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REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS EM GRANDES OBRAS DE REABILITAÇÃO ANA MARGARIDA CUNHA AZEVEDO Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES Orientador: Professor Doutor Alfredo Augusto Vieira Soeiro JUNHO DE 2010

Reaproveitamento de Materiais

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  • REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS EM GRANDES OBRAS DE

    REABILITAO

    ANA MARGARIDA CUNHA AZEVEDO

    Dissertao submetida para satisfao parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAO EM CONSTRUES

    Orientador: Professor Doutor Alfredo Augusto Vieira Soeiro

    JUNHO DE 2010

  • MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2009/2010 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Tel. +351-22-508 1901

    Fax +351-22-508 1446 [email protected]

    Editado por

    FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Rua Dr. Roberto Frias 4200-465 PORTO Portugal Tel. +351-22-508 1400 Fax +351-22-508 1440

    [email protected] http://www.fe.up.pt

    Reprodues parciais deste documento sero autorizadas na condio que seja mencionado o Autor e feita referncia a Mestrado Integrado em Engenharia Civil - 2009/2010 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2009.

    As opinies e informaes includas neste documento representam unicamente o ponto de vista do respectivo Autor, no podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade legal ou outra em relao a erros ou omisses que possam existir.

    Este documento foi produzido a partir de verso electrnica fornecida pelo respectivo Autor.

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    Aos meus Pais e Ivete,

    Muito obrigada.

    A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltar ao seu estado original. Albert Einstein

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    AGRADECIMENTOS Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos ao Professor Doutor Alfredo Soeiro, fundamentalmente pela total disponibilidade. O empenho que sempre demonstrou e a partilha de conhecimento que, aliado sua experincia notria, foram factores preponderantes para a execuo deste trabalho.

    Agradeo tambm Eng. Fernanda Ramos, pelo apoio prestado, aproveitando para agradecer Soares da Costa a oportunidade de trabalhar com o Grupo, no mbito do Prmio Talento 2009.

    Um agradecimento muito especial aos meus pais, a quem dedico este trabalho pelo apoio incondicional em todos os momentos de mais uma etapa.

    Agradeo tambm Ivete, que est sempre presente incondicionalmente ao longo de todos estes anos, a quem tambm dedico este trabalho, e a ti, Slvio.

    Ao Rodrigo, que de uma forma muito prpria, sempre me ajudou e acompanhou em todo este processo, a quem agradeo de uma forma muito especial.

    Aos meus amigos, salientando a Ana Isabel, pessoa mais forte e amiga que conheo.

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    RESUMO Reaproveitamento de Materiais em Grandes Obras de Reabilitao pretende transmitir a situao que existe actualmente em Portugal. Nesta perspectiva, visa a anlise da Legislao Portuguesa, aplicada aos Resduos de Construo e Demolio, respeitante rea da construo no sentido de perceber quais os pontos obrigatrios a cumprir, que devero ser seguidos pelas empresas de construo portuguesas.

    No desenrolar deste trabalho, pode assistir-se ao estudo da legislao, focando inicialmente a sua articulao, passando a uma anlise das tarefas legalmente obrigatrias. Posteriormente, realiza-se uma interpretao do ponto de vista dos recursos humanos, que podem estar envolvidos em todo este processo, dito complexo, bem como as funes associadas a cada um deles. Segue-se uma abordagem Legislao Britnica, de onde se pretende, paralelamente Legislao Portuguesa, realizar um estudo do ponto de vista de uma perspectiva futura. No perdendo de vista o cumprimento da Legislao Portuguesa, aborda-se um Caso de Estudo, em colaborao com a Soares da Costa, onde se vai mais longe, e alm dos aspectos anteriormente referidos, so tambm abordados tempos e custos, baseados em propostas, de onde se obtm um quadro mnimo a implementar.

    Este trabalho assume especial interesse, visto que pretende demonstrar a importncia e obrigatoriedade deste tipo de aces pelas empresas de construo portuguesas, atravs de uma anlise pormenorizada da legislao em vigor, relacionando intervenientes, funes, tempos e custos associados.

    PALAVRAS-CHAVE: Resduos de Construo e Demolio, Legislao, Recursos Humanos, Tempo, Custos.

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    ABSTRACT Materials Recycling at Major Reabilitation Interventions focus on the current situation in Portugal. This way, it will analyze the Portuguese Legislation, namely the Construction and Demolition Waste at the site of construction, in order to understand which are the mandatory issues that should be respected by the portuguese construction companies.

    This work studies the legislation, initially focusing on the articulation and then doing an analysis of the legally mandatory issues. Then, was done an analysis, focusing on the human resources that may be involved on this complex process. The British Legislation was also subject of this study, in order to establish a comparative profile with the Portuguese Legislation, opening future improvement perspectives. A case study in collaboration with Soares da Costa was analyzed, also obeying to the Portuguese Legislation. This case study besides focusing the refered topics, includes timings, prices based on former proposals allowing to establish minimal conditions.

    This study is particularly interesting, since demonstrates the relevance and the mandatory character of these actions that should be followed by the portuguese construction companies by a detailed analysis of the present legislation connecting interveners, functions, timings and prices.

    KEYWORDS: Construction and Demolition Waste, Legislation, Human Resources, Timing, Prices.

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    NDICE GERAL

    AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... i

    RESUMO ................................................................................................................................. iii

    ABSTRACT ............................................................................................................................................... v

    1. INTRODUO .................................................................................................................... 1 1.1. PROBLEMTICA ............................................................................................................................... 1 1.2. OBJECTIVOS DO ESTUDO ................................................................................................................ 1 1.3. ORGANIZAO ................................................................................................................................. 2

    2. ESTADO DA ARTE ........................................................................................................ 3 2.1. INTRODUO .................................................................................................................................... 3 2.2. ORIGEM E COMPOSIO DOS RCD ................................................................................................ 3 2.2.1. RESDUOS DE CONSTRUO ............................................................................................................. 4

    2.2.2. RESDUOS DE DEMOLIO ................................................................................................................. 5

    2.2.2.1. Demolio Selectiva .................................................................................................................... 5

    2.3. CARACTERIZAO DOS RCD ......................................................................................................... 6

    3. ENQUADRAMENTO LEGAL ................................................................................ 7 3.1. INTRODUO .................................................................................................................................... 7 3.2. O DECRETO-LEI N. 46/2008, DE 12 DE MARO ........................................................................... 7 3.2.1. A ARTICULAO DA LEGISLAO ....................................................................................................... 7

    3.2.1.1. Cdigo dos Contratos Pblicos ................................................................................................... 8

    3.2.1.2. Regime Jurdico da Urbanizao e da Edificao ...................................................................... 8

    3.2.1.3. Regime Geral da Gesto de Resduos: Princpios Gerais .......................................................... 8

    3.2.2. ENCAMINHAMENTO DE RCD ............................................................................................................ 10

    3.2.3. PRINCPIO DA HIERARQUIA DA GESTO ............................................................................................ 11

    3.2.4. TRANSPORTE .................................................................................................................................. 11

    3.2.5. DEVER DA INFORMAO .................................................................................................................. 12

    3.2.6. LICENCIAMENTO .............................................................................................................................. 12

    3.2.7. EMPREITADAS E CONCESSES PBLICAS ........................................................................................ 13

    3.2.8. OBRAS PARTICULARES .................................................................................................................... 13

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    3.2.9. OBRIGAES DOS PRODUTORES EM OBRA ..................................................................................... 14

    3.2.10. REUTILIZAO DE SOLOS E ROCHAS NO CONTAMINADOS ............................................................ 14

    3.2.11. UTILIZAO DE RCD EM OBRA ..................................................................................................... 15

    3.2.12. DEPOSIO DE RCD EM ATERRO ................................................................................................. 15

    3.2.13. FISCALIZAO E CONTRA-ORDENAES ....................................................................................... 15

    3.2.14. DISPOSIES COMPLEMENTARES ................................................................................................. 17

    4. A LEGISLAO FACE CONSTRUO .......................................... 19 4.1. INTRODUO ................................................................................................................................. 19 4.2. PROPOSTA DE INTERVENIENTES .................................................................................................. 19

    4.3. FUNES DOS DIVERSOS INTERVENIENTES ............................................................................... 28 4.4. ESTUDO PARALELO FACE S LEGISLAES PORTUGUESA E BRITNICA. PERSPECTIVA DE FUTURO ................................................................................................................................................. 34

    5. CASO DE ESTUDO: POUSADA DO FREIXO .................................. 37 5.1. INTRODUO ................................................................................................................................. 37 5.2. ENQUADRAMENTO ........................................................................................................................ 38

    5.2.1. BREVE NOTA HISTRICA ................................................................................................................ 38

    5.2.2. SISTEMA CONSTRUTIVO ................................................................................................................. 38

    5.2.3. CARACTERIZAO DA EMPREITADA ................................................................................................. 39

    5.2.4. FASES DE EXECUO DA OBRA ...................................................................................................... 39

    5.2.4.1. Edifcio da Moagem .................................................................................................................. 39

    5.2.4.2. Palcio e Tnel de Ligao ...................................................................................................... 40

    5.2.5. ANLISE CRONOLGICA ................................................................................................................. 41

    5.3. PROPOSTA DE APLICAO DA LEGISLAO PORTUGUESA ...................................................... 41 5.3.1. ENCADEAMENTO DE TAREFAS ......................................................................................................... 41

    5.3.2. QUADRO MNIMO DE INTERVENIENTES, TEMPO E CUSTOS OBRIGATRIOS ........................................ 49

    6. CONSIDERAES FINAIS ................................................................................. 51 6.1. CONCLUSES ................................................................................................................................ 51 6.2. PROSSECUO DO TRABALHO .................................................................................................... 52

    BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................... 53

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    ANEXOS ................................................................................................................................................. 57

