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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Com base no referencial teórico de Jacques Le Goff (1992) que diz respeito à memória, como propriedade de conservar certas informações,

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

PATRIMÔNIO AMBIENTAL E MEMÓRIA: O COLÉGIO ESTADUAL OLAVO BILAC (1990-2010)

Marivône Regina Machado1 Richard Gonçalves Andre2

Resumo: Este estudo apresenta como objetivo principal refletir sobre as ações desenvolvidas pela comunidade escolar do Colégio Estadual Olavo Bilac, em Ibiporã/PR, sobre a importância ambiental da referida instituição, entre o período de 1990 a 2010. Buscou-se proporcionar aos alunos um novo olhar sobre as questões que fazem parte do contexto cotidiano. Foram utilizados como documentos entrevistas e fotografias que fazem parte do acervo do colégio, demonstrando as ações desenvolvidas pela comunidade escolar. As atividades envolveram os alunos do 1º ano do Ensino Médio Regular, período da manhã, turma "A". A proposta pedagógica fez com os alunos pudessem perceber a dinâmica da pesquisa ao depararem-se com uma ação concreta e estarem mais atentos às mudanças que o espaço escolar sofre, uma vez que a fotografia registra o momento vivido e traz recordações onde cada um pode tecer o seu olhar. Palavras-chave: Patrimônio. Memória. Fotografia. História Ambiental.

INTRODUÇÃO

A concepção Curricular vigente no Estado do Paraná e do Projeto

Político Pedagógico do Colégio Estadual Olavo Bilac visa uma “educação de

qualidade, dentro de uma gestão democrática e participativa, que possibilite a

formação de um cidadão crítico, participativo e transformador da sociedade a qual

está inserido”. (COLÉGIO, 2010, p.12). Dentro desta perspectiva, foi desenvolvida

uma pesquisa veiculada ao Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) a fim

de repensar sobre uma ação pedagógica mais significativa sobre o Patrimônio

Ambiental e a Memória existentes no Colégio Estadual Olavo Bilac, de Ibiporã, norte

do Paraná. O objetivo geral é fazer uma reflexão sobre as ações que foram

desenvolvidas pela comunidade escolar no período de 1990 a 2010, e como

objetivos específicos propor um debate sobre as diversas formas de leitura dos

documentos existentes no colégio, dialogando entre o passado e o presente para

1Professora PDE. Graduada pela UEL e docente no Colégio Estadual Olavo Bilac – EFMPN de Ibiporã. E-mail:

[email protected]. 2Professor de História, Adjunto da UEL. Doutor em História. E-mail: richard_histó[email protected]

construir uma visão histórica ampla sobre o patrimônio ambiental e a memória

construída num determinado tempo e espaço, bem como verificar e catalogar o

acervo fotográfico que se remete ao espaço e as ações humanas e naturais.

Quando se observa as Diretrizes Curriculares da Educação Básica

(DCE – 2008), em que se destaca a importância do professor como autor de seu

plano de ensino, transformando a visão conteudista do ensino de história para uma

práxis de constante desenvolvimento do conhecimento numa perspectiva

interdisciplinar que torna possível uma ação didática na construção de saberes, é

que percebe o quanto ainda se esta distante de alcançar tais metas.

As metodologias utilizadas, nas práticas escolares, deixam, muitas

vezes, a desejar, visto a falta de tempo que o professor possui para elaborar de

forma organizada e consistente seu trabalho pedagógico. Desta forma, a

reconstrução do patrimônio do colégio desenvolvido com os alunos trouxe uma nova

perspectiva para a disciplina de história, que, a partir da pesquisa e do debate,

possibilitou um conhecimento mais elaborado e estreitou a relação professor/aluno.

Ao sugerir as ações realizadas no colégio, envolvendo a perspectiva

do seu patrimônio ambiental e da memória, buscou-se a valorização dos

documentos como fonte de pesquisa. A princípio, o trabalho trouxe aos alunos uma

visão do mundo globalizado e, ao mesmo tempo, observou-se os caminhos tomados

pela humanidade em relação às questões ambientais, as quais interferem direta ou

indiretamente no seu cotidiano. Nesse sentido, a disciplina de história ofereceu

ferramentas de trabalho para que os alunos pudessem perceber o contexto histórico

em que estão inseridos, viabilizando um novo olhar.

PATRIMÔNIO AMBIENTAL E MEMÓRIA COMO PERSPECTIVA HISTÓRICA

Com base no referencial teórico de Jacques Le Goff (1992) que diz

respeito à memória, como propriedade de conservar certas informações, onde o

estudo da mesma abarca várias áreas das ciências biológicas, foi abordada sua

perspectiva histórica, traçando uma proposição de trabalho. Para o autor, o estudo

da memória social é um dos meios fundamentais de abordar os problemas do tempo

e da história, relativamente que ora está em retraimento, ora em transbordamento.

Desse modo, Le Goff (1992, p. 476) afirma que a “memória é um elemento essencial

do que se costuma chamar de identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma

das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje [...]”.

