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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · 2.4 ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO A atividade física pode ser definida como “como qualquer movimento corporal, produzido

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

OBESIDADE E SEUS AGRAVANTES: A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO

POSSIBILIDADE DE MUDANÇA NO ESTILO DE VIDA DOS ALUNOS

Delaney Gilberto Chemim Junior1

Bruno Pedroso2

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar o índice de alunos com sobrepeso e

obesidade, apontando caminhos para um estilo de vida saudável. A obesidade se

apresenta nos dias atuais como um dos maiores problemas de saúde da sociedade,

com um elevado índice na população infantil. Vários fatores auxiliam para que isso

ocorra. Entre eles estão a falta de atividade física, desportiva ou recreativa aliada a

uma alimentação inadequada. Para isso, foram coletados dados através de um

questionário respondido pelos alunos, além da análise do Índice de Massa Corporal.

A partir daí foram realizadas palestras, vídeos, aulas teóricas e práticas com intuito

de conscientizar os alunos sobre a importância de hábitos saudáveis para uma

mudança no estilo de vida, na prevenção de patologias relacionadas ao

sedentarismo e à obesidade.

PALAVRAS-CHAVE: Sedentarismo, Obesidade, Atividade Física, Alimentação,

Qualidade de Vida

ABSTRACT

The present study aims to analyze the index of students with overweight and obesity,

pointing out paths to a healthy lifestyle. Obesity presents itself nowadays as one of

the biggest health problems of society, with a high index in the child population.

Several factors help for this to occur. Among them are the lack of physical activity,

sports or recreation combined with inadequate nutrition. For this, data was collected

through a questionnaire answered by the students, in addition to the analysis of the

body mass index. From there were seminars, videos, lectures and practices in order

1 Professor da Secretaria da Educação do Paraná (SEED), graduado em Educação Física e especialista em

Pedagogia da educação Física / esportes pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). 2 Orientador. Professor Doutor da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

to educate students about the importance of healthy habits for a change in lifestyle,

in the prevention of diseases related to physical inactivity and obesity.

Keywords: Sedentary lifestyle, obesity, physical activity, nutrition, quality of life

1 INTRODUÇÃO

O Ministério da Saúde preconiza que os benefícios para promoção da saúde

podem ser atingidos através de uma dieta equilibrada aliada a prática de atividade

física regular e moderada por trinta minutos diários na maioria dos dias da semana

(ZAMAI et al., 2011).

Para Guedes e Guedes (2003) o sobrepeso e a obesidade no adulto podem

vir de comportamentos e hábitos inadequados quanto à dieta e a atividade física

durante a infância.

Sabe-se que a obesidade está cada vez mais presente na vida de crianças e

adolescentes em idade escolar. Vários estudiosos apontam isso como um problema

mundial. E isso se deve a inúmeros fatores que influenciam na vida cotidiana desses

alunos.

Diante deste problema são essenciais pesquisas no intuito de promover na

comunidade escolar o gosto pela atividade física não apenas durante as aulas de

Educação Física, mas também, e, principalmente, na ocupação do tempo de lazer.

Através de prevenções, procura-se contribuir para a diminuição desses

números, fazendo com que os educandos conscientizem-se das mudanças de

hábitos de vida, prevenindo assim inúmeros tipos de doenças como hipertensão

arterial, diabetes, problemas cardíacos, entre outros.

A comodidade dos dias atuais é fator que contribui negativamente nesse

contexto. A atividade física, recreativa ou desportiva está sendo trocada pelas

atividades tecnológicas. Aliada a isso, uma alimentação inadequada pode levar

essas crianças a obterem várias patologias graves.

Há a preocupação de se conscientizar estes educandos para um novo estilo

de vida, através de uma reeducação alimentar e habituá-los para a prática regular de

atividade física evitando o surgimento do sobrepeso, obesidade e doenças

degenerativas. Contudo, se faz necessário essa conscientização e uma interação

com os pais ou responsáveis num trabalho em conjunto para evitar tais

complicações.

