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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
JOGOS MATEMÁTICOS E O PROCESSO DE AVALIAÇÃO.
Autor: Mariléia Auer dos Santos1
Orientador: Joseli Almeida Camargo2
RESUMO: O presente artigo traz a narrativa sobre o uso dos jogos matemáticos como um processo avaliativo, buscando alçar o ensino da matemática, a qual apresenta falhas relevantes quanto a conteúdos básicos. As conclusões são resultados da implementação pedagógica, do material didático produzido de acordo com a proposta do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná. O estudo e pesquisa foi referente a uma análise da veracidade do uso de jogos como instrumento de ensino e aprendizagem no processo de avaliação Matemática, almejando a construção de uma sociedade justa, composta de sujeitos críticos e atuantes na mesma. Vale ressaltar que o artigo busca mostrar novas práticas de avaliação que venham a motivar e modificar o comportamento dos educandos frente às avaliações escolares, bem como, verificar se os modelos praticados usualmente pelas instituições escolares estão relacionados com as desmotivações de nossos educandos. Por meio do presente estudo foi possível analisar algumas potencialidades dos diferentes jogos na prática educativa e avaliativa, uma vez que o jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo. O jogo ao ser proposto como um instrumento de avaliação da aprendizagem matemática procurou direcionar novos recursos que possam somar ao processo avaliativo, sem excluir da prática avaliativa situações pertinentes, mas sim, deixando de lado um ensino centrado em metodologias tradicionais.
Palavras-chave: Avaliação. Jogos. Matemática.
1 Professora da Rede Estadual de Ensino – Paraná, graduada em Ciências Físicas e Biológicas -
Complementação em Matemática (FECLI). E-mail: [email protected] 2
Professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa, lotada no Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino. E-mail: [email protected]
1. INTRODUÇÃO
Ao longo de anos, muito se questiona sobre a avaliação marcada como um
resultado classificatório, seletivo e eliminatória. A avaliação na maioria das vezes
tende a excluir sujeitos, pautada em conhecimentos prévios, sendo este apenas, o
objeto a ser avaliado.
Esta percepção sobre a avaliação traz para reflexão a aprendizagem de
cunho significativo com a percepção de uma avaliação que articula um processo
contínuo e sistemático, fazendo parte do ensino e da aprendizagem.
A melhoria do ensino e aprendizagem no contexto do ensino da Matemática é
uma preocupação dos professores que buscam meios alternativos para contribuir,
utilizando estratégias diferenciadas de ensino.
Redirecionando o processo de ensino e aprendizagem para sanar
dificuldades [...] a avaliação visa um diagnóstico contínuo e dinâmico,
torna-se um instrumento fundamental para repensar e reformular
métodos, os procedimentos e as estratégias de ensino, para que
realmente o aluno aprenda. .(DANTE, 1999, p.5)
Na busca em motivar os alunos, bem como resgatar sua autoestima,
buscando facilitar a aprendizagem, torna-se necessário propor mudanças na prática,
docente visando à melhoria no ensino da Matemática. ”Enquanto o professor não
mudar a forma de trabalhar em sala de aula, dificilmente conseguirá mudar a
avaliação formal, decorativa, autoritária, repetitiva e sem sentido”.
(VASCONCELLOS, 2006, p.67)
Dessa forma, diante dos resultados insatisfatórios de aprendizagem da
Matemática, verificados através das avaliações do Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica IDEB e Prova Brasil, o presente estudo está centrado na ideia de
propor uma reflexão quanto a necessidade de uma mudança atitudinal, em relação
às práticas avaliativas bem como suas implicações no processo ensino e
aprendizagem de Matemática.
Ao propor o jogo como instrumento avaliativo, o professor permite ao aluno
ser avaliado individual e coletivamente, através de observações, interações em
grupo, cumprimento de regras. Durante o desenvolvimento do jogo como
instrumento avaliativo, o educando pode perceber seu êxito, se suas estratégias
foram adequadas para o jogo.
