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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
1
OS ALIMENTOS FUNCIONAIS E O APROVEITAMENTO DE CASCAS NAS
AULAS DE CIÊNCIAS: TEORIA E PRÁTICA
Luzia de Lourdes Gomes de BARROS1
Adriana ZILLY2
RESUMO
A importância do desenvolvimento deste estudo se justifica pela necessidade defornecer informações atuais no ensino de Ciências facilitando a compreensãodos alunos de que nos últimos anos há uma tendência mundial para aampliação de práticas capazes de desenvolver a reutilização e oreaproveitamento de resíduos recicláveis e orgânicos. Por meio do simplesreaproveitamento da casca de frutas e talos de verduras é possível combater odesperdício, ampliar o cardápio com refeições saborosas e saudáveis. Essaprática também proporciona de forma clara a economia nos gastos com aalimentação ao mesmo tempo em que agrega valor nutricional à saúde. Outroponto discutido volta-se ao uso dos alimentos funcionais e seu benefício aoorganismo humano na medida em que amplia sua condição de saúde, porserem uma fonte inesgotável de nutrientes que ao serem sados de maneiracorreta podem atuar como fármacos. O objetivo geral deste estudo almejaconscientizar os alunos sobre a necessidade e importância doreaproveitamento de cascas de frutas e talos, bem como as formas como o usode alimentos funcionais contribui para a melhoria da condição de saúdehumana. A metodologia utilizada neste estudo, partiu inicialmente de umapesquisa bibliográfica e, em seguida para a ordem prática direcionada peloProjeto de Implementação Pedagógica exigido pelo Programa deDesenvolvimento da Educação – PDE. As atividades desenvolvidas no espaçoescolar permitiram que os educandos matriculados em uma turma de 8º ano doensino fundamental matriculados no Colégio Estadual Jorge Schimmelpfengtivessem acesso a informações relativas ao reaproveitamento de alimentos esua utilização de forma funcional. Entre os principais resultados obtidos,evidenciou-se que muitos educandos acabaram modificando seus hábitosalimentares, além de influenciar seus responsáveis para a adoção de novaspráticas ao prepararem os alimentos reduzindo os desperdícios e ampliando ocardápio da família – situação que permitiu o alcance do objetivo inicial dapesquisa.
Palavras-chave: Alimentos funcionais. Reaproveitamento. Aprendizagem.
1 Professor da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná. E-mail de contato:[email protected].
2 Orientador PDE da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Foz do Iguaçu-PR. Emailde contato: [email protected]
2
1 INTRODUÇÃO
A temática contemplada nesse estudo se refere aos alimentos funcionais e o
aproveitamento de cascas nas aulas de Ciências: teoria e prática. A importância do
desenvolvimento desse estudo baseou-se na necessidade de fornecer informações
atuais no ensino de Ciências tendo como enfoque a reutilização e o
reaproveitamento dos resíduos gerados todos os dias nas inúmeras residências do
país. Vale destacar que esta é uma alternativa biotecnológica limpa que pode ser
aplicada no ambiente residencial e industrial que contribui de forma significativa para
a preservação dos recursos naturais e redução da matéria prima utilizada no
processo produtivo.
Estudos têm revelado que frutas e hortaliças são necessárias à nutrição
humana por serem ricas em vitaminas hidrossolúveis, em minerais essenciais a
prevenção de doenças principalmente nas patológicas, como o câncer, diabetes,
hipertensão, mal de Alzheimer, doenças ósseas e cardiovasculares, provenientes de
uma alimentação inadequada.
Por meio do simples reaproveitamento da casca de frutas podemos
combater o desperdício, uma vez que passam a reutilizada suas partes não
convencionais e que são comumente desprezadas. Tal ação proporciona de forma
clara a economia nos gastos com a alimentação ao mesmo tempo em que agrega
valor nutricional a saúde.
Como prova disso, foi discutido o uso dos alimentos funcionais e seu
benefício ao organismo que amplia sua condição de saúde, pois em geral se
mostram como uma fonte inesgotável de nutrientes que quando usados de maneira
correta podem atuar como fármacos.
Assim, procurar-se-á por meio da prática de ensino e aprendizagem permitir
que os educandos tenham acesso a informações relevantes a sua formação
adquirindo hábitos saudáveis de boa alimentação, assim como a preservação do
meio ambiente por meio da redução de dejetos eliminados rotineiramente.
3
No início da implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica
percebeu-se que grande parte dos educandos do 8º ano do ensino fundamental,
traziam consigo poucos conhecimentos sobre a reutilização das cascas de frutas,
cuidado com o lixo orgânico e a importância dos alimentos funcionais. Notoriamente
os livros de didáticos não apresentam estes assuntos detalhadamente, contexto que
aponta para necessidade do professor portar-se de forma crítica, desenvolvendo
práticas de ensino realmente significativas sobre a temática.
Diante disto, a problemática em direcionar o presente estudo define-se da
seguinte maneira: O reaproveitamento de cascas de frutas e o uso de alimentos
funcionais podem contribuir para prevenção de doenças? É possível que o professor
seja capaz de sensibilizar os alunos de forma que adquiram hábitos alimentares
mais saudáveis?
O objetivo geral deste estudo almeja conscientizar os alunos sobre a
necessidade e importância do reaproveitamento de cascas de frutas e talos, bem
como as formas como o uso de alimentos funcionais contribui para a melhoria da
condição de saúde humana.
