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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · Texto para Atividade: Poemanifesto do movimento negro Autor: Hermógenes de Almeida Filho Muitos fatos sucederam-se

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Ficha para identificação da Produção Didático- Pedagógica

Professor PDE/2012

TÍTULO História Afro-Brasileira e “Memórias Históricas”: Estudo Sobre as

Datas Comemorativas de 13 de Maio e 20 de Novembro

AUTOR Maria Ivanilde Bartelli

DISCIPLINA/

ÁREA

História

ESCOLA DE

IMPLEMENTAÇÃO

Colégio Estadual Bairro Bela Vista

MUNICÍPIO DA

ESCOLA

Bandeirantes

NÚCLEO

REGIONAL

DE EDUCAÇÃO

Cornélio Procópio

PROFESSOR

ORIENTADOR

Prof. Dr. Maurício Aquino

INSTITUIÇÃO DE

ENSINO

SUPERIOR

Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)

FORMATO DO

MATERIAL

DIDÁTICO

Unidade Didática

PÚBLICO ALVO Alunos do 7º ano do Ensino Fundamental II

LOCALIZAÇÃO Bandeirantes

APRESENTAÇÃO

As mudanças pelas quais passa o Brasil têm colocado na ordem

do dia a reflexão sobre o papel da educação na transformação da

realidade brasileira, principalmente quando se fala das diferentes

presenças na escola com uma enorme diversidade de raças, cor,

culturas dentre outros.

É preciso que os alunos saibam conviver com as diferenças.

Para que os alunos criem essa consciência algo deve ser feito no

âmbito escolar.

Nesse sentido, esse projeto da área de História pretende

realizar atividades concernentes a valorização da cultura Afro-

brasileira com alunos do 7º ano, focando a problematização das

datas comemorativas de 13 de maio e 20 de novembro, no colégio

estadual bairro Belo Vista, e também discutir as relações entre

essas datas comemorativas e memória histórica.

Com esse trabalho procura-se inserir no processo de ensino as

relações étnico-raciais por meio de estudos de história africana e

afro-brasileira

Assim, esta Unidade Didática se justifica pelo fato de levar aos

alunos uma outraforma de compreender, com mais clareza, como

ocorreu a formação e construção de nossa sociedade e identidade,

principalmente em relação a nossa cultura.

PALAVRAS-

CHAVE

Ensino de História, Cultura Afro-Brasileira, DatasComemorativas

de 13 de maio e 20 de novembro.

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1 IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA (UNIDADE DIDÁTICA)

PROFESSOR PDE: Maria Ivanilde Bartelli

ÁREA PDE: História

NRE: Cornélio Procópio

PROFESSOR ORIENTADOR IES: Prof. Dr. Maurício de Aquino

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Bairro Bela Vista

PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO: Alunos do 7ºano do Ensino Fundamental II

TÍTULO: História Afro-Brasileira e “Memórias Históricas”: Estudo Sobre as Datas

Comemorativas de 13 de Maio e 20 de Novembro.

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2 APRESENTAÇÃO

O presente material de apoio didático justifica-se por compreender aimportância de

se reconhecer a cultura africana, principalmente na formação culturalda sociedade brasileira,

com foco nas datas comemorativas de 13 de maio e 20 de novembro.

A cultura afrodescendente não é trabalhada, em geral, da maneira adequada nas

escolas, o que levou a implantações de diretrizes e legislações que levassem a valorização

desta herança cultural.

Com isso, a partir do momentoem que os alunos passam a considerar a importante

influência africana no nossopaís, estes passam a identificarem a sua identidade e

cultura.Nesse sentido, esse projeto da área de História pretende realizar atividades

concernentes a valorização da cultura Afro-brasileira, focando a problematização das datas

comemorativas de 13 de maio e 20 de novembro, no colégio estadual bairro Belo Vista.

Por meio, desta produção didático-pedagógica, disposta em uma Unidade Didática,

será direcionado aos alunos do 7º ano do Colégio Estadual Bairro Bela Vista, do período

matutino do Ensino Fundamental II, seráapresentado um material que ofereça ao aluno a

oportunidade de discutir as relações entre essas datas comemorativas e memória histórica.

Também com esse trabalho procura-se inserir no processo de ensino as relações

étnico-raciais por meio de estudos de história africana e afro-brasileira.Os alunos também

terão a oportunidade de compreendercom mais clareza e aprofundamento como ocorreu a

formação e construção danossa sociedade e identidade através da cultura africana.

