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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO CURRÍCULO FUNCIONAL

NATURAL PARA OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL

Eliete Aparecida de Oliveira1 André Luís Onório Coneglian2

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar o resultado de estudos bibliográficos realizados

acerca do Currículo Funcional Natural. Mostra como ocorreu a implementação do Projeto de

Intervenção Pedagógica na escola e o Grupo de Trabalho em Rede- GTR, desenvolvidos pelo

Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE, na intenção de redimensionar o processo de

ensino e aprendizagem dos alunos que apresentam deficiência intelectual de alta

especificidade, o qual, na maioria das vezes, revela-se sem significado, tendo em vista a

compreensão restrita dos respectivos educandos sobre o processo acadêmico formal. Desse

modo, a proposta do trabalho como um todo teve como objetivo oferecer, aos professores e

equipe pedagógica, subsídios teóricos e práticos para a elaboração e utilização do Currículo

Funcional Natural com os alunos que apresentam deficiência intelectual acentuada, associada

à deficiência física neuromotora, com grandes limitações em seu desenvolvimento de um modo

geral, a fim de possibilitar inovações no aprendizado dos mesmos, permitindo-lhes que

desenvolvam uma vida mais autônoma ao conduzir atividades práticas e escolares. O projeto

propôs-se à análise dos conteúdos escolares, das relações, dos discursos e dos aspectos do

cotidiano da escola, em relação à educação dos alunos com necessidades educacionais

especiais, evidenciando a importância do currículo no processo de ensino e aprendizagem,

conceituando e compreendendo os objetivos da aplicação de um currículo funcional natural.

Palavras-chave: Currículo Funcional Natural. Deficiência Intelectual. Prática Pedagógica.

Introdução

Este trabalho teve como objetivo discutir uma Proposta Pedagógica

Curricular para a Escola de Educação Básica Leandro Aparecido Keller, na

modalidade Educação Especial, tendo em vista que o aluno com deficiência

intelectual acentuada precisa ser subjetivado para além das necessidades

educacionais especiais que apresenta, necessitando, dessa forma, que haja

frequentes discussões que possam contribuir para o seu desenvolvimento e

aprendizado, considerando a necessidade de redimensioná-lo, tornando-o mais

1 Professora PDE graduada em Geografia e História

2 Doutor em Ciência da Informação - UNESP, Mestre em Ciência da Informação – UNESP. Graduado em

Pedagogia com habilitação em Deficiência Auditiva - UNESP. Professor de LIBRAS, certificado pelo PROLIBRAS/MEC. Professor Universitário e Pós-graduação (Latu Sensu)

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significativo, visto que estes alunos apresentam sérias limitações, sobretudo

nas atividades de vida diária.

Desse modo, aborda a necessidade da aplicação do Currículo Funcional

Natural para a escola de Educação Especial, onde as adaptações curriculares

sejam realizadas de acordo com as particularidades de cada aluno.

Portanto, este artigo traz, em suas discussões, possibilidades de

transformação para os profissionais e familiares reavaliarem seus pontos de

vista em relação à prática educacional, por meio da abordagem de questões

pré-concebidas de como se dá, ou não, a aprendizagem de tais alunos.

O currículo pensado para os alunos com necessidades educacionais

especiais que requerem maior atenção, supervisão e apoio, tem em vista

possibilitar a vivência e convivência destes com os demais alunos e pessoas

da comunidade, contemplando ao mesmo tempo uma proposta curricular

dentro de uma abordagem natural, num contexto cultural, comunitário e

participativo. Trata-se do “Currículo Funcional Natural”.

Nessa perspectiva, os materiais produzidos propuseram-se ao repensar,

à reflexão crítica sobre os conteúdos escolares, as relações, os discursos, os

aspectos do cotidiano e da escola e a educação dos alunos com necessidades

educacionais especiais mais significativas.

