Outro Do Mesmo Augusto Poeta_Literatura

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  • Tera-feira, 29 de Setembro de 2015

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    Acadmico Artigos Blablablogues Crtica Literria Crnica Ensaio Entrevistas Infantojuvenil Lanamentos Poesia Prosa Resenha Traduo

    18/09/2015DILOGOS CRTICOS

    O professor e crtico JooAdolfo Hansen o primeiro convidado doprojeto DILOGOS CRTICOS.Confira. [Musa #16 - Ano 4]

    17/08/2015Portunhol Selvagem

    Acaba de aparecer en sietepases del tercer planeta Tudolo que voc non sabe esmucho ms que todo lo quevoc sabe, ttulo anti-bvio yanti-sabelo tutti del nuevolibro del poeta, editor indie yreconocido estudioso de laspoticas de los pueblosindgenas Douglas Diegues(Ro de Janeiro, 1965), y,cuidado!, [...]

    27/07/2015NOVO CRONPIOS NO AR

    O novo site do Cronpios jest no ar. Coisa fina. Dignado Pipol. Que tenha vida longa!http://www.cronopios.com.br/V1/cronopios_responsive/

    19/07/2015Aos 84 anos, Augusto deCampos lana livro indito

    Outro dedicado a seuscompanheiros de Noigandres:Haroldo de Campos, DcioPignatari, Jos LinoGrnewald e Ronaldo Azeredo.

    Em 1953, Augusto de Campos publica poetamenos, livro anterior ao lanamento da PoesiaConcreta, que a antecipa em muitos procedimentos, como quebra da sintaxe tradicional,espacializao vocabular, condensao, termos substantivos, uso de variadas fontes, inclusivecoloridas, etc. Em 2015, com outro (So Paulo: Perspectiva) ele reafirma que seu trabalhocontinua incorporando cores, variados tipos de fontes tipogrficas, rompimento com o versotradicional e palavras organizadas em estruturas grfico-espaciais. Um arco une as duasobras, distantes entre si 62 anos. Apenas por este dado, dentre tantos outros, fica evidente queo poeta sabe, h dcadas, o que sempre quis fazer. E o fez e o faz com admirveldesempenho.

    Home > LAMPEJO PORRETA

    outro do mesmo augusto poetaPor Amador Ribeiro NetoEm 29/09/2015

    Sentimento nu

    O professor e poeta AmadorRibeiro Netoescreve sobre a poesia de LauSiqueira. LAMPEJO PORRETA.[Musa #13 - Ano 4]

    Cara, careta, caro (e a quadra)

    O professor e poeta AmadorRibeiro Netoestreia coluna LAMPEJOPORRETA. Confira. [Musa #5 -Ano 4]

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  • Por que a meno a eles?Como avalia a contribuio dogrupo para a literaturabrasileira? AUGUSTO:Dediquei Profilogramas, livrocomemorativo dos meus 80anos, aos artistas visuais comquem convivi. Deles, apenasJudith Lauand e [...]

    17/07/2015Roger Chartier em PassoFundo e So Paulo

    Mais consistente festivalliterrio do pas no que dizrespeito a formao deleitores, a Jornada Nacionalde Literatura, que ocorre emPasso Fundo, teve sua ediode 2015 cancelada por falta deapoio. Apesar de ter sidoautorizada a captar recursospor meio de leis de incentivofiscal, os patrocinadores noapareceram este ano. A notciacausou [...]

    17/07/2015Antonio Risrio de livronovo

    Antonio Risrio umintelectual moda antiga. Noseu livro recm-lanado,Mulher, casa e cidade(Editora 34), o antroplogobaiano constri amplos arcoshistricos, que vo daAntiguidade ao mundocontemporneo, em artigos eensaios que abordam a tensarelao entre a mulher e acidade. Risrio capaz deapontar a ausncia da [...]

    17/07/2015Mmeses e Luiz Costa Lima

    Dos trs livros publicados porLuiz Costa Lima que a elegemcomo tema central, Mmesis emodernidade (1980), Vida emmesis (1995) e Mmesis:desafio ao pensamento(2000), nenhum recebeu athoje a devida ateno dacrtica: nem a segunda ediodo primeiro, nem os doisposteriores produziramqualquer rudo na imprensa,caindo num pasmoso [...]

    06/07/2015Acerto de contas

    O poeta Thiago de Melloestar em So Paulo, na Casadas Rosas, para lanar seulivro mais recente cominditos. Dia 7/07, a partir das19h. Veja maisem: http://www.musarara.com.br/acerto-de-contas

    No somente estes dois livros de sua obra complementam-se: eles desenham o plano poticopor onde os outros ttulos transitam, com linguagens e projetos grfico-formais prximos.Consideremos suas tradues. Convertidas em intradues dada a singularidade queencerram, numa parceria legtima com o poeta traduzido , esto presentes em seus livrosdesde 1974, quando publicou intraduo, de Bernart de Ventadorn, a partir de um poemaescrito h exatos 800 anos: se eu no vejo / a mulher / que eu mais desejo / nada que eu veja /vale o que / eu no vejo. Desde ento, o poeta tem se dedicado a inserir em seus livrospoemas da prpria feitura, e outros, ainda que sob fragmentos, a quatro mos.

