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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” OS ESTÍMULOS SENSORIAIS NAS AULAS DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I VANESSA DE SOUZA BESSA ORIENTADORA MARTA RELVAS Rio de Janeiro 2011

OS ESTÍMULOS SENSORIAIS NAS AULAS DE CIÊNCIAS NO … · À minha professora, Marta ... para que possa utilizá-lo na elaboração de planejamentos e ... através da observação

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

OS ESTÍMULOS SENSORIAIS NAS AULAS DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

VANESSA DE SOUZA BESSA

ORIENTADORA

MARTA RELVAS

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

OS ESTÍMULOS SENSORIAIS NAS AULAS DE

CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Rio de Janeiro

2011

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Neurociência Pedagógica

Por: Vanessa de Souza Bessa.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu filho e minha mãe, que são os maiores

incentivadores e me deram o apoio necessário, nos

momentos mais difíceis.

À minha professora, Marta Relvas, pelo carinho

e incentivo, que tornou o curso tão especial, nos fazendo

rever conceitos pedagógicos e de cunho pessoal.

E agradeço também a Deus, que me deu força

e perseverança, quando eu não acreditava mais em poder

continuar, Ele ajudou-me a trilhar este caminho rumo à

conclusão do curso.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Deus, pois a Ele seja

dada toda Honra e Glória.

A minha família, pois sem ajuda, carinho e

compreensão não poderia ter sido realizado.

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RESUMO

O presente estudo objetivou modificar as aulas de ciências do Ensino

Fundamental I, sob uma abordagem neuropedagógica relacionando-as à

prática de projetos interdisciplinares com as áreas que são ativadas pelo

cérebro através de atividades práticas envolvendo os estímulos sensoriais.

Oferecendo maior embasamento teórico ao corpo docente, para que possa

utilizá-lo na elaboração de planejamentos e projetos escolares. Além disso, a

presente pesquisa sugere que os conteúdos curriculares sejam trabalhados de

forma lúdica e prazerosa, como ferramenta pedagógica, explicando todas as

áreas cerebrais que são estimuladas através dessa prática auxiliando o

professor e o aluno no processo de ensino-aprendizagem, tornando-o mais

significativo, propiciando maior assimilação e contribuindo para uma

transformação no indivíduo como um ser integral em seus aspectos cognitivo,

emocional, social e comportamental.

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METODOLOGIA

A Pesquisa foi realizada em livros relacionados aos estímulos sensoriais

com o processo de aprendizagem e em uma escola de Ensino Fundamental I,

através da observação do cotidiano das crianças em sala de aula.

Pesquisa bibliográfica: RELVAS (2009), ZEMLIN (2002), LENT (2002),

GAZZANIGA (2006).

Pesquisa webgráfica.

Pesquisa de campo: Observação no Instituto Marcos Freitas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

CAPÍTULO 1

ESTÍMULOS SENSORIAIS E O PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM..............................................................................................10

1.1 OS SENTIDOS E SUAS ÁREAS CEREBRAIS NO MOMENTO DA

APRENDIZAGEM..............................................................................................14

CAPÍTULO 2

AULA PRÁTICA: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA..................................18

CAPÍTULO 3

AS ESTRUTURAS DO SISTEMA SENSORIAL...............................................25

3.1 OS RECEPTORES SENSORIAIS...............................................................25

3.1.1 Os Receptores da Sensibilidade Corporal...........................................25

3.1.2 Os Receptores da Audição e do Equilíbrio..........................................26

3.1.3 Os Receptores da Visão.........................................................................27

3.1.4 Os Receptores da Olfação e Gustação.................................................28

3.2 A APRENDIZAGEM E O SISTEMA SENSORIAL.......................................29

CONCLUSÃO....................................................................................................40

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................41

ÍNDICE...............................................................................................................43

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa destina-se a mostrar como tornar as aulas de

ciências no Ensino Fundamental I mais prazerosas, já que muitas vezes são

consideradas chatas ou difíceis por apresentarem muita teoria, impedindo o

entendimento para esta faixa etária de alunos, que ainda demonstram

dificuldade de abstração no momento de assimilar um conteúdo novo.

Ao ser aplicada como ferramenta pedagógica é capaz de contribuir para a

transformação do indivíduo em sua totalidade como um ser intelectual,

emocional e comportamental.

Dessa forma, esta pesquisa objetiva apresentar as atividades sensoriais

como uma alternativa de atividade pedagógica interdisciplinar, aliada aos

conhecimentos neurocientíficos, capaz de aumentar o rendimento escolar dos

estudantes, com dificuldades ou não de aprendizagem, em todas as disciplinas,

tais como: apresentar os estímulos cerebrais que as atividades proporcionam

ao cérebro dentro da visão da Neurociência Pedagógica; definir a sua eficácia

como ferramenta interdisciplinar e verificar que os alunos que aprendem a

resolver problemas e a tomar decisões através das associações e

experimentações, podem transferir esta capacidade para outros domínios,

inclusive modificando as atitudes comportamentais.

Sendo assim, as atividades que aliam estímulos sensoriais à prática

pedagógica de forma interdisciplinar nas disciplinas de ciências (história,

geografia e ciências) juntamente com os conhecimentos da neurociência é uma

excelente ferramenta para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem,

proporcionando também excelentes resultados em crianças com dificuldades

de aprendizagem cognitiva e social.

De acordo com inúmeras pesquisas, através das atividades com

estímulos sensoriais, percebe-se que aumentam as áreas do cérebro que são

ativadas durante a aprendizagem e por isso, torna-se a atividade mais

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completa para a manutenção de uma mente ativa e saudável, tornando o

aprendizado mais eficaz. Por conseguinte, descobriu-se que esses estímulos

propiciam inúmeras possibilidades de associar atividades em um contexto

interdisciplinar.

Diante do exposto, espera-se que a presente pesquisa possa contribuir

,de forma significativa, à instituições de ensino que revejam a prática escolar e

a forma de ministrar as aulas, usando a neurociência como um instrumento

pedagógico que desenvolve o educando em toda a sua totalidade.

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CAPÍTULO 1

ESTÍMULOS SENSORIAIS E O PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM

As aulas no ensino fundamental I tornaram-se verdadeiros desafios

mediante o imediatismo esperado pelos alunos dessa faixa etária, baseada

nessa realidade e exigência existente em sala de aula, o professor vê-se,

constantemente, em busca da melhor maneira para que o aprendizado ocorra

de forma significativa em seus alunos.

Visando a expectativa que muito aflige ao corpo docente, esta

pesquisa tem por objetivo fazê-lo pensar em diferentes estratégias para

desenvolver inteligências e potencialidades das habilidades múltiplas em

nossos estudantes, obtendo o conhecimento de como funciona o cérebro frente

aos estímulos sensoriais associados aos lançamentos e fixações de conteúdos,

em atividades práticas.

Estratégias que facilitam bastante a apreensão de conteúdos em

alunos com dificuldades de aprendizado, utilizando o lúdico como fonte

principal de interesse e envolvimento no momento da aprendizagem.

Estudos em Neurociência apontam que há uma relação indissociável

entre o desenvolvimento cognitivo e afetividade no cérebro. Este é moldável

aos estímulos do ambiente, que levam à formação de novas conexões neurais.

Dessa forma, pode-se definir aprendizagem como o processo pelo qual o

cérebro responde aos estímulos ativando sinapses formando novas conexões,

onde há uma reprogramação química e protéica relacionada ao que se

aprende, ou seja, uma potencialização do cérebro. Os estímulos são

informações que entram pelos sentidos percorrem pelos nervos sensitivos,

formados de neurônios, convergindo as informações para o tálamo. Cuja

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responsabilidade é distribuir as informações para áreas específicas no cérebro

e então serem processadas e assimiladas. Esta estrutura aciona o sistema de

recompensa e o hipocampo, onde serão armazenadas as memórias,

provocando o reconhecimento da informação. Ainda, a amídala cerebral

“conecta” o cérebro emocional e cognitivo, comunicando-se com o tálamo e

com todos os sistemas sensoriais do córtex. Os estímulos sensoriais vindos do

meio ambiente são traduzidos em sinais elétricos ativando um circuito onde as

respostas emocionais se originam.

Para que a aprendizagem seja significativa e eficaz é preciso

despertar no aluno o interesse para novas aprendizagens por meio de

conexões afetivas emocionais do sistema límbico, sendo estas ativadas no

cérebro de recompensa. A aula precisa ser prazerosa, a fim de despertar a

liberação de substâncias naturais conhecidas como serotonina e dopamina,

relacionadas à satisfação, ao prazer e o humor. Da mesma forma, o estresse

na aula provoca a liberação de substâncias como adrenalina e cortisol que

bloqueiam a aprendizagem e alteram a fisiologia do neurônio, interrompendo

as transmissões das informações das sinapses nervosas. O professor precisa

estimular o potencial de inteligência e afetividade no processo de aprender,

instigando seus alunos à dúvida e à curiosidade.

“Todo processo de formação implica alguma aprendizagem,

indicando simplesmente que alguém veio saber algo que não

sabia, como uma informação, um conceito, uma habilidade,

capacidade. Mas não implica que esse “algo novo” que se

aprendeu transformou esse alguém em um novo “alguém”. E

essa é uma característica forte do conceito de formação: uma

aprendizagem só é formativa na medida em que opera

transformações na constituição daquele que aprende. É como

se o conceito de formação indicasse a forma pela qual nossas

aprendizagens e experiências nos constituem como um ser

singular no mundo.” (RELVAS, 2009, p.25)

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De acordo com a afirmação acima podemos perceber que a

aprendizagem ocorre a todo instante, porém só armazenamos o que nos traz

alguma associação com as nossas vivências ou que nos despertem algum

interesse, o mesmo acontece em sala de aula no momento da aprendizagem,

tornando o papel do professor ainda mais desafiador, à medida que em sala ele

deverá buscar uma estratégia que incentive todo o grupo a participar, a fim de

que construa o conhecimento de forma eficaz e seja armazenado na memória.

O que podemos reafirmar com o trecho a seguir:

“Em uma visão neurobiológica da aprendizagem, pode-se dizer

que, quando ocorre a ativação de uma área cortical,

determinada por um estímulo, provoca alterações também em

outras áreas, pois o cérebro não funciona como regiões

isoladas. Isto ocorre em virtude da existência de um grande

número de vias de associações, precisamente organizadas,

atuando nas duas direções. Estas vias podem ser muito curtas,

ligando áreas vizinhas que trafegam de um lado para outro sem

sair da substância cinzenta. Outras podem constituir feixes

longos e trafegam pela substância branca para conectar um

giro a outro de um lobo a outro, dentro do mesmo hemisfério

cerebral. São as conexões infra-hemisféricas. Por último,

existem feixes comissurais que conduzem a atividade de um

hemisfério para outro, sendo o corpo caloso o mais importante

deles.

As associações recíprocas entre as diversas áreas corticais

asseguram a coordenação entre a chegada de impulsos

sensitivos, sua decodificação e associação, até a atividade

motora de resposta. A estas, chamamos de funções nervosas

superiores, desempenhadas pelo córtex cerebral.” (RELVAS,

2009, p.26)

Segundo Marta Relvas, “A aprendizagem é a modificação do

comportamento, como resultado da experiência ou aquisição de novos conhecimentos

acerca dos meios, e a memória é a retenção deste conhecimento por um tempo

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indeterminado.” (RELVAS, 2009, p.36) Então podemos afirmar que a memória é

a aprendizagem de forma significativa, quando não se tem interesse não se

retém a informação e a memória não fica armazenada por um longo período de

tempo, sendo facilmente esquecida. O que pode ocorrer se aula não utilizar

atrativos que envolvam o aluno, como os estímulos sensoriais.

“Já a aprendizagem interneurossensorial funciona na

interligação que é o que interessa aos educadores, pois é nela

que se realizam diversas atividades integradas, a fim de

desenvolver potencialidades, pois nela podem-se trabalhar

simultaneamente vários sistemas visuais, táteis, auditivos,

desencadeando outras possibilidades de reconhecimento das

habilidades que o educador necessita despertar no educando.”

(RELVAS, 2009, p. 63)

Como podemos observar no trecho acima, essas atividades

proporcionam ao professor utilizar diversas habilidades, criando um diferencial

em suas aulas, propiciando o prazer, atingindo o sistema límbico, o sistema de

recompensa. Dessa forma o conteúdo abordado terá maior probabilidade de

ser assimilado.

O papel do professor é estar atento e informado para que assim

possa fazer planejamentos que atendam ás necessidades e à realidade da

turma. Reafirmado nos trechos abaixo:

“A proposta é mediar o funcionamento desses sistemas.

Realizar um planejamento com esse pré-requisitos é uma

forma de atuação saudável, onde Educação e Saúde possam

caminhar lado a lado.

Se o professor tiver conhecimento da modalidade de

aprendizagem do seu estudante, pode-se transformar em um

facilitador do processo de ensino e aprendizagem. Aprender é

preservar o cérebro de uma possível sobrecarga que só

contribuiria para uma desintegração total da aprendizagem.”

(RELVAS, 2009, p. 64)

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1.1 OS SENTIDOS E SUAS ÁREAS CEREBRAIS NO

MOMENTO DA APRENDIZAGEM

No momento da aprendizagem utilizando estímulos sensoriais o

cérebro é acionado em áreas diferentes, responsáveis por cada sentido

aguçado no ato da atividade, vejamos quais são elas e suas funções, de

acordo com RELVAS (2009).

No lobo temporal a parte posterior está relacionada com a recepção

e a decodificação de estímulos auditivos, que atuam de forma coordenada com

o os impulsos visuais, e a parte anterior tem relação com a atividade motora

visceral (olfação e gustação) e com alguns aspectos de comportamentos

instintivos.

É responsável pelos estímulos auditivos, verbais e não-verbais,

percepções auditivas e visuais, memória auditiva, interpretação pictural,

interpretação espaço-temporal, discriminação e sequencialização auditiva, e

integração rítmica.

O lobo parietal está relacionado com a interpretação, à integração de

informações visuais (provenientes do córtex occipital) e á somatossensitivas

primárias, principalmente o tato.

Faz o registro tátil, imagem do corpo (somatogosia), exterognosias,

reconhecimento tátil de formas e objetos, direcionalidade, gnosia digital, leitura,

elaboração grafomotora, imagem espacial, elaboração de práxis,

processamento espacial, integração somatossensorial, autopoagnosia,

discriminação tatilnestésica.

O lobo occipital realiza a integração visual a partir da recepção dos

estímulos que ocorre nas áreas primárias, leva informações para serem

apreciadas e decodificadas nas áreas secundárias e de associação visual.

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Estes centros visuais são conectados por fibras intra-hemisféricas ao córtex do

parietal do mesmo lado, e a outras áreas corticais, tais como ao lobo temporal,

para outras atividades de integração. Além da integração intra-hemisférica, as

áreas parietais direita, esquerda e temporais posteriores são conectadas pelo

corpo caloso, proporcionando a comunicação dos dois hemisférios pelas fibras

comissurais inter-hemisféricas.

Essa região é responsável pela estimulação visual, percepção

visual, sequencialização visual, rotação e perseguição visual, decodificação

visual com participação de outros centros do cérebro, figura fundo,

posicionamento e relação espacial.

Lent (2002), levantou o questionamento se o Mundo Real é diferente

do Mundo Percebido, e para os neurocientistas a resposta é negativa para tal

pergunta. Como podemos observar e esclarecer no seguinte trecho:

“Não há som se não há ninguém que o ouça; não há gosto se

ninguém o provar; não há cores sem que alguém as veja.

Essas respostas, que de certa forma agridem o senso comum,

têm explicação. As coisas do mundo existem

independentemente umas das outras, é claro, e porque existem

possuem atributos físicos e químicos que lhes são próprios.

Assim, a rocha que se desprende da montanha emite vibrações

que se propagam pelos meios materiais circundantes até se

dissiparem a distância. Mas essas vibrações só se

transformaram em som se houver nas proximidades algum ser

vivo dotado de um sistema nervoso com capacidade de senti-

las e percebê-las como tal. Do mesmo modo, sem o sistema

sensorial capaz de perceber com o paladar algumas das

substâncias presentes na fruta, elas só existem como

entidades químicas. Finalmente, a Terra não tem cor se as

radiações de diferentes comprimentos de onda que ela reflete

não puderem ser absorvidas seletivamente pelos neurônios

sensoriais especializados da visão humana.

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Existem, portanto, dois mundos na natureza: o Mundo real e o

Mundo Percebido. Serão iguais o, segundo reflexo do primeiro?

Ou diferentes, um e outro com distintos atributos? Novamente

a resposta que as neurociências trazem a essa questão antiga

surpreenderá o senso comum: o Mundo Percebido é diferente

do Mundo Real.”(Lent, 2002, p. 169)

Isto porque duas pessoas não percebem do mesmo modo uma

música, um filme ou uma paisagem, até mesmo se repeti-los em momentos

diferentes. Primeiro porque as capacidades sensoriais dos neurônios auditivos

são ligeiramente diferentes nos indivíduos, tanto por causa de genomas

diferentes quanto por causa das influências ambientais e experiências vividas

por cada um. Segundo, o mesmo ser passa por vários estados fisiológicos e

psicológicos ao longo de um dia e ao longo da vida, e esses estados são

capazes de modificar as informações, provocando percepções diferentes.

Todos os humanos aprendem por vias sensitivas, são elas:

A sensação que se refere somente à ativação de estruturas

sensoriais. É por essas sensações que o indivíduo passa a perceber o mundo

que o cerca.

A percepção é a tomada da consciência com relação às sensações

em sua progressão. O bom funcionamento da percepção depende do aparato

neurológico individual, se ele é capaz de fazer a conversão, adequada, das

sensações para impulsos elétricos. Com base na percepção que o indivíduo

formará as imagens.

Vale a pena ressaltar a observação feita por Marta Relvas, “Atenção!

As imagens formadas não se restringem apenas ao nível visual; são registros de

percepções oriundas de quaisquer dos órgãos dos sentidos, como, por exemplo, o

ruído de um carro na estrada, o aroma de um perfume...(RELVAS, 2009, p.65)

Outro fragmento que comprova a aprendizagem por meio da

percepção é este:

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“Em psicologia, neurociência e ciências cognitivas, percepção é

a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais,

a partir de histórico de vivências passadas. Através da

percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas

impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio.

Consiste na aquisição, interpretação, seleção e organização

das informações obtidas pelos sentidos. A percepção pode ser

estudada do ponto de vista estritamente biológico ou

fisiológico, envolvendo estímulos elétricos evocados pelos

estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista

psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os

processos mentais, a memória e outros aspectos que podem

influenciar na interpretação dos dados percebidos.”

http://tecmassoterapia11492.blogspot.com/2010/09/o-que-e-

percepcao.html vide figura 1, do anexo 1.

Há ainda, a simbolização, habilidade exclusiva da espécie humana,

que se trata da capacidade de transformar uma experiência de forma verbal ou

não verbal, como nos relatos, descrições, mímicas ou dramatizações.

Melhor exemplificado no fragmento abaixo:

“As simbolizações não verbais verificam-se por meio de símbolos visuais

ou auditivos, em manifestações artísticas, musicais, religiosas e patrióticas. Incluem-se

nesta categoria as capacidades de avaliar e recordar situações, emitindo julgamentos

do tipo: perto – longe – grande – pequeno – alto – baixo – cheio – vazio – depressa –

devagar etc. As simbolizações verbais estão relacionadas às palavras. (RELVAS,

2009, p.66)

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CAPÍTULO 2

AULA PRÁTICA: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA

“Os sentidos representam a tradução das formas de energia incidentes

sobre o organismo para a linguagem do sistema nervoso, permitindo uma percepção

do mundo. Os sistemas sensoriais representam os conjuntos de estruturas neurais

encarregadas desse processo de tradução.” (LENT, 2002, p.173)

Todo o sistema sensorial é composto de neurônios interligados

formando circuitos neurais que processam a informação que chega do

ambiente. O ambiente externo ou interno em relação ao organismo, é portanto,

a origem dos estímulos sensoriais. Estes incidem sobre uma superfície onde se

localizam as células adaptadas para captar a energia incidente – os primeiros

elementos dos sistemas sensoriais, chamados receptores sensoriais.

Segundo Lent (2002), durante a maior parte de nossa existência não

nos damos conta de nosso corpo. Muita coisa acontece minuto a minuto, mas

só as mais significativas são registradas pela consciência, porque geralmente

nossa atenção está voltada para outros aspectos do ambiente, e o nosso corpo

passa desapercebido. No entanto, embora a consciência não se dê conta de

tudo, o sistema nervoso recebe e processa todas as informações do corpo

como um todo. Essas informações são selecionadas, filtradas e encaminhadas

a diferentes regiões neurais, que vão utilizá-las de diversas maneiras. A parte

que atingirá a consciência irá servir para orientar o comportamento e o

raciocínio, podendo ser armazenada na memória para utilização posterior. A

parte inconsciente servirá para coordenar os nossos movimentos, manter a

postura e o equilíbrio corporal, e ajustar o funcionamento dos órgãos e das

vísceras de acordo com as necessidades fisiológicas.

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A neurociência se torna uma grande aliada do professor na medida

em que identifica o educando como ser único, pensante, atuante e que aprende

de maneira única e especial. Desvendando os mistérios que envolvem o

cérebro na hora da aprendizagem, a neurociência disponibiliza ao

educador sólidos conhecimentos sobre como se processam a cognição e sua

relação com a aprendizagem/afetividade. Logo, um vasto campo de preciosas

informações relacionadas ao aluno e ao processo de ensino e aprendizagem é

disponibilizado. Tomar posse desses novos e fascinantes conhecimentos é

imprescindível e de fundamental importância para uma pedagogia moderna,

ativa, contemporânea, que se mostre atuante e voltada às exigências do

aprendizado em nosso mundo globalizado e cada vez mais exigente.

“Temos a responsabilidade de provocar emoção para que a

aprendizagem cognitiva aconteça.” (Marta Relvas em sala de aula –

21/08/2010)

“Faz-se necessário uma pedagogia mais afetiva e menos

assistencialista.” (RELVAS, 2005, p. 100)

“Outro conceito de aprendizagem é uma mudança

relativamente durável do comportamento, de uma forma mais

ou menos sistemática, ou não, adquirida pela experiência, pela

observação e pela prática motivada.

O humano nasce potencialmente inclinado a aprender,

necessitando de estímulos externos e internos (motivação,

necessidade) para o aprendizado. Há aprendizados que podem

ser considerados natos,como o ato de aprender a falar, a

andar, necessitando que ele passe pelo processo de

maturação física, psicológica e social. Na maioria dos casos, a

aprendizagem se dá no meio social e temporal em que o

indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses

fatores e por predisposições genéticas.” (RELVAS, 2009, p.

91)

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De acordo com as afirmações acima, a Neurociência se tornou

indispensável ao trabalho do professor, servindo de embasamento teórico na

rotina docente, através dela podemos observar os nossos alunos desvendando

qual será a melhor estratégia para atendê-lo.

As atividades com estímulos sensoriais são excelentes ferramentas

pedagógicas, pois estimula o cérebro em todos os aspectos: cognitivo,

emocional, social e comportamental.

O processo da aprendizagem ocorre pela motivação. No ambiente

escolar, o interesse é indispensável para que o estudante se aproprie do

conhecimento.

Relvas (2007) descreve o caminho percorrido pelos estímulos (SNC)

no processo de aprendizagem da seguinte forma:

- O córtex cerebral, nas áreas do lobo temporal, recebe, integra

e organiza as percepções auditivas.

- Nas áreas do lobo occipital, o córtex recebe, integra e

organiza as percepções visuais.

As áreas temporais e occipital se ligam às áreas do lobo

frontal, situadas na terceira circunvolução frontal, responsável

pela articulação das palavras. A articulação frontal ascendente

é responsável pela expressão da escrita (grafia).

- A área parietotemporoccipital é responsável pela integração

gnósia, e as áreas pré-frontais, pela integração práxica, desde

que essas funções sejam moduladas pelo afeto e pelas

condições cognitivas de cada um.

Em sala de aula é notória a importância da exploração e contato

com todos os sentidos durante as aulas, para que proporcionem ao cérebro

maior número de sinapses, devido ao estímulo sensorial provocado pelos

mediadores da construção do conhecimento. Sendo assim, as aulas passam a

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ser muito mais interessantes e o desenvolvimento dos alunos é algo

surpreendente.

Para exemplificar mais claramente, para essa pesquisa foram

realizadas atividades com alunos da faixa etária citada, onde observarmos na

pesquisa de campo. Um exemplo simples, mas que surtiu um grande efeito foi

quando estudamos o aparelho digestivo, em uma turma de 4º ano do Ensino

Fundamental I, este conteúdo quando trabalhado da forma tradicional, causa

grande desconforto e preocupação aos alunos, que dizem: ”É muita coisa pra

gravar!”, “Não lembro de nada!” As atividades utilizadas forma as seguintes:

• 1º Momento: Vídeo mostrando o conceito e o funcionamento do

aparelho digestivo. Neste momento, utilizamos os recursos tecnológicos para

aguçar a visão e audição, que já despertou o interesse, porém algo muito

comum, mediante a classe social dos alunos e sua realidade no cotidiano.

• 2º Momento: Os alunos receberam em uma folha ofício uma figura

com o aparelho digestivo em preto e branco, juntamente com massinhas de

modelar de diferentes cores e aromas. A proposta foi a de moldar cada órgão,

com uma cor sugerida pela professora, aplicando-o sobre o papel, durante a

modelagem fomos ressaltando as funções e particularidades de cada um.

Durante esse momento o envolvimento foi total, ficaram eufóricos inicialmente,

mas logo se acostumaram com a novidade, preocupados em aproveitar cada

instante. Trabalhamos o tato ao moldar, o olfato, por ser aromatizada, que ao

mesmo tempo utiliza a gustação, pois tem cheiro de chiclete, a visão e a

audição ao realizar os comandos dados pela professora na execução da tarefa.

• 3º Momento: Criar uma legenda com as cores e nomes dos

órgãos.

• 4º Momento: Realizar as atividades propostas no livro didático.

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Durante essa atividade lúdica, pois nessa idade as massinhas de

modelar já não são usadas com frequência como na educação infantil, a

descrição de cada órgão é internalizada com grande facilidade, aumentando o

número de sinapses neurais, atingindo a ativação de um maior número de

áreas cerebrais, o que não ocorreria se tal aula fosse feita usando como

recursos apenas cadernos e livros, voltando para a parte inicial onde os alunos

reclamavam bastante. Ao final desta atividade eles ficam ávidos pela próxima,

extremamente empolgados e dominando o conteúdo.

Outra experiência bastante importante é a união da aprendizagem

com a afetividade, não que os professores não saibam ou não demonstrem,

mas quando o funcionamento no cérebro e no comportamento dos alunos ao

longo da vida escolar,é algo surpreendente.

Quando unimos, nas atividades curriculares, os estímulos sensoriais

com a afetividade, os resultados são fascinantes. Em uma simples explicação,

o professor deve estar atento para que possa fazer links com experiências

corriqueiras no dia-a-dia do educando, por exemplo, em uma aula sobre o

relevo do município, mostrar locais conhecidos por eles, que de preferência

costumam passar com uma certa frequência, e que por muitas vezes nem se

dão conta, por não ter sido sinalizado.

Após criar a curiosidade dependendo da realidade da escola,

podemos sugerir aula-passeio, onde durante o trajeto, mostre-se as variações

do relevo: planaltos, planícies, morros, depressões, lagoas, e assim por diante.

Atividade muito boa também para trabalhar os pontos turísticos da cidade,

entre outras infinidades de assuntos. Partindo do princípio que a vivência e/ou

experiência alcança resultados ilimitados no que se refere à aprendizagem.

Realizamos outra pesquisa de campo, para ciências sociais, onde

visitamos os Arcos da Lapa, o Palácio Tiradentes, o Pão de Açúcar, com

almoço no restaurante Amarelinho, ponto histórico no centro da cidade, foi um

dia bastante divertido e enriquecedor, durante o percurso ressaltamos as

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formas de relevo, vegetações e falamos sobre as características dos pontos

turísticos que estávamos visitando. Os alunos levaram blocos pra anotar as

observações, mas mesmo aqueles que não levaram, fizeram excelentes aulas

expositivas, num outro momento em sala de aula. O entusiasmo tomou conta

na hora dos relatos do que mais gostaram. Durante essa atividade todos os

sentidos foram ativados.

Durante uma aula de ciências naturais, onde o conteúdo a ser

abordado eram as camadas do planeta Terra, foi usado como recurso bombons

do tipo “serenata do amor”, sem qualquer apologia para a marca, apenas pra

ilustrar a atividade, onde relacionamos: a crosta terrestre à parte de chocolate

preto, ou externa do bombom assim como a parte externa do planeta; o manto

à casquinha de biscoito intermediária no doce e também intermediária no astro;

e por último o núcleo à parte de chocolate brando no interior do bombom,

sendo a parte mais interna do planeta. Vide figura 2, no anexo 1. Cada aluno

ganhou um bombom e o desafio era comer camada por camada, nesse meio

tempo as características de cada uma era exposta pela professora e por slides

com o aparelho de multimídia, nesse momento atingimos o tato ao pegar, a

gustação e olfação, ao comer o bombom, a visão, relacionando a imagem ao

doce e a audição, com a explicação simultânea.

A partir dessas estratégias utilizadas nas aulas de ciências os alunos

começaram a criar outras situações em que os conteúdos pudessem ser

aplicados, demonstrando total interesse e participação. Vale à pena ressaltar

que para tais atividades todo o corpo docente deve estar envolvido e aberto

para a evolução da educação e a introdução da neurociência na rotina escolar,

mediante que levam maior tempo para ser trabalhadas e despendem de

liberdade de ideias entre alunos e professores, fugindo ao padrão tradicional

onde o aluno fica quieto absorvendo o discurso do professor sem interação.

Nos dias de hoje não há mais espaço para esse tipo de aula, mas o

que sai do padrão às vezes assusta e toda equipe deve estar ciente da eficácia

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dessa mudança, cabe ao professor ter domínio para que uma aula participativa

não acabe em desordem e perca o foco de sua atividade.

Para encerrar este capítulo, uma frase que ilustra muito bem a

função do professor e como ministrar as suas aulas, fazendo um link com as

atividades propostas acima.

“A tarefa do professor é mostrar a frutinha. Comê-las

diante dos olhos dos alunos. Provocar a fome, erotizar os

olhos, fazê-los babar de desejo. Acordar a inteligência

adormecida. Aí a cabeça fica grávida, engorda com

ideias. E quando a cabeça engravida não há nada que

segue o corpo.” (Rubem Alves)

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CAPÍTULO 3

AS ESTRUTURAS DO SISTEMA SENSORIAL

A experiência sensorial, além de permitir identificar o tipo de estímulo que

incide sobre nosso corpo, permite também, dentro de certos limites, saber de onde ele

se origina, medir a quantidade de energia que ele encerra e por quanto tempo se

mantém. (LENT, 2002, p.171)

A codificação neural consiste na representação dos parâmetros do

estímulo sensorial por parâmetros de um código digital, como em

computadores. A codificação pode ocorrer na mesma célula receptora, em uma

segunda célula conectada com o receptor através de uma sinapse química, ou

mesmo em um terceiro ou quarto neurônio da cadeia neural.

Geralmente os sistemas sensoriais são constituídos por conjuntos

organizados de receptores, como o ouvido e o olho, outras vezes distribuídos

por uma vasta superfície de captação de estímulos, como a pele. Em

condições normais, raramente um estímulo atinge um único receptor e sim

vários de uma vez.

3.1 OS RECEPTORES SENSORIAIS

Embora os princípios de funcionamento e organização dos receptores

sejam comuns a todos eles, a natureza proporcionou especializações bastante

elaboradas que possibilitaram otimizar a captação da informação específica de cada

tipo de cada energia. (LENT, 2002, p.171)

Neste capítulo vamos conhecer um pouco mais dos receptores

responsáveis pela transmissão das sensações ao organismo através dos

sentidos.

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3.1.1 Os Receptores da Sensibilidade Corporal

A sensibilidade corporal permite a percepção dos estímulos externos

que tocam o corpo, assim como os estímulos internos resultantes da

movimentação e do funcionamento dos órgãos.

A grande característica dos receptores da sensibilidade corporal é a

sua variedade e a sua distribuição no organismo. Alguns deles são simples

terminações livres de fibras nervosas ramificadas. Outros, por sua vez, são

mais complexos, associados a células não neurais e compõem pequenos

órgãos receptores.

3.1.2 Os Receptores da Audição e do Equilíbrio

Os mecanorreceptores da audição e do equilíbrio são células

ciliadas de origem epitelial, capazes de gerar potenciais receptores quando

estimuladas. Estabelecem contato sináptico com fibras nervosas pertencentes

ás células de segunda ordem (verdadeiros neurônios), e são nesses neurônios

que ocorre o mecanismo de codificação neural.

São órgãos receptores complexos e extremamente miniaturizados.

No homem e nos mamíferos superiores, esses órgãos bilateralmente na

cabeça, profundamente embutidos no osso temporal, formando uma estrutura

chamada labirinto ósseo. Dentro dele formam-se câmaras e dutos delimitados

por estruturas celulares membranosas, chamados em conjunto labirinto

membranoso. O interior do labirinto é preenchido por um líquido de composição

iônica característica, que banha os mecanorreceptores e possibilita a sua

operação funcional.

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3.1.3 Os Receptores da Visão

O olho humano é um globo esférico rotatório, posicionado na órbita,

uma cavidade aproximadamente hemisférica, formada por sete ossos,

cranianos. Sua motilidade é possibilitada por seis músculos extrínsecos de tipo

esquelético, muito precisos e rápidos. Os olhos podem se mover em sincronia

em todas as direções (em movimentos conjugados), ou independentemente

para os lados (em movimentos disjuntivos), podem ainda fazer movimentos

rotatórios. A elaborada mobilidade dos olhos permite o acompanhamento de

estímulos que se movem, assim como a rápida fixação de estímulos já

presentes ou que surgem subitamente no campo visual. Permite também a

estabilização do mundo visual percebido, quando o observador se move, e a

manutenção do foco quando observador e objeto se aproximam ou se afastam.

O olho possui lentes capazes de focalizar a imagem de objetos

situados a diferentes distâncias, e possui um filme fotossensível capaz de

representar a imagem. (VIDE FIGURA 4)

As lentes do olho são de natureza protéica, com poucas e

vascularização rarefeita: a mais externa é a córnea, uma calota esférica de

grande poder e convergência, que fica em contato com o ar e é

constantemente umedecida pela secreção lacrimal produzida por glândulas

situadas na mucosa ocular, e espalhada pelas pálpebras a cada piscada. Atrás

da córnea está a câmara anterior, que contém o humor aquoso, que banha o

cristalino. Na frente do cristalino, fica a íris, uma estrutura circular com um

orifício no meio, a pupila. A íris contém pigmento em quantidades variáveis de

acordo com o indivíduo, o que lhe confere a “cor dos olhos”. A pupila é sempre

negra, pois dá a passagem ao interior escuro do olho. A variação de diâmetro

da pupila contribui para a focalização das imagens na retina e para o controle

da intensidade da luz que penetra no olho. (VIDE FIGURA 5) O cristalino

também é transparente, mas não tem poder de convergência tão grande

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quanto à córnea. Entretanto, tem a vantagem sobre ela de mudar de forma sob

comando neural, o que torna variável e controlável o seu poder de

convergência, permitindo a focalização de objetos situados a diferentes

distâncias do observador.( VIDE FIGURA 6 )

3.1.4 Os Receptores da Olfação e Gustação

São muitos os quimiorreceptores e extensamente distribuídos pelo

organismo, os da olfação e gustação desempenham diversos papéis

importantes para a alimentação, a vida sexual e o comportamento social dos

animais, inclusive do homem.

Os quimiorreceptores olfatórios estão localizados em um órgão

especializado, o nariz, que entretanto não desempenha apenas essa função.

São neurônios genuínos de morfologia bipolar, posicionados em meio a células

de natureza epitelial, e cujo único dendrito alcança a superfície interna do nariz

emitindo múltiplos cílios para a cavidade nasal. Os axônios desses neurônios

primários atravessam a mucosa e penetram no crânio através de orifícios da

placa crivosa do osso etmóide. Embora estejam dispersos, e não compactados,

são eles os componentes do nervo olfatório, o primeiro nervo craniano, que

projeta ao bulbo olfatório, uma espécie de gânglio situado na base do cérebro

onde estão localizados os neurônios de segunda ordem do sistema olfatório.

Os cílios dos receptores olfatórios estão imersos em uma camada protetora de

muco, produzido pelas demais células epiteliais da mucosa. No muco se

dissolvemos odorantes, o que ativa os quimiorreceptores na maioria das vezes

liga os receptores moleculares na membrana dos cílios. (VIDE FIGURA 8)

Aceita-se a hipótese de que existem alguns tipos básicos de células

do olfato, cada uma com receptores para um tipo de odor. Os milhares de tipos

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diferentes de cheiros que uma pessoa consegue distinguir resultariam da

integração de impulsos gerados por uns cinqüenta estímulos básicos, no

máximo. A integração desses estímulos seria feita numa região localizada em

áreas laterais do córtex cerebral, que constituem o centro olfativo.

Os quimiorreceptores gustativos estão localizados também em um

órgão específico, a língua, que participa de outras funções, além do paladar,

como a mastigação e a fala. Entretanto, não são exclusivos da língua, pois

ocorrem também no palato, na epiglote e até mesmo nas regiões iniciais do

esôfago. A superfície da língua está coberta de papilas gustativas, cada uma

com dezenas de botões gustativos, estruturas microscopias onde estão

situados os quimiorreceptores do paladar. Cada pessoa tem entre 2.000 e

5.000 botões gustativos. As células receptoras que compõem os botões não

são neurônios: são células de origem epitelial, compactadas com outras de

função coadjuvante. A extremidade das células receptoras fazem sinapses

químicas com botões das fibras nervosas das células de segunda ordem.

As vias de transmissão dos estímulos gustativos ao tronco cerebral e

daí ao córtex cerebral. Os estímulos passam das papilas gustativas na boca ao

tracto solitário, localizado na medula oblonga (bulbo). Em seguida, os estímulos

são transmitidos ao tálamo; do tálamo passam ao córtex gustativo primário e,

subsequentemente, às áreas associativas gustativas circundantes e à região

integrativa comum que é responsável pela integração de todas as sensações.

(VIDE FIGURA 7)

3.2 A APRENDIZAGEM E O SISTEMA SENSORIAL

O processo de aprendizagem se dá a partir da motivação. Esse

processo se dá no interior do indivíduo, porém está ligado às relações de troca

que o mesmo estabelece com o meio ambiente, principalmente seus

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professores e colegas. No ambiente escolar é muito importante para que

aconteça a apropriação do conhecimento.

“O humano somente se realiza com o saber, a aprendizagem.

Esta aprendizagem permite capacitar a mente, respeitando a

individualidade, a maturidade, a parte psicológica e o ambiente

sociocultural de cada um , estimulando, desenvolvendo e

exercitando assim suas habilidades particulares. A mente

humana é uma criação que se afirma no cérebro. Então,

atenção educadores para suas ações pedagógicas, pois são

por meio delas que os cérebros são “moldados” em sua

plasticidade cerebral.” (RELVAS, 2009, p.140)

Segundo a afirmação, a aquisição do conhecimento sofre fortes

influências do meio externo e se consolidam de acordo com as emoções

depositadas nas situações do cotidiano – uma vez que o aprendizado ocorre

constantemente – se estas forem situações de prazer, agradáveis, aumentam

muito a possibilidade da memorização do conteúdo de forma significativa,

assim como cobranças, gritos, palavras duras e ausência de afetividade criam

“bloqueios”, dificultando a aprendizagem.

Por isso a necessidade de se planejar aulas mais dinâmicas e

prazerosas, despertando o envolvimento e interesse do aluno, capaz de gerar o

entendimento no aluno, capaz de usá-los em sua vida, mudando seus hábitos e

atitudes, tornando-se um cidadão crítico, capaz de questionar e avaliar a

postura e os valores adequados, a seguir.

Fazer o aluno perceber que já utiliza os sentidos espontaneamente e

que podemos usá-los com propósitos específicos, para atingir resultados

excelentes.

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CONCLUSÃO

Diante do exposto, percebe-se que as aulas podem e devem ser

mais prazerosas, utilizando diversos recursos para estimular o interesse e

assim ampliar a capacidade de aquisição do conhecimento, proporcionando

maior desenvolvimento e melhor desempenho nesta etapa, com o objetivo de

atingir às necessidades individuais de cada aluno, ao usar diversas habilidades

onde cada um se identifique e se envolva.

Com a neurociência, fica claro que os estímulos sensoriais

transformam as aulas deixando-as dinâmicas, aumentando o raciocínio lógico e

ampliando a capacidade de fazer associações que servem como ferramentas

de memorização, tornando a aprendizagem mais eficaz.

As atividades com estímulos sensoriais, ao serem aplicadas como

ferramenta pedagógica, aliado aos conhecimentos científicos, é capaz de

contribuir para a transformação do indivíduo em sua totalidade como um ser

intelectual, emocional e comportamental. Além disso, contribui para a

diminuição da agressividade e para o aumento do rendimento escolar.

Através da pesquisa, percebe-se que os estímulos sensoriais

estimulam todas as áreas cerebrais. Sendo assim, a pesquisa conclui que de

acordo com a necessidade dos alunos de hoje, não dá para continuarmos com

aulas maçantes sem recursos, atividades com estímulos sensoriais devem

estar presentes nas escolas como ferramenta pedagógica, que muito contribui

para a formação ampla do indivíduo em todos os aspectos: cognitivo, social,

emocional e comportamental.

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ANEXO1

FIGURA 1 FIGURA 2

FIGURA 3

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ANEXO 2

FIGURA 4 FIGURA 5

FIGURA 6 FIGURA 7

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ANEXO 3

FIGURA 8

• http://tecmassoterapia11492.blogspot.com/2010/09/o-que-e-percepcao.html -

Figura:1.

• http://www.google.com.br/imgres?q=serenata+do+amor&hl=pt-

BR&sa=G&gbv=2&tbm=isch&tbnid=g3cLa70aHhMqFM:&imgrefurl=http://figoco

mricota.blogspot.com/2009/04/serenata-de-

amor.html&docid=vbIHwnCNxIYPeM&w=350&h=263&ei=8zE3Ts35OI3EgAf99

MSjAg&zoom=1&biw=1126&bih=613 – Figura: 2

• http://www.google.com.br/imgres?q=sentidos&hl=pt- - Figura: 3.

• http://www.afh.bio.br/sentidos/Sentidos7.asp - Figuras: 4,5,6,7 e 8.

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BIBLIOGRAFIA

GAZZANIGA, Michael S. / IVRY, Richard B. / MANCUN, George R. Neurociência Cognitiva – A Biologia da Mente. 2ª Ed. São Paulo: Artmed, 2006.

GOTTMAN, John, PH.D. com De Claire, Joan. Inteligência Emocional e a

arte de educar nossos filhos. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva.1997.

LENT, Roberto. Cem Bilhões de Neurônios – Conceitos Fundamentais de Neurociência. Rio de Janeiro: Ed. Atheneu, 2002.

MC MINN, R.M.H. / HUTCHINGS, R.T. Atlas colorido de anatomia humana. 2ª Ed.São Paulo: Ed. Manole LTDA. 1990.

RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem. 3º Ed. Rio de Janeiro: WAK, 2009

RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação. 2º Ed. Rio de Janeiro: WAK, 2007

RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Educação. 2º Ed. Rio de Janeiro: WAK, 2005

ZEMLIN, Willard R. Princípios de Anatomia e Fisiologia em

Fonoaudiologia. 4ª Ed. Porto Alegre, 2000.

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WEBGRAFIA

http://tecmassoterapia11492.blogspot.com/2010/09/o-que-e-percepcao.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Percep%C3%A7%C3%A3o; acesso em: domingo, 12 de

setembro de 2010.

http://www.google.com.br/imgres?q=sentidos&hl=pt-

http://www.afh.bio.br/sentidos/Sentidos7.asp

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS..........................................................................................3

DEDICATÓRIA....................................................................................................4

RESUMO.............................................................................................................5

METODOLOGIA .................................................................................................6

SUMÁRIO............................................................................................................7

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

CAPÍTULO 1

ESTÍMULOS SENSORIAIS E O PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM..............................................................................................10

1.1 OS SENTIDOS E SUAS ÁREAS CEREBRAIS NO MOMENTO DA

APRENDIZAGEM..............................................................................................14

CAPÍTULO 2

AULA PRÁTICA: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA..................................18

CAPÍTULO 3

AS ESTRUTURAS DO SISTEMA SENSORIAL...............................................25

3.1 OS RECEPTORES SENSORIAIS...............................................................25

3.1.1 Os Receptores da Sensibilidade Corporal...........................................25

3.1.2 Os Receptores da Audição e do Equilíbrio..........................................26

3.1.3 Os Receptores da Visão.........................................................................27

3.1.4 Os Receptores da Olfação e Gustação.................................................28

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3.2 A APRENDIZAGEM E O SISTEMA SENSORIAL.......................................29

CONCLUSÃO....................................................................................................30

ANEXO 1...........................................................................................................32

ANEXO 2...........................................................................................................33

ANEXO 3...........................................................................................................34

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................35

WEBGRAFIA.....................................................................................................36

ÍNDICE...............................................................................................................37