O material didático elaborado, para a intervenção na realidade escolar,

foi constituído de espaços para a discussão de fundamentos teóricos

selecionados, coerentes à prática pedagógica da escola em questão. Por meio

dele, foram pensadas novas formas de elaborar e efetivar o fazer docente,

evidenciando novas maneiras de conduzir a prática educativa.

Foram realizados estudos de textos, projeção e análise de vídeos,

debates e estudos orientados, oportunizando, ao grupo participante, uma nova

prática social ressignificada, através do conhecimento que se dá na e pela

práxis.

Currículo e diversidade

Apresentando o currículo como uma questão para discussão, o Brasil

alcançou níveis elevados para debates fazendo com que houvesse grandes

avanços, permitindo reflexões profundas sobre a prática pedagógica. Após

analisar as teorias crítico-sociais, o construtivismo, teve ótima aceitação no

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meio educacional, desencadeando uma crescente mudança acerca do sistema

de ensino e aprendizagem, um currículo além da teorização, onde as

tendências apresentaram, como proposta, a formação de um currículo crítico,

abrangendo todos os aspectos que o compõem.

O Currículo possui história contemporânea. Ainda que o termo seja

usado durante o período da antiguidade clássica, como é atualmente

compreendido, o currículo iniciou a sua história nas últimas décadas, com as

Novas Sociologias Educacionais, iniciando pela Grã-Bretanha e pela França.

Esta visão, o sociólogo espalhou pelo mundo todo, surgindo, no Brasil, ao final

da década de 1980.

Concebemos o currículo escolar como um conjunto de propostas que

levam a determinar, executar e avaliar as atividades e conteúdos oferecidos

pela escola aos alunos. Não é apenas uma “lista de conteúdos” ou de

disciplinas a serem ensinadas, mas sim, um conjunto de informações que

possibilita a construção e direção dos procedimentos a serem executados na

prática pedagógica.

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a

Construção de Currículos Inclusivos

A compreensão de currículo como território político comprometido

com a heterogeneidade e as diferenças culturais que compõem a

realidade da escola, tal como versam as teorias educacionais críticas,

empreende uma visão renovada e ampliada de currículo, em ligação

estreita com o conhecimento, o trabalho e a cultura, enfatizando-o

como prática social, prática cultural e prática de significação

(PARANÁ, 2006, p. 50).

De modo que esta apresente um aspecto essencial do currículo escolar,

a apresentação dos conteúdos está relacionada a outros aspectos que darão

forma à necessidade do que está sendo ensinado.

Visto dessa forma, o currículo é considerado um guia, o qual fundamenta

as ações e reflexões que constituem a realidade da prática educativa e são

significativas para o aluno.

A questão curricular, que nos propusemos a discutir, consiste em um

currículo voltado para a diversidade.

Conforme aponta Lima (2006)

A diversidade é norma da espécie humana: seres humanos são

diversos em suas experiências culturais, são únicos em suas

personalidades e são também diversos em suas formas de perceber

o mundo. Seres humanos apresentam, ainda, diversidade biológica.

Algumas dessas diversidades provocam impedimentos de natureza

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distinta no processo de desenvolvimento das pessoas (as comumente

chamadas de “portadoras de necessidades especiais”) (LIMA, 2006,

p. 17).

Sobre o currículo pensado para a diversidade, Gomes salienta que

Cabe destacar, aqui, o papel dos movimentos sociais e culturais nas

demandas em prol do respeito à diversidade no currículo. Tais

movimentos indagam a sociedade como um todo e, enquanto sujeitos

políticos, colocam em xeque a escola uniformizadora que tanto

imperou em nosso sistema de ensino (GOMES, 2007, p. 26).

