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nÚmero 103 15 de JunHo a 15 de JulHo de 2011 1,20 € periódico galego de informaçom crítica JosÉ mÁrio branco 13 Entrevistamos Zé Mário Branco na se- qüência da apariçom do grupo Ho- mens da Luta, que apoiárom a Geração à Rasca parodiando este músico portu- guês. O cantor é crítico com este movi- mento e os seus fenómenos artísticos. olimPÍadas PoPulares 25 Perto de 150 pessoas participárom em Riva d'Ávia desta iniciativa a favor do desporto popular, impulsionada por centros sociais ourensanos, onde se competiu em modalidades como tria- tlo, saltos, bilharda ou luita galega. N ovas da G ali a “A soluçom neoliberal e patriarcal à crise socioeconómica é que a mulher volte para o lar” LUíSA OCAMPO Militante das MNG e de coletivos feministas vigueses Pág. 6 oPiniom O DESTRANSGENIZADOR QUE NOS DESTRANSGENIZE... por Ugio Caamanho / 3 ObRIGADO por O Leo / 28 FEMINISMO PARA TODAS por Mónica G. Devesa / 3 suPlemento central a reVista OS ÚLTIMOS SAPO-CONCHOS DO LOURO A Galiza Natural trata sobre o cágado-de-carapaça-estriada, tartaruga ainda presente nas ribeiras do Louro e do Arnoia. QUE FOI DE NACIONALISTAS E MARXISTAS? Repasso pola metamorfose ideológica da Transiçom de políticos como Francisco Vázquez, Pedro Luaces ou Vilas Nogueira. Derrube do PSOE arrasta o nacionalismo soberanismo suPera os 5000 Votos Numhas eleiçons marcadas po- la forte queda do PSOE a nível estatal, o BNG conseguiu man- ter o número de alcaldias, mas perdeu grande número de con- celheiros e votos, confirmando- se a lenta agonia de um projeto em que chegou a confiar um quarto da populaçom galega. A frente tem perdido apoios nos últimos processos eleitorais e agora debate-se entre a refunda- çom ou novas rupturas. Por ou- tro lado, a modesta, mas signifi- cativa recolha de votos por parte das candidaturas independen- tistas nos concelhos em que se apresentou, fai pensar numha reestruturaçom do nacionalis- mo galego a curto prazo. / PÁG. 15 Precarizam os convénios coletivos O Governo espanhol aprova sem consenso umha reforma da negociaçom coletiva que abre a porta a umha descida de salários para as trabalhadoras e trabalhadores / PÁG.11 Seguindo dinámicas estatais, o movimento que se seguiu às manifestaçons do 15-M, inicialmente sur- gido em Portugal, tivo repercussom nomeadamente na Corunha, Vigo e Compostela, ainda que chegou a haver acampamentos em mais vilas. Milhares de pessoas debatêrom-se durante um mês entre a Inter- net e o espaço público, entre mais ou menos reforma do sistema capitalista e até entre espanholismo e ga- leguismo. Os clássicos movimentos populares, quer por exclusom quer por autoexclusom, estivérom praticamente ausentes das assembleias realizadas quase diariamente, que levárom à rua muitas pesso- as que nunca refletiram sobre política nem tiveram umha experiência coletiva semelhante. / PÁG. 18,21 Oposiçom popular à ‘Sogama do Sul’ Junta aPosta na incineraçom A Junta da Galiza prevê a cons- truçom de umha nova macroin- cineradora numha comarca ain- da por determinar do sul do Pa- ís semelhante à que já existe em Cerzeda, segundo se desprende do seu 'Plano Geral de Resíduos Sólidos Urbanos 2010-2020'. Di- versos coletivos apresentárom nos últimos meses mais de 60 alegaçons que nom motivárom mudanças nesta planificaçom. Ainda, o PP concedeu à empre- sa Estela Eólica, que conta com cargos ligados a este partido, o projeto como complemento aos parques que levou no último concurso eólico. / PÁG. 16 Acampamentos traduzem indignaçom da sociedade

ovas da Gali a e de coletivos feministas viguesesmens da Luta, que apoiárom a Geração à Rasca parodiando este músico portu-guês. O cantor é crítico com este movi-mento e os

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Page 1: ovas da Gali a e de coletivos feministas viguesesmens da Luta, que apoiárom a Geração à Rasca parodiando este músico portu-guês. O cantor é crítico com este movi-mento e os

nÚmero 103 15 de JunHo a 15 de JulHo de 2011 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

JosÉ mÁrio branco 13Entrevistamos Zé Mário Branco na se-qüência da apariçom do grupo Ho-mens da Luta, que apoiárom a Geraçãoà Rasca parodiando este músico portu-guês. O cantor é crítico com este movi-mento e os seus fenómenos artísticos.

olimPÍadas PoPulares 25Perto de 150 pessoas participárom emRiva d'Ávia desta iniciativa a favor dodesporto popular, impulsionada porcentros sociais ourensanos, onde secompetiu em modalidades como tria-tlo, saltos, bilharda ou luita galega.

Novas da Gali a

“A soluçomneoliberal epatriarcal à crisesocioeconómica é que a mulhervolte para o lar”

LUíSA OCAMPOMilitante das MNG e de coletivos feministas vigueses Pág. 6

oPiniom

O DESTRANSGENIZADOR QUE NOSDESTRANSGENIZE... por Ugio Caamanho / 3

ObRIGADO por O Leo / 28

FEMINISMO PARA TODAS por Mónica G. Devesa / 3

suPlemento central a reVista

OS ÚLTIMOS SAPO-CONCHOS DO LOUROA Galiza Natural trata sobre o cágado-de-carapaça-estriada, tartaruga ainda presente nas ribeiras do Louro e do Arnoia.

QUE FOI DE NACIONALISTAS E MARXISTAS?Repasso pola metamorfose ideológica da Transiçom de políticoscomo Francisco Vázquez, Pedro Luaces ou Vilas Nogueira.

Derrube do PSOEarrasta o nacionalismo

soberanismo suPera os 5000 Votos

Numhas eleiçons marcadas po-la forte queda do PSOE a nívelestatal, o BNG conseguiu man-ter o número de alcaldias, masperdeu grande número de con-celheiros e votos, confirmando-se a lenta agonia de um projetoem que chegou a confiar umquarto da populaçom galega. Afrente tem perdido apoios nos

últimos processos eleitorais eagora debate-se entre a refunda-çom ou novas rupturas. Por ou-tro lado, a modesta, mas signifi-cativa recolha de votos por partedas candidaturas independen-tistas nos concelhos em que seapresentou, fai pensar numhareestruturaçom do nacionalis-mo galego a curto prazo. / PÁG. 15

Precarizam os convénios coletivosO Governo espanhol aprova sem consenso umha reforma da negociaçom coletiva que abre a porta a umha descida desalários para as trabalhadoras e trabalhadores / PÁG.11

Seguindo dinámicas estatais, o movimento que seseguiu às manifestaçons do 15-M, inicialmente sur-gido em Portugal, tivo repercussom nomeadamentena Corunha, Vigo e Compostela, ainda que chegou ahaver acampamentos em mais vilas. Milhares depessoas debatêrom-se durante um mês entre a Inter-net e o espaço público, entre mais ou menos reforma

do sistema capitalista e até entre espanholismo e ga-leguismo. Os clássicos movimentos populares, querpor exclusom quer por autoexclusom, estivérompraticamente ausentes das assembleias realizadasquase diariamente, que levárom à rua muitas pesso-as que nunca refletiram sobre política nem tiveramumha experiência coletiva semelhante. / PÁG. 18,21

Oposiçom popular à ‘Sogama do Sul’

Junta aPosta na incineraçom

A Junta da Galiza prevê a cons-truçom de umha nova macroin-cineradora numha comarca ain-da por determinar do sul do Pa-ís semelhante à que já existe emCerzeda, segundo se desprendedo seu 'Plano Geral de ResíduosSólidos Urbanos 2010-2020'. Di-versos coletivos apresentárom

nos últimos meses mais de 60alegaçons que nom motivárommudanças nesta planificaçom.Ainda, o PP concedeu à empre-sa Estela Eólica, que conta comcargos ligados a este partido, oprojeto como complemento aosparques que levou no últimoconcurso eólico. / PÁG. 16

Acampamentos traduzemindignaçom da sociedade

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Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 201102 oPiniom

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDITORAMINHO MEDIA S.L.

DIRETORCarlos barros Gonçales

CONSELHO DE REDAçOMCarlos Calvo, David Canto, Iván García, Aarón L. Rivas, Antia Rodríguez, Xoán R. Sampedro, Olga Romasanta, Antom Santos, Alonso Vidal, Paulo Vilasenin

SECçONSCronologia: Iván Cuevas, Economia: AarónL. Rivas, Agro: Paulo Vilasenin e Jéssica Rei,Mar: Afonso Dieste, Meios: Xoán R. Sampedro

e Gustavo Luca, A Terra Treme: Daniel R.Cao, Além Minho: Eduardo S. Maragoto, Dito e Feito: Olga Romasanta, A Denúncia:Iván García, Cultura: Antia Rodríguez, Saúde / Ciência / A Rede: David Canto,Desportos: Antom Santos, Xermán Viluba e Ismael Saborido, Sexualidade: beatriz Santos, Consumir Menos, Viver Melhor:Toni Lodeiro, Agenda: Irene Cancelas, A Foto: Sole Rei, Terra / Que Foi De...:Alonso Vidal, Tempos Modernos / Em Tempos: Carlos Calvo, A Galiza Natural:João Aveledo, Gastronomia: Luzia Rgues.,Língua Nacional: Valentim R. Fagim, Criaçom: Patricia Janeiro e Alonso Vidal, Cinema: Francesco Traficante, Xurxo Chirro.

DESENHO GRÁFICO E MAQUETAçOMManuel Pintor, Helena Irímia, Carlos barros

FOTOGRAFIAArquivo NGZ, Sole Rei, Galiza Independente(GZI-Foto), Natália Gonçalves, Zélia Garcia

ADMINISTRAçOMIrene Cancelas Sánchez

LOGíSTICASuso Diz e Daniel R. Cao

IMAGEM CORPORATIVA: Miguel Garcia

AUDIOVISUAL: Galiza Contrainfo

HUMOR GRÁFICOS. Sanmartin, Pestinho+1, X.L. Hermo, F. Padín

CORREçOM LINGÜíSTICAEduardo S. Maragoto, Fernando V. Corredoira, Vanessa Vila Verde, Mário Herrero (A Revista)

COLAbORAM NESTE NÚMEROUgio Caamanho, Mónica Gonçalves, Gonzaloboye, Fernando Arrizado, H.C., O.P., Carlos GªSeoane, Aurelio Castro, Daniel Salgado, Gon-zalo Pallares, X.C. Hidalgo, M. César Vila, Fir-mino Martínez, Concha Rousia, Leo F.C.,M.C.b., Zélia Garcia, Raida R. Mosquera

FECHO DE EDIçOM: 14/06/2011

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o PelourinHo do noVas

a indiGnaçom nom É suficiente

No dia quinze de maio centenasde pessoas tomárom as ruas dasprincipais cidades do nosso Paíscom o palavra-de-ordem de “Nomqueremos ser mercadorias emmaos de políticos e banqueiros”.Este movimento desenvolveu-seem chave estatal, mas ao mesmotempo foi umha cópia das mobili-zaçons portuguesas da Geração àrasca. Aglutina diferentes sensibi-lidades e parece assentar num se-tor importante da mocidade (…).Trata-se, ao que parece, de maisum sintoma de indignaçom e um-ha tentativa de moderada rebeldiaperante a situaçom que vivemos.

Este morno descontentamento,muito condicionado e limitado po-los meios e redes sociais, respeito-so com os limites “democráticos”,acrescenta um novo fator de mu-dança à realidade social galega.

Mas também cumpre analisaralguns pontos negativos que apre-senta este movimento:

A pretendida ideia de que este éum movimento apolítico nom dei-xa de ser umha farsa. Qualquerexpressom popular de raiva e des-contento é umha expressom polí-tica. A negaçom da sua condiçomde movimento político vem dadopolo desprestígio que deu a políti-ca às diferentes oligarquias dos

partidos, que repartírom o bolo dasua “democracia” (...).

Este movimento de “indigna-das”, se realmente pretende modi-ficar o sistema, tem que questio-nar os seus fundamentos e nomtentar ser um remendo reformistapara tentar continuar com o siste-ma até que dure. Os famosos 'oitopontos' que nascêrom de algum la-do, mas que ninguém sabe quemos escreveu, e que fôrom aceitespor todas as mobilizaçons e acam-pamentos sem apenas discussom,por muito que as suas reivindica-çons sejam inaceitáveis para o sis-tema, nom deixam de ser pontosreformistas que pretendem que osistema se perpetue. A soluçomnom é modificar o sistema, nom éreformá-lo, é botá-lo abaixo!

Dentro do seu cancro reformis-ta e de querer jogar dentro dos “li-mites democráticos”, é de notar oseu autodeclarado pacifismo. Re-jeitar as expressons de raiva dopovo com o fim de estar dentro do“jogo democrático”, rejeitar en-frentamentos com os corpos re-pressivos e sendo, ou ameaçandoser, às vezes confidentes destes.Este pacifismo só questiona a vio-lência das oprimidas, as pequenaspatadas que pode dar o povo con-tra o muro do sistema. Mas estepacifismo é hipócrita, já que nomquestiona a violência do estado, aviolência do capital, a violência degénero, etc. Toda essa violência é

negada e, o que é pior, assumidapolo movimento, mas a violênciado povo contra o Estado, da pobrecontra o rico, é negada e denun-ciada perante os corpos repressi-vos. É importante fazer notar quenom existiu nengumha revoluçomque tivesse sido pacífica.

Ainda assim, na AMI pensamosque nestes momentos em que nomhá maior crime que a indiferença,é muito interessante que a moci-dade galega tome a rua para rei-vindicar umha série de direitos(…). A auto-organizaçom à mar-gem das instituiçons, a auto-orga-nizaçom para criar, organizar e ali-mentar todo um acampamento, aauto-organizaçom para criar mo-bilizaçons, etc. Todo isto é muitoimportante. O povo tem queaprender a auto-organizar-se, jáque a organizaçom é a única for-ma de confrontar-nos com os pro-blemas que se nos apresentam nodia-a-dia (…). Devemos promovera desobediência, a luita na rua e aaçom direta, defender e ocupar es-paços dissidentes, consolidar osprojetos de base, denunciar e assi-nalar os inimigos do povo, etc. Emdefinitivo, organizar-se e luitar emtodas as frentes. A indignaçomnom é suficiente. O nosso futuroconstrói-se derruindo este presen-te de miséria.

Assembleia da Mocidade Independentista (AMI)

indiGnados e indiGnadas

Dixérom-me que nom fosse à Pra-ça do 15-M. Que havia um acam-pamento de okupas, violentos, la-caçáns e tolos que pediam umhademocracia real, a reforma da leieleitoral, dos depredadores da ban-ca, das grandes empresas, da polí-tica... E fum. E nom havia tal. A ar-

ma mais perigosa que atopei foiumha biblioteca (...). A rapazadaacaba de prender a faísca. O movi-mento acabará, mais cedo que tar-de, fazendo estoupar o polvorimdo sistema. Os mandatarios sa-bem-no. Olham-nos com receiodesde os seus carros blindados. Te-nhem medo de perder privilégios.

Francisco Maceira (Ferrol)

Segundo fontes diversas dosrepresentantes do poder,cumpre preparar-se coleti-

vamente para os tempos que aí ve-nhem. Numha frase relativamen-te reiterada, diz-se que, por muitodesconhecido que se nos apresen-te o futuro, existe umha cousa cer-ta: os vindouros vinte anos serámradicalmente diferentes das últi-mas duas décadas. No laboral eno ecológico, nas formas de go-vernança política, na administra-çom da repressom e nos planos

assimilistas para naçons periféri-cas como a nossa.

Os mais pessimistas falam de'calmaria social' para se referir àinvoluçom para a barbárie na qualmuitos pontos do mundo -incluí-do este país- se adentram a passofirme. Mas, pessimismos a um la-do, essa expressom carece de ri-gor. Porque nem a passividade po-pular mais injustificável vai garan-tir um porvir tranqüilo. Ante a de-bilidade de umha luta de classestravada por baixo, há já tempo que

se pujo em andamento umha lutade classes dirigida de cima parabaixo, onde a própria defesa do'Estado de bem-estar' se interpretacomo um chamamento subversi-vo a banir do espaço público. Emesmo que as classes assalaria-das se deixem embaucar umha eoutra vez polos enganos do con-sumo, o perigo continua no ar: en-venenamentos alimentares, crisesnucleares, colapsos de sistemasde proteçom social.

Na realidade, ninguém fica de

braços cruzados e a extrema-di-reita já se apressou a iniciar commao de ferro as reformas maisprofundas. Desgastada a direitamoderada na primeira gestom dacrise, o neofranquismo prepara aculminaçom da obra com um pla-no estratégico a muitos anos vista.

Há, ainda, umha incógnita adespejar: que farám os movimen-

tos populares, presos entre asinércias das grandes burocraciassindicais e políticas, e a indecisomperante fenómenos tam novos eambíguos como os chamados in-dignados. Possivelmente a estabi-lidade entrará já numha contagemdecrescente definitiva, mas faltapor saber o quando e como dasmovimentaçons do futuro.

Quando e comoeditorial

Humor PestinHo

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03oPiniomNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

oPiniom

Nengum de nós pode saberquantos produtos transgé-nicos ingere ao longo do

dia, como também nom podemossaber quantos milhares de hecta-res de milho comercial estám culti-vados com sementes de Monsantona Galiza: pode ser qualquer umhadas que rodeiam as nossas casas eas nossas hortas. O que sabemos éque temos a desgraça de estar co-lonizados polo Estado europeumais submisso à indústria agrotec-nológica, e até conhecemos, polaspesquisas do movimento popular,a localizaçom exata de algumhasdas plantaçons de variedades ex-perimentais. Numha delas, a quesementou em Messia a multinacio-nal Pionner, o ensaio foi abando-nado antes de acabar, e alegada-mente destruíram-se os restos pa-ra evitar a poluiçom. Estes dias, po-rém, acabamos de conhecer polaPlataforma Galega Antitrans-génicos que nesse terreio omilho transgénico rebro-tou, de maneira que oexperimento se des-controlou e as se-mentes experi-mentais incor-porárom-se aoecossistema.

Um 'inci-dente' como es-te ganha a suaverdadeira dimen-som se repararmos nodado divulgado polo Servi-ço Internacional para a Aqui-

siçom de Aplicaçons Agro-biotec-nológicas (ISAAA), um organismoapologista da transgénese, segun-do o qual as plantas fabricadas noslaboratórios das multinacionaisocupam já 10% das terras cultiva-das no mundo. Mesmo que nomexistisse tanta pressom económi-ca e política no seu favor, nom ve-jo como se poderia deter umhapraga desta magnitude: o contágioàs plantaçons nom OGM é inevitá-vel e praticamente irreversível.

Sendo como é um processo ca-tastrófico para a natureza, as so-ciedades e a saúde das pessoas, averdade é que nom passa deum caso particular doprocesso geral deartificializa-çom domun-

do em que anda empenhado o ca-pitalismo. Animado polo ódio e onojo que sente contra o mundo,propujo-se substituir todo o habi-tat das pessoas, isto é, o meio natu-ral de que fazemos parte entantoque organismos vivos, por umhaemanaçom da inteligência: o mun-do do capitalismo nom é materia-lista, como se pode pensar, senomradicalmente idealista. Por repul-som à matéria extermina do mun-do (do seu mundo, do nosso mun-do) as espécies vegetais, o chao deterra, o ar sem condicionar, as es-taçons, o dia e sobretodo a noite, o

pó, os 'germes'... e instala noseu lugar este deserto desuperfícies lisas e mortas

que nos alheiam da nos-sa condiçom

natural.

O custo secundário disto, que lhevamos fazer, é a destruiçom domundo também para o resto daspessoas e para a vida em geral.

Muitas sociedades no passadoconcebêrom planos disparatadosou perversos, e algumhas delasconseguírom até culminá-los, pa-ra desgraça das suas vítimas. Masesta neurose particular, a que nosleva a tornar artificial todo o quenos rodeia, tem um perigo inédi-to: o perigo de que prolifera, e fai-no automaticamente, sem neces-sidade de açons e quase sem pos-sibilidade de retorno.

Na medida em que somos parteintegrante do ecossistema, o am-biente artificial agride os nossoscorpos causando os flagelos docancro, a obessidade ou a depres-som, que patologizam de umha for-ma ou outra a ruptura dos galegoscom a Terra. Mas pior ainda é oefeito psicológico, porque acabapor insensibilizar-nos até tal pontoque nem sequer sentimos repulsomperante estas monstruosidades. Lo-

go teremos o gosto e a mente tamatrofiados que nom distinguiremosum tomate normal de um cruze en-tre tomate e cascuda, nem sequernos importará. De facto, estamosmais perto de fascinar-nos polo ar-tificial que de rejeitá-lo...

Há décadas que estamos aaguardar por umha 'crise do siste-ma' que torne insuportável a vidae desencadeie a revolta, mas te-ríamos que ser capazes de notarque a catástrofe nom está por vir,senom que habitamos nela hámuito: basta olhar ao redor e re-parar nas ruínas de um mundo, aGaliza, em processo de demoli-çom mui avançado. Sem dúvidaesta crise tem produzido efeitospolíticos, mas resumem-se princi-palmente na insensibilizaçom ena indiferença. É certo que tam-bém suscitou a reaçom política deum nacionalismo que exprime aurgência de retomar o vínculo, dereverter a artificializaçom. Cum-priria quiçá que nos tornássemosmais conscientes e mais sensíveisdo detestável que é o que está afazer Espanha e o capitalismocom o nosso mundo e abandonara tentaçom de nos convertermosem simples gestores do desastreem curso. Somente umha forçaassim, que confrontasse os planosde destruiçom física e social danaçom em lugar de pretender cor-rigi-los ou capitaneá-los, poderia,chegado o caso, preservar algo doque constitui a Galiza: a língua,sim, mas também as nossas ser-ras, as nossas festas populares...ou as nossas sementes autótones.

Não estranha que nas pra-ças ocupadas pola cidada-nia indignada (em linhas

gerais, entenda-se) sejam elas avarrer e organizar a comida e elesa falarem nas assembleias, tantasvezes simplesmente polo prazerde se ouvirem... (por não falar daviolência direta contra elas, temapara um outro artigo). Que tem deestranho? A praça, a hotelaria, oscentros sociais de toda a casta,etc... qualquer espaço público re-flete fielmente o que acontece en-tre as paredes das nossas casas;como ia ser de outra maneira? Noespaço dos movimentos sociais,proponho deixar por uma vez amesa de reunião e chegar-nos àpia da cozinha... Não descobrireinada novo, só assinalarei (sim, po-dem franzir o focinho) que aindahá restos de comida nos pratos.

É sabido que os grupos estãoformados por pessoas socializa-das nalgum dos géneros impos-tos, feminino ou masculino, cadaquem em diferentes pontos de as-sunção do ideal. Vamos no mes-mo carro, mas em diferentes lu-gares: a paisagem é a mesma,mas não a vemos igual. Amiúde omotorista põe a música demasia-do alta para conversar (e ade-mais, o cinto de segurança aper-ta-nos as tetas).

O rol masculino funciona emhierarquias, formais ou infor-mais, com chefe(s) e subordina-dos, e as mulheres costumam es-tar entre os segundos; tanto fazse chegam a ser maioria nos pri-meiros (que a coisa ainda estácrua): o esquema tende a repro-duzir-se. Não se trata só de que asmulheres cheguem 'ao poder': tra-ta-se de redistribuí-lo, e de redes-cobrir e fomentar o poder pessoal

de cada uma e cada um. E as or-ganizações não se ocupam disto.Digamo-lo alto e claro, mesmo dacozinha!

Em vez de incorporarmos doispalavros e as arrobas, continuan-do a fazer tudo do mesmo modo,que tal se incluímos a louça na or-

dem do dia? Que tal reconhecer otrabalho invisível, os diferentesritmos e necessidades das pes-soas? Que tal facilitar a integra-ção de todas no público, mudan-do mecanismos de participação,hábitos e atitudes? Que tal nãocentrar a atividade toda nos obje-tivos externos, mas atender a co-municação interna, e tambémaproximar-se dos valores que asmulheres trazem? Como a verda-deira democracia, é mais lento elixado, mas infinitamente maisjusto e transformador, para todase para todos sem exclusão.

Quando deixará o feminismode ser 'o tema das mulheres'?Uma coisa é sermos as protago-nistas da nossa luta e outra é dei-xar-nos sempre penduradas comesse pretexto; os pratos começama feder, tá bem? O feminismo tempropostas globais para a socieda-de e já abriu importantes cami-

nhos: para elas, o mundo do pú-blico e acometer a própria trans-formação (processos ainda emandamento); mas também osabriu para eles, e vai sendo horade mover ficha, assumindo a dife-rença. Claro que há um papel pa-ra os homens: desertar do rolmasculino que os tem cómodosmas rígidos como o cartão, parase tornarem mais humanos; far-tar-se de uma vez do 'pirola style'próprio e alheio...

