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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1740 Santo André Ovelha Lanzuda uma Semente da Paixão de minha família Na comunidade Malhada Alegre, município de Santo André, cariri paraibano, vive a família de Antônio Correia Filho (72 anos), mais conhecido como Sulo e Creusa Teófilo Correia (68 anos). O casal tem quatro filhos. Na casa, vivem Rosacleide e Rosileide, filhas mais velhas, que têm de- ficiência mental e a filha mais nova, Maria Aparecida. O filho do meio, Rosinaldo, mora na cidade de Santo André. A propriedade onde a família vive, é herança da família de Seu Sulo. Com um total de 50 hectares, a terra é utilizada pela família e mais três irmãos de Sulo, de forma coletiva. Todos criam ovelhas das ra- ças Lanzudas e Pêlo de Boi. Os animais pastam juntos na área comum da propriedade. D. Creusa lembra que quando era criança ga- nhou sua primeira ovelha Lanzuda como presente de seu padrinho. Em 1969, quando ela casou com Seu Sulo, recebeu cinco destas ovelhas através de seu pai, desde então a família vem conservando a espécie. Atualmente possuem 22 ovelhas (Lanzudas e Pelo de Boi), já teve época que criaram mais de 70 animais. A ovelha Lanzuda já faz parte da história da famí- lia de Seu Sulo e D. Creusa, nos períodos mais difíce- is, foi através da renda obtida com a venda das ove- lhas, que superaram as dificuldades. Além de servir como uma renda, a família conso- me os animais em períodos festivos ou quando rece- be a visita dos parentes e amigos mais distantes. A família guardiã, fala das suas Sementes da Paixão, as ovelhas Lanzudas, com muito carinho, res- saltando sua beleza e o amor que eles têm com a cria- ção. ‘‘Eu acho as minhas muito bonitinhas, quando nasce aqueles burreguinhos, eu acho muito lindo! E quando as ovelhas rejeitam eles, a gente cuida, dá ma- madeira e eles têm o maior amor a gente, que nem um bebezinho’’, comenta D. Creusa. Novembro/2014

Ovelha Lanzuda uma Semente da Paixão de minha família

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Na comunidade Malhada Alegre, município de Santo André, cariri paraibano, vive a família de Antônio Correia e Creusa Teófilo. A família é uma das guardiãs da Sementes da Paixão, a Ovelha Lanzuda.

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Page 1: Ovelha Lanzuda uma Semente da Paixão de minha família

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1740

Santo André

Ovelha Lanzuda uma Semente da Paixão de minha família

Na comunidade Malhada Alegre, município de Santo André, cariri paraibano, vive a família de Antônio Correia Filho (72 anos), mais conhecido como Sulo e Creusa Teófilo Correia (68 anos).

O casal tem quatro filhos. Na casa, vivem Rosacleide e Rosileide, filhas mais velhas, que têm de-ficiência mental e a filha mais nova, Maria Aparecida. O filho do meio, Rosinaldo, mora na cidade de Santo André.

A propriedade onde a família vive, é herança da família de Seu Sulo. Com um total de 50 hectares, a terra é utilizada pela família e mais três irmãos de Sulo, de forma coletiva. Todos criam ovelhas das ra-ças Lanzudas e Pêlo de Boi. Os animais pastam juntos na área comum da propriedade.

D. Creusa lembra que quando era criança ga-nhou sua primeira ovelha Lanzuda como presente de seu padrinho. Em 1969, quando ela casou com Seu Sulo, recebeu cinco destas ovelhas através de seu pai, desde então a família vem conservando a espécie. Atualmente possuem 22 ovelhas (Lanzudas e Pelo de Boi), já teve época que criaram mais de 70 animais.

A ovelha Lanzuda já faz parte da história da famí-lia de Seu Sulo e D. Creusa, nos períodos mais difíce-is, foi através da renda obtida com a venda das ove-lhas, que superaram as dificuldades.

Além de servir como uma renda, a família conso-me os animais em períodos festivos ou quando rece-be a visita dos parentes e amigos mais distantes.

A família guardiã, fala das suas Sementes da Paixão, as ovelhas Lanzudas, com muito carinho, res-saltando sua beleza e o amor que eles têm com a cria-ção. ‘‘Eu acho as minhas muito bonitinhas, quando nasce aqueles burreguinhos, eu acho muito lindo! E quando as ovelhas rejeitam eles, a gente cuida, dá ma-madeira e eles têm o maior amor a gente, que nem um bebezinho’’, comenta D. Creusa.

Novembro/2014

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba

Realização Apoio

Antes a família guardiã criava gado, porco, bode e outros animais. Hoje se dedicam ape-nas a criação das ovelhas Lanzudas e das galinhas Gogó de Sola, por conta destas raças serem mais adaptados e resistentes a região, além das dificuldades de criar e comercializar os outros animais.

Há três anos não tem tido chuva para plantar na região, com isso Seu Sulo conta que não tem feito plantio de milho e feijão, como fazia antes. Os animais consomem água de um barrei-ro próximo à propriedade e durante o dia ficam soltos no pasto se alimentando das plantação nativas, a noite, quando estão no cercado se alimentam com milho, palma e outras plantas.

A cisterna de água de beber da família foi construída em 2005, com apoio do Programa Um Milhão de Cisternas. Antes eles contam que tinham muita dificuldade para ter água para o consumo e para a criação.

Com muito otimismo a família conta que está construindo a cisterna enxurrada. Com isso, Aparecida acredita que terá mais facilidade para produzir hortaliças e garantir a segurança ali-mentar da família, com alimentos mais saudáveis e sem agrotóxico. Ela não pretende sair do sí-tio, mesmo com as dificuldades, com a convivência com a seca, ela diz que deseja dar continui-dade ao cuidado dos animais e da propriedade da família.

Aparecida também reconhece a responsabilidade que tem em cuidar de suas irmãs e dar continuidade ao trabalho de seus pais com as ovelhas ‘‘Não é tanto o valor financeiro, mas o sentimento de carinho que temos por elas, porque pode até ter outras raças que tem valor fi-nanceiro bem maior do que elas, mas a gente não quer trocar, nem acabar, a gente quer sem-pre continuar conservando’’.

Seu Sulo diz que não é difícil continuar conservando a raça ‘‘Criar ovelha não dá trabalho, você solta elas aí, elas ficam comem o mato e só vem de tarde, as pequenas quando estão des-nutridas, a gente tem o cuidado de alimentar separadas’’.

‘‘E se Deus quiser vem o inverno e nos vamos renovar tudo o que a gente já perdeu du-rante a seca, né?’’ conclui Dona Creusa.