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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CCSJ CURSO DE DIREITO OS CRITÉRIOS DA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO: UMA ANÁLISE JURISPRUDENCIAL JANINE SILVEIRA DOS SANTOS Biguaçu, 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CCSJ CURSO DE DIREITO

OS CRITÉRIOS DA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO: UMA ANÁLISE

JURISPRUDENCIAL

JANINE SILVEIRA DOS SANTOS

Biguaçu, 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CCSJ CURSO DE DIREITO

OS CRITÉRIOS DA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO: UMA ANÁLISE

JURISPRUDENCIAL

JANINE SILVEIRA DOS SANTOS

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel

em Direito.

Orientador: Professor MSc. Allexsandre Lückmann Gerent

Biguaçu, 2008

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DEDICATÓRIA

A minha formação como profissional não poderia ter sido concretizada sem a ajuda de meus amáveis pais Ademir e Edna, que, no decorrer da minha vida, proporcionaram-me, além do extenso amor, os conhecimentos da integridade, da perseverança, e também, me fizeram acreditar que a cada dia há sempre uma nova jornada, às vezes fácil e muitas vezes difícil, mas nunca impossível de percorrer. E é por essa razão que gostaria de dedicar e reconhecer a minha imensa gratidão. Às minhas queridas irmãs, amigas e companheiras, Janaina, Jaqueline e Tatiana, que permaneceram sempre ao meu lado acreditando no meu potencial; também aos meus amados sobrinhos Ramon, Ruan, Lucas Nicholas, Manuela e Júnior dos quais tenho um imenso carinho. Ao meu querido Amor, cúmplice e amigo Marcus Vinícius F. Siqueira, que além de me fazer muito feliz, ajudou-me, durante todo o percurso de minha vida acadêmica, compreendendo-me e ensinando-me para que eu conquistasse o meu lugar ao sol. Aos meus tios Adão dos Santos, Ernani, Edma e Cida pela contribuição e apóio que me deram nos momentos difíceis. Às minhas maravilhosas avós Iraci e Teresa, que sempre me deram atenção, carinho e preciosos conselhos, e a todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram para este imenso contentamento que estou sentido neste momento.

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AGRADECIMENTO

A Deus, por ter me dado a oportunidade de concretizar este sonho. Aos meus Pais novamente, que absteram-se dos seus sonhos para realizarem os meus, e que diariamente me ajudaram e ajudam na busca de um futuro melhor, suportando os encargos dos meus estudos. À minha grande amiga Fernanda A. Paiva, que sempre mencionou palavras de incentivo, e a todos os outros que estiveram ao meu lado nesta jornada. Aos amigos da 3ª Vara do Trabalho de São José que contribuíram para o meu crescimento acadêmico.

Ao meu Orientador Allexsandre Lückmann

Gerent que me proporcionou um imenso aprendizado em seu escritório; e também aos amigos, Kleber e Maria, pelo incentivo.

Por último, estendo os meus agradecimentos a todos aqueles, que de uma forma ou de outra, ajudaram-me nas inúmeras discussões ao longo destes cinco anos e seis meses de faculdade.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte

ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do

Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de

toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Biguaçu, 2008

Janine Silveira dos Santos Graduanda

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Janine Silveira dos Santos, sob o

título Os Critérios da Fixação da Indenização por Dano Moral Decorrente de

Acidente de Trabalho: Uma Análise Jurisprudencial foi submetida em 19 de junho de

2008 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Allexsandre

Lückmann Gerent (Presidente), Dirajaia Esse Pruner (Avaliadora), Giselle Meira

Kersten (Avaliadora), e aprovada com a nota 9,15 (Nove vírgula quinze).

Biguaçu, 2008

Professor Msc. Allexsandre Lückmann Gerent Orientador e Presidente da Banca

Professora MSc. Helena Nastassya Paschoal Pítsica Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica

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ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS

ART. Artigo

CC/1916 Código Civil de 1916

CC/2002 Código Civil de 2002

CF/88 Constituição Federal de 1988

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

TRT Tribunal Regional do Trabalho

TST Tribunal Superior do Trabalho

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Responsabilidade Civil

O termo responsabilidade, embora com sentidos próximos e semelhantes, é utilizado

para designar várias situações no campo jurídico. A responsabilidade, em sentido

amplo, encerra a noção em virtude da qual se atribui a um sujeito o dever de

assumir as conseqüências de um evento ou de uma ação.1

Dano moral

Dano moral, portanto, é a dor resultante da violação de um bem juridicamente

tutelado, sem repercussão patrimonial. Seja dor física - dor-sensação, como a

denomina Carpenter – nascida de uma lesão material; seja a dor moral - dor-

sentimento, de causa material.2

Indenização

A indenização traz a finalidade de integrar o patrimônio da pessoa daquilo de que se

desfalcou pelos desembolsos, de recompô-lo pelas perdas ou prejuízos sofridos

(danos), ou ainda de acrescê-lo dos proventos, a que faz jus a pessoa, pelo seu

trabalho.3

Segurança do Trabalho:

É a ciência que atua na prevenção dos acidentes do trabalho decorrentes dos

fatores de risco operacionais.4

Acidente do Trabalho:

É o sinistro sofrido pelo empregado, decorrente da relação de emprego, causando lesão corporal ou perturbação funcional causadora de morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade de trabalho.5 1 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 12. 2 CAHALI, Yussef Said. Dano e Indenização. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1980. p. 7 3 SILVA, De Plácido, Vocabulário Jurídico, vol. II, 10ª ed. Rio de janeiro: Forense, 1987. p. 453 4 SALIBA, Tuffi Messias. Curso Básico de Segurança e Higiene Ocupacional. São Paulo: LTr, 2004. p. 19.

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SUMÁRIO

RESUMO 19 ABSTRACT 20 INTRODUÇÃO 21 CAPÍTULO 1 23 1. RESPONSABILIDADE CIVIL 23 1.1. Evolução Histórica 23 1.2. Responsabilidade Contratual e Extracontratual 27 1.3. Responsabilidade Objetiva e Subjetiva 29 1.4. Ato Ilícito como Fato Gerador da Responsabilidade Civil 30 1.5. Ação ou Omissão do Agente 31 1.6. Culpa 32 1.6.1. Imprudência 35 1.6.2. Negligência 36 1.6.3. Imperícia 37 1.7. Dolo 38 1.8. Do Nexo de Causalidade 39 CAPÍTULO 2 2. DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO 42 2.1. Evolução Histórica 42 2.2. Conceito e denominação de Dano Moral 45 2.3. Dano Moral Direito e Indireto 47 2.4. Dano Moral na Relação de Trabalho 48 2.5. Denominação de Acidente de Trabalho 50 2.6. Da Proteção Acidentária do Trabalhador 51 2.7. Das Conseqüências Acidentárias 54 2.8. Da Responsabilidade Objetiva e Subjetiva Empregador 56 2.8.1. Da Responsabilidade Objetiva do Empregador 56 2.8.2. Da Responsabilidade Subjetiva do Empregador 58 2.9. Critérios para o Arbitramento do Dano Moral Decorrente de Acidente de Trabalho 59 5 ANGHER, Anne Joyce (Coord.). Dicionário jurídico. 6. ed. São Paulo: Rideel, 2002. p.18.

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CAPÍTULO 3 3. OS CRITÉRIOS DA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO: UMA ANÁLISE JURISPRUDENCIAL 64 3.1. Posicionamento do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região 64 3.2. Posicionamento do Tribunal Superior do Trabalho (TST) 76 CONSIDERAÇÕES FINAIS 83 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS 88

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RESUMO

O Código de Hamurabi foi o primeiro ordenamento a trazer a idéia de reparação civil onde dispôs a pena de Talião na forma “olho por olho, dente por dente” que visava a ordem social e os direitos dos indivíduos, posteriormente, guardando semelhança ao referido Código, surge as leis de Manu, que de igual forma previa uma reparação, só que esta em pecúnia, deixando de apreciar a ofensa física como forma de ressarcir o dano sofrido, evitando qualquer forma de vingança. A Lei das XII Tábuas, do Direito Romano também prevê a reparação por danos causados, com aplicação de uma pena em dinheiro, sendo aperfeiçoado, evoluindo-se para um princípio geral, na consagração do princípio aquiliano da culpa o qual obriga a indenizar. Após, com a Revolução Francesa, surge o Código de Napoleão, com a previsão da responsabilidade contratual, bem como é feita a distinção entre a responsabilidade penal e a civil. O Código Civil de 1916 trouxe escasso número de dispositivos acerca da responsabilização civil e o Código Civil Brasileiro de 2002, muito embora tenha conservado a estrutura diplomática do Código Civil de 1916, trata da responsabilidade com mais perspicácia nos artigos 927 seguintes, quando traz em seu art. 186 o conceito de ato ilícito, e com este, a possibilidade de reparação do dano ainda que exclusivamente moral, anteriormente já apontado pela Carta Magna. Com a evolução da responsabilidade civil estão as modalidades e fatos geradores do então dano moral caracterizado como danos extrapatrimoniais que são aqueles prejuízos sofridos pela vítima nos seus valores pessoais. O dano moral está inserido na relação de trabalho e emprego, e quando decorre de acidente de trabalho este dano pode gerar perdas patrimoniais significativas ao trabalhador. Diante disso, nasce o dever de arbitramento do valor da indenização pelo juiz que deve acima de tudo, sopesar cada situação a fim de estabelecer um critério justo frente ao infortúnio que é o acidente do trabalho.

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ABSTRACT

The Code of Hammurabi was the first set of laws to present the idea of civil reparation, displaying the Law of Talion and its "an eye for an eye and a tooth for a tooth" principle, which aimed to grant social order and citizens’ rights. Later and having similar characteristics there were the Laws of Manu, which also mentioned reparation, but monetary, leaving behind physical offense as a way to repair damage and avoing any form of revenge. The Law of the Twelve Tables from Roman Law also referred to damage reparation through monetary penalty, later evolving to a general rationale and consecrating the aquilian principle of guilt, which compels indemnification. Afterwards, with the French Revolution, the Napoleonic Code predicted contractual liability, as well as the distinction between civil and criminal liability. The Brazilian Civil Code of 1916 brought a small number of concepts regarding civil liability, and the Brazilian Civil Code of 2002, even though having conserved the diplomatic structure of the Code of 1916, treated the subject with more perspicacity in the following 927 articles, bringing the concept of tort in its article 186 as well the possibility of repairing damage, even if exclusively moral, which was already mentioned in the Constitution. With the evolution of civil liability are the modalities and facts that generate moral damage, characterized as those affecting the victim’s personal values. The moral damage is inserted in the work and employment relations and can generate significant patrimonial losses when originated from work accident. Thus comes the necessity of arbitration of indemnification value by a judge, who must weigh up each situation in order to establish a fair criteria for the misfortune which the work accident represents.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata “Os critérios da fixação da

indenização por dano moral decorrente de acidente de trabalho: uma análise

jurisprudencial”.

Seu objeto, portanto, é a análise dos critérios adotados no

arbitramento do dano moral decorrente de acidente de trabalho através do

entendimento jurisprudencial trazido pelo Tribunal Regional do Trabalho da Décima

Segunda Região e Tribunal Superior do Trabalho dentre o período dos anos de 2006

a 2008, e seu objetivo, considerada a oscilação das indenizações que envolvem o

tema, é procurar analisar através dos julgados os procedimentos dados para a

aferição do valor da indenização frente ao dano moral decorrente da casuística

acidentária.

A motivação pelo presente tema se deu pelo fato de que não

há uma forma concreta no arbitramento do dano moral frente ao infortúnio que é o

acidente de trabalho, mas critérios adotados para a caracterização do dano moral e,

conseqüentemente, o direito à indenização.

Para tanto, será utilizado o método dedutivo, partindo-se do

geral para o específico. Na composição e estrutura da monografia será empregada

metodologia baseada em pesquisa jurisprudencial, doutrinária, servindo-se de dados

extraídos de artigos, de forma a fundamentar e dar concretização à pesquisa,

chegando-se, vagarosamente ao objetivo principal que é verificar a problemática dos

critérios quanto da aferição da indenização do dano moral por parte dos

Magistrados.

O presente estudo será estruturado em três capítulos:

Responsabilidade Civil, Dano Moral Decorrente de Acidente de Trabalho e, por

ultimo, Os Critérios da Fixação da indenização por Dano Moral Decorrente de

Acidente do Trabalho: Uma Análise Jurisprudencial.

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Desta forma, traz o Primeiro Capítulo desta monografia a

evolução histórica da responsabilidade civil e suas teorias objetivas e subjetivas,

contratual e extracontratual, bem como, os elementos geradores da

responsabilidade civil, quais sejam, ato ilícito, ação ou omissão, culpa, dolo e nexo

de causalidade entre o ato ilícito e o dano ocorrido.

Já o Segundo Capítulo, encontra-se repousado no dano moral

e sua evolução e caracterização quando decorrente de lesão acidentária, sendo

necessário mencionar a proteção acidentária e a responsabilidade do empregador

frente ao dano sofrido pelo empregado e os critérios adotados no arbitramento do

dano moral quando decorrente de acidente do trabalho.

Seguindo pela caracterização do dano moral e suas

denominações, o Terceiro Capítulo traz os critérios da fixação da indenização por

dano moral decorrente de acidente de trabalho, através de análises jurisprudenciais

do Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região e Tribunal Superior

do Trabalho.

A presente monografia se encerra com as Considerações

Finais, nas quais são apresentados os critérios adotados nos julgados, levando-se

em consideração todo o estudo ora apresentado, sendo seguidos da estimulação à

continuidade da pesquisa e das reflexões sobre os critérios no arbitramento do dano

moral decorrente de acidente de trabalho.

Por fim, cumpri-se explicitar que o ônus da prova não será aqui

tratado vez que o objetivo deste estudo encontra-se centrado nos critérios de fixação

adotados pelos juízes quando da fixação da indenização por dano moral.

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CAPÍTULO 1

1. RESPONSABILIDADE CIVIL

O presente capítulo traz a evolução histórica acerca da

responsabilidade civil, porém, não é suficiente por si só. Sendo assim, necessário se

faz o estudo de toda responsabilidade civil, principalmente, seus pressupostos como

o ato ilícito como fato gerador da responsabilidade, ação ou omissão do agente;

culpa, e com ela, os elementos ensejadores: negligência, imprudência e imperícia;

dolo, bem como, o nexo de causalidade. Todavia, muito embora não seja este o

objeto da minha pesquisa, é através da responsabilidade civil que se assenta o

presente estudo.

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

O Código de Hamurabi foi o primeiro ordenamento a trazer às

idéias acerca do direito e da economia, sendo descoberto por uma expedição

francesa, o referido código trouxe 282 dispositivos legais conhecidos por intervenção

de uma versão registrada em uma estrela de basalto negro encontrada em Susan no

Irã, hoje conservada no Museu do Louvre. (PAMPLONA, 1999, p. 44).

O referido Código é composto por leis sumárias e arcadianas

que visavam a ordem social e primava os direitos dos indivíduos onde encontrava-se

calçada pelas autoridades religiosas, bem como pelo Estado. (PÍTSICA, 2007. p.

13).

Com a existência de um poder de autoridade, o legislador

acabou por coibir a vítima de fazer justiça com suas próprias mãos, tornando-se a

compensação econômica obrigatória e não mais a critério da vítima. E assim, passa

o ofensor a ter a obrigação de pecúnia, ao dano causado ou até mesmo pela morte,

nascendo, as mais exóticas tarifações. (GONÇALVES, 2005. p. 1-5).

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O Código de Hamurabi foi à época muito eficaz, porém ora

dispunha que a reparação deveria ser de igual tamanho, preocupando-se com o

dano sofrido pelo lesado, onde dispôs a tão famigerada pena de Talião na forma

“olho por olho, dente por dente”, pena esta, insustentável nos dias atuais, e noutro

plano, previa o pagamento em pecúnia, nascendo desta forma a idéia de

compensação do dano sofrido. (FLORINDO, 1996, p. 16-17).

Deste modo, surge o Código de Manu que ora resguardou

algumas semelhanças ao Código de Hamurabi no tocante a possibilidade de

reparação através de pecúnia, deixando de apreciar a ofensa como forma de

ressarcir o dano sofrido, demonstrando um grande desenvolvimento frente ao

Hamurabi que previa tal ressarcimento, evitando qualquer forma de vingança.

(WESTPHAL, 2003. p. 9-10).

O Código de Manu teve sua abrangência em outras áreas

como comercial, civil, penal, laboral, dispondo ainda acerca da forma de

administração da justiça tocante às provas e julgamentos, estabelecendo pena que

era aplicada pelo rei, em virtude de erros judiciários cometidos por ministros e juízes

que julgassem de forma injusta um inocente. (FLORINDO, 1996, p. 19).

Neste sentido, notório foi o avanço trazido pelo Código de

Manu à civilização moderna, visto que diferente do Código de Hamurabi que

priorizava o ressarcimento do dano através de outra lesão, impôs tão somente a

pena do pagamento de um determinado valor em dinheiro. (PAMPLONA, 1999. p.

44).

O instituto da responsabilidade civil encontra-se calcado na

concepção de vingança privada, conforme dispõe a pena de Talião na Lei das XII

Tábuas. Sendo reconhecida sua importância com a edição da Lex aquila onde

atribuiu-se nova designação da responsabilidade civil como sendo delitual e

extracontratual. (GANGLIANO, 2005. p. 10-11).

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A Lex Aquilia de Damno esclareceu a idéia da reparação

pecuniária do dano, onde o lesante deveria arcar com o prejuízo causado, impondo

que o seu patrimônio suportasse o ônus da reparação, empobrecendo o agressor

sem, contudo, atribuir ao lesado enriquecimento. (DINIZ, 2007. p. 11).