    Encontramos o mesmo procedimento em despoesia (1994), de onde destacamos nuvem-espelho para sinisgalli, poeta italiano conhecido como poeta engenheiro, tal suaengenhosidade. No preto da pgina fontes vazadas e fontes cheias, em reflexo, configuram oisomorfismo de nuvem e espelho numa noite de corvos. No h como no vibrar com assolues do poeta brasileiro. Em so l(a, de cummings, do mesmo volume, o branco dapgina destaca fontes em dois tons de verde, iconizando as folhas que caem e,metaforicamente, a solido do inverno.

    As intradues tambm aparecem em no (2003), de onde selecionamos r de bash, quetoma o clebre poema do grande haicasta japons, recriando-o numa estrutura de formas,cores, sons e movimentos instigantemente interligados. Igualmente dodeschoenberg, que sedelineia dentro de uma das marcas da poesia augustiana: o poema-linguagem-indagao. Norecente outro, este procedimento aparece em dois poemas. Em isto: ? // um psiu de pedrapsi // que esquiso aqui este // quisto esquisito // poesia ou sou eu que ex // isto //?. E em d?vida: que / poesia / poderia / dizer / a / d vida / d / ser.

    A intraduo, presente no livro recm-lanado, vem acompanhada de outradio, novo modode parceria. Modo que tanto pode ser a recriao de autores de lngua portuguesa comoEuclides da Cunha, Fernando Pessoa, Vieira como o resgate de uma fala-protesto da cantoraErykah Badu. Ou mesmo um poema inspirado em Maiakvski, Magritte e na civilizao maia que dialoga, na forma, com o poema contemporneos, retirado de uma afirmao deMallarm: () prefiro, diante da agresso, retorquir que alguns contemporneos no sabemler a no ser no jornal. O poema de Augusto, grafado em fontes que decrescem,verticalmente, ao longo da pgina, diz: osc/ont/emp/ora/neo/sn/osa/bem/ler. Temos, entreoutras, estas possibilidades de leitura: os contemporneos, neo no, no sabem, sabem,sabem bem, bem ler. A disposio da frase na folha, semelhana de um diagrama demdico-oftalmolgico, exige que o leitor leia do grande ao mido. Mas, adentrando filigranas dalinguagem.

    Temos um quadro abstrato em occhiocanto (omaggio a scelsi 2), cujo ttulo remete aolhoumsica, na acepo de ver-msica, to em voga com as novas mdias. Com o adventodo videoclips, Dcio Pignatari costumava dizer que j no se perguntava mais: voc ouviu anova msica de fulano?, mas sim: voc viu a nova msica de fulano?. Augusto pareceratificar a observao do amigo.

    outro est dividido em quatro sesses: outro/poemas, que rene a poesia do prprio Augusto;intro/intradues, com fragmentos de poetas traduzidos por ele e sob suas intervenesvisuais; extro/outradues, que transforma em imagens textos de poetas, prosadores eartistas plsticos; clip-poemas 2, com poemas para serem acessados pela internet. Hprefcio, notas elucidativas e deserrata a bem da verdade, o poema que encerra o livro. Eque reverencia o famoso neologismo pignatariano vler. Diz o poema de Augusto, escrito emfonte la braille: on/de/se//l//le/ia/se//le/ia/se//v. Est dito: um livro para ler e ver.

    O poema humano, estruturado com hexagramas do I Ching, um convite ao olhar, ao silncioe ao manuseio das mos para ser melhor frudo. Sabedoria oracular e filosofal parecemconviver num yin-yang de infindvel bumerangue potico.

    O pensamento valeryano, em especial no quesito inspirao potica, professa que o poeta noprecisa ser inspirado, mas deve levar o leitor a sentir-se como tal. Ou seja, o poeta deve terconscincia de seu processo criador: Sentir no significa tornar sensvel e menos ainda,belamente sensvel, nos ensina, grifando os termos essenciais da sentena. Para ele,apoesia uma arte da linguagem. A literatura s lhe interessa na medida em que cultiva oesprito em certas transformaes aquelas nas quais as propriedades excitantes dalinguagem desempenham um papel fundamental.

    Tendo em seu horizonte a poesia e o pensamento valeryanos, Augusto toma o aforismo Serpoeta, no. Poder s-lo, e produz o poema poder ser: no/ser/poe/tap/ode/rse/rpo/eta. No,contra, des, anti. Outra poesia. Aquela que contraria a poesia dita profunda, para nosvalermos de outro mestre, Joo Cabral. Enfim: no ser poeta; poder ser poeta.

    A srie de poemas intitulada tvgrama, iniciada no livro despoesia (1994) com tvgrama1(tombeau de mallarm) e tvgrama2 (antenae of the race), prossegue com tvgrama3 etvgrama4 erratum, em outro.

    Se tvgrama1 diz ah mallarm / a carne triste / e ningum te l / tudo existe/ pra acabar emtv. No recente tvgrama4 ele dir: ah mallarm / a poesia resiste / se a tv no te v / o cibercute assiste / em quick time e fly / j pairas sobre os sub / tudo existe / pra acabar em youtube.Antenado, o poeta vai da era da TV da Internet. Sempre insistindo na poesia que dialoga comMallarm.

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  • Em odi et amo, de Catulo, insere o vocbulo amo dentro de odeio, de tal forma que opoema funciona como um oroboro, num movimento continuado e infinito. A disposio grficadas letras do poema brinda o leitor com um possvel ttulo ode.

    Ao escolher Catulo, defensor de uma poesia com termos, temas e formas no convencionais,e por isto mesmo fortemente criticado por Ccero, Augusto traz tona o velho embate entreconservadorismo e vanguarda. Com sutileza. No fundo negro da pgina as palavras odeio eode destacam-se em verde. E amo, em vermelho. Ambas as cores so tomadas da capa dolivro: sob fundo verde, nome do poeta e da obra destacam-se em vermelho. Assim, podemosler psicanaliticamente: amar como verso de odiar. E, semioticamente: vanguarda como versode conservadorismo.

    O poema brazilian football, escrito em 1964, ganha novo layout em 2014, ano da Copa: 1958 goal ! goal! goal! / 1962 goal ! goal! goal! / 1964 gaol! gaol! gaol!. O trocadilho se faz entregoal (gol) e gaol (priso). Segundo Augusto, ao revisitar o poema teve como objetivo fazer umadesomenagem ao golpe de 64, bem como aos golpistas de todos os matizes do presente,chupins desmemoriados do poder. Este poema, como outro seu, greve (1962), investe nalinguagem potica engajada, protestando dentro da mxima maiakovskiana aposta ao planopiloto da poesia concreta : sem forma revolucionria no h arte revolucionria.

    O poema ter remoto, desde o ttulo remete o leitor ao processo estruturante do poema terra,de Dcio Pignatari. A fonte grfica verde, arredondada e espelhada, sobre o fundo azul, remeteao movimento do bater de asas da borboleta. O poeta brinca com as letras, fazendo delas ocorpo da borboleta. Mais, ainda: remetendo a outro poema de Dcio, borboletra. Alm deestabelecer elo direto com borboleta-p de khlibnikov (de despoesia), montado com fontespontilhadas. Mais tarde, em borboleta de khlibnikov II, do livro no, o poema reaparece,agora sob forma caligrfica e colorida. As letras manuscritas conferem dramaticidade ao voocego da borboleta atravs do espelhamentos da letra /c/ cone do bater de asas contra avidraa. O mesmo movimento que reverbera sonora e visualmente em ter remoto.

    Em tntaro, quatro substantivos trissilbicos, proparoxtonos, rimando toantemente entre si,so colocados em ordem alfabtica. Esta aproximao sonora e visual refere-se, nos trsprimeiros vocbulos, a elementos naturais e, no quarto, a um componente qumico. Cito opoema: cntaro / pntano / sndalo / tntalo. O neologismo do ttulo mescla vaso, lama,perfume e metal numa argamassa compacta. Por outro lado, se considerarmos o mito deTntalo, cntaro e sndalo podem referenciar o mundo dos deuses, e pntano, o de Tntalo,que nele foi lanado como punio divina.

    Augusto de Campos toma a palavra como matria concreta, e a conforma a seus quereres que so muitos, ao longo de seis dcadas de poesia. Sua produo ensinamento de comousar a palavra com rigor, parcimnia e sensibilidade caractersticos complementares. Umpoeta digital avant la lettre, cuja obra negao da facilidade. E confirmao da felicidade decriar. L-lo aceitar o desafio de ser provocado a cada poema, a cada livro. Minimalista ao grauzero da palavra, toma-a em suas dimenses mais radicais de msica, imagem e ideia. Semconcesso, cutuca a ona retr da poesia com vara curta. Feliz dono de admirvel erudio,assusta acomodados e deleita inquietos. Vem operando um tsunami, no somente na poesiade lngua portuguesa, mas, segundo vrios crticos, em toda a poesia contemporneauniversal.

    outro fascinante. o seguinte e o diverso. Do mesmo augusto. Do outro augusto. Do sempreaugusto e desafiador Augusto.

    [Publicado pelo Suplemento Literrio de Minas Gerais, Belo Horizonte, maro/abril 2015,edio nmero 1.359, p. 23-27].

    .

    Amador Ribeiro Neto nasceu em Caconde-SP, 1953, e est radicado em Joo Pessoa-PB.Mestre em Teoria Literria e Literatura Comparada pela USP e doutor em Semitica pelaPUC/SP. Autor de Lirismo com siso notas sobre poesia brasileira contempornea (crtica;2015), Ah---oxe (poesia; 2015), Barrocidade (2003). Escreve s sextas-feiras emwww.augustapoesia.wordpress.com. E-mail: [email protected]

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