Através desse enfoque, torna-se possível diversificar a rotina de sala de aula,
inserindo o jogo como um recurso, a ser utilizado pelo professor como instrumento
de avaliação da aprendizagem escolar.
Mudanças na proposta do processo avaliativo colocam o professor em alerta,
pois muitas vezes o professor se vê acuado na busca de meios diversificados para
verificar o ensino e aprendizagem, ficando centrada apenas em instrumentos de
avaliação tradicionais.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Avaliação na Matemática
Os modelos tradicionais, utilizados para avaliação ainda presentes nas
escolas e utilizados por professores baseando-se na apresentação de conceitos
prontos, seguidos de exemplos aplicativos e na resolução mecânica de exercícios,
só vem acrescentar mais problemas na qualidade do processo de ensino e
aprendizagem que a matemática enfrenta.
De acordo com Bordeaux (1999, p. 8), “o momento de avaliação do aluno não
deve se restringir à busca da „resposta certa‟ obtida em um exercício escrito ou em
um teste”.
Na prática pedagógica, a avaliação matemática se constitui na memorização
de fórmulas e regras. Consiste em receber respostas padronizadas, ou seja,
reproduzida exatamente como foi ensinado em sala de aula. E assim, o
“aproveitamento” demonstrado pelo educando durante a avaliação, se da por meio
de “nota”, determinando, portanto, o avanço ou não do educando para os anos
seguintes.
Para Cury (2005), ”a avaliação possui objetivos e para que os mesmos sejam
atingidos, são necessários instrumentos que venham concretizá-los”.
Para que haja uma avaliação coerente, além de ser contínua, é preciso que a
mesma seja diversificada, cooperando não só para a construção do saber
matemático, mas levando em consideração o esforço, o interesse e a colaboração
entre os colegas.
JOGOS: instrumento avaliativo na matemática
Desde os primeiros anos de vida, a criança já consegue através de pequenos
movimentos, realizar atividades no ato de brincar, propostos a maioria das vezes
através de jogos. É no jogo e pelo jogo que a criança é capaz de atribuir aos objetos,
significados diferentes e desenvolver a sua capacidade de abstração. Por sua vez, a
função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu
conhecimento e sua compreensão de mundo.
Estudos feitos por Piaget (1896–1980), demostram que as crianças possuem
uma forma particular de pensar e aprender, passando pelo estágio das operações
concretas, período em que a lógica começa a desenvolver-se, partindo do mundo
concreto para abstrações. A criança também passa pelo estágio das operações
formais, período no qual a criança já pode realizar abstrações sem necessitar de
representações concretas e pode, também, imaginar situações nunca observadas ou
vivenciadas por ela.
Ao introduzir jogos e brincadeiras na sala de aula, abre-se um leque de
possibilidades que favorece uma aprendizagem construtiva, em que o aluno
dificilmente fica passivo; ele participa motivado não só pelo ato de brincar, como
também pelos incentivos dos colegas, que socializam os conhecimentos e
descobertas uns com os outros.
[...] os jogos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo conhecimento e, principalmente, despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória. (ANTUNES, 2012, p.38)
O trabalho com jogos matemáticos, em sala de aula, através de um processo
avaliativo, segundo Motokane (2006, p.1) traz alguns benefícios, visto que:
o professor consegue detectar os alunos que estão com dificuldades reais;
o aluno demonstra se o assunto foi bem assimilado;
existe uma competição entre os jogadores e os adversários, pois todos
desejam vencer e por isso aperfeiçoam-se e ultrapassam seus limites;
durante o desenrolar de um jogo, observa-se que o aluno se torna mais
crítico, alerta e confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas
e tirando conclusões, sem necessidade da interferência ou aprovação do
professor;
não existe o medo de errar, pois o erro é considerado um degrau necessário
para se chegar a uma resposta correta;
o aluno se empolga com o clima de uma aula diferente, o que faz com que
aprenda sem perceber.