Ao Abordar conteúdos relacionados a cultura africana em sala de aula é realizar uma

contribuição essencial para os alunos e sociedade,se tornando uma das metas do educador.

Esta meta se conceitua em levantarquestões relacionadas à discriminação racial, valorizando a

diversidade étnica,estimulando o respeito e compreensão da cooperação deste povo para

aconstituição cultural de nosso povo.

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3 INTRODUÇÃO

As mudanças pelas quais passa o Brasil têm colocado na ordem do dia a reflexão

sobre o papel da educação na transformação da realidade brasileira, principalmente quando se

fala das diferentes presenças na escola com uma enorme diversidade de raças, cor, culturas

etc. Presencia-se no país, um governo que tem como principal meta minimizar os efeitos de

séculos de injustiça social, resquícios de um passado escravista, cuja abolição manteve os

escravos sem terra e seus filhos sem escola.

A esses se juntaram ao longo da história, uma legião de brancos pobres, aumentando

ainda mais a desigualdade e as injustiças sociais. Segundo Russo (1995, p.10) a pouca atenção

historicamente dispensada à educação impediu a conformação de um processo educacional

capaz de destruir a barreira entre pobres e ricos. A questão da desigualdade e da exclusão

social não é só econômica, é também sociocultural.

A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, estabeleceu a implantação do currículo oficial

na rede de ensino e a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, que de

acordo com a professora Dra. Yvelise F. S. Arco-Verde, Superintendente da educação da

época do governo Requião, é “uma “pedagogia antirracista, valorizando a história e a

influência do povo negro nos contextos social, cultural, político e econômico brasileiro. É,

indubitavelmente, um instrumento social, para a construção de um novo Brasil”(ARCO-

VERDE, 2006, p. 7).

Nesse sentido, a educação surge como elo entre o possível e o real, recolocando as

questões de qual homem queremos formar, qual conhecimento faz-se pertinente, qual espaço

para a educação e qual sociedade temos a intenção de planificar para dimensão humana existir

realizada de forma coletiva na escola. Desse modo, hoje temos as questões apontadas sobre as

mudanças necessárias na educação, na sociedade e no próprio fazer, e esta mudança deve

iniciar nas escolas, pois é onde o cidadão começa a ser formado, e o docente é parte

importante nestes fatos.

Ao educador cabe abrir o caminho para a formação completa do aluno. Falamos aqui

de uma aprendizagem dos conteúdos que visa preparar cidadãos para agir e transformar a

sociedade onde estão inseridos.

Para tanto, a prática educativa de todos os envolvidos na educação, seja em sala de

aula, nas diferentes disciplinas ou em atividades extra-sala deve estar comprometida com a

formação de homens e mulheres brasileiros fortes e capazes de dirigir seus destinos, os da

nação e os do mundo, independente de sua cor, raça ou religião, ou quaisquer outros

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elementos que os diferenciem. As diferenças não podem gerar marginalizações e

preconceitos. Essas diferenças devem alimentar a diversidade cultural e esta deve ser

cultivada e valorizada nos espaços públicos, como a escola.

Os caminhos da nova pedagogia indica a necessidade da expansão da educação de

forma democrática, de um trabalho do professor voltado para a formação plena do ser humano

que supere as problematizações do cotidiano escolar e a visão de eficácia para as práticas

educacionais. Coloca-se então, a importância de uma nova educação, cumprindo as intenções

de renovação dos aspectos da formação humana e de seu desenvolvimento, construindo assim

um futuro de possibilidades pelos que passarem pela Escola sejam eles pobres ou ricos.

Diante do exposto este trabalho, com a colaboração desta unidade didática visa

desenvolver uma pesquisa para incentivar avalorização da “cultura Afro”, na escola Colégio

Estadual Bairro Bela Vista, e por meio deste projeto, serão realizadas atividades para que os

alunos tomem conhecimento da cultura e dos costumes deste povo que contribuiu muito com

a cultura brasileira. Com isso os alunos serão motivados a fazerem inclusão social no âmbito

escolar.

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4 PROPOSTA DE ATIVIDADES

Antes de iniciar as atividades, serão feitas as seguintes indagações:

Qual o conhecimento que os alunos têm sobre o continente africano?

