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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …€¦ · Desenvolvimento Educacional (PDE), no trabalho realizado foram discutidos subsídios teórico-práticos norteadores da gestão

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCACAO –SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCACAO – SUED

DIRETORIA DE POLITICAS E TECNOLOGIAS

EDUCACIONAIS -DPTE

FICHA PARA IDENTIFICACAO

ARTIGO FINAL TURMA – PDE 2014

Título: Gestão democrática: avanços e desafios na organização escolar.

Autora: Dagmar Ingrid Hiller Marcondes

Disciplina/Área:

Gestão escolar

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Professora Leni Marlene Jacob – Ensino Fundamental e Médio

Município da escola: Guarapuava – PR

Núcleo Regional de Educação: Guarapuava

Professor Orientador: Profª. Doutoranda Maria Joselia Zanlorenzi

Instituição de Ensino Superior: UNICENTRO

Relação Interdisciplinar:

Resumo:

Este artigo intitulado: “gestão democrática:

avanços e desafios na organização escolar”,

tem como objetivo apresentar o resultado do

trabalho de intervenção pedagógica realizado

no âmbito das atividades do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), no

trabalho realizado foram discutidos subsídios

teórico-práticos norteadores da gestão

democrática da educação, oportunizando

reflexões e visando ações viáveis para o

Colégio Professora Leni Marlene – EFM,

situado em Guarapuava –PR e para os

professores participantes do GTR em suas

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escolas, gerido democraticamente com o

envolvimento da comunidade escolar, pais,

professores, funcionários e alunos. O

processo da gestão democrática e participativa

não é função exclusiva do diretor, mas de um

trabalho coletivo participativo. O objetivo deste

trabalho é estimular o debate e a construção

de práticas democráticas com os membros da

escola sobre o importante papel da

coletividade na gestão. Os encontros, foram

subsidiados por alguns teóricos, vídeos sobre

o tema, oportunizando reflexões, troca e

socialização de experiências e para serem

utilizadas na escola. Os resultados mostram

que houve alguns avanços, mas o maior

desafio ainda é o envolvimento coletivo, por

parte de pais, professores, alunos e

funcionários, nos interesses da escola, bem

como a participação nas instâncias colegiadas

e na observação das normas que regem a

escola. Para os participantes deste estudo a

gestão democrática, é entendida como um

processo de participação consciente do

coletivo escolar, tornando a educação

acessível a todos, buscando uma identidade

para a instituição educativa que responda aos

anseios da comunidade escolar.

Palavras-chave:

Políticas Educacionais; Gestão democrática;

Instâncias Colegiadas; Organização do

espaço escolar.

Formato do Material Didático: Caderno Pedagógico

Público:

Direção, vice direção, professores,

pedagogos, funcionários e representantes de instâncias colegiadas.

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GESTÃO DEMOCRÁTICA: AVANÇOS E DESAFIOS NA ORGANIZAÇÃO

ESCOLAR

Dagmar Ingrid Hiller Marcondes1 Maria Josélia Zanlorenzi2

Resumo:

Este artigo intitulado: “Gestão democrática: avanços e desafios na organização escolar”, tem como objetivo apresentar o resultado do trabalho de intervenção pedagógica realizado no âmbito das atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). No trabalho realizado foram discutidos subsídios teórico-práticos norteadores da gestão democrática da educação, oportunizando reflexões e visando ações viáveis para o Colégio Professora Leni Marlene – EFM, situado em Guarapuava -PR gerido democraticamente com o envolvimento da comunidade escolar, pais, professores, funcionários e alunos. O processo da gestão democrática e participativa não é função exclusiva do diretor, mas de um trabalho coletivo participativo. O objetivo deste trabalho é estimular o debate e a construção de práticas democráticas com os membros da escola sobre o importante papel da coletividade na gestão. Os encontros, foram subsidiados por alguns teóricos, vídeos sobre o tema, oportunizando reflexões, troca e socialização de experiências e para serem utilizadas na escola. Os resultados mostram que houve alguns avanços, mas o maior desafio ainda é o envolvimento coletivo, por parte de pais, professores, alunos e funcionários, nos interesses da escola, bem como a participação nas instâncias colegiadas e na observação das normas que regem a escola. Para os participantes deste estudo a gestão democrática, é entendida como um processo de participação consciente do coletivo escolar, tornando a educação acessível a todos, buscando uma identidade para a instituição educativa que responda aos anseios da comunidade escolar.

Palavras-chave: Políticas Educacionais; Gestão democrática; Instâncias Colegiadas; Organização

do Espaço Escolar.