O Direito Romano trouxe a previsão ao ressarcimento por

danos desde a Lei das XII Tábuas, verificando assim que mesmo de forma primitiva

já havia previsão à reparação por danos causados, onde se destacava uma

preocupação com os interesses do ofendido, com aplicação de uma pena em

dinheiro. (WESTPHAL, 2003. p. 10-11).

Na Idade Média, notadamente na França, o pensamento dos

romanos foi sendo aperfeiçoado, evoluiu-se para um princípio geral, na consagração

do princípio aquiliano, o qual a culpa, ainda que levíssima, obriga a indenizar. Após

a Revolução Francesa (1789), já na Idade Contemporânea, surge o Código de

Napoleão, com a previsão da responsabilidade contratual, bem como é feita a

distinção entre a responsabilidade penal e a civil. (ÁVILA, Frederico Miguel,

Disponível em: http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/280207.pdf,

Acesso em: 08 de abril de 2008).

O surto de progresso, o desenvolvimento industrial e a

multiplicação dos danos acabaram por ocasionar o surgimento de novas teorias,

tendentes a propiciar maior proteção às vítimas. (GONÇALVES, Carlos Roberto,

2005, p. 6)

Todavia, o Código Civil de 1916 trouxe escasso número de

dispositivos acerca da responsabilização civil, pois não havia à época um

desenvolvimento difundido para a criação do aludido diploma, e com a evolução

industrial após a Primeira Guerra Mundial começaram a aumentar o número de

vítimas de acidentes, motivando os estudos acerca da responsabilização civil.

(VENOSA, 2004, p.11).

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O instituto da responsabilidade civil teve sua primeira

formulação expressa no Código Civil francês, espalhando-se posteriormente aos

demais, o Código Civil Brasileiro de 2002, muito embora tenha conservado a

estrutura diplomática do Código Civil de 1916, trata da responsabilização com mais

perspicácia nos artigos 927 seguintes. Assim, traz o art. 186 o conceito de ato ilícito,

e com este, a possibilidade de reparação do dano exclusivamente moral,

anteriormente já apontado pela Carta Magna. (VENOSA, 2004, p. 12).

Assim, dispõe Sílvio da Salvo Venosa:

A noção de responsabilidade, como gênero, implica sempre exame de conduta voluntária violadora de um dever jurídico. Sob tal premissa, a responsabilidade pode ser de várias naturezas, embora ontologicamente o conceito seja o mesmo.6

Sob esse conceito, verifica-se que a responsabilidade civil

decorre de um dever gerado pelo ato ilícito constituído através da ação, omissão

culposa ou dolosa do agente que resultou em dano a outrem. (GONÇALVES, 2005,

p. 2).

Para Silvio Rodrigues:

A responsabilidade civil vem definida por SAVATIER7 como a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outro, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam.8

Verifica-se assim, que a responsabilidade civil é um dever

lógico do agente causador do dano pela prática do ato ilícito, ou seja, da violação à

ordem jurídica. (VALLER, 1999, p. 29).

Em suma, tem-se que o direito não se insurge contra toda lesão

de interesse, mas contra aquela lesão que a ordem jurídica estabelece como

imprópria e que deve ser evitada e reparada, ou seja, contra um dano antijurídico.

6 VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil: Responsabilidade Civil, 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.23. 7 Traité de la responsabilité civile, Paris, 1939, v.I, n. 1. p. 23. 8 RODRIGUES, Silvio, Direito Civil: Responsabilidade Civil, 19.ed.v. 4, São Paulo: Saraiva, 2002. p. 6.

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(AGUIAR DIAS, 1995, p. 715).

1.2 RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL

O diploma civil fez distinção genérica entre essas duas

modalidades de responsabilidade, estabelecendo apenas que a responsabilidade

contratual decorre de um negócio jurídico, enquanto que a extracontratual resta

caracterizada pela obrigação frente os direitos reais decorrente de dano à

personalidade e direito decorrentes desta. (GONÇALVES, 2005, p. 26-27).

A responsabilidade contratual resta comprovada quando

entre a vítima e o agente causador do dano haja um vínculo preexistente, que por

sua vez decorreu de um acordo pré-estabelecido, gerando assim a obrigação ao

adimplemento do negócio jurídico firmado, sendo que a culpa aquiliana ou

extracontratual viola o dever de não causar dano, devendo ser sempre comprovado

pela vítima, diferente da responsabilidade contratual que é presumida.

(GANGLIANO, 2005, p. 10-11).

Assim dispõe Rui Stoco:

Na culpa ocorre sempre violação de um dever preexistente; se esse dever se funda num contrato, a culpa é contratual; se no preceito geral, que manda respeitar a pessoa e os bens alheios (alterum non laedere), a culpa é extracontratual ou aquiliana.9

Dessa forma, a responsabilidade contratual diferente da

extracontratual é aquela decorrente do não cumprimento de cláusula contratual, das

quais resultam prejuízo a uma das partes pelo seu inadimplemento, vez que antes

da obrigação de indenizar existe uma condição pré-constituída, sendo que na

responsabilidade extracontratual não há entre o causador do dano e vítima, qualquer

relação jurídica até que o ato ilícito daquele apareça gerando assim a obrigação de

indenizar. (RODRIGUES, 2002, p. 8-9)

9 STOCO Rui, Responsabilidade Civil e sua interpretação jurisprudencial: doutrina e jurisprudência,

3.ed.rev. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997. p. 56.

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28

É a lição de Sérgio Cavalieri Filho:

Se preexiste um vinculo obrigacional, e o dever de indenizar é conseqüência do inadimplemento, temos a responsabilidade contratual, também chamada de ilícito contratual ou relativo; se esse dever surge em virtude de lesão a direito subjetivo, sem que entre o ofensor a vítima preexista qualquer relação jurídica que o possibilite, temos a responsabilidade extracontratual, também chamada de ilícito aquiliano ou absoluto.10

Por outro lado, diz-se que a responsabilidade contratual vem

presumida de culpa, sendo que esta é comprovada por aquele que infringiu o dever

decorrente do contrato, visto que assumiu uma obrigação de resultado. (GARCEZ,

2000, p. 77).

Assim, observa Sérgio Cavalieri Filho:

Essa presunção de culpa não resulta do simples fato de estarmos em sede de responsabilidade contratual. O que é decisivo é o tipo de obrigação assumida no contrato. Se o contratante assumiu a obrigação de alcançar um determinado resultando e não conseguiu, e não haverá culpa presumida, ou, em alguns casos, até responsabilidade objetiva; se a obrigação assumida no contrato foi de meio, a responsabilidade, embora contratual, será afundada na culpa provada.11

Portanto, há na culpa contratual violação de uma obrigação

positiva, quer seja de quitar o objeto do contrato, diferente da culpa aquiliana onde

há negativa à obrigação de não causar dano a outrem. (CAVALIERI, 2007, p. 267).

Ocorre que na responsabilidade extracontratual o dever de

indenização surge por força da lei gerado por um fato culposo do agente, enquanto

que na responsabilidade contratual a obrigação de indenizar nasce como

conseqüência direta de um contrato. (GARCEZ, 2000, p. 68).

Para que reste caracterizada a responsabilidade contratual

10 FILHO, Sergio Cavalieri, Programa de Responsabilidade Civil, 2.ed.3.tir. São Paulo: Malheiros,

2000. p. 26. 11 FILHO, Sergio Cavalieri, Programa de Responsabilidade Civil, 2.ed.3.tir. São Paulo: Malheiros,

2000. p. 198.

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será preciso demonstrar a obrigação que foi violada, o nexo de causalidade entre o

fato e o dano e a culpa que ocasionou o não cumprimento da obrigação. (DINIZ,

2007. p. 236).

Por outro lado, para comprovar a responsabilidade

extracontratual deve-se invocar o dever negativo ou obrigacional de não causar

dano, demonstrando assim, o comportamento antijurídico, a fim de comprovar o

dano específico que refletiu na órbita jurídica. (PÍTSICA, 2007, p. 41).

1.3 RESPONSABILIDADE OBJETIVA E RESPONSABILIDADE SUBJETIVA

Inicialmente a responsabilidade objetiva encontrava-se

assentada na conceituação da culpa, porém os tribunais foram percebendo que se

aplicada à escassa noção de culpa de forma rigorosa, deixaria de indenizar

inúmeras ações de ressarcimento de danos e com isso os julgados visando atender

as exigências da vida social ampliou o conceito de culpa. (VENOSA, 2004, p. 20).

A responsabilidade objetiva é aquela consubstanciada na

teoria do risco, ou seja, a qual se sustenta o dever da reparação dos fatos

prejudiciais que decorrem da atividade desenvolvida em benefício ao causador do

dano. Assim, verifica-se que aquele que põe a funcionar forças em seu proveito, que

fujam à sua fiscalização, deve este assumir conseqüências do ilícito. (VALLER,

1996, 21-22).

A responsabilidade objetiva é a conseqüência lógica do dano

causado, sendo analisada apenas a presença do nexo de causalidade entre o dano

e a vítima, para que assim, nasça a obrigação de indenizar, sendo juridicamente

irrelevante a conduta do agente causador do dano. (PAMPLONA, 1999, p. 27).

Diante do conceito, dispõe Silvio Rodrigues:

Na responsabilidade objetiva a atitude culposa ou dolosa do agente causador do dano é de menor relevância, pois, desde que exista relação de causalidade entre o dano experimentado pela vítima e o ato do agente, surge o dever de indenizar, quer tenha este último

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30

agido ou não culposamente.12

Assim, verifica-se que aquele que põe a funcionar forças em

seu proveito, que fujam à sua fiscalização, deve este assumir os resultados de seu

negócio. (VALLER, 1996, p. 20-22).

Na responsabilidade subjetiva é necessário o exame da

conduta, que somente restará comprovada caso esta seja contrária ao direito.

Assim, a obrigação do agente causador do dano surge de acordo com a existência

de dolo ou culpa que não estando presente não há falar em responsabilidade civil.

Diante disso, para que reste comprovada a responsabilidade subjetiva do agente,

são requisitos essenciais: a violação de direito de outrem, o dano gerado por ato ou

omissão, o nexo de causalidade entre o ato ou omissão e o dano e por fim a culpa.

(VALLER, 1996, p. 18).

1.4 O ATO ILÍCITO COMO FATO GERADOR DE RESPONSABILIDADE CIVIL

O ato ilícito é a ação ou omissão do agente que

desrespeitando a ordem jurídica acaba gerando dano à outra pessoa, trazendo para

si, a obrigação de reparar os danos sofridos pela vítima, figurando assim o ilícito

como sendo a fonte geradora da responsabilidade. (STOCO, 1995, p. 48-49).

O dever de ressarcimento pelo ocasionado ato ilícito decorre

da culpa, desta forma, o ato praticado em desacordo com a norma jurídica que visa

a proteção de interesses alheios, cria ao ofensor o dever de reparar. (DINIZ, 2007. p.

40).

Assim, tendo alcançado o ato ilícito direito de outrem, aqueles

preceitos básicos da coletividade, deve o causador do dano arcar com os resultados

pelo seu comportamento positivo ou negativo, no caso, ação ou omissão,

imputando-lhe conduta dolosa ou culposa. (STOCO, 1995, p. 48-56).

Neste sentido, Rui Stoco em sua obra “Responsabilidade Civil

e sua interpretação jurisprudencial”, dispõe: 12 RODRIGUES, Silvio, Responsabilidade Civil, 20.ed. rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2003. p. 11.

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Impõe-se-lhe, no plano jurídico, que responda (do latim spondeo = “responder a”; “comprometer-se”; “corresponder a compromisso, ou a obrigação anterior”) pelos impulsos (ou ausência de impulsos) dados no mundo exterior, sempre que estes atinjam a esfera jurídica de outrem.13

Assim, o direito de outrem transgride a norma preexistente,

onde o ato lícito gera obrigações e direito ao agente enquanto que o ato ilícito cria

somente deveres àquele que o praticou. A ilicitude do ato cometido pelo agente está

na violação intencional ou previsível do agente que por sua vez é adversa as normas

jurídicas pré-estabelecidas. (PEREIRA, 2005, p. 653-655).

Neste sentido é a lição do Sérgio Cavalieri Filho:

(...) ato ilícito é ato voluntário e consciente do ser humano que transgride um dever jurídico. Ato praticado sem consciência do que se esta fazendo não pode constituir ato ilícito.14

Entende-se como ato ilícito o comportamento não aceito frente

às circunstâncias, quando o agente causador do ilícito poderia ou deveria evitar o

dano e não o fez. (DINIZ, 2007. p. 39).

A responsabilidade civil leva em conta, primordialmente, o

dano, o prejuízo, o desequilíbrio patrimonial da vítima, vez que se não houver dano

ou prejuízo a ser ressarcido, não há falar em responsabilidade civil. (VENOSA,

2002).

1.5 AÇÃO OU OMISSÃO DO AGENTE

A responsabilidade civil pode decorrer de ato próprio do

agente, de terceiro que esteja sob a responsabilidade deste, e ainda de prejuízos

causados por coisas que estejam sob a sua proteção. A responsabilidade de ato

próprio do agente resta caracterizada por si só, porém possui o dever de indenizar 13 STOCO, Rui, Responsabilidade Civil e sua interpretação jurisprudencial: doutrina e

jurisprudência, 2. ed. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995, p. 53. 14 FILHO, Sergio Cavalieri, Programa de Responsabilidade Civil, 2.ed.3.tir. São Paulo: Malheiros,

2000. p. 23.

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não apenas quando infringir o dever legal, mas também quando o dano não atingir

finalidade social destinada, caracterizado ainda como abuso de direito.

(RODRIGUES, 2002).

Neste sentido, Carlos Roberto Gonçalves, dispõe acerca da

ação e omissão:

Inicialmente, refere-se à lei a qualquer pessoa que, por ação e omissão, venha a causar dano a outrem. A responsabilidade pode derivar de ato próprio, de ato de terceiro que esteja sob a guarda do agente, e ainda de danos causados por coisas e animais que lhe pertençam.15

Dispõe Silvio Rodrigues:

A responsabilidade pode emergir de um ato ou omissão do agente que represente infração a um dever social. É possível que a atitude do agente não seja ostensivamente contra a letra da lei, mas contra seu espírito.16

Toda manifestação exterior de vontade, voluntariamente

concebida de forma unilateral ou por recíproco acordo de vontades, produz o que se

convencionou denominar de ato jurídico. Para visualizar a produção do ato jurídico,

o agente deve assumir a atitude de desenvolver determinada conduta, ou,

contrariamente, abster-se de praticá-la.17 (MONTEIRO, 1988, p. 175)

1.6 CULPA

A apreciação de culpa surgiu com o Código Francês, onde a

mesma era avaliada com base nas atitudes do chamado homem médio, ou seja, a

conduta do agente era avaliada tendo como referência um bom pai de família.

(GARCEZ, 2000, p. 88).

15 GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade Civil, 9.ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 32. 16 RODRIGUES, Silvio, Direito Civil: Responsabilidade Civil, 20ª ed. V. 4 – São Paulo: Saraiva, 2003. p. 20. 17 MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil, Vol. 1, Parte Geral, Saraiva, 27 a. ed., 1988, p. 175.

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Para a conceituação da culpa deve-se verificar o evento

causador do dano e se o mesmo era previsível, ou seja, passível de ser evitado, vez

que não sendo previsível não há falar em culpa. O art. 15918 do antigo Código Civil

previa a culpa lato sensu da qual abrange a intenção do agente em causar o dano

(dolo) e a culpa stricto sensu que se caracteriza pela violação do dever legal por

imprudência, negligência ou imperícia. (GONÇALVES, 2005, p. 10-11).

No atual Código Civil em seu art. 18619, percebe-se desde logo

que o legislador ignorou a diferenciação entre delitos e quase-delitos, deixando de

definir a culpa, o que demonstra prudência, vez que evitou possíveis polêmicas.

(AGUIAR DIAS, 2006, 151).

A culpa é a incompletude de um dever que o causador do dano

poderia evitá-lo e conhecê-lo para não violar direito de outrem. Assim, ao profanar o

direito alheio o delito civil deve ser reparado. A culpa por si só é fato gerador do ato

ilícito, da conduta reprovável, visto violar um dever preexistente. (STOCO, 1995, p.

51).

Neste norte, Rui Stoco define:

A culpa, genericamente entendida, é, pois, fundo animador do ato ilícito, da injúria, ofensa ou má conduta imputável. Nesta figura encontram-se dois elementos: o objetivo, expressado na ilicitude e o subjetivo, do mau procedimento imputável.20

Na definição de José de Aguiar Dias:

A culpa é falta de diligência na observância da norma da conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-la, com resultado não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração das conseqüências eventuais

18 Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. 19 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 20 STOCO, Rui, Responsabilidade Civil e sua interpretação jurisprudencial: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999. p. 66.

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de sua atitude.21

A análise da conduta do agente verifica-se pela ocorrência ou

não, erro de conduta ou culpa, por parte do agente causador do dano, confrontando

o comportamento deste com o daquele que seria aparentemente normal.

(RODRIGUES, 2002, p. 146).

Ainda, há que se falar em graus de culpabilidade do agente

para fins de indenização, ou seja, culpa grave, leve e levíssima. Na culpa grave, o

agente concorre com o evento, agindo de forma irresponsável, imprudência ou

negligência, sua gravidade é estabelecida quando equiparada ao dolo, a culpa leve,

refere-se aquela a qual uma pessoa prudente pode causar a outrem. E a culpa

levíssima é atribuída àquela pessoa que mesmo agindo com extrema cautela não

consegue escapar de causar prejuízo a outrem. (RODRIGUES, 2002, p. 146).

