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Organização e Realização - IPEN · III Seminário "Desenvolvimento Sustentável e Reciclagem na Construção Civil: Práticas Recomendadas" CT206 Meio Ambiemte São Paulo SP Junho

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Organização e Realização

IBRACON - Instituto Brasileiro deConcreto

Comitê Técnico – 206

Meio Ambiente

Promoção

EEM –Escola de Engenharia Mauá

EPUSP –Escola Politécnica da USP –PCC/PMI

IPEN –Instituto de PesquisasEnergéticas e Nucleares – MQA

IPT –Instituto de PesquisasTecnológicas do Estado de São Paulo –

DIGEO

UNESP –Universidade Estadual Paulista

UNITAU –Universidade de Taubaté

ANAIS

São Paulo – SP06 de junho de 2000

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I

Ficha Catalográfica

_______________________________________________________________

III Seminário "Desenvolvimento Sustentável e Reciclagem na Construção Civil:Práticas Recomendadas"

CT206 Meio Ambiemte

São Paulo SP

Junho 2000

1. Sustentabilidade ambiental – Mineração 2. Aterros de inertes. 3. Usos paraareias contaminadas 4. Reciclagem na Construção Civil 5. Resíduos de

Fibras 6. Pavimentos e Meio Ambiente 7. Entulhos 8. Eventos V. 142Pg.

_______________________________________________________________

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Comissão Organizadora

Aldo Siervo de Amorim - MQA - IPEN

Antonia Jadranka Suto - ABCP

Arlene Regnier de Lima Ferreira - IBRACON

Cássia S. de Assis - E.E. Mauá

Eliane I. Barral B. Vilarinho - EMURB

Emilio Y. Onishi - Landmark

Levy Rezende - ABESC

Lindolfo Soares - E. Politécnica PMI - USP

Márcio J. Estefano de Oliveira - UNESP/UNITAU

Maria Aparecida F. Pires -MQA - IPEN

Mirian Cruxên B. Oliveira - DIGEO - IPT

Rosemary S. I. Zamataro - ABRA

Salomon Mony Levy - E. Politécnica PCC - USP

http: www.ibracon.org.br e e-mail: [email protected]

Apoio Administrativo

IBRACON – Instituto Brasileiro de Concreto

Edição

Salomon Mony Levy – Coordenador do CT-206

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I

SUMÁRIOIII Seminário “Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na

Construção Civil: Práticas Recomendadas”

PALESTRAS ......................................................................................................................................... 1

DURABILIDADE DE CONCRETOS PRODUZIDOS COM RESÍDUOS MINERAIS DECONSTRUÇÃO CIVIL LEVY, SALOMON M. (1); HELENE, PAULO R.L. (2) .................................. 3

RESÍDUOS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL: ATERRO DE INERTES – PRÁTICASRECOMENDADAS SCHMIDT, MARIA JUDITH M. SALGADO (1); SILVA, ORLANDOHONORATO DA (2)................................................................................................................................. 15

BACIAS DE CAPTAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS –INSTRUMENTO PARA UMA GESTÃOSUSTENTÁVEL PINTO, TARCÍSIO DE PAULA (1) .......................................................................... 25

“PEDREIRA ITAQUERA: METAMORFÓSE DA MINERAÇÃO” UMA BREVE HISTÓRIASOBRE A “PEDREIRA DE ITAQUERA”. DE BAPTISTI, EDSON (1); HACHEN, FLAVIO (2).....35

DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA INDÚSTRIA DE COMPÓSITOS CARVALHO A.;FILHO (1) .................................................................................................................................................. 43

O EMPREGO DE REJEITOS DA INDÚSTRIA DE FREIOS EM HARMONIA COM ODESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CENTURIONE, SÉRGIO LUIZ (1); ZAMATARO,ROSEMARY S.ISHII (2); SUTO, ANTONIA JADRANKA (3) .............................................................. 51

FINOS DE PEDREIRA PARA CONFECÇÃO DE CONCRETO ESTRUTURAL PRÁTICASRECOMENDADAS TERRA, LUIZ EULÁLIO MORAES (1)............................................................. 65

O EMPREGO DE FINOS DE PEDREIRA EM PAVIMENTOS DE CONCRETO COMPACTADOA ROLO MENDES, KLEBER DA SILVA (1); SOARES, LINDOLFO (2) ......................................... 73

SESSÃO TÉCNICA I RESÍDUOS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL .. 83

RESÍDUO DE CONCRETO RECICLADO OLIVEIRA, MÁRCIO J. ESTEFANO (1); ASSIS,CÁSSIA SILVEIRA (2) ............................................................................................................................ 85

RECICLAGEM DE ENTULHO PARA A PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS E CONCRETOS:UMA ALTERNATIVA VIÁVEL ANGULO, SÉRGIO CIRELLI (1); MIRANDA, LEONARDO F. R.(2); SELMO, SILVIA M.S. (3); JOHN, VANDERLEY MOACYR (4) ................................................... 87

PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS COM ADIÇÃO DE ENTULHO RECICLADO DE SALVADORCARNEIRO, ALEX PIRES (1); GOMES, ADAILTON DE OLIVEIRA (2); SAMPAIO, TAÍS SANTOS(3); ALBERTE, ELAINE PINTO V. (3); COSTA, DAYANA BASTOS (3); .......................................... 89

A MINIMIZAÇÃO DAS PERDAS DE MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO COMO CAMINHOPARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O CASO DOS REVESTIMENTOS DEPAREDES INTERNAS COM ARGAMASSA SOUZA, U. E. L. (1); PALIARI, J. C. (2); ANDRADE,A. C. (3); MAEDA, F. M. (4); SILVA, L. L. R.(4) ................................................................................... 91

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II

EMPREGO DE RESÍDUO DE CONCRETO E DE REJEITO DA INDUSTRIA DA CERVEJA NAPRODUÇÃO DE BLOCOS E TIJOLOS OLIVEIRA, MÁRCIO J. ESTEFANO (1); ASSIS, CÁSSIASILVEIRA (2); MONTEIRO, CAMILO DE LELIS (3) ........................................................................... 93

RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO CIVIL UTILIZADO COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃOCIVIL NO LOCAL ONDE FOI GERADO GRIGOLI, ADEMIR SCOBIN (1)................................. 95

CARACTERIZAÇÃO DO ENTULHO DE SALVADOR VISANDO SUA RECICLAGEMCOMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO BRUM, IRINEU ANTÔNIO S. (1); CARNEIRO, ALEXPIRES (2); COSTA, DAYANA BASTOS (3); SAMPAIO, TAÍS SANTOS (3); ALBERTE, ELAINEPINTO VARELA (3) ................................................................................................................................. 97

FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO E ENTULHO RECICLADO DE SALVADORESTABILIZADOS COM CIMENTO CIMENTO BRUM, IRINEU ANTÔNIO S. (1); CARNEIRO,ALEX PIRES (2); COSTA, DAYANA BASTOS (3); SAMPAIO, TAÍS SANTOS (3); ALBERTE,ELAINE PINTO VARELA (3).................................................................................................................. 99

PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA RECICLAGEM DE RESÍDUOS COMOMATERIAIS DE CONSTRUÇÃO ZORDAN, SÉRGIO EDUARDO (1); JOHN, VANDERLEYMOACYR (2) .......................................................................................................................................... 101

DESENVOLVIMENTO DE EQUIPAMENTO PARA LIMPEZA DE FERRAMENTAS DEOBRAS SEM CONTAMINAÇÃO DA REDE COLETORA POR RESÍDUOS SÓLIDOS PERA,PATRÍCIA FERNANDES (1); PIOVEZAN, LUÍS HENRIQUE (2) ..................................................... 103

UTILIZAÇÃO DO ENTULHO RECICLADO DE SALVADOR NA EXECUÇÃO DE BASES ESUB-BASES DE PAVIMENTOS CARNEIRO, ALEX PIRES (1); ALBERTE, ELAINE PINTOVARELA (2); BURGOS, PAULO (3); COSTA, SOLANGE BASTOS (4); COSTA, DAYANA BASTOS(2); SAMPAIO, TAÍS SANTOS (2)........................................................................................................ 105

RECICLAGEM DE ENTULHO PRADO, ZILDÉTE TEIXEIRA FERRAZ DO (1)........................ 107

REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUO VÍTREO (PÓ DE VIDRO TIPO SODA-CAL) NAFABRICAÇÃO DE CONCRETO ARRUDA, MARIA DE FÁTIMA DE OLIVEIRA (1);PAMPLONA, HILDA DE CASTRO (2); PAMPLONA, AFRODÍZIO DURVAL GONDIM (3);OLIVEIRA, ALDO DE ALMEIDA (4) .................................................................................................. 109

RECICLAGEM DE RESÍDUOS FERROSOS EM ELEMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVILUTILIZANDO TÉCNICAS DE ESTABILIZAÇÃO/SOLIDIFICAÇÃO AMORIM, ALDOSIERVO(1) PIRES, MARIA APARECIDA FAUSTINO(1); ORTIZ, NILCE (1); FIGUEIREDO,PAULO MIRANDA (1) .......................................................................................................................... 111

CODISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ASSIS, CÁSSIA SILVEIRA (1);OLIVEIRA, MÁRCIO J. ESTEFANO (2) .............................................................................................. 113

SESSÃO TÉCNICA II RESÍDUOS GERADOS PELA INDUSTRIA DEMATERIAIS FIBROSOS .......................................................................................... 115

USO DOS RESÍDUOS TERMOPLÁSTICOS NA EXECUÇÃO DE FORMAS PARA CONCRETOARMADO PARENTE, NELSON JUNIOR.(1)..................................................................................... 117

PRODUÇÃO DE PAPÉIS ARTESANAIS COMO ABSORVEDORES ACÚSTICOS MACIEL,CÂNDIDA DE ALMEIDA (1); CLÍMACO, ROSANA STOCKLER CAMPOS(2)............................. 119

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III

SESSÃO TÉCNICA III RESÍDUOS GERADOS PELA MINERAÇÃO............ 121

RECUPERAÇÃO E UTILIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DE AREIAS FINASDESCARTADAS COMO REJEITOS SOARES, LINDOLFO (1); ARNEZ, FERNANDO IVANVÁSQUEZ (2) BRAGA, JOÃO MANOEL STEVENSON (3) .............................................................. 123

PÓ DE PEDRA: PRODUÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP) EPRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS CUCHIERATO, GLÁUCIA (1) ; SANT’AGOSTINO, LÍLIAMASCARENHAS (2).............................................................................................................................. 125

USO DE AREIAS RESULTANTES DA BRITAGEM DE ROCHA NA ELABORAÇÃO DEARGAMASSAS ZANCHETTA, L. M. (1); SOARES, L. (2) .............................................................. 127

ATERRO DE INERTES ITAQUERA, EM SÃO PAULO, SP - MONITORAMENTOGEOTÉCNICO E AMBIENTAL DE JORGE, FRANCISCO NOGUEIRA (1); DE BAPTISTI,EDSON (2); BISORDI, MAURÍCIO STURLINI (3); FERNANDES, FERNANDO (4) ....................... 129

IMPLICAÇÕES RADIOLÓGICAS DO USO DO FOSFOGESSO COMO MATERIAL DECONSTRUÇÃO NO BRASIL MAZZILLI, BARBARA PACI (1); SAUEIA, CATIA (2); SANTOS,ADIR JANETE GODOY (2) ................................................................................................................... 131

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V

APRESENTAÇÃO

O III Seminário “Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem naConstrução Civil: Práticas Recomendadas”, organizado pelo ComitêTécnico do IBRACON CT 206 – Meio Ambiente, vem dar continuidade aosestudos sobre a possibilidade do emprego de diferentes resíduos naConstrução Civil.

A grande quantidade de resíduos gerados por alguns setores produtivos temlevado os pesquisadores a buscar soluções adequadas com o intuito deatender as questões técnicas, econômicas, sociais e ambientais.

O grande consumo de matérias-primas pela indústria da Construção Civil, paraos mais diversos usos, associado aos princípios do desenvolvimentosustentável, conduz às pesquisas sobre a reciclagem dos materiaisdescartados pelas obras civis com a finalidade do seu emprego racional eseguro em novos produtos.

Algumas práticas, resultado destas pesquisas e da tecnologia desenvolvidapara reciclagem de resíduos, já podem ser recomendadas com o objetivo dedifundi-las aos meios produtivos e consumidores.

Os trabalhos do Comitê tem contado com o apoio da Escola Politécnica daUSP, UNESP, IPT, IPEN, UNITAU, ABRA, Escola de Engenharia Mauá, ABCP,ABESC e do IBRACON. Este esforço conjunto é que tem permitido o avançodas pesquisas na direção da reciclagem e desenvolvimento de novosmateriais.

O Comitê Técnico 206 – Meio Ambiente, convidou a apresentarem as práticasrecomendadas, renomados técnicos e pesquisadores, ligados àsUniversidades, Institutos de Pesquisas, ao setor Público, à Iniciativa Privada eàs Instituições Fiscalizadoras do Meio Ambiente.

Assim, espera-se que, com este novo encontro, o CT 206 do IBRACON,juntamente com os convidados, esteja contribuindo para fomentar a troca deexperiências e informações técnicas que favoreçam o desenvolvimentosustentável com consideráveis benefícios à sociedade e ao setor da construçãocivil de nosso país.

O Comitê CT 206 – Meio Ambiente agradece aos participantes deste evento,aos patrocinadores e às entidades que nos apoiaram na realização de maisesse Seminário.

São Paulo, 06 de junho de 2000

O COMITÊ TÉCNICO CT 206 – MEIO AMBIENTE

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1

PALESTRAS

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3

IBRACON

III Seminário “DesenvolvimentoSustentável e a Reciclagem na

Construção Civil:Práticas Recomendadas”

CT- 206 MEIOAMBIENTE

DURABILIDADE DE CONCRETOS PRODUZIDOS COMRESÍDUOS MINERAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

LEVY, Salomon M. (1); HELENE, Paulo R.L. (2)

(1) Doutorando Pesquisador no Departamento Engenharia de Construção Civilda Escola Politécnica, PCC-EPUSP. Cx. Postal 61548. São Paulo-SP. CEP05424-970. e-mail [email protected]

(2) HELENE, Paulo R.L. Prof. Titular, Universidade de São Paulo,Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica,PCC/USP. Caixa Postal 61.548, São Paulo, SP 05424-970. Brasil. [email protected]

Palavras-chave: concreto reciclado, durabilidade, reciclagem, resíduosminerais.

RESUMO:

Os dados aqui apresentados, são parte de uma tese de doutorado que tem porobjetivo estudar a durabilidade de concretos produzidos com resíduos mineraisprovenientes de concretos e alvenarias. Do amplo estudo elaborado na teseanalisaram-se apenas os resultados de três famílias de concreto, uma dereferência produzida apenas com agregados naturais e outras duas comagregados graúdos contendo 50% de agregados naturais e 50% de agregadosreciclados, medidos em massa, sendo uns de alvenaria e outros de concreto.Para os traços produzidos,1:3; 1:4,5 e 1:6, manteve-se a consistência fixa de70 ± 20 mm. Foram analisadas para as três famílias a evolução da resistênciamecânica nas idades de 28, 91 e 182 dias, bem como a absorção por imersão,índice de vazios, resistividade e profundidade de carbonatação. Os resultadosobtidos indicaram não haver diferença na resistência mecânica quando osagregados naturais foram substituídos por reciclados de concreto e umaredução de 20 a 30% quando foram utilizados agregados de alvenaria. Aabsorção por imersão, e o índice de vazios, tiveram grande influência do

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agregado utilizado, fato que não ocorreu em relação ao avanço da frente decarbonatação e da resistividade, muito mais dependentes do traço. Nascondições do experimento pode-se concluir que os agregados reciclados deconcreto não apresentaram restrições em termos de resistência mecânica nemde durabilidade, fato que não foi repetido quando se utilizou agregadosreciclados de alvenaria.

1 INTRODUÇÃO

A construção civil é uma das atividades mais antigas que se tem conhecimentoe desde os primórdios da humanidade foi executada de forma artesanal,gerando como subproduto grande quantidade de entulho mineral. Tal fatodespertou atenção dos construtores já na época da edificação das cidades doImpério Romano e desta época datam os primeiros registros de reutilização deresíduos minerais da construção civil na produção de novas obras.

Entretanto, só a partir de 1928, começaram a ser desenvolvidas pesquisas deforma sistemática para avaliar o consumo de cimento, a quantidade de água eo efeito da granulometria dos agregados, oriundos de alvenaria britada e deconcreto. Porém, a primeira aplicação significativa de entulho reciclado, só foiregistrada após o final da 2a Guerra Mundial, na reconstrução das cidadesEuropéias, que tiveram seus edifícios totalmente demolidos e o escombro ouentulho resultante, foi britado para produção de agregados visando atender àdemanda na época (WEDLER; HUMMEL, 1946). Assim, pode-se dizer, que apartir de 1946 teve início o desenvolvimento da tecnologia de reciclagem doentulho de construção civil.

Embora as técnicas de reciclagem dos resíduos minerais de construção civiltenham evoluído, não se pode afirmar com absoluta convicção que areciclagem tenha se tornado uma idéia amplamente difundida. (LEVY-1997)

Para isso acredita-se que ainda haja necessidade de um esforço por parte detodos os segmentos sociais preocupados com uma política de desenvolvimentosustentável.

2 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA

Hoje encontram-se diversas pesquisas que foram elaboradas no País e noExterior, as quais dão suporte à produção e à utilização de concreto comagregado reciclado do ponto de vista técnico econômico. As aplicaçõesconsideradas ideais para tal finalidade, seriam: pavimentos rodoviários,estruturas de concreto armado com resistência característica inferior a 25 MPae a fabricação de elementos pré-moldados para a indústria da construção civil.

Todavia, não se tem conhecimento de qualquer pesquisa que aborde o aspectode durabilidade deste material, tornando assim este projeto um assunto inéditoe de suma importância técnica, para evitar a repetição de erros cometidos nopassado recente. Tais erros ocorreram na produção de concreto comagregados naturais, largamente utilizado desde o início do século, quandoestruturas de concreto foram produzidas sem o devido conhecimento dosfenômenos que interferiam em sua durabilidade, e em diversas ocasiões

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ocorreu a redução da vida útil de grandes obras de engenharia, levando agraves prejuízos materiais e algumas vezes, lamentavelmente, até com vítimasfatais.

A importância deste estudo está justamente em analisar e conhecer ainfluência de dois dos principais resíduos de construção civil, provenientes deconcreto e alvenaria, na durabilidade de novos concretos produzidos comagregados reciclados destes materiais.

Desta forma, poderia ser adquirido conhecimento tecnológico suficiente paraproduzir um concreto durável, utilizando material reciclado, e adequado àsnecessidades da maioria das obras usualmente executadas no territórionacional, cuja resistência à compressão requerida varia de 15,0 MPa a 25,0MPa.

Pode-se considerar que a sociedade, como um todo, e o meio ambiente, emparticular, seriam os grandes beneficiados devido à utilização de concreto comagregado reciclado. A utilização destes resíduos seria uma solução para algunsproblemas como a escassez de áreas para deposição de entulhos, elevadosrecursos gastos na desobstrução de córregos e vias públicas por parte dasautoridades municipais, problemas bem atuais nas grandes metrópoles.

Isto posto, entende-se que a realização deste projeto proporcionará elementosnecessários à produção de concretos duráveis e a baixo custo, segundo a óticado conceito de desenvolvimento sustentável.

3 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo estudar a durabilidade de concretos produzidoscom dois diferentes tipos de resíduos minerais. Para isto foram produzidosconcretos com as duas principais categorias de agregado reciclado (osproveniente de concreto, e os provenientes de alvenaria) os dados obtidos sãocomparados àqueles obtidos de concretos produzidos exclusivamente comagregados naturais.

Sendo este trabalho parte de uma tese de doutorado, foram selecionadasalgumas das propriedades estudadas na referida tese e consideradas maisrepresentativas para o estudo da durabilidade do concreto, as propriedadesselecionadas para esta finalidade foram: absorção de água por imersão, índicede vazios, resistividade e carbonatação. Além das propriedadesrepresentativas da durabilidade, analisou-se a evolução da resistência àcompressão nas idades de 28, 91 e 182 dias.

De posse destes dados comparou-se todos os resultados disponíveis entreconcretos produzidos

4 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para elaborar a parte experimental deste trabalho,consistiu em preparar três famílias de concreto utilizando-se, cinco traçosdistintos, e diferentes agregados graúdos, reciclados e naturais.

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Uma destas famílias foi preparada exclusivamente com agregados naturais eadotada como referência, e as outras duas, foram preparadas com agregadosgraúdos reciclados, de concreto e de alvenaria.

As proporções dos agregados utilizados na preparação das três famíliasensaiados estão indicadas na Tabela 1

Tabela 1 Composição dos agregados utilizados na preparação dos concretosensaiados

Descrição da família deconcreto

designação Composição do agregadograúdo utilizado

família de referência Referência (exclusivamente naturais)

família 1 RCG 50% - 50%(50% reciclados de concreto +

50% naturais),

família 2 RAG 50% - 50% 50% reciclados de alvenaria +50% naturais),

4.1 Preparação dos agregados reciclados.

Preparou-se um concreto com o qual foram moldados 320 corpos-de-prova de(10 x 20) cm, que após terem sido curados por 30 dias e atingirem resistência àcompressão de 25 MPa foram britados em britador de mandíbula eposteriormente submetidos a um peneiramento para seleção granulométrica.Apos este processo foram considerados agregados reciclados de concreto eposteriormente foram utilizados como agregados para produção de uma dasfamílias ensaiadas.

Painéis de alvenaria revestida foram construídos e posteriormente demolidospara serem encaminhados ao britador de mandíbula e assim seremtransformados em agregados reciclados de alvenaria, que posteriormenteforam utilizados como agregados nas famílias de concreto ensaiadas.

A seguir são detalhadas as diversas etapas para obtenção dos agregadosreciclados.

4.1.1 Características do concreto utilizado na produção de agregado reciclado.

Para moldagem dos corpos-de-prova a serem britados, utilizou-se o concreto aseguir :

traço 1:6.0, teor de argamassa = 56%, a/c ⇒ 0,66

Optou-se por utilizar um concreto perfeitamente caracterizado paraposteriormente britá-lo, com a finalidade de reduzir a influência de variáveis.

4.1.2 Características dos painéis de alvenaria utilizada na produção deagregados reciclados de alvenaria.

Painéis de alvenaria: compostos por blocos cerâmicos revestidos com massaúnica em uma face.

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Elementos de vedação: blocos cerâmicos sem função estrutural fabricados comargila da região de Itú (SP) preparada com as seguintes proporções:

• Taguá (argila sem beneficiamento com alto teor de óxido de ferro) ± 80%• Varvito (argila terciária muito coMPacta, com altos teores de sílica e feldspato) ± 15%• Xamota (reaproveitamento de blocos quebrados, material já queimado) ± 5%Argamassa de assentamento e revestimento: argamassa industrializada,fabricada pela Serrana, composta por calcário calcítico e dolomítico, cimentoPortland mais aditivos.

Também aqui, optou-se por definir exatamente a fonte de matéria prima queservirá para produção dos agregados, justamente para reduzir a influência dosagregados nos resultados que serão obtidos.

4.2 Realização do experimento

As diversas famílias de concreto foram produzidas utilizando-se betoneira deeixo vertical com fluxo contra corrente, com descarga pelo fundo.

A seguir apresenta-se a descrição das etapas transcorridas na preparação,cura e ensaios realizados.

4.2.1 Preparação dos concretos utilizados

Os traços indicados na Tabela 2, foram utilizados na preparação de cadafamília de concreto a ser ensaiada. Fixou-se a consistência e posteriormentemanteve-se as relação a/c, alterando-se o slump, que no caso do concretofluido sempre foi maior que 24 e no caso do concreto seco inferior a 20 mm

Tabela 2 Traço, consistência e relação a/c, dos concretos a serem ensaiados.

Traço 1:3 1:4,5 1:6 1:4,5 1:4,5

Slump 70± 20 mm 70 ± 20 mm 70 ± 20 mm < 20 mm > 240 mm

a/c a determinar a determinar a determinardo traço 1:3

(seco)do traço 1:6

(fluido)

4.2.2 Condição de cura

Vinte e quatro horas após a moldagem os corpos de prova foram desformadose conduzidos à câmara úmida, onde permaneceram por 14 dias, após esteperíodo, foram mantidos no ambiente de laboratório até o dia do ensaio.

4.2.3 Propriedades pesquisadas

Foram selecionadas as propriedades mais relevantes para a caracterização dadurabilidade de um concreto, estas propriedades estão indicadas na Tabela 3.

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Tabela 3 Relação dos ensaios a executar e respectivos corpos-de-prova utilizados noexperimento

ENSAIOS A EXECUTAR número de CP Medidas dos CP(cm)

resistência à compressão 2 ou 3 10 x 20

absorção capilar 2 10 x 20

carbonatação 2 10x10x10

resistividade 2 20x20x8

4.3 Caracterização do agregados

Nesta fase foram determinadas as características individuais de todos osagregados utilizados, a seguir na Tabela 4, são indicadas as que mais teriaminfluído no comportamento dos concretos ensaiados.

Tabela 4 Carateristicas dos agregados utilizados na preparação das três famílias deconcreto

Valores obtidos para os agregados graúdos e miúdos

Granito natural Graúdo deAlvenaria

Graúdo deConcreto

Caracteristicasdos materiais Unid Areia

naturalB1 B2 B1 B2 B1 B2

Metodologia deEnsaio

Módulo definura * 2,6 6,40 7,70 6,64 7,65 7,68 6,94 NBR

7217

Massaespecíficaaparente

kg/dm³ 1,375 1,430 1,410 0,984 0,987 1,208 1,285 NBR

7251

Absorção % * 0,8 0,8 13,0 12,4 5,6 3,7 NBR9937

Teor demateriais

pulverulentos% 1,85 0,54 0,55 4,1 2,3 0,3 0,2 NBR

7219

Impurezaorgânica ppm < 300 NBR

7220

5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir apresenta-se a síntese dos resultados obtidos tanto no estado frescocomo no estado endurecido, os resultados serão comentados à medida queforem apresentados.

5.1 Relação a/c, consistência, massa unitária e ar incorporado.

Na Tabela 5 a seguir, apresenta-se os resultados obtidos no estado fresco paraos concretos ensaiados.

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Tabela 5 Relação água/cimento para consistência constante e propriedades no estadofresco

traçoRef.a/c

RCG 50-50a/c

RAG 50-50 a/c Slump Massa unitária

kgf/dm³

Arincorporado

%

1:3 0,40 0,44 0,51 * 2,31 2,31 * 1,80 2,20

1:4,5 0,51 0,55 0,69 * 2,33 2,28 * 2,30 2,70

1:6 0,75 0,72 0,89

70±20

* 2,30 2,26 * 2,50 3,10

5.2 Resistência à compressão

Para as famílias de concreto selecionadas é apresentada a evolução daresistência à compressão nas idades de 28, 91 e 182 dias tanto na Tabela 6,assim como nos gráficos das Figuras 1, 2, 3

Tabela 6 Evolução da resistência à compressão em função dos agregados e do traçoutilizado

0 10 20 30 40 50 60

( MPa)

1:6 a/c=0,75

1:4,5 a/c=0,51

1:3 a/c=0,40

1:4,5 a/c=0,75

1:4,5 a/c=0,40

Concreto de referência

28 dias 91 dias 182 dias

0 10 20 30 40 50 60

(MPa)

1:6 a/c=0,72

1:4,5 a/c=0,55

1:3 a/c=0,44

1:4,5 a/c=0,72

1:4,5 a/c=0,44

Concreto 50%-50% RCG

28 dias 91 dias 182 dias

Figura 1 Evolução da resistência emfunção dos agregados, daidade e do traço utilizado

Figura 2 Evolução da resistência emfunção dos agregados, daidade e do traço utilizado

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10

0 10 20 30 40 50 60

(MPa)

1:6 a/c=0,89

1:4,5 a/c=0,68

1:3 a/c=0,51

1:4,5 a/c=0,89

1:4,5 a/c=0,51

Concreto RAG 50%-50%

28 dias 91 dias 182 dias

Figura 3 Evolução da resistência em funçãodos agregados, da idade e do traço utilizado

Analisando-se os gráficos de resistência à compressão e os dados da Tabela6, é fácil comprovar a influência do tipo de agregado na resistência àcompressão do concreto. Nos traços mais ricos é importante ressaltar que estavariação se torna percentualmente maior, indicando que a ruptura passa aocorrer no agregado e não mais na pasta ou na interface.

No estado fresco, nota-se que houve necessidade de aumento da relação a/cpara manter a consistência previamente estabelecida quando são substituídosos agregados naturais por reciclados de concreto e posteriormente porreciclados de alvenaria, fato que pode ser atribuído à angulosidade dosagregados uma vez que estes foram obtidos em britadores de mandíbulas.

Outro ponto fundamental a ser observado é o fato de que quando foramutilizados concretos fluídos, com a mesma relação a/c de concretos plásticosno caso 1:6 e 1:4,5 obteve-se uma queda de resistência substancial da ordemde 20 a 30% na misturas com agregados reciclados e chegou a 40% noconcreto de referência, todavia no caso de concretos secos esta tendência seinverte mesmo que em proporções muito menores.

5.3 Absorção por imersão

Os dados obtidos no ensaio de absorção por imersão apresentam umatendência de crescimento da massa de água absorvida e do índice de vaziosmuito maior em função do agregado utilizado do que da pasta existente noconcreto.

A massa específica real, aparentemente não sofre variação sensível nem emfunção do traço nem em função do agregado utilizado.

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Tabela 7 Absorção, índice de vazios e massa específica real dos concretosensaiados

Ref. 1:6a/c= 0,75

1:4,5a/c=0,51

1:3a/c=0,40

1:4,5a/c=0,40

1:4,5a/c=0,75

Absorção imersão(%) 6,92 5,75 5,92 4,70 7,50

Índice de vazios (%) 17,74 14,75 15,28 12,11 19,59

Massa esp. (kg/dm³) 2,564 2,567 2,579 2,578 2,610

RCG 50-50% 1:6a/c= 0,72

1:4,5 a/c=0,52

1:3 a/c=0,44

1:4,5a/c=0,44

1:4,5a/c=0,72

Absorção imersão (%) 7,32 6,22 6,91 5,68 8,40

Índice de vazios (%) 18,77 15,83 17,73 14,58 21,77

Massa esp. (kg/dm³) 2,564 2,546 2,567 2,568 2,592

RAG 50-50% 1:6 a/c= 0,89

1:4,5 a/c= 0,69

1:3 a/c= 0,51

1:4,5 a/c= 0,51

1:4,5 a/c= 0,89

Absorção imersão (%) 11,20 9,79 8,86 6,82 10,3

Índice de vazios(%) 28,54 24,90 22,82 17,43 25,93

Massa esp. (kg/dm³) 2,548 2,543 2,575 2,556 2,517

5.4 Carbonatação

Os valores apresentados na Tabela 8 foram medidos após os corpos de provaterem sido expostos à condição de carbonatação acelerada durante duassemanas numa concentração de 12% de CO2, a variação dos valoresencontrados para o avanço da frente de carbonatação sinaliza para o fato quea variação desta propriedade é muito mais influenciável pela qualidade dapasta e pela sua quantidade, do que pelo tipo de agregado. É fácil de perceberque independentemente do agregado utilizado, nas condições do experimento,a profundidade de carbonatação quase sempre foi a mesma nos traços commesmo teor de cimento, como na Tabela 8 e Figura 4. Outros autorespesquisaram a carbonatação acelerada e os resultados que obtiveram apósduas semanas variaram entre 5 a 10 mm dependendo do concreto ensaiado(BARRA-1996)

Tabela 8 Carbonatação em função do traço e do agregado (CO2 12%) 14 dias

Ref. 1:6a/c= 0,75

1:4,5a/c=0,51

1:3a/c=0,40

1:4,5a/c=0,40

1:4,5a/c=0,75

Profundidade decarbonatação (mm) 7,2 3,7 2,0 1,3 5,2

RCG 50-50% 1:6a/c= 0,72

1:4,5 a/c=0,52

1:3 a/c=0,44

1:4,5a/c=0,44

1:4,5a/c=0,72

Profundidade decarbonatação (mm) 5,9 3,4 1,8 2,2 6,2

RAG 50-50% 1:6 a/c= 0,89

1:4,5 a/c= 0,69

1:3 a/c= 0,51

1:4,5 a/c= 0,51

1:4,5 a/c= 0,89

Profundidade decarbonatação (mm) 7,6 4,2 1,5 1,0 4,9

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Profundidade de carbonatação 12% CO2 (14 dias)

012345678

1:6

a/c=

0,75

1:6a

/c=0

,72

1:6a

/c=0

,89

1,4,

5a/c

=0,5

1 1,

4,5a

/c=0

,55

1,4,

5a/c

=0,6

8

1:3a

/c=0

,40

1:3a

/c=0

,44

1:3a

/c=0

,51

1,4,

5a/c

=0,4

0 1,

4,5a

/c=0

,44

1,4,

5a/c

=0,5

1

1,4,

5a/c

=0,7

5 1,

4,5a

/c=0

,72

1,4,

5a/c

=0,8

9

traços e relação a/c

pro

fun

did

ade

em (

mm

)

referencia 50-50% RCG 50-50% RAG

Figura 4 Profundidade de carbonatação em função do agregado, traço e de a/c

5.5 Resistividade

Analisando-se os dados da Tabela 9, depreende-se que os concretos combaixa relação água/materiais secos foram aqueles que apresentaram osmaiores resultados para resistividade, chegando a ser três vezes superiores aaqueles registrados nos concretos fluídos, já nos concretos plásticos a relaçãoágua/cimento não influenciou o resultado obtido e os agregados utilizadostambém não ocasionaram uma diferença sensível no valor encontrado.