Entre os objetivos específicos podem ser mencionados: mostrar os
benefícios que o uso da boa alimentação traz ao organismo por meio do consumo
dos alimentos funcionais; Entender que as cascas de frutas, quando utilizadas de
forma correta, convertem-se em uma fonte inesgotável de nutrientes importantes
para a saúde.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS FUNCIONAIS AO ORGANISMO
O estudo sobre os alimentos funcionais tem como pioneiros cientistas que
viviam no Japão na década de 90 e, que buscavam encontrar possibilidades para a
redução de problemas de saúde relacionados aos acidentes cardiovasculares,
câncer, doenças crônicas degenerativas, acidente vascular cerebral, entre outros, a
partir de alimentos que produzissem efeitos metabólicos, fisiológicos e/ou benéficos
a saúde de todos os cidadãos (LAJOLO, 2001).
4
No caso brasileiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o
órgão encarregado pelo registro de alimentos e/ou ingredientes funcionais após o
preenchimento de alguns requisitos. A classificação funcional de um alimento
depende dos princípios definidos pela resolução nº 18, de 30 de abril de 1999
(LAMARÃO, FIALHO, 2009).
De acordo com Portaria n.º 398, de 30 de abril de 1999, de responsabilidade
do Ministério da Saúde, classifica-se como alimento funcional:
[...] todo aquele alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionaisbásicas, quando consumido como parte da dieta usual, produza efeitosmetabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos a saúde, devendo serseguro para consumo sem supervisão médica (BRASIL, 1999, p.02).
Os alimentos funcionais cumprem o importante papel de fortalecer o
organismo e reduzir as possibilidades de desenvolvimento de doenças. Para tanto, é
indispensável a manutenção de uma dieta equilibrada deve participar do cotidiano
do indivíduo e perdurar por toda a sua vida sendo acompanhados obviamente por
uma vida regrada e pela prática regular de atividades físicas que contribuem nesse
processo (VIDAL et al., 2012). Podem ser classificados como suplementos
alimentares, alimentos para uso dietético, alimentos medicamentosos e como drogas
(MOURA; REYES, 2002).
Os suplementos alimentares são elaborados para a ingestão em forma de
tabletes, farinha, géis, cápsulas de gel ou gotas líquidas e que forneçam vitaminas,
minerais, ervas ou outro substrato botânico, aminoácidos ou outra substância
dietética (MORAES, COLLA, 2006).
Os alimentos para uso dietéticos são processados ou formulados para
abranger grupos específicos da população como lactentes, gestantes, idosos, em
pessoas com necessidade de controle de peso, com hipersensibilidade a
determinados componentes dos alimentos, etc (HERNANDEZ; NAHAS, 2009).
Os alimentos medicamentos são formulados para consumo sob a supervisão
de um médico, sendo usados com fins dietéticos específicos em caso de doença ou
condição para qual existam requisitos nutricionais específicos, portanto, são
utilizados sob supervisão médica. Os alimentos funcionais classificados como
drogas, são produzidos por algumas indústrias que comercializam novos
5
ingredientes não aprovados e, que podem causar danos a saúde (MOURA; REYES,
2002).
Entre as principais características desse tipo de alimento, Moraes e Colla
(2006, p.110-111) citam:
a) devem ser alimentos convencionais e serem consumidos na dietanormal/usual; b) devem ser compostos por componentes naturais, algumas vezes, emelevada concentração ou presentes em alimentos que normalmente não ossupririam; c) devem ter efeitos positivos além do valor básico nutritivo, que podeaumentar o bem-estar e a saúde e/ou reduzir o risco de ocorrência dedoenças, promovendo benefícios à saúde além de aumentar a qualidade devida, incluindo os desempenhos físico, psicológico e comportamental; d) a alegação da propriedade funcional deve ter embasamento científico;e) pode ser um alimento natural ou um alimento no qual um componentetenha sido removido; g) pode ser um alimento onde a natureza de um ou mais componentestenha sido modificada; h) pode ser um alimento no qual a bioatividade de um ou mais componentestenha sido modificada.
A partir de uma dieta equilibrada é possível que o indivíduo possa utilizar de
alimentos funcionais em sua alimentação diária, contando com os benefícios que
promovidos desde que ingira os componentes funcionais de forma adequada, pois
em quantidades inferiores ao esperado não trarão os benefícios esperados
(DAMINANI et al., 2011).
Entre os alimentos funcionais que podem ser utilizados cotidianamente,
citam-se o soja, o tomate, os peixes e óleos de peixe, linhaça, as crucíferas
(brócolis, couve de bruxelas, repolho, entre outros), o alho e a cebola, as frutas
cítricas, o chá verde, as uvas/vinho tinto, os cereais com a aveia, os parabióticos e
os pro bióticos, entre tantos outros. Além destes podem ser mencionados o trigo,
arroz, milho, azeite, castanha-do-pará, gergelim, lactobacilos, mel e outros
(FERNANDES, 2012).
Portanto, para ser funcional, o alimento precisa trazer benefícios uma ou
mais funções do corpo humano, ampliando a condição de bem-estar e,
consequentemente da qualidade de vida. Diante disso, a análise da ação de
alimentos derivados de licopeno, tanino, ácidos graxos, ômega3, flavonóides, fibras
solúveis, lutina e zeaxantina, dentre outros, possibilitou a descoberta de que além de
seu valor nutritivo também poderiam reduzir as chances de incidência de doenças
(CUSTÓDIO, 2011).