    A.1. MODELO DO PLANO DE PREVENO E GESTO DE RCD ......................................................... 59 A.2. GUIAS DE ACOMPANHAMENTO DE RCD ..................................................................................... 63 A.3. DECRETO-LEI N. 178/2006, DE 5 DE SETEMBRO, REGIME DE LICENCIAMENTO ..................... 67 A.4. DECRETO-LEI N. 3/2004, DE 3 DE JANEIRO, CUSTOS INTEGRADOS DE RECUPERAO, VALORIZAO E ELIMINAO DE RESDUOS PERIGOSOS ................................................................. 79 A.5. DECRETO-LEI N. 152/2002, DE 23 DE MAIO, DEPOSIO DE RESDUOS EM ATERRO ........... 97 A.6. DECRETO-LEI N. 1408/2006, DE 18 DE DEZEMBRO, SISTEMA INTEGRADO DE REGISTO ELECTRNICO DE RESDUOS .............................................................................................................. 119 A.7. LEGISLAO BRITNICA: CODE FOR SUSTAINABLE HOMES: A STEP-CHANGE IN SUSTAINABLE HOME BUIDING PRACTICE, DECEMBER 2006 (CDIGO DE CONSTRUO SUSTENTVEL: UMA MUDANA RADICAL NA PRTICA DA CONSTRUO SUSTENTVEL, DEZEMBRO DE 2006) / CODE FOR SUSTAINABLE HOMES: TECHNICAL GUIDE, MAY 2009 (CDIGO DE CONSTRUO SUSTENTVEL: GUIA TCNICO, MAIO DE 2009). BREVE REFLEXO ............... 123

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    NDICE DE FIGURAS

    Fig. 3.1 Constituio Heterognea de RCD .......................................................................................... 7

    Fig. 3.2 Reforo das Obrigaes de Triagem ..................................................................................... 10

    Fig. 3.3 Hierarquia da Gesto na Obra ............................................................................................... 10

    Fig. 3.4 Princpio da Hierarquia de Gesto ......................................................................................... 11

    Fig. 3.5 Mecanismo da Informao ..................................................................................................... 12

    Fig. 3.6 Obrigaes dos Produtores de RCD em Obra....................................................................... 14

    Fig. 3.7 Reutilizao de Solos e Rochas No Contaminados ............................................................ 14

    Fig. 3.8 Aterro de RCD ........................................................................................................................ 15

    Fig. 4.1 Triagem de RCD .................................................................................................................... 21

    Fig. 4.2 Procedimento de Triagem de RCD ........................................................................................ 23

    Fig. 4.3 Anlise dos Solos ................................................................................................................... 29

    Fig. 5.1 Antigo Imvel da Companhia e Moagens Harmonia ............................................................. 37

    Fig. 5.2 Malha Estrutural ..................................................................................................................... 39

    Fig. 5.3 Distribuio no Tempo das Aces Realizadas ..................................................................... 41

    Fig. 5.4 Escavao de Solos ............................................................................................................... 42

    Fig. 5.5 e 5.6 Telhas Cermicas presentes no Edifcio da Moagem e na Reabilitao da Pousada do Freixo ...................................................................................................................................................... 43

    Fig. 5.7 e 5.8 Pavimentos em Madeira presentes no Edifcio da Moagem e na Reabilitao da Pousada do Freixo ................................................................................................................................. 43

    Fig. 5.9 Triagem de RCD em Obra ..................................................................................................... 44

    Fig. 5.10 Distribuio no Tempo das Aces Propostas .................................................................... 45

    Fig. 5.11 Distribuio no Tempo das Aces Propostas - Continuao ............................................. 46

    Fig. 5.12 Distribuio no Tempo dos Recursos Humanos .................................................................. 48

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    NDICE DE QUADROS

    Quadro 2.1 Origem e Composio dos RCD ........................................................................................ 4

    Quadro 2.2 Cdigo e Descrio dos RCD ............................................................................................ 6

    Quadro 3.1 Contra - Ordenaes ........................................................................................................ 16

    Quadro 4.1 Imposies Legislativas Associadas ao Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro. Proposta de Respectivos Intervenientes ................................................................................................ 20

    Quadro 4.2 Funes Associadas aos Diversos Intervenientes .......................................................... 28

    Quadro 5.1 Quadro Mnimo de Intervenientes, Tempos e Custos Obrigatrios ................................. 49

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    SMBOLOS E ABREVIATURAS

    Moeda Europeia Euro

    ANR Autoridade Nacional de Resduos

    APA Agncia Portuguesa do Ambiente

    ARR Autoridade Regional de Resduos

    CCDR Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional

    CCP Cdigo dos Contratos Pblicos

    CER Catlogo Europeu de Resduos

    CIRVER Centros Integrados de Recuperao, Valorizao e Eliminao de Resduos Perigosos

    INR Instituto dos Resduos

    LER Lista Europeia de Resduos

    PPG Plano de Preveno e Gesto de Resduos de Construo e Demolio

    RCD Resduos de Construo e Demolio

    RJUE Regime Jurdico de Urbanizao e Edificao

    RSU Resduos Slidos Urbanos

    SIRER Sistema Integrado de Registo Electrnico de Resduos

    UE Unio Europeia

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    1 INTRODUO

    1.1. PROBLEMTICA O sector da construo civil apresenta-se como um dos sectores que mais se desenvolveu nos ltimos anos. Durante esta evoluo, notria a intensificao da actividade de reabilitao e manuteno.

    Nesta actividade, o segmento que inclui operaes de demolies torna-se o principal responsvel no sector da construo civil pelo desperdcio de grandes quantidades de materiais, traduzindo-se a sua evoluo no aumento da produo de RCD e na crescente dificuldade da sua gesto.[1] Os resduos provenientes do sector da construo so considerados como uma prioridade na poltica de gesto de resduos da UE uma vez que os RCD representam um tero dos resduos produzidos no espao europeu, aproximadamente 500Mt. No que respeita Portugal, estimou o IST em 4,4 Mt os Resduos de Construo e Demolio produzidos durante 2004, os quais podiam ser reaproveitados e dos quais 95% tiveram como destino a deposio em aterro.[2] Dados mais actualizados, resultantes de estimativas de dados europeus aplicados ao contexto em estudo, revelam que a produo relativa ao mesmo pas da ordem dos 7,5 Mt de RCD por ano.[3] Visualiza-se, portanto, um cenrio evidentemente insustentvel. O recurso abusivo de matrias-primas em detrimento de opes secundrias ter tempo limitado. Surgiro, certamente, necessidades ambientais e imposies legais pelo que devem ser postas em prtica solues sustentveis que visem o ciclo de vida dos diferentes materiais bem como a sua adequada gesto.[4] Desta forma, segundo a APA [3], j se investiu numa aposta na reutilizao ou na reciclagem de vrios produtos, no sentido de atingir, em 2020, nveis de reciclagem e reutilizao na ordem dos 70%, conduzindo a aterro ou gesto destes resduos somente 30% da totalidade.

    1.2. OBJECTIVOS DO ESTUDO Tendo presente o objectivo primordial deste trabalho, reflexo crtica acerca do Reaproveitamento de Materiais em Grandes Obras de Reabilitao, analisar-se- a legislao relativa aos Resduos de Construo e Demolio, focando a rea da construo.

    Sendo a legislao de implementao obrigatria nas empresas de construo, pretende-se chegar a uma estrutura que vise os aspectos essenciais obrigatrios ao cumprimento da legislao, e que possa ser adaptada pelas vrias empresas em funo da obra. Pretende-se ainda que este trabalho chegue a um quadro mnimo de recursos humanos, tempos e custos associados.

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    Outro ponto relevante a considerar como objectivo ser uma anlise da mesma problemtica numa perspectiva de futuro. Deste modo, pretende-se um estudo paralelo com base nas Legislaes Portuguesa e Britnica.

    1.3. ORGANIZAO Este trabalho encontra-se dividido em 6 captulos. Segue-se uma breve descrio de cada um dos captulos abordados.

    Captulo 1 Introduo Apresentao e contextualizao do trabalho.

    Captulo 2 Estado da Arte Neste captulo procede-se a um enquadramento terico, o qual tem por objectivo integrar conceitos base como Resduos de Construo e Demolio, dando a conhecer a origem e composio deste tipo de resduos, bem como a sua caracterizao.

    Captulo 3 Enquadramento Legal Abordagem Legislao Portuguesa em vigor, dando maior importncia ao Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, Regime da Gesto de Resduos de Construo e Demolio. So tambm abordados: Decreto-Lei n. 18/2008, de 29 de Janeiro, Cdigo dos Contratos Pblicos; Decreto-Lei n. 60/2007, de 4 de Setembro, Regime Jurdico da Urbanizao e da Edificao; Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro, Regime Geral da Gesto de Resduos.

    Captulo 4 A Legislao Face Construo Anlise do Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro. Proposta de recursos humanos associados ao cumprimento deste regime, e respectivas tarefas. As Legislaes Portuguesa e Britnica so tambm alvo de anlise paralela neste captulo, numa perspectiva de futuro.

    Captulo 5 Caso de Estudo: Pousada do Freixo Neste captulo, procede-se a uma passagem dos conceitos estudados para aplicao a um caso concreto, Pousada do Freixo, com a colaborao da Soares da Costa.

    Captulo 6 Consideraes Finais Descrio das concluses finais, salientando os aspectos mais relevantes. Comentam-se algumas dificuldades na execuo do trabalho e deixam-se algumas sugestes para possveis trabalhos a desenvolver.

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    2 ESTADO DA ARTE

    2.1. INTRODUO Este captulo visa a anlise do Estado da Arte na qual se incorpora, aps um enquadramento do tema no mbito do captulo anterior, a abordagem Origem e Composio dos RCD onde se destacam os Resduos de Construo e os Resduos de Demolio fazendo referncia Demolio Selectiva. Seguidamente, procede-se a uma anlise da Caracterizao dos RCD nas suas vrias vertentes.

