Upload
vominh
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
USO RACIONAL DA ÁGUA NA ESCOLA
Alzira Willemann1
Wagner José Martins Paiva2
RESUMO
O presente trabalho relata a implementação da proposta de intervenção pedagógica
no Colégio Estadual Nereu Ramos – EFM, envolvendo alunos do nono ano do
ensino fundamental com o intuito de trabalhar questões envolvendo o desperdício de
água no colégio como prioridade e também no âmbito familiar e social. Este contou
com atividades teóricas e práticas que visaram determinar, de uma maneira
palpável, o desperdício de água em atividades do cotidiano dos alunos e seus
familiares, a fim de sensibilizar quanto ao impacto de tais comportamentos sobre o
consumo individual e coletivo desse bem que se torna cada vez mais escasso. O
conjunto de atividades implementadas nesse projeto possibilitaram que os alunos
pudessem investigar e dar significado a vários temas comumente mediados em sala
de aula. Ao concluir o trabalho verificou-se que mudanças aconteceram nos hábitos
dos alunos, como diminuição do consumo de água no colégio e um maior senso
crítico em relação aos problemas do ambiente provocados pela intervenção humana.
Palavra-chave: Água; desperdício; preservação; hábitos sustentáveis.
Abstract
This paper describes the implementation of educational intervention proposal in the
State College Nereus Ramos - FSM, involving students of the ninth year of basic
education in order to address questions involving the waste of water in high school
as a priority and also the family and social context. This included theoretical and
practical activities that aimed to determine, in a tangible way, the waste of water in
daily activities of students and their families, to raise awareness about the impact of
such behavior on the individual and collective consumption of those goods that
1 Aluna PDE 2014
2 Professor Orientador
becomes increasingly scarce. The set of activities implemented in this project
enabled students could investigate and give meaning to various topics commonly
mediated in the classroom. To complete the work it was found that changes have
occurred in the habits of students, such as reduced water consumption at school and
greater critical sense in relation to environmental problems caused by human
intervention.
Keyword: Water; waste; preservation; sustainable habits.
1 – INTRODUÇÃO
Este trabalho teve por objetivo sensibilizar a comunidade escolar sobre a
importância e a responsabilidade de cada pessoa com o consumo consciente. Para
cumprir tais objetivos, foram trabalhados textos bem como implementados atividades
práticas junto aos alunos e que abordaram a importância da água e um consumo
consciente. Procurou-se chamar a atenção para pequenos hábitos corriqueiros do
cotidiano para economia de água e não ao desperdício. Nesse estudo, também,
foram realizadas reflexões, debates sobre a importância da conservação das
nascentes, de rios, e, a possibilidade de escassez futura de água devido à
degradação ambiental.
A atividade se baseou em estudos relacionados com a conservação da
água, economia e não ao desperdício, bem como, mudar hábitos na escola, em
casa, valorizando este líquido tão precioso que é a água. O eixo norteador dessa
intervenção no Colégio foi baseado nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica
de Ciências (2008), que define:
É função da escola e nossa, como educadores, colaborar para a formação de pessoas capazes de agir com autonomia, criatividade e que possam atuar de modo responsável como cidadãos capazes de compreender e opinar a respeito de temas relacionados a ciências e tecnologias. Para que isso aconteça, acreditamos que seja de grande importância compreender os fenômenos naturais, conhecer os avanços tecnológicos e impactos sobre o meio ambiente.
Essas atividades foram desenvolvidas em quatro fases: 1. Elaboração do
projeto; 2. Produção Didática-Pedagógica (Unidade Didática); 3. Implementação do
Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola e 4. Elaboração de artigo cientifico
para a conclusão do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional).
2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A água é uma substância formada por dois átomos de hidrogênio e um de
oxigênio, sendo quimicamente representada pela fórmula H2O. Ela é a molécula
mais abundante na superfície do planeta Terra, cobrindo cerca de 70% de sua
superfície nas formas líquida e também em gelo e na atmosfera como vapor.
