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CURSO CURSO APOSTILA APOSTILA ORÇAMENTO PÚBLICO ORÇAMENTO PÚBLICO Outubro | 2014 Professor Edison Imar Oliveira Mello Associação Brasileira de Orçamento Público - ABOP Professor Edison Imar Oliveira Mello Associação Brasileira de Orçamento Público - ABOP

ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

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Page 1: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

CURSOCURSO

APOSTILAAPOSTILA

ORÇAMENTO PÚBLICOORÇAMENTO PÚBLICO

Outubro | 2014

Professor Edison Imar Oliveira Mello

Associação Brasileira de Orçamento Público - ABOP

Professor Edison Imar Oliveira Mello

Associação Brasileira de Orçamento Público - ABOP

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Introdução

Após a publicação da Teoria Geral de J. M. Keynes1, a participação do Estado na economia agigantou-se, passando a intervir em quase todas as atividades humanas. Uma síntese desta atuação é definida por Stiglitz, ao referir que: “Do nascimento à morte, nossas vidas são afetadas de inúmeras maneiras pelas

atividades do governo.2”. Assim, o estudo das necessidades públicas, decorrentes de decisão política, cresce de importância bem como suas formas de financiamento e distribuição entre os segmentos da sociedade.

Uma vez definidas as fontes de financiamento e o direcionamento dos recursos passa-se aos controles sobre estes. A evolução das finanças públicas se dá nesta direção, isto é, partindo do poder totalitário para definir a carga tributária e sua distribuição, geralmente em benefício próprio, refletida no “L’État c’est moi”, passando pelos primeiros freios estabelecidos na Carta Magna de 1215, até atingirmos a exigência da participação popular e dos controles sociais. Portanto, O controle do Parlamento sobre as receitas e despesas dá início ao instituto que hoje classificamos como orçamento.

Quanto ao instrumento em si, obedece a processos contínuos de aperfeiçoamento, resultado da coexistência de planos e orçamentos, de estruturas de longo e curto prazo, resultando em produções mais sofisticadas com técnicas aprimoradas de elaboração propiciando melhor atendimento as necessidades públicas.

A planificação econômico-social, surgida inicialmente na Rússia, tomou forma de Orçamento-Programa e, após a Segunda Guerra Mundial, invadiu quase todas as nações como instrumento prospectivo de largo prazo. No Brasil, timidamente, estes planos surgem na Lei 4.320/64, sendo confirmados na Carta de 1967, reduzidos, entretanto, a despesas de capital com projeção trienal. Somente em 1988, com a promulgação da Constituição Cidadã, ficou evidente que a ação governamental deve obedecer a planejamento com fins de promover o desenvolvimento econômico-social do país.

A modernização dos instrumentos de longo prazo, e a inserção de programas de atendimento as questões econômicas e sociais, resulta na adoção do modelo de Planejamento Estratégico para as Cidades, metodologia aplicada ao Plano Plurianual.

1 Keynes. J. Maymard. in Teoria Geral do Juro, do Emprego e da Moeda. 2 Stiglitz, Joseph E. in Economia do Setor Público.

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O Orçamento e a atividade financeira do Estado

A estrutura financeira do Estado está assim disposta:

A Atividade Financeira do Estado

Captação dos recursos e riquezas

indispensáveis ao atendimento das

necessidades públicas atribuídas

ao Estado bem como à realização

de seus gastos.

Enfrenta o dilema econômico da

restrição orçamentária

frente à infinitude das necessidades

humanas

A Ciência das Finanças

Estuda as leis que regulam a despesa, a receita, o orçamento

e o crédito público

Estuda os princípios que regulam a

atividade financeira em bases teóricas.

Planos e Orçamentos Públicos - PPA, LDO e LOA

Na visão clássica o orçamento é uma peça que contém a previsão das receitas e a autorização das

despesas

A característica histórica imutável, desde a promulgação da Magna Carta de 1215 na Inglaterra, é a

participação do Parlamento

Os atos mais importantes para o Executivo

Municipal e para os cidadãos são, sem dúvida

nenhuma, os Planos e os Orçamentos.

O ato de maior responsabilidade dos Legisladores

é, por conseguinte, a apreciação destes.

Pois neste instrumento é que estão expressas as

propostas do Gestor, a vontade do cidadão, e a

autorização do Legislativo para sua execução.

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A temática sobre planos e orçamentos, incluindo receita, despesa e crédito público é disciplinada, no Brasil, em sede constitucional, conforme abaixo:

CRFB/88:

TÍTULO VI Da Tributação e do Orçamento (Arts. 145 a 161).

CAPÍTULO II

DAS FINANÇAS PÚBLICAS

Seção I

NORMAS GERAIS (Arts. 163 e 164).

Seção II

DOS ORÇAMENTOS (Arts. 165 a 169).

COMO FASE INICIAL DOS ESTUDOS VEM A:

DIVISÃO CLÁSSICA DAS FINANÇAS PÚBLICAS Conforme definição proposta por Aliomar Baleeiro as finanças públicas se

dividem em:

a) Receita b) Despesa c) Orçamento d) Empréstimos ou Crédito Público. Embora primária essa classificação ainda é largamente aceita.

ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Visando o atendimento das necessidades públicas o Estado necessita de captar

recursos.

Autor de renome, Aliomar Baleeiro, entende que a atividade financeira do Estado “consiste em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável à necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu àqueloutras pessoas de direito públicos.”

CIÊNCIA DAS FINANÇAS Novamente citando Aliomar Baleeiro:

A “Ciência das Finanças estuda um dos aspectos ou atividades do Estado: a obtenção dos meios materiais e serviços para realização de seus fins”. E, diz, ainda, ser a “disciplina que, pela investigação dos fatos, procura explicar os fenômenos ligados à obtenção e dispêndio do dinheiro necessário ao funcionamento dos serviços a cargo do Estado, ou de outra pessoa de direito público, assim como os efeitos outros resultantes dessa atividade governamental.”

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DIREITO FINANCEIRO Como toda a matéria referente às Finanças Públicas, desde a tributação até os

Planos e Orçamento são estruturados com base em normas jurídicas, constituindo o estado de Direito, a estas normas denominamos Direito Financeiro.

Pegando carona em Ricardo Lobo Torres, “o direito financeiro se abre para a classificação que distingue entre o sistema objetivo e o científico (...). O sistema objetivo compreende as normas, a realidade, os conceitos e os institutos jurídicos. Sistema científico é o conhecimento, a ciência o conjunto de proposições sobre o sistema objetivo, o discurso sobre a própria ciência.” E, complementa, “ O Direito Financeiro, como sistema objetivo, é o conjunto de normas e princípios que regulam a atividade financeira.”

POLÍTICA FINANCEIRA Na definição de Aliomar Baleeiro, “a Ciência das Finanças estuda não só o meio

de o Estado obter e aplicar dinheiro do povo no funcionamento dos serviços públicos, mas também os efeitos econômicos e sociais dessa atitude governamental” e, continua dizendo, “se uma doutrina - (...) quer modificar certos aspectos da vida social utilizando os meios financeiros, segundo os conhecimentos daqueles efeitos revelados pela teoria, estamos diante da Política Financeira.”

NECESSIDADES PÚBLICAS Segundo Baleeiro3, “em princípio, todas as necessidades públicas são coletivas,

mas a recíproca está excluída, pois existem necessidades de interesse geral ou coletivos que não são necessidades públicas.” E, continua dizendo que “necessidade pública é toda aquela de interesse geral, satisfeita pelo processo do serviço público.”

3 - BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução `Ciência das Finanças - Vol I - 2ª Edição revista e aumentada.

Edição Revista Forense. 1958 - 427 pág (pág. 18)

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ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO ORÇAMENTO O estudo do orçamento compreende quatro aspectos fundamentais:

• o jurídico, • o político, • o econômico, e • o técnico.

O ASPECTO JURÍDICO DO ORÇAMENTO No sentido formal o orçamento é muitas vezes designado como "lei de meios",

"leis ânuas". A Constituição Federal de 1988 usa as expressões: "lei orçamentária anual", "projeto de lei orçamentária", "lei do orçamento anual", ao lado de "orçamento."

Em seu aspecto formal, "o orçamento não difere das demais leis. Apresenta a redação comum às leis, recebe o número de ordem na coleção destes, resulta de projeto iniciado na Câmara dos Deputados, é objeto de sanção e poderá ser vetado."

No aspecto material ou substancial, há os que entendem que o orçamento não é um ato-regra, mas sim um ato-condição.

O ato-regra contém normas de direito em caráter geral e impessoal: a lei, o regulamento, a convenção coletiva do trabalho, etc.

O orçamento como ato-condição não cria direitos e obrigações novos. Apóia-se em leis específicas.

ASPECTO POLÍTICO DO ORÇAMENTO Aspecto "pelo qual o orçamento revela com transparência em proveito de que

grupos sociais e regiões ou para solução de que problemas e necessidades funcionará precipuamente a aparelhagem de serviços públicos".

Todo o governo tem, necessariamente, um plano de ação e procura realizar o programa do partido que o sustenta. A realização do programa se traduz necessariamente em despesas novas ou redução de despesas.

ASPECTO ECONÔMICO DO ORÇAMENTO Aspecto "através do qual se apreciarão, sobretudo, os efeitos recíprocos de

política fiscal e da conjuntura econômica, assim como as possibilidades de utilizá-los o Governo no intuito deliberado de modificar as tendências da conjuntura ou estrutura"

"Os gastos públicos são, no mundo de hoje, dos mais relevantes nas alterações da renda nacional e da conjuntura econômica".

As principais aplicações do orçamento como alavanca de comando da economia dinâmica podem ser assim sumarizadas:

a) Política de redistribuição da renda nacional; b) Política contra a depressão; c) Política anti-inflacionária.

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ASPECTO TÉCNICO DO ORÇAMENTO "Envolve o estabelecimento das regras práticas para realização dos fins indicados

nos itens anteriores e para classificação clara, metódica e racional de receitas e despesas, processos estatísticos para cálculo tão aproximado quanto possível duma e de outras, apresentação gráfica e contábil do documento orçamentário, etc."

TIPOS DE ORÇAMENTO ORÇAMENTO CLÁSSICO OU TRADICIONAL

Representa uma peça de previsão de receitas e autorização de despesas classificadas por objeto, sem cogitar as necessidades reais da administração e da popula-ção, nem dos objetivos econômico-sociais a atingir com sua execução. Tem neutralidade.

Procura restringir-se à satisfação das necessidades primárias do Estado: segurança interna, externa, justiça.

Características:

a. Equilíbrio entre os ingressos e gastos públicos. b. Foca n os aspectos político, contábil, financeiro e jurídico. c. Apresenta mero relacionamento dos recursos que seriam aplicados pelos

diversos órgãos de Governo.

Processo de decisão: a) Não há uma preocupação com o todo, mas apenas com a parte que lhes

diz respeito de forma direta; b) As receitas e despesas são consideradas apenas em partes e não pela

totalidade (fragmentação); c) A preocupação do que fazer se limita aos aumentos e diminuições em re-

lação às dotações do exercício anterior (incremental); d) O documento orçamentário resulta do conflito entre os gestores de servi-

ços que disputam sua participação nos escassos recursos disponíveis.

ORÇAMENTO CÍCLICO

CONCEITO: Utilização o processo orçamentário (receitas e despesas) para manutenção do

equilíbrio econômico durante as fases cíclicas.

CARACTERÍSTICAS: Superavits e déficits orçamentários atuando com efeitos compensatórios. Aumento dos gastos = expansão Redução dos Gastos = contração

CONTRIBUIÇÕES DO ORÇAMENTO CÍCLICO PARA A EVOLUÇÃO DO DIREITO ORÇAMENTÁRIO

"1) demonstrou que o equilíbrio do orçamento na forma concebida pelas finanças clássicas eram um dogma injustificado sob qualquer ponto-de-vista;

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2) mostrou que o princípio da anualidade orçamentária não satisfaz às exigências da economia moderna;

3) sugeriu, em consequência, que o princípio da unidade deveria sofrer reformulações;

4) iniciou nova classificação das contas orçamentárias: correntes (ordinárias) e de capital (Suécia e Dinamarca), que se tornaria especialmente fértil na prática do orçamento-programa...."

O ORÇAMENTO-PROGRAMA CONCEITO:

“O orçamento-programa é aquele que apresenta os propósitos, objetivos e metas para as quais a administração solicita os fundos necessários, identifica os custos dos programas propostos para alcançar tais objetivos e os dados quantitativos que medem as realizações e o trabalho realizado dentro de cada programa.”4

CARACTERÍSTICAS: - Plano de trabalho do Governo. - Aplicação dos recursos com objetivos definidos. - Mostra os objetivos e metas para os quais se solicita as dotações necessárias. - Identifica os custos dos programas propostos. - Os dados quantitativos medem as realizações e o esforço realizado em cada

programa. - Evolução da conceituação tradicional de orçamento. - Instrumento de programação econômica. - Instrumento de execução de planos e projetos de realização de obras e serviços,

visando ao desenvolvimento da comunidade. - Documento em que se designam os recursos de trabalho e financeiros

destinados à execução dos programas e projetos de execução governamental. - Mostra de onde vem os recursos para financiar o plano e quanto deve ser gasto

para atingir os objetivos traçados. - Vincula orçamento e planejamento.

COMPETÊNCIA PARA DE SUA ELABORAÇÃO ORÇAMENTO DO TIPO LEGISLATIVO

O Orçamento do Tipo Legislativo é aquele cuja competência privativa para elaborá-lo cabe ao Poder Legislativo.

Esse ocorre nos países em que o Poder Legislativo se sobrepõe ao Poder Executivo.

No Brasil, já vigorou este tipo de orçamento durante a vigência da Constituição de 1891, ou seja, de 1891 a 1930.

4 - BURKHEAD, Jesse, Government Budgeting, New York, John Wiley and Sons, inc., 1959. in. Manual

do Orçamento por Programa e Atividades, ob. cit. p.28.

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ORÇAMENTO DO TIPO MISTO O Orçamento do Tipo Misto constitui-se no orçamento elaborado em estreita

colaboração entre os Poderes Legislativo e Executivo. Decorre da equiparação de competência para elaborá-lo.

Segundo o entendimento de alguns autores, o orçamento do tipo misto teria vigorado no Brasil sob a vigência da Constituição de 1934.

ORÇAMENTO DO TIPO EXECUTIVO O Orçamento do Tipo Executivo é o preparado exclusivamente pelo Poder

Executivo.

Neste tipo de orçamento o Poder Legislativo não influi, nem na forma, nem nos quantitativos, nem nos objetivos, mas, quando muito, tem poderes para votá-lo em prazos certos e fatais.

TÉCNICAS ORÇAMENTÁRIAS CONSIDERAÇÕES GERAIS

A Constituição Federal estabelece que a elaboração da proposta orçamentária é da competência exclusiva do Poder Executivo e que esta atribuição é indelegável.

O Poder Executivo pode, a seu critério, escolher, a(s) técnica(s) desejada para a discussão e o estabelecimento das prioridades na alocação dos recursos orçamentários de livre programação.

São conhecidas várias técnicas orçamentárias como: Orçamento Base-Zero; PPBS-Planning Programming and Budgeting System (Sistema Integrado de Planejamento, Programação do Orçamento-SIPPO); RCB-La Rationalisation de Choix Budjetaires (Racionalização das Alternativas Orçamentárias); e, mais recentemente, a do Orçamento Participativo.

A Constituição Federal de 1988 atribuiu ao Poder Legislativo, que representa todos os segmentos da sociedade, a competência para apreciar e/ou modificar a proposta orçamentária desde que respeitadas as restrições impostas pela Constituição quanto ao poder de emendar os projetos.

ORÇAMENTO BASE-ZERO

CONCEITO DE ORÇAMENTO BASE-ZERO Peter Pyhrr assim o define:

Um processo operacional de planejamento e avaliação orçamentária que requer de cada administrador uma justificativa detalhada a partir de zero, sobre toda solicitação de recursos. Todo administrador deve justificar qualquer quantia solicitada, bem como o procedimento escolhido para executar o seu trabalho. O processo requer assim, que todas

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as atividades e operações sejam identificadas em pacotes de decisões que são avaliadas e classificadas segundo ordem de importância, através de uma análise sistemática5.

CARACTERÍSTICAS DO ORÇAMENTO BASE-ZERO

- Justificativa de todos os programas a serem financiados, quer dos já im-plantados quer dos novos.

- A preparação de um "pacote de decisões". - Hierarquização dos "pacotes de decisão". - Sistema que organiza os programas e atividades de forma detalhada, tanto os em

andamento como os novos. - Requer revisão, avaliação e análise de todas as despesas propostas, deixando de

se considerar os gastos em andamento como inquestionáveis. - Parte do zero para analisar os programas e atividades, podendo os gastos em

andamento ser reduzidos ou eliminados por novos.

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

CONSIDERAÇÕES GERAIS A técnica do Orçamento Participativo é relativamente recente. A primeira

experiência brasileira de um orçamento público com a participação direta da população, segundo as publicações existentes, ocorreu no município de Pelotas, no Rio Grande do Sul, nos anos de 1984, 1985 e 1986, sob a denominação: “Todo o Poder Emana do Povo”6.

Posteriormente, esta técnica orçamentária passou a ser adotada por diversas prefeituras municipais, sob a denominação de Orçamento Participativo.

A Lei de Responsabilidade Fiscal determina a participação popular, bem como audiências públicas durante os respectivos processos de elaboração e discussão de Planos e Orçamentos.

O art. 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal determina:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

5 - PYHRR, Peter A. Orçamento Anual à Base Zero. Biblioteca Harvard de Administração de Empresas,

nnº 9, 2º vol. in: RABELLO, Hamilton Nobre. Orçamento Base Zero: Rótulo e Conteúdo, Revista ABOP n.12, Brasília-DF, 1980, p.71.

6 - Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 set.1984; Câmara dos Deputados, Centro de Documentação e Informação, 1985, p.217-224 e conforme registram outras publicações. Esta técnica foi utilizada durante o governo do então prefeito da cidade de Pelotas, Bernardo de Souza.

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Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: (L. C. 131/2009).

I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos;

II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público;

III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Vide Decreto nº 7.185/2010)

Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a:

I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado;

II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários.

CONCEITO DE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO Consiste num processo através do qual o governo procura decidir com a

sociedade os critérios e as prioridades para a aplicação dos recursos públicos.

Há diversos formatos de fórums de decisão, como as assembleias gerais regionais e os grupos temáticos. Em outros, há as assembleias populares, conselhos comunitários, compreendendo, por exemplo, entidades associativas da cada lugar, as comunidades religiosas, associações esportivas, clubes recreativos e culturais, escolas.

CARACTERÍSTICAS DE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO - participação da população na discussão e definição de recursos de livre

programação, na fase executiva do orçamento;

- participação direta dos governos locais e da população na solução dos problemas;

- assembleias abertas, onde a população indica as prioridades para a Administração;

- divisão da cidade em regiões, por critérios geográficos, demográficos e econômicos;

- eleição de delegados para formar uma Comissão responsável pelo plano de investimentos do ano seguinte;

- níveis de fóruns de debates, no processo decisório;

- decisões preponderantemente voltados para os investimentos locais.

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PPBS-PLANNING PROGRAMMING AND BUDGETING SYSTEM

CONCEITO: "Conjunto integrado de métodos e técnicas orçamentárias em sentido amplo, que

visam a ajudar o poder político a conduzir mais eficazmente o assunto político, ou seja, para que se utilize os meios de que se dispõe de forma a obter a otimização dos objetivos que se julgue prioritários”.7.

É uma tentativa de integrar as três funções básicas de orçamento (planejamento, programação e orçamentação) e um sistema abrangente.8

CARACTERÍSTICAS DO PPBS - Necessidade de considerar a unidade de programa e planejamento em conjunto. - A integração de mais de um período na avaliação e projeção dos programas de

despesas. - Considera a unidade de programa e planejamento em conjunto. - Não existe um único PPBS, mas diversas modalidades de aplicação. - Integração plano, programa e orçamento em um sistema único, contínuo e

fechado. - Coordenação de alto nível entre os planos operativos de longo prazo, orçamento

anual e programação de médio prazo, para evitar distorções, duplicações e contradições.

RACIONALIZAÇÃO DAS ALTERNATIVAS ORÇAMENTÁRIAS

CONCEITO: - "A essência do método consiste em definir os objetivos tão completo e

precisamente quanto possível, comparando sistematicamente todos os meios utilizáveis para alcançá-los. Os benefícios e os custos de cada ação se avaliam e se leva em conta tudo o que constituir um encargo ou um ganho indireto para a coletividade”.9

CARACTERÍSTICAS DO RCB10

Originou-se da França, em 1968, motivado pelo descontentamento com o sistema orçamentário tradicional.

Foi influenciado diretamente pelo PPBS. Consiste menos na aplicação de novas técnicas do que na concepção e sobretudo

na aplicação de métodos já conhecidos.

7 - POULET, E. Qu'est ce le Planning-Programming-Budgetin System? Extracto publicado por el Instituto

Administración Universidad de un artículo Aparecido en la Revista Intermédiaire núm. 2. Brusela, 1970, in: MONTENEGRO, Carlos Paramés, Introducción al management, p.248-249.

8 - SUDAMA, Trevor - PPPS - Teorias de Tomada de Decisão, Burocracia e Política. Revista ABOP, n.44 -Brasília,. v. 5, n. 1, p. 117-142, jan./abril 1980.

9 - HUET, Philippe. La Rationalisation des choix budgétaires. Boletin IIAP, número 9, enero 1969,p.80 y ss. Paris, in: MONTENEGRO, Carlos Paramés.Introducción al management. p.269.

10 - As características relativas ao RCB foram extraídas do trabalho apresentado no Simpósio de Modernas Técnicas do Orçamento

Público, promovido pela Associação Brasileira de Orçamento Público-ABOP, em Fortaleza-CE.nov/79, sob o título: A

Experiência Orçamentária Francesa-RCB, publicado na Revista ABOP, n.12, Brasilia-DF, 1980, p.32 a 47.

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É um processo coerente e contínuo de preparação de execução e de controle das decisões.

Refere-se tanto às decisões propriamente ditas quanto à gestão permanente da administração.

Tende a transformar o procedimento orçamentário e deve ser aplicado, essencialmente, à preparação, adoção e execução do orçamento.

Se estende à toda atividade administrativa e à todas as manifestações do Poder Público: despesas, tributação, regulamentações, movimentações financeiras.

Possui uma implicação no tempo e no espaço. No tempo, porque supõe a ligação dos procedimentos orçamentários a uma perspectiva de médio prazo e no espaço, porque supõe a alocação de um sistema de responsabilidade e de controle de gestão desconcentrada.

Compreende basicamente as seguintes fases:

1 - formulação do problema e inventário da situação; 2 - pesquisa e ordenação dos objetivos e dos meios de ação; 3 - estudo das relações entre meios e objetivos e composição de programas

alternativos; 4 - a decisão; 5 - a gestão e o controle de resultados.

LIMITES DO RCB "1) O RCB pouco esclarece intersetorialmente. 2) O RCB não muda as relações fundamentais entre a administração e o poder

político, no plano das responsabilidades. 3) O RCB não muda o jogo político. 4) O RCB não imprime a necessidade de perseguir as reformas administrativas

clássicas."

DIFERENÇAS ENTRE PPBS E RCB 1) O RCB inclui além das questões próprias de planificação e programação

(PPBS também, o relativo à organização interior dos serviços e programas de informação).

2) Na análise dos meios e objetivos o RCB segue ao pé da letra a técnica do PPBS.

3) O sistema RCB exige maiores detalhes do que o PPBS, utilizando-se das técnicas de decisão denominadas de "análises de sistemas".

O MODELO DE PLANEJAMENTO POR PROGRAMAS – A EXPERIÊNCIA DO ESTADO DO RS.

O Decreto 2829 e a Portaria n° 117/98, foram substituídos pela Portaria 42/1999, definindo fundamentos para Planos e Orçamento, atualizando a discriminação da despesa por funções. Revogou a Portaria n° 9/1974, redefinindo a Classificação Funcional-Programática, em apenas Funcional.

Estabeleceu a obrigatoriedade de reavaliação anual do Plano, para estimular o seu aperfeiçoamento contínuo. Propôs que a previsão de recursos associada a um cenário

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macroeconômico consistente deveria assegurar seletividade ao conjunto de programas de cada órgão setorial da Administração Pública.

Dois pressupostos foram observados nessa tentativa de modernização: a cobrança de resultados, entendida como uma avaliação junto à sociedade das ações desenvolvidas pelos governos (União, Estados e Municípios), aferidas em termos de benefícios efetivamente oferecidos aos cidadãos; a identificação de problemas propostos pela realidade como ponto de partida, traduzindo o esforço de modernização do planejamento (fazendo com que o mesmo passe a ser centrado em problemas, que antes eram elementos constitutivos do diagnóstico do planejamento tradicional, e agora assumem a condição de estruturadores do próprio plano); por sua vez, essa concepção é fundamental para a cobrança de resultados, que poderá pautar-se, na sua aferição, em termos de identificar se os problemas elencados no plano foram efetivamente resolvidos.

Com base nos pressupostos referidos, a concepção de planejamento seguida no Plano Plurianual do Estado pautou-se por contemplar as seguintes características:

• uma visão estratégica da realidade estadual, com estabelecimento de objetivos a serem alcançados;

• a identificação dos problemas a enfrentar ou oportunidades a aproveitar, buscando tornar realidade essa visão estratégica;

• a concepção de programas a serem implementados, com vistas à consecução dos objetivos que implicarão na solução dos problemas ou no aproveitamento das oportunidades;

• a especificação das diferentes ações do programa, com identificação dos respectivos produtos, dando origem a projetos e atividades que deverão integrar os orçamentos anuais;

• a atribuição de indicadores aos objetivos, e de metas aos produtos.

Como decorrência do modelo adotado surge um encadeamento lógico entre os planos e orçamento: problemas > programas > atividades e > projetos.

Deve-se destacar a utilização de um único módulo integrador entre plano e orçamento, representado pelo programa. Em termos de estruturação, o plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o que confere a esses documentos uma integração desde a origem, sem a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibilização entre módulos diversificados.

Quanto à gestão do Plano, essa compreenderá o contínuo monitoramento e a avaliação periódica de todos os Programas do PPA, bem como de todas as ações ligadas a eles (projetos e atividades) presentes nos Orçamentos Anuais.

Os Programas devem ser elaborados com vistas ao acompanhamento, contendo elementos que propiciem essa atividade (indicadores).

O PPA deve apresentar os Programas a serem desenvolvidos pelo Estado em determinado período, identificados segundo os Órgãos da Administração Direta e Indireta responsáveis pela sua execução.

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Serão detalhados através dos seguintes elementos:

• Justificativa (descrição do problema ou demanda da sociedade a ser atendida);

• Objetivo (expressão do resultado desejado em relação ao público-alvo); • Público-alvo (segmentos da sociedade aos quais o Programa se destina); • Indicador (associado ao objetivo do Programa e construído de forma a

permitir a mensuração dos resultados alcançados com a sua execução); • Recursos Financeiros por fonte e Despesas previstas por natureza de

despesa; • Ações (conjunto de operações cujos produtos contribuem para os

objetivos do Programa). •

Na discriminação das Ações associadas aos Programas constituem os Projetos, Atividades e Operações Especiais, elementos integrantes dos orçamentos anuais. Identificam-se sua finalidade, as áreas beneficiadas, o produto (bem ou serviço que resulta da sua execução), a meta física a ser alcançada no período do Plano, expressa na unidade de medida adotada, bem como, as estimativas de custos desdobradas por fontes de recursos e por natureza da despesa, por programas.

São identificados no PPA três tipos de Programas, a saber:

Programas Finalísticos, ou seja, aqueles que resultam em bens ou serviços ofertados diretamente à sociedade, e que constituem a grande maioria dentre os programas a serem desenvolvidos pelos diversos setores;

Programas de Gestão de políticas públicas, que abrangem ações relacionadas à formulação, coordenação, supervisão, avaliação e divulgação de políticas públicas;

Programas de Apoio Administrativo, que englobam ações de natureza tipicamente administrativa que, embora colaborem para a consecução dos objetivos dos demais programas, não têm suas despesas passíveis de apropriação àqueles programas.

Um Modelo: PLANO PLURIANUAL DO ESTADO DO RS 2012-2015 Objetivos Setoriais e Transversais

- Promover o Desenvolvimento da Economia Gaúcha; - Erradicação da Pobreza Extrema; - Combater as Desigualdades Regionais; - Promover a Participação Cidadã e Concertação Econômica e Social; - Promover Política de Construção de Autonomia para Mulheres; - Apoiar a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Aplicados à Indústria e

Serviços. Fortalecer as Cadeias Produtivas e Fomento Agropecuário. Estimular a Pesquisa e Inovação Tecnológica Agropecuária;

- Valorizar a Carne Gaúcha – A Melhor Carne do Mundo; - Promover a Defesa Agropecuária - Sanidade Animal e Vegetal; - Fortalecer as Cadeias Produtivas Locais e Regionais nas Economias de Base

Familiar e Cooperativa; - Desenvolvimento do Cooperativismo Gaúcho;

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- Reforma Agrária, Ordenamento Fundiário e Apoio às Comunidades Quilombolas e Indígenas;

- Soberania e Segurança Alimentar, Abastecimento e Erradicação da Pobreza Extrema no Meio Rural;

- Fomentar as Micro e Pequenas Empresas; - Apoiar o Desenvolvimento de Empreendimentos da Economia Solidária; - Modernizar a Junta Comercial; - Promover e Desenvolver o Turismo.

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO-ORÇAMENTO DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS RELATIVOS AOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO-ORÇAMENTO

A Constituição Federal de 1988 é a primeira a evidenciar que a ação governamental deve obedecer a planejamento, com vistas a promover o desenvolvimento econômico-social do País.

Esta ação compreende a elaboração e a atualização dos seguintes instrumentos básicos:

a) o plano geral de governo; b) o plano plurianual; c) as diretrizes orçamentárias; d) os orçamentos anuais.

Determina a Constituição que ao Estado, como agente normativo e regulador da atividade econômica, caberá exercer, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado (art. 174). Diz, ainda, que a lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento (art. 174, §1).

A competência para elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social é da União (art. 21, IX), cabendo privativamente ao Presidente da República remeter o plano de governo ao Congresso Nacional; e, anualmente, por ocasião da abertura da sessão legislativa ( ou seja, 15 de fevereiro), encaminhar mensagem em que exporá a situação do País e solicitará as providências que julgar necessárias. (art. 84, XI e art. 57).

Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais, segundo a vigente Constituição Federal, devem ser elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso (art. 165, §4º).

O texto constitucional inverte as posições sobrepondo o PPA de curto prazo aos desígnios dos planos nacionais que, em tese, seriam de prazo mais longo.

Os dispositivos da Constituição Federal foram reproduzidos, com pequenas adaptações, nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas dos Municípios.

Quanto ao exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual, permanecem em vigor os dispositivos da Lei Federal n.º 4.320/1964, que estatui

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16

normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, naquilo que não for contrário à Constituição Federal, enquanto não editada norma legal previstas no art. 163, § 9º da CF/88.

O ESQUEMA DE TOMBINI

A definição política sobre o grau do futuro atendimento das necessidades setoriais, segundo TombiniErro! Indicador não definido., emerge do Plano, o qual indica as prioridades gerais relativas ao campo de ação e a definição ao nível mais alto do próprio setor.

O resultante destas decisões será refletido num “Produto” da ação pública, pelo aumento da prestação de serviços, pelo aumento da capacidade de mobilização dos mesmos.

Na Área Real, do esquema, procura mostrar a necessidade do dimensionamento da capacidade instalada para produção do setor no tocante aos recursos reais, tais como os humanos, materiais e equipamentos ou tecnologia, aliados a variável tempo, que possibilitará a combinação de fatores.

Na Área Financeira, segundo Tombini, entram as definições da política orçamentária, que constituem o ponto de partida para definir a despesa e o financiamento público.

Da combinação resulta a necessidade de manejar grandes quantidades de recursos humanos, materiais, tecnológicos e outros que representarão uma demanda financeira, que deve ser atendida pela capacidade de financiamento do poder público: ordinárias ou de endividamento.

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17

- INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO - ORÇAMENTO

- ESQUEMA DE COMPATIBILIZAÇÃO PLANEJAMENTO-ORÇAMENTO

Figura 1(11)

11 Fonte: TOMBINI, Tildo Noelmo. Metodologia de Programação Orçamentária. Revista ABOP 2. Brasília-DF.

Políticas e Prioridades

Conhecimento da

Realidade Identificação de necessidades

Nível de satisfação

Padrões requeridos

Dimensionamento dos déficits

Identificação dos

recursos Humanos

Materiais

Tecnologia

Tempo

Receitas Correntes

Despesas Correntes

Poupança em Conta Corrente

Crédito

Combinação

Decisão sobre o grau de satisfação

Cobrir déficits Aumentar o bem-estar

Produto

Quantidade Qualidade

Prestação de Serviços

Aumento de capaci-dade de produção

de Serviços e Economias externas

Investimentos

Á

r

e

a

R

e

a l

Área Financeira

Estratégia Geral

Estratégia Setorial

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18

PLANOS E ORÇAMENTOS –

ASPECTOS CONSTITUCIONAIS

PLANO PLURIANUAL Os dispositivos constitucionais relativos ao plano plurianual, tanto os da

Constituição Federal quanto os da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, encontram-se aqui ordenados por títulos específicos.

O PPA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

O CONTEÚDO DO PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as

diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada (art.165,§1º).

Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade (art.167,§1º).

O PPA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - DISPOSITIVOS CONSTITUICIONAIS

Assim como para a União, o Plano deverá estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas inserindo, ainda, as exigências de quantificados física e financeiramente, dos programas da administração direta e indireta, de suas fundações, das empresas públicas e das empresas em que o Estado detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto (art.149, §1º).

Acrescenta, ainda, que o plano plurianual será elaborado em consonância com o plano global de desenvolvimento econômico e social do Estado, podendo ser revisto quando necessário. (art. 149, § 2º)

Exige a compatibilidade entre os orçamentos anuais e a lei de diretrizes orçamentárias bem como sua regionalização tendo, entre as suas finalidades, a de reduzir desigualdades sociais e regionais (art. 149, §1º).

A exigência de inclusão: nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade (art.154, §1º).

A finalidade: no plano plurianual e no orçamento anual, as dotações relativas a investimentos, subvenções e auxílios destinadas a Municípios ou regiões terão por finalidade reduzir desigualdades regionais e serão definidas com base em critérios demográficos, territoriais, econômicos e sociais, nos termos da lei (art. 155).

A política habitacional: a lei estabelecerá a política estadual de habitação. A distribuição dos recursos públicos será prevista no plano plurianual do Estado e nos orçamentos estaduais e municipais (art. 173, §1º).

COMPETÊNCIAS DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO RELATIVAS AO PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO

- sancionar o plano plurianual (art.48, II).

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19

- enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual (art.84, XXIII).

COMPETÊNCIAS DO CHEFE DO EXECUTIVO RELATIVAS AO PPA/RS

- sancionar o plano plurianual (art.52, I). - enviar à Assembleia Legislativa os projetos de lei do plano plurianual (art.82,

XI).

PRAZOS PARA ENCAMINHAMENTO E DEVOLUÇÃO DO PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO

Os projetos de lei do plano plurianual serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar (art.166, § 6º).

Até a entrada em vigor da lei complementar (prevista no art. 165 § 9. I) o projeto do PPA (...) será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa, ou seja, 15 de dezembro (DT. art.35, § 2º, I e art. 57).

PRAZOS PARA ENCAMINHAMENTO E DEVOLUÇÃO DO PPA/RS O projeto de lei do plano plurianual até 1.º de agosto do primeiro ano do mandato

do Governador; (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 59, de 22/02/11) (Vide ADI n.º 4629/STF) (art.152, §8º, I)

O projeto de lei do plano plurianual até 1.º outubro do primeiro ano do mandato do Governador, e o projeto de lei de diretrizes orçamentárias até 15 de julho de cada ano; (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 59, de 22/02/11) (Vide ADI n.º 4629/STF) (art.152, § 9º, I).

BREVE HISTÓRICO DOS DIFERENTES EXERCÍCIOS FINANCEIROS NO BRASIL

Segundo De Plácido e Silva,12 até 1827 o ano financeiro coincidiu com o ano civil. Em 1828, a lei de outubro mandou contá-lo a partir de 1º de julho e terminar em 30 de junho do ano seguinte.

Em 1840, o Decreto nº 41 de 20 de fevereiro estabeleceu o exercício com semestres adicionais, um para cobrança e pagamento e outro para lançamentos finais. Esses semestres adicionais, pelo Decreto nº 10.145, de 5 de janeiro de 1889, foram reduzidos para um, compreendendo, assim, o exercício financeiro um período de 18 meses que ia de 1º de janeiro de um ano a trinta de junho do outro.

O Código de Contabilidade da União, promulgado pelo Decreto nº 4.536/1922, estabelecia nos artigos 8º a 10, que o exercício financeiro começaria a 1º janeiro e terminaria a 30 de abril do ano seguinte, coincidindo com o ano civil. Pelo Decreto nº 5.426/1928, foi abolido o período adicional instituído em 1922. Mas, o Decreto nº 23.150/1933, em seu artigo 1º, assentou expressamente que se estabelecesse o sistema de

12 - PLACIDO E SILVA, de, ob. cit. p.62.

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20

exercício financeiro, adotando o ano financeiro de 1º de abril a 31 de março, com o período suplementar de trinta dias. O Decreto Legislativo de 28 de dezembro de 1934, restabeleceu a coincidência do ano financeiro com o ano civil, determinando que seja o mesmo encerrado a 31 de dezembro, embora determine o período adicional de 30 dias para liquidação das contas do respectivo exercício.”

VIGÊNCIA DO PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO A vigência do PPA se estenderá até o final do primeiro exercício financeiro do

mandato presidencial subsequente (DT. art.35, § 2º, I e art.82).

VIGÊNCIA DO PLANO PLURIANUAL DO ESTADO DO RS A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul é omissa quanto à vigência do

plano plurianual. A lei complementar nº 10.336/94, art. 2º, § 2º, estabeleceu que este compreenderá o período iniciado no exercício financeiro referente ao segundo ano do mandato do chefe do Poder Executivo e, vigorará até o final do exercício financeiro do primeiro ano do mandato subsequente

COMPETÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO E O PROCESSO LEGISLATIVO COM RELAÇÃO AO PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO

Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento (art. 48, IV).

Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre o plano plurianual (art.48, II).

É da competência do Congresso Nacional apreciar os projetos de lei relativos ao plano plurianual (art.166).

Às comissões do Congresso Nacional, em cada competência, cabe apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. (art. 58, §2º, VI)

Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados examinar e emitir parecer sobre os projetos do plano plurianual e sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas (art.166,§1º, I e II).

Aplicam-se ao projeto do plano plurianual, no que não contrariar o disposto na seção sobre os orçamentos, as demais normas relativas ao processo legislativo (art.166, §7º).

Os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional como a legislação sobre planos plurianuais são indelegáveis (art.68, §1º, III).

É da competência exclusiva do Congresso Nacional apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo (art. 49, IX).

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COMPETÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO E O PROCESSO LEGISLATIVO DO PPA NO RS

Compete à Assembleia Legislativa, com a sanção do Governador, dispor sobre o plano plurianual (art. 52, I).

O plano plurianual constará de projeto de lei encaminhado ao Poder Legislativo (art. 152).

Caberá a uma comissão permanente de Deputados (art.152, §1º):

I - examinar os projetos referentes ao plano plurianual (art.152, § 1º, I).

II - examinar os planos e programas estaduais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição, emitindo parecer, e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões da Assembleia Legislativa, criadas de acordo com esta Constituição (art.152, §1º, II).

O Poder Legislativo dará conhecimento, a toda instituição e pessoa interessada, dos projetos de lei do plano plurianual (art.152, §7º).

Aplicam-se aos projetos do plano plurianual no em que não contrariar o disposto na seção sobre o orçamento, as demais normas relativas ao processo legislativo (art.152, §10).

A APRESENTAÇÃO DE EMENDAS E MODIFICAÇÕES AO PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO

As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional (art.166, § 2º).

As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias (art.166, §3º, I).

As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual (art.166, §4º).

O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos referentes ao plano plurianual enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta (art.166, §5º).

A APRESENTAÇÃO DE EMENDAS E MODIFICAÇÕES AO PLANO PLURIANUAL DO ESTADO DO RS

As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não serão aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual (art.152, §4º).

