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MEIO AMBIENTE > HORIZONTE GEOGRÁFICO 26 HORIZONTE GEOGRÁFICO 27 Para aonde vai a Na paisagem ao longo da BR-163, a floresta cedeu lugar a pastagens. Restaram apenas as palmeiras patiúbas, que escaparam porque sua resina estraga as motosserras MEIO AMBIENTE > NOSSO REPÓRTER PERCORREU 2 MIL KM DE UMA PARTE DEVASTADA DA MATA, CONHECEU GENTE QUE NÃO SE IMPORTA COM A DESTRUIÇÃO E GENTE QUE FAZ TUDO PARA IMPEDI-LA. E CONTA POR QUE ESSA É UMA DISCUSSÃO QUE VOCÊ TEM DE TOMAR PARTE TEXTO SÉRGIO ADEODATO FOTOS ANDRÉ PESSOA S erra do Cachimbo, extremo-norte de Mato Grosso, agosto de 2007. No dia anterior à nossa chegada nessa que foi uma das primeiras regiões devastadas da floresta, o governo anunciava a redução de 25% do desmatamento da Amazônia entre 2005 e 2006. Durante uma semana, percorre- mos quase 2 mil quilômetros no entorno desse eixo de destruição: a BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). Vimos sinais da mata castigada. No horizonte, o céu cinzento denunciava a fumaça das queimadas. A realidade contrastava com os dados oficiais. Como conciliar os novos tempos com o passado de destruição? Ama zônia

Para aonde vai a ama zônia - Sua revista de Meio Ambiente ...€¦ · O alerta preocupa. Em 2007, a incidên-cia de queimadas na Amazônia aumentou, segundo as imagens de satélite

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HoRiZonte GeoGRÁFiCo26 HORIZONTE GEOGRÁFICO 27

Para aonde vai a

Na paisagem ao longo da BR-163, a floresta cedeu lugar a pastagens.

Restaram apenas as palmeiras patiúbas, que escaparam porque

sua resina estraga as motosserras

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Nosso repórter percorreu 2 mil km de uma parte devastada da mata, coNheceu geNte que Não se importa com a destruição e geNte que faz tudo para impedi-la. e coNta por que essa é uma discussão que você tem de tomar partetexto sérgio adeodato fotos aNdré pessoa

serra do Cachimbo, extremo-norte de Mato Grosso, agosto de 2007. No dia anterior à nossa chegada nessa que foi uma das primeiras regiões devastadas da floresta, o

governo anunciava a redução de 25% do desmatamento da Amazônia entre 2005 e 2006. Durante uma semana, percorre-

mos quase 2 mil quilômetros no entorno desse eixo de destruição: a BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). Vimos sinais da mata castigada. No horizonte, o céu cinzento denunciava a fumaça das queimadas. A realidade contrastava com os dados oficiais. Como conciliar os novos tempos com o passado de destruição?

ama zônia

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HoRiZonte GeoGRÁFiCo28 HORIZONTE GEOGRÁFICO 29HoRiZoNte GeoGRÁFiCo

"daqui para a freNte, a lógica muda", diz o ambieNtalista. "vai sobreviver quem estiver legalizado e cumprir as exigêNcias de maNuteNção da mata."

o impacto na cidade fantasmaO silêncio das ruas vazias indica que a cidade de Cachoeira da Serra (MT), cortada pela BR-163, já não tem a vida corrida de pouco tempo atrás. Pelo contrário, pode se tornar um povoado fantasma. A explicação é simples: com o aperto da fiscalização contra a madeira ilegal, grande parte da população, que trabalhava no corte de árvores e em serrarias, abandonou o lugar em busca de emprego. “O movimento caiu 80%”, constata Silvio de Oliveira Bittencourt, 50 anos, dono do bar da rodoviária local. A salvação, para ele, é a venda de passagens de ônibus para os trabalhadores que se mudam para outros lugares do Brasil. José Vilmar Ângelo (foto), 51 anos, proprietário da maior serraria da cidade, amargou uma redução de 40% nas vendas e já demitiu 30 dos 45 funcionários. “Desde 2003 o governo estadual não libera novos projetos de manejo florestal para o corte legal de madeira”, reclama o madeireiro. O comércio da cidade sentiu o impacto e começa a fechar as portas. Não fosse a recente chegada dos operários que trabalham na construção de pequenas hidrelétricas a poucos quilômetros dali, a situação seria ainda pior. Em meio à crise, há quem aposte no futuro. José Newton Leite, 41 anos, veio de Pernambuco com mais de 70 pessoas para montar uma fábrica de farinha na cidade. “Vou usar energia elétrica gerada por uma cachoeira aqui perto”, revela.

