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I) ORIENTAÇÃO GERAL PARA O EXAME DA ANPEC Prof. Dr. Fábio Barbieri O objetivo deste trabalho é ajudá-lo no estudo para o exame da ANPEC. A preparação para a prova envolve tanto o estudo da teoria quanto a resolução de exercícios. Neste instante, iremos nos concentrar neste último aspecto, através de orientações gerais a respeito da maneira pela qual devemos abordar os exercícios e o estudo do conteúdo em geral.. Para que o aluno tenha um desempenho satisfatório no exame, é importante que o tempo de estudo seja alocado de forma econômica. Para tal, segundo um resultado fundamental da própria teoria econômica, devemos igualar o benefício marginal com o custo marginal de cada tipo de estudo. Pela nossa experiência, existem alunos com a tendência imediatista de se dedicar apenas aos exercícios e negligenciar o estudo da teoria, considerada como já estudada. O erro desta estratégia consiste no „desperdício‟ dos exercícios. Estes devem servir para checar a compreensão do assunto e desenvolver a habilidade de solução de problemas, que na prova serão diferentes. O aluno que só estuda os exercícios conhece tudo sobre o que caiu nas provas passadas, mas é incapaz de resolver os da prova que importa... Por outro lado, existem alunos que negligenciam os exercícios em favor da teoria. Neste caso, por sua vez, corremos o risco de descobrir quais são nossas dúvidas apenas quando elas aparecerem na prova. O exame dos exercícios, por sua vez, é de extrema utilidade, na medida em que as provas tendem a seguir o padrão das provas anteriores. Quanto menos nos depararmos com „novidades‟ no exame, melhor. A estratégia que sugerimos é então a seguinte: Em primeiro lugar, estude a teoria. Escolha um livro rico em detalhes e faça resumos dos tópicos centrais (fórmulas e gráficos. Não há tempo para textos longos!). Faça em seguida os exercícios do próprio livro e retorne ao texto para sanar as dúvidas. O estudo de uma disciplina é como pintura de parede: ocorre por „mãos‟. Depois dessa primeira mão, deixe secar e estude outra matéria. Quando voltar para o resumo, as idéias estarão mais assentadas, mas ainda não muito fixas. Sugiro então um livro mais resumido, com os tópicos principais (ou o desprezo pelos capítulos do livro anterior que não são fundamentais). Depois dessa segunda mão, resolva os exercícios das provas anteriores (sem olhar as apostilas com as soluções antes!). Volte para a teoria, tente de novo e só ai leia a solução ou pergunte para professores e colegas. Assim, estaremos extraindo o maior benefício possível de cada exercício. Volte sempre aos resumos. Na prova, além dos exercícios numéricos, existem muitos exercícios conceituais. Em vários deles, não se pede raciocínios complexos, mas faz-se apenas uma verificação se o aluno está familiarizado com o assunto. Como o tempo é precioso, não deixe para pensar na hora. Quanto mais o assunto estiver incrustado em sua memória (pelo estudo repetido da teoria e exercícios), menos tempo e energia é gasto. Em microeconomia, é crucial que o aluno saiba traçar as curvas de custo e os gráficos associados à competição e monopólio sem pensar duas vezes. Para não se confundir, quando perceber que a questão é, digamos, sobre custos, desenhe o gráfico antes de ler as alternativas. Existem muitas questões que dirão apenas „ em tal trecho a curva tal está acima da curva tal‟ ou „tal curva é crescente e côncava‟.

Orientações para o Exame ANPEC

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Page 1: Orientações para o Exame ANPEC

I) ORIENTAÇÃO GERAL PARA O EXAME

DA ANPEC

Prof. Dr. Fábio Barbieri

O objetivo deste trabalho é ajudá-lo no estudo para o exame da ANPEC. A

preparação para a prova envolve tanto o estudo da teoria quanto a resolução de

exercícios. Neste instante, iremos nos concentrar neste último aspecto, através de

orientações gerais a respeito da maneira pela qual devemos abordar os exercícios e

o estudo do conteúdo em geral..

Para que o aluno tenha um desempenho satisfatório no exame, é importante que o

tempo de estudo seja alocado de forma econômica. Para tal, segundo um resultado

fundamental da própria teoria econômica, devemos igualar o benefício marginal

com o custo marginal de cada tipo de estudo. Pela nossa experiência, existem

alunos com a tendência imediatista de se dedicar apenas aos exercícios e

negligenciar o estudo da teoria, considerada como já estudada. O erro desta

estratégia consiste no „desperdício‟ dos exercícios. Estes devem servir para checar a

compreensão do assunto e desenvolver a habilidade de solução de problemas, que

na prova serão diferentes. O aluno que só estuda os exercícios conhece tudo sobre

o que caiu nas provas passadas, mas é incapaz de resolver os da prova que

importa... Por outro lado, existem alunos que negligenciam os exercícios em favor

da teoria. Neste caso, por sua vez, corremos o risco de descobrir quais são nossas

dúvidas apenas quando elas aparecerem na prova. O exame dos exercícios, por sua

vez, é de extrema utilidade, na medida em que as provas tendem a seguir o padrão

das provas anteriores. Quanto menos nos depararmos com „novidades‟ no exame,

melhor. A estratégia que sugerimos é então a seguinte:

Em primeiro lugar, estude a teoria. Escolha um livro rico em detalhes e faça

resumos dos tópicos centrais (fórmulas e gráficos. Não há tempo para textos

longos!). Faça em seguida os exercícios do próprio livro e retorne ao texto para

sanar as dúvidas. O estudo de uma disciplina é como pintura de parede: ocorre por

„mãos‟. Depois dessa primeira mão, deixe secar e estude outra matéria. Quando

voltar para o resumo, as idéias estarão mais assentadas, mas ainda não muito

fixas. Sugiro então um livro mais resumido, com os tópicos principais (ou o

desprezo pelos capítulos do livro anterior que não são fundamentais). Depois dessa

segunda mão, resolva os exercícios das provas anteriores (sem olhar as apostilas

com as soluções antes!). Volte para a teoria, tente de novo e só ai leia a solução ou

pergunte para professores e colegas. Assim, estaremos extraindo o maior benefício

possível de cada exercício.

Volte sempre aos resumos. Na prova, além dos exercícios numéricos, existem

muitos exercícios conceituais. Em vários deles, não se pede raciocínios complexos,

mas faz-se apenas uma verificação se o aluno está familiarizado com o assunto.

Como o tempo é precioso, não deixe para pensar na hora. Quanto mais o assunto

estiver incrustado em sua memória (pelo estudo repetido da teoria e exercícios),

menos tempo e energia é gasto. Em microeconomia, é crucial que o aluno saiba

traçar as curvas de custo e os gráficos associados à competição e monopólio sem

pensar duas vezes. Para não se confundir, quando perceber que a questão é,

digamos, sobre custos, desenhe o gráfico antes de ler as alternativas. Existem

muitas questões que dirão apenas „ em tal trecho a curva tal está acima da curva

tal‟ ou „tal curva é crescente e côncava‟.

Page 2: Orientações para o Exame ANPEC

Nas questões numéricas, treine bastante com exercícios antigos. O método de

solução de exercícios de, digamos, um oligopólio de Cournot ou a maximização de

utilidade é o mesmo para cada tópico, de forma que o treino prévio não só aumenta

a probabilidade de resolver uma outra questão do assunto, mas também reduz o

tempo de resolução.

Ainda sobre o tempo, não perca tempo com questões complicadas no início da

prova. Isso ocorre quando o aluno pensa „eu conheço esse assunto e tenho que

resolver isto‟. Quando se percebe que o tempo passou, perde-se confiança e

ficamos nervosos com o pouco tempo restante. Faça então as questões mais fáceis

para você primeiro, geralmente aquelas conceituais mais diretas.

Durante os meses que antecedem a prova, procure estudar bastante, mas fique

sereno. A ansiedade nos torna burros e sem memória! Dá uma sensação de que

estudamos uma coisa, mas entrou por um ouvido e saiu por outro. Não desespere:

reveja sempre os resumos. No final da preparação, muitas vezes é melhor recordar

o que já sabemos (e esquecemos) do que investir tempo em um assunto novo, pois

o nosso „capital intelectual‟ deprecia muito rápido! Independente disso, quanto mais

calmos, mas aprendemos e retemos.

Finalmente, estude bastante! o seu desempenho na ANPEC provavelmente será

proporcional ao número de „horas-cadeira‟ que passamos estudando.

Após essas considerações gerais sobre o estudo, vejamos algumas „dicas‟ sobre a

resolução da prova propriamente dita.

A prova é no formato de testes cujas alternativas devem cada uma ser assinaladas

como verdadeiras (V) ou falsas (F). Cada alternativa assinalada incorretamente

anula uma certa. A razão disso é que, como existem apenas duas possibilidades em

cada item (V ou F), a tendência seria acertar algo como metade da prova sem

estudar se "chutarmos" tudo V ou F. Algumas questões, porém, pedem que um

valor seja calculado e assinalado no gabarito. Neste caso, um erro não anula um

acerto. Dadas essas regras, algumas observações devem ser feitas:

A mais óbvia é: nunca chute! Você corre o risco de tirar uma nota negativa.

