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FARMÁCIA - MONOGRAFIA - DIABETES
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DÉBORA CHAVES BARTOCCI
OS TRANSTORNOS EM DECORRÊNCIA
DO DIABETES MELLITUS TIPO 2
FRANCA, SP
2005
0
DÉBORA CHAVES BARTOCCI
OS TRANSTORNOS EM DECORRÊNCIA
DO DIABETES MELLITUS TIPO 2
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do
título de especialista no Curso de Pós-Graduação em Saúde da Família do Instituto Brasileiro de Pós- Graduação e Extensão – IBPEX.
Prof.: Leociléa Aparecida Vieira
FRANCA, SP
2005
1
Aos meus pais pelo incentivo
no desenvolvimento deste
trabalho.
2
AGRADECIMENTOS
A Casa do Diabético de Franca, pela estrutura na realização da
pesquisa de campo.
A Enfermeira Francisca Faleiros Borsari e a Escriturária Adriana Barbosa
Raymundo, facilitadoras na busca de informações tão valiosas.
Aos colegas de curso pela amizade.
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização deste
trabalho.
3
“Salve, meu corpo, minha estrutura de vivere de cumprir os ritos do existir!Amo tuas imperfeições e maravilhas,amo-as com gratidão, pena e raiva intercadentes.Em ti me sinto dividido, campo de batalhasem vitória para nenhum lado e sofro e sou felizna medida do que acaso me ofereças”
(CARLOS DRUMOND DE ANDRADE, 1996, p.71)
4
RESUMO
O estudo aborda as alterações orgânicas ou complicações desenvolvidas com a instalação do Diabetes mellitus tipo 2. Identifica o programa Social existente no município de Franca, estado de São Paulo, direcionado ao paciente acometido pelo mal, bem como as dificuldades enfrentadas, por um lado, na adesão efetiva do paciente ao tratamento proposto e, por outro, a necessidade de um trabalho melhor estruturado para se conseguir maiores resultados. Em um primeiro momento, fez-se uma pesquisa bibliográfica, objetivando-se o embasamento teórico da problemática observada, seguida de uma pesquisa junto à Casa do Diabético da localidade e Profissionais envolvidos. Recomenda-se uma maior divulgação, à população, das conseqüências orgânicas que o Diabetes mellitus tipo 2, uma vez instalado, causa, bem como as medidas para impedir a sua ocorrência e/ou sua progressão.
5
SUMÁRIO
RESUMO ....................................................................................................................5
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................7
2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................9
2.1 A INSULINA ........................................................................................................10
2.2 DIABETES MELLITUS .......................................................................................11
3 METODOLOGIA ...................................................................................................16
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTIUIÇÃO ................................................................16
3.1.1 Acolhimento do Paciente................................................................................16
3.2 DADOS COLETADOS ........................................................................................18
3.2.1 Análise dos Dados ..........................................................................................19
3.3 PROGRAMAS SOCIAIS EXISTENTES NO MUNICÍPIO ....................................30
3.4 DIFICULDADES E SUGESTÕES DOS PROFISSIONAIS ..................................31
4 CONCLUSÃO..........................................................................................................34
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................35
APÊNDICE ..................................................................................................................37
6
1 INTRODUÇÃO
No dia-a-dia do profissional farmacêutico, que atua em drogarias e farmácias,
observa-se a busca voluntária, dos usuários destes estabelecimentos, por informações
sobre seu bem estar físico e psíquico. Muitos pacientes, sendo diabéticos,
relatam sintomas que antes não apresentavam: diminuição da acuidade
visual; dificuldade em cicatrizar ferimentos; angina de peito; ganho de peso, mesmo
seguindo dietas prescritas; hipertensão. Alguns relatam ter sofrido infarto do miocárdio e
submetidos a cateterismo e angioplastia, ou acidentes vasculares cerebrais (AVC)
apresentando seqüelas irreversíveis. O mais preocupante é que os clientes desses
estabelecimentos, independente da idade ou sexo, geralmente obesos e com pressão
elevada, relatam estar emagrecendo e urinando em demasia, e quando questionados se
são diabéticos, declaram não serem. Retornando, após consulta médica, informam ter o
Diabetes mellitus tipo 2.
Estas evidências conduziram ao seguinte questionamento:
Qual o perfil do paciente diabético tipo 2, usuário do Sistema Único de Saúde
(SUS) na cidade de Franca, acometido por transtornos em sua decorrência?
Sendo um problema de saúde pública, os transtornos em decorrência do
Diabetes mellitus tipo 2 acarretam a redução da qualidade de vida dos pacientes
acometidos pelo mal.
Seja a ocorrência em farmácias e drogarias, em consultórios médicos ou
internações hospitalares, o número elevado destas observações alertam para a
constatação, registro e análise dos problemas esperados.
O Profissional Farmacêutico, agente comprometido com a promoção e
recuperação da saúde, é instrumento valioso que a população detém no combate e
prevenção das mais variadas doenças. O conhecimento da problemática, bem como de
7
programas sociais referentes ao paciente diabético no município, motivaram a
realização desta pesquisa, que tem como:
Objetivo geral:
Identificar o perfil do paciente diabético tipo 2, usuário do SUS, na cidade de
Franca estado de São Paulo.
Objetivos específicos:
Analisar a freqüência dos transtornos em decorrência do Diabetes mellitus tipo 2,
usando-se como parâmetros: sexo e a idade.
Apontar os Programas Sociais direcionados ao paciente diabético existentes no
município.
Este estudo partiu da seguinte hipótese:
Os transtornos, em decorrência do Diabetes mellitus tipo 2, manifestam-se
em indivíduos com menos de 40 anos, obesos e que apresentam herança genética para
a moléstia.
A compreensão da ação da Insulina, hormônio importante no metabolismo dos
hidratos de carbono, gorduras e proteínas; bem como, dos distúrbios provocados pelos
níveis alterados de glicose na corrente sanguínea, contribuem para análise de tão
complexa enfermidade
8
2 REVISÃO DA LITERATURA
O Sistema Digestivo é formado por: boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos:
delgado e grosso, reto e ânus e, também, os anexos: glândulas salivares, fígado,
vesícula biliar e pâncreas.
Os alimentos fornecem os nutrientes necessários à sobrevivência dos seres.
Açúcares (hidratos de carbono), gorduras (lipídios) e proteínas ingeridos passam pelo
Sistema Digestivo, sofrendo transformações por ações da mastigação e secreções:
salivares, gástricas e intestinais. Parte do produto deste processo é absorvido pelo
corpo, sendo eliminado o que não é útil. Na corrente sanguínea, são biotransformados e
disponibilizados à reconstrução diária do organismo. A esta biotransformação, dá-se o
nome de metabolismo e, entre as várias funções que desempenha, o fornecimento de
energia é de vital importância para a manutenção da vida.
Os hidratos de carbono são os principais fornecedores de energia. De acordo
com Karson; Gerok; Gross (1982, p. 13) “Os hidratos de carbono fornecem 50 a 70% de
energia provenientes da alimentação humana (em regiões com carência nutricional e em
tempos críticos esta porcentagem é ainda maior)”.