O Governador do Estado poderá enviar mensagem à Assembleia Legislativa para propor modificações nos projetos a que se refere o plano plurianual, enquanto não iniciada a votação, na comissão permanente, da parte cuja alteração se propõe (art.152, §5º).

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AS EXIGÊNCIAS DE COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE O PPA, LDO E O ORÇAMENTO ANUAL DA UNIÃO

Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional (art.165, §4º)13.

O orçamento fiscal e o orçamento de investimento das empresas, compa-tibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional (art.165, §7º).

As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias (art.166, §3º, I).

As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual (art.166, §4º).

COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE O PPA, LDO E O ORÇAMENTO ANUAL DO ESTADO DO RS

O plano plurianual será elaborado em consonância com o plano global de desenvolvimento econômico e social do Estado, podendo ser revisto quando necessário (art.149, §2º).

Os orçamentos anuais serão compatibilizados com o plano plurianual e elaborados em conformidade com a lei de diretrizes orçamentárias (art.149, §2º).

As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas quando sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias (art.152, §3º, I).

As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não serão aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual (art.152, §4º).

INDELEGABILIDADES RELATIVAS AO PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO

São indelegáveis os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar bem como a legislação sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos (vide art. 68, §1º, III).

INDELEGABILIDADE RELATIVAS AO PPA DO ESTADO DO RS É vedado a qualquer dos Poderes delegar atribuições, e ao cidadão investido em

um deles, exercer função em outro, salvo nos casos previstos nesta Constituição (art. 5º, § 1º)

13 - Vide Nota nº Erro! Indicador não definido., pág. 17

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23

PLANO PLURIANUAL DA UNIÃO - RESUMO

Estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da Administração Pública.

CONTEÚDO

COMPETÊNCIA

do Poder Executivo

1 - A iniciativa de sua elaboração. 2 - Revisão. 3 - A reformulação das partes ressalvadas pelo Poder Legislativo. 4 - Sanção ou veto parcial do projeto.

do Poder Legislativo

1 - Dispor sobre o Plano Plurianual. 2 - Apreciar o Plano Plurianual. 3 – Aprovar integral ou com alterações. 4 - Aprovar ou rejeitar as partes vetadas, não

sendo permitido nesta fase qualquer alteração.

5 - Apreciar os relatórios sobre a execução do Plano Plurianual.

PRAZOS

Poder Executivo Encaminhamento

Na União: Até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial. Nos Estados e Distrito Federal: Segundo a respectiva Constituição. Nos Municípios: Segundo a respectiva Lei Orgânica.

Poder Legislativo Devolução

Na União: Até o encerramento da sessão legislativa, ou seja, até 15 de dezembro do primeiro ano do mandato presidencial. Nos Estados e Distrito Federal: Segundo a respectiva Constituição. Nos Municípios: Segundo a respectiva Lei Orgânica.

VIGÊNCIA

Na União:

Até o final do primeiro ano do mandato presidencial subsequente

Nos Estados, Distrito Federal e Municípios:

Segundo as respectivas Constituições ou Leis Orgânicas

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24

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

GESTÃOLuiz Lula2007-2010

GESTÃODilma

2011-2014

GESTÃO??????2015-2018

PPALuiz Lula2008-2011

PPALuiz Lula2012-2015

PPA???????2016-2018

MANDATO DOS GOVERNOS E RESPECTIVOS PLANOS PLURIANUAIS

Quando da Elaboração do material.

CONTEÚDO DO PLANO PLURIANUAL

Diretrizes- Compreendem as grandes linhas de ação de um governo. Conjunto de indicações para levar a termo um plano.

O governo federal tem utilizado, também, a expressão “megaobjetivos” para definir as “diretrizes”.

Exemplos de diretrizes governamentais:

Art. 4o O PPA 2012-2015 terá como diretrizes: I - a garantia dos direitos humanos com redução das desigualdades sociais, regionais,

étnico-raciais e de gênero; II - a ampliação da participação social; III - a promoção da sustentabilidade ambiental; IV - a valorização da diversidade cultural e da identidade nacional; V - a excelência na gestão para garantir o provimento de bens e serviços à sociedade; VI - a garantia da soberania nacional; VII - o aumento da eficiência dos gastos públicos;

• Diretrizes Despesas de Capital

• Objetivos de forma regionalizada e outras delas

• Metas decorrentes

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25

VIII - o crescimento econômico sustentável; e IX - o estímulo e a valorização da educação, da ciência e da tecnologia.

Um exemplo na União:

Programa: 2012 – Agricultura Familiar

INDICADORES

Área total utilizada para a produção da agricultura familiar U M Índice

ha 80.250.453

Rendimento médio mensal domiciliar per capta da agricultura familiar R$ 337,07

OBJETIVO: 0411 – Qualificar os instrumentos de financiamento, fomento, proteção da produção, garantia de preços e da renda como estratégia de inclusão produtiva e ampliação da renda da agricultura familiar, com a geração de alimentos, energia, produtos e serviços.

METAS - 2012 – 2015.

1. Adequar as condições de crédito às particularidades da agricultura familiar, das mulheres rurais, dos quilombolas, indígenas, povos e comunidades tradicionais, jovens do campo e assentados e assentadas da reforma agrária.

2. Adquirir 2,7 milhões de toneladas de alimentos produzidos pela agricultura familiar por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos da Agricultura Familiar (PGPM-AF).

INICIATIVAS 019W – Ampliação da oferta de seguro da produção, mediante novas modalidades/cobertura do Seguro da Agricultura Familiar – SEAF e do apoio a agricultores familiares prejudicados por eventos externos. Objetivo: é cada bem ou serviço que as entidades públicas se propõem a colocar à dis-posição da comunidade no cumprimento de suas finalidades para satisfazer as neces-sidades coletivas.

CARACTERÍSTICAS RELATIVAS AO PPA DO ESTADO DO RS a) Estabelecer diretrizes, objetivos e metas da administração pública; b) Organizar de forma regionalizada; c) Exigência que nenhum investimento cuja execução ultrapasse um ano

poderá ser iniciado sem prévia inclusão no Plano;

Tendo como abrangência: Programas da administração direta, fundações, empresas públicas e empresas em que o Estado detenha a maioria do capital social com direito a voto;

A vinculação: Deve ser elaborado em consonância com o plano global de desenvolvimento econômico e social do Estado (segundo a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul);

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A compatibilidade: o orçamento anual e a lei de diretrizes devem ser compatíveis com o plano plurianual.

PPA 2012-15 do RS.

Art. 2.º Constituem as diretrizes estratégicas da Administração Pública Estadual, direta ou indireta, orientadoras do planejamento plurianual para o período 2012-2015: I - alcançar o crescimento do investimento, do emprego e da renda; II - promover o desenvolvimento regional; III - elevar a qualidade de vida e erradicar a pobreza extrema; e IV - aprimorar a cidadania, promover a paz e os valores republicanos.

PROGRAMA: ADMINISTRAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL - Finalístico

OBJETIVO: promover a inclusão social com cidadania das pessoas privadas de liberdade, bem como qualificar os serviços penitenciários, valorizando o servidor e a instituição.

VALOR DO PROGRAMA (R$ 1,00):

Despesa Corrente 504.814.206

Despesa Capital 297.786.323

Total 802.600.529

INDICADOR Un. Med. Índice Recente Índice Desejado

Índice de Retorno ao Sistema Prisional (reincidência estatística) Percentual 63,7076 50

Percentual de presos condenados em atividade educacional Percentual 7,62 15

Percentual de presos condenados em atividade laboral Percentual 46 60

A PARTICIPAÇÃO POPULAR NOS PLANOS E ORÇAMENTO.

Na Constituição do Estado RS

A iniciativa popular no processo legislativo será exercida mediante a apre-sentação, entre outras, de emenda a projeto de lei orçamentária, de lei de diretrizes orçamentárias e de lei de plano plurianual, desde que firmadas por, no mínimo, qui-nhentos eleitores ou encaminhados por duas entidades representativas da sociedade (art.68, III; e art.152, §6º).

A iniciativa popular no processo legislativo será exercida mediante a apre-sentação de emenda a projeto de lei orçamentária, conforme disciplinado no art.152, §6º (art.68, III).

"Art.152 - ...

“§6º - Durante o período de pauta regimental poderão ser apresentadas emendas populares ao projeto de lei do orçamento anual, desde que firmadas por, no mínimo, quinhentos eleitores ou encaminhadas por duas entidades representativas da sociedade."

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Art. 68. A iniciativa popular no processo legislativo será exercida mediante a apresentação de:

III - emenda a projeto de lei orçamentária, de lei de diretrizes orçamentárias e de lei de plano plurianual, conforme disciplinado no art. 152, § 6.º.

§ 1.º a iniciativa popular, nos casos dos incisos I e II, será tomada por, no mínimo, um por cento do eleitorado que tenha votado nas últimas eleições gerais do estado, distribuído, no mínimo, em um décimo dos municípios, com não menos de meio por cento dos eleitores de cada um deles.

DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS

Artigos da Constituição Federal e do Estado tratando da LDO.

DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL SOBRE AS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DA UNIÃO

CONTEÚDO DA LDO PARA A UNIÃO A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da

administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributaria e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (art.165, §2º).

A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos ou a alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista (art.169, §único, I e II).

Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias (art.99, §1º).

O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias (art. 127, § 3º).

CONTEÚDO DA LDO DO ESTADO DO RS A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da

administração pública estadual, contidas no plano plurianual, para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração dos orçamentos anuais, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política tarifária das empresas da administração indireta e a de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (art.149, §3º).

A lei de diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais especificarão os recursos necessários, anualmente, para implementação dos programas de despoluição do rio Guaíba e demais rios da Região Metropolitana e à manutenção da potabilidade e balneabilidade restabelecidas (DT. art.56, § único).

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COMPETÊNCIA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO RELATIVA ÀS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DA UNIÃO

Enviar ao Congresso Nacional o projeto de lei de diretrizes orçamentárias (art.84, XXIII).

Sancionar as diretrizes orçamentárias (art.48,§1º).

COMPETÊNCIA DO CHEFE DO EXECUTIVO RELATIVAS A LDO DO ESTADO DO RS

Enviar à Assembleia Legislativa os projetos de lei de diretrizes orçamentárias (art.82, XI).

Sancionar as diretrizes orçamentárias (art.52, I).

OS PRAZOS PARA ENCAMINHAMENTO E DEVOLUÇÃO DAS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DA UNIÃO

Até a entrada em vigor da lei complementar, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa, ou seja, 30 de junho (art. 57; e DT, art. 35, §2º, II).

A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias (art.57, §2º).

OS PRAZOS PARA ENCAMINHAMENTO E DEVOLUÇÃO DAS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DO ESTADO DO RS

O projeto de lei de diretrizes orçamentárias será enviado ao Poder Legislativo, pelo Governador do Estado, anualmente, até 15 de maio (art.152, §8º, II).

O projeto de lei de diretrizes orçamentárias deverá ser encaminhado, para a sanção, até 15 de julho de cada ano (art.152, §9º, I).

O Poder Legislativo franqueará ao público o projeto da LDO no mínimo trinta dias antes de submetê-lo à apreciação do Plenário (art.152, §7º).

Os orçamentos anuais e a lei de diretrizes orçamentárias, compatibilizados com o plano plurianual, deverão ser regionalizados e terão, entre suas finalidades, a de reduzir desigualdades sociais e regionais (art.149, §8º).

COMPETÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO E O DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO RELATIVOS ÀS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DA UNIÃO

Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente, entre outras, sobre diretrizes orçamentárias (art. 48, II).

O projeto de lei relativo às diretrizes orçamentárias será apreciado pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum (art. 166).

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Aplicam-se ao projeto das diretrizes orçamentárias, no que não contrariar o disposto na seção sobre o orçamento, as demais normas relativas ao processo legislativo (art. 166, §7º).

COMPETÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO E O PROCESSO LEGISLATIVO RELATIVOS ÀS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DO ESTADO DO RS

Compete à Assembleia, com a sanção do Governador... dispor sobre diretrizes orçamentárias (art. 152, I).

As diretrizes orçamentárias constarão de projeto de lei encaminhados ao Poder Legislativo (art. 152, caput).

Aplicam-se ao projeto das diretrizes orçamentárias, no que não contrariar o disposto na seção sobre o orçamento, as demais normas relativas ao processo legislativo (art. 152, §10).

O Poder Legislativo dará conhecimento, a toda instituição e pessoa interessada, dos projetos de lei de diretrizes orçamentárias, franqueando-os ao público no mínimo trinta dias antes de submetê-los à apreciação do Plenário (art. 152, §7º).

APRESENTAÇÃO DE EMENDAS E MODIFICAÇÕES ÀS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS NA UNIÃO

Não será admitido o aumento de despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art.166, §3º e §4º (art. 63, I).

"Art.166-...

"§3º- As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovados caso sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias".

"§4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não pode-rão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual."

O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos das diretrizes orçamentárias enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta (art. 166, §5º).

A APRESENTAÇÃO DE EMENDAS E MODIFICAÇÕES ÀS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DO ESTADO DO RS

As emendas aos projetos de leis orçamentárias anuais ou aos projetos que as modifiquem somente poderão ser aprovadas quando sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias (art.152, §3º, I).

A iniciativa popular no processo legislativo será exercida mediante a apre-sentação de emendas a projeto de lei..., de lei de diretrizes orçamentárias, conforme disciplinado no art.152, §6º (art. 68, III).

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As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não serão aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual (art. 152, §4º).

O Governador do Estado poderá enviar mensagem à Assembleia Legislativa para propor modificações nos projetos a que se referem as diretrizes orçamentárias, enquanto não iniciada a votação na comissão permanente, da parte cuja alteração se propõe (art.152, §5º).

Durante o período de pauta regimental, poderão ser apresentadas emendas populares aos projetos de lei de diretrizes orçamentárias, desde que firmadas por, no mínimo, quinhentos eleitores ou encaminhadas por duas entidades representativas da sociedade (art. 152, §6º).

A NECESSIDADE DE COMPATIBILIZAÇÃO DAS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DA UNIÃO COM O PLANO PLURIANUAL NA UNIÃO

As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias (art. 166, §3º, I).

As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual (art. 166, §4º).

A NECESSIDADE DE COMPATIBILIZAÇÃO DA DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DO ESTADO DO RS COM O PLANO PLURIANUAL

Os orçamentos anuais devem ser compatibilizados com o plano plurianual e elaborados em conformidade com a lei de diretrizes orçamentárias (art. 149, §4º, I a III).

Os orçamentos anuais e a lei de diretrizes orçamentárias, compatibilizados com o plano plurianual, deverão ser regionalizados (art. 149, §8º).

As emendas aos projetos de leis orçamentárias anuais ou aos projetos que as modifiquem somente poderão ser aprovadas quando sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias (art. 152, §3º).

As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não serão aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual (art. 152, §4º).

AS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DA UNIÃO E A AUTONOMIA DOS PODERES DE ESTADO NA UNIÃO

A participação dos Poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública.

As dotações dos Poderes – e os créditos adicionais.

Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º (art. 168).

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Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais (art. 99, §5º).

Não será admitido aumento da despesa prevista (art. 63):

• nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º (art. 63, I);

Art. 166 - Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e

Distrito Federal; ou III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual.

• Nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público (art. 63, II).

Compete privativamente à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias (art. 51, IV e art. 52, XIII).

Relativas ao Poder Judiciário

Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira (art.99).

Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias (art. 99, §1º).

O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete (art. 99, §2º):

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• I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais (art. 99, §2º, I);

• II - no âmbito dos Estados e no Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais (art. 99, §2º, II).

Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo (art. 99, §3º).

Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual (art.99, §4º).

Compete privativamente ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Su-periores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art.169 (art. 96, II):

a) alteração do número de membros dos tribunais...; b) criação e extinção de cargos e a fixação de vencimentos; c) criação ou extinção dos tribunais....; d) alteração da organização....

Constituição Federal

"Art.169 - A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar."

"Parágrafo único - A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas:

‘I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesas de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes

‘II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista."

Lei Complementar nº 101/2000

Os limites para as despesas com pessoal, a que se refere o art. 169 da Constituição Federal, foram estabelecidos através da Lei Complementar n.º 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).

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Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinquenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:

I - na esfera federal:

a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional nº 19, repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;

d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;

II - na esfera estadual:

a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;

d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;

Relativas ao Ministério Público Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa,

podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares provendo-os mediante concurso público de provas ou de provas e títulos sua política remuneratória e os planos de carreira. A lei disporá sobre sua organização e funcionamento (art. 127, §2º).

O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias (art. 127, §3º).

Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º (art. 127, § 4º).

Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos

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ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual (art. 127, § 5º).

Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais (art. 127, § 6º).

AS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DO ESTADO DO RS E A AUTONOMIA DOS PODERES

Compete privativamente à Assembleia Legislativa, além de outras atribuições previstas nesta Constituição, dispor, através de resolução, sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação e extinção de cargos e funções de serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias... (art. 53, XXXV).

Ao Tribunal de Justiça, além do que lhe for atribuído nesta Constituição e na lei, compete propor à Assembleia Legislativa, observados os parâmetros constitucionais e legais, bem como as diretrizes orçamentárias (art. 95, V, "b", "c"):

• a criação e extinção de cargos nos órgãos do Poder Judiciário estadual e a fixação dos vencimentos de seus membros (art. 95, V, "b").

• a criação e a extinção de cargos nos serviços auxiliares da Justiça Estadual e a fixação dos vencimentos dos seus servidores (art. 95, V, "c").

Elaborar e encaminhar, depois de ouvir o Tribunal Militar do Estado, as propostas orçamentárias do Poder Judiciário, dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes, na lei de diretrizes orçamentárias (art. 95, VII).

O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites da lei de diretrizes orçamentárias (art.110).

CONTEÚDO DA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS

Segundo a Constituição Federal

• Fixação de metas e prioridades. • Orientação para a elaboração da lei orçamentária. • Alterações na legislação tributária. • Política de a aplicação das agências de fomento. • Alterações na política de pessoal. • Fixação dos limites para a elaboração dos

orçamentos dos Poderes de Estado.

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Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, a LDO disporá, também, sobre:

• Equilíbrio entre receitas e despesas. • Critérios e formas de limitação de empenho. • Controle de custos e avaliação de resultados. • Transferências a entidades públicas e privadas. • Renúncia de receita. • Destinação da reserva de contingência. • Quantificação do resultado primário. • Disciplinamento da expansão das despesas de caráter

continuado.

Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, o Resultado Primário, para fins da LDO, deverá ser apurado da seguinte forma:

Receitas Primárias (I) – Corresponde ao total da receita orçamentária deduzidas as operações de crédito, as provenientes de rendimentos de aplicações financeiras e retorno de operações de crédito (juros e amortizações), recebimento de recursos oriundos de empréstimos concedidos e as receitas de privatizações.

Despesas Primárias (II) – Corresponde ao total da despesa orçamentária deduzidas as despesas com juros e amortização da dívida interna e externa, com a aquisição de títulos de capital integralizado e as despesas com concessão de empréstimos com retorno garantido.

Resultado Primário (I - II) – Indicará se os níveis de gastos orçamentários dos entes federativos são compatíveis com sua arrecadação, ou seja, se as Receitas Primárias são capazes de suportar as Despesas Primárias.

Resultado Nominal – Representa a diferença entre o saldo da dívida fiscal líquida em 31 de dezembro de determinado ano em relação ao apurado em 31 de dezembro do ano anterior.

ORÇAMENTO ANUAL – DISPOSITIVOS CONSTITUICIONAIS

DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL SOBRE O ORÇAMENTO ANUAL DA UNIÃO

O QUE INTEGRA A LEI ORÇAMENTÁRIA DA UNIÃO A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público (art. 165, §5º, II).

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detém a maioria do capital social com direito a voto (art. 165, §5º, II).

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público (art.165, §5º, III).

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A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais (art. 195):

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (art. 195, I).

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201 (art. 195, II).

III - sobre a receita de concursos de prognósticos (art. 195, III).

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União (art. 195, §1º). A possibilidade de RPPS.

A proposta de orçamento de seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos (art. 195, §2º).

A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. (Art. 195, § 4º)

Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. (Art. 195, § 5º)

DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SOBRE O ORÇAMENTO ANUAL

O QUE INTEGRA A LEI ORÇAMENTÁRIA DO ESTADO DO RS Os orçamentos anuais são os seguintes:

I - os orçamentos geral da administração direta, compreendendo as receitas e despesas dos Poderes do Estado, seus órgãos e fundos (art. 149, §4º, I).

II - os orçamentos das autarquias estaduais (art. 149, §4º, I). III - os orçamentos das fundações mantidas pelo Estado (art. 149, §4º, III).

As leis orçamentárias incluirão, obrigatoriamente, na previsão da receita e de sua aplicação todos os recursos de transferências, inclusive os oriundos de convênios com outras esferas de governo e os destinados a fundos especiais (art.149, §6º).

As despesas com publicidade, de quaisquer órgãos ou entidades da ad-ministração direta ou indireta, deverão ser objeto de dotação orçamentária específica, com denominação publicidade, de cada órgão, fundo, empresa ou subdivisão

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administrativa dos Poderes, a qual não pode ser complementada senão através de lei específica (art.149, §7º).

O QUE ACOMPANHA O PROJETO DE LEI ORÇAMENTÁRIA DA UNIÃO O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado

do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia (art. 165, § 6º).

O QUE ACOMPANHA O PROJETO DE LEI ORÇAMENTÁRIA DO ESTADO DO RS

O orçamento geral da administração direta será acompanhado:

I- dos orçamentos das empresas públicas e de outras empresas em que o Estado, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito a voto (art. 149, §5º, I);

II- da consolidação dos orçamentos dos entes que desenvolvem ações voltadas à seguridade social (art. 149, §5º, II);

III- da consolidação geral do orçamento geral da administração direta, do orçamento das autarquias estaduais e dos orçamentos das fundações (art.149, §5º, III);

IV- da consolidação geral do orçamento das empresas públicas e de outras empresas em que o Estado, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito a voto (art. 149, §5º, IV);

V- do demonstrativo do efeito sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária, tarifária e creditícia (art. 149, §5º, V);

VI- do demonstrativo de todas as despesas realizadas mensalmente no primeiro semestre do exercício da elaboração da proposta orçamentária (art.149, §5º, VI).

A consolidação dos orçamentos dos entes que desenvolvem ações voltadas à seguridade social compreenderá as receitas e despesas relativas à saúde, à previdência e à assistência social incluído as oriundas das transferências, e será elaborada com base nos programas de trabalho dos órgãos incumbidos de tais serviços, integrantes da administração direta e indireta (art. 149, §10).

O CONTEÚDO DO ORÇAMENTO DA UNIÃO A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e

à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, na forma da lei (art. 165, §8º).

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O CONTEÚDO DO ORÇAMENTO DO ESTADO DO RS As leis orçamentárias incluirão, obrigatoriamente, na previsão da receita e sua

aplicação todos os recursos de transferências, inclusive os oriundos de convênios com outras esferas de governo e os destinados a fundos especiais (art. 149, §6º).

A lei orçamentária conterá apenas disposições relativas à previsão da receita e à fixação da despesa (art. 149).

A COMPATIBILIZAÇÃO DO ORÇAMENTO DA UNIÃO COM O PLANO PLURIANUAL E AS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS

O orçamento fiscal e o orçamento de investimentos das empresas, com-patibilizados com o plano plurianual, terão entre as suas funções a de reduzir desi-gualdades inter-regionais, segundo critério populacional (art. 165, §7º).

As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou os projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias (art. 166, §3º, I).

A COMPATIBILIZAÇÃO DO ORÇAMENTO DO ESTADO DO RS COM O PLANO PLURIANUAL E AS DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS

Os orçamentos anuais serão compatibilizados com o plano plurianual e elaborados em conformidade com a lei de diretrizes orçamentárias (art. 149, §4º).

Os orçamentos anuais e a lei de diretrizes orçamentárias, compatibilizados com o plano plurianual, deverão ser regionalizados e terão, entre suas finalidades, a de reduzir desigualdades sociais e regionais (art. 149, §8º).

As emendas aos projetos de leis orçamentárias anuais ou aos projetos que as modifiquem somente poderão ser aprovadas quando compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias (art. 152, §3º, I).

AS LIMITAÇÕES E AS VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS RELATIVAS AO ORÇAMENTO DA UNIÃO

São vedados: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual (art.

167, I); II - a realização de despesas ou assunção de obrigações diretas que excedam os

créditos orçamentários ou adicionais (art. 167, II); III- a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas

de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta (art. 167, III).

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

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V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes (art. 167, V);

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa (art. 167, VI);

VII- a concessão ou utilização de créditos ilimitados (art. 167, VII); VIII- a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos

orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art.165, §5º (art. 167, VIII);

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa (art. 167, IX);

X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201.

A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar (art. 169).

Esses limites foram estabelecidos pela L. C. 101/2000 (arts. 18 a 23).

A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos ou a alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas (art. 169, parágrafo único, I e II):

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, res-salvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

AS LIMITAÇÕES E VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS RELATIVAS AO ORÇAMENTO DO ESTADO DO RS

A lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, excluindo-se da proibição (art. 149, §9º, I a III):

I - a autorização para a abertura de créditos suplementares; II - a contratação de operações de créditos, ainda que por antecipação de receita,

nos termos da lei; III - a forma de aplicação do superávit ou o modo de cobrir o déficit.

São vedados:

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I - o início de programas ou projetos não incluídos nas leis orçamentárias anuais (art. 154, I);

II - a realização de despesas ou assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais (art. 154, II);

III - a realização de operações de crédito, salvo por antecipação de receita, que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas com finalidade precisa, aprovadas pelo Poder Legislativo por maioria absoluta (art. 154, III);

IV - a vinculação de receita de impostos a órgãos, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos, a destinação de recursos para a manutenção e desenvolvimento do ensino e da pesquisa científica e tecnológica, bem como a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas na Constituição Federal (art. 154, IV);

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes (art. 154, V);

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma dotação para outra ou de um órgão para outro sem prévia autorização legis-lativa (art. 154, VI);

VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados (art. 154, VII); VIII -a utilização de fundos especiais de qualquer natureza sem prévia au-

torização legislativa (art. 154, VIII); IX - a instituição de fundos especiais de qualquer natureza sem prévia autorização

legislativa (art. 154, IX); X - a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de

cargos ou alteração da estrutura de carreiras, bem como as admissões de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, salvo (art. 154, X):

a) se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes (art. 154, X, a);

b) se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista (art. 154, X, b);

XI - as subvenções ou auxílios do Poder Público às entidades de previdência privada com fins lucrativos (art. 154, XI);

Não será admitido aumento na despesa prevista (art. 61, I e II):

I - nos projetos de iniciativa privativa do Governador, ressalvado o disposto no art.152;

II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Assembleia Legislativa, dos Tribunais e do Ministério Público.

A DIVULGAÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA UNIÃO O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada

bimestre, relatório resumido da execução orçamentária (vide art. 165, §3º).

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A DIVULGAÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO ESTADO DO RS O Poder Executivo publicará, até o trigésimo dia após o encerramento de cada

mês, relatório resumido da execução orçamentária, bem como apresentará ao Poder Legislativo, trimestralmente, o comportamento das finanças públicas e da evolução da dívida pública, devendo constar do demonstrativo correspondente aos trimestres civis do ano (art. 150, I a IV):

I - as receitas, despesas e a evolução da dívida pública da administração direta e indireta constantes do seu orçamento, em seus valores mensais;

II - os valores realizados desde o início do exercício até o último mês do trimestre objeto da análise financeira;

III - a comparação mensal dos valores do inciso anterior com os correspondentes previstos no orçamento já atualizado por suas alterações;

IV - as previsões atualizadas de seus valores até o final do exercício financeiro.

O Governo Estadual e as instituições integrantes da administração direta e indireta encaminharão à Assembleia Legislativa, bimestralmente, demonstrativo pormenorizado de seu fluxo de caixa (art. 150, Parágrafo único).

O Poder Legislativo dará conhecimento a toda instituição e pessoa interessada, dos projetos de lei do plano plurianual, de diretrizes orçamentárias e dos orçamentos anuais, franqueando-os ao público no mínimo trinta dias antes de submetê-los à apreciação do Plenário (art. 152, §7º).

Anualmente, o Governo publicará relatório da execução financeira da despesa em educação, por fonte de recursos, discriminando os gastos mensais (art. 203).

OS PRAZOS PARA O ENCAMINHAMENTO E DEVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO DA UNIÃO

Até a entrada em vigor da lei complementar o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido, para sanção, até o encerramento da sessão legislativa, ou seja, 15 de dezembro (art. 57; e DT. art. 35, §2º, III).

OS PRAZOS PARA O ENCAMINHAMENTO E DEVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO DO ESTADO DO RS

O projeto de lei dos orçamentos anuais serão enviados ao Poder Legislativo, pelo Governador do Estado, até 15 de setembro de cada ano (art. 152, §8º, III).

O projeto de lei dos orçamentos anuais deverão ser encaminhados, para sanção, até 30 de novembro de cada ano (art. 152, §9º, II).

A COMPETÊNCIA E RESPONSABILIDADE DO (CHEFE DO) PODER EXECUTIVO RELATIVAMENTE AO ORÇAMENTO

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: (PPA-LDO-LOA)

São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre:

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a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração (art. 61, §1º, II, "a");

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios (art. 61, §1º, II, "b").

Compete privativamente ao Presidente da República:

a) enviar ao Congresso Nacional as propostas de orçamento previstos nesta Constituição (art. 84, XXIII);

b) prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, ou seja, até 15 de abril, as contas referentes ao exercício anterior (art. 84, XXIV).

Cabe ao Presidente da República sancionar as matérias sobre orçamento anual, operações de crédito, dívida pública (art. 48, II).

São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra o orçamento (art. 85, VI).

COMPETÊNCIA E RESPONSABILIDADE DO (CHEFE DO) PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RS

São de iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que:

I - fixem ou modifiquem os efetivos da Brigada Militar (art. 60, I); II - disponham sobre a criação e aumento da remuneração de cargos, funções ou

empregos públicos na administração direta ou autárquica. (art. 60, II, "a").

Compete ao Governador, privativamente:

a) sancionar projetos de lei aprovados pela Assembleia Legislativa, promulgar e fazer publicar as leis (art. 82, IV);

b) vetar, total ou parcialmente, projetos de lei aprovados pela Assembleia Legislativa (art. 82, VI);

c) enviar à Assembleia os projetos de lei dos orçamentos anuais previstos nesta Constituição (art. 82, XI);

d) prestar à Assembleia Legislativa até 15 de abril de cada ano, as contas referentes ao exercício anterior e apresentar-lhe o relatório de atividades do Poder Executivo, em sessão pública (art. 82, XII).

Compete ao Governador sancionar orçamentos anuais (art. 52, I).

São crimes de responsabilidade do Governador do Estado os previstos na Constituição Federal e definidos em lei, especialmente os que atentem contra o orçamento (art. 83).

A COMPETÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO E O PROCESSO LE-GISLATIVO, RELATIVAMENTE AO ORÇAMENTO

Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor, entre outras, sobre:

a) sobre o orçamento anual (art. 48, II);

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b) matéria financeira (art. 48, XII).

É da competência exclusiva do Congresso Nacional julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República (art. 49, IX).

Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado (art. 51, I);

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa (art. 51, II).

Compete privativamente ao Senado Federal processar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes de mesma natureza conexos com aqueles (art. 52, I).

Aplicam-se ao projeto do orçamento anual, no que não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas ao processo legislativo (art. 166, §7º).

COMPETÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO DO ESTADO DO RS E O PROCESSO LEGISLATIVO

Compete à Assembleia Legislativa, com a sanção do Governador, dispor sobre todas as matérias de competência do Estado, especialmente sobre:

a) orçamentos anuais (art. 52, I); b) tributos do Estado, arrecadação e distribuição das rendas (art. 52, II). c) matéria prevista no art.24 da Constituição Federal (art. 52, XIV).

Constituição Federal:

"Art.24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar con-correntemente sobre:

“I - direito tributário, financeiro;

“II - orçamento.”

Compete exclusivamente à Assembleia Legislativa, além de outras atribuições previstas nesta Constituição:

a) julgar, anualmente, as contas do Governador e, se este não as prestar até trinta dias após a data fixada nesta Constituição, eleger comissão para tomá-las, determinando providências para punição dos que forem encontrados em culpa (art. 53, III);

b) processar e julgar o Governador e o Vice-Governador do Estado nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (art. 53, VI);

c) apreciar vetos (art. 53, XII).

Exercer a fiscalização e o controle dos atos do Poder Executivo, inclusive na administração indireta, através de processo estabelecido nesta Constituição e na lei (art. 53, XIX).

Apreciar anualmente as contas do Tribunal de Contas do Estado (art. 53, XXII).

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Deliberar sobre os pareceres emitidos pela comissão permanente de que trata o §1º do art.152 (art. 53, XXIII).

"Art.152 - O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias, os orçamentos anuais e os créditos adicionais constarão de projetos de lei encaminhados ao Poder Legislativo". (art. 152).

"§1º - Caberá a uma comissão permanente de Deputados:

“I - examinar os projetos referidos neste artigo e as contas apresentadas anualmente pelo Governador do Estado, emitindo parecer;

“II - examinar os planos e programas estaduais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição, emitindo parecer, exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões da Assembleia Legislativa, criadas de acordo com esta Constituição".

As emendas serão apresentadas na comissão, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário (art. 152, §2º).

Durante o período de pauta regimental, poderão ser apresentadas emendas populares aos projetos de lei do orçamento anual, desde que firmadas por, no mínimo, quinhentos eleitores ou encaminhadas por duas entidades representativas da sociedade (art. 152, §6º).

Aplicam-se aos projetos de lei dos orçamentos anuais, no em que não contrariarem o disposto na seção sobre os orçamentos, as demais normas relativas ao processo legislativo (art. 152, §10).

A APRESENTAÇÃO DE EMENDAS E MODIFICAÇÕES AO ORÇAMENTO ANUAL DA UNIÃO

Não será admitido aumento de despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art.166, §3º e 4º (art. 63, I).

As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional (art.166, §2º).

As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso (art. 166, §3º, I a III):

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes or-çamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviços da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito

Federal; ou

III - sejam relacionadas:

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a) com a correção de erros ou omissões; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos de lei dos orçamentos anuais enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta (art. 166, §5º).

A APRESENTAÇÃO DE EMENDAS E MODIFICAÇÕES AO ORÇAMENTO ANUAL DO ESTADO DO RS

As emendas serão apresentadas na comissão, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário (art.152, §2º).

As emendas aos projetos de leis orçamentárias anuais ou aos projetos que as modifiquem somente poderão ser aprovadas quando (art.152, §3º, I a III):

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes or-çamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídos os que incidam sobre:

a) dotação para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais do Estado par os Municípios. d) dotações para investimentos de interesse regional, aprovadas em consulta

direta à população na forma da lei.14 III - sejam relacionadas com:

a) a correção de erros ou omissões; b) os dispositivos do texto do projeto de lei.

O Governador do Estado poderá enviar mensagem à Assembleia Legislativa para propor modificações nos projetos de lei sobre os orçamentos anuais, enquanto não iniciada a votação, na comissão permanente, da parte cuja alteração se propõe (art. 152, §5º).

Durante o período de pauta regimental, poderão ser apresentadas emendas populares aos projetos de lei do orçamento anual, desde que firmadas por, no mínimo, quinhentos eleitores ou encaminhadas por duas entidades representativas da sociedade (art. 152, §6º).

Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa (art. 152, §11).

Não será admitido aumento na despesa prevista nos projetos de iniciativa privativa do Governador, ressalvado o disposto no art. 152 (art. 61, I).

14 Alínea "d" acrescida ao inciso II do parágrafo 3º do artigo 152 pela

Emenda Constitucional nº 23, de 30 de junho de 1998

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"Art.152 - O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias, os orçamentos anuais e os créditos adicionais constarão de projetos de lei encaminhados ao Poder Legislativo."

A iniciativa popular no processo legislativo será exercida mediante a apre-sentação de emenda a projeto de lei orçamentária, conforme disciplinado no art. 152, §6º (art. 68, III).

"Art. 152 - ...

“§6º - Durante o período de pauta regimental poderão ser apresentadas emendas populares ao projeto de lei do orçamento anual, desde que firmadas por, no mínimo, quinhentos eleitores ou encaminhadas por duas entidades representativas da sociedade."

A AUTONOMIA DOS PODERES DA UNIÃO QUANTO AO ORÇAMENTO Os Poderes Legislativo e Judiciário o Ministério Público e a Defensoria Pública

Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º (art. 168).

Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais (art. 99, §5º).

Não será admitido aumento da despesa prevista (art. 63):

• nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º (art. 63, I);

Art. 166 - Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

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b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual

• nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público (art. 63, II).

O Poder Judiciário

Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira (art. 99).

Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias (art. 99, §1º).

O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete (art. 99, §2º):

I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais (art. 99, §2º, I);

II - no âmbito dos Estados e no Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais (art. 99, §2º, II).

Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo (art. 99, §3º).

Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual (art. 99, §4º).

O Ministério Público

Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento (art. 127, §2º).15

O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias (art. 127, §3º).

Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo

15 - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998

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considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º (art. 127, § 4º).16

Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual (art. 127, § 5º).17

Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais (art. 127, § 5º).

A AUTONOMIA DOS PODERES DO ESTADO DO RS QUANTO AO ORÇAMENTO

Ao Tribunal de Justiça, além do que lhe for atribuído nesta Constituição e na lei, compete (art.95):

a) estabelecer o sistema de controle orçamentário interno do Poder Judiciário, para os fins previstos no artigo 84 da Constituição Federal (art. 95, VI).

b) elaborar e encaminhar, depois de ouvir o Tribunal Militar do Estado, as propostas orçamentárias do Poder Judiciário, dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes, na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 22, de 11/12/97) (Vide n.º 4360/STF) (Art. 95, VII)

O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites da lei de diretrizes orçamentárias (art. 110).

Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias destinadas aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e ao Ministério Público, incluídos os créditos suplementares e especiais, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês (art. 156).

OS FUNDOS ESPECIAIS E O ORÇAMENTO DA UNIÃO A lei orçamentária anual compreenderá também os fundos (art. 165, §5º, I).

Art. 167. São vedados:

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.

OS FUNDOS ESPECIAIS E O ORÇAMENTO DO ESTADO DO RS São vedados:

a) a instituição de fundos especiais de qualquer natureza sem prévia autorização legislativa (art. 154, IX).

16 - Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004 17 - Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004

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b) a utilização, sem autorização legislativa específica, dos recursos do orçamento geral da administração direta para suprir necessidade ou cobrir déficit operacional de empresas e fundos (art. 154, VIII).

O Fundo de Terras - FUNTERRA/RS - é instrumento do Estado para prover recursos para os assentamentos agrários e à concessão de crédito fundiário (art. 188). Estes recursos serão destinados com base no cadastro geral dos trabalhadores sem terra no Rio Grande do Sul, que será criado e regulado em lei (art. 188, Parágrafo único).

Fica criado o Fundo Estadual de Educação, que será regulado por lei no prazo de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição (DT. art. 17).

OS DEPÓSITOS DAS DISPONIBILIDADES DE CAIXA DA UNIÃO As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos

Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições oficiais, ressalvados os casos previstos em lei (art. 164, §3º)

OS DEPÓSITOS DAS DISPONIBILIDADES DE CAIXA DO ESTADO DO RS

As disponibilidades de caixa do Estado, dos Municípios e das entidades da administração indireta serão depositadas em instituições financeiras oficiais do Estado, ressalvados os casos previstos em lei (art. 147).

A LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR RELATIVAMENTE AO ORÇAMENTO Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual (art. 165, §9º, I).

II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos (art. 165, §9º, II).

Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrente-mente sobre:

I - direito tributário, financeira (art. 24, I); II - orçamento (art. 24, II).

No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (art. 24, §1º).

A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados (art. 24, § 2º);

Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades (art. 24, §3º);

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A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário (art. 24, §4º).

A LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR RELATIVAMENTE AO ORÇAMENTO DO ESTADO DO RS

Lei complementar disporá sobre as finanças estaduais, observados os princípios estabelecidos na Constituição Federal e em lei complementar federal (art.146).

