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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

O Professor PDE

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  • O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PBLICA PARANAENSE

    2009

    Produo Didtico-Pedaggica

    Verso Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

    VOLU

    ME I

    I

  • SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAO SUPERINTENDNCIA DA EDUCAO

    Diretoria de Polticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional

    JULIA FUMIKO UEDA

    GNERO OPINATIVO E O ENSINO DA LNGUA PORTUGUESA

    LONDRINA - PARAN2010

  • JULIA FUMIKO UEDA

    GNERO OPINATIVO E O ESINO DE LNGUA PORTUGUESA

    Material Didtica apresentado coordenao Estadual do Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educao do Estado do Paran como requisito parcial obteno de ttulo de Professor/ PDE.

    Orientador: Prof. Dr. Paulo de Tarso Gallembeck

    LONDRINA PARAN 2010

  • AGRADECIMENTO

    Agradeo, primeiramente, a Deus pela graa de poder crescer a cada dia sob a Sua proteo.

    Minha gratido, tambm, ao Excelentssimo Governador, Roberto Requio, que me possibilitou a aprendizagem de Educao a Distncia, do plano da formao continuada dos educadores do Paran, por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).

    Ao professor Paulo de Tarso Gallembeck, da mesma forma, a minha gratido pela amizade e ateno durante o desenvolvimento do projeto.

    Aos meus filhos, muito obrigada, pela pacincia que tiveram comigo, nos momentos de ocupao com os deveres profissionais, pelos quais deixei de lhes dar maiores atenes.

    Finalmente, aos amigos que ganhei durante a minha participao no PDE, incluindo professores, tcnicos do CRTE e tantos outros: o meu especial agradecimento pela amizade, companheirismo e colaborao nos momentos de dificuldades com os quais me deparei.

  • SUMRIO

    INTRODUO

    SEO I GNEROS DISCURSIVOS.......................................... 03

    1.1Gneros: conceito....................................................................... 031.2 Por uma classificao dos gneros .......................................... 051.3 Gnero opinativo........................................................................ 061.4 Resenha crtica ......................................................................... 07

    SEO II- MODELO DIDTICO .................................................... 09

    2.1 Conceito e origem...................................................................... 092.2 Recursos materiais ................................................................... 10

    SEO III ESTRATGIAS DE AO.......................................... 11

    3.1 Sequncias didticas para o ensino da resenha crtica..................................................................................................... 11

    3.2 1 Etapa: apresentao inicial da resenha crtica...................... 123.3 2 Etapa: Anlise da situao de produo da resenha............ 233.4 3 Etapa: identificao dos elementos que compem uma

    resenha .................................................................................... 263.5 4 Etapa: articuladores textuais.................................................. 423.6 5 Etapa: produo textual .........................................................47

    CONSIDERAES FINAS...............................................................49

    REFERNCIAS............................................................................... 50

  • 1INTRODUO

    O presente trabalho prope-se desenvolver o ensino e a aprendizagem da Lngua Portuguesa por meio de gneros, mais especificamente, o gnero opinativo resenha crtica, pois acredita-se quee possvel desenvolver capacidades lingusticas e discursivas, apoiando-se em modelos didticos, cujas prticas esto fundamentadas na teoria de gneros de Mikhail Bakhtin, e nas Sequncias Didticas, propostas por estudiosos da Genebra - Dolz, Schneuwly e Bronckart e autores brasileiros Machado, Lousada e Tardelli . O estudo de Gneros pode favorecer o domnio da linguagem em diferentes situaes de comunicao e supe-se, tambm, que ele possa ampliar os conhecimentos sobre textos da esfera jornalstica, capacitando-o a participar mais significativamente no meio em que convive, Por um lado, as pessoas demonstram um desejo de interagir com seus semelhantes, seja por meios eletrnicos ou de forma tradicional, por uma necessidade inata do ser humano: a de se comunicar. E por meio de uma resenha crtica, essa necessidade se concretiza, pois os indivduos expem suas opinies a respeito de alguma obra artstica (filmes, livros, artigos, pea teatral, pea musical e outras mais), ou algum fato ou acontecimento de cunho poltico, social , cultural, econmico ou religioso, relevante ou no, que tenha circulado na mdia. E, por outro lado, tem-se observado que, ao longo do curso da histria do ensino de lngua portuguesa, uma variedade de prticas de ensino e aprendizagem vem sendo empregada, e as mudanas condizem com a poltica socioeconmica vigente do pas e as diretrizes curriculares, que orientam as formas de conduzir o ensino materno. Nesse sentido, tambm as novas concepes de linguagem, que surgem ao longo da histria, exigem uma nova conduta de ensino. Entretanto, as mudanas ocorrem muito lentamente, pois as novas teorias exigem maiores interaes e domnios dos saberes em relao aos novos programas, sem falar da resistncia a mudanas por parte dos educadores. Diante desse quadro, vem-se notando o surgimento de novas teorias de ensino e aprendizagem da Lngua Portuguesa, mas, na prxis, isso nem sempre ocorre, pois as pesquisas apontam que existem, ainda, muitas prticas de ensino, com base em teorias que tm a linguagem como estrutura, e muitos professores ainda praticam um ensino de base gramatical. Para muitos, o texto ainda no chegou sua dimenso textual-discursiva. Essa dimenso pressupe uma concepo sociointeracionista de linguagem, centrada no problema da interlocuo (BRANDO, 2002), por isso uma

  • 2abordagem que privilegia a interao deve reconhecer tipos diferentes de textos, com diferentes formas de textualizao, visando a diferentes situaes de interlocuo. E o reconhecimento dessa abordagem conduziu os estudiosos da linguagem busca de uma classificao dos diferentes gneros do discurso. Com base nessa abordagem, busca-se alguma contribuio para o ensino da lngua, procurando adequar a metodologia s novas concepes da linguagem. O Caderno Pedaggico, assim denominado, cujo contedo apresenta questes prticas para desenvolver a proficincia da leitura e escrita de textos, por meio da Resenha Crtica, tem em vista alunos da terceira srie do Ensino Mdio, do Colgio Estadual Pe. Wistremundo Perez Garcia, do perodo noturno, de uma escola no-central, mas tambm no isolada. So na maioria alunos de famlias de baixa renda, que trabalham durante o dia, e muitos so motivados a seguirem o ensino superior.

  • 3CONSIDERAES GERAIS

    SEO I GNEROS DISCURSIVOS

    1.1 Gneros - conceito

    O estudo dos gneros algo muito antigo. Com Aristteles, j se via a preocupao com esse assunto, e, no passado, em geral, os gneros recebiam uma abordagem mais sob o ponto de vista da Literatura.

    Segundo a teoria proposta por Bakhtin (2003), a cada tipo de atividade humana que implica o uso da linguagem correspondem enunciados particulares, os gneros do discurso. Para Dolz &Schnewly (1996), a classificao dos gneros muito difcil, visto que cada situao de uso da lngua se realiza verbalmente por meio de um gnero, podendo concluir que a capacidade de comunicao depende do maior ou menor domnio que se tem do gnero em questo.

    Os avanos das tecnologias nos campos das comunicaes fizeram surgir novos gneros, em consequncia da necessidade de formas diferentes para comunicar, gerando, assim, inmeros gneros e as mais diversas concepes.

    Para Marcuschi (1997), os mais variados gneros surgem conforme as necessidades e atividades scio-culturais bem como na relao com inovaes tecnolgicas, e isso explica a quantidade de gneros que circulam hoje. As novas tecnologias, principalmente ligadas rea de comunicao (o rdio, a televiso, a revista, o jornal, a internet) so presenas marcantes e de centrabilidade nas atividades comunicativas da realidade social e propiciam e exigem novas formas de interao. Da surgem formas discursivas novas, tais como: editoriais, artigos de fundo, notcias, telefonemas, telegramas, teleconferncias, videoconferncias, telemensagens, bate-papos, virtuais (chats), aulas virtuais, etc. So inmeros os gneros existentes hoje, tanto que alguns linguistas alemes detectaram mais de quatro mil deles que esto em circulao e formam uma conselao.

    Nos dias atuais, o gnero passou a ser estudado mais amplamente por muitos linguistas, no somente por especulao, mas em termos de aplicabilidade das teorias em prticas de ensino e aprendizagem da linguagem. Mas seus estudos j despertaram

  • 4curiosidade dos pesquisadores da Universidade de Genebra, desde a segunda metade da dcada de 90. Alguns estudiosos, entre os quais Bronckart, Cristvo, Machado, Matncio, continuam desenvolvendo trabalhos a respeito do ensino e aprendizagem via gneros. Seus pressupostos exerceram grande influncia nos Parmetros Curriculares Nacionais (PCN).

    Alguns estudiosos tentaram estabelecer uma classificao dos gneros e adotaram o termo Gneros Textuais, e outros, Gneros Discursivos, mas h quem utilize os dois termos como sinnimos. Neste trabalho, optou-se por gnero do discurso. E, ainda, adotou-se a teoria dos gneros segundo Bakhtin (2003, p.25) como tipos relativamente estveis de enunciados elaborados pelas mais diversas esferas da atividade humana. Em outras palavras, apesar da imensa constelao de gneros orais e escritos existentes, possivel agrup-los em diferentes tipos de gnero, pois eles apresentam regularidades, ou caracteres em comum. Em situaes semelhantes, escrevemos textos com caractersticas semelhantes, conhecidos pelos usurios da lngua, o que vem a facilitar a comunicao: so os chamados gneros discursivos.

    Segundo Bakhtin (2003), todo uso de linguagem se apoia em gneros, quer se tenha conscincia disso, quer no. A apropriao de conhecimento dos gneros, considerando o contedo temtico, estilo e estrutura composicional, pode facilitar o domnio da lngua e, consequentemente, ajudar a autonomia do aprendiz. Afirma o autor, ainda, a cada tipo de atividade humana que implica o uso da linguagem correspondem enunciados particulares, os gneros do discurso:

    Cada esfera de troca elabora tipos relativamente estveis de: os gneros; trs

    elementos os caracterizam: contedo temtico- estilo - e construo composicional; a escolha de um gnero se determina pela esfera, as necessidades da temtica, o conjunto dos participantes e a vontade enunciativa ou inteno do locutor (BAKHTIN, 2003, p.25).

    Enquanto os gneros so relativamente estveis, os textos que os materializam so extremamente variveis e maleveis (BRONCKART, 1997; apud LOUSADA, 2003).

    Para Dolz &Schnewly (1996), a classificao dos gneros muito difcil, visto que cada situao de uso da lngua se realiza verbalmente por meio de um gnero. Pode-se concluir que a capacidade de comunicao depende do maior ou menor domnio que se tem do gnero em questo.

