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nÚmero 113 15 de abril a 15 de maio de 2012 1,20 € periódico galego de informaçom crítica acusaçons de ‘terrorismo’ 8 Processam o grupo de independentis- tas em prisom desde finais de 2011 por “pertença a organizaçom terrorista”, posse de explosivos e falsidade docu- mental. Continuam à espera de julga- mento em quatro cárceres espanhóis. Play doc amadurece 22 O Festival Internacional de Documen- tários ofereceu umha programaçom sólida e meditada e desafiou as difi- culdades de financiamento. O colabo- rador do NOVAS Xurxo Chirro foi ven- cedor polo seu filme Vikingland. N ovas da G ali a “Os macroincêndios começárom na década de 50 com a chegada da Ence, que precisava de matéria prima” ana gonzález jove, integrante da plataforma em defesa das fragas do eume / pág. 6 oPiniom trêS péS de um banco por césar caramês / 3 maSculinidadeS noS movimentoS SociaiS por rocío fraga Sáenz / 3 alento contra alento por mauro delito / 28 suPlemento central a revista a planta Sagrada da primavera As albrótegas, habituais em carvalheiras e soutos, fam parte da mitologia grega e tenhem usos alimentares e medicinais o corunhêS que fundou guimarãeS Vímara Peres foi um senhor da guerra cristao que fundou umha das cidades mais emblemáticas e atrativas do norte português Fusons municipais à medida do marketing mantenhem-se os feudos Provinciais Em março, o presidente da Jun- ta Núñez Feijóo tirava umha fo- to com os alcaldes de Oça dos Rios e Cesuras encenando a fu- som dos dous concelhos, reali- zada sem informar as vizinhas e vizinhos. No discurso lança- do pola Administraçom auto- nómica nom se aprecia umha análise da divisom territorial do país e evita-se reformar ins- tituiçons como as Deputaçons provinciais. A questom das fu- sons locais nom é um caso iso- lado: o Conselho Europeu tem recomendado unificar municí- pios de entre 5.000 e 10.000 ha- bitantes. / PÁG. 14 Pachi Vázquez leva o caciquismo ao PSdeG vitória do oPortunismo na oPosiçom A reeleiçom de Pachi Vázquez como secretário geral do PSdeG consolida a liderança de umha personagem que utiliza o mode- lo caciquista do PP rural nas fi- leiras do primeiro partido da oposiçom parlamentar galega. Com baixo perfil ideológico e po- lítico, o médico do Carvalhinho aliou-se primeiro com Pérez Tou- riño para ascender no aparelho ‘socialista’, da mesma maneira que se alinhou com José Blanco para depois atraiçoá-lo. Um oportunista adito ao poder sem escrúpulos nem projeto. / PÁG. 18 nova Política aGrÁria comum Promove liberalizar o aGro Histórica greve marca o caminho Sindicalismo galego bate recorde de assistência nas suas mobilizaçons e lidera a resposta frente à crise / PÁGs. 5, 16 e 17 emPresas elétricas terÁm na sua mao a exPloraçom do rural A nova Política Agrária Comum da UE, que vai aprovar-se o ano que vem e estará vigente entre 2014 e 2020, profundizará o desregulamento do ru- ral. Os critérios para a concessom de ajudas pon- hem ao mesmo nível os cultivos de alimentos e as produçons de biomassa para agrocarburantes. O Sindicato Labrego Galego afirma ter conhecimento de que as grandes empresas elétricas estám a pro- por a donos de terras que mudem os seus cultivos. A Junta da Galiza contribuiu para a liberalizaçom desenvolvendo umha legislaçom que permite a flo- restaçom da superfície agrária útil. / PÁG. 20 ZÉLIA GARCIA

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nÚmero 113 15 de abril a 15 de maio de 2012 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

acusaçons de ‘terrorismo’ 8Processam o grupo de independentis-tas em prisom desde finais de 2011 por“pertença a organizaçom terrorista”,posse de explosivos e falsidade docu-mental. Continuam à espera de julga-mento em quatro cárceres espanhóis.

Play doc amadurece 22O Festival Internacional de Documen-tários ofereceu umha programaçomsólida e meditada e desafiou as difi-culdades de financiamento. O colabo-rador do NOVAS Xurxo Chirro foi ven-cedor polo seu filme Vikingland.

Novas da Gali a

“Os macroincêndioscomeçárom nadécada de 50 coma chegada da Ence,que precisava dematéria prima”

ana gonzález jove,integrante da plataformaem defesa das fragasdo eume / pág. 6

oPiniom

trêS péS de um banco por césar caramês / 3

maSculinidadeS noS movimentoS SociaiSpor rocío fraga Sáenz / 3

alento contra alento por mauro delito / 28

suPlemento central a revista

a planta Sagrada da primaveraAs albrótegas, habituais em carvalheiras e soutos, fam parte da mitologia grega e tenhem usos alimentares e medicinais

o corunhêS que fundou guimarãeSVímara Peres foi um senhor da guerra cristao que fundou umhadas cidades mais emblemáticas e atrativas do norte português

Fusons municipais àmedida do marketing

mantenhem-se os feudos Provinciais

Em março, o presidente da Jun-ta Núñez Feijóo tirava umha fo-to com os alcaldes de Oça dosRios e Cesuras encenando a fu-som dos dous concelhos, reali-zada sem informar as vizinhase vizinhos. No discurso lança-do pola Administraçom auto-nómica nom se aprecia umha

análise da divisom territorialdo país e evita-se reformar ins-tituiçons como as Deputaçonsprovinciais. A questom das fu-sons locais nom é um caso iso-lado: o Conselho Europeu temrecomendado unificar municí-pios de entre 5.000 e 10.000 ha-bitantes. / PÁG. 14

Pachi Vázquez leva ocaciquismo ao PSdeG

vitória do oPortunismo na oPosiçom

A reeleiçom de Pachi Vázquezcomo secretário geral do PSdeGconsolida a liderança de umhapersonagem que utiliza o mode-lo caciquista do PP rural nas fi-leiras do primeiro partido daoposiçom parlamentar galega.Com baixo perfil ideológico e po-

lítico, o médico do Carvalhinhoaliou-se primeiro com Pérez Tou-riño para ascender no aparelho‘socialista’, da mesma maneiraque se alinhou com José Blancopara depois atraiçoá-lo. Umoportunista adito ao poder semescrúpulos nem projeto. / PÁG. 18

nova Política aGrÁria comum Promove liberalizar o aGro

Histórica greve marca o caminhoSindicalismo galego bate recorde de assistência nas suasmobilizaçons e lidera a resposta frente à crise / PÁGs. 5, 16 e 17

emPresas elétricas terÁm nasua mao a exPloraçom do rural

A nova Política Agrária Comum da UE, que vaiaprovar-se o ano que vem e estará vigente entre2014 e 2020, profundizará o desregulamento do ru-ral. Os critérios para a concessom de ajudas pon-hem ao mesmo nível os cultivos de alimentos e asproduçons de biomassa para agrocarburantes. O

Sindicato Labrego Galego afirma ter conhecimentode que as grandes empresas elétricas estám a pro-por a donos de terras que mudem os seus cultivos.A Junta da Galiza contribuiu para a liberalizaçomdesenvolvendo umha legislaçom que permite a flo-restaçom da superfície agrária útil. / PÁG. 20

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02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

editoraminho media S.l.

diretorcarlos barros gonçales

conSelho de redaçomcarlos calvo varela, iván gª riobó, aarónlópez rivas, Xavier miquel, antia rguez.garcía, Xoán rguez. Sampedro, raul rios,olga romasanta, alonso vidal, paulo vilasenin

SecçonScronologia: iván cuevas / economia:aarón lópez rivas / agro: paulo vilasenine jéssica rei / mar: afonso dieste / media:

Xoán r. Sampedro e gustavo luca / a terra treme: daniel r. cao / além mi-nho: eduardo S. maragoto / povos: joséantom ‘muros’ / dito e feito: olga roma-santa / a denúncia: iván garcía / cultura:antia rodríguez / desportos: anjo rua nova, isaac lourido e Xermán viluba /consumir menos, viver melhor: Xan duro /a criança natural: maria álvares rei /agenda: irene cancelas / a foto: Sole rei /tempos modernos - em tempos: carloscalvo / a galiza natural: joão aveledo /gastronomia: luzia rgues., Sino Seco /língua nacional: valentim r. fagim / criaçom: patricia janeiro / cinema:francesco traficante, Xurxo chirro

deSenho gráfico e maquetaçommanuel pintor, helena irímia, hilda carvalho

fotografiaarquivo ngz, Sole rei, galiza independente(gzi-foto), natália gonçalves, zélia garcia

adminiStraçomSara pérez neira

logÍStica e publicidadeXoán r. Sampedro e daniel r. cao

audioviSual: galiza contrainfo

imagem corporativa: miguel garcía

humor gráficoSuso Sanmartin, pestinho, Xosé lois hermo,franxo padín, ruth caramés, pepe carreiro

correçom lingÜÍSticaeduardo maragoto, fernando corredoira, va-nessa vila verde, mário herrero, carlos garrido

colaboram neSte nÚmerocésar caramês, rocío fraga Sáenz, borja toja, hilda carvalho, alba alonso,Xan gómez viñas, pepe árias, mauro delito, maximiliano a. navarro, claudiopato, iván garcía ambruñeiras

fecho de ediçom: 15/04/2012

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

os esGotos da democracia esPanhola

As prisons som umha parte da so-ciedade quase sempre esquecida,e muitas vezes desprezadas polacidadania 'bem-pensante'. O tor-mento, a dor, o sofrimento que en-cerram os muros da repressommais nua e crua é invisível e as es-cassas vezes que os berros saemdestes centros, a indiferença é aatitude habitual da populaçomalienada nos conceitos da segu-rança permanente, o controlo so-cial e as repressons preventivas.

Os regimes de isolamento, espe-cialmente duros, restritivos e anu-ladores do ser humano, geramcondiçons de vida de autêntica tor-tura. A tortura branca, como ele-mento repressivo aplicado desdea Alemanha dos 70, é copiada exa-tamente pola democracia espa-nhola. Vinte horas de cela, limita-çom de vestuário, proibiçom desair ao pátio com luvas, gorros ouroupas quentes, revista diária decelas desarrumando as cousas,ameaças e agressons com os pre-sos sociais, pressom psicológicaconstante, revistas pessoais aosair e entrar para o pátio, já agora

tam minúsculo que impossibilitafazer exercício ou atividades des-portivas: esse é o regime de isola-mento aplicado em Córdova.

No caso dos presos políticos, acondiçom de FIES acarreta umcontrolo diário, direto, ainda que orespeito e as condiçons sejam algomelhores, algo que foi ganho naunidade e na defesa da nossa con-diçom de prisioneiros políticos.

Neste primeiro grau, um autên-tico isolamento encoberto, comumhas condiçons mais duras eprecárias que em muitos isola-mentos, a repressom quotidiana eo abuso estám normalizados emesmo os carcereiros se gabampor o “bunker” de Córdova ser omais duro do Estado.

Torna-se necessário destapar atampa dos esgotos do Estado, on-de a democracia espanhola exibea sua verdadeira cova e aplica arepressom, a violência e a torturacomo princípios do seu regimecarcerário. Os presos independen-tistas continuaremos a resistir, aluitar e a enfrentar os cárceres es-panhóis, com a mesma dignidadee orgulho que nos trouxo até aqui.

Eduardo Vigo DomínguezPreso independentista

carta às orGanizaçõesnacionalistas GaleGas

Nos dias de hoje existem, no omeu humilde entender, muitos fó-runs onde se pode teorizar sobre ofuturo do nacionalismo, do sobe-ranismo, do independentismo... detodos e cada um dos ...ismos.

Neles analisa-se em pormenorcomo tem que ser a organizaçãoque leve o país para esse futuro

desejado, mas incerto. A meu ver,cada um desses fóruns procuraapenas o matiz diferenciador queo converta no modelo adequadopara um futuro ideal.

Acho, da minha humilde posi-ção de filiada de nada e militanteda realidade, que se cometemdois erros de bulto:

1º- O afã de encontrar a chaveque os diferencie dos outros, queos faga ideais e quase "incontestá-veis libertadores da pátria". Quan-

do o que se deveria encontrar sãoos pontos comuns que nos levema lutar juntas, a unirmos esforçose enfrentarmos a realidade.

2º- Nos tempos fodidos que es-tamos a viver e com o que está achover lá fora, neste tempo de se-ca, pretender aproximar-se da so-ciedade através de fóruns fecha-dos e teorizando é um muito mauponto de partida.

A realidade está na rua, onde es-pera encontrar-nos a vizinhança.A rua é esse espaço perdido quedevemos voltar a conquistar. Masnão só nas concentrações e as ma-nifestações, senão no dia-a-dia.Não na teoria, senão na praxe.

Chega de sectorializar, de par-cializar e de personalizar... Porque,dito com carinho a todas as pes-soas que me convocais: vejo-vosmuito pouco nas lutas reais! Nãopretendemos que ganheis para nósum futuro enquanto nós lutamospor garantirmos um presente.

Ficais convocadas: as vontadesque pretendeis achegar a vós, es-peram-vos na rua, na praça, na lu-ta, no dia-a-dia, no soberanismoreal isento de personalismos e fi-gurantes. Ali vos aguardamos!

Paz Romai

Oapoio massivo obtido polagreve geral de 29 de mar-ço, em que a Galiza regis-

tou dados de adesom mui superio-res à média estatal e em que maisde meio milhom de galegos e ga-legas tomárom as ruas, serve co-mo medidor objetivo da força dasnossas classes populares e tam-bém da capacidade mobilizadorado sindicalismo nacional.

Foi a Confederaçom Intersindi-cal Galega a central que pujo dataà greve e a mesma que exerceucomo principal motor e eixo dina-

mizador para con-seguir a paralisa-çom dos setoresindustriais e de

grande parte das atividades labo-rais ao longo da jornada de luita.Sem desmerecer nem depreciar areleváncia do agir de outros sindi-catos nacionais e da esquerda ru-turista, a CIG fortalece o seu papelcomo ferramenta fundamental eaglutinante do potencial do nacio-nalismo. Em momentos de recom-posiçom dos agentes políticos, oreferente galego de classe de-monstrou a sua força ao avançarcom umha série de mobilizaçonsao longo do país que significároma maior convocaçom da sua histó-

ria, precisamente quando se tornadecisivo assentar as bases para ocaminho que tem como meta a su-peraçom do modelo capitalista.

Outra das liçons oferecidas polagreve está em que umha parte dasbases do sindicalismo espanholmantém grandes distáncias, napraxe, a respeito das suas respeti-vas direçons. A sua potencialidaderatificará-se na medida em quedisponham de capacidade para in-cidir nas suas estruturas ou se-nom, de umha perspetiva maisplausível, em que assumam que oconfronto com o patronato e o ca-pital nom é possível a partir de or-ganismos que acabam por ser im-prescindíveis para que aqueles que

nos conduzírom ao cenário queenfrentamos preservem a pax so-

cial necessária para se manteremno poder político e económico.

A adesom histórica da greve an-tecedeu umha rápida e interessan-te resposta frente ao atentado con-tra a terra que implicou a queimado coraçom das Fragas do Eume.Umha reaçom social estendida aolongo do território que coincidiuem apontar a responsabilidade po-lítica da Junta e em denunciar apossibilidade de que interesseseconómicos podam obter lucrosem conseqüência da tragédia.

Somos conscientes de que osgovernos de Compostela e Ma-drid representam interesses

opostos aos da maioria social donosso povo, aos do nosso futurocomo naçom. E devemos tambémser conscientes de que dispomosde poder na medida em que inter-vimos com audácia e decisom noterreno que nos e próprio e natu-ral. Com presença nessas ruasdas quais nom poderám botar-nos e ao incidir nos ámbitos quenos rodeiam para continuar aavançar. Som a apatia e o niilis-mo os estádios para os quais nosquerem conduzir aqueles que di-tam a nossa condenaçom coleti-va. Porém, continuamos a de-monstrar que somos um povoque, ao afirmar a sua vontade co-letiva, certifica que tem futuro.

Há futuroeditorial

humor ruth caramés

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03oPiniomNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

-Tu és nacionalista, nom és?-Sou, também se nom o sabes aestas alturas, deita-te.-Mas porque o és? Que significaser nacionalista?-Pois porque penso que o nossopaís é umha naçom e que tem di-reito escolher o seu destino.-Já, queres que seja independente?-Nom, nom, essa é umha das pos-sibilidades, há outras...-Mas é possível decidir sem ter in-dependência de facto? É como o da-queles choqueiros que figérom um-ha proposta de Estatuto que diziaque o seu país se integrava livre-mente no Estado que os domina-va... Como se tivessem liberdadepara nom se integrarem há, há, há...-Sim, é como o desses...-Perdoa, nom me dava de conta.-Nada, hó! O que nom entendo é aque venhem estas perguntas. Vésde volta de como eu penso...-Nom tal. No outro dia umha cole-ga ácrata estivo-me a aquelar comqual é a autêntica razom pola qualfazemos as cousas. -Nom entendo o que queres dizer.Mas se vem da acratada, buf...-Hás de ver, se che pergunto por-que queres isso de que a naçomdecida, vás-me responder queporque lhe corresponde. O amola-do vem com a estória de que naboé umha naçom que já é mais velhaque a fome.-Agora também duvidades disso?Recontra, eu que vos tinha polosmais radicais! -A sério, pode parecer umha par-vada, mas tem um monte de con-seqüências práticas.

-Conseqüências práti-cas? O que vem sendo éumha barrenadura.-Olha, para ti a naçom é ocelme da uniom entre o povo e oterritório, nom é? Umha herançamilenária que tem que ser preser-vada para as próximas geraçons. -Nom sei onde queres chegar. Pra-ticidade vejo pouca.-Daquela, pensas que cumpre ga-barmos o nosso verdadeiro ser, re-forçarmos a essência da naçomautêntica que todos sabemos re-conhecer interiormente, limpar-mos de contaminaçons os nossosinais de identidade... -Nom o duvides, amo o meu país.-Já, o país por riba do povo.-Que significa Já? Ainda nom vima parte pragmática da léria esta.-Nom? Pois a mim parece-me evi-dente, hmmmm...-Ilustra-me, ilustra-me!-Vá-lo ver melhor se a contrapo-mos com outra maneira de ver otema. Bota-lhe que a naçom é opróprio povo. O que me importa é

o bem-estardas pessoas e que

podam realizar-se plena-mente como indivíduos através doexercício da sua cidadania.-Já vejo por onde vás.-Desta maneira, a recuperaçomda identidade, língua, cultura, his-tória... para ti tem de ser feita me-diante a achega da naçom ideal aopovo, da essência que perfilas. Pa-ra mim, polo contrário, o restabe-lecimento da nossa personalidadecoletiva é indispensável, mas paranos podermos converter realmen-te em cidadaos e cidadás livres.Cumpre normalizarmos a nossalíngua e a nossa cultura porque éimpossível a realizaçom plena co-mo indivíduos livres se conside-rarmos os sinais que nos identifi-cam como comunidade frente aoresto da humanidade como mar-cas de inferioridade. A cidadaniaconsciente precisa da autoassun-çom digna como a maré das ondas.-Tantas voltas para isso? O que háé que unir e deixar-se de andar a

revirar as cousas. Que mais tem omotivo se a fim de contas os dousqueremos o mesmo, nom o vês? Aconclusom prática é a mesma, aafirmaçom da nossa identidade.-Nom estou de acordo. Para ti issoconsistiria em evangelizar o povopara que aceite a verdade da na-çom ideal que tens na cabeça.-Para mim consistiria em fazer vi-síveis as contradiçons que pade-cemos para que o povo, conjuntode indivíduos inteligentes, podachegar a conclusons semelhantesàs minhas ou mesmo mais ade-quadas. Vês a diferença?-Vejo palha teórica. Menos samba!-A ver assim, se procuras a exalta-çom de umha ideia de identidadecoletiva, tanto tem estatuto de na-çom como federaçom, confedera-çom... o importante é o enalteci-mento da essência. Se, em troca, oque queres é a superaçom doscomplexos que padecemos pormor da dependência secular, a in-dependência é a única opçom. Arecuperaçom da autoestima coleti-va é impossível em qualquer formade dependência ou codependência.-Todo isto era para me chamar au-tonomista, nom era? Mui bonitatoda a ladainha, mas a um paisanodo comum pouco lhe importa. -Vou-che pôr um caso concreto.Imagina que umha locutora da te-levisom é admoestada por usar agheada. Nom che pareceria mal,porque na tua ideia do que temque ser a língua nom entra essapronúncia. Porém, eu, partindo daoutra postura, veria-o como umataque à nossa identidade. Repri-miria-se esse traço lingüísticonom por esta ou aquela teoria fi-

lológica. Porque nos diferencia doespanhol e se associa às classespopulares. Para reforçar o nossocomplexo. Vê-lo agora?-O que vejo é que dirigides o fer-rom contra os que tendes à beirae pouco contra os de em frente.-Aí podes ter razom, sim... O queacontece é que se me falas de uni-dade como há um momento, cum-prirá que esclareçamos quais somas nossas diferenças, nom é?-Sim, sim, mui bonito todo mas es-queces a terceira postura.-Nom esqueço tal. Referes-te à dasteorias de Jung, essas do subcons-ciente coletivo e os arquétipos, ver-dade? Ouvim dela este dia. -Que Jung nem que matrácolas?Refiro-me a essa que vem por aí.-Que é essa megafonia, há mani-fe? Ondiá. Cala que está perto!-FRESCOS, FRESCOS! Bulam!Bulam a adquirir cadanseu! Diri-gentes, gestores, liberados a pre-ços de saldo. Especialistas nasmiudezas burocráticas, campeonsdo papelório adaptáveis a qualquerdiscurso. Se é a sua primeira vez,agasalhamo-lo com o pacote demoderaçom assistida para umhafeliz adaptaçom ao rego galeguis-ta. Bulam que se vendem sós...-Merda de crise!

* O texto foi resumido para adequá-lo à

maqueta. A sua versom íntegra poderá

ler-se no galizalivre.org

oPiniom

Nos últimos anos na Gali-za o movimento feminis-ta tenta articular-se em

diferentes estruturas confor-mando coletivos e redes que dé-rom e dam os seus fruitos na lui-ta contra o patriarcado. Estesmovimentos som conformadosbasicamente por mulheres, queademais som mulheres que ve-nhem de umha trajetória dentrode diferentes movimentos so-ciais, desde os mais autónomosaté aqueles vinculados a organi-zaçons políticas de cores variá-veis. O trabalho dentro dos mo-vimentos avança até o ponto danecessidade de umha reflexomfeminista interna que respondaà estrutura própria, em que as

formas de açons precisam deumha mudança de perspetiva.Essa reflexom, que parte dasmulheres ativistas, tem que serassumida polos companheiros,compreendendo que sem elasnom se pode trabalhar na trans-formaçom da realidade, e essarealidade tem que ser transfor-mada assumindo que o patriar-cado é umha das formas deopressom que mais determina emantém o sistema atual.

Com o trabalho que figéromdiferentes coletivos ativistas,aproximando as teorias Queerdos movimentos sociais gale-gos, abrírom-se caminhos deluita em que a rutura de esque-mas fomentárom a participa-çom dos companheiros na rea-çom antipatriarcal, mas faltava

umha base imprescindível paraque efetivamente pudéssemospartilhar a luita: definiu-se co-mo objetivo a desconstruçomdos géneros, mas ainda nom fo-ra assumido como a constru-çom dos mesmos incidia nasnossas vidas, tanto das mulhe-res como dos homens. O Queer

forneceu formas de luita inova-doras, mas o resultado foi, emalguns casos, umha confusomsobre o objetivo da mesma.

No dia 11 de março tivo lugarumha mobilizaçom nacional emque coletivos e mulheres femi-nistas conseguimos levar para arua milhares de pessoas, a pre-sença masculina foi importante,estavam connosco, compreen-dendo e partilhando a necessi-dade de umha resposta perantea repressom do sistema sobre to-do aquilo que se identifica com ofeminino. Neste contexto favorá-vel é necessário dar mais umpasso, um trabalho que analiseos resultados da opressom pa-triarcal sobre a construçom dasmasculinidades.

