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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · vêm ocorrendo ao longo da história e sincrônica, estabelecendo relações com o presente. (SAVIANI, 2007, p 8). Quando se toma

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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O COLÉGIO ESTADUAL PRESIDENTE CASTELO BRANCO – CPECB – SUA

HISTÓRIA, SEUS ALUNOS E A VIVÊNCIA COTIDIANA

Resumo

Deve-se perceber a importância de conhecer sobre a História da educação no Brasil

e no Paraná para poder entender parte do o processo até chegar na própria

Instituição Escolar. A História pode levar o aluno aconhecer e gostar do ambiente

escolar, descobrindo como se deu a construção (ou parte dela) da História do seu

Colégio e, consequentemente, das pessoas que já passaram por ali. O principal

papel do educando, nesse momento, será o de pesquisar e construir parte desse

processo, colocando-se como investigador das mudanças e transformações

ocorridas.

Palavras chave: Instituição Escolar; pesquisa; evolução; personagens

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para compreender a trajetória das instituições escolares, a primeira

observação a ser feita parece ser a de que a escola é uma instituição educativa,

entre outras, com as quais se relaciona em termos diacrônico, com mudanças que

vêm ao longo da história e sincrônica, estabelecendo relações com o presente.

(SAVIANI, 2007, p8). O estudo norteou exatamente o que se passou na história das

instituições do Brasil e do Paraná, e também da Instituição em questão, a local, o

C.E.P.C.B.

Segundo Barca, “a aprendizagem processa-se em contextos concretos. É

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necessário que os conceitos façam sentido para quem os vai aprender”. (BARCA,

2001, p. 20). Por isso a importância de o aluno estar percebendo como foi o

processo e a construção da história de sua Instituição, sabendo que ele (e outras

pessoas da sociedade) fazem parte dessa História.

Ensinar História é uma tarefa árdua. Conscientizar o aluno para conhecer a

sua História é uma tarefa ainda maior. Cabe à História o papel relevante de “viajar”

com esse aluno, através do tempo e espaço, descobrindo que tudo se constrói com

muita pesquisa e levantamento de conhecimentos. Assim, a História pode levar o

aluno a conhecer e gostar do ambiente escolar, descobrindo como se deu a

construção (ou parte dela) da História do seu Colégio e,

consequentemente, das pessoas que já passaram por ali: seus pais, avós, parentes,

padrinhos, amigos etc. “(...) o que faz da aprendizagem algo criativo é a pesquisa,

porque a submete ao teste, à dúvida, ao desafio, desfazendo tendência meramente

reprodutiva”. (DEMO, 1999 p.43).

A história das instituições escolares serviu para instigar a discussão em sala

de aula, a necessidade de pesquisar o que se quer saber, e assim, fomentou a

necessidade de se investigar sobre a história local, a sua história. “Estudar

instituições escolares, em termos historiográficos, implica em retomar documentos,

textos, memórias orais, arquivos, fotos e todos os materiais que ajudem a reconstruir

a história como um todo”. (BERTONHA E MACHADO, 2008). Por isso a importância

de o aluno ter participado ativamente na investigação do processo da história de sua

instituição, sabendo e percebendo que ele (e outras pessoas da sociedade) fazem

parte dessa História. Segundo Barca, “a aprendizagem processa-se em contextos

concretos. É necessário que os conceitos façam sentido para quem os vai

aprender”. (BARCA, 2001, P. 20).

BUFFA, destaca que “fragmentos de matizes filosóficas variadas, e por vezes

opostas, perpassam as motivações de criação, mudança, desenvolvimento das

instituições, movimentos de articulação e de fragmentação repercutem nas

interações entre alunos e professores, articulações curriculares são desdobradas

pela maior ou menor autonomia e criatividade dos componentes da escola.” (BUFFA,

2002). Considerou-se de extrema importância o envolvimento da comunidade

escolar no processo de estudo e pesquisa da Instituição C.E.P.C.B., no

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desenvolvimento de várias atividades realizadas pelos alunos do 3o Ano do Ensino

Médio.

Desenvolveu-se, no aluno, a conscientização da necessidade de conhecer a

própria história, a história da sua Instituição Escolar e das pessoas de sua

comunidade escolar que também estudaram fizeram parte dessa História. Coube à

História o papel relevante de “viajar” com esse aluno, através do tempo e do espaço,

descobrindo que tudo se constrói com muita pesquisa e levantamento de

conhecimentos. Assim, a História levou o aluno a conhecer e gostar do ambiente

escolar, descobrindo como se deu a construção (ou parte dela) da História do seu

Colégio e, consequentemente, das pessoas que já passaram por ali: seus pais,

avós, parentes, padrinhos, amigos etc. “(...) o que faz da aprendizagem algo criativo

é a pesquisa, porque a submete ao teste, à dúvida, ao desafio, desfazendo

tendência meramente reprodutiva”. (DEMO, 1999, p. 43).