Sendo a água mais comum na superfície da Terra, apresenta algumas
propriedades, é considerada solvente universal, é encontrada na natureza raramente
pura e transparente, como o são as águas utilizadas nas pesquisas científicas. Além
disso, ela tem a capacidade de assumir diversas formas, tais como a sólida, como é
o caso do gelo, a gasosa, conhecida como o vapor d’água, e a forma líquida, a qual
nos referimos como água.
Rebouças (2006) explica que a água é um termo que, no geral, refere-se
ao elemento natural. Contudo, existe também o termo “recurso hídrico”, que
considera a água como um bem econômico. Vale ressaltar que nem toda a água é
um recurso hídrico, pois nem sempre sua utilização tem viabilidade econômica.
A água é fonte da vida para a espécie humana. A água é o elemento mais
crítico e importante para a vida, sendo o corpo humano formado por 70% de água,
presente em músculos, órgãos, ossos e sangue. A maioria dos pesquisadores
concorda que a ingestão de água pura é um dos mais importantes fatores para a
conservação da saúde, prevenção das doenças e proteção do organismo contra o
envelhecimento. Não é para menos que cerca de 10 milhões de pessoas morrem
anualmente de doenças transmitidas pela água (RAINHA 2009, p. 5).
A interferência do ser humano sobre a Natureza possibilita incorporar
experiências, técnicas, conhecimentos e valores produzidos na coletividade e
transmitir culturalmente. Sendo assim, a cultura, o trabalho e o processo educacional
asseguram a elaboração e a circulação de conhecimentos, estabelecem novas
formas de pensar, de dominar a Natureza, de compreendê-la e se apropriar dos
seus recursos (PARANÁ, 2008).
A humanidade usa os recursos naturais como se eles fossem
inesgotáveis. É aí que mora o perigo, pois eles levaram muitos anos para ser
formados pela natureza.
A Educação Ambiental busca estabelecer uma nova aliança entre a
humanidade e a natureza, desenvolvendo uma nova razão que não seja sinônimo de
autodestruição, exigindo o componente ético nas relações econômicas, políticas e
sociais (REIGOTA, 1994).
A água é a seiva do nosso planeta, ela é a condição essencial de vida de
todo ser vegetal, animal ou humano. O direito a água é um dos direitos essenciais
do ser humano. É preciso cuidados de preservação com os mananciais, para isso as
matas ciliares devem ser preservadas é Lei e dever dos cidadãos, pois, as mesmas
mostram-se insuficientes, havendo em muitos casos a erosão das margens dos rios
causando o assoreamento em determinado ponto da bacia hidrográfica. Ainda se
tem o problema com relação à biodiversidade principalmente com espécies
endêmicas e como se dá a regeneração natural das espécies (CARMO, 2002).
Vivemos no planeta água cuja preciosa película de água – na sua maioria, água salgada – cobre cerca de 70% da superfície terrestre. Todos os organismos são compostos por uma grande parte de água. Olhe-se no espelho. O que você vê é 60% de água, a maior parte disso está dentro de suas células. (MULHER, 2007).
Conforme o Portal São Francisco (2013), a água doce utilizada pelo
homem vem de represas, rios, lagos, açudes, reservas subterrâneas e, em alguns
casos, do mar e, até chegar as nossas residências, a água passa por um longo
processo de purificação. Após o uso, antes de retornar à natureza, deve ser tratada
novamente, de forma a evitar a contaminação de rios e reservatórios. Por isso a
importância do investimento público em redes de captação de esgotos e a
conscientização de todos para o correto descarte de qualquer substância ou material
na natureza, inclusive da água.
No que se tange à proteção ao meio ambiente, dedicar a devida atenção às matas ciliares talvez seja pouco, diante do cenário de devastação natural que se descortina diante de nossos olhos. Porém, é uma das muitas formas pelas quais se podem buscar fazer valer o mandamento constitucional de preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. (SANTOS, 2010).
Mesmo sabendo o quão vital a água é para a vida, o homem não traduz
esse conhecimento em atitudes de preservação. Continuando a desperdiçar água,
poluindo rios, lagos e nascentes.
Conforme Victorino (2007, p. 22), cerca de 70% da superfície do nosso
planeta é coberta pela água. Pela lógica, parece haver água em quantidade
suficiente para toda a população, certo? Não seria então um absurdo falar em
escassez de água?
