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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NO CONTEXTO ESCOLAR
Maria Lúcia Guedes de Andrade1
Thais Bento Faria2
RESUMO: Este trabalho discute o uso das tecnologias educacionais presente nas escolas públicas do Estado do Paraná como recurso didático-pedagógico nas salas de aula. Partindo da premissa de que as tecnologias educacionais constituem recurso fundamental para o ensino-aprendizagem, é necessário que o professor se instrumentalize para que este trabalho seja eficiente e gere aprendizagem. A investigação almeja contribuir para esta concretização, portanto, o estudo objetiva mobilizar os professores do Colégio Estadual Dr. Rebouças do Município de Rio Bom (PR) para que façam uso efetivo das tecnologias educacionais disponíveis no colégio como recurso didático-pedagógico. Metodologicamente, a priori, a pesquisa apoiou-se em autores basilares, tais como Kenski (2005; 2009), Moran (1998; 2009) e Belloni (2009). Posteriormente, coletou dados da realidade concreta a fim de verificar se os professores utilizam as tecnologias educacionais na escola bem como se eles estão preparados para tal, quais cursos tiveram sobre tecnologias educacionais na formação continuada e se possuem interesse e disponibilidade para participar do Projeto de Intervenção. A partir da análise dos dados, é possível inferir que os professores possuem interesse pelas tecnologias como recurso didático-pedagógico, porém não estão instrumentalizados o suficiente para o uso efetivo em sua prática pedagógica, demonstração da pertinência do presente estudo e da proposta de intervenção na realidade concreta da instituição que centra esta pesquisa.
Palavras-chave: Tecnologias Educacionais. Papel da Escola. Aprendizagem. Formação Continuada.
INTRODUÇÃO
Este artigo foi produzido em decorrência do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, que
oportuniza aos professores da rede estadual de educação, o desenvolvimento de
pesquisas e estudos, através da implementação de projetos nas escolas.
O tema escolhido envolve o uso das tecnologias educacionais e a formação
dos professores, uma vez que atualmente se faz necessária uma melhor formação
e melhor suporte aos professores da Educação Básica Estadual no que diz
respeito às tecnologias educacionais.
Durante minha experiência de trabalho na instituição investigada, percebi o
uso esporádico deste suporte educacional. Entretanto, por estar presente no espaço
1 Professora Pedagoga da Rede Pública Estadual de Educação no Colégio Estadual Dr. Rebouças -
Município de Rio Bom – PR. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. e-mail para contato: [email protected] 2 Orientadora PDE e Professora Pedagoga da Rede Pública do Estado do Paraná. Especialista em
“Comunicação Popular e Comunitária” e em “Educação de Jovens e Adultos”. Mestre e Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Maringá.
escolar, compreendo que ele pode também apoiar o processo de ensino e
aprendizagem, sendo, aliás, uma ferramenta importantíssima, por ser atraente aos
alunos e, portanto, desse modo, deva ser mais utilizada. Na função que exerço
como pedagoga compartilho com meus colegas professores a barreira que existe: a
dificuldade de nos posicionarmos corretamente frente às novas tecnologias.
Neste sentido, este trabalho partiu da seguinte problemática: o que pode ser
feito para que as tecnologias educacionais presentes no Colégio Estadual Dr.
Rebouças – Ensino Fundamental e Médio - sejam utilizadas com
mais frequência como recurso didático? Para tanto, adotou-se como objetivos
específicos: investigar o porquê do uso esporádico da TV pendrive e de outras
tecnologias educacionais através de um questionário; sistematizar informações
dadas pelos entrevistados a fim de avaliar a realidade concreta; discutir a
possibilidade da inclusão das multimídias como recurso didático, através da leitura
de textos e apresentação de vídeos concernentes a experiências bem sucedidas; e
apresentar estratégias pedagógicas que contemplem o uso da TV pendrive e de
outras tecnologias educacionais.
A motivação principal para este estudo vincula-se a percepção de que as
tecnologias estão ficando cada vez mais acessíveis e interferem no nosso modo de
viver e de pensar. Elas estão em toda parte, especialmente onde o jovem está.
