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Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6 368 EIXO TEMÁTICO: ( ) Bacias Hidrográficas, Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos (X) Biodiversidade e Unidades de Conservação ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( ) Cidade, Arquitetura e Sustentabilidade ( ) Educação Ambiental ( ) Geotecnologias Aplicadas à Análise Ambiental ( ) Gestão dos Resíduos Sólidos ( ) Gestão e Preservação do Patrimônio Arquitetônico, Cultural e Paisagístico ( ) Mudanças Climáticas ( ) Novas Tecnologias Sustentáveis ( ) Paisagem, Ecologia Urbana e o Planejamento Ambiental ( ) Saúde, Saneamento e Ambiente ( ) Turismo e o Desenvolvimento Local Orientações para elaboração de projetos de preservação e recuperação de nascentes em Áreas de Preservação Permanente Guidelines for the elaboration of projetcs for the preseration of water sources in restoration of Permanent Preservation Areas Orientaciones para la elaboración de proyectos de preservacióny recuperación manantiales de agua de Áreas de Preservatión Permanente de Thainara Perondini de Almeida Ramos Mestranda em Ciências Ambientais, Universidade Brasil (UNIVBRASIL), Brasil. [email protected] Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro Professora Doutora, Universidade Brasil (UNIVBRASIL), Brasil. [email protected]

Orientações para elaboração de projetos de preservação e ... · orienta a elaboração de projetos voltados para a recuperação vegetal de áreas de preservação ambiental

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EIXO TEMÁTICO: ( ) Bacias Hidrográficas, Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos (X) Biodiversidade e Unidades de Conservação ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( ) Cidade, Arquitetura e Sustentabilidade ( ) Educação Ambiental ( ) Geotecnologias Aplicadas à Análise Ambiental ( ) Gestão dos Resíduos Sólidos ( ) Gestão e Preservação do Patrimônio Arquitetônico, Cultural e Paisagístico ( ) Mudanças Climáticas ( ) Novas Tecnologias Sustentáveis ( ) Paisagem, Ecologia Urbana e o Planejamento Ambiental ( ) Saúde, Saneamento e Ambiente ( ) Turismo e o Desenvolvimento Local

Orientações para elaboração de projetos de preservação e recuperação de nascentes em Áreas de Preservação Permanente

Guidelines for the elaboration of projetcs for the preseration of water sources in restoration of Permanent Preservation Areas

Orientaciones para la elaboración de proyectos de preservacióny recuperación

manantiales de agua de Áreas de Preservatión Permanente de

Thainara Perondini de Almeida Ramos Mestranda em Ciências Ambientais, Universidade Brasil (UNIVBRASIL), Brasil.

[email protected]

Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro Professora Doutora, Universidade Brasil (UNIVBRASIL), Brasil.

[email protected]