Segundo as DCEs, “no processo de construção da consciência histórica, é

imprescindível que o professor retome constantemente com os alunos como se dá a

produção do conhecimento; ou seja, como é produzido a partir do trabalho de um

pesquisador que tem como objeto de estudo as ações e relações humanas

praticadas no tempo, bem como os sentidos que os sujeitos lhe deram, de modo

consciente ou não. Para estudá-las, o historiador adota um método de pesquisa de

forma que possa problematizar o passado, e buscar, por meio de documentos e

perguntas, respostas às suas indagações. A partir disso, o pesquisador produz uma

narrativa histórica cujo desafio e contemplar a diversidade das experiências

políticas, sociais, econômicas e culturais”. (DCE, 2006, p. 46). Por isso, buscou-se

trabalhar da seguinte forma: sugerindo e orientando cada atividade de pesquisa a

ser desenvolvida na Instituição ou na Comunidade Escolar, recebendo, depois, os

resultados obtidos e analisando um a um em contato com o pesquisador, no caso o

aluno.

Percebe-se que o processo de escrever a história de uma instituição,

juntamente com o resgate das fontes sobre Instituições no Brasil e no Paraná,

amplia as possibilidades de compreensão da própria História da Educação, mas

também, e principalmente o que se sentiu ao longo dessa pesquisa, das dificuldades

encontradas nas condições precárias de preservação de arquivos, acervos, fontes,

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manutenção das mesmas pelas escolas públicas e da memória das pessoas que já

conheceram e participaram da História. Percebeu-se, também que muitos dos

entrevistados não conhecem a história da Instituição em questão, e que muitos dos

pesquisadores (no caso os alunos), não foram muito além do que foi designado em

sua pesquisa.

O papel das escolas e de seus profissionais é o de se preocuparem na

preservação da memória institucional de sua entidade, fazendo com que seus

educandos se envolvam nesse processo e, juntamente com os demais,

conscientizem-se em deixar ações humanas registradas para a posterioridade. “(...)

homens produziram [e ainda produzem] artefatos, documentos, testemunhos,

monumentos entre outros, que tornam possível o entendimento do homem sobre

sua própria trajetória”. (LOMBARDI, 2004).

As fontes (...) constituem o ponto de partida, a base, o ponto de apoio da

construção historiográfica que é a reconstrução, no plano do conhecimento, do

objeto histórico estudado. (SAVIANI, Revista HISTEDBR On-line, 2006). Sou

professora no C.E.P.C.B desde o ano de 1999, mas assumi o Concurso Estadual em

2003. Escolhi este tema para o meu Projeto PDE porque

vejo na Educação desta Instituição o futuro de muitas crianças e jovens que por ali

passam, pela dedicação e apoio recebidos de toda a Comunidade Escolar. Durante

estes anos, conheci e vivi o Colégio como professora e funcionária, e preocupada

com muitas questões sobre a História desta Instituição, comecei a refletir sobre

algumas questões como: - a importância deste Colégio no

contexto sócio econômico da Comunidade Escolar; - a origem desta Instituição em

nosso município; - a procedência dos alunos; - os diretores, professores e

funcionários; - enfim, a história e a evolução desses personagens. Este trabalho

exigiu durante a coleta de dados, um verdadeiro “garimpo”

nas informações, haja vista que no Colégio, apesar das mais de quatro décadas de

existência, não existe um arquivo organizado (SCHIPANSKI, 1996). Pequena parte

da pesquisa se encontra na secretaria da própria Instituição, mas a maior parte

deve-se à busca por fontes orais e fotografias.

Objetivamente, esta pesquisa tem um duplo aspecto: primeiro contribuir de maneira

decisiva para a produção historiográfica local com um capítulo da história da

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educação; (idem, 1996); em segundo lugar, resgatar a memória histórica para

despertar o orgulho em ser estudante desta Instituição.

O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – instaurou uma nova

política de Formação Continuada que valoriza os professores que atuam na Rede

Pública Estadual de Ensino do Estado do Paraná. (Documento Síntese, versão

2013), juntamente com o GTR – Grupo de Trabalho em Rede, onde os professores

podem realizar e trocar experiências e ideias, a fim de melhorar suas práticas

pedagógicas em sala de aula. Nessa perspectiva, muitos outros professores foram

confrontados ao tema desse Artigo, expondo suas ideias e dua práticas, e também

opinando com sugestões e conselhos.