Partindo dessa abordagem, percebe-se que a utilização dos jogos como um
instrumento avaliativo, propicia ao aluno buscar estratégias que favoreça o seu
desenvolvimento no processo ensino e aprendizagem, pois através do lúdico o
educando estabelece relações entre os conteúdos já assimilados e novos.
Nesse aspecto, há necessidade de usar instrumentos que venham favorecer
a mediação entre o professor, aluno e conhecimento. Um desses instrumentos
utilizado nos dias atuais são os jogos pedagógicos, que conseguem transformar a
sala de aula num ambiente gerador de conhecimentos e facilitador do processo
ensino e aprendizagem.
O Jogo no ensino de Matemática
Ensinar matemática é possibilitar ao indivíduo desenvolver o raciocínio lógico,
desenvolver a criatividade para resolver diferentes tipos de situações problemas.
O ensino da matemática relaciona a evasão dos alunos às grandes
dificuldades que existem no ensino e aprendizagem dos conteúdos da disciplina, por
isso, existe uma necessidade extrema de modificações metodológicas no ato de
ensinar, e neste processo está incluso o ato de avaliar.
Os jogos podem ser utilizados para introduzir, desenvolver conteúdos e fixar
conteúdos já trabalhados. Devem ser escolhidos e preparados com cuidado para
levar o estudante construir determinadas ideias matemáticas, no tratamento de
dificuldades encontradas em conteúdos específicos, bem como na formação de
atitudes pessoais como respeito aos colegas, cooperação, iniciativa e estratégias
para tomadas de decisões.
Para Borin (1998, p. 9), a introdução dos jogos nas aulas de matemática é:
[...] a possibilidade de diminuir os bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. [...] Notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos jogam apresentam um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem.
Segundo Almeida (1997, p 142), “o jogo pode significar para a criança uma
experiência fundamental, de construir respostas por meio de um trabalho que integre
o lúdico, o simbólico e o operatório”.
Através dos jogos o processo avaliativo dar-se-á de forma positiva, pois
diminui o bloqueio que muitos de nossos alunos apresentam durante a avaliação.
Propondo uma avaliação de forma lúdica, não estamos deixando de avaliar, estamos
sim dando oportunidade ao aluno, de demonstrar seu desempenho em relação aos
conteúdos de forma mais “leve”, tirando o fator “medo” ao realizar a avaliação.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
A presente proposta de estudo teve por foco investigar e verificar o uso dos
jogos como um recurso avaliativo do ensino da Matemática. Pretendeu-se analisar
como ocorre o processo avaliativo de diferentes sujeitos, com dificuldades
semelhantes na aprendizagem da Matemática, correlacionados aos jogos e
conteúdos matemáticos. A pesquisa apresenta como problemática: em que medida
uma intervenção avaliativa, via jogos pedagógicos, contribui para uma avaliação
fidedigna do ensino e aprendizagem de conteúdos matemáticos.
A ação foi desenvolvida no Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves com 32
alunos do 6° ano do Ensino Fundamental. Contemplou atividades lúdicas utilizando
os jogos como instrumento de ensino e aprendizagem no processo de Avaliação
Matemática, tomando como referência para análise Números Naturais e suas
Operações Básicas.
O encaminhamento das ações deu-se pelas seguintes estratégias:
Apresentação do projeto à direção e equipe pedagógica – reunião com
Direção e equipe pedagógica do Estabelecimento de Ensino, na qual foi
apresentado o projeto e a implementação, estabelecendo uma relação mútua e
compromisso para o desenvolvimento da pesquisa.
Apresentação aos alunos – aula expositiva para apresentação do projeto e
implementação.
