oportunidade de conflito, especialmente quando os
atrasos majorados ensejam comportamentos de risco indesejados. No entanto, a visão
implícita é oposta à subjacente nas formulações adotadas para veículos, onde a diferença
reside no menor tempo de exposição dos veículos prioritários em relação aos secundários (o
que faz os movimentos prioritários terem menos oportunidades de conflito primárias; apenas
as oportunidades de conflito secundárias poderiam pesar no sentido de majorá-las).
As hipóteses do Capítulo 17 (e 18) do HCM/2000 seriam outra fonte alternativa não
investigada. O HCM/2000 adota o critério de considerar a exposição faixa a faixa na zona de
conflito e considera que os pedestres atravessam em grupo.
Note-se também que, nas expressões anteriores, adotou-se a perspectiva da forma básica de
KAUB (2005), ao invés da forma inversa associada à formulação de ZHANG e
PREVEDOUROS, que seria uma alternativa.
A expressão simples baseada na forma inversa seria
pedccc OCC.Qh/)pedestre(CO =
(3.41)
160
onde Qc é o fluxo veicular conflitante com a travessia de pedestres e pedcOCC seria a
ocupância da travessia de pedestres na zona de conflito. Embora a ocupância pedcOCC
pudesse ser relacionada aos valores investigados no estudo de MILLAZO et alli (1998), não
existe um estudo correspondente para travessias sem semáforo.
A suposição natural, neste contexto, seria usar pedgpedc OCCOCC = com pedpedg QQ = (que
corresponderia a admitir cped TG = no modelo para travessias semaforizadas). Revisando o
trabalho de MILLAZO et alli (1998), pode-se ver que seu conceito de ocupância foi medido
no caminho do veículo que realiza a conversão à esquerda e corresponderia, portanto, a um
conceito de ocupância da faixa onde o veículo em conversão está trafegando. Trata-se de uma
formulação que admite, portanto, pontos de vista similares do HCM/2000. No entanto, as
variáveis fundamentais de comportamento dos pedestres (as brechas críticas, a velocidade do
pedestre, o tempo de reação e/ou de travessia), não são explicitamente consideradas.
Como a formulação de MILLAZO et alli (1998) aplica-se a um caso em que os pedestres têm
preferência na travessia (diante das conversões à esquerda permitidas, nos EUA), não faria
sentido aplicá-la em outro contexto. A formulação discutida acima poderia, neste caso, ser
associada apenas ao contexto em que a travessia de pedestres é preferencial e considerar a
parcela dos fluxos veiculares secundários em relação a ela.
A diferenciação da situação complementar, em que a travessia de pedestres é secundária, teria
de considerar o comportamento dos pedestres na seleção de brechas.
Face à ambigüidade existente na legislação e à inobservância da preferência dos pedestres em
São Paulo, este aspecto é difícil de analisar44. As opções mais diretas seriam:
− desconsiderar a regra de preferência legal;
− considerar os pedestres preferenciais diante de conversões e secundários diante dos
fluxos diretos;
44
Aliás, a combinação dos dois últimos aspectos levanta uma questão interessante: se a seleção da perspectiva adequada (básica ou inversa) não deveria ponderar a regra de preferência.
161
− considerar o pedestre preferencial também diante dos fluxos diretos da via
secundária.
A análise dos resultados empíricos pode, eventualmente, distinguir se uma ou outra forma é
mais adequada.
3.2.4.2 Análise de Travessias de Pedestres em Interseções Semaforizadas
Analogamente ao problema de pedestres em interseções não semaforizadas, nenhum dos
autores analisados no capítulo anterior trata do problema de oportunidades de conflito de
travessias em interseções semaforizadas detidamente. Apenas ZHANG e PREVEDOUROS
(2003) trataram dos pedestres em sua discussão sobre o efeito do tratamento semafórico das
conversões à esquerda quando há um fluxo veicular oposto (permitida).
Por este motivo, nas propostas a seguir, busca-se ampliar os contextos analisados para os
pedestres em interseção semaforizadas.
Considerando a sua obediência ou não à preferência legal de movimentos de pedestres
prioritários, as travessias de pedestres são classificadas em:
a) travessias protegidas: são aquelas realizadas na ausência de conflito veicular ou
correspondem a movimentos de pedestres preferenciais (prioritários) em relação aos
movimentos veiculares conflitantes que tem direito de passagem simultâneo;
b) travessias efetivamente protegidas: são aquelas realizadas na ausência de conflito
veicular ou correspondem a movimentos de pedestres preferenciais (protegidos) em
relação aos movimentos veiculares conflitantes que tem direito de passagem
simultâneo, quando essa preferência legal do pedestre é efetivamente respeitada;
c) travessias permitidas: são aquelas realizadas diante de movimentos veiculares
prioritários (o movimento de pedestre é secundário);
d) travessias concorrentes: são as travessias permitidas e aquelas realizadas diante de
movimentos veiculares secundários que não respeitam a preferência legal do pedestre,
além das travessias de pedestres irregulares (realizadas em períodos em que a travessia
é legalmente proibida); em decorrência, o movimento de pedestre se comporta como
movimento secundário e se realiza nas brechas dos movimentos veiculares.
162
Para as travessias protegidas em interseções semaforizadas, será também adotada a
classificação complementar usualmente admitida em São Paulo:
a) Travessia protegida “em carona”: existe pelo menos um estágio em que todos os
movimentos veiculares autorizados (com direito de passagem) não são conflitantes com
a travessia em questão. Este tipo de travessia ocorre apenas em vias de mão única ou em
alguma etapa da travessia com pista dividida, onde a travessia “em carona” pode estar
junto à linha de retenção ou não (após ilha de canalização de conversão à direita).
b) Travessia protegida “não em carona”: não existe um estágio em que todos os
movimentos veiculares autorizados (com direito de passagem) não sejam conflitantes
com a travessia em questão.
A Figura 3.6a mostra uma interseção semaforizada de mão única com mão única, operada
com dois estágios.
Figura 3.6a – Interseção sem estágio de pedestres
Na Figura 3.6a, as travessias indicadas por TV e TM são travessias “em carona” junto à linha
de retenção. A travessia indicada por TA é uma travessia “em carona” afastada da linha de
retenção. As travessias “em carona” podem ou não estar sinalizadas com focos de pedestres.
Na cidade de São Paulo, normalmente, recomenda-se sinalizar com focos de pedestres a
travessia “em carona” afastada da linha de retenção (indicada por TA) e a travessia “em
carona” junto à linha de retenção (travessias indicadas por TV e TM) apenas quando a mesma
for muito larga.
A
B
TV
TD
TM TA
163
Observa-se que o direito de passagem (luz verde) das travessias “em carona” indicadas por
TV e TA, quando sinalizadas com focos de pedestres, é obtido por meio do vermelho do
movimento veicular da aproximação A, enquanto que o direito de passagem da travessia
indicada por TM é obtido durante o período de vermelho do movimento veicular da
aproximação B. Daí a origem da denominação “em carona” (“em carona” do tempo de
vermelho veicular). O movimento veicular cujo tempo de vermelho corresponde ao direito de
passagem da travessia é denominado aqui de “movimento veicular paralelo”.
A travessia indicada por TD é uma travessia “não em carona”. Em termos legais, na ausência
de grupos focais de pedestres que regulassem uma forma alternativa, os pedestres teriam
preferência diante dos movimentos de conversão e a travessia seria legalmente protegida. Esta
não é considerada, entretanto, uma visão prática. Por este motivo, a referida travessia pode ser
considerada como travessia concorrente, onde os pedestres devem atravessar usando-se de
brechas dos movimentos veiculares conflitantes (normalmente de movimentos veiculares de
conversão, sobre os quais teria preferência legal). Em geral, enquanto estiver andando o
movimento veicular da aproximação B, os pedestres de TD terão poucas oportunidades de
realizar a travessia. As maiores chances de travessia ocorrem no estágio da aproximação A,
aproveitando-se de brechas do movimento de conversão à esquerda da aproximação A.
As travessias diante do fluxo de B podem também ocorrer. Dependendo da interpretação dada
ao CTB, esta travessia poderia ser considerada irregular mesmo sem foco de pedestres. Em
termos práticos, secundária ou irregular, com ou sem foco de pedestres, as travessias em TD
teriam de utilizar brechas entre veículos. Seriam então consideradas travessias concorrentes.
Na cidade de São Paulo, as travessias permitidas e concorrentes não recebem sinalização de
focos de pedestres. Existem países que sinalizam a travessia TD com focos de pedestres,
dando a indicação verde para o pedestre durante o estágio da aproximação A, isto porque o
pedestre tem a preferência de passagem respeitada em relação ao movimento veicular de
conversão (isto é, a regra legal de preferência é respeitada pelos condutores). Nestes países,
estas travessias seriam consideradas travessias efetivamente protegidas nos estágios com
conversões e o movimento veicular correspondente seria tratado como permitido. Esta é a
regra implícita no HCM/2000, por exemplo.
164
A Figura 3.6b mostra uma interseção semaforizada, de duas vias de mão única, mas na
hipótese alternativa de estar sendo operada com estágio de pedestres.
Figura 3.6b – Interseção com estágio de pedestres
Na Figura 3.6b, as travessias indicadas por TV são travessias protegidas “em carona” junto à
linha de retenção. Essas travessias podem ou não ser sinalizadas com focos de pedestres (na
cidade de São Paulo, normalmente recebem sinalização de foco de pedestres apenas se a
travessia for muito larga). Essas travessias vão receber dois períodos de direito de passagem:
um período referente ao vermelho do movimento veicular transversal e um segundo período
relativo ao estágio de pedestres.
As travessias indicadas por TE na Figura 3.6b são travessias protegidas “não em carona”, por
estágio de pedestres, durante o qual os movimentos veiculares das aproximações A e B
recebem, ambos, de forma simultânea, a indicação vermelha do semáforo. Na cidade de São
Paulo, essas travessias geralmente recebem a sinalização de focos de pedestres (com exceção
de travessias muito curtas). O estágio de pedestres é configurado na interseção nos casos em
que os movimentos veiculares de conversão são muito fortes (assim como o volume de
pedestres), não oferecendo brechas suficientes para a travessia de pedestres. Havendo foco
específico, o movimento de pedestres não é autorizado nos demais estágios. Caso contrário,
pelo menos no estágio com conversões simultâneas com as travessias em TE, poder-se-ia
considerar como uma travessia concorrente. O mesmo se aplica às travessias irregulares.
Este último comentário é interessante porque oferece uma alternativa para analisar situações
onde o comportamento transgressor do pedestre é uma regra (infelizmente uma situação
A
B
TV
TE
165
bastante usual no Brasil), assumindo a forma associada às travessias permitidas. Este modelo
de análise pode ser utilizado para o vermelho de pedestres adiante. Além disso, na ausência de
focos de pedestres, pode-se entender que a travessia dos pedestres nas brechas dos fluxos
veiculares deve ser usada como modelo de análise, independentemente da regra de preferência
legal, aspecto que será discutido e considerado nas formulações selecionadas.
Com essa nomenclatura, uma mesma travessia pode ser protegida/efetivamente protegida num
período do ciclo e permitida/concorrente em outro, dependendo se há obediência à preferência
legal a que o pedestre teria direito.
Nas travessias concorrentes, os pedestres são autorizados com fluxo veicular conflitante
simultâneo. Se há fluxo veicular conflitante simultâneao, a travessia será efetivamente
protegida somente se o movimento de pedestres for legalmente preferencial e houver
observância à regra legal. Note que a classificação em travessia efetivamente protegida e
concorrente, ao final ignorou a regra legal de preferência, em função dos aspectos discutidos
anteriormente (dado que importa apenas o comportamento efetivo em termos de preferência).
Em um futuro próximo, espera-se que todas as travessias legalmente protegidas possam ser
consideradas efetivamente protegidas e as classes serão equivalentes. No momento atual, as
classes serão distinguidas e a distinção pode mesmo variar de uma a outra localidade,
considerando o comportamento efetivo dos usuários da via.
Em conclusão, a análise das oportunidades de conflito com pedestres em interseções
semaforizadas parte da classificação de cada travessia como protegida/efetivamente protegida
e permitida/concorrente. Um mesmo movimento de pedestres pode ter diversas formas de
operação durante o ciclo semafórico. Se os pedestres podem atravessar em mais de um
período, deve-se prever a proporção da demanda de pedestres chegando e, em função do
acúmulo de pedestres e das oportunidades de travessia, atravessando em cada periodo.
Períodos de Operação para Movimentos de Pedestres em Semáforos
A análise de períodos de operação de movimentos de pedestres pode-se dar em dois casos:
a) travessias sinalizadas com focos de pedestres; b) travessias não sinalizadas com focos de pedestres.
166
Na cidade de São Paulo, como já discutido, as travessias protegidas por estágio de pedestres
normalmente são dotadas de focos de pedestres e as travessias protegidas “em carona” podem
ou não ser sinalizadas com focos de pedestres.
O ciclo semafórico, para as travessias de pedestres protegidas, dotadas de sinalização com
focos de pedestres, é dividido nos seguintes períodos:
a) Período de verde de pedestres – Gped b) Período de vermelho intermitente de pedestres – Iint c) Período de vermelho de pedestres – Rped
O período de vermelho de pedestres Rped corresponde ao período de verde e de entreverdes
dos movimentos veiculares conflitantes. Os demais períodos são diretamente temporizados
pelo controle semafórico. Pode-se dividir o período Rped nos seguintes subperíodos:
a) Período de dissipação de fila do movimento veicular autorizado – Gq b) Restante do período de verde do movimento veicular autorizado – Gu c) Período de entreverdes do movimento veicular autorizado – Ic
A estimativa de Gq e Gu foi anteriormente discutida. Os períodos Iint e Ic correspondem ao
final e início do verde de pedestres, respectivamente, e correspondem a períodos também
diretamente temporizados pelo controle semafórico.
Para travessias de pedestres não dotadas de sinalização de focos de pedestres, pode-se pensar
nos seguintes períodos equivalentes:
a) Período correspondente ao verde de pedestres – Gpedinicial b) Período de final do direito de passagem do pedestre – Gpedfinal c) Período de vermelho de pedestres – Rped
fazendo
ped
pedpedfinal v
WG =
e
(3.42)
167
pedfinalapedinicial GIGG −+=
Neste caso, não existe o período Iint, mas o período de verde final tem papel similar ao do
entreverdes de pedestres (o intermitente) e o período de verde inicial tem papel similar ao
verde de pedestres. No entanto, existe uma diferença importante: falta a informação de que se
trata do período final do tempo para a travessia, exceto o caso de se conseguir visualizar o
foco veicular amarelo pelo pedestre.
Note que o período Ic corresponde ao estágio anterior (veicular) e deve ocorrer normalmente,
não havendo diferenciação entre seu aspecto para estágios protegidos ou permitidos
(novamente, apenas a visualização do foco veicular amarelo, agora para o fluxo transversal e
não paralelo à travessia, proporcionaria a informação sobre sua ocorrência).
A eventual possibilidade de ter tempos semafóricos inadequadamente dimensionados chama
atenção para o fato de que o tempo efetivamente requerido pode ser mais importante que o
intervalo temporizado, a menos do conteúdo de informação da indicação luminosa.
Portanto, para travessias permitidas/concorrentes, os períodos de operação não seriam
diretamente caracterizados pelo controlador semafórico mas podem ser caracterizados de
forma similar, como nas travessias protegidas sem focos de pedestres. Se houver focos de
pedestres nas travessias permitidas/concorrentes, então os tempos fixados pelo controlador
semafórico seriam adotados, novamente como nas travessias efetivamente protegidas.
Admite-se que as travessias permitidas/concorrentes não são dotadas de sinalização de focos
de pedestres, como é prática na cidade de São Paulo. Portanto, se a travessia é dotada de focos
de pedestres admite-se, então, que a travessia é efetivamente protegida45.
A caracterização dos períodos de operação para movimentos de pedestres em semáforos não
depende, portanto, de serem travessias efetivamente protegidas ou permitidas/concorrentes. A
existência ou não de foco de pedestre é o aspecto relevante, pelo menos em função do
conteúdo de informação correspondente à sua indicação luminosa.
45 Em São Paulo, as travessias de pedestres com fluxos veiculares autorizados simultaneamente não recebem sinalização de focos de pedestres.
(3.43)
168
Ocupância de Pedestres em Semáforos
Nas travessias de pedestres permitidas/concorrentes em interseções semaforizadas, a travessia
é realizada em brechas nos fluxos veiculares conflitantes46 que, à primeira vista, teria
características semelhantes àquelas de interseções não semaforizadas. Contudo, existe uma
diferença fundamental entre as duas situações.
Nas interseções não semaforizadas, foi admitida a hipótese de baixo volume de pedestres e de
veículos, de forma que não há acúmulo de pedestres e, portanto, os pedestres não atravessam
em grupo. Assim, a hipótese é a travessia pedestre a pedestre e, para cada pedestre, é estimada
a chance de exposição devido à chegada de um veículo conflitante no tempo da travessia.
Já nas interseções semaforizadas, este tipo de hipótese não é adequado mesmo que o volume
de pedestres e veículos seja baixo, pois há um tempo em que os pedestres se acumulam (o
vermelho dos pedestres ou, pelo menos, o escoamento do fluxo veicular prioritário em
pelotão). Após esse período de acumulação, os pedestres atravessam em grupo (aproveitando
brechas) e a travessia não pode ser mais considerada pedestre a pedestre. Numa mesma
brecha, podem atravessar vários pedestres.
Por causa deste fato, será utilizado aqui o conceito de “ocupância” empregado por ZHANG e
PREVEDOUROS (2003), que adota o modelo de “volume-ocupância” desenvolvido por
MILAZZO et alli (1998), por meio de modelos empíricos.
O tempo de exposição do pedestre é uma função da ocupância da zona de conflito pelo
pedestre. A ocupância de pedestre é definida como a fração do tempo que os pedestres
ocupam a zona de conflito, propondo-se também usar o modelo de MILLAZO et alli (1998):
>+
≤=
1000 se 4,010000/
1000 se 2000/
pedgpedg
pedgpedg
pedg QQ
QQOCC
com
46 No caso das travessias protegidas com fluxos veiculares secundários simultâneos, a preferência dos pedestres poderia levar a considerar que eles não têm de esperar por brechas para atravessar. Existiria conflito potencial de forma distinta das travessias efetivamente protegidas (na terminologia adotada anteriormente), mas sua natureza seria eventualmente diferente. Inicialmente, a discussão feita a seguir não distinguirá esta situação. No entanto, adiante serão feitas algumas ponderações sobre como considerar os pedestres preferenciais.
(3.44a)
169
ped
c
pedpedGG
TQQ .=
e
−=
ped
q
pedgpeduG
GOCCOCC 5,01.
(as expressões originalmente propostas por MILLAZO et alli, 1998, são também adotadas no
HCM/2000).
Naturalmente, é necessário confirmar a validade da expressão de MILAZZO et alli (1998)
para as interseções de São Paulo, uma vez que se trata de uma expressão empírica obtida com
base em cidades de outro país. No entanto, pelo menos atualmente não parece existir uma
alternativa de formulação disponível para aplicação.
Também seria necessário verificar a validade da aplicação das expressões empregadas por
ZHANG e PREVEDOUROS (2003) em contextos distintos do originalmente estudado, uma
vez que as mesmas foram desenvolvidas para conversões à esquerda com movimento oposto e
não para movimentos de conversão normais ou movimentos diretos, em frente.
Além disso, como na cidade de São Paulo as travessias permitidas/concorrentes não são
sinalizadas com focos de pedestres, o verde de pedestres Gp deve ser entendido como o tempo
de verde do movimento veicular de conversão que conflita com a travessia.
No caso dos estágios efetivamente protegidos, por serem ignoradas as transgressões
veiculares durante o seu período de verde, a ocupância não é relevante (dado que será adotada
a hipótese de que não haverá fluxo veicular, por serem ignoradas as transgressões veiculares
durante o seu período de verde). No entanto, a proporção dos pedestres que atravessa nos
estágios efetivamente protegidos (eventualmente todos) é um dado importante.
Travessias de Pedestres nos Períodos de Operação dos Semáforos
A determinação da duração dos períodos de operação semafóricos pode ser utilizada para
obter a proporção dos pedestres que chegam em cada período, com alguma hipótese
(3.44b)
(3.45)
170
suplementar sobre as chegadas de pedestres. A hipótese natural seria de uma taxa média de
chegadas de pedestres uniforme (com distribuição poissoniana, por exemplo) e a freqüência
esperada de chegadas em cada período semafórico seria pedCkpedk N.pN = com c
kCk T
Tp =
(obtida com base na duração prevista do período kT , na hipótese de pedpedk QQ = ).
No entanto, em diversas situações, com a informação sobre as chegadas de pedestres, deve-se
determinar a proporção dos pedestres Akp que atravessam em cada período. Esta é claramente
a situação na forma básica (implicitamente deve aparecer também na forma inversa).
Um exemplo previamente discutido é o da determinação do fluxo de pedestres no período de
verde. Admitindo que os pedestres que chegam no vermelho esperam para atravessar no
verde, o fluxo no período de verde seria ped
pedc
pedGG
QTQ
.= e o fluxo no vermelho seria
0=pedRQ (incluindo o período de entreverdes). Esta expressão foi previamente utilizada no
modelo de ocupância proposto por MILLAZO et alli (1998) e pode ser deduzida calculando o
total de pedestres que chega em um ciclo ( cpedpedC TQN .= ) e obtendo o fluxo médio
correspondente à sua travessia no verde de pedestres (ped
pedCpedG G
NQ = ).
Naturalmente, este caso representa uma situação particular e diferentes hipóteses de
comportamento ou de distinção de períodos acarretam expressões distintas. Eventualmente, o
período de verde dos pedestres pode ser dividido em subperíodos e as travessias
correspondentes podem ser calculadas com base em alguma hipótese suplementar. Além
disso, pode-se admitir que parte dos pedestres não espera para atravessar no verde.
Por exemplo, se for admitido que parte dos pedestres atravessam nas brechas existentes no
período de vermelho ( pedRN ) ou se forem distinguidos os pedestres que atravessam no
entreverdes ( pedIN ), a expressão correspondente ao fluxo de pedestres no verde (ou cada
subperíodo componente do verde) deve ser revisada de forma consistente e o fluxo médio no
171
período de verde seria dado por ped
pedIpedRpedc
pedGG
NNQ.TQ
−−= . Se um pelotão de pedestres
atravessa imediatamente no início e os demais pedestres atravessam ao chegar, após escoar o
pelotão, então p
pedRpedped
pedGpG
NQ.RQ
−= no pelotão (duração uup t.NG = ) e pedpedGn QQ =
fora do pelotão (no entreverdes haveria um fluxo residual I
NQ
pedI
pedI = ).47
Em certa medida, a diferença entre pedGOCC e peduOCC do modelo de MILLAZO et alli
(1998) é reminiscente da diferença das travessias geradas pelos fluxos de pedestres distintos
em pG e pn GGG −= , mas as formulações mais detalhadas podem ter uma caracterização
mais pormenorizada para buscar melhores resultados, merecendo investigação empírica.
Um conjunto de hipóteses preliminares para avaliar o comportamento dos pedestres na
travessia em interseções semaforizadas seria:
− nos períodos de verde dos estágios efetivamente protegidos os pedestres em espera
atravessam imediatamente e os demais pedestres atravessam ao chegar;
− nos períodos de verde dos estágios concorrentes, a probabilidade dos pedestres
atravessarem depende da probabilidade de ter uma brecha adequada até final do
período; caso contrário, os pedestres aguardam até o entreverdes;
− no período de entreverdes, pelo menos quando há focos de pedestres com indicação
intermitente ou quando pode ser visto o foco veicular, parte dos pedestres não
atravessa diante da iminência da mudança de estágio;
− no período de vermelho para os pedestres ou qualquer outro período em que há
travessias irregulares, as travessias também ocorrem nas brechas.
47 Cada conjunto de hipóteses comportamentais é traduzido numa expressão correspondente. Por exemplo, se as travessias ocorrem nas brechas entre veículos, apenas após a dissipação das filas (como ocorreria diante dos
fluxos veiculares principais diretos) poderia ser utilizado e então q
pedIpedRpedc
pedGuGG
NNQ.TQ
−
−−= (onde
qG é o tempo de dissipação de fila relevante). De forma geral, a análise deveria prosseguir estágio a estágio,
acumulando pedestres que chegam e liberando os que atravessam em cada subperíodo do estágio analisado.
172
Portanto, admitindo-se que a condição para os estágios efetivamente protegidos é simples e
imediata (todos atravessam sem riscos na travessia), deve-se analisar dois casos: a travessia
dos pedestres nas brechas de estágios concorrentes (ou com travessias irregulares) e a
travessia de pedestres no entreverdes com indicação intermitente ou visão do foco veicular.
Para as travessias nas brechas, as hipóteses adotadas são inspiradas no trabalho de GUO et alli
(2004), que analisa o efeito dos períodos de operação semafórica no atraso dos pedestres (com
atenção especial aos períodos com fluxo em pelotão). A hipótese básica adotada é a de que a
proporção dos pedestres que atravessam nas brechas entre veículos durante um período com
duração kT é igual à probabilidade do atraso dos pedestres nas travessias em brechas ser
maior que kT (admitem também que todos os pedestres residuais atravessam no entreverdes
seguinte, hipótese adicional que não será adotada a seguir).
Em GUO et alli (2004), a distribuição dos atrasos é tomada do trabalho de HAIGHT (1963),
que propõe uma expressão alternativa para a distribuição obtida em TANNER (1951). Como
estas expressões são muito complexas, como simplificação, propõe-se considerar que a
proporção de pedestres que atravessam nas brechas pode ser estimada pela probabilidade de
ter pelo menos uma brecha adequada no período disponível para travessia, avaliada por
( ) okm
otAk pp −−= 11
onde kcpck Tqm .= é o número esperado de brechas no fluxo oposto à travessia de pedestres no
período disponível para a travessia nas brechas kT (em geral o verde útil após a dissipação
das filas no fluxo oposto à travessia de pedestres) e otp é a probabilidade de um intervalo
entre veículos oferecer uma oportunidade adequada de travessia (correspondente a uma
brecha igual ou maior que o tempo de travessia zcT , e estimada por [ ] zccp Tq
zcot eTHPp.−
=≥=
no caso de chegadas poissonianas no fluxo oposto à travessia de pedestres).
Com esta hipótese, se pediN pedestres estão em espera no início do período kT e kped Tq .
pedestres chegam durante o período kT , a estimativa seria de que
( )kpedpediAkpedk TqNpN .. += pedestres atravessam nas brechas entre veículos e
(3.46)
173
( )( )kpedpediAkpedr TqNpN ..1 +−= ficarão em espera até o final do período (e considerarão a
travessia no entreverdes seguinte). Na verdade, ter-se-ia uma proporção Akp ciclos com
travessia de todos os pedestres (com 0=pedrN ) e a proporção complementar dos ciclos sem
travessia (com kpedpedipedr T.qNN += ), com ausência de brechas.
Dependendo do estágio semafórico considerado e da travessia de pedestres em análise, o
fluxo oposto à travessia de pedestres pode constituir-se de um movimento direto ou de
conversão. Considerando que o início do movimento veicular em pelotão qG pode ser
considerado inadequado para travessia, o período disponível para travessia seria o verde útil
posterior uk GT = (e o fluxo conflitante oposto à travessia seria o fluxo normal dos
movimentos concorrentes com o fluxo de pedestres). Quando algum dos estágios tem
condição de fluxo mais vantajosa para os pedestres (por exemplo, quando há um fluxo de
conversões reduzido), pode-se admitir que os pedestres esperam e atravessam apenas neste
estágio favorável. Pode-se também considerar que todos os períodos com brechas são
considerados pelos pedestres, ponderando o fluxo oposto à sua travessia.
Por fim, note que a formulação pode ser aplicada também às travessias irregulares no
vermelho de pedestres (quando há foco específico), se este comportamento for considerado.
Pedestres no Entreverdes com e sem Focos Específicos
Os focos de pedestres transmitem a informação de que o tempo residual, correspondente à
indicação intermitente, não é suficiente para iniciar e concluir a travessia.
De forma correspondente com a hipótese adotada por MAHALEL e PRASHKER (1987) para
o entreverdes veicular, pode-se admitir que 50% dos pedestres atravessam (os demais param)
para os que esperam ou chegam durante o período correspondente. Os pedestres que não
atravessam seriam, então, acumulados para atravessar nos estágios seguintes.
Na ausência de focos de pedestres, a informação não existe no período correspondente à
indicação intermitente e pode-se então admitir que todos os pedestres atravessam ou, quando
o foco veicular for visível aos pedestres, admitir, alternativamente, que o intervalo de amarelo
174
transmite informação similar e uma proporção dos pedestres que chegam ou esperam neste
período atravessam (50% ou uma proporção específica).
Uma hipótese mais consistente poderia admitir que o risco afeta os pedestres que chegam no
final do estágio (o tempo de verde final pedfinalG ) e a indecisão afeta os pedestres avisados da
mudança de estágio (de intI ou do aI do foco veicular visível).
De forma correspondente, com foco de pedestres, pode-se admitir que atravessam 50% dos
pedestres do intervalo intermitente, além dos pedestres de intpedfinal IG − (resultando em uma
situação equivalente se intI e aI são iguais a pedfinalG ).
Sem foco de pedestres, pode-se admitir que todos atravessam ou que 50% dos pedestres do
intervalo de amarelo visível e todos os pedestres do período final apedfinal IG − atravessam.
Estes pedestres de pedfinalG que atravessam ficam expostos no entreverdes (resultando em uma
situação intermediária).
Portanto, neste caso, o período relevante para a análise do entreverdes seria pedfinalG , havendo
ou não foco de pedestres. A existência de foco de pedestres daria uma informação adicional e
permitiria reduzir a parcela dos pedestres deste período que decidem não atravessar (passaria
de 50% de aI para 50% de intI ou um valor correspondente quando a porcentagem de
observância for diferente em cada intervalo).
Por simplificação, será considerado o tempo de entreverdes como referência, incorporando-se
apenas a exposição em pedfinalG quando não há foco para pedestres e o foco veicular
correspondente não é visível (a situação assumida como básica, sem foco para pedestres).
Note que ambas as formulações acarretam a existência de pedestres residuais na mudança de
um período a outro (a serem somados aos pedestres que chegam no período seguinte), pelo
efeito de indecisão diante da informação provida sobre a mudança de estágio.
175
Travessias Efetivamente Protegidas em Semáforos
Pode-se considerar dois casos: sem fluxo veicular concorrente ou com fluxo veicular
concorrente.
O primeiro caso, naturalmente, não gera oportunidades de conflito com pedestres. Existem
aqui duas situações: os fluxos conflitantes não operam na interseção (estão proibidos) ou não
operam no estágio (recebem vermelho quando os pedestres atravessam; mas podem ter
conflitos no entreverdes). Em ambas as situações, as oportunidades de conflito são
desprezadas pois as transgressões veiculares estão sendo ignoradas.
O segundo caso corresponde ao analisado por ZHANG e PREVEDOUROS (2003), no
contexto das conversões à esquerda com fluxo oposto, existindo outros casos não tratados.
