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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

1 Professor da rede estadual de ensino do Paraná com licenciatura em Matemática pela Ferlagos – Faculdade da Região dos Lagos. E-mail: [email protected]. 2 Professora do Departamento de Pedagogia da UNICENTRO – Campus De Irati. Doutora em Educação pela UTP. E-mail: [email protected]

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA - NO COLÉGIO ESTADUAL DO CAMPO DE ANGAÍ, MUNICÍPIO DE FERNANDES PINHEIRO: fragilidades e potencialidades.

BENDER, Gilmar Delson1

PABIS, Nelsi Antônia2

RESUMO

O presente estudo apresenta a proposta de intervenção do professor, discente do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, realizada no período de julho a setembro de 2015, no Colégio Estadual do Campo de Angaí, município de Fernandes Pinheiro. O objetivo principal foi investigar as causas que levam os alunos da EJA a abandonar a escola e terem seu retorno mais tarde, propondo ações para que estes alunos tenham continuidade em seus estudos e com êxito. Nesse sentido, tal intervenção foi realizada em etapas, que possibilitaram a compreensão de como a Educação de Jovens e Adultos estava sendo vivenciada neste colégio. Para o trabalho, utilizou-se de revisão bibliográfica de autores conceituados e documentos que norteiam esta modalidade: Brasil (2006), Pimenta (2009), Pinto (1987), Tardif (2008) e Vasconcellos (2007). A coleta de dados deu-se por meio de questionários e rodas de conversa, observações, analises de documentos do colégio. O grupo de estudos foi formado por professores e equipe pedagógica, onde foram discutido o histórico da EJA, as políticas que a regem e a importância da formação nesta modalidade. Nos encontros com os alunos da EJA foram debatidos seus direitos e deveres além da apresentação de gráficos que mostravam os dados da evasão, e possíveis motivos da mesma, abrindo espaço para que estes apontassem a sua visão sobre o assunto. Buscou-se explorar as potencialidades da EJA, o valor desta modalidade, refletindo sobre questões pedagógicas e prática diária, reconhecendo estes sujeitos seus perfis, repensando e levando em conta a individualidade de cada ser. Palavras-chave: EJA. Evasão Escolar. Formação.

1.INTRODUÇÃO

A necessidade de reflexão sobre as peculiaridades da modalidade de ensino

focada na Educação de Jovens e Adultos (EJA) culminou na elaboração deste

trabalho, como resultado das atividades desenvolvidas no período de julho a

setembro de 2015, no Colégio Estadual do Campo de Angaí, município de

Fernandes Pinheiro - Paraná, pautado na proposta do curso de Formação

Continuada do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, tendo como

participantes alunos, professores, equipe pedagógica e demais comunidade escolar.

O principal objetivo foi investigar e analisar os motivos da evasão de alunos

da EJA deste Colégio, onde constatou-se que ela chega a 41% na modalidade.

Foram realizadas observações da prática pedagógica dos docentes, das atividades

dos alunos, a formação de um grupo de estudo com professores e encontros com

alunos, para viabilizar as discussões a respeito da EJA.

Inicialmente o trabalho abordará os fundamentos da Educação de Jovens e

Adultos constando um breve histórico e a mesma como direito social, seguindo pela

linha norteadora do PPP e Planejamento do Colégio Estadual do Campo de Angaí;

na sequência apresenta a bagagem cultural do aluno e a importância da formação

do professor; no segundo momento uma breve reflexão sobre a evasão escolar na

EJA; em seguida com a apresentação da metodologia e análise dos dados obtidos

na fundamentação e dos dados coletados. Nas considerações finais buscará

apresentar possíveis mudanças na política educacional local: na escola, nos alunos,

nos professores e demais membros da comunidade escolar, para garantir o acesso

e permanência com sucesso dos estudantes da EJA.

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Após leituras realizadas sobre a EJA em revistas, pareceres, livros, observou-

se que no Brasil esta sempre esteve imersa a desafios, lutas e atreladas a

interesses políticos. Esses sujeitos que tiveram o seu direito de estudar usurpado

pelos mais diferentes motivos, também acabavam sendo muitas vezes vistos como

peças de um jogo, de um processo que normalmente visava reproduzir o

pensamento dominante. Ou seja, que esse público apenas precisava saber o básico,

pois não fariam uso de outras formas de saberes dentro do seu contexto social.

Assim, serão apresentados a seguir alguns fatos que comprovam o que dissemos.

Na década de 1940 foram criadas as primeiras escolas supletivas do Brasil,

período em que o analfabetismo era visto pelo governo como um mal que deveria

ser erradicado em nome do desenvolvimento nacional. (BRASILEIRO, 2013).