Nessa perspectiva, a pesquisa foi desenvolvida a partir da necessidade

observada em conscientizar os escolares sobre a importância da prática regular da

atividade física aliada a uma alimentação balanceada no combate a um dos maiores

problemas sociais nos dias atuais que é a obesidade, tanto na fase infantil como na

adolescência.

O presente artigo é parte conclusiva do Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) e visa relatar o trabalho realizado com alunos de 9º ano do

Colégio Estadual Alcides Munhoz de Ensino Fundamental e Médio da cidade de

Imbituva – PR e teve como objetivo analisar a contribuição de se trabalhar o

conteúdo sobre atividade física e saúde para uma mudança no hábito de vida e

consequentemente uma melhoria na qualidade de vida dos alunos.

2 REVISÃO LITERÁRIA

2.1 QUALIDADE DE VIDA

De acordo com Nahas (2013), o estilo de vida corresponde ao conjunto de

ações habituais que refletem as atitudes, os valores e a oportunidade na vida das

pessoas. Estas ações têm grande influência na saúde geral e na qualidade de vida

dos indivíduos. Os questionários colocados no Anexo I, representam características

do estilo de vida dos adolescentes relacionadas com a manutenção da saúde e ao

bem estar individual.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta o índice de massa

corpórea (IMC) usado para crianças, por meio da tabela de curva de crescimento por

idade para meninas e meninos. Essa curva não é igual à dos adultos, havendo

variação conforme a idade, como pode ser observado nas ilustrações a seguir:

Figura 1 - Tabela de IMC proposta para crianças e adolescentes do sexo feminino

Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (2007)

Figura 2 - Tabela de IMC proposta para crianças e adolescentes do sexo masculino.

Fonte: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (2007)

2.2 SEDENTARISMO

O sedentarismo é definido como a falta ou a grande diminuição da atividade

física. O gasto calórico semanal define se o indivíduo é sedentário ou ativo. Para

Nahas (2013, p. 41) “considera-se sedentário um indivíduo que tenha um estilo de

vida com um mínimo de atividade física, equivalente a um gasto energético (trabalho

+ lazer + atividades domésticas + locomoção) inferior a 500 quilocalorias (Kcal) por

semana”.

Segundo Gutin e Barbeau (apud BOUCHARD, 2003, p. 253) “a baixa

atividade física leva ao ganho de peso, enquanto que o ganho de peso leva à

posterior diminuição da atividade física, formando um ciclo vicioso”.

De acordo com Saba (2008, p. 143) “quem foi sedentário na infância e/ou na

adolescência costuma trazer para a maturidade heranças da inatividade”.

O estilo de vida da criança reflete um fator muito importante no

desenvolvimento da obesidade. Crianças que não fazem atividade física

regularmente gastam menos energia em relação às mais ativas, acumulando mais

gordura corporal. Por essa razão, a atividade física deve ser reconhecida como um

componente essencial de qualquer programa de redução ou controle de peso

corporal (BARBOSA, 2004).

Observa-se que mesmo com a facilidade de informações que se tem nos

dias atuais sobre a importância de se praticar atividade física, o sedentarismo

aparece como um dos principais vilões para esse problema de saúde pública

existente no mundo todo. Isto ocorre devido a diversos fatores sociais como a

comodidade natural das pessoas, a falta de tempo, desinteresse e o uso de

tecnologias. Para Zanela (2006, p. 9) “de todos os hábitos sedentários, o tempo

prolongado passado à frente da televisão parece ser o maior indicador de risco de

obesidade e diabetes”.

O sedentarismo é a principal causa do aumento da incidência de várias

doenças como hipertensão arterial, diabetes, obesidade, ansiedade, colesterol,

infarto do miocárdio, podendo chegar à morte súbita. Para atingir o mínimo de

atividade física semanal, existem várias propostas que podem ser adotadas de

acordo com as possibilidades de cada um: praticar atividades físicas e esportivas se

tornam propostas válidas para evitar o sedentarismo e melhorar a qualidade de vida.