Ao procedermos à análise do currículo desenvolvido para a diversidade

constituída pelos educandos da escola de educação básica, na modalidade

educação especial, torna-se imprescindível questionar as formas de

abordagem dos conhecimentos, visto que

Elas dizem qual conhecimento é legítimo e qual é ilegítimo, quais

formas de conhecer são válidas e quais não o são, o que é certo e o

que é errado, o que é moral e o que é imoral, o que é bom e o que é

mau, o que é belo e o que é feio, quais vozes são autorizadas e quais

não o são (SILVA, 1995, p. 195).

Pensando em construir aqui uma definição de “currículo”, utilizamos a

contribuição de Cardoso (1997).

[...] o currículo escolar possui alguns componentes básicos: Filosofia

subjacente: onde os princípios que sustentam e guiam o trabalho

educativo da escola; Finalidade e objetivos da educação escolar: o

que se deseja atingir através da educação escolar; Conteúdos e

atividades: delimitações e organização do que será ensinado de

forma sistemática em determinadas áreas, bem como a apresentação

dos ambientes e situações nos quais o conteúdo vai ser ensinado e

atividades desenvolvidas, adaptando o conteúdo de acordo com a

realidade do aluno; Procedimentos e estratégias de ensino: escolha

da metodologia a ser utilizada para garantir um ótimo nível de

aprendizagem pelos alunos; Procedimentos para planejamento e de

avaliação: previsão de estratégias a serem utilizadas para

acompanhar o progresso do aluno e verificar se os conteúdos,

atividades e procedimentos metodológicos utilizados estão

adequados ou devem ser modificados (CARDOSO, 1997, p. 59).

Trata-se, portanto, do entendimento deste como a demonstração do

percurso do processo de ensino e aprendizagem, processo este constituído

pelos princípios, objetivos e metas, tempo e espaço escolar, atividades,

conteúdos, metodologia, instrumentos e critérios de avaliação bem como

medidas de mediação a serem realizadas.

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Nesse contexto, são oportunizadas, aos alunos, idênticas possibilidades

e direitos, mesmo que apresentem diferenças sociais, culturais e pessoais,

promovendo a igualdade de oportunidades.

Mediante as questões expostas, é possível constatar que a educação

pode ser flexibilizada, de modo que atinja a toda essa diversidade.

Adotamos aqui a concepção de currículo como conjunto de ações educativas que ocorrem num determinado contexto, associadas à própria identidade da escola, mesmo que idealmente, reflitam o projeto político-pedagógico da escola, sua organização, funcionamento e papel, e que sofrem influência de tudo o que nela acontece, explícito ou não. (FELDMANN, 2009, p. 201).

Entende-se, desse modo, que as propostas que determinam, de forma

sistemática, a execução e a avaliação dos conteúdos e procedimentos

adotados ao trabalhar com os alunos, constituem o currículo escolar e, apesar

da necessidade do currículo ser adequado à realidade em que se trabalha,

contemplando as relações sociais, priorizando os conteúdos necessários a tal

contexto, considerando suas particularidades,

Infelizmente, para alguns profissionais da educação, o currículo ainda

se restringe ao programa de conteúdos das disciplinas, metodologias

e estratégias, ou mesmo às matérias constantes de um curso. Tais

educadores apresentam dificuldades em concebê-lo numa definição

mais ampla, que não se limite à instrução, que abranja as relações e

aprendizagens sociais. Isso compromete práticas desejáveis à

educação de muitos alunos, particularmente daqueles com

necessidades educacionais especiais. (FELDMANN, 2009, p. 203).

O professor deve, portanto, contemplar as necessidades postas pelo

contexto, sobretudo aquelas que requeiram apoios pedagógicos específicos às

necessidades provenientes de deficiências, considerando que

Para a concretização das ações educativas, o professor é um

elemento decisivo, pois, mesmo que a administração defina, ao

menos em linhas gerais, os objetivos, os conteúdos, etc., no cotidiano

é o professor quem decide as prioridades, o que trabalhar, o que

enfatizar e os significados que dará aos conteúdos e procedimentos

(FELDMANN, 2009, p. 207).