Portanto, podemos perceber que a criação destas escolas somente

aconteceram em nome do desenvolvimento nacional e não pela sua importância.

Ainda sobre o analfabetismo no Brasil, Risso e Silva (2007), mostram que no

início da década de 1960 o Brasil passava por uma crise política, econômica, social

e educacional, em que o analfabetismo era visto como o principal fator dessa crise.

Assim o movimento de Educação Popular viu a necessidade de romper a barreira do

analfabetismo no Brasil. Utilizou-se de vários recursos para atingir a conscientização

das massas populares, sendo um desses a alfabetização de adultos. A luta contra o

analfabetismo também era interesse do governo, haja vista, que o analfabeto não

tinha o direito ao voto. Os movimentos contra o analfabetismo foram interrompidos

em 1964, devido à ocupação do poder pelos militares e a instalação da ditadura

militar no Brasil.

Em 1971 foi implantado o ensino supletivo, este tinha como objetivo

escolarizar um grande número de pessoas, diante de um baixo custo, satisfazendo

às necessidades de um mercado de trabalho competitivo, com exigência de

escolarização cada vez maior. (LOPES, 2005)

Vemos então nas palavras dos autores, que os jovens e adultos, fizeram parte

de políticas de governos, que imerso a uma crise econômica creditava na

alfabetização a solução para a mesma.

Na década de 80 o fim dos governos militares e a retomada do processo de

democratização trouxeram importantes transformações sócio-políticas. Em 1985,

o MOBRAL foi substituído pela Fundação EDUCAR. Toda a redemocratização

possibilitou a ampliação das atividades da EJA. Estudantes, educadores e políticos

organizaram-se em defesa da escola pública e gratuita para todos. (CASTRO,

2009).

A Constituição Federal de 1988 foi um marco para a educação, a partir desta

passou-se a garantir o Ensino Fundamental gratuito e obrigatório para todos

(BRASIL,1988).

Contudo, a partir dos anos 90, durante o governo Collor, a EJA começou a

perder espaço nas ações governamentais, e foi só em 2003 que o MEC anunciou

que a alfabetização de jovens e adultos seria uma prioridade do novo Governo

Federal. A partir de então foi lançado o Programa Brasil Alfabetizado, onde, a

assistência direcionou-se ao desenvolvimento de projetos com as ações de

alfabetização de jovens e adultos e formação de alfabetizadores. (CASTRO, 2009).

Pelo exposto, podemos afirmar que há muito ainda a ser feito, e que não

podemos compactuar com tanto descaso, principalmente quando chegamos ao

século XXI e ainda, de acordo com os dados do IBGE (2014), a taxa de

analfabetismo da população de 15 anos ou mais, chegou a 8,7% em 2012. Para

tanto, se as leis já foram criadas e já sabemos como deve ser a EJA, o que está

faltando ou ainda limitando estes a frequentar os bancos escolares?

2.2. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COMO DIREITO SOCIAL

Percebemos que após muitas lutas a EJA ganhou novos olhares. A educação

é direito de todo o cidadão e para tanto, existem leis que a garantam. Toda a história

da educação brasileira é um tanto conturbada e passou por um processo de

construção lenta e burocrática. Com a EJA não foi diferente, embora tenha sido

citada em outras formulações da Constituição, essa garantia só vem a se efetivar

com a Constituição Federal de 1988, a qual também atribui ao Estado o dever de

uma educação de qualidade a todos.Constatamos que o acesso a educação para

aqueles em idade certa está sendo garantida, mas a permanência com sucesso de

muitos ainda está sendo usurpada por fatores sociais, econômicos ou deficiências

cognitivas. Na sua maioria são estes os alunos que se evadem do ensino regular e

mais tarde retornam para a EJA.

No que diz respeito a EJA, percebemos mudanças, como por exemplo ela

sendo tratada como modalidade de ensino com características e especificidades

próprias como podemos verificar na LDB 9394/96 em seu art. 37 o qual vem

assegurar este direito à educação:

A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. §1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. §2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. (BRASIL, 1996, p. 13)

Podemos perceber então que, o direito a educação aos jovens e adultos que

não tiveram oportunidade de concluir seus estudos na idade certa está garantida em

lei. No entanto, será que na prática esse direito está sendo garantido ao longo da

história e nos dias atuais? Vemos ainda que estes se encontram emaranhados em

diferentes fatores que ainda dificultam a permanência do aluno na escola.