Lei complementar disciplinará as condições e a periodicidade do repasse, bem como gerenciamento e o controle democrático das dotações para aplicação no fomento ao ensino e pesquisa científica e tecnológica (art. 236, Parágrafo único).

OS PRECATÓRIOS JUDICIÁRIOS E O ORÇAMENTO DA UNIÃO À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela

Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibido a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim (art. 100).

É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente (art. 100, §1º).

Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado (art. 100, §1º - A).

As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o sequestro da quantia necessária à satisfação do débito (art. 100, §2º).

O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado (art. 100, §3º).

São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 3º deste artigo e, em parte, mediante expedição de precatório (art. 184, §4º).

A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades de direito público (art. 184, §5º).

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51

O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade (art. 184, §5º).

OS PRECATÓRIOS JUDICIÁRIOS E O ORÇAMENTO À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela

Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibido a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim (CF/88, art. 100).

AS VINCULAÇÕES E AS INCLUSÕES COMPULSÓRIAS NO ORÇAMENTO DO ESTADO DO RS

O Estado aplicará meio por cento da receita líquida de impostos próprios na manutenção e desenvolvimento do ensino superior comunitário, cabendo a lei complementar regular a alocação e fiscalização desse recurso (art. 201, §3º).

O Estado aplicará, no exercício financeiro, no mínimo, trinta e cinco por cento da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino público (art. 202).

A parcela de arrecadação de impostos transferida para os Municípios não é considerada receita do Estado para efeito do cálculo previsto neste artigo (art. 202, §1º).

Não menos de dez por cento dos recursos destinados ao ensino previstos neste artigo serão aplicados na manutenção e conservação das escolas públicas estaduais, através de transferências trimestrais de verbas às unidades escolares, de forma a criar condições que lhe garantam o funcionamento normal e um padrão mínimo de qualidade (art. 202, §2º).

O Estado cobrirá as despesas de investimentos e custeio de seus órgãos envolvidos com pesquisa científica e tecnológica e, além disso, destinará dotação equivalente no mínimo a um e meio por cento de sua receita líquida de impostos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul, para aplicação no fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica (art. 236). Lei complementar disciplinará as condições e a periodicidade do repasse, bem como gerenciamento e o controle democrática da dotação prevista (art. 236, Parágrafo único).

CICLO ORÇAMENTÁRIO

O ciclo orçamentário, segundo Cope, compreende “uma série de passos, que se repetem em períodos pré-fixados, segundo os quais os orçamentos sucessivos são preparados, votados, executados, os resultados avaliados e as contas aprovadas.”18

Segundo Baleeiro, “o ciclo orçamentário desdobra-se nas seguintes fases:”

18 - COPE, Orion K., Governamental Budgetin Theory and Practice, tradução e adaptação de José Teixeira

Machado Jr., in ..... p.202.

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52

1ª, a proposta do Executivo sob a supervisão política do Presidente da República e assistência de seus órgãos técnicos;

2ª, a discussão e aprovação dessa proposta pelo Congresso;

3ª, a sanção do Presidente da República e execução por ele e pelos Ministros;

4ª, controle da execução do orçamento e parecer final sobre as contas por parte do Tribunal de Contas;

5ª, julgamento das contas pelo Congresso, que tem a competência para recusá-las e submeter o Presidente e Ministros a impeachment em caso de atentado à probidade da administração, à lei orçamentária, à guarda e legal emprego dos dinheiros públicos”19

Essas atividades, peculiares ao processo orçamentário, se sucedem no tempo e se repetem com as mesmas características de período em período.

ATIVIDADES DO CICLO ANO 1 ANO 2 ANO 3

ORÇAMENTÁRIO 1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri

Programação a executar no ano seguinte, as metas e prioridades

Elaboração da proposta para o ano seguinte, pelo Poder Executivo

Discussão, ajuste e aprovação da proposta pelo Poder Legislativo

Programação e execução do orçamento pelo Governo e avaliação parcial pelo Poder Legislativo

Apreciação e julgamento da execução orçamentária pelo Poder Legislativo, depois de tecnicamente avaliada pelo Tribunal de Contas

FASES DO ORÇAMENTO Como é feito o orçamento (da união)?

Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e controle do Orçamento que estão definidos na Constituição, na Lei 4.320/1964, no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

A atual Constituição atribui ao Poder Executivo a responsabilidade da iniciativa pelo sistema de Planejamento e Orçamento conforme Art. 165:

Plano Plurianual (PPA) De Diretrizes Orçamentárias (LDO) De Orçamento Anual (LOA)”

O Orçamento é elaborado pelos três poderes da República e consolidado pelo Poder Executivo. Ele precisa ser equilibrado. Ou seja, não pode fixar despesas em valores superiores aos recursos disponíveis. Essa limitação obriga o governo a definir

19 - BALEEIRO, Aliomar.Uma Introdução à Ciência das Finanças. Revista Forense, Rio de Janeiro,

1955, 2v., 6ª ed. p.428.

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prioridades na aplicação dos recursos estimados. As metas para a elaboração da proposta orçamentária são definidas pelo Plano Plurianual (PPA) e priorizadas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Após a aprovação pelo Legislativo, a Secretaria de Orçamento Federal elabora a proposta orçamentária para o ano seguinte, em conjunto com os Ministérios e as unidades orçamentárias dos poderes Legislativo e Judiciário.

O governo define no Projeto de Lei Orçamentária Anual, as prioridades contidas no PPA e as metas que deverão ser atingidas naquele ano.

A Lei Orçamentária disciplina todas as ações do governo federal. Nenhuma despesa pública pode ser executada fora do Orçamento, mas nem tudo é feito pelo governo federal.

As ações dos governos estaduais e municipais devem estar registradas em leis próprias dos Estados e municípios.

Na Comissão Mista do Congresso é discutida a proposta enviada pelo Executivo e são propostas modificações necessárias através de emendas e, por fim, votado o projeto.

A Constituição determina que o Orçamento deve ser votado e aprovado até o final de cada Legislatura.

Uma vez aprovado é sancionado pelo Presidente da República que o transforma em Lei.

A composição da Lei Orçamentária determina a estimativa das receitas e a autorização (fixação) das despesas. Se houver necessidade de realização de despesas acima do previsto em Lei, o Poder Executivo envia ao Congresso Nacional projeto de lei propondo abertura de crédito adicional.

À exemplo o orçamento da União que segue os seguintes procedimentos:

1a Etapa

De janeiro e maio é desenvolvida a análise da série histórica da execução dos últimos exercícios, para definição dos limites de gastos por unidade orçamentária da União na Secretaria de Orçamento Federal – SOF;

2a Etapa

Em junho, os órgãos setoriais apresentam uma proposição detalhada relativa às suas programações em:

Atividades - envolvendo o montante de recursos necessários para assegurar a manutenção da execução das ações atualmente desenvolvidas para a prestação de serviços à comunidade;

Despesas Obrigatórias - relativas as despesas com pessoal, serviço da dívida, benefícios previdenciários.

3a Etapa

Com a estimativa da Receita a ser arrecadada e o montante de gastos projetados para o exercício, define um limite adicional e o remete aos órgãos para complementar a sua programação orçamentária, compreendendo:

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Expansão de atividades - os valores necessários para expansão dos serviços;

Projetos - gastos requeridos para aumento da capacidade física de atendimento ou inserção de uma ação nova nas atribuições dos órgãos.

4a Etapa

É Formalizado o documento final elaborando todos os demonstrativos exigidos pela Lei Federal no 4.320/64 e pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.

A proposta que o Executivo preparou é discutida no Congresso, incluem as mudanças que consideram necessárias e votam o projeto. (Autógrafo).

Até a Constituição de 1988, o Congresso apenas homologava o orçamento tal qual ele vinha do Executivo.

Após 1988, os legisladores conquistaram o direito de emendar o orçamento, isto é, podem propor alterações nos programas apresentados pelo Poder Executivo, desde que compatíveis com o Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

A Constituição propõe que o Congresso deve votar o Orçamento até o encerramento da sessão legislativa de cada ano.

Depois da aprovação pelo Legislativo, o projeto é encaminhado ao Chefe do Executivo para ser sancionado.

Após a sanção, transforma-se em lei.

Na União o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR), serve para acompanhar e avaliar a execução orçamentária alterando, através de créditos adicionais, quando permitido.

AS FASES DO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO PÓS CONSTITUIÇÃO DE 1988

Sanches20, na análise das fases do processo orçamentário pós Constituição Federal de 1988, diz que as mudanças ali introduzidas redundaram em expressivas alterações no ciclo orçamentário, o qual passa a desdobrar-se em oito fases, quais sejam:

a) formulação do Planejamento Plurianual, pelo Poder Executivo; b) apreciação e adequação do Plano, pelo Poder Legislativo; c) proposição de metas e prioridades para a administração e da política de

alocação de recursos, pelo Poder Executivo; d) apreciação e adequação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, pelo Poder

Legislativo; e) elaboração da proposta de orçamento, pelo Poder Executivo; f) apreciação, adequação e autorização legislativa; g) execução dos orçamentos aprovados; h) avaliação da execução e julgamento das Contas.

20 SANCHES, Osvaldo Maldonado. O Ciclo Orçamentário: Reavaliação à Luz da Constituição de 1988,

in: Revista da Associação Brasileira de Orçamento Público. V.1 - n.1 - maio/agosto 1975. Revista ABOP nº 37 - Edição Especial 94/95 - Brasília: ABOP, pg. 63-87.

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APRECIAÇÃO E ADEQUAÇÃO DO PLANO PLURIANUAL

Segundo Sanches21, as etapas relativas à fase da apreciação e adequação do plano plurianual são as seguintes:

1ª) recebimento da Mensagem pelo Presidente do Senado Federal e divulgação do projeto;

2ª) proposição de emendas; 3ª) apreciação do projeto e emendas na Comissão Mista; 4ª) decisão pelo Congresso Nacional

PROPOSIÇÃO DE METAS E PRIORIDADES E DE FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS

A Constituição Federal ao estabelecer, em seu art. 165, § 2º; art.169, parágrafo único e inciso II; e art. 99, § 1º, o conteúdo da Lei de Diretrizes Orçamentárias, diz que a mesma:

- compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital, para o exercício financeiro subsequente (C. Federal, art. 165, § 2º);

- orientará a elaboração da lei orçamentária (C. Federal, art. 165, § 2º); - disporá sobre as alterações na legislação tributária (C. Federal, art. 165, § 2º); - estabelecerá a política de a aplicação das agências de fomento (C. Federal, art.

165, § 2º); - autorizará a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a

criação de cargos ou alteração a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público (C. Federal, art. 169, parágrafo único e inciso I);

- fixará os limites para a elaboração dos orçamentos dos Poderes de Estado (C. Federal, art. 99, § 1º).

FASE EXECUTIVA DO ORÇAMENTO

ATIVIDADES BÁSICAS DA FASE EXECUTIVA DO ORÇAMENTO: ELABORAÇÃO DA PROPOSTA DE ORÇAMENTO, PELO PODER EXECUTIVO

Segundo José Afonso da Silva22, "A elaboração da proposta orçamentária compreende as seguintes operações ou atividades básicas:”

- "fixação das diretrizes gerais do governo, de acordo com o plano geral já elaborado ou em elaboração;"

- "preparo das normas e instruções e sua expedição às unidades orçamentárias;"

- "elaboração das categorias orçamentárias (programas, subprogramas, atividades e projetos, tarefas e obras) em cada unidade orçamentária;"

- formulação das propostas parciais do orçamento-programa e a sua consolidação;

21 SANCHES, Osvaldo Maldonado. Ob. Cit. p. 70-73 22 - SILVA, José Afonso da. ob.cit. p. 233 e 234.

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- consolidação das propostas setoriais e formulação da proposta geral do orçamento-programa ao nível governamental (União, Estado ou Município);"

- "aprovação da proposta pelo Chefe do Poder Executivo;"

- elaboração do projeto de lei e anexos a serem submetidos ao Legislativo; "

- "preparação da mensagem que encaminhará o documento orçamentário ao Legislativo."

CONTEÚDO E FORMA DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA

Com relação ao conteúdo e forma da proposta orçamentária a Lei Federal n.º 4.320/64 diz o seguinte:

“Art. 2º - A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios da unidade, universalidade e anualidade.

§1º - Integrarão a Lei de Orçamento:

I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Governo;

II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Categorias Econômicas, na forma do Anexo n.º 1.

III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação;

IV - Quadro das dotações por órgãos do Governo e da Administração.

§2º - Acompanharão a Lei de Orçamento:

I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais.

II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos n.ºs 3 e 4.

III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo, em termos de realização de obras e de prestação de serviços.”

“Art. 22. A proposta orçamentária, que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo nos prazos estabelecidos nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á de:

I - Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira, documentada com demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da receita e despesa, particularmente no tocante ao orçamento de capital;

II - Projeto de Lei de Orçamento;

III - Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa, constarão em colunas distintas e para fins de comparação:

a) a receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que se elaborou a proposta;

b) a receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta; c) a receita prevista para o exercício a que se refere a proposta; d) a despesa realizada no exercício imediatamente anterior; e) a despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; e f) a despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.

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IV - Especificação dos programas especiais de trabalho, custeados por dotações globais, em termos de metas visadas, decompostas em estimativa do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas de justificação econômica, financeira, social e administrativa.

Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada unidade administrativa, descrição de suas principais finalidades, com indicação da respectiva legislação.”

FASE LEGISLATIVA DO ORÇAMENTO ATIVIDADES BÁSICAS DA FASE LEGISLATIVA DO ORÇAMENTO APRECIAÇÃO, ADEQUAÇÃO E AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA

As fases e respectivas operações, configurando um processo legislativo, compreendem:

"1 - iniciativa, pela apresentação do projeto de lei orçamentária ao Legislativo; 2 - discussão e votação; 3 - sanção ou veto; 4 - promulgação e publicação.”23

A fase de apreciação, adequação e autorização legislativa, segundo Sanches24, se desdobra em seis etapas bem definidas:

1ª – Organização das atividades; 2ª - recepção e divulgação do projeto; 3ª - estabelecimento de normas e proposição de emendas; 4ª - apreciação pelas relatorias parciais e setoriais; 5ª - compatibilização e consolidação dos relatórios setoriais; 6ª - decisão pelo Congresso.

23 SANCHES, Osvaldo Maldonado. Ob. cit. p. 78-79. 24 SANCHES, Osvaldo Maldonado. Ob. cit. p. 78-79.

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RECEITA ORÇAMENTÁRIA CONCEITO O orçamento é um importante instrumento de planejamento de qualquer entidade, seja pública ou privada, e representa o fluxo previsto de ingressos e de aplicações de recursos em determinado período. A matéria pertinente à receita vem disciplinada no art. 3º, conjugado com o art. 57, e no art. 35 da Lei nº 4.320/64:

- Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá tôdas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.

- Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel- moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros.

- [...] - Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta lei

serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, tôdas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento.

- Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: - I - as receitas nêle arrecadadas; - II - as despesas nêle legalmente empenhadas.” Sic.

Assim as receitas públicas, pelo enfoque do orçamento, são disponibilidades de recursos financeiros do exercício orçamentário e cuja finalidade precípua é viabilizar a execução das políticas públicas, a fim de atender às necessidades coletivas e demandas da sociedade. Para fins de registros contábeis, quanto ao impacto na situação líquida patrimonial, a receita pode ser “efetiva” ou “não-efetiva”: Receita Orçamentária Efetiva – aquela que, no momento do reconhecimento do crédito, aumenta a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo aumentativo. Receita Orçamentária Não Efetiva – aquela que não altera a situação líquida patrimonial no momento do reconhecimento do crédito e, por isso, constitui fato contábil permutativo, como é o caso das operações de crédito.

CARACTERÍSTICAS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA Elementos que se associam ao conceito de receita pública:

a) o caráter monetário; b) disponibilidade sem contrapartida no passivo; c) percepção pelo Estado e outras Pessoas de Direito Público; d) reversão a fim de interesse público.

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CLASSIFICAÇÕES DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA SEGUNDO A LEI FEDERAL N.º 4.320/64 - ESQUEMA BÁSICO

Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital.

§ 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema:

RECEITAS CORRENTES

- Receita Tributária: . Impostos . Taxas . Contribuições de Melhoria - Receita de Contribuições - Receita Patrimonial - Receita Agropecuária - Receita Industrial - Receita de Serviços - Transferências Correntes - Outras Receitas Correntes

RECEITAS DE CAPITAL

- Operações de Crédito - Alienação de Bens - Amortização de Empréstimos - Transferência de Capital - Outras Receitas de Capital

CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA QUANTO À PROCEDÊNCIA

Originárias: Decorrem do exercício das funções estatais. Compreende as rendas provenientes dos bens e empresas comerciais ou

industriais do Estado.25 Receita originária é a que provem do domínio privado do Estado.26 O Estado obtém-na atuando sobre os bens sujeitos à sua propriedade.27 Exemplo: receitas industriais, comerciais, patrimoniais. Derivadas:

Decorrem da imposição, do poder de coerção. Caracterizados pelo constrangimento legal para a sua arrecadação - contam-

se os tributos e as penas pecuniárias, em resumo, rendas que o Estado colhe no setor privado, por ato de autoridade.28

Receita derivada é a que dimana da tributação.29

25 - BALEEIRO, Aliomar. ob. cit. p. 131. 26 - VEIGA, Didimo Agapito da. ob.cit, p.124. 27 - BALEEIRO, Aliomar. ob. cit. p. 131. 28 - BALEEIRO, Aliomar. ob. cit. p. 131

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É auferida da contribuição da economia privada.30 Exemplo: tributos, multas.

Em sentido amplo, os ingressos de recursos financeiros nos cofres do Estado denominam-se Receitas Públicas, registradas como:

- orçamentárias, quando representam disponibilidades de recursos financeiros para o erário, ou

- extra-orçamentárias, quando representam apenas entradas compensatórias.

- “Strictu sensu”, chamam-se públicas apenas as receitas orçamentárias.

Adotaremos a definição de Receita no sentido estrito; dessa forma, quando houver citação ao termo “Receita Pública”, implica referência às “Receitas Orçamentárias”.

Observação: Operações de Crédito, via de regra, classificam-se como Receita Orçamentária. A exceção à regra dessas operações, é denominada ARO – Antecipação de Receita Orçamentária.

INGRESSOS EXTRA-ORÇAMENTÁRIOS

São recursos financeiros de caráter temporário e não integram a Lei Orçamentária Anual. O Estado é mero depositário desses recursos, que constituem passivos exigíveis e cujas restituições não se sujeitam à autorização legislativa. Exemplos: Depósitos em caução, Fianças, Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária – ARO, Emissão de moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros.

CARACTERÍSTICAS DA RECEITA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA - Ingresso que gera aumento de igual valor no Ativo Financeiro (caixa) e no

passivo Financeiro (dívida de curto prazo) mantendo-se inalterado o saldo do Patrimônio Financeiro.

- Não integra o orçamento público; - A sua realização não se vincula à execução do orçamento;

29 - VEIGA, Didimo Agapito da, ob. cit. p. 124. 30 - BALEEIRO, Aliomar. ob. cit. p. 131.

Ingressos de Valores nos Cofres Públicos (Receitas Públicas)

Receitas Orçamentárias

Ingressos Extra-Orçamentários

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- Não constitui renda do Estado; - Soma-se às disponibilidades financeiras, mas, em contrapartida, constitui um

passivo exigível. - O Estado é apenas depositário dos valores assim recebidos.

Em resumo: toda a entrada financeira é receita, que pode ser receita orçamentária ou receita extra-orçamentária. Se a entrada financeira gerar uma dívida de curto prazo de igual valor será uma receita extra-orçamentária e se não gerar nenhuma dívida ou se gerar uma dívida de longo prazo será uma receita orçamentária.

RECEITA ORÇAMENTÁRIA São disponibilidades de recursos financeiros que ingressam durante o exercício orçamentário e constituem elemento novo para o patrimônio público.

É o instrumento por meio do qual se viabiliza a execução das políticas públicas.

A Receita Orçamentária é a fonte de recursos utilizada pelo Estado em programas e ações cuja finalidade precípua é atender às necessidades públicas e demandas da sociedade.

São receitas que pertencem ao Estado, transitam pelo patrimônio do Poder Público, aumentam-lhe o saldo financeiro, e, via de regra, por força do Princípio Orçamentário da Universalidade, estão previstas na Lei Orçamentária Anual – LOA.

Nesse contexto, embora haja obrigatoriedade de a LOA lhes registrar a previsão de arrecadação, a mera ausência formal do registro dessa previsão, no citado documento legal, não lhes retiram o caráter de orçamentárias, haja vista o art. 57 da Lei nº 4.320/64, determinar classificar-se como Receita Orçamentária toda receita arrecadada que porventura represente ingressos financeiros orçamentários, inclusive se provenientes de operações de crédito, exceto: operações de crédito por antecipação de receita – ARO, emissões de papel moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros.

ARO - OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA ORÇAMENTÁRIA – CONFIGURAM UMA EXCEÇÃO ÀS OPERAÇÕES DE CRÉDITO EM GERAL.

Classificam-se como “Receita Extra-Orçamentária” não se constituindo item da “Receita Orçamentária”, por determinação do Parágrafo Único do art. 3º da Lei nº 4.320/64.

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AS CLASSIFICAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS DA RECEITA

O detalhamento das classificações orçamentárias da receita, no âmbito da União, é normatizado por meio de Portaria da Secretaria de Orçamento Federal – SOF, órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

As Receitas Orçamentárias podem ser classificadas segundo os seguintes critérios:

• Natureza; • Fontes de Recursos; • Indicador de Resultado Primário; e • Receitas do Orçamento da Seguridade Social.

Essa classificação possui uso acadêmico e não é normatizada; portanto, não é utilizada como classificador oficial da receita pelo Poder Público.

Receitas Públicas Originárias: são aquelas arrecadadas por meio da exploração de atividades econômicas pela Administração Pública. Resultam, principalmente, de rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (receitas de aluguel – a exemplo), de preços públicos (preço público e tarifa são vocábulos sinônimos), de prestação de serviços comerciais e de venda de produtos industriais ou agropecuários.

Receitas Públicas Derivadas, segundo a doutrina, é a receita obtida pelo poder público por meio da soberania estatal. Decorrem de imposição constitucional ou legal e, por isso, auferidas de forma impositiva, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de contribuições especiais.

A CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA POR NATUREZA O parágrafo 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/1964 define que os itens da discriminação da receita, mencionados no art. 11, serão identificados por números de código decimal.

Convencionou-se denominar este código de natureza de receita. Importante destacar que essa classificação é utilizada por todos os entes da Federação e visa identificar a origem do recurso segundo o fato gerador: acontecimento real que ocasionou o ingresso da receita no cofre público.

OBSERVAÇÃO:

A DOUTRINA CLASSIFICA AS RECEITAS PÚBLICAS, QUANTO À PROCEDÊNCIA, EM

ORIGINÁRIAS E DERIVADAS.

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Assim, a natureza de receita é a menor célula de informação no contexto orçamentário para as receitas públicas; por isso, contém todas as informações necessárias para as devidas alocações orçamentárias.

A fim de possibilitar identificação detalhada dos recursos que ingressam nos cofres públicos, esta classificação é formada por um código numérico de oito dígitos que a subdivide em seis níveis – Categoria Econômica, Origem, Espécie, Rubrica, Alínea e Subalínea:

C O E R AA SS Categoria Econômica Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea Quando, por exemplo, o imposto de renda pessoa física é recolhido dos trabalhadores, aloca-se a receita pública correspondente na Natureza de Receita código “1112.04.10”, segundo esquema abaixo: Categoria Econômica Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea C O E R AA SS 1 1 1 2 04 10 Receita Corrente Receita Tributária Impostos Impostos sobre o Patrimônio e a Renda Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza Pessoas Físicas Como se depreende do nível de detalhamento apresentado, a classificação por natureza é a de nível mais analítico da receita; por isso, auxilia na elaboração de análises econômico-financeiras sobre a atuação estatal. CATEGORIA ECONÔMICA DA RECEITA O §1º e o §2º do art. 11 da Lei 4.320/64, classificam as Receitas Orçamentárias em “Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”. A codificação correspondente é:

Código Categoria Econômica

1 Receitas Correntes 2 Receitas de Capital

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1. Receitas Correntes Receitas Orçamentárias Correntes são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Estado, em geral com efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido e constituem instrumento para financiar os objetivos definidos nos programas e ações orçamentários, com vistas a satisfazer finalidades públicas. De acordo com o §1º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964, classificam-se como Correntes as receitas provenientes de Tributos; de Contribuições; da exploração do patrimônio estatal (Patrimonial); da exploração de atividades econômicas (Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes (Transferências Correntes); por fim, demais receitas que não se enquadram nos itens anteriores (Outras Receitas Correntes). 2. Receitas de Capital Receitas Orçamentárias de Capital também aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Porém, de forma diversa das Receitas Correntes, as Receitas de Capital em geral não provocam efeito sobre o Patrimônio Líquido. De acordo com o §2º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964, com redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.939, de 20 de maio de 1982, Receitas de Capital são as provenientes tanto da realização de recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas e da conversão, em espécie, de bens e direitos, quanto de recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital. OBSERVAÇÃO: Receitas de Operações Intra-orçamentárias: Operações intra-orçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade social do mesmo ente federativo; por isso, não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos do ente, mas apenas movimentação de receitas entre seus órgãos. As receitas intra-orçamentárias são a contrapartida das despesas classificadas na Modalidade de Aplicação “91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes do Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade Social” que, devidamente identificadas, possibilitam anulação do efeito da dupla contagem na consolidação das contas governamentais. Dessa forma, a fim de se evitar a dupla contagem dos valores financeiros objeto de operações Intra-orçamentárias na consolidação das contas públicas, a

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Portaria Interministerial STN/SOF nº 338, de 26 de abril de 2006, incluiu as “Receitas Correntes Intra-Orçamentárias” e “Receitas de Capital Intra-Orçamentárias”. Essas classificações, segundo disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas categorias econômicas de receita, mas apenas especificações das Categorias Econômicas “Receita Corrente” e “Receita de Capital”.

ORIGEM DA RECEITA A Origem é o detalhamento das Categorias Econômicas “Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”, com vistas a identificar a natureza da procedência das receitas no momento em que ingressam no Orçamento Público. Os códigos da Origem para as receitas correntes e de capital, de acordo com a Lei nº 4.320/1964, são:

Para efeitos de classificação orçamentária, a Origem “Receita Tributária” engloba apenas as Espécies “Impostos”, “Taxas” e “Contribuições de Melhoria”. Já a “Receita de Contribuições” é diferenciada da Origem “Receita Tributária”.

RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL

1. Receita Tributária 2. Receita de Contribuições 3. Receita Patrimonial 4. Receita Agropecuária 5. Receita Industrial 6. Receita de Serviços 7. Transferências Correntes 9. Outras Receitas Correntes

1. Operações de Crédito 2. Alienação de Bens 3. Amortização de Empréstimos 4. Transferências de Capital 5. Outras Receitas de Capital

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Esquema da Classificação das Receitas Públicas, incorporando-se Categoria Econômica e Origem: ESPÉCIE É o nível de classificação vinculado à Origem que permite qualificar com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por exemplo, dentro da Origem Receita Tributária, identifica-se as espécies “Impostos”, “Taxas” e “Contribuições de Melhoria”. RUBRICA Agrega determinadas espécies de receitas cujas características próprias sejam semelhantes entre si; dessa forma, detalha a espécie, por meio da especificação dos recursos financeiros que lhe são correlatos. Por exemplo, a

Ingressos de Valores nos Cofres Públicos

Ingressos Extra-Orçamentários (Receitas Públicas)

Receitas Orçamentárias

RECEITAS CORRENTES RECEITAS de CAPITAL

1. Tributária;

2. Contribuições;

3. Patrimonial;

4. Agropecuária;

5. Industrial;

6. Serviços;

7. Transferências Correntes; e

9. Outras Receitas Correntes.

1. Operações de Crédito;

2. Alienação de Bens;

3. Amortização de Empréstimos;

4. Transferências de Capital; e

5. Outras Receitas de Capital

7. Receitas CORRENTES

INTRAORÇAMENTÁRIAS

8. Receitas de CAPITAL

INTRAORÇAMENTÁRIAS

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rubrica “Impostos sobre o Patrimônio e a Renda” corresponde ao detalhamento da Espécie “Impostos”. ALÍNEA A alínea é o detalhamento da Rubrica e exterioriza o “nome” da receita que receberá o registro pela entrada de recursos financeiros. Por exemplo, a alínea “Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza” corresponde ao detalhamento da Rubrica “Impostos sobre o Patrimônio e a Renda”. SUBALÍNEA A subalínea constitui o nível mais analítico da receita, utilizado quando há necessidade de se detalhar a Alínea com maior especificidade. Por exemplo, a subalínea “Pessoas Físicas” é detalhamento da Alínea “Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza”.

ORIGENS E ESPÉCIES DE RECEITA ORÇAMENTÁRIA CORRENTE 1. Receita corrente - Tributária Tributo é uma das origens da Receita Corrente na Classificação Orçamentária por Categoria Econômica. Quanto à procedência, trata-se de receita derivada cuja finalidade é obter recursos financeiros para o Estado custear as atividades que lhe são correlatas. Sujeitam-se aos princípios da reserva legal e da anterioridade da Lei, salvo exceções. O art. 3º do Código Tributário Nacional – CTN define tributo da seguinte forma:

- "Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada".

O art. 4º do CTN preceitua que a natureza especifica do tributo, ao contrário de outros tipos de receita, é determinada pelo fato gerador, sendo irrelevante para caracterizá-lo: I – a sua denominação; e II – a destinação legal do produto de sua arrecadação. O art. 5º do CTN e os incisos I, II e III do art. 145 da CF/88 tratam das espécies tributárias impostos, taxas e contribuições de melhoria.

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IMPOSTOS Os impostos, segundo o art. 16 do CTN, são espécies tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação direta ou imediata pelo pagamento. O art. 167 da Constituição Federal proíbe, salvo em algumas exceções, a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. Os impostos estão enumerados na Constituição Federal, ressalvando-se unicamente a possibilidade de utilização, pela União, da competência residual prevista no art. 154, I, e da competência extraordinária, no caso dos impostos extraordinários de guerra prevista no inciso II do mesmo artigo.

TAXAS As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito das respectivas atribuições, são, também, espécie de tributo na classificação orçamentária da receita, tendo, como fato gerador, o exercício regular do poder de polícia administrativa, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição - art. 77 do CTN: “Art. 77: As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.” Nesse contexto, taxas são tributos vinculados porque o aspecto material do fato gerador é prestação estatal específica diretamente referida ao contribuinte, em forma de contraprestação de serviços. Porém, podem ser tributos de arrecadação não-vinculada, pois as receitas auferidas por meio das taxas não se encontram afetas a determinada despesa, salvo se a lei que instituiu o referido tributo assim determinou. A taxa está sujeita ao princípio constitucional da reserva legal e, sob a ótica orçamentária, classificam-se em: Taxas de Fiscalização e Taxas de Serviço. a. Taxas de fiscalização ou de poder de polícia São definidas em lei e tem como fato gerador o exercício do poder de polícia, poder disciplinador, por meio do qual o Estado intervém em determinadas atividades, com a finalidade de garantir a ordem e a segurança. A definição de poder de polícia está disciplinada pelo art. 78 do CTN:

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“Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos.” b. Taxas de serviço público São as que têm como fato gerador a utilização de determinados serviços públicos, sob ponto de vista material e formal. Nesse contexto, o serviço é público quando estabelecido em lei e prestado pela Administração Pública, sob regime de direito público, de forma direta ou indireta. A relação jurídica, nesse tipo de serviço, é de verticalidade, ou seja, o Estado atua com supremacia sobre o particular. É receita derivada e os serviços têm que ser específicos e divisíveis. Conforme o art. 77 do CTN:

- “Os serviços públicos têm que ser específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte, ou colocados à sua disposição.”

Para que a taxa seja cobrada, não há necessidade de o particular fazer uso do serviço, basta que o Poder Público coloque tal serviço à disposição do contribuinte.

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA É espécie de tributo na classificação da receita orçamentária e tem como fato gerador valorização imobiliária que decorra de obras públicas, contanto que haja nexo causal entre a melhoria havida e a realização da obra pública. De acordo com o art. 81 do CTN:

- “A contribuição de melhoria cobrada pela União, Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.”

2. Receita corrente - Contribuições Segundo a classificação orçamentária, Contribuições são Origem da Categoria Econômica Receitas Correntes. O art. 149 da Magna Carta estabelece competir exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de atuação nas respectivas áreas, e o §1º do artigo em comento estabelece que Estados, Distrito Federal e Municípios poderão instituir contribuição, cobrada de

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seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de regimes de previdência de caráter contributivo e solidário. As contribuições classificam-se nas seguintes espécies:

a) contribuições sociais

Classificada como espécie de Contribuição, por força da Lei nº 4.320/64, a Contribuição Social é tributo vinculado a uma atividade Estatal que visa atender aos direitos sociais previstos na Constituição Federal. Pode-se afirmar que as contribuições sociais atendem a duas finalidades básicas: seguridade social (saúde, previdência e assistência social) e outros direitos sociais como, por exemplo: o salário educação. A competência para instituição das contribuições sociais é da União, exceto das contribuições dos servidores estatutários dos Estados, DF e Municípios, que são instituídas pelos mesmos. As contribuições sociais estão sujeitas ao princípio da anterioridade nonagesimal, o que significa dizer apenas poderão ser cobradas noventa dias após a publicação da Lei que as instituiu ou majorou.

b) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE é tributo classificado no orçamento público como uma espécie de contribuição que atinge um determinado setor da economia, com finalidade qualificada em sede constitucional – intervenção no domínio econômico – instituída mediante um motivo específico. Essa intervenção se dá pela fiscalização e atividades de fomento, como por exemplo, desenvolvimento de pesquisas para crescimento do setor e oferecimento de linhas de crédito para expansão da produção. Exemplo de contribuição de intervenção no domínio econômico é o Adicional sobre Tarifas de Passagens Aéreas Domésticas, que são voltadas à suplementação tarifária de linhas aéreas regionais de passageiros, de baixo e médio potencial de tráfego.

c) Contribuição de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas

Espécie de contribuição que se caracteriza por atender a determinadas categorias profissionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às entidades que as instituíram. Não transitam pelo Orçamento da União. Estas contribuições são destinadas ao custeio das organizações de interesse de grupos profissionais, como, por exemplo: OAB, CREA, CRM e assim por diante. Visam também ao custeio dos serviços sociais autônomos prestados no interesse das categorias, como SESI, SESC e SENAI.

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É preciso esclarecer que existe uma diferença entre as contribuições sindicais aludidas acima e as contribuições confederativas. Conforme esclarece o art. 8º da Constituição Federal:

- “Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

- (...) - IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de

categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei.” Sic.

Assim, há a previsão constitucional de uma contribuição confederativa, fixada pela assembleia geral da categoria, e uma outra contribuição, prevista em lei, que é a contribuição sindical. A primeira não é tributo, pois será instituída pela assembleia geral e não por lei. A segunda é instituída por lei, portanto compulsória, e encontra sua regra matriz no art. 149 da Constituição Federal, possuindo assim natureza de tributo.

d) Contribuição de Iluminação Pública Instituída pela Emenda Constitucional nº 39, de 19 de dezembro de 2002, que acrescentou o art. 149-A à Constituição Federal, possui a finalidade de custear o serviço de iluminação pública. A competência para instituição é dos Municípios e do Distrito Federal.

- "Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.

- Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica."

Municípios e DF, a partir dessa autorização constitucional, iniciaram a regulamentação por Lei Complementar, visando a dar eficácia plena ao citado artigo 149-A da Constituição da República Federativa do Brasil. Sob a ótica da classificação orçamentária, a “Contribuição de Iluminação Pública” é Espécie da Origem “Contribuições”, que integra a Categoria Econômica “Receitas Correntes”. 3. Receita corrente - Patrimonial São receitas provenientes da fruição dos bens patrimoniais do ente público (bens mobiliários ou imobiliários), ou, ainda, de participações societárias. São classificadas no orçamento como receita corrente e de natureza específica de origem como receita patrimonial. Quanto à procedência, tratam-se de receitas originárias. Podemos citar como espécie de receita patrimonial as compensações financeiras, concessões e permissões, dentre outras.

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a) Compensações Financeiras: A receita de compensação financeira tem origem na exploração do patrimônio do Estado, que é constituído por recursos minerais, hídricos, florestais e outros, definidos no ordenamento jurídico. Tais compensações são devidas à União, aos Estados e aos Municípios, de acordo com o disposto na legislação vigente, como forma de participação no resultado dessa exploração. Elas têm como finalidade recompor financeiramente os prejuízos ou danos causados (externalidades negativas) pela atividade econômica na exploração desses bens, assim como proporcionar meio de remunerar o Estado pelos ganhos obtidos por essa atividade. De acordo com o art. 20, §1º da Constituição Federal:

- “É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração”.

4. Receita corrente - Agropecuária São receitas correntes, constituindo, também, uma origem de receita específica na classificação orçamentária. Quanto à procedência são originárias, com o Estado atuando como empresário, em pé de igualdade como o particular. Decorrem da exploração econômica, por parte do ente público, de atividades agropecuárias, tais como a venda de produtos: agrícolas (grãos, tecnologias, insumos etc.); pecuários (sêmens, técnicas em inseminação; matrizes etc.); para reflorestamentos e etc.. 5. Receita corrente – Industrial Trata-se de receitas correntes, constituindo outra origem específica na classificação orçamentária da receita. São receitas originárias, provenientes das atividades industriais exercidas pelo ente público. Encontram-se subdivididas nessa classificação receitas provenientes de atividades econômicas, tais como: da indústria extrativa mineral; da indústria de transformação; da indústria de construção; e outras receitas industriais de utilidade pública. 6. Receita corrente - Serviços São receitas correntes, cuja classificação orçamentária constitui origem específica, abrangendo as receitas decorrentes das atividades econômicas na prestação de serviços por parte do ente público, tais como: comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços recreativos, culturais, etc. Tais serviços são remunerados mediante preço público, também chamado de tarifa. Exemplos de naturezas orçamentárias de

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receita dessa origem são os seguintes: Serviços Comerciais; Serviços de Transporte; Serviços Portuários etc.. OBSERVAÇÃO: Distinção entre Taxa e Preço Público:

A distinção entre taxa e preço público, também chamado de tarifa, está descrita na Súmula nº 545 do Supremo Tribunal Federal: “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que a instituiu”. Conforme já afirmado, preço público (ou tarifa) decorre da utilização de serviços públicos facultativos (portanto, não compulsórios) que a Administração Pública, de forma direta ou por delegação para concessionária ou permissionária, coloca à disposição da população, que poderá escolher se os contrata ou não. São serviços prestados em decorrência de uma relação contratual regida pelo direito privado. A taxa decorre de lei e serve para custear, naquilo que não forem cobertos pelos impostos, os serviços públicos, essenciais à soberania do Estado (a lei não autoriza que outros prestem alternativamente esses serviços), específicos e divisíveis, prestados ou colocados à disposição do contribuinte diretamente pelo Estado.

O tema é regido pelas normas de direito público. Há casos em que não é simples estabelecer se um serviço é remunerado por taxa ou por preço público. Como exemplo, podemos citar o caso do fornecimento de energia elétrica. Em localidades onde estes serviços forem colocados à disposição do usuário, pelo Estado, mas cuja utilização seja de uso obrigatório, compulsório (por exemplo, a lei não permite que se coloque um gerador de energia elétrica), a remuneração destes serviços é feita mediante taxa e sofrerá as limitações impostas pelos princípios gerais de tributação (legalidade, anterioridade,...). Por outro lado, se a lei permite o uso de gerador próprio para obtenção de energia elétrica, o serviço estatal oferecido pelo ente público, ou por seus delegados, não teria natureza obrigatória, seria facultativo e, portanto, seria remunerado mediante preço público. 7. Receita corrente – Transferências correntes Na ótica orçamentária, são recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas de manutenção ou funcionamento relacionadas a uma finalidade pública específica, mas que não correspondam a uma contraprestação direta em bens e serviços a quem efetuou a transferência.

