OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · pretende ensinar. A abordagem problematizadora pode ser efetuada, evidenciando-se duas dimensões: na primeira, o professor leva

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

TAVARES, Leiva Pereira; KOVALICZN, Rosilda Aparecida. Stop verminoses! O que você precisa saber. Ponta Grossa: UEPG, 2014.

STOP VERMINOSES! O QUE VOCË PRECISA SABER

Leiva Pereira Tavares Rosilda Aparecida Kovaliczn

RESUMO As parasitoses intestinais afetam principalmente crianças e adolescentes. O objetivo do presente trabalho foi sensibilizar e oportunizar reflexões sobre atitudes comportamentais observadas no dia a dia do escolar e que contribuem para a disseminação das verminoses. O estudo foi desenvolvido com 26 alunos do 7º ano e 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Dr. Tancredo de Almeida Neves pertencente ao município de Ortigueira – PR, sendo que a maioria dos alunos reside à beira da rodovia, na área rural. As intervenções educativas abordaram a questão da higiene pessoal e ambiental, destacando a relação com a disseminação das enteroparasitoses. Na metodologia foram utilizadas atividades lúdicas como teatro, vídeos, simuladores, histórias em quadrinhos e músicas. Ao término das atividades observou-se que o conjunto das dinâmicas estimulou a discussão dos conteúdos e facilitou a participação conjunta dos alunos, resultando na produção de paródias sobre verminoses e medidas preventivas. As paródias foram apresentadas à comunidade escolar simulando o Programa de The Voice Brasil de um canal aberto de televisão, renomeado pelos alunos na oportunidade como The Voice Verminoses. De forma dinâmica, a apresentação contou com a participação dos professores da escola no papel de jurados que avaliaram a letra das paródias. A diversificação de metodologias tornou as aulas atrativas e prazerosas e os alunos demonstraram o entendimento do conteúdo deixando fluir a criatividade. Palavras – chave: Verminoses. Ensino. Metodologias alternativas. INTRODUÇÃO

Dois grandes grupos - protozoários e helmintos – são responsáveis pelas

parasitoses do trato digestório, comumente chamadas "verminoses" e embora

possam ocorrer em qualquer ambiente e classe social, as enteroparasitoses

acometem principalmente crianças e adolescentes, expostas a precárias condições

de saneamento básico, higiene pessoal e dos alimentos. (NEVES, 2005; REY, 2010;

KOVALICZN, 2010).

As verminoses constituem um problema de saúde publica, com prejuízos para

o desenvolvimento físico, e consequente, desempenho cognitivo de crianças em

crescimento devido à espoliação de nutrientes. Os sintomas variam de

assintomáticos a sintomáticos, com diarréia, perda proteica, desnutrição, anemia,

dores abdominais, náuseas, irritabilidade, insônia. (REY, 2010; NEVES, 2005).


Uma vez que as causas de doenças parasitárias do intestino se dão na

maioria das vezes, através da ingestão de água e alimentos contaminados, ou seja,

associada ao ciclo de contaminação fecal-oral, e qualquer ação preventiva voltada a

crianças em idade escolar inclui a escola como meio de disseminação de

conhecimentos.

Kovaliczn (2010), ao se referir as parasitoses em escolares, evidencia a

importância da utilização de intervenções educativas nas quais o professor utiliza

estratégias de ensino que despertem a atenção do aluno, tornem o aprendizado

significativo e que auxiliem na reflexão sobre a importância de se prevenir contra as

parasitoses intestinais através da higiene pessoal, alimentar e do meio ambiente. A

autora defende também, que o professor da escola básica é um intermediador entre

o conhecimento popular trazido de casa pelo aluno e o conhecimento científico

acumulado nos livros da área.

O tema exige atividades que tragam questões envolvendo situações

problemas, tornando a aula dinâmica, conforme consta nas Diretrizes Curriculares

de Ciências (DCEs, 2008, p.74):

A ação de problematizar é mais do que a mera motivação para iniciar um novo conteúdo. Essa ação possibilita a aproximação entre o conhecimento alternativo dos estudantes e o conhecimento cientifico escolar que se pretende ensinar. A abordagem problematizadora pode ser efetuada, evidenciando-se duas dimensões: na primeira, o professor leva em conta o conhecimento de situações significativas apresentadas pelos estudantes, problematizando-as; na segunda, o professor problematiza de forma que o estudante sinta a necessidade do conhecimento cientifico escolar para resolver os problemas apresentados. (DCEs, 2008, p. 74).