O movimento feminista galego

avança, cria redes e fortalece aconsciência revolucionária comoúnica via para acabar com o sis-tema heterossexista e capitalis-ta, mas sem umha assunçom deque as ferramentas desse siste-ma se reforçam graças a que ofeminismo ainda é visto comoumha ameaça inclusive dentrodos movimentos sociais galegos.

A construçom das masculini-dades deve ser analisada poreles mesmos, por como se cons-troem as relaçons sociais, pes-soais e políticas, sem essa análi-se interna continuaremos a lui-tar de lugares afastados contraum sistema patriarcal que nosoprime a todas e todos.

Rocío Fraga Sáenz é ativista dos

movimentos sociais na Galiza

As masculinidades nos movimentos sociaisrocío fraga Sáenz

Três pés de um bancocésar caramês

as ferramentas dosistema reforçam-seporque o feminismoainda é visto comoumha ameaça, mesmo dentro dosmovimentos sociais

“a recuperaçom daautoestima coletivaé impossível emqualquer forma de dependência ou codependência”

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NGZ / O anunciado corte do défi-ce de 8,5% para 5,3% deu lugar àapresentaçom por parte do Go-verno espanhol de uns Orçamen-tos Gerais do Estado que impli-cam um duro avanço nos cortessociais. Deste modo, o Executivoespanhol elimina uns 27.000 mi-lhons de euros das suas previ-sons económicas.

Os números dos cortes pare-cem infinitos. Segundo fôromdesvendando os meios, os cortesafetam especialmente as verbasde Eduçaçom, Cultura e Saúde,que se verám diminuídas respeti-vamente em 21,9%, 15,1% e 6,8%.Por sua vez, as despesas em rela-çom ao fomento de emprego cai-rám em 21% e as relacionadas di-retamente com o desemprego

5,5%, para além de muitas maisverbas que serám diminuídas.

Umha das medidas mais con-troversas que acompanham estesorçamentos e que estám a provo-car maior indignaçom nas ruas éa chamada amnistia fiscal, queconstitui umha medida de graçapara aqueles que contem com di-nheiro sem declarar em paraísosfiscais. O Governo prevê que rea-pareçam uns 25.000 milhons deeuros de dinheiro negro, dosquais arrecadaria apenas 10%, emvez de castigar a fraude fiscal.

Outro dado que chama a aten-çom destes orçamentos estataisé que há duas comunidades au-tónomas em que nom cai o in-vestimento. Estas som o PaísVasco e a Galiza, as duas auto-

nomias em que se aguarda quehaja eleiçons daqui a um ano.No caso galego, o investimentoaumenta em 10% e atinge os1.700 milhons de euros. Dessedinheiro, mais de 1.100 milhonsirám parar às obras do AVE.Ainda sobre o nosso país, en-quanto os grandes investimen-tos do Estado som adjudicadosàs megaconstruçons, o dado dodesemprego na Galiza atinge omáximo histórico de 276.795pessoas sem trabalho.

Para além disso, o ministro daEconomia espanhol anunciouapós a apresentaçom dos novosOrçamentos que farám novas re-formas na Saúde e Educaçomcom a finalidade de economizaruns 10.000 milhons de euros.

04 acontece Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

aconteceVoluntariado do Projeto Cárcere foi iden-tificado pola polícia espanhola quando sedispunha a limpar a velha prisom provin-cial da Corunha, tomada pola roça e aban-donada. O coletivo emitiu um comunicadomanifestando a sua surpresa.

Polícia obstaculiza ‘Projeto cÁrcere’

Depois de que Conde Roa tentasse evi-tar a atuaçom do clown em Composte-la, Leo Bassi realizou umha gaiteiradana Praça do Obradoiro, em paródia dascerimónias de Fraga nas suas tomadasde posse como presidente da Junta.

leo bassi defende-se de conde roa

10.03.2012 / Umhas 20.000 pes-soas participam nas diferentesmanifestaçons convocadas po-la CIG com motivo do Dia daClasse Operária Galega.

11.03.2012 / Mais Galiza aprovaa saída do BNG com 69% dosvotos. Pachi Vázquez é reeleitosecretário-geral do PSdG com68% dos votos.

12.03.2012 / Novagalicia pactuacom CCOO, UGT e Csica 700despedimentos.

13.03.2012 / Trabalhadores donaval de Ferrol marcham a pédesde a Corunha até Composte-la para exigir carga de trabalho.

14.03.2012 / Formaliza-se o re-querimento de fusom dos con-celhos de Oça dos Rios e Ce-suras, o primeiro em 44 anos.

15.03.2012 / Falecem um mari-nheiro de Bueu e um de Can-gas após emborcar a embarca-çom em que pescavam ao surda ilha de Ons.

16.03.2012 / Morre um percevei-ro em Valdovinho e outro é res-gatado com vida.

17.03.2012 / Segundo dados doINE, existem 1.408 aldeias de-sabitadas na Galiza, e 2.052que sobrevivem com um oudous habitantes.

19.03.2012 / Acusados polodespejo poluente de Brenntagao Úmia em 2006 asseguramque vírom peixes mortos no rioantes do acontecimento.

20.03.2012 / Delegados da CIGsom desalojados de bancos deCompostela quando protesta-vam contra o papel das entida-des financeiras na crise.

21.03.2012 / Defesa de GemaBelén Rodríguez, membro dosGRAPO acusada de atentarnumha ETT de Vigo pede a ab-solviçom por terem transcorri-do 11 anos desde os factos.

22.03.2012 / José Manuel Ro-may Beccaría é nomeado presi-

dente do Conselho de Estadoespanhol.

23.03.2012 / Tribunal do Socialnúmero 2 da Corunha condenaInditex por contratar trabalha-dores temporários para substi-tuir grevistas no dia 27 de ja-neiro.

25.03.2012 / Centenas de pes-soas reclamam umha bancapública galega com concentra-çons e manifestaçons em Vigo,Corunha, Ferrol, Compostela,

cronoloGia

Cortes sociais marcam osorçamentos gerais de Rajoy

Governo esPanhol anuncia Graves reformas na saÚde e ensino

NGZ / Após as açons violentasdesenvolvidas na greve geral,especialmente em Barcelona, oministro do Interior espanhol,Jorge Fernández Díaz, anun-ciou o endurecimento do códi-go penal para “fazer face aosatos de guerrilha urbana”. Aproposta do ministro espanholconsiste em elevar as penas mí-nimas a dous anos com a possi-bilidade de que o fiscal podapedir a prisom preventiva,equiparando-os ao terrorismo.Apesar destas declaraçons,com os apoios de boa parte dogoverno e da oposiçom catalá etambém de alguns alcaldes co-mo Conde Roa, o artigo 577 docódigo penal, introduzido porÁngel Acebes em 2000, jáatuou várias vezes neste senti-do contra o denominado “ter-rorismo de baixa intensidade”.

O suposto alarme social cau-sado polos “distúrbios” também

serviu para que disparasse a re-pressom na Catalunha, com 79detençons, 20 pessoas feridasque precisarom de atençom mé-dica (duas das quais perdêromum olho por impacto de bolas deborracha) e, pola primeira vezem 30 anos, a utilizaçom de ga-ses lacrimogéneos para disper-sar as pessoas que se manifesta-vam no centro da cidade. Aindaé preciso somar a isto as 8 pes-soas com ordem de prisom pre-ventiva (5 das quais pudéromevitá-la depois de depositaremfianças de 3.000). As 3 restantescontinuam em prisom, segundoa ata do fiscal, para evitar os pos-síveis distúrbios do 1º de maio eda cimeira do BCE em Barcelo-na a 3 de maio. Há que lembrarque as 3 pessoas em prisom pre-ventiva fôrom detidas nos pique-tes de greve da manhá, muitoantes de começar a batalha cam-pal no centro de Barcelona.

Madrid vai endurecero código penal contraas mobilizaçons sociais

REUNIOMdo Conselho de Ministros

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

A plataforma Queremos Galego convocou umha mani-festaçom em defesa do galego e contra “a política dedesmantelamento da cooficialidade lingüística” e de“caça às bruxas contra o galego” para o próximo Diadas Letras Galegas, a 17 de maio. Recupera assim amobilizaçom que abandonara no ano passado.

convocam manifestaçom Pola línGua

Som o CSO A Moura na Corunha e o CSO Liceu em Ma-rim. Na Corunha ocupárom um prédio de mais de 131 mo-radas na avenida de Fisterra que, asseguram, só abando-narám depois de as habitaçons serem entregues aos pro-prietários. Em Marim, o novo centro social ocupado soma-se ao CS Almuinha, evidenciando a vitalidade desta vila.

ocuPam dous novos centros sociais na corunha e marim

Ponte Vedra, Lugo, Ourense ePadrom.

26.03.2012 / Explodem váriosengenhos explosivos de baixaintensidade num escritório deemprego de Ourense.

27.03.2012 / Morre Higinio VivasLópez, brigadista anti-incên-dios, rodeado por um incêndioem Castrelo do Val.

28.03.2012 / Falece um operárioe mais cinco pessoas ficam feri-

das no incêndio da madeireiraComercial Vilanova em Barro.

29.03.2012 / Grande adesom àgreve geral, com 90% de segui-mento e perto de meio milhomde manifestantes nas cidadese vilas galegas, segundo ascentrais sindicais.

30.03.2012 / Cerca de 300 pes-soas afetadas polas preferentesdas velhas Caixa Galicia e Cai-xanova manifestam-se em San-tiago e invadem a sede da TVG.

31.03.2012 / Começa o incêndioque vai arrasar perto de 1.000hectares nas Fragas do Eume.

02.04.2012 / Cria-se em Ponted’Eume a Plataforma para a De-fesa das Fragas do Eume, num-ha assembleia com quase1.000 pessoas. Nas cidades ga-legas realizam-se concentra-çons de rejeiçom à gestom an-ti-incêndios da Junta.

03.04.2012 / Fiscalia imputa aoalcalde de Compostela, Gerar-

do Conde Roa, um delito defraude contra a Fazenda.

04.04.2012 / Dissolve-se formal-mente a mancomunidade daParadanta, depois de levaranos sem nengumha atividade.

05.04.2012 / Sede do PP de Lu-go é atacada com maças.

06.04.2012 / Encontrada em La-lim umha mulher de 70 anoscom um disparo na cabeça,que morrerá posteriormente.

07.04.2012 / Esculca torna pú-blicas duas denúncias inter-postas a 4 de abril no Tribunalde Guarda de Ponte Vedra portorturas e maus tratos a dousreclusos da Lama.

08.04.2012 / Cadáver de um in-digente de 55 anos é encontra-do nos telheiros de um prédiocentral de Vigo.

09.04.2012 / Um homem morreesmagado polo reboque do tra-tor na Esculca (Salzedo).

cronoloGia

NGZ / Trabalhadores e trabalha-doras secundárom massivamentea convocaçom das centrais sindi-cais para a greve geral do dia 29de março contra a reforma labo-ral do Governo espanhol, umhamobilizaçom que na Galiza já fo-ra anunciada polos sindicatosCIG, CUT, CGT e CNT antes deque as duas grandes centrais es-panholas a estendessem a todo oEstado. Segundo as estimativasdos sindicatos, centenas de mi-lhares de galegas e galegos per-corrêrom as ruas do país nas di-versas manifestaçons que tivé-rom lugar ao longo do dia.

Seguimento históricoA central nacionalista CIG salien-tou que nas mobilizaçons convo-cadas com estas siglas participá-rom perto de 200.000 pessoas,sendo a mais concorrida a mani-festaçom de Vigo, que contoucom umhas 60.000 pessoas. ACIG realizou um importante es-forço para que as mobilizaçonschegassem a vários pontos dopaís, de maneira que, para alémdas sete cidades, em várias vilasfôrom convocadas marchas paraesta jornada contra a reforma la-boral, como fôrom os casos deVerim, Ribeira, Vila Garcia ouGinzo de Límia. O secretário-ge-ral desta formaçom sindical, Su-so Seixo, assinalou que o segui-

mento da greve situava-se entre80 e 90% e afirmou que as mani-festaçons desta jornadas “som asmais numerosas que se tenhemfeito na Galiza”. Por sua vez, ossindicatos estatais CCOO e UGTcontabilizárom também por cen-tenas de milhares as pessoas queparticipárom nos seus protestos.

Além dos grandes sindicatosOs demais sindicatos anunciárommanifestaçons às quais tambémaderírom milhares de pessoas.Em Vigo, a manifestaçom conjun-ta da CUT, CGT, CNT, STEG, SF-IN e SXG juntou 10.000 manifes-tantes, segundo dados que forne-ceu a CUT. Esta central sindical

convocou de forma independenteumha sucedida mobilizaçomcom milhares de participantesem Cangas, enquanto na cidadeda Corunha convocou com aCGT. Já em Compostela mani-festou-se com a CNT num corte-jo alternativo à marcha encabe-çada pola CIG. Na cidade dePonte Vedra, a CNT e a CGT jun-tárom um milhar de pessoas.

Por outra parte, para além dossindicatos, a 29 de março tam-bém houvo grupos autónomosde protesto. Em Compostela,dias antes, um grupo de ativistasocupara a Faculdade de Históriae na própria jornada recorrêromas ruas compostelanas confor-

mando um piquete de greve.Também na Corunha, na tardedo dia 29 de março, um piqueteautónomo percorreu a cidade.

A intensa atividade dos pique-tes desde a noite anterior con-tribuiu a que o seguimento dagreve fosse um sucesso. Os se-tores onde a paralisaçom foimaioritária fôrom o industrial,o portuário, o da recolha de lixoe o dos transportes das princi-pais cidades galegas. Outro dostraços desta greve geral foi a re-pressom das Forças de Segu-rança do Estado contra os pi-quetes, dando lugar a identifi-caçons e a mais de umha dúziade detençons em todo o País.

Centenas de milhares tomam a ruana greve contra a reforma laboral

seGuimento histórico numha jornada de luita que Pretende abrir novos caminhos

NGZ / Entre os dias 20 e 24 de mar-ço decorrêrom as jornadas do pri-meiro Fórum Internacional daÁgua, organizado pola Engenha-ria Sem Fronteiras nas cidades daCorunha, Compostela e Vigo, eque contou com presença de re-presentantes internacionais -es-pecialmente da América Central-de numerosos conflitos relaciona-dos com a luita pola água.

A organizaçom destacou o fac-to de que a Organizaçom Mundialdo Comércio declará-se a águacomo um bem privado, contra aresoluçom da ONU que a consi-dera um direito básico e univer-sal. Atualmente, 1.100 milhons depessoas nom tenhem acesso àágua potável, e 2.600 milhonsnom disponhem de saneamentosustentável.

O recente conflito galego à vol-ta da água abriu a jornada inau-gural do foro com Manoel Do-campo, do SLG, e outros repre-sentantes da Plataforma contra aLei de Águas da Galiza, da Orga-nizaçom Galega de Comunidadesde Montes Vicinais em Mao Co-mum e da Adega. Por sua vez,Eloi Badía, representante de En-genheiros sem Fronteiras da Ca-talunha apresentou a sua expe-riência no Fórum InternacionalMundial da Água realizado recen-temente em Marselha.

Galiza foi a sede do primeiro fórum da água anível internacional

AS MOBILIZAÇONS de Vigo atingírom

um seguimento massivo

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

Após a modificaçom do regulamento de honras da Depu-taçom de Lugo, esta pudo retirar os títulos outorgados aFranco, Pilar Primo de Rivera e à Falange Espanhola entreoutras, com os votos a favor de PSOE e BNG, e a absten-çom do PP, que justificou o seu voto indicando que o PPtem “critério, atitude e fundamentaçom próprias”.

luGo retira títulos honoríficos a franco

Na madrugada do dia 4 de abril, a nova sede do PP deLugo foi atacada com maças, provocando a rutura da vi-draça. José Manuel Barreiro, que tem um gabinete na sedeatacada, qualificou os factos de “atentado contra a demo-cracia, porque é contra a sede de um partido político, ele-mentos básicos da articulaçom do processo democrático”.

atacam sede do Partido PoPular em luGo

Com que objetivo nasce a Plata-forma de Defesa das Fragas?O objetivo é pôr fim aos erros quese cometêrom no Parque Naturalnos últimos quinze anos. Agoraacaba de haver um incêndio, e háque aproveitar todo isto, as mobili-zaçons e o descontentamento, pa-ra arranjar todo o que nom se ar-ranjou neste tempo. O primeiro:começar a manter um diálogo coma vizinhança: isso é fundamental.É o único Parque Natural de toda aEuropa em que 80% do territórioestá nas maos de particulares. Esom precisas medidas imediatas,como evitar a erosom do solo. A se-guir, naquela zona que é irrecupe-rável, sobretodo pola zona da Ca-pela, tentar falar com os donos pa-ra que plantem árvores autóctonesquando o solo se estabilizar e forpossível retirar a madeira queima-da. Os vizinhos deviam ser com-pensados, dando-se-lhes a opçomde compra e as bonificaçons perti-nentes, para converter as fragasem terrenos públicos.

Falavas de um conflito com aspessoas proprietárias...Ouvim muitas vozes a culpar os vi-zinhos, porque se voltárom a in-dignar contra o parque, para alémde se indignarem contra o lume.Sabemos que há gente que nomestá sensibilizada com o meio, tan-to nas aldeias como nas cidades.A maneira de viver mudou, as fra-gas já nom se usam como se usa-vam, mas nom som verdadeirasalgumhas das vozes que dizemque a eucaliptizaçom da fraga,amparada polos proprietáros, foi

a causa. A gente que vive no ruralnom é a que mais eucaliptos plan-ta, senom a gente que abandona orural, e que herda umhas terras.Os habitantes desta zona muitasvezes som os mais prejudicadoscom a eucaliptizaçom. E há quevalorizar entre a gente daqui o quetemos, porque há quem nom o va-loriza. Continua a prevalecer o es-tereótipo do paisano que nom cui-da nada, mas há nesta zona muitagente que dá imenso valor aomonte. No outro dia, quando todoestava a arder, viam-se bem as ca-ras de dor entre os vizinhos, entrea gente a que lhe ardia o seu.

Este conflito entre Administra-çom, propietários e ecologistasdeu-se desde sempre?Em 97, quando se declarou o Par-que Natural, a oposiçom da gentefoi instantánea. Naquela alturahouvo charlas de madeireiras quevinham pôr a gente contra o Par-que, e o primeiro que se ouviu foium “nom” comum. E agora, quin-ze anos depois, continua a ser um“nom” porque a Junta nunca pujoaos proprietários as cousas fáceis.Logo desde o começo todo fôromrestriçons, enquanto a Endesa,por exemplo, nom tem a mais mí-nima restriçom. En todos estesanos nom houvo nengum aviso àempresa para que mantivesse ocaudal ecológico, que nom cum-pre, o que implica tirar humidadeà fraga, afetando o ecossistema. Eisto é um facto bem mais graveque que um vizinho vaia buscarum pouco de lenha ao monte. De-vemos ter em conta que num par-

que natural como este vivem mui-tas espécies, fauna e flora, mas ta-mém há gente, e nom podes fazergestons contra ela, porque nomham de ter futuro.

Como emendar os erros?Eu penso que estes terrenos -asfragas e a ribeira- deveriam tornar-se públicos. Estám a expropiar pa-ra construir o AVE e as autoestra-das, mas nom para manter o Par-que Natural. Há anos toda a genteempregava as fragas, eram comoum armazém, mas hoje em dia hápráticas que já nom fam sentido, eimagino que alguns proprietáriosficarám muito contentes se lhespagarem por uns terrenos aosquais nom dam uso. O Parque Na-tural tamém inclui terras agrícolase casas, assim que nom falo de ex-propiar todo, só certas zonas. Aquihouvo umha irresponsabilidadetremenda por parte da Junta do PP,após quinze anos sem aprovar umPlano Reitor de Usos e Gestom emantendo os conflitos estagnado.

Os políticos sempre andárom comum duplo discurso com os vizi-nhos, com umha falta de informa-çom tremenda: por um lado, decla-ram o parque natural, ponhem aslimitaçons; polo outro, venhem fa-lar com os paisanos a dizer-lhesque os ecologistas abraçam os lo-bos! Eu tenho ouvido barbaridadesassim. Há que falar com os vizi-nhos, que vejam que os ecologistastambém estám porque a gente vivadignamente no rural, e que que-rem defender os seus interesses,que som contra as macroempresascomo a Endesa, nom contra a vizi-nhança. E também os movimentossociais urbanos tenhem que come-çar a ver os paisanos como genteque cuida do ambiente, porquecuidar dele nos gabinetes das fa-culdades de Biologia é impossível.Entom, som duas partes que de-vem pôr-se de acordo. Eu nom di-go que seja simples, mas pensoque há que fazê-lo, e fazê-lo já.

Tendes pedido responsabilidades.Todo o dinheiro que se gastou estefim de semana dava para ter a fra-ga cuidada, vigiada, e os vizinhoscontentes. Trata-se de um proble-ma político, e assim deve ver-se:nom podes dizer que nom há cul-pados. Evidentemente, que hajaseca e que haja gente que prendao lume nom é culpa do governo do

PP, mas há muitas responsabilida-des aqui que devem ser depura-das. A base de vigilância perma-nente de Queixeiro, encarregadadas fragas, foi desmantelada. Jáno ano passado, nesta altura doano, ainda nom se pugeram a an-dar os recursos de pré-campanha,que normalmente começam afuncionar antes do verao. Quandocomeçou o incêndio, aqui estava atrabalhar na extinçom a mesmagente que no mês de dezembro:havia quadrilhas de duas pessoas,e muitas pessoas voluntárias, masnom podes pedir à gente que tra-balhe 18 horas a apagar no lumeem troca de umha sanduíche eumha garrafa de água.

Fala-se de que foi um incêndiointencionado. Que interessesachas que há por trás?Eu nom sei quais podem ser os in-teresses, se bem que nom podaentender como é que arde o mon-te e a guarda civil nom sabe na-da... quando para outras cousasbem que investigam, e bem que‘pincham’ telefones... A mina deandaluzita? Pode ser que seja, outalvez nom. Eu nom podo dizê-lo,mas se foi por este motivo, nom opensárom bem, já que se já anteshavia rejeiçom social, agora vaihaver mais. Mas nom devemospensar que o facto de que ardamas fragas seja um problema deum incendiário, de segurança pú-blica ou de desconhecimento porparte da gente da aldeia, que nomé suicida, e há décadas que quei-ma a roça sem que nada aconte-ça. É preciso lembrar que na Ga-liza os macroincêndios começá-rom nos anos 50 do século passa-do, ao mesmo tempo que apare-ceu a Ence (em Ponte Vedra e noEu-Návia). Necessitava-se maté-ria prima, e começou a culturados incêndios. E a Lei de Montesque acaba de redigir o PP nom épara que os paisanos tirem pro-veito ao monte; é feita para favo-recer as papeleiras, as empresasenergéticas, a biomasa...

“o dinheiro gasto no incêndio dava parater a fraga cuidada e os vizinhos contentes”

ana GonzÁlez jove, da Plataforma Pola defesa das fraGas do eume

ANTIA RODRIGUEZ / “A Junta trabalhou para que, apesar das dificulda-des económicas, se pudesse dispor de um operativo sólido na lutacontra os incêndios e de medidas de prevençom que permitissempará-los”, dizia de modo contundente a conselheira de Mar e MeioRural, Rosa Quintana, na semana seguinte de arderem umhas 750hectares -dados do Governo-, no ámbito do Parque Natural das Fra-gas do Eume. As palavras de Quintana som bem diferentes das deAna González Jove, concelheira do BNG em Monfero e membro daacabada de nascer Plataforma de Defesa das Fragas do Eume, comquem falou o NOVAS DA GALIZA sobre os problemas que arrasta oParque Natural desde a sua criaçom, em 1997.

