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Coleção Estudos Carapinha, Ludmila Calado, Vasco Lavado, Elsa Dias, Lúcia Ribeiro, Carla Consumos, atitudes e legislação

Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

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Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas DependênciasAvenida da República n.º 61, do 1º ao 3º e do 7º ao 9º | 1050 - 189 LisboaT. 211 119 000 | www.sicad.pt

Coleção Estudos

Carapinha, LudmilaCalado, Vasco

Lavado, ElsaDias, Lúcia

Ribeiro, Carla

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Consumos, atitudes e legislação

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SERVIÇO DE INTERVENÇÃO NOS COMPORTAMENTOS ADITIVOS E NAS DEPENDÊNCIAS

Os Jovens, o Álcool e a Lei

Consumos, atitudes e legislação

Ludmila Carapinha, Vasco Calado, Elsa Lavado, Lúcia Dias, Carla Ribeiro

Divisão de Estatística e Investigação Direção de Serviços de Monitorização e Informação

2014

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Ficha Técnica

Título: Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação.

Autor:

Carapinha, Ludmila; Calado, Vasco; Lavado, Elsa; Dias, Lúcia; Ribeiro, Carla; Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD): Direção de Serviços de Monitorização e Informação/Divisão de Estatística e Investigação

Editor: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD)

Morada: Av. da República, nº 61, 1050-189 Lisboa

Edição: 2015

ISBN: 978-972-9345-95-1

CDU:

Depósito Legal:

Tiragem: 500 exemplares

Execução Gráfica: Filipa Cunha

Esta informação está disponível no sítio web do Serviço de Intervenção nos Comportamentos e nas Dependências, http://www.sicad.pt.

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À memória de José Luís Costa.

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Agradecimentos

A todos os jovens que prontamente aceitaram colaborar neste trabalho, disponibilizando o seu tempo e a sua experiência. Na realidade, muitos projetaram-se para além do momento das entrevistas e questionários, manifestando um interesse genuíno em ter acesso aos respetivos resultados.

Agradecemos a Ana Cláudia Miguel, Ana Mira, Ana Vieira da Silva, Bruno Enes, Fátima Silva, Isabel Rodrigues, Nuno Varges, Paula Leite e Pedro Valente, que puseram ao serviço deste trabalho o seu saber local e a sua própria rede de relações, nomeadamente os contactos de algumas pessoas que vieram a ser entrevistadas.

Ao Luís Vasconcelos, pela apreciação crítica de todo o trabalho.

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Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

Sumário Executivo

O presente estudo é parte integrante de um Programa de Estudos sobre a Aplicação do Regime de Disponibilização, Venda e Consumo de Bebidas Alcoólicas em Locais Públicos e Locais Abertos ao Público que visa concretizar o definido em sede preambular e o instituído no artigo 12º do Decreto-Lei nº50/2013, de 16 de abril, isto é, «a avaliação dos padrões de consumo de álcool, por jovens em geral e por adolescentes em especial».

Tem como principal objetivo a caracterização de padrões de consumo de bebidas alcoólicas em jovens, com o enquadramento da alteração legislativa mencionada. Como tal, procura disponibilizar alguns indicadores relativos às alterações ocorridas nestes padrões de consumo no período posterior à aprovação da lei, segundo a perceção dos participantes no estudo. Adicionalmente, de forma a contribuir para uma leitura mais compreensiva destes, inclui informação sobre fatores que se constituem como mediadores da produção de resultados, designadamente a aplicação da lei e os conhecimentos/atitudes dos jovens face a esta.

O estudo, de tipo misto, inclui uma componente quantitativa (pesquisa por inquérito através de questionário de autopreenchimento) e uma componente qualitativa (através de entrevistas semiestruturadas), reunindo, a primeira, informação quanto a 1 501 jovens e, a segunda, relativamente a 25. Ambas foram aplicadas em maio de 2014, isto é, um ano após a publicação da alteração legislativa, nas cinco capitais das NUT II.

A partir da integração da informação relativa a ambas as componentes, é possível afirmar que o consumo de bebidas alcoólicas é bastante evidente entre os jovens que participaram neste estudo, sendo, nos últimos 12 meses (maio/2013 a maio/2014), mais comum e frequente à medida que a idade avança, sobretudo a partir dos 16 anos à data da inquirição (ou seja, 15 a 16 anos, no período a que reporta a informação sobre o consumo), mas com prevalências muito relevantes entre os jovens de 10-15 anos, isto é, em idades em que não é legalmente permitida a disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos ou abertos ao público. É de notar como a prevalência e a frequência da ingestão de bebidas alcoólicas (independentemente de serem ou não espirituosas) e de consumos nocivos (beber até ficar «alegre», «binge» e embriaguez severa) sofre um aumento particularmente expressivo na transição entre os 10-15 e os 16/17 anos, período de referência para a permissão de disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas não espirituosas em locais públicos.

Este consumo, nomeadamente no que diz respeito a práticas mais nocivas, está bastante presente tanto na esfera familiar como no grupo de pares, esferas com um elevado potencial de influência nas ideias e comportamentos ao longo do desenvolvimento. Como refere praticamente metade dos jovens, «o álcool está na moda».

As bebidas mais consumidas nos últimos 12 meses são a cerveja e as bebidas espirituosas, sendo a primeira ingerida com maior regularidade e a segunda por um maior número de jovens. A frequência mais comum de ingestão destas bebidas consiste em 1 a 3 vezes por mês, o que provavelmente coincide com a frequência de eventos sociais com outros jovens, uma vez que a ingestão de bebidas alcoólicas é assumida por estes como parte integrante destes eventos e potenciadora da diversão.

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Com efeito, no último ano, os locais mais frequentes de aquisição de bebidas alcoólicas são contextos de convivialidade (bares, discotecas, cafés), sendo a ingestão de cerveja mais transversal a vários contextos, enquanto a de vinho parece estar mais associada a jantares e a de bebidas espirituosas a saídas à noite.

O início do consumo de bebidas alcoólicas tende a ser precoce e abaixo da idade mínima legal, sobretudo entre os 13 e os 15 anos, sendo assumido pelos jovens como uma experiência natural, isto é, expectável para um jovem. Contudo, esta é amiúde caracterizada como desagradável, sendo necessária alguma persistência no consumo para a aquisição do gosto. Com efeito, a noção de que a relação com as bebidas alcoólicas se constitui como um processo de aprendizagem está muito presente no discurso dos jovens entrevistados, designadamente no que diz respeito à ingestão de bebidas com o objetivo de ficar «alegre» mas sem ficar «embriagado» ou, mais grave ainda, «em coma alcoólico». Tanto a «embriaguez» como o «coma alcoólico» são considerados como efeitos indesejados, não só pela experiência desagradável, mas também por prejudicarem a diversão.

Deste modo, destaca-se a perceção de que são os jovens mais novos e inexperientes que mais experienciam estes estados mais avançados de nocividade na ingestão de bebidas alcoólicas. Com efeito, na componente quantitativa verifica-se como a frequência de consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com maior frequência e dos que mais frequentemente efetuam consumo «binge» e de ingestão de bebidas alcoólicas até ficarem «alegres», os jovens consumidores de 19-24 anos são os que menos se embriagam de forma severa.

No que diz respeito a problemas associados ao consumo de bebidas alcoólicas, é de destacar como, no último ano, um quarto dos jovens assistiu a amigos a entrarem em coma alcoólico e 10% experienciaram eles próprios esta situação no último ano. Neste plano, salientamos algumas preocupações, como a de não ser comum entrar em contacto com os pais quando os menores estão intoxicados e a de não ser também uma prática comum o recurso a um serviço de urgência em situação de coma alcoólico. Em segundo lugar, considerando os jovens com carta de condução, é de destacar a referência à condução embriagado. Esta está em dissonância com as convicções reveladas pelos jovens quanto aos riscos da condução sob o efeito de álcool.

Cruzando a informação obtida a partir das duas componentes relativas às perceções dos jovens sobre a nocividade do álcool, será de colocar a hipótese de que estes tendem a considerar que em geral o álcool é nocivo mas sobretudo para as grávidas, crianças e jovens mais novos e inexperientes do que eles próprios. Coerentemente com esta desvalorização da nocividade para os próprios, os motivos de saúde constam entre os menos mencionados para a diminuição da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas.

Passado um ano da alteração legislativa, os dados recolhidos constituem-se como um primeiro indicador de que, neste período, não ocorreu uma diminuição expressiva do consumo de bebidas alcoólicas e padrões de consumo nocivos em jovens. Assim, a apreciação dos participantes no estudo que tomaram bebidas alcoólicas no último ano, quanto à evolução da frequência do seu consumo em comparação com o ano anterior à alteração legislativa, é sobretudo no sentido da manutenção da frequência do mesmo, seja relativamente à ingestão de bebidas alcoólicas (independentemente de serem ou não espirituosas) como relativamente aos consumos nocivos. A este respeito é de destacar que, de forma coerente com a evolução anteriormente apontada quanto à prevalência e frequência da ingestão de bebidas alcoólicas e de consumos nocivos na transição entre os 10-15 e os 16-17 anos, verifica-se que são também os jovens inquiridos destas idades que tomaram bebidas alcoólicas no último ano que referem em maior medida um aumento da frequência de consumo por comparação com o ano anterior.

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No que diz respeito aos efeitos da legislação, este resultado deve, contudo, ser ponderado à luz de algumas informações obtidas acerca da aplicação desta, bem como acerca do posicionamento dos jovens face à mesma.

Assim, verificamos como, apesar de os jovens serem tendencialmente favoráveis a medidas restritivas no que diz respeito à idade mínima legal para o acesso a bebidas alcoólicas, de uma forma geral são desconhecedores da legislação vigente, colocam a responsabilidade da sua aplicação nos estabelecimentos comerciais, não se sentem pessoalmente mobilizados no seu cumprimento e consideram pouco provável sofrerem consequências mediante o seu incumprimento.

Por outro lado, segundo a sua perceção, no período após a alteração legislativa não se observam diferenças na facilidade de aquisição de bebidas alcoólicas, sendo este acesso fácil e generalizado, independentemente do estabelecimento comercial. Com efeito, metade dos jovens inquiridos referiu já ter sido submetido a práticas de controlo por parte dos estabelecimentos comerciais para a venda de bebidas alcoólicas. São, por sua vez, os adolescentes de 16 anos que mais referem um aumento da facilidade de acesso e os de 16/17 anos que mais apontam terem experienciado práticas de controlo. Adicionalmente, os jovens adotam mecanismos para contornar as barreiras no acesso a esta aquisição, obtendo as bebidas em locais onde sabem que o controlo é menor, em casa, ou pedindo a amigos mais velhos para o fazerem.

Estes resultados permitem sugerir, por um lado, como a dissuasão do consumo de bebidas alcoólicas deve considerar o seu caráter fortemente enraizado nas práticas sociais do grupo de pares, o relevo que assume na promoção da diversão e, por outro, que constrangimentos na aplicação efetiva da legislação produzida podem comprometer os resultados que esta se propõe alcançar. Por último, um fator de particular relevância a identificar prende-se com o espaço de tempo decorrido após a alteração legislativa, reduzido para a produção mais generalizada de efeitos nos comportamentos dos jovens.

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Executive Summary

Young People, Alcohol and the Law. Uses, attitudes and legislation

This study is part of a Program of Studies On the Application of the Provision, Sale and Use System of Alcohol Drinks in Public Places and Places Open to the Public aimed at enacting the provisions of the preamble and the established in Article 12 of Decree-Law 50/2013, of April the 16th, namely “the evaluation of alcohol use patterns by young people in general and teenagers in particular”.

Its main goal is to characterize young people alcohol use patterns within the framework of the above mentioned legislative change. As such, and according to the opinion of the participants in the study, it aims to make available some indicators related to changes in those use patterns in the period after the publication of the law. In addition, and as a contribution for a more comprehensive reading, it includes information on factors that become mediators of the results production, namely law enforcement and knowledge/attitudes of young people towards it.

Of mixed type, the study includes both a quantitative component (survey by self-administered questionnaire) and a qualitative one (semi-structured interviews). The first gathers information from 1.501 youngsters, the second from 25. Fieldwork was conducted in May 2014 in five capitals of Mainland Portugal (NUTS II – «Nomenclature of Territorial Units for Statistics»), a year after the publication of the Decree-Law.

From the integrated information of the two components, it is possible to say that the use of alcoholic drinks is quite evident amongst the young participants in the study, being, between May 2013 and May 2014, more commonly and frequently as age increases, especially from the age of 16, but with very relevant prevalence between the 10-15 years old, namely in ages from which provision, sale and use, in public or open to public places, are not legally permitted. It is noted that, whether or not spirits, prevalence, frequency and harmful use (drink up to be “happy”, “binge” and severe intoxication) suffer a particularly significant increase in the transition between the 10-15 and 16-17 years old, reference period for the permission of provision, sale and use in public or open to public places.

This kind of use, in particular as regards the most harmful practices, is present both in familiar and peer group spheres, domains with great potential to influence ideas and behaviors over development. As almost half of the respondents say, “alcohol is fashionable”.

The drinks most frequently used in the last 12 months are beer – more regularly – and spirits – for more people. 1 to 3 times per month is the most common use frequency of these drinks, which likely matches the social events frequency with others, once alcoholic drink use is seen as part of these events and enhancing the fun.

As a matter of fact and during last year, the most frequent places for drinks acquisition are conviviality contexts (bars, clubs, coffee houses), being beer the most cross-cut use in these contexts. Wine is more associated with dinners, and spirits with evenings out.

The beginning of use of alcoholic drinks tends to be early – it occurs especially between 13 and 15 years old –, below the minimum legal age and that is regarded as a natural and therefore expected experience. Often said as unpleasant, the experience must be persistently reiterated in order to get the taste of it. Indeed, the notion that alcoholic drinks use is a learning process is firmly present in interviewed young people speeches, namely with respect to alcoholic drinks use

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in order to get “happy” without being drunk. All levels of severe intoxication are considered undesirable, not only because they constitute unpleasant experiences but also because they jeopardize fun.

Thus, it is to note the perception that the younger and more inexperienced are those who are subject to deeper stages of alcoholic drinks noxiousness. In fact, quantitative data shows that the frequency of harmful uses is superior in recent users with 16-17 years old, whilst users between 19-24 years old are those who drink more often and do it “binge” way until they feel “happy”, without being more severely drunk.

As regards the problems associated with alcoholic drinks use, it is to note that, in the last 12 months, a quarter of the young watch friends entering into an alcoholic coma. In the previous year, 10% experienced themselves this condition. There are some concerns as not being usual to call parents when children are intoxicated or not going to an emergency service in alcoholic coma situations. Finally, and taking into account young with driving license, it is to note the reference to drunk driving. This reference is at odds with the beliefs revealed about risks of driving under the influence of alcohol.

Crossing data from both components, qualitative and quantitative, on the youngsters perceptions on alcohol noxiousness, we have to consider the hypothesis that they tend to consider in general that alcohol is harmful mainly for pregnant, children and the more inexperienced and younger. Coherently with this harmful devaluation, health motives are among the less mentioned concerning alcoholic drinks use decrease.

A year after the legislative change, data collected is the first indicator that, during this period, a significant decrease of alcoholic drink use and harmful use patterns did not occur. Thus, with regard to the frequency of use evolution in the year before legislative change, the assessment of participants who used alcoholic beverages in the previous year is towards its maintenance, be it drink (whether or not spirits) or harmful uses. In this respect, on the use and harmful use prevalence and frequency in the transition between 10-15 and 16-17 years old and coherently with the reported evolution, it is noted that youngsters that used alcohol last year, report to a greater extend an increased use frequency, compared with the previous year.

With regard to the effects of legislation, this result should be considered on the light of some considerations on its implementation, and on the position of young people on the same legislation.

Thus, we see how, even though young people tend to be in favor of restrictive measures on the minimum legal age for access to alcohol, as a rule, they are unaware of the current legislation, placing the responsibility of its implementation in shops, and not feeling mobilized for its compliance and considering unlikely to suffer consequences for the non-compliance.

On the other hand, according to their perception and regardless of premises, there are no differences in the ease acquisition of alcoholic beverages in the period after legislative amendment. Indeed, half of young people surveyed reported already having undergone control practices by establishments. In turn, teenagers aged 16 report an increase on the ease of access and those aged 16/17 experienced control practices. In addition, young people adopting mechanisms to overcome barriers of access, get drinks in places where they know the control is lower, at home, or asking older friends to get it.

These results allow to suggest, how dissuasion of alcoholic beverages use should consider the deeply rooted character in social practices of the peer group, the importance of the promotion of fun and, moreover, the constraints on the implementation of the law that may compromise the results it intends to achieve. Finally, a factor of particular relevance to identify concerns the amount of time after the legislative amendment, reduced to the most widespread production effects in the behavior of young people.

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Índice

 

Introdução ...................................................................................................................................... 1 

Metodologia ................................................................................................................................... 3 

Consumos, atitudes e legislação abordagem quantitativa .................................................. 7

PARA REFLETIR .................................................................................................................... 68 

Consumos, atitudes e legislação abordagem qualitativa ................................................... 71 

PARA REFLETIR .................................................................................................................. 110 

Consumos, atitudes e legislação integração de abordagens ......................................... 113 

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 131 

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Índice de Figuras

Fig. 1 – Sexo: em geral e por idade/grupo etário (%), 2014 10 Fig. 2- Residência por NUT II (%), 2014 11Fig. 3 – Experiências de Consumo: jovens globalmente Em geral, por tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo nocivo (%), 2014 13 Fig. 4 – Experiências de Consumo: jovens de 10-15 anos Em geral, por tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo nocivo (%), 2014 13 Fig. 5 - Experiências de Consumo: jovens de 16 anos Em geral, por tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo nocivo (%), 2014 14 Fig. 6 – Experiências de Consumo: jovens de 17 anos Em geral, por tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo nocivo (%), 2014 15 Fig. 7 – Experiências de Consumo: jovens de 18 anos Em geral, por tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo nocivo (%), 2014 16 Fig. 8 – Experiências de Consumo: jovens de 19-24 anos Em geral, por tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo nocivo (%), 2014 17 Fig. 9 – Idades de início: jovens globalmente Em geral e por tipo de bebida alcoólica (%), 2014 18 Fig. 10 – Idades de início: jovens de 10-15 anos Por tipo de bebida alcoólica (%), 2014 19Fig. 11 – Idades de início: jovens de 16-18 anos Por tipo de bebida alcoólica (%), 2014 19Fig. 12 – Idades de início: jovens de 19-24 anos Por tipo de bebida alcoólica (%), 2014 20Fig. 13 – Frequências de consumo nos últimos 12 meses: consumidores recentes globalmente Por tipo de bebida e padrão de consumo (%), 2014 21 Fig. 14 – Frequências de consumo nos últimos 12 meses: consumidores recentes de 10-15 anos Por tipo de bebida e padrão de consumo (%), 2014 22 Fig. 15 – Frequências de consumo nos últimos 12 meses: consumidores recentes de 16 anos Por tipo de bebida e padrão de consumo (%), 2014 23 Fig. 16– Frequências de consumo nos últimos 12 meses: consumidores recentes de 17 anos Por tipo de bebida e padrão de consumo (%), 2014 24 Fig. 17 – Frequências de consumo nos últimos 12 meses: consumidores recentes de 18 anos Por tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo (%), 2014 25 Fig. 18 – Frequências de consumo nos últimos 12 meses: consumidores recentes de 19-24 anos Por tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo (%), 2014 25 Fig. 19 - Consumo de álcool e outras drogas na mesma ocasiãoTotal de inquiridos e consumidores recentes (%), 2014 26 Fig. 20 - Ocorrência de problemas associado ao consumo*, nos Últimos 12 Meses Total de inquiridos e por idade/grupo etário (%), 2014 27 Fig. 21 - Ocorrência de problemas associados ao consumo, nos Últimos 12 Meses Total de inquiridos e consumidores recentes, por tipo de problema (%), 2014 28 Fig. 22 – Quantidade de amigos que tomam bebidas alcoólicas, bebem em excesso ou se embriagamTotal de inquiridos e consumidores recentes (%), 2014 29 Fig. 23 – Quantidade de familiares com quem convivem que tomam bebidas alcoólicas, bebem em excesso ou se embriagam: total de inquiridos e consumidores recentes (%), 2014 30 Fig. 24 – Irmãos que tomam bebidas alcoólicas, bebem em excesso ou se embriagamTotal de inquiridos (%), 2014 30

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Fig. 25 – Atitudes face ao consumo de álcool: total de inquiridos (%), 2014 31 Fig. 26 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por tipo de bebida alcoólica: jovens globalmente e consumidores recentes (%), 2014 35 Fig. 27 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por padrão de consumo: jovens globalmente e consumidores recentes (%), 2014 36 Fig. 28 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por tipo de bebida alcoólica: jovens globalmente e consumidores recentes, de 10-15 anos (%), 2014 37 Fig. 29 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por padrão de consumo: jovens globalmente e consumidores recentes, de 10-15 anos (%), 2014 37 Fig. 30 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por tipo de bebida alcoólica: jovens globalmente e consumidores recentes, de 16 anos (%), 2014 38 Fig. 31 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por padrão de consumo: jovens globalmente e consumidores recentes de 16 anos (%), 2014 39 Fig. 32 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por tipo de bebida alcoólica: jovens globalmente e consumidores recentes de 17 anos (%), 2014 39 Fig. 33 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013), por padrão de consumo: jovens globalmente e consumidores recentes com 17 anos (%), 2014 40 Fig. 34 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por tipo de bebida alcoólica: jovens globalmente e consumidores recentes de 18 anos (%), 2014 41 Fig. 35 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por padrão de consumo: jovens globalmente e consumidores recentes com 18 anos (%), 2014 41 Fig. 36 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por tipo de bebida alcoólica: jovens globalmente e consumidores recentes de 19-24 anos (%), 2014 42 Fig. 37 – Alterações na frequência de consumo recente (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Por padrão de consumo: jovens globalmente e consumidores recentes de 19-24 anos (%), 2014 42 Fig. 38 – Alterações na frequência de problemas associados ao consumo de bebidas alcoólicas (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) - Por tipo de problema: consumidores recentes (%), 2014 45 Fig. 39 – Alterações na frequência do problema assistir a amigos a entrarem em coma alcoólico (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013): consumidores recentes globalmente e por idade/grupo etário (%), 2014 46 Fig. 40 - Locais mais frequentes de aquisição de bebidas alcoólicas:Jovens globalmente e consumidores recentes (%), 2014 48 Fig. 41 - Locais mais frequentes de aquisição de bebidas alcoólicas:Total de inquiridos e consumidores recentes de 10-15 anos (%), 2014 49 Fig. 42 – Locais mais frequentes de aquisição de bebidas alcoólicas:Total de inquiridos e consumidores recentes de 16 anos (%), 2014 49

Fig. 43 - Recusa de venda ou confiscação de bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses, por locais mais frequentes - Total de inquiridos e consumidores recentes (%), 2014 50

Fig. 44 - Recusa de venda ou confiscação de bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses Total de inquiridos e consumidores recentes, globalmente e por idade/grupo etário (%), 2014 51Fig. 45 – Inquirição sobre a idade para vender bebidas alcoólicas, por locais mais frequentes Total de inquiridos e consumidores recentes (%), 2014 51Fig. 46 – Inquirição sobre a idade para vender bebidas alcoólicas Total de inquiridos e consumidores recentes, globalmente e por idade/grupo etário (%), 2014 52Fig. 47 – Solicitação de cartão de identificação para vender bebidas alcoólicas, por locais mais frequentes Total de inquiridos e consumidores recentes (%), 2014 53Fig. 48 – Solicitação de cartão de identificação para vender bebidas alcoólicas Total de inquiridos e consumidores recentes, globalmente e por idade/grupo etário (%), 2014 53Fig. 49 – Alterações na dificuldade de aquisição de cerveja (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Total de inquiridos e por idade/grupo etário (%), 2014 54 Fig. 50 – Alterações na dificuldade de aquisição de vinho (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013) Total de inquiridos e por idade/grupo etário (%), 2014 54 Fig. 51 – Alterações na dificuldade de aquisição de bebidas espirituosas (03/2013-03/2014 vs 03/2012-03/2013):Total de inquiridos e por idade/grupo etário (%), 2014 55

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Fig. 52 - Pessoas/entidades contactadas em caso de embriaguez/Intoxicação alcoólica nos últimos 12 meses Total de inquiridos com embriaguez nos últimos 12 meses, menores de 18 anos ou com 18 anos ou mais (%), 2014 55Fig. 53 – Conhecimento da lei sobre disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas: ocorrência de alteração legislativa nos últimos 2 anos: Total de inquiridos e consumidores recentes, globalmente e por grupo etário (%), 2014 57

Fig. 54 - Conhecimento da lei sobre disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas: permissão de venda de bebidas alcoólicas nos postos de abastecimento de combustível fora das localidades e na autoestrada: jovens globalmente e por grupos etários (%), 2014 58 Fig. 55 – Conhecimento da lei sobre disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas: horário específico em que é proibida a venda de bebidas alcoólicas: jovens globalmente e por grupos etários (%), 2014 59Fig. 56 – Conhecimento da lei sobre disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas: idade a partir da qual é permitido consumir/comprar cerveja, vinho ou bebidas espirituosas em locais públicos:jovens globalmente (%) 60Fig. 57 – Conhecimento da lei sobre disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas: idade a partir da qual é permitido consumir/comprar cerveja, vinho ou bebidas espirituosas em locais públicos - jovens de 10-15 anos (%), 2014 61Fig. 58 – Conhecimento da lei sobre disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas: idade a partir da qual é permitido consumir/comprar cerveja, vinho ou bebidas espirituosas em locais públicos - jovens de 16-18 anos (%), 2014 61Fig. 59 - Conhecimento da lei sobre disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas: idade a partir da qual é permitido comprar / consumir cerveja, vinho ou bebidas espirituosas em locais públicos - jovens de 19-24 anos (%), 2014 62

Fig. 60 - Atitudes face à disponibilização, venda e consumo de álcool: jovens globalmente (%), 2014 63

Fig. 61 - Atitudes face à disponibilização, venda e consumo de álcool: jovens de 10-15 anos (%), 2014 64Fig. 62 – Atitudes face à disponibilização, venda e consumo de álcool: jovens de 16-18 anos (%), 2014 64 Fig. 63 – Atitudes face à disponibilização, venda e consumo de álcool: inquiridos com 19-24 anos (%), 2014 65

Fig. 64 - Probabilidade de sofrer consequências por incumprimento da lei do Álcool, por interlocutor(vendedor/comprador) - Total de inquiridos e por grupos etários (%), 2014 66 Fig. 65 – Probabilidade de sofrer consequências por incumprimento da lei do Álcool, por interlocutor(vendedor/comprador) - Consumidores recentes e por grupo etário (%), 2014 67

Índice de Tabelas

Tab. 1- Jovens inquiridos em função do seu estatuto legal quanto ao Decreto-Lei nº50/2013 9 Tab. 2 – Distribuição dos inquiridos por Grupos etários (Nº e %) 10

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Introdução

O presente trabalho é parte integrante do Programa de Estudos sobre a Aplicação do Regime de Disponibilização, Venda e Consumo de Bebidas Alcoólicas em Locais Públicos e Locais Abertos ao Público, que visa concretizar o definido em sede preambular e o instituído no artigo 12º do Decreto-Lei nº50/2013, de 16 de abril, isto é, «a avaliação dos padrões de consumo de álcool, por jovens em geral e por adolescentes em especial».

Tendo em consideração este enquadramento, o principal objetivo do estudo consiste em recolher informação que permita caracterizar o consumo de bebidas alcoólicas dos jovens portugueses de diferentes idades, a forma como se posicionam perante estas bebidas e a legislação que regula a sua venda e consumo. Decorrido um ano da aplicação de uma alteração legislativa que prevê a restrição do acesso a bebidas alcoólicas, procurou-se também recolher informação sobre o acesso dos jovens a estas, bem como sobre a sua perceção quanto a alterações neste acesso e nos seus consumos no ano após a aprovação desta medida.

Deste modo, as duas principais componentes analisadas serão, por um lado, o consumo de bebidas alcoólicas e, por outro, a lei. Na primeira será apresentada informação quanto à experiência e frequência do consumo, as atitudes e representações dos jovens face a este, a medida em que está presente no seu contexto social e quais os principais problemas que os jovens identificam no decurso da ingestão de bebidas alcoólicas. Neste quadro, serão descritas as alterações percebidas pelos jovens quanto ao consumo de bebidas alcoólicas e problemas associados, após a publicação da nova legislação. Na segunda, será apresentada informação quanto à aplicação da lei a partir da perspetiva dos jovens participantes no estudo, bem como quanto ao nível de conhecimento, as suas expetativas e atitudes face a esta.

Esta informação será por sua vez apresentada segundo cada uma das abordagens complementares que compõem o estudo, quantitativa e qualitativa, efetuando-se em seguida uma análise global a partir da interceção da informação obtida por ambas.

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Metodologia

De forma a efetuar uma caracterização abrangente quanto ao número de jovens a que diz respeito e, simultaneamente, aprofundada dos temas já mencionados, optou-se por desenvolver um estudo de tipo misto, englobando as abordagens quantitativa e qualitativa. Assim, se por um lado a primeira abordagem permite precisar a dimensão/extensão de fenómenos, a segunda proporciona uma melhor compreensão de significados e processos.

A opção pela inclusão de uma vertente qualitativa prende-se com o propósito de contribuir para uma melhor compreensão da realidade que os números explanam. Decorrente da sua natureza, a informação obtida permite sobretudo identificar hipóteses e levantar novas questões, e não tanto responder de forma taxativa a perguntas pré-definidas. Mais do que uma descrição objetiva da realidade, o trabalho qualitativo assenta num esforço de interpretação e compreensão da realidade vivida pelos jovens e adolescentes portugueses no que ao álcool e à lei diz respeito. A relevância desta abordagem explica-se pela necessidade de entender os discursos dos jovens consumidores de álcool nos seus próprios termos. Nesse sentido, com recurso a citações dos próprios, procurar-se-á ao longo de todo o texto dar voz aos atores sociais, privilegiando a multivocalidade.

A recolha de dados referente a ambas as abordagens concretizou-se em maio de 2014 nas cinco capitais das NUT II (Porto, Coimbra, Lisboa, Évora e Faro), junto de jovens com idades compreendidas entre os 10 e os 24 anos.

A abordagem quantitativa consistiu num estudo transversal, de pesquisa por inquérito, através de um questionário de autopreenchimento. Este foi aplicado a 1 051 jovens, segundo uma amostragem por conveniência, tendo em consideração os critérios da residência, idade e sexo dos jovens.

Deste modo, a amostra é constituída por iguais proporções de jovens de cada capital de NUT II, o mesmo sucedendo quanto ao sexo. Por sua vez, tendo em consideração a pertinência de determinadas idades/grupos etários em função das idades mínimas legais quanto à disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos, foram inquiridos jovens de forma a estarem devidamente representados as seguintes idades/grupos etários em cada capital: 10-15 anos, 16 anos, 17 anos, 18 anos e 19 a 24 anos.

A aplicação do inquérito no terreno foi realizada por dois inquiridores contratados por capital de NUT II. Estes receberam (in) formação sobre o estudo em concreto e sobre o método de apresentação e aplicação do questionário de autopreenchimento, tendo esta aplicação sido acompanhada pelos investigadores.

O contacto com os potenciais participantes foi realizado em espaços públicos, procurando-se, em cada capital, diversificar as zonas e os horários em que este sucedeu, de forma a diversificar as características da amostra. No âmbito deste contacto, os jovens foram informados do objetivo principal do estudo, da entidade promotora do mesmo, do caráter voluntário, anónimo e confidencial da sua participação e da futura publicação do relatório. Uma vez

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entregue o questionário, os jovens preencheram-no isoladamente, tendo, contudo, a possibilidade de colocar dúvidas sobre as perguntas ao inquiridor.

Os questionários preenchidos foram sujeitos a leitura ótica e convertidos e trabalhados em base de dados SPSS 22.0 no SICAD.

Por sua vez, no âmbito da abordagem qualitativa foram realizadas 25 entrevistas semiestruturadas a jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 24 anos, residentes nas cinco capitais mencionadas.

Os entrevistados foram selecionados, essencialmente, em função da disponibilidade e da ocasião, privilegiando, contudo, a maior diversidade possível de perfis sociodemográficos e de relação com o álcool1. Daqui resultou uma amostra de conveniência, muito diversa mas sem representatividade nacional ou regional. Nesse sentido, os jovens entrevistados devem ser entendidos, não como representativos, mas como representantes da realidade maior da juventude portuguesa.

A amostra é composta por 5 jovens de cada cidade, equilibrada no que ao sexo diz respeito2. Para garantir a mesma distribuição no que toca à idade, realizou-se em cada cidade uma entrevista (cinco no total) por cada um dos seguintes grupos etários: menores de 16 anos; 16-18 anos; 18-20 anos; 20-24 anos. Finalmente, para não enviesar o estudo e garantir também o ponto de vista daqueles que não tomam bebidas alcoólicas, ou o fazem muito esporadicamente, garantiu-se que uma entrevista por cidade fosse com jovens com mais de 18 anos não consumidores: abstinentes ou desistentes do consumo de álcool3.

Como referido anteriormente, as entrevistas decorreram em maio de 2014 nos mais diversos locais4, garantindo sempre o anonimato e a confidencialidade. Os autores conduziram as entrevistas de acordo com o mesmo guião pré-definido, que elencava tópicos a abordar, mas não definia perguntas específicas ou as ordenava segundo uma qualquer ordem. Tendo sido gravadas com a autorização dos entrevistados, as entrevistas foram depois transcritas e, por fim, analisadas em conteúdo.

A opção pela entrevista semiestruturada explica-se pela intenção de apreender os significados dos jovens e adolescentes, nomeadamente em relação ao álcool e à legislação conexa. Apesar de se ter seguido um guião previamente preparado, procurou-se agir de acordo com os princípios da entrevista etnográfica, isto é, um tipo de entrevista o mais próximo possível do registo das conversas da vida social quotidiana, procurando evitar um modelo de entrevista mais coloquial e forçosamente mais artificial (Devillard et al., 2012). Tal postura procurou desinibir os entrevistados e evitar transparecer juízos de valor ou que sentissem que estavam a ser julgados.

Foi feito um esforço no sentido de adotar uma «atitude de vigilância», para usar a expressão proposta por Maria Isabel Rubio (2006). Tal consiste em evitar ativamente impor pontos de vista ou posições pré-definidas, ou qualquer outra forma de condicionar as respostas, o que foi feito procurando não interromper o discurso dos informantes, não dirigindo as respostas ou impondo perguntas, por exemplo. Neste sentido, procurou-se que as perguntas não fossem respondidas a partir das categorias do entrevistador, valorizando a maior aproximação possível aos pontos de vista dos entrevistados (Kvale, 2006).

1 Procurou-se que o padrão de consumo de álcool dos entrevistados fosse o mais variado possível, pelo que a amostra é constituída por jovens que vão do não-consumidor ao consumidor intensivo, do desistente ao consumidor que está a iniciar o consumo de álcool, do muito ocasional ao consumidor muito frequente. 2 13 entrevistados são do sexo feminino, 12 entrevistados são do sexo masculino. 3 Uma crítica que é feita, por vezes, a estudos deste tipo é que tendem a ignorar o ponto de vista e as posições dos jovens que não bebem álcool ou o fazem de forma muito casual, tomando a parte pelo todo, o que se tentou evitar. 4 As entrevistas decorreram maioritariamente na rua ou em casa própria, mas também em espaços públicos como esplanadas, jardins e cafés, por exemplo. Procurou-se, naturalmente, algum recato, de maneira a que os entrevistados se sentissem à vontade para responder de forma honesta e espontânea. Umas entrevistas foram combinadas com antecedência, outras foram acordadas e concedidas no momento.

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A opção por não seguir um guião de entrevista fechado e rígido permitiu conceder uma maior liberdade aos entrevistados, com vista a iluminar as questões que considerassem mais relevantes para si. Face aos objetivos do presente trabalho, era importante que a perspetiva dos entrevistados fosse expressa nos seus próprios termos, que não são necessariamente os mesmos dos entrevistadores. Só assim é possível apreender e questionar o sentido que os sujeitos atribuem ao real (Mendes, 2003).

A principal limitação deste estudo prende-se com a não representatividade da informação produzida para os jovens em geral, válida, assim, para a amostra de jovens caracterizados.

Por outro lado, o seu potencial contributo quanto à aferição de alterações nos padrões de consumo de bebidas alcoólicas dos jovens portugueses deverá ser ponderado à luz da consideração de que o período de um ano é, usualmente, um espaço de tempo curto para a ocorrência de mudanças expressivas em comportamentos a nível populacional.

A este nível, importa ainda ter em conta que o presente estudo permite apenas identificar perceções dos jovens inquiridos quanto a estas alterações, perceções estas que se baseiam num julgamento retrospetivo por parte dos jovens que seguramente apresenta algumas dificuldades.

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Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

   

Consumos, atitudes e legislação abordagem quantitativa 

 Ludmila Carapinha, Elsa lavado, Vasco Calado, Lúcia Dias

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CARACTERIZAÇÃO DOS JOVENS INQUIRIDOS

Um ano após a publicação do Decreto-Lei nº50/2013, de 16 de abril, perante o desafio de realizar um estudo que ilustrasse os padrões de consumo5 de bebidas alcoólicas dos jovens portugueses, desde logo surgiu a preocupação de reunir uma amostra diversificada de jovens segundo os parâmetros da idade e sexo nas 5 capitais das NUTII. Neste trabalho, foram inquiridos por questionário de autopreenchimento 1 051 jovens, entre os 10 e os 24 anos.

1. Idade

Tendo em conta a alteração legislativa quanto às idades mínimas para disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos ou abertos ao público6, seguimos a orientação de estruturar a aplicação do inquérito de forma a representar devidamente idades e grupos etários específicos. A pertinência destes em função dos quadros legais atual e anterior, no que concerne à idade mínima legal, pode ser resumida como consta na Tabela 1:

Tab. 1 - Jovens inquiridos em função do seu estatuto legal quanto ao Decreto-Lei nº50/2013

Idade à data da inquirição

até março de 2013: quadro legal anterior Permissão de adquirir/consumir bebidas alcoólicas em geral a partir dos 16 anos

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jovens de 16 anos

Sem permissão de aquisição/consumo de bebidas alcoólicas (idade dos jovens: 15 anos ou menos)

Sem permissão de aquisição/consumo de bebidas alcoólicas (idade dos jovens nos12 meses anteriores à data de inquirição: 15 a 16 anos)

jovens de 17 anos

Com permissão de aquisição/consumo de qualquer bebida alcoólica a partir dos 16 anos (idade dos jovens: 16 anos ou menos)

Com permissão de aquisição/consumo de bebidas alcoólicas, com exceção para as espirituosas (idade dos jovens nos12 meses anteriores à data de inquirição: 16 a 17 anos)

jovens de 18 anos

Com permissão de aquisição/consumo de qualquer bebida alcoólica a partir dos 16 anos (idades dos jovens:17 anos ou menos)

Com permissão de aquisição/consumo de bebidas alcoólicas, com exceção para as espirituosas (idade dos jovens nos 12 meses anteriores à data de inquirição: 17 a 18 anos)

jovens de 19-24 anos

Com permissão de aquisição/consumo de qualquer bebida alcoólica a partir dos 16 anos (idade dos jovens: 23 anos ou menos)

Com permissão de aquisição/consumo de qualquer bebida alcoólica (idade dos jovens nos 12 meses anteriores à data de inquirição: 18 a 24 anos)

Fonte: Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências: DMI/DEI

Os jovens de 16 anos e de 18 anos à data da inquirição encontram-se ainda numa situação particular. Assim, à data da inquirição, os de 16 anos já podem consumir/ adquirir bebidas não espirituosas; 1 ano antes, com 15 anos, não podiam. Isso significa que, no seu caso, os 12 meses anteriores incluem um período com permissão e outro sem ela. De forma semelhante, os jovens de 18 anos, à data da inquirição já podem consumir/adquirir bebidas espirituosas; 1 ano antes, com 17 anos, não. Tal significa que no seu caso, os 12 meses anteriores incluem um período com permissão e outro sem ela.

5 Usamos o termo «consumo» no seu significado cursivo. 6 De forma a simplificar a apresentação dos resultados utilizaremos por vezes a expressão «aquisição/consumo de bebidas alcoólicas» para designar a disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos ou abertos ao público.

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(n=1051)

Dependências

T II (%), 2014

s Dependências: D

eto. Em seg%) e o grup

Centro21,1

Algarve19,5

s

DMI/DEI

uida, destacpo com o e

N

ca-se o grupensino secun

Norte20,0

po de ndário

Page 30: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

12

Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E PROBLEMAS ASSOCIADOS

Com o intuito de caracterizar o consumo de bebidas alcoólicas dos jovens, procurámos recolher informação de forma a responder a um conjunto de questões que nos pareceram essenciais, como «O que bebem?», «Como bebem?», «Qual é a sua trajetória de consumo?», «Em que medida estão rodeados por pessoas que bebem?» ou «Quais são as suas opiniões sobre o consumo de bebidas alcoólicas?». Paralelamente, procurámos conhecer que problemas reconhecem a curto prazo, no decurso da ingestão de bebidas alcoólicas.

Tendo em conta a alteração legislativa relativamente à idade mínima legal para aquisição/consumo de bebidas alcoólicas, analisamos por sua vez esta informação por idade/grupo etário, procurando deste modo identificar diferenças em padrões de consumo e problemas associados, consoante esta permissão.

1. Experiência de consumo

Nesta secção, pretende-se analisar a experiência de consumo de bebidas alcoólicas7 dosjovens inquiridos, por tipo de bebida alcoólica (cerveja, vinho, bebidas espirituosas e alcopops) e tendo em conta determinados padrões de consumo de bebidas alcoólicas particularmente nocivos: consumo «binge» (ingestão de 5 ou mais (se for mulher) ou 6 ou mais (se for homem) copos de uma qualquer bebida alcoólica na mesma ocasião), beber até ficar «alegre» e beber até ficar embriagado (caracterizado no instrumento de recolha de dados como «cambalear, dificuldade em falar, vomitar e/ou não recordar o que aconteceu depois»).

Para uma melhor compreensão das experiências de consumo, estipularam-se 3 categorias organizadoras que permitem reconhecer o contacto dos jovens com as bebidas alcoólicas, a sua persistência/desistência do consumo e a medida em que este é recente:

Consumidores recentes – consumidores nos últimos 12 meses (o que inclui os últimos 30 dias) Consumidores desistentes – consumidores alguma vez na vida, mas não nos últimos 12 meses Abstinentes – nunca consumiram

Neste quadro, a experiência de consumo alguma vez na vida compreende o consumo recente e o consumo desistente. A informação obtida será apresentada para o conjunto dos jovens inquiridos e no âmbito de cada idade/grupo etário em estudo.

1.1. Jovens inquiridos globalmente

83% dos jovens já tomaram bebidas alcoólicas alguma vez na sua vida, sendo que 70% são consumidores recentes. O tipo de bebida experimentado por um maior número de jovens é a cerveja, seguida das bebidas espirituosas, do vinho e dos alcopops. No que diz respeito a consumo recente, as bebidas espirituosas são o tipo de bebida mais consumida (60% dos jovens), muito próxima, contudo, da cerveja (59% dos jovens), sendo o vinho a bebida menos consumida neste período (46%).

Aproximadamente metade dos jovens declarou já ter bebido pelo menos uma vez na vida até ficar «alegre» (59%), o mesmo sucedendo relativamente ao consumo de forma «binge» (54%) e à ingestão de bebidas alcoólicas até ficar embriagado (45%). Apesar de se tratar de padrões de consumo mais intensivos e nocivos, a prevalência de desistentes é inferior a 10% para cada um, pelo que aproximadamente metade bebeu até ficar «alegre» ou de forma «binge» e um terço embriagou-se no último ano (Figura 3).

7 A experiência de consumo de bebidas alcoólicas em geral é obtida pela experiência de consumo de cerveja, vinho, bebidas espirituosas e/ou alcopops.

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1313

Os Jo

Serviç

1

Nconsubebidespirit

4vinho

Pum cdeste«aleg

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Em g

Fonte: S

.2. Jovens d

Neste grupoumir/adquirirdas alcoólictuosas, vinho

44% beberamo é a bebidaPraticamenteconsumo dee tipo de cogres», 18% fize

Em g

Fonte: Serv

0%

20%

40%

60%

80%

100%

c(n

0%

20%

40%

60%

80%

100%

c(n

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

Fig. 3–geral, por tipo

erviço de Intervenç

de 10-15 an

de jovens, ar bebidas alcas pelo me

o e, em últimom no último

em que há me um terço d

tipo «binge»onsumos é reram consum

Fig. 4–geral, por tipo

viço de Intervenção

23,233,2

17,5

21,0

59,345,8

cervejan=1039)

vinho(n=1013)

45,657,1

18,4

23,3

36,0

19,6

cervejan=423)

vinho(n=413)

umos, atitudes

portamentos A

– Experiênciasde bebida alc

ção nos Comporta

os

aos quais nãcoólicas emnos uma veo lugar, alcoano, sobretu

mais desistendestes jovens» e 18% já feduzida, pe

mo «binge» e

Experiências de bebida alc

o nos Comportame

27,639,5

12,8

10,5

59,650,0

espirit.(n=1038)

alcopo(n=993

abstinente

56,5 59,6

14,5 11,8

29,0 28,6

espirit.(n=421)

alcopo(n=406

abstinente

s e legislação

Aditivos e nas D

de Consumo:coólica e padr

amentos Aditivos e

ão é permitilocais públi

ez na vida, pops. udo cervejantes e que m refere já ter

ficaram embelo que no ú

16% ficaram

de Consumo:coólica e padr

entos Aditivos e na

17

13

0

69

ops3)

ÁLC(n=1

e desisten

37

8

18

643

ops6)

ÁLC(n=

e desisten

Dependências

jovens globalrão de consum

nas Dependências

ido, no atuaicos/abertossobretudo c

a, seguida denos jovens r bebido até

briagados. Aúltimo ano,

m embriagado

jovens de 10-1rão de consum

s Dependências: D

7,3

3,1

9,6

COOL1051)

"(

nte recent

7,7

8,5

3,8

COOL427)

"(

nte recent

s

mente mo nocivo (%),

s: DMI/DEI

al quadro legao público,

cerveja, segu

as espirituosatomaram ne

é ficar «alegrpercentage

22% já bebeos (Figura 4).

15 anos mo nocivo (%),

DMI/DEI

45,7 41,4

9,47,9

44,9 50,6

"BINGE"n=1032)

"ALEGRE"(n=1035)

e

76,0 71,7

5,76,2

18,3 22,1

"BINGE"(n=420)

"ALEGRE"(n=420)

e

, 2014

gal e no an, 62% já tomuida das be

as e alcopoeste período.re», 24% já tivem de desiseram até fic

, 2014

54,7

9,5

35,8

")EMBRIAG.(n=1012)

82,1

2,4

15,5

" EMBRIAG.(n=414)

nterior, maram ebidas

ops. O

veramtentes carem

Page 32: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

14

1

Àexcetno qu

9espirit

8cervenotardobro

7bebeinferioquadbebidembrpreva5).