Introdução:

A gestão democrática e participativa é tema de estudos e discussões no âmbito

educacional, pois interfere no trabalho, nas relações e nos resultados da escola. Este

trabalho intitulado “Gestão democrática: avanços e desafios na organização do

espaço escolar”. O presente trabalho oportunizou o estudo sobre a gestão

democrática como linha mestra de atuação da direção e sua equipe na escola pública,

demonstrando resultados, após estudos, pesquisas e reflexões com um grupo de

1Formada em Pedagogia pela UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro Oeste), com habilitação

em Gestão Escolar, Especialização em Supervisão Escolar/Planejamento Ensino e Avaliação (UNICENTRO), Especialização em Educação a Distância (SENAC) Serviço Nacional do Comércio. 2 Mestra em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Professora do Departamento de

Pedagogia na Universidade Estadual do Centro-Oeste –UNICENTRO – Campus Santa Cruz –

Guarapuava – PR. Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita

Filho” UNESP –FCT – Campus Presidente Prudente – SP.

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profissionais do Colégio Leni Marlene, Município de Guarapuava-PR e professores do

Grupo de Trabalho em Rede (GTR).

Foram realizados oito encontros presenciais, num total de 32h, com o objetivo

principal de proporcionar a reflexão sobre as ações desenvolvidas pelo grupo gestor,

possibilitando assim a reconstrução e a melhoria das práticas administrativas e

pedagógicas da escola citada, tendo como princípio a gestão participativa e a sua

legitimidade.

Em estudos e reflexões acerca da gestão democrática, foi possível elencar que

a organização escolar desencadeia um trabalho constante, que demanda

envolvimento de todos para que a gestão aconteça de forma participativa e

democrática.

Partimos do Regimento Escolar, o qual apresenta a estrutura de organização

interna do Colégio, suas normas, direitos e deveres para todos os envolvidos no

processo escolar, bem como o funcionamento e as funções de cada membro.

Percebemos que além da estrutura interna, a escola também é um espaço de ações

pedagógicas, permitindo e oportunizando ao professor refletir sobre sua prática.

Paro (1993, p.136) enfatiza que “a administração escolar precisa buscar na

natureza própria da escola e dos objetivos que ela persegue, os princípios, métodos

e técnicas adequadas ao incremento de sua racionalidade”. É na escola que o

processo de construção da gestão democrática acontece, buscando em sua própria

realidade, com o envolvimento de todos, as possibilidades e ações.

Foram utilizados referenciais teóricos nos encontros, LIBÂNEO(2013),

CURY(2012), LÜCK (2012), que oportunizaram reflexões sobre, qual é o papel da

escola na sociedade atual, como proporcionar aos profissionais da educação e ao

educando, um espaço de construção democrática a partir da realidade vigente na

escola.

Nesse sentido Spósito (2002) pontua que: “a gestão democrática deve ser

instrumento de transformação das práticas escolares, não a sua reiteração.” Nesse

sentido a gestão democrática deve ser entendida como um instrumento de

transformação, para a dinamização e redistribuição das ações, tarefas,

responsabilidades. Ressaltando o trabalho em equipe com a participação atuante dos

envolvidos no ambiente escolar, de forma crítica e consciente para a melhoria do

ensino/aprendizagem e da organização escolar. (SPÓSITO, 2002, p.55)

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Neste mesmo enfoque, também foram selecionados outros teóricos, os quais

nortearam e fundamentaram este artigo, as discussões e as reflexões na escola,

dentre eles citamos: CURY (2005), BASTOS (2007) LIBÂNEO (2013), OLIVEIRA

(2012), que em muito contribuem para a construção de uma identidade que fomenta

a democratização da escola pública, em procedimentos coletivos, significativos para

a legitimação da educação.

O trabalho está organizado em dois momentos: primeiramente apresentamos

o que dizem as bases legais sobre a gestão democrática e no segundo momento

apresentamos o resultado da implementação do material didático pedagógico –

PDE/2014, bem como as percepções dos participantes desta implementação.

1. Considerações sobre as bases legais da gestão democrática no contexto escolar

A gestão democrática e participativa é tema de estudos e discussões no âmbito

educacional, pois interfere no trabalho, nas relações, nos resultados e na escola,

considerando questões administrativas e pedagógicas. Isso se explica pelo fato de

que o diálogo e o envolvimento dos diferentes atores no processo educacional seja

um trabalho participativo que envolve todos os segmentos sociais que compõem a

escola.

Deve-se considerar os avanços tecnológicos e científicos, pois, a escola

também trabalha nessa direção, oferecendo propostas concretas para o avanço na

qualidade do ensino e da aprendizagem dos seus educandos, tendo como princípio a

luta pela democratização da educação e possibilitando a todos exercerem sua

cidadania em busca do bem comum.

A educação é direito de todos, previsto na Constituição de 1998 e na Lei de

Diretrizes e Bases - LDB 9394/96, sendo dever do Estado e da família promovê-la.