“os macroincêndioscomeçárom nos anos

50, ao mesmo tempo que a ence”

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

A equipa de investigaçom de Compostela ‘Nomes eVoces’, em colaboraçom com universidades portu-guesas, elaborou umha lista com 56 portuguesesassassinados polo fascismo na Galiza. No total te-riam sido 151 as cidadás e cidadaos portuguesesresidentes na Galiza alvo da repressom fascista.

56 PortuGueses assassinados Polo franquismo

293 dos 315 concelhos galegos deixárom de receber aajuda à família que até o momento entregava a Conse-lharia. Agora terám de ser as deputaçons a suportar osgastos deste serviço, segundo a Conselharia, para evitar“duplicidades nas ajudas”. Bem-Estar só assumirá oscustos em concelhos de mais de 20.000 habitantes.

bem-estar nom PaGa ajudas aos lares em 293 concelhos

NGZ / Os incêndios de março eabril deixárom um panorama trá-gico na Galiza após o incêndio demais de 1.000 hectares nas Fra-gas do Eume e a morte de um bri-gadista em Ourense. Os númerosque forneceu a associaçom eco-logista ADEGA em finais do mêsde março assinalam umha catás-trofe: durante este ano de 2012 jáardêrom cerca de 6.000 hectaresde monte, entre os quais se en-contram espaços protegidos co-ma os da Límia-Jurês, o Courel eo Maciço Central ou as própriasFragas do Eume.

Nos dias anteriores ao incêndioque devastou as Fragas e que le-vou milhares de galegas às ruaspara exigirem responsabilidadesà Junta da Galiza, os incêndios jáestavam a percorrer o país e esta-vam a surgir vozes críticas com aspolíticas da Administraçom auto-nómica. Em meados de março, oincêndio aparecia numha zonaprotegida da Límia e também no

Parque Nacional do Courel. Masa tragédia chegava a 27 de marçoquando um brigadista de 51 anosfaleceu ao ser rodeado entre as la-baredas no município ourensanode Castrelo do Val. Segundo in-

formou o digital Galicia Confiden-

cial, os seus companheiros de-nunciárom a falta de efetivos paraapagarem os incêndios numhazona especialmente sensível comumhas condiçons metereológicas

especialmente difíceis.As críticas contra a falta de pre-

visom da Junta da Galiza e a pre-cariedade das pessoas que traba-lham na luita contra os incêndiossurgírom em diversas organiza-çons políticas e sociais. Por outrolado, a ADEGA quijo desmentiras afirmaçons da conselheira deMeio Rural, Rosa Quintana, deque nom houve cortes orçamen-tários na luita contra o fogo e de-nuncia que desde 2009 a perdaorçamentária da Direçom Geralde Montes foi de uns 45 milhonsde euros, dos quais 16 correspon-deriam a investimentos diretosem prevençom. Por parte dos co-letivos ambientalistas também setem denunciado a política mediá-tica da Junta, que nos seus comu-nicados nom informa de incên-dios inferiores aos 20 hetares enom assinala se o lume atinge es-paços protegidos, senom que selimita a indicar em que termo mu-nicipal se encontra.

Incêndios queimam milhares dehectares e matam um brigadista

criticam Precariedade de meios e falta de Prevençom Por Parte da junta NGZ / O Observatório para a De-fesa dos Direitos e as LiberdadesEsculca fijo públicas duas denún-cias por torturas e maltrato a pre-sos do cárcere da Lama. Enqua-dram estas queixas num progres-sivo deterioro dos direitos funda-mentais que se venhem produzin-do desde o nomeamento de umnovo Subdiretor de Segurança.

Assim, Juan José N.R. denun-ciou que a 23 de março, estandoconvalescente de um episódioepiléptico, “foi reiteradamente es-pancado, e depois de chegar aomódulo de isolamento foi obriga-do a despir-se e fazer flexons”.Antes de ser transferido para aenfermaria, ainda permanecerianoutra cela várias horas. Apre-sentou denúncias por torturas,maltrato e danos.

Porém, Esculca considera deespecial gravidade o caso de RoiA.B., que a 27 de março “foi es-pancado e arrastado polo chaopor vários funcionários”, sofren-do várias feridas de importáncia.Foi “amarrado à cama polos pés eas maos e espancado nas plantasdos pés e no estômago, permane-cendo nessa situaçom 15 horas”,dando entrada a seguir numha ce-la de isolamento sem ter contadocom assistência médica. Denun-ciou no Tribunal de Guarda tortu-ras, maltrato e lesons.

Também denunciam o caso deRoberto F.P., ao qual foi retiradade vez a sua medicaçom após serlevado à cela de isolamento porum incidente leve com outro in-terno. O preso está doente compadecimentos intestinais e contacom um tratamento com medica-çom por padecimentos psíquicos.

centros sociaiscs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

cso bairro do curaBairro do Cura · Vigo

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

casa dos caracoisAvda. da Igreja, Arca · Pino

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a Kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cso liceo Estribela · Marim

cs lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

cso a mouraAvda. de Fisterra · Corunha

csa la madriguera del oso PardoR. México · Ponferrada

cso PalaveaPalaveia · Corunha

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

Denunciam casosde tortura no cárcere da Lama

Os habitats galegos som os menos protegidos do EstadoNGZ / A Galiza lidera o númerode zonas “ambientais sensíveis”dentro do Estado. Porém, conti-nua a ser um dos lugares commenos espaço protegido dentroda Rede Natura. Em cada 100qms2, a Galiza conta com umhamédia de 17,4 habitats de espe-cial interesse, quando no resto doEstado esta média cai a 8,2.

Várias associaçons em defesada terra e do meio ambiente te-

nhem denunciado esta situa-çom. A ausência de umha malhaprotetora que atue em zonas ex-tensas de território é umha dasprincipais reclamaçons. Maspouco se tem feito ao respeito, etanto o governo do bipartido co-mo o atual conservador na Juntanom elevárom a cota de prote-çom para além do território jáprotegido. Segundo o ex-conse-lheiro Samuel Juárez, porém, a

legislaçom ambiental pode fe-char-se com baixas cotas de pro-teçom e os espaços existentes naGaliza já estám protegidos nou-tras zonas da Europa.

Dentro da RedeMesmo dentro da Rede Natura asituaçom preocupa. O plano di-retor da mesma nom permite no-vas minas de extraçom ou desen-volvimento de eólicos em zonas

protegidas. O que permite a Jun-ta, porém, som novas instalaçonspiscícolas em plena zona de cos-ta em lugares mais sensíveis,quando os estudos indicam queestes espaços marinhos som pre-cisamente os suscetíveis de so-frerem mais alteraçons e até aprópria destruiçons dos mesmos,já que som extremamente sensí-veis a mudanças mínimas dassuas condiçons naturais.

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08 acontece Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

NGZ / Este mês numerosas novi-dades afetárom a situaçom dapresa e presos políticos galegos,dispersos em diferentes cárceresdo Estado espanhol. Em finais domês de março anunciava-se areabertura do caso de SantiagoVigo e José Sanches após a de-claraçom da Guarda Civil que te-ria encontrado novas provas queenvolveriam umha terceira pes-soa. Os independentistas fôromjá julgados e condenados, poloque seria ilegal julgá-los de novopolos mesmos factos. O segredojudicial decretado polo magistra-do Eloy Velasco impede conheceras razons desta açom, empreen-dida após as detençons do passa-do mês de dezembro. Apesar dis-to, fontes conhecedoras do casoasseguram que o indício suposta-mente descoberto seria fraco.

A dispersom penitenciária àqual está submetida a presa e ospresos políticos galegos foi a cau-sa do acidente rodoviário sofrido

por duas vizinhas e um vizinho deVigo, quando se dirigiam a umhavisita com o preso Eduardo Vigo.Apesar da gravidade do acidente,as pessoas implicadas nom sofrê-rom feridas de importáncia.

Levantam o segredo judicialAs quatro pessoas que fôrom deti-das na última operaçom contra oindependentismo sofrêrom tam-bém algumhas mudanças. A situa-çom de Eduardo Vigo na prisomde Córdova, à qual, produto da dis-persom, foi levado em finais de fe-vereiro, está já normalizada. Tantoa ele como a Roberto Fialhega, An-tom Santos e Maria Osório foi-lhestomada declaraçom no dia 3 deabril na Audiência Nacional, de-pois do levantamento do segredojudicial. Segundo informaçons fa-cilitadas pola organizaçom anti-rrepressiva Ceivar, os e a ativistanegárom-se a declarar alegandonom ter acesso ao sumário, já queos advogados apenas fôrom avisa-

dos com dous dias de antecedên-cia, sem terem margem de tempopara preparar o caso. Na atualida-de encontram-se a estudar o sumá-rio para apresentarem um recurso.

O juiz instrutor decidiu, em fi-nais de março, processá-los juntocom mais dous independentistas,Antom G.M. e Assunçom L.C., quese encontrariam na clandestinidi-dade, atribuindo-lhes cargos de“pertença a organizaçom terroris-ta”, “posse e transporte de explo-sivos” e “falsidade documental”.Para as pessoas supostamente fu-gidas o juiz ditou umha ordem debusca e captura espanhola e euro-peia, considerando-os “máximosdirigentes da Resistência Galega”.O suposto organigrama políticodesta organizaçom, traçado porEloy Velasco e difundido polosmeios empresariais, mostra nu-merosas incoerências, afirmandoque esta tem a sua génese noEGPGC, que cessou a atividadearmada em 1993.

Mês agitado para o coletivode independentistas em prisom

levantam o seGredo judicial aPós as Últimas detençons

NGZ / Tal como previam mem-bros da direçom do BNG, asbaixas que se estám a produzirno seu seio som constantes e di-latadas no tempo. Segundo di-rigentes desta organizaçom, arazom última deste comporta-mento está em fazer notar à so-ciedade galega um suposto pro-cesso de descomposiçom inter-na, que favoreceria a justifica-çom de um abandono por partedos coletivos cujas teses políti-cas ficárom perdedoras na des-puta assemblear. Colateralmen-te favoreceria as expetativaseleitorais de novas formaçonspolíticas cindidas do BNG. Porsua parte, os coletivos que dei-xam a frente, continuam emconversas para a configuraçomde referentes políticos do ámbi-to do galeguismo e nacionalis-mo. Num primeiro momento,pareciam configurar-se três es-paços alternativos: por um lado,

o campo soberanista cindido,agrupado ao redor do EncontroIrmandinho de Beiras, iniciavacontactos com agrupaçons liga-das ao independentismo e alter-mundismo para confluir numespaço situado “à esquerda doBNG”. Mais Galiza, sem os seuslíderes naturais e alcaldes, queoptaram por ficar na frente,queria situar-se num espaçoacorde com as ideias que defen-dia na Assembleia de Ámio eque foram derrotadas -naciona-lismo de esquerda amplo e ga-leguismo indefinido, seguindoas linhas marcadas polo quinta-nismo durante a sua etapa degoverno bipartido-. Por outraparte, os coletivos situadosmais à direita, como o PNG, ini-ciavam conversas para estudaras hipóteses de confluênciacom coletivos de centro direitae liberais, como Terra Galegaou Convergência XXI.

BNG continua a sofrerbaixas após a rutura

NGZ / A iniciativa soberanistaCausa Galiza decidiu no seu úl-timo plenário nacional partici-par nos processos políticos aber-tos no nacionalismo galego a ní-vel nacional e local, ao mesmotempo que “continuará a avan-çar na construçom do bloco só-cio-político da esquerda sobera-nista e independentista”. Segun-do comunicou este coletivo apósa reuniom, Causa Galiza quersalientar “a necessidade de criarum projeto comum superadorda estratégia estatutista e quecoloque o norte no exercício dodireito de autodeterminaçom”.

Por sua vez, o Movimento polaBase (MpB) decidiu na Confe-rência Política que realizou nopassado dia 31 de março aban-donar as estruturas de Causa Ga-liza e de reconhecer a “represen-tatividade da mesma como fó-rum unitário”, se bem pretendecontinuar a trabalhar pola “cons-truçom de espaços comuns” parao soberanismo. Ademais, o MpBacredita que os novos processosque se abram para construçomnacional devem alicerçar-se “nosprincípios do assemblearismo eda construçom pola base, sempactos entre as cúpulas”.

Causa Galiza estará nos processosde reconstruçom do nacionalismo

Advogados denunciam que o direito a umha defesa justa está em riscoNGZ / O Colégio de Advogadosde Santiago de Compostela criti-cou o anúncio de novas taxasnos julgados e do aumento dasexistentes por parte do Ministé-rio de Justiça espanhol. Na opi-niom deste coletivo, este anúnciohá de levar ao desenvolvimentode "umha justiça para ricos e ou-tra para pobres", porquanto se

“pom em risco o direito funda-mental a umha defesa justa”.

O decano do Colégio de Advo-gados de Santiago, Evaristo No-gueira, criticou que o ministroGallardón prometesse a todos osdecanos do Estado negociar antesqualquer reforma, cousa que fi-nalmente nom fijo. Do seu pontode vista, a constituiçom espanhola

estabelece que o direito a umhadefesa justa é um direito funda-mental, de maneira que “é inad-missível que os cidadaos sem re-cursos tenham que pagar qual-quer taxa para contar com um le-trado de ofício”.

Os advogados de ofício repre-sentam menos de 7% do orçamen-to total da justiça espanhola.

XOÁN BASCUAS E XOSÉ MANUEL BEIRASsom referentes dos setores cindidos do BNG

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

NGZ / O Conselho de NovagaliciaBanco aprovou na passada sexta-feira 30 de março comunicar aoBanco de Espanha um plano de re-capitulaçom que passa por encon-trar fundos de investimento quecomprem a entidade ou por leiloá-la diretamente na CNMV (Comis-som do Mercado de Valores).

Após terminarem o Conselhode Administraçom, os responsá-veis pola entidade admitiam queacabavam de entrar em perdaspola primeira vez, e que tinhamum buraco de 168,7 milhons deeuros, dos quais 69,5 som do pró-prio banco. Estas perdas teriamum efeito imediato para os clien-tes, nomeadamente para os titu-

lares das participaçons preferen-tes, que se encontram a protestarhá semanas, e que nom recebe-rám os juros correspondentes.

Porém, o Conselho de Admi-nistraçom presidido por JoséMaría Castellano assegurou queeste bloqueio nos pagamentos é"conjuntural" e só durará até queculmine o processo para cum-prir com os requisitos marcadosno Real Decreto Lei de Sanea-mento do Setor Financeiro. Paracumprir essas normas, NG Ban-co está a considerar a possibili-dade do leilom (como já aconte-cera com a antiga Caja de Ahor-ros del Mediterráneo ou a cataláUnnim) ou de dar entrada a in-

vestimentos privados, que fi-quem com um mínimo de 20%do banco e que vaiam assumin-do as participaçons que atual-mente tem o Estado, através doFundo de Reestruturaçom Orde-nada Bancária (FROB).

Com este anúncio, parece queas antigas caixas estám cada vezmais perto de passar à história,ao menos como umha entidadefinanceira trabalhadora indepen-dente galega, depois de que nopassado mês de Fevereiro o mi-nistro espanhol da Economia,Luis de Guindos, anunciasse oseu intuito de pôr à venda “o maisdepressa possível” as entidadesfinanceiras “nacionalizadas”.

Afetados pola fraude daspreferentes tomam a CRTVG

desenvolvem umha atividade intensa de denÚncia PÚblica

Suprimem o galego emescola pública do BerzoNGZ / O coletivo Fala Ceive doBerzo e os pais e maes do estu-dantado o CEIP Jesús Maestro dePonferrada denunciárom que ocentro aprovou a eliminaçom damatéria optativa de Língua Gale-ga no primeiro ano de Primária -aprimeira oportunidade de contac-to com o idioma nas aulas-, a par-tir do ano que vem, para implan-tar umha secçom bilingue de cas-telhano e inglês. A Direçom docentro alega que ambas as ofertascurriculares som incompatíveis.

Fala Ceive lembra que no anopassado se produzira umha situa-çom semelhante no colégio de Vi-la Franca, de maneira que receia

que todo faga parte do mesmo“processo de erradicaçom do ga-lego da oferta educativa da Juntade Castela-e-Leom”. Segundo osdados com que conta este coleti-vo, a procura de aulas de Galegoestá por volta dos 1.000 alunos es-te ano letivo em todo o Berzo, ape-sar dos “preconceitos da Adminis-traçom castelhano-leonesa com amatéria”. Aliás, assinalam que es-tes anúncios de eliminaçom doensino da Língua Galega desde oprimeiro ano letivo “desincenti-vam pais, maes e estudantado,que terminam por optar por ou-tras matérias por temor a que ogalego acabe por desaparecer”.

Novagalicia Banco já assume perdas e nom se descarta a sua poja pública

NGZ / Após vários protestos emdiferente escritórios de NovaGalicia Banco (NGB), no dia 30de março mais de umha centenade afetados polas preferentesfôrom protestar perante o Parla-mento da Galiza e à mesma sededa CRTVG, à qual acusam demanipular a informaçom relati-va a este caso. Som mais de100.000 pessoas as que, segun-do as organizaçons de afetados,podem ter retidas polo menosparte dos seus aforros nesteproduto de investimento. No to-tal, 1.200 milhons de euros se-gundo a Associaçom de Usuá-rios de Bancos e Caixas. Muitosnom conheciam as caraterísti-cas do produto onde estavamdepositando o seu dinheiro econsideram o caso umha autên-tica “fraude” cometida por NGB.

Fôrom três autocarros os quenessa sexta-feira subírom às ins-talaçons do canal autonómico emSam Marcos, depois de levaremo seu protesto às ruas de Com-postela e ao Parlamento, ondecontárom com o apoio de algunsdirigentes do BNG e do PSdeG.Já na CRTVG conseguírom che-gar à Redaçom, como informá-

rom alguns jornalistas do meioatravés das redes sociais, masnom conseguírom entrar no es-túdio, no qual estava a ser produ-zido o telejornal nesse precisomomento. Dentro do meio de co-municaçom houvo reaçons con-frontadas. Enquanto o Comité In-terempresas publicou um comu-nicado em que se mostrava com-preensivo com a motivaçom dosmanifestantes e com a “indigna-çom pola linha informativa daTVG” no conflito das preferentes,a diretora dos informativos, PilarBermúdez, “chegou a ameaçaralguns redatores” aos quais acu-sou de “redirigir os manifestan-tes para o seu gabinete”, segundo

denuncia o próprio comité. A 11 de abril, os “defraudados”

por NGB voltárom ao Parlamen-to. Ademais de umha manifesta-çom de duas centenas de pes-soas na rua do Hórreo, um grupode afetados que vestiam camiso-las amarelas com a legenda “so-luçons já” foi desalojado da tri-buna de convidados, depois deque a presidenta da Cámara lheslembrasse que “suspender umplenário pode ser constitutivo dedelito”. Os afetados solicitavamter umha reuniom com Feijóo,que se limitou a declarar que oseu Executivo está “a trabalharcom determinaçom” para solu-cionar este problema.

PP desfai-se de umalcalde incómodoNGZ / Gerardo Conde Roa final-mente demitiu do seu cargo, coin-cidindo com a publicaçom do autoque confirma a sua imputaçomformal por um suposto delito defraude fiscal. Foi o regedor deCompostela desde o dia 1 de julhode 2011, mas, a começos do mêsde abril, os meios de comunica-çom filtravam que a Fiscalia o acu-sara de deixar de pagar 291.000euros do IVA derivado da venda de61 habitaçons através da sua pro-motora imobiliária Geslander, umdinheiro que, porém, foi cobradoaos clientes. No dia 12 de abril de-clarava nos tribunais compostela-nos, à saída dos quais se encon-trou com a imprensa, da qual fu-giu, e com militantes da Candida-tura do Povo, organizaçom que seapresentara às eleiçons de maiode 2011 em Compostela, que o re-preendêrom com berros de “la-drom” e “demissom”.

O PP, cujos dirigentes, incluídoo presidente da Junta da Galiza,Alberto Núñez Feijoo, em nen-gum momento durante todo oprocesso apoiárom Conde Roapublicamente, estava a aguardarao que acontecesse para tomar ounom medidas contra o regedor,em aplicaçom dos seus novos es-tatutos, que obrigam a expedien-tar todos os cargos públicos quesejam imputados por um crimedoloso como o fiscal. Antes justode que pudessem expedientá-lo, oex-regedor ia-se polo próprio pé,libertando os populares galegosde umha situaçom complicada,enquanto salientava que estava air-se “da vida pública limpo, semnengum tipo de benefício pes-soal”. Ángel Currás, tenente de al-calde da cidade, e quarto na listadas municipais, perfilava-se, nomomento de fechar esta ediçom,como novo alcalde.

CONCENTRAÇOMreclamando soluçonspara as pessoas afetadas

MOBILIZAÇOMfrente aos tribunais no dia

da declaraçom do ex-alcalde

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

aGro

P.V. / Desde o dia 26 de março, oconcelho de Melide informaatravés de um comunicadoque figura pendurado no sítiointernético da instituiçom quetodos aqueles vizinhos e vizi-nhas proprietárias de explora-çons florestais de eucaliptosdevem fornecer a documenta-çom precisa para se procedera realizar umha fumigaçomgratuita mas obrigatória dassuas plantaçons para luitarcontra a praga do gorgulho-do-eucalipto, previsivelmenteao longo do mês de abril.

Melide torna-se assim num dosconcelhos avantajados na aplica-çom de umha medida que foi de-cidida a 3 de abril, na reuniom daMesa da Madeira na capital daGaliza. A Mesa da Madeira, con-vocada pola Conselharia de MeioRural, é formada polas principaisempresas do setor florestal da Ga-liza, junto com especialistas do se-tor e técnicos florestais.

A medida adotada consiste emempregar um agrotóxico denomi-nado Cascade cujo princípio ati-vo é o flufenoxurom. Este com-posto, destinado a aniquilar aslarvas de insetos como as do gor-gulho-do-eucalipto (Gonipterus

scutellatus), vai ser empreguemediante meios de fumigaçomaérea sobre todo o território gale-go afetado pola conhecida praga.O ambicioso plano de choqueavalizado pola Junta conta, po-rém, com a oposiçom frontal deassociaçons vinculadas ao meiorural, como o Sindicato LabregoGalego (SLG) e a Associaçom Ga-lega de Apicultura (AGA).

Comunicado da AGAPor sua vez, a Associaçom Galegade Apicultura foi umha das pri-meiras organizaçons a rejeitar ra-

dicalmente a intervençom da Jun-ta. Este coletivo revela-se espe-cialmente afetado, pois, na fichade contraindicaçons do produtocom que se vai fumigar, assinala-se diretamente que «mata larvasde abelhas». Após vários estudosque demonstram que a diminui-çom na populaçom de abelhastem a ver com os neurotóxicosque incorporam os praguicidas,este pode vir a constituir um golpede graça pola intensidade e o al-cance maciço da açom.

Aliás, a AGA critica que se te-nha escolhido o mês de abril, umdos de mais atividade ao longo doano para as abelhas, mas que esteano, devido à seca, pode ter aindaconseqüências mais duras poladebilidade dos himenópteros.Destacam também a importánciaque as abelhas detenhem na agri-cultura e os problemas que podeacarretar a fumigaçom nas tare-fas de polinizaçom que levam acabo estes insetos.

A posiçom do SLGO SLG critica que a Junta, maisumha vez, se posicione do lado dagrande indústria florestal e deagroquímicos. Em especial, des-tacam no sindicato agrário que oflufenoxurom é um dos produtos

agrotóxicos que se encontra sobumha moratória que regula o seuuso, polo que afirmam que tal«fai-nos pensar que as indústriasdesejam vender o seu estoque».Em concreto, o Ministério daAgricultura espanhol indica queeste produto tem como data limitede venda 30.6.2012 no estado es-panhol, tendo caducado a31.12.2011. Além das graves im-plicaçons para o meio natural, aaplicaçom de praguicidas me-diante dispersom polo ar implicaa fumigaçom direta de parte dapopulaçom galega. Estudos nosEUA tenhem demonstrado a liga-çom entre a aplicaçom de pestici-das à grande escala e a incidênciade doenças do sistema nervosohumano como a demência de Alz-heimer ou a perda de memória.Do mesmo modo, no SLG desta-cam um estudo efetuado na Ar-gentina que indica que 60% dosagroquímicos dispersos no ar aca-bam longe do alvo pretendido, avários quilómetros.