Vemos, entretanto que existem iniciativas no sentido da resolução da

problemática em questão, por exemplo, a resolução CNE/CEB n.º1/2000, que

instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos

que determina que as mesmas sejam obrigatoriamente observadas tanto na oferta

quanto na estrutura dos componentes curriculares do ensino. Como modalidade da

Educação Básica, a identidade própria da Educação de Jovens e Adultos,

considerará as situações, os perfis dos estudantes, faixa etária, e se pautará pelos

princípios de equidade, diferença e proporcionalidade na apropriação e

contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo

pedagógico próprio. Essa resolução salienta que o Estado precisa reparar a dívida

histórica e social. Segundo as Diretrizes da EJA, essa modalidade deve

desempenhar três funções: função reparadora, equalizadora e a qualificadora.

O Parecer CNE/CEB nº 11/2000, destaca que:

esta função reparadora da EJA se articula com o pleito postulado por inúmeras pessoas que não tiveram uma adequada correlação idade/ano escolar em seu itinerário educacional nem a possibilidade de prosseguimento de estudos. Neste momento, a igualdade perante a lei, ponto de chegada da função reparadora, se torna um novo ponto de partida para a igualdade de oportunidades. A função equalizadora da EJA vai dar cobertura a trabalhadores e a tantos outros segmentos sociais, como donas de casa, migrantes aposentados e encarcerados. A reentrada no sistema educacional dos que tiveram uma interrupção forçada, seja pela repetência ou pela evasão, seja pelas desiguais oportunidades de permanência ou outras condições adversas, deve ser saudada como uma reparação corretiva, ainda que tardia, de estruturas arcaicas, possibilitando aos indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, nos espaços da estética e na abertura dos canais de participação. (BRASIL, 2000, p. 9).

Deste modo, o indivíduo que foi despojado de sua formação, independente da

razão, deverá ter o direito de restabelecer sua trajetória escolar para ter igualdade

de oportunidade na vida e em sociedade. Na EJA, também se deve buscar uma

educação permanente, diversificada, universal e:

esta tarefa de propiciar a todos a atualização de conhecimentos por toda a vida é a função permanente da EJA que pode se chamar de qualificadora. Mais do que uma função, ela é o próprio sentido da EJA. Ela tem como base o caráter incompleto do ser humano cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em quadros escolares ou não escolares. Mais do que nunca, ela é um apelo para a educação permanente e criação de uma sociedade educada para o universalismo, a solidariedade, a igualdade e a diversidade. (BRASIL, 2000, p.11).

Para tanto, é fundamental um modelo educacional que crie situações

pedagógicas suficientes para atender as necessidades de aprendizagem específicas

do alunos jovens e adultos. “É preciso respeitar o aluno adulto, utilizando-se uma

metodologia apropriada, que resgate a importância de sua biografia, de sua história

de vida.” (GADOTTI, 2014, p.17). Isto posto, há a urgência de se compreender quem

são estes alunos, quem são estas pessoas que retornam aos bancos escolares e

quais são suas intenções e motivações para tornar este ensino mais acessível e

significativo, deve-se repensar as concepções de educação e de cidadania que dão

sentido a nossa prática pedagógica, esta muitas vezes excludente que

tradicionalmente, acompanha o percurso da EJA na escola pública brasileira. Ao

analisar os índices de baixa escolarização da juventude das camadas mais

populares do país, percebe-se que:

a reduzida parcela daqueles que conseguem superar as estatísticas de baixa escolaridade impostas aos jovens das camadas populares devem o feito a um esforço individual sobre-humano, a um maciço e penoso investimento familiar ou à ocorrência de “encontros”, em sua maior parte, ditados pelo acaso. (ANDRADE, 2006, p.62).

Todo ser humano já tem alguma forma de conhecimento e assim sendo, todos

que ingressam na EJA já tem uma consciência formada, mas é preciso despertar

neles, “a consciência crítica de sua realidade total como ser humano[...] a noção

clara de sua participação na sociedade pelo trabalho que executa, dos direitos que

possui e dos deveres para seus iguais.” (PINTO, 1978, p.87). Observamos que

muitos já passaram por situações difíceis durante o período escolar ao enfrentarem

problemas de aprendizado, dificuldade de convivência com professores e colegas,

repetência e necessidade de trabalhar para ajudar no sustento da família. Vemos

que para estes jovens e adultos voltar a estudar representa um grande desafio. Eles

ao retornarem à escola possuem muita curiosidade e desejo de vivenciar novas

experiências buscando no ambiente escolar um espaço de socialização e inserção

social. No Paraná, em 2006, foi lançada a Diretriz Curricular da Educação de Jovens

e Adultos, com a participação de professores, pedagogos, equipes pedagógicas dos

Núcleos Regionais de Educação e de técnicos pedagógicos da SEED, com a função

de orientar a organização curricular das escolas paranaenses de EJA. O documento

contempla um breve histórico, a função social, o perfil dos educandos, os eixos

articuladores, as orientações metodológicas e a avaliação na EJA. O direito a

educação já está previsto em lei, bem como as diretrizes para o que deve ser este

ensino já estão elaboradas, portanto existem políticas públicas definidas, este é um

aspecto importante, mas o que é necessário é a garantia da viabilização destas

políticas. Entre elas caberá aos educadores a tarefa de desenvolver uma

metodologia que utilize recursos que proporcione o aprendizado e a efetivação deste

direito.

