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À GLÓRIA DO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO AugRespLojSimbJUSTIÇA E LEALDADE Nº 15 “Nom Multum, sed Multum” Orde Chapecó – SC Jurisdicionada à GLRRSREAA1 OS VÍCIOS NO GRAU DE APRENDIZ FRANCO MAÇOM IrMMAndré Fossá Orde Chapecó, 14 de Outubro de 2013, EV

OS VÍCIOS DO GRAU DE APRENDIZ FRANCO MAÇOM

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Breves comentários acerca dos Vícios a serem trancados na masmorra pelo Aprendiz Maçom.

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OS VÍCIOS NO GRAU DE APRENDIZ FRANCO MAÇOM

Ir∴M∴M∴ André Fossá Or∴ de Chapecó, 14 de Outubro de 2013, E∴V∴

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SUMÁRIO

1 – Introdução.................................................................................................................................... 03 2 – Luxúria.........................................................................................................................................04 3 – Ira..................................................................................................................................................06 4 – Acídia...........................................................................................................................................08 5 – Inveja. ......................................................................................................................................... 10 6 – Avareza........................................................................................................................................ 12 7 – Orgulho........................................................................................................................................ 14 8 – Gula............................................................................................................................................. 17 9 – Conclusão.....................................................................................................................................20 10 - Bibliografia................................................................................................................................ 21

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INTRODUÇÃO

Os Vícios são necessários.

As Virtudes são os próprios Vícios que foram dominados integralmente. Os Defeitos Capitais são poderes que saíram do controle (Sérgio R. Franco).

Os nossos próprios vícios, quando os pisamos, nos servem para a construção de uma escada com que atingimos as alturas. (Santo Agostinho)

Vaidade não é grandeza, é inchaço. E o que está inchado, nunca é sadio.

(Santo Agostinho)

Esta Peça de Arquitetura é dedicada à Academia do Espírito Santo, a qual até os dias de hoje me instrui e me deixa saudades... A grande maioria dos textos aqui transcritos são produtos desta Augusta Academia, pelo quê solicito-vos permissão para tanto.

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LUXÚRIA

Texto próprio

Também conhecida como Lascívia, que no Dicionário Aurélio, significa resumidamente

“comportamento desregrado com relação aos prazeres do sexo”. A Luxúria (do latim luxuriae) é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Também pode ser entendido em seu sentido original: “deixar-se dominar pelas paixões”. No Catolicismo: Serve de "porta" para levar a outros pecados. Os católicos tem tendem a considerar a luxúria, a mãe da prostituição, sodomia, pornografia, incesto, pedofilia, zoofilia ou bestialismo, fetichismo, sadismo (busca de prazer infligindo dor ao parceiro) e masoquismo, desvios sexuais e tantos outros pecados relacionados com a carne. A luxúria é, em meu entendimento, mãe dos vícios relacionados ao sexo, porém, vai muito além disto. No Bhagavad Gita: "É a luxúria, nascida dentre a paixão, que se transforma em ira quando insatisfeita. A luxúria é insaciável, e é um grande demônio. Conheça-a como o inimigo." (3.37) No Budismo: No mito, Buda se dirige à floresta e lá tem conversações com os mestres da época. Então ultrapassa-os e, após um período de provações e de busca, chega à árvore boddhi, a árvore da iluminação, onde igualmente enfrenta três tentações (isso quinhentos anos antes de Cristo). A primeira tentação é a da luxúria, a segunda, a do medo e a terceira, a da submissão à opinião alheia.

Na primeira tentação, o Senhor da Luxúria exibe suas três belíssimas filhas diante de

Sidarta. Seus nomes são Desejo, Satisfação e Arrependimento - passado, presente e futuro. Mas o Buda, que já se havia libertado do apego a toda a sensualidade, não se comoveu

Então o Senhor da Luxúria se transformou no senhor da Morte e lançou contra Sidarta, o

Buda, todas as armas de um exército de monstros. Se Sidarta se apavorar, todas as armas se materializariam. Mas o Buda tinha encontrado em si mesmo aquele ponto imóvel, interior, o self, como diria Jung, que pertence à eternidade, intocado pelo tempo. Uma vez mais não se comoveu e as armas atiradas se transformaram em flores de reverência.

Disse Santo Agostinho que: “O pecado é o excesso do bom”.

A luxúria não se restringe ao sexo, Ela vive nos lençóis de seda, no colchão profundo, no suéter macio, no carro BMW, no tênis da Nike, na bolsa Louis Vitton, na marca da camisa. Sim, nas etiquetas, por que a boa qualidade não é questão de luxúria. A noção de luxúria nos faz considerar quatro significados: Liberalidade: Qualidade ou condição de liberal, donativo feito por indivíduo liberal, generoso; Liberdade: ausência de submissão e servidão. Autonomia, independência.

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Libertinagem: é todo ato em que o indivíduo pratica em sua ação descontroladamente sem senso crítico da realidade. Vive nos prazeres e delícias de tudo aquilo que o mundo pode oferecer. Libido: (do latim, significando "desejo" ou "anseio") é caracterizada como a energia aproveitável para os instintos de vida. De acordo com Freud, o ser humano apresenta uma fonte de energia separada para cada um dos instintos gerais. Abaixo transcrevo um texto melodramático escrito por mim mesmo no ano de 2011, em uma outra “época” em uma outra “situação”: Está escondido. Está à espreita. Está esperando. O vício é um vírus que se desperta e que age quando a imunidade está baixa. Por que é que temos vícios? Por que é que temos que aprender a conviver com os vícios? Por que é que temos que dominá-los? Bem, esta resposta é conhecida, qual seja: receber a iluminação maior! Mas, e se não dominarmos os vícios, ficaremos imersos na eternidade buscando a iluminação? E se partíssemos de um prisma diferente. Se analisássemos o vício como algo útil. Um prego que precisa existir para firmar as pernas de uma mesa. O cal que queima a pele mas necessário ao cimento bom, firme e adequado par construir abrigos. O vício é um dilema. Dominá-lo é difícil. Deixar-se dominar é pior ainda. Será que o vício é maior que a nossa Vontade? Mas o que é e em que consiste a Verdadeira Vontade? A luxúria chega a me dominar. A luxúria é o meu demônio. A luxúria é o que rasga meu peito, dilacera o coração, corrompe a alma e faz ter ainda mais certeza de quão pequeno eu sou. Eu, um ser de alma, de espírito, de mente, deixar que a luxúria invada meu ser e, mesmo que por alguns instantes, dite as regras à minha alma! Momentos antes da luxúria dominar, é como se estivéssemos para fazer algo muito normal, cotidiano. Durante a atuação da luxúria, até nos passa uma leve impressão que aquilo que está sendo feito é errado, não é salutar, mas mesmo assim a gente faz. Quando a luxúria vai embora, deixa uma de suas superiores: a culpa. E muitas vezes nos sentimos miseráveis. Não sei qual é a pior. A luxúria que vem atropelando tudo aquilo que não está suportado pela Verdadeira Vontade; ou a culpa, que me faz inferior, miserável. Para o consciente a culpa se manifesta, logo, deve conscientizar que errou. Não posso ser sábio se não aplico aquilo que conheço. Não posso conjurar se sou conjurado.