A vida sedentária provoca o desuso dos sistemas funcionais, caracterizando

no caso dos músculos esqueléticos, um fenômeno associado à atrofia muscular, à

perda da flexibilidade articular, além do comprometimento de vários órgãos.

2.3 OBESIDADE

Devido a fatores comportamentais e sociais, verifica-se um problema de

comodidade nas crianças e adolescentes, acarretando com isso um súbito

crescimento do peso corporal e em alguns casos chegando à obesidade infantil,

podendo aparecer algumas complicações na saúde destes jovens como: doenças

respiratórias, posturais, cardiovasculares, elevação do colesterol, hipertensão,

diabetes, entre outras.

Segundo Guedes e Guedes (2003, p. 243), “o sobrepeso e a obesidade em

crianças e adolescentes têm se constituído importante fator de preocupação na área

da saúde pública, pois aumenta o risco de quando adultos apresentarem tais

distúrbios”.

Para os autores, quando a obesidade é detectada ainda na infância, se pode

intervir mediante orientações dietéticas e a implementação da prática de atividade

física, aumentando as possibilidades de alteração no quadro quando adultos. Neste

contexto é ressaltada a importância do profissional de educação física em orientar

seus alunos a respeito dessa temática.

Lacerda et al. (2002) conceitua obesidade como o acúmulo do tecido

adiposo, regionalizado ou em todo o corpo, que frequentemente leva prejuízo à

saúde. Complementa ainda que crianças obesas estão sujeitas a severo stress

psicológico devido ao estigma social. Também são frequentes as complicações

respiratórias, ortopédicas, dermatológicas, imunológicas e distúrbios hormonais.

Para Monte (1997) a obesidade é a condição especial de saúde que mais se

opõe a uma vida prolongada e saudável. Segundo o autor, obesidade não é apenas

um simples aumento de peso corporal, e sim um acúmulo exagerado e

desproporcional de tecido gorduroso no organismo.

Zanela (2006) aponta que para a OMS, obesidade é definida como excesso

de gordura no organismo, enquanto sobrepeso é o excesso de peso corporal. Para o

autor, a obesidade é uma doença crônica, progressiva e multifatorial, que vem se

tornando um dos maiores problemas de saúde pública em muitos países

desenvolvidos e em desenvolvimento.

Saba (2008, p.216) define obesidade como um sobrepeso multiplicado. É o

excesso de excesso de gordura corporal. Para ele, “o obeso é uma pessoa cujo

peso em muito ultrapassa a do gordo (aquele que está acima do seu peso ideal),

ficando vulnerável a inúmeros problemas de saúde”.

Este acúmulo excessivo de gordura se dá em virtude da ingestão de calorias

serem maiores que os gastos energéticos efetuados pelo organismo.

Para Lacerda et al. (2002, p. 65), “a obesidade pode ter início em qualquer

época da vida, especialmente nos períodos de aceleração do crescimento”.

Vários fatores contribuem para o aparecimento da obesidade: problemas

hormonais, fatores genéticos, metabólicos, hereditários, falta de atividade física

(sedentarismo) e os hábitos alimentares.

Quanto a este último, se dá “pelo alto teor de gordura, baixo consumo de

frutas e verduras e grande dependência de produtos refinados ou processados

industrialmente” (NAHAS, 2013, p. 231).

Em consequência da obesidade, começam a aparecer diversos distúrbios no

organismo como a hipertensão, as doenças cardiovasculares, o acidente vascular

encefálico, alguns tipos de câncer, problemas posturais, diabetes, além de

problemas psicológicos, entre outros.

2.4 ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO

A atividade física pode ser definida como “como qualquer movimento

corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético

maior que os níveis de repouso” (CASPERSEN et al. apud GUEDES; GUEDES,

1995, p. 11).

Para Saba, (2008, p. 50) “é toda ação humana que envolva movimentação e

acelere os batimentos cardíacos acima da frequência de repouso”.