Existe conflito entre pedestres e veículos no período de verde mas a preferência efetiva é dos
pedestres. As travessias protegidas sem observância da preferência dos pedestres e as
travessias permitidas, onde os pedestres atravessarem usando-se de brechas no fluxo veicular,
serão tratadas adiante como concorrentes.
Seguindo a estratégia de ZHANG e PREVEDOUROS (2003) mas introduzindo as alterações
discutidas no capítulo anterior, o modelo recomendado para oportunidades de conflito com
pedestres contra conversões com fluxo oposto é:
peducoco OCCQhpedestreCO ./)( =
e para oportunidades de conflito com pedestres contra movimentos não opostos.
Para oportunidades de conflito contra conversões sem fluxo oposto, o tratamento a ser
adotado, no caso de respeito à preferência do pedestre na travessia, depende de hipóteses
sobre o comportamento de pedestres e condutores. No caso de travessias efetivamente
protegidas, quando há preferência dos pedestres e ela é observada, consideradas neste item, há
travessias em todo o período de verde e a estimativa é
(3.47)
176
pedGcc OCCQhpedestreCO ./)( =
(que seria normalmente o caso diante de conversões à direita secundárias, pelo menos quando
há baixo fluxo de conversões e/ou grande fluxo de pedestres).
A proposição para movimentos não opostos é preliminar por não distinguir os diferentes
períodos de sua operação (dissipação da fila e fluxo normal), como nos outros contextos,
assumindo que a distinção entre as ocupâncias no verde e no verde útil traduz uma situação na
outra adequadamente. O fluxo de conversão pode distinguir o período de dissipação de filas
( SpQ cc .= , contra o pelotão inicial de pedestres) e de operação normal ( QpQ cc .= , contra o
pelotão de pedestres residual), com uma formulação mais detalhada.. O período de
entreverdes será distinguido e discutido adiante.
Vale assinalar que os modelos simplificados adotam a forma inversa e diferem de ZHANG e
PREVEDOUROS (2003), como justificada anteriormente, que adotam
( ) copedupedco P.OCC.QpedestreCO = , com base no fluxo de pedestre e distinguindo a
probabilidade de chegada veicular conflitante coP (por eles representada como pedcoq
co ePα.−
= ,
dado o fluxo de conversões permitidas com fluxo oposto coQ e a brecha necessária para
travessia dos pedestres pedα ). Nos casos sem fluxo oposto, o fator correspondente seria
equivalente à probabilidade de uma chegada no fluxo conflitante ( tqe
.1 −− , com a hipótese
poissoniana).
No caso de preferência dos pedestres, também pode-se, novamente, considerar apenas as
chegadas livres no fluxo veicular (incluindo [ ]FP , a probabilidade de chegadas sem fila), que
podem ser associadas às chegadas no verde útil uG dos veículos na operação semafórica ou
considerar uma formulação capaz de avaliar as filas de espera veiculares.
(3.48)
177
Travessias Permitidas/Concorrentes em Semáforo
Nesta situação, admite-se que os pedestres atravessam nas brechas entre veículos
concorrentes. Pode-se, novamente, considerar dois casos: diante de fluxos (de conversão)
reduzidos ou de fluxos (diretos) predominantes.
No primeiro caso, ao contrário do segundo caso, não é estritamente necessário distinguir as
condições de fluxo dos períodos de dissipação da fila (no qual normalmente não há brechas
para travessia) e dos períodos de operação normal (onde as brechas ocorrem).
Como não há uma formulação específica para a travessia de pedestres nas brechas do fluxo
veicular em semáforos, deve-se decidir entre aplicar uma formulação baseada nas hipóteses
adotadas para a interseção com sinalização de prioridade ou admitir a aplicação também neste
contexto do modelo volume-ocupância desenvolvido por MILLAZO et alli (1998) para
avaliar a interação entre o fluxo de pedestres (prioritário) e conversões permitidas (com fluxo
oposto veicular). A seguir, pode-se optar pela primeira ou pela segunda abordagem.
No caso de travessias diante de fluxos (diretos) principais, admite-se que não ocorrem
travessias durante o período de dissipação de filas, dado que o fluxo escoa em pelotão.
Esta suposição parece adequada para travessias junto às linhas de retenção (isto é, na entrada
de pistas com mão única de direção de tráfego) e aceitável para as demais travessias (isto é,
em pistas com mão dupla ou nas saídas das vias de mão única), quando os fluxos envolvidos
são preponderantes (ou predominantes). A situação é normalmente associada aos fluxos
diretos (em geral, os fluxos preponderantes) mas pode ser associada aos fluxos de conversão
quando sua participação é preponderante no tráfego de uma aproximação (em uma situação
em que nenhum fluxo é preponderante, a situação não ocorre para a aproximação
considerada).
Admite-se, então, que não ocorrem travessias no período de dissipação de fila da aproximação
e que as brechas relevantes ocorrem somente no período de fluxo normal (associado ao verde
útil). Embora a situação seja similar ao da travessia protegida com fluxo concorrente, agora os
178
pedestres não são preferenciais e esperam por brechas no fluxo oposto e seria criticável
utilizar as expressões anteriores para a ocupância no verde útil ( uOCC ).
Com as hipóteses anteriormente admitidas para interseções com sinalização de prioridade mas
considerando apenas os pedestres de um dado estágio, tem-se
( )( )pedpTq
EpedpedlAT
c
p eTqNPT
hpedestreCO−
−+= 1..3600
/)(
ou
( ) ( )( )ULoq
EpedpedlAT
c
p eTqNPT
hpedestreCOττ +−−+= 1..
3600/)(
com ( ) okm
otAT pp −−= 11 onde ucpck Gqm .= é o número esperado de brechas no fluxo oposto
à travessia de pedestres no período disponível para a travessia nas brechas uk GT = e
[ ] zccp Tq
zcot eTHPp.−
=≥= é a probabilidade de um intervalo entre veículos igual ou maior que
o tempo de travessia zcT onde ET é a duração do período de acumulação de pedestres do
estágio considerado (seria o verde G se os demais pedestres atravessam no estágio anterior,
ou o ciclo cT se o estágio considerado é o único que admite travessia).
Neste caso, o número de pedestres em espera no início do verde útil é qpedpedped GqNN .01 +=
(onde 0pedN , o número de pedestres em espera no início do verde, é obtido da análise do
entreverdes anterior). Portanto, admite-se, implicitamente, que todos os pedestres acumulados
nos períodos anteriores ( qG no caso de acúmulo em G , qGR + no caso de acúmulo em cT ,
incluindo o entreverdes anterior) também atravessam durante o período de fluxo normal (isto
é, apesar da duração reduzida uG , contam-se não apenas os pedestres que chegam no período,
mas todos os pedestres do ciclo que atravessam no período). A duração do período de
dissipação de fila qG e do período complementar de verde uG (com brechas) pode ser
calculado com as expressões anteriormente discutidas.
(3.49a)
(3.49b)
179
Se as travessias irregulares são consideradas, estaria neste caso a travessia contra fluxos
diretos (movimentos veiculares em frente) mesmo no período de vermelho.
No caso de travessias diante de fluxos (de conversão) reduzidos, admite-se que ocorrem
travessias durante todo o período referente ao estágio considerado.
Considerando que a probabilidade de atravessar diante do fluxo reduzido é maior, é admitido
que a situação com fluxo normal é representativa, tendo-se
( )( )pedc Tqp
EpedpedAT
c
p eTqNpT
hpedestreCO.
0 1..3600
/)( −−+=
onde cp é a proporção do fluxo (de conversão) reduzido e agora ATp é avaliado com
Gqm cpck .= (isto é, com GTk = ). Eventualmente, existe mais de um fluxo veicular
concorrente com a travessia de pedestres (conversões à direita de um sentido da via e
conversões à esquerda do sentido oposto da via). Nestes casos, a expressão deve somar os
fluxos (ou a probabilidade de chegadas conflitantes) de ambos os fluxos (aplicando-se, então,
a discussão feita anteriormente sobre oportunidades de conflito com ambos os fluxos).
Note que novamente seria possível tentar distinguir os dois períodos de fluxo (referentes à
dissipação de filas na aproximação, com SpQ co .= , e ao fluxo normal, com QpQ co .= ,
sendo cp a porcentagem de conversões) mas, neste caso, torna-se necessário determinar a
proporção dos pedestres que atravessam em cada período.
Vale reiterar que, embora normalmente os fluxos de conversão sejam reduzidos e os fluxos
diretos sejam predominantes, pode existir locais onde esta característica é invertida (os fluxos
diretos devem ser tratados como reduzidos e os fluxos de conversão como predominantes) ou
mesmo locais em que ambos os fluxos são reduzidos (por exemplo, na travessia do sentido
não dominante da via).
Em ambos os casos, valem considerações análogas às discutidas na travessia de pedestres sem
semáforo. Por exemplo, o tempo de exposição dos pedestres na travessia pode ser calculado
(3.50)
180
considerando a travessia integral (ped
zpedipedi v
WtT +== δ ), por zona de conflito
(ped
zczcped v
WtT == ) ou faixa (
ped
lxlped v
wtT == ), além dos demais aspectos relevantes.
Comparativamente, pode-se também formular as expressões correspondentes com base no
conceito de ocupância. Empregando novamente o modelo de MILLAZO et alli (1998), na
ausência de opções aplicáveis, a expressão para fluxos predominantes seria
pedudd OCCQhpedestreCO ./)( =
e para fluxos reduzidos seria
pedgcc OCCQhpedestreCO ./)( =
(mas a importância de validar estes modelos seria ainda maior neste contexto distinto).
Note-se que nestes casos de travessias em brechas, o enfoque adotado implica em ter uma
parcela dos pedestres que não atravessa ao final do período considerado e que deverá avaliar a
possibilidade de travessia no entreverdes, em conjunto com os pedestres que chegam no
entreverdes. Este número de pedestres residual é ( )( )EpedpedATpedr TQNpN ..1 0 +−= . Da
mesma forma, ao final do entreverdes, haverá um número de pedestres que não atravessa e
este será o novo valor inicial de 0pedN para os estágios seguintes. Portanto, o processo de
cálculo deve considerar os diversos estágios seqüencialmente e pode ensejar um processo
iterativo. Se há um estágio efetivamente protegido para os pedestres, este é um bom ponto de
início porque não existirão os pedestres residuais no final do seu verde, com as hipóteses
admitidas.
A formulação apresentada acima prevê o comportamento do pedestre ao longo ciclo e fornece
expressões sensíveis a diversas variáveis operacionais e de projeto. No entanto, não existe
validação adequada dos modelos apresentados e, por este motivo, estas formulação não serão
aplicadas nos estudos de campo.
(3.52)
(3.51)
181
Final de Verde de Pedestres em Travessias com Focos de Pedestres
No período de entreverdes para pedestres, o vermelho intermitente de pedestres Iint, as
oportunidades de conflito podem ocorrer quando há deficiência de vermelho intermitente, de
forma similar ao tratamento dado para o entreverdes veicular.
Essa deficiência é caracterizada quando o pedestre inicia a sua travessia ainda com a
indicação verde, mas não consegue concluir a travessia de forma normal (sem correr) antes do
início dos movimentos veiculares conflitantes. A deficiência do vermelho intermitente tdint é:
v
ped
ped
pedI
v
zI
v
wtd −∆−−−= intint
onde pedw é a extensão da travessia de pedestres até o ponto de conflito crítico (na pior
situação, tem-se pedped Ww = , incluindo toda a largura da via atravessada pelos pedestres) e
v
z ped é a defasagem de tempo entre o início do verde e a passagem pelo ponto de conflito para
o fluxo veicular que inicia a operação (ao percorrer a distância pedz até o ponto de conflito
com a travessia de pedestres, na pior hipótese igual ao afastamento da faixa de pedestres em
relação à linha de retenção veicular pedped Zz = ), sendo ∆ o retardo adicional para o caso de
fluxos veiculares que partem da posição parada (e não chegam em fluxo).
Para uma formulação estocástica, pelo método de de aproximação dos momentos, P[tdIint > 0]
pode ser calculado:
a) para a média, com o método de primeira ordem (FOM):
[ ] v
v
ped
int
ped
ped
int Iz
Iv
wtdE −−−−= ∆
µ
(3.54a)
(3.53)
182
b) para a média, com o método de primeira ordem e segundo momento (FOSM):
[ ]2
2
intint
.
v
vped
v
v
ped
ped
ped zI
zI
v
wtdE
µ
σ
µ+−∆−−−=
c) para a variância, com ambos os métodos (FOM e FOSM):
[ ] 2
2
2 v
v
ped
int
ztdVar σ
µ
=
permitindo avaliar
[ ]0>= intsInt tdPP
que pode ser obtida com a aproximação normal ou, admitindo como aproximação uma
distribuição logística, com uma forma analítica conveniente.
Com a hipótese, anteriormente discutida, de que 50% dos pedestres esperando travessia no
entreverdes atravessam, o total de oportunidades de conflito com pedestres é
[ ]050
>= int
c
intped
Ii tdP.T
IQ.,h/)pedestre(CO
ou
( ) [ ]0..5,0.3600
/)( intint >+= tdPIqNT
hpedestreCO pedpedr
c
Ii
Note que não é ponderada a probabilidade de que o pedestre atravesse ao chegar. Novamente,
faltaria representar a progressão do pedestre no entreverde, isto é, o instante t de chegada
dentro do entreverde, para determinar uma expressão melhorada para a oportunidade de
conflitos com pedestres no entreverde. No caso particular dos pedestres, o aspecto
comportamental é especialmente relevante e deveria ser considerada inclusive no que se
refere a transgressões realizadas durante o vermelho (além das realizadas no piscante).
(3.54b)
(3.54c)
(3.54d)
(3.55b)
(3.55a)
183
Final de Verde de Pedestres em Travessias sem Focos de Pedestres
Para travessias sem focos de pedestres, pode-se pensar numa deficiência análoga ao caso de
travessia com foco de pedestres, fazendo-se apenas Iint = 0 (na ausência de informação,
admite-se que o pedestre atravessa até o final do verde veicular paralelo).
No período final do direito de passagem de pedestres, o pedestre, ao chegar e encontrar os
veículos ainda parados na linha de retenção, pode querer iniciar a travessia, sem haver tempo
hábil para concluí-la de uma forma normal (sem a necessidade de correr), antes do início do
movimento veicular concorrente, estando, portanto, o pedestre exposto a risco de conflito.
Para avaliar o número de pedestres em condição de conflito, no entanto, é necessário fazer
considerações específicas. Admite-se que o período ped
pedpedfinal v
WG = pode ser utilizado
para este fim e a formulação estocástica deve ser modificada com esta nova suposição. De
resto, a análise é similar à apresentada anteriormente, incluindo as observações sobre a
deficiência tdIc do tempo de travessia no início do estágio (final do estágio anterior), que serão
feitas adiante.
A discussão se aplica tanto às travessias efetivamente protegidas quanto às travessias
concorrentes. No entanto, do ponto de vista de segurança, a situação é distinta porque o total
de pedestres acumulado no entreverdes é provavelmente distinto em cada situação.
Nas travessias concorrentes, seria necessário prever porcentagem dos pedestres que
atravessam nas brechas para obter o resíduo acumulado no início de entreverdes, tendo-se:
[ ]00 >= =I
c
pedfinalped
Ii tdP.T
G.Qh/)pedestre(CO
ou
( ) [ ]0..3600
/)( 0 >+= =Ipedfinalpedpedr
c
Ii tdPGqNT
hpedestreCO
(3.56b)
(3.56a)
184
onde pedrN é o número de pedestres (após as travessias nas brechas) no início do entreverdes
e [ ]00 >=ItdP é obtido como anteriormente, mas fazendo 0int =I .
Algumas considerações adicionais podem ser feitas ponderando a eventual visualização dos
grupos focais veiculares (a indicação de amarelo poderia ser tomada pelo pedestre em lugar
da indicação intermitente inexistente na ausência do foco de pedestre). Estas considerações
levam a uma fórmula generalizada que pode ser usada com ou sem foco de pedestres, como
( )[ ]0
.5,0./)( >
−= =aI
c
pedfinal
pedIi tdPT
IGQhpedestreCO
onde intII = corresponderia à duração da indicação piscante quando há foco específico de
pedestres, aII = corresponderia à indicação de amarelo veicular quando este é visível para o
pedestre e não há focos de pedestres (ao invés de I = 0, assumido quando falta a informação
sobre o entreverdes).
Nesta formulação generalizada, ficam potencialmente expostos os pedestres que chegam em
pedfinalG e a indicação do entreverdes faz com que parte destes decidam não atravessar e
evitem ficar efetivamente expostos. Há um aumento da segurança mas parte dos pedestres
sofrerá aumento de atraso (gerando o número de pedestres residuais já comentado
anteriormente).
Início de Verde de Pedestres
De forma similar ao comentário feito sobre o entreverdes veicular, existe a possibilidade de
exposição dos pedestres no início do estágio, que corresponderia ao entreverdes veicular do
estágio anterior. No caso dos pedestres, usualmente este é um risco mais grave que no caso
veicular porque as transgressões veiculares aumentam quando o movimento conflitante do
estágio seguinte é apenas um fluxo de pedestres (ou um estágio exclusivo de pedestres).
O período Ic, do final do estágio anterior às travessias, pode ser considerado pelos condutores
como um “prolongamento” do seu verde (e, em particular, do verde útil Gu, quando o
(3.57)
185
movimento tem fluxo oposto), onde falta punição às ofensas contra a preferência dos
pedestres.
No caso de travessias junto à linha de retenção, a exposição do pedestre decorreria apenas de
uma transgressão veicular (aspecto que não tem sido considerado nas formulações discutidas
até aqui).
No entanto, no caso de travessias afastadas da linha de retenção, pode haver uma deficiência
de Ic no sentido determinístico ou estocástico (de que o mesmo não é suficiente para garantir a
saída de todos os veículos da área da travessia de pedestres antes que o sinal de pedestre mude
para verde). Essa deficiência tdIc pode ser estimada como:
pedvc
ped
Ic IIv
Ztd ∆−−−=
onde:
Zped = distância da linha de retenção do movimento veicular concorrente ao final da travessia
∆ped = tempo de percurso do pedestres até o ponto de conflito veicular
Iv = intervalo de vermelho de segurança para o estágio de pedestres (isto é tempo entre o final
de Ic e o início de verde pedestre)
v = velocidade de aproximação do veículo conflitante
Pelo método de aproximação dos momentos, P[dIc > 0] pode ser calculado:
a) para a média, com o método de primeira ordem (FOM):
[ ] vpedc
v
ped
Ic IIZ
tdE −∆−−=µ
(3.58)
(3.59a)
186
b) para a média, com o método de primeira ordem e segundo momento (FOSM):
[ ]3
2.
v
vped
vpedc
v
ped
Ic
ZII
ZtdE
µ
σ
µ+−∆−−=
c) para a variância, com ambos os métodos (FOM e FOSM):
[ ] 2
v
2
2
v
ped
Ic
ZtdVar σ
µ
=
permitindo avaliar
[ ]
−∆−<=>
vpedc
ped
IcII
ZvPtdP 0
que pode ser obtida com a aproximação normal ou, admitindo como aproximação uma
distribuição logística, com uma forma analítica conveniente.
Note, entretanto, que as expressões anteriores não podem ser diretamente aplicadas para este
período porque a travessia estaria normalmente sendo usada pelos pedestres que chegaram no
estágio anterior (vermelho para os pedestres), a menos dos transgressores que tenham feito a
travessia antes do início do estágio de pedestres. A duração de tdIc não pode ser tomada como
duração do período relevante para a chegada dos pedestres em risco. Por este motivo, a
análise deveria ser melhorada até atingir uma fórmula mais adequada para aplicação.
Dentro do que foi discutido até aqui, o número de pedestres expostos às oportunidades de
conflito no início do verde seria a parcela do número de pedestres iniciais 0pedN que decide
atravessar. Exceto quando o pelotão de pedestres em espera fosse muito grande, normalmente
poder-se-ia assumir que todos iniciam a travessia imediatamente e, então, ficam expostos. Se
o pelotão em espera é muito grande, eventualmente apenas a primeira fila de pedestres ficaria
exposta (o que corresponderia a considerar expostos apenas os veículos do topo da fila em
(3.59b)
(3.59c)
(3.59d)
187
cada faixa de tráfego, na análise similar do início do verde veicular, eventualmente
ponderando a probabilidade da faixa estar vazia, que foi anteriormente estimada por [ ]FP ).
3.3 Proposição de Modelos de Oportunidades de Conflito
A seguir, as diferentes formulações a serem estudadas para os modelos de oportunidades de
conflito traseiras e angulares serão apresentadas e resumidas de forma conveniente.
Na seleção dos modelos a estudar, procurou-se sempre manter uma formulação tão próxima
quanto possível (dadas as opções gerais discutidas anteriormente) da proposta por KAUB
(2005) para permitir obter uma comparação entre as diversas alternativas propostas.
As formulações serão apresentadas para cada diferente contexto, incluindo:
- movimentos veiculares em interseções com sinalização de prioridade;
- movimentos de pedestres em interseções com sinalização de prioridade;
- movimentos veiculares em interseções com semáforos;
- movimentos de pedestres em interseções com semáforos.
A Tabela 3.2 adiante, resume as relações básicas extraídas da discussão precedente. Estas
relações também serão reiteradamente utilizadas na discussão a seguir, além de fórmulas
específicas que serão apresentadas em conjunto com os modelos propostos.
188
Tabela 3.2 – Resumo das expressões da Seção 3.1
Expressões gerais para os tempos de exposição Tempo de manobra – CO angular – Movimento principal em frente
ii tT = (3.2a) i
iv
LWt
+= (3.3a)
Tempo de manobra – CO angular – Movimento principal de conversão
ii tT = (3.2a) c
iv
Ldt
+= (3.3b) RGvc ..µ= (3.3c)
Tempo de manobra – CO angular – Movimento secundário em frente
ii tT += δ (3.2b) ( )a
LWti
+=
2 (3.3d)
Tempo de manobra – CO angular – Movimento secundário de conversão
ii tT += δ (3.2b) ( )a
Ldti
+=
2 (3.3e) Conversão próxima cRd .2
π= edc RRR ou = (3.3f)
Conversão afastada xRd c += .2
π (3.3g)
{ }outinc RRmínR ,= (3.3h) outin RRx −= (3.3i)
Moo
in
in
in WWN
WR ++=
2,
out
out
MiioutN
WWWR
2++= (3.3j)
Tempo de manobra – CO traseira – Veículo interferente móvel
fi tT = (3.4a)
gib
vvt c
f .+
−= Conversão (3.5a)
gib
vtt pf .+
+== δ Interferência (3.5c)
Tempo de manobra – CO traseira – Veículo em fila de espera – Interseção PARE
epi tT = (3.4b) p
tt e
rp = (3.6) α.).1(1 oq
eXp−−−= (3.7b)
58
)1()1(9003600 2 +
+−+−+=
p
peCT
XXXT
Ct (3.8a)
αα
−−
=q
et
q
e
1 Adams (3.8b)
∑
∑
=
=≅n
i
i
n
i
ii
q
qt
1
1α (3.9)
Tempo de manobra – CO traseira – Veículo em fila de espera – Interseção semaforizada
epi tT = (3.4b) p
tt e
rp = (3.6)
c
q
T
GRp
+= (3.10)
( )
−
−
=
c
e
c
e
c
T
GX
T
GT
d
,1min1
1..5,02
1
(3.11a)
+−+−=
p
pCT
kXXXTd
8)1()1(900 2
2 (3.11b)
189
Expressões auxiliares gerais Visibilidade: correção empírica
p
vp
svD
DDP
−= (3.12) )(2
2
igb
vvD p
++= δ (3.13a)
Visibilidade: distância de parada necessária
[ ]vpsv DDPP >=
[ ]( ) ( )igbigb
DE vv
vp+
++
+=22
22σµ
δµ (3.13c) [ ] 2
2
vv
pigb
DVar σµ
δ
++= (3.13d)
Visibilidade: tempo de reação necessário δR fixo
[ ]RAsv PP δδ >= ( )igb
v
v
Dv
A+
−=.2
δ (3.15a)
[ ]( ) ( )3
2..
2v
vvv
v
vA
D
igb
DE
µ
σµ
µδ +
+−= (3.15c) [ ]
( )2
2
2 2
1v
v
Aigb
DvVar σ
µδ
++= (3.15d)
Visibilidade: tempo de reação necessário δR variável
[ ]RAsv PP δδ >=
[ ]( ) ( ) δµ
µ
σµ
µδδ −+
+−=−
3
2.
..2v
vvv
v
v
RA
D
gib
DE
(3.17b)
[ ]( ) δδδ σσρσσ
µδδ ...2
..2
1,
22
2
2 vvv
v
RAgib
DvVar −+
++=− (3.17c)
Tempo de reação necessário para frenagem
]0[ >XP h
gib
vvX r −
+
−+=
.δ (3.18a)
[ ]( ) ( )
qgib
v
gib
vXE rv
h
rv 1
..−
+
−+=−
+
−+=
µδµ
µδ
(3.18b)
[ ] vhhv
2
h
2
v
2
..g.ib
1.2.
g.ib
1XVar ρσσσσ
+−+
+= (3.18c)
Distribuição normal [ ] [ ]zxXP Φ−=> 1 [ ]
[ ]XVar
XExz
−=
Distribuição logística
[ ] ( ) amxexXP
/1
11
−−+−=>
[ ]XVara
π
3=
[ ]XEm =
3.3.1 Movimento Veicular em Interseções com Sinalização de Prioridade
A seguir, são considerados dois contextos de operação veicular em interseções não
semaforizadas: movimentos principais (ou proritários) e movimentos secundários. Em cada
caso, são fornecidas as expressões para oportunidades de conflito angulares e traseiras. O
resumo das diferentes formulações a serem estudadas está antecipado na Tabela 3.3 e serão
apresentadas a seguir.
190
Tabela 3.3 – Oportunidades de Conflito em Interseções com Sinalização de Prioridade
Modelos de Previsão
Movimento prioritário em interseções não semaforizadas CO angular (0) ( ) pii
qTi
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( ., por manobra (3.60a)
CO angular (1) ( ) cii
qTi
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( . , (a) por posição; (b) agregado (3.60b) CO angular (2) ( ) [ ] [ ] ( )X1FP,tT,FP.e1.Qh/)angular(CO lii
q.Ti
ii −==−= −, por posição
(3.60c) CO traseira (0) 0 CO traseira (1) ( ) ∑=−= −
i pijij
j
qjTpj
j TQQ
TpjeprimáriaCOhtraseiraCO ..1
,1).(/)( . (3.61)
( )a
LW
v
LWTijeQhprimáriaCO
i
qikTij
ijk
++=
∑−=∑
− 2ou ,1/)(
CO traseira (2) ( ) ( )[ ]RT
Tfq
LT
TfqPePeQhtraseiraCO RTcTcLTcTc −− −+−= 11./)( (3.62)
Movimento secundário em interseções não semaforizadas CO angular (0) ( ) cii
qcTi
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( ., por manobra (3.63)
CO angular (1) ( ) cii
qcTi
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( ., por posição (3.63)
CO angular (2) ( ) cii
qcTi
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( .5,0, por posição (3.64)
CO traseira (0) ( ) eAie
qT
S tTeQhtraseiraCO e =−= − ,1./)( . (Adams), por manobra (3.65)
CO traseira (1) ( ) eii
qT
S tTeQhtraseiraCO e =−= − ,1./)( ., por posição (3.67a)
CO traseira (2) ( ) pttTepQhtraseiraCO eiepii
qcT
Se ==−= − ,1../)( .
, por posição (3.67b) CO traseira (3) ( ) pttTPepQhtraseiraCO eiepiisv
qT
Se ==−= − ,.1../)( .
, por posição (3.68a)
[ ] [ ]ARsvvpsv
p
vp
sv PPcDDPPbD
DDPa δδ >=>=
−= )(,)(,0,max)( (3.68b)
3.3.1.1 Movimentos Principais em Interseções com Sinalização de Prioridade
A discussão a seguir refere-se aos movimentos preferenciais de uma interseção com
sinalização de prioridade. Quando a via principal for de mão dupla, os movimentos veiculares
de conversão à esquerda da via principal para a via secundária serão considerados
movimentos secundários em relação ao fluxo da via principal de sentido oposto. Por outro
lado, esses movimentos serão considerados movimentos principais em relação aos
movimentos da via secundária. Serão, portanto, considerados nas duas situações.
191
Oportunidades de Conflito Angulares
Os métodos propostos para estimar oportunidades de conflito angulares na via principal são,
basicamente, similares àquele adotado pelo TRAF-Safe para oportunidades de conflito
angulares na via principal mas com a adoção de um tempo de exposição igual ao tempo de
passagem na interseção (a diferença básica em relação ao método proposto pelo TRAF-Safe,
que propõe o tempo para parar de forma segura como tempo de exposição).
Definem-se os pontos de conflito de cada movimento da via principal com os movimentos da
via secundária. Para cada movimento i da via principal, a medida de CO angular é dada por:
( ) pii
Tiqc
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( .
( ) cit
Tiqc
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( .
onde: qc = fluxo do(s) movimento(s) conflitantes em v/s
Ti = tempo de exposição, igual ao tempo seguro de parada ( )gib
vt i
pi .++= δ ou ao tempo de
passagem pela interseção i
civ
LWt
+= , segundo cada formulação.
A expressão (3.60a) representa a formulação do TRAF-Safe (aqui denominado como Método
0). O Método 0 é subdividido em duas variantes: Método 0a, calculado por conflito e por
faixa e o Método 0b, calculado por conflito e por movimento, sendo que, para ambas as
variantes, o tempo de exposição é igual ao tempo para parar de forma segura.
Mesmo nos Métodos 0a e 0b, o tempo de exposição dos movimentos de conversão à esquerda
da via principal (de mão dupla) para a via secundária é o tempo de manobra e não o tempo de
parada, por serem movimentos que param devido a conflitos com os fluxos da via principal de
sentido oposto (embora sejam preferenciais em relação aos movimentos da via secundária).
(3.60a)
(3.60b)
192
A expressão (3.60b) representa a formulação básica proposta (aqui denominado de Método 1),
onde o tempo de exposição é o tempo da manobra. O Método 1 é apresentado em 3 variantes:
Método 1a, calculado por conflito e por faixa; Método 1b, calculado por faixa, com agregação
dos movimentos conflitantes e Método 1c, calculado por faixa e agregado por posição na via
secundária.
O Método 1c é aplicável quando a via principal possuir canteiro central de forma que a
manobra de cruzamento dos movimentos da via secundária possa ser feita em duas etapas
(servindo o canteiro central como refúgio seguro para aguardar brecha para a travessia da
segunda etapa). Obviamente, quando a manobra for feita em uma única etapa (uma única
posição ou região de conflito), os Métodos 1b e 1c são equivalentes.