ca Agrodiesel, que produz biodiesel a partir do sebo de vaca. Em contraste, mais adiante, a cidade de Peixoto de Azevedo, que cresceu sobre os barrancos deixados pelos antigos e numerosos garimpos às margens do rio do mesmo nome, é um retrato da decadência dos ciclos econômicos. Com a escassez do metal e a queda do valor no mercado, garimpeiros que antes andavam armados e ostentavam dentes e colares de ouro, hoje cortam madeira e trabalham com gado.

Pelas cicatrizes na paisagem, não é difí-cil imaginar o que pode acontecer em outras regiões da Amazônia se esse modelo preva-lecer. Até agora, a floresta sofreu com a ação de grileiros, que ocupam terras públicas, derrubam árvores para vender a madeira e, na área aberta, instalam pastos ou cultivos agrícolas. Como resultado, o solo se degrada e os posseiros se deslocam para novas áreas, reiniciando o ciclo de destruição.

Isso quando não lucram com a espe-culação, vendendo as terras para terceiros apenas com os documentos provisórios de posse. Acrescente-se a ação dos grandes fazendeiros que têm o título de propriedade, mas desmatam mais do que a lei permite, para ampliar pastagens e plantios. O proces-so vicioso já levou a Amazônia a perder 17%

da mata original, área superior a de muitos países, como a França.

“Antes, fomos orientados pelo Incra a desmatar para comprovar a ocupação da área e ter o documento de posse”, reclama Alte-mar Queirós, 44 anos. Ele conta que viveu em acampamentos de sem-terra até comprar a “posse” de 1,4 mil hectares de floresta e cerrado de um dos primeiros colonos na região de Guarantã do Norte (MT).

A cidade nasceu há 25 anos a partir de um assentamento rural, logo após a inau-guração da BR-163. A estrada facilitou o acesso de quem vinha de outras regiões em busca de um melhor futuro na floresta. O dinheiro da madeira e do gado abriu restau-rantes, locadoras de vídeo e hotéis. Rasgou avenidas e construiu casas. A pavimentação da rodovia, que começa a sair do papel, deve atrair ainda mais gente. Nas condições atu-ais, a BR-163 fica intransitável em muitos trechos na estação das chuvas.

A paisagem empoeirada nessa época seca lembra o Velho Oeste Americano. Protegido à sombra de uma castanheira solitária em meio às pastagens, Enivaldo Piovesan, 49 anos, observa a boiada que ocupa terras antes cobertas por mata fron-dosa. Ele conta que veio do Espírito Santo. Fez parte da segunda geração de colonos que chegaram ali, atendendo ao chamado do governo militar na segunda metade da década de 70, de ocupar a região para garantir a soberania do Brasil sobre ela, a partir do lema “integrar para não entregar”. “Pagamos impostos, mas até hoje não temos a posse da terra”, afirma. “E ainda somos acusados de destruidores.”

Enivaldo derrubou uma área de floresta equivalente a 600 campos de futebol para plantar pasto em terras da União. Mas reconhece agora que é preciso frear essa destruição. Não diz isso porque é amigo da natureza. Mas “para garantir o futuro dos filhos”. Se estragar toda a floresta, não vai sobrar nada para eles explorarem. Pensando nisso, o produtor mantém uma parte de suas terras intocável. É uma exceção entre

a maioria dos grileiros da Amazônia que ocuparam a região sem pensar no amanhã e hoje, nessas regiões mais devastadas, disputam áreas e recursos cada vez mais escassos.

“o fim de um ciclo”“Daqui para a frente, será preciso seguir

outra lógica”, constata Gustavo Irgang, do Instituto Centro de Vida (ICV), entidade que trabalha com a conservação de áreas protegidas. “Vai sobreviver quem estiver legalizado e cumprir as exigências com a manutenção da mata.” Gustavo acredita que a Amazônia hoje “assiste ao fim de um ciclo”. O mundo está com os olhos na região. Salvar a Amazônia é essencial para garantir o equilíbrio do clima do planeta, além de preservar a riqueza da floresta e as populações tradicionais.