Quem vai bem na prova não acerta tudo ou quase tudo. Assinale apenas aquilo

que tiver certeza. Um „chute bem educado‟ pode arruinar aquilo que você já

sabe. Por mais que saibamos disso, ainda assim caímos em tentação... No meu

caso particular, lembro-me que minhas maiores notas foram naquelas matérias

que eu sabia menos! (Não conclua disso, falaciosamente, que quanto menos

estudar melhor...).

Ainda em relação a isso, resista especialmente à tentação de querer responder

uma questão cujo assunto você domina completamente, mas cuja ambigüidade

do enunciado torna a resposta incerta. A tentação ocorre porque é frustrante

não acertar apenas porque a prova foi mal escrita.

Porque as questões são muitas vezes ambíguas? Ao contrário dos testes

convencionais com alternativas mutuamente excludentes e apenas uma

alternativa correta, o que reduz significativamente a ambigüidade do enunciado,

as questões da ANPEC são freqüentemente sujeitas a interpretações diferentes.

Além de textos mal escritos, isso ocorre pela confluência de dois fatores: ao

mesmo tempo em que os enunciados são bem curtos, boa parte dos resultados

da teoria econômica, pela complexidade de seu objeto de estudo, depende de

um grande número de hipóteses auxiliares. Não dá portanto para explicitar

todas as condições para que uma frase seja verdadeira. Então, leia com atenção

o enunciado e resista à tentação de responder se o enunciado for ambíguo.

Em relação a esse problema, duas coisas podem ocorrer:

1) o examinador quer saber se o aluno conhece uma exceção e a frase é então

falsa.

Page 3: Orientações para o Exame ANPEC

2) ou o examinador assume o caso geral e simplesmente não pensou em todas as

hipóteses auxiliares para que a frase seja verdadeira. Pensando em alguma

dessas condições você assinalaria F, mas no gabarito é V. Exemplo:

A frase : “em equilíbrio a TMS se iguala aos preços relativos” é verdadeira ou falsa?

Como são bem estudadas as exceções, como soluções de canto ou curva de

indiferença não diferenciáveis, é evidente que a frase é incorreta. Mas em uma

frase como “se o preço aumentar, a quantidade vendida diminui, mas a receita

pode aumentar o diminuir conforme a elasticidade da demanda” seria exagero

pensar: „Ei! a primeira parte da frase está errada porque existem os bens de Giffen

que contrariam essa afirmação!‟ Evidentemente o examinador não estava pensando

nessa possibilidade, e queria apenas cobrar a relação entre elasticidade e receita.

Assim, rigorosamente, sem especificar todas as hipóteses auxiliares, todas as

alternativas seriam falsas! Entretanto, quanto mais você estudar a matéria, mais

fácil será distinguir se o examinador toma aquela hipótese auxiliar como evidente

ou se está pensando em exceções.

Não fique nervoso então com esse problema. Fazendo exercícios e estudando a

matéria, o aluno se exercitará na arte de distingir as „pegadinhas‟ do

examinador do caso no qual você está apenas vendo „pelo em ovo‟ e não se

trata de pagadinha alguma. Sempre pense nas hipóteses auxiliares. Embora

sempre envolva uma avaliação de risco, dependendo da interpretação do texto,

podemos acertar a maioria das vezes.

Uma boa dica para detectar a intenção do examinador é prestar atenção para

termos como „toda vez‟, „nunca‟, „qualquer‟ ou „sempre‟. Quando esses termos

ocorrerem, fiquem atentos às exceções. É provável que a afirmação seja falsa.

De vez em quando, um examinador desatento confunde a prova no formato V

ou F com os testes convencionais. Existem questões numéricas que pedem, por

exemplo, para calcular o lucro de equilíbrio. Cada alternativa então é um valor

de lucro diferente. Ora, logicamente, como apenas uma resposta é correta e as

outras falsas, vale a pena chutar tudo F, de maneira que o único erro será

compensado por um acerto e ainda temos 3 acertos de graça, sem saber nada

sobre a questão. Embora esse erro seja cada vez mais infreqüente, procure

examinar se a veracidade uma alternativa não implica a falsidade ou veracidade

de outra e vice-versa. A sua resposta não pode ser logicamente contraditória!

Leias as alternativas com atenção. Ocorre freqüentemente de lermos uma

(geralmente longa) definição correta na qual apenas uma palavra está fora do

lugar. De vez em quando é difícil pensar no significado da frase resultante. Sem

tempo, é melhor notar que existe uma palavra trocada em uma afirmação

conhecida e assinalar falso. Ocorre de vez em quando que a frase embaralhada,

por sua vez, seja correta por acaso! Neste caso, o gabarito estará assinalando

uma resposta errada.

Atente também para duas afirmativas corretas isoladamente, sendo que uma

delas é usada para justificar a outra, e essa relação não segue. A leitura rápida

pode confundir o candidato.