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IRA

Texto próprio

São Jerônimo diz que a ira é a porta pela qual todos os vícios entram na alma. "Omnium vitiorum janua est iracundia”. A ira precipita os homens em ressentimentos, blasfêmias, atos de injustiça, detrações, escândalos e outras iniquidades, pois a paixão da ira escurece o entendimento e faz o homem agir como uma besta e um louco. "Caligavit ab indignatione oculus meus" – Jó 17:7. Meu olho perdeu a visão, por causa da indignação. Davi disse: "Meu olho está atribulado pela ira." - Salmo 30:10. Por isso, segundo São Boaventura, um homem irritado é incapaz de distinguir entre o que é justo e injusto. "Iratus non potest videre quod justum est, vel injustum".

Em uma palavra, São Jerônimo diz que a ira priva o homem da prudência, da razão e do

entendimento. "Ab omni consilio deturpat, ut donee irascitur, insanire credatur". Assim, São Tiago diz: "Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus." - Tiago 1:20. Os atos de um homem sob a influência da ira não podem estar de acordo com a justiça divina e, consequentemente, não podem ser irrepreensíveis.

O ódio traz consigo um desejo de vingança, pois, segundo Santo Tomás, a ira, quando totalmente voluntária, é acompanhada por um desejo de vingança. “Ira est appetitus vindictoe”. Mas talvez você diga: Se eu me ressinto de tal injúria, Deus terá piedade de mim, porque eu tenho motivos justos de ressentimento.

Impressionante é a ilusão que a Ira provoca em nossos sentidos, aflorando em nosso ego

e nos dando a impressão de que nos tornarmos um ser superior possuidor de toda e qualquer razão e rei único da Verdade Universal. A Ira automaticamente aflora a vaidade - e vice-versa, de modo que realmente nos tomamos por Senhores dos Homens, de Justiceiro da Verdade Única. Particularmente, quando fico raivoso, o que infelizmente ainda acontece comigo, tenho uma sensação falsa de leveza, de liberdade, como se eu fosse intocável, inatingível, supremo e soberano. Contudo, após passar esta farsa do ego dominado momentaneamente pela Ira, vem o arrependimento, o remorso, a culpa, o medo e o engano. Percebo então que a única pessoa que realmente atingi malgradamente, foi a mim mesmo.

Deixei que meus Vícios me dominassem, causando-me lesões em minha personalidade-

alma, sujando com lama meu ser, o que reverbera negativamente também na forma de doenças físicas. É por isso que sofro com a gastrite. Eu verdadeiramente mudei muito nos últimos 5 anos, e continuo a cada dia, meus objetivos tem se tornado claros a cada momento numa busca espiritual que me é cada vez mais sagrada. Continuando, parece-me ainda que a Ira se manifesta de diferentes formas em cada pessoa, e ainda numa mesma pessoa, ela se manifesta através de diferentes faces.

De outra banda, percebo que a Ira é um sentimento irracional que povoa

momentaneamente os pensamentos, as palavras e as ações daquele a quem ela domina, o que causa cegueira da consciência objetiva e subjetiva, tomando por completo os sentimentos e as emoções, ditando energias destrutivas, rancorosas e raivosas.

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Enquanto a Ira é uma impulsão momentânea descontrolada e ausente de qualquer Amor,

o Ódio é um sistema ordenado de pensamentos, palavras e ações racionais direcionados à prática efetiva do mal, tendo por fonte uma condição rancorosa, uma vingança por exemplo. Contudo, em ambos os casos, a ausência do Amor é evidente, e igualmente, o irado ou odioso está totalmente descontrolado para com seus sentimentos e emoções, demonstrando que absolutamente não conhece a si mesmo, o que o impossibilita seu auto domínio de forma consciente e digna. A Ira é um conjunto de manchas na alma ocorridas pela falta de resignação, de fraternidade e de Amor dos homens, provocada pelo Orgulho daquilo que ele não tem e pela Acídia de suas convicções. A Ira é a falta de confiança no Altíssimo ao passo que busca satisfazer um Ego viciado por uma vingança suja. O trabalho mais árduo da existência humana, é certamente o desbaste da Pedra Bruta. Contudo, através deste trabalho, o homem tem a possibilidade de colocar-se como ajudante construtor à Grande Obra divina. Para este serviço, seu primordial desafio é sobrepujar os Vícios ancorando-se nas Virtudes. Assim é que deve preservar a Benevolência, a Tolerância, a Paciência, a Fé, Esperança e Caridade para poder vencer a Ira e suas demais irmãs.

A Ira é perfeita destruidora, o que vai de encontro à missão do Homem, qual seja,

construir sua própria Reconciliação com o Altíssimo a fim de que aconteça ao plano universal a Reintegração dos Seres, quando novamente o Homem-Deus será uno diretamente e sem intermediários com o Deus Inefável e Incognoscível. A Ira transmite uma falsa noção de grandiosidade. É surpreendente perceber isto. Ao passo que a Humildade nos apresenta a Grandeza de Alma, a Ira apresenta uma ilusão disto. Como se o homem irado pudesse sobrepor-se acima das leis divinas de compensação, como se fosse definitivamente um ser acima de Deus, que pode tudo, que sabe tudo, que faz tudo.

A Ira é uma mentirosa neste aspecto, pois escraviza o homem em seus grilhões forjados

na raiva, na impulsividade, que reflete um rancor rabujento, um desprezo por tudo que é Belo, Bom e Justo, que reflete um peso a tudo o que em verdade o liberta do mundo manifestado, do material. A Ira igualmente transmite a noção de egoísmo, posto que o irado absolutamente não escuta aos outros e muito menos a voz de seu Mestre Interior. Assim é que sucumbe ao próprio mérito de ser homem, posto que não tenta ao menos honrar sua origem divina de um Ser Inefável que é Suprema e Soberanamente bom. Em suma, a Ira é a ausência de Amor próprio, é a ausência de Fé em si mesmo e num mundo melhor.