Avaliação Diagnóstica - Como em todo início de ano letivo e se tratando de
um 6° ano, onde a maioria dos alunos são novos no âmbito escolar, fez-se
necessário realizar uma avaliação diagnóstica, para verificar os conhecimentos
prévios desses alunos, obtendo uma análise da aprendizagem, visando ações
pedagógicas de intervenções e revisões. A avaliação aplicada a 32 alunos
apresentou situações matemáticas relacionadas aos Conteúdos Estruturantes:
número, álgebra, geometria, tratamento de informação e objetivos estabelecidos
para cada conteúdo específico.
Aplicabilidade da Matemática no cotidiano – desenvolveu-se com os
alunos atividades direcionadas, simulando situações resgatando a importância da
Matemática, bem como a sua aplicabilidade no cotidiano. Dentro desse enfoque
foram desenvolvidas: produção de texto abordando dados matemáticos,
descrevendo fatos e acontecimentos sobre a sua vida; apresentação de slides,
evidenciando situações diárias, as quais apresentam o uso dos números,
despertando assim, a importância da Matemática em nossas vidas; apresentação de
vídeo “Fazendo contas” (TV Cultura), que retrata a aplicabilidade da matemática em
diferentes situações, sua utilização nos variados ramos de nossa vida e que a
mesma se encontra em todas as partes em que passamos.
Entrevista – realizou-se uma entrevista junta a família dos alunos, visando
verificar no âmbito familiar se a prática do jogo educativo em família atua no
desenvolvimento escolar da criança. Fez parte dessa entrevista questões
relacionadas ao tipo de jogo utilizado, idade em que conheceu ou ganhou o primeiro
jogo, frequência que o utiliza ao brincar, participação familiar no jogo, relação da
aprendizagem matemática com o jogo no desenvolvimento da atenção e
memorização.
Jogos matemáticos – foram propostos diferentes jogos, onde buscou
abordar as operações com Números Naturais, diversificando-os para cada tipo de
operação. Os jogos trabalhados foram: Jogo da memória; Triminó; Encruzilhada
Operacional; Mosaico Matemático; Jogando com o resto; Teia matemática; Baralho
de Operações e Jogos online.
Feedback – relato das atividades desenvolvidas, em relação a pesquisa,
comparando-as ao processo avaliativo, bem como o seu desempenho na avaliação.
4. ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE AÇÃO:
Para dar início ao desenvolvimento do projeto foi realizada uma avaliação
diagnóstica, contendo 15 questões, direcionada a 32 alunos do 6° ano do Ensino
Fundamental, na qual se verificou os conhecimentos que os alunos possuíam em
relação as operações com números naturais.
Dentro desse levantamento, os resultados da avaliação diagnóstica
mostraram que as questões que se encontram abaixo de 15 acertos, estão
relacionadas as operações com números naturais. As dificuldades encontradas
focaram operações com sistema monetário, multiplicação e divisão de números
naturais e resolução de situações problemas. Percebeu-se de modo geral que o
domínio da tabuada e a compreensão do mecanismo da divisão, são elementos que
apresentam maior falha no processo matemático. Ficou clara a dificuldade na
interpretação de problemas, bem como, na compreensão de ideias aditivas e
multiplicativas. No gráfico abaixo é apresentado o desempenho dos alunos na
avaliação diagnóstica.
GRÁFICO 1 – DESEMPENHO DOS ALUNOS DO 6° ANO NA AVALIAÇÃO
DIAGNÓSTICA (2014)
Fonte: Avaliação diagnóstica aplicada a 32 alunos do 6º ano do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves.
Atividades diversas foram realizadas, entre elas: produção de texto com
dados matemáticos, onde o aluno descreveu fatos e acontecimentos que marcaram
a sua vida. Nesse momento percebeu-se que são inúmeros os problemas que cada
0
10
20
30
n°
de
alu
no
s
Resultado de acertos referentes a avaliação diagnóstica
0 5 10 15 20 25 30 35
Possuem Jogo
brincam
Presente
Joga em família
Desenvolve a atenção
Jogo como avaliação
Não
Sim
um apresenta – não saber o ano que nasceu, a idade de seus pais, o número
correspondente a sua casa, endereço, peso, altura, entre outros. Situações que
buscou resgatar, despertando nos alunos a atenção para situações cotidianas que
afetam as nossas atividades diárias e, alertando que a Matemática está presente em
todas os setores de nossas vidas .