Assim, pode-se estar praticando atividade física até mesmo sem saber que

um simples ato de varrer a casa, lavar o carro, passear, andar de bicicleta, jogar

bola, até as atividades realizadas profissionalmente, desde que com gasto

energético, podem ser consideradas atividades físicas.

A prática de atividades físicas, aliada a uma alimentação balanceada pode

ser a chave para a manutenção da saúde. As Diretrizes Curriculares da Educação

Básica apresentam a cultura corporal e saúde como um elemento articulador para as

aulas, dando subsídios para o professor de orientar e motivar seus educandos em

busca de uma vida mais saudável.

Por sua vez, exercício físico é “toda atividade física planejada, estruturada e

repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais

componentes da aptidão física” (CASPERSEN et al. apud GUEDES; GUEDES,

1995, p. 13).

Saba (2008, p. 50) define exercício físico como:

Sequência sistematizada de movimentos de diferentes segmentos corporais, executados de forma planejada, segundo um determinado objetivo a atingir. Uma das formas de atividade física planejada, estruturada, repetitiva, que objetiva o desenvolvimento da aptidão física.

Ainda, o exercício físico é “uma forma de atividade física que tem como

característica particular o objetivo de melhorar a aptidão física” (SABA 2008, p. 50)

Como se pode observar, apesar de terem ligações entre si, pois ambas

requerem movimentos corporais, vê-se que estas diferem em seus objetivos. Na

atividade física não há um planejamento específico e sistemático, enquanto no

exercício físico para se alcançar sua finalidade desejada vai depender de três

componentes básicos: a frequência, a duração e a intensidade da atividade

realizada.

Quando o objetivo é o condicionamento físico, a frequência refere-se ao

número de vezes que realiza-se o exercício específico na semana. Isso vai depender

dos objetivos a serem alcançados pelo indivíduo. Para uma pessoa sedentária, por

exemplo, no início recomenda-se exercício físico no máximo três vezes na semana.

O intervalo de um exercício físico para outro vai fazer com que o organismo se

recupere com maior eficiência.

A duração é o tempo gasto para realização do exercício sem interrupções.

Essa duração vai depender da intensidade aplicada ao exercício. Para Guedes e

Guedes (2003), a duração e a intensidade, formam-se uma unidade indivisível,

condicionando uma à outra, pois, as atividades de maior intensidade tendem a ser

de menor duração. Já as de intensidade mais baixa tendem a ter maior duração. A

intensidade refere-se ao grau de esforço realizado no exercício.

Para Matsudo e Matsudo (2000) alguns benefícios à saúde resultantes da

prática de atividade física referem-se a diversos aspectos, como: antropométricos,

neuromusculares, metabólicos e psicológicos. No que diz respeito aos efeitos

antropométricos e neuromusculares ocorre, segundo os autores, a diminuição da

gordura corporal, o incremento da força e da massa muscular, da densidade óssea e

da flexibilidade. Os efeitos metabólicos apontados pelos autores são o aumento do

volume sistólico; o aumento da potência aeróbica; o aumento da ventilação

pulmonar; a melhora do perfil lipídico; a diminuição da pressão arterial; a melhora da

sensibilidade à insulina e a diminuição da frequência cardíaca em repouso e no

trabalho submáximo.

2.5 NUTRIÇÃO

De nada adianta se ter uma vida ativa no que diz respeito à atividade física

sem ter uma alimentação com qualidade e quantidade adequada. Saba (2008)

aponta que uma pessoa adulta necessita ingerir 2500 Kcal por dia. Ou seja, uma

composição de alimentos que somados contenham os nutrientes necessários para

dar um bom funcionamento para o corpo durante o dia. O autor ainda exemplifica

que quanto mais energia se gasta, mais energia precisa ser ingerida. E completa

que na adolescência gasta-se mais energia que na vida adulta.