6
No que diz respeito ao consumo de alimentos funcionais, é importante
considerar:
- O consumo dos alimentos funcionais seja regular, para que seusbenefícios sejam alcançados.- A indicação fica no maior uso de vegetais, frutas e cereais integrais naalimentação regular, já que grande parte dos componentes ativos estudadosse encontra nesses alimentos.- Outra dica é substituir em parte o consumo de carne vermelha e embutidospor soja e derivados ou peixes ricos em ômega 3.- Os alimentos funcionais somente dão o efeito desejado quando fazemparte deuma dieta equilibrada e balanceada. Para obter bons resultados nocontrole docolesterol, faça uma dieta pobre em gordura saturada ecolesterol.- Não existe risco na ingestão desse tipo de alimento, pois não possuemcontra indicação (SULZBACH, 2012, p.02).
Ao analisar os processos de pesquisas que realmente são capazes de
comprovar as contribuições dos alimentos funcionais no organismo humano, Vidal et
al., (2012) afirma ser evidente a necessidade de inúmeras etapas de avaliação e
observação de seus resultados. No Brasil, este processo acaba sendo limitado
devido a grande quantidade de alimentos disponíveis em virtude do tipo de solo e de
um clima favorável que possibilita o processo produtivo e contrapartida aos poucos
profissionais interessados pela temática.
Há alguns anos, os profissionais da saúde vem discutindo o efeito protetor
que alguns alimentos podem trazer ao organismo humano. Nas últimas décadas tem
sido recomendado a ingestão de alimentos ricos em fibras e pobres em gorduras,
bem como frutas e hortaliças, devido a possibilidade de redução das possibilidades
do indivíduo desenvolver doenças crônicas como o câncer, diabetes e hipertensão
entre outras (FERNANDES, 2012).
Concomitante a estes benefícios destaca-se ainda, a possibilidade de perda
de peso, a melhoria do desempenho mental e físico, redução do envelhecimento,
anemia, ampliação da qualidade de vida e, principalmente a redução do risco de
doenças como dislipidemias e hipertensão arterial (LAMARÃO, FIALHO, 2009).
É sabido que os alimentos funcionais não curam doenças, entretanto, são
importantes aliados para sua prevenção uma vez que facilitam o fortalecimento do
organismo, ampliando sua sensação de bem estar, energia e, consequentemente
das condições de vida de qualquer indivíduo. Como resultado da má alimentação, o
indivíduo amplia suas possibilidades de desenvolver doenças crônico-degenerativas,
7
como por exemplo, as cardiovasculares, câncer, hipertensão, diabetes, obesidade,
entre outras (VIDAL et al., 2012).
No que diz respeito à manutenção de uma dieta equilibrada baseada no
consumo de grãos, frutas e vegetais, observa-se a efetivação de inúmeros
benefícios a saúde do indivíduo independente de sua faixa etária, embora os hábitos
saudáveis devem ser iniciados desde a mais tenra idade (RAUD, 2008).
2.2 UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS VEGETAIS E DE CASCAS DE FRUTAS
Com o advento da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra ao longo do
século XVII houve a inserção das máquinas no processo produtivo, permitindo que
passasse a ser produzido mais bens e em menor tempo. Tal contexto permitiu o
valor final destes produtos fosse reduzido e, consequentemente que um número
maior de pessoas tivessem acesso a estes (ORTIGOZA, CORTEZ, 2009).
O crescimento populacional implica na ampliação dos impactos gerados
sobre o meio ambiente devido a produção e descarte sistematizado de resíduos
sólidos na natureza. Em pleno século XXI, é comum observar que grande parte das
residências o descarte de alimentos como restos de comida, cascas de frutas,
legumes dentre outros que ampliam o volume de resíduos enviados cotidianamente
a aterros sanitários e lixões (nesse caso os problemas são agravados pelo
desenvolvimento de insetos e roedores que podem difundir doenças) (MUCELIN,
BELINI, 2009).
Para resolver ou ao menos amenizar tais problemáticas, podem ser
desenvolvidas projetos e políticas públicas que permitam a população ampliar seus
saberes sobre a possibilidade de melhorarem seus hábitos alimentares e ainda
realizarem o reaproveitamento de cascas de frutas, talos de leguminosas dentre
outros (RODRIGUES, 2007).
Sobre esta temática, Fernandes (2012) afirma que o aproveitamento de
alimentos implica em uma mudança significativa na forma como se cozinha uma vez
que possibilita a reutilização daquilo que já foi utilizado permitindo a construção de
uma mudança de hábito, redução dos resíduos produzido, do desperdício de
alimentos e, consequentemente na melhoria dos hábitos de vida.
Hoje uma grande quantidade de resíduos orgânicos são jogados no lixo em
grandes supermercados, feiras e empresas atacadistas. Entretanto, o ambiente de
maior desperdício marca as casas dos brasileiros onde frutas, cascas, verduras e
8
legumes são descartados sem a devida preocupação com seu potencial nutritivo,
contexto, que demanda a necessidade urgente de uma revisão de hábitos e práticas
(FERNANDES, 2012).
Em decorrência de tal contexto, torna-se adequado desenvolver este projeto
com os alunos do 8º ano, ensinando-lhes tanto a teoria quanto a prática que
permeiam a reutilização ou reaproveitamento tanto de cascas, talos e outros
resíduos que se classificam como matéria orgânica (BRASIL, 2009).
Para reduzir a enorme quantidade de restos orgânicos encaminhados todos
os dias para lixões e aterros sanitários deste país, a reutilização ou
reaproveitamento destes resíduos emerge como uma possibilidade de interesse
público na medida em que reduz o volume destes dejetos e também como medida
de economia uma vez que partes anteriormente desprezadas passam a integrar o
cardápio familiar (LAMARÃO, FIALHO, 2009).