2.3. LINHA NORTEADORAS DO PPP E PLANEJAMENTO DO COLÉGIO

ESTADUAL DO CAMPO DE ANGAÍ

No Projeto Político Pedagógico da escola foi estabelecida que a prática

pedagógica será desenvolvida fundamentada na pedagogia Histórico-Crítica.

Esta concepção define:

uma didática que articula teoria e prática, escola e sociedade, conteúdo e forma, técnica e política, ensino e pesquisa; uma didática que concebe os professores como sujeitos que aprendem uma profissão e se fazem profissionais na medida em que aprendem ensinando. (FARIAS, 2011, p.17).

Tal concepção teórica valoriza a assimilação e interação dos conhecimentos

científicos, incumbindo à escola proporcionar instrumentos que permitam que o

educando faça uma leitura crítica de mundo, de sua cultura, partindo de sua

realidade. Através de metodologias adequadas os alunos apropriam-se do saber

elaborado, construído historicamente. Os profissionais do Colégio Estadual do

Campo de Angaí, vêm nesta linha metodológica não apenas um simples método de

ensino, mais sim uma forma de desmistificar o ensino como apenas ato de aprender

priorizando a formação integral do aluno, ou seja, este deverá assimilar os

conhecimentos e usá-los no seu contexto social.

O PPP é de fundamental importância, sendo uma criação coletiva da

comunidade escolar seguindo as orientações dos documentos oficiais, o qual deve

ser o elemento norteador das ações escolares, levando em conta o direito dos

alunos à formação humana e cidadã, viabilizando uma educação de qualidade para

o desenvolvimento de uma sociedade melhor.

A partir deste, o professor planejará a sua prática. O ato de planejar e a

participação no trabalho coletivo da escola se concretiza na elaboração e

implementação do Projeto Político Pedagógico. A necessidade de mudança é um

fator decisivo para a significação do planejamento.

[...] todo o trabalho da ideologia dominante vai no sentido de anestesiar a percepção das contradições e a consequente necessidade de mudança. [...] ‘. Também ele deixa claro que: ‘a questão do planejamento é desafiadora, pois projetar é para o humano, [...]” e o que dá vida a uma escola ‘[...] são as pessoas, os sujeitos que historicamente assumem a construção de uma prática transformadora. [...] (VASCONCELLOS, 2007, p. 36-37).

Neste sentido podemos afirmar que, o planejamento é desafiador e primordial

para a prática educativa. O professor deve levar em consideração àqueles para o

qual está planejando. Toda prática educativa implica numa concepção dos seres

humanos e de mundo. No C.E.C.A. busca-se traçar metas voltadas para a realidade

dos alunos da EJA levando em conta o saber que estes trazem e procurando através

de visitas in loco durante as formações conhecer a realidade social na qual os

mesmo estão inseridos.

2.4. A BAGAGEM CULTURAL DO ALUNO

Aceitar o conhecimento e a cultura do aluno é primordial para uma escola de

sucesso, pois os alunos que a ela chegam trazem opiniões e sentimentos subjetivos,

que tem grande influência na continuidade de seus estudos e precisam ser tratados

com dignidade e consideração, pelos professores e demais profissionais da escola

(motoristas, merendeiras, serviços gerais, etc.),os quais devem estar informados que

estes alunos já possuem conhecimentos, cultura e costumes, que tem influência na

sua visão de mundo e a maneira como deve ser conduzido o processo de ensino

aprendizagem.

Dentro deste contexto, os conteúdos não devem ser impostos, mas sim

propostos, cabendo ao professor reconhecer e valorizar esta bagagem cultural, e

que segundo o próprio MEC (BRASIL, 2006, p. 19):

[...] O reconhecimento da existência de uma sabedoria no sujeito, proveniente de sua experiência de vida, de sua bagagem cultural, de suashabilidades profissionais, certamente, contribui para que ele resgate uma auto-imagem positiva, ampliando sua autoestima e fortalecendo sua autoconfiança. O bom acolhimento e a valorização do aluno, pelo(a) professor(a) de jovens e adultos possibilitam a abertura de um canal de aprendizagem com maiores garantias de êxito, porque parte dos conhecimentos prévios dos educandos para promover conhecimentos novos, porque fomenta o encontro dos saberes da vida vivida com os saberes escolares.

Vemos, segundo as autoras, que os conhecimentos prévios não devem ser

compreendidos como obstáculos, mas como ponto de partida para seu

aprimoramento e a conquista de novos saberes.

