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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DOS VÍNCULOS FAMILIARES – O OLHAR DA PEDIATRIA Por: Suenia Maria Rodrigues Gonçalves Fontes Orientador Prof. Ms. Celso Sanchez Rio de Janeiro Agosto/2007

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … MARIA RODRIGUES GONÇALVES FONTES.pdf · 12 contextualiza a criança em seu ambiente. Parodiando Winnicott2, ... Elisabeth Roudinesco

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DOS VÍNCULOS FAMILIARES – O OLHAR

DA PEDIATRIA

Por: Suenia Maria Rodrigues Gonçalves Fontes

Orientador

Prof. Ms. Celso Sanchez

Rio de Janeiro

Agosto/2007

ii

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DOS VÍNCULOS FAMILIARES – O OLHAR

DA PEDIATRIA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em terapia de

família

Por: Suenia Maria Rodrigues Gonçalves Fontes

iii

AGRADECIMENTOS

• A Deus, fonte de sabedoria e amparo sempre.

• Ao professor Celso Sanchez pelo apoio, incentivo e paciência.

• Ao professor Silas C. Bourguignon, que acreditou no meu trabalho.

• Aos professores Fábio Azeredo, Frida Ahmed pelos ensinamentos.

• Aos colegas do curso pelo companheirismo.

• À Marta, amiga e companheira de caminhada.

• À Francinete (Preta) que continua me substituindo na organização da casa

e nos cuidados com os meus filhos.

• A Lúcia, agradeço a amizade e colaboração.

• Aos familiares e amigos por agüentarem a minha ausência e “rabugice” e

por todo apoio e torcida durante a feitura deste trabalho.

• A todos com quem tive a oportunidade de formar e manter vínculos.

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às famílias:

• A minha família de origem, fonte de crescimento. Aos meus pais que me

darem uma base segura e continuam me amando incondicionalmente.

• A minha família: Alberto, Isabelle e Alberto Neto, com os quais aprendo e

cresço a cada dia. Sou grata por nossos vínculos.

• Às famílias com quem convivi ao longo dos anos de experiência clínica, por

tudo o que me ensinaram.

v

“E a vida vai tecendo laços quase impossíveis de romper: tudo

o que amamos são pedaços vivos do nosso próprio ser”

(Manuel Bandeira)

vi

RESUMO

Esta monografia surgiu como uma tentativa de responder a inquietação

que sinto como profissional na clínica pediátrica e neonatal, bem como nos

atendimentos efetuados na área de saúde mental da infância e adolescência.

Ressalta como ocorre a vinculação no processo de desenvolvimento do

indivíduo, o papel da família, as conseqüências quando o vínculo não acontece

de maneira satisfatória. Discute como a família pós-moderna está organizada

e quais os valores e vínculos possíveis na sociedade que se organiza em

redes. Faz um percurso histórico da família enquanto instituição da família

tradicional à família contemporânea. Finalmente, traça um paralelo entre as

novas formações familiares com novas maneiras de vinculação e a atuação do

pediatra frente a este paradigma que exige novos olhares e, portanto, novos

profissionais.

vii

METODOLOGIA

Os critérios utilizados para a elaboração da pesquisa foram: Experiência

profissional da autora e pesquisa bibliográfica através da leitura de livros,

jornais, trabalhos anteriores, revistas, acesso à internet, com o objetivo de

encontrar na literatura, especificamente nas teorias relacionadas à importância

da formação do vínculo mãe-filho e familiares; as conseqüências nas falhas e

rompimentos dos laços afetivos no processo de desenvolvimento humano.

Discute a vinculação na sociedade pós-moderna, bem como a atuação do

pediatra na atualidade.

viii

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 9

CAPÍTULO I - VÍNCULO ................................................................................. 13

CAPÍTULO II - UM PERCURSO HISTÓRICO: DA FAMÍLIA TRADICIONAL À

FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA ........................................................................ 26

CAPÍTULO III - LAÇOS AFETIVOS NA PÓS-MODERNIDADE (LAÇOS

FROUXOS X ERA DAS REDES) .................................................................... 33

CONCLUSÃO.................................................................................................. 36

ANEXOS.......................................................................................................... 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................... 40

ÍNDICE............................................................................................................. 44

FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................................. 45

9

INTRODUÇÃO

Esta monografia teve início a partir de questionamentos que surgiram ao

longo da minha prática clínica, atuando como pediatra-neonatologista e através

dos atendimentos de crianças e adolescentes no Centro de Atendimento e

Reabilitação para a Infância e a Mocidade (CARIM) do IPUB/UFRJ1 e

aprofunda os estudos dos fundamentos teóricos sobre a importância do vínculo

mãe-filho como base da saúde mental do indivíduo e ampliá-los para a família.

“Durante vários anos, vivenciei diversas situações que,

em face da complexidade, ultrapassam o conhecimento

meramente orgânico e nos obrigam a perceber o humano

na sua totalidade como ser biopsicossocial, portador de

uma história singular. Tais situações vão desde o

nascimento de bebês prematuros ou portadores de

malformações congênitas, bebês vítimas de asfixia - com

provável comprometimento neuropsicomotor como

seqüela - crianças que são internadas por diversos tipos

de patologias: incuráveis, deformantes, progressivas,

incapacitantes etc. Mães deprimidas e/ou que perdem

seus bebês logo após o nascimento, até situações de

abandono, negligência, violência doméstica etc.”

(FONTES, S. M. R. G., 2003, pg. 10)

O presente trabalho faz uma reflexão sobre as teorias relacionadas ao

tema vínculo com os primeiros cuidadores e a importância do ambiente para o

desenvolvimento emocional da criança, enfatizando não só a ligação do bebê

com a sua mãe, ampliado para toda a família. Pontua os cuidados e ações que

os profissionais de saúde, em particular o pediatra, podem adotar enquanto

1 IPUB = Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde cursei a especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência e apresentei monografia: Promovendo Encontros mãe-filho, a Pediatria sob um Novo Olhar; como requisito final.

10agentes de intervenção no processo de vinculação favorecendo a construção

do bebê enquanto sujeito. Propõe-se ainda a contextualizar a criança através

do percurso histórico/social da família e apontar os possíveis caminhos com

possibilidades múltiplas de vinculação na sociedade atual.

O tema Vínculo tem sido bastante estudado por pesquisadores do

desenvolvimento infantil e abrange várias áreas do conhecimento: psiquiatria,

pediatria, psicologia, psicanálise, pedagogia, sociologia etc.