A Ira é o descontrole tenebroso ao qual o homem viciado experimenta ante sua

ignorância para com as leis divinas, encerrando uma lição sombria sobre o “não amar”, e o “não querer bem”. O maior desafio do homem para com sua existência em vitória sobre a Ira, é aprender a amar a si mesmo e aos outros.

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ACÍDIA

Texto próprio Com muita cautela ouso declarar que, para realizar este meu trabalho da Via Interior

que adotei com carinho e como essencial, quando penso e medito acerca dos vícios, parece que me torno mais viciado. Contudo, percebo que não sou de fato este vicioso ou viciado, mas sinto os efeitos deste vício. Tanto que luto contra a Preguiça para poder escrever este pequeno e simples texto. Realmente, começo somente neste ponto da minha vida, entender que “...é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mateus 19:24). Rico? Rico em vícios. Todavia, é muito fácil me iludir com propostas de ser alguém melhor, enquanto, em verdade, posso até ser aquele mesmo Ser de outrora. Eis que me deparo com certa confusão acerca do conceito de Preguiça. Particularmente, me parece que, para melhor distinguir, há a Preguiça e há a Acídia.

Devemos ser Agentes da Unidade e evoluir sobre todos os níveis, inclusive de níveis e

conceitos. Todavia, com minhas palavras, percebo que a Preguiça é aquela falta de vontade, até mesmo falta de desejo, que a pessoa humana possui em detrimento de realizar algum ato, ou até mesmo ter algum pensamento, considerando que de fato existe pessoas que preguiçosas até para pensar. No mesmo diapasão, porém, num cunho mais espiritual, percebo que a Acídia é aquela preguiça espiritual, mística e intelectual. A Acídia é a falta de vontade do homem em perseguir e trilhar um Caminho de Verdade, de Luz, lutando contra si mesmo para ascensão a planos mais elevados de compreensão e de espiritualidade.

É aquela Preguiça espiritual que nos desvia de orações, que obsta nossos atos de

interiorização, de reflexão, afinal, esta última é a Chave principal do místico ou do ocultista. De outro lado, tenho reparado que as pessoas estão cada vez mais preguiçosas e mais “pertencentes” à Acídia. Ora, vejo que a obesidade mórbida ganha mais espaço entre crianças, jovens a adultos que preferem à comodidade desenfreada de seus sofás e televisores em que se assistem futilidades que prendem e enfraquecem a mente. Percebo que os tomados pela Acídia buscam o prazer, pois não são suficientemente fortes para buscar os bens do espírito. E nesta busca pelo prazer, acabam encontrando a Luxúria e os demais “bens” da carne.

A Acídia inevitavelmente atrai o rancor, a fácil irritação, posto que o viciado não

encontra agrado em nada do que produz, em nada do que faz. Somente encontra desagrado e o desprezo a tudo que há ao seu redor. Cai em depressão levada pela profunda tristeza da Alma da Acídia. Amargurado, desesperado por ter certeza de ser impotente, mesmo que no fundo não o seja, esta pessoa, por sua própria natureza evolucionista, tergiversado pela sua própria ignorância e pobreza de alma, busca os prazeres que lhe confortem a mente achando que está confortando seu coração, sua alma. Em vez de procurar o Ser Divino, procura o Deus material e o acaba encontrando. Assim é que se perde em devaneios de pensamentos, o que lhe causa uma tremenda falta de iniciativa. Simplesmente a pessoa tomada pela Acídia nada consegue iniciar, pois sua tristeza é tão grande que lhe causa verdadeira paralisia. Nos bens da matéria, nos prazeres carnais, pensa que encontra conforto à sua alma perturbada pela falta dos bens espirituais, pela própria

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ausência de busca por bens espirituais. O homem não pode viver adequadamente sem que busque e, portanto, tenha Deus em seu coração.

O coração do homem é a porta pelo qual o Divino vem habitar sua alma, casa-se com

ela, e faz descer o Espírito Santo do Senhor ao Graal humano. É a porta pela qual o Divino abraça nossa alma, purifica nossa mente, nos torna grandes em essência, nos torna motivados em querer mais da fonte divina, nos torna capacitados a combater o bom combate, nos anima pelo seu poderoso sopro astral, e assim, restituindo-nos os bens espirituais, os quais nos habilitam a dominar os Vícios, para que as Virtudes se sobressaiam.

A Acídia tem o condão de calar o Amor, ao passo que conduz o humilde ser humano à

ignorar a gratidão, desrespeitar a sua capacidade de ser espirituoso, desmerecer as riquezas da Alma auferidas pela lapidação de sua personalidade e de seu caráter. A Acídia afasta de Deus, pois nega a Luz, nega a atividade espiritual que religa o Ser à sua Fonte Divina, pois acredita ser mais fácil manter o aparente conforto de sua degradável atual situação, do que sair à Floresta dos Erros para encontrá-los, identificá-los e poder corrigi-los. Assim, é que a acidez da alma postula que, é mais fácil ser o que é, do quer Ser o Ideal, em busca do Bom, do Belo e do Justo. A Preguiça, por sua vez, me parece ser a manifestação em primeiro nível da Acídia, que causa a falta de ânimo de se sentir vivo e vivente. Ela provoca uma inação, uma inércia física e mental, ao ponto de deixar a pessoa aprisionada em atitudes inúteis, advindos de pensamentos improdutivos e de palavras sem sentido real.

A Preguiça é causadora da obesidade, pela negação à práticas saudáveis de vida. É

responsável pelos prejuízos da saúde, ao passo que exige conforto e prazeres carnais, pelo que, o preguiçoso sempre busca alimentos menos saudáveis e muito fáceis em sua preparação. Ela ainda é ensejadora da ausência de desejo e vontade pelos estudos e pelo trabalho, ao passo que estes são os dois pilares do Alquimista, que busca transmutar seus defeitos, em virtudes. Assim, o preguiçoso, o ácido de alma, está aprisionado dentro de si mesmo, dentro de uma tristeza sem causa, dentro de uma ingratidão pela vida e a Deus, que lhe causa desespero ante a sua falta de iniciativas, e portanto, de atos.