Paralelamente foi proposta uma pesquisa sobre o hábito de brincar com jogos
entre as famílias dos alunos. A análise das respostas obtidas, bem como a
discussão dos resultados, foi de suma importância para a participação e
aproximação dos alunos com a proposta didática.
De acordo com os resultados coletados, apresentados no gráfico abaixo,
demonstram a participação da família em coerência aos questionamentos
realizados.
GRÁFICO 2 – DEMONSTRATIVO SOBRE A PRÁTICA DO JOGO EDUCATIVO EM
FAMÍLIA, NO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR DA CRIANÇA.
Fonte: Famílias de 32 alunos do 6º ano do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves - 2014.
Em relação a entrevista feita aos 32 alunos junto a sua família, nota-se que:
62,5% possuem um ou mais jogo e 37,5% não possuem nenhum tipo de jogo
educativo;
12,5% utilizam jogos para brincar e 87,5% não;
18,75% escolheriam como presente um jogo educativo e 81,25% não
escolheriam;
15,63% usam o jogo como atividade recreativa em família e 84,37% não
costumam fazer o uso de jogos em família;
93,75% acreditam que o jogo ajuda no desenvolvimento da atenção e 6,25%
acham que não interfere;
87,5% concordam com o uso de jogos no processo ensino e aprendizagem e
12,5% relatam que não tem como utilizar o jogo como processo avaliativo.
A partir destes dados que auxiliaram para conhecer o perfil do público alvo,
deu-se continuidade as ações da presente pesquisa, propondo o uso de jogos
matemáticos como um instrumento alternativo de avaliação. Procurou-se selecionar
jogos simples e com regras claras, envolvendo as Operações com Números
Naturais.
Para a Adição de Números Naturais, utilizou-se o jogo da Memória, onde
foram trabalhadas operações com reserva e sem reserva. O erro mais presente nas
operações foi o “vai um”, que consiste em acrescentar um determinado valor em
outra sucessiva ordem.
Foram observados em alguns momentos, erros na montagem da operação ao
ordenar unidades, dezenas e centenas. Os processos utilizados pelos alunos para
encontrar resultados são basicamente os de cálculo mental. A importância do
cálculo mental nessa fase reside principalmente em dar sentido às operações e em
prever resultados.
Figura 1– Aplicação do Jogo da Memória Figura 2 – Jogo da Memória M
Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Fonte:Alunos do 6º ano do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves Estadual D. Alberto Gonçalves
Para trabalhar com a Subtração de Números Naturais aplicou-se o jogo do
Triminó. No início houve certa recusa por parte de alguns alunos, devido à timidez e
falta de domínio do conteúdo.
No Triminó, a dificuldade encontrada foi maior, uma vez que no cálculo de
subtrações com reservas, não havia a compreensão em relação ao “empresta um”.
A compreensão dos “empréstimos”, para realização da operação subtração, não se
encontra totalmente compreendido pelos alunos, podendo perceber que de 5 alunos
que se propõem a resolver a subtração, 2 alunos esquece que emprestou.
Percebeu-se também que quando o minuendo apresenta um algarismo de
valor menor do que seu correspondente no subtraendo, o aluno deixa de emprestar,
subtraindo o minuendo do subtraendo, portanto, inverte o valor menor pelo maior e,
consequentemente efetua a operação.