Aponte os motivos que levaram a vinda dos africanos ao Brasil?

Identifique como era a vida dos africanos no Brasil.

Vocês concordam com a afirmativa de que a escravidão estimulou ospreconceitos

raciais dos brasileiros?

Pode-se afirmar que a cultura africana no Brasil teve grande importância paraa

formação da nossa sociedade?

Vocês conhecem as datas comemorativas de 13 de maio e 20 de novembro, sabem o

que elas significam?

Vocês acham estas datas importantes?

Vocês concordam que elas deveriam ser mais comemoradas, e também lembradas no

calendário escolar?

Posteriormente a esta conversa informal, se poderá ter uma ideia sobre a carga

deconhecimento que os alunos têm sobre o tema (ideias tácitas), podendo, assim,realizar a

intervenção pedagógica proposta no projeto.

Desta maneira, espera-se que no final das atividades a serem propostas, os

alunosassimilem os conteúdos estudados, podendo observar se houveram mudanças naforma

de pensar e agir, em relação ao tema.

ATIVIDADE 1:

Texto para Atividade: Poemanifesto do movimento negro

Autor: Hermógenes de Almeida Filho

Muitos fatos sucederam-se em diversas direções,

Abolicionistas e poetas deram sua contribuição

Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Luiz Gama, Castro Alves

Desde meados do século XIX, a Revolta dos Malês.

Liberada por Luiza Mahin, desafiava a monarquia dos Senhores de Escravos,

Exigindo o fim dos maus tratos da vergonhosa escravidão.

Sudeneses, Bantos, Congoleses, Fulas, Tapas, Mandingas

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Todos misturados em etnias e línguas.

Yorubá, Gêge-Nagô, Haussá, Hhosa, Songhai, Ashanti

Kiswahili, Sotho, Kibundo, Bakomgo, Ovimbundo, Peul, Lingada

Agrilhoados pelos predadores de negros.

Capitães-do-mato como Domingos Jorge Velho agiram no Brasil e em África

capturando, humilhando,espancando, dizimando as peças que fugissemna ponta do

chicote e pelo fogo do bacamarte.

Presos nos ferros ou no pelourinho ardiam aos açoites que estalavam a cada grito do

capataz. O banzo e o sumidô coletivo pairava em toda viagem nos tumbeiros

O dia-a-dia escravo na senzala era cantar vissungo se muita lamba na moagem da cana

ou nos cafezais.

Séculos se passaram com o negro na lamba da produção agrícola na mineração ou nos

afazeres domésticosno artesanato ou na lamba pesadanos terreiros ou nos quilombos,

Abolicionista e revolucionários transformaram as condições histórico-sociais da

formação brasileira.

A Lei Áurea, assinada pela Princesa Izabel, sob pressão.

Serviu de pano de fundo ao teatro monárquico decadente,

Veio a República que não foi feita para o povo nem pelo povo

Obedecendo à evolução da história, a República foi tramada por militares, fazendeiros,

liberais e conservadores.

Todos farinha do mesmo saco!Mudou-se o regime e o modo de produção deixou de

ser escravista para ser assalariado.

Empregos foram criados e ocupados por imigrantes estrangeiros

Os afro-brasileiros ficaram marginalizados.

Seria necessário um novo Palmares?

Um chefe-de-campo de Macaco, General das Armas e rei de N’gola Djanga, ZUMBI

A República comunitária palmarina resistiu um século inteiro.

Constituída de numerosos negros, índios e mulatos bravos guerreiros em liberdade,

Participavam de um sistema de produção policultor para subsistência e comércio.

Muitos não sabem, mas Palmares foi a capital do Brasil quando de ocupação

holandesaem Pernambuco e na Bahia.

No entanto, nosso herói e mártir foi traído e morreu assassinado por Antônio Soares

tal qual Calabar.

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Os afro-brasileiros sem emprego, sem moradia, sem cidadania sobreviveram de bicos,

biscates e ocuparam muquifos, cortiços, mocambos, alagados e favelas.

Com a FNB, ressurgiu Palmares!

A Frente Negra Brasileira, inspirada e dirigida por Arlindo V. dos Santos reuniu mais

de 200 mil negros nos anos 30. Havia quadros políticos e militares.

No entanto, foi extinta por um golpe de Estado a ditadura de Vargas não tardou em ver

Um grande perigo na arregimentação da população negra.