Junta financia fumigaçommassiva de eucaliptais

mar

Cresce a precarizaçomdo setor marisqueiro

A.DIESTE / “Se pensas, ao acordarde manhá, o que vás ganharnum dia de trabalho duro de ho-ras com a água polos quadris,ficas na cama”. Assim de con-tundente se manifesta Eva Gil,presidenta da Agrupaçom deMarisqueio a Pé de Carril pararesumir a queda de rendimen-tos que as mulheres galegasdeste setor tenhem estado a so-frer nos últimos meses. A con-junçom de crise económica,queda nos preços e aumentosem controlo das importaçonsde marisco está a bater com du-reza na economia das 3.790 ma-risqueiras que fainam a pé nonosso país.

“Nom chegamos aos 500 eu-ros brutos por mês”, reconheceCharo Patiño, marisqueira deVila Joám. Umha quantia a quese deve descontar cada mês os198 euros obrigatórios do segu-ro. “Se continuarmos a traba-lhar é porque nom há outra cou-sa e porque o nosso salário, queantes era complementar, comisto da crise voltou-se funda-mental para as famílias, pormais baixo que seja”, indica um-ha marisqueira de Rianjo.

Assim, estas quase 4.000 mu-lheres galegas fainam váriosdias por semana em condiçonsdo mais duro (água fria, baixastemperaturas...) para ganhar

salários líquidos que nom sedistanciam muito dos que ou-tras mulheres, a milhares dequilómetros, obtenhem a traba-lhar em condiçons de sobre-ex-ploraçom em fábricas de capitaleuropeu e norteamericano.

Entre dezembro passado emarço, reconhecem nos coleti-vos marisqueiros da Ria de Arou-ça, as receitas mensais por tra-balhadora ficavam mui abaixodo “que se pode considerar mini-mamente digno”. Isto tem levadoa que esteja a aumentar o reque-rimento de baixas laborais, ten-tando assim evitar um trabalho“escravo” por poucos euros semperder o direito laboral.

Várias agrupaçons e sindica-tos tenhem assinalado a respon-sabilidade da Junta nesta situa-çom, pois um dos fatores res-ponsabilizados por esta situa-çom é que no mercago galego eespanhol estejam a entrar àsmancheias recursos marisquei-ros (ameixa e croques) prove-nientes de terceiros países semnengumha garantia de qualida-de e salubridade e que se vendecomo galego. “Podes encontrarna aldeia mais perdida de Cas-tela ou da Andaluzia mariscoapresentado como galego os365 dias do ano. E isso é impos-sível. É umha fraude”, assina-lam os parquistas de Carril.

a medida pode causar importantes danos ambientais

o método utilizado nom Garante a soluçom do Problema

o flufenoxurom mata diretamentelarvas de abelha

denunciam reduçom dos rendimentos até menos de 500 euros brutos por mês

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11aconteceNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

tenhem-se convocado mais de umha dúzia de jornadas de luita deste tipo na galiza desde a morte de francoeconomia

A.L. / Mais de umha dúzia degreves gerais acontecêromna Galiza desde a queda doregime franquista nos anos70. O sucesso da convoca-tória do passado mês demarço mostrou de novo aforça com que contam estasjornadas para a unidade deaçom das pessoas trabalha-doras. Mas fazendo umha re-visom histórica por este tipode mobilizaçons no nossopaís e no conjunto do Esta-do espanhol, onde as grevesgerais nom ultrapassáromas 24 horas e estivérom en-cabeçados polos sindicatosmaioritários, salienta-se que,além de pequenas vitórias, aexpansom neo-liberal conti-nua a cortar nos direitos dapopulaçom trabalhadora.

As primeiras greves gerais daGaliza acontecêrom em 1984, nocontexto das duras conseqüên-cias que para os setores primá-rios galegos teriam os acordoseconómicos que exigia a Comu-nidade Económica Europeia(CEE), cuja evidência mais dra-mática foi a reestruturaçom dosetor naval. Após meses de pro-testos em Ferrol e Vigo, o sindi-calismo nacionalista, daquelanucleado na INTG, convoca aprimeira greve geral galega a 14de fevereiro de 1984, que na prá-tica era umha forma de expandira nível nacional a luita do naval.A conflituosidade continua e pa-ra 12 de junho do mesmo anoconvoca-se umha segunda grevegeral galega à qual adere CCOO.As mobilizaçons dos operáriosdo naval mantenhem-se e CCOOe INTG fam um novo chama-mento à greve geral a 29 de no-vembro de 1984, a terceira nomesmo ano. Nesta ocasiom aconvocatória conta com a impli-caçom do Sindicato Labrego Ga-lego, de maneira que as mobili-zaçons se estendem também aomundo do rural. As propostasque chegavam da parte do Go-verno continuavam a ser insufi-cientes para o naval, mas final-mente os afetados pola reconver-som fôrom acolhendo-se aos'Fundos de Promoçom de Empre-go' que aprovara recentemente oGoverno do PSOE.

A seguinte greve que se viveuna Galiza aconteceu a 20 de ju-nho de 1985. Neste caso, a para-

lisaçom tinha sido convocada anível estatal por CCOO e outrasforças como USO ou CNT. AUGT nom apoiou esta jornada demobilizaçom contra os cortesnas pensons do governo socialis-ta. Na Galiza a greve é convoca-da pola Confederaçom Geral deTrabalhadores Galegos (CXTG).A manifestaçom central em Vigodecorreu sob umha faixa quenesta ocasiom ia assinada porCCOO, CXTG, USO, CNT, Sindi-cato Galego de Sanidade (SGS)e Sindicato Livre da MarinhaMercante (SLMM). Após estasmobilizaçons o governo estatalabriu negociaçons para aproxi-mar posturas com os sindicatos,mas a Lei de Pensons aprova-sesem o apoio destes.

Em 1988 a viragem neoliberaldo PSOE já era patente e provo-cara a rutura com UGT, centralque passa a apostar na unidadede açom com CCOO. A 14 de de-zembro desse ano os dous sindi-catos espanhóis maioritáriosunem-se para convocar umhagreve geral no Estado espanhol.Na Galiza, a greve geral do 14-Dimplica um avanço positivo nasrelaçons entre a INTG e a CXTGao se realizarem convocaçonsconjuntas nas principais cidadesgalegas. É também a primeiravez numha greve geral que ascentrais sindicais galegas reali-zam convocaçons separadas dasde CCOO e UGT. O eixo central

das reivindicaçons do 14-D foi aretirada do Plano de EmpregoJuvenil que introduzia a preca-riedade laboral na mocidade. OGoverno do PSOE tivo que reti-rar o Plano, enquanto CCOO eUGT empregavam o sucesso dagreve para se legitimarem e re-clamarem umha negociaçom“em paridade” com o Governo.

Anos 90: a ‘normalidade’No ano de 1992 o sindicalismogalego toma a iniciativa e convo-ca umha nova greve geral denun-ciando a submissom da Junta deManuel Fraga às políticas do Go-verno e a CEE. Esta greve convo-ca-se para o dia 2 de abril e nelaparticipam CIG, CCOO, UGT,SLG, UUAA e USAG. Dezenas demilhares de pessoas saírom àsruas numha jornada de mobili-zaçom por e para a Galiza.

Também em 1992 se convocaumha nova greve a nível estatal.A 28 de maio, CCOO, CIG e UGT

partilharám faixa nas mobiliza-çons contra o decreto do desem-prego e o projeto de Lei de Gre-ve. Após a greve, o PSOE rene-gocia a Lei de Greve com os sin-dicatos, mas nom recua em rela-çom aos cortes nas prestaçonspor desemprego. Nesta ocasiomo Governo espanhol lança-se àbatalha dos números elaborandopola primeira vez umha sonda-gem na qual som rebaixados sig-nificativamente os números queapresentam os sindicatos. En-quanto as formaçons convocado-ras a nível estatal situavam a par-ticipaçom em 80% o Governo in-dicava apenas 34,5%.

Em 1994 chega a reforma la-boral mais agressiva do PSOE.Entre as novidades do “socialis-mo” espanhol está o reconheci-mento das ETT's ou o incremen-to das causas para os despedi-mentos objetivos. A 27 de janei-ro desse mesmo ano umha grevegeral percorreu o Estado espa-nhol para deter a enésima imer-som neoliberal do PSOE, mas ogoverno faria ouvidos surdos àmobilizaçom. A greve tiveratambém um amplo sucesso naparticipaçom. Na Galiza, deze-nas de milhares de pessoas saí-rom à rua convocadas porCCOO, CIG, UGT e USO, quevoltárom a manifestar-se con-juntamente. Mas nesta ocasiomo PSOE calava e empregava aestratégia mediática da “norma-

lidade”, louvando o “comporta-mento cívico dos cidadaos”. Naspróximas eleiçons estatais de1996 o Governo o PP de JoséMaría Aznar ganharia o poder.

Século XXIAnos depois, CIG e UGT convo-carám greve geral na Galiza pa-ra o dia 15 de junho de 2001 con-tra a reforma laboral que o PPpromovera e que tornava maisbarato do despedimento. As mo-bilizaçons em todo o país contá-rom com faixas conjuntas deCIG e UGT e mesmo com a pre-sença de Cándido Méndez, se-cretário geral do sindicato espa-nhol, na manifestaçom de Vigo.Segundo análises sindicais, foi apartir desta jornada que o pe-queno comércio começou amostrar-se reticente a secundaras greves gerais.

A greve geral estatal contra ogoverno de Aznar aconteceu nodia 2 de junho de 2002. Esta novaconvocaçom tinha lugar depoisde que o PP anunciasse umha sé-rie de reformas nas prestaçonspor desemprego, que teria comopontos mais polémicos o fim dossalários de tramitaçom por des-pedimento improcedente ou aobrigatoriedade para os desem-pregados de aceitar qualqueroferta de emprego seja qualquerfor a distáncia com o seu domicí-lio. A greve, que na Galiza foiconvocada por CCOO, CIG eUGT, que concorriam com amesma faixa nas manifestaçons,voltou a ser um sucesso e as mo-bilizaçons no país fôrom massi-vas. Quatro meses depois, o go-verno de José María Aznar pac-tuava com os sindicatos a retira-da dos pontos conflituosos da re-forma de desemprego.

A esta longa caminhada aindadevem acrescentar-se as expe-riências das últimas greves de2010, 2011 e a do passado dia 29de março, ainda recentes na me-mória e que acolhêrom mobiliza-çons massivas. Apesar dos ouvi-dos moucos dos governos, já ospróprios sindicatos estám a lan-çar a mensagem de que o confli-to social recrudescerá. Ademais,espera-se que novas experiên-cias militantes que se nucleiamao redor do mundo nascido apartir dos acampamentos demaio do ano passado deem umnovo impulso às mobilizaçons.Ficam greves gerais por noticiar.

Memória nova das velhas greves

em 1984 houvo trêsgreves gerais pola

reconversom naval

Pequeno Percurso Polas Paralisaçons Gerais da Galiza e do estado esPanhol até 2002

a greve de 1992 representou a aliança

labrega e operária

MANIFESTAÇOMdos sindicatos nacionalistas nagreve do 14 de dezembro de 1988

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12 internacional Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

o povo sírio confronta-se num conflito em que os seus interesses nada importama terra treme

Com a frase do titular definiuà perfeiçom o analista Rodri-go de Terán o conflito quedesde 26 de Janeiro confron-ta sobre território sírio os in-teresses de umha multidomde potências, mas tambémimpotências, internacionais.

DANIEL R. CAO / A 26 de janeiro de2011, as principais cidades da Sí-ria adeririam à vaga de contesta-çom social que nasceu na Tunísiaem dezembro do ano anterior eque de Marrakech a Damascouniu os povos árabes sob um pro-grama comum, como comunseram, e para muitos deles conti-nuam a ser, as suas problemáti-cas. À partida, era precisamentea Síria onde menos ia dar de si aprimavera árabe. Enquanto as di-taduras de Marrocos, Tunísia eEgito carregavam com umha his-tória de absoluto desprezo e re-pressom contra as reclamaçonsda populaçom, o caso sírio era di-ferente. Após a morte de Hafez al-Assad e posterior herança do car-go por parte do seu filho Basharno ano 2000, abriu-se umha épo-ca de reformas. A solidariedadeinternacional do governo de Ha-fez al-Assad, que o levou mesmoa confrontos bélicos com Israel,criou umha imagem do executivosírio que contrastava com a re-pressom que este exercia contraa oposiçom interior, política queo seu herdeiro tentou suavizarmediante a declaraçom de váriasamnistias. Estas amnistias, soma-das à maior concessom de liber-dades políticas, favorecêrom arearticulaçom de umha oposiçomque, em protesto pola crescenteinflaçom e exigindo alternánciapolítica, tomaria as ruas. Mas co-mo é que deriva umha vaga decontestaçom social numha quaseguerra civil que anda perto das9.000 vítimas?

A Síria nom é Iémen, outro paísem que as revoltas deixárom mi-

lhares de vítimas que nom tivé-rom maior repercussom, senomumha naçom lindante com umpré-membro da Uniom Europeia,com Israel, e com o Líbano, umhaposiçom geoestratégica funda-mental para garantir a paz noOriente Médio, e porque nom di-zê-lo também, o poder. Mais ain-da quando os outros dous gran-des valedores do Ocidente na re-giom estám fora de jogo após aqueda de Gadaffi, ainda que o po-der total atingido pola OTAN naLíbia fará que esta situaçom se re-componha, e a decrepitude de Is-rael. Eis a primeira das grandesdiferenças com o resto de paísesonde as revoltas derivárom emprocessos sanguentos.

Umha segunda, a extensom doconflito. Do mesmo modo que nainvasom da Líbia se criou o mitoMisrata, cidade em que a oposi-çom se tornara forte, na Síria estáa surgir Homs como estandarte daoposiçom. Nesta cidade do norte éonde mais se estám a recrudesceros combates entre os fiéis ao go-

verno e a sua oposiçom, mas aocontrário que com Misrata, nomse sabe, ou melhor dito, oculta-seo porquê da sua centralidade.Homs, junto com Hama, fôrom ascidades em que em 1982 se produ-ziram levantamentos contra o go-verno Hafez al-Assad, levanta-mentos levados a cabo pola mino-ria sunita e comunidades salafis-tas (rama teocrática do Islám emque se circunscreve Al Qaeda). Osmesmos salafistas que com a suasuposta omnipresença som váli-dos para desacreditar qualquerprocesso político, tanto no Oriente

como recentemente em África (ve-ja-se o caso dos tuaregues de Ma-li), som agora os protagonistas.Este dado é relevante porquanto oconflito nom está presente já nasruas de Damasco, senom comple-metamente deslocado para aque-las cidades em que a oposiçomnom é só política.

Muito cocho e pouco cortelhoDepois de vistas as causas doconflito, umha pequena olhadasobre as façons confrontadas po-de dar também várias pistas paraa análise, nomeadamente porquecomo se afirmava na entrada des-te texto, quem morre é o povo sí-rio, quem combate som outros in-teresses. Do lado de Bachar al-As-sad, os apoios fundamentais, polasua releváncia, som dous: porumha parte a Rúsia, à qual o des-crédito interior de Putin nom im-pede crescer exponencialmente asua influência no panorama inter-nacional, chegando a bloquear in-clusive resoluçons da ONU con-tra a Síria, e assim ganhar aliados

na sua cada vez mais realistaaposta na multipolaridade global,que quer protagonizar. Por outra,e conectando já com os partidá-rios da outra façom, está a ala síriado Partido dos Trabalhadores doCurdistám (PKK). Esta organiza-çom alia-se com al-Assad porqueeste sempre tem respeitado a suareivindicaçom e sobretodo porquecompartilham um inimigo co-mum: a Turquia. O governo de Er-dogan viu na primavera árabe um-ha oportunidade histórica para er-guer-se como líder dos países demaioria mussulmana e exportar oseu modelo de democracia, ánsiaque só viu realizada no Egito e naTunísia, com as vitórias eleitoraisdos partidos islámicos, e que severia reforçada com umha vitóriana Síria. Porém, o Conselho Na-cional Sírio (sediado em Istam-bul), e só reconhecido como auto-ridade legítima pola Líbia da NA-TO e polos EUA, debilita-se poloabandono constante de opositorese organizaçons progressistas.Atualmente o CNS encontra-seneste momento, entenda-se o du-plo sentido, desaparecido emcombate. Só reconhecido comoautoridade legítima por dous paí-ses e como interlocutor pola UE,limitou-se, nas ultimas datas, a so-licitar à comunidade internacio-nal, através do seu presidente Bur-han Ghalioun, “armas para a opo-siçom” na conferência denomina-da ‘Amigos da Síria’, que reuniuos previamente referidos e Israel,cujo papel de fornecedor de armasjá foi denunciado tanto polo go-verno de al-Assad como por opo-sitores sírios residentes na Galizaconsultados por este jornal.

Síria: um sujo jogo de xadrezPotências internacionais estÁm Por trÁs de um conflito que confronta interesses diferenciados

os sírios morrem,os interesses som os que combatem

assistimos à confrontaçom de

modelos autoritários

tem umha posiçomestratégica para a

paz no oriente médio

OPOSIÇOM SíRIArecuperou como símbolo abandeira prévia à chegada de Al-Assad

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13internacionalNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

“o século XX deixou claro que nom há como reformar o capitalismo, e também a inviabilidade do socialismo em países isolados”além minho

DANIEL R. CAO / Os interesseseconómicos e geopolíticos de vá-rios países ocidentais, sobretodoo Estado espanhol, fam com queàs vezes determinadas luitas ul-trapassem as fronteiras em queestas se desenvolvem. Um casoparticular é o do Saara; porém,nom é o único conflito territorialhistórico no seio do Reino deMarrocos: a comunidade ama-zigh tem estado a reclamar desdehá anos o reconhecimento dassuas peculiaridades idiomáticase culturais. O epicentro destasreclamaçons encontra-se no nor-

te de Marrocos, numha regiomque compreende desde a Al Ho-ceïma até a cidade espanhola deMelilha: a República do Rife. Aparticular situaçom de margina-lizaçom a diversos níveis da po-pulaçom nativa fai com que ade-mais seja este território onde sedesenvolvem os maiores proces-sos de conflituosidade social,desde o movimento 20-F, expres-som marroquina das revoltas noMagrebe do ano passado, até oincipiente movimento dos licen-ciados no desemprego. Mas, re-centemente, concretamente a 5

de março, umha velha reivindi-caçom voltou a ser motivo demobilizaçom: umha maior auto-nomia. Durante umha manifes-taçom e posterior marcha até acapital, Al Hoceïma, foi notória apresença de bandeiras da Repú-blica do Rife, bem como a ban-deira multicor, símbolo berbere.

A origem do conflito localiza-se nos começos do século XX,durante a colonizaçom de Mar-rocos por parte de espanhóis efranceses. Como a história sem-pre a contam os vencedores, éhabitual ver como o chamado"desastre de Annual" nom foi tallevantamento do povo marroqui-no contra o exército espanhol,senom um dos líderes da regiomrifenha, Abd el Krim, quem orga-nizou as tropas locais para expul-sar o invasor. Durante os cincoanos que durou a independência,a República do Rife chegou a ela-

borar a sua própria constituiçom,que mesmo se poderia conside-rar avançada para a sua época, esolicitar a sua entrada na aindaexistente Sociedade das Naçons.Porém, cinco anos depois, a uni-dade de tropas espanholas efrancesas, que mediante o de-sembarco em Al Hoceïmas pre-tendiam recuperar as posiçonsperdidas na zona, finalizou como processo de libertaçom. O pos-terior reparto colonial, faria comque a República do Rife passassea formar parte do que hoje se co-nhece como Reino de Marrocos.

nos cinco anos que durou a independência, a república do rife chegou a elaborar a sua própria constituiçomPovos

República do Rife: aspiraçom berbere

“marx é um filósofo mal compreendido polasnecessidades de socialdemocratas e estalinistas”E. MARAGOTO / Com mais dedous anos na rede, o Diário Li-berdade (DL) chegou para fi-car. E nom tanto como projetoconcreto senom como ideiaque já revolucionou a maneirade entender a troca de infor-maçom alternativa da Galizacom o mundo. Para quem ain-da nom conheça, trata-se deum portal noticioso anticapita-lista para os países lusófonosque, claro, inclui o nosso país.Tanto, que é acô onde se en-contra o coraçom do projeto eo mais importante fluxo de no-tícias. Porém, nom de visitan-tes: metade dos 10.000 diáriosprovenhem do Brasil, ao ladodo qual, pode dizer-se que aGaliza e Portugal ocupam unsdiscretos segundo e terceirolugares. Sobre isto e mais cou-sas conversamos com LucasMorais, jornalista de Belo Hori-zonte (Minas Gerais) que faiparte da equipa do DL no gi-gante da América Latina, comoredator, tradutor e editor.

Tens ampla formaçom marxis-ta... isto continua a ser impor-tante para dialogar criticamentecom a sociedade? Para dar alter-nativas ao capitalismo?Os estudos marxológicos, sobre opensamento de Marx, hoje mos-tram o vigor de umha ontologia

(ciência do ser) que foi pouco tra-balhada pola tradiçom ativista, etampouco a filosofia. Marx aindaserá (re)descoberto e espero cola-borar neste sentido, dado que éum filósofo muito mal compreen-dido, especialmente polas neces-sidades políticas que tivérom a so-cialdemocracia, o estalinismo, en-tre outras vertentes. O século XXdeixou claro que nom há como re-formar o capitalismo, e também a

inviabilidade do socialismo empaíses isolados, em revoluçonsque degeneraram em sociedadespós-revolucionárias burocráticas.Há muitas questons fundamen-tais, como o próprio caráter alie-nante da política estatal/institu-cional, as burocracias, etc., queprecisam ser recolocadas.

O que é um portal anticapitalis-ta? Um portal pró-...?

É aquele que concentra as suasenergias nas informaçons que in-teressam às pessoas que preten-dem transformar as relaçons so-ciais atuais, capitalistas. Assumea sua parcialidade, o seu posicio-namento filosófico-prático, e pre-tende unir em colaboraçom deequipa toda a esquerda interessa-da, numha iniciativa pró-socialis-ta, nom-sectária e mobilizadora,com a Agenda da Liberdade.

Como pode acontecer que umportal destas características sur-ja antes na Galiza que no Brasil? Os portais brasileiros sempre esti-vérom atrelados a partidos e or-ganizaçons. Nom foi feito um tra-balho de iniciativa independentee nitidamente anticapitalista, porumha série de questons que nomcabe resumir aqui, mas há portaissemelhantes, como o Brasil De Fa-to, que também tem um jornal im-presso e é apoiado polo MST.

Colaboras com outros meios decomunicaçom parecidos ao DLou ao próprio NOvAS DA GALizA.Poderias resumir-nos o panora-

ma geral da ‘mídia’ alternativabrasileira?Colaboro também com jornais,blogs e sítios alternativos com ar-tigos e traduçons. O panorama ge-ral da ‘mídia’ alternativa brasileiraé muito ruim, já que a esquerdatem sido muito mal-informada e etem ficado a reboque da agenda econcepçom jornalística dos meioscapitalistas. Há muito que explo-rar, apesar de existirem boas ini-ciativas como Caros Amigos, Bra-sil De Fato, Carta Maior...