1

Àbebid

Nalcoósegui

Oespiritbebid

7tivera

.3. Jovens d

À data da inqto espirituosauadro legal a6% destes jotuosas, vinho

80% consumieja, alcopopr que globalo entre os 10

72% já tiveraeram até ficor a 15% e m

dro do consudo até ficar «riaguez, estaalências de c

Em g

Fonte: Serv

.4. Jovens d

À data da idas alcoólica

Neste grupo,ólica é semedas da cerve

O consumo rtuosas, segudas um pouc

75% dos joveam consumo

0%

20%

40%

60%

80%

100%

c(n

de 16 anos

quirição, os jas. Contudo,atual, nem noovens já expo e alcopopsiram no últims e vinho. Estmente e po

0-15 e os 16 aam pelo mearem «alegrmais baixa qmo recente,«alegre» (59%a percentagconsumo rec

Fig. 5geral, por tipo

viço de Intervenção

de 17 anos

nquirição e as com exce

, a experiênelhante à deja, alcopop

recente é midas da cerv

co superior. A

ns de 17 anoo «binge» e 5

8,922,1

22,2

29,8

68,9

48,1

cervejan=135)

vinho(n=131)

Serviço de Int

ovens de 16 nos 12 meseo anterior).

perimentaram.mo ano, preta bebida der tipo de be

anos. nos uma vees» e 56% já

quanto à práé de referir q

%) e/ou ter begem é de cente aumen

5- Experiênciasde bebida alc

o nos Comportame

no ano anção das esp

ncia de conos jovens in

ps e vinho.

mais comum veja, sendo aApenas num s

os inquiridos59% já ficara

13,2

29,916,9

13,4

69,956,7

espirit.(n=136)

alcopo(n=127

abstinente

Os Jovens, o

tervenção nos

6 anos podiaes anteriores

m bebidas a

edominantemestaca-se noebida alcoól

ez na vida uá se embriaática de beque mais deebido de for42%. També

ntam para o

s de Consumocoólica e padr

entos Aditivos e na

terior era pirituosas.

nsumo ao lonquiridos de

nestes jovenagora a difesegundo pla

declaram jáam embriag

3

4

16

79

ops7)

ÁLC(n=

e desisten

o Álcool e a Le

s Comportame

m já consums, tal situação

lcoólicas, so

mente bebidvamente peica, o consu

um padrão garam. A pber até ficametade dos

rma «binge»ém no âmb

o dobro entre

o: jovens de 16rão de consum

s Dependências: D

ermitido a e

ongo da vid16 anos, so

ns (88%), corença perce

ano são referi

á ter bebidogados. No úl

3,6

6,8

9,6

COOL137)

"(

nte recent

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

mir/adquirir bo não lhes er

bretudo cerv

das espirituolo número de

umo recente

de consumoercentagem

ar «alegre» (9s jovens de 1(57%) no últim

bito do cone os 10-15 e

anos mo nocivo (%),

DMI/DEI

estes jovens

da de uma obretudo be

m destaqueentual entre eidos os alcop

até ficaremtimo ano, 66

27,9 31,9

14,7 8,8

57,4 59,3

"BINGE"(n=136)

"ALEGRE"(n=135)

e

atitudes e legi

e nas Depend

bebidas alcoóra permitida

rveja, seguid

osas, seguidae desistentes

e aumenta p

o «binge», 6m de desisten9%). Como t6 anos declamo ano. Quansumo nocivos 16 anos (

, 2014

consumir/a

qualquer bbidas espirit

e para as beestes dois tippops e o vinh

m «alegres», 66% beberam

44,0

14,2

41,8

" EMBRIAG.(n=134)

islação

dências

ólicas, (nem

a das

as da s. É de

para o

68% jántes é tal, no ara ter anto à vo, as Figura

dquirir

bebida uosas,

ebidas pos de ho.

69% jám pelo

Page 33: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

1515

Os Jo

Serviç

menoumaevolu

1

Àbebidespirit

Asemeseguiinquir

Oessenconsusegui

Tarecenverificda pr7).

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

os uma vez avez uma p

ução no sent

Em g

Fonte: Serv

.5. Jovens d

À data da recda alcoólicatuosas.

A experiênciaelhante à dodas da cervridos mais jov

O consumo ncialmente aumo recentedas da cerve

anto no quente, os dadcado na anárevalência d

0%

20%

40%

60%

80%

100%

c(n

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

até ficarem rática «bingido do aume

Fig. 6geral, por tipo

viço de Intervenção

de 18 anos

colha de daa. Contudo,

a de consumos jovens deveja, vinho evens.

recente (84ao decréscime aumentou)eja, vinho e a

e diz respeitoos referente

álise de idade consumo a

10,524,0

16,6

20,2

72,9

55,8

cervejan=133)

vinho(n=129)

umos, atitudes

portamentos A

«alegres», tae» e quase

ento da ocor

6– Experiênciade bebida alc

o nos Comportame

dos, os jovenno ano ant

mo de bebid16 e 17 ano

e alcopops, d

4%) é um mo do consum), tomando oalcopops.

à experiênces a este grdes/grupos eao longo da

10,621,5

11,4

8,5

78,070,0

espirit.(n=132)

alcopo(n=130

abstinente

s e legislação

Aditivos e nas D

ambém mais metade (4rrência desta

s de Consumocoólica e padr

entos Aditivos e na

ns de 18 anoterior não o

das alcoólicaos, correspondiferindo de

pouco infermo recente os jovens de

cia de consurupo de jovtários progrevida e recen

38

0

87

ops0)

ÁLC(n=

e desisten

Dependências

s de metade46%) ficaramas práticas no

o: jovens de 17rão de consum

s Dependências: D

os podiam ado podiam fa

as ao longo dndendo sobr

esta forma da

rior ao dos de alcopop

esta idade so

umo ao longvens reforçaessivamente nte de padrõ

3,68,8

7,6

COOL137)

"(

nte recent

s

e refere já tem embriagad

o último ano

7 anos mo nocivo (%),

DMI/DEI

dquirir/consuzer relativam

da vida temretudo a bea ordem de

jovens de s (para as reobretudo be

o da vida, cm a tendênsuperiores, is

ões de consu

30,6 25,0

11,29,1

58,265,9

"BINGE"(n=134)

"ALEGRE"(n=132)

e

er tido pelo mdos. Mantém (Figura 6).

, 2014

umir uma quamente às be

m uma prevaebidas espirite prevalência

17 anos, destantes bebebidas espirit

como no conncia que sesto é, de aumumo nocivo (

41,4

12,5

46,1

" EMBRIAG.(n=128)

menos m-se a

alquer ebidas

lência uosas, as dos

devido idas o uosas,

nsumo e tem mento Figura

Page 34: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

16

1

Equalq

Vsemede be

Pque setárioconsu

7consumaio

Em g

Fonte: Serv

.6. Jovens d

ste grupo dequer bebida

Verifica-se qelhante à dosebida alcoól

Por outro ladse reflete nao, as bebidaumo recente

78% dos joveumo de tipores prevalên

0%

20%

40%

60%

80%

100%

c(n

Fig. 7geral, por tipo

viço de Intervenção

de 19-24 an

e jovens repralcoólica, in

ue a expers jovens a paica dos jove

o, o consum experiência

as espirituosae, seguidas, n

ns declaramo «binge» e cias destas p

7,815,4

15,612,2

76,6 72,4

cervejan=128)

vinho(n=123)

Serviço de Int

7– Experiênciade bebida alc

o nos Comportame

os

resenta a situdependente

riência de cartir dos 16 ans de 18 ano

mo recente éa de consumas (88%) e anum segundo

m ter bebido58% já se e

práticas no ú

4,7

31,114,2

11,8

81,1

57,1

espirit.(n=127)

alcopo(n=119

abstinente

Os Jovens, o

tervenção nos

s de Consumocoólica e padr

entos Aditivos e na

uação de peemente do q

consumo aonos, segundo

os.

é bastante mmo por tipo da cerveja (8o plano, do v

até ficaremembriagaramltimo ano (Fig

3

8

1

84

ops9)

ÁLC(n=

e desisten

o Álcool e a Le

s Comportame

o: jovens de 18rão de consum

s Dependências: D

ermissão paraquadro legal

o longo dao a mesma o

mais amplo, rde bebida al80%) são as vinho e alcop

m «alegres» nm. Este grupgura 8).

3,9

1,7

4,4

COOL128)

"(

nte recent

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

8 anos mo nocivo (%),

DMI/DEI

a aquisição/atual ou ante

vida ocorrordem de pre

referido por coólica. Tammais referid

pops.

o último anoo etário apr

26,218,1

11,1

9,4

62,772,5

"BINGE"(n=126)

"ALEGRE"(n=127)

e

atitudes e legi

e nas Depend

, 2014

/consumo deerior.

re numa mevalência po

93% dos jovmbém neste

as no quad

o, 70% tiveraresenta, assi

37,2

14,9

47,9

" EMBRIAG.(n=121)

islação

dências

e uma

edida or tipo

ens, o grupo

dro do

m um im, as

Page 35: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

1717

Os Jo

Serviç

1

Eentreformatendedobro19-24

Amaiomuito10-15

Acomupreva«aleglei. Eassum

Sconteespiritconsulegalas nãanosespirit

8 De foquandefetua

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Em g

Fonte: Serv

.7. O que co

ntre os jovene os que expa geral baixae a ser supeo) na transiç

4 anos.

As bebidas ar número de

o semelhante5 anos, o con

As práticas muns à medidalências de gre» entre jovEsta evoluçãmindo uma p

e considerarempla, em ptuosas, é deumo nocivo. Contudo, e

ão espirituosanão se obsetuosas.

orma a simplificao, estando em m uma determin

0%

20%

40%

60%

80%

100%

c(n

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

Fig. 8–geral, por tipo

viço de Intervenção

oncluímos q

ns inquiridos,erimentaram

as, pelo que,erior em joveão entre os 1

lcoólicas inge jovens sãoe entre si emnsumo de cer

mais nocivasa que se avembriaguez

vens aos quaão é particuprevalência m

rmos que, paparte, um pe

notar que orecentes é

esta evoluçãas. Por outro lerva um aum

r a apresentaçãcausa um estudnada declaraçã

5,5 9,7

14,517,1

80,073,2

cervejan=220)

vinho(n=217)

umos, atitudes

portamentos A

Experiências de bebida alc

o nos Comportame

quanto às e

17% referemm bebidas alc

globalmentens com ma10-15 e os 16

eridas ao lono as bebidas

todas as idarveja é clara

s de ingestãança na ida

z, consumo ais não é permularmente exmáxima nos j

ara os jovensríodo em quo aumento mde algumao verifica-seado, na tran

mento particu

ão de resultadosdo transversal, são à medida que

4,5

22,37,2

6,6

88,3

71,1

espirit.(n=222)

alcopo(n=211

abstinente

s e legislação

Aditivos e nas D

de Consumo:coólica e padr

entos Aditivos e na

experiência

m nunca terecoólicas, aste, o consumis idade,8 so

6 anos e ating

ngo da vidas espirituosasades/ gruposmente mais

ão de bebidade/grupo e«binge» e inmitido consuxpressiva naovens de 19-

s de 16 anose já lhes era

mais expressiforma concopara todas

nsição entre oularmente ex

, utilizaremos expse pretende dese se consideram

4

93

ops1)

ÁLC(n=

e desisten

Dependências

jovens de 19-2rão de consum

s Dependências: D

s de consum

m tomado bpercentage

mo recente sitofrendo um pgindo preval

e no âmbitos e a cervejs etários. Apecomum que

das alcoólicaetário, não sengestão de umir/adquirir a transição -24 anos.

s, o período t permitido avo do consuomitante a eas bebidas aos 17 e os 18xpressivo da

pressões como «screver um incre

m idades/grupos

2,74,1

3,2

COOL222)

"(

nte recent

s

24 anos mo nocivo (%),

DMI/DEI

mo

bebidas alcons de desistetua-se na ordparticular inclências máxim

o do consumja, segundoenas nos jove

o de espiritu

as são progrendo contud

bebidas alcbebidas alcodos 10-15 p

temporal dodquirir bebid

umo recenteesta modificalcoólicas e anos ou entingestão rec

«o aumento comemento nas propetários progressi

19,0 13,1

11,19,1

69,977,8

"BINGE"(n=216)

"ALEGRE"(n=221)

e

, 2014

oólicas na videntes são dedem dos 70%cremento (pmas nos jove

mo recente puma preva

ens mais novuosas.

ressivamentedo desprezávcoólicas atéoólicas segupara os 16

os últimos 12 das alcoólicae e de padrõcação de es

não apenastre os 18 e oscente de be

m a idade/grupoporções de jove

sivamente superi

26,5

15,4

58,1

" EMBRIAG.(n=215)

da. De e uma %. Este para o ens de

por um lência os, de

e mais veis as é ficar ndo a anos,

meses as não ões de tatuto s para s 19-24 ebidas

o etário» ens que iores.

Page 36: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

18

2. A

Nem gidadecerve

Eâmbi

2

Djovenanter

Aanos,

Eou msendoanos

2

Nsobreexperelativ

9 A idaou vinh

As primeira

Nesta secçãogeral9 e por te que tinhameja, vinho e b

sta análise to de grupos

2.1. Jovens in

De uma formns ocorreu anrior, não é pe

A faixa etária, situação qu

m segundo lenos. Consido que relativ (Figura 9).

Fonte: Serv

2.2. Jovens d

Neste grupo detudo entre riências mavamente à c

de de início do ho ou bebidas e

0%

20%

40%

60%

80%

100%

(c

nunca

s experiênc

o pretende-stipo de beb

m quando exbebidas espir

será apreses etários espe

nquiridos gl

ma geral, a ntes dos 16 aermitida a aq

em que estaue é semelha

ugar, 19% doderando o tipamente às b

FEm

viço de Intervenção

de 10-15 an

de jovens, aos 13 e os

ais precocescerveja e ao

consumo de bespirituosas.

18,8

18,8

43,8

9,93,8 2,7

2,2

ÁLCOOLerveja ou vinho ouespirituosas)(n=1045)

12 anos ou m

Serviço de Int

cias

e descreverida alcoólicaxperimentararituosas.

ntada quanecíficos.

obalmente

primeira expanos (referidoquisição/con

a primeira exante para tod

os jovens refepo de bebidabebidas espir

Fig. 9– Idades dgeral e por tip

o nos Comportame

os

primeira exp15 anos. Ta

s com 12 vinho (Figura

bidas alcoólicas

menos 13‐15 a

Os Jovens, o

tervenção nos

a idade dea. No inquéram pela prim

nto ao grupo

periência deo por 63%), psumo de qua

xperiência édas as bebid

erem ter expa alcoólica, erituosas, dest

de início: jovepo de bebida a

entos Aditivos e na

periência coambém deanos ou m

a 10).

s em geral é obt

23,2

15,4

41,3

9,64,03,4

3

cerveja(n=1039)

nos 16 anos

o Álcool e a Le

s Comportame

início do corito, os jovenmeira vez trê

o de jovens

e consumo dperíodo em qalquer bebid

mais comumas alcoólica

erimentado esta é a situatacam-se as

ns globalmentalcoólica (%),

s Dependências: D

m cada tipoforma seme

menos são

tida através da i

33,2

13,0

30,5

7,55,56,0

3,1 4,3

vinho(n=101

17 anos 18

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

onsumo de bs foram que

ês tipos de b

inquiridos g

de bebidas que, no qua

da alcoólica.

m (44% dos jos.

pela primeiraação para aprimeiras exp

te2014

DMI/DEI

o de bebidaelhante ao referidas em

dade de início d

27

6

37

14

453

o3)

espirit(n=1

‐24 anos sem 

atitudes e legi

e nas Depend

bebidas alcoestionados soebidas alcoó

globalmente

alcoólicas dadro legal atu

ovens) são os

a vez com 12cerveja e operiências c

alcoólica ocquadro ger

m maior m

do consumo de

7,6

6,5

7,7

4,5

4,75,63,4

tuosas1038)

 idade def.

islação

dências

oólicas obre a ólicas:

e no

destes ual ou

s 13-15

2 anos vinho; om 16

correu ral, as edida

cerveja

Page 37: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

1919

Os Jo

Serviç

2

Taos 13expeespirit

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Fonte: Serv

2.3. Jovens d

ambém nest3 e os 15 riências comtuosas (Figura

Fonte: Serv

0%

20%

40%

60%

80%

100%

nunca

0%

20%

40%

60%

80%

100%

nunca

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

Fig

viço de Intervenção

de 16-18 an

te grupo etáanos, inde

m cerveja oua 11).

Fig

viço de Intervenção

45,6

16,6

33,8

4,0

cerveja (n=

12 anos ou m

9,1

16,3

51,0

15,2

5,13,3

cerveja (n=

12 anos ou m

umos, atitudes

portamentos A

g. 10– Idades dPor tipo de b

o nos Comportame

os

rio as primeirpendenteme

u vinho a oc

g. 11– Idades dPor tipo de b

o nos Comportame

423)

menos 13‐15 a

396)

menos 13‐15 a

s e legislação

Aditivos e nas D

de início: jovebebida alcoól

entos Aditivos e na

ras experiêncente da beorrerem mai

de início: jovebebida alcoól

entos Aditivos e na

57,1

14,0

23,8

5,1

vinho (n=41

nos 16 anos

20,6

13,3

42,6

11,5

7,03,4

vinho (n=38

nos 16 anos

Dependências

ns de 10-15 anlica (%), 2014

s Dependências: D

cias de consebida alcoós precocem

ns de 16-18 anlica (%), 2014

s Dependências: D

3)

17 anos 18

1,6

3)

17 anos 18

s

nos

DMI/DEI

umo ocorremólica, tendeente do que

nos

DMI/DEI

56,5

7,1

32,3

4,1

espirituosas (n=4

‐24 anos sem 

9,66,6

48,1

23,3

6,34,1

espirituosas (n=3

‐24 anos sem 

m sobretudondo as prime com as be

421)

 idade def.

2,0

395)

 idade def.

o entre meiras ebidas

Page 38: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

20

2

Orelativvelhoalcoócomoos 18-(Figur

2

Aanos,de btende

Éinterpprimeos maa seg

Eainda

2.4. Jovens d

Os jovens dvamente às

os, estão aqólicas. Assim,o as idades d-24 anos e qra 12).

Fonte: Serv

2.5. O que co

As primeiras e, particularm

bebida alcoóem a ser mai

de notar apretações diseiro contactoais novos tengunda.

m qualquera legalmente

0%

20%

40%

60%

80%

100%

nunca

de 19-24 an

de 19-24 anprimeiras ex

qui incluídos, com exceçdas primeirasuanto às be

Fig

viço de Intervenção

oncluímos q

experiências ente entre oólica. Num sis precoces,

este respeitstintas consoo ou como onham uma m

caso, as prie permitido a

5,411,4

38,2

18,2

10,0

15,9

cerveja (n=

12 anos ou m

Serviço de Int

os

nos apresenxperiências os jovens

ção da cerve experiênciabidas espiritu

g. 12– Idades dPor tipo de b

o nos Comportame

quanto à id

de consumos 13 e 15 anosegundo plaenquanto pa

o que este coante o joveo início de umaior tendênc

imeiras expeadquirir/consu

0,9

220)

menos 13‐15 a

Os Jovens, o

tervenção nos

ntam um pecom bebidacom inícios

eja, os 13-15as. Relativamuosas destac

de início: jovebebida alcoól

entos Aditivos e na

ade de iníc

o de bebidasos, situação ano, as primara as bebid

conceito deem, designadm consumo cia para a pr

eriências tendumir as bebid

9,7

10,6

22,1

14,8

13,4

24,8

4,6

vinho (n=21

nos 16 anos

o Álcool e a Le

s Comportame

erfil um poas alcoólicass mais tardi anos não seente ao vinh

cam-se tamb

ns de 19-24 anlica (%), 2014

s Dependências: D

cio do consu

s alcoólicas tque é de alg

meiras experias espirituosa

e «primeira exdamente a «mais regularrimeira interp

dem a ocordas em caus

7)

17 anos 18

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

uco diferens. Provavelmos do conse destacamo, este lugar

bém os 16 an

nos

DMI/DEI

umo de beb

tendem a ocguma forma iências comas tendem a

xperiência» pprimeira exp. Neste sentid

pretação e o

rer numa fassa.

4,55,0

29,3

26,1

10,8

22,5

espirituosas (n=2

‐24 anos sem 

atitudes e legi

e nas Depend

nte dos resmente, sendosumo de be

da mesma r é partilhado

nos e os 18-24

bidas alcoó

correr antes dtransversal a

m cerveja e ser mais tard

poderá ter speriência» codo, é possíve

os mais velhos

se em que

1,8

222)

 idade def.

islação

dências

tantes o mais ebidas forma

o com 4 anos

ólicas

dos 16 ao tipo

vinho dias.

sofrido omo o el que s para

não é

Page 39: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

2121

Os Jo

Serviç

3. F

CalcoópadrõembrEsta a

3

Inque 1vezes

A24% bbebidsema

Ddeclamensqueprátic

3

Pvez pvezes

Pbebidsema

Cmeno

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Frequência

Considerandoólica (cervejões de conriagado), anaanálise será r

3.1. Jovens in

ndependente1 vez por sems por mês e re

A cerveja é abebem 1 a 2das espirituoanalmente) e

De entre os joara ter bebidsalmente), so1 vez por mcas nocivas c

Fig. 13– Freq

Fonte: Serv

3.2. Jovens d

Para cada tippor semana s por mês no

Por outro ladodas alcoólicaanal de bebid

Cerca de meos 1 vez po

0%

20%

40%

60%

80%

100%

men

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

do consum

o os jovens qja, vinho, esnsumo maisalisa-se agorrealizada rela

nquiridos gl

emente do tmana. No caelativamente

a bebida tom2 vezes por s

osas (21% dee alcopops (1

ovens que tivdo até ficar

obretudo 1 amês. É aindacom uma fre

quências de cPor t

viço de Intervenção

de 10-15 an

po de bebid(sobretudo mcaso das be

o, é de destas em locaidas alcoólica

etade dos joor mês. O «

25,8

4

32,3

423,6

118,3

cerveja(n=616)

v(n

os de 1 vez/mês

umos, atitudes

portamentos A

mo de bebid

que declararspirituosas, as nocivo («bra a frequênativamente a

obalmente

tipo de bebidaso da cervee ao vinho e

mada com msemana e 18eclaram beb14% declaram

veram padrõ«alegre» ou3 vezes por de destacaquência sem

consumo nos úipo de bebida

o nos Comportame

os

a alcoólica,menos do quebidas espiritu

acar, num gis públicos oas, sobretudo

ovens com pbinge» e a

42,030,2

41,7

48,6

11,6 15,5

4,7 5,7

vinho=464)

espiritu(n=61

1 ‐3 vezes/m

s e legislação

Aditivos e nas D

das alcoólic

ram ter um calcopops) e/binge», bebcia com que

aos jovens glo

da alcoólicaeja e das bealcopops so

maior regulari8% bebem 3ber semanam beber sem

ões de consuu de forma «mês. Por out

ar que uma manal (sobre

últimos 12 mesea e padrão de

entos Aditivos e na

80% ou maiue 1 vez poruosas).

grupo etário eou abertos ao cerveja, se

práticas nocivingestão d

2

47,9

6

38,4

59,74,0

osas19)

alcopops(n=497)

mês 1 ‐2 vez

Dependências

cas nos últim

consumo rec/ou que refeber até ficae estas situaçobalmente e

, a maior pabidas espiritu

obretudo men

idade (42% r3 ou mais velmente), do

manalmente)

mo nocivo n«binge», 1 oro lado, a mprevalênciatudo «binge»

es: consumidoe consumo (%),

s Dependências: D

is dos jovensr mês no cas

em que nãoao público, guida das be

vas de consue bebidas a

35,2

41,2

16,0

7,6

"binge"(n=463)

zes/semana

s

mos 12 mese

ente de caderiram ter tidar «alegre»,ções ocorrerae em cada g

rte dos jovenuosas, bebemnos de 1 vez

eferem um czes por semavinho (16%

.

no último anou mais vezeaioria embria relevante d

» e beber até

ores recentes g, 2014

DMI/DEI

consumiramso da cervej

o é permitidoas prevalên

ebidas espirit

umo no últimalcoólicas a

33,6

45,0

15,3

6,1

"alegre"(n=524)

em(

3 ou mais vezes/

es

da tipo de bdo neste pe

beber atéam neste pe

grupo etário.

ns bebe menm sobretudopor mês.

consumo semana), seguid

% declaram

o, metade oues por mês (agou-se mende jovens deé ficar «alegr

globalmente

m menos do ja e vinho e

o consumir/ancias de contuosas.

mo ano, fê-loaté ficar «al

57,2

33,1

6,13,6

mbriaguez(n=362)

/semana

bebida eríodo

ficar eríodo.

nos do o 1 a 3

manal: da das beber

u mais isto é,

nos do eclara re»).

que 1 1 a 3

dquirir nsumo

o pelo egre»,

Page 40: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

22

ocorrpredoestatu

3

Ànão tabertnão e

A(sobreaumecercapor sevinho

Emais de c«alegumaCompapres

reram sobreominantemeuto legal apo

Fig. 14– Freq

Fonte: Serv

3.3. Jovens d

À semelhançtinham permtos ao públicespirituosas.

A situação metudo 1 a 3 enta. Este ina de um terçemana. Por o

o 1 a 3 vezes

m comparafrequentes.

consumo nocgre»), bem co

frequênciaparativamensentam as pr

0%

20%

40%

60%

80%

100%

men

etudo 1 aente menos dontado, as fr

quências de coPor t

viço de Intervenção

de 16 anos

ça do grupomissão para co. Contudo,

mais comumvezes por mêcremento é

ço dos consuoutro lado, ppor mês.

ção com o Destacamoscivo (e muiomo das pre de 3 ou

nte a todosrevalências m

42,1

6

38,8

2

13,8

5,3

cerveja(n=152)

v(n

os de 1 vez/mês

Serviço de Int

a 3 vezes do que 1 vezrequências se

onsumo nos úlipo de bebida

o nos Comportame

etário anteraquisição/co à data da in

m permanecês). Contudomais eviden

umidores recpraticamente

grupo etários em particulito em part

evalências demais veze

s os outros mais elevada

65,4

32,0

24,7

51,6

6,211,5

3,7 4,9

vinhon=81)

espiritu(n=12

1 ‐3 vezes/m

Os Jovens, o

tervenção nos

por mês. z por mês. Deemanais des

ltimos 12 mesea e padrão de

entos Aditivos e na

riormente anonsumo de nquirição, já

ce como oo, à exceçãonte relativamentes de cer

e o dobro do

o anterior, aslar o aumenicular da ine consumo «es por semgrupos etár

as de embria

043,1

643,1

5 10,43,4

osas22)

alcopops(n=116)

mês 1 ‐2 vez

o Álcool e a Le

s Comportame

No entane destacar atas práticas

es: consumidore consumo (%),

s Dependências: D

nalisado, nobebidas alcera possível

consumo io dos alcopomente à cerrveja com 16

os jovens men

práticas mato da frequê

ngestão de «binge» e de

mana (estasrios, os joveguez com fre

41,6

44,1

11,72,6

"binge"(n=77)

zes/semana

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

to, a embinda, num grnocivas (Figu

res recentes d, 2014

DMI/DEI

ano precedoólicas em ladquirirem b

nferior a 1 ops, a frequêveja e ao v6 anos bebenciona agora

ais nocivas toência mensabebidas alc

e beber até fduplicam

ens de 16 aequência me

41,9

43,0

11,93,2

"alegre"(n=93)

em

3 ou mais vezes/

atitudes e legi

e nas Depend

briaguez ocrupo etário c

ura 14).

e 10-15 anos

dente estes jlocais públicbebidas alco

vez por seência de convinho. Com e pelo menosa um consum

ornam-se tamal dos três pacoólicas atéficar «alegre»

para o danos são osensal (Figura

46,9

43,7

4,74,7

mbriaguez(n=64)

/semana

islação

dências

correu com o

jovens cos ou oólicas

mana nsumo efeito, s 1 vez mo de

mbém adrõesé ficar » com obro).s que 15).

Page 41: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

2323

Os Jo

Serviç

3

Ojovenbebidsobretambalcoóconsu

7vez pembrrelativ

Efrequsignifiaume

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Fig. 15– Fre

Fonte: Serv

3.4. Jovens d

Os jovens inqns, sobretudodas alcoólicetudo semanbém um incólicas, emboumo semana

75% dos jovenpor mês, oriagaram. Pavamente à e

m comparaçência mensaicativamenteenta para os

0%

20%

40%

60%

80%

100%

men

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

equências de Por t

viço de Intervenção

de 17 anos

quiridos destao cerveja. Noas, com exc

nal e o das bcremento doora predominal.

ns que bebemesmo suc

ara as duasembriaguez,

ção com os al das prátice relativametrês padrões

26,9

4

41,9

4

21,5

9,7

cerveja(n=93)

v(n

os de 1 vez/mês

umos, atitudes

portamentos A

consumo nos ipo de bebida

o nos Comportame

a idade tendote-se que aceção das bebidas espo consumo ne o consum

eram até ficacedendo as primeiras pesta tende a

inquiridos macas de consente aos jovs de consum

42,9

26,3

47,6

55,8

7,910,5

1,6 7,4

vinhon=63)

espiritu(n=95

1 ‐3 vezes/m

s e legislação

Aditivos e nas D

últimos 12 mesa e padrão de

entos Aditivos e na

dem a bebea estes era p

espirituosas.irituosas, emsemanal. P

mo menos do

arem «alegre72% com

práticas prea ser inferior.

ais jovens, mumo nocivo

vens de 16 amo nocivo (Fig

3

41,7

8

47,2

56,94,2

osas5)

alcopops(n=72)

mês 1 ‐2 vez

Dependências

ses: consumide consumo (%),

s Dependências: D

r com maiorpermitido, no

Assim, o cmbora tendenPara os restao que 1 vez

es» no último consumos domina a f

antém-se a t, à exceçãoanos. Já a gura 16).

37,2

41,0

12,8

9,0

"binge"(n=78)

zes/semana

s

ores recentes , 2014

DMI/DEI

r regularidad último ano,onsumo de ncialmente mantes dois tpor mês, au

ano fizeram«binge» e

requência m

tendência pao da embriafrequência d

31,3

52,5

8,7

7,5

"alegre"(n=80)

em

3 ou mais vezes/

de 16 anos

de do que o, consumir/a

cerveja é mensal, apretipos de bementa tamb

m-no pelo me44% dos q

mensal, enq

ara o aumenguez, que dde base sem

42,8

50,0

3,63,6

mbriaguez(n=56)

/semana

s mais dquirir agora

esenta ebidas bém o

enos 1 ue se uanto

nto da diminui manal

Page 42: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

24

3

Eespirit

Eregulavezes

Pordemrelativcomingessemeconfir

Fig. 16– Fre

Fonte: Serv

3.5. Jovens d

ste grupo dtuosas e, à d

Em comparaaridade no cs por semana

Por outro ladom dos 59%vamente aoidades/gruptão de beb

elhantes aos rma a tendê

0%

20%

40%

60%

80%

100%

men

equências de Por t

viço de Intervenção

de 18 anos

de jovens pdata da inqui

ação com osconsumo dea.

o, as frequên quanto à

o consumo «bpos etários mabidas alcoóli

dos jovens dência para o

23,7

4

33,0

328,9

114,4

cerveja(n=97)

v(n

os de 1 vez/mês

Serviço de Int

consumo nos ipo de bebida

o nos Comportame

odia, no últirição, qualq

s mais jovenscerveja, com

ncias de peloingestão d

binge» e 35%ais jovens, cocas até fica

de 10-15 anodecrescimen

45,8

24,3

37,5

50,5

13,921,3

2,8 3,9

vinhon=72)

espiritu(n=10

1 ‐3 vezes/m

Os Jovens, o

tervenção nos

últimos 12 mesa e padrão de

entos Aditivos e na

timo ano, cuer tipo de b

s, é de destam particular

o menos 1vezde bebidas% relativameonstata-se quar «alegre» eos, ao contránto desta fre

3

44,0

5

40,6

39,9

5,5

osas03)

alcopops(n=91)

mês 1 ‐2 vez

o Álcool e a Le

s Comportame

ses: consumide consumo (%),

s Dependências: D

consumir/adqbebida alcoó

acar nos inqaumento do

z por mês dealcoólicas

nte a ficar eue a prevalêe de consu

ário da embrquência (Fig

28,2

46,2

17,9

7,7

"binge"(n=78)

zes/semana

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

ores recentes , 2014

DMI/DEI

quirir bebidaólica.

quiridos de 18s jovens que

e práticas noaté ficarem

embriagado.ncia da freqmo «binge»riaguez, no â

gura 17).

25,3

50,6

18,4

5,7

"alegre"(n=87)

em

3 ou mais vezes/

atitudes e legi

e nas Depend

de 17 anos

as alcoólica

8 anos umae bebem 3 ou

ocivas situamm «alegres». Em compa

quência menretomam v

âmbito da q

55,9

33,9

8,51,7

mbriaguez(n=59)

/semana

islação

dências

s não

maior u mais

-se na , 57% ração sal de

valores ual se

Page 43: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

2525

Os Jo

Serviç

3

Nbebide umaquis

Ovez prelativfrequanos.realizdecreo valo

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Fig. 17– Fre

Fonte: Serv

3.6. Jovens d

Neste grupo da alcoólica

ma diminuiçãsição/consum

O consumo dpor mês é devamente a ência quant. De facto, am estas pescimento daor mais baixo

Fig. 18– Freq

Fonte: Serv

0%

20%

40%

60%

80%

100%

men

0%

20%

40%

60%

80%

100%

men

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

equências de Por tipo d

viço de Intervenção

de 19-24 an

de jovens, a, verifica-se u

ão na frequêmo são agora

de bebidas ae 70% quanto

beber até to a beber aos jovens de

práticas dea frequênciao (Figura 18).

quências de coPor tipo d

viço de Intervenção

24,43

27,6

427,6

20,4

cerveja(n=98)

v(n

os de 1 vez/mês

13,1

2

23,9

427,8

135,2

cerveja(n=176)

v(n

os de 1 vez/mês

umos, atitudes

portamentos A

consumo nos e bebida alco

o nos Comportame

os

ao qual, no um particula

ência de coa permitidos,

alcoólicas deo a beber aficar embria

até ficar «alee 17 anos e

consumo. a mensal de

onsumo nos úle bebida alco

o nos Comportame

39,329,1

44,9

47,6

7,9 17,5

7,9 5,8

vinhon=89)

espiritu(n=10

1 ‐3 vezes/m

29,5 34,7

47,8 42,9

17,0 16,3

5,7 6,1

vinho=159)

espiritu(n=19

1 ‐3 vezes/m

s e legislação

Aditivos e nas D

últimos 12 mesoólica e padrã

entos Aditivos e na

último ano,ar incrementonsumo de a, passa inclus

e forma nociaté ficar «aleagado. As pegre» e «bin

e os de 19-2Por outro embriaguez,

ltimos 12 meseoólica e padrã

entos Aditivos e na

1

51,5

6

27,9

5 17,7

2,9

osas03)

alcopops(n=68)

mês 1 ‐2 vez

7

55,3

9

34,0

36,74,0

osas96)

alcopops(n=150)

mês 1 ‐2 vez

Dependências

ses: consumidão de consumo

s Dependências: D

era permitido na regularialcopops. A sivamente a

va com umagre», 69% reproporções ge» são sem4 anos são lado, manté, sendo neste

es: consumidorão de consumo

s Dependências: D

43,0

31,7

15,2

10,1

"binge"(n=79)

zes/semana

30,5

42,4

19,2

7,9

"binge"(n=151)

zes/semana

s

ores recentes o (%), 2014

DMI/DEI

do consumir/dade do coingestão deser menos fre

a frequêncialativamente de jovens q

melhantes àsos que maiém-se a tee grupo etári

res recentes do (%), 2014

DMI/DEI

41,3

37,0

17,4

4,3

"alegre"(n=92)

em

3 ou mais vezes/

30,2

44,2

17,4

8,2

"alegre"(n=172)

em(

3 ou mais vezes/

de 18 anos

r/adquirir quaonsumo de cee espirituosasequente.

a de pelo meao «binge»

que referem dos jovens is frequentem

endência pario que esta a

e 19-24 anos

65,6

27,6

3,43,4

mbriaguez(n=58)

/semana

65,6

22,4

8,04,0

mbriaguez(n=125)

/semana

alquer ervejas, cuja

enos 1 e 34%

m esta de 17

mente ara o atinge

Page 44: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

26

3

CconsuGloba3 vez

Eidadebebidjovende in16 analcoó

Nbebeembr

Nconsupara

Oalegr

4. O

1(consdroga

Dderivaprincicannjoven

3.7. O que co

Com exceçãumo de cadalmente, a fes por mês enquanto a fe/grupo etárdas alcoólicans mais novogestão de c

nos de idadeólicas no últimNo que diz eram até ficariaguez ocorr

Nos jovens adumos correspuma maior f

Os jovens deres e de form

Outros cons

7% dos jovesumidores reas na mesma

Fonte: Serv

De entre umados de caipal associaçabis, mencio

ns referem o

0

20

40

60

80

100

oncluímos q

ão da cervejda tipo de brequência d

e a de vinho efrequência drio, sendo semas ocorrem as (10-15 ano

cerveja, vinhoe é particulamo ano. respeito a parem «alegrere predominadolescentes dponde à faixfrequência m17 anos e de

ma «binge» m

sumos de su

ens em geraecentes) deca ocasião. Po

Fig. 19- CoTotal

viço de Intervenção

m conjunto dannabis; álcoção menciononado por 15 consumo d

17,324

sim

Serviço de Int

quanto à fre

a no grupo bebida alcoe ingestão de alcopops s

de ingestão dmpre a bebid

algumas flutus) com os mo e espirituosarmente exp

padrões de es» ou de foantemente mdestacam-sexa etária en

mensal e seme 19-24 anosas são os de

ubstâncias p

al e 25% doclaram assocor sua vez, 2%

nsumo de álcode inquiridos e

o nos Comportame

de opções (ool, derivadnada refere-5% do total dde bebidas a

4,9

total (n=1

Os Jovens, o

tervenção nos

equência de

de jovens doólica é realde cerveja esobretudo mde cerveja ada ingerida ações quan

mais velhos (1sas é superio

pressivo o au

consumo norma «bingemenos de 1 ve os 16 e os 1tre os 15 e o

manal de con são os que, 16 anos os q

psicoativas

os que tomciar o consu% a 3% não re

ool e outras dre consumidore

entos Aditivos e na

(álcool e deos de cann-se ao consude inquiridos.alcoólicas, c

80,471,

não

1051) cons. rec

o Álcool e a Le

s Comportame

e consumo

e 19-24 anoslizado menobebidas esp

enos de 1 veaumenta procom maior reto a esta evo9-24 anos) c

or nos mais vumento da fr

nocivo, mais», fizeram-no

vez por mês.17 anos (queos 17 anos)sumos nocivcom mais fr

que mais se e

s

maram bebidumo de bebesponderam

rogas na mesmes recentes (%)

s Dependências: D

erivados de nabis e Novamo de bebiCom uma e

cocaína e de

,8

consres

centes (n=731)

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

nos últimos

s, na maior pos do que 1pirituosas ocoez por mês. ogressivamenegularidade,olução. Assimconstatamoselhos. Entre orequência m

de metadeo 1 ou mais

e no ano a qcomo as idaos. equência, be

embriagam.

das alcoólicabidas alcoólic

m a esta ques

ma ocasião), 2014

DMI/DEI

cannabis; áas Substâncdas alcoólica

expressão muerivados de

2,3 3,3

umidores de álcoolsponderam a esta q

atitudes e legi

e nas Depend

s 12 meses

parte dos cavez por sem

orre sobretud

nte em funçã, para as res

m, comparanque a frequ

os 10-15 anomensal de be

e dos jovenvezes por m

que se reportades de tran

ebem até fic

as no últimocas ao de

stão (Figura 1

álcool, cocacias Psicoativ

as e derivaduito inferior, 2

cannabis e

l que nãoquestão

islação

dências

asos o mana. do 1 a

ão da tantes ndo os uência os e os ebidas

s que mês. A

am os nsição

carem

o ano outras 9).

aína e vas) a dos de 2% dos 1% o

Page 45: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

2727

Os Jo

Serviç

consuApen

5. P

Nconjuvida d

7ingesprobl

Didademenc

Npercealcoóembr

*ProbleEsteveserviçodesma

10 A infoum dos

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

umo de benas 2% refere

Problemas a

Nesta secçãounto de probdos jovens in

Envol Envol Hospi

alcoó Coma

reaçã Assist

que n Cond

79% dos joventão de bebiemas tende

De todo o moes em que cionam o env

Na interpretaentagens seólicas) e qriagados em

Fig. 2

emas associadosenvolvido em s

o de urgências aio/perde de con

Fonte: Serv

ormação sobres problemas elen

0%

20%

40%

60%

80%

100%

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

bidas alcoóm outro tipo

associados

o, pretendeblemas que nquiridos, a sa

lvimento emlvimento emitalização ouólicas a alcoólico,ão, inanimadir a amigosnão afeta o jduzir embriag

ns não reconidas alcoólica aumentar

odo, é de sano ano an

volvimento n

ação desta baseiam noue nestas virtude de a

20- OcorrênciaTotal

s ao consumo: Esexo desprotegidepois de ter

nsciência); Cond

viço de Intervenção

a ocorrência dencados como a

78,7

21,3

global(n=997)

umos, atitudes

portamentos A

ólicas, derivade associaç

ao consum

-se descrevepodem esta

aber:

atos de violêsexo despro

u recurso a

caraterizaddo, desmaio/a entrarem jovem direta

gado

nhecem ter ocas nos últim

com a idad

lientar que 1nterior não neste tipo de

informaçãototal de inqidades/grup

ainda não ter

de problemasde inquiridos e

Esteve envolvidoido depois de ttomado bebida

duziu embriagad

o nos Comportame

e problemas emfetando diretam

88,0

12,0

10‐15 a(n=40

nenhum prob

s e legislação

Aditivos e nas D

ados de cações.

mo de bebid

er a ocorrêar associado

ência/lutas dotegido depo

serviço de

do no instrum/perda de coem coma amente)

ocorrido conmos 12 meses

e/grupo etá

2% dos jovenera permitid problemas.

o é ainda nquiridos (inclupos etários rem a carta d

s associado ae por idade/gr

o em atos de vioter tomado bebas alcoólicas; Edo

entos Aditivos e na

geral é obtida amente os jovens.

075,8

024,2

anos01)

16 anos(n=132)

blema pelo 

Dependências

nnabis e N

das alcoólic

ncia recenteos ao consum

depois de terois de ter tomurgência de

mento de reonsciência»

alcoólico (sen

nsigo qualqus10. A referênrio.

ns de 10-15 ado consumir

necessário teuindo os jove

específicosde conduçã

o consumo*, nrupo etário (%)

olência/lutas depbidas alcoólicasEntrou em coma

s Dependências: D

a partir das decl

75,8

24,2

17 anos(n=128)

menos um proble

s

ovas Substâ

cas nos últim

e (últimos 1mo de bebid

tomado bebmado bebidaepois de ter

ecolha de d

ndo neste ca

er problemancia à ocorr

anos e 24% dr/adquirir be

er em consens que não

os jovenso (Figura 20)

nos Últimos 12 M), 2014

pois de ter toma; Foi hospitalizada alcoólico (se

DMI/DEI

arações quanto

73,3

26,7

18 anos(n=120)

19(

ema

âncias Psicoa

mos 12 mes

2 meses), ddas alcoólica

bidas alcoólias alcoólicas

tomado be

dados como

aso um prob

a na sequêncrência recen

dos de 16 anoebidas alcoó

sideração qtomaram be

não cond).

Meses

ado bebidas alcdo ou teve de m reação, inan

o à ocorrência d

68,1

31,9

9‐24 anos(n=216)

ativas.

es

de um as, na

icas

ebidas

«sem

blema

cia da nte de

os, em ólicas,

ue as ebidas duzem

coólicas; ir a um

nimado,

de cada

Page 46: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

28

Aindireafetaquart

Emencque, entensecçã

Asua v12% n

Pconsucomafim, ig

Ninquirapenrespodeclade 9,condqueinformanterrecor

Fonte:

co

hos

atos

Analisando aetamente os ja diretamenteto dos jovens

m segundo lcionado por

numa tentande por «comão.

As referênciasvez numa menos consumid

Por sua vez, oumidores reca alcoólico, gual proporç

Note-se que eridos ou no

nas os jovensondentes emararam não c,6% no total

duzem. Como coma alc

mação não sriores este esrdar o que ac

Fig. 2Tot

Serviço de Interven

onduziu embriagado

spitaliz./serv.urgêncalcoólicas (tota

sexo desprotegidalcoólicas (to

s viol./lutas depois d(total n=10

coma alcoólico

assistiu a amigo(total n

a prevalêncjovens, verifice, isto é, assis inquiridos (2

ugar, o prob10% dos inq

ativa de unima alcoólico

s ao envolvimedida semelhdores recente

o recurso aocentes), denque, em pa

ção dos joven

esta proporçtotal de cons a partir do

m cada amconduzir, as de inquiridoesta especif

coólico. De se tenha carstado foi deconteceu de

21- Ocorrênciatal de inquirido

nção nos Comport

o (total n=1002 , rec

cia depois de ter toal n=1038 recentes n

do depois de ter tootal n=1029 , recent

de ter tomado bebi037 , recentes n=71

o  (total n=1040 , rec

os a entrarem em cn=1014 , recentes n

Serviço de Int

cia de cadca-se uma testir a amigos

26%) e por um

blema mais requiridos (14%iformizar as o», foi aprese

mento em athante, na ordes).

o hospital é unotando, emrte destes cans refere ter c

ão (de condnsumidores eos 18 anos pmostra (total

proporções os que condficação, estereferir ainda

raterizado o scrito como

epois».

de problemasos e consumido

amentos Aditivos e

3

0

centes n=683)

mado bebidasn=718)

mado bebidastes n=709)

idas alcoólicas7)

centes n=720)

oma alcoólico=712)

Os Jovens, o

tervenção nos

da tipo deendência pas a entraremm terço dos c

eferido consisnos consuminterpretaçõ

entada uma

tos de violênrdem dos 8%

um problemam comparaçasos, não foconduzido e

dução embrie não no topodiam ter cl=1002; recede jovens quduz e de 13e problema pa que, embque se ente«cambalea

s associados aores recentes,

e nas Dependência

4,8

5,2

10,3

12,0

14,0

3,3

3,6

7,9

8,3

9,7

5

o Álcool e a Le

s Comportame

problema, ara assinalar em coma a

consumidore

ste no comamidores recenões dos jove

a caraterizaç

ncia ou em se% entre os inq

a mencionação com as

ram procurambriagado (

agado) é caotal de jovenconduzido nentes=683) sue conduzira3,4% entre opassa ser meora na quesnde por «estr, dificuldad

ao consumo, npor tipo de pr

as: DMI/DEI

3325,5

10 15

total c

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

que afetamais um prob

alcoólico, mees recentes (3

alcoólico sontes). De notens relativamão, já descr

exo desprotequiridos (resp

do por 3% dreferências

ados serviços(Figura 21).

alculada comns que condo último anoe subtraírem

am embriagas consumido

encionado nstão que detar embriagae em falar,

nos Últimos 12 Mroblema (%), 2

,8

20 2

cons. recentes

atitudes e legi

e nas Depend

diretamentblema que n

encionado p34%).

ofrido pelo prtar a este remente ao qrita no início

egido ocorrepetivamente

dos jovens (5à ocorrênc

s de urgênci

m base no toduzem, sendoo. Se ao tot

m os jovensados passamores recentena mesma meu origem aado», em quevomitar e/o

Meses 2014

25 30

islação

dências

te ou não os por um

róprio, speito ue se desta

em por 10% e

5% dos cia de a. Por

otal de o que tal de s que

m a ser es que

edida a esta estões u não

35

(%)

Page 47: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

2929

Os Jo

Serviç

6. P

Npessonociv

6

5alcoóqueconsu

Palcoópartic

Fig

6

Eou acostutoma

Cfamiliembr23).