2 FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA

O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – instaurou uma nova política

de Formação Continuada que valoriza os professores que atuam na Rede Pública

Estadual de Ensino do Estado do Paraná. (Documento Síntese, versão 2013).

No texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96, o

tratamento aos profissionais da educação se faz presente em seu Art. 67, Título VI.

Este trata das questões substanciais e, principalmente, dos princípios que devem

nortear a formação dos profissionais da educação. (BRASIL, 1996). Todo esse

comprometimento do Estado para com o professor é para que a pesquisa e o

conhecimento cheguem até a sala de aula, como forma de instigar o aluno no

processo de ensino-aprendizagem. Aqui entra o papel da História, como orientadora

na pesquisa.

Para compreender a trajetória das instituições escolares, a primeira

observação a ser feita parece ser a de que a escola é uma instituição educativa,

entre outras, com as quais se relaciona em termos diacrônico, com mudanças que

vêm ocorrendo ao longo da história e sincrônica, estabelecendo relações com o

presente. (SAVIANI, 2007, p 8). Quando se toma a decisão de pesquisar a história

de uma instituição escolar ou de uma instituição educativa, o condicionante inicial

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que se põe é o da temporalidade”. (SANFELICE, 2007, p. 76). O estudo deve

nortear o que já se passou e o que está se passando na história das Instituições do

Brasil e do Paraná, e também da Instituição em questão, a local, o C.E.P.C.B.

Na análise das instituições escolares é necessário correlacioná-las com as

condições sociais nas quais emerge num contexto histórico-geográfico determinado.

Estudar instituições escolares, em termos historiográficos, implica em retomar

documentos, textos, memórias orais, arquivos, fotos e todos os materiais que

ajudem a reconstruir a história como um todo. (BERTONHA E

MACHADO, 2008). Cultura escolar é um conjunto de normas que definem

conhecimento a

ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a

transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos:

normas e práticas coordenadas a finalidades que podem variar segundo as épocas”.

(JULIA, 1995). São os professores quem farão essa intermediação entre Instituição

e Alunos, com as devidas ferramentas pedagógicas, para facilitar sua aplicação e

seu entendimento. Existem pesquisas analisando o surgimento de grupos escolares

contribuindo para melhoramentos básicos ao setor social urbano, o qual já

representava avanço e progresso, e também a elevada importância de alguns

setores sociais, como os republicanos, retirando uma imagem de “escola pobre”.

Pode-se partir como exemplo o estudo do mobiliário para a cultura escolar. Segundo

Rosa Fátima de Souza,“As carteiras individuais foram enfatizadas como as melhores

do ponto de vista pedagógico, moral e higiênico. Num processo de escolarização em

massa ao qual correspondia adequadamente a escola graduada (grupos escolares),

a padronização e homogeneização combinavam paradoxalmente com a

individualização do aluno. A carteira individual constituía um dispositivo ideal para

manter a distância entre os alunos, evitando o contato, a brincadeira, a distração

perniciosa. Nenhum contato com outros corpos, isolando cada aluno em seu espaço

– do domínio da carteira e suas adjacências – ficavam garantidas a disciplina, a

moral e o asseio”. (SOUZA, 1998, p. 140).

Nessa pesquisa ainda está inserida, segundo Souza, a representação da

cultura escolar, incluindo questões especiais relacionadas às relações de gênero,

segundo relatos de alguns diretores de instituições: “As meninas são inteligentes,

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estudiosas e dóceis, comportamento ótimo, afáveis no trabalho com todos o que

bem patenteia a boa administração da educação moral por parte das professoras.

Bastante atrasados estão os meninos. Ainda conservam, muitos deles, hábitos de

verdadeira selvageria, fruto do meio. Para combater esses maus costumes e

implantar disciplina nesta seção é preciso muita energia, dedicação e boa vontade

da parte dos professores”. (idem). Ainda segundo Souza, analisa como habilidades

fundamentais a inserção numa sociedade da escrita o fato de saber ler e escrever.

Valores morais e cívicos e uma espécie de controle sobre o que se deveria ler.

Quanto às categorias de análise, a autora Ester Buffa propõe: “...investigar o

processo de criação e de instalação da escola, a caracterização e a utilização do

espaço físico (os elementos arquitetônicos do prédio, sua implantação no terreno,

seu entorno e acabamento), o espaço de poder (diretoria, secretaria, sala dos

professores), a seleção de conteúdos escolares, os professores, a legislação, as

normas e a administração da Escola. Estas categorias permitem traçar um retrato da

escola com seus autores, aspectos de sua organização, seu cotidiano, seus rituais,

sua cultura e seu significado para aquela sociedade”. (BUFFA, 2002, p. 27).