Enfim, no aspecto político-militar, quantos negros se destacaram?

André Rebouças combateu heroicamente na Guerra do Paraguai,

João Cândido expulsou a chibata da Marinha e humanizou seu tratamento

Grandes lideranças negras plantaram sementes no campo do desenvolvimento social e

democrático do país. Ao longo dos anos da 2ª Grande Guerra Mundial grande número

de negros tomaram parte da FEB. Força Expedicionária Brasileira combatendo ao

nazi-fascismo na Itália, na política e nas artes surge Abdias Nascimento, o TEN

Teatro Experimental do Negro, Arena Conta Zumbi. O Comitê Democrático Afro-

Brasileiro criado na luta pela anistia obriga a inclusão das reivindicações negras na

Constituição. Em África, movimentos revolucionários adotaram a luta armada como

única arma possível para a libertação do colonialismo que etnocentricamente tomava

as diferenças em desigualdades.

O fogo da ancestralidade reacendeu-se nas consciências da negritude,

O Partido Africano para a Independência da Guiné (Bissau) e do Cabo (Verde) –

PAGC – liderado por Amílcar Cabral,

O Movimento Popular de Libertação de Angola – MPLA – liderado por Agostinho

Neto, a Frente de Libertação de Moçambique - FRELIMO –

Liderada por Samora Machel, muitos líderes estão encarcerados como Nelson

Mandela do ANC, Congresso Nacional Africano na África do Sul

Muitos tombaram como o maior dos pensadores africanos Cabral,

Eduardo Mondlane, Patrice Lumumba e membros da SWAPO na Namíbia,

Mas a LUTA CONTINUA, no combate ao “apartheid” sul africano.

No Brasil, o capitalismo firmou-se com a instalação do seu parque industrial,

Vargas se suicida, mas não morre o populismo petebista.

Surge JK e a arte brasileira floresce: Sinhô, Dorival Caymmi, Pixinguinha,

João Gilberto, Cartola, Lamartine Babo, Grande Otelo e outros grandes artistas

populares. A comunidade afro-brasileira no carnaval e no futebol

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Manifesta seus sentimentos oprimidos. Os militares tramam a “Redentora”

Depõem João Goulart e massacram expressivas lideranças sindicais, e populares antes

que forjassem um novo destino para o país.

Mas a LUTA CONTINUA, há uma renovação na produção artístico-cultural

Procuram-se formas alternativas que apontem um novo rumo

Para o movimento popular,

Surge o tropicalismo e volta a girar a bússola cultural,

A guerrilha urbana e camponesa toma conta do país que vai pra frente!

Mas a LUTA CONTINUA, no movimento negro.

Que procura formas concretas de expressão.

Surgem os grêmios recreativos e entidades de pesquisas.

A poesia de Solano Trindade ecoa no movimento das consciências.

O autodidata e saudoso Olímpio Marques ordena: LIBERTA-TE NEGRO.

Eduardo Oliveira morre precocemente, mas presta grande colaboração ao movimento

sociológico negro.

A socióloga Lélia Gonzalez lidera importantes propostas do movimento negro contra a

discriminação racial.

Mulheres de favelas e periferia acontecem na luta pela procriação.

A imprensa negra bota banca: Favelão, Ébano, Frente Negra Surgem o IPCN, MNU,

ICBRAF, SINBA, CEAA, GTAR, GRANES no Rio em Salvador o Ilê Aiyê, Badauê,

Male de Balê. Os afoxés afro como os Filhos de Gandhi dão a volta por cima no

processo de reafricanização do carnaval baiano.

O Movimento sobe a Serra da Barriga e realiza a Missa dos Quilombos.

DIA (20 nov.) NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA,

Desmistificando a “democracia racial” e o “13 de maio” que caíram no descrédito das

palavras vazias, o movimento Black Power enche as discotecas, ganha as páginas dos

jornaisas vitrolas que só tocavam James Browntambém tocam Bob Marley e Jimmy

Cliff. No Brasil verde amarelo, o “vermelho rasta” corre no sangue da massa

O samba vadeia na voz de Clementina, se adoça na voz de Paulinho e se assume na

voz de Martinho .

O jongo e o caxambu nossa matriz do reggae, está vivo, Na serrinha e no Salgueiro

A consciência da negritude ganha espaço, Surge o Olorum Baba-Min, Vissungo e

Agbara Dudu. Expressões afro-musicais da cultura negra no Brasil.