Partimos pela rodovia MT-208, em Alta Floresta, a 876 quilômetros de Cuiabá, para alcançar a BR-163. Nas proximidades do município de Colíder (MT), chamam a atenção as marcas do eldorado criado pela agropecuária – grandes frigoríficos e a fábri-

Carretas de madeira e de gado (ao fundo) são comuns em meio à poeira da BR-163, refletindo as principais atividades econômicas que avançam sobre a floresta da região

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“As terras vão se valorizar e atrair com-pradores”, prevê o comerciante gaúcho Henrique Lopes de Lima, 69 anos, um dos pioneiros na região, hoje dono de um restaurante e um hotel na beira da estrada que ajudou a construir. “Com o asfalto, o fluxo de caminhões vai aumentar”, calcula, esperando bons lucros.

estrada influi no desmatamentoPrevista para ser concluída até o fim de

2007, a pavimentação da BR-163, com seus 1.767 km de extensão, busca encurtar dis-tâncias na exportação de produtos agrícolas do norte do País, por meio do porto fluvial de Santarém. As obras de terraplanagem já começaram, como indica o vaivém de máquinas em alguns pontos. Mas nem todo

mundo está satisfeito. “Os estudos prévios de impacto ambiental têm falhas e as con-seqüências podem ser desastrosas”, alerta o pesquisador americano Philip Fearnside, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), um dos cientistas que mais publicam trabalhos de pesquisa sobre a Amazônia no exterior.

Ele explica por quê: “Ao passar pela região de clima mais seco que a média amazônica, a BR-163 asfaltada vai induzir a abertura de clareiras que poderão aumentar o risco de queimadas de grandes propor-ções”. O processo pode ser mais intenso diante das mudanças no clima locais e globais. O perigo é fazer da floresta uma savana – um tipo de vegetação rasteira, mais parecida com a do cerrado.

O alerta preocupa. Em 2007, a incidên-cia de queimadas na Amazônia aumentou, segundo as imagens de satélite apuradas até julho pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Foram 23% mais fo-cos de incêndio em relação ao ano anterior, sendo que 6,5 mil casos ocorreram dentro

de unidades de conservação federais e es-taduais e reservas indígenas. Mato Grosso, cortado pela BR-163, lidera o ranking dos números.

Segundo a previsão de Fearnside, até 2030, se não houver mobilização social e maior controle do governo contra a destrui-ção, a rodovia asfaltada poderá promover o desmatamento de 29,7 mil quilômetros quadrados, uma área maior que o Estado de Alagoas. Sem o asfalto, a estrada já serve à exploração madeireira numa faixa de 5 quilômetros em cada margem. Após as obras, a distância que torna a extração de madeira viável deve se estender 45 quilô-metros de cada lado, ameaçando áreas até hoje poupadas da destruição. “Novas rotas para o transporte ilegal de madeira devem empurrar o desmatamento para o centro da Amazônia”, diz o pesquisador.

Partindo de Guarantã do Norte rumo à cidade de Cachoeira da Serra, na divisa do Mato Grosso com o Pará, observamos as marcas desse processo. A paisagem rala é pontilhada pela inconfundível figura da

o desmatamento em númerosSurpresa na Serra do Cachimbo: perto da BR-163, ao lado de grandes áreas queimadas (foto à direita) ainda existem pedaços de floresta que abrigam nascentes cristalinas

"Novas rotas para o traNsporte ilegal de madeira podem empurrar o desmatameNto para o ceNtro da

amazÔNia", afirma o pesquisador

fonte: inpe (2007)

Dados oficiais mostram que a floresta original já perdeu uma área superior ao tamanho da frança

35000

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ano

HoRiZoNte GeoGRÁFiCo

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manter as árvores de pé é uma tarefa urgente para melhorar a vida dos habitantes e garantir a saúde do planeta. Veja os motivos

refúgio da biodiversidadeA região corresponde a 40% de todas as florestas tropicais que restaram no mundo. As características de calor e umidade, com chuvas abundantes e bem distribuídas, responsáveis pela existência de vários ecossistemas – das matas de terra firme às várzeas e igapós –, deram origem a uma diversidade de plantas, animais e microorganismos. Preservá-las é também importante para garantir a sua exploração econômica no futuro. Calcula-se que a Amazônia abriga entre 30% e 50% de todas as formas de vida da Terra. São pelo menos 45.000 espécies de plantas, 311 de mamíferos e 1.000 de aves. Somam-se a essas mais 163 espécies de anfíbios, 305 de serpentes, 1.800 de borboletas e 1.300 de peixes de água doce já descritos pela ciência.