Que lugar ocupa o DL entre es-soutros meios alternativos brasi-leiros? Poderá ajudar a variar aopiniom dos brasileiros em rela-çom à Galiza? O DL tem apresentado um poucoda Galiza aos brasileiros, mas éum trabalho de longo prazo.Quem acessa desde o Brasil tam-bém é informado das pautas gale-gas e do Estado espanhol. Acredi-tamos no internacionalismo, tra-diçom necessária para as lutasque foi destruída sistematicamen-te durante o século XX. O nossoprincipal diferencial tem sido serum veículo que expressa as con-tradiçons e convergências da es-querda anticapitalista, já que nonosso portal há materiais de anar-quistas, maoístas, trotskistas,marxistas, estalinistas, indepen-dentes, libertários, etc.

lucas morais é editor do diÁrio liberdade no brasil

“o diário liberdadetem levado um poucoda galiza ao brasil”

o conflito começacom a colonizaçom

espanhola e francesa

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14 a exame Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

a exame para a oposiçom nacionalista o grande problema dos concelhos nom está na anexom, mas no financiamento

ALONSO VIDAL / Efetivamente, osmeios de comunicaçom, entramao trapo na “faena” do presiden-te. Ao dia seguinte, essa fusomvirava trending topic de conver-sas e tertúlias. O que nom conta-vam os jornais era que a anedó-tica proposta fora preparada emrigoroso secreto entre os dousalcaldes do PP e a Junta, semque chegasse a ser conhecidapolas respetivas corporaçons lo-cais e muito menos ainda polosvizinhos afetados. Em palavrasdo professor Xavier Vence, “ha-via que manter o segredo até odia acordado para permitir a Fei-jóo tapar o fiasco da sua gestomem todo o legislativo”.

O modelo europeuMas o melom da fusom municipalfoi encetado, sob forma de mar-keting político, e permite-nosabordar uma questom de atuali-dade na Europa, sobretodo desdea etapa mais virulenta da crise fi-nanceira. O Conselho da Europatem marcado uma recomenda-çom de fusom entre municípiosque tenham entre 5.000 e 10.000habitantes. A ideia perseguida éreduzir orçamentos, diminuindoo número de cargos públicos epôr em marcha projetos comuns,como centros sociais, infantáriosou equipamentos desportivos. Acrise económica fai com que estasmedidas nos sejam apresentadascomo se fossem inevitáveis e tes-

tadas já com êxito noutros paísesda Europa desde a década de 60.Assim, a Islándia reduziu de 7200para 70 os seus municípios, a Le-tónia de 500 para 118 ou a Dina-marca de 271 para 98.

Agora numha Grécia resgatadavárias vezes e abafada pola crise,o chamado Plano Calícatres vaideixar os seus 940 concelhos emapenas 325. Simplesmente desa-parecerám os municípios de me-nos de 10.000 habitantes

Na Itália, a reestruturaçom daetapa de Berlusconi foi aindamais longe, pois levou à fusom deconcelhos com menos de 1000habitantes e eliminou provínciasde menos extensom e de popula-çom inferior a 300.000.

Também em Portugal existedesde há anos um controvertidoplano de reduçom de freguesias,que até agora a maciça oposiçompopular conseguiu travar. As ca-racterísticas “freguesias” portu-guesas, semelhantes às nossasparóquias mas que som divisonsadministrativas reconhecidas, se-rám reestruturadas: doravanteserám suprimidas as freguesiasque tiverem menos de 150 habi-tantes e as que tiverem mais de500 vizinhos/km2 e pertençam aconcelhos que ultrapassem os2000 moradores serám fundidas.Os partidos políticos de esquerda,nomeadamente o PCP, estám amobilizar a populaçom para im-pedir que o plano seja aplicado.

As Deputaçons intocáveisNo Estado espanhol há 41 Depu-taçons, sete Cabildos insularesnas Canárias e quatro Conselhosinsulares, nas Baleares. Cada De-putaçom é composta por um mí-nimo de 25 deputados e um máxi-mo de 51, segundo a populaçomda província. Devemos contarainda cadanseu presidente, váriosvice-presidentes, juntas de gover-no, plenos, etc. As despesasanuais estimadas de funciona-mento andam perto dos 22.000milhons de euros. Alguns partidospolíticos espanhóis estám a res-saltar esse gasto inútil e propo-nhem poupar aí, antes de se abor-dar a questom da fusom munici-pal. Lembremos que mais de milmunicípios do Estado espanholtenhem menos de 100 vizinhos e3796 municípios tenhem menosde 500 moradores. Transferir omodelo italiano para o Estado es-panhol envolveria realmente umareduçom drástica de entidades lo-cais, mas a Galiza –polas sua ca-racterísticas de distribuiçom po-pulacional– quase nom se veriaafetada: Aqui nom temos nenhum

concelho de menos de 100 habi-tantes e dos 4861 com menos demil vizinhos de todo o Estado,apenas 22 som galegos. Parado-xalmente, existem porém conce-lhos galegos de grande extensom,dos maiores do Estado, com muitapouca populaçom, conseqüênciado abandono e desleixo a que estásubmetido o mundo rural.

Muitas vozes críticas se alçamcontra esta política improvisadade fusons. Algumas delas que pro-venhem de ámbitos universitá-rios, mesmo duvidando do efeito-poupança da medida. Reduzem-se administraçom política, cargos,secretários etc., mas as vagas defuncionários, polícia, assistência,limpeza, dependência… deveriamaumentar para atender umamaior extensom municipal. Poroutra parte, o nacionalismo gale-go, sem negar a hipótese de algu-ma fusom municipal, bem anali-sada, exige que se demonstre acredibilidade do projeto eliminan-do inicialmente os entes provin-ciais. Aí radica o principal proble-ma político, já que a desapariçomdas Deputaçons significaria desfi-gurar o perfil da “província “ es-panhola, reconhecida na Consti-

tución e defendida à morte polospartidos políticos espanhóis comosímbolo de “espanholidade” Osgovernos sucessivos de PSOE ePP abstiveram-se de iniciar esteprocesso de eliminaçom e mesmoavultárom a “administraçom peri-

férica”, designando delegados esubdelegados provinciais, estataise autonómicos, figuras sem com-petências reais e de manifestainutilidade.

Assim, as Deputaçons na Gali-za levam metade do orçamento,mas som instituiçons intocáveispor motivos ideológicos e de con-trolo político. As delegaçons terri-toriais também se conservam semqualquer funcionalidade prática;enquanto as iniciativas existentesde consórcios, mancomunidadese áreas metroplitanas som boico-tadas polo governo galego.

A proposta de Feijóo é tachadade frívola e “tramposa”, a jeito deválvula de escape ante a inope-rância. Para a oposiçom naciona-lista, o grande problema dos con-celhos galegos, nom está na fu-som, mas no financiamento, queo PP foi reduzindo ano após ano,desde os 549 milhons de euros de2008 até os 369 de 2010. Além dis-so, o modelo de financiamentocontinua sem se adaptar à reali-dade galega, segundo Xavier Ven-ce, “por nom atender a critériosde dispersom e avelhamento, nema necessidades de prestaçons sa-nitárias ou de dependência”.

O próprio PP é contrárioAlcaldes do PP também nom gos-tam do projeto e começam a orga-nizar-se para evitar que a suas pol-tronas se vejam mexidas. Agora jáandam a apostar em fórmulas co-mo a do consórcio para optimiza-rem custos. O mesmo Louzán apa-drinha a iniciativa de gestom con-junta dos concelhos de Cotobade,Campo Lameiro, Forcarei e Cer-dedo. Os quatro somam 13.000 ha-bitantes e gastam quase 400.000euros em salários de alcaldes eedis liberados. O governo Feijóovai ter mesmo um problema polí-tico no seu grupo, se decidir ex-plorar a via da fusom municipal.Mas já sabemos que o de Oça dosRios e Cesuras, esse dia no Parla-mento, foi só para a galeria.

Fusons municipais de Feijóo: novos foguetes de artifício

as dePutaçons, que levam metade do orçamento, utilizam-se Para o controlo PolíticoNo passado mês de março, o presidente da Junta, durante odebate do estado da Naçom, decidiu tapar três anos de ino-perância com uma proposta mediática. A soluçom ao de-semprego em 45 dias, prometida em campanha eleitoral, de-

veria esperar um bocado mais. O tempo estritamente ne-cessário para conseguir a fusom dos concelhos de Oça dosRios e Cesuras... Se nom houver gestom nem projetos, de-cide-se apostar no espetáculo.

alcaldes do pp nom gostam do

projeto e começam a organizar-se

NÚÑEZ FEIJÓO acompanhado polos alcaldes de Oça dosRios e Cesuras, o conselheiro da Presidênciae o presidente da Deputaçom da Corunha

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15dito e feitoNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

A velha na Horta nasceu hápouco mais de um ano. Porquedecidides juntar-vos e qual é operfil da gente da associaçom?A ideia nasceu com umha reu-niom prévia a um concerto queorganizávamos algumhas pes-soas que hoje estamos na asso-ciaçom. Daquela consideramos,com grande acerto, que era ne-cessário impulsionar a criaçomdum coletivo ou associaçom on-de poder coordenar todas aque-las atividades que até esse mo-mento se estavam a fazer por se-parado. Somos todas moças emoços que nom superamos os 25anos e a maior parte somos doRosal ou da Guarda. A maiorparte estudamos, já que com anossa idade o panorama nom es-tá para outra cousa...

Desenvolvestes um mercadinhosustentável, umha palestra so-bre a Lei de Águas, e até o pró-prio nome da associaçom fai re-ferência ao agro. Parece que oecológico e o rural som prioritá-rios para vós...Bem, para além de sermos do ru-ral, sabemos quais som as preo-cupaçons da gente com que con-vivemos. Por isso tentamos fazeratividades que gostem a toda essagente interligando-as em certomodo com o tema sócio-político,que já nom é tam bem acolhido,muitas vezes, a primeira vista.

Tendes também umha folha in-formativa das novas locais, Avelha informa. Que temas fô-rom tratados nela? E qual é aacolhida que tem entre a genteda zona esta iniciativa?Sim, ocorreu-se nos fazer umha

folha informativa mais que nadapara manter um estilo semelhan-te nas nossas reivindicaçons oudenúncias, e assim ser mais facil-mente reconhecível pola vizi-nhança quando a vejam pola rua.Já vamos pola quarta e a verdadeé que nom ouvimos falar mui maldela...! A única que levantou umpouco de polémica foi a última,porque denunciamos os interes-ses que tinha certa gente da Guar-da em fazer-se com a comissomorganizadora das Festas do Mon-te 2012, e afinal pode ser que ser-visse para algo já que arrecuárome renunciárom à comissom.

No passado 3 de março finali-zou umha exposiçom que orga-nizastes sobre o rural portu-guês. Qual é o relacionamentoda vossa zona com o país luso,estando tam próximos?

Achamos que as relaçons deviamser muito mais intensas, mas, poruns motivos ou por outros, nom te-mos grande relaçom com as nos-sas vizinhas excetuando relaçonsde carácter pessoal. Ainda que, re-centemente, houvo um contato porparte de umha associaçom juvenilde Viana do Castelo que buscavaoutra associaçom galega para acriaçom dum projeto internacio-nal, mas nom podemos adiantarmuito porque ainda estamos co-meçando com os contatos.

isto leva-nos a outra questomtambém importante: escrevedes

e promocionades o reintegracio-nismo. Como é vista esta escolhaentre a vizinhança? implicou al-gum conflito o facto de escrever-des em galego-português?Cada vez empregamo-lo mais, so-bretodo à hora de dirigir-nos àmocidade. Temos ouvido certascríticas a respeito do tema, mascremos que nom criou conflitonengum, mais bem criou curiosi-dade, pois estando à beira de Por-tugal o discurso reintegracionistapode ser mais aceite pola genteque noutros pontos da Galiza.Mesmo assim, cremos que somosa primeira associaçom própria doBaixo Minho que emprega o ga-lego-português.

Pretendedes ser umha “alterna-tiva de ativismo social”. Qual éa situaçom da dinamizaçom cul-tural na vossa zona, é promovi-

da polas instituiçons? Existemoutras associaçons parecidas àvossa na Guarda e no Rosal?Sim, o que pretendemos é criarmentes críticas com a temática di-versa das nossas atividades. Asinstituiçons nom promovem, ape-nas permitem e nalguns casosapoiam, dependendo de cadaconcelho, claro. Existem quatroou cinco associaçons, mas em to-do o Baixo Minho (Tui, Tominho,o Rosal e a Guarda), com as quaistentamos manter cada vez rela-çons mais estreitas, mas esta di-námica ainda é recente, pois namaioria dos casos nom nos co-nhecíamos pessoalmente.

Que projetos tendes para o futuro?Bom, a verdade que estamos a tra-balhar em várias cousas. Assim,por cima, podemos dizer-vos quepor umha banda tentaremos man-ter o nível de atividades deste pri-meiro ano de vida, continuandocom as iniciativas que mais suces-so tivérom como puido ser o Mer-cadinho. Por outra banda, esta-mos à espera de ver como avançao tema com a associaçom portu-guesa. Também, no ámbito cultu-ral, levamos tempo preocupadaspolo futuro das Festas do Monte,quase centenárias, e para as quaistemos pensado fazer algo paraque saiam o melhor possível. Epor último, estamos a trabalhar nacriaçom de umha “CoordenadoraAnticapitalista do Baixo Minho”,para a qual estamos entrando emcontato com diversos coletivos,associaçons e organizaçons dacomarca, com o fim de criar umtecido associativo que sirva de fer-ramenta de luita contra o capital,tam necessária nestes tempos.

dito e feito

“Somos a primeira associaçom do BaixoMinho que emprega o reintegracionismo”

“estamos a trabalhar na criaçom de umhacoordenadora anticapitalista na nossa comarca”

entrevista coletiva à associaçom cultural ‘a velha na horta’

O. R. / Os campeonatos de futebol de salom convivem com as palestras na agen-da de atividades d’A Velha na Horta, umha associaçom do Baixo Minho que,com apenas um ano de trajetória, conta com um amplíssimo leque de iniciativasde dinamizaçom cultural da zona. Como tantos outros projetos do país, está

composta por jovens interessados na defesa do rural e na criaçom dum tecidoassociativo crítico na zona, para além da promoçom do reintegracionismo, um-ha das suas marcas características. As e os protagonistas da iniciativa falam-nos deste primeiro ano de andamento e dos seus projetos de futuro.

“criamos polémicana vizinhança com

trabalho efetivo”

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16 foto-rePortaGem Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

greve geral: a histórica jornada de luita traduzida em imagensfoto-rePortaGem

PIQUETES durante a madrugada em Vigo

A PRESENÇA e intimidaçom policial

foi umha constante

AS GRANDES SUPERFíCIES foram mais umha vez objeto de conflito, protegidas polas forças de segurança

OS CHAMAMENTOS À UNIDADE contrastárom com a incapacidade para articular manifestaçons unitárias

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17foto-rePortaGemNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

A IMAGINAÇOM estivo presente na forma de disfarces e performances em todo o Pais

CEIVARaproveitou a greve para reivindicar a liberdade dos presos e presas independentistas

CONVOCATÓRIA DA CUTlevou centos de pessoas a Cangas do Morraço

A ASSOCIAÇOM SEM PAPÉIS de pessoas imigrantes participou

da mobilizaçom na Corunha

EM COMPOSTELA grupos autónomos somarom-se à jornada com várias barricadas

a cortar o tránsito na céntrica rua de Virgem da Cerca

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GZ CONTRAINFO

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18 Perfil Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

Perfil quer estender o modelo caciquista do seu concelho e substituir a rede de lealdades do pp por outras com marca própria

H.C. - NGZ / Nascido em 1954 noconcelho que depois governaria,Pachi Vázquez entrou em políticacom o CDS de Suárez aduzindoanos depois que o fazia porquepensava que entrava a militarnum partido de centro-esquerda.O que nom lhe impediu de man-ter boas relaçons com a AP de To-más Pérez Vidal até o ponto deque se pensava que ia fazer parteda ‘aliança’ que logo deu em par-tido. Seja como for, acabou por in-tegrar-se em 1990 no PSdeG echegou a ser parlamentar auto-nómico entre 1993 e 1995, ano emque arrecadava a maioria absolu-ta no seu concelho natal.

Com a sua chegada ao podermunicipal marcou um estilo pró-prio. Antes e agora idealizava asmaneiras de fazer do PP dos caci-ques: buscava emular essa proxi-midade e conexom com os vizi-nhos e vizinhas para ganhar leal-dades, e assim destacou-se porconceder empregos pola via digi-tal a apoderados de Unions Agrá-rias e ‘carretadores’ de votos doPSOE municipal. E como paga-mento aos favores prestados, po-mos por caso, operários da briga-da de obras municipais colavamna campanha de 2003 cartazes dasua candidatura tapados com pas-samontanhas para garantir a clan-destinidade dos serviços paralelosprestados ao seu empregador.

Seguindo a linha que caracteri-zou a gestom municipal da direi-ta, o seu governo viu judicializa-das numerosas obras, públicas eprivadas, como um estaciona-mento subterráneo que pretendiaabrir por baixo da alameda semque estivesse previsto o aprovei-tamento do seu subsolo nas nor-mas subsidiárias.

Os movimentos de dinheirotampouco estivérom tam claros, eassim foi denunciado por nom pa-gar expropriaçons a vizinhos pa-ra obras municipais, como tam-bém assistiu à renúncia do inter-ventor da Cámara Municipal noano 2000 polas desavenças quemantinha este com as maneirasde gerir o dinheiro de Pachi. Em2003 o próprio Conselho de Con-tas via-se obrigado a fiscalizar osmovimentos dos cofres munici-pais, ao mesmo tempo que o mé-dico aduzia falta de independên-

cia por parte deste organismo pa-ra justificar as suas decisons.

E quando os juízes decidiamque havia delitos, nom tivo maisopçom que safar-se nas delega-çons. Ele nom é nunca responsá-vel: som-no as pessoas que abu-sam da sua confiança. Foi assimcomo actuou para eludir umhacondenaçom por parte do TSJGpor assédio laboral contra umhafuncionária à que quijo retirar oposto de trabalho que lhe corres-pondia para o entregar a umhacandidata do seu partido. Os tri-bunais impedírom-lho.

Nos assuntos de que depois se-ria máximo responsável autonó-mico, os relacionados com o am-biente, salientou pola morosidadedo seu Concelho para com a Man-comunidade Comarcal que admi-nistrava o serviço de recolha delixo, o que motivou que esta nompudesse realizar pagamentos semcontar com o dinheiro do maiorconcelho integrado no seu seio etambém o que mais resíduos ge-rava. Enfrentou-se à vizinhançado Senhorim e da Medela ao utili-zar sem o seu consentimento ter-renos que estiveram debaixo doregime de mao-comum antes dofranquismo para instalar um pon-to limpo, cuja gestom deveria tersido devolvida à comunidade.

Tivo que comparecer nos julga-dos por casos de falsidade docu-

mental, por denúncias de particu-lares ou do PP. Já em 2005, o jul-gado do Carvalhinho elevava aoTSJG denúncias contra ele porprevaricaçom, falsificaçom e as-sédio moral polo caso da anteditatrabalhadora municipal.

Habitual dos casos turbos, par-ticipou também na fraude arga-lhada polo filho do integrante doPP navarro Jaime Ignacio delBurgo através da empresa Hispa-no Lusa no Carvalhinho. Conce-deu licença e fundos para umhasobras que nom chegárom a exe-cutar-se, fazendo parte da redeque permitiu aos Del Burgo obte-rem mais de 12 milhons de euros

de organismos galegos para “pro-mover empresarialmente” a pro-víncia, como relatou o NOVAS DA

GALIzA no seu número 50.

Do nada à liderança do PSOENotabilizou-se Vázquez pola suahabilidade para crescer em poderdentro do PSOE. Antes de chegarà secretaria executiva da sua pro-víncia, encenou rupturas com aoficialidade ‘socialista’, como asua renúncia ao cargo de porta-voz na Deputaçom ou as críticaspúblicas à direçom do partido noinício da presente década. Ache-gou-se a Touriño quando fixa faltae distanciou-se dele quando o

considerou oportuno. Antes e de-pois de chegar à Junta e antes edepois de perder o poder nela. Pa-ra trepar na província colocoupessoas de confiança em posiçonschave e valeu-se do apoio dos seusbarons municipais. A estocada fi-nal contra Touriño deu-na quandoalinhou com José Blanco paraafastar os dirigentes que foramleais ao ex-Presidente. Após as-cender abeirado a Blanco comoseu homem de confiança, decideir por livre para nom desaprovei-tar oportunidades, provocando acriaçom da candidatura de Espi-nosa à secretaria-geral do PSdeGdesde Madrid, e rematando a suaamizade com o ex-ministro.

Paradoxal Conselheiro do MeioO que foi Conselheiro do MeioAmbiente e tivo em frente polasentidades conservacionistas aca-bou por artelhar a sua própria as-sociaçom ecologista. Em 2008, arecém-criada Federaçom Galegado Meio Ambiente (FEGAMA)obtinha 54% das ajudas para gru-pos ambientalistas, mais de600.000 euros dirigidos a umhaentidade fantasma liderada porquadros do PSOE e de UnionsAgrárias. A FEG obtinha um sub-sídio mui reduzido enquanto aADEGA nom obtinha um só euro.

Para os grandes problemas bus-cou “grandes soluçons” como amacro-depuradora do Lagares,contestada polos colectivos vici-nais e transbordada polos resí-duos de Vigo várias vezes, assimcomo o contestado mega-projectode parque do lixo no Ribeiro.

Atrasou a atualizaçom dos es-paços da Rede Natura 2000 coli-dindo com projectos de Indústria

Pachi Vázquez: clientelismo marca PSOE o médico do carvalhinho consolida-se no Poder do ‘socialismo GaleGo’ Polo seu calculado oPortunismo

O reeleito secretário-geral do PSdeG-PSOE, Manuel ‘Pachi’ Vázquez Fernández,mantivo sempre umha variegada competiçom polo poder do chamado socialis-mo galego em que conseguiu derrocar o emergente ‘tourinhismo’ impondo as te-ses e demandas de Ferraz em obediência aos ditados de José Blanco, quem ago-

ra apostou em Elena Espinosa rachando a frutífera aliança. Trás começar em po-lítica com o CDS e fazer-lhe as beiras à direita, o médico do Carvalhinho consegueduas maiorias absolutas neste concelho, lidera o PSOE ourensám, arrepanhaumha Conselharia e agora consolida-se como líder do partido na Galiza.

Numha entrevista voltou a constatar a suaadmiraçom polo controlo social exercidopolo modelo caciquil do PP na sua proximi-dade chantagista à cidadania. Dizia que de-veria haver militantes do PSOE “em cadaassociaçom de vizinhos ou em cada clubedesportivo” para retomar o poder na Junta“sem ser reféns do BNG” mas sem preten-der com isto umha mudança social. Querestender o seu modelo de gestom no Carva-

lhinho aos concelhos do país e substituir arede de lealdades do PP por outras commarca própria. O que fora acusado de utili-zar mecanismos da direita para fortalecer oseu poder nom oculta agora qual é a suaaposta para fazer crescer eleitoralmente oseu partido. Para amostra da estreita linhaque separa as suas formas das da direita, oseu número 2 na candidatura municipal doPSOE em 2003 mantinha na altura em vigor

o seu carnê de filiaçom ao Partido Popular.Em 2002, trás obter o poder provincial do

partido deixava claro o seu perfil declarandoem espanhol “te soy um jabalí”, um animalforte e bravo, que conhece bem a máquina “ysólo tengo que amarrarme al mástil si hayoleaje”. Assegurava que o orgulho fora o queo levara à política, junto ao afám de sociabili-dade. E espetava: “el que niegue que está enesto por vanidad pues... mal rollo”.

