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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO … · Resumo: (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo

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  • Verso On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

    OS DESAFIOS DA ESCOLA PBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

    Produes Didtico-Pedaggicas

  • SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARAN

    _______________________________________________________________

    ANA LCIA VIDOTTI

    BIBLIOTECA ESCOLAR, MEDIAO DA LEITURA E LETRAMENTO LITERRIO: tirando a literatura da caixa

    CORNLIO PROCPIO - PARAN2013

  • SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARAN

    ANA LCIA VIDOTTI

    BIBLIOTECA ESCOLAR, MEDIAO DA LEITURA E LETRAMENTO LITERRIO: tirando a literatura da caixa

    Produo didtico-pedaggica apresentada Universidade Estadual do Norte do Paran (UENP) como requisito para aprovao no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), turma 2013, da Secretaria de Estado da Educao Paran, na rea de Lngua Portuguesa, sob a orientao da Professora Doutora Ana Paula Franco Nobile Brandileone.

    CORNLIO PROCPIO - PARAN2013

  • Ficha para identificao da Produo Didtico-pedaggica Turma 2013

    Ttulo: BIBLIOTECA ESCOLAR, MEDIAO DA LEITURA E LETRAMENTO LITERRIO: tirando a literatura da caixa

    Autor: Ana Lcia Vidotti

    Disciplina/rea:

    (ingresso no PDE)

    Lngua Portuguesa

    Escola de Implementao do Projeto e sua localizao:

    Colgio Estadual Joo Turin Ensino Fundamental e Mdio

    Municpio da escola: So Sebastio da Amoreira

    Ncleo Regional de Educao: Cornlio Procpio

    Professor Orientador: Ana Paula Franco Nobile Brandileone

    Instituio de Ensino Superior: UENP Campus Cornlio Procpio

    Relao Interdisciplinar:

    (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

    Lngua Portuguesa e Arte

    Resumo:

    (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informao dever conter no mximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaamento simples)

    Este Objeto de Aprendizagem Colaborativa (OAC) inscreve-se no mbito das pesquisas sobre leitura literria e formao do leitor, especialmente em relao funo da biblioteca escolar. Programas estaduais e federais de melhoria dos acervos tm suprido as bibliotecas escolares com obras variadas e de qualidade. No entanto, permanece a necessidade da formao de mediadores de leitura, para que a instituio escolar promova o letramento literrio, a comear pela divulgao dos volumes recebidos. Dessa forma, este OAC representa a materializao da proposta de interveno na escola, discutindo a questo e propondo aes de revitalizao da biblioteca escolar, para que ela assuma o papel de mediadora da leitura literria, em conjunto com os professores, como forma de criar o gosto e o hbito da leitura, to salutar para a formao humanstica e cidad. Na reviso bibliogrfica perpassam-se tpicos como a relevncia do mediador de leitura, seja ele o funcionrio da

  • biblioteca ou o professor, os apontamentos para a dinamizao da biblioteca escolar e a formao do leitor para a fruio literria.

    Palavras-chave:

    (3 a 5 palavras)

    Biblioteca. Leitura. Letramento literrio.

    Formato do Material Didtico: Objeto de Aprendizagem Colaborativa (OAC)Pblico: Professores e Alunos do Ensino Fundamental

    PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONALPRODUO DIDTICO-PEDAGGICA

    OBJETO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA (OAC)

    ESTABELECIMENTO: Colgio Estadual Joo Turin EFM So Sebastio da Amoreira PRDISCIPLINA: Lngua PortuguesaCONTEDO ESTRUTURANTE: Letramento literrioCONTEDO ESPECFICO: Acervo do PNBE: tirando a literatura da caixaPALAVRAS-CHAVE: Biblioteca. Leitura. Letramento literrio.PROFESSORA PDE: Ana Lcia VidottiPROFESSOR ORIENTADOR: Profa. Dra. Ana Paula Franco Nobile Brandileone

    PROBLEMATIZAO DO CONTEDO

    PNBE: tirando a Literatura da caixa

    Ao se constatar o fato da pouca frequncia de alunos e professores

    bilbioteca escolar, assim como as grandes lacunas representadas pela falta de

    divulgao do acervo recebido dos programas governamentais e de projetos para a

    formao do leitor, pergunta-se: como a biblioteca escolar pode fazer sua parte para

    o desenvolvimento da leitura literria na escola?

    Isso porque a experincia escolar e as leituras realizadas, por exemplo, das

    Diretrizes Curriculares Estaduais para Lngua Portuguesa (PARAN, 2008), revelam

    a unanimidade da importncia da leitura literria para o desenvolvimento do ser

    humano. Contudo, como familiar aos professores de lngua portuguesa, a leitura

  • em geral, na escola e fora dela, toma um tempo nfimo no cotidiano de crianas e

    adolescentes, que se afastam tanto dos jornais e revistas como dos livros de

    literatura. Quanto leitura literria, menciona-se a carncia de metodologia para

    guiar um trabalho sistemtico com esse gnero na escola.

    Ao se reconhecer a necessidade de aproximao da literatura pela via

    prazerosa da fruio, igualmente se enfatiza a necessidade de uma metodologia

    para conduo do trabalho pedaggico com a leitura dos gneros literrios na

    escola. A esse respeito, Cosson (2007) assinala que, embora a formao de leitores

    de textos literrios deva acontecer pela criao do gosto, o trabalho no pode se dar,

    na escola, sem o compromisso de conhecimento exigido por qualquer rea do

    conhecimento. Em outras palavras, o trabalho com a literatura na escola pede uma

    abordagem sistemtica, que preserve o lugar da fruio, mas que tambm seja

    direcionado de forma sistemtica para a consecuo do objetivo de formar leitores.

    Porm, a formao acadmica insuficiente e a falta de tempo para preparao

    de aulas, entre outros fatores, fazem com que o professor brasileiro acabe dando

    exclusividade quase absoluta ao livro didtico, nem sempre suficiente ou adequado

    ao trabalho com a literatura. A frmula enrijecida desses manuais, segundo Lgia

    Chiappini (2005), que colocam o saber ao alcance da mo, amarra o professor em

    uma rotina que lhe tira a liberdade e a criatividade. Por um lado, apaga a inquietao

    criadora que leva o homem a questionar e, por outro, desconsidera a curiosidade

    crtica do aluno, assim como o papel do leitor como sujeito ativo na construo dos

    significados possveis do texto literrio. Por essa razo, a abordagem da leitura

    literria nos moldes propostos pelos livros didticos (na sua maioria), no qual o

    professor exime-se do compromisso de adotar critrios e estratgias de ensino, uma

    vez que recebe tudo pronto dos textos s respostas - pode levar a um trabalho

    pedaggico empobrecido, que tende a suprimir o saber e o sabor da literatura

    (COSSON, 2007, p.107).

    Reiteramos aqui a crena de que, para a criao de condies de leitura, no

    bastam a alfabetizao e a possibilidade de acesso aos livros. Trata-se de gerar o

    dilogo do leitor com o texto, assim como o dilogo sobre a leitura que ele faz da

    obra literria. O estabelecimento desses dilogos favorece a compreenso da

    riqueza das possibilidades significativas da obra literria, na medida em que interage

    com diferentes sujeitos. Porm, um trabalho eficiente nesse sentido exige a

  • formao adequada do professor e do funcionrio da biblioteca como mediadores de

    leitura. Por isso, no basta que se garanta o acesso aos livros.

    Em relao mediao da leitura e formao de leitores na realidade

    educacional brasileira, do ponto de vista das polticas educacionais, constata-se que,

    a partir de 1997, o Programa Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE) tem

    procurado suprir as escolas pblicas com obras literrias e, desde 2005, passou a

    visar todos os alunos da Educao Bsica. Entretanto, sobejamente conhecido o

    fato de que o fornecimento de livros por si s no garante sua utilizao e muito

    menos a formao de leitores.

    A esse respeito, Paiva (2012) reconhece o investimento feito pelas polticas

    federais na aquisio de livros para as bibliotecas escolares. A questo que o

    provimento de livros no se faz acompanhar de programas de formao de

    mediadores de leitura. Anteriormente, o problema principal da leitura no Brasil era o

    acesso aos livros, quando se constatava que os alunos de escolas pblicas no

    dispunham desse bem cultural em quantidade e qualidade. Hoje, os livros tm

    chegado s escolas, mas geralmente permanecem dentro das caixas e at mesmo o

    professor, por questes diversas, nem informado do recebimento dos livros pela

    escola, constata a estudiosa.