Na visão da memória coletiva, os indivíduos identificam-se e buscam

traçar metas que possam dar suporte para desenvolver elementos que demonstrem

as suas ações, no desejo de criar, transformar, preservar, dar continuidade ao

trabalho. Ao longo da história, existiram inúmeras formas de construí-la, tanto pelo

viés da fantasia, das crenças, dos mitos e dos heróis, podendo ser utilizada

conforme os interesses dos grupos, quanto à forma de manipulação, de construção

e manutenção de identidades. Segundo Moraes (2005, p. 103),

Esta natureza requalificada pela mediação da sociedade (e da técnica) circunscreve o conjunto de recursos naturais de um dado meio, sua naturalidade historicizada pela apropriação humana (que tem como primeiro passo a identificação da dinâmica dos processos naturais e das qualidades dos fenômenos da natureza). Esta riqueza depositada em um dado espaço constitui o patrimônio natural da sociedade que o domina, sendo um dos elementos caracterizadores de seu território.

Tendo em vista que patrimônio está relacionado à herança de um

povo que atribui valores próprios a cada grupo social, torna-se necessário abordar a

questão do patrimônio ambiental no que diz respeito à preservação do espaço

público do Colégio Estadual Olavo Bilac e a interferência dos sujeitos sobre ele,

colocando em discussão as práticas individuais e coletivas no período pesquisado,

as propostas e os projetos realizados.

A ORGANIZAÇÃO DAS CONFERÊNCIAS SOBRE O MEIO AMBIENTE

Ao se falar em patrimônio ambiental, é importante pontuar à

UNESCO, que, em 1972, realizou uma Conferência e adotou a “Convenção para a

proteção do patrimônio Mundial Cultural e Natural”, com o objetivo de universalizar o

patrimônio mundial construído pela humanidade. Tais conferências Internacionais e

as constantes manifestações sociais impulsionaram a elaboração de novas leis,

conforme aponta a Constituição Brasileira, de 1988, em seu artigo 225, ao dizer que,

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para às presentes e futuras gerações (BRASIL,1988,[s. p]).

O artigo estabelecido pela Constituição discute sobre as questões

dos Direitos e Deveres constituídos, como também possibilitou a compreensão dos

alunos envolvidos neste projeto quanto ao resgate do patrimônio sobre essas

questões. Para tanto, foi disponibilizada uma targeta aos alunos, contendo um

conceito, como, Ética, Respeito, Cidadania. Os mesmos puderam explicitar suas

concepções acerca de cada tema e elaboraram um painel com suas ideias. Numa

aula seguinte, foi feita a comparação entre dois painéis, um feito pelos alunos a

partir do senso comum e o outro feito pela professora, pautado em concepções

filosóficas e históricas. Essa dinâmica fez com que os alunos percebessem que

alguns conceitos são vistos de formas equivocadas por eles.

Os estudos ambientais, na perspectiva histórica, são recentes,

sendo que a visão global que o mundo adotou não mais permitiu que a historiografia

fechasse os olhos para as questões pertinentes às relações humanas com o mundo

natural, como degradação, mudanças climáticas, ou seja, todas as coisas que direta

ou indiretamente afetam a humanidade. Assim, o que se percebe é que a

humanidade vem deixando suas marcas ao longo do tempo, o ambiente que constrói

em seu entorno expressa a sua cultura, seu trabalho, sue seus valores éticos.

Para que se efetive a compreensão dos diversos problemas

existentes em relação ao meio ambiente, é preciso observar que tudo faz parte de

uma construção histórica e que a humanidade precisa enfrentar as dificuldades que

se apresentam, para tal surgiram as Conferências Internacionais, Conferência de

Estocolmo (1972), Conferência de Belgrado (1975), Conferência de Tibilisi (1977),

Conferência de Moscou (1987), Conferência Rio (1992), Conferência de Thessaloniki

(1997) para debater e encontrar possíveis soluções.

Estas conferências abordaram questões das mais diversas

possíveis, com o objetivo de criar ações conjuntas, visando entre outras coisas uma

“Educação Ambiental”, baseada na construção de valores. A resolução 96, da

Conferência de Estocolmo, é resultado de uma, das muitas ações criadas, onde a

mesma recomendou a Educação Ambiental de caráter interdisciplinar. Contudo,

quando se fala em questões ambientais, cada sociedade a interpreta de forma

peculiar ao seu estilo de vida. Para que esse processo seja compreendido, é

necessário um breve olhar sobre as questões que abordam o patrimônio ambiental e

a criação da Agenda 21.

Em 1992, ocorreu no Rio de Janeiro a Segunda Conferência Mundial

do Meio Ambiente, a Rio-92, que foram ampliadas as questões ambientais. Entre os

diversos assuntos discutidos, firmou-se que cada país desenvolveria ações que

fossem de encontro com as questões ambientais. Foi definida uma agenda com 21

itens que foram discutidos em âmbito nacional, estadual, municipal e escolar.

Conforme a Agenda 21 do Paraná, nas suas atribuições, tratam da promoção do

ensino, da conscientização e do treinamento onde o documento afirma,

O ensino, inclusive o ensino formal, a consciência pública e o treinamento devem ser reconhecidos como um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades podem desenvolver plenamente suas potencialidades. O ensino tem fundamental importância na promoção do desenvolvimento sustentável e para aumentar a capacidade do povo para abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento. (CONFERÊNCIA, 2001, p. 239).