Em seu Art.205, prevê a finalidade da educação, “o pleno desenvolvimento da pessoa,

seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho” e no Art.206, inciso

VI encontramos a garantia do princípio da “gestão democrática do ensino público, na

forma da lei”, estabelecendo como princípios básicos o pluralismo de ideias,

concepções pedagógicas e a gestão democrática do ensino.

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Percebe-se que a gestão democrática há muito já poderia estar alicerçada, já

que está prevista na Constituição de1988, porém só começa a ser trabalhada muito

lentamente após a Lei 9.394/96, com a construção do Projeto Político Pedagógico nas

escolas.

A Constituição faz uma escolha por um regime normativo e político, plural e descentralizado, no qual se cruzam novos mecanismos da participação social como um modelo institucional cooperativo, que amplia o número de sujeitos políticos de tomar decisões (CURY,2006).

A Lei de Diretrizes e Bases, LDB, Lei nº 9394/96 apresenta em seu art. 3º inciso

VIII, “gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos

sistemas de ensino.”

Ainda na Lei de Diretrizes e Bases /96 o art.14 em seus incisos I e II estabelece

referenciais para a garantia da gestão democrática:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

No entanto no Art.15, da Lei de Diretrizes e Bases/96 verifica-se que as escolas

possuem graus de autonomia pedagógica, administrativa e financeira, logo

percebemos que tudo se normatiza nas leis elaboradas para a gestão escolar

A gestão democrática para ser consolidada necessita do comprometimento e

da participação de todos os que exercem uma função na escola, segundo os

dispositivos legais - Constituição Federal 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação

9394/96 e Plano Nacional de Educação (2014-2024), - professores, diretores,

coordenadores, agentes educacionais, alunos e instâncias colegiadas.

A gestão democrática e participativa não é função exclusiva do diretor- gestor

escolar, mas da realização de um trabalho participativo, que envolve todos os

segmentos sociais que compõem a escola. Libâneo, a esse respeito afirma que:

[...] As escolas são, portanto, organizações, e nela sobressai a

interação entre as pessoas, para a promoção da formação humana. [...] Em síntese, a organização e gestão visam:

a) Prover as condições, os meios e todos os recursos necessários ao ótimo funcionamento da escola e do trabalho em sala de aula.

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b) Promover o envolvimento das pessoas no trabalho por meio da participação e fazer o acompanhamento e a avaliação dessa participação, tendo como referência os objetivos de aprendizagem.

c) Garantir a realização da aprendizagem de todos os alunos. (LIBÂNEO,2013, p.88)

A gestão é atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para

se atingir os objetivos da organização escolar, envolvendo aspectos gerenciais e

técnico-administrativos, questões pedagógicas, gerenciamento financeiro,

acompanhamento dos resultados, garantindo não só o acesso, mas a permanência

do aluno na escola, e a qualidade da sua aprendizagem.

Desta forma é importante ressaltar que a gestão escolar perpassa pelos

recursos financeiros os quais devem ser geridos em parceria com as instâncias

colegiadas, bem como sua aplicação planejada de acordo com a necessidade escolar.

A legitimação da gestão democrática e participativa só será possível na escola

com o envolvimento e a participação das instâncias colegiadas, nas divergências e

dificuldades enfrentadas e discutidas no coletivo, buscando alternativas, soluções,

ampliando o olhar crítico e diferenciado para a resolução dos problemas, ampliando a

autonomia e a postura política de cada um.

A democratização da gestão na escola pública fortalece o desenvolvimento do

trabalho em equipe, das decisões compartilhadas, da interdependência das pessoas

na realização das atividades, criando uma cultura organizacional na escola, mudando

a nossa maneira de olhar para o interior da escola, criando redes de relações, para

melhor resolvermos os problemas.

A gestão democrática vem com o propósito de substituir o autoritarismo, pela

democracia na escola, dando oportunidade aos indivíduos que estão envolvidos nesse

processo, opinarem, questionarem, mostrarem seu potencial, suas capacidades,

talentos e criatividade para a solução dos problemas. A participação de todos é o

principal meio de assegurar a gestão democrática, pois, na troca de experiências,

vivências e ideias é que se constituirá o alicerce democrático dentro da escola.

Neste sentido, pode-se afirmar que a integração de ideias, do diálogo entre os

seus pares, é necessário para a superação dos desafios, articulando através de ações

a melhoria da educação como um todo, sendo a participação fundamental para o

exercício pleno da cidadania.