O Código de 1916 não estabeleceu de forma expressa a

graduação da culpa, todavia, a jurisprudência e doutrina vinham trazendo

entendimentos, não especificamente para caracterização da responsabilidade, mas

para a fixação da indenização. Desta forma, o atual diploma, ao dispor sobre a

matéria no art. 944 e 945, disciplinou os entendimentos jurisprudenciais tocante aos

graus de culpabilidade. (DALLEGRAVE NETO, 2007, p. 144).

No âmbito civil quando mencionada a culpabilidade a noção

refere-se a dolo e culpa, porém o que os distancia é a intenção do agente causador

do dano em obter um resultado diante daquele que se consubstanciou por

negligência, imprudência ou imperícia, entretanto, tratando-se de reparabilidade

ambas são idênticas. (VENOSA, 2004, p. 27).

Ainda temos as modalidade difundidas pela doutrina quanto ao

modo que a culpa se apresenta: culpa in vigilando quando decorre da falta de

fiscalização de quem detém a responsabilidade, culpa in eligendo aquela decorrente

da má escolha do preposto, e culpa in custoendo que é aquela decorrente da guarda

21 DIAS, José de Aguiar, apud VENOSA, 2007, p. 22.

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de coisas ou animais que encontra-se em seus cuidados. (GAGLIANO, 2006. p.

130).

1.6.1. DA NEGLIGÊNCIA

A negligência se verifica quando há a abstenção na prática de

uma ação, denominada de omissão, que é a falta de cuidado. (CAVALIERI FILHO,

2000, p. 41).

Revela-se pela desídia, passividade e falta de atenção às

normas de agir com capacidade podendo proceder com culpa, e em consequência

violar direito subjetivo de outrem. (OLIVEIRA, 2006, p. 29).

Neste sentido, traz Carlos Roberto Gonçalves :

(...) A negligência é a falta de atenção, a ausência de reflexão

necessária, uma espécie de preguiça psíquica, em virtude da qual

deixa o agente de prever o resultado que podia e devia ser

previsto.22

A negligência é entendida como a desatenção ou falta de

cuidado ao executar determinado ato, consiste na ausência de necessária diligência,

implicando em omissão ou inobservância do dever, ou seja, aquele de agir de forma

prudente, com o devido cuidado exigido frente à situação (TROVÃO, Disponível em:

http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=639 Acesso em: 15 de abril

de 2008)

Na concepção de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona

Filho:

Negligência é a falta de observância do dever de cuidado, por omissão. 23

22 GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade Civil, 9.ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 11. 23 GAGLIANO, Pablo Stolze, Novo curso de direito civil, v. III: Responsabilidade civil / Pablo

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É a omissão daquilo que normalmente se faz, ajustadas as

condições emergentes às considerações que regem a conduta humana. É o

desmazelo das normas que nos ordenam operar com atenção, capacidade,

solicitude e discernimento. (DIAS, 2006, p. 149).

Ocorre negligência quando há a abstenção de tomar os

cuidados necessários para evitar um dano; é a inércia, o descuido, o descaso. O

agente tem conhecimento específico da conduta a ser tomada, não o fazendo por

mero desleixo e desmazelo. (ACTA ORL, Disponível em

http://www.actaorl.com.br/PDF/23-03-02.pdf , Acesso em: 16 de abril de 2008).

1.6.2. DA IMPRUDÊNCIA

A imprudência resta caracterizada pela falta de cautela ou

cuidado, verificada através da conduta comissiva, ou seja, atitude positiva que é a

ação de realizar algo. (CAVALIERI FILHO, 2000, p. 41).

No conceito de Carlos Roberto Gonçalves:

A conduta imprudente consiste em agir o sujeito sem as cautelas necessárias, com açodamento e arrojo, e implica sempre pequena consideração pelos interesses alheios.24

Desse modo, verifica-se que o conceito de imprudência traz a

temeridade em agir com precipitação, sem a devida cautela a qual deveria proceder.

(OLIVEIRA, 2006, p. 29).

Da mesma forma, Croce exprime o conceito de imprudência:

A imprudência, denominada pela doutrina forma ativa ou militante de culpa, é uma atitude em que o agente exerce determinada atividade, que guarda necessariamente relação com arte ou profissão, com

Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho – 4.ed. rev., atual. e reform. – São Paulo: Saraiva, 2006. p. 128. 24 GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade Civil, 9.ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 11.

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intempestividade, precipitação, afoiteza ou insensatez, deixando de empregar as precauções indicadas pela experiência como capazes de prevenir possíveis resultados lesivos.25

Ocorre a imprudência quando o agente culpado decide por si

só enfrentar de forma desnecessária o perigo, indo contra as regras básicas de

cautela. (GAGLIANO, 2006, p. 129).

1.6.3. DA IMPERÍCIA

A imperícia resta caracterizada pelo despreparo e falta de

habilidade para praticar determinado ato, que igualmente a negligência e a

imprudência, pode caracterizar a culpa, fato que faz prosperar o direito de

indenização. (OLIVEIRA, 2006, p. 29).

Assim, dispõe Rodrigo Mendes Delgado:

A imperícia ocorre quando uma pessoa, devendo observar certas regras técnicas para o desempenho de determinada profissão ou arte, não as observa (...).26

Imperícia caracteriza-se pela falta de conhecimento ou

despreparo técnico do agente no exercício de uma profissão, onde consubstancia o

seu dever de conhecer a sua falta de preparo para o exercício de determinada

atividade profissional. (GONÇALVES , 2005, p. 898).

Dispõe ainda, Carlos Roberto Gonçalves:

(...) A imperícia consiste sobretudo na inaptidão técnica, na ausência de conhecimentos para a prática de um ato, ou omissão de providência que se fazia necessária; é em suma, a culpa profissional.27

25 CROCE, Delton e CROCE Delton Jr. Erro Médico e o direito. São Paulo: Mendes, 1997, p.19. 26 DELGADO, Rodrigo Mendes, O Valor do Dano Moral, 2.ed., São Paulo: J. H. Mizuno Editora, 2004, p.62-63. 27 GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade Civil, 9. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 11.

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Esta forma de exteriorização da culpa é decorrente da

ausência de propensão ou habilidade especial para a realização de uma

determinada atividade que necessita de técnica específica. (GAGLIANO, 2006, p.

129).

1.7 DOLO

Com base nos princípios, pode-se conceituar o dolo como

sendo o interesse consciente do resultado do ato ilícito, caracterizado também pela

ação ou omissão da previsibilidade do dano que a sua atividade poderia causar, e

que mesmo assim prossegue até alcançar o evento danoso. (CAVALIERI, 2000, p.

898).

O dolo é definido por Maria Helena Diniz como sendo:

[...] vontade consciente de violar o direito, dirigida à consecução do fim ilícito (...).28

O dolo civil surge com a intenção ao cometimento de um ilícito,

que é o animus de atentar contra o direito de outrem, a vontade rege dirigida ao

resultado esperado. (AGUIAR DIAS, 1995, p. 374).

Acerca do dolo civil dispõe Washington de Barros Monteiro:

Em sentido amplo, o dolo civil é todo artifício empregado para

enganar alguém.29

Neste sentido, o dolo encontra-se caracterizada pelo animus

do agente na violação de forma intencional, consciente e voluntária o dever jurídico

pré-estabelecido. (GONÇALVES, 2005, p. 33).

28 DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil, 11. ed., São

Paulo: Ed. Saraiva, 1997, p. 40. 29 MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil, v. 1: parte geral, 41.ed. São Paulo:

Saraiva, 2007.p. 236.

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Para Silvio de Salvo Venosa:

Dolo consiste em artifício, artimanha, engano, encenação, astúcia, desejo maligno tendente a viciar a vontade do destinatário, a desviá-la de sua correta direção.30

No direito penal, estão previstas duas modalidades de dolo, o

dolo direto e indireto, o primeiro ocorre quando o resultado do mundo exterior

corresponde perfeitamente à intenção e a vontade do agente, já o dolo indireto

possui dois aspectos, o alternativo e eventual, alternativo quando o agente quer um

ou outro resultado possíveis de sua ação e eventual, quando ele prevê e assume o

risco da conseqüência de sua conduta, embora não possua a vontade de produzi-lo.

(MONTEIRO, 2007.p. 235)

1.8 NEXO DE CAUSALIDADE

Um dos pressupostos da responsabilidade civil é a existência

do nexo de causalidade entre o ato ilícito e o dano gerado, sem essa relação não há

falar na obrigação de indenizar, previsto pelo art. 186 do Código Civil.

(GONÇALVES, 2005, p. 536)

Para a configuração do nexo causal três teorias, a teoria da

equivalência das condições, ou seja, tudo que contribuir para o evento será

considerado causa, a teoria da causalidade diferente da equivalência defende que

nem todas as condições serão a causa, mas somente a mais apropriada, e por

último, a teoria da causalidade direta e imediata adotada pelo nosso Código Civil,

entende por causa aquela que está diretamente ligada ao resultado danoso.

(GAGLIANO, 2006, p. 86-92).

Assim, verifica-se que o nexo de causalidade é o liame que liga

o dano à conduta do agente causador do dano, nexo este que se identifica através

da deflagração do dano no caso concreto. (VENOSA, 2004, p. 45-46)

30 VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil: Responsabilidade Civil, V. I. 4. ed. São Paulo: Atlas,

2004, p. 455.

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40

Dispõe, Wladimir Valler:

A existência da relação de causalidade é uma questão de fato. Não se pode exigir do autor a prova do fato negativo de que o dano não se produziria sem o ato ilícito, ou de que não poderia ser conseqüência de outras circunstâncias. É ao réu – como observa PONTES MIRANDA – que imcumbe alegar e provar que a relação de causalidade foi destruída por fatos concomitantes, que tiraram ao delito qualquer caráter de danosidade.31

Diante disso deve o agente provar o nexo de causalidade,

analisando se existe um dano e se este resultou por culpa exclusivamente da vítima,

se agiu de maneira dolosa ou por motivo de força maior ou caso fortuito, não há

como responsabilizar o réu. (PAMPLONA, 1999, p. 23).

No caso fortuito, na força maior, bem como na ocorrência de

culpa exclusiva da vítima exclui-se o nexo de causalidade vez que estes impedem

que concretize o nexo causal, inexistindo assim qualquer relação entre a conduta do

agente e o dano. (VENOSA, 2004, p. 45-46).

Sobre o tema, contribui Carlos Alberto Bittar:

Não se cogita, em verdade, pela melhor técnica, em prova de dor, ou de aflição, ou de constrangimento, porque são fenômenos ínsitos na alma humana como reações naturais a agressões do meio social. Dispensam, pois, comprovação, bastando, no caso concreto, a demonstração do ato lesivo e a conexão com o fato causador, para responsabilização do agente.32

Desta forma assevera Caio Mario da Silva Pereira:

Não basta que o agente haja procedido contra direito, isto é, não se define a responsabilidade pelo fato de cometer um “erro de conduta”; não basta que a vítima sofra um “dano”, que é o elemento objetivo do dever de indenizar, pois se não houver um prejuízo a conduta antijurídica não gera obrigação ressarcitória.33

31 VALLER, Wladimir, A reparação do dano moral no direito brasileiro, 4.ed. – São Paulo: Copyright by E.V. Editora Ltda., 1996. p. 19. 32 BITTAR, Carlos Alberto, Reparação Civil por Danos Morais. 3. ed. São Paulo: RT, 1999, p. 136. 33 PEREIRA, Caio Mário da Silva, Responsabilidade Civil, 9.ed., Rio de Janeiro: Forense, 2001. p.

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41

Não obstante, o nexo de causalidade é o elemento mais

delicado, pois através deste se tem a identificação da veracidade dos fatos, podendo

resultar em causalidade múltipla, já que nem sempre tem condições de apontar a

verdade do ocorrido. (STOCO, 1997, p. 63).

75.

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42

CAPÍTULO 2

2. DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO

Este Capítulo tem por objetivo principal a análise do dano

moral decorrente do acidente de trabalho, e com isso, faz-se necessário demonstrar

a evolução e o conceito histórico de dano moral, a prevenção e as conseqüências

acidentárias, delimitando acerca da responsabilização objetiva e subjetiva do

empregador para ao final, verificar quais os critérios adotados no arbitramento do

quantum indenizatório frente à lesão moral sofrida que é o objeto central desta

pesquisa.

2.1. DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DANO MORAL

A história mostra que Hamurabi, rei da Babilônia preocupado

com as pessoas de seu povo gravou em seu código embora de forma primitiva

acerca do dano moral, demonstrando interesse na busca pela reparação à vítima.

Nesta época prevalecia a Lei de Talião a qual estabelecia a regra “olho por olho,

dente por dente”, impondo ao agressor as mesmas ofensas cometidas por este,

onde visava que os danos deveriam ser reparados de igual maneira. (FLORINDO,

1996. p. 15-19)

O Código de Manu, da Índia, demonstrou-se ser mais ético,

estabelecendo que a reparação de determinada lesão deveria ser ressarcida por

meio do pagamento de uma quantia, impedindo a aplicação da Lei de Talião.

(BELMONTE, 2002, p. 14).

A teoria do dano moral sofreu resistências aos códigos de

Hamurabi e Manu, percorrendo o Direito Romano e acabou se desenvolvendo na

França, evoluindo com a ajuda de doutrinadores que aos poucos foram vencendo a

resistência dos tribunais. (STOCO, 1995, p. 521).

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O Alcorão trouxe manifestação acerca das lesões na esfera

extrapatrimonial a exemplo do adultério, que demonstrava para os muçulmanos uma

lesão ao patrimônio moral, há neste diploma nítida inspiração no Código de

Hamurabi. (GAGLIANO, 2006, p. 59).

Na Bíblia Sagrada vê-se também o cabimento da indenização

pecuniária e proibição de divórcio, quando havia divulgação da má fama da moça

em relação a sua virgindade. (GAGLIANO, 2006, p. 60).

A Lei das XII Tábuas, também chamada simplesmente de Lex,

ou ainda Legis XII Tabularum ou Lex Decenvilaris, resultou num conjunto de 10

tábuas gravadas sobre bronze ou carvalho, as quais foram acrescidas mais duas

tábuas no ano seguinte. É considerada como a fonte de todo direito público e

privado para os próprios romanos. O seu valor consiste em ter sido uma das

primeiras leis que ditava normas que extinguia as diferenças de classes, visto que as

leis do período monárquico não mais se adaptarem à nova forma de governo, ou

seja, à República; e por ter sido a que deu origem ao Direito Civil e às ações da lei,

evidenciando-se o caráter tipicamente romano, quer sejam, povo prático, objetivo e

imediatista. (TAVARES, Disponível em:

http://www.fmd.pucminas.br/Virtuajus/Ano2_08_2003_arquivos/Docente/O%20Direit

o%20nas%20Sociedades%20Primitivas.doc . Acesso em: 16 de abril de 2008).

Ultrapassada a época da vingança privada, todo ato

considerado lesivo ao patrimônio ou à honra de alguém deveria ser reparado,

(GAGLIANO, 2005, p.61).

Assim, a partir deste momento, através do Direito Escrito, toda

e qualquer lesão ao patrimônio ou a honra, demandava a posterior reparação.

(WEATPHAL, 2003, p. 12).

No Direito Canônico, nota-se a preocupação em determinar a

reparação pelos danos morais e materiais, tendo com base os dispositivos que as

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legislações antigas acabaram adotando sob a influencia da igreja católica, a

exemplo, da ruptura da promessa de casamento, bem como, a reparação resultante

de calúnia e injúria. (GAGLIANO, 2006, p. 63).

No Brasil Colônia, não havia quaisquer regras acerca do

ressarcimento do dano moral, sendo muito questionada a possibilidade de reparação

na época. (GAGLIANO, 2006, p. 64).

O Código Civil brasileiro de 1916 iniciou com alguns preceitos,

seguido pela Lei de imprensa e pelo Código Brasileiro das Telecomunicações,

porém somente foi aceito pela Constituição Federal de 1988, que em seu art. 5°34,

V35 e X36 consagrou o referido diploma. (STOCO, 1995, p. 521).

Antes da Carta Magna de 1988 a Suprema Corte brasileira

somente aceitava a reparabilidade do dano moral se houvesse afetado em seu

limite, o patrimônio do lesado, verificando que o dano estava limitado apenas ao

prejuízo material e não moral. Após o surgimento da previsão constitucional do art.

5°, inciso X, foi que desencadeou a percepção à reparabilidade do dano moral.

(SÜSSEKIND, 2004, p. 363-364)

Assim verifica-se que a Constituição de 1988 somente elevou à

condição de garantia dos direitos individuais, protegendo a moral, a honra, ou seja,

todos os valores estruturais no tocante aos direitos da personalidade, tendo em vista

que a moral é um bem jurídico. (PITSICA, 2007. p. 30).

O atual Código Civil (Lei n. 10.406/02) que passou a vigorar na

data de 12 de janeiro de 2003, através do art. 18637 inovou e acabou com a

34 “Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 35 V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 36 X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 37 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

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discussão quanto a possibilidade de reparação do dano exclusivamente moral, ainda

que não haja prejuízo material, vez que o antigo diploma no seu art. 15938 previa a

reparação de forma genérica. (WEATPHAL, 2003, p. 13).