Portanto, cabe ao professor estimular uma aprendizagem que reconheça os

problemas, as necessidades e conhecimentos anteriores dos alunos para torná-la

mais significativa, pois:

[...] o que tem se evidenciado, é um distanciamento significativo entre os conteúdos escolares e a realidade vivida pelos alunos, principalmente pelos das classes populares, porque os saberes que o aluno traz com ele ainda não têm sido diagnosticados nem valorizados na escola. (SCHWARTZ, 2013, p. 49).

Sabe-se que a bagagem cultural dos alunos e aqui especificamente os alunos

da EJA deve ser levada em consideração como ponto de partida do ensino

aprendizagem, muitos profissionais da educação, dentre eles os professores, ainda

não tem essa prática, acarretando num aprendizado desvinculado de sua realidade,

tornando-o maçante e desinteressante.

De acordo com DURANTE (1998, p.42) deve ficar claro na atuação do

professor da EJA, que: “uma aprendizagem se caracteriza como significativa,

quando o indivíduo consegue reutilizar seus conhecimentos em situações diferentes

daqueles que foram assimilados”.

Desse modo, o ensino-aprendizagem para alunos da EJA não deve ser pronto

e acabado. Pois todo o ser tem uma história, e esta faz com que todos de alguma

maneira contribuam para um novo conhecimento.

2.5. A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA A EJA

Vemos que uma formação de qualidade é extremamente relevante para os

professores da EJA, haja vista, que a busca pela qualidade de ensino exige

repensar, tanto na formação inicial como na continuada. Também é primordial

valorizar o saber docente, em especial aquele baseado em sua experiência. Deve

seroportunizada aos docentes da EJA uma formação específica, voltada para esta

modalidade de ensino, a qual apresenta inúmeras especificidades que muitas vezes

não são levadas em conta.

Na educação, o ensinar e o aprender provocam mudanças na maneira de

conceber o mundo. O professor deve estar ciente que aprender para o aluno pode

ser uma tarefa difícil, principalmente para aqueles que já estão há algum tempo fora

da escola.

Segundo Pinto (1987, p.23) “a educação é um ato intransitivo, quer dizer, o

educador não pode transformar a outrem que não esteja se transformando no

próprio trabalho de ensinar. Por isso é que ele, ao ensinar, ele aprende”.

Vemos então que o aprendizado só ocorre quando aquele a quem se ensina

está disposto a aprender, e para que haja um bom desempenho no ensino é

essencial que o educador esteja qualificado e aberto a mudanças.

Em suma, o professor ideal é alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência cotidiana com os alunos. (TARDIF, 2008, p.39).

O conhecimento e a formação do professor são vistos como um fator

relevante para o sucesso e permanência do aluno da EJA na escola, entretanto não

basta apenas que o educador tenha força de vontade, ele precisa de apoio,

reconhecimento dos órgãos públicos, os quais muitas vezes não lhes dão a devida

importância ou ainda o desvalorizam.

Embora haja uma corrente de desvalorização profissional do professor que o

considera um simples técnico reprodutor do conhecimento, é preciso investir na sua

formação, pois:

[...] na sociedade contemporânea cada vez mais se torna necessário o seu trabalho enquanto mediação nos processos constitutivos da cidadania dos alunos, para o que concorre a superação do fracasso e das desigualdades escolares. (PIMENTA, 2009, p.15).

Devemos reconhecer que ser professor na sociedade atual, não é tarefa fácil,

pois exige uma série de atributos, entre eles, uma formação inicial, permanente e

continuada que considere a diversidade que se encontra dentro de uma sala de

aula.

2.6. A EVASÃO ESCOLAR NA EJA

Entende-se evasão o ato de evadir-se, fugir, abandonar; sair, desistir; não

permanecer em algum lugar. Quando se trata de evasão escolar, entende-se a fuga

ou abandono da escola em função da realização de outra atividade (RIFFEL,

MALACARNE, 1996). Muitos estudos têm apontado que ela está ligada a fatores

sociais, culturais, políticos e econômicos.

Ao analisarmos dados da evasão na EJA podemos verificar que estes são

altos, e que deve-se intervir, objetivando a ruptura com este ciclo e a permanência

destes alunos na escola.

Segundo os dados do MEC/Inep/DEED, 2010, no Brasil, ocorreu uma redução

no número de matrículas na Educação de Jovens e Adultos de 14,9% de 2007 à

2010. Estes números podem não representar a evasão escolar na EJA, mas

ampliam as perspectivas de como ela é considerada.

Segundo Digiácomo (2011), as causas da evasão escolar vão desde a

necessidade de trabalho do aluno, como forma de complementar a renda da família,

até a baixa qualidade do ensino, que desestimula aquele a frequentar as aulas.