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RESUMO Muito se tem falado sobre sustentabilidade e preservação dos recursos naturais, com destaque à conservação da água, recurso essencial à vida. A qualidade dos corpos hídricos é influenciada principalmente pelas nascentes – afloramentos de águas subterrâneas responsáveis pela formação e manutenção de rios, lagos e lagoas - que são de suma importância para influenciar a qualidade e a conservação das bacias hidrográficas. O Brasil passou há poucos anos por uma considerável crise hídrica, que elevou a conscientização da população e do poder público sobre a relação entre o equilíbrio dos ecossistemas e a sobrevivência da vida no planeta. Nascentes são ambientes frágeis e facilmente afetadas por aspectos como a permeabilidade do solo, o distanciamento do lençol freático e a qualidade da vegetação local. Observa-se que muitos trabalhos de recuperação de APPs relatam altos índices de mortalidade de espécies e pouco sucesso devido a inobservância de algumas informações e cuidados importantes no planejamento. Desta forma, este trabalho consiste em uma revisão bibliográfica e enquadramento legal, que orienta a elaboração de projetos voltados para a recuperação vegetal de áreas de preservação ambiental de nascentes degradadas. Dados e informações foram compilados e organizados de forma a auxiliar o levantamento de informações necessárias para o correto diagnóstico da degradação ambiental e as diretrizes necessárias para a recuperação destas áreas afim de devolver o equilíbrio às APPs e aos ecossistemas. PALAVRAS-CHAVE: Nascente. Recuperação ambiental. Área de Preservação Permanente. ABSTRACT Much has been said about sustainability and the preservation of natural resources, with emphasis on water conservation, an essential resource for life. The quality of the water resources is influenced mainly by the water springs - outcrops of groundwater responsible for the formation and maintenance of rivers, lakes and lagoons - that are of great importance to influence the quality and the conservation of the hydrographic basins. Brazil has passed a few years ago due to a considerable water crisis, which raised awareness among the population and public authorities about the relationship between the balance of ecosystems and the survival of life on the planet. Water springs are fragile environments and easily affected by aspects such as soil permeability, distance from the water table and the quality of local vegetation. It is observed that many works of recovery of APPs report high rates of mortality of species and little success due to the nonobservance of some importants informations and cares in the planning. In this way, this work consists of a bibliographical revision and legal framework, which guides the elaboration of projects aimed at the vegetal recovery of areas of environmental preservation of degraded water springs. Data and information have been compiled and organized in order to assist in the collection of information necessary for the correct diagnosis of environmental degradation and the necessary guidelines for the recovery of these areas in order to return the balance to the APPs and ecosystems. KEY-WORDS: Water springs. Environmental recovery. Permanent preservartion area. RESUMEN Mucho se ha hablado sobre sostenibilidad y preservación de los recursos naturales, con destaque a la conservación del agua, recurso esencial a la vida. La calidad de los cuerpos hídricos es influenciada principalmente por las nacientes - afloramientos de aguas subterráneas responsables de la formación y mantenimiento de ríos, lagos y lagunas - que son de suma importancia para influenciar la calidad y la conservación de las cuencas hidrográficas. Brasil pasó hace pocos años por una considerable crisis hídrica, que elevó la concientización de la población y del poder público sobre la relación entre el equilibrio de los ecosistemas y la supervivencia de la vida en el planeta. Los nacientes son ambientes frágiles y fácilmente afectados por aspectos como la permeabilidad del suelo, el distanciamiento de la capa freática y la calidad de la vegetación local. Se observa que muchos trabajos de recuperación de APPs reportan altos índices de mortalidad de especies y poco éxito debido a la inobservancia de algunas informaciones y cuidados importantes en la planificación. De esta forma, este trabajo consiste en una revisión bibliográfica y marco legal, que orienta la elaboración de proyectos orientados a la recuperación vegetal de áreas de preservación ambiental de nacientes degradados. Los datos e información se recopilaron y organizaron de forma que ayudan a recopilar información necesaria para el correcto diagnóstico de la degradación ambiental y las directrices necesarias para la recuperación de estas áreas con el fin de devolver el equilibrio a las APP y los ecosistemas. PALABRAS-CLAVE: Naciente. Recuperación ambiental. Área de Preservación Permanente.

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1 INTRODUÇÃO

Preservar o meio ambiente e conscientizar a população sobre o uso indiscriminado de recursos

naturais é uma crescente preocupação frente às consequências desastrosas que o planeta

enfrenta. O desenvolvimento econômico e a industrialização, acarretam um aumento

significativo do consumo de recursos naturais atrelado ao uso da natureza como local de

descarte de efluentes sanitários e industriais, resíduos sólidos e poluentes atmosféricos (ROSA,

2010).

O crescimento populacional e o aumento das áreas urbanizadas têm elevado os índices de

desmatamento e das ocupações humanas em áreas importantes para a preservação

ambiental, aumentando a degradação e o desequilíbrio do meio ambiente, tornando o

problema foco de preocupações mundiais.

Assim, a preservação ambiental tem se destacado e ganhado foco em compromissos

mundialmente assumidos por diversos países, inclusive o Brasil, para que os recursos naturais

sejam utilizados de forma a atender as necessidades da geração atual sem comprometer o

atendimento das necessidades e demandas das gerações futuras (CORONA; BASTOS, 2017).

Há poucos anos, o Brasil sofreu uma grande crise hídrica, onde o racionamento de água e de

energia elétrica foram necessários para a economia dos recursos naturais e a manutenção das

necessidades básicas de sobrevivência humana. Esse fato alarmante propagou a

conscientização populacional e do poder público sobre a dependência que a existência

humana tem dos recursos hídricos e que atitudes insustentáveis praticadas diariamente pelo

homem, colocam em risco sua própria sobrevivência.

A qualidade de vida na Terra depende totalmente dor recursos ambientais, portanto a

interação equilibrada entre homem e meio ambiente é essencial à vida. Nesse contexto, os

recursos hídricos se destacam para a existência da vida na Terra e sua preservação é

inquestionável.

O Brasil possui um sistema legal criado especificamente para proteger a natureza, onde áreas

de maior relevância para o equilíbrio ambiental, como as Áreas de Preservação Permanente –

APP – são determinadas com o objetivo de orientar e obrigar sua proteção. Geralmente, essas

regiões são estratégicas e contribuem significativamente para o equilíbrio dos ecossistemas,

da qualidade de vida e da preservação dos recursos naturais (OLIVEIRA JUNIOR, 2003).

As nascentes, áreas protegidas pelas APPs, são responsáveis pela manutenção do ciclo

hidrológico, tem função de regular a umidade do ar, as condições atmosféricas e a

disponibilização de recursos hídricos para as necessidades básicas da população humana e da

fauna. É por meio das nascentes que a água subterrânea chega à superfície para abastecer

rios, córregos, lagos e lagoas (PINTO et al., 2012).