No caso de travessia em duas etapas, os Métodos 1b e 1c diferem apenas no modo de
agregação. Enquanto o Método 1b agrega todos os movimentos conflitantes, fazendo com que
a chegada simultânea de veículos conflitantes, cujos movimentos foram agregados no cálculo,
seja computada como uma única CO, o Método 1c agrega os movimentos conflitantes pela
sua posição na via secundária.
A estimativa dada pelos métodos apresentados contempla as oportunidades de conflito
angulares sofridas pelos veículos da via principal, o que poderia ser associado à invasão da
interseção por parte dos veículos da via secundária. A falta de conspicuidade da interseção ou
a deficiência de percepção de prioridade podem explicar tal fenômeno, especialmente para os
veículos que chegam em fluxo livre, isto é, sem fila (os demais teriam de incorporar-se à fila).
Portanto, adicionalmente, pode-se propor outro método, aqui denominado de Método 2,
considerarando-se que há CO angular na via principal apenas quando a chegada do veículo
conflitante da via secundária for livre (ausência de filas de espera).
( ) [ ]FPeQhangularCoTiqc
ii .1./)( .−−=
onde: qc = movimentos conflitantes em v/s
(3.60c)
193
Ti = tempo de exposição, igual ao tempo de passagem pela interseção i
civ
LWt
+= .
A probabilidade de chegadas livres pode ser obtida da probabilidade de não ter filas na via
secundária, como ( )sX1]F[P −= . Neste caso, a estimativa deveria considerar os fluxos de
cada aproximação secundária separadamente (para ter sX ), com todos os movimentos. Uma
expressão alternativa seria dada por
−++++=
−−
)!1(
).(...
2
).(.1.][
12.
N
TqTqTqeFP
N
cc
c
Tqc , com
iTT = ou itT = (o tempo de exposição ou o tempo de manobra, se forem distintos).
O Método 2 considera que apenas a chegada livre, sem fila, de um veículo conflitante propicia
a ocorrência de CO. Os demais métodos não consideram a questão de fila: há CO quando há
chegada de veículo conflitante, independentemente de haver filas. Por isso, o Método 2
fornece um valor numérico menor do que os outros métodos, pois pondera a probabilidade de
chegada livre (estimada por P[F] = 1 – X).
No caso de travessia em etapa única na via secundária, o Método 2 pode ser aplicado aos
métodos 1b ou 1c. No caso de travessia em duas etapas, o Método 2 só é aplicável para o caso
do Método 1c, agregado pela posição na via secundária.
A seguir, são relacionados os diversos métodos propostos.
194
Tabela 3.4 – Relação de métodos propostos para COs angulares de movimentos prioritários em inteseções com
sinalização de prioridade
Método 0a – TRAF-Safe, calculado por conflito e por faixa, com tempo de exposição igual ao tempo de parar de forma segura. Método 0b – TRAF-Safe, calculado por faixa e por ponto de conflito e com tempo de exposição igual ao tempo de parar de forma segura. Método 1a – calculado por conflito e por faixa, com tempo de exposição igual ao tempo de manobra. Método 1b – calculado por faixa e com agregação dos movimentos conflitantes, independentemente da posição de conflito, com tempo de exposição igual ao tempo de manobra. Método 1c – calculado por faixa e com agregação dos movimentos conflitantes, pela sua posição na via secundária, com tempo de exposição igual ao tempo de manobra. Método 2 – calculado por faixa e com agregação dos movimentos conflitantes, pela sua posição na via secundária, com tempo de exposição igual ao tempo de manobra, com um termo adicional que pondera a probabilidade de chegada livre.
Oportunidades de Conflito Traseiras
A primeira abordagem corresponde à suposição, discutida anteriormente, de oportunidades de
conflito nulas no TRAF-Safe (aqui denominado de Método 0).
A alternativa é considerar oportunidades de conflito secundárias e, nesta concepção, a
expressão que estimaria as COs traseiras dos movimentos para a faixa j da via principal é:
( ) ( )
( )a
LW.
v
LWT,eQh/)primária(CO
T.Q.Q
T,e.primáriaCOh/)undáriasec,traseira(CO
ij
i
qikTij
ij
i pijij
j
pj
qj.Tpj
j
k++
=
∑−=
=−=
∑
∑
−
−
2ou 1
11
O primeiro termo (CO primária) corresponde à probabilidade de o veículo da frente sofrer um
conflito com os veículos da via secundária (obrigando-o a realizar uma frenagem). O segundo
termo é a probabilidade de uma chegada conflitante na mesma faixa, durante o tempo de
frenagem no fluxo qj, considerando a soma dos fluxos conflitantes ao movimento i na faixa j.
O segundo termo utiliza o tempo de exposição médio Tpj dos movimentos i na faixa j,
admitindo que a frenagem é feita até a parada total do veículo, para simplificar a formulação
(o termo Tpij pode ser o tempo necessário para a frenagem de v para zero ou de vc para zero,
(3.61)
195
conforme se o veículo de trás for do movimento em frente ou do movimento de conversão,
respectivamente). Qij é o fluxo do movimento i na faixa j em v/h, qj é a soma dos fluxos da
faixa j em v/s enquanto que o termo Qj é a soma dos fluxos dos movimentos da faixa j em v/h.
As oportunidades de conflito primárias são avaliadas com a forma inversa (avaliando
interferências contra as chegadas do movimento i na faixa j), durante um tempo de exposição
Tij correspondente ao tempo de passagem de i, considerando todos os fluxos conflitantes k
capazes de gerar uma oportunidade de conflito primária (esta mesma estimativa poderia ser
obtida com a forma básica, para cada fluxo conflitante k).
A expressão (3.61) é aqui denominado de Método 1.
Um terceiro método (denominado de Método 2) é considerar que as COs traseiras são
decorrentes da redução de velocidade dos veículos que fazem conversões. A expressão seria:
−+
−=
−−
RT
Tfq
LT
TfqPePeQhtraseiraCO RTTccLTTcc .1.1/)(
~~~~
onde
−=
vv
qq cTcTc 1.~ . O fluxo Tcq é o fluxo direto (que não reduz velocidade).
Nesse método, considerou-se que o fluxo conflitante QTc é apenas o fluxo do movimento
direto, admitindo-se que os veículos que fazem conversões não representam risco de colisão
traseira com o veículo da frente, uma vez que eles próprios devem reduzir a sua velocidade
para efetuar a manobra de conversão, sendo a sua velocidade menor ou igual à velocidade do
veículo da frente.
Finalmente, tendo em vista que as COs traseiras podem ser geradas tanto por meio de
interferências como por causa das conversões (sendo os dois fenômenos eventos de natureza
distinta, que ocorrem de forma independente), pode-se constituir um quarto método (Método
3) como sendo a soma do Método 1 com o Método 2.
A seguir, são relacionados todos os métodos propostos.
(3.62)
196
Tabela 3.5 – Relação de métodos propostos para COs traseiras de movimentos prioritários em interseções com
sinalização de prioridade
Método 0 – TRAF-Safe: Conforme visto anteriormente, o TRAF-Safe considera que não há COs traseiras para os movimentos que não param. Método 1 – considerando que a CO traseira de movimentos prioritários são decorrentes de conflitos angulares (eventos primários), sendo a CO traseira um evento secundário, no sentido de que é decorrente de evento primário. Método 2 – considerando que as COs traseiras são decorrentes de redução de velocidade de veículos que fazem conversões. Método 3 – considerando que as COs traseiras são a soma dos Métodos 1 e 2.
3.3.1.2 Movimentos Secundários em Interseções com Sinalização de Prioridade
A discussão a seguir refere-se aos movimentos secundários de uma interseção com
sinalização de prioridade. Conforme comentado anteriormente, quando a via principal for de
mão dupla, os movimentos veiculares de conversão à esquerda da via principal para a via
secundária serão também considerados como movimentos secundários (em relação ao fluxo
da via principal de sentido oposto).
Oportunidade de Conflito Angular
A expressão utilizada pelo Método 0 (TRAF-Safe) é:
( ) cii
qcTi
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( .
calculada, conflito a conflito, com tempo de exposição igual ao tempo da manobra (na
proposta original do TRAF-Safe, o tempo de exposição é a brecha aceita).
Ainda utilizando-se da expressão (3.63) e agregando todos os movimentos conflitantes, tem-
se o Método 1a.
O Método 1b consiste em usar a mesma expressão (3.63), agregando os movimentos
conflitantes de acordo com a sua posição física.
(3.63)
197
Uma idéia alternativa para os conflitos angulares da via secundária (Método 2) é considerar
um limite inferior e superior para as brechas. Neste caso, a CO seria associada com a
probabilidade de cruzar em um intervalo na faixa (T ± τ), e não com a probabilidade de
ocorrer um intervalo na faixa (T ± τ), onde τ é uma tolerância para o limite inferior e superior.
Com a tolerância, a expressão (3.63) ficaria:
( ) ( )[ ] τττ qcTTqc ee 211 −−−+− −=−
Entretanto, esse procedimento deixa a expressão independente de T. Assumindo que τ seja uma função de T, por exemplo τ = 0,25 T
( )qcTi
ii eQhangularCO5,01/)( −−=
A seguir, são relacionados todos os métodos propostos.
Tabela 3.6 – Relação de métodos propostos para COs angulares de movimentos secundários em interseções com
sinalização de prioridade
Método 0 (TRAF-Safe), por ponto de conflito, sem agregar fluxos conflitantes e com tempo de exposição igual ao tempo de manobra. Método 1a, igual ao Método 0, agregando todos os movimentos conflitantes. Método 1b, igual ao Método 0, agregando os fluxos conflitantes por posição. Método 2, agregando os fluxos conflitantes por posição e considerando que há COs angulares apenas para intervalos Ti+τu e Ti-τl, τu = τl = 0,25Ti.
Oportunidades de Conflito Traseiras
A expresão utilizada pelo TRAF-Safe é:
( ) eAie
qT
S tTeQhtraseiraCO e =−= − ,1./)( .
αα
−−
=q
et
qc
eAi
1
(3.64)
(3.65)
198
onde teAi é a expressão de Adams. A brecha aceita α utilizada na proposta original do TRAF-
Safe para o cálculo do tempo de espera na expressão de Adams foi substituída pelo tempo de
manobra para sair da interseção. QS é o fluxo (em v/h) do movimento exposto e q (em v/s) é o
fluxo na faixa considerada. O cálculo é feito por ponto de conflito. Esse método será aqui
denominado de Método 0a.
Uma variante do método de TRAF-Safe, Método 0b será proposta utilizando-se a mesma
expressão (3.65), fazendo-se o cálculo por aproximação (agregando-se os fluxos dos três
movimentos da via secundária). Com essa agregação, o tempo de manobra α foi tomado como
uma média ponderada dos tempos de manobra dos 3 movimentos da via secundária:
∑
∑
=
=≅n
i
i
n
i
ii
q
qt
1
1α
Na realidade, não se conhece qual seria exatamente a proposta original do TRAF-Safe quando
se tem mais de um movimento na via secundária, uma vez que no exemplo numérico utilizado
na sua documentação só há um movimento na via secundária.
O Método 1 utiliza a mesma expressão (3.66), substituindo o tempo de espera da expressão de
Adams (tempo de espera no topo da fila) pelo tempo médio de espera na fila.
( ) ee
qT
S tTeQhtraseiraCO e =−= − ,1./)( .
O Método 2 considera apenas os veículos que param e o tempo de espera é o tempo médio por
veículo que pára. A expressão proposta é:
( ) pttTepQhtraseiraCO eiepii
qcT
Se ==−= − ,1../)( .
onde
αqeXp −−−= ).1(1
(3.67b)
(3.66)
(3.67a)
199
O Método 3 é equivalente ao Método 2, agregando um fator que leva em conta a restrição de
visibilidade. O Método 3a considera um fator empírico, o Método 3b considera um fator
probabilístico relacionando a distância de parada necessária Dp com a distância de visibilidade
disponível Dv (probabilidade de a distância de visibilidade necessária Dp ser maior do que a
distância de visibilidade disponível Dv), enquanto que o Método 3c considera um fator
probabilístico relancionando o tempo de percepção necessário δR e o tempo de reação
disponível δA (probabilidade de o tempo de reação requerida δR ser maior do que o tempo de
reação disponível δA).
A expressão é:
( ) pttTPepQhtraseiraCO eiepiisv
qT
Se ==−= − ,.1../)( .
[ ] [ ]ARsvvpsv
p
vp
sv PPcDDPPbD
DDPa δδ >=>=
−= )(,)(,0,max)(
A seguir, são relacionados todos os métodos propostos.
Tabela 3.7 – Relação de métodos propostos para COs traseiras de movimentos secundários em interseções com
sinalização de prioridade
Método 0a, (TRAF-Safe), por ponto de conflito, com tempo de exposição igual ao tempo médio de espera no topo da fila, dado pela expressão de Adams. Método 0b, (TRAF-Safe), por faixa, com tempo de exposição igual ao tempo médio de espera no topo da fila, dado pela expressão de Adams. Método 1, com agregação dos fluxos dos movimentos da via secundária e tempo de exposição igual ao tempo médio de espera. Método 2, com agregação de fluxos conflitantes e tempo médio de espera por veículo parado. Método 3a, considerando a restrição de visibilidade por meio de um termo de correção empírico. Método 3b, considerando a restrição de visibilidade com um termo probabilístico P[Dp>Dv]. Método 3c, considerando a restrição de visibilidade com um termo probabilístico P[δR>δA].
(3.68a)
(3.68b)
200
3.3.2 Movimento Veicular em Interseções Semaforizadas
A apresentação referente às interseções semaforizadas será feita admitindo as hipóteses de
que se trata de controle semafórico de tempo fixo, de interseção isolada (isto é, sem a
influência de outras interseções semaforizadas). Com exceção do período de dissipação dos
pelotões, admite-se distribuição de intervalos exponencial (e chegada de veículos com
distribuição de Poisson). O resumo das diferentes formulações a serem estudadas está
antecipado na Tabela 3.8 (a e b).
201
Tabela 3.8 – Oportunidades de Conflito em Interseções com Semáforos
a. Modelos de Previsão
Movimentos veiculares protegidos em Interseções Semaforizadas CO angular: Vermelho 0 Dissipação de fila 0 Restante do verde 0 CO traseira: Vermelho e Dissipação de Fila (1)
../)( pQhtraseiraCO = (3.69)
Vermelho e Dissipação de Fila (2)
( )
[ ] [ ]RAsvvpsv
p
vp
sv
c
q
sv
PPcDDPPbD
DDmáxPa
T
GRpPpQhtraseiraCO
δδ <=>=
−
=
+==
)(,)(,0;)(
,../)( (3.70)
Vermelho e Dissipação de Fila (3) ( )
( )
pt
tTbddtTa
T
GRpepQhtraseiraCO
eepeee
c
qTeq
S
==+==
+=−= −
)(;)(
,1../)(
21
.
(3.71)
Vermelho e Dissipação de Fila (4) ( ) ( )
[ ] [ ]RAsvvpsv
p
vp
sv
c
q
sv
Tq
S
PPcDDPPbD
DDmáxPa
T
GRpPepQhtraseiraCO e
δδ <=>=
−
=
+=−= −
)(,)(,0;)(
,.1../)( .
(3.72)
Restante do verde
−+
−= −−
RT
Tfq
LT
Tfq
c
u PePe.T
G.Qh/)traseira(CO RT
~
TcLT
~
Tc 11 (3.73)
Movimentos veiculares permitidos em Interseções Semaforizadas CO angular: Movimento de conversão à esquerda
( )Tq
LToeQhangularCO
−−= 1./)( (3.75)
Movimento de fluxo oposto ( )Tq
u
c
LTeGT
QhangularCO
−−= 1./)( (3.76)
CO traseira: Movimento de conversão à esquerda
( ) [ ]vp
qt
LT DDPeQhtraseiraCO e >×−= −1/)( (3.77)
Movimento de fluxo oposto ( )( )TpqTq
c
u
i ee.T
G.Qh/)traseira(CO LT −− −−= 11 (3.78)
Movimentos veiculares no Entreverdes (protegidos ou permitidos) em Interseções Semaforizadas CO angular:
[ ] [ ] [ ]( ) [ ]( )21 150
∆∆ >−+>= II
c
ai
iIi tdP.FPtdP.FP.T
I.,.Qh/)angular(CO (3.79b)
CO traseira:
[ ]050
>= Ia
c
aiiIi tdP.
T
I.,.Qh/)traseira(CO (3.79)
202
b. Expressões Auxiliares
Interseção semaforizada Tempo de exposição – CO traseira
( )
−
−
=
c
c
T
GX
T
GC
d
,1min1
15,0
2
1
, sG
qCX =
( )BAA4
T.Cd
2
2 ++= ,
( )1XA −= , T.C
X.4B =
Períodos de verde
qu GGG −= ou { }qfu G;GmáxGG −=
QS
RQG e
q−
=.
(3.19)
( )( )dcm
qc
qcdc
qcc
f PPs
PNG −−
−= 11
.
)1( , (3.20a)
m = sdc × Ge (3.20b) Deficiência de amarelo – CO traseira
( ) aIa Igib
vtd −
++=
..2δ (3.22)
[ ]( ) a
v
Ia Igib
tdE −+
+=..2
µδ (3.27a) [ ]
( )2
2
..2
1vIa
gibtdVar σ
+= (3.27b)
Deficiência de entreverdes – CO angular
( ) vaI Iv
LZI
gib
vtd −
++−
++=
..2δ (3.24)
( ) ( )
−++++=
−
−
)!1(...
21][
12
n
RqRqRqeFP
n
BBBBBB
qRB
(3.33)
[ ]( )
23..2 v
v
va
v
v
I
LZII
LZ
gibtdE σ
µµ
µδ
++−−
++
++=
(3.29b)
[ ]( )
( ) 2
2
2
.2
..2
1v
v
I
LZ
gibtdVar σ
µ
+−
+= (3.29c)
3.3.2.1 Movimentos Veiculares Protegidos
Os métodos propostos considerarão os seguintes períodos do ciclo:
a) período de vermelho b) período de dissipação de fila c) período de restante de verde d) período de entreverdes
A análise do período de entreverdes é similar para movimentos protegidos e permitidos e será
apresentada adiante, na Seção 3.3.2.3.
203
A seguir são tratados os demais períodos, para movimentos veiculares protegidos. Para
oportunidades de conflito traseiras, são agregados os períodos de vermelho e de dissipação de
fila e diferenciado o período restante de verde após a dissipação das filas.
Oportunidades de Conflito Angulares
Tendo em vista que os métodos não levam em consideração comportamentos transgressores,
considerar-se-á que, para movimentos protegidos, não há oportunidades de conflito angulares
nos períodos de vermelho, dissipação de fila e restante do verde Gu.
Aqui, deve-se observar que, eventuais COs angulares de movimentos protegidos contra
movimentos secundários (por exemplo, movimento de fluxo oposto a movimento de
conversão à esquerda) serão analisados no item correspondente a movimentos permitidos.
Oportunidades de Conflito Traseiras
a) Período de vermelho e de Dissipação da Fila
Durante o período de vermelho e dissipação de fila, o procedimento é semelhante ao caso de
conflito traseiro em via secundária. Serão apresentadas 4 abordagens distintas para estimar as
COs traseiras.
A primeira abordagem (Método 1) corresponde à proposta de HA e BERG (1995),
considerando que todos os veículos que param expõem-se às oportunidades de conflito
traseiras, tendo-se
pQhtraseiraCO ./)( =
(em HA e BERG, 1995, considera-se que todos menos um, entre os veículos que param em
cada ciclo, expõem-se às oportunidades de conflito traseiras, corrreção que está sendo
desprezada).
A segunda abordagem (Método 2) é baseada no método anterior, corrigido por um fator de
visibilidade Psv, tendo-se:
(3.69)
204
svPpQhtraseiraCO ../)( =
Esse método é apresentado em 3 variantes, de acordo com o termo Psv:
[ ] [ ]ARsvvpsv
p
vp
sv PPcDDPPbD
DDmáxPa δδ >=>=
−
= )(,)(,0;)(
A terceira aboradagem é apresentada em duas vertentes, Método 3a e Método 3b, e
corresponde mais proximamente ao conceito sugerido por Kaub para a interseção
semaforizada (embora não tenha sido claramente explicitado), adotando o tempo médio de
espera no semáforo como tempo de exposição e o número de veículos que param no semáforo
como os veículos expostos e a probabilidade de exposição à oportunidade de conflito traseira
é a chegada de veículo conflitante. O Método 3a adota como tempo de exposição o tempo
médio de espera, tendo-se:
( )( )
c
qTeq
ST
GRpepQhtraseiraCO
+=−= − ,1../)( .
onde eT é o tempo de exposição durante a espera. Na formulação original de KAUB (2005),
o autor observa que se pode adotar qualquer expressão para o tempo de espera, como as
fórmulas atuais do U.S.HCM (2000). A fórmula usual com dois termos 21ee ddtT +==
(atraso regular e sobre-atraso) será utilizada. Qs é o fluxo do movimento exposto (em v/h) e q
é o fluxo que chega na faixa considerada (em v/s).
O Método 3b adota como tempo de exposição o tempo médio de espera por veículo que pára:
pt
tT eepe == .
A quarta abordagem incorpora o efeito da visibilidade existente na fórmula baseada em
KAUB (2005), também com três variantes para a incorporação do efeito de visibilidade.
(3.71)
(3.70)
205
( ) sv
qTe
S PepQhtraseiraCO .1../)( −−=
[ ] [ ]ARsvvpsv
p
vp
sv PPcDDPPbD
DDmáxPa δδ >=>=
−
= )(,)(,0;)(
Considerando o fator de visibilidade, como o final de fila é móvel, deveria considerar-se Dv
como a distância de visibilidade até o ponto de fila máxima em condições normais de tráfego,
dado este que pode ser levantado em campo. No entanto, será considerada a visibilidade da
interseção.
A seguir, são relacionados todos os métodos propostos.
Tabela 3.9 – Relação de métodos propostos para COs traseiras de movimentos protegidos em interseções com
semáforo nos períodos de vermelho e dissipação de fila
Método 1 – Todos os veículos que chegam no período de vermelho e dissipação de fila Método 2 (a) – Fator de visibilidade empírico Método 2 (b) – Fator de visibilidade P[Dp>Dv] Método 2 (c) – Fator de visibilidade P[δR>δA] Método 3 (a) – Tempo médio de espera Método 3 (b) – Tempo médio de espera por veículo que pára Método 4 (a) – Fator de visibilidade empírico Método 4 (b) – Fator de visibilidade P[Dp>Dv] Método 4 (c) – Fator de visibilidade P[δR>δA]
b) Período do restante de verde Gu
Nesse período, Gu, a possibilidade de ocorrer conflitos traseiros é causada pela desaceleração
de veículos que querem fazer conversões.
O método proposto, Método 1, inspirado em Kaub, consideram-se as chegadas conflitantes no
tempo Tf de desaceleração do veículo da frente para fazer a conversão, de v para vc, onde vc é
a velocidade crítica de conversão, sendo:
(3.72)
206
qu GGG −= , gRvc µ= e igb
vvT c
f+
−+= δ
Como vc e Tf são diferentes para conversão à esquerda e para a conversão à direita, tem-se:
−+
−=
−−
RT
Tfq
LT
Tfq
c
u PePeT
GQhtraseiraCO RTTcLTTc
~~
11../)(
em que PLT e PRT são as proporções de conversão à esquerda e à direita, respectivamente TfLT e TfRT são o tempo necessário para reduzir a velocidade v para a velocidade de conversão à esquerda e à direita, respectivamente e
−=
vv
qq cTcTc 1
~
.
Tabela 3.10 – Método proposto para COs traseiras de movimentos protegidos em interseções com semáforo no
período de restante de verde Gu
Método 1 – Método inspirado em Kaub, considerando como tempo de exposição Tf e as proporções de conversão
3.3.2.2 Movimentos Veiculares Permitidos
Com exceção do período de verde útil, a situação é bastante similar à dos movimentos
veiculares protegidos, em todos os demais períodos. A seguir, apenas os aspectos peculiares
dos movimentos veiculares permitidos são apresentados.
Oportunidades de Conflito Angulares
A situação típica de movimentos veiculares permitidos em semáforos é aquela em que há a
conversão à esquerda com um fluxo oposto numa via de mão dupla. A conversão à esquerda e
o fluxo oposto recebem a luz verde do semáforo simultaneamente, sendo que o movimento
preferencial é o fluxo oposto.
Nos métodos a serem propostos, também não será considerado o comportamento transgressor.
(3.73)
207
a) Movimento de Conversão à Esquerda Permitida
Admite-se que as oportunidades de conflito angulares ocorrem somente no verde útil do fluxo
oposto. As oportunidades de conflito angulares do movimento de conversão à esquerda seriam
estimadas por:
( )Tq
LToe.Qh/)angular(CO
−−= 1
ou
( )T.,.q
LToe.Qh/)angular(CO
501 −−=
onde qo é o fluxo do movimento oposto em v/s. Estes métodos supõem que todos os veículos
do movimento permitido de conversão à esquerda passam no ciclo, considerando chegadas em
brechas menores que o tempo de manobra ou somente as brechas maiores que as brechas de
risco são aceitas.
Tabela 3.11 – Métodos propostos para COs angulares de movimentos de conversão à esquerda permitida
Método 1a – Método considerando chegadas em brechas menores que o tempo de manobra Método 1b – Método considerando que somente são aceitas brechas maiores que as brechas de risco
b) Movimento do Fluxo Oposto
Falta considerar os conflitos que ocorrem quando os veículos do movimento oposto executam
a manobra de cruzamento da interseção. A expressão é semelhante àquela para a via principal
de uma interseção não semaforizada, considerando apenas o período Gu onde o movimento
conflitante é o movimento de conversão à esquerda, isto é:
( )Toq
c
u LTe.T
G.Qh/)angular(CO
−−= 1
ou
( ) [ ]FP.e.T
G.Qh/)angular(CO
Toq
c
u LT−−= 1
(3.75b)
(3.75a)
(3.76b)
(3.76a)
208
onde [ ] ( )LTXFP −= 1 é a probabilidade de chegadas livres na conversão permitida. A
expressão (3.76b) é simplificada porque não distingue os diferentes períodos de operação da
conversão permitida (a rigor, as chegadas livres deveriam ser consideradas somente durante o
verde útil, tratando-se o entreverdes separadamente)48.
Tabela 3.12 – Métodos propostos para COs angulares do movimento de fluxo oposto diante do movimento de
conversão à esquerda permitida
Método 1a – Método não considerando o fator P[F] Método 1b – Método considerando o fator P[F]
Oportunidades de Conflito Traseiras
O conflito entre o movimento de conversão à esquerda com o seu movimento oposto é, pela
sua natureza, um conflito do tipo angular. Entretanto, um conflito angular pode ser um fator
gerador de um conflito traseiro. Nenhum dos dois estudos citados, HA e BERG (1995) e
ZHANG e PREVEDOUROS (2003), trata de conflitos traseiros gerados entre o movimento
de conversão à esquerda e o seu movimento oposto.
a) Movimento de Conversão à Esquerda Permitida
Durante o período de vermelho, os veículos da conversão à esquerda tem que ficar parados
aguardando a abertura do sinal.
Durante o período de dissipação de fila do movimento oposto, os veículos da conversão
continuam parados em fila (como se o sinal continuasse em vermelho), pois não há brechas no
tráfego do movimento oposto que permitam a realização da manobra de conversão.
Assim, estes dois períodos podem ser considerados como um período único e a estimativa de
oportunidades de conflito traseiras é feita da mesma forma que o período de vermelho de
movimentos protegidos.
48 Na aplicação prática tratada no Capítulo 4, a expressão (3.76b) não será utilizada devido a não obtenção do
valor de LTX pelo programa HCS+.
209
Durante o período de restante de verde do fluxo oposto, os veículos do movimento de
conversão devem se aproveitar de brechas no fluxo do movimento oposto para poder realizar
a travessia. Desse modo, o comportamento é igual ao encontrado em movimentos de uma via
secundária numa interseção não semaforizada, com controle “PARE”, onde o movimento
principal é o movimento do fluxo oposto. O método para estimar oportunidades de conflito
traseiras de movimentos de uma via secundária pode ser estendido e aplicado para a presente
situação.
( ) [ ]vp
qt
LT DDPeQhtraseiraCO Te >−= − .1/)(
No caso de faixa compartilhada, há ainda o risco de colisão traseira devido à desaceleração
(até a parada) do veículo que quer fazer a conversão à esquerda com o veículo de trás que
quer seguir em frente. Neste caso, o tempo de desaceleração é o tempo de parada pt e a
expressão de CO traseira fica:
( ) [ ] ( )( )LTTpTeqqt
LTvp
qt
LT eQDDPeQhtraseiraCO−−− −+>−=
.. 1..1/)(
onde Tq é o fluxo total da faixa em v/s.
Tabela 3.13 – Métodos propostos para COs traseiras do movimento de conversão à esquerda permitida
Método 1a – Método não considerando a parcela referente à desaceleração do veículo de conversão Método 1b – Método considerando a parcela referente à desaceleração do veículo de conversão
b) Movimento do Fluxo Oposto
O ciclo semafórico é dividido nos seguintes períodos:
a) Período de vermelho b) Período de dissipação de fila do movimento oposto c) Período do restante do verde do movimento oposto
(3.77a)
(3.77b)
210
Durante o período de vermelho, os veículos que chegam ficam em fila e o comportamento é
exatamente igual ao período de vermelho de movimentos protegidos, podendo estender o
método proposto para o presente caso.
Durante o período de dissipação de fila, o comportamento é igual ao período de dissipação de
fila de movimentos protegidos, podendo, também ser estendido o método para a presente
situação.
Há, no entanto, uma parcela adicional específica, durante o período de restante de verde Gu, o
comportamento é igual ao de um movimento numa via principal numa interseção não
semaforizada, com controle “PARE”, onde pode ser aplicado o correspondente método.
( )Tpq
j
c
u e.CO.T
G.Qh/)traseira(CO −−= 1
ou
( )( )TpqTq
c
u ee.T
G.Qh/)traseira(CO LT −− −−= 11
(que são formas alternativas para representar as oportunidades de conflito secundárias
geradas).
Tabela 3.14 – Método proposto para COs traseiras do movimento do fluxo oposto diante do movimento de
conversão à esquerda permitida
Método 1 – Método que considera a CO traseira como um evento secundário decorrente de uma CO primária
3.3.2.3 Entreverdes
A análise referente às oportunidades de conflito no entreverdes aplica-se de forma geral, tanto
aos movimentos protegidos quanto permitidos.
(3.78b)
(3.78a)
211
Oportunidades de Conflito Angulares
A expressão que estima as COs angulares no entreverdes é:
[ ] [ ] [ ]( ) [ ]( )21 .1...5,0
./)( ∆>−+∆>= II
c
aiiIi tdPFPtdPFP
T
IQhangularCO
onde e
e
v
Z=∆1 e
a
Z e22 +=∆ δ .