Currículo Funcional Natural

O Currículo Funcional Natural é originário da década de 1970, na

Universidade de Kansas. O trabalho teve início com crianças normais em idade

pré- escolar e a ideia principal era desenvolver uma proposta capaz de tornar

as crianças mais autônomas e criativas, adequando-se em seus ambientes. De

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acordo com Suplino (2005), tal currículo foi implantado no Peru, na década de

1980, pelas Doutoras Judith LeBlanc e Liliana Mayo. Em 1990, passou a ser

chamado Currículo Funcional Natural, uma vez que

[...] A palavra funcional se refere à maneira como os objetivos

educacionais são escolhidos para o aluno enfatizando que aquilo que

ele vai aprender tenha utilidade para sua vida, a curto ou médio

prazo. A palavra natural diz respeito aos procedimentos de ensino,

ambientes e materiais os quais deverão ser os mais semelhantes

possíveis aos que encontramos no mundo real [...] (LEBLANC, 1992,

apud, SUPLINO, 2005, p. 33).

Fica evidente que o currículo funcional estabelece uma relação com as

atividades práticas que o aluno desenvolve em seu cotidiano, construindo um

cidadão apto para tarefas que possam ser desenvolvidas dentro de suas

potencialidades.

Sobre o respectivo currículo, Miura (2008) defende que

O desenvolvimento de um Currículo Funcional Natural (CFN) para

pessoas com necessidades educacionais especiais fundamenta-se

numa filosofia de educação que determina a forma e o conteúdo de

um currículo adequado às características individuais. Requer uma

metodologia instrucional que enfatiza a aplicação do conhecimento e

habilidades em contexto real (MIURA, 2008, p. 155).

No respectivo trabalho, a autora retrata as oportunidades de

aprendizado de diferentes formas, em diferentes contextos da vida onde o

aluno está inserido, assim como o ambiente acadêmico, familiar, recreativo,

esportivo e de autocuidado.

A palavra funcional significa que é necessário que as habilidades a

serem ensinadas tenham uma função para a vida da pessoa. Que ela aprenda

o que é necessário para ter êxito e ser aceitável em seu meio como qualquer

outra pessoa (GIARDINETTO, 2009, p. 29).

Isso remete à importância de oferecer, por meio do currículo, conteúdos

e procedimentos de ensino atrelados às atividades cotidianas, de tal forma que

possa contribuir com o aluno para significar o que está ao seu redor, tornando

útil o conhecimento adquirido.

Ao tratar do aluno com necessidades educacionais especiais, o artigo 5º

da LDBEN destaca que, ao educando com graves comprometimentos mentais

e/ou múltiplos, que não possa se beneficiar do currículo da base nacional

comum, deverá ser proporcionado um currículo funcional para atender às

necessidades práticas da vida.

[...] Tanto o currículo como a avaliação deve ser funcional, buscando

meios úteis e práticos para favorecer: o desenvolvimento das

competências sociais; o acesso ao conhecimento, à cultura e às

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formas de trabalhos valorizadas pela comunidade; e a inclusão do

aluno na sociedade (BRASIL, 1996).

Cabe destacar que debater o currículo é debater não só os

conhecimentos escolares, mas também, as práticas pedagógicas, as

concepções que estas representam, as relações que estabelecem nossos

alunos, sua identidade, enfim tudo o que permeia o fazer pedagógico, incluindo

as características dos alunos com os quais trabalhamos.

A proposta pedagógica do Currículo Funcional Natural baseia-se em

alguns questionamentos, de acordo com o I Fórum Internacional de Inclusão

(2009): O que estou ensinando é importante para a vida do aluno? É pertinente

a sua aplicação?

Além disso, todo currículo busca uma característica interessante e

dinâmica desenvolvida pelo professor e deve ser de fácil compreensão

prevendo, dentro do possível, a ocorrência dos erros, pois enquanto o aluno vai

acertando, sente-se mais entusiasmado e confiante em realizar as atividades

propostas.