A glicose é o hidrato de carbono existente no sangue, provendo uma fonte
imediata de energia para as células e os tecido corporais. “A maior parte das células,
principalmente as células musculares e as células hepáticas, estão capacitadas a formar
a partir da glicose, um reservatório próprio, o glicogênio”. (KARSON; GEROK; GROSS,
1982, p. 13).
A glicose do glicogênio hepático serve como fonte de energia para qualquer tipo
de tecido do corpo.
Os lipídios também representam, para o organismo, uma importante fonte de
energia armazenada, uma vez que se depositam no tecido adiposo, sendo aproveitados
nos períodos longos sem alimentação ou na alimentação carente de hidratos de
9
carbono. Isto se dá pela quebra da estrutura lipídica, resultando ácidos graxos livres,
que estimulam a síntese e a liberação de corpos cetônicos do fígado para a corrente
sanguínea. Responsáveis pelo fornecimento de energia, os corpos cetônicos podem ser
utilizados, principalmente, no cérebro, nos rins, na musculatura esquelética e no
músculo cardíaco.
Segundo Costa e Almeida Neto (1992, p.79) “Corpos cetônicos são produtos do
excesso do carbolismo (quebra) das gorduras, que ocorre toda vez que falta glicose
dentro das células.”
As proteínas constituem todos os tecidos do corpo. São essenciais à formação,
crescimento e manutenção deste. Na carência nutricional, há utilização das proteínas
para a obtenção de energia, sendo o aminoácido sua forma básica. “Em muitos órgãos
ocorrem o catabolismo dos aminoácidos visando a obtenção de energia especialmente
durante períodos de carência alimentar” (KARSON; GEROK; GROSS, 1982, p. 53).
2.1 A INSULINA
As Ilhotas de Langerhans, localizadas no pâncreas, secretam dois hormônios
importantes no metabolismo dos hidratos de carbono, gorduras e proteínas.
As células A das Ilhotas secretam o Glucagon, que aumenta a glicose sanguínea
pela estimulação da glicogenólise hepática (quebra do glicogênio, fornecendo a glicose),
desempenhando um papel importante na manutenção da glicose sanguínea durante o
jejum. O Glucagon aumenta também a gliconeogênese (neoformação de glicose a partir
de outros produtos do metabolismo) utilizando aminoácidos disponíveis no fígado.
As células B das Ilhotas secretam a Insulina, que facilita a entrada da glicose
para dentro das células, não permitindo sua concentração elevada na corrente
sanguínea. Segundo Costa e Almeida Neto (1992, p.4) “Uma das funções da Insulina é:
impedir que a glicose no sangue (glicemia) ultrapasse 160 a 180mg% após
alimentação”.
10
A Insulina aumenta a captação de aminoácidos pelas células (anabolismo
protéico) e diminui a atividade da lípase (enzima que atua na degradação da gordura) e
conseqüente liberação de ácidos graxos para a corrente sanguínea.
O controle principal da secreção de Insulina é exercida pelo efeito de ‘retro-
alimentação’ da glicemia diretamente sobre o pâncreas. “Como a insulina baixa a
concentração de glicose, forma-se um ciclo de regulação da secreção de insulina. A
insulina circulante inibe a secreção pela célula B, o que reforça a regulação” (KARSON;
GEROK; GROSS, 1982, p. 169).
2.2 DIABETES MELLITUS
O Diabetes mellitus é uma doença crônica caracterizada pela presença de níveis
elevados de glicose na corrente sanguínea. Isto se deve a um distúrbio na secreção de
seu hormônio regulador, a Insulina.
De acordo com Costa; Almeida Neto (1992, p.6):
“podemos informar que, 2 horas após ingestão de 75g de glicose, as pessoas
normais têm glicemia inferior a 140mg%, as diabéticas têm glicemia igual ou superior a
200mg% e os com intolerância à glicose oral têm valores entre 140 e 200mg%”.
A falta de Insulina provoca:
Diminuição da entrada de glicose na células, que causa a hiperglicemia
(aumento da glicose na corrente sanguínea).
Aumenta a atividade da lípase, aumentando os ácidos graxos livres, que
resultam na liberação de corpos cetônicos pelo fígado. Caso ocorra uma
acentuada presença de corpos cetônicos na corrente sanguínea, desencadeia-
se acidez metabólica e se a pessoa não for tratada, ocorrerá o coma com
possível óbito.
11
Diminui a entrada de aminoácidos nas células, levando a uma fraqueza
muscular, onde o músculo contrai com menos força.
No Diabetes a glicose acumula-se no sangue especialmente após as
refeições. Ao se administrar a um diabético uma carga de glicose, a glicemia
eleva-se mais e também retorna mais lentamente ao nível basal, quando
comparado com indivíduos normais. Em parte, a diminuição da tolerância à glicose é
devida à redução da entrada de glicose nas células (utilização periférica diminuída). Na
ausência de Insulina reduz-se a entrada de glicose nos músculos: esquelético, cardíaco
e em outros tecidos.
Segundo Costa e Almeida Neto (1992, p.5), “ Nos diabéticos obesos a
insulina no sangue geralmente está aumentada porém há redução de seu
aproveitamento pelos tecidos, constituindo o que se denomina resistência periférica”.
O plasma é filtrado nos rins e todas as substâncias importantes para o corpo
não são excretadas pela urina, são reabsorvidas, mas quando essas substâncias são
em excesso, acabam saindo pela urina, é o caso da glicose presente na urina dos
diabéticos (glicosúria) e dos aminoácidos (proteinoúria). A urina concentrada retira água
do organismo provocando desidratação. Esta poliúria (aumento do volume de urina)
provoca maior sede (polidipsia), para compensar a desidratação.
Com o Diabetes, o Sistema Imunológico está prejudicado e vírus, bactérias e,
principalmente, fungos podem se instalar, provocando as mais variadas infecções. De
acordo com Wyngaarden; Smith (1984, p.1075) “As mulheres com glicosúria são
particularmente suceptíveis às infecções bacterianas e fúngicas da vulva e vagina, com
acentuado prurido, escoriação e mau cheiro.”
Doenças oculares desencadeadas por infecções e problemas micro-
vasculares ocorrem provocando a perda da acuidade visual, evoluindo para cegueira.
“As manifestações oculares do diabetes são numerosas. A hiperglicemia aumenta a
12
concentração da glicose nos cristalinos e nos humores ópticos, resultando na turvação
da visão e em deficiência da acomodação e miopia” (WYNGARDEN; SMITH 1984, p.
1075).
Alterações micro-vasculares, onde há perda de proteína pela urina, acarretam
a diminuição e a paralisação da função renal. “A proteinoúria aparece em dois terços
dos pacientes com diabetes durante 20 anos e prenuncia o comprometimento
progressivo dos rins” (WYNGARDEN; SMITH 1984, p.1076).
Tendo em vista a complexidade funcional do Sistema Nervoso, as alterações
na vasculatura que irriga os nervos, provocadas pelo Diabetes mellitus, podem levar a
ocorrência de dores locais, perda de sensibilidade e atrofia.