Dessa forma, a legislação brasileira, apesar de tardiamente,

não escapou da tendência moderna de findar a controvérsia sobre a necessidade de

preservar a honra, o patrimônio moral e todos aqueles relacionados com os direitos

da personalidade. Assim, nosso direito brasileiro, dispõe acerca da proteção do dano

moral através das seguintes legislações: Carta Magna, art. 5°; V e X, Código Civil

nos arts. 186 e 187; Código Eleitoral, art. 234, §§ 1°, 2° e 3°; Código Brasileiro de

Telecomunicações, arts. 81 a 88; Código da Defesa do Consumidor, art. 6°, VII;

Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 17; Lei dos Direitos do Autor, art. 25 e

segs; Lei de Imprensa, arts. 49, I, 56 e 244; Código de Propriedade industrial, art.

126. (WEATPHAL, 2003, p. 15)

2.2. CONCEITO E DENOMINAÇÃO DE DANO MORAL

De acordo com Dicionário Aurélio a palavra dano provém do

latim damnu, mal ou ofensa pessoal, prejuízo moral ou material causado a alguém

pela deteriorização ou inutilizarão de seus bens. Moral, do latim, morale, relacionado

aos costumes e comportamentos. (FLORINDO, 1996, p. 13-14).

Dano moral, na precisa conceituação de Antônio Chaves:

É a dor resultante da violação de um bem juridicamente tutelado sem repercussão patrimonial. Seja a dor física – dor-sensação como a denominada Carpenter -, nascida de uma lesão material; seja a dor moral – dor-sentimento – de causa material.39

A moral é definida por Plácido e Silva:

Moral. Derivado do latim moralidade (relativo aos costumes), na forma substantiva, designa a parte da filosofia que estuda os

38 Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. 39 CHAVES, Antônio, Tratado de Direito Civil, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1985, vol. III, p. 607.

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costumes, para assinalar o que é o honesto o virtuoso, segundo os ditames da consciência e os princípios da humanidade. A moral, assim, tem âmbito mais amplo que o Direito, escapando à ação deste muitas de suas regras, impostas aos homens como deveres.”40

O Dano moral consiste no prejuízo de um bem a qual não se

pode atribuir valor pecuniário, e nem se pode comercializar, trata-se de uma lesão à

personalidade, intimidade, honra e imagem, que são bens juridicamente tutelados

pela Carta Magna. (PAMPLONA, 1999. p. 42).

Para o doutrinador Yassef Said Cahali:

A caracterização do dano moral extrapatrimonial tem sido deduzida na doutrina sob a forma negativa, na sua composição ao dano patrimonial; quando ao dano não correspondem as características de dano patrimonial estamos diante em presença de dano moral. 41

Segundo Antônio Chaves, trata-se da dor que resulta de um

bem tutelado juridicamente sem que haja repercussão patrimonial, seja a dor física,

gerada de uma lesão imaterial, seja a dor moral, de causa material. (Apud

WEATPHAL, 2003, p. 19)

Este dano atinge bens incorpóreos, como a imagem, honra,

íntimo, alto estima, ou seja, referente ao interior do ser humano. (WESTPHAL, 2003,

p. 19).

Para Eduardo Viana Pinto:

Danos morais são aqueles que causam desassossego, mágoas, dores à intimidade, em razão de atos lesionados à sua honra, dignidade, auto-estima, e que acabam por lhe causar aguda e penetrante dor pessoal.42

Esses danos extrapatrimoniais resultantes de prejuízos

sofridos pela vítima nos seus valores íntimos e pessoais, devem ser tutelados pelo

40 SILVA, Plácido e, Vocábulo Jurídico, vol 2, Rio de Janeiro: Forense, 1961, p. 215. 41 CAHALI, Yussef Said, Dano Moral, 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. p. 20. 42 PINTO, Eduardo Viana. Responsabilidade Civil de acordo com o novo código civil, Porto Alegre: Síntese, 2003, p. 79.

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Estado, por isso, a norma assegura o direito à reparação ou compensação dos

prejuízos identificados, que será objeto de uma verba pecuniária fixada pelo juiz.

(REIS, 2000, p.08)

Na definição de Wilson Melo da Silva:

Dano moral, definimo-lo nós, é aquele que diz respeito às lesões sofridas pelo sujeito físico ou pessoa natural (não-jurídica) em seu patrimônio de valores exclusivamente ideais, vale dizer, não econômicos.43

Os preceitos da moral principalmente no que tange a honra

subjetiva, não se distancia da conduta ética, nem foge ao campo social, tampouco

se afasta deste, muito embora esteja a honra na subjetividade do agente.

(AMARANTE, 2005, p. 39).

É aquele dano sofrido por uma pessoa ou grupo delas que em

conseqüência de um ato ilícito ou devido a uma atividade de risco desenvolvida por

outrem foi capaz de atingir direitos da personalidade e princípios axiológicos que

independem de valoração econômica. (MONTEIRO DE BARROS, 2007, p. 634).

2.3. DANO MORAL DIRETO E INDIRETO

Do ponto de vista jurídico, o dano moral pode ser direto e

indireto. O dano moral direto é aquele resultante a um bem jurídico não material, ou

seja, aqueles bens relacionados à personalidade, a honra, a imagem, o nome, a

capacidade entre outros atributos à pessoa. O Dano Moral indireto é aquele

decorrente de um dano patrimonial, o qual acaba produzindo efeito gerando prejuízo

imaterial. (VALLER, 1996, 38-39).

Neste contexto, extrai-se de Yussef Said Cahali acerca da

caracterização do Dano Moral pelos seus próprios elementos:

[...] como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor 43 SILVA, Wilson Melo da, Dano Moral, in enciclopédia Saraiva do Direito, cit., p. 266 .

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precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos; classificando-se, desse modo, em dano que afeta a “parte social do patrimônio moral” (honra, reputação etc.) e dano que molesta a “parte afetiva do patrimônio moral” (dor, tristeza, saudade etc.); dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz, deformante, etc.) e dano moral puro (dor, tristeza etc.).44

O dano direto é aquele que decorre imediatamente da sua

ocorrência do prejuízo, já o dano indireto decorre de uma perda posterior à perda

mediatamente sofrida, a qual repercute e agrava a ocorrência do dano imediato.

(PAMPLONA, 1999, p. 36).

Diante disso leciona Maria Helena Diniz:

Numa conseqüência da perda mediatamente sofrida pelo lesado, representando uma repercussão ou efeito da causa noutros bens que não os diretamente atingidos pelo fato lesivo. É o que decorre de fato supervenientes que agravam o prejuízo diretamente suportado, p. ex., o vendedor de gado entrega animais doentes, que contagiam outros pertencentes ao comprador; se alguém mata um pai de família, privará de subsídios o filho menor. Trata-se do dano mero reflexo ou, como preferem os franceses, dommage par ricochet. 45

Tem-se assim, que o dano moral direto e indireto se constituem

em classificações originadas do requisito causalidade entre o dano e o fato

imprevisível para a configuração do dano indenizável. (GAGLIANO, 2006, p. 67).

2.4. O DANO MORAL NA RELAÇÃO DE TRABALHO

Uma das finalidades que norteiam o direito do trabalho é

propiciar respeito ao trabalhador, à sua dignidade. Ou seja, o direito laboral visa

disciplinar de forma geral as relações de trabalho, propiciando segurança e respeito

à dignidade dos trabalhadores. (PÍTSICA, 2007. p. 59).

44 CAHALI, Yussef Said, Dano Moral, 2.ed.rev.atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos

Tribunais, 2000. p. 20. 45 DINIZ, Maria Helena, ob. Cit., p. 51.

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Diante disso, o instituto do Direito do Trabalho, com suas

teses, livros, debates e muitos eventos, tento em vista as peculiaridades na relação

de trabalho e emprego, caminha com segurança para a maturidade e proteção dos

mais importantes direitos da pessoa. (WESTPHAL, 2003, p. 55).

No conceito de Amauri Mascaro Nascimento o direito do

trabalho é:

O ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho, em sua estrutura e atividade.46

Assim, a relação existente entre empregado e empregador não

obsta a ocorrência de dano, assim como a convivência em sociedade, onde o dano

é eminente. Todavia nessa relação tem-se que o empregado seja a parte vulnerável,

vez que o empregado na qualidade de subordinado tem mais chance de ser

atingindo moralmente, até mesmo pela própria hierarquia que está submetido,

devendo acatar as ordens de seu empregador. (FLORINDO, 1996, p. 47-48).

Délio Maranhão conceitua contrato de trabalho:

[...] negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado) se obriga, mediante o pagamento de uma contraprestação (salário), a prestar trabalho não eventual em proveito de uma pessoa, física ou jurídica (empregador), a quem fica juridicamente subordinada.47

Da relação existente, dispõe o Professor Arnaldo Lopes

Süssekind:

O quotidiano da execução do contrato de trabalho, com o relacionamento pessoal entre empregado e empregador, ou aqueles a quem este delegou o poder de mando, possibilita, sem dúvida, o desrespeito dos direitos da personalidade por parte dos contratantes. De ambas as partes – convém enfatizar – embora o mais comum seja a violação da intimidade, da vida privada, da honra ou da

46 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho, 11. ed., rev. e aum., São Paulo:

1995, p. 107. 47 MARANHÃO, D. Apud MORAES, G. B.. Dano moral nas Relações de Trabalho. São Paulo: LTr,

2003 p.69.

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imagem do trabalhador.48 A relação entre empregado e empregador, igualmente a vida

em relação, onde as pessoas podem voluntária e involuntariamente causar danos às

outras, é suscetível de escapar desta contingência, visto que tal fato é tão irrefutável

quanto dizer que o ser humano é passível de errar. (CARDONE, 1998, p. 322).

Com relação a acidente de trabalho, que acorrem com

freqüência e ocasionam graves lesões corporais, perturbações e até morte do

empregado, também podem gerar conseqüência de ordem moral. (WESTPHAL,

2003, p. 79).

Desta forma, a Carta Magna consagrou a autonomia entre o

ressarcimento previdenciário da lesão sofrida pelo obreiro em caso de acidente de

trabalho e a responsabilização do empregador, podendo cumular, quando

configurada culpa ou dolo patronal. (OLIVEIRA, 2001, p. 26).

2.5. DENOMINAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO

Acidente de trabalho é um acontecimento inesperado,

geralmente violento e fortuito, que possui relação direta com a atividade laboral que

acaba resultando na lesão corporal do empregado. (PEREIRA DE CASTRO, 2006.

p. 519).

É o evento danoso que resulta no exercício de seu labor,

ocasionando ao Obreiro, direta ou indiretamente lesão corporal, perturbação

funcional ou doença que resulte na morte, perda total ou parcial, de forma

permanente ou temporária da capacidade funcional. (DINIZ, 2007. p. 487).

O acidente do trabalho encontra-se conceituado na moléstia

profissional, que o empregado contrai em conseqüência de seu labor, sendo que

esta moléstia deve ter efeito exclusivo do trabalho. (GOMES, 1998, p. 282).

48 SÜSSEKIND, Arnaldo Lopes, Tutela da Personalidade do Trabalhador, Revista Ltr, maio/1995,

vol. 59, pág. 595.

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Conforme a Lei 8.213/91, acidente do trabalho é aquele que

ocorre no exercício do trabalho provocando lesão corporal ou perturbação funcional

que cause o óbito, perda ou diminuição da capacidade para o labor permanente ou

de forma temporária. (OLIVEIRA, 1997, p. 01).

Nas palavras de Antônio Lago Júnior:

Acidente do Trabalho é aquele acontecimento mórbido, relacionado diretamente com o trabalho, capaz de determinar a morte do obreiro ou a perda total ou parcial, seja por um determinado período de tempo, seja definitiva, da capacidade para o trabalho. Integram, pois, o conceito jurídico de acidente do trabalho: a) a perda ou redução da capacidade laborativa; b) o fato lesivo à saúde, seja física ou mental do trabalhador; c) o nexo etimológico entre o trabalho desenvolvido e o acidente, e entre este último e a perda ou redução da capacidade laborativa.49

Assim, o acidente do trabalho é um acontecimento

imprevisível, que não é provocado, ou seja, sem dolo, e que acaba resultando na

lesão corporal ou perturbação funcional do empregado. (GONÇALES, 2005, p. 185).

2.6. DA PROTEÇÃO ACIDENTÁRIA DO TRABALHADOR

O Código Comercial de 1850 em seu art. 18 foi o primeiro a

garantir o pagamento no valor de 03 (três) salários ao preposto que sofresse

acidente de trabalho. Ato contínuo, a primeira lei geral n. 3.724 de 15.01.1919 sobre

acidentes do trabalho, utilizou-se da teoria da responsabilidade objetiva, porém, não

havia uma tarifa de indenização, adotando-se assim, as regras do Código Civil

antigo para arbitramento do valor. (PEREIRA DE CASTRO, 2006. p. 516).

O instrumento legal que se seguiu foi o Decreto Legislativo nº.

24.637, de 10.09.1934 que da mesma forma adotava a teoria do risco profissional,

ampliando o conceito de acidente do trabalho, retirando a causalidade como sendo

exclusiva e direta, já que admitia considerar-se infortúnio do trabalho toda lesão 49 JÚNIOR, Antônio Lago, A responsabilidade civil decorrente do Acidente de Trabalho, in Adroaldo Leão; Rodolfo Mário Veiga Pamplona Filho, Responsabilidade Civil, Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 54-5.

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corporal ou perturbação funcional, ou doença, produzida pelo trabalho ou em

conseqüência dele, determinando a morte ou a incapacidade laboral permanente ou

temporária, total ou parcial. (COSTA, Disponível em:

http://www.acidentedotrabalho.adv.br/resumo/01.htm. Acesso em: 19 de abril de

2008).

O Decreto lei n. 7.036 de 10.11.44 foi considerada a época a

mais eficaz legislação de Direito Acidentária do Trabalho no Brasil, visto que

protegia todo tipo de trabalhador quando este ficava incapacitado ou morria, sendo

pago uma indenização pelo dano causado. (SALEM NETO, 1998, p. 13).

Assim, esse Decreto-Lei n. 7.036/44 estabeleceu a

responsabilidade civil decorrente de acidente do trabalho em seu art. 31 onde previa

o pagamento da indenização relativa ao acidente do trabalho, sem, contudo, fazer

menção à culpa, sendo considerada pelo Supremo Tribunal Federal como culpa

grave equivalente ao dolo, editando a súmula 229 que a respectiva indenização

acidentária não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do

empregador, sendo diferenciada apenas pela responsabilidade, a primeira objetiva,

baseada na teoria do risco, cabendo apenas a prova do dano e do nexo causal,

enquanto que a responsabilidade do direito comum é subjetiva, ou seja, precisa de

comprovação da culpa e dolo do empregador. (GONÇALVES , 2005, p. 472-474).

Ato contínuo surge o Decreto-Lei nº. 293, em 28.02.1967, cuja

vida foi extremamente curta, não chegou a ter qualquer repercussão, vez que fora

substituído pouco tempo após pela Lei nº. 5.316, de 14.09.1967. Assim, com o

surgimento desta lei, tivemos a estatização do seguro de acidentes do trabalho, idéia

que estava em marcha desde o Decreto 7.036/44, pois o seu artigo 112 já anunciava

que em 31.12.1953 o seguro de acidentes do trabalho deveria estar incorporado nas

carteiras de acidentes do trabalho das instituições previdenciárias que estavam

sendo criadas (Instituto dos Marítimos, dos Industriários, dos Comerciários, dos

Empregados em Transportes e Cargas, etc.), retirando as seguradoras particulares

da respectiva cobertura. (COSTA, Disponível em:

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http://www.acidentedotrabalho.adv.br/resumo/01.htm. Acesso em: 19 de abril de

2008).

Em seqüência, a Lei 6.367, de 19.10.1976, não faz menção ao

acidente intencional ou doloso previstos pelas leis n. 7.036/44 e 5.316/67, e entre as

formas de equiparação de acidentes-tipo. O Decreto n°. 357/91 equipara a doença

profissional e a doença do trabalho ao acidente-tipo, sendo necessária a relação

entre o dano e o trabalho, e ainda, que o dano determine a morte ou a incapacidade

para o trabalho. (GOMES, 1998, p. 281-82).

A atual Lei n. 8.213/91 sofreu diversas modificações, que

provocaram a edição do novo regulamento através do Decreto n. 2.172/97, que

regulamentou a medida provisória n. 1.523/96 que é de fato o diploma regente dos

planos de benefícios como o de natureza acidentária, assim a lei 8.213/91 em seu

art. 19 conceitua o acidente do trabalho como sendo aquele decorrente do exercício

do trabalho que ocasiona uma lesão corporal ou perturbação funcional e cause a

incapacidade temporária, permanente ou até a morte do trabalhador. (MONTEIRO,

1998, p. 10).

Porém, as leis que dispõe em nosso ordenamento jurídico são

insuficientes para sanar inúmeros casos em que trabalhadores sofrem acidentes do

trabalho ou são acometidos por doenças profissionais, sendo que a solução está nos

empregadores e nos empregados, cabendo a maior parte aos primeiros que por

óbvio detêm o poder econômico e de direção, cumprindo com as obrigações

decorrentes do trabalho, objetivando saúde, higiene e segurança. (FERRARI, 2006,

p. 263).

Maria Marta Rodovalho Moreira de Lima dispõe acerca do

assunto:

A obrigação de proteger e defender o meio ambiente e torná-lo sustentável é de todos. Todavia, no que tange ao ambiente laboral, que deve ser livre de agressões à saúde do trabalhador, impende ao empregador maior responsabilidade, haja vista ser este (a empresa, individual ou coletiva), que assume os riscos da atividade econômica

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(CLT, art. 2º).50

Neste sentido, a responsabilidade civil do empregador não

decorre automaticamente do risco da atividade econômica, mas do descumprimento

das normas de saúde e segurança do trabalho que são inerentes à relação de

trabalho ou emprego. (THEODORO JR., 2001, p. 28).