a amazônia é vital para o mundo

manutenção do equilíbrio do climaNa presença da luz, as plantas retiram o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera por meio da fotossíntese. O carbono retorna por processos biológicos (respiração e decomposição da matéria morta). Esse equilíbrio entre a retirada de carbono e o retorno para a atmosfera é alterado pelo desmatamento e pelas queimadas, sendo responsável pelo aumento de gases que provocam a elevação da temperatura na Terra. Desmatamento e queimadas são os dois fatores que mais contribuem para o aquecimento global no Brasil, responsável por 7,5% das emissões mundiais de dióxido de carbono provenientes de desmatamentos.

garantia de chuvas normais em outras regiõesCerca de 50% de toda a chuva que cai na Amazônia é gerada a partir da evaporação da água contida nas árvores e demais plantas da floresta. Recentes pesquisas indicam que o desmatamento e as queimadas na região alteram os níveis de vapor d’água nas nuvens e causam efeitos sobre o regime de chuvas no centro-sul do País. O problema poderá causar prejuízos à agricultura e ao abastecimento de água na Região Sudeste no futuro.

presença de grandes mananciais de águaA disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos estão intimamente ligadas às florestas, que protegem as nascentes e mananciais e os mantêm limpos. Também neste quesito, a Amazônia é uma terra de superlativos. Possui o rio mais volumoso do planeta, o Amazonas, que compõe uma bacia gigantesca, responsável por 20% das águas fluviais da Terra.

sustento de populações e importância para o desenvolvimento do paísA floresta guarda tesouros naturais que, explorados adequadamente e mais valorizados, podem gerar inúmeros benefícios econômicos e sociais para as populações locais e para o País como um todo. Dos minerais existentes no subsolo, à força da energia hídrica dos rios, passando pelas espécies de madeira e pelo extrativismo de frutos, sementes e plantas com as quais se produzem cosméticos e remédios, o potencial de utilização é imenso. A preservação é fundamental para garantir o sustento das comunidades tradicionais, o desenvolvimento regional duradouro e o futuro dos negócios com os produtos da floresta.

abrigo de povos, línguas e tradiçõesA Amazônia é habitada por uma grande diversidade de povos que preservam conhecimento, práticas de uso da floresta e tradições culturais milenares. Além dos caboclos, quilombolas e outras populações locais, a região abriga 60% dos índios brasileiros. São 414 reservas indígenas, que cobrem mais de 20% do território amazônico. Essa diversidade inclui também a maior parte das 180 línguas e dialetos falados por povos indígenas no Brasil, número que antes da chegada dos portugueses era superior a mil.

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palmeira-patiúba, com suas folhas em forma de leque. É a única que escapa da destruição, pois as fibras de seu tronco são ricas em sílica, substância que danifica as lâminas de corte das motosserras.

Essa área é uma das portas de entrada da planície amazônica, onde o cerrado en-contra a floresta densa. Apesar de explorado há décadas, o lugar ainda protege pedaços importantes de mata nativa, principalmente nos parques e reservas ecológicas. Pegadas de onça, que observamos na margem da pis-ta, confirmam isso. Ali perto, outra surpresa: um lago de águas azuis borbulhantes, que lembra a região de Bonito, no Mato Grosso do Sul. A beleza da nascente, espremida na mata entre clareiras cobertas por troncos queimados, dá bem a medida da riqueza natural que existia ali no passado.

Quilômetros à frente, logo após o monu-mento que marca a inauguração da BR-163 pelo presidente militar Ernesto Geisel, em 1982, alcançamos as exuberantes cachoeiras do rio Curuá, que estão com os dias conta-dos. Em nome do progresso, parte das águas será desviada para alimentar as turbinas de três usinas hidrelétricas de pequeno porte em construção à margem da estrada.

Outros perigos rondam o projeto de asfal-tamento. Prevê-se a chegada de mais grileiros à procura das terras valorizadas e o avanço

da violência no campo. Os pessimistas te-mem a repetição da história do assassinato da missionária Dorothy Stang, no Pará, em 2005, que defendia os pequenos lavradores na luta contra os grileiros. Contra isso, o governo federal, pressionado pela repercus-são do caso e pelos números galopantes do desmatamento, traçou um plano para dar um destino diferente à BR-163 asfaltada. O objetivo é transformá-la na primeira rodovia “sustentável” do País, um modelo que pro-move o desenvolvimento econômico e social, sem agredir o meio ambiente.