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INVEJA

Texto Próprio

Creio eu que não há como refletir acerca da Inveja, sem levar em conta os efeitos da Vaidade, do Orgulho e da Incapacidade. A primeira reflete nos quesitos quanto à manifestação material do universo dos homens, que ilude aos sentimentos causando torpor às condições individuais humanas, persistindo no fato não ideal de que um é melhor que o outro, como se vivêssemos numa competição de tudo o que é pensado, falado e agido.

O Orgulho ressoa quase no mesmo sentido, mas vai além, posto que coloca em

evidência uma errada discriminação entre os homens, em que uns se vangloriam de toda e qualquer iniciativa que tenha, tentando se elevar imeritamente sob outrem. E a Incapacidade é a condição que o próprio homem se coloca como um obstáculo, que, a despeito das potencialidades latentes, é incrustada erroneamente na lide da existência humana. Ou seja, penso que a Incapacidade é criada arbitrariamente pelo homem, vez que ele possui sim toda a capacidade de que necessita e precisa para viver bem.

Decorrente, isto faz despertar em seu âmago uma vaidade tal que afeta-o na

sociabilidade e espiritualidade de sua vida, e que, por conseguinte, faz-se Orgulhar de aquilo pelo qual não deveria, pois esquece-se de tudo o que faz como ser encarnado e representante de Deus na Terra, nada mais é que seu dever e sua obrigação. Assim, a verdadeira liberdade do homem é realizar a sua obrigação. A Inveja pode ser uma frustração particular ante o sucesso dos bens-sucedidos, sem colocarmos na balança os méritos de cada um, somente julgando uma visão que é estritamente intrínseca, que analise somente a verdade de quem julga, sem buscar ou ao menos perceber a existência da verdade de outrem, ou melhor, da verdade da situação global.

A Inveja só se cria pela matéria, e em si encontra o respaldo para continuar a existir,

este respaldo se chama melancolia dos sem-vontade tornando –se Ser deslocado, fora de seu caminho natural de reintegração. Será que Deus fora Orgulhoso, para que um anjo tenha sentido Inveja sua? Será que os anjos são perfeitos para sentirem Inveja um dos outros, de Deus e até dos homens? Por qual motivo, razão e circunstância existe a Inveja? Para que existe a Inveja? Com absoluta certeza, sem titubear declaro que tudo o que há, seja no mundo dos pensamentos, das ideais, das palavras ou das ações, existe para cumprir missões, ou seja, tudo existe por um motivo. Qual seria o da Inveja? De despertar de um modo mais truculento a certeza de capacidade e competência que o homem possui por direito e decreto divino? Ou para conflitar o homem a se refletir ante o espelho e ver sua face de Trevas? Qual o objetivo da Inveja? Ou melhor, a Inveja é um sentimento, um fato real, ou.... é a ausência da Humildade, da Fé, da Esperança, e da Caridade? Mas, ante a ausência das Virtudes, necessariamente ocorrem ou percebem-se os Vícios? O nada pode dar início a alguma coisa? O Vício é ausência de Virtude? Ou é um mal real, existente e verdadeiro? É possível combater os Vícios? Ou combatê-los lhes darão maior atenção e força? Não seria melhor ignorá-los por conseqüência de atenção e esforço voltados exclusivamente às Virtudes? Será que não estou me iludindo em minhas próprias perguntas cujas respostas ressoam em minha mente objetiva neste momento?

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Enfim, a Inveja é isto.... faz-nos mergulhar em perguntas cujas respostas podem estar no

mais profundo de nosso ser... ou, não!! E, creio, por este sentimento de impotência, a Inveja surge como Orgulho daquilo que pouco temos, com objetivo de tentar suprir malgradamente a ausência do Bom, Belo e Justo. Não sei de onde surgiu esta necessidade que o Homem possui em querer se afirmar como bom em tudo que faz, como melhor que os outros, como detentor de mais bens materiais ou intelectuais sobre outrem.

Quando observo alguém com capacidade melhor que a minha, seja profissional,

intelectual ou fisicamente, adoto isto como uma razão para criar uma iniciativa próprio com o fim de otimizar minha existência para auferir cada vez mais um bem estar, um nível maior de existência entre os homens, não com o fim de ser melhor que outrem, mas sim, de ser hoje, melhor do que fui ontem. Ser melhor me satisfaz. Assim, entendo que a Inveja é nossos resultados decorrentes dos nossos sentimentos e emoções de impotência, de incapacidade e de incompetência. Ao passo que o homem notar que é senhor de suas próprias razões, de seu próprio potencial, ele então passará a buscá-lo, desenvolvê-lo e de engrandecê-lo, e assim, notará que realmente é herdeiro divino, que é filho das estrelas, e então, honrará sua origem.

Por fim, saliento que me parece ser a Inveja, o vício destruidor de relações de

crescimento humano, posto que causa depressão e melancolia aos sem vontade. À esta expressão de vontade, o homem deve buscar no âmago de seu Ser, em vista do poder criativo, evolucionista, construtivo e progressista de Deus. Tudo que for contra isto, será naturalmente rebaixado a um status quo ante.

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AVAREZA

Texto da Academia do Espírito Santo

A palavra Avareza, segundo a significação originária, está ligada a uma desordenada ambição de dinheiro: avarusé como que "avidus aeris", ávido de dinheiro, em consonância com a palavra correspondente em grego filargiria , amor à prata. Ora, sendo o dinheiro uma matéria específica, parece que a avareza é também um vício específico, segundo a imposição originária do nome. Mas, por extensão, avareza é tomada também como desordenada cobiça de quaisquer bens e, neste sentido, é um pecado genérico, pois todo pecado é um voltar-se desordenadamente a algum bem passageiro: daí que Agostinho (Super Gen. XI, 5) afirme haver uma avareza "geral", pela qual se deseja mais do que o devido alguma coisa, e uma avareza "específica", à qual se chama usualmente amor ao dinheiro.

A razão desta distinção está no fato de que a avareza é um desordenado afã de ter e "ter"

pode ser entendido de modo específico ou geral, pois também dizemos que "temos" aquelas coisas de que podemos dispor a bel-prazer. Assim também a avareza é tomada em sentido geral, como desordenado afã de "ter" uma coisa qualquer, e em sentido específico, pelo afã de propriedade de posses que se resumem todas no dinheiro, pois seu preço é medido com dinheiro.