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Práticas de

Neste âmbitooas que tomvo como beb

6.1. Amigos

52% dos joveólicas, 25% qesta proporçumidores rec

Por outro ladólicas em ecularmente in

g. 22– Quantida

Fonte: Serv

6.2. Familiare

m comparaç determinad

umam convivarem bebidas

Contudo, poriar com quemriaga. Estas p

0%

20%

40%

60%

80%

100%

(

to

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

consumo d

o, pretendeam bebidas

ber em exces

ens inquiridosque a maioriação se emb

centes. o, é de dest

excesso e 28nferiores no g

ade de amigoTotal

viço de Intervenção

es

ção com o gdos padrõesver tendem as alcoólicas.

r outro lado,m costumam

percentagen

14,04,4

14,8

8,6

19,4

19,6

38,7

50,0

13,1 17,4

total(n=1021)

recen(n=71

nenhum

mam bebidas alcoó

umos, atitudes

portamentos A

de bebidas

-se analisar alcoólicas o

sso ou embria

s declaram a ou todos obriaga. Estas

tacar que ap8% que nengrupo de con

os que tomam de inquiridos e

o nos Comportame

grupo de ams de consuma ser inferiore

é de destam conviver q

s são por sua

46

6

0

4

ntes10)

poucos

ólicas

s e legislação

Aditivos e nas D

alcoólicas

em que meou que têm agar-se.

que a maioos amigos tos percentage

penas 23% renhum amigonsumidores re

bebidas alcoóe consumidore

entos Aditivos e na

migos, as refermo mais noces, sendo ma

car que 58%ue toma bea vez superio

22,8

23,0

2

29,0

3

20,62

4,6

total(n=1018)

rec(n

alguns

tomam bebidas alcem excesso

Dependências

no contexto

edida os jovinclusivamen

oria ou todoma bebidasens são sem

eferem que o se embriaecentes (Figu

ólicas, bebemes recentes (%)

s Dependências: D

rências ao cocivo por pa

ais comum a

% dos jovensbidas alcoól

ores entre os

7,8

23,1

35,6

27,6

5,9

centes=706)

maiori

coólicas, o

s

o social dos

vens inquiridonte padrões

os os amigos alcoólicas e

mpre superio

nenhum amaga. Estas pura 22).

em excesso o), 2014

DMI/DEI

onsumo de barte de fami

situação de

declaram teicas em exceconsumidore

28,3

27,8

21,8

18,2

3,9

total(n=1013)

a tod

embriagam

s jovens

os convivemde consumo

s tomam beem excesso

ores no grup

migo toma bepercentagen

ou se embriag

bebidas alcoiliares com

e poucos fam

er pelo menesso e 47% qes recentes (

13,9

30,6

26,3

24,3

4,9

recentes(n=703)

dos

m‐se

m com o mais

ebidas e 22% o dos

ebidas ns são

am

oólicas quem

miliares

os um que se Figura

Page 48: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

30

Fig. 23

6

Nque tnenhingessupervelho

11 De nmais ve

3– Quantidadeo

Fonte: Serv

6.2.1. Irmã

No total de jotêm irmãos, um irmão btão de bebriores nos irm

os bebem em

Fig. 24–

Fonte: Serv

notar contudo quelhos.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

(

to

0%

20%

40%

60%

80%

100%

e de familiaresou se embriaga

viço de Intervenção

os

ovens inquiridmetade (51%

bebe em exbidas alcoólicmãos mais vem excesso e 1

Irmãos que to

viço de Intervenção

ue esta situação

13,3 8,4

37,537,8

27,3 29,

18,0 18,9

3,9 5,4

total(n=1020)

recen(n=71

nenhum

mam bebidas alcoó

51,0

7,3

39,2

2,5

(n=806)

nenhum

tomam bebidas alc

Serviço de Int

s com quem cam: total de in

o nos Comportame

dos, 216 (20,6%) declara qcesso e 81%cas e aos d

elhos, não se16% que se e

mam bebidasTotal d

o nos Comportame

o pode resultar d

4

8

5

9

4

ntes11)

poucos

ólicas

)

mais novos

coólicas

Os Jovens, o

tervenção nos

onvivem que tnquiridos e con

entos Aditivos e na

6%) respondeque nenhum% que nenhudois padrõesndo de desc

embriagam11

s alcoólicas, bede inquiridos (%

entos Aditivos e na

de uma maior pe

42,13

37,64

14,4 1

4,21,7

total(n=1012)

rec(n

alguns

tomam bebidas alcem excesso

77,0

4,9

17,8

0,3

(n=776)

mais velho

tomam bebidas alcem excesso

o Álcool e a Le

s Comportame

tomam bebidansumidores rec

s Dependências: D

entes indicaram irmão toma

um irmão ses de consumcurar que 18 (Figura 24).

ebem em exc%), 2014

s Dependências: D

ercentagem de

34,5

41,1

17,0

5,02,4

centes=705)

maiori

coólicas, o

os mais

coólicas, o

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

as alcoólicas, centes (%), 201

DMI/DEI

am não ter ira bebidas alce embriaga.mo mencion% declara q

esso ou se em

DMI/DEI

jovens ter apen

53,5

31,2

10,03,32,0

total(n=1005)

a tod

embriagam

80,5

16,0

0,4

(n=768)

 novos e mais ve

embriagam‐se

atitudes e legi

e nas Depend

bebem em ex14

rmãos. De encoólicas, 77%. As referênc

nados são seque os irmão

mbriagam

nas ou sobretudo

45,5

36,6

11,43,82,7

recentes(n=703)

dos

m‐se

3,1

elhos

e

islação

dências

xcesso

ntre os % que cias à empre s mais

o irmãos

Page 49: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

3131

Os Jo

Serviç

7. A

Ddos jorelativconc

Ntotalmmenoalcoó

Pfacequanadole

Ndiscoconsoalcoóalcoó

Odefinibebidsegunhaxix

Fonte:

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Atitudes fac

De entre um ovens inquiridvo ao risco

cordam totalm

Num segundmente com os prejudiciaólicas em Por

Por outro ladoà ideia de q

ndo, não fazescentes, ap

Numa segundordam totalmonância comólico (46%). Tólicas é coisa

O aspeto relaida tem quedas alcoólicndo lugar, ne/charros (Fi

Fi

Serviço de Interven

P/deixar  ser alco

Peq. quant. álco

Peq. quant. álcool,

Peq. quant. álcool

O consumo 

O consumo de álc

O consum

O consum

concordo

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

ce ao consu

conjunto dedos relativamde conduzirmente com e

o plano, apa ideia de q

al que o dertugal é uma

o, reúne-se uque o consumz mal às gráenas 37% têm

da linha, é dmente com m o seu desTambém mea de pessoas

ativamente e ver com

cas relativamno plano dagura 25).

ig. 25– Atitude

nção nos Comport

oól. basta força vont

O tratame

Conduzir um pouco

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32

Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

8. O que concluímos quanto ao consumo de bebidas alcoólicas e problemas associados

A grande maioria dos jovens inquiridos já experimentou bebidas alcoólicas, tendo a primeira experiência ocorrido sobretudo entre os 13 e os 15 anos para todas as bebidas alcoólicas, com o início das espirituosas a tender ser menos precoce.

70% beberam no último ano, sobretudo cerveja e bebidas espirituosas. De notar, no entanto, que as bebidas espirituosas são uma designação para várias bebidas (licores, destiladas, etc). O consumo recente aumenta em função da idade/grupo etário, sobretudo na transição entre os 10-15 e os 16 anos. Independentemente da idade/grupo etário, a cerveja e as espirituosas permanecem como as bebidas privilegiadas, com prevalências semelhantes, com exceção para os jovens de 10-15 anos, que preferem claramente a cerveja.

Entre os jovens que tomaram bebidas alcoólicas no último ano, usualmente as frequências de consumo são inferiores a 1 vez por semana, sobretudo 1 a 3 vezes por mês no caso da cerveja e bebidas espirituosas e menos de 1 vez por mês no caso do vinho e alcopops. A cerveja destaca-se por ser a bebida cujo consumo é progressivamente mais frequente em função da idade/grupo etário e mais frequente também em comparação com as restantes bebidas alcoólicas. As evoluções relativamente às restantes bebidas sofrem algumas flutuações, sendo de referir que, comparando os jovens mais novos (10-15 anos) com os mais velhos (19-24 anos), a frequência de ingestão de cerveja, vinho e bebidas espirituosas é superior nos mais velhos. Adicionalmente, na transição entre os 10-15 e os 16 anos é particularmente expressivo o aumento da frequência mensal de qualquer bebida alcoólica.

Entre os jovens com padrões de consumo nocivo no último ano, mais de metade (no caso do «binge» e de beber até ficar «alegre») fizeram-no 1 vez ou mais por mês, sobretudo 1 a 3 vezes por mês. Relativamente à embriaguez, a situação predominante consiste na frequência menos do que 1 vez por mês. Estas frequências sofrem também flutuações em função da idade/grupo etário. Verificamos que, à semelhança do incremento na prevalência e frequência de consumo recente, na transição para os 16 anos e 17 anos ocorre um particular incremento da frequência de cada padrão de consumo nocivo (é nos jovens de 16 anos que a frequência mensal de embriaguez é mais elevada, o mesmo sucedendo para a ingestão de bebidas até ficar «alegre» e o consumo «binge» para os 17 anos).

Destacamos as prevalências de consumo recente de bebidas alcoólicas e de padrões de consumo mais nocivo em idades precoces, designadamente em grupos etários em que a sua aquisição/consumo são proibidos.

No que diz respeito ao estatuto legal dos jovens inquiridos quanto à permissão para aquisição/consumo de bebidas alcoólicas, verificamos que a prevalência e a frequência de consumo recente destas bebidas e de padrões de consumo nocivo aumentam de forma mais expressiva numa fase de transição para a permissão de aquisição de bebidas alcoólicas não espirituosas, atingindo a frequência de embriaguez um valor máximo nos consumidores recentes de 16 anos. Por outro lado, a prevalência e a frequência do consumo recente de bebidas alcoólicas atingem os seus valores máximos no grupo de jovens que podem beber qualquer tipo de bebida alcoólica (19-24 anos). De notar ainda que, apesar de serem dos que bebem mais frequentemente até ficarem «alegres» e de forma «binge», estes jovens são os que menos frequentemente atingem o estado de embriaguez.

O principal problema reconhecido na sequência da ingestão de bebidas alcoólicas consiste no coma alcoólico (sobretudo observado em amigos mas também experienciado pelo próprio), não sendo contudo uma prática comum o recurso a um serviço de urgência. Em segundo lugar, no quadro dos jovens com carta de condução, é de destacar a referência ao problema da condução embriagado. Por outro lado, a ideia de que conduzir um pouco embriagado é perigoso é a que reúne maior consenso entre os jovens inquiridos.

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3333

Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

Verificamos também que no contexto social dos jovens, segundo as suas declarações, é de alguma forma comum o consumo de bebidas alcoólicas pelos amigos, que se destaca por sua vez relativamente ao dos familiares. A maioria dos jovens tem pelo menos um amigo ou familiar com quem costuma conviver que bebe em excesso ou se embriaga, percentagem que é superior nos consumidores recentes.

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Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

ALTERAÇÕES NO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E PROBLEMAS ASSOCIADOS

1. Alterações no consumo de bebidas alcoólicas

Tendo em conta a alteração do quadro legal em abril de 2013, a recolha de dados no âmbito deste estudo foi efetuada um ano depois, de forma a caracterizar o padrão de consumo de bebidas alcoólicas dos jovens, de acordo com o previsto no Decreto-Lei nº50/2013 de 16 de abril.

Para uma identificação de alterações no consumo de bebidas alcoólicas, procurámos recolher informação no presente estudo que sirva como indicação quanto a possíveis tendências a este nível.

Deste modo, no inquérito aplicado, os jovens foram inquiridos quanto a alterações no seu padrão de consumo de bebidas alcoólicas em função da data de publicação da alteração legislativa, isto é, março/2013-março/2014 em comparação com março/2012-março/2013. Isto significa que estas alterações se baseiam na avaliação que os próprios jovens fazem quanto à evolução dos seus consumos nos 2 anos precedentes à data da inquirição.

Esta questão foi colocada relativamente à ingestão de quatro tipos de bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, bebidas espirituosas, alcopops) e a três padrões de consumo mais nocivos (consumo «binge», beber até ficar «alegre», beber até ficar embriagado12). O indicador considerado para identificar alterações foi a frequência, expressa em «mais vezes/ igual número de vezes/menos vezes» que no ano anterior.

Nas Figuras seguintes (26 a 37) procuramos resumir as declarações dos jovens, globalmente e em função da sua idade/grupo etário. De forma a apresentar uma visão ampla das alterações percebidas no consumo de bebidas alcoólicas do total de jovens inquiridos, em cada Figura são sempre apresentadas percentagens referentes a dois grupos:

Total de jovens: inclui todos os jovens, isto é, os que nunca consumiram bebidas alcoólicas (abstinentes), os que consumiram anteriormente mas não nos últimos 12 meses (desistentes) e os que consumiram nos últimos 12 meses (consumidores recentes). Estas percentagens permitem ter a noção da proporção de jovens em geral que consumiram no último ano com maior, menor ou igual frequência.

Consumidores recentes: inclui apenas os jovens que consumiram a bebida alcoólica em causa ou adotaram o padrão de consumo nocivo em causa nos últimos 12 meses. Estas percentagens permitem ter a noção da proporção de consumidores recentes que consumiram com maior, menor ou igual frequência.

1.1. Jovens inquiridos globalmente

Analisando as evoluções percebidas pelos jovens quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, destacamos uma tendência para as referências à manutenção da frequência de consumo para todas as bebidas, com exceção para a cerveja, relativamente à qual é um pouco mais evidente a tendência para o incremento do consumo. Por outro lado, as referências à diminuição da frequência de consumo atingem um valor percentual máximo de 14% no total de inquiridos, aplicável às bebidas espirituosas (Figura 26):

12 Como referido anteriormente, no instrumento de recolha de dados especificou-se que o consumo «binge» corresponde a beber 5 ou mais (se for mulher) ou 6 ou mais (se for homem) copos de uma qualquer bebida alcoólica na mesma ocasião e que por embriaguez se entende «cambalear, dificuldade em falar, vomitar e/ou não recordar o que aconteceu depois».

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3535

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36

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3737

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100

cificar alterações

M: 64.1%

%

6

34,4

14

23,3

80

cificar alterações

%

77.9%

012-03/2013)5 anos (%), 20

adro do con ou aumenmidores recea diminuiçãao «binge».

os etários, sum aumen

do. A este reeses (Figura 2

012-03/2013)anos (%), 2014

4,1

16,1

4,7

1,1

3,9

100

14

nsumo to da

entes),ão da

ão os to da speito 9).

Page 56: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

38

1

Ncircunquad

Nfrequque drespea mereferêmáxim

Dconsuconsuespirit

Nque rde betotal super

Esemebebid

.3. Jovens d

No que diz nstâncias qu

dro legal, é-lh

Neste grupoência de codiz respeito a

eito aos alcoesma proporências a ummo de 18% n

De notar taumidores recumos de qutuosas) no an

Fig. 30– AltePor tipo de be

Fonte: Serv

No que diz rereferem a meber até ficade inquiridosriores relativa

m comparaelhança dos das alcoólica

alcopo

espirituos

e

vinh

cerve

de 16 anos

respeito à ue o grupo hes permitido

de jovens onsumo das ao vinho e ppops, há umrção refere

ma diminuiçãno total de in

ambém quecentes de 1ualquer das no após a al

erações na freebida alcoólic

viço de Intervenção

espeito a prámanutenção ar «alegre» (sos, as referêncamente ao «b

ção com osde 10-15 an

as até ficar «a

ps: cons. recentes (

alcopops: total (n

sas: cons. recentes (

spirituosas: total (n

ho: cons. recentes (

vinho: total (n

eja: cons. recentes (

cerveja: total (n

mais vezes

Serviço de Int

idade mínietário anteri

o consumir/ad

é tambémbebidas alco

para o incremma maior dive

uma manutão da freququiridos, rela

e, compara6 anos quebebidas (seteração legis

quência de coca: jovens glob

o nos Comportame

áticas mais nou aumentoobretudo aucias a uma dbinge» (13%)

s restantes gnos, pelas realegre» (Figu

34,

19,7

32,4

38

18,3

31,1

0 2

(n=72)

n=127)

(n=95)

n=136)

(n=63)

n=131)

(n=93)

n=135)

igual nº de  ve

Os Jovens, o

tervenção nos

ima legal, ior. Contudodquirir bebid

mais evideoólicas, commento relativersidade de atenção ou duência de c

ativamente a

ativamente e, de um moem diferenciaslativa, face

onsumo recenbalmente e co

entos Aditivos e na

ocivas, é tamo da frequênmento) e de

diminuição de.

grupos etárioferências ao

ura 31).

,8

46,3

4

8,1

45,2

1

31

18,1

21,3

22,9

25,2

18,1

6,9

20 40

zes menos vez

o Álcool e a Le

s Comportame

estes jovenso, à data dadas alcoólica

ente a manm uma tendêvamente às apreciaçõesdiminuição dconsumo asos alcopops

aos restanodo geral, mação expresao período

nte (03/2013-03onsumidores re

s Dependências: D

mbém clarancia de «binge embriagueze frequência

os, os jovenso aumento d

,9

30,5

47,6

36,6

31,

2

14,7

11,9

0,8

1,5

0,7

60 80

zes sem espec

sem

sem consumos nos U

sem

sem consu

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

s encontrama inquirição,s não espiritu

nutenção ouência para arestantes be

s por parte ddo consumossumem um.

tes gruposmais reportassiva entre ehomólogo an

3/2014 vs 03/20centes, de 16

DMI/DEI

a maior proge» (sobretuz (sobretudo

a assumem va

de 16 anosda frequênci

9

21,1

14,3

17,2

1,4

2,1

1,0

100

cificar alterações

consumos nos U12M:

U12M: 51.9%

m consumos nos U12M

mos nos U12M: 43.3%

atitudes e legi

e nas Depend

m-se nas me, segundo ouosas.

u incrementa manutençebidas. No qdos jovens, emo. Com efei

valor perce

etários, sãam aumentoespirituosas enterior (Figur

012-03/2013)anos (%), 2014

oporção de judo manuten

manutençãalores perce

s, destacamia de ingestã

: 31.1%

M: 30.1%

%

islação

dências

esmas novo

to da ão no ue diz m que to, as entual

ão os os dos e não a 30).

4

jovens nção),o). No

entuais

m-se, à ão de

Page 57: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

3939

Os Jo

Serviç

1

Àtermocompum a

Mconsuconsuespirit

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Fig. 31– AltePor padrão

Fonte: Serv

.4. Jovens d

À data da traos de identparação entno em que p

Metade ou mumo de cadaumo no quetuosas (Figura

Fig. 32– AltePor tipo de be

Fonte: Serv

embria

"ale

"bi

alcopop

espirituosas

e

vinh

cerve

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

erações na freo de consumo:

viço de Intervenção

de 17 anos

ansição de qtificação dere um ano e

passaram a p

mais destes a tipo de beconcerne a

a 32).

erações na freebida alcoólic

viço de Intervenção

aguez: cons. recente

embriaguez: tota

egre": cons. recente

"alegre": tota

inge": cons. recente

"binge": tota

mais vezes

ps: cons. recentes (

alcopops: total (n

s: cons. recentes (n

espirituosas:total (n

ho: cons. recentes (

vinho: total (n

eja: cons. recentes (

cerveja: total (n

mais vezes

umos, atitudes

portamentos A

quência de co: jovens global

o nos Comportame

quadros legaie alteraçõem que não p

poder consum

jovens declabida alcoólic

ao vinho e a

quência de coca: jovens glob

o nos Comportame

14,3

20,

0

es (n=56)

l (n=133)

es (n=80)

l (n=135)

es (n=78)

l (n=136)

igual nº de  ve

27,5

19,2

4

31,8

29,2

16,3

39

28,6

0 2

n=91)

=130)

=103)

=132)

n=72)

=129)

n=97)

=133)

igual nº de  ve

s e legislação

Aditivos e nas D

onsumo recenlmente e cons

entos Aditivos e na

is, estes joves na frequêpodiam consmir/adquirir b

aram a manca. Verifica-slcopops e p

onsumo recenbalmente e co

entos Aditivos e na

33,9

46,3

27,4

35,9

,6

15,8

2

22,8

10,

20

zes menos vez

40,8

8

9,2

45,

31,5

31,1

4

26,4

27,8

8,5 4

20 40

zes menos vez

Dependências

nte (03/2013-03sumidores rece

s Dependências: D

ns tinham 16ência de csumir/adquirbebidas não

nutenção ouse uma tendara o aume

nte (03/2013-03onsumidores re

s Dependências: D

37,5

3

22,2

39,7

5

9,6

12,5

1,5

1,5

40 60

zes sem espec

s

s

sem consumo

,0

39,8

7,2

38,1

20,

14,6

12,9

15

14,3

4,6

2,3

4,7

2,3

60 80

zes sem espec

sem

sem consumos 

se

sem c

s

3/2014 vs 03/20entes de 16 an

DMI/DEI

6 anos, o queconsumo, esir qualquer bespirituosas.

u aumento dência para anto relativam

3/2014 vs 03/20ecentes de 17 a

DMI/DEI

37,5

25,0

21,8

80

cificar alterações

sem consumos nos U12

sem consumos nos U12

os nos U12M: 42.1%

,9

16,5

5,3

19,6

6,6

2,9

8,3

3,1

100

cificar alterações

m consumos nos U12M:

nos U12M: 44.1%

em consumos nos U12

consumos nos U12M: 3

012-03/2013)nos (%), 2014

e significa qustá em cau

bebida alcoó

da frequênca manutençmente à cerv

012-03/2013)anos (%), 2014

16,2

8

3,6

2,6

100

2M: 42.6%

2M: 40.8%

: 27.0%

2M: 21.9%

30.1%

ue, em usa a ólica e

cia de ão do veja e

4

Page 58: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

40

NmanuRelatenquque rrelativsuper

Esão o

Fig. 33

1

Àtermocompalcoóespiritconsu

Caumecasofrequespirit

No que diz reutenção ouivamente aanto que emrefere a sua vamente à riores) à refer

m comparaos que mais re

3– Alteraçõescons

Fonte: Serv

.5. Jovens d

À data da traos de identparação enólica e o anotuosas. De umir/adquirir

Constatamosento ou man

específico ência de ctuosas, é ma

embriaguez

em

"alegre"

"binge"

espeito aos u incremento «binge» ém relação amanutençãoembriaguez

rência à dim

ção com oueferem um a

na frequênciasumo: jovens g

viço de Intervenção

de18 anos

ansição de qtificação detre um anoo seguinte enotar no e

r de novo qua

que para nutenção da

da cervejaconsumo, e

ais evidente a

z: cons. recentes (n=

mbriaguez: total (n=1

": cons. recentes (n=

"alegre": total (n=1

": cons. recentes (n=

"binge": total (n=1

mais vezes

Serviço de Int

padrões deto da sua é mais evide

beber até fo é semelhaz, estas sãoinuição da fr

utras idades/aumento da f

a de consumoglobalmente e

o nos Comportame

quadros legae alteraçõeo em que pem que passentanto quealquer tipo d

todas as bfrequência

, a tendêncnquanto re

a percentage

33

15,6

28,0

26,1

0

=59)

128)

=87)

132)

=78)

134)

igual nº de  ve

Os Jovens, o

tervenção nos

consumo mfrequência

ente a refeficar «alegre»nte à que re

o por sua vrequência.

/grupos etárfrequência d

recente (03/20e consumidore

entos Aditivos e na

ais estes jovens na frequêpodiam consaram a pode, à data de bebida alc

bebidas alcode consumocia aparent

elativamenteem de joven

3,9

42,5

0

44,9

15,6

2

20,9

14,1

20 4

zes menos vez

o Álcool e a Le

s Comportame

mais nocivo,a, com alg

rência ao a» e à embria

efere o seu avez semelha

rios, estes jovde consumo

013-03/2014 vss recentes com

s Dependências: D

ns tinham 17ência de cnsumir/adquider adquirir/c

da inquiriçãcoólica.

oólicas é mo em compata ser mais

às restantes que refere

33,9

42

28,0

35,

1

9,8

9,7

0,8

1,5

0 60

zes sem espec

se

sem consumo

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

é maior a tgumas distinaumento daaguez, a proaumento. De

ntes (ainda

vens (consum«binge» (Figu

s 03/2012-03/20m 17 anos (%),

DMI/DEI

anos, o queconsumo, esirir qualquerconsumir apeão, estes jo

mais comumração com ono sentido

es bebidas,a manutenç

,5

9

30,5

16

80

cificar alterações

m consumos nos U12M

sem consumos nos U

s nos U12M: 53.9%

atitudes e legi

e nas Depend

tendência pnções a rea sua frequêoporção de je referir aindaa que um p

midores receura 33).

013), por padr, 2014

e significa qustá em caur tipo de benas bebidaovens já po

a referênco ano anterido aument

nomeadamção (Figura 3

15,0

6,7

1,7

2,5

100

M: 41.8%

U12M: 34.2%

islação

dências

para a egistar. ência, jovens a que, pouco

entes),

rão de

ue, em usa a

bebida as não odiam

cia ao or. No to da mente 4).

Page 59: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

4141

Os Jo

Serviç

Nda freoutro

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Fig. 34– AltePor tipo de be

Fonte: Serv

No que diz reequência de

o lado, de au

Fig. 35– AltePor padrão

Fonte: Serv

alcop

espirituos

vin

cerv

embriaguez

em

"alegre"

"binge"

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

erações na freebida alcoólic

viço de Intervenção

espeito a cone ingestão dmento da fre

erações na frede consumo: j

viço de Intervenção

ops: cons. recentes

alcopops: total (

sas: cons. recentes (

espirituosas: total (

nho: cons. recentes

vinho: total (

veja: cons. recentes

cerveja: total (

mais vezes

z: cons. recentes (n=

mbriaguez: total (n=1

": cons. recentes (n=

"alegre": total (n=1

": cons. recentes (n=

"binge": total (n=1

mais vezes

umos, atitudes

portamentos A

quência de coca: jovens glob

o nos Comportame

nsumos maisde bebidas aequência de

quência de cojovens globalm

o nos Comportame

25,0

14,3

35

29,1

3

26,8

35

0

s (n=68)

(n=119)

(n=103)

(n=127)

s (n=89)

(n=123)

s (n=98)

(n=128)

igual nº de  ve

31,

14,9

28,3

25,4

0

=58)

121)

=92)

127)

=79)

126)

igual nº de  ve

s e legislação

Aditivos e nas D

onsumo recenbalmente e co

entos Aditivos e na

s nocivos, é malcoólicas a

e «binge» (Fig

onsumo recenmente e consu

entos Aditivos e na

5,9

1

7,1

8

46,9

5,9

48,

27,7

33,9

27,6

25,8

13,4

20 40

zes menos vez

,0

39,1

3

40,5

19,0

19,8

12

20 4

zes menos vez

Dependências

nte (03/2013-03onsumidores re

s Dependências: D

mais evidentaté ficar «alegura 35).

nte (03/2013-03umidores recen

s Dependências: D

5

41,8

38,2

33,7

8

23

4

2

16,5

22

16,3

14,1

1,7

1,6

1,6

0,8

60 80

zes sem espec

s

sem c

sem consumo

39,7

44,6

32,3

31,6

2,4

1

15,1

1,7

2,4

0 60

zes sem espec

sem consum

s

3/2014 vs 03/20ecentes de 18 a

DMI/DEI

e a referêncegre» e de e

3/2014 vs 03/20ntes com 18 a

DMI/DEI

,5

20,4

2,5

18,4

3,0

1,9

2,2

1,0

100

cificar alterações

sem consumos nos U12

onsumos nos U12M: 2

sem consumos nos U1

s nos U12M: 42.9%

25,9

1

10,2

24,1

1,6

80

cificar alterações

sem consumos nos U

sem consumos nos U

mos nos U12M: 52.0%

012-03/2013)anos (%), 2014

cia à manuteembriaguez e

012-03/2013)nos (%), 2014

2M: 23.4%

27.7%

12M: 18.9%

14,1

3,4

2,2

3,8

100

U12M: 37.3%

U12M: 27.6%

4

enção e, por

Page 60: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

42

1

Eadqu

Éfrequ

P

Qfrequseguiem cmeno

.6. Jovens d

stão agorauirir/consumir

de notar quência de co

Fig. 36– AltePor tipo de beb

Fonte: Serv

Quanto ao cência de car à manuten

comparaçãoos referem um

Fig. 37– AltePor padrão d

Fonte: Serv

alcopop

espirituosa

e

vinho

cervej

embriag

"aleg

"bin

de 19-24 an

a em causr qualquer tip

ue entre os jonsumo para

erações na frebida alcoólica

viço de Intervenção

consumo maada uma dasnção se desto com os rem aumento d

erações na frede consumo: jo

viço de Intervenção

ps: cons. recentes (n

alcopops: total (n

s: cons. recentes (n

spirituosas: total (n

o: cons. recentes (n

vinho: total (n

a: cons. recentes (n

cerveja: total (n

mais vezes

guez: cons. recentes

embriaguez: tota

gre": cons. recentes

"alegre": tota

nge": cons. recentes

"binge": tota

mais vezes

Serviço de Int

os

a jovens qpo de bebida

ovens de 19-2todas as beb

quência de coa: jovens globa

o nos Comportame

is nocivo, des práticas. Detacava o auestantes grupda frequênci

quência de coovens globalm

o nos Comportame

16,7

11,8

21,4

18,9

25,2

18,4

39

31,4

0 2

n=150)

n=211)

n=196)

n=222)

n=159)

n=217)

n=176)

n=220)

igual nº de  ve

19,

11,2

2

18,6

22

15,7

0

s (n=125)

l (n=215)

s (n=172)

l (n=221)

s (n=151)

l (n=216)

igual nº de  ve

Os Jovens, o

tervenção nos

que atualma alcoólica e

24 anos é mabidas alcoóli

onsumo recenalmente e con

entos Aditivos e na

estaca-se ae notar, que

umento do dpos etários, ia de consum

onsumo recenmente e consu

entos Aditivos e na

9,2

4

48,0

34,1

45,0

39,6

47,1

34,6

33,6

20 40

zes menos vez

,2

3,8

6

2,5

7

29,3

36

30,6

20

zes menos vez

o Álcool e a Le

s Comportame

mente e noem locais púb

ais comum acas (Figura 3

nte (03/2013-03nsumidores rec

s Dependências: D

manutençãe nas idades/da frequência

estes consumos nocivos

nte (03/2013-03midores recen

s Dependências: D

1

42,1

6

31,3

22,3

32,

28,4

25

18,4

13,6

2,8

1,8

1,4

60 80

zes sem espec

s

sem co

50,4

46,5

6,2

43,7

16,3

20,8

1,4

40 60

zes sem espec

se

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

os últimos blicos ou abe

a referência à36).

3/2014 vs 03/20entes de 19-24

DMI/DEI

ão, seguida d/grupos etária destas prámidores rece(Figura 37).

3/2014 vs 03/20ntes de 19-24 a

DMI/DEI

1

5,2

17,0

4,0

1,5

1,4

2,5

1,74

100

cificar alterações

sem consumos nos U

sem consumos nos U1

sem consumos nos U

onsumos nos U12M: 2

28,0

26,2

20,4

29,8

2,7

2,8

80

cificar alterações

sem consumos nos U

sem consumos nos U

em consumos nos U12

atitudes e legi

e nas Depend

2 anos poertos ao púb

à manutenç

012-03/2013)4 anos (%), 201

da diminuiçãos preceden

áticas. Com eentes são o

012-03/2013)anos (%), 2014

U12M: 20.0%

12M: 26.8%

U12M: 11.7%

29.0%

2,4

3,5

4,0

100

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4343

Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

1.7. O que concluímos quanto a alterações na frequência de consumo

Globalmente, as proporções de jovens que declaram que a sua frequência de consumo de bebidas alcoólicas ou de certos padrões mais nocivos diminuíram situam-se entre 9% e 14%.

Com exceção da cerveja, cuja evolução mais frequente consistiu no aumento de vezes em que esta foi ingerida (ainda que com uma diferença percentual muito reduzida em comparação com os jovens que referem a sua manutenção), observa-se uma tendência para a manutenção da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas entre os anos precedente e subsequente à alteração legislativa. Por sua vez, no total de jovens inquiridos é mais frequente a referência à manutenção da regularidade dos consumos mais nocivos. Efetuando uma comparação entre idades/grupos etários, concluímos:

Para todas as idades/grupos etários e tipos de bebidas alcoólicas, a proporção de jovens consumidores recentes que refere que a sua frequência de consumo no último ano foi inferior à do ano anterior é sempre menor que as relativas à manutenção ou aumento desta, sucedendo o mesmo relativamente aos três padrões de consumo nocivo analisados (com exceção para os jovens de 19-24 anos).

No que diz respeito às evoluções na frequência de ingestão de bebidas alcoólicas no último ano, são os consumidores recentes de 16 anos os que mais referem um aumento desta.

No que diz respeito às evoluções na frequência de consumos nocivos no último ano, os consumidores recentes de 10-15 anos são os que mais referem um aumento da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas até ficar «alegre» e embriagado (sendo de ter em consideração as respetivas prevalências no total de inquiridos). Depois destes, de um modo geral, são os consumidores recentes de 16 e de 17 anos que mais reportam aumentos de consumos nocivos (ingestão de bebidas alcoólicas até ficar «alegre» para os 16 anos, consumo «binge» para os 17 anos e embriaguez para ambos). Por outro lado, os consumidores recentes de 19-24 anos são os que menos referem aumentos de frequências de consumos nocivos.

Com exceção para os jovens de 19-24 anos, a proporção de jovens que refere que passou a beber cerveja mais vezes é sempre superior às dos jovens que referem a sua manutenção ou diminuição. De notar, contudo, que, de uma forma geral, é semelhante à dos jovens que mencionam uma manutenção da frequência. Apenas nos jovens de 18 anos se destaca particularmente a referência ao aumento de consumo em comparação com os que o mantêm.

Para todos os grupos etários, a tendência consiste na manutenção da frequência com que o vinho é tomado. Apenas nos jovens de 18 anos, a proporção de jovens que refere a manutenção do consumo é semelhante aos que apontam o seu incremento.

Entre os 10 e os 16 anos, destacam-se as referências ao aumento do número de vezes em que são ingeridas bebidas espirituosas, com particular evidência nos jovens de 16 anos, em que a referência a um aumento da frequência é claramente superior à da sua manutenção. A partir dos 17 anos tendem a manter a frequência do consumo, sobretudo entre os 19-24 anos.

À semelhança do vinho, os jovens tendem a declarar sobretudo uma manutenção da frequência de consumo de alcopops, com exceção para os de 16 anos, idade em que os jovens referem em maior medida o seu aumento.

Por último, é importante referir que esta análise incide em alterações de frequência de consumo tendo como base os jovens que tomaram bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses. Isto significa que não estão contemplados os casos dos jovens que na transição entre os dois anos em comparação deixaram de consumir as referidas bebidas alcoólicas ou deixaram de adotar os vários padrões de consumo nocivo. Possivelmente, entre os consumidores desistentesmencionados anteriormente, constarão jovens que correspondem a este tipo de situação.

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44

Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

2. Razões para as alterações na frequência de consumo de bebidas alcoólicas

De forma a melhor compreender as motivações subjacentes a uma diminuição ou aumento da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas (por tipo de bebida) ou da frequência de determinados comportamentos (consumo «binge», beber até ficar «alegre» ou embriagado), designadamente razões de acessibilidade, que podem em grande medida decorrer da alteração legislativa, os jovens foram inquiridos sobre 5 razões possíveis, dando espaço, numa resposta aberta, para a indicação de razões adicionais ou alternativas. São estas:

Razões económicas Motivos de saúde Razões familiares Alterações no estilo de vida (saídas à noite, percurso profissional/académico) Razões de acessibilidade às bebidas alcoólicas (locais onde se pode consumir ou

adquirir) Outras razões

Considerando os jovens inquiridos globalmente, independentemente do tipo de bebida alcoólica ou padrão de consumo nocivo, as razões que se destacam, quer para o aumento da frequência, quer para a sua diminuição, têm que ver com alterações no estilo de vida. Este argumento é apontado por aproximadamente metade dos jovens.

Entre as 5 razões sugeridas, as mencionadas em segundo lugar, quer para o aumento quer para a diminuição da frequência de consumo são as económicas (mencionadas por 9% a 15% dos jovens quanto ao aumento da frequência e por 11% a 14% para a sua diminuição, consoante o tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo nocivo).

As razões relativas à acessibilidade de bebidas alcoólicas, particularmente relevantes no domínio deste estudo, são mencionadas por menos de 10% dos jovens, quer para o aumento da frequência como para a sua diminuição, tratando-se de um argumento mais comum para justificar o aumento da frequência do que para a sua diminuição.

Os motivos de saúde são também referidos apenas marginalmente (independentemente da evolução da frequência), no máximo por 8% dos jovens.

Por sua vez, as razões familiares são mencionadas também no máximo por 8% dos jovens (independentemente da evolução da frequência).

De notar que, enquanto o argumento das alterações do estilo de vida é o principal para todas as idades/grupos etários, os restantes sofrem algumas variações quanto à sua priorização em função destes. A este nível destacamos que 28% dos jovens de 17 anos mencionam razões familiares para justificar o aumento da frequência de vinho.

3. Alterações em problemas associados ao consumo de bebidas alcoólicas

Como referido a propósito das alterações no consumo de bebidas alcoólicas, a recolha de dados no âmbito deste estudo foi efetuada um ano após a alteração legislativa. Apesar do reduzido espaço de tempo entre a publicação do Decreto-Lei e a aplicação do inquérito para avaliar este tipo de alterações, procurámos conhecer também eventuais evoluções em problemas potencialmente associados ao consumo de bebidas alcoólicas, segundo a perceção dos jovens inquiridos.

Como tal, nos inquéritos aplicados, solicitámos a identificação de alterações aos jovens que reconheceram problemas nos últimos 12 meses, em função da data de publicação da alteração legislativa, isto é, março/2013-março/2014 (últimos 12 meses) em comparação com março/2012-março/2013.

Esta questão foi colocada relativamente a 6 problemas, sendo o indicador das alterações a frequência, expressa em «mais vezes/ igual número de vezes/menos vezes» que no ano anterior:

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4545

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46

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4747

Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

4. O que concluímos quanto a alterações no consumo de bebidas alcoólicas e problemas associados

Comparando dois anos de transição no que concerne à alteração legislativa no domínio da disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos ou abertos ao público, constatamos que 9% a 14% dos jovens (10-24 anos) inquiridos que tomaram bebidas alcoólicas no último ano o fizeram menos vezes (considerando todos os tipos de bebidas alcoólicas e padrões de consumo nocivo) que no ano anterior. Globalmente, a tendência reside na manutenção da frequência de ingestão de todas as bebidas alcoólicas (à exceção da cerveja, onde é maior a referência a um aumento desta) e de todos os consumos nocivos.

Em todas as idades/grupos etários analisados, a proporção de jovens que refere que a sua frequência de consumo no último ano foi inferior à do ano anterior é sempre menor que as que referem uma manutenção ou aumento desta, para todos os tipos de bebidas alcoólicas e padrões de consumo nocivo. Os jovens consumidores recentes de 19-24 anos constituem uma exceção a este quadro, na medida em que referem mais uma diminuição do que um aumento da frequência de consumo de bebidas espirituosas, alcopops e qualquer consumo nocivo.

Comparando grupos etários no que diz respeito à medida em que referem um aumento da frequência de consumo de bebidas alcoólicas e padrões nocivos no último ano, em comparação com o ano anterior, verificamos que são os consumidores recentes de 16 anos que, de uma forma geral, mais reportam um aumento da frequência de ingestão das várias bebidas alcoólicas, enquanto, a seguir aos de 10-15 anos, são os consumidores recentes de 16 e de 17 anos que mais reportam aumentos de consumos nocivos (em que nos dois anos de transição aqui em análise teriam respetivamente entre 14-16 anos e entre 15-17 anos).

É de notar a este propósito que, como referido anteriormente, comparando os jovens inquiridos de várias idades/grupos etários no que diz respeito à prevalência e frequência de ingestão de bebidas alcoólicas e de consumo nocivos, é entre os de10-15 anos por um lado e, os 16/17 anos, por outro, que se observa o maior aumento destas.

Importa referir a propósito destas evoluções que estas são frequentemente idades de transição em termos de alterações do estilo de vida (nomeadamente a frequência de saídas à noite), sendo estas, aliás, as razões das alterações dos consumos mais apontadas pelos inquiridos em geral: independentemente do grupo etário, as principais razões referidas por estes para alterações na sua frequência de consumo, quer no que diz respeito ao seu aumento como à sua diminuição, são as alterações no estilo de vida (ex: saídas à noite, percurso profissional/académico).

As razões de acessibilidade a bebidas alcoólicas (ex: locais onde se pode consumir ou adquirir), particularmente importantes no domínio deste estudo, são, à exceção de alguns casos pontuais, referidas apenas marginalmente para justificar a diminuição da frequência de consumo. Com efeito, este argumento é mais comum para justificar o aumento da frequência.

Finalmente, no que concerne a problemas associados ao consumo de bebidas alcoólicas, as evoluções percebidas pelos jovens que reconhecem estes problemas no último ano dependem do problema em causa, sendo de destacar, por um lado, as referências quanto ao aumento das situações de sexo desprotegido depois de tomar bebidas alcoólicas e coma alcoólico e, por outro, as referências à diminuição das situações de assistir a amigos a entrarem em coma alcoólico e de deslocação a serviços de urgência/hospitalizações.

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48

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4949

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50

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ue em maiorbebida alcodolescentes

ar também auma bebida

forma, note-ual, no últimora situações

es ter sido confiss em que esta serto de música,

6,0

1,8

5,0

2,9

3,2

7

6,

5,4

2,5

0

outro

superm.

roulotte

bomba

festival

esta priv.

iscoteca

bar

café

taurante

rua

.

UER local

Serviço de Int

os últimos 12

xercício de onsumo de bxperiência doativamente a

u confiscaç

aproximadabebida alcoóexto não es

u confiscação- Total de inqu

o nos Comportame

r medida reoólica são os

que, como v

a proporção alcoólica (5

-se tambémo ano, era pnão relacion

cada uma bebisituação ocorrebomba de gaso

0

7,1

8,9

9,4

4

7,9

5

6,3

3,8

4,2

9,0

12,0

11,9

7,5

7,1

10

cons. recen

Os Jovens, o

tervenção nos

2 meses

um conjunbebidas alcoos jovens inqa idades/gru

ção de beb

mente metaólica ou de epecificado

o de bebidas auiridos e consu

entos Aditivos e na

eferem a exp de 16 anos,vimos atrás,

de consumi53%).

as proporçõpermitido adqnadas com o

ida alcoólica é oeu nos últimos 1olina, roulotte/ca

18,919,7

0

9

20

ntes (n=731)

o Álcool e a Le

s Comportame

nto de prátoólicas em lquiridos. Estasupos etários e

bidas alcoól

ade tem aesta lhe ter se, em segun

alcoólicas nosmidores recen

s Dependências: D

periência de, seguidos dose destacam

dores de 10-

ões não muitquirir/consum

o controlo da

obtida a partir d2 meses (rua, re

arrinha, superme

30

total (n=1051

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

ticas de coocais públics práticas sãoespecíficos.

icas

experiênciasido confiscando lugar, e

últimos 12 mesntes (%), 2014

DMI/DEI�

e lhes ter sidos de 17 ano

m com consu

-15 anos a q

to inferiores nmir qualquer idade (Figur

das declaraçõesestaurante, cafércado, casa, ou

41,5

40

)

atitudes e legi

e nas Depend

ontrolo quancos ou aberto descritas p

a de lhe teada. Esta atuem bares e

ses, por locais

do recusadaos16, precisamumos nocivo

quem foi rec

no grupo debebida alcora 44).

s dos jovens quaé, bar, discotecutro).

48,8

50(%)

islação

dências

nto à tos ao para o

er sido uação

cafés

s mais

a e/ou mente s mais

usada

19-24 oólica,

anto aos a, festa

Page 69: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

5151

Os Jo

Serviç

2

4pergualcoófrequespec

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

Fig. 44-Total de inq

Fonte: Serv

2.2. Inquirir a

42% dos joveuntada a idaólicas neste ência em cificados (Fig

Fig. 45– Inq

Fonte: Serv

0

10

20

30

40

50

60

70(%)

fe

d

res

QUALQU

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

Recusa de venquiridos e cons

viço de Intervenção

acerca da id

ens inquiridoade para lhperíodo, esbares e, e

gura 45).

uirição sobre aTotal

viço de Intervenção

41,548,8

global

0,9

3,3

2,0

1,9

5,6

2,9

1,0

2

2

0

outro

superm.

roulotte

bomba

festival

esta priv.

discoteca

bar

café

staurante

rua

.

UER local

umos, atitudes

portamentos A

nda ou confiscumidores rece

o nos Comportame

dade e solic

s tiveram, nes venderemsta percentam segundo

a idade para vde inquiridos e

o nos Comportame

36,5

52

. 10/15 a

total  (

12,9

8,8

7,2

10,8

7,4

6

12,

11,5

4,0

,5

,5

9,6

9,3

6,8

3,8

10

cons. recen

s e legislação

Aditivos e nas D

cação de bebentes, globalm

entos Aditivos e na

citação de

nos últimos 1m bebidas aagem é deo lugar, em

vender bebidae consumidore

entos Aditivos e na

58,42,9

63,3

anos 16 anos

(n=1051) con

,2

5

14,4

20

ntes (n=731)

Dependências

idas alcoólicamente e por ida

s Dependências: D

cartão de i

12 meses, aalcoólicas. En

50%. Esta sm supermerc

as alcoólicas, pes recentes (%)

s Dependências: D

49,655,0

17 anos

ns. recentes (n=73

30

total (n=1051

s

as nos últimos 1ade/grupo etá

DMI/DEI�

dentificaçã

experiênciantre os que tsituação oc

cados e ou

por locais mai), 2014

DMI/DEI�

39,8 340,7

18 anos 19

31)

41,8

40

)

12 meses ário (%), 2014

ão

a de lhes tetomaram be

correu com utros lugares

is frequentes

36,538,2

9/24 anos

49,8

50(%)

er sido ebidas maior

s não

Page 70: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

52

de lhexpe

4identalcoóbar e

17 A edeclarrestaursuperm

42% dos jes ser perguriência a este

Total de inq

Fonte: Serv

40% dos joveificação (Bil

ólicas (48% ee, em segund

xperiência de lações dos joverante, café, ba

mercado, casa, o

0

10

20

30

40

50

60

70(%)

ovens (50% duntada a idae nível são o

Fig. 46– Inququiridos e cons

viço de Intervenção

ens inquiridoshete de Identre os cons

do lugar, de s

lhes ter sido peens quanto aosar, discoteca, feoutro).