    2.2. ORIGEM E COMPOSIO DOS RCD Os locais de actividade de construo so considerados como possveis locais de acumulao de Resduos de Construo e Demolio. Estes resduos podem ser produzidos como consequncia da construo de edifcios, bem como de outras estruturas, ou pela demolio de estruturas antigas, ou parte delas. O fluxo de resduos gerado pela repavimentao das estradas, demolio e construo de pontes, actividades de remodelao e renovao caracterizado, de uma forma geral, como RCD.[5,6,7] Relativamente composio dos RCD muito varivel devido a factores como a sua origem (construo, reabilitao e demolio), prticas locais de construo e poca da demolio da infra-estrutura.[6,7] Normalmente, no existem anlises detalhadas disponveis baseadas em amostragens realizadas em campo e, de uma forma geral, os municpios no possuem dados suficientes referentes a esta problemtica, adoptando a estratgia de recolha e anlise de valores obtidos noutros municpios similares ou valores mdios nacionais relevantes para o efeito.[5]

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    De acordo com a pesquisa efectuada, pode ser referida a composio destes resduos como se verifica no Quadro 2.1.

    Quadro 2.1 Origem e Composio dos RCD [7] Materiais % do Peso Total

    Beto, alvenaria e argamassa 50

    Madeira 5

    Papel, carto e outros combustveis 1-2

    Plsticos 1-2

    Metais (ao includo) 5 Solos de escavao, brita de restaurao de pavimentos 20-25

    Asfalto 5-10

    Lamas de dragagem e perfurao 5-10

    2.2.1. RESDUOS DE CONSTRUO

    Grande parte dos designados Resduos de Construo advm de erros de planeamento, nomeadamente da quantidade de matrias-primas necessrias. Outras origens associadas a este tipo de resduos podem estar relacionadas com erros de dimensionamento a nvel de projecto, bem como perdas inerentes s tcnicas e solues construtivas.

    De uma forma mais pormenorizada, a produo de resduos torna-se visvel em diferentes etapas do processo construtivo como[4]:

    Na fase de projecto, em que a produo de resduos deve-se, essencialmente, a erros nos contratos, contratos incompletos ou modificaes no projecto;

    Na fase de interveno, sendo que ordens erradas, bem como ausncia destas, podem conduzir a um excesso de produo de resduos. A falta de comunicao adequada e planeamento conjunto entre os diferentes intervenientes no processo construtivo pode afectar negativamente a boa gesto dos resduos;

    No que refere a manipulao de materiais, so frequentes os casos de danos durante o transporte dos materiais, bem como aquando do seu inadequado armazenamento;

    comum observarem-se erros por parte dos operrios e falhas do equipamento utilizado. A desorganizao do estaleiro e um ambiente geral de desorganizao por parte dos operrios pode estimular a produo de resduos que poderiam ser evitados noutras condies. Acrescenta-se o uso de materiais incorrectos em substituies, sobras de corte e dosagem;

    Avoluma-se, ainda, a falta de controlo de materiais e gesto de resduos, vandalismo e roubo.

    Atendendo s suas categorias principais, estes resduos podem ser agrupados da seguinte forma[8]: Materiais em excesso ao fim da obra; Materiais danificados; Resduos de preparao e curso da obra; Embalagens.

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    Devem ainda ser acrescentados os volumes de solos, asfalto, rochas e vegetao removidos do local da obra.

    Este tipo de resduos encontra-se em quantidade inferior dos resduos de demolio em obra, no entanto, em termos de variedade de materiais so em tudo semelhantes. frequente encontrar embalagens, restos de materiais utilizados ou em excesso.[9] Nos ltimos 20 a 30 anos observa-se um crescente uso de materiais no inertes na construo, como metais e plsticos, o que poder influenciar o tipo de resduos de demolio nos prximos anos.[10]

    2.2.2. RESDUOS DE DEMOLIO Os resduos de demolio correspondem essencialmente, como o prprio nome indica, a material residual resultante da demolio. A vasta gama de materiais utilizados em obra leva a uma imensa variedade de resduos. Consoante a zona do pas, a poca de construo e o uso a que os materiais esto vocacionados, poder-se- assistir a uma tendncia do tipo de resduos. A composio destes resduos depende do tipo de obra a ser demolida bem como do grau de selectividade da demolio, sendo que, frequentemente, so produzidos em grande quantidade, nomeadamente de material inerte e de solos.

    No que refere o tipo de processamento a que os resduos de demolio so destinados, podem ser classificados de acordo com as seguintes classes[4]:

    Classe A _ resduos reutilizveis ou reciclveis como agregados; Classe B _ resduos reciclveis para outros destinos (tais como plsticos, papel/carto,

    metais, vidros, madeiras e outros); Classe C _ resduos para os quais ainda no foram desenvolvidas tecnologias ou

    aplicaes economicamente viveis, que permitam a sua reciclagem/recuperao; Classe D _ resduos perigosos, oriundos de demolies, reformas e reparaes.

    2.2.2.1. Demolio Selectiva Em Portugal, o processo de demolio ainda, na grande parte dos casos, um processo simples de desmantelamento e/ou destruio de algo que tem de ser removido, sendo reduzido a escombros e posteriormente transportado para aterros, na forma de entulho. O produto final deste tipo de demolio bastante heterogneo, com existncia de resduos dos mais diversos tipos de dimenses, desde madeira, plsticos, vidro e, em alguns casos, contendo resduos perigosos. Esta prtica e comprometedora da qualidade e quantidade do produto valorizado. Com o intuito de facilitar uma gesto sustentvel dos RCD, e ainda antes de se efectuar a seleco dos resduos dos materiais pretendidos, deve proceder-se a uma demolio selectiva. Trata-se de um processo caracterizado, no caso de edifcios, pelo seu desmantelamento cuidadoso, de modo a possibilitar a recuperao de materiais e componentes da construo, promovendo a sua reutilizao e reciclagem. Este conceito surge em virtude do rpido crescimento da demolio de edifcios e da evoluo das preocupaes ambientais da populao. A demolio selectiva abre caminho valorizao e reutilizao de elementos e materiais de construo que, de outra forma, seriam tratados como resduos sem qualquer valor e removidos para locais de depsitos, muitas vezes no autorizados para esse fim.

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    O processo de demolio selectiva possibilita[11]: Reutilizao e reciclagem de materiais; Inovao e tecnologia; Sustentabilidade na construo; Aparecimento de um novo mercado: materiais usados; Benefcios econmicos e ambientais.

    2.3. CARACTERIZAO DOS RCD Qualitativamente, os RCD podem ser classificados como[12]:

    Orgnicos papel, plsticos, madeira, carto, entre outros; Materiais compsitos madeira envernizada, madeira prensada, material elctrico,

    tapetes, revestimentos de parede, entre outros; Inertes tijolos, telhas, azulejos, porcelanas, vidro, beto, beto armado, metais, entre

    outros. No que respeita a caracterizao dos RCD consideram-se, de acordo com o Quadro2.2:

    Quadro 2.2 Cdigo e Descrio dos RCD [6,13] Cdigo Descrio

    17 01 Beto, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cermicos 17 02 Madeira, vidro e plstico

    17 03 Misturas betuminosas, alcatro e produtos de alcatro

    17 04 Metais (incluindo ligas)

    17 05 Solos (incluindo solos escavados de locais contaminados), rochas e lamas de dragagem 17 06 Materiais de isolamento e materiais de construo, contendo amianto

    17 08 Materiais de construo base de gesso

    17 09 Outros resduos de construo e demolio

    De acordo com o enquadramento do Decreto-Lei n. 152/2002, que apresenta os diversos tipos de resduos na perspectiva da sua deposio controlada, podem classificar-se os RCD em 3 tipos: inertes, no perigosos e perigosos. A classificao atribuda com base na quantidade de substncias perigosas presentes nos resduos e na sua mobilizao em meio aquoso, as quais no devem ultrapassar determinados limites mximos definidos no referido Decreto-Lei. [14]

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    3 ENQUADRAMENTO LEGAL

    3.1. INTRODUO O presente captulo visa a abordagem da Legislao Portuguesa em vigor relativa ao fluxo especfico de Resduos de Construo e Demolio, assumindo maior importncia o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, Regime da Gesto de Resduos de Construo e Demolio. So ainda alvo de estudo o Decreto-Lei n. 18/2008, de 29 de Janeiro, Cdigo dos Contratos Pblicos; o Decreto-Lei n. 60/2007, de 4 de Setembro, Regime Jurdico da Urbanizao e da Edificao; o Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro, Regime Geral da Gesto de Resduos.

    3.2. O DECRETO-LEI N. 46/2008, DE 12 DE MARO 3.2.1. A ARTICULAO DA LEGISLAO

    Factores como caractersticas quantitativas de Resduos de Construo e Demolio produzidos, caractersticas qualitativas (como sendo a constituio no homognea dos resduos, constante na Figura 3.1, as fraces de dimenso variada e os diferentes nveis de perigosidade), disperso geogrfica e carcter temporrio das obras, renem as condies necessrias para que seja necessrio o recurso a legislao especfica para regular a gesto de RCD. Torna-se, deste modo, imperioso a considerao da articulao da legislao.[15]

    Fig. 3.1 Constituio Heterognea de RCD [15]

    Alm disso, a gesto de RCD pode condicionar os actos administrativos associados s obras no que respeita, nomeadamente, o licenciamento de uma obra particular ou a recepo de uma obra pblica.

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    3.2.1.1. Cdigo dos Contratos Pblicos No que respeita o Decreto-Lei n. 18/2008, de 29 de Janeiro, devem ser salientados os seguintes artigos:

    Artigo 43 _ Segundo este artigo, o projecto de execuo deve ser acompanhado de vrios elementos, entre os quais, o Plano de Preveno e Gesto dos Resduos de Construo e Demolio.

    Artigo 394 _ Atravs do qual ficam as condies de recepo da obra dependentes da vistoria, devendo o modo como foi executado o Plano de Preveno e Gesto, constar do respectivo Auto.

    Artigo 395 _ Acrescenta este artigo que, caso o dono da obra no ateste a correcta execuo do PPG, considera-se que a obra no est em condies de ser recebida, devendo tal condio ser declarada no Auto de recepo provisria, lavrado no mbito da vistoria.