Na concepção de Alice Monteiro Barros:

A prevenção é o princípio inspirador de todas as normas de tutela à saúde, inclusive no local de trabalho. 51

Assim, a prevenção de acidentes do trabalho através de

medidas de segurança e medicina do trabalho é um grande benefício para a

sociedade, visto que não há indenização ou pensão que recompense o imenso dano

social que é a existência de mutilados cujos defeitos e moléstias poderiam ter

evitados. (SÜSSEKIND, 2005, p. 923).

2.7. DAS CONSEQUÊNCIAS ACIDENTÁRIAS

Não há negar que o dano considerado moral afloram as vítimas

de acidente de trabalho, pelos constrangimentos em face da ofensa sofrida em sua

imagem tendo em vista a imagem sadia anterior ao acidente ocorrido.

(DALLEGRAVE, 2007, p. 242).

Muitas são as conseqüências previsíveis de ordem moral

decorrentes de acidente de trabalho, como por exemplo, a perda de um membro,

deformação, perturbação psíquica, vez que acabam sendo objeto de discriminação,

gozações que não só denigrem a imagem como restam evidenciadas a sua

incapacidade laboral. (WEATPHAL, 2003, p. 79).

50MOREIRA L., Maria Marta Rodovalho, Acidentes do trabalho. Responsabilidades relativas ao meio ambiente laboral. Texto extraído do Jus Navigandi http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5815, Acesso em 19 de abril. 2008. 51 BARROS, Alice Monteiro de, Curso de Direito do Trabalho. 3. ed., São Paulo: LTr, 2007.

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55

Neste sentido, dispõe Maurício Godinho Delgado:

As lesões acidentárias podem causar perdas patrimoniais significativas ao trabalhador. Em primeiro lugar no tocante aos próprios gastos implementados para sua recuperação (além daqueles previdenciariamente acobertados, se for o caso). Em segundo lugar, podem produzir restrição relevante ou, até mesmo, inviabilização da atividade laborativa do empregado, conforme a gravidade da lesão sofrida. 52

Diante disso, verifica-se que são muitos os efeitos negativos e

onerosos dos acidentes de trabalho, sendo que o trabalhador acidentado e sua

família sofrem os maiores prejuízos com a incapacidade. E, outros prejuízos sócio-

econômicos são detectáveis, vez que os custos sociais da Previdência Social são

altíssimos, considerando os gastos com benefícios: aposentadorias antecipadas,

auxílios-doença, pensão por morte, auxílio-acidente, reabilitação e readaptação do

segurado-acidentado, gastos com saúde. As empresas também perdem grandes

somas e credibilidade social com os acidentes. (MOREIRA DE LIMA, 2004,

Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5815, Acesso em: 19 de

abril de 2008).

Assinala Aguiar Dias:

Soma-se ao dano causado pela lesão o dano psíquico porque essa lesão causa deformidade, do que deriva, ao lado da perda física o sofrimento pela inferioridade das condições do aleijado em confronto com as pessoas ilesas.53

Neste diapasão, afirma Sebastião Geraldo de Oliveira:

Nas hipóteses de concausa, o acidente continua ligado ao trabalho, mas ocorre por múltiplos fatores, conjugando causas relacionadas ao trabalho, com outras, extralaborais. O empregado, por exemplo, pode atuar como caixa bancário exposto a movimentos repetitivos e fazer serviços de digitação em casa, reforçando a possibilidade de adoecimento. Para constatação do nexo causal, basta que o trabalho tenha contribuído diretamente para o acidente ou doença.54

52 DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho, 4.ed., São Paulo: LTr, 2005. p. 614-

615. 53 CAHALI, Yussef Said, apud DIAS, Aguiar, 1999, p. 226. 54 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença

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56

Assim, o desrespeito à dignidade humana e, por conseqüência,

o dano moral, tornam-se inevitáveis e presumíveis. (DELLEGRAVE NETO, 2007, p.

242).

2.8. RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA DO EMPREGADOR

2.8.1. Da Responsabilidade Objetiva do Empregador

No final do século XIX, surgem as primeiras manifestações

ordenadas da teoria objetiva ou teoria do risco. Ou seja, aquele que desenvolve

atividade lucrativa e cria um risco, deve arcar com o prejuízo que a conduta ou

meios utilizados pode acarretar. (VENOSA, 2004, p. 20).

O Art. 927, do CC/02, posteriormente a imposição da obrigação

de o causador do dano em reparar o infortúnio quando do ato ilícito, prevê a

exceção, admitindo a referida obrigação independente de culpa, nos casos

especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do

dano implicar, por sua natureza, riscos para os direitos de outrem. (OLIVEIRA, 2006.

p. 58).

A objetivação da responsabilidade surgiu com um fim

específico, ou seja, para atender à teoria do risco profissional, visto que a empresa é

fonte de riscos, devendo o patrão suportá-los, primeiramente por ser o organizador

da atividade produtiva e criador dos riscos, assim como, é a pessoa quem mais lucra

com o empreendimento. (GOMES, 1998, p. 284).

A teoria dos acidentes do trabalho resta fundamentada na

premissa de que o empregador deve responder civilmente pelo dano sofrido pelo

empregado e conseqüentemente do trabalho. (GOMES, 1998, p. 280).

A responsabilidade surge com a justificativa baseada na má

escolha do preposto, culpa in eligendo, ou por não ter dado as instruções de

ocupacional. São Paulo: LTr, 2005, p. 135.

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57

trabalho necessárias, culpa in instruendo, ou ainda, pela falta de vigília das ações do

agente, culpa in vigilando. (CAVALIERI FILHO, 2000, p. 118).

Diante disso, levando-se em conta a subordinação jurídica, que

é o requisito fundamental da relação de trabalho subordinado, a submissão ao

contrato de trabalho do empregado ao empregador, inclusive de uma subordinação

sócio-econômica, não há dúvidas de que a relação de trabalho é uma situação

propícia à ocorrência de lesão no patrimônio jurídico (tanto material, quanto moral)

dos seus contratantes. (PAMPLONA, 1999, p. 27).

Nessa direção, dispõe Alvino Lima:

As presunções absolutas de culpa são a consagração da teoria da responsabilidade objetiva, da responsabilidade sem culpa. Dizer o contrário é procurar mascarar com um nome, apenas aquilo que na realidade desmente.55

Assim, a denominada teoria objetiva compreende os casos em

que a responsabilidade independe da culpa do agente, bem como, aqueles em que

há presunção absoluta de culpa. (DALLEGRAVE NETO, 2007, p. 273).

Neste norte, assevera Paulo Eduardo V. Oliveira:

A “teoria do risco”, nas hipóteses previstas em lei, implica responsabilidade objetiva, pois basta que alguém, no exercício de sua atividade, crie um risco de dano para terceiro, devendo repará-lo, ainda, que seu comportamento seja isento de culpa, isto é, apesar de ter tomado todas as providências para que o evento não acontecesse.56

Verifica-se dessa forma, que na teoria do risco, o dever de

indenizar independe da configuração da culpa quando demonstrado que a atividade

desenvolvida pelo empregado apresenta risco acentuado, por sua natureza

perigosa. (MARTINS, 2006, p. 398).

55 LIMA, Alvino. Culpa e Risco. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 76. 56 OLIVEIRA, Eduardo V., O Dano Pessoal no Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2002, p. 54-5.

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58

Desta sorte, a responsabilidade objetiva do empregador tem

por escopo o poder de corrigir a falha do sistema, atribuindo a quem faz uso dos

serviços alheios o ônus de arcar com os riscos decorrentes da sua atividade.

(OLIVEIRA, 2006, p.62).

2.8.2. Da Responsabilidade Subjetiva do Empregador

A exigência da culpa como pressuposto da responsabilidade

civil caracterizou um grande avanço do direito, vez que afastou a forma objetiva

típica, exigindo um elemento subjetivo que pudesse demonstrar a imputação do

dano ao seu agente. (GAGLIANO, 2006, p. 121-22).

Da mesma forma assevera Alvino Lima:

É incontestável, entretanto, que a evolução do instituto da responsabilidade extracontratual ou aquiliana se operou, no direito romano, no sentido de se introduzir o elemento culpa, contra o objetivismo do direito primitivo, expurgando-se do direito a idéia de pena, para substituí-la pela de reparação do dano sofrido.57

Verifica-se assim que a responsabilidade subjetiva ocorre

quando o dano decorre diretamente de culpa e dolo do autor que o causa.

(OLIVEIRA, 2002, p. 54).

A Carta Magna veio confirmar o regramento da

responsabilidade do empregador de forma subjetiva, quando no art. 7º, inciso XXVIII,

dispõe: "seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a

indenização a que está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa". Esse

dispositivo findou qualquer dúvida quanto à aplicabilidade da Súmula 229, do

Supremo Tribunal Federal, ou seja, responde por culpa e em qualquer grau.

(MATOS, 2005, Disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7251,

Acesso em: 08 de maio de 2008).

Desta feita, à luz do disposto no art. 7º, inciso XXVIII, da

CF/88, onde o empregador responderá por indenização por acidente do trabalho

57 LIMA, Alvino, Culpa e Risco, 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, p. 26.

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59

quando houver caracterizado dolo ou culpa, a nova regra do parágrafo único do art.

927 do Código Civil de 2002, não deve prevalecer, porquanto, sendo norma

infraconstitucional, não pode modificar a regra contida na Carta Magna, face ao

princípio da supremacia da ordem constitucional, fundamento de validade de todo o

ordenamento jurídico; lei posterior inferior (Lei 10.406/02, CC) não revoga lei

superior anterior (Art. 7º, XXVIII, da CF/88), ou seja, o critério hierárquico lex

superior derogat inferiori sobrepõe-se ao critério cronológico. (Melo Franco, 2003,

Disponível em http://conjur.estadao.com.br/static/text/7335,1 , Acesso em: 28 de

maio de 2008).

Nas palavras de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona

Filho:

A não básica da responsabilidade civil, dentro da doutrina subjetiva, é o princípio segundo o qual cada um responde pela própria culpa – unuscuique sua culpa nocet. Por se caracterizar em fato constitutivo do direito à pretensão reparatória, caberá ao autor, sempre, o ônus da prova de tal culpa do réu. 58

Desta sorte, a forma interpretativa do direito civil à luz da

Constituição, percebe-se que o empregador somente será responsabilizado por

acidente de trabalho sofrido por empregado quando restar comprovado a culpa ou

dolo daquele. (TEIXEIRA, 2003, Disponível em

http://conjur.estadao.com.br/static/text/3552,1, Acesso em: 08 de maio de 2008).

2.9. CRITÉRIOS PARA O ARBITRAMENTO DO DANO MORAL DECORRENTE

DE ACIDENTE DE TRABALHO

O sistema tarifário é aquele em que há uma predefinição do

valor da indenização; enquanto que o sistema aberto atribui-se ao juiz a

competência para a fixação do quantum subjetivamente na medida do caso

concreto, este sistema é adotado no Brasil, onde se verifica a situação econômica

58 GAGLIANO, Pablo Stolze, Novo curso de direito civil, v. III: Responsabilidade civil / Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho – 4.ed. rev., atual. e reform. – São Paulo: Saraiva, 2006. p. 14.

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do ofendido e do ofensor, a gravidade da lesão e a repercussão do dano, a posição

social e política do lesado, e intensidade do ânimo da ofensa, a culpa ou dolo e

demais elementos que ensejaram o dano. (TRIDAPALLI, 2005, p. 159)

Assim, tendo-se que o dano moral é aquele decorrente da

violação dos direitos relacionados a personalidade, não sendo portanto suscetível

de apreciação pecuniária, deve ser arbitrados pelo Juiz conforme prevê o art. 946,

do Código Civil, combinado com o art. 475-C, II, do Código de Processo Civil.

Diferente dos danos materiais que são prejuízos de valoração econômica, suscetível

de uma reparação equivalente aos status quo ante. (DALLEGRAVE, 2007, p.243).

No caso de reparação fundada em acidentes de trabalho,

apresentam-se sob várias formas, vez que normalmente decorrem de causas

ligadas à integridade física do trabalhador, lesão por ele sofrida com repercussão em

sua vida privada. (FERRARI, 2006, p. 266).

A falta de um parâmetro estipulado por lei, constitui o aspecto

desafiante aos estudiosos do tema, vez que as jurisprudências brasileiras, vêm

demonstrando oscilações aos valores arbitrados, onde acaba estimulando pleitos à

locupletação indevida. (WEATPHAL, 2003, p. 29).

Assim, tem-se que a valoração indenizatória do dano moral há

que se buscar uma proporção razoável. (OLIVEIRA, 1998, p. 28)

O maior problema da reparação do dano moral está na fixação

do valor a ser pago ao ofendido, visto que quando se trata de dano material o

mesmo o valor é calculado levando-se em consideração o desfalque sofrido, porém

quando o caso é de dano moral, a apuração do quantum é de difícil arbitramento,

vez que o bem lesado não se mede monetariamente. (THEODORO JR, 2001, p. 29).

Desta feita, ainda que represente uma compensação ao

ofendido a reparação estabelece uma sanção ao ofensor. Nesse sentido, Valdir

Florindo dispõe:

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O importante é que não fique a vítima sem sua devida reparação, nem tampouco impune o responsável pela lesão, pois caso contrário seria desrespeitar a lei e desprezar a pessoa humana. Ainda, vale lembrar que a indenização deve ter uma função punitiva ao lesante, pois caso contrário não conseguirá o comando judicial incutir na sociedade o peso de sua conduta anti-social.59

Cabe assim, a arbítrio dos juízes, estabelecerem critérios e

parâmetros que hão de presidir às reparações de dano moral, a fim de que não se

torne de puro arbítrio, sendo que, se assim fosse, afrontariam os princípios básicos

do Estado Democrático de Direito, tais como o princípio da legalidade e da isonomia.

(THEODORO JR, 2001, p. 29).

Neste sentido, dispõe Wladimir Valler:

(...) para alcançar o que considera uma justa reparação do dano moral sofrido pelo lesado, o julgador deverá levar em conta determinados elementos objetivos ou subjetivos.60

A jurisprudência vem estabelecendo parâmetros para a fixação

do dano moral, os quais visam compensar o lesado considerando a sua situação

econômica, bem como, objetivando prevenir a reincidência do ato ilícito levando-se

em consideração a condição financeira do agente. (DALLEGRAVE NETO, 2007, p.

245).

Assim, dispõe Flavio Augusto Ramanauskas:

Na fixação do valor, o julgador normalmente subordina-se a alguns

parâmetros procedimentais, considerando a extensão espiritual do

dano, a imagem do lesado e a do que lesou, a intenção do autor do

dano danoso, como meio de ponderar o mais objetivamente possível

59 Florindo, Valdir. Dano Moral e o Mundo do Trabalho – Juízo Competente. In: Jornal Trabalhista.

v. 13, n. 598, mar./1996, p. 189 apud Westphal, Roberta Schneider. O Dano Moral e o Direito do Trabalho. Florianópolis: Momento Atual, 2003. p. 39.

60 VALLER, Wladimir, A reparação do dano moral no direito brasileiro. 4.ed. São Paulo: E.V. Editora Ltda, 1996. p. 264.

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direitos ligados à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das

pessoas.61

Desta feita, o princípio da lógica do razoável deve ser a

orientação norteadora do julgador. Razoável é aquilo que é prudente, circunspecto,

que guarde proporcionalidade, devendo o juiz na hora de valorar o dano moral,

arbitrar uma quantia de acordo com seu prudente arbítrio e que seja compatível com

o ilícito, com a intensidade, a duração do sofrimento por qual a vítima experimentou,

a capacidade econômica do causador do dano, as condições do ofendido e demais

circunstâncias presentes. (CAVALIERI FILHO, 2000, p. 81-2).

Felipe Fernandes Marins afirma que:

No dano moral, ao revés do que ocorre no dano material, segundo

as palavras de Luís Antonio Rizzato, não há prejuízo econômico,

possuindo a indenização outro significado. Seu objetivo é duplo:

satisfativo-punitivo. Por um lado, a paga em pecúnia deverá

amenizar a dor sentida. Em contrapartida, deverá também a

indenização servir como castigo ao ofensor, causador do dano,

incutindo-lhe um impacto tal, suficiente para dissuadi-lo de um novo

atentado.62

A doutrina e jurisprudência traz o caráter punitivo que a

reparação do dano moral tem, vez que ao condenar o ofensor a indenizar a vítima, a

ordem jurídica não visa somente o ressarcimento ao abalo psicológico, mas também

vislumbra o objetivo de prevenir a repetição de situação semelhante. (THEODORO

JR., 2001, p. 33).

Neste sentido, Deda Oliveira dispõe:

61 Ramanauskas, Flavio Augusto. Dano Moral no Direito do Trabalho. Guarapari, 2001. Disponível

em:<http://www.advogado.adv.br/artigos/2001/edsonramanauskas/danomoraltrabalho.htm>. Acesso em: 19. abr. 2008.

62 Rizzaato, Luís Antonio apud MARINS, Felipe Fernandes. Dano moral ou mero aborrecimento? . Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov. 2002. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3540>. Acesso em: 07 out. 2006.

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Ao fixar o valor da indenização, não procederá o juiz como um

fantasiador, mas como um homem de responsabilidade e

experiência, examinando as circunstâncias particulares do caso e

decidindo com fundamento e moderação. Arbítrio prudente e

moderado não é o mesmo que arbitrariedade.63

Diante disso, as jurisprudências destacam-se algumas

decisões que tratam de tão importante tema e que demonstram a necessidade de

uma análise sopesada do juiz, a fim de que não seja vulgarizado o instituto do dano

moral, nem haja motivação para a criação da indústria da indenização por acidente

de trabalho. (FERRARI, 2006, p. 267).