41,849,8

global

Serviço de Int

dos consumiade para lhes de 16 anos

uirição sobre aumidores rece

o nos Comportame

s declaram entidade ouumidores recsupermercad

erguntada a ida

locais mais freesta privada, fe

34,2

5

. 10/15 a

total (n=1

Os Jovens, o

tervenção nos

idores recenes venderems, seguidos do

a idade para ventes, globalm

entos Aditivos e na

que no últim Cartão de

centes). Estado e outros lu

ade para lhes equentes em questival/concerto

58,450,8

64,2

anos 16 anos

1051) cons. re

o Álcool e a Le

s Comportame

tes) tiveram, bebidas alcos de 17 ano

vender bebidamente e por ida

s Dependências: D

mo ano lhes Cidadão)situação foi

ugares não e

venderem bebue esta situaçã

o de música, b

54,059,2

17 anos

ecentes (n=731)

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

, no último acoólicas. Os jos17 (Figura 46

as alcoólicas ade/grupo etá

DMI/DEI

s foi solicitadpara lhes vemais comumspecificados

idas alcoólicas o ocorreu nos omba de gaso

43,03

42,6

18 anos 19

atitudes e legi

e nas Depend

ano, a experjovens com

6).

ário (%), 2014

do um cartãenderem bem em contexs (Figura 47).

é obtida a paúltimos 12 mes

olina, roulotte/c

37,839,6

9/24 anos

islação

dências

iência maior

ão de ebidas xto de

artir das es (rua,

carrinha,

Page 71: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

5353

Os Jo

Serviç

Fig. 4

E48)18.

18 A expartir d(rua, resuperm

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

47– Solicitação

Fonte: Serv

sta experiên.

Fig. 4Total de inq

Fonte: Serv�

xperiência de lhdas declaraçõeestaurante, café

mercado, casa, o

fe

d

res

QUALQU

0

10

20

30

40

50

60

70(%)

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

o de cartão deTotal

viço de Intervenção

cia é mais c

48– Solicitaçãoquiridos e cons

viço de Intervenção

hes ter sido solics dos jovens qu

é, bar, discotecaoutro).

0,6

2

1,5

1,2

1,8

0,8

1,9

1,5

2

0

outro

superm.

roulotte

bomba

festival

esta priv.

discoteca

bar

café

staurante

rua

.

UER local

39,747,7

global

umos, atitudes

portamentos A

e identificaçãode inquiridos e

o nos Comportame

comum para

o de cartão deumidores rece

o nos Comportame

itado o cartão anto aos locaisa, festa privada

12

8,8

2,7

6,7

9,6

5,4

3,7

8

12

12,0

3,7

9

9,2

1

6,3

4,9

,5

10

cons. recen

32,6

4

. 10/15 a

total (n=10

s e legislação

Aditivos e nas D

o para vendere consumidore

entos Aditivos e na

os jovens de

e identificaçãoentes, globalm

entos Aditivos e na

de identificaçãmais frequente

a, festival/conce

2,82,4

0

13,4

20

ntes (n=731)

51,848,758,7

anos 16 anos

051) cons. re

Dependências

bebidas alcoóes recentes (%)

s Dependências: D

e 16 anos, se

o para vendermente e por ida

s Dependências: D

ão para lhes venes em que esta erto de música,

30

total (n=1051

53,358,3

17 anos

ecentes (n=731)

s

ólicas, por loca), 2014

DMI/DEI�

eguidos dos d

bebidas alcoóade/grupo etá

DMI/DEI

nderem bebidassituação ocorrebomba de gaso

39,7

40

)

42,23

42,6

18 anos 19

ais mais frequ

de 17 anos (

ólicas ário (%), 2014

s alcoólicas é oeu nos últimos 12olina, roulotte/c

47,7

50(%)

36,037,7

9/24 anos

entes

Figura

obtida a 2 meses

carrinha,

Page 72: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

54

3. A

Nbebidconsié semjovenacess

Alterações

No que diz rdas alcoólicdera não te

melhante, indns de 16 anoso, independ

Fig. 49– Altera

Fonte: Serv

Fig. 50– Alter

Fonte: Serv

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

na facilidad

respeito à pas (cerveja,rem havido

dependentemos são os q

dentemente

ações na dificuTotal

viço de Intervenção

rações na dificTotal

viço de Intervenção

72,5

17,8

9,7

total(n=800)

74,0

16,2

9,8

total(n=777)

Serviço de Int

de de aquis

perceção do, vinho, bebalterações nmente da idue em maiodo tipo de b

uldade de aqude inquiridos e

o nos Comportame

culdade de aqde inquiridos e

o nos Comportame

71,2

17,7

11,1

10/15 a(n=28

sem alteraç

73,2

14,5

12,3

10/15 a(n=27

sem alteraç

Os Jovens, o

tervenção nos

sição de be

os jovens qubidas espirituno período aade/grupo e

or medida cbebida alcoó

uisição de cere por idade/gr

entos Aditivos e na

quisição de vine por idade/gr

entos Aditivos e na

260,8

728,9

1 10,3

anos88)

16 anos(n=97)

ção mais fác

264,2

524,2

3 11,6

anos76)

16 anos(n=95)

ção mais fác

o Álcool e a Le

s Comportame

ebidas alcoó

uanto à facuosas) verificpós a alteraetário e do tconsideram qólica (Figuras

veja (03/2013-rupo etário (%)

s Dependências: D

nho (03/2013-0rupo etário (%)

s Dependências: D

76,4

16,4

7,2

17 anos(n=110)

cil mais difí

76,9

17,6

5,5

17 anos(n=108)

cil mais difí

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

ólicas

ilidade de aca-se que ação legislativipo de bebidque se torno49 a 51).

-03/2014 vs 03/), 2014

DMI/DEI

03/2014 vs 03/2), 2014

DMI/DEI

67,6

21,9

10,5

18 anos(n=105)

19(

ícil

70,6

19,6

9,8

18 anos(n=102)

19(

ícil

atitudes e legi

e nas Depend

acesso a dia grande mva. Esta percda. Por sua vou mais fác

/2012-03/2013)

2012-03/2013)

80,5

11,0

8,5

9/24 anos(n=200)

80,1

12,2

7,7

9/24 anos(n=196)

islação

dências

versas maioria ceçãovez, os il este

)

Page 73: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

5555

Os Jo

Serviç

Fi

4. A

Nnamocomuter sidos paDecre

Fig. 52Total

19 Não

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

g. 51– Alteraç

Fonte: Serv

Atuação em

No grupo de orado(a) e/oum no caso ddo chamadoais, mesmo eeto-Lei Nº50/

2- Pessoas/ent de inquiridos

Fonte: Serv

foram de todo c

0%

20%

40%

60%

80%

100%

243

0

5

10

15

20

25

30

na

c

(%)

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

ões na dificuld03/2013):T

viço de Intervenção

m caso de i

jovens que nou amigo (sdos menoreso. Com efeitoem jovens m/2013, de 16 d

tidades contaccom embriag

viço de Intervenção

contactados rep

71,1

17,3

11,6

total(n=769)

24,3

13,3

29,6

19,1

morado(a)/amigos/onhecidos

ning

tota

umos, atitudes

portamentos A

dade de aquisTotal de inquirid

o nos Comportame

ntoxicação

no último ano)/conhecido. Em segundo, como se penores em ede abril, ou q

ctadas em casuez nos último

o nos Comportame

presentantes leg

71,0

15,6

13,4

10/15 a(n=27

sem alteraç

2,5

15,6

3,9

10,9

guém pais

al (n=362) me

s e legislação

Aditivos e nas D

sição de bebiddos e por idad

entos Aditivos e na

o alcoólica

o se embriago(s) a propóo lugar, destpode observestado de inqualquer figu

so de embriagos 12 meses, me

2014

entos Aditivos e na

gais, a PSP/GNR o

062,6

624,2

4 13,2

anos76)

16 anos(n=91)

ção mais fác1,1

3,9

1,7

1,1

0,5

irmãos/ outrofamiliares

nos de 18 anos (n=

Dependências

das espirituosade/grupo etári

s Dependências: D

gou, em 24%ósito desta sitaca-se por svar na Figurantoxicação/eura de autorid

guez/Intoxicaçenores de 18 a

s Dependências: D

ou seguranças p

69,1

20,6

10,3

17 anos(n=107)

cil mais difí

1,1

0,7

0,5

os INEM

179) 18 anos 

s

s (03/2013-03/o (%), 2014

DMI/DEI

dos casos fotuação, o qua vez a situ52, é raro se

embriaguez, dade19.

ção alcoólica nanos ou com 1

DMI/DEI

privados.

67,0

19,0

14,0

18 anos(n=100)

19(

ícil

0,3

0,6

0,5

ASAE

ou mais (n=183)

/2014 vs 03/201

oi contactadque é aindauação de ninerem contaccomo previs

nos últimos 1218 anos ou ma

78,5

13,8

7,7

9/24 anos(n=195)

0,6

1,1

outros

12-

do o/a a mais nguém ctadossto no

mesesais (%),

Page 74: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

56

Os Jovens, o Álcool e a Lei. Consumos, atitudes e legislação

Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

5. O que concluímos quanto à aplicação da lei

Os locais em que os jovens inquiridos mais frequentemente adquirem bebidas alcoólicas são os bares e as discotecas, seguidos dos cafés e supermercados. Uma proporção importante menciona ainda a aquisição na rua ou em casa.

Perto de metade dos jovens inquiridos experienciou, no último ano, práticas de controlo quanto à disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas, a saber, a recusa de venda ou confiscação da bebida alcoólica, a inquirição sobre a idade e a solicitação de cartão de identificação. Estas experiências de controlo são mais frequentes nos jovens de 16 anos, seguidos dos de 17 anos.

Os contextos em que estas práticas são mais mencionadas são os bares, que são simultaneamente os locais mais frequentados para aquisição de bebidas alcoólicas. Analisando as experiências dos jovens quanto a cada prática de controlo dentro dos subgrupos que adquiriram bebidas alcoólicas em cada estabelecimento comercial, verificamos que a proporção que teve a experiência de controlo se mantém como mais elevada relativamente aos bares. Por outro lado, embora as discotecas sejam o segundo local mais frequente de aquisição de bebidas alcoólicas, são os cafés e supermercados que se destacam em segundo lugar quanto à experiência de práticas de controlo.

Considerando os dois anos em comparação (precedente e subsequente à alteração legislativa), a perceção dos jovens inquiridos é, sobretudo, de que não ocorreram alterações na dificuldade de acesso a bebidas alcoólicas, independentemente do tipo de bebida (cerveja, vinho ou espirituosas). Em particular, os jovens de 16 anos são os que mais mencionam um aumento da facilidade de acesso, independentemente do tipo de bebida alcoólica.

É de notar como os jovens que mais referem um aumento da facilidade de acesso a bebidas alcoólicas são também os que mais apontam ter passado por práticas de controlo, porventura porque, no grupo de adolescentes, são os que mais se deslocam a estabelecimentos comerciais para aquisição de bebidas alcoólicas. Apesar da ocorrência de algumas situações de controlo, a experiência prevalecente poderá ser a de ausência deste. Com efeito, é de relembrar como, no âmbito dos consumidores recentes, as práticas nocivas são mais evidentes nestes jovens. Por sua vez, a par desta particular referência a um aumento na facilidade de acesso a bebidas alcoólicas é de destacar, o particular incremento da prevalência e frequência de ingestão destas na transição para estas idades.

Por fim, é de referir, entre estes jovens, a fraca implementação da medida prevista no Decreto-Lei nº 50/2013, de 16 de abril, de contacto do responsável legal em situações de intoxicação de menores.

Page 75: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

5757

Os Jo

Serviç

1. Co

Ocompmedimínimpúblic

1

Qdispoinquirdemoanos,consualtera

Fig. 5de a

1d

Adiz recombrelativconsidos c

20 A fime cons

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

A L

onheciment

O conhecimportamentosdas restritiva

mas em quecos20, de form

.1. Ocorrên

Questionadosonibilização, rição, a maionstraram te, seguido dumidores recação (Figura

53– Conhecimlteração legisl

Fonte: Serv

.2. Conhecde abasteci

Aproximadamespeito à pebustível fora vamente eqderam que n

consumidores

m de facilitar a leumo de bebida

64

35

0%

20%

40%

60%

80%

100%

totglo(n=9

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

EI: CONH

to da lei

mento da le em confor

as chave daé permitido

ma a avaliar

ncia de algu

s sobre a ocovenda e conor parte (64r um maior co de 19-24

centes afirma53).

mento da lei soblativa nos últim

viço de Intervenção

cimento quamento de c

mente metadermissão de das localidauitativa entrenão (com ums recentes pa

eitura, por vezess alcoólicas em

4,456,1

5,643,9

tal:obal969)

total:cons.

recentes(n=684)

umos, atitudes

portamentos A

ECIMENTO

egislação funrmidade coalteração le

o disponibilizar o nível de c

uma alteraç

orrência de ansumo de be%) dos joven

conhecimentanos. Glob

am em maio

bre disponibilizmos 2 anos: Tot

grup

o nos Comportame

anto à permcombustível

de dos jovenvenda de b

ades e na aue os que conma ligeira teara a respost

s utilizar-se-á a exlocais públicos o

77,4

22,6

10/15anos:global(n=376) r

(

s e legislação

Aditivos e nas D

OS, ATITUD

nciona comom esta. Coegislativa, rear, vender oonheciment

ção legislati

alguma alteebidas alcoóns respondeto quanto à obalmente eor medida te

zação, vendatal de inquiridopo etário (%),

entos Aditivos e na

missão de vel fora das lo

ns inquiridos dbebidas alcutoestrada. Onsideram quendência do ta errada).

expressão «compou abertos ao p

65,7

34,3

10/15anos:cons.

recentes(n=166)

não

Dependências

DES E REPR

mo um fatoomo tal, seeferentes aosou consumir os dos joven

iva

ração legislaólicas, nos 2u afirmativaocorrência d

para cadaerem conhe

e consumo deos e consumid2014

s Dependências: D

enda de beocalidades e

declarou desoólicas em Os restantes e tal comerctotal de inqu

prar/consumir» público.

54,1 50,2

45,9 49,8

16/18anos:global(n=377)

16/18anos:cons.

recente(n=317

sim

s

RESENTAÇÕ

r mediadorlecionou-se s contextos, bebidas alcs inquiridos.

ativa no domanos preced

mente. Os gdesta alteraça um dos gcimento da

e bebidas alcoores recentes,

DMI/DEI

ebidas alcoóe na autoes

conhecer a postos de ajovens distribialização é puiridos para a

ara designar a d

59,7

40,3

s)

19/2anosgloba(n=21

ÕES

r da adoçãum conjunthorários e id

coólicas em

mínio da lei sodentes à da

grupos etárioção são o degrupos etário

ocorrência

oólicas: ocorrê, globalmente

ólicas em pstrada

legislação nabastecimenbuem-se de permitida e oa resposta c

disponibilização

7 57,7

3 42,3

24s:al16)

19/24anos:cons.

recentes(n=201)

ão de to de dades locais

obre a ata da os que e 16-18 os, os desta

ência e por

postos

o que nto de

forma os que erta e

, venda

Page 76: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

58

O

Gmaiofunçãanos,

Fig. 54vend

1b

a comentanetário

tendêa com

umaseme

O conhecime

Joveneste tem d

Jovenequit

Jovenmedi

Globalmenter medida tê

ão do grupo, em que se d

4- Conhecimeda de bebidas

Fonte: Serv

.3. Conhecbebidas alco

Aproximamercializaçãnto ainda deo mais jovem

De entre ência consistmercializaçã

Tambémopinião form

elhante ao do

50

25

24

0%

20%

40%

60%

80%

100%

toglo

(n=1

ento deste as

ns de 10-15 tema. De enarem a respons de 16-1ativamente ns de 19-24 da dão a res

e para cadm uma opin etário é semdestaca uma

ento da lei sobrs alcoólicas no

estrada:

viço de Intervenção

cimento quoólicas

adamente mão de bebidae 41% a prop

m (10-15 anos

os jovens cote em consido de bebida

relativamenmada sobre oo total de inq

0,5 45,5

5,526,2

4,0 28,3

tal:obal1015)

total:cons.

recentes(n=706)

Serviço de Int

speto da lei v

anos: apresentre os jovensosta correta.8 anos: enentre os queanos: entre

sposta incorr

a um dos grnião formadamelhante aoa tendência

re disponibilizaos postos de ab: jovens global

o nos Comportame

anto a hor

etade dos joas alcoólicasporção que) é o que ap

om opinião foderarem queas alcoólicas,

te a este aspo assunto. Oquiridos (Figu

56,9

25,0

18,1

10/15anos:global(n=408) r

(

não sei

Os Jovens, o

tervenção nos

varia em fun

entam um ms que têm um.ntre os qu

e dão a respoos que têm

reta.

rupos etáriosa sobre esta

o do total depara a respo

ação, venda ebastecimentolmente e por g

entos Aditivos e na

rários em q

ovens não sa. Os jovens ddesconhece

presenta um m

ormada, com não existem, isto é, para

peto os consperfil de con

ura 55).

49,2

27,1

23,7

10/15anos:cons.

recentes(n=177)

i não

o Álcool e a Le

s Comportame

ção do grup

maior nível dema opinião f

e têm opiosta certa e o

m opinião for

, os consumia questão. O inquiridos, c

osta incorreta

e consumo dede combustív

grupos etários

s Dependências: D

que é proib

abe se existede 19-24 anoe este aspetmaior nível d

m exceção pm horários esp

darem a res

sumidores renhecimentos

47,0 44,9

26,5 26,8

26,5 28,3

16/18anos:global(n=388)

16/18anos:cons.

recente(n=325)

sim

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

po etário con

e desconhecormada, a te

nião formados que dão armada, são

dores recentO perfil de cocom exceçãoa (Figura 54).

bebidas alcoóel fora das loc(%), 2014

DMI/DEI

bida a com

em horários es são uma exo da lei. Pore desconhec

para o grupopecíficos emposta incorre

centes têm es em função

44,7

24,7

30,6

s)

19/24anosgloba(n=21

atitudes e legi

e nas Depend

nsiderado:

cimento quaendência co

da, distribua errada. os que em

tes são os quonhecimentoo para o de.

ólicas: permisscalidades e na

mercializaçã

em que é proxceção, senr sua vez, o cimento.

o de 19-24 a que seja pro

eta.

em maior mdo grupo et

7 43,1

7 24,5

6 32,4

4s:al19)

19/24anos:cons.

recentes(n=204)

islação

dências

anto a onsiste

em-se

maior

ue em os em 16-18

são de a auto

ão de

oibida do no grupo

nos, a oibida

edida tário é

Page 77: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

5959

Os Jo

Serviç

Figespe

1b

Qalcoódos japen

Pequitdiz recomoespirit

Ofrequ

Ppermtambbebidao vperm

Ofrequ

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

g. 55– Conheciecífico em que

Fonte: Serv

.4. Conhecbebidas alco

Cons

Questionadosólicas (cervejovens indica

nas 38% demo

Para cada umativa entre o

espeito às reso a idade emtuosas, a ida

Os consumidentemente r

Comp

Por outro ladmitido comprbém aproximdas espirituosinho. As res

missão para c

Os consumidoentemente a

0%

20%

40%

60%

80%

100%

tg

(n

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

imento da lei se é proibida a v

viço de Intervenção

cimento quaoólicas em

umir

s sobre a idaja, vinho e bam a idadeonstra saber

m dos tipos dos que não saspostas incom que consid

ade incorreta

ores recentereferem a res

prar

do, quandoar determina

madamente sas, existindospostas incoonsumo de b

ores recentea resposta co

52,1 46,3

30,030,3

17,9 23,4

total:global=1005)

total:cons.

recentes(n=700)

umos, atitudes

portamentos A

sobre disponibvenda de beb

o nos Comportame

anto à idadlocais públ

ade a partirebidas espiri

e correta qua idade a p

de bebida, oabem qual arretas, para deram que e

a mais referid

es apresentasposta corret

questionadadas bebidametade ind

o uma maiorrretas mais bebidas alco

s apresentamorreta (Figura

60,9

29,4

9,7

10/15anos:global(n=402)

não se

s e legislação

Aditivos e nas D

bilização, vendbidas alcoólica

2014

entos Aditivos e na

de a partir dlicos

da qual é pituosas) em l

uanto à cervartir da qual

os restantes a idade e osa cerveja eeste consuma são os 16 a

am um menta.

os sobre a as alcoólicadica a idaddificuldade mencionada

oólicas em lo

m um maior ca 56).

52,3

29,7

18,0

10/15anos:cons.

recentes(n=172)

ei não

Dependências

da e consumoas: jovens glob

s Dependências: D

da qual é p

permitido coocais públicoveja e às bepode beber

jovens divideque referemvinho, desta

mo é permitidanos.

or desconhe

idade em s (cerveja, ve correta rena identificaas são as jácais públicos

conhecimen

49,3 47,4

31,4 31,5

19,3 21,1

16/18anos:global(n=388)

16/18anos:cons.

recentes(n=327)

sim

s

de bebidas albalmente e po

DMI/DEI

ermitido co

onsumir deteos, aproximaebidas espirir vinho.

em-se de form uma idadeaca-se clarado, enquanto

ecimento de

concreto a vinho e bebelativamente

ação da idadá apontadas.

nto desta ida

40,9

28,4

30,7

s

19/24anos:global(n=215

lcoólicas: horáor grupos etário

onsumir/com

erminadas beadamente mrituosas, enq

rma relativam incorreta. N

amente os 18o para as be

esta idade e

partir da qbidas espiritue à cervejade correta q

as a propósi

ade, referindo

39,3

28,9

31,8

4

5)

19/24anos:cons.

recentes(n=201)

árioos (%),

mprar

ebidas etade uanto

mente o que

8 anos ebidas

e mais

qual é uosas),

e às uantoto da

o mais

Page 78: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

60

Fig. 56da q

1.co10A

erradlocaismenodestaquepropo

6– Conhecimequal é permitid

Fonte: Serv

4. 1. Conhomprar beb0-15 anos A grande mada quanto às públicos. Oor nível de coa idade, refe

é permitidoorção aprese

comprar 

consumir 

comprar 

consumir 

comprar ce

c

consumir c

con

ento da lei sobrdo consumir/c

viço de Intervenção

hecimento bidas alcoó

aioria dos jovidade a pa

O vinho é a onhecimentorindo mais fre

o consumir enta a respo

espir.: cons. recent

comprar espir.: to

espir.: cons. recent

consumir espir.:to

vinho: cons. recent

comprar vinho: to

vinho: cons. recent

consumir vinho: to

erveja: cons. recente

comprar cerveja: to

cerveja: cons.recent

nsumir cerveja: tota

Serviço de Int

re disponibilizacomprar cerve

g

o nos Comportame

quanto à ólicas em lo

vens inquiridrtir da qual bebida alcoo. Os consumequentemenbebidas espsta correta (F

18,

2

20

2

23

2

18,

2

20

2

0%

tes (n=673)

tal (n=964)

tes (n=699)

tal (n=991)

tes (n=676)

tal (n=970)

tes (n=693)

tal (n=992)

es  (n=679)

tal (n=975)

tes (n=700)

al (n=1001)

Os Jovens, o

tervenção nos

ação, venda eeja, vinho ou bglobalmente (%

entos Aditivos e na

idade a pocais públic

dos de 10-15é permitido

oólica relativmidores recente a respostpirituosas emFigura 57).

,7

27,1

0,4

27,9

3,4

29,9

25,5

31,8

,7

24,8

0,6

25,9

20,5

19,6

25,8

23,0

35,5

3

29,4

2

29,3

31,0

21,6

23,1

20% 40%

o Álcool e a Le

s Comportame

e consumo debebidas espiritu%)

s Dependências: D

partir da qucos ou aber

anos descocomprar/coamente à q

entes apresenta correta, com locais pú

5

35,5

29,9

60,8

53,3

53,8

49,1

41

45,

3

52,0

44,

57,8

51,0

60% 80

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

bebidas alcoóuosas em loca

DMI/DEI

ual é permrtos ao púb

onhecem ouonsumir bebid

ual os jovenntam um maom exceçãoblicos, em

1

1,1

34,6

1

38,3

,2

0% 100%

não

resp

resp

atitudes e legi

e nas Depend

ólicas: idade aais públicos: jov

mitido consblico – jove

u têm uma ndas alcoólicans apresentaaior conhecimo para a idad

que uma m

o sabe

p. incorrecta

p. correcta

islação

dências

a partir vens

sumir/ns de

noção as em m um mento de em menor

Page 79: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

6161

Os Jo

Serviç

Fig. 57da qu

1c1

EmaiorespepraticOs cofrequ

Fig. 58da qu

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

7– Conhecimeual é permitido

Fonte: Serv

.4. 2. Conhcomprar be

6-18 anos

m comparaçr nível de c

eito à cervecamente meonsumidoresentemente a

8– Conhecimeual é permitido

Fonte: Serv

comprar 

consumir 

comprar 

consumir 

c

comprar ce

c

consumir c

co

comprar 

consumir 

c

comprar 

consumir 

comprar ce

c

consumir c

co

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

ento da lei sobro consumir/co

viço de Intervenção

hecimentobidas alcoó

ção com osconhecimenteja e às betade desco recentes aa resposta co

ento da lei sobro consumir/co

viço de Intervenção

espir.: cons. recent

comprar espir.: tot

espir.: cons. recent

consumir espir.: tot

vinho: cons. recent

comprar vinho: tot

vinho: cons. recent

consumir vinho: tot

rveja: cons. recente

omprar cerveja: tot

erveja: cons.recent

onsumir cerveja: tot

espir.: cons. recent

comprar espir.: tot

espir.: cons. recent

onsumir espir.: tota

vinho: cons. recent

comprar vinho: to

vinho: cons. recent

consumir vinho: to

erveja: cons. recente

comprar cerveja: to

cerveja: cons.recent

onsumir cerveja: tot

umos, atitudes

portamentos A

re disponibilizamprar cerveja

10-

o nos Comportame

quanto à ólicas em lo

inquiridos mtos quanto ebidas espinhece de topresentam uorreta (Figura

re disponibilizamprar cerveja

16-

o nos Comportame

0%

es (n=162)

tal (n=382)

es (n=173)

tal (n=390)

es (n=165)

tal (n=386)

es (n=169)

al  (n=392)

es  (n=166)

tal (n=389)

es (n=169)

tal (n=394)

12,2

15,5

15,7

19,8

19,

21

22

2

13,5

15,7

17,4

20

0%

tes (n=312)

tal  (n=368)

tes (n=324)

al . (n=384)

tes (n=311)

tal (n=369)

tes (n=325)

tal (n=386)

es  (n=312)

tal (n=370)

tes (n=327)

tal  (n=388)

s e legislação

Aditivos e nas D

ação, venda ea, vinho ou beb-15 anos (%), 2

entos Aditivos e na

idade a pocais públic

mais jovens, oa este aspeirituosas. Po

odo qual a idum maior coa 58).

ação, venda ea, vinho ou beb-18 anos (%), 2

entos Aditivos e na

33,3

43,2

32,4

41,0

37,0

43,8

38,4

44,4

33,7

38,8

31,4

36,5

19,

3

2

18,9

2

20% 40%

5

7

8

,6

1,7

2,5

25,4

5

7

4

0,6

18,6

18,2

24,4

24,2

34,4

35,2

27,4

27,5

29,8

31,4

19,0

19,6

20% 40%

Dependências

e consumo debidas espirituo2014

s Dependências: D

partir da qcos ou abe

grupo etárioeto da legisr outro lad

dade ou temonhecimento

e consumo debidas espirituo2014

s Dependências: D

2

18,1

30,6

21,3

33,9

33,7

24,9

28,3

25,9

29,8

23,1

47,5

3

3

3

3

40

49,7

40

60% 8

69,2

66,3

59,9

56,0

46,0

43

50,1

47,1

56,7

52,9

63,6

59,8

60% 80

s

bebidas alcoósas em locais

DMI/DEI

ual é permrtos ao púb

o de 16-18 alação, sobreo, não é d

m uma ideia eo desta idad

bebidas alcoósas em locais

DMI/DEI

5

38,7

37,0

37,7

29,1

22,5

36,7

27,3

0,4

31,4

7

0,4

0% 100%

não

resp

resp

0

,1

1

0% 100%

não

resp

resp

ólicas: idade apúblicos - jove

mitido consblico – jove

anos apresenetudo no qude descuraerrada sobrede, referindo

ólicas: idade apúblicos - jove

o sabe

p. incorrecta

p. correcta

o sabe

p. incorrecta

p. correcta

a partir ens de

sumir/ns de

ta um ue diz r que

e esta. o mais

a partir ens de

Page 80: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

62

1.co

Arestanperceadqu

Fig. 59da q

1d

Inlegislamínimespiritindicanível consu

2. Ati

Aadoçopiniãrestrit

Àde álcond0,2g/eram

4. 3. Conhomprar beb

A medida emntes gruposentagem deuirir bebidas e

9- Conhecimequal é permitid

Fonte: Serv

.5. O que cda qual é pe

ndependenteação é bas

ma, seja porqtuosas tendeam sobretudde desconh

umidores rec

itudes face

A atitude facção de comão dos joventivas à vendaÀ data da incool variar c

dutores coml; proibição d

m hipotéticas.

comprar

consumir

c

comprar

consumir

comprar ce

consumir c

co

hecimento bidas alcoó

m que estes etários, so

e jovens queespirituosas (F

nto da lei sobrdo comprar / c

viço de Intervenção

concluímosermitido co

emente do gtante elevadque têm infoem a indicar

do uma idadehecimento s

centes tende

a medidas

ce às medidmportamentons inquiridos sa e consumoquirição, pa

consoante ocarta de c

de venda de

r espir.: cons. recen

comprar espir.: to

r espir.: cons. recen

consumir espir.: tot

r vinho: cons. recen

comprar vinho: to

r vinho: cons. recen

consumir vinho: to

erveja: cons. recent

comprar cerveja: to

cerveja: cons.recen

onsumir cerveja: to

Serviço de Int

quanto à licas em loc

jovens conobretudo ao respondeu Figura 59).

re disponibilizaconsumir cerve

de 1

o nos Comportame

s quanto aonsumir/adq

grupo etário,do, seja por

ormação incor uma idadee mais precosuperior aosm a ter um m

restritivas d

das legisladaos em confosobre a adoç de bebidasrte destas mtipo de bebondução há

e bebidas alc

17,

18

17

18,

18

19

19

20

14,5

15,

16,

16,

0%

tes (n=199)

tal  (n=214)

ntes (n=202)

tal . (n=217)

tes (n=200)

otal (n=215)

tes (n=199)

otal (n=214)

tes  (n=201)

otal (n=216)

tes (n=204)

tal  (n=219)

Os Jovens, o

tervenção nos

idade a pcais público

hecem esteo anterior. corretamen

ação, venda eeja, vinho ou b9-24 anos (%),

entos Aditivos e na

os conhecimquirir bebida

o nível de drque os joveorreta sobre

e mais tardiaoce (16 anos

restantes. Pmelhor conhe

do consumo

as constitui-sormidade coção de um calcoólicas.

medidas estavbida alcoólicaá menos decoólicas nos

,1

8,2

7,8

,4

8,0

9,1

9,6

0,1

5

,3

,7

,0

24,6

24,8

23,8

24,0

38,5

39,1

36,7

37,4

31,3

32,4

27,9

29,2

20% 40%

o Álcool e a Le

s Comportame

partir da quos – jovens d

e aspeto daDe destacate à questão

e consumo debebidas espiritu, 2014

s Dependências: D

mentos relaas alcoólica

desconhecimens desconh

a mesma. Ra (18 anos), es). Os jovens Por outro laecimento qu

o de bebida

e também com estas. Coconjunto dive

vam em vigoa; o grau de

3 anos e clocais de tra

58,3

57

58,4

57,6

43

4

43

4

54,2

52,3

55,4

54,8

% 60% 8

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

ual é permde 19-24 an

legislação éar apenas o sobre a id

bebidas alcoóuosas em loca

DMI/DEI

ativamenteas em locais

mento quantoecem de to

Relativamentenquanto pade 10-15 anodo, de umaanto a este t

as alcoólica

como um faomo tal, proersificado de

or (a idade l alcoolémia

condutores pabalho), enq

3,5

1,8

3,7

2,5

3

80% 100%

não

resp

resp

atitudes e legi

e nas Depend

mitido consnos

é semelhantque é men

dade mínima

ólicas: idade aais públicos - jo

à idade as públicos

o a este aspeodo qual a te às bebidaara as espiritos apresentaa forma gertema.

as

ator mediadocurou-se ob possíveis me

legal do conpermitido pa

profissionais suanto as res

o sabe

p. incorrecta

p. correcta

islação

dências

sumir/

te aos nor a

a para

a partir ovens

partir

eto da idade

as não tuosas

am um ral, os

dor da bter a edidas

nsumo ara os ser de tantes

Page 81: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

6363

Os Jo

Serviç

Tetendeconsu

Asmenca favdiferede reidade

Pmedi

F

Fonte:

2

Odas mumado qu

Rcontr

Proibir a

Proibi

Baixar d

Baix

Baixar d

A idad

A idad

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

endo em encialmenteumo de bebi

A idade lanos

A idade le

Baixar dede condugeral

Proibir a v

s proporçõescionadas sugvor da mesmenciação poesposta na sues.

Por outro laddas restritiva

Proibir a infestivais d

Aumenta

Fig. 60- Atitude

Serviço de Interven

2.1. Atitudes

Os jovens inqumedidas restratitude maisue a idade le

Relativamentra (Figura 61)

Aume

Proibir vendaportos/aer

Proibir a venda de combu

a indústria do álcool dee/ou f

ir a indústria do álcool desportiv

Proibir venda

de 0.5 para 0.2 g/l o gr

xar de 0.5 para 0.2 g/l 

e 0.5 para 0.2 g/l o gracarta de cond

de legal do consumo d

de legal para o consumos 

total

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

conta as sa favor (to

idas alcoólic

egal para o

egal do cons

0,5 para 0,2ução há men

venda de be

s de jovens gerem que aa idade para

or tipo de beua globalidad

do, são tens, a saber:

ndústria do áde música, our o imposto s

es face à dispo

nção nos Comport

s face a me

uiridos de 10ritivas já mens favorável àegal passar p

e às restant.

entar o imposto sobre 

 de bebidas alcoólicas roportos em local acess

bebidas alcoólicas nosstível e máquinas auto

e promover ou patrocifestivais de música (n=

de promover ou patrovos (futebol, corridas,…

a de bebidas alcoólicas

rau de alcoolémia permgeral  (n=1004)

o grau de alcoolémia pprofissionais  (n=101

au de alcoolémia permução há menos de 3 an

de álcool variar consoa(n=1019)

mo de todas as bebidas 18 anos de idade (n=1

mente a favor/fa

umos, atitudes

portamentos A

suas declarotalmente acas, a saber (

consumo de

sumo de álco

g/l o grau denos de 3 ano

bidas alcoól

que são a flguns jovensa todas as b

ebida alcoólicde, parece e

dencialment

álcool de prou eventos desobre as beb

onibilização, ve

amentos Aditivos e

edidas restri

-15 anos sãoncionadas a

à diferenciaçpara os 18 an

tes medidas

as bebidas alcoólicas (

nos estab. situados emsib. a passageiros (n=1

s postos de abastecimeomáticas (n=1001)

nar a realização de con1004)

ocinar a realização de e…) (n=1006)

s nos locais trabalho (n

mitido para os conduto

permitido para os cond18)

itido para os condutornos (n=1012)

nte o tipo de bebida al

alcoólicas passar dos 1026)

vor nem

s e legislação

Aditivos e nas D

rações, veri favor/a fav

(Figura 60):

e todas as be

ool variar co

e alcoolémiaos, para os co

licas nos loca

favor/totalmapresentam

bebidas alcoca. É contud

existir mais um

te contra (c

omover ou paesportivos. bidas alcoólic

enda e consum

e nas Dependência

itivas: joven

o tendencialmpropósito do

ção de idadenos para toda

s não é per

29

3

3

21,3

28

0%

(n=999)

m locais1012)

ento de

ncertos

eventos 

n=1015)

ores em

dutores

res com

lcoólica

16 para

m a favor nem co

Dependências

ificou-se quvor) das seg

ebidas alcoó

onsoante o tip

a permitido pondutores pro

ais de trabalh

ente a favom posições inc

ólicas (18 ando de notar ma tendênci

contra/totalm

atrocinar a re

cas.

mo de álcool:

as: DMI/DEI

ns de 10-15

mente a favoo total de ines em funçãoas as bebida

cetível uma

9,5

32,7

33,0

,8

55,9

53,5

57,3

56,6

56,7

53,5

2

32,9

20% 40%

ntra con

s

ue os jovenguintes med

ólicas passar

po de bebida

para os condofissionais e c

ho

r das duas pcoerentes, istnos) como sãque, considea a favor da

mente contr

ealização de

jovens globalm

anos

or (totalmentquiridos. De o do tipo de

as.

tendência

28,4

40,9

36,5

33,4

2

25,

2

22

2

23,6

% 60%

ntra/totalmente c

ns inquiridosdidas restritiv

dos 16 para

a alcoólica

utores com ccondutores e

primeiras meto é que tant

ão a favor deerando as o

a diferenciaç

ra) outro tip

e concertos e

mente (%), 201

te a favor/anotar neste

e bebida alco

clara a fav

27,5

,5

23,8

2,1

24,3

6

42,1

26,4

30,5

45,8

37,8

16,6

21,0

18,9

21,3

19,0

22,9

80%

contra

s são as do

a os 18

cartaem

edidas to são e uma pçõesão de

po de

e/ou

14

favor)grupo oólica

vor ou

6

100%

Page 82: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

64

Fi

Fonte:

2

Emedidesfa

Fi

Fonte:

P

P

P

Baixar d

Baixar d

Baixar d

 

A ida

P

P

P

Baixar d

Baixar d

Baixar d

A

A ida

ig. 61- Atitudes

Serviço de Interven

2.2. Atitudes

ste grupo dedas mencio

avoráveis (co

Proibir a infestivais dAumenta

g. 62– Atitudes

Serviço de Interven

Aumenta

Proibir venda de bportos/aeropo

Proibir a venda de bebcombustív

Proibir a indústria do álconcertos

Proibir a indústria do áleventos desp

Proibir venda d

de 0.5 para 0.2 g/l o gr

de 0.5 para 0.2 g/l o grpr

de 0.5 para 0.2 g/l o grcom carta de con

A idade legal do consu

ade legal para o consumpara o

total

Aumenta

Proibir venda de bportos/aeropo

Proibir a venda de bebcombustív

Proibir a indústria do álconcertos

Proibir a indústria do áleventos desp

Proibir venda d

de 0.5 para 0.2 g/l o gr

de 0.5 para 0.2 g/l o grpr

de 0.5 para 0.2 g/l o grcom carta de con

A idade legal do consum

ade legal para o consumpara o

total

s face à dispon

nção nos Comport

s face a me

e jovens é teonadas a pontra/totalme

ndústria do áde música, our o imposto s

s face à dispo

nção nos Comport

r o imposto sobre as b

bebidas alcoólicas nos ortos em local acessib. 

bidas alcoólicas nos posvel e máquinas automá

cool de promover ou ps e/ou festivais de mús

cool de promover ou pportivos (futebol, corri

e bebidas alcoólicas no

rau de alcoolémia permem geral  (n=399)

rau de alcoolémia permrofissionais  (n=407)

rau de alcoolémia permndução há menos de 3 

umo de álcool variar coalcoólica (n=406)

mo de todas as bebidaos 18 anos de idade (n=

mente a favor/fa

r o imposto sobre as b

bebidas alcoólicas nos ortos em local acessib. 

bidas alcoólicas nos posvel e máquinas automá

cool de promover ou ps e/ou festivais de mús

cool de promover ou pportivos (futebol, corri

e bebidas alcoólicas no

rau de alcoolémia permem geral  (n=390)

rau de alcoolémia permrofissionais  (n=392)

rau de alcoolémia permndução há menos de 3 

mo de álcool variar conalcoólica (n=392)

mo de todas as bebidaos 18 anos de idade (n=

mente a favor/fa

Serviço de Int

nibilização, ve

amentos Aditivos e

didas restrit

endencialmepropósito doente contra)

álcool de prou eventos desobre as beb

nibilização, ve

amentos Aditivos e

bebidas alcoólicas (n=3

estab. situados em loca passageiros (n=406)

stos de abastecimentoáticas (n=403)

patrocinar a realizaçãosica (n=401)

patrocinar a realizaçãodas,…) (n=401)

os locais trabalho (n=40

mitido para os conduto

mitido para os conduto

mitido para os condutoanos (n=402)

onsoante o tipo de beb

s alcoólicas passar dos=411)

vor nem

bebidas alcoólicas (n=3

estab. situados em loca passageiros (n=387)

stos de abastecimentoáticas (n=380)

patrocinar a realizaçãosica (n=384)

patrocinar a realizaçãodas,…) (n=386)

os locais trabalho (n=3

mitido para os conduto

mitido para os conduto

mitido para os condutoanos (n=391)

nsoante o tipo de bebid

s alcoólicas passar dos=394)

vor nem

Os Jovens, o

tervenção nos

enda e consum

e nas Dependência

tivas: jovens

ente a favoro grupo deàs medidas

omover ou paesportivos. bidas alcoólic

enda e consum

e nas Dependência

33,9

38,1

37,7

26,4

33,2

0% 20%

98)

cais

o de

o de

o de 

405)

ores

ores

ores

bida

s 16

m a favor nem co

23,4

33,1

30,3

19,8

26,4

0% 20%

85)

cais

o de

o de

o de 

89)

ores

ores

ores

das

s 16

m a favor nem co

o Álcool e a Le

s Comportame

mo de álcool: j

as: DMI/DEI

s de 16-18 a

(totalmentee 10-15 ano (Figura 62):

atrocinar a re

cas.

mo de álcool: j

as: DMI/DEI

1

7

57,5

50,9

51,4

54,2

61,1

54,5

3

38,9

3

% 40%ntra con

56,8

54,1

58,6

55,2

54,6

49,5

26,5

3

36,

28,9

30,6

% 40%ntra con

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

jovens de 10-1

anos

a favor/a faos. Contudo

ealização de

jovens de 16-1

35,2

41,9

39,5

37,9

27,9

30,6

30,2

26,6

25,1

26,0

60% 8ntra/totalmente c

38,5

0

25,4

25,9

23,0

22,0

25,2

20,8

50,1

51,3

43

60% 8ntra/totalmente c

atitudes e legi

e nas Depend

5 anos (%), 20

avor) das meo, tendem

e concertos e

8 anos (%), 20

30,9

20,0

22,8

34,7

28,9

14,6

18,5

18,4

19,2

13,8

19,5

80% 100%contra

1

28,4

33,7

3

3,0

17,8

20,0

18,4

22,8

20,2

29,7

80% 100%contra

islação

dências

14

esmas a ser

e/ou

014

Page 83: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

6565

Os Jo

Serviç

2

propócontualcoófunçãjoven0,2g/de 3 a

apres

Fig.

Fonte:

2c

O

Cidadedos joa infofavorposteDe fa0,5 pameno

P

P

P

Baixar d

Baixar d

Baixar d

A

A ida

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

2.3. Atitudes

Estes joveósito dos resudo, mais faólicas para oão do tipo dns destacam-l o grau de anos e para

No que dsentam um p

63– Atitudes fa

Serviço de Interven

2.4. O que consumo d

Os jovens inqu

A idade lanos; a id

Baixar dede condugeral

Proibir a v

Considerandoe mínima legovens, com aormação poráveis à segueriores, com oacto, são tamara 0,2g/l o gos de 3 an

Aumenta

Proibir venda de bportos/aeropo

Proibir a venda de bebcombustív

Proibir a indústria do álconcertos

Proibir a indústria do áleventos desp

Proibir venda d

de 0.5 para 0.2 g/l o gr

de 0.5 para 0.2 g/l o grpr

de 0.5 para 0.2 g/l o grcom carta de con

A idade legal do consum

ade legal para o consumpara o

total

l e a Lei. Cons

ção nos Comp

s face a me

ens são tamstantes grup

avorável à pos 18 anos, ede bebida a-se ainda poalcoolémia pos condutor

diz respeito perfil semelha

ace à disponib

nção nos Comport

concluímose bebidas a

uiridos tende

egal para odade legal do

0,5 para 0,2ução há men

venda de be

o os jovens ggal, de certaalguma tendr grupo etári

unda medidaos jovens dembém estes jgrau de alco

nos e para

r o imposto sobre as b

bebidas alcoólicas nos ortos em local acessib. 

bidas alcoólicas nos posvel e máquinas automá

cool de promover ou ps e/ou festivais de mús

cool de promover ou pportivos (futebol, corri

e bebidas alcoólicas no

rau de alcoolémia permem geral  (n=215)

rau de alcoolémia permrofissionais  (n=219)

rau de alcoolémia permndução há menos de 3 

mo de álcool variar conalcoólica (n=221)

mo de todas as bebidaos 18 anos de idade (n=

mente a favor/fa

umos, atitudes

portamentos A

didas restrit

mbém tendeos etários e

passagem dam comparaç

alcoólica. Emr serem partipermitido paes profissiona

às medidasante ao do g

bilização, vend

amentos Aditivos e

s quanto àalcoólicas

em a ser favo

consumo deo consumo d

g/l o grau denos de 3 ano

bidas alcoól

globalmenteforma antag

dência para io, constatama, situação q

19-24 anos ajovens que soolémia perm

os conduto

bebidas alcoólicas (n=2

estab. situados em loca passageiros (n=219)

stos de abastecimentoáticas (n=218)

patrocinar a realizaçãosica (n=219)

patrocinar a realizaçãodas,…) (n=219)

os locais trabalho (n=2

mitido para os conduto

mitido para os conduto

mitido para os condutoanos (n=219)

nsoante o tipo de bebid

s alcoólicas passar dos=221)

vor nem

s e legislação

Aditivos e nas D

tivas: jovens

encialmentee do total dea idade legação com a m

m comparaçicularmente ara os conduais.

relativamengrupo etário a

da e consumo

e nas Dependência

atitude do

oráveis às seg

e todas as bede álcool var

e alcoolémiaos, para os co

licas nos loca

e, as duas pgónicas, receserem mais

mos que os jque evolui à a revelarem são particulamitido para oores profissio

31,9

21,9

29,4

14,6

25,1

0% 20%

16)

cais

o de

o de

o de 

21)

ores

ores

ores

das

s 16

m a favor nem co

Dependências

s de 19-24 a

e a favor de inquiridos.al para o comedida de dão com os a favor das m

utores com c

nte às quaisanterior (Figu

de álcool: inq

as: DMI/DEI

s jovens fac

guintes medid

ebidas alcoóriar consoant

a permitido pondutores pro

ais de trabalh

rimeiras medebem o acorfavoráveis àovens de 10medida queum maior ac

armente a faos condutoreonais. Porven

51,1

57,2

65,8

63,5

52,5

58,8

19,5

43,4

31,6

28,8

30,2

% 40%ntra con

s

anos

as medidasDe notar q

onsumo de diferenciaçãrestantes grumedidas de carta de con

tendem a ura 63).

quiridos com 19

ce a medid

das:

ólicas passarte o tipo de b

para os condofissionais e c

ho

didas menciordo de um nú

segunda me-15 anos são

e se considercordo com avor das med

es com cartantura, estas

30,3

15,4

13,2

13,7

20,8

24,0

48,6

3

56,6

44

60% 8ntra/totalmente c

s mencionadque este gru

todas as beo desta idadupos etários,baixar de 0,5ndução há m

ser desfavor

9-24 anos (%),

das restritiva

dos 16 parabebida alco

utores com ccondutores e

onadas, quaúmero semeledida. Analis

o mais claramram grupos ea primeira medidas de baixa de conduç

opiniões es

6

34,7

39,0

4,7

18,6

27,4

21,0

22,8

26,7

17,2

80% 100%contra

das a upo é, ebidas de em , estes 5 para menos

ráveis,

2014

as do

a os 18 ólica

cartaem

anto à hante sando mente etários edida. xar de ão há starão

Page 84: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

66

assocpode

P

Natitud

3. Pro

Ano deconfoinflue

Tepessoconseprová

Ajoveninterloinclusprová

F

Taprováconsiopiniã

ciadas com erem conduz

Por outro lado

Proibir a infestivais dAumenta

Neste âmbitode particular

obabilidade

As perceçõesecorrer do inormidade co

enciar.

endo em cooa que nãoequências seável se for ve

Analisando ans tendem aocutor for osivamente máveis (Figura

Fig. 64- Probab(v

Fonte: Serv

ambém entrável a ocorrdera provávão de que é

0%

20%

40%

60%

80%

100%

(

se 

a sua condizir.

o, os jovens in

ndústria do áde música, our o imposto s

o, destacammente desfa

e de existire

s dos jovens ncumprimentom esta e, p

onta as suaso cumpre ae for vended

endedor, par

a informaçãoapreciar qu

o vendedor.menos comu64).

bilidade de sofvendedor/com

viço de Intervenção

re os consumrência de c

vel ou muito ppouco/nada

12,5 18,0

18,8

33,1

34,1

31,9

34,6

17,0

totaln=978)

total(n=973)

nada prováv

vend. se comp

Serviço de Int

ção de pod

nquiridos ten

álcool de prou eventos desobre as beb

mos o grupoavorável a es

em consequ

quanto à proo da lei sãoortanto, dos

declaraçõea lei sobre dor do quea 49% se for

o por grupoe é prováveNo entanto

um a ideia

rer consequênmprador) - Tota

o nos Comportame

midores receconsequênciaprovável). Noa provável a

13,8

17,5

33,7

35,0

10/15anos

(n=389

el pouco 

p.