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) o uso da água triplicou de 1950 para cá, e a estimativa é de que nos próximos 20 anos o homem usará 40% a mais de água do que usa atualmente. Preocupante, não? Pare um segundo e imagine como ficarão as pessoas que, no presente, já sofrem com a falta de água. Porém, os problemas relacionados com a água estão mais ligados à má administração do que propriamente à escassez natural. Isso significa que é possível e podemos fazer um futuro melhor se soubermos utilizar a água de maneira correta. Com o objetivo de chamar a atenção da população para a crise da água e buscar soluções para um problema que pode se tornar cada vez mais grave, a ONU instituiu, em 22 de março de 1992, o Dia Mundial da Água. Também foi criado um documento intitulado “Declaração Universal dos Direitos da Água”, do qual constam dez artigos que mostram a importância da água, tratando-a como condição essencial da vida na terra. Se hoje muitos países lutam por petróleo, não está longe o dia em que a água será devidamente reconhecida como o bem mais precioso da humanidade (RAINHA, 2009, p. 6).
A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo,
cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos
olhos de todos (Declaração Universal dos Direitos da Água – artigo 1º).
De acordo com Tomaz (2003), um terço da população mundial sofrerá a
falta de água ainda neste século. Medidas urgentes de preservação e recuperação
devem ser tomadas, através de metas e objetivos estabelecidos neste sentido e
também dos compromissos que todos devem assumir. Contudo, a água, é um
recurso finito e o seu uso deve ser limitado, sendo necessária a preservação de
lagos, rios e represas (TUNDISI, 2009).
A água doce é apenas 1% da água no planeta apropriada para beber ou ser usada na agricultura. O restante corresponde à água salgada dos mares e ao gelo dos polos e montanhas. Hoje, a humanidade utiliza metade das fontes de água doce do planeta. Em quarenta anos, utilizará 80%. A situação fica mais grave quando se considera que 50% dos rios do mundo estão poluídos (VEJA, 2008, p. 97).
Todos os organismos vivos contêm água, que aparece como o
constituinte químico mais abundante da célula, participando diretamente dos
principais processos vitais. É só lembrar que na fotossíntese, processo básico da
vida, o gás carbônico e a água são usados para a síntese de glicose, o principal
elemento energético da célula.
A ONU em seu art. 7º da Declaração Universal dos Direitos da Água, diz
que: “A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada”. De
maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para
que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade
das reservas atualmente disponíveis.
Sendo a água um recurso natural, e necessário em todos os aspectos da
vida, é preciso assegurar uma oferta adequada de água doce a toda a população do
planeta. Esta é uma das metas da Agenda 21 e tarefa da Federação, estados e
municípios (BARBIERI, 1997).
A Escola como formadora de opinião e construtora de conhecimento é
com certeza, o meio mais adequado, para que se desenvolva um trabalho
harmonioso, onde a consciência e a sensibilidade se unam por um mundo mais
sustentável, assim como constatamos que “a escola é formadora ou transmissora de
conhecimento, em contrapartida, a maioria indicou esta como construtora da
cidadania” (CARMO; SACRAMENTO E ANDRADE, 2014, s/p)
3 – CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
Para a realização desta implementação optou-se em uma proposta que
visa criar maneiras de aprendizado a partir das situações de vivência dos educandos
de modo que ocorra a construção de significados mais complexos e a possibilidade
de refletirmos nossas práticas pedagógicas em sala de aula, tendo como prioridade
a educação e a conscientização para uma ação social. Nesse caso, foi escolhido o
consumo da água na atualidade escolar, sendo este o objeto de estudo para uma
leitura da realidade.
Foram sugeridas mudanças de hábitos que levem à elaboração de
conteúdos mais significativos e contextualizados à realidade dos alunos, através da
problematização, da motivação e do desafio, para que os alunos entendam a
importância da participação, do envolvimento e da interação deles nas atividades
sugeridas.