Pode-se perceber que o currículo oferece suporte à investigação e

trabalho, através de atividades e rotinas necessárias para o aluno tornar-se

mais autônomo. O professor, ao planejar o trabalho a ser realizado pelos

alunos, primeiro deve pensar nas necessidades, respeitando a idade

cronológica e limites dos alunos, acreditando na sua potencialidade.

Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas

atividades adquirem um significado próprio num sistema de

comportamento social e, sendo dirigidas a objetos definidos, são

refratadas através do prisma do ambiente da criança. [...] Essa

estrutura humana complexa é o produto de um processo de

desenvolvimento enraizado nas ligações entre a história individual e a

história social. (VIGOTSKY, 1994, p. 40).

Para o autor, pela mediação com o outro o indivíduo pode, desde o

nascimento dar significado àquilo que está ao seu entorno, desenvolvendo

suas funções mentais tanto superiores como inferiores.

Ressalta, portanto, a importância do meio à formação do indivíduo,

destacando a influência deste em seu desenvolvimento como um todo.

Importante salientar, ainda, que o meio aqui referido, o qual pode resultar num

contexto de relações, pode ser tanto natural, como social ou físico.

O ser humano conseguiu evoluir como espécie graças à possibilidade

de ter descoberto formas indiretas, mediadas, de significar o mundo

ao seu redor, podendo, portanto, por exemplo, criar representações

mentais de objetos, pessoas, situações, mesmo na ausência dos

mesmos. Essa mediação pode ser feita de duas formas: através do

uso dos signos e do uso dos instrumentos. Ambos auxiliam no

desenvolvimento dos processos psicológicos superiores (GALVÃO,

2004, p. 87).

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Compreendemos que, por apresentarem desempenho intelectual

significativamente inferior à média, os alunos com deficiência intelectual, terão

grande benefício, sobretudo, pela mediação realizada por meio dos

instrumentos. Tanto os instrumentos quanto os signos

Representam de imediato o que pretendem mediar na relação entre o

ser humano e o mundo. No caso de uma ferramenta de trabalho, a

partir do momento em que a pessoa descobre a sua finalidade social,

ela irá carregá-la consigo, identificando, assim, para que serve a sua

existência. Por exemplo, “uma tesoura serve para cortar”. (GALVÃO,

2004, p. 87).

A partir do exposto, fica evidente a importância de se desenvolver um

currículo funcional como um modelo de diferenciação pedagógica que

possibilita, aos alunos com deficiência intelectual acentuada, a inclusão na

sociedade, o desenvolvimento das habilidades sociais por meio do acesso aos

conhecimentos envolvendo um planejamento que corresponda aos objetivos

pretendidos e procedimentos metodológicos.

De acordo com as adequações curriculares, a educação especial

fundamenta-se nos princípios da equidade, do direito à dignidade humana, na

educabilidade de todos os seres humanos.

Pode-se afirmar que ao professor é dada a possibilidade de modificar

decisões administrativas, diretrizes ou qualquer outra proposta recebida, visto

que exerce papel ativo nos significados que são dados aos currículos

escolares.

Metodologia, resultados e discussão

Para fundamentar as reflexões e discussões sobre o tema “A

Importância da aplicação do Currículo Funcional Natural para os alunos com

necessidades Educacionais Especiais” foram realizados estudos de textos da

autoria dos Doutores Carvalho, Judith LeBlanc, Liliana Mayo, Maryse Suplino,

dentre outros autores.

Portanto, com a pesquisa bibliográfica, análise do Projeto Político

Pedagógico, observação in locus, questionários com questões abertas e

entrevista semiestruturada, direcionada aos professores, à equipe diretiva e

pedagógica, deu-se início o trabalho desenvolvido junto à comunidade escolar,

visando descobrir a concepção de currículo funcional que o quadro docente e a

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equipe pedagógica e diretiva apresentava, bem como a constituição do

currículo da referida instituição.