Os Jovens, o

tervenção nos

derem consu

ndem a ser de

omover ou paesportivos. bidas alcoólic

de 10-15 astas medidas

uências dec

obabilidadetambém imp comportam

es, os jovensa venda ese for comp

comprador.

etário, verifiel/muito provo, se este fo

de que es

ncias por incumal de inquiridos

entos Aditivos e na

entes se obsas se o inteo entanto, se

a ocorrência

13,3 8

19,320

32,4 38

35,0 33

5s9)

16/18anos

(n=374)

19an

(n=

provável

se vendedor

o Álcool e a Le

s Comportame

mir/comprar

esfavoráveis

atrocinar a re

cas.

anos como u em concret

correntes do

de serem idportantes me

mentos que a

inquiridos co consumo dprador: 69%

ca-se que, ivável a ocorror o comprastas conseq

mprimento das e por grupos

s Dependências: D

serva uma terlocutor eme esta for o cde consequ

8,4

0,5

8,1

3,0

9/24nos215) (

provável

ei. Consumos, a

entos Aditivos e

r qualquer b

às medidas:

ealização de

uma exceção.

o incumprim

dentificados eediadores daa alteração l

onsideram mde bebidasconsidera p

ndependentrência de coador, a partuências são

lei do Álcool,etários (%), 20

DMI/DEI

tendência p causa for omprador, éências (58%)

16,5 18,4

24,5

38,0

37,5

28,1

21,5 15,5

10/15anos

(n=387)

16/18anos

(n=374)

muito provável

se comp

atitudes e legi

e nas Depend

ebida alcoó

:

e concertos e

ão quanto a

mento da le

e alvo de saa sua atuaçãlegislativa pr

mais provávealcoólicas

provável ou

temente desonsequênciatir dos 16 ao prováveis/

por interlocuto014

para consideo vendedor

é já mais com.

19,8

40,1

28,3

11,8

19/24anos

(n=212)prador

islação

dências

ólica e

e/ou

a esta

ei

nções ão em rocura

el uma sofrermuito

ste, os as se o

nos é /muito

or

erarem r (67%

mum a

Page 85: Os Jovens, o Álcool e a Lei Consumos, atitudes e legislação · consumos nocivos é superior nos consumidores recentes de 16/17 anos, enquanto, apesar de serem os que bebem com

6767

Os Jo

Serviç

Docorrdo grqueconsuanos

F

4. O

Alegislaa aspquaisou ab

Mtipo dbebidanos.álcoodeterque lisobre

Fprovámenodos c

ovens, o Álcoo

ço de Intervenç

De uma formrência de corupo etário. é pouco prumidores rec (Figura 65).

Fig. 65– Probab(ven

Fonte: Serv

que conclu

Apesar de pativa nos últimpetos específs é possível abertos ao pú

Mesmo não tede bebida ada ou mesmo. A par destol, sendo favrminado tipoimitem os pa

e este.

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PARA REFLETIR

A partir das experiências dos jovens inquiridos observamos como o consumo de bebidas alcoólicas se encontra de alguma forma generalizado entre estes. Com prevalências muito relevantes entre os 10 e os 15 anos (44%), o consumo nos últimos 12 meses aumenta de forma particularmente expressiva em prevalência e frequência na transição para os 16 anos, tornando-se, por sua vez, mais comum e frequente à medida que a idade avança.

Trata-se de uma prática com início muito precoce, sobretudo entre os 13 e os 15 anos. De facto, estes jovens apresentam convicções fortes quanto à nocividade da ingestão de álcool por crianças, mesmo em pequenas quantidades, mas já demonstram alguma indecisão quanto a este caráter nocivo para os adolescentes, categoria com que provavelmente se identificam. Por outro lado, a maioria é da opinião de que o álcool é uma droga. Porventura esta conotação não tem associada a ideia de nocividade. Coerentemente com esta desvalorização da nocividade da ingestão de álcool, os motivos de saúde constam entre os menos mencionados para a diminuição da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas.

Por outro lado, os pares constituem uma importante fonte de influência de ideias e comportamentos entre jovens e constatamos, quer a partir das prevalências de consumo neste estudo, quer a partir dos relatos dos jovens quanto à quantidade de amigos que ingerem bebidas alcoólicas, como este consumo está muito presente entre estes. Com efeito, os locais mais frequentes de aquisição de bebidas alcoólicas são contextos de convivialidade (bares, discotecas, cafés). A par disto, 43% dos jovens são da opinião de que o consumo de álcool está na moda.

No que diz respeito a padrões de consumo nocivo, no total de inquiridos, cerca de metade já bebeu pelo menos uma vez até ficar «alegre» e 45% já fizeram consumos «binge». Um terço embriagou-se pelo menos 1 vez. No último ano, os consumidores recentes adotaram as duas primeiras práticas sobretudo 1 ou mais vezes por mês. Tendo em conta a influência do contexto social nas ideias e comportamentos, é de notar como a maioria dos jovens tem pelo menos um amigo ou familiar que bebe em excesso ou se embriaga. Desde muito cedo (10-15 anos) que as práticas mais nocivas de ingestão de bebidas alcoólicas estão presentes. Na transição para os 16/17 anos observa-se um particular incremento da sua frequência, sendo os consumidores recentes de 16 anos que mais frequentemente se embriagam e os de 17 anos os que mais frequentemente bebem até ficarem «alegres» ou de forma «binge».

Verificamos assim como, no grupo de jovens inquiridos, os 16-17 anos21 (em comparação com o grupo etário anterior) parecem constituir-se como uma fase de transição para o consumo das diversas bebidas alcoólicas e adoção de práticas mais nocivas bem como quanto ao aumento da frequência destes.

Em consonância com estas prevalências de consumo mais intensivo, é de destacar como um quarto dos jovens assistiu a amigos a entrarem em coma alcoólico e 10% experienciaram eles próprios esta situação no último ano. Neste plano, salientamos algumas preocupações, como a de não ser comum entrar em contacto com os pais quando os menores estão intoxicados e a de não ser também uma prática comum o recurso a um serviço de urgência em situação de coma alcoólico.

O principal objetivo das medidas legislativas que restringem locais, horários e idades mínimas para disponibilização/venda e consumo de bebidas alcoólicas prende-se usualmente com a limitação do acesso a estas, como mediador da diminuição dos consumos. Na alteração legislativa aprovada em abril de 2013 procedeu-se, em particular, a uma diferenciação entre as

21 De recordar que os consumos são analisados relativamente aos 12 meses anteriores à data da inquirição, o que significa que estes jovens teriam entre 15 e 16 anos.

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bebidas espirituosas e não espirituosas quanto à idade mínima legal para disponibilização, aquisição e consumo destas em locais públicos ou abertos ao público.

No ano após a alteração legislativa, o consumo de cada bebida alcoólica, bem como as práticas nocivas mantiveram-se com uma frequência semelhante ou mesmo um pouco superior ao ano precedente a esta, sem diferenciação significativa entre as bebidas espirituosas e as não espirituosas. As referências a um aumento da frequência de consumos tendem a ser inclusivamente superiores entre os inquiridos mais novos (os consumidores recentes de 16 anos são os que, de uma forma geral, mais reportam aumentos da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas e, a seguir aos de 10-15 anos, são os de 16/17 anos que mais reportam o aumento da frequência de consumos nocivos).

De facto, a experiência da maioria dos jovens, independentemente da sua idade, é de que não ocorreram alterações na facilidade de acesso a cada bebida alcoólica, espirituosa ou não. Por outro lado, são os jovens de 16 anos que mais referem um aumento da facilidade de acesso, o que poderá resultar de, à data da inquirição, já lhes ser permitido adquirirem bebidas não espirituosas. No entanto este incremento é independente do tipo de bebida.

Note-se como esta particular referência ao aumento na facilidade de acesso a bebidas alcoólicas pelos jovens de 16 anos é acompanhada do particular incremento da prevalência e frequência de ingestão destas e de consumos nocivos, seja numa perspetiva transversal (comparando os jovens inquiridos de diferentes idades/grupos etários), seja numa perspetiva longitudinal (pela avaliação retrospetiva de cada jovem quanto à evolução da sua frequência de consumo no último ano, face ao ano anterior).

De forma coerente com a perceção dos jovens quanto à manutenção da facilidade de acesso a bebidas alcoólicas, o argumento da acessibilidade é mencionado por estes apenas marginalmente quanto à justificação da diminuição do consumo.

A medida em que a legislação publicada tem efeito na restrição ao acesso a bebidas depende da sua efetiva aplicação. Neste estudo, observamos como pelo menos metade dos jovens sem permissão para aquisição/consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos/abertos ao público puderam adquirir estas bebidas em estabelecimentos comerciais, sobretudo bares, discotecas e cafés (considerando os que tomam bebidas alcoólicas). Com efeito, apenas cerca de metade destes jovens tiveram a experiência de serem submetidos a práticas de controlo quanto à venda de bebidas alcoólicas. De notar ainda a este nível que os jovens podem adquirir bebidas alcoólicas em locais não comerciais, como em casa por exemplo, prática de cerca de um terço dos jovens.

O não cumprimento da lei pelos jovens não parece estar associado a uma atitude desfavorável a esta, pois estes tendem a ser favoráveis à diferenciação da idade mínima legal em função do tipo de bebida ou mesmo a uma medida mais restritiva, de passagem da idade mínima legal para os 18 anos para todas as bebidas alcoólicas.

De facto, embora a maioria dos jovens saiba que houve uma alteração legislativa, revelam um grande desconhecimento quanto aos aspetos previstos nesta, designadamente quanto à permissão de venda de bebidas alcoólicas em postos de abastecimento de combustível fora das localidades e na autoestrada, quanto à existência de horários específicos em que a venda de bebidas alcoólicas é proibida e quanto à idade mínima legal.

Relativamente a este último aspeto, apenas metade dos jovens inquiridos sabe a idade correta para o consumo e venda de cerveja e espirituosas em locais públicos e uma proporção ainda menor conhece a idade correta quanto ao vinho. Aparentemente, os jovens com opinião formada interiorizaram que os 16 anos e os 18 anos são idades charneira mas tendem a confundi-las, isto é, os jovens que não sabem a idade correta para as bebidas não espirituosas tendem a considerar que esta são os 18 anos, enquanto os que se enganam relativamente às bebidas espirituosas tendem a considerar que a idade correta são os 16 anos.

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Independentemente do desconhecimento da lei acresce ainda como fator desmobilizador do seu cumprimento o facto de os jovens, sobretudo os que tomam bebidas alcoólicas, terem a expetativa de que ao incumprimento da sua parte não decorrem consequências.

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Lei

Uma parte crucial do estudo prende-se naturalmente com as questões relacionadas com a aplicação da legislação sobre a venda e consumo de bebidas alcoólicas, aprovada em abril de 2013, através do Decreto-Lei nº50/2013. Esta é a conceptualização, o testemunho e a vivência dos jovens portugueses que constituem a população em estudo.

Antes de mais, e como ponto de partida, era importante apurar o que os jovens sabem e o que desconhecem acerca da legislação vigente relativa à venda e ao consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos. Nesse sentido, todas as entrevistas realizadas forçosamente abordaram o tema, na medida em que tal condiciona a forma como os indivíduos se posicionam perante a lei e as noções que têm acerca das recentes mudanças legislativas, do seu impacto e da eficácia da sua aplicação.

Analisados os discursos e as narrativas dos jovens entrevistados, ressalta da análise de conteúdo que existe um grande desconhecimento juvenil no que respeita à legislação em vigor. De uma forma geral, os jovens assumem saber pouco ou nada acerca da lei, desconhecendo os limites que esta impõe à venda e ao consumo de álcool em locais públicos. Assim, pode afirmar-se que esta tendência parece ser transversal aos jovens portugueses que constituem a população em estudo e, em grande medida, independente de variáveis como a idade, o sexo ou a localização geográfica, por exemplo.

A maior parte dos entrevistados reconhece não estar informada acerca da lei, hesitando amiúde e demonstrando incerteza nas respostas. Quando perguntada acerca das idades mínimas legais, por exemplo, a maioria demonstrou pouco esclarecimento, incerteza nos conceitos, possuir ideias desalinhadas com o conteúdo da legislação ou até ser incapaz de responder o que quer que fosse. Mesmo quando respondeu corretamente face ao instituído por lei, a maior parte dos entrevistados fê-lo de forma pouco segura (procurando antever na reação do entrevistador se a resposta estava efetivamente certa). De igual forma, poucos foram os entrevistados que revelaram estar informados acerca da diferenciação entre bebidas espirituosas, por um lado, e vinho e cerveja, por outro, no que concerne à idade mínima legal, que o Decreto-Lei nº50/2013, de 16 de abril, veio instituir.

Não sei bem. (12 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que é 18 anos, acho eu, agora, não? 16? Ou é 16 e 18? Não me vem nada à cabeça, não sei. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que é aos 18. Não se pode vender a menores de 18 anos e não sei muito mais sobre a lei, não. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Acho que é a partir dos 16 que se pode vender. (20 anos, sexo masculino, estudante)

É 18. É? Não sei. Não tenho noção. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

É 16 anos… ou 18, não sei bem. (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

É 16, não é? (20 anos, sexo feminino, estudante)

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Penso que seja aos 16. Todas as bebidas? [risos] Não sei. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Venda aos 18, consumo é aos 16. Todas as substâncias, incluindo o tabaco (19 anos, sexo masculino, estudante)

Idade mínima, idade mínima…, não sei, por acaso não tenho muita noção disso. (20 anos, sexo masculino, estudante)

18 anos? [hesitação]. Sinceramente não penso nisso (16 anos, sexo feminino, estudante)

Não sei, acho que é a partir dos 18 anos. (13 anos, sexo masculino, estudante)

Não é 18 anos [para a cerveja]? Pensava que era. Ok, não sabia. Pensava que com 16 anos ainda não era possível. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Ainda assim, apesar da clara desinformação manifestada pela população em estudo no que à legislação vigente diz respeito, parece transparecer uma certa noção de que a lei sofreu alterações recentemente. Ainda que muitas vezes não saibam concretamente de que tratam as mudanças legislativas, ou sequer quando estas entraram, de facto, em vigor, por vezes os entrevistados parecem estar cientes que alguma coisa – nomeadamente o aumento da idade mínima legal de 16 para 18 anos, embora sem referência à distinção entre bebidas alcoólicas – mudou no passado recente.

Sei que antes era 16, agora passou a ser 18, não foi? (15 anos, sexo feminino, estudante)

Eu penso que era 16, não sei se já passou para 18. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que agora é 18. Não tenho a certeza. Antes era 16. Não tenho a certeza se mudou, mas acho que sim. Sei lá, quando mudou eu já tinha mais de 18, acho eu. Sim, acho que é isso. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Há dois anos, se não me engano, passou dos 16 para os 18 (19 anos, sexo masculino, estudante)

Houve aquela [alteração legislativa] que era de aumentar dos 16 para os 18. E baixar o teor de [álcool no sangue], por causa dos profissionais [de condução]. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Sabia que já tinha havido uma alteração na idade para trás e, agora, tinha voltado outra vez para a frente. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Contrastando com a tendência geral, é de salientar que um conjunto de entrevistados revelou estar relativamente informado acerca da lei, mais uma vez no que diz respeito à idade mínima legal para consumir bebidas alcoólicas, e fazendo a distinção entre bebidas espirituosas e a cerveja, por exemplo. Mesmo indiscutivelmente melhor informados, e com clara noção de alterações legislativas recentes, ainda assim a maior parte destes entrevistados demonstra não possuir uma informação totalmente correta e/ou atualizada. Ao contrário do que seria eventualmente de esperar, não são os entrevistados mais velhos os bem mais informados, mas aqueles jovens cujos pais ou familiares estão ligados à condução profissional (taxistas ou motoristas de pesados, por exemplo), independentemente da idade.

Acho que a cerveja é 16 e as outras substâncias é 18. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Bebidas brancas acho que é 18 anos, as outras é 16. (17 anos, sexo masculino, estudante)

As espirituosas pode-se beber desde os 18. (16 anos, sexo masculino, estudante)

É a partir dos 18, algumas são a partir do 16, como cerveja. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que é a partir dos 18. Todas as bebidas não, as brancas, acho eu. As outras a partir dos 16. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que há umas, não sei se são as bebidas brancas, que é a partir dos 18 ou dos 21, ou o que é que é. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Estou informado. Houve uma alteração em Janeiro de 2013, se não me engano, foi aquela em que as bebidas brancas passaram a ser a 18 anos, compra e venda. Não

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Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

tenho acesso à lei da alcoolémia no sangue, conduzir na estrada, não sei se há uma taxa para se andar na rua, não sei se há um nível mas, pronto, isso é uma coisa que eu me hei-de informar, quando for mais velho, quando precisar estar informado. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Por exemplo, o que já aconteceu foi, aqui na terra, eu chegar e pedir um café e uma cerveja e eles oferecerem-me, se for preciso. Mas se pedir uma bebida branca, eles já não deixarem. Por causa da lei. Mas acho que isso também vai mudar. Vai deixar de ser permitido os menores de 16 beberem cerveja e… não é de beberem, pelo menos comprar. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Em suma, por falta de informação, a maioria dos jovens entrevistados não manifestou opinião, não fez grandes associações de ideias e não foi capaz de dizer muita coisa acerca da lei sobre a venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos, à exceção da idade mínima legal para adquirir e consumir álcool e também dos limites de alcoolémia para os condutores. Esta última parece ser uma associação óbvia e recorrente, deixando transparecer que, para a amostra, a ideia de que conduzir sob efeito de álcool é perigoso e insensato é algo que já está aparentemente interiorizado e assume uma quase total unanimidade. A perceção do risco é transversal aos discursos analisados, independentemente da prática ser sempre cumprida ou não.

Agora sinto maior preocupação de todos os meus colegas de quem bebe não leva o carro. Ouvir falar em álcool é isso, hoje em dia, associamos logo à condução. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

É um perigo beber álcool e depois conduzir. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Ah, conduzir sob efeito de álcool, não é? Tenho esse cuidado. Eu não conduzo, nunca [conduzo] quando vou sair. É maluquice. Nem ando com quem beba, por amor de Deus! E digo aos meus amigos para não levarem carro. Para quê, para se espetarem?! Fogo! E sei as quantidades. Agora mudou para pessoas com carta há menos de dois anos, é 0.2, acho eu. Não sei se a outra se manteve. É mesmo para desencorajar, ou seja, uma pessoa não pode beber nada. É verdade, é uma boa medida. (20 anos, sexo masculino, estudante)

A condução junto ao álcool acho que é a coisa mais estúpida que alguém pode fazer. Eu nunca, nunca, nunca, conduzo quando bebo. Nunca. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Todos bebem. A não ser aqueles que vão conduzir, é que não bebemos, de resto, toda a gente bebe à noite. Quando vou conduzir, só coca-colas, sumos. (20 anos, sexo masculino, estudante)

No entanto, pese embora o generalizado desconhecimento acerca da lei, nem todos os entrevistados defendem que deve ser dada mais informação aos jovens sobre a lei vigente. Enquanto uns entrevistados são claramente favoráveis, outros desvalorizam tal necessidade. No que toca à fonte informativa, a televisão parece ser a única referência.

Acho que era uma coisa boa haver mais informação sobre a lei, acho que era producente, era bom para toda a gente. Não digo um controlo, mas sim uma informação, acho que isso é que é importante. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Mais informação, é assim, os jovens hoje em dia têm muita informação e eles conseguem perceber onde está o bem e onde está o mal, eles sabem que só a partir de x idade podem consumir, é que são livres de comprar bebidas, mas eles não ligam a nada, logo acho que, pronto, podia haver mais chamada de atenção por parte dos supermercados mas eles querem vender, eles querem fazer o negócio deles. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Primeiro foi da televisão. Eles estavam lá a falar do Diário da República, que iam ser muitas coisas alteradas. Então, resolvi dar uma olhadazinha, só para saber. (20 anos, sexo masculino, estudante)

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Mesmo desconhecendo os contornos da legislação vigente, a generalidade dos jovens entrevistados tem a opinião de que a aplicação da lei nem sempre é uma realidade, bem pelo contrário. Esta tende a ser vista como algo pleno de boas intenções mas, em última análise, inócuo e ineficazmente aplicado.

A lei não é cumprida. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Essa lei ainda não está em vigor em muito lugar, porque não é aplicada. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que não tem muita aplicação. Ou sou mesmo eu que não estou a ver, mas eu acho que não. [risos] (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

Sei algumas coimas que são aplicadas, mas, de resto, não. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Em geral os jovens não cumprem a lei. Acho que não. Penso que não. (18 anos, sexo masculino, estudante)

Tal posição parece decorrer do facto de que, segundo os entrevistados, é fácil ou muito fácil os menores de idade adquirirem bebidas alcoólicas nos estabelecimentos comerciais à margem da lei. A noção geral manifestada pelos jovens entrevistados é que a aquisição de álcool por parte dos menores de idade encontra-se facilitada e que esta é uma prática generalizada. Uma boa parte dos entrevistados refere assistir com frequência a adolescentes muito novos a adquirir e consumir bebidas alcoólicas, nomeadamente à noite e em determinados estabelecimentos comerciais. Como se verá ao longo de todo o texto, esta ideia é transversal e amplamente partilhada pelos jovens entrevistados.

Não mudou nada, só mesmo a lei [risos]. Os estabelecimentos todos vendem aos 16, todos. É comum ver menores a consumir, e muito triste. Aqui em Évora, quem anda a beber mais são as pessoas com menos de 18 anos, os gaiatos. Nós vamos ali à discoteca, e é rara a vez que lá vou, a maior parte da discoteca é betos entre os 15 e os 17. Vê-se lá gaiatas com bebedeiras que não se endireitam. (19 anos, sexo masculino, estudante)

É facílimo, facílimo. Sempre foi fácil. E continua a ser. Sei lá, por mais que as pessoas queiram, cometem [sic] as leis, depois as pessoas querem é vender, não cumprem. Tirando os hipermercados, que se não vendem a um, vendem a outro, sei lá, se uma pessoa for a uma mercearia e quiser comprar uma garrafa de qualquer coisa nunca vão perguntar a idade, eles querem é vender. É verdade, o acesso é muito fácil. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Um dos motivos pelo qual não saio à noite é porque não vale a pena ver crianças a cair para o lado; da idade da minha irmã [15 anos], desmaiar em coma alcoólico. Vê-se muito. Uma coisa que, para mim, não faz sentido. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Sublinhando a ineficácia na aplicação da lei, os entrevistados referem as formas mais habituais de a contornar, de maneira a que os menores de idade tenham acesso a bebidas alcoólicas à sua margem, bem como diferentes estratégias adotadas pelos próprios consumidores na aquisição de álcool em estabelecimentos comerciais. Em jeito de crítica, a falta de controlo na aplicação da lei, nomeadamente por parte dos próprios estabelecimentos comerciais, é também apontada.

Aquela lei do só se pode dar vodka a maiores de 18 anos… depois as pessoas encontram uma forma de contradizer a lei. Pedem a algum adulto para ir comprar, alguém mais velho para ir comprar. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Eu acho que é ilegal supostamente, mas acho que sim, que compram nos bares, sim. Não creio que haja muito controlo em relação a isso. Não, nem muito cuidado. Nunca ninguém me pediu a identificação. Mesmo antes [quando era menor de idade],também nunca ninguém me pediu, para poder comprar álcool. Por isso, a nível de

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Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências

controlo nunca… só se for mesmo um caso de um miúdo que tenha 16 ou 18 e que pareça que tem muito menos. De resto, nunca vi. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Nunca vi, não sei propriamente como é que fazem, mas das duas uma: ou vão e pedem e lhes são fornecidas sem qualquer pedido de identificação ou então pedem a alguém mais velho e esse alguém mais velho compra e dá. Acho que já aconteceu muitas vezes pedirem e serem-lhes dadas. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Pois, hoje em dia é proibido o acesso a menores de 16 anos, mas eles conseguem. Ou alguém compra por eles, mais velho, ou então mesmo os proprietários fazem as regras. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Então, eu sempre tive amigos mais velhos, ou seja, era fácil, era só dizer-lhes «tens aqui dinheiro da minha parte, vocês vão ali ao supermercado comprar e vamos para casa de alguém». (19 anos, sexo masculino, estudante)

Há facilidade em os jovens comprar. Por exemplo, podem ir ao supermercado, não sei que tipo de controlo é que há para os menores de 18, ou menores de 16, não sei, mas acredito que não haja controlo nenhum. Já nem digo nos cafés ou nos bares, mas nos supermercados, por exemplo, podem perfeitamente lá chegar e se alguém perguntar, e eu acredito que ninguém vá perguntar, eles diriam que se calhar seria para um familiar, e saem com muita facilidade dali com bebidas. É um exemplo. (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

Às vezes, sou eu a adquirir as bebidas [alcoólicas] para o meu grupo de amigos. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Embora a opinião predominante seja achar que a legislação vigente não consegue impedir que os menores de idade fixada por lei consigam adquirir bebidas alcoólicas, em relação à perceção de evolução recente as visões diferem: a posição da maioria é que a facilidade de acesso tem vindo a aumentar, mas há também quem partilhe da opinião contrária. No entanto, quando forçados a pensar de uma forma mais concreta e retrospetiva (isto é, em relação especificamente ao último ano apenas), de uma forma geral, os jovens entrevistados revelam não ter sentido ou ter qualquer perceção de grandes mudanças no último ano, nomeadamente ao nível do acesso às bebidas alcoólicas nos estabelecimentos comerciais.

No entanto, mais fácil ou menos fácil, a enfâse parece ser colocada sobretudo na facilidade existente e na prática comum que é ver menores de idade a adquirir bebidas alcoólicas à margem da lei. É de salientar que, ao contrário do que a lei vigente prevê, alguns dos entrevistados são jovens com idades inferiores a 16 e 18 anos e que, segundo dizem, adquirem e consomem bebidas alcoólicas sem grande dificuldade ou, até, com muita facilidade.

Por acaso, não notei assim grande diferença. Desde que me lembro, quase sempre consegui [comprar bebidas alcoólicas]. Portanto, não notei grande diferença. […] Já comprei cerveja, já comprei isso [bebidas espirituosas]. Já! (16 anos, sexo masculino, estudante)

De há um ano para cá, não senti diferença nenhuma. Nunca me barraram acesso, nunca vi. Continua igual. Já há algum tempo que eu consumo álcool e nunca vi ninguém a comentar sequer nada sobre isso. Não estou a ver. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Não noto muito, eu acho que está igual ao ano passado. Pronto, se calhar cada vez vai ficando pior, não é? Porque agora até já as criancinhas de 12 anos saem à noite e bebem, acho que cada vez é pior. Mas não há assim grande diferença desde o ano passado (16 anos, sexo feminino, estudante)

[No último ano é] ela por ela. É mais… aquela rusga do «temos que fazer para parecer bem no papel». Ainda não é o suficiente para parar com pormenores «parem de beber». Sei lá, não é se divertir mas e de caírem em coma alcoólico. (20 anos, sexo masculino, estudante)

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Penso que não [no último ano não se alterou o acesso a bebidas alcoólicas], acho que infelizmente ou felizmente, depende do ponto de vista de cada um, é bastante fácil adquirir as bebidas. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Em termos de pessoas mais novas talvez agora seja mais fácil comprar, não sei. (20 anos, sexo feminino, estudante)

É igual. (19 anos, sexo masculino, estudante)

O acesso é igual, a vontade dos jovens é igual. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

É a mesma facilidade. (14 anos, sexo feminino, estudante)

É assim, como nós somos maiores, […] acho que, desde que entrámos na faculdade, não noto grande diferença. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Também há mais facilidade em aceder às bebidas alcoólicas. Hoje é mais fácil eles comprarem. Desde que não haja uma autoridade por perto, as pessoas facilitam, eles não vão recusar porque vão ter lucro. Arranja-se sempre qualquer coisa. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Acho que é fácil adquirir bebidas, bastante fácil até [risos]. Eu acho que sempre foi fácil mas que ultimamente tem ficado mais fácil. (16 anos, sexo feminino, estudante)

É assim, está mais difícil. Portanto, eles já têm que inovar um bocadinho. Para ser sincero. Agora parece que há uma captação mais urgente por parte dos pais dessa situação. Como também já houve alguma intervenção das forças especiais, alguns pais que tomaram alguma consciência. Está mais difícil no sentido… os seguranças à porta do bar e até os próprios donos das discotecas já têm uma preocupação adicional; também porque começaram a surgir aquelas multas altíssimas. Quando há menores dentro dos bares as multas são graves. Mas já há uma certa preocupação, quando uma pessoa já começa a ficar assim um pouco mais alegre dentro de um bar, eles já pedem à pessoa para sair. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Em relação ao tipo de estabelecimento onde é mais fácil os menores de idade adquirirem bebidas alcoólicas à margem da lei, as opiniões também não são unânimes. Há quem aponte os supermercados e hipermercados (este últimos por causa das caixas automáticas), há quem refira o contrário, apontando bares e cafés como locais de mais fácil acesso, enquanto outros referem discotecas. As bombas de gasolina parecem ser os estabelecimentos comerciais onde, segundo os jovens entrevistados, mais difícil é um menor de idade conseguir adquirir bebidas alcoólicas à margem da lei.

Eu acho que continua a mesma facilidade, porque ninguém pergunta a identificação. Em bares é fácil comprar, é fácil. Mas, por exemplo, há bares que têm segurança à porta e, às vezes, até forçam um bocado, perguntam-nos a identificação mas uma pessoa diz que não traz a identificação e dá para passar. (15 anos, sexo feminino, estudante)

A lei não é cumprida nas discotecas nem nos bares. Se um menor entra numa discoteca, à partida quando chega ao balcão vão-lhe vender. À partida não, de certeza. A questão é entrarem, e hoje em dia é fácil. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Já aconteceu eles pedirem a minha identificação à porta [de uma discoteca] e eu disse «está aqui»; tinha idade, posso entrar. Há umas que é a partir dos 18, outras a partir dos 16. É conforme a discoteca. A partir do momento em que lá estou dentro, já é mais fácil. Vou para lá, peço a bebida, ele dá-me e venho-me embora. Lá dentro já não pedem o bilhete de identidade, porque se tivermos um segurança à porta e ele nos pedir a nossa identificação, o nosso bilhete de identidade, se ele nos estiver a deixar entrar e não tivermos idade, a culpa é dele, não é nossa. Agora se nós tivermos idade e ele deixar entrar, a partir do momento em que estamos lá dentro, podemos consumir à vontade. O controlo é feito à entrada. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Hoje em dia, os gaiatos em supermercados recorrem mais a esse esquema, porque os supermercados continuam a pedir-te o BI, mas bares e isso já não. Qualquer gaiato

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pode entrar nesse café aí à noite e pedir uma imperial das grandes e ’bora para o camadão. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Acho que [os amigos adquirem bebidas alcoólicas] é nos supermercados e hipermercados. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Onde é mais fácil os menores terem acesso é no supermercado. Para já, vão passar na fila, a rapariga não vai reparar ou acho que não vai pedir nada e também tem aquelas máquinas automáticas. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Sim, assisto [a menores a comprar bebida alcoólicas]. Em supermercados vejo às vezes eles saírem de lá, isso é normal. Em bombas de gasolina, isso não, acho que não vendem. Tanto ao nível de álcool como de tabaco, nessas coisas eles são mais restritivos porque aquilo é mais controlado, a polícia passa sempre ali. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Até na bomba de gasolina, eu lembro-me de andar na secundária, no 12º ano, e aquilo estavam duas pessoas a funcionar, um velhinho e uma velhinha. Quando era a velhinha, era impossível lá comprar tabaco, porque ela pedia sempre BI, quando era o velhinho toda a gente já sabia que lá podia comprar tabaco porque ele nunca pedia BI. Álcool, então, ainda é pior, porque já nem pedem BI, já veem pela cara mesmo. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Em bombas de gasolina eu pessoalmente não [assisti a menores a consumir bebidas alcoólicas], mas já vi pessoas a comprarem. Apesar de depender do estabelecimento, nem todas vendem. Nem todas vendem. Por exemplo, em autoestradas nenhuma vende. Já vi comprar, eu nunca comprei. Não calhou. (23 anos, sexo masculino, estudante)

[Os amigos adquirem bebidas alcoólicas em] bares, sítios onde não pedem bilhete de identidade. Nos supermercados pedem, eles evitam ir lá. É fácil comprar, nalguns sítios é. (14 anos, sexo feminino, estudante)

De uma forma geral, os entrevistados estão de acordo que o controlo no acesso de menores de idade a bebidas alcoólicas parece ser feito muito na base do aspeto, verificando-se ser mais apertado para rapazes do que raparigas, especialmente em contexto de diversão noturna.

Nas bombas da gasolina, se eles repararem, se eles repararem ou uma pessoa parecer mais nova, eles pedem [a identificação]; agora, se parecer mais velho, já não pedem. É um bocado pelo aspeto. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Vendem [facilmente], por causa da minha aparência, por acaso, porque eu costumo ter barba e isso, eles não costumam pedir [a identificação], mas normalmente às vezes pedem. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Já aconteceu perguntarem a idade. Então a mim, que tenho cara de miúdo! «Ah, vão ter que mostrar o BI». (20 anos, sexo masculino, estudante)

É assim, a identificação… é um bocado discriminatório, dito assim. As raparigas não têm identificação, normalmente a polícia também fecha um bocadinho os olhos. Porque são as raparigas que movimentam os bares. Um bar que tem raparigas mais giras, mais rapazes vão lá. É matemática simples. Portanto, eles fecham os olhos a algumas raparigas, mesmo que sejam com idades inferiores à permitida. Agora rapazes, não. São barrados à porta. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Somos todos mais altos, uns já têm barba, outros não. Mas parecemos todos mais velhos. Facilita e bastante. Para entrar nas discotecas também, e muitas outras coisas. Por exemplo, comprar tabaco, já facilita ter um ar mais velho. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Eu antes estava preocupada, por exemplo das primeiras vezes que fui sair à noite estava sempre preocupada que alguém me fosse perguntar a idade, mas agora já não tenho receio nenhum, já conheço as pessoas dos bares e tudo. (15 anos, sexo feminino, estudante)

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Por exemplo, já vi raparigas… eu conhecia a rapariga, ela tinha na altura, ia fazer 16 algumas horas depois, e foi até à bomba e estava completamente atrevida, e pediu se faz favor ao empregado. O empregado caiu nos efeitos da beleza e lá lhe vendeu a garrafa. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Algumas vezes, falando na primeira pessoa, os entrevistados revelam que nem sempre conseguem (ou conseguiam) ter acesso às bebidas alcoólicas, por serem menores de idade. No entanto, mais uma vez, no discurso dos jovens parece imperar a tendência para valorizar mais as vezes em que conseguem (ou conseguiam) adquirir álcool e as formas de contornar a lei.

Às vezes até não vendiam, às vezes pedíamos a alguém para ir buscar, mas outras vezes vendiam. Em supermercados, cafés também (mas cafés era mais complicado). Em bares e nas discotecas também, aí pediam o BI. Nas bombas de gasolina era mais fácil. Na roulotte também [ainda] vendem a menores de 16. (16 anos, sexo Masculino, estudante)

Nos supermercados, nas grandes superfícies, nunca vi pedir [a identificação]. É fácil, até porque agora em alguns têm aquelas caixas automáticas e ninguém está lá para ver se tens 18 anos ou não. Só quando era mais novo, quando tinha para aí 15, é que me recusaram e foi porque estava muita gente se calhar lá. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Hoje em dia é fácil porque mesmo que a lei não permita a venda a menores há sempre sítios onde é fácil. Já comprei, por exemplo, no hipermercado e era menor, e não me pediram a identificação. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Sempre houve pessoas menores de idade a quererem, por exemplo, tabaco, que foi com o que eu comecei mais cedo, e havia sempre maneira de arranjar alguém que fosse comprar um maço de tabaco, sempre. Por isso, mesmo que a lei mude… (19 anos, sexo masculino, estudante)

Nunca aconteceu [recusarem-me bebidas alcoólicas por ser menor] (17 anos, sexo masculino, estudante)

Nunca aconteceu [perguntarem-me a idade], por acaso não. Nem em restaurantes, nem em bares. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Nunca me aconteceu pedirem o cartão de identificação. Nem aos meus amigos. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Não me lembro de alguma vez me terem pedido a identificação. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Eles vendem-me e nunca me pediram o BI. É muito fácil, em todo o lado, basicamente. Em nenhum lado nos pedem. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Perguntar a idade, sim, já me aconteceu. O cartão de identificação, não. À entrada dos bares. Disse que tinha 16 e entrei. Mas já avisaram que, já vieram várias vezes “quem é que tinha cartão?”, porque costumavam pedir, não sei quê, e depois chegámos lá e só perguntaram a idade. Sempre a andar. Não há muita fiscalização. Se houvesse, tinham que pedir os cartões [risos]. (16 anos , sexo feminino, estudante)

Pediram o meu bilhete de identidade e disseram que não tinha idade para comprar. Já aconteceu numas bombas de gasolina; não aqui, mas já aconteceu. E pouco mais. Por acaso, acontece poucas vezes. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Eu já vi pedirem o BI a pessoas com mais de 18 anos por aparentarem menos, aí já vi, por acaso já vi. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

A tendência geral parece de pôr todo o ónus do acesso dos menores a bebidas alcoólicas em quem vende e não em quem compra. Alguns dos jovens entrevistados adotam uma postura muito crítica em relação aos estabelecimentos comerciais que permitem tal prática.

E o pior de tudo é que cá em Évora a maior parte das pessoas que têm estabelecimentos noturnos não têm noção do mal que podem fazer às pessoas que já estão bêbedas dar mais uma imperial, porque há pessoas que se encontram em

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estados lastimáveis e mesmo assim a ser servidos, é uma vergonha. Uma pessoa quando está num estado que não está propriamente sóbrio não tem muito bem a consciência mas uma pessoa que está a servir devia ter consciência. Cá em Évora, todos estabelecimentos noturnos fazem isso, bares, discotecas e até cafés. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Daquilo que se vê, e do que eu tenho visto, e às vezes surpreende-me como é que alguém é capaz de servir, por exemplo, a um miúdo que aparenta ter 10 anos, ou 12 anos, e ninguém quer saber. E acho que isso nos marca, pelo menos acho que [a lei]não está assim tão aplicável. (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

Não só a generalidade dos entrevistados tem a perceção que há muitas falhas na aplicação da lei, como a tendência predominante parece ser no sentido de defender medidas mais rígidas e um maior controlo e fiscalização na sua aplicação, inclusive por parte dos pais.

Devia haver mais medidas assim implementadas, mais rigorosas, e haver mais autoridades a controlar a saída dos estabelecimentos, ou até os estabelecimentos. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Acho que a idade mínima é 16. Para todas as bebidas, acho, era o que devia de ser. Quer dizer, devia ser 18. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que deve vir dos 16 e subir também para os 18. Pronto, só se pode conduzir a partir dos 18, só tem responsabilidade para conduzir a partir dos 18, acho que também só devem ter responsabilidade para beber a partir dos 18 anos. (18 anos, sexo masculino, estudante)

O que me parece é que, existe a lei, toda a gente sabe, mas cumpri-la é pouco. E então, se não há exemplos disso, não há ninguém que seja… tem de ser por contacto direto, por experiência próxima de alguém que realmente foi impedido de beber ou foi multado. Porque, caso contrário, vai sempre haver… a lei existe, tudo bem, sabemos que existe, mas toda a gente vende e ninguém pede identificação. Por isso, tudo bem que haja a lei, mas que haja uma forma de mostrar evidência de que ela está a ser cumprida. Caso contrário, acho que não vai mudar grande coisa. Muito sinceramente. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Devia haver mais fiscalização porque hoje em dia os jovens estão a entrar nessa fase de beber e de sair miúdas de 14 anos e de 13 que entram nas discotecas. Devia haver mais fiscalização e também cuidado por parte dos pais, porque cada vez mais está a agravar. São muitos a ir por esse caminho. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Eu acho bem [mais fiscalização]. Quem não tem idade, não tem idade; não pode fazer nada porque, a partir do momento em que entra lá uma inspeção qualquer, quem leva a multa não somos nós, são eles. E, tem ou não tem razão, se não tem idade, fica à porta. Já aconteceu também. (16 anos, sexo masculino, estudante)

O meu irmão mais novo já experimentou mas não bebe, e não gostou. Digo eu. Se ele aos 13 anos quiser começar a beber, eu aí digo-lhe, sou capaz de assustá-lo. Tipo, «ok, queres experimentar, então vais experimentar, que é para depois não quereres experimentar» [risos]. A partir de que idade eu reagia bem se ele começasse a beber? Eh, pá, sei lá, 14, 15, no mínimo.15, ya. Sei que é abaixo da idade legal, mas aí já é algo que eu não posso ter moral para falar porque foi algo que eu não respeitei. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Embora mais raras, porque, como se disse atrás, parece imperar a falta de informação, também se registaram posições críticas em relação à natureza das últimas alterações legislativas relativas à disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas – nomeadamente a diferenciação da idade mínima legal por tipo de bebida alcoólica.

Essa lei está estúpida. Para os profissionais está bem, agora para os outros não. Fica-se bêbedo com duas cervejas? (14 anos, sexo feminino, estudante)

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Para mim não faz sentido. Porque, muito sinceramente, se alguém quer ficar alcoolizado facilmente fica com vinho. Cerveja é mais complicado mas com vinho fica facilmente. Eu acho que eles deviam marcar por limites de álcool; ainda por cima, as bebidas espirituosas são mais caras. Obviamente, comprar vinho, nem que seja vinho mais barato, uma pessoa fica alcoolizada mais rapidamente e não gasta assim tanto dinheiro; enquanto que, com bebidas espirituosas, vai gastar um pouco mais de dinheiro para ficar também alcoolizado. Por isso, acho que se devem por limites para as espirituosas e cerveja e vinho. Para mim não faz muito sentido. Nunca vi ninguém… já vi muita gente ficar alcoolizada, bastante alcoolizada, com vinho, por isso, estar a impor limites às bebidas brancas… Mas, pronto, não sabia dessa diferença. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Também faz sentido a lei ter sentido. E a lei não tem sentido. Eu sei que são as pessoas com idades inferiores a 18 anos que não podem consumir bebidas psicoativas, como, por exemplo, vodka, bebidas fortes. Mas, a partir dos 16, podem beber cerveja e vinho. Eu consigo apostar por que é que essa lei foi lançada assim: porque os produtores nacionais de vinho e cerveja têm os senhores deputados lá no governo a dizer «não, não, cerveja não, se não nos pagam a comissão». Portanto, «ah, sim, está bem». Então e as outras, que vêm da Rússia e dos outros produtores? E, para ser sincero, eu vejo pessoas a apanhar tosgas, bebedeiras, com cerveja, só não vejo estarem a apanhar bebedeiras com shots. O efeito é o mesmo. Com copos de tinto é o mesmo. A diferença é que, em vez de beberem seis shots e caem para o lado, bebem vinte cervejas e caem para o lado. Como os shots são mais caros do que a cerveja, o preço é basicamente o mesmo. […] Não faz sentido. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Proibição eu acho que nunca é uma boa opção no que toca a nada de produtos que possam ser consumidos por uma grande parte de pessoas. Proibição nunca é de todo. A minha opinião em relação às drogas leves, por exemplo, é essa mesmo: proibir é fazer com que uma pessoa queira fumar mais, basicamente. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Em relação à aquisição, parecem existir (e coexistir) várias estratégias. Uns entrevistados adquirem e consomem as bebidas alcoólicas exclusivamente em bares e discotecas, enquanto outros compram em estabelecimentos comerciais onde o preço é mais barato – como supermercados, por exemplo – e consomem antes de entrar nos espaços de diversão noturna. A aquisição e o consumo, fenómenos predominantemente grupais e coletivos, são planeados, ajustando-se ao perfil de consumo e aos hábitos de saídas à noite.