Segundo Gasparin (2005), o ponto de partida de um novo método não é a
escola, nem a sala de aula, mas a realidade social mais ampla. A leitura crítica de
uma realidade torna-se possível apontar um novo pensar e agir pedagógico. Esse
pensamento foi o tema gerador desse trabalho, “Uso Racional da Água na Escola”
que levou a uma reflexão sobre um problema constatado, que envolve o desperdício
cotidiano da água na escola, em casa, enfim, em qualquer ambiente que o aluno e
comunidade esteja inserido. Com a intenção de conscientizar e alertar a comunidade
local para juntos tentarmos melhorar e contribuir com a preservação desse bem
líquido “a água”, pois a instituição escolar tem responsabilidade de formar cidadãos
conscientes e participativos em uma sociedade.
3.1 – Relatando a implementação
Esta pesquisa foi realizada no Colégio Estadual Nereu Ramos – EFM, no
município de Manoel Ribas região central do Estado do Paraná. A localidade tem
características rurais, a maioria mora e trabalha em propriedades rurais pequenas. O
colégio funciona em três turnos, oferecendo Ensino Fundamental e Médio.
A implementação do Projeto PDE “Uso Racional da Água na Escola”,
iniciou-se com a sua apresentação junto aos professores, equipe pedagógica,
direção e agentes educacionais do Colégio na semana pedagógica, no início do ano
letivo.
Este trabalho foi implementado na turma do 9º ano A do ensino
fundamental e envolveu 25 alunos que, além de trabalharem o conteúdo em sala de
aula, levaram os temas tratados para suas casas e, juntamente com a família,
realizaram observações sobre alguns hábitos diários de uso da água. Esse tema
começou a ser trabalhado a partir do mês de fevereiro de 2014, sendo
implementadas discussões em sala de aula, bem como algumas práticas na escola,
e outras atividades extraclasses.
4 - RESULTADOS
Atividade 1: Visita à SANEPAR de Manoel Ribas
Como estímulo ao desenvolvimento maior com o problema de desperdício
de água em qualquer ambiente, seja ele, escolar, familiar, social..., os estudantes
acompanhados pela professora PDE se dirigiram à estação de tratamento de água
do município para observação do processo de purificação da água. A visita, de suma
importância, teve como finalidade relacionar a teoria à prática. Esta atividade
requereu uma preparação anterior, como solicitar uma autorização ao responsável
da empresa para a realização da visita, bem como encaminhar autorização, escrita
aos pais, para que autorizassem seus filhos a participarem da atividade de visita à
estação de tratamento de água do município (Figura 1). Com isso, os estudantes
puderam descobrir, visualizar o processo de purificação da água e posterior
distribuição à população. O funcionário da SANEPAR que nos recebeu esclareceu
muitos questionamentos feitos pelos alunos, tipo: Como é realizado a captação da
água? Qual o custo financeiro disso? Quais os estabelecimentos que mais
consomem água neste município? Como se dá a distribuição da água? Além de
outras questões.
Concluídos os trabalhos da visita à SANEPAR, em outro momento os
alunos produziram cartazes, poesias, paródias que demonstrassem os cuidados
necessários para com a água. Também foi realizado exposição de fotos no pátio do
Colégio sobre essa visita.
A B C
Figura 1: (A) No momento da visita à SANEPAR. (B) Alunos participantes desta Implementação. (C)
Copo d’água ofertado aos alunos durante esta visita.
Atividade 2: Atividade Prática: Consumo individual e coletivo de água
Nesta atividade, os alunos foram convidados a se direcionar ao pátio da
escola para a realização desta atividade. Os 21 alunos presentes neste dia,
escovaram os dentes com a torneira aberta, para isso, havia um coletor de água
improvisado que era um balde com graduação em litros, utilizado para medir o
consumo total de água, que foi no total de 45 litros, isso significa que o desperdício
médio de água por estudante, seria de 2,1 litros. E em seguida, os alunos
escovaram os dentes com a torneira fechada, ou seja, cada aluno recebeu um copo
de 300 ml, representando um consumo significativo, gastou-se 6,3 litros de água, ou
seja, cada aluno consumiu apenas 300 ml de água. Com esses dados em mãos, o
professor de matemática realizou uma série de cálculos para que os alunos, bem
como a comunidade escolar, tivessem uma ideia desse desperdício.
A figura (2) abaixo mostrando a quantidade de água tomado a partir da
escovação de dentes com a torneira aberta e com a torneira fechada (usando um
copo de água), num total de 21 alunos (Figura 3).