    Artigo 394 _ Segundo o ponto 7 deste artigo, ainda que se considere a obra implicitamente recebida, poder sempre existir lugar a sanes nos termos da legislao aplicvel.

    3.2.1.2. Regime Jurdico da Urbanizao e da Edificao Relativamente ao Decreto-Lei n. 60/2007, de 4 de Setembro, devem ser destacados os seguintes artigos:

    Artigos 7., 53. e 57. _ Onde se deve salientar que a salvaguarda do disposto no Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro constitui uma das condies fixadas pela entidade licenciadora, a observar na execuo da obra.

    Artigo 86. _ condio da emisso do alvar de autorizao de utilizao ou da recepo provisria das obras de urbanizao, a limpeza da rea em consonncia como o regime da gesto de RCD nela produzidos no acto de concluso da obra.

    Artigo 54. _ Abre-se excepo ao disposto no artigo anterior caso seja prestada uma cauo para garantia da execuo da operao.

    3.2.1.3. Regime Geral da Gesto de Resduos: Princpios Gerais O Decreto-Lei n.178/2006, de 5 de Setembro, veio definir novas regras para o licenciamento das operaes de gesto de resduos revogando o Decreto-Lei n. 239/97, de 9 de Setembro e a Portaria n. 961/98, de 10 de Novembro. Esta publicao teve como objectivo reformar o mecanismo de autorizao prvia de modo a aproxim-lo dos modelos em vigor nos ordenamentos jurdicos dos demais parceiros comunitrios, sujeitando as operaes de gesto de resduos a um procedimento administrativo clebre de controlo prvio, que se conclui com a emisso de uma licena, e a procedimentos administrativos que assegurem uma efectiva monitorizao da actividade desenvolvida aps esse licenciamento. Neste diploma foram introduzidos mecanismos de adaptao das licenas s inovaes tecnolgicas, que constantemente surgem neste sector, e de resposta a efeitos negativos para o ambiente, que no tenham sido previstos na fase de licenciamento, introduzindo-se, igualmente, procedimentos que visam acompanhar as vicissitudes da actividade de gesto de resduos, como sejam as da transmisso, alterao e renovao das licenas.[16] De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 2., a gesto de resduos realiza-se tendo por base os princpios da auto-suficincia, da preveno e reduo, da hierarquia das operaes

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    de gesto de resduos, da responsabilidade do cidado, da regulao da gesto de resduos e da equivalncia, previstos no Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro, seguidamente estudados.

    Artigo 4. _ Princpio da auto-suficincia, segundo o qual os movimentos transfronteirios de resduos devem ser reduzidos, privilegiando as operaes de gesto de resduos em territrio nacional.

    Artigo 5. _ Princpio da responsabilidade pela gesto, segundo o qual, deve existir co-responsabilizao da respectiva interveno e nos termos do Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro, excepto: o RCD provenientes de obras particulares isentas de licena e no submetidas a

    Comunicao Prvia, recaindo sobre as entidades gestoras de RSU; o Em caso de impossibilidade de determinao do produtor do resduo, a gesto recai

    sobre o seu detentor. A responsabilidade pela gesto anula-se:

    o Pela transmisso dos resduos a um operador licenciado de gesto de resduos/destino autorizado; ou

    o Pela sua transferncia para as entidades responsveis por sistemas de gesto de fluxos de resduos.

    Artigo 6. _ Princpio da preveno e reduo, sendo que, objectivo prioritrio da poltica de gesto de resduos evitar bem como reduzir a sua produo e o seu carcter nocivo. Deve ainda ter em ateno o risco para a sade humana e para o ambiente devendo evit-lo ou, pelo menos, reduzi-lo.

    Artigo 7. _ Princpio da hierarquia das operaes de gesto de resduos, segundo o qual: o Primeiramente, a gesto de resduos deve assegurar que utilizao de um bem

    sucede uma nova utilizao ou que, no sendo vivel a sua reutilizao, se procede sua reciclagem ou ainda, a outras formas de valorizao.

    o A eliminao definitiva de resduos, nomeadamente a sua deposio em aterro constitui a ltima opo de gesto, justificando-se apenas quando seja tcnica ou financeiramente invivel:

    A preveno; A reutilizao; A reciclagem; ou Outras formas de valorizao.

    o Os produtores de resduos devem proceder sua separao na origem de forma a promover a sua valorizao.

    o Deve ser privilegiado o recurso s melhores tecnologias disponveis com custos economicamente sustentveis que permitam o prolongamento do ciclo de vida dos materiais atravs da reutilizao.

    Artigo 8. _ Princpio da responsabilidade do cidado, segundo o qual, os cidados devem adoptar por medidas de carcter preventivo no que respeita a produo de resduos bem como prticas que facilitem a sua reutilizao e valorizao.

    Artigo 9. _ Princpio da regulao da gesto de resduos, segundo o qual, a gesto de resduos realizada de acordo com os princpios gerais fixados nos termos do Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro e demais legislao aplicvel, bem como em respeito dos critrios qualitativos e quantitativos fixados nos instrumentos regulamentares e de planeamento.

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    Artigo 10. _ Princpio da equivalncia, segundo o qual, deve ter-se em considerao a compensao dos custos sociais e ambientais que o produtor gera comunidade ou dos benefcios que a comunidade lhe faculta, de acordo com o princpio geral da equivalncia.

    3.2.2. ENCAMINHAMENTO DE RCD

    De acordo com Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 8., so obrigatoriamente objecto de triagem em obra, os materiais que no seja possvel reutilizar e que constituam RCD, com vista ao seu encaminhamento, por fluxos e fileiras de materiais, para reciclagem ou outras formas de valorizao, como consta na Figura 3.2.

    Fig. 3.2 Reforo das Obrigaes de Triagem [16]

    Acrescenta ainda o mesmo Decreto-Lei que, nos casos em que no possa ser efectuada triagem dos RCD em obra ou em local afecto mesma, o respectivo produtor responsvel pelo seu encaminhamento para operador de gesto licenciado para o efeito, de acordo com a Figura 3.3:

    Fig. 3.3 Hierarquia da Gesto na Obra [16]

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    Atendendo ao Decreto-Lei em anlise, as instalaes de triagem e de operao de corte ou britagem de RCD, abreviadamente designada fragmentao de RCD, esto sujeitas aos seguintes requisitos mnimos:

    Tipo de vedao; Sistema de controlo de admisso de RCD; Sistema de pesagem; Sistema de combate a incndios; Zona de armazenagem de RCD; Zona de triagem/fragmentao.

    importante notar que, quando efectuadas na obra, as operaes esto isentas de licenciamento.

    3.2.3. PRINCPIO DA HIERARQUIA DA GESTO De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 5.,deve ser privilegiada a adopo de metodologias e prticas que:

    Minimizem a produo e a perigosidade de RCD; Maximizem a valorizao de resduos; Favoream os mtodos construtivos que facilitem a demolio orientada para a aplicao

    dos princpios de preveno e reduo e da hierarquia das operaes de gesto de resduos.

    As metodologias e prticas a adoptar nas fases de projecto e de execuo da obra podem ser visualizadas na Figura 3.4:

    Fig. 3.4 Princpio da Hierarquia de Gesto [16]

    3.2.4. TRANSPORTE

    De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, Artigo 12., relativamente ao transporte de RCD, aplica-se o disposto na Portaria n. 335/97, de 16 de Maio e Portaria n. 417/2008, de 11 de Junho. De acordo com a Portaria n. 417/2008, de 11 de Junho, artigo 1., tem-se que, o transporte de RCD deve ser acompanhado de guias de acompanhamento de resduos. Estas guias podem ser apresentadas de acordo com dois modelos: o primeiro deve acompanhar o transporte de RCD provenientes de um nico produtor/detentor, podendo constar de uma mesma guia o registo do transporte de mais do que um movimento de resduos; o segundo deve acompanhar o transporte de RCD provenientes de mais do que um produtor/detentor da mesma obra por dia. Deve ser previsto, por questes de confidencialidade de dados, um destinatrio.

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    3.2.5. DEVER DA INFORMAO

    De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 15., os produtores e operadores de gesto de RCD esto obrigados ao registo no SIRER e prestao de informao nele exigida. Acrescenta o artigo 16. do mesmo Decreto-Lei que, no prazo mximo de trinta dias, o operador de gesto de RCD envia ao produtor um certificado de recepo de RCD recebidos na sua instalao, devendo ser disponibilizada uma cpia s autoridades de fiscalizao, sempre que solicitado. Faz parte do certificado de recepo de RCD:

    Entidade que emite certificado de recepo; Produto/detentor; Transportador; Gesto dos RCD; Data da emisso do certificado e perodo a que respeita; Assinatura e carimbo.

    Assim, de acordo com os artigos 15. e 16., surge a Figura 3.5:

    Fig. 3.5 Mecanismo da Informao [16]

    3.2.6. LICENCIAMENTO

    De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 13., as operaes de armazenagem, triagem, tratamento e eliminao de RCD esto sujeitas ao regime de licenciamento constante dos artigos 23. a 44. do Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro. J no que refere a deposio de RCD em aterro est sujeita a licenciamento nos termos do Decreto-Lei n. 152/2002, de 23 de Maio. Encontram-se isentas de licenciamento as actividades seguidamente indicadas:

    Operaes de armazenagem de RCD na obra durante a sua execuo; Operaes de triagem e fragmentao de RCD na obra; Operaes de reciclagem que impliquem a reincorporao de RCD no processo produtivo

    de origem; Realizao de ensaios para avaliao prospectiva da possibilidade de incorporao de

    RCD em processo produtivo; Utilizao de RCD em obra; Utilizao de solos e rochas no contendo substncias perigosas, resultantes de

    actividades de construo, na recuperao ambiental e paisagstica de exploraes mineiras e pedreiras ou na cobertura de aterros destinados a resduos.