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É democrático na escola: uma educação com qualidade; a socialização do saber construído historicamente pela humanidade; a elevação cultural das massas; o tratamento igualitário a todos; a participação ativa dos cidadãos na vida pública (tendo como exercício desta a tomada de decisões dentro da escola); o exercício da cidadania; a participação dos profissionais e da comunidade escolar; a autonomia de gestão administrativa e pedagógica; a mobilização dos segmentos de gestão a partir de suas várias instâncias - Conselhos Escolares, Grêmios Estudantis, Associação de Pais e Professores, enfim, a construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico. Ou seja: é também, e essencialmente, na perspectiva do “controle social” que se espraia a concepção de gestão democrática. (CADERNO TEMÁTICO ,2010, p.12)

A organização do espaço escolar é a forma de expressão diversa, a resolução

dos problemas, o enfrentamento aos desafios, as tomadas de decisões sobretudo a

diversidade de valores e de princípios aos quais a comunidade escolar, alunos,

professores, funcionários carregam consigo. Para tanto é necessário que a escola

propicie momentos de estudo e reflexões sobre estas questões diversificadas e

distintas que ao mesmo tempo tornam-se comuns no interior da escola, ressaltando

que toda participação deve ocorrer, preferencialmente por meio dos órgãos

colegiados.

Para Libâneo (2013), a escola é lugar de compartilhamento de valores e de

aprender conhecimentos, desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas,

éticas, estéticas. Mas é também lugar de formação de competências para a

participação na vida social, econômica e cultural.

A democratização nas ações escolares, não se refere apenas ao espaço físico,

mas sim sobre a organização como um todo, formado pelas partes, ou seja a inter-

relação das normas, leis, pessoas, conhecimentos, para o bom desempenho nas

ações coletivas, buscando bons resultados, minimizando ações isoladas, dando

oportunidade ao grupo de profissionais, com intervenções e definições coletivas,

pautadas em objetivos específicos. Nesse contexto e conforme Libâneo:

Na concepção democrático-participativa, argumenta-se em favor da

necessidade de se combinar a ênfase nas relações humanas e na participação nas decisões com ações efetivas para se atingir com êxito os objetivos específicos da escola. Para isso, valoriza os elementos internos do processo organizacional – o planejamento, a organização, a direção, a avaliação – uma vez que não basta a tomada de decisões, é preciso que elas sejam postas em prática em função de prover as melhores condições para viabilizar os processos de ensino e aprendizagem. (LIBÂNEO, 2013, p.106)

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Para obter os resultados previstos, a escola necessita de uma estrutura3,

organização interna, que é pautada no Regimento Escolar, que é um documento

amparado nas Constituições Federal e Estadual e nos pareceres do Conselho

Estadual de Educação, deixando claro que tipo de escola a comunidade deseja.

No espaço escolar, alunos, professores, funcionários, pedagogos, passam

grande parte do seu tempo, tendo a necessidade da organização para a boa

convivência, autonomia, saberes culturais e estruturais; diante da postura dessa

comunidade escolar, identifica-se o que ali se desenvolve ou que se pretende

desenvolver.

A elaboração do Regimento Escolar de cada Colégio no Estado do Paraná

segue as orientações previstas no Caderno Subsídios para elaboração do Regimento

Escolar4, sendo este, o documento que normatiza o processo de trabalho pedagógico

no estabelecimento de ensino. Identifica a escola, descreve sua organização didático-

pedagógica, administrativa e disciplinar.

Pode-se considerar este momento propício para análise e reflexão sobre a

organização do espaço escolar, direitos, deveres, regras de convivência, padrões de

comportamento, ações para minimizar os conflitos. Cabe ressaltar que qualquer

atualização ou transformação deve ser registrada no Regimento Escolar e

principalmente ser compatível com o Projeto Político Pedagógico do Colégio Prof.ª

Leni Marlene Jacob (2013), observados na gestão escolar.

Se o Projeto Político Pedagógico é a expressão real da vontade e necessidades locais, de cada estabelecimento de ensino, com suas características e singularidades respeitadas, é o Regimento Escolar que estrutura as definições, que se configuram como tomadas de posição política, teórica e ideológica pelo coletivo desta comunidade escolar. Projeto Político Pedagógico acessado em 11/12/14 (BRASIL, MEC,

2014)

O Projeto Político Pedagógico na Gestão Democrática não é apenas um plano

de trabalho ou um conjunto de atividades bem organizadas, mas a sustentação, o alicerce

de uma escola, porque nele se revela a realidade em que os alunos estão inseridos,

permitindo a equipe escolar identificar as dificuldades existentes, definindo objetivos reais

3 O termo estrutura tem aqui o sentido de ordenamento e disposição das funções que asseguram o

funcionamento de um todo, no caso, a escola. (LIBÂNEO,2013, p.107) 4Orientações para a elaboração Regimento Escolar.

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e específicos os quais possam atender as expectativas da comunidade, planejando e

avaliando as ações realizadas e os resultados alcançados.

A construção do Projeto Político Pedagógico na escola deve considerar

determinados aspectos para que haja unidade de propósitos, consistência nas ações,

sentido comum nos esforços de cada um e resultados sistematizados.