A evasão não se dá por motivos banais, quando o aluno deixa de frequentar a

escola, esta atitude está relacionada a diversos fatores.

São várias e as mais diversas as causas da evasão escolar, podendo estas

serem agrupadas em: escola, aluno, pais/responsáveis e social. Além disso, “as

causas são concorrentes e não exclusivas, ou seja, a evasão escolar se verifica em

razão da somatória de vários fatores e não necessariamente de um

especificamente”. (FERREIRA, 2011, p.03).

Vemos então que são diversos os fatores que levam o aluno a evadir-se,

sejam eles por incompatibilidade de horários, trabalho, dificuldade de acesso e por

acharem inclusive que a formação que recebem não contribui significativamente

para a melhoria de suas vidas.

Para Charlot (2000, p. 18), a problemática da evasão escolar deve ser vista

sob vários ângulos, tais como:

sobre o aprendizado... sobre a eficácia dos docentes, sobre o serviço público, sobre a igualdade das chances, sobre os recursos que o país deve investir em seu sistema educativo, sobre a crise, sobre os modos de vida e o trabalho na sociedade de amanhã, sobre as formas de cidadania.

Assim, podemos dizer então que, a evasão escolar necessita de atenção,

debates e políticas públicasque viabilizem este trabalho, haja vista que são inúmeros

os fatores que levam o educando a evadir-se.

3. ENCAMINHAMENTOS METODOLOGICOS

Para a implementação implementação desta pesquisa, inicialmente elaborou-

se um projeto de intervenção junto aos profissionais da escola e questionários

aplicado aos sujeitos participantes do projeto.

Os encaminhamentos objetivaram investigar as possíveis causas da evasão

escolar na EJA do Colégio Estadual do Campo de Angaí e principalmente verificar

possíveis soluções para que a mesma seja minimizada. A proposta de trabalho

constituiu em uma pesquisa bibliográfica, para fundamentar as ações, pesquisa de

campo e intervenção junto aos professores e alunos e demais profissionais da

escola.

Com a finalidade de relacionar a teoria com a prática, visando dar suporte

para desenvolvimento do projeto foi organizado um Caderno Pedagógico dividido em

duas unidades. Na unidade I foi contemplada a realidade da escola em questão

destacando quem são os sujeitos da EJA do colégio, o perfil dos alunos e dos

professores, sendo componente ainda a fundamentação teórica das questões

pertinentes propostas no Projeto de Intervenção Pedagógica. Na unidade II se

encontram as atividades, os temas a serem debatidos e refletidos nos grupos de

estudos com professores, equipe pedagógica e nos encontros com alunos e demais

comunidade escolar, bem como os encaminhamentos metodológicos a serem

realizadas durante a realização do Projeto de Intervenção.

Portanto, o Caderno Pedagógico, vislumbrou contribuir com a formação dos

professores, no conhecimento da realidade da EJA do colégio e no envolvimento da

comunidade escolar, a fim de motivar os alunos para melhorar a sua autoestima,

criando uma dinâmica metodológica que atinja os seus interesses, oferecendo

atividades desafiadoras conectadas ao contexto sociocultural do educando, dando

sentido e significado às aprendizagens, numa perspectiva emancipadora e desta

maneira ressignificar o conceito de evasão na EJA do colégio a fim de minimizá-la.

A perspectiva foi que tal material pudesse servir como um instrumento para

reflexão e material de apoio para a efetivação dos objetivos do Projeto de

Intervenção, bem como suporte junto aos Grupos de Trabalho em Rede – GTR – e

por fim fornecer elementos para a elaboração do artigo que se apresenta.

Após essa etapa, foi organizado grupo de estudo e encontros, realizados no

período de julho a setembro de 2015. Esse grupo de estudo e encontros, tiveram

como objetivo promover ações de intervenção que visam mostrar os problemas que

envolvem a evasão escolar na EJA, buscando soluções para que os alunos tenham

continuidade em seus estudos e com êxito. Para tanto o trabalho foi dividido em

etapas com as seguintes ações e respectivos segmentos:

A etapa I teve um total de 24 horas, onde foram realizados seis encontros de

quatro horas no segundo semestre de 2015, com professores e equipe pedagógica,

com o objetivo de, a partir das taxas de evasão escolar do colégio levantadas,

procurar interpretá-las e entender sua dinâmica e desta maneira estabelecer

relações possíveis entre teorias da educação e a evasão na EJA do colégio em

questão, resgatando a corresponsabilidade com os docentes e o compromisso com

o PPP do Colégio, possibilitando uma (re) construção do mesmo. Também nestes

encontros foram trabalhados temas referentes a história da EJA, discussão da Lei

9394/96 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e

Adultos e demais legislações pertinentes, bem como, temas que promovam e

despertem o interesse, o entusiasmo e o prazer ao educador de ensinar.