Essas regiões são consideradas ambientes frágeis e vulneráveis, nos quais pequenas

modificações impactam a qualidade e o funcionamento dos recursos hídricos de uma bacia

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hidrográfica, como a impermeabilidade do solo, desmatamento, descarte de efluentes e

resíduos sólidos, urbanização, pecuária e agricultura (PINTO et. Al, 2012).

Com a conscientização sobre a importância de proteger os elementos essenciais a vida, muitos

projetos têm sido elaborados na tentativa de recuperar nascentes e preservar os recursos

hídricos, porém a maioria relata grandes índices de mortalidade das espécies vegetais

plantadas, elevados custos de manutenção e baixo índice de sucesso. Observa-se que muitos

apresentam falhas de planejamento, onde características importantes não são consideradas e

há falhas operacionais que dificultam o sucesso.

A recuperação de uma nascente envolve padrões de qualidade das águas subterrâneas,

padrões de potabilidade, reflorestamento de mata ciliar e avaliação de solo, portanto os

projetos devem contemplar os três meios, águas superficiais e subterrâneas, mata ciliar e

qualidade do solo para alcançar maiores índices de eficiência.

Desta forma, além de conscientizar a população e as autoridades públicas sobre a importância

de preservar nascentes, orientar sobre como planejar as ações e analisar as características

necessárias para o atingimento de bons resultados é essencial para a efetividade de projetos

de recuperação ambiental e redução de custo e mão-de-obra com sua implantação.

Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo elaborar um plano de avaliação e

recuperação de Áreas de Preservação Permanentes de nascentes d’água que descrimine as

formas de identificar, qualificar e quantificar as APPs.

2 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

A Constituição Federal de 1988, por meio do artigo nº 225, determina que a preservação

ambiental é responsabilidade do Poder Público e da Coletividade, considera a qualidade dos

recursos naturais essencial para a sadia sobrevivência. O parágrafo 3º deste artigo veda todas

as formas de utilização que comprometam a integridade das áreas de preservação ambiental,

sendo que quaisquer alterações necessárias nessas regiões devem ser autorizadas por leis

específicas (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

Em 1965, considerando a importância de preservar o meio ambiente e os recursos naturais, a

União criou o Código Florestal por meio da Lei nº 4.771 de 15 de setembro de 1965 que foi

revogado e atualizado pela Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012. Essa lei determina quais

áreas devem ser preservadas e a correta forma de preservação, estabelece a necessidade de

existência de vegetação, nativa ou não, para preservar os recursos hídricos, a paisagem, a

estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e flora, o solo e o bem-estar

das populações humanas. Aos espaços de preservação ambiental obrigatória dá-se o nome de

Áreas de Preservação Permanente – APP (CÓDIGO FLORESTAL, 2012).

O artigo 2º do Código Florestal de 2012 determina como Áreas de Preservação Permanente –

APP as seguintes regiões:

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Áreas ao longo de rios e corpos d’água;

Topos de morros, montes, montanhas e serras;

Encostas com declividade superior a 45º;

Restingas, dunas e mangues;

Bordas de tabuleiros e chapadas;

Margens de lagoas, lagos e reservatórios naturais;

Áreas com altitudes superiores a 1.800m;

Locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias ou de fauna ameaçada de

extinção;

Praias, em locais de reprodução da fauna silvestre;

Margens de nascentes, intermitentes ou não e dos chamados olhos d’água.

Nas áreas ao longo de rios e corpos d’água, a Área de Preservação Permanente, nomeadas de

mata ciliar, devem possuir as seguintes medidas:

- 30m de largura para os cursos d’água com menos de 10m de largura;

- 50m de largura para os cursos d’água que tenha de 10m a 50m de largura;

- 100m de largura para os cursos d’água que tenha de 50m a 200m de largura;

- 200m de largura para os cursos d’água que tenha de 200m a 600m de largura;

- 500m de largura para os cursos d’água que tenha largura superior a 600m;

- 50m de raio, independente da situação topográfica da localidade, para nascentes e olhos

d’água (CÓDIGO FLORESTAL, 2012).

As APPs são consideradas bens de interesse nacional, com funções ambientais necessárias a

continuidade da vida no Planeta. A singularidade e o valor estratégico dessas áreas tornam-nas

intocáveis e vedadas ao uso econômico direto, necessárias ao desenvolvimento sustentável da

população atual e futura.

O artigo 4º do Código Florestal, parágrafo 7º permite o acesso de pessoas e animais às APPs

para obtenção de água, desde que não haja supressão da vegetação e nem alteração da

capacidade de regeneração natural da área (CÓDIGO FLORESTAL, 2012).