Mas, como o Vício se opõe à Virtude, é necessário considerar que a justiça e a

generosidade - cada uma a seu modo - versam sobre as posses ou o dinheiro. É próprio da justiça o meio de igualdade estabelecido pela própria coisa, de tal modo que cada um tenha o que lhe é devido; já a liberalidade estabelece o meio a partir das próprias condições da alma, isto é, de modo que não se tenha exagerado afã ou avidez de dinheiro e saiba gastá-lo com prazer e sem tristeza quando e onde seja necessário.

É por isso que alguns situam a avareza como oposto da generosidade e, nesse sentido, a

avareza é um defeito [uma deficiência] no que diz respeito a gastar dinheiro e um excesso no que diz respeito à sua busca e retenção.

A avareza deve ser incluída entre os Vícios Capitais, pois, vício capital é aquele que

detém um fim principal para o qual naturalmente se orientam muitos outros vícios. Ora, o fim de toda a vida humana é a felicidade à qual todos apetecem. Daí que se, nas coisas humanas, algo participa - verdadeira ou só aparentemente - de alguma condição da felicidade, terá uma certa primazia no gênero dos fins.

São três as condições da felicidade segundo São Tomás de Aquino: que seja um bem

perfeito, suficiente por si mesmo e acompanhado de prazer. Mas um bem parece ser perfeito enquanto possui uma certa excelência e por isso a

excelência parece ser algo principalmente desejável e, por isso, a soberba ou a vaidade são consideradas vícios capitais. Já no que diz respeito às coisas sensíveis, o máximo prazer se dá no tato: nas comidas e nos prazeres venéreos, daí que a gula e a luxúria sejam consideradas vícios

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capitais. Mas são principalmente as riquezas que prometem a suficiência dos bens temporais, como diz Boécio (De Consol. Phil. II e III), daí que a avareza, o desordenado afã de riquezas, seja considerada vício capital.

E Gregório enumera sete filhas da avareza: a traição, a fraude, a mentira, o perjúrio,

a inquietude, a violência e a dureza de coração. A distinção entre elas se estabelece do seguinte modo. A avareza comporta duas atitudes, uma das quais é o excesso de apego ao que se tem, do qual procede a dureza de coração, o ser desumano, que se opõe à misericórdia, porque evidentemente o avaro endurece seu coração e não se vale de seus bens para socorrer misericordiosamente alguém.

A outra atitude própria do avaro é o excesso no afã de ajuntar para si, do qual procede

a inquietude, que impõe ao homem preocupações e cuidados excessivos: "O avaro nunca se sacia de dinheiro", diz o Eclesiastes (5, 9).

Quando consideramos a avareza do ponto de vista da execução da ação, ao procurar

para si bens alheios ela pode servir-se da força e dá origem à violência ou, em outros casos, ao engano: se este se verifica por simples palavras, com que se engana alguém para lucrar, será mentira; se as palavras enganosas são acompanhadas de juramento, será perjúrio.

Quanto ao engano no próprio ato: se é em relação a coisas, dá-se fraude; se a

pessoas, traição: como é evidente no caso de Judas, que por sua avareza tornou-se traidor de Cristo. Por fim, dizemos que o “pão duro”, como individuo que possui uma visão distorcida da

vida, comete o pecado da avareza inconscientemente podendo gerar atitudes negativas como a desumanidade vinda do apego demasiado aos bens que possui ou deseja possuir. Uma inquietude exaustiva provem destes anseios. Podendo o avarento cometer muitos enganos, ligar-se a falsidade e a mentira em busca de lucro para o que considera ser um meio de evolução. Uma escada que não vê problemas em passar por cima dos outros para conseguir chegar ao topo de uma pirâmide que pertence somente a ele.

O monopólio de informações é uma característica marcante para o avarento, sem

conseguir compreender que a transparência das informações deixa mais claro os aspectos funcionais de sua empresa ele age em defesa própria acumulando um grande numero de informações por julgar-se insubstituível. Assim as informações não são passadas com clareza o que pode acarretar deturpações e conflitos nas tarefas cotidianas, causando desconfiança e falta de credibilidade.

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ORGULHO

Texto próprio

Eu imaginava, mas não tinha certeza. A certeza surge quando as hipóteses são testadas e verificadas. Descobri que sou muito orgulhoso, mas ao mesmo tempo parece que não consigo admitir, e tenho medo que esta minha negativa de confissão seja, igualmente, orgulhosa. Orgulho de não assumir que sou orgulhoso! Devo me importar? Certamente. Ora, mas porque não me sinto com a obrigação de ter de assumir e mudar? Fui criado nos embates da vida filosófica, política e cultural. Aprendi desde cedo que devo manter pulso firme nas decisões, clareza nas expressões e convicções nas ideias. Aprendi que deve-se viver com punhos de aços, com veias de sangue quente e com o dever de sempre fazer o melhor e o mais possível de tudo.

Me ensinaram como resolver problemas difíceis, me instruíram a não ter medo de

discussões, de enfrentar e me jogar em brigas. Me ensinaram a ser guerreiro. Mas o guerreiro carrega um sentimento fulminante, o Orgulho. Nestes últimos 10 dias, tenho focado minhas percepções para este instrumento. Sim, um instrumento. Percebi que minha personalidade é, e isto é difícil dizer, orgulhosa.

Ele se manifesta em minhas divergências de ideais, de ideias, de atitudes, de visão de

mundo e de vida. Mas, ao mesmo tempo, sei que posso me orgulhar pois sei que sou capaz. Tenho capacidade e competência para adentrar em uma briga, que não precisas ser minha, e arrancar uma boa resolução. Sou capaz de conciliar os embates mais ferrenhos. Sou capaz de construir com facilidade e destruir ainda mais rápido. Sou capaz de juntar e de desunir instintivamente. E é isto que me faz questionar as faces do Orgulho. Chego a pensar que a virtude é a utilização raciocinada e controlada de um vício. Sim, porque não consigo ver somente maldade no Orgulho, pelo contrário. O Orgulho nos faz dinâmico, aventureiro, positivo, batalhador, trabalhador, conquistador, desbravador, ferrenho, convicto, firme, austero, seguro e voraz.

De outra banda, o Orgulho pode nos fazer atritar com melhores amigos, semear

intolerância entre os conviventes, extinguir a fraternidade e a solidariedade. Ademais, o Orgulho é contrário à Coletividade. Este é meu dilema. Sempre que visualizei um desejo sincero ao mundo, mentalizei a União, a Unidade, ao passo que sou orgulhoso, e isto transparece individualidade. O Orgulho geralmente faz com que nos esqueçamos de como “subimos a escada da vida”. Ora, ninguém consegue viver exclusivamente em detrimento de seus únicos esforços. A sobrevivência exige comunidade, ou seja, coletividade.