Para ampliar os conhecimentos, em uma ação interdisciplinar, o

professor de geografia trouxe para os alunos uma retrospectiva da formação dos

organismos mundiais e as conferências realizadas para a preservação do meio

ambiente e a preocupação mundial, com questões como: o controle do crescimento

populacional, o controle do crescimento industrial, a insuficiência da produção de

alimentos e o esgotamento dos recursos naturais.

Ao fazer um levantamento sobre a agenda 21, foi observado que

poucos alunos tinham conhecimento sobre a mesma ou somente tinham ouvido

falar. Para informá-los sobre o tema, foram convidados dois professores que atuam

no Curso de Meio Ambiente existente no Colégio: um biólogo e um geógrafo para

dar uma palestra sobre a agenda 21 em nível federal, estadual, municipal e escolar.

Os alunos ouviram sobre a construção da Agenda 21 Escolar, a qual foi elaborada

no ano de 2005, de acordo com as necessidades apontadas naquele momento

histórico, em que, por meio de um vídeo, observou-se como era o espaço escolar, o

que foi proposto e quais mudanças foram realizadas.

DOCUMENTOS COMO FONTES HISTÓRICAS

Como um dos objetivos desta ação pedagógica foi a realização de

pesquisa com fonte documental, fez-se necessária uma atividade que levasse à

compreensão da mesma. A princípio, identificou-se os tipos de fontes que podem ser

utilizadas, que, em neste caso, são as fontes primárias como: a escrita, visual e oral,

observando o que diz o documento, a natureza do mesmo, a datação, os autores, a

organização do material, ou seja, processar a leitura segundo critérios da análise

dos documentos por meio de um fichamento.

Segundo Schimidt (2004, p. 93), “a renovação historiográfica,

ocorrida no século XX, trouxe a renovação da concepção de documento histórico e

da relação do historiador com ele”. O documento histórico, ao ser utilizado em sala

de aula, fez com que ocorresse um diálogo com a fonte, pois o aluno passou a fazer

perguntas aos documentos utilizados, onde passado e presente se cruzaram, no

processo de ensino e de aprendizagem. Portanto o professor tem que ampliar seus

conhecimentos sobre o documento a ser pesquisado, abrindo a possibilidade para

que outras fontes possam ser pesquisadas.

Para levar o aluno a ter acesso ao conhecimento das ações

humanas, no tempo e no espaço, por meio da pesquisa documental, como ponto de

partida, foi trabalhado o poema de Bertold Brecht – “Perguntas de um trabalhador

que lê”, (1986, p. 167) onde se fez os seguintes questionamentos: O que se trata no

documento e em que período está inserido?; Se o período escrito corresponde ao

período dos acontecimentos; Qual a intensão do documento; Quem é o autor; Quem

são os protagonistas. Após terem pesquisado sobre o período, os alunos

comentaram suas respostas, percebendo que para realizarem uma pesquisa não

basta uma única fonte documental, além disso, cada um tem uma concepção sobre

o documento estudado.

Uma das intenções aqui presentes é a de detectar a maneira pela

qual a comunidade escolar relaciona-se com o patrimônio existente, ao se voltar

para as questões da História Ambiental e os problemas enfrentados pela

humanidade, criar uma sensibilização/conscientização coletiva de preservação.

Assim, ao se organizar um espaço público, faz-se necessário observar as nuances

históricas envolvidas no processo de construção do mesmo, em que momento se

produziu, com quais intenções e com quais valores foram produzidos. O fato é que o

trabalho humano transforma, constantemente, os espaços, de acordo com a

memória e os interesses que permeiam determinado momento histórico.

Após desenvolver várias atividades com os alunos, no

reconhecimento do espaço físico do colégio, foi realizada uma entrevista com 57

alunos, 8 funcionários e 15 professores sobre o patrimônio ambiental e a Agenda

21. Os entrevistados foram delimitados conforme a disponibilidade e a aceitação em

responder as questões propostas, sendo que tal ação foi realizada no período da

manhã, por se tratar de alunos do Ensino Médio Regular.

Dos professores entrevistados, sobre o tempo que atuam no

Colégio, as respostas obtidas giraram em torno de 15 anos. Ao serem questionados

sobre a Agenda 21 Escolar, 80% disseram que conhecem e que participaram de

alguma forma das atividades propostas e 20% não sabem e não participaram. O

que se percebeu foi que, durante o período pesquisado (1990-2010), a participação

dos professores em atividades com os alunos que geraram uma ação de

transformação e preservação do patrimônio da escola foi muito relevante, devida à

construção da Agenda 21 escolar, que teve como base as Agendas do Paraná e do

Brasil.

Em relação aos funcionários entrevistados, percebeu-se que há uma

rotatividade maior, dificultando, muitas vezes, que os mesmos participem mais

ativamente, embora sejam feitas, anualmente, reuniões para orientá-los sobre as

propostas estabelecidas na Agenda, principalmente na separação do lixo gerado na

escola, reciclável e o orgânico que é destinado para um minhocário organizado

pelos alunos do Curso de Meio Ambiente na produção de húmus.

ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS ALUNOS E RESULTADOS

Gráfico 1 – Patrimônio Ambiental

Observa-se nesta questão, que os alunos ao falar sobre patrimônio

ambiental, fizeram referência à natureza, por ligarem a palavra “ambiental” ao

espaço natural, mas a maioria não compreende o que é um patrimônio nem que faz

O que se entende por patrimônio ambiental?

80,7% Algo ligado a Natureza

17,5% Não sabem

1,8% carteiras , bancos..

parte do mesmo, e que são as ações humanas que podem transformar estes

espaços, mas o que se faz necessário observar, é que se torna preciso dar

significado real do espaço em que os alunos estão inseridos, criando assim uma

identidade escolar. Ao serem entrevistados, percebeu-se um certo descaso em

relação ao assunto, com respostas sem nenhuma reflexão, quando 80,7% dos

alunos responderam algo ligado à natureza, as respostas foram: “os bichos que

existem por aí”, “um lugar cheio de árvores”, “lugares preservados”, “tudo que a

gente pode utilizar”, entre outras afirmações.

Gráfico 2 – Conhecimento sobre a Agenda 21

Ao serem indagados se ouviram falar sobre Agenda 21, 63,2% dos

alunos, disseram que não, dos 36,8% todos disseram ter ouvido falar, mas não

sabem nada sobre o assunto. Nesse sentido, existem inúmeras possibilidades de

investigação, como: Não relacionar as práticas desenvolvidas no colégio com ações

já pré-estabelecidas na Agenda escolar; Terem vindo de outros estabelecimentos

escolares; Abordagens sobre as questões ambientais somente em numa perspectiva

macro e não relacionar o espaço em que estão inseridos, a falta de leitura de mundo

de nossos alunos, mesmo com toda tecnologia ao seu dispor.

As sugestões dadas pelos alunos para sanar a falta de informações,

foram que: a escola proporcione palestras e debates sobre o assunto e que os

alunos participem da realimentação da Agenda anualmente, objetivando com isto

uma mudança de comportamento.

Já ouviu falar da Agenda 21?

63,2% Não

36,8% Sim

Gráfico 3 – Concepções sobre o espaço escolar e sua manutenção

Quando questionados sobre o espaço escolar a maioria dos alunos

acham um ambiente agradável e acolhedor, mas poucos compreendem que é um

espaço coletivo e que são as ações individuais e coletivas que os transforma, seja

para um ambiente acolhedor, ou não, ao depredarem o espaço escolar muitos não

se dão conta que é o seu espaço que está sendo destruído e sempre compete a

alguém o preservar, deixá-lo em ordem. Esta indiferença faz parte de um contexto

maior, onde socialmente os sujeitos delegam responsabilidades aos outros. Ao

responderem que acham organizado, 71,9% dos alunos delegam esta organização

aos profissionais da limpeza, por acreditarem que esta é uma tarefa destes

profissionais e não é responsabilidade deles, somente alguns dizem que todos são

responsáveis, visto que somente 12,2% colaboram, não jogando lixo, não

destruindo. Torna-se um desafio mudar esta visão de que o patrimônio seja ele

ambiental ou não, é de competência somente de alguns.

Gráfico4 – Participação em ações coletivas em prol da preservação

Ao serem questionados sobre a participação de ações coletivas no

colégio, a maioria respondeu que sim, mas, o que não percebem é que, muitas

vezes, são as ações diárias que interferem no espaço escolar, como: Jogar lixo no

chão; deixar torneiras abertas; rabiscar as paredes; quebrar as janelas e fechaduras;

Como vêem o espaço escolar e se coloboram para a sua manutenção

71,9% Acham organizado

15,9% Não ligam

12,2% Colaboram

Participaria de ações coletivas para sua preservação?

71,9% Sim

21% Não

7,1% Depende da ação

destruir ventiladores, entre outras ações. O que se pode observar é que os mesmos

71,9% que acham organizado, estão dispostos a participar de ações coletivas,

propostas pelo colégio e 21% não colaborariam, pois, atribuem ao governo esta

tarefa e aos profissionais que são pagos para fazê-lo. Uma análise ainda que

superficial, destes dados, visto a necessidade de mais informações, é a de que

nossos jovens precisam ser estimulados e educados para a realização de atividades

coletivas, pois, a maioria gostaria de participar, só não sabe como, então compete

ao Colégio organizar tais ações.

ESTUDOS FOTOGRÁFICOS SOBRE O AMBIENTE ESCOLAR

No mundo contemporâneo, a história faz uso da memória como

forma de registro, de documento, daquilo que se perderia no passado. Segundo

Nora (1993, p.9), a história pertence a todos e a ninguém, o que lhe dá uma vocação

para o universal. A memória enraíza-se no concreto, no espaço, no gesto, na

imagem, no objeto. É por este viés que o uso de imagens fotográficas pode trazer a

memória de um tempo e espaço construído coletivamente. Ao se fazer uso da

fotografia, há de se ressaltar que, por traz de uma máquina fotográfica, existe um

sujeito que fará os registros fotográficos, com o seu olhar, escolhendo ângulos,

momentos, enquadrando os espaços, conforme argumenta Mauad (1996, p. 3),

Entre o sujeito que olha e a imagem que elabora há muito mais que os olhos podem ver. A fotografia – para além da sua gênese automática, ultrapassando a ideia de analogon da realidade – é uma elaboração do vivido, o resultado de um ato de investimento de sentido, ou ainda uma leitura do real realizada mediante o recurso a uma série de regras que envolvem, inclusive, o controle de um determinado saber de ordem técnica.