Estudo os sinônimos de termos técnicos. Muitas vezes deixamos escapar uma

questão fácil porque não sabíamos que função de produção de Leontieff na

verdade é usado como sinônimo de complementos perfeitos ou „taxa de

substituição econômica‟ é simplesmente igual a preços relativos ou ainda

„receita média‟ no lugar do preço.

Ocorre com freqüência o uso de uma linguagem „barroca‟, cheia de voltas.

Reduza as duplas negações a afirmativas, substitua os „receita média‟ por

preços quando for o caso, e troque o termo „não positivo‟ pelo símbolo ,o que

facilita a leitura da frase.

Page 4: Orientações para o Exame ANPEC

Finalmente, reserve algum tempo para estudar o básico da lógica simbólica.

Como as afirmações da prova são verdadeiras ou falsas, o candidato precisa

saber quais são as formas de refutar uma afirmação (mostrar que ela é falsa).

Em seguida, resumiremos as relações e termos lógicos que podem auxiliar o

candidato na tarefa de falsificar as alternativas propostas.

Page 5: Orientações para o Exame ANPEC

II) NOÇÕES DE LÓGICA

Prof. Dr. Fábio Barbieri

A prova da ANPEC é composta por questões que contém proposições que podem

ser verdadeiras ou falsas. Cada proposição pode conter, por sua vez, um conjunto

de informações sobre a matéria. Como podemos dizer que uma proposição é

verdadeira ou falsa a partir da veracidade ou falsidade de cada informação contida

nela? Para responder essa pergunta, é útil o estudo das regras elementares da

lógica simbólica.

Iniciamos com algumas definições.

Proposições são sentenças as quais se aplicam os qualificativos “Falso” ou

“Verdadeiro”. São simples (exemplo: "q é um bem normal") ou compostas, ou

seja, proposições simples ligadas por conectivos (exemplo: "Se q é um bem

normal, então não pode ser um bem de Giffen").

As proposições simples são representadas por letras como A, B, C, ... ou p, q, ...

Os conectivos usados pela lógica são a junção, disjunção, negação, condicional

e bicondicional, representadas respectivamente pelos seguintes símbolos:

e (), ou (), não (~ ou ), se...então... (), se e somente se ()

Exemplos de proposições compostas:

Princípio da não contradição: ~(P~P). Não é verdade que uma frase p é ao mesmo

tempo verdadeira e não verdadeira (falsa).

Exemplo: "não pode ocorrer que um bem seja normal e sua curva de demanda seja

positivamente inclinada".

Princípio do terceiro excluído: P~P. Ou ocorre p ou ocorre a sua negação (não

existe terceira opção)

Exemplo: ou um bem é inferior ou é normal

Tabelas Verdade:

É fundamental para o exame saber quando uma proposição composta é verdadeira

ou não. Qualquer proposição simples ou é verdadeira ou é falsa. A veracidade de

uma proposição composta, por sua vez, depende da veracidade das proposições

simples que a compõe. Assim, podemos representar em uma tabela todas as

combinações relativas as proposições simples. Tais tabelas são conhecidas como

tabelas verdade.

Vejamos as tabelas verdade básicas:

Negação:

P ~P

V F

F V

Quando uma afirmação p for verdadeira, sua negação será falsa e vice-versa.

Page 6: Orientações para o Exame ANPEC

Exemplo: "A função utilidade é não decrescente na quantidade do bem." Na prova,

de vez em quando surge a dupla negação ~~P, cuja tabela verdade equivale

aquela de P.

Conjunção (e):

P Q PQ

V V V

V F F

F V F

F F F

Para a conjunção ser verdadeira, as duas proposições simples devem ser

verdadeiras; do contrário, a sentença „isso e aquilo‟ será falsa. Exemplo: “Em

equilíbrio competitivo, cada firma produz minimizando o custo médio e igualando o

preço ao custo marginal.”

Disjunção (ou):

P Q PQ

V V V

V F V

F V V

F F F

Para a disjunção ser verdadeira, basta que uma das duas proposições simples seja

verdadeira (ou ainda as duas ao mesmo tempo) para que a proposição composta

também o seja. Repare que no linguajar coloquial, de outro modo, “ou isso ou

aquilo” tende a significar que quando um deles ocorre, o outro não. Em lógica, o

„ou‟ é não excludente. Exemplos:

“ou o bem é normal ou inferior” é excludente, enquanto que “ou o bem é

complementar ou toda curva de demanda é positivamente inclinada” é não

excludente. Neste último caso, a frase seria verdadeira, pois a primeira parte é

verdadeira.