As crianças, adolescentes e jovens, os novos alunos, são nativos digitais. O
ciberespaço integra seu cotidiano, nele compartilham suas histórias e
conhecimentos adquiridos, concentram-se no que lhes interessa, encontram
informações rapidamente e de maneira fragmentada. Com a tecnologia eles
executam mais de uma tarefa ao mesmo tempo, desenvolvendo um comportamento
não linear e assim se relacionam com o mundo e também aprendem. Enquanto os
adultos veem a tecnologia como uma ferramenta, um novo modo de fazer coisas
antigas, para as crianças, adolescentes e jovens ela é o fundamento de tudo o que
fazem.
A ferramenta tecnológica pode, quando usada para finalidades educativas,
ser instrumento importante de acesso à informação e uma grande oportunidade de
ampliar o conhecimento do alunado, alcançando a finalidade maior da escola
pública: democratizar o conhecimento e garantir que todos aprendam o selecionado
como válido para nossa sociedade.
Com o intuito de discorrer e debater acerca deste assunto, ainda desafiador
para a realidade escolar, este artigo traz para a discussão os seguintes tópicos: no
primeiro tópico defino tecnologia e tecnologia educacional, bem como apresento os
aspectos históricos no Estado do Paraná referente à inserção das novas tecnologias
educacionais. Nos tópicos seguintes abordo a importância das tecnologias e o papel
da escola e apresento as análises da prática escolar por intermédio do questionário
respondido pelos profissionais da escola estudada e, para finalizar, analiso o
resultado da implementação do projeto de intervenção pedagógica e teço algumas
considerações finais.
Tecnologia e Tecnologia Educacional: conceitos e aspectos históricos
A tecnologia não é algo novo e foi criada pelo homem para tornar seu
trabalho mais fácil. As relações entre o homem e a natureza sempre foram mediadas
pelas tecnologias.
Desde o início dos tempos o homem na intenção de garantir sua
sobrevivência e facilitar a caça e a pesca começou a fabricar seus instrumentos,
utilizando-se do que tinha no momento: ossos, madeira, pedras... Desse modo, ele
já criava tecnologias.
Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade chamamos de “tecnologia”. As maneiras, os jeitos ou as habilidades especiais de lidar com cada tipo de tecnologia, para executar ou fazer algo, chamamos de técnicas. (KENSKI, 2005, p. 93).
Nas nossas atividades cotidianas estamos tão acostumados com o uso de
equipamentos e/ou produtos que nem percebemos que utilizamos as tecnologias o
tempo todo, pois elas já se tornaram “naturais”. Alteramos nossa relação com o
mundo, seja mediante o emprego de novas tecnologias ou de novas técnicas.
Mas, em específico, o que é tecnologia educacional? Basicamente
relacionamos tecnologia educacional às atividades que envolvem computadores, isto
é, a informática auxiliando no ensino aprendizagem. Será que tecnologia
educacional se resume a isso?
Lévy (1987 apud ARNS, 2010, p.5) define tecnologia educacional como
“conjunto de recursos técnicos que influenciam a cultura e as formas de construção
do conhecimento de uma sociedade”.
As tecnologias sempre estiveram presentes nas escolas, embora não fossem
evidenciadas como tecnologias. Exemplos disso são o giz, o quadro-negro, o livro
didático, a televisão, entre outros, já amplamente utilizados há muito tempo.
Atualmente, surgiram na educação as Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICs) que englobam o uso de muitas mídias.
Os termos tecnologias e mídias muitas vezes são utilizados como sinônimos,
no entanto, tecnologias são veículos que comunicam mensagens e as mensagens
são as mídias. Elas são todos os tipos de textos, imagens, sons ou filmes.
Etimologicamente, mídia vem do Latim médium (media) ou meio, isto é, algo se coloca entre, no mínimo, dois participantes na dinâmica educacional: aluno-professor, aluno-aluno, professor-aluno, alunos-professor, dentre outras possibilidades. (ARNS, 2010, p.14).
As orientações da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (2013)
mencionam que as Tecnologias da Informação e Comunicação podem e devem
fazer parte dos meios necessários para o sucesso da aprendizagem presencial e a
distância, assim como podem contribuir para a formação de um cidadão solidário,
participativo em nossa sociedade diante das constantes transformações.