Figura 2: Gráfico representando o consumo de água ao escovar os dentes.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
torneira aberta torneira fechada
Lit
ros d
e Á
gu
a
A B C
D E
Figura 3: (A) Alunos escovando os dentes com a torneira aberta. (B) Escovando os dentes e medindo
a água usando um balde graduador. (C) Ao escovar os dentes com a torneira aberta, o
gasto de água foi enorme. (D) e (E) Alunos escovando os dentes apenas um copo de água
(300 ml).
Atividade 3: Construção do painel sobre economia de água
Após a realização de atividades realizadas como textos, paródias, análise
de contas de água das famílias, monitoramento na escola do consumo de água,
vazamentos em torneiras e vasos sanitários, optou-se por divulgar esses resultados
a toda comunidade escolar. Neste caso, realizou-se um painel nas dependencias da
escola com imagem de atividades realizadas pelos alunos, fotos, folders que
retratem atitudes de economia de água.
Com a construção do painel foi possível visualizar atos e atitudes de
economia de água; o aspecto positivo observado durante o desenvolvimento desse
atividade é que estes perceberam que tinham ideia sobre o desperdício, mas não
imaginavam o quanto ele representava. Visualizando imagens, fotos, grande parte
dos alunos ficaram sensibilizados com atitudes corriqueiras, as quais mostravam
economia de água e em outras deperdício de água.
Atividade 4. Trabalho de grupo de pesquisa na Internet sobre economia de
água
Os estudantes utilizaram o laboratório de informática para realizar
pesquisas que demostraram atitudes de valorização a este líquido precioso: água,
bem como a quantidade de água potável em nosso planeta e a degradação
ambiental provocada pelo homem. Também foram pesquisadas formas simples e
práticas de como cada cidadão pode ajudar diminuir os impactos no ambiente, tais
como: tomar banhos rápidos; escovar os dentes e esfregar a louça com a torneira
fechada; acabar com os vazamentos em casa; reutilizar a água da chuva; lavar o
carro usando apenas um balde, ao invés de mangueira, dentre outras. Além disso,
também foram abordadas questões como: importância da separação do lixo
orgânico e reciclável; a destinação correta desses tipos de lixo etc. Com os dados
em mãos, os alunos foram estimulados a fazerem apresentação de paródias em sala
de aula para colegas e, também no pátio do Colégio para a apreciação dos demais
alunos (Figura 4).
A B
C D
Figura 4: (A) e (B) Alunos no laboratório de Informática pesquisando na Internet atitudes de
valorização da água para a vida na Terra. (C) e (D) Trabalho em grupo sobre composição
de paródias dando destaque a economia de água.
Atividade 5: Análise de contas de água das famílias
Foi solicitado para que os alunos envolvidos neste projeto
acompanhassem por um período a leitura dos hidrômetros das suas residências,
para que verificassem a quantidade de água consumida pelas suas famílias. Este
trabalho foi feito durante alguns meses, contando com a colaboração dos pais
desses alunos, que nos forneceram a conta de água para que pudéssemos
acompanhar o consumo mensal das famílias. Também foi realizado junto aos
alunos, como se faz uma leitura correta de uma conta de água, embora parte da
turma não receba água tratada pela SANEPAR, usa água de minas, poços comuns,
outros. No desenvolvimento dessa atividade, alguns pais dos estudantes envolvidos
no projeto, relataram que eles foram cobrados com atitudes que visavam diminuir o
consumo diário de água, tais como o controle do desperdício, a reutilização da água,
a captação da água das chuvas, dentre outras. Inclusive, eles relataram que um
grande problema com os banhos demorados dos filhos foram sanados com essa
conscientização.
Durante essa etapa, parte dos alunos trouxeram imagens pesquisadas
em revistas e jornais que mostravam a degradação ambiental das cidades, o
desperdício de água e os problemas oriundos do uso irracional desta, permitindo a
cada atividade realizada a construção do conhecimento a partir da realidade
implícita em seu dia a dia.