Proposição condicional (se...então):

P Q PQ

V V V

V F F

F V V

F F V

Chegamos no conectivo mais importante. Seja p igual a “o bem é inferior” e q igual

a “o bem é de Giffen”. “Se o bem for de Giffen, então será inferior” é verdadeira. A

única maneira de refutar essa afirmativa é encontrar um exemplo no qual o bem

seria de Giffen e não inferior, como está indicado na segunda linha, a única

assinalada com F na proposição composta. A última linha seria representada por

um bem normal que não é de Giffen. A existência desse caso não diz nada sobre a

veracidade da proposição condicional. Portanto, assinalamos verdadeiro. Na terceira

linha, teríamos um bem que não é de Giffen, mas é inferior. Esses bens, que

existem, também não provam a falsidade da afirmação composta. Repare que na

implicação condicional „não vale a volta‟: seria falso concluir que se um bem for

inferior, então é de Giffen. Esse exemplo, aliás, ocorre inúmeras vezes em provas

da Anpec.

Page 7: Orientações para o Exame ANPEC

A frase “Se p, então q” pode ainda ser expressa como: “todo p é q”, “p é condição

suficiente para q‟ ou ainda “q é condição necessária para p”.

Proposição bicondicional (se e somente se):

P Q PQ

V V V

V F F

F V F

F F V

Quando p implica em q e vice-versa, temos ao proposição bicondicional. Ela é

válida quando as duas proposições simples têm o mesmo valor de verdade: ou as

duas são falsas ou as duas verdadeiras. Nesses casos, temos a proposição

composta assinaladas por V. Quando uma for verdadeira e outra falsa, a

bicondicional será falsa.

Tautologia:

Tautologias são sentenças compostas que são sempre verdadeiras, independente

do valor das proposições simples. Isso pode ser visto pelas tabelas verdades.

Exemplos:

a) P~P

P ~P P~P

V F V

F V V

Exemplo: "ou uma cesta de consumo é preferida a outra ou esta é preferida a

aquela".

b) exercício: Preencha a tabela verdade e mostre que a sentença composta é uma

tautologia:

(AB) (AB)

Contradição:

Contradições são proposições cuja tabela verdade tem todas as linhas falsas.

Construa as tabelas verdades das sentenças abaixo:

a) A~A b) P~P

Equivalência Lógica ():

Temos uma equivalência tautológica quando duas sentenças apresentam tabelas

verdades iguais e compostas das mesmas proposições simples. Na prova da Anpec,

Page 8: Orientações para o Exame ANPEC

muitas vezes é útil trocar uma sentença com significado complicado por uma outra

proposição equivalente.

Vejamos alguns exemplos importantes de equivalências(verifique você mesmo se

as tabelas são equivalentes):

a) Associação

(AB) C A(BC)

(AB) C A (BC)

b) Distribuição

A (BC) (AB) (AC)

A (BC) (AB) (AC)

c) Dupla Negacão

~ ~ A A

Na prova, quando isto ocorrer, substitua a primeira pela segunda para desocupar

espaço na sua cabeça!

d) Equivalência Condicional

AB ~AB

AB ~B~A

“Se estiver chovendo, estará nublado” é equivalente a “não está chovendo ou está

nublado” ou ainda “se não estiver nublado, então não estará chovendo”. Verifique

pelas tabelas verdades.

Negação de Proposições Compostas:

Proposicão Negação Direta Negação Equivalente

AB ~(AB) ~A~B

AB ~(AB) ~A~B

AB ~(AB) A~B

Para negar uma conjunção, preciso negar as duas simples ao mesmo tempo.

Para negar uma disjunção, basta negar uma delas (ou não uma, ou não outra).

Para negar uma proposição condicional, teria que achar um exemplo no qual

estivesse chovendo (A) e não estivesse nublado (~B).

Raciocínios Válidos e Raciocínios Falaciosos:

Um raciocínio é válido quando toda vez que as premissas são verdadeiras, a

conclusão também o é. Isso pode ser verificado montando-se uma tabela verdade

que contenha todas as proposições e selecionar aquelas linhas com premissas

verdadeiras e verificar se nesse caso as conclusões também são verdadeiras.

Quanto às linhas com pelo menos uma premissa falsa, a conclusão pode ser tanto

verdadeira quanto falsa.

Uma das formas mais importantes de raciocínio válido é conhecida como modus

tollens:

Page 9: Orientações para o Exame ANPEC

AB

~B .

~A

As duas primeiras linhas são premissas e a última, sob a barra, é a conclusão. Se

for verdade que A implica em B e ao mesmo tempo sabemos que B não ocorre,

então podemos garantir que A também não ocorrerá.

Um raciocínio é inválido ou falacioso quando a partir de premissas verdadeiras não

podemos garantir que sempre as conclusões serão válidas. A verificação disso

também pode ser feita a partir das tabelas verdades.

Uma falácia bem comum é a seguinte:

AB

~A .

~B

Se não estiver chovendo, isso não significa que não estará nublado. A conclusão

não segue das premissas.