Esse paralelo faz com que o aluno perceba que a História vem de um

conhecimento que já existiu e que influencia no momento presente dessa Instituição.

Com isso, o aluno poderá ter o seu ponto de partida, não importando por onde

começar (prédio, professores, alunos, vestimentas, mobiliário etc), mas, segundo J.

L. Sanfelice, “o que me dá o passaporte de ingresso é o conjunto de

fontes que levanto, critico e seleciono, e nenhum tipo de fonte deve ser interditado”.

(SANFELICE, 2007, p. 77). Efetivamente, foi na Capela de Nossa Senhora das

Mercês de Paranaguá que funcionou a primeira escola primária de jesuítas, entre os

anos de 1708 e 1714. (TRINDADE E ANDREAZZA, 2001, p. 33). Os jesuítas vieram

ao Brasil com o intuito de “catequizar” os indígenas, trazendo a religião católica e,

por conseguinte, a Educação instituída no ato de ler e escrever. No entanto, há

indícios de que o escasso sistema não estivesse apenas a cargo dos religiosos.

Desde a década de 1720, há menções de professores pedindo licença para manter

escola pública de ler, escrever e contar. Tratavam-se de letrados, em maior ou

menor grau, que disponibilizavam um espaço em suas casas para atividades

pedagógicas. (idem, 2001, p. 33-34). (...) o processo educativo no Brasil deve suas

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origens e estrutura fundamental à obra da Companhia de Jesus, aos jesuítas.

(GILES, 2007, p. 285). Em 1548, o rei solicita de Loyola, membros da Companhia

para mandá los ao Brasil. D. João nomeia primeiro-secretário da Educação o padre

jesuíta Manoel da Nóbrega. Este tem a incumbência de formar um sistema de

ensino público e gratuito, como também de catequizar os brasileiros. (idem, 2007)

Com a medida pombalina de expulsar os jesuítas, em 1758, houve uma

desestruturação geral na prática educacional em todo o país, a que a região do

Paraná não escapou. (TRINDADE E ANDREAZZA, 2001, p. 35). Este estado de

coisas obrigava a população a recorrer a outros expedientes: os ricos procuravam a

instrução particular ministrada geralmente por religiosos, enquanto os demais, se

houvessem condições, contentavam-se com os ensinamentos domésticos. Com a

ascensão do marquês de Pombal, chega ao fim o ensino jesuíta. O Estado encontra-

se na obrigação de assumir toda a responsabilidade pelo processo educativo, e a

primeira tarefa é a de substituir os professores jesuítas (...) dando continuidade na

formação religiosa humanista. (GILES, 2007, p. 286).

Foi em apenas meados da segunda metade do século XVIII, junto com os

Estatutos da Universidade de Coimbra que a Coroa instituiu as aulas régias, que

podem ser consideradas a primeira iniciativa de instrução pública do Império

Português. (idem, 2001, p. 35). A história política do Paraná teve seu início com a

emancipação da porção territorial da província de São Paulo, conquistada em 1853.

Uma das principais reivindicações das elites foi a emancipação financeira, criação

de um sistema de estradas e instrução pública. O ensino primário vinha atender às

necessidades reconhecidas pelos governantes de “abrasileirar” os estrangeiros,

imigrantes que, ao se estabelecerem, além do desbravamento das terras,

começaram também a implantação de escolas. (MAGALHÃES, 2001).

No Paraná, quando da instalação da Província, a situação da instrução

pública era precária. Apenas 615 alunos frequentavam os cursos de primeiras letras,

numa população de 62.0000 habitantes. O ensino secundário era praticamente

inexistente e o pouco que havia em Curitiba buscava atender à demanda local e do

interior da Província. (TRINDADE E ANDREAZZA, 2001, p. 61). Observa-se,

também, como foi citado anteriormente, a conveniente separação entre meninos e

meninas. Muitos colégios no Paraná estavam sujeitos a uma subvenção do

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Governo. Muito se “falou” em abuso de poder, castigos corporais, infrações ao

regulamento. Mas nenhuma medida foi corretamente tomada, apenas mudança, às

vezes, de quem estava da Direção da Instituição. Nem todos os estudantes da

sociedade paranaenses ficavam sujeitos à educação ofertada pelo Estado. Para

seus estudos superiores, os jovens da elite econômica paranaense recorriam às

faculdades europeias, ou de São Paulo, Recife e Rio de Janeiro, iniciativa somente

acessível a quem tinha recursos para tal.