Atividades com o Grupo de Trabalho em Rede – Capacitação a Distância
Como parte da implementação desse projeto, foi criado um Grupo de
Trabalho em Rede (GTR), que é um curso de capacitação à distância, com a
professora PDE, atuando como Tutora. Os professores cursistas desse GTR
participaram ativamente nas atividades propostas, sendo desafiados a aplicarem-
nas junto aos seus alunos.
Os professores cursistas consideraram que o conjunto de atividades foi
de grande importância para os professores da área de Ciências. Isso porque elas
permitiram o aprofundamento dos conhecimentos, a troca de experiência e o debate
de questões ambientais relacionadas com o mau uso e o desperdício de água.
Segundo o grupo, o tema deste projeto foi interessantíssimo, já que ele trouxe para
a escola uma problemática muito séria quanto a responsabilidade sobre este
precioso líquido – a água, lembrando que deve ser responsabilidade de cada
profissional da educação, formar cidadãos conscientes e que participem ativamente
na resolução de problemas sociais e ambientais.
Segundo o GTR, a metodologia adotada foi rica e diversificada, sendo
acessível e de fácil aplicabilidade. Além disso, houve clareza nas questões
levantadas, tendo sido muito gratificante para todos participarem dessa capacitação.
Os professores também relataram que a aplicação de tais atividades nas suas
escolas foi muito produtiva, satisfatória atendendo aos objetivos propostos e que os
alunos se envolveram nas mais diferentes atividades propostas graças à
metodologia utilizada. Além disso, foi possível detectar que estes se conscientizaram
do fato de que vinham fazendo uso errado da água, se comprometendo a fazer uso
consciente da mesma. Todos consideraram interessante o envolvimento dos pais
desses estudantes em algumas das atividades. Isso porque, além de perceberem o
desperdício, conseguiram obter uma economia relevante em seu orçamento. E isso
que pode auxiliar na manutenção em longo prazo de uma atitude de consumo
racional da água. Sendo assim, a forma prática de se calcular o desperdício e de se
extrapolar as suas consequências em sala de aula, na comunidade escolar, nas
famílias, etc. – permitiu um melhor redimensionamento da importância desse líquido
que é a água e não ao desperdício.
Podemos observar que “[...] aprendizagem quase nunca pode ser
considerada acabada. Sempre há possibilidade de ampliá-lo, de estabelecer novas
relações e encontrar outros conceitos” (ZABALA, 1998, p.43). Embora sendo um
processo interno a ser construído pelo ser humano ao longo da vida, e aprender
significa elaborar uma representação pessoal por hábitos e atitudes de economia de
água. Se fazendo necessário que novos conhecimentos se atrelem a conhecimentos
anteriores, permitindo que façam sentido para o aluno; quando isso acontece, ou
seja, quando se pode relacionar o conhecimento novo ao anterior, a aprendizagem
torna-se significativa.
A participação do professor nas atividades é fundamental, uma vez que
os alunos necessitam de referenciais e orientações, por mais que adquiram,
gradativamente, independência. O professor estabelece a conexão entre os alunos e
o mundo por meio de atividades de observação, experimentação e interpretação,
extrai deles impressões, significados e valores sobre o assunto abordado e promove
“a evolução conceitual do aluno, a aprendizagem dos procedimentos e a
compreensão dos valores humanos.” (BRASIL, p.59).
Além disso, ressalta-se a importância da Secretaria de Educação do
Paraná estar investindo no aperfeiçoamento dos professores. Bem como da
colaboração das Universidades Estaduais nesse processo. Isso é importante, pois,
além de ser uma forma eficiente de manter os professores atualizados, ela permite a
interação com colegas profissionais de todo o estado.
5 - CONCLUSÃO
Ao se criar condições envolvendo várias formas de participações, esse
trabalho permitiu que os alunos se colocassem como agente no processo de
mudanças de comportamento, buscando, discutindo e apresentando suas ideias por
meio de expressões orais e escritas. Para tanto, foram criadas várias formas de se
apresentar os problemas relacionados com o desperdício de água a partir de
atividades corriqueiras simples, mas que demonstravam claramente o impacto de
atitudes pró ativas no processo de preservação do ambiente. Nesse processo, foi
possível observar que os estudantes se tornaram capazes de lançar um olhar crítico
para a situação do desperdício de água no dia a dia. Pode-se constatar que ações
positivas iniciaram na escola, passando para as famílias e irradiando-se para a
comunidade.