Para Kossoy, (2001, p. 98) “a fotografia [...] revoluciona a

memória: multiplica-a e democratiza-a, dá-lhe uma precisão e uma verdade visuais

nunca antes atingidas, permitindo assim guardar a memória do tempo e da evolução

cronológica”. Conforme o autor, a fotografia é uma forma de “cristalizar a memória”,

muito embora sua subjetividade está apenas ao nível das aparências. A fotografia

contribui para que se faça uma pesquisa sobre o que se deseja observar, mas, ela

por si só não pode ser vista como fonte de “verdade”, pois, depende do olhar que se

quer dar e da intenção pela qual ela foi feita. É preciso ressaltar que as imagens,

representam um tempo e um espaço, que por sua vez transformam-se

constantemente, o que ora é relevante amanhã será apenas memória. Lembrando

que ao se fotografar algo, não se faz de forma imparcial, mas sim de intenções.

Seguindo a metodologia de pesquisa de Kossoy, (2001) a sistematização dos dados

fotográficos partem da seguinte organização: referência visual dos documentos,

procedência, conservação, identificação, informações referentes ao assunto, ao

fotógrafo, à tecnologia.

As fotografias que aqui serão analisadas não buscam reduzir ou

enaltecer um determinado tempo histórico, mas sim, compreender como se

manifestaram as práticas sociais e culturais nos registros das ações humanas e as

transformações geradas por estes ou pela própria natureza. A pesquisa com a

fotografia deseja traçar um referencial de quando e como as questões envolvendo o

espaço físico e humano, do Colégio Estadual Olavo Bilac, tiveram o olhar voltado

para os aspectos ambientais. Segundo Schimidt (2004, p. 21),

Ensinar história é também, dar aos alunos uma memória comum, que passa pelo reconhecimento de uma cultura, em que a apropriação é fundadora da identidade do cidadão esclarecido. Assim, o ensino de história deve permitir ao aluno descobrir o patrimônio comum em que ele se insere e do qual é herdeiro, conservá-lo e enriquecê-lo para melhor transmiti-lo as novas gerações.

Para dar início à pesquisa, utilizando as fotografias antigas e as

fontes documentais, os alunos foram ao Museu Histórico de Londrina, onde tiveram

oficinas com os estagiários da Universidade Estadual de Londrina (UEL) sobre como

trabalhar com as fotografias antigas e de que maneira deve ser feita uma entrevista.

Depois os alunos foram organizados em pequenos grupos e foram distribuídas as

pastas contendo as fotografias. No primeiro momento, teriam que encontrar

fotografias que demonstrassem o espaço físico ou as atividades coletivas que

tenham envolvido ações em relação ao patrimônio ambiental do colégio.

Com as fotografias separadas, os grupos organizaram os dados a

partir de uma ficha catalográfica baseada na elaboração de Kossoy (200l, p. 68), que

diz; “uma única imagem contém em si um inventário de informações acerca de um

determinado momento passado; ele sintetiza no documento um fragmento do real

visível, destacando-se do contínuo da vida”. Em seguida, os alunos fizeram as

seguintes observações: local de procedência do documento, origem; se é peça

avulsa ou se faz parte de um acervo; qual a conservação da fotografia; como está

armazenada; se existe condições ambientais de armazenamento; informações

concernentes aos elementos constitutivos; se existem anotações pertinentes às

fotos, tema apresentado na imagem fotográfica; observação do contexto de

produção; informações sobre o fotógrafo e a tecnologia utilizada. Por uma questão

de organização, primeiro foram separadas as fotografias dos anos 90 e as da

primeira década do século XXI, onde os alunos selecionaram algumas fotografias

para fazer a ficha catalográfica. A princípio, a intenção era fazer a identificação de

fotos repetidas, mas isto não foi possível, visto que ao fotografar o ambiente escolar

e suas atividades não se teve a intenção de um mesmo ângulo ou perspectiva,

portanto foram analisadas fotos do mesmo espaço e as transformações nele

ocorridas, seja pela ação do homem ou pela natureza. Os alunos selecionaram

imagens que lhes chamaram a atenção com o descaso ao patrimônio nos anos 90,

e, em seguida, buscaram imagens que demonstrassem o mesmo espaço na primeira

década do século XXI.