A LUDICIDADE NO ENFRENTAMENTO DAS ENTEROPARASITOSES

As Diretrizes Curriculares do Ensino de Ciências (2008, p. 77) também

incentivam o uso de recursos lúdicos pelo professor:

O lúdico é uma forma de interação do estudante com o mundo, podendo utilizar-se de instrumentos que promovam a imaginação, a exploração, a


curiosidade e o interesse, tais como jogos, brinquedos. O lúdico permite uma maior interação entre os assuntos abordados e quanto mais intensos for esta interação, maior será o nível de percepções e reestruturações cognitivas realizadas pelo estudante. O lúdico deve ser considerado na prática pedagógica, independentemente da série e da faixa etária do estudante, porém, adequando-se a elas quanto à linguagem, a abordagem, as estratégias e aos recursos utilizados como apoio. (DCEs de Ciências, 2008, p. 77).

Também há necessidade de outras atividades didáticas paralelas ao diálogo

entre educador e educando com o objetivo de despertar no aluno o interesse, a

curiosidade pelo assunto e o senso crítico (DCEs de Artes, 2008, p. 52):

Diferentes linguagens artísticas, organizadas nos contexto do tempo e do espaço escolar, possibilitam a ampliação do horizonte perceptivo do raciocínio, da sensibilidade, do senso crítico, da criatividade, alterando as relações que os sujeitos estabelecem com o seu meio. (Diretrizes Curriculares de Artes, 2008, p. 52).

A metodologia a ser abordada, a organização e o planejamento são tão

importantes quanto à escolha do conteúdo, e nesta perspectiva, no desenvolvimento

do presente projeto incentivaram-se atividades lúdicas diversas sobre verminoses,

como: produção de paródias, trechos de vídeos, música, histórias em quadrinhos,

dramatização.

Este trabalho é resultado do projeto de intervenção na escola aplicado pelo

professor do Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná (PDE 2013) da

Secretaria Estadual de Educação (SEED-PR) e foi desenvolvido no Colégio Estadual

do Campo Dr. Tancredo A. Neves Ensino Fundamental e Médio, situado no Bairro

dos França, à beira de rodovia, no município de Ortigueira, Paraná, cujo município

apresenta baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). (Fonte: PORTAL DO

MUNICÍPIO DE ORTIGUEIRA, 2013).

O projeto foi apresentado à comunidade escolar (professores, funcionários,

direção e equipe pedagógica): idealização, problematização, objetivos,

desenvolvimento e resultados esperados. Os professores demonstraram entusiasmo

durante a explanação, comentaram sobre a importância do uso das atividades


lúdicas na construção do conhecimento porque proporcionam um ambiente

agradável e melhoram a relação entre professor-aluno e aluno-aluno.

Posteriormente o projeto foi divulgado entre alunos do 6º e 7º ano, com carta

explicativa do trabalho aos pais solicitando autorização por escrito permitindo ao

aluno freqüentar a escola em horário contra - turno. Aceitaram participar 26 alunos, a

maioria residente na zona rural.

INCENTIVO À PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS

No primeiro encontro com os alunos, realizou-se a dinâmica “A brincadeira da

Montanha Russa”, comparando cada movimento realizado na montanha russa com

as fases da vida: “os altos e baixos”, conquistas, dificuldades, aprendizados,

superação (https://www.youtube.com/watch?v=jX37-GR7yi4). Os alunos sentiram –

se empolgados, vários comentários surgiram entre eles, e estimulados pelo

professor, iniciou-se conversas sobre higiene pessoal e sua importância na

prevenção de doenças. Todos queriam falar ao mesmo tempo, assim o professor

organizou a sala para que somente um falasse ao ser chamado, focando no respeito

ao colega. Após os alunos se acomodarem, o conhecimento foi organizado

utilizando-se vídeos envolvendo músicas e imagens, criando situações desafiadoras

no decorrer da prática pedagógica (Figura 1).

Figura 1 – Alunos no decorrer da dinâmica da Montanha Russa.

Foto: Leiva Pereira Tavares, 2014 Foto: Leiva Pereira Tavares, 2014.