Deus, a Alma pode falar, mas a mente ainda não à obedece. Sim, posso ser bom no que

faço. Sim, posso conseguir realizar coisas que até posso ter certeza que outras não conseguiriam. Mas porque tenho Orgulho? Por que sinto isto? Como faço para não sentir? Isto faz parte de mim. O Orgulho é meu amante, amante involuntário. Até aprece que preciso beber de sua fonte para sobreviver. Até parece que preciso me sentir orgulhoso para continuar realizando obras, cumprindo serviços. Se não bastasse, ainda consigo perceber quando estou sendo orgulhoso demasiadamente,

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excessivamente. Mas não consigo me segurar. É como se isto fosse um combustível para meu ser. Sentir Orgulho é como beber água quando se está com sede.

E a questão é que eu não consigo ver isto como algo errado. Ao contrário, até vejo como

natural. E este paradoxo é que me faz questionar realmente: O que é Orgulho? Esta pergunta, para mim, agora, vai mas longe. De onde surgiu o conceito que está enraizado em nossas mentes como um rótulo artificialmente colocado? Todos estes sentimentos existiam antes que eu evocasse o Orgulho a fim de poder escrever este texto. Então, o Sol se pôs. A noite veio e passou, e um novo dia veio à tona. Dia este que pude compreender um pouco mais sobre mim mesmo. Este dia é hoje. Hoje compreendi que o Orgulho dilacera a compaixão, a amizade e o respeito pelo próximo. Hoje percebi que ser orgulhoso é ser impaciente, raivoso e antipático.

Percebi que definitivamente não posso me considerar melhor que ninguém. Sinto a

certeza absoluta, que antes somente falava ter, de que minhas ideias não são para serem vendidas forçosamente aos outros. Aprendi que o orgulhoso é rebelde até com ele mesmo. E neste devaneio de sentimentos de tudo aquilo que o Orgulho traz ao coração do incauto, pude ver uma fagulha de esperança que invadiu meu ser, meu coração, abrandou minha mente, diminuiu o meu ritmo cardíaco, e consigo ver a outra face do Orgulho. Sim, a face que ainda não sei qual é o nome, mas que me disciplinou, que dissipou a minha dor de garganta de duas semanas, e me deu asas para voar sobre um abismo de brigas e intrigas ao qual percebi que estava caindo. Como se meu Eu tivesse me puxado à Luz. Pude perceber que nosso melhor amigo é nós mesmos.

Pude perceber que o Vício pode nos ajudar. Sim. Pode nos ajudar. Pode nos fazer

perceber os malefícios que faz uma pessoa quando não está propensa ao bem. Pode nos mostrar que somos seres imersos em um turbilhão de sentimentos tentando nos identificar no meio deles. Pude aprender com o Orgulho o que é ser orgulhoso. Ante o espelho, pude ver meu semblante de bravo somente para causar medo aos outros, enquanto por dentro, eu estava gritando para libertar-me de mim mesmo. Eu não sou melhor do que qualquer outro ser humano. Deus, faça-me compreender inteiramente isto, por favor. E na hora derradeira de minhas lágrimas temperadas com a vergonha que senti em me ver orgulhoso, eu entendi que deveria agradecê-lo.

Deveria demonstrar minha gratidão ao Orgulho por tudo que ele me ajudou a perceber.

Identificando-o, consigo controlá-lo. Assim, tive a convicção de cumprimentá-lo no Umbral, com a seguinte frase sincera: “Orgulho, eu te agradeço, te agradeço e deixo você partir”. Muito embora eu saiba que a labuta é longa, por certo tempo conseguirei respirar mais tranquilamente. Gostaria de encerrar este texto com uma pequena oração: “Ó Sublime Criador e Pai, não te peço nada meu Deus. Não ouso fazer isto. A vida que nos oferece é muito misteriosa, bela e educadora. Sei bem que minha obra é construída ao âmago de mim mesmo, com a única ajuda de meu Eu Interior, meu amigo que me salva de tantas.

Ó Deus como é triste à mim me ver orgulhoso. Como é dilacerante aos meus ideais que

sempre tive no peito, ser evadidos pela meu orgulho. Machucar outras pessoas em detrimento de minhas ações irresponsáveis, era o que eu nunca quis mas, fiz. Te agradeço meu Deus. Agradeço muito pela oportunidade maravilhosa de poder externar isto à mim mesmo, e assim, destrinchar este amargor que estava aqui, no meu coração e na minha garanta. Obrigado Deus, por me ensinar como ser melhor, com este Teu valioso jeito. Sem palavras vãs e filosofias vis. Mas pelo Interior. Pela Via do Coração. Deus, obrigado”. Sinceramente, transmito meus sentimentos de agradecimentos à

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Venerável Sociedade das Ciências Antigas, pela grande oportunidade de “chamar” os Vícios, e com eles, poder aprender. Obrigado. Que Deus lhes abençoem sempre.

Texto de Francisco José Bracht:

“Tu que habitas as concavidades dos rochedos e ocupas as Alturas das montanhas. Embora construa teu ninho tão alto quanto aquele da águia, Eu te trarei para baixo”. (Jer.-49.16)

O orgulho como categoria em si mesma, é o cultivo de manobras para preservar e

alimentar a auto-estima. Quando falamos: “tenho orgulho de tal coisa minha” é como se nosso corpo inchasse e se expandisse. Sentimo-nos tão cheios de nós mesmos, que corremos o risco de transformar esta atitude em vício.

Quando não podemos nos orgulhar de nada nosso, nos sentimos vazios, por isso

falamos “o fulano é inchado” ou “o fulano encheu-se de orgulho”. As aparências são de suma importância para os orgulhosos. Não por elas mesmas, mas como forma de persuasão para que os outros os tratem com a devida importância.

Pessoas orgulhosas chamam a atenção para si porque se especializaram em expandir

sua energia. O orgulho faz com que sintamos a necessidade de nos aproximar de sujeitos importantes. Nos torna facilmente compráveis e afeitos à adulação. Isso nota-se muito nas organizações hierárquicas como o vaticano, círculos militares, na política e na aristocracia.

Na busca abusiva de uma superestima, progressivamente a pessoa perde o auto-

respeito inato. E enquanto manipula as energias dos outros, torna-se facilmente manipulável. Socialmente o orgulho aparece naquelas pessoas que chamamos de assoberbadas.