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Os recursos da transferência são vinculados à finalidade pública, e não a pessoa. Podem ocorrer a nível intragovernamental (dentro do âmbito de um mesmo governo) ou intergovernamental (governos diferentes, da União para Estados, do Estado para os Municípios, por exemplo), assim como recebidos de instituições privadas. Nas Transferências Correntes, podemos citar como exemplos as seguintes espécies:

a) Transferências de Convênios:

Recursos oriundos de convênios, com finalidade específica, firmados entre entidades públicas de qualquer espécie, ou entre elas e organizações particulares, para realização de objetivos de interesse comum dos partícipes e destinados a custear despesas correntes.

b) Transferências de Pessoas:

Compreendem as contribuições e doações que pessoas físicas realizem para a Administração Pública. 8. Receita corrente – Outras receitas correntes Neste título, inserem-se multas e juros de mora, indenizações e restituições, receitas da dívida ativa e as outras receitas não classificadas nas receitas correntes anteriores.

Podemos citar como exemplos as seguintes espécies, dentre outras:

a) Receitas de Multas As multas também são um tipo de receita pública, de caráter não tributário, constituindo-se em ato de penalidade de natureza pecuniária aplicado pela Administração Púbica aos administrados. Dependem, sempre, de prévia cominação em lei ou contrato, cabendo sua imposição ao respectivo órgão competente (poder de polícia). Conforme prescreve o §4º do art. 11 da Lei nº 4.320/1964, as multas classificam-se como “outras receitas correntes”. Podem decorrer do descumprimento de preceitos específicos previstos na legislação pátria, ou de mora pelo não pagamento das obrigações principais ou acessórias nos prazos previstos.

b) Receitas da Dívida Ativa São os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. Este crédito é cobrado por meio da emissão de certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, inscrita na forma da lei, com validade de título executivo.

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Isso confere à certidão da dívida ativo caráter líquido e certo, embora se admita prova em contrário.

1. Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública proveniente da obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais, atualizações monetárias, encargos e multas tributárias.

2. Dívida Ativa Não Tributária corresponde aos demais créditos da Fazenda Pública.

As receitas decorrentes de dívida ativa tributária ou não tributária devem ser classificadas como “outras receitas correntes”.

ORIGENS E ESPÉCIES DE RECEITA ORÇAMENTÁRIA DE CAPITAL 1. Receita de capital – Operações de crédito Origem de recursos da Categoria Econômica “Receitas de Capital”: recursos financeiros oriundos da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos obtidas junto a entidades públicas ou privadas, internas ou externas. São espécies desse tipo de receita:

• Operações de Crédito Internas; • Operações de Crédito Externas; • Operações Oficiais de Crédito – Retorno.

2. Receita de capital – Alienação de bens Origem de recursos da Categoria Econômica “Receitas de Capital”: ingressos financeiros com origem específica na classificação orçamentária da receita proveniente da alienação de bens móveis ou imóveis de propriedade do ente público. Nos termos do artigo 44, da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF é vedada a aplicação da receita de capital decorrente da alienação de bens e direitos que integrem o patrimônio público, para financiar despesas correntes, salvo as destinadas por lei aos regimes previdenciários, geral e próprio dos servidores públicos. 3. Receita de Capital – Amortização de Empréstimos São ingressos financeiros provenientes da amortização de financiamentos ou empréstimos concedidos pelo ente público em títulos e contratos.

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Na classificação orçamentária da receita são receitas de capital, origem específica “amortização de empréstimos concedidos” e representam o retorno de recursos anteriormente emprestados pelo poder público. Embora a amortização de empréstimos seja origem da categoria econômica “Receitas de Capital”, os juros recebidos, associados a esses empréstimos, são classificados em “Receitas Correntes / de Serviços / Serviços Financeiros”. 4. Receita de capital – Transferências de capital Na ótica orçamentária, são recursos financeiros recebidos de outras pessoas de Direito público ou privado e destinados para atender despesas em investimentos ou inversões financeiras, a fim de satisfazer finalidade pública específica; sem corresponder, entretanto, a contraprestação direta ao ente transferidor. Os recursos da transferência ficam vinculados à finalidade pública e não a pessoa. Podem ocorrer a nível intragovernamental (dentro do âmbito de um mesmo governo) ou intergovernamental (governos diferentes, da União para Estados, do Estado para os Municípios, por exemplo), assim como recebidos de instituições privadas (do exterior e de pessoas). 5. Receita de capital – Outras receitas de capital São classificadas nessa origem as receitas de capital que não atendem às especificações anteriores; ou seja: na impossibilidade de serem classificadas nas origens anteriores. TABELA-RESUMO: ORIGENS E ESPÉCIES DE RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS

1 - RECEITA CORRENTE (categoria econômica)

Naturezas de Receita

1 – TRIBUTÁRIA (origem) 1 – Impostos (espécie) De 1110.00.00 até 1119.99.99 2 – Taxas (espécie) De 1120.00.00 até 1129.99.99 3 - Contribuições De Melhoria (espécie)

De 1130.00.00 até 1139.99.99

2 - CONTRIBUIÇÕES

1 - Sociais De 1210.00.00 até 1219.99.99 2 - Econômicas De 1220.00.00 até 1229.99.99 3 – Iluminação Pública De 1230.00.00 até 1239.99.99

3 - PATRIMONIAL

1 - Imobiliárias De 1310.00.00 até 1319.99.99 2 - Valores Mobiliários De 1320.00.00 até 1329.99.99 3 - Concessões/Permissões De 1330.00.00 até 1339.99.99

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4 - Compensações Financeiras De 1340.00.00 até 1340.99.99 9 - Outras De 1390.00.00 até 1399.99.99

4 - AGROPECUÁRIA

1 - Produção Vegetal De 1410.00.00 até 1419.99.99

2 - Produção Animal De 1420.00.00 até 1429.99.99

9 - Outras De 1490.00.00 até 1499.99.99

5 - INDUSTRIAL

1 - Indústria Mineral De 1510.00.00 até 1519.99.99 2 - Indústria De Transformação De 1520.00.00 até 1529.99.99 3 - Indústria De Construção De 1530.00.00 até 1539.99.99 9 - Outras De 1590.00.00 até 1590.99.99

7 - TRANSFERÊNCIAS CORRENTES 2 - Intergovernamentais De 1720.00.00 até 1729.99.99 3 - Instituições Privadas De 1730.00.00 até 1739.99.99 4 - Do Exterior De 1740.00.00 até 1749.99.99 5 - De Pessoas De 1750.00.00 até 1759.99.99 6 - Convênios De 1760.00.00 até 1769.99.99 7 - Combate à Fome De 1770.00.00 até 1779.99.99

CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA POR FONTES DE RECURSOS A classificação orçamentária por Fontes/Destinações é utilizada no âmbito da União, com o objetivo de identificar as origens dos ingressos financeiros que financiam os gastos públicos. Determinadas Naturezas de Receita são agrupadas em Fontes de Recursos obedecendo a uma regra

6 - SERVIÇOS

0 - Serviços De 1600.00.00 até 1600.99.99

9 - OUTRAS CORRENTES

1 - Multas e Juros de Mora De 1910.00.00 até 1919.99.99

2 - Indenizações e Restituições De 1920.00.00 até 1929.99.99

3 - Dívida Ativa De 1930.00.00 até 1939.99.99

9 - Diversas De 1990.00.00 até 1999.99.99

2 - RECEITA DE CAPITAL (categoria econômica)

Naturezas de Receita

1 - OPERAÇÕES DE CRÉDITO (origem)

1 – Internas (espécie) De 2110.00.00 até 2119.99.99 2 – Externas (espécie) De 2120.00.00 até 2129.99.99

3 - AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS 0 - Amortizações De 2300.00.00 até 2300.99.99

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previamente estabelecida. Por meio do orçamento público, essas Fontes/Destinações são alocadas em determinadas despesas de forma a evidenciar os meios para atingir os objetivos públicos. Cumpre destacar que é esse mecanismo que permite o cumprimento do disposto no parágrafo único do art. 8º da LRF, que determina:

- “Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.”

Essa classificação permite demonstrar a correspondência entre as fontes de financiamento e os gastos públicos, pois exterioriza quais são as receitas que financiam determinadas despesas.

1º DÍGITO1º DÍGITO1º DÍGITO1º DÍGITO Grupo de Fontes de Grupo de Fontes de Grupo de Fontes de Grupo de Fontes de RecursosRecursosRecursosRecursos

Exemplos:Exemplos:Exemplos:Exemplos: 2º e 3º DÍGITOS2º e 3º DÍGITOS2º e 3º DÍGITOS2º e 3º DÍGITOS Especificação das Fontes de RecursosEspecificação das Fontes de RecursosEspecificação das Fontes de RecursosEspecificação das Fontes de Recursos

1 1 1 1 ---- Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro –––– Exercício Corrente;Exercício Corrente;Exercício Corrente;Exercício Corrente;

Fonte 100Fonte 100Fonte 100Fonte 100 Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro ---- Exercício Corrente (1); Exercício Corrente (1); Exercício Corrente (1); Exercício Corrente (1); Recursos Ordinários (00);Recursos Ordinários (00);Recursos Ordinários (00);Recursos Ordinários (00);

2 2 2 2 ---- Recursos de Outras Fontes Recursos de Outras Fontes Recursos de Outras Fontes Recursos de Outras Fontes ---- Exercício Corrente;Exercício Corrente;Exercício Corrente;Exercício Corrente;

Fonte 174Fonte 174Fonte 174Fonte 174 Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro ---- Exercício Corrente (1); Exercício Corrente (1); Exercício Corrente (1); Exercício Corrente (1); Taxas pelo Exercício do Poder de Polícia (74);Taxas pelo Exercício do Poder de Polícia (74);Taxas pelo Exercício do Poder de Polícia (74);Taxas pelo Exercício do Poder de Polícia (74);

3 3 3 3 ---- Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro –––– Exercícios AnterioresExercícios AnterioresExercícios AnterioresExercícios Anteriores

Fonte 250Fonte 250Fonte 250Fonte 250 Recursos de Outras Fontes Recursos de Outras Fontes Recursos de Outras Fontes Recursos de Outras Fontes –––– Exercício Corrente (2); Exercício Corrente (2); Exercício Corrente (2); Exercício Corrente (2); Recursos Próprios NãoRecursos Próprios NãoRecursos Próprios NãoRecursos Próprios Não----Financeiros (50);Financeiros (50);Financeiros (50);Financeiros (50);

6 6 6 6 ---- Recursos de Outras Fontes Recursos de Outras Fontes Recursos de Outras Fontes Recursos de Outras Fontes ---- Exercícios Anteriores; eExercícios Anteriores; eExercícios Anteriores; eExercícios Anteriores; e

Fonte 300 Fonte 300 Fonte 300 Fonte 300 Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro Recursos do Tesouro –––– Exercícios Anteriores (3); e Exercícios Anteriores (3); e Exercícios Anteriores (3); e Exercícios Anteriores (3); e Recursos Ordinários (00)Recursos Ordinários (00)Recursos Ordinários (00)Recursos Ordinários (00) 9 9 9 9 ---- Recursos CondicionadosRecursos CondicionadosRecursos CondicionadosRecursos Condicionados

CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA PARA APURAÇÃO DO RESULTADO PRIMÁRIO Esta classificação orçamentária da receita não tem caráter obrigatório, foi instituída para a União com o objetivo de identificar quais são as receitas e as despesas que compõem o resultado primário do Governo Federal, que é representado pela diferença entre as Receitas Primárias e as Despesas Primárias. As receitas do Governo Federal podem ser divididas entre primárias e não primárias (financeiras). O primeiro grupo refere-se predominantemente a receitas correntes e é composto daquelas que advêm dos tributos, das contribuições sociais, das concessões, dos dividendos recebidos pela União, da cota-parte das compensações financeiras, das decorrentes do próprio esforço de arrecadação das unidades orçamentárias, das provenientes de doações e convênios e outras também consideradas primárias.

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Já as receitas não primárias (financeiras) são aquelas que não contribuem para o resultado primário ou não alteram o endividamento líquido do Governo (setor público não financeiro) no exercício financeiro correspondente, uma vez que criam uma obrigação ou extinguem um direito, ambos de natureza financeira, junto ao setor privado interno e/ou externo, alterando concomitantemente o ativo e o passivo financeiros. São adquiridas junto ao mercado financeiro, decorrentes da emissão de títulos, da contratação de operações de crédito por organismos oficiais, das receitas de aplicações financeiras da União (juros recebidos, por exemplo), das privatizações e outras.

RECONHECIMENTO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA O reconhecimento da receita orçamentária ocorre no momento da arrecadação, conforme art. 35 da Lei nº 4.320/1964 e decorre do enfoque orçamentário dessa lei, tendo por objetivo evitar que a execução das despesas orçamentárias ultrapasse a arrecadação efetiva. A aprovação do orçamento de uma determinada entidade pública tem seus registros contábeis sob a ótica do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público registrados da seguinte forma:

1. Registro da previsão da receita no momento da aprovação da Lei Orçamentária;

2. Registro da arrecadação da receita durante a execução do orçamento. Não devem ser reconhecidos como receita orçamentária os recursos financeiros oriundos de:

a) Superávit Financeiro – a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de créditos neles vinculadas. Trata-se de saldo financeiro e não de nova receita a ser registrada. O superávit financeiro pode ser utilizado como fonte para abertura de créditos suplementares e especiais;

b) Cancelamento de despesas inscritas em Restos a Pagar –

consiste na baixa da obrigação constituída em exercícios anteriores, portanto, trata-se de restabelecimento de saldo de disponibilidade comprometida, originária de receitas arrecadadas em exercícios anteriores e não de uma nova receita a ser registrada. O cancelamento de Restos a Pagar não se confunde com o recebimento de recursos provenientes do ressarcimento ou da restituição de despesas pagas em exercícios anteriores que devem ser reconhecidos como receita orçamentária do exercício.

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RELACIONAMENTO DO REGIME ORÇAMENTÁRIO COM O REGIME CONTÁBIL A contabilidade aplicada ao setor público mantém um processo de registro apto para sustentar o dispositivo legal do regime da receita orçamentária, de forma que atenda a todas as demandas de informações da execução orçamentária, conforme dispõe o art. 35 da Lei nº 4.320/1964:

- “Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: - I – as receitas nele arrecadadas; - II – as despesas nele legalmente empenhadas.”

No entanto, há de se destacar que o art. 35 refere-se ao regime orçamentário e não ao regime contábil (patrimonial), pois a contabilidade é tratada em título específico da citada lei, no qual se determina que as variações patrimoniais devam ser evidenciadas, sejam elas independentes ou resultantes da execução orçamentária.

- “Título IX – Da Contabilidade - [...] - Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a

permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros.

- [...] - Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração

orçamentária, financeira, patrimonial e industrial. - [...] - Art. 100. As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem os

resultados da execução orçamentária, bem como as variações independentes dessa execução e as superveniências e insubsistências ativas e passivas, constituirão elementos da conta patrimonial.

- [...] - Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as

alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.”

Além do registro dos fatos ligados à execução orçamentária, deve a evidenciação dos fatos ligados à administração financeira e patrimonial, propiciar que os fatos modificativos sejam levados à conta de resultado e que as informações contábeis permitam o conhecimento da composição patrimonial e dos resultados econômicos e financeiros de determinado exercício.

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Nesse sentido, a contabilidade deve evidenciar, tempestivamente, os fatos ligados à administração orçamentária, financeira e patrimonial, gerando informações que permitam o conhecimento da composição patrimonial e dos resultados econômicos e financeiros. Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto no patrimônio, deve haver o registro da variação patrimonial aumentativa, independentemente da execução orçamentária, em função do fato gerador, observando-se os princípios contábeis da competência e da oportunidade. O reconhecimento do crédito apresenta como principal dificuldade a determinação do momento de ocorrência do fato gerador. No entanto, no âmbito da atividade tributária, pode-se utilizar o momento do lançamento como referência para o seu reconhecimento, pois é por esse procedimento que:

• verifica-se a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente; • determina-se a matéria tributável; • calcula-se o montante do tributo devido; e • identifica-se o sujeito passivo.

Ocorrido o fato gerador, pode-se proceder ao registro contábil do direito a receber em contrapartida de variação patrimonial aumentativa, o que representa o registro da variação patrimonial aumentativa por competência. Por exemplo, a legislação que regulamenta o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) estabelece, de modo geral, que o fato gerador deste tributo ocorrerá no dia 1º de janeiro de cada ano. Nesse momento, os registros contábeis sob a ótica do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público são os seguintes: Lançamento no momento do fato gerador (dia 1º de janeiro): Esse registro provoca o aumento do ativo e do resultado do exercício, atendendo ao disposto nos arts. 100 e 104 da Lei nº 4.320/1964.

ETAPAS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA Para melhor compreensão do processo orçamentário, pode-se dividir a gestão da receita orçamentária em três etapas:

• Planejamento; • Execução; e • Controle e avaliação.

PLANEJAMENTO Compreende a previsão de arrecadação da receita orçamentária constante da Lei Orçamentária Anual (LOA), resultante de metodologias de projeção usualmente adotadas, observada as disposições constantes na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

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1. Metodologia de projeção das receitas orçamentárias: No âmbito federal, a metodologia de projeção de receitas orçamentárias adotada está baseada na série histórica de arrecadação das mesmas ao longo dos anos ou meses anteriores (base de cálculo), corrigida por parâmetros de preço (efeito preço), de quantidade (efeito quantidade) e de alguma mudança de aplicação de alíquota em sua base de cálculo (efeito legislação). Esta metodologia busca traduzir matematicamente o comportamento da arrecadação de uma determinada receita ao longo dos meses e anos anteriores e refleti-la para os meses ou anos seguintes, utilizando-se de modelos matemáticos. A aplicação deste modelo dependerá em grande parte da série histórica de arrecadação e de informações das Unidades Arrecadadoras envolvidas com a receita que se pretende projetar. Esta metodologia varia de acordo com a espécie de receita que se quer projetar. Logo, para cada receita deve ser avaliado o modelo matemático mais adequado para projeção, de acordo com a série histórica da sua arrecadação. A projeção das receitas é fundamental na determinação das despesas, e para a determinação das necessidades de financiamento do Governo. Uma das formas de projetar valores de arrecadação é a utilização de modelos incrementais na estimativa das receitas orçamentárias. Esta metodologia corrige os valores arrecadados pelos índices de preço, quantidade e legislação, da seguinte forma: Projeção – é o valor a ser projetado para uma determinada receita, de forma mensal para atender à execução orçamentária, cuja programação é feita mensalmente. Base de cálculo – É obtida por meio da série histórica de arrecadação da receita e dependerá do seu comportamento mensal. A base de cálculo pode ser:

1. A arrecadação de cada mês (arrecadação mensal) do ano anterior; 2. A média de arrecadação mensal do ano anterior (arrecadação anual do

ano anterior dividido por doze); 3. A média de arrecadação mensal dos últimos doze meses (média móvel

dos últimos doze meses, que corresponde à arrecadação total dos últimos doze meses dividido por doze);

4. A média trimestral de arrecadação ao longo de cada trimestre do ano anterior;

5. A média de arrecadação dos últimos meses do exercício.

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A escolha dos modelos de projeção dependerá fortemente do comportamento da arrecadação ao longo dos meses, isto é, dependerá da série histórica de arrecadação. Por exemplo: uma série histórica sazonal perderá os efeitos de sazonalidades se for utilizada como base de cálculo a média de arrecadação, visto que esta última igualará todos os valores mensais projetados da receita, não refletindo adequadamente o comportamento da sua série histórica. Neste caso, é preferível usar como base de cálculo a arrecadação individualizada mês a mês e estimá-la para os meses respectivos do ano seguinte, obtendo dessa forma uma projeção sazonalizada. Em certos casos, há atipicidades na arrecadação de determinada receita, que devem ser eliminadas na projeção uma vez que são arrecadações não regulares. Este alinhamento da série deve ocorrer também em casos de mudança de arrecadação de uma natureza de receita para outra. Por exemplo, nos primeiros meses de um dado ano, uma receita era arrecadada na natureza 1321.00.00 – “Juros de Títulos de Renda” e no mês de julho passa a ser arrecadada na natureza de receita 1325.00.00 – “Remuneração de Depósitos Bancários”. Na projeção do ano seguinte da natureza de receita 1325.00.00 devem ser consideradas as arrecadações na natureza antiga, a fim de não se perder a série histórica inicial. Índice de preços – É o índice que fornece a variação média dos preços de uma determinada cesta de produtos. Existem diversos índices de preços nacionais ou mesmo regionais como o IGP-DI, o INPC, o IPCA, a variação cambial, a taxa de juros, a variação da taxa de juros, dentre outros. Estes índices são utilizados pelo Governo para projeção de índices futuros. A escolha do índice dependerá do fato gerador da receita que se está projetando. Por exemplo, ao se projetar uma receita de juros não é adequado o uso de um índice de inflação, mas a variação anual ou mensal dos juros. Da mesma forma, ao se projetar uma receita contratual, seria interessante verificar de que preços ela depende. Poderá ser corrigida pela variação cambial, atrelada à moeda em que geralmente são feitos os contratos ou cotados os produtos, por exemplo, o Dólar, ou o Euro. Isso ocorre, por exemplo, com receitas industriais. Caso não dependa, como ocorre com as receitas de aluguéis, deve-se verificar qual o índice adotado para a correção dos mesmos (IGP-DI, INPC, IPCA, etc.) Uma das formas de se saber qual o melhor índice de preços é por meio do cálculo da correlação entre a arrecadação da receita e do índice mensal. Se houver forte correlação, existem evidências de que a arrecadação varia de acordo com aquele índice de preços. Pode acontecer, também, de inexistir correlação entre o índice e a arrecadação da receita.

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Índice de quantidade – É o índice que fornece a variação média na quantidade de bens de um determinado segmento da economia. Está relacionado à variação física de um determinado fator de produção. Como exemplos, pode-se citar o Produto Interno Bruto Real do Brasil (PIB real); a variação real na produção mineral; a variação real da produção industrial; a variação real da produção agrícola; o crescimento vegetativo da folha de pagamento do funcionalismo público; o crescimento da massa salarial; o aumento da arrecadação como função do aumento do número de fiscais; o aumento da arrecadação como função do incremento tecnológico; o aumento do número de alunos matriculados em uma escola; e assim por diante. Da mesma forma que o índice de preços, a escolha deste índice dependerá do fato gerador da receita e da correlação entre a arrecadação e o índice a ser adotado. Efeito legislação – Leva em consideração a mudança na alíquota ou na base de cálculo de alguma receita, em geral, tarifas públicas e receitas tributárias, decorrentes de ajustes na legislação ou nos contratos públicos. Por exemplo, se uma taxa de polícia aumentar a sua alíquota em 30% decorrente de alteração na legislação, deve-se considerar este aumento como sendo o efeito legislação, e será parte integrante da projeção da taxa para o ano seguinte. Deve-se verificar, nestes casos, se o aumento obedecerá ou não aos princípios da anterioridade e nonagevisidade, estabelecidos na Constituição Federal, art. 150, inciso III, alíneas “a”, “b” e “c”.

ESTIMATIVA DOS TRIBUTOS

A Lei de Responsabilidade Fiscal, nos artigos 11 e 12, estabeleceu o seguinte sobre a previsão e a arrecadação da receita:

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais,

considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

Variáveis a observar31

a) - Determinar

31 - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORÇAMENTO PÚBLICO- ABOP, Brasilia-DF- Roteiro de Aulas,

s/d, não public..

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I - Nível de desagregação.

II - Parâmetros: - variação de preço. - variação real.

III - Equação de projeção.

b) - Observar efeitos de:

I - Crises II - Sazonalidade. III - Isenções. IV - Redução de alíquotas. V - Prorrogação do prazo de recolhimento. VI - Defasagem de tempo entre Geração, Lançamento e recolhimento. VII - Modificações na legislação. VIII - Inadimplência.

c) - Elementos necessários:

I - Conhecimento da legislação.

- Base de cálculo. - Alíquotas. - Prazo de recolhimento. - Mecanismo de cobrança.

II - Conhecimento do desempenho da economia em cada setor.

III - Sensibilidade e bom senso para determinação dos parâmetros e equações.

IV - Séries de arrecadação.

- Análise de variações reais e nominais. - Análise das parcelas mensais. - Séries de parâmetros. - Análises.

d) - Elemento de Apoio:

- Arquivos. - Legislação. - Estudos. - Dados estatísticos.

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OUTROS MÉTODOS DE ESTIMATIVA DA RECEITA

AUTOMÁTICO Consiste em tomar os resultados da arrecadação do último exercício

encerrado, como ‘previsão’ do exercício próximo.32

AUTOMÁTICO COM MÉDIA AUMENTATIVA OU MÉTODO DAS MAJORAÇÕES.

Consiste em tomar as médias dos excedentes das arrecadações dos três, ou cinco últimos anos, adicionando-os ao último exercício, a fim de se obter a previsão do ano vindouro.33

DAS MÉDIAS (TRIENAIS) Consiste em tomar, como base da previsão, o meio termo dos

rendimentos verificados nos três exercícios antecedentes.34

EXTRAPOLAÇÃO Consiste no estudo do comportamento da linha de arrecadação no

passado e na sua projeção no futuro.35

AVALIAÇÃO DIRETA Estima a receita por um conjunto de índices, tendo em vista não só os

resultados dos anos precedentes, como outras circunstâncias de caráter econômico, político, etc. 36

PROBLEMAS COM SUPERESTIMATIVAS DE RECEITA

a) estimula a autorizações inoportuna de novos programas ou distensão dos já existentes.

b) induz os chefes a pleitearem aumento de verbas. c) provoca, como consequência, desequilíbrios ou o agravamento dos

déficits previstos.37

PROBLEMAS COM SUBESTIMATIVAS DE RECEITA

a) implica no adiamento de iniciativas e projetos em face do aumento das despesas.

b) pode provocar a paralisação de serviços já existentes (cortes de verbas).

c) (...), determina prejuízos desnecessários para a comunidade. 38

32 - SILVA, Benedito. Métodos de Estimativas das Rendas Públicas, R.S.P, 1942, in: COELHO, Jurandir.

Teoria e Processo do Orçamento. Departamento de Imprensa Nacional-Rio de Janeiro, 1952, 2ª ed. p. 208.

33 - SILVA, Benedito, in: COELHO, Jurandir, ob. cit. p. 209-210. 34 - DEODATO, Alberto, ob. cit. p.46. 35 - COELHO, Jurandir. Teoria e Processo do Orçamento. Departamento de Imprensa Nacional. 1952, 2ª

ed. p.213. 36 - DEODATO, Alberto, ob. cit. p.46. 37 - NASCIMENTO, José Olavo, ob.cit. p.85

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OS ESTÁGIOS DE EXECUÇÃO DA RECEITA Os estágios da execução da receita orçamentária são: lançamento, arrecadação e recolhimento. 1. Lançamento Segundo o Código Tributário Nacional, art. 142, lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Tendo ocorrido o fato gerador, há condições de se proceder ao registro contábil do direito da fazenda pública em contrapartida a uma variação patrimonial aumentativa. Algumas receitas não percorrem o estágio do lançamento, conforme se depreende do art. 52 da Lei nº 4.320/1964: “São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.” 2. Arrecadação Realizada pelos contribuintes ou devedores, corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro para os agentes arrecadadores ou instituições financeiras autorizadas pelo ente. 3. Recolhimento É a transferência dos valores arrecadados à conta específica do Tesouro, responsável pela administração e controle da arrecadação e programação financeira, observando-se o Princípio da Unidade de Caixa, representado pelo controle centralizado dos recursos arrecadados em cada ente. 4. Controle e avaliação Esta fase compreende a fiscalização realizada pela própria administração, pelos órgãos de controle e pela sociedade. O controle do desempenho da arrecadação deve ser realizado em consonância com a previsão da receita, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições. CRONOLOGIA DAS ETAPAS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA

38 - idem, ibidem p.85

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As etapas da receita orçamentária seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos econômicos, levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no país e a tecnologia utilizada. No momento da classificação da receita, dependendo da sistematização dos processos dos estágios da arrecadação e do recolhimento, deverão ser compatibilizadas as arrecadações classificadas com o recolhimento efetivado. Em termos didáticos, a ordem das etapas da Receita Pública Orçamentária é a seguinte: O controle e a avaliação possuem cronologia própria, pois podem ocorrer de modo prévio, concomitante, ou posterior às etapas de planejamento e execução.

PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS REFERENTES À RECEITA ORÇAMENTÁRIA DEDUÇÕES DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA O critério geral utilizado para registro da receita orçamentária é o do ingresso de disponibilidades. No âmbito da administração pública, a dedução de receita orçamentária é utilizada nas seguintes situações, entre outras:

1. Recursos que o ente tenha a competência de arrecadar, mas que pertencem a outro ente, de acordo com a lei vigente (se não houver a previsão como despesa); e

2. Restituição de tributos recebidos a maior ou indevidamente. Se a receita arrecadada possuir parcelas destinadas a outros entes (repartição tributária), a transferência poderá ser registrada como dedução

Previsão Recolhimento

Metodologia Caixas Bancos Unidade de

Caixa

Classificação

Destinação

Arrecadação Lançamento

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de receita ou como despesa orçamentária, de acordo com a legislação em vigor. Se houver parcelas a serem restituídas, em regra, esses fatos não devem ser tratados como despesa orçamentária, mas como dedução de receita orçamentária, pois correspondem a recursos arrecadados que não pertencem à entidade pública e não são aplicáveis em programas e ações governamentais sob a responsabilidade do ente arrecadador, não necessitando, portanto, de autorização orçamentária para a sua execução.

A CONTABILIDADE UTILIZA CONTA REDUTORA DE RECEITA ORÇAMENTÁRIA PARA EVIDENCIAR O FLUXO DE RECURSOS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA BRUTA ATÉ A LÍQUIDA, EM FUNÇÃO DE SUAS OPERAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS.

1. Restituições de receitas orçamentárias Depois de reconhecidas as receitas orçamentárias, podem ocorrer fatos supervenientes que ensejem a necessidade de restituições, devendo-se registrá-los como dedução da receita orçamentária, possibilitando maior transparência das informações relativas à receita bruta e líquida. O processo de restituição consiste na devolução total ou parcial de receitas orçamentárias que foram recolhidas a maior ou indevidamente, as quais, em observância aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da vedação ao confisco, devem ser devolvidas.

Na União, a restituição é tratada como dedução de receita. Se fosse registrada como despesa orçamentária, a receita corrente líquida ficaria com um montante maior que o real, pois não seria deduzido o efeito dessa arrecadação imprópria. Com o objetivo de proceder a uma padronização contábil e dar maior transparência ao processo de restituição de receitas, a legislação federal assim estabelece:

Lei nº 4.862/1965: “Art. 18 – A restituição de qualquer receita da União, descontada ou recolhida a maior será efetuada mediante anulação da respectiva receita, pela autoridade incumbida de promover a cobrança originária, a qual, em despacho expresso, reconhecerá o direito creditório contra a Fazenda Nacional e autorizará a entrega da importância considerada indevida. [...]

NÃO HÁ NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA PARA SUA DEVOLUÇÃO.

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§4º Para os efeitos deste artigo, o regime contábil fiscal da receita será o de gestão, qualquer que seja o ano da respectiva cobrança. §5º A restituição de rendas extintas será efetuada com os recursos das dotações consignadas no Orçamento da Despesa da União, desde que não exista receita a anular.”

Decreto-lei nº 1.755/1979: “Art. 5º – A restituição de receitas federais e o ressarcimento em espécie, a título de incentivo ou benefício fiscal, dedutíveis da arrecadação, mediante anulação de receita, serão efetuados através de documento próprio a ser instituído pelo Ministério da Fazenda.” Decreto nº 93.872/1986: “Art. 14 – A restituição de receitas orçamentárias, descontadas ou recolhidas a maior, e o ressarcimento em espécie a título de incentivo ou benefício fiscal, dedutíveis da arrecadação, qualquer que tenha sido o ano da respectiva cobrança, serão efetuados como anulação de receita, mediante expresso reconhecimento do direito creditório contra a Fazenda Nacional, pela autoridade competente, a qual, observado o limite de saques específicos estabelecido na programação financeira de desembolso, autorizará a entrega da respectiva importância em documento próprio.” “Parágrafo único. A restituição de rendas extintas será efetuada com os recursos das dotações consignadas na Lei de Orçamento ou em crédito adicional, desde que não exista receita a anular.” Com o objetivo de possibilitar uma correta consolidação das contas públicas, recomenda-se que a restituição de receitas orçamentárias recebidas em qualquer exercício seja feita por dedução da respectiva natureza de receita orçamentária. Para as rendas extintas no decorrer do exercício, deve ser utilizado o mecanismo de dedução até o montante de receita passível de compensação. O valor que ultrapassar o saldo da receita a deduzir deve ser registrado como despesa. Entende-se por rendas extintas aquelas cujo fato gerador da receita não representa mais situação que gere arrecadações para o ente. No caso de devolução de saldos de convênios, contratos e congêneres deve-se adotar os seguintes procedimentos:

1. Se a restituição ocorrer no mesmo exercício em que foram recebidas transferências do convênio, contrato ou congênere, deve-se contabilizar como dedução de receita até o limite de valor das transferências recebidas no exercício;

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2. Se o valor da restituição ultrapassar o valor das transferências recebidas no exercício, o montante que ultrapassar esse valor deve ser registrado como despesa orçamentária.

3. Se a restituição for feita em exercício em que não houve transferência do respectivo convênio/contrato, deve ser contabilizada como despesa orçamentária.

A retificação consiste em corrigir dados informados erroneamente pelos contribuintes, que geraram registros incorretos na contabilidade do órgão. Exemplo: identificação do contribuinte, tipo de receita etc. A correção desses dados deve ser feita mediante registro de dedução de receita e, após isso, deve-se proceder ao lançamento correto. No caso de lançamentos manuais em que ocorram erros de escrituração do ente (não motivados por informações incorretas dos contribuintes), a correção deve ser feita por meio de estorno e novo lançamento correto. 2. Recursos cuja tributação e arrecadação competem a um ente da federação, mas são atribuídos a outros entes. No caso em que se configure em orçamento apenas o valor pertencente ao ente arrecadador, deverá ser registrado o valor total arrecadado, incluindo os recursos de terceiros. Após isso, estes últimos serão registrados como dedução da receita e será reconhecida uma obrigação para com o “beneficiário” desses valores. A adoção desse procedimento está fundamentada no fato de que não há necessidade de aprovação parlamentar para transferência de recursos a outros entes que decorra da legislação. As transferências constitucionais ou legais constituem valores que não são passíveis de alocação em despesas pelo ente público arrecadador. Assim, não há desobediência ao Princípio do Orçamento Bruto, segundo o qual receitas e despesas devem ser incluídas no orçamento em sua totalidade, sem deduções. No entanto, alguns entes podem optar pela inclusão dessa receita no orçamento, e nesse caso o recebimento será integralmente computado como receita, sendo efetuada uma despesa quando da entrega ao beneficiário. Importante destacar que esses procedimentos são aplicáveis apenas para recursos que não pertençam ao ente arrecadador, ou seja, cuja transferência seja intergovernamental, de acordo com a legislação em vigor. 3. Renúncia de receita O art. 14 da Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – trata especialmente da renúncia de receita, estabelecendo medidas a serem observadas pelos entes públicos que decidirem pela concessão ou

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ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita, a saber: “Art. 14 – A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: I – demonstração pelo proponente de que a renúncia foi

considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma

do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais

previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II – estar acompanhada de medidas de compensação, no período

mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente

da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração

ou criação de tributo ou contribuição. §1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. §2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. §3º O disposto neste artigo não se aplica: I – às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu §1°; II – ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança. Sobre as espécies de renúncia de receita, tem-se que: A anistia é o benefício que visa excluir o crédito tributário na parte relativa à multa aplicada pelo sujeito ativo ao sujeito passivo, por infrações cometidas por este anteriormente à vigência da lei que a concedeu. A anistia não abrange o crédito tributário já em cobrança, em débito para com a Fazenda, cuja incidência também já havia ocorrido. A remissão é o perdão da dívida, que se dá em determinadas circunstâncias previstas na lei, tais como valor diminuto da dívida, situação difícil que torna impossível ao sujeito passivo solver o débito, inconveniência do processamento da cobrança dado o alto custo não compensável com a quantia em cobrança, probabilidade de não receber, erro ou ignorância escusáveis do

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sujeito passivo, equidade, etc. Não implica em perdoar a conduta ilícita, concretizada na infração penal, nem em perdoar a sanção aplicada ao contribuinte. Contudo, não se considera renúncia de receita o cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança. O crédito presumido é aquele que representa o montante do imposto cobrado na operação anterior e objetiva neutralizar o efeito de recuperação dos impostos não cumulativos, pelo qual o Estado se apropria do valor da isenção nas etapas subsequentes da circulação da mercadoria. É o caso dos créditos referentes a mercadorias e serviços que venham a ser objeto de operações e prestações destinadas ao exterior. Todavia, não é considerada renúncia de receita o crédito real ou tributário do ICMS previsto na legislação instituidora do tributo. A isenção é a espécie mais usual de renúncia e define-se como a dispensa legal, pelo Estado, do débito tributário devido. A redução da base de cálculo é o incentivo fiscal por meio do qual a lei modifica para menos sua base tributável por meio da exclusão de qualquer de seus elementos constitutivos. Pode ocorrer isoladamente ou associada a uma redução de alíquota, expressa na aplicação de um percentual de redução. O conceito de renúncia de receita da LRF é exemplificativo, abarcando também, além dos instrumentos mencionados expressamente, quaisquer “outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado”. Em termos orçamentários, uma vez utilizada a primeira hipótese, o montante da renúncia será considerado no momento da elaboração da LOA. Ou seja, a estimativa da receita orçamentária já contemplou a renúncia. No entanto, para demonstrar aos usuários da informação contábil a existência e o montante dos recursos que o ente tem a competência de arrecadar, mas que não ingressam nos cofres públicos por renúncia, deve ser feito um levantamento de toda a renúncia de receita existente no ente. Contabilmente, é utilizada a metodologia da dedução de receita para evidenciar as renúncias. Dessa forma, deve haver um registro contábil na natureza de receita orçamentária objeto da renúncia, em contrapartida com uma dedução de receita (conta redutora de receita). Exemplo – Diminuição de alíquota do Imposto Predial Territorial Urbano, IPTU: Suponha que um município, ao diminuir a alíquota do IPTU, causou redução de 20% na sua receita arrecadada. Nessa situação, deverá registrar a redução de receita numa conta de retificação da receita. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE A Constituição Federal, nos arts. 157, inciso I e 158, inciso I, determina que pertençam aos Estados, Distrito Federal e aos Municípios o imposto de

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renda e os proventos de qualquer natureza, incidentes na fonte, pagos por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. De acordo com a Portaria STN nº 212, de 04 de junho de 2001, os valores do IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE deverão ser contabilizados como receita tributária. Para isso, utiliza-se a natureza de receita 1112.04.31 – “Imposto de Renda Retido nas Fontes sobre os Rendimentos do Trabalho”. Desse modo, a contabilidade espelha o fato efetivamente ocorrido: mesmo correspondendo à arrecadação de um tributo de competência da União, tais recursos não transitam por ela, ficando diretamente com o ente arrecadador. Desse modo, não há de se falar em registro de uma receita de transferência nos estados, DF e municípios, uma vez que não ocorre a efetiva transferência do valor pela União. Procedendo-se ao registro da receita tributária, na consolidação das contas públicas, esse montante ficará correto: serão consideradas como arrecadação de imposto de renda retido na fonte as retenções feitas por todos os Entes da Federação. REDUTOR FINANCEIRO – FPM O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é transferência constitucional composta por 22,5% da arrecadação dos impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza e sobre os produtos industrializados, de acordo com art. 159 da Constituição Federal. A Lei Complementar nº 91/97, alterada pela Lei Complementar nº 106/01, estabelece que os coeficientes do FPM, exceto para as capitais estaduais, serão calculados com base no número de habitantes de cada município e revistos anualmente. Entretanto, ficam mantidos, a partir do exercício de 1998, os coeficientes do FPM atribuídos, a partir de 1997, aos municípios que apresentaram redução de seus coeficientes pela aplicação do disposto no art. 1º da Lei Complementar nº 91/97. Os ganhos adicionais em cada exercício decorrentes da manutenção dos coeficientes atribuídos em 1997 têm aplicação de redutor financeiro, o qual será redistribuído aos demais participantes do FPM. O redutor financeiro é entendido como valor resultado do percentual incidente sobre a diferença positiva apurada entre o valor do FPM, utilizando o coeficiente atribuído em 1997, e o valor caso fosse utilizado o coeficiente do ano de distribuição do recurso.