Áreas “congeladas”Áreas estratégicas de floresta da União,

vizinhas à estrada, foram “congeladas” para qualquer tipo de exploração até que o go-verno decida o que fazer com elas. Entre as medidas, previstas no plano, está a criação de 8,2 milhões de hectares de parques, reservas ecológicas e outras áreas prote-gidas por lei, além de ações para inibir a especulação de terras públicas por grileiros. Mesmo sem o título de posse definitivo, eles conseguiam autorização oficial para cortar madeira, obter empréstimo em bancos para desmatar e vender a terra para terceiros.

“O plano é interessante, mas precisa ser implementado na prática”, diz André Mugiatti, um dos coordenadores do Green-peace na região. Ele lembra que muitas pro-messas ficam no papel por falta de recursos humanos do governo na Amazônia. “O pro-cesso é lento, porque envolve a articulação com diversos setores”, rebate André Lima, diretor do Ministério do Meio Ambiente responsável pelas ações na Amazônia.

No momento, o governo pretende rever o Plano Nacional de Combate ao Desmata-mento, iniciado em 2004. “A prioridade até hoje tem sido reforçar a investigação policial contra crimes ambientais e aumentar a fiscalização”, afirma Lima. Depois, segundo ele, o foco será incentivar o uso econômico das florestas. “Não podemos salvar a Ama-zônia apenas à base de porretes”, argumenta Lima. Uma iniciativa dentro dessa nova visão foi a criação do Distrito Florestal Sustentável da BR-163, aberto para projetos de geração de emprego e renda.

A tarefa será árdua. É fácil constatar a

em marcelândia (mt), João Lopes, adão Leal e Paulo Campos trocaram

as motosserras pelo cultivo de mudas no viveiro público da cidade para reflorestar as nascentes dos rios

sebastião de oliveira chegou à

serra do Cachimbo para trabalhar com

gado. mas está preocupado com o futuro incerto,

após a criação de uma reserva

biológica na região

o produtor altemar Queirós veio de um acampamento de sem-terra, abriu pasto e hoje cria gado de leite para fazer mussarela em plena amazônia. ele deixou mais de 1 mil hectares de suas terras intocáveis

o gaúcho Henrique Lopes, pioneiro da

BR-163, chegou há 30 anos para montar um bar para garimpeiros

à margem da rodovia. Hoje tem um hotel e um restaurante. “o asfaltamento trará

muita gente”

Jorge Lopes descobriu os segredos da floresta para chegar aos garimpos onde trabalhava. agora ele ensina o que aprendeu para os turistas no Cristalino Jungle Lodge, em alta floresta (mt)

a construção de três pequenas usinas hidrelétricas deve mudar a paisagem próxima do rio Curuá, em mato Grosso: cachoeiras vão desaparecer

na região da BR-163 vivem pessoas que já desmataram e hoje buscam alternativas para viver em harmonia com a região

as faces da amazônia

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HoRiZonte GeoGRÁFiCo36

Proteção além do papel

A Amazônia brasileira tem hoje 40% de seu território protegido por lei. Além das terras indígenas, existem na região 287 unidades de conservação estaduais e federais. Entre parques e florestas nacionais, terras indígenas e reservas biológicas e de desenvolvimento sustentável, cobrem 116 milhões de hectares, área superior a toda a Região Sudeste. Trata-se de um dos maiores complexos de territórios ecologicamente protegidos do mundo, conforme ilustra o mapa do Instituto Socioambiental.

“O problema é que a simples criação de unidades de conservação não garante que elas cumpram o papel de evitar o desmatamento em larga escala, o mau uso dos recursos naturais e a extinção das espécies”, adverte José Maria Cardoso, vice-presidente de ciência da Conservação Internacional (CI-Brasil). É preciso implementá-las na prática, com a realização de inventários biológicos, planos de manejo, regularização fundiária e ordenação dos vários usos.Nos últimos anos, o governo intensificou

a criação de áreas protegidas, como o Parque Nacional do Juruena, em Mato Grosso, para blindar as florestas bem preservadas ante o avanço de atividades destrutivas. No entanto, um diagnóstico elaborado em 2007 pela Fundação Vitória Amazônica, no qual foram avaliados 200 parques e reservas da região, revela que uma parte muito pequena possui estratégias de gestão definidas e a maioria tem recursos humanos insuficientes e não dispõe de qualquer tipo de infra-estrutura.As reservas estaduais são as que