“(...) uma anestesia aproximadamente simétrica em meia, sobretudo das
extremidades inferiores, produzindo diminuição da sensibilidade vibratória e tátil fina;
ocasionalmente, progride depois de meses ou anos para uma anestesia”
(WYNGARDEN; SMITH, 1984, p. 1077).
Estando o metabolismo da glicose, de proteínas e gorduras alterados por
tempo prolongado, estabelece-se a aterosclerose, sendo assim, os níveis altos de
lipoproteínas na corrente sanguínea, podem obstruir os vasos à medida que se
depositam na parede interna destes. Sem a devida irrigação, a malha circulatória está
comprometida, acarretando, além de microangiopatias, as macroangiopatias (infarto
agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral ou amputação por gangrena) “As
artérias periféricas são mais intensamente afetadas, e a gangrena dos pés, causada
pela isquemia , é 70 vezes mais freqüentes nos diabéticos” (WYNGARDEN; SMITH
1984, p.1078).
13
Distinguem-se dois tipos de Diabetes mellitus:
Tipo 1: ocorre em pessoas que nascem ou apresentam uma insuficiência da
secreção de insulina pelo pâncreas desde a infância, Também conhecida como
Diabetes juvenil.
Tipo 2 ocorre em pessoas adultas, que apresentam mais uma resistência
periférica à insulina do que uma falta ou diminuição de sua secreção. Também
conhecida como Diabetes do adulto.
Para as duas situações há um histórico genético que permite a instalação do
Mal. “Não há dúvida quanto à importância de fatores genéticos para o aparecimento do
Diabetes mellitus, após estudos familiares e, especialmente, baseados em observações
de gêmeos uni-bivitelinos” (KARSON; GEROK; GROSS, 1982, p. 180).
Estes Autores declaram ainda que no tipo 1 estão em evidência os sintomas:
“(...) da síndrome diabética aguda (emagrecimento, corpos cetônicos no sangue,
acidose)” e no tipo 2 “(...) tem início, geralmente após os 40 anos de idade, estando em
evidência as doenças que acompanham a síndrome diabética crônica (alterações de
pele, distúrbios da macro- e microcirculação)”.
Assim, maus hábitos alimentares, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo
(agentes determinantes de adoecimento), associados à herança genética, possibilitam a
manifestação do Diabetes mellitus tipo 2 e os transtornos em sua decorrência como:
Sintomas: poliúria, polidipsia, polifagia (excesso de apetite), perda de peso,
aumento de peso, redução da acuidade visual, dor generalizada, parestesia
(insensibilidade) nas extremidades, fraqueza muscular, tonturas, disfunções
sexuais.
Doenças oculares (retinopatia, catarata, glaucoma e ceratopatia); Nefropatia;
Cardiopatia isquêmica (infarto agudo do miocárdio); Doença coronariana de
pequenos vasos (insuficiência cardíaca); Doença cérebro vascular (acidente
14
vascular cerebral); Doença vascular periférica; Neuropatia (polineuropatia,
neuropatias focais, neuropatia autonômica); Infecções (do trato urinário e
respiratório, ouvido externo, furunculose, candidíase vulvar ou escrotal); Doença
periodontal e o Pé-diabético.
Alertam para a existência do Mal e se desenvolvem devido a um mau controle
glicêmico.
15
3 METODOLOGIA
Uma pesquisa foi realizada junto à Casa do Diabético localizada na cidade de
Franca estado de São Paulo, no período de 29 de abril a 30 de julho de 2005. A coleta
de dados se deu pela análise de prontuários dos pacientes registrados e acompanhados
na Instituição e entrevistas gravadas com profissionais da área de saúde vinculados à
Entidade, ao Centro Oftalmológico pertencente à Prefeitura Municipal, ao Núcleo de
Gestão Assistencial (NGA-16) e à Secretaria Municipal de Saúde de Franca.
Para facilitar as entrevistas, utilizaram-se questionários norteadores
(apêndice). Para facilitar a interpretação de dados coletados, utilizaram-se tabelas.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
Segundo a Enfermeira Francisca Faleiros Borsari, gerente administrativa da
Casa do Diabético, a Instituição foi fundada em 1991, o prédio pertence ao Lions Clube
de Franca, sendo mantido pela Prefeitura Municipal. O público atendido vem
encaminhado da Unidade Básica de Saúde (UBS), dos municípios pertencentes à
Direção Regional de Saúde (DIR XIII) e de alguns municípios de Minas Gerais, que
fazem fronteira com o estado de São Paulo. O papel da Instituição é reeducar os
portadores de doenças crônicas degenerativas e conta com um protocolo de Patologias
para referência do Serviço de Endocrinologia do Município de Franca. Há 4 Médicos
Endocrinologistas, que atendem aos pacientes adultos e 1 Endocrinologista para os
pacientes infantis. Os trabalhos são realizados no período de 07:00 às 16:00 horas, de
segunda a sexta-feira. Encaminha-se o paciente ao Núcleo de Gestão Assistencial e
quando há urgência e emergência encaminha-se à Santa Casa de Franca ou ao Pronto
Socorro de Referência: “Dr. Janjão”.
3.1.2 Acolhimento do Paciente
O paciente, ao chegar à Casa do Diabético, é atendido pelo Serviço de
16
enfermagem ou da assistência social, sendo avaliado e também orientado, quanto ao
funcionamento dos trabalhos na Instituição. Tem sua consulta agendada junto ao
médico, psicólogo, nutricionista e reuniões em grupos.
De acordo com a Assistente Social Miriam, faz-se uma entrevista com o
paciente, colhendo-se dados como a sua origem, quanto tempo de tratamento,
dificuldades enfrentadas (familiares, econômicas), definindo-se quais as intervenções e
procedimentos a serem adotados, como um acompanhamento domiciliar do paciente,
caso necessário, pelo Serviço de assistência social.
A Nutricionista Renata declara que o paciente tem seu peso, altura, hábito
alimentar e medicamentos em uso avaliados, constituindo um conjunto de itens para
orientar a sua dieta e alimentação. Para os obesos a dieta é voltada tanto para o
controle do Diabetes, como para o controle de peso, uma vez que o Diabetes mellitus
tipo 2 é desencadeado pela obesidade.
O Psicólogo Jonas acrescenta que, além do encaminhamento do paciente
feito pelos outros profissionais ao Serviço de Psicologia, há uma demanda espontânea.
É colocado um aviso, disponibilizando o serviço de Psicologia, ao qual as pessoas
interessadas são acolhidas; faz-se uma recepção em grupo e à medida que há o
interesse pelo tratamento psicológico e quando há possibilidade de fazer um
atendimento individual, encaixa-se em horários disponíveis. Periodicamente, é feito um
atendimento grupal às quintas-feiras. Também, faz-se um atendimento familiar, com
vistas ao atendimento da criança e uma compreensão maior e melhor do funcionamento
familiar. O profissional comenta que a psicoterapia é um trabalho importantíssimo e
essencial no tratamento de doenças endocrinológicas. Questões emocionais, que
desencadeiam o diabetes, acabam exacerbando os sintomas da doença. Quando
aspectos psicológicos são investigados, são conduzidos, são tratados, o paciente
17
começa a elaborar melhor sua vida psíquica, desenvolvendo uma melhor qualidade de
vida.