Tabela 9 Valores de resistividade para concretos ensaiados

Ref. 1:6a/c= 0,75

1:4,5a/c=0,51

1:3a/c=0,40

1:4,5a/c=0,40

1:4,5a/c=0,75

Resistividade KΩ/cm 16,45 19,13 24,73 29,48 9,58

RCG 50-50% 1:6a/c= 0,72

1:4,5 a/c=0,52

1:3 a/c=0,44

1:4,5a/c=0,44

1:4,5a/c=0,72

Resistividade KΩ/cm 17,45 19,20 15,58 19,05 12,43

RAG 50-50% 1:6 a/c= 0,89

1:4,5 a/c= 0,69

1:3 a/c= 0,51

1:4,5 a/c= 0,51

1:4,5 a/c= 0,89

Resistividade KΩ/cm 15,65 15,25 16,18 29,1 11,23

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R e s is t ividade

0

5

10

15

20

25

30

35

1:6 a/c=0,751:6a/c=0,72 1:6a/c=0,89

1,4,5a/c=0,51 1,4,5a/c=0,55 1,4,5a/c=0,68

1:3a/c=0,40 1:3a/c=0,441:3a/c=0,51

1,4,5a/c=0,40 1,4,5a/c=0,44 1,4,5a/c=0,51

1,4,5a/c=0,75 1,4,5a/c=0,72 1,4,5a/c=0,89

relação a/c e agregados ut i l izados

Res

isti

vid

ade

(KΩ

/cm

)

referencia 5 0 - 5 0 % R C G 50-50% RAG

Figura 5 Evolução da resitividade em função dos agregados e do traço

6 CONCLUSÕES

Analisando-se os resultados obtidos pode-se afirmar que:

No estado fresco para manter a consistência de 70 ± 20 mm a demanda deágua não é sensivelmente afetada quando se substitui agregados naturais poragregados reciclados de concreto. Todavia quando a troca de agregadosnaturais se dá por agregados reciclados de alvenaria é visível a necessidademaior de água para se manter a consistência, fato que pode ser atribuído àmaior absorção de água do agregado de alvenaria e sua maior lamelaridade.

Essa lamelaridade provém do fato da alvenaria possuir uma resistência inferiorà do concreto e sua passagem pelo britador de mandíbulas produz umaquantidade muito maior de material lamelar.

Os concretos produzidos com agregados reciclados de concreto apresentaramresistências mecânicas equivalentes aos concretos de referência. Quando seutilizou agregados reciclados de alvenaria houve redução de 25% de fcj .

Quanto ao avanço da frente de carbonatação ficou evidente a maior influênciaexercida pela baixa relação água/cimento do que pela substituição dosagregados, embora esta conclusão não pareça ser unânimeinternacionalmente, pois outros autores afirmam que para iguais relaçõeságua/cimento a velocidade de carbonatação nos concretos com agregadosreciclados parece maior do que nos concretos convencionais (HANSEN - 1992)

Inversamente, os resultados da absorção de água e índice de vazios, quandonos concretos com agregados reciclados de alvenaria foram maiores.

A resistividade, nos concretos plásticos, praticamente não apresentou diferençacom a variação do traço utilizado, e com a substituição dos agregados, todaviaos concretos secos (baixa relação água/materiais secos) apresentaram valorespara resistividade até 3 vezes superiores aos dos concretos fluidos (altarelação água/materiais secos)

Considerando-se que a durabilidade de uma estrutura é preponderantementedeterminada pela sua capacidade de dificultar a penetração do CO2, suacapacidade de absorção de água de intempéries e sua resistividade elétrica,

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pode-se afirmar que um concreto produzido com agregados graúdosreciclados, de concreto, na proporção de 50%-50% em massa, seria tãodurável quanto o concreto de referência, pelos resultados muito similaresapresentados.

7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRA, Marilda Estudio de la Durabilidad del Hormigón de AridoReciclado en su Aplicación como Hormigón Armado. Barcelona 1996.Tese (Doutorado) - Escola Tècnica Superior d’EngiinyersmdemCamins,Canals i Ports Universidade Politécnica de Catalunya

HANSEN T. C. RILEM Report of Technical Committee 7 DRC Demolition andreuse of Concrete Recycling of Demolished Concrete and Masonry,London, E&FN Spon na imprint of Chapman & Hall, 1992. 305p.

LEVY, Salomon M. Reciclagem do entulho de construção civil, parautilização como agregado de argamassas e concretos. São Paulo 1997.Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São PauloPCC/USP.

WEDLER,B.; HUMMEL Trümmerverwertung und Ausbau von Brandruinen.Wilhelm Ernest & Sohn, Berlin, 1946.

8 AGRADECIMENTOS:

Os autores agradecem a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de SãoPaulo que financiou o desenvolvimento de toda a pesquisa para Estudo daDurabilidade de Concretos Produzidos com Resíduos Minerais Reciclados peloprocesso 99-01444-0 e àqueles que pelo apoio e incentivo tornaram esteprojeto viável, HOLDERCIM, ENGEMIX e IPT, Instituto de PesquisasTecnológicas.

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IBRACON

III Seminário “DesenvolvimentoSustentável e a Reciclagem na

Construção Civil:Práticas Recomendadas”

CT- 206 MEIOAMBIENTE

RESÍDUOS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL: ATERRO DEINERTES – PRÁTICAS RECOMENDADAS

SCHMIDT, Maria Judith M. Salgado (1); SILVA, Orlando Honorato da (2)

(1) Msc. Engª Civil e Sanitarista, Agência Ambiental de Taubaté da CETESB,Av. Itambé, 38,Taubaté-SP, CEP 12091-200. e-mail [email protected]

(2) Engº Ind. Químico, Agência Ambiental de Taubaté da CETESB, Av. Itambé,38, Taubaté-SP, CEP 12091-200. e-mail [email protected]

Palavras-chave: resíduos sólidos, construção civil, disposição final, prevençãoà poluição.

RESUMO

Este trabalho aborda as questões referentes aos resíduos sólidos daconstrução civil quanto à sua geração, reutilização, reciclagem, tratamento edisposição final, bem como, ações preventivas objetivando minimizar oproblema da geração de resíduos sólidos.

São abordados também alguns aspectos ambientais de poluição ambiental,recomendações e situações que devem ser evitadas, bem como, temas ligadosà legislação ambiental e à ação da CETESB.

1 INTRODUÇÃO GERAL

Resíduo é todo material ou substâncias restantes de qualquer atividadehumana, que não se prestem para o uso, consumo ou reincorporação nocircuito produtivo em seu estado original. Resíduos sólidos são resíduos nosestados sólido ou semi-sólido, resultantes de atividades da comunidade, deorigem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, de serviços, de varrição,agrícola, assim como os lodos provenientes de sistemas de tratamento de águae esgoto, e qualquer outro líquido gerado no sistema de controle de poluição,cujas características tornem inviável seu lançamento na rede pública coletoraou corpo d’água.

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Para que um resíduo receba tratamento e/ou disposição final é necessário quesuas características sejam conhecidas. Tecnicamente, deve-se classificá-loquanto ao seu potencial de poluição. Dependendo de suas característicasfísico-químicas e biológicas, a norma NBR 10004 da ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas) classifica os resíduos em:

a) resíduos classe I – perigosos;

b) resíduos classe II – não inertes e

c) resíduos classe III – inertes.

Para esta classificação, são utilizadas outras normas da ABNT, as quaisencontram-se descritas nas fontes bibliográficas.

Um resíduo será classificado após análise de uma amostra, efetuada conformenorma acima citada, da sua composição mássica ( exemplo: 100mg de Fe porquilo de resíduo amostrado), do lixiviado ( exemplo: 0,005 mg de Cr por litro delixiviado) e do solubilizado (exemplo: 200 mg sais de Fe por litro desolubilizado). Os resultados da composição mássica e do teste de lixiviação,após coMParação com alguns valores pré-fixados na norma NBR 10004, vãodefinir se um resíduo é perigoso ou não, da mesma forma, a solubilização deresíduo é realizada para determinar se o mesmo enquadra-se como classe IIou III, após coMParações com valores tabelados.

Após a caracterização do resíduo deve-se, então, buscar forma e localadequados para seu tratamento e disposição, que não poluam o meio ambientee não causem inconvenientes ao bem-estar público.

2 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Conforme normas da ABNT, Resíduos Classe III (inertes), são quaisquerresíduos que, quando amostrados de forma representativa, segundo NBR10.007 – Amostragem de resíduos, e submetidos a um contato estático oudinâmico com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conformeteste de solubilização, segundo NBR 10.006 – Solubilização de resíduos, nãotenham nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superioresaos padrões de potabilidade de água, excetuando-se os padrões de aspecto,cor, turbidez e sabor. Como exemplo destes materiais, podem-se citar rochas,tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são decompostosprontamente.

Normalmente, os resíduos gerados pela construção civil são consideradosClasse III (Resíduos Inertes), porque sua composição e características sãoconhecidas. Deste modo, as análises são dispensadas, já que sãorelativamente caras e desnecessárias para a definição do tratamento e/oudisposição final desses resíduos.

Logo, se um resíduo gerado pela construção civil é resíduo classe III (inerte),algumas práticas de manipulação, transporte e disposição final dos mesmosserão discutidos, bem como, recomendações e procedimentos de prevenção àpoluição que porventura possam causar.

Atualmente, os municípios necessitam de áreas para disposição de resíduossólidos inertes. Muitas vezes, a preocupação maior dos administradores

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municipais é afastar os resíduos das vistas dos munícipes, resultando emsoluções imediatistas equivocadas, geralmente fundamentadas no simpleslançamento dos resíduos a céu aberto.

A legislação em vigor estabelece que as formas de tratamento e/ou disposiçãofinal de quaisquer resíduos sólidos devem ser licenciados pela CETESB,devendo conter exigências técnicas específicas para cada hipótese. Na prática,as formas de tratamento e/ou disposição final de resíduos inertes (classe III)não tem sido objeto de licenciamento desta Companhia. Apenas em algunscasos tem sido feito o licenciamento, porém a ação de fiscalização pode e deveser exercida a qualquer momento independente da atividade estar sendolicenciada ou não.

3 PREVENÇÃO À POLUIÇÃO

Alguns princípios de técnicas de prevenção à poluição, devem ser difundidosentre todos os envolvidos na obra, pois tais pessoas são as mais qualificadasem criar alternativas visando a redução de resíduos sólidos (desperdícios) econsequentemente a redução de custos com sua destinação. Então,recomenda-se estabelecer um Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos,que se refere aos aspectos tecnológicos e operacionais da questão,envolvendo fatores administrativos, gerenciais, econômicos, ambientais e dedesempenho, produtividade e qualidade, relacionados à prevenção, redução,segregação, reutilização, acondicionamento, coleta, transporte, recuperação deenergia e destinação final dos resíduos sólidos. Os exemplos citados a seguirem sua maioria são bem evidentes.

O uso eficiente de recursos, evita o desperdício, que deve ser objetivo detodos. Um exemplo é o da otimização da quantidade de massa a serpreparada, não devendo a mesma faltar, nem ser preparada em excesso.

0 reuso de recursos também visa evitar o desperdício. O mesmo deve ser feitode tal forma, que não implique em alteração da qualidade da obra que estásendo executada.

A reciclagem de resíduos no local da obra só deve ser feita, a partir doconhecimento do projeto completo, já definidas as áreas de uso e a previsãodos restos possíveis de materiais de um prédio que poderão ser utilizados nocalçamento, contra piso, etc. de outras áreas.

As alterações prediais devem ser contempladas desde a fase do projeto, comopor exemplo, dimensões de cômodos, de tal forma que, não seja necessárioquebrar tijolos e recortar lajes pré-moldadas e azulejos. A melhoria nosprojetos, tais como construções com formatos regulares, evita o recorte demateriais e a desnecessária geração de resíduos.

Devem ser pesquisados produtos alternativos mais versáteis, como porexemplo, o uso de tijolos com formatos específicos para cantos, meios tijolosem largura e comprimento. O mesmo vale para materiais cerâmicos deacabamento evitando o recorte e desperdício de materiais.

O uso de tecnologias limpas nessa atividade consiste basicamente em utilizarmateriais com menor potencial de poluição, como exemplo, substituir o uso de

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produtos que contenham amianto. Muitos produtos tóxicos possuem produtosalternativos não tóxicos para substituição.

Os operários envolvidos na obra devem ser treinados e os princípios deprevenção à poluição mantidos sempre em discussão, lembrando que aquelesque estão diretamente envolvidos com a obra são os mais indicados em criarações de prevenção à poluição.

O estoque de alimentação de materiais deve ser sempre revisto para que nãohaja perda, seja por falta de espaço, excesso de manuseio, deterioração dasembalagens ou vencimento da validade do produto.

Os materiais utilizados na construção civil devem ser de boa qualidadeevitando o refugo de materiais, antes mesmo de sua utilização.

O tratamento principal dos resíduos de construção civil consiste na separaçãodos materiais conforme sua origem e característica, que deve ser previstodurante sua geração.

4 SITUAÇÕES E LOCAIS IMPRÓPRIOS, RECOMENDAÇÕES

4.1 Locais Impróprios

Quando da disposição dos resíduos sólidos devem ser evitadas as áreas dePreservação Permanente, conforme descrito a seguir:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d`água desde o seu nível mais altoem faixa marginal cuja largura mínima seja:

1) de 30 (trinta) metros para os cursos d´água que tenham de 10 (dez)metros de largura;

2) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d´água que tenham até 10(dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura;

3) de 100 (cem) metros para os cursos d´água que tenham de 50(cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura;

4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d´água que tenham de 200(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d´água que tenham largurasuperior a 600 (seiscentos) metros;

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d´água naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d´água”qualquer que seja a situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta)metros de largura;

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45º, equivalente a100% de linha de maior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura dorelevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

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h) em altitude superior a 1.800 (um mil e oitocentos) metros, qualquer que sejaa vegetação.

4.2 Situações Indesejáveis

As seguintes situações devem ser evitadas e/ou minimizadas:

Emissão de material particulado para a atmosfera, quando do carregamentoe/ou descarregamento de materiais, e devido ao tráfego intenso de veículospesados, principalmente em locais próximos a bairros residenciais. Escolha delocais distantes de residências, umidificação dos materiais e movimentação deveículos em baixíssimas velocidades são algumas práticas recomendadas.

Assoreamento de rios, lagos e canaletas de drenagem de águas superficiais.Os locais escolhidos para disposição final dos resíduos devem estar providosde sistema de desvio de águas pluviais, de tal forma que os materiais nãosejam arrastados pela chuva causando assoreamentos.

Poluição estética; no local escolhido dispor uma máquina para compactar eespalhar o resíduo de forma homogênea no terreno, pois o simples acúmuloem terrenos causa incômodos à população, mesmo que seja temporário. Alémdo mais, tais pontos de disposição podem tornar-se focos de disposiçãoinadequada de outros resíduos clandestinos.

Queima a céu aberto: evidentemente, os resíduos passíveis de queima são osresíduos incineráveis, ou seja, madeira, plásticos em geral, papel e papelão(embalagens de cimento e cerâmicas) e outros. A queima de resíduos a céuaberto é proibida, tais resíduos devem ser tratados e/ou dispostosadequadamente.

Em áreas urbanas, regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo,respeitados os princípios e limites estabelecidos pelas entidades federais eestaduais.

Soterramento de vegetações nativas. As áreas escolhidas não devem contervegetações nativas. Caso haja interesse no soterramento dessa área o órgãocompetente deve ser consultado.

Contaminação com outros resíduos, é comum o mau hábito de juntar todos ostipos de resíduos em um só local (bota-fora). A coleta seletiva, do materialcoletado, visa a separação dos resíduos em tipos distintos, conforme suaorigem e interesse comercial, ou até mesmo, para a reutilização e/oureciclagem do material. Destaca-se que, uma carga composta de mistura deresíduos de diferentes classes receberá a classificação mais crítica, ou seja, sea carga contiver resíduo classe I, toda a carga será considerada resíduoperigoso.

5 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PAULISTA

No Regulamento da Lei nº 997/76, aprovado pelo Decreto nº 8468/76, amatéria é tratada, nos artigos 51 a 56. Embora em poucos dispositivos, apoluição, não do solo propriamente dito, mas por resíduos sólidos é tratada de

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forma bastante abrangente sem que, entretanto, tenham sido estabelecidospadrões ou regras específicas para sua disposição no solo.

O decreto paulista proíbe que sejam depositados, dispostos, descarregados,enterrados, infiltrados ou acumulados no solo, resíduos em qualquer estado damatéria, se forem poluentes. Somente permite a disposição de resíduos nosolo, se esta for feita de forma adequada devendo sempre, haver préviaaprovação da CETESB para seu transporte, tratamento e disposição final.

O artigo 56 do Regulamento deixa clara a responsabilidade do gerador peloacondionamento, transporte, tratamento e disposição de seus resíduos, nãopodendo transferi-la a terceiros (mesmo que seja uma prefeitura), a menos quea entrega dos resíduos à terceiros seja feita na forma previamente aprovadapela CETESB.

5.1 Atuação da CETESB

A atuação da CETESB se resume a duas ações básicas:

Ações preventivas (licenciamento/orientação/assistência técnica) e

Ações corretivas.

As atividades de licenciamento, orientação e assistência técnica principalmentea municípios, visam a adoção de medidas preventivas de proteção ao meioambiente. A orientação técnica é uma atividade rotineira que oferece váriaspossibilidades de auxílio aos municípios, como o encaminhamento que facilitea escolha de áreas para a implantação de unidades de tratamento e/ou destinofinal de resíduos em geral, a determinação das alternativas tecnológicas maisviáveis e a participação em grupos de estudos para formação de consórcios.

As ações corretivas de controle visam o cumprimento da legislação vigente, noque se refere à poluição ambiental através da inspeção das unidadesexistentes, bem como, a autuação daquelas que se encontram em situaçãoirregular.

6 PRÁTICAS ACEITAS

Primeiramente, deve-se dar ênfase às técnicas de prevenção à poluição naorigem da geração de resíduos sólidos descritas no ítem 3 acima, de tal forma,que as seguintes ações devem ser desenvolvidas priorizando-as nesta mesmaordem:

1º Eliminação e/ou minimização da geração de resíduos sólidos.

2º Reutilização

3º Reciclagem

4º Tratamento e/ou Destino Final

Como pode ser observado o tratamento e/ou disposição final de resíduossólidos é a última alternativa quando se tem como objetivo a prevenção àpoluição, porém a experiência tem mostrado que além da preservação do meioambiente tem se alcançado redução dos custos, ou seja, os recursosdespendidos nas práticas de prevenção à poluição são bem inferiores aos

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gastos no tratamento e/ou disposição final de resíduos sólidos, principalmentequando existe uma grande distância entre o local da geração e o do tratamentoe/ou disposição final.

A seguir são descritas algumas práticas de disposição final de resíduos sólidosgerados na construção civil. Deve-se usar o bom senso quanto à disposição decada do resíduo. Como exemplo, a disposição de grandes blocos de concretoem vias de tráfego, é inaceitável.

6.1 Composição da Camada de Cobertura de Aterros Sanitários

Aterros sanitários são formas de disposição de lixo consideradas adequadas,pois o confinamento dos resíduos causa poucos danos ao meio ambiente.Neste processo o lixo é empurrado, espalhado e amassado sobre o solo.Depois é coberto por uma camada de terra para evitar mau cheiro eproliferação de insetos e ratos. O resíduo gerado pela construção civil pode serutilizado na composição desta camada de cobertura.

6.2 Disposição em Cavas de Mineração.

As cavas de mineração são decorrentes da atividade de extração minerária.Tais cavas enquanto não tiverem um uso definido, não podem serconsideradas, quando inundadas, como lagoas, lagos ou reservatórios, aindaque artificiais. As cavas apresentam sério risco de saúde à população porfacilitar a proliferação de vetores que veiculam doenças hídricas e também porserem freqüentes os casos de morte por afogamento em tais locais.

6.3 Pavimentação de Vias de Acesso Públicas e/ou Particulares.

O uso de resíduos de construção civil é muito utilizado na pavimentação devias de acesso, pois apresentam uma característica arenosa, ou seja, nãoformam “lamaçais” permitindo um bom escoamento e infiltração de águaspluviais. Evidentemente, os resíduos utilizados nessa atividade não podemapresentar algumas características que inviabilizem o tráfego de veículos, taiscomo, grandes dimensões, presença de materiais ferrosos (pregos, arames,pedaços pontiagudos de ferro, etc.), pedaços de vidro, ou outros materiais quepossam causar danos aos materiais alheios e/ou incômodos à população.

6.4 Correção de Relevos e Outros.

A disposição de resíduos de construção civil na correção de relevos deterrenos (soterramento) depende do uso ao qual se destina o terreno, ou seja,essa disposição não poderá afetar a atividade que será desenvolvida naquelelocal. Em geral, não há uma regra já estabelecida. Cada caso deve seranalisado, principalmente quanto à característica do resíduo e sua forma dedisposição. Alguns exemplos: áreas que serão destinadas à construção deestradas, áreas verdes, etc.

6.5 Usinas de Reciclagem de Resíduos da Construção.

Usinas de reciclagem de resíduos da construção, também são consideradascomo prevenção à poluição, pois permitem o reuso e/ou reciclagem demateriais. São sistemas de tratamento de resíduos que após tratados sãoutilizados em atividades menos exigentes, como fabricação de calçamento,

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tijolos e muros. Desta forma, um resíduo que antes implicava num gasto paraseu transporte e disposição final, passa a gerar um lucro, pois os agregadosproduzidos na reciclagem reduzirão o uso de matérias-primas convencionais.

7 DESVANTAGENS DA DISPOSIÇÃO INADEQUADA

7.1 Ao Homem

Desvalorização das propriedades

Impossibilidade do uso dos recursos naturais

Prejuízo estético

Desgaste da imagem da entidade envolvida

Inconvenientes ao bem-estar e saúde da população

7.2 Ao Meio Ambiente

Riscos à segurança

Poluição do ar

Poluição do solo

Poluição das águas superficiais (rios e córregos) e subterrâneas (lençolfreático)

Destruição das matas naturais

Desequilíbrios ecológicos (nas condições de água – abrigo – alimento)

Prejuízo estético

8 PRINCIPAIS PROBLEMAS NA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS

Não há garantias de que os resíduos de construção civil recolhidos estarãoisentos de outros tipos de resíduos, principalmente quando a coleta é feita emcaçambas.

Não há suficiente educação ambiental a respeito da coleta seletiva de resíduos.

Não há interesse em treinar os funcionários e demais pessoas envolvidas emuma obra, sobre a separação, coleta e reutilização de resíduos, principalmentenas pequenas obras.

Há custos para coleta, tratamento (separação, trituração, moagem, umectação,etc.) armazenamento e transporte dos resíduos.

A inexistência de locais apropriados para a disposição dos resíduos próximoaos locais de geração, às vezes torna seu custo de transporte e manuseioinviáveis.

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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Curso de Licenciamento Ambiental para os Setores de Saneamento eRecursos Hídricos, CETESB (CoMPanhia de Tecnologia de SaneamentoAmbiental do Estado de São Paulo), 1999.

Legislação Estadual – Controle de Poluição Ambiental do Estado de São Paulo(Atualizado até Dezembro de 1998) – São Paulo: CETESB (CoMPanhia deTecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo), 1999.

NBR 10004 – Resíduos sólidos – Classificação, norma da ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas), set/1987.

NBR 10005 – Lixiviação de resíduos – Procedimento, norma da ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas), set/1987.

NBR 10006 – Solubilização de resíduos – Procedimento, norma da ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas), set/1987.

NBR 10007 – Amostragem de resíduos – Procedimento, norma da ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas), set/1987.

NB 1264 – Armazenamento de resíduos classes II – não inertes e III – inertes,norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), dez/1989.

Resolução SMA nº 34 (03/06/96), SMA (Secretaria do Meio Ambiente doEstado de São Paulo), Municípios da Região Metropolitana de São Paulo,utilização de áreas mineradas para disposição de resíduos sólidos inertes.

Resolução SMA nº 28 (22/09/99), SMA (Secretaria do Meio Ambiente doEstado de São Paulo), zoneamento ambiental para mineração de areia nosubtrecho da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, municípios deJacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Tremembé ePindamonhangaba e providências correlatas.

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IBRACON

III Seminário “DesenvolvimentoSustentável e a Reciclagem na

Construção Civil:Práticas Recomendadas”

CT- 206 MEIOAMBIENTE

BACIAS DE CAPTAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS –INSTRUMENTO PARA UMA GESTÃO SUSTENTÁVEL

PINTO, Tarcísio de Paula (1)

(1) Mestre EESC-USP, Doutor EPUSP, Diretor Técnico da I&T – Informações eTécnicas, R. Salvador Risoléu,78, Butantã, S. Paulo, 05536-020, tel/fax:O11-3742-0561, e-mail: i&[email protected]

Palavras-chave: resíduos da construção e demolição, gestão, reciclagem.

RESUMO

A urbanização acelerada e o rápido adensamento das cidades de médio egrande porte têm provocado inúmeros problemas para a destinação do grandevolume de resíduos gerados em atividades de construção, renovação edemolição de edificações e infra-estrutura urbanas, condicionando os gestorespúblicos a adotarem soluções mais eficazes para a gestão desses resíduos.

Este trabalho comenta os graves problemas causados por eles e apresenta oconceito de bacias de captação de resíduos enquanto instrumento adequadode intervenção, parte de uma nova metodologia para gestão diferenciada dosresíduos de construção e demolição. Comenta ainda as experiênciasparcelares de alguns municípios brasileiros que demonstram, pela redução deproblemas ambientais e excelência dos resultados, o potencial e asustentabilidade do instrumento de gestão que está sendo proposto.

1 INTRODUÇÃO

A questão dos resíduos gerados em ambientes urbanos, no Brasil, atingecontornos gravíssimos, pela ínfima presença de soluções adequadas quer paraos efluentes líquidos quer para os resíduos sólidos.

Os dados levantados no Censo de 1991 apontam que, da parcela dosdomicílios que têm esgoto coletado, os efluentes de 80% não recebemqualquer tipo de tratamento, sendo despejados diretamente no solo ou nos

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corpos d’água, gerando sérios iMPactos aos ambientes de vida. O mesmoCenso aponta por outro lado, que, quando existe a coleta de resíduos sólidosdomiciliares, 76% desse material é depositado a céu aberto, sem qualquer tipode tratamento ou controle (BRASIL, 1995).

Indicadora da gravidade dessa situação é a estimativa do Ministério da Saúdede que as carências dos serviços e ações de saneamento sejam responsáveis,no Brasil, por 65% das internações hospitalares (BRASIL, 1995). É a “epidemiasurda” da carência de saneamento, que pune, num país sem lutas nemguerras, principalmente as populações de baixa renda, marginalizadas noprocesso econômico.

O censo do ano 2000 deverá revelar um novo quadro, mas, para o país comoum todo, não deverão acontecer alterações significativas, em função dasdificuldades econômicas vividas pelos municípios e da crescente omissão dogoverno federal na última década.

Os resíduos gerados nas atividades construtivas e os resíduos volumosos(móveis e equipamentos inutilizados, grandes embalagens e peças de madeira,entre outros) têm parte da responsabilidade no quadro acima descrito. Sãogerados em expressivos volumes, principalmente os da construção, nãorecebem solução adequada, impactam o ambiente urbano e constituem localpropício à proliferação de vetores de doenças, aspectos que irão agudizar osproblemas de saneamento nas áreas urbanas. Esses resíduos são parte dosresíduos sólidos urbanos (RSU) que incluem também os resíduos domiciliarescom todos os problemas anteriormente relatados. Porém, para os resíduos deconstrução e demolição (RCD) e resíduos volumosos, há agravantes: oprofundo desconhecimento dos volumes gerados, dos iMPactos que elescausam, dos custos sociais envolvidos e, inclusive, no caso dos RCD, daspossibilidades de seu reaproveitamento, fazem com que os gestores dosresíduos se apercebam da gravidade da situação unicamente nos momentosem que, acuados, vêem a ineficácia de suas ações corretivas.

Muitos dos documentos técnicos que sustentam a formulação de políticas paraos resíduos sólidos ignoram situações como as reveladas pelos dados daTabela 1 e atêm-se exclusivamente aos resíduos domiciliares.

O desconhecimento dos volumes reais de resíduos sólidos gerados faz comque os gestores urbanos se balizem por práticas de gestão apenas corretivados iMPactos ambientais e econômicos que são decorrência da inexistência desolução para o descarte correto e para a captação racional desses resíduos.

A Gestão Corretiva praticada nos municípios não se antecipa aos eventosdeterioradores do ambiente urbano, considera importantes agentes doprocesso apenas como potenciais infratores, e tem sua sustentabilidade cadavez mais comprometida, conforme o esgotamento inexorável das áreas para adisposição final dos RCD e resíduos volumosos. As ações dos gestores dalimpeza urbana nesses municípios, apesar de infrutíferas, têm que se manterincessantes devido ao grande volume de RCD que continua e continuará sendogerado nas áreas urbanas em expansão ou renovação.

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Tabela 1 - Composição dos RSU em alguns municípios brasileirosMunicípiosInformações (1)

SantoAndré

SP

(base 96)

São JoséR. Preto

SP

(base 96)

São JoséCampos

SP

(base 95)

RibeirãoPreto

SP

(base 95)

Jundiaí

SP

(base 96)

Vitória daConquista

BA

(base 97)

Geração de resíduosdomiciliares

36 % 25 % 26 % 17 % 27 % 25 %

Geração de outros resíduos(volumosos/industriais/serv.

Saúde/solo/podas)

10 % 17 % (2) 7 % 13% 11 % 14 %

Provável geração total deRCD

54 % 58 % 67 % 70 % 62 % 61 %

Geração total de resíduossólidos urbanos (t/dia)

1.868 1.187 1.090 1.484 1.151 512

(1) Conforme PINTO, 1999 (2) Exclusão dos resíduos industriais

2 GESTÃO DIFERENCIADA DE RESÍDUOS

A Metodologia para a Gestão Diferenciada dos RCD que vem sendo proposta epraticada em alguns municípios brasileiros, é um conjunto de ações de entespúblicos e privados, visando a reorientação de sua prática, para que recursosnaturais não renováveis sejam usados com racionalidade e o ambiente sejapreservado da disposição aleatória de resíduos com elevado potencial deaproveitamento. Enquanto metodologia é fruto da constatação de que associedades nunca consumiram tantos recursos naturais e geraram tantosresíduos como na atualidade (CAVALCANTI, 1996) e, em função disso, aonível do poder público, é necessária a interrupção de práticas coadjuvantes,meramente corretivas, substituindo-as por soluções sustentáveis para espaçosurbanos cada vez mais densos e complexos de gerir.

Deve ser vista como solução necessária, complementar à gestão tradicionaldos resíduos domiciliares e à introdução de preceitos modernos na gestão deoutras parcelas dos resíduos sólidos urbanos como a coleta seletiva ereciclagem de embalagens, compostagem de resíduos orgânicos e podasvegetais, desmontagem e reaproveitamento de resíduos volumosos.