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    3.2.7. EMPREITADAS E CONCESSES PBLICAS

    Segundo o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 10., o PPG nas empreitadas e concesses pblicas:

    Acompanha o projecto de execuo da obra; Consta informao sobre a obra (caracterizao da obra, estimativas de produo e

    destino final, metodologias de preveno, entre outros); Passvel de alterao na fase de execuo, desde que devidamente justificada; Disponvel na obra por razes de fiscalizao; Deve ser do conhecimento de todos os intervenientes na execuo da obra; Modelo disponibilizado no Portal da APA; executado pelo empreiteiro ou concessionrio.

    3.2.8. OBRAS PARTICULARES

    De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, Artigo 11., quando se trata de gesto de RCD em obras particulares, nas obras sujeitas a licenciamento ou comunicao prvia nos termos do RJUE, encontra-se o produtor obrigado a:

    Promover a reutilizao de materiais e a incorporao de reciclados de RCD na obra; Permitir a gesto selectiva dos RCD, assegurando a existncia na obra de um sistema de

    acondicionamento adequado; Assegurar a aplicao de uma metodologia de triagem de RCD ou, quando no seja

    possvel, o seu encaminhamento para operador de gesto licenciado; Assegurar que os RCD so mantidos em obra o mnimo tempo possvel, sendo que, no

    caso de resduos perigosos esse perodo no pode ser superior a trs meses; Cumprir as demais normas tcnicas; Efectuar, conjuntamente com o livro de obra, o registo de dados de RCD.

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    3.2.9. OBRIGAES DOS PRODUTORES EM OBRA

    Os produtores em obra esto sujeitos s obrigaes seguidamente mencionadas, na Figura 3.7.

    Fig. 3.6 Obrigaes dos Produtores de RCD em Obra [16]

    3.2.10. REUTILIZAO DE SOLOS E ROCHAS NO CONTAMINADOS De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 6., no que respeita a reutilizao de solos e rochas no contaminadas, visveis na Figura 3.8:

    Devem ser reutilizados na obra de origem; Podem ser reutilizados: o Noutra obra sujeita a licenciamento ou comunicao prvia; o Na recuperao ambiental e paisagstica de exploraes mineiras e de pedreiras; o Na cobertura de aterros destinados a resduos; o Em local licenciado pela Cmara Municipal, nos termos do Decreto-Lei n. 139/89, de

    28 de Abril.

    Fig. 3.7 Reutilizao de Solos e Rochas no Contaminados [16]

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    3.2.11. UTILIZAO DE RCD EM OBRA

    De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 7., a utilizao de RCD em obra feita de acordo com as normas tcnicas nacionais e comunitrias aplicveis. Na sua ausncia, so observadas as especificaes tcnicas do LNEC homologadas pelos membros do Governo responsveis, nomeadamente em:

    Agregados reciclados grossos em betes de ligantes hidrulicos, E471/2006; Aterro e camada de leito de infra-estruturas de transporte, E474/2006; Agregados reciclados em camadas no ligadas de pavimentos, E473/2006; Misturas betuminosas a quente em central, E472/2006.

    3.2.12. DEPOSIO DE RCD EM ATERRO

    De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 9., s permitida a deposio em aterro, patente na Figura 3.9, aps a submisso a triagem de acordo com o artigo 8.

    Fig. 3.8 Aterro para RCD [16]

    3.2.13. FISCALIZAO E CONTRA-ORDENAES Qualquer entidade fiscalizadora pode, com fundamento no srio e iminente risco de ocorrncia de acidentes que possam afectar o ambiente, a sade pblica ou a segurana de pessoas e bens, determinar entidade licenciada a adopo das medidas necessrias para prevenir a sua ocorrncia. De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 17., a fiscalizao exercida, sem prejuzo dos poderes atribudos por lei a outras entidades, por:

    Inspeco-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Territrio; Comisses de coordenao e desenvolvimento regional; Municpios; Autoridades policiais (prestando toda a colaborao necessria s restantes entidades

    fiscalizadoras).

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    De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 18., as contra-ordenaes podem ser classificadas de acordo com o Quadro 3.1:

    Quadro 3.1 Contra-Ordenaes [15] Contra-ordenao ambiental muito grave

    Abandono e descarga de RCD em local no licenciado e autorizado para o efeito.

    Pode ser objecto de publicidade a condenao pela prtica de infraces muito graves, nos termos da Lei n. 50/2006, de 29 de Agosto, quando a medida concreta da coima aplicada ultrapasse metade do montante mximo da coima abstractamente aplicvel.

    Contra-ordenao ambiental grave

    Incumprimento do dever de assegurar a gesto de RCD a quem caiba essa responsabilidade, nos termos do artigo n. 3;

    Incumprimento da obrigao de assegurar a triagem de RCD ou o seu encaminhamento para operador de gesto licenciado, em violao dos artigos n. 8, 10 e 11;

    Realizao de operaes de triagem e fragmentao de resduos em instalaes que no obedecem os requisitos tcnicos a questo obrigadas, nos termos do artigo n. 8;

    A deposio de RCD em aterro, em violao do artigo n. 9;

    A no elaborao do plano de preveno e gesto de RCD, nos termos do artigo n. 10;

    A inexistncia na obra de um sistema de acondicionamento, em violao dos artigos n. 10 e 11;

    A manuteno de RCD no local da obra aps a sua concluso ou a manuteno de RCD perigosos na obra por prazo superior a trs meses, em violao dos artigos n. 10 e 11;

    O incumprimento das regras sobre o transporte de resduos, de acordo com o artigo n. 12;

    O no envio de certificado de recepo dos RCD, em violao do artigo n. 16.

    Pode ser objecto de publicidade a condenao pela prtica de infraces graves, nos termos da Lei n. 50/2006, de 29 de Agosto, quando a medida concreta da coima aplicada ultrapasse metade do montante mximo da coima abstractamente aplicvel.

    Contra-ordenao ambiental leve

    A alterao do plano de preveno e gesto de RCD, em violao do artigo n. 10;

    A no disponibilizao do plano de preveno e gesto de RCD, nos termos do artigo n. 10;

    No efectuar o registo de dados de RCD ou no manter o registo de dados de RCD conjuntamente com o livro de obra, nos termos do artigo n. 11.

    Ainda de acordo com o mesmo Decreto-Lei, punida a tentativa e a negligncia. A deciso de condenao comunicada ao Instituto da Construo e do Imobilirio, I.P., quando aplicada a empresrios em nome individual ou sociedades comerciais que exeram a actividade da construo. Acrescenta o Artigo 19. do mesmo Decreto-Lei que, pode a autoridade competente determinar, simultaneamente com a coima, a aplicao de sanes acessrias, relativamente s infraces muito graves e graves, nos termos da Lei n. 50/2006, de 29 de Agosto, podendo ainda ser determinada a apreenso provisria de bens e documentos.

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    Compete s entidades licenciadoras, exceptuando as autoridades policiais e de acordo com o artigo 20.:

    Instruir os processos relativos s contra-ordenaes (caso a entidade licenciadora no tenha competncia para tal, o mesmo deve ser instrudo e decidido pela Inspeco-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Territrio);

    Decidir aplicao da coima e sanes acessrias.

    3.2.14. DISPOSIES COMPLEMENTARES

    De acordo com o Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 21., a taxa de gesto de resduos, para resduos inertes de RCD depositados em aterro tem o valor de dois euros por tonelada, nos termos do artigo n. 58 do Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro. Acrescenta o artigo 23. do mesmo Decreto-Lei que os operadores de gesto de RCD ficam obrigados a adaptar-se aos requisitos mnimos para instalaes de triagem e de fragmentao de RCD, no prazo de noventa dias aps a entrada em vigor do Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, sendo que, acabado o prazo, os mesmos devem requerer vistoria CCDR para verificao das condies da instalao e eventual actualizao da licena.

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    4 A LEGISLAO FACE

    CONSTRUO

    4.1. INTRODUO Concluda a anlise do Enquadramento Legal, numa perspectiva de construo, abordada no captulo anterior, segue-se o estudo da legislao numa vertente prtica. Assim, neste captulo so pormenorizados os meios necessrios para colocar em prtica a implementao da legislao.

    No mbito deste trabalho, tornam-se prioritrios os recursos humanos. Desta forma, seguidamente analisada uma Proposta de Intervenientes, na qual se procede a uma sugesto dos possveis recursos humanos que devem intervir numa determinada obra. Posteriormente, procede-se identificao das tarefas incumbidas a cada interveniente, previamente proposto, Funes dos Diversos Intervenientes.

    Tendo em considerao a Legislao Britnica, nomeadamente O Cdigo de Construo Sustentvel: uma mudana radical na prtica da construo e Cdigo de Construo Sustentvel: Guia Tcnico, ambos expostos nos Anexos, A7, procede-se a um estudo no qual so avaliadas, paralelamente e de uma forma global, as Legislaes Portuguesa e Britnica, em Estudo Paralelo face s Legislaes Portuguesa e Britnica. Perspectiva de Futuro.

    4.2. PROPOSTA DE INTERVENIENTES

    O quadro exposto seguidamente, Quadro 4.1, baseado no Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, e tem por objectivo demonstrar, de uma forma mais explcita, a articulao da legislao actual face problemtica da gesto de RCD, traduzindo as aces que devem ser elaboradas com vista ao cumprimento da legislao. So ainda propostos os recursos humanos, nomeadamente os intervenientes necessrios com vista execuo das vrias aces propostas.

    Convm referir que, a escolha dos intervenientes sugeridos teve em considerao o factor custo associado a cada um dos recursos, com o intuito de proceder escolha dos recursos mais econmicos. Uma vez habilitado s tarefas propostas, procurou-se associar o recurso mais vantajoso em termos de custo.

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    Quadro 4.1 Imposies Legislativas Associadas ao Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro. Proposta de Respectivos Intervenientes

    Legislao aplicada Anlise

    Proposta relativa aos possveis

    Recursos Humanos

    associados: Intervenientes

    Salvaguarda do Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro

    Decreto-Lei n. 60/2007, de 4 de Setembro Artigos 7, 53 e 57

    Observar, na execuo da obra, a salvaguarda ao disposto no Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro (condio fixada pela entidade licenciadora).