Sabemos que muitos problemas do comportamento infantil e da vida

adulta estão relacionados a falhas na formação do vínculo: problemas de

aprendizagem, delinqüência, transtorno de ansiedade e do desenvolvimento

neuropsicomotor, agressividade, retraimento social, suicídio, queixas somáticas

etc. O pediatra tem importante ação profilática por ser o primeiro cuidador além

da família.

O trabalho de René Spitz, psicanalista, proporcionou a compreensão do

que é um ambiente promissor e se tornou base para as pesquisas que

evidenciam as ameaças ao desenvolvimento da criança quando este ambiente

não lhe é proporcionado.

No período pós guerra em que várias crianças perderam seus pais,

aumentou significativamente o número de crianças abandonadas em orfanatos

na Europa, o que despertou o interesse em estudos sobre a importância das

primeiras experiências para o desenvolvimento infantil. Vários teóricos se

destacaram: R. Sptiz, J. Bowlby, D. Winnicott e posteriormente, Brazelton,

Klaus, Kennel, Stern, entre outros.

A pediatria inicialmente teve uma ação pedagógica com um discurso

higienista que visava a diminuir os altos índices de mortalidade infantil. Os

cuidados hospitalares promoviam a esterilização dos agentes causadores de

doenças e proibiam a permanência dos cuidadores junto às crianças

internadas. Os médicos ditavam regras relativas à infância, tendo como

11referência a higienização, reflexões sobre a educação moral, social e política

das crianças.

O aumento do numero de bebês prematuros sobreviventes, graças ao

avanço tecnológico, que permaneciam longo tempo hospitalizados em UTIs

neonatais e a dificuldade para cuidar dos mesmos em casa, foram

determinantes para teorias sobre vínculo e a necessidade do desenvolvimento

do apego entre os bebês e seus pais e/ou cuidadores. Aconteceu defasagem

entre a evolução tecnológica e a evolução nos cuidados, sendo necessário

adequá-los através do processo de humanização e cuidados ampliados para a

família.

O Tema central deste trabalho é a importância dos vínculos afetivos na

construção do sujeito a partir da família e o novo olhar do pediatra como agente

de intervenção no fortalecimento, construção e ou reconstrução dos mesmos.

Como a pediatria pode atuar junto às famílias contemporâneas com suas

particularidades, crises e valores em que os vínculos tornam-se cada vez mais

frouxos? Qual a importância da vinculação na vida do sujeito? Como acontece

a vinculação? Em quais circunstâncias e de que maneira o indivíduo pode

estabelecer e manter vínculos afetivos? Quais são as conseqüências para a

vida do sujeito quando os vínculos não se estabelecem ou são rompidos?

Neste trabalho, buscam-se os fundamentos teóricos sobre a importância

dos vínculos familiares como base da saúde mental do sujeito, pois, sabemos

que esta é alicerçada durante os primeiros anos de vida. Como embasamento

teórico, utilizo os ensinamentos de Bowlby; Winnicott; Brazelton; Klaus, kenel e

Klaus e Pichon Rivière sobre as teorias de vinculação, discorridos no primeiro

capítulo, onde se reflete ainda sobre a formação de vínculos afetivos em

situações especiais: prematuridade, quadros de síndromes ou malformações

congênitas.

O segundo capítulo apresenta a história da família desde a família

tradicional até a família contemporânea com suas características e

12contextualiza a criança em seu ambiente. Parodiando Winnicott2, acredito que

tudo começa em casa. O referencial teórico utilizado encontra-se nas obras de

Elisabeth Badinter, Elisabeth Roudinesco e Anthony Giddens.

O terceiro capítulo faz uma releitura da obra de Zigmunt Bauman: Amor

Líquido – Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos, o qual discorre sobre a

formação de laços afetivos na pós modernidade.

2 Livro escrito por Winnicott cujo título é Tudo Começa Em Casa

13

CAPÍTULO I

VÍNCULO

No presente capítulo desenvolvo reflexões sobre o tema Vínculo, à luz

do pensamento de J. Bowlby; D. Winnicott; T. Brazelton; M. Klaus, J. Kennell e

P. Klaus e Pichon-Rivière e apresento possibilidades de formação de vínculos

em situações especiais como ocorrem com os nascimentos de bebês

prematuros, portadores de má-formação e síndromes.

1.1. John Bowlby: Teoria da Ligação

Bowlby designa como teoria de ligação:

“um modo de conceituar a propensão dos seres humanos

a estabelecerem fortes vínculos afetivos com alguns

outros, e de explicar as múltiplas formas de consternação

emocional e perturbação da personalidade incluindo

ansiedade, raiva, depressão e desligamento emocional, a

que a separação e perda involuntárias dão origem”

(Bowlby, 2001, pg. 168).

Segundo os defensores da teoria da ligação, a origem de muitas formas

de distúrbios psiquiátricos encontram-se em desvio no desenvolvimento do

comportamento de ligação ou a uma falha em seu desenvolvimento.

O comportamento de ligação é mais evidente nos primeiros anos de

vida, mas está presente em toda a existência do indivíduo. Os padrões de

comportamento de ligação manifestam-se de formas diferentes, variando com

a idade, sexo, circunstância e de acordo com as experiências nos primeiros

anos de vida com figuras de ligação.

14 “Inclui o choro e o chamamento, que suscitam cuidados e

desvelos, o seguimento e o apego e também os vigorosos

protestos se uma criança ficar sozinha ou na companhia

de estranhos.

Nos adultos, elas são essencialmente evidentes quando

uma pessoa está consternada, doente ou assustada”.

(Bowlby, 2001, pg. 171)

A teoria de ligação apresenta as seguintes características:

- Especificidade å O comportamento de ligação tem uma ordem de

preferência, dirigindo-se para um ou alguns indivíduos específicos.

- Duração å Persiste geralmente por grande parte do ciclo vital. As primeiras

ligações não são abandonadas facilmente. Na adolescência, as ligações da

infância podem diminuir ou serem substituídas, mas geralmente continuam.

- Envolvimento emocional å “Muitas das emoções mais internas surgem

durante a formação, manutenção, rompimento e renovação de relações de

ligação”. (Bowlby, 2001, pg. 172)

O vínculo afetivo que se mantém inalterado aparece como fonte de

segurança. A renovação de um vínculo gera alegria, enquanto, a ameaça de

perda causa ansiedade, a perda real produz tristeza e qualquer dessas

situações provocar raiva.