Nada as agrada, pois elas se pensam detentoras de todo o saber e poder. Fazem de tudo para serem notadas. Com isso acabam criando várias personalidades para agradar e manipular aos que as rodeiam. Esta prática as leva a uma armadilha onde fatalmente se encontrarão intimamente despersonalizadas.

Chega um tempo em que descobrem chocadas, que não sabem mais quem são, qual de

suas personalidades é o seu Eu verdadeiro. Segundo Tomás de Aquino, o orgulho é o vício mais difícil de ser reconhecido, pois nós o confundimos com a auto-estima. Achamos normal e necessário nos presentear e sermos presenteados por algo que fazemos bem. Esta convicção, quando exagerada, nos engana e nos faz cair no vício.

Pessoas orgulhosas são rígidas tanto consigo mesmas, como também com os outros. A

inflexibilidade pode ser tamanha que se projeta no físico. Geralmente tem problemas de coluna e nas articulações. Tem grande dificuldade em reconhecer um erro e reconsiderar, portanto não perdoam a si próprias e a ninguém, vivendo a angústia interna de conhecer a falta sem reconhecê-la. Isso as leva ao próximo passo que é a raiva como forma de auto-proteção.

Não é possível matar o orgulho, pois com ele estaríamos matando também a nossa

auto-estima. O que se pode fazer para não cair nas garras do Elemental do orgulho é cultivar a humildade.

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“Ao leão da lei, combate-se com a balança”

GULA

Textos da Academia do Espírito Santo A Gula A gula nos deixa gordos, doentes e cheios de razão. Direto e creio eu, certeiro, é nisso que fundamento a explicação aos meus problemas,

dos mais sérios aos mais banais. Reside ai a mancha das comunhões, o borrão dos dias sombrios do passado, a tinta derramada do dia de hoje e aos futuros respingos dos dias que virão.

Entendo que a gula é a inveja daquilo que o outro tem e que eu ainda não tenho. Que a gula é a raiva daquilo que não sinto, mas finjo que sinto, a gula é o orgulho de poder ter e ainda por cima ter mais, que a gula é a luxuria que leva a querer viver aquilo que sei e que já vivi, mas que morre e se apaga como uma vela soprada pelo vento que vem não sei de onde e volta ao mesmo lugar, que a gula me dá a preguiça que me faz arrumar sempre algo a mais a me perder e a me roubar o santo momento do descanso digno, que a gula me faz reter as emoções e os caprichos dos dias de fome que se tornam alimentos velhos, rançosos e sem o sabor dos dias e noites frescos, frios ou quentes e que a gula é aquilo que me torna gordo, doente e cheio de razão, mesmo sem ser digno de a possuir.

A inveja de alguém me torna o iracundo que dias e noites me envenenam mais e mais, sem me adequar a eles como queria que fossem. Levado ao momento em que tenho dentro de mim somente o orgulho de poder fingir que sou quem não sou física e espiritualmente clamo: Espírito! Ó Espírito... se me traz um lampejo do que um dia foi a luz do Divino, torne este dia de hoje o “momentum” que me religa ao objetivo do re-encontro ao caminho da cura e da Virtude!!! Matéria... vã e vazia matéria... faz de meu orgulho a chave da luxúria, o corpo vive como tu és, vão e vazio como realmente és, consome meu eu luxuria! esgota meu espírito para que a preguiça me torne um ácido, um amargo eu agora vive em mim, retentor desta matéria ligada a carne e ao oco, oco que encho com o que não tenho mais, sou um avarento, negador de mim mesmo para que não me falte aquilo que não tenho mais, mas que não lembro mais. Gula, venerável e profana gula, crie em mim ao menos o sabor, o odor e o valor do sabor para que me lembre como o sal adoça meu espírito e o quanto doce é o sabor dos mais sutis temperos que meu Ser um dia já teve a graça de viver!!! (Adnilson Rafael Telles)

A Gula Paixões, quanto mais possui mais quer. Meu eu pede Mais! Espírito Santo de Deus, se tens me concedido pela tua santa mão, que minha alma não

te desdenhe, não te ignore, não te subestime. Orgulhoso, luxurioso, raivoso, carrancudo.... Gula Santa e Prostituta Mãe dos Pecados,

toma meu corpo mas dá-me a alma, beba comigo o vinho enobrecido pela podridão de meu ser, servido pelo cálice da carne luxuriosa, tome-o como sangue das minhas razões, que o pão que te sustenta seja os meus vãs devaneios mas que meu verbo lhe conjure, Ó Santa Gula, que sejas minha consorte nos momentos de loucura e que cases com a minha superficialidade, para que meu sensorium continue almejando as bodas alquímicas divinas daquela pomba imaculada a qual os santos lhes dizem AMÉM. (André Fossá)

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A Gula O contrário da Gula é a virtude da Caridade, o que nos dá um bom começo para a

compreensão deste defeito que vai bem além do "comer". Trata-se de acúmulo, ter mais do que o necessário, em detrimento dos outros, ou no caso a falta do espírito de caridade.

A gula tem, a meu entender, sua causa principal no sentimento de medo. A sensação que algo pode faltar no futuro faz com que cometa excessos no presente, e neste caso, o exemplo clássico de comer demais, externa no corpo físico esse defeito interno.

Casos de corrupção, onde alguém desvia quantias absurdas que jamais terão sequer tempo para gastar, é outro exemplo esclarecedor, sobretudo no sentido da ausência de sentimentos para com as necessidades de outros.

A gula, como já era de se esperar, era uma característica do Planeta JÚPITER. Júpiter, como o benfeitor da astrologia, rege a fartura e a prosperidade. O defeito é a gula e a virtude é a caridade.

Oras… estamos lidando com Excessos. A Gula é absorver o que não se necessita, ou o que é excedente. Pode se manifestar em todos os quatro planos (espiritual, emocional, racional e material). Claro que a igreja distorceu o sentido original da alquimia, adaptando-a para o mundo material, então hoje em dia, gula é sinônimo apenas de “comer muito”.

A virtude relacionada a Júpiter é a CARIDADE. A caridade lida com a maneira que tratamos nossos excessos. Ao invés de consumi-los sem necessidade, os doamos para quem não os possui. A caridade não está relacionada apenas a dinheiro, mas também aos 4 elementos da alquimia (espiritual, emocional, racional e material). Esta coluna, por exemplo, faz parte dos meus projetos de caridade intelectual.