Para as mulheres, construir es-paços de encontro, convívio eempoderamento. Dá igual queestejamos na melhor causa domundo; nesta sociedade que nostem bem disgregadas, cada umana sua cozinha, são imprescindí-veis, e neles (e isto é um segredomuito bem guardado), vive-se in-comparavelmente melhor... Eque mal faz que che chamem pu-ta ou lésbica, se já cho disseramnalgum momento da tua vida,pois sim? Não há nada bom queperder, e sim muito por ganhar.Para todas (as pessoas).

Feminismo para todas (as pessoas)Mónica Gonçalves Devesa Não se trata só de

que as mulherescheguem ‘ao poder’:há que redistribuí-lo,e de redescobrir efomentar o poderpessoal de cadauma e cada um. E as organizaçõesnão se ocupam disto

O destransgenizador que nos destransgenize…Ugio Caamanho A catástrofe nom está

por vir, habitamosnela há muito: bastaolhar ao redor e reparar nas ruínasda Galiza, o processode demoliçom estámui avançado

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Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 201104 acontece

aconteceO BNG apresentou no Hórreo umha per-gunta sobre o tratamento privilegiado queo Grupo Plexus está a ter nas adjudica-çons públicas por parte do PP. A reporta-gem publicada no NGZ foi a base queorientou a iniciativa parlamentar.

inVestiGaçom sobre Plexus cHeGa ao Parlamento

Até quatro metros desceu o nível do Siláguas abaixo da barragem de Santo Es-tevo, na Ribeira Sacra. A causa som asexplosons que Iberdrola efetua paraampliar a represa. Já em 2008 Iberdro-la tinha provocado ali umha seca.

iberdrola Volta a minGuar o caudal do sil

10.05.2011 / José Avelino C.B,trabalhador português de 41anos, morre em Friol ao cair-lheem cima umha árvore.

11.05.2011 / Morre um homemem Leloio (Malpica) preso poloseu próprio trator.

12.05.2011 / Perto de 5.000 traba-lhadores de Navantia manifes-tam-se pola carga de trabalho.

13.05.2011 / Rapariga de 19anos de Noia é assassinada a

punhaladas, presumivelmentepolo seu ex-moço. No dia 16 éencontrado o corpo do rapazcom sinais de suicídio.

14.05.2011 / Pessoal de Clesa fi-naliza em Compostela a suamarcha reivindicativa desdeCaldas de Reis.

15.05.2011 / Mais de 5.500 pes-soas manifestam-se pola Demo-cracia Real em Vigo, Corunha,Compostela, Ourense, Lugo,Ferrol, Ponte Vedra e Ponferrada.

16.05.2011 / Morre o motoristade 49 anos de um camiom numacidente em Sá (Palas de Rei).

17.05.2011 / Os dous marinhei-ros do Vega 5 retidos na Somá-lia desde 28 de dezembro, voamà Galiza após a sua libertaçom.

18.05.2011 / Trabalhador morrenum barco atracado no portode Burela.

19.05.2011 / Motorista morreaprisionado na cabina do ca-

miom em Mós, entre Puxeirose Peinador.

20.05.2011 / A. F., operário de 30anos, morre em Loiba (Ortiguei-ra), num abatimento de árvores.

21.05.2011 / Começam as Olim-píadas Populares Galegas emRiba d’Ávia.

22.05.2011 / PP consegue pormaioria absoluta nos conce-lhos da Corunha, Compostelae Ferrol.

23.05.2011 / Alfonso Rueda, se-cretário geral do PP, di que sórespeitarám que governe a listamais votada se o figerem osoutros partidos.

25.05.2011 / Tribunal de Ourenseanula decreto do alcalde de Ve-rim que proibia a megafonia pa-ra anunciar umha greve geral.

26.05.2011 / AENA abre 29 expe-dientes disciplinários a 17 con-troladores aéreos polos inci-dentes do novembro passado.

cronoloGia

NGZ / Um grupo de ativistas a tí-tulo individual divulgárom nopassado mês de maio um mani-festo com o título ‘DeclaraçomGalega de Soberania’ que contajá com mais de trezentas cin-qüenta adesons e procura incre-mentar o número de assinaturasde apoio progressivamente. Pro-clamam a sua vontade para “es-tabelecermos as formas e meca-nismos adequados de auto-orga-nizaçom política, económica, so-cial, cultural, territorial e jurídi-ca para reger-nos”.

Na declaraçom, fai-se um cha-mamento a procurar a “auto-orga-nizaçom e da auto-gestom demo-crática da sociedade galega numquadro de verdadeiras igualdadeseconómica e social, liberdade ejustiça” e reclamam “os nossos di-reitos sobre todos os recursos co-letivos materiais e simbólicos do

território e dos mares” galegos.Para a consecuçom dos fins

expostos reclamam das institui-çons e poderes “a eliminaçom dequalquer obstáculo e a evitaçomde qualquer medida que pude-rem ir dirigidos contra o nosso

direito a fazer realidade a nossavontade coletiva de auto-deter-minaçom”. E ditam a “legitimi-dade” do manifesto como “qua-dro programático” para a “mate-rializaçom política do exercícioda soberania da Galiza”.

Promovem declaraçom de soberaniapara reclamar autodeterminaçom

defendem “auto-orGanizaçom democrÁtica da sociedade GaleGa”

Absolvem 28 pessoas acusadas de obstruírem as obras do complexo de Massó em CangasNGZ / No dia 31 de maio fôrom ab-solvidas polos julgados de Can-gas 28 vizinhas e vizinhos destalocalidade morracense que esta-vam acusadas de coaçons e deso-bediência durante os episódios deluita popular contra a construçomdo porto desportivo de Massó. Osfactos remontam-se aos anos2005 e 2006, época em que Cons-

trucciones Dios, a empresa de-nunciante neste caso, era a encar-regada das obras. No julgamento,realizado nos tribunais de Can-gas, nom comparecêrom repre-sentantes desta empresa e a Fis-calia renunciou à apresentaçomde acusaçons, polo que finalmen-te a juíza ditou sentença de absol-viçom para os processados.

Para além deste processo,atualmente também se encon-tram em fase de instruçom um to-tal de 35 inculpados por factosacontecidos durante a oposiçompopular levada a cabo contra asobras do porto desportivo duran-te o ano de 2009, ano de intensaatividade vicinal contra a 'marbe-lhizaçom' da Ria de Vigo.

NGZ / Segundo informou a or-ganizaçom ecologista Adega,no concurso eólico que aprovoua atual Junta da Galiza reco-lhem-se projetos que afetarámzonas do território que consti-tuem habitats protegidos. Des-te modo, as instalaçons do par-que eólico de Barbança situam-se num espaço que em 2008 foiproposto pola Junta para fazerparte da Rede Natura 2000 eque foi designada como Lugarde Importáncia Comunitária(LIC) Serra de Barbança.

Os ecologistas denunciam

também o caso do parque Gin-zo Norte, que se situa a poucosmetros da Zona Especial deProteçom de Aves (ZEPA) daLímia, onde habitam espéciesem perigo de extinçom. Por ou-tra lado, a Adega alerta ade-mais para o facto de as instala-çons dos Penidos, em Valdovi-nho, e Salgueiras, em Ponteces-so, estarem situadas mui próxi-mas das ZEPA Ferrol-terra-Valdovinho e Costa daMorte-Norte, o que pode pro-vocar impacto na migraçomdos pássaros.

Novos parques eólicos emzonas de interesse ambiental

rede natura e esPaços ProteGidos afetados

NGZ / Os milhares de aparta-mentos que a justiça tinha de-clarado ilegais no concelho lito-ral marinhao de Barreiros vamcontar agora com sustento jurí-dico depois de que a Junta apro-vasse um Plano Setorial de ca-ráter supramunicipal que impli-ca a aprovaçom destas constru-çons com base numha supostaplanificaçom infraestrutural.

A rede Galiza Nom Se Vendee o coletivo Fusquenlha tinhamapresentado junto a outras as-sociaçons ecologistas numero-sas alegaçons que nom tivéromresposta por parte do mesmoGoverno autonómico que agora

dá via livre às edificaçons.Os cofres públicos pagarám

ainda 14,1 milhons de euros pa-ra custear os gastos de urbani-zaçom que deveriam ter corres-pondido às promotoras imobi-liárias. O Concelho custeará me-tade, enquanto a Junta assumi-rá 40 por cento e a Deputaçom orestante 10 por cento.

Galiza Nom Se Vende enqua-dra a decisom da Junta como“um exemplo mais da condes-cendência com que os poderespúblicos tratam os empresáriosda contruçom apesar da gravecrise económica que provocá-rom no nosso país”.

Junta consente legalizaçomdas construçons de Barreiros

aleGaçons nom fôrom sequer resPondidas

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

A CIG anunciou a organizaçom de umha marcha rei-vindicativa de desempregadas e desempregados, quesairá das principais vilas e cidades da Galiza no dia 29de junho, para finalizar no dia 3 de julho em Compos-tela, coincidindo com umha manifestaçom nacionalcontra as políticas neoliberais.

conVocam “marcHa GaleGa Polo emPreGo”

A Plataforma Galega Antitransgénicos conseguiu a aber-tura de diligências pré-processuais baseadas no requeri-mento de documentaçom e dados a diferentes administra-çons sobre a atividade na leira de Cabrui (Messia) na qualse experimentou com milho transgénico. Alegam que setrata de umha situaçom de ameaça para a saúde.

fiscalia inVestiGarÁ cultiVo transGÉnico de messia

27.05.2011 / José Enrique CarrilRojo e Santiago Manuel VarelaVeiga, mortos ao naufragar o bar-co Nuevo Luz frente às costas daCorunha. F.C.A.R. falece em Ou-tes ao capotar o seu trator.

28.05.2011 / BNG deixa nasmaos das juntas locais a deci-som de apoiar ou nom biparti-dos com o PSOE.

29.05.2011 / Tribunal de Madridafasta a família Ruiz-Mateos dagestom de Clesa.

30.05.2011 / Morre um motoris-ta ao despistar-se saindo da N-634 no Pinho.

31.05.2011 / Absolvidas 28 pes-soas por pararem as obras doporto desportivo de Massó emCangas.Os factos remontam-se aos anos 2005 e 2006. A Fis-calia renunciou à acusaçom.

01.06.2011 / Meio milhar de tra-balhadores do naval manifes-tam-se em Compostela paraexigirem carga de trabalho.

02.06.2011 / Adega e Mariñapa-trimonio denunciam plantaçomde eucaliptos em castros deJove e Viveiro.

03.06.2011 / TSJG dá quinzedias à Cámara da Corunha paraderrubar o edifício Conde deFenosa.

04.06.2011 / Valentín Paz Andra-de, ex vice-presidente da Pes-canova, é escolhido pola RAGpara ser homenageado no diadas letras de 2012.

05.06.2011 / Nós-UP celebra 10anos de existência em Com-postela e anuncia convocatóriaem solitário para o 25 de julho.

06.06.2011 / Sorteio dá ao PP aalcaldia dos Brancos depois deque este partido e AlternativaPopular Galega empatassem a393 votos pola perda de um bo-letim de voto.

07.06.2011 / Novacaixagaliciavende 5,1% de Pescanova aFernández de Sousa, que se

soma a 15% vendido ante-riormente a 23 de maio.

08.06.2011 / Acampados deOurense marcham até a De-putaçom para distribuir'chouriços' e tomadas ('en-chufes') de cartom.

09.06.2011 / Mais de 400 pes-soas do bairro da Residênciade Lugo manifestam-se con-tra a transferência dos servi-ços assistenciais do HospitalGeral lucense.

cronoloGia

NGZ / A entidade soberanistaCausa Galiza realizou no passa-do sábado dia 11 de junho umplenário nacional para iniciar ospreparativos para a convocató-ria do 25 de julho, a quinta oca-siom em que o organismo fai umchamamento ao conjunto do in-dependentismo e dos setores so-ciais que apoiam a autodetermi-naçom para se manifestarem noDia da Pátria.

Pretendem lançar “umha fortecampanha política” destacando aurgência de “ver reconhecido eexercitado, sem limites nem im-posiçons, o direito à livre deter-minaçom”. Para tal fim prevémincrementar o número de atos arealizar tanto no próprio 25 comonoutras datas ainda por concreti-zar para dar maior visibilidade àsua aposta política.

Aguardam que se “consolide acurva ascendente de ediçons an-teriores e se visibilize o momento

de avanço e fortalecimento queencara o movimento soberanis-ta”. O Acordo Democrático Na-cional impulsionado pola CausaGaliza conseguiu o apoio das or-ganizaçons políticas FPG, Espa-ço Irmandinho, Movimento polaBase, PCPG, Coletivo Nacionalis-ta de Marim e Frente Obreira Ga-lega, assim como das organiza-çons juvenis AMI e Adiante, o sin-dicato CUT, a associaçom cultu-ral Redes Escarlata, a entidadeantirrepressiva Ceivar e a despor-tiva Siareir@s Galeg@s.

Em comunicado público a ini-ciativa autodeterminista mani-festou constatar “a existência deum espaço sócio-político diferen-ciado e o auge do soberanismo”,que pretende a “disputa estraté-gica da liderança sobre o camponacionalista”, polo que fam umchamamento à abertura de um“novo ciclo” que resitue o nacio-nalismo sobre a “reivindicaçom

da soberania como elemento ful-cral da sua atividade”. Destacamos resultados eleitorais das can-didaturas soberanistas.

Nós-UP demarca-se da manifestaçom conjuntaA organizaçom independentistaNós-UP anunciou na comemora-çom do seu décimo aniversário–no passado dia 5 de junho– a con-vocatória de umha manifestaçomem solitário para este 25 de julho.O seu porta-voz Alberte Moço de-clarou que “nom valem já certosesquemas aplicados nos últimoscinco anos”, de maneira que julgaque “Nós-UP deve manter a inicia-tiva constante sem esperar porninguém”. Afirmam que assumem“com renovada vontade o papel deorganizaçom dirigente em diver-sos ámbitos”, se bem que defen-dam continuar abertos a “conver-gências honestas e respeitosascom a pluralidade ideológica”.

NGZ / Um explosivo danou gra-vemente o local do Partido Po-pular em Ordes às 5 da madru-gada do passado dia 13 de ju-nho, provocando a queda departe do teito assim como des-troços na parede de entrada eno interior do local. O ataque,que nom tinha sido reivindicadono fecho desta ediçom, é o pri-meiro contra umha sede políticaapós as eleiçons municipais.

O delegado do Governo es-panhol na Galiza, Miguel Corti-zo, indicou que a bomba conti-nha pólvora prensada e assina-lou que é semelhante a outrosutilizados contra sedes doPsdeG, polo que suspeita quepoderiam ser “os mesmos auto-res de outros atentados”.

Conforme assinala a im-prensa comercial, a Fiscalia daAudiência Nacional está a fa-zer-se cargo da investigaçom e“coordenará a luita” contra aresistência galega e “gruposviolentos afins”.

A reivindicaçom do ataquecontra a sede do PSdeG deTeio, no passado 25 de dezem-bro, assinalava PP e PSOE co-mo “objetivos militares perma-nentes”, depois de umha se-qüência de atentados contra opartido que preside o Governoespanhol. O alvo escolhidonesta ocasiom foi o vencedordas eleiçons municipais e pre-sumível novo gestor da gover-naçom espanhola com basenos inquéritos para as futuraseleiçons legislativas do Estado.

Em junho de 2005 a sede doPP de Ordes –que estava locali-zada num imóvel diferente– eraatacada com um outro engenhoexplosivo na mesma madruga-da em que a sede do PSdeG deOurense recebia o impacto deengenhos incendiários. Um co-municado recebido por esta pu-blicaçom reivindicava um outroataque contra o local do PartidoPopular do concelho ordense nodia 17 de março de 2007.

Ataque com bomba destroçaa sede do PP em Ordes

o local fora danado antes em duas ocasions

Causa Galiza ultima preparativos para asua quinta convocatória do 25 de julho

nós-uP anuncia mobilizaçom à marGem da unitÁria no seu aniVersÁrio

ALFONSO RUEDAcomparece perante os meios

à porta da sede atacada

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Se for finalmente aprovada, quevai implicar a Lei de Família pa-ra as mulheres galegas? Implicaria um passo atrás nasconquistas dos nossos direitos co-mo mulheres e nas reivindica-çons polas quais tem luitando omovimento feminista na Galizadesde há décadas. Este antepro-jeto de lei reconhece o direito àvida do filho ou filha “nom na-dos”, de maneira que se trata deum forte ataque à reivindicaçomda despenalizaçom do aborto. Asmulheres som donas do seu cor-po e devem ter a faculdade de de-cidir sobre o mesmo, é umhaquestom fundamental de demo-cracia e respeito para todas asmulheres. A fundamentaçom últi-ma do proibicionismo em rela-çom ao aborto é o interesse emmanter a opressom das mulheres.Por outra parte, o capítulo quartode dito anteprojeto fala da prote-çom da maternidade, que gozaráde prioridade orçamentária. Aomesmo tempo que se elimina oSGI por supostos motivos de aus-teridade, criam-se novos órgaoscomo o Conselho Galego da Fa-mília e o Observatório Galego daFamília e prevê-se a colobaraçomcom entidades privadas que pro-movam “a conscientizaçom socialda importáncia da maternidade”entre os setores mais novos da so-ciedade, entidades que receamosbem que sejam religiosas. Por al-go goza dos parabéns de entida-des como Aciprenas ou Red Ma-dre… Aliás, a violência de génerona família é considerada um as-sunto privado, onde as mulheresestám sozinhas, enquanto se notrabalho há abusos tenhem consi-deraçom de trabalhadoras e, por-tanto, direitos públicos. De umhaperspetiva feminista falamos denovas formas de convivência, eeste anteprojeto em nengum mo-mento reconhece a existência decasais do mesmo sexo.

Em síntese: com o pretexto de

umha suposta crise demográficae económica, a mulher é enviadade novo para o ámbito doméstico,favorecendo assim a instituiçomfamiliar, alicerce fundamental dadominaçom patriarcal defendidocom calor polos setores mais rea-cionários da sociedade.

Poderíamos entendê-la, daque-la, no quadro das políticas neo-liberais do governo de Feijóo,que estám a levar à privatiza-çom de setores como o da saúdeou a educaçom?Claro, é assim como devemos en-tendê-la. A soluçom neoliberal àcrise consiste num desmantela-mento dos serviços públicos comum transferência de fundos parao privado, e a soluçom patriarcalé que a mulher volte para o lar.Som todas pequenas peças de umclaro ataque ao Estado do bem-estar. Ambas as soluçons, a neoli-beral e a patriarcal, caminham damao fomentadas polos setoresmais antidemocráticos. A rela-çom com a crise económica é cla-ra: com esta lei conseguiria-seumha melhoria na taxa de desem-prego global, retirando as mulhe-res do mercado de trabalho. É im-portante saber também que me-didas económicas como a redu-çom das despesas públicas ten-dem a afetar desproporcionada-mente as mulheres. Por isso, in-serir o discurso feminista emqualquer prática transformadoraé fundamental para nós.

Esta Lei contradi-se com outra le-gislaçom estatal ou autonómica?A Junta, alegando motivos econó-micos, evitou desenvolver leis edecretos como a 'Lei galega

11/2007 para a prevençom e o tra-tamento integral da violência degénero', a 'Lei 13/2008 de serviçossociais da Galiza', a 'Lei 2/2007 detrabalho em igualdade das mu-lheres de Galiza', ou o Decreto15/2010, polo que se regula o pro-cedimento para o reconhecimen-to da situaçom de dependência',que já recolhem medidas concre-tas de apoio à família, ao atendi-mento de mulheres em situaçomde exclusom, de socializaçom dosencargos familiares, de permitircompatibilizar vida familiar eprofissional.

Esta lei derrogaria o capítuloquinto do título primeiro da 'Lei 7/ 2004 galega para a igualdade dehomens e mulheres' que recolhiaas medidas básicas de apoio à fa-mília socializando os encargosparentais e familiares como a am-pliaçom da rede pública de esco-las infantis, aumento do horário

de atendimento às crianças me-nores de 12 anos, a implantaçomde serviços de refeitórios para ascrianças poderem jantar nas es-colas infantis e nos colégios pú-blicos, criaçom de escolas infan-tis nas imediaçons de parquesempresariais, criaçom de centrose ampliaçom da assistência domi-ciliar para pessoas velhas. Estassom substituídas por 'promover' acriaçom de centros para o cuida-do de crianças e pessoas idosassem contemplar atuaçons especí-ficas quando é responsabilidadedo governo autonómico dotar osserviços e defini-los de umha for-ma laica, evitando confundir ser-viço público e caridade.

Há possibilidades de travar aLei pola via judicial? Nós, a Plataforma de Organiza-çons Feministas, temos debatidoe falado com os partidos com re-presentaçom parlamentar, e nes-se sentido está-se a estudar a pos-sibilidade de apresentar um re-curso de inconstitucionalidade nomomento da sua aprovaçom.

Para além da manifestaçomnas ruas, existem outras vias

de oposiçom que se estejam aser empregadas polo feminis-mo para combater esta ofensi-va patriarcal? A Plataforma de Organizaçons Fe-ministas tem feito diversas activi-dades, como reunions de debate,mesas redondas, concentraçonsem várias cidades do país, abaixo-assinados na web www.nomalei-

defamilia.org, etc. Aliás, no dia 24,quando começava o debate parla-mentar, foi convocada, junto comoutras organizaçons feministas,umha concentraçom diante doParlamento para mostrar o nossorejeitamento, na que várias mulhe-res fôrom identificadas.

Achas que, caso ganhe o PP naseleiçons estatais, este modeloserá levado a outros sítios? Em várias comunidades em quegoverna o PP, como por exemploMúrcia, já tenhem aprovado leissemelhantes. É claro que esta éa política que promulga o PP emconivência com os setores maisultraconservadores da socieda-de, como se viu na recente peti-çom de políticas para 'engen-drar' tornadas públicas por Ben-to XVI nestes dias.

06 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

“O proibicionismo em relaçom ao aborto parte dointeresse em manter a opressom das mulheres”

luÍsa ocamPo Pereira, militante de mnG e inteGrante da Plataforma de orGanizaçons feministas de ViGo

Esse é o gasto que as instalaçons do Gaiás acarretarámneste 2011 ao erário público galego. Independentementeda programaçom cultural que poda ter, a manutençom daCidade da Cultura custará 435.000 euros em luz elétrica,150.000 em gás natural, 300.000 em limpeza, 610.000 emvigiláncia, e 1,1 milhons em manutençom geral.

cidade da cultura custa 2,6 milHons este ano

A Junta, através de Meio Rural, investirá meio milhom deeuros repartidos ‘a dedo’ em campanhas de publicidadeem La Voz, La Región, Faro e El Progreso, sob o pretextode lançar um Serviço de Difusom e Divulgaçom de Infor-maçom Agropecuária. O Colégio e o Sindicato de Jorna-listas denunciam este tipo de ajudas económicas.

meios recebem noVas adJudicaçons irreGulares

O.R. / No passado dia 24 de maio começárom no Parlamento os debates sobre a'Lei de apoio à família e à convivência', que, segundo todo aponta, será aprovadaproximamente mercê à maioria absoluta do PP. Gigante passo atrás nos direitosdas mulheres, é porém um passo adiante nas políticas ultraconservadoras do

atual governo da Junta, à altura da privatizaçom da saúde ou o Decreto do trilin-guismo. Falamos com a militante Luísa Ocampo do que vai significar esta Lei pa-ra as mulheres galegas e das atuais respostas do movimento feminista perante amaior ofensiva patriarcal das últimas décadas.

“A Lei da Família ou aprivatizaçom da saúdeatacam claramente oEstado do bem-estar”

“A instituiçom da família é chave na

dominaçom patriarcal”

LUÍSA OCAMPOno centroda faixa

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NGZ / O conselheiro do Meio Ru-ral, Samuel Juárez, e o diretorgeral de Montes, Tomás Fernán-dez-Couto, apresentárom nopassado dia 8 de junho o Planode Prevençom e Defesa contraIncêndios Florestais da Galiza,que neste verao descerá em trêsmilhons de euros a respeito doano passado, e ainda contarácom 33 brigadistas menos quena mesma temporada de 2010.

O titular de Meio Rural cons-tata que o programa desde ano“apresenta umha continuidadea respeito das últimas campa-nhas”. No passado verao o cole-tivo de brigadistas da Seaga eos dependentes diretamente daJunta realizárom protestos acu-sando o Executivo de falta demeios e deficiências na planifi-caçom, que foi cedida desde2010 à empresa Natutecnia.

Em relaçom às novidades, os

dous helicópteros de coordena-çom serám substituídos pordous avions ligeiros. A Junta vaicontar com 39 dispositivos aé-reos e em terra disporá de 300meios, entre os que se contam156 motobombas.

Lei de Montes reduz à metade faixas de segurançaO projeto de Lei de Montes queprepara o PP prevê reduzir de100 a 50 metros a faixa de segu-rança em torno de edificaçons aolongo da qual a vegetaçom deveestar controlada. O segundo pe-rímetro, de máxima segurança,em que nom pode haver nengumtipo de espécies suscetíveis decombustom baixa também de 50para 30 metros. Para tomar estadecisom aludem a que a distán-cia reguladora prévia era “gran-de de mais” e o seu cumprimen-to “distava muito de ser óptimo”.