    Para Bronckart (1997) o gnero constitui uma ferramenta que atua no processo de aprendizagem. Nesse sentido, o gnero tomado como um verdadeiro instrumento para

  • 5o desenvolvimento de trs tipos de capacidades de linguagem : as de ao, as discursivas, as lingustico-discursivas.

    Segundo Schneuwly ( 2004, apud NASCIMENTO, 2009), as capacidades de ao englobam o contexto fsico da ao, o contexto social da interao comunicativa e o conhecimento do mundo, podendo este ser verbalizado na ao. Quanto s capacidades discursivas, referem-se ao estabelecimento de um tipo de ancoragem enunciativa (em conjuno ou disjuno quanto ao mundo ordinrio de ao da linguagem); ao estabelecimento de um modo de apresentao dos contedos e escolha e organizao global e local dos contedos. Finalmente, as capacidades lingustico-discursivas referem-se articulao de diferentes tipos de segmentos textuais, estabelecimento de relaes entre diferentes vozes e a posio sobre os enunciados.

    1.2 Por uma classificao dos gneros

    A idia de classificao, segundo Brando (2002) teve uma ancoragem forte no modelo estruturalista, que tem como mtodo de estudo as classificaes, as ordens, os agenciamentos. Seu objetivo primordial a taxionomia ou o modelo distribucional imposto para toda obra humana, pois para o estruturalismo no existe cultura sem classificao. Os estruturalistas elaboravam modelos classificatrios abstratos com efeitos de normatividade, no considerando o heterogneo. Suas tipologias do discurso apresentam um carter formal, abstrato, generalizante e descontextualizante.

    Nos tempos atuais, muitos linguistas tm-se dedicado ao estudo das tipologias de texto, e muitos deles tm mostrado uma desconfiana quanto tipologizao de textos pelo seu carter complexo e delicado. Mesmo assim, uma variedade de tipologias vem surgindo, porm apresenta problemas porque ou so restritas ou so amplas demais, mas compreensveis devido ao carter heterogneo e complexo (BRANDO, 2002).

    Seguindo a linha bakhtiniana, o estudo sobre gneros assume um percurso histrico, e o autor faz uma distina entre gneros primrios (aqueles das interaes da vida cotidiana) e os gneros secundrios (aqueles dos discursos literrios, cientficos, ideolgicos).

    Nos Gneros Primrios (conversa do cotidiano, cartas, msn, e-mails) ocorrem as rplicas entre os sujeitos (o falante e o ouvinte no passivos), ou seja, um falante e o que responde. H instncias alternativas entre os sujeitos do discurso, estabelecendo uma atividade responsiva de interao.

    Os Gneros Secundrios do discurso (cientficos e artsticos) so originados pelos

  • 6gneros primrios e suscitam tambm uma atividade responsiva.Em outras palavras, um trabalho cientfico, por exemplo dialoga com outros existentes, concordando ou discordando, respondendo ou suscitando uma resposta, numa contnua atividade responsiva, no dizer de Bakhtin (2003).

    No presente trabalho, escolheu-se o gnero opinativo como tema, no se preocupando em esgotar o assunto sob o ponto de vista da especulao, mas buscando, a partir de algumas teorias existentes, trazer luz da prtica os conceitos apreendidos, no ensejo de contribuir com o ensino de Lngua Portuguesa.

    1. 3 Gnero opinativo

    Por se tratar de Gnero Opinativo o presente trabalho, faz uma rpida exposio a respeito desse gnero, para esclarecer determinadas especificidades que os caracterizam como tais.

    Como qualquer outro discurso, no Gnero Opinativo, o enunciador no fala ou escreve simplesmente, mas o faz em um determinado contexto de produo. Em outras palavras, os textos so escritos por um enunciador para um enunciatrio, com uma certa inteno, em determinado tempo e lugar, para serem divulgados em certos veculos. E todos esses fatores so fundamentais para a construo de sentidos e, portanto devem ser observados pelo professor, na aprendizagem da leitura ou da escrita.

    O contexto de produo dos artigos de opinio pode ser descrito da seguinte maneira: geralmente, o autor de um artigo de opinio um especialista no assunto, ou, no mnimo um enunciador, que estuda aspectos da questo em discusso, mas tambm pode ser um representante de determinada instituio social, com desejos de manifestar, de alguma forma, sobre a questo. Em funo disso, o autor procura construir uma imagem positiva de si para os seus leitores (ethos), como algum que domina o tema em questo, por meio da lgica, da razo, apresentando argumentos slidos para sustentar sua posio. Nesse sentido, a argumentao vai constituir um aspecto relevante nesse tipo de gnero, como uma caracterstica inerente a ele.

    Os leitores do artigo de opinio so pessoas que leem frequentemente um determinado jornal ou revista e se manifestam o interesse na questo polmica, visto que so direta ou indiretamente afetadas, ou apenas porque se interessam pela discusso dos assuntos que circulam na sociedade.

    Quanto veiculao, os artigos de opinio, geralmente, circulam em jornais e revistas, tendo como suporte o material impresso ou via on-line, pela internet.

  • 7O gnero opinativo constitui um meio de influenciar o pensamento dos destinatrios, construindo ou transformando (impor, inverter, reforar, enfraquecer) a sua posio sobre uma questo controversa de interesse social , mudando o comportamento dos leitores. Por essa razo, os artigos de opinio so considerados discursos, explcito ou de forma apagada, marcados pela posio ideolgica.

    Pode-se incluir entre o gnero opinativo; editorial, carta de leitor, artigo assinado, resenha , ensaio, carta de reclamao, discurso de defesa ou de acusao (advocacia), ensaio, sinpse de catlogo de editorial, programao de cinemas, capas de dvds e outros mais.

    1.4 Resenha Crtica Falamos muito em exerccio de cidadania, mas no podemos conceber tal ao

    entre os indivduos, sem prepar-los para uma prtica social. Nesse sentido, a escola constitui a instncia adequada para que se desenvolvam a leitura e a escrita de todos os gneros discursivos, preparando os indivduos a empregarem a linguagem, de forma adequada a cada situao de uso. E quanto maior for o nmero de gneros assimilados pelo aluno, maior ser a sua capacidade lingustico-discursiva, para agir no meio social.

    Em se tratando especificamente a resenha crtica (componente do gnero opinativo), fazem-se, aqui, algumas consideraes sobre essa gnero discursivo da esfera jornalstica.

    A RESENHA constitui um gnero textual na qual se realizam diversos tipos textuais, pois o seu contedo se caracteriza pelo resumo de um objeto, acompanhado de uma avaliao ou crtica, apontando os aspectos positivos e negativos.

    Existem dois tipos de resenha: descritiva e crtica. E este trabalho ater-se-, especificamente, resenha crtica.O objetivo da resenha , na maioria das vezes, divulgar objetos de consumo cultural livros, filmes, peas teatrais, peas musicais, e outros mais, sendo essa, pois, considerada um texto de carter efmero.

    A resenha um discurso que exige maior domnio de um determinado assunto e um senso crtico muito aguado por parte de quem escreve, sendo a argumentao, aqui, um elemento relevante para que a defesa de um ponto de vista possa convencer o interlocutor a aceit- la. Nesse sentido, a argumentao pode ser assim definida, como observa Perelman:

  • 8O objetivo de toda argumentao [...] provocar ou aumentar a adeso dos espritos s teses que se apresentam ao seu assentimento:uma argumentao eficaz a que consegue aumentar essa intensidade de adeso, de forma que se desencadeie nos ouvintes (ou leitores) a ao pretendida (ao positiva ou absteno) ou, pelo menos, crie uma disposio para a ao, que manifestar no momento oportuno (1999, p.50).

    Na resenha crtica, distinta da descritiva, prope-se que o enunciador apresente um tema do que se vai falar, e o ponto de vista a ser adotado. Requer, ainda, uma capacidade de resumir ou parafrasear, em alguns casos de filmes, livros, peas de teatro, musical, etc., um conhecimento sobre o autor, outras obras relacionadas com o que se vai resenhar, enfim, que tenha uma certa leitura do mundo, constituindo um texto que se caracteriza pela heterogeneidade de vozes.

    A resenha aparece em seo especfica do jornal ou revista. Apesar de se parecer com o resumo, a resenha traz informaes sobre a obra ainda mais concisas e com Interpretaes e avaliaes mais explcitas (MACHADO, 2003, P.143).

    E, ainda, a resenha crtica pode ser considerada um gnero secundrio (BAKHTIN, 2003), por pertencer a um tipo mais complexo de texto, que exige maiores conhecimentos do assunto veiculado. Ela tem um carter dissertativo, cujos argumentos devem estar bem fundados sobre o aquilo que se quer comprovar um ponto de vista. Nesse sentido, o resenhista necessita, ainda, tomar como referncia outras obras do autor resenhado, para fazer suas crticas, suas comparaes, demostrando domnio do assunto. Para a escrita de uma resenha, preciso levar os alunos prtica da leitura desse tipo de texto. Nesse sentido, muitos textos miditicos devem servir como base para a leitura, observando as diferentes formas de persuaso usadas por seus autores. E, ainda, faz-se necessrio um grande esforo por parte do professor, pois o trabalho vai exigir muitas atividades que venham a desenvolver a capacidade argumentativa e tambm a habilidade em resumir textos.

  • 9SEO II MODELO DIDTICO

    2.1 Conceito e origem

    A denominao Modelo Didtico (MD) surgiu em Genebra, com a finalidade de subsidiar o trabalho docente e favorecer o ensino e a aprendizagem na compreenso e produo de textos. Para o grupo de Genebra, o ensino e a aprendizagem de qualquer gnero textual fundamental, e as atividades em sala de aula devem ser norteadas por um modelo didtico do gnero (Dolz & Schneuwly 1997; apud Gonalves, 2007).

    No Brasil, alguns estudiosos brasileiros acompanham o grupo de pesquisadores genebrianos, e suas pesquisas esto sendo desenvolvidas no pas, com a colaborao de muitos adeptos interessados em desenvolver modelos didticos para o ensino da Lngua Portuguesa, como exemplo tm-se muitos professores do Curso Superior, do Ensino Fundamental e Mdio da Rede Pblica.

    Dentre os pesquisadores, pode-se citar Machado e Cristvo (2006), para quem os objetivos do ensino e aprendizagem de gneros devem ser guiados pelos modelos didticos, os quais so objetos descritivos e operacionais que, quando construdos, facilitam a apreenso de um determinado gnero.

    Pietro e Schneuwly (apud Gonalves, 2007), afirmam que o primeiro passo para ensinar um objeto qualquer uma ferramenta chamada de Modelo Didtico.