- Ontogenia å Durante os nove primeiros meses de vida, os bebês humanos

desenvolvem comportamento de ligação com uma figura preferida, geralmente

a pessoa que lhe oferece os cuidados maternos. O comportamento de ligação

continua ativado até o final do terceiro ano de vida e tende a ficar menos ativo

em seguida, no desenvolvimento saudável.

15- Aprendizagem å Aprender a diferenciar o familiar do estranho faz parte do

processo no desenvolvimento da ligação e a ligação ocorre apesar de punições

repetidas por uma figura de ligação.

- Organização å No início, o comportamento de ligação é mediado por

respostas organizadas simples que se tornam refinadas a partir do primeiro ano

de vida e incluem modelos do meio ambiente e do eu. Os sistemas são

ativados por: estranhamento, fome, cansaço ou qualquer coisa que provoque

medo e são terminados pela visão ou som da figura materna e principalmente,

a interação feliz com ela.

- Função biológica å O comportamento de ligação acontece em quase todos

os mamíferos jovens e persiste na vida adulta de algumas espécies. “A mais

provável função do comportamento de ligação é, de longe, a proteção,

principalmente contra os predadores”. (Bowlby, 2001, pg. 173)

A capacidade para estabelecer vínculos afetivos ou a dificuldade que se

apresente através de problemas conjugais, dificuldades com os filhos, sintomas

neurótico e distúrbios de personalidade têm relação direta com as experiências

do indivíduo com os seus pais.

Os pais de uma criança devem lhe fornecer uma base segura e

estimulação a exploração a partir dessa base ou seja, devem respeitar a

criança pelo desejo de ligação e pelo desejo de explorar e ampliar de modo

gradual as suas relações com crianças de sua idade e com outros adultos.

“Uma das fontes mais comuns de raiva na criança é a frustração do seu desejo

de amor e cuidados, e de que a sua ansiedade geralmente reflete a incerteza

quanto à disponibilidade dos pais”. (Bowlby, 2001, pg. 179)

A ausência de formação ou rupturas prolongada e repetidas de vínculos

afetivos relaciona-se com a gênese de distúrbios psiquiátricos: psicopatia

(sociopatia), depressão, delinqüência, suicídio, entre outros.

16- Psicopatia å O indivíduo que sofreu prolongada privação de cuidados

maternos nos primeiros anos de vida, ameaça de rejeição posterior ou ameaça

de rejeição pelos pais biológicos ou adotivos desenvolve um comportamento

emocional desligado, incapaz de manter um vínculo afetivo estável.

Frequentemente a infância foi perturbada pela morte, divórcio ou separação

dos pais, ou por outros eventos que resultam na ruptura dos vínculos afetivos.

É grande a incidência de transferência da criança de um lar par o outro, com

repetidas mudanças de figuras parentais.

- Depressão å A perda na infância deve-se mais frequentemente à morte de

um dos pais do que à ilegitimidade, divórcio ou depressão.

- Pacientes suicidas (os que tentaram ou que consumaram) å Acontece com

perdas ocorridas nos primeiros cinco anos de vida e que tenham sido causadas

não só pela morte de um dos pais, mas também por outras causas

permanentes, principalmente a ilegitimidade e o divórcio.

“A forma assumida pela perda na infância afeta a forma

de qualquer doença depressiva que possa desenvolver-se

mais tarde. Quando a perda na infância foi devida à

separação, é provável que qualquer doença que seja

subseqüentemente contraída mostre características de

depressão neurótica, com sintomas de ansiedade.

Quando a perda se deva a morte, qualquer doença que se

desenvolva subseqüentemente poderá apresentara

características de depressão psicótica, com muito

retardamento.” (Bowlby, 2001, pg. 111)

O padrão de interações desenvolvido na infância essencialmente nas

relações familiares é decisivo para o desenvolvimento da personalidade, pois o

primeiro padrão a se estabelecer tende a persistir.

A personalidade dita saudável reflete a capacidade que o indivíduo

apresenta em conhecer figuras adequadas que podem proporcionar-lhe uma

17base segura e sua capacidade para colaborar com essas figuras em relações

de trocas gratificantes para ambos. É portanto, capaz de trocar de papéis

quando a situação muda. Quando ocorre deterioração que altera este

processo, o indivíduo tende a desenvolver: apego ansioso, exigência excessiva

ou muito intensas para a idade e para a situação, não envolvimento indiferente

e independência desafiadora.

“A pessoa em quem se confia, também conhecida como

uma figura de ligação (Bowlby, 1969), pode ser

considerada aquela que fornece ao seu companheiro (ou

a sua companheira) uma base segura a partir da qual

poderá atuar”. (Bowlby, 2001, pg. 140)

1.2. Donald Winnicott

A teoria de Winnicott considera a mãe como responsável por um

ambiente facilitador do desenvolvimento emocional da criança e considera que

as bases da saúde mental do indivíduo são estabelecidas pelo relacionamento

materno.

A mãe apresenta sintonia com o bebê que a capacita para suprir as suas

necessidade básicas a partir de identificação com ele. Este processo é definido

como “PREOCUPAÇÃO MATERNA PRIMÁRIA” (Da pediatria à psicanálise)

que, segundo Winnicott, corresponde a um momento de sintonia mãe-bebê

devido a uma acentuada sensibilidade da mãe em relação ao filho, presente no

final da gravidez e nos primeiros dias de vida do bebê, que lhe permite

perceber as necessidades básicas do filho. Se há falta nessa etapa da vida da

criança, esta a percebe como ameaça à existência do eu.” (citado por

FONTES, S. M. R. G., 2003, pg. 4)

Quando a mãe se encontra no processo de Preocupação Materna

Primária, proporciona à criança ambiente favorável ao seu desenvolvimento, à

sua constituição enquanto sujeito, com estabelecimento do eu. Se há falha

18nessa etapa da vida da criança, esta a percebe como ameaça à existência

pessoal do eu.

Segundo Winnicott, o bebê necessita de uma mãe suficientemente boa

que através dos seus cuidados junto com suas tendências inatas para a

integração e o crescimento são responsáveis por uma boa saúde mental.

“Inicialmente, o bebê apresenta uma dependência

absoluta do outro e o seu eu encontra-se não-integrado.

O ego da mãe funciona como ego auxiliar da criança que

ainda se encontra em construção, sendo, pois, os

cuidados que a mãe dedica ao seu bebê de importância

vital. Podemos deduzir, que não existe bebê na ausência

da mãe. Quando não é proporcionado ao bebê um

ambiente suficientemente bom, no início do seu

desenvolvimento, o eu pode morrer ou não se

desenvolver.” (citado por FONTES, S. M. R. G., 2003, pg.