Muitas escolas foram implantadas, mesmo que isoladamente, a partir do

significativo crescimento no cultivo do café no Paraná, por volta de 1890. o que seria

relevante para a integração com o restante do Estado, a partir de 1924. A partir de

1930, um novo governo é instituído, e cria-se o Ministério da Educação e Saúde

Pública, com a preocupação em oferecer melhor treinamento e qualificação de mão

de obra básica. Em 1947, se instalam em quase todos os municípios do país os

cursos de ensino supletivo. (GILES, 2007) Em todo esse processo, o Estado

desempenha pouco papel ativo, limitando-se praticamente a propor soluções de

imediato para os muitos problemas que surgem provocados pela nova realidade

sócio econômica (idem, 2007).

Com o regime militar, em 1964, a História passa a narrar fatos históricos com

caráter heroico: visão estritamente política. Com a Lei 5692/71, o Estado organiza o

Primeiro Grau de oito anos e o Segundo Grau Profissionalizante, pensando numa

mão de obra para o mercado de trabalho, com formação tecnicista. No contexto da

redemocratização do Brasil, em meados da década de 1980, surge o Ciclo Básico,

que procura valorizar as ações dos sujeitos em relação ao processo histórico da

sociedade. Mais tarde vem a divisão em História do Brasil e Geral (1º Grau) e as

reformas educacionais da década de 1990:

Parâmetros Curriculares – 1997 a 1999;

Ciências humanas e suas tecnologias: Geografia, Sociologia, Filosofia e

História para o Ensino Médio;

História do Paraná para o Ensino Fundamental.

Observa-se, assim, que as mudanças ocorrem conforme a troca de sistemas

de governos e também, de interesses sócio/político/econômico e religiosos.

Para BUFFA (2002), a pesquisa acerca das instituições escolares é uma

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forma de estudar a história e a filosofia da educação brasileira, na medida em que as

instituições que compõem os sistemas escolares estão impregnadas pelos valores

de cada época. Essa pesquisa tem como possibilidade “superar a dicotomia entre o

particular e o universal, o específico e o geral, o concreto e o conceito, a história e a

filosofia.” (BUFFA, 2002, p. 26). assim, pode-se compreender o alto nível de

complexidade entre as relações de trabalho e educação, o entendimento de que o

particular é uma expressão do desenvolvimento entre visões gerais e descrições do

singular e, a consideração da história das instituições educativas como uma ação de

interpretação, não apenas descritiva.

Desde a década de 1990, (ARNAUT DE TOLEDO; ANDRADE, 2013) a

pesquisa sobre instituições escolares conquistou amplo espaço nos vários

programas de educação, principalmente nos de pós graduação. A temática que

discute a história e a historiografia das instituições educativas atraiu um considerável

número de pesquisadores, vinculados, em sua maioria, à história da educação.

Olhar sob um novo prisma a possibilidade de se escrever (ou reescrever) a história

da educação brasileira não só baseada nos documentos oficiais se tornou uma

motivação para muitos pesquisadores na área de investigação às instituições

escolares. Nasce a possibilidade de conhecer o contexto histórico, político e social

que a criou (ANDRADE). Novos temas como práticas educativas, instituições

escolares, educação à distância, educação rural, educação indígena, educação

especial, entre outras, entraram em pauta na historiografia da educação. Segundo

Demerval Saviani, “propõe-se a reconstruir historicamente as instituições escolares

brasileiras implica a existência dessas instituições que, pelo seu caráter durável, têm

uma história que nós não apenas queremos, mas também necessitamos conhecer.”

(SAVIANI, 2013, p. 29).

Quando se toma a decisão de pesquisar a história de uma instituição escolar

ou de uma instituição educativa, o condicionante inicial que se põe é o da

temporalidade”. (SANFELICE, 2007). O estudo deve nortear o que já se passou e o

que está se passando na história das Instituições do Brasil e do Paraná, e também

da Instituição em questão, a local, o C.E.P.C.B.

Para compreender a trajetória das instituições escolares, a primeira

observação a ser feita parece ser a de que a escola é uma instituição educativa,

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entre outras, com as quais se relaciona em termos diacrônico, com mudanças que

vêm ocorrendo ao longo da história e sincrônica, estabelecendo relações com o

presente. (SAVIANI, 2007, p 8). De acordo com Mirian Jorge Warde, as pesquisas

em história da educação no Brasil só tiveram início na década 1950. Surgiu no Setor

de Educação da Universidade de São Paulo, com um projeto de construção de uma

história da educação brasileira, com base num levantamento de documentos

originais (WARDE, 2006).

