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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · 2016. 6. 10. · deve estar centrado no uso e funcionamento da língua num contexto sócio- interacionista. Nessa perspectiva interacionista,

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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O desenvolvimento da leitura crítica por meio de textos publicitários nas

aulas de Língua Portuguesa na Educação Básica

Angela Maria Mazzaro de Camargo1

Greice da Silva Castela2

Resumo

O presente artigo conclui a nossa participação no PDE – Programa de

Desenvolvimento Educacional. Este trabalho foi embasado na leitura de

teóricos que abordam em seus estudos/obras questões referentes ao ensino da

leitura, bem como ao uso de estratégias que podem auxiliar o processo de

ensino da mesma. O objetivo desta produção final é apresentar o trabalho

realizado com a turma do 1º. Ano do Ensino Médio do período vespertino em

um colégio da rede Estadual de ensino em Salgado Filho, PR. O objetivo da

pesquisa foi o de propor um estudo sistematizado dentro do gênero

Propaganda voltado a uma formação leitora competente, ao desenvolvimento

do senso crítico e à emancipação intelectual dos alunos. Para isso, foi utilizada

a produção didático-pedagógica intitulada “Trabalho de emancipação leitora por

meio de textos publicitários na sala de aula”. O gênero textual Propaganda

contemplado nesse material abordou diversas temáticas do cotidiano como

beleza, status, feminilidade, saúde e alimentação. Isso fez com que os alunos

discutissem a forma como os discursos são (im)postos pela publicidade e

também conheceram estratégias de leitura para compreenderem o que

realmente as campanhas publicitárias dizem, uma vez que são público-alvo de

boa parte das propagandas.

Palavras-chave: leitura crítica; discurso; gênero propaganda

1 Professora PDE. Email: [email protected]

2 Orientadora PDE. Professora Adjunta na UNIOESTE – campus Cascavel. Professora do Mestrado

Profissional em Letras e do PPGL. Email: [email protected]

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1 Introdução

Considerando a grande defasagem que atualmente se percebe na

formação leitora dos alunos, tem se constituído um desafio às práticas

pedagógicas preencher as lacunas de compreensão do que se lê, como se lê e

para que se lê. Os adolescentes são vistos pelo mercado publicitário como

consumidores em potencial. Não só de produtos, mas também de idéias, as

quais nem sempre são analisadas e compreendidas criticamente. Este trabalho

teve como objetivo levar os alunos da primeira série do Ensino Médio a ler e a

compreender as propagandas numa perspectiva crítica e reflexiva, que

possuem extraordinário poder de comunicação de massa e cujos adolescentes,

nos últimos anos, transformaram-se em um dos seus principais alvos.

Dentre o conjunto dos diversos gêneros textuais a propaganda pode ser

considerada como um dos gêneros mais acessíveis à população. Conforme

Vestergaard e Schroder (2004, p.1), “[...] a propaganda jamais nos abandona”,

ou seja, sempre que folheamos um jornal ou uma revista, sempre que ligamos

a TV ou olhamos para os cartazes nas ruas ou prédios, estamos diante delas.

Sabemos que, os meios de comunicação de massa podem ser considerados

uma das principais fontes de informação que dispomos. Por isso a necessidade

de se trabalhar com esse gênero em sala de aula.

Os adolescentes são vistos pelo mercado publicitário como

consumidores em potencial, não só de produtos, mas também de ideias, as

quais nem sempre são analisadas criticamente no que diz respeito a servir a

propósitos de alienação ou de emancipação. Daí a importância em levar os

alunos a ler e a compreender as propagandas, que possuem extraordinário

poder de comunicação de massa e cujos adolescentes, nos últimos anos,

transformaram-se em um dos seus principais alvo.

Faz-se necessário no trabalho com a leitura equipar o aluno/leitor para

perceber as relações de sentido ideológico consumista e os recursos de

persuasão que há no contexto publicitário expressos pelas linguagens verbal e

visual. A fim de que se tornem autônomos em suas escolhas e não se deixem

levar pelos modismos impostos pelos textos midiáticos, em especial, as

propagandas.

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Os alunos estão cada vez mais distantes do hábito de ler com

proficiência. É notória a defasagem na leitura. Boa parte dos alunos que estão

em sala de aula apresenta dificuldades no momento de exercer com destreza a

leitura, bem como a oralidade. Muitos deles não sabem ler, apenas decodificam

ou reconhecem o que está explícito nos enunciados. Não conseguem abstrair,

nem estabelecer significados mais amplos nas relações de leitura de textos,

mesmo alunos do Ensino Médio.

Assim quando pensamos no verdadeiro objeto de ensino da Língua

Portuguesa, tem-se que considerar os usos sociais que os falantes fazem dela

em seu discurso oral ou escrito. O trabalho com o Discurso enquanto prática

social concentra elevado valor às aulas de língua materna. Com o sentido de

capacitar o educando para exercer sua autonomia e desenvolver sua

competência leitora, o gênero textual da propaganda auxilia no processo

formativo de todo indivíduo leitor.

2 A importância da leitura

Verifica-se na prática pedagógica exercida pelos docentes quanto às

atividades de leitura, a tendência para uma ação reprodutivista/estruturalista.

Tais práticas não contemplam os contextos social, cultural e histórico da leitura.

Saveli afirma:

Tais práticas continuam terrivelmente estáveis, em que quase sempre

a leitura é tomada como a “tradução oral do escrito”. Essa concepção

estruturalista de leitura, que considera um texto nele mesmo e por ele

mesmo, é muito comum na escola. Em função dessa concepção há,

no espaço da escola, muita soletração e pouca leitura (SAVELI, 2001,

apud CASTELA, p. 15).

Dessa maneira, entende-se que a leitura está atrelada a atividades de

decodificação do texto escrito. O ideal que envolve atividades de ensino de

leitura, principalmente na escola, ocorre dentro da perspectiva ascendente

(LEFFA, 1999) onde a construção do sentido é vista basicamente como um

processo de extração de idéias. As práticas em sala de aula são permeadas

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pela identificação dos elementos/ideias básicas apresentadas no texto e não de

interação, de construção de significados e/ou de re-significação.

Segundo Solé :

a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto. A leitura

é um processo de compreensão do texto escrito. Em outras épocas

ela acontecia num processo cognitivo de recitação, declamação e

pronúncia correta (SOLÉ, 1999, p. 52).

O ensino da língua – antes conceitual, classificatório e prescritivista

deve estar centrado no uso e funcionamento da língua num contexto sócio-

interacionista. Nessa perspectiva interacionista, deve-se buscar alternativas

mais significativas no ensino de Língua Portuguesa, o que implica em pensar e

a considerar os inúmeros gêneros discursivos/textuais que envolvem o

indivíduo.

Isso demanda em estabelecimento de objetivos e de estratégias

condizentes ao que é proposto ler. Cada tipo de texto requer metodologias

diferentes para sua compreensão. Kleiman (2000) diz que “o aluno lê porque

tem algum objetivo em mente, isto é, sua leitura é realizada sabendo para que

está lendo, Cada tipo de texto deve ter atividades específicas condizentes com

os objetivos propostos.

A escolha dos textos a serem trabalhados em sala, pelo docente,

não deve ser aleatória, mas contemplar objetivos concretos, começando por

textos curtos e simples e, gradativamente aumentar o nível de complexidade. É

importante que o professor, a princípio, atenda as expectativas de seu alunos,

levando em consideração o gosto e a sugestão de leituras.

A construção e a implementação de projetos de abrangência maior

dentro da escola também devem estar presente. Visto que, não só professores

de Língua Portuguesa, mas todos os docentes encontram muitas dificuldades

em elaborar projetos de leitura que alcancem resultados satisfatórios junto a

comunidade escolar.

Solé (1999) diz que ao serem propostas atividades de leitura aos alunos,

deve-se considerar sob qual ponto de vista a leitura deva partir, se, sob o ponto

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de vista que ler é um ato que implica usar estratégias e técnicas, ou que ler é

uma atividade voluntária e prazerosa. A escola deve preponderar às atividades

de leitura, como um instrumento de aprendizagem, de informação e de deleite.

Daí, muito importante o papel desempenhado pelo professor em estabelecer

objetivos claros e apresentá-los aos alunos.

O professor, segundo Solé (1999), é insubstituível no processo de

construção da aprendizagem escolar. Deve-se reconhecer que cada aluno tem

suas competências, estas podem ser adquiridas e ampliadas, cabe ao

professor se perguntar sobre o que pode contribuir para aumentar as

possibilidades de aperfeiçoamento competente e autônomo dos alunos.

Sobre a contribuição do papel do professor numa relação de interação

para a produção do conhecimento (SAVELI, 2001, apud CASTELA, 2009, p.37)

afirma “pois que o conhecimento se produz no processo de interação entre o

leitor e o autor no momento da leitura e entre o professor e o aluno, no

momento em que se discute o texto na sala de aula.”

É inquestionável a importância do diálogo e da interação, ora entre o

leitor e a obra, ora, entre o professor e o aluno, na construção do conhecimento

por meio da leitura e das atividades desenvolvidas a partir dela.

Assim, como defende Leffa:

A leitura não é um ato solitário, mas coletivo, exercido dentro de uma comunidade que tem suas regras e convenções. Ler é um verbo de valência múltipla: não se lê apenas adverbialmente, mas também direta e indiretamente, de modo acusativo e ablativo. Isto é, o leitor não lê muito ou pouco: ele lê algo com alguém e para alguém. (LEFFA, 1999, p. 34)

Compreende-se que o processo de leitura não é apenas uma

localização de informações do texto, mas é também uma busca dos

conhecimentos que o leitor tem em sua mente, e que se utiliza ao ler o texto.

Ou seja, uma interação entre o texto, o leitor e o contexto.

O entendimento da prática de leitura pelo professor de Língua

Portuguesa, em sala de aula, na perspectiva interacionista/construtivista deve

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ser ampliada e amparada pelo diálogo e interação constantes entre os sujeitos

envolvidos no processo educativo.

Vários documentos orientadores oficiais apresentam orientações teórico-

metodológicas para o ensino da leitura em Língua Portuguesa, como os

Parâmetros Curriculares Nacionais –PCNs:

A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que se sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas. (BRASIL, 1998, p.69).

Assim somos convidados a pensar que a prática de leitura deve e pode

ser modificada. Percebemos que, hoje, muitos brasileiros são alfabetizados,

porém não sabem fazer uso da leitura e da escrita, isto é, conhecem o código e

conseguem decodificá-lo, entretanto têm dificuldade para compreendê-lo, para

usá-lo em situações do cotidiano.

As Diretrizes Curriculares da Educação também se fundamentam na

teoria dos gêneros do discurso (BAKHTIN, 1997), orais ou escritos e que

pontua uma prática interacionista com a leitura.

Segundo as DCEs:

compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo,

que envolve demandas sociais, históricas, políticas,

econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado

momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os

seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa,

cultural, enfim, as várias vozes que o constituem ( PARANÁ,

2008, p.56).

Além disso, o trabalho realizado na escola dentro dos diversos gêneros

e suas aplicações no dia a dia representa uma excelente oportunidade de lidar

com a língua em situações mais contextualizadas com a realidade do aluno,

implicando numa construção mais produtiva e significativa.

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É considerada entre vários autores como (MARCUSCHI, 2008, apud

CASTELA, 2009, p. 37) a atividade da “leitura como uma atividade social e

crítica”. Compreende-se dessa forma, a partir do momento que se entende a

função social do texto e que o sentido estabelecido durante a atividade de

leitura também depende do contexto social, cultural e histórico em que ocorra.

Vale relembrar que há um movimento historicamente construído

envolvendo a teoria da leitura e a trajetória histórica da escrita. Onde a busca

para facilitar a socialização da escrita buscou sempre mecanismos de leitura

para reconhecer e identificar o conteúdo escrito. Outros fatores envolvem o

caminhar histórico que a leitura já percorreu e percorre, conforme Zilberman

(1999):

Sabemos que escolas existiram na Grécia e em Roma, que a escrita remonta aos sumérios [...] e que as técnicas de impressão começaram com os chineses [...] Mas a reunião desses fatores ocorreu por causa da emergência e sucesso da sociedade capitalista, quando o capital cultural tornou-se igualmente importante para a acumulação do capital financeiro (ZILBERMAN, 1999, p. 41).

Compreende-se com isso que há uma relação de poder nas mãos de

quem tem conhecimento de leitura de quem não tem. A história da leitura está

ligada à história do capitalismo (ZILBERMAN, 1999) que se manifesta nas

facetas mercadológicas desde o comércio de livros, das máquinas de

impressão e de produção de textos, de livros até os equipamentos tecnológicos

mais sofisticados.

Faz-se necessário propor atividades adequadas de leitura para que os

alunos possam experenciar situações interativas de aprendizagem e, assim,

ampliar seu conhecimento crítico sobre o que lê . No entanto, para Kleiman

(2007):

[...] o contexto escolar não favorece a delineação de objetivos específicos em relação a essa atividade. Nele, a atividade de leitura é difusa e confusa, muitas vezes se constituindo apenas em um pretexto para cópias, resumos, análise sintática e outras tarefas do ensino de língua. (KLEIMAN, p. 30, 2007).

A escola tem o desafio de trabalhar e desenvolver as habilidades de

leitura. Levar o aluno a perceber que a leitura não é uma atividade parada,

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estática, mas, sim, dinâmica, interativa e um tanto complexa. Faz-se

necessário dinamizá-la, desenvolver melhor essa prática, para que o estudante

compreenda o grande valor da leitura para a sua vida. A leitura é uma atividade

muito importante para todos nós que vivemos em uma sociedade letrada,

cercada por todo tipo de texto. A leitura nos torna capazes de interagir melhor

com o mundo.

Neste contexto, a publicidade tem a finalidade de gerar uma relação de

interação entre discursos e sujeitos, e, para isso, faz uso de estereótipos

verbais e visuais, com o intuito de transformar o consumidor do texto

publicitário em consumidor efetivo do produto que anuncia. Portanto, pode-se

concordar com (GOMES, 1999, p. 205) “(...) as marcas lingüístico-discursivas

que fazem do texto publicitário um discurso manipulador.”

A leitura alcança patamares de valorização, aprendizagem e

consolidação no mundo capitalista por meio do ensino da literatura, via escola,

professor e aluno. Tem-se que reconhecer o valor da leitura e seus diversos

níveis de proficiência para a conquista da emancipação do sujeito enquanto

agente social.

3 A propaganda e a publicidade

De acordo com o site www.significados.com.br, a Publicidade “significa,

genericamente, divulgar, tornar público um fato ou uma ideia. A palavra

publicidade deriva do latim “publicus”, "público" em português. Publicidade é

uma técnica de comunicação em massa, cuja finalidade precípua é fornecer

informações sobre produtos ou serviços com fins comerciais. É, sobretudo,

um grande meio de comunicação com a massa, com o propósito de

condicioná-la para o ato da compra”, já a Propaganda é definida como

“propagação de princípios e teorias. Deriva do latim “propagare”, por sua vez,

deriva de “pangere”, que quer dizer enterrar, mergulhar, plantar. A expressão

foi traduzida pelo papa Clemente VII, em 1597, quando fundou a Congregação

da Propaganda, com o fim de propagar a fé católica pelo mundo”.

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Etimologicamente, propaganda se refere ao ato de propagar ideias,

produtos ou serviços. Já, publicidade, consiste em tornar público, o que só é

possível por meio de propagandas.

Dessa forma, dentro do contexto histórico-social que vivemos, a

publicidade tem a finalidade de gerar uma relação de interação entre discursos

e sujeitos, e, para isso, faz uso de estereótipos verbais e visuais, com o intuito

de transformar o consumidor do texto publicitário em consumidor efetivo do

produto que anuncia. Portanto, pode-se concordar com (GOMES, 1999, p. 205)

“(...) as marcas linguístico-discursivas que fazem do texto publicitário um

discurso manipulador”.

A linguagem dos anúncios publicitários geralmente se adapta ao perfil do

público ao qual eles se destinam e a um suporte ou veículo em que eles são

publicados. Inúmeros recursos da língua portuguesa são utilizados na

produção de propagandas, como: figuras de linguagem; variedades

linguísticas: gírias, linguagem técnica...; estrangeirismos; ambiguidade; verbos

no imperativo; variação gráfica de letras; textos informativos verbais; recursos

sonoros; textos não verbais (predomínio de imagens) entre outros.

4 Falando sobre o Gênero Propaganda

Tendo em vista que a propaganda se esforça cada vez mais para atrair a

atenção dos leitores, estigmatizando o poder, a beleza, a saúde, o entusiasmo,

a masculinidade ou a feminilidade, com elementos que sensibilizam o

espectador e servem para colocá-lo em estado de espírito mais receptivo ao

consumismo, os sujeitos envolvidos no processo de ensino da leitura, deve

buscar ler as entrelinhas do discurso publicitário a fim de trazer à tona a

discussão dos novos padrões de pensamento e de conduta que estas

estabelecem.

Nas palavras de Hoff :

convivemos com tanta familiaridade com as idéias e imagens neles

[nos meios de comunicação de massa] veiculadas que as aceitamos

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como verdade e as utilizamos para guiar nossas decisões e escolhas

na vida (HOFF, 2007, p. 1).

Como a propaganda atinge um contingente numeroso e variado de

pessoas, a mídia tende a ser uma fonte hegemônica e homogeneizadora de

informação. Daí ser considerada uma espécie de opinião pública, ou seja, o

que divulga e como divulga torna-se conhecido e aceito por grande parte de

seus expectadores.

É relevante que o trabalho pedagógico voltado para leitura e análise do

gênero propaganda esteja alicerçado em pressupostos atingíveis e

mensuráveis pelo professor no desenvolvimento das atividades. Imprescindível

também é que se conheçam alguns elementos estruturantes e estratégicos

utilizados na produção do discurso e do texto publicitário como os estudados e

sistematizados por Vestergaard e Schroder (2004). Esses elementos

subsidiaram a etapa de elaboração e implementação da Produção Didático-

pedagógica produzida para a efetivação do Programa de Desenvolvimento

Educacional - PDE visando uma formação crítica e reflexiva do educando/leitor.

Conheçamos um pouco sobre eles:

A escolha do público - se, homem, mulher, criança... o receptor. Esse

texto foi elaborado para quem? Para que classe social?

O espelho psicológico - (o universo/contexto que está presente no texto

é imaginário ou real?

A utopia do tema - identificar o tema (juventude, sexualidade, beleza,

alimentação, saúde, qualidade de vida, masculinidade, feminilidade..e

analisar a (s) possibilidade (s) de ser algo atingível/possível ou não.

Os recursos visuais, audiovisuais – imagens, cores, luz, foco, palavras

escritas associadas ao logotipo da empresa “X” com o intuito de

persuasão do leitor;

As ideologias presentes – perceber o escapismo da realidade “real”,

uma fuga daquilo que não gostamos, não queremos e não temos para

uma realidade “imaginária” que podemos ter tudo o que nos faça felizes

comprando ou adquirindo o (s) produto (s) anunciado (s).

A propaganda tende a iludir o interlocutor, fazendo-o acreditar, por

exemplo, que o refrigerante A restaura o bom ânimo, que os cigarros B são

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sinais de alto padrão de vida, que o cartão de crédito C abre as portas do

mundo, que o candidato D eleito transforma a sociedade, que o refrigerante

diet traz o prazer de viver em forma, que a comida E faz bem para a saúde, etc.

O sistema ideológico presente nas propagandas transmitem “atitudes hoje

dominantes em relação à história, à natureza, à ciência, etc. como se fossem

verdadeiras e válidas” (VESTERGAARD e SCHRODER, 2004, p. 251) e que

cumprem um papel central na preservação das relações capitalistas. Ainda

sobre a ideologia presente nas propagandas destacam:

[...] a propaganda continua a ser uma instituição comercial cujas

mensagens ideológicas vão muito além do mero impacto comercial,

sempre prontas a oferecer uma solução perfeita para o homem que

deseja viver em paz com suas fraquezas [...] (VESTERGAARD e

SCHRODER, 2004, p. 270).

É fato que nossas relações e sentimentos tendem a ser transformados em

poses autoconscientes e predeterminados quando na verdade, não deveriam.

Os modelos de comportamentos ditados pela mídia arrebatam multidões que,

influenciadas pelos fortes recursos/apelos persuasivos presentes neste,

estabelecem estereótipos de pensamento e comportamento que se tornam

“sonho de consumo” de muitas pessoas.

Ainda para Gonçalves (2009) a responsabilidade pela boa educação das

crianças e dos jovens que antes era de responsabilidade da família, do Estado

e da sociedade, conta hoje com a participação de um terceiro elemento

formador de opinião e comportamento. Segundo a autora:

[...] não são apenas esses atores sociais que promovem e contribuem

para a formação e desenvolvimento das crianças e adolescentes.

Atualmente, a mídia e em particular a publicidade assume um papel

central na formação de valores das crianças e adolescentes

(GONÇALVES, 2009, p.1).

Dessa maneira, torna-se relevante trazer o gênero propaganda para

dentro da sala de aula como recurso pedagógico e como uma possibilidade de

intervenção no processo de formação de leitores. Uma vez que, o processo de

leitura a partir da concepção interacionista proposto por vários autores, deverá

transpassar as barreiras da decodificação e da leitura enquanto extração de

idéias básicas. Ainda, o ensino com base nesse gênero deve centrar-se na

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contribuição para o desenvolvimento de um leitor crítico, espontâneo e

independente, capaz de ultrapassar as esferas linguísticas e persuasivas

impostas pelo discurso presente nas propagandas.

Além de perceberem o sistema capitalista em que está inserido, o qual

demanda a propaganda como algo inevitável e persuasivo demais, espera-se

que os alunos sejam provocados a uma discussão pautada na leitura crítica,

reflexiva e questionadora deste gênero, onde poderão descobrir e se

desvencilhar das sedutoras armadilhas que os textos midiáticos apresentam e

lhes impõem.

Os adolescentes são vistos pelo mercado publicitário como

consumidores em potencial, não só de produtos, mas também de ideias, as

quais nem sempre são analisadas criticamente no que diz respeito a servir a

propósitos de alienação ou de emancipação.

Entender os significados implícitos, ou as mensagens subliminares

presentes nas propagandas capacita o leitor a ter autonomia de escolha “não

se deixar levar” pelas ideias expressas sobre a vantagem aparentemente de se

adquirir um produto.

5 A Produção Didático-Pedagógica: Unidade Didática

O formato escolhido para a produção do material didático-pedagógico foi

uma Unidade Didática. Esta se constitui em um conjunto ordenado de

atividades articuladas e estruturadas para atingir os objetivos propostos desde

a etapa de elaboração do projeto político-pedagógico. Este material foi

produzido pensando em como os conteúdos envolvendo o gênero Propaganda

poderiam ser trabalhados com os alunos.

A fim de alcançar o objetivo de tentar contribuir para o desenvolvimento

da leitura, interpretação e produção textual crítica do gênero propaganda,

organizamos o material didático pautado numa sequência ordenada de

atividades sobre o gênero em estudo – a propaganda.

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Procuramos abordar diversas temáticas focadas pela propaganda como

beleza, saúde, alimentação, status, masculinidade, feminilidade, campanhas

publicitárias. Trabalhando dentro de uma perspectiva interacionista de leitura e

propondo algumas estratégias de leitura, tentamos desenvolver atividades

dentro das etapas de: pré-leitura, leitura e pós-leitura (SOLÉ, 1998). Nosso

embasamento teórico pauta-se, principalmente, nas obras sobre os estudos da

leitura de Izabel Solé e a linguagem das propagandas de Vestergaard e

Schroder.

Essa produção didática está disponível em

http://apropagandainfoco.blogspot.com.br/2013_09_01_archive.html.

6 Relato sobre a implementação

A implementação se efetivou numa turma de 20 (vinte) alunos da 1ª.

Série do Ensino Médio, do Colégio Estadual Pe. Anchieta, na cidade de

Salgado Filho – Pr., no período vespertino. Em duas aulas semanais foram

desenvolvidas as atividades, no formato Unidade Didática, entre os meses de

fevereiro a maio de 2014, totalizando 32 horas.

A escola tem aproximadamente setecentos (700) alunos. Funciona nos

três turnos. Contempla Ensino Fundamental e Médio. Tem laboratório de

informática com sinal de internet e uma biblioteca com um bom acervo. Grande

parte da clientela atendida é oriunda de comunidades do interior. Atende vários

alunos em contraturno.

Inicialmente fizemos a explanação do Projeto à turma por meio de slides.

Desde a produção do projeto, os objetivos das atividades que seriam

desenvolvidas com a turma sobre Gênero Textual Propaganda. Em seguida foi

apresentada a imagem de um bebê muito feliz e saudável portando em seu

corpinho diversos “slogan” de marcas de produtos. Isso para que acontecesse

a aproximação com o tema Propaganda.

A fim de motivar os alunos para a temática foi sugerida uma imagem de

uma propaganda “enganosa” contendo a antítese PublicidadeXRealidade. Em

que aparece um hambúrguer bem recheado e de tamanho grande relacionado

à publicidade; e, um hambúrguer com pouco recheio e bem pequeno

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relacionado à palavra realidade. Neste momento foi perguntado oralmente aos

alunos: /Você confia nas propagandas? /Elas são confiáveis? Foi oportunizado

aos alunos tempo para interagirem e dizerem o que pensavam sobre as

propagandas. Vários alunos compartilharam suas opiniões de que confiam nas

propagandas e se deixam seduzir por elas. Até mesmo desejam muitos

produtos divulgados por meio de propagandas.

Diversas mostras do gênero e algumas perguntas de pré-leitura foram

sugeridas aos alunos a fim de sondar o que já sabem, conhecem a respeito do

gênero propaganda. As perguntas aferidas aos alunos foram:

-Vocês sabem o que é propaganda? E publicidade?

- Vocês lêem, gostam ou não desse tipo de texto?

- Onde as propagandas podem ser encontradas?

- Que tipos de propagandas mais lhe chamam a atenção? E que vocês acham

mais atraentes?

- Que características têm as propagandas?

- Por que se produz propagandas?

- Você já ouviu falar em propaganda enganosa? E o que fazer quando isso

acontece?

- A propaganda é um texto? Por quê?

Anotações de algumas respostas foram feitas no quadro afim de que os

alunos pudessem comparar as respostas e avaliarem as informações

prestadas por eles. Ao professor coube o trabalho de sondagem do que sabem

para subsidiar e estabelecer previsões/expectativas para as etapas posteriores.

Foram oferecidos aos alunos diversos recortes de propagandas com

diversas temáticas, moda, beleza, saúde, alimentação, campanhas

publicitárias... para lerem, analisarem e socializarem com a turma as

informações básicas contidas em cada uma. Após os apontamentos gerais e a

leitura numa perspectiva ascendente (SOLÉ. 1999) das informações básicas

dos textos, observou-se que a maioria dos alunos identificaram os elementos

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básicos das propagandas como: tema, cores, slogan, recursos verbais e não

verbais. Poucos alunos demonstraram dificuldades nesta etapa.

Dentro da perspectiva descendente de leitura (SOLÉ. 1999), vários

alunos conseguiram abstrair as informações gerais dos textos como identificar

o que as propagandas estão vendendo, e os recursos visuais e verbais

presentes. No entanto, mostraram bastante motivados ou seduzidos a

adquirirem os produtos anunciados sem estabelecerem relações mais

aprofundadas de reflexão como, por exemplo, se realmente preciso disso, que

mensagem está nas entrelinhas do texto em análise, trata-se de um contexto

real ou imaginário, é algo tangível ou ilusório...

A atividade seguinte foi levar os alunos ao laboratório de informática

para pesquisarem o conceito de propaganda e publicidade. Produziram

cartazes e ilustraram os mesmos com diversas imagens de propagandas

retiradas de jornais, revistas e sites da internet. Fixaram os cartazes nos murais

da escola instigando os demais alunos à seguinte questão: Vocês confiam nas

propagandas? O que elas vendem? As propagandas são confiáveis?

Percebemos que os alunos conseguiram compreender os conceitos e

perceberam que elas estão interligadas. Apresentam-se e se completam nos

textos produzidos dentro do gênero. A ida ao laboratório despertou o interesse

dos alunos em realizarem a atividade.

Apresentamos aos alunos uma síntese dos pressupostos sugeridos por

Vestergaard e Schroder (2004) que fundamentaram essa pesquisa. Importante

ação para a realização das próximas atividades.

A partir daí iniciamos um trabalho individual de leitura. Uma seqüência

de leitura, análise e compreensão de dez propagandas retiradas de revistas,

folders e sites da internet. Diversas temáticas foram contempladas nas

diferentes propagandas: alimentação, moda, beleza, saúde, feminilidade,

status, masculinidade e campanhas publicitárias. Cada figura contava com um

rol de perguntas que deveriam ser respondidas a partir da leitura e análise das

figuras. O conteúdo das perguntas era: /- O que o texto diz?/ - Quem produziu

este texto? / - Com qual objetivo esse texto foi criado?/ - A que público, classe

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social se dirige? / - O universo/contexto que está presente no texto é imaginário

ou real? / - Este texto estabelece relação com outro texto que você já leu? / - O

tema sugerido é utópico ou não? Analise a (s) possibilidade (s) de ser algo

atingível/possível ou não./ - Qual o suporte de circulação? Onde se encontra

veiculada a propaganda? / - Que recursos (visuais, imagens, cores, palavras...)

foram utilizados pelo produtor do texto? / - Que leitura geral é possível fazer do

texto? Que informações ficam explícitas e quais ficam implícitas, encontram-se

nas entrelinhas do texto?

Vários alunos se mostraram motivados em realizar as atividades.

Conseguiam entender do que se tratavam as propagandas. Porém, alguns

apresentaram bastante dificuldade quando na leitura das entrelinhas.

Demonstraram não reconhecer alguns produtores do texto em análise quando

se tratava das campanhas publicitárias desenvolvidas pelo Ministério da

Saúde, pela Secretaria Municipal da Saúde e pelo CRAS (centro referência a

assistência social) e do Conselho Tutelar. Muitos alunos se mostraram

passivos às informações implícitas presentes em algumas propagandas. Não

questionaram a idéia de ser impossível atingir um padrão de beleza ou

alcançar um nível de satisfação tal qual apresentado nas propagandas, por

simplesmente adquirir ou usar tais produtos. Acharam muito atraente as

figuras femininas e masculinas que apareciam nas propagandas. Mas não

refletiam que não eram perfeitos como a propaganda mostra-os somente

consumindo o produto do anunciante.

Outro ponto importante a ser considerado foi a dificuldade de vários

alunos na realização das atividades que exigiam pequenas produções textuais

como: relatos, citar exemplos de experiências vivenciadas por eles, produção

de carta de reclamação ao PROCON, elaborar um parágrafo dissertativo-

argumentativo sobre o assunto apresentado na propaganda x, comentar sobre

alguma frase que se destaca na propaganda y.

Nestes momentos de produções textuais tínhamos que nos deter um

pouco mais para auxiliá-los. Algumas vezes sugerimos como tarefa de casa.

Sempre corrigimos, pedimos para socializarem com a turma e, em algumas

situações reestruturamos alguns textos no quadro. Após o texto reestruturado,

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foi solicitada a leitura oral àqueles que tinham apresentado mais dificuldades

na produção quanto à clareza de ideias, elementos de coesão e coerência, os

mesmos surpreendiam-se com o resultado. Mostrando-se bastante motivados

para as próximas atividades.

Quanto à abstração das informações básicas das dez propagandas em

análise, como identificar o que o texto está dizendo, os recursos visuais,

imagens, cores, palavras, onde foi veiculada a propaganda, a maioria dos

alunos respondeu as questões propostas. Alguns alunos trouxeram como

sugestão outras propagandas que julgaram interessantes para a sala de aula

como de cervejas, produtos de limpeza, vestuário e de perfume para que

fizéssemos a leitura conjunta das mensagens. Foi interessante e a maioria

participou. A participação oral dos alunos superou o momento de quando

tinham que escrever. Mesmo os alunos mais tímidos, quando provocados à

resposta, interagiam com suas respostas. Infelizmente, a dificuldade com a

escrita se mostra bastante acentuada entre os alunos. Vários alunos

necessitaram de ajuda para iniciar o texto, pontuar e organizar as idéias de

forma clara e coesa.

Outra atividade subsequente interessante foi uma simulação rápida de

uma propaganda após termos analisado uma propaganda sobre um produto

que está atrelado à segurança das pessoas – o cadeado. Foi sugerido que

criassem outros produtos dentro dessa temática. Essa atividade foi realizada

em grupos. Confeccionaram cartazes e até simuladores de alguns produtos

como câmeras modernas de segurança de casas com campo de força,

dispositivos contra roubos para mochila escolar e bolsas de viagem, bem como

sofisticados programas contra assaltos à casas e à pessoas. Os alunos

apresentaram este trabalho à turma, à professora e à equipe pedagógica que

filmaram as apresentações. Após todas as apresentações, foi assistido ao

filme de todos os grupos a fim de avaliar o conteúdo produzido e a atividade

realizada. Foi motivador para a maioria dos alunos. Todos puderam se auto

avaliar e teceram críticas construtivas uns aos outros.

Passamos para a próxima etapa de atividades que foi a de analisar

propagandas no suporte outdoor. Mesmo se tratando de cidade pequena do

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interior, apresenta propagandas nesse suporte de circulação. Distribuímos

dez propagandas veiculadas em outdoor contendo temas como consciência no

trânsito, divulgação de motel, respeito à sinalização, refrigerante, carros,

McDonalds, propaganda política, campanha contra a dengue.

Orientamos para que realizassem em grupos (duplas) a leitura e a

análise das propagandas conforme o que já havíamos estudado. Sugerimos

que organizassem um rol de perguntas relacionadas ao conteúdo da

propaganda em análise e aos elementos persuasivos presentes. Após

responderem às perguntas poderiam redigir um relato da leitura que realizaram

para apresentarem à turma, à professora e à equipe pedagógica da escola.

Realizaram parte da atividade na escola e terminaram em casa. A

equipe pedagógica foi convidada e prontamente veio assistir. Tiraram fotos da

apresentação das duplas que socializaram as análises das propagandas

utilizando o projetor multimídia para apresentação. Foi oportunizado espaço

para quem quisesse fazer perguntas e/ou acrescentar alguma idéia relevante

ao outdoor em análise. Alguns alunos compartilharam experiências de leituras

semelhantes quando estiveram em passeios, viagens ou que moravam em

outra cidade. O pedagogo presente, também fez algumas considerações sobre

a utilização das figuras de homem, mulher e crianças em propagandas. Foi um

diálogo bastante enriquecedor sobre os elementos presentes nesse suporte e

os locais onde são publicados. A equipe pedagógica elogiou os trabalhos

apresentados e parabenizou os alunos. Alertando-os para a importância da

leitura e em nos tornarmos cidadãos críticos e atuantes em nossa sociedade,

bem como de exercemos nosso direito de opinião própria. Essa atividade

superou as expectativas. Houve uma troca de experiências acerca de leituras

de vida, análises de outras realidades como a de quem vive em cidade

pequena e em cidade grande. Quem tem mais dinheiro versus poder, quem é

livre porque é um leitor autônomo e crítico. Comentaram que é mais feliz quem

não se deixa seduzir pelas propagandas e valoriza o que realmente é mais

importante, a saúde, a liberdade, a família, a escola.

Nas aulas seguintes, uma semana depois, realizamos uma atividade de

descontração. Passamos os slides contendo as propagandas da

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Hortifrutigranjeiros do Brasil, uma rede de hortifrutigranjeiros do Rio de Janeiro,

que produziram diversas propagandas criativas e divertidas, sem no entanto,

usar figuras humanas, e sim, a de seus próprios produtos (couve-flor, tomate,

cebola, quiabo, chuchu, milho, batata, berinjela, cenoura, pepino, rúcula, aipo e

jambo) estabelecendo um diálogo com diversos filmes de sucesso pelo mundo.

Provocamos os alunos a responderem algumas questões como: O que teria

motivado a criação dessas propagandas?/ Que tipos de informações são mais

importantes do ponto de vista do consumidor e do ponto de vista do produtor?/

Para que tipo de público alvo foram produzidas essas propagandas e por

quem?/ Identifique os filmes que dialoga com as propagandas? Que elementos

os aproximam?/ Cite outras propagandas que não usam figuras humanas em

suas peças.

Partindo para o encerramento das atividades, foi proposto um desfio aos

alunos. Eles deveriam buscar propagandas veiculadas em TV ou rádio,

impressas de revistas, sites da internet, catálogos ou folders. Deveriam realizar

uma leitura e análise crítica com base nos pressupostos estudados até o

momento. Em grupos de 3 (três) alunos, deveriam buscar pelos temas: moda,

beleza, feminilidade ou masculinidade, alimentação... ou por produtos como:

refrigerantes, bancos, carros, serviços (TV por assinatura, compras pela

internet...) Produzirem um relato destacando os elementos estruturais das

propagandas e reconhecer os recursos persuasivos utilizados neste tipo de

texto e suporte. Aos alunos que alegaram não ter conseguido nenhuma

propaganda, o professor disponibilizou algumas propagandas de TV em

pendrive para que assistissem e realizassem a tarefa.

A análise foi direcionada para dois aspectos: o da imagem e o do texto

do produto. Ao analisar cada um dos aspectos o grupo procurou ler e

compreender as propagandas. E, registrou o que entendeu. Observaram que o

mesmo produto pode ser mostrado em imagem e texto de diferentes formas.

Por exemplo: o refrigerante A, ora aparecia para um público família, ora para

crianças com cores, formas, músicas e textos diferentes. Outro produto que

analisaram de forma interessante foi o de carros. Aparece também

demonstrando valores voltados à valorização da família e ora para status de

masculinidade com imagens, música, ambientação e expressões físicas/faciais

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bem diferenciadas. Os alunos também registraram análise de propagandas

sobre comidas. Surpreenderam-se quanta coisa supérflua as propagandas

exibem. Os itens básicos para a alimentação de qualquer pessoa não são

destacados nas propagandas, porém, os supérfluos são massificantes. Os

alunos destacaram também durante a análise e registraram que as qualidades

reais dos produtos não são contempladas e sim, a venda de sentimentos,

status e bem estar que as pessoas compram ao adquirem tais produtos.

Os alunos destacaram também nas produções das análises que as

propagandas A, B ou C todas apresentam características comuns como, por

exemplo, o uso de pessoas felizes, perfeitas, satisfeitas que fogem à vida real.

Anotaram também que as propagandas apresentam uma harmonia entre

cenário, música, personagens e o produto anunciado que parece fazer parte do

cotidiano das pessoas. Faz o leitor/telespectador acreditar que tudo aquilo é

uma verdade e que ele precisa daquele produto para se sentir satisfeito e feliz

também. Os alunos perceberam e relataram as falsas ideologias que aparecem

em propagandas de produtos de beleza. Ninguém consegue ficar com a

aparência ou o corpo tão perfeitos como exibem os protagonistas

principalmente dos comerciais televisivos. Homens e mulheres, na maioria das

vezes, aparecem com caras, bocas e corpos sensuais. Interessante que os

alunos buscaram propagandas de produtos mais antigas e compararam com as

atuais. Perceberam que a publicidade adapta o produto conforme os usos e

costumes da época. Os artistas, as músicas, o cenário, os rótulos das

embalagens, tudo se modifica com o tempo. Para assim, não perderem

consumidores e sim, adaptar-se ao gosto da clientela indiferente em que época

vive. Os grupos analisaram de dois a quatro produtos divulgados pelas

propagandas. Todos optaram pelas propagandas apresentadas no suporte

midiático - televisão. Os grupos apresentaram o relatório à turma, à professora

e à equipe pedagógica. Foi utilizado o projetor multimídia com o relatório e as

respectivas propagandas analisadas. A apresentação foi enriquecida com

aferições da turma, da professora e do pedagogo. Tudo contribuiu para ampliar

a compreensão leitora de todos os presentes. Foi uma atividade que a princípio

nem todos os alunos demonstraram motivação em realizá-la. Porém, depois do

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primeiro grupo apresentar-se, os outros foram se auto corrigindo e melhorando

as suas produções, bem como se motivando para fazerem melhor.

A pedido da equipe pedagógica três dos seis grupos apresentaram seus

relatórios na hora cívica, evento que acontece mensalmente na escola. Cada

turma juntamente com o professor regente organiza as atividades a serem

apresentadas. Os grupos convidados socializaram o trabalho realizado

servindo de certa forma, como uma capacitação leitora crítica por meio do

gênero textual – Propaganda a todos os alunos do período vespertino. Todos

prestaram atenção e demonstraram interessados no conteúdo. Ficou latente a

mensagem para que prestem atenção nos textos desse gênero e que procurem

identificar os apelos que visam torná-los consumidores em potencial tolhendo

sua espontaneidade. Os professores do período também se mostraram

interessados e desejaram ler o material didático que elaboramos para poderem

utilizar em outras séries. No final das atividades escolares do semestre, os

grupos irão expor esse relatório para a comunidade escolar na mostra de

trabalhos escolares.

Considerações Finais

Com este trabalho verificamos que, muitas vezes, generalizamos

quando dizemos que nossos alunos não gostam de ler ou não compreendem o

que leem. O estudante quando motivado, lê. O que acontece é que nem

sempre compreende o que lê, pois lhe falta conhecimento de mundo e

linguístico. A forma como estabelecemos os objetivos de leitura nem sempre

são claras para eles. Explicitar os objetivos, de onde partiremos até onde

queremos chegar com as atividades de leitura ajuda o aluno a se organizar.

Outro fator observado ao trabalharmos foi constatar que a dificuldade da

escrita também requer muita atenção. Sentimos a necessidade de buscar

teorias e leituras que nos auxiliem a amenizar esse “outro” problema. Alguns

alunos demonstraram dificuldades em todos os momentos de produção escrita.

Alunos leitores demonstram menos dificuldades na hora da escrita. Porém,

vários alunos, dizem não gostar de ler, menos ainda de escrever. Observamos

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também que alguns alunos, advindos de famílias menos favorecidas

economicamente, gostaram bastante das atividades, principalmente de ir ao

laboratório de informática e ler revistas. Se mostraram bastante receptivos ao

material trabalhado. Já alguns alunos de condições financeiras melhores,

apesar de escreverem melhor, não se mostraram tão atraídos pelo material de

leitura. Acreditamos que por fazer parte da rotina de leitura e da facilidade que

têm de manusearem esses materiais. A turma era composta por metade dos

alunos oriundos do interior e metade da cidade. Menos da metade da turma

pode ser considerada de uma classe economicamente menos favorecida.

Mesmo alunos do interior já têm em casa TV, rádio e sinal de internet. A escola

também dispõe de um acervo de revistas e jornais para leitura com alunos.

Percebemos que nas aulas de leitura os textos devem ser explorados e

respeitar etapas de leitura. A prática de leitura não deve se restringir a uma

leitura rápida com o objetivo de realizar os exercícios. Os alunos quando têm o

seu conhecimento prévio ativado, refletem sobre o assunto e levantam

hipóteses, tendem a fazer uma leitura melhor. Daí a importância em propor

estratégias diversificadas para cada etapa de leitura.

O professor de Língua Portuguesa precisa conhecer as concepções de

leitura e estabelecer algumas estratégias que se flexionam em função do texto

estudado. Levando em conta duas situações: ler com fins didáticos, que se

trabalha a leitura ou ler por prazer. Neste trabalho percebemos um despertar

pela leitura devido ao gênero propaganda ser rico em imagens e cores. Os

alunos gostaram de ler. A maior resistência se mostrou nas atividades em que

tinham que mostrar o que compreenderam do texto através da escrita.

Percebemos que eles dominam muito bem a localização de informações

no texto. No entanto, as entrelinhas do texto, as mensagens implícitas não são

reconhecidas tão facilmente. Por isso, as aulas de leitura e/ou os trabalhos de

leitura que envolve os diversos gêneros textuais necessitam de planejamento,

de escolha de textos adequados. A leitura precisa ser uma preocupação de

todos os educadores, pois ler e compreender o que se lê auxilia o aluno em

todas as áreas, pois o trabalho com a leitura não se limita à disciplina de

Língua Portuguesa. Elas podem ser utilizadas em todas as áreas para auxiliar

a formação de leitores autônomos e críticos.

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Com a realização da implementação desse material didático que

produzimos, pudemos perceber melhoras na prática de leitura em sala de aula.

Constatamos que os alunos ampliaram a compreensão dos textos. Muitos se

mostraram receptivos a outras obras e gêneros. Entenderam que a leitura

melhora sua capacidade e lhe dá subsídios para escrever. Entretanto, esse é

um trabalho contínuo e desafiador. Os resultados serão cada vez melhores a

partir do momento que o professor se torne um pesquisador e conheça melhor

as concepções de leitura e incorporem esta em sua prática diária em sala de

aula. Favorecendo, assim, ao aluno utilizar estratégias de leitura para que se

torne um leitor autônomo.

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