A etapa II teve um total de 8 horas, direcionadas para os alunos da EJA, em

quatro encontros de duas horas durante o segundo semestre de 2015. Nestes

encontros foram apresentados os dados da evasão escolar na EJA obtidos na

pesquisa para que em discussões, os alunos procurassem determinar os motivos

desta ser tão elevada e que os mesmos pudessem sugerir ações para revertê-la ou

minimizá-la. Também foram abordados temas referentes à legislação com relação

aos direitos que os mesmos têm como alunos e os deveres que lhes impõe para que

os mesmos tenham clareza de seus direitos e deveres como cidadãos e também a

importância da formação em nossas vidas, inclusive como exigência do mercado de

trabalho, procurando desta maneira, motivar e despertar o interesse e entusiasmo

do educando.

E a etapa III foi pensada para a comunidade escolar, este encontro teve

duração de duas horas, entre os envolvidos com a educação: alunos, professores,

equipe pedagógica, agentes educacionais I e II, motoristas dos ônibus escolares,

para levantar motivos e possíveis soluções para a evasão escolar na EJA do

Colégio.

4.ANALISE E DISCUÇÃO DOS RESULTADOS

4.1.O COLÉGIO EM QUESTÃO

O Colégio Estadual do Campo de Angaíteve o início de suas atividades em

1992 com alunos de 5ª à 8ª série. Somente em 2009 foi implantado o ensino

fundamental Fase II e o ensino médio noturno (EJA). Durante todo este período

muitos alunos não concluíram seus estudos e por motivos diversos acabaram

abandonando a escola e só tiveram seu retorno a ela anos mais tarde. Após anos de

observação como educador, percebeu-se a existência de problemas tais como o

transporte escolar deficitário, distância da escola, necessidade da ajuda aos pais no

trabalho no campo, casamento na adolescência, gravidez precoce, entre outros

fatores.

No caso particular do colégio, onde a pesquisa foi implementada, segundo

dados do mesmo, os números de alunos evadidos são preocupantes: em 2010 do

total de alunos matriculados 29% se evadiram, em 2011 esse número passa para

31,9%, em 2012 o percentual é de 38,8% e passando para 41% em 2013, ano até o

qual os dados foram analisados.

Com o passar dos anos, foi possível perceber, através de observações que,

por motivos pessoais e de inserção no mundo do trabalho, muitos desses jovens

tiveram seu retorno aos bancos escolares na EJA e, mais uma vez, dela se evadem

sem a conclusão do ensino básico. Este novo abandono escolar se deve aos

motivos anteriormente já citados ou ainda, podemos supor a questão da falta de

habilitação dos professores para atuarem na EJA, dualidade administrativa entre o

colégio estadual e a escola municipal com seus espaços divididos e horários

diferenciados para transporte escolar, a necessidade das mães trazerem seus filhos

menores junto para a escola por não terem onde deixá-los ou por imposição dos

maridos, os alunos serem oriundos da agricultura familiar, assentamentos e faxinais

e que, como no passado, mais uma vez têm dificuldade de conciliar trabalho, família

e estudo.

4.2 . PERFIL DA EJA DO COLÉGIO ESTADUAL DO CAMPO DE ANGAÍ

Mas afinal, quem são os professores e alunos da EJA? Buscando responder

esta questão, efetuou-se por meio de um questionário uma sondagem com os

sujeitos da EJA, com o objetivo de conhecer quem são os alunos e professores da

EJA. Para os professores foi feita a aplicação de questionário objetivando identificar

como os mesmos veem a EJA, como atuam na mesma, suas respectivas formações

e seu possível conhecimento da realidade dos alunos atendidos. No questionário

foram feitas perguntas paraprofessores e alunos em uma pesquisa de cunho

qualitativo. Aos professores foi questionado sua metodologia, formação, tempo de

atuação na EJAbem como sua visão desta modalidade. No questionário aplicados

ao aluno o objetivo foi conhecê-lo e identificar as possíveis causas da evasão

escolar e os motivos do retorno, além de delinear as suas principais características.

E uma observação do espaço escolar e das técnicas do professor em sala de aula.

Os dados apresentados a seguir foram subtraídos dos questionários

respondidos por vinte alunos da EJA do Colégio Estadual do Campo de Angaí, que

na sua grande maioria são do sexo feminino (75%) e destas 44% são casadas, e

com filhos. Estes alunos estão na faixa etária de 18 a 45 anos e a metade pararam

de estudar na 4ª série do Ensino Fundamental, dos quais 56% ficaram fora da

escola por mais de 5 anos.