O neocaciquismo como objetivo confesso

valeu-se de tourinho,utilizou josé blanco edeixou-nos de lado ao

se afiançar no poder

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ALBA ALONSO / Os processos eleitorais acon-tecidos recentemente em todos os níveis degoverno acabam de situar a direita numhaposiçom de claro predomínio no Estado es-panhol. É evidente que esta mudança nomvem senom agravar os processos de pro-gressivo desmantelamento do Estado doBem-Estar. No entanto, as manifestaçonspúblicas de destacados membros do PartidoPopular parecem apontar a que, apesar dastais reformas e da diminuiçom das despesaspúblicas, as políticas de igualdade benefi-ciam de proteçom especial que lhes garantea continuidade. No contexto galego, o presi-dente Feijóo acaba de afirmar que o seu par-tido nom só é pioneiro no desenvolvimentodeste tipo de atuaçons na Galiza, como tam-bém que na sua etapa de governo se déromavanços notáveis neste ámbito. A nível esta-tal, a ministra responsável da matéria, AnaMato, começou o seu mandato afirmandoque as políticas de género som umhas polí-ticas de todos, nas quais o mais importanteé preservar o consenso existente. À luz des-te tipo de declaraçons pareceria que nomsomente existe um acordo notável a respei-to das linhas de trabalho para promover aigualdade de género, senom que estas ac-tuaçons, longe de se verem afetadas polocontexto de crise económico-financeira,vam ser consolidadas. Nom obstante, queleitura podemos extrair da evoluçom destaspolíticas desde o começo da crise no ano2008 e, mais recentemente, desde a ascen-som da direita ao poder?

Um primeiro elemento que permite entre-ver qual é a posiçom deste tipo de atuaçonsé a situaçom dos organismos de igualdade.O contexto de crise económica e a apostana austeridade orçamental serviu para jus-tificar a eliminaçom de várias instituiçons.

O exemplo do Ministério da Igualdade éneste caso paradigmático. Criado em 2008como máximo exponente da importáncia daigualdade na agenda do governo espanhol,foi degradado para Secretaria de Estado em2010 e vinculado a umha área atuaçom depouco peso político como a da Saúde. Estaalteraçom no organigrama véu a confirmara postura daquelas vozes que defendiamque este era o ministério de “igual-dá”, des-necessário e criado apenas por motivos elei-toralistas. Ademais, a eliminaçom deste de-partamento foi o revulsivo de que precisa-vam certas autonomias para se atreverem aquestionar organismos de longa trajetóriacomo o Serviço Galego da Igualdade ou oInstituto da Mulher da Regiom de Múrcia,ambos eliminados.

As leis de igualdade, pola sua parte, sofré-rom também o impacto da alteraçom do con-texto. Até três normas que chegárom a serprojeto de lei, as elaboradas na Catalunha, nasIlhas Baleares e em Cantábria fôrom paralisa-das polos seus respectivos governos conserva-dores, renunciando ao desenvolvimento de re-gulamentaçom vinculativa neste ámbito. Ou-tros textos que, polo contrário, fôrom aprova-dos em autonomias como Extremadura ouCastela-La Mancha manifestam o impacto damudança política na falta de regulamentaçomque as desenvolva, de modo que continuam aconstituir meras declaraçons de intençons.

Quanto ao nível estatal, é paralisada a Lei In-tegral para a Igualdade de Trato e a Nom Dis-criminaçom. Inspirada polas normas euro-peias, esta norma centrava-se em ampliar odireito anti-discriminatório existente incluin-do nom só a discriminaçom baseada no sexo,como também a relativa ao nascimento, à ori-gem étnica, à orientaçom sexual ou á língua.

Em terceiro lugar, é possível também en-trever um claro câmbio na agenda políticaem matéria de igualdade. A ministra anun-ciou que se irá manter o consenso nesta ma-téria, mas é evidente que existem diferentesconceitos do que é a igualdade de género ede como se consegue. No período de gover-no anterior entendeu-se que era necessárioimplementar quotas que dessem acesso àsmulheres aos postos de poder e que se deviaalterar o quadro normativo para permitirque as mulheres decidissem sobre a sua ma-ternidade. Hoje, as linhas de atuaçom sombem diferentes. Em primeiro termo, tal co-mo foi enunciado na primeira sessom daComissom de Igualdade do Parlamento es-panhol, as prioridades nesta legislatura se-rám a violência doméstica, o emprego e aconciliaçom. O uso das palavras nom é, na-turalmente, casual. A violência volta a serdoméstica porque se aborda em grande me-dida com umha perspectiva assistencialistae se proponhem medidas especialmente di-rigidas aos menores. No ámbito laboral re-cupera-se o termo conciliaçom, voltando asituar as mulheres como principal objectivodas atuaçons públicas e como responsáveisde conseguir compatibilizar a vida laboral,pessoal e familiar. Ademais, com a paralisa-çom da lei de dependência, a precarizaçomdo sistema educativo e da rede de infantá-rios ou a perda dos direitos da classe traba-lhadora torna-se mais difícil, se tal é possí-vel, conseguir este equilíbrio entre a esferapública e a privada.

Organismos, leis e linhas prioritárias deatuaçom mostram desta maneira nom sóque se está a pôr em causa a continuidadedas políticas de igualdade, como tambémque a nova agenda na matéria dista muitode ser feminista.

19em anÁliseNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

está em causa a continuidade da açom polaigualdade, que desaparece da agenda políticaem anÁlise

como o reparto dos espaços paraa planificaçom eólica e enfrentou-se a plataformas como a Rede Ga-liza Nom Se Vende sentenciandoque “nom é justo que cheguemagora dando liçons de como sedefende o ambiente”, polo que aúnica soluçom passaria por “serum pouquinho pragmáticos”.

Defendeu contra vento e maréa gestom de Sogama com o PSOEconfrontando-a com a época doPP, ao tempo que se conhecia co-mo enterravam em Cerzeda maisde 6.000 toneladas sem despoluirprocedentes dos dragados do Por-to de Vigo. Ou como tinham feitoo mesmo com mais de 12.000 to-neladas de restos médicos alta-mente tóxicos sem ter sido inci-nerados. Os responsáveis eramsempre outros e solucionou aquestom destituindo mandos in-termédios. E salvando sempre acabeça do controvertido José Ál-varez Díaz, a quem colocou àfrente da Sociedade Galega doMeio Ambiente.

O respeito à Lei de Costas poloque deveria velar nom lhe impe-diu comprar umha vivenda na de-nunciada ‘Villa PSOE’ da Ilha deArousa, a 20 metros da praia, on-de será vizinho do seu ex-amigoJosé Blanco ou do ex-conselheirode Trabalho Ricardo Varela.

A sua mulher, a vereadora noCarvalhinho María Xosé Pérez,foi assinalada por entidades am-bientalistas pola matança de ani-mais na canceira municipal pe-rante a iminência dumha inspe-çom polas reiteradas denúncias àscondiçons em que se mantinha oscans. A falta de previsom por par-te dos responsáveis da ‘soluçomfinal’ fijo que as fojas comuns quede maneira ilegal tinham instala-do na própria canceira se desco-brissem, desvendando o sacrifícioilegal de animais. Apesar de quese justificárom dizendo que amesma era de outra época, os fo-tógrafos pudérom registar restosde sangue fresco na mesma.

Crise, mudança política e açons para a igualdade

a ‘austeridade’ serviu para justificar a eliminaçom

de entidades como o ministério de igualdade

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20 a fundo Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

organizaçons camponesas e de consumidores advertem de que a europa pode perder a capacidade para se alimentara fundo

RAUL RIOS / A PAC continuarámantendo um sistema de ajudasaos proprietários mas continuarásem regular nem os preços nem aproduçom, fazendo caso omissodas organizaçons labregas. ACoordenadora Europeia Via Cam-pesina qualifica a política como“umha simples distribuiçom desubsídios”. Ao nom haver instru-mentos para impedir os exceden-tes estruturais ou a escassez, ospreços continuarám instáveis etenderám a baixar. A única medi-da proposta pola PAC neste senti-do, longe de regular o mercado, éfinanciar seguros privados comdinheiro público ou, em palavrasda CEVC, “fazer pagar a labregose contribuintes os danos do desre-gulamento”. Ante esta política, acoordenadora defende fixarstocks estratégicos de cereaisnum nível que permita fazer faceàs variaçons de rendimento e pre-vir a especulaçom; e proibir aspráticas de dumping ou estabele-cer taxas aduaneiras quando talfor preciso para evitar a importa-çom a preços inferiores aos custosde produçom.

Na mesma linha, o SindicatoLabrego Galego, que fai parte daCEVC, demanda controlo do mer-cado e critica que o sistema deajudas está centrado em benefi-ciar a indústria e os grandes lati-fundiários. A PAC define comoagricultor em ativo qualquer pes-soa que obtenha tam só 5% dassuas rendas do agro e o limite má-ximo das ajudas está situado em300.000 euros, primando fatorescomo a quantidade de hectaresem propriedade no canto doutroscomo, por exemplo, a criaçom de

emprego. Estas condiçons afetamnegativamente os interesses gale-gos, já que no nosso país a peque-na propriedade agrária tem umpeso muito maior que noutros ter-ritórios e, como denuncia o sindi-cato, só as grandes industrias queinvestiram em agricultura terámopçom de cobrar as ajudas máxi-mas de 300.000 euros. Contraria-mente à crença estendida por de-terminados grupos de opiniom deque os labregos vivem de subven-çons, o movimento pola Sobera-nia Alimentar e outra PolíticaAgrária Comum, FoodSovCap,denuncia que os únicos beneficia-dos som as grandes indústrias datransformaçom e da exportaçomde alimentos, pois graças às aju-das acedem a preços baixos aosprodutos primários mas estes pre-ços nom se trasladam ao consu-midor, a quem chegam os alimen-tos encarecidos.

A ameaça da 'energia verde'Se calhar, o mais perigoso da pro-posta para a nova PAC é que passaa considerar 'cultivos' tanto aque-les cultivos de comida destinadosà alimentaçom das pessoas comoas plantaçons de biomassa desti-nadas à produçom de agrocom-bustíveis. Metendo comida e agro-combustíveis no mesmo saco, am-bos os usos da terra estarám na

mesma disposiçom de receber asajudas que até agora ficavam ex-clusivamente reservadas para ocultivo de alimentos (e que há vá-rios que estám anos quase conge-ladas). O SLG já tem conhecimen-to de que as grandes empresaselétricas andam no rural a propor

contratos aos proprietários de ter-ras para que as destinem a plantarcultivos de biomassa. A secreta-ria-geral do sindicato, Carme Frei-re, alerta de que esta política podetrazer conseqüências mui destru-tivas socialmente para a Europa,que pode ficar sem capacidadepara produzir alimentos num fu-turo próximo.

Cunha PAC que aprofunda nodesregulamento do mercado dealimentos, suprimindo o sistemade quotas lácteas, por exemplo, ainstabilidade dos labregos irá emaumento, e os problemas de sobre-produçom ou escassez pressiona-

rám os preços à baixa ainda maisdo que agora, para beneficio dosespeculadores e das distribuido-ras. Neste contexto, o perigo parao SLG está em que os proprietáriosde terras prefiram dedicá-las aplantar biomassa, em vez de ali-mentos, se contam com um con-trato das empresas energéticas porvários anos com um preço “razoá-vel”. Um dos principais problemasdeste tipo de culturas é o desgasteque acarretam para o solo, que te-ria que repousar em torno a trêsdécadas de modo a ser recuperadopara a produçom de alimentos. Ogrande beneficio a meio prazo das

as Plantaçons de biomassa GozarÁm das mesmas ajudas que os cultivos de alimentos

Nova PAC à medida das energéticas

os preços continuaráminstáveis e tenderám

a baixar pola ausênciade entes reguladores

Em 2013 será aprovada a reforma da nova Política Agrária Comum (PAC),que estará vigente entre 2014 e 2020. Longe de atender as demandas dos la-vradores e dos consumidores, a Política Agrária Comum irá aprofundar odesregulamento e a liberalizaçom da norma atual, posta em marcha em2003 e que tivo como conseqüência que a Europa perdesse 20% das suasexploraçons agrárias em sete anos. A grande novidade é que, para conceder

as ajudas, o novo texto situa ao mesmo nível os cultivos de alimentos que aproduçom de biomassa para agrocarburante, o que, no jogo do livre merca-do, pode dar numha substituiçom de usos da terra que deixe a Europa semcapacidade para se alimentar a si mesma. Na Galiza, o governo autonómicofoi preparando o terreno às energéticas com a nova Lei de Mobilidade deTerras e, agora, com o projeto de Lei de Montes.

as grandes indústriasda transformaçom e

exportaçom alimentarsom as beneficiárias

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O Foro Europeu de Sobera-nia Alimentar aprovou a pri-meira Declaraçom Europeiapola Soberania Alimentar. Es-te encontro, que decorreu nacidade austríaca de Kermsno verao passado e onde in-tervéu umha representaçomdo Sindicato Labrego Galego(SLG), deu um novo impulsoa luita polos direitos dos po-vos, no dizer das diversas or-ganizaçons sociais que aíparticipárom. A reivindica-çom da soberania alimentaré, desde há vários anos, vozcomum das labregas e labre-gos de todo o mundo. Nonosso país, o SLG tem feitoum intenso trabalho paramostrar à sociedade comocombater os abusos do capi-tal num dos eidos mais sen-síveis para a vida humana co-mo é a alimentaçom.

A.L. / Segundo indica a Declara-çom aprovada em Kerms, o siste-ma alimentar imperante está atornar-se um “modelo de agricul-tura industrializada controladopor umhas poucas empresastransnacionais da alimentaçom eum pequeno grupo de grandessuperfícies de distribuiçom”. Osefeitos dessa evoluçom sujeita àsleis das mercadorias estám a darcabo das exploraçons agráriastradicionais e a instaurar a nívelglobal exploraçons da caste dasmonoculturas de agrocarburan-tes ou plantios papeleiros “em lu-gar de se centrarem na produçomde alimentos saos e bons para ospovos”. Um dos perigos para asaúde que denuncia a Declara-çom é a promoçom de umha dietaalimentícia “com escassa presen-ça de fruitas, vegetais e cereais”.

Na Europa, um dos grandeselementos que contribuiu para aconformar o modelo alimentaratual foi a Política Agrária Co-mum (PAC). Ao ser subvenciona-da a exportaçom de excedentes,estes entram a baixo preço nosmercados internacionais, isto é,invadem os espaços das produ-çons locais dando lugar ao efeitoconhecido como 'dumping'.

A alternativa a este modelo pas-sa polo exercício da soberania ali-mentar, “o direito dos povos a de-finir democraticamente os seuspróprios sistemas agrícolas e ali-mentares, sem porem em risco aspessoas ou o meio ambiente”.Deste jeito aposta-se em promo-ver “formas sustentáveis e diver-sas de culturas alimentares, emparticular o consumo de alimen-tos locais, de alta qualidade e detempada, e nom os produtos dagrande indústria”. Outra das pro-postas do Foro Europeu consisteem promover mercados locais queintensifiquem a relaçom entre aspessoas produtoras e a cidadania.O desafio é mudar a forma de con-sumir e produzir alimentos.

Crises alimentares em tempos de abundánciaAs repercussons da especulaçomsobre os produtos alimentícios,que adquirem neste contexto ostraços de mercadoria, abala es-pecialmente os preços dos ali-

mentos básicos a nível global. As-sim, no passado período 2007-2008 houvo umha forte crise ali-mentar com umha subida do pre-ço de cereais como o trigo, a sojaou o arroz de 130%, 87% e 74%respectivamente, segundo indi-cou a analista catalá Esther Vi-vas. Enquanto medravam em mi-lhons de pessoas os índices de fa-me no mundo, as grandes trans-nacionais obtinham lucros. Porexemplo: a Cargill, umha dasmultinacionais que controlam oscereais, reportava em 2008 umincremento dos seus ganhos deperto de 70% a respeito de 2007,conforme refere um relatório ela-borado polo Observatori del Deu-te en la Globalizació (ODG).

Por outra banda, Vivas, num ar-tigo publicado polo semanário ca-talám Directa, assinala que estascrises alimentícias ocorrem numcontexto de abundáncia de ali-mentos e diz que a produçom decomida tem vindo a multiplicarpor três desde os anos 60, enquan-to a populaçom mundial apenasduplicou, polo que o problema es-tá no acesso aos alimentos.

Especulaçom alimentarUm dos grandes saltos na espe-culaçom alimentar deu-se a co-meços dos anos 90, quando as re-gulaçons nos mercados de futu-

ros alimentares começárom a de-bilitar-se devido a açom dosgrandes bancos, que começavama investir massivamente nos pro-dutos básicos. Tal como indica ocitado relatório do ODG, a co-nhecida entidade GoldmanSachs desempenhou um impor-tante papel nesta desregulaçom,pois foi a primeira companhia acriar um fundo para poder inves-tir no preço das matérias-primascomo se se tratassem de açons.Este fundo articula-se arredordum índice de produtos básicos,criado pola própria banca, poloque o impacto nos preços se dásimultaneamente em todas essasmatérias-primas indexadas. Vá-rias entidades financeiras iriamseguindo os passos da GoldmanSachs e entrando no negócio dasmatérias-primas na procura delucros milionários.

A especulaçom com os ali-mentos chega a situaçons sur-preendentes. Assim, nos últimosmeses algumhas das caixas doEstado espanhol, que estámmergulhadas num processo debancarizaçom, ofertavam aosseus clientes depósitos com um-ha rendibilidade que dependeriada evoluçom dos preços dos ali-mentos. Em janeiro de 2011, aCatalunya Caixa chamava osseus clientes a investir em maté-rias-primas com a palavra de or-dem “depósito 100% natural”,ofertando umha garantia de100% do capital com a possibili-dade de obter umha rendibilida-de de até 7% anual em funçomde, como indicava a sua publici-dade, a “evoluçom e rendimentode três matérias primas alimen-tares: açúcar, café e milho”. Aentidade nom duvidava emacrescentar como atrativo a as-cendente cotizaçom destes pro-dutos nos meses anteriores devi-do à “demanda crescente que vaiem ritmo superior à produçom”.

21a fundoNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

o incremento da famecoincidiu com a

subida dos lucros daindústria alimentar

empresas elétricas estaria aí, jáque, umha vez dedicado ao agro-combustível, o terreno fica hipote-cado para o futuro, tendo que acei-tar os preços que o oligopólioenergético lhe imponha num se-gundo momento, presumivelmen-te mui por debaixo dos iniciais.Consegue-se também deslocar aproduçom de alimentos fora daEuropa, o que se traduz em maio-res ganhos para o oligopólio dadistribuiçom. O SLG já começouumha rolda de assembleias polasaldeias para conscienciar dos pe-rigos de futuro que agocha a pu-blicitada como “energia verde”.

Preparando o terrenoAté o ano passado, forestar terrasagrárias na Galiza nom era possí-vel graças à lei para a conserva-çom da superfície agrária útil e doBanco de Terras de Galiza (Lei7/2007, do 21 de maio) promulga-da na etapa do bipartido. Com anova Lei de mobilidade de terras(Lei 6/2011, do 13 de outubro),que modifica a anterior, já nom se-rá assim, pois define como prédiode vocaçom agrária aquele que“independentemente da sua clas-sificaçom urbanística, seja sus-ceptível de ter um aproveitamentoagrícola, florestal, gandeiro oumisto”. A nova lei dá também en-trada às empresas aos terrenos doBanco de Terras. A Lei de Montes,que ainda está em fase de projeto,também vai nessa direçom. No ar-tigo 61 do ante-projeto, titulado“câmbios de atividade agrícola aflorestal”, permite-se forestar “osterreos rústicos de uso agrícolaem estado de manifesto abando-no e que estiveram adscritos a umbanco de terras agrárias”, desdeque “lindem com terreos flores-tais”, entre outras condiçons.Deste jeito, a Junta foi preparan-do a legislaçom precisa para queas energéticas tirem o máximopartido à plantaçom para agro-carburantes que receberá ajudaseuropeias com a nova PAC, aju-dando a diminuir ainda mais a su-perfície agrária útil (atualmenteem torno a um 20% do territóriogalego) em prol das plantaçonsmassivas de biomassa.

a junta favoreceu asenergéticas através

de leis que promovemos agrocarburantes

Soberania alimentar paraenfrentar a especulaçom

goldman Sachs impujo as dinámicas

da desregulaçom

FEIRA de alimentos labregos organizada poloSLG na Alamenda de Compostela

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

cultura o certame tivo-se que sobrepor às dificuldades de financiamento num contexto em que o poder público parece decidido a acabar com a difusom do pensamento

play-doc, resistências do realcrónica do oitavo festival internacional de documentÁrios de tui

XAN GÓMEZ VIÑAS / Vai aqui acrónica completa do aconte-cido na oitava ediçom destefestival, dos poucos que ain-da “sobrevivem a um contex-to histórico e político emque o estamento público pa-rece decidido a rematar comqualquer plataforma de difu-som do pensamento”. PorXan Gómez Viñas, enviadoespecial do NOVAS DA GALIZA,jornalista e membro do Cine-clube de Compostela.

Duas dinámicas antagónicas per-corrêrom a oitava ediçom do Play-Doc. Festival Internacional de Do-cumentários de Tui. Por primeiro,o certame tivo-se que sobrepor àsdificuldades de financiamento,num contexto histórico e políticoem que o estamento público pare-ce decidido a rematar com qual-quer plataforma de difusom dopensamento. Porém, o festival co-mo proposta cultural, parece teratingido certa madureza, com um-ha programaçom sólida e medita-da, a visita de cineastas relevantesdo documentário contemporâneoe umha excelente resposta do pú-blico que encheu em numerosasocasions o Teatro Municipal daÁrea Panorámica de Tui.

Sobre o papel, a secçom oficialdo certame articulou-se arredorde dous eixos temáticos já clássi-cos no documentário atual: o diá-rio filmado e o registro da paisa-gem como princípio de reflexom.Mas a riqueza das propostas sele-

cionadas superou amplamente oslimites de qualquer vontade clas-sificadora.

Em Vikingland, a ganhadora docertame, Xurxo Chirro traspassaem seguida a etiqueta genérica dametragem encontrada para fazerum filme de amplo significado.Construída a partir das gravaçonsdo quotidiano de um marinheiroguardês no mar do Norte, a peçaemerge como representaçomexemplar do trabalho exilado,achegando a Galiza que vive e tra-balha fora do seu território e queencontra no cinema a preserva-çom da sua própria memória.

A outra grande aposta da sec-çom oficial foi Yatasto, ópera pri-ma de Hermes Paralluelo. O filmepercorre junto a três crianças“cartoneiras” o arrabalde cordo-bês de Villa Urquiza, na Argenti-na. Longe de qualquer vontademiserabilista, Paralluelo fai-nosolhar frontalmente o trajeto diáriodas crianças na carroça à procurada sua subsistência, por meio desucessivos planos sequência difí-ceis de esquecer. Consciente danecessidade de nom falar em no-me da pessoa filmada, o autornom introduz valoraçons textuais

que sublinhem a imagem, já depor si eloquente e poderosa. Nointerior da barraca onde moramcom a sua avoa, desenvolve-se aficçom. Fruto de umha convivên-cia de vários meses com a família,Paralluelo e os seus improvisadosajudantes escolhem pequenaspassagens do quotidiano, evoca-das por meio de umha posta emcena ligeira, mas transcendente.

A paisagem rebeladaA meio caminho entre a tradiçometnográfica e o cine-arte situa-se aobra de Ben Rivers, autor de Two

Years at Sea. Com umha sur-preendedora imagem em brancoe preto, temperada com contínuasalteraçons lumínicas, o cineastabritánico transfere-nos a umha re-

mota floresta da Escócia onde vi-ve Jake, um homem de certa ida-de, isolado por razons que desco-nhecemos de qualquer contactohumano. Longe de idealizar aexistência eremita do protagonis-ta, Rivers agudiza a tensom queproduz a existência humana nomeio natural, num inevitável con-fronto livrado fundamentalmentena banda do som. Nesta paisagemfortemente estilizada introduzem-

se exíguas linhas argumentais,nunca desenvolvidas, que vamdesde o gag visual até mínimas re-ferências biográficas do protago-nista, provocando um verdadeirodistanciamento que arreda a fitada simples recriaçom visual.