As informações oferecidas pelas questões respondidas pelos

professores foram analisadas, primeiramente, pela professora PDE e

apresentadas, de forma objetiva, preservando os relatos das observações, com

a descrição e a discussão dos resultados, envolvendo todos os participantes.

Posteriormente, foi estabelecida uma comparação com os dados

coletados, de acordo com os pressupostos da pesquisa, à luz dos autores

abordados, com a intenção de ampliar o conhecimento sobre o tema tratado,

articulando ao contexto do qual a escola faz parte.

O trabalho constou de 08 (oito) horas de atividades complementares,

envolvendo leituras e questionamentos sobre o tema e 06 (seis) encontros

constituídos por 04 (quatro) horas cada um, organizados conforme segue.

No encontro inicial, foi realizada a apresentação do Projeto (justificativa,

problematização, objetivos e metodologia) bem como estudos e discussões dos

fundamentos teóricos sobre o currículo, apresentando a concepção de

currículo, função do currículo (a quem servem os conteúdos científico-culturais

propostos pela escola), o desafio do professor diante do currículo para os

alunos com deficiência e a importância do Currículo Funcional Natural a esse

grupo de alunos.

No segundo momento, foram apresentados e repensados os diferentes

conceitos de currículos discutidos pelos autores estudados. As questões

contemplaram: o currículo como um significativo instrumento utilizado por

diferentes sociedades; o currículo na perspectiva cultural crítica; os processos

de conservação, renovação e transformação desenvolvidos pelo currículo; o

currículo como prática de significação (considerando sua dimensão prática); a

sala de aula como o encontro de múltiplas relações e conhecimentos (o

pluralismo cultural, racismo e educação, relações de gênero e educação,

ideologias, máximo poder).

Refletimos sobre o nosso efetivo papel, o papel da escola e do currículo

diante da sociedade que pretendemos construir. Os materiais apresentaram

currículos escolares alternativos, bem como os conceitos “diferença funcional/

diversidade funcional”, refletindo sobre o que impede um deficiente de realizar

seus sonhos e como devemos agir em relação a essa afirmação.

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Foi sugerida, no terceiro momento, uma discussão sobre propostas de

adaptações a serem realizadas no currículo com vistas a um currículo mais

funcional possível: inclusão e ou supressão de conteúdos.

No quarto momento, foram realizadas leituras e discussões de textos

enfatizando a importância da leitura na formação do professor como forma de

enriquecer seu trabalho.

O último momento destinou-se a uma avaliação do trabalho realizado,

considerando os aspectos positivos e negativos, elencando as possibilidades

de efetivar o trabalho proposto e/ou discutido no coletivo.

A partir das reflexões realizadas junto a este grupo de professores,

pudemos reconhecer que os conhecimentos teórico-práticos agregam

benefícios à pratica docente, em relação ao desenvolvimento do currículo e

seus componentes, favorecendo a avaliação e redimensionamento do processo

de ensino e aprendizagem.

Foi revelada a necessidade do desenvolvimento de um currículo que

ultrapasse o espaço escolar e traga maior autonomia aos educandos em

função das restrições que encontram, devido ao quadro de deficiência

apresentado.

Afirmaram que, por meio da leitura dos materiais disponíveis, das

pesquisas diversas referentes ao tema e das interações com os demais

colegas cursistas, perceberam que o currículo funcional, desenvolvido na

escola, tem auxiliado muito, principalmente os alunos que revelam deficiência

intelectual de maior complexidade, os quais requerem um olhar mais

específico, atividades pedagógicas e curriculares adequadas. Afirmaram,

também, que ainda são encontradas dificuldades, resistência e falta de

conhecimento de alguns professores em relação ao assunto. Relataram que a

forma como foi explanado e apresentado o projeto oportunizou muitas

informações e experiências, contribuindo na ampliação e enriquecimento do

nosso trabalho, o qual em alguns momentos torna-se monótono e cansativo e

que se buscarmos conhecimentos, aproveitando essas oportunidades em

cursos, com certeza estaremos promovendo a esses alunos uma melhor

qualidade de vida, independência e autonomia em seu desenvolvimento

pessoal, social e educacional.