O Estado do Paraná nas últimas décadas vem desenvolvendo algumas
iniciativas para incluir as tecnologias na educação. Com o objetivo de sensibilizar e
capacitar os professores para incorporar o computador como ferramenta em seu
trabalho pedagógico, no ano de 1996, o ProInfo (Programa Nacional de Informática
na Educação) iniciou um trabalho de disseminar o uso do computador nas escolas
públicas estaduais e municipais de todos os estados brasileiros e criou Núcleos de
Tecnologia Educacional – NTEs.
O ProInfo previu, para o Estado do Paraná, a instalação de 13 NTEs que seriam distribuídos pelo Estado. Os seis primeiros NTEs foram implementados, no biênio 1997/98, nas cidades de Curitiba, Cascavel, Ponta Grossa, Cornélio Procópio, Pato Branco e Campo Mourão. Em 1999, outros seis NTEs nas cidades de: Foz do Iguaçu;
Maringá; Umuarama; Guarapuava; Londrina; e mais um NTE em Curitiba. No ano de 2000, fora implantado o 13° NTE [...] na cidade de Telêmaco Borba. (PARANÁ, 2010, p.7)
Com a intenção de minimizar a distância entre tecnologia e efetiva utilização
no contexto escolar público, a partir de 2003 o Estado do Paraná, visando dar
suporte à política de inclusão digital e universalização de acesso ao uso de
tecnologias, apresentou a Política Pública denominada Paraná Digital, com vistas à
implantação de 2.100 laboratórios de informática e conectividade a todas as escolas
públicas estaduais do Paraná, 22 mil televisores multimídia e mais de 2.100 kits de
sintonia da TV Paulo Freire. (PARANÁ, 2010).
A TV Pendrive é um projeto da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, onde cada sala de aula das escolas paranaenses possuirá um televisor de 29 polegadas, com entrada para VHS, DVD, cartão de memória e pendrive, com saídas para caixas de som e projetor multimídia, bem como um pendrive para cada professor. Com o pendrive, o professor poderá armazenar vídeos, áudios, imagens e animações que poderá utilizar em suas aulas. (MACHADO; RAMOS, 2008, p. 28).
O conjunto todo é um dispositivo desenvolvido exclusivamente para o Estado
do Paraná. Os professores podem salvar objetos de aprendizagens (sons, imagens,
vídeos, filmes e animações) para utilizar em sala de aula com o objetivo de articular
os conteúdos curriculares, complementando e apoiando o processo de ensino-
aprendizagem.
As NTEs, setor responsável pela formação continuada para o uso das
tecnologias na educação, foram redefinidas no ano de 2004, quando ocorreu uma
ampliação de 13 NTEs para 32 CRTE (Coordenações Regionais de Tecnologia na
Educação). Nos Núcleos Regionais de Educação as CRTE trabalham com 1
assessor para cada 10 escolas, além de 2 técnicos de suporte.
Entre as ações da CRTE, destacam-se as seguintes assessorias técnico-pedagógicas aos professores: in loco nas escolas, no uso dos Laboratórios de Informática (Paraná Digital e ProInfo); para criação dos Sites das Escolas; para utilização da programação da TV Paulo Freire; junto ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) acompanhando os Grupos de Trabalho em Rede (GTR), no ambiente e-escola (Moodle); para utilização e produção de “Folhas” (unidades temáticas do Livro Didático Público); na pesquisa e produção de Objetos de Aprendizagem para a TV Multimídia; e
ainda, para pesquisa de conteúdos disponíveis no Portal Dia-a-Dia Educação.(PARANÁ, 2010, p.10).
A importância das tecnologias e o papel da escola
“Antes de a criança chegar à escola, já passou por processos de educação
importantes: pelo familiar e pela mídia eletrônica”. (MORAN, 2009, p.33).
A mídia é um artefato incorporado à rotina de nossas crianças e jovens. A
relação com a mídia eletrônica é prazerosa, pois ninguém obriga que ela ocorra.
Desse modo, ela atrai e interessa ao público infanto-juvenil.
Para Moran (2009), quando a criança chega à escola, os processos
fundamentais de aprendizagem já estão desenvolvidos de forma significativa. Por
isso, urge que a escola direcione também a educação para as mídias, para
compreendê-las, criticá-las e utilizá-las da forma mais abrangente possível.
