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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO FELIPE MOZART DE SANTANA NASCIMENTO ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO JURÍDICA: a ontologia no contexto do business intelligence Recife 2015

ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO JURÍDICA: a ontologia no ... Moza… · ontologias surgiram da necessidade de representar um domínio através de conceitos, a fim de auxiliar e facilitar

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO

DEPARTAMENTO CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO

FELIPE MOZART DE SANTANA NASCIMENTO

ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO JURÍDICA:

a ontologia no contexto do business intelligence

Recife

2015

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FELIPE MOZART DE SANTANA NASCIMENTO

ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO JURÍDICA:

a ontologia no contexto do business intelligence

Trabalho de Conclusão apresentado ao

Curso de Gestão da Informação, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Gestão da Informação.

Orientadora:

Profa. Dra. Sandra de Albuquerque Siebra

Recife

2015

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As minhas avós Amara Pimentel e

Guiomar Nascimento.

Aos meus pais Aparecida Santana e

Emerson Nascimento.

A empresa Kurier, aos colaboradores

envolvidos e principalmente a minha equipe.

Dedico!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS por conceder caminhos de luz a chegar até

aqui com determinação e alimentar minha ambição de crescimento acadêmico em prol da

sociedade.

Agradeço aos meus pais e minha família pelo auxílio que me couberam durante

todos esses anos e principalmente pelo despertar da compreensão ao ingresso no ensino

superior.

A empresa Kurier que desde princípio sempre me cedeu espaço e preocupa-se

com o bem estar acadêmico de seus colaboradores, aqui ainda ressaltar a importância do

meu time e as pessoas envolvidas nele durante o período de escrita deste trabalho.

Aos meus amigos que me cercaram de amor e fraternidade por todo o período

acadêmico, em especial a Críssia, Steffane, Fernanda e Cristiane pelas horas de euforia

confraternizadas.

A minha professora orientadora Sandra Siebra que acreditou na construção e

realização deste trabalho.

Aos meus amigos da turma, Daniel, Luana, Thayane e Will.

As turmas de monitoria e em especial aos professores Diego Salcedo e Marcos

Galindo por cederem espaço e acreditaram no trabalho a ser realizado enquanto aluno

monitor.

As pessoas que me auxiliaram no desenvolvimento deste trabalho, em especial a

Walison Oliveira no qual pude compartilhar momentos um tanto especial por

experiências de vida e acadêmicas.

E por fim, e não menos importante, a todxs xs envolvidxs que demonstraram

incentivos e proporcionaram credibilidade durante minha graduação.

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RESUMO

Existe uma grande quantidade de informações jurídicas disponibilizadas no contexto do

Direito, disponível em formato de documentos de texto em ambiente eletrônico. Esses

documentos contêm regras de padronização definidas nas instâncias que circulam e se

constituem em: processos, publicações oficiais, jurisprudências e doutrinas, documentos

esses que podem ser melhor organizados através da exploração de uma ontologia de

domínio. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo o planejamento, construção e

validação de uma ontologia para a área jurídica, baseada no método On To Knowledge e

contribuição com o desenvolvimento de soluções que atendam ao processo de

recuperação, armazenamento e compartilhamento destas informações. Esta ontologia visa

o gerenciamento e organização da informação em domínio jurídico, com foco na

aplicação no contexto do business intelligence, por meio do uso de uma arquitetura

inteligente, que busca atender a extração das informações no ambiente Kurier. A pesquisa

apresentada neste trabalho, quanto aos meios, classifica-se como exploratória ou

bibliográfica e, quanto aos fins, classifica-se como pesquisa de inovação ou tecnológica.

O resultado deste trabalho atendeu de forma satisfatória aos objetivos inicialmente

propostos por meio do planejamento, construção e validação da ontologia Kurier

Business Intelligence de domínio jurídico aplicada na inteligência de negócios. A

ontologia foi modelada na linguagem formal OWL e validada a partir dos modelos base

da ferramenta Protégé.

Palavras-chave: Organização da Informação. Ontologia. Business Intelligence.

Inteligência de Negócios.

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ABSTRACT

There is a lot of legal information, available on the Law of the context, available in text format documents

in an electronic environment. These documents contain standardized set of rules on bodies that circulate

and are: processes, official publications, jurisprudence and doctrine, these documents can be better

organized through the operation of a domain ontology. In this context, this study aimed to planning,

construction and validation of an ontology for legal, based on the method On To Knowledge and

contribution to the development of solutions that meet the recovery process, storage and sharing of this

information. This ontology is aimed at the management and organization of information in the legal field,

focusing on application in the intelligence business context through the use of an intelligent architecture

that seeks to meet the extraction of information in the Kurier environment. The research presented in this

paper, as to the means, is classified as exploratory or literature and, as to the purposes, is classified as

research or technological innovation. The result of this work satisfactorily met the objectives initially

proposed through the planning, construction and validation of the ontology K BI legal field applied in

business intelligence. The ontology was modeled on the formal language OWL and validated from the

basic models of the Protégé tool.

Keywords: Organization of Information. Ontology. Business Intelligence. Business

Intelligence.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Organograma do Poder Judiciário ................................................................... 21 Figura 2 - Componentes de um sistema de Business Intelligence .................................... 31 Figura 3 - Estrutura da Ontologia de domínio jurídico, classe Info_Jurídica................... 36 Figura 4 - Classificação de ontologias com base em seu conteúdo .................................. 38 Figura 5 - Níveis de representação de uma ontologia ...................................................... 39 Figura 6 -Etapas de Construção da Ontologia Kurier BI.................................................. 47 Figura 7 - Processo da metodologia On To Knowledge ................................................... 47 Figura 8 - Organograma da Kurier ................................................................................... 51 Figura 9 - Produtos Kurier estruturados sobre os Documentos Jurídicos ........................ 53 Figura 10 - Protótipo da Ontologia Kurier BI – base documento jurídico PROCESSO .. 57 Figura 11 - Esquema de montagem da ontologia relacionada ao processo judicial ......... 59 Figura 12 – Superclasses da Ontologia no universo jurídico Kurier ................................ 60 Figura 13 - Mapeamento das Subclasses das Superclasses na Ontologia no Universo

Jurídico Kurier ................................................................................................................... 61 Figura 14 - Mapeamento da superclasse “Documentos Legais” ...................................... 61 Figura 15 - Mapeamento da superclasse "Entidades Abstratas" ...................................... 62 Figura 16 - Mapeamento da superclasse “Instituições Legais” ........................................ 62 Figura 17 - Mapeamento da superclasse “Localização Geográfica”. ............................... 63 Figura 18 - Mapeamento da superclasse “Sujeito Processual”......................................... 64 Figura 19 - Integração das superclasses da Ontologia no Universo Jurídico Kurier ........ 65 Figura 20 - Relacionamento entre Comarca e Cidade ...................................................... 66 Figura 22 – Exemplo de relacionamento da subclasse Comarca com Cidade e com as

subclasses de Entidades Abstratas ..................................................................................... 67 Figura 22 – Propriedades da Ontologia no Universo Jurídico Kurier .............................. 67 Figura 23 - Propriedades entre as classes da Ontologia no Universo Jurídico Kurier ..... 68 Figura 24 – Exemplo de Data Property "tem CPF" sob domínio de “Pessoa Física” ..... 69 Figura 25 - Relacionamentos da Ontologia no Universo Jurídico Kurier ........................ 70 Figura 26 - Relacionamentos entre as classes da Ontologia no Universo Jurídico Kurier

........................................................................................................................................... 70 Figura 27 – Exemplo da Property "tem Sentença" sob domínio “Decisão Judicial” e

range “Setença” ................................................................................................................. 71

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Diferença de Dado, Informação e Conhecimento .......................................... 18 Quadro 2 - Os três poderes do Estado e suas respectivas atuações .................................. 20 Quadro 3 - A justiça brasileira e suas competências ........................................................ 22 Quadro 4 - Comparação entre dados de natureza operacional e informacional ............... 28 Quadro 5 - Vantagens e desvantagens da adoção de BI ................................................... 29 Quadro 6 - Descrição dos Procedimentos Metodológicos................................................ 45 Quadro 7 - Questões de Competência da Ontologia Kurier BI ........................................ 54 Quadro 8 – Descrição física dos documentos jurídicos na ontologia Kurier BI .............. 56 Quadro 9 – Processo jurídico físico x processo jurídico digital ....................................... 57

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LISTA DE SIGLAS

Kurier BI – Kurier Business Intelligence

OWL - Ontology Web Language

STF – Supremo Tribunal Federal

TJ- Tribunal Judiciário

TJDFT - Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

TRF – Tribunal Regional Federal

TRT – Tribunal da Justiça Trabalhista

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13 1.1 Problema e Justificativa ............................................................................................ 14

1.2 Objetivos ................................................................................................................... 15

1.3 Estrutura do trabalho ................................................................................................ 16

2 INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO ............................................................. 17 2.1 Informação, na perspectiva de Ciência da Informação............................................. 17

2.2 A Informação Jurídica .............................................................................................. 19

2.2.1 Processo Jurídico Legislativo ................................................................................ 20

2.2.2 Grau de Jurisdição ................................................................................................. 23

2.3 Documentação Jurídica............................................................................................. 24

2.4 Relevância da Informação e sua Transformação em Conhecimento ........................ 25

2.4.1 Gestão Estratégica da Informação ......................................................................... 26

3 BUSINESS INTELLIGENCE (BI) ................................................................... 28 3.1 Vantagens e Desvantagens do BI ............................................................................. 29

3.2 Arquitetura BI ........................................................................................................... 30

3.3 Necessidade de contextualização no BI ................................................................... 32

4 ONTOLOGIAS ............................................................................................... 34 4.1 Definições para Ontologia ........................................................................................ 34

4.2 Usos, vantagens e desvantagens das Ontologias ...................................................... 36

4.3 Ontologia na Organização da Informação ................................................................ 38

4.4 Classificação das Ontologias .................................................................................... 38

4.5 Ontologia Jurídica .................................................................................................... 40

4.6 Critérios para Construção de Ontologias .................................................................. 42

4.7 A linguagem OWL no desenvolvimento da Ontologia ............................................ 43

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................... 44 5.1 Universo da pesquisa ................................................................................................ 44

5.2 Etapas de Construção da Ontologia .......................................................................... 46

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 50 6.1 Identificação da Empresa onde a Pesquisa foi Realizada ......................................... 50

6.2 Sistemas e Soluções Kurier ...................................................................................... 50

6.3 O Processo de Construção da Ontologia .................................................................. 53

6.3.1 Etapa de Kick Off ................................................................................................... 54

6.3.2 Etapa Avaliação.................................................................................................... 71

6.3.3 Etapa Manutenção..................................................................................................71

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REFERÊNCIAS ................................................................................................... 74 APÊNDICE A – Solicitação de Autorização para a Pesquisa .............................. 79 APÊNDICE B – Autorização de Estudo na empresa Kurier. ............................... 79 APÊNDICE C - Arquivo OWL .............................................................................. 80

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1 INTRODUÇÃO

A informação e seu gerenciamento sempre foram temas recorrentes de pesquisas

em diversas áreas do conhecimento. Desde a segunda metade do século XX tem crescido

bastante o número de estudos relacionados ao tema, principalmente motivados pela

crescente utilização dos computadores eletrônicos e a influência destes no tratamento de

informações (FRANCO, 2014).

Atualmente, a informação é considerada um recurso básico e essencial para

todas as organizações, sendo gerada e utilizada em todas as suas etapas de produção,

além de perpassar toda a cadeia de valor. Para Porter (1992), cada atividade da cadeia de

valor cria e utiliza informação, além de ressaltar o impacto profundo exercido por novos

sistemas de informação sobre a concorrência e sobre as vantagens competitivas. Neste

cenário, as organizações vêm se mobilizando e investindo mais em pesquisa, com o

objetivo da adesão a processos e softwares que possam atender às necessidades

informacionais e que sejam relevantes ao decisor, adotando a utilização de técnicas para

melhoria no tratamento e organização dessas informações, atuando principalmente na sua

seleção, processamento, recuperação e disseminação.

A ontologia é uma das técnicas de organização de informações que vem

recebendo especial atenção nos últimos anos, principalmente no que diz respeito à

representação formal de conhecimento (MORAES; AMBRÓSIO, 2007). Geralmente,

desenvolvida por especialistas, a ontologia tem sua estrutura baseada na descrição de

conceitos e dos relacionamentos semânticos entre eles, gerando uma especificação formal

e explícita de conceitos compartilhados (MORAES; AMBRÓSIO, 2007). De fato, as

ontologias surgiram da necessidade de representar um domínio através de conceitos, a

fim de auxiliar e facilitar a resolução de um dado problema, utilizando softwares de

mapeamento ontológico e, consequentemente, realizar uma análise de tal domínio.

Na Ciência da computação o termo ontologia foi usado aproximadamente no

início da década de 90, sendo mais comum seu uso na subárea da Inteligência Artificial,

em projetos para Engenharia do Conhecimento, como CYC e a Ontolíngua (LENAT;

GUHA, 1990; GRUBER, 1992). Dessa forma, de acordo com Moreira (2003),

compreende-se que as ontologias surgiram da percepção da necessidade de que a

Engenharia do Conhecimento pudesse ser compartilhada e reutilizada uma vez que a

construção de bases de conhecimentos possui um alto investimento e a sua reutilização

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dispensaria a criação de novas bases deste tipo. Ainda segundo os autores, as ontologias

poderiam apresentar uma propriedade de multiuso na inferência de várias aplicações e

sistemas, fornecendo, assim, suporte necessário na retroalimentação de informações entre

agentes inteligentes. Nesse ponto, justifica-se a seleção de uma linguagem formal de

representação para a ontologia a ser desenvolvida, a fim de facilitar a comunicação de

informações no ambiente onde ela será utilizada (VALENTE, 1995).