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Portanto, consideraram que os estudos e as trocas entre os docentes

fizeram a diferença e que o projeto representa uma ótima oportunidade de

repensar nossas práticas: “a partir dele poderemos direcionar um novo olhar

aos alunos mais comprometidos, nos preocupando sempre em fazer opção

pelas metodologias que objetivem conhecimento real e significativo a todos,

considerando seu tempo e ritmo, suas potencialidades e não apenas suas

limitações”.

Concomitante à implementação do projeto na escola, foi realizado o

Grupo de Trabalho em Rede- GTR, o qual teve início com 20 cursistas inscritos

e término com 18 (dezoito) participantes.

Em levantamento realizado, sobre a pertinência e contribuição do

respectivo projeto à realidade do cursista, relataram que a dificuldade reside na

elaboração de um currículo adequado e adaptado para o atendimento às

peculiaridades do aluno com deficiência intelectual significativa, afirmando que

a utilização do Currículo Funcional Natural, em escolas de educação básica, na

modalidade educação especial, pode trazer resultados significativos,

principalmente aos alunos com graves comprometimentos intelectuais.

Assim discorreram duas das professoras:

“O projeto demonstra que é possível trabalhar com alunos com deficiência intelectual obtendo resultados bastante significativos, relativos à aquisição de variadas habilidades e reduzir comportamentos inapropriados. O Currículo Funcional enfatiza os objetivos educacionais primordiais e necessários: aprender o que tenha utilidade à vida destes alunos e que os levem a atuar, da melhor forma possível, em seu ambiente, mais independentes, produtivos e aceitos socialmente” (Professora A).

“A temática proposta veio para enriquecer e incrementar nosso

conhecimento teórico e também nossa prática pedagógica. O Currículo Funcional é diferente dos demais. É focado naquilo que está acontecendo, naquilo que é essencial ao dia a dia do aluno. É fundamental que todo corpo docente e equipe pedagógica faça uma reflexão da realidade da escola para que o embasamento teórico seja permanente para vias de transformações e possíveis adaptações no currículo escolar” (Professora B).

Com base no trabalho proposto, ressaltaram a necessidade de

promover alterações no Plano de Trabalho Docente, possibilitando a percepção

e a valorização das diferenças individuais, por meio de materiais concretos,

ambientes externos à sala de aula (dentro e fora da escola), atividades mais

complexas e mais simples, contemplando formas mais interessantes de

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aprendizagem, que possibilitem a implementação de adaptações curriculares a

partir do currículo funcional natural.

Para esse grupo de professores é fundamental que o professor

identifique melhores condições e possibilidades para efetivar o processo de

ensino e aprendizagem.

Salientaram, entretanto, que para a construção de uma nova prática é

necessário que haja a reflexão crítica, baseada em fundamentos teóricos/

epistemológicos, principalmente sobre a intencionalidade pedagógica e as

contribuições cognitivas que a metodologia propõe.

No que se refere à comunicação, frisaram que o currículo funcional

favorece, de forma significativa, o desenvolvimento natural da comunicação,

expressa pelos educandos com sérios comprometimentos, muitas vezes,

apenas em olhares e fisionomias que somente um educador atento e sensível

é capaz de compreender.

Muitos discordaram de haver, por parte de muitos professores, uma

preocupação constante em ensinar, a estes educandos, como são escritas as

palavras, mesmo que eles não consigam identificar, ao menos, seus objetos de

uso cotidiano como sua bolsa, por exemplo. Para estes, ao abordar o

conteúdo, que no Plano de trabalho Docente é previsto para a turma toda,

devem ser realizadas as adaptações necessárias para cada aluno, respeitando

suas limitações. Mas, “é uma pena que alguns professores não são capazes de

inovar e, por essa razão, não fazem a diferença com seus alunos”.