Musicalidade

A música é capaz de instigar os sentimentos mais profundos, auxiliando de

maneira descontraida o processo de aprendizagem, de construção do

conhecimento. É função do professor escolher a música e a forma de como utiliza-la

na aula, fazendo a relação ou ligação entre linguagem musical e o conteúdo a ser

trabalhado para o desenvolvimento cognitivo do aluno. (DIRETRIZES

CURRICULARES DE ARTES, 2008).

Nesta atividade os alunos ouviram musicas sobre higiene pessoal:

a) Música Boa Higiene cuja letra relata a importância da utilização de hábitos de

saudáveis, valorizando a higiene da alimentação, o conforto, à segurança e

os cuidados com a aparência; uso dos sanitários, cuidados com as várias

partes do corpo, garantindo uma vida saudável.

(http://www.youtube.com/watch?v=7jWhaNgYtI&list=PLE08712EB2B3E4FF5&

index=9)

b) Música Hora do Banho na qual a letra incentiva a reflexão do quanto o banho

pode ser divertido, o quanto é agradável estar perto de alguém asseado.

(http://www.kboing.com.br/xuxa/1-1017271/)

Na sequência cada aluno recebeu uma cópia impressa das letras das

músicas e puderam ouvir e cantar juntos com o áudio. Formaram equipes de cinco

alunos e cada grupo debateu as questões sugeridas pelo professor (Figura 2):

Figura 2 – Alunos analisando a letra das musicas sobre higiene pessoal.

Foto: Leiva Pereira Tavares, 2014


Questões que incentivaram a reflexão sobre as letras das músicas:

• Em sua opinião, é importante tomar banho todos os dias? Por quê? • Por que é importante lavar as mãos antes das refeições? • Quando você vai ao banheiro, você lava as mãos depois de fazer suas necessidades

(urinar ou evacuar)? • É agradável ficar perto de alguém que não toma banho diariamente? Por quê? • Será que uma pessoa que não cuida da higiene pessoal pode ficar doente? • Como são transmitidas as verminoses?

Após o debate sobre as questões, cada grupo explanou suas conclusões para

os demais colegas, compartilharam opiniões sobre higiene pessoal, destacando o

quanto é desagradavel ficar perto de quem não toma banho.

Importante destacar que ficaram surpresos ao descobrirem que os ovos dos

vermes contaminam os alimentos e podem estar presente inclusive nas mãos

quando não as lavamos. Também comentaram seus entendimentos sobre o que

são vermes, tecendo diversos comentários vindos do conhecimento popular:

- “vermes são bichinhos que parecem minhocas e moram dentro da gente”;

- “vermes são bichinhos que nascem dentro da gente”;

- “quando a gente é criança e tem vontade de comer alguma coisa, os vermes enrolam nas

tripas e a gente morre! Aconteceu com o filho da colega da minha mãe”.

Nesta oportunidade foi explicado aos alunos o que são vermes e como

acontece a contaminação, os mitos e verdades, e, juntos, professor e alunos

chegaram num consenso sobre a importancia da higiene pessoal, e a relação entre

higiene pessoal e disseminação das verminoses.

Vídeos

Outro importante auxilio no ensino e aprendizagem são os vídeos, pois,

segundo Moran (1995), o vídeo é sensorial, e através do visual, da linguagem

falada, linguagem musical e linguagem escrita, interage, seduz, informa, entretém,

projeta em outras realidades o imaginário, e ao mesmo tempo estimula a

aprendizagem de forma significativa. Dando continuidade a construção de

conhecimentos, no desenvolvimento do projeto foram utilizados trechos de vídeos


sobre a importância do combate à disseminação dos parasitos intestinais:higiene,

parasitoses e saneamento básico:

A) Vídeo 1 - Lavar frutas, verduras e tampar as latas de lixo o qual ressalta a

importância de lavar as frutas e verduras antes de serem consumidas, e ainda

manter as latas de lixo sempre tampadas.

(http://www.youtube.com/watch?v=i7piwpLhh2g).

B) Vídeo 2 - trechos do filme Saneamento básico – o filme, o qual incentiva o

trabalho conjunto na comunidade que reúne-se para tomar providências a respeito

da construção de uma fossa para o tratamento do esgoto.

(http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=17692;

http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=17693 ).