FOTOGRAFIAS DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL DO COLÉGIO

Para melhor compreensão do passado, a fotografia em seus vários

aspectos pode trazer inúmeras informações sobre um determinado acontecimento

que está sempre aberto a inúmeras interpretações, mostra o cotidiano em que se

está inserido e possibilita ao pesquisador realizar uma investigação daquilo que é

seu objeto de análise. Deste modo, a fotografia conduz às recordações da memória,

dando a sensação de continuidade, de que nada está solto no tempo e que os

sujeitos são agentes de transformação social. Para tal, foram utilizadas as

fotografias, sobre o espaço escolar e as ações desenvolvidas nos anos de 1990 a

2010, com relação ao patrimônio ambiental e sua memória. Muitas foram as

fotografias observadas pelos grupos de alunos, selecionaram alguns momentos que

puderam perceber as transformações realizadas pela comunidade escolar ou pela

ação da natureza. A concepção de patrimônio ambiental está relacionada ao

patrimônio cultural brasileiro, que estabelece no artigo 216 da Constituição Federal,

(BRASIL, 1988, [s.p]);

Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: - “os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.

Os alunos selecionaram várias fotografias, para preencher a ficha

catalográfica, as primeiras fotografias que chamaram a atenção dos alunos foram as

que representaram o espaço escolar na década de 90 e as do início do século XXI,

em virtude das transformações ocorridas no espaço escolar. Foram muitas as

reações dos alunos, como: “nossa ninguém cuidava da escola?”, “os alunos

destruíam tudo?”, “a quem competia cuidar da escola?” Constataram que as ações

coletivas são muito importantes, e os diversos projetos realizados transformaram o

ambiente escolar.

Para demonstrar alguns exemplos da transformação do espaço

escolar, foram separadas algumas fotografias aqui demonstradas. As (figuras 1a e 1

c) demonstram o patrimônio escolar dos anos 90, e as (figuras 1b e 1d) após ter sido

realizada a reforma. As fotografias revelam dois momentos vividos, o primeiro as

imagens mostram o desejo de registrar o descaso com o patrimônio escolar, por

parte dos alunos ao picharem janelas, quadros e paredes, o segundo, mostra um

processo de reconstrução do mesmo espaço, tornando-o agradável a toda

comunidade escolar. Todas as imagens aqui expostas demonstram ações de

transformação do espaço ambiental. Conforme Kossoy, (1989, p. 27) o registro

visual documenta a própria atitude do fotógrafo diante da realidade; seu estado de

espírito e suas concepções acabam transparecendo em suas imagens.

Figura 1a - Janela - 2002 Figura 1b - Janela - 2006

Fonte: Álbum de Reformas, guardadas na sala de Coordenação Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Fonte: Álbum de Reformas, guardadas na sala de Coordenação Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Figura 1c - Quadro da sala 10 - 2002 Figura 1d - Quadro da sala 10 - 2006

Embora a preocupação com o bem estar da comunidade escolar

tenha sido uma constante, é importante ressaltar aqui que, a partir de 2005, o

colégio instituiu em seu (PPP) Projeto Politico Pedagógico a organização da Agênda

21 escolar, baseada nas Agendas; Federal e Estadual. O governo Estadual deu

início a implantação nas escolas públicas, onde, o Colégio Estadual Olavo Bilac

enviou professores para participar das Conferências Estaduais sobre o tema, e ao

retornarem deram início à organização da Agenda Escolar.

A elaboração da Agenda 21 escolar passou por diversos processos,

logo de início teve que organizar todos os segmentos, para a construção da agenda,

desde a montagem de uma equipe, com o objetivo de elaborar um diagnóstico do

municípío, como: caracterização da comunidade, caracterização da situação

desejável, discrepâncias existentes, estudo dos recursos naturais, estudo da

população, recursos econômicos, segurança pública, saúde, recursos da educação,

prestação de serviços, nível de demanda socioeducativas, definição dos problemas.

A partir dos dados obtidos forram traçados os objetivos da escola, no

Plano de Trabalho, com suas atividades, estratégias e cronograma, sendo que a

Agenda passou a ser realimentada anualmente. Conforme consta na Agenda 21

escolar do Colégio estadual Olavo Bilac (2005, [ s.p.]), a mesma deve [resgatar as

conceppções éticas sobre a educação ambiental, definindo critérios para o

reconhecimento de tipos de educação ambiental no processo escolar e aprofundar

conceitos que promovam uma relação entre a educação ambiental e as funções

educativas].

Fonte: Álbum de Reformas, guardadas na sala de Coordenação Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Fonte: Álbum de Reformas, guardadas na sala de Coordenação Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Como exemplo das ações propostas na Agenda 21 Escolar, foram

selecionadas fotografias que demonstraram tais ações como a figura 2 a, mostrando

carteiras que por não terem mais condições de serem utilizadas iam sendo

amontoadas em alguns espaços da escola, causando inúmeros transtornos, como a

falta de espaço para depositá-las, proliferação de insetos e baratas, entre outros, ao

se questionar o porquê de estarem acumuladas, os alunos foram informados da

impossibilidade de se realizar o descarte de forma rápida, pois há um prazo para que

isto ocorra. Com a baixa das carteiras a escola pode vendê-las ao ferro velho e

assim, limpar o espaço. As figuras 2 b, e 2 c: demonstram que no ano de 2006 o

colégio sofreu uma reforma, e o seu entorno foi revitalizado, com o auxilio dos

alunos e professores num esforço coletivo.