    Ento, comea-se a delinear o problema. Se o professor nem sabe onde

    esto os livros, perguntamo-nos: como poder exercer papel de agente de leitura na

    escola? Assim, alm da circulao da informao, falta a formao do professor ou

    do funcionrio da biblioteca escolar como mediador de leitura. nesse sentido que a

    autora citada reconhece a lacuna: a distribuio de livros deve vir acompanhada de

    programas para a formao de mediadores de leitura, os quais exerceriam relevante

    papel na realidade escolar. Lembra-se, quanto a isso, que a escola muitas vezes

    nico espao em que grande parcela da populao pode ter acesso leitura,

    especialmente a da esfera literria.

    Torna-se relevante admitir, a partir das discusses ensejadas, por exemplo,

    em Souza (2009) que, alm das condies materiais de acesso leitura, h a

    necessidade da criao de ambientes adequados para a leitura na escola e,

    principalmente, para a formao do funcionrio, seja professor ou no, para operar

    como agente de leitura. Este trabalho procura inscrever-se nessas lacunas da leitura

    literria na escola, ambicionando fazer chegar ao professor no s a informao do

    recebimento dos acervos dos programas de leitura governamentais, especial do

  • Programa Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE), mas, sobretudo, contribuir

    para a promoo da leitura, principalmente literria na escola, por meio das

    estratgias a serem descritas neste trabalho.

    Nessa direo, o objetivo deste projeto contribuir para o reavivamento da

    biblioteca escolar de nossa escola de atuao, sobretudo quanto divulgao das

    obras literrias recebidas do mencionado programa federal de incremento do acervo,

    tendo em vista a otimizao de seu uso por professores e alunos, para que a

    biblioteca assuma seu papel de ambiente privilegiado para prticas pedaggicas

    relevantes e de formao de leitores de literatura. Esse papel de tirar a literatura da

    caixa cabe, na instncia escolar, principalmente ao funcionrio da biblioteca, razo

    do empreendimento desta proposta.

    Acreditamos, porm, que a divulgao do acervo e as aes de formao de

    leitores no deveriam partir de iniciativas individuais, mas deveriam ser a

    continuidade de um programa governamental coerente de incremento leitura,

    somada distribuio dos livros. Nesse sentido, nossa proposta de interveno

    busca essencialmente focalizar essa problemtica e chamar a ateno para ela,

    dada a sua presena na maioria das escolas. Destina-se a proposta aos professores

    e alunos da escola, uma vez que a dinamizao da biblioteca escolar deve trazer

    benefcios a todos, por acreditarmos que o desenvolvimento do gosto pela leitura

    literria algo que faz diferena na vida das pessoas.

    Referncias:

    CHIAPPINI, Lgia. Leitura e Interdisciplinaridade. In: Reinveno dacatedral: lngua, literatura, comunicao: novas tecnologias e polticas de ensino. So Paulo: Cortez, 2005. p.169-181.

    COSSON, R. Letramento literrio: teoria e prtica. So Paulo: Contexto, 2007.

    PAIVA, A. (org). Literatura fora da caixa: o PNBE distribuio, circulao e leitura. So Paulo: Editora UNESP, 2012.

    PARAN, Secretaria de Estado da Educao. Diretrizes Curriculares de Lngua Portuguesa para a Educao Bsica. Curitiba: SEED, 2008.

    SOUZA, R.J. (org.) Biblioteca escolar e prticas educativas: o mediador em formao. Campinas: Mercado de Letras, 2009.

  • INVESTIGAO DISCIPLINAR

    Leitura e formao de leitores de literatura: caminhos propostos

    A leitura se concretiza no ato da recepo, confirmando seu predicado de ser

    individual. No processo da leitura, fatores lingusticos e no-lingusticos so

    acionados, uma vez que o texto traz um potencial de significao que precisa

    interatuar com o conhecimento do leitor para ser atualizado (PERFEITO, 2005).

    A ao dialgica da leitura acontece, ento, em um tempo e um espao

    determinados. No processo, um texto leva a outro, e o leitor, ao confrontar os

    significados do texto com seu prprio saber e sua experincia de vida, concorre para

    a elaborao dos sentidos do texto. Desse modo, a leitura

    [...] vai, portanto, alm do texto (seja ele qual for) e comea antes do contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser mero decodificador ou receptor passivo. E o contexto geral em que ele atua, as pessoas com quem convive passam a ter influncia aprecivel em seu desempenho de leitura. Isso porque o dar sentido a um texto implica sempre levar em conta a situao desse texto e de seu leitor. E a noo de texto aqui tambm ampliada, no mais fica restrita ao que est escrito, mas abre-se para englobar diferentes linguagens. (MARTINS, 1990, p. 32,33)

    Tal percepo reitera a crena de que para a criao de condies de leitura,

    no bastam a alfabetizao e o acesso aos livros. Conforme entendemos, para que

    haja o dilogo entre a obra literria e o leitor e o desejvel compartilhamento das

    interpretaes entre os alunos leitores necessrio que se promova o letramento

    literrio, isto , que se trabalhe o texto de literatura com ateno s suas

    especificidades estticas. Em acrscimo, dentro de uma viso discursiva, leva-se em

    conta o espao-tempo da obra em cotejo com o espao-tempo do leitor.

    Como produo humana, a literatura est entrelaada vida social. No por

    acaso Antonio Candido atribui arte literria trs funes, sendo uma delas, a

    social. Para ele, a funo social da literatura alude representao que essa arte

    faz dos diversos segmentos da sociedade, ou seja, do meio social e dos diferentes

    tipos humanos. Por seu turno, a funo psicolgica possibilita ao ser humano o

    mergulho em um mundo de fantasia que enseja a reflexo, a identificao com

    pessoas ou situaes e a catarse. No que diz respeito funo formadora, Candido

  • (1972) considera que a literatura por si s opera como instrumento educativo. Ao

    desvendar realidades ocultas pela ideologia dominante, ela coopera para a formao

    do sujeito ao fazer ver o mundo tal como ele se apresenta. Desse modo, a literatura

    tende a formar, mas no em consonncia com uma pedagogia oficial, muito menos

    como um compndio de moral e cvica:

    [.. .] um dos meios por que o jovem entra em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe [...]. Ela no corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem, o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver. (CANDIDO, 1972, p. 805-806)

    Desse modo, Candido (1972) considera a literatura como uma arte que

    transforma e humaniza o homem e a sociedade. Essa virtude educativa e

    transformadora da literatura, segundo entendemos, poder ser potencializada na

    escola pela mediao do professor ou do funcionrio da biblioteca, devidamente

    preparados e engajados nessa direo.

    Quanto ao ensino da literatura, as Diretrizes Curriculares para a disciplina de

    Lngua Portuguesa (PARAN, 2008) apontam como caminho terico a Esttica da

    Recepo e a Teoria do Efeito, visando a formao de um leitor apto a experimentar

    e expressar o sentido percebido na obra literria. Um trabalho nessa perspectiva

    deve almejar que o aluno tenha condies de distinguir as subjetividades presentes

    no intercmbio presente entre obra, autor e leitor, presente no ato de leitura,

    ressaltando-se a nfase na dimenso esttica da literatura. Quando o leitor interage

    com a obra, a compreenso de mundo do autor interage com a concepo de

    mundo do leitor, em um ato dialgico pelo qual o leitor alarga seu universo, mas

    amplia tambm o universo do texto literrio, pela leitura feita a partir de sua

    experincia cultural.

    Conforme Bordini e Aguiar (1988), autoras que descrevem o Mtodo

    Recepcional para o ensino de leitura literria, a atitude participativa do aluno em

    contato com diferentes gneros literrios e textuais essencial. No processo da

    leitura, a partir de obras consonantes ao seu horizonte de expectativas, o aluno vai

    entrando em contato com textos progressivamente mais complexos, confrontando-os

    com sua perspectiva inicial. Nesse sentido, O processo de recepo textual,

    portanto, implica a participao ativa e criativa daquele que l, sem com isso

  • sufocar-se a autonomia da obra (BORDINI; AGUIAR, 1988, p.85-87).