Ainda que tais desafios se coloquem no cotidiano da pesquisa, alguns

grupos vêm se dedicando nesta linha como, por exemplo: Universidade Federal de

Uberlândia (UFU/MG); Universidade Federal de São Carlos (UFSCar/SP); o do

Centro Universitário Nove de Julho (UNINOVE/São Paulo); o do Mestrado da

Universidade de Sorocaba (UNISO/SP). Entre eles, merece destaque, o HISTEDBR,

sediado na UNICAMP e seus GTs espalhados pelo país. O GT de Cascavel, PR,

HISTEDOPR- História, sociedade e educação Oeste do Paraná, do qual somos

membros, vêm se dedicando nesta direção há quatro anos. O grupo de pesquisa

HISTEDOPR – História, sociedade e educação Oeste do Paraná, localizado em

Cascavel, PR vinculado ao HISTEDBR/UNICAMP vem se estruturando, procurando

integrar ensino, pesquisa e extensão, articulando o Ensino Fundamental, Médio e

superior com a comunidade para garantir um melhor conhecimento sobre a história

da educação, principalmente a regional. Esta iniciativa potencializou a pesquisa e o

conhecimento da história da educação regional, contribuindo para o melhor

conhecimento da História da Educação Brasileira, trazendo à tona muitos aspectos

desconhecidos por muitos pesquisadores. Um breve balanço sobre as monografias

produzidas até o momento revela um conjunto significativo de produção acerca das

instituições escolares.

Enfatizando a importância da reconstrução histórica das Instituições

Escolares recordo das palavras do historiador Hobsbawm, quando diz que: “O

passado é, portanto, uma dimensão permanente da consciência humana, um

componente inevitável das instituições, valores e outros padrões da sociedade

humana”. Ou: “[...] o passado continua a ser a ferramenta analítica mais útil para

lidar com a mudança constante, mas em uma nova forma”. (1998,). Vale ressaltar,

que no trabalho de reconstrução histórica é importante a relação do pesquisador

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com as fontes, pois “a amplitude do olhar do pesquisador se dá ao levantar as

fontes. Aí ele não identifica apenas objetos específicos, mas descobre outras

questões sociais que demarcam um período. (MIGUEL, 2004).

Sabemos dos riscos que a modalidade de pesquisa sobre as instituições

escolares apresenta, mas entendemos e consideramos de relevante importância ser

valorizado. Tal pesquisa pode suscitar em qualquer pessoa o interesse para os

estudos da história local e nacional. Assim se pensou durante todo o processo de

pesquisa referente a este Artigo. O estudo e seus resultados devem ser

significativos, em seu sentido qualitativo e quantitativo no que se refere à garantia da

preservação de um acervo de fontes indispensáveis às pesquisas no campo da

História da Educação brasileira.

3. IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA: ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

A seguinte Produção Didático-pedagógica teve como objetivo levar os alunos

do 3º Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Presidente Castelo Branco do

município de Clevelândia – Pr, turno matutino, faixa etária entre 15 e 18 anos, ao

“estudo dos processos históricos e a significação atribuída aos sujeitos, e às

relações entre humanos e não humanos, tendo ou não consciência dessas ações”

(DCEs, 2008, p.46), contando com a participação de 21 alunos. Ainda relacionado

ao Tema, observou se o trabalho com fontes históricas orais e escritas, para que o

aluno investigasse e conhecesse melhor a história da Instituição que ele frequenta,

relacionando a temporalidade, a simultaneidade e as permanências da atividade

educacional. Foi necessário o aluno conhecer a história de sua instituição e perceber

que além dele, outras pessoas de seu município e de sua comunidade, também

ajudaram construir essa história.

Para que esse entendimento fosse posto em prática, iniciou se com uma

aula sobre a Educação no Brasil, começando pelo período jesuítico, passando pelo

Primeiro e Segundo Reinado e chegando à República, conhecendo o movimento da

Nova Escola e o período do Estado Novo, percebendo como a educação atuou nos

períodos entre 1946 a 1964, perpassando os anos 80, a discussão pela LDB até as

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mudanças nas últimas décadas. Tudo isso apresentado de forma clara e objetiva em

um slide que trará imagens, datas e tópicos.

Após essa apresentação, ocorreu um breve debate para questionar e tirar

dúvidas. Para complementar o trabalho iniciado com os slides (PREZI), os alunos

assistiram ao filme “A Missão”, baseado em fatos reais que retratam a vinda de

jesuítas ao Brasil, com a missão de “educar” os povos que aqui viviam. Escrito por

Robert Bolt e dirigido por Roland Joffé, é uma obra inglesa de 1986, onde a maior

parte do filme foi gravada em Foz do Iguaçu – PR. Esta obra apresenta de forma

clara e muito atraente, como se deu o início do trabalho jesuítico, o que agradou e

desagradou às Coroas, a música como método educativo e o “educando” como

centro desse processo.