NGZ / A segunda Frota da Liberda-de partirá em finais de junho paraGaza contando com a participa-çom de Fernando Blanco Arce, An-tón Gómez-Rein, Alejandro Anda-res, Xesús Ramón Bao e ElviraSouto, ativistas galegos e galegasdestacadas pola sua solidariedadecom a luita do povo palestiniano.

Integrarám a delegaçom estatalpromovida pola inciativa Rumo aGaza, que fornece recursos hu-manos e materiais para esta ini-ciativa a nível internacional queseleciona as pessoas integrantes

com base na sua experiência nacooperaçom internacional e nosmovimentos sociais, no seu co-nhecimento do Oriente Médio eainda na sua capacidade para otrabalho em equipa.

Acompanharám a tripulaçomrepresentantes dos campos políti-co, cultural e social, para além dejornalistas de diversos meios.

Rumo a GazaA campanha Rumo a Gaza surgiucom o objetivo de proporcionarajuda humanitária e ativistas que

apoiassem a segunda Frota da Li-berdade, bem como para sensibi-lizar a opiniom pública sobre a si-tuaçom da faixa de Gaza e de to-da a populaçom palestiniana.

No passado dia 31 de maiocumpriu-se o aniversário daabordagem por parte do exércitoisraelita da primeira expediçomcom ajuda para Gaza, que se sal-dou com o assassinato em águasinternacionais de nove ativistas,o ferimento de mais de cinqüen-ta e a detençom das 750 pessoasque compunham a frota.

07aconteceNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

O Prémio Ángelo Casal 2011, conformado com osfundos obtidos da venda do refresco Galicola, foipara os projetos normalizadores do CS A Revira ea AC Revolta do Berbés. Destaca o aumento daquantia do prémio (600 euros), de projetos apre-sentados (oito), e de votos emitidos (2044).

o concurso da Galicola foi Para centros sociais

Movimento ridiculista comemorou no passado 25 demaio em Compostela a quinta ediçom do seu dia do “or-gulho” reintegracionista. O músico Carlos Valcárcel–Projecto Mourente– interveu no remate da concentra-çom que se desenvolveu na Praça de Cervantes, conhe-cida popularmente como Praça do Pam.

‘dia do orGulHo lusista e reinteGrata’

Reduzem orçamento e efetivos para a luitacontra os incêndios

Segunda Frota da Liberdade partepara Gaza com presença galega

solidariedade com o PoVo Palestiniano

NGZ / A percentagem de superfí-cie florestal da Comunidade Au-tónoma da Galiza representa 70por cento; porém só 1 por centoda mesma é formada por bosqueatlántico autóctone, isolado emfragas fragmentadas e matos deribeira. Conforme assinala Gali-

cia Hoxe, metade dos eucalip-tais localizados no Estado espa-nhol encontram-se na Galiza,ocupando mais de 400.000 hec-tares. Este tipo de árvores somcausantes da proliferaçom de in-

cêndios florestais, exploraçonsflorestais sem controlo e substi-tuem as espécies adaptadas aohabitat natural da Galiza.

Conforme assinala o professorde engenharia florestal de Vigo,Adolfo Cordero, “umha planta-çom de pinheiros ou eucaliptosnom é um bosque, mas apenasum conjunto de árvores”, dadoque nom constitui um 'ecossiste-ma' que permita albergar outrasespécies e gerar interaçom entreos elementos da fauna e a flora.

Metade do total deeucaliptos plantados no Estado estám na Galiza

centros sociaisaguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaCosta do Vedor · Compostela

c.s. almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

atreu!S. José · Corunha

aturujoPrincipal · Boiro

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

c.s.o. casa do VentoFigueirinhas · Compostela

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

Henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

c.s. lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaAmor Meilám · Lugo

srcd PalestinaRua do Ril · Burela

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

tarabelaDonramiro, 17 · Lalim

a tiradouraReboredo · Cangas

cs VagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. dos Carris · Valençá

SAÍDA DE iStAMbULda primeira Frota da Liberdade

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Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 201108 acontece

Instam a nom financiar o gasto militar através daobjeçom fiscal na rendaNGZ / O Espaço Aberto Antimi-litar fai um chamamento maisum ano a exercer a objeçom fis-cal na declaraçom da renda pa-ra impedir o financiamento dogasto militar através deste sis-tema de arrecadaçom. O mon-tante que iria parar aos cofresdo Exército espanhol e entida-des que o promovem destina-ria-se desta maneira para outro

tipo de fins sociais.Este coletivo está a desenvol-

ver umha campanha agitativa epropagandística através da dis-tribuiçom de brochuras, carta-zes e palestras em diversos cen-tros sociais e locais alternativos.

No seu site www.nonaogasto-

militar.org oferecem um detalha-do manual de instruçons expli-cando como exercitar este direito.

contra o aPoio económico ao exÉrcito

NGZ / O ativista viguês SalvadorGomes foi encarcerado na prisomda Lama ao longo da semana quecomeçou no dia seis de junho pornom ter custeado umha multa de90 euros. A coima judicial derivade umha concentraçom da CausaGaliza contra a Constituiçom es-panhola realizada em 2008 na ci-dade de Vigo. Um grupo de inde-pendentistas foram detidos sob aacusaçom de terem queimado umboneco que representava o rei deEspanha e Salvador Gomes aco-dira na mesma tarde a umha con-centraçom pacífica frente à es-quadra policial reclamando a li-berdade dos militantes. A Polícia

espanhola acusou, entre outros,Salvador Gomes de “desordenspúblicas” e “desobediência à au-toridade”, polo que o Julgado deInstruçom número 6 de Vigo di-tou a referida sançom.

Por parte das instituiçons judi-ciais alude-se a que a ordem de en-trada na cadeia se tornou efetivaapós umha suposta “falta de locali-zaçom” do ativista, que nom mu-dou de domicílio. Depois de terapresentado o seu advogado dousrecursos perante os tribunais vigue-ses e a Audiência Provincial, quefôrom desestimados, a solicitaçomde encarceramento foi atendida.

O coletivo antirrepressivo Cei-

var manifestou a sua solidarieda-de com o independentista, enqua-drando o acontecido na “progres-siva fascistizaçom institucional ea constante ofensiva do podercontra os direitos políticos, civis esociais, e particularmente no as-sédio e combate que padece o in-dependentismo galego”. A RiaNom Se Vende, plataforma daqual é integrante, apoiou tambémSalvador Gomes através de umcomunicado em que se alude aumha “obscura manobra” dirigi-da contra quem “ousa manifestar-se contra este sistema” enquanto“corrutos e especuladores cam-pam impunes”.

Prisom para Salvador Gomes pornom ter pago sançom de 90 euros

secretÁrio Judicial imPede que Poda custear o dinHeiro

AMI comemora décimoquinto aniversário “contraEspanha e o capital”NGZ / A Assembleia da Mocida-de Independentista (AMI) cele-brou os seus quinze anos ofi-ciais de vida no dia 11 de junhocom um jantar de confraterni-zaçom, a projeçom de um do-cumentário sobre a sua histó-ria, palestras e um concerto nacidade de Vigo em que partici-párom as bandas Skárnio eMarxe Esquerda.

O aniversário tem lugarquinze anos depois da sua pri-

meira assembleia nacional, em1996, se bem que as siglas co-meçassem a tornar-se públicasa partir de 1993, como coletivojuvenil vinculado à Assembleiado Povo Unido (APU).

Por parte desta organizaçomjuvenil manifestam a vontadede “celebrar estes quinze anosde rebeldia na rua e tambémhomenagear as dúzias de pes-soas que militárom ou colabo-rárom” neste projeto.

ViGo acolHe atos de celebraçom

Sindicalismo agrário denuncia que a UE reduz o número de ajudas públicas e paga tardeNGZ / Os sindicatos agrários SLGe Unions Agrárias denunciam areduçom de ajudas e os atrasosnos subsídios contemplados noPrograma de DesenvolvimentoRural da Galiza, financiado comfundos europeus e coordenadoatravés da Junta da Galiza. Car-me Freire, do SLG, assegura quea Administraçom autonómica ain-da tem pendentes de resoluçom e

de pagamento ajudas convocadasem 2010 e que um mínimo de oitolinhas de subsídios deste ano ain-da nom fórom convocadas quan-do já se achega o verao.

Assinalam que os atrasos e oscortes nestas ajudas públicas es-tám a provocar problemas queafetam à viabilidade de algumhasexploraçons agrárias.

Perante as consultas dos sindi-

catos à Junta, assinalam que ain-da nom disponhem de informa-çom sobre como se está a execu-tar o gasto destes fundos euro-peus, apesar de a terem pedido.Por parte do SLG, apontam a hi-pótese de que parte deste dinhei-ro esteja a ser desviado ao finan-ciamento de outros investimentosque poderiam nom ter a ver comas exploraçons agrárias.

qUEiMA DA EFÍgiE DO REia sançom de Salvador veu derivadada concentraçom solidária polas detençons deste ato em 2007

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

NGZ / Os tribunais decidíromatuar publicamente contra res-ponsáveis de entidades da Juntamesmo depois das eleiçons dodia 22 de maio. A 26 deste mêsrealizavam-se os registos noIGAPE que motivavam a deten-çom de dous dos seus máximosresponsáveis, enquanto no dia 1de junho tornava-se pública aimputaçom de dous chefes deserviço de SOGAMA.

Operaçom CampeomO diretor do Instituto Galego dePromoçom Económica (IGAPE),Joaquín Varela, e um dos seussubdiretores, Carlos Silva, fôromdetidos e libertados a seguir co-mo imputados, depois de decla-rarem por acusaçons que aindase desconhecem com clareza emrelaçom com um caso de fraudeem subsídios públicos, falsidadedocumental, alçamento de bens,

branqueamento de capitais efraude fiscal. O processo, queimplicou 15 detençons, tem nadiana o empresário lucense Jor-ge Dorribo, que enriqueceu empoucos anos com negócios far-macêuticos vinculados à empre-sa Nupel e outras.

O conselheiro da Economia,Javier Guerra, demorou três diasa comparecer após a detençomdos seus subordinados e preferiuaguardar novas informaçons pro-venientes do sumário antes de seposicionar sobre a questom.

Diversos meios de comunica-çom salientárom a relaçom deJorge Dorribo com o ex-conse-lheiro nacionalista de IndústriaFernando Blanco, aludindo à suapresumível relaçom de amizadee a subsídios outorgados às suasempresas para investigaçom edesenvolvimento. O seu ex-che-fe de gabinete, Xoán Manuel Ba-

zarra trabalha actualmente emAndorra para a empresa Nupel,realizando funçons de valoriza-çom económica e andamento denovos projetos. Por parte doBNG acusam o PP de manipulardados para eludir as suas res-ponsabilidades na trama.

Tráfico de influênciasO responsável da área técnica daSociedade Galega para o MeioAmbiente (SOGAMA) e o chefede transferência e transporte, Án-gel Javier Costal Vázquez, fôromimputados por tentarem influir -presumivelmente- em três pro-cessos de contrataçom da entida-de vinculada à Junta para recebe-rem em troca lucros económicos.O processo judicial afeta tambémo representante da empresa Da-nigal, José Luis Cabanelas, socie-dade com sede nas próprias ins-talaçons da SOGAMA.

Corrupçom no Igape e Sogamasai à luz depois das eleiçons

carGos da Junta imPutados em Processos Judiciais

Madrid denuncia que aJunta manipula as cifrasdo desemprego realNGZ / O Ministério espanhol doTrabalho denunciou que a Juntada Galiza nom está a fornecer osdados reais do desemprego, ao ca-talogar parte das pessoas sem tra-balho através da chave S-698, quena teoria estaria a identificar aque-les e aquelas desempregadas queestám a ser atendidas por umorientador pessoal. Esta etiquetafoi criada pola Conselharia do Tra-

balho e nom está homologada po-la nomenclatura oficial do Estado,conforme assinalam em Madrid.

PSdeG e BNG indicárom quemais de cinqüenta mil pessoas po-deriam estar em situaçom de de-semprego sem contar desta ma-neira com as ofertas dos serviçospúblicos de trabalho, ao nomconstarem na listagem oficial doServiço Galego de Colocaçom.

Criticam estragos daFenosa na manutençomdas suas linhas elétricasNGZ / O coletivo Matar por MatarNom denuncia que os trabalhosque desenvolve a Gás Natural-Fenosa para limpar os montespolos quais transcorrem as suasredes elétricas se estám a fazercom maquinaria pesada, provo-cando o derrubamento de vala-dos centenários, incumprindo asnormativas contra incêndios eafetando flora e fauna.

Assinalam que a empresa seaproveita do despovoamento dorural e da reduçom dos protes-tos nas áreas rurais para pouparem tempo e recursos, substituin-

do os trabalhos humanos polautilizaçom de grandes máquinasque afetam gravemente o am-biente natural.

O coletivo ecologista assinalaque trabalhos que antes leva-riam por volta de 20 dias podemfazer-se agora em 24 horas atra-vés deste sistema, o que consi-deram que provoca efeitos ile-gais e perniciosos. Denunciamtambém que acarretam atenta-dos ao património etnográfico emesmo a propriedades privadas,ao “derrubar e invadir terreios econstruçons alheias”.

39 pessoas denunciárom torturas ou maus tratosem 2010 na Galiza sob custódia do EstadoNGZ / O coletivo pola defesa dosdireitos e as liberdades Esculcainforma que só no ano 2010 39pessoas denunciáron na Galizater sido objeto de torturas oumaus tratos em 17 situaçons di-ferentes. Sete delas falecéromquando se achavam sob custó-dia do Estado. A maior densida-de de denúncias produziu-se em

relaçom com três casos: as mo-bilizaçons do 25 de julho, a jor-nada da greve geral de 29 de se-tembro e a visita do papa BentoXVI a Santiago de Compostela.

Os dados estám recolhidos nosétimo relatório anual que aCoordenadora para a Prevenc-çom e Denúncia da Tortura(CPDT) apresentou em Valhado-

lid o passado dia 9 de junho e si-tuam o nosso país por cima damédia do Estado espanhol (1,39e 1,15 denúncias cada 100.000habitantes respetivamente).

A CPDT está formada por 48associaçons, entre elas Esculca,e outros 6 colectivos galegos. As-sinalam que muitos dos casos detortura nom som denunciados.

jAviER gUERRAtentou minimizar a responsabilidadeda junta da galiza

tEStEMUNHOS gRÁFiCOSda desfeita de Punxim /matarpormatarnon.org

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

aGro

Este último mês um novo alar-me alimentício saltava para osmeios de comunicaçom de todaa Europa. A responsável, umhaestranha recombinaçom genéti-ca da bactéria ‘Escherichia coli’aparecida na Alemanha comumha virulência nunca antesvista nesse tipo de microorga-nismos. Este alerta soma-se aojá registado no país após o re-cente descobrimento de dioxi-nas nas forragens para alimen-taçom animal. O debate sobre operigo das modernas técnicasagrícolas amadurece em formade substrato de açom lenta, po-rém inevitável após o ocorrido.

P.V. / A bactéria Escherichia coli

encontra-se, no seu habitat natu-ral, nos tratos digestivos de ani-mais. Se esta nom experimentounengumha mutaçom genética quecodifique factores virulentos, aju-da no processo de digestom dosanimais e humanos. Porém, a ce-pa causante da crise na Alemanhasofreu mutaçons, produto de um-ha troca genética de duas varian-tes afastadas de E.coli. A princi-pal caraterística destacada polosgeneticistas é a forte resistênciada nova variante frente aos anti-bióticos. No total, contam-se atéoito variedades de fármacos inó-cuos para a batéria, entre eles vá-rios antibióticos comuns em tra-tamentos tanto em animais comoem humanos. A partir deste facto,vozes do mundo da ciência afir-mam que a origem da variante deE.coli nom resulta de algo espon-tâneo e produto da natureza. Ar-gumentam que a cepa é origináriada indústria animal, ou em todo ocaso produto de umha mutaçomgerada em laboratórios, pois “se-

ria verdadeiramente terroríficoque espontaneamente e de formanatural um organismo pudessemudar o seu ADN para ser resis-tente a oito tipos de fármacos”,aponta Mike Adams, editor doportal Natural News. Numha li-nha semelhante explicam o fenó-meno no diário británico The

Guardian, onde se salienta que“quando os antibióticos em dosesbaixas som empregados em gran-de escala na agricultura, sem nen-gum tipo de vigiláncia para dete-tar erros emergentes, podem apa-recer batérias que criem resistên-cia aos fármacos, como já se temdemonstrado para a carne de pitoa partir de estudos efetuados nosEstados Unidos”.

Segurança alimentarSe hoje é a mutaçom da bateriaE.coli, ontem foram as dioxinas eatrás ficam as vacas loucas ou agripe das aves. Porém, o dia-a-diada agricultura está cheio de orga-nismos geneticamente modifica-dos, fertilizaçom abusiva, produ-tos fito-sanitários tóxicos ou ou-tros compostos.

As pontuais irrupçons das cri-ses alimentares com a sua psico-se associada som apenas a pontado icebergue de um modelo de

produçom de alimentos no qualse desconhecem os efeitos a mé-dio prazo de grande parte dassubstáncias ou matérias primasque nos dias de hoje se empre-gam para produzir. O lucro dasmultinacionais da alimentaçomestá a ser financiado à custa dasaúde dos consumidores além daexploraçom de produtores docentro e da periferia do sistema.Numha recente entrevista, Xur-xo Hervada Vidal, especialistaem saúde pública da Conselha-ria da Sanidade expressava que“a industrializaçom aumenta aincidência das intoxicaçons”. Aprocura de lucros mais elevadose as possibilidades do constanteavanço científico nom som capa-zes de salvaguardar a segurançaalimentar.

Produçons saudáveis vs. interesses da indústria O alarme gerado acabou por serum grande pau para as produçonsvegetais em geral, mas ficáromespecialmente comprometidasaquelas exploraçons de tamanhoreduzido que produzem produtossustentáveis à margem do contro-lo industrial. Neste sentido, MikeAdams aponta de novo que“quando a gente tem medo da suaprópria comida nom é difícil con-seguir que aceitem quase qual-quer grau de tirania de regula-mentaçom alimentar.” Fica aindapor ver quais som as consequên-cias a médio prazo desta crise; po-rém, os produtos vegetais entrá-rom de forma dirigida na dinámi-ca da recessom, polo menos atéque as autoridades competentescriem um novo plano de resgateadequado aos interesses da regu-lamentaçom industrial.

Novo alarme na Alemanhaquestiona segurança alimentar

A industrializaçomaumenta a incidência

das intoxicaçons

mar

Manifestam-se emMuros contra o cultivoindustrial do salmom

mais de um milHar de assistentes

NGZ / O lema ‘Com as nossasrias nom se joga’ apoiou no pas-sado dia 5 de junho a manifes-taçom que percorreu as ruas deMuros em defesa de “um futurosustentável” para o litoral e emdenúncia da instalaçom de gaio-las de salmom na ria deste con-celho que beneficia interessesde transnacionais em oposiçomaos dos pescadores tradicionais,como analisou esta mesma sec-çom do NOVAS DA GALIZA no seunúmero 101.

Mais de um milhar de pessoassecundárom a convocatória daCoordenadora em Defesa daRia de Muros e Noia contra oCultivo Intensivo de Salmomnas suas Águas, que aglutinamais de quarenta coletivos en-tre confrarias, organizaçonsprodutoras e entidades ambien-talistas e sindicais.

O deputado do BNG Bieito Lo-beira declarou que a própria

Conselharia do Mar conta cominformes que reconhecem o “im-pacto negativo” destas infraes-truturas para “o equilíbrio am-biental e os recursos marinhos”.

Os promotores do protestodenunciam o modelo promovi-do polo Partido Popular de“piscicultura intensiva emmaos de empresas foráneas”.O patrom maior de Portosim,Eduardo Carreño, deu leituraao manifesto no final da mani-festaçom exigindo à Adminis-traçom autonómica a retiradado projeto e defendeu um mo-delo extrativo “baseado na pes-ca artesanal, no marisqueio enos cultivos marinheiros de bi-valves, centrado na conserva-çom dos ecossistemas”.

Reclamam a elaboraçom ur-gente de um plano estratégicocontra a poluiçom do mar etambém a ampliaçom das áreasmarinhas protegidas”.

Suspeitas sobre os procedimentosempregados na indústria da alimentaçom

esta e.coli É resistente a oito tiPos de antibióticos

Se houver medo, aceita-se qualquer

regulamentaçom

Junta permitirá instalarpiscícolas em espaçosprotegidos do litoral

declaraçom de interesse PÚblico

NGZ / A organizaçom Adega de-nunciou que a Junta da Galizatenha declarado a aqüiculturacomo “interesse público de pri-meira ordem”, umha atitudeque, segundo os ecologistas, “serealiza para permitir às empre-sas do rodovalho ocupar espa-ços da Rede Natura com habi-tats prioritários”. Com tal decla-raçom, o Executivo galego con-tornaria o ponto da Diretiva92/43CE de Habitats em que seespecifica que só se poderiamplanear atuaçons em espaçosprotegidos que se realizassem

por razons “de interesse públi-co de primeira ordem”.

Para a Adega, esta nova inter-pretaçom da piscicultura “por ri-ba do direito à preservaçom donosso património natural é maispróprio de umha república 'ba-nanera'”, segundo expom numcomunicado. Assim, a organiza-çom ecologista expressa que es-te novo movimento da Junta“responde unicamente aos inte-resses de empresas como a Pes-canova, que pretende apoderar-se de Tourinhám e outros espa-ços emblemáticos da costa”.

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A sentença que o Governo, osempresários e sindicatos es-panhóis ditárom contra os di-reitos dos trabalhadores atra-vés da reforma laboral e daspensons nos anteriores me-ses continua a materializar-se, atingindo nesta ocasioma negociaçom coletiva. Comeste novo ataque aprovadopolo Conselho de Ministrosno dia 10 de junho fai-se maispalpável que os ámbitos depoder económico procuramumha indefensom das pes-soas trabalhadoras para aclasse empresarial para ma-ximizar os seus lucros.

AARÓN L. RIVAS / Há meses quenos jornais começou a falar-se dasnegociaçons que os chamados'agentes sociais', neste caso o pa-tronato e os dous grandes sindi-catos espanhóis, estavam a dese-nhar para alcançar um acordo noreferido à negociaçom coletiva.Finalmente, após as últimas elei-çons municipais, os representan-tes forçárom a rutura destas con-versas, o que levou o Governo aapresentar no seu Conselho deMinistros de 10 de junho a novareforma da negociaçom coletivaque vem a aprofundar nos cortesde direitos laborais e sindicais dastrabalhadoras e trabalhadores detodo o Estado espanhol.

Afetará maioria socialSegundo explica o secretárioconfederal de negociaçom cole-tiva da Confederaçom Intersin-dical Galega (CIG), Antolín Al-cántara, o fundamental desta re-

forma é que “deixa sem conteú-do os atuais convénios provin-ciais, que prestam cobertura a 80por cento da classe operária”,passando a primar-se os ámbitosestatais e de empresa. Desta for-ma, Alcántara expom que “nummesmo setor vai haver centenasde convénios com salários dife-rentes competindo à baixa”, poisos convénios de empresa pode-rám ter condiçons inferiores aosconvénios setoriais estatais.

Para o sindicalista da CIG, nasconversas que tivérom lugar aolongo destes meses entre CCOO,UGT e o patronato “estava con-sensuado chegar a um ponto deacordo a partir do que pudesse de-pois legislar o Governo”. Antes darutura das negociaçons chega-ram-se a umha série de acordosnos quais se mostrava, mais um-ha vez, a face claudicante dosdous grandes sindicatos espa-nhóis perante as classes empresa-riais. Assim, previamente ao ces-samento das reunions, existiampontos de acordo nos quais seviam claros ataques à classe tra-balhadora, como umha maior ca-pacidade de controlo do absentis-mo laboral por parte das mútuas,medida que finalmente nom se in-cluiu no decreto apresentado poloConselho de Ministros.

Maquilhagem marca PSOEMas o documento tornado públi-co polo Governo a 10 de junho ti-vo também algumhas surpresasque se traduzírom como conces-sons às reclamaçons que tinhamformulado os empresários. Assim,no último momento saírom à luz

novas medidas, como a aprova-çom de um regulamento para osExpedientes de Regulaçom deEmprego (ERE) que inclui a pos-sibilidade de que as empresas po-dam dispensar trabalhadores como tipo de despedimento mais ba-rato no caso de estarem ameaça-dos por perdas futuras, ainda queestas sejam “transitórias”.

As estratégias dos círculos dopoder empresarial, em conivên-cia com o Governo e os sindica-tos maioritários, traçam um pa-norama de indefensom e preca-riedade para as trabalhadoras etrabalhadores. Se bem que aatual reforma da negociaçom co-letiva venha a somar-se às ante-riores reformas laboral e de pen-sons para destruir o mundo doemprego tal e como se conheciaate hoje, é mui provável que deaqui a um tempo os chamados'agentes sociais' voltem a deba-ter sobre umha modificaçom domodelo salarial que vincula ossalários com a inflaçom. O sindi-calista Antolín Alcántara assina-la que com a nova reforma abre-se o caminho a “umha tremendadescida dos salários”.

11aconteceNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

Dá-se preferência aos convénios de empresa, que poderám ter piores condiçons que os setoriaiseconomia

Governo espanhol destrói atualmodelo de negociaçom coletiva

continua a Precarizaçom da classe trabalHadora

Abre-se o caminho a umha descida

dos salários

Enquanto um grupo cres-cente de cidadaos se in-digna com a atual situa-

çom do país, a resposta recebi-da por parte dos políticos é quetodo se deve ao 'mercado' e aosataques deste à economia espa-nhola; nós pensamos que o'mercado' tem nome e apelidose que o problema real é o esgo-tamento do atual enquadramen-to constitucional. Em relaçomao primeiro assunto, devem exi-gir-se responsabilidades penaispara quem maquinou de formaa conseguir que esse 'mercado'se enriquecesse à custa de to-dos nós e, quanto ao segundo,deverá iniciar-se um processoconstituinte; nem umha cousanem a outra som simples.

No que di respeito ao 'merca-do', já iniciamos alguns proces-sos pretendendo exigir respon-sabilidades a quem, abusandonom só da sua posiçom, senomtambém da informaçom quemaneja, direciona o mercadofinanceiro para onde mais lhesinteressa; nestes momentos,existe umha querela criminalcontra as três principais agên-cias de qualificaçom: Moody´s,Standard & Poor´s e Fitch.Confiemos em que a Fiscalia aapoie em vez de amparar um-has condutas que, sem dúvida,som criminais.

Estas empresas, com eviden-te conflito de interesses no ám-bito em que geram os seus ga-nhos, sentem-se autorizadas pa-ra emitir ditames que afetam di-retamente a economia nacionale, ademais, utilizam o seu poderpara obrigar os governos a to-marem decisons económicas epolíticas em conformidade comos interesses dos seus acionis-tas, sócios e clientes.

Num Estado sério, quandoexistem este tipo de comporta-mentos, atua-se pola única viapossível: a penal; queremos pen-sar que o Estado nom se dobraráaos interesses de algumhas mul-tinacionais da extorsom, apesarde ser o que fai por agora.

Com respeito ao problema defundo, o atual quadro constitu-cional impede que se podam de-

senvolver os mecanismos ade-quados para umha autêntica de-mocracia participativa, umhademocracia em que todos os vo-tos valham o mesmo e onde osdireitos sociais, económicos eculturais podam ser exigidos di-retamente e por meio de meca-nismos claros e expeditivos. Seestes direitos nom passam deser umha declaraçom de princí-pios, mal podemos estar a falarde um modelo democrático desociedade, polo menos nos ter-mos que os cidadaos e cidadáspretendem, gerando-se um dis-tanciamiento entre sociedadecivil e oligarquia política, tal ecomo ficou demonstrado com aindignaçom pública de um inte-ressante setor desta sociedade.

A Constituiçom foi elaboradanum momento histórico dife-rente, cumpriu os seus objeti-vos e chegou o momento deadaptar o quadro constitucionalàs necessidades sociais atuais,avançando com um processoem que os cidadaos e cidadásrecuperem o protagonismo, quenunca devêrom perder. Exem-plos para abonar o que defen-demos há muitos, mas talvez omais interessante seja o caso is-landês, com o povo expressan-do o que deseja em assembleiaconstituinte.

Se os políticos nom forem ca-pazes de entender o que está aacontecer, entom é o momentode mudá-los. A sociedade nompede umha viragem nem à es-querda nem à direita, senom um-ha mudança radical de estruturasocial, económica e política. Épara isto que devemos apontar,para que a indignaçom nom sefique num simples enfado.

O advogado chileno residente em

Madrid, Gonzalo Boye, é um dos

promotores de umha querela crimi-

nal contra as três principais agências

internacionais de qualificaçom

oPiniom

Chegou o momentode adequar o quadrojurídico ao que requer

a sociedade atual

Gonzalo boye

O decreto acolhe reivindicaçons da

classe empresarial

O problema de fundo é o esgotamento domodelo constitucional

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DANIEL R. CAO / Umha dasconseqüências diretas dacrise económica está a sera alteraçom das hierarquiasdentro da ordem global. Di-ta modificaçom deve ser en-tendida de forma que o an-terior poderio económico,acompanhado de influênciapolítica, continua a estar vi-gente, mas ostentado porprotagonistas diferentes.

Enquanto na América do Sul ouÁsia a tendência dirige-se ao re-forçamento de economias pura-mente locais, noutros lugarescomo África mantém-se umhalógica colonial. Se bem que, daFrança ou Holanda, se passassea falar da China ou a Índia que,com umhas práticas diferentesàs das ex-metrópoles euro-peias, estám a atingir grandesquotas de poder no continente.Esta perda de referencialidadepor parte de países ocidentais,vem acompanhada do reaviva-mento de conflitos bélicos, so-ciais ou políticos. Um exemploparadigmático, ainda em ebuli-çom, é o da Costa de Marfim.Esta ex-colónia francesa de vin-te milhons de habitantes e si-tuado na costa leste de Áfricavive numha crise política,acompanhada de confrontos ar-mados, desde novembro de2010, que já deixa cem mil re-fugiados, a maior parte fugidospara a Libéria e Serra Leoa, eaproximadamente mil mortos.

Origens do conflitoO conflito começa durante a pre-sidência de Laurent Gbabo, mili-tante do Partido Socialista duran-te a ocupaçom francesa, e quedesde o ano 2000 presidia o paísem representaçom da Frente Po-pular Marfinense. A decisommais destacada foi a nacionaliza-

çom da indústria do cacau. ACosta do Marfim produz 40 porcento do cacau mundial. Porém,nom havia nengumha empresaautóctone no negócio; daí a deci-som governamental de aprofun-dar na independência económicado país, umha economia repre-sentada em 27 por cento, segun-do estatísticas oficiais, por cor-poraçons de origem francês.

Confusom eleitoralNas eleiçons de finais do passa-do ano, Gbabo aspirava à sua ter-ceira eleiçom perante AlassaneOuattara, marfinense formadonos EUA e dirigente do FundoMonetário Internacional até queabandonou o seu posto para pas-sar a formar parte da oposiçommarfinense. No processo eleito-ral, ganhou umha polémica se-gunda volta em que os resulta-dos fôrom publicados umha se-mana depois das votaçons, sen-do rejeitadas nessa semana de-núncias de fraude apresentadaspola Frente Popular perante ob-servadores internacionais. A vi-tória de Alassane Ouattara é re-

jeitada polo governo em funçons,acusando-o de fraude e de fanto-che dos interesses franceses nopaís. O certo é que a negativa deabandonar o poder de Gbabo foiseguida por umha operaçom emque corpos de elite do exércitofrancês detivérom o ex-presidentena sua casa, junto à sua família,numha operaçom retransmitidaem direto por várias televisonsmundiais. A confusom criada naseqüência da detençom foi apro-veitada por comandos armadospartidários de Ouattara para to-

marem o porto de Sam Pedro, emvias de nacionalizaçom, e lugar deonde se faziam a maior parte dasexportaçons mundiais de cacau.

Desde o primeiro momento, aFrança, os EUA e os países commaiores interesses económicos nazona, como a Inglaterra ou a Ho-landa, forçárom a Uniom Euro-peia para emitir umha resoluçomfavorável à saída de Gbabo, res-ponsabilizando da demora na pu-blicaçom dos resultados à "com-plicada orografia marfilense".

Sarkozy apaga o lumeNo 21 de Maio o conflito foiaparentemente fechado com aviagem de Nicolas Sarkozy àcapital marfinense, na qual sedeclarou "grande amigo" deOuattara e lhe solicitou a con-formaçom de um governo deunidade nacional. Revendo ahistória recente de África, ocerto é que se podem encontrarmultidom de casos semelhan-tes e confirmando que, se é cha-mado o continente preto, nom ésó pola cor da pele da maioriados seus habitantes.

Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 201112 internacional

Produz 40 por cento do cacau mundial sem empresasautóctones, daí a decisom de aprofundar na independência

Costa de Marfim, um paradigmado colonialismo na África de hoje

a terra tremea nacionalizaçom da indÚstria do cacau foi um dos detonantes das reVoltas

A sua economiaestá representadaem 27 por cento

por capital francês

D.R.C. / Ao contrário do que naAmérica do Sul ou nos paísesárabes, regions em que o endure-cimento das condiçons de vidatem outorgado umha maior in-fluência quer à esquerda políticaquer à iniciativa popular, a ten-dência na UE é exatamente acontrária, a direitizaçom pro-gressiva dos aparelhos estatais.

O caso mais recente é o de Por-tugal. A demissom do primeiro-ministro Sócrates, provocada po-la prolongada crise nom só eco-nómica, senom também institu-cional, provocou que o eixo fun-damental da campanha e dosprogramas políticos nom fosse‘intervençom (do FMI) sim/inter-vençom nom’, senom que o nívelde derrota assumida em relaçoma esta questom é tal que o discur-so baseou-se no modo como estaintervençom devia ser gerida.Daí que, mais do que nunca, asforças políticas tencionárom re-forçar o seu perfil ideológico, no-meadamente o PS do próprio Só-crates, cujo apelo ao voto útil e àcicunstáncia de ser a unica forçaprogressista com opçons de go-verno fôrom constantes.

Até certo ponto, este apelo tivoresposta. Em caso contrário, seriadifícil explicar, que o Bloco de Es-querda perdesse metade do seueleitorado. A realidade di-nos queesses votos que fugírom do Blocopara o PS fôrom os únicos que es-te recebeu pola esquerda, já que,a respeito das eleiçons de 2009, osoitos pontos percentuais que se-paravam socialistas de socialde-mocratas inclinárom-se desta vezpola opçom de Passos Coelho.

Um caso a mencionar é o doPartido Comunista, cujo eleitora-do base se mantivo absolutamen-te fiel polo que apenas perdeu6.000 votos, ainda que desta vezse visse favorecido pola lei eleito-ral, o que lhe outorga mais umassento na Assembleia da Repú-blica em referência a 2009. Mes-mo assim, som de salientar duasquestons: a primeira é que desdehá mais de 12 anos numhas elei-çons à Assembleia da Repúblicaos comunistas nom som capazesde obter mais de 8% e outro, quecada vez tende a concentrar maiso seu voto para as regions clara-mente desfavorecidas.

Com este cenário, somado aoscontínuos cortes, e dadas as sim-patias do novo governo com asinstituiçons económicas interna-cionais, prevê-se um futuro bemcomplexo para o povo português.

Portugalvira à direita

eleiçons leGislatiVas

Enquanto detinhamGbabo a oposiçomtomava o principal

porto do país

ALASSANE OUAttARAjunto ao seu valedor

Nicolas Sarkozy

Page 13: ovas da Gali a e de coletivos feministas viguesesmens da Luta, que apoiárom a Geração à Rasca parodiando este músico portu-guês. O cantor é crítico com este movi-mento e os

FERNANDO ARRIZADO / "Esta-mos orgulhosos de que a sua ma-jestade seja a rainha dos escoce-ses". A frase, pronunciada recen-temente por um político escocêsem Londres, nom deveria termaior transcendência se assu-míssemos que, na Escócia, dousterços da populaçom votariamnos dias de hoje contra a inde-pendência. As palavras cobrammais interesse quando descobri-mos que o político em questom éo líder do Partido NacionalistaEscocês (SNP) e primeiro-minis-

tro do seu país, Alex Salmond.Mais nem por isso. Salmond,

que continuará a governar ao al-cançar o seu partido a maioriaabsoluta nas eleiçons autonómi-cas do passado dia 5 de maio, éum acérrimo defensor da seces-som escocesa. E nom falava porfalar. O certo é que, o que os ar-redistas das naçons sem Estadoda nossa Península veriam a prio-

ri inimaginável, para os escoce-ses nom significaria mais do queter igual status político que 'pe-quenos' países como o Canadá ou

a Austrália, onde a chefa do Esta-do ainda é a rainha Isabel II.

Além do anedótico -que de-monstra que cada povo tem na re-clamaçom dos seus direitos nacio-nais dinámicas inimitáveis de seu-as declaraçons som um bomexemplo do vieiro seguido polo

nacionalismo organizado e maio-ritário na Escócia. O SNP vai de-vagar, mas com passo firme e se-guro, alcançando objetivos poucoa pouco. Isso sim, com o colchomdos rendimentos do petróleo, queagora partilha com todo o Estado,mas com a perspetiva de que atendência altista do seu preçonom mudará no futuro.

Com este pragmatismo que jácaraterizou o seu primeiro man-dato em minoria (2007-2011),Salmond avançou que, antes deconvocar o referendo pola inde-

pendência -previsto para final dalegislatura-, a prioridade seráampliar competências, sobreto-do económicas. Entre outras,"maior controle sobre o impostode sociedades". Os poderes daEscócia neste campo "som infe-riores aos do País Basco ou daCatalunha na Espanha ou dosländer alemáns", recordou.

Umha outra frase de Salmondem Londres para a história: "Senom chegarmos a ser indepen-dentes, a responsabilidade nomserá de ninguém mais que nossa".

13internacionalNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

O que os arredismos da nossa Península veriam inimaginável, para o soberanismoescocês significaria ter igual status que países como o Canadá ou a AustráliaPoVos

Isabel II, rainha da Escócia independenteO SNP vai devagar,

mas com passo firme e seguro

“Os Homens da Luta som umha palhassadamediática capitalizada pola classe dominante”E. MARAGOTO / José MárioBranco é o maior expoente vi-vo da música de intervençomportuguesa. Porém, a grandefama alcançada polo ZecaAfonso na Galiza eclipsou oconhecimento deste autoraquém Minho. O grupo humo-rístico-musical Homens daLuta, impulsionador da Gera-ção à Rasca que parodia o le-gado do 25 de Abril transpon-do as figuras de ambos oscantores para o presente,trouxo-o de novo para o ima-ginário musical e reivindicati-vo português. No entanto, in-felizmente, a atualidade de Jo-sé Mário Branco nom tem as-sim tanta piada. Ele é o autorde umha música chamadaFMI (1979-82) em que censurao apagamento das expetati-vas revolucionárias geradas apartir de abril de 1974.

Estavas à espera que a tua músi-ca FMI vinhesse para a atualida-de de forma tam crua?Discordo da atrelagem da minhaobra, que é vasta e multifacetada,ao episódio atual da crise finan-ceira portuguesa e da vinda doFMI. O meu FMI, de 1979-82, é umtestemunho de um processo gera-cional, o da derrota da revoluçomde 74-75. É um texto cénico catár-tico que procura umha porta paraa esperança. Claro que esses te-

mas som de todas as geraçons, e aprova é que o FMI tem sido reto-mado ciclicamente por jovens quenem tinham nascido da revolu-çom dos cravos. Mas os jornalis-tas atuais nom se interessam porisso; para eles só interessa o ladoanedótico, para fazer títulos ecriar modas.

Dá a sensaçom que a excecionali-dade económica devolveu certamobilizaçom às ruas portuguesas.A esquerda real está de regresso?Os pobres estám sempre em crise,é a sua condiçom de classe, nomdescobriram a crise agora. A criseatual é umha crise das camadasmédias da sociedade, que tenhemvivido e prosperado à custa do cré-dito bancário e das benesses do Es-tado-providência. Mas o capitalis-mo português é atrasado, parasitá-

rio e oportunista. 75% da classeempresarial portuguesa nom temsequer o nível secundário. É maiora percentagem de trabalhadorescom cursos superiores, do que depatrons. Essa elite medíocre, queagora se vê escrutinada polo capi-talismo frio e experiente do norteda Europa, tem governado Portu-gal ao longo de 37 anos, através doPSD e do PS, na ilusom de que um-ha camada média ampla, gastado-ra e improdutiva lhe poderia dareternamente umha base social de

apoio para a sua política parasitá-ria. Enganou-se, e agora chama es-sa camada média à realidade. Asmanifestaçons de protesto sommuito inconsistentes, sem rumopolítico, entre a piada fácil e as ge-neralidades. Nada se passa nasempresas, nos bairros, nas escolase universidades. Isso nada tem aver com a esquerda real. É só o ha-bitual discurso vago das camadasmédias da classe dominante. Acon-selho a leitura de um artigo de re-flexom sobre este assunto, com oqual me identifico: http://passapa-

lavra.info/?p=40478

Nada lhe dim entom novas for-mas de descontentamento, vei-culizadas em grande parte atra-vés da música? Os Deolinda fô-rom muito importantes na con-formaçom da Geração à Rasca. No artigo antes referido fala-sedesse assunto. Os casos criados àvolta dos Deolinda e dos Homensda Luta, embora muito diferentesartística e eticamente, som inte-ressantes mas, de momento polomenos, puros epifenómenos.Lembram o papel que teve outravedeta dos jovens, Pedro Abru-nhosa, em 1995, no fim do longomandato de Cavaco Silva comoprimeiro-ministro. Mas a celebra-da cançom dos Deolinda, "Parvaque eu sou", é a típica de classemédia: obter um diploma é umhaforma de arranjar um emprego.

Para os pobres, os estudos sommuito mais do que isso; som um-ha escola de vida que permite al-mejar a ascensom social.

O que fica do autor de FMI no Jel (dos Homens da Luta)?Nada, só umha palhassada me-diática que é totalmente capitali-zada pola classe dominante. Narecente gala dos Globos de Ouro,um enorme mas confrangedoracontecimento mediático da in-dústria cultural do sistema, um-ha rábula desse duo acabou comJel a gritar para a sala algo como'Nom se riam! Isto nom é a revo-luçom. Eu ando aqui, como todosvocês, é polo dinheiro!'. Francis-co Balsemão -fundador do PSD,dono da televisom SIC e muitomais, o primeiro português mem-bro permanente da Trilateral-apreciou esse número, ria-se comvontade, e certamente mandoupagar-lhes um bom caché.

Tens contacto com o movimentopolítico ou musical galego?Tivem algum contacto nos anos 80,quando eu próprio estava organi-zado politicamente na UDP e fui àGaliza participar em açons doBNG, fundado por essa altura. Nofim da década regressei, com ou-tros artistas daqui, a seguir à mor-te de José Afonso. Guardo gratasrecordaçons do Miro Casabella eda Universidade Popular de Vigo.

JosÉ mÁrio branco, cantor PortuGuês de interVençom

“Os pobres estám sempre em crise, é a sua condiçom de classe, nom a descobriram agora”alÉm minHo

“Há muitos mais trabalhadores comcursos superiores

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14 dito e feito Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

Como nasce a ideia?A Zalenvá nasceu há uns mesespromovida por várias amigas eamigos com inquedanças sociaiscomuns, conversando sobre a ne-cessidade dumha alternativa naValençá, que é o nosso bairro aquiem Ourense. É umha zona de no-va construçom sem muita ofertaa nível cultural, de modo que nósprocurávamos um espaço próprioonde poder projetar as nossasideias e conhecimentos. Para isto,adquirimos um local que funcio-na de forma auto-gerida e com asquotas das pesssoas associadas.

Que atividades vindes fazendodesde a vossa abertura?Temos um plano mensal em quedesenhamos as atividades. Atéagora levamos a cabo obradoi-ros de língua de signos, de fisio-terapia, de inteligência emocio-nal, umha exposiçom sobre foto-grafia sobre o trabalho das mu-lheres, as Jornadas de Saúdesem Capitalismo juntamentecom o C.S. Sem um Cam,…Aliás, temos atividades que semantenhem como um ceador ve-gano, e a ideia de pormos emmarcha um cineclube. O localabre também um par de vezespor semana para umha atividadeque chamamos “A parola mola”,em que nos juntamos para falarde temáticas concretas. Figérom-se também uns exercícios de pre-paraçom para o parto e váriasfestas temáticas, como umha doGhana, porque muita gente dobairro e de alá. A programaçompara o verao ainda nom está de-senhada; reuniremo-nos nestesdias para ver como a projetar.

Contades com bastante atividades relacionadas com asaúde e a medicina alternativa.A que se deve isto?

Deve-se sobretodo ao interessedos membros da associaçom, etambém a que percebiamos um-ha carência deste tipo de forma-çom no movimento da cidade egalego em geral.

Que acolhimento está a recebera vossa atividade no bairro?Verás, a nossa potencialidade éque temos muita relaçom no bair-ro, porque levamos toda a vidamorando aqui. As nossas famí-lias também som da Valençá, osnossos amigos,… temos muitoscontatos, e para a assistência àsatividades isso ajuda muito. Ain-da que funcionemos como umharede de pessoas conhecidas, nomgostariamos de que a cousa ficas-se num auto-consumo, por issotentamos fazer atividades dife-rentes. Houvo por exemplo ummercado de troca de joguetes noNatal que tivo bastante êxito en-tre outras cousas porque foi narua; o local nom nos ajuda muitoa chamarmos à gente porquenom está mui bem situado.

Fala-nos do vosso bairro. Que peculiaridades tem?Trata-se dum bairro que medroumuito em pouco tempo, de ma-neira que a maioria da gente é jo-vem. É umha zona relativamentebarata para a vivenda, polo queàs vezes funciona como um“bairro dormitório”, ainda quecom bastantes serviços. O pro-blema é que a gente gasta o seutempo livre nos bares, e custaromper com essa dinâmica. Mes-mo aos nossos colegas!

Colaborastes com o Sem umCam nas Jornadas de Saúdesem Capitalismo. Que relaçomtendes com os centros sociaisourensanos?Mais que nada relaçons pes-soais. Eu conhecia a gente doSem um Cam de antes, aindaque nom o seu centro até hápouco. Umhas pessoas da asso-

ciaçom começárom a se reunircom eles e nesses encontros de-cidiu-se que colaborariamos nasJornadas. Com A Esmorga nomtenho muita relaçom, mas todoo mundo nos conhecemos, igualque no caso do Pinche.

Ourense passou em poucos anosde ter um centro social a terquatro. Como valorizades o as-sociacionismo na vossa cidade?Apesar de que a mudança foi vi-sível, penso que nom é umha dascidades com mais tecido asso-ciativo; eu pola semana estouem Compostela e vejo muitomais movimento… Falta aindamuito trabalho a ser feito, masnisso andamos, em dinamizar omais possível. O certo é que aoferta alternativa se diversificoubastante recentemente; na asso-

ciaçom há várias pessoas quesom vegetarianas e antes nemsequer existiam comedores des-te tipo. Da Zalenvá tentamos jus-tamente isso, oferecer ativida-des o mais diversas possíveis àmargem do consumo.

Com que dificuldades vos atopastes no trabalho?A mais importante é o tempo:cumpre dedicar-lhe muito e mui-tas de nós nom moramos polasemana em Ourense por moti-vos de estudos ou laborais. A fal-ta de experiências prévias destetipo também é umha dificulda-de, porque che custa muito maistomar decisons. Normalmente ofacto de sermos gente conheci-da facilita as cousas, ainda quesempre haja ocasions em que se-ja menos ágil.

dito e feito

“Queremos mudar a dinámica do lazeratravés de atividades nom consumistas”

“A nossa potencialidade é que temos muita relaçom no bairro, porque levamos toda a vida morando aqui”

entreVista a beatriz PÉrez, da associaçom cultural ‘a zalenVÁ’ de barbadÁs

“Temos interesse emcobrir as carências namedicina alternativa”

“Estamos numha zonade nova construçomsem oferta cultural”

Uma breve revista da atividade na cidade ourensános últimos meses dá-nos umha ideia do trabalhoque estám a realizar os movimentos da zona, des-de os de defesa da língua até os centros sociais,passando polas grupos de agricultura ecológica.Entre os dias 17 de fevereiro e 4 de março tivé-rom lugar, com um ambicioso programa, as V Jor-nadas de Agricultura Ecológica organizadas porSemente, A Esmorga, Amigos da Terra, Sem umCam e Verdegaia; dous meses depois decorrêromas Jornadas de Saúde sem Capitalismo, graças àcolaboraçom entre o Sem um Cam e A Zalenvá.No próprio mês de maio o estudantado da cidade

saiu à rua para reivindicar um ensino em galego,coordenado pola Mocidade pola Língua, antesinexistente na cidade. Também fruito do tecidoassociacionista ourensá foi o nascimento das bemsucedidas Olimpíadas Populares Galegas, que serealizárom nos dias 21 e 22 de maio em Ribad’Ávia, tentando dinamizar um ámbito esquecidopolo movimento popular galego.

Estas som só algumhas das atividades que ti-vérom lugar nos últimos meses, para além dum-ha agenda diária carregada de comedores po-pulares, formaçom de diverso tipo, projeçonsou festas alternativas.

O Ourense que se move

O.R. / A repressom franquista foi um duro golpe para o movi-mento numha das cidades mais ativas do galeguismo da pré-guerra: Ourense e o seu contorno. Hoje, porém, volta a ser umdos pontos importantes da Galiza que se move, mercê da ati-vidade de jovens que estám a criar nela espaços para o lazeralternativo e a dissidência. Primeiro abriu as portas A Esmor-ga, no ano 2004, mantendo umha linha cultural e reintegracio-nista que chega até a atualidade; há apenas dous anos o Semum Cam, um novo tipo de centro social que tenta manter-se àmargem do consumo. Agora o bairro da Valençá (Barbadás) foio protagonista com a abertura dum local alternativo que ten-ciona dinamizar a vida cultural e política da sua zona. O Pin-che, mais vencelhado ao mundo das siareiras, é outro dos pro-jetos associativos em andamento na área da cidade.