    Assim, supe-se que o ensino de literatura explorado a partir do Mtodo

    Recepcional leve o aluno realizao de leituras abrangentes e crticas, assim como

    disposio para a leitura de novos textos, numa constante ressignificao de

    leituras anteriores. As autoras destacam ainda o carter social do mtodo, ao

    considerarem que ele propicia uma incessante interao do sujeito com os demais,

    por meio do dilogo, o que o faz sujeito da Histria. No aspecto individual, na

    perspectiva da esttica recepcional, a atitude do aluno-leitor altamente

    participativa, no percurso de interao entre sua historicidade com a historicidade

    subjacente ao texto (BORDINI; AGUIAR, 1988).

    Dessa maneira, tem-se que a literatura no apenas a formalizao textual

    em que se apresenta. A arte literria vai se completar no ato da leitura, no dilogo

    com um sujeito que traz consigo experincias, conhecimentos e interesses que

    configuram seu horizonte como leitor, que pode ou no ser ampliado pelo texto.

    Estabelecido que na recepo que a obra literria atualiza significados, o

    texto literrio encontra-se aberto a variadas interpretaes. Entretanto, no se presta

    a qualquer interpretao. As interpretaes devem ser consonantes s pistas

    direcionadoras pelo texto, as quais encaminham para uma leitura coerente. De igual

    maneira, o texto pode trazer vazios passveis de preenchimento a partir do

    conhecimento de mundo, das experincias de vida, das ideologias, crenas e

    valores do leitor (PARAN, 2008).

    Referncias:

    BORDINI, M. da G; AGUIAR, V. T. de. Literatura - a formao do leitor: alternativas metodolgicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.

    CANDIDO, A. A literatura e a formao do homem. Cincia e Cultura, So Paulo, vol. 4, n. 9, p. 803-809, set/1972.

    MARTINS, M. H. O que leitura. So Paulo: Brasiliense, 1990.

    PARAN, Secretaria de Estado da Educao. Diretrizes Curriculares de Lngua Portuguesa para a Educao Bsica. Curitiba: SEED, 2008. PERFEITO, A. M. Concepes de Linguagem, Teorias Subjacentes e Ensino de Lngua Portuguesa. In: Concepes de linguagem e ensino de lngua portuguesa (Formao de professores EAD 18). v.1. 1 ed. Maring: EDUEM, 2005. p 27-79.

  • INVESTIGAO INTERDISCIPLINAR

    Formao de leitores: uma responsabilidade interdisciplinar

    A compartimentao das reas do saber tem como um de seus efeitos

    colaterais na escola atribuies e omisses que podem dificultar o trabalho

    educacional. Assim, os professores das outras reas do saber geralmente se

    eximem quanto ao trabalho com a leitura, acreditando que atribuio exclusiva do

    professor de lngua portuguesa. Porm, desejvel que as atividades de leitura

    sejam desenvolvidas pelos docentes de todas as reas, se considerarmos que por

    meio da linguagem que os conhecimentos so veiculados. Essa integrao dos

    contedos vital para a formao leitora e contribui para superar a concepo de

    que o conhecimento s possvel de forma nica ou estanque. A esse propsito,

    Santos (2010, p.43) expressa que geralmente consideradas uma responsabilidade

    do professor de portugus, as atividades de leitura discutir, interpretar e produzir

    deveriam ser partilhadas por profissionais de todas as reas, pois todos, de uma

    maneira ou de outra, so professores de linguagem(ns).

    A partir da concepo de que ler no apenas uma atividade de

    decodificao mecnica da escrita, mas envolve reflexo, questionamento e

    construo de sentido, mais se evidencia a necessidade do dilogo das diferentes

    reas do conhecimento, no s de textos referentes disciplina de Lngua

    Portuguesa, pois como coloca Morin (2000, p.45), o parcelamento e a

    compartimentao dos saberes impedem apreender o que est tecido junto.

    Para a efetividade no ensino da leitura no pas, coloca-se o imperativo da

    formao crtica do leitor, por meio de uma pedagogia de leitura que no fique

    limitada ao livro didtico nem apenas disciplina de Lngua Portuguesa. Idealmente,

    como apontam Silva e Zilberman (2005, p. 115):

    Um projeto que objetive suprimir as deficincias do sistema educacional brasileiro tende a colocar em primeiro plano a slida formao do leitor esperando, no mnimo, torn-lo apto a compreender o(s) sentido(s) do(s) texto(s), no mximo, que esse leitor se mostre crtico e/ou criativo perante os materiais lidos e o mundo a que esses se referem.

  • Assim, evidencia-se a importncia da conscincia do professor de que

    necessrio possibilitar o acesso a outros tipos de leitura, alm daquelas do livro

    didtico, para que se mantenha o interesse no discente pela leitura. Essa ideia

    encontra respaldo em Kleiman (2007, p.20), para quem quanto mais conhecimento

    textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposio a todo tipo de texto, mais fcil

    ser sua compreenso.

    Apesar da simples exposio leitura j representar um avano, acrescenta-

    se a perspectiva de que essa leitura seja mediada pelo professor, informado pelos

    conhecimentos que se produzem sobre a constituio dos sentidos do texto. Sendo

    idealmente um leitor mais maduro, o professor tem condies de ajudar o aluno a

    perceber elementos de significao que esto alm da superfcie do texto, que

    podem ser captados quando se aprende a ler nas entrelinhas. Desse modo, o

    papel de mediador supe que o professor adquira fundamentos tericos que lhe

    possibilitem fazer articulaes entre os textos lidos, levando o aluno leitor a

    perceber o carter ideolgico do texto, a ler tanto o no-dito quanto os silncios, a

    estabelecer contrapontos entre seu repertrio de leituras anteriores e o texto

    analisado (RICHE, 2006, p. 117).

    No que diz respeito formao do leitor, a tarefa tem recado primordialmente

    sobre a escola, conhecido o fato de que grande parcela do alunado vem de famlias

    que no leem. Na maioria dos lares, por condicionamentos socioeconmicos

    diversos, no h o hbito, salutar para a criao do gosto pela leitura, de contar

    histrias ou ler para as crianas, nem em seus primeiros anos de vida nem na fase

    escolar. Sabe-se que a leitura e contao de histrias para as crianas so atos que

    refletiro nas competncias futuras da criana. Conforme coloca Kriegl (2002), no

    por obedincia que algum se torna leitor, nem se nasce com o gosto por livros. Por

    isso, a referncia dos adultos assume importncia fundamental, quando estes tm a

    leitura como parte de seu cotidiano. Dessa maneira, a criana poder perceber que

    uma ao prazerosa e que, portanto, tem importncia para sua vida. A esse

    respeito, complementa Abramovich (1997, p.16): [...] como importante para a

    formao de qualquer criana ouvir muitas, muitas histrias... escut-las o incio da

    aprendizagem para ser leitor, e ser leitor ter um caminho absolutamente infinito de

    descoberta e de compreenso do mundo [...].

    Levando em considerao, conforme exposto anteriormente, que o hbito de

  • leitura no se encontra na maioria das famlias brasileiras, a instituio escolar tem

    papel central para o desenvolvimento e incentivo da leitura. Via de regra, o nico

    lugar onde o aluno vai ter contato com livros, a nica possibilidade de que se

    interesse pela leitura e compreenda a importncia dela para sua vida. Por isso, a

    escola no pode perder a chance de cativar os alunos que frequentam seus bancos

    para os livros, sobretudo os literrios, no somente pelo seu carter emancipador e

    humanizador, atuando sobre o sujeito segundo diferentes funes psicolgica,

    formadora e de conhecimento de mundo, mas sobretudo porque favorece, mais que

    qualquer outro gnero, a descoberta de sentidos pela sua capacidade de

    reinscrever/reinventar o mundo pela fora da palavra:

    [...] a atividade do leitor de literatura se exprime pela reconstruo, a partir da linguagem, de todo o universo simblico que as palavras encerram e pela concretizao desse universo com base nas vivncias pessoais do sujeito. A literatura, desse modo, se torna uma reserva de vida paralela, onde o leitor encontra o que no pode ou no sabe experimentar na realidade. (BORDINI; AGUIAR, 1993, p. 15).

    Referncias:

    ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. So Paulo:Scipione, 1997.

    BORDINI, M. da G; AGUIAR, V. T. de. Literatura - a formao do leitor: alternativas metodolgicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.