Os alimentos de origem vegetal como frutas e hortaliças, são fontes de
calorias, gorduras, carboidratos, incluindo fibras, minerais e vitaminas. Dessa forma,
são indispensáveis para que o ser humano consiga manter certo equilíbrio em seu
organismo, ao mesmo tempo em que vivencia uma possibilidade a redução do
desenvolvimento de possíveis doenças (DAMINANI et al, 2011).
As práticas de reaproveitamento de cascas das frutas e verduras permitem a
captação de uma grande quantidade de vitaminas e sais minerais que auxiliam em
tratamentos e prevenções de doenças. A casca da banana, por exemplo, possui
grandes quantidades de potássio, de cálcio e de carboidratos e ainda contribui para
redução da pressão sanguínea, prisão de ventre e câimbras. No que diz respeito aos
os talos e cascas de vegetais geralmente possuem uma quantidade considerável de
fibra alimentar insolúvel e ao serem reaproveitados também diminuem o percentual
de resíduos descartados cotidianamente pelos cidadãos brasileiros (DAMINANI et
al., 2011).
Além da economia referente a redução da compra da quantidade de
produtos, a reutilização permite ainda, que sobrem produtos como verduras,
legumes e frutas no mercado e, decorrente da lei da oferta e da procura os valores
destes itens tende a reduzir (DAMINANI et al, 2011).
Na medida em que os valores caem, as populações mais pobres também
passam a ter acesso a estes gêneros alimentícios fundamentais para que possam
9
ter uma dieta equilibrada e, consequentemente para que possam ampliar sua
qualidade de vida (BRASIL, 2009).
Existem mais de 60 padrões para classificação dos vegetais que se dividem
em fibras (algodão, juta, rami), grãos (arroz, feijão, milho, soja, ervilha), óleos (de
soja, de milho, de girassol), farinhas (de mandioca, de trigo), hortícolas (abacaxi,
alho, banana, batata, cebola, kiwi, maçã), entre outros (tabaco, cravo, pimenta do
reino, castanha do Brasil, Amêndoa da Castanha de Caju). Estes vegetais
apresentam um valor nutricional significativo, contendo fibras, sais minerais entre
outros componentes também presentes nas frutas, por exemplo (BRASIL, 2009).
Diante disto, o grande desafio que permeia o reaproveitamento está
concentrado na aprendizagem de técnicas de preparo dos componentes que seriam
desperdiçados. Como sugestão pode ser mencionada a possibilidade de cozimento
de bolos, geléias, sucos, pães, entre outros.
2.3 ALIMENTOS ANTIOXIDANTES
Os alimentos antioxidantes, frutas e verduras, são aqueles cuja composição
permite ao indivíduo que os ingere diminuir suas possibilidades de desenvolver
doenças e ao mesmo tempo ampliar sua qualidade de vida. Nosso corpo produz
naturalmente o que se chama de radicais livres e, estes se não forem combatidos,
seja por alimentos antioxidantes ou medicamentos podem causar efeitos negativos
no ser humano devido ao aparecimento de um grande número de doenças (RAUD,
2008).
O combate ao estresse oxidativo citado anteriormente pode ocorrer por meio
da ingestão de medicamentos ou simplesmente pela manutenção de uma dieta
equilibrada. Dentre os alimentos que podem auxiliar nesse processo diminuindo os
riscos de doenças cita-se a cenoura, cacau, chá verde, frutas cítricas, melancia,
tomate, suco de uva integral dentre outros (DAMIANI et al., 2012).
Estes alimentos são de grande importância, pois possuem uma elevada
presença de vitaminas A, C ou E, e o betacaroteno; minerais como o selênio e zinco
e a ainda os aminoácidos que possuem cisteína e glutationa (SULZBACH, 2012).
Entre as possíveis doenças que podem ser desenvolvidas devido a este
extresseoxidativo, cita-se a artrite disfunção cerebral, aterosclerose cardiopatias,
10
diabetes, enfisema, catarata, envelhecimento, esclerose múltipla, câncer,
inflamações crônicas, doenças do sistema imune (FERNANDES, 2012).
Diante do exposto, verifica-se que os indivíduos que mantém uma dieta
equilibrada conseguem controlar os radicais livres em seu organismo e,
consequentemente reduzir suas possibilidades de precisar ingerir medicamentos na
medida em que consegue manter uma dieta rica em alimentos com propriedades
antioxidantes.
3. METODOLOGIA
O projeto de intervenção foi realizado com alunos matriculados no 8º ano do
ensino fundamental, no Colégio Estadual Jorge Schimmelpfeng, localizado na
Avenida Pôr do Sol , 1855, Conjunto Libra, na cidade de Foz do Iguaçu, durante o
primeiro semestre do ano de 2015, sendo utilizadas 32 aulas regulares.
No início do projeto de implementação, foi realizado um diagnóstico sobre a
compreensão que os alunos tinham sobre a importância dos alimentos funcionais e
a pratica de reaproveitamento por meio da aplicação de um questionário semi-
estruturado (pré-teste). Em seguida, os alunos foram levados ao laboratório de
informática para pesquisarem a reutilização de cascas e talos que seriam
desprezadas, se apropriando dos conhecimentos necessários para a realização
prática do projeto.