Após assistirem os vídeos, os alunos foram estimulados a refletir e comentar

sobre a importância da higienização dos alimentos, do saneamento básico e como a

manutenção das latas de lixo fechadas evita a disseminação das verminoses na

população.

Questões que incentivaram a reflexão sobre os vídeos:

• Para evitar verminoses é necessária somente a higiene pessoal? • O Saneamento Básico é importante para evitar verminoses?

Os alunos ficaram ansiosos para exporem suas idéias, principalmente sobre o

“monstro da fossa” retratado no Saneamento básico – o filme e procuraram

respostas de como “acabar com o monstro”. Após muitos comentários, identificaram

que o surgimento do mesmo era devido ao lixo jogado, esgotos no rio e para

combatê-lo, a população deveria ser informada da importância da higiene ambiental.

O áudio visual despertou o interesse dos alunos e deixou o momento descontraído.

As equipes foram enumeradas e cada grupo opinou, com senso de organização.

Contação de histórias

Para dar continuidade ao conhecimento sistematizado sobre as parasitoses

intestinais e intensificar a aprendizagem, foi realizado um trabalho utilizando como

instrumento pedagógico a contação de histórias, com o objetivo de estimular a

memorização.


Neste momento alguns alunos foram convidados para lerem e depois contarem

a história “O mundo invisivel de Duda” (Quadro 1).

Quadro 1 – História: O Mundo Invisível de Duda

Autora: Leiva Pereira Tavares Orientadora: Rosilda Aparecida Kovaliczn Duda e Fernanda estão brincando no quintal. A mãe de Duda prepara um lanche, põe na mesa, e as chama para lancharem. Antes Duda vai ao banheiro, mas não lava as mãos, e Fernanda, que não utilizou o banheiro, mesmo assim fez questão de lavar as mãos com água e sabão antes de comer. Duda tira “sarro” da amiga e diz: - O que não mata engorda! E Fernanda responde: - Será?!! As duas coleguinhas lancham e nem se preocuparam mais com a questão, e após comerem voltam a brincar. Enquanto corriam se depararam com um pé de frutas, as quais Fernanda não quis comer. Porém, Duda saboreou as frutas direto da árvore e ainda pegou as que estavam caídas no chão. Passadas algumas semanas Duda sente indisposição, dores na barriga, algumas vezes tem diarréia, dor de cabeça, e devido ao cansaço não faz as tarefas da escola, e o que é pior: “derrubou” algo afilado, esbranquiçado, junto com as fezes! A professora percebeu que algo não estava bem com Duda e pediu para falar com a mãe dela. A mãe ficou preocupada e levou Duda no médico do postinho de saúde. Após a consulta e exames, o médico explica: - Duda está com vermes. Ela não viu como “pegou” porque geralmente eles são microscópicos na fase de contaminação. Vamos combatê-los com medidas preventivas e medicação adequada! Duda ficou pensativa: como os vermes chegaram até sua barriga? Quais serão as “medidas preventivas”?

Questões que incentivaram a reflexão sobre a contação de histórias:

o Um dos vermes que Duda derrubou era afilado, esbranquiçado e foi eliminado junto com as fezes. Que verme pode ser?

o Será que esses vermes nasceram com a Duda? o Como esses vermes chegaram até sua barriga? o Quais foram os sintomas que Duda sentiu que deixaram a professora e sua mãe

preocupadas? o Será que uma pessoa com muitos vermes pode ficar fraca? Por quê? o Será que, quem tem vermes possui dificuldades em aprender? o Por que Duda ficou doente e Fernanda não? O que ela fez de errado em sua opinião? o Quais as “medidas preventivas” que o médico indicou para Duda e sua mãe? o Você sabe o que são seres microscópicos? o Os vermes são seres microscópicos sempre? Por que Duda não viu como se

contaminou, porém, viu um verme nas suas fezes? o Duda acredita no ditado popular: “O que não mata engorda”! E você, o que pensa

sobre isto?


Na oportunidade os alunos teceram comentários sobre as atitudes de Duda, e

através de um teatro identificaram neles próprios, algumas atitudes da personagem,

relacionando-as com suas atitudes do dia a dia e identificando as consequências.

Foi possivel perceber nos alunos a capacidade que possuem para reflexão: - basta o

estímulo.