    KLEIMAN, A. B. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 10. ed. Campinas:Pontes, 2007.

    KRIEGL, Maria de Lourdes de Souza. Leitura: um desafio sempre atual. Revista PEC, Curitiba, v.2, n.1, jul. 2001- jul. 2002.

    MORIN, Edgar. Os sete saberes necessrios educao do futuro. 2. ed. So Paulo: Cortez, 2000.

    RICHE, Rosa Maria Cuba. Leitura e formao de docentes: teoria e prtica pedaggica. In: TURCHI, Maria Zaira; SILVA, Vera Maria Tietzmann (orgs.). Leitor formado, leitor em formao: leitura literria em questo. So Paulo: Cultura Acadmica; Assis, SP: ANEP, 2006. p.107-123.

    SANTOS, Leonor Wernek dos. Leitura na escola: textos literrios e formao do leitor. In: MARTINS, Georgina; SANTOS, Leonor Wernek dos; GENS, Rosa (orgs.).Literatura infantil e juvenil na prtica docente. 1. ed. Rio de Janeiro: Ao LivroTcnico, 2010. p.39-53.

  • SILVA, Ezequiel Theodoro da; ZILBERMAN, Regina. Pedagogia da leitura:movimento e histria. In: ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro da(orgs.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. So Paulo: tica, 2005. p.111-115.

    PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

    Interdisciplinaridade e gneros textuais: integrao mais que possvel

    O livro didtico tem ocupado papel central na escola h dcadas. O

    surgimento de recursos tecnolgicos como xerox, aparelhos de som, data show

    trouxeram um incremento de meios favorvel ao trabalho em sala de aula, mas no

    garantem transformao real no ensino, quando no h um salto qualitativo tambm

    na formao do professor. A melhoria do acervo da biblioteca escolar, em virtude dos

    programas governamentais, embora possibilite o acesso aos livros, tambm no

    garante a democratizao da leitura, por no serem acompanhados de programas

    de formao de leitores, como visto, a partir das discusses de Paiva (2012).

    A biblioteca escolar, na maioria das escolas, est longe de ocupar sua

    importante funo pedaggica no processo de ensino-aprendizagem, no

    oferecimento de apoio didtico tanto a alunos como aos professores, permanecendo

    basicamente um lugar de armazenamento de materiais.

    Em uma perspectiva interdisciplinar, a compreenso da leitura no pode se

    restringir aos textos de Lngua Portuguesa, quando se considera que quase todo o

    conhecimento escolar e extraescolar veiculado pela leitura. Desse modo, todos os

    professores, idealmente, deveriam ter formao para a leitura, ultrapassando a

    concepo de leitura como decodificao do signo lingustico, para atingir a leitura

    reflexiva, questionadora e construtora de sentidos. O foco na interdisciplinaridade

    permite a apreenso do saber humano como uma construo em que cada

    disciplina com sua forma de abordar a realidade contribua para a viso global da

    busca do homem pela compreenso do mundo. Especialmente quanto leitura, o

    professor de Lngua Portuguesa exercer um papel mais especializado, mas o

    trabalho com a construo de sentidos pela leitura tarefa de todos os educadores.

    Quando se atenta recomendao das Diretrizes Curriculares (PARAN,

    2008) para o trabalho com diferentes gneros textuais para a formao do leitor

    proficiente, abre-se o leque para o trabalho com textos de todas as disciplinas. Alm

    de propiciar a apreenso por parte do aluno da contnua ramificao dos gneros na

    atualidade, essa prtica interdisciplinar pode proporcionar a integrao e

  • intercomplementaridade das diversas reas do conhecimento. Por exemplo, tanto o

    professor de Histria pode trabalhar um texto de Literatura para mostrar algum

    aspecto do cotidiano humano em determinado tempo e espao, como o professor de

    Lngua Portuguesa pode se valer de um texto histrico para clarificar a ambientao

    de uma obra ficcional.

    Como argumenta Chiapini (2005), alm da capacidade de decifrar sinais, a

    leitura, para se concretizar, mobiliza vrios conhecimentos, pois faz parte do mundo;

    na interao do texto com o leitor, produz ainda novos saberes. A leitura, por

    intermdio do texto, permeada de idias, valores e sentimentos. Estes fazem parte

    de um intercmbio que no apenas intelectual, mas envolve tambm a

    sensibilidade e a imaginao.

    O foco em uma pedagogia de leitura com base na interdisciplinaridade

    favorece a que o aluno mobilize suas vivncias e conhecimentos, na direo de uma

    leitura ativa, reflexiva e interativa do material abordado. A integrao dos

    conhecimentos escolares das diversas reas condio ideal para que o aluno leitor

    relacione o texto com situaes sociais, nos mais diferentes contextos, para a

    gerao de novos sentidos e novos textos. Quanto maior o contato com os textos e

    maior a diversidade, maior ser o desenvolvimento das habilidades de leitura, cuja

    proficincia mxima atingida quando leitor passa a captar as entrelinhas e os

    subentendidos, bem como relacionar um texto a outros.

    Do ponto de vista de Chiapini (2005, p.175), uma pedagogia interdisciplinar

    interroga um texto que se destina a uma leitura especializada, a partir dos

    pressupostos de outra. Como mostra a vivncia no meio escolar, uma proposta

    curricular desse tipo no fcil, pois envolve muito empenho dos educadores em

    um projeto coletivo, nem sempre possvel devido a conjunturas da organizao

    curricular, pedaggica e mesmo funcional da escola. Contudo, assume-se que,

    mesmo dentro dos limites de tempo-espao de sua aula, professores de qualquer

    disciplina podem trabalhar com textos de outras reas, procurando uma articulao

    de saberes capaz de situar o aluno em um campo mais abrangente de

    conhecimentos.

    No se espera uma diluio das disciplinas, pois cada uma mantm sua

    individualidade. Na verdade, defende-se uma integrao das disciplinas para a

    compreenso da multiplicidade de causas ou fatores que possibilitam a

    compreenso mais ampla da realidade. Esse entendimento ser mais completo

  • quando para ele concorrem as abordagens de diferentes disciplinas.

    Como consensual e tambm demonstrado por pesquisas diversas, o hbito

    de leitura no algo instalado na cultura brasileira. O Brasil tem muito a caminhar

    para a formao de leitores, to salutar para o desenvolvimento do pas. Por isso,

    aqui se reitera a necessidade ainda premente de projetos para o estmulo

    sistemtico leitura, principalmente em um pas no caminho do desenvolvimento,

    como nosso caso. Uma vez que no tradio brasileira o hbito de ler, a

    pesquisa de projetos para a aproximao do livro com o leitor continua sendo um

    vasto campo para o empreendimento de estudos.

    Embora j existam pesquisas, das quais algumas so mencionadas neste

    trabalho, permanece a necessidade de se investigar fatores pedaggicos e sociais,

    nos quais se incluem a escola, a biblioteca, o professor e a famlia em sua influncia

    na prtica da leitura. Conforme exposto, este trabalho opera sobre uma importante

    variante do processo, que tem sido bem negligenciada: a biblioteca escolar,

    instncia que pode assumir papel importantssimo na dinmica de formao de

    leitores, em uma perspectiva interdisciplinar.

    Por isso, este estudo discute a relevncia de uma proposta pedaggica

    baseada no inter-relacionamento das vrias reas do saber, favorecido pelos

    pressupostos das Diretrizes Curriculares que, ao tomarem como contedo

    estruturante o discurso como prtica social, enfatizam o trabalho com diversos

    gneros de textos de diferentes esferas sociais. Quanto a esta proposta, o foco a

    leitura do texto literrio, por sua importncia para a formao do indivduo.

    Quando aludimos leitura para fruio, em que insere o texto literrio, na

    verdade estamos destacando um dos vrios objetivos da leitura. No ato de ler, temos

    em vista as mais variadas finalidades: seguir instrues de uma bula de remdios ou

    de uma receita de bolo; entender o funcionamento de um aparelho eletrnico;

    estudar para uma prova; enfim, so diversas as finalidades, os suportes e as

    finalidades da leitura em nosso cotidiano. No entanto, a leitura pelo prazer, pela

    fruio, prpria arte literria, est longe de ocupar um lugar proporcional sua

    relevncia para a formao do ser humano, na instituio escolar.