Durante o período da pesquisa, os pacientes estavam sendo cadastrados,
pelo Serviço Farmacêutico, com a finalidade de receber o cartão SUS. O Farmacêutico
Estevam relatou que tal cadastramento é para que o Ministério da Saúde mande
insumos necessários (seringas, fitas, lancetas) ao tratamento do paciente diabético em
contra-partida a um fornecimento de insulina rápida ou regular pelo Município.
Atualmente, dispensa-se insulina humana (rápida ou regular e a N ou de média
duração), os antidiabéticos (metiformina e glibenclamida), os anti-hipertensivos
(captopril, enalapril e propranolol) , conforme prescrição médica.
3.2 DADOS COLETADOS
No início da pesquisa, havia 11688 prontuários registrados na Casa do
Diabético e, ao término, havia 11816. Uma amostra de 817 prontuários foi analisada, o
de nº 11000 ao 11816. Destes, 515 casos eram de pacientes com outras patologias
endócrinas (crescimento; Distúrbios da Determinação/Diferenciação Sexual; Puberdade;
Tireóide; Metabolismo; Diabetes Insipidus; Adrenal). 40 casos eram pacientes com
Diabetes mellitus tipo 1 e 262 com Diabetes mellitus tipo 2. Destes, 34 casos ocorriam
juntamente com outras patologias endócrinas ou foram desencadeados pela gravidez.
Portanto, foram identificados e estudados 228 pacientes com Diabetes mellitus tipo 2.
Consta, no prontuário do paciente, o protocolo de atendimento ao diabético,
um documento que registra sua identificação (nome, idade, sexo, procedência e
profissão), quadro clínico (duração conhecida da doença), sintomatologia atual,
antecedentes pessoais , hábitos de vida, antecedentes familiares. Com base nestas
informações, levantou-se os dados.
Os casos analisados foram registrados, junto à Casa do Diabético, nos anos
18
de 2003, 2004 e 2005 e a idade dos pacientes consideradas quando surgiu a doença,
ou seja, com base na duração conhecida da doença, fez-se o cálculo da idade do
paciente quando o mal se instalou.
3.2.1 Análise dos Dados
O Dr. Mauro, Endocrinologista da Casa do Diabético, esclarece que os
transtornos do Diabetes mellitus devem ser separados em Complicações Agudas, que
são decorrentes de uma elevação da taxa dos níveis glicêmicos, São sintomas, que se
revertem facilmente com a terapêutica mais a dieta, estes sintomas seriam a sede
excessiva, a urina em demasia, principalmente fraquezas, dores musculares, cansaço,
decorrentes do não aproveitamento dos açúcares por falta relativa ou absoluta de
insulina e as Complicações Crônicas, onde se procura abordar o paciente para que ele
tenha uma adesão maior ao tratamento e evitar essas complicações, que podem ser
divididas em macro-vasculares: sendo as principais em decorrência do Diabetes
mellitus tipo 2 (doenças cardiovasculares: derrames, úlceras e lesões, que podem levar
à amputações) e as micro-vasculares, que acometem os rins e os olhos. Seria a
nefropatia, que pode levar a diálise, devido à insuficiência renal e a oftalmopatia ou
retinopatia, que leva a cegueira, sendo que a principal causa de cegueira adquirida é o
Diabetes mellitus.
19
Tabela 1 – Ocorrências do Diabetes mellitus tipo 2, tendo-se como parâmetros sexo e a
idade,
SEXO
IDADE
FEMININO MASCULINO
15-29 11 4
30-39 20 25
40-64 84 61
> 65 8 15
TOTAL 123 105
O levantamento de dados revelou (tabela 1) que o Diabetes mellitus tipo 2 ocorre
com mais freqüência no sexo feminino, ou seja, 54% do diabéticos são mulheres. A
faixa etária com maior índice de surgimento do mal se situa entre os 40 a 64 anos,
sendo 68% dos casos no sexo feminino e 58% no sexo masculino. No entanto, é
considerável a manifestação da doença na faixa etária entre os 15 aos 39 anos, sendo
25% dos casos no sexo feminino e 28% no sexo masculino.
20
Tabela 2 – Ocorrência do Diabetes mellitus na Família
SEXO
E
IDADE
FEMININO
MASCULINO
15-29 30-39 40-64 > 65 Total
15-29 30-39 40-64
> 65 Total
PARENTES
DIABÉTICOS 6 8 27 1 42 1 9 20 4 34
Entre as mulheres, 42 ou 34% relataram casos da doença em seus familiares.
Entre os homens, 34 ou 32% relataram antecedentes familiares.
Tabela 3 – Diabéticos com Obesidade
SEXO
E
IDADE
FEMININO
MASCULINO
15-29 30-39 40-64 > 65 Total
15-29 30-39 40-64
> 65 Total
DIABÉTICOS
OBESOS 9 8 14 0 31 1 2 8 2 13
Os diabéticos obesos, 44 pacientes, 70,50% são do sexo feminino, sendo que
55% delas se localizam na faixa etária entre os 15 aos 39 anos. (tabela 3).
21
Tabela 4 – Diabetes mellitus e Hábitos de vida
SEXO
E
IDADE
HÁBITOS
DE
VIDA
FEMININO MASCULINO
15-29 30-39
40-64 > 65 Total 15-29 30-39 40-64
> 65 Total
ETILISMO 0 0 1 0 1 1 5 9 1 16
TABAGISMO 3 0 9 0 12 1 5 12 2 20
TOTAL 3 0 10 0 13 2 10 21 3 36
Os hábitos de vida como o etilismo (alcoolismo) e o tabagismo são mais
freqüentes entre os homens. Dos 49 diabéticos, que os declararam, 36 ou 79,50% são
do sexo masculino (tabela 4).
O Dr. Júlio, Endocrinologista da Casa do Diabético, declarou que o perfil do
paciente acometido pelo Diabetes mellitus tipo 2 é o paciente mau tratado, indisciplinado
que não tem regularidade no tratamento, faz uso irregular de medicação, dietas
desapropriadas, falta de atividade física. Geralmente é o paciente obeso, sedentário e
que tenha uma capacidade de entender e de seguir o tratamento direitinho. O
Profissional também relata que a situação sócio-econômica do paciente é um fator
importante no tratamento da doença. Estatisticamente o analfabetismo, a pobreza, a
22
capacidade de não entender o tratamento, de não conseguir ler receita, isso influencia e
muito no tratamento.