Segundo Libâneo (2013,127) “o projeto político pedagógico deve ser

compreendido como instrumento e processo de organização da escola”. Pode-se

observar que a organização escolar vai muito além de organização física, ela é parte

da gestão desejo de mudança, de transformação. Também na sala de aula é assunto

que envolve muitas discussões e reflexões, pois, diariamente no ambiente escolar

vemos questionamentos sobre a autoridade do professor. Considerando que a escola

deve ser um espaço democrático, ou seja uma gestão democrática, nesse contexto

como poderemos conciliar democracia com autoridade?

Amaral apud Oliveira (2012, p.93-94) afirma que:

São múltiplos os motivos que levaram os professores a se sentirem num caminho de perda progressiva de autoridade: o discurso antiautoritário, frequentemente confundido com a negação da autoridade; a nova clientela da escola, cujos hábitos estavam distanciados daqueles valorizados na escola; a instalação de novos métodos avaliativos que tiraram do professor a “arma” da reprovação; e, mais recentemente, o crescimento da violência no âmago mesmo das unidades escolares, são alguns desses motivos.

O espaço “sala de aula” faz parte de um coletivo maior, a escola, sendo este

um espaço de construção coletiva e democrática, pois deve atender a Legislação,

onde, garante a todos a igualdade de acesso, a permanência dos alunos, com

resultados satisfatórios. A gestão democrática em sala de aula necessita ser

planejada, organizada, pelos professores, equipe pedagógica, pelas instâncias

colegiadas, considerando as diferenças dos que nela se encontram.

Há que se destacar, mudanças só serão possíveis na sala de aula, com a

participação de todos, quebrando os paradigmas do autoritarismo, através do diálogo,

acordos, negociações, normas e regras de responsabilidades, construindo uma

educação autônoma e democrática.

Na afirmação de Amaral (2012), gerir democraticamente uma sala de aula é

criar condições de respeito mútuo, é criar condições de aprendizagem para todos os

alunos, respeitando-lhes as diferenças e trabalhando-as em benefício deles mesmos,

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porém, nem todos os professores encontraram o caminho para a gestão democrática

em suas classes, mas sobretudo percebem que não se pode mais usar o

autoritarismo, como anteriormente.

Os conselhos escolares são um apoio e sem sombra de dúvida uma estratégia

e uma garantia da implantação da gestão democrática na escola pública, bem como

a participação da comunidade escolar na tomada de decisões e na construção do

projeto político pedagógico da escola.

Os órgãos colegiados compostos por representantes das comunidades escolar e local, que têm como atribuição deliberar sobre questões político-pedagógicas, administrativas, financeiras, no âmbito da escola. Cabe aos Conselhos, também, analisar as ações a empreender e os meios a utilizar para o cumprimento das finalidades da escola. Eles representam as comunidades escolares e locais, atuando em conjunto e definindo caminhos para tomar as deliberações que são de sua responsabilidade. Representam, assim, um lugar de participação e decisão, um espaço de discussão, negociação e encaminhamento das demandas educacionais, possibilitando a participação social e promovendo a gestão democrática. São, enfim, uma instância de discussão, acompanhamento e deliberação, na qual se busca incentivar uma cultura democrática, substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadã (BRASIL, 2004, p. 34).

Na perspectiva da legislação educacional atual, que têm como foco a

constituição de uma sociedade democrática, os conselhos escolares oportunizam a

maturidade política e cidadã dos envolvidos, através da participação, uma construção

pessoal e coletiva, num processo com idas e vindas, acertos e erros, sucesso e

fracasso, ganhos e perdas, focando objetivos comuns e princípios de uma cidadania

responsável.

No entanto, ainda se encontram dificuldades quanto a frequência e a

participação da comunidade escolar em reuniões, nas decisões, nos

encaminhamentos administrativos e pedagógicos, pois somos resultado de uma

educação tradicional e não emancipadora. Por isso a necessidade de exercitar com o

coletivo da escola, a elaboração de propostas de ações, que estabeleçam melhorias

e bons resultados, conduzidas por gestores que saibam liderar, democratizar ideias.

Diante do exposto pode-se concluir que o Conselho Escolar é uma

representação que constitui parte do alicerce de uma comunidade, ou seja o

pertencimento das ações e decisões que fazem parte do ambiente escolar, um

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compromisso político e pedagógico, pautado pelo respeito mútuo, pela organização e

participação da coletividade em torno de um bem comum – a educação.

Os Conselhos Escolares, são alicerces para mudanças no funcionamento da

escola, a coletividade oferece poder e demanda nas decisões, além de fomentar, a

eleição de diretor, a divisão do trabalho ou seja, a corresponsabilidade da

transparência e socialização da destinação dos recursos financeiros, da administração

como um todo.