“O associacionismoourensano viveu

mudanças visíveis” bEAtRiz PéREzno centro da imagem, dentro do local social

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Cangas volta a ser a única locali-dade galega com representaçomindependentista na corporaçommunicipal ao obter 1.744 votos emanter a percentagem de apoiosdas passadas eleiçons. No entan-to, cumpre destacar que nas loca-lidades de Minho (em que a forçaindependentista superou em vo-tos o BNG), Mugardos, Ames eRedondela as opçons soberanis-tas ficárom a escassos votos deconseguir edis nestes Concelhos,salientando o caso de Redondela,em que umha outra candidaturapopular disputou até os últimosminutos da contagem à FPG oconcelheiro que finalmente levouconsigo a Agrupaçom Eleitores deRedondela. Salienta também oapoio conseguido em Compostelapola Candidatura do Povo que,contra todo prognóstico, conse-guiu o apoio de 598 votantes.

A soma dos votos recebidos nes-tes 11 Concelhos atingiu 5.169 vo-tos, ultrapassando desta maneira otecto histórico das candidaturas in-dependentistas (4.219 votos entrea FPG e Nós-UP nas autonómicas

de 2009) e conseguindo umha mé-dia percentual de 3,51 por cento.

As diferentes candidaturas emtermos gerais avaliam com certasatisfaçom os resultados obtidos e

anunciam a continuidade do seutrabalho municipal nos próximosanos a partir da movimentaçomsocial e o trabalho informativo. Aseleiçons de maio fôrom concebi-

das na maior parte dos casos co-mo um ensaio de forças que fon-tes consultadas do independentis-mo organizado apontam a quecristalizará em 2015, depois daabertura dum novo ciclo em que omunicipalismo será “umha priori-dade no processo atual de acumu-laçom de forças soberanista”.

Evoluçom históricaO primeiro independentismo pós-franquista, impulsionado polo Par-tido Galego do Proletariado (PGP)através de Galiza Ceive (OLN),participou nas eleiçons de 1979através de agrupaçons municipais,assim como dentro dalgumhas daslistas da Unidade Galega e o BN-PG. Com a Unidade Galega obtivorepresentaçom em Monforte deLemos (onde Antom Árias Curtofoi concelheiro) e em Salvaterra deMinho logrou três representantespor parte da Assembleia de Vizi-nhos do Condado, afim à OLN,bem como noutras localidades. Co-mo ‘Agrupación Electoral GaliciaCeibe’ apresentou candidaturasem Muros, as Pontes, o Barco,

Compostela, Corunha, Ourense eVigo, onde obtivo 1.908 votos.

De novo Galicia Ceibe em alian-ça com o PCOE e independentesapresentava em 1983 as Candida-turas de Unidade Popular (CUP)nas principais cidades, conformeassinala o livro Para Umha GalizaIndependente editado pola Abren-te Editora no ano 2000.

No ano 1987 o PCLN pedia o vo-to para o BNG, enquanto em 1991obtinha 4 concelheiros em Cangasatravés da FPG, para que pedia ovoto, assim como outros 2 conce-lheiros em Carnota. A Frente apre-sentara-se também desta vez emMuros, as Pontes, o Barco, Com-postela, Corunha e Ourense, con-forme os mesmos dados fornecidospolo antedito ensaio. A Assembleiado Povo Unido (APU) fazia o pró-prio em Compostela, Vigo e Ferrol.

Em 1995 a FPG obtinha dousconcelheiros em Cangas através daUnidade Popular com o PCPG e in-dependentes. Quatro anos depois,concorria em solitário obtendo umúnico edil nesta localidade, repre-sentaçom que manteria em 2003.

15a exameNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

A vitória eleitoral do PPdeG,que afiança o seu poder nosfeudos tradicionais e obtém amaioria absoluta nas trêsgrandes cidades corunhesas,marcou os resultados daseleiçons de 22 de março. OPSdeG e o BNG fôrom casti-gados polos votos que optá-rom pola direita espanhola,devido, entre outros fatores,ao desencanto generalizadocom a gestom estatal de Ro-dríguez Zapatero. O indepen-dentismo, que promoveu can-didaturas em 11 municípios,conseguiu ultrapassar a cifrasimbólica dos cinco mil votos,um resultado que as forçaspolíticas promotoras conside-ram geralmente satisfatório.

H. CARVALHO / O Partido Popularconseguiu maiorias absolutas nascidades de Ferrol, Santiago deCompostela e Corunha, assegu-rando-se desta maneira a gestomda Deputaçom corunhesa que,somada à revalidada em PonteVedra, situa esta formaçom políti-ca como a vencedora na faixa

atlántica galega, se bem as cida-des de Ponte Vedra e Vigo conti-nuarám nas maos do BNG e oPSdeG respectivamente, graçasaos pactos que presumivelmenteacordarám ambas as forças. VilaGarcia é outra das cidades emque o PP ganha umha alcaldia em

ámbitos territoriais que costuma-vam apoiar maioritariamente go-vernos progressistas.

PSdeG e BNG descemTanto o BNG como a franquícia ga-lega do PSOE sofrérom umha des-cida importante no número de re-

presentantes municipais com quecontavam a 2007. A frente nacio-nalista passa a ter 71 concelheirose concelheiras menos que há qua-tro anos, enquanto o PSdeG perde126 cargos eleitos nos concelhos.

O porta-voz nacional do BNG,Guilherme Vázquez, manifestouna noite eleitoral a sua “modera-da satisfaçom” polos resultadosao conseguir 11 maiorias absolu-tas e ser a força mais votada em22 dos 315 municípios do País,conseguindo a previssível no-meaçom de 29 alcaldes da suaformaçom. À diferença das ante-riores eleiçons municipais, osseus pactos com o PSOE paraconformar “governos de pro-gresso” em todo o País nesta oca-siom exigirám para serem ratifi-cados acordos de “programas sé-rios” que combatam o desempre-go e a exclusom social, e que de-

fendam a igualdade e a defesa dalíngua e cultura galegas.

Por sua vez, o Partido Popularda Galiza incrementa a sua presen-ça nos Concelhos em 205 repre-sentantes, quase o mesmo númeroque perdem os outros dous gran-des referentes eleitorais da Galiza,com um aumento percentual novoto de quase cinco pontos que lhepermite assegurar as alcaldias emdous terços dos municípios da Co-munidade Autónoma Galega.

Crescem o voto nulo e brancoOs votos nulos e em branco cres-cérom no seu conjunto 61,57 porcento, passando de representar2,5 por cento (1,62% votos embranco, 0,88% votos nulos) em2007 a atingir 4,06 por cento(2,35% votos em branco, 1,71%votos nulos) nas passadas elei-çons. O importante incrementodesta opçom teria estado influen-ciado tanto polo movimento polademocracia real –que chamou aromper a hegemonia dos grandespartidos– como pola perda de cre-dibilidade das forças políticas pe-rante umha parte da sociedade.

a exame

O PP recolhe os frutos do descontentosocial pola gestom do governo Zapatero

Independentismo mantém a sua única representaçom insitucional em Cangas,porém, supera o seu tecto eleitoral apresentando-se apenas em 11 concelhos

bnG e PsdeG Perdem 197 concelHeiros em relaçom à conVocatória eleitoral de 2007

O bNG rejeita nestaocasiom um pacto

global com o PSdeG

resultados das candidaturas soberanistas

CANDIDATURA VOTOS %

Alternativa Canguesa de Esquerdas 1.744 12,77

Alternativa de Esquerda de Minho 158 4,62

Mugardos na Esquerda 128 3,98

Frente Popular Galega (Redondela) 613 3,87

Ames na Esquerda 467 3,54

Alternativa de Esquerda de Nigrám 334 3,5

Salvaterra de Esquerda 98 1,75

Porrinho de Esquerda 175 1,65

Ponte Areias de Esquerda 158 1,30

Candidatura do Povo (Compostela) 598 1,24

Frente Popular Galega (Vigo) 567 0,39

Total / Média 5.169 3,51

Soberanismo obtém mais de cinco mil apoios

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Num tempo em que as infra-estru-turas militares precisam disfarçar-se com linguagem orwelliana (oúltimo satélite militar espanholchama-se 'Paz'), o tratamento anti-ecológico do refugalho também seenfeita com as melhores palavras.Desde a década de 90, a unidadeincineradora que lixa o noroestegalego chama-se 'Complexo me-dioambiental de Cerceda'. Cadaano emite à atmosfera o equiva-lente às emissons de 136.000 car-ros e verte umha quantidade deágua poluída que corresponderiaa umha vila de 10.000 habitantes.Acolhe também quase as trêsquartas partes de restos de medi-camentos depositados nas farmá-cias do Estado, o que ainda inten-sifica o seu potencial tóxico. Comoo NOVAS DA GALIZA tem denuncia-do em números anteriores, o no-me da SOGAMA vencelha-se comdenúncias por contratos irregula-res, prevaricaçom, despedimentose falseamento de dados. Desde iní-cios da presente legislatura, a me-ga-infraestrutura também remeteinevitavelmente para Luís LamasNovo, presidente da SOGAMA,militante do PP e procedente deorganizaçons ultras.

Ratificando a desfeita e ignorando as críticasAté os setores mais críticos domovimento popular mostrárom asua surpresa ao conhecer as in-tençons do governo Feijoo nestamatéria. No passado 13 de janei-ro, o PP aprovou com o rechaçofrontal da oposiçom um novo'Plano Geral de Resíduos SólidosUrbanos', concebido para estadécada, e que seria revisto em2020. A ideia-força defendida po-lo executivo galego aponta paraa “geraçom de energia por inci-neraçom”, ocultando precisa-mente que, segundo estudos di-fundidos polo ambientalismo, aincineradora que atualmente fun-ciona em Cerzeda esbanja maisenergia da que produz. O gasto écausado, sobretodo, pola utiliza-çom intensiva de gás natural pa-ra as tarefas de secagem do lixo.

Segundo se desvenda na reda-çom do plano, metade do investi-

mento do futuro PGRSU destina-rá-se à construçom dumha ma-crounidade incineradora numhacomarca ainda indeterminada dosul da Galiza. Na linha de priva-tizaçom crescente seguida em to-das as áreas de governo, o exe-cutivo de Feijoo reconheceu a'necessidade' do financiamentoprivado, que atingirá 84 por cen-to do projeto. As mais de 60 ale-gaçons apresentadas durante es-tes meses por diferentes coleti-vos nom motivárom nenhumaemenda no texto: fundindo aaposta incineradora com a proli-feraçom indiscriminada de moi-nhos nos nossos montes, o PPconcedeu à Estela Eólica o finan-ciamento do projeto. A decisomrelaciona-se com o desenho dumplano eólico que previa premiar'investimentos complementares'das empresas de energia, e quetampouco estivo livre de polémi-

ca. Segundo revelou algum meiode comunicaçom empresarial,entre os administradores da Es-tela Eólica está J.L. Quintáns Pé-rez, responsável das Nuevas Ge-neraciones em Zás, e ligados àcompanhia aparecêrom tambémcargos municipais de Concelhosgovernados polo PP.

Ameaça ou realidade?Nom faltou quem, precisamentepola crueza dos dados, pugesseem causa a materializaçom do pla-no. Assim, a organizaçom ambien-talista ADEGA questionou a iní-cios deste ano que o projeto fosseconsumar-se: a “Estela Eólica nomtem capacidade financeira para sefazer cargo dumha obra dessemontante”, afirmárom os ecologis-tas. As mesmas fontes salientáromtambém a construçom “dumhaunidade capaz de incinerar900.000 toneladas de lixo criariaum alto grau de conflitividade so-cial”, realidade que o PP “nom es-taria disposto a afrontar”. A con-clusom deste coletivo é que atépassarem as eleiçons autonómicasde 2013, no caso de se ratificar odomínio de Feijoo, nom se mate-rializaria tam ambicioso plano.

Mais toxinasSeja como for, e independente-mente dos prazos e valorizaçonsde futuro, a Conselharia de Agus-tín Hernández aproveitou a apro-vaçom do plano para vender asexcelências da aliança entre o se-tor energético e a gestom incine-radora do lixo, apresentada como“umha fonte permanente de pos-tos de trabalho”. Longe das polé-micas sobre o número de empre-gos criados, nom há demasiadacontrovérsia sobre os efeitos queteria umha nova SOGAMA nasaúde dos galegos e galegas: “se-riam mais 327.000 toneladas deCO2 emitidas cada ano”, afirma ocoletivo ribeirao Coto de Frade,mobilizado contra a possibilidadeda incineradora na sua comarca,precisamente nuns meses em quese confirmou que a Galiza se si-tua no topo do Estado em emis-som de gases poluentes. De resto,

todo o ambientalismo confirmaque incineradoras como a de Cer-zeda som fontes de perigosos me-tais pesados que favorecem doen-ças como o cancro.

Vizinhança alertaAlgumhas vozes apontam queexiste já umha área pré-determi-nada para a instalaçom desta gi-gantesca incineradora: trataria-sedalgum ponto arredor da autoviadas Rias Baixas, que estrutura osprincipais núcleos urbanos do suldo País, de Ginzo a Salvaterra. Es-ta infra-estrutura permitiria umhaágil circulaçom dos centos de ca-mions de lixo que deitariam os de-tritos de meia Galiza num só Con-celho. A experiência do PP na ges-tom de grandes agressons à vizi-nhança permite supor, segundofontes ecologistas, “que se procu-rará um Concelho do interior, omais deprimido possível, onde aresposta social for menos inten-sa”. O ocidente galego, sempremais combativo, poderia estar des-cartado em favor do Carvalhinhoou a Límia. Várias plataformas vi-cinais estám a organizar-se nestesprimeiros meses de ano para quea ofensiva incineradora nom che-gue por surpresa.

O que poucos dizemO debate entre incineraçom e reci-clagem ainda oculta, porém, um-ha realidade incómoda que figuranum segundo plano da polémica:os índices de produçom de lixo degalegos e galegas, que aumentamprogressivamente à medida que seconsuma a economia do crédito ea urbanizaçom do País: do meioquilo de lixo por dia produzido porum galego médio há trinta anospassou-se aos mais de quatro qui-los atuais. Umha média que nosaparenta, mais umha vez negati-vamente, com a vizinha Espanha:este país encabeça o ranking euro-peu de produçom de refugalho,duplicando praticamente os índi-ces do centro da Europa. Enquan-to os contentores continuam re-bordando, a Junta pode anunciarque a incineradora de Cerzeda‘nom abonda’ e que cumpre dupli-car o despropósito.

Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 201116 a fundo

A ideia-força defendida polo executivo galego aponta para a “geraçom de energia por incineraçom”a fundo

as mais de 60 aleGaçons aPresentadas nom motiVÁrom nenHuma emenda no texto

Movimentos populares preparam respostaante possível construçom da ‘Sogama do sul’

O PP concedeu à Estela Eólica o projeto

como complementoaos seus moinhos

O.P. / Ouve-se com freqüência dizer que o governo Feijoo recunca umha e outra vez,mesmo endurecendo-as, nas políticas mais agressivas desenhadas polo fraguismoentom imperante. A expressom pode entender-se literalmente se atendermos às li-nhas mestras da gestom do lixo: ratificada a falência ambiental, social e até energé-

tica da unidade incineradora da SOGAMA em Cerzeda, a extrema-direita confessa asua intençom de erguer umha infra-estrutura quase idêntica no sul do País. Se seconsumasse a renovada aposta no negócio incinerador, a Galiza viria a confirmar-se como armazém e fábrica de dioxinas sem parangom no seu contorno.

Galiza situa-se no topo do Estado

em emissom de gases poluentes

Page 17: ovas da Gali a e de coletivos feministas viguesesmens da Luta, que apoiárom a Geração à Rasca parodiando este músico portu-guês. O cantor é crítico com este movi-mento e os

Umha vez licitada a obra para onovo hospital viguês, que seráfinanciado com capital privado,a oposiçom continua o trabalhoinformativo e de denúncia. AAssociaçom Galega para a De-fesa da Sanidade Pública ela-borou um completo relatórioem que denuncia como a con-sultora que a Junta contratoupara selecionar as empresasbeneficiárias está imersa emnumerosos processos por deli-tos fiscais, negligência, estafase falsificaçom de contas parasociedades que assessorava. Orelatório examina ademais cadaumha das integrantes na UniomTemporária de Empresas (UTE)que lucrarám por um mínimo devinte anos dos cofres públicosautonómicos.

H.C. / O Serviço Galego da Saúdepagará ao agrupamento empre-sarial 71.670.000 euros cada anonas próximas duas décadas parafinanciar a construçom e explo-raçom do novo hospital de Vigo.A estes lucros irám acrescentar-se as cobranças derivadas do es-tacionamento e dos espaços co-merciais do hospital com cliente-

la assegurada, ganhos que irámdestinados às sociedades benefi-ciárias, tal e como o NOVAS DA

GALIZA abordava em profundida-de no número 95. A decisom deoptar polo financiamento públi-co-privado, que incrementa oscustos finais em mais de mil mi-lhons de euros em comparaçomcom o montante previsto paraum hospital integramente públi-co, beneficia as empresas Accio-na, Puentes y Calzadas, Altair,Concessia e OCA.

Quem escolheu as empresas?A seleçom e pontuaçom da UTEbeneficiária foi também externali-zada, correndo a cargo da consul-tora Price Waterhouse Coopers(PWC), que recebeu por tal enco-menda 220.000 euros. O relatórioda Defesa da Sanidade Pública as-sinala que esta empresa está a serinvestigada pola Audiência Nacio-nal por delitos fiscais que motivá-rom a imputaçom de 100 diretivose sócios da companhia. Aludem aque se trata dumha sociedade es-

pecializada em realizar relatóriosad hoc para empresas que fam dasirregularidades financeiras umhaprática habitual para multiplica-rem os lucros. Esta consultoraapoiou o relatório dumha óperaencarregada polo ex-presidentebalear Jaume Matas que a Fisca-lia Anticorrupçom qualificou co-mo “montagem” (o próprio Mataschegou a trabalhar para a mesmaempresa), auditou umha grandeempresa indiana –a Satyam Com-puters– cujas contas falsificadas

provocárom um escándalo de di-mensons internacionais, foi re-provada polo Congresso espanholpor “nom advertir” o buraco fi-nanceiro do Banesto e, ainda, umdos seus sócios principais foi pro-cessado como “participante ne-cessário” pola Cámara do Crimeda Argentina por umha estafamultimilionária contra a cadeia desupermercados Carrefour.

O relatório destaca que nestaempresa de consultoria trabalha afilha de Rocío Mosquera, a atual di-retora-gerente do Sergas e que foigerente do hospital do Grupo Povi-sa em Santiago de Compostela.

Refere ainda que os proprietá-rios e gestores do novo hospitalsom “um variegado grupo de em-presários e banqueiros que damcobertura aos múltiplos interes-ses em jogo” beneficiando do sis-tema sanitário público.

17a denÚnciaNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

Price Waterhouse Coopers cobrou por pontuar as ofertas 220 mil euros.Está a ser investigada pola Audiência Nacional, entre outros organismosa denÚncia

defesa da sanidade PÚblica examina o entramado que conforma a rede de sociedades

Consultora envolvida em delitos fiscais decideas empresas beneficiárias do novo hospital viguês

O financiamento escolhido encarecerá

o hospital em maisde 1.000 milhons

MObiLizAÇOMno hospital do Meixoeiro

pola sanidade pública

CONCESSIAAdministrada por José Manuel Albadale-jo González, conselheiro diretor-geral daGerens Hill International –grupo cons-trutor de três dos novos hospitais de fi-nanciamento privado de Madrid– e acio-nista da Caja Círculo (vinculada à Confe-rência Episcopal), Caixa Sabadell e Cajade Ahorros del Mediterráneo (CAM)–com graves problemas de solvência–,Ibernostra, Ibercaja, Caja de Canarias,Caja de Ávila e Caja Rioja, também afe-tadas pola chamada crise da banca. Amaior parte das caixas selecionadas parafinanciar o novo hospital de Vigo tenhemproblemas de solvência ou solicitáromajudas públicas para poder cumprir osrequerimentos exigidos.

ACCIONAGrupo construtor e de serviços recente-mente penalizado com um milhom de eu-ros polo Concelho de Madrid por nomcumprir os seus compromissos ao negar-se a construir o parque tecnológico pre-

visto no norte da capital espanhola polaimpossibilidade de fazer face ao paga-mento do cánone. A sua dívida financeiraascende a 6.587 milhons de euros.

O seu Conselho de Administraçom écomposto polos membros da família En-trecanales, os conselheiros e acionistas daInditex Juan Manuel Urgoiti López e Car-los Espinosa de los Monteros y Bernardode Quirós –presidente da Mútua Fraterni-dad-Muprespa–, responsáveis dos gruposde comunicaçom Havás e Recoletos, PíoCabanillas Alonso –ex-ministro porta-vozdo Governo de José María Aznar– e Mi-riam González Duarte –advogada e sóciada firma internacional de advogados DLAPiper (uma dos dez maiores do mundo) emulher de Nick Clegg, o líder dos demo-cratas liberais e vice-primeiro ministro doReino Unido–, entre outros.

PUENTES Y CALZADASQuando o PP perdeu o poder na Galiza, em2005, Agustín Hernández abandonou a di-reçom das Obras Públicas da Junta. Ape-

nas dous meses mais tarde ja foi recrutadopor esta construtora, a Puentes y Calzadas,à qual um ano antes outorgara contratospor mais de 30 milhons de euros.

Naquele governo de Manuel Fraga, Nu-ñez Feijoó presidia à Conselharia da Polí-tica Territorial. Apenas cinco dias antesdas eleiçons que desalojárom o PP do po-der, em 14 de junho de 2005, a Política Ter-ritorial decidiu o concurso polo qual enco-mendava a umha UTE (com participaçomda Puentes y Calzadas a 30 por cento) odesdobramento da via rápida do Salnês,em troca de 40,2 milhons de euros. Du-rante as próximas três décadas, a Juntadeverá pagar à UTE um cánone propor-cional ao tráfego da via, seguindo a fór-mula da portagem na sombra.

Em março de 2008, Agustín Hernándezregressa como director das Infra-estrutu-ras na Deputaçom de Ponte Vedra, cujopresidente é o ‘popular’ Rafael Louzán.

Após voltar à Junta no ano 2009, comoconselheiro das Infra-estruturas, Hernán-dez adjudica à Puentes y Calzadas a varian-

te de Noia por 38 milhons de euros, apesarde que esta empresa apresentou a segundapior das 20 ofertas económicas avaliadas.

A rodovia inclui a polémica ponte sobrea ria de Noia a que o bipartido renunciaradevido ao seu impacto ambiental.

A Puentes y Calzadas está imputada nacausa instaurada pola morte de 6 pessoase o ferimento de gravidade doutras 5 du-rante a construçom da auto-estrada A7,quando o dispositivo que sustenta a cofra-gem caiu dumha altura de 67 metros. AFiscalia mantém que a empresa nom rea-lizou as operaçons de manutençom a queobrigavam as normas do dispositivo.

OBRAS, CAMINOS Y ASFALTOS (OCASA)Investigada pola Comissom Nacional daConcorrência (CNC) juntamente com ou-tras cinco empresas por se repartirem osconcursos. A CNC abriu um processo san-cionador por condutas tipificadas como“mui graves”, ao ver “indícios racionais”de práticas proibidas nos concursos deobra pública a que concorriam.

FONTE: Associaçom Galega para a Defesa

da Sanidade Pública

Os amos do negócio sanitário viguês

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18 Palestra Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

Palestra O movimento pola democracia real está a ativar novos setores sociais.Expomos duas visons a respeito da sua capacidade transformadora.

Aconvocatória em 15 de Maiodumha série de mobilizaçons po-las sucursais galegas da platafor-

ma de ámbito estatal Democracia Real

Ya suscitou numerosas questons entreos grupos de militantes da esquerda na-cional e conseguiu reativar velhos deba-tes, que já fôrom suficientemente abor-dados polos clássicos do marxismo hádécadas sobre a relaçom entre a espon-taneidade das massas e a necessidadeda organizaçom militante.

Quase um mês depois das mobiliza-çons de 15M podemos estabelecer umhasíntese dos principais aspectos que sepugérom em questionamento para ten-tar determinar as coordenadas em quese desenvolveu o movimento popular ge-rado, e assim poder tirar as necessáriasliçons que permitam ver com umha pers-pectiva ampla a conjuntura atual e aspossibilidades de defesa do povo traba-lhador ante os embates do sistema capi-talista no início do seu declinar.

Em primeiro lugar, por que surge comumha importante capacidade mobilizado-ra a plataforma Democracia Real Ya equem a promove? A caracterizaçom declasse que se depreende do seu discursodirigido a "pessoas progressistas ou a pes-soas mais conservadoras, a crentes ounom crentes, sem distinçom ideológica,apartidário e asindical e, sobretodo, pací-fico" é próprio daqueles setores sociais cu-ja consciência de ser seria enquadrávelnos valores da pequena burguesia deses-perada e frustrada (funcionariado, peque-nos empresários que ficárom na ruína, es-tudantado hiper-formado com infinidadede másters, etc.) perante os desastrososefeitos da crise sistémica capitalista emcurso que acelerou a sua queda social pa-ra compartilhar com a classe trabalhado-ra a situaçom de exploraçom polo grandecapital que ressurge como principal atorna acumulaçom de riqueza e valor.