    A leitura para fruio capaz de mexer com as emoes e criar sensaes

    que despertem o prazer de ler como algo livre e natural, o que d liberdade e

    autonomia ao indivduo. Porm, seu ensino vem sendo ignorado ou tratado de forma

    equivocada na escola. Lembramos que a biblioteca escolar tem recebido, por

  • intermdio dos programas governamentais referidos, muitas obras de variados

    gneros da esfera literria, como romances, contos, poemas, fbulas, mitos, lendas,

    parlendas, quadrinhas, teatrais, humorsticos, cordel, entre outros.

    Por isso, nesse projeto buscamos contribuir para que a literatura retome seu

    lugar como elemento humanizador, um de seus papis na formao cultural do

    aluno. Entendemos que no letramento literrio que vamos encontrar o senso de

    ns mesmos e da comunidade de que fazemos parte, a partir da viso dialgico-

    discursiva assumida. A esse respeito, Cosson (2007, p.17) afirma que

    A literatura nos diz o que somos e nos incentiva a desejar e a expressar o mundo por ns mesmos. E isso se d porque a literatura uma experincia a ser realizada. mais que um conhecimento a ser reelaborado, ela a incorporao do outro em mim sem renncia da minha prpria identidade. No exerccio da literatura, podemos ser outros, podemos viver como os outros, podemos romper os limites do tempo e do espao de nossa experincia e, ainda assim, sermos ns mesmos. por isso que interiorizamos com mais intensidade as verdades dadas pela poesia e pela fico.

    Dessa forma, evidencia-se a relevncia do trabalho com a literatura como

    uma prtica social capaz de suscitar mudanas de postura, viso e reviso de

    valores e de verdades. Na perspectiva dialgica aqui adotada, a obra literria para

    ser vivida, sentida, experienciada no dilogo com outras leituras de livros e de

    mundo, seja esta do indivduo ou de outros. Assim, o ensino de literatura no pode

    ser negligenciado pela escola, sob pena de deixar uma lamentvel lacuna na

    formao social, cultural, psicolgica e esttica do educando.

    Sequencialmente, discute-se o papel da biblioteca escolar, procurando-se

    recuperar sua funo vital para a promoo da leitura literria e formao de leitores,

    nos aspectos quantitativo e qualitativo.

    Referncias:

    CHIAPPINI, Lgia. Leitura e Interdisciplinaridade. In: Reinveno dacatedral: lngua, literatura, comunicao: novas tecnologias e polticas de ensino. So Paulo: Cortez, 2005. p.169-181.

    COSSON, R. Letramento literrio: teoria e prtica. So Paulo: Contexto, 2007.

    PAIVA, A. (org). Literatura fora da caixa: o PNBE distribuio, circulao e leitura.

  • So Paulo: Editora UNESP, 2012.

    PARAN, Secretaria de Estado da Educao. Diretrizes Curriculares de Lngua Portuguesa para a Educao Bsica. Curitiba: SEED, 2008.

    CONTEXTUALIZAO:

    A biblioteca como eixo estruturador do currculo escolar

    No obstante os programas nacionais de proviso das bibliotecas escolares

    com a remessa de obras atualizadas, a situao das bibliotecas est muito aqum

    da desejvel na maioria das escolas brasileiras. Cosson (2007) constata que, em

    muitas escolas, a biblioteca ainda serve de depsito de livro didtico. A isso se

    acrescenta a inexistncia de funcionrios e programas para incentivo da leitura. Em

    muitas instituies, h um acervo to pequeno e antigo que pode parecer composto

    por obras raras. Por isso, a biblioteca acaba tendo uma atuao bem insatisfatria

    na escola, distante de ser o ambiente pedaggico para a busca da informao,

    letramento e fruio da leitura, situao inaceitvel, em especial em um pas de altos

    ndices de analfabetismo funcional e de pouca leitura literria.

    Conforme Silva (1995), mesmo com sua reconhecida relevncia pedaggica

    na escola, a biblioteca padece de desamparo pelas polticas pblicas e pelas

    prticas docentes. No livro Misria da biblioteca escolar (1995), Silva retrata a

    realidade das escolas brasileiras, onde as bibliotecas, alm de servirem como

    depsitos de livros, materiais didticos e outros objetos, possuem horrios reduzidos

    e irregulares de funcionamento, por insuficincia de funcionrios. Conforme

    acrescenta o mesmo autor, os atendentes so muitas vezes professores

    aposentados ou readaptados, alguns j enfadados da escola e dos alunos.

    Acrescenta-se a estes aspectos, o papel de espao de punio onde, no raro,

    alunos ficam de castigo por comportamento inadequado em sala de aula, devendo

    copiar extensos trechos de enciclopdia.

    Como prossegue Silva (1995), as bibliotecas sofrem tanto de problemas

    extrabibliotecrios, dentre eles a desvalorizao social da leitura e falta de polticas

    pblicas, quanto de problemas intrabibliotecrios, como o de estrutura. O autor

    menciona ainda entre os problemas intrabibliotecrios as inadequaes no espao,

    o acervo sem diversidade nem qualidade, o sistema de classificao pouco prtico,

    regulamentos muito rigorosos, horrios inflexveis, preocupao excessiva com

  • silncio e ordem, alm de bibliotecrios despreparados.

    A esse respeito, Souza; Santos (2009) propem que, alm das condies

    materiais de acesso leitura, fazem-se necessrias, primeiramente, a criao de

    espaos adequados para a leitura na escola e, principalmente, a formao do

    funcionrio, professor ou outro, para atuar como agente de leitura na escola, lacuna

    em que se inscreve esta proposta de pesquisa.

    A filsofa portuguesa Olga Pombo acredita que a biblioteca e a escola

    deveriam trilhar caminhos cruzados e dependentes. Em outros termos, para se ter

    acesso ao acervo imprescindvel o letramento, que deveria ser promovido pela

    escola; em correspondncia, para se ensinar alguma coisa, preciso material,

    provido pela biblioteca. Nesse contexto, afirma a autora, a biblioteca possui

    relevante funo educativa, ao possibilitar ao aluno o contato com a variedade de

    conhecimentos, nos mltiplos empenhos do ser humano na busca de compreenso

    do mundo. Nessa acepo, a biblioteca pode se tornar um meio de modificao das

    relaes entre alunos e professores, quando o professor deixa de ser a nica origem

    do saber, se o aluno desenvolve autonomia e liberdade para pesquisar (POMBO,

    s.d.).

    Por isso, como destaca Leal (2005), a biblioteca deveria deixar a funo

    complementar que tem ocupado e assumir seu posto de eixo estruturador do

    currculo escolar (p.174), o que implica em alterao no ensino, pelo acordar de

    atitudes de busca, investigao e de interrogao nos educandos.

    Tambm Neves e Ramos (2010) consideram que os problemas da biblioteca

    escolar abrangem desde caractersticas arquitetnicas, aspectos biblioteconmicos

    at a questo da mediao pedaggica. No tocante aos objetivos deste trabalho,

    mesmo que se reconhea a importncia dos outros aspectos, o foco a mediao,

    sobretudo aquela empreendida pelo professor para a formao de alunos leitores.

    Alm da necessidade de professores com funo mediadora na escola, a biblioteca

    tambm deveria contar com o profissional qualificado para nela atuar. Para

    Feuerstein, referido em Turra (2007), o mediador a pessoa que avalia e escolhe

    estratgias, organiza, interpreta e elabora as experincias de aprendizagem.

    Criando uma atmosfera de reciprocidade, ele gera curiosidade, demonstra

    envolvimento e interesse, instiga a reflexo, o compartilhamento e a considerao

    pelas diversas opinies, impulsionando ainda a mudana e a participao ativa.

    Conforme entendemos, tais pertinncias devero permear a ao do funcionrio da

  • biblioteca escolar em seu papel de dinamiz-la para que reassuma seu devido lugar.

    No que tange ao papel de mediao, Dagoberto Arena (2009) assegura que o

    que faz uma biblioteca no apenas a presena de livros, mas as relaes entre

    alunos, livros, professores de biblioteca e professores de sala de aula. Da mesma

    forma coloca que geralmente as polticas pblicas tm se voltado a reunir

    (distribuio de livros), mas pouco a dispersar (compartilhamento de leituras). No

    entanto, como ressalta, a leitura do livro literrio s existe a partir do momento em

    que os leitores acordam os livros por interferncia dos educadores da biblioteca.