As diretrizes básicas da Gestão Diferenciada dos RCD são: a facilitação totalda disposição dos RCD e outros resíduos sólidos que comumente com eletransitam, a diferenciação integral dos resíduos sólidos captados e a alteraçãoda destinação dos resíduos captados, pela adoção da reciclagem.

A facilitação da disposição se dá com a oferta mais abrangente possível deáreas públicas de pequeno e médio porte para o descarte de resíduos sólidosnão-domiciliares, não-sépticos e não-industriais, constituindo-se uma redeofertada aos agentes para a disposição correta de RCD e outros resíduos

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sólidos comumente descartados em conjunto. Devem ser especializadas aspequenas áreas para a recepção de pequenos volumes1, limitados àquantidade transportável em veículos particulares ou pequenos veículos deagentes informais de coleta, e as áreas de médio porte especializadas para arecepção de volumes coletados por agentes que operam com veículosmaiores, dedicados exclusivamente ao transporte de RCD.

A atração dos grandes volumes de RCD e a centralização dos pequenosvolumes captados, em áreas onde seja estruturada a reciclagem, permitirãoconferir perenidade a tais áreas, substituindo-se a solução dos bota-forassempre emergenciais da gestão corretiva por centrais de reciclagem racionaise plenamente geríveis.

3 BACIAS DE CAPTAÇÃO DE RESÍDUOS E LOCAIS PARA ENTREGAVOLUNTÁRIA

A ampla maioria dos iMPactos ambientais e econômicos por má disposição deresíduos é decorrente da inexistência de solução para o descarte correto dospequenos volumes em áreas urbanas, e a gestão corretiva que vem sendopraticada nos municípios acaba constituindo um sistema de coleta “às avessas”com os geradores e coletores de pequeno porte, muitas vezes definindo oslocais onde é mais racional a disposição dos RCD. A metodologia de gestãodiferenciada reconhece essa “logística” e, a partir dela, define estratégias paraatração eficiente desses resíduos em pequenos volumes até locais onde sejamentregues voluntariamente e possam ser diferenciados para uma destinaçãocorreta.

Para que essa estratégia tenha o alcance e a eficiência necessários, é deextrema importância o planejamento da disposição geográfica dos locais deentrega em relação à zona geradora. Para essa definição é válido oempréstimo do conceito de bacia de captação da drenagem urbana.

Assim, para toda a zona urbana geradora podem ser definidas Bacias deCaptação de resíduos, a partir da consideração de determinantes como ascaracterísticas de renda da população, a intensidade e tipologia de geração deresíduos, possíveis dificuldades impostas pelo sistema viário, altimetria local,disponibilidade e capacidade de deslocamento dos coletores para pequenosvolumes e dos próprios geradores. Definidos os limites da Bacia, a pequenaárea para onde deverão confluir os resíduos deverá ser escolhida sob a óticada flexibilidade, possibilitando seu remanejamento ocasional para ajuste até amáxima atratividade dos resíduos (RCD e volumosos) gerados na Bacia.

A Figura 1 apresenta os limites de bacias arbitrados em São José do Rio Preto,SP e a localização dos locais de entrega voluntária, ali denominados de Pontosde Apoio; esse município acaba de instituir, de forma pioneira, um sistema decaptação e destinação baseado em 14 bacias e duas centrais de reciclagem.

1 Há exemplos, em outros países, da adoção de áreas para função

assemelhada – dècheteries na França, amenity sites no Reino Unido(JARDIM, 1995), deixalleries na Catalunha (CATALUNYA, s.d.)

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Figura 1 - Bacias de captação de resíduos em São José do Rio Preto / SP

As Bacias de Captação são um instrumento privilegiado para a inversão dopapel coadjuvante dos gestores na administração de resíduos urbanos.Estabelecidas com obediência aos determinantes anteriormente citados,possibilitam eficiência de atração muito elevada, gerando intensa redução dedeposições irregulares e de áreas deterioradas.

Os locais para entrega voluntária estabelecidos em cada bacia tendem afuncionar como “ralos” captores de resíduos, mas para que a facilitação aosagentes ocorra com plenitude e a atração e captação dos resíduos sejamrealmente eficientes, importa privilegiar o nucleamento de pequenos coletoresnesses locais e construir parcerias adequadas com instituições estabelecidasna bacia (instituições associativas, religiosas ou esportivas, escolas, etc).

700 m

10

03

0504

02

09

07

08

06

01

12

11

13

14

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O nucleamento de pequenos coletores garante solução de descarte parageradores que não disponham de veículo apropriado, formalizando-se epotencializando-se o papel desses pequenos coletores como agentes delimpeza urbana. As parcerias com instituições locais, visando a recuperação daqualidade do ambiente de moradia, permitirão que elas cumpram papelmultiplicador dos esforços, inerentes à gestão diferenciada dos RCD, paraalteração de cultura e procedimentos. A Figura 2 apresenta, para uma dasBacias definidas em S. José do Rio Preto, as parcerias que serão objetivadas.

Figura 2 - Instituições objetivadas como parceiras em uma dasBacias de São José do Rio Preto / SP

São esforços desse tipo, de aproximação das soluções técnicas eficazes comas instituições que aglutinam as pessoas que fazem a cidade, que podemalterar os cenários de degradação tão comuns aos municípios brasileiros.

Fundamental ainda para a consolidação das Bacias e de seus locais decaptação como novo método de gestão de resíduos é a introdução de agentespúblicos locais com a função precípua de orientarem processos e monitoraremresultados, consolidando, pela informação continuada e pela educaçãoambiental, a necessária alteração de culturas, as parcerias estabelecidas e onovo papel dos pequenos coletores.

Resultado da implantação de locais de entrega voluntária é a plenapossibilidade de segregação dos resíduos recebidos e possibilidade deespecialização de equipamentos para remoção, com menores custos, deresíduos com características diferenciadas, como exposto na Tabela 2.

AV. J

OSÉ M

UNIA

ROD. WASHINGTON LUIZ

R OD. BR-1

53

R. MÁRIO GOMIDE

R. JOSÉ POLACHINI

AV . POTI RE

N DA B

A

AV. D

R . LOFT

JOÃO

BASSIT

700 m

520 545

565

520

520

520

520

PONTO DE APOIOESCOLAS / CRECHES

ASSOCIAÇÕES LOCAISIGREJAS E TEMPLOS

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Tabela 2 - Diferenciação, organização e remoção adequada de resíduos sólidos emlocais de entrega voluntária.

Diferenciação RCD Solo Rejei-tos

Podas Volu-mosos

Madei-ra

Papel Plásticoe vidro

Metálicos

Apresentação a granel em partículas maiores

Características

de massa

Densos Leves (1)

Características

do meio

de transporte

Veículo para transportede elevada tonelagem.

Limitar pelo peso

Veículo para transporte

de elevado volume.

Limitar pelo volume

(1) Comumente os resíduos metálicos ferrosos ou não-ferrosos captados estão na forma deutensílios ou componentes, que, como tal, podem ser caracterizados como leves.

As experiências que vem sendo desenvolvidas nos últimos anos por algumasmunicipalidades vem demonstrando, de forma ainda parcelar, mas inequívoca,o potencial dessas intervenções.

Locais de entrega voluntária estabelecidos em Belo Horizonte (4 locais,denominados de Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes) e emSalvador (6 locais, denominados de Postos de Descarga de Entulho) vêemrecebendo volume expressivo de materiais para os quais anteriormente nãohavia solução de coleta.

Figura 3 - Unidade de Recebimento Saramenha em B. Horizonte eP. Descarga Amaralina - Salvador

Em Salvador, os seis Postos já implantados a partir de 1998, parte dos 22previstos no Projeto de Gestão Diferenciada do Entulho desenvolvido pelaLIMPURB, já fazem parte de um novo modo de gestão que vai se impondo.

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Tabela 3 - Postos de Descarga de Entulho em Salvador / BA. Média da recepção deRCD.

Postos de Descargade Entulho (1)

FazendaGrande

LuizAnselmo

Fede-ração

NordesteAmaralina

Itaigara Bocado Rio

Total

Tonelagem médiamensal recebida (t) 51 303 212 303 884 757 2.510

(1) Conforme relatórios internos da LIMPURB – Empresa de Limpeza Urbana de Salvador

Já em Belo Horizonte, que vem implantando esse método de gestão desde1995, os quatro locais de entrega voluntária, além de estarem recebendovolumes crescentes de RCD e resíduos volumosos (2.250 toneladas mensaisnos primeiros meses de 2000), nucleam pequenos coletores que atendem ascomunidades do entorno.

Tabela 4 - Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes em Belo Horizonte, MG.Resíduos recebidos entre fevereiro e junho de 1999

Unid. de Recebimento (1) Barão 300 Barr. Sta Lúcia Saramenha Andradas Total

Volume médio mensalrecebido (m3) 240 30 210 329 719

Média de viagens mensaisrecebidas (un)

596 77 648 528 1849

Carroceiros nucleados 66 13 72 116 267

(1) Conforme relatórios internos da SLU – Superintendência de Limpeza Urbana

A utilização dos conceitos de Bacia de Captação e Local de Entrega Voluntáriacomo instrumentos de gestão possibilita o desenvolvimento de diversosprogramas paralelos, como a expansão da coleta seletiva para todo omunicípio que está sendo articulada com instituições sociais em São José doRio Preto, ou o “Disque Carroça” programa implantado pela SLU há algunsmeses, em Belo Horizonte, para atendimento aos munícipes, e que vemsurtindo grande sucesso.

A prática que vem sendo exercitada nos municípios citados aponta que ametodologia para a gestão diferenciada dos RCD e outros resíduos, e o avançoaté a definição de Bacias de Captação e Locais de Entrega Voluntária, é oinstrumento eficaz que, como serviço público, permitirá deslocar os gestores deresíduos da posição de meros coadjuvantes de um processo perdulário eincontrolável, possibilitando solução sustentável para um velho problemaurbano.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério do Planejamento e Orçamento. Secretaria de PolíticaUrbana - SEPURB. Departamento de Saneamento. Política nacional desaneamento: 1995/1999. Dez. 1995.

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CATALUNYA. Resum del programa de gestió de residus municipals deCatalunya. Generalitat de Catalunya, Departament de Medi Ambient, Juntade Residus. Catalunya, Junta de Residus. S.d. /datilografado/

CAVALCANTI, C. et al. Desenvolvimento sustentável: compreensão eprincípios de políticas. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADEBRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA-SBPC, 48. Ciência parao progresso da sociedade brasileira. São Paulo, 1996. Anais, v. 1,Conferências, Simpósios e Mesas Redondas. São Paulo, PUC-SP 1996.P. 15-23.

JARDIM, N. S. et al. Coord. Lixo municipal: manual de gerenciamentointegrado. São Paulo, IPT, 1995. (Publicação IPT 2163).

PINTO, T.P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos daconstrução urbana. São Paulo 1999. 189 p. Tese (Doutorado) - EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenhariade Construção Civil.

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CT- 206 MEIOAMBIENTE

“PEDREIRA ITAQUERA: METAMORFÓSE DA MINERAÇÃO” UMABREVE HISTÓRIA SOBRE A “PEDREIRA DE ITAQUERA”.

DE BAPTISTI, Edson (1); HACHEN, Flavio (2).

(1) Engenheiro Civil, Latu-Sensu, Saneamento Ambiental, Gerência deNegócios, Pós-graduado Direito Ambiental ; Construtora Queiroz GalvãoS.A, Av: Itaquera, 5.889, Cidade Líder, São Paulo, SP; e-mail:[email protected].

(2) Administrador de Empresa, Pedreira Itaquera Ltda., Rua Boa Vista n.254,11 andar-cj.09 , Centro, São Paulo, SP.

Palavras-chave: inertes, aterro, Pedreira ltaquera, monitoramento ambiental,monitoramento geotécnico.

RESUMO

A cava da antiga Pedreira ltaquera, em atividade desde 1957, está sendoutilizada para a execução de um aterro de resíduos inertes gerados nomunicípio de São Paulo, cuja capacidade de destinação é de aproximadamente4.500.000 toneladas, para um período previsto de 54 meses. A área encontra-se atualmente dentro do espaço urbano da cidade de São Paulo, situada nazona leste.

A operação e administração do empreendimento é de responsabilidade daConstrutora Queiroz Galvão, e constitui parte do Plano de Recuperação deÁrea Degradada - PRAD, elaborado há dez anos, que propunha a recuperaçãotopográfica da área explorada, pelo preenchimento da cava com resíduosinertes, o que permitiria a sua reintegração à paisagem urbana.

Para sua utilização como um aterro de resíduos inertes foram realizadosestudos ambientais, submetidos à apreciação dos órgãos Ambientais, para aobtenção do licenciamento ambiental. Como se tratava de um aterro deresíduos inertes, o potencial de causar poluição às águas subterrâneas épraticamente nulo. Embora, todos os cuidados foram, e estão sendo tomadosna operação do aterro para assegurar que o lençol freático não possa ser

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contaminado. O maciço rochoso do fundo da cava da Pedreira foi regularizadoe impermeabilizado com material argiloso.

O Plano de Monitoramento da Qualidade das Águas Subterrâneas foielaborado para permitir o controle e garantir a qualidade atual das águassubterrâneas no local do empreendimento. Este controle é feito por umrnonitoramento, em base contínua, de amostras de água coletadas em umdreno central, e ao se identificar qualquer alteração nos padrões de qualidadedas águas, medidas corretivas poderão ser adotadas, antes que as águassubterrâneas sejam atingidas.

Afim de se garantir as condições de estabilidade e segurança doempreendimento, foi implantado o Plano de Monitoramento Geotécnico

Embora nos últimos anos a situação já estivesse bem equacionada o PRAD(PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS) elaborado há dezanos, destinava o enorme buraco escavado na rocha para a implantação deaterro de inertes, pois, esta seria a vocação natural para um futuroempreendimento imobiliário, haja visto que o metrô também se tornou vizinhoao muro de britagem ressaltando ainda mais a evolução do entorno.

1 O FUTURO

Como a cava ocupava um terço da área, não seria inteligente deixá-la aberta.Aterrá-la seria necessário e a solução de um aterro de inertes se impunhanaturalmente. A cava da antiga pedreira é mostrada na Foto 1. A Prefeiturapremida pela necessidade crescente de um local adequado para depósito deentulhos chegou a sondar o grupo sobre a possibilidade de desapropriação.Isso não interessava ao grupo que preferia explorar economicamente apropriedade. A crise paulistana evitou que a desapropriação fosse a soluçãoadotada.

Foto 1 Vista aérea do terreno; arquivo de 1999.

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Então a administração municipal passou a priorizar uma solução em que nãonecessitasse investir em desapropriações e adotou uma licitação em que aempresa que vencesse o serviço de tratamento de entulhos deveria apresentarcomo requisito básico da proposta uma área de destinação final que estivesseo mais próximo possível da cidade; e que tivesse acesso fácil; que nãoestivesse em área de manancial; que não tivesse nenhum tipo de restriçãoambiental; e, principalmente, não representasse custos para ela.

A cava da Pedreira Itaquera adequava-se perfeitamente às condições técnicasexigidas e vinha ao encontro dos objetivos do grupo. O pretendente queapresentasse a cava da Itaquera como área de destinação teria as melhorescondições de vencer a licitação. O grupo proprietário foi sondado por diversoscandidatos e optou pela Construtora Queiroz Galvão pela sua qualificação emoperar diversos aterros públicos. Na proposta apresentada, a área da Itaquerafoi colocada à disposição da Prefeitura a custo zero, sem aluguel ou custo dedesapropriação. A administração municipal remunera a empreiteira pelo serviçode destinação final, adequação e manutenção, dentro dos mais altos níveis desegurança e qualidade.

A decisão de implantar um aterro de inertes foi discutida com a comunidadeque rodeia a pedreira. E a receptividade, foi muito boa, já que, embora muitosdos incômodos da exploração mineral persistam, alguns são totalmenteeliminados - as vibrações provocadas por explosões, o ruído e a poeira dossistemas de britagem - outros são atenuados - tráfego de equipamentos, etc.No mesmo nível continuará o tráfego de caminhões, mas assumindo outracaracterística, já que as carretas que transportavam brita foram substituídaspor caminhões transportando caçamba. Como toda a área foi pavimentada, hásensível redução, de poeira. Completado o preenchimento da cava, apopulação vai ter como vizinha uma área reurbanizada e suas propriedadesserão sensivelmente valorizadas.

2 PREFEITURA GANHA COM A UTILIZAÇÃO DA ÁREA.

O Aterro Itatinga foi o primeiro depósito oficial de entulhos da Prefeitura de SãoPaulo durante muito tempo; o Aterro Itaquera passa a ser agora pelos próximoscinco anos. A vantagem para a Prefeitura Municipal é que tendo um depósitooficial pode exercer um controle mais efetivo. Deixa de depender de aterrosclandestinos ou de depósitos de lixo doméstico onde o entulho seria depositadoem condições inadequadas.

Quando o ciclo do aterro de Itatinga se encerrou, a Prefeitura foi obrigada adepositar o entulho no aterro de lixo doméstico de Bandeirantes. Além dedepositar em condições inadequadas, pois mistura material inerte com lixodoméstico, o custo do transporte se torna proibitivo, bem maior do que oprevisto para o aterro de Itaquera que está a 16 km do centro em linha reta.Deve-se ressaltar ainda que áreas onde se possa depositar lixo doméstico sãomuito difíceis de serem conseguidas e usar parte de sua capacidade commaterial inerte reduz a vida útil do aterro.

As condições dos aterros clandestinos não são melhores. Estes estão emterrenos de condições inadequadas, não obedecem a nenhuma legislação epodem provocar acidentes sérios, como o que ocorreu há cerca de 10 anos no

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Morumbi, quando um aterro deslizou sobre uma favela. Trazem transtornos detodo tipo, como falta de drenagem, contaminação do lençol freático,assoreamento de cursos d’água, poeira, destruição de ruas e avenidas,entupimento de redes de águas pluviais, presença de ratos e insetos, etc.Mesmo para os usuários destes depósitos o prejuízo é grande. São obrigadosa pagar cerca de R$ 15,00 para descarregar a caçamba e correm o risco deserem multados por não cumprirem a legislação ambiental.

Em aterro de inertes oficial, o custo para o caçambeiro é zero. Além disso, todamanipulação da carga será feita, por empresa com comprovada qualificação. APrefeitura tem condições de oficializar as caçambas, obrigando os proprietáriosdas caçambas a registrá-las, pintá-las com a cor oficial e numerá-las. Haverácontrole total, seja sobre o aterro, seja sobre o entulho. Com um únicodepósito, o fluxo de caminhões pode ser aferido e medidas para adequação aotráfego local adotadas.

3 ATERRO DE INERTES ITAQUERA - IMPLANTAÇÃO

O aterro de resíduos inertes de Itaquera foi iniciado oficialmente em 22 deoutubro último. A responsabilidade de receber e selecionar o resíduo, operar eadministrar o aterro é da Construtora Queiroz Galvão, vencedora da licitaçãoaberta pela Prefeitura Municipal de São Paulo. Todo o entulho e todo materialinerte não contaminado gerados dentro do município deverão serencaminhados para o aterro de Itaquera.

O primeiro passo para que o material inerte pudesse começar a ser depositadofoi a impermeabilização da rocha do fundo da cava da pedreira com argila paraassegurar que o lençol freático não seja contaminado(foto 2). Foram utilizadoscerca de 40.000 m3 de material argiloso retirado do bota-fora, local para ondefoi encaminhado o material terroso que capeava a rocha durante os anos deexploração comercial da pedreira. O entulho é lançado, na cava onde écuidadosamente compactado com o objetivo de ampliar a vida útil do aterro,além de permitir que, após fim da atividade, a área possa ser utilizada comsegurança. O processo de compactação é praticamente o mesmo usado emcompactação de aterros rodoviários. Entretanto, dada à heterogeneidade domaterial recebido (entulho, restos de construção, etc.), sua compactação émuito difícil e o resultado não pode ser comparado aos aterros mais comuns.

Para a compactação, são utilizados o compactador vibratório pé-de-carneiroDynapac CA 25 e tratores de esteira, além de equipamentos de apoio como pácarregadeira, retroescavadeira e caminhões-pipa. A taxa de coMPactaçãomínima que deve ser conseguida é de 1,2 kg/m3.

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Foto 2 Regularização e Impermeabilização do Fundo

4 DRENAGEM

Outro ponto muito importante para que o aterro seja bem executado é osistema de drenagem. Durante a impermeabilização inicial do fundo da cava dapedreira, tomou-se o cuidado de direcionar o fluxo das águas para um únicoponto de acumulação e captação, onde foi construída uma caixa (shaft) einstalado um sistema de bombeamento. O sistema utiliza bombas submersíveisque recalca a água depositada a uma altura de cerca de 90m para fora da cavaatravés de uma “chaminé”’ de tubo com diâmetro de 1,20 m . As águas pluviaisvão percolar através do material inerte com facilidade dada a sua granulação evão ser captadas e direcionadas por drenos verticais e horizontais, para estesistema. Além da drenagem principal, outras vão ser executadas durante a,construção do aterro, ora com o emprego de drenos cegos - brita graduadaenvolvida por bidim - ora com a construção de valas a céu aberto, (todas elasdirecionadas para o ponto de captação principal).

5 OPERAÇÃO

A entrada dos resíduos inertes é feita pela antiga entrada da pedreira, situadana Av. Itaquera, n.º 5.889. Os caminhões caçambeiros ou basculantespercorrem por acesso pavimentado até a entrada do aterro. Ali foraminstaladas duas balanças eletrônicas de 60.000 kg de capacidade cada, ligadasaos computadores da Companhia de Processamento de Dados do Municípiode São Paulo - Prodam. Elas controlam e medem a entrada do material paraque a Prefeitura Municipal possa acompanhar a construção do aterro e fazeraferições à Queiroz Galvão pelo serviço. Este sistema foi instalado pelaProdam e é por ela controlado.

Para que todo o complexo de trabalho do aterro pudesse ser instalado, a antigainstalação de britagem foi desmontada, escritórios e oficinas reformados eampliados (fotos 3 e 4), de modo a dar todo conforto para os que trabalham

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no aterro, desde os administradores e trabalhadores do aterro até os fiscaisque vão fazer o monitoramento do aterro.

A capacidade de armazenamento do aterro de Itaquera é de cerca de4.600.000 toneladas de material inerte classe Ill e sua vida útil prevista é decinco anos.

Foto 3 Antigas Instalações da Pedreira

Foto 4 Novas Instalações

6 MONITORAMENTO

Por se tratar de um aterro de material inerte, o monitoramento é mais simples,já que não há formação do chorume - líquido que se forma na decomposiçãodo lixo orgânico. Sendo que o potencial de poluição não existe nos aterros deinertes.

No caso do aterro de Itaquera, o monitoramento é uma atividade que visaestabelecer parâmetros de controle para acoMPanhar o projeto como um todo.

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Isto permitirá que ações preventivas e corretivas sejam tomadas pelas equipesde geotecnia e de controle ambiental. Engenheiros especializados fazemvisitas técnicas periódicas para verificar as condições de execução do projeto.No monitoramento são feitos relatórios técnicos, em que todos os aspectos sãoverificados como por exemplo: análise do lençol e estabilidade do maciço e,ações a serem desenvolvidas no eqüacionamento dos problemas do aterro.Tudo, isso ainda é complementado com documentação fotográfica de todas asfases de execução do aterro.

7 PREOCUPAÇÃO COM A COMUNIDADE

A construção do aterro foi amplamente discutida com a comunidade,circunvizinha. Todas as explicações sobre o tipo de material que ali seriadepositado foram dadas, as vantagens e desvantagens expostas. O projetocontinua a gerar um grande tráfego de caminhões como acontecia com aoperação da pedreira, com a sensível diferença de que antes se tratavam degrandes carretas transportando brita. E hoje os caminhões que transportamentulho são de menor porte. De qualquer forma, o tráfego cria transtorno para acomunidade. Para prevenir possíveis acidentes, as vias de acesso foramsinalizadas e as condições em frente à escola próxima ao empreendimento,melhoradas com a colocação de guias e calçadas. Observa-se que a Av.Itaquera que serve de acesso ao aterro não possuía calçadas, obrigando ospedestres a usarem o leito carroçável Ainda toma-se um cuidado especial coma limpeza para evitar-se a formação de poeira, evitando-se o incômodo àpopulação e ao meio ambiente, com constantes limpezas na via pública porintermédio de caminhões pipa.

8 QUANTIDADES RECEBIDAS DE ENTULHO

A Construtora Queiroz Galvão S/A em todo o compromisso assumido comórgãos públicos na execução de seus trabalhos, se coloca muito acima de umasimples contra prestação de serviços, além de estar sempre buscando aexcelência em tudo o que desenvolve, procura interagir de forma constante eativa com os munícipes, que no caso do Aterro Itaquera estão diretamenteenvolvidos no pleno sucesso do empreendimento. Toda essa preocupação éque faz com que esta marca seja distinguida cada vez mais num mercadocompetitivo. No gráfico a seguir é mostrada a produção mensal de materialrecebido.

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-

20.000,00

40.000,00

60.000,00

80.000,00

100.000,00

120.000,00

140.000,00

160.000,00

180.000,00

TO

N

OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR

MESES

C O M P A R A T I V O D E P R O D U Ç Ã O M E N S A L / 9 9 / 0 0T O T A L A C U M U L A D O = 4 4 3 . 6 4 7 , 2 5

23.1

71,5

9

46.8

91,9

5

46.0

81,6

4

51.6

37,6

6

62.3

17,5

4

106.

385,

09

107.

161,

78

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IBRACON

III Seminário “DesenvolvimentoSustentável e a Reciclagem na

Construção Civil:Práticas Recomendadas”

CT- 206 MEIOAMBIENTE

DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA INDÚSTRIA DECOMPÓSITOS

CARVALHO; A. F. (1)

(1) Engenheiro da Universidade Federal de Minas Gerais. Líder de marketingda Owens Corning para a América Latina. Tel (xx19)5359440, e-mail:[email protected]

Palavras-chaves: fiberglass, compósitos, reciclagem, resíduos.

RESUMO

A indústria de compósitos gera aproximadamente 10 mil toneladas de resíduossólidos por ano no Brasil. Esses resíduos são em geral dispostos em aterrossanitários. Este trabalho apresenta soluções alternativas para a destinação finale possível reaproveitamento desses resíduos.

1 INTRODUÇÃO

Em sentido restrito, compósitos são materiais estruturais resultantes dacombinação de fibras de vidro com resinas poliéster ou viniléster diluídas emestireno. Os compósitos são também conhecidos como plástico reforçado comfibras de vidro, PRFV, ou Fiberglass. As grandes vantagens dos compósitosem relação a outros materiais estruturais, como madeira e metais, são leveza,baixo custo de manutenção, facilidade de produzir geometrias complexas ebaixo custo fixo de transformação. Os compósitos são usados para fazer peçasou estruturas de geometria complexa em baixa escala de produção, comocaixas d’água, tanques para produtos químicos, peças para ônibus, mesas,cadeiras, piscinas e muitas outras.

A transformação dos compósitos pode ser feita por processos a quente ou afrio. Os processos a quente usam moldes metálicos aquecidos e geram poucosresíduos sólidos. Os processos a frio, principalmente os que usam moldes

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abertos, geram uma quantidade apreciável de resíduos. Este trabalho trataapenas da destinação dos resíduos sólidos gerados pelos processos detransformação a frio e que usam molde aberto. Esses processos são maisconhecidos como laminação manual ou a pistola.

Nos processos de molde aberto os resíduos sólidos são gerados pelo materialdepositado na faixa de rebarbação ao longo do perímetro das peças. Peças degrande perímetro e pequena superfície, como máscaras frontais de ônibus,geram grande quantidade relativa de resíduos sólidos. O contrário acontece nocaso de peças de grande superfície e pequeno perímetro, como piscinas, quegeram relativamente pouco resíduo.

Vemos assim que a indústria de compósitos gera resíduos sólidos durante atransformação, quando as peças são moldadas. Esses resíduos são fáceis deser coletados e podem ter muitas destinações finais, como vamos mostrar maisadiante. Outro tipo de resíduo sólido, que no momento não atrai muita atençãomas que no futuro será mais discutido, é o que resulta das peças que devemser descartadas após ter completado suas vidas úteis. A destinação final dosresíduos pós-consumo é mais complicada que a dos resíduos detransformação, principalmente devido às dificuldades encontradas na coletadas peças e na separação de contaminações.

Nesta monografia não falaremos dos resíduos pós-consumo devido àdificuldade logística em estabelecer um programa sistemático e abrangente decoleta e eventual disposição. Na Europa existe uma empresa subsidiada pelosfornecedores de compósitos para a indústria automotiva, que tem um programade coleta e reciclagem de peças pós-consumo. Esse programa, porém, éespecífico para reciclar peças moldadas a quente, não sendo abrangente paraatender as necessidades globais da indústria de compósitos. Ademais, comoos resíduos coletados são triturados e reciclados em mistura com materialvirgem, esse programa não resolve o problema de destinação, porque paracada quilo de material reciclado, o processo gera 4 a 5 quilos de material a serreciclado no futuro. Os programas de destinação que misturam materiaisvirgens e resíduos não são satisfatórios a longo prazo, porque geram maismaterial para reciclagem futura do que são capazes de reciclar. No que dizrespeito aos compósitos termofixos, o problema de destinação final dosresíduos pós-consumo só pode ser resolvido fora da própria indústria.

Fica entendido que vamos tratar apenas da destinação de residuos sólidosgerados na transformação dos compósitos. Dentro dos processos detransformação, vamos focar nossa atenção apenas nos chamados processosde molde aberto, também conhecidos como laminação manual ou a pistola.Esses resíduos são fáceis de ser coletados e podem ter várias destinaçõesfinais.

2 QUANTIFICAÇÃO DO PROBLEMA.

Desejamos saber quantas toneladas de resíduos de transformação sãogeradas por ano pela indústria de compósitos nos processos de laminação commolde aberto. Não existe estatística a esse respeito, porém podemos fazeruma estimativa bem razoável dessa quantidade, levando em conta algunsparâmetros simples que determinam a geração de resíduos.

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A expressão matemática que governa a quantidade de resíduos sólidosgerados nos processos de laminação em molde aberto resulta da aplicação deuma equação de equilíbrio e de duas equações constitutivas.

A equação de equilíbrio estabelece que a quantidade de material usada parafazer uma peça deve ser igual ao peso da peça mais as perdas por evaporaçãoe mais o resíduo.

evaporaçãopesoresiduoMT ++= (1)

onde MT é a quantidade total de material (fibra de vidro, resina, gelcoat, etc)usada para fazer a peça, peso é o peso final da peça moldada e evaporação éa quantidade de estireno perdida por evaporação.

As equações constitutivas relacionam o resíduo com o peso da peça e aevaporação do estireno com a quantidade total de material. A evaporação deestireno e o resíduo não são variáveis independentes, mas estão relacionadosrespectivamente à quantidade de material total (MT) e ao peso da peça.

residuoP

Apeso ×

∆×= (2a)

MTevaporação ×= α (2b)

onde A é a área da peça (m²), P é o perímetro rebarbado (m), ∆ é a largura dafaixa de material aplicada fora do molde, correspondente à faixa rebarbadaacrescida do “overspray”, e α é o coeficiente de evaporação do estireno.

Nota: No processo de laminação a pistola,“overspray” é o material que cai nochão, fora do molde.

A equação que governa a quantidade de resíduo sólido é obtida substituindo asequações constitutivas (2a) e (2b) na equação de equilíbrio (1). Fazendo assubstituições obtemos

( )

PA

MTresiduo

+∆

∆××−=

α1 (3)

A equação (3) permite calcular a quantidade de resíduo (kg) gerada quandosão conhecidos a quantidade de material total (MT em kg) usada na laminação,

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o perímetro rebarbado da peça (P em m), a largura da faixa rebarbada (∆ emm), a área da peça (A em m²) e o coeficiente de evaporação do estireno (α).

Nota: A quantidade de resíduo pode ser estimada também pela expressão

tdPresíduo ××∆×=

onde d e t são respectivamente a densidade (g/cm³) e a espessura (mm) dolaminado curado, isto é, após evaporação do estireno. A densidade doslaminados não varia muito com a evaporação do estireno, mas a espessurapode cair bastante. Para um coeficiente de evaporação igual a 7%, aespessura pode cair cerca de 8%.