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Na evidenciação dos fatos contábeis envolvidos, a receita de transferência do FPM é contabilizada pelo valor bruto tendo o redutor financeiro registro como dedução da receita. TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS INTERGOVERNAMENTAIS 1. Conceito As Transferências Intergovernamentais compreendem a entrega de recursos, correntes ou de capital, de um ente (chamado “transferidor”) a outro (chamado “beneficiário”, ou “recebedor”). Podem ser voluntárias, nesse caso destinadas à cooperação, auxílio ou assistência, ou decorrentes de determinação constitucional ou legal. Ainda sobre o conceito de transferência intergovernamental, é importante destacar que, como seu próprio nome indica, essas transferências ocorrem entre esferas distintas de governo, não guardando relação, portanto, com as operações intra-orçamentárias ocorridas no âmbito do orçamento de cada ente. 2. Registros das transferências intergovernamentais As transferências intergovernamentais constitucionais ou legais podem ser contabilizadas pelo ente transferidor como uma despesa ou como dedução de receita, dependendo da forma como foi elaborado o orçamento do ente. No entanto, em se tratando de transferências voluntárias, a contabilização deve ser como despesa, visto que não há uma determinação legal para a transferência, sendo necessário haver, de acordo com o disposto no art. 25 da LRF, existência de dotação específica que permita a transferência. 3. Transferências constitucionais e legais Enquadram-se nessas transferências aquelas que são arrecadadas por um ente, mas devem ser transferidas a outros entes por disposição constitucional ou legal. Exemplos de transferências constitucionais: Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Fundo de Participação dos Estados (FPE), Fundo de Compensação dos Estados Exportadores (FPEX) e outros. Exemplos de transferências Legais: Transferências da Lei Complementar nº 87/96 (Lei Kandir), Transferências do FNDE como: Apoio à Alimentação Escolar para Educação Básica, Apoio ao Transporte Escolar para Educação Básica, Programa Brasil Alfabetizado, Programa Dinheiro Direto na Escola. 4. Transferências voluntárias Conforme o art. 25 da Lei Complementar nº 101/2000, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro

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Ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde. Em termos orçamentários, a transferência voluntária da União para os demais entes deve estar prevista no orçamento do ente recebedor (convenente), conforme o disposto no art. 35 da Lei nº 10.180, de 2001, que dispõe: “Art. 35. Os órgãos e as entidades da Administração direta e indireta da União, ao celebrarem compromissos em que haja a previsão de transferências de recursos financeiros, de seus orçamentos, para Estados, Distrito Federal e Municípios, estabelecerão nos instrumentos pactuais a obrigação dos entes recebedores de fazerem incluir tais recursos nos seus respectivos orçamentos.” No entanto, o ente recebedor deve registrar a receita orçamentária apenas no momento da efetiva transferência financeira, pois, sendo uma transferência voluntária, não há garantias reais da transferência. Apenas nos casos em que houver cláusula contratual garantindo a transferência de recursos após o cumprimento de determinadas etapas do contrato, o ente beneficiário, no momento em que já tiver direito à parcela dos recursos e enquanto não ocorrer o efetivo recebimento a que tem direito, deverá registrar um direito a receber no ativo. Nesse caso não há impacto no superávit financeiro, pois ainda está pendente o registro da receita orçamentária para que esse recurso possa ser utilizado, conforme definições constantes no art. 105 da Lei nº 4.320/1964: “Art. 105. [...] §1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis independentemente de autorização orçamentária e os valores numerários. §2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores, cuja mobilização ou alienação dependa de autorização legislativa.” 5. Transferências a consórcios públicos A Lei nº 11.107/2005, dispõe sobre normas gerais relativas à contratação de consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum e estabelece que a execução das receitas e despesas do consórcio público deverá obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis às entidades públicas. Ou seja, os registros na execução da receita e da despesa do consórcio serão efetuados de acordo com a classificação constante da Portaria Interministerial STN/SOF n° 163/2001, e das demais normas aplicadas aos Entes da Federação. Desse modo, o consórcio deverá elaborar seu

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orçamento próprio. Ademais, a classificação da receita e da despesa pública do consórcio deverá manter correspondência com as dos entes consorciados. No consórcio público, deverão ser classificados como receita orçamentária de transferência correspondente ao ente transferidor, nas seguintes naturezas: 1722.37.00 – Transferências a Consórcios Públicos –, no caso de transferência dos Estados; 1723.37.00 – Transferências a Consórcios Públicos –, no caso de transferência dos Municípios; A classificação dos recursos transferidos aos consórcios públicos como despesa pelo ente transferidor e receita pelo consórcio público justifica-se pelo fato de que, assim, possibilita-se o aperfeiçoamento do processo de consolidação dos balanços e demais demonstrações contábeis, com vistas a excluir as operações entre os consorciados e o consórcio público da entidade contábil considerada. Essa foi a recomendação do Tribunal de Contas da União apresentada no Anexo a Ata n° 22 da Sessão Extraordinária do Plenário, de 12 de junho de 2003, válida contabilmente para todos os Entes da Federação. REMUNERAÇÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS No cálculo dos percentuais de aplicação de determinados recursos vinculados, a legislação dispõe que sejam levados em consideração os rendimentos dos seus depósitos bancários. Para tal, é necessário que os registros contábeis permitam identificar a vinculação de cada depósito. Essa identificação poderá ser efetuada de duas formas:

a) Por meio do mecanismo da destinação, controlando as disponibilidades financeiras por fonte de recursos; ou

b) Por meio do desdobramento da natureza de receita 1325.00.00 – Remuneração de Depósitos Bancários.

Se o ente utiliza o mecanismo da destinação de recursos, também conhecido como fonte de recursos, a informação da destinação associada à natureza de receita 1325.00.00 – Remuneração de Depósitos Bancários - possibilita a identificação da remuneração dos diversos recursos vinculados, separados nas respectivas destinações. Para esses entes, não é necessário desdobrar a natureza da receita 1325.00.00 para se obter a informação da remuneração dos recursos vinculados, uma vez que a conta de receita realizada estaria detalhada por vinculação.

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Se o ente não utiliza o mecanismo da destinação de recursos, faz-se necessário desdobrar a natureza de receita 1325.00.00 – Remuneração de Depósitos Bancários. Salienta-se que se a legislação obriga a vinculação da remuneração dos Depósitos Bancários à determinada finalidade, a contabilidade deve evidenciar as diferentes vinculações dessas remunerações. A forma de se evidenciar é de escolha do ente público. RECEITA ORÇAMENTÁRIA POR BAIXA DE DÍVIDA ATIVA INSCRITA O recebimento de Dívida Ativa corresponde a uma receita, pela ótica orçamentária, com simultânea baixa contábil do crédito registrado anteriormente no Ativo, sob a ótica patrimonial. As formas de recebimento da Dívida Ativa são definidas em lei, destacando-se o recebimento em espécie e o recebimento na forma de bens, tanto pela adjudicação quanto pela dação em pagamento, sendo que o recebimento na forma de bens também poderá corresponder a uma receita orçamentária no momento do recebimento do bem, efetuando-se o registro da execução orçamentária da despesa com a sua aquisição, mesmo que não tenha havido fluxo financeiro. Esse procedimento permite a observância da legislação quanto à destinação dos recursos recebidos de Dívida Ativa. Observe-se que, mesmo que não se efetue a execução orçamentária da receita e da despesa decorrente desse procedimento, a Administração deve propiciar os meios para que a destinação dos recursos recebidos em dívida ativa, mesmo que na forma de bens, seja garantida. O registro das receitas orçamentárias oriundas do recebimento da Dívida Ativa deve ser discriminado em contas contábeis de acordo com a natureza do crédito original. Também devem ser classificados em contas específicas os recebimentos referentes a multas, juros e outros encargos.

DESPESA ORÇAMENTÁRIA

A NECESSIDADE DA CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA

A classificação da despesa orçamentárias na administração pública atende a variados objetivos, como o de:

1. identificar o responsável pelo gasto, o que é expresso pela classificação institucional;

2. subsidiar o cálculo das contas nacionais, o que se dá através da classificação econômica (atualmente pela classificação segundo a sua natureza); e

3. organizar a ação governamental visando à concretização dos objetivos pretendidos, através da classificação por programas governamentais;

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4. agregar as diversas áreas de despesa que competem ao setor público, pela classificação funcional.

ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA.

No Período Imperial os orçamentos eram recheados de detalhes a exemplo do número de funcionários, natureza do cargo, o salário individual bem como a previsão do número de dias de prorrogação das sessões da Assembleia.

Essa especificação produzia grande clareza sob o aspecto da natureza do gasto. Mas sua utilização para fins de consolidação das contas ou mesmo como instrumento de planejamento era inviável.

A evolução pode ser percebida, primeiramente, no Estado do Rio Grande do Sul, que por força do Decreto-lei nº 2.415/1940, com as dotações orçamentárias discriminadas de maneira uniforme por elementos como: Pessoal, subdividido este em pessoal fixo e pessoal variável; Material, subdivido em material permanente e material de consumo e Despesas Diversas.

Entretanto, o maior avanço nas classificações foi verificado em 1963, por ocasião do primeiro orçamento-programa do Brasil. Este orçamento, além da tradicional discriminação da despesa por elementos e rubricas, apresentava, ainda, os programas e metas físicas.

Com o advento da Lei Federal 4.320/64 esta classificação foi transformada.

Em 1974, com a Portaria n.º 9/74, foi atualizada a discriminação da despesa por funções resultando em dois quadros distintos:

• no primeiro, a despesa era discriminada segundo o denominado Programa de Trabalho;

• no segundo, de acordo com classificação denominada Natureza da Despesa, que correspondia à classificação econômica da despesa.

A Lei Federal 4.320/64 obteve uniformidade das classificações orçamentárias e demais procedimentos relacionados com o orçamento em todas as esferas governamentais, com vigência até 1992.

A “Classificação da Despesa quanto à sua Natureza” introduzida no controle de execução da União foi, posteriormente subdividida em :

• Categoria Econômica,

• Grupo de Despesa,

• Modalidade de Aplicação e

• Elementos de Despesa.

A classificação por Modalidade de Aplicação, por sua vez, foi subdividida em Transferências e Aplicações Diretas. As Transferências em suas denominações, as mesmas das Transferências Correntes e Transferências de Capital definidas na Portaria

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08/85, porém com profunda divergência entre aquela adotada pela União e a estabelecida na Lei 4.320/64.

O título Transferências no conceito da Lei 4.320/64 visa facilitar a consolidação das contas dos diferentes níveis de governo, evitando-se a dupla contagem dos recursos repassados de uma esfera de governo para outra bem como a identificação da ocorrência ou não de contraprestação direta de bens ou serviços.

Tais informações constituem informação relevante para apuração das contas nacionais pelo IBGE.

A Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) atribuiu ao órgão central de contabilidade da União a edição de normas gerais para a consolidação das contas públicas.

Com base nesta Lei Complementar coube a STN editar Portarias, como a Interministerial nº 163, 180 e 242/2001, dispondo sobre normas gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Definindo, assim, a obrigatoriedade da classificação da despesa, segundo a sua natureza para Estados e Municípios.

Resulta na obrigatoriedade da adoção de mesma classificação para as receitas e despesas orçamentárias bem como a liberdade da escolha livre na denominação dos seus programas.

CONCEITO DE DESPESA O orçamento é o instrumento de planejamento de qualquer entidade, pública ou privada, e representa o fluxo de ingressos e aplicação de recursos em determinado período. Para o setor público, é de vital importância, pois é a Lei Orçamentária que fixa a despesa pública autorizada para um exercício financeiro. A despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade. Os dispêndios, assim como os ingressos, são tipificados em orçamentários e extra-orçamentários. Segundo o art. 35 da Lei nº 4.320/64: “Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nêle arrecadadas; II - as despesas nêle legalmente empenhadas.” sic Dessa forma, despesa orçamentária é o fluxo que deriva da utilização de crédito consignado no orçamento da entidade, podendo ou não diminuir a situação líquida patrimonial. Dispêndio extra-orçamentário é a aquele que não consta na lei orçamentária anual, compreendendo as diversas saídas de numerários, decorrentes de depósitos,

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pagamentos de restos a pagar, resgate de operações de crédito por antecipação de receita e saídas de recursos transitórios. Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada quanto ao impacto na situação líquida patrimonial em: - Despesa Orçamentária Efetiva - aquela que, no momento de sua realização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo diminutivo. - Despesa Orçamentária Não Efetiva – aquela que, no momento da sua realização, não reduz a situação líquida patrimonial da entidade e constitui fato contábil permutativo. Neste caso, além da despesa orçamentária, registra-se concomitantemente conta de variação aumentativa para anular o efeito dessa despesa sobre o patrimônio líquido da entidade. Em geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa corrente. Entretanto, pode haver despesa corrente não efetiva como, por exemplo, a despesa com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos, que representam fatos permutativos. A despesa não efetiva normalmente se enquadra como despesa de capital. Entretanto, há despesa de capital que é efetiva como, por exemplo, as transferências de capital, que causam variação patrimonial diminutiva e, por isso, classificam-se como despesa efetiva. CLASSIFICAÇÕES DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL A classificação institucional reflete a estrutura de alocação dos créditos orçamentários e está estruturada em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias (art. 14 da Lei nº 4.320/1964). Os órgãos orçamentários, por sua vez, correspondem a agrupamentos de unidades orçamentárias. As dotações são consignadas às unidades orçamentárias, responsáveis pela realização das ações. No caso do Governo Federal, o código da classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo os dois primeiros reservados à identificação do órgão e os demais à unidade orçamentária. Não há ato que estabeleça , sendo definida no contexto da elaboração da lei orçamentária anual ou da abertura de crédito especial.

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Exemplos de Órgão Orçamentário e Unidade Orçamentária do Governo Federal: ÓRGÃO UNIDADE ORÇAMENTÁRIA

26000 Ministério da Educação 26242 Universidade Federal de Pernambuco

26277 Fundação Universidade Federal de Ouro Preto

26321 Escola Agrotécnica Federal de Manaus

30000 Ministério da Justiça 30107 Departamento de Polícia Rodoviária Federal

20109 Defensoria Pública da União

30911 Fundo Nacional de Segurança Pública

Cabe ressaltar que uma unidade orçamentária não corresponde necessariamente a uma estrutura administrativa, como ocorre, por exemplo, com alguns fundos especiais e com as Unidades Orçamentárias “Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios”, “Encargos Financeiros da União”, “Operações Oficiais de Crédito”, “Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal” e “Reserva de Contingência”. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL A classificação funcional segrega as dotações orçamentárias em funções e subfunções, buscando responder basicamente à indagação “em que” área de ação governamental a despesa será realizada. A atual classificação funcional foi instituída pela Portaria nº 42, de 14 de abril de 1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão, e é composta de um rol de funções e subfunções prefixadas, que servem como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental nas três esferas de Governo. Trata-se de classificação de aplicação comum e obrigatória, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o que permite a consolidação nacional dos gastos do setor público. A classificação funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros referem-se à função, enquanto que os três últimos dígitos representam a subfunção, que podem ser traduzidos como agregadores das diversas áreas de atuação do setor público, nas esferas legislativa, executiva e judiciária. 1. Função A função é representada pelos dois primeiros dígitos da classificação funcional e pode ser traduzida como o maior nível de agregação das diversas áreas de atuação do setor público. A função quase sempre se relaciona com a missão institucional do órgão, por exemplo, cultura, educação, saúde, defesa, que, na União, guarda relação com os respectivos Ministérios. A função “Encargos Especiais” engloba as despesas orçamentárias em relação às quais não se pode associar um bem ou serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras afins, representando,

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portanto, uma agregação neutra. Nesse caso, na União, as ações estarão associadas aos programas do tipo "Operações Especiais" que constarão apenas do orçamento, não integrando o PPA. A dotação global denominada “Reserva de Contingência”, permitida para a União no art. 91 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, ou em atos das demais esferas de Governo, a ser utilizada como fonte de recursos para abertura de créditos adicionais e para o atendimento ao disposto no art. 5º, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de 2000, sob coordenação do órgão responsável pela sua destinação, será identificada nos orçamentos de todas as esferas de Governo pelo código “99.999.9999.xxxx.xxxx”, no que se refere às classificações por função e subfunção e estrutura programática, onde o “x” representa a codificação da ação e o respectivo detalhamento. 2. Subfunção A subfunção, indicada pelos três últimos dígitos da classificação funcional, representa um nível de agregação imediatamente inferior à função e deve evidenciar cada área da atuação governamental, por intermédio da agregação de determinado subconjunto de despesas e identificação da natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções. As subfunções podem ser combinadas com funções diferentes daquelas às quais estão relacionadas na Portaria MOG nº 42/1999. Deve-se adotar como função aquela que é típica ou principal do órgão. Assim, a programação de um órgão, via de regra, é classificada em uma única função, ao passo que a subfunção é escolhida de acordo com a especificidade de cada ação governamental. A exceção à combinação encontra-se na função 28 – Encargos Especiais e suas subfunções típicas que só podem ser utilizadas conjugadas.

Exemplos: Ministério da Educação

FUNÇÃO 12 Educação

SUBFUNÇÃO 365 Educação Infantil

Câmara dos Deputados

FUNÇÃO 01 Legislativa

SUBFUNÇÃO 365 Educação Infantil

CLASSIFICAÇÃO POR ESTRUTURA PROGRAMÁTICA Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização dos objetivos estratégicos definidos no Plano Plurianual (PPA) para o período de quatro anos. Conforme estabelecido no art. 3º da Portaria MOG nº 42/1999, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estabelecerão, em atos próprios, suas estruturas de programas, códigos e identificação, respeitados os conceitos e

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determinações nela contidos. Ou seja, todos os entes devem ter seus trabalhos organizados por programas e ações, mas cada um estabelecerá seus próprios programas e ações de acordo com a referida Portaria. 1. Programa Programa é o instrumento de organização da atuação governamental que articula um conjunto de ações que concorrem para a concretização de um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visando à solução de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade. O programa é o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento. O plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o que confere a esses instrumentos uma integração desde a origem. O programa age como módulo integrador, e as ações, como instrumentos de realização dos programas. A organização das ações do governo sob a forma de programas visa proporcionar maior racionalidade e eficiência na administração pública e ampliar a visibilidade dos resultados e benefícios gerados para a sociedade, bem como elevar a transparência na aplicação dos recursos públicos. Cada programa deve conter objetivo, indicador que quantifica a situação que o programa tenha como finalidade modificar e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir o objetivo. A partir do programa são identificadas as ações sob a forma de atividades, projetos ou operações especiais, especificando os respectivos valores e metas e as unidades orçamentárias responsáveis pela realização da ação. A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto, que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta. No caso da União, as atividades, projetos e operações especiais são detalhadas em subtítulos, utilizados especialmente para especificar a localização física da ação, não podendo haver, por conseguinte, alteração da finalidade da ação, do produto e das metas estabelecidas. A localização do gasto poderá ser de abrangência nacional, no exterior, por Região (NO, NE, CO, SD, SL), por Estado ou Município ou, excepcionalmente, por um critério específico, quando necessário. A LDO da União veda que na especificação do subtítulo haja referência a mais de uma localidade, área geográfica ou beneficiário, se determinados. Na União, o subtítulo representa o menor nível de categoria de programação e será detalhado por esfera orçamentária (fiscal, seguridade e investimento), grupo de natureza de despesa, modalidade de aplicação, identificador de resultado primário, identificador de uso e fonte de recursos, sendo o produto e a unidade de medida os mesmos da ação orçamentária. 4. Componentes da programação física Meta física é a quantidade de produto a ser ofertado por ação, de forma regionalizada, se for o caso, num determinado período e instituída para cada ano. As

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metas físicas são indicadas em nível de subtítulo e agregadas segundo os respectivos projetos, atividades ou operações especiais. Vale ressaltar que o critério para regionalização de metas é o da localização dos beneficiados pela ação. Exemplo: No caso da vacinação de crianças, a meta será regionalizada pela quantidade de crianças a serem vacinadas ou de vacinas empregadas em cada Estado, ainda que a campanha seja de âmbito nacional e a despesa paga de forma centralizada. Isso também ocorre com a distribuição de livros didáticos. CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA POR NATUREZA A classificação da despesa orçamentária, segundo a sua natureza, compõe-se de: I – Categoria Econômica; II – Grupo de Natureza da Despesa; e III – Elemento de Despesa. A natureza da despesa será complementada pela informação gerencial denominada “modalidade de aplicação”, a qual tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de

Governo ou por outro Ente da Federação e suas respectivas entidades, e objetiva, precipuamente, possibilitar a eliminação da dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados. 1. Estrutura da Natureza da Despesa Orçamentária Os arts. 12 e 13 da Lei nº 4.320/1964, tratam da classificação da despesa orçamentária por categoria econômica e elementos. Assim como na receita orçamentária, o art. 8º estabelece que os itens da discriminação da despesa orçamentária mencionados no art. 13 serão identificados por números de código decimal, na forma do Anexo IV daquela Lei, atualmente consubstanciados na Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001, e constantes deste Manual. O conjunto de informações que constitui a natureza de despesa orçamentária forma um código estruturado que agrega a categoria econômica, o grupo, a modalidade de aplicação e o elemento. Essa estrutura deve ser observada na execução orçamentária de todas as esferas de governo. O código da natureza de despesa orçamentária é composto por seis dígitos, desdobrado até o nível de elemento ou, opcionalmente, por oito, contemplando o desdobramento facultativo do elemento: A classificação da Reserva de Contingência bem como a Reserva do Regime Próprio de Previdência Social, quanto à natureza da despesa orçamentária, serão identificadas com o código “9.9.99.99”, conforme estabelece o parágrafo único do art. 8º da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001. CATEGORIA ECONÔMICA A despesa , assim como a receita, é classificada em duas categorias econômicas, com os seguintes códigos:

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CATEGORIAS ECONÔMICAS 3 DESPESAS CORRENTES

4 DESPESAS DE CAPITAL

Despesas Correntes Classificam-se nessa categoria todas as despesas que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. Despesas de Capital Classificam-se nessa categoria aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. É importante observar que as despesas orçamentárias de capital mantêm uma correlação com o registro de incorporação de ativo imobilizado, intangível ou investimento (no caso dos grupos de natureza da despesa 4 – investimentos e 5 – inversões financeiras) ou o registro de desincorporação de um passivo (no caso do grupo de despesa 6 – amortização da dívida). GRUPO DE NATUREZA DA DESPESA É um agregador de elementos de despesa com as mesmas características quanto ao objeto de gasto, conforme discriminado a seguir:

GRUPO DE NATUREZA DA DESPESA 1 PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS

2 JUROS E ENCARGOS DA DÍVIDA

3 OUTRAS DESPESAS CORRENTES

4 INVESTIMENTOS 5 INVERSÕES FINANCEIRAS

6 AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA

Especificações: 1 – Pessoal e Encargos Sociais Despesas orçamentárias com pessoal ativo e inativo e pensionistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência, conforme estabelece o caput do art. 18 da Lei Complementar no 101,2000. 2 – Juros e Encargos da Dívida Despesas orçamentárias com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. 3 – Outras Despesas Correntes

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Despesas orçamentárias com aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, além de outras despesas da categoria econômica "Despesas Correntes" não classificáveis nos demais grupos de natureza de despesa. 4 – Investimentos Despesas orçamentárias com softwares e com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente. 5 – Inversões Financeiras Despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; e com a constituição ou aumento do capital de empresas, além de outras despesas classificáveis neste grupo. 6 – Amortização da Dívida Despesas orçamentárias com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária. 9 – Reserva de contingência Despesas orçamentárias destinadas ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos, bem como eventos fiscais imprevistos, inclusive a abertura de créditos adicionais MODALIDADE DE APLICAÇÃO A modalidade de aplicação tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas entidades. Indica se os recursos serão aplicados diretamente pela unidade detentora do crédito ou mediante transferência para entidades públicas ou privadas. A modalidade também permite a eliminação de dupla contagem no orçamento. Observa-se que o termo “transferências”, utilizado nos arts. 16 e 21 da Lei nº 4.320/1964, compreende as subvenções, auxílios e contribuições que atualmente são identificados em nível de elementos na classificação da natureza da despesa. Não se

confundem com as transferências de recursos financeiros, representadas pelas modalidades de aplicação, e são registradas na modalidade de aplicação constante da seguinte codificação atual:

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MODALIDADE DE APLICAÇÃO

20 TRANSFERÊNCIAS À UNIÃO

22 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DELEGADA À UNIÃO

30 TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E AO DISTRITO FEDERAL

31 TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E AO DISTRITO FEDERAL - FUNDO A FUNDO

32 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DELEGADA A ESTADOS E AO DISTRITO FEDERAL

40 TRANSFERÊNCIAS A MUNICÍPIOS

41 TRANSFERÊNCIAS A MUNICÍPIOS - FUNDO A FUNDO

42 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DELEGADA A MUNICÍPIOS

50 TRANSFERÊNCIAS A INSTITUIÇÕES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS

60 TRANSFERÊNCIAS A INSTITUIÇÕES PRIVADAS COM FINS LUCRATIVOS

70 TRANSFERÊNCIAS A INSTITUIÇÕES MULTIGOVERNAMENTAIS

71 TRANSFERÊNCIAS A CONSÓRCIOS PÚBLICOS

72 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DELEGADA A CONSÓRCIOS PÚBLICOS

80 TRANSFERÊNCIAS AO EXTERIOR

90 APLICAÇÕES DIRETAS

91 APLICAÇÃO DIRETA DECORRENTE DE OPERAÇÃO ENTRE ÓRGÃOS, FUNDOS E ENTIDADES INTEGRANTES DOS ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL

99 A DEFINIR Especificações: 20 – Transferências à União Despesas orçamentárias realizadas pelos Estados, Municípios ou pelo Distrito Federal, mediante transferência de recursos financeiros à União, inclusive para suas entidades da administração indireta. 22 – Execução Orçamentária Delegada à União Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descentralização à União para execução de ações de responsabilidade exclusiva do delegante. 30 – Transferências a Estados e ao Distrito Federal Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos Estados e ao Distrito Federal, inclusive para suas entidades da administração indireta. 31 – Transferências a Estados e ao Distrito Federal - Fundo a Fundo Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos Estados e ao Distrito Federal por intermédio da modalidade fundo a fundo. 32 – Execução Orçamentária Delegada a Estados e ao Distrito Federal Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descentralização a Estados e ao Distrito Federal para execução de ações de responsabilidade exclusiva do delegante.

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40 – Transferências a Municípios Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros da União ou dos Estados aos Municípios, inclusive para suas entidades da administração indireta. 41 – Transferências a Municípios - Fundo a Fundo Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros da União, dos Estados ou do Distrito Federal aos Municípios por intermédio da modalidade fundo a fundo. 42 - Execução Orçamentária Delegada a Municípios Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descentralização a Municípios para execução de ações de responsabilidade exclusiva do delegante. 50 – Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros a entidades sem fins lucrativos que não tenham vínculo com a administração pública. 60 – Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros a entidades com fins lucrativos que não tenham vínculo com a administração pública. 70 – Transferências a Instituições Multigovernamentais Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros a entidades criadas e mantidas por dois ou mais Entes da Federação ou por dois ou mais países, inclusive o Brasil. 71 – Transferências a Consórcios Públicos Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros a entidades criadas sob a forma de consórcios públicos nos termos da Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005, objetivando a execução dos programas e ações dos respectivos entes consorciados. 72 – Execução Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou descentralização a consórcios públicos para execução de ações de responsabilidade exclusiva do delegante. 80 – Transferências ao Exterior Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência de recursos financeiros a órgãos e entidades governamentais pertencentes a outros países, a organismos internacionais e a fundos instituídos por diversos países, inclusive aqueles que tenham sede ou recebam os recursos no Brasil. 90 – Aplicações Diretas Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos créditos a ela alocados ou oriundos de descentralização de outras entidades integrantes ou não dos Orçamentos Fiscal ou da Seguridade Social, no âmbito da mesma esfera de governo. 91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social

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Despesas orçamentárias de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços, pagamento de impostos, taxas e contribuições, além de outras operações, quando o recebedor dos recursos também for órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de Governo. 99 – A Definir Modalidade de utilização exclusiva do Poder Legislativo ou para classificação orçamentária da Reserva de Contingência e da Reserva do RPPS, vedada a execução orçamentária enquanto não houver sua definição. ELEMENTO DE DESPESA Tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a administração pública utiliza para a consecução de seus fins, conforme a seguinte discriminação:

ELEMENTO DE DESPESA

01 Aposentadorias, Reserva Remunerada e Reformas

03 Pensões

04 Contratação por Tempo Determinado

05 Outros Benefícios Previdenciários

06 Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso

07 Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência

08 Outros Benefícios Assistenciais

09 Salário-Família

10 Outros Benefícios de Natureza Social

11 Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Civil

12 Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Militar

13 Obrigações Patronais

14 Diárias – Civil

15 Diárias – Militar

16 Outras Despesas Variáveis – Pessoal Civil

17 Outras Despesas Variáveis – Pessoal Militar

18 Auxílio Financeiro a Estudantes

19 Auxílio-Fardamento

20 Auxílio Financeiro a Pesquisadores

21 Juros sobre a Dívida por Contrato

22 Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato

23 Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária

24 Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária

25 Encargos sobre Operações de Crédito por Antecipação da Receita

26 Obrigações decorrentes de Política Monetária

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27 Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros e Similares

28 Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos

29 Distribuição de Resultado de Empresas Estatais Dependentes

30 Material de Consumo

31 Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Desportivas e Outras

32 Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita

33 Passagens e Despesas com Locomoção

34 Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização

35 Serviços de Consultoria

36 Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física

37 Locação de Mão-de-Obra

38 Arrendamento Mercantil

39 Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica

41 Contribuições

42 Auxílios

43 Subvenções Sociais

45 Subvenções Econômicas

46 Auxílio-Alimentação

47 Obrigações Tributárias e Contributivas

48 Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas

49 Auxílio-Transporte

51 Obras e Instalações

52 Equipamentos e Material Permanente

61 Aquisição de Imóveis

62 Aquisição de Produtos para Revenda

63 Aquisição de Títulos de Crédito

64 Aquisição de Títulos Representativos de Capital já Integralizado

65 Constituição ou Aumento de Capital de Empresas

66 Concessão de Empréstimos e Financiamentos

67 Depósitos Compulsórios

71 Principal da Dívida Contratual Resgatado

72 Principal da Dívida Mobiliária Resgatado

73 Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual Resgatada

74 Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária Resgatada

75 Correção Monetária da Dívida de Operações de Crédito por Antecipação da Receita

76 Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado

77 Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado

81 Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas

91 Sentenças Judiciais

92 Despesas de Exercícios Anteriores

93 Indenizações e Restituições

94 Indenizações e Restituições Trabalhistas

95 Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo

96 Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado

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97 Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial do RPPS

99 A Classificar

Especificações: 01 – Aposentadorias, Reserva Remunerada e Reformas Despesas orçamentárias com pagamento de inativos civis, militares da reserva remunerada e reformados e segurados do plano de benefícios da previdência social. 03 – Pensões Despesas orçamentárias com pensionistas civis e militares; pensionistas do plano de benefícios da previdência social; pensões concedidas por lei específica ou por sentenças judiciais. 04 – Contratação por Tempo Determinado Despesas orçamentárias com a contratação de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, de acordo com legislação específica de cada Ente da Federação, inclusive obrigações patronais e outras despesas variáveis, quando for o caso. 05 – Outros Benefícios Previdenciários Despesas orçamentárias com outros benefícios do sistema previdenciário exclusive aposentadoria, reformas e pensões. 06 – Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso Despesas orçamentárias decorrentes do cumprimento do art. 203, inciso V, da Constituição Federal, que dispõe: “Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: [...] V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” 07 – Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência Despesas orçamentárias com os encargos da entidade patrocinadora no regime de previdência fechada, para complementação de aposentadoria. 08 – Outros Benefícios Assistenciais Despesas orçamentárias com: Auxílio-Funeral devido à família do servidor ou do militar falecido na atividade, ou aposentado, ou a terceiro que custear, comprovadamente, as despesas com o funeral do ex-servidor ou do ex-militar; Auxílio-Reclusão devido à família do servidor ou do militar afastado por motivo de prisão; Auxílio-Natalidade devido à servidora ou militar, cônjuge ou companheiro servidor público ou militar por motivo de nascimento de filho; Auxílio-Creche ou Assistência Pré-Escolar devido ao

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dependente do servidor ou militar, conforme regulamento, e Auxílio-Invalidez pagos diretamente ao servidor ou militar. 09 – Salário-Família Despesas orçamentárias com benefício pecuniário devido aos dependentes econômicos do militar ou do servidor, exclusive os regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os quais são pagos à conta do plano de benefícios da previdência social. 10 – Outros Benefícios de Natureza Social Despesas orçamentárias com abono PIS/PASEP e Seguro-Desemprego, em cumprimento aos §§3º e 4º do art. 239 da Constituição Federal. 11 – Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Civil Despesas orçamentárias com: Vencimento; Salário Pessoal Permanente; Vencimento ou Salário de Cargos de Confiança; Subsídios; Vencimento de Pessoal em Disponibilidade Remunerada; Gratificações, tais como: Gratificação Adicional Pessoal Disponível; Gratificação de Interiorização; Gratificação de Dedicação Exclusiva; Gratificação de Regência de Classe; Gratificação pela Chefia ou Coordenação de Curso de Área ou Equivalente; Gratificação por Produção Suplementar; Gratificação por Trabalho de Raios X ou Substâncias Radioativas; Gratificação pela Chefia de Departamento, Divisão ou Equivalente; Gratificação de Direção Geral ou Direção (Magistério de lº e 2º Graus); Gratificação de Função-Magistério Superior; Gratificação de Atendimento e Habilitação Previdenciários; Gratificação Especial de Localidade; Gratificação de Desempenho das Atividades Rodoviárias; Gratificação da Atividade de Fiscalização do Trabalho; Gratificação de Engenheiro Agrônomo; Gratificação de Natal; Gratificação de Estímulo à Fiscalização e Arrecadação de Contribuições e de Tributos; Gratificação por Encargo de Curso ou de Concurso; Gratificação de Produtividade do Ensino; Gratificação de Habilitação Profissional; Gratificação de Atividade; Gratificação de Representação de Gabinete; Adicional de Insalubridade; Adicional Noturno; Adicional de Férias 1/3 (art. 7º, inciso XVII, da Constituição); Adicionais de Periculosidade; Representação Mensal; Licença-Prêmio por assiduidade; Retribuição Básica (Vencimentos ou Salário no Exterior); Diferenças Individuais Permanentes; Vantagens Pecuniárias de Ministro de Estado, de Secretário de Estado e de Município; Férias Antecipadas de Pessoal Permanente; Aviso Prévio (cumprido); Férias Vencidas e Proporcionais; Parcela Incorporada (ex-quintos e ex-décimos); Indenização de Habilitação Policial; Adiantamento do 13º Salário; 13º Salário Proporcional; Incentivo Funcional - Sanitarista; Abono Provisório; “Pró-labore” de Procuradores; e outras despesas correlatas de caráter permanente. 12 – Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Militar Despesas orçamentárias com: Soldo; Gratificação de Localidade Especial; Gratificação de Representação; Adicional de Tempo de Serviço; Adicional de Habilitação; Adicional de Compensação Orgânica; Adicional Militar; Adicional de Permanência; Adicional de Férias; Adicional Natalino; e outras despesas correlatas, de caráter permanente, previstas na estrutura remuneratória dos militares. 13 – Obrigações Patronais

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Despesas orçamentárias com encargos que a administração tem pela sua condição de empregadora, e resultantes de pagamento de pessoal ativo, inativo e pensionistas, tais como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e contribuições para Institutos de Previdência, inclusive a alíquota de contribuição suplementar para cobertura do déficit atuarial, bem como os encargos resultantes do pagamento com atraso das contribuições de que trata este elemento de despesa. 14 – Diárias – Civil Despesas orçamentárias com cobertura de alimentação, pousada e locomoção urbana, do servidor público estatutário ou celetista que se desloca de sua sede em objeto de serviço, em caráter eventual ou transitório, entendido como sede o Município onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício em caráter permanente. 15 – Diárias – Militar Despesas orçamentárias decorrentes do deslocamento do militar da sede de sua unidade por motivo de serviço, destinadas à indenização das despesas de alimentação e pousada. 16 – Outras Despesas Variáveis – Pessoal Civil Despesas orçamentárias relacionadas às atividades do cargo/emprego ou função do servidor, e cujo pagamento só se efetua em circunstâncias específicas, tais como: hora-extra; substituições; e outras despesas da espécie, decorrentes do pagamento de pessoal dos órgãos e entidades da administração direta e indireta. 17 – Outras Despesas Variáveis – Pessoal Militar Despesas orçamentárias eventuais, de natureza remuneratória, devidas em virtude do exercício da atividade militar, exceto aquelas classificadas em elementos de despesas específicos. 18 – Auxílio Financeiro a Estudantes Despesas orçamentárias com ajuda financeira concedida pelo Estado a estudantes comprovadamente carentes, e concessão de auxílio para o desenvolvimento de estudos e pesquisas de natureza científica, realizadas por pessoas físicas na condição de estudante, observado o disposto no art. 26 da Lei Complementar nº 101/2000. 19 – Auxílio-Fardamento Despesas orçamentárias com o auxílio-fardamento, pago diretamente ao servidor ou militar. 20 – Auxílio Financeiro a Pesquisadores Despesas Orçamentárias com apoio financeiro concedido a pesquisadores, individual ou coletivamente, exceto na condição de estudante, no desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas, nas suas mais diversas modalidades, observado o disposto no art. 26 da Lei Complementar nº 101/2000. 21 – Juros sobre a Dívida por Contrato Despesas orçamentárias com juros referentes a operações de crédito efetivamente contratadas. 22 – Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato Despesas orçamentárias com outros encargos da dívida pública contratada, tais como: taxas, comissões bancárias, prêmios, imposto de renda e outros encargos.

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23 – Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária Despesas orçamentárias com a remuneração real devida pela aplicação de capital de terceiros em títulos públicos. 24 – Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária Despesas orçamentárias com outros encargos da dívida mobiliária, tais como: comissão, corretagem, seguro, etc. 25 – Encargos sobre Operações de Crédito por Antecipação da Receita Despesas orçamentárias com o pagamento de encargos da dívida pública, inclusive os juros decorrentes de operações de crédito por antecipação da receita, conforme art. 165, §8º, da Constituição. 26 – Obrigações decorrentes de Política Monetária Despesas orçamentárias com a cobertura do resultado negativo do Banco Central do Brasil, como autoridade monetária, apurado em balanço, nos termos da legislação vigente. 27 – Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros e Similares Despesas orçamentárias que a administração é compelida a realizar em decorrência da honra de avais, garantias, seguros, fianças e similares concedidos. 28 – Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos Despesas orçamentárias com encargos decorrentes da remuneração de cotas de fundos autárquicos, à semelhança de dividendos, em razão dos resultados positivos desses fundos. 29 - Distribuição de Resultado de Empresas Estatais Dependentes Despesas orçamentárias com a distribuição de resultado positivo de empresas estatais dependentes, inclusive a título de dividendos e participação de empregados nos referidos resultados. 30 – Material de Consumo Despesas orçamentárias com álcool automotivo; gasolina automotiva; diesel automotivo; lubrificantes automotivos; combustível e lubrificantes de aviação; gás engarrafado; outros combustíveis e lubrificantes; material biológico, farmacológico e laboratorial; animais para estudo, corte ou abate; alimentos para animais; material de coudelaria ou de uso zootécnico; sementes e mudas de plantas; gêneros de alimentação; material de construção para reparos em imóveis; material de manobra e patrulhamento; material de proteção, segurança, socorro e sobrevivência; material de expediente; material de cama e mesa, copa e cozinha, e produtos de higienização; material gráfico e de processamento de dados; aquisição de disquete; material para esportes e diversões; material para fotografia e filmagem; material para instalação elétrica e eletrônica; material para manutenção, reposição e aplicação; material odontológico, hospitalar e ambulatorial; material químico; material para telecomunicações; vestuário, uniformes, fardamento, tecidos e aviamentos; material de acondicionamento e embalagem; suprimento de proteção ao vôo; suprimento de aviação; sobressalentes de máquinas e motores de navios e esquadra; explosivos e munições; bandeiras, flâmulas e insígnias e outros materiais de uso não duradouro.