É importante saber se alimentar corretamente, combinando os nutrientes

que favoreçam o bom funcionamento do organismo humano. Para isso é importante

conscientizar os alunos para um novo estilo de vida, através de uma reeducação

alimentar e habituá-los para a prática regular de atividade física evitando o

surgimento do sobrepeso, obesidade e consequentemente doenças degenerativas.

Os alimentos de origem animal e vegetal nos fornecem nutrientes

necessários ao organismo – as substâncias que constroem e mantém as células,

permitem o crescimento e fornecem energia para os processos metabólicos vitais e

as atividades do dia a dia (NAHAS 2013).

Os principais nutrientes que o organismo humano necessita são:

carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, minerais e água.

Os carboidratos são as principais fontes de energia da alimentação humana,

divididos em carboidratos simples, encontrados no açúcar (refrigerantes, doces, mel,

frutas, etc) e servem para fornecer energia de rápida utilização, porém favorecem ao

ganho de peso, e carboidratos complexos, encontrados no amido (pães, massas em

geral, arroz, frutas e legumes) e onde encontra-se a maior parte de energia

necessária para manutenção do organismo.

As gorduras, também conhecidas como lipídeos, apresentam funções

importantes no organismo como isolamento térmico, proteção de órgãos, fonte de

energia, entre outros. Quando em excesso pode causar sérios distúrbios ao

organismo, aumentando o risco de obesidade. Ela pode ser saturada (encontrada na

carne bovina, suína, galinha, ovos, lacticínios, margarina) e insaturada (presente em

óleos vegetais como de oliva, milho, girassol).

As proteínas são constituintes fundamentais das células e tem como

principal função a reconstituição dos tecidos. Podem ser classificadas quanto a sua

origem, sendo vegetal e animal. Os alimentos vegetais ricos em proteínas são: soja,

feijão, lentilha, nozes, castanha, etc. Os alimentos animais ricos em proteínas são:

carnes, peixes, leites, queijos, miúdos e ovos. O teor mínimo de proteínas para o

homem varia de 0,8 a 1 grama por quilograma de peso corpóreo.

As vitaminas são substâncias reguladoras importantes para o organismo.

São classificadas em lipossolúveis (associadas à gordura) e hidrossolúveis

(transportadas e com funções no meio aquoso). São encontradas em frutas,

verduras, legumes, peixes, carnes, etc.

Os minerais possuem função reguladora no organismo, fundamental para a

formação de ossos, dentes e no funcionamento dos tecidos nervosos e musculares.

Os principais minerais com funções importantes para o organismo humano são

cálcio, fósforo, magnésio, sódio, potássio e cloro.

A água é essencial na vida humana. Representa 60% de toda a massa

corporal, com importante função para nosso organismo, pois faz parte da

composição das células, tecidos, órgãos e sistemas. Transporta nutrientes para todo

o corpo e através do suor regula a temperatura corporal. Deve-se ingerir em

abundância, em média dois litros por dia para manter a hidratação.

Nesse contexto, há a existência da pirâmide alimentar, que serve para

orientar os hábitos saudáveis de alimentação e mostrar os grupos de alimentos,

auxiliando diariamente na escolha dos mesmos, favorecendo assim a realização de

refeições mais equilibradas.

A quantidade e os tipos de alimentos a serem ingeridos devem ser

escolhidos conforme a idade, peso, grau de atividade física e da saúde de cada

indivíduo.

Para Oliveira (2011) nenhum alimento está fora da pirâmide, sendo,

portanto, todos os alimentos permitidos se consumidos na quantidade adequada. A

pirâmide se configura da seguinte forma:

Figura 3 – Pirâmide alimentar

Fonte: Oliveira (2011)

3 METODOLOGIA

A implementação pedagógica do presente trabalho foi desenvolvida no

primeiro semestre de 2014 com alunos de 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio

Estadual Alcides Munhoz em Imbituva – PR. Foram divididas em seções envolvendo

aulas práticas, teóricas, vídeos, palestras e passeios educativos, visando uma

melhoria na qualidade de vida dos alunos, tanto no ambiente escolar quanto fora

dele.