O Dr Celso, Endocrinologista da Casa do Diabético , afirma: Hoje,
estamos pegando adolescentes com todas as características do Diabetes tipo 2, a
pessoa obesa, com aquelas manifestações de pele tipo acantose, que mostra que o
Diabetes não é tanto por uma deficiência de insulina, mas mais por uma resistência
periférica. Então você começa a ter o Diabetes tipo 2 que acontecia lá na frente,
acontecendo em faixa etária menor. O Transtorno aí é evidente porque você tem um
processo que antes se iniciava lá pelos 50 ou 60 anos para frente e que teria um tempo
X para se desenvolver as complicações, agora não. Agora, você tem jovem de 15 anos
de idade desenvolvendo o Diabetes mellitus tipo 2, e vai conviver com essa doença, 30,
40, 50 anos para frente. O início muito mais precoce deste Diabetes tipo 2, que é
determinado por vida moderna, por obesidade. Quando você analisa, pelo menos o que
tem de estatística mundial de obesidade, quando você pega as várias décadas 60, 70,
80 (dos anos 1900) você vê que a obesidade só cresce. Como a doença está
intimamente ligada à obesidade, ela vai cada vez ter uma freqüência maior e cada vez
em faixas etárias mais jovens.
A Equipe de Jornalismo da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), em
01.08.2004, fez a seguinte matéria:
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), de julho/2004, apontam a existência de 171
Milhões de portadores de diabetes no mundo. No entanto, se comparado ao relatório da
International Diabetes Federation (IDF) e a International Association for the Study of Obesity
(IASO), esse número já está defasado. Ambos divulgaram, em maio deste ano, que o diabetes,
na verdade, afeta 194 milhões de pessoas.
A explicação para esses números pode estar nas diferentes metodologias adotadas por cada
organização. De qualquer forma, tanto os resultados da OMS quanto os da IDFe IASO mostram
uma escalada epidêmica do diabetes no mundo. E todos concordam: a obesidade é o principal
fator que leva os indivíduos com herança genética a desenvolverem o diabetes tipo 2.
23
Logo, a prevenção continua sendo imprescindível. A IDF, por exemplo, revela que 90% dos
casos de diabetes são do tipo 2. E mais: estima-se que 80% delas estão obesas ou acima do
peso. O excesso de gordura aumenta a resistência à insulina, elevando os níveis de glicose no
sangue.
Quando questionado, se com os níveis glicêmicos controlados, sintomas como:
alterações visuais, parestesias, impotência, dor em extremidades desapareceriam ou
retardariam a instalação efetiva de uma complicação, o Dr. Celso esclarece: O que a
gente sabe é que a glicemia alterada é um fator inequívoco na patogênese dessas
complicações. Então, veja bem, você tem glicemias elevadas, não sabe o mecanismo
intrínseco, porque a glicemia elevada causa isso, mas que é ela que causa este tipo de
transtorno não tenha dúvida alguma. Então, glicemia elevada por muito tempo, começa-
se a ter deterioração dessa parte vascular, dessa parte neural, enfim, essas lesões
todas são irreversíveis. Uma vez iniciado, por exemplo, um envolvimento renal, uma
nefropatia diabética, ela vai evoluir. A neuropatia também vai evoluir. Então, estas
complicações crônicas, são irreversíveis. O que você consegue com um bom controle
dos pacientes, que não as têm, se você está iniciando o tratamento, é evitar que os
pacientes mantenham a glicemia alta, Pode-se protelar, pode-se minimizar essas
complicações com o tempo, dificilmente se consegue manter o paciente sem nenhuma
complicação. Então, mesmo o paciente que já tem a complicação instalada, por
exemplo: frente a uma retinopatia, uma nefropatia, pode não se reverter este processo,
mas fazer com que ele evolua mais lentamente. Agora, que ele vai evoluir, ele vai.
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Tabele 6 – Sintomas mais freqüentes
SEXO E
IDADE
SINTOMAS
FEMININO MASCULINO
15-29 30-39 40-64 > 65 Total 15-29 30-39 40-64 > 65 Total
Poliúria 4 5 24 2 35 2 8 18 5 33
Polidipsia 3 5 24 1 33 2 6 19 4 31
Polifagia 4 4 3 0 11 0 1 6 1 8
Perda de Peso 2 4 13 1 20 2 9 18 2 31
Aumento de Peso 2 0 2 0 4 0 2 3 0 5
Alterações Visuais 2 8 26 2 38 0 8 14 3 25
Fraqueza 0 4 9 0 13 0 5 8 3 16
Edema 2 2 5 2 11 1 3 5 0 9
Infec. Genit-urinário 2 1 4 0 7 0 0 1 1 2
Nervosismo 2 2 10 1 15 0 0 6 0 6
Parestesias 1 4 15 3 23 0 3 7 1 11
Impotência Sexual 0 1 1 0 2 0 2 3 0 5
Dor Extremidades 1 6 29 0 36 0 4 15 2 21
Tonturas 0 1 7 1 9 0 1 5 1 7
TOTAL 25 47 172 13 257 7 52 128 23 210
Os sintomas com maior freqüência (tabela 6): 68 pacientes ou 30% relataram
poliúria, 64 ou 28% relataram polidipsia, 63 ou 27,6% relataram alterações visuais, 57
ou 25% relataram dor em extremidades, 34 ou 15% relataram parestesias. Na faixa
etária entre 15 a 39 anos, as alterações visuais se desenvolveram na freqüência de
32%, as dores em extremidades na freqüência de 22,6% e as parestesias em 16% dos
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pacientes femininos. Nos pacientes masculinos, estes valores foram, respectivamente,
de: 27%, 14% e 10%.
Tabela 7 – Complicações Crônicas em decorrência do Diabetes mellitus tipo 2
SEXO E
IDADE
COMPLICAÇÕES
FEMININO MASCULINO
15-29 30-39 40-64 > 65 Total 15-29 30-39 40-64 > 65 Total
Cardiopatias 0 1 13 0 14 1 1 14 5 21
Doença Cérebro
Vascular
0 0 2 1 3 0 0 6 2 8
Hipertensão Arterial 2 12 67 6 87 2 2 39 8 51
Psicopatologias 1 0 3 0 4 0 1 4 0 5
Nefropatias 1 2 3 0 6 0 1 5 0 6
Neuropatias 1 0 3 0 4 0 4 5 1 10
Doenças Oculares 1 2 11 2 16 0 2 3 1 6
Pé Diabético 1 1 4 0 6 1 0 1 0 2
TOTAL 8 18 106 9 140 4 11 77 17 109
Entre os diabéticos, que desenvolveram complicações crônicas em decorrência
do mal, as cardiopatias e a hipertensão arterial ocorreram na freqüência de 14% e
55,40%, respectivamente. Entre os homens com complicações, 19% desenvolveram
cardiopatias e 47% são hipertensos. Entre as mulheres, 10% desenvolveram
cardiopatias e 62% são hipertensas
O Dr. Marco Aurélio, Médico Cardiologista do Núcleo de Gestão Assistencial
relata que sempre o médico cardiologista suspeita que cardiopatias e hipertensão
26
arterial podem estar relacionados ao Diabetes mellitus tipo 2; sendo assim, já faz parte
da rotina do Cardiologista, o exame de glicemia em jejum e pós-prandial.,
As doenças Cérebro vasculares ocorreram numa freqüência de 4,40% entre os
diabéticos com complicações crônicas e as neuropatias na freqüência de 5,60%. Tais
problemas tiveram uma incidência maior no sexo masculino, sendo de 73% e 71% dos
casos respectivamente. Os homens situados na faixa etária entre os 30 a 39 anos
desenvolveram neuropatias na freqüência de 40%.