6)

A relação mãe-bebê evolui e passa por três fases: fase de dependência

absoluta dos cuidados maternos, que se caracteriza por fusão do bebê com a

sua mãe, nos primeiros cinco meses de vida; fase de dependência relativa em

que a criança diferencia-se de modo gradual da sua mãe, entre o sexto mês e

o final do primeiro ano de vida. A mãe afasta-se do bebê gradativamente e

satisfaz-lhe as necessidades de acordo com suas solicitações. A terceira fase

ocorre no final do segundo ano de vida, em que a criança evolui para a

independência. Ela enfrenta o mundo e ocorre a socialização.

A família, além da mãe, desempenha papel importante no

estabelecimento da saúde individual.

“O cuidado materno transforma-se num cuidado oferecido

por ambos os pais, que juntos assumem a

responsabilidade por seu bebê e pela relação entre todos

19os filhos. Além disso, os pais têm a função de receber as

“contribuições” fornecidas pelas crianças sadias da

família. O cuidado proporcionado pelos pais evolui para a

família e esta palavra começa a ter seu significado

ampliado e passa a incluir os avós, primos e outros

indivíduos que adquirem o status de parentes devido à

sua grande proximidade ou a seu significado especial – os

padrinhos por exemplo”. (Winnicott, 2001, pg. 130)

A família proporciona um caminho de transição entre os cuidados dos

pais e a sociedade. Esse contexto familiar ajuda o indivíduo a atingir sua

maturidade emocional; dando-lhe oportunidade de voltar a ser dependente

quando necessitar; ou permitindo-lhe trocar os pais pela família mais ampla e

em seguida pelos círculos sociais.

1.3. T. Berry Brazelton

De acordo com Brazelton, o vínculo é um processo contínuo. Existe um

fator instintivo, mas não é instantâneo e automático como os pais tendem a

idealizar. Os pais podem apaixonarem-se pelo bebê à primeira vista, mas a

permanência desse amor é um processo de aprendizagem sobre si mesmo e

sobre o bebê que é o aprendizado das linguagem de vinculação. A função

parental não está relacionada ao que se faz pelo bebê, mas no intercâmbio, no

feedback que se estabelece entre o bebê e si mesmo.

Para Brazelton, os bebês se desenvolvem a partir de duas fontes: uma

interna, inerente ao bebê que se aperfeiçoa à medida que ele realiza seus

objetivos, chamado senso de competência. A outra fonte é externa e provem

do ambiente. O bebê registra suas respostas a estímulos externos e altera o

seu estado de equilíbrio que lhe proporciona satisfação interna. Esse ciclo:

receber, registrar, ao ser perturbado por um sinal e adquirir um novo equilíbrio

é importante como base para que o bebê se desenvolva. Esse equilíbrio é,

20portanto, adquirido a partir dos estímulos que lhe são enviados pelos seus

cuidadores.

“À medida que são cuidados e recebem respostas de

quem os cuida, os bebês obtêm um controle sobre suas

reações, que lhes falta, dando-lhes uma base, a partir da

qual eles, por sua vez, podem participar e responder aos

eventos importantes em seu ambiente. Isto, por sua vez,

incentiva-os a aprenderem sobre si mesmos”. (Brazelton,

1988, pg. 13)

O melhor recurso para adquirir papéis como pais, é a liberdade de

conhecer a si mesmo, seguir as próprias inclinações e os melhores sinais para

saber se estão no caminho certo com o bebê, são dados pelo próprio bebê.

O apego ao feto inicia muito antes do nascimento. Ao longo de toda a

gravidez o feto está tendo experiências e sendo moldado pelas experiências da

mãe.

A capacidade de enfrentar a separação nos estágios apropriados do

desenvolvimento da criança é um forte sinal de apego.

1.4. Klaus, Kennel e Klaus

Definem vínculo como:

“Um relacionamento específico, único entre duas

pessoas, que dura ao longo do tempo. Embora seja difícil

definir esse relacionamento duradouro operacionalmente,

tomamos como indicadores dessa ligação vários tipos de

comportamentos entre pais e filhos, como o beijo, o

abraço e o olhar prolongado – conduta que mantém o

contato e exibe o afeto da pessoa em relação a um

indivíduo em especial”. (Klaus, Kennell e Klaus, 2000, pg.

16)

21O vínculo dos pais com seus filhos deve ser o mais forte e a mais

importante das ligações humanas. Os vínculos são fundamentais para a

sobrevivência e para o desenvolvimento do bebê.

O termo formação de vínculo refere-se ao elo entre os pais e a criança e

a palavra apego refere-se ao elo da criança com os pais. O vínculo pai-criança

pode ser afetado na sua evolução pelo local, circunstâncias, história familiar e

diferenças individuais.

“Os vínculos dos pais podem persistir durante longos

intervalos de tempo ou distância, mesmo que sinais

visíveis de sua existência frequentemente possam não ser

aparentes”. (Klaus, Kennell e Klaus, 2000, pg. 16)

Klaus, defende a idéia da importância do contato com os pais na

primeira hora de vida do bebê, no resto das visitas e ao longo da permanência

na maternidade.

O apego seguro com senso saudável de self no mundo se desenvolve

quando os pais oferecem aos filhos um ambiente favorável ao seu

desenvolvimento e esse processo ocorre através dos vínculos que os pais

formam com os seus filhos.

Um forte vínculo pais-bebês que se intensifica através de cuidados e

apoio que os pais recebem durante o trabalho de parto, nascimento e período

pós-parto, melhora a ação dos pais em relação às necessidades do bebê e

fortifica o apego que o bebê estabelece com seus pais.

1.5. Enrique Pichon – Riviére: A Teoria do Vínculo

Para Pichon-Rivière3, vínculo significa a estrutura dinâmica, englobando

o sujeito e o objeto. Esta estrutura, que é particular para cada caso e cada

momento, advém da maneira como o indivíduo se relaciona com o outro ou

22com os outros. É uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto e

sua inter-relação mútua com processos de comunicação e aprendizagem.

O vínculo normal é aquele que se estabelece entre o sujeito e um objeto

quando ambos têm a possibilidade de fazer uma livre escolha de um objeto,

como resultado de uma boa diferenciação entre eles; como acontece em uma

relação adulta normal em que os objetos são diferenciados, ou seja, tanto o

sujeito como o objeto têm uma livre escolha de objeto.