Contudo, por tratar-se do espaço escolar, vale frisar que o processo educativo
é típico das sociedades humanas. Saviani menciona que a educação em sua
gênese se desenvolveu “[...] de forma espontânea, assistemática, informal [...]”
(2005, p.29). A institucionalização dessa forma originária de educação deu origem
às instituições educativas. Estas correspondem, então, a uma educação de tipo
secundário, derivada da educação de tipo primário exercida de modo difuso e
inintencional. (SAVIANI, 2005).
Assim sendo, a educação na sua especificidade, como ação propriamente
pedagógica, estruturada de forma sistemática, formal, elaborada se expressa na
escola, instituição cujo papel consiste na socialização do conhecimento elaborado.
“A escola existe, pois, para propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitam o
acesso ao saber elaborado (ciência) [...]”. (SAVIANI, 2003, p. 13).
A educação não diz respeito somente à escola, mas a qualquer tipo de
aprendizado, porém, quando este aprendizado passa a ser estruturado, é aí que se
apresenta a escola na incumbência de sistematizar o conhecimento, que hoje pode
contar com as TICs para atrair o público que atende e gerar aprendizagem.
Ainda, a fim de justificar a relevância das Tecnologias da Informação e
Comunicação no espaço escolar, a escola precisa compreender e utilizar mais
como recurso a mídia eletrônica, uma vez que estamos inseridos numa sociedade
eletrônica. Hoje, mais do que em nenhum outro tempo vivido, tornou-se vital às
pessoas o conhecimento de toda inovação tecnológica que temos à disposição.
Para Belloni (2009) a escola deve integrar as tecnologias de informação e
comunicação porque elas já estão presentes e influentes em todas as esferas da
vida social, cabendo à escola, especialmente à escola pública, atuar no sentido de
compensar as terríveis desigualdades sociais e regionais que o acesso desigual a
estas máquinas está gerando.
Há bem pouco tempo, não imaginávamos uma sala de aula sem giz e quadro-
negro ou um trabalho escolar sem pesquisa na biblioteca numa enciclopédia. Agora,
as mudanças acontecem constantemente, as tecnologias chegam à sociedade como
um todo e a escola não está fora disso.
A sociedade contemporânea convive com a praticidade das novas tecnologias
em suas diferentes aplicabilidades. É possível comprar sem ir às lojas, pagar as
contas com cartão sem usar dinheiro ou cheque, pois o computador, a internet e
seus recursos facilitam a vida de muitas pessoas. O sistema educacional não pode
ignorar este fato. Torna-se fundamental que a escola, sendo uma das principais
instituições que prepara o indivíduo para a vida em sociedade, instrumentalize o
educando para acompanhar os avanços tecnológicos.
Diante dessa abordagem, faz-se necessário que os professores através de
subsídios teóricos e práticos busquem conhecimentos e se adequem de forma
segura a essas novas tecnologias educacionais, para utilizá-las efetivamente em sua
prática pedagógica. Em algumas escolas da rede pública o acesso aos novos
equipamentos, à internet, aos cursos de formação continuada (devido ao Calendário
Escolar de 200 dias letivos e 800 horas) para os profissionais da educação, ainda é
restrito, mas não podemos deixar de usar o que temos hoje no contexto escolar.
Moran (2009, p. 29-30) enfatiza que “as tecnologias podem trazer, hoje,
dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor – o
papel principal – é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a
contextualizá-los”.
O professor passa a exercer a figura de mediador do ensino-aprendizagem e
sua função primordial é a de organizar o trabalho dos alunos, detalhando o processo
a ser seguido. O professor agora tem de conduzir o trabalho do início ao fim, sem
perder de vista seus objetivos. Essa nova postura coloca o aluno como sujeito ativo
de seu processo de aprendizagem. Portanto, é importante destacar o que defende
Libâneo (2009, p.13): “uma das novas atitudes docentes diante das realidades do
mundo contemporâneo é o professor assumir o ensino como mediação”.