Vamos ver alguns exemplos. A tabela 1 mostra os parâmetros relevantes paraestimar os resíduos gerados na fabricação de caixas d’água com capacidadesde 500 e 5000 litros. O coeficiente de evaporação de estireno foi tomado iguala 7%, de acordo com recomendação da CFA “Composites FabricatorsAssociation” para laminação a pistola sem controle e sem aditivos supressoresna resina e no gelcoat. A largura da faixa rebarbada foi tomada igual a 7 cm.

Para a caixa de 500 litros, o índice A/P = 0,81 metros, o coeficiente deevaporação de estireno é α = 0,07 e a largura da faixa rebarbada é ∆ = 0,07metros. Como são necessários 9,17 kg de materiais (gelcoat, resina e fibras devidro) para fazer essa peça, a expressão (3) nos diz que a quantidade deresíduo gerada é

( )kgresíduo 68,0

81,007,007,017,907,01

=+

××−=

Procedimento análogo nos leva a concluir que a caixa de 5000 litros gera 2,19kg de resíduos sólidos.

Tabela1 Parâmetros para estimativa de resíduos sólidosCapacidade

(litros)

P

(m)

A

(m²)

A/P

(m)

MT

(kg)

α ∆

(m)

Resíduo

(kg)

500 3,71 3,01 O,81 9,17 0,07 0,07 0,68

5000 7,22 14,21 1,97 68,62 0,07 0,07 2,19

A tabela1 mostra os parâmetros relevantes para estimar os resíduos sólidosgerados na laminação de caixas d’água de capacidades 500 e 5000 litros. Aquantidade de material total (MT) corresponde ao material consumido parafazer as caixas e não ao peso delas. O coeficiente de evaporação do estireno

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(α) foi tomado igual a 7% como recomenda a CFA para laminação a pistola. Alargura da faixa de rebarbação (∆) foi assumida igual a 7 cm.

O modelo matemático apresentado na expressão (3) é muito útil para estimar aquantidade de resíduos sólidos gerados nos processos de moldagem commoldes abertos. Ao invés de coletar e pesar os resíduos, peça por peça, omodelo faz a estimativa usando parâmetros facilmente quantificáveis. Ocoeficiente de evaporação de estireno, por exemplo, pode ser tomado igual a7% para laminação a pistola e igual a 4% para laminação manual. A largura dafaixa de rebarbação pode ser assumida igual a 7 cm para laminação a pistola e3 cm para laminação manual.

O modelo representado pela expressão (3) pode ser usado também paraestimar os resíduos sólidos gerados para laminar não uma peça de geometriaespecífica, mas para laminar todas as peças produzidas em uma empresa, ouem uma região, ou em um país. Para isso é necessário conhecer a quantidadetotal de matérias primas consumidas na empresa, região ou pais, e a médiaponderada das relações entre as áreas e os perímetros das peças. A únicadificuldade é estabelecer com precisão a relação média A/P. Para isso énecessário um trabalho de pesquisa que determine essa relação. Para peçaspequenas, como uma cadeira, A/P ≈ 0,15 m. Para caixas d’água essa relação é0,81 m para caixas de 500 litros e 1,97 m para caixas de 5 000 litros. Fazendouma estimativa grosseira, podemos dizer que o valor médio da relação A/Ppara um mix de peças grandes e pequenas, deve ficar entre 0,3 m e 0,7 m. Nafalta de uma pesquisa sobre o tema, podemos assumir para a totalidade depeças produzidas no Brasil, a relação A/P ≈ 0,5 m.

Conhecendo a relação A/P, e a quantidade de matérias primas (MT) consumidaanualmente nos processos de molde aberto, fica fácil estimar os resíduosgerados por ano num país ou numa região. No Brasil os processos de moldeaberto transformam anualmente (1999) cerca de 18.000 toneladas de roving, 4000 toneladas de manta, 44.000 toneladas de resina e 12.000 toneladas degelcoat. Portanto a quantidade total de matérias primas consumidas nessesprocessos por ano é

Roving 18 000 ton

Manta 4 000 ton

Resina 44 000 ton

Gelcoat 12 000 ton

Total 78 000 ton

Assim, para o Brasil, o consumo total de matérias primas nos processos demolde aberto é MT ≈ 80 000 ton/ano. Entrando com este valor na equação (3),obtemos a quantidade de resíduos sólidos gerados anualmente em nosso país

( )anotonresíduo /000.10

5,007,007,0000.8007,01

≈+

××−=

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Esses resíduos contém 30% de fibras de vidro e 70% de resina poliéster.

3 DESTINAÇÃO

Os resíduos sólidos provenientes do processo de transformação são facilmentecoletados e podem ter várias destinações. As atualmente contempladas são:

• Hidrólise. Os poliésteres, assim como os poliuretanos e as poliamidas,podem ser hidrolizados, isto é, dissociados em altas temperaturas e empresença de água. Nesse processo ocorre a reação química inversa da quelevou à síntese desses polímeros. A hidrólise dos poliésteres pode gerarglicóis e os ácidos saturados e insaturados usados em sua síntese. Esseprocesso não tem aplicação comercial devido aos altos custos envolvidos.

• Alcoólise. Essencialmente a mesma coisa que a hidrólise, exceto que aágua é substituída por álcoois.

• Pirólise. A reação de pirólise, da mesma maneira que a hidrólise e aalcoólise, regenera as moléculas das matérias primas originais usadas nasíntese do polímero. A pirólise é feita em altas temperaturas e em atmosferaisenta de oxigênio. Ao contrário da hidrólise e da alcoólise, pode ser usadapara decompor qualquer polímero. Como a hidrólise e a alcoólise, a pirólisetambém é economicamente inviável.

• Incineração. A incineração pode ser economicamente viável se a energialiberada na queima do polímero for aproveitada em processos industriais. Aincineração dos compósitos gera pelo menos 30% de cinzas, que pode serdescartada sem problemas para o meio ambiente.

• Inumação. Os resíduos de compósitos são considerados não tóxicos epodem ser descartados em aterros sanitários classe II.

• Moagem e reutilização. Os resíduos sólidos podem ser moídos ereutilizados como cargas para a produção de novas peças de compósitos.Em princípio a própria indústria de compósitos poderia reaproveitar atotalidade dos resíduos sólidos gerados nos processos de transformação.Essa solução, porém tem dois inconvenientes que impedem seu usocomercial. Em primeiro lugar, o resíduo moído não serve como carga para opróprio poliéster porque contém traços de contaminantes, como cobalto ecatalisador, que interferem na reação de cura. Em segundo lugar, mesmose o cobalto e o catalisador fossem neutralizados, o custo do resíduo moidoseria muito alto e não competitivo em relação a outras cargas normalmenteusadas pela indústria.

• CoMPactação e uso em blocos de concreto. Essa solução surgiu e aindaestá em desenvolvimento no Rio Grande do Sul. Consiste em colocar asrebarbas recém cortadas (antes que elas sequem) em moldes metálicosonde elas são compactadas por prensas hidráulicas, para obter um “tijolo”com densidade de aproximadamente 1,2 g/cm³. O “tijolo” assim obtido écolocado em uma forma onde concreto é despejado ao seu redor, dandoorigem a um bloco de concreto com núcleo de resíduos. O “tijolo” usadocomo núcleo do bloco deve ser prensado em várias camadas, comaproximadamente 50 kg/cm², para ficar bem compactado. As rebarbas

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secas, que não podem ser coMPactadas, devem ser moídas ou retalhadasem pedaços pequenos antes de ser prensadas. Os blocos com núcleo deresíduos tem aparência idêntica à dos blocos de concreto convencionais.

• Moagem e uso em concreto. Os resíduos moídos podem ser adicionadosa concreto de cimento Portland para fazer produtos não estruturais comoblocos, estacas, ou outros. Nessa aplicação os resíduos não melhoram aspropriedades do concreto e seu reaproveitamento fica difícil porque devemcompetir em preço com areia e brita.

• Moagem e uso em asfalto. As fibras de vidro adicionadas a asfaltoretardam o surgimento e a propagação de trincas em pavimentossubmetidos a oscilações climáticas e a tráfego pesado. As vias Dutra,Anhanguera e Bandeirantes, foram recentemente recapeadas com umanova técnica conhecida como “micro-surfacing”, na qual uma mistura deasfalto, agregados e fibras de vidro, é aplicada em camada fina sobre abase do pavimento. O valor agregado pelas fibras de vidro nessa aplicaçãoé muito grande e por isso elas podem ser vendidas por seu preço (4 000,00R$/ton) comercial. Porém, as camadas base do pavimento não podempagar esse preço. Para as camadas base é necessário desenvolver umafibra de vidro de baixo custo, talvez oriunda do reaproveitamento deresíduos. Estudos desenvolvidos pela Universidade de Caxias do Sulindicam que a adição de 1% a 2% de resíduos moidos aumenta aresistência à compressão de asfaltos em até 60%, sem prejudicar outraspropriedades. O custo de coleta, transporte e moagem de resíduos paraessa finalidade foi estimado em aproximadamente 30,00 R$/ton, contracerca de 10,00 R$/ton para a brita e 250,00 R$/ton para o asfalto. Como asfibras de vidro tem um reconhecido valor para retardar o surgimento epropagação de trincas, essa pode ser uma solução muito interessante paraa destinação final desses resíduos.

4 CONCLUSÃO

No momento (Maio de 2000) não se conhece uma solução economicamenteviável para o reaproveitamento dos resíduos sólidos gerados pela indústria decompósitos. O custo de coleta e processamento torna esses resíduos muitocaros em relação a outras cargas minerais com as quais eles devem competir.Uma possível exceção é o uso dos resíduos em camadas base de pavimentos,onde as fibras de vidro melhoram as propriedades do concreto asfáltico etalvez por isso possam ser comercializadas a um preço pelo menos igual aoseu custo.

Porém, apesar de economicamente inviável, é tecnicamente possível fazer oreaproveitamento dos resíduos gerados nos processos de molde aberto. Essesresíduos podem ser compactados e usados como núcleo de blocos deconcreto, ou moídos e usados em mistura com concreto em aplicações nãoestruturais. Essas soluções podem ficar mais interessantes se a indústria dosplásticos reforçados desenvolver e implantar um procedimento sistemático paracoletar, processar e destinar os resíduos. Isso poderia ser feito por umaempresa independente, possivelmente deficitária e financiada pelosfornecedores de matérias primas. Essa empresa poderia ter um sistema móvel

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de moagem que faria visitas periódicas aos principais centros geradores deresíduos, para fazer o processamento “in loco”. Como alternativa, essescentros geradores poderiam ter suas próprias unidades fixas de moagem. Osresíduos moídos poderiam ser vendidos a fabricantes locais de blocos ououtros produtos de concreto, ou enviados a uma central operada pela própriaempresa para fazer e comercializar ela mesma esses produtos.

Os detalhes de constituição e operação do consórcio encarregado de gerenciara coleta, processamento, transporte e destinação final dos resíduos devem serelaborados pelas próprias empresas consorciadas, os fornecedores dematérias primas, que definiriam os critérios de rateamento dos custos e amaneira de repassá-los ao mercado.

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IBRACON

III Seminário “DesenvolvimentoSustentável e a Reciclagem na

Construção Civil:Práticas Recomendadas”

CT- 206 MEIOAMBIENTE

O EMPREGO DE REJEITOS DA INDÚSTRIA DE FREIOS EMHARMONIA COM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

CENTURIONE, Sérgio Luiz (1); ZAMATARO, Rosemary S.Ishii (2); SUTO,Antonia Jadranka (3)

(1) Geólogo, Doutor em Mineralogia Aplicada pela USP, Associação Brasileirade Cimento Portland (ABCP). Av. Torres de Oliveira, 76 – Jaguaré – 05347-902 – São Paulo-SP. e-mail: [email protected]

(2) Química, Associação Brasileira do Amianto (ABRA). Rua Dr. GuilhermeBannitz, 126, cj.21 e 22 – 04532-060 – São Paulo-SP. e-mail: [email protected]

(3) Engenheira Química, Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).Av. Torres de Oliveira, 76 – Jaguaré – 05347-902 – São Paulo-SP. e-mail:[email protected]

Palavras-chaves: meio ambiente; resíduos de freios; amianto; fenol; metaispesados; construção civil; fabricação de cimento.

RESUMO

De maneira geral, pastilhas e lonas de freios são produzidas utilizando-sematérias-primas contendo os seguintes componentes minerais: barita (BaSO4),grafita (C), calcita (CaCO3), crisotila (Mg3Si2O5(OH)4) e, eventualmentemagnetita (Fe3O4). Adicionalmente, alguns produtos orgânicos, com destaquepara as resinas fenólicas, também são empregados.

Durante o processo produtivo é gerado um grande volume de resíduo, comreaproveitamento pouco expressivo pelas próprias indústrias geradoras.Considerando-se a presença de resinas fenólicas, fibras de amianto (crisotila) eeventuais metais pesados, esses resíduos merecem um cuidado criteriosoquanto ao seu emprego final. Normalmente, o aterramento é o destino dessesmateriais.

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Nesse trabalho foram avaliadas novas possibilidades para destinação maisnobre, menos onerosa e ecologicamente mais adequada para esses resíduos,com destaque para o encapsulamento em concretos, argamassas e pastas decimento e sub-base de pavimentos de solo. A fabricação do cimento portland étambém um emprego potencial para esses materiais.

1 INTRODUÇÃO

O amianto, também conhecido como asbesto, é uma fibra mineral naturalutilizada como matéria-prima especialmente na produção de caixas d’água,telhas, pastilhas e lonas de freios, entre outras aplicações. Basicamenteexistem dois tipos de amianto: o derivado de rochas serpentiníticas,denominado crisotila (amianto branco) e os derivados de rochas anfibolíticas,representados principalmente pelo crocidolita (amianto azul) e o amosita(amianto marrom). São fibras incombustíveis, com resistência mecânicasuperior à do próprio aço, não existindo até o momento material alternativo quereuna as mesmas características técnicas do amianto e que sejaeconomicamente viável.

As resinas fenólicas, por sua vez, são polímeros produzidos a partir do fenol e,normalmente, são utilizadas como material aglutinante em moldes parafundição e sistemas de freios para automóveis, devido à sua boa estabilidade eresistência a temperaturas elevadas.

A presença de elementos pesados em concentrações elevadas também écondição indesejada para o reaproveitamento e destinação final de resíduos,considerando-se os efeitos nocivos que podem causar ao meio ambiente e aosseres humanos, seja em termos de emissões atmosféricas ou contaminaçãodos lençóis freáticos pelo fenômeno da lixiviação, em que os constituintesperigosos ou indesejáveis presentes no material poderão ser dissolvidos pelapassagem de água subterrânea ou superficial.

Os problemas ambientais causados tanto pelo amianto como pelos fenóis emetais pesados exigem procedimentos criteriosos para a destinação dosresíduos desses produtos de modo a evitar sua exposição ao meio ambiente.

Esse trabalho visa apresentar os resultados de alguns estudos efetuados comesse objetivo, sendo avaliados os desempenhos causados pela utilização deresíduos industriais de fabricação de pastilhas de freio no processo defabricação do cimento, na adição ao cimento usado em concretos parapavimento e no complemento a solos empregados como sub-base depavimentos.

2 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS (RESÍDUOS)

Foram selecionadas e analisadas quatro amostras de “pó de freio”, nome dadoao resíduo dessa indústria. A origem desses materiais é distinta, sendodenominadas no presente trabalho como amostras A, B, C e D. As tabelas 1 e2 apresentam respectivamente as composições química e mineralógica dessasamostras.

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Adicionalmente, efetuou-se a determinação do fenol lixiviado(1) e solubilizado(2)

nas amostras A e C, que apresentaram maiores teores desse componentequímico. A tabela 3 apresenta os dados obtidos.

Tabela 1 – Composição química das amostras de “pó de freio”AMOSTRAS

COMPONENTEA B C D

SiO2 (%)

CaO (%)

MgO (%)

Fe2O3 (%)

Al2O3 (%)

Na2O (%)

K2O (%)

42,66

2,04

14,63

2,76

1,81

0,02

0,12

30,31

1,00

8,96

20,08

5,22

0,08

0,09

30,47

9,64

17,94

3,14

1,87

0,03

0,03

39,08

4,45

12,4

2,61

2,43

0,03

0,20

S (%)

Ba (%)

F (%)

Zn (ppm)

Cu (ppm)

Cl (ppm)

Be (ppm)

Cd (ppm)

Pb (ppm)

Cr (ppm)

Sb (ppm)

As (ppm)

Tl (ppb)

Hg (ppb)

Fenol (ppm)

3,52

0,76

0,01

110

30,1

45,0

n.d.

0,17

17,30

698,1

3,13

0,93

54

36

234

2,74

0,18

0,09

370

2200

16,4

n.d.

0,57

610,8

867,6

1,49

4,54

165

44

63

2,03

1,04

0,04

100

50,5

37,9

n.d.

0,12

9,13

707,8

1,76

4,88

26

76

435

3,17

0,99

0,06

220

15,2

n.d.

n.d.

0,14

5,47

475,6

5,01

2,94

65

42

159

Umidade (%) 0,76 0,82 0,90 1,48

Obs.: n.d. = não detectado;Ø A decomposição das amostras foi realizada mediante fusão alcalina, sendo o SiO2

determinado por gravimetria e os óxidos de ferro, alumínio, cálcio e magnésio, portitulação complexométrica.

Ø Na2O e o K2O foram determinados por fotometria de chama.

Ø Enxofre foi determinado pelo analisador LECO.

Ø Os íons F- e Cl- foram obtidos pelo método dos eletrodos de íons seletivos.

Ø Para a determinação dos metais pesados, utilizou-se a técnica de espectrometriade absorção atômica (chama, forno de grafite e gerador de hidretos), conforme

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discriminado:

Ba, Cr, Zn e Cu : chama

Cd, Pb, Be e Tl : forno de grafite

As, Sb, Hg : gerador de hidretos

Ø O fenol foi determinado por colorimetria.

Tabela 2 – Composição mineralógica das amostras de “pó de freio”AMOSTRASCOMPONENTE QUIMISMO

APROXIMADO A B C D

Barita

Crisotila

Grafita

Calcita

Magnetita

BaSO4

Mg3Si2O5(OH)4

C

CaCO3

Fe3O4

**

-

*

**

**

-

-

**

*

tr

**

**

tr

-

O número de asteriscos expressa uma avaliação semiquantitativa da proporçãodas fases mineralógicas cristalizadas e está fundamentada na intensidade eforma dos picos difratométricos; (tr = traços).

Tabela 3 – Determinação do teor de fenol lixiviado e solubilizadoAMOSTRA FENOL LIXIVIADO (ppm) FENOL SOLUBILIZADO (ppm)

A

C

6,6

11

10

23

A tabela 4 apresenta dados referentes à potencialidade energética dosresíduos.

Tabela 4 – Dados sobre potencial energético das amostras de “pó de freio”ELEMENTOS AMOSTRA A AMOSTRA B AMOSTRA C AMOSTRA D

PCS (kcal/kg)

PCI (kcal/kg)

2194

2053

1937

1831

2006

1929

2006

1918

Carbono (%)

Hidrogênio (%)

Nitrogênio (%)

Enxofre (%)

Cinzas (%)(*)

Materiais Voláteis (%)(*)

Carbono Fixo (%)(*)

24,28

1,74

3,22

3,52

65,46

34,43

0,14

21,60

2,10

0,30

2,74

69,10

30,64

0,24

24,84

1,44

0,15

2,03

62,13

32,38

5,49

21,90

1,70

0,20

3,17

65,02

34,59

0,09

(*) base seca

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Na execução dos ensaios foram empregados os seguintes métodos:

Ø Poder Calorífico Superior (PCS) e Poder Calorífico Inferior (PCI) – método ABCP,adaptado da NBR 8628(3);

Ø Carbono, Nitrogênio e Hidrogênio – Analisador de CHN-LECO;

Ø Enxofre – Analisador SC-LECO

Ø Cinzas – NBR 8289(4);

Ø Material Volátil – NBR 8290(5); e

Ø Carbono Fixo – NBR 8299(6).

3 TESTES DE APLICAÇÃO DO “PÓ DE FREIO” NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O aproveitamento potencial dos rejeitos em obras da construção civil foitestado, sendo preparados, para tanto, cimentos contendo 5% e 15% deresíduos de indústria de freios, conforme descrito na tabela 5.

Tabela 5 – Composição dos cimentos experimentais contendo “pó de freio”CIMENTO

EXPERIMENTALRESÍDUO TEOR DE RESÍDUO NO

CIMENTO (%)

Cimento A5

Cimento A15

A 5

15

Cimento B5

Cimento B15

B 5

15

Cimento C5

Cimento C15

C 5

15

Cimento D5

Cimento D15

D 5

15

3.1 Resultados

No tocante ao desempenho mecânico, a Tabela 6 apresenta os principaisdados obtidos com as amostras experimentais, coMParativamente ao cimentoreferência, utilizado para elaboração das amostras experimentais (CP II-F-32).

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Tabela 6 – Desempenho mecânicos de cimentos contendo “pó de freio”PEGA(7)

(h:min)

ÁGUA DA PASTADE CONSISTÊNCIA

RESISTÊNCIAS MECÂNICAS(MPa)(9)CIMENTO

INÍCIO FIM NORMAL (%)(8) 3 DIAS 7 DIAS 28 DIAS 90 DIAS

CP II-E-32 2:45 4:15 23,5 22,1 28,2 37,6 43,3

Cimento A5 3:30 5:20 28,1 19,8 25,5 33,2 37,3

Cimento A15 3:45 5:15 34,0 15,2 19,6 26,4 29,7

Cimento B5 2:55 4:15 25,3 17,8 21,5 27,4 32,0

Cimento B15 3:35 5:15 29,7 14,1 18,5 24,7 27,9

Cimento C5 4:00 5:30 31,4 19,6 24,4 33,6 36,8

Cimento C15 4:00 5:50 41,6 13,4 17,1 23,4 26,8

Cimento D5 3:45 5:35 28,1 17,7 22,3 29,3 33,8

Cimento D15 4:15 5:35 37,2 12,2 16,1 23,7 26,3

Com base nos resultados obtidos com os cimentos experimentais, foramelaborados concretos para avaliação do comportamento desses produtos, coma adição de rejeito de indústria de freios.

Especificamente, optou-se pelo concreto rolado que é um tipo especial deconcreto com consistência rija e baixo consumo de cimento. É indicadoparticularmente para pavimentação, podendo ser usado como sub base (entreo solo e a cobertura de concreto simples ou asfalto), ou como baserevestimento, ficando, neste caso, exposto ao tráfego(10).

A opção por concreto rolado para sub base se deve ao fato de que, por ficaremprotegidos da abrasão, impedem possível liberação de fibras de amianto emetais pesados para o meio. Nesse tipo de concreto, o consumo de cimentovaria de 80kg/m3 a 100kg/m3, com resistência à compressão aos 7 dias de5MPa a 8MPa.

Foram dosados concretos tendo-se calculado traços individuais para cadaamostra. O traço médio em massa para as 9 amostras ensaiadas é1:(5,8):(5,7):(3,7):(6,4), para (cimento:areia:brita0:brita1:brita2). Os resultadosdas resistências mecânicas à tração na flexão e à compressão sãoapresentados na tabela 7.

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Tabela 7 – Resultados físico-mecânicos dos concretos contendo “pó de freio”RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

NA FLEXÃO (MPa)RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

(MPa)CIMENTO

UTILIZADO NOCONCRETO

7 DIAS 28 DIAS 3 DIAS 7 DIAS 28 DIAS

CP II-E-32

Cimento A5

Cimento A15

Cimento B5

Cimento B15

Cimento C5

Cimento C15

Cimento D5

Cimento D15

1,05

1,05

0,70

0,90

0,70

0,95

0,75

1,00

0,70

1,50

1,50

1,10

1,30

1,00

1,25

1,20

1,30

1,20

6,20

5,50

4,00

6,40

3,00

4,80

3,10

4,60

3,40

7,30

7,10

4,90

8,60

4,10

5,89

5,70

5,90

5,20

10,70

9,30

6,80

9,00

5,90

7,90

7,00

6,80

6,80

Quanto ao aproveitamento dos materiais em solos preparados parapavimentação, efetuaram-se ensaios buscando avaliar o Índice de SuporteCalifórnia(11), um parâmetro importante para o dimensionamento do pavimento.

Considerando-se o volume de materiais envolvidos nesses ensaios, decidiu-seexecutar análises em uma única amostra de resíduo, tendo-se escolhido aamostra C. Utilizou-se um solo natural, com a classificação HRB “A4 (5)”, cujacaracterística principal é sua granulometria siltosa, com quantidade mínima de36% de passante na peneira 200 (74µm).

Foram preparadas as seguintes misturas para os ensaios:

Ø S1: solo referência

Ø S2: solo com 5% de rejeito (Amostra C)

Ø S3: solo com 15% de rejeito

Ø S4: solo com 30% de rejeito;

Após homogeneização das amostras preparadas, efetuaram-se os ensaios,segundo procedimentos técnicos padronizados. A tabela 8 apresenta asprincipais características e a classificação dos solos.

Tabela 8 – Principais características dos solos preparados com a amostra CAMOSTRA MASSA

ESPECÍFICADOS GRÃOS

(kg/m3)

ÍNDICE DEPLASTICIDADE

(%)

CONCENTRAÇÃOVOLUMÉTRICA (%)

CLASSIFICAÇÃODOS SOLOS

S1

S2

S3

S4

2,6718

2,6408

2,5965

2,5465

Não plástico

Não plástico

Não plástico

Não plástico

18,2

21,0

22,7

27,1

A4(5)

A4(5)

A4(5)

A4(5)

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Os resultados mostram a similaridade entre as amostras analisadas,observando-se apenas um acréscimo da contração volumétricaproporcionalmente ao teor de rejeito, devido à maior quantidade de água para aobtenção da consistência de moldagem.

Os resultados de Índice de Suporte Califórnia encontram-se resumidos natabela 9.

Tabela 9 – Determinação do Índice de Suporte Califórnia (I.S.C.)ÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA – I.S.C.AMOSTRA

MASSA ESPECÍFICAAPARENTE SECA MÁXIMA

(kg/m3)

UMIDADEÓTIMA (%)

EXPANSÃOVOLUMÉTRICA

(%)

I.S.C.

S1S2S3S4

1.6461.6271.5871.532

17,017,218,419,0

3,522,451,821,72

5101414

Com base nos dados obtidos, verifica-se que a adição do rejeito nas misturasagiu como um impermeabilizante que, diminuindo a penetração de água nosolo, fez com que a expansão volumétrica diminuísse cerca de 50% e o valordo Índice de Suporte Califórnia tivesse um acréscimo de 180%. O teor deadição que apresentou o melhor desempenho, considerando-se as dificuldadesde preparação dos solos, foi o de 15%.

Para a avaliação do comportamento do resíduo frente à lixiviação, preparou-seuma mistura solo/resíduo contendo 15% da amostra B e 85% do solo utilizadona etapa anterior. A mistura obtida, bem como o solo puro foram submetidos aoteste avaliativo de lixiviação, sendo os resultados obtidos bem como os limitesestabelecidos pela EPA(12) para o método TCLP(13) e pela NBR 10.004apresentados na tabela 10.

Tabela 10 – Resultados de lixiviação em solosAMOSTRAS LIMITES ESTABELECIDOSELEMENTO

SOLOREFERÊNCIA

SOLO +RESÍDUO

EPA – TCLP

(ppb)

NBR 10.004

(ppb)

Pb (ppb)Ba (ppb)Tl (ppb)Cd (ppb)Cr (ppb)Hg (ppb)Sb (ppb)As (ppb)

Fenol (ppb)

n.d1.2200,48n.dn.dn.d

0,10n.d*

1.0802.3701,320,8049n.d

0,32n.d820

5.000100.0007.0001.0005.000200

1.0005.000

14.400

5000100.000

-500

5.000100

-5.000

-Obs.: n.d.: não detectado -: sem limite especificado *: não determinado

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4 TESTES DE APLICAÇÃO DO “PÓ DE FREIO” NA FABRICAÇÃO DECIMENTO PORTLAND

O processo de queima do clínquer Portland oferece uma série deoportunidades para a calcinação de materiais residuais de outros processosprodutivos(14). Nesse contexto, efetuou-se estudo da viabilidade de utilização depó de freio no processo de queima do clínquer Portland. Para odesenvolvimento desses ensaios, utilizou-se uma farinha industrial comoreferência e a amostra de rejeito B. As amostras são as seguintes:

F1: farinha industrial referência;

F2: farinha industrial referência + 0,5% de rejeito;

F3: farinha industrial referência + 5,0% de rejeito.

Para os estudos de queimabilidade das farinhas, empregou-se uma adaptaçãodo método desenvolvido pela Polysius(15,16,17), sendo o Índice deQueimabilidade definido por:

IQ = A/B x 3,73; onde: (1)

A = %CaO livre1350 + %CaO livre1400 + 2.(%CaO livre1450) + 3.(%CaO livre1500);

B = (%CaO livre1350 - %CaO livre1500)0,25

A tabela 11 apresenta a classificação de queimabilidade de farinhas de acordocom o método utilizado e a tabela 12, os valores obtidos pelas três farinhas.

Tabela 11 – Classificação dos índices de queimabilidade de farinhasÍNDICE DE QUEIMABILIDADE CLASSIFICAÇÃO

Até 60

60 a 80

80 a 100

100 a 120

120 a 140

140 a 160

acima de 160

Muito fácil

Fácil

Normal

Pouco difícil

Difícil

Muito difícil

Extremamente difícil

Tabela 12 – Resultados de Índice de Queimabilidade das farinhasTEOR DE CAL LIVRE APÓS A

QUEIMA (%)AMOSTRA

1.350oC 1.400oC 1.450oC 1.500oC

IQ CLASSIFICAÇÃO

F1(Referência)

F2 (com 0,5%)

F3 (com 5,0%)

4,70

4,22

1,91

3,51

3,25

1,22

2,72

2,78

0,93

2,25

1,97

0,50

61

58

22

Fácil

Muito fácil

Muito fácil

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60

Em relação à presença de metais pesados, identificados nas amostras derejeito, a tabela 13 apresenta as concentrações desses elementos,normalmente observados em clínqueres industriais(18,19).

Tabela 13 – Teores de metais pesados em clínqueres industriaisELEMENTOS AMOSTRA B

(ppm)

NÍVEIS DE METAIS PESADOS EMCLÍNQUERES INDUSTRIAIS (ppm)

AsHgCrPbCdTlSbBaBeNiVZn

4,50,04867,6610,80,60,21,5

1.800n.d.

––

370

2 – 15<0,01

10 – 905 – 105

0,01 – 1,5<0,01

24 – 36–

<0,02 – 1,110 – 50

20 – 10040 – 350

n.d.: não detectado –: dado não disponível

5 CONCLUSÕES

Amostras de rejeitos industriais da fabricação de pastilhas e lonas de freio (póde freio) apresentam em sua constituição materiais muitas vezes nocivos aoser humano, com destaque para fibras de amianto, resinas fenólicas e metaispesados. A destinação correta desses materiais é condição necessária nabusca da harmonia da industrialização com o desenvolvimento sustentável.Desta forma, eventuais aproveitamentos ecologicamente corretos dessesrejeitos na construção civil e na manufatura de outros produtos industriais comoo cimento Portland parece ser um caminho a seguir.

Os estudos da aplicabilidade desses rejeitos desenvolvidos nesse trabalhodestacam que:

A adição de pó de freio em pastas e argamassas de cimento indicou umaelevação do conteúdo de água requerida e redução da trabalhabilidade eresistências mecânicas, coMParativamente a uma amostra referência.Observou-se também em estudo complementar que esses rejeitos apresentamcomportamento inferior ao de um inerte, sugerindo a interferência adversadesses materiais no processo de hidratação do cimento.

Para o aproveitamento desses materiais em concretos rolados para sub basede pavimentos, verificou-se que os resultados de resistências mecânicas àcompressão e à tração na flexão, obtidos com misturas de cimento contendo5% de rejeito, são satisfatórios e promissores, ainda que um pouco abaixo dosvalores obtidos com a amostra de cimento referência. A posição interna da

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camada no pavimento é importante, considerando-se ausência de contato como meio externo, evitando-se a abrasão, particularmente importante sob o pontode vista do amianto. O volume de rejeito nesse tipo de aplicação é da ordem de760kg para cada 100 metros de pavimento, considerando-se a adição de 5%em relação ao cimento, em concreto rolado com 95kg/m3 de cimento, para umapista com dimensões de 20cm de espessura por 7,6m de largura.