63 OLIVEIRA, Deda, Enciclopédia Saraiva, cit., vol. 22., p. 290.

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CAPÍTULO 3

3. CRITÉRIOS DA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO: UMA

ANÁLISE JURISPRUDENCIAL

O presente capítulo tem por objetivo, sob o ponto de vista

jurisprudencial, verificar os critérios no arbitramento do quantum indenizatório do

dano moral decorrente de acidente do trabalho.

A legislação vigente não estabelece critérios objetivos à

quantificação do dano moral, cabendo ao Magistrado, frente ao caso concreto e

segundo o seu prudente arbítrio, fixar o valor da indenização devida.

Ressalta-se que a pesquisa jurisprudencial baseia-se em

decisões proferidas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região e Tribunal

Superior do Trabalho, dentre o período dos anos de 2006 a 2008.

3.1. Posicionamento do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região:

Em decisões recentes do TRT da 12ª Região, encontram-se

entendimentos acerca dos critérios adotados para a fixação da quantificação do

dano moral decorrente de acidente de trabalho.

Assim, segue o posicionamento da 1ª Turma do Tribunal

Regional do Trabalho da 12ª Região:

ACIDENTE DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ESTÉTICOS E PENSÃO MENSAL. Demonstrada a lesão à integridade física do trabalhador por ação ou omissão da empresa na adoção das normas de saúde e segurança, são devidas as indenizações a título de danos materiais e morais, bem como das despesas com tratamento. A indenização por dano moral, de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto, deve ser fixada levando-se em conta o seguinte: a extensão do dano; o grau de

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culpa do ofensor; as condições pessoais e econômicas das partes envolvidas; a intensidade do sofrimento psicológico gerado; a finalidade pedagógica para que a prática do ato ilícito não se repita; o bom-senso, para que o valor não seja extremamente gravoso a ponto de gerar enriquecimento sem causa ao ofendido, nem irrisório que não chegue a propiciar uma compensação para minimizar os efeitos da violação ao bem jurídico tutelado.64 Extrai-se do Acórdão:

A reparação do dano moral tem o objetivo de oferecer uma compensação à vítima ou a seus familiares pela dor que os aflige. Trata-se aqui de uma satisfação que ameniza o mal-estar psicológico infligido ao autor e o sentimento de angústia. A indenização por danos morais, além de ser uma resposta ao clamor pela justiça social, como ato inibitório de condutas lesivas à personalidade do próximo, deve servir também para atenuar ou compensar de alguma forma o sofrimento causado ao lesado.65

Tendo-se o caráter punitivo-pedagógico, segue entendimento

da mesma Turma do referido TRT da 12ª Região:

DANOS MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO. Na fixação da indenização por danos morais, além de ser levado em conta a extensão do dano e a duração temporal, dele (previsão de cirurgias consecutivas, tratamentos e danos estéticos - estes tendem a perpetuar o dano moral) deve-se prever o caráter punitivo/pedagógico a ser aplicado na empresa, para que esta se abstenha de qualquer prática que possa colocar em risco a saúde física e mental dos empregados.66 E assim relatou a Juíza Águeda M. L. Pereira:

É necessário que as empresas adotem políticas de segurança do trabalho mais eficazes. Infelizmente, é notório que somente quando pesa no bolso do empresário que este investe na saúde e segurança do trabalhador”.67

64 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão n. 341/2008, Relatora Juíza Viviane Colucci - Publicado no TRTSC/DOE em 27-05-2008. 65 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário , Recorrente: GIASSI & CIA LTDA., Recorrido: ADRIANA PEREIRA DOS SANTOS, Relatora Juíza Viviane Colucci, Florianópolis, 10 de maio de 2008. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2008/RO01064-2007-032-12-00-1.rtf Acesso em: 27 de maio 2008. 66 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão n. 11625/2007, Relatora Juíza Águeda M. L. Pereira - Publicado no TRTSC/DOE em 07-05-2008. 67 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário RO 00546-2006-053-12-00-4 , Recorrente: Márcio Basílio, Recorrido: Triângulo Limpeza e Conservação Ltda, 2. Carbonífera Metropolitana S.A. Relatora Juíza Águeda M. L. Pereira, Florianópolis, 29 de abril de

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Desta forma, utilizando-se dos fundamentos da decisão supra,

quer sejam que a empresa tem o dever de adotar política de segurança do trabalho,

por unanimidade de votos, decidiu a presente turma do TRT no arbitramento do

dano moral, visto que embora a empresa tivesse conhecimento de que a Obreira já

apresentava sintomas da doença, não tomou nenhuma providência efetiva a fim de

evitar o seu agravamento o que acarretou a sua incapacitada permanente ao

trabalho e conseqüentemente equiparação ao acidente de trabalho, in verbis:

ACIDENTE DO TRABALHO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. É cabível o deferimento de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente do trabalho quando comprovada a existência simultânea do dano, da culpa do empregador e do nexo causal entre o evento danoso e o ato culposo.68

Desta sorte, segue trecho do referido acórdão quanto aos

critérios adotados no referido caso:

O valor da indenização por danos morais compete ao prudente arbítrio do Juízo, que se norteará por critérios subjetivos: a posição social ou política do ofendido, a gravidade do defeito e o patrimônio e as condições econômicas da empresa.69

De igual forma, obedecendo ao princípio da razoabilidade

frente o caráter punitivo da indenização, segue decisão:

DANO MORAL. PEDIDO DE MAJORAÇÃO NEGADO. AUSÊNCIA DE DISPARIDADE ENTRE A LESÃO SOFRIDA E A FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO OCORRIDA. A legislação pátria não oferece objetivamente critérios para a quantificação do valor correspondente à indenização por danos morais. No plano jurisprudencial, tem-se entendido como regra que o valor da indenização por danos morais deve ser suficiente para minimizar o sofrimento ocasionado pelo ato ofensivo, devendo ainda ser observados, para a fixação do montante, a extensão do dano, o

2008. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2008/RO00546-2006-053-12-00-4.rtff. Acesso em: 27 de maio 2008. 68 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão 11038/2007 – Rel. Juiz Marcos Vinicio Zanchetta - Publicado no TRTSC/DOE em 31-07-2007. 69 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário RO RO 01090-2005-012-12-00-3 , Recorrente: Rosana Andrea da Silva Perdigao Agroindustrial S.A., Recorrido: os mesmos, Relator Juiz Marcos Vinicio Zanchetta, Florianópolis, 16 de julho de 2007. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/11038-07.doc . Acesso em: 27 de maio 2008.

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patrimônio do ofensor e a situação pessoal do ofendido. Deve ser levado em conta o caráter punitivo da medida e, ainda, coibir a reiteração da conduta ilícita do demandado, sem permitir, contudo, o enriquecimento ilícito pela vítima.70

Em semelhante julgado, relatou o Juiz Roberto Basilone Leite

decisão da 1ª Turma:

DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO VALOR. O valor da indenização por danos morais deve atentar a três condições: a gravidade do dano, o grau de culpabilidade e as condições patrimoniais do causador do dano, porquanto sua finalidade não é apenas reparatória, mas, sobretudo, pedagógica. NORMA COLETIVA. MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM À JORNADA DE TRABALHO. São dotadas de plena validade as cláusulas negociadas pelos sindicatos que excluem da jornada extraordinária os minutos que antecedem e sucedem à jornada normal de trabalho, pois a Constituição Federal assegura, no artigo 7°, inciso XXVI, o "reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho".71

Assim, cumpre transcrever parte do julgado supramencionado:

(...) a fixação do valor do dano deve atender aos seguinte fatores: a) a gravidade do dano - que no caso foi média; b) o grau de culpabilidade da empresa - que no caso também é médio, pois, embora o trabalho realizado pela autora não fosse um trabalho exacerbado, mas apenas o serviço normal realizado nesse tipo de função, não foram tomadas as precauções necessárias para evitar a lesão, conforme já explanado anteriormente; a culpabilidade da empresa está ligada principalmente ao fato de não ter mudado a autora de setor; c) as condições econômicas do causador do dano - que se trata de empresa de grande porte. Impõe-se ainda destacar que está ultrapassada a tese segundo a qual a situação econômica da vítima deve servir de parâmetro para a fixação da indenização por danos morais, visto que essa tese traz implícito um conteúdo de preconceito, pois a identidade moral do pobre não vale menos que a do rico e a dor do pobre não é menor que a do rico.72

70 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão 7986/2007 – Rel. Juiz Hélio Bastida Lopes - Publicado no TRTSC/DOE em 15-06-2007. 71 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA DÉCIMA SEGUNDA REGIÃO. Acórdão n. 8869/2007. Rel. Juiz Roberto Basilone Leite - Publicado no TRTSC/DOE em 10-10-2007. 72 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário 00383-2006-012-12-00-4, Recorrente: Lurdes Aparecida Gonçalves Walter Bueno Perdigão Agroindustrial S.A., Recorrido: Os mesmos, Relatora: Juiz Roberto Basilone Leite, Florianópolis, 20 de setembro de 2007. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/RO00383-2006-012-12-00-4.rtf Acesso em: 21 de abr. 2008.

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INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. VALOR FIXADO. Em relação ao "quantum" da indenização por dano moral, a legislação brasileira não adota critério tarifado para a sua fixação. Leva em conta sua repercussão no patrimônio ideal do empregado lesado, o seu meio social, a duração da ofensa, o dolo ou grau de culpa do empregador, o seu porte e o caráter pedagógico, com o intuito de pressioná-lo a adotar as medidas tendentes a eliminar e/ou a prevenir o problema que originou o dano.73

Desta feita, extrai-se da decisão do órgão julgador:

Em relação ao quantum da indenização por dano moral, a legislação brasileira não adota critério tarifado para a sua fixação. Leva em conta sua repercussão no patrimônio ideal do empregado lesado, o seu meio social, a duração da ofensa, o dolo ou grau de culpa do empregador, o seu porte e o caráter pedagógico, com o intuito de pressioná-lo a adotar as medidas tendentes a eliminar e/ou a prevenir o problema que originou o dano.74

No mesmo sentido, relatou o Juiz Irno Ilmar Resener o

entendimento da 1ª Turma:

ACIDENTE DO TRABALHO. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. Na hipótese de acidente do trabalho, o dano moral é passível de indenização pelo sistema aberto de fixação do quantum reparatório, cuja apuração deve ocorrer segundo critérios específicos do caso concreto e levando em conta o binômio necessidade (do lesado) e possibilidade (do causador), com o objetivo de obstar o indevido locupletamento de quem recebe e a insignificância para quem paga, porquanto a indenização visa especialmente à compensação do lesado, diante da impossibilidade do restabelecimento do "status quo ante", além da punição (caráter pedagógico) do agente, com vistas a evitar a repetição da conduta danosa.75

Deste modo, segue trecho do julgado:

Assim sendo, a difícil tarefa de fixar o quantum indenizatório passa necessariamente pelo exame da natureza, intensidade, duração, gravidade e reflexos do dano ou do sofrimento que acometeu o

73 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA DÉCIMA SEGUNDA REGIÃO. Acórdão n. 4121/2007 Relatora Juíza Mari Eleda Migliorini - Publicado no TRTSC/DOE em 18-09-2007 74 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário 00383-2006-012-12-00-4, Recorrente: AMÉLIA ESPEZZATO, Recorrido: GLOBAL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. MUNICÍPIO DE BLUMENAU, Relatora: Juíza Mari Eleda Migliorini, Florianópolis, 31 de agosto de 2007. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/RO03360-2002-002-12-00-0.rtf . Acesso em: 21 de abr. 2008. 75 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA DÉCIMA SEGUNDA REGIÃO Acórdão 16839/2006 – Rel. Juiz Irno Ilmar Resener - Publicado no DJ/SC em 01-12-2006, página: 8.

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lesado, sempre com observância dos princípios da eqüidade, razoabilidade e proporcionalidade. Além disso, em se tratando de dano moral decorrente de relação de emprego, ainda deve ser levada em conta a profissão e o salário do trabalhador, a atividade econômica do empregador, o nível cultural e de escolaridade dos envolvidos e o meio social em que convivem. 76

O posicionamento da 2ª Turma do Tribunal Regional do

Trabalho da 12ª Região, não difere do posicionamento da 1ª Turma, conforme

segue:

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. QUANTIFICAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. Na quantificação da indenização devida a título de dano moral, o magistrado deve considerar as circunstâncias do caso concreto, entre as quais se destacam a existência de concausa, o grau da lesão sofrida, sua reversibilidade e a ausência de incapacidade total para o trabalho. Tais fatores, entre outros possíveis, devem ser sopesados no arbitramento de indenização condizente com o princípio da razoabilidade.HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA SUCUMBÊNCIA. LEIS ESPECIAIS. Não vigorando o critério de sucumbência no processo do trabalho para fins de crédito honorário, o instituto aplicável é o de assistência judiciária, conforme leis específicas e orientações jurisprudenciais (Súmulas nos 219 e 329 do c. TST), cujos requisitos, para o deferimento, devem ser integralmente satisfeitos. Tal entendimento consolidado não sofre qualquer alteração ante o disposto no art. 389 do novo Código Civil, inaplicável ao processo trabalhista.77

Neste caso, a referida turma para o arbitramento da

quantificação do dano moral levou em consideração as concausas da lesão frente à

incapacidade ao trabalho, adotando, portanto o princípio da razoabilidade.

DANO MORAL. PEDIDO DE MAJORAÇÃO NEGADO. AUSÊNCIA DE DISPARIDADE ENTRE A LESÃO SOFRIDA E A FIXAÇÃO DO "QUANTUM" INDENIZATÓRIO OCORRIDA. A legislação pátria não oferece objetivamente critérios para a quantificação do valor correspondente à indenização por danos morais. No plano jurisprudencial, tem-se entendido como regra que o valor da indenização por danos morais deve ser suficiente para minimizar o sofrimento ocasionado pelo ato ofensivo, devendo ainda ser

76 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário 01352-2005-021-12-00-0, Recorrente: CIA. CANOINHAS DE PAPEL, Recorrido: JOÃO CARLOS DA SILVA, Relatora: Juíza Mari Eleda Migliorini, Florianópolis, 20 de novembro de 2006. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2006/16839-06.doc . Acesso em: 21 de abr. 2008. 77 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão n. 13707/2007. Relatora Juíza Ligia M. Teixeira Gouvêa - Publicado no TRTSC/DOE em 21-02-2008.

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observados, para a fixação do montante, a extensão do dano, o patrimônio do ofensor e a situação pessoal do ofendido. Deve ser levado em conta o caráter punitivo da medida e, ainda, coibir a reiteração da conduta ilícita do demandado, sem permitir, contudo, o enriquecimento ilícito pela vítima. DANO MORAL. VALORAÇÃO. O ordenamento jurídico nacional rejeita tarifação para a indenização por danos morais, prevalecendo o sistema aberto onde deve ser considerada a ofensa perpetrada, a condição cultural, social e econômica dos envolvidos, o caráter didático-pedagógico-punitivo da condenação e outras circunstâncias que na espécie possam servir de parâmetro para reparação da dor impingida, de modo que repugne o ato, traga conforto ao espírito do ofendido e desencoraje o ofensor à nova violação.78

Desta forma, segue relatado pelo Juiz Hélio Bastida Lopes,

retirado do acórdão supra colacionado:

A legislação pátria não oferece objetivamente critérios para a quantificação do valor correspondente à indenização por danos morais. No plano jurisprudencial, tem-se entendido como regra que o valor da indenização por danos morais deve ser suficiente para minimizar o sofrimento ocasionado pelo ato ofensivo, devendo ainda ser observados, para a fixação do montante, a extensão do dano, o patrimônio do ofensor e a situação pessoal do ofendido.79

No mesmo sentido, segue decisão:

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO. FIXAÇÃO. O ordenamento jurídico nacional rejeita tarifação para a indenização por danos morais, prevalecendo o sistema aberto em que devem ser consideradas a ofensa perpetrada, a condição cultural, social e econômica dos envolvidos, o caráter didático-pedagógico-punitivo da condenação e outras circunstâncias que na espécie possam servir de parâmetro para a reparação da dor impingida, de modo que repugne o ato, traga conforto ao espírito do ofendido e desencoraje o ofensor à nova violação.80

E assim, fundamentou a 2ª Turma acerca do critério adotado

78 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão n. 4515/2007. Rel. Juiz Hélio Bastida Lopes - Publicado no TRTSC/DOE em 17-12-2007. 79 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário n. 00774-2006-023-12-00-2-Recorrente: CARGO EXPERT RODOVIAS TRANSPORTES COMÉRCIO DE CEREAIS LTDA. ROSA MARIA TAVARES CARDOSO E OUTROS (03), Recorrido: os mesmos, Relatora: Juiz Hélio Bastida Lopes, Florianópolis, 04 de dezembro de 2007. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/RO00774-2006-023-12-00-2.rtf . Acesso em: 20 de abr. 2008. 80 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão n. 05670/2006. Rel. Juiz Amarildo Carlos De Lima - Publicado no DJ/SC em 17-05-2006, página: 323.