Eventualmente, [ ]2∆>dItP pode ser desprezado, reduzindo as expressões para
[ ] [ ]( )1...5,0
./)( ∆>+
= I
c
viaiiIi tdPFP
T
IIQhangularCO
ou
[ ] [ ]( )1...5,0
./)( ∆>= I
c
aiiIi tdPFP
T
IQhangularCO
Tabela 3.15 – Método proposto para COs angulares no entreverdes
Método 1 – Método que considera que 50% dos veículos que chegaram durante o amarelo prosseguiram, sofrendo risco de conflito angular
Oportunidades de Conflito Traseiras
Admite-se que a metade dos veículos que se encontram na zona de dilema e que decidiram
prosseguir sofre exposição de risco de colisão traseira com a outra metade dos veículos que
decidiram parar. Assim, as oportunidades de conflito traseiras numa hora podem ser
estimadas pelo número de veículos que decidiram prosseguir.
(3.79c)
(3.79)
(3.79d)
212
A expressão para estimar as COs traseiras no entreverdes é:
[ ]0..5,0
./)( >= Ia
c
aiiIi tdP
T
IQhtraseiraCO
Tabela 3.16 – Método proposto para COs traseiras no entreverdes
Método 1 – Método que considera que 50% dos veículos que chegaram durante o amarelo pararam, sofrendo risco de conflito traseiro 3.3.3 Movimento de Pedestres em Interseções com Sinalização de Prioridade
A seguir são considerados os movimentos de pedestres em interseções com sinalização de
prioridade (PARE ou DÊ PREFERÊNCIA). O resumo das diferentes formulações a serem
estudadas estão antecipadas na Tabela 3.17 (a e b) e serão apresentadas a seguir.
Tabela 3.17 – Oportunidades de Conflito com Pedestres em Interseções com Sinalização de Prioridade
a. Modelos de Previsão
Movimentos de pedestres em interseções não semaforizadas (preferenciais ou secundários) CO com pedestre (1a)
∑−=
−l
qlTi
ped eQhpedestreCO 1./)( (3.81)
CO com pedestre (1b)
∑−= ∑
−
c
qclTci
pedleQhpedestreCO
.
1./)( (3.82a)
CO com pedestre (1c) ( )
−= ∑ −
cl
qclTci
ped eQhpedestreCO.1./)( (3.82b)
Movimentos de pedestres preferenciais em interseções não semaforizadas CO com pedestre (2) pedc OCC.Qh/)pedestre(CO = (3.83)
CO com pedestre (3a) [ ] [ ] ( )XFPFPeQhpedestreCO l
qlTi
ped −=
∑−=
−
1,1./)( (3.84a)
CO com pedestre (3b)
[ ]FP.OCC.Qh/)pedestre(CO pedc= (3.84b)
Movimentos de pedestres secundários em interseções não semaforizadas CO com pedestre (4) ciiilu
ql
ped tTTeQhpedestreCO l
lu
===
∑−=
+−
,.25,0,1./)()(
ττττ (3.85)
(3.80)
213
b. Expressões Auxiliares
Interseções não semaforizadas
cii tT =
ped
cci
v
Wt =
pedgped OCCOCC =
>+
≤=
1000Q4,010000/Q
1000Q2000/QOCC
pedgpedg
pedgpedg
pedg se
se , pedpedg QQ =
No caso geral, se ti é o tempo integral de travessia de pedestre e ql é o fluxo do movimento l
(por fluxo e/ou faixa), considerando total a travessia do fluxo de pedestres pedQ tem-se:
∑−=
−l
qlTi
ped eQhpedestreCO 1./)(
considerando o tempo de exposição como o tempo total da travessia ped
pediiv
WtT +== δ .
Se tc é o tempo de travessia do pedestre na zona de conflito c (que pode ser levantado em
campo) e ql é o fluxo do movimento l (por fluxo e/ou faixa), conflitante com a zona de
conflito c, considerando a ocupação da travessia do fluxo de pedestres pedQ tem-se:
∑−= ∑
−
c
qclTci
pedleQhpedestreCO
.
1./)(
ou
( )
−= ∑ −
cl
qclTci
ped eQhpedestreCO.1./)(
considerando o tempo de ocupação de cada zona de conflito ped
c
zcv
WT = ou de cada faixa de
tráfego ped
lcl
v
wT = (com smv ped /2,1= e sped 1=δ ).
No caso de fluxos de pedestres preferenciais, outra alternativa pode adotar a forma inversa
correspondente, usando pedgped OCCOCC = calculado com pedpedg QQ = , tendo-se
(3.82a)
(3.82b)
(3.81)
214
pedc OCC.Qh/)pedestre(CO =
com
>+
≤=
1000Q4,010000/Q
1000Q2000/QOCC
pedgpedg
pedgpedg
pedg se
se
(aplicado à interseção com sinalização de prioridade).
Mantendo a forma básica, uma outra expressão para fluxos de pedestres preferenciais pode
considerar que somente veículos com chegadas em movimento geram oportunidades de
conflito, tendo-se então
[ ]FPeQhpedestreCO l
qlTi
ped .1./)(
∑−=
−
sendo a probabilidade de não ter fila ao chegar [ ]FP aproximada por ( )X−1 .
Note que a forma inversa seria
[ ]FP.OCC.Qh/)pedestre(CO pedc= .
Considerandos fluxos secundários, ou alternativamente assumindo que a preferência dos
pedestres nos movimentos de travessias não é respeitada (devendo ocorrer em brechas dos
fluxos veiculares), pode-se propor também que:
∑−=
+−l
lu ql
ped eQhpedestreCO)(
1./)(ττ
(3.84a)
(3.85)
(3.83)
(3.84b)
215
onde lu ,ττ são os limites de tolerância para os intervalos entre veículos nas brechas que
delimitam oportunidades de conflito relevantes, admitindo-se ilu T.25,0== ττ , com base no
tempo integral de travessia ped
pediv
WT += δ (por etapa de travessia).
Tabela 3.18 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com sinalização de prioridade
Método 1a – Método que considera travessia integral Método 1b – Método que considera exposição por zona de conflito Método 1c – Método que considera exposição por faixa Método 2 – Método que considera ocupância de travessia Método 3a – Método que considera travessia integral com chegadas livres Método 3b – Método que considera ocupância de travessia com chegadas livres Método 4 – Travessia integral em travessias e brechas de risco
3.3.4 Movimento de Pedestres em Interseções Semaforizadas
A seguir são considerados os movimentos de pedestres em interseções semaforizadas, em
travessias efetivamente protegidas e em travessias permitidas/concorrentes, incluindo o
entreverdes (em travessias com ou sem focos de pedestres).
O resumo das diferentes formulações a serem estudadas está antecipado na Tabela 3.19 (a e b)
e serão apresentadas a seguir.
216
Tabela 3.19 – Oportunidades de Conflito com Pedestre em Interseções com Semáforos
a. Modelos de Previsão
Movimentos de pedestres protegidos – CO de pedestres No verde do pedestre 0 No vermelho do pedestre Travessia concorrente Movimentos de pedestres concorrentes – CO de pedestres Movimento de conversão com fluxo oposto (1a)
0../)( Tq
peduped eOCCQhpedestreCO−= (3.86a)
Movimento de conversão com fluxo oposto (1b)
peduo OCCQh/)pedestre(CO ×= (3.86b)
Movimentos de conversão sem fluxo oposto (1a)
( )tq
pedgped eOCCQhpedestreCO −−= 1../)( (3.88a)
Movimento de conversão sem fluxo oposto (1b)
pedgc OCCQhpedestreCO ./)( = (3.88b)
Entreverdes de pedestres – CO de pedestres Final de verde, com Foco de Pedestres (Vermelho intermitente)
[ ]050
>= int
c
intped tdP
T
I.,.Qh/)pedestres(CO (3.92)
Final de verde, sem Foco de Pedestres [ ]00 >= =I
c
pedfinal
ped tdPT
G.Qh/)pedestres(CO (3.94)
b. Expressões Auxiliares
Interseção semaforizada Pedestres Deficiência de vermelho intermitente – CO de pedestres
v
v
int
ped
ped
int Iv
ZI
v
Ztd −−−−= ∆ (3.53)
[ ]2
2
intint
.
vped
vped
vv
vped
ped WI
v
ZI
ZtdE
µ
σ
µ−−∆−−−= (3.54b) [ ] 2
2
2 v
v
v
int
ZtdVar σ
µ
= (3.54c)
Deficiência de Ic – CO de pedestres
vpedc
ped
Ic IIv
Ztd −∆−−= (3.58)
[ ]2
2
v
vped
vpedc
v
ped
Ic
ZII
ZtdE
µ
σ
µ+−∆−−= (3.59b) [ ] 2
2
2 v
v
ped
Ic
ZtdVar σ
µ
= (3.59c)
Ocupância de pedestres
>+
≤=
1000 se 4,010000/
1000 se 2000/
pedgpedg
pedgpedg
pedgQQ
QQOCC (3.44a)
−=
ped
q
pedgpeduG
GOCCOCC 5,01 (3.45)
ped
c
pedpedGG
TQQ = (3.44b)
Novamente, os métodos apresentados para cada caso não consideram o comportamento
transgressor de condutores (invasão deliberada de vermelho).
217
Entretanto, o comportamento transgressor de pedestre em relação à indicação do foco de
pedestre pode ser considerado de duas formas:
� durante o período de vermelho de pedestre – tendo em vista o comportamento real do pedestre, verificado na cidade de São Paulo, de aproveitar eventuais brechas existentes no movimento veicular conflitante durante o período de vermelho; neste caso, a travessia será concorrente nesse período (e estimadas as oportunidades de conflito);
� durante o período de vermelho intermitente do pedestre – tendo em vista que a indicação de vermelho intermitente significa o aviso de que o direito de passagem do pedestre está por terminar e está por iniciar os movimentos veiculares conflitantes, os conflitos devidos a travessias iniciadas durante o período de vermelho intermitente serão considerados na metodologia proposta; de forma preliminar, admite-se que uma proporção fixa dos pedestres atravessa, uma vez que essas travessias não são realizadas em brechas do movimento veicular e configuram um comportamento de alto risco, bastante imprevisível, sendo portanto, de difícil modelagem.
O comentário sobre as trangressões do vermelho intermitente é aplicado também na ausência
de foco de pedestres, para o amarelo quando o foco veicular é visível.
3.3.4.1 Movimento de Pedestres Protegido, sem Fluxo Conflitante Simultâneo Existem três casos em que as travessias de pedestres são protegidas sem fluxo veicular
conflitante e como regra, em São Paulo, são todas dotadas de sinalização de focos de
pedestres:
� Travessias em carona junto à linha de retenção � Travessias em carona afastadas da linha de retenção � Travessias protegidas exclusivamente por estágio de pedestres
Os três casos podem ser tratados da mesma forma. O ciclo é dividido nos seguintes períodos:
� Período de verde de pedestres � Período de dissipação de fila do movimento veicular em frente � Período de restante de verde do movimento veicular em frente � Período de conversão nos demais estágios
No período de verde protegido de pedestres, ignorando-se as transgressões veiculares, não há
COs de pedestres. Os pedestres que atravessam no final do verde, e que potencialmente se
expõe a COs, serão tratados no período de entreverdes adiante.
218
No período de dissipação de fila do movimento veicular em frente não há COs de pedestres
pois não há brechas no tráfego. No período de restante de verde do movimento veicular em
frente e no período de conversão nos demais estágios, o comportamento é semelhante a
travessias não protegidas. O período de conversão nos demais estágios só existe nas travessias
protegidas exclusivamente por estágios de pedestres.
No entanto, os últimos três períodos fazem parte do tempo de vermelho de pedestres. Nestes
períodos ocorreriam apenas travessias irregulares em brechas entre veículos, que serão
tratadas como travessias concorrentes adiante.
3.3.4.2 Movimento de Pedestres com Fluxos Veiculares Concorrentes
Na situação, distinguem-se três casos de conflitos em travessias não protegidas ou com fluxo
conflitante simultâneo em interseções semaforizadas.
� COs com movimentos de conversão à esquerda que tem um movimento veicular oposto (conversão à esquerda em uma via de mão dupla);
� COs gerados por movimentos de conversão que não tem um movimento veicular oposto (por exemplo, conversões à direita ou conversões à esquerda em vias de mão única);
� COs gerados por movimentos veiculares diretos (travessias irregulares ou não).
A seguir serão apresentadas, além das expressões a serem testadas, as formas derivadas da
formulação preliminar com travessias em brechas, a título de comparação teórica apenas.
a) Conflitos com movimentos de conversão à esquerda que tem um movimento veicular oposto (conversão à esquerda em uma via de mão dupla)
Usa-se a formulação baseada em ZHANG e PREVEDOUROS (2003). O ciclo semafórico é
dividido nos seguintes períodos:
� R = vermelho para a conversão à esquerda – não há conflitos entre veículos da conversão à esquerda com pedestres
� Gq = dissipação da fila do fluxo oposto – também não há conflitos entre veículos da conversão à esquerda com pedestres, pois não há brechas para os veículos fazerem a manobra de conversão (o fluxo oposto serve como uma barreira de proteção ao pedestre).
� Gu = restante do verde, após a dissipação da fila do fluxo oposto, pode haver conflitos entre veículos da conversão à esquerda com pedestres
219
Com a forma originalmente proposta por ZHANG e PREVEDOUROS (2003), como todas as
conversões ocorrem no verde útil, tem-se:
0,../)( Tq
cocopeduped ePPOCCQhpedestreCO−==
onde T = tempo de manobra da conversão à esquerda qo = fluxo do movimento oposto em v/s
Com a forma revisada proposta, tem-se
peduc OCCQhpedestreCO ./)( =
Em ambos os casos, a ocupância é obtida com o modelo de MILAZZO et alli (1998).
A expressão baseada na travessia em brechas não será aplicada. A expressão deveria também
ponderar que parte dos pedestres é protegida pelo fluxo oposto (os que atravessam em qG ).
Desta forma, a expressão não será aplicada mas seria adaptada como:
( )( )iTq
pedpedAu
c
eGqNpT
hpedestreCO.
0 1..3600
/)( −−+=
onde ( ) ( ) qg mm
AqAgAu ppppp αα −−−=−= 11 , com iTqep
.−=α , sendo Gqmg .= o número
esperado de intervalos no verde (estima ( ) gm
Ag pp α−−= 11 ) e qq Gqm .= o número esperado
de intervalos com proteção do pedestre em qG (estima ( ) qm
Aq pp α−−= 11 , com α,q
a ep−= e
iT≅α , o tempo da travessia integral por etapa).
Tabela 3.20 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com sinalização semafórica –
movimentos concorrentes, conversões com fluxo oposto
Método 1a – Método de Zhang e Prevedouros Método 1b – Método que avalia risco do pedestre pela conversão
(3.86a)
(3.87)
(3.86b)
220
b) Conflitos gerados por movimentos de conversão que não tem um movimento veicular oposto (por exemplo, conversões à direita ou conversões à esquerda em vias de mão única)
Nesta situação, os pedestres não contam com a proteção de uma “barreira” representada por
um movimento oposto contra os veículos de conversão.
O ciclo semafórico é dividido nos seguintes períodos:
� R = vermelho para a conversão (à esquerda ou à direita) – não há conflitos entre veículos da conversão com pedestres (embora haja conflitos com o movimento veicular em frente)
� Gq = dissipação da fila do fluxo de conversão – também não há conflitos entre veículos da conversão com pedestres, supondo que não há brechas nesse período.
� Gu = restante do verde do movimento de conversão – após a dissipação da fila do fluxo de conversão, pode haver conflitos entre veículos da conversão com pedestres
Sendo o fluxo de conversão normalmente reduzido, agregam-se os períodos de verde. De
forma similar à expressão de ZHANG e PREVEDOUROS (2003), tem-se
( )q.Tz
pedgped e.OCC.Qh/)pedestre(CO −−= 1
onde a oportunidade de conflito caracteriza-se quando, durante a travessia do pedestre na zona
de conflito, chegar um veículo de conversão, sendo:
Tz = tempo de travessia da zona de conflito pelo pedestre em s q = fluxo do movimento de conversão em v/s
Com a forma revisada proposta, tem-se
pedgc OCCQhpedestreCO ./)( =
A expressão baseada na travessia em brechas também não será aplicada mas seria, neste caso,
imediata, tendo-se:
( )( )iTq
pedpedAg
c
eGqNpT
hpedestreCO.
0 1...3600
/)( −−+=
(3.88a)
(3.89)
(3.88b)
221
onde ( ) gm
Ag pp α−−= 11 sendo Gqmg .= o número esperado de intervalos no verde
(novamente com α,q
a ep−= e iT≅α , o tempo da travessia integral por etapa).
Tabela 3.21 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com sinalização semafórica –
movimentos concorrentes, conversões sem fluxo oposto
Método 1a – Método baseado em Zhang e Prevedouros, avaliado risco por pedestre Método 1b – Método que avalia risco do pedestre pela conversão
c) Conflitos gerados por movimentos veiculares em frente
O ciclo semafórico é dividido nos seguintes períodos:
� R = vermelho do movimento em frente – não há conflitos entre veículos do movimento em frente com pedestres (embora haja conflitos com o movimento de conversão, já visto anteriormente)
� Gq = dissipação da fila do movimento em frente – também não há conflitos entre veículos e pedestres, supondo que não há brechas nesse período.
� Gu = restante do verde do movimento em frente – após a dissipação da fila do fluxo do movimento em frente, pode haver conflitos entre veículos e pedestres
Como as travessias ocorreriam durante o período Gu apenas, tem-se:
( )tq
peduped eOCCQhpedestreCO −−= 1../)(
ou
peduc OCCQhpedestreCO ./)( =
onde, na forma derivada da orignal, o conflito se caracteriza quando durante a travessia do
pedestre na zona de conflito chegar um veículo do movimento em frente, sendo:
t = tempo de travessia da zona de conflito pelo pedestre em s q = fluxo do movimento em frente em v/s
(3.90a)
(3.90b)
222
Tabela 3.22 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com sinalização semafórica –
movimentos veiculares em frente
Método 1a – Método baseado em Zhang e Prevedouros, avaliado risco por pedestre Método 1b – Método que avalia risco do pedestre pela conversão
A expressão baseada na travessia em brechas não será, novamente, aplicada mas seria também
imediata, tendo-se:
( )( )iTq
upedpedAu
c
eGqNpT
hpedestreCO.
1 1...3600
/)( −−+=
onde ( ) um
Au pp α−−= 11 sendo uu Gqm .= o número esperado de intervalos no verde útil
(também com α,q
a ep−= e iT≅α , o tempo da travessia integral por etapa).
As expressões baseadas na travessia em brechas exigem a obtenção do número de pedestres
existentes em cada subperíodo ao longo nos sucessivos estágios ao longo do ciclo semafórico.
Embora a formulação preliminar anteriormente discutida proponha um modelo para sua
previsão, considera-se necessário uma maior validação antes de propor sua aplicação nos
modelos de estimativas de oportunidades de conflito.
3.3.4.3 Entreverdes
A análise para o entreverdes de pedestres só se aplica propriamente para travessias com foco
de pedestres mas admite-se uma forma simplificada similar para as travessias sem foco de
pedestres, existindo ou não visibilidade dos focos veiculares correspondentes.
a) Final do Verde – Travessias com Focos de Pedestres
Há duas situações em que pode haver oportunidades de conflito com pedestres: no final do
verde de pedestres e no início do verde de pedestres. A forma a seguir considera apenas o
potencial de oportunidades de conflito no final do verde (como para veículos).
(3.91)
223
Para as oportunidades de conflito, associadas à deficiência de vermelho intermitente, tem-se:
[ ]050
>= int
c
intped tdP
T
I.,.Qh/)pedestres(CO
A expressão (3.92) considera que no início do período de vermelho intermitente não há
pedestres acumulados e os pedestres expostos seriam apenas os que chegam durante esse
período e que decidem atavessar (estimados com a proporção fixa de 50%, como foi admitido
para veículos no amarelo).
Tabela 3.23 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com sinalização semafórica – período
de entreverdes, final de verde, com foco de pedestre
Método 1 – Método que considera deficiência de vermelho intermitente
Uma abordagem alternativa seria obtida com a formulação de travessias em brechas,
considerando que há acúmulo de pedestres no início do período de vermelho intermitente
(Npedr), o total de pedestres que chegam no período é qped × Iint e que atravessam apenas 50%
desse total atravessam no período considerado.
Com essas considerações, a expressão que estima as COs com pedestres nesse período seria:
( ) [ ]0503600
>+= intintpedpedr
c
tdP.I.qN.,.T
h/)pedestres(CO
As expressões baseadas em travessias em brechas não serão aplicadas mas pode-se ver como
suas hipóteses alterariam a estimativa de oportunidades de conflito com pedestres.
b) Final do Verde – Travessias sem Focos de Pedestres
Admite-se o mesmo tipo de formulação para este caso. Como não existe sinalização de focos
de pedestres, então adota-se Iint = 0 e, considerando-se que os pedestres expostos são os que
chegam no período de Gpedfinal, estima-se as oportunidades de conflito como
(3.92)
(3.93)
224
[ ]00 >= =I
c
pedfinal
ped tdPT
G.Qh/)pedestres(CO
ou
[ ]050
0 >−
= =I
c
apedfinal
ped tdPT
I.,G.Qh/)pedestres(CO
na hipótese de visualização dos focos veiculares paralelos à travessia de pedestres.
Tabela 3.24 – Métodos propostos para COs de pedestres em interseções com sinalização semafórica – período
de entreverdes, final de verde, sem foco de pedestre
Método 1 – Método que considera que não há visualização do foco amarelo veicular Método 2 – Método que há visualização do foco amarelo veicular
Na abordagem de travessia em brechas, teria de ser avaliada a situação na mudança de
estágio, sem informação aos pedestres (fazendo-se Iint = 0) ou com a informação da indicação
amarela dos focos veiculares paralelos, eventualmente supondo que somente 50% dos
pedestres envolvidos admitem atravessar no período de mudança de estágio.
Reitere-se também que o potencial de conflitos no início do verde não está sendo avaliado.
(3.94a)
(3.94b)
225
4. APLICAÇÃO DE CAMPO – METODOLOGIA E RESULTADOS
O objetivo deste capítulo é tentar, por meio de uma aplicação de campo, avaliar a
operacionalidade e fazer uma comparação dos diversos modelos propostos, verificando as
vantagens e desvantagens de cada um e, principalmente, a sua eficiência como medida de
segurança.
O Capítulo 2 apresentou a revisão de alguns modelos de oportunidades de conflito,
encontrados na literatura, considerados mais relevantes. Baseado na análise crítica dos
modelos revisados, bem como inspirado em conceitos e metodologias relativas a contextos
complementares, também vistos no Capítulo 2, foi feita a proposição de modelos alternativos
no Capítulo 3. Assim, vem a questão: dos diversos modelos, entre os revisados e os propostos,
qual é o mais recomendado para aplicações práticas? Parte-se da hipótese de que um modelo é
bom se consegue ser sensível às variáveis de operação específicas de cada local e refletir com
fidelidade o grau de segurança. Qual deles atende melhor a esses requisitos?
Para obter estas respostas, deve-se discutir, primeiramente, as formas alternativas possíveis
para a validação. Dessa forma, o capítulo inicia-se com a discussão sobre os métodos de
validação possíveis e sobre as vantagens e dificuldades envolvidas em cada opção,
considerando especificamente os objetivos deste estudo e o contexto da Cidade de São Paulo,
feita após uma breve descrição dos métodos de validação encontrados no estudo dos trabalhos
revisados.
Em virtude da impossibilidade de incluir no escopo do presente trabalho uma validação
propriamente dita devido a restrições de tempo, recursos materiais e humanos, preferiu-se
fazer uma aplicação piloto em duas interseções reais, descrevendo-se o método e o escopo da
aplicação, a seleção das interseções objeto do estudo, os meios empregados para a obtenção
dos dados de campo, tabulação e análise dos resultados. A análise baseou-se na comparação
qualitativa dos diagnósticos sobre segurança preparados por especialistas da CET/Sp com os
226
resultados das estimativas de oportunidades de conflito obtidos, procurando-se concordâncias
e discordâncias com cada modelo alternativo proposto.
Em função do esforço do trabalho de campo que foi possível realizar, considera-se que seus
resultados são bastante preliminares. Portanto, os resultados obtidos dos estudos de caso
realizados são meramente indicativos e serviram melhor para demonstrar a operacionalidade
dos métodos propostos.
Ao final, resumem-se as conclusões possíveis sobre os modelos mais adequados e a validade
geral da análise de segurança viária com base em estimativas de conflitos de tráfego, na forma
estudada, e analisam-se eventuais limitações na interpretação dos resultados em virtude de
restrições e da amplitude do trabalho de campo realizado.
4.1 MÉTODOS DE VALIDAÇÃO EM TRABALHOS ANTERIORES
A partir dos trabalhos previamente discutidos no Capítulo 2, buscou-se analisar a questão
específicamente relacionada com a metodologia de validação empregada. Além dos estudos
sobre o TRAF-Safe, motivação original deste trabalho, foram analisados os procedimentos de
validação realizados nos demais trabalhos anteriormente revistos e, face à necessidade de
incluir novos métodos, foram pesquisados os procedimentos adotados em PLASS e BERG
(1987) e em VASCONCELOS (2004).
Embora não seja um aspecto exaustivamente analisado, foi possível examinar algumas opções
metodológicas e fazer uma breve avaliação das suas potencialidades.
4.1.1 A Validação do TRAF-Safe
Como mencionado no Capítulo 1, os estudos sobre o TRAF-Safe mencionam que os
resultados obtidos com a aplicação do seu procedimento permitem obter uma precisão
bastante maior na previsão da frequência de acidentes em interseções com sinalização de
prioridade e com sinalização semafórica, em comparação com os obtidos com a aplicação dos
227
modelos estatísticos de regressão associados às recomendações do U.S.FHWA. Os estudos
envolveram 100 interseções semaforizadas e 65 interseções com sinalização de prioridade.
Não há uma descrição detalhada do estudo de validação, apresentando-se apenas as
ilustrações reproduzidas no Capítulo 1, além de alguns resultados gerais da comparação entre
os procedimentos de previsão. A aplicação dos modelos estatísticos de regressão é, em
princípio, imediata e o método de expansão usado pelo TRAF-Safe para ir das COs em
períodos de pico para COs anuais e, então, para acidentes anuais, foi descrito no Capítulo 2.
O procedimento do TRAF-Safe baseia-se, principalmente, na existência de uma boa base de
dados sobre acidentes, particularmente em interseções. Exige ainda a determinação da razão
entre a freqüência de acidentes e oportunidades de conflitos. Por exemplo, 1 acidente angular
por ano para 1.193.756 COs angulares por ano. A relação entre COs anuais e acidentes é
também ajustada por uma família de regressões para cada tipo de interseção, obtendo taxas de
CO/Acidente. A descrição do procedimento é um tanto ambígua em diversos pontos e a
necessidade de calibração das razões para cada local é mencionada. Exige também a
determinação de fatores de expansão das estimativas horárias de oportunidades de conflito em
totais anuais.
4.1.2 Outros Estudos
Como mencionado no Capítulo 2, PLASS e BERG (1987) fizeram uma validação preliminar
dos modelos originalmente propostos em COUNCIL et alli (1983), que não apresentaram
uma validação das suas proposições.
O procedimento de PLASS e BERG (1987) é bastante simples e consiste na comparação da
hierarquização de locais com critérios baseados em acidentes ou em oportunidades de
conflitos (calculadas com diferentes níveis de agregação nos dados de fluxo de tráfego). No
caso de PLASS e BERG (1987), os dados de acidentes foram utilizados para calcular índices
por veículo e por oportunidade de conflito e a ordenação da periculosidade dos locais foi
comparada (mostrando resultados distintos).
Pode-se criticar o estudo de PLASS e BERG (1987) pela forma de comparação mas a
simplicidade do procedimento é clara. Além dos dados de oportunidades de conflito, seriam
228
necessários apenas totais de acidentes (a classificação por gravidade e por tipo, se disponível,
também seria interessante). Outros critérios de hierarquização poderiam, naturalmente, ser
adotados e o melhor critério teria de ser estabelecido. No entanto, não seria necessário prever
a freqüência de acidentes (ou ter um modelo para a razão entre acidentes e COs). O estudo
também analisou a eventual variação nos resultados decorrente de utilizar dados de tráfego
com diferentes níveis de agregação e concluiu que os resultados podem ser alterados.
Os outros estudos sobre oportunidades de conflitos não fizeram validações mas apenas
mostraram a aplicação dos resultados.
HA e BERG (1995) não apresentam um trabalho de validação dos modelos de oportunidades
de conflito, mostrando apenas uma análise da sensibilidade do modelo usando dados
hipotéticos, além do desenvolvimento de um critério de nível de serviço (LOS – Level of
Service) para segurança viária (ou de tráfego).
ZHANG e PREVEDOUROS (2003) também não apresentam uma validação do modelo, mas
apresentam um estudo de duas interseções hipotéticas (como estudos de caso).
Algumas alternativas adicionais de validação decorrem da extensão do método originalmente
utilizado no estudo de VASCONCELOS (2004). Embora não trate de modelos de previsão da
freqüência de oportunidades de conflito, o trabalho mencionado examinou medidas empíricas
de oportunidades de conflito envolvendo pedestres, segundo diferentes conceitos, e comparou
as medidas alternativas com uma medida de segurança de travessia, que pode ser considerada
como uma freqüência de conflitos de tráfego, identificados através de uma filmagem do local
estudado. Além de chamar atenção para a possibilidade de uma validação contra dados de
conflito de tráfego, a utilização de medidas empíricas de oportunidades de conflito pode
também servir para validação do modelo de previsão. Como destaca a autora, este tipo de
validação pode ser mais detalhada (ciclo a ciclo, período a período), embora seja trabalhosa.
Uma possibilidade bastante interessante é a perspectiva de se usar meios tecnológicos
modernos para a obtenção de dados empíricos relevantes. O PET (“postencroachment time”),
investigado no trabalho de SONGCHITRUKSA, TARKO (2006), revisado no Capítulo 2,
mostra-se potencialmente promissor para investigações em pesquisas de campo, pois é um
parâmetro empírico de fácil obtenção se houver a disponibilidade de recursos tecnológicos
229
adequados. No trabalho revisado, foi utilizado um laboratório móvel equipado com mastro
pneumático de quase 13 m de altura onde ficam fixadas duas câmeras. As interseções podem
ser filmadas de ângulos adequados por longos períodos de tempo. A área de conflito da
interseção é dividida em “spot conflict zones” e o vídeo pode ser analisado quadro a quadro.
Com base nesse trabalho, vislumbra-se a perspectiva de, com o uso de modernos recursos
tecnológicos de detecção por vídeo e com software adequados, fazer-se a medição automática
dos PETs por longos períodos de tempo e em um número significativo de interseções. Usando
o mesmo princípio do PET, talvez seja possível, além de medir o tempo, usando recursos de
vídeo detecção para dividir a zona de conflito em várias “mini-zonas virtuais”, medir a
distância relativa entre os veículos que se encontram na mesma “mini-zona”. Ou então,
veículos que se encontram dentro da mesma “mini-zona” num determinado instante poderia
ser considerado como um risco. Isso permitiria estender a idéia para estimar riscos de colisão
traseira, uma vez que a câmera está numa altura suficiente para alcançar além da fila de
veículos e toda a aproximação poderia ser dividida em pequenas áreas virtuais. Se essas
medidas de tempo ou de espaço representarem com fidelidade o risco de acidentes, então os
modelos de oportunidades de conflito de tráfego poderiam ser validados contra esses dados
empíricos, a serem obtidos numa escala que o resultado da validação seja estatisticamente
significativo. Por meio desse processo de validação, pode-se selecionar modelos, não de
previsão de acidentes, mas que fornecem estimativas que representam com maior fidelidade o
grau de risco de uma interseção.