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31 – Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Desportivas e Outras Despesas orçamentárias com a aquisição de prêmios, condecorações, medalhas, troféus, etc., bem como com o pagamento de prêmios em pecúnia, inclusive decorrentes de sorteios lotéricos. 32 – Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita Despesas orçamentárias com aquisição de materiais, bens ou serviços para distribuição gratuita, tais como livros didáticos, medicamentos, gêneros alimentícios e outros materiais, bens ou serviços que possam ser distribuídos gratuitamente, exceto se destinados a premiações culturais, artísticas, científicas, desportivas e outras. 33 – Passagens e Despesas com Locomoção Despesas orçamentárias, realizadas diretamente ou por meio de empresa contratada, com aquisição de passagens (aéreas, terrestres, fluviais ou marítimas), taxas de embarque, seguros, fretamento, pedágios, locação ou uso de veículos para transporte de pessoas e suas respectivas bagagens, inclusive quando decorrentes de mudanças de domicílio no interesse da administração. 34 – Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização Despesas orçamentárias relativas à mão-de-obra constantes dos contratos de terceirização, de acordo com o art. 18, §1º, da Lei Complementar no 101, de2000, computadas para fins de limites da despesa total com pessoal previstos no art. 19 dessa Lei. 35 – Serviços de Consultoria Despesas orçamentárias decorrentes de contratos com pessoas físicas ou jurídicas, prestadoras de serviços nas áreas de consultorias técnicas ou auditorias financeiras ou jurídicas, ou assemelhadas. 36 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física Despesas orçamentárias decorrentes de serviços prestados por pessoa física pagos diretamente a esta e não enquadrados nos elementos de despesa específicos, tais como: remuneração de serviços de natureza eventual, prestado por pessoa física sem vínculo empregatício; estagiários, monitores diretamente contratados; gratificação por encargo de curso ou de concurso,; diárias a colaboradores eventuais; locação de imóveis; salário de internos nas penitenciárias; e outras despesas pagas diretamente à pessoa física. 37 – Locação de Mão-de-Obra Despesas orçamentárias com prestação de serviços por pessoas jurídicas para órgãos públicos, tais como limpeza e higiene, vigilância ostensiva e outros, nos casos em que o contrato especifique o quantitativo físico do pessoal a ser utilizado. 38 – Arrendamento Mercantil Despesas orçamentárias com contratos de arrendamento mercantil, com opção ou não de compra do bem de propriedade do arrendador. 39 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica Despesas orçamentárias decorrentes da prestação de serviços por pessoas jurídicas para órgãos públicos, tais como: assinaturas de jornais e periódicos; tarifas de energia elétrica,

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gás, água e esgoto; serviços de comunicação (telefone, telex, correios, etc.); fretes e carretos; locação de imóveis (inclusive despesas de condomínio e tributos à conta do locatário, quando previstos no contrato de locação); locação de equipamentos e materiais permanentes; software; conservação e adaptação de bens imóveis; seguros em geral (exceto os decorrentes de obrigação patronal); serviços de asseio e higiene; serviços de divulgação, impressão, encadernação e emolduramento; serviços funerários; despesas com congressos, simpósios, conferências ou exposições; vale-refeição; auxílio-creche (exclusive a indenização a servidor); habilitação de telefonia fixa e móvel celular; e outros congêneres, bem como os encargos resultantes do pagamento com atraso das obrigações não tributárias. 41 – Contribuições Despesas orçamentárias às quais não correspondam contraprestação direta em bens e serviços e não sejam reembolsáveis pelo recebedor, inclusive as destinadas a atender a despesas de manutenção de outras entidades de direito público ou privado, observado o disposto na legislação vigente. 42 – Auxílios Despesas orçamentárias destinadas a atender a despesas de investimentos ou inversões financeiras de outras esferas de governo ou de entidades privadas sem fins lucrativos, observado, respectivamente, o disposto nos arts. 25 e 26 da Lei Complementar nº 101/2000. 43 – Subvenções Sociais Despesas orçamentárias para cobertura de despesas de instituições privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa, de acordo com os arts. 16, parágrafo único, e 17 da Lei nº 4.320/1964, observado o disposto no art. 26 da LRF. 45 – Subvenções Econômicas Despesas orçamentárias com o pagamento de subvenções econômicas, a qualquer título, autorizadas em leis específicas, tais como: ajuda financeira a entidades privadas com fins lucrativos; concessão de bonificações a produtores, distribuidores e vendedores; cobertura, direta ou indireta, de parcela de encargos de empréstimos e financiamentos e dos custos de aquisição, de produção, de escoamento, de distribuição, de venda e de manutenção de bens, produtos e serviços em geral; e, ainda, outras operações com características semelhantes. 46 – Auxílio-Alimentação Despesas orçamentárias com auxílio-alimentação pagas em forma de pecúnia, de bilhete ou de cartão magnético, diretamente aos militares, servidores, estagiários ou empregados da Administração Pública direta e indireta. 47 – Obrigações Tributárias e Contributivas Despesas orçamentárias decorrentes do pagamento de tributos e contribuições sociais e econômicas (Imposto de Renda, ICMS, IPVA, IPTU, Taxa de Limpeza Pública, COFINS, PIS/PASEP, etc.), exceto as incidentes sobre a folha de salários, classificadas como obrigações patronais, bem como os encargos resultantes do pagamento com atraso das obrigações de que trata este elemento de despesa.

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48 – Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas Despesas orçamentárias com a concessão de auxílio financeiro diretamente a pessoas físicas, sob as mais diversas modalidades, tais como ajuda ou apoio financeiro e subsídio ou complementação na aquisição de bens, não classificados explícita ou implicitamente em outros elementos de despesa, observado o disposto no art. 26 da Lei Complementar nº 101/2000. 49 – Auxílio-Transporte Despesas orçamentárias com auxílio-transporte pagas em forma de pecúnia, de bilhete ou de cartão magnético, diretamente aos militares, servidores, estagiários ou empregados da Administração Pública direta e indireta, destinado ao custeio parcial das despesas realizadas com transporte coletivo municipal, intermunicipal ou interestadual nos deslocamentos de suas residências para os locais de trabalho e vice-versa, ou trabalho-trabalho nos casos de acumulação lícita de cargos ou empregos. 51 – Obras e Instalações Despesas com estudos e projetos; início, prosseguimento e conclusão de obras; pagamento de pessoal temporário não pertencente ao quadro da entidade e necessário à realização das mesmas; pagamento de obras contratadas; instalações que sejam incorporáveis ou inerentes ao imóvel, tais como: elevadores, aparelhagem para ar condicionado central, etc. 52 – Equipamentos e Material Permanente Despesas orçamentárias com aquisição de aeronaves; aparelhos de medição; aparelhos e equipamentos de comunicação; aparelhos, equipamentos e utensílios médico, odontológico, laboratorial e hospitalar; aparelhos e equipamentos para esporte e diversões; aparelhos e utensílios domésticos; armamentos; coleções e materiais bibliográficos; embarcações, equipamentos de manobra e patrulhamento; equipamentos de proteção, segurança, socorro e sobrevivência; instrumentos musicais e artísticos; máquinas, aparelhos e equipamentos de uso industrial; máquinas, aparelhos e equipamentos gráficos e equipamentos diversos; máquinas, aparelhos e utensílios de escritório; máquinas, ferramentas e utensílios de oficina; máquinas, tratores e equipamentos agrícolas, rodoviários e de movimentação de carga; mobiliário em geral; obras de arte e peças para museu; semoventes; veículos diversos; veículos ferroviários; veículos rodoviários; outros materiais permanentes. 61- Aquisição de Imóveis Despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização de obras ou para sua pronta utilização. 62 – Aquisição de Produtos para Revenda Despesas orçamentárias com a aquisição de bens destinados à venda futura. 63 – Aquisição de Títulos de Crédito Despesas orçamentárias com a aquisição de títulos de crédito não representativos de quotas de capital de empresas. 64 – Aquisição de Títulos Representativos de Capital já Integralizado

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Despesas orçamentárias com a aquisição de ações ou quotas de qualquer tipo de sociedade, desde que tais títulos não representem constituição ou aumento de capital. 65 – Constituição ou Aumento de Capital de Empresas Despesas orçamentárias com a constituição ou aumento de capital de empresas industriais, agrícolas, comerciais ou financeiras, mediante subscrição de ações representativas do seu capital social. 66 – Concessão de Empréstimos e Financiamentos Despesas orçamentárias com a concessão de qualquer empréstimo ou financiamento, inclusive bolsas de estudo reembolsáveis. 67 – Depósitos Compulsórios Despesas orçamentárias com depósitos compulsórios exigidos por legislação específica, ou determinados por decisão judicial. 71 – Principal da Dívida Contratual Resgatado Despesas orçamentárias com a amortização efetiva do principal da dívida pública contratual, interna e externa. 72 – Principal da Dívida Mobiliária Resgatado Despesas orçamentárias com a amortização efetiva do valor nominal do título da dívida pública mobiliária, interna e externa. 73 – Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual Resgatada Despesas orçamentárias decorrentes da atualização do valor do principal da dívida contratual, interna e externa, efetivamente amortizado. 74 – Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária Resgatada Despesas orçamentárias decorrentes da atualização do valor nominal do título da dívida pública mobiliária, efetivamente amortizado. 75 – Correção Monetária da Dívida de Operações de Crédito por Antecipação de Receita Despesas orçamentárias com correção monetária da dívida decorrente de operação de crédito por antecipação de receita. 76 – Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado Despesas orçamentárias com o refinanciamento do principal da dívida pública mobiliária, interna e externa, inclusive correção monetária ou cambial, com recursos provenientes da emissão de novos títulos da dívida pública mobiliária. 77 – Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado Despesas orçamentárias com o refinanciamento do principal da dívida pública contratual, interna e externa, inclusive correção monetária ou cambial, com recursos provenientes da emissão de títulos da dívida pública mobiliária. 81 – Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas Despesas orçamentárias decorrentes da transferência a outras esferas de governo de receitas tributárias, de contribuições e de outras receitas vinculadas, prevista na Constituição ou em leis específicas, cuja competência de arrecadação é do órgão transferidor. 91 – Sentenças Judiciais

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Despesas orçamentárias resultantes de: a) pagamento de precatórios, em cumprimento ao disposto no art. 100 e seus parágrafos da Constituição, e no art. 78 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias -ADCT; b) cumprimento de sentenças judiciais, transitadas em julgado, de empresas públicas e sociedades de economia mista, integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social; c) cumprimento de sentenças judiciais, transitadas em julgado, de pequeno valor, na forma definida em lei, nos termos do §3º do art. 100 da Constituição; e d) cumprimento de decisões judiciais, proferidas em Mandados de Segurança e Medidas Cautelares, referentes a vantagens pecuniárias concedidas e ainda não incorporadas em caráter definitivo às remunerações dos beneficiários. 92 – Despesas de Exercícios Anteriores Despesas orçamentárias com o cumprimento do disposto no art. 37 da Lei nº 4.320/1964, que assim estabelece: Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, poderão ser pagas à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elemento, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica. 93 – Indenizações e Restituições Despesas orçamentárias com indenizações, exclusive as trabalhistas, e restituições, devidas por órgãos e entidades a qualquer título, inclusive devolução de receitas quando não for possível efetuar essa devolução mediante a compensação com a receita correspondente, bem como outras despesas de natureza indenizatória não classificadas em elementos de despesas específicos. 94 – Indenizações e Restituições Trabalhistas Despesas orçamentárias de natureza remuneratória resultantes do pagamento efetuado a servidores públicos civis e empregados de entidades integrantes da administração pública, inclusive férias e aviso-prévio indenizados, multas e contribuições incidentes sobre os depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço etc., em função da perda da condição de servidor ou empregado, podendo ser em decorrência da participação em programa de desligamento voluntário, bem como a restituição de valores descontados indevidamente, quando não for possível efetuar essa restituição mediante compensação com a receita correspondente. 95 – Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo Despesas orçamentárias com indenizações devidas aos servidores que se afastarem de seu local de trabalho, sem direito à percepção de diárias, para execução de trabalhos de campo, tais como os de campanha de combate e controle de endemias; marcação, inspeção e manutenção de marcos decisórios; topografia, pesquisa, saneamento básico, inspeção e fiscalização de fronteiras internacionais.

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96 – Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado Despesas orçamentárias com ressarcimento das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem quando o servidor pertencer a outras esferas de governo ou a empresas estatais não dependentes e optar pela remuneração do cargo efetivo, nos termos das normas vigentes. 97 - Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial do RPPS Despesas orçamentárias com aportes periódicos destinados à cobertura do déficit atuarial do Regime Próprio de Previdência Social – RPPS, conforme plano de amortização estabelecido em lei do respectivo ente Federativo, exceto as decorrentes de alíquota de contribuição suplementar. 99 – A Classificar Elemento transitório que deverá ser utilizado enquanto se aguarda a classificação em elemento específico, vedada a sua utilização na execução orçamentária. DESDOBRAMENTO FACULTATIVO DO ELEMENTO DA DESPESA Conforme as necessidades de escrituração contábil e controle da execução orçamentária fica facultado por parte de cada ente o desdobramento dos elementos de despesa. ORIENTAÇÃO PARA A CLASSIFICAÇÃO QUANTO À NATUREZA DA DESPESA No processo de aquisição de bens ou serviços por parte do Ente da federação, é necessário observar alguns passos para que se possa proceder à adequada classificação quanto à natureza de despesa e garantir que a informação contábil seja fidedigna. 1º Passo – Identificar se o registro do fato é de caráter orçamentário ou extraorçamentário. Orçamentários –. As despesas de caráter orçamentário necessitam de recurso público para sua realização e constituem instrumento para alcançar os fins dos programas governamentais. É exemplo de despesa de natureza orçamentária a contratação de bens e serviços para realização de determinação ação, como serviços de terceiros, pois se faz necessária a emissão de empenho para suportar esse contrato. Extraorçamentários – são aqueles decorrentes de: I) Saídas compensatórias no ativo e no passivo financeiro – representam desembolsos de recursos de terceiros em poder do ente público, tais como: a) Devolução dos valores de terceiros (cauções/depósitos) – a caução em dinheiro constitui uma garantia fornecida pelo contratado e tem como objetivo assegurar a execução do contrato celebrado com o poder público. Ao término do contrato, se o contratado cumpriu com todas as obrigações, o valor será devolvido pela administração pública. Caso haja execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração pelos valores das multas e indenizações a ela devidos, será registrada a baixa do passivo financeiro em contrapartida a receita orçamentária.

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b) Recolhimento de Consignações/Retenções – são recolhimentos de valores anteriormente retidos na folha de salários de pessoal ou nos pagamentos de serviços de terceiros; c) Pagamento das operações de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) – conforme determina a LRF, as antecipações de receitas orçamentárias para atender a insuficiência de caixa deverão ser quitadas até o dia 10 de dezembro de cada ano. Tais pagamentos não necessitam de autorização orçamentária para que sejam efetuados; d) Pagamentos de Salário-Família, Salário-Maternidade e Auxílio-Natalidade – os benefícios da Previdência Social adiantados pelo empregador, por força de lei, têm natureza extraorçamentária e, posteriormente, serão objeto de compensação ou restituição. II) Pagamento de Restos a Pagar – são as saídas para pagamentos de despesas empenhadas em exercícios anteriores. Se o desembolso é extraorçamentário, não há registro de despesa orçamentária, mas uma desincorporação de passivo ou uma apropriação de ativo. Se o desembolso é orçamentário o caminho é o que segue: 2º Passo – Identificar a categoria econômica da despesa orçamentária, verificando se é uma despesa corrente ou de capital, conforme conceitos dispostos no item 4.3.1.1 deste Manual. 3 – Despesas Correntes; e 4 – Despesas de Capital. Conforme já mencionado, as despesas de capital ensejam o registro de incorporação de ativo imobilizado, intangível ou investimento (no caso dos grupos de despesa 4 – investimentos e 5 – inversões financeiras) ou o registro de desincorporação de um passivo (no caso do grupo de despesa 6 – amortização da dívida). 3º Passo – Observada a categoria econômica da despesa, deve-se verificar o grupo de natureza da despesa orçamentária, conforme conceitos estabelecidos neste Material. 1 – Pessoal e Encargos Sociais; 2 – Juros e Encargos da Dívida; 3 – Outras Despesas Correntes; 4 – Investimentos; 5 – Inversões Financeiras; e 6 – Amortização da Dívida. Para efeito de classificação, as Reservas do RPPS e de Contingência serão identificadas como grupo “9”, todavia não são passíveis de execução, servindo de fonte para abertura de créditos adicionais, mediante os quais se darão efetivamente a despesa que será classificada nos respectivos grupos. 4º Passo – Por fim, far-se-á a identificação do elemento de despesa, ou seja, o objeto fim do gasto, de acordo com as descrições dos elementos já apresentados. Normalmente, os

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elementos de despesa guardam correlação com os grupos, mas não há impedimento para que um elemento típico de despesa corrente esteja relacionado a um grupo de despesa de capital. Exemplos (não exaustivos):

GRUPOS

EXEMPLOS DE COMBINAÇÕES COM OS ELEMENTOS

1 – Pessoal e Encargos Sociais

01 – Aposentadorias e Reformas

03 – Pensões

04 – Contratação por Tempo Determinado

05 – Outros Benefícios Previdenciários

11 – Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Civil

13 – Obrigações Patronais

16 – Outras Despesas Variáveis – Pessoal Civil

17 – Outras Despesas Variáveis – Pessoal Militar

2 – Juros e Encargos da Dívida

21 – Juros sobre a Dívida por Contrato

22 – Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato

23 – Juros, Deságios e Descontos da Dív. Mobiliária

24 – Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária

3 – Outras Despesas Correntes

30 – Material de Consumo

32 – Material de Distribuição Gratuita

33 – Passagens e Despesas com Locomoção

35 – Serviços de Consultoria

36 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física

37 – Locação de Mão-de-Obra

38 – Arrendamento Mercantil

39 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica

4 – Investimentos

30 – Material de Consumo

33 – Passagens e Despesas com Locomoção

51 – Obras e Instalações

52 – Equipamentos e Material Permanente

61 – Aquisição de Imóveis

5 – Inversões Financeiras

61 – Aquisição de Imóveis

63 – Aquisição de Títulos de Crédito

64 – Aquis. Títulos Repr. Capital já Integralizado

6 – Amortização da Dívida

71 – Principal da Dívida Contratual Resgatado

72 – Principal da Dívida Mobiliária Resgatado

73 – Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual Resgatada

OS CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS: INICIAIS E ADICIONAIS A autorização legislativa para a realização da despesa constitui crédito orçamentário, que poderá ser inicial ou adicional. Por crédito orçamentário inicial, entende-se aquele aprovado pela lei orçamentária anual, constante dos orçamentos fiscal, da seguridade social e de investimento das empresas estatais não dependentes.

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O orçamento anual consignará importância para atender determinada despesa a fim de executar ações que lhe caiba realizar. Tal importância é denominada de dotação. Na lei orçamentária anual, a discriminação da despesa, quanto à sua natureza, far-se-á, no mínimo, por categoria econômica, grupo de natureza de despesa e modalidade de aplicação, conforme estabelece o art. 6º da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001. A Lei nº 4.320/1964, apesar de não instituir formalmente o orçamento-programa, introduziu em seus dispositivos a necessidade de o orçamento evidenciar os programas de governo. “Art. 2°. A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos aos princípios de unidade, universalidade e anualidade.” A partir da edição da Portaria MOG nº 42/1999 aplicada à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, passou a ser obrigatória a identificação, nas leis orçamentárias, das ações em termos de funções, subfunções, programas, projetos, atividades e operações especiais: “Art. 4º Nas leis orçamentárias e nos balanços, as ações serão identificadas em termos de funções, subfunções, programas, projetos, atividades e operações especiais.” Dessa forma, é consolidada a importância da elaboração do orçamento por programa com a visão de que o legislativo aprova as ações de governo buscando a aplicação efetiva do gasto, e não necessariamente os itens de gastos. A idéia é mostrar à população e ao legislativo o que será realizado em um determinado período, por meio de programas e ações e quanto eles irão custar a sociedade e não o de apresentar apenas objetos de gastos que isoladamente não garantem a transparência necessária. A aprovação e a alteração da lei orçamentária elaborada até o nível de elemento de despesa poderá ser mais burocrática e, consequentemente, menos eficiente, pois exige esforços de planejamento em um nível de detalhe que nem sempre será possível ser mantido. Por exemplo, se um ente tivesse no seu orçamento um gasto previsto no elemento 39 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica e pudesse realizar esse serviço com uma pessoa física, por um preço inferior, uma alteração orçamentária por meio de lei demandaria tempo e esforço de vários órgãos, o que poderia levar em alguns casos, a contratação de um serviço mais caro. No entanto, sob o enfoque de resultado, pouco deve interessar para a sociedade a forma em que foi contratado o serviço, se com pessoa física ou jurídica, mas se o objetivo do gasto foi alcançado de modo eficiente. Observa-se que a identificação, nas leis orçamentárias, das funções, subfunções, programas, projetos, atividades e operações especiais, em conjunto com a classificação do crédito orçamentário por categoria econômica, grupo de natureza de despesa e modalidade de aplicação, atende ao princípio da especificação. Por meio dessa classificação, evidencia-se como a administração pública está efetuando os gastos para atingir determinados fins. O orçamento anual pode ser alterado por meio de créditos adicionais.

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Por crédito adicional, entendem-se as autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na lei orçamentária. Conforme o art. 41 da Lei nº 4.320/1964, os créditos adicionais são classificados em: “I – suplementares, os destinados a refôrço de dotação orçamentária; II – especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; III – extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.” O crédito suplementar incorpora-se ao orçamento, adicionando-se à dotação orçamentária que deva reforçar, enquanto que os créditos especiais e extraordinários conservam sua especificidade, demonstrando-se as despesas realizadas à conta dos mesmos, separadamente. Nesse sentido, entende-se que o reforço de um crédito especial ou de um crédito extraordinário deve dar-se, respectivamente, pela regra prevista nos respectivos créditos ou, no caso de omissão, pela abertura de novos créditos especiais e extraordinários. A Lei nº 4.320/1964 determina, nos arts. 42 e 43, que os créditos suplementares e especiais serão abertos por decreto do poder executivo, dependendo de prévia autorização legislativa, necessitando da existência de recursos disponíveis e precedida de exposição justificada. Na União, para os casos em que haja necessidade de autorização legislativa para os créditos adicionais, estes são considerados autorizados e abertos com a sanção e a publicação da respectiva lei. Consideram-se recursos disponíveis para fins de abertura de créditos suplementares e especiais, conforme disposto no §1º do art. 43 da Lei nº 4.320/1964: “I – o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior; II – os provenientes de excesso de arrecadação; III – os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei; IV – o produto de operações de credito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao poder executivo realizá-las.” A Constituição Federal de 1988, no § 8º do art. 166, estabelece que os recursos objeto de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária que ficarem sem destinação podem ser utilizados como fonte hábil para abertura de créditos especiais e suplementares, mediante autorização legislativa. A reserva de contingência destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos, bem como eventos fiscais imprevistos, poderá ser utilizada para abertura de créditos adicionais, visto que não há execução direta da reserva. O art. 44 da Lei nº 4.320/1964 regulamenta que os créditos extraordinários devem ser abertos por decreto do poder executivo e submetidos ao poder legislativo

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correspondente. Na União, esse tipo de crédito é aberto por medida provisória do Poder Executivo e submetido ao Congresso Nacional. A vigência dos créditos adicionais restringe-se ao exercício financeiro em que foram autorizados, exceto os créditos especiais e extraordinários, abertos nos últimos quatro meses do exercício financeiro, que poderão ter seus saldos reabertos por instrumento legal apropriado, situação na qual a vigência fica prorrogada até o término do exercício financeiro subsequente (art. 167, §2º, Constituição Federal). RECONHECIMENTO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA A Lei nº 4.320/1964 estabelece que: pertencem ao exercício financeiro as despesas nele legalmente empenhadas: “Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: [...] II – as despesas nele legalmente empenhadas.” Observa-se que o ato da emissão do empenho, na ótica orçamentária, constitui a despesa orçamentária e o passivo financeiro para fins de cálculo do superávit financeiro. Observa-se que a baixa da disponibilidade por destinação de recursos foi realizada no momento do empenho, considerando-se esse o momento da geração do passivo financeiro, conforme o §3º do art. 105 da Lei nº 4.320/64: “§3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outros pagamento independa de autorização orçamentária.” Contudo, adicionalmente, há o controle da destinação de recursos no momento da liquidação. Ressalta-se que as despesas antecipadas seguem as mesmas etapas de execução das outras despesas, ou seja: empenho, liquidação e pagamento. RELACIONAMENTO DO REGIME ORÇAMENTÁRIO COM O REGIME CONTÁBIL Na área pública, o regime orçamentário reconhece a despesa orçamentária no exercício financeiro da emissão do empenho e a receita orçamentária pela arrecadação. “Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas; II – as despesas nele legalmente empenhadas.” A Contabilidade Aplicada ao Setor Público, assim como qualquer outro ramo da ciência contábil, obedece aos Princípios de Contabilidade. Dessa forma, aplica-se o princípio da competência em sua integralidade, ou seja, os efeitos das transações e outros eventos são reconhecidos quando ocorrem, e não quando os recursos financeiros são recebidos ou pagos. Assim, o art. 35 da Lei nº 4.320/1964 refere-se ao regime orçamentário e não ao regime contábil (patrimonial) aplicável ao setor público para reconhecimento de ativos e passivos.

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Já o §1º do art. 105 da Lei nº 4.320/1964 conceitua o ativo financeiro sob a ótica orçamentária, caracterizando-o como o ativo independente da execução do orçamento. “§1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis independentemente de autorização orçamentária e os valores numerários.” Dessa forma, a Lei nº 4.320/1964, nos arts. 85, 89, 100 e 104, determina que as variações patrimoniais devam ser evidenciadas, sejam elas independentes ou resultantes da execução orçamentária. “Título IX – Da Contabilidade [...] Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros. [...] Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária, financeira, patrimonial e industrial. [...] Art. 100. As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem os resultados da execução orçamentária, bem como as variações independentes dessa execução e as superveniências e insubsistências ativas e passivas, constituirão elementos da conta patrimonial. [...] Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.” Observa-se que, além do registro dos fatos ligados à execução orçamentária, exige-se evidenciar os fatos ligados à execução financeira e patrimonial, exigindo que os fatos modificativos sejam levados à conta de resultado e que as informações contábeis permitam o conhecimento da composição patrimonial e dos resultados econômicos e financeiros de determinado exercício. Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto no patrimônio, deve haver o registro da variação patrimonial diminutiva em razão do fato gerador, observando os Princípios Contábeis da Competência e da Oportunidade. Para fins de contabilidade patrimonial, verifica-se a existência de três tipos de relacionamento entre o segundo estágio da execução da despesa orçamentária (liquidação) e o reconhecimento da variação patrimonial diminutiva: Apropriação da variação patrimonial diminutiva antes da liquidação: Nos três exemplos a seguir, o fato gerador da obrigação exigível ocorre antes do empenho e a

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conta crédito empenhado em liquidação é utilizada para evitar que o passivo financeiro seja contabilizado em duplicidade. O passivo financeiro é calculado a partir das contas crédito empenhado a liquidar e contas do passivo que representem obrigações independentes de autorização orçamentária para serem realizadas. Ao se iniciar o processo de execução da despesa orçamentária, a conta crédito empenhado a liquidar deve ser debitada em contrapartida da conta crédito empenhado em liquidação no montante correspondente à obrigação já existente no passivo. Caso esse procedimento não seja feito, o passivo financeiro será contado duplamente, pois seu montante será considerado tanto na conta crédito empenhado a liquidar quanto na conta de obrigação anteriormente contabilizada no passivo exigível. Exemplo 1: No registro da provisão para 13º salário, situação em que se apropriam, mensalmente, os direitos do trabalhador em decorrência do mês trabalhado, e o empenho, liquidação e pagamento ocorrem, em geral, nos meses de novembro e dezembro. Exemplo 2: Recebimento de nota fiscal referente à compra de 100 computadores no dia 28 de dezembro, sem tempo hábil para execução do segundo estágio da despesa orçamentária (liquidação). No recebimento da nota fiscal referente aos computadores, ocorre o fato gerador da obrigação exigível devida ao fornecedor. Em atendimento ao Princípio Contábil da Oportunidade, a obrigação exigível deve ser contabilizada no momento da ocorrência do fato gerador. Nesse exemplo, em razão da proximidade do fim do exercício, supõe-se que não haverá tempo hábil para o término da fase de liquidação, ocasionando a inscrição dessa despesa orçamentária em Restos a Pagar não processados. Verifica-se uma lacuna temporal entre o momento da entrega dos computadores e a liquidação, gerando a necessidade da fase “em liquidação” para a correta apuração do valor do passivo financeiro para fins de cálculo do superávit financeiro, definido pela Lei nº 4.320/1964.

ETAPAS DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA Para melhor compreensão do processo orçamentário, pode-se classificar a despesa orçamentária em três etapas:

a) Planejamento; b) Execução; e c) Controle e avaliação.

PLANEJAMENTO A etapa do planejamento abrange, de modo geral, toda a análise para a formulação do plano e ações governamentais que serviram de base para a fixação da despesa orçamentária, a descentralização/movimentação de créditos, a programação orçamentária e financeira, e o processo de licitação e contratação.

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1. Fixação da despesa A fixação da despesa refere-se aos limites de gastos, incluídos nas leis orçamentárias com base nas receitas previstas, a serem efetuados pelas entidades públicas. A fixação da despesa orçamentária insere-se no processo de planejamento e compreende a adoção de medidas em direção a uma situação idealizada, tendo em vista os recursos disponíveis e observando as diretrizes e prioridades traçadas pelo governo. Conforme art. 165 da Constituição Federal de 1988, os instrumentos de planejamento compreendem o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual. O processo da fixação da despesa orçamentária é concluído com a autorização dada pelo poder legislativo por meio da lei orçamentária anual, ressalvadas as eventuais aberturas de créditos adicionais no decorrer da vigência do orçamento. 2. Descentralizações de créditos orçamentários As descentralizações de créditos orçamentários ocorrem quando for efetuada movimentação de parte do orçamento, mantidas as classificações institucional, funcional, programática e econômica, para que outras unidades administrativas possam executar a despesa orçamentária. As descentralizações de créditos orçamentários não se confundem com transferências e transposição, pois não modificam a programação ou o valor de suas dotações orçamentárias (créditos adicionais); e não alteram a unidade orçamentária (classificação institucional) detentora do crédito orçamentário aprovado na lei orçamentária ou em créditos adicionais. Quando a descentralização envolver unidades gestoras de um mesmo órgão tem-se a descentralização interna, também chamada de provisão. Se, porventura, ocorrer entre unidades gestoras de órgãos ou entidades de estrutura diferente, ter-se-á uma descentralização externa, também denominada de destaque. Na descentralização, as dotações serão empregadas obrigatória e integralmente na consecução do objetivo previsto pelo programa de trabalho pertinente, respeitadas fielmente a classificação funcional e a estrutura programática. Portanto, a única diferença é que a execução da despesa orçamentária será realizada por outro órgão ou entidade. Para a União, de acordo com o inciso III do §1º do art.1º do Decreto nº 6.170/2007, a descentralização de crédito externa dependerá de termo de cooperação, ficando vedada a celebração de convênio para esse efeito. Importante destacar que o art. 8º da Lei nº 12.309, de 9 de agosto de 2010 (Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2011), dispõe que:

• “Art. 8º Todo e qualquer crédito orçamentário deve ser consignado, diretamente, independentemente do grupo de natureza de despesa em que for classificado, à unidade orçamentária à qual pertencem as ações correspondentes, vedando-se a consignação de crédito a título de transferência a unidades orçamentárias integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social.

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• §1 Não caracteriza infringência ao disposto no caput, bem como à vedação contida no art. 167, inciso VI, da Constituição, a descentralização de créditos orçamentários para execução de ações pertencentes à unidade orçamentária descentralizadora.”

A execução de despesas da competência de órgãos e unidades do Ente da Federação poderá ser delegada, no todo ou em parte, a órgão ou entidade de outro Ente da Federação, desde que se mostre legal e tecnicamente possível. Tendo em vista o disposto no art. 35 da Lei nº 10.180/2001, a execução de despesas mediante descentralização a outro Ente da Federação processar-se-á de acordo com os mesmos procedimentos adotados para as transferências voluntárias, ou seja, empenho, liquidação e pagamento na unidade descentralizadora do crédito orçamentário e inclusão na receita e na despesa do ente recebedor dos recursos-objeto da descentralização, identificando-se como recursos de convênios ou similares. Ressalte-se que ao contrário das transferências voluntárias realizadas aos demais Entes da Federação que, via de regra, devem ser classificadas como operações especiais, as descentralizações de créditos orçamentários devem ocorrer em projetos ou atividades. Assim, nas transferências voluntárias devem ser utilizados os elementos de despesas típicos destas, quais sejam 41 –Contribuições e 42 – Auxílios, enquanto nas descentralizações devem ser usados os elementos denominados típicos de gastos, tais como 30 – Material de Consumo, 39 – Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica, 51 – Obras e Instalações, 52 – Material Permanente, etc. 3. Programação orçamentária e financeira A programação orçamentária e financeira consiste na compatibilização do fluxo dos pagamentos com o fluxo dos recebimentos, visando ao ajuste da despesa fixada às novas projeções de resultados e da arrecadação. Se houver frustração da receita estimada no orçamento, deverá ser estabelecida limitação de empenho e movimentação financeira, com objetivo de atingir os resultados previstos na LDO e impedir a assunção de compromissos sem respaldo financeiro, o que acarretaria uma busca de socorro no mercado financeiro, situação que implica em encargos elevados. A LRF definiu procedimentos para auxiliar a programação orçamentária e financeira nos arts 8º e 9º:

• “Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

• [...] • Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá

não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias

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subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.”

4. Processo de licitação e contratação O processo de licitação compreende um conjunto de procedimentos administrativos que objetivam adquirir materiais, contratar obras e serviços, alienar ou ceder bens a terceiros, bem como fazer concessões de serviços públicos com as melhores condições para o Estado, observando os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e de outros que lhe são correlatos. A Constituição Federal de 1988 estabelece a observância do processo de licitação pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, conforme disposto no art. 37, inciso XXI:

o “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

o [...] o XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,

compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.“

A Lei nº 8.666/1993, regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, estabelecendo normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações. EXECUÇÃO Os estágios da execução da despesa orçamentária, na forma prevista na Lei nº 4.320/1964 são: empenho, liquidação e pagamento. 1. Empenho Empenho, segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva de dotação orçamentária para um fim específico. O empenho será formalizado mediante a emissão de um documento denominado “Nota de Empenho”, do qual deve constar o nome do credor, a especificação do credor e a importância da despesa, bem como os demais dados necessários ao controle da execução orçamentária. Embora o art. 61 da Lei nº 4.320/1964 estabeleça a obrigatoriedade do nome do credor no documento Nota de Empenho, em alguns casos, como na Folha de Pagamento,

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torna-se impraticável a emissão de um empenho para cada credor, tendo em vista o número excessivo de credores (servidores). Caso não seja necessária a impressão do documento “Nota de Empenho”, o empenho ficará arquivado em banco de dados, em tela com formatação própria e modelo oficial, a ser elaborado por cada Ente da federação em atendimento às suas peculiaridades. Quando o valor empenhado for insuficiente para atender à despesa a ser realizada, o empenho poderá ser reforçado. Caso o valor do empenho exceda o montante da despesa realizada, o empenho deverá ser anulado parcialmente. Será anulado totalmente quando o objeto do contrato não tiver sido cumprido, ou ainda, no caso de ter sido emitido incorretamente. Os empenhos podem ser classificados em: Ordinário: é o tipo de empenho utilizado para as despesas de valor fixo e previamente determinado, cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez; Estimativo: é o tipo de empenho utilizado para as despesas cujo montante não se pode determinar previamente, tais como serviços de fornecimento de água e energia elétrica, aquisição de combustíveis e lubrificantes e outros; e Global: é o tipo de empenho utilizado para despesas contratuais ou outras de valor determinado, sujeitas a parcelamento, como, por exemplo, os compromissos decorrentes de aluguéis. É recomendável constar no instrumento contratual o número da nota de empenho, visto que representa a garantia ao credor de que existe crédito orçamentário disponível e suficiente para atender a despesa objeto do contrato. Nos casos em que o instrumento de contrato é facultativo, a Lei nº 8.666/1993 admite a possibilidade de substituí-lo pela nota de empenho de despesa, hipótese em que o empenho representa o próprio contrato. 2. Liquidação Conforme dispõe o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar:

o “Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

o §1° Essa verificação tem por fim apurar: o I – a origem e o objeto do que se deve pagar; o II – a importância exata a pagar; o III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. o As despesas com fornecimento ou com serviços prestados terão por base: o §2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá

por base: o I – o contrato, ajuste ou acôrdo respectivo; o II – a nota de empenho;

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o III – os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.”

3. Pagamento O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser efetuado após a regular liquidação da despesa. A Lei nº 4.320/1964, no art. 64, define ordem de pagamento como sendo o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa liquidada seja paga. A ordem de pagamento só pode ser exarada em documentos processados pelos serviços de contabilidade. CONTROLE E AVALIAÇÃO Esta fase compreende a a avaliação e a verificação realizada pelos órgãos executores, controle e pela sociedade. O Sistema de Controle visa à avaliação da ação governamental, da gestão dos administradores públicos e da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado, por intermédio da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, com finalidade de: a) Avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; e b) Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e à eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da Administração Pública, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado. Por controle social entende-se a participação da sociedade no planejamento, na implementação, no acompanhamento e verificação das políticas públicas, avaliando objetivos, processos e resultados. PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS REFERENTES À DESPESA ORÇAMENTÁRIA Neste tópico, são tratados procedimentos típicos da administração pública que visam à padronização da classificação das despesas por todas as esferas de governo, enfatizando determinadas situações que geram mais dúvidas quanto à classificação por natureza da despesa. DÚVIDAS COMUNS REFERENTES À CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA DE DESPESA MATERIAL PERMANENTE X MATERIAL DE CONSUMO Entende-se como material de consumo e material permanente:

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Material de consumo, aquele que, em razão de seu uso corrente e da definição da Lei nº 4.320/1964, perde normalmente sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos; Material permanente, aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde a sua identidade física, e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos. Além disso, na classificação da despesa com aquisição de material devem ser adotados alguns parâmetros que distinguem o material permanente do material de consumo. Um material é considerado de consumo caso atenda um, e pelo menos um, dos critérios a seguir: Critério da Durabilidade – Se em uso normal perde ou tem reduzidas as suas condições de funcionamento, no prazo máximo de dois anos; Critério da Fragilidade – Se sua estrutura for quebradiça, deformável ou danificável, caracterizando sua irrecuperabilidade e perda de sua identidade ou funcionalidade; Critério da Perecibilidade – Se está sujeito a modificações (químicas ou físicas) ou se deteriora ou perde sua característica pelo uso normal; Critério da Incorporabilidade – Se está destinado à incorporação a outro bem, e não pode ser retirado sem prejuízo das características físicas e funcionais do principal. Pode ser utilizado para a constituição de novos bens, melhoria ou adições complementares de bens em utilização (sendo classificado como 449030), ou para a reposição de peças para manutenção do seu uso normal que contenham a mesma configuração (sendo classificado como 339030); Critério da Transformabilidade – Se foi adquirido para fim de transformação. Observa-se que, embora um bem tenha sido adquirido como permanente, o seu controle patrimonial deverá ser feito baseado na relação custo-benefício desse controle. Nesse sentido, a Constituição Federal prevê o Princípio da Economicidade (art. 70), que se traduz na relação custo-benefício. Assim, os controles devem ser simplificados quando se apresentam como meramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco. Desse modo, se um material for adquirido como permanente e ficar comprovado que possui custo de controle superior ao seu benefício, deve ser controlado de forma simplificada, por meio de relação-carga, que mede apenas aspectos qualitativos e quantitativos, não havendo necessidade de controle por meio de número patrimonial. No entanto, esses bens deverão estar registrados contabilmente no patrimônio da entidade. Da mesma forma, se um material de consumo for considerado como de uso duradouro, devido à durabilidade, quantidade utilizada ou valor relevante, também deverá ser controlado por meio de relação-carga, e incorporado ao patrimônio da entidade. A classificação orçamentária, o controle patrimonial e o reconhecimento do ativo seguem critérios distintos, devendo ser apreciados individualmente. A classificação orçamentária obedecerá aos parâmetros de distinção entre material permanente e de consumo. O controle patrimonial obedecerá ao princípio da racionalização do processo

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administrativo. Por sua vez, o reconhecimento do ativo compreende os bens e direitos que possam gerar benefícios econômicos ou potencial de serviço. A seguir são apresentados alguns exemplos de como proceder à análise da despesa, a fim de verificar se a classificação será em material permanente ou em material de consumo: a) Classificação de peças não Incorporáveis a Imóveis (despesas com materiais empregados em imóveis e que possam ser removidos ou recuperados, tais como: biombos, cortinas, divisórias removíveis, estrados, persianas, tapetes e afins): A despesa com aquisição de peças não incorporáveis a imóveis deve ser classificada observando os critérios acima expostos (Durabilidade, Fragilidade, Perecibilidade, Incorporabilidade e Transformabilidade). Geralmente os itens elencados acima são considerados material permanente, mas não precisam ser tombados. No caso de despesas realizadas em imóveis alugados, o ente deverá registrar como material permanente e proceder à baixa quando entregar o imóvel, se os mesmos encontrarem-se deteriorados, sem condições de uso. b) Classificação de despesa com aquisição de placa de memória para

substituição em um computador com maior capacidade que a existente e a classificação da despesa com aquisição de uma leitora de CD para ser instalada num Computador sem Unidade Leitora de CD: O Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, FEA/USP (FIPECAFI), define os gastos de manutenção e reparos como os incorridos para manter ou recolocar os ativos em condições normais de uso, sem com isso aumentar sua capacidade de produção ou período de vida útil. Ainda de acordo com esse Manual, uma melhoria ocorre em consequência do aumento de vida útil do bem do Ativo, do incremento em sua capacidade produtiva, ou da diminuição do custo operacional. Uma melhoria pode envolver uma substituição de partes do bem ou ser resultante de uma reforma significativa. Uma melhoria, como regra, aumenta o valor contábil do bem se o custo das novas peças for maior que o valor líquido contábil das peças substituídas. Caso contrário, o valor contábil não será alterado. Portanto, a despesa orçamentária com a troca da placa de memória de um computador para outra de maior capacidade deve ser classificada na categoria econômica 4 – “despesa de capital”, no grupo de natureza de despesa 4 – “investimentos” e no elemento de despesa 30 – “Material de Consumo”. Observe que se a troca ocorrer por outro processador de mesma capacidade, havendo apenas a manutenção regular do seu funcionamento, deve ser classificada na categoria econômica 3 – “despesa corrente”, no grupo da natureza da despesa 3 – “outras despesas correntes” e no elemento de despesa 30 – “Material de Consumo”. As adições complementares, por sua vez, não envolvem substituições, mas aumentam o tamanho físico do ativo por meio de expansão, extensão, etc, são agregadas ao valor contábil do bem.