As Áreas de Preservação Permanente também estão sustentadas pelo Decreto nº 4.339, de 22

de agosto de 2002, que determina a recuperação, revitalização e conservação da

biodiversidade nas diferentes bacias hidrográficas, sobretudo nas matas ribeirinhas, nas

cabeceiras, nos olhos d’água, em outras Áreas de Preservação Permanente e em áreas críticas

para a conservação de recursos hídricos. (DECRETO, 2002).

3 LEGISLAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E SUPERFICIAIS

Toda a preservação das matas ciliares serve para manter a qualidade do solo e das águas da

região, portanto, caracterizar as águas e determinar sua qualidade, classificando-as conforme

as possibilidades de uso é necessário para a elaboração de projetos de recuperação e

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preservação de APPs. Essas informações são importantes para determinar as ações necessárias

à prevenção e controle da poluição dos corpos hídricos e assim proteger a qualidade das águas

e remediar poluições.

A resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA – nº 396 de 03 de abril de

2008 dispõe sobre a classificação e as diretrizes ambientais para enquadramento prevenção e

controle da poluição das águas subterrâneas (CONAMA, 2008).

A resolução considera como água subterrânea toda aquela que ocorre, de forma natural ou

artificial, no subsolo e classifica essas águas a partir de um conjunto de condições e padrões de

qualidade, necessários ao atendimento dos usos preponderantes, atuais e futuros e que

ocorrem em um determinado momento (CONAMA, 2008).

Desta forma, a resolução classifica as águas subterrâneas em 06 grupos de acordo com as

características hidrogeológicas e hidrogeoquímicas, para determinar o grau de tratamento

necessário atrelado ao uso pretendido.

Ainda nesta resolução, o CONAMA estabelece parâmetros e valores máximos permitidos para

cada componente físico, químico e biológico da água e suas possibilidades de uso de acordo

com a classificação acima mencionada, o que tem de ser considerado para embasar as

avaliações de degradação da área a ser recuperada (CONAMA, 2005).

O CONAMA também classifica e determina padrões para as águas superficiais. A resolução nº

357 de 17 de março de 2005, classifica os corpos hídricos superficiais de acordo com seu uso,

necessidade de tratamento e salinidade, determinando condições e padrões específicos para

assegurar seus usos preponderantes. Essa resolução também determina as características e

padrões necessários de um corpo hídrico para receber o descarte de efluentes, evitando a

degradação ambiental com a contaminação de regiões com capacidade de autodepuração

inferiores ao necessário para o descarte (CONAMA, 2005).

Para as nascentes utilizadas ao consumo humano, na forma de fontes naturais, deve-se ainda

observar a portaria nº 518 de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde, que determina o

padrão de qualidade física, química e biológica para a água de consumo humano.

Caso a nascente a ser recuperada tenha a finalidade de fonte para consumo humano, a

recuperação deve ser realizada de forma a enquadrar a água superficial aos níveis de

potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

4 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

Área ambientalmente degradada é uma região onde a fauna, flora, vegetação e solo foram

total ou parcialmente destruídos, removidos ou expulsos, com alteração da qualidade hídrica e

biótica (INSTRUÇÃO NORMATIVA, 2009).

As consequências da degradação ambiental são prejudiciais para o equilíbrio terrestre, afetam

o clima, a umidade do ar, facilitam a propagação de doenças, a escassez de água, a

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desertificação do solo, a extinção de espécies animais e vegetais, os desastres ambientais, a

erosão, e os deslizamentos de terra (OLIVEIRA JUNIOR, 2003).

As áreas ambientalmente degradadas devem ser recuperadas, ou seja, deve ter seu

ecossistema e sua população silvestre restituídos a uma condição não degradada, que pode ou

não ser igual a condição original (INSTRUÇÃO NORMATIVA, 2009).

Dentre os objetivos da recuperação das Áreas de Preservação Permanente estão a estabilidade

de encostas e margens de corpos d’água, manutenção de corredores de fauna e flora,

manutenção e drenagem de cursos d’água intermitentes, o que é alcançado com a

recuperação de matas ciliares, manutenção da biota, da vegetação nativa e da qualidade das

águas (INSTRUÇÃO NORMATIVA, 2009).

A recuperação de uma nascente degradada é essencial para garantir a vazão e a qualidade dos

corpos hídricos que compõe uma bacia hidrográfica. As nascentes, como já mencionado, são

espaços de terra onde há o afloramento das águas subterrâneas, permitindo a formação de

rios, lagos e lagoas utilizados diretamente pelas populações humanas e animais e

indiretamente para o equilíbrio dos ecossistemas e biomas (PINTO et al., 2012).