Dezenas de grupos negros unem-se como há milênios eram Brasil-África.

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No Rio, as eleições mudaram a face do governo e a força do poder.

Secretários de Estado negros estão assumindo a luta de libertação.

No parlamento Abdias e Benedita da Silva abrem caminho, Bené pela sua atuação

ligada e voltada para as comunidades faveladas e periféricas. Abdias pela maturidade e

persistência.

Na luta contra o racismo.

Mas a LUTA CONTINUA.

Seja o que os Orixás desejarem. Axé!

a) Diga qual a intenção do Autor Hermógenes de Almeida Filho, com o texto

apresentado:

b) A linguagem utilizada pelo autor é uma linguagem formal de escrita, porque ele se

utiliza desta linguagem?

c) O que o autor relata sobre a lei Áurea?

d) O que o autor relata sobre o Quilombo dos Palmares e sobre o Zumbi?

e) Quanto a disponibilização de empregos aos africanos e sobre a discriminação como

estes são citados no texto e como o autor os encara?

f) Quanto às datas 13 de maio e 20 de novembro qual a percepção do autor sobre elas?

g) Qual a sua opinião sobre o texto, você o considera importante para sua formação

quanto à cultura brasileira, e afrodecendente?

ATIVIDADE 2:

Descrição:Os alunos assistirão ao filme Quanto Vale ou é Por Quilo? Direção: Sérgio

Bianchi. Drama. Brasil, 2005. (88min), DVD, color.

RESUMO: O filme alerta para questões que parecem ter ficado no passado, mas que

aindaexistem atualmente, como a luta pelos direitos democráticos, a discriminação

contranegros e pobres, o desrespeito, a lavagem de dinheiro, a corrupção, dentre outros.

O que mudou foi a roupagem, o opressor é o mesmo. Sendo assim, este é um

excelentefilme para ser trabalhado em sala de aula, possibilitará o desenvolvimentocrítico e

reflexivo dos alunos.

Posteriormente a assistirem o filme, os alunos comporão um relato que deverá ter os

seguintes apontamentos:

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a) Objetivo do filme;

b) Pontos fortes;

c) Pontos fracos;

d) Opiniões próprias quanto ao filme;

e) Conclusão a respeito do filme e sua importância para sua formação.

ATIVIDADE 3:

CAÇA-PALAVRAS

UM POUCO DA CULTURA AFRICANA NO NOSSO IDIOMA

A W C I T O X O C O R O B U E U Q U T A B

Z A R A X A H N O C A M D A O U C I D O R

U E D U L M D A R L U N L B I A T A R R E

Z N I A Ç U U N E A U E M M L A B E T A S

A E H C B E N U A L N O B A Y M L Z C I C

C N O A O M G G N G L A N C A O S U L A T

O G N A D N A F A I N G B C R E C E N O U

T Z R U A Z U L U D O A T E N A N D A B T

E C A B I S E Q A E M E L Z U C O U M I U

B A U X Y N Z U M B I U Ç A I M S A F S C

A Ç N U G A B O A I A W U A B A B E V A U

X U I A N U X M O L E L H L Ã S B A B M C

I L R Ç T I B Ô G N A X E X U V I U N O U

U A B A X Ã O D N U F A C O S U F A C D I

Y O T I U Q I N A F O Ç N U G A J O V E A

O Português falado no Brasil também foi influenciado pela cultura africana. Existem cerca de 3000

vocábulos de origem Banta (tronco lingüístico da África do Sul com 500 línguas vivas), com a

predominância de três línguas:Quimbundo, Quicongo e Umbundo.

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ENCONTRENA GRADE AS PALAVRAS EM NEGRITO

Babau - foi-se

Bagunça - desordem

Baia – divisões por tábuas

Balangandã - ornamento

Bambambã – valente

Bambu - planta , taquara

Banguela - sem dentes

Banzé – barulho

Batuque – dança negra

Borocoxô - entristecido

Caçula - último filho

Cafundó - distância

Cafuné – afagar

Cafuso- mestiço de negro

Calango - lagarto

Calunga – alma do mar

Cambada - molho de chaves

Candomblé - casa de negro Cuca– velha

Cucuia- nome de planalto no Congo

Fandango– folia

Faniquito- ataque de nervos

Fubá - farinha de milho sem fermentação

Goela- garganta

Jagunço – bandido

Lambada- golpe de chicote

Lengalenga - narração monótona

Lero-lero – conversa fiada

Lundu – dança de par solto

Maconha – cânhamo

Nenê - criança

Quimbanda – aqueles que curam

Quilombo – povoado

Umbanda – aquele que cura

Xixi – urinar

Fonte:Adaptado de Tupan-An,Nic, "Código Negro" e Razão Afro-Brasileira (no prelo).

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ATIVIDADE 4:

1. Faça uma pesquisa com pessoas comuns perguntando a elas: “Por que osportugueses

preferiram escravos africanos em vez de índios”? Depois analise e debata com seus

colegas as respostas obtidas. Elas forampreconceituosas?

2. É livre um homem que procura trabalho e nãoconsegue? Será que liberdade é poder

comprar tudo o que se quer? Apessoa que deseja comprar tudo o que vê anunciado na

televisão é escravado consumo? A noção de liberdade dos escravos do Brasil no

século XVII eraa mesma noção de liberdade que temos hoje?

3. Procure exemplos de racismo na televisão e nas atitudes cotidianas das pessoas:

4. No Brasil existe preconceito racista ou o preconceito é apenas em relação aos pobres:

5. Pesquise sobre as datas comemorativas de 13 de maio e 20 de novembro escreva o que

elas significam e o que vocês acham sobre estas datas se são importantes, e como

poderíamos comemorá-las e incentivar sua comemoração?

ATIVIDADE 5:

O objetivo desta atividade é de socialização dos alunos com os demais integrantes da

escola, será pedido que a sala confeccione cartazes, que serão expostos no mural da escola. Os

cartazes devem comunicar aos alunos, deforma simples e objetiva, o tema do projeto que os

alunos do 7º ano estarão desenvolvendo. O professor de artes pode auxiliar no

desenvolvimento desta atividade, os desenhos presentes nos cartazes devem remeter a cultura

africana, e as frases devem ser relacionadas às datas comemorativas de 13 de maio e 20 de

novembro, e também de estimulo a não discriminação. Os cartazes podem ser confeccionados

com cartolina comum, ou em papeis mais nobres.

Atividade 6:

Liberdade, negra liberdade

Há muito tempo me pergunto!

Vivi muitos anos a servir sem nunca ser servido...

O que me restava era o relento,

as migalhas e a indiferença...

Mas mesmo assim,

o meu sorriso sofrido brilhava em meio ao desespero...

Iluminava e me fazia sonhar que um dia seria livre.

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Fui livre, mas não liberto!

Longe de casa...

Fiquei preso aos grilhões da imaginação,

Os mesmos que me rasgavam a alma.

E hoje os percebo na ignorância do meu semelhante!

Que vê na minha cor e na minha garra,

um afrontamento.

Ao invés de ver

como um pedido de reconhecimento verdadeiro,

Não admitem!

Fingem que realmente sou livre...

Não se enganam!

Realmente sou livre!

Pois, meu sorriso e meus sonhos,

ninguém acorrenta mais,

Como fizeram com os meus antepassados,

filhos paridos nessa terra indiferente,

Que muitas vezes não enxerga a beleza

e a riqueza na diferença.

A liberdade da cor,

do sorriso maroto,

que se completam e encantam o olhar.

E esse é livre...

Assim como eu, no brilho do luar.

Autor: Alexsandro do N. Ribeiro

a) Qual a o tema central que o autor se refere no poema?

b) O que o autor quer dizer com a passagem “fui livre, mas não liberto!”?

c) Qual a sua opinião sobre o texto?

d) Faça um poema de ao menos duas estrofes elencando a relevância do negro na cultura

brasileira:

ATIVIDADE 7:

PALAVRAS CRUZADAS

A seguir você tem um diagrama de palavras cruzadas com termos da história e luta

dosafrodescendentes: Complete seguindo as orientações.

Horizontais:

1. O quilombo que mais resistiu na luta dos negros contra a escravatura.

2. O chefe do quilombo dos palmares

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3. Festa de confraternização entre africanos e afrodescendentes.

4. 20 de novembro é o dia da...

5. SEPPIR- e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da...

Verticais:

1. Dia 13 de maio comemora-se...

2. Os negros que vieram forçados para o Brasil vieram da...

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REFERÊNCIAS

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