As tecnologias educacionais disponibilizam a informação e a comunicação, e
quem as transforma em material didático é o professor, pois é ele quem lhes atribui
significados e determina as maneiras de processá-las e utilizá-las com envolvimento
ativo, de modo a proporcionar aos alunos oportunidades de desafios, criação e
reconstrução de novos conhecimentos.
As novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), sobretudo a televisão e o computador, movimentaram a educação e provocaram novas mediações entre a abordagem do professor, a compreensão do aluno e o conteúdo veiculado. A imagem, o som e o movimento oferecem informações mais realistas em relação ao que está sendo ensinado. Quando bem utilizadas, provocam a alteração dos comportamentos de professores e alunos, levando-os ao melhor conhecimento e maior aprofundamento do conteúdo estudado. (KENSKI, 2007, p. 45).
Todavia, se a função social da escola é o compromisso com a aprendizagem
dos educandos, o que é aprender? De acordo com Saviani (2003) a aprendizagem
acontece quando se adquire um habitus, isto é, uma disposição permanente. E isso
exige passar por um processo deliberado, sistemático e organizado. Esse processo
torna-se viável com o currículo escolar, que organiza o tempo, os agentes e os
instrumentos necessários à aquisição do habitus. Por ser um movimento dialético, a
ação escolar permite que se acrescentem novas determinações enriquecendo as
adquiridas anteriormente. Desse modo, através da mediação escolar acontece a
passagem do saber espontâneo ao saber sistematizado, que exige planejamento,
avaliação e replanejamento docente.
Neste novo cenário, as novas tecnologias da informação e comunicação
estão presentes na sociedade como um todo, por isso faz-se necessária a inserção
dos recursos tecnológicos no interior da escola como instrumento pedagógico numa
relação dialógica centrada na reflexão, dando suporte a professores e alunos na
construção do conhecimento.
Vriesmann alerta que
a inserção do recurso tecnológico na escola não é garantia de uma transformação efetiva e qualitativa nas práticas pedagógicas, mas pode provocar profundas transformações na realidade social, desde que seu uso seja adequado com uma prática que propicie a construção do conhecimento e não a sua mera transmissão. (2008 apud PARANÁ, 2011, p.4).
Segundo Machado (2008), a escola deve lançar mão destes poderosos
recursos e incorporá-los ao trabalho docente para formar cidadãos críticos, capazes
de identificar e compreender as teorias que norteiam o paradigma tecnológico da
comunicação e informação. O papel da escola hoje não se limita em desenvolver
metodologias, mas também em oferecer instrumentos e, com estes, analisar os
recursos que estão aí, e com eles participar do processo de construção da nova
sociedade, podendo assim, todos usufruírem de seus benefícios.
Contudo, é necessário que os professores tenham consciência de que as
novas tecnologias não substituem a ação docente e sim ampliam, criam novas
oportunidades educativas. Para tanto, os profissionais da educação precisam
dominar as novas linguagens e saber lidar pedagogicamente com as novas
tecnologias educacionais.
Como afirma Kenski (2005, p.77) “escola não se acaba por conta das
tecnologias. As tecnologias são oportunidades aproveitadas pela escola para
impulsionar a educação [...]. As tecnologias se transformam, muitas caem em
desuso, e a escola permanece”.
Análises da intervenção na escola
Movidos pela certeza de que as TICs podem ser mais um instrumento que
auxilia o professorado na tarefa de ensinar e aprender lançamo-nos o olhar para a
realidade concreta em que se insere o presente estudo: o Colégio Estadual Dr.
Rebouças – Ensino Fundamental e Médio de Rio Bom (PR). A primeira fase deste
trabalho partiu da coleta de dados através de um questionário respondido pelos
professores3 com o objetivo de verificar as disciplinas e o tempo que lecionam, se
possuem computador e internet em suas residências, se utilizam as tecnologias
3 Todos os profissionais pesquisados se denominaram como professores, mas há quem ocupe o
cargo de Diretor, Diretor Auxiliar e Pedagogo.
educacionais disponíveis na escola em sua prática pedagógica, quais usam, bem
como verificar o nível de preparo para utilização das TICs em sala de aula. O
questionário ainda almejou descobrir o que estudaram ou discutiram sobre
tecnologias educacionais na formação. O questionário foi entregue para trinta
professores, vinte e três responderam, portanto 80% dos professores se
posicionaram.
