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Os Meios Audiovisuais

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Page 1: Os Meios Audiovisuais

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL DE BARROSAS (STA. EULÁLIA)

Os Meios Audiovisuais

Segundo Bernard Planque, os meios audiovisuais: 1. Despertam a curiosidade e sustentam o interesse do aluno. A utilização de métodos audiovisuais torna os alunos curiosos e interessados, pois a exposição magistral do professor é abandonada e a aula torna-se menos rígida. A projecção de um curto filme ou de uma série de diapositivos tornará quase de certeza a aula mais interessante. 2. Mudam as relações entre o professor e o aluno. O contacto entre aluno e o audiovisual quebra a tradição pedagógica em que o professor impõe, sem cessar, interpreta e controla tudo o que se passa na aula. 3. Obtêm uma melhor eficácia pedagógica. O audiovisual permite levar para a aula aquilo que é impossível observar directamente (função de documentário) e permite clarificar e organizar noções e conceitos Contudo, se a utilização do audiovisual tem inegáveis vantagens, é errado pensar que basta levar para a aula um retroprojector para que tudo esteja resolvido. Os meios audiovisuais, só por si, de nada servem. Sem a correcta intervenção do professor, os meios audiovisuais podem até acentuar os defeitos em vez de os minimizar.

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1. Quadro O quadro normal, de diversos materiais e cores, é um excelente meio para a transmissão de informação visual e nem sempre é correctamente utilizado pelo professor. Para uma correcta utilização deste meio o professor deve estar atento ao tamanho das letras e dos espaços para que todos os alunos consigam ler facilmente aquilo que é escrito no quadro; deve ter cuidado com os reflexos que impeçam uma boa visualização; deve usar giz (ou marcadores) de cores variadas e não deve sobrecarregar demasiado a superfície do quadro. 2. Cartaz O cartaz é um dos meios mais utilizados nos nossos dias pela facilidade com que atrai e prende o olhar do espectador. A publicidade tem feito do cartaz um poderoso auxiliar para a divulgação de muitos produtos ou ideias. Também no ensino, as suas possibilidades podem ser eficazmente aproveitadas, desde que se tenha atenção a algumas regras fundamentais: Tema: cada cartaz deverá ter apenas um tema que permita uma fácil assimilação. A utilização de símbolos, palavras-chave (…), é de aconselhar pois permite uma economia de palavras e facilita a memorização. Ilustração: pode resultar de desenho ou montagem (colagem ou outra) e ser de elaboração individual ou colectiva. Texto: deve ser breve, simples, directo e acessível. A sua função é apenas completar a a imagem. Cor: a combinação de cores é importante porque o cartaz deve ser colorido mas sem excesso para não prejudicar a transmissão da mensagem. A participação dos alunos na elaboração de cartazes sobre determinados temas é uma actividade extremamente motivadora e com imensas aplicações (…), desde que o professor faça preceder essa elaboração da necessária pesquisa sobre o tema. 3. Rectroprojector O retroprojector é um aparelho concebido especialmente para o ensino e, por isso, apresenta inúmeras vantagens na sua utilização. Este aparelho permite projectar num «ecrã», ou em qualquer superfície clara, transparências ou silhuetas de figuras opacas depositadas sobre a plataforma de projecção. Vantagens deste aparelho: - É facilmente manejável. - Permite a projecção em salas iluminadas. - O professor mantém-se de frente para os alunos durante a projecção. - Substitui com eficiência o quadro normal porque o professor ou os alunos podem escrever sobre os acetatos na plataforma de projecção. - As transparências são de fácil produção, baixo custo, transportam-se facilmente e ocupam pouco volume. - As inscrições feitas nos acetatos podem ser conservadas indefinidamente ou ser apagadas. - Permite a possibilidade de projectar documentos ou imagens provenientes de livros ou revistas, por meio de fotocópias feitas em acetato próprio. - O professor pode ir completando gradualmente o assunto que está a apresentar, de várias maneiras: escrevendo sobre o acetato ao longo da aula ou pedindo a um aluno que o faça; tapando algumas partes do acetato que vai descobrindo à medida que vão sendo referidas; sobrepondo sucessivos acetatos que vão completando a imagem inicial. Apesar de todas estas vantagens a utilização do retroprojector não deve ser demasiado frequente. Pedagogicamente é conveniente não abusar da utilização do retroprojector. Deve, apenas, ser reservado para as estratégias em que se torna particularmente eficiente (projecção de esquemas, diagramas, histogramas, mapas) utilizando outras técnicas sempre que as situações o exijam. O retroprojector é um auxiliar do professor, mas nunca um substituto. Quando o professor utiliza o retroprojector deve indicar os elementos para que quer chamar a atenção apontando sobre a