Figura 3 – Aplicação do Jogo
do Triminó Figura 4 – Jogo do Triminó
Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves Estadual D. Alberto Gonçalves
Para trabalhar o processo inverso empregou-se o jogo Encruzilhada
Operacional. Nesse jogo, focaram-se os conceitos inversos entre Adição e
Subtração, proporcionando ao aluno fazer relações entre as operações. Durante o
jogo a maior dificuldade demonstrada pelos alunos foi corresponder a operação
Adição e Subtração como operações inversas, o alunos operam de forma mecânica,
muitas vezes sem relacionar os conceitos trabalhados sobre cada raciocínio
operatório apresentado.
Figura 5 – Aplicação do Jogo Figura 6 – Tela do jogo Encruzilhada
Encruzilhada Operacional Operacional
Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio
Estadual D. Alberto Gonçalves Estadual D. Alberto Gonçalves
Ao trabalhar os três jogos, predominou-se o cálculo mental, mas alguns
dos alunos necessitaram de registros, para visualização do cálculo. Processos
simples no mecanismo de resolução das operações, como por exemplo: o cálculo
errado da operação aumentavam a dificuldade uma vez que, com o resultado errado
o aluno não formava pares e nem avançava no desenvolvimento do jogo; a
montagem errada da operação, em relação a unidade, dezena e centena e o
esquecer que emprestou, deixando de subtrair o valor do minuendo, são os erros
mais comuns apresentados nas operações Adição e Subtração com Números
Naturais.
A operação de multiplicação foi avaliada pelo jogo Mosaico Matemático com
uma abordagem clara, o qual fundamentava operações simples, focando
multiplicações diretas relacionadas a tabuada. Ao propor esse jogo avaliou-se o
processo multiplicativo e o domínio da tabuada. Durante a aplicação do jogo foi
observado que a maior dificuldade dos alunos está na memorização da tabuada.
Figura 7 – Aplicação do Jogo Figura 8 – Jogo Mosaico Mosaico Matemático Matemático
Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio
Estadual D. Alberto Gonçalves Estadual D. Alberto Gonçalves
Com o jogo, Jogando com o Resto, foi avaliado a divisão com números
naturais. A dificuldade apresentada pelos alunos predominou na falta de domínio do
processo multiplicativo. Muitos dos alunos tiveram a necessidade de observar a
tabuada, para só assim, resolverem a operação da divisão.
Figura 9 – Aplicação do Jogo do Resto
Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves
Em relação aos erros, os mais pertinentes se refletem nos erros da tabuada,
consequência da não memorização da mesma e o erro da subtração durante o
cálculo, no qual ocorre domínio do algoritmo, mas há erro de subtração durante o
cálculo.
Para relacionar as operações inversas entre Divisão e Multiplicação, aplicou-
se o jogo Teia Matemática, estabelecendo relações entre as operações inversas; o
domínio de tabuada e domínio do algoritmo da operação. Percebeu-se nesse
momento que ainda não existe o domínio de conceitos formados pelo educando, em
relação às operações inversas.
Figura 11 – Aplicação do Jogo Figura 12 – Jogo teia Matemática Teia Matemática
Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves
Fonte:Alunos do 6º ano do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves
Para aprofundar cálculos referentes às operações com números naturais, a
implementação propôs dois jogos que abordasse todas as operações em um mesmo
jogo. Assim, trabalhou-se o Baralho de operações e o Jogando com Gráficos e
Operações.
Com o Baralho das operações (baseado no jogo do pife), os alunos
relacionaram as operações com os processos operatórios, através do cálculo
mental.
Figura 13 – Jogo Baralho das Operações Figura14 - Baralho das Operações
Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves Estadual D. Alberto Gonçalves
No Jogando com Gráficos e Operações, havia necessidade de fazer leitura
gráfica e efetuar o cálculo operacional. Como processo avaliativo foi notável o
desenvolvimento dos alunos, uma vez que os jogos descritos determinavam a
compreensão as quatro operações e leitura gráfica. Nesse momento a intervenção
da professora foi necessária, para compreender a leitura gráfica do jogo.