Também no plano da paisagem,mas com umha proposta muitomenos sugestiva, apresentou Vic-tor Kossakovsky ¡Vivan las Antí-

podas! O autor de Tishe! percorreo globo terráqueo na procura dequatro antípodas de outros tantospontos geográficos. Gravada comumha qualidade técnica insuperá-vel, a fita nom consegue transcen-der a banalidade da proposta ori-ginal, extraindo de cada umha dasviagens estampas de umha desne-cessária plasticidade.

O festival completou-se com aretrospectiva de duas figuras fun-damentais. A obra de Ross MacEl-wee achega-nos, de umha pers-pectiva íntima, às contradiçons eneuroses da família média norte-americana. Apesar da sua fortecarga autobiográfica, o cineastade Carolina do Norte nom perce-be a cámara como mecanismo deexibiçom, mas como mediaçompara compreender melhor a suaprópria realidade.

Outro dos grandes atrativos dofestival foi a presença do armênioArtavazd Pelechian, um gigante docinema de arquivo que ao longo detrês décadas empregou o impor-tante banco de imagens da UniomSoviética para ensamblar obraschave do devir do século XX.

‘vikingland’ reflecte agaliza que trabalha forae preserva a memória

através do cinema

o festival atinge madurez com

umha programaçomsólida e meditada

YATASTOpercorre junto a três crianças 'cartoneiras' o

arrabalde cordobês de Villa Urquiza, na Argentina

VIKINGLANDfoi a ganhadora do certame. Xurxo Chirro trespassa a etiqueta

da metragem encontrada para um filme de amplo significado

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A.R.G. / Terra da fraternidade. Ga-

liza a Zeca Afonso é o nome dofestival com o que um grupo degalegos e galegas quer celebraros 40 anos da mítica cançomGrândola Vila Morena, que o can-tor português zeca Afonso es-treou em Compostela, em 1972.

O projeto vai concentrar nopróximo dia 10 de Maio no Au-ditório da Galiza actuaçons deumhas 30 bandas diferentes che-gadas de Portugal, Brasil, Ango-la ou da Galiza. Neste dia serápossível presenciar actuaçonsde artistas ou grupos como UxíaSenlle, Quico Cadaval, Ugia Pe-

dreira, Fred Martins, zé RuiMartins, João Afonso, BandaUtopia, Trópico de Grelos, Xicode Carinho, Aline Frazão, GuadiGallego, Tiago Gomes ou o Gru-po Chévere, entre outros. O pro-jeto está a desenvolver umha ini-ciativa de Crowdfunding -capta-çom de fundos através da Rede-na plataforma catalã Verkami, amesma em que Os Cempés con-seguírom, em poucas semanas,dinheiro suficiente para finan-ciar o lançamento do seu próxi-mo disco (NOVAS DA GALIzA

Nº111). Também estám a vendermercadologia do evento para se

financiar. Segundo a organiza-çom, “o encontro será um reco-nhecimento à cançom como hi-no revolucionário e aos festivaiscomo umha manifestaçom am-pla da cultura, já que tambémvam participar escritores, ci-neastas, atores, desenhadoresde moda ou clowns”. Na apre-sentaçom do projeto, desenvol-vida no passado 22 de março, es-tivérom presentes um dos cria-dores do mesmo, Xoán Quin-táns, de Caramuxo; a cantoraUxía Senlle; Xurxo Souto; o pa-lhasso Fran Rei; e o desenhadorde moda Gonzalo Vázquez.

A.R.G. / Segundo os investigado-res do Projeto Interuniversitário‘Nomes e Voces’, este apenastem fundos para aguentar até opróximo mês de novembro.

Em 2010, a Junta retirou osapoios para a exumaçom de ví-timas do franquismo -20.000 eu-ros-, e cortou em 90% os230.000 com que contava o Pro-jeto Interuniversitário Nomes eVozes para a investigaçom darepressom fascista na Galiza.

Segundo os responsáveis doProjeto, o ex-conselheiro deCultura, Roberto Varela, tinha-se comprometido a manter osapoios aos trabalhos começadosnaquele Ano da Memória 2006.

Segundo contou ao diário ma-drileno El País o coordenadorde ‘Nomes e Voces’, LourenzoFernández Prieto, o compromis-so do anterior responsável deCultura passava por reduzir aajuda à metade, 15 mil euros em

2011, e outros 15 mil este ano.Porém, nom houvo mais ingres-sos. Segundo Fernández Prieto,o Projeto, que é “o fundo docu-mentário sobre a repressomfranquista mais importante domundo” (com 15 mil registosem Rede, 515 entrevistas comtestemunhas vivas, 6.000 foto-grafias e um escaneado de qua-se 10 mil imagens e diversa do-cumentaçom), tem fundos paramanter-se até Novembro.

23culturaNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

Bandas galegas optampolo ‘crowdfunding’

Quempallou apresenta as suas ‘Vellas Novas’

Junta começa o processopara reabilitar o Castelo dePambre sem o ter comprado

o Projeto ‘nomes e voces’ Perdeu 90% dos fundos de que disPunha

Cultura abandona a maior base dedados sobre repressom fascista

Festival autogerido homenageia o Zeca Afonso em Compostela

A.R.G. / O escritor e linguista gale-go Carlos Quiroga é um dos auto-res convidados para participarnum número comemorativo do32º aniversário do Jornal de Le-tras, publicaçom lusófona distri-buída por todo o mundo. Quirogaparticipa da efeméride escreven-

do umha das 32 declaraçons deamor à língua portuguesa que re-colhe esta ediçom especial, e emque participam, entre outros, au-tores e autoras do Brasil, Portu-gal, Timor ou Angola: de SérgioGodinho a Fernando Pinto doAmaral ou Pepetela, entre outros.

A.R.G. / A Secretaria-Geral parao Turismo outorgou à empresaMario Crescente y AsociadosConsultores a elaboraçom doprojeto de recuperaçom do Cas-telo de Pambre por 56.640 euros.Porém, a Junta autonómica ain-da nom adquiriu o castelo quepretende reformar.

Na atualidade, o prédio, decla-rado Bem de Interesse Cultural(BIC) e construído em XIV, é pro-priedade dos Hermanos Misio-neros de los Enfermos Pobres de

Teis, a quem foi deixado em he-rança polo Conde de Borraxei-ros, em 2009.

Em declaraçons ao jornal Faro

de Vigo, os Hermanos Misione-ros de Teis afirmárom nom "sa-berem nada" novo ao respeito,porém fontes de Cultura assina-lárom, polo seu lado que a com-pra segue adiante polo valoranunciado há um ano polo presi-dente da Junta, Núñez Feijo, quepoderia andar perto dos cincomilhons de euros.

A.R.G. / Quempallou acaba deapresentar o seu quarto trabalho,Vellas Novas, um volume queachega 12 temas onde som mistu-radas letras tradicionais com no-vos arranjos e composiçons pró-prias, mantendo umha sonorida-de onde as percussons tradicio-nais, acordeom e cordas servem

de base para flautas, gaitas e voz. Trata-se, segundo contam eles

mesmos, de um trabalho comuma “estética baseada no mundodo jornalismo, carregado de ma-tizes sonoros e variadas influên-cias musicais”, que chegam apartir da sua experiência apósmais de doze anos na cena.

A.R.G. / Dous projetos conjuntosandam na procura de dinheiro pa-ra gravar discos, com o Crowdfun-ding, é dizer, a captaçom de fun-dos através de umha plataformana Internet. Por um lado, andamas bandas que querem gravar oGalician Bizarre II (Alarido Mon-gólico, Carrero Bianco, Christ Di-vides, Fantasmage, Fluzo, Lobis-home, Los Televisores, Los Thys-sen, Mano De Obra, Mullet, Pastil-las Mamut, QVEK, Sr. Anido, Ter-butalina, Tetra & Freek, Tora ToraTora!, Trajano! e Wild Balbina ), eque precisam uns 2.500 euros an-tes do 14 de maio para tirar umhaediçom de 525 cópias em vinilo. As

pessoas que façam a sua contri-buiçom, a partir de 10 euros, vampoder fazer-se com cópia do discoe mesmo com um concerto de Ra-fa Anido, segundo a quantia com aque participarem. Também a Or-questa Metamovida, um projetoque reúne músicos de diferentesconjuntos vigueses como Cró!,Unicornibot, Why Go ou Holywa-ter, entre outros, está a apostar poreste formato de financiamento. Oseu intuito é publicar um disco querecolha os temas de estilo postrock que estiveram interpretandoem actuaçons ao vivo ao longo dosúltimos meses, para o que tentamjuntar 2.000 euros.

Jornal de Letras inclui a Galiza no “vasto espaço doidioma comum” da Lusofonia

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24 desPortos Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

d desP

orto

sGaleGas Pola liGa de futebol de salom

A andaina de Entrimo (14 de abril) e aTravessia do Xalo (22 de abril) damprincípio às provas que organizará a Fe-deraçom Galega de Montanhismo nospróximos meses. As restantes desenvol-verám-se fazendo convergir espíritodesportivo e conhecimento da terra.

coPa de andainas e corridas de montanha

Com sete jornadas por jogar, Ponte Ou-rense e Burela ocupam a segunda e aquarta posiçom na Divisom de Honrafeminina. Mantenhem opçons de vitó-ria na competiçom estatal após um anomuito regular das ourensanas e escala-da recente das da Marinha.

A. RUA NOVA / A patinagem artís-tica é um desporto difícil e sacri-ficado que se pratica sobre pa-tins. Requer boa preparaçom físi-ca, técnica e umha grande capa-cidade de concentraçom, parasentir a música e adequar os seusmovimentos a ela, como se puidocomprovar em fevereiro no Cam-peonato Galego de Grupos Show,celebrado em Compostela. Parti-cipárom 15 clubes e mais de 300patinadoras e patinadores numevento desportivo que logroujuntar mais de 2.000 siareiras esiareiros. Seis clubes conseguí-rom bilhete para o campeonatoestatal: Carpa de Vigo, Alquimiade Carral, Campus Stellae deCompostela, Valadares de Vigo eÁnfora de Cangas.

A patinagem de grupos-show éumha modalidade que se praticaem grupo e que tem como princi-pal elemento diferenciador a suavertente espetáculo. Na competi-çom apresenta-se umha coreo-grafia, acompanhada de música,que representa um tema, durante

um máximo de 5 minutos, emque as juízas valorizárom o con-teúdo (dificuldade, desenho doprograma e técnica) e a apresen-taçom (expressividade, interpre-taçom, vestiário e música).

A nível estatal, depois das equi-pas catalanas, frequentementecampeoas de Europa e do mundo,som os clubes galegos os que lui-tam por ficar nos lugares privile-giados, evidenciando o alto nívelda patinagem galega. Mas isto

nom é suficiente para que se tra-duza em maiores apoios econó-micos nem numha maior visibili-dade nos meios de comunicaçom,o que repercute nas péssimascondiçons em que treinam muitaspatinadoras galegas: inexistênciaou pouca disponibilidade de ins-talaçons, pavilhons de treino semparquet, com pingas, insuficien-

temente iluminados ou sem am-paro do frio. Todo isto fai que naGaliza a patinagem artística sejaum desporto amador, as patina-doras devem compaginar a suaafeiçom com trabalho ou estudos.Porém, com ilusom e esforçomuitos clubes galegos sobrepon-hem-se às dificuldades e tenhemparticipado em campeonatos eu-

ropeus ou algum mundial. Umha das particularidades da

patinagem artística é que é umdos escassos desportos ondemulheres e homens competemnas mesmas equipas em todas ascategorias. É um desporto maio-ritariamente feminino, mas a di-retiva da Federaçom Galega dePatinagem está presidida por umhomem, e 10 das 11 pessoas dasua Junta Diretiva som homens.Visibiliza-se, mais umha vez, asdificuldades que tenhem as mul-heres para acederem a postos dedireçom. Outra peculiaridade dapatinagem é que existe um maiorgrau de compromisso social e de-núncia que no resto de discipli-nas desportivas. Nos Campeona-tos Galegos houvo lugar para co-reografias que denunciárom amudança climática, a violênciamachista e os estragos da doençado Alzheimer. Existiu também es-paço para temas que mostráromo seu compromisso com a Terra.A defesa da produçom artesanalgalega ou a lembrança à emigra-çom galega, com umha represen-taçom que punha de atualidade odrama que milhares de galegossofrêrom e continuam a sofrer,fôrom o eixo doutras trabalhadascoreografias, que demostram quedesporto e compromisso socialpodem ir da mao.

Patinagem artística na Galiza: desporto e compromisso social

ISAAC LOURIDO / A queda paula-tina nos últimos anos do númerode visitantes e dos serviços ofere-cidos pola estaçom de esqui deCabeça de Maceda voltou à atua-lidade nas últimas semanas, ao se-rem conhecidas tanto as cifras re-ais da sua dívida quanto a falta desoluçons para a resoluçom dosconflitos existentes nos planoseconómico, institucional e laboral.A empresa ‘Estación de InvernoManzaneda SA’, Meisa, que contacom participaçom da Junta da Ga-liza (48%), Novagalicia Banco(37,6%) e as cámaras municipaisde Trives e Maceda (7,2% cadaumha), apresentou no mês deMarço o relatório de gestom co-rrespondente a 2011, reconhecen-do para o exercício umha dívidasuperior a 700.000 euros e apenaspropostas inconcretas para umha

recuperaçom futura.As posiçons das instituiçons

vinculadas ao complexo despor-tivo fôrom variadas e sintomáti-cas nas últimas datas. EnquantoNovagalicia Banco mostrou assuas intençons de nom assumir asua parte da dívida e de abando-nar o acionariado de Meisa, aJunta prometeu a proposta de umplano de viabilidade para o mêsde abril. Por sua vez, tanto as cá-maras de Trives e Maceda comoa Deputaçom de Ourense mani-festárom publicamente a neces-sidade de reorientar e mudar atrajetória ruinosa das instala-çons, indicando mesmo a entida-de provincial o seu desejo de re-tornar ao acionariado da empre-sa gestora. Na mesma linha dedemandar umha aposta institu-cional séria por parte do governo

de Núñez Feijoo, o quadro de pes-soal de Meisa, através de CC.OO,programou um calendário demobilizaçons nos últimos meses.

Perante o fracasso da temporadainvernal e a crítica situaçom econó-mica, os grupos partidários domantimento de umha instalaçomdeste tipo no Maciço Central ou-rensano, colocárom soluçons de di-

ferente perfil que passariam polainstalaçom de um sistema de iniva-çom artificial (habitual noutras es-taçons para paliar ausência de ne-vadas), pola diversificaçom da ofer-ta desportiva e de lazer oferecida(caminhadas, ciclismo de montan-ha, cetraria etc.) ou, inclusive, polareconsideraçom do velho projetoda estaçom na cima mais alta dePena Trevinca (2.127 m., frente aos1.778 de Cabeça de Maceda).

Neste contexto, determinadasquestons ficárom excluídas tantodos debates entre empresa, insti-tuiçons e pessoal trabalhador,quanto das informaçons forneci-das polos meios de comunicaçomconvencionais. Entre essas ques-tons está o impacto evidente damudança climática na diminui-çom e irregularidade das nevadasna montanha galega, para além

dos fatores orográficos e socio-culturais que afastam os interes-ses da comunidade galega dosmodelos de atividade física pro-postas nas mercantilizadas disci-plinas invernais.

Igualmente continua a ser si-lenciado o desastre meio ambien-tal causado por este tipo de insta-laçons, que convertem em prati-camente irrecuperáveis os espa-ços naturais em que se instalam.Do mesmo modo que nom foiposto em causa o modelo de ges-tom desportiva que representamestaçons como a de Maceda,orientadas por via de regra paraumha promoçom elitista dos des-portos de inverno, bem como pa-ra a difusom de modelos de lazer,turismo e consumo diretamentedistanciados de perspectivas eco-lógicas e sociais.

Défices na gestom e mudança climática provocam grave crise na estaçom invernal de Cabeça de Maceda

no galego gruposShow, participárom

15 clubes e mais de 300 desportistas

mulheres e homenscompetem nas

mesmas equipas emtodas as categorias

o quadro de pessoalde meisa programounovas mobilizaçons

é silenciado o desastreambiental causado

por estas instalaçons

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

XERMÁN VILUBA / A Liga Nacio-nal de Billarda também prefereumha pessoa do Berzo que falegalego e jogue à billarda a umhada Comunidade Autónoma Gale-ga que nem umha cousa nem ou-tra. É por isso que no dia 7 deAbril estourou em Vila de Paus oTodoBierzo Billarda Experience,umha xostregada nos focinhos àintoleráncia e aos preconceitos.No passado aberto de Lugo daLNB, no quadro da Bilharda Bo-ok-Experience apresentou-se oespetacular livro 'Transmuta' doativista e poeta Xabier Cordal. Foiele quem compujo o mítico hino"Bilharda Sempre" e quem dirigiu

pessoalmente, ao igual que mui-tos outros agentes sociais, os pa-rabéns à LNB por esta primeiraaçom bilhardeira no Berzo que fi-jo recordar ao mundo político-desportivo os limites da naçom.

Atreve-te a falar galego e a jo-gar à bilharda no Berzo... há gen-te desejando ferventemente aga-rrar um palám na mao para ter aoportunidade de unir-se à grandeserpe multicor da LNB. Esta foi amáxima que nos moveu a tentarafiançar laços com umha tribo deumha terra irmá que aliás fala co-mo nós e sente como nós. Quandonos dias prévios, vendo já perto omomento de voltar a sentir bruar

as bilhardas, as bágoas brotavamdos olhos das pessoas de mais ida-de, como mostra de emoçom e rai-va contida por tantos anos de ala-gamento bilhardeiro na cova doesquecemento. Os irmaos de To-doBierzo, dirigidos polo subco-mandante berciano José Luís So-bredo, dérom um firme passo àfrente para articular sem comple-xos a primeira grande açom bil-hardeira em Vila de Paus, umhavila que leva inscrito e selado, co-mo as bestas bravas o ferro quen-te no seu pelejo, um nome que odi todo e que fala por si mesmopara que este passado sábado 7 deAbril as portas do inferno se abris-

sem para acolher o explosivo To-doBierzo Bilharda Experience,umha açom histórica selada já nosubconsciente coletivo e que tres-passa o ámbito do meramentedesportivo. Desde as 12h, no cam-po de futebol de Vila de Paus,apresentaçom e treinos oficiais,concurso de varados e posteriorconferência sobre a experiênciada LNB na recuperaçom do nossodesporte + apresentaçom do dis-co República Bilharda. Depois dojantar de irmandade, realizou-seo primeiro e histórico Aberto deBilharda no Berzo coordenadopola LNB. “O Berzo une-se à Re-pública Bilharda”, esse foi o título

do impactante artigo publicado nojornal La Crónica de León. Nompodia haver melhor nem mais en-tusiasta ponto de arranque paramergulharmos neste mar de in-tensidade brutal em que se con-verteu Vila de Paus neste sábado7 de abril, data chave para talveznum futuro podermos compartil-har e selar varados, corridas e bo-telos na tam desejada ConferênciaBerzo que reafirme a LNB comocompetiçom autênticamente na-cional ao incluir os territórios ga-legófonos da península como par-te integrante da mesma... Revira-te já, joga à bilharda e fala galegono Berzo e na Galiza inteira!

O Berzo confirma-se como sujeito ativo na LNB

Como entras em contato com o futebol gaélico?Eu sempre tivem interesse polosdeportes gaélicos e pola culturada Irlanda em geral. Estudei fi-lologia inglesa e também figemo doutoramento num programade estudos irlandeses que inclu-ía língua, cultura, história etc.Despois de fazer o DEA, convo-cárom unhas vagas para ir a Ir-landa de leitor e dérom-me um-ha. Umha vez que estás na Irlan-da, reparas na importáncia des-tes deportes. Demorei muitotempo em entrar numha equipa,nom é fácil, mais através de umamigo comecei a treinar com oNemo Rangers.

De onde véu a ideia de montarumha equipa de futebol gaélico?Jogando eu na Irlanda, vim atra-vés das redes sociais que se que-ria montar um clube na Corunha,fum às primeiras reunions e fumdos que assinei as atas fundacio-nais, mais era setembro e tinhaque voltar para Irlanda a come-çar o curso na universidade deCork, onde trabalhava, portanto,nom estivem durante o primeiroano de vida dos Fillos de Breo-gán. O que tivo a ideia e puxo to-do em andamento foi o nossopresidente, Wenceslao zapata.Ele estava de férias em Dublin epuido ir a umha semifinal de fu-tebol gaélico. Viveu esse ambien-te ao vivo, a paixom que espertaeste desporto na Irlanda. Ado-rou. Pensou: “com as conexons

culturais que temos, tem que ha-ver algo disto na Galiza e, se non,há que começa-lo”.

Como se organiza a Liga ibérica?Vai por rondas. As equipas quequigerem e puderem organizamumha ronda na sua cidade, os quepudermos vamos ali e jogamos to-dos os partidos num dia. Há equi-pas em Madrid, Sevilla, Valencia,Barcelona, Irunha... qual é a dife-rença conosco? Dos 15 jogadoresque tenhem umha equipa, nós so-mos todos galegos, menos dous ir-landeses, enquanto nas outras

equipas som todos irlandeses re-sidentes nessas cidades, excetodous ou três que, se calhar, somoriginários desse sitio. É mui cu-rioso escuitar todas as equipas fa-lando inglês nos torneios menosos filhos, falando galego.

O futebol gaélico goza de boa saúde na irlanda?A Gaelic Athletic Association(GAA) ali varre. O futebol gaéli-co é um desporto amador, os jo-gadores nom recebem dinheiro,vam jogar a final de Irlanda e nodia seguinte vam trabalhar. Co-mo muito, o Messi do futebolgaélico, Colm Cooper (de Kerry),pode ter algum contrato comumha bebida isotónica. Eu tivema sorte de ir a umha final emCroke Park, em Dublim, onde jo-gárom Cork contra Kerry. CrokePark é um dos cinco maiores es-

tádios da Europa e o maior de Ir-landa. Esse dia havia 82.000 pes-soas. Ali o mais visto do ano nomé a final da Champions nem na-da disso, é a de futebol gaélico, edespois a de hurling, outro des-porto gaélico da GAA. O futebolgaélico é o desporto do povo, noscolégios vês jogar os rapazes aofinal das aulas, é algo que levamdesde crianças. É parte da suaidentidade, é como dizer “somosirlandeses e praticamos os nos-sos desportos”.

Está pensado formar mais equipas na Galiza?Nós estamos em contacto comgente de vários lugares e a genteinteressada no desporto podecontactar conosco através da In-ternet. O ideal seria montar um-ha espécie de liga galega e poderjogar mais partidos, com deslo-camentos mais curtos... e tendocomo meta formar umha sele-çom galega. De facto, nós e oscataláns somamo-nos a umhamoçom apresentada polos bre-tons na assembleia da EuropeanCounty Board (ECB) para que asseleçons de países sem Estadopróprio sejam reconhecidas ofi-cialmente pola GAA. A ECB for-ma parte da GAA e encarrega-sedas equipas europeias. A mo-çom foi aprovada e agora, pordizê-lo de algum modo, Bretan-ha pode jogar contra a França ea Galiza poderia jogar contraEspanha, Catalunya ou Euskadiem partidos oficiais.

“A seleçom galega de futebol gaélico já estaria reconhecida oficialmente por Irlanda”

RAUL RIOS / Tés que meter a bola na baliza ou tirar a paus, podes dar-lhe como pé ou lança-la com as maos. Para mover a bola polo campo podes levá-lacom as maos, pateá-la e passa-la aos teus companheiros. Nom podes pla-car e nom há fora de jogo. Para fazermo-nos umha ideia, o futebol gaélico é“como umha mistura entre futebol e rúgbi”. É o desporto nacional da Irlanda

e também o mais seguido (supom 34% das audiências desportivas). Maseste jogo nom é praticado só na Irlanda, há equipas por varias zonas da Eu-ropa e, desde há um ano, também na Galiza: os Fillos de Breogán, da Coru-ña. Carlos Seco, treinador dos filhos, recebe-me no bairro dos Maios parafalar-me deste desporto e da história do seu clube.

carlos seco é o treinador dos fillos de breoGÁn, a Primeira equiPa GaleGa de futebol Gaélico

“é um desporto amador que enche

estádios com 82.000pessoas na irlanda”

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

temPos livres

PEPE ÁRIAS / Nascida há poucomenos que um ano, Axouxereeditora traz-nos desde Rianjo to-da umha aposta polo pensamen-to crítico, tanto em clave nacio-nal como internacional. Commuita relaçom com novos coleti-vos que caminham entre o ativis-mo e a investigaçom teórica. Fru-to desta colaboraçom proxima-mente verá a luz Zoopolitik, umartefato de pensamento coletivoque conta com endereço na In-ternet e aparece de vez em quan-do dentro da coluna de colabora-dores de praza.com. Já introdu-zírom no seu catálogo livros naversom internacional da nossalíngua, elemento que nom des-cartam repetir no futuro.