A abordagem da temática referente aos alimentos funcionais e a reutilização
de cascas, folhas e talos, deu-se inicialmente de forma teórica e prática na medida
em que o Laboratório de Ciências também fosse utilizado para o trabalho com o
reaproveitamento de alimentos.
A aplicação pedagógica ocorreu por meio de aula expositiva, leitura,
pesquisas, trabalhos direcionados ao tema, preparo das cascas de frutas,
elaboração do caderno de receitas e café da manhã com os pais dos alunos, sendo-
lhes oferecidos os produtos preparados na escola.
No segundo momento, a turma foi dividida em grupos para a realização de
pesquisas na internet sobre a importância dos alimentos funcionais, classificados
como: suplementos alimentares, alimentos para uso dietético, medicamentos, ação
de alguns compostos funcionais e o aproveitamento das partes desprezadas dos
alimentos.
11
No final da intervenção, realizou-se uma exposição dos trabalhos e
pesquisas realizadas ao longo do projeto, bem como a apresentação dos alimentos
produzidos pelos alunos em um café da manhã oferecido aos pais.
Os alunos elaboraram receitas, de alimentos doces e salgados, que lhes
permitiu colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao longo da pesquisa e
presentes no caderno de receitas que elaboraram. Essa atividade é preponderante
para que o professor consiga auxiliar os alunos a transporem a teoria em prática.
No final, foi realizado um diagnóstico sobre a compreensão que os alunos
adquiriram sobre os alimentos funcionais, por meio da aplicação de um questionário
semi-estruturado (pós-teste).
4. RESULTADOS
A análise do questionário pré-teste, aplicado no primeiro dia de aula com o
objetivo de identificar os conhecimentos prévios dos alunos em relação aos
alimentos funcionais, reaproveitamento de cascas e talos de verduras, possibilitou a
elaboração do quadro 2, onde percebeu-se que a maioria não soube definir um
alimento funcional, embora reconheça algumas medidas para uma alimentação
saudável, mesmo indicando que não fariam reaproveitamento de resíduos.
QUESTÃO SIM NÃO NÃO SEIRESPONDER
TOTAL
1. Você sabe definir o que é um alimentofuncional?
6 5 15 26
2. Você sabe que os alimentos funcionaispodem apresentar benefícios nutricionais ereduzir os riscos de doenças?
14 10 2 26
4. Você considera a soja, a maçã, óleo delinhaça como alimentos funcionais?
10 16 0 26
5. Ser saudável, alimentar-se bem, praticaresporte regularmente são fatores queinterferem na obtenção de uma boaqualidade de vida?
14 4 8 26
7. O reaproveitamento integral dosalimentos é uma medida de economiafamiliar?
14 3 9 26
8. Você usaria o reaproveitamento integraldos alimentos em seu cardápio alimentar?
8 12 6 26
Quadro 2: Respostas do pré teste aplicado aos alunos no primeiro dia de trabalho,antes do desenvolvimento do projeto.
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As questões de número 3, 6 e 10, por serem abertas, estão apresentadas
aqui neste momento. Na questão 3 perguntou-se aos educandos: Se você fosse
montar um cardápio para uma de suas refeições (almoço ou jantar) qual das duas
opções usaria: a) Brócolis, salada de alface, arroz integral, feijão, peixe grelhado;
b)carne frita, bacon, batata fritas e arroz branco. Apenas 6 alunos optaram pela
opção “A”, enquanto os outros 20 escolheram a opção “B” por ser mais saborosa e
comum em seu cotidiano.
Na pergunta de número 6, eles responderam sobre: Estimular o reaproveitamento dos alimentos é uma prática que pode evitar o acúmulo de resíduos orgânicos (n=11) e a maioria não soube responder (n=15).
A questão 9 buscou evidenciar As práticas de reaproveitamento de cascas,
frutas e verduras, sendo que alguns responderam que permitem a captação de uma
grande quantidade de vitaminas e sais minerais, porém a maioria não soube
responder (n=15).
No questionamento de número 10, quando questionados sobre onde evitar o
desperdício, n=3 responderam nas casas, n=5 nos mercados e n=10 nos
restaurantes.
Pela variedade de respostas assinaladas, percebe-se que os alunos não
possuem clareza conceitual e/ou nunca pararam para refletir sobre o desperdício de
alimentos e os locais que pode ocorrer. Como prova disso, apenas 08 alunos
demonstraram saber que é comum serem encaminhados para o lixo muitos
alimentos que poderiam ser consumidos, mas acabam sendo descartados em a
devida preocupação com a possibilidade de reaproveitamento em mercados,
residências e restaurantes.
A análise das questões anteriores permite perceber que os alunos não
possuíam uma clareza conceitual sobre a temática do projeto de intervenção
proposto, com poucos conhecimentos prévios e, portanto, as mediações a serem
promovidas precisariam de um amplo aprofundamento teórico, que foi permeado
pelo diálogo, pela pesquisa, atividades teóricas e práticas.
O desenvolvimento da proposta pedagógica desenvolvida apoiou-se na
seguinte sequencia:
AULA 1: Apresentação do projeto, aplicação de questionário. Objetivo:
Identificar os saberes prévios dos alunos em relação aos alimentos funcionais e o
reaproveitamento. Desenvolvimento: Apresentação da professora e do projeto.
13
Discussão sobre os objetivos, conteúdos e a rotina das aulas. Resultado: Os alunos
apresentaram dificuldades em responder o pré-teste, pois, não tinham muito
conhecimento do assunto.