O Médico Neurologista do Núcleo de Gestão Assistência, Dr. Elesbom declara:
Quando o paciente refere dormência ou uma sensibilidade alterada nas pernas ou nas
mãos, nós já temos a obrigação de afastar o Diabetes mellitus . Por outro lado, o
paciente chega com uma lesão de pares cranianos, o distúrbio relacionado ao 8º par,
ligado à audição, está ligado a uma descompensação do Diabetes mellitus, sem contar
com distúrbios próprios metabólicos, como lesões mais avançadas de úlceras nas
extremidades que você, automaticamente, tem a obrigação de descartar ou confirmar o
Diabetes mellitus.
As nefropatias ocorreram numa freqüência de 4,80%, em ambos os sexos.
O Dr. Vaner, nefrologista do Núcleo de Gestão Assistencial relata que: o paciente
ter complicações renais e você suspeitar que ele é diabético, por causa da complicação
renal, isso é praticamente impossível, porque o comprometimento renal, provocado pelo
Diabetes, só ocorre no mínimo 15 anos depois, isso no Diabetes tipo 1 e no Diabetes
tipo 2 é mais tempo ainda, de evolução da doença.
Responsáveis por 9% das ocorrências de complicações desencadeadas pelo
Diabetes, as doenças oculares apresentam maior incidência no sexo feminino, ou seja,
em 73% dos casos registrados. As mulheres situadas na faixa etária entre os 15 aos 39
anos desenvolveram o problema na freqüência de 19%.
27
A Dra. Lucile, Médica Oftalmologista do Centro Oftalmológico de Franca, declara
que: há 5 anos, faz o trabalho na Casa do Diabético para o mapeamento de retina, que
é o exame de fundo de olho para o Diabético. Ela refere que, no momento do
diagnóstico do Diabetes mellitus tipo 2, já deve ser solicitado um mapeamento de retina.
No tipo 1, normalmente a OMS (Organização Mundial de Saúde) pede a partir dos 5
anos de diagnóstico. Infelizmente, no tipo 2, o diagnóstico é tardio, mais da metade dos
pacientes não sabem ser portadores e, muitas vezes, no momento do diagnóstico já
apresentam algum grau de retinopatia. Então, assim que a pessoa sabe que é diabética,
deve fazer exame de fundo de olho a cada 6 meses, pelo menos. A Médica acrescenta,
ainda, que suspeita da existência de retinopatia quando em um exame de rotina, não tão
específico como o mapeamento, já se constatam hemorragias, exsudados. São
extravasamento de líquidos ou de gordura na retina, que se apresentam como pontos
avermelhados ou esbranquiçados no fundo de olho. Então, mesmo a pessoa não
sabendo ser diabética, só com o exame de fundo de olho já se pode levantar a suspeita
da pessoa ser diabética. Não só retinopatias, pacientes de meia idade, com cinqüenta e
poucos anos, de acordo com o tipo de catarata, algumas são bem típicas dos diabéticos.
no exame de rotina, constatando-se esse tipo de catarata, imediatamente eu já peço o
exame de glicemia e o da hemoglobina glicada A catarata é natural da idade,
normalmente ela acontece em torno dos sessenta e cinco, setenta anos, quando o
paciente mais jovem, entre quarenta e cinco, cinqüenta anos, apresenta uma catarata,
suspeita-se do Diabetes. Uma coisa muito importante é o seguinte: as pessoas, às
vezes, não podem só fazer um exame de glicemia uma vez a cada dois anos e achar
que realmente não são diabéticos. A glicemia de jejum pode dar falso-negativo.
Aparentemente, está normal, mas ela pode ter picos de hiperglicemia. Para os meus
pacientes, eu sempre peço a glicemia de jejum, a pós-prandial e a hemoglobina glicada
que é a que faz a média dos últimos três meses, já que ela mede a glicose ligada na
28
hemoglobina. A pessoa teve picos de hiperglicemia e não aparecem nos exames, nesse
exame vai aparecer.
O Dr. Plínio, Médico Oftalmologista do Centro Oftalmológico de Franca, acredita
que a cada cinqüenta novas consultas, há 15 solicitações semanais, em média, de
exames fundoscópico específicos para o Diabetes, o mapeamento de retina.
Outra complicação crônica observada, o Pé-diabético. Este problema ocorreu em
uma freqüência de 3,2% naqueles que desenvolveram complicações, sendo que 75%
dos casos se verificaram entre as mulheres.
As Psicopatologias se apresentaram na freqüência de 3,60%, sendo 55% das
ocorrências no sexo masculino e 45% no sexo feminino.
Tabela 8 – Distribuição Atual (ano de 2005), por faixa etária, dos pacientes diabéticos
estudados
SEXO
IDADE
FEMININO MASCULINO
15-29 4 2
30-39 10 12
40-64 77 64
> 65 32 27
TOTAL 123 105
29
O grupo dos pacientes estudados está distribuído, atualmente (ano de 2005), nas
faixas etárias expostas na tabela 8. É de 12,30% a freqüência dos diabéticos, que estão
abaixo dos 40 anos. Coincidentemente, 50% em ambos os sexos.
3.3 PROGRAMAS SOCIAS EXISTENTES NO MUNICÍPIO
A Senhora Rosane Aparecida G. M. Alonso, Chefe do Serviço de Auditoria e
Controle da Secretaria de Saúde de Franca, declarou que: há todo um trabalho dentro
da Unidade Básica de Saúde (UBS). Tem um protocolo, que é seguido para fornecer o
medicamento diretamente ao diabético hipertenso. Tem, especialmente, a Casa do
Diabético para trabalhar o paciente. O protocolo já realizado na Casa do Diabético pelo
Endocrinologista, é seguido pelo Clínico ou Pediatra na UBS. Há uma rotina de exames
a serem feitos, dependendo do resultado, do diagnóstico desse acompanhamento, o
paciente é encaminhado para Casa do Diabético. Ele é contra-referenciado. A Casa do
Diabético não é uma porta aberta, o paciente só vai para lá se estiver referenciado da
UBS ou do Núcleo de Gestão Assistencial (NGA-16). A Representante da Secretaria
Municipal de Saúde informa que há na cidade de Franca, quatorze (14) Unidades
Básicas de Saúde e que, em cada uma delas, existe um programa direcionado ao
paciente diabético. O NGA é um Núcleo de especialidade, é o nosso serviço de Atenção
Secundária. O Município integra a DIR-XIII (Direção Regional de Saúde). São várias
Regionais no estado de São Paulo. A DIR-13 é uma delas e a sede é em Franca, que
engloba vinte e dois (22) municípios: Ribeirão Corrente, Restinga, São José da Bela
Vista, Rifaina, Pedregulho, Itirapuã, Ituverava, Franca, são vinte e dois municípios..