Ao analisar as respostas do questionário aplicado a cinco professores

observou-se que 20% já estão trabalhando na EJA há mais de 8 anos, enquanto

80% estão a pouco tempo, aproximadamente 2 anos ou menos. Apesar de todos

serem licenciados, não fizeram curso ou especialização específica para trabalhar

nesta modalidade de ensino. Segundo a pesquisa realizada com os professores,

100% destes em sua prática usam a metodologia expositiva, e o que torna mais

difícil o seu trabalho é a ausência de material didático específico da EJA. Constata-

se que 80% dos professores não conhecem o Projeto Político Pedagógico da escola

no que diz respeito à EJA e gostariam de participar de um grupo de estudos sobre

este tema.

A partir da análise dos questionários respondidos pelos alunos e professores

da EJA, podemos conhecer um pouco da realidade dos jovens e adultos que estão

nesta modalidade de ensino bem como de seus professores.

Um problema que se apresenta no Colégio em questão é a insegurança no

sentido da instabilidade dos professores, equipe pedagógica e demais funcionários

com relação à permanência e continuidade dos trabalhos, pois na sua grande

maioria são contratados pelo Processo Seletivo Simplificado(PSS) e tem muitas

vezes seu vínculo com a escola interrompido, dificultando assim a realização de um

planejamento participativo e contextualizado.

[...] com as demandas da escola, dos professores e dos alunos como prática a ser consolidada. Uma ação deste tipo [...] Pressupõe que os professores e os demais sujeitos da comunidade escolar se achem aceitos, reconhecidos, pertencentes ao grupo. Estamos falando no sentido de segurança e estabilidade como condição de permanência e continuidade do trabalho iniciado. (FARIAS. 2011, p. 118).

Desde 2009, quando a EJA começou a ser ofertada, todos os anos os

professores são contratados a partir do PSS e, portanto, tem dificuldade de

conhecer a realidade dos alunos e, devido à rotatividade, os mesmos dificilmente

criam vínculos com a escola.

Pelas informações dos alunos podemos verificar que os principais motivos do

abandono escolar se devem a necessidade de trabalhar e responsabilidade de

cuidar da família e que o retorno para a EJA se deu pelo motivo de arranjar um

melhor emprego. Neste retorno a EJA, a maior dificuldade se encontra em conciliar

trabalho, cuidar dos filhos em alguns casos, não contar com o apoio dos maridos.

Segundo os dados obtidos, estes alunos normalmente trabalham sem carteira

assinada e recebem menos do que o salário mínimo. Eles não tem conhecimento da

legislação no que diz respeito à educação e seus direitos como cidadão, mas quase

em sua totalidade gostariam de aprender sobre isto.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização dos encontros, a coleta e análise dos dados e o estudo

bibliográfico, foi possível perceber que muitas são as causas da evasão do EJA, em

alguns casos, são muitos fatores que contribuem para que o aluno desista dos seus

estudos, em outros um único motivo é o suficiente para tal atitude. As alunas com

mais idade ou que são casadas precisam da autorização dos seus companheiros

para frequentar os bancos escolares, isso causa uma alteração de rotina que nem

sempre é bem aceita, porém com o avanço dos movimentos feministas já é possível

notar uma mudança branda de postura por parte das mulheres que fizeram parte da

pesquisa, algumas disseram que se hoje o cônjuge fosse contra seus estudos elas

não abandonariam a escola por este motivo, tentariam convencê-lo do contrário.

Os jovens, principalmente os homens, abandonaram o ensino regular por falta

de perspectiva na maioria das vezes, por acreditar que trabalhar é melhor que

estudar, no entanto, o mesmo trabalho faz com que eles retornem para a escola,

agora no EJA, a fim de buscar maior qualificação pessoal e profissional, ou como

meio facilitador de crescimento muitas vezes dentro da empresa.

O projeto de intervenção levou em consideração a participação de todos os

segmentos da EJA, ou seja, motorista do ônibus, as merendeiras, professores,

pedagogos, alunos, e demais membros da comunidade escolar, porque todos fazem

parte de alguma forma da permanência destes alunos nesta modalidade de ensino

que possui tantas peculiaridades. Em meio à discussões de textos, questões

voltadas à políticas públicas para educação, dinâmicas, plenárias, momentos de

concentração, seriedade, mas também de reciprocidade, companheirismo,

descontrações, foi possível refletir, pensar e repensar a prática pedagógica diária,

compreender que cabe a cada um de nós a transformação que queremos no mundo.

Fato é que a evasão na EJA pode ser resultado de uma somatória de

pequenos problemas enfrentados pelo aluno, ou ele pode perder a motivação e

desistir frente ao primeiro desafio.

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