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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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ÁGUA: FONTE DE VIDA, UM BEM ESCASSO: contribuições noensino fundamental da rede pública estadual

Andréa Luiza Gontarz1

Wanda Terezinha Pacheco dos Santos2

RESUMO

O presente artigo intenciona socializar os resultados obtidos na implementação de uma proposta detrabalho desenvolvida durante o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE- 2014/2015),promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná. O estudo teve por objetivo contribuirpara a formação dos alunos do Ensino Fundamental, evidenciando o quadro trágico do cenário daescassez da água. A proposta foi idealizada a partir da constatação da necessidade dos cuidadoscom a água, a irregularidade de sua distribuição e o aumento do uso indiscriminado. A proposta foidesenvolvida com 35 alunos do 9º Ano do Colégio São Vicente de Paulo - Ensino Fundamental eMédio do NRE de Irati – PR por meio de atividades práticas, visando sensibilizar e conscientizar osalunos sobre a conservação e preservação da água.

PALAVRAS-CHAVE: Água, Escassez, Conscientização e Sensibilização.

INTRODUÇÃO

O presente artigo pretende divulgar e integrar os resultados obtidos na

implementação de uma proposta de trabalho durante o Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE).

Essa implementação foi desenvolvida com os alunos do 9º ano do Ensino

Fundamental do Colégio Estadual São Vicente de Paulo, localizado no município de

Irati - Paraná.

Esse trabalho proporcionou aos alunos noções básicas, teóricas, práticas de

orientações e sensibilização, permitindo que o ser humano compreenda, valorize e

respeite a maior fonte de vida: a água. Outro foco foi a motivação para o uso correto,

1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, Licenciada em Geografia e Especialista emEducação Ambiental pela Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras – FACEL. E-mail: [email protected]

2 Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE/ Geografia. Professora doDepartamento de Geografia da Universidade Estadual do Centro – Oeste – UNICENTRO, Campus deIrati – PR e Doutora em Educação. E-mail: [email protected]

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através da realização de atividades, interagindo os conhecimentos teóricos com

atividades práticas.

A proposta foi idealizada com a participação ativa dos alunos que através de

pesquisas em sites e obras proporcionaram a base para o desenvolvimento das

demais atividades realizadas, seguindo uma ordem para que o objetivo fosse

alcançado.

Nesse contexto, após a conclusão das pesquisas realizadas pelos alunos foi

proposta a elaboração de uma Cartilha de Orientações que se efetivou como

material de apoio para a produção de seminários, confecção de histórias em

quadrinhos, cartazes com a exposição em murais encerrando as atividades com

uma peça teatral da “Carta de 2070”.3

Para a concretização deste trabalho foi proposta a utilização de diversos

recursos didático-tecnológicos como, laboratório de informática, internet, softwares

educativos, entre outros.

Essa produção baseia-se no estudo da escassez da água em nosso planeta,

objetivando a sensibilização e conscientização do aluno quanto à sua importância.

É de suma importância salientar que nenhuma questão hoje é mais

importante do que a da água e que dela depende a sobrevivência de toda a cadeia

da vida e, conseqüentemente, de nosso próprio futuro podendo ser motivo de

guerra, como de solidariedade social e cooperação entre os povos.

Deste modo o presente trabalho busca a conscientização e a formação de

alunos críticos que atuem em seu meio natural e cultural e, portanto, se tornem

capazes de aceitar, rejeitar ou mesmo transformar este meio.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Feltre (2004, p.43-44) aborda que:

A água própria para se beber é denominada água potável. Não precisa serpura, na conceituação química, isto é, conter somente moléculas de H2O,mas é necessário que ela esteja límpida; não pode conter terra nem outrosmateriais em suspensão; pode conter somente vestígios de sais emsolução, que lhe conferem algum sabor (diferente da água destilada);precisa estar aerada, ou seja, conter um pouco de ar dissolvido, dando aopaladar uma sensação de “água leve”; não deve conter microorganismosque possam causar doenças.

3 http://www.youtube.com/watch?V=VTa9UPTW2ts

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Estima-se que a distribuição da água na Terra é de aproximadamente: 97,2%

nos mares e nos oceanos; 2,15% nas geleiras e nas calotas polares; 0,62% nas

águas subterrâneas; 0,0091% nos lagos e nos rios; e 0,001% na umidade

atmosférica. No entanto, apesar de sua aparente abundância, a água de boa

qualidade começa a escassear em vários lugares da Terra, devido ao grande

aumento do consumo.

A escassez de água potável já afeta o Brasil, mesmo quando este detém 8%

de toda a água disponível no mundo para consumo, porém 80% dessa água se

encontra na Bacia Amazônica, onde vivem apenas 7% dos brasileiros. Assim sendo,

para abastecer os outros 93% da população, somente 20% da água disponível no

Brasil pode ser utilizada. (FELTRE, 2004).

O problema de escassez de água decorre do aumento da população mundial,

do desperdício e da poluição das águas. (FELTRE, 2004).

Para Christófidis (2003), a falta de acesso à água potável de parte da

população e às redes de coleta e tratamento dos esgotos sanitários em nível

compatível com a capacidade de assimilação e depuração dos corpos hídricos

receptores tem levado a cerca de dois terços das internações hospitalares, seja por

motivos associados à falta de água ou contatos desta com padrões inadequados.

Dados das principais entidades vinculadas ao setor de saúde indicam que os custos

de prevenção e de ofertas de sistemas seguros de saneamento básico são de longo

alcance e custam cerca de um quarto das medidas de remediação com os

atendimentos médicos hospitalares.

Outro aspecto importante que deve ser resolvido no país são as ocupações

territoriais irregulares e desordenadas pela inexistência de planos diretores de

cumprimento de legislações que comprometem áreas de recarga de berçários

aquáticos. Apesar de tratado nas esferas do governo: federal, estadual e municipal o

tema não deixa de ter sua base na iniciativa privada que insiste em gerar

loteamentos inviáveis do ponto de vista da sustentabilidade. O imediatismo dos

“empreendedores” com olhar viciado e interesseiro cria uma situação de difícil

solução tanto para a atual como para as futuras gerações. (CHRITÓFIDIS, 2003).

Em 1940, 30% dos brasileiros moravam nas cidades, hoje 81% vivem nosgrandes centros urbanos, grande parte estão em áreas de mananciais,geralmente favelas, ou seja, áreas ocupadas clandestinamente chegam e

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vão destruindo florestas e amontoando-se nas nascentes dos rios e jogandoos seus lixos e esgotos sem qualquer cuidado. Com isso, a água fica cadavez mais poluída comprometendo o aproveitamento da mesma para oconsumo.4

Segundo a UNICEF, menos da metade da população tem acesso à águapotável, ou seja 43% da população mundial não tem serviço desaneamento básico. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água,21% para uso das indústrias e apenas 6% destina-se ao consumodoméstico, desta forma a degradação ambiental decorre do descontroladocrescimento populacional e da super exploração dos recursos naturais.5

O aumento das atividades de pesquisa no Brasil para ampliar o conhecimento

científico sobre rios, lagos, represas, estuários e áreas alagadas tem sido constante

e persistente.

O reuso ou reaproveitamento da água também é uma forma de evitar a

escassez, pois consiste na sua reutilização tratada ou não, dependendo de qual foi à

utilização. A água poderá ser reutilizada direta ou indiretamente, decorrendo de

ações planejadas, para o mesmo ou outro fim, tais como: utilização em alguma

atividade humana descarregada de forma planejada nos corpos das águas

superficiais ou subterrâneas usadas nas indústrias ou irrigação, lavagens de ruas,

em processos industriais como resfriamento de máquinas e lavagens de peças,

conscientizando assim as pessoas quanto a esse fato real.6

A atual situação de grave escassez de água potável, afetando boa parte do

Sudeste brasileiro onde se situam as grandes cidades como São Paulo, Rio de

Janeiro e Belo Horizonte, nos obriga como nunca antes, a repensar a questão da

água e a desenvolver uma cultura do cuidado, acolitado por seus famosos erres (r):

reduzir, reusar, reciclar, respeitar e reflorestar.

4 http://coladaweb.com/biologia/ecologia/tudosobreagua

5 www.andi.org.br/inclusao-e-sustentabilidade/destaque-inclo-sustent/unicy-anuncia-que-o-numero-depessoas-semacessoaaguapotavelcaiu

6 http://www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/CADayse.poluicaodasaguas

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Nenhuma questão hoje é mais importante do que a da água. Dela depende a

sobrevivência de toda a cadeia da vida e, conseqüentemente, de nosso próprio

futuro. Ela pode ser motivo de guerra como de solidariedade social e cooperação

entre os povos.

Independentemente das discussões que cercam o tema da água, podemos

fazer uma afirmação segura e indiscutível: a água é um bem natural, vital,

insubstituível e comum. Nenhum ser vivo, humano ou não humano, pode viver sem

a água. A ONU no dia 21 de julho de 2010, aprovou esta resolução: “a água potável

e segura e o saneamento básico constituem um direito humano essencial”.

O processo institucional que se desenvolveu no Brasil nos últimos dez

anos( Braga et al.,2006, cap. 20) dá destaque à gestão dos recursos hídricos e à

gestão descentralizada consubstanciada no SINGREH (Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos). A Política Nacional de Recursos Hídricos

estabelecida pela Lei nº 9.433/97- Lei das Águas – foi um avanço conceitual

importante na implementação de instrumentos de gestão- planos de recursos

hídricos, enquadramento dos corpos de água, outorga do direito de uso dos recursos

hídricos, cobrança pelo uso das águas e sistema de informações sobre recursos

hídricos.

Consideremos rapidamente os dados básicos sobre a água no planeta Terra:

ela já existe há 500 milhões de anos; 97,5% das águas dos mares e dos oceanos

são salgadas. Somente 2,5% são doces. Mais de 2/3 dessas águas doces

encontram-se nas calotas polares e geleiras e no cume das montanhas (68,9%);

quase todo o restante (29,9%) são águas subterrâneas. Sobram 0,9% nos pântanos

e apenas 0,3% nos rios e lagos. Destes 0,3%, 70% se destina à irrigação na

agricultura, 20% à indústria e restam apenas 10% destes 0,3% para uso humano e

dessedentação dos animais.

Existe no planeta cerca de um bilhão e 360 milhões de km cúbicos de

água. Se tomarmos toda a água dos oceanos, lagos, rios, aquíferos e calotas

polares e a distribuíssemos equitativamente sobre a superfície terrestre, a Terra

ficaria mergulhada debaixo da água a três km de profundidade.

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A renovação das águas é da ordem de 43 mil km cúbicos por ano, enquanto o

consumo total é estimado em 6 mil km cúbicos por ano. Portanto, não há falta de

água.

O problema é que se encontra desigualmente distribuída: 60% em apenas

nove países, enquanto 80 outros enfrentam escassez. Pouco menos de um bilhão

de pessoas consome 86% da água existente enquanto para 1,4 bilhões é

insuficiente (em 2020 serão três bilhões) e para dois bilhões, não é tratada, o que

gera 85% das doenças segundo OMS. Presume-se que em 2032 cerca de 5 bilhões

de pessoas serão afetadas pela escassez de água.

O Brasil é a potência natural das águas, com 12% de toda água doce do

planeta perfazendo 5,4 trilhões de metros cúbicos. Mas é desigualmente distribuída:

72% na região amazônica, 16% no Centro-Oeste, 8% no Sul e no Sudeste e 4% no

Nordeste. Apesar da abundância, não sabemos usar a água, pois 37% da tratada é

desperdiçada, o que daria para abastecer toda a França, a Bélgica, a Suíça e norte

da Itália. É urgente, portanto, um novo padrão cultural em relação a esse bem tão

essencial. (cf.o estudo mais minucioso organizado pelo saudoso Aldo

Rebouças, Águas doces no Brasil: Escrituras, SP, 2002).

Segundo Maude Barlow,uma grande especialista em água que trabalha nos

organismos da ONU sobre o tema, a canadense “A população global triplicou no

século XX, mas o consumo da água aumentou sete vezes. Em 2050 quando

teremos 3 bilhões de pessoas a mais, necessitaremos de 80% a mais de água

somente para o uso humano; e não sabemos de onde ela virá”. Esse cenário é

dramático, pois coloca claramente em xeque a sobrevivência da espécie humana e

de grande parte dos seres vivos.

Há uma corrida mundial para privatização da água. Surgem grandes

empresas multinacionais como as francesas Vivendi e Suez-Lyonnaise, a alemã

RWE, a inglesa Thames Water e a americana Bechtel. Criou-se um mercado das

águas que envolvem mais de 100 bilhões de dólares. Estão fortemente presentes na

comercialização de água mineral a Nestlé e a Coca-Cola que buscam comprar

fontes de água por toda a parte no mundo, inclusive no Brasil.

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Mas há também fortes reações das populações como ocorreu no ano 2000,

em Cochabamba na Bolívia. A empresa America Bechtel comprou as águas e elevou

os preços a 35%. A reação organizada da população botou a empresa para correr do

país.

O grande debate hoje se trava nestes termos: A água é fonte de vida ou

fonte de lucro? A água é um bem natural, vital, comum e insubstituível ou um

bem econômico a ser tratado como recurso hídrico e posto à venda no

mercado?

Ambas as dimensões não se excluem, mas devem ser retamente

relacionadas. Fundamentalmente a água pertence ao direito à vida, como insiste o

grande especialista em águas Ricardo Petrella. (PETRELLA, 2002).

Nesse sentido, a água de beber, para uso na alimentação e para higiene

pessoal e dessedentarão dos animais deve ser gratuita.

Como, porém ela é escassa e demanda uma complexa estrutura de captação,

conservação, tratamento e distribuição, implica uma inegável dimensão econômica.

Esta, entretanto, não deve prevalecer sobre a outra; ao contrário, deve torná-la

acessível a todos e os ganhos devem respeitar a natureza comum, vital e

insubstituível da água. Mesmo os altos custos econômicos devem ser cobertos pelo

Poder Publico.

Segundo Nobre, “parar de desmatar é fundamental, mais não resolve mais.

Temos que conter os danos ao máximo. Parar de desmatar é para ontem. A única

reação adequada neste momento é fazer um esforço de guerra. A evidência

científica diz que a única chance de recuperarmos o estrago que fizemos é zerar o

desmatamento. Mas isso será insuficiente, temos que replantar florestas, refazer

ecossistemas. É a nossa grande oportunidade”.

Uma fome zero mundial, prevista pelas Metas do Milênio, deve incluir a sede

zero, pois não há alimento que possa existir e ser consumido sem a água.

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De acordo com estudos anteriores, o objetivo central da Política Nacional é

assegurar à atual e as futuras gerações a necessária disponibilidade de água em

padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”. ( ANA, 2009, p. 28).

A água é vida, geradora de vida e um dos símbolos mais poderosos da

natureza da Última Realidade. Sem a água não viveríamos.

Um dos maiores desafios planetários no século 21 é assegurar a

sustentabilidade do uso dos recursos hídricos, como condição essencial para a

cidadania plena, a qualidade de vida, a redução da pobreza e um modelo de

desenvolvimento que considere os direitos das atuais e futuras gerações a um

ambiente limpo e saudável.

País com uma das maiores reservas de água doce do mundo, o Brasil tem

procurado fazer a sua parte por meio da implantação de um sistema integrado de

gestão dos recursos hídricos. É um sistema fundamentado em legislações estaduais

e na Lei das Águas, como ficou conhecida a Lei Federal nº 9.433/97, que definiu a

Política Nacional de Recursos Hídricos.

A Agência Nacional de Águas (ANA) também vem buscando desempenhar o

seu papel legal, no sentido de ser o organismo regulador do uso das águas de

domínio da União. Para cumprir o seu mandato, a ANA procura estabelecer um

amplo diálogo com os Comitês de Bacias e demais órgãos representativos das

bacias hidrográficas, em coerência com o modelo de gestão integrada. Ações

estruturais para conservação e recuperação de bacias hidrográficas, mananciais,

águas superficiais e águas subterrâneas devem ser acompanhadas pela

implementação de ações não-estruturais que consistem na participação da

comunidade e dos usuários e na articulação da sociedade na gestão dos recursos

hídricos, na otimização dos usos múltiplos e na gestão dos conflitos. Os bancos de

dados locais, regionais e nacionais devem ser integrados para possibilitar a

elaboração de cenários qualitativos e quantitativos, baseados em um monitoramento

permanente com tecnologias avançadas. A integração de águas atmosféricas, águas

superficiais e águas subterrâneas na gestão é outro processo fundamental que pode

avançar e promover mecanismos de gestão inovadores e consolidados. Igualmente

importante é a gestão da qualidade e quantidade de águas.

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A elaboração de cenários para avaliar impactos de mudanças globais nos

recursos hídricos deve fazer parte de estratégias nacionais, regionais e locais.

Planejamento local e regional e avaliação da disponibilidade e demanda das águas

devem ser componentes fundamentais do processo.

METODOLOGIA

A implementação do presente trabalho ocorreu no período de junho a

novembro de 2015, no Colégio Estadual São Vicente de Paulo – Ensino

Fundamental e Médio, sendo público - alvo uma turma de 9º ano do Ensino

Fundamental.

As atividades foram subsidiadas pelo material didático de apoio - Cartilha de

Orientações, elaborada no segundo semestre de 2014. O ponto de partida para a

implementação do trabalho foi um levantamento do conhecimento prévio do público

envolvido sobre a abordagem da escassez da água. Após a explanação do assunto,

“Água: fonte de vida um bem escasso”, foram aplicados questionários aos alunos,

objetivando sensibilizá-los e conscientizá-los quanto a utilização da água em seu

cotidiano obtendo elementos e informações que permitiram o desenvolvimento da

pesquisa.

As questões propostas estão no quadro a seguir:

Quanto tempo você demora quando toma seu banho?( ) 5 minutos ( ) 10 minutos ( ) 15 minutos ( ) mais de 15 minutos

Como é utilizada a água em sua residência na lavagem de roupas?( ) Utiliza máquina de lavar?( ) Reaproveita a água após a lavagem de roupas?( ) Nenhuma das alternativas.

Em sua casa existe algum vazamento, alguma torneira pingando?( ) Sim ( ) Não

Se a resposta da pergunta acima for sim, como você e sua família vêem esteproblema?

Você sabe de onde vem a água que você consome? ( ) Sim ( ) Não

Conhece os nomes dos afluentes que abastecem a sua cidade?

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( ) Sim ( ) Não

Se a resposta da pergunta acima for afirmativa, cite os nomes.

Existe o problema da escassez da água em seu município? Em caso afirmativo, quaisas causas e onde ocorre.

Quantas vezes no mês falta água em sua residência?( ) Uma vez na semana. ( ) Duas vezes na semana. ( ) Três ou mais vezes na semana.

Por que apesar de abundante a água é escassa?( ) Consumo exagerado. ( ) aumento da população.

( ) Poluição de água dos afluentes.

Se a água é um recurso abundante em nosso planeta, por que em determinadoslocais e regiões ela é escassa? Justifique:

Pesquise com seus familiares e responda: Na sua residência existe a consciência daimportância da escassez da água? Se existe o uso está sendo racional? Justifique:

Comente o que você sabe sobre a falta de água em São Paulo e Minas Gerais.

FONTE: Gontarz, 2015.

A metodologia adotada para realização deste estudo pode ser sintetizada em:

apresentação de slides sobre a escassez da água, reflexões a respeito dessa

problemática e discussões sobre as possibilidades metodológicas do tema

abordado.

Os últimos encontros foram destinados para a construção de charges,

histórias em quadrinhos e a encenação do teatro com a carta de 2070, realizado

com o objetivo de proporcionar as futuras gerações a sensibilização e

conscientização da problemática que hoje enfrentamos.

No período de setembro a dezembro, o Projeto de Intervenção e a Produção

Didático-Pedagógica, elaborados durante os dois primeiros semestre do PDE, bem

como questões específicas sobre a Implementação Pedagógica na escola foram

socializados com a comunidade escolar. Essa socialização deu viabilidade para um

espaço de discussões e reflexões e gerou uma troca ímpar de experiências, no

Grupo de Trabalho em Rede (GTR), trazendo contribuições significativas para a

implantação do projeto na escola e contribuiu para o aperfeiçoamento dos

professores da rede estadual de ensino.

A seguir são apresentados e discutidos os resultados do Projeto de

Intervenção Pedagógica do referencial teórico e as contribuições do GTR.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

O objetivo do questionário foi coletar informações sobre como o aluno trata a

questão da escassez da água. A investigação buscou informações e registros sobre

a água, como fonte de vida um bem precioso e escasso.

Os dados da pesquisa realizada com 35 alunos tiveram os seguintes

resultados: 30% dos pesquisados acreditam que exista conscientização sobre a

escassez da água no mundo, 61% não tem conscientização sobre a problemática

abordada e 9% indica que exista pouca conscientização.

Para os que responderam sim ou não, apontando atitudes individuais ou de

sua família sobre a sensibilização e conscientização quanto a utilização da água em

seu cotidiano, 35% das respostas obtidas confirmam o exagero no tempo do banho,

20% continuam a lavar roupas na máquina, 16% deixam a torneira aberta ao lavar a

louça e ao escovar os dentes, 12% afirmou que em suas casas existem vazamentos

e torneiras pingando e 3% não souberam responder de onde vem a água que

consomem.

Questionados sobre quantas vezes ao mês falta água em suas residências

47% dizem faltar água em suas casas. Quanto a pergunta sobre a se existe

abundância de água no planeta, por que em determinados locais e regiões ela é

escassa, 23% responderam que a população é culpada, pois implica em mudanças

comportamentais, como o desperdício e o consumo exagerado da água; 30%

afirmou que em suas residências não existe a consciência da importância do

racionamento da água e nada sabem sobre a falta de água em São Paulo e Minas.

Quanto às músicas “Planeta Azul” de Chitãozinho e Xororó e “Planeta Água”

de Guilherme Arantes, 97% dos alunos não souberam fazer a análise crítica de

diferenças e semelhanças com enfoque na escassez da água e apenas 3% soube

fazer a análise crítica.

No que se refere a palestra com a técnica da Companhia de Saneamento do

Paraná - SANEPAR sobre o tema “escassez da água e outras questões

relacionadas”, como percentual de água consumido, saneamento básico,

degradação da qualidade da água: 41% dizem que se deve punir o consumidor que

tiver o percentual elevado de consumo de água, 23% devem punir os que não

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tiverem saneamento básico em suas residências e 21% a punição proposta indica o

corte de água para aquele usuário que foi irresponsável com a degradação da água.

Os alunos fizeram uma exposição de charges criadas por eles explorando e

abordando o tema de forma crítica e consciente, 97% souberam expor de forma

crítica e consciente a escassez da água revelando um poderoso e riquíssimo

instrumento pedagógico numa linguagem de humor, surpresa e riso, e somente 3%

não soube expor suas idéias.

Os alunos de acordo com a proposta produziram uma história em quadrinhos

de acordo com o texto indicado. Foi contada uma história pela professora e com

base nos relatos, 95% concluíram a história de forma satisfatória e 5% não

souberam fazê-la.

Na continuidade do trabalho, realizaram uma encenação do teatro com a

“Carta de 2070”, e o objetivo foi conscientizar a comunidade escolar sobre o que

poderá ocorrer se não cuidarmos desse bem tão precioso que é a água. O resultado

foi surpreendente 100% ficaram chocados com o relato, o resultado do trabalho

promoveu a conscientização e sensibilização sobre o tema.

O projeto foi transformador, pois além de proporcionar momentos de reflexão,

despertou o interesse e desejo dos alunos de inovar e fazer a diferença nas futuras

gerações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto aos resultados da pesquisa realizada com os 35 alunos do Ensino

Fundamental, acredita-se que tal proposta atingiu seu objetivo de conscientização e

sensibilização e deu oportunidade ao público envolvido, a reflexão sobre seu dia-a-

dia, seu cotidiano na escola e a motivação de consciência de propagar esta

experiência única que poderão levar para suas vidas, plantando uma sementinha

que dará muitos frutos para as futuras gerações.

REFERÊNCIAS

A Guerra da água. Documentário. Disponível em: (https://www.youtube.com/watch?

V=mayoUDfhfVo) Acesso em 22/06/2015.

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