AULA 2: Vídeos sobre os temas do Projeto. Objetivo: Permitir que os alunos
saibam os conceitos básicos de alimentos funcionais, desperdício e o
reaproveitamento. Desenvolvimento: Os alunos assistirão vídeos sobre alimentos
funcionais, desperdício e a necessidade de reaproveitamento de cascas de frutas e
vegetais. Resultado: A turma apresentou interesse pelos vídeos, abordaram a
importância de uma alimentação funcional e destacaram as práticas de
reaproveitamento.
AULA 3. Aula expositiva. Conteúdos: Alimentos funcionais e práticas de
reaproveitamento. Objetivo: Compreender a importância e utilidade dos alimentos
funcionais. Conceituar as práticas de reaproveitamento. Apontar ações para a
redução de resíduos orgânicos. Desenvolvimento: Aula expositiva para a retomada
dos conteúdos. Debates sobre a importância da teoria apresentada; sobre a
necessidade de mudança dos alimentares e a organização das refeiçoes em seu lar.
Resultado: As aulas expositivas despertaram grande interesse, pesquisas foram
realizadas e a próxima atividade será a apresentação da prática.
AULA 4. Pesquisa no Laboratório de informática e construção de conceitos.
Objetivo: Possibilitar que os alunos pesquisem algumas receitas para construção de
um Caderno que presentearão os pais. Desenvolvimento: Os alunos serão
conduzidos da sala de aula ao Laboratório de Informática da escola, para realizar as
pesquisas sobre as temáticas. Resultado: Os alunos apresentaram muito interesse,
pesquisaram sobre o tema, construíram conceitos, destacaram a importância dos
alimentos funcionais para ter uma boa saúde, e coletaram algumas receitas sobre o
reaproveitamento das partes desprezadas de alimentos para dar início a construção
do caderno de receitas.
AULA 5. Cruzadas e caça palavras. Objetivo: Fortalecer a aprendizagem por
meio de atividades que desafiem o pensamento e motivem a aplicar os conteúdos
assimilados. Desenvolvimento: O caça palavras e a cruzada serão entregues já
impressos para facilitar o início das atividades estando baseados nos conteúdos
estudados. Resultado: Os alunos foram divididos em duplas e, como já haviam
construídos conhecimentos prévios sobre o reaproveitamento e a importância dos
14
alimentos funcionais mostravam-se motivados e realizaram com facilidade as
atividades de cruzada e caça palavras entregues.
AULA 6. Laboratório de Ciências. Objetivo: Permitir que os alunos aprendam
o processo de separação e secagem das cascas de frutas e o processo de
cristalização. Desenvolvimento: Os alunos trarão de casa, alimentos funcionais,
para iniciar o processo de separação, secagem, reutilização das cascas e
cristalização. Resultado: Aconteceu no Laboratório de Ciências. Os alunos iniciaram
o processo de separação e secagem das cascas trazidas de casa. Em seguida,
fizeram a cristalização das cascas que foram oferecidas no café com os pais no
colégio.
AULA 7. Montagem de um cardápio com alimentos funcionais. Objetivo:
Estimular os educandos a pensarem os alimentos funcionais que tem acesso com
maior facilidade e distribuí-los nas refeições. Desenvolvimento: Os alunos deverão
trazer de casa pesquisas sobre os tipos de alimentos funcionais disponíveis, seus
preços e benefícios. Resultado: Ocorreu após os alunos pesquisarem sobre o
reaproveitamento e alimentos funcionais, montaram um cardápio com alimentos que
tem acesso com maior facilidade para distribuí-los em suas refeições.
AULA 8. Elaboração de um Caderno de Receitas. Objetivo: Por meio das
receitas já pesquisadas e do cardápio os alunos poderão construir um Caderno de
Receitas. Desenvolvimento: Nessa atividade os alunos da turma irão comparar as
receitas comuns e elaborar um Caderno de Receitas. Resultado: Nesta aula cada
grupo constituído por cinco alunos construíram um Caderno de Receitas que
permitiu a utilização de alimentos funcionais, cascas, talos e folhas a serem
reaproveitados em receitas doces e salgadas.
AULA 9. Apresentação dos trabalhos. Objetivo: Avaliar os resultados das
ações teóricos e práticos, desenvolvidas e os cardápios. Desenvolvimento: Os
alunos irão apresentar os cardápios elaborados permitindo que os colegas
comparem seus trabalhos e troquem receitas. Resultado: Nesta aula, os educandos
foram dispostos em círculos, apresentaram as atividades desenvolvidas, as receitas
inseridas no Caderno de Receitas e o cardápio elaborado. Em seguida,
responderam o mesmo questionário sobre a temática proposta que foi aplicado no
início desse trabalho.
AULA 10. Laboratório de Ciências. Objetivo: Descrever brevemente os temas
abordados, o desenvolvimento do projeto e os resultados alcançados.
15
Desenvolvimento Os alunos serão distribuídos em grupos de quatro pessoas para
que possam desenvolver as atividades práticas no laboratório de ciências onde terão
a oportunidade de preparar as receitas coletadas da internet em aulas anteriores. A
realização de atividades em grupos facilita a obtenção da matéria prima necessária
para o cozimento e preparo dos alimentos (cascas de frutas, talos e partes
comumente desprezadas de legumes) na escola, pois cabe a cada um trazer um
item da receita a ser desenvolvida. Resultado: Os alunos desempenharam
adequadamente as atividades propostas.
AULA 11. Café da manhã com os pais. Palestra sobre o Projeto desenvolvido.