Exercício: nos dois argumentos, verifique a sua validade ou falsidade construindo

as tabelas verdades das premissas e conclusões e selecionando os casos nos quais

as premissas são verdadeiras.

Page 10: Orientações para o Exame ANPEC

III) ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS E

BIBLIOGRAFIA

Equipe Proanpec

1. Nas questões de verdadeiro ou falso, como um item errado anula um certo, é

melhor, nestas questões, deixar em branco os itens em que não tenha segurança, do que "chutar" a resposta.

2. Se não tiver tempo suficiente para estudar toda a matéria, é melhor aprofundar-

se nos assuntos que são solicitados com mais freqüência. O tempo que terá que

dispor para estudar temas relativamente complexos, será melhor aproveitado se

firmar-se nos tópicos que costumam ser solicitados com mais freqüência.

Lembrando que um item errado anula um certo, é melhor concentrar-se nos temas principais, do que estudar superficialmente todos os assuntos.

3. Recomenda-se estudar Matemática a partir de livros que apresentam exercícios

aplicados de economia, como SIMON & BLUME, ou CHIANG,(ver bibliografia

adiante). Ou seja, ao mesmo tempo em que está estudando Matemática, também

está iniciando a preparação em Micro e Macroeconomia, pois a prova nessas disciplinas apresenta muitas questões que dependem de resolução matemática.

4. Mesmo nas escolas que dão grande peso a Economia Brasileira, as notas dessa

disciplina não são significativamente diferenciadas para os melhores colocados ( em

geral, a média dos 10 melhores colocados tem sido de aproximadamente 10,0, e

do 90o ao 100 o colocado, média 8,5). Nesse sentido, a menos que disponha de

muito tempo para estudo, e lembrando que será escolhido um entre cinco temas

apresentados, talvez seja mais adequada a leitura de textos mais concisos,

preferencialmente coletâneas de artigos, que indicamos na bibliografia, do que

estudar profundamente teses e compêndios clássicos.

5. Se não for economista, pode ser útil ler inicialmente VASCONCELLOS, M. A. S. -

Economia- Micro e Macro, Editora Atlas, 4ª edição, 2007, para uma síntese

formalizada de Macro e Microeconomia básica, principalmente as partes de

Elasticidades, Estruturas de Mercado, Contas Nacionais, Determinação da Renda

Nacional, Análise IS-LM e Balanço de Pagamentos. O livro contém questões

retiradas de concursos públicos (Banco Central, Auditor Fiscal da Receita Federal,

Fiscal ICMS), que podem ajudar, numa primeira etapa, a preparação para o exame

ANPEC.

6. A Diretoria da ANPEC muda a cada 2 anos. Embora raro, nessas ocasiões podem

ocorrer algumas alterações no Programa. Nesse sentido, é útil manter-se informado

sobre essa possibilidade, contatando os Centros de seu interesse, ou consultando periodicamente a página da ANPEC na Internet (abaixo).

7. A página da ANPEC na Internet apresenta as questões e gabaritos das provas

desde 1990. Consulte o site da ANPEC: www.anpec.org.br

Page 11: Orientações para o Exame ANPEC

BIBLIOGRAFIA (Recomendada pela Equipe Proanpec. Nem todas constam da bibliografia oficial da ANPEC)

MATEMÁTICA

1) BOLDRINI, J. et al. Álgebra Linear, 3ª. Edição, Harbra, 1986. Para a parte de

Álgebra Linear, é o livro recomendado na bibliografia oficial do exame.

2) BRAGA, M.B., ORELLANO, V. e KANNEBLEY, S. "Matemática", Edit. Atlas,

2002. Baseado no programa da ANPEC, e na experiência dos autores como professores do Curso Preparatório ProAnpec.

3) CHIANG, A. e WAINWRIGHT, K. - Matemática para Economistas, Campus,

2006, Ficou um pouco abaixo do nível do exame, mas, como SIMON e BLUME, tem

a vantagem de apresentar exercícios aplicados, que podem ser úteis também para as provas de Macro e Microeconomia.

4) GUIDORIZZI, H. - Um Curso de Cálculo - (volumes I a IV) , 5ª. Edição, LTC

Editora, 2001. Completo para a parte de Cálculo. Praticamente todo o volume I, e alguns tópicos dos outros volumes.

5) LIPSCHUTZ, S. Álgebra Linear, Bookman, 2004. Bom para Álgebra Linear

6) SIMON, C.P. e BLUME. L. – Matemática para Economistas – Bookman, 2004.

Muitos exercícios aplicados. Para não economistas, tem a vantagem de apresentar muitos exercícios de Micro e Macroeconomia, na linha do exame da Anpec.

ESTATÍSTICA

1) BUSSAB, W. e MORETTIN, P. - Estatística Básica, 6ª. Edição, Edit.Saraiva,

2010.