5 METODOLOGIA DE ANÁLISE

Considerando alguns projetos de recuperação de nascentes que relatam pouca eficiência, alto

custo e baixo desempenho, analisar todas as possíveis influencias em um ambiente frágil como

o das nascentes, é determinante para o sucesso da recuperação da área.

Zelar pelo atendimento mais abrangente possível de todos os itens e características que

possam influenciar direta ou indiretamente a região, identificar as características do bioma

local, levantar informações sobre a vegetação nativa, espécies de flora e fauna típicas e os

índices de preservação ambiental da área a ser trabalhada fornecerão dados básicos para

planejar a reconstituição da área e identificar as fontes de degradação.

Conhecer as características da bacia hidrográfica, como a área de influência, o relevo e os

componentes do solo, identificar e localizar as nascentes, realizar analises físicas, químicas e

biológicas da água e do solo, identificar os componentes e as características do entorno e da

vegetação existente também são informações a serem consideradas no projeto para

determinar as necessidades da área.

Desta forma, conhecendo o ambiente natural da região e as condições em que se encontra

atualmente, torna possível avaliar o estado de degradação da nascente e identificar os meios

de correção mais adequados.

Remover das fontes de degradação, isolar a área, escolher as espécies vegetais a serem

plantadas e as formas de manutenção, são determinantes para o sucesso do projeto de

recuperação de nascentes e só serão bem dimensionamento se as informações básicas acima

forem previamente conhecidas.

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6 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE

Um projeto de recuperação de nascentes eficiente deve considerar os seguintes itens:

Metodologias de recuperação existentes;

Características do solo;

Características da vegetação nativa

Vegetação remanescente

Características da fauna e flora local

Espécies vegetais e animais endêmicas ameaçadas de extinção;

Características do bioma;

Mão-de-obra a ser utilizada;

Cronograma de implantação;

Cronograma de manutenção;

Autorização dos órgãos ambientais competentes.

O projeto deve ser executado e acompanhado por, pelo menos, 2 anos após sua implantação,

podendo os órgãos competentes fiscalizar a recuperação a qualquer tempo (RODRIGUES et.al,

2015).

De acordo com Rodrigues et al. (2015), As metodologias de recuperação vegetal de APPs

autorizadas pelos órgãos ambientais brasileiros são:

Condução da regeneração natural de espécies nativas – ocorre de forma natural a

partir do banco de sementes da serapilheira;

Plantio de espécies nativas (mudas, sementes, estacas);

Plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de

espécies nativas.

O ambiente ciliar degradado pode ser conduzido para a regeneração natural somada a

eliminação das fontes de degradação, o que é recomendado para áreas com banco de

sementes e boas condições ambientais germinativas (BOTELHO et al., 2001). A escolha da

metodologia a ser utilizada está condicionada pela característica da degradação e do entorno

da área (RODRIGUES et al., 2007).

De acordo com Silva et al. (2016), o projeto de recuperação de nascentes deve respeitar as

seguintes etapas:

Identificar da área da nascente e da área a ser preservada em raio de 50m ao redor;

Identificar a zona de tampão subsequente a APP e necessária para a preservação da

área recuperada;

Recolher amostrar de água e solo para análise;

Identificar as características da água conforme instruções do CONAMA e do Ministério

da Saúde;

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Identificar as características do solo e a necessidade de adubação e calagem para

correção de ph e garantia de maiores índices de sucesso no plantio;

Identificar e eliminar as fontes degradantes, a exemplo de remoção de solo

contaminado, retirada do gado, eliminação de focos de incêndio, afastamento de

lavouras, remoção de construções prediais quando possível, eliminação de resíduos

sólidos, eliminação do descarte de efluentes e retirada de espécies invasoras e

exóticas;

Isolar da área – a área de APP da nascente deve ser isolada com cerca de arame para

inibir o acesso de fontes degradadoras, porém permitir o fluxo de pequenos animais,

insetos e até a troca de sementes pelo vento;

Adotar de medidas de prevenção, combate e controle do fogo;

Adotar de medidas de controle da erosão, quando necessário;

Adotar de medidas para conservação e atração de animais nativos dispersores de

sementes, como disponibilização de água, sementes e frutíferas;

Avaliar a capacidade de regeneração natural da área, para identificar a melhor

metodologia de recuperação. Identificar se há banco de sementes e serapilheira

suficientes para germinar e desenvolver as plântulas de forma a colonizar

naturalmente a área. A regeneração natural não necessita de plantio de mudas novas,

apenas manutenção das condições existentes com possíveis adubações e irrigações

para fomentar o crescimento das espécies. É um processo mais econômico, mais

rápido e mais natural. Na inviabilidade deste, recomenda-se o uso da metodologia de

plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de

espécies nativas;

Caso não seja possível a regeneração natural, a escolha das mudas a serem plantadas

deve seguir os seguintes critérios:

- Avaliação da necessidade de nutrientes e água pela espécie;

- Tipo de solo ideal para o desenvolvimento da espécie;

- Forma de propagação e reprodução;

- Tempo de germinação;

- Nível de sombreamento;

- Tempo de expedição da muda;

- Preferência para espécies nativas do bioma;

- Diversidade de espécies, considerando as já existentes;

- Combinação de espécies pioneiras, secundárias e clímax;

- Considerar a atratividade da fauna;

- Considerar a caducidade das espécies, pois podem enriquecer o solo com matéria

orgânica;

Zelar pela manutenção das espécies nativas estabelecidas, plantadas ou germinadas,

com adubação e irrigação suficientes;

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Limpar e preparar o solo – retirar ervas daninhas e vegetação subarbustiva, eliminar

formigas cortadeiras e insetos indesejáveis. Se for necessário aplicar inseticidas e

cuidar para que o mesmo não contamine a nascente, dando preferência ao uso de

iscas granuladas e a aplicar preferencialmente nos períodos de seca, evitando o

lixiviado pela chuva;

Aplicar adubo e calcário no solo. O adubo pode ser químico, como o 4-14-8, mas

preferencialmente utilizar ao esterco de curral curtido ou de galinha, aplicando em

torno de 2 litros por muda a ser plantada;

Covear, ou seja, abrir berços de 40 x 40 x 40 centímetros para receber as mudas. O

adubo pode ser aplicado diretamente na cova para garantir melhores resultados;

Plantar as mudas preferencialmente nas épocas de chuva. Retirar o invólucro protetor

da raiz, cuidando para não quebrar o torrão de terra. Colocar terra para cobrir até a

altura plantada no involucro, não enterrando mais e nem menos do que a muda estava

armazenada. Considerar o incremento de novas plantas a partir da rebrota das

espécies naturais, evitando a competitividade por nutrientes no médio prazo;

Tutoramento – amarrar as mudas em toretes, que podem ser de bambu, com

diâmetro de 3 cm a 5 cm e altura de 1,0 m a 1,5 m, a amarra deve ser feita de modo a

não estrangular a muda e preferencialmente com barbantes. O tutoramento também

ajudará a identificar o local em que as mudas foram plantadas, facilitando a

manutenção e replantio.

Irrigar – após o plantio, irrigar abundantemente para o bom desenvolvimento das

mudas, por esse motivo plantar em épocas de chuva reduz os custos com manutenção;

Manutenção – periodicamente cuidar para eliminação de formigas cortadeiras,

coroamento das mudas, para maior captura de água de chuva e retirada de ervas

daninhas, adubar, capinar a área, irrigar, principalmente nos momentos de estiagem, e

realizar o replantio das mudas que não se desenvolveram após o plantio. No primeiro

mês, a manutenção deve ser feita semanalmente para acompanhar o

desenvolvimento das espécies, nos 3 ou 4 meses seguintes os espaços de manutenção

podem ser quinzenais e depois mensais, durante o período mínimo de 24, garantindo

a capacidade de regeneração natural da região.

Dos itens fundamentais a serem observados para a elaboração de um projeto de recuperação

de nascentes, alguns demandam especial atenção, são eles:

Caracterização da bacia - conhecer as características morfológicas da bacia hidrográfica como

declividade e comprimento de rampa do terreno, a classe de solo predominante, suas

características físico-químicas e a área de abrangência, permite mensurar adequadamente a

recuperação exigida pela área e sua influência no todo. Determina se aquela nascente é

significativa, perene e se está enquadrada na bacia hidrográfica a ser melhorada (COMITÊ PCJ,

2018).

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Caracterização do solo – permitem estabelecer as correções necessárias em nutrientes,

irrigação e pH para o bom resultado da recuperação da mata ciliar e também para mensurar

adequadamente as espécies vegetais a serem utilizadas. Solos argilosos demandam maior

frequência de irrigação e plantas com raízes profundas, pois possuem granulometria fina, de

maior impermeabilidade e que, positivamente, são ricos em nutrientes, bastante férteis

(ROSA, 2010). Solos arenosos são extremamente férteis e contém muita matéria orgânica em

decomposição, são pouco ácidos e possuem boa permeabilidade, o que facilita o

desenvolvimento vegetal (ROSA, 2010). Solos calcários, predominantes em bacias hidrográficas

rochosas, possui características desérticas, pois além de seco, trocam temperatura com o

ambiente de forma mais fácil, prejudicando o desenvolvimento de espécies e demandando

maior manutenção (ROSA, 2010).

Identificação de nascentes - Alguns dados podem ser buscados junto aos órgãos públicos

responsáveis pelo meio ambiente e junto ao conhecimento da população local. Ir a campo com

as possíveis nascentes identificadas para confirma-las é importante e também útil para coleta

de amostras de agua e de solo, para a identificação do entorno e para identificação da

cobertura vegetal.