Na semana pedagógica foram repassados o projeto e o material de

implementação para os demais colegas professores, equipe pedagógica, direção e

funcionários, informando sobre os objetivos e etapas da pesquisa.

Diante disto realizou-se uma reunião com os alunos envolvidos, mostrando a

importância do projeto para sua vida escolar e social bem como o consentimento de

cada um sobre os trabalhos realizados no semestre. Os pais ou responsáveis

também tiveram acesso a esse consentimento.

Posteriormente foram analisados a frequência de alunos de 9º ano do

Ensino Fundamental com sobrepeso e obesidade, identificando fatores de risco nos

alunos com sobrepeso e estabelecendo relação entre o Índice de Massa Corporal

(IMC) e a atividade física além de propor alternativas para a melhoria do estilo de

vida.

Para essa coleta de foram utilizados uma balança com capacidade de 200

Kg com precisão de 100 gramas, a estatura foi realizada com estadiômetro de

alumínio com divisão a cada centímetro e para análise o cálculo do IMC foi utilizado

o software Microsoft Excel for Windows.

Com os resultados obtidos juntamente com as variáveis antropométricas

através dos testes realizados, somado ao protocolo do questionário Pentáculo do

Bem-estar (NAHAS, 2013) respondido pelos alunos, pode-se avaliar individualmente

o hábito de vida dos escolares.

Ao final do trabalho os alunos realizaram uma viagem junto à Universidade

Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), onde foram realizadas diversas

avaliações físicas por meio de testes específicos que usualmente não estão

disponíveis no ambiente escolar, além da vivência de palestras com os acadêmicos

do curso de Educação Física da referida instituição.

4 RESULTADOS

A partir da aplicação da unidade didática junto aos alunos de 9º ano do

Colégio Estadual Alcides Munhoz – Ensino fundamental e médio, foram observados

alguns resultados que veremos a seguir:

Na seção 1 da unidade didática oriunda do primeiro ano do PDE, onde foi

trabalhado o estilo de vida dos alunos, obteve-se 100% de participação com os 32

alunos que iniciaram o ano letivo na turma participando integralmente do projeto.

Num primeiro momento foi apresentado Pentáculo do Bem-estar de Nahas

(2013) com objetivo de identificar aspectos positivos e negativos do estilo de vida

dos respondentes. Este questionário versou sobre a nutrição, atividade física,

comportamento preventivo, relacionamentos e controle de estresse.

No âmbito da nutrição, dos 32 alunos pesquisados, apenas um enquadrou-

se no resultado que caracterizava boa alimentação, 17 alunos possuíam uma

alimentação regular e 14 não se alimentavam de forma adequada.

No que diz respeito à atividade física, 13 alunos responderam que praticam

atividade física regularmente, 14 alunos praticam atividade física esporadicamente e

cinco não praticam atividade física como o recomendado.

Na questão de prevenção, 21 alunos responderam que se previnem tanto

para as doenças sexualmente transmissíveis quanto ao álcool e drogas, e 11 alunos

responderam que se previnem regularmente. Nenhum aluno respondeu que não se

preocupa com tais problemas.

Referente ao relacionamento dos alunos, 20 deles responderam que

possuem uma vida social bastante ativa, 12 alunos possuem dificuldades de

relacionamento em grupos e nenhum aluno possui problemas em relacionamento

social.

Sobre o controle de estresse, 15 alunos responderam que não possuem

problemas sobre os assuntos perguntados e 17 possuem problemas com pelo

menos um dos aspectos levantados, principalmente no que diz respeito à

insatisfação do próprio corpo.