4.1.3 Comparação de Opções para Validação
A validação de um modelo de oportunidades de conflito pode ser realizada, pelo menos, de 5
modos possíveis:
a) validação com histórico de acidentes de trânsito, através da comparação das previsões ou da hierarquização de locais críticos decorrente;
b) validação por meio de medição direta em campo das próprias oportunidades de conflito segundo o conceito usado no modelo;
c) validação com conflitos de tráfego observados em campo, através da comparação dos diagnósticos decorrentes;
d) validação contra medidas de PETs (“postencroachment time”); e) validação das hipóteses assumidas pelos modelos de previsão das oportunidades de
conflito;
230
f) validação por meio da comparação dos diagnósticos qualitativos sobre a segurança viária.
A validação do modelo com dados de acidentes seria o meio mais natural. Mas essa
validação, no caso de São Paulo, é difícil devido à falta ou pouca confiabilidade dos dados de
acidentes.
Além disso, em um meio urbano que se modifica diariamente, como é o caso de São Paulo, as
condições que propiciaram a ocorrência dos acidentes podem não estar mais presentes ou,
vice-versa, podem surgir outras condições que favorecem a ocorrência de conflitos e
acidentes que não tem nenhuma relação com o histórico de acidentes registrado.
Também o ideal é que a validação fosse por tipo de acidente (com a mesma correspondência
com o tipo de oportunidade de conflito: angular, traseiro, etc.). Nas condições de São Paulo
(falta de dados confiáveis e da tipologia de acidentes e do ritmo de mudanças que a cidade
sofre), uma ampla validação com acidentes é bastante difícil.
Por outro lado, validar o modelo de oportunidade de conflito com a própria oportunidade de
conflito a ser observada em campo, além das dificuldades de levantamento de dados, não
constitui um bom parâmetro de comparação entre os diferentes modelos, uma vez que existem
modelos que simplesmente estimam os fluxos conflitantes ou a chegada deles. Para esses
casos, a comparação entre o dado teórico e o levantado em campo vai ser bastante próxima,
não significando, obrigatoriamente, que um modelo é efetivamente mais eficiente que outro
como medida do nível de segurança. Contudo, a dificuldade maior reside na complexidade
operacional na pesquisa de medidas empíricas de oportunidades de conflito. Existe a
necessidade de interpretação dos eventos para considerá-los ou não como uma oportunidade
de conflito. Para tanto, é necessário definir de forma objetiva a ocorrência ou evento que
define a oportunidade de conflito.
VASCONCELOS (2004) realizou um estudo envolvendo medidas empíricas de
oportunidades de conflito com pedestres, testando diversos conceitos de oportunidade de
conflito, onde cada conceito reflete uma situação específica (por exemplo, a situação de
pedestre esperando para atravessar a via e existência de veículo se deslocando; ou pedestre
231
atravessando em curso normal na frente de um veículo ou ainda, pedestre e veículo se
interagindo ou reagindo um ao outro).
Um grau intermediário em relação ao uso dos dados de acidentes e das medidas empíricas de
oportunidades de conflito é a opção de validação com dados de conflitos de tráfego
efetivamente observados em campo. Isto traz a necessidade de coletar mais dados (as
freqüências de conflitos de tráfego) mas pode adicionar informações importantes sobre a
validade dos dados sobre oportunidades de conflitos, dado que o diagnóstico com base em
conflitos de tráfego é mais aceito. Além de permitir a análise agregada, seria possível fazer
uma validação mais detalhada (ciclo a ciclo ou período a período). Neste caso, o uso de
medidas mais facilmente obtidas de filmagem, como o PET (“postencroachment time”),
permitiria automatizar o procedimento mas exigiria o desenvolvimento de recursos para
processamento automático de dados não disponíveis atualmente.
Uma outra forma de validação dos modelos de previsão de oportunidades de conflito de
tráfego seria a validação das hipóteses implícitas nos modelos deduzidos. Dada a estrutura
matemática dos modelos, elaborados com base em relações físicas entre as diversas variáveis
envolvidas nos eventos, se as hipóteses do modelo são demonstradas como válidas, deve-se
concluir que a plausibilidade dos resultados é maior, pelo menos no que se refere à estimativa
da freqüência de oportunidades de conflito (para chegar a conflitos de tráfego ou acidentes de
trânsito, novos modelos deveriam ser explicitados em termos de hipóteses e validados
correspondentemente). Entretanto, esse método de validação não seria eficiente para comparar
modelos diferentes, que adotam hipóteses diferentes. Modelos distintos podem ter as suas
hipóteses igualmente satisfeitas, mas, mesmo assim, um modelo pode ser mais preciso que
outro, dependendo da qualidade das suas hipóteses e da relação entre as variáveis.
Finalmente, é possível realizar uma validação do modelo por meio da comparação com
diagnósticos qualitativos de segurança. Por exemplo, se o diagnóstico de uma interseção
aponta para um problema de conflito traseiro e, em uma outra interseção para conflito
angular, é de se esperar que o modelo indique o mesmo resultado.
Este método foi considerado em vista da insatisfação sobre as opções previamente
comentadas e é semelhante ao método previamente aplicado por BORNSTEIN (2001) no
estudo sobre Auditorias de Segurança Viária. Como o objetivo final da análise de segurança
232
viária é diagnosticar aspectos deficientes na operação viária e selecionar formas de
intervenção para corrigí-los, estudos desta natureza têm de ser executados, rotineiramente,
pelos especialistas dos órgãos de trânsito e podem ser vistos como uma base de comparação
com a utilização de estimativas de oportunidades de conflito. Considerando o estágio inicial
dos estudos sobre oportunidades de conflito, admite-se ter uma indicação positiva sobre sua
validade se for possível obter conclusões comparáveis sobre a segurança viária com sua
utilização.
Para o presente trabalho, foi feita uma aplicação prática dos modelos propostos em duas
interseções reais, comparando-se os resultados obtidos com diagnósticos qualitativos.
4.2 DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO PRÁTICA
Considerando os prazos e recursos disponíveis para este trabalho, não foi feita uma validação
propriamente dita, mas apenas uma aplicação prática. A aplicação iniciou-se pela pesquisa
sobre casos e dados disponíveis em estudos sobre segurança viária na cidade de São Paulo.
Foram feitos contatos com diversas áreas da CET/SP, solicitando-se a identificação de
interseções com estudos sobre segurança viária e o fornecimentos dos dados coletados e
resultados obtidos em tais estudos. Foram também analisadas, com maior detalhe, as
informações sobre pedidos de implantação de semáforos e a base de dados sobre acidentes de
trânsito atualmente existente.
Além disso, antes da aplicação prática, foram realizados estudos pilotos preliminares,
levantamentos em campo e tarefas de processamento, para testar a viabilidade e dificuldade
dos procedimentos necessários para obtenção de dados operacionais para aplicação dos
modelos propostos e de dados auxiliares para identificar oportunidades de conflito e/ou
conflitos de tráfego.
Além da menor necessidade de dados de campo (seriam necessários apenas os dados relativos
às variáveis utilizadas nos modelos), a opção adotada se justifica pela disponibilidade dos
dados das interseções e dos diagnósticos de segurança, os quais são apenas passíveis de serem
obtidos por pessoal técnico altamente qualificado, com extensa experiência profissional em
233
análise de segurança de tráfego, além do conhecimento específico das particularidades de
cada local.
No caso, o diagnóstico é fornecido por engenheiros de tráfego da CET-SP que trabalham na
área em que estão localizadas as interseções. A área de atuação da DEC2-GET2-CET/SP1
(Lapa) foi selecionada para o estudo de campo em função da existência de informações
organizadas sobre estudos de diagnóstico dos problemas de segurança viária, especialmente
relacionados com implantação de semáforos. Entre os estudos de diagnóstico de segurança
obtidos, foram selecionadas 5 interseções com melhor informação.
Complementando o diagnóstico qualitativo, há a descrição dos acidentes com vítima
ocorridos em 2005 e 2006, com a transcrição dos respectivos Boletins de Ocorrência (BO) da
Policia Civil. Para todas as interseções com estudos de diagnóstico de segurança
selecionadas, foram solicitadas informações sobre os acidentes registrados. Os dados de
acidentes foram também obtidos através da GST-CET/SP2, das fontes de registro da Polícia
Civil apenas, e notou-se uma freqüência reduzida de registros, em geral limitados a acidentes
com vítima, e uma carência notável de dados sobre cada acidente registrado, como era
esperado.
Os estudos pilotos preliminares mostraram a viabilidade de obter os dados necessários para
aplicar os modelos de estimativa de oportunidades de conflito propostos (que limitam-se a
dados sobre volumes e velocidades de tráfego, existência de restrições à visibilidade nas
aproximações, além de informações sobre os planos semafóricos existentes no caso de
interseções com sinalização semafórica) mas indicaram que o processamento dos dados é
trabalhoso.
A possibilidade de obter medidas empíricas de oportunidades de conflito ou de conflitos de
tráfego empregando filmagens foi verificada mas implica numa atividade de processamento
dos dados bastante mais trabalhosa e demorada, incompatível com os prazos e recursos deste
trabalho, considerando o número de modelos propostos.
1 A CET/SP – Companhia de Engenharia de Tráfego divide sua atuação operacional em 6 GETs-Gerências de Engenharia de Tráfego, por sua vez, sub-divididas em DECs-Departamentos de Engenharia de Campo, todas subordinadas à sua Superintendência de Engenharia de Tráfego da Diretoria de Operações. 2 A GST-Gerência de Segurança de Trânsito é a área responsável pelos processamento dos dados de acidentes na CET/SP-Companhia de Engenharia de Tráfego, subordinada diretamene à Diretoria de Operações.
234
Desta forma, concluiu-se pelo método baseado na comparação das estimativas de
oportunidades de conflito com os diagnósticos qualitativos de segurança viária,
suplementados pelos dados obtidos sobre os acidentes de trânsito nos locais.
4.2.1 Interseções Selecionadas para Aplicação Prática
Das 5 interseções previamente selecionadas, foram selecionadas duas interseções, uma com
sinalização de prioridade (sem semáforo) e outra com sinalização semafórica. As interseções
selecionadas são:
• R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia (interseção com sinalização de prioridade)
• R. Cerro Corá x R. Pio XI (interseção com sinalização semafórica).
Essas interseções foram selecionadas devido à disponibilidade de diagnósticos qualitativos de
segurança, assim como de levantamento do histórico de acidentes obtidos diretamente dos
Boletins de Ocorrências (BO) da Polícia Civil e por estarem localizadas na mesma região da
cidade (para facilitar os trabalhos de campo, evitando deslocamentos muito grandes).
A interseção R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia foi selecionada tendo em vista o
número de acidentes (5 acidentes com vítima em 2 anos), bem como pelo fato de haver
projeto da CET/SP para a implantação do semáforo no local, fato que pode possibilitar, no
futuro, fazer um estudo do tipo “antes” e “depois”, aplicando-se os modelos de oportunidades
de conflito nas duas situações. No entanto, o semáforo não havia sido instalado até o final do
período de coleta dos dados e esta comparação não pode ser realizada.
A interseção R. Cerro Corá x R. Pio XI foi selecionada tendo em vista haver o caso de
conversão à esquerda permitida contra o fluxo oposto, bem como permitir o estudo de uma
situação com estágio exclusivo de pedestres.
235
4.2.1.1 Interseção com Sinalização de Prioridade: R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul
Pompéia
a) Descrição da Interseção
A R. Ministro Ferreira Alves é a via principal, tem mão única de direção, estacionamento
liberado dos dois lados da via, duas faixas de rolamento livres. A R. Raul Pompéia é a via
secundária, tem mão única de direção, estacionamento liberado dos dois lados da via, duas
faixas de rolamento livres. A via é sinalizada com placa tipo “R-1”, parada obrigatória, focos
em braço projetado com amarelo piscante, placa educativa do tipo “Pare e cruze com
cuidado” e legenda “PARE”, pintada no solo. A interseção está ainda sinalizada com faixas de
travessia de pedestres, pintadas em todas as aproximações.
A R. Ministro Ferreira Alves é antecedida por um cruzamento semaforizado e sucedida por
um cruzamento sem semáforo. A R. Raul Pompéia não apresenta cruzamento semaforizado
nem antes nem depois da interseção.
As Figuras 4.1a e 4.1b mostram o croquis (sem escala) e uma foto da interseção.
Figura 4.1a – Croquis da interseção R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia (sem escala)
Ferreira Alves
PARE R1
Rua
Rau
l Pom
péia
Rua Min.
9,6m
9,7m
R1
236
Figura 4.1b – Foto da interseção R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia
b) Acidentes com vítima registrados em 2005 e 2006
Os dados obtidos junto à CET/SP foram os seguintes: • 12/03/2005: 08:45 h (sábado) – BO 2459 Colisão entre 2 veículos Vítima: passageiro de um dos veículos Tipo: BO sem maiores informações • 16/05/2005: 15:57 h (segunda-feira) – BO 5138 Colisão entre automóvel e moto Automóvel na Raul Pompéia e a moto na Ferreira Alves Vítima: ciclista Tipo: colisão angular • 05/06/2005: 13:22 h (domingo) – BO 5939 Colisão entre 2 automóveis Vítima: condutor de um dos veículos Tipo: BO sem maiores informações • 08/05/2006: 18:00 h (domingo) – BO 4516 Colisão entre 2 automóveis Veículo na Ferreira Alves em alta velocidade e outro veículo na Raul Pompéia
237
Vítima: condutor do veículo da Ferreira Alves Tipo: colisão angular • 08/05/2006: 19:00 h (domingo) – BO 4301 Colisão entre 2 veículos Vítima: passageiro de um dos veículos Tipo: colisão angular Resumo: 3 acidentes em 2005 2 acidentes em 2006 Total de 5 acidentes em 2 anos 1 acidente envolvendo moto
Angular 3 Traseira 0 Mudança de faixa 0 Atropelamento 0 Sem informações 2 Total 5
c) Diagnóstico da CET/SP
As conclusões do estudo sobre a segurança viária feita pela equipe de especialistas da DEC2-
GET2 apontaram os seguintes aspectos:
Diagnóstico da CET/SP: desrespeito à placa PARE, dificuldade em avaliar brechas pelos motoristas da Rua Raul Pompéia, deficiência de visibilidade (no cruzamento). A sugestão da CET/SP para o local é a implantação de semáforo (já há projeto elaborado aguardando implantação) uma vez que há dificuldade, por parte dos motoristas provenientes da R. Raul Pompéia, em avaliar as brechas para cruzar a R. Ministro Ferreira Alves, face à má visibilidade e ao alto volume de veículos nos horário de pico. A maior parte dos acidentes ocorrem no pico da tarde.
De fato, corroborando com o diagnóstico da CET/SP, pode-se observar pela foto da Figura
4.1b, que os veículos da R. Raul Pompéia aguardam brechas já dentro da área de conflito da
interseção. Os acidentes também mostram que o risco de colisão angular é significativo: dos 5
acidentes observados, 3 são do tipo angular (sendo que não se conhece a natureza da colisão
dos outros 2 acidentes). Vale observar, ainda, o esforço de a CET/SP de resolver o problema
por meio de sinalização: placa PARE no lado esquerdo e placa PARE em braço projetado no
238
lado direito da via, além da legenda PARE pintada no solo e sinalização de amarelo piscante
com placa “Cruze com cuidado”.
4.2.1.2 Interseção com Sinalização Semafórica: R. Cerro Corá x R. Pio XI
a) Descrição da Interseção
A R. Cerro Corá tem mão dupla de direção, duas faixas de rolamento por sentido e proibição
de estacionamento dos dois lados da via. A R. Pio XI tem mão única de direção, três faixas de
rolamento, com proibição de estacionamento na aproximação.
O cruzamento está sinalizado com faixa para a travessia de pedestres em todas as
aproximações, pintura de canalização do tipo linha contínua, com zebrado no interior, e
tachões, placas que regulamentam mão única de direção na R. Pio XI, sinalização semafórica,
incluindo focos de pedestres em todas as faixas de travessia. A interseção opera com dois
estágios veiculares e um estágio exclusivo de pedestres.
As Figuras 4.2a e 4.2b mostram o croquis (sem escala) e uma foto da interseção.
239
Figura 4.2a – Croquis da interseção R. Cerro Corá x R. Pio XI (sem escala)
Figura 4.2b – Foto da interseção R. Cerro Corá x R. Pio XI
Rua São Gualter
Rua Cerro Corá
Rua
Pio
XI
6,2m
0,9m
6,0m
11m
13,0m
9,0m
5,6m
Rua Cerro Corá
Centro
Bairro
5,6m
240
Existe um leve aclive na aproximação B-C da R. Cerro Corá que, para efeito de aplicação dos
modelos, foi estimado como sendo de 2%.
O plano semafórico tem 3 estágios: E1 permite a operação da R. Cerro Corá, incluindo
conversão à esquerda permitida com fluxo oposto; E2 permite a operação da R. Pio XI; E3 é
um estágio exclusivo para pedestres demandado por botoeira.
b) Acidentes com vítima registrados em 2005 e 2006
Os dados obtidos junto à CET/SP foram os seguintes:
• 20/03/2006: 18:00 h (segunda-feira) – BO 1096 Atropelamento Veículo estava saindo de um estacionamento, pedestre fora de faixa
Apesar do registro de apenas um acidente, existem dados informais sobre diversos acidentes
sem vítima no local. No próprio período de filmagem, registrou-se um acidente sem vítima
(uma colisão lateral entre um ônibus e um táxi que realizavam, ambos, a conversão à esquerda
permitida, da R. Cerro Corá para a R. Pio XI).
c) Diagnóstico da CET/SP
Diagnóstico da CET/SP: Os movimentos de conversão à esquerda não são proibidos e até mesmo os ônibus realizam a conversão à esquerda da R. Cerro Corá para a R. Pio XI, provocando problemas de lentidão. Os conflitos mais graves ocorrem em sua maioria na conversão à esquerda. A proposta para o local é a criação de um estágio específico no semáforo para a conversão à esquerda da R. Cerro Corá para a R. Pio XI, o quarto estágio da interseção, pintura no solo de setas de conversão à esquerda, rebalizamento com pintura de linha dupla amarela. A proibição da
E1 E2 E3
241
conversão em questão não é possível, pois não há vias que sirvam de alternativa para o citado movimento.
Observando a interseção, é surpreendente verificar que tenha ocorrido apenas um acidente em
2 anos, pois trata-se de uma interseção com altos fluxos de tráfego e que apresenta a
conversão à esquerda permitida da R. Cerro Corá para a R. Pio XI como o movimento que
mais gera conflitos (por ser um movimento permitido, realizado nas brechas do fluxo oposto),
inclusive envolvendo ônibus de linhas urbanas, sendo que o espaço disponível não é adequado
para o raio de giro de veículos desse porte (que corresponde ao acidente observado no período
da pesquisa). Para agravar a situação, existem várias interferências representadas pela
demanda de estacionamento em locais desfavoráveis. As entradas (e saídas) desses
estacionamentos são bastante inadequadas: o estacionamento da Igreja Dom Bosco tem a sua
entrada exatamente após a esquina da R. Pio XI e na esquina oposta há uma farmácia e uma
confeitaria com alta demanda de manobras de estacionamento. As interferências causadas
pelas manobras de estacionamento não estão representadas nos modelos de oportunidades de
conflito propostos.
4.2.2 Obtenção de Dados de Campo
A obtenção dos dados de campo necessários foi feita por meio de filmagens. Como a
experiência do estudo piloto preliminar já havia demonstrado, a dificuldade foi locar a câmera
num plano elevado o suficiente para que os veículos não obstruíssem a visão da interseção.
Outro problema encontrado foi a obtenção de alimentação elétrica para a câmera, uma vez
que as baterias não tinham a autonomia suficiente para a duração da filmagem (dois períodos
de 6 horas contínuas). Para contornar esses problemas e por falta de recursos adequados,
precisou-se usar de improvisação e, fundamentalmente, contar com a colaboração de algumas
pessoas nos locais da filmagem. No caso da R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia,
contou-se com a cooperação da dona da banca de jornal ali existente que permitiu que a
câmera fosse colocada no teto da banca, além de ter fornecido a energia elétrica necessária.
Na R. Cerro Corá x R. Pio XI, a Igreja Dom Bosco permitiu que a câmera fosse colocada no
lado interno do seu muro e a energia elétrica foi obtida da guarita do estacionamento da
Igreja.
242
As Figuras 4.3a e 4.3b mostram a locação da câmera na R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul
Pompéia e na R. Cerro Corá x R. Pio XI, respectivamente.
Figura 4.3a – Locação da câmera na interseção R. Ministro Ferreira Alves x R.. Raul Pompéia
Figura 4.3b – Locação da câmera na interseção R. Cerro Corá x R. Pio XI
243
A filmagem foi realizada no dia 20/05/2008 (terça-feira), no período das 06:30 às 12:30 na R.
Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia e das 13:30 às 19:30 na R. Cerro Corá x R. Pio
XI. A câmera utilizada foi uma câmera de mão Sony Handycam DCR-SR 200 que grava
direto em um HD de 40Gb. O resultado da filmagem foi convertido para 5 DVDs.
A pesquisa de velocidade foi realizada com a cessão, pela CET/SP, de um período de
operação de uma equipe de fiscalização de velocidade com radar estático da empresa Data
Traffic (contratada da CET/SP). O modelo de equipamento utilizado foi Laser Tec–Marksman
Ultra e a pesquisa foi realizada no dia 26/04/2008, sábado, no período da manhã. Sempre que
possível, foi pesquisada a velocidade por faixa de rolamento.
A Figura 4.4 mostra uma imagem do equipamento utilizado3
Figura 4.4 – Imagem do equipamento (radar) utilizado na pesquisa de velocidade.
Houve também dificuldades na pesquisa de velocidade de fluxo livre. Existe um cruzamento
semaforizado, adjacente ao do cruzamento Cerro Corá x Pio XI, que é o do cruzamento R.
Cerro Corá x R. São Gualter. Na R. Cerro Corá, sentido C-B, a caixa entre a R. Pio XI e a R.
São Gualter é pequena. A idéia era capturar a velocidade de veículos em fluxo livre, isto é,
sem fila adiante do veículo. Contudo, devido à defasagem dos semáforos, quando terminava
de escoar a fila na R. Cerro Corá x R. Pio XI, fechava o semáforo atrás, na R. São Gualter, de
forma que houve dificuldades de colher uma amostra mais significativa. Na R. Pio XI, não foi
possível coletar dados de velocidade na faixa da esquerda devido à existência de
3 Imagem cedida pela empresa Data Traffic.
244
estacionamento. Na R. Ministro Ferreira Alves e na R. Raul Pompéia, a pesquisa foi feita nas
duas faixas de rolamento sem distingui-las devido a estacionamentos, ora de um lado, ora de
outro lado da via.
4.2.3 Aplicação dos Modelos Propostos
Apesar de a filmagem ter sido feita por 6 horas em cada interseção, foram colhidos dados
apenas de uma hora, considerada hora de pico: das 07:00 às 08:00 na R. Ministro Ferreira
Alves x R. Raul Pompéia e das 18:30 às 19:30 na R. Cerro Corá x R. Pio XI.
Dessa forma, a aplicação dos modelos foi feita apenas para esses períodos.
Outros dados necessários como a capacidade nas aproximações das vias, o grau de uso da
capacidade (X = q/C) e o tempo de espera foram obtidos do programa HCS+ da EPUSP,
usando a programação semafórica da R. Cerro Corá x R. Pio XI foi fornecida pela CET/SP.
Para complementar os resultados do HCS+ para a aplicação dos modelos, onde necessário, foi
admitido que as faixas da mesma aproximação tem fluxos iguais.
Para a aplicação dos modelos, foram adotados os seguintes valores para os parâmetros
discriminados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Valores adotados na aplicação dos modelos
a 1,39 µ 0,6 δp 2
b 2,78 g 10 δs 1
onde:
a = taxa de aceleração a partir do repouso em m/s2 b = taxa de desaceleração segura em m/s2 µ = coeficiente de atrito g = taxa de aceleração da gravidade em m/s2 δp = tempo de percepção e reação para parar devido a interferências em s δs = tempo de percepção e reação para parar em semáforos
245
4.2.3.1 Interseção com Sinalização de Prioridade: R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul
Pompéia
De acordo com a disposição geométrica mostrada na Figura 4.1a, a Figura 4.5a a seguir
mostra a nomenclatura adotada para os movimentos veiculares e de pedestres. A Figura 4.5b
mostra um diagrama com a indicação dos pontos de conflito (interseção de movimentos
conflitantes).
Figura 4.5a – Nomenclatura dos movimentos veiculares e de pedestres da interseção
com sinalização de prioridade:R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia.
Figura 4.5b – Diagrama com a indicação dos pontos de conflito da interseção
com sinalização de prioridade: R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia.
Os dados de fluxos foram contados, em v/h, a partir da filmagem. Os resultados estão
mostrados na Tabela 4.1 a seguir e representados na Figura 4.5b.
M1B 161
M2B 358
M5a 216
M7a 108
M3B 197
M6a 324
M9a 41
M9b 36
M8B 19
M8A 31
M1B
M3B
M2B
M5a M6a
M7a
M8B
M8A
M9a M9b
246
Tabela 4.2 – Dados de fluxos da interseção
com sinalização de prioridade: R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia
no período das 07:00 às 08:00 h
Ferreira Alves Raul Pompéia
Frente
(M1B&M2B)) Direita (M3B) Total
Frente (M5a&M6a)
Esquerda (M7a) Total
Auto 487 185 672 530 104 634 Caminhão 5 5 10 1 2 3 Ônibus 8 2 10 1 0 1 Moto 18 5 23 7 2 9 Total 518 197 715 539 108 647
M8A
M8B Total
M9a
M9b Total Pedestres 31 19 50 41 36 77
A velocidade média e o desvio padrão das velocidades, em km/h, estão mostrados na Tabela
4.2 a seguir.
Tabela 4.3 – Dados de velocidade (em fluxo livre) da interseção
com sinalização de prioridade: R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia
Ferreira Alves Raul Pompéia µv σv µv σv
31,54 4,24 32,95 7,18
Os dados físicos da interseção estão mostrados na Tabela 4.4a e os dados obtidos do programa
HCS+ estão indicados na Tabela 4.4b.
Tabela 4.4a – Dados físicos da interseção
Rua Ferreira Alves Rua Raul Pompéia W R d W R d
M1B 9,7 M5a 9,6 M2B 9,7 M6a 9,6 M3B 2,43 3,81 M7a 2,4 3,77
Tabela 4.4b – Dados do programa HCS+
Rua Raul Pompéia Q (*) C X te
M5a 266 383 0,97 72,4 M6a 266 331 0,80 48,4 M7a 106 0,97
(*) O fluxo fornecido para o programa HCS+ não contempla as motos.
247
A seguir, são apresentadas as tabelas de resultados das estimativas de oportunidades de
conflito, onde Q é o fluxo do movimento exposto, Qc é o fluxo conflitante, Ti é o tempo de
exposição, P[conflito] é a probabilidade de chegada de veículo conflitante durante o tempo de
exposição e a coluna “Risco” é o número de COs por veículo em porcentagem.
Quando não há nenhum termo de correção (como termos que ponderam o fator visibilidade ou
probabilidade de chegadas livres), o valor da coluna “Risco” é igual ao valor da coluna
“P[conflito]”. As tabelas mostram como o cálculo foi processado, permitindo identificar os
conflitos e o modo de agregação dos movimentos.
CO Angular para Movimentos Prioritários
a) Método 0a (TRAF-Safe), por conflito e por faixa, tempo de exposição igual ao tempo
parar de forma segura.
Expressão utilizada: ( ) pii
Tiqc
ii tTeQhangularCO =−= − ,1/)(
Tabela 4.5a – Método 0a para CO Angular – Movimentos Prioritários
Manobra Conflito Qi (v/h) Qc (v/h) Ti (s) P[conflito] CO angular Risco M1B x M6a 161 324 5,15 37,10% 59,73 37,10% M1B x M5a 161 216 5,15 26,59% 42,81 26,59% M2B x M6a 358 324 5,15 37,10% 132,82 37,10% M2B x M5a 358 216 5,15 26,59% 95,19 26,59% M2B x M7a 358 108 5,15 14,32% 51,26 14,32% M3B x M6a 197 324 3,37 26,18% 51,57 26,18% Total 716 433,38 60,53%
b) Método 0b (TRAF-Safe), por conflito e por movimento, com tempo de exposição
igual ao tempo para parar de forma segura.
Expressão utilizada: ( ) pii
Tiqc
ii tTeQhangularCO =−= − ,1/)(
248
Tabela 4.5b – Método 0b para CO Angular – Movimentos Prioritários
Manobra Conflito Qi (v/h) Qc (v/h) Ti (s) P[conflito] CO angular Risco (M1B+M2B) x (M5a+M6a) 519 540 5,15 53,82% 279,35 53,82% M2B x M7a 358 108 5,15 14,32% 51,26 14,32% M3B x M6a 197 324 3,37 26,18% 51,57 26,18% Total 716 382,18 53,38%
c) Método 1a, por conflito e por faixa, com tempo de exposição igual ao tempo de
manobra.
Expressão utilizada: ( ) cii
Tiqc
ii tTeQhangularCO =−= − ,1/)(
Tabela 4.5c – Método 1a para CO Angular – Movimentos Prioritários
Manobra Conflito Qi (v/h) Qc (v/h) Ti (s) P[conflito] CO angular Risco M1B x M6a 161 324 1,79 14,89% 23,98 14,89% M1B x M5a 161 216 1,79 10,19% 16,41 10,19% M2B x M6a 358 324 1,79 14,89% 53,32 14,89% M2B x M5a 358 216 1,79 10,19% 36,50 10,19% M2B x M7a 358 108 1,79 5,23% 18,74 5,23% M3B x M6a 197 324 2,57 20,66% 40,70 20,66% Total 716 189,65 26,49%
d) Método 1b, por faixa, com agregação dos fluxos conflitantes e tempo de exposição
igual ao tempo de manobra.
Expressão utilizada: ( ) cii
Tiqc
ii tTeQhangularCO =−= − ,1/)(
Tabela 4.5d – Método 1b para CO Angular – Movimentos Prioritários
Manobra Conflito Qi (v/h) Qc (v/h) Ti (s) P[conflito] CO angular Risco M1B x (M5a+M6a) 161 540 1,79 23,57% 37,95 23,57% M2B x (M5a+M6a+M7a) 358 648 1,79 27,57% 98,70 27,57% M3B x M6a 197 324 2,57 20,66% 40,70 20,66% Total 716 177,35 24,77%
e) Método 1c, agregado por posição na via secundária
Como a manobra ocorre em uma só etapa, o Método 1c é equivalente ao Método 1b,
produzindo o mesmo resultado.