2) GUJARATI, D. Econometria Básica, 4ª. Edição, Campus, 2006

3) HILL, C. GRIFFITHS, W. & JUDGE, G. - Econometria, São Paulo, Edit. Saraiva,

2003.

4) HOFFMANN, R - Estatística para Economistas, Edit. Atlas. Principalmente para Estatística Básica.

5) SARTORIS, A - Estatística e Introdução à Econometria, Edit. Saraiva,2003

Baseado no programa da ANPEC, e na experiência do autor como professor do

Curso Preparatório ProAnpec. Cobre Estatística Básica, Números Índices e

apresenta alguns capítulos introdutórios de Econometria.

6) STOCK, J. e WATSON, M., Econometrics, Pearson, 2004

7) MADDALA, G.S., Introdução à Econometria, 3ª. Ediçãoo, LTC Editora, 2003. Texto didático.

Page 12: Orientações para o Exame ANPEC

8) VASCONCELLOS, M. A. S. e ALVES , D. (org) - Manual de Econometria -

Equipe de Professores da USP, Edit. Atlas, 1999. Um pouco avançado para o nível da prova da ANPEC. Útil para a parte de Séries de Tempo.

9) WOOLDRIDGE, J. Introdução à Econometria, Thomson Pioneira, 2006. Outro bom texto para Econometria.

MICROECONOMIA

1) FIANI, R.,Teoria dos Jogos, 3ª. Edição, Elsevier, 2009. Livro bem didático que

cobre todos os assuntos de Teoria dos Jogos da ANPEC

2) GIBBONS, R. Game Theory for applied economists. Princeton University Press,

1992, caps. 1 e 2. Leitura complementar sobre Teoria dos Jogos

3) NICHOLSON, W., Microeconomic Theory, 9th. Edition, Thomson, 2005.

Emprega mais cálculo que o Varian e o Pindyck. Por essa razão, constitui uma

leitura mais avançada. As partes 2 e 3 desse livro são excelentes complementos

para Teoria do Consumidor e Teoria da Firma

4) PINDYCK, R. S e RUBINFELD, D. L. - Microeconomia, 6a.edição, Pearson,

2005. Bem didático, com bastante aplicações práticas - se bem que na prova da ANPEC são solicitadas mais questões teóricas.

5) VARIAN, H. - Microeconomia - Princípios Básicos, 7ª.edição, Edit. Campus. Mesma linha do Pindyck

6) VASCONCELLOS, M. A. S. e OLIVEIRA, R. G. - Microeconomia, 2 ª edição,

Edit. Atlas, 2000. Publicação bastante dirigida para a prova da ANPEC, baseada na

experiência dos autores como professores do Curso Preparatório ProAnpec. Inclui questões de exames anteriores.

MACROECONOMIA

1) BLANCHARD, O. J. - Macroeconomia: teoria e política econômica. 4ª. Edição,

Pearson, 2006 - Ao lado do Manual de Macroeconomia da Equipe de Professores da

USP, o livro básico utilizado no Curso Preparatório ProAnpec.

2) DORNBUSH, R.; FISCHER, S. e STARTZ, R. - Macroeconomia. 10ª edição,

McGraw-Hill do Brasil, 2008. Muito boa exposição do modelo IS-LM.

3) FROYEN, R T. - Macroeconomia , 10ª.edição, Editora Saraiva, 2008.

Didático, mas incompleto para o nível do Exame da ANPEC.

4) JONES, C. E. - Introdução à Teoria do Crescimento Econômico, Campus, 2000.

Fundamental para a parte de crescimento econômico.

Page 13: Orientações para o Exame ANPEC

5) LOPES, L.M., e VASCONCELLOS, M.A.S. - Manual de Macroeconomia–Equipe

de Professores da USP, 3ª. Edição, Edit. Atlas, 2008. Publicação bastante dirigida

para a prova da ANPEC (com exceção da Parte IV, mais avançada), baseada na

experiência dos autores como professores do Curso Preparatório ProAnpec,

incluindo questões de provas anteriores.

6) MANKIW, N. G. - Macroeconomia, 6ª. Edição, LTC Editora, 2008. Muito

didático, e adequado para ANPEC.

7) PAULANI, L. M. e BRAGA, M.B – “A Nova Contabilidade Social”, 3ª.edição,

Edit. Saraiva, 2007. Atualizado no que se refere à nova estrutura das Contas

Nacionais, do Balanço de Pagamentos e do Sistema Monetário, temas solicitados

em todas as provas de Macroeconomia no exame, e que sofreram modificações

relativamente recentes.

8) SIMONSEN, M. H. e CYSNE, R. P. - Macroeconomia, 4ª. Edição, Editora Atlas,

2009. É um clássico, principalmente os 3 primeiros Capítulos (Sistema Monetário,

Balanço de Pagamentos e Contas Nacionais), embora já bastante desatualizados.