Tendo em conta esta consideraçom so-bre a origem do movimento 15M, pode-mos entender os pequenos sucessos queatingiu ao aparecer em plena campanhaeleitoral logrando modular o discurso dos

grandes partidos do sistema, mas tambémas limitaçons intrínsecas que arrasta e quecondena o movimento ao fracasso. Peque-nas vitórias constatáveis até a jornadaeleitoral de 22 de Maio com a realizaçomde concentraçons permanentes nas prin-cipais praças de diversas localidades, queconseguírom reconsiderar a rua como oprincipal espaço político de intervençomao realizarem-se assembleias públicas emque se manifestava consciência de povomaltratado polo Capital, ainda que só fos-se de forma superficial e emocional, massem umha visom crítica de fundo. Precisa-mente é a carência dessa compreensomcrítica da natureza opressiva e explorado-ra deste infame sistema chamado capita-lismo a que determina o declive do movi-mento. A ausência dum programa estraté-gico e táctico que permita desafiar os ali-cerces do sistema com o único objetivo dederrubá-lo é substituído polo reclamo demeras reformas no sistema de representa-çom política parlamentar burguês e o con-trolo da atividade financeira, posiciona-mento que só contribui para gerar confu-som sobre o caminho certo a seguir paraagitar o povo da suas cadeias.

A militáncia rebelde galega deve com-preender estas chaves em que se desen-volveu o movimento para poder intervirna rua e continuar a estender a necessida-de peremptória de construir organizaçonsda militáncia revolucionária que facilitemo salto do mal-estar social à consciênciapolítica de transformaçom socialista, emdefinitivo, que logrem mediar entre a me-ra indignaçom e a rebeliom popular me-diante a combinaçom dialéctica da bata-lha ideológica e a praxe transformadora.

Carlos Garcia Seoane é militante de Briga

Um velho exemplonum cenário novo

Carlos Garcia Seoane 1Nas praças há um nom. Mas a dia-léctica negativa, essa em que oscorpos se juntam para dizerem o

que já nom toleram, implica a necessida-de de tomar distáncia do Estado. É me-lhor que haja a expressom pública dummal-estar a que nom haja nada e o movi-mento resulta mais favorável às políticasde emancipaçom que a inércia. E conto-do cumpre nom assumir o campo discur-sivo – o campo de batalha – do partidoda ordem. A praxe deve virar a negaçomem afirmaçom contra a Policia. Contra oEstado. “Chamo Estado ao Estado da si-

tuaçom: ao sistema de restriçons que,precisamente, limitam a possibilidadedos possíveis”, escreve Alain Badiou n’AIdeia do Comunismo.

2O movimento é contraditório. O sujeitode mudança, também. Nom integra, ain-da, a parte dos sem-parte e a sua univer-salidade é, de momento, precária. Vale-se dumha retórica cidadanista, alertaManuel Delgado, que pode desativar apotência inicial do intempestivo e recon-duzir as energias postas em jogo cara areivindicaçons tam inócuas, retardatá-rias, como a reforma da lei eleitoral. Po-rém, nunca sabemos de onde virá a faís-ca que prenda o lume: nas praças estámos expulsos do sistema produtivo e osdeslocados do ascensor social, os estu-dantes e a força de trabalho. O curto-cir-cuito está às portas de fender a desiden-tificaçom colectiva.

3Manifesta-se o mal-estar e esse mal-es-tar é potencialmente anticapitalista.“Nom somos mercadoria”, di a palavrade ordem mais repetida. Aí agocha-se afratura entre capital e trabalho: no modode produçom dominante torna-se inviá-vel que os trabalhadores nom funcionemcomo mercadoria. Levar essa consignaàs últimas conseqüencias, teóricas e prá-ticas, produz cisons e sacudidas, revelaantinomias ao mesmo tempo que clarifi-ca a situaçom, radicaliza reivindicaçonse escapa à mediocracia. Trata-se de subs-tituir os pontos fracos do discurso coleti-vo por interpelaçons diretas ao capital:

logo de ocupar temporariamente o espa-ço urbano público, expropriar massiva-mente as vivendas baleiras.

4Nada cai em saco roto. O movimento, aocabo, fai suas as análises e os diagnósti-cos que a esquerda militante faturou eespalhou nas últimas décadas. Contra aeconomia especulativa e a mercantiliza-çom da vida, contra o partidismo –o quenom deve significar antipartidismo– por-que os partidos se integrárom no Estado,contra o desaparecimento da soberaniapopular e, portanto, contra as democra-cias de mercado, contra o individualismorealmente existente como ética hegemó-nica, contra a obediência à ditadura declasse do parlamentarismo representati-vo. O movimento, ao cabo, desafiou a ló-gica legislativa do partido da ordem aonom desalojar as praças na jornada dereflexom eleitoral.

5Cumpre nom confundir o relato sobre omovimento emitido polos aparelhosideológicos do Estado com a matéria doque acontece. Que transcenda com tan-ta insistência a pretensom de reformara lei eleitoral nom anula que comunis-tas e anarquistas –de toda filiaçom na-cional– estejam a trabalhar nas assem-bleias e que o ar que corre nelas tenhaum fundo vermelho. Nom ser ressabia-dos mas tampouco ingénuos tambémconsiste em detectar quem fala e em no-me de quem o fai.

Compostela – Barcelona – Málaga,

a 8 de junho de 2011

Curto-circuitoAurelio Castro, Daniel Salgado, Gonzalo Pallares e X. Carlos Hidalgo

O mal-estar manifestadoé potencialmente anticapitalista

O curto-circuito está às portas de fender adesidentificaçom coletiva

A falta de definiçom éenquadrável nos valoresda pequena burguesiadesesperada e frustrada

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19mediaNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

X.R.S. / Xurxo Salgado é jornalista,com umha trajetória larga em me-dia públicos e privados. Foi o pri-meiro secretário-geral do Sindica-to de Jornalistas da Galiza duranteseis anos, e participa da Associa-çom Galega de Reporteiros Solidá-rios. Foi coordenador de ‘A NosaTerra Digital’, e atualmente é-o de‘Galicia Confidencial’ -www.galicia-confidencial.com-, um projeto in-formativo na rede com um peso im-portante da denúncia e a investiga-çom, e com um quadro de colabo-radores amplo e o objetivo de “con-tar aquilo que os outros meios nomcontam ou nom querem contar”.

Na génese de Galicia Confidencial en-contra-se um blogue pessoal. Hoje éum portal com mais conteúdos pró-prios que algum dos meios digitais em-presariais. O trabalho voluntário está a'pôr remendos', para preencher o espa-ço que deixarom outros portais?A verdade é que o Galicia Confidencial

tem muito de meio colaborativo. Nas-ceu em 2003 como um blogue pessoalde conteúdo político, para dar saída amuita informaçom que, pola sua cargade profundidade, nom podia publicarna agência em que eu trabalhava. O blo-gue foi quedando pequeno, e em 2009estava já transbordado, tanto pola ne-cessidade de informaçom como polonúmero de leitores. Demos-lhe umhavolta e xurdiu o novo GC, no que primaa informaçom e a opiniom. A mudançacoincidiu no tempo com o desgraçadofechamento de digitais em galego comoGZ nación, A Peneira e o mítico Vieiros,ademais dum centenário como A Nosa

Terra. E o portal, já mui seguido, expe-rimentou um importante crescimentode leitores que buscavam umha infor-maçom diferente à que publicam osmeios tradicionais.

Acabades de abrir o espaço à colabora-çom económica dos leitores, vendendoconteúdos exclusivos para quem se tor-nar assinante. É entom um objetivo arendibilidade empresarial?A rendibilidade empresarial dum projetoinformativo na rede é mui difícil de al-cançar. O Galicia Confidencial nom é có-modo nem para os poderes políticos, nemmediáticos, nem empresariais. Abrimosagora à colaboraçom económica paratentarmos conscienciar os nossos leito-res da importância de apoiar o projeto.Também para dignificar a funçom dosjornalistas e para que os colaboradorespoidam ver retribuído o seu trabalho. Pa-ra isso cumpre o apoio. Se nom funcionaeste sistema e o meio acaba morrendo,

logo que ninguém bote a culpa à Juntaou a determinado partido político por re-tirar subvençons.

Como é e como se organiza a equipa de Galicia Confidencial?É todo mui mecánico e, mesmo, informal.A gente é de diferentes partes e funcio-namos muito através da rede ou do te-lefone, propondo temas ou enviando jáfeitos. E os temas ou dados que enviamos leitores encomendamo-los a quempoida estar interessado ou familiariza-do. Por outra parte chegamos a acordosde intercámbio e difusom informativacom meios de informaçom local e co-marcal. O mais importante é criarmos‘rede’, e tentamos servir como alto-fa-lantes de conteúdos de interesse quenom chegariam a toda a Galiza pola au-diência mais reduzida desses meios.

Como entendedes o papel do jornalis-mo, umha vez que as tecnologias per-mitem a qualquer cidadao tornar-seum agente informativo com a máximadifussom através da rede?

Isso é o bom que tem a tecnologia.Tornar o cidadao em emissor de infor-maçom e nom só em mero receptor.Outra cousa é o tratamento que dê àinformaçom que gera. Por isso, é im-portante o papel do jornalista comomediador entre esse cidadao informa-tivo e a sociedade. Há gente que nomé jornalista mas que gera informaçommui interessante, e tamém abrimos asecçom GC Aberto como um espaçona web para informaçons que nos fa-ziam chegar coletivos e cidadaos àcaixa de correio. Muitas dessas infor-maçoms “cidadás” que nos chegan te-nhem-se tornado logo de lhe darmos“umha volta” importantes exclusivascom grande repercusom.

Entre os vossos princípios salienta oempenho em vos libertardes de marcaspolíticas. Com que é que se comprome-te a Galicia Confidencial?O nosso objetivo é sermos a consciên-cia informativa da atualidade galega.As nossas informaçons som críticascom os poderes estabelecidos, com oobjetivo de que a honestidade e atransparência rejam os códigos éticosdos governantes políticos e económi-cos. Nom buscamos inimigos nem in-formaçons incómodas, mas publicar-mos o que os cidadaos livres devem co-nhecer. Apostamos na funçom social ehumana dum jornalismo liberto de in-teresses económicos e políticos parti-culares. A informaçom para nós nom éumha mercadoria, mas um serviço pú-blico. Nom se trata de fazermos negó-cio, mas de mantermos um projeto in-formativo em galego e de esquerdas.Por isso, o nosso compromisso estácom esse tipo de cidadaos.

media

“Buscamos publicar o que os cidadaos livres devem conhecer”

“Abrimos agora à colaboraçom económica para tentarmos conscienciar os nossos leitores da importância de apoiar o projeto”

xurxo salGado, coordenador do Portal Galicia confidencial

“Há gente que nom é jornalista mas que gerainformaçom de interesse e dá lugar a exclusivas”

notas de rodaPÉ

Que insinua José Maria Castellano quandoproclama a urgência de profissionalizar a

Nova Caixa Galicia (NCG)? Estavam acasonas maos de irresponsáveis, as flores bancá-rias galegas agora recompostas no ramalhetede NCG ? Por ventura os juros dos créditos eos investimentos das caixas, outorgárom-seaté hoje por critérios de amizade ou vingança?

Recomendou se calhar Castellano criticarem papel impresso esse profissionalismo

demediado das Caixas? Tal nom aparece, jáque logo, nas páginas de La Voz de Galicia deque ele é vice-presidente.

La Voz de Galicia, Faro de Vigo, La Opinión,Atlántico, El Progeso e La Región, estám

conformes com Castellano.

Sem dúvida, estes diários sabem que as ve-lhas caixas de socorro de pobres de 1900,

logo convertidas em instituiçons de benefi-cência dependentes dos Concelhos (Montesde Piedade) foram igualadas ao estatuto ban-cário polo governo da UCD, negadas comoinstituiçons de interesse benéfico polo PSOE,deitadas aos pés do monetarismo intransigen-te polo governo de Aznar, e castigadas por de-vedoras polo atual Banco de España.

Nom é cativa reforma. Umha profissionali-zaçom militar que chegava depois da infa-

mante imposiçom do "Coeficiente Obrigatóriode Investimento" inventada pola Ditadura con-tra as Caixas. Maquia colonial que forçava defeito os emigrantes a entregarem trinta porcento das remessas a negócios que o atual can-didato a presidir o NCG Banco qualificaria anom duvidá-lo de pouco profissionais.

Terá que ver a pragmática prometida porCastellano contra NCG com a despedida

anunciada da Reganosa? Nom é certo que oCommonwealth Bank, desde os antípodas, atuacomo comprador compulsivo da gaseira em no-me dum terceiro? Está o vice-presidente de LaVoz de Galicia em desacordo com investimentoda NCG na planta de gás de Baralhobre?

Ocandidato à reforma monetarista dasCaixas recebe o voto dos jornais mas

também é certo que nengum destes árbitrosda opiniom dixo o que pensava quando a FE-NOSA começou a pagar imposto de socieda-des em Madrid (1982) Nunca soubemos nes-tas páginas mudas por que o candidato de ti-tánio a presidir a NCG Banco frustrou anosmais tarde o regresso da FENOSA à Galiza.

Enumerar outras novas que nunca noscontárom daria para um memorial. Só

engadiremos por agora a da Vivendi apos-sando-se do controlo das águas do país dosmil rios ou a opa amagada contra a FADE-SA, seguida de venda apressada com poden-te lucro e sonolência da CNMV.

Castellano, o profissional

“Apostamos na funçomsocial e humana dum jornalismo liberto de

interesses particulares”

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MANUEL CÉSAR VILA / No núme-ro anterior do NOVAS DA GALIZA,à pergunta de se a vantagemcompetitiva da língua poderiaser medida, Valentim R. Fagim,presidente da AGAL, respon-dia que “há estudos nesse ám-bito a respeito da língua ingle-sa, portuguesa e espanhola.Nom sei até que ponto é men-surável com pormenor, mas oque sei é que na atualidade amaioria da cidadania galeganom está a usufruir o galegona sua versom émundial”.

Pois é, a ciência económicapossui métodos paraquantificar o valor econó-

mico de um bem, ainda que esteseja de caráter nom corpóreo, co-mo pode ser umha língua, sem es-quecer a grande dificuldade queisto implica. De facto, como bemassinalava o presidente da AGAL,há pesquisas a tentar medir o va-lor económico de uma língua. Noentanto, estes trabalhos limitam-se a quantificar a contribuiçomda língua ao PIB, isto é, qual aparticipaçom da língua na produ-çom gerada no interior de um ter-ritório. Estaríamos a falar de me-dir o contributo interior (dentrode umhas fronteiras geográficas)de uma língua, mas nom dos lu-cros que esta poderia atingir porser umha língua utilizada foradesse espaço. Por outras palavras,estes estudos ignoram todo umleque de possibilidades de algum-has línguas com projeçom inter-nacional. Neste último caso, à di-ficuldade de medir um bem nomcorpóreo acrescentamos a quan-tificaçom dos lucros externos queumha língua poderia obter alémdas fronteiras interiores.

No nível interno, as pesquisasconsideram as diferentes ativida-des nas quais a língua intervém,acrescentando o produto económi-co. De uma perspectiva ampla, in-clusive poderíamos dizer que qual-quer língua é o veículo da ativida-de económica de um território e a

valorizaçom económica da mesmarepresenta o total do valor das ati-vidades existentes nesse território.Mas nom se trata disto, senom doimpacto económico direto, de ma-neira que é preciso levar para afrente umha concreçom das ativi-dades e produtos em que a línguaseja o componente essencial.

Desta maneira, estes trabalhosseguem um critério de seleçomdos ramos económicos vinculadosà língua, focando a sua atençom

no facto

de que oidioma faga parte es-sencial do produto principal obti-do com a atividade em questom.Com isto determina-se um primei-ro conjunto de atividades ligadas àlíngua pola própria natureza dosseus produtos, podendo ser bensou serviços, sendo estes últimosos que tenhem umha maior signi-ficaçom económica (educaçom eadministraçons públicas).

Um segundo grupo de ativida-des som aquelas que fornecem in-sumos às atividades do conjuntoinicial, para que estas podam rea-lizar a produçom dos seus produ-tos (indústria de produçom de pa-pel para as editoras, por exemplo).

Finalmente, há um grupo de ati-vidades de distribuiçom e comer-cializaçom dos produtos selecio-nados no primeiro grupo.

Umha vez feito isto, deveria es-

tabelecer-se que percentagens dovalor total som atribuídos à língua.A tarefa é mui complexa. O pro-cesso seguido nestas pesquisas éumha atribuiçom rigorosa das

mesmas, atividade

por ati-vidade. Assim, po-deria-se estabelecer 100 porcento do valor para a língua nos li-vros e 50 por cento nos filmes, ví-deos, suportes musicais, espetácu-los, publicidade, etc. Estas percen-tagens variam segundo os estudose os autores.

Outro problema é determinar avinculaçom ao idioma das ativida-des que fornecem os insumos pa-ra a produçom dos bens relaciona-dos com a língua e também as ati-vidades que distribuem e comer-cializam esses produtos.

Estamos pois perante umha me-todologia mui complexa que vaiimputando valor da produçom dediferentes ramos económicos àlíngua segundo umhas percenta-

gens previamente estabelecidas esegundo as condiçons de produ-çom desses bens, com a utilizaçomde técnicas estatísticas e econo-métricas. O resultado final desteprocesso é umha quantidade mo-netária e portanto uma percenta-gem sobre o PIB.

Logicamente, a cifra absolutavaria muito de uns países para ou-tros, mas em termos relativos mo-ve-se por volta de 15 por cento doPIB. Para a Galiza nom existequalquer pesquisa ao respeito.Contodo, dadas as suas caraterís-ticas económicas e sociolingüísti-

cas, existiriam factores apuxar dessa

percen-

tagem para acima (maior peso dessesramos de atividade sobre a produ-çom total) e outros a fazê-lo parabaixo (a língua galega partilha es-paço com a castelhana, nom po-dendo imputar uma percentagemsemelhante da produçom de umramo económico à estabelecidapara um país monolíngüe). Consi-derados conjuntamente, estes fac-tores poderiam situar a percenta-gem da contribuiçom atual do ga-lego ao PIB por volta da percenta-gem assinalada acima.

No entanto, o valor económicoda língua ao que se estava a refe-

rir Valentim Fagim transcendiaamplamente esta visom interior.A vantagem comparativa do gale-go aparece pola sua condiçom delíngua internacional e seria esteaspeto o que se deveria conside-rar. Estaríamos a falar em termosde reforço das trocas mercantis,ao tratar-se de um idioma multi-nacional que fomenta a atividadeprodutiva e comercial de econo-mias crescentemente abertas e in-ternacionalizadas, acarretandouma vantagem comparativa naeconomia global. Esta vantagemcomparativa beneficiaria todos osagentes económicos: pessoas,empresas e administraçons. To-dos eles na análise custo-lucro arealizar na tomada de decisonseconómicas considerariam a lín-gua como uma vantagem compa-rativa, reduzindo os custos, se opaís recetor fala a sua língua, eacrescentando o lucro.

Para além destas consideraçons,vislumbrando desde já futuras li-nhas de pesquisa, está a evidênciade que nom há melhor apoio paraumha língua que a robustez daeconomia e o prestigio da socieda-de que a sustém. Falar a mesmalíngua que umha potência econó-mica nom é uma possibilidadeaberta a qualquer país do mundo.Por exemplo, a primeira potênciaeconómica de língua castelhana éo Reino da España, mas o Brasil jáo supera amplamente em produ-çom, e a fenda no futuro imediatoparece ir a mais. Este facto vai uni-do à constataçom empírica de quea extensom ou a contraçom daslínguas segue os impulsos econó-micos. As tendências de cresci-mento económico do Brasil e deEspanha neste momento som di-vergentes. Atuar como espanhóisnom presta.

Por agora, e à espera da apari-çom de novas linhas de pesquisapara medir a valorizaçom exteriorde uma língua com projeçom in-ternacional, os nossos interessesdeveriam focar-se em fazer ver àsociedade galega todo esse hori-zonte de possibilidades que guar-da a sua maior criaçom, isto é, oseu produto mais internacional, alíngua galega.

Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 201120 em estudo

Trata-se de um idioma multinacional que fomenta a atividadeprodutiva e comercial de economias crescentemente abertasem estudo

O valor económico da língua

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Nom há melhor apoiopara umha língua quea robustez da economia

e o prestigio social

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21em anÁliseNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

Há reivindicaçons que, sem porem em qüestom o capitalismo, pretendem no entanto regulá-lo com firmezaem anÁlise

X.R.S. / O movimento denomina-do pola imprensa empresarial'dos indignados' tem-se conver-tido no último mês num foco deatençom importante de atuali-dade, tanto da mediática comodo dia a dia da rua. Umha mobi-lizaçom mui importante, comcerteza das maiores dos últimosanos, tomava ruas e praças saí-da das redes cibernéticas umhasemana antes das eleiçons mu-nicipais, para se tornar centralnos últimos dias de campanha.Com um discurso marcadamen-te 'apartidário e asindical', e in-sistentemente “pacífico”, Demo-cracia Real Ya! chamou a se mo-bilizar por 'propostas' de feiçomclaramente reformista.

Assim, no apelo que deu ori-gem a esta mobilizaçom achamosreivindicaçons tam tímidas como“reduçom dos cargos de livre de-signaçom”, “restabelecimento dosubsídio de 426 euros para todosos desempregados de longa dura-çom”, ou “reduçom das despesasmilitares”. Mas também outrasque, sem porem em qüestom o ca-pitalismo, pretendem no entantoregulá-lo com certa 'dureza'. Po-nhamos por caso a “expropria-çom polo Estado das vivendasconstruídas em stock [...] para ascolocar no mercado em regime dealuguer protegido”, ou que, logode serem proibidas as injeçonsmonetárias à banca, “as entida-des em dificuldades devem que-brar ou ser nacionalizadas paraconstituírem umha banca públicasob controlo social”. No centrodos debates situa-se com insistên-cia umha proposta de “Reformada Lei Eleitoral” que nom acabade concretizar-se, e que para al-guns setores seria o passo decisi-vo para a consecuçom dumha 'de-mocracia real'.

Recuperaçom do espaço públicoCompostela, Corunha e Vigo fô-rom as cidades galegas ondetambém a convocatória tivo rele-váncia, com três manifestaçonsque superárom cadanseu milhar

de participantes, e nas quais foide salientar a ausência, em ter-mos gerais, de ativistas e militan-tes habituais dos movimentos so-ciais galegos.

Seguindo as dinámicas que sedérom em Madrid, onde apósumha investida policial e váriasdetençons, as pessoas mobiliza-das optárom por umha mobiliza-çom permanente na Puerta delSol que logo se tornaria acampa-mento, som várias as cidades evilas galegas que desde a sema-na posterior a 15 de Maio te-

nhem acampadas ligadas a este'movimento'. Segundo a conta-gem de participantes no I ForoGalego de Acampadas, realizadano passado dia 4, Compostela,Corunha, Cangas do Morraço,Lugo, Ourense, Ponte Vedra,Ponte Areas e Vilagarcia deArousa contam –à excepçom deOurense, onde já foi recolhido–com acampamentos ao redor dosquais se nucleam as atividades eas assembleias cidadás diárias.

Projeçons de filmes, obradoi-ros de formaçom ou atividades

culturais ocupam boa parte dotrabalho destas assembleias, masa verdade é que desses núcleosvai aos poucos saindo certo ati-vismo, centrado em especial atéagora em denunciar a banca co-mo causante da crise económica,com 'performances' ou empapela-do de sucursais, e mais aos car-gos públicos nas tomadas de pos-se nos Concelhos.

Do Facebook aos bairrosPor parte, o movimento que nas-ceu com 'eventos' na rede come-ça a fazer por ultrapassar os es-paços das diferentes acampadase se estender socialmente, con-vocando assembleias em bairros

dalgumhas cidades. É o caso daCorunha, onde existe umha as-sembleia já ativa no bairro deMonte-Alto, ou de Compostela,onde começa também o trabalhopolo bairro de Sam Pedro, come-çando por contatar com associa-çons de vizinhos que tenhemdestacado tradicionalmente po-lo seu ativismo.

Revulsivo na esquerda de LugoNo caso de Lugo, é de salientar aorganizaçom da chamada As-sembleia Anticapitalista de Lugo,autora do Manifesto Anticapita-

lista Lucense. A crise é o Capital.Ante as reticências do núcleo daacampada a abrir debates e o li-mitado das suas reivindicaçons,algumhas das pessoas partici-pantes, entre as quais se encon-tram militantes doutros movi-mentos e outras que nom o eram,decidírom constituir outro espa-ço. O coletivo reúne-se no CentroSocial Mádia Leva, e vem darconcreçom e visibilidade a certaunidade de açom entre militantesde distintas tradiçons políticasque já se coordenaram nos últi-mos meses para trabalhar na gre-ve geral e outras campanhas.