Figura 2a - Carteiras em desuso - 1998 Figura 2b - Espaço Limpo - 2005

Figura 2c - Revitalização do espaço escolar - 2007

No decorrer dos anos de 2005 a 2009, foram desenvolvidas ações

planejadas na Agenda 21 escolar, como: adequação das salas de aula, reforma da

Fonte: Acervo do colégio pasta nº 5. Fotógrafo: Diretora Tereza Karimata

Fonte: Acervo do Colégio - pasta nº 7. Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Fonte: Acervo do Colégio - pasta nº 10. Fotógrafo: Profª. Maria Regina Nicolau.

cantina – com espaço destinado ao lazer dos alunos, pintura da quadra desportiva,

pintura externa de todo o prédio, pintura dos muros externos, grade substituindo os

muros da Avenida dos Estudantes, depósito para armazenar a merenda escolar,

paisagismo, revitalização dos jardins, construção do lago ornamental e experimental,

iluminação do pátio e jardins, instalação de toldos, medidas de higienização, como

lixeiras no pátio, com coleta seletiva.

De 2009 a 2010, ocorreu a identificação de todos os espaços da

escola com placas indicativas, revitalização dos jardins, troca das lixeiras em sala de

aula, o reaproveitamento dos resíduos orgânicos da cozinha e da capina dos jardins,

para produção de húmus através da vermicompostagem que forneceu condições

para o cultivo da horta orgânica e aproveitamento das hortaliças na merenda

escolar, reorganização do espaço escolar após o vendaval em 2009, grande parte

destas ações foram realizadas por diversos mutirões para limpar o entorno do

colégio realizado por alunos, professores e funcionários, como mostra a figura 3 a, a

limpeza da parte que fica para a Avenida dos Estudantes, próximo ao refeitório da

escola e na figura 3b, o espaço foi revitalizado com a jardinagem e uma horta,

conforme as figuras 3c e 3d que demonstram mutirões da limpeza e jardinagem.

Estas ações foram realizadas aos sábados com a participação voluntária dos alunos

e professores.

Quando os alunos olharam as fotografias antigas, começaram a

fazer várias perguntas sobre as diversas ações que o Colégio já realizou com seus

alunos e muitos reconheceram seus pais e irmãos mais velhos, participando de

festas, arrecadações, gincanas, mutirões, entre outros, assim compreenderam a

importância de se preservar a memória e que aquelas fotografias fazem parte do

patrimônio de todos os sujeitos envolvidos historicamente.

Figura 3a - Mutirão da Limpeza - 2006 Figura 3 b - Jardinagem - 2007

Fonte: Acervo do Colégio - pasta nº 7. Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Fonte: Acervo do Colégio - pasta nº 9. Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Figura 3c - Mutirão da Limpeza - 2006 Figura 3d - Mutirão da Jardinagem – 2008

Seguindo a proposta o Curso de Meio Ambiente do Colégio em

2009, fez um projeto de paisagismo, onde os alunos se propuseram a fazer um Lago

ornamental. No espaço escolhido, havia árvores de grande porte, que foram sendo

retiradas por apresentarem riscos às salas de aula, na figura 4 a é possível ver os

alunos do Curso cavando o buraco para a formação do lago. Após terem feito a

primeira etapa, funcionários e professores da escola auxiliaram na

impermeabilização do mesmo, conforme a figura 4 b. Realizados todos os processos

de estrutura do lago, alunos e professores fizeram a jardinagem do mesmo, em uma

grande ação coletiva como pode ser vista na: (figura4 c), a qual apresenta o lago

pronto e com o processo paisagístico terminado. Para os alunos foi uma grande

novidade, pois, ainda não haviam visto em uma escola um Lago Ornamental, os

alunos, principalmente, os do Ensino Fundamental não saiam deste espaço, pois

queriam alimentar os peixinhos ornamentais, foi onde os alunos do Curso realizaram

um trabalho de conscientização com as turmas, elaborando panfletos e palestras

educativas.

Figura 4a - Preparação do terreno para o Lago - 2009 Figura 4 b - Lago impermeabilizado - 2009

Fonte: Portifólio do histórico da escola Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Fonte: Portifólio do histórico da escola Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Fonte: Acervo do Colégio- pasta nº 14 Fotógrafo: Profª. Maria Salete B. Almeida

Fonte: Acervo do Colégio - pasta nº 14 Fotógrafo: Profª. Maria Salete B. Almeida

Figura 4 c - Lago Ornamental

Ao se depararem com as fotografias do vendaval em 2009, os

alunos perceberam que o espaço também se transforma independentemente das

ações humanas, conforme a figura 5 a, pois a natureza pode transformá-lo de uma

hora para outra e cabe aos sujeitos envolvidos nesse processo reconstruí-lo, como

mostra a figura 5 b. O vendaval ocorreu em um domingo e ao chegarem ao colégio

viram tudo “virado do avesso”, com várias árvores quebradas, partes destelhadas,

toldos arrancados. Em todos os espaços que as árvores foram arrancadas, outras

foram replantadas. Embora as informações contidas nas fotografias nos façam

refletir sobre um determinado momento histórico, elas jamais vão substituir o

momento vivido. Para Kossoy (1989, p.78), a fotografia traz informações visuais de

um fragmento do real, selecionado e “organizado” estética e ideologicamente. [...]

haverá sempre um intrigante dado: sua ambiguidade.