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no arbitramento do dano moral:

A condenação à indenização por dano moral, no caso, além de ter uma função satisfatória, ou seja, propiciar determinada satisfação íntima ao lesado, tem também função punitiva à empregadora, que deve ser desestimulada nos seus atos a fim de evitar que acidentes, como o reportado nos autos, ocorram novamente.81

Em face do acidente do trabalho ocorrido ao desenvolver o

empregado suas atividades na máquina (serra-circular) e que resultou na parcial

mutilação de sua mão esquerda, segue decisão:

ACIDENTE DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO. Restando comprovada nos autos a existência de conduta culposa do empregador na ocorrência de acidente do trabalho, fica caracterizada a sua responsabilidade pelo infortúnio.82

Cumpre transcrever parte da decisão do acórdão supramencionado:

Neste caso, entendo caracterizada a culpa in vigilando da empregadora, ante a inobservância dos itens mínimos de segurança na realização da tarefa de conservação das correias, assim como no treinamento e cautelas necessárias para sua operação pelo autor. Diante disso, e do nexo de causalidade com o acidente ocorrido, deve a ré arcar com a reparação dos danos causados.83

No caso em tela, verifica-se que a turma adotou como critério a

responsabilidade subjetiva, vez que comprovado a culpabilidade da empregadora

que agiu com negligência, tendo em vista o elemento caracterizador da culpa in

vigilando, já estudado no primeiro capítulo.

Quanto à aplicação da inovação do Código Civil no acidente do

trabalho segue decisão, in verbis: 81 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário n. 03591-2005-039-12-00-3. Recorrente: Tornearia Krambeck Ltda. - ME, Recorrido: Maicon Morais, Rel. Juiz Amarildo Carlos De Lima, Florianópolis, 26 de abril de 2006. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2006/05670-06.doc . Acesso em: 11 de maio. 2008. 82 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão 9399/2006 - Juíza Sandra Márcia Wambier - Publicado no DJ/SC em 20-07-2006, página: 48. 83 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário n. 03591-2005-039-12-00-3. Recorrente: Tornearia Krambeck Ltda. - ME, Recorrido: Maicon Morais, Rel. Juiz Amarildo Carlos De Lima, Florianópolis, 26 de abril de 2006. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2006/05670-06.doc . Acesso em: 11 de maio. 2008.

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RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ACIDENTE DO TRABALHO. DEVER DE INDENIZAR. Quando a atividade empresarial é de risco e o acidente de trabalho tem conexão causal, bem como está demonstrado o dano, o dever de indenizar é mero corolário. (exegese dos artigos 3º, I e 7º, "caput", da Constituição Federal e parágrafo único do artigo 927 do Código Civil).84

Segue trecho da decisão:

A atividade preponderante (carga e descarga) é enquadrada pela Norma Regulamentadora n. 4 como sendo do grau de risco “3” (escala crescente de “1” a “4”) (...) O grau de risco é mensurado pelos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, levando em consideração o número de trabalhadores em cada local e a quantidade de acidentes. Por esta sistemática, considero que a atividade preponderante desenvolvida pela ré implica riscos aos direitos de outrem. 85

No julgado acima colacionado, a turma entendeu que a

atividade a que o empregado exercia era de risco, com fundamento no parágrafo

único do art. 927 do CC/02. Os critérios utilizados para o arbitramento foram os

seguintes:

No arbitramento da indenização em reparação do dano moral, o juiz terá em conta, notadamente: I - a intensidade do sofrimento do ofendido, a gravidade, a natureza e repercussão da ofensa e a posição social e política do ofendido; II - A intensidade do dolo ou o grau da culpa do responsável, sua situação econômica e sua condenação anterior em ação criminal ou cível fundada em abuso no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação.86

De outro lado, entendeu a mesma Turma acerca da

responsabilidade objetiva:

84 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão 14762/2006 – Rel. Juiz Geraldo José Balbinot - Publicado no DJ/SC em 31-10-2006, página: 54. 85 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário n. 04662-2005-047-12-00-0. Recorrente: Alberto João Cesário. Recorrido: Teconvi S/A Terminal de Conteiners do Vale Itajai, Rel. Juiz Geraldo José Balbinot, Florianópolis, 05 de outubro de 2006. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2006/14762-06.doc . Acesso em: 28 de maio. 2008. 86 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário n. 04662-2005-047-12-00-0. Recorrente: Alberto João Cesário. Recorrido: Teconvi S/A Terminal de Conteiners do Vale Itajaí, Rel. Juiz Geraldo José Balbinot, Florianópolis, 05 de outubro de 2006. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2006/14762-06.doc . Acesso em: 28 de maio. 2008.

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RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EMPREGADOR. ART. 927 DO CÓDIGO CIVIL. INAPLICABILIDADE. O conteúdo do art.7º, XXVIII, da CRFB prevê a indenização em acidente de trabalho somente quando incorrer o empregador em dolo ou culpa, o que torna inaplicável ao Processo do Trabalho a teoria da responsabilidade objetiva, prevista no art. 927 do Código Civil. Dessa forma, torna-se imprescindível a análise da existência de nexo causal entre a lesão ocorrida e a conduta do empregador.87

Por unanimidade de votos, relatou a Juíza Sandra Márcia

Wambier, in verbis:

Conquanto o parágrafo único do art. 927 do Código Civil/2002 se refira à responsabilidade objetiva do autor do dano, quando a atividade normalmente desenvolvida por ele implicar risco para os direitos de outrem, é ele inaplicável porque não há, na legislação que trata dos direitos trabalhistas, nenhuma omissão apta a atrair a incidência do direito comum. Conforme já mencionado, a segunda parte do inciso XXVIII do art. 7o da CRFB preferiu a responsabilidade subjetiva do empregador.88

Cumpre demonstrar também posicionamentos adotados pela 3ª

Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região:

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. FIXAÇÃO DO "QUANTUM". CRITÉRIOS. A legislação vigente não estabelece critérios objetivos à quantificação do dano moral. Assim, cabe ao Magistrado, frente ao caso concreto e segundo o seu prudente arbítrio, arbitrar o valor da indenização devida. Tem-se, no entanto, como regra que a indenização deve ser suficiente para minimizar o sofrimento infligido à vítima e para imprimir uma penalização ao ofensor, servindo ainda como medida coibitiva, de forma a desestimular o responsável pelo dano na prática da mesma conduta ilícita. Devem, ainda, ser sopesadas as condições financeiras das partes, cuidando para que o valor da indenização não seja tão elevado que provoque a ruína do ofensor e o enriquecimento injustificado do ofendido, mas também não tão insignificante que cause o aviltamento da dor suportada por este.89

Segue parte do julgado:

87 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão n. 7690/2007. Relatora Juíza Sandra Márcia Wambier - Publicado no TRTSC/DOE em 28-09-2007. 88 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário , Recorrente: Teconvi S.A. - Terminal de Contêineres do Vale do Itajaí, Recorrido: Luiz Carlos de Borba, Relatora: Juíza Sandra Márcia Wambier, Florianópolis, 28 de agosto de 2007. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/RO03140-2006-005-12-00-0.rtf Acesso em: 27 de maio. 2008. 89 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região.. Acórdão n. 13321/2007. Relatora Juíza Gisele P. Alexandrino - Publicado no TRTSC/DOE em 12-03-2008.

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Tem-se como regra que a indenização deve ser suficiente para minimizar o sofrimento infligido à vítima e para imprimir uma penalização ao ofensor, servindo ainda como medida coibitiva, de forma a desestimular o responsável pelo dano na prática da mesma conduta ilícita.90 Seguiu com os mesmos critérios punitivo-pedagógico da

indenização, o julgado abaixo:

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ACIDENTE DO TRABALHO. CARÁTER PEDAGÓGICO DA SANÇÃO. Sendo um dos objetivos da reparação do dano moral infligir à parte condenada uma sanção, ou seja, uma punição capaz de coibir a prática do ato lesivo, é imprescindível que na fixação do seu valor seja levada em consideração a necessidade de compelir a empresa a adotar providências concretas para impedir ou amenizar os danos causados pela atividade que ela exerce, a fim de evitar que acidentes ocorram novamente.91

Extrai-se do voto acima:

(...) é questão de extrema dificuldade a fixação do numerário para compensar a lesão de ordem moral, uma vez que não há parâmetro objetivamente construído para a avaliação do dano de natureza extrapatrimonial. Ela deve levar em consideração a extensão do dano – repercussão em relação aos familiares do empregado e ao seu meio social -, o grau de dolo e de culpa do lesante, a duração da ofensa e as condições econômicas de ambas as partes, sem, contudo, levar ao enriquecimento sem causa da pessoa indenizada. A condenação, no caso, tem função satisfatória – deve propiciar sensação de satisfação - e punitiva – caráter de desestímulo ao lesante a fim de evitar que acidentes ocorram novamente. 92

Partindo do pressuposto que a empresa deixou de adotar todas

as medidas de segurança necessárias, determinando ao empregado que operasse

maquinário perigoso, para o que não está habilitado, daí resultando o acidente e a

90 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário 00823-2006-006-12-00-1, Recorrente: Rosalino Felipe Onofre, Recorrido: Cerealista Triagro Ltda. – ME, Relatora: Juíza Gisele P. Alexandrino, Florianópolis, 04 de marco de 2008. Disponível em: http://jprod.trt12.gov.br/SAP2/ProcessoListar.do Acesso em: 21 de abr. 2008. 91 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão n. 9930/2007. Rel. Juíza Lília Leonor Abreu - Publicado no TRTSC/DOE em 28-11-2007, 92 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário 02248-2005-046-12-00-0, Recorrente: ROBERTO BURIGO, Recorrido: ESTOFADOS KRAUSE LTDA., Relatora: Juíza Gisele P. Alexandrino, Florianópolis, 19 de novembro de 2007. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/RO02248-2005-046-12-00-0.rtf Acesso em: 21 de abr. 2008.

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perda de parte do dedo indicador da mão direita, com deformidade permanente,

decidiu a 3ª Turma do TRT da 12ª Região, conforme o julgado em comento:

DANO MORAL. ACIDENTE DE TRABALHO. Não providenciando segurança no ambiente de trabalho, onde o risco de acidente é previsível por sua própria natureza, a empresa, que impõe ao seu empregado o manuseio de máquina que não operava a contento, diante dos travamentos ocorridos, mormente não tendo dado treinamento adequado ao empregado para operá-la, responde por sua omissão e negligência, quando desse fato decorrem lesões físicas ao empregado.93

Verifica-se no julgado acima a adoção do critério pedagógico-

punitivo do arbitramento a fim de que não ocorra nova conduta ilícita, bem como

descreve a relatora, “certamente, toda a dor, o sofrimento, a amargura, a angústia, o

medo experimentados pelo obreiro, pois, infelizmente, não há dinheiro no mundo

capaz de fazê-lo.”94

No mesmo sentido, relatou a Juíza Ligia M. Teixeira Gouvêa:

ACIDENTE DE TRABALHO. REPARAÇÃO DE DANOS. NEXO CAUSAL. A responsabilização do empregador, pela indenização referente ao acidente de trabalho, não está restrita à verificação da causalidade direta do dano. Também é possível estabelecê-la quando a atividade laboral apenas contribui para o agravamento da doença ou de suas conseqüências, porquanto configurada a concausalidade. ACIDENTE DE TRABALHO. DANO MORAL. "QUANTUM DEBEATUR". A fixação do "quantum debeatur"referente ao dano moral deve observar critérios como a influência da ação ou omissão sobre o evento danoso, sua gravidade e a culpabilidade. Além disso, não pode ser demasiadamente alta, a ponto de provocar o enriquecimento ilícito da vítima ou a insolvência do agente causador, e, tampouco, demasiadamente baixa, de modo a incentivar a reincidência.95

Assim sendo, verificou-se no julgado supracitado que a turma

levou em consideração os critérios da ação ou omissão, gravidade da lesão, bem

93 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão 2098/2007 - Juiz Gilmar Cavalheri - Publicado no TRTSC/DOE em 13-03-2007. 94 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário n. 00828-2005-042-12-00-7, Recorrente: Marcos Paulo dos Santos Lima, Recorrido: Araupel S.A., Relatora Gilmar Cavalheri, Florianópolis, 1º de fevereiro de 2007. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/02098-07.doc . Acesso em: 21 de abr. 2008. 95 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão 10536/2006 - Relatora Juíza Ligia M. Teixeira Gouvêa - Publicado no DJ/SC em 07-08-2006.

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como, a culpabilidade na ocorrência do dano, embasada na responsabilidade

subjetiva.

Desta forma, verifica-se que diferente do que entendeu a 2ª

Turma através do relato do Juiz Geraldo José Balbinot, julgou a 3ª Turma:

DANO MORAL. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. CULPA DO EMPREGADOR. Provada nos autos a culpa do empregador no quadro clínico de pneumoconiose apresentado pelo empregado pelo trabalho no subsolo sem os equipamentos e procedimentos adequados às regras de segurança e medicina do trabalho, mostra-se perfeitamente cabível a indenização por danos morais, nos termos dos arts. 186 e 927 do Código Civil de 2002 (art. 159 do Código Civil de 1916).96

Muito embora haja uma divergência quanto à classificação da

responsabilidade em subjetiva ou objetiva nos referidos julgados, os critérios no

arbitramento do dano moral estão sendo baseados no princípio da razoabilidade,

conforme trecho extraído do acórdão acima:

Diante da culpa grave da empresa, refletida na negligência com que tratou dos assuntos de saúde e segurança do trabalho, bem como da sua capacidade econômica, revela-se razoável e adequado para cumprir suas funções compensatórias e pedagógicas.97

3.2. Posicionamento do Tribunal Superior do Trabalho (TST):

Com base nos mesmos princípios da razoabilidade e

proporcionalidade, têm entendido os ministros do Superior Tribunal do Trabalho, in

verbis:

RECURSO DE REVISTA DANO MORAL FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO O Eg. Tribunal de origem fixou a indenização por danos morais com observância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. De s se modo, o valor fixado para compensação

96 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Acórdão n. 7864/2007. Rel. Juíza Lília Leonor Abreu - Publicado no TRTSC/DOE em 27-11-2007 97 Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região. Recurso Ordinário n. 00571-2006-027-12-00-1, Recorrente: Companhia Siderúrgica Nacional e Carlos Demétrio Marciano, Recorrido: Os mesmos, Relatora Gilmar Cavalheri, Florianópolis, 29 de outubro de 2007. Disponível em: http://trtapl3.trt12.gov.br/csmj/2007/RO00571-2006-027-12-00-1.rtf . Acesso em: 28 de abr. 2008.

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por danos morais afigura-se compatível com a lesão causada, não se justificando a excepcional intervenção deste Tribunal. DANO MORAL JUROS E CORREÇÃO MON E TÁRIA Sendo débito de natureza trabalhista a reparação por danos morais e materiais decorrentes de doença profissional, o termo inicial de incidência dos juros de mora e da correção monetária é o ajuizamento da reclamação trabalhista. Precedente. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS O acórdão recorrido está conforme à notória e iterativa jurisprudência desta Corte, consubstanciada nas Súmulas n os 219 e 329. Recurso de Revista parcialmente conhecido e provido.98

Diante disso, segue parte do acórdão supracitado:

Observo que o valor do dano moral deve ser arbitrado, levando-se em conta: a condição pessoal da vítima, a capacidade financeira e o grau de culpabilidade do ofensor e a gravidade do dano. Isso tudo sopesado para que o montante arbitrado não seja tão alto a ponto de causar o enriquecimento sem causa da vítima e nem tão insignificante que não atinja o fim a que se destina, ou seja, coibir a repetição do evento danoso por parte do empregador.99

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. VALOR DO DANO MORAL. Nega-se provimento ao agravo de instrumento que visa liberar recurso despido dos pressupostos de cabimento. Agravo desprovido.100

Segue trecho do referido voto, onde se verifica a adoção do

critério pedagógico:

O quantum indenizatório tem um duplo caráter, ou seja, satisfativo-punitivo. Satisfativo, porque visa a compensar o sofrimento da vítima e punitivo, porque visa a desestimular a prática de atos lesivos à honra, à imagem das pessoas.101

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL DECORRENTES

98 Tribunal Superior do Trabalho, RR 261/2005-019-12-00, Ministra Maria Cristina Ir I Goyen Peduzzi, Publicação: DJ – 28.03.2008. 99 Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista 261/2005-019-12-00, Recorrente: Josoé dos Santos, Recorrido: W. Breitkopf Comércio e Indústria Ltda., Relatora: Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Brasília, 26 de março de 2008. Disponível em: http://www.tst.jus.br/ Acesso em: 21 de abr. 2008. 100 Tribunal Superior do Trabalho. AIRR - 416/2006-002-06-40. Ministro Relator Representante do Ministério Público do Trabalho Renato de Lacerda Paiva. Publicação: DJ - 28/03/2008. 101 Tribunal Superior do Trabalho. Agravo de Instrumento em Recurso de Revista 416/2006-002-06-40, Agravante: Guardiões Serviços Técnicos Ltda., Agravados: Espólio de Inaldo Francisco Pereira e Município do Recife, Relator: Ministro Renato de Lacerda Paiva. Brasília, 27 de fevereiro de 2008. Disponível em: http://www.tst.jus.br/. Acesso em: 21 de abr. 2008.