249
f) Método 2, com probabilidade de chegada livre P[F] (aplicado ao Método 1a4).
Expressão utilizada: ( ) cii
Tiqc
ii tTFPeQhangularCO =−= − ],[.1/)(
Tabela 4.5e – Método 2 para CO Angular – Movimentos Prioritários
Manobra Conflito Q (v/h) Qc (v/h) Ti (s) P[conflito] P[F] CO angular Risco M1B x M6a 161 324 1,79 14,89% 20,00% 4,80 2,98% M1B x M5a 161 216 1,79 10,19% 3,00% 0,49 0,31% M2B x M6a 358 324 1,79 14,89% 20,00% 10,66 2,98% M2B x M5a 358 216 1,79 10,19% 3,00% 1,09 0,31% M2B x M7a 358 108 1,79 5,23% 3,00% 0,56 0,16% M3B x M6a 197 324 2,57 20,66% 20,00% 8,14 4,13% Total 716 25,75 3,60%
CO Traseira para Movimentos Prioritários
a) Método 0, TRAF-Safe
Por esse método, os movimentos prioritários (que não param) não sofrem risco de colisão
traseira: CO(traseira) = 0.
b) Método 1, CO traseira como evento secundário (decorrente de uma CO primária).
Expressão utilizada:
( ) ( )
( )a
LW.
v
LWT,eQh/)primária(CO
T.Q.Q
T,e.primáriaCOh/)undáriasec,traseira(CO
ij
i
qikTij
ij
i pijij
j
pj
qj.Tpj
j
k++
=
∑−=
=−=
∑
∑
−
−
2ou 1
11
Tabela 4.6a – Método 1 – (CO primária) para CO Traseira – Movimentos Prioritários
Conflito Qij (v/h) Tij (s) Qik (v/h) P[conflito]1 CO primaria M1B x (M5a+M6a) 161 1,79 540 23,57% 37,95 M3B x M5a 197 2,57 216 14,30% 28,17 M1B+M3B 358 66,12 M2B x M7a 358 1,79 108 5,23% 18,74 Total 716 84,85
4 Como a travessia na via secundária é feita em uma única etapa, o Método 2 poderia ser aplicado a qualquer um dos métodos anteriores.
250
Tabela 4.6b – Método 1 – CO Traseira – Movimentos Prioritários
CO primária Tpij (s) Tpj (s) P[conflito]2 CO traseira Risco M1B 37,95 5,15 M3B 28,17 3,37 M1B+M3B 66,12 4,17 33,96% 22,45 6,27% M2B 18,74 5,15 5,15 40,09% 7,51 2,10% Total 84,85 29,96 4,19%
c) Método 2, risco de colisão traseira devido a manobras de conversão do veículo da
frente.
Expressões utilizadas:
−+
−=
−−
RT
Tfq
LT
TfqPePeQhtraseiraCO RTTccLTTcc .1.1/)(
~~~~
−=
vv
qq cTcTc 1.~
Tabela 4.6c – Método 2 para CO Traseira – Movimentos Prioritários
Q (v/h) PRT TfRT QTC (v/h) TC
Q P[conflito] CO traseira Risco M1B+M3B 358 55,03% 1,78 161 91 4,39% 8,66 2,42% Total 358 8,66 2,42%
d) Método 3, soma dos métodos 1 e 2.
Tabela 4.6d – Método 3 para CO Traseira – Movimentos Prioritários
Q (v/h) Método 1 Método 2 CO traseira Risco M1B+M3B 358 22,45 8,66 31,11 8,69% M2B 358 7,51 7,51 2,10% Total 716 38,62 5,39%
CO Angular para Movimentos Secundários
a) Método 0, TRAF-Safe, calculado por conflito e com tempo de exposição igual ao
tempo de manobra.
Expressão utilizada: ( ) cii
qcTi
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( .
251
Tabela 4.7a – Método 0 para CO Angular – Movimentos Secundários
Manobra Conflito Q (v/h) Qc (v/h) Ti (s) P[conflito] CO angular Risco M5a x M1B 216 161 6,74 26,02% 56,20 26,02% M5a x M2B 216 358 6,74 48,83% 105,47 48,83% M6a x M1B 324 161 6,74 26,02% 84,29 26,02% M6a x M2B 324 358 6,74 48,83% 158,21 48,83% M6a x M3B 324 197 6,74 30,84% 99,91 30,84% M7a x M2B 108 358 5,75 43,55% 47,03 43,55% Total 648 551,11 85,05%
b) Método 1a, agregando os fluxos conflitantes.
Expressão utilizada: ( ) cii
qcTi
ii tTeQhangularCO =−= − ,1./)( .
Tabela 4.7b – Método 1a para CO Angular – Movimentos Secundários
Manobra Conflito Q (v/h) Qc (v/h) Ti (s) P[conflito] CO angular Risco M5a x (M1B+M2B) 216 519 6,74 62,14% 134,23 62,14% M6a x (M2B+M1B+M3B) 324 716 6,74 73,82% 239,17 73,82% M7a x M2B 108 358 5,75 43,55% 47,03 43,55% Total 648 420,43 64,88%
c) Método 1b, agregando os fluxos conflitantes de acordo com a sua posição.
Como é uma interseção sem canteiro central, esse método é equivalente ao Método 1a e
produz o mesmo resultado.
d) Método 2, com (Ti ± τ) onde τ = 0,25 Ti
Expressão utilizada: ( )qcTi
ii eQhangularCO5,01/)( −−=
Tabela 4.7c – Método 2 para CO Angular – Movimentos Secundários
Manobra Conflito Q (v/h) Qc (v/h) Ti (s) P[conflito] CO angular Risco M5a x (M1B+M2B) 216 519 1,68 21,56% 46,57 21,56% M6a x (M2B+M1B+M3B) 324 716 1,68 28,47% 92,23 28,47% M7a x M2B 108 358 1,44 13,32% 14,38 13,32% Total 648 153,19 23,64%
252
CO Traseira para Movimentos Secundários
a) Método 0a, TRAF-Safe, por ponto de conflito, com tempo de exposição igual ao
tempo médio de espera no topo da fila, dado pela expressão de Adams.
Expressões utilizadas: ( ) eAie
qT
S tTeQhtraseiraCO e =−= − ,1./)( . e αα
−−
=c
qc
eAiq
et
1.
Tabela 4.8a – Método 0a para CO Traseira – Movimentos Secundários
Manobra Conflito Qs (v/h) Q (v/h) Qc (v/h) �s Te (s) P[conflito] CO traseira Risco M5a x M1B 216 324 161 6,74 1,13 9,63% 20,80 9,63% M5a x M2B 216 324 358 6,74 2,86 22,68% 49,00 22,68% M6a x M1B 324 324 161 6,74 1,13 9,63% 31,21 9,63% M6a x M2B 324 324 358 6,74 2,86 22,68% 73,50 22,68% M6a x M3B 324 324 197 6,74 1,41 11,92% 38,61 11,92% M7a x M2B 108 324 358 5,75 2,01 16,53% 17,85 16,53% Total 648 230,96 35,64%
b) Método 0b, (TRAF-Safe), por faixa, com tempo de exposição igual ao tempo médio
de espera no topo da fila, dado pela expressão de Adams (usa as mesmas expressões
do Método 0a).
Expressões utilizadas: ( ) eAie
qT
S tTeQhtraseiraCO e =−= − ,1./)( . e αα
−−
=c
qc
eAiq
et
1
Tabela 4.8b – Método 0b para CO Traseira – Movimentos Secundários
Manobra Conflito Qs (v/h) Q (v/h) Qc (v/h) �s Te (s) P[conflito] CO traseira Risco (M5a+M7a) x M1B 324 324 161 6,41 1,01 8,71% 28,22 8,71% (M5a+M7a) x M2B 324 324 358 6,41 2,55 20,54% 66,55 20,54% M6a x M1B 324 324 161 6,74 1,13 9,63% 31,21 9,63% M6a x M2B 324 324 358 6,74 2,86 22,68% 73,50 22,68% M6a x M3B 324 324 197 6,74 1,41 11,92% 38,61 11,92% Total 648 238,09 36,74%
c) Método 1, com agregação dos fluxos dos movimentos da via secundária e tempo de
exposição igual ao tempo médio de espera.
Expressão utilizada: ( ) ee
qT
S tTeQhtraseiraCO e =−= − ,1./)( .
253
Tabela 4.8c – Método 1 para CO Traseira – Movimentos Secundários
Manobra Qs=Q (v/h) Te (s) P[conflito] CO traseira Risco (M5a+M7a) 324 72,4 99,85% 323,52 99,85% M6a 324 48,4 98,72% 319,84 98,72% Total 648 643,36 99,28%
d) Método 2, com agregação de fluxos conflitantes e tempo médio de espera por veículo
parado fornecido pelo programa HCS+.
Expressões utilizadas: ( ) pttTepQhtraseiraCO eiepie
qT
Se ==−= − ,1../)( .
α.qce).X(p−−−= 11
Tabela 4.8d – Método 2 para CO Traseira – Movimentos Secundários
Manobra Conflito Qs (v/h) Q (v/h) X �s Qc (v/h) p Te(s) P[conflito] CO traseira Risco M5a x (M1B+M2B) 216 324 0,97 6,74 519 98,86% 73,23 99,86% 213,25 99,86% M7a x M2B 108 324 0,97 5,75 358 98,31% 49,23 98,81% 104,91 98,81% M6a x (M1B+M2B+M3B) 324 324 0,80 6,74 716 94,76% 51,07 98,99% 303,94 98,99% Total 648 96,72% 622,10 99,26%
e) Método 3a, considerando a restrição de visibilidade por meio de um termo de correção
empírico.
Expressões utilizadas: ( ) pttTPepQhtraseiraCO eiepiisv
qT
Se ==−= − ,.1../)( . e
−= 0,max)(
p
vp
svD
DDPa
Tabela 4.8e – Método 3a para CO Traseira – Movimentos Secundários
Manobra Conflito Qs (v/h) A Dp (m) Dv (m) Psv CO traseira Risco M5a x (M1B+M2B) 216 213,25 33,37 100 0,00% 0,00 0,00% M7a x M2B 108 104,91 33,37 100 0,00% 0,00 0,00% M6a x (M1B+M2B+M3B) 324 303,94 33,37 100 0,00% 0,00 0,00% Total 648 0,00 0,00%
A coluna “A” apresenta os valores calculados para COs traseiras pelo Método 2.
f) Método 3b, considerando a restrição de visibilidade com um termo probabilístico
P[Dp>Dv].
254
Expressões utilizadas: ( ) pttTPepQhtraseiraCO eiepiisv
qT
Se ==−= − ,.1../)( . e
[ ]vpsv DDPPb >=)(
Tabela 4.8f – Método 3b para CO Traseira – Movimentos Secundários
Manobra Conflito Qs (v/h) A Dv (m) E[Dp] Var[Dp] Psv CO traseira Risco M5a x (M1B+M2B) 216 213,25 100 34,09 111,41 0,00% 0,00 0,00% M7a x M2B 108 104,91 100 34,09 111,41 0,00% 0,00 0,00% M6a x (M1B+M2B+M3B) 324 303,94 100 34,09 111,41 0,00% 0,00 0,00%
Total 648 0,01 0,00%
A coluna “A” apresenta os valores calculados para COs traseiras pelo Método 2.
g) Método 3c, considerando a restrição de visibilidade com um termo probabilístico
P[δR>δA].
Expressões utilizadas: ( ) pttTPepQhtraseiraCO eiepiisv
qT
Se ==−= − ,.1../)( . e
[ ]ARsv PPc δδ >=)(
Tabela 4.8g – Método 3c para CO Traseira – Movimentos Secundários
Manobra Conflito Qs (v/h) A δR (s) Dv (m) E[δA] Var[δA] Psv CO traseira Risco M5a x (M1B+M2B) 216 213,25 2 100 9,80 7,50 0,57% 1,21 0,56% M7a x M2B 108 104,91 2 100 9,80 7,50 0,57% 0,60 0,55% M6a x (M1B+M2B+M3B) 324 303,94 2 100 9,80 7,50 0,57% 1,73 0,53% Total 648 3,54 0,55%
A coluna “A” apresenta os valores calculados para COs traseiras pelo Método 2.
CO com Pedestres
a) Método 1a, travessia integral.
Expressão utilizada:
∑−=
−l
qlTi
ped eQhpedestreCO 1./)(
255
Tabela 4.9a – Método 1a para CO com Pedestres – Travessia integral
Qped ∑Ql W Ti P[conflito] COped Risco M8A 31 648 9,7 9,08 80,50% 24,96 80,50% M8B 19 737 9,7 9,08 84,43% 16,04 84,43% M9a 41 627 9,6 9,00 79,14% 32,45 79,14% M9b 36 716 9,6 9,00 83,30% 29,99 83,30% Total 127 103,44 81,45%
b) Método 1b, exposição por zona de conflito.
Expressão utilizada: ∑
∑−=
−
c
qclTci
pedleQhpedestreCO 1./)(
Tabela 4.9b – Método 1b para CO com Pedestres – Exposição por zona de conflito
ZC Qped ∑Qcl Wc Tci P[conflito] COped Risco M8A 1 31 324 4,85 4,04 30,49% M8A 2 31 324 4,85 4,04 30,49% Subtotal 31 60,98% 18,91 60,99% M8B 1 19 521 4,85 4,04 44,28% M8B 2 19 216 4,85 4,04 21,53% Subtotal 19 65,81% 12,51 65,82% M9a 1 41 161 4,8 4,00 16,38% M9a 2 41 466 4,8 4,00 40,42% Subtotal 41 56,80% 23,29 56,80% M9b 1 36 358 4,8 4,00 32,82% M9b 2 36 358 4,8 4,00 32,82% Subtotal 36 65,64% 23,63 65,64% Total 127 78,33 61,68%
c) Método 1c, exposição por zona de conflito e por movimento veicular conflitante.
Expressão utilizada: ( )
−= ∑ −
cl
qclTci
ped eQhpedestreCO.1./)(
256
Tabela 4.9c – Método 1c para CO com Pedestres – Exposição por zona de conflito e por movimento veicular
conflitante
ZC Qped Qcl Wc Tci P[conflito] COped Risco M8A 1 31 324 4,85 4,04 30,49% M8A 2 31 216 4,85 4,04 21,53% M8A 2 31 108 4,85 4,04 11,42% Subtotal 31 63,44% 19,67 63,45% M8B 1 19 324 4,85 4,04 30,49% M8B 1 19 197 4,85 4,04 19,84% M8B 2 19 216 4,85 4,04 21,53% Subtotal 19 71,86% 13,66 71,87% M9a 1 41 161 4,8 4,00 16,38% M9a 2 41 358 4,8 4,00 32,82% M9a 2 41 108 4,8 4,00 11,31% Subtotal 41 60,51% 24,81 60,51% M9b 1 36 161 4,8 4,00 16,38% M9b 1 36 197 4,8 4,00 19,66% M9b 2 36 358 4,8 4,00 32,82% Subtotal 36 68,86% 24,79 68,86% Total 127 82,92 65,29%
d) Método 2, com ocupância da travessia.
Expressão utilizada: pedc OCC.Qh/)pedestre(CO =
Tabela 4.9d – Método 2 para CO com Pedestres – Ocupância da travessia
Qped Qc OCCped (%) COped Risco M8A 31 648 1,55% 10,04 32,40% M8B 19 737 0,95% 7,00 36,85% M9a 41 627 2,05% 12,85 31,35% M9b 36 716 1,80% 12,89 35,80% Total 127 42,79 33,69%
e) Método 3a, travessias integral com chegadas livres para pedestres preferenciais (para
os demais casos, manteve-se [ ] %FP 100= ).
Expressão utilizada: [ ]FPeQhpedestreCO l
qlTi
ped .1./)(
∑−=
−
257
Tabela 4.9e – Método 3a para CO com Pedestres – Travessia integral e chegadas livres
Qped ∑Ql W Ti P[F] P[conflito] COped Risco M8A 31 648 9,7 9,08 3,00% 1,68% 0,52 0,08% M8B 19 737 9,7 9,08 100,00% 60,54% 11,50 1,56% M9a 41 627 9,6 9,00 100,00% 54,33% 22,28 3,55% M9b 36 716 9,6 9,00 100,00% 59,14% 21,29 2,97% Total 127 55,59 43,77%
f) Método 3b, ocupância da travessia com chegadas livres para pedestres preferenciais
(para os demais casos, manteve-se [ ] %FP 100= ).
Expressão utilizada: [ ]FPOCCQhpedestreCO pedc ../)( =
Tabela 4.9f – Método 3b para CO com Pedestres – Ocupância da travessia com chegadas livres
Qped Qc OCCped (%) P[F] COped Risco M8A 31 648 1,55% 3,00% 0,30 0,97% M8B 19 737 0,95% 100,00% 7,00 36,85% M9a 41 627 2,05% 100,00% 12,85 31,35% M9b 36 716 1,80% 100,00% 12,89 35,80% Total 127 33,04 26,02%
g) Método 4, travessia integral em brechas de risco.
Expressão utilizada:
∑−=
+−l
lu ql
ped eQhpedestreCO)(
1./)(ττ
Tabela 4.9g – Método 4 para CO com Pedestres – Travessia integral e brechas de risco (ιu = ιl = 0,25 Ti)
Qped ∑Ql W Ti P[conflito] COped Risco M8A 31 648 9,7 9,08 55,85% 17,31 55,85% M8B 19 737 9,7 9,08 60,54% 11,50 60,54% M9a 41 627 9,6 9,00 54,33% 22,28 54,33% M9b 36 716 9,6 9,00 59,14% 21,29 59,14% Total 127 72,38 56,99%
258
Resumo dos Resultados para a Interseção com Sinalização de Prioridade: Ministro
Ferreira Alves x Raul Pompéia
A seguir é apresentado, por meio da Figura 4.6, um resumo dos resultados obtidos com a
aplicação dos modelos propostos, sendo que os resultados estão indicados da seguinte forma:
nnn(x) onde “nnn” é o resultado obtido e (x) é o método.
Figura 4.6 – Resumo com os resultados obtidos para a Interseção
com Sinalização de Prioridade: Ministro Ferreira Alves x Raul Pompéia
Visando uma visualização alternativa com melhor identificação das características dos
métodos, os mesmos resultados compilados na Figura 4.6 estão mostrados na Tabela 4.10.
Não são apresentados os dados relativos às COs com pedestres porque a informação dos
diagnósticos não permite analisar os problemas específicos dos pedestres.
Rua Min.Ferreira Alves
PARE
Rua
Rau
l Pom
péia
COtraseira: 0(0)/30(1)/9(2)/39(3)
COangular: 433(0a)/382(0b)/190(1a)/177(1b)/177(1c)/26(2)
COangular: 551(0)/420(1a)/420(1b)/153(2)
COtraseira: 231(0a)/238(0b)/643(1)/622(2)/0(3a)/0(3b)/4(3c)
259
Tabela 4.10 – Resultado da aplicação dos modelos na Interseção
com Sinalização de Prioridade:R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia
Rua Ministro Ferreira Alves
(M1B, M2B, M3B) Rua Raul Pompéia
(M5a, M6a, M7a) Tipo de CO Método
- Movimentos Prioritários CO Método
- Movimentos Secundários CO
0a-TRAF-Safe por conflito e por faixa
433 0-TRAF-Safe por conflito e Exposição pelo tempo de manobra
551
0b-TRAF-Safe por conflito e por movimento
382 1a- Exposição pelo tempo de manobra e fluxos agregados
420
CO Angular 1a-Exposição pelo tempo de manobra, por conflito e por faixa
190 1b- Exposição pelo tempo de manobra e por posição
420
1b- Exposição pelo tempo de manobra, agregado e por faixa
177 2-Exposição em brechas próximas ao tempo de manobra
153
1c- Exposição pelo tempo de manobra, agregado e por posição
177 --- ---
2-Exposição pelo tempo de manobra e chegada livre
26 --- ---
0- TRAF-Safe, desprezado 0 0a- TRAF-Safe, por conflito e com atraso de Adams
231
1- COs secundários 30 0b- TRAF-Safe, por faixa e com atraso de Adams
238
CO Traseira 2- com conversões 9 1- Exposição pelo atraso médio e fluxo agregado
643
3-soma de 1 e 2 39 2- Exposição pelo atraso médio de veículos que páram e agregado
622
--- --- 3a- Exposição pelo atraso médio de veículos que páram, Dv empírico
0
--- --- 3b- Exposição pelo atraso médio de veículos que páram, Dv teórico
0
--- --- 3c- Exposição pelo atraso médio de veículos que páram, Tempo reação
4
Com relação aos modelos propostos, pode-se observar que alguns modelos apresentam
resultados numéricos semelhantes, o que permite que eles sejam agrupados na comparação
feita a seguir.
Comparação do diagnóstico x estimativa de oportunidades de conflito para a Interseção
com Sinalização de Prioridade: R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia
O diagnóstico qualitativo, composto pelas informações fornecidas pela CET/SP, dados de
acidentes e observações feitas durante a pesquisa de campo, pode ser consolidado nas três
observações da Tabela 4.11 a seguir:
260
Tabela 4.11 – Síntese do Diagnóstico dos Especialistas da CET/SP na Interseção
com Sinalização de Prioridade: R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia
Observação 1: Desrespeiro à R1, problema com COs Angulares Os acidentes ocorrem por desrespeito à parada obrigatória. Indica que as COs angulares deveriam ser o problema relevante no local, informação confirmada pelos dados parciais sobre acidentes. A pesquisa de campo confirma que existem transgressões à preferência. Não mostra uma freqüência acentuada de inversões de preferência mas mostra claramente um número significativo de manobras com aceitação de brechas reduzidas, o que pode ou não ser tomado como indicador de potenciais transgressões à preferência. Observação 2: Instalação de Semáforo elimina problema com COs Angulares A sugestão para o local é a implantação de semáforo, há dificuldade por parte dos motoristas provenientes da R. Raul Pompéia em avaliar as brechas para cruzar a R. Ministro Ferreira Alves, face à visibilidade ruim e ao alto volume de veículos nos horários de pico. Entende-se que se trata de intervisibilidade, por ter sido associado a um aspecto que recomenda a implantação de semáforo e confirmaria, novamente, a indicação de que as COs angulares deveriam ser o problema relevante no local, o que é ratificado pelos dados parciais sobre acidentes. Os altos volumes de veículos foram confirmados na pesquisa de campo. Observação 3: Problema com COs Angulares maior no pico da tarde Foi fornecida a informação pela CET/SP de que os acidentes ocorrem durante o pico da tarde, o que não é corroborado pelos dados de acidentes disponíveis: nenhum dos 5 acidentes com vítimas registrados ocorreu no pico da tarde. A informação pode ter sido obtida de entrevistas e não confirmada por eventual sub-registro nos acidentes (particularmente, acidentes sem vítima). Pela divergência de informação este aspecto não será analisado.
A seguir estas observações são comparadas com os resultados que poderiam ser inferidos das
estimativas de oportunidades de conflito, nas diversas opções consideradas.
A Tabela 4.12 a seguir apresenta a relação que pode ser identificada entre cada grupo de
modelos e as três observações do diagnóstico.
261
Tabela 4.12 – Relação entre o diagnóstico e o resultado obtido pelos modelos de COs na Interseção
com Sinalização de Prioridade: R. Ministro Ferreira Alves x R. Raul Pompéia
Observação 1: Desrespeito à
placa R1, problema com COs Angulares
Observação 2: Instalação de
Semáforo elimina problema com COs Angulares
Observação 3: Problema com COs Angulares
maior no pico da tarde
Avaliação
CO Angular – Métodos baseados nas propostas originais do TRAF-Safe
O problema não é analisado especificamente porque não é considerada a transgressão.
O problema é detectado e a estimativa de CO angular é relevante, sendo relacionado com COs de movimentos prioritários e secundários.
Não foi estudado o pico da tarde.
Todos os métodos detectaram o problema de CO angular.
CO Angular – Método que incorpora o fator de chegada livre P[F].
O problema não é analisado especificamente porque não é considerada a transgressão.
O problema das COs Angulares exclui o risco dos movimentos prioritários (somente às COs de movimentos secundários seriam relevantes).
Não foi estudado o pico da tarde.
Como a via secundária é saturada, P[F] é praticamente nula, resultando em um baixo número de COs angulares relacionados com a exposição de movimentos principais. Os dados de acidentes não permitem confirmar a natureza da exposição mas usualmente é o veículo da via secundáriua que arrisca a manobra e fica em exposição.
CO Angular – Método que considera brechas de risco.
O problema não é analisado especificamente porque não é considerada a transgressão.
O problema é detectado nas COs de movimentos secundários, com frequência.
Não foi estudado o pico da tarde.
Também detecta o problema de CO angular na via secundária (com uma maior gravidade que não é avaliada).
CO traseira - Métodos baseados nas propostas originais do TRAF-Safe.
Não se aplica. Não se aplica. Não se aplica. O total de CO traseiras indica a existência de problemas de acidentes não observados. A previsão de acidentes decorrente é maior que a de acidentes angulares. Não há problema diagnosticado ou observação de colisões traseiras ou decorrentes de CO traseira que apóie a previsão.
CO traseira - Métodos que avaliam deficiência de visibilidade.
Não se aplica. Não se aplica. Não se aplica. O total de CO traseiras passa a ser compatível com a inexistência de problema diagnosticado ou acidentes observados.
CO com pedestres Não se aplica. Não se aplica. Não se aplica. Não há informação para analisar COs com pedestres.
262
4.2.3.2 Interseção com Sinalização Semafórica: R. Cerro Corá x R. Pio XI
De acordo com a disposição geométrica mostrada na Figura 4.2a, a Figura 4.7a mostra a
nomenclatura adotada para os movimentos veiculares e de pedestres. A Figura 4.7b mostra
um diagrama com a indicação dos pontos de conflito (interseção de movimentos conflitantes).
Figura 4.7a – Nomenclatura dos movimentos veiculares e de pedestres da interseção
com sinalização semafórica: R.. Cerro Corá x R. Pio XI
Figura 4.7b – Diagrama mostrando os pontos de conflito da interseção
com sinalização semafórica: R. Cerro Corá x R. Pio XI
Os dados de fluxos foram contados, em v/h, a partir da filmagem. Os resultados estão
mostrados na Tabela 4.13 a seguir e representados na Figura 4.7b.
M1A
M2A
M3A
M1B
M2B M4B
M5b M6b
M7b
M8b
M9b
M10A
M10B
M11a M11b
M6b 565
M7b 207
M1B 557
M2B 398
M2A 434 M1A 308
M8b 332
M5b 233
M4B 159
M3A 126
M9b 358
M10A 68
M10B 130
M11a 30
M11b 51
263
Tabela 4.13 – Dados de fluxos da interseção
com sinalização semafórica: R. Cerro Corá x R. Pio XI
no período das 18:30 às 19:30
R. Cerro Corá - B-C R. Cerro Corá - C-B Frente Direita Total Frente Esquerda Total
Auto 651 115 766 862 143 1005 Caminhão 8 1 9 9 1 10 Ônibus 9 0 9 3 11 14 Moto 73 10 83 80 4 84 Total 741 126 867 954 159 1113
R. Pio XI Frente Direita Esquerda Total
Auto 909 290 326 1525 Caminhão 9 7 2 18 Ônibus 14 0 8 22 Moto 72 35 22 129 Total 1004 332 358 1694
M10A M10B Total M11a M11b Total Pedestres 68 130 198 30 51 81
A velocidade média e o desvio padrão das velocidades, em km/h, estão mostrados na Tabela
4.14 a seguir.
Tabela 4.14 – Dados de velocidade (em fluxo livre) da interseção
com sinalização semafórica: R. Cerro Corá x R. Pio XI
R. Cerro Corá R. Pio XI
µv σv µv σv
B-C Faixa direita 36,92 8,70 Faixa esquerda (*) (*)
B-C faixa esquerda 43,32 6,84 Faixa do meio 43,71 8,79
C-B Faixa direita 33,52 6,73 Faixa direita 39,77 6,47
C-B Faixa esquerda 28,27 10,06 (*) Como não foi possível coletar dados nessa faixa,
para a aplicação dos modelos foram adotados os mesmos valores da faixa da direita.
A Tabela 4.15a fornece os dados físicos da interseção, a Tabela 4.15b mostra os tempos
semafóricos da interseção no período da pesquisa e a Tabela 4.15c apresenta os dados obtidos
do programa HCS+.
264
Tabela 4.15a – Dados físicos da interseção
Rua Cerro Corá W Wi Wout WMi Win Wo Wmo Rin Rout Rc xin xout x d
M1A 11 M2A 11 M3A 1,4 2,2 M1B 9 M2B 9 M4B 5,6 6 0,9 0 11 0 11 8 8 0 3 3 15,6
Rua Pio XI W Wi Wout WMi Win Wo Wmo Rin Rout Rc xin xout x d
M5b 13 M6b 13 M7b 13 M8b 1,5 2,4 M9b 11 9 0 6 5,6 1,8 8,9 13,25 8,9 4,35 0 4,35 18,3
Tabela 4.15b – Tempos semafóricos
Ciclo 90 Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3
G 37 32 9 R 49 54 77 Ia 4 3 Iv 0 1 I 4 4 4
Int 4
Tabela 4.15c – Dados obtidos do programa HCS+
Q (*) S u Gq Gf Gu X te M1A 276 1761 0,41 14,03068 22,96932 0,53 20,8 M2A 392 1761 0,41 14,03068 22,96932 0,53 20,8 M3A 116 M1B 766 1507 0,41 37 0 1,21 129,9 M2B 108 517 0,41 12,93888 24,06112 1,21 129,9 M4B 155 12,42 0,6 25,58 M5b 224 1497 0,36 32 0 0,94 39,2 M6b 521 1497 0,36 28,82582 3,17418 0,94 39,2 M7b 185 1497 0,36 25,64335 6,35665 0,94 39,2 M8b 297 M9b 336
(*) Os fluxos fornecidos ao programa HCS+ não contemplam motos.
onde u = taxa de verde (G/Tc).
A seguir, são apresentadas as tabelas de resultados, onde Q é o fluxo do movimento exposto,
Qc é o fluxo conflitante, Ti é o tempo de exposição, P[conflito] é a probabilidade de chegada
265
de veículo conflitante durante o tempo de exposição e a coluna “Risco” é o número médio de
COs por veículo em porcentagem.
Novamente, quando não há nenhum termo de correção (como termos que ponderam o fator
visibilidade ou probabilidade de chegadas livres), o valor da coluna “Risco” é igual ao valor
da coluna “P[conflito]”. As tabelas mostram como o cálculo foi processado, permitindo
identificar subtotais por aproximação e por estágio.
CO Angular para Movimentos Protegidos – Período: Vermelho (R), Dissipação de fila
(Gq) e Restante de verde (Gu)
CO(angular)/h = 05
CO Traseira para Movimentos Protegidos – Período: Vermelho (R) e Dissipação de fila
(Gq)
a) Método 1, (Ha e Berg): todos os veículos que chegam durante o período de vermelho e
dissipação de fila6.