Adquiro dentro só, não tenho por hábito tomar bebidas alcoólicas fora dos estabelecimentos. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Se me apetecer, compro na altura e bebo, se não, não levo garrafas nem nada para ir sair à noite e beber antes de entrar numa discoteca, por exemplo. (16 anos, sexo feminino, estudante)

[Adquiro] nos bares. E os meus amigos também. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Eu tenho amigos que levam garrafas, ou já misturas com sangria que se compram nos supermercados, ou cervejas, mas a maior parte é mesmos nos bares que eles compram. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Lá está, quando vamos jantar fora, [adquiro] no próprio restaurante. Ou então, se for em casa de amigos, compramos no supermercado e bebemos em casa. Sempre no contexto de amigos. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Não [costumo sair à noite todos os fins-de-semana], não. Prefiro muito mais festas em casa, e isso, do que sair. Em casa de outros [risos]. Às vezes há bebidas alcoólicas, costuma haver. Costumamos comprar primeiro, depois dividimos por todos, sim. Às compras normalmente vamos todos. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Os miúdos, menores, costumam adquirir bebidas alcoólicas no café X. Em todo o lado, em bares, ya em todo o lado, supermercados. (14 anos, sexo feminino, estudante)

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Geralmente compra-se a garrafa, vai-se bebendo (14 anos, sexo feminino, estudante)

Ah, uma vez já me senti assim um bocado a olharem para mim de lado porque fui eu sozinho. Foi para a única vez que fui comprar. Então, como eramos muitos, ainda comprei alguma quantidade e ficaram-me a olhar um bocadinho de lado e eu «que vergonha», meti tudo para dentro da mochila, e pronto, sei lá, porque eu não muito, lá está, de exageros, sei-me controlar, por isso não… (20 anos, sexo masculino, estudante)

Há várias hipóteses, isso depende também do grupo com que se saia. Há grupos que se calhar alinham mais em ir para uma discoteca e gastarem lá, gastam muito mais dinheiro, claro, e se calhar não apanham a tal bebedeira tão depressa, porque é muito mais caro. No supermercado, compra-se muito mais barato, a quantidade é maior tendo em conta a comparação com a discoteca, e é diferente, não é. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

O que às vezes os meus colegas fazem é cada um traz uma garrafa diferente e vão partilhando. Acho que aquilo que deve ser mais comum é aguardente, vodka e cerveja. Vodka e aguardente são o mais normal. Às vezes são garrafas, aquelas litrosas gigantes de cerveja, são grades de cerveja. (20 anos, sexo masculino, estudante)

[Os jovens] programam, programam, compram as bebidas antes para ficar mais barato, já ficam bêbados antes de ir sair, isso é claramente. Nos supermercados fica mais barato, fica-lhes muito mais barato. Antes de eles irem para a noite eles já estão alegres. Depois na noite complementam mais um bocadinho e pronto [risos]. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Raramente [planeio]. Às vezes, sim. Às vezes compramos as bebidas, por exemplo se fizermos um jantar em casa de alguém, compramos as bebidas antes, as coisas estão mais ou menos planeadas. Mas a maioria das vezes, não. Simplesmente vamos para a noite e acabamos por comprar nos bares e nas discotecas. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Como estudantes, e não tendo grandes possibilidades, o que costumamos fazer é, por exemplo quando vamos sair aqui, no caso aqui de Lisboa, do Bairro Alto, o que costumamos fazer é comprar em hipermercados em quantidades… de litro, cerveja de litro e bebemos antes de ir para lá. De facto, a diferença de preços é enorme. E, basicamente, já vamos alegres para lá. E aí lá também bebemos, mas menos. É isso que costumamos fazer. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Costumo adquirir nos bares. No Bairro não fico só naquele sítio; gosto de ir andar, bebo um aqui, bebo outro ali. Sempre em bares. Quando é mais gente e vamos todos malucos, e assim, uma garrafinha. Agora quando somos poucos, vamos assim numa calma, nas calmas, é um copo ou dois de cerveja. Quando é garrafas, é para abrir uma coisa como deve ser, um gin ou assim.

Para os entrevistados, o fator preço tem uma grande importância e parece ajudar a explicar algumas estratégias adotadas na aquisição e consumo de bebidas alcoólicas. Tendo como pano de fundo o cenário de crise económica que se vive a nível nacional, parece assistir-se, portanto, à implementação de estratégias comerciais – não só por parte de quem compra e consome, mas também por parte dos estabelecimentos comerciais que vendem.

[Os jovens bebem] cerveja e o vinho, porque também é mais barato (19 anos, sexo masculino, estudante)

Se for jantares, normalmente como é mais barato uma beca do que andarmos aí a comprar litrosas, opta-se sempre pelo vinho. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Às vezes, antes de sair, compro whisky no supermercado, que é mais barato. Ou então compro dentro do bar. (17 anos, sexo masculino, estudante)

[Os amigos] enquanto saem à noite, enquanto andam a pé, de uma discoteca para a outra, enquanto andam a pé têm os garrafões, as garrafas e vão bebendo, acho que é mais isso. É muito mais barato no supermercado. Um ou dois vão comprar para os outros todos. (19 anos, sexo masculino, estudante)

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No Café X é onde a cerveja é mais barata: 60 cêntimos. (17 anos, sexo masculino, estudante)

[Quando saio à noite] normalmente até é água ou coca-cola. Também pelo valor, é muito caro. Fica muito caro beber uma bebida branca em bares, discotecas e essas coisas. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Continuo a consumir shots porque é o mais barato. E é o que dá para ficar mais alegre mais facilmente, por isso shots é sempre a melhor opção. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Mas os meus colegas – estamos a viver numa residência universitária –, tanto os meus colegas de residência como os colegas do curso, acho que todos temos mais ou menos esse comportamento de comprar bebidas num hipermercado antes, e depois… porque, de facto, os preços aqui em Lisboa são um bocadinho altos. Mesmo em relação a Braga, em geral Lisboa é mais caro. Comprar bebidas em bares, em Braga, ou discotecas é mais barato do que aqui. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Pelo menos a nível de estudantes universitários, [existe a prática de comprar álcool num supermercado antes]. Vamos falar de um nível social mais ou menos médio, em Portugal, sim porque sair à noite fica bastante caro. Se formos ao Bairro Alto, a uma discoteca, ainda temos de pagar a entrada, pagar as bebidas lá dentro. A bebida mais barata numa discoteca costuma ser cerveja, a nível de álcool, e uma cerveja custa agora num hipermercado… por exemplo, uma de litro se calhar não custa um euro, ou custa um euro, não chega a um euro e meio, e numa discoteca uma imperial normal pode ficar por dois, dois euros e meio. É uma diferença muito grande! Não vou estar a pagar, por exemplo, uma vodka por seis euros, lá se foi o dinheiro todo, e, aí, se calhar, lá esta, numa discoteca bebemos mas a bebida dura mais tempo; estamos com o copo na mão lá dentro, enquanto que aqui se calhar estamos a beber constantemente. Mas, pronto, lá está, para mim já sei sempre quando é que tenho de parar. Mas, sim, bebemos mais antes de sair do que lá no sítio, numa discoteca no Bairro Alto. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Para ser irónico, digo-lhe assim: uma garrafa de vodka no hipermercado, uma litrosa, custa seis euros, o máximo. Pronto, há mais, mais caras, de vinte e tal euros, mas aquela barata, custa seis euros. Um copo de shots num bar custa 15. Sinceramente, o que é que você faria? Aqueles bares mais recatados, que sabem que é um negócio mais familiar, como não querem aquele rendimento em mais violação das pessoas que estão lá, quando metem um shot lá a 5, 6, 7 euros. Agora aqueles bares que são conhecidos como, por exemplo, na discoteca X – não sei se já ouviu falar –, na discoteca Y, na discoteca Z cada shot são 15, 16 euros. Independente do que metem na bebida. Um shot é uma combinação de várias coisas, não é só vodka, vodka… É vodka mais bebida energética W ou sumo de ananás. É sempre qualquer coisa. Quanto mais sumos e mais coisas que lá tiver dentro, mais caro é. (20 anos, sexo masculino, estudante)

É assim, aqui em Lisboa há duas possibilidades: no Bairro Alto não há só os bares, mas também há aquelas lojas que estão abertas até mais tarde. Mercearias e indianos. Eu acho que é ilegal aquilo. Estão abertos até mais tarde e vendem de litro e são mais baratas. Até mais tarde, eu penso que no Bairro Alto não podem estar abertos até depois das dez e meia, onze. Por vezes estão até às duas, três da manhã. Até o Bairro fechar. Esse comércio está a afetar os bares. Já comprei em sítios desses. Depois da meia-noite, sim. Já comprei. Agora um problema também no Bairro é que aquilo são garrafas de vidro e não é permitido ter garrafas de vidro no Bairro Alto. Pelo menos no chão é mesmo… Não há assim muito controlo, não há assim tanta polícia quanto isso. E, quando há, ou escondemos ou assim. Mas também não é assim tão habitual. Por vezes, como nós já… Raramente caímos no erro de não comprar antes das coisas fecharem. Organizamo-nos bem. Ainda por cima os supermercados estão constantemente abertos, por isso raramente nos aconteceu isso. Mesmo nessas lojas é mais caro do que no supermercado. Mas continua a ser competitivo em relação aos bares. (23 anos, sexo masculino, estudante)

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[No último ano] tenho assistido [a promoções]. Especialmente nas «happy hours». Antes, uma «happy hour» era um motivo para toda a gente ir a um mesmo bar, durante essa hora. Hoje em dia, por exemplo no Bairro Alto, tem a Rua XXX, (…), só há três bares e esses três bares têm «happy hour» durante a noite toda. Mudou este ano, sim. Como as pessoas também estão mais reticentes, com a crise não querem gastar tanto dinheiro, estão a promover mais que as pessoas bebam mais. Uma pessoa embriagada não vê quanto gasta. (20 anos, sexo masculino, estudante)

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Consumo

Para além da questão do posicionamento perante a legislação relativa à disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas, procurou-se recolher igualmente informação qualitativa acerca dos padrões de consumo de álcool dos jovens portugueses entrevistados. Porque as coisas estão naturalmente relacionadas entre si, as atitudes, comportamentos e perceções de risco associados foram também alvo de interesse.

Neste sentido, a maior parte das entrevistas focou naturalmente o tema da experimentação e do primeiro consumo de bebidas alcoólicas. Tal tópico reveste-se da maior importância, na sequência da entrada em vigor do Decreto-Lei nº50/2013, de 16 de abril, que expressa uma preocupação especial com a cada vez mais precoce experimentação de bebidas alcoólicas por parte de crianças e adolescentes. Consequentemente, tentou-se entender, enquadrar e classificar os episódios de experimentação e início de consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens entrevistados.

Dos 25 entrevistados, apenas 2 – com 12 e 13 anos – referem nunca ter consumido uma bebida alcoólica. Tal significa que mesmo aqueles que hoje em dia se dizem abstémios já experimentaram e/ou consumiram bebidas alcoólicas. Em função da análise de conteúdo das entrevistas concedidas, ressaltam 4 ideias principais relativas à experimentação e ao início daprática de beber álcool:

O consumo de bebidas alcoólicas tende a iniciar-se em ambientes festivos, constituindo-se geralmente como uma experiência coletiva;

É necessário distinguir entre experimentação e início efetivo do consumo de bebidas alcoólicas: nem sempre são coincidentes ou ocorrem no mesmo contexto ou ambiente;

O consumo de álcool tende a iniciar-se com a cerveja. Em segundo lugar, destaca-se o vodka, cujo primeiro consumo está associado ao início das saídas à noite e à frequência de espaços de diversão noturna, nomeadamente por parte de jovens do sexo feminino;

O primeiro consumo de bebidas alcoólicas nem sempre é uma experiência positiva e tende a não ir de encontro às expetativas. Tal pode ser entendido à luz de processos de aprendizagem e socialização entre pares mais vastos. A pressão social para experimentar ou iniciar o consumo de álcool parece evidente.

De uma forma geral, os jovens entrevistados iniciaram o consumo de álcool em contextos de convivialidade e festa, enquadrados não raras vezes em episódios de iniciação coletiva ou em grupo. O início do consumo de bebidas alcoólicas pode, então, ser entendido, não como uma prática individual e casuística, mas como uma prática social e de grupo, fortemente condicionada por normas de sociabilidade e formas de pressão de grupo (esta última nem sempre é explícita e assumida, mas, por vezes, tácita, implícita). Alguns entrevistados tendem a

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negar a importância da pressão de grupo no seu caso pessoal, embora reconheçam a sua importância no início dos consumos de bebidas alcoólicas dos outros jovens em geral.

A análise das entrevistas revela que a média, moda e mediana de idades do primeiro consumo de bebidas alcoólicas é de 15 anos – ligeiramente mais cedo para a cerveja do que para vinho e bebidas espirituosas. A curiosidade e a vontade de «entrar na onda» e potenciar a diversão parecem constituir as principais motivações que levou os entrevistados a experimentar bebidas alcoólicas.

Segundo revela a maioria dos jovens entrevistados nos seus discursos acerca do início do consumo de álcool, tal não parece ser marcante e revestir-se de grande importância simbólica. Pelo contrário, muitas vezes o início dos consumos de álcool assume a forma de um episódio «natural» e esperado, sem grandes implicações (pelo menos é assim visto, algum tempo – em alguns casos, muitos anos – depois). De acordo com os entrevistados, o início tende a ser gradual, cauteloso e com pequenas quantidades de álcool.

[A primeira vez que consumi bebidas alcoólicas] foi no ano passado, tinha 15 anos. Foi numa festa de anos, fomos sair à noite, fomos jantar e depois sair, e, não sei, estava toda a gente a beber, eu não bebi por obrigação nem porque alguém me disse «ah, se não beberes é isto ou aquilo». Não sei, foi numa de experimentar. Gostei, pronto, bebi mais, mas não exagerei nem nada [risos]. Foi vodka preta com sumo de laranja, foi qualquer coisa assim. E gostei, fiquei fã, normalmente é sempre isso que eu bebo [risos].(16 anos, sexo feminino, estudante)

Eu fui numa viagem de finalistas do 9º ano, mas já estávamos quase a entrar no 10º ano, já foi em Setembro. Fomos a um bar, na Tocha, e experimentámos um shot, o mais fraquinho que havia, experimentámos todos. [risos] Senti-me bem, nós depois no dia a seguir voltámos lá e pedimos uma bebida branca a dividir por três, qualquer coisa assim, muito pequenina, e estávamos todos alegres. Acho que era mais efeito psicológico do que outra coisa, mas adorámos. [risos] (20 anos, sexo feminino, estudante)

Foi numa festa. Fomos a uma festa e eu experimentei, provei. Levou-me a experimentar, estávamos todos divertidos, estavam todos a beber e achei, pronto, que podia experimentar, que não tinha mal. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Estava com os amigos e eles disseram «olha vamos beber uma cerveja», experimentamos todos e, pronto, foi a partir daí. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Nunca foi por obrigação, nunca ninguém me obrigou a nada. [A primeira vez que consumi bebidas alcoólicas] acabou por ser um bocadinho aquela coisa: «tu fazes, eu também faço e faz toda a gente e é normal», sei lá [risos]. Acaba por ser assim um bocadinho por aí. Eu acho que acaba por ser num contexto social, como é normal da maior parte das pessoas. Junta-se um grupo de amigos pela primeira vez que saem todos juntos porque os pais lá deixaram e acaba por ser um bocadinho por aí. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Acho que é mais, lá está, por pressão, mais por influência de outras pessoas. Sei lá, uma pessoa nunca experimentou, não sabe o que é, nunca está muito habituado. Não sei. Mas a pressão social hoje cada vez mais influencia isso. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Quando comecei a sair à noite, experimentei em festas. (16 anos, sexo Masculino, estudante)

Foi num acampamento, estávamos em amigos e a coisa puxou a coisa, pronto… (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Experimentei a primeira vez na ordem dos 15, quando ia a jantares. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Foi aos 16 anos que eu comecei a experimentar, experimentei cerveja, vinho, whisky, bebidas brancas, shots, entre outros. Pequenas quantidades, quando ia a festas. (20 anos, sexo masculino, estudante)

A primeira vez que tomei uma bebida alcoólica, foi cerveja ou vodka preta, não me recordo. Foi com 16 anos, por aí. Foi numa saída à noite que eu tive, mas bebi dois

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copos de uma bebida, não me lembro se foi…, de certeza que foi vodka preta. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Por outro lado, a entrada na universidade é, neste contexto, um período especialmente relevante. A participação ativa na «vida académica» parece marcar, para uns, o início do consumo de bebidas alcoólicas e, para outros, o intensificar dessa prática. Neste cenário de vida, a necessidade de ir de encontro às expetativas e a pressão social parecem ser ainda maiores e assumidas.

[Passei a consumir] mais quando vim para a faculdade. É o próprio ambiente académico que nos leva a isso. Um bocadinho. As festas, a Queima das Fitas e essas coisas nos levam… Essas festas patrocinadas por marcas de cerveja. E, lá está, por muito que uma pessoa tente afastar-se, querer ser… dizer que não vai beber, há sempre a pressão dos amigos. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Comecei a beber quando entrei para a universidade, mas era só quando saía. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Pode-se dizer que comecei na faculdade. A sério foi para aí no primeiro jantar na faculdade. Aí foi mais a sério. (20 anos, sexo masculino, estudante)

[Consumi a primeira vez álcool] quando entrei para a universidade, em 2011. Quando entrei para a universidade experimentei de tudo. (21 anos, sexo feminino, estudante)

É assim, desde que comecei a estudar [na universidade] aqui em Lisboa, também foi quando comecei a beber mais – no secundário não bebia, de vez em quando, vá. Quando saía à noite por vezes nem bebia – agora aqui, quando saio à noite, bebo praticamente sempre e sim, é um hábito que nós… (23 anos, sexo masculino, estudante)

Em relação à bebida alcoólica que os entrevistados beberam pela primeira vez, destaca-se sobretudo a cerveja (14 entre os 23 entrevistados que consumiram uma bebida alcoólica alguma vez na vida). Só depois aparece o vodka – sobretudo na forma de shots e misturas com sumos ou outras bebidas –, especialmente relevante para as jovens do sexo feminino, nomeadamente aquelas que iniciaram o consumo de álcool quando começaram a sair à noite, a bares e discotecas. Mais uma vez, se percebe como a «curiosidade» como principal motivo para o consumo perpassa o discurso geral.

É importante distinguir entre experimentação (que, no caso de alguns entrevistados – nomeadamente rapazes –, teve lugar por vezes num contexto familiar) e início efetivo do consumo de bebidas alcoólicas. Tal pode contribuir para perceber que os conceitos usados pelos jovens nem sempre correspondem aos dos investigadores. Neste caso, a experimentação precoce nem sempre é considerada pelos jovens entrevistados um verdadeiro consumo.

A primeira bebida que bebi, sem ser cerveja, deve ter sido vodka, shots, quando era mais novo, porque havia mania de beber shots num bar no centro [de Faro], e era vodka nessa altura. Os miúdos costumavam ir para lá. Na altura tinha 14, 15 anos. O bar vendia a menores. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Tinha molhado os lábios aos 16 quando é aquela coisa: já fez anos, não ser um bocadinho lamechas. Mas bebidas, bebidas alcoólicas, foi aos 18. (20 anos, sexo masculino, estudante)

A primeira bebida alcoólica que bebi foi a cerveja, e não gostei. Depois bebi vinho tinto e gostei, foi com o meu avô. Cerveja foi com o meu pai. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Cerveja sempre bebia assim, com o meu pai ou às vezes davam-me para experimentar, quando era mais pequenino ou assim. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Não sei, foi a curiosidade. Disse ao meu pai e o meu pai deu-me para beber e eu experimentei [risos]. Foi só um gole! [risos]. (15 anos, sexo feminino, estudante)

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Sei lá, tipo quando tinha 5, 6 anos o meu avô dava-me aquele restinho de copo de vinho, mas isso não é nada. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Eu comecei a beber para aí com uns 16, 15 anos. Provar, provar, se calhar provei com 13 ou 14. Mas é provar mesmo, não é beber… (23 anos, sexo masculino, estudante)

Uma parte considerável dos entrevistados revela que o primeiro consumo geralmente não é uma experiência totalmente positiva. Pelo que se percebe das palavras dos jovens, é preciso insistir e desenvolver o gosto e o hábito – neste sentido, os jovens abstémios parecem ser aqueles que, não gostando do sabor das bebidas alcoólicas, por uma razão ou outra, se recusaram a insistir.

Contudo, na generalidade das vezes, quando ocorre, a má experiência não parece ser traumática, especialmente marcante ou dissuasora de consumos futuros. Para a maioria, beber álcool implica um processo de aprendizagem e uma insistência inicial. Como se verá mais à frente, tal é também verdade para as bebedeiras e outros excessos.

A primeira vez soube um bocado mal e pensei em não beber mais mas depois ao longo do tempo fui bebendo mais, comecei a habituar-me ao sabor e agora já é uma coisa normal. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Quando se prova álcool, pelo menos uma criança que está habituada a beber só refrigerantes e sumos, não gosta do sabor. É a mesma coisa com café ou assim. Masdepois dos 15 sim, depois dos 15 já..., sempre aos bocadinhos, e já bebe mais e já gosta do sabor. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Estava com o meu irmão e ele deu-me para eu provar e provei. E não gostei, nem sequer o bebi todo. Foi só mesmo um bocadinho. Foi horrível. [risos] (16 anos, sexo feminino, estudante)

Tinha 14, acho eu. Bebi um gin tónico [risos]. E não gostei [mais risos]. (16 anos, sexo feminino, estudante)

As expectativas, pronto, achei que aquilo era muito bom porque toda a gente dizia que gostava muito de cerveja e eu, no entanto, achei que aquilo tinha um sabor horrível. Consumi uma segunda e terceira vez mas percebi que não valia a pena experimentar mais porque… não gosto, não gosto. Não sei como os outros fazem [risos],devem ter um paladar diferente. Não sei sinceramente. Do meu ponto de vista, não gosto do sabor. É preciso insistir, não sei, se calhar há pessoas que gostam logo à primeira. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

A primeira vez soube um bocado mal mas depois bebi uma, bebi outra e fui-me habituando. É sempre preciso ir insistindo. Fui saindo mais e também fui bebendo. (17 anos, sexo masculino, estudante)

[O primeiro consumo de bebidas alcoólicas], não sei, pensava que era melhor [risos].Mas depois também comecei a gostar, a habituar-me ao sabor, depois gostei também. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Tenho pouca experiência, não consumo muito. Já experimentei e o pouco que já experimentei não gostei, portanto raramente consumo. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Hoje não bebo. Logo aí aos 17, 18 anos, já não, como experimentei e nada me agradou… não consumo. Não me agradou o sabor, o estado em que se fica depois de beber, não é agradável, só para nos divertirmos e estarmos mais um bocado alegres, não, não preciso de consumir para fazer esse tipo. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Já experimentei, sim. Todas não, mas algumas. Não gosto, não gosto do sabor. E pronto, basicamente é isso. Acho que não preciso de beber para me divertir, acho que é isso. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Já consumi uma vez. Uma cerveja. Nunca mais voltei a consumir, não gostei. (14 anos, sexo feminino, estudante)

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Outra temática particularmente abordada com os jovens entrevistados foi naturalmente a dos padrões de consumo de bebidas alcoólicas. No Decreto-Lei nº50/2013, de 16 de abril é expressa a preocupação com a existência de padrões de consumo de alto risco, especialmente em adolescentes e jovens adultos. Em função da análise de conteúdo das entrevistas, ressaltam 6 ideias principais relativas ao consumo de álcool:

Existe uma forte associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e a frequência de espaços de diversão noturna – especialmente à noite e ao fim-de-semana;

O consumo de álcool, para a maioria dos entrevistados, parece associado predominantemente à ideia de «diversão», tendo geralmente lugar em ambientes de sociabilização e constituindo-se como um fenómeno de grupo. O consumo de bebidas alcoólicas depende do contexto – não parece ser um fim em si mesmo mas antes tem um valor instrumental. A tónica na moderação perpassa o discurso geral;

Nesse sentido, o tipo de bebida alcoólica consumida pelos jovens entrevistados tende a variar em função do local, do ambiente e do próprio grupo de amigos, destacando-se uma estreita relação entre as bebidas espirituosas e as saídas à noite. A cerveja é uma bebida mais transversal, enquanto o vinho é consumido sobretudo em misturas (sangria, «receita22») e em ambientes específicos (como jantares de grupo ou festas privadas);

Parece verificar-se uma divisão de género no consumo de bebidas alcoólicas: as jovens do sexo feminino tendem a beber sobretudo bebidas espirituosas em misturas e, ao contrário dos entrevistados do sexo masculino, parecem maioritariamente evitar a cerveja e o vinho;

A diversão parece ser a principal motivação para consumir bebidas alcoólicas. Ajustar-se à pressão social e destacar-se no grupo («armar-se em bom») são também motivações apontadas por alguns jovens;

Os entrevistados mais novos (até 13 anos, sobretudo) não consomem ou sequer experimentaram qualquer bebida alcoólica. Inclusivamente, não se mostraram confortáveis em falar acerca do álcool (exibindo risos tímidos, por exemplo) ou com vontade de vir a consumir no futuro.

O consumo de bebidas alcoólicas por parte dos entrevistados tem lugar predominantemente em alturas de festa e momentos de diversão em grupo. Mesmo aqueles que não bebem álcool convivem com amigos que o fazem, reconhecendo todos que o consumo de bebidas alcoólicas é uma prática generalizada entre a juventude portuguesa, sobretudo nas saídas à noite – quem tem menos hábitos de diversão noturna tende a beber menos álcool.

De acordo com os entrevistados, a principal motivação é ajudar à diversão, potenciar a festa, aumentar os níveis de sociabilidade ou, no caso da cerveja, a descontração.

As bebidas alcoólicas mais consumidas parecem ser, sobretudo, a cerveja e as bebidas espirituosas (nomeadamente o vodka, mas também o gin), embora o vinho seja também consumido em determinadas ocasiões, especialmente em forma de misturas. Parece haver uma divisão de género (as jovens do sexo feminino consomem sobretudo bebidas espirituosas misturadas com sumos), enquanto em relação ao grupo

22 «Receita» é uma bebida caseira, preparada sobretudo por jovens, de forma a obter uma bebida barata e acessível em termos de sabor, e consiste numa mistura variável de vinho – tinto ou branco –, cerveja e determinados refrigerantes, que ajudam a adocicar o sabor.

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etário isso não seja tão evidente (com exceção para os entrevistados mais novos – até 13 anos – que nunca consumiram bebidas alcoólicas).

Como se verá ao longo do texto, o discurso geral é marcado pela tónica da moderação23, sendo que a maior parte dos jovens entrevistados sublinha que o seu consumo de álcool é esporádico, não intensivo e confinado a determinados contextos, afastando-se simbolicamente o mais possível de outras conotações, que não o do consumo recreativo e por lazer.

Só consumo em altura de festa e é quando é. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Bebo só em jantares e saídas. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Só [bebo álcool] quando saio à noite. De três em três semanas. Com amigos. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Bebo álcool muito raramente. Eu não costumo sair muito à noite, que é quando normalmente as pessoas mais bebem álcool, por isso… (16 anos, sexo feminino, estudante)

No momento também não tenho saído muito, sinceramente. E acho que isso também leva a que nós procuremos se calhar menos álcool, digamos, porque não há aquela socialização, e isso ajuda muito, pelo menos no meu ponto de vista. (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

[Os meus amigos] em geral consomem bebidas alcoólicas. Costuma fazer parte da saída. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Consumo esporadicamente, muito esporadicamente. Uma vez por outra. Em dias de festa. Estamos na festa e bebo uma por outra só, não exagero. Uma ou duas no máximo. Em festa de anos, quando vamos a um bar ou discoteca (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Bebo por festa, não bebo diariamente. Por exemplo, quando vou sair à noite ou isso sou capaz de beber um ou dois copos. Cerveja, bebida branca, é mais cerveja. Vinho às vezes, é mais nos jantares. Às refeições não. (16 anos, sexo masculino, estudante)

A maior parte das pessoas bebe é por causa de estarem mais alegres, divertirem-se mais, de acharem piada. É em festas. (20 anos, sexo masculino, estudante)

[Consumo bebidas alcoólica para] estar no convívio com os amigos; estamos todos lá, descontraídos, não sei. Os meus amigos bebem todos. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Com os meus amigos é a mesma coisa, há uns que bebem menos, outros que bebem mais, mas mais ou menos toda a gente quando sai bebe assim um bocadinho, é um bocado generalizado na nossa cultura já que os adolescentes para se divertirem bebam. Tem que ver com a pressão dos pares também, muitos consomem mesmo para se divertir, é mesmo a pressão dos pares e acabam por não desfrutar das noites porque passam mal. (17 anos, sexo masculino, estudante)

É a tal coisa, toda a gente bebe, nós também, pronto. (20 anos, sexo masculino, estudante)

O que eu mais gosto é para aí cerveja, fresquinha. Quem é que recusa uma? De resto, pronto, por exemplo, bebidas brancas ou isso só bebo mesmo em festas. Também não sou muito de sair à noite. Só de vez em quando. (20 anos, sexo masculino, estudante)

É assim, a minha faixa etária é mais cerveja, agora. É aquela coisa, uma pessoa gosta de ir para a esplanada, com a cerveja ao fim da tarde, estar ali com o calorzinho a beber, gosta de estar ali. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Em casa, no café, quando estou com os meus amigos, quando vou para a esplanada também, combinamos um café, bebemos um café, bebemos uma imperial,

23 «Moderação» é aqui entendido como um conceito émico, isto é, uma categoria usada pela população em estudo. Trata-se, portanto, da visão subjetiva dos jovens entrevistados e não corresponde ao termo científico e estandardizado.

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nos jantares e em saídas à noite. Em casa, à frente dos meus pais, não há qualquer problema, mas com moderação, claro. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Costumo sair à noite às vezes, não muitas também. Bebo com os amigos, quando saio. Às vezes, é raro beber. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Vinho não gosto, mas sangria bebo sem problemas. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Já bebi mas neste momento não estou a beber nada. Vodka, vodka preta, vodka pura, morangada, Martini. Cerveja não porque não gosto muito, mas bebi morangada, uma vodka preta, mas não tenho costume beber, deixei de beber, não ligo. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Consumo, mas não é com muita regularidade. Vodka [risos]. Vodka de morango e coisas assim, vá. Coisas misturadas com sumo. Bebidas brancas, sempre com sumo. (24anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Bebo muito raramente. Dias de festa e quando sei que não vou conduzir. Quando alguém faz anos, aquele típico copo de champanhe para brindar, passagem de ano… Naquelas festas só para me integrar no grupo, só para uma pessoa não ficar de parte, às vezes bebo uma cerveja, mas é muito raramente. (20 anos, sexo masculino, estudante)

A maior parte dos meus amigos bebe quando sai a festas. Isso não constitui qualquer problema. A maior parte consome, a maior parte bebe. Se calhar quando saem à noite e vão a festas bebem um bocado em excesso. Cerveja, principalmente. E depois há os shots e há as bebidas brancas, também. (20 anos, sexo masculino, estudante)

A cerveja é mais, a maior parte do pessoal da minha idade bebe mais cerveja, o vinho também, se calhar, algumas pessoas, mas as bebidas brancas é o forte, na noite principalmente. Bebidas brancas na noite, a cerveja e o vinho mais socialmente, em jantares, no café. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Estou num curso de gestão do lazer e animação turística. Nós somos um bocadinho mais festivaleiros. Nós estamos sempre em festa, é mais fácil dizer assim. Desde aquelas rally tascas das praxe, é um bocado este ano, acho que não houve ninguém a não ficar mesmo embriagado, até à típica festa de anos, à típica festa de escola que começa com as cervejas no bar e acaba dois quilómetros ou três noutro bar, totalmente de rastos. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Os meus amigos consomem mais vinho e cerveja. [Bebem] primeiro porque devem gostar do sabor, e depois gostam de ficar um bocado alegre, que é para se divertirem mais nas festas e isso. (19 anos, sexo masculino, estudante)

[Os meus amigos] bebem para se divertirem, para socializar também. (14 anos, sexo feminino, estudante)

[Os meus amigos] bebem cerveja, vodka preta, vodka branca com qualquer coisa, vinho, sangria, esse tipo de coisas. Eu acho que muitos deles bebem só para as pessoas verem que eles bebem e que não vão sair à noite ou que vão jantar fora e pedem uma coca-cola, é mais para mostrar. Tanto que eles depois começam a fingir que já estão muito alegres, não suporto essas coisas. [risos] […] Acho que se resume a sangria, receita e vodka. Acho que sim, os jovens consomem muito álcool. Exatamente pelo motivo que disse há bocado, para mostrar, para serem os fixes do grupo, para não estarem de fora.(16 anos, sexo feminino, estudante)

Eu acho que essa cena da pressão social está a ver-se muito é na nova geração, nos novos miúdos. Toda a gente tem que ser igual, toda a gente tem que fazer as mesmas coisas, para se enquadrar num grupo. (19 anos, sexo masculino, estudante)

É o serem os meninos fixes do grupo, não querem ser postos de parte do grupo, acho que é assim. Tanto o fumar, também não é só beber. Eles também fumam porque fica bem, porque se os outros também fumam eles também têm que fumar. […] Até acho que quando eles crescerem vão olhar para trás e dizer «o que é que eu estive aqui a fazer?!», mas naquela altura para eles é importante. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

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Acho que [os jovens] bebem, não sei, para se afirmarem, não sei, não sei [risos]. Não consigo explicar. (16 anos, sexo feminino, estudante)

É muito mais provável tu estares sob a pressão dos senhores estudantes e, para te quereres integrar no grupo e na turma, comeres e calares e beberes até te vomitares todo e ficares em coma alcoólico, do que tentares rebelar contra isso. Há pessoas que têm um psicológico muito fraco e que mesmo que lhe digam «eh pá, se quiseres parar de beber, para» elas continuam a beber para se quererem integrar. (19 anos, sexo masculino, estudante)

As pessoas bebem mais aquelas bebidas mais perigosas é quando vão sair à noite. Porque, de resto, não vejo ninguém no seu perfeito juízo ir para casa beber vodka. Ou outra coisa ainda pior. (20 anos, sexo masculino, estudante)

O álcool não me faz falta. No futuro também não vou beber (12 anos, sexo feminino, estudante)

Não sei a partir de que idade [os miúdos da minha idade começam a beber] Ainda não cheguei lá [risos]. 15, 16, talvez. Não sei, se calhar com a minha idade já experimentaram. (13 anos, sexo masculino, estudante)

Reforçando o seu caráter instrumental, é percetível como os padrões de consumo de álcool dos entrevistados não são regulares e existem contextos e momentos de maior intensidade e momentos de não-consumo. No caso dos entrevistados mais velhos, nomeadamente aqueles que frequentam o ensino superior, não se consome o mesmo nível de álcool em alturas de praxes e festas académicas do que em época de exames, por exemplo. Para os jovens que constituem a população em estudo, o consumo de bebidas alcoólicas tem uma dimensão social evidente e esta parece ser uma prática variável e integrante de hábitos de lazer e diversão.

Consumo associado à noite, em bares, discotecas. Fora disso não, muito raramente, mesmo. Consumo ao fim-de-semana, só mesmo se sair à noite, 3 ou 4 copos por noite. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Durante a semana isso não, não costumo beber. Quando saio, diria, vá, uma vez por semana, nem todas as semanas, quando há uma festa ou quando vou a um bar, ou assim, normalmente a minha bebida, não gosto muito de beber cerveja, a única bebida que bebo assim é whisky. Bebo para aí 75 cl, no máximo. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Normalmente, durante o dia, quase ninguém bebe. Há lá [na faculdade] um ou dois casos, mas pronto. Casos mais graves, dito assim. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Quando saio à noite bebo sempre. Agora, por exemplo, se estamos a ver um jogo de futebol ou mesmo a reunir com um amigo, aí também bebo, mas bebo ao ponto em que estou completamente normal, sei lá, uma, duas cervejas. (23 anos, sexo masculino, estudante)

De vez em quando, depende dos dias e depende do momento. Normalmente é quando há jantares, bebo assim uma sangria ou receita, depende. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

A quantidade varia em função do dia. Se for só para estar à tarde na esplanada, somos capazes de beber só duas imperiais, mas se for para fazer noitada essas duas imperiais desenvolvem-se para umas vinte, se for preciso [risos]. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Eu não bebo com muita, muita frequência. Posso passar três semanas sem beber, posso passar um mês sem beber, posso passar, por exemplo, um mês a beber todas as semanas. Beber ou não beber não é algo que me faça diferença, mas quando bebo gosto, para ser sincero gosto de beber. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Na Semana Académica devo ter bebido um bocado mais. (17 anos, sexo masculino, estudante)

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Bebo muito raramente. Eu, por exemplo, tive a Queima agora mas estive muitos meses… eu dizia «não bebo, estou em aquecimento para a Queima», dizia eu. [risos] (20 anos, sexo masculino, estudante)

Hoje em dia já não bebo. Quer dizer, na semana académica bebi. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Agora, na época dos exames, não é frequente [os meus amigos beberem]. Mas princípio e meio do ano em que o stress dos exames é quase nulo, sim. Grande parte. (20anos, sexo masculino, estudante)

É assim: há uma certa altura, quando uma pessoa deixa de estudar, aquela vida boémia acaba por não ter o mesmo sentido [do que] quando começa a trabalhar, não é? Começa a ter outra maturidade, outros objetivos. Agora uma pessoa que está na universidade, sabe-se bem que isto está tudo interligado, acaba por ser intrínseco. É curtição e estudo. [risos] É que é mesmo assim. Na universidade o período melhor é mesmo este, é nós termos do nosso lado o facto de podermos o que quisermos. A maior parte das pessoas que eu conheço que está a estudar os pais estão longe, portanto a pessoa está mais do que independente na cidade que escolheu para estudar, não é? Faz-se o que quiser, quando quiser. Ora bem, pode escolher isto, não é? Pode escolher fazer o que quiser, incluindo ir todos os dias para a noite beber, apanhar bebedeiras. Claro, essa não é a melhor opção, mas lá está, se for uma opção de quem quer que seja, ela que lide com as consequências. É isso que está aqui em causa. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Agora já não tenho consumido. Já consumi. Cheguei a beber bebidas brancas, tipo vodka, também alguns finos, mas na altura de estudante [universitária], agora já não. (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

Também os comportamentos de risco e os problemas associados ao consumo nocivo de bebidas alcoólicas – nomeadamente estados severos de embriaguez e comas alcoólicos, atos de violência e condução sob efeito de álcool – foram temas abordados na maioria das entrevistas. Da análise de conteúdo destacam-se 6 ideias principais:

Os entrevistados tendem a distinguir claramente entre embriaguez ligeira e embriaguez severa: a primeira é desejada por uns e rejeitada por outros, enquanto a segunda é indesejada por praticamente todos, e parece ocorrer sobretudo de forma acidental;

Os jovens entrevistados tiveram poucos contatos com episódios de coma alcoólico, sendo que a maior parte destes envolve amigos ou conhecidos e apenas muito raramente se trata de uma experiência pessoal;

Na esmagadora maioria das vezes, os estados de coma e pré-coma alcoólico foram acidentais e não intencionais, tratando-se, segundo os entrevistados, essencialmente de erros de cálculo e formas de aprender os limites. Mais uma vez, a tónica é colocada no processo de aprendizagem;

A ideia de que os comportamentos de risco são praticados sobretudo pelas classes etárias mais baixas é transversal aos entrevistados;

Como foi já explicitado atrás, a ideia de que conduzir sob efeito de álcool é extramente perigoso recolhe unanimidade entre os jovens entrevistados e parece bem interiorizada pela população em estudo;

A violência associada ao consumo de álcool é tendencialmente vista como bastante frequente em determinados contextos, sobretudo em relação a jovens do sexo masculino. No entanto, o contato dos jovens entrevistados com atos de violência não parece ser frequente ou comum.

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Em relação à embriaguez, é necessário novamente fazer uma distinção de conceitos, nesta caso entre bebedeira ligeira («ficar alegre») e a bebedeira severa («ficar a cambalear»). A tónica é, então, mais uma vez, colocada na ideia de moderação, do autocontrolo e das estratégias adotadas para impedir chegar a determinado estado de embriaguez – que passam nomeadamente por parar o consumo de álcool, não fazer misturas, recorrer a outras substâncias psicoativas ou não beber de estômago vazio.

Às vezes [fico embriagado], sim. Mas mais quentinho só do que propriamente embriagado bêbedo. Mais alegre do que ficar a cambalear. Vomitar é algo indesejável, é terrível. Uma forma de evitar isso é… [risos] Recorrer a outras substâncias, a cannabis ajuda a muita coisa [mais risos]. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Hoje em dia é muito frequente e vê-se muito. Comigo, algumas vezes, já aconteceu. É algo que, claro que à partida quando nós sabemos que vamos beber, pode acontecer, há noites e noites. Mas também chegar ao ponto de não me lembrar ou de ficar inconsciente, isso também não. A embriaguez de que falo é ficar alegre, não ficar a cambalear, isso não. Mas vê-se muito. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Não exagero tanto como alguns. Uma coisa que tento não fazer é não exagerar quando não estou com pessoas em quem confio. Quando são pessoas, amigos em quem confio mais, se calhar abuso um bocadinho mais. Mas já conheço os meus limites e já sei que tipo de bebidas é que posso e não posso beber ou misturar. […] O ponto ideal acho que é ficar… para mim é o ponto mais da descontração. Em que já não estou tão sério, nem tão preocupado. Mas também não gosto de perder completamente o controlo. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Normalmente, sei quando já estou… Quando começo a rir muito [risos], quando começo a rir muito assim do nada, já sei que estou… e eu sinto-me mais descontraído, mais leve. E aí já sei que já estou… e depois começo a perder também um bocadinho o equilíbrio. Aí já sei, pronto, que tenho de acalmar. E depois também depende muito se como pouco. Aguento pouco. Se comer mais, já aguento mais. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Quando experimentamos novas bebidas alcoólicas é diferente, já não estamos habituados, com uma menor quantidade apanhamos uma grande bebedeira, é basicamente assim. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Como se percebe, a primeira forma de embriaguez é procurada por alguns e não por outros, enquanto a embriaguez mais nociva é indesejada por praticamente todos os entrevistados. No entanto, há ainda jovens que parecem ambivalentes em relação ao tema ou cuja posição depende do contexto e da ocasião. Neste sentido, também a embriaguez ligeira parece ter um carácter instrumental: potenciar a diversão e a descontração, ao passo que a embriaguez severa é considerada um obstáculo à diversão (tanto para o próprio como para os amigos).

Quando quero ficar assim um bocado mais alegre, é que bebo um pouco mais [risos]. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Sei lá, vejo como uma cena normal, como uma coisa normal uma pessoa da minha idade ficar assim alegre, um bocado bêbada mas, pronto, é óbvio que aquilo [uma bebedeira severa] que me aconteceu, por exemplo, na festa do meu primo é um caso muito, muito, muito, muito raro, por isso é que eu não gosto, sei lá, não gosto de exageros, não gosto também que olhem para mim como se eu fosse um bêbado. (20anos, sexo masculino, estudante)

[A embriaguez] não é algo que eu procure, é algo que, digamos, numa festa acho que até propicia um momento melhor. Por isso, não é algo que eu procure, mas é algo que nessas festas acaba por gerar um melhor ambiente, mas não em excesso. Em excesso acaba sempre por haver alguém que vomita ou que.. […] [O propósito] não é

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chegar aquele estado de não saber onde é que estou, não é? (17 anos, sexo masculino, estudante)

Obviamente que não queremos que… queremos ficar alegres mas não queremos que um fique num estado completamente… em que temos que o ajudar e não nos divertimos. Temos de cuidar dele em vez de nos divertirmos. E isso nós não queremos… Por vezes acontece, há sempre um que acha que beber é engraçado e bebe mais e bebe mais. Por isso é que, também lá está, uma coisa que noto é que os meus amigos e com quem nós nos damos, são muito parecidos connosco. Por isso aqui tenho amigos que bebem mais, é verdade, mas em Braga raramente… nunca assisti a um colega meu bêbado em Braga. O meu grupo de amigos é mais controlado. Aqui [em Lisboa],se calhar, exageram um bocadinho mais. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Vai-se puxando um cigarrinho, o cigarrinho dá vontade de uma cervejinha, depois outro cigarrinho, depois outra cervejinha e, pronto, quando depois dás por ti, olha já foste [risos], estou para lá de Bagdad [risos]. A intenção final acho que nunca é ficarmos com grandes camadões. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Quando eu saio, sim, já estou a pensar [em beber em excesso]. Sim, já está mais do que entendido no meio do grupo todo, toda a gente tem o mesmo objetivo. […] Para ser sincera, quando é para sair à noite, o objetivo é mesmo apanhar a carraspana [risos]. Não é só beber um copo ou dois. Bebo até começar a ver duas pessoas à frente. Quando bebo é mesmo por aí. Eu raramente bebo, mas quando bebo é com esse sentido [risos]. Se é para ser, é para ser. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Tal como com o início dos consumos de álcool, a embriaguez, sobretudo na forma mais severa, pode constituir uma experiência negativa e marcante, funcionando como uma maneira de aprender os limites que não se deve ultrapassar. Deve ser entendida com um erro nesse processo de aprendizagem. Tal pode explicar por que razão os mais novos são mais associados a formas severas de embriaguez – não só são mais inexperientes como, segundo a generalidade dos entrevistados mais velhos, são mais imaturos e, portanto, nem sempre capazes de tomar as melhores decisões.

A primeira embriaguez foi aos 14 [risos]. Foi em Albufeira, numa festa de anos, foi misturas de tudo [risos]. Tem vindo a acontecer menos, há uns bons meses que eu não bebo. Porque não me apetece. É algo que eu tento evitar. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Agora recentemente na viagem de finalistas [em Espanha] tive uma experiência em que bebi demasiado e tive uma experiência que correu muito mal. É assim que se aprende. Aprende-se com os erros. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Quando era mais novo não tinha tanta consciência, bebia shots, já fiquei num estado uma vez, a única vez que fiquei num estado assim pior foi uma vez que deixei-me dormir no meio da rua, mas foi a única vez que passei mal, tinha acabado de fazer 16 anos, ou tinha 16 anos há pouco tempo, bebi muito no bar e depois aquilo como tinha bebidas diferentes aquilo fez-me uma indigestão, vomitei montes de vezes, depois não aguentei mais e acabei por me deixar dormir. Depois acordei, fui para casa e fiquei melhor. E a partir daí nunca mais fiquei assim, nunca mais sequer tentei ficar assim. Isso é um marco, vá. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Só tive duas experiências, não…, três experiências mesmo más com o álcool. Uma vez foi o ano passado … essa foi estupidez: não tinha almoçado, não tinha lanchado e bebemos, tipo, vodka pura. E eu, passados dez minutos, estava ali [simula vomitar],pronto, e dormi 12 horas. Essa foi horrível, jurei para nunca mais, essa jurei mesmo para nunca mais. Dessa vez tive ajuda. Dos amigos. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Por duas vezes é que me aconteceu isso, de exagerar ao ponto de vomitar. De resto, nunca mais; não foi algo que gostasse de repetir. Claramente! (23 anos, sexo masculino, estudante)

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[Bebedeiras] não me interessa, não preciso de estar bêbedo para me divertir. Já fiquei embriagado uma vez e não gostei nada. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Já fiquei alegre, já cheguei a vomitar, mas de resto…. Mas isso só aconteceu, lá está, quando comecei a experimentar, ainda não tinha sentido o que era bem. Bebedeiras cheguei a ter uma vez ou duas, se não estou em erro. Mas hoje em dia não. Não mesmo, não não, de longe. Hoje quando consumo pretendo ficar normal. Acho que me divirto sem beber. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Enquanto o meu pai me disse «tu não bebes e não te quero a apanhar camadas», eu apanhava camadas em que eu chegava a casa e eles tinham que me pôr a dormir no quintal porque eu ia gregar o quarto todo, e dormi lá muitas noites lá ainda [risos], e, neste momento que ele me diz «ya, tu dormes no quintal e eu gozo contigo à pala disso», então eu já não tenho o mínimo interesse em chegar bêbedo a casa. Acho que os filhos funcionam sempre ao contrário do que os pais pedem. Eles não querem, nós fazemos, porque, ya, tem que ser feito [risos]. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Tal como a embriaguez severa, também o coma alcoólico é entendido como um erro, um acidente de percurso, nunca algo intencional. De uma forma geral, os entrevistados estão conscientes do risco associado a tais estados – o INEM é sempre chamado, embora nem a polícia nem os pais sejam sempre avisados.

Pelo que se percebe, é algo pouco frequente de acontecer, embora uma boa parte dos jovens entrevistados já tenha assistido a episódios de amigos e conhecidos em coma alcoólico – aos próprios só acontecem muito raramente. Parece mais comum entre jovens do sexo masculino e com idade entre os 16 e os 18 ou 19 anos, no início dos consumos de álcool, e pode acontecer no seguimento de misturas de bebidas alcoólicas com bebidas energéticas ou outras substâncias psicoativas.