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transparência que está na plataforma de projecção e não sobre o «ecrã». Deve também ter cuidado com a distância entre o aparelho e a superfície de projecção para que a imagem projectada não exceda os limites desta. Eis alguns critérios a ter em conta na utilização dos equipamentos audiovisuais: - Objectivos: o meio a utilizar só poderá ser escolhido após a definição dos objectivos que o professor quer atingir. Um mapa não permitirá atingir os mesmos objectivos que um vídeo no conhecimento de terras distantes. Um será mais útil para a localização, outro para conhecer testemunhos duma civilização. - Conteúdos: Certos meios adaptam-se melhor a determinados conteúdos. Os diapositivos servirão melhor um tema de arte que um tema de economia - Alunos: A escolha do meio está condicionada pelo nível etário dos alunos. - Estratégia: O meio depende da estratégia que se vai utilizar. Se pretendemos proceder a um debate ou discussão sobre qualquer assunto não deveremos utilizar um episcópio. Não só o escurecimento da sala impede a discussão como o facto de esta estratégia exigir que as imagens sejam projectadas durante muito tempo prejudica o material. - Papel do audiovisual: O professor deve escolher o audiovisual de acordo com a função que pretende que ele desempenhe. Ao escolher os meios audiovisuais o professor deve ainda ter em conta a frequência de utilização. Não deve, pois, servir-se sempre do mesmo meio para evitar cair na rotina. Adaptado de Proença, Maria Cândida, Didáctica da História, Universidade Aberta

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NOVAS TECNOLOGIAS NA SALA DE AULA: MELHORIA DO ENSINO OU INOVAÇÃO CONSERVADORA?

Paulo Gileno CYSNEIROS

http://www.escolaheitor.net/planejamento/8543090-Novas-Tecnologias-Na-Sala-de-Aula-Melhoria-Do-Ensino-Ou-InovaCAo-Conservadora.pdf

INOVAÇÃO CONSERVADORA

O fato de se treinar professores em cursos intensivos e de se colocar equipamentos nas escolas não significa que as novas tecnologias serão usadas para melhoria da qualidade do ensino. Em escolas informatizadas, tanto públicas como particulares, tenho observado formas de uso que chamo de inovação conservadora,3 quando uma ferramenta cara é utilizada para realizar tarefas que poderiam ser feitas, de modo satisfatório, por equipamentos mais simples (actualmente, usos do computador para tarefas que poderiam ser feitas por gravadores, retroprojectores, copiadoras, livros, até mesmo lápis e papel). São aplicações da tecnologia que não exploram os recursos únicos da ferramenta e não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do aluno, aparentando mudanças substantivas, quando na realidade apenas mudam-se aparências. A história da tecnologia educacional contém muitos exemplos de inovação conservadora, de ênfase no meio e não no conteúdo. Devido ao efeito dramático, sedutor, da média, em certos casos a atenção era concentrada na aparência da aula, tomando-se como algo “dado” o conteúdo veiculado, seja na sala de aula por transparências ou filmes, ou pela difusão ampla de conteúdos, através da TV, do rádio ou mesmo de livros textos cheios de figuras, cores, desenhos, fotos. Assim, à primeira vista, impressionava o uso de transparências graficamente impecáveis, com recursos que podiam distrair o aluno espectador, principalmente quando o aprendiz não entendia ou não gostava do conteúdo. Actualmente a inovação conservadora mais interessante é o uso de programas de projecção de tela de computadores, notadamente o PowerPoint©, com o qual o espectáculo visual (e auditivo) pode tornar-se um elemento de divagação, enquanto o professor solitário na frente da sala recita sua lição com ajuda de efeitos especiais, mostrando objectos que se movimentam, fórmulas, generalizações, imagens que podem ter pouco sentido para a maioria de um grupo de aprendizes. A inactividade (física e mental) do aprendiz é reforçada pelo ambiente da sala, geralmente à meia luz e com ar condicionado. Como veremos mais adiante, tais tecnologias amplificam a capacidade expositiva do professor, reduzindo a posição relativa do aluno ou aluna na situação de aprendizagem. Alguns professores experientes percebem que quase nada mudou na sala de aula, porém outros, talvez iludidos por um suposto efeito do computador, vêm vantagens nas novas formas de apresentar o conteúdo, algumas vezes reforçadas por um discurso defendendo o construtivismo ou outros conceitos da moda, pouco ou mal-compreendidos. Os alunos também cansam-se facilmente após o efeito da novidade. Embora a Internet seja um recurso com muito potencial para determinadas actividades educativas, ela também pode ser mais um factor de colonialismo cultural, pois estamos recebendo a informação daqueles que tem condições de colocá-la nos computadores, reduzindo nossa presença e ampliando o alcance do poder de suas ideias, com todos os factores associados do formato hipertexto, da velocidade, de multi-representações. Nesta óptica, é muito importante que coloquemos tais máquinas nas mãos de nossas crianças e adolescentes, porém sempre predominando o ato de educar, de examinar criticamente - numa atitude freiriana -, aquilo que está lá. Onde a sabedoria de um professor de uma escola rural, ou de um velho pescador da comunidade, pode ser mais importante para a formação da identidade da criança e para a

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sobrevivência da cultura do que toda a informação que é produzida diariamente nos lugares sofisticados do planeta.

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A escola tem-se mostrado resistente a mudanças, mesmo quando tenta incorporar meios inovadores. Em muitos casos, “a presença nas escolas de equipamentos de vídeo ou informática obedece mais ao interesse dos pais ou aos interesses comerciais de alguma empresa do que propriamente aos educacionais e didácticos”. Em projectos de informática educativa, por exemplo, laboratórios de informática são instalados, mas o trabalho com o aluno é desenvolvido de forma desarticulada do projecto pedagógico da escola, sem o questionamento sobre sua contribuição de ordem pedagógica e sócio-cultural, o que acaba resultando no fracasso do projecto. É importante que a escola perceba que o valor instrumental “não está nos próprios meios, mas na maneira como se integram na actividade didáctica, em como eles se inserem no desenvolvimento da acção”. http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ensaio/article/viewFile/13/45