    O que deve ser salvaguardado relativo ao Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro?

    Metodologias e Prticas a adoptar

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 5

    Deve ser privilegiada a adopo de metodologias e prticas que:

    o Minimizem a produo e a perigosidade de RCD, designadamente por via da reutilizao de materiais e da utilizao de materiais no susceptveis de originar RCD contendo substncias perigosas;

    o Maximizem a valorizao de resduos, designadamente por via da reutilizao de materiais reciclados e reciclveis;

    o Favoream os mtodos construtivos que facilitem a demolio orientada para a aplicao dos princpios da preveno e reduo e da hierarquia das operaes de gesto de resduos.

    Engenheiro Tcnico Civil;

    Tcnico do Ambiente.

    Reutilizao de solos e rochas no contaminadas

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro

    Artigo 6

    o Devem ser reutilizados na obra de origem;

    o Podem ser reutilizados:

    Noutra obra sujeita a licenciamento ou comunicao prvia;

    Na recuperao ambiental e paisagstica de exploraes mineiras e de pedreiras;

    Na cobertura de aterros destinados a resduos;

    Engenheiro Tcnico Civil Geotcnico; Engenheiro Tcnico Civil; Condutor de Mquina de Escavao e Terraplanagem;

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    Em local licenciado pela Cmara Municipal, nos termos do Decreto-Lei n. 139/89, de 28 de Abril.

    Motorista de veculos pesados mercadorias.

    Reutilizao de RCD em obra

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 7

    A utilizao de RCD em obra feita de acordo com as normas tcnicas nacionais e comunitrias aplicveis. Na sua ausncia, so observadas as especificaes tcnicas do LNEC homologadas pelos membros do Governo responsveis, nomeadamente em:

    o Agregados reciclados grossos em betes de ligantes hidrulicos, E471/2006;

    o Aterro e camada de leito de infra-estruturas de transporte, E474/2006;

    o Agregados reciclados em camadas no ligadas de pavimentos, E473/2006;

    o Misturas betuminosas a quente em central, E472/2006.

    Engenheiro Tcnico Civil;

    Tcnico do Ambiente.

    Triagem

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 8

    So obrigatoriamente objecto de triagem em obra, os materiais que no seja possvel reutilizar e que constituam RCD, com vista ao seu encaminhamento, por fluxos e fileiras de materiais, para reciclagem ou outras formas de valorizao, de acordo com a Figura 4.1. Acrescenta ainda o mesmo Decreto-Lei que, nos casos em que no possa ser efectuada triagem dos RCD em obra ou em local afecto mesma, o respectivo produtor responsvel pelo seu encaminhamento para operador de gesto licenciado para o efeito.

    Fig. 4.1 Triagem de RCD [18]

    Engenheiro Tcnico Civil;

    Formador;

    Tcnico de Preveno e Segurana;

    Mdico do Trabalho;

    Tcnico de Preveno de Incndios;

    Encarregado Trabalhador da Construo Civil e Obras Pblicas;

    Operrios;

    Serventes.

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    As instalaes de triagem e de operao de corte ou britagem de RCD, abreviadamente designada fragmentao de RCD, esto sujeitas aos seguintes requisitos mnimos:

    o Tipo de vedao; o Sistema de controlo de admisso de RCD; o Sistema de pesagem; o Sistema de combate a incndios; o Zona de armazenagem de RCD; o Zona de triagem/fragmentao.

    importante notar que, quando efectuadas na obra, as operaes esto isentas de licenciamento.

    Quais as etapas para a realizao da triagem? Consta do procedimento de triagem [18]:

    Recepo do material recolhido:

    Os materiais so recebidos na instalao e depositados em locais distintos em funo do tipo de material predominante na sua composio.

    Triagem Primria/Pr-Seleco:

    Consiste numa primeira triagem grosseira do material, efectuada manualmente, com o objectivo de remover objectos inadequados para o processamento de inertes.

    Crivagem e Processamento:

    Todo o material passa por um sistema de crivagem, onde separado em vrias fraces, de acordo com as suas dimenses: 0 10 mm; 10 50 mm; 50 100 mm; superior a 100 mm.

    Britagem:

    A fraco de material com dimenso superior a 100 mm sujeita a triturao, com o objectivo de reduzir as dimenses do material. O produto obtido sujeito a uma nova crivagem.

    Produto Final:

    Obtm-se o p de pedra e a brita, com diferentes granulometrias: 0 10 mm; 10 50 mm; 50 100 mm.

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    Em suma tem-se:

    Fig. 4.2 Procedimento de Triagem de RCD [18]

    Deposio em aterro

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 9

    S permitida a deposio em aterro aps a submisso a triagem.

    Engenheiro Tcnico Civil;

    Tcnico do Ambiente;

    Intervenientes associados ao transporte de RCD.

    Plano de Preveno e Gesto de RCD

    Decreto-Lei n. 18/2008, de 29 de Janeiro Artigo 43

    O projecto de execuo deve ser acompanhado do Plano de Preveno e Gesto de RCD.

    Engenheiro Tcnico Civil;

    Tcnico do Ambiente.

    O que o Plano de Preveno e Gesto de RCD? Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 10 Ponto 1

    Est previsto que o projecto de execuo seja acompanhado de um Plano de Preveno e Gesto de RCD, nas empreitadas e concesses de obras pblicas, o qual assegura o cumprimento dos princpios gerais de gesto de RCD e das demais normas aplicveis constantes dos Decretos-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro e 178/2006, de 5 de Setembro.

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    Qual a constituio do Plano de Preveno e Gesto de RCD? Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 10 Ponto 2

    Consta obrigatoriamente do Plano de Preveno e Gesto de RCD:

    a) A caracterizao sumria da obra a efectuar onde deve constar:

    1) A descrio dos mtodos construtivos a utilizar, Decreto-Lei n.46/2008, 12 de Maro, artigo 2;

    2) As metodologias e prticas, Decreto-Lei n.46/2008, 12 de Maro, artigo 5;

    b) A metodologia para a incorporao de reciclados de RCD;

    c) A metodologia de preveno dos RCD, com: 1) Identificao e estimativa dos materiais a

    reutilizar na prpria obra ou noutros destinos; d) A referncia aos mtodos de acondicionamento e

    triagem de RCD na obra ou em local afecto mesma, devendo, caso a triagem no seja prevista, ser apresentada fundamentao da sua impossibilidade;

    e) A estimativa, com a identificao do respectivo cdigo da lista europeia de resduos: 1) Dos resduos a produzir, 2) Da fraco a reciclar ou a sujeitar a outras formas

    de valorizao, 3) Da quantidade a eliminar.

    A quem incumbe executar o Plano de Preveno e Gesto de RCD? Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 10 Ponto 3

    Incumbe ao empreiteiro ou ao concessionrio.

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro

    Artigo 10 Ponto 6

    A Agncia Portuguesa do Ambiente disponibiliza no seu stio na Internet um modelo de Plano de Preveno e Gesto de RCD, visvel nos Anexos, A1.

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    Obrigaes do Produtor

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 11

    Quando se trata de gesto de RCD em obras particulares, nas obras sujeitas a licenciamento ou comunicao prvia nos termos do RJUE, encontra-se o produtor obrigado a:

    o Promover a reutilizao de materiais e a incorporao de reciclados de RCD na obra;

    o Permitir a gesto selectiva dos RCD, assegurando a existncia na obra de um sistema de acondicionamento adequado;

    o Assegurar a aplicao de uma metodologia de triagem de RCD ou, quando no seja possvel, o seu encaminhamento para operador de gesto licenciado;

    o Assegurar que os RCD so mantidos em obra o mnimo tempo possvel. No caso de resduos perigosos esse perodo no pode ser superior a trs meses;

    o Cumprir as demais normas tcnicas;

    o Efectuar, conjuntamente com o livro de obra, o registo de dados de RCD.

    Engenheiro Tcnico Civil;

    Tcnico do Ambiente.

    Transporte de RCD

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro

    Artigo 12

    Relativamente ao transporte de RCD, aplica-se o disposto na Portaria n. 335/97, de 16 de Maio e Portaria n. 417/2008, de 11 de Junho. Segundo a ltima portaria, a primeira tem revelado algum desajustamento em relao s especificidades no sector da construo.

    Transportadora;

    o Condutor de veculos pesados mercadorias;

    o Condutor de mquina de escavao e terraplanagem;

    Engenheiro Tcnico Civil;

    Destinatrio.

    O que imposto pela Portaria n. 417/2008, de 11 de Junho? Portaria n. 417/2008, de 11 de Junho Artigos 1 e 2

    O transporte de RCD deve ser acompanhado por Guias de Acompanhamento de Resduos, visvel nos Anexos, A2. O preenchimento destas guias deve ser feito pelo produtor ou detentor, pelo transportador e pelo destinatrio. O produtor ou detentor deve ainda certificar-se que o destinatrio do transporte detm as licenas necessrias, caso seja um operador de gesto de RCD. Quanto ao transportador, deve certificar-se que o produtor ou detentor e o destinatrio preencheram de forma clara e legvel os respectivos campos e assinaram as guias de acompanhamento de RCD.

    Aspectos a ter em considerao, relativos ao transporte de RCD: Deve ser verificada a sinalizao sobre o terreno das zonas de

    trabalho e vias de circulao com o intuito de organizar o trfego. Dependendo do tipo de resduos a transporte, pode ser

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    pertinente cobrir os resduos com toldos, por exemplo no caso de transporte de terras. As vias de circulao utilizadas durante o transporte devem ficar limpas de qualquer tipo de restos. Caso se recorra a contentores para o transporte de resduos, necessrio ter em considerao o seu aluguer. [17]

    Regime de Licenciamento

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro

    Artigo 13

    As operaes de armazenagem, triagem, tratamento e eliminao de RCD esto sujeitas ao regime de licenciamento constante dos artigos 23. a 44. do Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro. A deposio de RCD em aterro est sujeita a licenciamento nos termos do Decreto-Lei n. 152/2002, de 23 de Maio.

    No mbito deste trabalho privilegiada a rea da construo.

    Informao complementar a: Regime de licenciamento, respeitante ao Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro, visvel nos Anexos, A3; Centros integrados de recuperao, valorizao e eliminao de resduos perigosos, CIRVER, respeitante ao Decreto-Lei n. 3/2004, de 3 de Janeiro, visvel nos Anexos, A4; Deposio de resduos em aterro, respeitante ao Decreto-Lei n. 152/2002, de 23 de Maio, visvel nos Anexos, A5.

    Sistema Integrado de Registo Electrnico de Resduos, SIRER

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro

    Artigo 15

    Os produtores e operadores de gesto de RCD esto obrigados ao registo no SIRER e prestao de informao nele exigida, nos termos do Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro.

    No mbito deste trabalho privilegiada a rea da construo.

    De que se trata? Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro Artigo 45

    Sistema Integrado de Registo Electrnico de Resduos que agrega toda a informao relativa aos resduos produzidos e importados para o territrio nacional e a entidades que operam no sector dos resduos.

    Quem est sujeito a registo no SIRER? Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro Artigo 48

    Esto sujeitos a registo no SIRER, entre outros: 1) Os produtores:

    a) De resduos no urbanos que no acto da sua produo empreguem pelo menos dez trabalhadores;

    b) De resduos perigosos (que no tenham origem na actividade agrcola ou florestal);

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    2) Os operadores de gesto de resduos; 3) As entidades responsveis pelos sistemas de gesto de

    resduos; 4) Os operadores que actuem no mercado de resduos.

    Informao complementar ao Sistema Integrado de Registo Electrnico de Resduos, SIRER, respeitante ao Decreto-Lei n. 1408/2006, de 18 de Dezembro, visvel nos Anexos, A6.

    Certificado de Recepo de RCD

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 16

    No prazo mximo de trinta dias, o operador de gesto de RCD envia ao produtor um certificado de recepo de RCD recebidos na sua instalao, devendo ser disponibilizada cpia s autoridades de fiscalizao sempre que solicitado. Faz parte do certificado de recepo de RCD:

    o Entidade que emite certificado de recepo;

    o Produto/detentor;

    o Transportador;

    o Gesto dos RCD;

    o Data da emisso do certificado e perodo a que respeita;

    o Assinatura e carimbo.

    No mbito deste trabalho privilegiada a rea da construo.

    Fiscalizao

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 17

    A fiscalizao exercida, sem prejuzo dos poderes atribudos por lei a outras entidades, por:

    o Inspeco-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Territrio;

    o Comisses de coordenao e desenvolvimento regional;

    o Municpios;

    o Autoridades policiais (prestando toda a colaborao necessria s restantes entidades fiscalizadoras). Qualquer entidade fiscalizadora pode, com fundamento no risco srio e iminente de ocorrncia de acidentes que possam afectar o ambiente, a sade pblica ou a segurana de pessoas e bens, determinar entidade licenciada a adopo das medidas necessrias para prevenir a sua ocorrncia.

    No mbito deste trabalho privilegiada a rea da construo.

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    Taxa de Gesto de Resduos

    Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro Artigo 21

    A taxa de gesto de resduos, para resduos inertes de RCD depositados em aterro tem o valor de dois euros por tonelada, nos termos do artigo n. 58 do Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro.

    No mbito deste trabalho privilegiada a rea da construo.

    Informao complementar s taxas gerais de licenciamento, respeitante ao Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro, visvel nos Anexos, A3.

    4.3. FUNES DOS DIVERSOS INTERVENIENTES Tendo por base as aces que devem ser elaboradas com vista ao cumprimento da legislao, bem como os intervenientes propostos para a sua execuo, segue-se uma anlise da funo de cada um dos intervenientes em cada uma das aces.

    Quadro 4.2 Funes Associadas aos Diversos Intervenientes

    Anlise da funo dos intervenientes associados a cada tarefa

    Salvaguarda do Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro

    Metodologias e Prticas a adoptar

    Engenheiro Tcnico Civil: uma vez habilitado a efectuar estudos e elaborar pareceres e projectos de engenharia civil, nas reas urbansticas e de planos de obras e preparar, planificar, fiscalizar e/ou superintender a sua construo, manuteno e reparao, no mbito das suas competncias e disposies legais em vigor, deve ter em conta factores, tais como a natureza dos materiais de construo a empregar, a definio dos processos de construo mais adequados, e os respectivos oramentos, a elaborao das especificaes, indicando o tipo de materiais, mquinas e outro equipamento necessrio, o controlo do cumprimento da planificao e coordenao das operaes medida que os trabalhos prosseguem. [19] Deste modo, deve estudar os vrios mtodos construtivos, com vista a uma demolio mais facilitada.

    Tcnico do Ambiente: na medida em que est apto a prestar apoio tcnico s actividades de promoo e formao ambiental: elaborar, designadamente, inventrios de recursos naturais e das causas poluidoras, cartografia temtica e inquritos na rea da sociologia do ambiente; proceder caracterizao de ecossistemas e recolha e tratamento de informao e fontes documentais da poltica do ambiente bem como ao tratamento estatstico de indicadores dos factores ambientais. [19]

    Reutilizao de solos e rochas no contaminadas

    Engenheiro Tcnico Civil Geotcnico: uma vez ser necessrio um profissional com experincia no que referem estudos sobre os solos e as rochas respeitantes s suas

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    caractersticas e propriedades, com vista implantao de construes, no mbito das suas competncias e das disposies legais em vigor: procede a trabalhos de hidrogeologia e captao de guas; superintende a explorao de pedreiras com vista produo de matrias-primas minerais; estuda a mecnica dos solos e respectivas aplicaes; efectua levantamentos geotcnicos, estuda a implantao de estaleiros para obras pblicas; orienta os trabalhos de fundaes. [19] Desta forma, fica o Engenheiro Tcnico Civil com especializao na rea de geotcnica responsvel pelo estudo anteriormente referido, com o objectivo de apurar dados relativos possvel contaminao dos solos, de acordo com a Figura 4.3 uma vez que, a reutilizao referida no Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 6., implica que os solos e rochas no sejam contaminados.

    Fig.4.3 Anlise dos Solos [17]

    Engenheiro Tcnico Civil: na medida em que pode este profissional proceder, com colaborao de especialistas da rea de geotecnia, ao estudo do terreno. [19] Encontra-se, assim, este engenheiro em condies para estudar a melhor soluo face reutilizao de solos e rochas, de acordo com as opes possveis impostas pelo Decreto-Lei n. 46/2008, de 12 de Maro, artigo 6.

    Condutor de Mquina de Escavao e Terraplanagem: uma vez ser competente para conduzir e manobrar mquinas destinadas a escavar, nivelar e transportar terras e materiais similares. [19]

    Motorista de Veculos Pesados Mercadorias: visto se encontra apto para conduzir camies e outros veculos automveis pesados para o transporte de mercadorias e materiais, informando-se do destino das mercadorias, determinando o percurso a efectuar, e recebendo a documentao respectiva. Garante as condies de segurana e respeita o limite de carga do veculo, efectua as manobras e os sinais luminosos necessrios circulao, atendendo ao estado da via e do veculo, s condies meteorolgicas e de trnsito, carga transportada e s regras e sinais de trnsito, efectua a entrega da mercadoria e documentao respectiva no local de destino e recebe o comprovativo da mesma, zela pelo bom estado de funcionamento do veculo, manuteno, reparao e limpeza, elabora relatrios de rotina sobre as viagens que efectua.

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    Reutilizao de RCD em obra

    Engenheiro Tcnico Civil: uma vez que cabe a este profissional de engenharia a considerao de factores como a natureza dos materiais de construo a empregar. [19]

    Tcnico do Ambiente: na medida em que presta apoio tcnico s actividades de promoo e formao ambiental: elabora, designadamente, inventrios de recursos naturais e das causas poluidoras, cartografia temtica e inquritos na rea da sociologia do ambiente; procede caracterizao de ecossistemas e recolha e tratamento de informao e fontes documentais da poltica do ambiente bem como ao tratamento estatstico de indicadores dos factores ambientais. [19]

    Triagem

    Engenheiro Tcnico Civil: Nesta fase, o Engenheiro deve conceber e realizar planos de trabalho, indicando o tipo de materiais, mquinas e equipamento necessrio. Deve ainda controlar o cumprimento da planificao e coordenar as operaes medida que os trabalhos prosseguem. [19] Deve dar instrues ao encarregado.

    Formador: Este profissional deve assegurar o planeamento, a preparao, o desenvolvimento e a avaliao de sesses de formao de uma rea cientfico-tecnolgica especfica, utilizando mtodos e tcnicas pedaggicas adequadas: elabora o programa da rea temtica a ministrar, definindo os objectivos e os contedos programticos de acordo com as competncias terminais a atingir; define critrios e selecciona os mtodos e tcnicas pedaggicas a utilizar de acordo com os objectivos, a temtica e as caractersticas dos formandos; define, prepara e/ou elabora meios e suportes didcticos de apoio, tais como audiovisuais, jogos pedaggicos e documentao; desenvolve as sesses, transmitindo e desenvolvendo conhecimentos; avalia as sesses de formao e/ou os formandos, utilizando tcnicas e instrumentos de avaliao, tais como inquritos, questionrios, trabalhos prticos e observao. Por vezes elabora, aplica e classifica testes de avaliao. Pode elaborar ou participar na elaborao de programas de formao. [19] Este formador assume um papel de bastante importante nesta fase, uma vez que deve assegurar que os trabalhadores que prestaro servios relativos triagem de resduos de construo e demolio tenham formao especfica em: triagem de RCD e utilizao de meios de compactao. Assim, deve ser assegurada formao diariamente, antes do incio das operaes.