O momento foi oportuno para comentar sobre as diversas espécies de vermes

e entre eles, destacou-se o Ascaris lumbricoides ou lombriga, responsável pela

ascaridiose ou "bichas", explicando sobre formas de contágio, ciclo evolutivo e a

impotância da profilaxia. Foram projetados slides para melhor compreensão do

conteúdo.

Como a residência da maioria dos alunos participantes do projeto é à beira da

rodovia, na área rural, quase todos os dias eles se deparam com andarilhos e

mendigos, que comem e dormem da maneira imprópria. E entre os diversos

comentarios, uma aluna questionou:

- “Professora, eu não entendo, já vi muitas vezes mendigos comerem coisas tiradas do lixo, e com as mãos sujas. No outro dia eu vi eles de novo, mas não ficaram doentes, por que nós ficamos?” ( G. C. - 6ºA)

Como resposta foi explicado a aluna que o período de incubação - desde a

contaminação, até o aparecimento dos sintomas de uma doença - é variável de

individuo para individuo e que, após ingestão dos ovos de Ascaris lumbricoides, por

exemplo, o ciclo de vida do parasito leva dois meses para se completar dentro do

organismo. Também existe a questão da defesa (imunidade) do organismo que é

diferente para uns e outros, e, portanto, nem sempre o fato de você se expor a um

patógeno, significa que você irá ficar doente. Porém, as probabilidades são maiores,

e é preciso evitar.

Tecnologias de Informação e Comunicação na prevençã o de verminoses

O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) tem ganhado

espaço na área educacional porque auxilia no processo de ensino e aprendizagem.

É notável o desenvolvimento de softwares de simuladores cada vez mais

aprimorados, ou seja, mais realísticos com animações, cenários tridimensionais,


detalhes de texturização, sombreamento, iluminação e perspectiva, com o objetivo

de provocar no usuário a sensação de que ele se encontra diante de um cenário

real. A animação permite uma visualização concreta de conceitos abstratos,

oportunizando o aluno relacionar os conhecimentos previamente adquiridos, com os

conceitos visualizados (ARAUJO, 2009).

Para enriquecer ainda mais o processo de aprendizado sobre verminoses,

além das imagens apresentadas nos slides, utilizou-se também simuladores do ciclo

de vida do Ascaris lumbricoides disponíveis no site da SEED-PR:

a) http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/fevereiro2012/ciencias_simuladores/06ascaridiase.swf

b) http://www.lte.ib.unicamp.br/bdc_uploads/materiais/versaoOnline/versaoOnline815_pt/Ascaris/Ascaris.swf

A demonstração do simulador foi realizada com o equipamento datashow,

utilizando-se a função pausar no ciclo de vida do parasito. Juntamente com o

professor, os alunos compartilharam comentários e identificaram as fases evolutivas

microscópicas do Ascaris lumbricoides e que apenas a fase adulta do parasito é

visível a olho nu.

Histórias em Quadrinhos (HQ)

A fim de estimular ainda mais a aprendizagem dos alunos sobre o tema

verminoses, foi proposta a confecção de história em quadrinhos (HQ). Esta ação

teve o desafio de apresentar mais uma estratégia de (re) construção dos

conhecimentos apreendidos pelos alunos, promovendo a reflexão sobre as formas

de contágio e prevenção das enteroparasitoses.

Os alunos foram colocados em um semicírculo, onde cada um recebeu uma

folha em branco e, de forma dinâmica e contínua, criaram HQs sobre parasitoses

intestinais. Ao comando do professor, cada um passava sua história em construção

para o colega à esquerda, que continuava a história, e assim sucessivamente, até

que ao final da atividade cada um teve a história em quadrinhos completa em suas

mãos.


Nesta construção coletiva nem todos deram continuidade a HQ, talvez devido

ao número excessivo de alunos ou se sentiram sem criatividade. A atividade foi

realizada novamente, porém com grupo de cinco alunos, e desta vez a história em

quadrinhos tornou-se uma atividade dinâmica, onde os alunos do grupo fizeram

comentários da história produzida com entusiasmo (Figuras 3 e 4).

Figura 3 – Alunos organizados em um semicírculo na construção coletiva da HQ sobre verminoses.


Figura 4 – História em Quadrinhos (HQ) produzida pelo aluno.

A utilização de HQs no ensino tem um grande significado, uma vez que as

mesmas apresentam uma forma de comunicação visual e verbal relacionando aos



conteúdos trabalhados em sala de aula, e despertando no aluno o imaginário, a

criatividade. As histórias em quadrinhos podem ser utilizadas para introduzir um

tema, aprofundar um conceito já apresentado, para gerar discussão a respeito de

um assunto, para ilustrar uma idéia (PALHARES, 2008).

Teatro

Na seqüência das atividades, um grupo de alunos dramatizou a história em

quadrinhos (HQ). Segundo Salles e Kovaliczn (2007 p. 107), o teatro

(..) é um rico espaço de relações entre escola e comunidade, uma vez que privilegia a atividade coletiva, socializa o aluno, desinibe-o e possibilita-lhe a vivencia de diversas situações de interação social. A arte cênica atravessa os séculos, seja por seu dinamismo ou pela emoção do contato direto com os espectadores. Logo, constitui um recurso didático artístico e criativo que precisa ser devidamente aproveitado pelas escolas. (SALLES; KOVALICZN, 2007, p. 107).

Paródias

Para fixação dos conhecimentos sobre parasitos intestinais, e ao mesmo

tempo avaliar o conhecimento apreendido pelos alunos, foi proposto a eles a

confecção de paródias como atividade final.

O uso de paródias como estratégia metodológica é uma forma prazerosa e

descontraída de fixar ou elaborar o conhecimento, e ao mesmo desperta a

criatividade, a sensibilidade e o talento dos alunos na arte da musicalização. Sendo

a paródia um recurso lúdico, quando intermediada pela ação tecnológica, também

pode auxiliar na aprendizagem significativa das questões sobre prevenção de

parasitos do intestino.

Ao dar inicio a construção de paródias, os alunos foram organizados em um

único circulo, onde foi explicado o que é uma paródia, e como construí-la.

Para exemplificar, o próprio professor produziu uma paródia com

musicalidade conhecida pelos alunos (Quadro 2).


Quadro 2 - Paródia: Tô fora! Show das perigosas

Paródia: Tô fora! Show das perigosas . Letra: Leiva Pereira Tavares Supervisão: Rosilda Aparecida Kovaliczn Ritmo: “Show das Poderosas” Cantora: Anita Parte I Prepara que agora é hora De lutar contra os vermes Que causam doenças São seres parasitas Mais eu tenho a arma Por que sou a guerreira De atitude nota 1000 Prepara... Eu sei bem quem vocês são Eu sei me proteger Quando lavo bem as mãos Os vermes somem eu sei Meu exército é pesado Não esqueço nada Frutas e verduras não ficam de fora Vai!!!!!!!!

Paródia: Tô fora! Show das perigosas . Letra: Leiva Pereira Tavares Supervisão: Rosilda Aparecida Kovaliczn Ritmo: “Show das Poderosas” Cantora: Anita Parte II Lava as mãos quando sai do.... banheiro Joga o lixo no latão e ..... tampa E as moscas não conseguem não... Espalhar os ovos de vermes a toa.... Assim não fico doente Lava as mãos quando sai do.... banheiro Joga o lixo no latão e ..... tampa E as moscas não conseguem não... Espalhar os ovos de vermes a toa.... Assim não fico doente Prepara a água e o sabão Que as minhas mãos eu lavo pra depois comer E não esqueço as frutas e nem as verduras Tudo fica limpinho....eu sei...sou nota 1000!

Fonte: Leiva Pereira Tavares, 2014.

Ainda em circulo, foi proposto aos alunos construírem uma paródia com a

música Escravos de Jó (https://www.youtube.com/watch?v=2RBVi4b3dQw) como

estímulo a comporem suas próprias músicas (Quadro 3).

Quadro 3 - Paródia: Livre dos vermes Paródia: Livre dos vermes Letra: alunos 6º e 7º anos do Colégio Estadual do Campo Dr. Tancredo A. Neves Ensino Fundamental e Médio - PDE 2013 Supervisão: Profª. Leiva Pereira Tavares Ritmo: “Soldado de Jó” Os ovos dos vermes Contaminam frutas Lavar as mãos é a solução Não podemos esquecer Das frutas e das verduras

Paródia: Livre dos vermes Letra: alunos 6º e 7º anos do Colégio Estadual do Campo Dr. Tancredo A. Neves Ensino Fundamental e Médio - PDE 2013 Supervisão: Profª. Leiva Pereira Tavares Ritmo: “Soldado de Jó” Os ovos dos vermes Contaminam frutas Lavar as mãos é a solução Não podemos esquecer Das frutas e das verduras


Foram divididos pequenos grupos e incentivou-se a construção de novas

paródias com a finalidade de avaliar o apreendido e apresentar os resultados aos

pais e comunidade escolar (Quadros 4, 5 e 6).


Quadro 4 - Paródia: Sai ascaridiose. Paródia: Sai ascaridiose Letra: alunos 6º e 7º anos do Colégio Estadual do Campo Dr. Tancredo A. Neves Ensino Fundamental e Médio - PDE 2013 Supervisão: Profª. Leiva Pereira Tavares Ritmo: “Lepo lepo” Cantor: Pisirico Parte I Ah eu ja não sei o que fazer To desanimado me sinto fraco pra valer Há não tenho mais pra onde correr Tirei nota zero e não consigo aprender Agora vou procurar um médico No postinho la da minha cidade Contar que sinto dor na barriga... Diarréia... Vômito E ouvir a verdade!!!!! Se ta doente... Pode ser verme... Boa higiene é a solução Então lave.. Lave.. Lave... Bem as mãos E não esqueça cuida... Há... Há... Há... Dos alimentos.

Paródia: Sai ascaridiose Letra: alunos 6º e 7º anos do Colégio Estadual do Campo Dr. Tancredo A. Neves Ensino Fundamental e Médio - PDE 2013 Supervisão: Profª. Leiva Pereira Tavares Ritmo: “Lepo lepo” Cantor: Pisirico Parte II Há... agora sei me proteger.... Vou lavar as mãos e as frutas antes de comer Há não tenho mais pra onde correr Vou me prevenir... Vou me proteger Agora vou lutar contra os vermes Eu sei que posso vencer Agora que eu sei a verdade Eles fazem mal pra saúde ... São pura falsidade Nos alimentos não vejo os ovos No intestino querem fazer morada ... Por isso Sai .. Sai ... Sai ... Ascaridiose (bis)


Quadro 5 - Paródia: O Bonde dos Parasitas Paródia: O Bonde dos Parasitas Letra: alunos 6º e 7º anos do Colégio Estadual do Campo Dr. Tancredo A. Neves Ensino Fundamental e Médio - PDE 2013 Supervisão: Profª. Leiva Pereira Tavares Ritmo: “Beijinho no Ombro” Cantor: Valesca Popozuda Parte I Desejo a todos parasitas vida curta Pra que eles morram E não contaminem nosso intestino É só lavar as mãos com água e sabão Aqui parasita não se cria e nem "bota" ovos Credito nelas faço sabão de escudo Passa mais longe e não vem contaminar Na minha barriga Sei que não da "pra" te ver Quando é pequena Os alimentos contaminam

Paródia: O Bonde dos Parasitas Letra: alunos 6º e 7º anos do Colégio Estadual do Campo Dr. Tancredo A. Neves Ensino Fundamental e Médio - PDE 2013 Supervisão: Profª. Leiva Pereira Tavares Ritmo: “Beijinho no Ombro” Cantor: Valesca Popozuda Parte II Não tô doente e nem quero ficar Parasitas não vão me pegar O meu sensor de verminoses explodiu Pegue sua doen�a e vai pra .... (rala sua mandada) Lavar as mãos "pros" parasita passar longe Lavar as frutas só "pras" lombrigas de plantão Lavar as mãos "pra" quem não gosta de lombrigas Lavar as frutas só "pra" quem não quer ter parasitas



Quadro 6 - Paródia: Verme, você é que se deu mal! Paródia: Verme, você é que se deu mal! Letra: alunos 6º e 7º anos do Colégio Estadual do Campo Dr. Tancredo A. Neves Ensino Fundamental e Médio - PDE 2013 Supervisão: Profª. Leiva Pereira Tavares Ritmo: “Ai se eu te pego” Cantor: Michel Teló Parte I Nossa! Nossa! assim você me mata Ai se eu te pego ai, ai se eu te pego... Lombriga, lombriga, assim você me mata... Mais não te pego... Porque vou me prevenir.... Sábado La no sitio A galera começou a nadar Eu fui pular na lagoa Engoli água sem me importar Verme... Verminho assim me contamino Ai se eu te pego ai ai se eu te pego Seus ovos contaminam frutas e verduras E também a água vocês vão contaminar

Paródia: Verme, você é que se deu mal! Letra: alunos 6º e 7º anos do Colégio Estadual do Campo Dr. Tancredo A. Neves Ensino Fundamental e Médio - PDE 2013 Supervisão: Profª. Leiva Pereira Tavares Ritmo: “Ai se eu te pego” Cantor: Michel Teló Parte II Dias depois lá em casa comecei a sentir... Dor na barriga, Desconforto, fraqueza e preguiça Tomei coragem e fui ao doutor Verme, verminho me livro de você Não, não, te pego.... Não, não te pego Verme, verminho sei bem me prevenir Ter boa higiene com o corpo e os alimentos (Bis) Verme... Você é que se deu mal!


A paródia também é uma forma válida de comunicação didático-popular, e

passa a ser um instrumento educativo ao tornar certos conhecimentos (inclusive

científico) acessíveis. Deve ser utilizada na apreensão de conhecimentos, a melodia

deve ser conhecida, e a letra da música deve ser elaborada numa linguagem

simples e de fácil entendimento, para isso é necessário em primeiro momento que o

aluno tenha conhecimento ou parte do conhecimento científico do conteúdo a ser

abordado (SALLES, KOVALICZN, 2007 p. 103).

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Os resultados das atividades elaboradas pelos alunos foram apresentados de

forma dinâmica à comunidade escolar, demonstrando que a aprendizagem foi

significativa. Uma palestra sobre a importância da higiene e sua relação com o bem

estar do individuo foi proferida pelo professor PDE Leiva Pereira Tavares, à

comunidade. Para tornar o momento agradável e descontraído, no decorrer da

palestra os alunos apresentaram as paródias produzidas e professores foram


convidados para julgarem, simulando o programa “The Voice Brasil” (2013) da Rede

Globo de Televisão: os professores – jurados sentaram-se em cadeiras giratórias, de

costas para o aluno que cantava, e conforme aprovavam, os “jurados” viravam de

frente para o “cantor” indicando o grau de satisfação com a letra da paródia.

Todos ficaram entusiasmados com o trabalho, e a Diretora do Colégio, Profª.

Marielei Bourcheid convidou os alunos para realizarem uma nova apresentação na

semana da família na escola (Figuras 5 e 6).

Figura 5 – Professores no papel de “jurados” das paródias cantadas pelos alunos, simulando o programa The Voice Brasil – da Rede Globo de Televisão.

Figura 6 – Apresentação da paródia O Bonde dos Parasitas criada pelos alunos participantes do programa “The Voice Verminoses”

Foto: Leiva Pereira Tavares, 2014.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intuito de enriquecer e produzir o conhecimento de maneira simples e

descontraída, conteúdos sobre meios de contaminação e profilaxia das verminoses

foram trabalhados de forma prazerosa e numa linguagem acessível aos alunos,

através de diálogos despertados entre eles por intermédio da reflexão e posterior

debate. O respeito ao colega foi observado na elaboração conjunta das letras das

paródias, na discussão dos vídeos assistidos, além da memorização do aluno ao

contar ou criar uma história referente ao tema verminoses.

A apresentação final dos trabalhos à comunidade escolar auxiliou na

disseminação dos conhecimentos apreendidos sobre parasitos do intestino, por

intermédio da interação descontraída entre professores e alunos, onde estes

aguardavam ansiosos que cada professor (jurado) aprovasse ou não sua paródia.

Observou-se que o desenvolvimento deste projeto despertou nos alunos o

interesse, a disposição e a curiosidade em relação ao conteúdo verminoses, o que

revela a aprendizagem significativa, interagindo aluno-aluno e aluno-professor e

trocas de experiências enriquecedoras aos envolvidos.

REFERENCIAS ARAUJO, Iracilda dos santos. Os desafios de ensinar astronomia através dos softwares simuladores 3d stellarium e celestia. Caderno Pedagógico PDE, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Fundamental e médio - Artes, Brasília: MEC, 1997. ____. Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto ciclo do Ensino Fundamental - Ciências, Brasília, 1998.

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · pretende ensinar. A abordagem problematizadora pode ser efetuada, evidenciando-se duas dimensões: na primeira, o professor leva