No tocante à utilização em concreto convencional, deve-se estudar caso acaso, levando-se em consideração custos de estocagem, volume gerado, usode superplastificantes no concreto, entre outros. De maneira geral, observa-seredução significativa do desenvolvimento das resistências mecânicas, nãosendo recomendados para obras estruturais.

A adição em solos para confecção de sub leito de solo para pavimentaçãomostrou resultados satisfatórios. Observou-se que com 15% de rejeitoadicionado ao solo, aparentemente o melhor teor testado para a amostra C,obteve-se uma elevação do Índice de Suporte Califórnia de 180%, agindo comomaterial impermeabilizante e, desta forma, reduzindo a percolação de água nosolo e a conseqüente diminuição da expansão volumétrica desse último.Considerando-se as condições estabelecidas (tipos de solo e rejeito e o teor de15% de rejeito), estima-se o consumo de 33t de rejeito a cada 100m depavimento. É oportuno observar que o estudo desenvolvido refere-se somenteao solo e ao rejeito analisados, não caracterizando regra geral para outros tiposde solo e rejeitos, objeto de estudos específicos posteriores.

Dentre as aplicações potenciais para os rejeitos, a queima em fornos defabricação de cimento Portland parece ser a melhor destinação. Testesefetuados em laboratório(20) mostraram a total destruição dos minerais deamianto sob condições de queima utilizadas no forno de clínquer Portland. Damesma forma, as resinas orgânicas se decompõem nessas temperaturas,agindo favoravelmente na queimabilidade da farinha, com redução, ainda queem pequenas proporções, do consumo energético, em decorrência do podercalorífico existente nessas resinas. Quanto aos metais pesados, a dosagem dorejeito deve respeitar os limites especificados por normas ambientais,sobretudo para os elementos cromo e chumbo, presentes em teores maiselevados nesses materiais. Outro ponto importante a ser avaliado é a melhorforma de introdução desses rejeitos no forno, seja nas matérias-primas, seja nocombustível.

Por fim, a localização das fontes geradoras de rejeito e os destinos dosmesmos devem ser criteriosamente ponderados devendo ser autorizados porórgãos ambientais competentes.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. (1995)Lixiviação de resíduos; NBR 10005/87. Rio de Janeiro.

2. .______ (1995) Carvão mineral: determinação do poder calorífico superiore do poder calorífico inferior; NBR 8628/84. Rio de Janeiro.

3. . ______Cimento Portland: determinação da resistência à compressão;NBR 7215/91. Rio de Janeiro.

4. .______ (1995) Carvão mineral: determinação do carbono fixo; NBR8299/83. Rio de Janeiro.

5. .______ (1995) Carvão mineral: determinação do teor de matérias voláteis;NBR 8290/83. Rio de Janeiro.

6. . ______(1995) Cimento portland: determinação dos tempos de pega; NBR11581/91. Rio de Janeiro.

7. . ______(1995) Carvão mineral: determinação do teor de cinzas; NBR8289/83. Rio de Janeiro.

8. . ______(1995) Cimento Portland: determinação da água da pasta deconsistência normal; NBR 11580/91. Rio de Janeiro.

9. . _______(1995) Solubilização de resíduos; NBR 10006/87. Rio de Janeiro.

10. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. (1995)Resíduos sólidos; NBR 10004/87. Rio de Janeiro.

11. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. (1995)Solo: Índice de Suporte Califórnia; NBR 9895/87. Rio de Janeiro.

12. BRASIL Ministério dos Transportes e das Comunicações. (1992)Departamento Nacional de Estradas e Rodagens. Manual de pavimentos deconcreto rolado. Rio de Janeiro, v. 1.

13. CEMENT-BOUND asbestos products sucessfully disposed of and recycledin the clinker burning process. Zement Kalk Gips, Wiesbaden, V.48; n.11;p.A33-A34, Nov.

14. CENTURIONE, S.L. & KIHARA, Y. (1994). Prediction of burnability ofindustrial raw mixes. In: GOUDA, George R. – Proceedings os SisteenthInternational Conference on Cement Microscopy, 11-14 April, Richmond –USA.

15. CENTURIONE, S.L. (1993). Influência das características das matérias-primas no processo de sinterização do clínquer Portland. São Paulo:Instituto de Geociências/Universidade de São Paulo – Dissertação deMestrado.

16. KRUPP POLYSIUS AG. (Na empirical method to determining the burnabilityindex (BI) of a raw mix. (s.d.).

17. SPRUNG, S. & RECHENBERG, W. (1994). Levels of heavy metals inclinker and cement. Zement Kalk Gips, Wiesbaden, v.47, n.7, p.E183-E188.

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18. SPRUNG, S. (1992). Reducing environmental pollution by using secondaryraw materials. Zement Kalk Gips, Wiesbaden, v.81, n.7, p.167-174.

19. U.S.ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY – EPA (1986). Toxitycharacteristics leachiry procedure; method 1311. In.. Test methods forevaluating solid waste SW-846. Washington, D.C.

20. UCHIKAWA, H. Present problem in cement manufacturing. Japan: OnodaCement Co. Ltd. (s.d.) ( Special Session I).

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IBRACON

III Seminário “DesenvolvimentoSustentável e a Reciclagem na

Construção Civil:Práticas Recomendadas”

CT- 206 MEIOAMBIENTE

FINOS DE PEDREIRA PARA CONFECÇÃO DE CONCRETOESTRUTURAL - PRÁTICAS RECOMENDADAS

TERRA, Luiz Eulálio Moraes (1)

(1) Engenheiro Civil - EPUSP. Diretor Presidente da Embú S.ª Engenharia eComércio. Av. Sumaré, 1411 S.Paulo - S.P. CEP 05016-110

Palavras-chaves: concreto estrutural, finos de pedreira e materiaisalternativos.

RESUMO

Este trabalho tem como finalidade discutir a utilização de finos de britagem noconcreto estrutural, face ao crescimento do consumo de areia natural no país,às restrições ambientais, à exaustão de reservas próximas aos grandes centrose ao incremento dos custos de transporte, descrevendo a evolução histórica daprática de utilização de materiais finos, oriundos de plantas de britagem comoinsumo alternativo à areia natural.

1 INTRODUÇÃO

Com o crescente aumento da demanda por areia no mercado nacional e aexaustão das reservas de areia natural, principalmente próximas às grandesmetrópoles e, considerando-se ainda o incremento dos custos de transportepor pedagiamento, limites de peso transportado por eixo e aumento dasdistâncias de carga, a utilização deste insumo tem impacto de maneiracrescente os custos de produção do concreto.

Historicamente o segumento concreteiro tem se mostrado bastanteespecializado, modernizando-se constantemente na busca de equipamentos esistemas automatizados que permitam dosagens precisas para a produção deconcreto usinado. Entretanto, apesar destas evoluções, a variação naqualidade dos insumos componentes do concreto é preocupação constante

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das empresas do setor, mesmo daquelas que dispõe de fornecimento própriode agregados.

2 HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DE FINOS DE BRITAGEM NOCONCRETO

Nos grandes centros urbanos como a Grande São Paulo, há alguns anos, oincremento acentuado no custo final representado pela areia natural nas obrase nas centrais dosadoras de concreto, levou os produtores de agregado daRegião que dispunham de grandes estoques de finos a participarem destemercado, enfrentando porém algumas dificuldades na adequação do produtopara uso em concreto estrutural.

Até cerca de dez anos atrás o material fino oriundo de pedreiras utilizado naelaboração do concreto era o chamado “pó-de-pedra”. Com granulometriamédia estável, mostrada na Fig.I, apresentava um alto índice de materialpulverulento, atingindo até 20%, que embora não nocivo, uma vez que suaorigem é de beneficiamento de rochas, provocava alto consumo de cimentodevido à necessidade de adição de água à mistura e também quanto àtrabalhabilidade do concreto.

Figura I – Granulometria média do pó-de-pedra

Algumas tentativas foram feitas com o objetivo de reduzir a quantidade dematerial pulverulento, resultando no desenvolvimento de sistemas de lavageme classificação que permitiram o aparecimento da areia de brita.

A areia de brita resultante, apresentava conteúdo de material pulverulento de6%, portanto significativamente menor que o encontrado no pó-de-pedra, egranulometria média estável, Fig. II, e desde que misturada à areias naturais,mostrava desempenho interessante quanto ao consumo de cimento. A razão

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,1 1 10malha (mm)

% r

et.a

cum

.

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principal da necessidade desta adição à mistura, deve-se à forma angulosa daAreia produzida, dificultando a trabalhabilidade do concreto que a empregava.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

0,1 1 10

malha (mm)

% r

et.a

cum

.

Figura II – Granulometria média da areia de brita

A adição de areia natural é atualmente prática bastante difundida entre asconcreteiras. O Tabela I mostra um traço médio para concreto fck 20 MPaassim elaborado.

Tabela I – Traço Convencional fck 20 MPaInsumo Composição Custo do Insumo no Concreto

(R$/m3)

Cimento (kg) 275 46,75

Brita 1 e 2 (m3) 0,8 14,40

Areia Natural (m3) 0,25 4,25

Areia de Brita (m3) 0,35 5,95

Água 2,25

Aditivos 1,24

Total 74,84

Mais recentemente, tem-se estudado como melhorar o agregado miúdo “areiade brita” visando utilizá-lo integralmente sem adição de outras areias.

Estes estudos levaram aos primeiros testes com equipamentos chamados deMáquinas de Impacto, tipo Barmac, que ao tratarem os materiais antes dosestágios finais de classificação, têm mostrado a melhoria efetiva da forma dosgrãos do agregado miúdo.

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A granulometria final não se altera significativamente, conforme Fig. III, mas oresultado final para o concreto, quanto ao consumo de cimento e àtrabalhabilidade mostrou-se interessante.

Figura III – Granulometria média da areia de brita

Utilizando-se Máquinas de Impacto:

O traço médio padrão para um concreto fck 20 MPa utilizando este novomaterial encontra-se na Tabela II.

Tabela II – Traço fck 20 MPa Convencional c/ Areia Barmac

Insumo ComposiçãoCusto do Insumo no Concreto

(R$/m3)

Cimento (kg) 250 42,50

Brita 1 e 2 (m3) 0,8 14,40

Areia Barmac (m3) 0,6 10,20

Água 2,25

Aditivos 1,35

Total 70,70

Outro produto originado a partir de beneficiamento de rocha utilizado naelaboração do concreto estrutural, é o chamado pedrisco misto. Anteriormentetratado como rejeito em plantas produtoras de agregados, resultava depedrisco mal classificado ao qual era adicionado o “pó-de-pedra”. O materialresultante era por vezes chamado de “pedrisco sujo” e sua utilização estáligada ao emprego de areias de quartzo, ou areia rosa, que começavam a

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

0,1 1 10malha (mm)

% r

et.a

cum

.

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chegar ao mercado da Grande São Paulo. Traços elaborados a partir destesinsumos, conforme o mostrado no Tabela III, resultaram bons quanto aoconsumo de cimento e à trabalhabilidade.

Tabela III – Traço fck 20 MPa Convencional areia rosa e pedrisco misto

Insumo ComposiçãoCusto do Insumo no Concreto

(R$/m3)

Cimento (kg) 255 43,35

Brita 1 e 2 (m3) 0,70 12,60

Pedrisco Misto (m3) 0,40 6,40

Areia Rosa (m3) 0,29 7,25

Água 2,25

Aditivos 1,35

Total 73,20

O conceito utilizado é o da continuidade granulométrica, que resulta emcoMPacidade favorável de misturas, mesmo empregando pedrisco misto comacentuado conteúdo de pulverulentos.

Os resultados obtidos na utilização de finos de britagem como agregado miúdo,são indicadores bastante otimistas na busca de alternativas técnicasdisponíveis para a produção de concreto estrutural.

Através dos dados constantes nas Tabelas I, II e III, evidencia-se a significativaparticipação do item cimento na formação do custo dos materiais componentesdo concreto, justificando cada vez mais a busca de novas soluções quepermitam o bom desempenho do setor concreteiro. Por outro lado, todos osestudos já desenvolvidos mostram a grande importância não só do agregadomiúdo, como também do agregado graúdo na constituição de traçoseconomicamente interessantes e de bom desempenho estrutural. É com estefoco que analisamos a necessidade cada vez maior do controle de qualidadedos agregados utilizados.

3 CONTROLE DE QUALIDADE NA PRODUÇÃO DE AGREGADOS

A evolução da tecnologia do concreto converge sempre para a necessidadebásica do controle de qualidade dos seus materiais componentes de forma atrabalhar-se com os menores desvios possíveis, contribuindo para a diminuiçãodos custos e a confiabilidade das características do concreto produzido. Mas,de maneira geral, conquanto sempre se procure exercer o mais rígido controlesobre os insumos utilizados, quando se é parte da cadeia produtiva recebe-sepronto os vários materiais componentes do concreto do fornecedor que melhoratenda às necessidades correntes, sem influenciar na qualidade dos insumosque adquire.

Por outro lado, apesar de sempre se procurar passar aos fornecedores,principalmente de agregados, as necessidades que o concreto exige, de

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maneira geral as atividades de produção de brita e de concreto mantêm-sedistantes das necessidades e dificuldades técnicas comuns à ambos ossetores.

Assim, entende-se que o melhor conhecimento das características das plantasde britagem, sua operação e o tipo de rocha beneficiada, podem resultar namelhoria da qualidade e também na diminuição dos custos de produção deconcreto, principalmente os que exigem elevado desempenho.

As porções finas resultantes do processo de cominuição apresentamcaracterísticas próprias definidas em função do tipo de rocha, da planta debeneficiamento, bem como dos parâmetros de operação dos equipamentos debritagem.

3.1 Influência dos Tipos de Rocha

Não é objetivo deste trabalho o aprofundamento das análises dascaracterísticas geológicas de cada tipo de rocha lavrada e beneficiada,entretanto a experiência tem mostrado que é de fundamental importância operfeito conhecimento do material a ser tratado. Índices como WI (Work Index)que indica a trabalhabilidade ou consumo de energia para a cominuição derochas, ou ainda o Índice Abrasão Los Ângeles, que dá bom parâmetro para aexpectativa da quantidade de produção de finos resultante, dentre outros,podem ser de suma importância no projeto de instalações de beneficiamento,na seleção e dimensionamento de equipamentos que permitam o melhoraproveitamento dos maciços rochosos e a produção de agregado de melhorqualidade, tanto na forma como na granulometria dos produtos finais,

Equipamentos de Britagem e a Forma do Agregado Resultante

Mesmo considerando-se que a matriz rochosa tenha grande influência naforma e também na granulometria do agregado resultante do processo debritagem, a prática tem mostrado que alguns cuidados operacionais e autilização de equipamentos adequados podem melhorar bastante estascaracterísticas. Assim sendo, é bastante interessante que o mercadoconcreteiro possa conscientizar e mesmo trabalhar em conjunto com os seusfornecedores de agregado, ressaltando os cuidados na produção que tantomelhorem a qualidade dos insumos quanto minimizem os desvios comumenteapresentados. A seguir recomendamos os seguintes cuidados operacionaispara produção de agregados produto de britagem:

a-) Manter câmaras de britagem sempre cheias;

b-) Alimentação estável e contínua;

c-) Deve-se operar os rebritadores apresentando de 10 a 15% de materiais naalimentação com dimensões menores que a abertura de descarga doequipamento;

d-) Relação de redução conveniente, ou seja deve-se evitar grandes reduçõespor estágio de britagem;

e-) Utilização de câmaras de britagem adequadas a cada estágio de britagem ecom a abertura de operação dos equipamentos ;

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f-) Os equipamentos de rebritagem, sempre que possível, devem ser dageração de equipamentos mais recente que apresentam maior velocidade derotação e câmaras de britagem mais eficientes.

g-) O agregado deve ser processado em circuito fechado e com a maior cargacirculante possível, facilitando a interação entre as partículas e melhorando asua forma;

h-) Manter os produtos cuidadosamente estocados e separados de maneira aevitar-se a contaminação no fornecimento;

i-) Manter sistemas de controle de qualidade com laboratório de análise dosprodutos;

j-) Manter rigoroso controle sobre as aberturas de operação dos equipamentos;

k-) Não permitir que o desgaste excessivo dos revestimentos dos britadoresalterem a qualidade dos produtos fornecidos;

I-) Empregar sempre que possível sistemas automatizados para controle dofluxo de materiais nas instalações de beneficiamento;

j-) Buscar a utilização de máquinas de iMPacto na linha de beneficiamentovisando a melhoria da forma do produto final.

Mais que a avaliação positiva do desenvolvimento das práticas hoje utilizadas,a análise ampla das necessidades que se apresentam impõe um novo períodoe uma nova forma de relacionamento entre os setores produtores de concreto ede agregado, constituindo os produtores de brita e de areia natural emimportantes parceiros na viabilização de novos conceitos e alternativas deutilização destes insumos.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

D.N.P.M.; SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTOECONÔMICO DO ESTADO DE SÃO PAULO; Bases para o Planejamentoda Mineração de Areia na Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo :1997.

HELENE, PAULO R.L.; TERZIAN, PAULO (1993); Manual de Dosagem eControle do Concreto. São Paulo : PINI; Brasília, DF : SENAI, 1992.

NORDBERG INC.; Reference Manual. Milwaukee : 1993.

O`REILLY DIAZ, VITERBO (1998) Método de Dosagem de Concreto deElevado Desempenho. São Paulo : PINI, 1998.

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SVEDALA FAÇO; Manual de Britagem. São Paulo : 1994.

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IBRACON

III Seminário “DesenvolvimentoSustentável e a Reciclagem na

Construção Civil:Práticas Recomendadas”

CT- 206 MEIOAMBIENTE

O EMPREGO DE FINOS DE PEDREIRA EM PAVIMENTOS DECONCRETO COMPACTADO A ROLO

MENDES, Kleber da Silva (1); SOARES, Lindolfo (2)

(1) Doutorando do Departamento de Engenharia de Minas da EscolaPolitécnica da USP, PMI-USP. Cx. Postal 61548, São Paulo, SP, CEP05424-970. e-mail [email protected]

(2) Professor Doutor do Departamento de Engenharia de Minas da EscolaPolitécnica da USP, PMI-USP. Cx. Postal 61548, São Paulo, SP, CEP05424-970. e-mail [email protected]

Palavras-chave: brita, rejeitos de mineração, finos de pedreira, concretocompactado a rolo, dosagens, pavimentos, base, sub-base,resistência à tração na flexão, resistência à compressão.

RESUMO

O aproveitamento de substâncias descartadas - rejeitos e resíduos - pelosdiversos setores industriais representa um dos principais objetos de pesquisatanto de empresas quanto de universidades. Estas pesquisas visam diminuir asáreas de disposição destes materiais, minimizar os impactos ambientaisassociados ao seu manejo e estocagem e, se possível, agregar valoresnominais a estes rejeitos. Particularmente no setor produtor de brita, esteproblema se concretiza na produção de finos de pedreira, material qualificadogranulometricamente como sendo inferior à malha 4,8 mm, gerados atravésdos processos de cominuição e classificação de rochas. Em instalações típicasde britagem, a porcentagem de produção destes materiais pode alcançar amarca de 15% do total de material britado, estando condicionada aoequipamento britador e às características da rocha britada. Os principaisproblemas ambientais associados à produção e estocagem destes resíduosdizem respeito à alta concentração de material particulado em suspensão naatmosfera, ao assoreamento e turvamento de cursos d’água, ao desconfortovisual causado pelas pilhas de estocagem e à inutilização de áreaspotencialmente férteis. Neste contexto, é apresentada uma possível utilização

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destes materiais em pavimentos de concreto compacto a rolo, substituindo oagregado miúdo freqüentemente utilizado para execução destas estruturas.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como principal objetivo apresentar os resultados obtidos como emprego de finos de pedreira de diferentes naturezas em pavimentos deConcreto Compactado a Rolo (CCR), substituindo as areias naturais(agregados miúdos) usualmente empregadas. Este tipo de concreto foiescolhido tendo em vista possuir solicitações técnicas menos restritivas que osconcretos convencionais em termos de materiais constituintes, notadamente noque se refere aos aspectos granulométricos e morfométricos dos agregadosutilizados.

2 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ESTUDADOS

Em linhas gerais, os finos de pedreira caracterizam-se por serem materiaisgranulometricamente situados abaixo da fração 4,8 mm (peneira no 4 da sérieTyler), derivados do processo de perfuração, detonação e principalmente, deredução granulométrica e peneiramento de rochas utilizadas para a produçãode brita.

No Estado de São Paulo, os finos de pedreira são gerados em dois ambientesgeológicos distintos, constituídos pelos granitóides e metamorfitos pré-cambrianos do embasamento cristalino (nas regiões sul e leste) e pelosbasaltos mesozóicos da Bacia do Paraná, conforme ilustra a Figura 1.

Tendo em vista a natureza distinta destas rochas, e por conseqüência, suasdiferenças em termos mineralógicos, texturais e estruturais, os materiaisgerados nos processos de britagem também possuem características físicas emecânicas distintas, conforme pode ser observado na Tabela 1.

Como exemplos de rochas do embasamento foram estudadas amostras de trêsimportantes pedreiras fornecedoras de brita para a Região Metropolitana deSão Paulo, além de amostras de basaltos de uma pedreira de médio portelocalizada em Borborema, cidade localizada na região centro-oeste do Estado.

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Figura 1 – Contexto geológico do Estado de São Paulo (Schalch Neto et al., 1990).

Tabela 1 - Atributos mecânicos e geotécnicos das rochas estudadas (Modificado deFujimura et al., 1995).

ATRIBUTO GRANITO(ITAPETI)*

GNAISSE(EMBU)*

GRANITO(RIÚMA)*

BASALTO(RAYES)*

Massa específicaseca (g/cm3) 2,67 2,71 2,67 3,01

Porosidade (%) 0,81 0,51 0,45 2,37

Absorção d’água(%) 0,30 0,19 0,17 0,79

Resistência àcompressão

uniaxial (MPa)143 169 a 220 142 170

Resistência àabrasão Los

Angeles (% deperda)

30 32 24 13

Resistência aoimpacto Treton (%

de perda)18 11 12 8

Forma dosfragmentos Cúbica Cúbica Cúbica Cúbica

(*) proveniência da amostra entre parênteses

A Tabela 2 apresenta as principais características dos finos de pedreira,definidas a partir de análises granulométricas obtidas com o emprego de

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analisador de partículas Malvern e ópticas através de microscópio eletrônico devarredura (MEV).

Tabela 2 - Atributos físicos dos finos de pedreira (Modificado de Fujimura et al., 1995 ede Mendes, 1999).

ATRIBUTO GRANITO(ITAPETI)

GNAISSE(EMBU)

GRANITO(RIÚMA)

BASALTO(RAYES)

Forma dogrão

Subangulosa asubarredondada

Subangulosa asubarredondada

Subangulosa asubarredondada

Subangulosa asubarredondada

Texturasuperficial Rugosa Rugosa Rugosa Rugosa a

facetada

Esfericidade Média a alta Média a alta Média a alta Alta

Módulo definura 3,46 3,56 3,76 2,93

A caracterização tecnológica realizada sobre os agregados graúdos mostrouque estes não sofrem restrições quanto aos seu uso em concretosconvencionais, fato este não observado para os finos de pedreira, queapresentam, quando em dosagens superiores a 8% (Sbrighi Neto & Soares,1996), sérias restrições à sua utilização como agregado miúdo.

3 PAVIMENTOS DE CONCRETO COMPACTADO A ROLO

O Concreto Compactado a Rolo (CCR) pode ser definido como um concreto deconsistência seca, que no estado fresco pode ser misturado, transportado,lançado e compactado por meio de equipamentos usualmente utilizados emserviços de terraplanagem (Cement and Concrete Association, 1962 apudFujimura et al., 1995).

Este tipo de concreto tem sido amplamente empregado em vários setores daconstrução civil, principalmente em barragens e pavimentação, por apresentar-se como uma alternativa mais rápida e mais barata do que os concretosconvencionais (Blake, 1958 apud Fujimura et al., 1995).

O início da utilização do CCR em pavimentação data do século XIX, empavimentos construídos em Bellafontaine, Ohio, Estados Unidos (Hurtado Diaz,1993). Entretanto, a aplicação sistemática e fundamentada em dadosexperimentais ocorreu a partir de 1944 na Inglaterra, onde se destacam asrodovias de Crawley, com 70 km de extensão, e de Londres-Birmingham, com100 km de extensão (Yrjanson, 1977 apud Fujimura et al., 1995).

De 1960 até 1990 o emprego do concreto compactado a rolo se expandiuinternacionalmente, passando a ser largamente utilizado na pavimentação deruas, estradas rurais e auto-estradas, pisos industriais, aeroportos e maisrecentemente, na construção de túneis (Hurtado Diaz, 1993).

É importante ressaltar que uma das principais vantagens no emprego do CCRdiz respeito à flexibilidade em relação à curva granulométrica ideal,

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destacando-se a possibilidade de utilização de uma maior porcentagem definos em relação aos concretos comuns (Mendes, 1999).

Em termos construtivos, o pavimento pode ser definido como uma estrutura emcamadas, cujas camadas inferiores têm como principal função absorver osesforços gerados na camada de superfície (camada de rolamento), de modo amanter a estabilidade do solo (Sarem, 1982).

Para propiciar estabilidade à estrutura, toda obra de pavimentação requer aconstrução de uma camada sobre a qual a camada de revestimento possa serapoiada, denominada base, que tem como principal função transmitir ao solotodos os esforços provenientes da superfície do pavimento. Muitas vezesconstrói-se, previamente à construção da base, uma camada denominada sub-base, que serve para diminuir a espessura da base e absorver os esforçostransmitidos ao solo.

No contexto de utilização de finos de pedreira em obras de CCR parapavimentação no Brasil, a Comercial e Pavimentadora Riúma foi a pioneira naaplicação desta tecnologia, usando os finos de gnaisses e migmatitos emsubstituição às areias naturais usualmente empregadas na elaboração demassas de CCR, obtendo ótimos resultados em termos de resistência, além deum ótimo desempenho em termos de trabalhabilidade. Mendes (1999)desenvolveu um trabalho específico para a utilização de finos de basalto emsub-bases de CCR, também obtendo resultados enquadrados nas normasdefinidas pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).

A seguir são discutidas as misturas adotadas em cada um dos trabalhos queversam sobre o uso de finos de pedreira em pavimentos de CCR, enfocandoaspectos como relação cimento:agregado e padrões de resistênciaestabelecidos pelo DNER.

4 DOSAGENS ESTUDADAS

As dosagens estudadas foram definidas a partir de variações de dosagensamplamente empregadas em obras de pavimentação, cujas características epropriedades já haviam sido previamente determinadas, e portanto, conhecidase enquadradas nos padrões exigidos pelas normas técnicas, facilitando destamaneira a verificação dos resultados obtidos nos ensaios.

Ressalta-se que os finos de rochas granitóides foram utilizados em dosagensusualmente empregadas em camadas de rolamento, ao passo que os finos debasalto foram utilizados em dosagens usualmente empregadas em sub-basesde pavimentos.

4.1 Dosagens utilizadas para rochas do embasamento

Para as rochas do embasamento, foram experimentadas três diferentesmisturas, conforme ilustra a Tabela 3.

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Tabela 3 – Dosagens utilizadas com rochas graníticas e gnáissicas (Modificado deFujimura et al., 1996).

Mistura 1 Mistura 2 Mistura 3Constituintes

kg/m3 % kg/m3 % kg/m3 %

Pedra de

(28,2 a 22,2 mm)796 38 796 38 590 28

Pedra de

(22,2 a 9,5 mm)428 20 428 20 590 28

Areia artificial

(< 3,97 mm)885 42 - - - -

Finos de pedreira

(<4,76 mm)- - 885 42 935 44

Cimento CP-32 150 7 150 7 150 7

Água 134 6 134 6 134 6

Relaçãocimento:agregado 1:14,06 1:14,06 1:14,10

4.2 Dosagens utilizadas para os basaltos

Para as rochas basálticas, também foram ensaiadas três dosagens distintas,conforme pode ser observado na Tabela 4.

5 ENSAIOS EXECUTADOS

Os ensaios executados em corpos-de-prova padrão resumiram-se àdeterminação da resistência à compressão simples (3 e 7 dias), umidade ótimae densidade, para as misturas elaboradas com finos de rochas graníticas egnáissicas. Para as misturas onde se empregou os finos de basalto, além dosensaios de resistência à compressão simples (RCS) aos 7 dias, foi tambémexecutado o ensaio de resistência à tração na flexão (RTF), aos 7 dias.

Para efeitos de comparação utilizou-se os dados do DNER (1992), que estipulacomo parâmetros de resistência à compressão simples 8 e 5 MPa paracamadas inferiores de rolamento e de sub-base, respectivamente; e deresistência à tração de 1 a 4 MPa. Os resultados destes ensaios constam dasTabelas 5 e 6.

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Tabela 4 – Dosagens utilizadas com rochas basálticas (Modificado de Mendes, 1999).Mistura 4 Mistura 5 Mistura 6

Constituinteskg/m3 % kg/m3 % kg/m3 %

Pedra 2

(25-12,5 mm)318,15 13,59 318,15 13,59 318,15 13,59

Pedra 1

(12,5-4,8 mm)318,15 13,59 318,15 13,59 318,15 13,59

Areia

(MF = 1,89)742,35 31,71 371,18 15,85 - -

Finos de pedreira

(<4,8 mm)742,35 31,71 1113,52 47,58 1484,70 63,42

Cimento CP-32 100 4,27 100 4,27 100 4,27

Água 120 5,12 120 5,12 120 5,12

Relaçãocimento:agregado 1:21,21 1:21,21 1:21,21

Tabela 5 – Resultados obtidos para as misturas 1, 2 e 3 (Modificado de Fujimura et al.,1996).

Resultados Mistura 1 Mistura 2 Mistura 3

RCS (MPa)3 dias 8,0 6,7 6,7

RCS (MPa)7 dias 8,4 6,8 8,3

Umidade ótima(%) 6,8 8,2 7,1

Densidade(kg/m3)

2,412 2,444 2,425

Tabela 6 – Resultados obtidos para as misturas 4, 5 e 6 (Modificado de Mendes,1999).

Resultados Mistura 4 Mistura 5 Mistura 6

RCS (MPa) - 7dias 3,9 6,0 6,2

RTF (MPa) - 7dias 0,5 0,8 1,1

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6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com respeito aos resultados obtidos nos ensaios executados para as misturas1, 2 e 3, pode-se concluir que a mistura 1, embora tenha alcançado uma boamarca em termos de resistência, teve sua trabalhabilidade prejudicada pelaausência de partículas finas. Nas misturas 2 e 3, onde a areia artificial foisubstituída totalmente por finos de pedreira, notou-se um pequeno decréscimona resistência, mas um ganho em trabalhabilidade e textura da massa. Combase nestes resultados, a mistura 3 foi indicada para o uso em camadas derolamento de pavimentos, devido à maior homogeneidade da massa, menorconsumo de cimento e obtenção de bons índices de resistência após acompactação.

Analisando-se os dados apresentados na Tabela 6, que explicita os resultadosobtidos para as misturas 4, 5 e 6, fica evidente que ocorre um aumento nosvalores de resistência proporcional ao aumento da quantidade de finospresente nas misturas, fato que pode estar associado ao maior preenchimentodos vazios da massa e ao maior embricamento das partículas, dado em funçãoda forma e textura superficial dos grãos. Com relação aos parâmetros deresistência recomendados pelo DNER, a mistura 6 foi a que melhorcomportamento apresentou, obtendo índices compatíveis com a normalizaçãovigente tanto para a resistência à compressão quanto para a resistência àtração.

A execução destes ensaios laboratoriais comprovaram a viabilidade técnica deutilização dos finos de pedreira, independentemente da natureza da rochamatriz. Outro dado interessante a ser ressaltado é que, comparativamente, aexecução de pavimentos de CCR é menos dispendiosa do que a depavimentos convencionais, podendo, com a utilização dos finos de pedreira,alcançar uma redução de até 15% no custo global da obra.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

À luz de uma época onde o aproveitamento dos recursos naturais deve ser omais racional possível, o estudo dos rejeitos gerados nos mais distintoscomplexos industriais reflete a preocupação técnica e social no manejo destassubstâncias.

Particularmente no setor produtivo de materiais destinados à construção civil, oconceito de racionalização das jazidas vem dando seus primeiros passos, apartir da utilização de técnicas de planejamento de lavra e através do fomentode pesquisas direcionadas ao aproveitamento de todos os materiais geradosnas plantas de beneficiamento.

A utilização dos finos de pedreira no Estado de São Paulo é um bom exemplodeste conceito, pois um material que até pouco menos de cinco anos eradestinado a pilhas de estocagem e classificado como rejeito da mina,atualmente é comercializado e possui aplicações específicas, tendo em vistasuas propriedades e características particulares.

Além dos parâmetros técnicos e econômicos favoráveis à utilização destesmateriais, destacam-se também os benefícios de ordem ambiental associadosao emprego dos finos de pedreira, que até então eram fontes potenciais de

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impactos ambientais, tais como: impacto visual, poluição atmosférica,alterações no regime hidrológico e esterilização de áreas férteis pela suaocupação.

Sendo assim, acredita-se que o desenvolvimento de pesquisas cujo enfoqueseja o aproveitamento de rejeitos, encontra-se solidária à questão dodesenvolvimento sustentado, à medida em que viabilizam o consumo demateriais ou subprodutos marginais, ampliando, no caso da mineração, a vidaútil das jazidas, fomentando o desenvolvimento da infra-estrutura local ereduzindo impactos ambientais associados ao seu manejo.

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM (DNER) – 1992– Manual de pavimentos de concreto rolado. Volume I: Histórico,características tecnológicas, estado-da-arte, materiais, dosagem e normaspertinentes. 156 p.

FUJIMURA, F.; SOARES, L.; HENNIES, W.T.; SILVA, M.A.R. – 1995 – O usode finos de pedreiras de rochas graníticas e gnáissicas em substituição àsareias naturais. In: 29ª Reunião Anual de Pavimentação, Cuiabá, 1ª SessãoTécnica, Trabalho nº 1.08, 147-156.

FUJIMURA, F.; SOARES, L.; HENNIES, W.T.; SILVA, M.A.R. – 1996 –Environmental issue and profitable uses of stone quarry fines. In: 4th.International Conference on Environmental Issues and Waste Managementin Energy and Mineral Production. Proceedings SWEMP’96, v.2, Cagliari,Itália, 959-966.

HURTADO DIAZ, P. S. – 1993 – Contribuição ao estudo do concreto roladopara pavimentação. Tese de Doutoramento. Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo, Departamento de Engenharia Civil, 219 p.

MENDES, K. S. – 1999 – Viabilidade do emprego de finos de basalto emconcreto compactado a rolo. Dissertação de Mestrado. Escola Politécnicada Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Minas,109 p.

SECRETARIA DE ARTICULAÇÃO COM OS ESTADOS E MUNICÍPIOS(SAREM) – 1982 – O que é preciso saber sobre técnicas de pavimentação.Coleção Alternativas Urbanísticas, 5, Rio de Janeiro, 80 p.

SBRIGHI NETO, C. & SOARES, L. – 1996 – The use of crushing rock dust inPortland cement concrete production. In: 4th. International Conference onEnvironmental Issues and Waste Management in Energy and MineralProduction. Proceedings SWEMP’96, v.2, Cagliari, Itália, 1041-1048.

SCHALCH NETO, J.A.; AZEVEDO, R.M.B.; RUIZ, M.S.; HWA, C.M.F. – 1990 –Mercado Produtor Mineral do Estado de São Paulo: Levantamento eAnálise, cap. VII: Perfil 5 – Brita, Publicação IPT nº 1822, SP, 87-98.

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9 AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SãoPaulo, que financiou a execução de toda a pesquisa referente ao emprego definos de rochas basálticas, através do processo 96/12681-5.

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SESSÃO TÉCNICA IRESÍDUOS GERADOS PELA

CONSTRUÇÃO CIVIL

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CT- 206 MEIOAMBIENTE

RESÍDUO DE CONCRETO RECICLADO

OLIVEIRA, Márcio J. Estefano (1); ASSIS, Cássia Silveira (2)

(1) Engenheiro Civil, MSc. UNESP/UNITAU - R. Espírito Santo, 496, Bairro:Santo Antônio. São Caetano do Sul/SP. Tel./Fax: (11) 4226-5022 - CEP09530-700 e-mail: [email protected]

(2) Engenheiro Civil, MSc. Escola de Engenharia Mauá - R. Espírito Santo,496, Bairro: Santo Antônio. São Caetano do Sul/SP. Tel./Fax: (11) 4226-5022 CEP 09530-700 e-mail: [email protected]

Palavras-chave: resíduo, reciclagem, entulho reciclado, concreto, agregado.

RESUMO

A geração de resíduos sólidos pela construção civil tem trazido preocupaçãoquanto aos efeitos em relação ao meio ambiente porque a sua deposiçãopoucas vezes obedece a um critério técnico adequado. A produção de resíduosda construção civil provoca alterações no meio ambiente que podem ocorrerdurante implantação e execução de obras. Além disso, durante a vida útil dasedificações os resíduos podem ser gerados pela sua manutenção, reforma oudemolição.

A produção de resíduos pela indústria da construção civil está associada adiversos fatores: desde a concepção do projeto, processos construtivos, mão-de-obra, desperdícios e perdas inerentes a este tipo de atividade. De um modogeral, a Indústria da Construção Civil no Brasil, no sub-setor Edificaçõesapresenta um baixo índice de produtividade e um elevado índice de perdas e aprodução de entulho em edifícios habitacionais com mais de 10 pavimentos,padrão médio, produzidos por processos convencionais é de 5% do valor totalda obra.

A forma de deposição e abandono dos resíduos gerados, principalmente ematerros clandestinos ou aterros públicos, degrada o meio ambiente peloesgotamento das áreas sadias, assoreamento dos cursos d’água e pelapoluição dos aqüíferos. Assim o estudo do comportamento dos resíduos

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sólidos ao longo do tempo pode trazer informações relevantes para a suareutilização, reciclagem e deposição final. O estudo para a transformaçãodestes resíduos em matéria-prima destinada à produção de novos materiaisserá mais seguro a partir do conhecimento do seu comportamento e poderáindicar o uso mais adequado para um determinado fim.

O caso que ora se estuda trata de peças estruturais ou não, que já passarampor processos de ações mecânicas durante o tempo em que estiveram em usoe em maior intensidade quando da sua demolição. O resíduo de concreto quese encontra no entulho depositado em áreas clandestinas ou em lixõespúblicos podem sofrer a ação das condições ambientais através de fatoresmecânicos, físicos, químicos, térmicos e biológicos. Durante a demolição oconcreto é submetido aos esforços mecânicos que provocam fissurasenfraquecendo-o e tornando-o suscetível às ações de agentes agressivos.Estes ataques podem acontecer de maneira isolada ou em conjunto. O trabalhofoi desenvolvido a partir do estudo de caso de edifícios em construção nacidade de Guaratinguetá.

Quatro edifícios na cidade de Guaratinguetá - SP, que tiveram suasconstruções iniciadas na mesma época, encontram-se hoje em fase deacabamento. A produção de resíduos gerados nas obras estudadas têm umacomposição variada com predominância de restos de concreto, tijoloscerâmicos e argamassas de assentamento e revestimento. Os resíduos, àmedida que as obras eram executadas, foram sendo quantificados e separadospor categoria e para esta pesquisa, os resíduos de concreto foramselecionados para a reciclagem.

A moagem foi efetuada em laboratório, manualmente, e o novo agregadocaracterizado segundo as normas da ABNT para materiais convencionais. Osestudos mostraram a viabilidade do emprego do agregado reciclado desde quese considere os mecanismos de deterioração do mesmo.

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CT- 206 MEIOAMBIENTE

RECICLAGEM DE ENTULHO PARA A PRODUÇÃO DEARGAMASSAS E CONCRETOS: UMA ALTERNATIVA VIÁVEL

ANGULO, Sérgio Cirelli (1); MIRANDA, Leonardo F. R. (2); SELMO, SilviaM.S. (3); JOHN, Vanderley Moacyr (4)

(1) Mestrando em Eng. Civil, Departamento da Politécnica de Construção Civil,Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Almeida Prado,travessa 2 – 05508-900 - São Paulo. e-mail: [email protected].

(2) Mestrando em Eng. Civil, Departamento da Politécnica de Construção Civil,Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Almeida Prado,travessa 2 – 05508-900 - São Paulo. e-mail: [email protected].

(3) Professor Doutor, Departamento da Politécnica de Construção Civil, EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Almeida Prado,travessa 2 – 05508-900 - São Paulo. e-mail: [email protected].

(4) Professor Doutor, Departamento da Politécnica de Construção Civil, EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Almeida Prado,travessa 2 – 05508-900 - São Paulo. e-mail: [email protected].

Palavra-chave: reciclagem, resíduos de construção e demolição, entulho,desenvolvimento sustentável, agregados reciclados.

RESUMO

Os resíduos de construção e demolição, conhecidos como entulho, são hojeum grave problema nas principais cidades brasileiras. De acordo com PINTO(1999), a média de produção de entulho no Brasil é de 0,5 ton/hab.ano,chegando a corresponder a 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos.

Esses resíduos, quando dispostos inadequadamente, causam sérios prejuízosambientais e econômicos. Como prejuízos ambientais destacam-seassoreamento de rios, entupimento de sistemas de drenagens, contaminaçãode lençol freático, propagação de vetores. Como prejuízo econômico destaca-se os gastos com a retirada de despejos clandestinos, onde só em São Paulochega a R$4,5 milhões mensais (BRITO, 1999).

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As soluções normalmente empregadas para solucionar esse tipo de problemasão aproximar o produto e o processo de produção, de onde surgem osresíduos, do conceito de desenvolvimento sustentável. Assim sendo, a escalamenos impactante, tanto economicamente quanto ambientalmente, seria aredução, reutilização, reciclagem, aterros e incineração, nesta ordem.

Nesta lógica, a reciclagem se insere em uma atitude necessária, pois sempreexistirá uma parcela de resíduos impossíveis de se reduzir e, se tratando deum resíduo pós-consumo, a sua reutilização torna-se mais complicada.

É sobre este ponto de vista que a Escola Politécnica da USP criou uma equipede engenheiros pesquisadores, com o objetivo de desenvolver tecnologias paraa reciclagem, bem como controlar as composições dos agregados recicladosgerados pelos resíduos C&D.

Estudos de controle de composição têm sido realizados, através de um métodode determinação de fases presentes na composição do entulho por método deanálise de imagem, sendo predominante estas fases: cerâmicas, argamassas econcretos. A avaliação da variabilidade das fases na composição de agregadosreciclados estão sendo avaliados, bem como as técnicas de homogeneizaçãodeste tipo de agregado. Este controle nos fornecerá subsídios para controle dequalidade em centrais e avaliação da influência das fases no desempenho decomponentes.

Para a utilização do entulho visando a produção de revestimentos deargamassa, foram produzidos 100 m² de revestimento, no traço 1:9 em massa,variando-se o teor de entulho na composição e sua natureza (bloco cerâmico,bloco de concreto e argamassa moída). Os resultados mostram que osrevestimentos apresentaram bom desempenho, com resistência de aderência àtração acima do limite da NBR 13528/95 e baixo surgimento de fissuras.

A viabilidade do uso do entulho reciclado para produção de concretos e deblocos de concretos também tem sido verificada, aumentando assim o mercadode utilização desse material.

Como conclusões, a Escola Politécnica da USP, pelo Departamento deConstrução Civil, já considera os seus componentes tecnicamente eeconomicamente viáveis para utilização. Entende-se que partes das soluçõesambientais devem ser solucionadas pela lógica econômica, tornando o seuconsumo atrativo no mercado, mas garantindo o bom desempenho do produto.

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CT- 206 MEIOAMBIENTE

PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS COM ADIÇÃO DE ENTULHORECICLADO DE SALVADOR

CARNEIRO, Alex Pires (1); GOMES, Adailton de Oliveira (2); SAMPAIO,Taís Santos (3); ALBERTE, Elaine Pinto V. (3); COSTA, Dayana Bastos (3);

(1) Engenheiro Civil, Mestrando em Eng. Ambiental Urbana - UFBA,Pesquisador GEMAC/UFBA R. Aristides Novis, 02, Federação.Salvador/BA. Tel./Fax: 071-2378524 CEP 40210-630 e-mail:[email protected]

(2) Engenheiro Civil, MSc. R. Aristides Novis, 02, Federação. Salvador/BA.Tel./Fax: 071-2378524 CEP 40210-630 e-mail: [email protected] .

(3) Estudante de Eng. Civil UFBA, Bolsista de Iniciação Científica CNPq/PIBICR. Aristides Novis, 02, Federação. Salvador/BA. Tel./Fax: 071-2378524CEP 40210-630 e-mail: [email protected] .

Palavras-chave: argamassa, entulho, reciclagem, material de construção.

RESUMO

A quantidade de resíduos gerados pelas atividades de construção e demolição(entulho) vem crescendo de forma significativa nos últimos anos. A reciclageme utilização do entulho como material de construção alternativo vem semostrando como opção interessante para minimizar os problemas causadospelo entulho.

Há algum tempo o entulho vem sendo utilizado como adição para argamassas.Existem vários trabalhos publicados com relação a este tema que mostram umincremento em suas propriedades mecânicas. Contudo, estudos sobrereciclagem de entulho para argamassas vêm se limitando ao canteiro de obras.

Atualmente as usinas de reciclagem começam a ocupar uma posição dedestaque. Neste sentido, está sendo implantada pela LIMPURB (Empresa deLimpeza Urbana) a 1ª Usina de Reciclagem de Entulho de Salvador. Atravésde um processo de cominuição do entulho bruto é produzido um material comgranulometria variada, passível de utilização como agregado alternativo para

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diversos produtos da construção civil. A fração fina deste resíduo processadopode ser usada como adição em argamassas de assentamento e revestimento.

O objetivo deste trabalho é analisar a influência do uso do entulho reciclado deSalvador, coletado pelo serviço de limpeza urbana e processado em usina dereciclagem, no desempenho dos revestimentos de argamassa, avaliando oprocesso de produção e o produto final, tanto no estado fresco como no estadoendurecido. A análise do produto foi feita com base nas suas característicasfísicas, mecânicas, durabilidade e risco ambiental, além da viabilidade técnico-econômica de argamassas preparadas com adição de entulho reciclado emdiferentes proporções.

O trabalho foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa, foi definido um traçobase e feita a mistura experimental, a fim de verificar o comportamento daargamassa produzida com os materiais disponíveis e obter alguns parâmetrosde trabalho. A partir desta primeira mistura experimental, foram ajustadostraços para os consumos de cimento desejados. Então, a partir do traço base,foi feita a mistura experimental para um traço com substituição de arenoso porentulho reciclado, ou seja, um traço com 30% de entulho. Em seguida foramfeitas as misturas experimentais para substituições também de areia porentulho miúdo. Deste modo foram feitas misturas para 50%, 75% e 100% deentulho reciclado, todas para os três consumos de cimento determinados. Foidefinido, também, um Traço Referência (argamassa mista de cimento e cal)para cada consumo de cimento determinado. A segunda etapa deste estudoavaliou de forma mais completa o comportamento das argamassas comentulho. Para isto foi escolhido o consumo de cimento de 180 kg//m3, queabrange uma maior faixa de usos e aplicações.

Este trabalho mostra que a introdução do entulho reciclado como substituto aareia e arenoso para a produção de argamassas tem grande potencial comosolução ao problema de destinação destes resíduos. Foi observado que quantomaior o teor de adição de entulho reciclado, menor o consumo de cimentoalcançado pela argamassa. Esta tendência é um denominador comum a todosos trabalhos existentes sobre o tema. Assim, podem ser adotados traços paraargamassas com resíduos reciclados que proporcionam redução de custo deaté 45%, tanto pelo baixo custo do agregado quanto pela redução do consumode aglomerantes tradicionais. De maneira geral, as argamassas com adição deentulho estudadas neste trabalho apresentaram comportamento semelhante àsargamassas analisadas em outros trabalhos. Pode-se observar melhoria dealgumas propriedades.

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III Seminário DesenvolvimentoSustentável e a Reciclagem na

Construção CivilPráticas Recomendadas

CT- 206 MEIOAMBIENTE

A MINIMIZAÇÃO DAS PERDAS DE MATERIAIS NACONSTRUÇÃO COMO CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL: O CASO DOS REVESTIMENTOS DE PAREDES

INTERNAS COM ARGAMASSA

SOUZA, U. E. L. (1); PALIARI, J. C. (2); ANDRADE, A.C. (3); MAEDA, F. M.(4); Silva, L. L. R. (4)

(1) Prof. Dr. do Depto de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo – PCC-USP, e-mail: [email protected]

(2) Prof. Assistente do Depto de Engenharia Civil – UFSCar; Doutorando doDepto de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo – PCC-USP; e-mail: [email protected]@power.ufscar.br;

(3) Doutoranda do Depto de Engenharia de Construção Civil, EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo – PCC-USP; e-mail:[email protected];

(4) Mestrandos do Depto de Engenharia de Construção Civil, EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo – PCC-USP; e-mail:[email protected]; [email protected].

Palavras-chave: desperdício de materiais, perdas de materiais, argamassa.

RESUMO

1 O DESPERDÍCIO DE MATERIAIS NA CONSTRUÇÃO E O MEIO AMBIENTE

A construção de edifícios, tão importante para sanar a demanda social porhabitações no Brasil, envolve o consumo de grandes quantidades de recursosfísicos do nosso planeta, haja visto que 1 metro quadrado de construção utiliza,grosseiramente, 1 tonelada de materiais.

Este consumo pode ser significativamente aumentado quando ocorrem perdasde materiais nos canteiros. Pesquisas recentes têm mostrado que as perdas,mensuradas fisicamente, estão longe de ser desprezíveis. Tais perdas podemacontecer sob duas formas: incorporadas ao próprio edifício ou como entulho.

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Dentre os materiais que apresentam os maiores valores de perdas, asargamassas se destacam. Tal fato advém do fato de, muitas vezes, as mesmascumprirem, erroneamente, o papel de “consertar” problemas acontecidos emserviços que precederam aqueles onde serão utilizadas.

Este trabalho apresenta os valores de perdas de cimento para revestimento deparedes internas de argamassa obtidos a partir de uma ampla pesquisanacional coordenada pelo Departamento de Construção da EPUSP (PCC-USP)e induzida pelo ITQC, FINEP- Programa Habitare e Senai-NE, que contou coma participação de outras 15 Universidades de 12 Estados brasileiros, e onde seestudou por volta de 100 canteiros de obras. Comenta-se ainda as pesquisasdesenvolvidas após tal diagnóstico.

2 AS PERDAS DE CIMENTO NO SERVIÇO DE REVESTIMENTO DEPAREDES INTERNAS

A Tabela 2.1 reúne os valores encontrados para as perdas, consumos teóricos(obtidos a partir do traço teórico da argamassa) e consumos reais de cimentona execução de revestimentos de paredes internas de edifícios. Note-se que ovalor da perda é calculado com relação a uma situação de referência, onde seteria especificado, previamente à produção do revestimento, a espessura e otraço a ser adotado.

Tabela 2.1 - Valores das perdas/consumos de cimento

ÍNDICES Média Mediana Mínimo Máximo

PERDA (%) 104 102 8 234

CONSUMO TEÓRICO(kg/m³) 189,94 194,17 115,45 267,74

CONSUMO REAL (kg/m²) 7,19 6,81 2,23 14,38

n= 11

3 PESQUISAS POSTERIORES AO DIAGNÓSTICO NACIONAL

O levantamento da situação vigente no país foi extremamente útil para muniros diversos agentes da cadeia produtiva de informações confiáveis para balizarações racionalizadoras. E, na medida em que detectou que a intensidade e ascausas das perdas podem variar muito de obra para obra, o PCC-USPdesenvolveu uma metodologia rápida para avaliação do consumo, que estásendo aplicada em vários canteiros de obras, criando um instrumento auxiliarpara a gestão do consumo dos materiais em campo.

Além das obras já estudadas na pesquisa nacional (em São Paulo as seguintesempresas contribuíram: Tecnum & Corporate, J.Bianchi, Erg, Alves Dinis,Noroeste, Fortenge e Blokos), novas obras (das empresas: Racional, Projeção,Com Serv e Raíza) têm sido motivo de intervenção através de um novoconvênio coordenado pelo PCC-USP, com a participação da PrefeituraMunicipal de Santo André e da UniABC.

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EMPREGO DE RESÍDUO DE CONCRETO E DE REJEITO DAINDUSTRIA DA CERVEJA NA PRODUÇÃO DE BLOCOS E

TIJOLOS

OLIVEIRA, Márcio J. Estefano (1); ASSIS, Cássia Silveira (2); MONTEIRO,Camilo de Lelis (3)

(1) Engenheiro Civil, MSc. UNESP/UNITAU - R. Espírito Santo, 496, Bairro:Santo Antônio. São Caetano do Sul/SP. Tel./Fax: (11) 4226-5022 CEP09530-700 e-mail: [email protected]

(2) Engenheiro Civil, MSc. EEM - R. Espírito Santo, 496, Bairro: Santo Antônio.São Caetano do Sul/SP. Tel./Fax: (11) 4226-5022 CEP 09530-700 e-mail:[email protected]

(3) Engenheiro Civil, Cia. Cervejaria Brahma - R. Espírito Santo, 496, Bairro:Santo Antônio. São Caetano do Sul/SP. Tel./Fax: (11) 4226-5022 CEP09530-700

Palavras-chave: resíduo, reciclagem, entulho reciclado, diatomáceas.

RESUMO

Apesar da preocupação que se tem em preservar o meio ambiente e das açõesde órgãos competentes em acompanhar e controlar os resíduos industriais, háuma crescente degradação de recursos naturais pela ausência de tecnologiasalternativas que sejam viáveis técnica e economicamente ao tratamento dosresíduos gerados pela indústria da cerveja que ainda existem no final doprocesso industrial. Certos resíduos provocam danos ao solo, à fauna e àvegetação no local onde são lançados. Esse trabalho tem por finalidadeapresentar e discutir os resultados obtidos na fabricação de tijolos paraalvenaria, a partir do emprego de resíduos sólidos gerados no processo defabricação da cerveja.

O mineral empregado para realizar a filtragem da cerveja durante o processode fabricação é denominado pela indústria da cerveja de “terra infusória”. Estasubstância provinda de algas silícicas fossilizadas é também chamada de

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diatomácea. As maiores minas destas terras estão localizadas na Argélia,Califórnia, Alemanha, França, Itália e Espanha. O composto básico é o dióxidode silício (SiO2), numa proporção de até 90%.

A diatomácea bruta é moída, seca, novamente moída, calcinada 800 0C(liberada das substâncias orgânicas), resfriada, moída novamente e separadaem granulometrias diversas por ciclonagem de ar. Os tamanhos podem variarde 1 a 200µ. A superfície livre de passagem, ou seja, a porosidade podechegar a 80%.

Essa “terra” no processo de fabricação de cerveja tem a propriedade deproduzir filtrados biológicos, pois ela remove células de leveduras e bactériasdanosas à cerveja. Daí o problema com relação ao meio ambiente, pois oresíduo proveniente de processo de filtragem é poluente pela grandequantidade de matéria orgânica de difícil tratamento que muitas vezes élançada ao solo ou em cursos d’água.

Neste trabalho são apresentados os resultados obtidos na produção de blocosde concreto com emprego de resíduo de concreto descartados pelas obras deconstrução civil e tijolos de barro maciço cozido. Os blocos e tijolos preparados,segundo os processos usuais, receberam adição de terra infusória em diversasproporções e foram ensaiados segundo as Normas da ABNT.

Com os resultados obtidos até o momento já é possível verificar que os blocose tijolos produzidos com adição de terra infusória em blocos de concretosimples produzidos com resíduo de concreto reciclado e tijolos de barro maciçocozido, apresentaram redução na massa específica, sem haver prejuízosignificativo na capacidade de resistência à compressão e no ensaio deabsorção de água.

Fica assim demonstrada a possibilidade da utilização de dois rejeitos industriaissimultaneamente para fabricação de peças através de processos usuais comalgumas vantagens adicionais como o emprego para redução de massa eminimização da poluição do ambiente. O estudo deve continuar paraverificação do seu desempenho ao longo do tempo. A indicação para oemprego destes novos materiais deve, até o momento, ficar restrito à execuçãode muros, paredes divisórias e outros serviços que não requeiram altasresistências e não recebam ataque de agentes agressivos como águas ácidas,sulfatos e cloretos.

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RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO CIVILUTILIZADO COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO CIVIL NO

LOCAL ONDE FOI GERADO

GRIGOLI, Ademir Scobin (1)

(1) Engenheiro Civil - Diretor técnico da empresa SCOBIN ENGENHARIA, RuaJosé Clemente, 759. Vila Sete - 87020-070 - Maringá - Paraná. e –mail : [email protected]

Palavras-chave: argamassa, concreto, entulho, reciclagem.

RESUMO

As estatísticas apontam que a construção civil, é uma das atividadeseconômicas que mais produz entulho, e este trabalho, formula formas de comoem um canteiro de obra pode-se utilizar do entulho gerado por esta obra, comomaterial de construção na própria obra.

O concreto ou a argamassa gerados pelo entulho inorgânico de obra, temcaracterísticas próprias, onde uma delas é a sua baixa resistência alcançada ea sua baixa capacidade de resistir a agentes abrasivos. Então, as situaçõesde elementos de obra, na forma de concretos e/ou argamassas, onde nãorequer alta resistência mecânica e alta capacidade de suporte abrasivo,podem ter como matéria prima o agregado miúdo e o agregado graúdoproveniente do entulho de obra, gerados e aplicados nesta mesma obra.

Para o uso do entulho como material de construção na própria obra, não se fazmovimentos com os entulhos recicláveis gerados, deixa-os no própriocompartimento ou no próprio pavimento em que foi gerado, apenasacomodando-os em um dos ambientes ali existente.

O entulho reciclável, quando gerado, é composto de materiais de diversostamanhos, desde grãos de areias, até conjuntos de blocos de cerâmicas e/ouconcretos, devendo ser estes componentes divididos em três porções, sendouma porção miúda na forma arenosa e pulverulenta, com diâmetro menor ou

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igual a 4,80 mm, uma outra porção graúda com diâmetro superior a 4,80 mm einferior a 38 mm, e por último uma porção em pedaços com diâmetro superiora 38mm.

A presença do solo argiloso nos entulhos que vão ao “bota fora” por“caçambões”, é ainda mais acentuada, pois não existe nenhuma preocupaçãoem separar estes componentes, antes de mandá-los fora do canteiro de obra.A gestão do canteiro de obra em se promover a permanência dos entulhosrecicláveis nos compartimentos ou pavimentos onde foram gerados, eliminatotalmente a possibilidade de mistura com solo argiloso.

O fator água/cimento é um complicador na determinação do traço deconcreto e argamassa, executados com entulho reciclável. Considerando existirno entulho reciclável, elementos com altas taxas de absorção de água. Devidoa ocorrência de inconstância nas proporcionalidades dos elementos quecompõem o entulho de obra, fica difícil determinar a quantidade de água que sedeve adicionar num traço de argamassa ou concreto para suprir a necessidadede seus elementos com relação à absorção de água. A determinação do fatorágua/cimento, tanto para a argamassa, quanto para o concreto executadoscom entulhos recicláveis, fica vinculada eminentemente à consistêncianecessária a sua aplicação. E, uma vez estabelecido o traço a ser executado,especificado em volume, o maior cuidado a ser tomado no processo demistura, é ter a certeza de que as porções miúdas e graúdas estejamadequadamente saturadas de água, para minimizar os efeitos da alta absorçãode água dos agregados de entulho de obra. Considerando que no processo degestão do entulho reciclável dentro do canteiro, objetiva-se a uma menorcirculação possível deste entulho, o peneiramento e a molhagem são feitos naprópria região em que o mesmo é gerado, sendo em seguida, em masseirasmanuais, também manualmente misturados.

Basicamente, as operações que envolvem o uso de materiais recicláveis,utiliza-os sob forma bem determinada, quais sejam: na forma de argamassa, naforma de concreto, na forma de assentamentos de pedaços de blocoscerâmicos e na forma de entulho solto, misturado ou somente na porção miúdaou somente na porção graúda. Deve-se, atentar ao detalhe de que concreto eargamassa com elementos compostos de entulho de obra não podem serutilizados em peças de estruturas de concreto armado com elevadascargas de compressão e/ou tração.

A construção civil, é fonte geradora de entulho em quantidades e variedadesmúltiplas, onde é impossível formalizar um critério padrão, para definir umametodologia universal no uso do entulho gerado por uma determinada obra, naprópria obra. Concluindo-se que o entulho que uma obra produz, pode serutilizado e consumido de forma reciclável dentro da própria obra.

O uso do entulho como material de construção em canteiro de obras, é deforma preponderante, inevitável e inadiável, pois de alguma forma, muitoesforço há por se fazer no sentido de conscientizar nossos construtores ao fatode que todos ganham com a reciclagem do entulho de obra, principalmente anatureza.

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CARACTERIZAÇÃO DO ENTULHO DE SALVADOR VISANDOSUA RECICLAGEM COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO

BRUM, Irineu Antônio S. (1); CARNEIRO, Alex Pires (2); COSTA, DayanaBastos (3); SAMPAIO, Taís Santos (3); ALBERTE, Elaine Pinto Varela (3)

(1) Engenheiro de Minas, MSc. R. Aristides Novis, 02, Federação. Salvador/BA.Tel./Fax: 071-2378524 CEP 40210-630 e-mail: [email protected]

(2) Engenheiro Civil, Mestrando em Eng. Ambiental Urbana - UFBA,Pesquisador GEMAC/UFBA R. Aristides Novis, 02, Federação.Salvador/BA. Tel./Fax: 071-2378524 CEP 40210-630 e-mail:[email protected]

(3) Estudante de Eng. Civil UFBA, Bolsista de Iniciação Científica CNPq/PIBICR. Aristides Novis, 02, Federação. Salvador/BA. Tel./Fax: 071-2378524CEP 40210-630 e-mail: [email protected]

Palavras-chave: caracterização, entulho, reciclagem, materiais de construção.

RESUMO

Um dos principais problemas que afeta a qualidade de vida nos grandescentros urbanos é o volume de resíduos gerado diariamente. Os aspectostécnicos e operacionais referentes a esta questão são bastante conhecidos eestão relacionados à diversidade dos materiais descartados pela sociedade.

Com a intensificação do processo de urbanização, a quantidade de resíduosgerados pelas obras de construção torna-se cada vez mais elevada. Ocrescimento da população e, conseqüentemente, o aumento da demanda porconstruções localizadas no perímetro urbano acaba por contribuir para oaumento da geração de entulho. Este crescimento exige das administraçõespúblicas providências para evitar o descarte destes materiais em locaisinadequados, como terrenos baldios, cursos d’água ou áreas periféricas e,principalmente, encontrar soluções adequadas para a gestão do entulho.

A construção civil é a uma das poucas indústrias capazes de absorver quaseque totalmente os resíduos que são produzidos em suas atividades. Enquanto

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vários setores industriais reduzem o consumo de suas matérias-primas (comoa indústria eletrônica, por exemplo) a engenharia civil, dificilmente poderáreduzir significativamente a quantidade de materiais necessários para umaobra, sem comprometer a qualidade e segurança da construção. (Agopyan,1995). Dessa maneira, é necessário encontrar soluções para o problema dosresíduos, através de formas práticas de reciclagem na própria obra ou emusinas montadas para este fim.

Algumas prefeituras (Salvador, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Londrina, entreoutras.) já implantaram ou estão implantando, locais apropriados para recebero resíduo. São as “Usinas de Reciclagem de Entulho”, constituídasbasicamente por um espaço para disposição, uma linha de separação (onde afração não mineral é separada), um britador, que processa o resíduo nagranulometria desejada e um local de armazenamento, onde o entulho jáprocessado aguarda para ser utilizado. O objetivo destas usinas de reciclagemé reduzir a disposição de sobras de materiais da indústria da construção civil ereciclar estes para a confecção de materiais de construção de baixo custo.

Em Salvador são produzidas atualmente cerca de 1.700 t/dia de entulho, dosquais grande parte é facilmente reciclável. O entulho se apresenta comcaracterísticas físicas variáveis, que dependem do tipo de obra, das técnicasconstrutivas, da fase em que se encontra a obra, das características sócio-econômicas da região considerada, entre outros fatores.

Neste sentido foi realizada a caracterização completa do entulho gerado nacidade do Salvador visando maximizar a utilização deste resíduo paraprodução de agregado reciclado. A análise das suas características envolveuaspectos sociais, físicos, químicos e de risco de contaminação ambiental, tantoem seus valores médios como na dispersão ao longo do tempo.

A caracterização do entulho de Salvador possibilitou identificar algumas linhasde pesquisas prioritárias para a maximização do potencial de aproveitamentodeste resíduo, além de contribuir para o desenvolvimento de mercado daprodução de materiais de construção regionais com a utilização do entulhoreciclado. As principais alternativas identificadas para a reciclagem desteresíduo são substituição da matéria-prima para base e sub-base de pavimentose em tijolos de solo estabilizado com cimento, tanto quanto aplicação comoagregados para concreto não estrutural e adição para argamassas deassentamento e revestimento.

A reciclagem do entulho vem contribuir para mitigação de problemasambientais, relacionados a sua inadequada disposição, assim comoproporcionar um aumento na vida útil das reservas naturais de matérias-primas(agregados naturais) e aterros sanitários.

Por fim, este trabalho busca contribuir para o desenvolvimento sustentável daRegião Metropolitana de Salvador, amenizando o problema de disposiçãoinadequada dos resíduos gerados pela construção civil, assim como apresentaralternativas viáveis para a confecção de materiais de construção civil de baixocusto, influindo de forma relevante nas questões sociais e ambientais.

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CT- 206 MEIOAMBIENTE

FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO E ENTULHO RECICLADODE SALVADOR ESTABILIZADOS COM CIMENTO

BRUM, Irineu Antônio S. (1); CARNEIRO, Alex Pires (2); COSTA, DayanaBastos (3); SAMPAIO, Taís Santos (3); ALBERTE, Elaine Pinto Varela (3)

(1) Engenheiro Minas , MSc. R. Aristides Novis, 02, Federação. Salvador/BA.Tel./Fax: 071-2378524 CEP 40210-630 e-mail: [email protected]

(2) Engenheiro Civil, Mestrando em Eng. Ambiental Urbana - UFBA,Pesquisador GEMAC/UFBA R. Aristides Novis, 02, Federação.Salvador/BA. Tel./Fax: 071-2378524 CEP 40210-630 e-mail:[email protected]

(3) Estudante de Eng. Civil UFBA, Bolsista de Iniciação Científica CNPq/PIBICR. Aristides Novis, 02, Federação. Salvador/BA. Tel./Fax: 071-2378524CEP 40210-630 e-mail: [email protected]

Palavras-chave: tijolo estabilizado com cimento, reciclagem, entulho reciclado.

RESUMO

No Brasil, o atendimento às condições mínimas de habitação para as camadasde mais baixa renda ainda não foi equacionado. A enorme demanda dehabitações no país exige a construção de mais de 10 milhões de unidades.Apesar do esforço do governo para superar o problema, a demanda demoradias populares continua crescendo com velocidade superior à do aumentoda capacidade de produção de novas unidades (TÉCHNE, 1996).

O problema da habitação popular brasileira exige soluções de tecnologiassimples, compatíveis com a situação econômica atual. Essas novas tecnologiaspodem utilizar matérias-primas naturais / renováveis ou rejeitos industriais /urbanos, geralmente caracterizadas por apresentarem custo reduzido eexistirem em grandes quantidades próximo ao local de aplicação (CALMON &TRISTÃO, 1998).

Neste contexto a utilização de tijolos de solo estabilizado com cimento paraconstrução de casas populares é uma solução adequada, sendo que está

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técnica já é estudada e desenvolvida há anos em muitos países, inclusive noBrasil. A simplicidade do processo de fabricação e operação do equipamento, aeconomia de energia e a redução dos custos favorecem o uso destecomponente em programas habitacionais (ABCP, 1985).

Por outro lado, o entulho de construção e demolição vem sendo gerado emenormes quantidades devido, principalmente, ao crescimento acentuado doscentros urbanos nas últimas décadas. Em Salvador são geradas cerca de1.700 toneladas/dia de entulho, causando graves impactos ambientais esociais.

Buscando minimizar o descarte do entulho e os seus impactos, está sendoimplantado pela LIMPURB - Empresa de Limpeza Urbana de Salvador o planode gestão do entulho de Salvador. Este plano vem contribuindo para a melhoriado sistema de coleta através de medidas corretivas e educativas, implantaçãode postos e bases de descarga de entulho, usinas de reciclagem e centrais deprodução de materiais (inauguração prevista para o 2o semestre de 2000).

Ao ser reciclado, o entulho apresenta propriedades físicas, mecânicas,químicas e ambientais apropriadas para produção de materiais de construção.Este resíduo é um material inerte e apresenta alto potencial para reutilização ereciclagem. Vale, ressaltar que o entulho apresenta características variáveis,que dependem do tipo de obra, das técnicas construtivas, da fase em que seencontra a obra, das características sócio-econômicas da região considerada,entre outros fatores.

Assim, este trabalho apresenta a utilização do entulho reciclado de Salvador naprodução de tijolos de solo estabilizado com cimento desenvolvendo umaaplicação adequada para amenizar a questão ambiental relacionada àdestinação do resíduo sólido urbano, além de produzir materiais de construçãode baixo custo e apresentar uma alternativa para a questão ambiental.

Através desta pesquisa verificou-se a adequada aplicabilidade do entulho parafabricação dos tijolos de solo e entulho estabilizados com cimento. Essecomponente apresentou características como resistência à compressão eabsorção superiores e durabilidade adequada em relação aos tijolos fabricadossem a utilização do entulho reciclado.

Além disso, o custo do entulho e da fabricação desse material de construção ébastante vantajoso, proporcionando economia de cerca de 50% em relação aostijolos convencionais.

Estudos como este pretendem contribuir para o desenvolvimento sustentávelda região de Salvador, amenizando o problema urbano da disposiçãoinadequada do entulho. Além disso, este trabalho visa contribuir para a melhoraceitação da sociedade / meio técnico do uso do entulho.

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PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA RECICLAGEM DERESÍDUOS COMO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

ZORDAN, Sérgio Eduardo (1); JOHN, Vanderley Moacyr (2)

(1) Engenheiro Civil e Mestre em Saneamento e Meio Ambiente pela Unicamp;Doutorando pelo Departamento de Engenharia de Construção Civil, EscolaPolitécnica da USP. e-mail [email protected].

(2) Prof. Dr. do Departamento de Construção Civil da Escola Politécnica daUSP - PCC. e-mail: [email protected].

Palavras-chave: reciclagem, resíduos, materiais de construção, metodologia,desempenho.

RESUMO

A eficiência dos processos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) envolvidosnos estudos de novos materiais de construção a partir da reciclagem deresíduos depende da análise dos diversos fatores envolvidos no processo, bemcomo da adoção de enfoques multidisciplinares, onde diferentes áreas doconhecimento estejam envolvidas. Com o fortalecimento e a difusão dosconceitos de sustentabilidade, a necessidade da inclusão de uma abordagemholística nestes estudos tornou-se ainda mais necessária.

No entanto, o cenário atual de P&D de novos materiais de construção a partirda reciclagem de resíduos, reflete outra realidade. Embora as pesquisas sobreo aproveitamento de resíduos industriais e urbanos na construção civil venhamaumentando, e muitos trabalhos tenham mostrado resultados positivos emrelação ao desempenho desses materiais, geralmente, apenas os requisitostécnicos de engenharia são considerados na avaliação, o que acaba muitasvezes criando uma imagem falsa - positiva ou negativa - sobre a viabilidade dedesenvolvimento do novo produto.

Desta forma, a criação de um guia multidisciplinar que avalie as possibilidadesde reciclagem de um resíduo é de fundamental importância para mostrar asreais potencialidades desses materiais, ajudando assim, a comunidadecientífica e o setor industrial nas pesquisas desses produtos. Assim sendo, este

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trabalho propõem uma metodologia para avaliar o potencial de reciclagem dosresíduos como materiais de construção, de tal forma que a etapa de P&D donovo componente reciclado tenha maiores possibilidades de sucesso.

A idéia central é condicionar o uso do resíduo às suas características epropriedades e não utilizar o conceito padrão – geralmente equivocado - dedespender energia sobre ele, de forma a enquadrá-lo numa utilizaçãopreviamente definida. A metodologia consiste num roteiro que direciona aavaliação das características e propriedades físico-químicas dos resíduos e apartir desses resultados são determinados em quais aplicações o resíduoatende o desempenho exigido para um material de construção. Após estaavaliação, são realizadas, para cada aplicação obtida, análises de viabilidadeda reciclagem em relação às seguintes áreas do conhecimento: (a) ciência dosmateriais, (b) ciências econômicas, (c) marketing, (d) ciências ambientais, (e)saúde pública e (f) ciências sociais. Assim, fatores como a energia necessáriapara possíveis alterações da composição ou de outras características doresíduo; distâncias de transporte do resíduo, a sazonalidade e a distribuiçãogeográfica de sua produção; técnicas de marketing apropriadas para que omaterial seja aceito no mercado, e passem a ser comercializados; riscos decontaminação e/ou intoxicação que o novo produto poderá causar ao meioambiente e aos trabalhadores e usuários que entrarão em contato com ele;aspectos sociais e culturais da região produtora do resíduo e do local deconsumo potencial do produto reciclado; são considerados na analise dasalternativas de reciclagem.

O processo de gerenciamento destas avaliações é realizado por um “SistemaEspecialista”, e a cada uma das análises pode-se atribuir pesos distintos, deacordo com importância que elas representem em cada avaliação específica,utilizando-se para isso, o processo de Análise Hierárquica. No final, ametodologia apresenta as alternativas mais adequadas para reciclagem, deacordo com os requisitos acima citados (a - f).

Abre-se assim, a possibilidade da reciclagem de resíduos como materiais deconstrução ser feita de forma mais eficiente em termos energéticos, evitandoque eles sejam utilizados em aplicações menos nobres do que as possíveis.Isto proporcionará, certamente, caminhos para o aperfeiçoamento de umaconstrução mais sustentável, ao mesmo tempo em que contribuirá para amelhoria do meio ambiente e da saúde pública.

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DESENVOLVIMENTO DE EQUIPAMENTO PARA LIMPEZA DEFERRAMENTAS DE OBRAS SEM CONTAMINAÇÃO DA REDE

COLETORA POR RESÍDUOS SÓLIDOS

PERA, Patrícia Fernandes (1); PIOVEZAN, Luís Henrique (2)

(1) Técnica de Ensino da Escola SENAI “Orlando Laviero Ferraiuolo” - CentroNacional de Tecnologia da Construção, Rua Teixeira de Melo, 106 - CEP03067-000 - São Paulo-SP. E-mail: [email protected]

(2) Técnico de Ensino da Escola SENAI “Orlando Laviero Ferraiuolo” - CentroNacional de Tecnologia da Construção, Rua Teixeira de Melo, 106 - CEP03067-000 - São Paulo-SP. E-mail: [email protected]

Palavras-chave: reaproveitamento, argamassa, limpeza de ferramentas,proteção de rede coletora, economia de água, consciência ambiental.

RESUMO

Uma obra de engenharia causa diversos impactos no meio ambiente. Umimpacto comum é o assoreamento das tubulações de esgotos e de águaspluviais com o resíduo de lavagem de ferramentas utilizadas na construção.Em geral, tais resíduos são constituídos de areia, cal e cimento e podemcausar a diminuição da seção de escoamento dos tubos. Esta diminuição daseção pode exigir ações corretivas nas tubulações próximas da obra.

O mesmo problema ocorria com a Escola SENAI “Orlando Laviero Ferraiuolo”pois os alunos da oficina de pedreiro lavavam ferramentas em tanques comunse os resíduos eram despejados na rede de esgotos. A rede coletora interna daEscola sofria manutenções mensais para a desobstrução, principalmente emcaixas de passagem.

Para solucionar este problema prático, foi proposta a construção de tanques dedecantação para realizar o tratamento primário da água utilizada na lavagemde ferramentas da oficina de pedreiro.

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A construção de um protótipo foi realizada pela equipe técnica da Escola emcaráter experimental. Este protótipo foi avaliado por outros membros da equipetécnica da Escola que sugeriram modificações e melhorias de forma a se obterum projeto final mais adequado. Tanto os tanques anteriores como o protótipoforam demolidos após a aprovação e a construção dos tanques definitivos.

A equipe técnica da Escola que participou deste projeto era composta deengenheiros, arquitetos e profissionais práticos (oficiais pedreiros, instrutoresoperacionais). Esta diversidade permitiu que fossem avaliados tanto aspectosteóricos como práticos do tanque, otimizando o tanque conjuntamente nestesdois aspectos. Os aspectos ergonômicos também foram considerados, deforma a facilitar o uso do tanque.

O tanque final consiste na adequação dos tanques iniciais que serviam tantopara a lavagem de ferramentas como para o armazenamento de argamassautilizada nas aulas. Esta argamassa é composta principalmente de areia e calcom pouca adição de cimento – conhecida como “argamassa podre”. Estacomposição permite o reaproveitamento do material e a facilidade dedemolição das paredes construídas e revestidas pelos alunos.

O sistema proposto é caracterizado pela existência de dois reservatórios dedecantação que permitem separar os agregados e parte da cal da águautilizada na limpeza de ferramentas. Esta água é reaproveitada para novasmisturas de argamassas. Nos casos onde as argamassas possuem cimentoem sua composição, não há a cura e o endurecimento pelo excesso de água,permitindo o funcionamento previsto dos tanques. O agregado e a parte da caldecantados também são utilizados em novas misturas de argamassa.

As vantagens do tanque são as seguintes:

o tanque permite o tratamento primário da água utilizada a ser lançada na redecoletora, impedindo que resíduos sólidos sejam lançados e provoquem reduçãoda vazão;

a água utilizada para a lavagem das ferramentas pode ser reaproveitada paraoutras atividades;

os agregados e aglomerantes retidos podem ser reaproveitados emargamassas;

proporciona economia de água e de materiais componentes da argamassa;

evita problemas com a saúde física do trabalhador ao permitir posturasergonomicamente mais corretas;

o tanque é utilizado como instrumento didático para o desenvolvimento daconsciência ambiental em alunos, professores e técnicos da Escola.

Atualmente a Escola conta com quatro tanques que são utilizadosregularmente pelos alunos e professores da oficina de pedreiro. Não houvemais necessidade de desobstrução da rede coletora interna a partir dainstalação dos tanques.

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UTILIZAÇÃO DO ENTULHO RECICLADO DE SALVADOR NAEXECUÇÃO DE BASES E SUB-BASES DE PAVIMENTOS

CARNEIRO, Alex Pires (1); ALBERTE, Elaine Pinto Varela (2); BURGOS,Paulo (3); COSTA, Solange Bastos (4); COSTA, Dayana Bastos (2);SAMPAIO, Taís Santos (2).

(1) Engenheiro Civil, Mestrando em Eng. Ambiental Urbana - UFBA,Pesquisador GEMAC/UFBA R. Aristides Novis, 02, Federação.Salvador/BA. Tel./Fax: 071-2378524 CEP 40210-630 e-mail:[email protected]

(2) Estudante de Eng. Civil UFBA, Bolsista de Iniciação Científica CNPq/PIBICR. Aristides Novis, 02, Federação. Salvador/BA. Tel./Fax: 071-2378524CEP 40210-630 e-mail: [email protected]

(3) Engenheiro Civil, MSc. R. Aristides Novis, 02, Federação. Salvador/BA.Tel./Fax: 071-2378524 CEP 40210-630 e-mail: [email protected]

(4) Engenheiro Civil e de Petróleo, Especialista em Engenharia Rodoviária,Pesquisadora DERBA. Av. Viana Filho, 445,CAB. Salvador/Ba. Tel./Fax:071-3017294 CEP 41750-300. E-mail: [email protected]

Palavras-chave: pavimentação, reciclagem, entulho, resíduos de construção.

RESUMO

O desenvolvimento de grandes centros urbanos e, consequentemente, oaumento de construções, acabam por gerar um problema crônico relacionado agrande produção de entulho de obras de construção civil. Neste contexto, sedestaca a necessidade de soluções tecnicamente adequadas para reciclagemdo entulho, aumentando a vida útil tanto das jazidas de minerais quanto dosaterros sanitários.

Uma das formas mais difundidas do uso deste resíduo é como base, sub-baseou leito de pavimentos rodoviários. O aproveitamento do entulho reciclado napavimentação apresenta diversas vantagens, uma vez que esta forma de

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reciclagem utiliza tecnologia bastante simples e consome grandes quantidadesde matéria prima.

Além disso, a reciclagem deste material produz benefícios à administraçãopública municipal, uma vez que garante uma redução nos gastos públicosdevido à diminuição dos custos de pavimentação/infra-estrutura urbana e dosgastos adicionais de remoção do material, além de aumentar a vida útil deaterros sanitários e, consequentemente, diminuir a necessidade de novasáreas para a implantação dos mesmos (Triches e Kryckyj, 1999).

Pesquisas já realizadas sobre o tema, demonstraram a viabilidade dautilização, de resíduos de construção reciclados, em várias das camadas dospavimentos. Entretanto, apesar das experiências realizadas em muitas cidadesse mostrarem satisfatórias, as condições nas quais foram executadas e odesempenho dos materiais utilizados apresentam variações significativas deacordo com cada região. Isto se deve ao fato do entulho e do solo de cadalocal possuírem características diferentes. Neste sentido, para a comprovaçãoda viabilidade da aplicação dos insumos da região de Salvador empavimentação, é necessária a caracterização completa e análise daspropriedades dos materiais locais.

Este trabalho apresenta a caracterização e a avaliação tanto do solo quanto doentulho reciclado da região de Salvador, visando analisar a viabilidade técnica,ambiental e econômica deste resíduo de construção na sua utilização emcamadas de base e sub-base de pavimentos. Esta avaliação foi realizada tantopelo Método Tradicional quanto pelo MCT (Miniatura, CoMPactado, Tropical),sendo analisados, juntamente com o entulho, dois solos geneticamentedistintos e típicos da região de Salvador.

Este estudo apresentou resultados satisfatórios com relação à utilização doentulho neste tipo de aplicação. Sendo que, além de comprovar sua viabilidadetécnica, ambiental e econômica, o entulho se apresentou como um redutor deplasticidade na estabilização de camadas, capaz de ser utilizado em locaisafetados pelo nível do lençol freático.

Os resultados obtidos permitiram maximizar a aplicação deste resíduo,garantindo o seu uso seguro e contribuindo para aceitação do meiotécnico/empreiteiro de Salvador, além de promover o desenvolvimento demateriais alternativos, visando o mercado de pavimentação urbana.

Além disso, a aplicação deste material reciclado em pavimentos irá contribuircom o desenvolvimento sustentável da região de Salvador, amenizando asdisposições inadequadas deste entulho e contribuindo para a melhora da infra-estrutura urbana.

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RECICLAGEM DE ENTULHO

PRADO, Zildéte Teixeira Ferraz do (1)

(1) Professora Assistente, Coordenadora dos Laboratórios de Materiais e Solosda Faculdade de Engenharia da UniSantos-Universidade Católica de Santos,Av.Cons.Nébias,595-11045-901-Santos-SP.e-mail [email protected]

Palavras-Chave: entulho, reciclagem, agregados, educação ambiental.

RESUMO

Todos os materiais potencialmente recicláveis já estão sendo contemplados naindústria da reciclagem, mas o entulho, que se apresenta com maior volume nasociedade moderna, é disposto de forma inadequada, em deposições ilegais.

A Reciclagem de Entulho não é o início de um processo para minimização deresíduos, este processo deve ser antecedido primeiramente pelo hábito de sereduzir o seu volume, ou seja, evitar o desperdício.

O grande desafio da municipalidade está em quantificar o volume de entulhogerado no Brasil. Nas cinco regiões brasileiras, o lixo de responsabilidade dasprefeituras ainda é disposto de forma inadequada, mas as deposições sãofeitas nos mesmos locais (lixões). Isso não acontece com o entulho, que éencontrado em deposições irregulares.

Seu potencial de reciclagem é da ordem de 83% de seu volume. Para tal énecessário distribuí-lo em três grupos:

1º Grupo - materiais compostos de cimento cal, areia e brita: concretos,argamassas, blocos de concreto;

2º Grupo - materiais cerâmicos: telhas, manilhas, tijolos, azulejos;

3º Grupo - solo, gesso, metal, madeira, papel, plástico, vidro, etc., materiaisutilizados em outros processos.

A reciclagem do entulho pode ser feita tanto no local gerador como na usina dereciclagem do entulho urbano. Em ambos locais, o agregado se apresenta com

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igual qualidade. Cabe aqui ressaltar que, o entulho é o único material que podeser reciclado, sem retornar ao local de produção. O mesmo não acontece como vidro, o plástico, o metal ou o papel. Quando reciclado no canteiro de obra, aresponsabilidade da qualidade do material reciclado fica por conta doresponsável pela construção ou demolição. Neste processo existe maiorfacilidade de selecionar a composição do entulho reciclável , sendo mais viáveltécnica/economicamente do que a reciclagem do entulho urbano.

A reciclagem na usina de entulho urbano exige avaliação da coleta, transportee local apropriado. Necessita de agilidade no recebimento e venda do produto.O agregado resultante da reciclagem de entulho serve de matéria-prima paraprodução de blocos de vedação, sub-bases de pavimentos, guias e sarjetas,argamassas de revestimento e assentamento. Limitando-se apenas pelaheterogeneidade dos resíduos ao uso como elemento estrutural.

Ao enumerar as vantagens da reciclagem, o aspecto ambiental mereceespecial destaque. Embora seja incomensurável os benefícios da preservaçãodos recursos naturais, poucos se atentam a isso, e preferem apresentar emnúmeros os benefícios desta prática. A reciclagem do entulho urbano podeapresentar vantagens sócio-econômicas, se acompanhada de uma série demedidas, como a redução ou eliminação das deposições ilegais. Este tipo dedeposição pode custar cerca R$ 12,00 / m³ de entulho recolhido na limpeza deáreas e córregos Uma outra vantagem é que o valor econômico obtido dasatividades finais (seleção e trituração) da reciclagem de entulho giram em tornode R$ 3,00/m³, por último, devemos destacar que a reciclagem de lixo prolongaa vida útil dos aterros.

A padronização trouxe ganhos nas diversas etapas de produção das obras,. Aracionalização do processo construtivo inicia-se na elaboração dos projetos, deforma que compatibilize o material a ser empregado com a área a ser aplicada,ou seja, a modulação. Levam-se em conta os diversos tipos de materiais, asdiferentes formas de aplicação; relação custo/benefício; reaproveitamento(quando possível); produtividade homem/hora; uso de equipamentos esistemas como gruas, sistemas hidráulicos e elétricos pré-moldados,paletização de materiais, canteiros de apoio, uso de formas metálicas ouplásticas, moinhos de entulho etc.

Aumentar a produtividade do operário, minimizar os resíduos e auferir bonsresultados financeiros sem alterar a qualidade do produto final será o grandedesafio da construção civil para o próximo milênio.

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REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUO VÍTREO (PÓ DE VIDRO TIPOSODA-CAL) NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO

ARRUDA, Maria de Fátima de Oliveira (1); PAMPLONA, Hilda de Castro (2);PAMPLONA, Afrodízio Durval Gondim (3); OLIVEIRA, Aldo de Almeida (4)

(1) Orientada na Pesquisa - Estudante de Engenharia Civil, Centro deTecnologia da Universidade Federal do Ceará, Campos do Pici, - Fortaleza- CE. e-mail [email protected].

(2) Diretora Técnica da Beton Engenharia Ltda - Controle de Concreto, RuaJornalista Nertan Macedo, 370 - 60190-730 - Fortaleza-CE. [email protected].

(3) Professor Colaborador Aposentado, Departamento de Edificações, Centrode Tecnologia da Universidade Federal do Ceará, Rua Jornalista NertanMacedo, 370 - 60190-730 - Fortaleza-CE. e-mail [email protected].

(4) Professor Titular, Departamento de Edificações, Centro de Tecnologia daUniversidade Federal do Ceará, Campos do Pici - Fortaleza - CE. [email protected].

Palavras-chaves: vidro, reaproveitamento, construção civil, concreto.

RESUMO

O vidro é um dos materiais básicos utilizados nas indústrias e na construçãocivil. É 100% reciclável, portanto, para cada tonelada de caco de vidro limpo,uma tonelada de novo material é feita, economizando 1,3 toneladas de matéria-prima. A inclusão do resíduo no processo normal da fabricação reduzsensivelmente o custo de produção. Em termos de óleo combustível eeletricidade, apenas na fabricação, para cada 10% de vidro reciclado namistura, economiza-se 2,5% da energia necessária para a fusão nos fornos.

Em cada indústria vidreira gera-se internamente uma quantidade de caco, queé reutilizada pela mesma, sem qualquer processamento adicional, uma vez quea sua qualidade e composição é conhecida. O gerado externamente tem

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diversas procedências. A sua principal fonte são os próprios usuários eprocessadores de todos os tipos de produtos de vidro.

O vidro encontrado no lixo urbano é basicamente o de embalagens, essas sãogarrafas para bebidas alcoólicas, água, refrigerantes, sucos, e ainda potes oufrascos para alimentos, que também podem ser reciclados.

Atualmente a Suíça vem se destacando, com 83,9% de vidro reciclado, seguidada Áustria e da Alemanha. O Brasil ocupa o sexto lugar com 35% .

Os EUA reciclam cerca de 37% da produção. O Reino Unido, por sua vez,recicla aproximadamente 27,5% da produção. É importante ressaltar que cercade 10% do lixo doméstico destes países é composto por vidro.

Estima-se que a produção anual do Brasil seja de aproximadamente 800.000toneladas de embalagens de vidro, contudo apenas 27,6% (220,8 miltoneladas) são recicladas. Deste montante, 5% é gerado por engarrafadores debebidas, 10% por sucateiros e 0,6% oriundo de coletas promovidas pelasvidrarias. O restante, 12%, provém de refugos de vidro gerados nas fábricas.Dos outros 72,4%, parte é descartada, parte é reutilizada domesticamente eparte é retornável.

Do lixo gerado e depositado nos lixões e aterros do país, 2% é composto porvidro. Estima-se que aproximadamente 70% dos aterros estarão com suacapacidade muito reduzida no próximo milênio, pois o tempo estimado dedecomposição do vidro é aproximadamente um milhão de anos.

Levando-se em consideração o potencial de resíduo gerado e os danos que ovidro causa ao meio ambiente, se faz necessário pensar em outros tipos deaproveitamento desse material.

Visto que, a construção civil vem pesquisando materiais alternativos quetragam melhoria e satisfação para a sociedade, buscaremos, o aproveitamentode resíduos vítreos, especificamente no concreto. Pretende-se verificar apossibilidade da reutilização desse material (pó de vidro tipo soda - cal ) nafabricação do concreto, onde, à princípio adicionaremos 10%, de pó de vidro,do consumo de cimento a traços pré-estabelecidos e observaremos ocomportamento do concreto, levando em consideração a trabalhabilidade,resistência à compressão axial e compacidade.

Estudos estão sendo desenvolvidos sobre reaproveitamento de resíduos,podendo-se citar a escória de caldeiras de fundição, vapor de sílica, cinzas decasca de arroz e da queima de combustíveis sólidos. Assim, acredita-se quecom estudos continuados os resíduos de vidro possam também ser utilizados,no futuro como uma adição aos concretos, contribuindo para o avançotecnológico desse material e para a melhoria da qualidade do meio-ambiente,uma vez que reduzirá o volume de resíduos nos aterros e lixões.

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RECICLAGEM DE RESÍDUOS FERROSOS EM ELEMENTOS DACONSTRUÇÃO CIVIL UTILIZANDO TÉCNICAS DE

ESTABILIZAÇÃO/SOLIDIFICAÇÃO

AMORIM, Aldo Siervo (1); PIRES, Maria Aparecida Faustino (1); ORTIZ,Nilce (1); FIGUEIREDO, Paulo Miranda (1)

(1) Departamento de Engenharia Química e Ambiental, Instituto de PesquisasEnergéticas e Nucleares - IPEN-CNEN/SP

Palavras-chave: reciclagem, construção civil, meio ambiente.

RESUMO

Um dos maiores desafios que a sociedade moderna enfrenta é a proteção aomeio ambiente. Os principais pontos deste desafio são: a redução do consumoenergético, a redução no consumo de matérias primas naturais e a produçãode resíduos. A quantidade de resíduos gerados vem aumentandoconsideravelmente como resultado direto das diversas atividades e processosque acompanham o desenvolvimento industrial.

A indústria siderúrgica nacional é conhecida pelo porte do seu parque industriale a sua produção. No entanto, apesar de todo seu desenvolvimento, este ramoindustrial produz cerca de 700 Kg de resíduos por tonelada de aço produzida.Destes somente 62% são reciclados em outras atividades produtivas ficando orestante estocado ao longo dos anos. Entre os resíduos não recicladosencontramos os finos, lamas, borras e refratários (1).

O objetivo inicial deste trabalho foi a reutilização deste resíduo como substitutode materiais densos usualmente utilizados para aumentar a densidade doconcreto utilizado em blindagem de radiação. Entretanto os resultados obtidospela adição da magnetita ao concreto mostraram pouco aumento em termos deincremento de blindagem.

O objetivo deste trabalho foi dirigido então para o reaproveitamento desteresíduo siderúrgico (lama de aciaria) em elementos comuns da construção civil

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visando aumentar a média de reciclagem de resíduos no setor econseqüentemente diminuir o impacto desse resíduo no meio ambiente.

O resíduo siderúrgico a ser estudado apresenta como principal constituinte umóxido de ferro de elevada densidade (magnetita: FeO.Fe2O3 ou Fe3O4).

Para atingir este objetivo foram estudadas as adições deste resíduo em formade pelotas para sua utilização como agregado graúdo em formulações deconcreto e como substituição da fração fina de uma areia composta a partir deuma curva granulométrica teórica.

A pelotização é um processo de granulação de pós, cuja finalidade é agregar,na forma esférica, um grande número de partículas com característicasdesejáveis.

A técnica de pelotização é de grande importância na área de granulação depós por facilitar maior contato entre as partículas e permitir a obtenção depelotas com uniformidade dimensional, resistência mecânica e permitir, deforma econômica, o aproveitamento de pós-ultrafinos (2).

Para substituir a fração fina de uma areia na composição de uma argamassaforam estudadas as curvas granulométricas da areia e do resíduo, separandoas frações adequadas. O resíduo substituiu a areia nas frações das peneira de0,125mm, 0,150mm e 0,075mm (ABNT # 100,#150 e #200) nas proporções de100%, 75% e 50%. Foi produzida também uma argamassa de controle ondenão foi substituída a areia pelo resíduo.

Os resultados obtidos no processo de pelotização mostram que as pelotasobtidas tiveram massa específica de 2,75 g/cm3, bem próxima a da britacomum (2,55 g/cm3), mas apresentaram uma baixa resistência a compressão,0,2 kN para as pelotas e 5,8 kN para a brita. Estes resultados mostram que suautilização poderia comprometer a resistência mecânica do concreto, sem trazernenhuma vantagem de aumento de densidade.

As argamassas produzidas pela adição da fração fina do resíduo emsubstituição à areia mostraram, para todas as proporções de substituição, amesma resistência a compressão (aproximadamente 40 MPa), mas osresultados de retenção de água mostraram que as argamassas produzidascom resíduo, apresentaram um resultado maior (aproximadamente de 90%) doque as produzidas sem resíduo (aproximadamente 40%), comportamento estedesejável.

Referências

[1] CHEHEBE, J.R.B; YUAB, M.C.; CASSELATO, L.M.T. Gestão Ambiental naSiderurgia Brasileira, Revista de Metalurgia & Materiais, ABM vol. 50, nº 433set/94

[2] SEO, E. S. M.; ACEVEDO, M. T. P.; PASCHOAL, J O. A. Característicasdas Pelotas de Zirconita e de Óxido de Zircônio Grau Cerâmico e NuclearObtidas pela Técnica de Pelotização. In: Anais do 37O Congresso Brasileirode Cerâmica. Curitiba, maio de 1993.

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CODISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

ASSIS, Cássia Silveira (1); OLIVEIRA, Márcio J. Estefano (2)

(1) Engenheiro Civil, MSc. Escola de Engenharia Mauá - R. Espírito Santo,496, Bairro: Santo Antônio. São Caetano do Sul/SP. Tel./Fax: (11) 4226-5022 CEP 09530-700 e-mail: [email protected]

(2) Engenheiro Civil, MSc. UNESP/UNITAU - R. Espírito Santo, 496, Bairro:Santo Antônio. São Caetano do Sul/SP. Tel./Fax: (11) 4226-5022 - CEP09530-700 e-mail: [email protected]

Palavras-chave: resíduo sólido, reciclagem, codisposição, central de resíduos.

RESUMO

A evolução e concentração da população urbana tem gerado grandequantidade de resíduos sólidos tanto domiciliar como provenientes daconstrução civil denominado entulho. Os resíduos domiciliares contém alto teorde matéria orgânica e grande potencial poluidor, enquanto o entulho éconsiderado pelas Normas como “resíduo inerte”.

Partindo desta premissa, o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos temignorado a destinação final dos resíduos da construção civil. Como volumes deentulho de até 50 kg são de responsabilidade do gerador e co-responsabilidadedo poder público municipal, o resíduos de entulho acabam sendo da alçada doscaçambeiros que os depositam em locais inadequados e até em áreas de risco.

O pressuposto é que a deposição do entulho, que é produzido em grandequantidade, esgota muito rapidamente a capacidade dos aterros sanitários queexigem cuidados especiais para evitar a contaminação do lençol freático. Poroutro lado o abandono do gerenciamento do entulho tem sistematicamenteprejudicado áreas sadias e de proteção ambiental, como é o caso das margensdos rios e das nascentes dos mananciais.

Assim, o que se propõe é, para municípios de médio porte, a instalação decentrais de resíduos sólidos contendo uma central de triagem, operada pela

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cooperativa de catadores, uma usina de reciclagem do entulho reaproveitável eo aterro sanitário propriamente dito.

O processo se inicia com a chegada do entulho numa central de triagem, emseguida é feita a separação dos materiais reaproveitáveis, nesta etapa podemser utilizados os serviços de cooperativas de catadores, o que apresenta forteapelo social. O entulho de concreto e argamassa segue para moagem ereciclagem na usina de entulho, outros materiais reutilizáveis são separados àmedida que as pesquisas demonstram sua viabilidade técnica. O material quesobra no processo vai para deposição no aterro sanitário e tem como função amistura com o resíduo sólido domiciliar de natureza predominantementeorgânica.

A decomposição anaeróbia dos resíduos domiciliares em aterros sanitáriosproduz um percolado de cor escura conhecido como chorume. O chorumepode percolar através do solo e ser lixiviado podendo poluir as águassuperficiais e subterrâneas. O chorume ou sumeiro, segundo alguns autores, éo líquido oriundo da decomposição do lixo e provém de três fontes: a) umidadenatural do lixo, que se agrava sensivelmente nos períodos prolongados dechuva, principalmente se forem usados recipientes abertos noacondicionamento; b) água de constituição dos vários materiais, que sobradurante a decomposição; c) líquidos provenientes da dissolução da matériaorgânica pelas enzimas expelidas pelas bactérias. Esses microorganismosunicelulares, para se alimentarem, expelem enzimas que dissolvem a matériaorgânica, possibilitando em seguida a absorção através das suas membranas.O excesso escorre como líquido negro, característico de resíduos orgânicos emdecomposição.

A codisposição desses resíduos pode colaborar para aumentar a massaespecífica do aterro por eles formado e facilitar a compactação, garantindo aestabilidade após o encerramento das células.

O projeto desta codisposição deve fornecer subsídios para o planejamento egerenciamento de resíduos urbanos para municípios de médio porte, facilitandoa coleta e principalmente o reaproveitamento de materiais nobres, evitando odesperdício.

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SESSÃO TÉCNICA IIRESÍDUOS GERADOS PELA INDÚSTRIA DE

MATERIAIS FIBROSOS

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USO DOS RESÍDUOS TERMOPLÁSTICOS NA EXECUÇÃO DEFORMAS PARA CONCRETO ARMADO

PARENTE, Nelson Junior (1)

(1) Diretor Técnico da EBR – Empresa Brasileira de Reciclagem Ltda,Av. Gal. Francisco Glicério, 574, Pompéia, Cep 11065-400 – Santos, SP. e-mail [email protected]

Palavras-chaves: lixo municipal, resíduo termoplástico, forma para concretoarmado.

RESUMO

O objetivo desse trabalho é demonstrar a viabilidade técnica e econômica dasubstituição da madeira utilizada na execução de formas para concreto armadopor perfis de plásticos reciclados oriundos dos resíduos sólidos urbanos pós-consumo.

O Brasil produz diariamente cerca de 241.614 toneladas de lixo domiciliar,dentre os quais 7.248 toneladas são de materiais termoplásticos, dessas241.614 toneladas de resíduos sólidos urbanos 76% ficam a céu aberto (lixão).Os termoplásticos depositados em lixões ou em aterros sanitários reduzem avida útil dos mesmos, pois ocupam grandes volumes e dificultam a troca degases e líquidos gerados no processo de biodegradação da matéria orgânica.

Por outro lado à construção civil utiliza a madeira como um insumo básico emdiversas atividades, principalmente em formas para concreto armado causandogrande impacto ambiental em função dos desperdícios na transformação damadeira bruta em forma de perfis tais como tábuas, sarrafos e pontaletes nomanuseio para execução de formas para concreto armado resultando emsobras de pedaços inutilizados (entulho) e por último a própria característicafísica das madeiras nos projetos de formas para concreto que são sub-utilizadas através da adoção de coeficientes de segurança que reduzem astensões admissíveis em função das incertezas do próprio material garantindoassim a segurança na sua utilização.

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Quimicamente existe uma grande semelhança entre esses dois tipos demateriais, a madeira tem sua estrutura celular composta basicamente decelulose e lignina que são macromoléculas chamadas de polímeros naturais eos termoplásticos que por sua vez são sintetizados através de monômerosextraídos da nafta em reações que resultam polímeros sintéticoscostumeiramente chamados de plásticos.

Sem dúvida nenhuma a madeira é um excelente material na utilização deformas para concreto armado, devido a sua baixa massa específica aparente,baixo custo, elevado módulo de elasticidade com resistências razoáveis e boatrabalhabilidade é o material mais utilizado nessa atividade.

A princípio seria inviável substituir a madeira por termoplásticos nas formaspara concreto, pois comparativamente os termoplásticos têm massa específicaaparente elevada, custo superior, módulo de elasticidade baixo comresistências superiores sugerindo que peças idênticas aos perfis tradicionais demadeira executadas em materiais termoplásticos seriam mais pesadas, maiscaras e deformariam muito mais.

A metodologia utilizada para solucionar esses problemas foi obtida com aconjunção dos conceitos da Resistência dos Materiais, Mecânica dos Sólidos eSistemas de Qualidade nos processos Industriais, com esses conceitos e asferramentas da informática chegamos ao desenvolvimento de uma plantaindustrial de beneficiamento dos resíduos termoplásticos com sistemas decontrole de qualidade através da implantação de laboratório de ensaios naprópria indústria e a produção de perfis vazados de maior espessura que osperfis tradicionais de madeira elevando-se com isso o momento de inércia daspeças sem aumento do peso conseguindo-se assim grandes carregamentoscom pequenas deformações viabilizando, técnica e economicamente o projeto.

Em função das características dos materiais termoplásticos esses perfis podemser serrados e pregados na obra, porém o grande ganho estará na pré-fabricação de painéis com a união das peças feita via rebites ou parafusos quepermitirão uma reutilização prolongada. Um outro fator importante é que aofinal da obra o construtor poderá revender os perfis para a indústria efetuarnova reciclagem.

Concluímos assim que a reutilização dos resíduos termoplásticos através debeneficiamento e reciclagem tecnicamente controlada por sistemas dequalidade e a metodologia de fabricação de perfis vazados substituemsatisfatoriamente a madeira na execução de formas contribuindo para aredução do desmatamento, aumento do ciclo de vida dos aterros sanitários,economia de energia, redução de custo na execução das formas para concretoe aumento na oferta de empregos em serviços que não requerem qualificaçãotécnica (reciclagem) demonstrando assim ser um processo totalmente derecuperação ambiental com ganhos sociais auto-sustentáveis.

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PRODUÇÃO DE PAPÉIS ARTESANAIS COMO ABSORVEDORESACÚSTICOS

MACIEL, Cândida de Almeida (1); CLÍMACO, Rosana Stockler Campos(2).

(1) Estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, SQS 316 Bloco FApto. 201, 70387-060, Brasília DF. e-mail [email protected].

(2) Professora do Departamento de Tecnologia da Faculdade de Arquitetura,Universidade de Brasília, Campus Universitário Darci Ribeiro, InstitutoCentral de Ciências – ICC, Bloco B, Ala Norte, 70910-900, Brasília DF. e-mail [email protected].

Palavras-chave: placas de absorção sonora, papéis reciclados, revestimento,fibras naturais.

RESUMO

Esta pesquisa dá continuidade à pesquisa desenvolvida em Programa deIniciação Científica (PIBIC/CNPQ) por Mariza Tavares (1996/97), sobrecondições sonoras de escolas públicas, típicas de primeiro grau, em Brasília.Foram constatados, nestas escolas, especialmente em salas de aula,desempenhos sonoros inferiores às condições mínimas desejadas. Osaspectos mais comprometidos são relativos aos valores dos tempos dereverberação e aos níveis de ruído de fundo, ambos excedendo os valores deconforto estabelecidos nas normas. Isto dificulta a inteligibilidade, aconcentração e o desempenho dos estudantes e professores e se deve,principalmente, aos materiais de revestimento utilizados nesses ambientes, emsua maioria de alta reflexão sonora. Com o objetivo de contribuir na soluçãodesses problemas, esta pesquisa investiga a produção e a aplicação de placasde papéis artesanais.

Muito já tem sido pesquisado sobre a produção desse material, buscando aliarsuas vantagens de facilidade e baixo custo de produção com as deaproveitamento de materiais de refugo. Sua utilização em acústica

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arquitetônica pode ser viável através da agregação de algumas característicasque melhorem seu desempenho, tais como, aumento da tortuosidade, daespessura, da porosidade e das possibilidades de produção com diferentesformas. Esta última qualidade, adicionada da exploração de suaspossibilidades cromáticas, permite grandes variações estéticas, aspecto muitoimportante em se tratando de materiais de revestimento interno. Para afabricação das placas foram utilizadas aparas de papel velho, caixas de ovos,água e serragem de madeira. Para conseguir as características desejadasprocurou-se aumentar a quantidade de polpa de papel por placa, adicionarfibras maiores (tanto para aumentar a espessura quanto a porosidade) além deaplicar furos durante a secagem.

Foram produzidas 15 amostras de placas com variações de proporções e tiposde polpas, de espessuras, rugosidades e consistências. As cinco primeirasplacas foram produzidas com espessuras mínimas pois tinham o objetivo detestar o processo de produção. Este, foi aprimorado através da execução deum aparato para diminuir ao mínimo os resíduos de polpa.

Os testes de absorção foram realizados no INMETRO, Rio de Janeiro. Ométodo utilizado foi o do tubo de impedância conforme procedimentosestabelecidos na International Standard Organization - ISO 10534-2, Acoustics,determination of sound absorption coefficient and impedance in impedancetubes para freqüências de 6,3 até 2900 Hz. As primeiras placas foramdescartadas para os testes pelas baixas espessuras; para as demais, comespessuras variando entre 3,5 e 9,5mm, foram calculados os índices deabsorção. As placas que apresentaram melhores resultados foram as demaiores espessuras adicionadas de serragem, com índices 0,4 a 0,6 nas altasfreqüências, resultados semelhantes aos de alguns materiais conhecidos nomercado.

Os testes feitos sobre os níveis de absorção sonora nas placas de papelartesanal, indicam que os melhores resultados ocorreram com as placas demaiores espessuras, adicionadas de fibras maiores, como as de serragem demadeira, que apresentaram também maior porosidade e tortuosidade,características importantes para absorção do som.

A pesquisa continuará investigando a adição de novas fibras para obtermelhores resultados sobre porosidade e tortuosidade, tais como a “cana doreino” e fibras da bananeira, de produtos químicos e a adição de corantes paratingimento. Na etapa final, pretende-se a produção de um manual deorientação sobre a forma de produção e de aplicação das placas em salas deaula, como uma atividade artística.

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SESSÃO TÉCNICA IIIRESÍDUOS GERADOS PELA MINERAÇÃO

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RECUPERAÇÃO E UTILIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DEAREIAS FINAS DESCARTADAS COMO REJEITOS

SOARES, Lindolfo (1); ARNEZ, Fernando Ivan Vásquez (2) BRAGA, JoãoManoel Stevenson (3)

(1) Professor Doutor do Departamento de Engenharia de Minas, EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Mello Moraes, 2373-CEP 05508-900 – São Paulo. e-mail: [email protected].

(2) Doutorando na Área de Engenharia Mineral do Departamento deEngenharia de Minas, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,Av. Prof. Mello Moraes, 2373- CEP 05508-900 – São Paulo. e-mail:[email protected].

(3) Engenheiro de Minas da Mineração Viterbo Machado Luz. Av. GuilhermeDumont Villares, 1230, conjunto 93 – CEP 05640-002 – São Paulo. e-mail:[email protected]

Palavras-chave: areia, desmonte hidráulico, barragem de rejeitos, meioambiente.

RESUMO

Barragens de contenção de rejeitos são estruturas destinadas a confinar osresíduos produzidos nos processos de beneficiamento das matérias primasminerais. Estas estruturas, além de manterem os resíduos confinados,reduzindo a poluição ambiental, (assoreamento de cursos d’água, poluiçãoaérea, etc), possibilitam ainda a criação de reservatórios para clarificação ereaproveitamento das águas empregadas no beneficiamento, operando destaforma em circuito fechado, sistema este normalmente mais econômico. Aconstrução destas barragens pode ser feita conforme processos tradicionais,como por exemplo de terra compactada, construídas em uma única etapa, ouainda mediante alteamentos sucessivos utilizando o próprio rejeito comomaterial de construção, diluindo desta forma o custo deste empreendimento aolongo da vida útil da mina.

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Considerando-se que a tecnologia atual de beneficiamento de um bem mineral,não possibilita a recuperação total do minério que está sendo tratado, temosque os rejeitos são portadores de porcentagens variáveis de minério e asbarragens de rejeitos são consideradas uma boa alternativa para a disposiçãocontrolada e barata destes subprodutos, de forma a possibilitar sua retomadano futuro devido à variações mercadológicas ou evolução nas técnicas deprocessamento.

Pode-se citar como exemplo a mina de manganês da Serra do Navio (Amapá),onde a fração fina, devido não aceitação no mercado, foi durante muitos anosconsiderada como rejeito. Neste ínterim, foram desenvolvidos processos para aconcentração destes finos e para aglomeração dos concentrados porpelotização, abrindo assim uma nova frente de comercialização, garantindouma sobrevida de vários anos ao empreendimento.

Situação mais recente de explotação de subprodutos dos processos debeneficiamento mineral, vem ocorrendo na Região Metropolitana da GrandeSão Paulo, área de Parelheiros, onde areias finas, lançadas como rejeitos nascavas das áreas já mineradas ou em barragens de contenção de rejeitos vêmsendo extraídas e destinadas para uso na construção civil.

Devido às dificuldades crescentes na obtenção de areias para atendimento dademanda dos grandes centros consumidores, o mercado passou a adquirirareias provenientes de grandes distâncias (até 180 km) e também areias dedesmonte hidráulico de maciços rochosos alterados. O material arenoso obtidopor este processo representa cerca de 50% do material desmontado, sendoque os 50% restante é constituído por siltes e argilas.

A partir do beneficiamento (peneiramento) do material obtido através dodesmonte hidráulico as frações pedrisco, areia grossa e média eramencaminhadas ao mercado consumidor, enquanto que as frações argila, silte eareia fina constituiam-se em rejeitos que eram destinados a bacias deacumulação. As areias finas ficavam englobadas à polpa de rejeitos devidobasicamente às dificuldades nos processos de separação por peneiramento edecantação.

Com a mudança das dosagens e características granulométricas dosagregados mais recentemente experimentadas pelos concretos, as areias finastornaram-se produtos altamente procurados, justificando a “importação” destematerial de áreas localizadas a grandes distâncias (150 km - áreas deocorrência de arenitos eólicos – Formação Botucatu).dos centros consumidores

Esta situação possibilitou, em termos técnicos e econômicos, a retomada dosdepósitos dos rejeitos contendo areias finas, relativamente uniformesacumuladas durante o beneficiamento do material extraído por desmontehidráulico. Estes depósitos vêm atualmente sendo explotados por meio dedragagem, onde o material é conduzido a ciclones, onde se processa aseparação das areias finas da massa de rejeitos.

Concluindo, deve-se assinalar, que esta areia, considerada anteriormentecomo rejeito, tem hoje boa aceitação no mercado da construção civil, tornando-se um produto valorizado, e seu aproveitamento vem provocando sensíveisreduções nos volumes de rejeitos armazenados.

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PÓ DE PEDRA: PRODUÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DESÃO PAULO (RMSP) E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

CUCHIERATO, Gláucia (1); SANT’AGOSTINO, Lília Mascarenhas (2)

(1) Pós Graduanda do Programa de Recursos Minerais - Departamento deGeologia Sedimentar e Ambiental - Instituto de Geociências (USP);

(2) Professora Doutora do Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental- Instituto de Geociências (USP).

Palavras-chave: pó de pedra, caracterização tecnológica, pedreiras,aproveitamento de resíduos, Região Metropolitana de São Paulo, mineração .

RESUMO

O pó de pedra, material conhecido tradicionalmente no mercado da indústria daconstrução civil por apresentar granulometria menor que 4,8 mm, é produzidona Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) nas pedreiras que operam aseco. Este material é utilizado atualmente em sub-bases de pavimentação,misturas em usinas de asfalto e na fabricação de blocos de concreto.

O pó de pedra é produzido exclusivamente em pedreiras que operam a seco,com fragmentação da rocha em sucessivas etapas de britagem. Em algunsempreendimentos, o pó de pedra pode não ser produzido, e o pedrisco mistoengloba também a fração granulométrica menor que 4,8 mm. Na RMSP,observa-se como matéria-prima para a produção de pedra britada, econsequentemente do pó de pedra, predominantemente rochas de composiçãogranítica (gnaisses e granitos), correspondendo a 90 % dos empreendimentos,e subordinadamente verifica-se a produção deste material em pedreiras queexploram brita a partir de rochas calcárias.

Atualmente, verifica-se a existência de 39 pedreiras na RMSP, cuja produçãototal de brita no ano de 1998 foi estimada em aproximadamente 18 milhões dem3. Destas 39 pedreiras, foram visitados 20 empreendimentos, cujasoperações de beneficiamento operam a seco (16 pedreiras, produzindo pó depedra), ou a úmido (04 pedreiras, produzindo areia artificial e finos de pedreira).

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A partir de dados fornecidos nestas pedreiras, pode-se verificar que aporcentagem de produção de pó de pedra varia de 10 a 42 % do total daprodução, podendo-se verificar uma produção de mais de 3 milhões de m3.

Na maioria das pedreiras a estocagem e armazenagem do pó de pedra é umproblema de grandes dimensões, tanto operacionais, por falta de espaço paradisposição das pilhas de estoque, quanto ambientais, devido à potencialpoluição da água e do ar, com carreamento de finos para a rede de drenageme liberação de material particulado. Desta forma, procura-se verificar aspropriedades do pó de pedra, para fazer uma tentativa de melhor aproveitareste material, tal como seu uso em pavimentação de concreto, vidros planos eargamassa, com contribuição para a diminuição do material disposto em pilhasde estoque e conseqüentes agravantes ao meio ambiente e aumento daeconomicidade das pedreiras da RMSP.

Foram estudadas algumas das características do pó de pedra, tais comogranulometria (peneiramento), composição química (difração de raios-X) ecomposição mineralógico-petrográfica da rocha-fonte (microscopiapetrográfica). Para este estudo foi realizada uma amostragem instantânea nas16 pedreiras visitadas na RMSP que operam a seco, e posteriormente feitouma preparação das amostras para a realização de ensaios de caracterizaçãotecnológica. Estes ensaios foram realizados no Laboratório de Preparação deAmostras do Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental do Instituto deGeociências da USP e no Laboratório de Caracterização Tecnológica doDepartamento de Engenharia de Minas da Escola Politécnica da USP.

O resultado destas características permitiu planejar quais os melhores ensaiosde aplicação a serem realizados em apenas 06 casos selecionados paraestudos intensivos.

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USO DE AREIAS RESULTANTES DA BRITAGEM DE ROCHA NAELABORAÇÃO DE ARGAMASSAS

ZANCHETTA, L. M. (1); SOARES, L. (2)

(1) Bolsista de Iniciação Científica – FAPESP - Departamento de Engenhariade Minas, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – PMI-USP; e-mail: [email protected];

(2) Prof. Dr. Do Departamento de Engenharia de Minas, Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo – PMI-USP; e-mail: [email protected]

Palavras-chave: agregados miúdos, areia aluvionar, britagem de rocha, finosde pedreira, desmonte hidráulico, argamassa.

RESUMO

A Região Metropolitana da Grande São Paulo é o maior centro consumidor deareias para a construção civil do país, com um consumo da ordem de 25milhões m3/ano em 1996. Deste volume, 85% provêm de regiões como o Valedo Paraíba e o Vale do Ribeira, distantes 120 e 150km, respectivamente, docentro consumidor. Isto ocorre devido ao esgotamento gradual de jazidaspróximas aos centros de demanda, aos conflitos originados pela ocupaçãoterritorial e às pressões de entidades ligadas à preservação ambiental. Todosesses fatores resultaram na escassez de areias naturais para a construção civile, por vezes, no fechamento do empreendimento de lavra, resultando assim,em um aumento significativo dos preços destes materiais.

O principal motivo deste estudo é a substituição das areias aluvionares,intensamente utilizadas na produção de argamassas para a construção civil.Estas seriam substituídas por outras de diferentes origens como as areiaseólicas e as resultantes de desmonte hidráulico de maciços rochosos alterados,ambas naturais, e ainda aquelas resultantes de britagem de rocha, aschamadas areias artificiais.

O estudo destes tipos de areias é fundamental, pois as diferentesprocedências, ou seja, seus diversos processos de formação, naturais ouartificiais, determinam características próprias como granulometria,

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mineralogia, forma e textura superficial dos grãos. Estas características sãoresponsáveis pelos diferentes comportamentos das argamassas, como aresistência mecânica e maior facilidade de manuseio na preparação da misturade cimento, água e areia.

Para este estudo, estão sendo desenvolvidos ensaios de caracterizaçãotecnológica sobre os diferentes tipos de areias para a determinação dedistribuição granulométrica, forma e textura superficial dos grãos e tambémpropriedades como a densidade real de cada tipo. Com a argamassa elaboradacom estas areias, serão preparados corpos de prova para a realização deensaios de compressão simples, para avaliação do incremento da resistênciaem períodos pré-determinados de 7, 28 e 90 dias. Os corpos de prova após 90dias de cura, serão submetidos à laminação para avaliação por microscopiaeletrônica de varredura, da eventual formação de neominerais resultantes depossíveis reações álcali-agregados e ainda, de como se processa a ligaçãoagregado/pasta de cimento. Os traços utilizados na preparação dos corpos deprova serão os mesmos, mudando-se apenas o tipo de areia na relaçãoágua/cimento/areia; a areia Normal Brasileira será avaliada e empregada emanálises comparativas.

As areias artificiais são as mais importantes neste estudo comparativo decaracterísticas tecnológicas de argamassas, pois correspondem de 10 a 20%da produção da britagem de rocha em pedreiras, principalmente de granitos,gnaisses e basaltos. Este material (denominado finos de pedreira) éconsiderado rejeito e, por ser muito fino (<4,8mm) e apresentar-se quasesempre em grandes quantidades, é prejudicial ao meio ambiente pela poeiragerada, pelo assoreamento de drenagem produzido e pelo espaço ocupado naprópria pedreira.

Com isso, pretende-se mostrar a possibilidade de substituir a areia aluvionarpela areia artificial, mantendo-se, ou até mesmo melhorando-se, ascaracterísticas da argamassa, além de proporcionar um significativo uso daareia proveniente da britagem de rocha. Esta utilização, além de agregar valora este bem mineral, reduziria ou eliminaria as pilhas de estoque de finos depedreira, contribuindo significativamente para a redução das fontes poluidorasresultantes das atividades de extração de brita.

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ATERRO DE INERTES ITAQUERA, EM SÃO PAULO, SP -MONITORAMENTOS GEOTÉCNICO E AMBIENTAL

DE JORGE, Francisco Nogueira (1); DE BAPTISTI, Edson (2); BISORDI,Maurício Sturlini (3); FERNANDES, Fernando (4)

(1) Geólogo, Mestre em Geologia de Engenharia e em Geotecnia. ENGEOConsultoria e Projetos. e-mail: [email protected]

(2) Engenheiro Civil, Especialização em Saneamento Ambiental, Gerência deNegócios e Direito Ambiental. Gerente de Contratos, Construtora QUEIROZGALVÃO, São Paulo. e-mail: [email protected]

(3) Engenheiro Civil e Administrador de Empresas. Diretor Técnico da MBEngenharia e Meio Ambiente. e-mail: [email protected]

(4) Geólogo, BTX Serviços Geológicos. e-mail: [email protected]

Palavras-chave: inertes, aterro, Pedreira Itaquera, monitoramento ambiental,monitoramento geotécnico.

RESUMO

A cava da antiga Pedreira Itaquera, em atividade desde 1957, está sendoutilizada para a execução de um aterro de resíduos inertes gerados nomunicípio de São Paulo. Originalmente situada em zona rural, a cava, com umvolume de cerca de 6.500.000 m3 e uma profundidade em relação à superfícieoriginal do terreno de 120 metros, encontra-se atualmente dentro do espaçourbano da cidade de São Paulo, rodeada por uma população de 300.000pessoas.

O aterro, operado e administrado pela Construtora Queiroz Galvão, constituiparte do Plano de Recuperação de Área Degradada - PRAD, elaborado há dezanos, que propunha a reconformação topográfica da área, pelo preenchimentoda cavidade com resíduos inertes, o que permitiria a sua reintegração àpaisagem urbana e possibilidade de uso seqüencial. Para sua utilização comoum aterro de resíduos inertes foram realizados pela MB Engenharia e MeioAmbiente estudos ambientais, submetidos à Secretaria Municipal do Verde e

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do Meio Ambiente, da Prefeitura do Município de São Paulo, dentro dosprocedimentos de licenciamento ambiental. Entre as exigências para a Licençade Operação constam a execução do Monitoramento Geotécnico e daQualidade das Águas Subterrâneas propostos no estudos ambiental.

Por se tratar de um aterro de resíduos inertes (Classe III, quanto ao grau depericulosidade, segundo classificação ABNT NBR – 10004), o potencial decausar poluição às águas subterrâneas é teoricamente nulo. Ainda assim,todos os cuidados foram e estão sendo tomados pelo operador do aerro paraassegurar que o lençol freático não possa ser contaminado. Mesmo tendo umacondutividade hidráulica extremamente baixa (inferior a 10–7 cm/s), o maciçorochoso do fundo da cava da pedreira foi regularizado e impermeabilizado commaterial argiloso.

O Plano de Monitoramento da Qualidade das Águas Subterrâneas foielaborado para permitir o controle e garantir a qualidade atual das águassubterrâneas no local do empreendimento. Este controle é feito por ummonitoramento, em base contínua, de amostras de água coletadas em umdreno central, localizado no corpo do aterro, e em um poço tubular profundo,fora da área do aterro, mas dentro da área de influência do seu cone derebaixamento. Ao se identificar qualquer alteração nos padrões de qualidadedas águas, ainda nas amostras do corpo do aterro, medidas preventivas ecorretivas poderão ser adotadas, antes que as águas subterrâneas sejamatingidas.

O Plano de Monitoramento Geotécnico visa garantir as condições deestabilidade e segurança do empreendimento, identificando-se eventuais riscosde instabilização, antecipando e evitando sua ocorrência, principalmentequando o aterro superar a cota máxima da cavidade, e nos locais onde seustaludes estarão voltados para as áreas externas (de acesso público). O planofoi subdividido em fases, correspondentes às etapas de alteamento do aterro ede seu encerramento: a 1ª fase compreende o período de alteamento quando omaterial aterrado permanece confinado lateralmente pelas paredes da cava; a2a fase corresponde ao alteamento das porções desconfinadas do aterro, até acota final prevista em projeto; e, a 3a e última fase corresponde aomonitoramento do comportamento deformacional do aterro após seuencerramento.

O monitoramento geotécnico, baseado no acompanhamento dosdeslocamentos verticais e horizontais do aterro, durante e após a suaconstrução, consiste, além da instalação de instrumentos específicos (marcossuperficiais de deslocamento, inclinômetros) em locais pré-determinados, darealização de vistorias periódicas, por profissionais treinados, para verificar,através do exame visual, as condições das superfícies e bermas do aterro e apresença de evidência que indique comportamento possivelmente anômalo.

Os resultados do monitoramento são interpretados e documentados porrelatórios técnicos com registro fotográfico de todas as fases de execução doaterro.

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IMPLICAÇÕES RADIOLÓGICAS DO USO DO FOSFOGESSOCOMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO NO BRASIL

MAZZILLI, Barbara Paci (1); SAUEIA, Catia (2); SANTOS, Adir JaneteGodoy (2)

(1) Departamento de Radioproteção Ambiental, Instituto de PesquisasEnergéticas e Nucleares. IPEN-CNEN/SP. e-mail: [email protected]

(2) Departamento de Radioproteção Ambiental, Instituto de PesquisasEnergéticas e Nucleares. IPEN-CNEN/SP

Palavras-chave: fosfogesso, radioatividade natural, irradiação interna,irradiação externa, construção civil.

RESUMO

O fosfogesso, subproduto da indústria de fertilizantes fosfatados, é produzidoem grande escala no Brasil. Estima-se que a quantidade de fosfogessoestocada no país seja de aproximadamente 69 milhões de toneladas, sendo aprodução anual deste material de cerca de 5 milhões de toneladas. Embora acomposição do fosfogesso seja basicamente sulfato de cálcio dihidratado, omaterial pode conter níveis elevados de impurezas provenientes da rochafosfática, que é usada como matéria prima. Entre essas impurezas podemocorrer os radioisótopos das séries de decaimento naturais do urânio e tório,dificultando o seu uso comercial.

O fosfogesso é estocado em pilhas a céu aberto. Deve-se considerar que aestocagem a longo prazo e a manutenção dessas pilhas de fosfogesso sãouma ameaça potencial ao ar atmosférico e às águas subterrâneas no ambientecircunvizinho.

Dentre os possíveis usos comerciais do fosfogesso, destaca-se a substituiçãode alguns componentes naturais na construção civil. Entretanto, o fosfogessoapresenta teores de radioatividade maiores do que aqueles encontrados nosprodutos naturais geralmente empregados e o seu uso na construção podeacarretar um aumento da dose de radiação nos habitantes.

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Em países onde o fosfogesso apresenta teores altos de radioatividade existeuma considerável fonte de dados sobre sua composição radioativa.Comparativamente, no Brasil, poucos dados existem sobre o fosfogessonacional. As concentrações específicas médias de 226Ra, 232Th e 40K nofosfogesso brasileiro, de diferentes procedências, variaram de 22 a 672 Bq/kg,de 9 a 174 Bq/kg e de <4,2 a 25 Bq/kg, respectivamente.

Aplicou-se um modelo simples para calcular a irradiação interna e externa doshabitantes residentes em uma casa comum, construída com este material. Osvalores de dose obtidos foram comparados com padrões de exposição “indoor”adotados em muitos países e os critérios definidos no relatório da OECD, naFrança.

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III SEMINÁRIO "Desenvolvimento Sustentável e aReciclagem na Construção Civil : Práticas

Recomendadas"

ORGANIZAÇÃO E REALIZAÇÃO

IBRACON - Instituto Brasileiro de Concreto

Comitê Técnico – 206 Meio Ambiente

PATROCÍNIO

APOIO

EEM – Escola de Engenharia Mauá

EPUSP – Escola Politécnica da USP – PCC/PMI

IPEN – Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – MQA

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo –DIGEO

UNESP – Universidade Estadual Paulista

UNITAU – Universidade de Taubaté