    Tcnico de Preveno e Segurana: Sabendo que deve ser assegurada a aplicao de normas de preveno e segurana, convm a interveno de um especialista na rea. Este tcnico elabora tcnicas e dispositivos de segurana, tendo em vista a preveno de acidentes de trabalho e de doenas profissionais: analisa e mede a influncia dos factores acsticos, luminosos, de calor, de radiao e outros nas condies e meio ambiente de trabalho; inspecciona edifcios, instalaes e equipamentos a fim de identificar factores de risco bem como a observncia de normas ergonmicas nos locais de trabalho; estabelece as normas e dispositivos de segurana adequados ao

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    posto de trabalho e controla o seu cumprimento; elabora relatrios de anlise de acidentes de trabalho, sugerindo alteraes a fim de reduzir a sua ocorrncia; prepara, organiza e pe em execuo, em articulao com diferentes profissionais, nomeadamente com o Mdico do Trabalho campanhas de educao e preveno de acidentes. [19]

    o Mdico do Trabalho: deve desenvolver estudos e aces sobre as condies de higiene, sade dos trabalhadores e ambiente do trabalho: procede a exames mdicos de seleco de candidatos a emprego ou a formao profissional, a fim de se assegurar de que o seu estado geral de sade compatvel com a actividade a que se propem; desenvolve programas de avaliao dos riscos no trabalho; aconselha sobre sanidade e eliminao de causas de acidente ou doena; desenvolve e dinamiza, junto dos trabalhadores, programas de preveno de doenas e acidentes de trabalho, com vista educao, formao e informao para a sade e segurana no trabalho. [19]

    Tcnico de Preveno de Incndios: uma vez habilitado a inspeccionar as estruturas a fim de detectar riscos de incndio e verificar a aplicao das normas e regulamentos respeitantes preveno de incndios: examinar o exterior e o interior de edifcios para detectar situaes em risco de incndio ou infraces s leis e regulamentos; verificar os aparelhos e sistemas contra incndio, nomeadamente, extintores, detectores de incndios e sistemas de asperso automtica, de modo a assegurar-se do seu funcionamento; estuda e analisa os perigos de incndio e prope medidas correctivas e preventivas e sistemas de segurana apropriados com vista a minimizar os riscos e os danos de incndios. [19]

    Encarregado Trabalhador da Construo Civil e Obras Pblicas: com vista coordenao das tarefas dos trabalhadores que exercem diversas funes dentro de uma determinada seco: d execuo aos programas de produo de acordo com as instrues recebidas e os recursos disponveis; avalia as necessidades de material e preenche as requisies necessrias; supervisiona e distribui os trabalhos nas diversas fases de fabrico e controla o grau de perfeio dos mesmos; zela pela aplicao das normas de preveno e segurana e comunica eventuais situaes anmalas. [19] Deve proceder superviso dos trabalhos diariamente.

    Operrios Trabalhador da Construo Civil e Obras Pblicas: estando estes trabalhadores aptos a montar e reparar estruturas internas e externas de edifcios e de outras obras; homogeneizar massas para beto fresco e constroem estruturas para beto armado; montam, reparam e conservam estruturas de madeira e materiais afins; executam trabalhos diversos de construo e manuteno de edifcios; coordenam outros trabalhadores. [19]

    Serventes: uma vez que so necessrios trabalhadores destinados a efectuar tarefas de remoo, transporte e aplicao de materiais utilizando ferramentas manuais ou equipamento mecnico de baixa tonelagem e/ou capacidade: escava, remove e transporta terras utilizando meios manuais ou mecnicos; descarrega, carrega e transporta materiais e argamassas de acordo com as necessidades da obra; confecciona argamassas, amassando os materiais adequados com p ou alimentando a

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    betoneira; limpa e lava os locais de trabalho a fim de remover entulho e desperdcios. Por vezes auxilia os trabalhadores qualificados da construo civil e obras pblicas, nomeadamente, a montar e retirar moldes de madeira das cofragens, desmontar e preparar a pedra nas obras e assentar pedras, areia e outros materiais, percutindo-os com maos ou outros dispositivos apropriados. [19]

    Deposio em aterro

    Engenheiro Tcnico Civil: visto que este profissional deve estar apto a preparar e planificar a sua construo, manuteno e reparao, no mbito das suas competncias e disposies legais em vigor. [19] Desta forma, este profissional deve assegurar que s so submetidos RCD a deposio em aterro aps submisso a triagem. Caso os RCD sejam submetidos a deposio em aterro, devem ser analisados os possveis aterros licenciados que os podero acolher.

    Tcnico do Ambiente: na medida em que presta apoio tcnico s actividades de promoo e formao ambiental. [19] Devem ser asseguradas as exigncias ambientais.

    Plano de Preveno e Gesto de RCD

    Engenheiro Tcnico Civil: torna-se conveniente a presena deste profissional uma vez que a ele que cabe a elaborao de estudos, pareceres e projectos de engenharia civil tendo em conta factores, tais como a natureza dos materiais de construo a empregar. Alm disso, concebe e realiza planos de obras, elabora planos de trabalho e define os processos de construo mais adequados, e os respectivos oramentos; organiza estaleiros, elabora especificaes, indicando o tipo de materiais, mquinas e outro equipamento necessrio; consulta os clientes e os servios pblicos, a fim de obter a aprovao dos planos; controla o cumprimento da planificao e coordena as operaes medida que os trabalhos prosseguem; prepara, organiza, fiscaliza os trabalhos de manuteno e reparao de construes existentes. [19] Desta forma, torna-se o Engenheiro Tcnico Civil o profissional com mais apetncia ao preenchimento correcto e detalhado do Plano de Preveno e Gesto de RCD.

    Tcnico do Ambiente: est um Tcnico do Ambiente apto a prestar apoio tcnico s actividades de promoo e formao ambiental na medida em que elabora, designadamente, inventrios de recursos naturais e das causas poluidoras, cartografia e procede recolha e tratamento de informao e fontes documentais da poltica do ambiente bem como ao tratamento estatstico de indicadores dos factores ambientais. [19] Poder ser interessante a sua colaborao e apoio ao Engenheiro Tcnico Civil, com o intuito de obter um Plano de Preveno e Gesto de RCD o mais fiel e correcto possvel.

    Obrigaes do Produtor

    Engenheiro Tcnico Civil: para fazer face s exigncias do Decreto-Lei n.46/2008, de 12 de Maro, torna-se vantajosa a colaborao de um Engenheiro Tcnico Civil, uma

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    vez que este profissional acompanha a execuo de projectos de engenharia civil, estando, deste modo, a par da natureza dos materiais de construo e processos de construo utilizados. [19]

    Tcnico do Ambiente: tal como foi analisado anteriormente, no mbito do Plano de Preveno e Gesto de RCD, pode este profissional colaborar e dar apoio ao Engenheiro Tcnico Civil, de modo a serem cumpridas as obrigaes do produtor.

    Transporte de RCD

    Para efeitos de transporte, pode o produtor contratar uma transportadora, como seguidamente indicado:

    Transportadora: deve assegurar os seguintes trabalhadores:

    o Condutor de veculos pesados mercadorias: Os condutores de veculos pesados de mercadorias conduzem camies e outros veculos pesados para o transporte de mercadorias em percursos urbanos ou de mdia e longa distncia. As tarefas consistem em:

    Conduzir veculos pesados para transportar mercadorias e materiais;

    Orientar e colaborar nas operaes de carga, arrumao e descarga das mercadorias;

    Executar outras tarefas similares;

    Coordenar outros trabalhadores.

    Estes trabalhadores devem ainda conduzir camies e outros veculos automveis pesados para o transporte de mercadorias e materiais. Para isso deve informar-se do destino das mercadorias, determinar o percurso a efectuar, e receber a documentao respectiva. Deve ainda orientar e, eventualmente, participar nas operaes de carga, arrumao e descarga da mercadoria, a fim de garantir as condies de segurana e respeitar o limite de carga do veculo. Efectua as manobras e os sinais luminosos necessrios circulao, atendendo ao estado da via e do veculo, s condies meteorolgicas e de trnsito, carga transportada e s regras e sinais de trnsito. Efectua ainda a entrega da mercadoria e documentao respectiva no local de destino e recebe o comprovativo da mesma. Zela pelo bom estado de funcionamento do veculo e pela sua manuteno, reparao e limpeza. Elabora relatrios de rotina sobre as viagens que efectua. [19] Deve o transportador responsabilizar-se pelo preenchimento da guia de transporte no que refere o campo identificao do transportador do modelo que deve acompanhar o transporte de RCD provenientes de um nico produtor/detentor. Deve ainda certificar-se de que o produtor ou detentor e o destinatrio preencheram de forma clara e legvel os respectivos campos e assinaram as guias de acompanhamento, segundo a Portaria 417/2008, de 11 de Junho.

    De acordo com a mesma Portaria, deve o transportador manter durante um

  • Reaproveitamento de Materiais em Grandes Obras de Reabilitao

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    perodo mnimo de trs anos os originais das guias de acompanhamento.

    o Condutor de Mquina de Escavao e Terraplanagem: uma vez ser competente para conduzir e manobrar mquinas destinadas a escavar, nivelar e transportar terras e materiais similares. [19]

    Engenheiro Tcnico Civil: torna-se conveniente a presena deste profissional uma vez que a ele que cabe a elaborao de estudos, pareceres e projectos de engenharia civil tendo em conta factores, tais como a natureza dos materiais de construo a empregar. Alm disso, concebe e realiza planos de obras, elabora planos de trabalho e define os processos de construo mais adequados, e os respectivos oramentos; organiza estaleiros, elabora especificaes, indicando o tipo de materiais, mquinas e outro equipamento necessrio; consulta os clientes e os servios pblicos, a fim de obter a aprovao dos planos; controla o cumprimento da planificao e coordena as operaes medida que os trabalhos prosseguem; prepara, organiza, fiscaliza os trabalhos de manuteno e reparao de construes existentes. [19] Deste modo, pode ser responsvel pelo preenchimento da guia de transporte no que respeita os campos: identificao da obra, identifica