Região tem 287 unidades de

conservação, como o Parque Nacional

Juruena (acima), o Parque Nacional

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(ao lado) e Parque estadual do Cristalino

(fotos abaixo)

Unidades de Conservação da amazônia

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apresentam maior número de problemas. Em Rondônia, as taxas de desmatamento dentro das reservas são consideradas alarmantes, superiores à média das unidades de conservação federais e terras indígenas. No Mato Grosso, as ameaças rondam o Parque Estadual do Cristalino, pressionado por fazendas que praticam queimadas e por posseiros que cortam ilegalmente madeira. O estudo destaca a importância dos projetos que reúnem a sociedade civil, proprietários, empresas e órgãos de governos federal, estadual e municipal. É o caso dos corredores de biodiversidade, que interligam pedaços de floresta essenciais à preservação das espécies.

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força da ilegalidade em meio à poeira da BR-163. No passado, carretas transportan-do toras de madeira, muitas vezes ilegais, circulavam em grandes comboios à luz do dia. De certa maneira, a situação mudou após a Operação Curupira, da Polícia Fe-deral, que em 2006 ganhou espaço nobre na televisão ao levar à cadeia madeireiros ilegais, autoridades e agentes ambientais acusados de corrupção em Mato Grosso. Mas a diferença é que, atualmente, os caminhões com madeira irregular rodam na calada da noite para escapar dos fiscais, como chegamos a constatar.

“Para evitar problemas com a fiscali-zação, fazendeiros autorizados a desmatar para plantar ou criar gado dentro do que é permitido por lei só cortam uma ou outra ár-vore mais valiosa. O resto é tudo queimado”, constata Rodrigo Dutra, chefe do Ibama em Alta Floresta. Os recursos naturais, em vez de ajudar no sustento de famílias, viram

fumaça lançada na atmosfera, contribuindo para o agravamento do efeito estufa e para as alterações no clima do planeta.

onde impera a lei da selvaCom autorização do Ibama, acompa-

nhamos uma operação de rotina dos fiscais nas imediações da BR-163. Após quatro horas de incursões em pequenas estradas secundárias, a equipe chegou à Fazenda Ingazeira, multada em 2006 por desmata-mento ilegal. Armados e equipados com GPS e mapas, os fiscais procuravam novas áreas derrubadas. Encontraram caídas na terra despelada para o plantio de pasto árvores centenárias, como uma castanhei-ra de 30 metros de altura por 1,60m de diâmetro – espécie cujo corte é proibido por lei. “A área está preparada para ser queimada”, comprova o fiscal.

Zootécnico que há quatro anos trocou o emprego com gado de leite no Paraná

pela fiscalização de crimes ambientais no Mato Grosso, Rodrigo Dutra chegou como força jovem para colocar ordem na casa. Em 2006, apenas em Alta Floresta, aplicou multas que somaram R$ 70 milhões, em-bargou uma área igual a 40 mil campos de futebol de desmatamento e apreendeu 400 carretas de madeira ilegal. Mas reconhece que está mexendo num barril de pólvora. Em julho de 2007, ele e sua equipe foram cercados e mantidos como reféns por madeireiros em Paranaíta (MT). Foram obri gados a reabrir as serrarias ilegais que tinham acabado de embargar. “A resposta será severa”, ameaça o chefe do Ibama, que prepara uma megaoperação na cidade com o apoio do Exército.

Em região de difícil acesso, onde o estado está pouco presente, impera a lei da selva. Vingança, pistolagem e ameaças de morte são comuns. Nesses lugares, fiscais do Ibama, policiais e oficiais de Justiça não costumam ser bem-vindos. “Falta credibilidade”, admite João Alencar Simioni, secretário de Meio Ambiente de Marcelândia, uma cidade que vive há décadas do corte de madeira e agora, com as restrições à atividade, busca uma nova vocação econômica.

Em dois anos, o número de serrarias caiu pela metade. Desempregados fazem fila na prefeitura pedindo cestas básicas.

Sem alternativa, produtores queimam árvores para abrir pastos. “Os incêndios fogem do controle”, admite o secretário.

Na luta contra a decadência, a cidade é palco de projetos para proteger nascentes que abastecem o rio Xingu, no Mato Grosso. “Estamos recompondo o que ajudamos a destruir”, afirma Adão Rodrigues Leal, que antes serrava o equivalente a 20 árvores por dia. Hoje, ele trabalha plantando mudas no viveiro público, destinado a reflores-tar o município. O trabalho faz parte da campanha Y Ikatu Xingu, coordenada pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com diversas instituições.