Pichon – Rivière não acredita na possibilidade de que se estabeleçam

vínculos entre objetos totalmente diferenciados, pois tais vínculos não existem.

Os vínculos patológicos são analisados por ele, observando os diferentes

comportamentos que o indivíduo estabelece com os objetos, de acordo com as

qualidades que os vínculos adquirem. Ex.: No vínculo paranóico, há

desconfiança e reclamação com os outros. O vínculo depressivo se apresenta

através do sentimento de culpa e sofrimento. O vínculo obcessivo caracteriza-

se pela necessidade de controle e de ordem. No vínculo hipocondríaco, o

indivíduo relaciona-se com o outro através do corpo e das queixas relacionadas

à saúde. O vínculo histérico corresponde ao da representação. Na neurose

obsessiva observa-se controle do outro; os ritos particulares disfarçam a

desconfiança e a ansiedade paranoide. Na psicose, Pichon observa vínculos

paranóide, depressivo e maníaco.

O vínculo, seria o vínculo das primeira experiências sociais, constitutivas

do sujeito, levando portanto, ao conhecimento de uma psicologia social, em

que o grupo social ao qual o indivíduo se encontra, tem grande importância

devido às possibilidades de reconhecimento do tipo de vínculo que um paciente

fixa com cada indivíduo, podendo ser normal com um e de outro tipo com outro,

especialmente na família. Este tipo de trabalho psicossocial corresponde à

análise dos vínculos do paciente com os membros da família junto com o

3 Enrique Pichon–Riviére, psicanalista argentino, desenvolveu idéias que propunham a necessidade de complementar a investigação psicanalítica com a pesquisa social.

23trabalho sócio-dinâmico que analisa as tensões do grupo familiar. A análise

institucional busca a pesquisa da história, origem e estrutura da família.

De acordo com Pinchon, a doença que surge em um membro de uma

famíla relaciona-se com o que ocorre dentro deste universo.

“Quando um membro de uma família adoece, é um todo

que está atuando através dele; existe um desajuste

prévio, uma mobilização de tensões na estrutura familiar

para que venha a emergir uma manifestação doentia em

um de seus membros. Este membro da família que

adoece seria o porta-voz das angústias do grupo familiar”.

(Pichon, citado em http.www.psy.med.br/textos/frida

atie/dissertação frida atie/vinculo atie.pdf., pg. 77)

1.6. Formação de Vínculos em Situações Especiais

“Na sociedade contemporânea, adepta do descartável, do

perfeito, da ausência de dor e de qualquer forma de

sofrimento, onde não há lugar para o simbolismo, o

nascimento de um bebê prematuro, de risco e/ou

malformado contraria as expectativas da mãe, da família e

da sociedade como um todo.” (FONTES, S. M. R. G.,

2003, pg. 03)

O nascimento acontece tanto no plano físico/orgânico, quanto no

simbólico. Os pais têm função estruturante como agentes de constituição do

sujeito, o que significa que o bebê necessita do outro para se constituir

enquanto sujeito, com identidade própria, como ser de desejo do casal

parental, inicialmente através da vinculação com a mãe, seguida do pai.

A mãe para assumir a maternidade necessita ressignificar a própria

infância, a relação com seus pais e essencialmente com sua mãe. A

maternidade é uma construção da relação de encantamento da mãe com o seu

bebê.

24O nascimento também é um período de perdas para a mãe: perda do

papel de filha, perda do casal parental, perda do bebê imaginário e da relação

simbiótica com o bebê na gravidez.

Em situações especiais, como acontece com o nascimento de bebês

prematuros, com quadros de malformação congênitos e/ou síndromes, há

necessidade de elaboração das fantasias e do luto da mãe em relação ao bebê

sonhado e imaginado, tão diferente do bebê real. Há grande distorção das

expectativas e os pais necessitam de recursos para o enfrentamento da

situação visando proteger o estabelecimento dos vínculos com esse bebê. As

mães desses bebês sentem-se culpadas e incapazes. Vivenciam sentimentos

de amor, ódio, medo, raiva, dor, tristeza com grande angústia que podem

provocar desestabilização emocional na família.

Em casos de bebês prematuros, não há apenas um bebê prematuro,

mas também uma mãe prematura e, portanto, um encontro prematuro.

A mãe do bebê prematuro sente dificuldades em entender os sinais

enviados por seu bebê, o que lhe propicia sensação de incapacidade.

“A prematuridade parental torna necessária a intervenção

da equipe como mediadora dos encontro entre este bebê

e seus pais, sua família, buscando facilitar a compreensão

das suas condutas, seu nível de funcionamento e

desenvolvimento”. (CARVALHO, M. e MORSCH, D. S.,

2007, pg. 62)

Os bebês devem ser introduzidos numa relação e na história familiar e a

mãe necessita reconstruir a sua história com esse bebê para que ele possa ser

investido no amor.

A mãe deve ser ajudada a ocupar o seu lugar junto ao bebê, evitando

distanciamento e desencontros no período da hospitalização e após a alta. A

equipe de saúde tem a função primordial de preservar vínculos.

25“O que parece primordial na prática psicanalítica com

bebês é preservar vínculos. Vínculos com a mãe, é claro,

com o pai genitor ou aquele que faz função de pai,

vínculos com a sociedade, (por exemplo nos casos de

parto em segredo), mas também vínculos com o antes do

nascimento. A criança nasce num vínculo sensorial que

preexiste ao seu nascimento” (SZEJER, M. e STEWART,

R., 1999, p.79)

26

CAPÍTULO II

UM PERCURSO HISTÓRICO: DA FAMÍLIA

TRADICIONAL À FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA

“... não impedem que a família seja atualmente

reivindicada como o único valor seguro ao qual ninguém

quer renunciar. Ela é amada, sonhada e desejada por

homens, mulheres e crianças de todas as idades, de

todas as orientações sexuais e de todas as condições”.

(Roudinesco, E., 2003, pg. 198)

A família passou por várias mudanças até chegar à atualidade. O texto a

seguir enfoca a história da família, usando como referencial teórico os estudos

de Elisabeth Badinter, Elisabeth Roudinesco e Anthony Giddens.

Na evolução da família, distinguem-se três períodos: A família dita

“tradicional”, a família dita “moderna” e a família dita “contemporânea” ou “pós-

moderna”.

2.1. Família Tradicional (Década 40 – 50)

A família tradicional tem por finalidade principal assegurar a transmissão

de um patrimônio. É uma unidade econômica e de parentesco. Os pais são

responsáveis pelos casamentos dos seus filhos, que são indissolúveis,

garantidos pela presença divina, acontecem a partir de acordos entre as

famílias dos noivos, geralmente unidos em idade precoce e cujos sentimentos

não são levados em conta. A família encontra-se submetida a uma autoridade

patriarcal que assume poder divino e monárquico.