Ressalta também da análise de conteúdo a tónica na entreajuda no grupo de amigos sempre que acontece, ou está perto de acontecer, um caso de coma alcoólico, tendendo a acontecer mais em determinadas festas académicas ou, no caso de pré-universitários, em viagens de finalistas.

Correu mal, bebi demasiado, já estava bêbedo e continuei a beber, sem parar, sem limites e fiquei em coma completamente. Adormeci completamente. Não foi preciso internamento, mas ajuda médica sim. [Os paramédicos] levaram-me para o meu quarto, despiram-me a camisola, puseram-me na banheira e molharam-me a cabeça com água fria. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Estive lá quase, acho eu, mas não, nunca estive em coma alcoólico. Fiquei inconsciente, não me lembro da noite, nada dessa noite. Tinha feito 18 anos. Aquela tristeza, não é? Do restaurante segui para um bar, do bar entretanto começou-me a passar mais ou menos a camada, porque comecei a lembrar-me das coisas e depois fui para casa dormir [risos], era o melhor que fazia. E pronto, depois curou. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Bebedeiras e comas vê-se por aí, principalmente na altura de praxes. São mais os da faixa etária dos 18. Porque é o primeiro ano da universidade em que estão cá, em que têm a liberdade toda porque não estão com os pais, não estão com nada e é a loucura. Alguém que não tem cá os pais, que não está a ser controlado, e foi controlado a vida toda, e que se apanha numa cidade nova onde pode fazer tudo aquilo que quiser, ya, é muito mais provável essa pessoa apanhar coma alcoólico quase todos os dias do que um gaiato. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Já assisti a comas alcoólicos. Tenho amigos que no 9º ano, ou seja quando tínhamos 15 anos, houve uma tarde em que foram beber para um sítio e um deles apanhou um coma. Essa foi a única situação que eu vi. Eu lembro que até estava lá um senhor e ele disse-me para pôr o meu amigo em posição lateral, para ele gregar tudo o que tinha no estômago, porque aquilo estava em estado tóxico. Foram para o hospital e ficaram

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melhores. Isso é algo que eu tenho respeito, sim que eu penso quando começo a beber, eu penso sempre que não ficar nesse estado e não, isso não vai contribuir para a minha felicidade. (17 anos, sexo masculino, estudante)

A comas alcoólicos já assisti a um, quando era mais novo, tinha aí uns 12 anos. A bebedeiras, quando vou sair à noite ou assim, estou sempre a assistir. É mais uma população universitária, mas há algo por vezes em mais novos, mas é raro. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Coma alcoólico é um estado de… infantilidade. Até porque não se vê muitas pessoas mais velhas a ficarem em coma alcoólico, não se vê. Normalmente é da faixa etária dos 16 aos 20, 20 e poucos. Não se vê. Porque não há necessidade disso e já temos uma maturidade para saber que não é preciso ficar nesse estado. Talvez o estado de bebedeira já seja mais… [hesita] usual na faixa etária dos 25 aos 30, por essa parte. Porquê? Porque já estão alegres, eles já sabem, mas sabem que a partir dali já não vão beber mais porque não querem ir para o hospital, também depois têm vergonha, ir ao hospital e tal. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

A maior parte dessas pessoas que vão de coma alcoólico para o hospital são essas pessoas mais novas. Não digo a maior parte, mas muitas sim. Porque são pessoas que, tipo, se calhar nunca experimentaram e porque são os amigos se calhar não se controlam, querem causar «ai e tal, sou fixe se beber», e bebem e exageram. Pronto, já conheço, tenho amigos meus que já, amigas e amigos meus que já foram em coma alcoólico para o hospital por causa disso. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Já assisti [a comas alcoólicos]. Principalmente na Queima das Fitas do Porto [risos].Ainda a semana passada fui. Vê-se muitas coisas dessas. Mas não no meu grupo! (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

No meu grupo de amigos não, mas já assisti [a comas alcoólicos] em eventos do género Queima das Fitas. Aí já assisti a outros a ficarem nesse estado. […] Mas comigo, a assistir, a ajudar alguém nesse estado, não. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Nunca assisti. Tive duas amigas mais velhas do que eu, eu estava no primeiro ano da universidade e elas estavam no terceiro, e então uma fazia anos, e a outra era a melhor amiga, e beberam tal como eu mas a bebidas nelas fez mais efeito, elas também não se controlaram e então levaram a noite toda a cair para o lado e eu tive que sempre andar atrás delas com água. Fartaram-se de vomitar. (21, anos, sexo feminino, estudante)

Já assisti a comas. Tivemos que chamar o INEM [risos]. Não teve muita piada, mas pronto. A pessoa teve que ir para o hospital porque ficou praticamente inconsciente, estava mesmo bastante mal, além de ter vomitado. Assisti já duas vezes. A outra pessoa, como tinha tomado, segundo o grupo de amigos, para além das bebidas alcoólicas brancas, tomou também a bebida energética X, fez aquela mistura e ao invés de ter aquele efeito de relaxamento, digamos, de ter começar a ficar inconsciente, ficou eufórica, teve um bocadinho o efeito contrário. E o que é que acontece? Quando chamámos o INEM, ele começou a reagir, começou a dizer que não queria ir, «eu estou bem, estou cheio de energia, tenho tanta força», coisas assim, e a reagir um bocado euforicamente, tenso, bastante tenso. Ficámos um bocado preocupados porque depois ele começou tipo a espernear, a fazer coisas com os braços. Acho que ele ficou um bocado traumatizado e não voltou a exagerar daquela forma, tenho a sensação que não, foi um bocadinho mau [risos]. (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

[Amigos] em coma, coma, quase, já. Já presenciei, não é bonito de se ver. Tenho que ajudar, não é? Se fosse eu, se calhar, também gostava que me ajudassem. Ajudamo-nos entre nós. Já chamei uma vez o INEM. Encontrei uma miúda – miúda não, tinha para aí a minha idade –, estava ali junto à Trindade, e estava, tipo, a dormir. E eu fui ver, que estava preocupado, não sabia o que é que se passava, e tentei acordá-la. Ela não acordava, chamei o INEM. Eu e um amigo meu, ela não nos respondia, «está morta ou assim?», chamámos logo o INEM. O INEM veio, depois ela acordou, os amigos abandonaram-na, pronto. Com os meus amigos isso não ia acontecer. Eu não ia abandonar um amigo. (20 anos, sexo masculino, estudante)

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Já aconteceu assistir, já [risos]. Para ajudar, dei um estalo na cara, e mesmo assim não acordaram!! [risos] Fomos vários a dar estalos mas ninguém acordava. Pronto, passado um bocado lá acordaram sozinhos e se levantaram do chão, visto que já tinham caído. Numa situação tivemos que chamar o INEM, a outra foi menos grave e não foi preciso. Ela esteve duas horas sentada, acabou por vomitar e depois aquilo passou. A outra foi mais grave, até porque ela tinha estado a fumar o que não devia ao mesmo tempo que bebia. (16, anos, sexo feminino, estudante)

Hoje em dia [acontece] mais, porque juntam mais do que bebidas, juntam tabaco, drogas e também já vi juntarem pastilhas. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Ele não conseguia andar, eu estava com ele, foi na viagem de finalistas. Nós tínhamos que o arrastar e isso. Fomos nós que chamamos os paramédicos. Os pais não foram avisados. (17, anos, sexo masculino, estudante)

Já aconteceu [os amigos ficaram embriagados]. E terem mesmo reações más e tudo e terem coma alcoólico também. Já tive várias situações, numa delas teve que se chamar o INEM e tudo. Sim, já tive que socorrer pessoas. Essa pessoa continua a beber, não aprendeu a lição. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

[Costumo ver amigos] em estado de embriaguez, sim; em estado coma não, até porque a gente também não deixa alguém abusar sem conhecer os seus limites. […]Quando estamos no nosso círculo de amigos normalmente todos temos a noção e todos temos o cuidado de qualquer das maneiras, independentemente daquilo que bebemos, de sermos um pouco responsáveis por nós próprios e pelos outros. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Bebedeiras é comum assistir nos nossos amigos, mas comas é muito raro. Já vimos acontecer, chamamos a ambulância e avisamos os pais, obviamente, a polícia não. (17, anos, sexo masculino, estudante)

Nunca acompanhei um caso [de coma alcoólico] assim de perto, nunca tive essa experiência. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Que tivesse que socorrer, assim a amigos próximos que estivessem comigo, não. Mas, claro, sabe-se sempre de histórias [risos]. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Costuma acontecer só bebedeiras, coma alcoólico não [risos]. Coma alcoólico nunca, nem quero. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Apesar dos jovens entrevistados, de uma forma geral, considerarem que a violência associada ao consumo de álcool é algo relativamente comum, nomeadamente nos contextos de diversão noturna, nem todos presenciaram episódios deste tipo e nenhum afirmou ter-se passado consigo algo do género. Parece envolver sobretudo jovens do sexo masculino e ter como motivos potenciadores razões de sedução ou ciúmes. O álcool é, então, visto como uma substância que pode modificar o comportamento e facilitar a violência.

Os jovens da minha idade bebem demasiado, bebem muito vodka preta e também whisky. E partem muitas vezes para a agressão, por causa do que a bebida afeta. E também bebem até cair, fartam-se de vomitar, entre outros comportamentos. Hoje em dia, a partir dos 14. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Presenciar, nunca presenciei [atos de violência associada ao álcool]. Mas já soube de alguns casos, presenciar não. O motivo… normalmente é raparigas, [rapazes] a fazerem-se às namoradas dos outros, e pronto. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Já não me lembro. Acho que tudo começou por causa de uma rapariga, não sei. E depois, como já tinham bebido os dois, começaram à luta. Já foi há algum tempo. Não foi preciso chamar as autoridades: os amigos intervieram e separaram-nos. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Não estive envolvida em atos de violência por causa do álcool mas já assisti. O motivo é testosterona. É, a testosterona é um problema misturada com álcool [risos].Picardia entre rapazes, e acham que são os maiores da aldeia deles naquela altura. E

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era, portanto, uma bofetada e um murro para aqui e outro para acolá. Coisas assim. Agora eu não tenho mesmo atitude violenta. Eu considero mesmo que a testosterona é o catalisador dos atos de violência. Sem dúvida. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

O álcool altera uma pessoa, inevitavelmente. Eles ficam mais… berram mais. Ou também, se calhar, não é o ato de violência mas a maneira de falar que nos chama mais a atenção, de olharmos também. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Hmmm [hesita], não sei, acho que há bastante violência. Entre rapazes, acho que sim. Há muito álcool e violência. Acho que basicamente são conflitos no dia-a-dia que depois são levados para a noite e na bebedeira acabam por deitar tudo cá para fora. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Já vimos assistir desacatos, violência, acontece algumas vezes. Temos amigos que é quase sempre assim, bebem e depois vão sair e arranjam sempre confusão com pessoal de fora. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Nunca presenciei [atos de violência associada ao consumo de álcool]. Tenho conhecimento mas não são meus amigos, são conhecidos. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Foi também dada atenção às atitudes e às perceções sociais dos jovens entrevistados perante o álcool e as diferentes bebidas alcoólicas, de maneira a melhor enquadrar os padrões de consumo e os comportamentos evidenciados pelos jovens. A partir da análise das entrevistas, ressaltam 4 ideias principais:

O discurso geral assenta na ideia de consumo moderado. A maior parte dos entrevistados sublinha a importância de conhecer e respeitar os limites no que ao consumo de álcool diz respeito. Segundo o que afirmam, a atitude dos jovens entrevistados não parece ser de desafio perante o álcool mas de respeito;

No entanto, quando se referem aos jovens em geral, a maioria dos entrevistados não reconhece nos outros o mesmo bom senso, as mesmas cautelas e a mesma preocupação com a moderação. Pelo contrário, numa clara diferenciação «eu» vs. «eles», tende-se a atribuir à juventude portuguesa em geral comportamentos de risco e excesso;

Tal é especialmente verdade para os grupos etários mais novos, que são criticados por praticamente todos os entrevistados. Tenham 16 ou 24 anos, a tendência parece ser sempre de crítica e de distanciamento em relação às gerações mais novas, devido aos riscos que correm e à pouca consciencialização que demonstram;

De uma forma geral, o álcool é considerado uma substância perigosa, que acarreta riscos, sobretudo ao nível da saúde, e pode causar dependência.

Como ficou já patente atrás, no discurso da maior parte dos entrevistados destaca-se uma forte tónica na ideia de moderação, na necessidade de beber de uma forma responsável, evitar excessos e na importância de ter autocontrolo ou contar com a ajuda dos pares. Os jovens entrevistados tendem a defender que, no seu caso pessoal, conseguem facilmente adotar estratégias de moderação, por forma a evitar efeitos nefastos. Pelo contrário, são raros os jovens que reconhecem excessos ou comportamentos nocivos, pelo menos de uma forma sistemática e frequente. Segundo alguns entrevistados, o autocontrolo e o conhecimento dos próprios limites adquirem-se com a idade (maturidade) e com a experiência (através das más experiências).

Acho que a sociedade de hoje em dia… cada vez vemos mais jovens a exagerar nas bebidas alcoólicas mas há que ter um certo limite e que temos que respeitar primeiro a nós e depois os outros para evitar desacatos. Podemos divertir-nos sem apanhar grandes bebedeiras. (16 anos, sexo masculino, estudante)

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Acho que toda a gente conhece os seus limites e ninguém, tipo, faz para ultrapassá-los, isso é ridículo, só estamos a piorar a nós próprios. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Acho que a quantidade não é o principal, acho que é a frequência que é o problema: se as pessoas bebem todos os dias ou se as pessoas bebem por beber apenas, acho que isso é que não é correto. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Eu não gosto muito de beber. A bebida nunca me chamou muito a atenção. Um bom vinho, uma cerveja num dia de calor, ya, agora apanhar «camadões» com bebida é que não faz sentido já. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Quando acho que já não estou bem para beber mais, não bebo simplesmente. Controlo melhor agora do que quando era mais nova. Hoje em dia a idade também é outra. A cabeça é outra, a maneira de pensar é outra. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Temos uma ideia de quando é que nos vamos sentir mal, por isso quando chegamos à aquela altura paramos. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Para evitar a bebedeira, não bebo tanto, consumo outro tipo de bebidas, um sumo.(14 anos, sexo feminino, estudante)

Também, ainda por cima, em Lisboa, lá está, estando com amigos que confio, mas quando estou com pessoas que não tenho tanta confiança, não quero perder o domínio e, por isso, controlo-me. Por isso aí… mas sim, esse ponto de estar mais leve, estar a rir-me mais. Aí, acho que é o meu limite. Mas aí também sei que tenho de parar. Sei que dura um bocadinho, mas depois paro. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Eh pá, sinceramente não temos uma quantidade certa, vamos bebendo aos poucos e poucos. Começamos a beber, temos um certo limite que sabemos que é para parar, mais ou menos, eh pá, para aí oito ou nove imperiais, depende. Quando vejo que já me estou a sentir um bocado abananado [risos], paro, que é para não ficar muito mal. (16 anos, sexo masculino, estudante)

A quantidade está por definir mas também chega aquele ponto em que acho que não vou beber mais, não bebo. Bebo duas cervejas e pronto, normalmente. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Às vezes sou o suporte dos meus amigos [embriagados]. Já estou um pouco habituado mas às vezes também me divirto a fazer isso. Já estou um bocado habituado.(19 anos, sexo masculino, estudante)

Nunca bebo muito. Porque acho que às vezes é um ponto ridículo. (15 anos, sexo feminino, estudante)

É muito raro beber. Agora, quando bebo, é só mesmo quando tenho a certeza de que gosto daquilo. Pronto, não experimentei muitas mas é raro beber, é só mesmo por… quando me apetece e não é muito [risos]. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Temos é que ser responsáveis e dizer que chega. Tentar explorar um bocadinho os nossos limites. Eu já explorei um bocadinho e já sei quando tenho de parar. Acho que é isso. Acho que esse ponto ideal. Mas depende sempre também com quem estamos. Para tudo, para todas as dependências acho que o fator grupo conta muito. Conta muito. (23 anos, sexo masculino, estudante)

É o que eu digo: nós podemos beber, mas temos que beber com moderação. A partir do momento em que bebemos um copo ou outro depois de exceder o nosso limite, já é parvo continuarmos a beber, vai correr mal. Vai correr mal de certeza. (16 anos, sexo masculino, estudante)

A gente tem que ter um certo limite a beber, não podemos exagerar. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Acho que isso é importante, toda a gente saber beber. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Eu sei perfeitamente o que é que aguento, o que é que não aguento, já tenho noção disso. Por exemplo, eu sei que há coisas que não vou beber. Por exemplo, se beber, se estiver a beber alguma coisa, alguma quantidade, e depois me puser a beber absinto, não sei quê seguido, eu sei que vai correr mal. Eu tenho noção disso. Sei

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perfeitamente. Por exemplo, champagne, tenho a noção que não consigo beber champagne, que só o cheiro enjoa-me. Vai correr mal. Por exemplo, eu na Queima sabia perfeitamente: «paro, agora tenho que parar», para amanhã estar em condições, nas mínimas condições [risos]. Vá, nunca vomitei na Queima. Só vomitei três vezes na vida e uma delas foi por ter o estômago vazio, portanto mesmo que bebesse pouquinho ia correr mal. Pronto, sei lá, acho que com 20 anos nem estou muito mal. [risos] (20 anos, sexo masculino, estudante)

[Se a minha namorada bebesse álcool], sei lá, tentava desencorajar um bocadinho. Não sei, também depende da quantidade. Sei lá, se uma pessoa beber com moderação, se tiver noção… por exemplo, eu tenho noção, sei perfeitamente quando parar e quando não parar. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Nunca precisei de ajuda porque também soube parar. Quando sabia que estava a chegar ao nível de «aqui já vai dar asneira», parava, e bebia água ou alguma coisa para me hidratar. (24 anos, sexo feminina, trabalhadora-estudante)

Provavelmente há sempre um que vai exagerar mais, mas aí nós também tentamos controlar. É sempre chato… estamos num grupo de 5 ou de 4 e um está completamente bêbado, não consegue andar e depois queremos ir a um sítio e vamos cuidar dele, temos que levar para um táxi, pronto, e isso estraga também um bocadinho. Por isso é que temos de tentar sempre aquele limite que não estrague a noite. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Embora, em relação aos próprios, os enunciados analisados sejam fortemente marcados pela ideia de moderação, quanto às práticas dos jovens em geral os entrevistados tendem a considerar que o consumo de bebidas alcoólicas por parte da juventude portuguesa é muito elevado e difundido, sendo particularmente verdade para os mais jovens. Uma tendência que parece transversal aos entrevistados em geral é uma postura crítica em relação às gerações mais novas, devido aos seus comportamentos de cada vez maior risco, à precocidade dos consumos e a padrões de consumo mais nocivos – maiores quantidades, preferência por bebidas com maior teor alcoólico, etc. Assiste-se, portanto, a um duplo distanciamento entre «eles» e «nós»: não só, de uma forma geral, os entrevistados reconhecem em si formas de moderação que consideram não serem adotadas pelos pares (excessos), como tendem a achar que os mais novos adotam comportamentos criticáveis. Neste sentido, a tendência que emerge é a de achar que hoje em dia – os outros – se bebe cada vez mais e cada vez mais cedo.

Hoje acho que bebem mais, a maior parte deles bebe mais. Bebem vinho, cerveja, as bebidas brancas, o normal. Acho que há pessoas que bebem porque sim. Eu, por exemplo, vou a uma festa, se calhar bebo uma, quando bebo, e há pessoas que bebem à refeição ou quando vão beber um café. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Pessoas do secundário, agora até mais cedo estão a começar a consumir álcool, agora até pessoas do 8º ano já experimentaram. Quando eu no 8º ano nem nunca tinha pensado que iria começar a beber assim. (15 anos, sexo feminino, estudante)

É cada vez mais exagerado. Chega a ser ridículo. Por exemplo, não só na Queima, quando se vai sair, já cheguei a ver, tipo, miúdas e miúdos, de 13, 14 anos, esticados. (20anos, sexo masculino, estudante)

As gerações estão diferentes. E se calhar bebem ainda mais novos do que antes. Agora, assim muito mais do que isso, não sei. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Os jovens consomem muito, principalmente os mais novos. 16, 17, eles começam a beber muito cedo. Eles é logo bebidas brancas. Que é o que tem mais álcool, não é? É essa a noção que eu tenho. Não é que eu me dê muito com os jovens mas nota-se. Porque tem mais álcool, atua-lhes mais no sangue, sentem mais o efeito, riem-se mais e depois, lá está, depois o limite para, o limite não, a passagem para o coma alcoólico é

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muito rápida também, eles nem têm noção do que acontece. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Cada vez mais começam a beber mais cedo. Mesmo eu, eu sei que não sou muito velho, mas acho que já noto uma discrepância bastante alta. Estão a beber mais cedo, sim. Não só álcool, mas também tabaco. Em álcool, especialmente noto que com idades, com 13, 14 anos. Ainda por cima, por exemplo, com rapazes é mais fácil ver a diferença, com raparigas é mais difícil. Eu não sei se elas têm 14 ou se têm 16. Por vezes, uma pessoa está num bar e conhece alguém e «então que idade tens?» E ela diz «catorze». E uma pessoa fica «Uou!». Catorze não! Por fora não dá para perceber. Mas sim, noto que quem começa a sair à noite, começar a sair à noite é quase sinónimo de começar a beber. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Dentro dos jovens da minha idade, acho que as bebedeiras infelizmente tornaram-se um hábito comum. A gente vê muito por aí. Nunca assisti a nenhum amigo a entrar em coma, mas bebedeiras sim, já, de vomitar, se ri, chorar, isso sim, de coma alcoólico isso não. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Eu acho que eles [os mais novos] não controlam as bebedeiras. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Hoje em dia bebe-se muito [risos]. Mas fuma-se mais drogas, cannabis. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Eu acho que cada vez mais acontece que as pessoas estão a envolver-se com as bebidas, as drogas e essas coisas. Até as pessoas mais velhas hoje em dia. Todos os dias não podem passar sem aqueles copos de vinho. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que os jovens tomam muito álcool, e acaba por ser uma procura, um meio de encontrarem alguma coisa, de encontrarem algum poder ao mesmo tempo, de encontrarem um meio para se esquivarem, por exemplo, a algum sentimento, alguma frustração. Ainda por cima, o nosso país como está, nas condições em que está, acho que isso também pode ter alguma influência na procura de os jovens, e jovens adultos também, de tomarem álcool e procurarem se calhar, e agora falando de outras drogas, anfetaminas, e acho que isso acaba por, eu acho que sim, acho que há um consumo, agora se há mais ou há menos, concretamente isso não também não posso responder. (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

Os jovens bebem muito. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Os jovens consomem muito álcool e antes da idade permitida. Consomem por más influências, influências externas, de amigos, pessoas mais velhas. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Os meus amigos, eu falo pelos meus amigos, bebem imenso! Mesmo imenso. Não sei, pensam que se vão divertir mais. E acabam por não se divertir. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Os jovens bebem em excesso. Dos meus amigos, alguns bebem, outros não. Por acaso costumo sair com o grupo que não costuma beber muito. Mas às vezes vamos sair com mais gente e bebem, bebem alguma coisa. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Em geral talvez seja [o consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens seja] um bocadinho excessivo, acho que sim. Vê-se muita gente na noite bêbada, e é assim todas as noites, aparece alguém sempre completamente alcoolizado. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Os menores bebem bebidas destiladas. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Hoje os jovens bebem mais, têm muito menos a noção da responsabilidade. Até em relação à família e à autoridade. É completamente diferente. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Hoje em dia os miúdos começam a beber muito cedo. Começam a descobrir muito cedo o que é que tudo é, e o álcool é uma dessas coisas, por isso acho que eles ao descobrirem vão sempre procurar consumir. (20 anos, sexo feminino, estudante)

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Mas hoje em dia eles vão até cair e eu não entendo porquê. Fartam-se de vomitar e ainda voltam a beber a seguir, é incrível [risos]. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que hoje em dia os jovens consomem mais. Exageradamente. Na minha opinião, sim. Lá está, é uma geração diferente agora, dos 14 aos 16, aos 18, são uma geração diferente. Acho que eles são mais rebeldes do que na nossa época. Sinto mais isso. Eu não fazia, eu olho para trás e vejo as pessoas e acho que não fazia aquilo na minha idade. Acho que é isso. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Hoje os jovens consomem mais, todo o tipo de bebidas. Eu vejo rapazes e até raparigas mais novas do que eu a vomitarem, estarem nas paredes a vomitar. Tem vindo a aumentar. Por exemplo, quando eu tinha a idade deles, nunca vomitei nem nada disso. Pelo menos eu, eu falo por mim. A solução é terem limites, terem cabeça, porque a maior parte das vezes que isso acontece bebem só para se armarem, para se integrarem ou para dizer aos amigos «estou aqui, posso beber o que quero e como quero», e isso é completamente ridículo, a meu ver. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Acho que hoje em dia muitos [jovens] bebem para se mostrar, começam por aí, mas normalmente bebem quando lhes apetece, pode haver uma festa, alguém faz anos ou, eu já vi miúdos a dizer «olha, vamos beber hoje, vamo-nos juntar todos e beber». (21 anos, sexo feminino, estudante)

Há sempre aquele que tem a mania que já está a ficar mais alegre e não é nada, vê-se bem que é fita, os outros estão normais e estão simplesmente a aproveitar o momento, não é nada de mais. (16 anos, sexo feminino, estudante)

O álcool é tendencialmente considerado perigoso e, por alguns entrevistados, até, uma droga. Curiosamente, são os jovens abstémios que têm um discurso que mais desvaloriza os perigos e riscos associados ao consumo de bebidas alcoólicas. Alguns jovens consideram o álcool mais nocivo do que outras substâncias psicoativas, nomeadamente a cannabis,enquanto outros têm uma opinião precisamente contrária.

Para os entrevistados, há diferentes perceções de risco consoante o tipo de bebida alcoólica, destacando-se, na sua opinião, as bebidas espirituosas como as mais perigosas, sobretudo para a saúde. No entanto, de acordo com alguns jovens entrevistados, as representações do álcool e a consciencialização dos riscos inerentes ao consumo e, sobretudo, ao abuso de bebidas alcoólicas não parece inibir estas práticas.

Talvez seja perigoso. (12 anos, sexo feminino, estudante)

Sei que é perigoso. Já vivi a experiência de muito perto. Não de mim mas de um familiar meu e por isso também não ligo e também não aconselho as pessoas a consumir. […] Para mim são todas perigosas mas óbvio que algumas têm uma taxa de álcool mais elevada do que outras. Mas para mim tudo o que é exagero é demasia. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

O álcool tem riscos para a saúde, claro que tem. Principalmente para o fígado. (18 anos, sexo masculino, estudante)

Beber álcool é perigoso. A nível de fígado, por exemplo. (20 anos, sexo feminino, estudante)

O álcool é perigoso, porque nós nos tornamos dependentes dele. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Não me dá saúde, não me faz bem, não contribui para a minha saúde, para o meu bem-estar e também não preciso do álcool. (21 anos, sexo feminino, estudante)

O álcool é perigoso, acho que sim. Para começar é, em termos, a longo prazo, dá cabo do fígado, não só. Não sei que influência tem sobre o estômago mas também não deve ser muito bom, imagino! Destrói células nervosas., também me disseram (não sei se é verdade, mas suponho que seja). Pá, não sei, não é aquela coisa que… não há nada de bom com o álcool, realmente. Em termos de saúde, não há nada bom, é só pontos negativos. (20 anos, sexo masculino, estudante)

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Eu acredito que o álcool é capaz de ser das drogas mais perigosas que existe, mais ainda do que drogas leves fumáveis. Sinceramente acho. Porque há uma lista de produtos consumíveis, que eu vi e li num livro, que dizia que a aspirina já matou 5.000 pessoas, que o álcool já matou 5.000 pessoas, que o tabaco já matou 6.000 pessoas e, vai-se a ver, a marijuana não matou ninguém! Por isso é que eu tenho a certeza que a marijuana, comparativamente com álcool, nada a ver. O álcool é muito mais destrutivo, tanto a nível do órgão do fígado, como a nível cerebral, não tem nada a ver. Claro que há modificações no cérebro quando se fuma marijuana e derivados. No entanto, as repercussões são mais visíveis no álcool. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Eu acho que beber álcool tem menos riscos do que fumar, tanto tabaco como outras drogas, ou assim. (16 anos, sexo feminino, estudante)

O álcool é mais perigoso do que outras substâncias. Do que a cannabis, sim, porque a cannabis é uma planta medicinal, que tem bué efeitos positivos para a saúde (risos), e o álcool não. O álcool também é uma droga e que vicia muito mais rapidamente do que a cannabis. O álcool deixa-te numa dependência física e psicológica. (19 anos, sexo masculino, estudante)

O álcool é uma droga como outras, só que é legalizado, acho que mata montes de pessoas no mundo porque as pessoas deviam ter consciências para o utilizar de forma correta e acho que é uma coisa a ter em conta na nossa sociedade é a forma como encaramos, encaramos de um ânimo tão leve o facto de ficarmos embriagados ou de o facto de haver crianças que consomem álcool, acho que isso não é bom. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Álcool é perigoso. Problemas, por exemplo, fígado, de coração também penso que sim, apesar de não estar muito dentro da área. Problemas de saúde, não concretamente, mas pode espoletar comportamentos mais agressivos, sei lá. (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

O álcool tem obviamente riscos para a saúde. Problemas no estômago, fígado, não sei. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que tudo o que é moderadamente consumido não tem perigo. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Não acho que tenha mal. Se gostam, bebem. Às vezes, pronto, abusar uma vez por outra acho que não faz mal, mas abusar continuamente e várias vezes acho que pode tornar-se um problema. (18 anos, sexo masculino, estudante)

Bebidas espirituosas de vez em quando, mas também controlado; nunca abuso muito. Também sei mais ou menos quando é que tenho de parar. São mais arriscadas. (23 anos, sexo masculino, estudante)

A imagem que eu tenho do bêbado é degradante. É o degredo, é horrível, é, sei lá. É horrível, é nojento. Eu, por exemplo, quando acordo no dia a seguir, sinto-me nojento, sinto-me «blhec», não sei, não sei explicar. É a ressaca. Isso não me impede de voltar a beber [risos]. Volto a repetir, esqueço a ressaca. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Como último bloco temático, procurou-se também perceber que noções têm os entrevistados sobre a evolução dos consumos de bebidas alcoólicas no passado recente, e no último ano, em particular, desde que o Decreto-Lei nº50/2013, de 16 de abril, entrou em vigor. A questão de consumos futuros foi também abordada na maior parte das entrevistas. Destacam-se 3 ideias principais:

Os entrevistados tendem a achar que o consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens tem vindo a aumentar, embora a opinião não seja unânime; mais partilhada é sim a ideia de que os jovens bebem cada vez mais cedo;

Em relação concretamente ao último ano, a perceção é ainda mais difusa e menos vincada;

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Também em relação à perspetiva de futuro, no que ao consumo de álcool diz respeito, as opiniões dividem-se, não sendo possível identificar uma tendência geral.

De uma forma geral, e como também ficou demonstrado atrás, alguns jovens entrevistados consideram que o consumo de bebidas alcoólicas por parte da juventude portuguesa tem vindo a aumentar. Outros acham que nem por isso. E tal é também verdade em relação ao último ano. No entanto, tal como aconteceu com a pergunta relativa às mudanças na aplicação da lei no último ano, também quando foram convidados a avaliar o consumo de uma forma retrospetiva e balizada (concretamente nos últimos 12 meses) alguns entrevistados revelaram não conseguir fazer essa avaliação, enquanto outros consideram não ter havido evolução.

De há dois anos, aumentou mesmo. Muito. E de idades, então!! Começam cada vez mais cedo. A sociedade anda assim. [risos] No 8º ano, 12 anos, 13 anos, já começam a beber a sério. Não é experimentar, é beber a sério mesmo. A sair à noite. Eu já vi pessoas, raparigas e rapazes, com 12, 13 anos, completamente tontos, a cair de bêbados na rua, ao pé de bares. (15 anos, sexo feminino, estudante)

[No último ano] acho que os jovens estão a beber mais. Penso que sim. Quando bebem, bebem mais quantidade. (18 anos, sexo masculino, estudante)

Penso que em geral sempre se bebeu o mesmo. Antes era mais tabu, mas agora toda a gente fala em beber sem problemas, beber é uma coisa que já está generalizada. Acho que como está mais generalizado, eles [os miúdos mais novos]começam a beber mais cedo. Isso é pior, se calhar, eles destroem os órgãos mais cedo [risos]. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Por acaso, não tenho muito essa perceção, como não tenho saído… (24 anos, sexo feminino, psicóloga estagiária)

Não noto muita diferença de há um ano atrás para agora. Não noto grandes diferenças. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Por fim, a maior parte dos entrevistados foi convidada a dar a sua opinião acerca de como imagina o seu consumo de bebidas alcoólicas no futuro. As opiniões dividiram-se. Alguns consideram que irão reduzir ou deixar de beber (porque terão mais responsabilidades e haverá menos espaço à diversão), enquanto outros acham que irão beber mais (porque terão mais disponibilidade financeira e, até, física). Há ainda aqueles, nomeadamente os jovens que bebem pouco ou nada, que consideram que no futuro manterão o mesmo padrão.

No entanto, pelo menos no plano dos discursos, este tema não parece revestir-se de grande importância simbólica ou identitária. As opiniões não parecem vincadas, sublinhando, mais uma vez, a moderação como plano a atingir idealmente.

Imagino-me a beber o mesmo, que é quase nada. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

O álcool, a mim, é uma coisa que não me diz muito, só bebo mesmo quando saio, praticamente. Daqui a dez anos será a mesma coisa. (20 anos, sexo feminino, estudante)

No futuro, imagino-me a consumir mais, porque vem a vida da universidade, é completamente diferente, vamo-nos tornar adultos, portanto vamos ter mais, a nossa vida financeira vai melhorar também, logo o que é um bom aperitivo para a gente beber mais, supostamente. Mas isso só acontece aos fins-de-semana, durante a semana não. Não vale a pena pôr o emprego em risco. (16 anos, sexo masculino, estudante)

No futuro, imagino-me a consumir mais álcool porque vou ter mais dinheiro disponível, definitivamente sim. Quanto mais dinheiro tiver, mais bebo. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Imagino-me a beber muito se calhar nalgumas noites e menos noutras, mas não faço isso um parâmetro psicológico, acho que isso é o pior que se pode fazer. Se calhar terei

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mais capacidade, mais dinheiro também, e não só, física não é?, estou em crescimento, também não faz muito bem que eu beba tanto, quando eu for mais velho o meu corpo aguenta mais. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Possivelmente posso vir a beber no futuro, não sei, acho que pode vir a acontecer, se eu passar a gostar. Mas não é uma coisa em que eu pense muito. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Eu acho que sim, ainda por cima vou entrar para a universidade. Mas espero bem nunca ficar naquele estado [risos]. Porque eu gosto, só que também tenho limites, sei parar. Eu acho que sim, vou continuar a beber. (15 anos, sexo feminino, estudante)

É assim, em termos de evoluir para beber, eu acho que com mais poder económico, gostaria de experimentar, em termos de vinho, vinhos melhores. E sim, frequentar sítios melhores mas não beber muito. Beber vinho por uma questão de sabor e gosto. Não vou estar a beber vinho constantemente de garrafas de 50 euros, não é? Espero ver-me a experimentar vinhos de melhor qualidade, quando tiver mais poder económico. Algo que não faria agora. Mas não me vejo a passar dos limites, nem nada disso. Acho que tende mais a estabilizar do que… ainda por cima, acho que quanto mais velhos, também menos saímos à noite. Não me vejo a ser alcoólico nem nada do género. Sinceramente. Talvez manter o mesmo padrão. Posso almoçar com outras pessoas, em vez de almoçar em casa e assim. Talvez aumentar um bocadinho, mas não mais do que, sei lá, que uma cerveja por dia ou assim; ou um copo de vinho por dia. Algo normal. Mas sim, talvez um bocadinho mais do que agora. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Hei-de experimentar, mas acho que não vou ser… beber bebidas alcoólicas todos os dia, ou algo do género. Em festas, refeições, não sei, como os meus pais. (13 anos, sexo masculino, estudante)

[No futuro imagino-me a beber álcool] acho que sim, não sei. (14 anos, sexo feminino, estudante)

No futuro imagino-me a consumir bebidas alcoólicas, sim. Não com muita frequência. (16 anos, sexo feminino, estudante)

No futuro imagino-me a beber bebidas alcoólicas. (24 anos, sexo feminino, estudante)

Tu vais chegar a um estado de coiso que não vais querer mais beber porque queres o teu dinheiro para ti, para outras coisas, roupa e tal. (15 anos, sexo feminino, estudante)

[No futuro] há que ter responsabilidade também para não estar sempre a beber, com a idade vamos… não é necessário ter dinheiro e gastar o dinheiro na bebida. (17 anos, sexo masculino, estudante)

[No futuro] espero estar mais calminho. Já ter um emprego, conseguir constituir uma vida e uma família. Ir beber uns copos na mesma, mas menos. Acalmar um bocado [...] Os meus irmãos acho que ainda não chegaram a essa idade. Para aí 24 anos… uma pessoa… antigamente, com 24 e assim, já estávamos todos casados; mas agora nestes tempos, 28, 29 é que começamos a casar. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Não vou beber nada. Eu não quero beber, não preciso. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Eu acho que não, não me imagino a consumir, pelo menos muitas vezes. Assim de vez em quando, quando vou sair, Ok. Se não, não me estou a imaginar. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Não [me imagino a beber no futuro]. Se calhar, uma cervejinha ou outra, porque me sabe bem, lá está. Sabe-me bem, nada para ficar bêbado, nem nada por aí. Sei lá, o meu pai também bebe cerveja ao almoço e ao jantar. Não sempre, mas porque lhe sabe bem. Felizmente nunca vi o meu pai bêbado [risos]. (20 anos, sexo masculino, estudante)

No futuro imagino-me a beber muito pouco. Acho que, por acaso, as bebidas alcoólicas vão ter um espaço muito pouco importante (risos). Como eu só bebo nesses contextos de sair à noite, e com os amigos e assim, acho que se não tiver esses momentos vou consumir muito pouco, porque não gosto propriamente de consumir álcool. (20 anos, sexo feminino, estudante)

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Se eu for ciente das minhas responsabilidades, que não as posso falhar, por exemplo se eu tiver um carro e eu souber que vou conduzir não vou beber, se eu tiver filhos não vou aparecer num estado embriagado ao pé dos meus filhos. (17 anos, sexo masculino, estudante)

No futuro, o ideal seria os jovens beberem menos, mas lá está, isso depende de cada um e da cabeça que cada um tem, portanto não sei. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

Sinceramente, não faço a mínima. Não faço mesmo a mínima. (18 anos, sexo masculino, estudante)

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PARA REFLETIR

A partir da análise de conteúdo das entrevistas é possível destacar algumas ideias-chave e levantar algumas questões para reflexão.

Em primeiro lugar, de uma forma geral, os jovens entrevistados parecem desconhecer a lei que regula a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos. Têm apenas algumas noções (nomeadamente a idade mínima legal e as questões relacionadas com a condução), mas também não parecem muito interessados em saber mais ou que lhes seja facultada mais informação. De alguma forma, é como se a lei vigente não lhes dissesse respeito. E viu-se atrás como tendem a colocar todo o ónus da aquisição de bebidas alcoólicas em quem vende e não em quem compra.

Os jovens entrevistados parecem mais defensores, isso sim, de uma maior visibilidade nas ações de fiscalização e controlo, por forma a dificultar o acesso de menores às bebidas alcoólicas, algo que consideram ser hoje uma realidade generalizada. Nesse sentido, são favoráveis à implementação de medidas mais restritivas, sobretudo em relação aos menores de idade.

Uma boa parte dos entrevistados até testemunhou situações em que a venda de bebidas alcoólicas foi negada a menores de idade de acordo com a lei, e alguns passaram inclusivamente por essa situação. No entanto, tendem a valorizar muito mais as vezes em que conseguiam (ou conseguem, no caso de entrevistados com menos de 16 ou 18 anos) adquirir bebidas alcoólicas em determinados estabelecimentos comerciais, discursando acerca das estratégias mais frequentemente adotadas para contornar a lei.

A relação dos jovens com as bebidas alcoólicas parece ser essencialmente de carácter instrumental: o álcool potencia a diversão, desinibe ou ajuda a descontrair. Nesse sentido, as bebidas alcoólicas são um elemento mais em determinados contextos ou momentos de convivialidade e festa. E é, portanto, no primado da diversão que os consumos de álcool devem ser entendidos e pensados.

O consumo de álcool por parte dos jovens consiste essencialmente num fenómeno de grupo e é no plano coletivo que deve ser enquadrado.

Parece ser entendido pelos jovens como um processo de aprendizagem e socialização, em que as bebedeiras severas, indisposições e estados de coma ou pré-coma alcoólica são descritos como erros cometidos que funcionam como marcos que ajudam a traçar os limites próprios.

Embora o álcool até seja frequentemente associado a perigos e riscos, nomeadamente para a saúde, o discurso dos jovens assenta na relativização e numa clara diferenciação «eu» vs. «eles»: o consumo próprio tende a ser visto como algo pouco frequente, controlado e moderado, enquanto, pelo contrário, o consumo dos jovens em geral, em particular o dos jovens mais novos do que o entrevistado, tende a ser encarado pelo prisma contrário – o do excesso e abuso.

O álcool é também visto como uma substância que pode modificar o comportamento e facilitar a violência: estes jovens consideram que a violência associada ao consumo de álcool é algo comum, nomeadamente nos contextos de diversão noturna, mas mais uma vez na perspetiva de que acontece aos «outros».

Ou seja, a desvalorização dos riscos que o próprio pode correr é evidente nos discursos destes jovens.

Contrastando com isto, percebe-se que o perigo da associação entre álcool e condução parece bem interiorizado pela população em estudo. É certo que os efeitos nocivos de conduzir sob o efeito de álcool, em caso de acidente rodoviário, são imediatos e mais visíveis a curto

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prazo do que outras consequências nocivas, mas tal não justifica tudo: o perigo de conduzir depois de beber álcool está tão interiorizado pela população em estudo que parece pertencer já à esfera das mentalidades.

Em resumo, o consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens entrevistados está fortemente associado a contextos festivos e de sociabilidade e deve, em conformidade, ser entendido como um fenómeno social, enquadrado em práticas de grupo, nomeadamente hábitos de lazer e diversão noturna. É frequentemente associado a perigos e riscos, mas o discurso assenta na relativização e numa clara diferenciação «eu» vs. «eles».

Neste sentido, importa dar particular enfoque às perceções de risco, motivações e pressões sociais e de pares, com vista a alterar atitudes e comportamentos de risco associados ao consumo de álcool.

Há que ir mais além do legislar…

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Consumos, atitudes e legislação integração de abordagens 

 

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CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

A dimensão do consumo de bebidas alcoólicas

Praticamente todos os jovens que participaram na componente quantitativa (83%) ou na qualitativa (92%) já tomaram bebidas alcoólicas pelo menos uma vez na sua vida. De entre estes, a proporção de desistentes (jovens que já tomaram bebidas alcoólicas na vida mas não no último ano) é de uma forma geral baixa, pelo que a maioria dos jovens (aproximadamente 70%) tomou bebidas alcoólicas no último ano.

Por sua vez, metade (52%) dos jovens inquiridos (componente quantitativa) refere que a maioria ou todos os seus amigos tomam bebidas alcoólicas. 43% consideram que «o álcool está na moda». Também entre os jovens entrevistados (componente qualitativa) subsiste a ideia de que o consumo de bebidas alcoólicas é uma prática generalizada nos jovens portugueses, em que mesmo aqueles que não bebem, convivem com amigos que o fazem:

[Consumo bebidas alcoólica para] estar no convívio com os amigos; estamos todos lá, descontraídos, não sei. Os meus amigos bebem todos. (15 anos, sexo feminino, estudante)

É a tal coisa, toda a gente bebe, nós também, pronto. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Associado a este consumo de alguma forma generalizado, no discurso dos jovens entrevistados é revelada uma pressão de pares para a ingestão de bebidas alcoólicas, ainda que frequentemente alocada a outros:

Com os meus amigos é a mesma coisa, há uns que bebem menos, outros que bebem mais, mas mais ou menos toda a gente quando sai bebe assim um bocadinho, é um bocado generalizado na nossa cultura já que os adolescentes para se divertirem bebam. Tem que ver com a pressão dos pares também, muitos consomem mesmo para se divertir, é mesmo a pressão dos pares e acabam por não desfrutar das noites porque passam mal. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Eu acho que essa cena da pressão social está a ver-se muito é na nova geração, nos novos miúdos. Toda a gente tem que ser igual, toda a gente tem que fazer as mesmas coisas, para se enquadrar num grupo. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Bebo muito raramente. Dias de festa e quando sei que não vou conduzir. Quando alguém faz anos, aquele típico copo de champanhe para brindar, passagem de ano… Naquelas festas só para me integrar no grupo, só para uma pessoa não ficar de parte, às vezes bebo uma cerveja, mas é muito raramente. (20 anos, sexo masculino, estudante)

É o serem os meninos fixes do grupo, não querem ser postos de parte do grupo, acho que é assim. Tanto o fumar, também não é só beber. Eles também fumam porque fica bem, porque se os outros também fumam eles também têm que fumar. […] Até acho que quando eles crescerem vão olhar para trás e dizer «o que é que eu estive aqui a fazer?!», mas naquela altura para eles é importante. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Este consumo tende a ser mais generalizado em jovens de grupos etários mais avançados, sofrendo um particular incremento (para o dobro) na transição entre os 10-15 e os 16 anos e atingindo prevalências máximas nos jovens de 19-24 anos (93% tomaram bebidas alcoólicas no último ano).

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As bebidas mais consumidas

As bebidas alcoólicas ingeridas ao longo da vida e no âmbito do consumo recente (últimos 12 meses) por um maior número de jovens são as bebidas espirituosas (longo da vida: 72%; últimos 12 meses: 60%) e a cerveja (longo da vida: 77%; últimos 12 meses: 59%), segundo uma prevalência muito semelhante entre si em todas as idades/ grupos etários. Apenas nos jovens mais novos, de 10-15 anos, o consumo de cerveja (últimos 12 meses: 36%) é claramente mais comum que o de bebidas espirituosas (últimos 12 meses: 29%).

Contudo, considerando apenas os jovens que tomaram bebidas alcoólicas no último ano, a cerveja é a bebida tomada com maior frequência (42% tomam cerveja todas as semanas, para 21% relativamente às bebidas espirituosas, 16% relativamente ao vinho e 14% relativamente aos alcopops), superioridade que se mantém independentemente do grupo etário:

Bebo por festa, não bebo diariamente. Por exemplo, quando vou sair à noite ou isso sou capaz de beber um ou dois copos. Cerveja, bebida branca, é mais cerveja. Vinho às vezes, é mais nos jantares. Às refeições não. (16 anos, sexo masculino, estudante)

O que eu mais gosto é para aí cerveja, fresquinha. Quem é que recusa uma? De resto, pronto, por exemplo, bebidas brancas ou isso só bebo mesmo em festas. Também não sou muito de sair à noite. Só de vez em quando. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Por outro lado, a partir da componente qualitativa identifica-se a ideia de que o tipo de bebidas consumidas varia em parte com o género, com as raparigas a beberem tendencialmente bebidas espirituosas em misturas e, contrariamente aos rapazes, a evitarem a cerveja e o vinho.