Objetivo: Descrever brevemente os temas abordados, o desenvolvimento do projeto
e os resultados alcançados. Desenvolvimento: Os pais vieram à escola para
participar de um café da manhã. Os alunos disponibilizaram pratos nutritivos e
saborosos feitos com as partes que geralmente são desprezadas dos alimentos. Os
responsáveis s gostaram dos alimentos e elogiaram o desempenho dos filhos ao
longo da execução do projeto. Resultado: Os pais vieram à escola para participar
de um café da manhã. Os alunos disponibilizaram pratos nutritivos e saborosos
feitos com as partes que geralmente são desprezadas dos alimentos. Os
responsáveis gostaram dos alimentos e elogiaram o desempenho dos filhos ao
longo da execução do projeto (Figura 1).
a) Aula 5 Cruzadas e caçapalavras.
b) Aula 6 Laboratório deCiências.
c) Aula 8 Caderno deReceitas.
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d) Aula 9 Apresentação dostrabalhos.
e) Aula 10 Café da manhã com os pais e apresentaçãofinal.
Figura 1: Atividades desenvolvidas durante o projeto, 2015
Na aula de número 09, enquanto preparavam uma das receitas pesquisadas
na internet e que já compunham seus cadernos de receitas, os alunos responderam
o questionário pós teste, que é o mesmo aplicado no dia da apresentação do projeto
para a turma. O objetivo seria traçar um quadro comparativo entre as respostas
iniciais e as descritas após as discussões teóricas e as aulas práticas realizadas
comprovando ou não se houveram avanços em sua aprendizagem.
Os resultados tabulados abaixo (quadro 3), ilustram os questionários
respondidos pelos vinte e seis alunos que participaram do projeto de intervenção, de
forma individual e sem interação com os colegas.
QUESTÃO SIM NÃO NÃO SEIRESPONDER
TOTAL
1. Você sabe definir o que é umalimento funcional?
26 0 0 26
2. Você sabe que os alimentosfuncionais podem apresentarbenefícios nutricionais e reduziros riscos de doenças?
26 0 0 26
4. Você considera a soja, amaçã, óleo de linhaça comoalimentos funcionais?
21 0 5 26
5. Ser saudável, alimentar-sebem, praticar esporteregularmente são fatores queinterferem na obtenção de umaboa qualidade de vida?
26 0 0 26
7. O reaproveitamento integraldos alimentos é uma medida deeconomia familiar?
25 0 1 26
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8. Você usaria oreaproveitamento integral dosalimentos em seu cardápioalimentar?
26 0 0 26
Quadro 3: Respostas do pós teste aplicado aos alunos no último dia de trabalho,depois do desenvolvimento do projeto.
As respostas indicadas mostram que todos os alunos conquistaram avanços
significativos ao longo das aulas, conseguindo se apropriar dos conceitos chaves em
relação a importância e o papel desempenhado pelos alimentos funcionais em seu
organismo bem como a necessidade de reaproveitarem cascas, folhas, talos e
outros alimentos que comumente iriam para o lixo.
Na questão 4, alguns alunos (n=5) ficaram em dúvida em relação aos
alimentos, se eram ou não funcionais, entretanto, com uma pesquisa rápida
puderam responder adequadamente o questionário.
Quase todos os alunos (n=25) também concordaram que o reaproveitamento
pode contribuir para reduzir os gastos da família com a alimentação, além de ser
possível a execução de receitas saborosas e nutritivas.
Em relação às práticas de reaproveitamento de cascas, frutas e verduras
discutidas na questão 9, observou-se que os todos os alunos conseguiram se
posicionar de maneira mais crítica diante do que estava sendo discutido e
escolheram a primeira opção na qual afirma-se que permitem a captação de uma
grande quantidade de vitaminas e sais minerais.
Essa compreensão é muito distinta da que possuíam inicialmente onde
simplesmente descartavam as cascas das frutas, talos de verduras entre outros
componentes de legumes e vegetais por não terem o conhecimento do quanto
poderiam contribuir para sua qualidade de vida e bem estar.
Novamente, como as questões 3, 6 e 10 são abertas, os resultados estão
aqui apresentados. Na questão de número 3 verificou-se que mesmo sabendo da
importância do consumo de alimentos funcionais para a saúde e bem estar ainda
uma grande maioria (n=18), escolheria a opção “B” na qual encontravam-se carne
frita, bacon, batata fritas e arroz branco.
Mesmo participando de forma efetiva do projeto e se empenhando para a
realização adequada das atividades, a mudança de hábitos, sobretudo, em torno da
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alimentação exige tempo e, também deve ser exercida pelos pais. Assim, toda a
família tem a possibilidade de mudar seus hábitos e ter uma dieta mais saudável.
Na questão 6, a totalidade dos alunos compreenderam que o
reaproveitamento é uma prática eficaz para reduzir o acumulo de resíduos orgânicos
que diariamente é enviado para o aterro municipal, contribuindo, para a redução de
sua vida útil.
Em relação aos locais onde o desperdício ocorre, perguntado na questão 10,
também foi percebida uma maior criticidade dos alunos, visto que todos
evidenciaram que essa pratica ocorre nas casas, restaurantes e mercados. Houve
um consenso de que o desperdício ocorre em diversos momentos tendo início na
colheita das frutas, verduras e legumes, no transporte, armazenamento e até mesmo
na escolha feita pelos clientes que vão ao mercado comprá-los e, que rejeitam
aqueles que não possuem uma boa aparência mesmo estando bons.