Os demais capítulos são relativamente avançados para o exame da ANPEC.

ECONOMIA BRASILEIRA

1) ABREU, M. P.(org) - A Ordem do Progresso: 100 anos de Política Econômica na

República, Ed.Campus, 1990. É um livro relativamente completo, com a restrição

de cobrir apenas até anos 80. Reflete basicamente a posição da PUC - RJ.

2) BELLUZO, L. G. e COUTINHO, L. (org) - Desenvolvimento Capitalista no

Brasil, São Paulo, Edit. Brasiliense, 1982 (2 volumes). Reflete basicamente a

posição da UNICAMP. Leitura obrigatória para quem quer fazer mestrado em escolas com ênfase em economia política.

3) CARNEIRO, R., Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último

quarto do século XX, Edit. Unesp. 2002. Reflete o pensamento predominante na Unicamp

4) GIAMBIAGI, F., VILLELA, A., CASTRO, L.B., HERMAN, J.(org.) – “Economia

Brasileira Contemporânea:1945-2004”, Editora Campus, 2005. Livro recente, com artigos de Delfim Netto, Gustavo Franco, Edward Amadeo, Regis Bonelli, etc.

5) GREMAUD, A. P. , SAES, F. A. M. & TONETO JR., R - Formação Econômica do

Brasil, São Paulo, Edit. Atlas, 1997. Mais voltado para a área de história,

atualizando os livros clássicos de Celso Furtado e Caio Prazo Jr. até os anos 80, num texto relativamente conciso, muito adequado para o tipo de exame da ANPEC.

6) GREMAUD, A. P., VASCONCELLOS, M. A. S., e TONETO JR., R. - Economia

Brasileira Contemporânea, 7ª edição, Edit. Atlas, 2007 (8ª. Edição no prelo,

incluindo 2º. Mandato Governo Lula até 2009). Útil para uma primeira revisão

geral, e para não economistas, pois traz conceitos básicos de Macroeconomia aplicados à Economia Brasileira. Abrange até o primeiro mandato do Governo Lula.

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7) KON, A. (org) - Planejamento no Brasil II, São Paulo, Edit. Perspectiva, 1999.

Reflete principalmente a posição da PUC-SP. Complementa e atualiza Lafer (abaixo), e também apresenta artigos concisos.

8) LAFER, B. M. (org.) - Planejamento no Brasil, São Paulo, Edit. Perspectiva,

1970. Cada capítulo é uma síntese concisa dos principais Planos Econômicos até a

época (1970), feita por professores da USP, como João Sayad, José Roberto

Mendonça de Barros, Roberto Macedo.

Notas sobre a prova de Economia Brasileira:

a) A prova de Economia Brasileira é dividida em duas partes:

- Parte I- 15 questões objetivas (em forma de testes)

- Parte II- 1 questão discursiva (o candidato escolhe entre 5 temas)

b) Os pesos adotados para Economia Brasileira são diferentes em cada Centro (ver

site da ANPEC). A PUC-Rio e a FGV-Rio atribuem peso zero para toda a parte de

Economia Brasileira. O IPE atribui peso zero para a prova dissertativa (considera apenas os testes).

c) Tanto em termos de quantidade como de profundidade, costumam ser solicitadas

mais questões sobre o período após a 2 ª guerra. A tendência á a prova focar cada vez mais o período recente da economia brasileira (década de 90 em diante).

d) Temas que o candidato deve ter firmeza: Planos Estratégicos (Trienal, Metas,

PAEG, 2o. PND); Planos de estabilização (Cruzado, Bresser, Collor e Real); crise

dos anos 80. Todos estão bem sintetizados (textos curtos) em KON (1999) e LAFER

(1970), com exceção do Plano Real, contido em GIAMBIAGI e outros (2004), e GREMAUD e outros(2007).

e) O ideal é estudar a partir das coletâneas de artigos, como ABREU (1989),

GIAMBIAGI e outros (2004), KON(1999), LAFER(1970) e BELLUZO e COUTINHO

(1982). Embora clássicos, teses como a da Maria Conceição Tavares, João Manoel

Cardoso de Mello, e livros como os do Celso Furtado, Carlos Lessa, Barros de Castro

& Souza, devem ser estudados mais por aqueles que desejam fazer mestrado em

centros onde Economia Brasileira tem grande peso.

f) No Mestrado em Desenvolvimento Econômico da UNICAMP, nas áreas de História

Econômica e Economia Social e do Trabalho, considera-se no processo seletivo

apenas as duas provas de Economia Brasileira (eliminatória) e de Língua

Estrangeira (classificatória). Para mais detalhes, ver o site www.eco.unicamp.br