Ações de reflorestamento, alternati-vas econômicas, pesquisas, formação de lideranças e educação ambiental tentam salvar as fontes de água que estão amea-çadas pela expansão agrícola e abastecem diversas comunidades, entre elas aquelas do Parque Indígena do Xingu, onde vivem 10 mil índios. “É preciso somar forças e ter pressa porque está em jogo o futuro das

a equipe de fiscais da cidade foi cercada e maNtida como refém dos madeireiros. "a resposta será severa", ameaça o chefe do ibama

Derrubando mitos sobre a floresta

em marcelândia (mt), os fornos produzem carvão utilizando os restos de madeira que se amontoam nas serrarias da cidade. antes, esses resíduos eram queimados e jogados nos aterros de lixo

Fiscais do ibama medem a castanheira encontrada na mata queimada. eles não são bem-vindos nas cidades que vivem do corte ilegal de madeira

centro das atenções, a amazônia é alvo de visões distorcidas. conheça os principais mitos sobre a floresta

pulmão do mundoa tese de que a amazônia produz 80% do oxigênio do mundo é equivocada. a maior parte do oxigênio liberado pelas plantas é consumida lá mesmo. celeiro onde tudo dáa exuberância da floresta não significa que tudo o que se planta ali se desenvolve com sucesso. ao contrário, o teor de nutrientes do solo é baixo, o que dificulta transformar a região em eldorado agrícola.mata uniforme e homogêneaembora a floresta pareça um tapete verde contínuo, na verdade, ela reúne diversas realidades ecológicas, como as matas de terra firme, as florestas inundadas, os campos abertos e as manchas de cerrado.amazônia vaziaapesar de possuir florestas a perder de vista, a amazônia não é vazia e desabitada ou um imenso espaço aberto que precisa ser ocupado e colonizado. ali vivem 20 milhões de pessoas.

HoRiZoNte GeoGRÁFiCo

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HoRiZonte GeoGRÁFiCo40 HORIZONTE GEOGRÁFICO 41

Na paisagem da Serra do Cachimbo, o gado se protege à sombra das poucas castanheiras poupadas das motosserras

próximas gerações”, diz dom Erwin Krautler, bispo do Xingu, diversas vezes ameaçado de morte por seu trabalho em defesa dos índios. “Comemorar a redução do desmata mento na Amazônia é um equívoco: é como festejar que em determinado lugar morrem diaria-mente cinco e não dez índios por desnutrição infantil como em outros tempos.”

O desmatamento é, de fato, um mau negócio para o meio ambiente e para a população, segundo recente estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). No primeiro momento, a derrubada de árvores gera dinheiro. Mas, no longo prazo, a população empobrece. O estudo revelou que, nos municípios amazônicos com mais de 90% do território desmatado, o Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) – parâmetro internacional que mede a qualidade de vida da população – é menor do que a média regional.

Sem alternativas de sustento, a po-pulação migra da floresta para a periferia das cidades, aumentando a violência. Um exemplo está no município de Trairão (PA), cerca de 600 km ao norte da Serra do Cachimbo, mas há muitos outros, relata Marcos Ximenes, diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). A cidade foi fundada na década de 70 por colonos que se aventuraram na selva para sobreviver de plantios. Com o tempo, pas-saram a trabalhar no garimpo e no corte de madeira. A violência cresceu. Em julho de 2007, a sede do Ipam naquele município foi baleada e precisou ser fechada. “O técnico

Pegos de surpresaEles vieram de outras regiões, compraram a “posse” de terras públicas da União, abriram pastagens, construíram estradas e pontes e ajudaram a criar cidades. Hoje, cerca de 200 produtores rurais da Serra do Cachimbo, entre Mato Grosso e Pará, correm o risco de ser expulsos do território. Eles pretendiam obter o título das terras que ocupam há mais de duas décadas. Para facilitar, propuseram ao governo federal transformar parte do território em parque nacional. Em vez disso, em 2005, o governo criou a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo, com 342 mil hectares, envolvendo até mesmo as estradas e as pastagens abertas por eles. Nesse tipo de área protegida é proibida qualquer forma de exploração econômica.“Fomos pegos de surpresa”, diz Marcelo de Castro Souza, 35 anos, presidente da Associação dos Produtores do Vale do Quinze. A notícia gerou revolta. “Muitos ameaçam atear fogo em tudo se forem obrigados a abandonar a área”, revela. Mesmo sem o documento de posse, eles pagam impostos, declaram as terras na Receita Federal e o gado tem laudos da vigilância sanitária. “O estado sempre esteve ausente e não nos orienta sobre como agir”, acrescenta Amâncio Marques, 50 anos, dono de 500 hectares de pastagem e 4,5 mil hectares de floresta que guardava para os cinco filhos. Apenas 6% da região habitada pelo grupo virou pastagens. Inconformado, o produtor constata: “Se antes a preservação da área tinha muitas famílias como aliadas, hoje só tem inimigos”.