O início do consumo de bebidas alcoólicas

As primeiras experiências de consumo de bebidas alcoólicas tendem a ocorrer antes dos 16 anos, particularmente entre os 13 e 15 anos (referido por 44% dos inquiridos), situação que é de alguma forma transversal ao tipo de bebida alcoólica.

Num segundo plano, as primeiras experiências com cerveja e vinho tendem a ser mais precoces, enquanto para as bebidas espirituosas tendem a ser mais tardias.

Também na componente qualitativa a idade mais apontada para o primeiro consumo são os 15 anos. Esta primeira experiência tende a ser com a cerveja, surgindo um pouco mais tarde a primeira experiência com bebidas espirituosas, normalmente sob a forma de shots e misturas com sumos ou outras bebidas.

Em qualquer caso, as primeiras experiências tendem a ocorrer numa fase em que não é ainda legalmente permitida a disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos ou abertos ao público24 as bebidas em causa:

A primeira bebida que bebi, sem ser cerveja, deve ter sido vodka, shots, quando era mais novo, porque havia mania de beber shots num bar no centro [de Faro], e era vodka nessa altura. Os miúdos costumavam ir para lá. Na altura tinha 14, 15 anos. O bar vendia a menores. (17 anos, sexo masculino, estudante)

A experimentação é motivada sobretudo pela curiosidade, pela vontade de «entrar na onda» e para potenciar a diversão, sendo vivenciada pelos jovens como um acontecimento natural, cuja ocorrência corresponde às expetativas do próprio e dos demais para a sua idade:

[A primeira vez que consumi bebidas alcoólicas] foi no ano passado, tinha 15 anos. Foi numa festa de anos, fomos sair à noite, fomos jantar e depois sair, e, não sei, estava

24 Para facilitar a leitura, utilizar-se-á por vezes a expressão adquirir/consumir bebidas alcoólicas para designar a disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos ou abertos ao público.

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toda a gente a beber, eu não bebi por obrigação nem porque alguém me disse «ah, se não beberes é isto ou aquilo». Não sei, foi numa de experimentar. Gostei, pronto, bebi mais, mas não exagerei nem nada [risos]. Foi vodka preta com sumo de laranja, foi qualquer coisa assim. E gostei, fiquei fã, normalmente é sempre isso que eu bebo [risos].(16 anos, sexo feminino, estudante)

Foi numa festa. Fomos a uma festa e eu experimentei, provei. Levou-me a experimentar, estávamos todos divertidos, estavam todos a beber e achei, pronto, que podia experimentar, que não tinha mal. (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

No plano do início do consumo, por vezes os jovens distinguem entre uma primeira experimentação precoce, normalmente em contexto familiar, e o início efetivo do consumo:

Tinha molhado os lábios aos 16 quando é aquela coisa: já fez anos, não ser um bocadinho lamechas. Mas bebidas, bebidas alcoólicas, foi aos 18. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Cerveja sempre bebia assim, com o meu pai ou às vezes davam-me para experimentar, quando era mais pequenino ou assim. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Com efeito, a ingestão de bebidas alcoólicas, designadamente na sua forma excessiva, está de alguma forma presente no contexto familiar, contexto este com um elevado potencial de influência de ideias e comportamentos nas crianças. De entre os jovens inquiridos que tomam bebidas alcoólicas, 38% referem que têm poucos familiares com quem costumam conviver que também tomam, 30% têm alguns e para 24% a maioria ou todos os familiares tomam bebidas alcoólicas. Por outro lado 58% declaram ter pelo menos um familiar que toma bebidas alcoólicas em excesso e 47% que se embriaga.

Ainda no quadro do início do consumo de bebidas alcoólicas, verificamos como a entrada na universidade e a participação na «vida académica» são, para alguns, promotores do início ou intensificação do consumo. Com efeito, no grupo etário dos 19-24 anos cerca de um quarto dos jovens mencionam o início da ingestão de vinho e bebidas espirituosas com esta idade. Esta ideia está também patente nos jovens entrevistados:

Comecei a beber quando entrei para a universidade, mas era só quando saía. (21 anos, sexo feminino, estudante)

[Passei a consumir] mais quando vim para a faculdade. É o próprio ambiente académico que nos leva a isso. Um bocadinho. As festas, a Queima das Fitas e essas coisas nos levam… Essas festas patrocinadas por marcas de cerveja. E, lá está, por muito que uma pessoa tente afastar-se, querer ser… dizer que não vai beber, há sempre a pressão dos amigos. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Uma parte importante dos jovens entrevistados revela que o primeiro consumo normalmente não é uma experiência totalmente positiva, decorrendo a apreciação da bebida alcoólica de um processo de persistência e aprendizagem:

A primeira vez soube um bocado mal e pensei em não beber mais mas depois ao longo do tempo fui bebendo mais, comecei a habituar-me ao sabor e agora já é uma coisa normal. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Quando se prova álcool, pelo menos uma criança que está habituada a beber só refrigerantes e sumos, não gosta do sabor. É a mesma coisa com café ou assim. Masdepois dos 15 sim, depois dos 15 já..., sempre aos bocadinhos, e já bebe mais e já gosta do sabor. (23 anos, sexo masculino, estudante)

O consumo de bebidas alcoólicas tende a iniciar-se em ambientes festivos, constituindo-se geralmente como uma experiência coletiva, podendo, neste sentido, ser entendido como uma prática social e de grupo:

Estava com os amigos e eles disseram «olha vamos beber uma cerveja», experimentamos todos e, pronto, foi a partir daí. (16 anos, sexo masculino, estudante)

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Os contextos de consumo de bebidas alcoólicas

A ingestão de bebidas alcoólicas encontra-se fortemente associada a contextos de sociabilidade e de lazer, nas saídas à noite e também durante o dia. Os locais em que os jovens que tomam bebidas alcoólicas adquirem mais frequentemente estas bebidas são os bares (68%) e as discotecas (59%), seguidos dos cafés e supermercados. Uma proporção importante menciona ainda a aquisição em casa ou na rua. Estes são os locais mais comuns independentemente da idade, notando-se contudo que nos mais jovens (10-15 anos) a aquisição na discoteca é bastante menos comum que no bar, sendo mesmo tão frequente como a aquisição no café, o que provavelmente decorre de quais são os locais mais frequentados pelos jovens:

Em casa, no café, quando estou com os meus amigos, quando vou para a esplanada também, combinamos um café, bebemos um café, bebemos uma imperial, nos jantares e em saídas à noite. Em casa, à frente dos meus pais, não há qualquer problema, mas com moderação, claro. (16 anos, sexo masculino, estudante)

Consumo esporadicamente, muito esporadicamente. Uma vez por outra. Em dias de festa. Estamos na festa e bebo uma por outra só, não exagero. Uma ou duas no máximo. Em festa de anos, quando vamos a um bar ou discoteca (20 anos, sexo feminino, auxiliar de educação de infância)

[Os meus amigos] em geral consomem bebidas alcoólicas. Costuma fazer parte da saída. (23 anos, sexo masculino, estudante)

O tipo de bebida alcoólica consumida parece variar em função do local, do ambiente e do próprio grupo de amigos. Assim, as bebidas espirituosas são tomadas sobretudo em contexto de diversão noturna, o vinho é tomado sobretudo em jantares e festas privadas, enquanto a ingestão de cerveja tende a ser mais transversal aos diversos contextos:

A cerveja é mais, a maior parte do pessoal da minha idade bebe mais cerveja, o vinho também, se calhar, algumas pessoas, mas as bebidas brancas é o forte, na noite principalmente. Bebidas brancas na noite, a cerveja e o vinho mais socialmente, em jantares, no café. (20 anos, sexo feminino, estudante)

A intensidade do consumo de bebidas alcoólicas

No que diz respeito à frequência com que as bebidas são tomadas, com exceção para a cerveja no grupo de jovens de 19-24 anos, na maior parte dos casos o consumo de cada tipo de bebida alcoólica é realizado menos do que 1 vez por semana.

Globalmente, a frequência de ingestão de cerveja e bebidas espirituosas ocorre sobretudo 1 a 3 vezes por mês (cerveja: 32%; bebidas espirituosas: 49%) e a de vinho e alcopops sobretudo menos de 1 vez por mês (vinho: 42%; alcopops: 48%).

Enquanto a frequência de ingestão de cerveja aumenta progressivamente em função da idade/grupo etário, sendo sempre a bebida ingerida com maior regularidade, para as restantes bebidas alcoólicas ocorrem algumas flutuações quanto a esta evolução. Em particular, destaca-se o particular aumento da frequência de ingestão de cada bebida alcoólica, em termos genéricos, entre, por um lado, os jovens de 10-15 anos e, por outro, os de 16 anos (que teriam 15-16 anos no ano a que reporta a informação). Contudo, são os consumidores recentes de 19-24 anos que bebem vinho, cerveja e bebidas espirituosas com maior frequência.

Por outro lado, a frequência de ingestão de bebidas parece depender do próprio calendário de acontecimentos sociais dos jovens:

Durante a semana isso não, não costumo beber. Quando saio, diria, vá, uma vez por semana, nem todas as semanas, quando há uma festa ou quando vou a um bar, ou assim, normalmente a minha bebida, não gosto muito de beber cerveja, a única bebida que bebo assim é whisky. Bebo para aí 75 cl, no máximo. (17 anos, sexo masculino, estudante)

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Agora, na época dos exames, não é frequente [os meus amigos beberem]. Mas princípio e meio do ano em que o stress dos exames é quase nulo, sim. Grande parte. (20anos, sexo masculino, estudante)

No que diz respeito à quantidade de bebidas alcoólicas ingeridas, constatamos que 59% dos jovens inquiridos já tomaram bebidas alcoólicas até ficarem «alegres (51% no último ano), 54% já fizeram consumos «binge» (45% no último ano) e 45% já se embriagaram (36% no último ano). Estas práticas são mais comuns à medida que se avança na idade/grupo etário (com maior expressão na transição entre os 10-15 e os 16 anos), não sendo de todo desprezáveis as suas prevalências entre os mais novos, de 10-15 anos (22% beberam até ficarem «alegres», 18% fizeram consumos «binge» e 16% embriagaram-se no último ano).

Mais de metade dos jovens que beberam até ficarem «alegres» ou de forma «binge», fizeram-no 1 ou mais vezes por mês, sobretudo 1 a 3 vezes (ficar «alegre»: 45%; «binge»: 41%). A embriaguez ocorre predominantemente menos de 1 vez por mês (57%).

É de notar que, nos jovens de 10-15 anos, 15% dos que beberam até ficarem «alegres» no último ano o fizeram semanalmente, o mesmo sucedendo relativamente a 14% quanto ao «binge» e 9% quanto à embriaguez. Verifica-se, na transição dos 10-15 para os 16/17 anos um particular incremento da frequência destas práticas, sendo nos consumidores recentes destas idades que é maior a sua frequência. Por outro lado, embora sejam dos consumidores recentes que mais frequentemente bebem até ficarem «alegres» e de forma «binge», os de 19-24 anos são os que menos se embriagam.

Por sua vez, os jovens entrevistados sublinham que o seu consumo de bebidas alcoólicas é moderado, no sentido em que é esporádico, não intensivo e realizado apenas em contextos sociais específicos:

Bebo álcool muito raramente. Eu não costumo sair muito à noite, que é quando normalmente as pessoas mais bebem álcool, por isso… (16 anos, sexo feminino, estudante)

Consumo, mas não é com muita regularidade. Vodka [risos]. Vodka de morango e coisas assim, vá. Coisas misturadas com sumo. Bebidas brancas, sempre com sumo. (24anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

A quantidade de bebidas ingeridas depende também do contexto e da agenda social dos jovens:

A quantidade varia em função do dia. Se for só para estar à tarde na esplanada, somos capazes de beber só duas imperiais, mas se for para fazer noitada essas duas imperiais desenvolvem-se para umas vinte, se for preciso [risos]. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Estes fazem uma distinção clara entre embriaguez ligeira (o que corresponderá ao que designamos na componente quantitativa como «beber até ficar alegre»), desejada por uns, e embriaguez severa (que corresponderá ao que designamos como «embriaguez» na componente quantitativa), indesejada por quase todos.

No seu discurso, está patente a ideia de que, com a experiência com bebidas alcoólicas, os jovens aprendem a beber de forma a atingirem o estado de «alegre» e a evitar o estado de embriaguez. A ingestão de bebidas alcoólicas parece ser por vezes um meio para os jovens se sentirem «alegres», descontraídos e desta forma se divertirem mais. Por outro lado, a embriaguez constitui um obstáculo à diversão:

[A embriaguez] não é algo que eu procure, é algo que, digamos, numa festa acho que até propicia um momento melhor. Por isso, não é algo que eu procure, mas é algo que nessas festas acaba por gerar um melhor ambiente, mas não em excesso. Em excesso acaba sempre por haver alguém que vomita ou que.. […] [O propósito] não é chegar aquele estado de não saber onde é que estou, não é? (17 anos, sexo masculino, estudante)

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Às vezes [fico embriagado], sim. Mas mais quentinho só do que propriamente embriagado bêbedo. Mais alegre do que ficar a cambalear. Vomitar é algo indesejável, é terrível. Uma forma de evitar isso é… [risos] recorrer a outras substâncias, a cannabis ajuda a muita coisa [mais risos]. (19 anos, sexo masculino, estudante)

Não exagero tanto como alguns. Uma coisa que tento não fazer é não exagerar quando não estou com pessoas em quem confio. Quando são pessoas, amigos em quem confio mais, se calhar abuso um bocadinho mais. Mas já conheço os meus limites e já sei que tipo de bebidas é que posso e não posso beber ou misturar. […] O ponto ideal acho que é ficar… para mim é o ponto mais da descontração. Em que já não estou tão sério, nem tão preocupado. Mas também não gosto de perder completamente o controlo. (23 anos, sexo masculino, estudante)

De forma coerente com o que constatamos na componente quantitativa, nos jovens entrevistados destaca-se a ideia de que a embriaguez é mais comum nos mais jovens, decorrendo, sobretudo, da inexperiência destes com bebidas alcoólicas e da sua maior dificuldade em tomar decisões:

Os jovens consomem muito, principalmente os mais novos. 16, 17, eles começam a beber muito cedo. Eles é logo bebidas brancas. Que é o que tem mais álcool, não é? É essa a noção que eu tenho. Não é que eu me dê muito com os jovens mas nota-se. Porque tem mais álcool, atua-lhes mais no sangue, sentem mais o efeito, riem-se mais e depois, lá está, depois o limite para, o limite não, a passagem para o coma alcoólico é muito rápida também, eles nem têm noção do que acontece. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Quando era mais novo não tinha tanta consciência, bebia shots, já fiquei num estado uma vez, a única vez que fiquei num estado assim pior foi uma vez que deixei-me dormir no meio da rua, mas foi a única vez que passei mal, tinha acabado de fazer 16 anos, ou tinha 16 anos há pouco tempo, bebi muito no bar e depois aquilo como tinha bebidas diferentes aquilo fez-me uma indigestão, vomitei montes de vezes, depois não aguentei mais e acabei por me deixar dormir. Depois acordei, fui para casa e fiquei melhor. E a partir daí nunca mais fiquei assim, nunca mais sequer tentei ficar assim. Isso é um marco, vá. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Os problemas associados ao consumo de bebidas alcoólicas

Na sequência da ingestão de bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses, 79% dos jovens inquiridos declararam que não sofreram diretamente nenhum de um conjunto de problemas exemplificados.

A referência à ocorrência recente de problemas tende a aumentar com a idade/grupo etário. De todo o modo, é de salientar que 12% dos jovens de 10-15 anos e 24% dos de 16 anos, em idades em que no ano anterior não era permitido adquirir/consumir bebidas alcoólicas em locais públicos, mencionam o envolvimento neste tipo de problemas.

Verifica-se uma tendência para assinalar sobretudo um problema que não os afeta diretamente, isto é, assistir a amigos a entrarem em coma alcoólico, mencionado por um quarto dos jovens inquiridos (26%) e por um terço dos consumidores recentes (34%). Em segundo lugar, o problema mais referido consiste no coma alcoólico sofrido pelo próprio, mencionado por 10% dos inquiridos.

Entre os jovens entrevistados, poucos mencionam também ter tido a experiência pessoal de um coma alcoólico, fazendo contudo referência a terem assistido a amigos nestas circunstâncias. À semelhança da embriaguez, os jovens entendem estes estados de coma ou pré-coma como acidentais, não desejados e decorrentes de decisões inapropriadas na ingestão das bebidas, fruto de uma inexperiência com estas:

Correu mal, bebi demasiado, já estava bêbedo e continuei a beber, sem parar, sem limites e fiquei em coma completamente. Adormeci completamente. Não foi preciso

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internamento, mas ajuda médica sim. [Os paramédicos] levaram-me para o meu quarto, despiram-me a camisola, puseram-me na banheira e molharam-me a cabeça com água fria. (16 anos, sexo masculino, estudante)

A maior parte dessas pessoas que vão de coma alcoólico para o hospital são essas pessoas mais novas. Não digo a maior parte, mas muitas sim. Porque são pessoas que, tipo, se calhar nunca experimentaram e porque são os amigos se calhar não se controlam, querem causar «ai e tal, sou fixe se beber», e bebem e exageram. Pronto, já conheço, tenho amigos meus que já, amigas e amigos meus que já foram em coma alcoólico para o hospital por causa disso. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Por sua vez, o recurso ao hospital é um problema mencionado por 3% dos jovens inquiridos (5% dos consumidores recentes), denotando, em comparação com as referências à ocorrência de coma alcoólico, que, em parte destes casos, não foram procurados serviços de urgência. Esta não é a convicção dos jovens entrevistados, pois têm a opinião de que o INEM é sempre chamado.

Por outro lado, entre estes é destacada a ideia da ajuda mútua entre amigos quando uma situação destas acontece, o que está em consonância com os dados da componente quantitativa, os quais determinam que perante estados de intoxicação alcoólica é mais comum ser contactado o/a namorado/a ou amigos/conhecidos (24,3%) e apenas raramente são contactados os pais (2,5%):

Já aconteceu assistir, já [risos]. Para ajudar, dei um estalo na cara, e mesmo assim não acordaram!! [risos] Fomos vários a dar estalos mas ninguém acordava. Pronto, passado um bocado lá acordaram sozinhos e se levantaram do chão, visto que já tinham caído. Numa situação tivemos que chamar o INEM, a outra foi menos grave e não foi preciso. Ela esteve duas horas sentada, acabou por vomitar e depois aquilo passou. A outra foi mais grave, até porque ela tinha estado a fumar o que não devia ao mesmo tempo que bebia. (16, anos, sexo feminino, estudante)

Na componente quantitativa, o problema que se destaca em segundo lugar, considerando os jovens que conduzem, é a condução em estado de embriaguez, referida por 10% dos jovens inquiridos (13% dos consumidores recentes), isto apesar do evidente consenso entre estes quanto ao risco de conduzir um pouco embriagado (78% concordam/concordam totalmente com esta afirmação). Esta ideia também se encontra particularmente vincada entre os jovens entrevistados.

As referências ao envolvimento em atos de violência ou em sexo desprotegido ocorrem por sua vez numa medida semelhante, na ordem dos 8% entre os inquiridos (respetivamente 10% e 12% nos consumidores recentes).

Nas entrevistas realizadas, o envolvimento em atos de violência na sequência da ingestão de bebidas alcoólicas é relacionado pelos jovens com o efeito que esta substância tem na modificação do comportamento, sendo mais provável em rapazes. São destacados como fatores potenciados desta violência a sedução e o ciúme:

Já não me lembro. Acho que tudo começou por causa de uma rapariga, não sei. E depois, como já tinham bebido os dois, começaram à luta. Já foi há algum tempo. Não foi preciso chamar as autoridades: os amigos intervieram e separaram-nos. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Atitudes e perceções relativas ao consumo de bebidas alcoólicas

Como referido anteriormente, em ambas as componentes do estudo reúne-se entre os jovens um consenso relativo ao risco de conduzir um pouco embriagado:

É um perigo beber álcool e depois conduzir. (14 anos, sexo feminino, estudante)

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A condução junto ao álcool acho que é a coisa mais estúpida que alguém pode fazer. Eu nunca, nunca, nunca, conduzo quando bebo. Nunca. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Num segundo plano, aproximadamente metade dos jovens concordam/concordam totalmente com a ideia de que o álcool é uma droga (55%) e de que o consumo de álcool é menos prejudicial que o de ecstasy ou anfetaminas (51%).

Por outro lado, reúne-se um consenso quanto ao desacordo (discordo/discordo totalmente) face à ideia de que o consumo de bebidas alcoólicas, em pequenas quantidades e de vez em quando, não faz mal às grávidas (70%) ou às crianças (69%). Já no que diz respeito aos adolescentes, apenas 37% têm esta opinião.

Quanto ao discurso dos jovens entrevistados, ressalta a ideia de que o álcool é uma substância perigosa, que acarreta riscos, sobretudo ao nível da saúde, podendo causar dependência. Identificam as bebidas espirituosas como mais perigosas em virtude de terem um maior teor alcoólico, Contudo, tendem a assumir que a sua relação com o álcool é de respeito e que têm um consumo moderado, ao contrário dos «jovens em geral», cujo consumo se pauta pelo excesso e pelo risco, sobretudo entre os mais novos:

O álcool é perigoso, porque nós nos tornamos dependentes dele. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Beber álcool é perigoso. A nível de fígado, por exemplo. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Acho que a sociedade de hoje em dia… cada vez vemos mais jovens a exagerar nas bebidas alcoólicas mas há que ter um certo limite e que temos que respeitar primeiro a nós e depois os outros para evitar desacatos. Podemos divertir-nos sem apanhar grandes bebedeiras. (16 anos, sexo masculino, estudante)

É cada vez mais exagerado. Chega a ser ridículo. Por exemplo, não só na Queima, quando se vai sair, já cheguei a ver, tipo, miúdas e miúdos, de 13, 14 anos, esticados. (20anos, sexo masculino, estudante)

O álcool é perigoso, acho que sim. Para começar é, em termos, a longo prazo, dá cabo do fígado, não só. Não sei que influência tem sobre o estômago mas também não deve ser muito bom, imagino! Destrói células nervosas., também me disseram (não sei se é verdade, mas suponho que seja). Pá, não sei, não é aquela coisa que… não há nada de bom com o álcool, realmente. Em termos de saúde, não há nada bom, é só pontos negativos. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Para além de, na componente qualitativa, ser reconhecido o potencial de desenvolvimento de dependência alcoólica, na quantitativa verifica-se que os jovens assumem que o tratamento desta dependência não é fácil: aproximadamente metade dos jovens discordam/discordam totalmente com a ideia de que o tratamento do alcoolismo é fácil (55%), em consonância com o seu desacordo de que basta ter força de vontade para deixar de ser alcoólico (46%).

O aspeto relativamente ao qual os jovens inquiridos aparentam ter uma posição menos definida tem que ver com a apreciação quanto ao grau de nocividade do consumo de bebidas alcoólicas relativamente ao tabaco (42% não concordam nem discordam). Em segundo lugar, no plano da indecisão destaca-se a mesma comparação, relativamente ao haxixe/charros (32% não concordam nem discordam). Por sua vez, nas entrevistas, as opiniões divergiram quanto a este tema:

Eu acho que beber álcool tem menos riscos do que fumar, tanto tabaco como outras drogas, ou assim. (16 anos, sexo feminino, estudante)

O álcool é mais perigoso do que outras substâncias. Do que a cannabis, sim, porque a cannabis é uma planta medicinal, que tem bué efeitos positivos para a saúde (risos), e o álcool não. O álcool também é uma droga e que vicia muito mais rapidamente do que a cannabis. O álcool deixa-te numa dependência física e psicológica. (19 anos, sexo masculino, estudante)

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ALTERAÇÕES NO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

Alterações na frequência de consumo de bebidas alcoólicas

Tendo em conta os inquiridos que consumiram bebidas alcoólicas no último ano, globalmente, as proporções que declaram que a sua frequência de consumo de bebidas alcoólicas ou de certos padrões mais nocivos diminuíram neste período em comparação com igual período anterior situam-se entre 9% e 14%.

Com exceção para a cerveja, cuja evolução mais frequente consistiu no aumento de vezes em que esta foi ingerida (ainda que com uma diferença percentual muito reduzida em comparação com os jovens que referem a sua manutenção), observa-se uma tendência para a manutenção da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas entre os anos precedente e subsequente à alteração legislativa.

Por sua vez, no total de jovens inquiridos, é mais frequente a referência à manutenção da regularidade dos consumos mais nocivos.

Efetuando uma comparação entre idades/grupos etários, constatamos que, para todas as idades/grupos etários e tipos de bebidas alcoólicas, a proporção de jovens que refere que a sua frequência de consumo no último ano foi inferior à do ano anterior é sempre menor que as relativas à manutenção ou aumento desta, sucedendo o mesmo relativamente aos três padrões de consumo nocivo analisados (com exceção para os jovens de 19-24 anos). De destacar ainda que, em comparação com os mais velhos (19-24 anos) os adolescentes (de 10-15 anos25,seguidos dos de 16/17 anos tendem a mencionar em maior medida o aumento da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas e de consumos nocivos.

Também na componente qualitativa, os jovens tendem a ter a opinião de que o consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens, no ano precedente se manteve ou aumentou:

[No último ano] acho que os jovens estão a beber mais. Penso que sim. Quando bebem, bebem mais quantidade. (18 anos, sexo masculino, estudante)

Não noto muita diferença de há um ano atrás para agora. Não noto grandes diferenças. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Razões para as alterações na frequência de consumo de bebidas alcoólicas

Considerando os jovens inquiridos globalmente, de uma forma geral e independentemente do tipo de bebida alcoólica ou padrão de consumo nocivo, as razões que se destacam, quer para o aumento da frequência como para a sua diminuição, têm que ver com alterações no estilo de vida (saídas à noite, percurso profissional/académico). Este argumento é apontado por aproximadamente metade dos jovens.

Em segundo lugar, as mais mencionadas, quer para o aumento como para a diminuição da frequência de consumo são as económicas (mencionadas por 9% a 15% dos jovens quanto ao aumento da frequência e por 11% a 14% para a sua diminuição, consoante o tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo nocivo). Com efeito, tendo em conta os relatos dos jovens entrevistados, o preço das bebidas alcoólicas é um aspeto merecedor da sua atenção e que tem inclusivamente implicações na seleção das bebidas e dos locais para a sua aquisição:

[Os jovens bebem] cerveja e o vinho, porque também é mais barato (19 anos, sexo masculino, estudante)

Se for jantares, normalmente como é mais barato uma beca do que andarmos aí a comprar litrosas, opta-se sempre pelo vinho. (16 anos, sexo masculino, estudante)

25 A propósito deste dado importa ter em consideração a prevalência destas práticas nos últimos 12 meses).

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Às vezes, antes de sair, compro whisky no supermercado, que é mais barato. Ou então compro dentro do bar. (17 anos, sexo masculino, estudante)

As razões relativas à acessibilidade de bebidas alcoólicas (locais onde se pode consumir ou adquirir), particularmente relevantes no domínio deste estudo, são mencionadas por menos de 10% dos jovens, quer para o aumento da frequência como para a sua diminuição, tratando-se de um argumento mais comum para justificar o aumento da frequência do que para a sua diminuição. Entre os jovens entrevistados vigora também a opinião de que o acesso a bebidas alcoólicas é fácil e que não tem sofrido alterações:

É facílimo, facílimo. Sempre foi fácil. E continua a ser. Sei lá, por mais que as pessoas queiram, cometem [sic] as leis, depois as pessoas querem é vender, não cumprem. Tirando os hipermercados, que se não vendem a um, vendem a outro, sei lá, se uma pessoa for a uma mercearia e quiser comprar uma garrafa de qualquer coisa nunca vão perguntar a idade, eles querem é vender. É verdade, o acesso é muito fácil. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Os motivos de saúde são também referidos apenas marginalmente (independentemente da evolução da frequência), no máximo por 8% dos jovens. Por sua vez, as razões familiares são mencionadas também no máximo por 8% dos jovens (independentemente da evolução da frequência).

De notar que, enquanto o argumento das alterações do estilo de vida é o principal para todas as idades/grupos etários, os restantes sofrem algumas variações quanto à sua priorização em função destes.

Alterações nos problemas associados ao consumo de bebidas alcoólicas

Tendo em consideração os jovens que tiveram cada problema nos últimos 12 meses, as suas declarações vão no sentido de que, em comparação com o ano anterior, as situações de sexo desprotegido depois de tomar bebidas alcoólicas e as de coma alcoólico aumentaram, enquanto as de assistir a amigos a entrarem em coma alcoólico, a par do recurso a serviços de urgência depois de ter tomado bebidas alcoólicas, diminuíram.

A LEI

Os locais de aquisição de bebidas alcoólicas

A partir da experiência dos jovens inquiridos que tomaram bebidas alcoólicas no último ano, os locais onde estes mais frequentemente adquirem bebidas alcoólicas são os bares (68%) e discotecas (59%), seguidos dos cafés (43%), supermercados (39%), em casa (35%), em festivais (35%), em festas privadas (33%), na rua (31%), em restaurantes (31%) e, apenas marginalmente, em postos de abastecimento de combustível (13%) ou roulottes (10%).

Também os jovens inquiridos sem permissão para adquirirem ou consumirem bebidas alcoólicas em locais públicos, referem aquisições nestes mesmos locais, embora com uma prevalência um pouco inferior e, no caso dos jovens de 10-15 anos, com um maior destaque da aquisição em bares (54%) relativamente à aquisição em discotecas (33%).

Também na componente qualitativa se destaca a aquisição em bares, sendo por sua vez a aquisição em supermercados justificada pelo menor preço das bebidas alcoólicas. A este nível alguns jovens relatam ainda o recurso a certas mercearias e estabelecimentos afins para obtenção de bebidas a menor custo e em horários mais tardios. Assim, alguns jovens adquirem primeiro estas bebidas nestes estabelecimentos e bebem antes de irem para os bares ou discotecas, onde entram já «alegres». Uma vez no interior destes, bebem em menor quantidade

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em virtude de considerarem as bebidas caras. Em alternativa, podem também adquirir em supermercados e fazer a festa em casa:

Eu tenho amigos que levam garrafas, ou já misturas com sangria que se compram nos supermercados, ou cervejas, mas a maior parte é mesmos nos bares que eles compram. (15 anos, sexo feminino, estudante)

Lá está, quando vamos jantar fora, [adquiro] no próprio restaurante. Ou então, se for em casa de amigos, compramos no supermercado e bebemos em casa. Sempre no contexto de amigos. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

Há várias hipóteses, isso depende também do grupo com que se saia. Há grupos que se calhar alinham mais em ir para uma discoteca e gastarem lá, gastam muito mais dinheiro, claro, e se calhar não apanham a tal bebedeira tão depressa, porque é muito mais caro. No supermercado, compra-se muito mais barato, a quantidade é maior tendo em conta a comparação com a discoteca, e é diferente, não é. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

[Os jovens] programam, programam, compram as bebidas antes para ficar mais barato, já ficam bêbados antes de ir sair, isso é claramente. Nos supermercados fica mais barato, fica-lhes muito mais barato. Antes de eles irem para a noite eles já estão alegres. Depois na noite complementam mais um bocadinho e pronto [risos]. (24 anos, sexo feminino, técnica administrativa)

É assim, aqui em Lisboa há duas possibilidades: no Bairro Alto não há só os bares, mas também há aquelas lojas que estão abertas até mais tarde. Mercearias e indianos. Eu acho que é ilegal aquilo. Estão abertos até mais tarde e vendem de litro e são mais baratas. Até mais tarde, eu penso que no Bairro Alto não podem estar abertos até depois das dez e meia, onze. Por vezes estão até às duas, três da manhã. Até o Bairro fechar. Esse comércio está a afetar os bares. Já comprei em sítios desses. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Por outro lado, considerando o fator preço, são mencionadas algumas estratégias dos estabelecimentos comerciais para a captação de clientes:

[No último ano] tenho assistido [a promoções]. Especialmente nas «happy hours». Antes, uma «happy hour» era um motivo para toda a gente ir a um mesmo bar, durante essa hora. Hoje em dia, por exemplo no Bairro Alto, tem a Rua XXX, (…), só há três bares e esses três bares têm «happy hour» durante a noite toda. Mudou este ano, sim. Como as pessoas também estão mais reticentes, com a crise não querem gastar tanto dinheiro, estão a promover mais que as pessoas bebam mais. Uma pessoa embriagada não vê quanto gasta. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Conhecimento da lei

Questionados sobre a ocorrência de alguma alteração legislativa no domínio da lei sobre a disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas, nos 2 anos precedentes à data da inquirição, a maior parte (64%) dos jovens respondeu afirmativamente. Os grupos etários que demonstraram ter um maior conhecimento quanto à ocorrência desta alteração são o de 16-18 anos (46%), seguido do de 19-24 anos (40%). Globalmente e para todos os grupos etários, os consumidores recentes afirmam em maior medida terem conhecimento da ocorrência desta alteração.

Nas entrevistas realizadas, os jovens denotaram também uma certa noção de que a lei havia sofrido alterações, independentemente da sua opinião sobre estas estar ou não correta:

Houve aquela [alteração legislativa] que era de aumentar dos 16 para os 18. E baixar o teor de [álcool no sangue], por causa dos profissionais [de condução]. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Sabia que já tinha havido uma alteração na idade para trás e, agora, tinha voltado outra vez para a frente. (23 anos, sexo masculino, estudante)

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No inquérito, verificou-se por sua vez que os jovens têm um elevado desconhecimento quanto a alguns aspetos que são parte integrante da alteração legislativa. Assim, 74% dos jovens inquiridos revelaram desconhecer ou ter a ideia errada quanto à permissão de venda de bebidas alcoólicas em postos de abastecimento de combustível fora das localidades e da autoestrada e 82% revelaram desconhecer ou ter a ideia errada sobre a existência de horários específicos em que é proibida a venda de bebidas alcoólicas. Por sua vez, relativamente à idade mínima legal para consumir ou comprar bebidas alcoólicas em locais públicos, cerca de metade dos inquiridos demonstrou saber a idade correta para a cerveja e bebidas espirituosas, sendo maior a dificuldade relativamente ao vinho. Os jovens parecem ter interiorizado que os 16 anos e os 18 anos são idades de referência, fazendo contudo alguma confusão relativamente ao tipo de bebida alcoólica a que cada uma se aplica. Esta está também patente no discurso dos jovens entrevistados:

Acho que é 18 anos, acho eu, agora, não? 16? Ou é 16 e 18? Não me vem nada à cabeça, não sei. (16 anos, sexo feminino, estudante)

Venda aos 18, consumo é aos 16. Todas as substâncias, incluindo o tabaco (19 anos, sexo masculino, estudante)

Apesar deste elevado nível de desconhecimento, os jovens entrevistados demonstraram-se algo ambivalentes sobre a utilidade de informação adicional:

Acho que era uma coisa boa haver mais informação sobre a lei, acho que era producente, era bom para toda a gente. Não digo um controlo, mas sim uma informação, acho que isso é que é importante. (17 anos, sexo masculino, estudante)

Mais informação, é assim, os jovens hoje em dia têm muita informação e eles conseguem perceber onde está o bem e onde está o mal, eles sabem que só a partir de x idade podem consumir, é que são livres de comprar bebidas, mas eles não ligam a nada, logo acho que, pronto, podia haver mais chamada de atenção por parte dos supermercados mas eles querem vender, eles querem fazer o negócio deles. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Perceções sobre a aplicação da lei

Na componente qualitativa ressalta uma impressão generalizada de que a lei não é cumprida nem pelos jovens nem pelos estabelecimentos comerciais:

Essa lei ainda não está em vigor em muito lugar, porque não é aplicada. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Sei algumas coimas que são aplicadas, mas, de resto, não. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Em geral os jovens não cumprem a lei. Acho que não. Penso que não. (18 anos, sexo masculino, estudante)

Depois da meia-noite, sim. Já comprei. Agora um problema também no Bairro é que aquilo são garrafas de vidro e não é permitido ter garrafas de vidro no Bairro Alto. Pelo menos no chão é mesmo… Não há assim muito controlo, não há assim tanta polícia quanto isso. E, quando há, ou escondemos ou assim. Mas também não é assim tão habitual. Por vezes, como nós já… Raramente caímos no erro de não comprar antes das coisas fecharem. Organizamo-nos bem. Ainda por cima os supermercados estão constantemente abertos, por isso raramente nos aconteceu isso. Mesmo nessas lojas é mais caro do que no supermercado. Mas continua a ser competitivo em relação aos bares. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Por outro lado, verificou-se que os jovens inquiridos têm maioritariamente a perceção de que é provável existirem consequências para os vendedores que não cumprem a lei (69% consideram provável/muito provável), não estando contudo tão certos quanto às

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consequências para o comprador (49% consideram provável/muito provável), incerteza que aumenta no grupo dos consumidores recentes (42% consideram provável/muito provável).

Práticas de controlo da parte dos estabelecimentos comerciais

Perto de metade dos jovens inquiridos experienciaram, no último ano, práticas de controlo quanto à disponibilização, venda e consumo de bebidas alcoólicas, a saber, a recusa de venda ou confiscação da bebida alcoólica, a inquirição sobre a idade e a solicitação de cartão de identificação. Estas experiências de controlo são mais frequentes nos jovens de 16 anos, seguidos dos de 17 anos. De notar que são também os consumidores recentes desta idade que declaram maiores frequências de consumos nocivos no último ano.

Os contextos em que estas práticas são mais mencionadas são os bares, que são simultaneamente os locais mais frequentados para aquisição de bebidas alcoólicas. Contudo, analisando as experiências dos jovens quanto a cada prática de controlo dentro dos subgrupos que adquiriram bebidas alcoólicas em cada estabelecimento comercial, verificamos que a proporção que teve a experiência de controlo se mantém como mais elevada relativamente aos bares. Por outro lado, embora as discotecas sejam o segundo local mais frequente de aquisição de bebidas alcoólicas, são os cafés e supermercados que se destacam em segundo lugar quanto à experiência de práticas de controlo.

A este propósito, nas entrevistas, os jovens destacam um défice nas práticas de controlo da idade dos clientes para a venda de bebidas alcoólicas, sendo uma prática aparentemente comum a identificação da idade pelo aspeto do jovem:

Eu acho que é ilegal supostamente, mas acho que sim, que compram nos bares, sim. Não creio que haja muito controlo em relação a isso. Não, nem muito cuidado. Nunca ninguém me pediu a identificação. Mesmo antes [quando era menor de idade],também nunca ninguém me pediu, para poder comprar álcool. Por isso, a nível de controlo nunca… só se for mesmo um caso de um miúdo que tenha 16 ou 18 e que pareça que tem muito menos. De resto, nunca vi. (23 anos, sexo masculino, estudante)

Somos todos mais altos, uns já têm barba, outros não. Mas parecemos todos mais velhos. Facilita e bastante. Para entrar nas discotecas também, e muitas outras coisas. Por exemplo, comprar tabaco, já facilita ter um ar mais velho. (16 anos, sexo masculino, estudante)

A sua opinião difere quantos aos estabelecimentos comerciais que exercem um menor controlo sobre a idade, parecendo existir um maior consenso em como este é mais apertado nos postos de abastecimento de combustível:

[Os amigos adquirem bebidas alcoólicas em] bares, sítios onde não pedem bilhete de identidade. Nos supermercados pedem, eles evitam ir lá. É fácil comprar, nalguns sítios é. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Sim, assisto [a menores a comprar bebida alcoólicas]. Em supermercados vejo às vezes eles saírem de lá, isso é normal. Em bombas de gasolina, isso não, acho que não vendem. Tanto ao nível de álcool como de tabaco, nessas coisas eles são mais restritivos porque aquilo é mais controlado, a polícia passa sempre ali. (17 anos, sexo masculino, estudante)

A lei não é cumprida nas discotecas nem nos bares. Se um menor entra numa discoteca, à partida quando chega ao balcão vão-lhe vender. À partida não, de certeza. A questão é entrarem, e hoje em dia é fácil. (20 anos, sexo feminino, estudante)

Por sua vez, os jovens fazem referência a mecanismos para contornar a lei e acederem a bebidas alcoólicas mesmo não tendo a idade em que tal é legalmente permitido. O principal mecanismo apontado consiste no recurso a amigos mais velhos para fazerem esta aquisição.

Por outro lado, os jovens parecem conhecer quais são os estabelecimentos na sua localidade onde é menos provável serem interpelados a propósito da sua idade, deslocando-se

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a estes para a aquisição das bebidas. Finalmente, é de notar que um dos mecanismos apontados tem que ver com o recurso à aquisição que não envolve profissionais, isto é, através da utilização das caixas automáticas dos supermercados:

Os miúdos, menores, costumam adquirir bebidas alcoólicas no café X. Em todo o lado, em bares, ya em todo o lado, supermercados. (14 anos, sexo feminino, estudante)

Onde é mais fácil os menores terem acesso é no supermercado. Para já, vão passar na fila, a rapariga não vai reparar ou acho que não vai pedir nada e também tem aquelas máquinas automáticas. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Aquela lei do só se pode dar vodka a maiores de 18 anos… depois as pessoas encontram uma forma de contradizer a lei. Pedem a algum adulto para ir comprar, alguém mais velho para ir comprar. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Então, eu sempre tive amigos mais velhos, ou seja, era fácil, era só dizer-lhes «tens aqui dinheiro da minha parte, vocês vão ali ao supermercado comprar e vamos para casa de alguém». (19 anos, sexo masculino, estudante)

Alterações na dificuldade de aquisição de bebidas alcoólicas

Considerando os dois anos em comparação (precedente e subsequente à alteração legislativa), a grande maioria dos jovens inquiridos é da opinião de que não ocorreram alterações na dificuldade de acesso a bebidas alcoólicas, independentemente do tipo de bebida (mais de 70% consideram que não houve alterações na dificuldade de aquisição de cerveja, vinho ou espirituosas).

Em particular, os jovens de 16 anos são os que mais mencionam um aumento da facilidade de acesso, independentemente do tipo de bebida alcoólica (24% a 29% consideram que se tornou mais fácil, consoante a bebida alcoólica). É possível que tal perceção decorra do facto de, à data da inquirição, estes jovens já terem permissão para aquisição de bebidas não espirituosas. Note-se no entanto como estes jovens não fazem uma diferenciação entre tipo de bebidas quanto às alterações na dificuldade de aquisição. É de salientar como são os jovens que mais referem um aumento da facilidade de acesso os que, por sua vez, seja numa perspetiva transversal (em comparação com outras idades/grupos etários) como longitudinal (pela avaliação retrospetiva da evolução da sua frequência de consumo no último ano em comparação com o ano anterior) mais referem um aumento da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas e consumos nocivos.

Por sua vez, entre os jovens entrevistados destaca-se a ideia de que, no último ano, não ocorreram alterações significativas na facilidade de acesso a bebidas alcoólicas. Quando convidados a refletir sobre este tema, tendem de novo a reforçar a facilidade generalizada do acesso a bebidas alcoólicas, nomeadamente para os jovens sem permissão para tal:

Por acaso, não notei assim grande diferença. Desde que me lembro, quase sempre consegui [comprar bebidas alcoólicas]. Portanto, não notei grande diferença. […] Já comprei cerveja, já comprei isso [bebidas espirituosas]. Já! (16 anos, sexo masculino, estudante)

De há um ano para cá, não senti diferença nenhuma. Nunca me barraram acesso, nunca vi. Continua igual. Já há algum tempo que eu consumo álcool e nunca vi ninguém a comentar sequer nada sobre isso. Não estou a ver. (24 anos, sexo feminino, trabalhadora-estudante)

Atitudes face a medidas restritivas do consumo de bebidas alcoólicas

Face a um conjunto de medidas restritivas do acesso/consumo de bebidas alcoólicas, algumas previstas por lei, outras hipotéticas, verificou-se que os jovens são favoráveis, por um lado, à diferenciação da idade por tipo de bebida alcoólica (57% totalmente a favor/favor) ou mesmo a uma medida mais restritiva de passagem da idade mínima de todas as bebidas para

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os 18 anos (54% totalmente a favor/favor). Os mais jovens (10-15 anos) são, em comparação, mais favoráveis à primeira medida, enquanto os mais velhos (19-24 anos) são mais favoráveis à segunda.

Os jovens inquiridos são também a favor da diminuição do grau de alcoolémia permitido (0,5 para 0,2g/l) a condutores com carta de condução há menos de 3 anos (57% totalmente a favor/favor), a condutores profissionais (57% totalmente a favor/favor) e condutores em geral (54% totalmente a favor/favor) e da medida de proibição de venda de bebidas alcoólicas nos locais de trabalho (56% totalmente a favor/favor).

Por outro lado, tendem a ser desfavoráveis à proibição da indústria do álcool de promover ou patrocinar a realização de concertos e/ou festivais de música (46% contra/totalmente contra; 33% sem opinião) ou eventos desportivos (38% contra/totalmente contra; 33% sem opinião) e ao aumento do imposto sobre as bebidas alcoólicas (42% contra/totalmente contra; 29% sem opinião). Neste âmbito, destacamos o grupo de 10-15 anos como uma exceção quanto a esta atitude particularmente desfavorável a estas medidas em concreto.

Por sua vez, os jovens entrevistados são sobretudo favoráveis a medidas mais restritivas genericamente ou quanto à idade mínima legal, surgindo no seu discurso algumas críticas à diferenciação por tipo de bebida. Por outro lado, aparentam ser adeptos de um maior controlo e fiscalização da aplicação, nomeadamente pelos pais:

Devia haver mais medidas assim implementadas, mais rigorosas, e haver mais autoridades a controlar a saída dos estabelecimentos, ou até os estabelecimentos. (20 anos, sexo masculino, estudante)

Acho que deve vir dos 16 e subir também para os 18. Pronto, só se pode conduzir a partir dos 18, só tem responsabilidade para conduzir a partir dos 18, acho que também só devem ter responsabilidade para beber a partir dos 18 anos. (18 anos, sexo masculino, estudante)

Devia haver mais fiscalização porque hoje em dia os jovens estão a entrar nessa fase de beber e de sair miúdas de 14 anos e de 13 que entram nas discotecas. Devia haver mais fiscalização e também cuidado por parte dos pais, porque cada vez mais está a agravar. São muitos a ir por esse caminho. (21 anos, sexo feminino, estudante)

Para mim não faz sentido. Porque, muito sinceramente, se alguém quer ficar alcoolizado facilmente fica com vinho. Cerveja é mais complicado mas com vinho fica facilmente. Eu acho que eles deviam marcar por limites de álcool; ainda por cima, as bebidas espirituosas são mais caras. Obviamente, comprar vinho, nem que seja vinho mais barato, uma pessoa fica alcoolizada mais rapidamente e não gasta assim tanto dinheiro; enquanto que, com bebidas espirituosas, vai gastar um pouco mais de dinheiro para ficar também alcoolizado. Por isso, acho que se devem por limites para as espirituosas e cerveja e vinho. Para mim não faz muito sentido. Nunca vi ninguém… já vi muita gente ficar alcoolizada, bastante alcoolizada, com vinho, por isso, estar a impor limites às bebidas brancas… Mas, pronto, não sabia dessa diferença. (23 anos, sexo masculino, estudante)

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Rubio, Maria Isabel (2006) – “La Imposición de los puntos de vista durante la entrevista etnográfica” in Antropologia Portuguesa, 22-23, 2005-2006, pp. 9-40.

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