    Na perspectiva das polticas educacionais, verifica-se que, desde 1997, o

    Programa Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE) tem buscado suprir as escolas

    pblicas com obras literrias. O Programa passou a contemplar todos os alunos da

    Educao Bsica, a partir de 2005. Plenamente provado o fato de que o

    provimento de livros no garante sua utilizao e muito menos a formao do leitor,

    equvoco destacado por Paiva (2012), conforme referido anteriormente.

    A propsito dessa discusso, Silva, Ferreira e Scorsi (2009) tambm

    asseveram que, muito embora necessrios, os programas oficiais de distribuio de

    obras para a democratizao da leitura no bastam para garantir a formao do

    leitor. imperativa ainda a construo de tempos e espaos para a mediao da

    leitura na escola. Para isso, a biblioteca deve ser um lugar de dilogo, liberdade,

    descoberta e no apenas recinto para a acumulao e organizao de livros. As

    autoras reforam tambm a necessidade que o mediador tenha um bom repertrio

    de leituras para que faa uma seleo apropriada de textos.

    Em seu artigo Biblioteca escolar: organizao e funcionamento, Silva (2009)

    alude demanda de que a biblioteca tenha espao e mveis adequados, acervo

    diversificado, horrio de funcionamento flexvel e profissionais preparados para a

    mediao da leitura. Para esse pesquisador, a biblioteca deve ter um espao mais

    informal, um espao ldico, com tapetes, cortinas, fantoches, bas e outros

    apetrechos, para compor um lugar convidativo para a experincia da leitura. Em

    suma, o profissional da biblioteca deve ser dinmico, dedicado a transformar a

    biblioteca em um espao mais ameno e acessvel a seus frequentadores.

    Bortolin e Almeida Jnior (2009) reforam que o papel do bibliotecrio no

    pode se restringir ao emprstimo de livros e arranjo de estantes. Espera-se do

    mediador de leitura que possua tambm embasamento terico, inventividade e

    competncia para lidar com imprevistos, disponibilidade ao dilogo e ateno s

  • reaes dos frequentadores da biblioteca, visando aproximao leitor-texto. Alm

    da leitura literria, ressaltam que a escola tem como papel tambm o estmulo

    leitura informacional, causada pela curiosidade e no apenas pela obrigao de

    aprender contedos.

    A propsito do principal foco deste projeto, Paiva (2009) avalia algumas

    polticas pblicas de incentivo leitura, contextualizando o Programa Nacional de

    Biblioteca na Escola (PNBE) assim como algumas iniciativas anteriores do MEC,

    como o Proler e o Programa Nacional Sala da Leitura. A principal ideia destacada

    a importncia de que os profissionais da escola integrem os materiais recebidos s

    atividades de sala de aula e da biblioteca, chamando a ateno para a necessidade

    de divulgao dos livros recebidos, passo inicial bsico para qualquer proposta de

    incremento leitura. As propostas de atividades abordaro estratgias para suprir

    essa lacuna e os passos subsequentes de uma ao para a formao de leitores.

    Referncias:

    ARENA, D. B. Leitura no espao da biblioteca escolar. In: SOUZA, Renata Junqueira (org.). Biblioteca escolar e prticas educativas: o mediador em formao. Campinas: Mercado das Letras, 2009. (p.160-172)

    BORTOLIN, S.; ALMEIDA JUNIOR, O. Bibliotecrio: um essencial mediador de leitura. In: Biblioteca escolar e prticas educativas: o mediador em formao. Campinas: Mercado de Letras, 2009.

    COSSON, R. Letramento literrio: teoria e prtica. So Paulo: Contexto, 2007.

    LEAL, L. F. V. Biblioteca escolar como eixo estruturador do currculo escolar. In: RSING, T. M. R.; BECKER, P. R. (orgs). Leitura e animao cultural: repensando a escola e a biblioteca. Passo Fundo: UPF, 2005. (p. 168-182)

    NEVES, N. V.; RAMOS, F, R. O espao da biblioteca escolar: anlise das condies de mediao de leitura. In: V CINFE CONGRESSO INTERNACIONAL DE FILOSOFIA E EDUCAO. 2010, Caxias do Sul. Anais...Caxias do Sul: UCS, 2010. Disponvel em:http://www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico8/O%20espaco%20da%20Biblioteca%20Escolar_analise%20das%20condicoes%20de%20mediacao%20de%20leitura.pdf. Acesso em 23 jun 2013.

    PAIVA, A. A trama do acervo: a literatura nas bibliotecas escolares pela via do Programa Nacional Biblioteca da Escola. In: Biblioteca escolar e prticas educativas: o mediador em formao. Campinas: Mercado de Letras, 2009.

    PAIVA, A. (org). Literatura fora da caixa: o PNBE distribuio, circulao e leitura. So Paulo: Editora UNESP, 2012.

    http://www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico8/O%20espaco%20da%20Biblioteca%20Escolar_analise%20das%20condicoes%20de%20mediacao%20de%20leitura.pdfhttp://www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico8/O%20espaco%20da%20Biblioteca%20Escolar_analise%20das%20condicoes%20de%20mediacao%20de%20leitura.pdfhttp://www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico8/O%20espaco%20da%20Biblioteca%20Escolar_analise%20das%20condicoes%20de%20mediacao%20de%20leitura.pdf

  • POMBO, Olga. Museu e Biblioteca: a alma da Escola. Disponvel em: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/cadernos/museubib/index.htm. s.d. Acesso em 23 jun 2013.

    SILVA, Waldeck C. Misria da biblioteca escolar. So Paulo: Cortez, 1995.

    SILVA, L. da.; FERREIRA, N.; SCORSI, R. Formar leitores: desafios da sala de aula e da biblioteca escolar. In: Biblioteca escolar e prticas educativas: o mediador em formao. Campinas: Mercado de Letras, 2009.

    SILVA, R. da. Biblioteca escolar: organizao e funcionamento. In: Biblioteca escolar e prticas educativas: o mediador em formao. Campinas: Mercado de Letras, 2009.

    SOUZA, R.J.; SANTOS, C dos. Programas de leitura na biblioteca escolar: a literatura a servio da formao de leitores. IN: SOUZA, R.J. (org.) Biblioteca escolar e prticas educativas: o mediador em formao. Campinas: Mercado de Letras, 2009.(p.160-172).

    TURRA, N. C. R. F. Experincia de aprendizagem mediada: um salto para a modificabilidade cognitiva estrutural. Educere et educare, Cascavel, vol. 2, n. 4, p. 297-310, jul/dez. 2007.

    SUGESTO DE LEITURA

    Livros:PAIVA, A. (org). Literatura fora da caixa: o PNBE distribuio, circulao e leitura. So Paulo: Editora UNESP, 2012.

    A obra focaliza a atuao dos profissionais das bibliotecas escolares,

    identificando-os, examinando suas funes, formao e envolvimento com a leitura

    na escola. Discorre tambm sobre a chegada dos acervos do PNBE, analisando

    essa poltica de distribuio de livros, bem como se tem tido impacto na leitura

    literria na escola. Ao mesmo tempo em que diagnostica a situao nos aspectos

    mencionados, a obra tem um cunho prtico, ajudando docentes e bibliotecrios na

    lida de formar leitores.

    ROCA, Glria D. Biblioteca escolar hoje: recurso estratgico para a escola. Trad. de Carlos H. L. Limas. Porto Alegre: Editora Penso, 2012.

    O livro discute aspectos relevantes para a compreenso da importncia da

    http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/cadernos/museubib/index.htm.%20s.d

  • biblioteca escolar para um ensino de qualidade. Prope-se a considerar por que e

    para que a biblioteca escolar uma necessidade na contemporaneidade.

    Fundamenta argumentos para que as administraes educacionais valorizem o

    papel da biblioteca escolar e promovam seu uso real na escola. A autora enfatiza a

    relevncia de se cultivar a escrita, por acreditar que a introduo dos meios

    tecnolgicos, por si s, no garante a qualidade da educao.

    SOUZA, R.J.; SANTOS, C dos. Programas de leitura na biblioteca escolar: a literatura a servio da formao de leitores. IN: SOUZA, R.J. (org.) Biblioteca escolar e prticas educativas: o mediador em formao. Campinas: Mercado de Letras, 2009.(p.160-172).