Ainda na seção 1 do trabalho, foram coletados os dados para a

determinação do IMC dos alunos, utilizando as tabelas propostas para crianças e

adolescentes propostas pela OMS. Os resultados obtidos foram os seguintes:

Ao iniciar o trabalho referente à seção 2 os alunos receberam uma apostila

com textos sobre os problemas relacionados com a inatividade de atividade física e

fizeram um trabalho de pesquisa com os pais ou responsáveis sobre o sedentarismo

4

20

7 1

ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

Abaixo do peso

Peso ideal

Acima do peso

Solicita orientação médica

e suas causas (obesidade, colesterol, diabetes, hipertensão, triglicerídeos). O

resultado deste trabalho foi melhor que as expectativas, todos se empenharam e a

aceitação dos familiares foi a melhor possível.

A seção 3 tratava-se do desenvolvimento de propostas para evitar uma vida

sedentária. Neste momento, foram trabalhados textos sobre atividade física,

verificação da frequência cardíaca e sua importância, diferença de esportes e jogos,

e aulas prática envolvendo diversos tipos de atividades recreativas e esportivas para

que os alunos pudessem vivenciá-las para sua vida fora do ambiente escolar.

Por fim, na seção 4, o conteúdo nutrição encerrou as atividades da

implementação da presente proposta. Neste momento foi mostrado a importância

dos alimentos, sua classificação, pirâmide alimentar, dicas de como se alimentar,

tabelas de calorias de alimentos e de gastos energéticos com atividades físicas.

A avaliação final dos alunos se deu na feira de ideias do colégio em questão,

a qual é aberta para toda a comunidade, sob o tema “Obesidade: o mal que pode

atingir você”.

Nesta feira, os alunos se revezavam durante os turnos matutino e vespetino

para tentar difundir a importância da atividade física aliada a uma alimentação

correta para mudança no estilo de vida dos alunos das demais turma do colégio e a

comunidade em geral que prestigiou o evento.

As atividades realizadas foram o cálculo do IMC e associação de produtos

industrializados e os ingredientes que são necessários para sua fabricação no

contexto da ingestão nutricional e obesidade. O documentário “Muito além do peso”

(2012) serviu como principal fonte de inspiração para este trabalho.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi realizado com intuito de possibilitar uma mudança no estilo

de vida dos alunos, de forma a tirá-los de sua zona de conforto e proporcionar-lhes

conscientização sobre a importância de uma alimentação equilibrada relacionada

com a atividade física recreativa ou esportiva.

Com os resultados obtidos na implementação do presente projeto, avalia-se

que este foi positivo. Ainda que não traga benefícios imediatos ou em curto prazo,

este possibilita e impulsiona uma continuidade do trabalho em anos futuros. Sua

aplicabilidade poderá ser realizada tanto com turmas mais novas como com o ensino

médio.

Ressalta-se que, é necessário um trabalho em conjuntos outros profissionais

da área da Educação Física bem como trabalhos multidisciplinares envolvendo

professores de outras disciplinas, a equipe pedagógica, direção e funcionários das

escolas, com o intento de se obter uma ação conjunta e unidirecional clamando pela

melhoria da vida como um todo do público alvo destes estudos.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA – ABESO. Curvas de Crescimento e de IMC para idade da Organização Mundial da Saúde 2007. Disponível em:<http://www.abeso.org.br/pagina/393/curvas-de-crescimento-da-oms-de-2006-e-2007 .shtm>. Acesso em: 25 jun. 2013. BARBOSA, Vera Lucia Perino. Prevenção da obesidade na infância e na adolescência: exercício, nutrição e psicologia. Barueri: Manole, 2004. GUEDES, Dartagnan Pinto. Controle do peso corporal, atividade física e nutrição. Rio de Janeiro: Shape, 2003. GUEDES, Dartagnan Pinto; GUEDES, Joana Elizabete Ribeiro Pinto. Exercício físico na promoção da saúde. Londrina: Midiograf, 1995. GUTIN, Bernard; BARBEAU, Paule. Atividade física e composição corporal em crianças e adolescentes. In: BOUCHARD, Claude. Atividade física e obesidade. Barueri: Manole, 2003. p. 245-283.

KOPRUSZYNSKI, Cibele Pereira. Aspectos nutricionais na infância e na

adolescência. Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2011.