Expressão utilizada: p.Qh/)traseira(CO = e c
q
T
GRp
+=
5 As COs angulares sofridas pelos movimentos protegidos (movimentos M1A/M2A) que são o fluxo oposto do movimento de conversão à esquerda M4B serão tratadas à parte. 6 O método aqui proposto difere do originalmente proposto por Ha e Berg pela parcela “-1”, conforme visto no Capítulo 2.
266
Tabela 4.16a – Método 1 para CO Traseira – Movimentos Protegidos em R e Gq
Estágio 1 Q (v/h) p CO traseira Risco M1A+M3A 434 70,03% 303,95 70,03% M2A 434 70,03% 303,95 70,03% Subtotal 868 607,90 70,03% M1B 557 95,56% 532,24 95,56% M2B 398 68,82% 273,91 68,82% Subtotal 955 806,15 84,41% Estágio 2 Q (v/h) p CO traseira Risco M5b+M8b 565 95,56% 539,89 95,56% M6b 565 92,03% 519,96 92,03% M7b+M9b 565 88,49% 499,98 88,49% Subtotal 1695 1559,83 92,03% Total 3518 2973,88 84,53%
b) Método 2a, HA e BERG corrigido por um termo empírico de visibilidade
Expressões utilizadas: svPpQhtraseiraCO ../)( = e
−
= 0;D
DDmáxP)a(
p
vp
sv
Tabela 4.16b – Método 2a para CO Traseira – Movimentos Protegidos em R e Gq
Estágio 1 Q (v/h) Dp (m) Dv (m) Psv p CO traseira Risco M1A+M3A 434 39,43 100 0,00% 70,03% 0,00 0,00% M2A 434 50,11 100 0,00% 70,03% 0,00 0,00% Subtotal 868 0,00 0,00% M1B 557 34,22 100 0,00% 95,56% 0,00 0,00% M2B 398 26,80 100 0,00% 68,82% 0,00 0,00% Subtotal 955 0,00 0,00% Estágio 2 Q (v/h) Dp (m) Dv (m) Psv p CO traseira Risco M5b+M8b 565 44,04 100 0,00% 95,56% 0,00 0,00% M6b 565 50,80 100 0,00% 92,03% 0,00 0,00% M7b+M9b 565 44,04 100 0,00% 88,49% 0,00 0,00% Subtotal 1695 0,00 0,00% Total 3518 0,00 0,00%
c) Método 2b, HA e BERG, corrigido pelo termo probabilístico de visibilidade
P[Dp>Dv].
Expressões utilizadas: svPpQhtraseiraCO ../)( = e [ ]vpsv DDPP)b( >=
267
Tabela 4.16c – Método 2b para CO Traseira – Movimentos Protegidos em R e Gq
Estágio 1 Q (v/h) Dp (m) Dv (m) E[Dp] Var[Dp] Psv p CO traseira Risco M1A+M3A 434 39,43 100 39,75 172,93 0,02% 70,03% 0,07 0,02% M2A 434 50,11 100 49,81 131,61 0,04% 70,03% 0,11 0,03% Subtotal 868 0,18 0,02% M1B 557 34,22 100 34,84 100,01 0,00% 95,56% 0,00 0,00% M2B 398 26,80 100 28,20 181,78 0,01% 68,82% 0,02 0,00% Subtotal 955 0,02 0,00% Estágio 2 Q (v/h) Dp (m) Dv (m) E[Dp] Var[Dp] Psv p CO traseira Risco M5b+M8b 565 44,04 100 44,63 115,27 0,01% 95,56% 0,05 0,01% M6b 565 50,80 100 51,87 241,72 0,36% 92,03% 1,89 0,33% M7b+M9b 565 44,04 100 44,63 115,27 0,01% 88,49% 0,04 0,01% Subtotal 1695 1,98 0,12% Total 3518 2,18 0,06%
d) Método 2c, Ha e Berg, corrigido pelo termo probabilístico de visibilidade P[δR>δA].
Expressões utilizadas: svPpQhtraseiraCO ../)( = e [ ]ARsv PP)c( δδ >= .
Tabela 4.16d Método 2c para CO Traseira – Movimentos Protegidos em R e Gq
Estágio 1 Q (v/h) δR (s) E[δA] Var[δA] Psv p CO traseira Risco M1A+M3A 434 2 8,57 7,31 1,20% 70,03% 3,65 0,84% M2A 434 2 6,50 2,66 0,67% 70,03% 2,03 0,47% Subtotal 868 5,68 0,65% M1B 557 2 9,50 6,21 0,43% 95,56% 2,26 0,41% M2B 398 2 12,93 25,34 1,91% 68,82% 5,23 1,31% Subtotal 955 7,49 0,78% Estágio 2 Q (v/h) δR (s) E[δA] Var[δA] Psv p CO traseira Risco M5b+M8b 565 2 7,30 3,23 0,47% 95,56% 2,53 0,45% M6b 565 2 6,39 4,39 2,20% 92,03% 11,42 2,02% M7b+M9b 565 2 7,30 3,23 0,47% 88,49% 2,34 0,42% Subtotal 1695 16,30 0,96% Total 3518 29,47 0,84%
e) Método 3a, método de Ha e Berg, ponderado pela probabilidade de chegar um veículo
conflitante (inspirado na idéia de TRAF-Safe para interseções não semaforizadas),
com tempo de exposição igual ao tempo médio de espera por veículo (obtido do
HCS+).
Expressão utilizada: ( )Teq
S epQhtraseiraCO.1../)( −−= e ee tT =
268
Tabela 4.16e- Método 3a para CO Traseira – Movimentos Protegidos em R e Gq
Estágio 1 Qs (v/h_ Q (v/h) te (HCS) (s) p P[conflito] CO traseira Risco M1A+M3A 434 434 20,8 70,03% 91,85% 279,19 64,33% M2A 434 434 20,8 70,03% 91,85% 279,19 64,33% Subtotal 868 558,37 64,33% M1B 557 557 129,9 95,56% 100,00% 532,24 95,56% M2B 398 557 129,9 68,82% 100,00% 273,91 68,82% Subtotal 955 806,15 84,41% Estágio 2 Qs (v/h_ Q (v/h) te (HCS) (s) p P[conflito] CO traseira Risco M5b+M8b 565 565 39,2 95,56% 99,79% 538,74 95,35% M6b 565 565 39,2 92,03% 99,79% 518,86 91,83% M7b+M9b 565 565 39,2 88,49% 99,79% 498,92 88,30% Subtotal 1695 1556,51 91,83% Total 3518 2921,04 83,03%
f) Método 3b, igual ao Método 3a, sendo o tempo de espera igual ao tempo médio de
espera por veículo parado.
Expressão utilizada: ( )Teq
S epQhtraseiraCO.1../)( −−= e
pt
tT eepe == .
Tabela 4.16f – Método 3b para CO Traseira – Movimentos Protegidos em R e Gq
Estágio 1 Qs (v/h) Q (v/h) te(HCS) (s) p P[conflito] CO traseira Risco M1A+M3A 434 434 20,8 70,03% 97,21% 295,48 68,08% M2A 434 434 20,8 70,03% 97,21% 295,48 68,08% Subtotal 868 590,96 68,08% M1B 557 557 129,9 95,56% 100,00% 532,24 95,56% M2B 398 557 129,9 68,82% 100,00% 273,91 68,82% Subtotal 955 806,15 84,41% Estágio 2 Qs (v/h) Q (v/h) te(HCS) (s) p P[conflito] CO traseira Risco M5b+M8b 565 565 39,2 95,56% 99,84% 539,03 95,40% M6b 565 565 39,2 92,03% 99,88% 519,31 91,91% M7b+M9b 565 565 39,2 88,49% 99,90% 499,51 88,41% Subtotal 1695 1557,84 91,91% Total 3518 2954,95 84,00%
g) Método 4a, igual ao Método 3b, ponderado por um fator empírico de visibilidade.
Expressões utilizadas: ( ) sv
qTe
S PepQhtraseiraCO .1../)( −−= e
−
= 0;D
DDmáxP)a(
p
vp
sv
269
Tabela 4.16g – Método 4a para CO Traseira – Movimentos Protegidos em R e Gq
Estágio 1 Qs (v/h) Q (v/h) Dp (m) Dv (m) te(HCS) (s) Psv p P[conflito] CO traseira Risco M1A+M3A 434 434 39,43 100 20,80 0,00% 70,03% 97,21% 0,00 0,00% M2A 434 434 50,11 100 20,80 0,00% 70,03% 97,21% 0,00 0,00% Subtotal 868 0,00 0,00% M1B 557 557 34,22 100 129,90 0,00% 95,56% 100,00% 0,00 0,00% M2B 398 557 26,80 100 129,90 0,00% 68,82% 100,00% 0,00 0,00% Subtotal 955 0,00 0,00% Estágio 2 Qs Q (v/h) Dp (m) Dv (m) te(HCS) (s) Psv p P[conflito] CO traseira Risco M5b+M8b 565 565 44,04 100 39,20 0,00% 95,56% 99,84% 0,00 0,00% M6b 565 565 50,80 100 39,20 0,00% 92,03% 99,88% 0,00 0,00% M7b+M9b 565 565 44,04 100 39,20 0,00% 88,49% 99,90% 0,00 0,00% Subtotal 1695 0,00 0,00% Total 3518 0,00 0,00%
h) Método 4b, igual ao Método 3b, ponderado por pelo fator probabilístico de
visibilidade P[Dp>Dv].
Expressões utilizadas: ( ) sv
qTe
S PepQhtraseiraCO .1../)( −−= e [ ]vpsv DDPP)b( >= .
Tabela 4.16h – Método 4b para CO Traseira – Movimentos Protegidos em R e Gq
Estágio 1 Qs (v/h) Q (v/h) Dp (m) Dv (m) E[Dp] Var[Dp] Psv te(HCS) p P[conflito] CO traseira Risco M1A+M3A 434 434 39,43 100 39,75 172,93 0,02% 20,80 70,03% 97,21% 0,07 0,02% M2A 434 434 50,11 100 49,81 131,61 0,04% 20,80 70,03% 97,21% 0,11 0,02% Subtotal 868 0,18 0,02% M1B 557 557 34,22 100 34,84 100,01 0,00% 129,90 95,56% 100,00% 0,00 0,00% M2B 398 557 26,80 100 28,20 181,78 0,01% 129,90 68,82% 100,00% 0,02 0,00% Subtotal 955 0,02 0,00% Estágio 2 Qs (v/h) Q (v/h) Dp (m) Dv (m) E[Dp] Var[Dp] Psv te(HCS) p P[conflito] CO traseira Risco M5b+M8b 565 565 44,04 100 44,63 115,27 0,01% 39,20 95,56% 99,84% 0,05 0,01% M6b 565 565 50,80 100 51,87 241,72 0,36% 39,20 92,03% 99,88% 1,88 0,33% M7b+M9b 565 565 44,04 100 44,63 115,27 0,01% 39,20 88,49% 99,90% 0,04 0,01% Subtotal 1695 1,97 0,12% Total 3518 2,17 0,06%
i) Método 4c, igual ao Método 3b, ponderado por pelo fator probabilístico de
visibilidade P[δR>δA].
Expressões utilizadas: ( ) sv
qTe
S PepQhtraseiraCO .1../)( −−= e [ ]ARsv PP)c( δδ >= .
270
Tabela 4.16i – Método 4c para CO Traseira – Movimentos Protegidos em R e Gq
Estágio 1 Qs (v/h) Q (v/h) dR (s) Dv (m) E[dA] Var[dA] Psv te(HCS) p P[conflito] CO traseira Risco M1A+M3A 434 434 2 100 8,57 7,31 1,20% 20,80 70,03% 97,21% 3,55 0,82% M2A 434 434 2 100 6,50 2,66 0,67% 20,80 70,03% 97,21% 1,97 0,45% Subtotal 868 5,52 0,64% M1B 557 557 2 100 9,50 6,21 0,43% 129,90 95,56% 100,00% 2,26 0,41% M2B 398 557 2 100 12,93 25,34 1,91% 129,90 68,82% 100,00% 5,23 1,31% Subtotal 955 7,49 0,78% Estágio 2 Qs Q dR Dv E[dA] Var[dA] Psv te(HCS) p P[conflito] CO traseira Risco M5b+M8b 565 565 2 100 7,30 3,23 0,47% 39,20 95,56% 99,84% 2,53 0,45% M6b 565 565 2 100 6,39 4,39 2,20% 39,20 92,03% 99,88% 11,41 2,02% M7b+M9b 565 565 2 100 7,30 3,23 0,47% 39,20 88,49% 99,90% 2,34 0,41% Subtotal 1695 16,28 0,96% Total 3518 29,29 0,83%
CO Traseira para Movimentos Protegidos – Período: Restante de Verde (Gu)
a) Método 1, chegadas de veículos conflitantes durante o tempo de exposição (tempo de
desaceleração do veículo que faz a manobra de conversão).
Expressões utilizadas:
−+
−=
−−
RT
Tfq
LT
Tfq
c
u PePeT
GQhtraseiraCO RTTcLTTc
~~
11../)(
−=
vv
qq cTcTc 1
~
Tabela 4.17 – Método 1 para CO Traseira – Movimentos Protegidos em Gu
Estágio 1 Qs Gu TfLT PLT TfRT PRT QTc QTcLT QTcRT P[conf]LT P[conf]RT CO traseira Risco M1A+M3A 434 22,97 4,47 29,03% 308 221 23,99% 7,71 1,78% M2A 434 Subtotal 868 7,71 0,89%
M1B 557 M2B+M4B 557 24,06 2,33 28,55% 398 47 2,99% 1,27 0,23% Subtotal 1114 1,27 0,11% Estágio 2 Qs Gu TfLT PLT TfRT PRT QTc QTcLT QTcRT P[conf]LT P[conf]RT CO traseira Risco M5b+M9b 565 0,00 3,35 60,58% 233 16 1,49% 0,00 0,00% M6b 565 M7b+M8b 565 6,36 4,89 61,60% 207 151 18,54% 4,56 0,81% Subtotal 1695 4,56 0,27% Total 3677 13,54 0,37%
271
CO Angular para Movimentos Permitidos – Período: Vermelho (R) e Dissipação de fila
(Gq)
CO(angular)/h = 0
CO Angular para Movimentos Permitidos – Período: Restante de Verde (Gu)
Expressão utilizada: ( )Tq
LToeQhangularCO
−−= 1./)(
Tabela 4.18a – Método 1a para CO Angular – Movimentos Permitidos em Gu
Estágio 1 QLT (v/h) Qo (v/h) T (s) P[conflito] CO angular Risco M4B 159 742 7,57 78,99% 125,60 78,99% Total 159 125,60 78,99%
Expressão utilizada: ( )Tq
LToeQangularCO
5,0.1)( −−=
Tabela 4.18b – Método 1b para CO Angular – Movimentos Permitidos em Gu
Estágio 1 QLT Qo T P[conflito] CO angular Risco M4B 159 742 3,79 54,17% 86,13 54,17% Total 159 86,13 54,17%
CO Angular para Movimentos de Fluxo Oposto a Movimentos Permitidos – Período:
Vermelho (R) e Dissipação de fila (Gq)
CO(angular)/h = 0
CO Angular para Movimentos de Fluxo Oposto a Movimentos Permitidos – Período:
Restante de Verde (Gu)
Expressão utilizada: ( )Tq
c
u LTeT
GQhangularCO
−−= 1../)(
272
Tabela 4.19 – Método 1a para CO Angular – Movimentos Opostos em Gu, não considerando P[F]
Estágio 1 Q (v/h) Gu (s) QLT (v/h) T (s) P[conflito] CO angular Risco M1A 308 22,97 159 1,66 7,06% 5,55 1,80% M2A 434 22,97 159 1,41 6,05% 6,70 1,54% Total 742 12,25 1,65%
O Método 1b para CO angular do movimento de fluxo oposto diante do movimento de
conversão à esquerda permitida não será aplicado devido a não disponibilidade do valor de
XLT.
CO Traseira para Movimentos Permitidos
Expressão utilizada: ( ) [ ]vpsvsv
qt
LT DDPPPeQhtraseiraCO e >=−= − ,.1/)(
Tabela 4.20a – Método 1a para CO Traseira – Movimentos Permitidos
Estágio 1 QLT (v/h) Te (s) Q (v/h) Psv P[conflito] CO traseira Risco M4B 159 129,9 557 0,01% 100,00% 0,01 0,01% Total 159 0,01 0,01%
Expressão utilizada: ( ) [ ] ( )( )LTTe qqtp
vp
qt
LT eDDPeQhtraseiraCO−−− −+>−= .1.1/)(
Tabela 4.20b – Método 1b para CO Traseira – Movimentos Permitidos, considerando o risco de colisão
traseira devido à desaceleração até a parada do veículo que quer fazer a conversão à esquerda
Estágio 1 QLT Te Q Psv P[conflito] tp P1[conflito] CO traseira Risco M4B 159 129,9 557 0,01% 100,00% 0,3 2,18% 3,48 2,19% Total 159 3,48 0,00%
CO Traseira para Movimentos de Fluxo Oposto a Movimentos Permitidos
Expressão utilizada: ( )( )TpqTq
c
u eeT
GQhtraseiraCO LT −− −−= 11../)(
273
Tabela 4.21 – Método para CO Traseira – Movimentos Opostos
Estágio 1 Q (v/h) Gu (s) QLT (v/h) T (s) P1 Tp P2 CO traseira Risco (%) M1A 308 22,97 159 1,66 7,06% 5,69 38,54% 2,14 0,69% M2A 434 22,97 159 1,41 6,05% 6,33 53,37% 3,58 0,82% Total 742 5,71 0,77%
P1 é a probabilidade de CO angular (evento primário) e P2 é a probabilidade de CO traseira
(evento secundário) sendo o tempo de exposição igual ao tempo de parada do veículo da
frente.
CO Angular no Entreverdes
Expressão utilizada:
[ ] [ ] [ ]( ) [ ]( )21 .1...5,0
./)( ∆>−+∆>= II
c
aiiIi tdPFPtdPFP
T
IQhangularCO
Tabela 4.22 – Método para CO Angular – Entreverdes
Estágio 1 Conflito Qi (v/h) Z (m) Ze (m) P[tdI>∆1] P[tdI>∆2] P[F] P[conflito] CO angular Risco M1A x b 308 17 16,2 84,75% 0,00% 0,00% 0,01% 0,00 0,00% M3A x b 126 8,2 12 67,65% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00 0,00% M2A x b 434 17 13,4 98,26% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00 0,00% Subtotal 868 0,00 0,00% M1B x b 557 15 6 99,09% 0,22% 0,00% 0,23% 0,03 0,01% M2B x b 398 15 9 89,15% 5,66% 0,00% 5,66% 0,50 0,13% Subtotal 955 0,53 0,06% M4B x b 159 21,6 9 91,18% 24,62% 0,00% 24,62% 0,87 0,55% Subtotal 159 0,87 0,55% Estágio 2 Conflito Qi (v/h) Z (m) Ze (m) P[tdI>∆1] P[tdI>∆2] P[F] P[conflito] CO angular Risco M5b x B 233 12 6 99,85% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00 0,00% M5b x A 233 19 6 99,94% 0,08% 0,00% 0,08% 0,01 0,00% M6b x B 565 12 6 99,97% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00 0,00% M6b x A 565 19 6 99,97% 0,05% 0,00% 0,05% 0,01 0,00% M7b x B 207 12 6 99,85% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00 0,00% M7b x A 207 19 6 99,94% 0,08% 0,00% 0,08% 0,00 0,00% M8b x B 332 8,4 9 84,94% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00 0,00% M9b x B 358 12 6 99,85% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00 0,00% M9b x A 358 24,3 12 99,39% 0,06% 0,00% 0,06% 0,00 0,00% Subtotal 1695 0,02 0,00% Total 2722 0,89 0,03%
274
CO Traseira no Entreverdes
Expressão utilizada: [ ]0..5,0
./)( >= Ia
c
aiiIi tdP
T
IQhtraseiraCO
Tabela 4.23 – Método para CO Traseira –Entreverdes
Estágio 1 Q (v/h) Ia (s) E[dtIa] Var[tdIa] P[tdIa>0] CO traseira Risco M1A+M3A 434 4 -1,27927 0,164415 0,33% 0,03 0,00 M2A 434 4 -0,98098 0,101628 0,38% 0,04 0,00 Subtotal 868 0,07 0,00 M1B 557 4 -1,32534 0,113051 0,08% 0,01 0,00 M2B+M4B 557 4 -1,58763 0,252605 0,32% 0,04 0,00 M1B+M2B 955 0,04 0,00 M4B 159 0,01 0,00 Estágio 2 Q (v/h) Ia (s) E[dtIa] Var[tdIa] P[tdIa>0] CO traseira Risco M5b+M9b 591 3 -0,01309 0,104485 48,16% 4,74 0,01 M6b 565 3 0,183753 0,192852 68,11% 6,41 0,01 M7b+M8b 539 3 -0,01309 0,104485 48,16% 4,33 0,01 Subtotal 1695 15,48 0,01 Total 3677 15,60 0,00
CO de Pedestres – Movimentos Protegidos – Período: Verde do Pedestre (G)
CO(pedestre)/h = 0
CO de Pedestres – Movimentos Concorrentes – Conversões com Fluxo Oposto
a) Método 1a, proposto por ZHANG e PREVEDOUROS (2003), avaliado o risco por
pedestre.
Expressão utilizada: 0../)( Tq
peduped eOCCQhpedestreCO−=
Tabela 4.24a – Método para CO de Pedestres – Conversão à esquerda com Fluxo Oposto – Método de ZHANG
e PREVEDOUROS
Qped Gq Gped QpedG OCCpedg OCCpedu Tzc Qo CO ped Risco M10A 68 14,03 37 165 8,27% 6,70% 9,17 742 0,69 1,01%
275
b) Método 1b, proposto avaliando risco do pedestre pela conversão.
Expressão utilizada: peduc OCCQhpedestreCO ./)( =
Tabela 4.24b – Método para CO de Pedestres – Conversão à esquerda com Fluxo Oposto
Qped Qc OCCpedu CO ped Risco M10A 68 159 6,70% 10,66 15,67%
CO de Pedestres – Movimentos Concorrentes – Conversões sem Fluxo Oposto
a) Método 1a, baseado em ZHANG e PREVEDOUROS (2003), avaliado risco por
pedestre.
Expressão utilizada: ( )tq
pedgped eOCCQhpedestreCO −−= 1../)(
Tabela 4.25a – Método 1a para CO de Pedestres – Conversões sem Fluxo Oposto por pedestre
Qped Gped QpedG OCCpedg Tzc Q P[conflito] CO ped Risco M11a 30 32 84 4,22% 10,92 332 63,47% 0,80 2,68%
M11b 51 32 143 7,17% 10,92 358 66,23% 2,42 4,75% M10A 68 37 165 8,27% 9,17 126 27,45% 1,54 2,27%
b) Método 1b, proposto avaliando risco do pedestre pela conversão.
Expressão utilizada: pedgc OCCQhpedestreCO ./)( =
Tabela 4.25b – Método 1b para CO de Pedestres – Conversões sem Fluxo Oposto por conversão
Qped Qc OCCpedg CO ped Risco M11a 30 332 4,22% 14,01 46,69%
M11b 51 358 7,17% 25,68 50,34% M10A 68 126 8,27% 10,42 15,32%
276
CO de Pedestres no Entreverdes – com Foco de Pedestres
Expressão utilizada: [ ]050
>= int
c
int
ped tdPT
I.,.Qh/)pedestres(CO
Tabela 4.26 – Método para CO Angular – Entreverdes, com foco de pedestres
Conflito Qc Qped Iint Zped δ Iv Wped v σv E[tdInt] Var[tdInt] m a P[tdint>0] CO ped M10A x M3A 126 68 4 6 1 0 11 10,26 2,42 3,61 0,33 3,61 0,318232 100,00% 3,02 M10B x M5b 233 130 4 6 1 0 9 11,05 1,80 1,97 0,16 1,97 0,219703 99,99% 5,78 M10B x M6b 565 130 4 6 1 0 9 12,14 2,44 2,03 0,24 2,03 0,271578 99,94% 5,77 M10B x M7b 207 130 4 6 1 0 9 11,05 1,80 1,97 0,16 1,97 0,219703 99,99% 5,78 M10B x M8b 332 130 4 6 1 0 9 11,05 1,80 1,97 0,16 1,97 0,219703 99,99% 5,78 M10B x M9b 358 130 4 6 1 0 9 11,05 1,80 1,97 0,16 1,97 0,219703 99,99% 5,78 M11a x M1A 308 30 4 6 1 0 13 10,26 2,42 5,28 0,33 5,28 0,318232 100,00% 1,33 M11a x M2A 434 30 4 6 1 0 13 12,03 1,90 5,35 0,15 5,35 0,213233 100,00% 1,33 M11a x M3A 126 30 4 6 1 0 13 10,26 2,42 5,28 0,33 5,28 0,318232 100,00% 1,33 M11a x M1B 557 30 4 15 1 0 13 9,31 1,87 4,29 0,60 4,29 0,428714 100,00% 1,33 M11a x M2B 398 30 4 15 1 0 13 7,85 2,79 4,17 1,90 4,17 0,759851 99,59% 1,33 M11b x M1B 557 51 4 6 1 0 13 9,31 1,87 5,21 0,24 5,21 0,271142 100,00% 2,27 M11b x M2B 398 51 4 6 1 0 13 7,85 2,79 5,17 0,76 5,17 0,480572 100,00% 2,27 M11b x M4B 159 51 4 6 1 0 13 7,85 2,79 5,17 0,76 5,17 0,480572 100,00% 2,27 M11b x M1A 308 51 4 15 1 0 13 10,26 2,42 4,45 0,83 4,45 0,503169 99,99% 2,27 M11b x M2A 434 51 4 15 1 0 13 12,03 1,90 4,62 0,37 4,62 0,337151 100,00% 2,27 Total 49,90
277
CO de Pedestres no Entreverdes – sem Foco de Pedestre
Expressão utilizada: [ ]0.
/)( 0 >= =I
c
pedfinalpedtdP
T
GQhpedestresCO
Tabela 4.27 – Método para CO Angular – Entreverdes, sem foco de pedestres
Conflito Qc Qped Iint Zped δ Iv Wped v σv E[tdInt] Var]tdnt] m a P[tdI=0>0] Gpedfinal CO ped M10A x M3A 126 68 0 6 1 0 11 10,26 2,42 7,61 0,33 7,61 0,318232 100,00% 9,17 6,93M10B x M5b 233 130 0 6 1 0 9 11,05 1,80 5,97 0,16 5,97 0,219703 100,00% 7,5 10,83M10B x M6b 565 130 0 6 1 0 9 12,14 2,44 6,03 0,24 6,03 0,271578 100,00% 7,5 10,83M10B x M7b 207 130 0 6 1 0 9 11,05 1,80 5,97 0,16 5,97 0,219703 100,00% 7,5 10,83M10B x M8b 332 130 0 6 1 0 9 11,05 1,80 5,97 0,16 5,97 0,219703 100,00% 7,5 10,83M10B x M9b 358 130 0 6 1 0 9 11,05 1,80 5,97 0,16 5,97 0,219703 100,00% 7,5 10,83M11a x M1A 308 30 0 6 1 0 13 10,26 2,42 9,28 0,33 9,28 0,318232 100,00% 10,83 3,61M11a x M2A 434 30 0 6 1 0 13 12,03 1,90 9,35 0,15 9,35 0,213233 100,00% 10,83 3,61M11a x M3A 126 30 0 6 1 0 13 10,26 2,42 9,28 0,33 9,28 0,318232 100,00% 10,83 3,61M11a x M1B 557 30 0 15 1 0 13 9,31 1,87 8,29 0,60 8,29 0,428714 100,00% 10,83 3,61M11a x M2B 398 30 0 15 1 0 13 7,85 2,79 8,17 1,90 8,17 0,759851 100,00% 10,83 3,61M11b x M1B 557 51 0 6 1 0 13 9,31 1,87 9,21 0,24 9,21 0,271142 100,00% 10,92 6,19M11b x M2B 398 51 0 6 1 0 13 7,85 2,79 9,17 0,76 9,17 0,480572 100,00% 10,92 6,19M11b x M4B 159 51 0 6 1 0 13 7,85 2,79 9,17 0,76 9,17 0,480572 100,00% 10,92 6,19M11b x M1A 308 51 0 15 1 0 13 10,26 2,42 8,45 0,83 8,45 0,503169 100,00% 10,92 6,19M11b x M2A 434 51 0 15 1 0 13 12,03 1,90 8,62 0,37 8,62 0,337151 100,00% 10,92 6,19Total 110,09
278
Resumo dos Resultados para a Interseção com Sinalização Semafórica: Cerro Corá x
Pio XI
A seguir é apresentado um resumo dos resultados obtidos com a aplicação dos modelos
propostos por meio da Figura 4.8, sendo que os resultados são indicados da seguinte forma:
nnn(x) onde “nnn” é o resultado obtido e (x) é o método. “R” é o período de vermelho, “Gq” é
o período de dissipação de fila, “Gu” é o período de restante de verde, “I” é o período de
entreverdes e “O” significa “fluxo oposto”.
Figura 4.8 – Resultados obtidos com a aplicação dos modelos
Bairro
Centro
Rua
Pio
XI
Rua Cerro Corá
COangular-RGqGu: 0 COangular-I: 0
COtraseira-RGq: 1560(1)/0(2a)/2(2b)/ 16(2c)/1557(3a)/1558(3b)/0(4a)/2(4b)/ 16(4c) COtraseira-Gu: 5 COtraseira-I: 15
COangular-RGqG: 0 COangular-I: 0
COtraseira-RGq: 806(1)/0(2a)/0(2b)/7(2c)/ 806(3a)/806(3b)/0(4a)/0(4b)/7(4c) COtraseira-Gu: 1 COtraseira-I: 0
COangular-RGq: 0 COangular-Gu: 126 COangular-I: 1
COtraseira-Gu: 0 COtraseira-I: 0
COangular-RGqGu: 0 COangular-I: 0 COangular-O: 12
COtraseira-RGq: 608(1)/0(2a)/0(2b)/6(2c)/558(3a)/590(3b)/0(4a)/0(4b)/6(4c) COtraseira-Gu: 8 COtraseira-I: 0 COtraseira-O: 6
279
Visando uma visualização alternativa com melhor identificação dos métodos, os mesmos
resultados compilados na Figura 4.10 estão mostrados nas Tabelas 4.28a, 4.28b, 4.28c, 4.28d
e 4.28e.
Novamente não são apresentados os dados relativos às COs com pedestres porque a
informação dos diagnóstico não permite analisar os problemas específicos dos pedestres.