    No artigo de Souza e Santos (2009, p.160-172), a leitura vista como

    instrumento para a apropriao de conhecimentos, quando se consideram as

    funes sociais da leitura e da escrita. Dessa forma, a escola tem o relevante papel

    de favorecer a criao do interesse pela literatura, atravs da ao intencional do

    professor, que age como mediador para que o aluno passe a dominar a leitura como

    instrumento fundamental para a apropriao dos bens culturais, assim como para o

    desenvolvimento da inteligncia e da personalidade. Nesse percurso, o professor

    funcionaria como instaurador de mediaes dos contatos dos alunos com a literatura

    tambm como modelo de leitor proficiente e mais experiente, capaz de ampliar os

    horizontes culturais dos alunos.

    COSSON, Rildo. Letramento literrio: teoria e prtica. So Paulo: Editora Contexto, 2009.

    A essncia desse livro de Cosson que para que o aluno tenha prazer na

    leitura, preciso que ele passe pelo letramento literrio. Nesse percurso, a escola

    tem papel essencial, porque ela a principal responsvel pela formao e

    consolidao de alunos leitores, que sejam cidados crticos e atuantes. Isso porque

    na escola que se pode compartilhar a interpretao do que lido e alargar os

    sentidos construdos individualmente. Ao compartilhar suas interpretaes, os alunos

    percebem que pertencem a um coletivo que, por sua vez, fortalece e amplia seus

    horizontes culturais. Em meio a relatos de experincias aplicadas na faculdade por

    ele ou por seus alunos, Cosson aproxima o livro do cho da escola, sem propor

    receitas prontas, mas mostrando que possvel promover o letramento literrio na

  • instituio escolar, comprovando com exemplos de sucesso. Porm, pela

    fundamentao e relatos prticos, o livro voltado no s para os professores que

    querem trabalhar o letramento literrio na escola, mas tambm para aqueles que

    querem formar leitores crticos de qualquer gnero textual.

    SILVA, Waldeck C. Misria da biblioteca escolar. So Paulo: Cortez, 1995.

    Neste livro, Waldeck Carneiro da Silva escreve sobre a realidade das escolas

    brasileiras: os espaos destinados biblioteca, quando existem, funcionam como

    depsitos de livros e outros objetos. Os horrios de funcionamento no so

    regulares e faltam funcionrios para atender em tempo integral. um espao que

    funciona tambm como lugar de punio, onde os alunos so colocados para copiar

    longos trechos de enciclopdias, por mau comportamento em sala de aula. Por outro

    lado, os funcionrios que atendem na biblioteca, quase sempre no tm formao

    como mediadores de leitura e muitas vezes so professores afastados por algum

    motivo de sala de aula, geralmente cansados de alunos. Assim, segundo o autor, as

    bibliotecas escolares sofrem de problemas tanto fora delas (extrabibliotecrios), a

    exemplo da desvalorizao social da leitura e falta de polticas pblicas, quanto de

    problemas internos (intrabibliotecrios), tais como as inadequaes do espao fsico,

    o acervo sem diversidade nem qualidade e outros j mencionados.

    Artigo em peridico:

    BICHERI, Ana L. de O. Bibliotecrio escolar: um mediador de leitura. Biblioteca Escolar em Revista, Ribeiro Preto, v.2, n.1, p.41-54, 2013. Disponvel em: http://revistas.ffclrp.usp.br/BEREV/article/view/257/pdf. Acesso em: 25 out 2013.

    Em um espao e tempo de novos suportes para textos verbais e no-verbais,

    permanece a necessidade de se falar em formao de leitores. Principalmente em

    um momento em que, no obstante a existncia de tanto recursos e informaes, se

    constata que grande parte da populao no v na leitura uma necessidade ou um

    prazer cotidiano. Por isso, o artigo apresenta a biblioteca escolar como um espao

    favorvel ao desenvolvimento de aes promotoras de leitura. Ressalta o

    compromisso do bibliotecrio escolar com a comunidade escolar; a necessidade de

    http://revistas.ffclrp.usp.br/BEREV/article/view/257/pdf

  • sua formao continuada, bem como de atuao como bibliotecrio-leitor, fator

    crucial para a formao de leitores.

    NEVES, N.V.; RAMOS, F.B. O espao da biblioteca escolar: anlise das condies de mediao de leitura. Disponivel em:http://www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico8/O%20espaco%20da%20Biblioteca%20Escolar_analise%20das%20condicoes%20de%20mediacao%20de%20leitura.pdf. Acesso em: 29 nov. 2013.

    O trabalho, inserido numa pesquisa maior intitulada PNBE/2008 em Caxias

    do Sul: recepo e usos para o letramento, pretende analisar a presena do acervo

    do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), voltado aos anos iniciais do

    Ensino Fundamental, no municpio de Caxias do Sul RS. Foram analisadas as

    condies fsicas e pedaggicas das bibliotecas de trs escolas do municpio, dos

    aspectos arquitetnicos (espao, iluminao, ventilao, acstica, mobilirio,

    acessibilidade), at aspectos biblioteconmicos (horrios, conservao e

    classificao de livros, qualidade e diversidade do acervo). De incio, os resultados

    mostram algumas inadequaes em vrios dos aspectos estudados. A partir dessa

    anlise, tem-se em vista refletir sobre as condies requeridas para atividade de

    leitura que contribuam para o letramento literrio.

    Dissertao de mestrado:

    GUIMARES, J. Biblioteca escolar e polticas pblicas de incentivo leitura: de museu de livro a espao de saber. Dissertao (Mestrado). Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2010. 105 f. Disponvel em:www2.fct.unesp.br/pos/educacao/teses/2010/janaina_guimaraes.pdf Acesso em: 29 nov. 2013.

    Esta dissertao de Mestrado visa investigar as polticas pblicas, em

    especial o PNBE (Programa Nacional Biblioteca na Escola), e quanto esse

    programa tem contribudo para o acesso leitura, para a formao de leitores e para

    a dinamizao da biblioteca escolar. A pesquisa foi de carter qualitativo, por meio

    de um estudo de caso em uma escola da rede municipal de Presidente Prudente/SP.

    Por meio de levantamentos, questionrios e outros instrumentos, a pesquisadora

    constatou a existncia de uma biblioteca em condies precrias; profissionais sem

    formao especfica para nela atuar e ausncia de atividades de fomento leitura

    http://www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico8/O%20espaco%20da%20Biblioteca%20Escolar_analise%20das%20condicoes%20de%20mediacao%20de%20leitura.pdfhttp://www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico8/O%20espaco%20da%20Biblioteca%20Escolar_analise%20das%20condicoes%20de%20mediacao%20de%20leitura.pdfhttp://www.ucs.br/ucs/tplcinfe/eventos/cinfe/artigos/artigos/arquivos/eixo_tematico8/O%20espaco%20da%20Biblioteca%20Escolar_analise%20das%20condicoes%20de%20mediacao%20de%20leitura.pdf

  • Essa situao, segundo a autora, refora a demanda de preparao de professores

    e bibliotecrios para a mediao da leitura dentro da biblioteca escolar.

    PROPOSTA DE ATIVIDADES

    - Exposio do projeto comunidade escolar na Semana Pedaggica, em fevereiro

    de 2014;

    - Confeco de dois banners para a divulgao do projeto de dinamizao da

    biblioteca escolar. Um ser exposto na biblioteca e em outro local visvel no Colgio;

    - Segundo levantamento realizado, a escola de implementao da proposta recebeu

    e continua recebendo, por meio do PNBE, muitas obras de variados gneros da

    esfera literria, como romances nacionais e estrangeiros, contos, crnicas, memria,

    dirio, biografia, livros de imagens, poemas, fbulas, mitos, lendas, parlendas,

    quadrinhas, teatrais, humorsticos, cordel, adaptaes de obras clssicas universais

    e verses de obras literrias para quadrinhos e outros. Ou seja, conforme os

    critrios do PNBE para a seleo das obras, os gneros so bem variados e

    abrangentes.