KING, Rana R.; JAKICIC, John M. Mudando o estio de vida: de sedentário a ativo. In: BOUCHARD, Claude. Atividade física e obesidade. Barueri: Manole, 2003. p. 435-455. LACERDA, Elisa Maria de Aquino. et al. Práticas de nutrição pediátrica. São Paulo: Atheneu, 2002. MATSUDO, Sandra Mahecha; MATSUDO, Victor Keihan Rodrigues. Evidências da importância da atividade física nas doenças cardiovasculares e na saúde. Diagnóstico e Tratamento, v. 5, n. 2, p. 10-17, abr./jun. 2000. MONTE, José Joaquim Oliveira. Promoção da qualidade de vida – uma “ISO” pra a saúde total. Curitiba: Letras, 1997. MUITO ALÉM DO PESO. Direção: Estela Renner. Produção: Maria Farinha

Filmes. Elenco: Jamie Oliver, Amit Goswami, Frei Betto, Ann Cooper, William Dietz,

Walmir Coutinho, e outros. Rio de Janeiro, 2012. 1 filme (84 min), som, cor, censura livre.

NAHAS, Markus Vinicius. Atividade Física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 6. ed. Londrina: Midiograf, 2013. NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ALIMENTAÇÃO.Tabela brasileira de composição de alimentos. Campinas: UNICAMP, 2004. OLIVEIRA, Osmar. Pirâmide alimentar. 2011. Disponível em: <http://www.drosmarsaude.com/piramide-alimentar>. Acesso em 11 nov. 2013. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Educação Física. Curitiba: SEED, 2008. PITANGA, Francisco José Goldin. Epidemiologia da atividade física, exercício físico e saúde. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2004. ______. Testes, medidas e avaliação em educação física e esportes. 5. Ed. São Paulo: Phorte, 2008. SABA, Fabio. Mexa-se: atividade física, saúde e bem estar. São Paulo: Phorte, 2008. ZAMAI, Carlos Aparecido. et al. Atividade física na promoção da saúde e da qualidade de vida: contribuições do programa Mexa-se Unicamp. In: Políticas públicas, qualidade de vida e atividade física. Campinas: Ipes, 2011. p.179-193. ZANELA, Maria Teresa. Tratando de obesidade, suas causas e efeitos: sintomas, cuidados, tratamento, hábitos saudáveis. São Paulo: Alaúde Editorial, 2006. Guia de saúde total, 5.

ANEXO 1 – Pentáculo do Bem-estar (NAHAS, 2013)

Os alunos responderam o questionário, manifestando-se sobre cada afirmação, considerando a escala: [0] nunca (não faz parte do seu estilo de vida) [1] às vezes [2] quase sempre [3] sempre (faz parte do seu estilo de vida)

1. ALIMENTAÇÃO

a) Você costuma se alimentar bem no café da manhã [ ]

b) Você ingere frutas e verduras diariamente [ ]

c) Você evita frituras e outros alimentos gordurosos [ ]

2. ATIVIDADE FÍSICA

d) Você participa das aulas de Educação Física em sua escola [ ]

e) Você pratica algum tipo de exercício físico, esporte, dança ou luta fora da escola [ ]

f) Você costuma caminhar ou pedalar no seu deslocamento diário [ ]

3. COMPORTAMENTO PREVENTIVO

g) Você está informado e procura se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis [ ]

h) Você evita situações de risco e pessoas violentas [ ]

i) Você conhece e evita os malefícios do fumo, álcool e outras drogas [ ]

4. RELACIONAMENTOS

j) Você procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos [ ]

k) Seu lazer inclui encontros com amigos ou atividades recreativas em grupo [ ]

l) O ambiente escolar e seu relacionamento com professores são bons [ ]

5. CONTROLE DO ESTRESSE

m) Você está satisfeito com seu corpo e com o seu jeito de ser [ ]

n) Você acha normal o nível de cobrança dos pais por resultados escolares [ ]

o) Imaginar como será seu futuro é uma coisa estimulante [ ]