Acampamentos nascidos do 15M tentambaixar à realidade a ‘indignaçom’ digital

a ‘reVoluçom PacÍfica’ continua à Procura de definir-se enquanto assenta nas cidades GaleGas

Começam a ultrapassaras acampadas parachegar aos bairros

Chamados por várias consignas estendidas pola Internet, vários centos de pes-soas manifestavam-se em diversas cidades galegas no passado dia 15 demaio. Faziam-no sob a palavra de ordem 'Democracia Real Já', importada, co-mo a convocatória, do resto do Estado. No mês transcorrido várias cidades ga-legas venhem acolhendo a organizaçom de acampamentos surgidos dessamobilizaçom, que tomam o espaço público apesar das ameaças de despeja-

mento das praças por parte dos governantes. Trata-se de coletivos diversos, en-tre eles mas também internamente, com um discurso que está a se definir masque por agora parece limitado a umhas 'Propostas' elaboradas a nível espanholpola rede estatal ‘Democracia Real Ya’. Porém, os acampamentos, que funcio-nam de forma autónoma, dérom já os primeiros passos na coordenaçom a nívelnacional, com a ideia de gerarem dinámicas próprias.

Um dos eixos está emdenunciar a bancacomo causante da

crise económica

ASSEMbLEiAna compostelana

Praça do Obradoiro

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CONCENtRAÇOMperante a junta concluiucom carga policial

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

cultura A associaçom cumpre umha década oferecendo um ponto de encontro que transcende da simples projeçom

“No cineclubismo o diálogo com o filme e com o público constrói-se entre todos”

xan Gómez, lara rozados e Pablo caYuela, do cineclube de comPostela

ANTIA RODRÍGUEZ / Com umha maneira própria de ver filmes, de relacionar-secom a gente e os espaços, o Cineclube de Compostela cumpre dez anos. Nas-ceu em 2001 da iniciativa, na altura, de um grupo de estudantes. Projetam nocentro social do Pichel cada quarta-feira, quando é preciso com legendas emgalego que eles mesmos redigem e que disponibilizam no seu blogue. Nom se

trata apenas de ver um filme, já que cada projeçom vai acompanhada de umhaapresentaçom, por vezes de debates com os autores, e também de programasde mao que eles e elas próprias editam. Desenvolvem outras iniciativas trans-versais, como ciclos e colaboraçons; o programa de rádio 'O fundo do ar é ver-melho', na Kalimera; e acabam de editar um livro com dez anos de cartazes.

a.r.g. / A longa-metragem Vikin-

gland, do criador e colaboradordo NOVAS DA GALIZA, Xurxo Chi-rro (A Guarda, 1973), foi selecio-nada para competir no prestigio-so Festival international du docu-

mentaire de Marseille, FIDMar-seille, um dos certames dedicadosao documentário mais reconheci-

dos a nível internacional.Elaborado quase sem orça-

mento e sem nengum subsídiopúblico, Vikingland (2011) foi fei-ta a partir de nove horas de fitaencontradas por Chirro na suaprópria casa, há vários anos. Omaterial original foi gravado emVHS, entre 1993 e 1994, por Luís

Lomba, o Haia, um marinheiroda Guarda que trabalhava com opai do cineasta num transborda-dor que fai linha entre a ilha ale-má de Sylt e a localidade dina-marquesa de Romo. O nome dofilme é o mesmo que o daquelebarco em que vários galegos tra-balhavam em marés de seis ou

sete meses, em inverno perpétuo.O filme compete com fitas che-

gadas de México, Qatar, Bélgica,Alemanha, Líbano, Coreia do Sul,Áustria, Irám, França, África doSul, EUA, Holanda, Brasil e Ar-gentina, e poderá ser vista entreos dias 6 e 11 de julho dentro docertame francês.

cultura em breVe xurxo cHirro comPete no festiVal de documentÁrio de marselHa com ‘VikinGland’

O material original foigravado por Luís

Lomba, ‘o Haia’, ummarinheiro da Guarda

Como apresentaríades o Cineclube de Compostela?Xan Gómez: O Cineclube nasceem 2001 com a ideia de se posicio-nar perante um certo vazio naspropostas cinematográficas e cul-turais da cidade. Havia cineclubesem várias faculdades, e o SalomTeatro, o Teatro Principal e a SalaYago programavam ciclos esporá-dicos, mas faltava oferta e espaçospara ver um cinema que fosse alémda proposta comercial. Decidimospôr os filmes de que gostávamos:em princípio era umha iniciativamais ou menos cinéfila. Depoispensamos em poder chegar à redesocial, entrar em contacto com ou-tras associaçons e outro tipo de pú-blico. Nessa altura abriu o CS Gen-talha do Pichel e começamos um-ha nova etapa em que pudemoschegar umha programaçom que seajusta mais ao que queremos.

Começastes colaborando com várias instituiçons. Lara Rozados: Na etapa de cola-boraçom com a Universidade, otrabalho era mais formal. Agoraabrimo-nos a um tecido mais debase e daí saírom colaboraçons co-mo que figemos com a Casa dasAtochas ou com Estaleiro Editora.X.G.: A Universidade ajudava pa-gando os custos dos direitos dosfilmes. Mas éramos como umha la-vagem de cara para eles: tinhamumha entidade que projetava fil-mes, que dava uso a um auditório,e que dava umha espécie de visomdinámica do estudantado. Pablo Cayuela: Suponho que háum corte radical entre a etapa pré-Pichel e já no Pichel, porque na pri-

meira deixava-nos com um merca-do muito limitado. Umha vez quese esgotou e se queria oferecer ou-tras cousas, mais de atualidade oumais estranhas, essa linha estavafechada. E, para além disso, achoque é umha linha que quadra maiscom o que tenhem que fazer as ins-tituiçons. E teriam meios e públicopara levá-lo adiante. Decidiu-semudar, também porque os nossosgostos iam variando, ao tempo quenos íamos formando com o Cine-clube. E no Pichel abrírom-se mui-tas mais possibilidades: pôr filmesde que nom se pagam direitos nemse trata com intermediários.X.G.: Agora nós somos os respon-sáveis de todo o processo que su-pom pôr um filme, com todo o queimplica: conseguí-lo em boa quali-dade, legendá-lo... A etapa anteriorfoi necessária como processo deaprendizagem: para todos os queíamos aos filmes, que éramos mais

dos que programamos, e seguimossendo. Era necessária esse espéciede alfabetizaçom para pôr hojecousas mais arriscadas, que dialo-gam com o cinema passado, masque falam de cousas presentes comlinguagens inovadoras. Esse pro-cesso de aprendizagem parece-medas cousas mais bonitas que se fi-gérom nestes anos.

Mas que acontece com o público? Tenhem todo o ano a programa-çom do Cineclube e muitas vezesa gente ignora-a, ao tempo que seenche o Festival Cineuropa.P.C.: Suponho que a comparaçomcom Cineuropa nom é a mais pre-

cisa, já que som projetos muito di-ferentes. Acho que determinadasapostas também estám destinadasa serem de algum modo minoritá-rias no que diz respeito a projeçomsocial, mas o importante é estabe-lecer umha série de ligaçons comesse grupo de gente que vai vindo,e poder falar e pensar juntos as ati-vidades que se vam fazendo. Mui-tas vezes nas cidades pequenas osgrupos acabam-se fechando, e àsvezes nom nos damos conta dagente que pode ficar fora, que nomse atreve a entrar porque nos vêcomo um grupo mui compacto.Mas também é certo que se alar-gou a rede de colaboraçons e oscontactos com gente que tem pro-jetos semelhantes, o que permiteirmos construindo todos juntos. X.G.: O tema do número de espeta-dores nom me parece o mais rele-vante. Nom estou contente comque tenhamos sessons às que ve-

nham cinco ou dez pessoas, masprima o projeto à quantidade, e arelaçom que se poda dar do públicocom o filme e o coletivo. O fenóme-no cinematográfico, cineclubista.L.R.: Nom tem esse caráter de es-petáculo, de evento cinematográfi-co do ano que tem Cineuropa.Nom sei até que ponto este públicoque sai antes de o filme acabar po-de ter interesse em acudir a umhaprojeçom onde se poda debater ofilme, se poda falar com o realiza-dor ou realizadora, ou onde hajainformaçom de apoio sobre a pro-jeçom. Nom pretendemos bater re-cordes de assistência.

Poderíades concretizar qual é aproposta do Cineclube a respeitodos direitos de autor?X.G.: Nom reconhecemos os filmescomo mercadoria nem como pro-priedade intelectual. Quando umautor ou grupo fai um filme, esteestá para aproveitá-lo socialmente,nom para fazer disso um capital, eisto deu-nos muitos problemas. Osurpreendente é que nom nos dátantos problemas polas sociedadesde gestom, como polos próprios au-tores, através de distribuidoras ouprodutoras, com filmes que real-mente nom estám nos circuitos co-merciais. Mas também percebo quea gente no audiovisual está muitomal paga e há umha obsessom porreceber dinheiro. Portanto, se o au-tor o di, nom projetas o filme.P.C.: Está mui pervertido todo o sis-tema, tanto de produçom como dedistribuiçom e projeçom. Às vezessurpreende, porque autores cujaspelículas dizem umha coisa, depoisna realidade dizem outra.

“Nom reconhecemosos filmes como

umha mercadoria”

LARA ROzADOS, XAN gÓMEz E PAbLO CAYUELA

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23Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011 saÚde / ciência / Web

FIRMINO MARTÍNEZ / Diz-se queBarak Obama é o primeiro presi-dente “afro-americano” dos USA.Mas que base biológica tem que al-guém filho de umha pessoa de peleescura e outra de pele clara sejaclassificado como “negro” quandoa metade dos seus genes procedemde cada progenitor?

Em animais de granja ou domés-ticos o conceito de raça é ampla-mente usado com o fim de definirpadrons de características herdá-veis que, por motivos práticos ouestéticos, interessa reproduzir.Neste sentido há termos como“mestiço” ou “palheiro” para deno-minar os indivíduos que nom en-tram nestas categorias. Em espé-cies selvagens também falamos de“raças geográficas” ou “subespé-cies” quando duas variedades damesma espécie se podem distin-guir morfologicamente e há isola-mento reprodutivo entre elas. Que

seja possível falar de raças nestescasos nom evita que sejam catego-rias totalmente arbitrárias.

Há gente que supom ser possívelclassificar também as pessoas emcategorias biológicas baseadasnumha suposta semelhança genéti-ca e rasgos externos destacáveis, acor da pele, por exemplo. Do pontode vista biológico esta tarefa esba-rra com dificuldades imbatíveis: porque usar caracteres externos visí-veis, como a cor da pele ou dos ol-hos, e nom caracteres menos evi-dentes, como a capacidade para di-gerir a latosa, ou os grupos sanguí-neos? Como delimitar as raças, seos caracteres que as definem ten-hem umha distribuiçom “clinal”, ouseja, quando há uma variaçom con-tínua e infinita entre os extremos–branco e negro, por exemplo? Co-mo se classificam os indivíduos que

nom pertencem a nengumha “raçapura”? Que interesse há, enfim, emdefinir “raças” humanas?

Entre os biólogos e geneticistas,pois, o conceito “raças humanas”já nom está na sua agenda. Conto-do, a identificaçom das pessoas se-gundo as suas afinidades e ascen-dência é um facto, e os antropólo-gos culturais falam de “grupos ét-nicos”, diferenciados por rasgos fí-sicos (“raciais”), religiosos,linguísticos ou o que for, dependen-do do contexto histórico e social.Isto evidencia ser um preconceitode base cultural e nom biológica.

Os critérios para adscrever um-ha pessoa a uma etnia e a capaci-dade de mudar de grupo étnico va-ria de umha sociedade a outra. Porexemplo, em USA ter algum ante-passado com a pele “negra” (comum só bisavó “negro” por exemplo)chega para ser considerado adscri-to como “afro-americano”: é o quese chama hipofiliaçom. Por issoBarak Obama é negro em USA,mas nom em Cuba ou no Brasil elemesmo seria considerado “mulato”ou talvez “branco”.

Classificar as pessoas em categorias biológicas baseadas na semelhança genética e rasgos externos é mui complexo

é barak Obama negro?

ciência

Ignorar o género e a sua importância, não é imparcial, especialmente para a mulher

A rede fai-nos “bons para multi-tarefas,mas prejudica a nossa atençom”saÚde

Cientistas investigam efeitosneurológicos da Internet

Género e saúde

Web

CONCHA ROUSIA / A modo de introduçãolembrarei aqui aqueles experimentos emque os sujeitos experimentais eram interro-gados sobre o significado atribuído a certoscomportamentos de um bebé; o bebé erasempre o mesmo e só se mudava a sua rou-pa para que umas vezes ‘parecesse’ que eranena e outras ‘parecesse’ que era neno. Osresultados mostraram que os participantesno experimento qualificavam uma condutade pranto como de 'tristeza' quando julga-vam que o bebé era nena, e como de 'raiva'quando pensavam que era neno. Isso mes-mo acontecia com outros comportamentos,assim 'gesto de força' versus 'gesto de delica-deza' etc. Desta forma as diferenças obser-vadas pela atribuição do sexo do bebé in-fluenciam a resposta que se dá a esse ou es-sa bebé; desta forma se vai orientando paraque assuma os roles que irão configurandoseu género, que será integrado por aquelesroles socialmente aceitáveis... Aqui todos osque temos filhas ou filhos temos um milhãode anedotas para contar. Contudo esse jeitode olhar, esses óculos parciais, são usadossempre, e por todos e todas nós em maior oumenor medida, ao longo da vida. A investi-gação científica mostra como as mulheressão com muita diferença, a respeito dos ho-mens, mal diagnosticadas quando padecemdo coração, suas dores no peito são interpre-tadas como de origem psicogénica em vezde biológica, isso quando não têm que ouvirque são ‘histéricas’ (o termino ‘histérica’ aí é

usado no sentido de obsessivamente preocu-padas e não no seu sentido psicodinâmico).Isto acontece com muitas outras enfermida-des; o problema de base está em que o ho-mem foi tomado como modelo para estabe-lecer os parâmetros de normalidade e por-tanto também de patologia, assim como tam-bém foi nele que se mediram os efeitos dosmedicamentos, e a mulher foi mais uma vezignorada; como se a humanidade se pudesseresumir no homem. Na área da psicoterapiaos dados indicam que a maioria das orienta-ções terapêuticas nem consideram a variá-vel "género", apenas as terapias feministas eas narrativas tomam em consideração estávariável. Um dado das investigações indicaque as mulheres são interrompidas três ve-zes mais do que os homens em psicoterapia.Por todo o exposto, ignorar o género e a suaimportância, não é imparcial nem portantosaudável, especialmente para a mulher.

C.C.V. / O uso massivo da Internet está achamar a atençom da neurologia, campoem que estám a aparecer numerosas in-vestigaçons sobre as implicaçons das no-vas tecnologias nos processos cognitivoshumanos. Para Gary Small, da Universida-de de Califórnia em Los Ángeles, a “altera-çom tecnológica da mente moderna” ace-lera a aprendizagem e criatividade, masprovocou “um drástico aumento em desor-dens de défice de atençom”. O cérebro hu-mano é mui sensível às mudanças no meio,“está mui especializado no seu sistema decircuitos e se repetes tarefas mentais um-ha e outra vez reforçará certos circuitosneuronais e ignorará outros”. Small fala jáde “nativos digitais”. A nível muito mais di-vulgador, Nicholas Carr está a popularizaras suas teses de que a “Internet provocaerosom no pensamento profundo”. ParaCarr a Internet fai-nos muito “bons paramulti-tarefas, mas prejudica a nossa capa-cidade para manter a atençom, faz-nos me-nos contemplativos e reflexivos”, até oponto de que “inclusive quando nom esta-mos conetados custa-nos muito estarmosconcentrados numha ideia em particular”.Tarefas como ler um livro ou um texto lon-go tornam-se complicadas. Mas Carr tam-bém tem críticas políticas: “todo o que fa-zemos em linha é informaçom para as em-presas e os Governos”.

Também em Califórnia estám a investi-gar, no Instituto do Cérebro e a Criativida-de da Universidade do Sul. Um dos seusúltimos estudos analisa o custo emocionalprovocado polo excesso de informaçomao que estám expostas as pessoas nas “re-des sociais”. Cada pessoa que empregaFacebook tem de média “120 amigos” queatualizam o seu estado a diário, algo de-masiado rápido para o cérebro humano eque deteriora a capacidade de processaremoçons como a compaixom ou a admira-çom. “Necessitamos um pouco de tempo ereflexom para processar alguns tipos depensamento –explica Mary-Helen Immor-dirno-Yang–, especialmente a tomada dedecisons morais sobre a situaçom física epsicológica de outras pessoas”. Trata-sede umha versom amplificada pola tecno-logia de aquilo que Günther Anders cha-mava “desnível prometeico”.

Que interesse há, enfim, em definir

“raças” humanas?

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Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 201124 desPortos

AUTODETERMINAçOM

DIREITO DE AUTODETERMINAçOM, UM POTENCIAL DEMOCRÁTICO

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sluGo Pode salVar camPanHa do futebol

A equipa de basquetebol da capital vol-ta à considerada ‘segunda melhor ligado mundo’, um ano depois de perder acategoria. O quarto jogo do play-off, fa-ce o Burgos, valeu-lhe para pôr de novoo pê na elite. O Breogám tem-se queconformar com a permanência.

obradoiro de comPostela Volta à liGa acb

CD Lugo jogará-se finalmente o ascen-so frente o Alcoiano, dando a última es-perança aos abatidos siareiros. Frus-tradas as ascensons de Celta, Cerzedae Racing, e consumado o descenso doDépor, apenas Lugo pode salvar o or-gulho ferido do futebol galego.

XERMÁN VILUBA / Histórica ima-gem a do jovem Iván dos Bate-as coroado como CoroceiroNacional depois de vencer nafinal absoluta ao poderosíssi-mo Markitos de BilhardeirosMusicais. Defensor do título na-cional nesta nova ediçom dagrande moinhada de Conxo,marca o cimo absoluto de um-ha magnífica obra de arte etno-lógico-bilhardeira que a LNBiniciou há muitos anos com asbestas bravas dos montes deBretonha. Isto também consta-ta que todos e todas somos ne-cessárias para, baixo a imensacoroça que agora nos cobre,continuarmos construindo eautogestionando um imensouniverso de gestas. Um pode-roso e multitudinário tsunamiazotou Conxo.

Campeoa nacional feminina, Re-yes dos Outros, Bateas, campeomnacional por equipas, Daniel, deBilhardeiros Musicais, campeomnacional de Varados e o jovemIván dos Bateas, palanador de 14anos, foi proclamado campeomNacional Absoluto e primeiro co-

roceiro nacional coroado em pista.Fôrom muitas as sensaçons vivi-das no Estornópolis de Conxo,sem dúvida, quem pratica e quemapoia o desporto da bilharda podeestar de parabéns já que se de-monstrou umha ánsia absoluta-mente brutal por ganhar essa par-tida interminável, a do reconheci-mento e assentamento social fren-te à negaçom sistemática de umreconhecimento legal por partedas instituiçons. Água podre num-ha poça murcha é o que represen-ta para nós a alegalidade em queeste governo nos mantém, a LNBjungue a parelha de bois e passa avelocidade de vertigem sobre os li-mites com os que o poder tenta de-limitar-nos. Fúria e carragem,mesmo houvo equipas neste PlayOff Nacional que abandonárom apista de jogo demonstrando queeste é um desporto vivo que mos-tra os dentes e fai ferver o sangue,mas a trama da Gran Moinhadanom é exclusivamente desportiva,nem muito menos. Assim, houvomuitas partidas paralelas em Con-xo que irám sendo consolidadaspouco a pouco, mas esta primeirairrupçom do Coroceiro Nacional

nom podia produzir-se sem a es-petacular e poderosa carga de et-no-mitologia literário-bilhardeiraque implicou a nova ediçom doconcurso de micro-relatos coorde-nado polos irmaos de latri.ca que,nesta ediçom, como nom podia serde outro modo, tivo a esplendoro-sa figura do Corocerio Nacionalcomo catalizador dos estalos e umfeixe de espigas de milho corvo co-mo único prémio possível para ob-sequiar a fúria criativa do elegidoou elegida polos jurado popularconformado polos comensais dojantar popular de Conxo.

RuAn, o coletivo criativo baixo oque atua o ativista Antón Romero,de Vila Garcia, desenhador e ilus-trador que já tinha realizado a ima-gem inspirada no micro-relato ven-cedor da anterior ediçom, esta vezapanha o bou da chega polos cor-nos e fai-se com as espigas de mil-ho corvo que o acreditam comovencedor do Coroceiro NacionalFacts. Atençom porque vai havernovidades importantes em rela-çom a RuAn. Coroceiros Nacionaissomos todos e todas até que se de-monstre o contrário.... ou até quetivermos que pagar por isso.

Sak, o grande palanador dosFilhoas de sangue e condutor doreferencial Rádio oceânica, gan-hador da primeira ediçom do con-curso de micro-relatos bilhardei-ros que saboreou o exclusivo li-cor café da Licoraria Ilegal Edel-miro, volta ao mais alto do pódioliterário bilhardeiro conseguindoas fantásticas espigas de milhocorvo autóctone de Bueu que porobra e graça do Coroceiro Nacio-nal conquistará também a terrafértil dos Ancares. O CoroceiroNacional independendizou a Ga-liza...duas vezes.

E aproveitando a vertigem deatividades do verao, a LNB pomem andamento um explosivo pro-grama de interaçom e troca comos centros sociais e coletivos cul-turais do país que assim o deseja-rem para intercambiar Abertos XBilhardas (gestom de Abertos e aLNB porá o material necessário),chamaremos-lhe “O CoroceiroNacional independizou a Gali-za...duas vezes”, a que caralho es-tás a aguardar tu para independi-zá-la também? Contacta e entrano programa Abertos x Bilhardasem [email protected]

O Coroceiro nacional independizou Galiza... duas vezesfÚria e carraGem demonstrÁrom no ‘estornóPolis’ de conxo que este É um desPorto ViVo

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

A. SANTOS / Emulando delibera-damente algumhas experiênciasdo desporto popular da décadade 30, e dando continuidade aotecido de competiçom galegaque nasceu com a Liga Nacionalde Bilharda, perto de 150 pesso-as partilhárom um fim de sema-na de maio na Veronça, mesmoacarom da capital do Ribeiro.Lançamentos, triatlo, saltos, co-rridas, luita galega, mas sobre-todo convívio e festa sem álcoolconformárom as primeirasOlimpíadas Populares Galegas,umha iniciativa nascida de vá-rios centros sociais ourensanos.A irmandade nom obstaculizouumha sa competitividade, salda-da finalmente com a vitória deSiareiros Galegos sobre o restodas equipas.

Centros sociais, claques de fu-tebol, agrupaçons de montanhis-mo e clássicos da Liga Nacionalde Bilharda reunírom-se nos dias21 e 22 de maio no concelho deRiba d´Ávia, animados por um-ha convocatória novidosa no es-paço do movimento galego. Um-ha reuniom sem fim reivindicati-vo (ainda que com a reivindica-çom mui presente), livre dos ha-bituais constrangimentos darepressom (ainda que a políciapolítica pressionou infrutuosa-mente o concelho para que oevento nom se celebrasse), e on-de o elemento lúdico, mui forte,nom se relacionava com o álcoolnem com a música em direto.Eram as primeiras OlimpíadasPopulares Galegas, que reuní-rom um total de oito equipas,maioritariamente procedentesdo sul da Galiza e ligadas aoscentros sociais.

DiversidadeAlém de partilhar o seu compro-misso com diferentes iniciativasdo movimento galego, as e osparticipantes traziam com elesmotivaçons bem diferentes: ha-via-os curiosos, atraídos pola no-vidade dumha proposta que liga-va desporto a reivindicaçom; ha-via-os desportistas habituais,que queriam provar na área re-

creativa da Veronça o seu estadode forma; como havia militantesincombustíveis que, nesta inicia-tiva como em muitas outras, des-tinavam o melhor das suas ener-gias a engraxarem a logísticadesse particular acampamento:mais dumha dúzia de voluntáriase voluntários que se encarregá-rom do jantar, da limpeza dosvestiários e da decoraçom reivin

dicativa da Veronça e da própriaarbitragem. Umha logística queprecisou, folga dizê-lo, da cola-

boraçom desinteressada do restodos participantes para o espaçocedido polo Concelho ficar im-poluto após a celebraçom dasOlimpíadas.

O público também participaRigorosamente, nom podería-mos falar dum público ao uso. Deacordo com o espírito da ativida-de, todas as pessoas eram suces-sivamente desportistas e espeta-dores. Mais de cem vozes come-çárom a vibrar, sábado de manháe com um calor abafante, paraacompanhar as provas de salto etriatlo por relevos, que repartí-rom os primeiros pontos em jo-go. Foi a tarde desse dia a que

serviu para acolher o grosso dasprovas, incluindo as disciplinasde lançamento e os jogos deequipa, com o que o combinadoSiareiros Galegos se ia destacan-do no marcador.

O esgotamento da jornadanom permitiu demasiados exces-sos noturnos, e os mais dos des-portistas preferírom reservar for-ças para a jornada dominical: asprovas de velocidade, corrida defundo e luita galega nom permi-tiam muitas licenças, se é que asequipas queriam engrossar osseus disputados marcadores.

Promessa de novas ediçonsO ato de entrega de prémios, en-cerrado com a entrega dos diplo-mas individuais e o troféu coleti-vo, tivo também lugar para a in-tervençom política. Lá, o grupopromotor das Olimpíadas falou‘dum final que é um começo’,oferecendo a qualquer centro so-cial ou entidade a possibilidadede organizar a vindoura ediçomdeste convívio galego e popular.Várias organizaçons apontáromjá, informalmente, a sua disponi-bilidade e lançar umhas segun-das Olimpíadas.

Movimentos sociais reúnem-se arredordo desporto nas Olimpíadas do Ribeiro

a equiPa de ‘siareir@s GaleG@s’ conseGuiu a Vitória da Primeira ediçom do eVento

O grupo promotor assinalou que esta

ediçom "é um começo"

A iniciativa emula experiências do

desporto popular dos anos 30

À Veronça chegaromparticipantes com

diferentes motivaçonsunidos polo desporto

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26 temPos liVres Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

temPos liVres

sexualidade imPulsora da Planificaçom familiar

Falou-se e fala-se moito de saúde se-xual e reprodutiva (polo geral identi-ficada com anticoncepçom) e moipouco de umha das primeiras impul-soras ideológicas da planificaçom fa-miliar e da chamada libertaçom se-xual: Marie Stopes.

Nascida em Edimburgo a finais doséculo XIX (15/10/1880), Marie Sto-pes foi a primeira mulher británicaem obter um doutorando em Ciências(em Paleobotánica).

A publicaçom em 1908 de Married

Love ('O amor marital') supuxo umverdadeiro escándalo na altura queconduciu a Marie ate o cárcere em ra-zom da chamada 'lei anti-pornográfi-ca'. Neste libro a autora aborda fron-tes pechadas ate aquel momento: aeleiçom do número de filhos, o direi-to ao control do próprio corpo e aoprazer feminino no matrimónio assicomo os diferentes jeitos de preven-çom de embaraços nom dessejados.O seu seguinte tratado, Wise Paren-

thood ('Paternidade responsável'),versará em exclusiva sobre a anti-concepçom.

Marie Stopes estebeleceu no nordede Londres a sua própria clínica decontrol da natalidade em 1921. A quefoi conhecida como 'a clínica dasmaes' oferecia diferentes serviçosgratuitos às mulheres, na maior parte

casadas. A criaçom deste centro pro-vocou o enfrontamento direto de Ma-rie com a igreja católica e com o gré-mio médico.

No empenho de forçar o tratamen-to político das realidades ligadas à li-berdade reprodutiva, a feminista es-cocesa contribuiu ativamente à cria-çom dum Conselho Nacional de Con-trol da Natalidade. Este feito facilitoua democratizaçom dos conhecimen-tos sobre anti-concepçom e a melho-ra no seu uso.

Marie Stopes morreu antes de cum-plir os 78 anos (2/10/1958). O seu le-gado permanece vivo e som moitosos centros abertos no mundo com oseu nome.

A Asociaçom Marie Stopes Inter-nacional extende o seu labor a luga-res tam afastados de Londres como aÍndia ou Colómbia e mantém a sua sécentral no lugar que ocupara a pri-meira clínica de Marie a princípiosdo s. XX. Se vas a Londres, já sabes,visita de interesse geral no nº 108 deWhitfield Street.

Marie StopesBEATRIZ SANTOS

consumir menos, ViVer melHor ‘leites’ VeGetais: alternatiVa? (ii)

Feitos na casa nodo50.org/consumirmenosvivirmejor

Explicávamos que, do ponto de vista nutricio-nal, o aporte dos "leites" vegetais é similar aoque obtemos mediante os alimentos a partirdos que estám elaborados esses leites, o quenos fai concluir que o consumo de bebidasvegetais (BV) é mais umha opçom gastronó-mica que umha "necessidade" de saúde. Se o que queremos é incorporar alimentospouco habituais na nossa dieta, existem ou-tras opçons: soja branca cozida em guisos ou"concentrada" em forma de tofu, flocos deaveia em sopas ou mueslis (podem-se pôr aremolho em infusons), frutos secos à horadas refeiçons, patês de legumes como o hum-mus... Se o que queremos som bebidas pode-mos fazer na casa infusons, sumos ou caldosde verduras (estes podem substituir o leiteem molhos com\o a bechamel).

A elaboraçom caseira de BV um grande afo-rro económico e ecológico, já que evitamos otransporte da água (90% do peso do produto)e a embalagem. Nengum brik de BV informasobre a origem da matéria prima que empre-ga, e mui poucos especificam o lugar de ela-boraçom do produto. Ao comprarmos cere-ais, legumes ou frutos secos é mais fácil po-der comprar a granel, de produçom local...

As BV feitas na casa conservam-se em friodurante umha semana. Requerem que noshabituemos a um sabor e textura diferentes,pois nom é fácil reproduzir as artes da indús-tria e os seus aditivos (saborizantes, emulsio-nantes...). Em troca, podemos desenhar emelhorar as nossas próprias receitas, e pode-mos aproveitar os restos sólidos para espes-

sar sopas ou fazer croquetes, hambúrgueres...O processo de elaboraçom é breve (5 minutosa bebida de amêndoa -que nom requer coc-çom- e uns 20 o resto) e existem eletrodomés-ticos de moderado consumo que o facilitam(custam arredor de 150€, mais estimando umaforro de 1,5€/l podemos calcular quanto noslevará amortizar a inversom).

A seguir, referências para saber mais sobrea elaboraçom caseira de BV (a mao ou a má-quina). Continuará...

http://www.terra.org/preparar-leches-frescas-de-soja-y- cerea-

les_2379.html ; http://www.terra.org/diario/art00778.html ;

http://www.nodo50.org/consumirmenosvivirmejor/?page_id=1112 ;

Todas las leches vegetales. Mar Gómez. Ed. Océano Ambar ;

http://www.pmministries.com/ministeriosalud/Leche/recetas-

leche/index.htm

TONI LODEIRO

C.C.V. / Tantos anos depois damorte de Franco ainda som es-cassos os reconhecimentos às ví-timas da barbárie fascista, quecomo umha Santa Companha dedignidade, aparecem polas fra-gas dos contos das velhas semque as instituiçons herdeiras dosseus verdugos mostrem interes-se em tirá-las do limbo. Advertecontra o academismo o autor dolivro que “as instituiçons e osque tenhem formaçom, conheci-mentos e médios para investigar,nom o fam”, polo que é a histo-riografia militante quem tem queescrever livros como este. A

Guerra Silenciada é em boa me-dida umha culminaçom do tra-balho de recuperaçom da memó-ria histórica levada a cabo polaAssociaçom Cultural Obradoiroda História, editora do livro. Ne-

le recolhem-se oitenta mortesviolentas produzidas na comar-ca de Ordes como consequência

da repressom franquista até1952, ano da execuçom de Be-nigno Andrade 'Foucelhas'. Um-

ha minuciosa investigaçom atra-vés de testemunhas orais, atasde conselhos de guerra ou regis-tos civis –onde em caso como node Carvalho, o acesso ao mesmofoi obstaculizado polas autorida-des– que desemboca num livroque pom nome e apelidos àque-les que perdérom a vida pola li-berdade, mas também aos mor-tos na guerra e ajustiçados poloExército Guerrilheiro da Galiza.

Além de ser o inventário maiscompleto existente sobre os as-sassinatos políticos em Ordes–incluindo testemunhas e foto-grafias inéditas–, também se en-contram dados tam surpreen-dentes como a organizaçom daresistência no concelho de Tra-ço através de umha agrupaçomanarquista que mesmo chegoua implantar um sistema de moe-

da própria.Nos anexos incluem-se textos

sobre Manuel Ponte Pedreira,uma tabela com enlaces da gue-rrilha falecidos de morte natu-ral, ou os artigos para a ocasiomde Baldomero Iglesias 'Mero' eFrancisco Martínez 'Quico', gue-rrilheiro do Berço.

Manuel Paços Gomes é desdejovem um incansável ativista dacomarca de Ordes. Da senlheiraAssociaçom Reintegracionistade Ordes passou a ser um dosfundadores da A.C. Obradoiroda História, que desde 1996 re-cobrou inumeráveis peças donosso passado coletivo.

Paços Gomes, Manuel. A Guerra

Silenciada. Mortes violentas na

comarca de Ordes 1936-1952.

A.C. Obradoiro da História, Ordes, 2011.

entrelinHas a Violência do silêncio

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27temPos liVresNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2011

que fazer

16.06.2011 / PROJEÇOM DEPANTHER / 19:30 no C.S. ARevira (Rua Gonzalo Gallas,4). PONTE VEDRANo ciclo de cinema ‘PanterasNegras’.

16.06.2011 / CURSO DE GUI-TARRA / 21:00 no C.S. A Re-volta (Rua Real, 32). VIGOTodas as quintas-feiras.

17.06.2011 / REUNIOM DAEQUIPA DE TRABALHO SO-BRE CONSUMO / Das 17:00às 19:00 no C.S. A Cova dosRatos (Rua Romil, 3). VIGOTodas as sextas-feiras.

17.06.2011 / CURSO DE BAI-LE GALEGO / 21:00 no C.S.A Revolta. VIGOTodas as sextas-feiras.

17.06.2011 / PROJEÇOM DEMANUAL DE USO DE UMHANAVE ESPACIAL / 20:30 noC.S. Almuinha (Rua Rosaliade Castro, 46). MARIM

17.06.2011 / VENRESPIRAR.FESTA TRADICIONAL ITINE-RANTE / 22:30 no Bar Miguel(Praça de Sam Martinho).OURENSEFesta de encerramento de tempo-rada. Inclui ‘Venrespirinho’(obradoiro infantil de baile tradi-cional). Organiza AOFT GomesMouro e Coletivo Algaravia.

17.06.2011 / ESTALOTADAS /22:00 no bar Sande (Rua SamPedro, 35) / 00.30 no bar Merle-go (Rua Angústia, 22). COMPOSTELAFoliadas com o grupo ‘Os Esta-lotes’.

18.06.2011 / ROTEIRO POLORIO GAFOS / Saída às 10:00 daEstaçom de Autocarros. PONTE VEDRAOrganiza C.S. A Revira. Com acompanhia das explicaçons demembros de Vaipolorio.

18.06.2011 / ROTEIRO POLOLUGAR DE SITUAÇOM DOPROJETO DE PARQUE EÓLI-CO DAS PEDRAS NEGRAS /Saída às 11:00 do Cham d’Ar-quinha. MOANHAOrganiza Plataforma em Defe-sa dos Montes do Morraço.

18.06.2011 / CAFÉ-RECREIO /20:00 no C.S. A Cova dos Ra-tos. VIGOTodos os sábados.

18.06.2011 / FESTA HORTE-RA / 20:00 na Praça dosBombeiros. COMPOSTELAOrganiza a Rádio Kalimera.

19.06.2011 / MANIFESTAÇOM‘DEMOCRACIA REAL JÁ!’ /18:00 na Alameda. COMPOSTELA

21.06.2011 / REUNIOM DETRABALHO DO ‘GRUPOPRO-PSÍKIKOS FORZAS-ES-QUIZOA’ / 20:00 no C.S. ACova dos Ratos. VIGO

Todas as terças-feiras.

22.06.2011 / COMEDOR POPU-LAR / 14:45 no C.S. Mádia Leva(Rua Manuel Amor Meilám, 18).LUGOTodas as quartas-feiras.

22.06.2011 / REUNIOM DO do.:trebelab:. / De 17:00 a 19:00no C.S. A Cova dos Ratos. VIGOTodas as quartas-feiras.

22.06.2011 / CIBER-CAFÉ NOBAIRRO DE VITE / De 17:00 a19:00 no centro social da Co-ordenadora do bairro de Vite(Rua Domingo de Andrade,8). COMPOSTELATodas as quartas e quintas-fei-ras. Organiza associaçomPreS.O.S.

22.06.2011 / REUNIOM ABER-

TA DE APOIO A PRES.O.S. /20:30 no centro social da Co-ordenadora do bairro de Vite.COMPOSTELATodas as quartas e quintas-fei-ras. Organiza associaçomPreS.O.S.

22.06.2011 / PROJEÇOM DENÚMERO DOUS, DE JEAN-LUC GODARD / 21:30 no C.S.O Pichel (Rua Santa Clara,21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSE.

23.06.2011 / FESTA DO LUMENOVO / 19:00 na Praça San-xilao (Fontinhas). LUGOFogueira de Sam Joám. Orga-niza C.S. Mádia Leva!.

23.06.2011 / PROJEÇOM DEAMAZONIA, MASATO OU PE-TRÓLEO / 20:00 no Ateneu

Valle Inclán (Bar Plaza). RIBEIRANo ciclo ‘Videofórum em Ri-beira’, que organiza Verdegaia.

24.06.2011 / PROJEÇOM DEREGRESSO A CHERNOBYL /20:30 no C.S. Almuinha. MARIM

24.06.2011 / GRUPO DE ES-TUDOS / 21:00 no C.S. MádiaLeva. LUGOCeia e debate sobre a crise ca-pitalista na Galiza.

25.06.2011 / ROMARIA DOSESTALOTES / Ao meio-dia noPedroso. COMPOSTELA

25.06.2011 / II FESTA DACULTURA PROLETÁRIA /Desde as 12:00 no C.S. A Ti-radoura (Rua Reboredo).CANGAS

Sessom vermute, jantar popu-lar, jogos infantis, recital deXosé Luis Méndez Ferrín, Xa-bier Cordal, Chus Pato e XianaArias; e música com Balea’sBlues Band, Das Kapital, LaTarrancha e Skárnio.

25.06.2011 / II ENCOTRO DEVINHOS GALEGOS E PORTU-GUESES / 20:00 / CEIA-CON-CERTO COM OS DA RIA /22:00 na Casa do Conde (Re-cinto da Muralha). SALVATERRAApoio ao Festival da Poesia.Entrada a 12 euros.

26.06.2011 / ROTEIRO PORVALENÇA E MONÇÃO / 08:00frente à Escola de Magistério(Avenida de Ramom Ferrei-ro). LUGOOrganiza Adega, colabora Pon-te... nas Ondas.

29.06.2011 / PROJEÇONS EMSUPER8, COM ÁNGEL RUE-DA / 21:30 no C.S. O Pichel.COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VO.

30.06.2011 / PROJEÇOM DEMALCOLM X / 19:30 no C.S.A Revira. PONTE VEDRANo ciclo de cinema ‘PanterasNegras’.

01.07.2011 / SONS DA LAMEI-RA: MATAMÁ FOLC / 22:00em Matamá. VIGOAtuam Os Irmandiños de Vin-cios, Os terribles de donas, Arequinta da laxeira e Cé Or-questra Pantasma. Organizamo Coletivo Malaherba e Asso-ciaçom Juvenil de Matamá.

02.07.2011 / XVIII FESTIVALDO RIO CASTRO / Toda a jor-nada em Naraío. SAM SADURNINHOAtuam Os Cuchufellos, Os Ca-runchos, A Quenlla e A Re-quinta da Laxeira.

02.07.2011 / SONS DA LAMEI-RA: MALAHERBA ROCK /20:00 em Matamá. VIGOCenário Malaherba: Skunk DF,Ruxe Ruxe, Medomedá e OsPodridos. Cenário Xuventude:Deggo, Essenzia, R.I.F., Pánikoen las calles. Organizam o Co-letivo Malaherba e AssociaçomJuvenil de Matamá.

02.07.2011 / FESTIVAL ACHORAR A CANGAS / 21:30na esplanada da Praia de Ro-deira. CANGASAtuam A Tuna Rastafari, Bas-tards on Parade, Skakeo e Ko-gito. Sesom vermute com gai-teirada e mexilhoada popular.Organiza Deskarga Furtiva.

09.07.2011 / XXIX BANDEIRAMOANHA DE TRAINHAS /18:00 em MOANHAOrganiza S.D. Tirám.

10.07.2011 / XXIX BANDEIRAOPIRATA.COM DE TRAINHAS/ 12:00 em MOANHAOrganiza Liga ACT.

Obradoiros, navegaçom, música e exposiçonsno X Encontro de Embarcaçons TradicionaisA Federaçom Galega de Cultura Ma-rítima e Fluvial organiza o X Encon-tro de Embarcaçons Tradicionais.Começa no sábado, 25 de junho,em Vila-Joám, onde vai haver ativi-dades todo o fim-de-semana.

A maior parte do programa vai-sedesenvolver do 27 de junho ao 3 dejulho em Carril. Nas jornadas ini-ciais, os dias 27, 28 e 29, estám

programadas excursons a Cortegadae exposiçons na vila de Carril.

Porém, a parte central da progra-maçom começa na quinta-feira, 30de junho, com jornadas técnicas, ainauguraçom oficial, e festa à noite.Vam-se tratar temas como o apro-veitamento turístico das embarca-çons tradicionais, a regulamenta-çom, pesca, navegaçom... No sába-

do vai-se apresentar a antologia poé-tica Tamén navegar, e todos os diashaverá diferentes actividades de rua,jogos infantis, projeçom de docu-mentários, regatas, jantares, reci-tais, concertos...; sempre centradosna temática marítima e pesqueira.

O programa completo pode-seconsultar na página webhttp://www.carril2011.es/.

Portas abertas

Projeto Cárcere na CorunhaA Plataforma Projeto Cárcerenasce da iniciativa de um grupode vizinhos de vizinhas da Co-runha para recuperar o uso pú-blico do antigo cárcere provin-cial da Torre.

Preveem-se atividades a reali-zar do dia 8 de junho ao 31 de

julho. Pedem a participaçom po-pular para a proposta de activi-dades de tipo cultural, musical,palestras, assembleias...

Tenhem umha página web emque se pode consultar o progra-ma de atividades: http://proxec-tocarcere.saramaganta.info/.

A Assembleia de Mulheres doCondado (AMC) convocou oseu VIII Certame Literário Fe-minista. A participaçom estáaberta a “mulheres de fala ga-lego-portuguesa” e o prazo pa-ra apresentar trabalhos esten-de-se até o dia 30 de Setembrode 2011. Pedem trabalhos in-éditos e de temática relaciona-da com a opressom da mulher.As bases completas estám napágina web da AMC http://con-dadolilas.blogspot.com/.

CertameLiterárioFeminista

orGaniza amc

celebra-se em carril

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Novas da Gali a Apartado 39 (15701) COMPOSTELA Tel. 692 060 607 [email protected]

Os estudos de carátersociológico, tambémos sociolingüísticos,

traçam-se a partir de quatroindicadores: idade, habitat,nível de estudos e classe.(Sim, quando se trata de acer-tar na análise e/ou fazer din-heiro, a classe ainda existe.)Na Galiza, a incidência destesparámetros na saúde socialda língua é determinante etraça com clareza a fronteirada diferença entre quantidadee qualidade, embora falandode gente, de pessoas.

A língua é mui falada so-bretodo por pessoas, sereshumanos velhos, do rural,sem estudos e de classe bai-xa. Algo por seres humanosde média idade, das vilas,com alguns estudos e de clas-se média. Pouco por moços,moças e crianças das cida-des, caminho da universida-de e de classe média-alta. Amaioria ainda somos galego-falantes, mas essa maioriatorna-se invisível. Em demo-cracia, há seres humanos quecontam mais do que outros.

Onde devia incidir a recu-peraçom de falantes, a nor-malizaçom, é precisamentenas geraçons novas e nos fac-tores de prestígio que nelasfuncionam: a televisom, o ci-nema, a música. A CRTVG,cujo primeiro objetivo expres-so na sua Lei de criaçom é ode favorecer a normativiza-çom e normalizaçom da lín-gua galega, há décadas queestá a dirigir-se a um publicoque já está normalizado: o doLuar. E desbaldimos nela agrandíssima maoria percen-tual dos quartos destinados ànormalizaçom. Para que le-gendem os Teletubbies.

Fora. Sem subvençons, namargem, também na destapágina, dous personagens co-mo o Denís com os seusguions e apanhando avionsde Madrid, e o Payno mon-tando, dirigindo e produzin-do, e toda a equipa que pode-des ver nos créditos do 'Nonsaímos do lixo', junto com agente de komunikando.net, eoutra de eufalo.tv, O toxo ra-budo, a Regueifa, Pradolon-go, os grupos todos de músi-ca da Galiza fam o que desdeo poder a mantente nom sefai: falar com a mocidade.

Obrigado.

O Leo

obriGado

Como descreveríais a série?Denís Mutante: É um programade humor, mais nada. O que sepassa é que na Inglaterra ou nosEUA seria um programa de hu-mor normal, mas aqui é visto co-mo umha frikada porque nom es-tamos habituados a fazer comé-dia segundo com que temas. Aideia vem de Komunikando.tv, umnoticiário musical que fazíamos,com reportagens e umha pisca dehumor. Mas, como nom tínhamosmeios para cobrir todos os con-certos e começou a haver progra-mas de música na Galega, deixa-mos esse formato para o conver-ter num programa de humor, queera do que mais gostava a gente.

Nesta segunda temporada con-tastes com a opiniom do públicopara escolher as personagens.D. M.: É o bom da Internet, quevás vendo o feedback da gentedepois de subir um capítulo. As-sim, vamos mudando os persona-gens segundo o gosto do público.Marcos Paino: Nesta segundatemporada também mudárom osmeios. Começamos com umhacámara fotográfica e umha Mini-DV. Agora juntamos algum din-heiro e investimo-lo: temos duascámaras, umha delas empresta-da; temos focos; e um sistema pa-ra gravar o áudio. Continuamos aser amadores, mas já nom tanto.

Umha das vossas regras é fazê-lo todo num dia, nom?M.P.: Num dia é apenas a grava-çom: tem que ser assim, para queseja viável economicamente. Osguions leva o seu tempo fazê-los,e a pós-produçom de áudio e amontagem. Acho que demora-mos sobre uns cinco dias para fa-zer um capítulo.D.M.: A equipa técnica está for-mada por profissionais, portanto,resulta complicado juntar-nos to-dos fora dos trabalhos. Tambémhá que destacar que, sem contara Susana Sampedro, o resto (Mar-tinho Domínguez, Valdés, XurxoSeara, Leo i Arremecághona...ainda que el tem mais experiên-cia) som atores amadores. Pensa-mos que na comédia convém tergente que nom atua profissional-mente: dá-lhe mais graça.

Como se mantém a quase únicacousa nom subvencionada?M.P.: Fazendo trabalhos. Em Ko-munikando estamos agora a ven-der camisolas para financiar oprograma, porque por primeiravez em seis anos ficamos sem umpeso. Ademais, nesta segundatemporada, os programas somum pouco mais caros, temos quepagar gasolina, comida e compraralgumhas cousas como cuecas develha ou material desse estilo quenecessitamos -vamos muito às

lençarias de velhas-. Temos pen-sado fazer umha curta, mas tam-bém nom pedimos ajudas. A gen-te aqui costuma pedir subsídios ese nom lhos concedem deixam defazer as cousas, ainda que ten-ham boas ideias. Nom é que seja-mos contra subsídios, é que nomos pedimos por preguiça, porqueé umha complicaçom burocráti-ca. Se a cousa vale a pena, vamosjuntando dinheiro, arranjamospublicidades... Mesmo houvogente que nos mandou dinheiroanonimamente à página.

E essa curta que tendes pensa-da, tem a ver com a série?D.M.: É umha curta de humor,mas nom tem a ver com a série,ainda que segue o mesmo espíri-to. É um projeto que temos a lon-go prazo, dar um passo mais. Pen-samos ter já algo para o inverno.

Duas mil descargas o capítulodas eleiçons, em 15 dias, e o dalíngua vai polas cinco mil...Mesmo no entrudo houvo dis-farces de Capitám GZ!D.M.: Fai muita ilusom ver que agente segue a série, e tambémque em certos ambientes se po-pularizem expressons como “serum Adrián Brandán da vida” –ou-tro personagem da série-, a qualvimos aí atrás num artigo na im-prensa. O que quase nom nos

passa é encontrarmos más críti-cas. Vam chegando algumhas,mas nom muitas.M.P.: Sim, a gente gosta bastante.Também entre a rapazada, por-que é um humor mui adolescente.

É certo que houvo achegamen-tos de produtoras para fazerdesda série um produto da TV?D.M.: Tivemos algum contactoinformal, mas negamo-nos por-que o sentido deste programa éfazê-lo com liberdade absoluta e,sendo realistas, aqui isto nom épossível. Como já dixemos, na In-glaterra ou mesmo os EUA, ten-hem séries deste tipo e bem maisheavies. Por exemplo, Little Bri-

tain, que é um dos referentes,com esse tipo de sketches em quesempre acontece o mesmo, o gra-cioso é inventar a maneira dechegar a esse final conhecido po-lo espetador. Tu sabes que o Ca-pitám GZ nunca se vai mover dabanqueta, ou que Adrián Bran-dán sempre vai estar em situa-çons com a mesma temática. Aúnica graça que tem este progra-ma é falar destas cousas e destemodo, está feito para isso.

E tendes algumha exclusiva pa-ra nos dar? O capítulo próximo?M.P.: O próximo programa vai so-bre a música e vamos ter umhaactuaçom musical.

“Nom estamos acostumados a este tipo dehumor, na Galiza ainda há temas intocáveis”ANTÍA RODRÍGUEZ / Denís Mutante e Marcos Paino som duasdas pessoas que estám por trás da realizaçom desta série dehumor na Rede, criada para a plataforma ‘Komunikando.net’.Já vam pola segunda temporada, firmes na ideia de brinca-

rem com os tópicos galegos, tocando temas como a políti-ca de um país onde governam “os de siempre”. Em marçoestreárom a nova temporada, atingindo um grande sucessocom os seus primeiros capítulos.

marcos Paino e denÍs mutante, da sÉrie ‘non saÍmos do lixo’