Analise da água - verificam a existência de poluentes e a potabilidade, especialmente nas

nascentes utilizadas como fontes para consumo humano. Essas nascentes devem possuir

águas que se enquadrem nos padrões de potabilidade de águas minerais naturais ou águas

naturais, conforme estabelecido pelo Ministério da Saúde.

Análise de solo – avalia a fertilidade e as características de nutrientes e pH, importante para

determinar correções através de calagem e adubação, a necessidade de manejo e

conservação, além de identificar possíveis contaminantes. Com o resultado das análises é

possível determinar quanto, quando e o que aplicar para a melhoria do solo (EMBRAPA, 2018).

Caracterização do entorno - Ao sair a campo para identificar e localizar as nascentes, deve-se

também zelar pela observação do entorno. Informações sobre população animal percebida,

existência de espécies vegetais, lavouras, campos produtivos, áreas de pastagens ou criação de

animais, existência de residências, represas, industrias, mineradoras e áreas comerciais são

importantes para elaborar o plano de ação e identificação das fontes geradoras de impacto

ambiental.

Zona tampão - O entorno de uma nascente não consiste apenas na área de 50 metros de raio

ao redor do olho d’água, esta é a medida da APP, mas para preservação ambiental é

necessário considerar a zona tampão, área ao redor da APP que serve como um bloqueio das

ações e atividades poluentes e que desempenha papel importante na preservação da

qualidade ambiental e previne degradações futuras.

Vegetação - A identificação do bioma regional, caracteriza a vegetação nativa e a fauna

predominante, para melhor escolha das espécies a serem utilizadas. Identificar ações de

preservação e recuperação já existentes na região também pode facilitar a elaboração do

projeto. O levantamento das espécies nativas e suas características são úteis para planejar

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quais espécies serão utilizadas na recuperação vegetal da nascente, agregando diversidade a

localidade e aumentando o desempenho do projeto com a escolha de vegetais naturalmente

adaptados as condições da região (RODRIGUES et.al, 2015).

7 POSSÍVEIS PROBLEMAS A SEREM IDENTIFICADOS

Na análise de campo alguns problemas poderão ser identificados imediatamente e outros só

serão notados após o resultado da analise do solo e da água. Dentro os mais comuns

problemas em uma APP de nascente destacam-se:

Erosão do solo - Parte da água da chuva cai diretamente no solo, causando o efeito de erosão,

rachaduras no solo, pois a água se armazenará nas irregularidades deste solo formando poças

que causam o escoamento superficial e não infiltram profundamente no solo, reduzindo a

recarga de lençol freático e das nascentes (TORRES, 2016).

Movimento de massas – ou deslizamento de terras, envolve o deslizamento, tombamento,

queda ou dilatação de massas grandes e relativamente intactas, o que pode ocupar áreas de

nascentes que não estejam protegidas pela vegetação (BARROS, 2017).

Impermeabilidade do solo – pode ter sido causada pela construção de prédios residenciais,

comerciais, industriais, atividades agropecuárias ou mesmo por praças e áreas de lazer,

dificulta a infiltração de água no solo (BARROS, 2017).

Contaminantes no solo – podem ser causados por diversas atividades humanas e podem

causar a poluição da água da nascente pela percolação e lixiviados (BARROS, 2017).

Contaminantes da água – existência de poluentes químicos resultantes de descartes

industriais, contaminantes biológico resultantes de descartes de efluentes domésticos,

contaminantes físicos, como descarte de resíduos sólidos de pequeno tamanho (BARROS,

2017).

Presença de esgotamento sanitário descartado por meio de fossas ou sobre o solo na região da

nascente, proliferando vetores de doenças e contaminantes para água e solo da região,

causando danos a fauna e a flora (BARROS, 2017).

Supressão da vegetação – causa aumento da incidência solar na região, causando

ressecamento do solo e possibilitando o esgotamento das nascentes (TORRES, 2016).

Disposição de resíduos sólidos – áreas de nascentes utilizadas para descarte ilegal de resíduos

que podem contaminar água e solo (TORRES, 2016).

Incêndios – muitas áreas são degradadas por incêndios, naturais ou criminosos, que tem

capacidade de eliminar a vegetação natural e que por vezes são tão severos que tornam

inviável a regeneração natural (BARROS, 2017).

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8 POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Contaminantes de solo e de água – a principal solução é a identificação e eliminação de todas

as fontes poluidoras, exigindo o correto esgotamento sanitário, o correto descarte de resíduos

e o isolamento da área a ser preservada, evitando a repetição das ações prejudiciais (CORONA;

BASTOS, 2017).