Figura 15 – Aplicação do Jogo jogando com Gráficos
Fonte: Alunos do 6º ano do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves
Após aplicação e análise de todos os jogos propostos, com a participação de
31 alunos, o gráfico evidencia claramente que as operações de Subtração e Divisão
são as que apresentam maior porcentagem de não compreensão do sistema
operacional, seguida da Multiplicação e posteriormente a Adição.
GRÁFICO 3 – DEMONSTRATIVO REFERENTE A COMPREENSÃO DO SISTEMA
OPERATÓRIO EM RELAÇÃO AS OPERAÇÕES COM NÚMEROS NATURAIS.
Fonte: 31 alunos do 6° do Colégio Estadual D. Alberto Gonçalves
Partindo da necessidade de usar instrumentos que venham favorecer e
facilitar o processo de ensino e aprendizagem torna-se essencial incorporar novas
metodologias, sejam tradicionais quanto tecnológicas. A utilização de ambiente
informatizado, com fim educativo, pode mudar a forma com que os educandos se
relacionam com a matemática, proporcionando aprendizagem, motivação, reflexão,
discussão e conhecimento.
4% 33%
21%
42%
Percentual referente …
Adição
Subtração
Multiplicação
Dentre os instrumentos alternativos para o processo de avaliação, a referida
pesquisa, propôs trabalhar com jogos online, uma vez que, o uso das TICs, faz parte
do processo de ensino.
Os jogos matemáticos online focaram as operações com Números Naturais,
enfatizando a compreensão do sistema operacional e estão disponíveis na internet,
podendo ser acessado nos endereços referenciados:
Batalha dos números o qual relaciona operações com sinais de Maior
(>) e Menor (<), durante o jogo os alunos efetuaram as operações aditivas sem
muitas dificuldades;
Figura 10: Tela do jogo Batalha dos Números
Disponível em: http:// www.escolagames.com.br/jogos/batalhaNumeros/
o jogo Antecessor e Sucessor, traz cálculos entre operações
Adição/Subtração e sucessor e antecessor. Percebeu-se nesse jogo domínio em
relação as operações, os conceitos de sucessor e antecessor não estavam claros,
sendo assim houve a necessidade de intervenção do professor;
Figura 11: Telas do jogo Antecessor e Sucessor
Disponível em: http://www.escolagames.com.br/jogos/antecessorSucessor/
o jogo Operação Páscoa, trabalha cálculos com adições e subtrações,
abordando a noção de linhas e colunas; no momento do jogo os alunos mostraram
domínio do cálculo mental, mas erros no desenvolvimento da subtração em que se
refere ao “empréstimos” , esquecendo após “emprestar”, subtrair o valor emprestado
no minuendo.
Figura 12: Tela do jogo Operação Páscoa
Disponível em: http://www.escolagames.com.br/jogos/operacaoPascoa/
No jogo da Memória – Multiplicação - notou-se a não memorização da
tabuada, dificultando no desenvolvimento do jogo. Já em relação ao processo
operacional apresentou-se falta de atenção e domínio na operação adição, quanto
ao “vai um”, onde é esquecido de somar;
Figura 13: Tela do jogo da Memória - Multiplicação
Disponível em: http://files.comunidades.net/profjosecarlos/memoriamul.swf
Para a operação Divisão, usou-se o jogo da Memória – Divisão, como
ocorreu na multiplicação, a falta do domínio da tabuada, desencadeou um processo
lento para a resolução da divisão, outro fator evidenciado foi aproximar um número
em determinada tabuada, percebeu-se que há busca apenas em resultados
contidos na tabuada, precisando direcionar a pergunta: “qual está mais perto do
número”.
Figura 14: Tela do jogo da Memória - Divisão
Disponível em: http://files.comunidades.net/profjosecarlos/memoriadiv.swf
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (1998) ressalta a
importância da utilização dos jogos no Ensino da Matemática:
Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo [..]. Propicia a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas imediatas [...]; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros [...], sem deixar marcas negativas. (PCNs, 1998, p. 89).
Quando se desenvolve um trabalho proposto através de jogos, a forma com
que os alunos enxergam a matemática é notável, a imagem de uma Matemática
cansativa e difícil, transforma-se em um momento de socialização, descontração,
compreensão e assimilação.
5. Considerações finais
Instigar a reflexão sobre o processo avaliativo do ensino da matemática é um
desafio enfrentado nas escolas por muitos educadores. Apresentar os jogos como
um instrumento de avaliação do ensino e aprendizagem de matemática, oportuniza a
aplicação de conhecimentos matemáticos de uma forma lúdica.
Percebeu-se que ao trabalhar com jogos, os alunos apresentaram um melhor
envolvimento com a matemática. Além de superarem obstáculos, houve a
necessidade de conhecerem conceitos matemáticos, compreenderem as regras e
reverem novas estratégias, para assim atingir o objetivo do jogo. Durante o jogo, os
alunos mostraram concentração e entusiasmo, esquecendo que se tratava de uma
avaliação, focando no jogo, nos cálculos das operações, buscando, portanto, ganhar
o jogo.
Para Almeida (2003) o jogo é uma ferramenta didática importante porque
promove a aprendizagem, disciplina o trabalho do aluno e incutir-lhe
comportamentos básicos, necessários à formação de sua personalidade.
Durante a utilização do jogo com instrumento avaliativo, o aluno pode analisar
se os conteúdos foram assimilados e, assim sistematizar os conteúdos, numa
aprendizagem significativa, proporcionando uma avaliação prazerosa, descontraída
e motivadora.
Tornar a avaliação algo mais “agradável”, requer oferecer novos instrumentos
avaliativos, que busquem, além de auxiliar na construção do conhecimento,
melhorar o desempenho dos alunos.
Ficou claro diante dos resultados obtidos, que é possível utilizar o jogo como
instrumento avaliativo para o ensino de matemática, na busca incessante por uma
aprendizagem matemática de qualidade. Portanto é fundamental determinar bem as
regras e direcionar o jogo com o conteúdo que se quer avaliar.
6. Referências
ALMEIDA, P.N. Educação lúdica: prazer de estudar técnicas e jogos pedagógicos.
São Paulo: Loyola. 2003.
ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 18. ed.
Petrópolis - RJ: Vozes, 2012.
BORDEAUX, A. L. Matemática: na vida e na escola. São Paulo: Editora do Brasil, 1999. BORIN, Júlia. Jogos e Resoluções de Problemas: Uma estratégia para as aulas de Matemática. São Paulo: IME/USP, 1998.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. CURY, H. N. Aprendizagem em cálculo: uma experiência com a avaliação formativa. Disponível em: <[email protected]>. Acesso em: 19 set. 2014. DANTE, L. R. Avaliação em Matemática. In: Matemática: Contexto e Aplicações. São Paulo: Ática, 1999.
DIDÁTICOS, Jogos. Página do prof. Jose Carlos. Disponível em: <http://profjosecarlos.no.comunidades.net/index> Acesso em: 19 nov. 2013. FAZENDO contas. TV Cultura. 11‟32‟‟. Disponível em: https://www.youtube.com/results?search_query=fazendo+contas&sm=3. Acesso em 28 out 2013.
JOGOS. Escola Games. Disponível em: <http://www.escolagames.com.br/jogos> Acesso em 19 nov. 2013
MOTOKANE, Luciane Vieira de Paiva. Jogos Matemáticos: O jogo fatorando. Disponível em: http://www.sbempaulista.org.br/epem/anais/Comunicacoes_Orais %5Cco0021. doc. Acesso em: 10-10-2013. VASCONCELOS, Celso Dos Santos. Avaliação: concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. 16. ed. São Paulo: Libertad, 2006.