Em seguida, o questionamento foi livre, dando prioridade ao que os alunos

expuseram como dúvidas. Foi direcionado aos alunos, uma pesquisa bibliográfica

sobre o Presidente da República, Castelo Branco, o qual foi dado o nome do Colégio

onde eles estudam. É o momento da História onde costumava-se utilizar o nome de

um Presidente em uma instituição escolar. A pesquisa está disponível no site

http://www.infoescola.com/historia/governo-de-castelo-branco/, mas os alunos

pesquisaram em outros sites educativos.

Outro momento de pesquisa foi o de questionar os alunos sobre que outros

tipos de escolas existem no Brasil. Depois, no Laboratório de Informática, eles

pesquisaram sobre essas escolas e, mais tarde, escolheram uma delas para uma

visita – a APAE - onde os alunos puderam ver, na prática, outras formas de ensino

aprendizagem.

Dando continuidade, os alunos levaram para casa um pequeno questionário,

buscando informações sobre pessoas que já estudaram nessa mesma instituição

escolar. Essa atividade buscou resgatar a história do próprio aluno, levando-o a

perceber que a Educação é contínua, que outras pessoas de sua família estudaram

e estudam na mesma escola que eles. Buscou se, também, registro dessas

respostas através de fotos que estão disponíveis nessa instituição.

O Colégio Estadual Presidente Castelo Branco possui um site. Nesse

momento, os alunos pesquisaram sobre a História do seu Colégio, percebendo que

ela só tem registro de forma escrita somente a partir da década de 80. E, também,

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puderam perceber a evolução histórica da sua instituição.

Para complementar essa pesquisa, convidamos uma pessoa para conversar

com os alunos. Essa pessoa é uma ex-Diretora, que veio contar um pouco sobre o

momento que ela esteve à frente da Direção dessa Instituição. A conversa foi livre e

os questionamentos surgiram da curiosidade dos alunos. Através da conversa com

essa Diretora, os alunos descobriram quem foram alguns dos outros Diretores, e

tentaram conseguir fotos deles, para que, ao final desse Caderno Pedagógico,

pudéssemos deixar para o Colégio, quadros com fotos de todos os Diretores que

trabalharam e se dedicaram a essa Instituição.

Conhecendo melhor a História de sua Escola, agora chegou o momento

para que os alunos construíssem uma Linha do Tempo, onde ficou registrada a

evolução histórica de sua Instituição. E, ao final desta, uma maquete, com a ajuda

de professores da área de Matemática. Com o auxílio de professores na área de

Português, os alunos organizaram um pequeno concurso de poesias, onde outros

alunos de outras turmas participaram, criando uma poesia sobre a história do seu

colégio, o Colégio Estadual Presidente Castelo Branco. E para finalizar, a fixação

dos quadros onde estão, para continuidade dessa História, alguns dos antigos

Diretores e o atual.

4 DISCUSSÕES NO GRUPO DE TRABALHO EM REDE – GTR – PDE

Os Grupos de Trabalho em Rede – GTR - constituem uma atividade do

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que se caracteriza pela

interação virtual entre os Professores PDE e os demais professores da Rede Pública

Estadual, que estão, nesse momento, atuando em sala de aula. O GTR constitui

uma das estratégias utilizadas pelo programa para socializar, com os demais

Professores da Rede, os estudos que os Professores PDE realizam no Programa.

Além disso, as produções apresentadas e discutidas no GTR constituem mais uma

possibilidade pedagógica que os Professores podem utilizar em suas práticas. O

GTR Turma PDE 2013 teve início em de março de 2013 e término em maio de 2014,

num total de 60 horas, com 17 cursistas inscritos, sendo que 16 finalizaram o curso,

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no 3º período do programa, conforme instruções da SEED; o material trabalhado foi

desenvolvido pelo professor PDE com seu orientador da IES considerando as

etapas do plano de trabalho.

No primeiro momento foi um encontro para que ocorressem as orientações

de como trabalhar com a plataforma por meio de curso com a equipe da CRTE

(Coordenação Regional de Tecnologia na Educação do Núcleo Regional de

Educação), os encaminhamentos para cada módulo e como se comunicar com os

integrantes da rede.

Através do GTR, o professor tutor esteve em contato com os professores

cursistas, onde houve a possibilidade de troca ideias e conhecimentos sobre suas

práticas pedagógicas e, ao mesmo tempo, sugestões sobre o tema trabalhado neste

projeto PDE.