Após terem respondido o questionário, de maneira informal, percebeu-se
que os alunos conseguiram identificar as afirmações erradas das opções e,
principalmente porque eram falsas. Além disso, muitos relataram que ensinaram ao
levar o caderno de receitas para casa, as mães também auxiliavam a prepará-las e,
que os hábitos alimentares da família começavam a mudar.
5. DISCUSSÃO
O projeto de intervenção desenvolvido comprovou a partir do questionário
pré-teste aplicado aos alunos e, posteriormente em conversas informais com os
alunos e pais, que o desperdício e o envio de alimentos ricos em nutrientes para o
lixo, é uma prática comum em Foz do Iguaçu e, em todo o país devido a grande
diversidade produtiva de frutas, legumes, grãos, entre outros que atendem o
mercado interno e externo (MONTEIRO, 2003).
A análise tecida por Medeiros (2005) contribui para perceber que
diariamente diversas toneladas de resíduos de frutas e hortaliças são desprezados
pela indústria, comércio e nas próprias residências da população de diversas
classes sociais. Por isso, existe a necessidade de serem desenvolvidos projetos que
auxiliem na compreensão de que as cascas, talas e demais partes desprezadas
também possuem nutrientes e, portanto, podem e devem ser reaproveitados,
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ampliando o valor nutritivo da dieta e contribuindo para hábitos alimentares mais
saudáveis.
A abordagem teórica referente aos alimentos funcionais, reaproveitamento
de cascas e talos, redução dos resíduos gerados cotidianamente, preocupação com
o meio ambiente, possibilidade de um mundo ambientalmente saudável dentre
outros conceitos discutidos em sala de aula, foram preponderantes para que os
alunos compreendessem a teoria que fundamentaria as atividades práticas
posteriores (FERNANDES, 2012).
As exposições orais, observação de vídeos e, posteriormente o processo de
pesquisa realizado no Laboratório de informática foram fundamentais para que os
alunos pudessem se deparar com a importância e os reais objetivos do processo de
pesquisa.
O objetivo dessa atividade consistia em buscar e analisar receitas
compostas por cascas e talos que pudessem ser reaproveitadas evitando o seu
destino certo: o lixo. Além disso, os educandos precisavam considerar aquelas frutas
e verduras disponíveis nos meses em que o projeto foi implementado e, portanto,
seriam mais facilmente consumidas devido o valor e sua disponibilidade para
compra no mercado.
Tais pesquisas permitiram a elaboração do Caderno de Receitas que foi
digitado e apresentado pelos diferentes grupos aos colegas. Essa atividade permitiu
a comparação das receitas comuns, aquelas que se diferenciaram, sua viabilidade e
possibilidade de execução.
Os alunos tiveram a tarefa de testar ao menos três receitas em sua casa
para complementar a atividade e, em seguida poder montar um dia de
apresentações e degustação.
No dia em que houve o encerramento do projeto, ocorreu essa mostra
alimentar e além dos alunos da turma, os pais foram chamados a escola para tomar
um café da manhã. Ao verem a mesa posta e terem a possibilidade de saborear os
alimentos, mostraram-se muito satisfeitos com os resultados obtidos.
Muitos afirmaram que os filhos conquistaram importantes aprendizagens
sobre o reaproveitamento e a importância dos alimentos funcionais. Alguns
relataram que os envolveram nas atividades realizadas e estimularam a mudança de
vários hábitos alimentares em suas casas.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na classificação de alimentos funcionais, enquadram-se todos aqueles que
podem ser ingeridos com o objetivo de melhorar a condição de saúde e bem-estar,
devido seu potencial de redução do desenvolvimento de doenças. Podem ser
classificados como suplementos alimentares, alimentos para uso dietético, alimentos
medicamentoso e como drogas.
De forma geral, todos os cidadãos sabem da necessidade de manter uma
dieta equilibrada onde os componentes funcionais sejam consumidos de acordo com
os padrões considerados adequados para a manutenção de sua vida.
Por outro lado, foi constatado que o consumo de alimentos além de ocorrer
de forma inadequada em muitas residências, também gera muitos resíduos que
poderiam ser reaproveitados em receitas saborosas e nutritivas, entretanto,
geralmente acabam no lixo.
A tentativa de repensar esses processos, seja de produção de resíduos,
reaproveitamento e a importância dos alimentos para a manutenção da saúde, com
os educandos matriculados no 8º ano, baseou-se no anseio de conciliar a teoria
contemplada no currículo de Ciências e, ao mesmo tempo, transpô-la para ações
práticas.
A possibilidade dos educandos compreenderem como a discussão teórica
feita na escola realmente está presente em seu cotidiano é fundamental para a
ampliação da qualidade da aprendizagem e, para real formação de alunos críticos e
reflexivos. Como afirmou Paulo Freire há décadas sem teoria não há prática nem
prática sem teoria. Portanto, o processo de ensino e aprendizagem deve realmente
produzir mudanças e, estas por sua vez, permitirão transformar sua realidade.
Entre os principais resultados obtidos, gostaria de assinalar como as
atividades iniciadas na escola envolveram os alunos e também suas famílias,
mudando hábitos e produzindo conhecimentos efetivos facilmente aplicados em seu
cotidiano.
Diante disso, saliento que mais do que simplesmente abordar uma série de
conteúdos contemplados no currículo, cabe o professor estimular os alunos a
desenvolverem o pensamento crítico, a capacidade de pesquisa e, ao mesmo
tempo, compreender como os saberes aprendidos na escola se refletem em seu
cotidiano.
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REFERÊNCIAS
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