A primeira pergunta foi sobre a(s) disciplina(s) que leciona. Observou-se que
ensinam as seguintes disciplinas: Ciências, Filosofia e Geografia, História, Educação
Física, Filosofia e Ensino Religioso, Geografia, Ciências e Biologia, Educação
Especial, Língua Portuguesa e Inglês, Arte, Filosofia e Sociologia, Língua
Portuguesa, Matemática, Geografia e História, Química, Física, Filosofia e
História, Geografia e Sociologia. Nota-se que os respondentes lecionam mais de
uma disciplina, atuam tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio, nas
diversas áreas: humanas, exatas e biológicas.
Verificou-se que, quanto ao tempo de serviço desses profissionais, 47,82%
tem mais de 17 anos, 34,78% tem de 6 a 16 anos e 17,40% tem até 5 anos de
atuação na educação no Colégio Estadual Dr. Rebouças de Rio Bom. Analisando
estes dados verificamos que a maior parte dos profissionais já atua há mais de 17
anos na educação.
Também questionamos se possuem computador em suas residências e 100%
respondeu que tem este aparato tecnológico em sua residência, o que torna mais
fácil a aproximação do docente com o recurso eletrônico. Quanto ao acesso a
internet, constatou-se que a maioria tem acesso à internet: 91% responderam que a
utiliza em casa e 9% que não e acessa a internet na escola ou casa de familiares.
Em seus cursos de formação de licenciatura será que foram preparados para
usar as atuais tecnologias educacionais?
Diversos pesquisadores do campo da educação e da comunicação, tais como Bazalgette, Gonet, Rivoltella e Belloni, há tempo enfatizam a necessidade de o currículo da formação de professores contemplar a comunicação, a mídia e a tecnologia, no sentido de uma relação emancipatória com as mídias, que precisa ser estudada, praticada e aperfeiçoada. (FANTIN; RIVOLTELLA, 2012, p.64-65)
No colégio investigado, em relação se estudaram ou discutiram sobre
tecnologias educacionais em algum curso de formação continuada, 77% afirmou a
participação em cursos com este assunto e 23% que não. Esses números revelam
que a maioria dos profissionais já estudou sobre a temática. Porém, ao serem
questionados acerca do que estudaram nestes espaços de formação docente, ficou
evidente que os cursos eram básicos, rápidos e não relacionavam as tecnologias ao
contexto escolar, isto é, mais teoria do que prática. Salientam que é necessário que
os cursos nas formações continuadas sejam direcionados ao público, ou seja, que
relacionem o uso das ferramentas à prática pedagógica.
Carvalho (2012, apud SCACHETTI, 2012, p. 13) afirma que as universidades,
que deveriam ser o centro de disseminação desse conhecimento, simplesmente não
o fazem. Os profissionais se formam sem nunca ter aprendido como utilizar as TIC
na classe de maneira adequada. Deste modo, verificam-se dois problemas: na
formação inicial e na continuada.
Um dos profissionais investigados relata que precisa de cursos que ensinem a
utilizar as tecnologias, tais como gravar em pendrive, fazer a conversão de vídeos,
produzir slides e convertê-los para a utilização na TV pendrive, utilizar a lousa digital,
o datashow, entre outros; solicita que haja ações práticas nos cursos. Ainda um dos
respondentes aponta que: outro desafio é quando vamos utilizar o laboratório de
informática e não tem internet, ou só dois ou três computadores funcionam e os
demais travam, isso desanima os professores a levarem os alunos para o
laboratório.
No concernente ao uso das novas tecnologias educacionais em sua prática
pedagógica, 78% utiliza, 22% utiliza raramente e nenhum professor pesquisado
respondeu que não. Com essa questão percebemos que parte significativa dos
pesquisados já emprega os instrumentos tecnológicos como recurso didático-
pedagógico. Entretanto, falhamos porque não interrogamos acerca da frequência da
utilização das tecnologias para poder verificar se é realmente efetivo.