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A inclusão da leitora de CD na unidade também deve ser classificada na categoria econômica 4 – despesa de capital, no grupo de natureza de despesa 4 – “investimentos” e no elemento de despesa 30 – “Material de Consumo”, pois se trata de adição complementar, ou seja, novo componente não registrado no ativo imobilizado. c) Classificação de despesa com aquisição de material bibliográfico Os livros e demais materiais bibliográficos apresentam características de material permanente (durabilidade superior a dois anos, não é quebradiço, não é perecível, não é incorporável a outro bem, não se destina a transformação). Porém, o art. 18 da Lei nº 10.753/2003, considera os livros adquiridos para bibliotecas públicas como material de consumo. “Art. 18. Com a finalidade de controlar os bens patrimoniais das bibliotecas públicas, o livro não é considerado material permanente.” As demais bibliotecas devem classificar a despesa com aquisição de material bibliográfico como material permanente.

- “Art. 2º Considera-se livro, para efeitos desta Lei, a publicação de textos escritos em fichas ou folhas, não periódica, grampeada, colada ou costurada, em volume cartonado, encadernado ou em brochura, em capas avulsas, em qualquer formato e acabamento.

- Parágrafo único. São equiparados a livro: - I – fascículos, publicações de qualquer natureza que representem parte de livro; - II – materiais avulsos relacionados com o livro, impressos em papel ou em

material similar; - III – roteiros de leitura para controle e estudo de literatura ou de obras

didáticas; - IV – álbuns para colorir, pintar, recortar ou armar; - V – atlas geográficos, históricos, anatômicos, mapas e cartogramas; - VI – textos derivados de livro ou originais, produzidos por editores, mediante

contrato de edição celebrado com o autor, com a utilização de qualquer suporte; - VII – livros em meio digital, magnético e ótico, para uso exclusivo de pessoas

com deficiência visual; - VIII – livros impressos no Sistema Braille. - Biblioteca Pública é uma unidade bibliotecária destinada indistintamente a todos

os segmentos da comunidade, com acervos de interesse geral, voltados essencialmente à disseminação da leitura e hábitos associados entre um público amplo definido basicamente em termos geográficos, sem confundir com as bibliotecas destinadas a atender um segmento da comunidade com um propósito específico”. (Acórdão 111/2006 – 1ª Câmara – Tribunal de Contas da União – TCU)

Assim, as Bibliotecas Públicas devem efetuar o controle patrimonial dos seus livros, adquiridos como material de consumo de modo simplificado, via relação do material (relação-carga), e/ou verificação periódica da quantidade de itens requisitados, não sendo necessária a identificação do número do registro patrimonial. As Bibliotecas Públicas definirão instruções internas que estabelecerão as regras e procedimentos de controles internos com base na legislação pertinente.

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As aquisições que não se destinarem às bibliotecas públicas deverão manter os procedimentos de aquisição e classificação na natureza de despesa 449052 – Material Permanente – incorporando ao patrimônio. Portanto, devem ser registradas em conta de Ativo Imobilizado. d) Classificação de despesa com serviços de remodelação, restauração,

manutenção e outros. Quando o serviço se destina a manter o bem em condições normais de operação, não resultando em aumento relevante da vida útil do bem, a despesa orçamentária é corrente. Caso as melhorias decorrentes do serviço resultem em aumento significativo da vida útil do bem, a despesa orçamentária é de capital, devendo o valor do gasto ser incorporado ao ativo. e) Classificação de despesa com aquisição de pen-drive, canetas ópticas,

token e similares. A aquisição será classificada como material de consumo, na natureza da despesa 339030, tendo em vista que são abarcadas pelo critério da fragilidade. Os bens serão controlados como materiais de uso duradouro, por simples relação-carga, com verificação periódica das quantidades de itens requisitados, devendo ser considerado o princípio da racionalização do processo administrativo para a instituição pública, ou seja, o custo do controle não pode exceder os benefícios que dele decorram. SERVIÇOS DE TERCEIROS X MATERIAL DE CONSUMO Na classificação da despesa de material por encomenda, a despesa orçamentária só deverá ser classificada como serviços de terceiros se o próprio órgão ou entidade fornecer a matéria-prima. Caso contrário, deverá ser classificada no elemento de despesa 52, em se tratando de confecção de material permanente, ou no elemento de despesa 30, se material de consumo Algumas vezes ocorrem dúvidas, em virtude de divergências entre a adequada classificação da despesa orçamentária e o tipo do documento fiscal emitido pela contratada (Ex: Nota Fiscal de Serviço, Nota Fiscal de Venda ao Consumidor etc.). Nesses casos, a contabilidade deve procurar bem informar, seguindo, se for necessário para tanto, a essência ao invés da forma e buscar a consecução de seus objetivos: demonstrar o patrimônio e controlar o orçamento. Portanto, a despesa orçamentária deverá ser classificada independentemente do tipo de documento fiscal emitido pela contratada, devendo ser classificada como serviços de terceiros ou material mediante a verificação do fornecimento ou não da matéria-prima. Um exemplo clássico dessa situação é a contratação de confecção de placas de sinalização. Nesse caso, será emitida uma nota fiscal de serviço e a despesa orçamentária será classificada no elemento de despesa 30 – material de consumo, pois não houve fornecimento de matéria-prima.

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OBRAS E INSTALAÇÕES X SERVIÇOS DE TERCEIROS Serão considerados serviços de terceiros as despesas com: - Reparos, consertos, revisões, pinturas, reformas e adaptações de bens imóveis sem que ocorra a ampliação do imóvel; - Reparos em instalações elétricas e hidráulicas; - Reparos, recuperações e adaptações de biombos, carpetes, divisórias e lambris; e - Manutenção de elevadores, limpeza de fossa e afins. Quando a despesa ocasionar a ampliação relevante do potencial de geração de benefícios econômicos futuros do imóvel, tal despesa deverá ser considerada como obras e instalações, portanto, despesas com investimento. CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DAS TRANSFERÊNCIAS E DELEGAÇÕES DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA As duas formas de movimentação de recursos financeiros entre entes da Federação ou entre estes e entidades privadas ou consórcios públicos são as transferências propriamente ditas e as que se constituem delegações de execução orçamentária. Algumas vezes ocorrem dúvidas quanto à classificação orçamentária dessas movimentações nos entes transferidores. Nesses casos, é preciso detalhar a situação específica para que a classificação seja determinada. É importante destacar que os arts. 25 e 26 da LRF estabelecem regras, respectivamente, para transferências voluntárias (entre entes da Federação) e destinação de recursos para entidades privadas que devem ser observadas pelos referidos entes transferidores. TRANSFERÊNCIA A designação “transferência”, nos termos do art. 12 da Lei no 4.320/1964, corresponde à entrega de recursos financeiros a outro ente da Federação, a consórcios públicos ou a entidades privadas, com e sem fins lucrativos, a que não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços. Os bens ou serviços gerados ou adquiridos com a aplicação desses recursos pertencem ou se incorporam ao patrimônio do ente ou da entidade recebedora. As modalidades de aplicação utilizadas para a entrega de recursos financeiros por meio de transferências são: 20 - Transferências à União 30 - Transferências a Estados e ao Distrito Federal 31 - Transferências a Estados e ao Distrito Federal - Fundo a Fundo 40 - Transferências a Municípios 41 - Transferências a Municípios - Fundo a Fundo 50 - Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos 60 - Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos 70 - Transferências a Instituições Multigovernamentais 71 – Transferências a Consórcios Públicos

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Essas modalidades de aplicação devem ser associadas com os elementos de despesa que não representem contraprestação direta em bens ou serviços. Tais elementos são: 41 - Contribuições - utilizado para transferências correntes e de capital aos entes da Federação e a entidades privadas sem fins lucrativos, exceto para os serviços essenciais de assistência social, médica e educacional; 42 - Auxílios - utilizado para transferências de capital aos entes da Federação e a entidades privadas sem fins lucrativos; 43 - Subvenções Sociais - utilizado para transferências às entidades privadas sem fins lucrativos para os serviços essenciais de assistência social, médica e educacional; 45 - Subvenções Econômicas - utilizado para transferências, exclusivamente, a entidades privadas com fins lucrativos; 81 - Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas - utilizado para transferências aos entes da Federação em decorrência de determinação da Constituição ou estabelecida em lei. É importante destacar que, em âmbito Federal, o art. 63 do Decreto 93.872/1986 associa, em seus parágrafos 1º e 2º, respectivamente, os auxílios à Lei de Orçamento e as contribuições à Lei Especial. Observa-se também que, em âmbito da Federação, geralmente as contribuições são associadas a despesas correntes e os auxílios a despesas de capital. DELEGAÇÃO Para fins deste tópico, entende-se por delegação a entrega de recursos financeiros a outro ente da Federação ou a consórcio público para execução de ações de responsabilidade ou competência do ente delegante. Deve observar a legislação própria do ente e as designações da Lei de Diretrizes Orçamentárias, materializando-se em situações em que o recebedor executa ações em nome do transferidor. Os bens ou serviços gerados ou adquiridos com a aplicação desses recursos pertencem ou se incorporam ao patrimônio de quem os entrega, ou seja, do transferidor. As modalidades de aplicação utilizadas para a entrega de recursos financeiros por meio de delegação orçamentária, em geral, são: 22 - Execução Orçamentária Delegada à União 32 - Execução Orçamentária Delegada a Estados e ao Distrito Federal 42 - Execução Orçamentária Delegada a Municípios 72 - Execução Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos As modalidades 22, 32, 42 e 72 não podem estar associadas com os elementos de despesa de contribuições (41), auxílios (42), subvenções (43 e 45) ou distribuição constitucional ou legal de receitas (81), visto que os referidos elementos pressupõem a inexistência de contraprestação direta em bens ou serviços. As naturezas de despesas formadas com tais modalidades deverão conter os elementos de despesa específicos

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(EE), representativos de “gastos efetivos”, como os relacionados abaixo, de forma exemplificativa: 30 - Material de Consumo 31 - Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Desportivas e Outras 32 - Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita 33 - Passagens e Despesas com Locomoção 34 - Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização 35 - Serviços de Consultoria 36 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 37 - Locação de Mão-de-Obra 38 - Arrendamento Mercantil 39 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 51 - Obras e Instalações 52 - Equipamentos e Material Permanente É importante dissociar a forma de pactuação da movimentação de recursos do meio ou instrumento pelo qual ela se materializa. Deste modo, uma delegação (forma) pode ser materializada por meio de um convênio (meio ou instrumento). No que diz respeito aos consórcios públicos, as modalidades de aplicação disponíveis e suas passíveis situações de uso são:

MODALIDADE DE APLICAÇÃO SITUAÇÃO DE USO

70 - Transferências a Instituições Multigovernamentais

Utilizada para a entrega de recursos a consórcios públicos que não seja decorrente de delegação ou de rateio pela participação do ente no consórcio.

71 - Transferências a Consórcios Públicos

Utilizada para entrega de recursos aos consórcios públicos dos quais o ente transferidor faça parte, correspondente ao rateio das despesas decorrentes da participação do ente no respectivo consórcio, conforme previsto no correspondente contrato de rateio.

72 - Execução Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos

Utilizada, exclusivamente, no caso de delegação da execução de ações de competência ou responsabilidade do ente delegante (ente transferidor), seja para consórcio do qual participe como consorciado ou não.

Desta forma, para a correta classificação orçamentária da entrega de recursos a consórcios públicos, faz-se necessário identificar inicialmente se há ou não delegação/descentralização orçamentária. Havendo, a classificação será composta pela modalidade de aplicação 72 (Execução Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos), conjugada com um elemento de despesa específico que represente gasto efetivo

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(30,39,51,etc).. Não havendo, faz-se necessário identificar se o ente participa ou não do consórcio. Participando, se a transferência corresponder ao rateio pela parte do ente usar-se-á a modalidade de aplicação 71 (Transferências a Consórcios Públicos). Não se tratando de rateio, a modalidade de aplicação utilizada será a 70 (Transferências a Instituições Multigovernamentais), que é a mesma utilizada para transferência aos consórcios dos quais o ente não participa Nessas duas últimas situações (modalidades 71 e 70), os elementos de despesa restringem-se a contribuições (41) ou auxílios (42). Ressalte-se que, via de regra, as transferências, de que trata o art. 12 da Lei no 4.320, de 1964, devem ser realizadas, em termos de ação orçamentária, por meio de operações especiais, enquanto as delegações devem referir-se a projetos e atividades. RESTOS A PAGAR No fim do exercício, as despesas orçamentárias empenhadas e não pagas serão inscritas em Restos a Pagar e constituirão a dívida flutuante. Podem-se distinguir dois tipos de Restos a Pagar: os Processados e os Não Processados. Os Restos a Pagar Processados são aqueles em que a despesa orçamentária percorreu os estágios de empenho e liquidação, restando pendente apenas o estágio do pagamento. Os Restos a Pagar Processados não podem ser cancelados, tendo em vista que o fornecedor de bens/serviços cumpriu com a obrigação de fazer e a Administração não poderá deixar de cumprir com a obrigação de pagar. Serão inscritas em restos a pagar as despesas liquidadas e não pagas no exercício financeiro, ou seja, aquelas em que o serviço, obra ou material contratado tenha sido prestado ou entregue e aceito pelo contratante. Também serão inscritas as despesas não liquidadas quando o serviço ou material contratado tenha sido prestado ou entregue e que se encontre, em 31 de dezembro de cada exercício financeiro, em fase de verificação do direito adquirido pelo credor ou quando o prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor estiver vigente. A inscrição de despesa em restos a pagar não processados é procedida após a anulação dos empenhos que não podem ser inscritos em virtude de restrição em norma do ente, ou seja, verificam-se quais despesas devem ser inscritas em restos a pagar e anulam-se as demais para, após, inscrevem-se os restos a pagar não processados do exercício. No momento do pagamento de restos a pagar referente à despesa empenhada pelo valor estimado, verifica-se se existe diferença entre o valor da despesa inscrita e o valor real a ser pago; se existir diferença, procede-se da seguinte forma: - Se o valor real a ser pago for superior ao valor inscrito, a diferença deverá ser empenhada a conta de despesas de exercícios anteriores; - Se o valor real for inferior ao valor inscrito, o saldo existente deverá ser cancelado.

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A inscrição de restos a pagar deve observar as disponibilidades financeiras e condições de modo a prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, conforme estabelecido na LRF. Assim, observa-se que, embora a Lei de Responsabilidade Fiscal não aborde o mérito do que pode ou não ser inscrito em restos a pagar, veda contrair obrigação no último ano do mandato do governante sem que exista a respectiva cobertura financeira, eliminando desta forma as heranças fiscais, conforme disposto no seu art. 42: “Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.” Portanto, é necessário que a inscrição de despesas orçamentárias em restos a pagar observe a legislação pertinente. INSCRIÇÃO EM RESTOS A PAGAR NÃO PROCESSADOS A norma estabelece que, no encerramento do exercício, a parcela da despesa orçamentária que se encontrar empenhada mas ainda não foi paga será considerada restos a pagar. O raciocínio implícito na lei é de que a receita orçamentária a ser utilizada para pagamento da despesa empenhada em determinado exercício já foi arrecadada ou ainda será arrecadada no mesmo ano e estará disponível no caixa do governo ainda neste exercício. Logo, como a receita orçamentária que ampara o empenho pertence ao exercício e serviu de base, dentro do princípio orçamentário do equilíbrio, para a fixação da despesa orçamentária autorizada pelo Poder Legislativo, a despesa que for empenhada com base nesse crédito orçamentário também deverá pertencer ao exercício. Supõe-se que determinada receita tenha sido arrecadada e permaneça no caixa, portanto, integrando o ativo financeiro do ente público no fim do exercício. Existindo, concomitantemente, uma despesa empenhada, deverá ser registrado também um passivo financeiro; caso contrário o ente público estará apresentando em seu balanço patrimonial, sob a ótica da Lei nº 4320/64, ao fim do exercício, um superávit financeiro (ativo financeiro – passivo financeiro) indevido, que poderia ser objeto de abertura de crédito adicional no ano seguinte na forma prevista na lei. Assim, a receita que permaneceu no caixa na abertura do exercício seguinte já está comprometida com o empenho que foi inscrito em restos a pagar e, portanto, não poderia ser utilizada para abertura de novo crédito. Dessa forma, o registro do passivo financeiro é inevitável, mesmo não se tratando de uma obrigação presente, pois falta o cumprimento do implemento de condição, mas por força do art. 35 da Lei nº 4.320/1964 e da correta apuração do superávit financeiro, tem de ser registrado.

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Assim, suponha os seguintes fatos a serem registrados na contabilidade de um determinado ente público: 1) Recebimento de receitas tributárias no valor de $1000 unidades monetárias; 2) Empenho da despesa no valor de $900 unidades monetárias; 3) Liquidação de despesa corrente no valor de $700 unidades monetárias; e 4) Inscrição de Restos a Pagar, sendo $700 de Restos a Pagar Processado e $200 de Restos a Pagar Não Processado ($900-700). O ingresso no caixa corresponderá a uma receita orçamentária. O empenho da despesa é um ato que potencialmente poderá afetar o patrimônio, criando passivo financeiro que comprometerá o ativo financeiro, diminuindo o valor do superávit financeiro. Após o cumprimento do implemento de condição e a verificação do direito adquirido pelo credor, o patrimônio sofrerá alteração qualitativa ou quantitativa. O reconhecimento da despesa orçamentária ao longo do exercício deve ser realizado no momento do empenho com a assunção de um passivo financeiro orçamentário. Nesta situação, todas as despesas serão inscritas em restos a pagar, havendo segregação entre as liquidadas e não pagas e as não liquidadas. Assim, o total de restos a pagar inscrito será de $900, sendo $700 referentes a restos a pagar processados (liquidados) e $200 ($900-$700) referentes a restos a pagar não processados (não liquidados). Desta maneira, tem-se um superávit financeiro de $100, que corresponde à diferença entre a receita arrecadada de $1000 e a despesa empenhada de $900. Dessa forma, para maior transparência, as despesas executadas devem ser segregadas em: a) Despesas liquidadas, consideradas aquelas em que houve a entrega do material ou serviço, nos termos do art. 63 da Lei nº 4.320/1964; e b) Despesas empenhadas, mas não liquidadas, inscritas no encerramento do exercício, correspondendo a restos a pagar não processados. DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES São despesas fixadas, no orçamento vigente, decorrentes de compromissos assumidos em exercícios anteriores àquele em que deva ocorrer o pagamento. Não se confundem com restos a pagar, tendo em vista que sequer foram empenhadas ou, se foram, tiveram seus empenhos anulados ou cancelados. O art. 37 da Lei nº 4.320/1964 dispõe que as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica. O reconhecimento da obrigação de pagamento das despesas com exercícios anteriores cabe à autoridade competente para empenhar a despesa.

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As despesas que não se tenham processado na época própria são aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no encerramento do exercício correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cumprido sua obrigação. Os Restos a Pagar com prescrição interrompida são aqueles cancelados, mas ainda vigente o direito do credor. Os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício são aqueles cuja obrigação de pagamento foi criada em virtude de lei, mas somente reconhecido o direito do reclamante após o encerramento do exercício correspondente. SUPRIMENTOS DE FUNDOS (REGIME DE ADIANTAMENTO) O suprimento de fundos é caracterizado por ser um adiantamento de valores a um servidor para futura prestação de contas. Esse adiantamento constitui despesa orçamentária, ou seja, para conceder o recurso ao suprido é necessário percorrer os três estágios da despesa orçamentária: empenho, liquidação e pagamento. Apesar disso, não representa uma despesa pelo enfoque patrimonial, pois, no momento da concessão, não ocorre redução no patrimônio líquido. Na liquidação da despesa orçamentária, ao mesmo tempo em que ocorre o registro de um passivo, há também a incorporação de um ativo, que representa o direito de receber um bem ou serviço, objeto do gasto a ser efetuado pelo suprido, ou a devolução do numerário adiantado. Em suma, suprimento de fundos consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim de realizar despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação. Os artigos 68 e 69 da Lei nº 4.320/1964 definem e estabelecem regras gerais de observância obrigatória para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios aplicáveis ao regime de adiantamento. Segundo a Lei nº 4.320/1964, não se pode efetuar adiantamento a servidor em alcance e nem a responsável por dois adiantamentos. Por servidor em alcance, entende-se aquele que não efetuou, no prazo, a comprovação dos recursos recebidos ou que, caso tenha apresentado a prestação de contas dos recursos, a mesma tenha sido impugnada total ou parcialmente. Cada Ente da Federação deve regulamentar o seu regime de adiantamento, observando as peculiaridades de seu sistema de controle interno, de forma a garantir a correta aplicação do dinheiro público. Destacam-se algumas regras estabelecidas para esse regime: O suprimento de fundos deve ser utilizado nos seguintes casos: a) Para atender a despesas eventuais, inclusive em viagem e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento; b) Quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se classificar em regulamento; e

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c) Para atender a despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapassar limite estabelecido em ato normativo próprio. Não se concederá suprimento de fundos: a) A responsável por dois suprimentos; b) A servidor que tenha a seu cargo a guarda ou utilização do material a adquirir, salvo quando não houver na repartição outro servidor; c) A responsável por suprimento de fundos que, esgotado o prazo, não tenha prestado contas de sua aplicação; e d) A servidor declarado em alcance. FONTE/DESTINAÇÃO DE RECURSOS CONCEITO Como mecanismo integrador entre a receita e a despesa, o código de Destinação de recursos exerce um duplo papel na execução orçamentária. Para a receita orçamentária, esse código tem a finalidade de indicar a destinação de recursos para a realização de determinadas despesas orçamentárias. Para a despesa orçamentária, identifica a origem dos recursos que estão sendo utilizados. Assim, o mesmo código utilizado para controle das destinações da receita orçamentária também é utilizado na despesa, para controle das fontes financiadoras da despesa orçamentária. Ao identificar a receita orçamentária por meio de um código de destinação, garante-se a reserva desse recurso para a despesa correspondente, possibilitando o atendimento do parágrafo único do art. 8º da LRF e o art. 50, inciso I da mesma Lei:

- “Art. 8º [...] - Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica

serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.”

- “Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:

- I – a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;”

A natureza da receita orçamentária busca identificar a origem do recurso segundo seu fato gerador. Existe, ainda, a necessidade de identificar a destinação dos recursos arrecadados. Para tanto, foi instituído o mecanismo denominado Destinação de Recursos. Destinação de Recursos é o processo pelo qual os recursos públicos são correlacionados a uma aplicação, desde a previsão da receita até a efetiva utilização dos recursos. A destinação pode ser classificada em: - Destinação Vinculada – é o processo de vinculação entre a origem e a aplicação de recursos, em atendimento às finalidades específicas estabelecidas pela norma;

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- Destinação Ordinária – é o processo de alocação livre entre a origem e a aplicação de recursos, para atender a quaisquer finalidades. A criação de vinculações para as receitas deve ser pautada em mandamentos legais que regulamentam a aplicação de recursos, seja para funções essenciais, seja para entes, órgãos, entidades e fundos. Outro tipo de vinculação é aquela derivada de convênios e contratos de empréstimos e financiamentos, cujos recursos são obtidos com finalidade específica. O mecanismo utilizado para controle dessas destinações é a codificação denominada DESTINAÇÃO DE RECURSOS (DR). Ela identifica se os recursos são vinculados ou não e, no caso dos vinculados, indica a sua finalidade. MECANISMO DE UTILIZAÇÃO DAS DESTINAÇÕES DE RECURSOS A metodologia de destinação de recursos constitui instrumento que interliga todo o processo orçamentário-financeiro da União, desde a previsão da receita até a execução da despesa. Esse mecanismo possibilita a transparência no gasto público e o controle das fontes de financiamento das despesas, por motivos estratégicos e pela legislação que estabelece vinculações para as receitas. Outros entes podem fazer uso de mecanismos distintos, de modo a não existir obrigatoriedade de uso da mesma estrutura de controle da qual a União faz uso. O parágrafo único do art. 8º e o art. 50, da Lei Complementar nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelecem:

- “Art. 8º – Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

- Art. 50 – Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:

- I – a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;”

Na fixação da despesa deve-se incluir, na estrutura orçamentária, a fonte de recursos que irá financiá-la. Tratamento correspondente é dado às receitas, cuja estrutura orçamentária é determinada pela combinação entre a classificação por natureza da receita e o código indicativo da destinação de recursos. Na execução orçamentária, a codificação da destinação da receita indica a vinculação, evidenciando, a partir do ingresso, as destinações dos valores. Quando da realização da despesa, deve estar demonstrada qual a fonte de financiamento (destinação de recursos) da mesma, estabelecendo-se a interligação entre a receita e a despesa. Assim, no momento do recolhimento/recebimento dos valores, é feita a classificação por natureza de receita e destinação de recursos, sendo possível determinar

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a disponibilidade para alocação discricionária pelo gestor público, e aquela reservada para finalidades específicas, conforme vinculações estabelecidas. Portanto, o controle das disponibilidades financeiras por fonte de recursos deve ser feito desde a elaboração do orçamento até a sua execução, incluindo o ingresso, o comprometimento e a saída dos recursos orçamentários. No momento da contabilização do orçamento, deve ser registrado em contas orçamentárias o total da receita orçamentária prevista e da despesa orçamentária fixada por destinação. Na arrecadação, além do registro da receita orçamentária e do respectivo ingresso dos recursos financeiros, deverá ser lançado, em contas de controle, o valor classificado na destinação correspondente (disponibilidade a utilizar), bem como o registro da realização da receita orçamentária por destinação. Na execução orçamentária da despesa, no momento do empenho, deverá haver a baixa do crédito disponível conforme a destinação e deverá ser registrada a transferência da disponibilidade de recursos para a disponibilidade de recursos comprometida. Na saída desse recurso deverá ser adotado procedimento semelhante, com o registro de baixa do saldo da conta de destinação comprometida e lançamento na de destinação utilizada. Na execução orçamentária, a conta “disponibilidade por destinação de recursos” deverá ser creditada por ocasião da classificação da receita orçamentária e debitada pelo empenho da despesa orçamentária. O saldo representará a disponibilidade financeira para uma nova despesa. A conta “disponibilidade por destinação de recursos utilizada”, por sua vez, deverá iniciar cada exercício com seu saldo zerado. As contas de disponibilidades por destinação de recursos devem estar detalhadas por tipo de destinação, ou seja, para cada codificação de destinação criada pelo ente, haverá um detalhamento nessa conta. Com isso é possível identificar, para cada destinação, o saldo de recursos disponíveis para aplicação em despesas. Esse detalhamento pode ser feito por meio do mecanismo de contas-correntes contábeis. Nesse caso, o detalhamento das contas de disponibilidade por destinação deve ser por contas-correntes, que identificam a destinação do recurso. A vantagem da utilização desse mecanismo consiste na simplificação do plano de contas, pois, com o uso dos contas-correntes, são necessárias apenas quatro contas contábeis para controle das destinações, ficando a destinação dos recursos evidenciada nos contas-correntes. CODIFICAÇÃO UTILIZADA NA UNIÃO PARA O CONTROLE DAS DESTINAÇÕES DE RECURSOS Na União, o código de destinação é composto pela junção do Identificador de Uso – IDUSO, com a classificação por fonte (grupo e especificação das destinações de recursos), acrescentando-se, ainda, o detalhamento das destinações de recursos, formando a seguinte chave:

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1º dígito: IDUSO – IDENTIFICADOR DE USO 2º dígito: GRUPO DE DESTINAÇÃO DE RECURSOS 3º e 4º dígitos: ESPECIFICAÇÃO DAS DESTINAÇÕES DE RECURSOS 5º ao “nº” dígitos: DETALHAMENTO DAS DESTINAÇÕES DE RECURSOS

1. Identificador de Uso (IDUSO) Código utilizado para indicar se os recursos se destinam à contrapartida nacional e, nesse caso, indicar a que tipo de operações – empréstimos, doações ou outras aplicações, podendo ser:

IDUSO 0 Recursos não destinados à contrapartida;

1 Contrapartida – Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento – BIRD;

2 Contrapartida – Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID; 3 Contrapartida de empréstimos com enfoque setorial amplo 4 Contrapartida de outros empréstimos 5 Contrapartida de doações

2. Grupo de Destinação de Recursos Divide os recursos em originários do Tesouro ou de Outras Fontes e fornece a indicação sobre o exercício em que foram arrecadadas, se corrente ou anterior. Os chamados “Recursos do Tesouro” são aqueles geridos de forma centralizada pelo Poder Executivo, que detém a responsabilidade e controle sobre as disponibilidades financeiras. Essa gestão centralizada se dá, normalmente, por meio do Órgão Central de Programação Financeira, que administra o fluxo de caixa, fazendo liberações aos órgãos e entidades, de acordo com a programação financeira e com base nas disponibilidades e nos objetivos estratégicos do governo. Por sua vez, os “Recursos de Outras Fontes” são aqueles arrecadados e controlados de forma descentralizada e cuja disponibilidade está sob responsabilidade desses órgãos e entidades, mesmo nos casos em que dependam de autorização do Órgão Central de Programação Financeira para dispor desses valores. De forma geral esses recursos têm origem no esforço próprio das entidades, seja pelo fornecimento de bens, prestação de serviços ou exploração econômica do patrimônio próprio. Nessa classificação, também são segregados os recursos arrecadados no exercício corrente daqueles de exercícios anteriores, informação importante visto que os recursos vinculados deverão ser aplicados no objeto para o qual foram reservados, ainda que em exercício subsequente ao ingresso, conforme disposto no parágrafo único do art. 8º da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ressalta-se que os códigos 3 e 6 deverão ser utilizados para registro do superávit financeiro do exercício anterior que servirá de base para abertura de créditos adicionais, respeitando as especificações das destinações de recursos.

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Nessa tabela existe ainda um código especial destinado aos Recursos Condicionados, que são aqueles incluídos na previsão da receita orçamentária, mas que dependem da aprovação de alterações na legislação para integralização dos recursos. Quando confirmadas tais proposições, os recursos são remanejados para as destinações adequadas e definitivas. Dessa forma, o grupo de destinação de recursos pode ser:

GRUPO DE DESTINAÇÃO DE RECURSOS 1 Recursos do Tesouro – Exercício Corrente 2 Recursos de Outras Fontes – Exercício Corrente 3 Recursos do Tesouro – Exercícios Anteriores 6 Recursos de Outras Fontes – Exercícios Anteriores 9 Recursos Condicionados

3. Especificação das Destinações de Recursos É o código que individualiza cada destinação. Possui a parte mais significativa da classificação, sendo complementado pela informação do Iduso e Grupo de Destinação ou de Fonte. Sua apresentação segrega as destinações em dois grupos: destinações primárias e não primárias. As destinações primárias são aquelas não financeiras. As destinações não primárias, também chamadas financeiras, são representadas de forma geral por operações de crédito, amortizações de empréstimos e alienação de ativos. A tabela de especificações das fontes de recursos deve ser criada em razão das particularidades de cada Ente da Federação e adaptada de acordo com as necessidades informativas ou de inovações na legislação. Na elaboração dessas especificações, deve-se observar o seguinte: Os códigos podem ser utilizados tanto para destinação primária quanto para não primária, devendo-se atentar, no momento da criação, para a classificação no agrupamento adequado; Os códigos não podem se repetir nas destinações primária e não primária; Deve-se utilizar título que indique com clareza sua finalidade; Desta maneira, a especificação da destinação de recursos pode ser:

I – PRIMÁRIAS

ESPECIFICAÇÃO DAS DESTINAÇÕES DE RECURSOS

00 Recursos Ordinários

XX A ser especificado pelo Ente

II – NÃO-PRIMÁRIAS

ESPECIFICAÇÃO DAS DESTINAÇÕES DE RECURSOS

XX A ser especificado pelo Ente

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4. Detalhamento das Destinações de Recursos É o maior nível de particularização da destinação de recursos, não utilizado na elaboração do orçamento e de uso facultativo na execução orçamentária. Nele a destinação pode ser detalhada, a título de exemplo, por obrigação, convênio ou cadastro, sendo este último um código genérico para diversas situações. Sempre que não se utilizar a destinação detalhada, deverão ser preenchidos com zero os ”n” últimos dígitos referentes ao detalhamento, exceto na elaboração da proposta orçamentária, em que são utilizados apenas 4 dígitos para indicar a destinação de recursos. Cada ente poderá adotar um detalhamento da destinação de recursos a seu próprio critério. 5. Exemplificação do Mecanismo de Destinação de Recursos Na elaboração da Lei Orçamentária, é prevista uma certa arrecadação de receita tributária-IPI, advinda do fumo. Esta receita, quando arrecadada, é então destinada segundo certas vinculações (FPE, FPM, MDE,...) e o restante é disponibilizado para recursos ordinários (recursos livres – fonte 0100), para ser aplicado em despesas diversas.

Recebimento Destinação Gasto

Natureza da

Receita

1113.01.01 –IPI

Produtos do

Fumo

CÓDIGO 0100 38,32 %

CÓDIGO 0101 (FPE,FND,etc) 57 % Natureza da

Despesa

333.30.81.XX/3

333.40.81.XX Código 0112 MDE – IPI 4,66%

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Numa visão esquemática fica:

O controle contábil das disponibilidades por destinação possibilita a correta aplicação do art. 8º, parágrafo único, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). DEDUÇÕES DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA O critério utilizado para registro da receita orçamentária é o do ingresso de disponibilidades. Se a receita arrecadada possuir parcelas a serem destinadas a outros entes, a transferência deverá ser registrada como dedução de receita ou como despesa orçamentária, de acordo com a legislação em vigor. Se houver parcelas a serem restituídas, em regra, esses fatos não devem ser tratados como despesa, mas como dedução de receita, pois correspondem a recursos arrecadados que não pertencem e não são aplicáveis em programas e ações governamentais sob a responsabilidade do ente arrecadador, não necessitando, portanto, de autorização orçamentária para a sua execução. Na contabilidade é aplicada a conta redutora de receita para evidenciar o fluxo de recursos da receita bruta até a líquida, em função de suas operações econômicas e sociais. No âmbito da administração pública, a dedução de receita é utilizada nas seguintes situações, entre outras:

• restituição de tributos recebidos a maior ou indevidamente; • recursos que o ente tenha a competência de arrecadar, mas que pertencem a outro

ente, de acordo com a lei vigente (neste caso, a contabilização também pode ser como despesa);

ORIGEM DE RECURSOS (RECEITA)

DESTINAÇÃO DE RECURSOS

APLICAÇÃO DE RECURSOS

(DESPESA)

Classificação Orçamentária

Classificação Orçamentária

Classificação Orçamentária

Natureza da Receita

Código da Destinação

Natureza da Despesa

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A operacionalização das deduções das receitas no âmbito do Plano de Contas da União pode ser feita das seguintes formas:

a) Criar uma nova classe de conta contábil, iniciada pelo dígito 9, para abrigar as deduções de receitas. Os demais dígitos desta classe seriam formados pela natureza de receita original. Essa nova classe deve estar no mesmo nível das classes do ativo, passivo, etc. Exemplos:

• Conta de dedução da receita de ICMS: • Natureza de receita original: 1113.02.00 – ICMS; • Conta representativa da dedução dessa receita: 91113.02.00. • Natureza de receita original: 7210.29.01 – Contribuição Patronal - Ativo Civil; • Conta representativa da dedução dessa receita: 97210.29.01. 133

Esse mecanismo permite que sejam criadas contas de dedução de receitas correntes, de capital, intra-orçamentárias correntes e intra-orçamentárias de capital. b) Utilizar o mecanismo de conta-corrente contábil, que permite o tratamento de informações mais detalhadas. Segundo esse mecanismo, para cada conta contábil se faz necessário um detalhamento diferente, dependendo da sua natureza. Muitas vezes, porém, pode não ser interessante ou útil o detalhamento da conta contábil em conta-corrente. O uso dos contas-correntes confere dinamismo, flexibilidade e riqueza de informações gerenciais à contabilidade aplicada ao setor público e é uma ferramenta muito utilizada na contabilidade da Administração Pública Federal. Por exemplo, tomando-se uma conta “fornecedores”, que se destina a registrar os valores a pagar aos fornecedores de bens e serviços, é interessante o detalhamento da conta segundo o CNPJ ou CPF de cada fornecedor. Os entes que possuem sistemas contábeis adaptados a esse mecanismo poderão utilizá-lo para divulgação das informações relativas às deduções, criando dentro da classe de receitas orçamentárias, um grupo de dígito “9”, com contas de características peculiares e utilizando a natureza da receita como conta-corrente, por exemplo:

• 40000.00.00 – Receita • 49000.00.00 – Deduções da Receita • 49100.00.00 – Renúncia • 49200.00.00 – Restituições • 49300.00.00 – Descontos Concedidos • 49500.00.00 – FUNDEB • 49600.00.00 – Compensações • 49900.00.00 – Outras Deduções

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Ao consultar o razão da conta 49200.00.00, por exemplo, o saldo estará detalhado de acordo com o conta-corrente, no caso, natureza de receita, da seguinte forma:

Restituições R$ 1.000,00

Imposto sobre Importação R$ 200,00 Imposto Territorial Rural R$ 100,00 IRPF R$ 700,00

c) Substituir o dígito da categoria econômica da Natureza da Receita a ser deduzida pelo dígito “9”, desde que não ocasione coincidência de códigos de dedução de receitas correntes com o de código de dedução de receitas de capital. Caso não seja possível a adaptação, pelo ente, do seu plano de contas de forma a utilizar uma das metodologias sugeridas acima e enquanto não for implantado o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público, o ente deverá, observando as peculiaridades do seu plano de contas, implantar sistemática específica de dedução de forma a demonstrar com transparência as deduções de receitas efetivas. RENÚNCIA DE RECEITA Um exemplo típico da renúncia de receita corresponde à diminuição de alíquota do Imposto Predial Territorial Urbano, IPTU. Como exemplo, supondo que um município, ao diminuir a alíquota do IPTU, causou redução de 20% na sua receita arrecadada. Nessa situação, poderá optar por uma das formas de registro abaixo: Registro, no município, da renúncia de receita no momento da arrecadação. Valor arrecadado: R$ 800,00. Título da Conta Subsistema de Contas Valor

D Banco Conta Movimento Financeiro R$ 800,00 D Dedução de IPTU* R$ 200,00 C Receita Orçamentária Corrente R$ 1.000,00

LANÇAMENTOS CONTÁBEIS - DESPESA 1) Apropriação da despesa antes da liquidação – No registro da provisão para 13º salário, situação em que se apropriam, mensalmente, os direitos do trabalhador em função do mês trabalhado, e o empenho, liquidação e pagamento ocorrem no mês de dezembro. 2) Apropriação da despesa simultaneamente à liquidação – No fornecimento de prestação de serviço de limpeza e conservação; 3) Apropriação da despesa após a liquidação – Na aquisição de material de consumo que será estocado em almoxarifado para uso em momento posterior, no qual será reconhecida a despesa;

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SUPRIMENTO DE FUNDOS (REGIME DE ADIANTAMENTO) O suprimento de fundos é caracterizado por ser um adiantamento de valores a um servidor para futura prestação de contas. Esse adiantamento constitui despesa orçamentária, ou seja, para conceder o recurso ao suprido é necessário percorrer os três estágios da despesa orçamentária: empenho, liquidação e pagamento. Apesar disso, não representa uma despesa pelo enfoque patrimonial, pois no momento da concessão não ocorre redução no patrimônio líquido. Na liquidação da despesa orçamentária, ao mesmo tempo em que ocorre o registro de um passivo, há também a incorporação de um ativo, que representa o direito de receber um bem ou serviço, objeto do gasto a ser efetuado pelo suprido, ou a devolução do numerário adiantado.