Ocorre, também, uma invasão do pessoal do Sul de Minas: Claraval, Capetinga, Ibiraci,
tem muita gente que pega insulina e que faz o tratamento na Casa do diabético porque
é mais fácil eles virem para cá do que irem para as Regionais deles.
30
3.4 DIFICULDADES E SUGESTÕES DOS PROFISSIONAIS
O Psicólogo Jonas esclarece que o tratamento das crianças e adolescentes é
insuficiente. Infelizmente, nós não temos a estrutura necessária: material, espaço,
quantidade de profissionais para que seja realizado esse trabalho, que é insuficiente e
superficial. Sugere a interdisciplinariedade. Que ocorram momentos demarcados de
interação e discussão de procedimentos, onde as pessoas, os diversos profissionais
possam interagir com o seu saber, que é específico na sua profissão e fazerem
apontamentos necessários para um melhor andamento.
Esta sugestão é compartilhada pela Nutricionista Renata, declarando que o
Serviço precisa de uma reestruturação, no sentido de fluir melhor o trabalho de cada
profissional, ter uma convivência e participação maior entre as áreas e acrescenta, que
se sente gratificada quando encontra um paciente que está com um controle bom e feliz.
O Farmacêutico Estevam relata que há necessidade de recursos humanos, maior
disponibilidade de pessoal para a dispensação de medicamentos. É uma
responsabilidade muito grande estar dispensando, orientando como se armazenar a
insulina, que é uma proteína. Não pode ser congelada, tem muita gente que quer
carregar no gelo, quer por no congelador. Outros, deixam em cima do painel do carro,
no sol. A insulina denaturada perde o efeito e frisa que o lugar mais importante do
farmacêutico é nesse tipo de orientação porque você explicar, que a insulina é uma
proteína, que não pode ser aquecida, não pode ser resfriada porque será denaturada,
isto é extremamente complicado.
A Assistente Social Miriam informa que a educação e uma Política de Saúde
Preventiva são fundamentais. Enquanto não se começar lá da escola, criando um
processo educativo, na hora que o paciente chegar aqui, vai ter dificuldade, ter que
mudar completamente os hábitos alimentares, hábitos de vida, sendo um problema de
educação mesmo. Às vezes, a gente está atendendo um usuário que é diabético e ele
31
vem acompanhado de um filho ou de uma filha obesa, sedentária. Teria que se fazer um
trabalho preventivo com essa família. Aqui, agente não tem isso. A equipe fica só no
curativo. A Profissional acredita que a Diretriz que se tem de Política Nacional de Saúde,
Políticas Estaduais e Municipais, é voltada muito para o curativo. Agente vê nos
protocolos, que há pouca atenção ao atendimento primário e quando você não tem uma
Política voltada ao atendimento primário, você não consegue, com os Profissionais,
estabelecer esse compromisso. O dia que tiver uma Política voltada para prevenção,
automaticamente os profissionais vão ter que se encaixar, aí não fica uma coisa
pessoal, do querer ou não da pessoa, é a Política e tem que ser seguida.
Ela cita que o Ministério da Saúde tem uma proposta excelente de atendimento
voltado ao renal crônico , só que meche nessa parte básica de prevenção, para que ele
não chegue na hemodiálise. Então é voltado para o atendimento à hipertensão e ao
Diabetes lá na atenção primária. Desde de outubro que nós temos conhecimento dessa
proposta, só que na prática não acontece nada e não precisa de recursos financeiros. O
recurso que o município tem de equipe de profissionais, de aparelhos, de unidades, há
condições de se organizar. Precisa organizar, reestruturar todo o atendimento. Precisa
de uma iniciativa Administrativa para que isso aconteça.
A Dra. Lucile declarou que assim que chegou em Franca, foi em todas as
Unidades Básicas de Saúde, fazendo o exame de fundo de olho voltado ao Diabetes.
Muita gente não tem dinheiro nem para pagar um ônibus. Há uma demanda reprimida
enorme. Eu gostaria de me propor a continuar fazendo este trabalho , mas já têm
consultas marcadas para dentro de dois (2) , três (3) meses.
O Dr. Mário, Médico Oftalmologista do Centro Oftalmológico de Franca, relata
que as dificuldades que se encontram hoje é convencer o paciente a tratar o Diabetes.
Muitas vezes, o paciente não sente nada e acha que as complicações acontecem só
com os outros e terá consciência da gravidade, quando perder a visão, ter que amputar
32
uma perna. O Profissional sugere que uma forma de conscientizar melhor o diabético,
seria a de palestras proferidas por pessoas diabéticas, contando suas histórias em uma
ONG (Organização não Governamental) só para diabéticos.
33
4 CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto, que o perfil do paciente diabético tipo 2, usuário do Sistema
Único de Saúde na cidade de Franca, é o de um indivíduo desconhecedor e resistente
às mudanças em seus hábitos de vida, quando se vê diante da instalação do mal.
Doença, que se desenvolve de maneira silenciosa, trazendo complicações como a
cegueira, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, amputações.
Tais complicações são de maior freqüência na faixa etária entre os quarenta a
sessenta e quatro anos, ou seja, 73% dos casos verificados. Acometendo em 17% os
pacientes situados na faixa etária entre os quinze a trinta e nove anos e em 10% os
maiores de sessenta e cinco anos. A hipertensão, seguida pelas doenças oculares, são
as de maior freqüência no sexo feminino, apresentando os valores de 62% e 11%
respectivamente, A hipertensão seguida pelas cardiopatias são as de maior freqüência
entre os homens, apresentando os valores de 47% e 19% respectivamente.
Existe um protocolo de atendimento ao paciente diabético seguido pelo
município. No entanto, faz-se necessário a melhoria do trabalho, principalmente na
atenção primária, que enfoca a prevenção e a educação de uma população para impedir
a ocorrência e/ou progressão do Mal.
34
REFERÊNCIAS
ALVES, Estevam Nogueira Rodrigues. Entrevista concedida pelo Farmacêutico da Casa do Diabético. Entrevistadora: D. C. Bartocci. Franca, 29 abr. 2005.
ANANIAS, Jonas José Gomes. Entrevista concedida pelo Psicólogo da Casa do Diabético. Entrevistadora: D. C. Bartocci. Franca, 13 jul. 2005.
ANDRADE, Carlos Drumond de. Farewell. Rio de Janeiro: Record, 1996.
ANDRADE, Renata de. Entrevista concedida pela Nutricionista da Casa do Diabético. Entrevistadora: D. C. Bartocci, Franca, 20 jul. 2005.
ARANTES, Marco Aurélio Almeida. Entrevista concedida pelo Cardiologista do Núcleo de Gestão Assistencial. Entrevistadora: D. C. Bartocci. Franca, 6 ma. 2005.
BORSARI, Francisca Faleiros. Entrevista concedida pela Enfermeira e Gerente Administrativa da Casa do Diabético. Entrevistadora: D. C. Bartocci. Franca, 29 abr. 2005.