    Contudo, faz-se necessria, a princpio, a elaborao de informes chamativos

    sobre obras recebidas pela biblioteca, a serem afixados na sala dos professores e

    nos corredores do Colgio. Acreditamos que esse seja um primeiro passo para se

    procurar integrar os bens culturais recebidos do governo, conforme discute Paiva

    (2012). Porm, as atividades de leitura no podem prescindir da mediao do

    professor, como leitor idealmente mais experiente. O papel docente est na

    orientao da leitura em relao a graus de dificuldade, qualidade textual e

    temticas, para um trabalho sistemtico que vai da determinao dos horizontes de

    expectativas dos alunos at a ampliao desses horizontes (BORDINI; AGUIAR,

    1988). No decorrer deste trabalho, esperamos que os prprios alunos, orientados

    pelos professores, produzam cartazes de divulgao dos livros lidos, para despertar

    o interesse da comunidade escolar pelas obras;

    - Organizao de um roteiro para que as turmas da escola visitem a biblioteca. A

    responsvel pela biblioteca dever mostrar o acervo aos visitantes, com destaques

    para as novidades, principalmente de livros literrios e dar orientaes para o

    emprstimo das obras. Esse trabalho se faz necessrio principalmente para mostrar

    a importncia da biblioteca na escola e que professores e alunos percebam que algo

  • diferente acontece nesse recinto to relegado dentro da escola;

    - Confeco do mural interativo, colocado em lugar de destaque na biblioteca. Nele,

    os alunos leitores e os professores podero sugerir ttulos que mais gostaram de ler

    e coment-los;

    - Uma estante ou expositor ser colocado em lugar de destaque na biblioteca, com

    as recentes aquisies, sejam dos programas governamentais, comprados ou

    doados. Haver um cuidado na questo da qualidade dos ttulos e na adequao

    faixa etria dos alunos do Ensino Fundamental. Ser afixado um cartaz com os

    dizeres Novas aquisies.

    - Qual o livro?: em um cartaz na biblioteca, sero colocadas algumas

    informaes e/ou ilustraes sobre um certo livro em um horrio determinado, que

    pode ser o intervalo; o aluno que descobrir e nos comunicar primeiro que livro

    ganha um prmio;

    - Premiao dos alunos que mais leram livros, a partir da verificao das fichas de

    emprstimo; os prmos sero objetos ligados prpria leitura, desde marca pginas

    criativos at livros;

    - Confeco de marca pginas para distribuio na biblioteca. Para isso, podemos

    propor um trabalho conjunto com os professor de Arte, para que confeccionem

    marca pginas com os alunos, que podem conter frases diversas sobre a

    importncia da leitura;

    - Leitura e ilustrao de uma obra literria: uma turma inteira l um livro, daqueles

    disponveis em nmero suficiente e, em grupos, os alunos devero criar uma

    ilustrao que represente a essncia da histria lida; tambm se pode propor a

    criao de verso em histrias em quadrinhos para um livro lido. Para a histria em

    quadrinhos, por exemplo, podero observar alguns livros recebidos dos programas

    governamentais que tm essa proposta, comparando-os com as obras originais em

    prosa. A ideia a promoo de um concurso, envolvendo os professores e alunos do

    ensino fundamental, como apoio da Direo e da Equipe Pedaggica da escola. Um

    roteiro simples dessa atividade ser apresentado aos professores, para que realizem

    a proposta com seus alunos. Ao final, pretendemos realizar uma exposio dos

    trabalhos no recinto da biblioteca. Uma comisso poder ser composta para

    escolher e premiar os melhores trabalhos;

    - Elaborao e aplicao de um questionrio versando sobre a relao dos

    professores do colgio com a biblioteca escolar, em relao frequncia e

  • emprstimo de livros, assim como sobre informaes que tm sobre o acervo; outros

    dados sobre acesso de professores e alunos sero hauridos das fichas de

    emprstimos da biblioteca; obteno de sugestes dos prprios professores para a

    dinamizao da biblioteca escolar bem como para a divulgao dos livros para

    professores e alunos;

    - Anlise e discusso dos dados coletados a partir da interveno, focalizando

    especialmente a frequncia dos professores envolvidos na implementao e de seus

    alunos biblioteca, bem como a retirada de livros durante e aps a implementao

    do projeto.

    - Sistematizao e discusso dos resultados no artigo cientfico final, conforme

    previsto na ltima etapa do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).

    Espera-se com o relato da interveno e com as discusses ensejadas no artigo

    final, contribuir para os estudos sobre a revitalizao da biblioteca escolar e,

    consequentemente, para os programas e projetos sobre leitura e formao do leitor.

    Ressaltamos que as propostas de leitura literria devero fugir dos

    condicionamentos escolares, ou seja, do carter de prestao de contas da leitura.

    Essa obrigatoriedade pode fazer com que o aluno leia somente quando est na

    escola e deixe de ser leitor quando sair dela.

    SUGESTO DE STIOS

    Sugesto 01

    Biblioteca de Literaturas de Lngua PortuguesaDisponvel em: http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/Acesso em: 14 nov. 2013

    Essa biblioteca digital uma fonte gratuita de textos literrios em verso

    integral. um projeto da Universidade Federal de Santa Catarina, aberto a usurios

    de interesses bem variados, desde o leitor comum at o pesquisador especialista.

    possvel o acesso s obras digitalizadas e tambm a um catlgo com informaes

    biobibliogrficas de autores brasileiros e portugueses. O acervo permite ainda

    realizar pesquisas sobre histria literria, autores, obras publicadas, datas de

    publicao, gnero das obras e outras. A proposta do site criar um ambiente de

    leitura e de ensino-aprendizagem de literatura, pelo uso da biblioteca digital e de

    uma ferramenta de anotaes. No h necessidade de se inscrever, nem de entrar

    com nome e senha, mas o usurio pode se cadastrar e usufruir de recursos

  • adicionais, como a possibilidade de fazer anotaes nas obras digitalizadas que for

    lendo. Essas anotaes ficam disponveis para acrscimo e alteraes.

    Sugesto 2

    Virtual bookstore

    Disponvel em: http://www.vbookstore.com.br/Acesso em: 12 nov. 2013.

    Mesmo com esse nome, o site brasileiro. Nele possvel encontrar

    centenas de livros em verso integral da literatura nacional e internacional.

    Praticamente todos os clssicos da literatura brasileira esto disponveis, entre os

    quais Alusio de Azevedo, Machado de Assis, Jos de Alencar e outros. Entre os

    autores estrangeiros encontrados esto Conan Doyle e Charles Dickens. H ainda

    uma seo de resumos, voltada para os trabalhos de pesquisa dos estudantes.

    Google Books

    Disponvel em: http://books.google.com.br/Acesso em: 14 nov. 2013.

    Este site do Google possibilita pesquisar livros de qualquer assunto, inclusive

    de literatura. possvel a leitura de boa parte dos livros gratuitamente, com

    limitaes de pginas. Esto disponveis milhares de livros do mundo inteiro, alguns

    com comentrios e resenhas.

    DESTAQUES

    Destacamos a entrevista com Aparecida Paiva, autora do livro Literatura fora

    da caixa O PNBE na escola.

    As escolas brasileiras tem recebido muito livros, principalmente por intermdio

    do Programa Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE). Somente em 2013, o

    governo entregou 6,7 milhes de exemplares de obras literrias, investimento de 66

    milhes de reais. Porm, a poltica de distribuio no tem tido muito resultado na

    apropriao do livro, nem na formao de leitores. Muitas das vezes, os livros nem

    saem das caixas. Foi o que constatou a pesquisadora Aparecida Paiva,

    organizadora e uma das autoras do livro Literatura fora da Caixa O PNBE na

    escola, publicado pela editora da UNESP. Segundo a professora Aparecida, docente

    http://books.google.com.br/http://www.vbookstore.com.br/

  • de Ps-Graduao na Universidade Federal de Minas Gerais, a ausncia de

    formao adequada dos mediadores de leitura na escola e a falta de compreenso

    do livro como um bem cultural so as causas mais importantes do problema. Como

    afirma a professora na entrevista concedida revista Carta Fundamental, Muitos

    professores nem sabem que os livros chegam escola.

    A entrevista completa com a pesquisadora Aparecida Paiva pode ser

    acessada no link:

    http://www.editoraunesp.com.br/novidades-blog-detalhe.asp?bla_id=500

    http://www.editoraunesp.com.br/novidades-blog-detalhe.asp?bla_id=500

    Ficha para identificao da Produo Didtico-pedaggica Turma 2013Leitura e formao de leitores de literatura: caminhos propostos