Alguns alunos, ao observar várias ações ao longo dos 20 anos

pesquisados, perguntaram por que não realizam mais atividades como os alunos de

antes, e uma das solicitações realizadas por eles à direção atual é que os envolva

em ações coletivas. Ficaram preocupados com os registros do momento em que

eles estão no Colégio, dizendo que “se não fizermos nada, não seremos lembrados.”

Muitas vezes, esta geração é considerada desinteressada e apática, que não se

importa com nada, alheia aos acontecimentos. De certa forma, eles têm maneiras

diferentes de se expressar, ao realizar este projeto ficou evidente que o que

precisam é de incentivo, de propostas novas, de algo que os encante, mas é claro

que nem sempre isto é uma tarefa fácil de ser realizada e muitas coisas estão

envolvidas no dia a dia escolar, o que não se pode é desistir do processo.

Fonte: Acervo do Colégio - pasta nº 14 Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Figura 5 a - Vendaval - 2009 Figura 5 b- Revitalização do Espaço 2010

Fonte: Acervo do Colégio - Pasta nº 15 Fonte: Acervo do Colégio - Pasta nº 15 Fotógrafo: Prof. Gerson Mori Fotógrafo: Prof. Gerson Mori

Foi possível perceber que os alunos compreenderam o mundo das

imagens, e que as mesmas os envolveram, querendo saber como as coisas foram

acontecendo. Não foram encontrados registros de qual tipo de máquina as

fotografias foram tiradas, pois foram encontradas as mesmas não existem no acervo

do colégio. Embora há portifólios e pastas com as fotografias dos eventos e projetos

desenvolvidos, não existe um lugar adequado para guardá-los por isso as mesmas

estão em armários fechados sem ventilação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que as temáticas ambientais obtiveram um olhar

historiográfico há pouco tempo (década de 70 do século XX), o debate vem sendo

construído desde então, visto que elas envolvem problemas de todas as esferas. A

história, a partir do olhar sobre o patrimônio ambiental, criou uma relação com a

natureza, onde a humanidade é vista em todo seu contexto. Ao se falar sobre as

questões ambientais, é possível criar uma visão global, onde o homem

contemporâneo precisa sensibilizar-se de forma individual e coletiva para sua

preservação. Em relação à organização de um espaço público, faz-se necessário

observar as condições históricas envolvidas no processo de construção deste

espaço, o momento, as intenções e os valores que permearam sua produção. Nesta

perspectiva, a fotografia registra e traz a memória de um tempo e espaço, é uma

informação visual que possibilita inúmeras interpretações, gerando laços entre o

presente e o passado, lembrando-se sempre que ao fotografar, fazer o registro de

um momento vivido ou de um espaço, o fotógrafo terá sempre uma intenção de fazê-

lo.

O desenvolvimento de um trabalho sobre o patrimônio ambiental no

Colégio, a partir da organização de uma Unidade Didática, permitiu uma reflexão

sobre a importância do registro (memória) que foi feito ao longo dos anos, a partir da

fotografia, possibilitando às novas gerações um olhar para o passado, no propósito

de dar significado ao presente. Os alunos passaram a valorizar o trabalho realizado

coletivamente e criaram uma identidade com o momento vivido. Este projeto

possibilitou aos alunos, a compreensão do valor documental, dos registros feitos ao

longo dos anos, os quais oportunizam a pesquisa, e a investigação dos fatos. A

proposta pedagógica desenvolvida demonstrou a possibilidade de se realizar

práticas que levem os alunos à pesquisa, que eles próprios descubram coisas, que

tirem suas conclusões e reflitam sobre os fatos. É nesta dinâmica que o aluno pode

tornar-se protagonista do seu saber.

REFERÊNCIAS COLÉGIO ESTADUAL OLAVO BILAC. Projeto Político Pedagógico. Ibiporã, 2010, 2012. BILAC. Colégio Estadual Olavo. Agenda 21 Escolar: Colégio Estadual Olavo Bilac – Ensino Fundamental, Médio, Profissional e Normal, 2005. CONFERÊNCIA das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Agenda 21. Rio de Janeiro; Curitiba: IPARDES, 2002. KOSSOY, Boris. Fotografia e História. SP: Ed. Ática, 2001. LE GOFF, Jacques. História e memória. 2. ed. Campinas, SP: Editora UNICAMP, 1992. MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: fotografia e história: interfaces, Tempo. Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 73-98, 1996. Disponível em: www.história.uff.br/tempo /artigos_dossie/artg2-4.pdf. Acesso em: 22 jun. 2013. MORAES, Antonio Carlos Robert. Meio Ambiente e Ciências Humanas. 4. Ed. São Paulo: Annablume, 2005. NORA, Pierre. Entre Memória e História: a problemática dos lugares, In: Projeto História. São Paulo: PUC, n. 10, pp. 07-28, dezembro de 1993.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE – 2008). PROJETO Político Pedagógico. Colégio Estadual Olavo Bilac – Ensino Fundamental, Médio, Profissional e Normal de Ibiporã – PR. 2007, 2008, 2010, 2012, p. 12. SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História, Pensamento e Ação no Magistério. São Paulo: Ed. Scipione, 2004.