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DE ACIDENTE DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CULPA DA EMPREGADORA. Assentando o regional que a culpa do infortúnio foi das reclamadas, na medida em que estas não forneceram treinamento suficiente ao reclamante, objetivando o uso correto e seguro do equipamento por ele manuseado , resta inviabilizada a revista em face da súmula 126/tst. agravo de instrumento desprovido.102

Extrai-se do referido acórdão a fundamentação do Ministro

Relator Maurício Godinho Delgado:

Verifica-se que o valor fixado na origem a título de indenização por dano moral foi pautado em nuances fáticas como, v.gr, a gravidade e permanência da lesão, e a submissão do reclamante a extenso e doloroso tratamento médico.103

No mesmo sentido, segue, decisão da Turma em que figura o

Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, in verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DANOS MORAIS. DANOS MORAIS VALOR DA INDENIZAÇÃO. Nega-se provimento a agravo de instrumento que visa liberar recurso despido dos pressupostos de cabimento. Agravo desprovido.104

Desta sorte, a fixação da indenização deve-se considerar a

intensidade do sofrimento do ofendido, a culpa do agente causador, a sua situação

financeira, verificando com cautela para que o valor não seja de forma excedente

que provoque a ruína do ofensor, tampouco, o enriquecimento injustificado do

ofendido, porém, não tão insignificante que cause o alvitramento da dor suportada

por este. Ainda, o valor indenizatório deve ter por finalidade educar as empresas a

fazer com que respeitem as normas de segurança e medicina do trabalho,

102 Tribunal Superior do Trabalho. AIRR - 1482/2005-112-03-40, Ministro Relator Mauricio Godinho Delgado, Publicação: DJ - 11/04/2008. 103 Tribunal Superior do Trabalho. Agravo de Instrumento em Recurso de Revista 1482/2005-112-03-40, Agravante: Sorh Serviço Temporário Ltda.., Agravados: ASK do Brasil Ltda., Relator: Ministro Mauricio Godinho Delgado. Brasília, 02 de abril de 2008. Disponível em: http://www.tst.jus.br/. Acesso em: 23 de abr. 2008. 104 Tribunal Superior do Trabalho. AIRR - 103/2004-042-12-40, Ministro Renato de Lacerda Paiva, Publicação: DJ - 02/05/2008.

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investindo, dessa forma, na prevenção, o que beneficiaria também o próprio

empregador.105

Da mesma forma, e com base no caráter pedagógico

posicionou-se o referido Ministro supracitado, in verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO. QUANTUM INDENIZATÓRIO VALOR DA PENSÃO . Nega-se provimento a agravo de instrumento que visa liberar recurso despido dos pressupostos de cabimento. Agravo desprovido.106

E assim, discorreu acerca do caráter satisfativo-punitivo,

conforme voto que segue:

O quantum indenizatório tem um duplo caráter, ou seja, satisfativo-punitivo. Satisfativo, porque visa a compensar o sofrimento da vítima, e punitivo, porque visa a desestimular a prática de atos lesivos à honra, à imagem das pessoas.107 Ato contínuo fundamenta sua decisão observando os critérios

da razoabilidade:

Na doutrina, relacionam-se alguns critérios em que o juiz deverá apoiar-se, a fim de que possa, com eqüidade e portanto, com prudência, arbitrar o valor da indenização decorrente de dano moral, a saber: a) considerar a gravidade objetiva do dano; b) a intensidade do sofrimento da vítima; c) considerar a personalidade e o poder econômico do ofensor; d) pautar-se pela razoabilidade e eqüitatividade na estipulação. O rol certamente não se exaure aqui. Trata-se de algumas diretrizes a que o juiz deve atentar. A condenação foi fixada dentro de um critério razoável, porque observou elementos indispensáveis, quais sejam, a intensidade da

105 Tribunal Superior do Trabalho. Agravo de Instrumento em Recurso de Revista AIRR - 103/2004-042-12-40, Agravante: HSBC Bank Brasil S.A. Banco Múltiplo, Agravados: Diva Aparecida Wollinger Costa, Ministro Renato de Lacerda Paiva, Publicação: DJ - 02/05/2008. Disponível em: http://www.tst.jus.br/. Acesso em: 07 de maio. 2008. 106 Tribunal Superior do Trabalho. AIRR - 652/2003-001-18-40, Ministro Renato de Lacerda Paiva, Publicação: DJ - 02/05/2008. 107 Tribunal Superior do Trabalho. Agravo de Instrumento em Recurso de Revista 652/2003-001-18-40, Agravante: Geoserv - Serviços de Geotecnia e Construção Ltda., Agravado: Pedro Marçal de Jesus, Relator: Ministro Renato de Lacerda Paiva. Brasília, 16 de abril de 2008. Disponível em: http://www.tst.jus.br/. Acesso em: 02 de maio. 2008.

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ofensa, a gravidade da repercussão da ofensa no meio social da obreira e os efeitos da vida prática do obreiro.108

Observando os mesmos critérios, colaciona-se o seguinte acórdão:

DANO MORAL CONCEITO E AMPLITUDE ACIDENTE DO TRABALHO E DOENÇA PROFISSIONAL LESÃO COM REPERCUSSÃO NA IMAGEM, HONRA, INTIMIDADE E VIDA PRIVADA DO INDIVÍDUO CF, ART. 5º, X. 1. O dano moral constitui lesão de caráter não material ao denominado patrimônio moral do indivíduo, int e grado por direitos da personalidade. Tanto em sede constitucional (CF, art. 5º, caput e incisos V, VI, IX, X, XI e XII) quanto em sede infraconstitucional (CC, arts. 11-21), os direitos da personalidade albergam basicamente os direitos à vida, integridade física, liberdade, igualdade, intimidade, vida privada, imagem, honra, segurança e propriedade, que, pelo grau de importância de que se revestem, são tidos como invioláveis. 2. Do rol positivado dos direitos da personalidade, alguns têm caráter preponderantemente material, ainda que não necessariamente mensurável economicamente, e outros de caráter preponderantemente não material, entre os quais a Constituição enumera taxativamente a intimidade, vida privada, imagem e honra (CF, art. 5º, X). Assim, o patrimônio moral, ou seja, não material do indivíduo, diz respeito aos bens de natureza espiritual da pessoa. Interpretação mais ampla do que seja dano moral, para albergar, por um lado, todo e qualquer sofrimento psicológico, carece ria de base jurídico-positiva (CF, art. 5º, X), e, por outro, para incluir bens de natureza material, como a vida e a integridade física, careceria de base lógica (conceito de patrimônio moral).109

Assim, segundo o relator da Turma, a indenização deverá

atender ao princípio da proporcionalidade (CF, art. 5º, V), tendo como base para o

arbitramento, a gravidade da lesão, para então ressarci-la convenientemente e

desestimular a conduta lesiva praticada, e por outro lado, deve-se atentar a

capacidade econômica do empregador, para não comprometer a própria viabilidade

da empresa, como geradora de emprego e renda.110

108

109 Tribunal Superior do Trabalho. AIRR - 635/2006-048-12-40, Ministro Relator Ives Gandra Martins Filho. PUB. DJ - 18/04/2008. 110 Tribunal Superior do Trabalho. Agravo de Instrumento em Recurso de Revista 635/2006-048-12-40, Agravante: Rohden Artefatos de Madeira Ltda., Agravado: Ivandro Pereira de Liz, Relator: Ministro Ives Gandra Martins Filho. Brasília, 16 de abril de 2008. Disponível em: http://www.tst.jus.br/. Acesso em: 08 de maio. 2008.

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Seguindo, colaciona-se ademais, para efeitos exemplificativos

julgado semelhante :

AGRAVO DE INSTRUMENTO - DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO - ART. 5º, X, DA CF/88. O cabimento do Recurso de Revista, no particular, está limitado à demonstração de interpretação divergente, ônus do qual o Recorrente não se desvencilhou, pois não colacionou arestos nos moldes da alínea a do art. 896 da CLT e da Súmula 296 do TST. ATO ILÍCITO CULPA DO EMPREGADOR NEXO DE CAUSALIDADE. A aferição das alegações recursais ou da veracidade da assertiva do Tribunal depende de nova análise do conjunto fático-probatório dos autos, procedimento vedado nesta instância recursal, nos termos da Súmula 126 do TST. FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. O acórdão do Regional consignou que o valor do dano moral foi estabelecido levando-se em conta diversos aspectos, tais como a culpa do agente, o risco por ele criado, a gravidade e a extensão do dano causado, e a capacidade econômica do ofensor.111

Extrai-se do julgado supracitado, in verbis:

Quanto à questão do valor da indenização, a natureza ressarcitória há de ser em pecúnia (art. 5º, inciso X, da Constituição Federal), fixando-se o quantum indenizatório com base em elementos subjetivos (situação econômica do ofensor, risco criado, gravidade do dano), conforme opina Maria Helena Diniz: Na avaliação do dano moral o órgão judicante deverá estabelecer uma reparação eqüitativa, baseada na culpa do agente, na extensão do prejuízo causado e na capacidade econômica . Portanto, grande é o papel do Magistrado na reparação do dano moral, competindo, a seu prudente arbítrio, examinar cada caso, ponderando os elementos probatórios e medindo as circunstâncias.112

Levando-se em consideração a culpa in vigilando, segue

jurisprudência, in verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAL, ESTÉTICO E MATERIAL. CULPA IN VIGILANDO. A tese do Regional é de que a culpa in vigilando ensejou o direito à indenização, pois o empregado acidentou-se, exercendo atividade para a qual não tinha habilitação. Não merece trânsito a revista,

111 Tribunal Superior do Trabalho. AI-884/2006-017-06.40, Ministro José Simpliciano Fontes de F. Fernandes. DJ - 02/05/2008. 112 Tribunal Superior do Trabalho. Agravo de Instrumento 884/2006-017-06.40, Agravante: Banco ABN Amro Real S.A., Agravado: Rosangela de Melo Sabino Cabral, Relator: Ministro José Simpliciano Fontes de F. Fernandes. Brasília, 16 de abril de 2008. Disponível em: http://www.tst.jus.br/. Acesso em: 09 de maio. 2008.

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porquanto não demonstrada divergência jurisprudencial específica nem tampouco comprovada a violação do artigo 7º, inciso XXVIII, da CF/88, vez que, para tanto, seria necessário o revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos. Incidência das Súmulas n os 126 e 296 do TST. Nego provimento.113

Nota-se que nesse julgado, o Tribunal Superior do Trabalho

atribuiu ao empregador a culpa in vigilando, vez que permitiu empregado não

habilitado consertar bomba, e assim, não há sombra de dúvida que a amputação de

um dedo impingiu ao autor dor moral, atingindo sua honra e imagem. Dessa forma, a

fixação das indenizações supramencionadas deve levar em consideração a dor e

constrangimentos causados à vítima e, quanto ao empregador, a sua capacidade

econômica, bem como, têm por escopo não apenas compensar os dissabores

causados ao obreiro, mas, também, punir o empregador que abusou de seu poder

de mando, causando danos a outrem. 114

113 Tribunal Superior do Trabalho. AIRR - 2180/2006-148-03-40, Ministro Vantuil Abdala. DJ - 25/04/2008. 114 Tribunal Superior do Trabalho. Agravo de Instrumento em Recurso de Revista - 2180/2006-148-03-40, Agravante: Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais Ltda. - Itambé, Agravado: Eduardo Otavio Lima Pereira, Relator: Ministro Vantuil Abdala. Brasília, 09 de abril de 2008. Disponível em: http://www.tst.jus.br/. Acesso em: 09 de maio. 2008.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia buscou-se analisar os critérios da

fixação do dano moral em decorrência de acidente de trabalho frente a decisões

proferidas do Tribunal Regional do Trabalho da Décima Segunda Região, bem com

do Tribunal Superior do Trabalho dentre 2006 e 2008.

Para análise dos critérios na fixação do dano moral adotados

pelos Magistrados foi necessário trazer a evolução histórica da responsabilidade

civil, visto ter esta se desenvolvida desde o Código de Hamurabi, sendo aprimorada

com o Código de Manu que diferente daquele, não previa a reparação física, mas

sim pecuniária, o que trouxe um grande avanço à época.

Através do Direito Romano que trouxe a previsão ao

ressarcimento por danos na Lei das XII Tábuas, Código de Napoleão, até que o

surto do desenvolvimento industrial ocasionou o surgimento de novas teorias.

Com o desenvolvimento industrial notório foi o aumento dos

acidentes de trabalho, o que forçou um estudo mais apurado acerca da

responsabilidade civil pelos danos sofridos decorrentes deste infortúnio.

Apesar desta eclosão, o Código Civil de 1916 trouxe poucos

dispositivos acerca da responsabilidade civil, pois não havia à época um

desenvolvimento difundido para a criação do referido diploma.

No entanto, o atual Código Civil Brasileiro de 2002 trouxe a

responsabilização de forma mais específica em seus artigos 927 seguintes, bem

como, em seu art. 186 o conceito de ato ilícito, e a possibilidade de reparação do

dano ainda que exclusivamente moral, anteriormente já apontado pela Carta Magna

no seu art. 5°, V e X.

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Diante do seu desenvolvimento a responsabilidade civil

começou a ser inserida nas relações contratuais, ou seja, quando há entre o lesante

e o lesado uma relação preexiste e extracontratuais quando não há qualquer vínculo

entre as partes, mas há caracterizado o ato faltoso do agente.

A culpa era o elemento que determinava a responsabilidade do

agente, assim, o seu conceito teve de ser ampliado visando à vida social e julgados

injustos, caracterizando assim a responsabilidade subjetiva em que se deve provar a

culpa do agente para obter o direito à indenização.

No entanto, a responsabilidade objetiva resta caracterizada

pela teoria do risco, quer seja independente de dolo ou culpa o agente causador do

dano será responsável, tenha este agido comissivamente (ação) ou de forma

omissiva (omissão), vez que o sujeito obtém vantagens ou benefícios em razão

dessa atividade de risco.

Desta maneira, verifica-se que o ato ilícito é a violação

intencional ou previsível do agente que deixou de atender as normas jurídicas pré-

estabelecidas, por ação que é prática de um ilícito e omissão quando a falta de uma

ação resulta no ilícito.

A culpa do ato ilícito é analisada através da conduta do lesante

que agiu com negligência, imprudência ou imperícia no cometimento do ato, tendo

que a negligência é a ausência de ação, sendo que esta poderia ter sido tomada

evitando assim o dano, imprudência quando há a falta de cautela e imperícia quando

existe a inaptidão técnica.

O dolo por sua vez, é a vontade de violar direito de outrem de

forma consciente e voluntária.

Diante de todos os elementos caracterizadores da

responsabilidade o mais importante para a caracterização do dano moral é o nexo

de causalidade entre o ato ilícito e o dano gerado.

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Entendo que o nexo de causalidade é fundamental para que dê

ao lesado o direito à indenização, principalmente quando o dano trata-se de acidente

de trabalho que é o objeto da presente pesquisa.

Quanto a indenização por dano moral, anteriormente a

Constituição Federal somente era aceito quando esta resultava da perda do

patrimônio, porém, após a sua promulgação é que desencadeou a percepção deste

ressarcimento.

O dano moral encontra-se definido pela violação do bem

imaterial juridicamente tutelado segundo os princípios sociais da humanidade,

podendo ser este direto quando atinge diretamente bens imateriais, e indireto

quando uma lesão material produz efeito imaterial.

A relação de trabalho como em qualquer outra relação pessoal

não está suscetível de escapar da ocorrência de dano, em especial, quando a

atividade exercida pelo empregado resulta em acidente.

O acidente de trabalho é um acontecimento profissional que

provoca uma lesão corporal ou perturbação funcional capaz de determinar perda

total ou parcial da capacidade ou morte do empregado.

Do infortúnio pode resultar danos irreversíveis de caráter

moral, atingindo a honra, auto-estima que acabam gerando desconforto na vida

pessoal como discriminação, podendo ser alvo de gozações que possam denegrir a

imagem do trabalhador.

Desta sorte resta o dever do empregador em preservar a

saúde e integridade física do trabalhador tomando medidas preventivas a evitar que

infortúnio como o acidente de trabalho.

Diante do exposto, tem-se que o dano moral ora abordado à

luz do acidente de trabalho, gera ao empregado perda patrimonial significativa, ou

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seja, o trabalhador acidentado e sua família sofrem os maiores prejuízos com a

incapacidade, abalando assim os seus valores pessoais.

Através dos julgados trazidos, do TRT12ª e TST, tem-se que o

juiz ao arbitrar o valor da indenização deve levar em consideração o princípio da

razoabilidade e proporcionalidade, onde deve medir as causas e as concausas na

ocorrência do dano.

Há ainda, entre os critérios da fixação do dano moral o caráter

satisfativo-punitivo, atribuindo à fixação caráter pedagógico da medida, para que o

causador do dano haja com diligência para evitar que novo prejuízo ocorra, bem

como, o ofendido sinta-se reparado de uma aproximada ao dano que sofreu.

Partindo do pressuposto que não há uma forma concreta no

arbitramento do valor do dano moral, cabe ao Juiz a partir do seu próprio arbítrio e

através dos princípios da razoabilidade, devendo levar em consideração os

elementos objetivos e subjetivos do ilícito.

Diante dos acórdãos colacionados verificou-se que para a

valoração do dano moral deve ser observado três condições primordiais: a gravidade

do dano, a culpabilidade do ofensor e as condições econômicas do causador do

dano e do ofendido.

Desta forma, o valor arbitrado não deve ser arbitrado de forma

a levar a ruína do ofensor, tampouco o enriquecimento ilícito do lesado, na medida

que torna a indenização uma medida sócio-educativa objetivando coibir a repetição

do ato lesivo.

No mesmo sentido, deve o lesado receber uma indenização

suficiente a minimizar os danos sofridos, vez que não há dinheiro no mundo capaz

de compensar de forma a satisfazer totalmente a dor da perda do auto-estima que

resultante do acidente do trabalho.

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Neste sentido entendo que para se chegar a um valor justo

capaz de “satisfazer” a dor suportada e o sofrimento do ofendido deve-se preservar

o princípio da proporcionalidade no sentido de sopesar todas as circunstâncias do

fato que gerou perda da capacidade, seja ela física ou psíquica.

Os critérios adotados devem ser ponderados no seu prudente

arbítrio atentando-se a todos os elementos probatórios, assim, independente de

haver o Juiz entendido pela responsabilidade objetiva baseada na teoria do risco ou

subjetiva na teoria da culpa, os elementos capazes de avaliar o dano moral são os

mesmos, vez que baseados no princípio da razoabilidade.

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REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

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