estrangeiros observam aves na região do rio Cristalino, em alta Floresta (mt): floresta preservada atrai visitantes

que organizava lavradores para a produção sustentável foi transferido para a cidade de Itaituba (PA)”, conta Ximenes.

a procura por alternativasPerto da BR-163, a 100 km do ponto

final da rodovia em Santarém (PA), os pes-quisadores do Ipam dão suporte científico à empresa Manejo Florestal e Prestação de Serviços (Maflops) na adoção de um novo modelo para exploração de madeira em parceria com assentamentos rurais. A em-presa faz contratos com os pequenos pro-dutores para receber a madeira retirada de suas terras. Os assentados são orientados a preservar 80% das propriedades, conforme manda a lei, e a obter ganhos com o uso dessa reserva sem danos ambientais.

O corte das árvores é planejado para garantir as sementes das quais vão brotar as espécies que serão exploradas no futu-ro. O trabalho inclui o aproveitamento de áreas degradadas por pastagens, evitando o avanço sobre a floresta. “O modelo deve se expandir para outras regiões da Amazônia”, informa Ximenes. Ele não é o único. Entre os esforços para inibir a devastação, está a Moratória da Soja, proposta pela Associação

Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Pela iniciativa, os empresários se comprometem a não comercializar o grão produzido em áreas da Amazônia desmata-das após julho de 2006.

A moratória, conduzida em parceria com instituições não-governamentais, como o próprio Ipam, o Greenpeace, o WWF e a The Nature Conservancy (TNC), tem a adesão de um número crescente de pro-dutores, com incentivo para não desmatar novas áreas e manter as reservas legais de floresta. Parte das propriedades se localiza na região de influência da BR-163. “A mo-ratória é uma chance de demonstrar que a articulação entre empresas, organizações não-governamentais e movimentos sociais pode proteger a floresta”, afirma Paulo Ada-rio, do Greenpeace.

Ele acredita que “é possível virar o jogo contra o desmatamento e as mudanças climáticas”, evitando que problemas hoje comuns nas primeiras regiões desmata-das na Amazônia se espalhem por toda a floresta. A BR-163, nesse caso, poderá ter um futuro melhor. Se rá, além de símbolo da destruição, palco de medidas tomadas para mudar esse quadro.

em busca desoluçõescientistas, ambientalistas, empresá-rios, governo e comunidades propõem formas de conservar, mas também de aproveitar a floresta. veja quais são as propostas:

valorizar o uso sustentável da florestaa exploração da floresta com critérios ambientais precisa ser economica-mente mais vantajosa do que as ati-vidades produtivas que desmatam. É preciso aumentar o valor e incentivar o mercado para os produtos florestais sustentáveis.desenvolver pesquisas científicasÉ obrigatório conhecer o que a floresta tem para poder utilizar seus recursos. inventários biológicos, estudos sobre clima e solo e novos métodos para aproveitar economicamente a biodiver-sidade são essenciais.regularizar a posse da terraDificultar a ocupação de florestas por grileiros é importante para coibir as ações que desmatam. É preciso inibir a especulação de terras públicas.aumentar a fiscalizaçãoalém da maior repressão aos crimes ambientais, é necessário maior efici-ência na cobrança de multas. Hoje, apenas 2,5% das multas do ibama são pagas pelos infratores.criar áreas protegidasCriar parques é uma estratégia para preservar a biodiversidade e garantir a exploração adequada dos recursos naturais. mas é preciso definir planos de usos, demarcar área e, conforme o caso, fazer desapropriações.recuperar áreas degradadastornar novamente produtivas áreas já exploradas e degradadas da amazônia é uma alternativa para evitar o avanço sobre as florestas intatas. existem na região cerca de 70 milhões de hectares de terras, o triplo do território do Paraná.