CLASSIFICAÇÃO E CONCEITOS DAS DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS

- CONCEITOS DE DESPESA PÚBLICA

- Segundo Alberto Deodato39, "O gasto da riqueza pública autorizado pelo poder competente, com o fim de ocorrer a uma necessidade pública”.

- CARACTERÍSTICAS DA DESPESA PÚBLICA

- Monetariedade. - Realização pelo Estado. - Destinação: necessidades públicas.

- CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS ADOTADAS NOS ORÇAMENTOS PÚBLICOS BRASILEIROS

A matéria a seguir foi transcrita, parcialmente, do Manual Técnico de Orçamento, da Secretaria de Orçamento Federal, que contem as instruções para elaboração da proposta orçamentária da União para 2005··.

Resumidamente, temos as seguintes associações:

Estrutura Programática – responde à indagação “para que” (finalidade) os recursos são alocados?

Classificação Institucional – responde à indagação “quem” é o responsável pela programação?

Natureza da Despesa – a despesa por natureza responde à indagação “o que” será adquirido e “qual” o efeito econômico da realização da despesa?

Classificação Funcional – responde à indagação “em que área” de ação governamental a despesa será realizada?

39 - DEODATO, Alberto.ob. cit. p. 32.

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“As classificações orçamentárias permitem a visualização da despesa sob diferentes enfoques ou abordagens, conforme o ângulo que se pretende analisar. Cada uma delas possui uma função ou finalidade específica e um objetivo original que justificam sua criação e pode ser associada a uma questão básica que procura responder.”40

“A aplicação adequada da estrutura programática e das classificações orçamentárias tem como resultado a configuração de um orçamento onde estariam evidenciados separadamente:

?? o que será implementado;

?? para que;

?? qual o produto (finalidade, resultados esperados, serviços e bens a serem obtidos);

?? quem na administração (federal, estadual ou municipal) é responsável pela programação;

?? quais os insumos utilizados ou adquiridos na implementação;

?? em que área de ação governamental a despesa será realizada.” 41

- CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL DA DESPESA

“A classificação institucional reflete a estrutura organizacional e administrativa governamental e está estruturada em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. As dotações orçamentárias, especificadas por categoria de programação em seu menor nível são consignadas às unidades orçamentárias, que são as estruturas administrativas responsáveis pelos recursos financeiros (dotações) e pela realização das ações.” 42

A classificação institucional acompanha a estrutura administrativa da esfera de governo para a qual o orçamento é elaborado.

O primeiro desdobramento institucional foi previsto na Constituição, quando esta estabeleceu como independentes e harmônicos entre si os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

A descentralização administrativa, porém, exigiu maior desdobramento dos três Poderes e, consequentemente, do orçamento.

Independentemente do nível de governo (federal, estadual ou municipal) a classificação institucional desdobra-se por Órgãos e Unidades Orçamentárias.

40 - BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Manual

Técnico de Orçamento MTO-02, ob. cit pág. 28 41 - BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Manual

Técnico de Orçamento MTO-02, ob. cit pág. 28 42 - BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Manual

Técnico de Orçamento MTO-02, ob. cit pág. 29

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Segundo o artigo 14 da Lei n.º 4.320/64, constitui Unidade Orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo Órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias.

A classificação institucional dá ênfase na responsabilidade pelo gasto e responde às seguintes interrogações: que órgão pode gastar? e quanto?

Aquisição de Imóveis

Observe que a despesa com a aquisição de imóveis pode ser classificada ou como Investimentos ou como Inversões Financeiras. Classificar-se-á como Investimentos somente quando a aquisição do imóvel for necessária à realização de obras e, como Inversões Financeiras, nos demais casos.

Será classificada como Investimentos, por exemplo, a despesa com a aquisição de um terreno para a construção de uma estrada, de uma praça, de um prédio. Como é imprescindível que haja um imóvel (terreno) para a construção de estrada, de praça e de prédio, as despesas com a aquisição deste tipo de imóvel passa a integrar o investimento estrada, praça e prédio.

Será classificado como Inversões Financeiras, por exemplo, a despesa com a aquisição de um prédio (novo ou não), pronto para uso; a aquisição de imóvel para preservação ecológica; a aquisição de terras para fins de reforma agrária.

Com relação às desapropriações de imóveis urbanos, a Constituição Federal diz em seu art. 182, § 3°, que estas serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. Por sua vez, o art. 46 da Lei de Responsabilidade Fiscal diz que é nulo de pleno direito o ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3º do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da indenização.

- CLASSIFICAÇÃO PROGRAMÁTICA DA DESPESA

PROGRAMA Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a

realização dos objetivos estratégicos definidos para o período do Plano Plurianual – PPA, que é de 4 anos. O programa é o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento. Em termos de estruturação, o plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o que confere a esses instrumentos uma integração desde a origem. O programa, como único módulo integrador e os projetos e as atividades, como instrumento de realização dos programas. 43

Cada programa contém objetivo, indicador que quantifica a situação que o programa tenha por fim modificar e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir o objetivo. A partir do programa são identificadas as ações sob a forma de atividades, projetos ou operações especiais, especificando os respectivos valores e metas e as unidades orçamentárias responsáveis pela realização da ação. A cada projeto ou atividade

43 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 8.

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só poderá estar associado um produto, que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta. 44

Programa Finalístico – programa do qual resultam bens ou serviços ofertados diretamente à sociedade. 45

Programa de Serviços ao Estado – programa do qual resultam bens ou serviços ofertados diretamente ao Estado, por instituições criadas para este fim específico. 46

Programa de Gestão de Políticas Públicas – programa destinado ao planejamento e à formulação de políticas setoriais, à coordenação, avaliação e controle dos demais programas sob a responsabilidade de determinado órgão. Haverá um programa de gestão de políticas públicas em cada órgão. 47

Programa de Apoio Administrativo – programa que contempla as despesas de natureza tipicamente administrativa, as quais, embora contribuam para a consecução dos objetivos dos outros programas, neles não foram passíveis de apropriação. 48

Ação

Os programas são compostos de atividades, projetos e operações especiais. As operações especiais poderão fazer parte dos programas quando entendido que efetivamente contribuem para a consecução de seus objetivos. O enquadramento de uma ação em um dos três itens depende do efeito gerado pela sua implementação. 49

Atividades e Projetos

Os projetos e as atividades são os instrumentos orçamentários de viabilização dos programas, aos quais está associada a idéia de produto (bens ou serviços). O orçamento por programas pressupõe um ciclo produtivo bem definido que está sendo objeto de orçamentação. Assim, tanto atividade quanto projeto, conceitualmente, envolvem um conjunto de operações que têm como resultado um produto. 50

PROJETO Instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa,

envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou aperfeiçoamento da ação do Governo. 51

44 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 8. 45 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 8. 46 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 8. 47 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 8. 48 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 8. 49 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 8. 50 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 8 e 9. 51 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 9.

Page 159: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

158

ATIVIDADE

É o instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço necessário à manutenção da ação de Governo. 52

- CARACTERÍSTICAS DAS ATIVIDADES E PROJETOS ORÇAMENTÁRIOS

ATIVIDADES PROJETOS - Continuidade das iniciativas no tempo;

- Utilização de recursos

preponderantemente classificados entre as Despesas Correntes.

- Delimitação no tempo; - Utilização de recursos preponderantemente enquadrados entre as Despesas de Capital;

- Expansão ou aperfeiçoamento

OPERAÇÃO ESPECIAL

São despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das ações de Governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta em bens ou serviços. Porém um grupo importante de ações com natureza de operações especiais, quando associadas a programas finalísticos, podem apresentar uma medição correspondente a volume ou carga de trabalho. 53

A ausência de produto, no caso das operações especiais, deve ser caracterizada em relação ao ciclo produtivo objeto de orçamentação. Particularizando o orçamento da União, identifica-se uma operação especial quando o seu gestor (ou gestores) não combina fator de produção nem se responsabiliza pela geração do produto, que se materializa em um outro ciclo orçamentário (Estado, Município, por exemplo) 54.

São despesas passíveis de enquadramento como operação especial: amortização e encargos, aquisição de títulos, pagamento de sentenças judiciais, transferências a qualquer título (não confundir com descentralização), fundos de participação, operações de financiamento (concessão de empréstimos), ressarcimentos, indenizações, pagamento de inativos, participações acionárias, contribuição a organismos nacionais e internacionais, compensações financeiras. 55

52 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 9. 53 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 10. 54 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 10. 55 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 10.

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159

- ESTRUTURA PROGRAMÁTICA

A definição da proposta orçamentária (...) deve ser compreendida como a culminação de um conjunto articulado de ações realizadas pelos agentes do Sistema Orçamentário (...), cujo objetivo final é responder, de maneira clara e objetiva, às perguntas clássicas que caracterizam o ato de orçar, conforme demonstrado na figura abaixo. 56

56 - Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal Manual

Técnico de Orçamento MTO-02. pág. 10 e 11.

CADASTRO

PROGRAMAS

CADASTRO DE AÇÕES

PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA

• Para que é feito (Objetivo)

• Por que é feito (Problema a resolver)

• Para quem é feito (Público alvo)

• Quais medidas (Indicadores)

• O que é feito (Descrição)

• Para que é feito (Finalidade)

• Como é feito (Forma de Implementação)

• Quais as fases (Projetos)

• Para quem é feito (Público alvo/beneficiado/

clientela)

• Qual o resultado (Produto)

• Quem faz (Responsabilidade Institucional)

• Onde é feito (Localização de Gasto)

O Que Fazer

Onde Fazer (Localização)

• Quanto se pretende desenvolver (Meta –

quantificação física dos produtos das ações)

• Quanto custa (Dispêndio financeiro)

• Quem financia (Fonte de recursos)

• Qual o efeito econômico da realização da despesa (Categoria econômica)

• Quais insumos se pretende utilizar ou adquirir

(Natureza da despesa)

• Em que área de ação governamental a despesa será realizada (Função e subfunção)

• Qual o grau de importância (Priorização)

• Por quê fazer (Fundamentação)

Quanto Fazer Quanto Custa

(Financeiro)

Como Fazer (Ações)

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160

EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA - OPERAÇÕES BÁSICAS DA EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA

As operações mais marcantes da etapa da execução do orçamento-programa, quanto às despesas, são as seguintes:

- programação da despesa; - operações relativas à execução da despesa, empenho, liquidação, pagamento,

etc.

- PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA

- O PRINCÍPIO DA FLEXIBILIDADE NA EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA

Ajustar-se, no essencial, às determinações do programa do órgão, aprovado pelo Poder Legislativo ou pela autoridade a quem a Constituição ou as leis tenham delegado competência.57.

- O PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE DOS SERVIÇOS NA EXECUÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA

Tem por objetivo promover a execução dos programas governamentais na área de competência do Ministro do Estado e acompanhar os custos globais dos programas setoriais do governo, a fim de alcançar uma prestação econômica dos serviços.58.

CONCEITO LEGAL DE EMPENHO DA DESPESA

"O empenho da despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigações de pagamento pendente ou não de implemento de condição." (Lei Federal n.º 4.320/64, art.58 ).

ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO EMPENHO DA DESPESA

Equivale a um contrato bilateral, pelo qual o Estado se compromete a pagar e a outra parte a prestar o(s) serviço(s) ou fornecer o(s) material(ais).

É um ato jurídico, pois cria um compromisso. Na fase do empenho, o compromisso geralmente é condicional. Em raros casos, tais como sentença judicial, concessão de pensão, o compromisso é definitivo.

É uma operação contábil. O valor deve ser deduzido da dotação orçamentária. É uma reserva de crédito. Visa a evitar a realização de despesas sem cobertura. (art.59, da Lei n.º 4320/64).

É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar. É permitido o empenho

57 - GOVERNO DE MINAS GERAIS. Orçamento por Programas, Manual de Elaboração,p.61. in:

SILVA, José Afonso. Orçamento Programa no Brasil. p.310. 58 - SILVA, José Afonso. ob.cit.p.312.

Page 162: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

161

global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento(art.60 e §§ 1º e 2º, da Lei n.º 4320/64 ).

Deve haver empenho prévio inclusive no regime de adiantamento, que consiste na entrega de numerário a servidor para o fim de realizar despesas, expressamente definidas em lei, que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação (Lei n.º 4.320/64, art.68).

O empenho se materializa pela emissão de um documento denominado Nota de Empenho, que indicará o nome do credor, a especificação e a importância da despesa, bem como a dedução desta do saldo da dotação própria. (art.61, da Lei n.º 4.320/64 ).

- ADIANTAMENTO OU SUPRIMENTO DE FUNDOS

Segundo o Glossário de Termos Orçamentários e Afins, da ABOP59, o suprimento de fundos é conceituado como: “instrumento de execução ao qual pode recorrer o ordenador de despesas para, através de servidor subordinado, realizar despesas que, a critério da administração e consideradas as limitações previstas em lei, não possam ou não devam ser realizadas por via bancária.” 60

O adiantamento destina-se ao pagamento de despesas que não possam subordinar-se à tramitação normal.

Na tramitação normal o pagamento da despesa deve ser efetuado por estabelecimentos bancários credenciados, como dispões o Decreto-lei n.º 200/67.

Dispositivos da Lei Federal n.º 4.320/64 sobre adiantamento ou suprimento de fundos

“Art. 65 - O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituídas, por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento.”

“Art. 68 - O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim de realizar despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.”

“Art. 69 - Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a responsável por dois adiantamentos.”

Dispositivos do Decreto-lei n.º 200/67 sobre adiantamento ou suprimento de fundos

“Art. 74 - Na realização da receita e da despesa pública será utilizada a via bancária de acordo com as normas estabelecidas em regulamento.”

“§3º - Em casos excepcionais, quando houver despesa não atendível pela via bancária, as autoridades ordenadoras poderão autorizar suprimentos de fundos, de preferência a agentes afiançados, fazendo-se os lançamentos contábeis necessários e fixando-se prazo para comprovação dos gastos.”

59 ABOP – Associação Brasileira de Orçamento Público. Glossário de Termos Orçamentários e Afins.

Edição Especial – Revista ABOP nº 33 – 3º quadrimestre de 1992. Brasília – DF. 60 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORÇAMENTO PÚBLICO, Revista ABOP, 3º Quadrimestre 1992,

n. 33, p. 47, Brasília, DF.1992.

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162

Com relação aos detentores de suprimentos de fundos o Decreto-Lei n.º 200/67, em seu artigo 83, diz o seguinte:

“Art. 83 - Cabe aos detentores de suprimentos de fundos fornecer indicação precisa dos saldos em seu poder em 31 de dezembro, para efeito de contabilização e reinscrição da respectiva responsabilidade pela sua aplicação em data posterior.”

“Parágrafo único - A importância aplicada até 31 de dezembro será comprovada até 15 de janeiro seguinte.”

CONCEITO LEGAL DE LIQUIDAÇÃO DA DESPESA

" A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito". (Art.63, da Lei n.º 4.320/64 ).

CARACTERÍSTICAS DE LIQUIDAÇÃO DA DESPESA

"Essa verificação tem por fim apurar:

I - a origem e o objeto do que se deve pagar; II - a importância e o objeto do que se deve pagar; III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a

obrigação."(1º,art.63, da Lei n.º 4.320/64).

"A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base:

I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II - a nota de empenho;

III - os comprovantes da entrega do material ou da prestação efetiva dos serviços. "§2º,art.63, da Lei n.º 4.320/64)

ESTÁGIO DO PAGAMENTO DA DESPESA

"Ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, de-terminando que a despesa seja paga" (art. 64, da Lei n.º 4.320/64).

"A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelos serviços de contabilidade." (Parágrafo único, art.64, da Lei n.º 4.320/64).

- "O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após regular liquidação. "(art.62, da Lei n.º 4.320/64 ).

- "O pagamento, obedecidas as normas que regem a execução orçamentária, se fará mediante ordem bancária ou cheque nominativo contabilizado pelo órgão competente, e obrigatoriamente assinado pelo ordenador da despesa e pelo encarregado do setor financeiro ". (art.74, do Decreto-Lei n.º 200 ).

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163

PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA DE DESEMBOLSO

CONCEITO DE PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA DE DESEMBOLSO

Consiste no estabelecimento de quotas trimestrais (geralmente) que serão utilizadas pelas unidades executoras dos programas orçamentários, atendendo-se às prioridade de serviços e obra.

OBJETIVOS DA PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA DE DESEMBOLSO

"a) - assegurar a entrega automática às unidades orçamentárias, em tempo hábil e dentro dos limites previamente estabelecidos, de soma dos recursos financeiros e suficientes à execução de seus programas;"(art.48,"a", da Lei n.º 4.320/64).

"b) - manter, durante o exercício, na medida do possível, o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a evitar eventuais insuficiências de tesouraria".(art.48,"b", da Lei n.º 4.320/64).

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RESUMO DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS CRÉDITOS ADICIONAIS

(SEGUNDO A CONSTITUIÇÃO FEDERAL A CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E A LEI FEDERAL N.º 4.320/64)

CLASSIFICAÇÃO1 CONCEITO FORMA PROCESSUAL VIGÊNCIA RECURSOS

Suplementares

Destinados ao reforço de dotações orçamentárias

Autorizados por Lei e abertos por Decreto

Restritos ao exercício finan-ceiro em que forem abertos.

1 - Superávit financeiro apurado em Balanço Patrimonial do Exercício Anterior.

2 - Arrecadação a maior do exercício, da qual deduzir-se-á o valor dos créditos extraordinários abertos no exercício.

3 - Anulação ou redução de dotação orçamentária ou de Crédito Adicional em vigor.

Especiais

Destinados a despesas não previstas no orça-mento.

do Poder Executivo Restritos ao exercício finan-ceiro em que forem abertos, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses da- quele exercí-cio, hipótese em que poderão

4 - Operações de Crédito juridicamente realizáveis. 5 - Decorrentes de veto, emenda ou rejeição do

projeto de lei orçamentária anual.

Extraordinários

Destinados a despesas im-previsíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pú-blica.

- Na União: Abertos por Medida Provisória e convertidos em lei no prazo de sessenta dias.

- Nos Estados e Municípios: Abertos por Decreto do Poder Executivo, que deles dará imediato conhe-cimento ao Poder Legislativo.

em que poderão ser reabertos nos limites de seus saldos e incorporados ao orçamento subseqüente.

- União: Tanto a abertura quanto a reabertura não necessitam da indicação de recursos.

- Estado do RS: a abertura prescinde da indicação de recursos, mas na reabertura é exigida a indicação de recursos do orçamento subseqüente ao da abertura, tanto para os créditos especiais quanto para os extraordinários.

1- Créditos Adicionais: São autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na lei de orçamento.

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165

EXERCÍCIO FINANCEIRO CONCEITO DE EXERCÍCIO FINANCEIRO

- "Entende-se por Exercício Financeiro o conjunto de operações efetuadas durante um período administrativo."61

DISPOSITIVOS DA LEI FEDERAL N.º 4.320/64 SOBRE EXERCÍCIO FINANCEIRO

"Art. 34 - O exercício financeiro coincidirá com o ano civil."

"Art. 35 - Pertencem ao exercício:

I - as receitas nele arrecadadas; II - as despesas nele legalmente empenhadas."

"Art. 36 - Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas".

"Art. 37 - As despesas de exercícios encerrados para as quais o orçamento consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida, e os compromissos após o encerramento do exercício correspondente, poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica".

"Art. 38 - Reverte à dotação a importância de despesa anulada no exercício; quando a anulação ocorrer após o encerramento deste, considerar-se-á receita do ano em que se efetivar".

"Art. 39 - Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias".

61 - NASCIMENTO, José Olavo.ob.cit. p.77

Page 167: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

166

CRÉDITO PÚBLICO CONCEITO DE CRÉDITO PÚBLICO

Segundo Luiz Emydio F. da Rosa Jr., crédito público, “faculdade que tem o Estado de, com base na confiança que inspira e nas vantagens que oferece, obter, mediante empréstimo, recursos de quem deles dispõe, assumindo, em contrapartida, a obrigação de restituí-los nos prazo e condições fixadas.”62

Os empréstimos são simples entradas de caixa, porque não criam novos valores positivos para o patrimônio público.

O Estado recorre ao crédito público para conseguir a parte de seus gastos que seus recursos ordinários não podem, de momento, cobrir.

Preferir o empréstimo ao imposto é, na realidade, preferir um imposto futuro a um atual, ou seja, fazer recair uma carga sobre a futura geração e não sobre a presente.

CLASSIFICAÇÃO DO CRÉDITO PÚBLICO

CLASSIFICAÇÃO DO CRÉDITO PÚBLICO QUANTO À ORIGEM interno, quando contratado com credores situados no País, ou seja, em seu

próprio território; externo, quando contratado com países, organismos internacionais ou

instituições financeiras estrangeiras não pertencentes ao Sistema Financeiro Nacional.

CLASSIFICAÇÃO DO CRÉDITO PÚBLICO QUANTO À NATUREZA JURÍDICA

compulsórios e voluntários. flutuante e fundada. perpétua e amortizável.

62 - ROSA Junior, Luiz Emydio F. da. Manual de direito financeiro e direito tributário - 18ª ed. Revista e

atualizada / Luiz Emygdio F. da Rosa Junior. - Rio de Janeiro: Renovar, 2005. 1190p.; 23 cm

Page 168: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

167

OPERAÇÕES DE CRÉDITO

CONCEITOS SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, SEGUNDO A LEI FEDERAL N.º 4.320/64

Longo Prazo: Sempre superior a doze meses, gera a Dívida

Quanto à finalidade

Quanto à repercussão no orçamento

Cobrir déficit orçamentário

Financiamento de obras e serviços públicos

Receita

Cobrir insuficiências de caixa

Orçamentária

Parte mais expressiva do serviço da dívida pública

Principal, inclusive correção monetária

Curto Prazo: via de regra inferior a doze meses, gera a Dívida Flutuante = Operações de Crédito por Antecipação de Receitas

Despesa

Quanto à repercussão no orçamento

Receita

Despesa

Quanto à finalidade

Extra-orçamentária

Principal

Encargos, inclusive correção monetária

Encargos

Orçamen- tária

Orçamen-tária

Extra-orçamentária

Quanto à origem

Internas

Externas

Credores situados no País

Contratada com países, organismos internacionais ou instituições estrangeiras internacionais

Page 169: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

168

DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO

A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei (art. 165, §8º).

É vedada a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta (art.167,III). (Regra de ouro)

Compete privativamente ao Senado Federal: fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante

da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 52, VI).

estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 52, IX)

LIMITES DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO, SEGUNDO A RESOLUÇÃO N.º 43/01, DO SENADO FEDERAL

TIPO DE OPERAÇÃO DE CRÉDITO

LIMITE OBSERVAÇÕES

OPERAÇÕES DE

CRÉDITO DE

Valor total de contratação no

exercício

Não pode exceder o montante das

despesas de capital

LONGO E CURTO

PRAZOS Excepcionadas do

limite

Autorizações mediante créditos suplementares e

créditos especiais com finalidade

precisa

Estas autorizações devem ser aprovadas

pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.

OPERAÇÕES DE

CRÉDITO

INTERNAS E EXTERNAS DE

LONGO PRAZO

Montante global em um exercício

Até 16% da Receita Corrente

Líquida

Receita Corrente Líquida = Somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes.

Comprometimento anual com

amortizações, juros e demais encargos

da dívida consolidada

Até 11,5% da Receita Corrente

Líquida

Montante da dívida consolidada

Estados e DF: 2 x RCL

Adaptação em até 15 anos a contar de 2001.

GARANTIAS Saldo global 22% da Receita

Corrente Líquida. Excepcionalmente, pode

chegar a 32% ANTECIPAÇÃO

RECEITA Saldo devedor

7% da Receita Corrente Líquida

Page 170: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

169

DÍVIDA PÚBLICA CONCEITO DE DÍVIDA PÚBLICA

Segundo Veiga Filho:63

É todo e qualquer compromisso pecuniário contraído pelo Estado sob promessa de reembolso. Os compromissos do Estado podem ser contraídos, quer diretamente (por meio de operações de crédito), quer indiretamente (por meio de responsabilidades assumidas em virtude de déficits orçamentários e outras causas)

CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A RESOLUÇÃO SF Nº 43/01 Dívida pública consolidada

Dívida pública consolidada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras, inclusive as decorrentes de emissão de títulos, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito para amortização em prazo superior a 12 (doze) meses (art. 2º, III).

Dívida consolidada líquida

Compreende a dívida consolidada deduzidas as disponibilidades de caixa, as aplicações financeiras e os demais haveres financeiros (art. 2º, V).

Dívida pública mobiliária

Compreende a dívida pública representada por títulos emitidos pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios (art. 2º, IV).

DÍVIDA FLUTUANTE

CONCEITO: Dispõe o artigo 92, da Lei Federal n.º 4.320/64:

"Art. 92 - A dívida flutuante compreende:

I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida; II - os serviços da dívida a pagar; III - os depósitos; IV - os débitos de tesouraria.

Restos a Pagar são despesas empenhadas mas não pagas até 31/12, compreendem as contas a pagar, as folhas a pagar, vencimentos a pagar, etc.

Os Serviços da Dívida compreendem as amortizações e juros de empréstimos de lançamentos vencidos e que se encontram à disposição dos respectivos titulares.

Os Depósitos são constituídos por cauções, retenções, depósitos de consignatários, depósitos de autarquias, etc.

63 - VEIGA FILHO, João Pedro da. Manual da Sciencia das Finanças - Terceira Edição São Paulo Secção

de Obras D’O Estado 1917, 415 pág. (na pág. 251 e nota de rodapé)

Page 171: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

170

Os Débitos de Tesouraria compreendem os Empréstimos por Antecipação de Receitas e as Letras do Tesouro, de curto prazo, em circulação.

RESGATE DA DÍVIDA FLUTUANTE Não dependem de dotação orçamentária.

PRAZOS DA DÍVIDA FLUTUANTE Menos de doze meses.

A DÍVIDA FLUTUANTE E A AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA As operações de crédito por antecipação de receitas podem ser autorizadas pelo

Legislativo, conforme prevê o art. 7º da Lei 4.320/64 e o §8º. art.165, da Constituição Federal.

PROCESSOS DE REAJUSTAMENTO DA DÍVIDA PÚBLICA

Segundo José Olavo Nascimento o processo de reajustamento da dívida pública é a seguinte:64

I ) Consolidação: transformação da dívida flutuante em dívida fundada.64

II) Unificação: transformação de todas as dívidas numa só dívida.64

III) Conversão: substituição de títulos de um dívida por outra. 64

IV) Uniformização: conversão de empréstimos com condições e títulos diferentes num único empréstimo com condições e títulos uniformes.” 64

64 - NASCIMENTO, José Olavo. ob.cit, p. 75

Page 172: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

171

RESUMO DOS CONCEITOS DE DÍVIDA FUNDADA E FLUTUANTE

SERVIÇO DA DÍVIDA PÚBLICA: Principal da Dívida Fundada, juros e demais encargos da Dívida Fundada e juros e demais encargos da Dívida Flutuante pagos no exercício. BALANÇO

ORÇAMENTÁRIO. OBS.: O pagamento do principal da dívida flutuante classifica-se como despesa extra-orçamentária.

DÍVIDA PÚBLICA

Saldo em 31/12 Balanço Patrimonial.

Passivo=

Obrigações

Dívida Fundada= compromissos de exigibilidade superior a doze meses (longo prazo) passivo permanente

Interna

Externa

Títulos

Contratos

Dívida Flutuante= compromissos de curto prazo passivo financeiro

Restos a Pagar excluído o Serviço da Dívida a Pagar

Serviço da Dívida a Pagar

Depósitos

Débitos de Tesouraria

Despesas empenhadas mas não pagas até 31/12. Compreendem as contas a pagar ...

Serviço da dívida pública vencido mas não pago no exercício cor-respondente.

Cauções, retenções, depósitos Consignatários, etc.

Empréstimos por antecipação de receita.

Letras do Tesouro de curto prazo

Page 173: ORÇAMENT ORÇAMENTO PÚBLICOO PÚBLICO

172

FORMATOS DE PROGRAMAS DO PPA

Governo do Estado do Rio Grande do Sul Plano Plurianual SECRETARIA ESTADUAL DA SAÚDE

Programa MUNICÍPIO RESOLVE Finalístico Justificativa: A descentralização político- administrativa, com ênfase na municipalização, conforme os princípios constitucionais e a legislação do SUS no Estado do Rio Grande do Sul, é prioridade de

Governo. O poder local mais próximo das necessidades e do controle da população qualifica o processo de gestão.

As ações de atenção básica devem ser desenvolvidas pelos municípios, de acordo com seu perfil epidemiológico, como componente essencial para a garantia de acesso da população a serviços qualificados de atenção à saúde. Devem ser trabalhadas como a porta de entrada do sistema público de saúde e priorizadas na organização local, sob a responsabilidade do gestor municipal.

A Secretaria Estadual da Saúde, atendendo determinações constitucionais no financiamento tripartite, garantirá repasse regular e automático, fundo a fundo, de recursos financeiros para os 497 municípios, através de duodécimos mensais, como apoio para o desenvolvimento de ações e serviços básicos, ampliando a resolutividade dos sistemas municipais de saúde.

Objetivo: Garantir o acesso da população às ações de atenção básica ampliada. Descentralizar e aumentar a resolutividade do sistema de saúde, especialmente nas ações de média e alta complexidade.

Público alvo: Todos os municípios do Estado.

Indicador(es) Unidade de medida Índice recente Índice desejado Nº total de consultas médicas nas especialidades básicas por habitante por ano Consulta por habitante/ ano 1, 25 2

Valor (R$ 1, 00)

Outras Despesas Correntes Despesas de Capital Total Total Geral 324. 040. 000, 00 0,00 324. 040. 000, 00

Ação Situação Despesa Corrente Despesa Capital Total

Repassar recursos mensalmente aos municípios habilitados conforme critérios definidos Em atendimento 324. 000. 000, 00 0 324. 000. 000, 00

Descrição Repasse mensal de recursos financeiros fundo a fundo, a 100% dos municípios, distribuídos conforme critérios técnicos, a partir da habilitação dos mesmos a uma das modalidades de gestão previstas na Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS- SUS 02/ 2002). A utilização dos recursos deverá estar prevista em Plano de Aplicação Anual, aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde.

Finalidade Apoio financeiro aos municípios para melhoria da atenção à saúde no Estado.

Meta Quantidade 324.000.000 Un. Medida: RS Produto: Recurso repassado

Local Estado

Ação Situação Despesa Corrente Despesa Capital Total

Acompanhar o desempenho dos municípios através do Sistema de Monitoramento da Gestão em Saúde (indicadores e metas)

Em atendimento 40. 000, 00 0,00 40. 000, 00

Descrição Acompanhamento e avaliação constante de indicadores e metas pactuados entre os gestores, contidos no relatórios de gestão municipais, em versão eletrônica, que deverão ser apresentados trimestral e anualmente.

Finalidade Medir o impacto do projeto..

Meta Quantidade 497 Un. Medida: Unidade Produto: Relatório analisado

Local Estado

Total das ações do Programa 324. 040. 000, 00 324. 040. 000, 00

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DETALHES DO ORÇAMENTO

ÓRGÃO 05 - SECRETARIA DA SAÚDE

UNIDADE ORÇAMENTÁRIA 95 - FUNDO ESTADUAL DE SAÚDE

DEMONSTRATIVO DA DESPESA DOS PROJETOS/ATIVIDADES POR PROGRAMA PROGRAMA DE TRABALHO

R$ 1,00 CATEGORIAS ECONÔMICAS E GRUPOS DE DESPESA

ESPECIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO

FUNCIONAL

PESSOAL E ENCARGOS

SOCIAIS

JUROS E ENCARGOS DA

DÍVIDA

OUTRAS DESPESAS

CORRENTES

INVESTIMENTOS E INVERSÕES FINANCEIRAS

AMORTIZA-ÇÃO DA DÍVIDA

TOTAL

(F) 0243 - MUNICÍPIO RESOLVE

5282 - REPASSAR RECURSOS MENSALMENTE AOS MUNICÍPIOS HABILITADOS CONFORME CRITÉRIOS DEFINDOS

TESOURO - VINCULADOS PELA CONSTITUIÇÃO

40 TRANSF. A MUNICÍPIOS

Repassar recursos financeiros fundo a fundo, a 100% dos municípios, distribuídos conforme critérios técnicos, a partir da habilitação dos mesmos a uma das modalidades de gestão previstos na norma operacional da assistência à saúde (NOAS - SUS 01/2002). A utilização dos recursos deverá estar prevista em plano de aplicação anual, aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde.

Quantidade: 5.000.000 Um. Medida: R$

Produto: Recursos repassados

5283 - ACOMPANHAR O DESEMPENHO DOS MUNICÍPIOS ATRAVÉS DO SISTEMA DE MONITORAMENTO DA GESTÃO EM SAÚDE (INDICADORES E METAS)

TESOURO - VINCULADOS PELA CONSTITUIÇÃO

90 APLICAÇÕES DIRETAS

Acompanhar e avaliar constantemente os indicadores e metas pactuados entre os gestores, contidos nos relatórios de gestão municipais, em versão eletrônica, que deverão ser apresentados trimestral e anualmente.

Quantidade:496 Um. Medida: Unidade

Produto: Relatório anualisado

TOTAL DO PROGRAMA

10.0301

10.0302

66.000.000

66.000..000

66.000.000

32.000

32.000

32.000

66.032.000

66.000.000

66.000.000

66.000.000

32.000

32.000

32.000

66.032.000

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As Definições na LDO sobre a execução provisória do Orçamento Anual

O Poder Executivo Federal tem se valido da LDO para solucionar os problemas decorrentes da não aprovação da LOA no prazo estabelecido na Constituição incluindo dispositivos que permitem atender algumas despesas obrigatórias..

Exemplos:

Alguns dispositivos da LDO da União, para a elaboração de leis orçamentárias.

- Na LDO de 1995:

“Art. 64. Se o projeto de lei orçamentária anual não for encaminhado à sanção do Presidente da República até 31 de dezembro de 1994, a programação constante do projeto de lei remetido pelo Poder Executivo no prazo fixado no art. 35, § 2º, III, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, relativa às despesas com custeio, incluídas as com pessoal e encargos sociais, e com o serviço da dívida, poderá ser executada, em cada mês, até o mês em que o projeto seja encaminhado à sanção, no limite de um doze avos do total de cada dotação atualizada até o final de 1994.”65

- Na LDO de 1999:

“Art. 72. Se o projeto de lei orçamentária anual não for sancionado pelo Presidente da República até 31 de dezembro de 1998, a programação dele constante poderá ser executada, durante o primeiro mês do exercício, até o limite de um doze avos do total de cada dotação, na forma da proposta remetida ao Congresso Nacional”.

§ 1º ....

§ 4º Não se incluem no limite previsto no caput deste artigo as dotações para atendimento de despesas com:

I - pessoal e encargos sociais;

II - pagamento de benefícios previdenciários a cargo do Instituto Nacional do Seguro Social;

III - pagamento do serviço de dívida;

IV - ....

- Na LDO de 2002:

“Art. 78. Se o projeto de lei orçamentária não for sancionado pelo Presidente da República até 31 de dezembro de 2001, a programação dele constante poderá ser executada para o atendimento das seguintes despesas:

I - pessoal e encargos sociais;

II - pagamento de benefícios previdenciários e prestações de duração continuada a cargo do Ministério da Previdência e Assistência Social;

III - pagamento do serviço da dívida;

IV - transferências constitucionais e legais por repartição de receitas a Estados, Distrito Federal e Municípios;

V - ....... 65 - BRASIL. Leis. Lei nº 8.931, de 22 de setembro de 1994. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração

da lei orçamentária anual de 1995 e dá outras providências.

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Na Ldo de 2015 da União:

Da Execução Provisória do Projeto de Lei Orçamentária

Art. 53. Se o Projeto de Lei Orçamentária de 2015 não for sancionado pelo Presidente da República até 31 de dezembro de 2014, a programação dele constante poderá ser executada para o atendimento de:

I - despesas com obrigações legais relacionadas no Anexo III, inclusive daquelas a que se refere o anexo específico previsto no art. 77 desta Lei; (Despesa com Pessoal)

III - pagamento de estagiários e de contratações temporárias por excepcional interesse público na forma da Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993;

IV - ações de prevenção a desastres classificadas na subfunção Defesa Civil;

VIII - concessão de financiamento ao estudante;

IX - ações em andamento decorrentes de acordo de cooperação internacional com transferência de tecnologia;

X - dotações destinadas à aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde;

XI - investimentos e inversões financeiras no âmbito da Educação;

XIII - despesas contratualmente assumidas no âmbito do Orçamento de Investimento.

§1º. As programações não contempladas nos incisos do caput poderão ser executadas até o limite de um doze avos do valor previsto para cada órgão no Projeto de Lei Orçamentária de 2015, multiplicado pelo número de meses decorridos até a sanção da respectiva Lei.

§ 2º. Considerar-se-á antecipação de crédito à conta da Lei Orçamentária de 2015 a utilização dos recursos autorizada neste artigo.

§ 3º. Os saldos negativos eventualmente apurados em virtude de emendas apresentadas ao Projeto de Lei Orçamentária de 2015 no Congresso Nacional e da execução prevista neste artigo serão ajustados por decreto do Poder Executivo, após sanção da Lei Orçamentária de 2015, por intermédio da abertura de créditos suplementares ou especiais, mediante remanejamento de dotações, até o limite de 20% (vinte por cento) da programação objeto de cancelamento, desde que não seja possível a reapropriação das despesas executadas.

§ 4º. Aplica-se, no que couber, o disposto no art. 38 aos recursos liberados na forma deste artigo.

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SUGETÕES BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORÇAMENTO PÚBLICO, Glossário de Termos

Orçamentários e Afins. Brasília, DF: Revista ABOP, n. 33, 1992.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORÇAMENTO PÚBLICO. A Experiência Orçamentária Francesa-RCB. Brasilia-DF: Revista ABOP, n.12, 1980.

BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução `Ciência das Finanças - Vol I - 2ª Edição revista e aumentada. Edição Revista Forense. 1958

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Financeiro e Tributário, 9ª edição atualizada e ampliada. São Paulo: Celso Bastos Editor, 2002.

COELHO, Jurandir. Teoria e Processo do Orçamento, 2ª ed. Departamento de Imprensa Nacional, 1952.

DALTON, Hugh. Princípios de Finanças Públicas. Escola Brasileira de Administração Pública. Tradução: Maria de Lourdes Modiano, revista por Aliomar Baleeiro e vários professores da EBAP. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1960.

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HARADA, Kiyoskhi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Editora Atlas, 2005.

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TOMBINI, Tildo Noelmo. Metodologia de Programação Orçamentária. Revista ABOP 2. Brasília-DF: Serviços Gráficos da Fundação Visconde do Cabo Frio, 1975.

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