O livro do que falamos destavez está dentro da coleçom Ca-dernos de Combate, e conta comquatro artigos independentes dofilósofo galego Ignacio Castro,

que ainda que mora em Ma-drid desde há anos nom per-deu os vínculos com a Gali-za, o que lhe fai organizar di-ferentes eventos de pensa-mento todos os anos. Exper-to no pensamento deNietsche, tem obras de gran-de valor teórico: tanto asmutaçons da sociedade ca-pitalista como as novas sub-jetividades nadas deste perí-odo histórico, ao mesmotempo que umha crítica darazom sexual que sai dos lu-gares comuns estabelecidospola esquerda radical. Aindaque só seja para pôr em teiade juízo as nossas convic-çons merece a pena entrarnas suas páginas.

O autor de Roxe de Sebes -onde mostra umha ruptura vi-tal e encaixa o futuro vinculadoao pensamento e à reflexom-

traz sugestivas análises críticassobre diferentes temas. A filo-sofia como pano de fundo e re-flexom -mentiria se dixesseque puidem decifrar o conteú-

do de Gestaltwandel, o pri-meiro dos mesmos- ou um-ha olhada profunda polaRússia da post-perestroikacom diferentes elementosvivenciais e filosóficos. Poressas sendas continua o ar-tigo Baixo a Máscara. Po-rém, o artigo mais sugesti-vo de todos é Soñan os edi-

ficios coa morte do home?

Nele, Ignacio Castro abor-da de umha ótica sensível elúcida o fenómeno do urba-nismo tal e como é entendi-do hoje em dia. Umha dasconsequências das alucina-çons do neoliberalismorampante encontrou nasgrandes construçons umha

forma de expressar a ficçomque trazem consigo os temposque correm. A manifestaçomdesta distorçom na Galiza temnome, Cidade da Cultura, e

atualmente constitui a princi-pal manifestaçom de totalita-rismo arquitetónico junto comque convive o esbanjamento ea deturpaçom do público.

Embora nom poidamos com-partir todos os elementos quepom acima da mesa, recomenda-mos encarecidamente a sua lei-tura, por nos encontrar com algocomplicado no género ensaísti-co: a soma e soma de citaçonsdoutros autores que inundam aslivrarias e as bibliotecas.

Castro Rey, Ignacio. Formas da Indefi-

nición, Axóuxere Editora, Rianjo, 2012

LUZIA RODRIGUES / Pergunta aqualquer pessoa galega de ondesom as polveiras mais famosas dopaís, e a maior parte das respos-tas vam coincidir… o Carvalhi-nho, Sárria, Monterroso… todasna zona do interior da Galiza. Pa-rece-me algo curioso que umhadas receitas mais famosas e con-sumidas do país, elaborada como polvo que sai das nossas costastenha maior fama nas zonas dointerior. E isso por quê? Qual é ahistória do polvo à feira?

No século XVI as gentes dacosta secavam e salgavam os pei-xes (lampreias, congros, pol-vos…) que depois levariam paravender nas feiras que se faziamno interior. Secava-nos para quese conservassem na viagem enom chegassem podres. Na costao polvo podia-se apanhar frescoe guisavam-no com verduras.Durante o caminho à feira e naprópria feira, os comerciantescomiam o que tinham mais amao. Coziam o polvo seco e parao tempero tinham azeite e pi-mentom (que se vendia para con-servar a matança livre de vermese mofos durante meses). Outrasvezes, se algumha das reses esta-

va ferida, já nom lhes servia paraa viagem de volta e era sacrifica-da para comer. Coziam a carne etemperavam também com azeitee pimentom, é o que hoje conhe-cemos como carne ao caldeiro. Eo porquê das panelas de co-bre?.... Poderia ser que estas pe-savam menos que as de ferro, eeram melhores para levar na lon-ga viagem. Esta é umha das his-torias que contam da origem dareceita do polvo à feira. O que

nom se pode negar é que hoje es-ta receita é umha das mais cozi-nhadas no país, e que nom há fei-ra na que nom poidas comer um-ha raçom de polvo.

Vou tentar dar uns pequenostruques para podermos cozinharo polvo à feira nas nossas casas,mas já vos asseguro que nuncaserá igual que desfrutá-lo numafesta cozinhado por umha pol-veira e acompanhado de umhacunca de vinho.

Todo começa mercando umbom polvo da ria, que congelare-mos como mínimo um par dedias. Como a carne do polvo émui dura, o que se fazia antes eramaçá-lo contra a pedra para con-seguir abrandar um pouco a suacarne, mas agora isso tem solu-çom congelando-o (porque a di-lataçom da agua no processo decongelaçom rompe as fibras econseguimos umha carne maisbranda). Temos que deixar quedescongele antes de cozinhá-lo,portanto, podemos retirá-lo forado congelador na noite anterior eguarda-lo no frigorífico. Como nacasa nom teremos umha panelade cobre há que procurar solu-çons para conseguirmos esse sa-bor único. Ha gente que introduzna agua umha moeda de cobre,eu nom sei se assim se soluciona,mas por se acaso vamos fazê-lo.Enchemos umha panela grandecom agua e colocamo-la no lume.Nom lhe ponhades sal, isso é aofinal de todo. Quando a água co-meçar a ferver vamos meter opolvo e teremos que assustá-lo.Isto é, há que agarrar o polvo po-la cabeça, submergi-lo na águadurante uns cinco segundos, e

sacá-lo. Repetiremos o processotrês ou quatro vezes (cuidadonom vos queimeis as maos), fa-zemos assim para que nom lhecaia a pele. O mais importante dopolvo e conseguir o ponto justode cocçom, nem mui duro nemmui brando. Há gente que paracontrolar o tempo que tem queestar cozendo utiliza umha cebo-la. Se o polvo for pequeno mete-remos umha cebola pequena e sefor grande, umha grande, assim,quando a cebola estiver cozida, opolvo também estará. Como da-do orientativo um polvo médionormalmente demora uns 35 mi-nutos. Quando pinchemos o pol-vo e consideremos que já está co-zido apagamos o lume e deixa-mo-lo repousar na agua uns 15minutos. Depois sacamos o polvoe com umhas tesoiras cortamosas patas em pedaços de 1cm maisou menos. A cabeça cortamo-laem pedaços pequenos. Presenta-mos todo num prato de madeirae temperamos com um bom azei-te de oliva, sal gordo e pimentompicante e doce. E lembrai utilizarpalitos de madeira para comê-lo.

Se gostades de acompanhar opolvo com cachelos, aproveitai emetei as patacas a cozer na águado polvo. Vam sair de umha corlilás, mas também podedes cozê-las em água limpa. isso vai ao gos-to de cada umha.

Segredos do nosso polvo à feira

entrelinhas ‘formas da indefinición’, de iGnacio castro rey

Gastronomia um Prato tradicional com história e sabor

o autor oferece-nos sugestivas análises

críticas com a filosofiacomo pano de fundo

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de abril a 15 de maio de 2012

que fazer

17.04.2012 / PALESTRA SO-BRE ‘ISLAMOFOBIA’ / 16:00na Faculdade de CC. da Edu-caçom (Rua Doutor Temes,s/n). OURENSENas ‘Jornadas sobre migraçom:mitos e realidades’, que organi-za Esculca.

17.04.2012 / PALESTRA SO-BRE ‘O PAPEL DA MULHERGALEGA NA SOCIEDADELABREGA’ / 19:00 no CentroCívico (Rua Colombo, 18, 3º).OURENSEIntervém Isabel Vilalba, doSLG. Dentro das VI Jornadasde Agroecologia.

18.04.2012 / PALESTRAS SO-BRE ‘MIGRAÇOM E GÉNERO’/ 16:00 e 18:00 na Faculdadede CC. da Educaçom (RuaDoutor Temes, s/n). OURENSENas ‘Jornadas sobre migraçom:mitos e realidades’, que organi-za Esculca. Intervenhem IriaVázquez Silva e Mari Fidalgo,na primeira palestra, e RaquelDoval na segunda.

18.04.2012 / PROJEÇOM DEO BOM POVO PORTUGUÊS,DE RUI SIMÕES / 21:45 noC.S. O Pichel (Rua Santa Cla-ra, 21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

19.04.2012 / CINE-FÓRUM:INCINERANDO O FUTURO EO MONTE É NOSSO / 19:00na Sala de projeçons da Bi-blioteca Pública (Rua Con-celho, 11). OURENSEDentro das VI Jornadas deAgroecologia.

19.04.2012 / CINE-FÓRUM:AS CRIANÇAS DO CONSU-MO / 20:30 no C.S. Mádia Le-va! (Rua Serra de Ancares,18). LUGOOrganizam Cova da Terra, Mádia Leva e CIG. Projeçom e debate.

20.04.2012 / SERÁM AGROE-COLÓGICO E POPULAR /20:00 na Praça de Sam Mar-tinho. OURENSEDentro das VI Jornadas deAgroecologia.

20.04.2012 / CONCERTO DOX ANIVERSÁRIO DE ATAQUEESCAMPE: ‘DEZ VIOLENTOSANOS JUNTAS’ / 22:00 na Sa-la Moon (Rua República Ar-gentina, 35). COMPOSTELACom Vicky Polard e vários co-laboradores especiais.

20 e 21.04.2012 / JORNADASPOR UM MEIO RURAL GALE-GO VIVO / 18:30 no Salom deAtos do Concelho (Praça Va-lentín García Escudero, 1).PONTE VEDRAOrganizam Adega, CIG, FRU-GA e ORGACCMM. No 21 seráem Combarro. Programa com-pleto em http://adega.info/.

21.04.2012 / ROTEIRO CUL-TURAL: CAMINHO DOSARRIEIROS / 09:30 diante doMuseu Etnográfico MonteCajado (Bermui). PONTESDE GARCIA RODRIGUESOrganiza Plataforma na Defen-sa do Património das Pontes.Finaliza no Cristo de Mouraz(Manhom).

21.04.2012 / ROTEIRO PORPARDERRÚVIAS / 10:00 noCentro Cultural de Parderrú-vias. SALZEDA DE CASELASAvitualhamento no Penedo doRedondo. No ciclo ‘Conhece oteu entorno’. Inscriçom no en-dereço de correio [email protected].

21.04.2012 / JANTAR DE‘APOIO A PRESXS’ / 14:00 noC.S. A Cova dos Ratos (RuaRomil, 3). VIGO

21.04.2012 / FOLIADA POLOSBARES DO BAIRRO / 19:30 /CEIA DE CONVíVIO / 21:30no C.S. Mádia Leva! (Rua Se-rra de Ancares, 18). LUGOCoincidindo com a assembleiageral de sócios/as, que se reali-za às 16:30.

21.04.2012 / XII ENCONTRODE PANDEIRETA GALEGA EASTURIANA / 20:30 no Hotel-Restaurante As Hortensias(Quenxe). CORCUBIOMCeia, atuaçons de Menaxatruácuartetu (Asturies) e Maghúapandereteiros (Galiza) e festarachada. Organiza ColectivoTranseu e Universidade Popu-lar de Corcubiom.

25.04.2012 / PROJEÇOM DE48, DE SUSANA SOUSA DIAS/ 21:45 no C.S. O Pichel (RuaSanta Clara, 21).

COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

26.04.2012 / APRESENTA-ÇOM DO MAPA ‘AGROECO-LOGIA EM OURENSE EARREDORES’ / 19:30 no Cen-tro Cívico (Rua Colombo, 18,3º). OURENSEDentro das VI Jornadas deAgroecologia.

27.04.2012 / VISITA GUIADAAO HIPERMERCADO / 19:00na Praça da Trinidade / PA-LESTRA ‘ALIMENTOS QUILO-MÉTRICOS’ / 19:00 no C.S.Sem Um Cam (Rua do Vilar,9). OURENSEDentro das VI Jornadas deAgroecologia.

27.04.2012 / GRUPO DE ES-TUDOS / 20:30 no C.S. Mádia

Leva! (Rua Serra de Ancares,18). LUGOHistória da Galiza a debate: obispo Gelmires. Ceia posterior.

27.04.2012 / FOLIADA VEN-RESPIRAR / 22:30 no CaféOllo Ledo (Parque das Mer-cedes). OURENSEOrganizam A.C. Algaravia eAOFT Gomes Mouro.

28.04.2012 / VISITA AO IRIJO/ Toda a jornada. OURENSEVisita à cooperativa leiteiraSanta Marinha de Loureiro eroteiro polos montes comunaisdo Couto do Marco. Dentro dasVI Jornadas de Agroecologia.Inscriçom no correio [email protected].

28.04.2012 / FOLIADA / À tar-dinha no C.S. Gomes Gaioso(Rua Marconi, 9 - Atochas -Monte Alto). CORUNHATodos os últimos sábados de cada mês.

28.04.2012 / VI NOITE DE FIA-DEIRO / À noite na esplanadado Bar O Retiro (Vilavidal).RAMIRÁSOrganiza A.C. Rebulir. Partici-pam várias agrupaçons de mú-sica tradicional. Mais informa-çom em http://www.noitedefia-deiro.com/.

28.04.2012 / CONCERTO DETREMENDOS PERMACULTO-RES DO NORTE / 21:30 noC.S. A Cova dos Ratos (RuaRomil, 3). VIGO

02.05.2012 / PROJEÇOM DESE TOCAM A UM, DE TRAVISWILKERSON / 21:45 no C.S.O Pichel (Rua Santa Clara,21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

09.05.2012 / PROJEÇOM DEPARA NOM ESTAR AQUI, DEDEBORAH STRATMAN, EIMAGENS DE PRISIOM, DEHARUN FAROCKI / 21:45 noC.S. O Pichel (Rua Santa Cla-ra, 21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

12.05.2012 / CONCERTO DEOS RESENTIDOS E CONVI-DADOS / 21:00 em Expouren-se (Finca Sevilla, s/n). OURENSEComemoraçom dos 30 anos dabanda viguesa.

16.05.2012 / PROJEÇOM DEQUESTOM DE ORDE, DE EE-MILE DE ANTONIO / 21:45 noC.S. O Pichel (Rua Santa Cla-ra, 21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

homenagens ao zeca afonso e à revoluçomdos cravos espalham-se em abril e maioo aniversário do 25 de abril por-tuguês traz diferentes atos come-morativos, de homenagem e lem-brança, à galiza, nos quais a figu-ra de josé afonso é protagonista.o auditório de galiza, em com-postela, acolhe a 10 de maio um-ha homenagem ao cantor degrândola vila morena. o espetá-culo ‘terra da fraternidade’ conta

com mais de vinte atuaçons de ar-tistas da galiza e portugal.a Scd do condado homenageiano 28 de abril em Salvaterra aozeca com umha jornada que incluifesta infantil, umha mesa redondae umha ceia com as atuaçons deo leio e de outra margem.em lugo, o c.S. mádia leva pre-para umha homenagem à revolu-

çom dos cravos com petiscos, pro-jeçons e música portuguesa. Seráno dia 25 de abril desde as 20:00.por último, o foro de unidade co-munista galega e o c.S. a revira,de ponte vedra, preparam umhacomemoraçom do 25 de abril paraprimeiros de maio. mais informa-çom no blogue http://agal-gz.org/blogues/index.php/revira/.

‘vitaminas’ organiza festaa campanha ‘vitaminas para ogalego’ apresenta-se em com-postela na sexta-feira 27 deabril, cumha festa no c.S. o pi-chel. o coletivo de meios de co-municaçom em galego que im-pulsiona a campanha fechou umcartaz que encabeça a atuaçom

do grupo terbutalina, e que in-clui um recital poético com gon-zalo hermo, alicia fernández eolalla cociña. vai apresentar econduzir o ato Xiana arias.já se podem encarregar os bilhe-tes. mais informaçons no sitehttp://vitaminasparaogalego.gl/.

primeira linha organiza as Xvijornadas independentistas ga-legas no sábado 21 de abril.vam decorrer no c.S. o picheldesde as 11:00 e nelas vam in-tervir o economista jorge beins-tein, a catedrática de economiamiren etxezarreta, o militantedo pc do chile e secretário-ge-ral do mcb carlos casanuevatroncoso e o jornalista e mili-tante do pcp miguel urbanorodrigues, falando sobre ‘crisecapitalista e insurreiçom popular’.

jornadassobre crise einsurreiçom

a 21 de abril

atos em comPostela, salvaterra, luGo e Ponte vedra

Polos meios em GaleGo, em comPostela

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

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Novas da Gali a apartado 39 (15701) compoStela tel. 692 060 607 [email protected]

éumha melancoliapara aqueles quegostamos de ou-

vir a radio enquanto ce-amos, sintonizar a ter-túlia política da queprovavelmente seja apior rádio do universo:radio líder. Som trêssenhores: senhor casal,senhor lodeiro e senhorlópez prado. chamam-se assim entre eles, desenhor, como em reser-voir dogs. Sofismas, fa-lácias populistas, meiasverdades e estupideces,em geral, som os seusrecursos argumentati-vos. mas o pior de todoé a insolência com quese expressam. como fa-la-baratos de casino nahora do vermute.

umha noite ouvimnesse programa a con-de roa sussurrando co-mo umha lesma umhafrase que me resultavafamiliar e que ia dirigidaaos antissistema: “vamsentir o nosso alento nacaluga”. nom sabemosse o alcaide era cons-ciente de que nom pa-gar impostos é bastanteantissistema também.

ou sim, e talvez numcomovedor ataque bi-polar estivesse a amea-çar-se a si próprio. ocaso é que dias depoislendo o caçador debruxas de Sechu Sendesoubem que a célebrefrase do alento era ori-ginal do coronelmccarthy, perseguidorde comunistas e gran-de defensor da ética eda moralidade norte-americana nos anos50. durou pouco a suaglória. antes de rema-tar a década de 50, ocoronel viu-se, de umdia para outro, destituí-do do cargo e reprova-do pola sociedade. apartir de aí dedicou-seem corpo e alma ao seupassatempo favorito: abebida. morreu de ci-rrose pouco depois.dim que o seu últimoalento desprendia umintenso cheiro a cinza-no. como diz marx: osventos da história somimprevisíveis.

mauro delito

alento contra alento

Foi um moço de Cerzeda o pio-neiro em achegar ao galego esti-los urbanos como o beat box ouo ragga. Como entras em contatocom este universo?Sempre me interessou a culturaurbana... Comecei ouvindo rap emespanhol, que era o que havia, edepois tivem referentes comoGhamberros ou o Heavy. Com obaterista de Presencia zero e Mar-tín de Machina mesmo chegamosa compor algumhas letras de rap,e figemos um tema que tivo muitoêxito aqui: a Cochikeira, com asbases de Mou. Também praticavaskate. Depois fum para Vigo a es-tudar, já buscando aprender maisda cultura urbana. Com o skatenom continuei, mas provei comoutras cousas como o break. Afinalo que calhou foi o beat box, que éa percussom vogal do rap ou dodance. Comecei a formar-me ven-do vídeos no Youtube, sobretodode Rahzel, e pouco a pouco fumexperimentando e imitando sons.O ragga véu depois, quando no pa-norama estatal se começárom a in-troduzir as culturas jamaicanasatravés de figuras como Morodo.É umha uniom do reagge e do rap,

é melódico, mas tem essa críticadireta do segundo. Agora estou atrabalhar mais nesta linha, porquecom o ragga, ao ter letra, tés maisque dizer. Também atuo com Se-lectah in Helicopta, um sistema desom autónomo em que se pinchamúsica. Nestas festas, reparas emque há bastante gente que praticae escuita estas músicas.

Falando dos grupos da zona Ma-china e zënzar apresentam dis-co e tu tés tema novo para oCantalíngua. Que vos dam decomer na Cochikeira?A verdade é que nom o sei, porqueaqui nunca houvo escolas de músi-ca. A escola foi a rua e os músicosque nos precedêrom: eles apoiá-rom-nos, ensinárom-nos, e graçasa eles os grupos mais novos tivé-rom um sítio mínimo onde ensaiar.Para além disso, o que nos da decomer é a realidade que temos aonosso redor; dá-nos razons paradenunciar o que vemos, e nós fa-zemo-lo através da música.

Se por algo se caracterizam astuas cançons é pola crítica social:reivindicaçom da língua, defesa

da Terra, anticaciquismo etc. A música agita consciências?Claro que as agita! O estilo que fa-go caracteriza-se pola crítica: asartes urbanas em geral nascêromnos subúrbios de EEUU, num con-texto de marginaçom e pobreza.Gosto de fazer letras que fagampensar à gente. Se calhar quem vaia umha sound system em princípionom está mui acostumado a essatemática, nem sequer a escuitarragga em galego porque nom o há,mas ainda que essa noite nom re-flexionem no que dis, algo semprefica, e na manhá seguinte pensamno que estivérom a cantar.

Complementas a tua atividadeartística com ateliers de beat boxem centros de ensino. Como res-ponde o alunado? Tanto o alunado como o professo-rado responde mui bem. Os ate-liers constam de umha parte teóri-ca onde explico as origens do beatbox e outra prática. É fácil que nes-ta se cortem algo se lhes das ummicrofone, mas participam muitoquando fás algumha dinámica emconjunto. Normalmente já lhes so-ava de algo isso do beat box, que

cada vez tem mais cabida nosmeios, ainda que o habitual é queescuitem outros estilos de música.

A cultura do hip hop estivo tradi-cionalmente ligada aos contextosurbanos e espanhol-falantes. Mu-dou a situaçom hoje?Sim que mudou, há muitas outrasopçons, e muitos grupos rurais egalegos praticam estes estilos. Jánom se pode estabelecer essa dife-rença entre cidades e rural, porquea Internet chega a todas as partes etemos a mesma formaçom. A redeé o motor principal para estes esti-los, é onde está a gente que fai beatbox ou outros estilos e nom tem aoportunidade de se dar a conhecer.

E para quando um CD?É o meu projeto de futuro, porquehá bastante gente que o está a re-clamar. Para além do material desempre, que está pendurado na In-ternet, estou a compor outras can-çons novas para que haja materialnovo nele. Nom sei se haverá beatbox, mas o que é certo é que inclui-rei bastantes colaboraçons, paracontar com a gente que contou co-migo. Pouco mais podo adiantar!

“Qualquer pessoa do rural pode encontrar hoje as músicas urbanas através da Internet”O.R. / Carlos Gende é conhecido em Cerzeda por muitas maiscousas que a sua trajetória musical; é membro da A.C. Lucerna,joga à bilharda, organiza festivais e veste sempre o disfarcemais original do entrudo popular da vila. Depois disto, ainda lheresta tempo para dedicar-se a umha das suas muitas vocaçonsautodidatas: o mundo das músicas urbanas. Foi pioneiro emachegar o beat box à Galiza e o ragga ao galego, incluindo nas

suas letras a crítica social própria de quem conhece de primeiramao o espólio energético e a destruiçom da Terra. Pertence aumha geraçom de músicos do rural galego que, graças à rede,contam com ferramentas e umha formaçom que antes era exclu-siva das cidades: os resultados desta mistura explosiva estámpendurados em www.myspace.com/gendebeat, e o seu novo te-ma, “Tírame da Lingua”, pode ser votado na web do Cantalingua.

carlos Gende foi Pioneiro em trazer o beat box a terras GaleGas