Na Ciência da Informação, Ferneda (2003) nos orienta sobre a ontologia na

perspectiva filosófica, propondo a representação e oferecendo significado ao universo ou

ao domínio de estudo para, dessa forma, organizar a informação para

transferência/disseminação e uso. De fato, o uso de uma ontologia pode agregar descrição

semântica e lógica ao conteúdo disponibilizado pelos repositórios de dados que são de

interesse corporativo e auxiliar a tomada de decisão. Uma ontologia busca a identificação

das entidades e seus relacionamentos em um universo de discurso, podendo definir um

vocabulário conceitual a fim de suportar referências e raciocínios em relação a esse

domínio. Por isso, o conhecimento representado por meio de ontologias pode ser

desenvolvido em máquinas de inferência que busquem a geração de conhecimento

adicional (FENSEL, 2001).

1.1 Problema e Justificativa

A Kurier é uma organização que busca desenvolver soluções de gerenciamento

da informação, em domínio jurídico, para grandes empresas e departamentos e escritórios

jurídicos. Ela faz uso de ferramentas de business intelligence, com um Data Warehouse,

para dar suporte ao fornecimento de informação estratégica para seus clientes finais.

Contudo, essas ferramentas não oferecem a incorporação de novas regras de negócio que

auxiliem nos processos de melhorias e suporte à inovação, ou a contextualização da

informação trabalhada dentro de um domínio para que os dados possam ser melhor

explorados, promovendo uma gestão informacional mais eficaz dos dados estratégicos

apresentados aos clientes internos e externos da organização.O que seria importante,

porque, conforme Araújo (2011), a informação comporta sentido e valor a partir do

momento em que se relaciona com a realidade vivida pelo indivíduo que a utiliza, onde

este é responsável por dar vida à informação, fazendo uso da mesma ao sanar suas

incertezas em prol da solução dos problemas vividos em sua experiência.

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Nesse contexto, ferramentas como ontologias, podem servir para apresentar

cenários de risco dentro de uma organização, por exemplo. A informação, uma vez

analisada, conectada e validada, pode-se transformar em conhecimento estratégico e

permitir uma gerência e gestão que contemplem múltiplas situações. A coleta e

processamento das informações envolve a composição de ferramentas que identifiquem

padrões nos dados armazenados. Nesse sentido, desenvolver a ontologia para ser utilizada

pelas ferramentas de BI pode fornecer uma visão sistêmica do negócio e auxiliar na

distribuição uniforme dos dados entre os usuários e transformar grandes quantidades de

dados em informações de qualidade para a tomada de decisões.

1.2 Objetivos

Assim, diante do que foi apresentado, os objetivos desse trabalho serão descritos a seguir.

Objetivo Geral

Planejar, construir e validar uma ontologia aplicada à inteligência de negócios,

utilizando como princípio a Informação Jurídica e contribuir com o desenvolvimento de

soluções que atendam ao processo de recuperação, armazenamento e compartilhamento

destas informações.

Objetivos Específicos

Realizar uma ampla pesquisa bibliográfica sobre as temáticas necessárias para

dar embasamento a este trabalho;

Realizar o levantamento das informações necessárias para a construção da

ontologia com especialistas do domínio.

Desenvolver uma ontologia para informação jurídica, no contexto do business

intelligence;

Analisar as linguagens formais de padrão aberto existentes, a fim de utilizar a

mais adequada para a representação de regras do domínio, de modo que seja

reaproveitada por terceiros;

Validar a construção da ontologia de domínio criada a partir de modelos

existentes, fazendo uso da ferramenta Protegé.

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1.3 Estrutura do trabalho

O restante deste trabalho está estruturado como segue:

O capítulo 2 engloba o estudo da “Informação e Conhecimento”, na perspectiva

da Ciência da Informação e a extensão de estudo sobre o universo da Informação

Jurídica, compreendendo então os documentos que são gerenciados, utilizando, assim,

uma gestão de operação de serviços.

O capítulo 3 visa a compreensão do universo da inteligência de negócios sob

técnicas do gerenciamento de processos, por meio do Business Intelligence (BI),

apresentando sua definição e finalidade, assim como a estruturação de sua arquitetura.

Além disso, apresenta vantagens e desvantagens quanto a implantação de um BI eficaz.

No capítulo 4 é realizada uma contextualização sobre o universo da ontologia,

apresentando um ciclo de detalhes que tendem a auxiliar o processo da construção,

desenvolvimento e uso da ontologia, sob luz da metodologia On To Knowledge.

O capítulo 5 apresenta os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa e

a Identificação da Empresa onde o estudo foi realizado.

O capítulo 6 apresenta e discute os resultados obtidos com o processo da

construção da ontologia Kurier BI.

Por fim, no Capítulo 7 são feitas as considerações finais do trabalho e a

indicação de trabalhos futuros.

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2 INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

A informação, atualmente, é classificada como um recurso essencial para todas

as organizações. Ela tem sua geração e utilização em grande parte das etapas de produção

e é relevante para todos os níveis estratégicos, uma vez que o desenvolvimento de

estratégias em qualquer serviço/negócio, tem início com o ciclo de informações

disponíveis (BEUREN, 2000). Com isso, nenhuma estratégia pode ser desenvolvida sem

ter como ponto inicial a informação. Cabe, portanto, compreender o contexto da

informação aplicada aos negócios, considerando o domínio jurídico como foco do estudo.

2.1 Informação, na perspectiva de Ciência da Informação

A definição de informação foi contextualizada na década de 60, onde nesse

mesmo período a sociedade viveu um grande desenvolvimento tecnológico (PINHEIRO;

BRASCHER; BURNIER, 2006). Em meio a demasiadas definições, a informação, na

perspectiva da Ciência da Informação, segundo Le Coadic, é definida como

Um conhecimento inscrito (registrado) em forma escrita (impressa ou

digital), oral ou audiovisual em um suporte [...] É um significado

transmitido a um ser consciente por meio de uma mensagem escrita em

um suporte espacial-temporal: impresso, sinal elétrico, onda sonora, etc.

Inscrição feita graças a um sistema de signos (a linguagem), signo este

que é um elemento da linguagem que associa um significante a um

significado: signo alfabético, palavra, sinal de pontuação [...] (LE

COADIC, 2004, p.6).

Já Smit e Barreto (2002, p. 21), definem as informações como

Estruturas simbolicamente significante, codificadas de forma

socialmente decodificável e registradas (para garantir permanência no

tempo e portabilidade no espaço) e que apresentam a competência de

gerar conhecimento para o indivíduo e para o seu meio. Estas estruturas

significantes são estocadas em função de um uso futuro, causando a

institucionalização da informação..

Sendo para esses mesmos autores, a Ciência da Informação

[...] o campo que se ocupa com os princípios e práticas da criação,

organização e distribuição da informação, bem como com o estudo dos

fluxos da informação desde sua criação até sua utilização, e sua

transmissão ao receptor, por meio de uma variedade de canais. (SMIT;

BARRETO, 2002, p. 17).

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Segundo Le Coadic (2004), a Ciência da Informação surge sob a influência de

três pilares principais: o desenvolvimento da produção e das necessidades de informações

científicas e técnicas; o surgimento do novo setor industrial das indústrias da informação;

e o advento das tecnologias eletrônicas e fotônicas da informação. Nesse contexto,

Saracevic apresenta a definição de Ciência da Informação como:

Um campo dedicado às questões científicas e à prática profissional

voltadas para o problema da efetiva comunicação do conhecimento e de

seus registros entre os seres humanos, no contexto social, institucional

ou individual do uso e das necessidades de informação. No tratamento

destas questões são consideradas de particular interesse as vantagens

das modernas tecnologias informacionais. (SARACEVIC, 1996, p. 47).

Voltando às definições para o conceito de informação, Jamil (2006, p. 17) define

que se pode considerar a “informação como um elemento composto a partir de um

conjunto de dados relevantes para uma análise, contextualizados”. Dessa forma,

Chiavenato (2009, p. 108), afirma que um dado “é apenas um índice, um registro, uma

manifestação objetiva, passível de análise subjetiva”. Nesta mesma ideia, Oliveira (2010)

corrobora que um dado é qualquer elemento identificado em sua forma bruta, que, por si

só não conduz à compreensão de determinado fato ou situação. Logo, corrobora-se com o

pregado por Davenport (1998), que é preciso fazer uma distinção entre dado, informação

e conhecimento, como apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 - Diferença de Dado, Informação e Conhecimento

Definição

Dado Informação Conhecimento

Simples observação

sobre o estado do mundo

Dado dotado de

relevância e Propósito

Informação valiosa da

mente humana, incluindo

reflexão, síntese e contexto

Características

Facilmente Estruturado Requer unidade de

análise Difícil estruturação

Facilmente obtido por

máquinas

Exige consenso em

relação ao significado

Difícil captura em

máquinas

Frequentemente

quantificado

Exige necessariamente a

mediação humana Frequentemente tácito

Facilmente transferível

Difícil transferência

Fonte: Davenport (1998).

Assim, entende-se que um conjunto de dados quando classificados, relacionados

e armazenados, constroem bases para a criação da informação.

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2.2 A Informação Jurídica

A natureza da informação depende especificamente de sua área de domínio. No

contexto deste trabalho tem-se como destaque a Informação de natureza Jurídica. Silva

(2010, p. 3) compreende que “a informação jurídica é todo e qualquer conhecimento

produzido pelo homem com o intuito de fundamentar as atividades profissionais

desenvolvidas pelos operadores do direito”. Corroborando com a ideia, Passos define

informação jurídica como:

[...] toda a unidade de conhecimento humano que tem a finalidade de

embasar manifestações de pensamento de jurisconsultos, tratadistas,

escritores jurídico, advogados, legisladores, desembargadores, juízes e

todos aqueles que lidam com a matéria jurídica, quando procuram

estudar (do ponto de vista legal) ou regulamentar situações, relações e

comportamentos humanos, ou ainda quando interpretam e aplicam

dispositivos legais. (PASSOS, 1994, p.363).

A informação jurídica, sob o ponto de vista do valor agregado, enfatiza aspectos

novos sobre a relevância da informação. Uma unidade de documentação de um tribunal

gerencia o recurso informação documental para dar suporte à tomada de decisão dos

magistrados, na elaboração de votos e decisões (SARMENTO et al., 2000). Por Oliveira

(2006), a informação jurídica trata de conteúdos especializados e sob a ética do seu

gerenciamento, esta tem a responsabilidade de nortear as decisões dos magistrados e

demais serventuários, nos processos e atividades jurisdicionais, a fim de prestar serviços

de informação com a maior especificidade e eficiência possível.

A origem a informação jurídica compreende três contextos jurisdicionais:

Legislação, Doutrina e Jurisprudência. Dessa forma, segundo Miranda:

Legislação é o conjunto normativo que regula a convivência social.

Doutrina é o conjunto de princípios expostos nas obras de direito, em

que se firmam teorias ou se fazem interpretações sobre a ciência

jurídica. Jurisprudência é a sábia interpretação e aplicação das leis a

todos os casos concretos que se submetem a julgamento da justiça, que

produz sentenças no primeiro grau, ou acórdãos e súmulas nos

Tribunais. (MIRANDA 2004, p. 138, grifo nosso).

O documento jurídico é determinado a partir do corpus teórico necessário à

constituição do documento (meio, conteúdo e forma), sendo necessário observar sua

percepção conceitual, estrutural e funcional, seja enquanto informação no suporte

tradicional ou enquanto dados digitais perceptíveis por meio do suporte eletrônico. Desse

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modo, o contexto da informação jurídica apresenta peculiaridades em sua organização e

estruturação (NASCIMENTO; GUIMARÃES, 2007).

2.2.1 Processo Jurídico Legislativo

O Poder Judiciário do Brasil é formado por um conjunto de órgãos os quais a

Constituição Federal de 1988 atribuiu a função jurisdicional, ou seja, o papel de dizer o

direito ao caso concreto. Trata-se de poder autônomo, independente e imparcial, de

fundamental importância para o Estado Democrático de Direito.

A divisão dos poderes do Estado brasileiro, na sociedade contemporânea, é

estruturada em três poderes interdependentes e correlacionados apresentando missões e

competências específicas. O Poder do Estado compreende a formação do tripé,

apresentado no Quadro 2: Legislativo - onde se executam as discussões em prol da

sociedade e elaboração de leis; Executivo - onde se executam as doutrinas formais

legalizadas; e Judiciário - onde se regulam a aplicação das normas jurídicas, com o

objetivo de resolução de conflitos entre dois ou mais pólos.

Quadro 2 - Os três poderes do Estado e suas respectivas atuações

PODER MISSÃO REPRESENTAÇÃO

Legislativo Propõe leis, emendas à Constituição,

medidas provisórias, decretos legislativos

e resoluções.

Exercido pelo Congresso Nacional,

composto pela Câmara dos Deputados

e pelo Senado Federal

Judiciário

Garante direitos e resolve conflitos entre

cidadãos, entidades e Estado. Zela pelo

cumprimento da Constituição e dá a

palavra final em questões que envolvam

suas normas.

Exercido pelo Supremo Tribunal

Federal, órgão máximo, e outros

tribunais. O STF compõe-se por

ministros escolhidos pelo(a)

Presidente da República.

Executivo

Direção da administração em esfera

federal. Sanciona, promulga e veta leis.

Disponibiliza programas do governo em

prática.

Exercido pelo(a) Presidente da

República, que também, pode propor

Leis e emendas, e pelos Ministros de

Estado.

Fonte: Baseado em BRASIL (1988).

Segundo Marques Junior (1997), o Estado inicia sua atuação através de questões

apresentadas por uma demanda social, que pode ter origem na sociedade por meio de suas

entidades, órgãos de classe, intelectuais, imprensa, etc., ou ainda, quando estas questões

são percebidas pelo governo através da classe política ou do Poder Executivo. Uma vez

identificada a demanda, se introduz o processo de estabelecimento de regras a fim de

buscar solução ou interpretação, cuja atividade é desenvolvida em cunho legislativo, onde

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é apresentada a um sistema de discussão e votação de propostas, em dois tempos, por

comissões especializadas e pelo plenário. Uma vez finalizado todo o trâmite de uma

matéria aprovada pelo Poder Legislativo, cabe ao Poder Executivo a promulgação e

publicação de uma nova forma jurídica. Porém se a matéria não for aprovada, o Poder

Executivo tem o veto e reserva ao Legislativo a possibilidade de derrubá-lo e promulgar a

matéria como lei. A nova lei, uma vez publicada, deve ser adotada pelo universo jurídico,

cabendo a sociedade a adaptação aos seus princípios. O desrespeito ou conflito quanto a

legalidade ou interpretação da nova lei, deve ser direcionado ao Poder Judiciário que

deve apresentar um sistema baseado em instâncias de julgamento, como apresentado na

Figura 1, por meio de mecanismos de ação e de defesa, onde se pretende a compreensão

dos casos e aplicação correta da nova norma.

Figura 1 - Organograma do Poder Judiciário

Fonte: Adaptado de (BRASIL, 2015).

Dessa forma, a aplicação das leis é função do Poder Judiciário que tem por

objetivo garantir o direito da sociedade e entidades, por meio da aplicação de questões

(MORAES, 2002):

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1. Civis, na busca de solução de conflito que tenha origem entre pessoas e/ou

organizações;

2. Penais, impor pena àquelas que comentem determinado(s) crime;

3. Federais, julgamento de casos que sejam de interesse da União, das autarquias

ou de organizações públicas;

4. Trabalhista, na busca de solução de conflito que tenha origem entre

empregados e empregadores, vice-versa;

5. Eleitorais, garantir eficiência dos processos eleitorais; e

6. Militares, julgamento de casos que sejam de cunho militar.

A Constituição Federal regula a atuação do Poder Judiciário que, de acordo com

a Figura 1, é formado por diversos órgãos, tendo o Supremo Tribunal Federal (STF) o

órgão superior que busca zelar pelo cumprimento da Constituição. O Superior Tribunal

de Justiça, abaixo do STF, possui a responsabilidade de desenvolver uma uniformidade

da legislação federal. Além do STF e STJ, o sistema judiciário brasileiro apresenta

demais órgãos que compreendem a União e os estados federativos, incluindo o Distrito

Federal e Territórios. A Justiça Federal e a Justiça Especializada compõem o campo da

União. Estão inseridos entre essas Justiças, os juizados especiais federais, a Justiça do

Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar (ver Quadro 3).

Quadro 3 - A justiça brasileira e suas competências

JUSTIÇA COMPETÊNCIA

JU

ST

IÇA

DA

UN

IÃO

Justiça Federal

Comum

Julgamento de crimes políticos e infrações penais praticadas

contra bens, serviços ou interesse da União (incluindo entidades

autárquicas e empresas públicas), processos que envolvam Estado

estrangeiro ou organismo internacional contra município ou

pessoa domiciliada ou residente no Brasil, causas baseadas em

tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou

organismo internacional e ações que envolvam direito de povos

indígenas. A competência para processar e julgar da Justiça

federal comum também pode ser suscitada em caso de grave

violação de direitos humanos.

Justiça do Trabalho

Julgamento de conflitos individuais e coletivos entre

trabalhadores e patrões, incluindo aqueles que envolvam entes de

direito público externo e a administração pública direta e indireta

da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

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Justiça Eleitoral

Regulamenta os procedimentos eleitorais, garantindo o direito

constitucional ao voto direto e sigiloso. A ela compete organizar,

monitorar e apurar as eleições, bem como diplomar os candidatos

eleitos. A Justiça Eleitoral tem o poder de decretar a perda de

mandato eletivo federal e estadual e julgar irregularidades

praticadas nas eleições.

Justiça Militar Processamento e julgamento dos crimes militares definidos em

lei.

JU

ST

IÇA

ES

TA

DU

AL

Justiça Estadual

Comum

Processamento e julgamento de qualquer causa que não esteja

sujeita à competência de outro órgão jurisdicional (Justiça Federal

comum, do Trabalho, Eleitoral e Militar), o que representa o

maior volume de litígios1 no Brasil.

TR

IBU

NA

IS

SU

PE

RIO

RE

S

STF

Julgamento das ações diretas de inconstitucionalidade2,

compreender pedidos de extradição requerida por Estado

estrangeiro, e julgamento de pedidos de habeas corpus de

qualquer cidadão brasileiro.

STJ Realização da supervisão administrativa e orçamentária da Justiça

Federal de primeiro e segundo graus.

Fonte: STF (2015)

2.2.2 Grau de Jurisdição

De acordo com o sítio do TJDFT (2015), a indicação do Grau de Jurisdição é

definido pelas instâncias ou podem seguir a hierarquia judiciária de um órgão. Os juízos

são classificados em Primeiro Grau, de Segundo Grau, de grau inferior, de grau superior

etc. Compreende-se então que as demandas judiciais podem perpassar dois graus de

jurisdição: a Primeira Instância que se refere ao juízo onde a demanda foi iniciada ou

onde a ação foi proposta; E a Segunda Instância se refere ao processo onde se tem por

interesse modificar a decisão ou sentença final. Entretanto, ressalta-se que é na Primeira

que se processará todo o feito até a decisão final e a execução de sentença que ali for

proferida.

Definida pelo TJDFT (2015), a Segunda Instância ou Instância de Segundo Grau é

aquela que revisa as sentenças definidas na Primeira Instância, é aquela onde são julgados

os recursos dos processos decididos, sendo considerada, também, como Instância

1Conflito de interesses judiciais estabelecidos por meio da contestação da demanda.

2Instrumento utilizado no chamado controle direto da constitucionalidade das leis e atos normativos,

exercido perante o Supremo Tribunal Federal brasileiro.

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Revisora. Na justiça comum, a Segunda Instância é formada pelos tribunais de justiça

dos estados.

2.3 Documentação Jurídica

Barros (2004) salienta a explosão de informações jurídicas em razão do alto

índice de documentos expedidos pelas autoridades legislativas, judiciárias e

administrativas, como, também, da diversidade das especificações da área.

Atienza (1979) identifica que a documentação jurídica pode ser considerada como

a reunião, análise e indexação do tripé constitucional formado pela doutrina, a legislação

(leis, decretos, decretos-leis, atos, resoluções, portarias, projetos de leis, ordens internas,

circulares, exposições de motivos, etc.) e a jurisprudência (acórdãos, recursos, decisões, e

de todos os documentos relativos a atos normativos administrativos).

Marques Junior (1997, p. 165), apresenta de forma hierárquica os diplomas

legais acerca da informação legislativa:

a) Constituição - considerada como o conjunto de normas

fundamentais, constantes de documento escrito, solene e inalterável por

lei ordinária, reguladoras da própria existência do Estado, de sua

estrutura, órgãos e funções, do modo do exercício e limites da

soberania, dos seus fins e interesses fundamentais, das liberdades

públicas, direitos e deveres dos cidadãos;

b) Emenda constitucional - texto que altera, em partes, disposições da

Constituição vigente, a fim de torná-la mais viável, ou de incorporar-lhe

disposições apropriadas ao desenvolvimento técnico e social da Nação;

c) Lei complementar - ato normativo que tem como objetivo dar

desdobramento disciplinar a preceito da Constituição que não seja

autoaplicável;

d) Medida provisória - ato normativo expedido exclusivamente pelo

Presidente da República, em caso de urgência e relevância, pela força

de lei, submetido de imediato ao Congresso Nacional, com perda de

eficácia, desde a edição, se não for convertido em lei no prazo de trinta

dias contados após sua publicação;

e) Lei ordinária–considerada como qualquer norma jurídica elaborada

pelo Poder Legislativo em sua atividade comum e típica;

f) Lei delegada–é a lei elaborada pelo Chefe do Executivo, por meio da

delegação expressa do Poder Legislativo, mediante resolução que

especifica o conteúdo e os termos do exercício dessa prerrogativa;

g) Decreto - ato legislativo de competência exclusiva do Chefe do

Executivo, destinado a prover situações gerais ou individuais, previstas

de modo explícito ou implícito pela legislação.

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E, finalmente, como informação jurisprudencial, Marques Junior (1997, p. 166)

apresenta os seguintes documentos:

a) Ação: a informação que apresenta o direito que têm as pessoas

(físicas ou jurídicas) de demandar ou pleitear em juízo, perante os

tribunais, o que lhes pertence ou o que lhes é devido;

b) Sentença: formada por meio de decisão, resolução ou solução dada

por uma autoridade a toda e qualquer questão submetida à sua

jurisdição;

c) Recurso: considerado como informação que prover a provocação a

um novo exame dos autos para emenda ou modificação da primeira

sentença através de encaminhamento da questão ao próprio juiz, a outro

juiz ou ao tribunal, podendo assumir, de acordo com a decisão,

diferentes formas, tais como: apelação, embargo, agravo, revista,

recurso extraordinário etc.;

d) Acórdão: resolução ou decisão tomada coletivamente pelos tribunais

de justiça.

2.4 Relevância da Informação e sua Transformação em Conhecimento

A importância da informação para as organizações é inegável, constituindo,

senão o mais importante, pelo menos um dos recursos cuja gestão e aproveitamento estão

diretamente relacionados com o sucesso desejado (MORESI, 2000). Lira (2008)

identifica que o objetivo da informação, em um ambiente empresarial, é preparar a

empresa para alcançar seus objetivos, através do uso eficiente dos recursos disponíveis

tais como: pessoas, tecnologia, capital e a própria informação.

Com isso, Mc Gee e Prusak (1994) ressaltam que a informação é capaz de

agregar valor para as organizações, de forma a possibilitar a criação de novos produtos e

serviços e aprimorar a qualidade do processo decisório. Nesse mesmo sentido Mattos

ressalta que:

[...] as empresas devem se conscientizar sobre a importância das

informações e de seu tratamento como um recurso importante para a

tomada de decisões estratégicas. Conhecer o mercado em termos de

clientes, competidores e tecnologia, entre outros, é um passo

fundamental para decisões bem sucedidas. (MATTOS, 1996, p. 22).

No cenário configurado acima, Davenport (2001) aborda a necessidade de

informação, e a considera como o aspecto mais negligenciado em grande parte das

organizações. Uma vez compreendida a necessidade de informação é fundamental a

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busca e obtenção desse objeto, o que pode ser especificado em etapas (DAVENPORT,

2001; CHIAVENATTO, 1999): (1) explorar a informação, ou seja, buscar as informações

que atendam às necessidades predefinidas na etapa anterior; (2) classificar a informação,

e agrupá-la de forma a atender a essas necessidades; (3) formatar e estruturar as

informações.

2.4.1 Gestão Estratégica da Informação

De acordo com Cândido, Valentim e Contani (2005), a gestão estratégica da

informação é fundamental para o progresso da organização, e é a partir desta prática que

é possível conquistar novos clientes, manter os já conquistados, acompanhar e superar a

concorrência. Ainda segundo os autores, para que seja aplicada uma estratégia de

gerenciamento da informação de forma eficaz, deve-se considerar nesse processo, o

controle e direcionamento do método de obtenção, filtragem, análise,

difusão/comunicação e uso da informação.

Para Oliveira e Bertucci (2003, p.76), os objetivos da gestão estratégica da

informação são divididos em:

a) promoção da eficiência organizacional de forma a organizar e suprir

as demandas por informação vindas de dentro e de fora;

b) planejamento de políticas de informação;

c) desenvolvimento e manutenção de sistemas e serviços de informação;

d) otimização de fluxos de informação;

e) controle da tecnologia de informação.

Essas etapas compreendem uma gestão inclinada ao processo de gerenciamento

de informação. Compreende-se o gerenciamento de informação, como um conjunto de

estratégias que tem como objetivo a identificação das necessidades de informação,

mapeamento os fluxos formais de informação nos múltiplos ambientes da organização,

assim como sua coleta, filtragem, análise, organização, armazenagem e disseminação

(MC GEE; PRUSAK, 1994). O que é corroborado por Beuren quando ele identifica que

[...] a informação tem sua origem na coleta de dados, os quais, por sua

vez, são organizados e recebem significado de acordo com um contexto

delimitado. Isso implica na necessidade da delimitação inicial do

problema, o que servirá de base para identificar as informações

pertinentes a serem selecionadas, dentre as já disponíveis na empresa,

ou, em não existindo, buscar dados em outras fontes, fora da

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organização, e transformá-los em informação útil para o contexto da

definição da estratégia. (BEUREN, 2000, p. 44).

De acordo com Davenport (2001) conhecimento é consequência da internalização

mental de uma informação interpretada, compreendida e contextualizada, do que decorre

que sua representação e transmissão são complexas e subjetivas, uma vez que dependem

de um processo inverso de externalização.

Senge (2009) nos leva a um contexto mais empresarial, onde identifica que o

caminho da competitividade aponta para as organizações baseadas no conhecimento,

denominadas por ele como “organizações que aprendem”. O que difere as organizações

que aprendem é a capacidade que estas têm de dominar certas disciplinas consideradas

básicas, denominadas pelo autor de “disciplinas das organizações que aprendem”.

Os métodos e ferramentas que podem ajudar as organizações baseadas em

conhecimento são aqueles agrupados sob a denominação de business intelligence, que é a

temática da próxima seção.

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3 BUSINESS INTELLIGENCE (BI)

Serra (2002) identifica que o conceito de BI surgiu na década de 70, onde foram

desenvolvidos e fornecidos produtos para analistas de negócios, por meio de programas

intensos e exaustivos. Porém, eles não apresentavam respostas de acordo com a

necessidade e em tempo hábil, a fim de fornecer informações precisas para tomada de

decisão, além de possuir custos de implantação elevados. No entanto, pelo surgimento de

banco de dados relacionais, dos computadores e das interfaces gráficas de acordo com a

complexidade dos negócios, surgiram os primeiros produtos que conseguiram atender a

demanda dos analistas de negócios.

Business Intelligence (BI) ou Inteligência de Negócios é considerado como a

reunião de metódos gerenciais implementados por meio de ferramentas de softwares, que

tem como objetivo principal a produção de informações gerenciais que auxiliem os

processos decisórios da organização (SOUZA; SZAFIR-GOLDSTEIN, 2005). Barbieri

(2001, p.34), define o conceito de BI como “a utilização de variadas fontes de informação

para se definir estratégias de competitividade nos negócios da empresa”.O BI como um

conceito tecnológico é formado por diversos componentes, entre eles: o data warehouse,

as ferramentas OLAP e o data mining (SANTOS; RAMOS, 2006). Assim, o conceito de

BI pode se referir a um conjunto de processos de negócios, a tecnologia usada nestes

processos ou a informação obtida neste processo.

De acordo Barbieri (2001), o objetivo de um BI é a definição de regras e técnicas

para a formatação e estruturação de informações. Nesse caso, compreende-se que a

essência principal de BI, está relacionada com suas formas variáveis de tratamento e

análise da informação, onde os dados operacionais e informacionais (Quadro 4),

constroem fontes importantes para estabelecimento de conceitos de BI.

A utilização de BI vem crescendo cada vez mais nas organizações, dessa forma,

cresce também o número de programas e de banco de dados organizando-os, a fim de

gerar relatórios e fornecer uma análise de dados mais fiel para os processos de BI. Porém

não é a aquisição de grandes softwares que apresenta a inteligência aos negócios de uma

organização, é necessário que se possa adotar uma regra de negócio específica e aplicá-la

de acordo com o ecossistema empresarial, compreendendo os projetos como um todo.

Quadro 4 - Comparação entre dados de natureza operacional e informacional

Características Dados Operacionais Dados Informacionais

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Conteúdo Valores correntes Valores Sumariados, calculados,

integrados de várias

fontes.

Organização dos

Dados Por aplicação/sistema de

informação Por assuntos/negócios

Natureza dos Dados Dinâmica Estática até o “refreshment” dos

dados

Formato das

Estruturas Relacional, próprio para

computação transacional Dimensional, simplificado,

próprio para atividades analíticas.

Atualização dos

Dados Atualização campo a campo Acesso, sem update

Uso Altamente estruturado,

processamento repetitivo.

Desestruturado, com

processamento

analítico/heurístico.

Tempo de Resposta Otimizado para 2 a 3 seg Análises mais complexas, com

tempos de respostas maiores.

Fonte: Adaptado de (BARBIERI, 2001).

3.1 Vantagens e Desvantagens do BI

A informação como elemento estratégico tem tido um maior reconhecimento nas

organizações atuais e, com isso, o negócio de Inteligência Competitiva possui um maior

número de soluções e produtos para análises de informação (VALENTIM, 2002). Porém,

muitas organizações não conseguem identificar, compreender e aplicar essas ferramentas

de acordo com seu negócio organizacional, uma vez que a adoção de qualquer ferramenta

deve ser avaliada em termos das vantagens e desvantagens que podem trazer (ver Quadro

5). Logo, é importante para a organização avaliar o custo-benefício da implantação da

ferramenta, levando em conta sua performance, recursos de implantação disponíveis,

valor empregado para aquisição e arquitetura necessária para implementação da solução.

Quadro 5 - Vantagens e desvantagens da adoção de BI

Vantagens Desvantagens

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Qualidade do Planejamento Operacional

e Estratégico A organização pode não reconhecer a necessidade

de informação

Melhoria no processo de tomada de

decisão Informações recebidas por especialistas distintos

podem não ser utilizadas efetivamente

Maior eficiência na previsão de

mudanças nas ações Informações primárias são dispersas

Encorajamento de inovação Poucas informações analisadas e estruturadas

Melhoria na qualidade dos produtos Ferramentas técnicas dispersas e ineficientes

Eliminação de duplicidade de

informações A obtenção de informações de fontes externas

não favorece a relação de custo-benefícios

Aumento da competitividade Maior rentabilidade Redução de custos operacionais

Fonte: Baseado em (SOUZA; SZAFIR-GOLDSTEIN, 2005).

Para aquisição das ferramentas de BI, é fundamental que o objetivo do negócio

esteja alinhado com serviço a ser atendido, ou seja, não é recomendável apenas a adoção

de uma solução de BI, é necessário formular questões voltadas aos objetivos do negócio

da organização e ao que de fato é necessário para a tomada de decisão na organização

(TURBAN et al., 2009). Algumas variáveis que podem ser consultadas:

O que se pretende alcançar com a solução?

O resultado final está alinhado ao negócio da empresa?

Quais os fatores de risco do investimento?

Quais os pontos fortes e fracos?

Qual a tecnologia necessária?

Valentim (2002) ressalta que é fundamental compreender que um projeto de BI é

um projeto de negócios e, com isso, torna-se indispensável o alinhamento com as

estratégias e produtos da organização. Logo, é preciso: a compreensão e consenso em

relação ao desenvolvimento da ferramenta; a identificação e alinhamento as iniciativas de

modelos existentes; a realização de revisões periódicas e sistemáticas e a obtenção de

feedbacks a fim de aprofundar o conhecimento e aperfeiçoamento da solução.

3.2 Arquitetura BI

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O BI é desenvolvido por um conjunto de sistemas que é construído por um processo

de coleta, análise, compartilhamento, interação e validação de um ciclo de informações

estruturadas,a fim de determinar as estratégias que podem influenciar no negócio

(TURBAN et al., 2009). A informação, uma vez analisada, conectada e validada, deve se

transformar em conhecimento estratégico onde possa permitir uma gerência e gestão

conforme múltiplas situações. A coleta e processamento das informações, envolve a

composição de ferramentas que identificam padrões nos dados armazenados.

A arquitetura de um sistema em BI (Figura 2) é constituída principalmente por

quatro componentes principais: fontes de informação precisas e bem definidas, por

processos de extração, transformação e carregamento (ETL), pela criação de um banco de

dados multidimensional e pelo uso de ferramentas para exploração dos dados, tais como

consultas OLAP ou ferramentas para descoberta do conhecimento (data mining)

(FELBER, 2005).

Figura 2 - Componentes de um sistema de Business Intelligence

Fonte:FELBER, 2005.

Assim, da Figura 2, tem-se:

Fontes Internas: Informações geradas dentro da própria organização

Fontes Externas: Informações solicitadas de fontes externas da organização

ETL: Processo de extração, transformação e carga de dados, bem como a sua

formatação (tratamento).

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DW: DataWarehouse, grande banco de dados histórico, integrado e

estruturado para dar suporte ao processo gerencial.

DM: DataMarts, são pequenos DataWarehouses específicos para cada setor

da empresa.

DataMining: Previsão de dados históricos, técnica para a previsão de

comportamento de determinado produto.

OLAP: OnlineAnalytical Processing, conceito de cubos de decisão, possibilita

ver os dados de várias maneiras para auxiliar na tomada de decisão.

3.3 Necessidade de contextualização no BI

O volume de informações que são geradas, atualmente, torna-se um desafio para os

profissionais de informação no que diz respeito ao armazenamento e ao tratamento delas.

Além disso, Almeida (2011) identifica que não é trivial representar o conteúdo de forma

satisfatória, de modo a permitir que os usuários tenham acesso a informações relevantes.

Assim, as empresas do conhecimento assumem cada vez mais um papel estratégico nas

tomadas de decisão das empresas, a fim de aumentar sua competividade. Dessa mesma

forma, os sistemas de BI surgiram com o objetivo de auxiliar no significado e construção

de ambientes que lhes permitam aumentar a competitividade (LOPES et al., 2005). De

fato, o Business Intelligence é o suporte ideal para a gestão de negócios, coletando e

reunindo todos os dados da organização.

Dessa forma, é cada vez mais importante, poder contar com ferramentas que

aumentem a agilidade e a precisão na recuperação da informação e auxiliem na

padronização desta, de forma a favorecer a tomada de decisão e a gestão estratégica dos

negócios. Para isto, é preciso ter controle sobre o que se quer gerenciar, é preciso que as

informações estejam armazenadas, agrupadas e monitoradas em seu processamento.

Nesse sentido, este trabalho pretende aumentar o valor agregado com o BI, ao incorporar

a ele, através do uso de ontologias, a definição da lógica e dos conceitos do negócio.

Assim, pretende-se integrar à arquitetura do BI uma ontologia em que sejam

representadas a terminologia, as regras de negócio e outras informações sobre os

processos de uma organização, no caso, aquelas que lidam com informação jurídica.

Ontologias são justamente o assunto da próxima seção.

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4 ONTOLOGIAS

O volume de dados inseridos e propagados na rede vem crescendo de forma

desorganizada e desestruturada e, devido a esse crescimento, a utilização de técnicas e

ferramentas para o tratamento e organização de informações torna-se fundamental, além

de poderem colaborar com melhorias na seleção, processamento, recuperação e

disseminação da informação (ALMEIDA, 2006).

Almeida e Bax (2003) diz que as técnicas de tratamento e organização de dados

podem ser estruturadas de diversas formas, podendo a partir dos termos identificados em

glossários ou dicionários, por classificação ou categorias por meio das taxonomias, ou na

apresentação de conceitos e seus relacionamentos, tendo ontologias, tesauros ou redes

semânticas como forma de estruturação. Neste trabalho o foco recai sobre o uso de

ontologia e, como a natureza que cerca a ontologia desafia controvérsias sobre sua

utilidade e legitimidade, ela possui vários conceitos e diferentes aplicações, a depender

do domínio de conhecimento onde é aplicada. Dessa forma, na próxima seção serão

apresentadas algumas das definições existentes na literatura para ontologia.

4.1 Definições para Ontologia

A palavra ontologia, de acordo com Morais e Ambrósio (2007), é composta por

termos derivados do grego ontos (ser) e logos (palavra), porém o termo tem origem na

palavra aristotélica categoria, termo utilizados no sentido de classificação, onde esta

trata, além da natureza do ser e da existência dos entes, as questões metafísicas em geral.

Na Ciência da Informação, Uschold e Gruninger (1996) apresentam o conceito de

ontologias como termos usados para referenciar um conhecimento compartilhado em

algum domínio de interesse, que podem ser usados como uma aplicação unificada para

resolver problemas.

Guarino (1998) apresenta a definição de ontologia em referência a um artefato de

engenharia, constituída por um vocabulário específico usado para descrever uma

determinada realidade e um conjunto de pressupostos explícitos, quanto ao significado

pretendido das palavras do vocabulário. Esse conjunto de pressupostos tem, geralmente, a

forma de uma teoria da lógica de primeira ordem, onde as palavras ou nomes aparecem

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como predicados unários, chamados de conceitos, ou predicados binários, chamados de

relações.

Uma ontologia incluirá, necessariamente, um vocabulário de termos com

especificação de seu significado. Esse vocabulário pode ser representado com distintos

graus de formalismo: desde o mais informal, utilizando-se linguagem natural, até o

rigorosamente formal, representando os termos por meio de uma linguagem formatada,

como uma classificação (SILVA et al, 2009).

Para Morais e Ambrósio (2007) na Ciência da Computação, ontologia é um

modelo de dados que representa um conjunto de conceitos e significados dentro de um

domínio e seus relacionamentos. Para Moreira (2003), uma ontologia, como vista pela

Ciência da Computação é um sistema de conceitos, da mesma forma que os tesauros e,

como tal, pertence ao nível epistemológico e não ao ontológico. Tesauros, segundo

Craven (2002 apud BATRES et al, 2005), são como ferramentas para o controle de

vocabulário que, através do uso de indexadores e buscadores sobre quais termos usar,

pode melhorar significativamente a qualidade da extração de informações.

Já Gruber (1993) define ontologia como sendo uma especificação explícita de uma

conceituação e identifica a construção de uma ontologia por meio de uma estrutura básica

entre classe, relações, funções, axiomas e instâncias. Nessa estrutura, os conceitos

representam elementos de um domínio sobre o qual alguma coisa é dita. Incluem os

objetos do domínio, a descrição de uma tarefa, de uma função, ação, estratégia, entre

outros. As relações representam os tipos de interações entre os conceitos do domínio. São

definidas formalmente como qualquer subconjunto de um produto de n conjuntos. As

funções são relações especiais onde o n-ésimo elemento da relação é único para os n-1

elementos precedentes. Os axiomas são usados para modelar sentenças que são sempre

verdadeiras e as instâncias são usadas para representar elementos da ontologia (PÉREZ,

1999).

O uso da ontologia, para Morais e Ambrósio (2007), é considerado como a

definição e especificação de um vocabulário simbólico para um domínio de discurso

compartilhado, além de apresentar a definição e estruturação das classes, relações,

funções, atributos e outros, uma vez que o principal objetivo da construção de uma

ontologia é a possibilidade de compartilhamento e reutilização do conhecimento.

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36

A Figura 3 apresenta o exemplo de uma estrutura de ontologia sobre o domínio

“Info_Jurídica” e o relacionamento entre as classes dessa ontologia. Nesse exemplo,

ATA, ATO, ACÓRDÃO e ACESSORIA são informações jurídicas. E a classe

“ATA_DE_JULGAMENTO” possui um relacionamento com a classe “ATA” que indica

que uma ATA_DE_JULGAMENTO é também uma ATA.

Figura 3 - Estrutura da Ontologia de domínio jurídico, classe Info_Jurídica

Fonte: Elaborada pelo autor, 2015.

4.2 Usos, vantagens e desvantagens das Ontologias

Na Ciência da Computação, segundo Morais e Ambrósio (2007), ontologias podem

ser utilizadas em diversas áreas, tais como:

a. Recuperação da Informação

b. Processamento de Linguagem Natural

c. Gestão do Conhecimento

d. Web Semântica

e. Educação

Guarino (1998) relaciona várias referências na literatura sobre a utilização de

ontologias em áreas como Engenharia do Conhecimento, modelagem de banco de dados,

modelagem e integração de informações, análise orientada a objetos, extração e

recuperação de informações e modelagem de sistemas baseados em agentes. No contexto

de interoperabilidade na integração entre sistemas, ontologias são consideradas essenciais

na utilização de mapeamento entre os diferentes conceitos e significados dos termos

trocados, na medida em que, segundo Souza e Szafir-Goldstein (2005), os sistemas (da

própria empresa e das outras com as quais ela se relaciona) são usualmente desenvolvidos

por empresas diferentes.

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Para Gruber (1993), o desenvolvimento de uma ontologia tem as vantagens de

ajudar as pessoas a chegarem a um consenso sobre determinadas áreas do conhecimento,

entenderem sobre alguma área do conhecimento, possibilitar que uma máquina utilize

conhecimento em alguma aplicação e possibilitar o compartilhamento de conhecimento

entre máquinas. De acordo com Guizzardi (2000 apud MORAIS; AMBRÓSIO, 2007 p.

4), as ontologias são utilizadas em diversas áreas por trazerem vantagens e terem como

principais benefícios:

a) Comunicação: as ontologias possibilitam a comunicação entre

pessoas acerca de determinado conhecimento, pois permitem

raciocínio e entendimento sobre um domínio. Essa relação auxilia

na obtenção de consenso, principalmente sobre termos técnicos,

entre comunidades profissionais, de pesquisa, etc.

b) Formalização: a formalização está relacionada à especificação da

ontologia, que permite eliminar contradições e inconsistências na

representação de conhecimento, além de não ser ambígua. Além

disso, essa especificação pode ser testada, validada e verificada.

c) Representação de Conhecimento e Reutilização: as ontologias

formam um vocabulário de consenso que permite representar

conhecimento de um domínio em seu nível mais alto de abstração,

possuindo, desta forma, potencial de reutilização.

Guizzardi (2000 apud MORAIS; AMBRÓSIO, 2007p. 5) também ressalta que,

além dos benefícios, a utilização de ontologia pode apresentar alguns problemas, entre

eles:

a) Escolha das Ontologias: a escolha de uma ontologia pode se tornar

um processo político, uma vez que uma ontologia pode não ser

totalmente adequada a todos os indivíduos ou grupos relacionados a

algum domínio específico.

b) Criação e Evolução das Ontologias: Ontologias precisam ser

criadas e evoluir. Poucos trabalhos, entretanto, têm enfocado este

aspecto, principalmente na língua portuguesa.

c) Bibliotecas de Ontologias: a noção de biblioteca de ontologias está

relacionada à independência entre elas. Desta forma, a interface

entre estas ontologias se constitui em um problema, uma vez que

cada uma delas pode ter sido desenvolvida em um contexto

diferente.

d) Metodologia de Desenvolvimento: este é considerado o principal

problema relacionado às ontologias, principalmente pela falta de

trabalhos descrevendo metodologias para seu desenvolvimento.

Existe uma ausência de atividades padronizadas, ciclos de vida e

métodos sistemáticos de desenvolvimento, assim como um conjunto

de critérios de qualidade, técnicas e ferramentas. Isso faz com que o

processo de criação de ontologias seja uma atividade quase

“artística”.

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4.3 Ontologia na Organização da Informação

A Organização da Informação (OI), segundo Brascher e Café (2008, p. 5) é inserida

em um “processo que envolve a descrição física e de conteúdo dos objetos

informacionais”, ou seja, o objetivo principal desse processo é fazer com que os objetos

informacionais, além de terem suas características físicas e de conteúdo representadas

pelos processos de catalogação, indexação e classificação, facilitando sua recuperação,

tenham seus aspectos pragmáticos também levados em consideração. Ainda segundo as

autoras:

A descrição de conteúdo tem por objeto o primeiro dos três elementos

da informação propostos por Fogl – o conhecimento. A descrição física,

por sua vez, direciona-se ao terceiro elemento - o suporte da

informação. O segundo elemento – a linguagem – permeia os dois tipos

de descrição. (BRASCHER; CAFÉ, 2008, p. 6).

Dessa forma, para Sales e Café (2009), as ontologias possibilitam o

compartilhamento de uma visão de determinado assunto, buscando proporcionar um

mapa semântico e uma estrutura conceitual de domínio específico por meio de um

vocabulário comum. Assim, o uso de ontologias comuns implica na descrição do

vocabulário utilizado no compartilhamento de informação entre os agentes inteligentes.

Dessa forma, os agentes agrupados se comunicam sobre um domínio, dispensando o

compartilhamento de uma mesma base de conhecimento. Logo, considera-se que a

ontologia tem como objetivo a descrição de um vocabulário de acordo com um domínio,

tornando-a diferente de uma base de conhecimento, onde busca solucionar um problema

ou responder questões voltadas a um domínio.

4.4 Classificação das Ontologias

Como demonstrado na Figura 4, as ontologias podem ser classificadas, de

acordo com Guarino (1997; 1998), em:

a. Ontologias Genéricas: expressam teorias básicas do mundo, de

caráter bastante abstrato, aplicáveis a qualquer domínio,

conhecimento de senso comum. Tipicamente, ontologias

genéricas definem conceitos tais como coisa, estado, evento,

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processo, ação, etc., com o intuito de serem especializados na

definição de conceitos em uma ontologia de domínio.

b. Ontologias de Domínio: expressam conceituações particulares,

descrevendo o vocabulário relacionado a um domínio genérico

tal como direito.

c. Ontologias de Tarefas: expressam conceituações sobre a

resolução de problemas, independentemente do domínio em

que ocorram, isto é, descrevem o vocabulário relacionado a

uma atividade ou tarefa genérica, tal como processo de vendas.

d. Ontologia de Aplicação: expressam conceitos dependentes do

domínio e da tarefa particulares. Esses conceitos

frequentemente correspondem a papeis desempenhados por

entidades do domínio quando da realização de uma

determinada atividade.

e. Ontologia de Representação: expressam os compromissos

ontológicos embutidos em formalismo de conhecimento.

Fonte:Adaptado de (ALBUQUERQUE, 2003).

A proposta apresentada por Guarino (1998) compreende que ontologias sejam

construídas segundo seu nível de generalidade, como é apresentado na Figura 4. Os

conceitos de uma ontologia de domínio ou de tarefa precisam ser especializações dos

termos que foram introduzidos por uma ontologia genérica. Os conceitos de uma

ontologia de aplicação, por sua vez, devem ser especializações dos termos das ontologias

de domínio e de tarefa.

As ontologias classificadas em nível de detalhe por sua representação em um

domínio específico, é disposta por Guarino e Welty (2000) conforme a Figura 5.

Figura 4 - Classificação de ontologias com base em seu conteúdo

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Fonte: Baseado em(GUARINO; WELTY, 2000)

Na Figura 5, o vocabulário consiste de uma lista de termos e respectivas

definições. Por exemplo, corresponde a uma definição em XML Schema. A taxonomia

define as hierarquias sobre os termos do vocabulário. Cada termo em uma taxonomia

pode estar relacionado a uma ou mais relações do tipo “pai-filho”. O sistema relacional

prevê relacionamentos associativos além dos hierárquicos entre os termos do vocabulário

e, finalmente, a teoria axiomática, além dos relacionamentos, suporta a definição de

regras de inferência e de restrições através de axiomas (GUARINO; WELTY, 2000).

Breitman (2010, p.76) afirma que o desenvolvimento de ontologias deve ser

feito por meio da integração de especialistas, pois “não é um processo linear. Muitas

alterações e refinamentos são necessários para se chegar a um modelo adequado. Um

processo de validação, com especialistas do domínio e futuros usuários é muito

proveitoso no final de cada versão.”

Vale ressaltar que a elaboração deste trabalho está voltada à construção de uma

ontologia de domínio Jurídico, que busca organizar e integrar as informações de soluções

desenvolvidas no ambiente Kurier. Ontologia Jurídica é assunto da próxima subseção.

4.5 Ontologia Jurídica

Neste trabalho, considera-se a ontologia jurídica como o ramo da filosofia que

estuda por definição o ser de Direito. Segundo Batres et al. (2005, p. 76):

Figura 5 - Níveis de representação de uma ontologia

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As ontologias podem permitir uma ampliação da extração de

informação ao fornecer um sistema conceitual expresso por um

conjunto de termos e suas relações que permitem, a partir de um

determinado termo, a localização de termos mais amplos ou mais

genéricos, sinônimos, termos oposto e termos associados em geral.

Na construção de uma ontologia em domínio jurídico, destaca-se o estudo de

Valente (1995), por abordar o uso de ontologias em Leis. O autor destaca que, para se

construir uma ontologia baseada em uma lei, é fundamental adotar uma perspectiva

baseada em uma visualização sistêmica, que possa distinguir o sistema do ambiente e que

determine como estes dois elementos podem se relacionar. Valente ainda ressalta que,

diferente de outros domínios como medicina e mecânica, no domínio de direito não é

fácil distinguir qual é o sistema e qual é o meio ambiente. O motivo dessa distinção é

defendido nos dois campos a seguir (BATRES et al., 2005, p. 77):

O sistema legal que é uma organização legal composta

por vários sub-organismos, e nesta perspectiva o modelo

do sistema legal conteria informações sobre a estrutura do

sistema legal em termos de suas agências, estrutura

interna etc.;

O domínio da aplicação legal que é o domínio da

sociedade que o sistema legal pretende regular. Como um

todo, as leis controlam o comportamento social dos

cidadãos, entretanto normas, e.g., atos administrativos,

específicos regulam subsistemas da sociedade

identificados por objetos, ações etc.

Valente (1995 apud BATRES et al., 2005) ressalta a justificativa do uso de uma

ontologia específica para uma lei (norma), em domínio jurídico. Primeiramente porque o

autor considera inevitável, pois qualquer sistema baseado em conhecimento legal precisa

de algum comprometimento ontológico que determinará o que poderá ser feito ou não. O

autor compreende ainda que as ontologias podem ser utilizadas para produção de

linguagens especialistas ou para representar formalismo. Em terceiro lugar, talvez o mais

importante, o uso de ontologias servem para implementar estratégias de “dividir e

conquistar”, definindo então o domínio e os termos de categorias primitivas de

conhecimentos (entidades) e os seus relacionamentos.

Assim, Valente (1995 apud BATRES et al., 2005) destaca que há potencial para

que as ontologias de domínio jurídico possam se interconectar e, desta forma, caminhar a

uma visão horizontal das potencialidades do uso de ontologias a fim de explicar todo um

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fenômeno jurídico. Portanto uma ontologia por definir que tipos de conclusões, garantias

de argumentos usuais ou válidos em um domínio, e isto pode ser considerado um fator

relevante se o raciocínio jurídico for visto como o produtor de argumentos legais.

4.6 Critérios para Construção de Ontologias

De acordo com Carlan (2006, p. 29, apud SOUZA JR, 2014) e pautados em

Gruber (1993), cinco critérios são apresentados para a construção de ontologias: clareza,

coerência, extensibilidade, compromisso mínimo com a implementação e compromisso

ontológico, buscando assim uma criação eficiente que permita a interoperabilidade entre

os programas e a construção de conhecimento compartilhado. Esses critérios serão

detalhados a seguir.

Clareza: uma ontologia deve, efetivamente, comunicar o significado pretendido dos

termos definidos. Onde for possível uma definição completa é preferida em relação a

uma definição parcial. E todas as definições devem ser documentadas com linguagem

natural, para reforçar a clareza.

Coerência: uma ontologia deve ser coerente, isto é, as inferências devem ser

consistentes com as definições. A coerência também deve ser aplicada para os

conceitos que são definidos informalmente, como aqueles descritos em documentos

de linguagem natural.

Extensibilidade: uma ontologia deve ser projetada para antecipar usos de vocabulário

compartilhado, ou seja, uma ontologia deve oferecer um conceito fundamentado por

uma gama de tarefas antecipadas e sua representação deve ser hábil para que possa

ser estendida e especializada. Em outras palavras, uma ontologia deve ser capaz de

definir novos termos para usos especiais baseado em um vocabulário já existente, de

modo que não requeira a revisão de definições existentes.

Compromisso mínimo com implementação: a conceituação deve ser especificada

no nível do conhecimento, sem depender de uma codificação particular no nível

simbólico ou de codificação. Uma tendência de codificação resulta quando escolhas

de representação são feitas puramente para a conveniência de notação ou

implementação. Assim, essa tendência de codificação deve ser minimizada porque os

agentes que compartilham conhecimento podem ser implementados em diferentes

sistemas e estilos de representações.

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Compromisso ontológico mínimo: uma ontologia requer o mínimo compromisso

ontológico, suficiente para atender à intenção da atividade compartilhada do

conhecimento. Uma ontologia deve fazer poucas imposições sobre o mundo que está

sendo modelado, permitindo que as partes comprometidas com a ontologia fiquem

livres para especializar e instanciar a ontologia, sempre que necessário.

4.7 A linguagem OWL no desenvolvimento da Ontologia

Existem diversas linguagens que podem ser utilizadas para expressar as

ontologias, tais como: XML, RDF, RDF-S (SOUZA; ALVARENGA, 2004) e OWL.

Entre estas, a OWL foi a escolhida para desenvolvimento da ontologia, devido a larga

utilização desta linguagem na pesquisa e desenvolvimento da Web Semântica e por ter

sido desenvolvida para atender aplicações que necessitam processar os conteúdos

informacionais ao invés de, simplesmente, apresentar a informação ao usuário

(ARAUJO; MARQUES RICARTE, 2010).

Segundo Araujo e Marques Ricarte (2010, p.3), a linguagem OWL “se tornou

nos últimos anos o esforço dominante de padronização da comunidade de pesquisa

internacional para a interoperabilidade entre ontologias”. Logo, com a escolha da OWL, a

ontologia aqui desenvolvida poderá relacionar-se com outras ontologias em domínios

jurídicos que também estejam expressas em OWL. Outro ponto é que a linguagem

possibilita realizar extração de partes, união, mapeamento e importação de ontologias

para diferentes aplicações, pois a utilização de uma linguagem padrão para expressar

ontologias busca facilitar a interoperabilidade entre diferentes aplicações.

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5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Segundo Roesch (1999), a utilização de métodos e técnicas torna o trabalho mais

completo, pois constrói uma variedade rica de situações e problemas encontrados dentro

das organizações. Para Richardson (1999, p.22), "a metodologia são procedimentos e

regras utilizadas por determinado método científico (...)".

A pesquisa aqui apresentada quanto aos meios, classifica-se como exploratória

ou bibliográfica que, segundo Michel (2009), tem como propósito identificar informações

e subsídios para a definição dos objetivos, dos tópicos do referencial teórico. Abordando

a bibliografia pelo estudo sistematizado, desenvolvido com base em material publicado e

exploratória por ser realizada em área que se tem pouco conhecimento.

Quanto aos fins, o trabalho classifica-se em pesquisa de inovação ou

tecnológica, onde pertence ao campo de conhecimento aplicado, utilizando então

conhecimentos resultantes da pesquisa e transformando produtos já criados em produtos

melhorados que podem ser comercializados (MICHEL, 2009).

O método escolhido foi o de estudo de caso, por explorar o desenvolvimento de

produtos/soluções da empresa Kurier, bem como organizar todo processo de informação

jurídica conforme a construção, desenvolvimento e uso de ontologia aplicada na

inteligência de negócios.

Com relação a abordagem do problema, define-se a pesquisa como qualitativa,

por apresentar à empresa métodos eficazes voltados a business intelligence, em domínio

controlado. Esse tipo de análise trabalha com o universo de significados, valores, crenças

e atitudes, correspondendo a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos

fenômenos aos quais não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

(MINAYO, 2000).

5.1 Universo da pesquisa

As informações jurídicas que são capturadas e tratadas na Kurier serão

integradas em uma única base, a qual deverá se apresentar de forma lógica, hierárquica e

prática, permitindo ao cliente pesquisar informações de cunho descritivo, temático e

também contextual, através da interoperabilidade fornecida pelo sistema de busca. Trata-

se, portanto, de abarcar logística e, estrategicamente, dados, para gerar informações que

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reflitam representações e possibilitem ao cliente interpretar, inferir e tomar decisão. Os

procedimentos metodológicos definidos para essa finalidade estão descritos no Quadro 6.

Quadro 6 - Descrição dos Procedimentos Metodológicos

METODOLOGIA

Especificar detalhadamente o

que se tem e o que se pode ter de

informação jurídica no Banco de

Dados (leis, jurisprudências,

processos e informações dos

Diários)

Listar todas as informações que são extraídas e tratadas no domínio

da Kurier (Registrar os filtros para pesquisa de informações que são

enviadas para os clientes) e, depois, categorizá-las

hierarquicamente.

Tal especificação pretende, além da categorização dos produtos, sua

respectiva conceitualização e função dentro do domínio em questão

– o conjunto de informações jurídicas da Kurier.

Criar um dicionário com todos

os conteúdos que há de

informação jurídica no domínio

da Kurier.

Elencar alfabeticamente os termos e conceituar os mesmos (este

dicionário pode ser uma adaptação do que já se verifica no Superior

Tribunal Federal3, contudo, será necessária uma análise do que

existe na Kurier e, junto com o especialista, verificar quais termos a

mais podem ser inseridos.

Um grupo de termos que não estejam, ainda, dentro do escopo deve

ser considerado, tendo em vista que, novas etiquetas e regras serão

reconstruídas e/ou criadas para recuperar e relacionar os dados

solicitados pelos clientes.

Elaborar, com os termos do

dicionário, uma árvore

hierárquica com classes e

subclasses com termos gerais e

específicos e também termos

relacionados

As especificações aqui feitas servirão para organizar a ontologia, a

qual pode ser disponibilizada para o cliente consultar os termos

principais e escolher, entre os termos específicos e relacionados, o

que de fato lhe interessa para o momento. Para isso, servirá como

base o tesauro do STF. Deste, serão utilizados apenas os termos que

correspondem ao que existe dentro do domínio de informação

jurídica da Kurier. Os demais termos poderão ser incorporados,

conforme sugestão do especialista.

Desenhar uma modelagem de

base de pesquisa para o cliente,

considerando como campos de

busca unidades de descrição

física (tipo de doc, partes, local,

data) e unidades Temáticas

(assuntos principais e temas

relacionados)

Tendo como base os modelos de alguns tribunais, será elaborado um

layout com os campos de busca. O aspecto central desta modelagem

visa tornar o sistema flexível ao relacionamento das informações,

para gerar contextos como resultado de buscas (por exemplo, o

cliente/usuário solicitar um assunto, em locais e datas diferentes e

cobrindo ainda aspectos adjacentes à sua busca inicial, através do

relacionamento das informações).

Utilizar as linguagens OWL e

RDF, as quais permitem que os

agentes cruzem informações

gerando resultados com

contextos

Para utilizar tais linguagens, se adotará no estudo o sistema de

edição Protégé (plataforma em JAVA de código aberto), no qual se

poderá identificar como são elaboradas as classes e subclasses de

uma ontologia. Após o estudo da ferramenta, será iniciada uma

etapa de teste da informação anteriormente organizada, visando

visualizar como o sistema a apresenta e qual o grau de inferência do

sistema ao se intercruzarem informações.

3 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Disponível em http://www.stf.jus.br.

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Criar fluxo de atividades de

desenvolvimento do projeto

Aqui todas etapas terão descritas os requisitos e seus executores

(desenvolvedores e analistas). Cada atividade implicará no

andamento de outra posterior, inclusive as análises e pareceres dos

testes que serão realizados, bem como os ajustes do sistema.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

5.2 Etapas de Construção da Ontologia

Para representar as etapas de construção da ontologia utilizou-se a modelagem

dos processos através da notação BPMN4 (vide Figura 6), que visa auxiliar a gestão de

Tecnologia da Informação na identificação do mapeamento dos processos, fornecendo

uma notação gráfica para gestão, documentação, operação, monitoramento e controle dos

processos, de forma a manter estes processos constantemente alinhados aos objetivos

estratégicos organizacionais. Para realizar a modelagem, do processo de construção,

desenvolvimento da ontologia foi utilizada a ferramenta Bizagi Process Modeler

(BIZAGI PROCESS MODELER, 2015).

Foi necessário registrar o que cada produto Kurier demandava e considerar que

nem todas as informações extraídas dos produtos seriam enviadas para o cliente. Assim,

foi preciso, internamente, além de controlar as informações extraídas de cada produto,

realizar um controle maior, através do agrupamento das informações por meio de um

vocabulário controlado (unificado) dos campos. O foco estava na padronização dos

campos de pesquisas utilizado nos produtos Kurier, com o objetivo de extração e análise

das informações físicas descritas entre processos (número do processo, autor, reú, valor

da ação, entre outros) e publicações (caderno do Diário, número de página do Diário, data

de publicação). Sendo assim necessária a construção de um vocabulário controlado dos

campos para proporcionar uma melhor performance da interoperabilidade entre os

sistemas.

4BPMN (Business Process Modeling Notation) é uma notação padrão que representa processos de

negócios por meio de diagramas de processos de negócio (Business Process Diagram - BPD)

Disponível em: (http://www.devmedia.com.br/introducao-ao-business-process-modeling-notation-

bpmn/29892)

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Figura 6 -Etapas de Construção da Ontologia Kurier BI

44 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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Kick Off

•1. Captura e Especificação de Requisitos

•2. Identificação de questões de Competências

•3.Ontologia com potencial de reutilização são estudadas

•4. Construção da primeira versão da Ontologia

Refinamento

•1. Construção de uma Ontologia mais madura e orientada a aplicação

Avaliação

•1. Check dos requisitos e questões de competência

Manutenção

•1. Configurações e melhoria contínua

Para isto, contou-se com ferramentas como a padronização de termos dos filtros e

das informações jurídicas e uma hierarquia de classes e subclasses. Nesse sentido, as classes e

subclasses foram compostas por termos gerais, específicos e de relacionamento das

informações. As ferramentas de BI forneceram uma visão sistêmica do negócio e ajudaram na

distribuição uniforme dos dados entre os usuários, sendo seu objetivo principal transformar

grandes quantidades de dados em informações de qualidade para a tomada de decisões.

Para a construção em si da ontologia, foi importante escolher um método. Gubiani et

al. (2009) apresenta modelos de metodologias de desenvolvimento de ontologias, no intuito

de sistematizar sua construção e manipulação. Entre os modelos apresentados, foi discutido na

empresa e validado o uso do método On To Knowledge, que é baseado em quatro fases (kick-

off, refinamento, avaliação e manutenção) como apresentado na Figura 7.

.

Fonte: Baseado em (MORAIS; AMBRÓSIO,2007)

No kick-off, os requisitos para construção da ontologia são capturados e

especificados, questões de competência são identificadas, ontologias potencialmente

reutilizáveis são estudadas e uma primeira versão da ontologia é construída. No refinamento,

uma ontologia mais madura é construída a partir da primeira versão. Na avaliação, os

requisitos e as questões de competência são checados e a ontologia é colocada em ambiente

Figura 7 - Processo da metodologia On To Knowledge

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de produção. A manutenção envolve atividades de adaptação da ontologia às mudanças nos

requisitos e correção de erros (MORAIS; AMBRÓSIO, 2007).

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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Esta seção visa apresentar o contexto de realização dessa pesquisa, além dos

resultados obtidos com a sua realização, abrangendo o planejamento e construção de uma

ontologia jurídica aplicada na inteligência de negócios.

6.1 Identificação da Empresa onde a Pesquisa foi Realizada

Kurier é uma organização privada, nacional e de médio porte, com 12 anos de

experiência no mercado de Recuperação de Informação e possui soluções para a área Jurídica,

de Análise de Risco e de Marketing. Ela utiliza tecnologias de recuperação, extração, análise e

distribuição de informações. Toda a tecnologia utilizada é desenvolvida dentro da própria

empresa e, portanto, pode atender as necessidades mais específicas de seus clientes (KURIER,

2015).Para isso, a empresa conta com uma área de pesquisa e desenvolvimento que busca

sempre melhorar as tecnologias já desenvolvidas e inovar com o lançamento de soluções que

atendam às necessidades do mercado. A equipe de especialistas trabalha em parceria com

universidades, centros tecnológicos e instituições fomentadoras de pesquisa.

A Kurier conta com um quadro de aproximadamente 600 funcionários formados nas

seguintes áreas do conhecimento: Administração, Direito, Gestão da Informação, Jornalismo,

Tecnologia da Informação, Comunicação, Social Media e Designer. A organização possui

diversas filiais no Brasil (São Paulo, Recife, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto

Alegre, Salvador, Fortaleza e Natal). Atualmente, possui mais de 1.500 clientes espalhados

por todo Brasil (entre eles: Coca-Cola, Celpe, Correios, Queiroz Galvão, Natura, Petrobrás,

SEBRAE, Embratel, Claro, Unimed e outros) (KURIER, 2015).

A Kurier é composta por setores interdependentes que buscam desenvolver, operar e

comercializar suas soluções, além do setor que compreende o capital humano da organização,

como pode ser visualizado na Figura 8.

6.2 Sistemas e Soluções Kurier

A Kurier Tecnologia em Informação oferece soluções voltadas especificamente para

as necessidades de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos, com soluções para as

áreas jurídicas, de análise de risco e de marketing (KURIER, 2015). A empresa se propõe a

oferecer informação estruturada para determinadas áreas do conhecimento que necessitam de

informação de qualidade, mas que não conseguem recuperar o que desejam de forma rápida e

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segura. Dessa forma, a Kurier atende pequenos, médios e grandes escritórios de advocacia

assim como departamentos jurídicos de empresas em variados setores da economia.

Figura 8 - Organograma da Kurier

Fonte: Elaborada pelo autor, 2015.

A empresa desenvolveu soluções quanto à recuperação da informação em fontes

jurídicas e, por meio destas informações, construiu métodos de estruturação de informações, a

fim de atender a finalidade de cada solução. Fazem parte do portfólio da empresa os produtos

a seguir descritos. Vale ressaltar que esses produtos podem ser personalizados de acordo com

a necessidade de cada cliente (KURIER, 2015).

O Kurier Ações é um repositório desenvolvido para atender à demanda de bureaux de

crédito e empresas que precisam de informações sobre inadimplência, execuções fiscais e

execuções de títulos. Com uma pesquisa nos diários oficiais e de tribunais de todas as

varas e comarcas do Brasil, o sistema encontra automaticamente as ações sobre um

determinado tema.

O Kurier Baixa é uma solução que monitora e identifica as baixas de processo

envolvendo o nome de uma empresa ou cliente. Esse serviço ajuda a conferir mais

agilidade, organização e clareza aos procedimentos jurídicos das companhias que o

utilizam, sendo indicado, sobretudo, para empresas de grande porte, onde há necessidade

de acompanhar um alto volume de processos cotidianamente. Outro impacto positivo

gerado pelo uso desta solução pelas empresas é uma redução significativa de custos, uma

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52

vez que as informações estratégicas fornecidas pelo serviço evitam o direcionamento de

recursos para a resolução de processos já extintos.

O Kurier Jurídico é um serviço para recuperação de publicações nos diários de justiça e

diários oficiais de todo o Brasil. Isso porque possui tecnologia que possibilita identificar,

extrair, estruturar e enviar as ocorrências de forma automática, efetuando pesquisas

através de qualquer chave válida de busca – pessoa física, pessoa jurídica, advogado ou

OAB.

O Kurier Integração é um serviço que identifica, estrutura e envia informações

diariamente aos clientes de uma empresa ou organização, de forma precisa e sem lixo. A

pesquisa é realizada com todas as informações cadastradas no seu sistema de

acompanhamento de processos (parte interessada, parte contrária, número de processo,

nome do advogado, comarca etc.), o que possibilita resolver o problema de distribuições

das publicações e da segurança na manipulação das informações.

O Kurier Distribuição realiza um trabalho de monitoramento de todas as distribuições

em nome de uma empresa e de seus clientes, de forma sistematizada e customizada.

Indicado para empresas, escritórios de advocacia ou departamento jurídico de empresas.

O Kurier BPO é um serviço que possibilita o acesso a informações de todo processo

jurídico nos fóruns e tribunais, através de suas iniciais. Escritórios e empresas que

possuem a necessidade de digitalização dos processos, encontrados em fóruns, podem ter

acesso desde a inicial ao processo inteiro. As ocorrências são registradas como

solicitações de serviço.

O Kurier News é um sistema de busca automática com recursos de inteligência artificial

que monitoram tudo que falam e pensam da sua marca, imagem e produtos em mais de

200 blogs, 700 sites, além de Facebook (fanpages, grupos, perfis), Twitter, Youtube,

Google + , Instagram, Reclame Aqui, Flickr , Fóruns, Revistas, e outros meios.

O Kurier Leis é um aplicativo que tem proposta de dar mais dinamismo e agilidade à

rotina de trabalho dos profissionais da área jurídica. Com a ferramenta, é possível realizar

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pesquisas rápidas e com altos índices de assertividade referentes a todas as Leis, Projetos,

Decretos e Portarias existentes no Brasil, considerando não apenas o objeto principal da

busca (ou seja, a Lei em si), mas também todos os outros documentos a ela relacionados

(alterações, emendas, revogações, citações, etc.).

O Kurier Merídio solução indicada para gerenciamento eficiente de um escritório de

advocacia ou departamento jurídico. Otimiza todas as tarefas operacionais e gerenciais de

forma simples e fácil, aumentando a produtividade, eliminando retrabalho e reduzindo

custos.

Esses produtos estão resumidos na Figura 9, com base na estruturação dos documentos

jurídicos.

Figura 9 - Produtos Kurier estruturados sobre os Documentos Jurídicos

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

6.3 O Processo de Construção da Ontologia

Para construção da ontologia, como já especificado nos procedimentos

metodológicos foi adotado o método On To Knowledge. As atividades realizadas em cada

etapa desse método serão descritas a seguir.

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6.3.1 Etapa de Kick Off

A) Captura e Especificação de requisitos– foram definidos nesta etapa os seguintes

requisitos para a ontologia:

A ontologia deve ser editada no Protégé 5;

A ontologia será editada em língua portuguesa;

A ontologia deverá ser configurada para servir como modelo para as tabelas do banco

Kurier;

A ontologia deve ser criada seguindo o padrão OWL;

As classes principais da ontologia deverão corresponder a informações coerentes com os

produtos Kurier e seu detalhamento (propriedades, equivalências, relações e instâncias)

seguir uma lógica que possibilite um fluxo de trabalho centrado no domínio jurídico;

Em caso de novas informações e alterações, o especialista do domínio deve estar

presente, para validar as possíveis alterações, auxiliando na discussão sobre os impactos

das mesmas na ontologia, bem como no banco que nela se espelha;

Novos produtos devem ser contemplados dentro da ontologia desde que antes sejam

validados pelos gestores e especialistas.

B) Identificação de questões de competência

A identificação das questões de competências apresentadas a seguir (Quadro 7) foi

feita através de reuniões internas com a finalidade de compreender a construção da ontologia

e, assim, definir competências que poderiam ser desenvolvidas após a construção da ontologia

K BI.

Quadro 7 - Questões de Competência da Ontologia Kurier BI

Questões de Competência

1. Ações mais acionadas

2. Assuntos que tiveram decisões mais favoráveis

3. Assuntos que tiveram decisões menos favoráveis

4. Se pessoa jurídica, qual o tipo de atividade econômica (CNAE na receita)

5. Quantidade de processos: UF x Câmara x Vara x tipo x mês/ano?

6. Quantidade de processos ativos?

7. Quantidade de processos favorável ao autor / pólo ativo?

8. Quantidade de processos ativos favorável ao Réu / pólo passivo?

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9. Quais termos identificam a matéria, a decisão?

10. Quantas decisões foram julgadas conforme uma determinada sentença /decisão?

11. Quantas vezes o assunto sobre falência aparece em um processo de 1ª instância na comarca

do Recife?

12. Quantas vezes o tema sobre telefonia aparece na vara de Camocim?

13. Quantas vezes o tema sobre privacidade de dados na internet aparece na 2ª instância e quem

ganha a ação/causa?

14. Quais os temas mais incidentes relativos a processos contra banco nos anos de 2012, 2013 e

2014.

15. Qual a sentença dada para o processo referente a danos materiais advindos de uma colisão

de automóvel?

16. Em Pernambuco, quantos processos sobre acidente de trânsito tramitam em sede de

Juizados Especiais Cíveis?

17. Quantos processos de execução fiscal foram julgados na Vara da Fazenda Pública na

comarca do Recife? E quantos estão ativos? E a quem a maioria é favorável, ao réu ou ao

autor?

18. Quantas ações foram julgadas procedentes tratando de execução de títulos extrajudiciais na

Comarca de Escada?

19. Qual a matéria é mais recorrente na Vara da Família na Comarca de Palmares?

20. Quantas ações distribuídas desde o ano de 2013 versam sobre DPVAT no estado do Ceará?

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

C) Ontologia com potencial de reutilização é estudada

Para apresentar um modelo de ontologia de domínio que pudesse estabelecer um

núcleo de integração entre as soluções Kurier, foi fundamental realizar um levantamento dos

metadados, por meio da descrição física dos documentos jurídicos (ver Quadro 8), que

facilitasse a construção de uma solução que buscasse informações precisas em produtos já

comercializados. E, dessa forma, acrescentar os demais metadados que pudessem atender, de

forma geral, o setor de desenvolvimento dos sistemas, de operações de sistemas e, também, ao

cliente final.

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Quadro 8 – Descrição física dos documentos jurídicos na ontologia Kurier BI

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

D) Construção da primeira versão da Ontologia

Foi construído um protótipo da ontologia Kurier BI, Figura 10, tendo como base o

documento jurídico denominado “processo”, por ter um acompanhamento mais fiel no nível

de produção operacional da etapa da ontologia a ser criada. O processo jurídico, conforme a

Figura 10, deve compreender basicamente a instância que é distribuído, podendo este atender

a um acórdão, despacho ou decisão, atendendo então a um “status” ou andamento processual

identificando, ou não, os pólos definidos (passivo – réu, ativo – autor).

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Figura 10 - Protótipo da Ontologia Kurier BI – base documento jurídico PROCESSO

Fonte: Elaborada pelo autor, 2015.

Nesta seção, é importante ressaltar a diferença entre o processo judicial físico e o

processo judicial eletrônico. Essa diferença é expressa no Quadro 9. E a modelagem feita da

ontologia para o processo judicial pode ser visualizada na Figura 11.

Quadro 9 – Processo jurídico físico x processo jurídico digital

PROCESSO JUDICIAL

Elemento/

Atributo Conceito Atual Eletrônica

Míd

ia Meio, veículo,

suporte de

transmissão de

pensamento

Papel Bits

Inte

gri

da

de

Ex

trín

seca

Qualidade de

inteiro do

documento,

considerado em si

1. Autuação e formação dos

autos

1. Registro eletrônico indelével em

banco de dados externo ao sistema

processual

2. Autos suplementares

2. Cópias de segurança diárias dos

documentos produzidos, permitindo a

recuperação em caso de dúvida.

3. Guarda pessoal dos autos

a cargo do escrivão

3. Implementação de sistemas de

segurança física e lógica de

equipamentos e dados.

4. Folhas rubricadas pelo

escrivão

4. Acesso restrito ao sistema e às funções

de produção de documentos a servidores

autorizados.

5. Direito a recibos às partes 5. Possibilidade, a qualquer tempo, de se

consultar e imprimir os documentos.

PROCESSO

É uma fonte júridica

Trâmita em

1ª e 2ª Instância

Nasce no setor de distribuição de processos

Pode ser

Acórdão

Despacho

Decisão

Tem

partes

NPU

Status

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58

Inte

gri

da

de

Intr

ínse

ca

Completude da

idéia registrada

originalmente no

documento

1. Proibição de cotas

marginais ou interlineares e

de espaços em branco.

x 2. Utilização de tinta escura

e indelével.

3. Direito a recibos às partes.

Au

ten

tici

da

de

Autoria garantida e

comprovável

1. Conferência, pelo

escrivão, de cópias com os

documentos originais.

1.Conferência, pelo escrivão, de cópias

eletrônicas com os documentos originais.

2. Rubricas do escrivão no

documento apresentado.

2.Assinaturas eletrônicas do escrivão no

documento eletrônico apresentado.

3. Assinaturas e rubricas do

próprio emitente.

3.Assinaturas digitais presenciais do

próprio emitente.

4. Reconhecimento de

firmas por tabelião.

4.Certificação de transações remotas

efetuadas por usuários previamente

cadastrados.

x 5. Aceite de documentos dotados de

certificados eletrônicos (ICP-Brasil)

Fé dos

documentos

gerados fora

do processo

Confiança no

conteúdo expresso

no documento

gerado fora do

cartório judicial

Decorre da presunção

(relativa) de boa-fé de quem

trouxe o documento para o

processo

x

Fé dos

documentos

gerados no

processo

Confiança no

conteúdo expresso

no documento

gerado em cartório

judicial

Trata-se da fé pública, ficção

jurídica criada pela lei

1. Presunção legal de fé pública.

2. Inserção de código de autenticidade

em cada documento gerado no processo

e assinado eletronicamente.

Seg

red

o (

na

s

hip

óte

ses

leg

ais

).

Impossibilidade de

acesso por pessoas

não autorizadas a

Determinados

documentos e

autos

Controle efetuado pelo

escrivão ou servidores no

momento em que o

interessado pleiteia o acesso

ao documento ou aos autos

sigilosos

Controle de acesso a documentos e a

autos efetuados automaticamente pelo

sistema no momento em que o

consulente tenta acessá-los.

Ex

am

e d

este

s

atr

ibu

tos

Forma de se

comprovar a

integridade e a

autenticidade dos

documentos dos

autos

Perícia documentos cópica e

grafotécnica

Perícia informática: auditoria de sistemas

e dados.

Fonte: Adaptado de (SOARES, 2012).

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Figura 11 - Esquema de montagem da ontologia relacionada ao processo judicial

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

O processo jurídico, no universo da ontologia do K BI, apresenta as subclasses por

meio dos metadados contidos (ou não, pois há processos distribuídos pela justiça que podem

não conter referências apresentadas nas subclasses aqui definida) na busca, recuperação e

análises dos processos considerando as partes envolvidas, o grau de jurisdição ou instância na

qual o processo vem a circular os tipos dos processos, bem como as movimentações

processuais que podem ter sua fase inicial na “data de distribuição” ou “data de publicação”

até a “baixa processual” quando o processo (ação) for considerado finalizado.

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O objetivo dessa etapa é apresentar uma ontologia mais madura e mais definida que

possa atender aos requisitos apresentados. Para isso foram realizadas as seguintes atividades:

Definição das Classes

As classes compreenderam o universo jurídico em um contexto integral que busca

apresentar desde a documentação jurídica, passando pelas entidades que dispõe das origens

jurídicas, as instituições legais que tramitam os documentos por meio de sua localização

geográfica, até os sujeitos interessados nas ações. Assim, primeiro foi feito o mapeamento das

superclasses da ontologia: Documentos Legais, Entidades Abstratas, Instituições Legais.

Localização Geográfica e Sujeito (Figura 12).

Figura 12 – Superclasses da Ontologia no universo jurídico Kurier

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Depois, foram definidas as subclasses de cada superclasse (Figura 13).

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Figura 13 - Mapeamento das Subclasses das Superclasses na Ontologia no Universo Jurídico Kurier

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Dessa forma, para a superclasse dos Documentos Legais foram definidas as

subclasses Constituição, Diário Oficial, Legislação, Processo e Publicação (Figura 14).

Figura 14 - Mapeamento da superclasse “Documentos Legais”

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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Para a superclasse Entidades Abstratas foram definidas as subclasses Classe

Processual, Comarca, Decisão Judicial, Movimentação Processual, Sentença e Tipo De

Decisão (Figura 15).

Figura 15 - Mapeamento da superclasse "Entidades Abstratas"

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Para superclasse Instituições Legais foram definidas as subclasses Instituições Da

Justiça Especializada, Instituições Da Justiça Federal e Supremo Tribunal Federal (Figura 16).

Figura 16 - Mapeamento da superclasse “Instituições Legais”

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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Para a superclasse da Localização Geográfica foram definidas as subclasses Cidade e

Estado (Figura 17).

Figura 17 - Mapeamento da superclasse “Localização Geográfica”.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

O mapeamento da superclasse “Localização Geográfica” atende ao Estado e as

Cidades, assim como o relacionamento entre as duas subclasses com as comarcas, pois todas

as comarcas são vinculadas a uma cidade, ou um conjunto de comarcas é vinculado a uma

cidade, compreendendo então uma esfera jurídica em potencial por meio da localização

geográfica.

E, finalmente, para a superclasse Sujeito Processual foram definidas as subclasses

Advogado, Defensor Público, Desembargador, Juiz, Jurado, Ministro, Oficial de Justiça,

Pessoa, Promotor, Relator e Testemunha (Figura 18).

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Figura 18 - Mapeamento da superclasse “Sujeito Processual”

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

A integração entre as superclasses no Universo Jurídico Kurier é apresentada na

Figura 19, onde pode ser visualizado o mapeamento do conjunto das superclasses que fazem

parte da ontologia construída.

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Figura 19 - Integração das superclasses da Ontologia no Universo Jurídico Kurier

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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66

Na Figura 20, nas superclasses “Entidades Abstratas” e “Localização Geográfica” é

possível perceber o relacionamento entre Comarcas e Cidade, pois todas as comarcas devem

obrigatoriamente pertencer a uma cidade e uma cidade pode apresentar vários núcleos de

comarcas. Para exemplificar, pode-se observar que as cidades identificadas na Figura 20

(Recife, Camaragibe e Fortaleza) foram mapeadas na Figura 21.

Figura 20 - Relacionamento entre Comarca e Cidade

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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67

Figura 21 – Exemplo de relacionamento da subclasse Comarca com Cidade e com as subclasses de Entidades Abstratas

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Definição das Propriedades

Durante a construção da ontologia, foram criadas propriedades (Figura 22) com o

objetivo de descrever as classes e as propriedades existentes entre essas classes (Figura 23).

Na Figura 22 é possível verificar que foram estabelecidas 45 propriedades entre as classes,

totalizando 118 data properties distribuídos na ontologia como um todo.

Figura 22 – Propriedades da Ontologia no Universo Jurídico Kurier

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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Figura 23 - Propriedades entre as classes da Ontologia no Universo Jurídico Kurier

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Na Figura 24, uma exemplo de data property, denominada “temCPF” da subclasse

“Pessoa_Física”, que pertence a subclasse “Pessoa”, que foi mapeada a partir da superclasse

“Sujeito Processual”.

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69

Figura 24 – Exemplo de Data Property "tem CPF" sob domínio de “Pessoa Física”

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Definição dos Relacionamentos

No desenvolvimento da ontologia foram criados relacionamentos, com o objetivo de

descrever as classes e os relacionamentos existentes entre elas, ver Figura 26. Conforme a

Figura 25, pode-se verificar que foram estabelecidas 29 relacionamentos entre as classes, e

totalizando 79 object properties distribuídos na ontologia como um todo.

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Figura 25 - Relacionamentos da Ontologia no Universo Jurídico Kurier

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Figura 26 - Relacionamentos entre as classes da Ontologia no Universo Jurídico Kurier

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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Na Figura 27, um exemplo de object property “temSentença”, da subclasse “Decisão

Judicial” que pertence a superclasse “Entidades Abstratas” e seu relacionamento com o range

“Sentença”.

Figura 27 – Exemplo da Property "tem Sentença" sob domínio “Decisão Judicial” e range “Setença”

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

6.3.2 Etapa Avaliação: Check dos requisitos e questões de competências

A ontologia desenvolvida foi avaliada pelo núcleo de especialistas consultores e

colaboradores da Kurier, advogados, analistas de informação, estatístico, engenheiros de

softwares, etc., que juntos, avaliaram e aprovaram o uso da ontologia. Sendo assim, será dada

continuidade às demais etapas da construção do Kurier Business Intelligence.

6.3.3 Etapa Manutenção: Configurações e Melhoria contínua

A manutenção e a melhoria contínua faz parte de qualquer ciclo de projeto que busque

atuar em um mercado extremamente competitivo, agregando assim recursos de qualidade e

valor de uso sobre o(a) produto/solução desenvolvido(a), bem como a adoção e retenção dos

colaboradores envolvidos no desenvolvimento do projeto. Assim, a ontologia será revisada

sempre que for percebido qualquer tipo de atualização no Poder Judiciário, seja em suas

regras jurisdicionais, ou atualização em quaisquer uns dos documentos que atendam aos

produtos da Kurier, por meio dos processos, publicações, leis e jurisprudência.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na construção da Ontologia para a empresa Kurier foram trabalhados aspectos da

Ciência da Informação, por se buscar a organização da informação e, assim, atender as

necessidades organizacionais de desenvolvimento de soluções Kurier. Assim, como foi

trabalhada a Ciência da Computação na perspectiva dela poder oferecer ferramentas que

auxiliassem no desenvolvimento das técnicas pertencentes a Ciência da Informação. Sobre essa

integração das ciências, compreende-se que ambas cooperaram para atender a construção

definitiva da ontologia de domínio jurídico Kurier BI, que foi desenvolvida no software livre

Protégé (versão 5). Esse software auxilia na implementação de estruturas de modelos de

conhecimento e possui ações que dão suporte a criação, visualização e manipulação de

ontologias em vários formatos de representação (PROTÉGÉ, 2015).

O método On To Knowledge se mostrou eficaz ao ser trabalhado em conjunto com os

especialistas das áreas relacionadas (Direito, Ciência da Informação, Administração e Ciência

da Computação) e com a ferramenta Protégé. Por isso, foi possível seguir os passos descritos

no método para a construção da ontologia, fazendo uso da ferramenta, pois ela proporcionou

um ambiente de fácil manipulação para os usuários que eram iniciantes na construção de

ontologias. Quanto à linguagem OWL, a ferramenta Protégé possibilita a exportação de código

nessa linguagem, possibilitando assim o reuso do código que será disponibilizado em

bibliotecas de ontologias.

Dessa forma, corroborando com o guia Ontology Development 101 (NOY;

MCGUINNESS, 2014), é clara a necessidade de definir o domínio e o escopo da ontologia.

Sobretudo, na utilização de questões de competência para tal delineamento, necessidades estas

estudadas no universo da empresa Kurier, com o estudo do domínio jurídico através da

compreensão das características físicas dos documentos jurídico trabalhados na empresa.

O desenvolvimento deste trabalho atendeu de forma satisfatória aos objetivos

inicialmente propostos por meio do planejamento, construção e avaliação da ontologia K BI

de domínio jurídico aplicada na inteligência de negócios. Ontologia esta embasada nas

pesquisas realizadas sobre as temáticas necessárias para seu desenvolvimento no contexto do

business intelligence, modelada na linguagem formal e de padrão aberto OWL e validada

através dos modelos base da ferramenta Prótegé.

As dificuldades percebidas durante o processo da construção da ontologia K BI,

cercaram a necessidade de um time completo de consultores e colaboradores que pudessem

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atender a todo o ciclo de desenvolvimento da ontologia. Também trouxe dificuldade a

necessidade de colaboração de clientes externos a fim de desenvolver questões de

competências, discutidas pelos profissionais envolvidos e que, de certa forma, pré promoveu

uma solução futuramente explorada pela Kurier.

Embora a construção da ontologia tenha atendido às necessidades da empresa e

compreendido a conclusão da etapa principal do desenvolvimento de uma nova solução

Kurier, é essencial que nas próximas etapas, a empresa procure sempre fomentar a realização

de estudos para embasar o desenvolvimento de soluções e coloque na sua prática diária o

registro do conhecimento aplicado durante todo o processo de desenvolvimento de soluções,

bem como o registro documental das fases, em prol de melhorias funcionais das soluções

Kurier.

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REFERÊNCIAS

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Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.

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tipos, aplicações, métodos de avaliação e de construção. Ciência da Informação, v.32, n.3,

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ARAUJO, F. S. Comportamentos Informacionais e Identificação de Ativos: um estudo de

caso em uma organização militar. 2011. 79 f. Monografia (Especialização em Ciência da

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BARBIERI, B. BI: Business Intelligence Modelagem & Tecnologia. Rio de Janeiro: Axcel

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teoria e prática. Brasília: Thesaurus, 2004. p.201- 225.

BATRES, E. J. Q.; et al. Uso de ontologias para a extração de informações em atos jurídicos

em uma instituição pública. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência

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BRÄSCHER, M.; CAFÉ, L. Organização da Informação ou Organização do Conhecimento?

In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 9, 2008,

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APÊNDICE A – Solicitação de Autorização para a Pesquisa

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APÊNDICE B – Autorização de Estudo na empresa Kurier.

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APÊNDICE C - Arquivo OWL

Apresentação da parte inicial do código OWL gerado pela ferramenta Protégé:

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<rdf:RDF

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xmlns:rdf="http://www.w3.org/1999/02/22-rdf-syntax-ns#"

xmlns:xsd="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#"

xmlns:rdfs="http://www.w3.org/2000/01/rdf-schema#"

xmlns:owl="http://www.w3.org/2002/07/owl#"

xmlns:ns0="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#"

xml:base="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people">

<owl:Ontology rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people"/>

<owl:Class rdf:about="http://www.w3.org/2002/07/owl#Thing"/>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#haulage_worker">

<rdfs:comment rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

></rdfs:comment>

<owl:equivalentClass>

<owl:Restriction>

<owl:onProperty>

<owl:ObjectProperty rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#works_for"/>

</owl:onProperty>

<owl:someValuesFrom>

<owl:Class>

<owl:unionOf rdf:parseType="Collection">

<owl:Restriction>

<owl:onProperty>

<owl:ObjectProperty rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#part_of"/>

</owl:onProperty>

<owl:someValuesFrom>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#haulage_company"/>

</owl:someValuesFrom>

</owl:Restriction>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#haulage_company"/>

</owl:unionOf>

</owl:Class>

</owl:someValuesFrom>

</owl:Restriction>

</owl:equivalentClass>

<rdfs:label rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

>haulage worker</rdfs:label>

</owl:Class>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#vehicle">

<rdfs:label rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

>vehicle</rdfs:label>

<rdfs:comment rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

></rdfs:comment>

</owl:Class>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#man">

<owl:equivalentClass>

<owl:Class>

<owl:intersectionOf rdf:parseType="Collection">

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<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#adult"/>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#person"/>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#male"/>

</owl:intersectionOf>

</owl:Class>

</owl:equivalentClass>

<rdfs:label rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

>man</rdfs:label>

<rdfs:comment rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

></rdfs:comment>

</owl:Class>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#cat_owner">

<owl:equivalentClass>

<owl:Class>

<owl:intersectionOf rdf:parseType="Collection">

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#person"/>

<owl:Restriction>

<owl:someValuesFrom>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#cat"/>

</owl:someValuesFrom>

<owl:onProperty>

<owl:ObjectProperty rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#has_pet"/>

</owl:onProperty>

</owl:Restriction>

</owl:intersectionOf>

</owl:Class>

</owl:equivalentClass>

<rdfs:label rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

>cat owner</rdfs:label>

<rdfs:comment rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

></rdfs:comment>

</owl:Class>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#animal">

<rdfs:subClassOf>

<owl:Restriction>

<owl:onProperty>

<owl:ObjectProperty rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#eats"/>

</owl:onProperty>

<owl:someValuesFrom rdf:resource="http://www.w3.org/2002/07/owl#Thing"/>

</owl:Restriction>

</rdfs:subClassOf>

<rdfs:comment rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

></rdfs:comment>

<rdfs:label rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

>animal</rdfs:label>

</owl:Class>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#sheep">

<rdfs:subClassOf rdf:resource="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#animal"/>

<rdfs:comment rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

></rdfs:comment>

<rdfs:label rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

>sheep</rdfs:label>

<rdfs:subClassOf>

<owl:Restriction>

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<owl:allValuesFrom>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#grass"/>

</owl:allValuesFrom>

<owl:onProperty>

<owl:ObjectProperty rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#eats"/>

</owl:onProperty>

</owl:Restriction>

</rdfs:subClassOf>

</owl:Class>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#woman">

<owl:equivalentClass>

<owl:Class>

<owl:intersectionOf rdf:parseType="Collection">

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#adult"/>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#female"/>

<owl:Class rdf:about="http://owl.man.ac.uk/2006/07/sssw/people#person"/>

</owl:intersectionOf>

</owl:Class>

</owl:equivalentClass>

<rdfs:comment rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

></rdfs:comment>

<rdfs:label rdf:datatype="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#string"

>woman</rdfs:label>

</owl:Class>

(...)

</owl:AllDifferent>

</rdf:RDF>

<!-- Created with Protégé (with OWL Plugin 2.1 beta, Build 271) http://protégé.stanford.edu -->