Aos serem questionados sobre quais tecnologias utilizam na prática
pedagógica, obtivemos o seguinte resultado: a TV pendrive foi a mais citada com
17%; o aparelho de DVD 16%; a TV 13%; verificamos também que o rádio atingiu
12% de menção; o retroprojetor 10%; o datashow 8%; já o laboratório de informática
alcançou 13%. Isto demonstra que, exceto a TV pendrive que é, de certo modo, uma
novidade para as instituições escolares paranaenses, as tecnologias mencionadas
(TV, retroprojetor, rádio, aparelho DVD) já povoam as nossas vidas há mais tempo e,
por isso, são mais familiares. Todavia, os computadores que, apesar de já ser um
eletrônico que todos os pesquisados possuem em casa e tem acesso à internet,
nota-se que é pouco utilizado se considerarmos que este artefato integra várias
tecnologias e poderia suprimir o rádio, a TV, o aparelho de DVD.
A defesa que fazemos não é que os demais recursos sejam negligenciados,
pois são instrumentos que podem ser usados e auxiliam no processo de ensino e
aprendizagem. Apenas pontuamos que o Laboratório de Informática por condensar
diversas possibilidades em uma só máquina e, diante da queixa recorrente de que o
alunado se apresenta desinteressado, pode ser um dos meios para aproximar os
nativos digitais da escola considerada por eles como “arcaica”.
Quanto ao uso das tecnologias educacionais, foi consensual a opinião de que
elas colaboram com a prática pedagógica. Porém, quando consultados se estão
preparados para o uso das tecnologias educacionais em sua prática pedagógica,
30% respondeu que sim, enquanto que 65% razoavelmente e 4% que não.
Percebemos que a maioria dos profissionais não está plenamente preparada para o
uso das tecnologias, entendemos que os cursos para o uso das tecnologias
educacionais que o Governo do Estado do Paraná oferece é pouco e insuficiente
para que o emprego das TICs sejam, de fato, uma realidade nas escolas
paranaenses, o que corrobora a importância de outras iniciativas que tenham a
temática como foco, tal como propõe este Projeto de Intervenção.
A segunda e última parte deste trabalho aconteceu com a implementação do
projeto de intervenção pedagógica durante os meses de maio e junho do ano de
2014, tendo como público alvo nove professores e um agente educacional II. Os
encontros aconteceram na sala dos professores e no laboratório de informática com
leituras, vídeos e atividades práticas com a finalidade de mobilizar os participantes a
refletirem sobre o uso das tecnologias educacionais no contexto escolar.
Pelos resultados obtidos na intervenção pedagógica, percebe-se que o uso
das tecnologias educacionais está em grande parte relacionado à parte técnica do
equipamento e não a pedagógica, se perde muito tempo na instalação, pois a
estrutura do Colégio não permite os ambientes equipados e é necessário locomoção
de alguns equipamentos, também a manutenção e renovação dos equipamentos se
fazem necessária.
O Censo Escolar 2010 mostra que 60,45% das escolas brasileiras possuem
computador, mas apenas 23% das escolas urbanas entrevistadas pelo Centro de
Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic. br) contam
com manutenção preventiva, um problema detectado na realidade em estudo e que
interfere no emprego das Novas Tecnologias Educacionais.
Portanto, percebe-se que os professores da escola investigada se interessam
pelas tecnologias como recurso didático pedagógico, porém ainda não estão
suficientemente instrumentalizados para o uso efetivo em sua prática pedagógica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As novas tecnologias estão inseridas na sociedade há algumas décadas e
têm se popularizado rapidamente, inclusive é possível perceber no contexto histórico
das escolas estaduais do Estado do Paraná os investimentos em equipamentos e
formação, embora ainda que insuficiente.
Os avanços tecnológicos provocam mudanças significativas no ser humano,
alterando comportamentos, maneiras de pensar e agir e a escola, como instituição
socializadora do conhecimento historicamente construído pela humanidade, não
pode se esquivar dessa realidade, objetivo que o presente Projeto de Intervenção
intentou perseguir.
Pela análise deste estudo conclui-se que os profissionais sentem necessidade
de utilizar as tecnologias educacionais presentes no cotidiano escolar, porém não
foram formados para tal e necessitam de instrumentalização e atualização
permanente para utilizá-las de forma efetiva, contribuindo, desse modo, para a
melhoria do ensino aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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