As atividades propostas foram todas postadas dentro dos prazos.

Na temática 1 foi apresentado o projeto O COLÉGIO ESTADUAL

PRESIDENTE CASTELO BRANCO – CPECB – SUA HISTÓRIA, SEUS ALUNOS E

A VIVÊNCIA COTIDIANA, onde procuramos discutir sobre a importância em se

conhecer a história da Instituição que os nossos alunos frequentam, mas

principalmente, orientar que eles mesmo pesquisem e investiguem sobre a história

que faz parte do seu cotidiano.

Muitos professores cursistas concordaram com a ideia de levar o aluno à

pesquisa, de deixar que ele veja, na prática, como trabalhar com as fontes, tanto

orais como escritas. Além de ele perceber como se constrói todo esse processo, ele

passa a reconhece o valor da história local, das muitas pessoas que já deixaram sua

marca nesse caminho. E estes professores também deixaram claro a possibilidade

de se trabalhar com as mesmas práticas abordadas nesse projeto, em outros

temas/assuntos na disciplina de História. Também percebem, como eu, a dificuldade

em se encontrar registrada a história das instituições e da dificuldade em se obter e

confiar em fontes orais.

Na temática 2 foi apresentada a Produção Didático Pedagógica elaborada

enquanto estratégia metodológica para ser analisada, discutida e gerar

contribuições, sendo que o destaque era como integrar o aluno nas atividades

escolares de pesquisas investigativas, neste caso, pesquisar a história de sua

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Instituição.

Novamente a maioria dos professores cursistas concordaram e discutiram

sobre a capacidade que o aluno tem de (re)construir a História de sua Instituição

Escolar a partir do trabalho proposto, basta ter interesse, porque temos alunos que

querem e que não querem aprender ou adquirir o conhecimento. Outros comentam

da importância em se garantir ao aluno, no processo de ensino-aprendizagem, o

desenvolvimento de sua criticidade, a partir dos conteúdos trabalhados em sala de

aula e quando estes são enriquecidos com projetos pedagógicos, como este, que

envolve leitura, reflexão, pesquisa, desconstrução de conceitos pré - estabelecidos,

que possibilitam um novo olhar para a realidade circundante, aluno passa a entender

-se como sujeito histórico e artífice deste mesmo processo.

Em relação a nós professores, o exercício da reconstrução histórica deve ser

uma prática e ferramenta (fantástica) constante no processo de ensino -

aprendizagem e começando pelo local imediato de nossa ação pedagógica pode ir

se alargando para a constituição histórica das famílias, do município, do estado, do

país, do mundo, com diferentes perspectivas e sempre objetivando um determinado

problema.

Na temática 3 foi socializado a aplicabilidade das ações de Implementação

do Projeto de Intervenção na Escola onde as atividades desenvolvidas com os

alunos buscaram resgatar a história da Instituição C.E.P.C.B, através de pesquisas

em fontes orais e escritas. Os participantes demonstraram sua satisfação e também

suas dúvidas e experiências em estar participando de um GTR que os motivou a

refletir sobre a importância da construção de sua própria história e do grande

envolvimento do educando como pesquisador.

No item VIVENCIANDO A PRÁTICA, os participantes deveriam, baseados

nas ações de Implementação do Projeto de Intervenção na Escola, escolher uma

ação e aplicar na sua escola ou relatar uma experiência relacionada a uma das

ações da proposta de implementação, ou ainda, sugerir uma atividade a ser

desenvolvida e os objetivos pretendidos. Os participantes se posicionaram relatando

suas práticas e observamos que foram várias sugestões muito interessantes que

complementariam muito bem o projeto. Foram propostas atividades com produção

de textos, cartazes, slides e confecção de jornais, além das atividades que já estão

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propostas nesse projeto, a serem realizadas com alunos tanto do Ensino

Fundamental como do Ensino Médio.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história é uma das únicas ciências que possibilita a percepção do indivíduo

como agente da história, e com certeza o aluno pode se perceber como parte da

história e principalmente como um construtor da própria história. A atividade

proposta na produção possibilita a nós educadores chegarmos a pesquisas mais

profundas sobre a história local, pouco trabalhada e às vezes até ignorada por vários

historiadores. O conhecer a si mesmo para conhecer o que o cerca, para um aluno

se torna fundamental e ao mesmo tempo gera na construção desse indivíduo uma

valorização do que está a sua volta e que muitas vezes é ignorado e desprezado. O

educador tem uma função primordial nesse processo de transmitir o conhecimento e

criar uma consciência de valorização da história local.

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