“Até a primeira metade do século XVIII, o amor não era

considerado como valor familiar e social. Os casamentos

27aconteciam entre noivos do mesmo nível social,

escolhidos pelos pais e com base no dote. O pai era

figura temida, capaz de açoitar o filho desobediente ou a

esposa faltosa.” (BADINTER, E., citado por FONTES, S.

M. R. G., 2003, pg. 12)

Desde o século XVI até o século XVIII, a autoridade paterna era

bastante forte, por influência do direito romano e do absolutismo político. O

princípio da autoridade regia toda a sociedade no século XVIII. Havia

desigualdade entre os sexos; ao homem cabia a autoridade, enquanto a mulher

tinha papel secundário.

O filho encontrava-se totalmente submisso à vontade dos pais. Não

havia sentimento em relação à infância. O filho era visto como coisa, objeto

para os pais. Vestia-se como um adulto em miniatura.

“Heróico ou guerreiro, o pai dos tempos arcaicos é a

encarnação familiar de Deus, verdadeiro rei taumaturgo,

senhor das famílias. Herdeiro do monoteísmo, reina sobre

o corpo das famílias e decide sobre os castigos infligidos

aos filhos”. (Roudinesco, E., 2003, pg. 21)

A desigualdade entre homens e mulheres estendia-se à vida sexual.

Havia um duplo padrão sexual visando assegurar continuidade na linhagem e

na herança. Os homens tinham amantes, cortesãs e prostitutas. Com o intuito

de assegurar a paternidade, era exaltada a virgindade nas moças, prováveis

esposas e nestas, a constância e fidelidade. Existia, portanto, uma concepção

dualista da sexualidade feminina: distinção entre a mulher virtuosa e a mulher

libertina. A sexualidade na família tradicional era dominada pela reprodução.

O casamento tradicional estava fundamentado na desigualdade dos

sexos e na posse legal das esposas pelos maridos – esposas foram bens

móveis no direito inglês até uma altura avançada deste século. Da mesma

maneira, as crianças possuíam poucos direitos legais.

28O aborto era freqüente, bem como o abandono e o infanticídio.

No século XVIII havia o hábito, principalmente na França, de contratar

amas de leite.

“Os bebês eram enviados à casa de uma ama horas ou

dias após o nascimento onde permaneciam até o quarto

aniversário. Retornavam ao lar e com oito a dez anos

partiam para um convento ou internato. Nas classes

abastadas, as crianças permaneciam com uma ama até

os sete anos e, se meninos, em seguida eram entregues

a um preceptor.” (BADINTER, E., citado por FONTES, S.

M. R. G., 2003, pg. 14)

A taxa de mortalidade infantil era muito elevada até o século XVIII. A

medicina infantil como especialidade só aconteceu no século XIX.

A família padrão da década de 1950 caracteriza-se por ambos os pais

morando juntos com os filhos nascidos de seu casamento, sendo a mãe uma

dona de casa em tempo integral e o pai assegurando o sustento.

2.2. Família Moderna (Década 60 – 70)

A família moderna acontece entre o final do século XVIII e meados do

século XX. Está fundada no amor romântico, com reciprocidade dos

sentimentos e dos desejos carnais através do casamento. Há valorização da

divisão de trabalho entre os esposos. A nação é encarregada de assegurar a

educação dos filhos. A autoridade divide-se entre os pais e o estado e país. É

cada vez mais dessacralizada. Verifica-se perda de influência da igreja em

benefício do estado.

Há uma nova ordem familiar. A família ocidental, no século XVIII, que se

baseava na soberania divina do pai, sofre o aparecimento súbito do feminino, a

partir do direito central concedido à maternidade.

29No final do século XVIII, visando diminuir o alto índice de mortalidade

infantil, houve uma exaltação do amor materno, pelo estado. As mães

estimuladas por um discurso higienista dos médicos, passam amamentar e

cuidar dos filhos. O filho deixa de ser coisa para se tornar um sujeito integral.

Na família burguesa, o filho passa a ser desejado e visto como um investimento

na transmissão do patrimônio.

Desenvolve-se o sentimento de infância. A mãe torna-se personagem

central da família na medida em que lhe é autorizado, um novo saber e ela

desempenha as funções de nutrição e educação dos filhos além de ser guardiã

natural da moral e da religião. A família moderna caracteriza-se pela ternura e

intimidade entre pais e filhos.

A abolição da monarquia causou na sociedade do século XIX uma nova

organização da soberania patriarcal. O pai da sociedade burguesa não se

assemelhava mais a um Deus soberano. O pai agora é justo e submete-se à

lei.

O casamento dura enquanto durar o amor. Surge o direito do divórcio e

a idéia que todo filho (ilegítimo, adulterino ou abandonado) tem direito a uma

família, a um pai e a uma mãe.

No século XIX, a substituição do poder de Deus pai pelo PATER

FAMILIAS abre caminho para a emancipação feminina e das crianças. Ocorre

declínio da soberania do pai e o início de uma emancipação da subjetividade.

2.3. Família Pós-Moderna ou Contemporânea (Novo Século)

Inicia-se a partir dos anos sessenta. Nesta, dois indivíduos unem-se

buscando relações íntimas ou realização sexual. A transmissão da autoridade

torna-se problemática devido aos divórcios, separações e recomposições

conjugais.

30Atualmente, o casamento encontra-se em declínio constante. Os

cônjuges às vezes, escolhem não ser pais. Freqüentemente, é precedido por

um período de união livre, concubinato ou de experiências múltiplas de vida

comum solitária. Há separação completa entre sexualidade e reprodução. A

sexualidade tem pouca conexão com o casamento e a legitimidade. Ocorre

aumento do número de crianças nascidas de pais não casados e também

aumenta o número de famílias monoparentais.4

“Cada vez mais freqüentemente concebidos fora dos

laços matrimoniais, os filhos assistem, uma vez em cada

três, às núpcias de seus pais doravante unidos não para a

duração de uma vida, mas, em mais de um terço dos

casos, para um período aleatório que se consumará com

um divórcio, consentido, passional ou litigioso -, e, para as

mulheres com uma situação dita monoparental.”