Enfim, a organização e implementação das atividades, tais como o
acompanhamento destas, tenham sido trabalhosas e complicadas, os resultados
foram gratificantes ao se observar o empenho dos alunos, assim, as expectativas
em relação à participação dos estudantes neste projeto foram superadas. Como tais
tipos de atividades despertam maior interesse por parte dos alunos, o que auxilia o
aprendizado e a vivência de novos valores que estão em concordância com os
princípios da sustentabilidade e de melhor qualidade de vida, concluímos que elas
poderão cessar depois da conclusão desse trabalho.
6 - REFERÊNCIAS
BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da agenda 21. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. 155 p.
CARMO, Renata Silveira do; SACRAMENTO, Camila Francielle Alves Ferreira do e ANDRADE, Maria Aparecida da Silva. Importância da escola para sociedade na concepção de moradores do município de Cruz das Almas – BA. Disponível em: http://www.sbpcnet.org.br/livro/reconcavo/resumos/181.htm. Acesso em 15 de dezembro de 2014 Declaração Universal dos Direitos da Água – 1992. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Meio-Ambiente/declaracao-universal-dos-direitos-da-agua.html. Acesso em: 26 de maio de 2013. DURHAM, Eunice. Fábrica de maus professores. Veja, São Paulo, ed.2088, p.17-21, 26 nov., 2008. Entrevista concedida a Mônica Weiberg. FRANCISCO. Wagner de Cerqueira e. Água. Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/agua.htm. Acesso 24 de maio de 2013. FREITAS, Vladimir Passos de. Crimes contra a Natureza. 7 ed. São Paulo: Afiliada, 2001. GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 3 ed. ver Campinas, SP: Autores Associados, 2005. GRASSI. Marco Tadeu. As águas do planeta Terra. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/aguas.pdf. Acesso 05 de abril 2013. PARANÁ. Diretrizes Curriculares Estaduais de Ciências. Curitiba: Seed, 2008. REBOUÇAS, Aldo da Cunha; BRAGA, Benedito; TUNDISI, José Galizia. Água doce no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. 3. ed. São Paulo: Escrituras Editora, 2006. REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1994, 62 p. Revista Rainha dos apóstolos. Planeta Água. Março 2009 – nº 1.008, ano 85. SANTOS, Paulo Antônio dos. Reflorestamento e isolamento da mata ciliar de nascentes e cursos d’água em Ribeirão Claro. Disponível em: http://www.ceaf.mp.pr.gov.br/arquivos/File/Projetos%20de%20Pesquisa%20Aplicada/Paulo_Antonio_dos_Santos.pdf. Acesso em 25 de maio de 2013 Será mesmo o planeta água? Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-agua/agua-2.php. Acesso em 24 de jun de 2013. TOMAZ. Plínio. Água de Chuva׃ Aproveitamento de água de chuva para áreas urbanas e fins não potáveis. São Paulo׃ Navegar, 2 ed, 2003.
TUCCI, Carlos E. M. et. al. Gestão da Água no Brasil. Disponível em http://www.em.ufop.br/ceamb/petamb/cariboost_files/gestao-da-agua_brasil.pdf. Acesso em 23 de mar de 2013. TUNDISI, José Galizia. Água no Século XXI: Enfrentando a Escassez. São Carlos: RiMa, IIE, 2003, 2005, 2009. UNIÁGUA, Universidade da Água. Água no Planeta. Disponível em׃ http://www.uniagua.org.br/public_html/website/default.asp?tp=3&pag=aguaplaneta.htm. Acesso em 24 de mar de 2013. VEDOVA, Jose Carlos Della. Agenda 21. Disponível em: http://agenda21guapimirim.blogspot.com.br/. Acesso 24 de maio de 2013. VEJA. São Paulo, ed.2088, p.97-21, 26 nov., 2008. VICTORINO, Célia Jurema Aito. Planeta água morrendo de sede: uma visão analítica na metodologia do uso e abuso dos recursos hídricos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007.
ZABALA, A. A Prática educativa: como ensinar Porto Alegre, RS: Artmed, 1998.