    Segundo Bronckart (2003), para uma utilizao de um modelo didtico eficaz necessrio deter conhecimentos sobre o que esses gneros so potencialmente, para no construir um modelo didtico equivocado.O autor acredita, ainda, que a utilizao de um conjunto de textos de gneros diferentes facilite o reconhecimento de suas caractersticas semelhantes e diferentes, favorecendo a elaborao de um modelo didtico, mesmo que este no seja perfeito.

    Para Bronckart ( 2003), o modelo didtico deve implicar a anlise de um conjunto de textos do mesmo gnero e implicar trs atividades, tais como: capacidade de ao, capacidades discursivas e capacidades linguistico-discursivas. O primeiro refere-se s operaes de representao do contexto social ou contextualizao; o segundo, s capacidades discursivas relativas estruturao do texto e, o ltimo, s capacidades lingustico-discursivas e s escolhas de unidades de textualizao.

    Segundo Dolz et al (2004, apud GONALVES, 200, p.81), Uma SD tem o objetivo de criar contextos de produo delimitados e efetuar atividades as mais variadas, a fim de

  • 10

    que o estudante domine determinado gnero em situao de comunicao as mais diversas.

    A metodologia deste trabalho, portanto, ser a seguinte: com base nas sequncias didticas (SD) sugeridas por Dolz e Schneuwly (2004), pretende-se desenvolver o ensino de RESENHA CRTICA, em conjuno com sugestes de outros autores, brasileiros, que propem o desenvolvimento de sequncias didticas, para o ensino de gneros, na Lngua Portuguesa, tais como Machado, Lousada e Tardelli (2004).

    As seqncias didticas podero servir para o ensino da lngua materna, na crena de que o estudo de gneros poderia facilitar a sua aprendizagem, preparando o aprendiz para usar e adequar a linguagem em diferentes situaes de comunicao. A sequncia didtica, portanto, visa a uma progresso do ensino e aprendizagem, segundo Dolz e Schneuwly (2004).

    Nesse sentido, as Sequncias Didticas (SD) podem ser definidas como um conjunto de atividades escolares organizadas de forma sistemtica, em torno de um gnero textual oral ou escrito (Dolz, Noverraz & Schneuwly , 1996), com a finalidade de desenvolver o ensino da lngua materna, na crena de que o estudo de gneros poderia facilitar a sua aprendizagem e preparar o aprendiz para usar e adequar a linguagem em diferentes situaes de comunicao.

    Muitas crticas j foram tecidas em relao a essas atividades, pois alguns estudiosos acreditam que tais modelos poderiam engessar determinada prtica, no constituindo uma forma natural de ensinar, para atender s reais necessidades de cada grupo de aprendiz.

    Apesar das crticas formuladas por estudiosos da lngua, optou-se, neste trabalho, por desenvolver as chamadas Sequncias Didticas, acreditando ser uma forma de verificar a aprendizagem da lngua materna por meio de gneros, pois estes poderiam facilitar o acesso ao domnio efetivo da linguagem. Em outras palavras, pretende-se criar contextos de produo, efetuar atividades diversas, para permitir que os alunos possam se apropriar se noes, tcnicas e instrumentos necessrios para o desenvolvimento da expresso oral e escrita, em diferentes situaes de comunicao (DOLZ, NOVERRAZ, SCHNEUWLY, 1996).

    2.2 Recursos Materiais

    Coletnea de textos (notcia e resenhas);

  • 11

    aparelho de vdeo;

    DVDs

    material para painis;

    computador (para pesquisar na internet);

    lousa, giz e apagador;

    modelos de resenha, sinopse de filme, recortes de resenhas de jornais, revistas,

    internet;

    exerccios mimeografados.

    SEO III ESTRATGIAS DE AO

    3.1 Sequncias Didticas para o Ensino de Resenha Crtica

    Em situaes distintas de comunicao, o falante procura adequar-se situao de

    comunicao, ou seja, no se fala ou escreve da mesma maneira sempre. Em determinadas situaes necessrio apelar linguagem culta, mas em outras situaes, a linguagem mais descontrada; em uma conversa informal, por exemplo, usa-se a linguagem coloquial ou popular. Nesse sentido, sabe-se que os textos orais ou escritos diferenciam-se uns dos outros, porque so produzidos em condies diferentes, mas sabido que h regularidades. Eis algumas consideraes, para iniciar este trabalho:Contexto de produo

    1. Alunos das terceiras sries do Ensino Mdio, noturno, de uma escola pblica.2. Emissor: alunos da 3 srie.3. Leitor: alunos e professores.4. Papel Social do Produtor: alunos que expressam suas ideias e as defende;

    apresentam argumentos sobre filmes, com base em suas experincias e leitura de

  • 12

    mundo.5. Papel social do Leitor: os colegas da sala e professores.6. Objetivos: apresentar uma opinio sobre filmes assistidos em sala ou no cinema,

    por meio de argumentos convincentes sobre a temtica.7. Instituio: Colgio Estadual Pe. Wistremundo Perez Garcia de Londrina

    3.2 1 ETAPA: Apresentao inicial da resenha crtica

    - Perguntar aos alunos se sabem o que uma resenha.

    Dialogar muito sobre esse gnero, esclarecendo que a resenha, como tantos outros

    (carta de leitor, sinopse, 4 capa do livro, editorial, resenha de filme, de livro, show, teatro e outros) faz parte do gnero opinativo, porque sua caracterstica principal apresentar uma ideia, um ponto de vista, sustentados por argumentos lgicos e convincentes.

    Pedir que encontrem textos resenhados e tragam os recortes de casa.

    Buscar na internet textos resenhados de livros, filmes, pea de teatro, de shows,

    sinpse de filmes, etc.

    Ler a resenha trazida de casa, copiada ou impressa da internet para os colegas,

    observando as regularidades inerentes a esse tipo de texto.

    Dizer que o estudo ter um produto final: resenhas produzidas por alunos,

    para compor um grande painel, que ficar exposto para que os alunos da escola possam ler.

    Como modelos, reunir resenhas crticas com os alunos, publicadas em jornais, revistas

    e na internet. Procurar diversificar o acervo, com resenhas de cds, filmes, livros, shows, peas de teatro, exposies de arte. Pretende-se, ainda, tirar cpias para todos os alunos daquelas que sero lidas e analisadas para estudo das caractersticas textuais.

    E pode-se fazer a comparao das resenhas entre si (sinopse de filme com a capa do

    dvd) e verificar que todos eles so textos opinativos e no esto isentos de intenes.

    Apresentar uma resenha de cada vez, fazendo a leitura com os alunos, ajudando-os a

    observar a parte que apresenta um resumo do objeto resenhado e a parte que constitui uma opinio sobre ele, a anlise. Mostrar que muitos so apreciaes de

  • 13

    algum produto cultural (filme, livro, dvd, teatro, etc.), tendo a finalidade de conduzir o leitor adeso da leitura ou do produto.

    Passar o filme Avatar, em sala de aula, para que os alunos faam a sua primeira

    produo. Aps assistirem ao filme, haver um debate sobre o filme, para que as diferentes vises sejam socializadas, para depois passarem escrita.

    Nessa fase, ainda, sero estudados dois textos, para que os alunos possam observar

    a diferena entre uma resenha e uma notcia, ou seja: Equipe Cria Linhagem de Ratos para Estudo e Aids e Carnaval, respectivamente).

    O professor deve, ento, apresentar o texto 1 e 2, nessa etapa, e fazer a comparao.

    Observar que o texto 1 uma notcia, cujo objetivo informar sobre algum acontecimento, algum fato novo. E o texto a ser apresentado trata de um fato de cunho cientfico.

    O professor pode comentar, ainda, com seus alunos que o jornalismo deveria cumprir a funo de informar, com a maior fidedignidade possvel, os acontecimentos, sem a opinio prpria de quem escreve (o jornalista). Porm, isso no ocorre, pois a pretenciosa imparcialidade cai por baixo no momento em que o jornalismo se dispe a usar de tcnicas manipuladoras, ao produzir o texto, na inteno de alcanar efeitos de sentido desejados. Isso comprova a tendenciosidade. Alm disso, todo texto passvel de ser editorado, o que j justifica a manipulao com fins determinados, para a formao de opinio pblica, de acordo com a ideologia que permeia o jornal.

    O professor pode, ainda, mostrar que a notcia possui uma caracterstica especfica lead jornalstico -, ou seja, atende a questes bsicas, tais como: quem, o que, onde, quando, como, por qu, para que escreve, em sua composio textual. Seguindo o esquema, o aluno consegue extrair do texto noticirio as informaes mais significativas, no momento da prtica de parfrases ou de resumos.

    Apresentam-se, portanto, dois textos abaixo, (1e2) para comparaes, observando as caractersticas acima citadas.

    TEXTO 1EQUIPE CRIA LINHAGEM DE RATOS PARA ESTUDOCientistas usam roedores para auxiliar no trabalho do transtorno de ansiedade generalizada e da sndrome do pnico.

    Rio Cientistas da Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC_RJ)

  • 14

    criaram duas novas linhagens de ratos para auxiliar no estudo do transtorno de ansiedade generalizada e da sndrome do pnico. Por dez anos, os pesquisadores fizeram o cruzamento entre roedores naturalmente mais e menos ansiosos. essas caractersticas foram transmitidas por herana gentica. a pesquisa j est na oitava gerao de ratinhos nervosos.

    Nossa inteno ter um bom modelo de ansiedade em humano, simular de maneira mais verdadeira como esses trantornos se expressam nas pessoas. Estudamos reas neurais associadas aos distrbios da ansiedade, Tambm queremos saber como essas estruturas participam do transtorno do pnico e como se comportam nos animais que tm aumento da ansiedade, disse J.Landeira Fernandez, do ncleo de Neuro psicologia Clnica e Experimental da PUC.

    As linhagens desenvolvidas foram batizadas de Cariocas com Alto Congelamento (CAC) e Cariocas com Baixo Congelamento (CBC). O congelamento, ou freezing, o termo que se d reao de pnico o que toma conta do rato, paralisando-o.

    Os pesquisadores chegaram s espcies testando os que tinham maior ou menor reao a estmulos como choque. Os grupos foram divididos e cruzados entre si, para que se pudesse testar at que ponto as caractersticas emocionais eram transmiitidas. Na terceira gerao, os ratos j apresentaram ansiedade elevada ou reduzida, de acordo com os seus parentes.