São Thomas de Aquino determina cinco características inerentes como sendo filhas da gula: Loquacidade Desvairada - a desordem no falar, o excesso de palavras atrapalhando e causando confusão mental. Está relacionada ao elemento Ar.

Imundície - aparência desleixada devido à falta de higiene por estar preocupado em demasia com a obtenção de excessos. Não tem o mesmo significado desta palavra em nosso vocabulário moderno, onde imundície quer dizer apenas “excesso de sujeira”, mas sim uma imundície espiritual, ligada à falta de cuidado com o corpo físico por conta dos excessos.

Alegria Néscia - desordem do pensamento e das emoções através do descontrole da vontade, muito associada ao ato de beber. Ligada ao elemento Água.

Expansividade Debochada - O excesso de gesticulações e movimentos do corpo ao comunicar, causando tumulto e desordenação.

Embotamento da inteligência - obstrução da razão devido ao consumo desordenado de alimentos. (Sérgio R. Franco)

A Gula A gula, a extravagância dos desejos, que sobrepuja até mesmo a saciedade de tais

intentos, levando o homem à condição nefasta de escravo de suas próprias emoções desenfreadas. Em cada vício apontado capital foi encontrada uma parcela de todos eles, restando a

conclusão de que todos os vícios se conectam e estão presentes em quaisquer manifestações de um vício essencial em particular.

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Por meio da atitude consciente é possível a valoração ideal de cada manifestação, seja ela viciosa ou virtuosa. Para que haja a justiça, é preciso o reto equilíbrio entre essas duas condutas. Quem visa a excluir o vício de sua conduta, caminha sobre um terreno desprovido de verdade.

Primeiramente, a consciência da atitude que poderá ser tomada como viciosa; após isso,

a aceitação de que tal manifestação está presente e é conhecida, para, enfim, sublimá-la por meio do discernimento acerca dos valores da Bondade, Beleza e Justiça. Não se trata de exclusão, mas de valoração do ato, visando sempre à consciência do Divino.

Quando não se busca a materialização da vida de forma consciente, os vícios afloram com virulência, veiculados pelos desejos e emoções, os quais ensejarão somente a sensação de culpa e engano nesta caminhada.

A gula, nesse ponto, se apresenta como o vício fomentado, exarcebado, pois tendo já atingido o seu clímax de prejuízo à vontade humana, transcende a ele e o exaspera, declinando o homem ainda mais à condição de escravo, de ausente.

E não se trata unicamente da gula alimentar, que extrapola a função de uma necessidade básica do homem, que é o alimentar-se, mas se trata de um vício que estende suas raízes, suas pérfidas raízes, na maioria das atitudes humanas.

É por meio dela que o homem, na ânsia de preencher-se, seja intelectual, material ou espiritualmente, não reconhece a saciedade de seu corpo, alma ou espírito. E nesse intento de preencher-se com o excesso, esvazia-se cada vez mais.

A palavra tecida em um momento no qual o silêncio é o ato mais consciente; o exercício físico, quando o corpo já se sente extenuado; a hora a mais de estudo, quando o espírito já se encontra satisfeito, são todos atos nos quais a Gula insufla sua força e desvia o homem de seu real caminho. A Gula, como quaisquer outros dos sete pecados capitais, merece destaque em sua atitude nociva à consciência e à confluência do viver. Moderação poderia ser a atitude mais adequada a repelir a consumação desse vício tão presente e destruidor.

Nesse ponto, cito Rilke: “Cada experiência tem uma velocidade especial segundo a qual deve ser vivida, para que seja nova, profunda e frutífera; e a sabedoria consiste em encontrar essa velocidade para cada caso individual.

Buscar essa consciência de engendrar a ação quando assim é necessário; calar, quando for preciso e respeitar as manifestações, sejam elas oriundas de nossa matéria ou do divino é o caminho para que não nos tornemos sujeitos às imposições dos sentimentos de culpa, medo ou de engano. (Marlon Macarini)

A Gula Considerada a mãe de todos os vícios, aparece de várias formas em nosso cotidiano. (

preguiça, inveja, orgulho, avareza, luxúria, ira e como gula ). Como preguiça, impede-nos de ver as nossas potencialidades e oportunidades de servir;

o que nos leva ao orgulho depensar que devemos sempre ser servidos pelos outros. Como inveja, nos leva a atitude de querer o que os outros tem, sem nos contentar com

aquilo que temos; o que nos leva a avareza. Como orgulho, nos leva a crer que temos mais e melhor que todos ; oque nos leva a ira

se percebemos que alguém tem algo a mais. Como avareza, nos leva a reter tudo para nós, acumulando energias não processadas que

se transformam em pesos em todos os aspectos de nossa existência; o que nos leva a luxúria e a dominação.

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Como luxúria, nos faz pensar que podemos dispor dos outros para nosso desfrute; o que nos leva a própria gula de querer abranger tudo.

Como gula , por fim, temos a necessidade de preencher os vazios de nossa vida que é uma constante insatisfação, angariando e consumindo tudo que identificamos. (Francisco José Bracht)

CONCLUSÃO

Certo é que a Teoria sempre é mais bela e nobre do que a prática. O grande mistério e o grande trunfo é saber manejar as Virtudes subjugando e

conjurando os Vícios, verdadeiramente como num círculo de Goetia... alguma semelhança? No mais, meus IIr.´., não há salvação se não no mandamento: “Orai e Vigiai”. As Virtudes são Sete. Os Vícios são Sete. Sete também são os Planetas. Sete também

são os dias. Sete são as notas musicais e sete são as cores do arco-íris. Dominemos tudo isto para que dominemos os Vícios e apliquemos plenamente as Virtudes.

Para cumprir este trabalho é que nos foi dado uma Alma imortal num corpo que abriga

sucessivas encarnações. Dito isto, a supremacia de nosso Ser somente ocorrerá por meio de dois pilares: pela

crucificação dos vícios com o renascimento de um Novo Homem, e pelo descobrimento de sua Verdadeira Vontade, o Amor.

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BIBLIOGRAFIA 1 – ANTIGAS, Sociedade das Ciências. Manual do Aprendiz Franco-Maçom. 1 ed. São Paulo: S.C.A; 2 – Estudos, pesquisas e trabalhos de propriedade da Academia do Espírito Santo, Chapecó - SC; 3 – Leituras esparsas dos escritos de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, os dois filósofos cristãos de maior gabarito quanto aos Vícios e Virtudes.

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ANDRÉ FOSSÁ