Tabela 4.28a – Cerro Corá – B-C (movimentos M1A/M2A/M3A)
Tipo de CO Período: R&Gq Período: Gu Período: I Método CO Método CO Método CO
Angular 1- protegido 0 1-protegido 0 1- aleatório 0 1-total de paradas 608 1-desaceleração 8 1- aleatório 0 2a-total de paradas, Dv empírico 0 --- --- --- --- 2b-total de paradas, Dv teórico 0 --- --- --- --- 2c-total de paradas, Treação 6 --- --- --- ---
Traseira 3a-total de paradas, conflito espera 558 --- --- --- --- 3b-total de paradas, conflito parado 590 --- --- --- --- 4a- conflito parado, Dv empírico 0 --- --- --- --- 4b- conflito parado, Dv teórico 0 --- --- --- --- 4c- conflito parado, Treação 6 --- --- --- ---
Tabela 4.28b – Cerro Corá – C-B (Movimentos protegidos M1B/M2B)
Tipo de CO Período: R&Gq Período: Gu Período: I Método CO Método CO Método CO
Angular 1- protegido 0 1-protegido 0 1-aleatório 1 1-total de paradas 806 1-desaceleração 1 1-aleatório 0 2a-total de paradas, Dv empírico 0 --- --- --- 2b-total de paradas, Dv teórico 0 --- --- --- --- 2c-total de paradas, Treação 7 --- --- --- ---
Traseira 3a-total de paradas, conflito espera 806 --- --- --- --- 3b-total de paradas, conflito parado 806 --- --- --- --- 4a- conflito parado, Dv empírico 0 --- --- --- --- 4b- conflito parado, Dv teórico 0 --- --- --- --- 4c- conflito parado, Treação 7 --- --- --- ---
Tabela 4.28c – Cerro Corá – C-B (Movimento permitido M4B)
Tipo de CO Período: R&Gq Período: Gu Período: I Método CO Método CO Método CO
Angular --- --- 1- Exposição conversão 126 1-aleatório 1 Traseira --- --- 1- Exposição desaceleração 0 1-aleatório 0
Tabela 4.28d – Cerro Corá – C-B (Movimento oposto M1A/M2A)
Tipo de CO Período: R&Gq Período: Gu Período: I Método CO Método CO Método CO
Angular --- --- 1-Exposição cruzamento 12 --- --- Traseira --- --- 1-Exposição CO secundário 6 --- ---
280
Tabela 4.28e – Pio XI (Movimentos M5b/M6b/M7b/M8b/M9b)
Tipo de CO Período: R&Gq Período: Gu Período: I Método CO Método CO Método CO
Angular 1- protegido 0 1-protegido 0 1-aleatório 0 1-total de paradas 1560 1-desaceleração 5 1-aleatório 15 2a-total de paradas, Dv empírico 0 --- --- --- --- 2b-total de paradas, Dv teórico 2 --- --- --- --- 2c-total de paradas, Treação 16 --- --- --- ---
Traseira 3a-total de paradas, conflito espera 1557 --- --- --- --- 3b-total de paradas, conflito parado 1558 --- --- --- --- 4a- conflito parado, Dv empírico 0 --- --- --- --- 4b- conflito parado, Dv teórico 2 --- --- --- --- 4c- conflito parado, Treação 16 --- --- --- ---
Com relação aos modelos propostos, pode-se observar que vários modelos apresentam
resultados numéricos semelhantes, o que permite que eles sejam novamente agrupados na
comparação feita a seguir.
Comparação do diagnóstico x estimativa de oportunidades de conflito para a Interseção
com Sinalização Semafórica: Cerro Corá x Pio XI
O diagnóstico qualitativo, composto pelas informações fornecidas pela CET/SP, dados de
acidentes e observações feitas durante a pesquisa de campo, pode ser consolidado nas duas
observações da Tabela 4.29 a seguir:
281
Tabela 4.29- Síntese do Diagnóstico dos Especialistas da CET/Sp na Interseção
com Sinalização Semafórica: Cerro Corá x Pio XI
Observação 1: Problemas nas CO Angulares das conversões permitidas Os acidentes ocorrem em sua maioria na conversão à esquerda. Os movimentos de conversão à esquerda não são proibidos e até mesmo os ônibus realizam a conversão à esquerda da R. Cerro Corá para a R. Pio XI, provocando problemas de lentidão e acidentes, inclusive fatais (moto e ônibus). Os registros de acidentes de 2005/2006 não mostraram os eventos mencionados para acidentes com vítimas. Indica que as COs angulares deveriam ser o problema relevante no local. Neste caso, apenas as conversões à esquerda permitidas gerariam CO angulares e o diagnóstico seria confirmado mas de forma genérica (como em qualquer outra interseção com estágio de conversões permitidas). Não há indicação clara de que o nível de CO angulares é um problema de segurança grave (o que é compatível com a ausência de acidentes com vítimas em 2005/2006). No entanto, houve um acidente sem vítima observado no dia da filmagem (dois veículos na conversão à esquerda colidiram lateralmente, um ônibus e um auto). Observa-se que o raio de giro é restritivo para ônibus na conversão à esquerda. Observação 2: Implantação de estágio para conversões resolve COs Angulares A proposta da CET/SP para o local é a criação de um estágio específico no semáforo para a conversão à esquerda da Cerro Corá para a R. Pio XI, o quarto estágio da interseção, pintura no solo de setas de conversão à esquerda, rebalizamento com pintura de linha dupla amarela. A proibição da conversão em questão não é possível, pois não há vias que sirvam de alternativa para o citado movimento. A proposta confirmaria a indicação que as COs angulares deveriam ser o problema relevante no local e a re-análise normalmente indicaria que a proposta seria considerada eficaz para eliminar as COs angulares, de forma genérica (como em qualquer outra interseção em que um estágio de conversões permitidas é transformado em um estágio de conversões protegidas).
A seguir estas observações são novamente comparadas com os resultados que poderiam ser
inferidos das estimativas de oportunidades de conflito, nas diversas opções consideradas.
A Tabela 4.30 a seguir apresenta a relação que pode ser identificada entre cada grupo de
modelos e as duas observações do diagnóstico.
282
Tabela 4.30 – Relação entre o diagnóstico e o resultado obtido pelos modelos de COs na Interseção
com Sinalização Semafórica: Cerro Corá x Pio XI
Observação 1: Problemas nas
CO Angulares das conversões permitidas
Observação 2: Implantação de
estágio para conversões resolve
COs Angulares
Avaliação
CO angular – Movimentos Protegidos.
Não se aplica. Não se aplica. Não há indicação de problemas. O método assume que não há problemas quanto a CO angulares.
CO angular – Movimentos Permitidos.
O problema é detectado de forma genérica mas sem indicar uma magnitude acentuada.
O problema é detectado e a proposta é avaliada como potencialmente eficaz de forma genérica.
O problema é detectado genericamente. Sem haver uma referência, não há como saber se o resultado obtido, em termos de frequência de COs, representa risco significativo ou não.
CO traseira – Métodos baseados nas propostas originais de HA-BERG.
Não se aplica. Não se aplica. A indicação parece equivocada. O problema não é indicado como relevante. Não é indicado como relevante por outros dados (acidentes, ...).Os métodos indicam problema relevante, com uma grande freqüência.
CO traseira – Método que combina HA-BERG com a probabilidade de chegada de veículo conflitante (adaptando o método de TRAF-Safe para semáforos).
Não se aplica. Não se aplica. A indicação parece equivocada. O problema não é indicado como relevante. Não é indicado como relevante por outros dados (acidentes, ...).Os métodos indicam problema relevante. O resultado numérico é semelhante ao obtido pelo método de HA-BERG pois a probabilidade de chegada de veículo conflitante é praticamente 1.
CO traseira – Métodos baseados nas propostas originais de HA-BERG, com consideração da visibilidade
Não se aplica. Não se aplica. Indica conclusão adequada. O problema não é indicado como relevante. Não é indicado como relevante por outros dados (acidentes, ...). Os métodos corroboram que o problema não é relevante, corrigindo adequadamente a conclusão de métodos que não consideram o fator visibilidade.
CO angular no entreverdes Não se aplica. Não se aplica. Indica conclusão adequada. O método não revelou nenhuma deficiência de entreverdes quanto a COs angulares.
CO traseira no entreverdes. Não se aplica. Não se aplica. Indica conclusão adequada mas o método revelou deficiência de entreverdes quanto a CO traseira para a aproximação da Pio XI. Novamente, por falta de referência, não se pode afirmar quão significativa é essa deficiência.
CO com pedestres Não se aplica. Não se aplica. Não há informação para analisar COs com pedestres.
283
4.3 AVALIAÇÃO E CONCLUSÕES SOBRE VALIDAÇÃO
Os resultados obtidos são certamente limitados para uma validação conclusiva dos métodos
propostos. No entanto, algumas indicações podem ser sugeridas.
Como comentário geral, deve-se notar que as freqüência de COs não parecem ser diretamente
comparáveis em valor absoluto. Os resultados mostram que existe um problema de escala que
não permite a simples comparação de valores. Os valores de alguns tipos de COs
naturalmente são menos frequentes, por exemplo, quando se impõe uma condição adicional
para sua ocorrência. No entanto, se a condição adicional corresponde a um maior risco, a
redução na frequência não corresponde a uma redução de insegurança.
Por exemplo, a aplicação dos métodos não revelou com igual destaque o conflito angular da
conversão à esquerda permitida da Cerro Corá para Pio XI, comparando os números
absolutos, em contra-posição ao diagnóstico qualitativo. Este fato pode ocorrer porque os
métodos não levam em conta outros fatores tais como o tamanho dos veículos, raios de giro,
manobras de ultrapassagem, etc., fatos esses observados durante a pesquisa de campo. Uma
outra característica não agregada aos métodos é a interferência gerada pelas manobras de
estacionamento que ocorrem com freqüência na interseção. No entanto, a própria
complexidade da manobra é distinta e envolve grau de risco intrinsecamente maior.
Por outro lado, vários métodos fornecem valores numéricos semelhantes, sugerindo que estão
distinguindo diferenciações pouco relevantes.
As estimativas de COs angulares para movimentos prioritários em interseções com
sinalização de prioridade consideraram diversos métodos que distinguiam a agregação dos
fluxos e os resultados obtidos foram essencialmente semelhantes. Mesmo a distinção entre
exposição pelo tempo de parada ou pelo tempo de manobra altera o resultado quantitativo sem
mudar o resultado qualitativo. Na medida que este padrão de resultados possa ser
generalizado, pode-se depreender que este aspecto tem menor importância e pode ser definido
por outros critérios, como a simplicidade.
284
Para COs traseiras em interseções com sinalização de prioridade, os diferentes critérios para
definir o tempo de exposição (atraso de Adams, atraso médio por veículo ou por veículo
parado) forneceram resultados similares. No caso específico do atraso médio por veículo e
atraso médio por veículo parado, os resultados foram idênticos devido à condição de
saturação da via secundária. Entretando, a adição do requisito de deficiência de visibilidade
para ter uma oportunidade de conflito traseira torna as estimativas bastante reduzidas.
Para COs traseiras em interseções com sinalização semafórica, vários métodos fornecem
valores numéricos semelhantes mas existem dois grupos de valores. Os métodos que
desprezam o aspecto visibilidade fornecem valores altos (entre estes os métodos originais do
TRAF-Safe e de HA e BERG) e os métodos que adicionam este aspecto fornecem valores
baixos. Portanto, a mesma conclusão poderia ser obtida.
Para COs com pedestres em travessias de interseções com sinalização de prioridade foram
consideradas diversas formas de estimativa com tempo de travessia integral, exposição por
zona de conflito e exposição por faixa, novamente obtendo-se resultados essencialmente
semelhantes. Outra vez, na medida que este padrão de resultados possa ser generalizado, a
distinção pode ser considerada menos relevante e pode-se optar entre estas formas alternativas
com base em outros critérios, como a simplicidade.
Todos estes casos dependem basicamente de fluxos, não diferindo de forma fundamental de
outros métodos do tipo “produto de fluxos”. Interseções com altos fluxos resultam,
necessariamente, em valores numéricos expressivos. Interseções com baixos fluxos resultam
em um número menor de COs. A coluna “Risco” nas tabelas de resultados apresentados
tentam eliminar o fator “fluxo”, avaliando o número médio de COs por veículo. Contudo,
mesmo assim, métodos como o TRAF-Safe ainda indicarão maiores índices de risco nas
interseções com maior fluxo do aquelas com menor fluxo.
Em contraposição, os resultados obtidos para COs traseiras mostram diferentemente que, se
não forem considerados fatores relacionados com deficiências particulares da interseção, os
métodos podem indicar problemas inexistentes (desde que apresentem altos fluxos). Sem
levar em conta o fator de visibilidade, os métodos de TRAF-Safe e Ha-Berg resultaram em
valores expressivos de COs traseiras. Introduzindo o fator visibilidade, o número de COs
foram reduzidos ao mínimo, o que está mais compatível com o diagnóstico e observações
285
qualitativas. Assim, da mesma forma, dever-se-ia introduzir o fator “intervisibilidade” para
COs angulares ou com pedestres em interseções semaforizadas ou não (aspecto não tratado no
presente trabalho).
Na aplicação realizada, diversos aspectos incorporados nos modelos propostos (como o
requisito de chegadas livres ou de brechas de risco, a distinção entre o risco de COs angulares
prioritários e secundários ou na travessia em brechas ou nos entreverdes) não puderam ser
adequadamente analisadas quanto à validade. Embora possa ser ampliado o esforço de
observação de campo (analisando mais locais e mais períodos, com variação conveniente nos
problemas de segurança existentes), suspeita-se que a necessidade de melhores dados sobre os
acidentes ocorridos pode ser fundamental para obter uma validação mais conclusiva.
Em termos de diagnóstico qualitativo, a utilização de modelos de oportunidades de conflito de
tráfego identifica um número significativamente maior de questões e aponta também os
aspectos observados nos estudos utilizados para comparação. Novamente, e porque a simples
comparação das frequências em número absoluto pode ser enganosa, destaca-se a necessidade
de ponderar o risco correspondente a cada tipo de conflito para melhor avaliação.
Vale destacar, no entanto, que a aplicação do método pode revelar deficiências difíceis de ser
detectada por meio de diagnósticos qualitativos: a possível deficiência com relação a COs
traseiras no entreverdes da Pio XI. Isso pode indicar que o amarelo dessa aproximação seja
insuficiente, sendo uma recomendação aumentá-lo para 4 segundos. O mesmo pode ser dito
da análise de risco nos entreverdes das travessias de pedestres (como observado na
caracterização na insegurança durante o intermitente do estágio de pedestres).
Um outro ponto a ressaltar é a interação entre as estimativas de oportunidades de conflito e os
modelos de análise da operação do tráfego. Esta vinculação faz com que a qualidade dos
modelos de análise da operação tenham influência sobre os modelos de análise da segurança
(uma integração que se quis buscar). Por exemplo, o grau de saturação previsto pelo HCS+
não parece totalmente correspondente com a situação operacional observada e afeta a análise
da segurança com diversos critérios (como os que usam atrasos ou capacidades). Outro fato
relevante a ser observado é que o HCS+ trata do tempo de espera de movimentos permitidos
durante o período de restante de verde Gu em conjunto com os movimentos compartilhados,
sem permitir sua análise em separado. Esses movimentos sofrem paradas e atrasos adicionais
286
no período Gu por que só conseguem fazer a manobra aproveitando-se de brechas no fluxo
oposto. A espera em Gq, por sua vez, é peculiar dos movimentos permitidos (não dos
demais).
Como a integração é considerada importante, a observação deve ser traduzida na necessidade
de uma calibração adequada dos modelos de análise da operação como requisito para obter
resultados adequados na estimativa de oportunidades de conflito. Outra opção seria ajustar os
resultados a partir da observação da operação em campo.
Concluindo, apesar de necessitar de aprimoramentos em vários aspectos, os métodos baseados
no conceito de oportunidades de conflito de tráfego podem ser ferramentas potencialmente
úteis para complementar ou ratificar diagnósticos qualitativos.
287
5. CONCLUSÕES
A seguir são apresentadas as conclusões obtidas no presente trabalho, bem como a
identificação de aspectos não tratados ou que precisam ser aprimorados ou podem ser
analisados em trabalhos futuros.
O objetivo buscado com a aplicação dos modelos de oportunidades de conflito foi claramente
determinado: o uso do conceito de oportunidade de conflito de tráfego busca permitir o
desenvolvimento de métodos analíticos que dependam apenas de dados de tráfego e de
parâmetros relacionados à geometria e ao tipo de controle. Historicamente, os estudos de
tráfego foram desenvolvidos inicialmente para estimar capacidade e atrasos. As decisões de
projetos eram feitas visando máxima obtenção de capacidade e redução de atrasos. Apenas
mais tarde, em vistas do crescente aumento do número de acidentes de trânsito, o problema de
segurança tornou-se relevante. Contudo, enquanto que capacidades e atrasos eram facilmente
tratados por meio de ferramental matemático, com obtenção de resultados numéricos que
podem ser comparados, problemas de segurança são difíceis de tratar usando métodos
analíticos. Dados de acidentes de tráfego foram os primeiros meios utilizados para a obtenção
de medidas de segurança. Outras técnicas foram posteriormente propostas para evitar a
dependência de dados de acidentes, entre estas a técnica de análise de conflitos de tráfego e,
mais recentemente, os modelos de oportunidades de conflito de tráfego.
A revisão da literatura sobre o assunto indicou um pequeno número de trabalhos relativos ao
tema. Por este motivo, a revisão foi feita em duas etapas: a primeira relacionada com estudos
diretamente relacionados com oportunidades de conflito de tráfego e na segunda foram
revisados estudos correlacionados que forneceram elementos complementares.
O trabalho de KAUB (2005), que descreve métodos incorporados a um software voltado à
aplicação profissional (o TRAF-Safe) e ensejou a motivação do presente trabalho, foi a
principal referência diretamente relacionada ao assunto. Do seu conteúdo destaca-se uma
formulação básica para os modelos de oportunidades de conflito, detalhados para interseções
288
não semaforizadas;. Resumidamente, a oportunidade de conflito de tráfego está baseada em 3
elementos: (i) veículo exposto; (ii) o tempo em que ele está exposto e, durante esse tempo de
exposição, (iii) a probabilidade de chegar veículos conflitantes. A formulação de novos
modelos utilizou esta formulação e avaliou a incorporação de um elemento adicional: a
existência de fatores que tornam o risco relevante. A análise de validação, pelo menos no caso
específico dos fatores relacionados com visibilidade em COs traseiras, caracterizou o novo
aspecto como bastante importante para fornecer conclusões aplicáveis.
Ainda em relação a KAUB (2005), notou-se que a documentação é bastante imprecisa,
apresentando muitas vezes dados conflitantes e com lacunas na forma de operacionalizar o
modelo. Em diversos pontos, a forma ou a expressão utilizada para avaliação foi também
criticada e considerada inadequada.
Uma crítica que foi feita ao método do autor no Capítulo 2 é a não agregação dos movimentos
conflitantes. Entretanto, os resultados práticos obtidos nas duas interseções validadas e
descritas no Capítulo 4 mostraram que não há grande diferença nas duas formas de
operacionalizar o modelo. Esta observação é interessante porque permite optar por
procedimentos mais simples, na consideração da agregação dos fluxos.
Por outro lado, outras críticas foram consideradas relevantes.
O uso do tempo de parada como tempo de exposição para COs angulares dos movimentos
prioritários, conforme adotado pelo autor, resultou em valores numéricos significativamente
maiores do que aqueles obtidos utilizando como tempo de exposição o tempo de manobra. A
aplicação prática dos modelos feita no Capítulo 4, do modo como foi feita (contra
diagnósticos qualitativos), não conseguiu fazer distinção entre essas diferentes formulações ou
distinguir a importância de COs angulares relacionadas com movimentos prioritários ou
secundários. No entanto, o método de diagnóstico continuou efetivo utilizando apenas COs
secundárias ou reduzindo as estimativas de COs prioritárias, como sugerido pelo senso
comum.
Outra observação que deve ser registrada é a consideração pelo autor de que movimentos
prioritários (por serem movimentos que não param) não geram COs traseiras. Por considerar
que essa premissa não é verdadeira, foram propostos métodos considerando que COs traseiras
289
poderiam ser geradas em conseqüência de COs angulares primárias ou em decorrência da
desaceleração de veículos que fazem manobras de conversão. Em ambos os casos, o tempo de
exposição é o tempo de desaceleração, até a parada total do veículo no caso de CO angular
primária e até a velocidade de conversão no segundo caso.
No caso de COs traseiras de movimentos secundários, o autor adota como tempo de exposição
o tempo de espera dado pela expressão de Adams (tempo de espera no topo da fila). No
presente trabalho, foram adotadas duas alternativas para o tempo de exposição: o tempo
médio de espera (em fila) por veículo e o tempo médio de espera (em fila) por veículo que
pára. Na validação de campo descrita no Capítulo 4, o tempo de espera em fila foi obtido do
programa HCS+ e a proporção de veículos que param foi obtida a partir de uma expressão que
depende de X=Q/C, sendo que o valor de X também foi obtido pelo programa HCS+. Tendo
em vista que a interseção Ferreira Alves x Raul Pompéia estava saturada no período da
pesquisa, os dois métodos que consideram o tempo médio de espera em fila deram o mesmo
resultado (pois a proporção de veículos que param é praticamente igual a 100%), resultando
em valores numéricos muito superiores àqueles apresentados pelo método que adota a
expressão de Adams como tempo de exposição. Aliás, os tempos de espera obtidos pelo
HCS+, de 72 e 48 segundos por veículo, não parecem ser compatíveis com o que foi
observado (de forma qualitativa) durante a pesquisa de campo.
A preferência pelas formulações alternativas repousa, nestes casos, em argumentos
essencialmente teóricos (dado que a comparação entre os resultados obtidos na aplicação
prática com os diagnósticos qualitativos foi insuficiente).
Outros trabalhos sobre o tema foram estudados e revelaram-se essenciais. KAUB (2005)
forneceu os elementos para formulações dos modelos em interseções com sinalização de
prioridade mas não tratou detalhadamente as interseções semaforizadas, entre outras. HA e
BERG (1995) e ZHANG e PREVEDOUROS (2003) forneceram os elementos necessários
para as formulações propostas para interseções semaforizadas.
Baseado nestes estudos, a análise tomou como base o critério de dividir o ciclo semafórico em
períodos característicos: o vermelho, a dissipação de fila e o restante de verde. O período de
entreverdes, cuja análise não foi contemplada pelos autores mencionados, foi incluído nas
290
propostas formuladas por ser considerado um elemento fundamental na segurança dos
semáforos nos demais estudos revisados.
A proposta de HA e BERG (1995) para a estimativa de COs traseiras no período de vermelho
e dissipação de fila é contar todos os veículos que param, exceto o primeiro da fila. A
proposta adotada no presente trabalho foi desprezar essa parcela “-1” bem como acrescentar
um método alternativo, inspirado na idéia de KAUB (2005), que usa um fator que pondera a
probabilidade de chegar veículos conflitantes durante o tempo que o veículo está parado.
Tendo em vista os altos fluxos apresentados pela interseção validada (Cerro Corá x Pio XI), a
probabilidade de chegar veículos durante o tempo de espera é praticamente 1, obtendo-se
resultados idênticos em ambos os métodos. Estas formulações foram indistinguíveis e
produziram, todas, conclusões inadequadas em termos de diagnóstico. A consideração de
existência (ou não) de deficiências de visibilidade permitiu melhorá-las, em todos os casos.
Tanto HA e BERG (1995) como ZHANG e PREVEDOUROS (2003) trataram do problema
de COs angulares entre movimento de conversão à esquerda com o seu fluxo oposto, tendo
essa metodologia sido adotada, em suas linhas gerais, no presente trabalho. Ambos os autores
consideram que há CO angular apenas nas brechas (T±2 onde T é o tempo de manobra, com
um viés de 2seg em HA e BERG, 1995). Brechas maiores não geram risco. Brechas menores
também não gerariam risco uma vez que é admitida que não são aceitas pelos condutores. Foi
visto no Capítulo 2 que essa metodologia pode gerar resultados incompatíveis com o senso
comum, uma vez que poderá resultar, ao contrário do que se espera, valores maiores de COs
angulares para interseções com baixo índice de brechas pequenas e grande número de brechas
grandes do que em interseções com grande quantidade de brechas pequenas e reduzido
número de brechas grandes1. Foi proposta uma forma corrigida para avaliar a probabilidade
das brechas de risco e sua aplicação mostrou que os resultados obtidos não exibem o
problema apontado e podem ser utilizados como uma opção adequada.
ZHANG e PREVEDOUROS (2003) também trataram do problema de COs com pedestres na
situação em que há conflito com veículos que fazem a manobra de conversão à esquerda
permitida diante de um fluxo oposto. Esta metodologia foi criticada e foi proposta uma
formulação alternativa baseada na forma inversa, que avalia a probabilidade da presença de
1 No texto, entende-se por “brecha grande” aquela que for maior que T+2 e por “brecha pequena” aquela que for menor que T-2.
291
um pedestre interferente quando a conversão é realizada. As mesmas metodologias, a original
e a proposta, foram estendidas para o caso de travessias diante de conversões sem fluxo
oposto. Apesar da consciência de que o método proposto tem como premissa a preferência
dos pedestres diante dos movimentos veiculares de conversão, ambas as metodologias foram
aplicadas a todos os casos de travessias com fluxos veiculares concorrentes. Não foi possível,
no entanto, avaliar sua validade pois os casos estudados não sugeriam problemas de segurança
relacionados com pedestres. Foi também formulado um método alternativo baseado na
representação de travessias em brechas, na situação em que os pedestres não são prioritários
ou não tem sua preferência respeitada, que pode ser desenvolvido e testado da mesma forma.
Apesar de também ter sido aplicada e não ter sido adequadamente validada, novamente
porque os casos estudados não sugeriam problemas de segurança relacionados com pedestres,
foi proposta também uma formulação para estimativa de COs de pedestres em interseções
com sinalização de prioridade.
Deve-se, naturalmente, assinalar que todas as formulações para pedestres devem ser
entendidas como preliminares e merecedoras de novos estudos.
É importante enfatizar, com relação a COs traseiras, que tanto KAUB (2005) como HA e
BERG (1995) também não consideraram o efeito de visibilidade. A validação de campo
mostrou novamente que os resultados assim obtidos levam a um diagnóstico inadequado e que
o fator é fundamental para que o resultado da aplicação dos modelos faça algum sentido. De
fato, sem considerar o fator visibilidade, todos os métodos resultam em elevado número de
COs traseiras. Introduzindo o fator visibilidade, o número de COs traseiras fica bastante
reduzido, resultado esse mais compatível com o diagnóstico qualitativo.
Isso mostra que a incorporação de fatores característicos de cada interseção é fundamental
para que os resultados sejam coerentes com a realidade. Neste sentido, uma lacuna não tratada
no presente trabalho é o efeito de intervisibilidade de interseções semaforizadas e também nas
travessias de pedestres.
Outros aspectos foram analisados a partir da revisão dos estudos relacionados, fornecendo
elementos complementares. Um destes aspectos já foi mencionado: pode-se destacar o
potencial de acidentes relacionados com COs secundárias para o fluxo prioritário em
292
interseções sem semáforo dos estudos sobre modelos de previsão de colisão. Com base nesses
modelos foi extraída a idéia de que CO traseira pode ser considerada como um evento
secundário gerado por uma interferência de natureza angular (evento primário).
No entanto, os aspectos mais largamente utilizados foram obtidos dos trabalhos revisados
sobre entreverdes, os quais forneceram elementos importantes para a proposição de modelos
de oportunidade de conflito angular e traseira para esse período. Deve-se destacar a
importância particular do trabalho de EASA (1993), cuja abordagem probabilística foi usada
não somente para o período de entreverdes, mas foi extensivamente adotada para tratar de
questões como visibilidade e tempos de reação. Apontou-se que os métodos propostos para o
período de entreverdes podem não ser adequados por não considerarem o efeito de progressão
dos veículos mas suas indicações foram aplicadas nos casos estudados. Os resultados obtidos
exibem padrões consistentes, embora não tenha sido coletada nenhuma evidência clara da
validade das suas indicações. Notou-se, no entanto, que o método proposto é capaz de
identificar problemas não apontados pelos diagnósticos da CET/SP (como a deficiência do
amarelo no estágio da Rua Pio XI) de maneira convincente.
Métodos similares foram propostos para diversos contextos (como as interferências por
redução de velocidade) mas não puderam ser aplicados.
Um contexto adicional para o qual estes métodos foram aplicados foi a análise da segurança
do entreverdes dos pedestres. Este problema foi analisado considerando a transição no final
do verde (como para veículos) e também no início do verde (cujas peculiaridades foram
consideradas importantes para os pedestres e, eventualmente, também para os veículos). A
análise da segurança do entreverdes de pedestres no final do verde foi também aplicada mas,
novamente, não pode ser validada pela falta de diagnósticos de problemas específicos para
pedestres. Mas, outra vez, podem-se observar resultados consistentes e condizentes com a
observação operacional (como a crítica usual aos valores reduzidos do intermitente para
pedestres, definidos com base nas recomendações atuais da CET/SP).
Deve-se destacar que, devido à complexidade e abrangência dos assuntos tratados, não houve
possibilidade de fazer uma proposição completa sobre modelos de oportunidades de conflito
com pedestres, apesar da preocupação especial com o pedestre. Embora tenham sido
propostos modelos preliminares para travessias de pedestres em interseções não
293
semaforizadas, admitindo-se hipóteses bastante simplificadoras, bem como em interseções
semaforizadas (estas com maior detalhamento), os mesmos não puderam ser objeto de
validação de campo. Essas lacunas podem ser preenchidas oportunamente com estudo e
trabalho complementar.
Finalmente, mas não menos importante, deve-se ponderar que a utilização direta dos
resultados de estimativas de oportunidades de conflito para diagnóstico de problemas de
segurança viária (apenas com base na freqüência prevista) mostrou-se bastante difícil ou
discutível. Este é o mesmo problema enfrentado na utilização dos resultados de pesquisas de
conflito de tráfego.
Na proposta original de KAUB (2005), as estimativas de COs são transformadas em COs
anuais e, então, utilizadas para prever a freqüência de acidentes e de acidentes graves, em
particular. Novamente, segue-se uma trilha também percorrida pelos estudos sobre pesquisas
de conflito de tráfego. Uma outra possibilidade seria tentar caracterizar diretamente a
periculosidade das COs ou buscar medidas comparáveis em termos de gravidade.
O ponto a mencionar aqui é que esta informação, de uma forma ou de outra, parece
fundamental para obter um diagnóstico adequado pois as escalas de freqüência observadas
parecem não refletir os problemas de segurança correspondente. Por exemplo, as COs nos
entreverdes, pela própria duração reduzida dos períodos, tendem a exibir valores baixos
(comparando-se os valores absolutos), em desacordo com a visão usual sobre sua relevância.
O caminho de relacionar estimativas de COs com estimativas de acidentes e, particularmente,
de acidentes graves, parece naturalmente preferível. No entanto, a qualidade dos dados de
acidentes é um aspecto crítico na cidade de São Paulo. Sua utilização seria também
fundamental para uma melhor validação dos métodos de estimativas de COs mas, pelo menos
nesta cidade, traz um desafio de difícil solução.
R.1
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