Considerando que o foco principal deve ser o pedagógico, o qual determina e

diferencia a escola das demais, pois o processo de ensino e aprendizagem demonstra

o sucesso do aluno e consequentemente a melhoria da qualidade na educação.

Nesta perspectiva torna-se indispensável o comprometimento do gestor, como

responsável legal, pela articulação e integração dos segmentos que compõem a

escola, vislumbrando resultados para a toda a instituição.

Implementação do material didático PDE: concepções e propostas dos

participantes

A implementação desta formação continuada, PDE, a qual foi realizada no

Colégio Estadual Prof.ª Leni Marlene Jacob – EFM, Guarapuava – PR, com

professores, agentes educacionais I e II, pedagoga e diretora. Foram realizados oito

encontros de quatro horas, totalizando trinta e duas horas de estudos, reflexões e

contribuições para melhorar a gestão. Os professores não foram identificados pelos

nomes e serão denominados por letras, A, B, C, etc.

Os participantes demonstraram compreender que a gestão democrática só se

efetiva por meio da participação de todos. Assim, na perspectiva de uma proposta de

melhoria do ensino/aprendizagem, legitimidade da gestão, bem como a organização

escolar, necessita do conhecimento da realidade, para possíveis mediações.

Para os docentes deste estudo a gestão democrática é efetivada através da

representatividade e participação de cada segmento da comunidade escolar, nas

ações e decisões, considerando que estão em processo de significativos avanços

para atender aos anseios da comunidade.

Nos encontros realizados, os educadores refletiram sobre a gestão democrática

e a necessidade de transformarem as suas práticas, provocando mudanças

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inovadoras na escola e na sociedade. Sobre os encaminhamentos iniciais, as falas

evidenciam a opinião da equipe participante:

No entendimento da professora A, “a gestão democrática tem papel

fundamental na qualidade da educação, pois, quando esta é praticada, nenhum

segmento predomina o outro, há unidade visando a qualidade do ensino-

aprendizagem, e assim sendo, os objetivos da educação podem ser atingidos.”

Quanto a esta questão a professora B, se manifestou da seguinte forma: “a

gestão democrática é entendida com a participação efetiva dos vários segmentos da

comunidade escolar, pais, professores, alunos e funcionários na organização, na

construção e na avaliação dos projetos pedagógicos, na administração dos recursos

da escola, enfim, nos processos decisórios da escola.”

Quando perguntado sobre o maior desafio que o gestor enfrenta, comentou:

“falta comprometimento de alguns professores, funcionários, equipe pedagógica e

governo. Porém um dos maiores é a pouca participação efetiva de pais na escola,

principalmente na educação e compromisso com o conhecimento.” (PROFESSORA

B).

Percebe-se que há o entendimento de gestão democrática por parte de todos,

porém a prática se encontra fragilizada com a precariedade da participação da

comunidade escolar, professores, alunos, funcionários e instâncias colegiadas. A

abordagem retrata que há interesse, porém também existe a necessidade da

formação de uma equipe participativa, para construir um ambiente acolhedor, que

permita o bem estar e a participação do coletivo da escola.

A responsabilidade maior incide sob a gestora, pois ela como líder, deve

atender e resolver as situações e desafios que ocorrem na escola, os quais, muitas

vezes gerados pela postura conservadora na metodologia utilizada, falta de diálogo

entre professores, alunos, pais e funcionários e o trabalho em equipe fica fragilizado.

Paro (1997), elucida que no processo de gestão todos os envolvidos devem

atuar efetivamente, para ele:

[...] cabe aos profissionais da educação fazerem valer o seu papel de educador, dando ênfase a um ensino mais democrático, com diálogos abertos, com informações que provoquem reflexões a respeito dos fatos sociais existentes. É importante que se trabalhe sempre com o concreto, assim o educando se sentirá estimulado a criar situações como todo o processo democrático, que é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de refletir previamente a

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respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação. (PARO, 1997, p.17)

Verificou-se que no Colégio Estadual Professora Leni Marlene Jacob- EFM,

existem algumas dificuldades que ainda desafiam a gestão, dentre elas, podemos

destacar que a estrutura escolar é deficitária, temos uma escola com dualidade,

município e Estado, a rotatividade de professores, as individualidades e

peculiaridades de cada aluno, a própria falta de interesse em participar, criam

dificuldades para a concretização de ações fundamentais para o desenvolvimento

pedagógico.

Segundo relato da professora “C” do Colégio Leni Marlene, um dos desafios é

“reunir todos os professores para análise, revisão e aplicação do Projeto Político

Pedagógico, planejamento de ações práticas do trabalho coletivo em função da escola

e dos alunos, a rotatividade de professores, o desconhecimento e aplicação do PPP

e do Regimento Escolar, que nem sempre são colocados em prática.”

Para alguns professores, quando questionados sobre a organização do espaço

escolar, construção do Projeto Político Pedagógico e Regimento Escolar, relataram

que:

Professor A: “Cada um realizando a sua função, em prol de um mesmo objetivo,

em harmonia e com comprometimento, porém temos muitas fragilidades em relação

aos Conselhos Escolares, Regimento Interno, Projeto Político Pedagógico.

A produtividade individual acontece de forma visível, porém na hora em que as

decisões devem ser coletivas, existe uma lacuna pela falta de envolvimento e

participação, é notável que falta disciplina no sentido de superar desafios que são

encontrados nas mais adversas situações do cotidiano escolar.

Professora B: “É a organização da escola como um todo, seja espaço físico ou

pedagógico, incluindo a administração de recursos financeiros para atender tais

necessidades. Temos normas, são observadas, porém nem sempre colocadas em

prática.”

Os recursos financeiros são restritos, não atendem a todas as necessidades,

por isso a missão de criar alternativas que possibilitem adequações, pois prevalece

ações burocráticas em atendimento ao sistema e muitas vezes falta tempo para as

questões voltadas à emancipação da gestão e consequentemente do seu colegiado.

Professor C: “É toda organização de pessoal (professores, funcionários e

equipe pedagógica) para o bom andamento da escola. Percebo uma grande

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diversidade cultural e socioeconômica muitas vezes deixadas de lado, pela não

observância do Regimento e do Projeto Político Pedagógico.”

A escola precisa abrir espaços de discussões para a humanização do sujeito e

sua autonomia nas decisões, evitando assim atropelos, buscando planejar a

organização escolar em registros coletivos, como o Regimento e o PPP.

Segundo relatos de alguns professores sobre a observância do Regimento

Escolar, apresentam-se da seguinte forma:

Professor A: “O regimento escolar estrutura, regula e normatiza as ações do

coletivo escolar, determinando a convivência e a observância dos direitos e deveres

de professores e alunos, responsabilidades e o papel de cada pessoa junto a escola.”

O conhecimento e entendimento dos documentos da escola, Regimento e

Projeto Político Pedagógico é claro, porém o trabalho da ação participativa da

comunidade escolar na construção destes, é que se torna deficitária.

Professora B: “Na prática o regimento escolar, muitas vezes é observado nos

deveres dos alunos e nos direitos do professor, sendo um caminho difícil de ser

percorrido, pela falta de estudo coletivo.”

Pode-se considerar que o entendimento coletivo sobre o regimento escolar é

fragilizado, pois não há estudo e reflexões envolvendo as instâncias colegiadas e todo

o grupo de profissionais que fazem parte da escola.

Professor C: Considerando ser a escola democrática em diversos momentos,

nota-se a imaturidade em relação a observância das leis que regulamentam o

desempenho de alunos, professores e funcionários e comunidade escolar, sendo o

regimento usado apenas para os direitos e não para os deveres de cada um.

Sobre o Projeto Político da Escola foram observados: “nem todos os

professores o conhecem profundamente, no ensino/aprendizagem há uma

discrepância entre o que está proposto e o que é realizado, porém existe um esforço

mútuo por parte de alguns para a efetivação do Projeto Político Pedagógico,

rotatividade de professores, que em geral não tem tempo hábil para observarem e

conhecerem a realidade da comunidade escolar.

Sobre o Projeto Político Pedagógico do Colégio Professoraª Leni Marlene

Jacob os participantes, declararam:

“Em nosso Projeto Político Pedagógico, temos descrito a escola ideal, a que

buscamos, mas também temos a escola real, a que temos, com algumas dificuldades

(dualidade física ou seja Estado e Município) utilizando o mesmo espaço, falta de

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espaço físico adequado, pais e alunos pouco participativos, distorção série/idade. No

entanto, queremos uma escola que busque socializar o conhecimento produzido e

acumulado historicamente pela humanidade, de forma a ampliar a compreensão do

sujeito sobre a prática social e de promover ações transformadoras.”

O Projeto Político Pedagógico deverá ser elaborado adequadamente com a

participação de todos os envolvidos garanta que as ações e planos se concretizem ao

longo do período, porém deve-se tomar o cuidado para que essas ações não fiquem

apenas no papel, é preciso que haja reflexão e ação no direcionamento dos objetivos,

metas e intencionalidades.

Sobre a participação das Instâncias na elaboração do Projeto Político

Pedagógico a professora “D” assim descreveu: “Ainda é muito tímida e superficial a

participação do Conselho Escolar, da APMF, do Grêmio nas decisões da escola. Estas

instâncias acabam existindo somente no papel, como forma de dar conta da

burocracia ou das exigências legais, no entanto pouco colaboram com a vida e a

melhoria da qualidade da escola. A gestão acaba ficando relegada ao diretor

exclusivamente. Temos que mudar este cenário e penso que este projeto, pode muito

contribuir para que todos reflitam sobre esta questão.”

Há que se ressaltar que o processo democrático nas escolas, é uma construção

coletiva permanente, por vezes, contraditória e parcial, necessitando de reflexões para

o crescimento mútuo e reconhecimento das diversidades que compõem a escola

pública.

No relato dos professores participantes, em um dos trabalhos em equipe sobre

a construção do Projeto Político Pedagógico, observamos que:

Professora “E” “As reflexões acontecem de maneira individual e coletiva, pois

cada educador deve estar avaliando sua práxis educativa, a fim de promover as

mudanças necessárias em atendimento ao Projeto Político Pedagógico, em

momentos de capacitação (formação continuada e formações pedagógicas), ou

reuniões extraordinárias, ressaltamos que um dos maiores desafios é a participação

de todos os profissionais, pois, com a rotatividade dos professores, alguns não

correspondem ao descrito no Projeto Político Pedagógico, precisaríamos tentar maior

unidade e coesão do grupo, para alcançarmos os objetivos educacionais

democráticos”.

Para que se construa uma escola democrática, participativa e se desenvolva

educação de qualidade, deve-se ter como princípio a mudança e a transformação da

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realidade, num esforço coletivo, cujos objetivos atendam os princípios contidos no

Projeto Pedagógico da escola, respeito às diferenças na prática educativa e os

anseios da comunidade a qual ela serve, para que se sintam responsáveis pelo

processo e assim colaborem com ideias e soluções, criando vínculos entre os

envolvidos e a instituição, como se fosse uma via de mão dupla, movimento constante

de ir e vir, focados em objetivos comuns.

Relato dado pela professora “F” “Com base nas discussões e pesquisas

realizadas com os demais profissionais conclui-se que os problemas enfrentados não

são apenas de recursos financeiros e humanos, mas principalmente de ideias as quais

precisam ser organizadas, geridas e administradas visando à eficiência. Como uma

empresa que precisa apresentar resultados, a escola também está sendo exigida, e

deve associar-se a uma nova mentalidade capaz de encaminhar os grandes

problemas como defasagem, abandono, reprovação, ineficiência, e assim contribuir

definitivamente com o avanço e o desenvolvimento das pessoas e instituições.”

A gestão democrática na escola pública, pede mudanças por parte de todos os

envolvidos no cotidiano escolar, a participação efetiva, ou seja, uma construção

coletiva, princípio básico para sua consolidação, exigindo mudança de

comportamento, por todos os segmentos envolvidos no processo ensino e

aprendizagem, tornando-a um desejo de mudança e renovação diária, primando pelo

envolvimento de todos os partícipes da democracia, cidadania e autonomia enquanto

cidadãos.

Considerações Finais:

A partir da análise e discussão em torno da temática "Gestão democrática:

avanços e desafios no espaço escolar”, que foi o objeto desse estudo, revelou que

esse processo é inconcluso, pois a cada encontro questões eram elucidadas e outras

porém se abriam para novos questionamentos, mas mesmo assim, tornou-se

significativo na medida em que o público envolvido refletiu sobre a gestão democrática

participativa na escola pública, e seus resultados.

Os resultados da implementação demonstraram que a gestão democrática é

apresentada de forma substancial, no entanto, ainda é um campo delicado, pois

existem muitas práticas que apresentam resquícios da centralização do poder e de

práticas que não apresentam resultados diante da aprendizagem dos alunos e da

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mudança de postura diante dos novos perfis dos alunos e da sociedade em que estão

inseridos.

Revelou-se que a resolução das dificuldades e problemas de forma

democrática e participativa, envolve amadurecimento e crescimento que precisa ser

colocado em prática com alunos, professores, pais, funcionários e comunidade em

geral.

Conclui-se que o gestor educacional pode e deve promover uma gestão

democrática participativa, quebrando paradigmas de individualismo e gerenciamento

centralizador, buscando sempre ações que oportunizem a interação e a participação

de todos na divisão dos trabalhos, refletindo e avaliando o desenvolvimento da equipe,

nos resultado das ações.

O gestor pode promover uma gestão participativa e democrática, participando

do convívio com todos os envolvidos na escola, estabelecendo parcerias, fortalecendo

a equipe pedagógica, construindo assim relações de interdependência e

comprometimento, num ambiente de formação e aprimoramento de conhecimentos.

Cabe ao gestor servir e liderar, compartilhar acertos e erros, ajudar, acolher,

aceitar críticas e opiniões, envolvendo prazerosamente toda sua equipe de trabalho,

valorizando cada um na coletividade, priorizando a formação plena de crianças e

jovens, que em muitas vezes têm em sua vida a escola como única fonte de segurança

para um futuro melhor.

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