Supressão da vegetação – isolar a área e efetuar o reflorestamento é essencial, porém atenção

deve ser dada a manutenção, evitando que os problemas se repitam. Essa solução pode

estancar os problemas de erosão, movimentação de massas e impermeabilidade de solo.

Neste contexto, a educação ambiental e conscientização da população local auxiliará na

manutenção dos trabalhos desenvolvidos (RODRIGUES et.al, 2015).

Impermeabilização do solo – se a causa for edificações, deve-se avaliar a possibilidade de

desconstrução e na impossibilidade deste, mitigar o máximo possível seus efeitos. Os

proprietários devem ser conscientizados para a preservação da área e educados para que

causem o menor impacto ambiental possível em suas ações, atuando como auxiliadores na

recuperação daquela área. Se a causa for atividade agropecuária, o gado deve ser afastado e

mantido fora da área de preservação ambiental, pois seu peso gera compactação o solo. No

caso de agricultura e lavoura nas proximidades, também deve-se zelar pelo afastamento da

atividade da área de APP, pois os agrotóxicos e fertilizantes podem ser lixiviados para a

nascente causando poluições químicas, biológicas e alterando todas as características

ambientais da região, impedindo a recuperação vegetal da área (RODRIGUES et.al, 2015).

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implantação, recuperação e manutenção das áreas de preservação ambiental são

fundamentais para o equilíbrio do ecossistema, do abastecimento hídrico e da manutenção do

clima.

As nascentes devem ser preservadas e as principais formas de garantir o bom resultado da

preservação é a consideração das características das águas subterrâneas e superficiais, do solo

e da vegetação, reduzindo riscos de baixo desenvolvimento das espécies plantadas. A

identificação e o isolamento das nascentes, agregado a remoção dos fatores degradantes e a

recuperação vegetal da APP, são condições que podem desenvolver capacidade de

regeneração natural para a APP, caso haja um novo impacto degradante.

A educação ambiental e a conscientização da população também são importantes, pois a

comunidade está em contato direto com as áreas e tem grande capacidade fiscalizadora,

auxiliando o poder público e os órgãos ambientais a identificar problemas e solucioná-los com

brevidade, evitando grandes prejuízos.

A elaboração de um guia para orientar na identificação dos problemas, determinar possíveis

soluções, explicar os métodos de implantação e coordenar as atividades auxilia os interessados

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a estabelecerem rotas eficazes e criar projetos relevantes para atingir com sucesso o objetivo

final de recuperar nascentes, com menores custos e menores demandas de mão-de-obra.

Com informações práticas, consciência ambiental e parcerias entre o poder público e a

população, a gestão das áreas de preservação ambiental e a preservação de nascente ficam

mais fáceis e acessíveis a todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, A. A. – Recuperação de mata ciliar – um olhar entre a sustentabilidade e a legislação ambiental. ed. 1, São Paulo, Editora Lumen Juris, 2017. BRASIL. Anvisa (2004). Consulta Pública Agência Nacional de Vigilância Sanitária nº 89 de 13 de dezembro de 2004. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17.12.2004. BRASIL. Código Florestal (2012). Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28.05.2012. BRASIL. Conama (2005). Resolução Conselho Nacional de Meio Ambiente nº 357 de 17 de março de 2005. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18.03.2005. BRASIL. Conama (2008). Resolução Conselho Nacional de Meio Ambiente nº 396 de 03 de abril de 2008. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 07.04.2008. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292p. BRASIL. Ministério da Saúde (2004). Decreto nº 518 de 25 de março de 2004. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23.03.2004. BRASIL. Instrução normativa (2009). Instrução normativa nº 5 em 08 de setembro de 2009. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 09.09.2009. BRASIL. Portaria (2004). Portaria nº 5 em 08 de setembro de 2009. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 09.09.2009. CICLO HIDROLÓGICO. In MINISTÉRIO de meio ambiente. Brasília, DF. Disponível em <http://www.mma.gov.br/agua/recursos-hidricos/aguas-subterraneas/ciclo-hidrologico>. Acesso em 10 mai. 2018. COMITÊ PCJ. In COMITÊ de bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Piracicaba, SP. Disponível em <http://www.agencia.baciaspcj.org.br/novo/informacoes-das-bacias/caracteristicas-fisicas>. Acesso em 20 mai. 2018. CORONA, A., BASTOS, N. Ensino de Ciências Biológicas: Recuperação Preservação das nascentes, XX Mostra científica UNIPLAC. Santa Catarina. Revista UNIPLAC. V5, n1, 2017. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Análise de solos. Brasília, DF. Disponível em <https://www.embrapa.br/solos/analises>. Acesso em 20 mai. 2018. OLIVEIRA JUNIOR, Z. Áreas de Preservação Permanente Urbana dos Cursos D’água, ed.1. Curitiba, Editora Juruá, 2014.

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