Classificaram a questão burocrática, como registrar os conteúdos no

livro de chamada, transformando o aprendizado funcional em conteúdo, um

entrave à efetivação do currículo funcional, embora não tenha sentido deixar de

realizar um trabalho significativo por causa da mesma.

Enfatizaram que o respectivo currículo deve estar presente nas Escolas

de Educação Especial como um compromisso de todos os envolvidos no

processo educativo (atendentes, motoristas, secretários, agentes educacionais,

etc.), tendo em vista que “ensinar com funcionalidade é ensinar pra vida e,

viver com autonomia não é necessário apenas na sala de aula e na escola,

mas em todo espaço, seja ele escolar, familiar ou comunitário”.

Por fim, importante destacar que reconhecem cada aluno como um ser

único e especial, dotado de habilidades e potencialidades, que desenvolve-se

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no seu tempo, com suas particularidades. Nesse contexto, destacaram a

necessidade de uma análise criteriosa do que cada educando precisa

realmente e o que terá de ser feito por ele.

Considerações finais

Diante das análises realizadas sobre a implementação do Projeto de

Intervenção Pedagógica na escola e o Grupo de Trabalho em Rede- GTR,

desenvolvidos pelo Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE, dos

estudos bibliográficos realizados acerca do Currículo Funcional Natural, na

intenção de redimensionar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos

que apresentam deficiência intelectual de alta especificidade, revendo os

discursos, os diferentes aspectos que intervêm no processo de ensino e

aprendizagem, os conteúdos e seus desdobramentos, foi constatado que há

muito por conhecer, discutir, por em prática e aperfeiçoar.

Nesse contexto, acreditamos que o projeto desenvolvido poderá

contribuir de forma significativa se, diante da proposta, a equipe docente se

dispuser a realizar pesquisas de aprofundamento no tema e um esforço

coletivo.

O espaço escolar precisa contemplar a elaboração de Planos de

Trabalho Docente criativos, com muita funcionalidade. De igual modo, o espaço

familiar e social, no trato com o educando, deverá corresponder à linha

pedagógica adotada pela escola.

A legislação em vigor, mais especificamente a Lei 9394/96, ao se referir

ao currículo ou aos componentes curriculares, refere-se aos conteúdos

escolares a serem desenvolvidos nos diferentes níveis de ensino,

determinando como os estudos devem ser organizados e abordados bem como

as condições para tal.

Podemos afirmar que há experiências significativas no interior das

escolas especiais, no que se refere ao educando com deficiência intelectual de

grau acentuado, em relação a práticas inclusivas que possibilitem substituir a

pergunta “por que este aluno está aqui” por “o que posso fazer por ele para que

tenha uma vida mais autônoma”, o que comprova que iniciativas já vêm sendo

tomadas, embora haja necessidade de ampliá-las e aperfeiçoá-las,

continuamente, por meio de estudos e discussões sobre o tema.

O que apresentamos foram elementos curriculares básicos e abertos, de

uma concepção curricular que é dialógica, dialética e complexa.

Os elementos teóricos e práticos que pudemos analisar comprovam que

o currículo constitui-se em algo dinâmico, em permanente construção e

avaliação que deve ser significado e ressignificado de acordo com cada

contexto escolar.

Page 15: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Concebemos o currículo escolar como um conjunto de propostas que ... 2007, p. 26). Ao procedermos à ... menos em linhas gerais,

Considerando os resultados alcançados, nas discussões realizadas

sobre o Currículo Funcional Natural para alunos com deficiência intelectual,

podemos concluir que houve uma compreensão do respectivo currículo como

elemento de emancipação a estes educandos.

Referências

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