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O século XX foi marcado por guerras, ditaduras e destruição ambiental. Muitas pessoas, porém, mantiveram viva a esperança de um futuro saudável e sustentável através de suas idéias e sua visão. Esses exemplos estão em Os 100 Maiores Visionários do Século XX, organizado por Satish Kumar e Freddie Whitefield.
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os
100maioresvisionários
DO SÉCULO XX
15ª prova
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COLEÇÃO 100:
AS 100 MAIORES PERSONALIDADES DA HISTÓRIA:
Uma Classificação das Pessoas que
Mais Influenciaram a História
OS 100 LIVROS QUE MAIS INFLUENCIARAM
A HUMANIDADE:
A História do Pensamento dos Tempos
Antigos à Atualidade
OS 100 MAIORES CIENTISTAS DA HISTÓRIA:
Uma Classificação dos Cientistas Mais Influentes
do Passado e do Presente
AS 100 MAIORES CATÁSTROFES DA HISTÓRIA
AS 100 MAIORES INVENÇÕES DA HISTÓRIA:
Uma Classificação Cronológica
OS 100 MAIORES MISTÉRIOS DO MUNDO:
A Mais Completa Lista sobre Coisas
Estranhas e Inexplicáveis
OS 100 MAIORES LÍDERES MILITARES
DA HISTÓRIA:
A Mais Completa Lista dos Grandes
Vitoriosos de Todos os Tempos
OS 100 MAIORES VISIONÁRIOS
DO SÉCULO XX
15ª prova
ABERTURA-c 5/7/11 15:12 Page 2
Satish Kumar & Freddie Whitefield
(Editores)
os
100maioresvisionários
DO SÉCULO XX
TraduçãoMilton Chaves de Almeida
Fausto Wolff
15ª prova
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O DALAI-LAMA
Oceano de Compaixão
“Minha religião é muito simples. Minha religião é gentileza.”
“Amor e compaixão são necessidades, e não luxo. Sem eles ahumanidade não pode sobreviver.”
“A felicidade não é um produto pronto e acabado. Ela nasce de suas próprias ações.”
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“Se quiser que os outros sejam felizes, pratique a compaixão.Se quiser ser feliz, pratique a compaixão.”
“Na prática da tolerância, o inimigo é o melhor professor.”
“Os velhos amigos se vão, mas novos amigos aparecem. É exatamente como os dias. Um dia passa, chega um novo dia. O importante é fazer com que isso tenha
significado; um amigo que significa muito — ou um dia que significa muito.”
Em um dia quente de verão no Japão, país que ainda tem raízes
profundamente, mesmo quando invisíveis, fincadas no budismo,
vi-me, de repente, pensando outra vez em Sua Santidade o 14º.
Dalai-Lama. Em todos os lugares a que vou hoje em dia, pareço
deparar-me com palavras, imagens, fotografias e histórias dele.
É difícil acreditar que há 15 anos, quando mencionava seu
nome em Nova York, poucas pessoas sabiam quem ele era (e algumas
pessoas para as quais consegui um almoço com ele cancelaram
por falta de interesse). E com toda a exposição e admiração veio,
inevitavelmente, um lado sombrio: pessoas ávidas para achar algo
de ruim nele ou interpretar todas ou muitas de suas ações com
ceticismo.
Perguntei-me: qual é a verdadeira natureza de seu carisma, de
seu fascínio? E, nesse dia, a resposta que me veio foi: ele sofreu.
Com uma intensidade quase incompreensível. Passou por mais
sofrimento nesta encarnação do que a maioria de nós passará em
mil vidas. Se existe um tema de grande importância em sua vida, é
o tema budista fundamental da perda.
Aos 2 anos, foi arrancado da vida tranquila que tinha em Lhasa
por um grupo de monges itinerantes e submetido a um rigorosíssimo
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programa de formação monástica e intelectual. Aos 15 anos —
quando a maioria de nós está apenas tentando lidar com a adoles-
cência — já era chefe de Estado, e precisava enfrentar Mao Tsé-tung
e a maior nação do mundo.
Foi forçado a abandonar o país que ele amava e ao qual servia,
viu centenas de milhares de tibetanos morrerem, frequentemente a
seu serviço, e viu rejeitadas quase todas as tentativas de avanço em
negociações diplomáticas nos últimos quarenta anos. Enquanto
Dalai-Lama, aceitou tudo isso como sua responsabilidade, seu des-
tino, existe também um lado humano que só consegue sentir a dor.
Sua mãe morre, seu irmão mais próximo morre, e ele está longe,
tentando resgatar o Tibete. Seu professor morre. Refugiados vêm a
seu escritório todos os dias, chorando descontroladamente. En-
quanto isso, à medida que mais e mais o mundo lhe vem suplicante
com seus problemas, mais e mais jovens de sua comunidade começam
a se rebelar, dizendo: “O que ele fez em quarenta anos? Toda essa
conversa de perdão e conciliação e tudo que está acontecendo é a
China devastando nosso país e mais gente nossa morrendo em vão.”
Em meio a tudo isso, qual é a razão da fama desse homem?
Puro otimismo. Felicidade, calma e um senso de paz invencível.
Seu sorriso, seu calor humano, todas as coisas que fazem dele
aquilo que um amigo meu chama de “o homem mais feliz do
mundo”. De certa forma, isso torna você humilde e também faz
você pensar.
Se alguém que passou pelo que ele passou e perdeu tudo o que
perdeu — quarenta anos esperando para voltar a um lar que está
sendo lenta e sistematicamente destruído — consegue ver o lado
positivo das coisas, que direito temos de sentir pena de nós mesmos?
Se ele consegue ter esperança, como pode o restante de nós não
tê-la?
É o mesmo espírito que vemos em todos os históricos defensores
da verdade, e não apenas nos que, como Mandela, Gandhi ou
Aung San Suu Kyi, cumpriram pena em vários tipos de prisão.
A história da vida de Emerson é uma crônica de perdas.
O DALAI-LAMA 343
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Algumas pessoas diriam (e acho que com justiça), que a men-
sagem do Dalai-Lama, por um lado, é um rigoroso otimismo.
Outras apenas apontariam sua gentileza — algo semelhante ao
Buda segurando uma flor, sem dizer nada.
Pico Iyer
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