COSTA, Arual Augusto; ALMEIDA NETO, João Sérgio de. Manual de Diabetes: alimentação. São Paulo: Savier, 1992.
FIGUEIREDO, Mauro Roberto de Castro. Entrevista concedida pelo Endocrinologista da Casa do Diabético. Entrevistadora: D. C. Bartocci. Franca, 20 ma. 2005.
KARSON, Peter; GEROROK, Wolfgang; GROSS, Werner. Patobioquímica: hormônios pancreáticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.
LEITE, Miriam Lúcia Maximiniano. Entrevista concedida pela Assistente Social da Casa do Diabético. Entrevistadora: D.C. Bartocci. Franca, 20 jul. 2005.
LUCAS, Júlio César Batista. Entrevista concedida pelo Endocrinologista da Casa do diabético. Entrevistadora: D. C. Bartocci. Franca, 29 abr. 2005.
MAGLIO JÚNIOR, Mário José. Entrevista concedida pelo oftalmologista do Centro Oftálmico. Entrevistadora D. C. Bartocci. Franca, 29 abr. 2005.
MAZZINI, Celso Ernesto. Entrevista concedida pelo Endocrinologista da Casa do Diabético. Entrevistadora: D. C. Bartocci. Franca, 07 jul. 2005.
35
MOSCARDINE, Rosana Aparecida Gomes. Entrevista concedida pela Chefe do Serviço de Auditoria e Controle da Secretaria de Saúde. Entrevistadora: D.C. Bartocci. Franca, 29 abr. 2005.
PAULA, Elesbom Barbosa de. Entrevista concedida pelo Neurologista do Núcleo de Gestão Assistencial. Entrevistadora: D. C. Bartocci. Franca, 26 jul. 2005.
PEDIGONI, José Vaner. Entrevista concedida pelo Nefrologista do Núcleo de Gestão Assistencial. Entrevistadora: D.C. Bartocci. Franca, 6 ma. 2005.
SBD SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 18Th International Diabetes Federation Congress. http://www.diabetes.org.br/imprensa/entrevista/index.phd . Acesso em: 30 dezembro 2004.
SPIRLANDELI, Lucile Murta Vieira. Entrevista concedida pela Oftalmologista do Centro oftalmológico. Entrevistadora: D. C. Bartocci. Franca, 3 ma. 2005.
VIEIRA, Plínio Cantiere Murta. Entrevista concedida pelo Oftalmologista do Centro oftalmológico. Entrevistadora: D.C. Bartocci. Franca, 29 abr. 2005.
WYNGAARDEN, James B.; SMITH Jr., Lloyd H . Cecil Tratado de Medicina Interna: doenças metabólicas. 16. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1984. V. 1
36
APÊNDICE – Questionários Norteadores para as entrevistas
Assistente Social
1ª Identificação da Entrevistada
2ª Qual o Protocolo de Atendimento aos portadores de Diabetes mellius tipo 2
seguido pela Profissional da Assistência Social, junto à Casa do diabético?
3ª Existe um acompanhamento domiciliar dos pacientes?
4ª Quais as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia profissional?
5ª Sugestões
Cardiologista
1ª Identificação do Entrevistado
2ª Quando o Médico Cardiologista suspeita que infarto agudo do miocárdio,
hipertensão arterial podem estar relacionados ao Diabetes mellitus tipo 2, sem o
paciente relatar ser diabético?
Endocrinologista
1ª Identificação do entrevistado
2ª Quais os principais Transtornos em decorrência do Diabetes mellitus tipo 2
verificados em seu dia-a-dia profissional?
3ª Qual o perfil do paciente acometido por esse mal?
4ª Pacientes na faixa etária entre os 15 a 40 anos apresentam transtornos em
decorrência do Diabetes mellitus tipo 2?
5ª Na busca de dados nos prontuários dos pacientes, observam-se sintomas como:
alterações visuais, parestesias, impotência, dor em extremidades. Com um
37
adequado controle glicêmico, tais sintomas desaparecem ou retardam a instalação
efetiva de um transtorno em decorrência deste mal?
Farmacêutico
1ª Identificação do entrevistado
2ª Os pacientes diabéticos, que possuem o Cartão SUS (Sistema Único de Saúde),
estão inseridos em Programas que favorecem o seu tratamento e possibilitam o
controle do Mal pelo município?
3ª O Esquema Terapêutico emprega a insulina, agentes antidiabéticos orais e anti-
hipertensivos. Pode mencionar, no caso dos antidiabéticos e anti-hipertensivos, seus
princípios ativos? E quais insulinas de escolha?
4ª Quais as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia profissional?
5ª Sugestões
Gerente Administrativa da Casa do Diabético
1ª Identificação da entrevistada
2ª Qual a data de fundação da Instituição?
3ª È mantida por?
4ª O prédio pertence?
5ª Qual o público atendido?
6ª Qual o papel da Instituição?
7ª Quantos Endocrinologistas atuam na Casa do diabético?
8ª Qual o horário dos trabalhos?
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Nefrologista
1ª Identificação do entrevistado
2ª Quando o Nefrologista suspeita que doenças renais podem estar relacionadas ao
Diabetes mellitus tipo 2, sem o paciente relatar ser diabético?
Neurologista
1ª Identificação do entrevistado
2ª Quando o Neurologista suspeita que neuropatias podem estar relacionadas ao
Diabetes mellitus tipo 2, sem o paciente relatar ser diabético?
Nutricionista
1ª Identificação da entrevistada
2ª Qual o protocolo de atendimento aos portadores do Diabetes mellitus tipo 2
seguido pela profissional da Nutrição, junto à Casa do Diabético?
3ª Hábitos alimentares equivocados são um dos principais fatores desencadeantes
do Diabetes mellitus tipo 2. Qual o procedimento adotado para o obeso?
4ª Sugestões
Oftalmologista
1ª Identificação dos entrevistados
2ª Quando o Oftalmologista suspeita que retinopatias podem estar relacionados ao
Diabetes mellitus tipo 2, sem o paciente relatar ser diabético?
3ª Há muitos casos verificados em seu dia-a-dia profissional?
4ª Quais são as dificuldades enfrentada?
5ª Sugestões
39
Psicólogo
1ª Identificação do entrevistado
2ª Qual o Protocolo de atendimento aos portadores de Diabetes mellitus tipo 2,
seguido pelo Profissional da Saúde Mental, junto à Casa do diabético?
3ª É um trabalho preventivo à doença, em qualquer estágio de sua evolução. Sendo
assim, comente a psicoterapia individual e/ou de grupo.
4ª Realiza-se uma terapia do grupo familiar?
5ª Quais as dificuldades enfrentadas
6ª Sugestões
Secretaria Municipal de Saúde
1ª Identificação da entrevistada
2ª Há Programas Sociais direcionados ao diabético e conscientização da população
sobre o Mal?
3ª Qual o Protocolo a ser seguido para a constatação, registro e acompanhamento
de casos de Diabetes mellitus tipo 2 na cidade de Franca?
4ª Quantos municípios integram a DIR – XIII?
5ª Há mais municípios beneficiados com estes Programas?
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