(Roudinesco, E., 2003, pg. 197)

Hoje, as família se estruturam de várias maneiras: famílias

monoparentais, famílias do recasamento, famílias formadas por um casal do

mesmo sexo, família unipessoal (uma pessoa que mora sozinha), famílias inter-

raciais, de grupo de irmãos, famílias formadas através da adoção etc.

As tecnologias de reprodução permitem várias novas configurações

familiares: famílias formadas através de inseminação artificial com esperma do

doador, famílias formadas através de óvulos de doadora, famílias formadas

através de útero de mães substitutas.

O casal, casado ou não, é o centro da vida familiar e se baseia em

comunicação ou intimidade emocional. Os laços do casamento são formados

por amor ou amor somado à atração sexual.

4 Famílias Monoparentais – Uma organização familiar com um único progenitor que vive com seu(s) filho(s) num mesmo lar e que está diretamente envolvido com sua criação, cuidados e educação.

31Segundo Giddens, a família hoje está se tornando democratizada nos

moldes dos processos de democracia pública e a idealiza com as seguintes

características:

- Igualdade emocional e sexual;

- Direitos e responsabilidades mútuos nos relacionamentos;

- Co-paternidade;

- Contratos vitalícios de paternidade;

- Autoridade negociada com os filhos;

- Obrigações dos filhos com os pais;

- A família social integrada.

“em lugar de ser divinizada ou naturalizada, a família

contemporânea se pretendeu frágil, neurótica, consciente

de sua desordem, mas preocupada em recriar entre os

homens e as mulheres um equilíbrio que não podia ser

proporcionado pela vida social. Assim, fez brotar de seu

próprio enfraquecimento uma vigor inesperado.

Construída, desconstruída, reconstruída, recuperou sua

alma na busca dolorosa de uma soberania alquebrada ou

incerta”. (Roudinesco, E., 2003, pg. 153)

Em resumo, a família tradicional caracteriza-se por ser hierarquizada

com papéis sexuais segregados, funções parentais bem definidas, com um

modelo único e seguro. A família moderna é igualitária, com papéis sociais

negociáveis e prioridade nos vínculos afetivos. A família pós-moderna ou

contemporânea é igualitária, os laços não são duradouros e apresenta

nivelamento entre gerações.

32

33

CAPÍTULO III

LAÇOS AFETIVOS NA PÓS-MODERNIDADE (LAÇOS

FROUXOS X ERA DAS REDES)

De acordo com Zygmunt Bauman, os vínculos familiares, bem como as

relações amorosas, são afetados na era por ele chamada de modernidade

líquida em que os relacionamentos acontecem em redes, com laços frouxos

que se desmancham com facilidade, rapidez de maneira imprevisível.

O cidadão moderno tende a conectar-se em redes na tentativa de

preencher os espaços vazios deixados pela ausência de vínculos.

Existe ambivalência nas relações humanas caracterizada pela

necessidade de ligar-se ao mesmo tempo em que não suporta vinculação

permanente, cujo ônus seria a perda da liberdade. Há fragilidade dos vínculos

humanos com conseqüente sentimento de insegurança e desejos conflitantes

entre apertar os laços e mantê-los frouxos.

Os homens e mulheres contemporâneos são dotados de sentimentos

facilmente descartáveis e anseiam por um convívio seguro e por

relacionamentos. No entanto, temem os encargos e tensões que possam advir

da condição de encontrarem-se ligados, especialmente se a ligação for

duradoura ou permanente; pois não se dispõem a suportar a limitação da

liberdade de que necessitam para se relacionarem. Portanto, os laços só

precisam ser atados frouxamente para que possam ser desfeitos sempre que

necessário.

“No liquido cenário da vida moderna, os relacionamentos

talvez sejam os representantes mais comuns, agudos,

34perturbadores e profundamente sentidos da

ambivalência”. (Bauman, Z., 2004, pg. 8)

Há uma tendência para evitar compromisso, especialmente a longo

prazo, considerada a maior armadilha a ser evitada no esforço por relacionar-

se. Busca-se “relacionamento de bolso”, do tipo que se “pode dispor quando

necessário” e depois tornar a guardar. (Bauman, Z., 2004, pg. 10)

O comprometimento fecha as portas para outras possibilidades

românticas, que possam ser mais atraentes, daí, ser evitado.

Os relacionamentos virtuais apresentam maior facilidade quanto a

“entrar” ou “sair” do que os relacionamentos reais. Em uma “rede”, pode-se

conectar ou desconectar. Estas conexões são iniciadas ou cortadas por

escolhas, com a mesma importância. Diferente dos relacionamentos reais em

que romper é indesejado, nos relacionamentos virtuais, as conexões podem

ser rompidas e o são, muito antes que se comece a detestá-las. Uma “conexão

indesejável” é um paradoxo. (Bauman, Z., 2004, pg. 12)

“Estar conectado é menos custoso do que estar engajado

– mas também consideravelmente menos produtivo em

termos da construção e manutenção de vínculos”.

(Bauman, Z., 2004, pg. 82)

Vivemos em uma cultura consumista, do imediatismo, prazer passageiro,

resultado sem esforços prolongados, desejo sem ansiedade em que retardar a

satisfação é o sacrifício mais detestável. A maioria das inovações tecnológicas

recentes encurta a distância entre impulso e sua satisfação e fazem com que

esse processo aconteça de modo mais rápido e com menos trabalho, exemplo:

uso dos cartões de crédito para compras e crediários a perder de vista etc.

Investir no relacionamento é inseguro, pois este depende também da

liberdade, disponibilidade e desejo do outro. Às vezes é difícil separar a

adoração do ser amado da auto-adoração.

35 “Onde há dois não há certeza. E quando o outro é

reconhecido com um SEGUNDO plenamente

independente, Soberano, - e não uma simples extensão,

eco, ferramenta ou empregado trabalhando para mim, o

PRIMEIRO – a incerteza é reconhecida e aceita. Ser

duplo significa consentir em determinar o futuro”.

(Bauman, Z., 2004, pg. 35)

Atualmente há uma incapacidade para fazer escolhas. As pessoas não

se permitem errar ou perder e querem “tudo” o que conseqüentemente esbarra

em uma incapacidade para agir com aumento na procura por ajuda através de

aconselhamentos em consultórios. Ter filho é, nessa época, uma decisão difícil,

com conseqüências de grande alcance: alto custo monetário e intenso

investimento emocional em detrimento da autonomia do próprio conforto

visando o bem estar de outro ser dependente. Pode significar diminuir as

ambições pessoais além de significar um compromisso por tempo indefinido.