    Chegamos a esse resultado por tentativa e erro. Levamos dois anos para descobrir que, para se reproduzir, o macho tem de ser colocado na gaiola antes da fmea, para que faa o ninho. Tambm aprimoramos o sistema de marcao na orelha e nos dedos, disse Landeira. Hoje h cerca de 500 bichos com as caractersticas diferenciadas, que permitem estudos sobre a extino da ansiedade, estresse ps-traumtico, trantorno de ansiedade generalizada (quando a pessoa desenvolve preocupaes intensas, excessivas, infundadas e por longo perodo) e transtorno do pnico medo constante de novo ataque do pnico reao emocional intensa com sensao de morte iminente).

    O Brasil j teve uma linhagem de ratos ansiosos, mas que hoje est extinta. Os roedores criados nos laboratrios da PUC_RJ j foram enviados para pesquisadores da Universidade de Braslia, Universidade Federal Fluminense, Universidade de So Paulo em Ribeiro Preto e Universidade Federal de Santa Catarina.Clarissa ThomFOLHA DE LONDRINA, 14/03/2010, Cad. Folha GeraL, p.10.

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    TEXTO 2 AIDS E CARNAVAL

    1 Toda vez que lanamos uma campanha de carnaval, somos questionados sobre os resultados desse investimento que o Ministrio da Sade faz desde o incio da epidemia de aids no Brasil.

    2 Os resultados no tm seu impacto imediato mensurvel, como numa pesquisa de rua, mas esto a na reduo de quase 13% nas novas notificaes de aids entre 1999 e 2001 e no aumento de mais de 300% no consumo de preservativos masculinos comercializados no Brasil, que de 1993 a 2000, saltou de 70 milhes para 350 milhes de unidades por ano. Alm disso, a distribuio de preservativos, por parte do Ministrio da Sade, cresceu de 18 milhes de unidades por ano, no incio da dcada de 1990, para 200 milhes em 2001. Para este ano, a previso distribuirmos 300 milhes de preservativos.

    3 O Brasil um dos poucos pases do mundo que tratam da questo da aids de forma to clara nos veculos de comunicao. Outros pases da regio e muitos pases desenvolvidos at hoje encontram dificuldades para veicular campanhas de massa, informando sobre as formas de transmisso da doena e estimulando o uso do preservativo como meio de preveni-la.

    4 Nossas campanhas so discutidas e elaboradas com um comit tcnico-cientfico que inclui representantes de organizaes da sociedade civil, universidades e especialistas em preveno da DST (Doenas Sexualmente Transmissveis) e aids. O pblico alvo escolhido aquele para o qual as transmisses ocorrem mais: no ano passado foi endereada aos homens que tm mltiplas parceiras sexuais e a deste ano aos heterossexuais jovens.

    5 Por que essa insistncia? Porque a prevalncia da aids vem caindo entre outros segmentos que no ano passado eram mais vulnerveis transmisso do HIV (homossexuais e usurios de drogas) e aumentando entre os heterossexuais e as mulheres. A forma de transmisso por relaes sexuais entre homens e mulheres j responde por 52% dos casos de aids notificados no pas - 215.810 at junho de 2001.

    6 Quando fazemos uma campanha de massa estamos democratizando a informao. A escolha das datas de veiculao dessas campanhas tambm importante. No carnaval atingimos todas as faixas etrias e aproveitamos um momento de alta descontrao dos brasileiros para lembr-los de que a aids no acabou e a camisinha

  • 16

    ainda a melhor forma de preveno contra a doena. 7 O lembrete oportuno, porque nos quatro dias de folia as pessoas costumam

    fazer uso de lcool e a sexualidade fica em alta. Estamos presentes tambm nos principais desfiles, com a distribuio de preservativos, folhetos, abanadores e outros materiais impressos. Esse trabalho feito com a colaborao fundamental de sociedade civil, sem a qual seria impossvel distribuir 8 milhes de preservativos em todo o Brasil.

    8 Mas as estratgias de preveno aids no se restringem apenas s campanhas pontuais. O trabalho feito o ano inteiro com os diversos segmentos da populao: estudantes, caminhoneiros, profissionais do sexo, ndios, garimpeiros, homens que fazem sexo com os homens, usurios de drogas injetveis, presidirios, operrios, em assentamentos rurais, com mulheres, profissionais da sade, professores, para citar alguns.

    9 Os investimentos anuais em preveno e tratamento chegam perto de US$ 400 milhes, mas os resultados so animadores. A incidncia da epidemia, que estava estabilizada em torno de 22 mil novos casos por ano at 1998, caiu para 20 mil novos casos em 1999 e 15 mil em 2000. O uso do preservativo no Brasil chega a 60% entre os jovens, um resultado que s pases do Primeiro Mundo tm alcanado. Isso, sim, resultado de preveno.

    10 Nos principais centros do pas, as mortes por aids caram 70% de 1996 para c e as internaes hospitalares foram reduzidas em 80%. Isso resultado do tratamento. A soma desses dois plos de atuao preveno e tratamento - faz do programa de controle da aids do Brasil um modelo para todo o mundo. Mas isso no significa que devemos relaxar. A aids uma doena cuja cura e vacina ainda esto distantes.

    11 Os especialistas em comunicao e a experincia brasileira mostram que as campanhas de massa so essenciais. O Brasil um pas privilegiado por faz-las. Alm dos esforos da mobilizao social, a cultura brasileira de tolerncia e solidariedade tem permitido que questes delicadas relacionadas epidemia de aids sejam tratadas de maneira franca, clara e honesta.

    12 O carnaval, como uma das maiores manifestaes populares do pas, alm de ser um grande motivo de festa e descontrao, tem se mostrado um excelente canal para tratar do assunto. Seria impossvel deixarmos passar essa grande oportunidade.TEIXEIRA, Paulo Roberto. Folha de So Paulo. So Paulo, 09/02/2002, p.A3.IN: FARACO, Carlos Alberto. Portugus: lngua e cultura. 3 srie do Ensino Mdio. Curitiba: Base Editora, 2005.

  • 17

    ATIVIDADESO(a) professor(a) deve comentar as diferenas existentes entre os dois primeiros

    textos. Uma vez vistas as regularidades e recorrncias dos textos opinativos, cabe fazer algumas perguntas, para serem respondidas oralmente e por escrito, tais como:

    1) Qual a diferena entre o primeiro e o segundo texto?(Espera-se que os alunos observem algumas diferenas, como: um informa um fato sem opinar e o outro apresenta ideias, por meio de argumentos do articulista do texto). 2) Qual dos textos uma notcia e qual um artigo de opinio?3) O que pode se observar de diferente entre um texto de notcias e um texto de opinio?4) Identifique, no trecho do artigo de opinio, qual questo est sendo discutida e qual a posio do autor perante essa questo.5) Para provar o seu ponto de vista, o autor do texto de opinio procura apresentar argumentos. Copie alguns desses argumentos, aqueles que voc achar mais convincentes.

    OBS: Aps fazer a breve distino entre os dois textos, informar os alunos o seguinte:

    o texto informativo, que um dos textos, acima (j sabendo que o primeiro), advm da inteno de informar, levando conhecimento ao leitor, e pode ser assim caracterizado: a) tcnico-cientfico, que informa o leitor sobre o conhecimento produzido pelas cincias; b) instrucional-pedaggico, que d informaes de como proceder ou realizar operaes, ligando o conhecimento tcnico-cientfico e sua utilizao em determinadas situaes; c) massivo, que d informaes ao pblico em geral; d) interpessoal, que pe disposio informaes especficas de interesse exclusivo de certa categoria de pessoas (PRESTES, 2001).

    ATIVIDADES Observando essas anotaes, responda:

    1) Qual dos textos lidos se inscreve a uma dessas tipologias: tcnico-cientfico, instrucional pedaggico, massivo, interpessoal?____________________________________________________________2) Por qu? Escreva sobre as suas caractersticas.____________________________________________________________

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    Aps fazer a distino entre um texto e outro, o(a) professor(a), entregar aos alunos

    um bloco com os textos 3, 4 e 5, para fazer uma leitura de cada artigo e comentar aps o trmino de cada um, observando que essas resenhas fazem parte do gnero textual da esfera jornalstica, como os anteriores.

    TEXTO 3A CULPA EM 3D

    Avatar pode ser um prodgio tecnolgico. Pena repetir os piores clichs do sculo 20

    Ateno: Avatar, que levou trs estatuetas no Oscar, provoca doenas. Li algures. Uma pessoa est vrias horas na sala, com culos 3D, acompanhando com entusiasmo as aventuras da raa humana em planeta azul e distante. E, quando a festa acaba, desce uma tristeza sem nome sobre a nossa alma. O confronto com o banal realidade pode ser, dizem, traumtico.

    Comigo, foi precisamente o contrrio: deprimi durante o filme. Quando o filme terminou e eu mergulhei nessa banal realidade, senti a alma a renascer. Ser possvel?

    Os mdicos no tm resposta para a minha estranha condio. Eu talvez tenha uma: Avatar por ser um prodgio tecnolgico do sculo 21. Pena repetir os piores clichs narrativos e polticos do sculo 20.

    Mas, vamos histria, caso a desconheam. Avatar um filme de fico cientfica sobre a relao entre a raa humana e o povo Na'vi, habitante do dito planeta. Nesse planeta, de nome Pandora, existem recursos naturais valiosssimos que os humanos cobiam. Os Na'vi no abrem mo dos ditos recursos.Os humanos respondem ao desafio de forma dupla: militarmente preparam ofensiva blica contra os Na'vi, esperando ocupar o planeta e roubar o que podem; cientificamente, a via outra: entrar em contato com os nativos atravs de clones dueles. Esses clones, que do o nome do filme (avatares), so controlados mentalmente pelos prprios humanos. Como se fossem marionetes de controle remoto.Fatalmente, a ganncia da cincia. Os Na'vi so atacados; o planeta Pandora parcialmente destrudo; mas, redeno final, um dos cientistas, que comea como militar empedernido e traioeiro, termina como o Gandhi local, liderando a revolta e disposto a trocar de lado para defender os Na'vi da predao humana.No nego que Avatar fascina os incrus com a utilizao engenhosa do 3D. Mas a questo passa por saber se o 3D resiste vulgaridade previsvel da histria. No creio.

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    Dez minutos bastam para experimentar a novidade visual de James Cameron. Ao dcimo primeiro minuto, retiramos os culos (com incmodo), bocejamos (com estridncia) e sentimos que a novidade est vista e revista. Venha a histria, por favor. A histria no vem. Vm retalhos de histrias mil vezes contadas em que a denncia conhecida: ns humanos, imperialistas e belicistas, no respeitamos a pureza das culturas locais. Exploramos elas para nosso legtimo ganho, esmagando a riqueza profunda, e profundamente espiritual, de povos que consideramos primitivos ou 'inferiores. Felizmente, para esses povos, existem sempre um exemplar da espcie humana que, em ato de contrio, se converte ao nativismo, repudiando os valores ocidentais e combatendo-os em nome da causa tida por 'inimiga. Avatar isso: uma mistura de Pacahontas, Dana com Lobos e O ltimo Samurai, servindo em formato 3d. E, sendo isso, no se distingue do primarismo que habita esse tipo de filme: o primarismo de olhar para culturas distintas como intrinsecamente superiores cultura branca, ocidental e, de preferncia, judaico-crist.

    Avatar um filme sobre a culpa, o sentimento de culpa que assola as conscincias progressistas; sobre o fardo do homem branco que ele, coitado, carrega h geraes para expiao dos seus pecados imperialistas. E dos pecados dos seus pais, de seus avs, e bisavs, e trisavs...

    O que est ausente dessa viso a ideia simplria de que a cultura branca, ocidental e judaico-crist, apesar dos seus erros histricos (que os houve), tambm foi capaz de produzir uma civilizao que garante ainda um espao de liberdade, humanidade e decncia que, muitas vezes, est ausente dessas culturas intocadas do poder tribal; a violncia fsica sobre os mais fracos; o animismo pr-cientfico; e at a mera bruxaria teraputica no deveriam inspirar respeito. S repulsa.

    Regresso ao incio. Avatar provoca doenas? Dizem que sim; um mundo azul de comunhes espirituais perfeitas pode alimentar srio desnimo para quem no gosta de se confrontar com o mundo imperfeito onde vivemos.

    No meu caso, a doena s se dissipou quando abandonei o sermo de James Cameron e o seu belo planeta de tdio. Dissipou-se, enfim, quando regressei `banal realidade das nossas vidas igualmente banais. A cidade. As sirenes, o trnsito, os rostos que passam. A chuva. A banca dos jornais. Os cafs. Os amigos que se encontram. A noite que cai.

    JOO PEREIRA COUTINHO, FOLHA DE SO PAULO, 09/03/2010

    TEXTO 4

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    Avatar [Resenha - Parte 2 ou Questes antropolgicas em Alfa Centauro

    O filme Avatar (2009), de James Cameron, apesar de sua trama simples e previsvel, apresenta muitos temas relevantes para a humanidade do sculo XXI. Com uma montagem de cenas perfeita e imagens arrebatadoramente belas e envolventes, consegue sensibilizar para muitas questes pertinentes.

    Na primeira parte desta resenha fiz uma sinopse comentada e uma anlise dos nomes de lugares e personagens da trama. Nesta segunda parte, discorrerei sobre temas antropolgicos: observao participante, choque cultural, etnocentrismo, relativismo, imperialismo; e, imiscudas nestes tpicos, questes filosficas: tica e universalismo.

    Choque cultural

    Avatar uma histria de choque cultural. Extrapandorianos, humanos, com tecnologia superavanada pousam no mundo dos navi e comeam um trabalho de explorao capitalista que vai ao encontro do modo de vida dos nativos. Os aliengenas terrqueos consideram importante para os navi aprender a lngua da Terra (o ingls) e ter acesso a novssimas e complexas tecnologias que mudaro suas vidas. a velha anedota do colonizador que traz bugigangas para os ndios em troca de pau-brasil e ouro.

    Mas os nativos no precisam de nada que os humanos oferecem. Porm, estes esto vidos por trs coisas: a riqueza material que poderiam extrair do unobtnio, minrio carssimo (Parker Selfridge e sua equipe); a oportunidade belicosa de viver uma batalha (Miles Quaritch e seu batalho); e a oportunidade cientfica de descobrir novas realidades geolgicas, botnicas, zoolgicas e antropolgicas. Apenas esta ltima se justifica racionalmente.

    They missed the point, of course. A motivao de um homem que cai ali de paraquedas, o paraplgico Jake Sully, retomar suas pernas e viver uma aventura. O resultado que ele conseguiu algo muito mais valioso do que dinheiro, adrenalina guerreira ou descobertas cientficas. Ele descobre a importncia do equilbrio natural do universo, atravs de sua iniciao na sociedade dos navi do cl Omaticaya.

    LEITE, Thiago. 01/02/2010.

    http://teianeuronial.com/wp-content/uploads/avatarbanner.jpg

    acessado em 15/07/2010

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    Este texto est sob uma licena Creative Commons. Seu contedo pode ser reproduzido, desde que seja citada a autoria e a fonte. A reproduo no pode ser utilizada para fins comerciais e deve ser compartilhada sob o mesmo tipo de licena.

    TEXTO 5

    AvatarNesta requintada produo, que em termos de bilheteria j ultrapassou o ex-campeo Titanic, o diretor retrata a tentativa desesperada de dominar Pandora, um dos satlites do Planeta Polifemo curioso perceber a escolha dos nomes destas esferas csmicas, no por acaso originrios da ancestral mitologia grega -, com o objetivo de extrair de seu solo os recursos naturais esgotados na Terra.

    Prspera companhia multinacional, a RDA financia a permanncia de equipes militares e de cientistas nesta esfera aliengena, de olho justamente nestas riquezas minerais, as quais detm o potencial de gerar lucros colossais. Sob o comando do Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang, vivendo um vilo perfeito), fuzileiros navais se convertem em mercenrios, lutando contra os humanides que a habitam, as tribos Navi.

    Enquanto os humanos ambicionam o tesouro escondido nas florestas, os nativos se esforam para manter a integridade de seu territrio, principalmente dos recantos sagrados, e a prpria existncia. Neste jogo estratgico, o ex-fuzileiro naval Jake Sully, representado por Sam Worthington, uma pea fundamental.

    Um mero soldado, ele se v na iminncia de substituir o irmo gmeo, cientista morto recentemente, pouco antes de completar a experincia denominada Avatar. Como ambos tm o mesmo genoma, Jake convidado para concluir este projeto, no qual um organismo geneticamente modificado, meio humano, meio humanide, produzido a partir do mapa gentico do humano que lhe d origem. Com este corpo possvel se relacionar com os nativos.

    Confinado a uma cadeira de rodas e a uma esfera desconhecida, Jake obrigado a enfrentar a hostilidade inicial da supervisora do projeto Avatar, Doutora Grace Augustine, a sempre genial Sigourney Weaver, e tambm os desafios quase intransponveis de seu novo meio ambiente.

    Acidentalmente, em uma de suas primeiras visitas ao territrio dos Navi, Jake fica

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    preso na floresta, sendo assim obrigado a enfrentar uma terra perigosa e desconhecida. quando ele conhece a nativa Neytiri (Zo Saldaa), princesa do cl Omaticaya, filha de Moat, lder espiritual do cl, e de Eytucan, rei desta tribo.

    Prestes a mat-lo, ela recebe uma revelao da divindade conhecida como Eywa ou a Grande Me, e o mantm vivo. Mais que isso, ele conduzido at sua tribo e, com a aprovao de seus pais e da deusa, ele apresentado a todos os costumes, hbitos, tradies, crenas e mistrios dos Navi. A partir deste momento, Jake se divide entre dois mundos a lealdade que deve ao seu Coronel, a quem deve transmitir todas as suas descobertas, e a que o mantm cada vez mais ligado ao universo de Neytiri.

    A tecnologia 3D, utilizada por James Cameron na elaborao deste filme, que tambm foi produzido em 2D, permite que no s o protagonista tenha a oportunidade de, gradualmente, descobrir os encantos e o verdadeiro significado do territrio navi, mas tambm o pblico, que levado para dentro do cenrio desta pelcula, e tem assim a chance de aprender a ver o interior da floresta, e compreender, desta forma, o sentido real que os nativos atribuem a este local sagrado.

    Cameron se preocupou com os mnimos detalhes da produo, construindo uma outra dimenso, um outro olhar, com o auxlio de cmeras confeccionadas especialmente para a realizao desta obra, o que garante o verdadeiro espetculo visual que compe Avatar. Mas ele no se empenha apenas nestes aspectos tecnolgicos. O diretor vai mais longe, e cria uma linguagem e uma cultura prprias dos humanides.

    No difcil, portanto, se deixar envolver pela magia deste filme, por seus encantos visveis e invisveis. No por acaso que ele ganhou o Globo de Ouro como melhor filme dramtico e melhor diretor, e que est concorrendo em nove categorias no Oscar 2010. E no s pela novidade da verso em 3D, pois os mritos do roteiro so incontveis, e sua mensagem certamente inquestionvel e, mais que nunca, imprescindvel.

    SANTANA, Ana Lucia.

    /http://www.infoescola.com,/cinema/avatar

    Acessado em 15/07/2010

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    Avatar. Direo: James Cameron. EUA/Inglaterra. Fox Filmes do Brasil,

    coyright 2006-2010 - Todos os direitos reservados. proibida a cpia do contedo deste site, exceto para trabalhos escolares. (Lei 9610/98).

    OBS: Cada texto pode apresenta palavras de desconhecimento dos alunos. necessrio, ento, que se faa um esclarecimento desses vocbulos para que o texto fique mais claro. As palavras abaixo citadas so comuns a todos os textos (resenhas) sobre Avatar:Alguns exemplos do Texto 3,4 e 5:a) Pandora: nome do local onde vivem os Na'vi; uma caixa de surpresa; um instrumento musical, de som harmonioso.b) 3D: uma tecnologia cinematogrfica, das mais ousadas com efeitos especiais.

    Observar que o autor planejava filmar o Avatar desde 1991, mas as tecnologias no eram ainda suficientes para suas ousadias, havendo que esperar por esses anos todos, at o surgimento de 3D.c)Imperialistas: referem-se, no texto, aos pases de primeiro mundo, que detm o poder sobre os pases menos desenvolvidos; pase ricos do primeiro mundo.

    Pode-se fazer um levantamento, ainda, das palavras desconhecidas para que os alunos procurem no dicionrio e escrevam o seus significados, de acordo com o contexto. Observar que o autor do Texto 4, por exemplo, faz uma apreciao do filme sob o aspecto antropolgico.Dizer que um filme passvel de ser analisado sob diferentes pontos de vista: artstico, antropolgico, sociolgico, psicolgico, e outras mais. Nesse sentido, cabe ao() professor(a) esclarecer o sentido dessas palavras, ampliando o campo de conhecimento lxico dos alunos.

    3. 3 2 ETAPA

    Anlise da situao de Produo de um Artigo de opinio: resenha

    Todo texto que a gente escreve ou l possui um contexto, ou seja, um determinado contexto de produo: eles sempre so escritos por algum, para algum, com certa inteno, em determinado tempo e lugar, divulgados em certo veculo, etc., e todos esses elementos interferem no sentido dos textos. Ao escrever, fundamental levar em conta esses aspectos (e tambm na leitura, para que seja possvel compreender mais efetivamente o que se leu).

    , 09/02/10

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    O contexto de produo dos artigos de opinio pode ser descrito da seguinte maneira:

    - O autor de artigo de opinioGeralmente, o autor de um artigo de opinio um especialista no assunto (ou no mnimo algum que estuda aspectos da questo em discusso) ou um representante de determinada instituio social (como sindicatos, governo, universidades, Ongs etc.) que, de alguma forma, tem algo a dizer sobre o assunto. Em funo disso, o autor busca construir uma imagem de si mesmo para seus leitores como algum que tem conhecimento sobre o tema tratado, segue a lgica, a razo, possui argumentos slidos para sustentar sua posio.

    - Os leitores do artigo de opinioSo pessoas que frequentemente leem determinado jornal ou revista e so, geralmente, interessadas na questo polmica, seja porque as afeta diretamente, seja porque determinados assuntos lhes interessa.

    - CirculaoUm artigo de opinio circula, geralmente, em jornais e revistas impressos ou on-line (na internet).

    - Objetivo(s)Influenciar o pensamento dos destinatrios (os leitores), isto , construir ou transformar (inverter, reforar, enfraquecer) a posio desses destinatrios sobre uma questo controversa de interesse social e, eventualmente, mudar o comportamento deles.

    Em suma, o artigo de opinio, apesar de escrito, pode ser visto como um dilogo com o pensamento do outro, para transformar suas opinies e/ou atitudes.

    ATIVIDADES- Como j viram um texto opinativo, devem reconhecer que os textos 3, 4 e 5 tambm so opinativos, ou seja, resenhas de cinema.

    Os alunos devem ser capazes de verificar, dentre os textos, as regularidades

    em comum.

    Agora que voc leu os textos, responda os itens, nos quadros abaixo:

    TEXTO 1

    CONTEXTO DE PRODUOa) Autor do texto

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    b) Papel socialc) Interlocutoresd) Finalidade/Objetivoe) Circulao

    TEXTO 2

    CONTEXTO DE PRODUOa) Autor do textob) Papel socialc) Interlocutoresd) Finalidade/Objetivoe) Circulao

    TEXTO 3

    CONTEXTO DE PRODUOa) Autor do textob) Papel socialc) Interlocutoresd) Finalidade/Objetivoe) Circulao

    TEXTO 4

    CONTEXTO DE PRODUOa) Autor do textob) Papel socialc) Interlocutoresd) Finalidade/Objetivoe) Circulao

    TEXTO 5

    CONTEXTO DE PRODUO a) Autor do textob) Papel socialc) Interlocutoresd) Finalidade/Objetivo

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    e) Circulao

    Agora, com base no texto 3, 4 e 5 , responda, no caderno, para melhor fixar:TEXTO 3

    a) O nome do filme _________________________________________b) O autor do filme_________________________________________c) O tema do filme_________________________________________d) Autor da resenha ________________________________________e) rea em que se insere o resenhista __________________________f) Veculo em que ela foi publicada _____________________________

    TEXTO 4a) O nome do filme _________________________________________b) O autor do filme_________________________________________c) O tema do filme_________________________________________d) Autor da resenha: ________________________________________e) rea em que se insere o resenhista __________________________f) Veculo em que ela foi publicada _____________________________

    TEXTO 5a) O nome do filme _________________________________________b) O autor do filme_________________________________________c) O tema do filme_________________________________________d) Autor da resenha: ________________________________________e) rea em que se insere o resenhista ____________________________f) Veculo em que ela foi publicada _______________________________

    3.4 3 ETAPA

    Identificao dos elementos que compem uma resenhaA resenha um texto na qual predomina tipos de sequncias descritiva,

    narrativa e dissertativa. Descritiva, pois ao longo do filme, o resenhista, alm de narrar o filme, descreve quanto ao aspecto tcnico, cnico, produo e gnero (clssico, moderno, romntico, pico, etc.), se constitui um remake ou se inovador. Em outras palavras, se foge dos clichs ou apenas repete os mesmos modelos tradicionais. H de se considerar, ainda, os aspectos explicativos e

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    dissertativos, pois a resenha um ponto de vista de algum, que por meio de explicaes, citaes, definies, comparaes, o autor procura convencer o seu interlocutor a aceitar a sua idia.

    Para Machado (2004), a resenha apresenta basicamente dois movimentos: a descrio ou resumo e comentrios. A apresentao do texto bsico se d com o resumo do filme, para situar o leitor no contexto da resenha.Portanto, h predomnio de diferentes gneros, que o professor deve, junto aos alunos, reconhecer nos textos apresentados.

    Muitas resenhas, como a de um livro, por exemplo, podem apresentar trs tipos de texto:a) Descritivo: um tipo de gnero na qual se apontam caractersticas de uma pessoa, objeto ou lugares. Quando se trata de cenas, este tipo de descrio o mais difcil de classificar, por se aproximar muito da narrao.

    Segundo alguns estudiosos da lngua (Fiorin e Savioli, 1999), existe uma soluo para isso: na descrio, h simultaneidade nos aspectos relatados, no havendo progresso temporal entre os enunciados, enquanto na narrao, ocorre h uma relao de anterioridade e e posterioridade, ocorrendo mudana de um estado para outro. Eis as marcas lingusticas da descrio:- verbos estticos;- verbos no presente ou imperfeito do indicativo;- abundncia de adjetivos;- figuras de estilo: metforas, prosopopeia e comparao.b) Narrativo: j um tipo de texto em que se relata fatos que ocorrem com certos personagens, em um determinado tempo e espao, seja ela real ou imaginria.Marcas lingusticas da narrao:- verbos da ao; no pretrito perfeito, pretrito imperfeito do indicativo;- narrador, personagens, espao e tempo;- mudanas de aes;- discurso direto, indireto, indireto-livre.c) Dissertativo: finalmente, constitui um tipo de gnero na qual se expe ideias, que so defendidas por meio de argumentos. Levando-se em conta a intencionalidade ao produzir um texto e os efeitos de sentido desejados, o enunciador utiliza-se de diferentes estratgias, para conseguir convencer o interlocutor: argumentos lgicos, citao de autoridade, citao de dados

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    concretos, de referncia histrica, causa e consequncia, uso de sua prpria imagem, como ocorre no texto 2, que foi escrito por um representante do governo de FHC.

    Observe, nos exemplos, as sequncias retiradas do TEXTO 3.a) Sequncias descritivas: Avatar, que levou trs estatuetas no Oscar, provoca doenas/ E, quando a festa acaba, desce uma uma tristeza sem nome sobre a nossa alma/ Avatar um filme de fico cientfica sobre a relao entre a raa humana e o povo Na'vi/Nesse planeta, de nome Pandora, existem recursos naturais valiosssimos; Os Na'vi so atacados; [...]os humanos so atacado, b) Sequncias narrativas: Comigo, foi precisamente o contrrio: deprimi durante o filme. Quando o filme terminou e eu mergulhei nessa banal realidade, senti a alma renascer.c) Sequncias argumentativas: Pena ser os piores clichs narrativos e polticos do sculo 21/ Fatalmente, a ganncia da cincia/ No nego, que Avatar fascina os incrus com a utilizao engenhosa do 3D/ Dez minutos bastam para experimentar a novidade visual de James Cameron/ [...] ns humanos, imperialistas e belicistas, no respeitamos a pureza das culturas locais, etc.

    Voc observou que o autor mescla a descrio com o comentrio ou a narrao com o comentrio pessoal. Os tempos verbais mudam, sendo que, na descrio, predominam verbos estticos, no presente do indicativo ( ser, parecer, sentir, provocar). J, com a narrao, ocorrem verbos no pretrito perfeito ou imperfeito, que indicam ao: foi, deprimi, mergulhei, senti e assim por diante. Por final, nas sequncias opinativas, h emprego de verbos no presente, seguidos de comentrios.

    ATIVIDADES1) O(A) professor(a), junto com os alunos, procurar observar, nas resenhas apresentadas, quais as sequncias dentro dos textos que se caracterizam como opinativas.Para distinguir, pode-se dividir o quadro em dois blocos, separando os trechos descritivos do trechos comentados. Pode-se pedir aos alunos que faam essa atividade, para que a sua compreenso seja verificada.

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    2) Agora que voc sabe disso, resolva as questes abaixo. - Observe o TEXTO 4 e responda (no caderno):a) Quais so os trechos descritivos/ resumidores da obra?__________________________________________________________________________________________________________________________________b) Quais so os trechos comentados?__________________________________________________________________________________________________________________________________2) Agora sobre o TEXTO 5a) Quais so os trechos descritivos/ resumidores da obra?__________________________________________________________________________________________________________________________________b) Quais so os trechos comentados?__________________________________________________________________________________________________________________________________3) O autor, do texto 3, emprega verbos no presente (, existem, respondem, do, so). Veja-os no texto e responda:( ) para descrever ( ) para narrar ( ) para comentar

    4) Os verbos usados no texto 3, na primeira pessoa (li, mergulhei, senti, no nego, no creio) esto empregados no momento:( ) de descrever ( ) de comentar ( ) de narrar

    5) Agora que voc j leu e conheceu um pouco de cada um dos textos, enumere os parnteses da direita de acordo com a legenda apresentada esquerda, observando que cada um dos textos estudados apresenta uma finalidade:

    (1) expor ( ) Texto 1(2) comentar ( ) Texto 2( 3 ) narrar ( ) Texto 3

    ( 4 ) relatar ( ) Texto 4 (5) descrever ( ) Texto 5

    6) Observe que o plano global dos textos 2, 3, 4 e 5 (resenhas crticas) o mesmo. Todos so assinados pelos resenhistas e apresentam opinies pessoais. Apenas o meio de circulao desses textos diferem. O texto 2 foi publicado na

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    ____________________e os textos 3, 4, 5 na _______________________.

    7) Existem outros discursos que servem para emitir opinies. Voc conhece algum?8) Assinale aqueles de seu conhecimento e pea a professora para explicar um pouco sobre outros que voc desconhece.

    ( ) editorial ( ) bula de remdio( ) conto ( ) carta comercial( ) carta de leitor ( ) carta pessoal( ) receita culinria ( ) romance( ) dirio ( ) dissertao escolar( ) carta de reclamao ( ) notcia

    OBS: Em seguida, interessante desenvolver, tambm, um trabalho com parfrase do contedo temtico, sem a apreciao do resenhista para, numa fase posterior, trabalhar a parfrase com a apreciao do resenhista.Essa atividade de suma importncia para a produo de uma resenha filme ou de outro tipo de produto cultural. Pode-se sugerir que o aluno traga um texto jornalstico de casa e faa a atividade.

    ATIVIDADES- O(a) professor(a) pode solicitar aos alunos que resumam o texto 1, de informativo, seguindo o lead jornalstico j visto anteriormente, ou seja: quem/o qu, onde, quando, como, por qu, para qu? Observe que as perguntas no precisam estar nessa ordem.

    Pode-se sugerir que resumam tambm um outro artigo de jornal, trazido de

    casa, para desenvolver essa capacidade._________________________________________________________________

    Argumentando (Comentrio oral)a) Por que e para que argumentamos?b) Sobre quais assuntos argumentamos?

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    A atividade para desenvolver a argumentao , tambm, de suma importncia nessa unidade, pois, tratando-se de um texto opinativo, na resenha, o enunciador deve se dispor dessa capacidade, para justificar o porqu de seus comentrios.

    Para essa finalidade, apresenta-se uma proposta de atividades, que podem ajudar a desenvolver a capacidade de argumentar. O passo seguinte, ento, ser apresentar atividades, que desenvolvam o raciocnio e, posteriormente, a argumentao. Nesse sentido, trabalhar-se- numa escala do mais simples ao mais complexo. A argumentao depende muito de letramento, da leitura de mundo, para desenvolver um raciocnio lgico, memria, enfim, interfererncia dos aspectos cognitivos, que entram em ao. nesse momento que todos esses elementos so ativados para o desenvolvimento de uma boa argumentao. Portanto, essa capacidade no pode ser desenvolvida apenas com base em um texto apresentado aos alunos. necessrio, em outras palavras, que a leitura de outras fontes do mesmo assunto ou de temas diversificados seja uma constncia em sala de aula. O professor deve, ento, levantar qual o tema, o ponto de vista do autor e quais argumentos so utilizados para convencer o seu interlocutor.

    Eis algumas atividades para desenvolver o raciocnio e a argumentao:a) para argumentos mais simples:

    Como convencer a sua me para que ela lhe d R$ 50,00 para sair no final da

    semana?

    Quais so as vantagens de praticar esporte?

    Que importncia tem o lazer em nossa vida?

    Quais as vantagens de viver no interior que em grandes metrpoles.

    b) para argumentos mais complexos:

    Os jovens e a escolha de uma profisso

    A necessidade de cuidar do Meio Ambiente.

    A violncia no mundo moderno.

    Como cuidar da obesidade na vida moderna.

    A questo das cotas para os ascendentes negros.

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    O(A) professor(a) deve observar que certos temas necessitam ser delimitados, devido sua amplitude, a fim de enfocar determinado aspecto da mesma abordagem. Isso constitui uma oportunidade de o aluno aprender a ao de delimitar, facilitando a atividade de argumentao.Como exemplo, toma-se a questo da violncia no mundo moderno. So tantas as formas de violncia, e possvel delimitar, da seguinte maneira, observando apenas um de seus aspectos, como:

    a violncia na escola (agresso aos colegas, aos professores, contra o

    ambiente escolar, etc);

    violncia no emprego (assdio sexual, desrespeito, preconceito e outras mais);

    violncia domstica (contra mulheres, agresso aos filhos, abuso sexual de

    menores, estupros);

    violncia contra a nao (guerra, fome, falta de trabalho, ms condies de

    vida, falta de educao);

    violncia no trnsito (agresso verbal, fsica, infrao s leis do trnsito,

    assaltos);

    violncia no esporte (brigas entre os torcedores, agresso entre os jogadores,

    ataque aos juzes, agresso verbal, comportamento inadequado no meio coletivo).

    Nessa fase, mostrar, tambm, que os resenhistas se utilizam de vrias formas, vrias estratgias de argumentar, na inteno de tornar o discurso mais convincente, evitando, em contrapartida, a contradio Observe as afirmaes abaixo, retiradas do texto 2.1) (4) Nossas campanhas so discutidas e elaboradas com um comit tcnico-cientfico que inclui representantes de organizaes da sociedade civil, universidades e especialistas em preveno da DST (Doenas Sexualmente Transmissveis) e aids. 2) 5 A forma de transmisso por relaes sexuais entre homens e mulheres j responde por 52% dos casos de aids notificados no pas - 215.810 at junho de 2001.3) 6 No carnaval, atingimos todas as faixas etrias e aproveitamos um momento

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    de alta desconstrao dos brasileiros para lembr-los de que a aids no acabou e a camisinha ainda a melhor forma de preveno contra a doena. 4)7 O lembrete oportuno, porque nos quatro dias de folia as pessoas costumam fazer uso de lcool e a sexualidade fica em alta. 5) 12 O carnaval, como uma das maiores manifestaes populares do pas, alm de ser um grande motivo de festa e descontrao, tem se mostrado um excelente canal para tratar do assunto. seria impossvel deixarmos passar essa grande oportunidade.

    ATIVIDADES

    1) A orao 1 constitui argumento de autoridade, pois por meio de citaes de rgos que autorizaram a pesquisa, o autor procura demonstrar a veracidade das afirmaes, constituindo-se forma de persuadir o leitor sobre a veracidade do fato apresentado no texto Aids e Carnaval. Logo, as afirmaes constituem verdades cientficas, que podem ser comprovadas. Dessa forma, muitas afirmaes no so passveis de contradio.2) Copie frase que sustenta essa afirmao.___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________3) A frase 2 apresenta um argumento concreto, com dados. Copie o trecho que confirma isso. ______________________________________________________________

    3) Voc notou que existem vrias formas de argumentar para convencer o leitor sobre determinada ideia? Qual, ento, o ponto de vista que o autor quer comprovar no texto 2?______________________________________________________________4) Com esses argumentos todos, h mais um elemento importante para conseguir credibilidade no que afirma o autor. O nome do autor do texto 2 diz alguma coisa, se se afirmar que ele um representante do Governo na rea da sade? Isso pode significar alguma coisa?

    ______________________________________________________________5) E, ainda, o autor do livro onde este texto circulou (Portugus- Lngua e

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    Literatura; 3 srie do Ensino Mdio) chama-se Carlos Alberto Faraco. Ele teria alguma inteno ao utilizar o texto em seu livro, que no seja o de ensinar a leitura e a escrita? ______________________________________________________________ 6) No texto 1, tambm, alguns elementos citados servem como meio de dar credibilidade ao que dito. Cite esses elementos.

    _______________________________________________________________

    Os NO DITOS

    O jogo argumentativo cheio de sutilezas, afirma Faraco (2005). preciso absorver conhecimentos e saber analis-los, para no cair ingenuamente em tudo o que circula pela mdia.

    Em relao ao texto 2 AIDS E CARNAVAL, pode-se levantar algumas contradies, pois nem tudo pode ser verdade. Eis algumas contradies (idem; ibid).

    uma crtica ao uso dos preservativos que, nem sempre, eles so seguros;

    o uso de preservativos no o nico meio de evitar gravidez;

    h uma intensa campanha quanto ao sexo seguro, ou seja, relao com

    um parceiro nico, mas no h nenhuma meno a isso;

    os jovens so incentivados, indiretamente, prtica do sexo, em pocas de

    carnaval, com a distribuio de preservativos.

    Nesse sentido, ainda, alguns argumentos podem levantar questes controversas ou polmicas. Uma questo controversa aquela para a qual no h uma resposta nica, isto , perante ela possvel assumir diferentes posicionamentos. Certas questes controversas afetam a uma multido de pessoas e h aquelas que afetam algumas, sendo mais particulares, pois interessam apenas a um reduzido nmero de pessoas.

    Provavelmente, diferentes opinies acerca da distribuio ou no de camisinhas no carnaval poder levantar uma grande polmica, pois indivduos possuem opinies distintas acerca desse fato, principalmente as igrejas crists. Mas so diferentes opinies, que podem ser fundamentadas em diferentes

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    discursos com diferentes argumentos para defender um outro ponto de vista. Portanto, qualquer ponto de vista defendido por um indivduo deve estar acompanhado de bons argumentos, ou seja, que sejam capazes de convencer o outro. Nesse sentido, argumentar mais que dar uma opinio sobre um fato; sustentar com evidncias, provas, dados, dando suporte idia defendida.

    H outros exemplos de questes controversas que so continuamente discutidas no meio social:

    O aborto deve ser legalizado?

    Morar em condomnios pode prejudicar a vida dos jovens?

    Reduo da maioridade penal.

    Cotas para os ascendentes afros.

    ATIVIDADES

    1) As questes acima so controversas ( dividem opinies). Escolha uma delas e prove que controversa, apresentando, pelo menos, dois posicionamentos distintos possveis perante a questo, sustentando-os com argumentos convincentes.

    Situao controversa:

    __________________________________________________________________________________________________________________________________

    1 posicionamento:

    ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    2 posicionamento

    ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    2) Agora que voc viu o que argumentar, responda (no caderno) a essas questes:

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    H nos textos 3,4 e 5 mais argumentos positivos ou negativos?texto 3-texto 4-texto 5-

    3) Aponte palavras e expresses, observando os aspectos positivos e negativos dos seguintes textos. (Esse primeiro exerccio, o(a) professor(a) pode fazer junto com seus alunos.TEXTO 3a) Aspectos positivos: ________________________________________________________________________________________________________________b) Aspectos negativos_______________________________________________________________________________________________________________c) H mais observaes positivas ou negativas no texto? _________________________________________________________________d) Que conceito o autor passa aos leitores sobre o filme? Ele serve como um bom incentivo para assistir ao filme?_________________________________________________________________TEXTO 4a) aspectos positivos _________________________________________________________________b) Aspectos negativos_________________________________________________________________c) H mais aspectos positivos ou negativos no texto 4?

    d) Qual a ideia que o autor passa sobre o filme? Ele serve para incentivar a assisti-lo? Justifique._________________________________________________________________TEXTO 5 a) aspectos positivos_________________________________________________________________ b)aspectos negativos_________________________________________________________________c) H mais aspectos positivos ou negativos?________________________________________________________________

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    d) Qual a ideia que o autor passa sobre o filme? possvel dizer que a sua resenha incentivadora a assistir ao filme?

    Segundo Grice, citado por Machado et al. (2004), um filsofo da linguagem,

    pesquisador das mximas conversacionais, afirma ser necessrio, ao redigir um texto, observar as mximas de polidez, evitando as expresses que possam agredir ou desrespeitar o destinatrio, para maior eficincia na comunicao. E uma das maneiras de faz-lo atenuando as expresses de cunho negativo, ou o resenhista pode se predispor de outras maneiras de criticar. Nesse sentido, no lugar de afirmar que a obra est fraca, pode-se dizer que a ausncia de determinado elemento comprometeu a qualidade do trabalho, ou, ainda, a meno a determinado fato garantiria o sucesso total. ATIVIDADESAcerca das opinies dos autores do texto 3,4 e 5 (escreva no caderno):

    1) Voc observou se os comentrios so feitos de forma polida, agressiva, irnica ou de outra forma que chama ateno do leitor. Em duplas, faa um comentrio, no caderno, sobre as trs resenhas do Avatar, em relao linguagem apresentada.a) Comentrio do Texto 3b) Comentrio do Texto 4 c) Comentrio do Texto 5

    2) Copie alguns trechos dos textos 3, 4 e 5, que demonstrem a polidez ou a sua ausncia, sempre apontando o autor do texto.

    3) Agora, escolha duas frases dentre as que voc anotou, cujos autores no respeitaram a mxima da polidez ao criticar, e reescreva-as, de forma a torn -las mais brandas, mais polidas._________________________________________________________________

    SAIBA MAIS...A ironia uma figura de pensamento, que consiste no uso de palavras ou expresses, para criticar algo ou algum, no sentido depreciativo. A presena da

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    ironia em textos opinativos muito comum, como uma forma mais distensa de dizer as coisas. No s em resenhas, mas nas cartas de leitor, que constituem texto de opinio, tambm, muito comum o emprego desse recurso lingustico (UEDA, 2006).Veja-se, pois, o texto 3, onde o resenhista diz;a) Pena repetir piores clichs (subttulo) = para dizer que o filme mera repetio de algo j visto.b) Ser possvel? Avatar provoca doenas? (1) = para depreciar o filme.c)No meu caso a doena s se dissipou quando abandonei o sermo de James Cameron e o seu belo planeta de tdio. (lt. )= subentende-se que o filme causou males.d) [...] bocejamos (com estridncia); a novidade est vista e revista. (3) = provavelmente, o filme causou sono, no trouxe nada de novo.

    ATIVIDADEAgora que voc sabe o que ironia, procure no texto 4, algumas frases que indicam a presena de ironia. No deixa de comentar o que o articulista quer dizer com cada frase._________________________________________________________________

    Quanto linguagem dos textos, pode-se observar que alguns so mais tensos, ou seja, escritos na linguagem culta, e outro, mais soltos , escritos na linguagem coloquial ou popular. H, tambm, presena de palavras ou expresses que pertencem a uma determinada categoria profissional, denominadas palavras tcnicas ou jarges.

    ATIVIDADES

    1) Assinale o quadro abaixo de acordo com o que se verificou nos textos estudados.

    TEXTOLINGUAGEM CULTA

    LINGUAGEM POPULAR

    LINGUAGEM TCNICA

    TEXTO 1TEXTO

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    TEXTOLINGUAGEM CULTA

    LINGUAGEM POPULAR

    LINGUAGEM TCNICA

    TEXTO 3TEXTO 4TEXTO 5

    2) Retire dos textos 2, 3, 4 e 5, dois trechos que exemplifiquem cada uma das variedades lingusticas encontradas e indique em qual texto voc encontrou.a)falar culto: _______________________________________________________

    b)falar coloquial/ popular: _____________________________________________

    c)linguagem tcnica usada por crticos de cinema; __________________________________________________________________________________________________________________________________

    3) O autor do texto intitulado Aids e Carnaval um representante do governo, e o texto circulou na Folha de So Paulo. Considerando esses aspectos, ele poderia ter escrito o texto em uma linguagem bem popular? Por qu?_________________________________________________________________

    Ainda sobre a linguagem utilizada pelos resenhistas ...Os discursos apresentam certas marcas lingusticas, que permitem apreender um pouco da subjetividade dos que falam ou escrevem. Veja o quadro abaixo:

    Discurso marcas lingusticas Carter1 pessoa do singular Eu, me, mim Pessoal e subjetivo3 pessoa do singular Impessoalidade (verbo com uso

    do pronome tono se, ele.

    mais objetivo, imparcial

    1 pessoa do plural ns inclusivo mais objetivo, humildade

    A partir do quadro acima, possvel classificar as resenhas 1, 2, 3, 4 e 5, verificando se so discursos mais objetivos ou mais subjetivos.

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    ATIVIDADES

    1) Dentre os textos apresentados, quais se enquadram no discurso objetivo? Justifique com exemplos.________________________________________________________________________________________________________________________

    2) Quais so os textos que se enquadram no texto subjetivo? Justifique com exemplos.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    VOZES VERBAISAinda, nesta fase, deve-se observar a questo das vozes. Para tanto,

    necessrio observar, nos textos apresentados, a voz do enunciador, ou seja, se ele se apresenta na primeira (singular/plural) ou na terceira pessoa. Para isso, sugere-se que o(a) professor(a) aponte, no texto de notcia e no texto de opinio, as diferentes vozes verbais: primeira ou terceira voz; se o enunciador delega a voz a outro (como afirma fulano de tal), para dar credibilidade no que afirma, sem atribuir a si a responsabilidade, apresentando apenas o fato.

    O uso do verbo na 1 pessoa do plural (NS- inclusivo) muito empregado em textos de opinio, em dissertaes e teses, para denotar humildade, polidez de quem escreve, mas tambm como meio de aproximao do leitor. J, o emprego da primeira pessoa (EU) indica que o autor do texto assume o que diz, responsabilizando-se pelo discurso. possvel, ainda, usar a impessoalidade (terceira pessoa do singular) para produzir uma resenha. E isso corresponde a diferentes formas de escrever. S no se pode misturar as pessoas verbais; ao iniciar um discurso na primeira pessoa do plural, por exemplo, deve-se manter esse discurso at o fim.

    No texto 1, por exemplo, o autor emprega o verbo na terceira pessoa do singular (impessoalidade), para comentar, e verbo na primeira pessoa do plural, quando quer delegar a fala a outro. eis alguns exemplos:Os pesquisadores chegaram s espcies [...] Hoje h cerca de 500 bichos [...] Chegamos a esse resultado por tentativa e erro [...] disse J.Landeira

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    Fernandez, do Ncleo de Neuro Psicologia Clnica e Experincia da PUC.E, o jornalista no assume para si a responsabilidade dos fatos apresentados; ele usa alguns verbos, como: afirma fulano, disse, comenta, etc., delegando a voz a outrem.

    No texto 2, j o uso da primeira pessoa do plural (ns inclusivo) muito comum, denotando, de certa maneira, a polidez, a humildade e, tambm, uma forma de aproximao do interlocutor. Os verbos esto na primeira pessoa do plural do presente do indicativo, quando o autor dirige o seu discurso, para descrever: lanamos uma campanha; Nossas campanhas so; Quando fazemos uma campanha de massa, estamos democratizando; Estamos presentes tambm..., etc. Mas, ao passar para o comentrio, o autor emprega verbos na terceira pessoa do singular, no presente do indicativo: O Brasil um dos poucos pases; a prevalncia da aids vem caindo; o lembrete oportuno, etc. _________________________________________________________________

    POLIFONIA

    Polifonia a presena de vrias vozes no texto, falando de uma maneira simplista. possvel, por meio de verbos, citaes , uso de aspas descobrir as diferentes vozes que circulam em um texto.No texto 1, por exemplo, pode-se verificar a presena de distintas vozes, como:

    a) a voz articulista do texto: Clarissa Tom;b) J. Landeira Fernandez: Nossa inteno ter um bom modelo de

    ansiedade em humano [...].

    ATIVIDADEEm duplas, procure e anote, no caderno, as possveis vozes encontradas no texto 4 e 5, reconhecendo-as._________________________________________________________________

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    3.5 4 ETAPA

    Articuladores textuais A prxima etapa consiste no desenvolvimento dos ASPECTOS COESIVOS dos textos, tambm chamados de organizadores ou articuladores textuais.

    Os organizadores textuais ou articuladores textuais so palavras que relacionam uma parte do texto com outra e atuam como elementos importantes na definio do sentido geral do texto. E esse tipo de articulao entre as palavras de um texto chama-se coeso textual.

    Alm desse tipo de coeso, em que palavra (substantivo, pronome, adjetivo, advrbio, numeral e outras mais) retoma termos j expressos, existe tambm coeso entre palavras e partes maiores do texto, tais como frases, oraes, pargrafos. Pode-se citar, como exemplo, os seguintes conectores: ento, alis, porque, e por isso, da, tambm, entretanto, etc.

    Sendo assim, observam-se palavras que funcionam como elos, estabelecendo relaes entre as frases, dando continuidade ao texto: so as CONJUNES. Alm disso, existem os REFERENCIAIS, que tambm funcionam como elementos de ligao das frases e servem para evitar a repetio exaustiva de um mesmo termo.

    Veja-se os exemplos abaixo, retirados do texto 2, em que conjunes servem de articuladores de textos.Eis alguns exemplos de frases em que articuladores exercem funes distintas:1) 2 Os resultados no tm seu impacto imediato mensurvel, como numa pesquisa de rua, mas esto a na reduo de quase 13% nas novas notificaes de aids...( ) ( )2) 2 Alm disso, a distribuio de preservativos [...] cresceu de 18 milhes de unidades [...] ( )3) 4 Nossas campanhas so discutidas e elaboradas com um comit tcnico-cientfco[...] ( )4) 7 Estamos presentes tambm nos principais desfiles. ( )5) 3 At hoje encontraram dificuldades para veicular campanhas de massa [...] ( )6) 6 [...] para lembr-los de que a aids no acabou. ( ) ( )

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    7) 7 O lembrete oportuno, porque nos quatro dias de folia as pessoas costumam fazer uso de lcool [...] ( )8) 4 [...] muitos pases at hoje encontram dificuldades para veicular campanhas de massa [...] ( ) ( )9) 10 Mas isso no significa que devemos relaxar. ( )10) 7 O lembrete oportuno porque nos quatro dias de folia as pessoas costumam fazer o uso do lcool[...] ( )11) O carnarnaval [...] alm de ser um grande motivo de festa e descontrao [...] ( )

    As palavras em negrito so os organizadores textuais, que unem as ideias por meio de um significado.Nos trechos anteriores, pode-se verificar que os diferentes articuladores relacionam as ideias, dando sentido s frases. Numere os parnteses, seguindo o cdigo abaixo:

    (1) alternncia; (7) finalidade;(2) comparao; (8) conformidade;(3) oposio. concesso; (9) condio;(4) adio; (10) negao;(5) explicao, caus