“A alegria da paternidade e da maternidade vêm, por

assim dizer, num pacote que inclui as dores do auto-

sacrifício e os temores de perigos inesporados”. (Bauman,

Z., 2004, pg. 61)

Na sociedade contemporânea, as parcerias são frouxas, tanto no campo

dos relacionamentos amorosos, quanto nas relações profissionais. O mundo

está cada vez mais competitivo e caracteriza-se por pouca confiança no outro.

O outro é visto como um inimigo em potencial e deve ser excluído, à medida

que “bloqueia o caminho”, como exemplo pode ser citado o enorme sucesso do

“reality show Big Brother” em que cada jogador após fazer parcerias, colabora

na eliminação dos seus cooperadores e vence o mais apto sobrevivente

(modelo Darwiniano).

36

CONCLUSÃO

“Somos desafiados pelo que vemos. E desafiados a agir –

a ajudar, defender, trazer alívio, curar ou salvar.”

(Z. Bauman)

A biologia ensina que o ser vivo é um sistema que se organiza em

redes que aumentam sua complexidade e, portanto, a sobrevivência. A família

constitui um momento na evolução humana para aumentar a sobrevivência

através da vinculação em redes: parentes, vizinhos etc.

A criança encontra-se inserida em numa nova ordem familiar. Não

sabemos qual será a problemática das crianças do futuro, fruto das novas

configurações familiares: recasamento, filhos nascidos por inseminações

artificiais, famílias formadas por pessoas do mesmo sexo etc. Como se

constituirão enquanto sujeitos? Quais os referenciais mais importantes?

Provavelmente, serão possíveis novas construções que atualmente parecem

aberrantes. É certo que o mais importante em termos de saúde mental não é

como a família se constitui, mas como se organiza e funciona de forma

saudável; como as pessoas interagem, adaptando-se e colaborando entre si. É

necessário que em qualquer das formas de organização familiar, sejam

explorados os recursos que possibilitem a formação de uma família harmônica

capaz de proporcionar um bom desenvolvimento emocional, físico e espiritual

da criança. A proteção e os cuidados das crianças devem guiar a política da

família.

É necessário identificar e trazer à luz o sintoma que emerge muitas

vezes como alerta para a desorganização familiar em que a criança se

apresenta como porta-voz. O pediatra deve sair do papel apenas tecnológico e

enxergar a criança como um ser histórico, valorizando as suas relações. Deve

ainda proporcionar mudanças no paradigma do cuidado à saúde das crianças e

37adolescentes, dissipando os “nós” e agir como apoio à família, já que a criança

encontra-se diretamente ligada aos adultos com quem está vinculada. Deve,

portanto, fazer parcerias com os pais, avós e demais familiares e estar atento

para apoiar livre de preconceitos e, acima de tudo, promover encontros.

Na sociedade contemporânea a mulher vive a dialética entre o

investimento no trabalho e os cuidados com os filhos: como “parar” na

profissão e investir na família? Que cuidados com os filhos podem ser

delegados? As mães sofrem pressão social para retornar rápido ao trabalho e à

forma física, em uma sociedade que valoriza a estética e a rapidez. Muitas

mulheres decidem fazer cirurgias plásticas logo após os nascimentos dos

bebês, o que impossibilita a amamentação. As crianças são colocadas

precocemente em creches e por tempo integral. Sabemos da importância do

vínculo das crianças com o cuidador, principalmente na idade entre 0 e 3 anos.

Brazelton denomina de amor institucional o que é verificado nas crianças que

ficam em creches, entregues a vários cuidadores. Diante do exposto, torna

ainda mais importante a preservação do vínculo que acontece como uma

construção.

Na pós modernidade, os vínculos afetivos são vários, fluídos e

flexíveis. Nos relacionamentos, na maioria das vezes, não há aceitação das

diferenças. A relação é do tipo narcisista, em que não há troca nem

crescimento individual e, dura enquanto é conveniente. Falta investimento no

outro.

Atualmente não existem papéis normativos e o conceito de

normalidade é relativo, então, os valores têm que ser construídos no cotidiano

das famílias e as diferenças negociadas. Podemos fazer escolhas e utilizar

novos referenciais para as crises de valores atuais.

Resumindo, podemos desenvolver novas funções com o cuidado

diferenciado através de novos olhares, papéis e valores. A clínica pode ser

38reinventada com novos profissionais em uma nova ordem social, preservando

os vínculos afetivos.

Por fim, pretendo utilizar os conhecimentos que adquiri nesta

especialização que agora concluo como ferramenta de trabalho, objetivando

melhorar a minha ação enquanto cuidadora que atua com crianças, de modo a

respeitar seu contexto familiar e sócio-cultural, preservando a singularidade de

cada um.

39

ANEXOS

40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ARIÈS, P. – História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro, LTC, 1981

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44ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO............................................................................................2

AGRADECIMENTOS........................................................................................ iii

DEDICATÓRIA ................................................................................................. iv

RESUMO .......................................................................................................... vi

METODOLOGIA.............................................................................................. vii

SUMÁRIO ....................................................................................................... viii

INTRODUÇÃO................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

VÍNCULO......................................................................................................... 13

1.1. John Bowlby: Teoria da Ligação ........................................................... 13 1.2. Donald Winnicott........................................................................................ 17 1.3. T. Berry Brazelton ...................................................................................... 19 1.4. Klaus, Kennel e Klaus............................................................................... 20 1.5. Enrique Pichon – Riviére: A Teoria do Vínculo ................................. 21 1.6. Formação de Vínculos em Situações Especiais ............................... 23

CAPÍTULO II

UM PERCURSO HISTÓRICO: DA FAMÍLIA TRADICIONAL À FAMÍLIA

CONTEMPORÂNEA........................................................................................ 26

2.1. Família Tradicional (Década 40 – 50).................................................... 26 2.2. Família Moderna (Década 60 – 70) ........................................................ 28 2.3. Família Pós-Moderna ou Contemporânea (Novo Século)............... 29

CAPÍTULO III

LAÇOS AFETIVOS NA PÓS-MODERNIDADE (LAÇOS FROUXOS X ERA

DAS REDES) ................................................................................................... 33

CONCLUSÃO.................................................................................................. 36

ANEXOS.......................................................................................................... 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................... 40

ÍNDICE............................................................................................................. 44

FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................................. 45

45

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: A Importância dos Vínculos Familiares – O Olhar

da Pediatria

Autor: Suenia Maria Rodrigues Gonçalves Fontes

Data da entrega: 01 de setembro de 2007

Avaliado por: Conceito: